O impacto das ações de segurança sobre a criminalidade no Rio de Janeiro durante os Jogos...

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O impacto das ações de segurança sobre a criminalidade no Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-americanos de 2007 André Zanetic 1 Sumário 1. Introdução ............................................................................................................... 1 2. Aspectos metodológicos.......................................................................................... 3 3. Comparativo: Capital e Baixada Fluminense........................................................... 8 4 A evolução do crime entre as Áreas Integradas de Segurança Pública na cidade do Rio de Janeiro ........................................................................................................... 16 5. Conclusão ............................................................................................................. 22 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 26 1 Este paper apresenta alguns dos principais resultados obtidos através do desenvolvimento de consultoria realizada para a Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP em convênio com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, visando avaliar as ações de prevenção e controle do crime desenvolvidas na cidade do Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-Americanos de 2007.

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O impacto das ações de segurança sobre a criminalidade no Rio de

Janeiro durante os Jogos Pan-americanos de 2007

André Zanetic1

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................... 1

2. Aspectos metodológicos.......................................................................................... 3

3. Comparativo: Capital e Baixada Fluminense........................................................... 8

4 A evolução do crime entre as Áreas Integradas de Segurança Pública na cidade do

Rio de Janeiro ........................................................................................................... 16

5. Conclusão ............................................................................................................. 22

Referências Bibliográficas......................................................................................... 26

1 Este paper apresenta alguns dos principais resultados obtidos através do desenvolvimento de consultoria realizada para a Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP em convênio com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, visando avaliar as ações de prevenção e controle do crime desenvolvidas na cidade do Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-Americanos de 2007.

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1. Introdução

Frente aos graves problemas relacionados ao crime e à violência no Brasil, assim como às

ameaças de ações terroristas que podem se fazer presentes e são foco constante de

atenção em eventos internacionais de grande clamor público, os Jogos Pan-Americanos

realizados no Rio de Janeiro em Julho de 2007 tiveram o efeito de movimentar diversas

entidades e agências nacionais e internacionais com o objetivo de prevenir e controlar a

violência e ações criminosas na cidade. Nesse sentido, com investimentos de grande

importância, foi planejado e executado um conjunto significativo de ações que buscaram, em

seus diferentes matizes e características específicas, possibilitar o controle e redução da

criminalidade no período.

Dentre os programas implementados somaram-se ações específicas de segurança pública,

relativas aos órgãos do sistema de justiça criminal, a políticas públicas focadas na

prevenção primária, que objetivaram o fortalecimento de redes sociais e o enfrentamento de

fatores relacionados à vulnerabilidade de grupos populacionais específicos e à degradação

ambiental urbana. As ações específicas de segurança pública foram desenvolvidas entre

diferentes instâncias de governo, que resultaram no reforço do policiamento local, com o

incremento de seis mil homens da Força Nacional de Segurança, de dois mil homens da

Polícia Federal, mil novos veículos e 27 aeronaves. Além do reforço no efetivo policial, a

segurança do Rio de Janeiro contou também com um incremento tecnológico significativo,

com a construção do Centro de Comando e Controle da Segurança e instalação de câmeras

de monitoramento por batalhões de policiamento da Polícia Militar na Região Metropolitana

do Rio.

O segundo conjunto de medidas, implementadas principalmente pelo Projeto Medalha de

Ouro, buscaram, além de implantar novas iniciativas voltadas à segurança, oferecer suporte

técnico aos programas existentes e impulsionar as diferentes esferas de governo na

articulação de suas atividades. As diferentes ações desenvolvidas pelo projeto (Guias

Cívicos, Espaços Urbanos Seguros, Brigadas Socorristas, Programa de Atenção e Proteção

às Crianças, Programa de Atenção e Proteção às Famílias, capacitação de Gestores de

Segurança Cidadã, Jogos Pré-PAN e implantação de Polícia Comunitária) absorveram um

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público próximo a 20 mil pessoas, entre jovens de 14 a 24 anos, lideranças comunitárias,

meninos e meninas de rua, policiais e gestores de segurança.

Dado esse grande investimento, os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro constituíram

um episódio diferenciado para a ação e para a ampliação do conhecimento sobre o campo

das políticas de segurança, com a alocação de políticas de diversos matizes em um

pequeno intervalo de tempo. Tendo em vista esse cenário, este trabalho foi desenvolvido

com o objetivo de construir subsídios para a avaliação das ações de segurança que foram

implementadas no Rio de Janeiro no período, buscando contribuir com a etapa de

identificação de seus possíveis efeitos sobre a criminalidade e ampliar o conhecimento sobre

o impacto de políticas públicas específicas da área da Segurança.

A meta aqui almejada, apesar de não ser exaustiva no sentido de abranger os diferentes

campos de análise relacionados às dinâmicas criminais encontradas, as políticas

implementadas e seu impacto social, foi a de identificar interconexões entre as incidências

criminais, a partir da análise das ocorrências criminais oficiais registradas, e as principais

inovações em termos de segurança que vieram fazer parte do cenário da cidade do Rio de

Janeiro. Assim, este trabalho tem o duplo desafio de estabelecer relações entre as ações

desenvolvidas e seu impacto sobre a prevenção, e ao mesmo tempo distinguir os efeitos

desses dois campos principais de ações significativamente diferenciadas. Além das bases

de dados relativas aos registros de ocorrência nas delegacias, as informações a que tivemos

acesso, fornecidas oficialmente ou através da imprensa escrita e eletrônica, em especial

relativas às datas de implementação e quantificação de recursos materiais, humanos e

tecnológicos, constituíram a base de informações a partir das quais procuramos estabelecer

uma relação lógica entre a dinâmica observada do crime e as mudanças implementadas no

período.

3

2. Aspectos metodológicos

O desenvolvimento desta análise foi realizado através de uma combinação de duas

estratégias distintas de comparação de séries temporais: em primeiro plano utilizamos um

modelo preditivo das séries de incidências criminais no Rio de Janeiro, de forma a criar um

referencial comparativo entre os valores que foram observados ao longo de 2007 e os

valores esperados em decorrência do processo recente de evolução desses indicadores.

Com relação a esse processo recente de evolução dos crimes levamos em conta as

mudanças estaticamente relevantes nas séries (como quebras de nível, variações sazonais

e pulsionais e mudanças de tendência).

Para cada categoria criminal foram construídas séries mensais, seguindo a classificação por

DP, Área Integrada de Segurança Pública - AISP, Região do Estado (Capital, Interior,

Baixada e Grande Niterói), mês e ano da ocorrência2. Foram comparados os valores

previstos e valores observados, de janeiro a agosto de 2007, com categorias criminais

selecionadas de acordo com a relevância e com a existência de número de casos

necessários para a análise das séries temporais. Os valores previstos foram construídos a

partir das séries mensais de 2004 a 2006, sendo, portanto, considerados conjuntos de 36

observações mensais de cada tipo de categoria criminal pesquisada, para a geração dos

valores previstos dos meses analisados do ano de 2007.

Os valores de 2004 a 2006 foram escolhidos para a construção das previsões porque, desde

que se tenha um número mínimo de casos necessários para a metodologia de séries

temporais, o ideal para este tipo de análise é trabalhar sempre com os dados mais recentes,

capazes de prever com maior precisão os períodos subseqüentes. Assim, apesar de terem

sido levantados os dados criminais a partir de abril de 2002, quando se inicia a série de

informações criminais do Instituto de Segurança Pública da Secretaria de Segurança Pública

do Rio de Janeiro ISP/SSP-RJ, os dados apresentados nesta análise (exceto em relação a

2 Foram utilizados os dados divulgados mensalmente no Diário Oficial e disponibilizados no site do Instituto de Segurança Pública da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro ISP/SSP-RJ (www.isp.rj.gov.br). A análise foi desenvolvida fundamentalmente entre as grandes regiões do Estado do Rio de Janeiro, sobretudo entre a Capital e a Baixada Fluminense, de acordo com os objetivos propostos e a metodologia utilizada. O nível de menor agregação trabalhado correspondeu às Áreas Integradas de Segurança Pública – AISPs, sendo que a agregação por DPs comprometeria a análise estatística das séries temporais.

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algumas categorias criminais específicas, em que foram apresentadas as séries completas

para ilustração da evolução das ocorrências) reportam-se ao horizonte temporal a partir de

2004. Os dados de 2003, como veremos adiante, foram também utilizados na validação da

metodologia, para algumas das categorias analisadas.

Para o desenvolvimento desta análise foi utilizado um modelo de estudo do tipo Antes-

Depois com Grupo de Controle, que se configura como o projeto experimental clássico para

se permitir a medida de uma variável de interesse específica incrementada a um

determinado grupo. Trata-se de um modelo comparativo entre um grupo experimental, onde

ocorreu a inserção de uma variável específica que se quer medir, e um grupo de controle, no

qual não foi incluída a nova variável. No caso em questão, o objetivo é comparar as

ocorrências criminais nas áreas e distritos policiais onde foram implementadas novas

medidas de contenção da criminalidade com as áreas que não foram atendidas por essas

políticas no mesmo período.

Isso foi feito comparando-se inicialmente a cidade do Rio de Janeiro, onde foram realizadas

as ações, com a Baixada Fluminense, região de alta densidade populacional e taxas de

incidência criminal próximas às da capital carioca, e posteriormente comparando-se, na

cidade do Rio de Janeiro, a incidência entre o conjunto de AISPs onde as ações foram

desenvolvidas e as demais AISPs.

As previsões foram feitas utilizando-se o modelo proposto por Box-Jenkins chamado

"intervention detection". Trata-se de um procedimento empírico do tipo “data driven”, que

deixa os dados falarem por si só, sem assumir nenhum modelo aprioristico nem forçar datas

específicas para as quebras de nível. Se um "outlier" existe na série – como uma queda

significativa nos roubos -, então ele é simplesmente detectado.

Ou seja, não se trata aqui da aplicação de modelos causais, mas apenas da descrição dos

dados, tomando apenas cada série univariada isoladamente: trata-se basicamente de um

processo de identificação, que envolve a verificação de diversos comportamentos e

tendências utilizando os modelos ARIMA ou SARIMAX, preconizado por Box-Jenkins. Mais

especificamente estamos em busca da identificação de eventos extraordinários ou “outliers”:

pulse, seazonal pulse ou level interventions e em que momento exato do tempo eles se

manifestam. Basicamente, verificamos se as séries mensais das áreas analisadas

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apresentam alguma alteração de nível (shift level interventions) – ou seja, uma mudança

permanente na média e quando estas quebras ocorreram. O modelo checa a

homogeneidade na média dos resíduos, que deve ser próxima à zero, para cada pedaço da

série.

Com base nessas diferentes características das séries, o modelo, por conseguinte, prevê os

valores posteriores projetando a evolução “natural” através da identificação dessas

características. Ao projetarmos os valores de janeiro a agosto de 2007, estamos procurando

comparar as incidências mensais justamente nos períodos em que, em tese, haveria impacto

em função dos Jogos. A vantagem de se fazer as comparações com os valores previstos é

que estamos levando em consideração um conjunto maior de mudanças relevantes nas

séries do que quando comparamos apenas com os valores observados de períodos

anteriores. Este procedimento nos dá uma garantia maior para afirmar (ou não) se

determinado índice encontrado para uma dada categoria criminal pode ter sido fruto de uma

política ou evento específico, e atual, ou se na realidade esta mudança reflete um conjunto

de mudanças mais amplo e que já estava ocorrendo antes do período analisado.

Por outro lado, os modelos preditivos também têm limitações significativas, com redução

importante do potencial preditivo para as categorias criminais com poucos casos mensais ou

mudanças importantes nas séries que não puderam ser captadas pelo modelo. Isto pôde ser

observado com os testes realizados com as séries analisadas, de forma a avaliar a

consistência das previsões. Foi realizado teste de validação para 12 tipos de ocorrências

criminais, dentre as categorias mais relevantes para a análise, utilizando-se os anos de 2003

a 2005 (36 meses) para previsão dos meses de janeiro a agosto de 2006. Em 9 casos

tivemos significância estatística com erro < 10%, sete deles com erro < 5% (Homicídio,

Lesão Corporal Dolosa, Estupro, Roubo à Residência, Roubo de Veículo, Furto de Veículo,

Roubo a Transeunte, Total de Roubos e Total de Furtos). A tabela abaixo exemplifica os

resultados da validação: nos casos de homicídio doloso e roubo de veículos o erro no

período, entre os valores reais e estimados, foi inferior a 2%.

6

mês homicídio hom estimado dif dif% roubo veiculo rou veic estim dif dif%jan/06 480 493 -13 -2,71 2723 2774 -51 -1,87fev/06 521 511 10 1,92 2916 2785 131 4,49mar/06 607 520 87 14,33 3153 2795 358 11,35abr/06 579 526 53 9,15 3136 3171 -35 -1,12mai/06 548 529 19 3,47 3261 3104 157 4,81jun/06 475 531 -56 -11,79 2786 2826 -40 -1,44jul/06 478 532 -54 -11,30 2668 2837 -169 -6,33

3688 3642 46 1,25 20643 20292 351 1,70

Para contornar este problema e termos parâmetros alternativos ao modelo preditivo,

realizamos, em segundo plano, comparações simples entre os períodos (meses) relevantes

para avaliar o impacto durante os Jogos, entre os anos de 2006 e 2007. Dessa forma,

optamos por fazer as análises das diferentes categorias criminais trabalhando

simultaneamente com as duas formas de comparação, de forma a estabelecer uma medida

mais segura e que pudesse reduzir as limitações uma à outra, aprimorando a compreensão

das mudanças no período.

Além das estratégias de análise das incidências, um outro aspecto importante a ser

enfocado nesta análise relaciona-se aos possíveis efeitos que um incremento em larga

escala do contingente policial em uma área determinada possa ter sobre a evolução da

criminalidade nessa área.

Como já apontado muitas vezes na literatura, a resposta à questão da influência da polícia

sobre a criminalidade não é simples de se obter, pois em geral o efetivo policial cresce

precisamente onde está crescendo a criminalidade; com efeito, em quase todas as polícias,

o aumento da criminalidade em uma área é um dos critérios utilizados para a realocação do

efetivo. Este fenômeno é conhecido como problema da “endogeneidade”: o crescimento de

uma variável está positivamente associado ao crescimento da outra, dando a impressão de

que o aumento do policiamento “gera” mais crime quando na verdade ele decorreu do

aumento do crime, inviabilizando a aferição do impacto do aumento do efetivo sobre a

criminalidade.

Para resolver este problema metodológico, os analistas procuram pela existência de uma

variável “exógena”, ou seja, no caso, uma que afete o crescimento do efetivo,

independentemente da variação na criminalidade. Os ciclos eleitorais norte americanos, por

exemplo, foram utilizados por Lewit como uma variável exógena, que afeta o crescimento do

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efetivo nos anos eleitorais, independente da variação criminal. O raciocínio subjacente é

que, em anos eleitorais, devido às pressões do eleitorado com o crime, há mais contratações

nas polícias americanas. Com este artifício, Lewit corrobora a hipótese de que aumento no

efetivo diminui a criminalidade. De toda forma, não há consenso na literatura com relação a

este efeito, haja visto que outros estudos têm demonstrado que não há uma relação

evidente entre os fenômenos.

Os casos de greve nas polícias e as operações tipo saturação também são utilizadas na

literatura para testar o impacto dos níveis de policiamento sobre a criminalidade, mas greves

policiais são eventos raros e operações saturação são realizadas em áreas muito pequenas,

limitando as conclusões. Uma alternativa ao uso dos ciclos eleitorais, greves e saturações, é

utilizar os dias em que por qualquer motivo, houve um aumento dos efetivos nas ruas e

comparar os índices de criminalidade destes dias com outros dias de policiamento normal.

Assim, por exemplo, podem-se tomar eventos como os dias das visitas de Bush e do Papa e

da realização do Grande Prêmio Brasil de fórmula 1, ou os dias em que o policiamento na

Capital foi reforçado em função dos ataques do PCC, todos ocorridos na cidade de São

Paulo no ano de 2006, como um desses momentos alternativos, escolhendo-se o mesmo

número de dias na semana anterior a cada um desses eventos - tomando os mesmos dias

da semana para evitar a sazonalidade - e comparando-se o número de roubos nestes dois

períodos. Com exceção do dia do GP Brasil (talvez porque o reforço no policiamento não

tenha sido tão grande ou então porque o evento trouxe novas oportunidades de roubos de

turistas, etc) foi observado que, nos demais dias em que houve um reforço no policiamento

na capital paulista, houve uma queda significativa na quantidade de roubos (17,3%).

Assim, o significativo incremento do contingente policial no Rio de Janeiro durante os Jogos

Pan-Americanos configura um desses momentos diferenciados para se fazer esse tipo de

investigação, ao mesmo tempo em que se constitui em um dos principais aspectos a serem

observados nesta análise. Evidentemente, o contexto específico em que se deu tal mudança

no policiamento também levanta outros problemas metodológicos para esta análise, uma vez

que, por um lado, ela ocorreu simultaneamente à implantação de uma série de outras

medidas de prevenção e controle do crime e, por outro lado, o acontecimento dos Jogos

trouxe consigo o turismo e transformações importantes da circulação da população durante o

período, o que, ao menos teoricamente, poderia levar a um aumento de tais incidências.

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3. Comparativo: Capital e Baixada Fluminense

As comparações dos valores previstos e observados foram feitas para a capital, onde

ocorreram os Jogos, e também para a região da Baixada Fluminense, de forma a se

controlar os possíveis impactos das ações de segurança que foram implementadas no

período. A Baixada Fluminense é a segunda região mais populosa do Estado do Rio de

Janeiro, com 3.871.405 habitantes (a Capital carioca possui atualmente 6.398.990), e o

panorama de ocorrências criminais da região permite estabelecer comparações estatísticas

com a capital. Assim, o primeiro objetivo da análise foi observar se de fato houve mudanças

significativas na evolução criminal no período, e, tendo ocorrido de fato, se é possível

creditar esse efeito a mudanças específicas na cidade do Rio de Janeiro.

Portanto espera-se que, se de fato há um efeito significativo das ações de prevenção e

controle do crime no Rio de Janeiro durante os Jogos, este deve se tornar evidente na

comparação entre as duas regiões. As próximas tabelas apresentam os resultados dessa

comparação entre os indicadores criminais observados no Rio de Janeiro e na Baixada

Fluminense. Foram analisados 21 indicadores, entre ocorrências de crimes contra a pessoa,

crimes contra o patrimônio, crimes contra o costume e indicadores de atividade policial.

Tipo de ocorrência CRIMES CONTRA A PESSOA Homicídio doloso Homicídio tentado Lesão corporal dolosa Encontro de cadáver CRIMES CONTRA OS COSTUMES estupro CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Furto de veiculo Roubo a transeunte Roubo a estab. comercial Roubo a residência

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Roubo de veículo Roubo de carga Roubo em coletivo Roubo ap. celular Roubo c/ saque em Instituição financeira (seqüestro relâmpago) latrocínio Roubos furtos INDICADORES DE ATIVIDADE POLICIAL Apreensão de drogas Apreensão de armas Prisões resistência

As duas próximas tabelas apresentam, para o Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, a

comparação entre a evolução criminal observada no período, para cada um dos indicadores

selecionados, considerando-se tanto a diferença observada entre 2007 e 2006 quanto a

diferença observada entre 2007 e a previsão para 2007, dada pela projeção do modelo de

séries temporais. O período enfocado corresponde aos meses de junho, julho e agosto de

2007, em que esperamos encontrar os efeitos mais robustos na evolução criminal,

abarcando do mês anterior ao início dos Jogos Pan-Americanos até o mês subseqüente aos

Jogos, em que foram realizados os Jogos Para Pan-americanos.

As três primeiras colunas apresentam a diferença entre as médias de janeiro a maio e as

médias de junho a agosto, para cada um dos diferentes períodos: valores observados de

2007 (A); valores observados de 2006 (B) e valores previstos para 2007 (C). As duas últimas

colunas apresentam as diferenças entre os valores apresentados nas colunas A, B e C:

assim, a quarta coluna (A/B) mostra a diferença entre 2007 e 2006, e a quinta coluna (A/C)

mostra a diferença entre 2007 (observado) e 2007 (previsto). Para fins de comparação

estamos considerando apenas diferenças superiores a 5 ou inferiores a -5 como

significativas. Valores fora desse parâmetro estão destacados em cinza, enquanto as

quedas nos indicadores estão destacadas em verde e os incrementos, em vermelho (deve-

se destacar que, no caso das prisões, o aumento pode ser visto como “positivo”, indicando

ampliação da atividade policial. Por outro lado, reduções nas apreensões de armas e drogas

também podem refletir o efeito inibidor da ação policial sobre o porte de armas e drogas).

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RESUMO CAPITAL

Tipo de ocorrência

A Diferença (%) entre as médias mensais de janeiro a maio e as médias mensais de junho a agosto -

2007

B Diferença (%) entre as médias mensais de janeiro a maio e as médias mensais de junho a agosto –

2006

C Diferença (%) entre as médias mensais de janeiro a maio e as médias mensais de junho a agosto -

previsão 2007

Diferença (%) A/B*

Diferença (%) A/C**

Homicídio doloso -14,21 -20,06 -9,05

5,85

-5,16

Homicídio tentado

1,56

1,87

-1,56

-0,30

3,12

Roubo a transeunte

4,03

3,78

4,80

0,25

-0,77

Furto de veiculo

-8,39

9,27

3,22

-17,66

-11,61

Lesão corporal dolosa

-13,03

-11,39

0,00

-1,64

-13,03

estupro -13,92

-20,29

0,00

6,37

-13,92

Encontro de cadáver

-38,27

-20,90

1,72

-17,37

-39,99

Roubo a estab. comercial

1,54

-8,40

0,00

9,94

1,54

Roubo a residência

-2,84

-7,41

0,00

-4,57 -2,84

Roubo de veículo

-15,95

-10,53

-5,01

-5,42

-10,94

Roubo de carga

-28,74

-18,61

-10,32

-10,12

-18,41

Roubo em coletivo

-1,23

24,06

-2,09

-25,29

0,86

Roubo ap. celular

-9,55

16,08

-2,02

-25,63

-7,53

Roubo c/ saque em IF

4,17

42,28

0,00

-38,11

4,17

latrocínio -32,54

-34,52

0,00

1,98

-32,54

Roubos -4,49

-0,47

-1,10

-4,01

-3,38

furtos -5,94

1,86

3,37

-7,79

-9,30

Apreensão de drogas

-14,00

-0,15

11,53

-13,84

-25,53

Apreensão de armas

-6,63

11,79

11,50

-18,42

-18,13

Prisões 8,00

-9,52

-13,07

17,52

21,08

resistência -13,23

33,08

40,77

-46,31

-54,00

* Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados de 2006 e 2007. ** Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados e previstos de 2007.

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RESUMO BAIXADA

Tipo de ocorrência

A Diferença (%) entre as médias mensais de janeiro a maio e as médias mensais de junho a agosto -

2007

B Diferença (%) entre as médias mensais de janeiro a maio e as médias mensais de junho a agosto –

2006

C Diferença (%) entre as médias mensais de janeiro a maio e as médias mensais de junho a agosto -

previsão 2007

Diferença (%) A/B*

Diferença (%) A/C**

Homicídio doloso

-11,02

-3,81

0,00

-7,21

-11,02

Homicídio tentado

-10,13

2,34

0,00

-12,47

-10,13

Roubo a transeunte

6,89

16,77

6,89

-10,31

-0,44

Furto de veiculo

5,29

3,35

-2,37

1,93

7,66

Lesão corporal dolosa

-7,79

-7,77

0,00

-0,02

-7,79

estupro -5,19

-8,90

-15,82

3,71

10,63

Encontro de cadáver

-36,11

5,86

0,00

-41,97

-36,11

Roubo a estab. comercial

-9,68

-16,37

-7,14

6,69

-2,53

Roubo a residência

4,84

-3,45

0,00

8,29

4,84

Roubo de veículo

-19,55

-3,16

0,00

-16,39

-19,55

Roubo de carga

-0,99

-30,11

6,71

29,12

-7,70

Roubo em coletivo

-15,46

22,66

7,01

-38,12

-22,47

Roubo ap. celular

14,60

11,49

0,00

3,11

14,60

Roubo c/ saque em IF

316,67

-61,54

-37,50

378,21

354,17

latrocínio 81,82

-50,98

-28,57

132,80

110,39

Roubos -2,95

3,38

3,27

-6,33

-6,22

furtos 8,26

11,07

8,97

-2,81

-0,72

Apreensão de drogas

5,61

36,69

1,19

-31,08

4,42

Apreensão de armas

-0,31

8,80

1,53

-9,11

-1,84

Prisões 5,38

10,47

-1,10

-5,09

6,48

resistência 1,78

-0,99

-14,84

2,77

16,62

* Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados de 2006 e 2007. ** Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados e previstos de 2007.

12

De uma forma geral, ao olharmos para a comparação entre os valores previstos e

observados, pode-se perceber que há quedas significativas da atividade criminal em ambas

as regiões. No entanto, o impacto é consideravelmente mais evidente na capital, com

quedas criminais mais pronunciadas em 13 das 21 categorias criminais, além do aumento

significativo no número de prisões. Não há nenhum caso de aumento nos índices criminais

na capital no período comparado.

Na baixada, entretanto, o mesmo efeito não ocorre, havendo crescimentos significativos em

alguns dos indicadores criminais, além das quedas serem menos significativas do que na

capital. Apesar disso, é possível dizer que a baixada também sofre um impacto importante,

talvez pegando carona dos efeitos ocorridos no Rio de Janeiro – podendo ser efeito de

fatores como deslocamento populacional, que teria reduzido as oportunidades para o crime;

da divulgação da ostensividade policial no período; da presença policial mais marcante nas

rodovias e cidades que compõem a região, etc.

Pode-se notar que, embora os valores obtidos nas comparações entre 2007 e 2006 e entre

valores previstos e observados de 2007 sejam próximos, em algumas ocorrências há

mudanças substantivas. Comparando-se com o ano anterior, a evolução entre os primeiros

meses do ano e os meses analisados (junho, julho e agosto) revela que homicídio, estupro e

roubo a estabelecimento comercial aumentaram comparativamente no período na capital – o

que pode ser resultado de tendências discrepantes nos dados de 2006, com crescimento ou

declínio fora do esperado em determinados meses do ano. Apesar disso, a maior parte dos

crimes, sobretudo crimes patrimoniais, revela importante tendência de declínio, assim como

os indicadores de atividade policial (apreensão de armas, de drogas e resistência policial em

queda, e prisões em crescimento importante – 17,52).

A tabela abaixo apresenta as diferenças, entre capital e baixada, entre os comparativos

apresentados nas tabelas acima, de forma a comparar diretamente as duas regiões em

relação à evolução criminal no período analisado.

13

Diferença (%) Diferença (%) D Diferença (%) Diferença (%) E

Tipo de ocorrência A/C**baixada A/C** capital Diferença A/B* baixada A/B* capital Diferença Roubo c/ saque em IF (seqüestro relâmpago) 354,17 4,17 350 378,21 -38,11 416,32 latrocínio 110,39 -32,54 142,93 132,8 1,98 130,82 resistência 16,62 -54 70,62 2,77 -46,31 49,08 Apreensão de drogas 4,42 -25,53 29,95 -31,08 -13,84 -17,24 estupro 10,63 -13,92 24,55 3,71 6,37 -2,66 Roubo ap. celular 14,6 -7,53 22,13 3,11 -25,63 28,74 Furto de veiculo 7,66 -11,61 19,27 1,93 -17,66 19,59 Apreensão de armas -1,84 -18,13 16,29 -9,11 -18,42 9,31 Prisões 6,48 21,08 -14,6 -5,09 17,52 -22,61 Roubo de carga -7,7 -18,41 10,71 29,12 -10,12 39,24 furtos -0,72 -9,3 8,58 -2,81 -7,79 4,98 Roubo a residência 4,84 -2,84 7,68 8,29 -4,57 12,86 Lesão corporal dolosa -7,79 -13,03 5,24 -0,02 -1,64 1,62 Encontro de cadáver -36,11 -39,99 3,88 -41,97 -17,37 -24,6 Roubo a transeunte -0,44 -0,77 0,33 -10,31 0,25 -10,56 Roubos -6,22 -3,38 -2,84 -6,33 -4,01 -2,32 Roubo a estab. comercial -2,53 1,54 -4,07 6,69 9,94 -3,25 Homicídio doloso -11,02 -5,16 -5,86 -7,21 5,85 -13,06 Roubo de veículo -19,55 -10,94 -8,61 -16,39 -5,42 -10,97 Homicídio tentado -10,13 3,12 -13,25 -12,47 -0,3 -12,17 Roubo em coletivo -22,47 0,86 -23,33 -38,12 -25,29 -12,83 * Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados de 2006 e 2007. ** Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados e previstos de 2007.

14

Em resumo, ao observarmos as diferenças entre as duas a regiões, vemos claramente

um efeito diferenciado entre a capital carioca e a baixada fluminense em relação à

evolução do crime e dos indicadores de atividade policial no período. Considerando-se as

comparações com o modelo preditivo (coluna D), 13 categorias criminais tiveram evolução

significativamente diferenciada dos números observados na Baixada. Considerando-se as

comparações entre os anos de 2007 e 2006, temos 10 categorias apresentando essa

mesma relação.

Desta forma, pode-se dizer que se há um impacto significativo das ações de segurança

no Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-Americanos, este se deu, sobretudo, nas

reduções dos índices de latrocínio, resistência (morte de civil em confronto com a polícia),

apreensão de drogas, estupro, roubo de celular, furto de veiculo, apreensão de armas,

roubo de carga, furtos lesão corporal dolosa, aumento das prisões e, sendo menos

exigentes com os pontos de corte, também os roubos à residência. No caso dos roubos

com condução de vítimas em instituições financeiras (seqüestro relâmpago), os índices

efetivamente caem apenas quando se compara o valor observado de 2007 e o de 2006.

Neste caso, estamos considerando que o efeito possa ter se manifestado com o

crescimento significativamente menor do que na Baixada.

Por outro lado, crimes como homicídios e roubo de veículos, que apresentaram queda

também na Baixada, tanto podem ter sido efeitos independentes das ações no período,

quanto efeitos que ocorreram em ambas as regiões devido ao impacto dispersivo dessas

ações, com a região da baixada refletindo os efeitos indiretos desse processo. Além

dessas categorias criminais que apresentaram queda mais significativa na capital, ou

queda similar em ambas as regiões, os roubos em coletivo e as tentativas de homicídio

caíram apenas na Baixada, indicando também que algumas das evoluções criminais

observadas no período podem estar apresentando efeitos de outras dinâmicas

independentes das ações e eventos relacionados aos Jogos Pan-Americanos.

Apesar das quedas não serem, em sua maioria, muito pronunciadas, a existência desse

movimento em diversos crimes fortalece o argumento em favor do impacto positivo que as

diferentes ações desenvolvidas possam ter tido sobre a cidade no período. As diferenças

mais pronunciadas ocorreram nos crimes contra o patrimônio, como nos roubos de celular

e de carga, furtos de veículos e total de furtos. Mudanças significativas também ocorreram

15

nos indicadores de atividade policial, com o aumento do número de prisões e o

decréscimo das apreensões de armas e drogas. Isto sugere um impacto bastante

importante do incremento do contingente policial e de sua ostensividade, influenciando

mais fortemente a redução dos crimes contra os patrimônios do que crimes contra a

pessoa, inibindo a presença de armas e drogas nas ruas e gerando maior número de

prisões.

Deve-se destacar que, dado o contexto específico dos Jogos, com ampliação em larga

escala do turismo, do aumento da circulação da população e do volume de bens de

consumo nas ruas da cidade, que poderiam ter ampliado as oportunidades para o

cometimento de crimes, as quedas observadas poderiam ter sido ainda maiores. Como já

observado pela literatura criminológica especializada, incrementos nas incidências

criminais, em especial dos crimes contra o patrimônio, são esperados em períodos de

mudanças abruptas na circulação populacional e bens de consumo, como ocorre em

eventos semelhantes aos Jogos Pan-Americanos. Com relação à dispersão desses

efeitos na cidade do Rio de Janeiro, resta ainda saber se este impacto observado ocorreu

de forma homogênea na capital carioca ou se, por outro lado, essas mudanças foram

sentidas mais fortemente em determinadas áreas da capital em detrimento de outras,

dada a localização dos eventos relacionados aos Jogos e às ações realizadas no período.

16

4 A evolução do crime entre as Áreas Integradas de Segurança Pública na

cidade do Rio de Janeiro

Dentre as 18 Áreas Integradas de Segurança Pública - AISPs da cidade do Rio de

Janeiro, 14 foram sede de pelo menos um dos eventos esportivos realizados durante os

Jogos. Essas áreas, ao menos em tese, correspondem aos principais locais onde foram

implementadas novas medidas de prevenção e controle da criminalidade, seja pela

alocação de contingente e monitoramento integrado das ações policiais, seja pelas ações

preventivas desenvolvidas no âmbito do Projeto Medalha de Ouro. Portanto, nessas áreas

poderíamos esperar um maior impacto das ações de segurança implementadas sobre as

ocorrências criminais.

Apenas as AISPs 9, 17, 22 e 27, indicadas na tabela abaixo, não abrigaram nenhum dos

eventos dos Jogos Pan-Americanos na capital carioca.

AISP BAIRROS DPs1 Cidade Nova, Estácio, Catumbi, Rio Comprido e Santa Tereza. 6 e 72 Glória, Catete, Laranjeiras, Flamengo, Cosme Velho, Humaitá, Botafogo e Urca. 9 e 10

3

Meier, Lins Vanconcelos, Cachambi, Higienópolis, Maria da Graça, Del Castilho, Engenho de Dentro, Pilares,

Abolição, Encantado, Piedade, Água Santa, Inhaúma, Eng. Rainha, Tomaz Coelho, Jacarezinho, Riachuelo, Jacaré,

São Francisco Xavier, Rocha, Sampaio, Engenho Novo e Todos os Santos. 23, 24, 25, 26, 444 São Cristovão, Mangueira e Cajú. 175 Santo Cristo, Gamboa e Saúde. 1 e 46 Praça da Bandeira, Tijuca, Alto da Boa Vista, Maracanã, Vila Isabel, Andaraí e Grajaú. 18,19,20

9

Vila Cosmos, Vila da Penha, Vista Alegre, Irajá, Colégio, Vicente de Carvalho, Oswaldo Cruz, Campinho, Cascadura,

Quintino Bocaiúva, Madureira, Engenheiro Leal, Cavalcanti, Turiaçu, Vaz Lobo, Marechal Hermes, Bento Ribeiro,

Coelho Neto , ADari, Barros Filho, Costa Barros, Pavuna, Honório Gurgel , Rocha Miranda e Praça Seca. 27,28,29,30,39,4013 Centro 5

14 Guadalupe, Anchieta, Parque Anchieta, Ricardo de Albuquerque, Deodoro, Vila Militar, Magalhães Bastos, Campos

dos Afonsos, Realengo, Jardim Sulacap, Padre Miguel, Bangu e Senador Camará. 31,33,3416 Penha, Complexo do Alemão, Olaria, Bráz de Pina, Cordovil, Penha Circular, Parada de Lucas, Vigário Geral e

Jardim América.22,38

17 Zumbi, Cacuia, Cocotá, Praia da Bandeira, Freguesia, Ribeira, Pitangueiras, Bancários, Portuguesa, Jardim Carioca, Cidade Universitária, Jardim Guanabara, Moneró, Galeão, Tauá e Paquetá.

37

18 Anil, Gardênia Azul, Pechincha, Cidade de Deus, Jacarepaguá, Vila Valqueire, Curicica, Taquara, Freguesia e

Tanque. 32,4119 Leme e Copacabana. 12,1322 Ramos, Bonsucesso, Manguinhos, Benfica e Maré. 2123 Leblon, Lagoa, Ipanema, São Conrado, Gávea, Vidigal, Rocinha e Jardim Botânico. 14, 1527 Paciência, Santa Cruz e Sepetiba. 36

31 Joá, Camorim , Vargem Grande, Grumari, Itanhangá, Vargem Pequena, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca. 16

39Campo Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Inhoaíba, Cosmos, Guaratiba, Barra de Guaratiba e Pedra de

Guaratiba. 35, 43

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro – ISP/SSP-RJ

17

MAPA COM A DISTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS POR AISP

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro – ISP/SSP-RJ e Comitê

Organizador – CO/RJ

Seguindo a mesma lógica da análise comparativa entre o Rio de Janeiro e a Baixada

Fluminense, a comparação entre o conjunto das 14 AISPs onde houveram as ações

relacionadas aos Jogos com as 4 AISPs restantes onde não foram desenvolvidas as

18

mesmas atividades demonstraram também ter havido, embora em menor grau, uma

diferença significativa entre os indicadores criminais no período3.

Considerando-se as diferenças entre as previsões para 2007 e o montante das

ocorrências observadas entre os meses analisados, vemos que há diferenças

significativas na evolução criminal dos furtos de veículos, roubo a transeunte, roubo a

celular, total de furtos e tentativas de homicídio. Além disso, como também observado na

comparação entre capital e baixada, há uma diferença importante entre as apreensões de

armas e drogas no período, ambas decrescendo nas áreas onde houve os eventos e

crescendo comparativamente nas áreas correspondentes ao conjunto das 4 AISPs sem

eventos relacionados ao Pan.

Com exceção dos roubos a transeuntes e das tentativas de homicídios, os demais

indicadores aparecem com uma clara tendência de redução também na comparação

entre capital e baixada, reforçando a hipótese de que o impacto das ações de segurança

durante os Jogos Pan-Americanos teria surtido um efeito mais pronunciado neste

conjunto específico de indicadores.

3 Dado o pequeno número de casos do grupo de AISPs sem as ações relacionadas ao Pan, ocorrências como roubo para saque em instituição financeira (seqüestro relâmpago) latrocínio, estupro, roubo a residência, roubo de carga, encontro de cadáver e resistência não foram utilizadas nesta parte da análise.

19

* Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados e previstos de 2007.

Tomando-se como exemplo os furtos de veículos e total de furtos, com grande volume de

ocorrências, vemos, nos mapas a seguir, a forma significativamente homogênea como se

deu a queda desses indicadores específicos no Rio de janeiro no período analisado, com

uma tendência maior de aumento em relação ao previsto nas quatro AISPs aqui tomadas

como grupo de controle4.

4 Os mapas apresentam as variações mensais dos períodos analisados, por AISP, entre os valores previstos e observados.

Diferença (%) Diferença (%)

Tipo de ocorrência aisps sem eventos

relacionados ao Pan * aisps com eventos

relacionados ao Pan * diferença Furto de veiculo 13,55 -14,18 27,73 Roubo a transeunte 17,67 -4,25 21,91 Roubo a celular 8,52 -12,39 20,91 furtos 5,28 -11,84 17,12 Apreensão de armas -2,71 -14,24 11,53 Apreensão de drogas -6,94 -16,43 9,49 Homicídio tentado 7,94 -1,70 9,64 Prisões 3,39 0,61 2,78 Roubo a estab. comercial 0,43 0,13 0,31 Roubos -2,68 -0,69 -2,00 Lesão corporal dolosa -14,49 -8,46 -6,03 Roubo de veículo -20,16 -4,96 -15,20 Roubo de carga -36,84 -12,40 -24,45 estupro -25,19 0,00 -25,19 Homicidio doloso -16,00 -13,23 -2,77 Roubo a residência -12,67 19,65 -32,32

20

Por outro lado, prisões, lesões corporais, roubo de carga, estupro e roubo a residência

não sofrem o mesmo efeito do que o identificado na comparação entre capital e baixada.

Nesses três últimos casos, ao contrário, parece haver ter havido uma mudança

21

significativa nas AISPs sem ações relacionadas aos jogos, em relação às áreas em que

se desenvolveram os Jogos, o que em tese descartaria a hipótese de ter havido algum

tipo de influência com relação a esses indicadores.

Em resumo, pode-se dizer que entre as AISPs da capital há um impacto significativo no

período analisado em parte dos indicadores, sendo que alguns deles (furtos de veículos,

roubo a celular, total de furtos, apreensões de armas e apreensões de drogas) refletem

um processo semelhante ao observado entre a capital e a baixada. Embora menos

pronunciadas do que na comparação entre as duas regiões, o impacto observado reforça

a relação entre essa queda e as ações desenvolvidas no período.

22

5. Conclusão

Os Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados na cidade do Rio de Janeiro trouxeram

consigo, graças ao grande investimento realizado na área da segurança, uma mudança

significativa no período em termos de redução de crimes. O impacto foi

consideravelmente mais pronunciado na capital - onde se realizaram os eventos – em

relação à Baixada Fluminense, com quedas em 13 das 21 categorias criminais

analisadas, além do aumento significativo no número de prisões.

As diferenças mais significativas ocorreram nos crimes contra o patrimônio, como nos

roubos de celular e de carga, furtos de veículos e total de furtos. Mudanças significativas

também ocorreram nos indicadores de atividade policial, com o aumento do número de

prisões e o decréscimo das apreensões de armas e drogas. Ao comparamos, na cidade

do Rio de Janeiro, as AISPs em que ocorreram os eventos relacionados aos Jogos com

as demais, notou-se também um impacto significativo no período analisado em parte dos

indicadores, sendo que alguns deles (furtos de veículos, roubo a celular, total de furtos,

apreensões de armas e apreensões de drogas) refletiram um processo semelhante ao

observado entre a capital e a baixada. Embora menos pronunciadas do que na

comparação entre capital e baixada, este impacto também reforça a relação entre essa

queda e as ações desenvolvidas no período. Estes resultados sugerem ter havido um

impacto significativamente importante do incremento do contingente policial e de sua

ostensividade, influenciando mais fortemente a redução dos crimes contra os patrimônios

do que crimes contra a pessoa, inibindo a presença de armas e drogas nas ruas e

gerando maior número de prisões.

Embora não haja consenso na literatura criminológica sobre o impacto do número de

policiais sobre o crime, dado principalmente pela dificuldade de se medir os efeitos

dessas mudanças no policiamento, uma vez que tais incrementos no policiamento

ocorrem em geral nas áreas e períodos em que há aumento da criminalidade - o que

poderia gerar a falsa impressão de que a criminalidade cresce com o aumento do

policiamento - , a observação de momentos específicos em que há incremento policial

23

motivado por outras razões que não o aumento do crime (ampliação dos gastos com

policiamento em anos eleitorais, eventos culturais e esportivos de grande porte) tem

revelado impactos significativos na redução de certos tipos de crimes. As quedas

criminais observadas no Rio de Janeiro neste período parecem novamente corroborar

esses efeitos.

Por outro lado, como apontam especialistas como Laurence Sherman, mais importante do

que aumentar indefinidamente a quantidade de policiais em circulação é a garantia de que

os policiais existentes, qualquer que seja a quantidade, estejam fazendo a coisa certa. Ou

seja, a questão se definiria de forma mais qualitativa do que quantitativa: “se policiais

adicionais previnem o crime ou não, pode depender de quão bem eles estão focados em

objetivos, tarefas, locais, períodos e pessoas específicas. Acima de tudo, pode depender

da colocação de policiais onde os crimes sérios estão concentrados, nos períodos em que

são mais prováveis de ocorrer: policiamento focado em fatores de risco”. (Sherman,

1997).

Tendo em vista a observação de Sherman, em muito enriqueceria esta discussão se

pudéssemos tecer uma análise mais aprimorada sobre as mudanças que foram

adicionadas ao policiamento do Rio no período, em especial com relação à atuação da

Força Nacional de Segurança Pública e outras organizações policiais que atuaram no

período. Uma vez que parece ter havido um efeito significativo do policiamento implantado

no Rio no período, é necessário saber mais sobre os aspectos qualitativos de atuação das

organizações, seu perfil, que tipos de eventos necessitam da atuação de forças policiais

externas. Nesse sentido, importantes questões se colocam em relação ao

desenvolvimento dessas ações na prática: Como foi o perfil e a estratégia em termos de

prevenção e controle do crime? Quem coordenou as ações e como isso foi feito? Como

foi a integração com as forças locais? Como foram registradas as ocorrências que

envolveram a força nacional, e como foi feito o aprisionamento? Elucidar essas questões,

utilizando-se do montante de informações criminais existentes no período, seguramente

poderá ajudar a traçar um perfil eficiente das práticas exitosas que podem vir a ser

replicadas no âmbito das políticas de segurança pública.

24

Pode-se considerar também que os demais projetos desenvolvidos no período,

enfocando, sobretudo, aspectos de prevenção primária e de ampliação do capital social

nas comunidades próximas aos locais de realização dos eventos também tenham surtido

efeitos significativos. Porém, dada a sobreposição das ações policiais e dos demais

projetos preventivos, localizados nas mesmas áreas, não podemos dissociar essas ações

e medi-las separadamente, de forma a identificar o impacto de cada uma. Pode-se,

entretanto, aventar a hipótese de que a influência dos projetos teria feito com que as

quedas identificadas nas ocorrências criminais tenham sido ainda maiores (ou que crimes

que cresceram no período tenham crescido menos). Para uma análise mais precisa

desses impactos seria necessário conjugar uma abordagem específica sobre os

diferentes projetos e as áreas de concentração de suas ações, o número de participantes,

os períodos em que se desenvolveram e a influência de cada projeto sobre as

comunidades atendidas.

Além do impacto das políticas e ações implementadas durante os Jogos sobre a

criminalidade no período, outras questões não menos importantes também constituem

importante foco de atenção para a gestão de políticas de segurança e para a percepção

social sobre o crime e a violência. Entre elas destaca-se o impacto significativo que as

ações de segurança, em especial a ampliação do policiamento, tiveram sobre percepção

da população do Rio sobre a criminalidade. Como exemplo desse impacto, pesquisa da

Fecomércio realizada nos dias 25 e 26 de julho de 2007, na Região Metropolitana do Rio,

com 1.008 moradores, a segurança foi eleita pelos cariocas como o “ponto alto” dos

Jogos, com 7,2 pontos (com notas de 0 a 10). Tal percepção, que parece demonstrar a

satisfação dos cariocas com as ações implementadas no período, já constitui per si um

resultado importante em termos de garantias de qualidade de vida almejadas pelas

políticas de segurança. Mesmo que por um período curto, a população do Rio de Janeiro

pôde sentir-se segura e quiçá ganhar maior confiança na eficácia de políticas de

segurança e soluções possíveis para os problemas relacionados ao crime e a segurança

pública.

Por fim, destaca-se também o fato de que parte considerável dos recursos implementados

no Rio deverá permanecer na cidade após os Jogos. Assim, apesar do efeito

aparentemente passageiro que as ações de segurança tenham imprimido ao Rio de

janeiro no período, com os índices posteriormente voltando a aproximar-se dos índices

25

pré-Pan, como parecem indicar os índices referentes ao mês de agosto, a boa

experiência vivenciada no período, tanto com as quedas de crimes quanto com os

recursos que ficarão, são sem dúvida um importante legado que os jogos Pan-

Americanos deixarão à cidade. Tais recursos, como policiais, câmeras de monitoramento

e automóveis poderão contribuir inclusive para que ao menos parte das quedas

observadas na criminalidade se mantenha na cidade. Espera-se também que tais

experiências acumuladas possam ajudar a construir caminhos virtuosos para a prevenção

e o controle do crime não apenas no Rio de janeiro, mas também em outras regiões do

país.

26

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