Neurorrafia do ramo bucal dorsal do nervo facial em coelhos com proteção de segmento intestinal...

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228 Braz. J. vet. Res. anim. Sci., São Paulo, v. 46, n. 3, p. 228-236, 2009 Neurorrafia do ramo bucal dorsal do nervo facial em coelhos com proteção de segmento intestinal alógeno 1 - Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG 2 - Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, Goiás-GO 3 - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal- SP Camila Araújo BUSNARDO 1 Duvaldo EURIDES 1 Marcelo Emílio BELETTI 1 Letícia Binda BAUNGARTEN 1 Ednaldo Carvalho GUIMARÃES 1 Frederico Ozanan Carneiro e SILVA 1 Lorena Borges ALVES 1 Benito Juarez Nunes Alves de OLIVEIRA 1 Luis Augusto de SOUZA 1 Luiz Antônio Franco da SILVA 2 Carlos Roberto DALECK 3 Correspondência para: Camila Araujo Busnardo. Av. Carlos Orlando Carvalho, n°490, ap401, Jardim da Penha, CEP29060-260, Vitória/ ES; kmila_[email protected] Recebido para publicação: 04/07/2008 Aprovado para publicação: 29/06/2009 Resumo Foram utilizados 18 coelhos, Nova Zelândia, machos, adultos, para avaliação clínica e histológica do reparo do ramo bucal dorsal do nervo facial, decorridos 15, 30 e 60 dias de pós-operatório (PO). Os animais foram distribuídos em dois grupos para secção e aproximação epineural do ramo bucal com fio náilon monofilamentoso 10-0. Nos animais do grupo I, o nervo foi revestido com proteção de segmento de jejuno alógeno conservado em glicerina a 98% e o grupo II apenas aplicação de sutura epineural. Nos coelhos dos dois grupos ocorreu retorno da movimentação do lábio superior a partir da oitava semana. Verificou-se infiltrados celulares e células gigantes com fibrose desorganizada e fibras colágenas do envoltório alógeno entremeadas ao tecido conjuntivo. Aos 15 e 30 dias de PO, os cotos distais de ambos os grupos encontravam-se com degeneração walleriana e aos 60 dias, com fibras regeneradas. A reparação do ramo bucal dorsal do nervo facial com o segmento intestinal não foi significativamente diferente nos coelhos do controle, quanto à avaliação de recuperação funcional e histológica. Palavras-chaves: Intestino. Enxerto. Regeneração neural. Nervos periféricos. Introdução O nervo facial é responsável pela inervação dos músculos da expressão facial, incluindo o músculo motor da orelha externa e a musculatura envolvida no fechamento da fenda palpebral, além de fornecer fibras parassimpáticas para o controle do lacrimejamento. Lesões nos ramos bucais do nervo facial causam o lábio superior pendular e o focinho desloca-se em direção ao lado oposto. 1 A melhora da função após reconstituição nervosa é, freqüentemente, insuficiente. 2 Conseqüentemente, existe a necessidade de tratamentos que melhorem a recuperação da transmissão nervosa. 3 O colágeno, que proporciona resistência a um nervo reparado, é produzido por fibroblastos no epineuro. Respostas inflamatórias exuberantes ou prolongadas podem causar excesso de produção de colágeno, com formação prejudicial de fibrose. 4 Na reparação neural tem-se como finalidade permitir o redirecionamento das fibras nervosas da extremidade proximal em direção a distal, assim como, evitar a proliferação de tecidos cicatriciais entre os cotos que possam prejudicar a regeneração. 5 Vários estudos têm avaliado o uso de diferentes envoltórios para proteção da sutura dos nervos como músculos 6 , nervos 7 , quitosanas 8 , dentre outros. Entretanto, são métodos desprovidos de resultados eficazes. Objetivou-se avaliar, clínica e histologicamente, o uso de segmento intestinal de jejuno alógeno conservado em glicerina a 98% como envoltório na neurorrafia do ramo bucal dorsal do nervo facial em coelhos.

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Neurorrafia do ramo bucal dorsal do nervo facial em

coelhos com proteção de segmento intestinal

alógeno

1 - Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,Uberlândia-MG2 - Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, Goiás-GO3 - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade EstadualPaulista, Jaboticabal- SP

Camila Araújo BUSNARDO1

Duvaldo EURIDES1

Marcelo Emílio BELETTI1

Letícia BindaBAUNGARTEN1

Ednaldo CarvalhoGUIMARÃES1

Frederico Ozanan Carneiroe SILVA1

Lorena Borges ALVES1

Benito Juarez Nunes Alvesde OLIVEIRA1

Luis Augusto de SOUZA1

Luiz Antônio Franco daSILVA2

Carlos Roberto DALECK3

Correspondência para:Camila Araujo Busnardo. Av. CarlosOrlando Carvalho, n°490, ap401, Jardimda Penha, CEP29060-260, Vitória/ ES;[email protected]

Recebido para publicação: 04/07/2008Aprovado para publicação: 29/06/2009

Resumo

Foram utilizados 18 coelhos, Nova Zelândia, machos, adultos, paraavaliação clínica e histológica do reparo do ramo bucal dorsal do nervofacial, decorridos 15, 30 e 60 dias de pós-operatório (PO). Os animaisforam distribuídos em dois grupos para secção e aproximaçãoepineural do ramo bucal com fio náilon monofilamentoso 10-0. Nosanimais do grupo I, o nervo foi revestido com proteção de segmentode jejuno alógeno conservado em glicerina a 98% e o grupo II apenasaplicação de sutura epineural. Nos coelhos dos dois grupos ocorreuretorno da movimentação do lábio superior a partir da oitava semana.Verificou-se infiltrados celulares e células gigantes com fibrosedesorganizada e fibras colágenas do envoltório alógeno entremeadasao tecido conjuntivo. Aos 15 e 30 dias de PO, os cotos distais deambos os grupos encontravam-se com degeneração walleriana e aos60 dias, com fibras regeneradas. A reparação do ramo bucal dorsal donervo facial com o segmento intestinal não foi significativamentediferente nos coelhos do controle, quanto à avaliação de recuperaçãofuncional e histológica.

Palavras-chaves:Intestino.Enxerto.Regeneração neural.Nervos periféricos.

Introdução

O nervo facial é responsável pelainervação dos músculos da expressão facial,incluindo o músculo motor da orelha externae a musculatura envolvida no fechamentoda fenda palpebral, além de fornecer fibrasparassimpáticas para o controle dolacrimejamento. Lesões nos ramos bucais donervo facial causam o lábio superiorpendular e o focinho desloca-se em direçãoao lado oposto.1 A melhora da função apósreconstituição nervosa é, freqüentemente,insuficiente.2 Conseqüentemente, existe anecessidade de tratamentos que melhorema recuperação da transmissão nervosa.3

O colágeno, que proporcionaresistência a um nervo reparado, éproduzido por fibroblastos no epineuro.Respostas inflamatórias exuberantes ou

prolongadas podem causar excesso deprodução de colágeno, com formaçãoprejudicial de fibrose.4 Na reparação neuraltem-se como finalidade permitir oredirecionamento das fibras nervosas daextremidade proximal em direção a distal,assim como, evitar a proliferação de tecidoscicatriciais entre os cotos que possamprejudicar a regeneração.5

Vários estudos têm avaliado o uso dediferentes envoltórios para proteção dasutura dos nervos como músculos6, nervos7,quitosanas8, dentre outros. Entretanto, sãométodos desprovidos de resultadoseficazes. Objetivou-se avaliar, clínica ehistologicamente, o uso de segmentointestinal de jejuno alógeno conservado emglicerina a 98% como envoltório naneurorrafia do ramo bucal dorsal do nervofacial em coelhos.

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Material e Método

Foram obtidos segmentos tubularesdo jejuno proximal de dois coelhos da raçaNova Zelândia, imediatamente ao abate,realizado em abatedouro fiscalizado peloserviço de Inspeção Municipal. Ossegmentos foram evertidos, lavados porvárias vezes com polivinil-pirolidona 0,1%(Riodeine 1%. Rioquímica, SP) e introduzidoseringas de insulina sob tensão no lúmen decada amostra. Após remoção do epitélio elâmina própria da túnica mucosa sobfricções com compressa, o segmentointestinal foi irrigado em solução fisiológicaa 0,9%, colocados em frasco esterilizadocontendo glicerina a 98% (Glicerina 98%.Rioquímica, SP) e estocados em temperaturaambiente por um período mínimo de 30dias.9 Para implante, os segmentos foramhidratados em solução fisiológica a 0,9%,seccionados em fragmentos de 8,0mm decomprimento e mantidos submersosem solução fisiológica a 0,9% durante20 minutos.

Dezoito coelhos machos, adultos,raça Nova Zelândia, com pesos variandode 2,5 e 3,0kg foram distribuídos em doisgrupos de igual número, denominados detratado (grupo I) e controle (grupo II). Osanimais foram mantidos em gaiolasindividuais, onde receberam ração comercial(Guabi, SP) e água à vontade. Após jejumde alimentos sólidos de seis horas e hídricode duas horas, 30 minutos antes daintervenção cirúrgica, os coelhos foramsubmetidos à administração subcutânea decloridrato de tramadol (2,0mg/kg) (Tramal50. Pfizer, SP), enrofloxacina (15,0mg/kg)(Flotril 10%. Schering-Plought, RJ) ecetoprofeno (3,0mg/kg) (Ketofen 10%.Merial, SP). Para a anestesia, os animaisreceberam cetamina (30,0mg/kg, IM)(Dopalen. Agribands, SP) e xilazina (3,0mg/kg, IM) (Virbaxyl 2%. Virbac, SP), seguindo-se de tricotomia da região massetérica,temporal e parotídica e anti-sepsia compolivinil-pirrolidona diluída a 0,1%.

Em cada coelho foi realizada umaincisão rostrocaudal de aproximadamente

4,0cm de pele e músculo cutâneo na facelateral do músculo masseter, entre a pálpebrainferior e a borda caudal da mandíbula. Nosanimais dos dois grupos o ramo bucaldorsal do nervo facial foi seccionadotransversalmente com bisturi n° 15. Nos dogrupo I, foi introduzido um segmentotubular intestinal alógeno de 8,0mm decomprimento no coto proximal de formaque a túnica serosa ficasse em contato como nervo. Com auxílio de microscópiocirúrgico (1902 D.F. Vasconcellos, SP), onervo foi aproximado com quatros pontossimples separados no epineuro, eqüidistantes,com fio de náilon monofilamentoso 10-0(Mononylon 10-0. Ethicon, SP). Commesmo padrão de fio de náilon, o segmentoalógeno foi colocado sobre a anastomoseepineural e, com seu diâmetro ajustado aodo nervo, fixado no epineuro com pontosimples contínuo. Foram realizadas síntesesdo músculo cutâneo da face e pele de formarotineira. Nos do grupo II, foram praticadosos mesmos procedimentos, porém sem aproteção de segmento intestinal.

No pós-operatório (PO) os coelhosforam mantidos em gaiolas individuais comcolar tipo elisabetano e submetidos àadministração subcutânea de cloridrato detramadol (2,0mg/kg), a cada oito horas, ecetoprofeno (2,0mg/kg), a cada 24 horas,por três dias e enrofloxacina (15,0mg/kg), acada 24 horas, por cinco dias. As feridas depele foram diariamente higienizadas comsolução fisiológica a 0,9% e aplicação tópicade polivinil-pirrolidona a 0,1% durante setedias. Os fios de sutura de pele foram retiradosapós 10 dias de PO. Após 24 horas de PO esemanalmente, foram realizadas avaliaçõesclínicas da área de inervação. Os parâmetrosforam quantificados, utilizando as escalas de0 a 2, sendo 0 = ausente; 1 = retorno parciale 2 = retorno completo da movimentaçãodo lábio superior dos coelhos. Paracomparação semanal entre os grupos foiutilizado o teste de Mann-Whitney eos dados analisados por meio doprograma BioEstat10.

Decorridos os períodos pré-estabelecidos de 15, 30 60 dias de PO, os

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animais foram reoperados seguindo osmesmos protocolos do pré-operatório paracoleta de fragmentos do local da neurorrafiae do enxerto alógeno. Os fragmentos foramfixados em formol a 10%, incluídos emparafina e processados rotineiramente. Aslâminas foram coradas pela técnicaHematoxilina-Eosina (HE) e Picro-sírius Redpara observação em microscópio de luz. Osparâmetros de reação inflamatória,orientação das fibras colágenas edegeneração/regeneração do coto distal donervo foram analisados por meio deavaliação global do campo e os achadosforam agrupados de forma qualitativa,utilizando as escalas de 0 a 3, comorepresentado na tabela 1, e submetidosà avaliação estatística pelo teste deWilcoxon considerando 5% de significância(á d” 0,05).10

Resultados

A partir do primeiro dia de PO, osanimais dos grupos I e II apresentaramausência dos movimentos do lábio superior eda região nasal lateral, devido à secção dosramos bucais dorsais do nervo facial. Emambos os grupos foi verificado retorno parcialda movimentação do lábio superior a partirde 56 dias de PO em quatro animais (66,67%)do grupo tratado e do grupo controle. Aos

15, 30 e 60 dias de PO, verificou-semacroscopicamente aderência fibrosa com ostecidos adjacentes e, histologicamente, a túnicaserosa do fragmento de jejuno foi identificadacom a sua camada de tecido conjuntivo, porémsem o mesotélio, nos animais de ambos osgrupos. Por meio de avaliação global docampo, os achados histológicos não diferiramsignificativamente entre os dois grupos(Tabela 2). Aos 15 dias de PO, no grupo I, emtrês animais (50%) a orientação das fibrascolágenas foi difusa e em três (50%),interrompida pelo tecido conjuntivo(Figura 1). Nos do grupo controle, em doiscoelhos (33,33%) foi difusa, em dois

Tabela 1 - Escalas e parâmetros histológicos avaliados referentes à reação inflamatória, orientação das fibrascolágenas, degeneração/regeneração do coto distal do ramo bucal dorsal do nervo facial e representaçãoqualitativa das escalas quantificadas, em coelhos da raça Nova Zelândia - Uberlândia, jun – ago 2007

Figura 1 - Fotomicrografia da reparação do ramo bucaldorsal do nervo facial de coelho da raça NovaZelândia com proteção de jejuno alógenoaos 15 dias de PO. Nota-se fibras colágenasinterrompidas (seta preta), deposição detecido conjuntivo (seta azul) e desvio dasfibras pelo fio de sutura (seta vermelha).Coloração em Picro-sírius Red. (Barra =100μm)

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(33,33%) cruzada e em dois (33,33%)interrompida pelo tecido conjuntivo. Ainda,nos dois grupos, foi constatada formaçãode granulomas ao redor dos fios de suturae predomínio de heterófilos e célulasgigantes. No grupo I, em três animais (50%),a resposta inflamatória foi intensa emoderada em três (50%). No grupocontrole, em dois animais (33,33%) foiintensa, em dois (33,33%) moderada e emdois (33,33%), discreta. Sob avaliaçãocomparativa dos parâmetros dedegeneração e regeneração neural dos cotosproximal e distal aos 15 dias de PO, nosanimais dos dois grupos, o coto distalapresentava-se em processo de degeneraçãowalleriana discreta, mantendo a integridadeestrutural dos fascículos, hiperplasia dascélulas de Schwann e presença de vacúoloscontendo gotículas de gordura.

Aos 30 dias de PO, no grupo tratado,foi verificado em três coelhos (50%) fibrasinterrompidas pelo tecido conjuntivo e emdois (33,33%) com orientação difusa. Emum animal (16,67%) houve perda do materialdurante o processamento histológico. Nogrupo controle, foi verificado em um coelho(16,67%) com fibras interrompidas pelotecido conjuntivo, três (50%) com orientaçãocruzada e em dois (33,33%) com orientaçãodifusa. Em ambos os grupos foi identificadofibrose no local dos pontos, granulomas,com predomínio de heterófilos e célulasgigantes. No grupo tratado, a reaçãoinflamatória foi moderada em três animais(50%) e intensa em três (50%). Nos docontrole, a presença de células inflamatóriasfoi discreta em três coelhos (50%), moderada

em dois (33,33%) e intensa em um (16,67%).Os cotos distais do nervo encontravam-sena fase de degeneração walleriana comintensa proliferação das células de Schwanne o perineuro encontrava-se fragmentado.

Aos 60 dias de PO, no grupo tratado,três animais (50%) apresentaram fibrascolágenas com orientação cruzada e três(50%), interrompidas pelo tecido conjuntivo.No grupo controle, três coelhos (50%)encontravam-se com fibras difusas e três(50%) cruzadas. No grupo I, três coelhos(50%) apresentavam-se com presençamoderada de células inflamatórias e discretaem três (50%). No II, em quatro animais(66,67%) foi ausente e discreta em dois(33,33%).Foram verificadas dispersas fibrasregeneradas no grupo tratado (Figura 2) econtrole.

Tabela 2 - Valores de “p” (coeficiente de probabilidade) obtidos para os parâmetros histológicos de reaçãoinflamatória, orientação de fibras colágenas e degeneração de fibras neurais entre o grupo tratado econtrole aos 15, 30 e 60 dias de PO de coelhos da raça Nova Zelândia - Uberlândia, jun – ago 2007

Figura 2 - Fotomicrografia da reparação do ramo bucaldorsal do nervo facial de coelho da raça NovaZelândia com proteção de jejuno alógenoaos 60 dias de PO. Nota-se discretas fibrasregeneradas (setas). Coloração em HE. (Barra= 100μm)

Discussão

Para sutura do ramo bucal dorsal donervo facial de coelhos, foi utilizado o fio

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de náilon monofilamentoso 10-0. Foramdescritos bons resultados obtidos nautilização do fio de náilon no reparo denervos periféricos.11,12 Em ambos os gruposdeste experimento, foram notadas célulasgigantes ao redor dos pontos de sutura,sendo verificada em maior quantidade nosanimais do grupo I. Observações tambémverificadas por Torres, Graca e Faria13 naneurorrafia epineural do nervo ciático deratos com fio de náilon 10-0. Possivelmente,o tipo de fio escolhido e o enxertoalógeno estimularam reação de corpoestranho caracterizada com presença decélulas gigantes.

Neste experimento, foram aplicadosquatro pontos simples eqüidistantes noepineuro para a sutura epineural do ramobucal dorsal do nervo facial dos animais dosdois grupos. Na literatura consultada, nãohouve analogia em relação ao número depontos empregados neste nervo.Vasconcelos e Gay-Escoda12 utilizaramsomente dois pontos e Dourado Jr.,Valmaseda-Castellón e Gay-Escoda11, dequatro a seis pontos, simples separados eeqüidistantes. A falta de unanimidade quantoao número de pontos empregados podeestar relacionado à reação de corpo estranhoque pode ocasionar desorganização das fibrasneurais, como referido por Torres, Gracae Faria.13.

O envoltório de jejuno foiimplantado no ramo bucal com a túnicaserosa do enxerto em contato com o nervo,com objetivo de favorecer a vedação dasintese epineural do tecido conjuntivo. Noscoelhos do grupo I e em todos os períodosde avaliação, notou-se produção de tecidoconjuntivo e aderência dos tecidos adjacentescom o invólucro de jejuno. A ausência domesotélio observada pode ter ocorridodevido a sua fragilidade na manipulação doenxerto ou pela reação inflamatóriaverificada no envoltório de jejuno. Essacamada, por ser composta de epitéliosimples pavimentoso, poderia ter dificultadoa entrada de tecido conjuntivo. Portanto, atúnica serosa sem o mesotélio não foi capazde impedir a infiltração de células

inflamatórias na coaptação neural. Alémdisso, apesar do diâmetro do segmentointestinal ter sido fixado em diâmetroajustado ao do nervo, a entrada de infiltradoscelulares também pode ter ocorridoentre as bordas do segmento intestinale o epineuro.

Foram observados sinais clínicos deinflamação evidentes até o terceiro dia dePO nos coelhos dos dois grupos. Talmanifestação inflamatória foi devido aosefeitos sistêmicos do antiinflamatórioempregado nesse estudo. Não foramobservados sinais de contaminaçãobacteriana como abscessos ou deiscência desutura nos animais de ambos os grupos, fatodevido à anti-sepsia e assepsia, aos cuidadosna coleta, preparação e conservação doenxerto em glicerina a 98%14 e aantibioticoterapia pré e pós-operatórias. Apartir do primeiro dia de PO, os animaisdos grupos I e II apresentaram ausência dosmovimentos do lábio superior e da regiãonasal lateral, devido à secção dos ramosbucais dorsais do nervo facial.1 O retornofuncional da movimentação do lábiosuperior sugere que a neurorrafia nos doisgrupos permitiu a reparação parcial de fibrasnervosas do ramo bucal dorsal.

Yang et al.8 encontraram aderências aoredor da coaptação com proteção dequitosana de nervos ciáticos reparados deratos. Neste estudo, a aderência fibrosa comos tecidos adjacentes foi mais intensa nosegmento alógeno em relação ao grupocontrole que se apresentava na área decoaptação devido a maior manipulaçãocirúrgica e ao implante de jejuno terestimulado a produção e deposição detecido conjuntivo.

Aos 15 dias de PO, nos dois gruposocorreu desvio do sentido das fibrascolágenas, principalmente no local do fio desutura e interrupção pelo tecido conjuntivo(Figura 1). Achados condizentes com osreferidos por Torres, Graca e Faria13 noreparo de nervo ciático de cães comneurorrafia epineural. A maior deposição defibras colágenas nos animais do grupotratado foi devido ao enxerto alógeno

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somado a presença do fio de sutura queestimulou a produção de tecido conjuntivo.Os resultados indicaram que, em ambos osgrupos, as fibras colágenas apresentavam-se com tendência a desviar-se do local decoaptação, devido à proliferação do tecidoconjuntivo proporcionado pelo enxerto epelo fio de sutura. Dados semelhantes foramencontrados no reparo de nervo ciático deratos com sutura epineural15 e em nervociático de cães com celulose liofilizada16. Aresposta inflamatória caracterizada porgranulomas e células gigantes, observada nosdois grupos deste experimento, foi devidoà reação de corpo estranho ao fio de suturautilizado para síntese neural. A maiorintensidade de infiltrados celulares e célulasgigantes no grupo I deveu-se à reação doorganismo ao material alógeno e ao fiode sutura.

De acordo com Ross e Rowrel17

durante a degeneração walleriana, os axôniosdo coto distal são fragmentados efagocitados por células de Schwann e pormacrófagos teciduais. Essas células tambémfagocitam a bainha de mielina, fragmentando-as a gotículas de gordura. Seguidamente, ascélulas de Schwann proliferam rapidamentee se dispõem em cordões paralelos namembrana basal persistente, comoobservados em ambos os grupos desteestudo aos 15 dias de PO. A degeneraçãowalleriana observada neste período deavaliação criou um microambiente distalà área de lesão, sendo favorável aocrescimento axonal dos neurôniossobreviventes. Os vacúolos encontradosdeveram-se à fragmentação da bainha demielina, favorecendo a regeneração e ocrescimento axonal.

Os achados histológicos encontradosaos 30 dias indicaram que houve maiorprodução de tecido conjuntivo nos animaisdo grupo tratado, causando desorientaçãodas fibras colágenas e interrupção docrescimento das fibras neurais pelo tecidoconjuntivo. Resultados também identificadospor Menovsky e Beek15 no reparo de nervosciáticos de ratos com sutura epineural. Aintensa proliferação de tecido conjuntivo

verificado no local da anastomose neural noscoelhos do grupo I foi devida à maiorquantidade de pontos de sutura no local doenxerto que levou a reação do tipo corpoestranho com conseqüente fibrose no localdos pontos. Dados semelhantes tambémforam constatados por Mello et al.16 noreparo de nervos ciáticos de cães comenvoltório de celulose liofilizada e porFujimoto et al.7 na restauração de nervociático de ratos com nervo intercostalxenógeno. Embora não significativo(p= 0,088) (Tabela 2), os infiltrados celularescom maior intensidade no grupo tratadoforam devidos à reação do organismo aomaterial alógeno e ao fio de sutura. Os cotosdistais dos dois grupos, aos 30 dias de PO,encontravam-se na fase de degeneraçãowalleriana com intensa proliferação dascélulas de Schwann, o que ocasionou aformação de uma massa tecidual densa efragmentação do perineuro. Observaçõescoincidentes com as referidas por Aldini etal.18 na regeneração de nervos ciáticos deratos com implante de co-polímero ácidolático e ácido carpróico. Os resultadosobtidos neste período referem-se à fase dedegeneração walleriana onde as células deSchwann encontravam-se em intensaproliferação e as bainhas de tecidoconjuntivo são reparadas por fibroblastos.19

Conforme Hashimoto et al.20, as células deSchwann proporcionam efeito dearcabouço para axônios em regeneração.Esta fase de degeneração, caracterizadaprincipalmente pela proliferação de célulasde Schwann, foi necessária para promoverorientação das fibras axonais e conseqüentereparação do nervo lesado.

Neste experimento, a melhororientação das fibras colágenas observadasaos 60 dias em relação aos 15 e 30 dias dePO, deveu-se ao decréscimo do processoinflamatório. Fato também verificado porMello et al.16 no reparo de nervos ciáticosde cães com proteção de celulose liofilizada.O decréscimo da reação inflamatóriafavoreceu a organização do tecido conjuntivoe reparação neural. Resultados semelhantesforam encontrados no reparo de nervos

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ciáticos de ratos com implante depolifosfazene18 e em nervos medianos deratos com músculo autólogo6. Esses achadosencontram-se relacionados ao início da faseregenerativa da reparação neural. SegundoRoss e Rowrell17, as fibras neurais possuemaspecto característico quando vistas em cortetransversal. Cada fibra apresenta um axônioem posição central, circundado por umespaço de mielina no qual pode ser retidoalgum precipitado em disposição radial.Externamente ao espaço de mielina, podeser observado um halo citoplasmáticodelgado, o neurilema. Aspecto encontradono grupo I e II neste período de avaliação.As fibras neurais reparadas comprovaramo início da reparação neural do ramo bucaldorsal do nervo facial de coelho comemprego de neurorrafia isolada e associadaao segmento de jejuno alógeno. Aregeneração deveu-se à síntese epineuralempregada no grupo tratado e controle.

Os materiais com composiçãopredominante de colágeno, como o enxertoalógeno utilizado neste experimento, permitea infiltração de células reparativas,macrófagos e fibroblastos na fase inicial, oque contribuem para formação de reparaçãoviável.21 Neste experimento, optou-se porproteção de segmento de jejuno alógeno decoelhos para minimizar reação de corpoestranho, no entanto, foi confirmada intensaquantidade de células gigantes aos 15(Figura 3) e 30 dias de PO nos animais dogrupo tratado. A reação de corpo estranhotambém foi constatada por Aldini et al.18 noreparo de nervo ciático de ratos comimplante de ácido lático e caprolactone.Apesar da infiltração de células inflamatóriase existência de células gigantes na coaptaçãoneural, não houve sinais de rejeição doenxerto. A permeabilidade do segmentointestinal provavelmente favoreceu ainfiltração das células inflamatórias e aexistência do enxerto induziu reação tipocorpo estranho. Sob avaliação microscópicado enxerto alógeno nos animais do grupo Ifoi constatado que, aos 15 dias de PO, houveaparente integração de fibras colágenas dosegmento intestinal às do tecido conjuntivo

e presença intensa de heterófilos e célulasgigantes (Figura 3). Aos 30 dias de PO, aquantidade de células inflamatórias decresceuconsideravelmente. A presença maior deinfiltrados celulares aos 15 dias de PO doque aos 30 dias pode ter sido devido àneovascularização mais ativa neste período8.Verificou-se ainda, fibrose desorganizada defibras colágenas do material alógeno,entremeadas ao tecido conjuntivo,dificultando a diferenciação entre fibrascolágenas do enxerto e do tecido conjuntivo.Aos 60 dias de PO, foi notada melhorreorganização dessas fibras colágenas nolocal do implante e aparente diminuição dotecido fibroso. Observações similares foramencontradas com emprego de tendãoautólogo22 e quitosana8 no reparo de nervosciáticos de ratos. Os resultados indicaram queo segmento intestinal alógeno conservadoem glicerina a 98% foi progressivamentesubstituído por tecido conjuntivo denso,caracterizando o processo cicatricial.

Figura 3 - Fotomicrografia da reparação do ramo bucaldorsal do nervo facial de coelho da raça NovaZelândia com proteção de jejuno alógenoaos 15 dias de PO. Nota-se no enxerto intensareação inflamatória com granulomas (setaazul) ao redor do fio e proliferação de tecidoconjuntivo ao redor do envoltório (seta preta).Coloração em HE. (Barra=100μm)

Conclusões

A proteção de segmento intestinalde jejuno alógeno, desprovido de epitélioe lâmina própria da túnica mucosa,associado à sutura epineural, induziu aproliferação de tecido conjuntivo nacoaptação e entre os cotos neurais. Areparação do ramo bucal dorsal do nervo

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facial com o segmento alógeno associadoà sutura epineural não foi significativamentediferente do grupo controle quanto àavaliação de recuperação funcional ehistológica.

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamentode Pessoal do Nível Superior – CAPES pelosuporte financeiro.

Neurorrhaphy of the dorsal buccal branch of facial nerve in rabbits with

protection o f allograft intestinal segment

Abstract

18 rabbits, New Zealand, males, adults were used for clinical andhistological evaluation of repair dorsal buccal branch of facial nerveafter 15, 30 and 60 days postoperatively (PO). The animals were dividedinto two groups for transection and 10-0 nylon monofilamentepineural suture of buccal branch. In animals in Group I, the nervewas coated with protection of jejunum allograft preserved in glycerin98% and in group II was applied epineural suture. Both groupsoccurred the return of movement of the upper lip from the eighthweek. There was infiltrated cellular and giant cells with fibrosisunsystematic and collagen fibers of the allograft jejunum joing to theconnective tissue. At 15 and 30 days of PO, the distal nerve stumpsof both groups were found with degeneration wallerian and in 60days, regenerated fibers. The repair of the dorsal buccal branch offacial nerve with the allograft wasn’t significantly different betweenthe control rabbits as to the assessment of histological and functionalrecovery.

Key words:Intestine.Graft.Nerve regeneration.Peripheral nerve.

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