MUSEUS ENQUANTO MUSEU INTEGRAL: REFLEXÃO COM BASE NA DECLARAÇÃO DA MESA REDONDA DE SANTIAGO DO...
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MUSEUS ENQUANTO MUSEU INTEGRAL: REFLEXÃO COM BASE NA DECLARAÇÃO DA
MESA REDONDA DE SANTIAGO DO CHILE EM 1972
Rogério Carlos Petrini de Almeida*1
RESUMO
Os museus tradicionais do culto ao objeto das relações
fechadas ao espaço físico tem uma ampliação para novas
perspectivas da geração de museus em espaços abertos ocupados por
território, formando ecomuseus, museus comunitários e museus
virtuais com premissas de melhor alcançar o seu público de atender
as necessidades em disseminar saberes. São transformações
provocadas pelos princípios de museu integral. Em texto
fundamentado por pesquisa bibliográfica, reúne conceitos e a
topologia de museu e assume um estudo de caráter não exaustivo.
Comenta finalmente, a influência promissora deixada pelo conceito
de museu integral na mudança de concepção dos museus, dentro de
uma filosofia voltada à ação e comunicação em conjunto com a
comunidade e seu público, permitindo um comportamento de museus
mais voltados ao meio social, ao ambiente natural, comunitário,
interativos, inovador-futurista sem deixar de lado ao ideal da1* Bel.Biblioteconomia e aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação da disciplina Iniciação à Museologia (BIB03207), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini. Porto Alegre, junho de 2014. E-mail: rogé[email protected].
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preservação do patrimônio material e imaterial e a promoção da
pesquisa e do conhecimento.
Palavras-chave: Museu Integral. Declaração de Santiago do Chile.
ABSTRACT
Traditional museums cult object to the closed physical space
has a magnification relations for generating new perspectives
museums in the territory occupied by open spaces, forming eco-
museums, community museums and virtual museums with assumptions
better reach your audience to meet the needs to disseminate
knowledge. Changes are caused by the principles of full museum. In
substantiated by literature text, brings together concepts and
topology assumes museum and a study of non-exhaustive Finally
said, promising to influence left by the concept of comprehensive
museum in changing the design of museums, within a philosophy
focused action and communication with the community and their
audiences, enabling behavior museums more geared to the social
environment, the environment natural, community, interactive,
innovative futuristic without abandoning the ideal of preserving
the tangible and intangible heritage and the promotion of research
and knowledge.
Keywords: Integral Museum. Declaration of Santiago de Chile.
1 INTRODUÇÃO
3
O museu como instituição, aberta ao público, é considerado
como um fenômeno social, dinâmico, com característica de
preservar, difundir, expor o seu acervo, constituído de patrimônio
cultural. O museu, na sua amplitude, se apresenta nas mais
diversas formas perante seu público, aparecendo com a tipologia de
museus tradicionais: clássicos, ortodoxos, interativos; de
território: ecomuseus, museus comunitários; virtuais: ocupando
espaços digitais, como na internet.
O museu integral como uma entidade conceitual, abriu
horizontes para provocar a mudança sobre a ideologia dos museus
concentrados no objeto, na coleção, na necessidade de espaço
físico limitado, e na sua exposição museográfica, cria dessa forma
uma porta para a aproximação e o dialogo com a comunidade.
O presente texto construído com o uso da metodologia de
pesquisa bibliográfica explora com simplicidade o conceito de
museu integral a partir dos estabelecimentos de seus princípios na
Mesa-Redonda de Santiago, objetivando o conhecimento evolutivo do
conceito aplicado a museu integral e sua contribuição no cenário
dos museus.
O trabalho realizado não é exaustivo, anota alguns conceitos
e definições de museu e de sua tipologia, numa classificação
básica com esclarecimentos simples, mas com a finalidade de
conhecer sua essência e despertar seu entendimento na compreensão
das possibilidades e possíveis influências que o modelo conceitual
de museu integral exerceu ou exerce sobre as atividades dos museus
na contemporaneidade.
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2 MUSEU INTEGRAL: SINOPSE DA MESA-REDONDA DE SANTIAGO DO CHILE.
A Mesa-Redonda de Santiago de 1972, reunião interdisciplinar
por iniciativa da UNESCO, para discussão sobre os papeis dos
museus na América Latina, com o tema central “museu integral” como
um conceito daquela entidade que “participa ativamente da vida
nacional e recria os contextos dos objetos que expõe.” (12. p.165),
o museu interdisciplinar por excelência que se associa a outro
novo conceito o “ecomuseu”.
Grete Mostny Glaser menciona que a Mesa-Redonda de Santiago
do Chile permitiu que tivessem “uma visão clara e precisa do museu
na perspectiva do mundo que o rodeia” (1. p.165) além de relatar:
[…] que os museus na América Latina não sãoadaptados para os problemas suscitados pelodesenvolvimento da região e deveriam se esforçarpara cumprir sua missão social, que é permitir aohomem identificar-se com seu ambiente natural ehumano em todos os seus aspectos. O museu estápreocupado não apenas com a herança do passado, mastambém com o desenvolvimento (GLASER, 1. p.164).
O tema central da Mesa-Redonda de Santiago do Chile era a
investigação: se os museus latinos americanos como instituições
educacionais, culturais e científicas, estavam adaptados aos
problemas impostos pelo desenvolvimento da cultura social e
econômica da América Latina. Constataram que os museus não estavam
2 (1) utilizou-se para o texto o documento Mesa-redonda de Santiago do Chile. Revista Museum 1973. Disponível em: <http://www.ibermuseus.org/noticias/publicacao-sobre-a-mesa-redonda-de-santiago-do-chile-de-1972/> Acesso em: 28 mai. 2012. P. 164-165
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adaptados às estas realidades. Foi invocado um novo conceito de
museu revolucionário, o museu integral, que se afasta do conceito
tradicional de museus de disseminar cultura, para assumir um papel
no desenvolvimento cultural.
A Mesa-Redonda de Santiago do Chile delineia os princípios de
bases do museu integral, analisando os discursos sobre o meio
rural e meio urbano, sobre o desenvolvimento científico e educação
permanente, considerando que os museus devam participar na
educação das comunidades.
Resolvem adotar as seguintes medidas:
a) por uma mutação do museu da América latina: abrindo o
museu a conhecimentos multidisciplinar com caráter de
consultoria conscientizadora de desenvolvimentos
tecnológicos; esforços na recuperação do patrimônio
cultural, evitando dispersões; dispor de coleções mais
acessíveis a pesquisadores; modernização das técnicas
museográficas, melhor relacionamento objeto e visitante;
mecanismo de controle de eficácia; e a reciclagem de
pessoal (1).
b) em relação ao meio rural devem conscientizar com:
exposição de tecnologias aplicáveis ao aperfeiçoamento da
vida da comunidade; exposições culturais propondo soluções
diversas ao problema do meio social e tecnológico, a fim de
proporcionar ao público uma consciência mais aguda sobre
estes problemas, e reforçar as relações nacionais (1).
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c) em relação ao meio urbano devem conscientizar: o
desenvolvimento urbano e seus problemas mediante exposição
e trabalhos de pesquisa; criar exposições e museus em
bairros e zonas rurais, para ilustrar os problemas urbanos
as vantagens e desvantagens da vida nos grandes centros;
experimentar técnicas museológicas do museu integral;
d) em relação ao desenvolvimento científico e técnico:
estimular o desenvolvimento científico e tecnológico;
difusão do conhecimento, do progresso tecnológico, por meio
de exposições, exposições itinerantes, promovendo a
descentralização de suas ações;
e) em relação à educação permanente deve estar condicionado:
Serviço educativo, função de ensino dentro e fora de suas
instalações; ser integrado a política de ensino para
garantir sua regularidade no campo de ensino; ser difundido
nas escolas e meio rural; material educativo
descentralizado; formar educadores (1)
O que se atesta nas considerações e resoluções tomadas na
reunião da Mesa-Redonda de Santiago do Chile são delineações
consistentes para a construção do conceito de museu integral.
Museu que se destina a oferecer à comunidade uma visão de conjunto
de seu meio material e cultural.
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3 MUSEU INTEGRAL – MUSEU INTEGRADO: CONCEITUAÇÕES E EXEMPLIFICAÇÃO
O museu integral na visão de Scheiner (2012, p.11):
[...] se fundamenta não apenas na musealização detodo o conjunto patrimonial de um dado território,ou na ênfase no trabalho comunitário, mas nacapacidade intrínseca que possui qualquer museu deestabelecer relações com o espaço, o tempo e amemória – e de atuar diretamente junto adeterminados grupos sociais.
Para Scheiner (2012, p.11), “o sentido de museu está na sua
própria existência” e o museu integral tem a proposta e as
práticas museológica voltada à comunidade conforme disposições da
Mesa-Redonda de Santiago de 1972.
Insere-se neste contexto o Museu Comunitário da Lomba
Pinheiro, criado em 2006, fica localizado em Porto Alegre-RS, no
bairro com a mesma denominação do Museu, o que já demonstrando sua
afinidade e relação com a comunidade. O atuar junto a grupos
sociais a promover o desenvolvimento cultural do espaço
geográfico, é também, características do conceito de museu
integral, e o Museu Comunitário da Lomba do Pinheiro tem uma
grande atuação e participação nas atividades culturais e
educativas junto a escolas de sua localidade. Promove oficinas
culturais, de reflexão da comunidade, dentro e fora de seu espaço;
tem parceira com UFRGS e desenvolve projetos como História Oral,
turismo no bairro, museus de rua. Tem a tipologia de museu
comunitário, possui acervo doado pela Família Remião, conta com
uma biblioteca que serve a comunidade, mas é um museu que carrega
consigo características de museu integral.
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Observa-se que o conceito de museu integral não ficou inerte
após as decisões da Mesa-Redonda de Santiago, e reproduzimos os
resumos dos encontros realizados pelo Subcomitê Regional para
Museologia da América Latina e Caribe (ICOFOM – LAM), entre
1992/2002, com a finalidade de examinar a evolução e aspectos
inerentes sobre a conceitualização de museu integral.
Resumos:
1992 Encuentro del ICOFOM LAM.
• El museo es un fenómeno social dinámico que sepresenta en distintas formas, de acuerdo con lascaracterísticas necesidades de la sociedad en quese encuentra.
• El medio ambiente debe ser considerado demanera integral
1993- II Encuentro Regional del ICOFOM LAM.
• La Museologìa es una disciplina científica.
• Los conceptos presentados en los documentospublicados por el Comité internacional deMuseologìa – ICOFOM (…) constituyen la baseteórica fundamental para el desarrollo de laMuseologìa como disciplina científica.
• (se recomienda al ICOM Y AL ICOFOM) estimularla unificación conceptual de la Museologìa;promover la producción y difusión de los textosde museología de carácter teórico;
• (Se recomienda a los museos) desarrollaracciones que tiendan a fortalecer el conocimientoy la comprensión del carácter multicultural ypluriétnico de los países de la región, elaborarprogramas especialmente diseñados en los cualeslos habitantes de América latina ay el Caribe se
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reconoce en un proceso de autentica integracióncultural.
1997- IV Encuentro Regional del ICOFOM- LAM.
• El museo se presenta como la instancia idealpara contribuir a la preservación,interpretación, valorización y difusión delpatrimonio integral.
• Se considera como objeto/documento todomaterial de la realidad Tangible o intangible quepueda ser objetivado:
• (se recomienda) que se amplié el máximo deconcepto de musealidad, para que incluye todoslos aspectos constitutivos del patrimoniointegral.
• ( se recomienda) que se dé valor al realimaginario ( Imaginación) como superación de losabordajes que sistemáticamente incluye losfactores intuitivos, activos y Vitales en eltratamiento del objeto/documento.
1998 VII Encuentro Regional del ICOFOM LAM.
• Es imprescindible e impostergable revisar ellenguaje museológico, establecido pautas comunesde comunicación que respeten e incluyan ladiversidad cultural a través de un dialogoparticipativo.
• ( Se recomienda) promover la actualización delos contenidos basados en el desarrollo de lasperspectivas multiculturales, así como de clasesétnicas, género y de las minorías sociales:
• (Se recomida) que los museos refuercen suspotencialidad como espacios de reconexión desentido, vivencia, afectividad y emociones parael encuentro con la diversidad creativa;
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• (Se recomienda) que los museos apoyen eldesarrollo sustentable de las comunidades dondese insertan.
2000-IX Encuentro Regional de ICOFOM LAM.
• Apelamos para que lo Real sea definido comototalidad.
• La problemática ambiental es un objeto deconocimiento complejo que necesita no solo laconcurrencia de los saberes académicos sinotambién la de los saberes populares:
• (consideramos necesario) Valorizar ladiversidad cultural de América Latina, comofuentes de recursos creativos para dominar ladominación.
2002 Encuentro Regional del ICOFOM LAM.
• Es prioridad para los museos de América latinael permanente desafió de dar respuesta a losproblemas sociales y educacionales de la región
• Es necesario profundizar prioritariamente laproblemática terminològica y su relación com lainformática a fin de definir lo que es virtual ylo que es Digital, en el sentido de comprender loque representa las nuevas concepciones,herramientas y estrategias de trabajo.
2003 XII Encuentro Regional del ICOFOM LAM.
• El patrimonio está relacionado con el proceso,permanente de resignificación cultural individualy colectiva.
• El discurso museológico es una poderosa formade interpretación de lo real.
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• Los museos deben poner a disposición de lasdiferentes clases y/o grupos sácielas, losconocimientos de las colecciones de manerainteligible, respetando sus respectivos códigosculturales.
• (Recomendamos) Motivar a los gobiernos de losEstados para que establezca leyes que reglamentenla preservación y presentación de los bienespatrominiales en su lugar de origen.
Verifica-se pelos resumos dos encontros promovidos pelo
ICOFOM LAM, que o museu é considerado como um fenômeno social e
deve ser levado em conta de maneira integral, e nestes encontros é
forte a recomendação para que os museus efetuem a difusão do
conhecimento e interajam com a comunidade respeitando a
diversidade cultural relacionado-se dessa forma com o sujeito,
memória e lugar.
A Declaração de Caracas de 1992 reporta-se a Mesa-Redonda de
Santiago, inferindo museu integral como destinado a “situar o
público dentro do seu mundo, para que tome consciência de sua
problemática como homem-indivíduo e homem-social”3. Que não pode
existir um museu integral, ou integrado na comunidade se o
discurso museológico não utilizar uma linguagem aberta,
democrática e participativa.
Ainda, o encontro manifesta que a função museológica
[…] é, fundamentalmente, um processo de comunicaçãoque explica e orienta as atividades específicas doMuseu, tais como a coleção, conservação e exibição
3 DECLARAÇÃO DE CARACAS - ICOM, 1992. Cadernos de Sociomuseologia. v. 15, n. 15 Lisboa. 199 9 . Disponível em: <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/345>Acesso em: 28 mai.2014. p 245.
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do patrimônio cultural e natural. Isto significaque os museus não são somente fontes de informaçãoou instrumentos de educação, mas espaços e meios decomunicação que servem ao estabelecimento dainteração da comunidade com o processo e com osprodutos culturais.4
A Declaração de Caracas participa uma evolução do conceito do
museu integral, aqui também, comparado a integrado, saindo do
direcionamento de museu de ação junto a sociedade para um museu de
comunicação e interação junto a sociedade.
Mensch (1992, p.3) comenta a renovação dos objetivos dos
museus “mais voltados para o desenvolvimento comunitário” com
vistas na Mesa-redonda de Santiago, detentora de um enfoque
voltado ao desenvolvimento e o papel dos museus, destacando-se o
conceito de museu “integrado”, alterando ao termo de “integral”,
empregado na Mesa-redonda, para “integrado”. Quanto ao museu
integrado o descreve da seguinte maneira:
Num museu integrado, as funções de preservação,investigação e comunicação devem estar inter-relacionadas (integração interna) e ainda com omeio ambiente natural e cultural (integraçãoexterna). Integração significa, pois o somatório deinterdisciplinaridade e socialização (MENSCH, 1992,p.3).
Varines (1996, p.7), questionado sobre o Museu integral,
declara: “[...] O museu total seria um museu onde todas as
disciplinas, todos os conhecimentos seriam representados sob todos
os seus aspectos. [...]”. Museu total ou integral seria um absurdo
4 Idem. p.250.
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para Varines, que coloca o Mundo como única situação, porém se
refere ao assunto como museu global com uma ideologia a ser
buscado em virtude de um museu poder ser interessar por tudo
dentro de seus objetivos. Um contraponto a ser feito seria a
colocação de que o museu integral ou total como sinonímia, remete
a uma associação do seu entorno, ou a integração com interesses de
sua comunidade e visitantes enquanto que um museu global, além de
remeter a objetivação total, nos projeta uma idéia de esfera
global de abrangência cultural de todo o mundo.
Para Scheiner (2012, p.22) museu integral “é uma percepção
integrada da relação entre os museus e as realidades sociais,
econômicas e políticas dos museus latino-americanos”, e,
relacionam que uma das marcas da Mesa-Redonda de Santiago é a
consideração sobre os museus tradicionais poderem ser ou deverem
ser considerados museus integrais e que a partir de 1960 os museus
começaram a incorporar as ações participativas visionadas na
reunião de Santiago e do ICOM.
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4 MUSEUS E SUA TIPOLOGIA
Extraímos do site Museohoje (2014) as informações pertinentes
a definição de museus pelo ICOM e pelo IPHAM e as quais
reproduzimos a baixo visto a importância destas neste conteúdo.
O museu segundo a definição de atribuída pelo Conselho
Internacional de Museus – ICOM, definição aprovada pela 20ª
Assembleia Geral Barcelona, Espanha, 6 de julho de 2001: é uma
instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da
sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que
adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos
materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da
sociedade.
Insere nesta definição:
- Os sítios e monumentos naturais, arqueológicos eetnográficos;
- Os sítios e monumentos históricos de carátermuseológico, que adquirem, conservam e difundem aprova material dos povos e de seu entorno;
- As instituições que conservam coleções e exibemexemplares vivos de vegetais e animais – como osjardins zoológicos, botânicos, aquários e vivários;
- Os centros de ciência e planetários;
- As galerias de exposição não comerciais;
- Os institutos de conservação e galerias deexposição, que dependam de bibliotecas e centrosarquivísticos;
- Os parques naturais;
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- As organizações internacionais, nacionais,regionais e locais de museus;
- Os ministérios ou as administrações sem finslucrativos, que realizem atividades de pesquisa,educação, formação, documentação e de outro tipo,relacionadas aos museus e à museologia;
- Os centros culturais e demais entidades quefacilitem a conservação e a continuação e gestão debens patrimoniais, materiais ou imateriais;
- Qualquer outra instituição que reúna algumas outodas as características do museu, ou que ofereçaaos museus e aos profissionais de museus os meiospara realizar pesquisas nos campos da museologia,da educação ou da formação.
Segundo o Departamento de Museus e Centros Culturais – IPHAN
(atual IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus), em 2005, define:
O museu é uma instituição com personalidadejurídica própria ou vinculada a outra instituiçãocom personalidade jurídica, aberta ao público, aserviço da sociedade e de seu desenvolvimento e queapresenta as seguintes características:
- o trabalho permanente com o patrimônio cultural,em suas diversas manifestações;
- a presença de acervos e exposições colocados aserviço da sociedade com o objetivo de propiciar àampliação do campo de possibilidades de construçãoidentitária, a percepção crítica da realidade, aprodução de conhecimentos e oportunidades de lazer;
- a utilização do patrimônio cultural como recursoeducacional, turístico e de inclusão social;
- a vocação para a comunicação, a exposição, adocumentação, a investigação, a interpretação e apreservação de bens culturais em suas diversasmanifestações;
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- a democratização do acesso, uso e produção debens culturais para a promoção da dignidade dapessoa humana (sic);- a constituição de espaços democráticos e
diversificados de relação e mediação cultural,
sejam eles físicos ou virtuais.
Sendo assim, são considerados museus, independentemente de
sua denominação, as instituições ou processos museológicos que
apresentem as características acima indicadas e cumpram as funções
museológicas.
O que se observa nas duas definições são colocações com
aspectos diferentes, mas que na essência tem a preocupação com a
interação e participação da sociedade em espaços abertos e na
diversificação destes espaços.
Para Sartini (2011, p. 127) O museu deve ser um espaço de
preservação e memória destinado a toda comunidade e que além de
preservar, difundir, pesquisar, deve: “do presente, olhar o
passado pensando no futuro!”.
O conceito de museus integral está em evolução, assim como o
próprio conceito de museu, que recebeu no encontro do ICOFOM LAM
de 1992 a descrição como “El museo es un fenómeno social dinámico
que se presenta en distintas formas[…]”, considerando estas
evoluções e associando as contribuições das práticas estabelecidas
para o museu integral enumera-se a tipologia dos museus
conceituando-os e exemplificando cada tipo.
Tipos de Museus:
a) Museus tradicionais
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Os Museus Tradicionais clássicos possuem o espaço
controlado, com foco na existência do objeto e com uma mensagem
para alguém com abordagem conceitual definida. Guardam objetos de
várias partes do mundo. Tem horário de visitação pública pré-
determinado. Exemplo. Museu do Louvre. Estão subdivididos em
museus tradicional ortodoxo, do tipo interativo e do tipologia com
coleções vivas.
- Museu Tradicional Ortodoxo:
Localizados em edifício com espaço limitado a cada núcleo de
exposição, valorizando o objeto dando ênfase ao acervo como
produto cultural, e possuem um roteiro definido. Tem horário de
visitação pública pré-determinado. Exemplo: Museu Histórico
Nacional no Rio de Janeiro. A característica do museu histórico é
a relevância histórica de seu acervo. Outro exemplo é MARGS -
Museu de Arte do Rio Grande do Sul Aldo Malagoli. A característica
do museu de arte esta voltada a acervo composto com exclusividade
para pinturas e esculturas.
- Museu Tradicional do tipo Interativo:
Está limitado a um edifício, tem horário de visitação
pública pré-determinado, exposições do objeto definido, os espaços
não são rigidamente delimitados, roteiros interativos com a
participação do visitante. Assistência de monitoria. Exemplo:
Museu de Ciência e tecnologia da PUCRS e relata em seu site que
objetiva a difusão de conhecimento e valorização da participação
do visitante através de experiências lúdicas.
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- Museu Tradicional com coleções vivas:
Espaço delimitado e controlado para cada núcleo expositivo,
com ou sem roteiro definido, o visitante não interage, o acervo
constituído por seres vivos, paisagem, ecológico. Igualmente tem
horário comercial de visitação.
Para Mensch (2012), jardins botânicos e zoológicos
encarregam-se de organismos vivos e trazemos como exemplo o Jardim
Botânico de Porto Alegre e o Museu de Ciências Naturais, Mantidos
pela Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, instituições
atuantes com participação de alunos de escolas em conservação da
fauna e flora e participante de trabalhos de pesquisas e em
jornadas de iniciação científica.
b) Museus de Territórios
Espaço em que o visitante se subordina aos processos
culturais e aos fenômenos da natureza local.
- Cidades Monumentos:
O espaço da exposição e todo o conjunto formado pela cidade,
não havendo um horário definido para a observação do visitante, em
espaços abertos, podendo haver definição de horário em alguns
pontos de visitação, pois, outros tipos de museus podem se
constituir seu objeto. Valoriza os resultados da presença humana
sobre o território. Exemplos: Cidade de Ouro Preto, localizada em
Minas Gerais, considerada Patrimônio Mundial da UNESCO e monumento
nacional. Roma é outro exemplo de cidade monumento tem dezenas de
monumentos que refletem o passado do povo romano. Ambas são
cidades turísticas e objetos de estudo e pesquisa.
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- Parques Nacionais e outros sítios naturais musealizados:
Está baseado no espaço musealizado de um território com
ênfase em um ecossistema que teve ou não registro humano baseado
nos valores naturais ou culturais da presença humana, onde a
exposição é decorrente do lugar. Pode conter eventos de exposições
tradicionais, mas não são essenciais. Exemplificam estes espaços:
Parque Nacional do Iguaçu; Parque Marinho Fernando de Noronha;
Parque Nacional da Tijuca. Espaço com forte visitação, com
visitação controlada ou liberada, mas que se integram com sua
comunidade às vezes reduzida com finalidade de seu
preservacionismo, como é o caso do arquipélago Fernando de
Noronha.
- Ecomuseu:
Para Varines (2013) o ecomuseu tem a função de dar a
comunidade local o sentimento de apropriação de sentirem-se
moralmente proprietária do território. Relata que o princípio
fundador do museu era a inexistência de coleções, no entanto a
doação participativa conduziu a construção de coleção própria
alojada em uma sede.
De um modo geral o ecomuseu apropria um território com a
preocupação ecológica, preservação paisagística, com a relação
homem- território e vínculos culturais e sociais. Com mencionado
pode ou não possuir coleções como pode conter exposições
eventuais. É uma iniciativa da comunidade. Nas questões de
preservação Mensch (1992) coloca que os ecomuseus exploram
soluções funcionais com vista ao uso sustentável.
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O termo ecomuseu foi trazido para evidencia na Mesa-Redonda
de Santiago, como um novo conceito de museu e representando como
exemplo deste tipo de museu o já existente desde 1971, Museu
Creusot-Monteceau, na França, uma referencia na contribuição da
mudança de concepção de museus somatizados no objeto.
- Museu Comunitário
Lersch e Ocampo (2014, p.x) conceitua o museu comunitário
como uma ferramenta para que a comunidade construa um espaço que
venham a se conhecer a si mesma participando do processos
coletivos para expressar suas histórias e reportam-se ao museu
comunitário como “uma ferramenta para a construção de sujeitos
coletivos, enquanto as comunidades se apropriam dele para
enriquecer as relações no seu interior, desenvolver a consciência
da própria história, propiciar a reflexão e a crítica e organizar-
se para a ação coletiva transformadora.”
Os autores supramencionados ainda se referenciam que as
coleções destes museus são provenientes de um ato de vontade da
doação de objetos patrimoniais da comunidade e que o objeto não é
predominante, mas sim a memória e a significação de sua história
em um processo de fortalecimento de identidade da coletividade
através da legitimação destas histórias e de seus valores.
É um museu de território com uma sede doada pela comunidade
local onde decidem sobre sua realidade, participam estudando
reunindo objetos e trocando ideias em criações coletivas.
Hugues de Varine (1996, p.11-12) posiciona o museu
comunitário como:
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[…] saído da sua comunidade e cobrindo o conjunto
do seu território, com vocação global ou
“integral”, processo vivo que implica a população e
não se preocupa com um público, que é ao mesmo
tempo o centro e a periferia. A vida desses museus
será curta ou longa, alguns nem se chamarão museus,
mas todos seguirão os princípios da nova museologia
(Santiago, Quebec, Caracas, etc.) no seu espírito
ou na sua escrita (teoria).
A colocação de Varines nos conduz a refletir sobre
promissora contribuição nascida com os princípios instituídos para
museu integral, por decorrência da mesa redonda de Santiago que se
refletem nas discussões e aplicações e nas novas concepções dos
museus na atualidade.
O Museu da Lomba do Pinheiro, citado no tópico 2, é exemplo
desta tipologia de museu de território e comunitário, com
características nítidas de museu integral.
c) Museus virtuais
Áreas em meios eletrônicos, acessadas via internet, ou através
de mídias eletrônicas, visíveis em desktop, ou em meio eletrônicos
televisivos, que permitem acessos e navegações na referida área
eletrônica, onde se tem a possibilidade de se assistir a proposta
e exposição efetuada pelo museu. Neste caso intitulado de museu
virtual, pela utilização do ambiente digital e disponibilizar
imagens digitais.
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O objeto não está presente é visionado através de imagens
digitais e virtuais e o público visitante não é presencial, se
considerado o estar em ambiente físico, mas marca sua presença
pelo acesso realizado no site do museu.
Segundo Menezes (2007) o museu virtual tem a tendência de
desmaterialização e ampliação do mercado simbólico e considera que
é na informática que mais se tem produzido mudanças no campo
museológico e refere-se a museu virtual “como uma panaceia capaz
de superar todas as limitações” (p.52). Comenta que é um museu a
ser visitado a qualquer dia, qualquer hora e de qualquer lugar,
esclarecendo que o virtual a serviços do museu parece abrir
horizontes de benefícios e que a ideia deste tipo de museu junta a
problemática em relação a especificidade que justifica o museu.
Na atualidade os museus tradicionais buscam os recursos da
internet e do mundo virtual como forma de se divulgarem, e divulgarem
de modo virtual parte de seu acervo, coexistindo com museus
totalmente virtuais a exemplo do Museu da Pessoa, visto pelo site:
'http://www.museudapessoa.net/index.htm.
Os museus virtuais que se surgem com o avanço das
tecnologias voltadas ao mundo da internet se sintonizam com os
princípios do museu integral, por sua globalização e estar
permanentemente em contado com o público, especialmente
influenciando em uma nova concepção de museu, com dinâmica
interativa e de transmissão de conhecimento.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conceito de museu integral tomou força na Mesa-Redonda de
Santiago do Chile, como uma entidade que deveria estar integrada a
comunidade evoluiu nas discussões da reunião de Caracas, em 1992,
imputando ideais de ações comunicativas e interativas com a
comunidade.
Reflexões sobre os museus integrais estiveram presentes nas
reuniões dos comitês internacionais de museologia, e se nota que é
conceito em aprimoramento. Há de se esclarecer que o Museu
integral não é uma unidade física, mas um conceito destinado a
provocar mudanças paradigmáticas da atuação dos museus e mesmo de
outras instituições que se assemelham.
O conceito museu integral é incentivador da criação de novos
modelos de museus, dentro dos princípios instituídos pela Mesa-
Redonda de Santiago enriquecido com o resultado das novas
propostas delineadas pelos encontros promovidos pelo ICOM.
O museu integral na sua essência pode ser empregado em
qualquer tipo de museu e se constata que sua filosofia se associou
amigavelmente aos tipos de museu comunitário e ecomuseus, onde a
comunidade se apresenta participante em contribuições sociais e na
construção e manutenção destas tipologias de museus, ampliando
seus conhecimentos. Isto não significa que outros tipos de museus
estejam ausentes do sentido de museu integral, aplicam por vezes
alguns princípios e incorporam algumas características, lembrando
que o próprio conceito de museu é ampliado no sentido de
transmitir conhecimento, promover pesquisa difundir-se mesmo que
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seja como atração voltada ao seu espaço, mas que de fato coloca
seus serviços para a comunidade.
O surgimento de novas tecnologias promoveu a criação de
museus virtuais que permitem a interação de público não
presencial, de se ter acesso de qualquer lugar e se constituem
exemplo, juntamente, com os museus comunitários e ecomuseus, da
contribuição evoluída de museu integral, na proposta de mudança de
concepção de modelos clássicos de museus, permitindo um
comportamento destas instituições mais voltado à ação social,
comunitário, interativos, inovador-futurista, sem deixar de lado
ao ideal da preservação do patrimônio material e imaterial e a
promoção da pesquisa e do conhecimento.
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REFERÊNCIA
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