Modelos Pedagógicos e Desenvolvimento Curricular -O Perfil do Educador O Perfil do Educador

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O Perfil do Educador Modelos Pedagógicos e Desenvolvimento Curricular Escola Superior de Educação Mestrado em Educação Pré- Docentes: Ângela Lemos, Discente: Ana Cristina Teixeira e Cátia Almeida Ano Letivo: 2014/2015 – 1º Semestre

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O Perfil do Educador

Modelos Pedagógicos eDesenvolvimento Curricular

Escola Superior deEducação

Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º

Docentes: Ângela Lemos,Discente: Ana Cristina Teixeira e Cátia

AlmeidaAno Letivo: 2014/2015 – 1º Semestre

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Índice

1. Introdução............................................2

2. Contextualização......................................4

2.1...............Caraterização da Instituição de Estágio

4

2.2...................................Situação Dilemática

6

3. Perfil do Educador....................................8

4. Construção da Identidade do Educador de Infância.....11

4.1....................................Identidade Pessoal

11

4.2...............................Identidade Profissional

12

4.3..........................Desenvolvimento Profissional

13

5. Considerações Finais.................................16

6. Bibliografia.........................................18

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1.Introdução

O presente trabalho tem como intencionalidade a

abordagem e análise de uma situação dilemática vivenciada e

presenciada em contexto de estágio, concretizado no âmbito

da Unidade Curricular (UC) Estágio 1, e realizado na

Instituição Creche e Jardim-de-Infância 1º de Maio. O nosso

trabalho é designado por O Perfil do Educador, e baseia-se na

definição e interpretação do perfil do educador e na

construção da identidade do próprio, tendo como base a

identidade pessoal, a identidade profissional e o

desenvolvimento profissional. Tendo também em conta a

caraterização da instituição onde realizámos o estágio,

assim como as salas respetivas às alunas que realizaram o

presente trabalho e as suas correspondentes educadoras.

Este trabalho foi solicitado pela docente Ângela

Lemos, no contexto da UC Modelos Pedagógicos e

Desenvolvimento Curricular, com o objetivo de selecionarmos

um dos temas proposto pela mesma e abordada nas aulas ao

longo do decorrer do semestre, tema este que se

identificasse com o estágio concretizado, podendo ser

realizado individualmente ou em grupo, no entanto o grupo

teria de ser o mesmo do contexto de estágio, devido à

situação dilemática ter de ser a mesma, ou comum.

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Para facilmente analisarmos, refletirmos e debatermos

o tema em questão, foi-nos solicitado pela docente a

criação de um índice que nos facilitasse o desenvolvimento

do trabalho, portanto decidimos dividir este em três temas

compostos por alguns subtemas. O primeiro tema denominasse

Contextualização, onde iremos realizar uma breve

caraterização da instituição de estágio, pois a docente não

esteve presente em todos os contextos de estágio e não

conhece todas as instituições, sendo então importante que

adquira alguns conhecimentos sobre o mesmo, e ainda iremos

referir qual a nossa situação dilemática, o porquê da

escolha deste tema; no segundo tema iremos abordar a

definição, aquilo que se entende por perfil de um educador,

como este se vai desenvolvendo e formando; no último tema

denominado Construção da Identidade do Educador de Infância,

decidimos dividir em três subtemas que consideramos ser as

fases de criação, pelas quais a pessoa, futuro educador,

passa até formar o seu perfil de educador, sendo estas a

identidade pessoal, o seu próprio eu, a identidade

profissional, o profissional que é, e ainda o

desenvolvimento profissional, as aprendizagens que vai

concretizando, as suas evoluções, e a sua constante

formação; por fim ainda iremos concretizar as considerações

onde iremos concretizar um breve resumo do trabalho, a

grande conclusão que retiramos da concretização do mesmo,

se conseguimos ou não atingir todos os objetivos

previamente estabelecidos, e se não conseguimos explicar o

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porquê, e ainda referir a importância que o trabalho teve

para nós, para o conhecimento ou aprofundamento do tema,

para o nosso crescimento pessoal.

Em suma, o decorrer do trabalho identifica e

caracteriza o perfil do educador de infância, as suas

competências e saberes profissionais, enquanto docente e

profissional de relação pedagógica.

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2.Contextualização

2.1. Caraterização da Instituição de Estágio

A 12 de Setembro de 2009 foi a inaugurada a atual

instituição Creche e Jardim-de-Infância 1º de Maio, dois

anos depois do anúncio da sua construção, na freguesia do

Laranjeiro. Esta instituição é Camarária, alberga apenas os

filhos dos trabalhadores da Câmara Municipal de Almada com

idades entre os 4 meses e 6 anos e tem no total capacidade

para 166 crianças. A instituição tem três coordenadoras, a

coordenadora geral, Cristina Falcão e uma por cada

valência.

Na valência de creche existem quatro educadoras assim

como na valência de jardim-de-infância, e uma educadora de

cada valência acumula as funções de coordenadora como já

referimos anteriormente.

A instituição dispõe de duas valências: Creche e

Jardim-de-Infância e para isso tem um espaço com

equipamentos próprios para cada uma, na creche existem dois

berçários, duas salas parque e duas salas de atividades com

capacidade para 66 crianças. O jardim-de-infância

compreende quatro salas de atividades para crianças dos 3

aos 6 anos e tem capacidade para 100 crianças.

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Este é um edifício construído de raiz e tem dois

pisos, cave e rés-do-chão. Na cave está situada a sala

polivalente que onde as crianças dormem e também fazem as

aulas de expressão motora. No rés-do-chão estão as salas

das duas valências, a sala de isolamento que segundo a

coordenação, poucas vezes é utilizada, mas serve para as

crianças que estão doentes enquanto aguardam os

encarregados de educação, as casas de banho, para as

crianças e para os adultos e os gabinetes. Para além disso

ainda existe um refeitório com cozinha, uma lavandaria e um

espaço de arrumação dos carrinhos de bebés.

O espaço exterior tem boas condições para as crianças

brincarem, e é dividido para a valência de creche e de

jardim-de-infância. Aqui existe ainda uma horta pedagógica

e um espaço para animais, com coelhos atualmente.

A discente Cátia Almeida, realizou o seu estágio na

sala 1, onde ao longo do decorrer das nove semanas que

esteve presente na instituição, observou que a sua

educadora orientadora trabalhava muito a autonomia do seu

grupo de crianças. Ao refletir com a educadora, pôde

compreender que esta considera importante que desde cedo as

crianças se tornem autónomas, e cada vez mais

independentes, habituando-se a concretizarem as atividades

e momentos da rotina diária autonomamente. Outros dos

aspetos que pôde verificar foi que a educadora não impunha

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atividades, mas sim propunha, dando oportunidade às

crianças que também interviessem e propusessem.

É através do diálogo que muitos dos conflitos são

solucionados nesta sala, e por isso é que a educadora se

rege pela ideia de que é necessário que as crianças

compreendam o que aconteceu, e tenham a noção de que

perante aquela atitude há uma consequência.

A organização do espaço da sala 4, sala onde foi

concretizado o estágio da discente Ana Teixeira, está

constituída de acordo com as necessidades do grupo

demonstradas no início do ano, assim como no decorrer do

mesmo, e poderá ser alterada ao longo do ano se a educadora

achar pedagogicamente necessário para o bom desenvolvimento

individualizado de cada criança, assim como para o bem-

estar e integração de todo o grupo na sala. Sendo que as

opções tomadas pela educadora assentam nas dinâmicas do

grupo, nas suas intenções educativas, bem como nas

intencionalidades educativas dos materiais.

A sala encontra-se composta por seis áreas distintas,

nomeadamente a área das artes (pintura, colagem, recorte,

desenho, escrito, entre outras atividades), a área do

sossego, a área dos jogos calmos, a área da casinha, a área

das trapalhadas e a área das construções; sendo que em

todas estas áreas poderemos encontrar uma grande variedade

de objetos e materiais dispostos de forma que todas as

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crianças possam usufruir deles autonomamente, consoante as

suas opções, conjugações e diferentes manipulações.

Sendo um dos objetivos principais da educadora a

promoção da autonomia, esta preocupa-se em (…) criar um espaço

nítido, condição fundamental para que a criança não se “perca” e possa, assim,

ser independente das pessoas adultas (…). Na sala também se rotula de

uma forma clara os materiais (…) para facilitar a independência”,

sendo que a “independência em relação ao adulto é, principalmente para a

criança pequena, um caminho em direcção à autonomia (Zabalza, 1998,

p. 154).

Uma organização do espaço bem pensada e planeada

promove o progresso das crianças em termos de desenvolvimento físico,

comunicação, competências cognitivas e interacções sociais (Post &

Hohmann, 2011, p. 101), estimulando e apoiando o

crescimento e o desenvolvimento das crianças, de forma a

diligenciar-se o maior número de oportunidades de

construção de aprendizagens pela ação.

Contudo, ambas as educadoras defendem que a

organização do espaço deverá facilitar a autonomia e a

partilha de possibilidades entre a criança e a educadora

para se tornar num ambiente de aprendizagem e afável que

apoiem o jogo centrado na criança, iniciado pela criança e facilitado pelo

educador (Post & Hohmann, 2011, p. 99) onde ela possa

desenvolver todo o seu caráter autónomo e construtor do seu

próprio processo de aprendizagem.

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2.2. Situação Dilemática

Relativamente à situação dilemática, chegámos à

escolha da mesma através da experiência que obtivemos da

concretização do estágio, da qual beneficiámos imenso, pois

conseguimos observar diferentes práticas pedagógicas, que

apesar de se intercalarem e terem situações em comuns,

vivenciavam o dia-a-dia em sala de uma forma muito

distinta, pois a implementação dos currículos com os quais

se identificavam era concretizada de forma dissemelhante.

Após refletirmos sobre as principais conversas que

realizávamos nos momentos após o estágio, chegámos à

conclusão que muitas delas se centravam nas práticas

pedagógicas das educadoras que acompanharam o nosso

estágio, no percurso profissional destas, nas pessoas

individuais que estas eram e na influência da sua

identidade pessoal no seu desenvolvimento profissional,

pois verificávamos que muitas das suas atitudes perante as

crianças, apesar de serem refletidas, ponderadas e

aplicadas de acordo com os seus saberes teóricos, tinham

implícito na sua forma de falar e nos seus gestos perante

as crianças a sua própria identidade e personalidade, sendo

que este foi o motivo fulcral para a escola do tema.

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Outra das situações que nos levou à reflexão e

abordagem deste tema, foi o facto de ambas considerarmos

que não existe um perfil de um educador, questão que iremos

desenvolver no tema seguinte; e ainda o facto de

concordarmos que o trabalho de equipa é bastante importante

na definição de cada perfil de um educador de infância, e

foi através desse trabalho em equipa, da troca de ideias,

práticas, atividades possíveis e atividades comuns

colocadas em prática que chegámos à escolha do tema em

questão.

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3.Perfil do Educador

Os educadores de infância, para além de profissionais

da educação, são responsáveis pela educação de todas as

crianças que estão a seu cargo, não possuindo somente a

função de transmitir conhecimentos, tendo como

responsabilidade a organização de atividades educativas, a

nível individual e de grupo, com vista à promoção e

incentivo do desenvolvimento físico, psíquico, emocional e

social de crianças dos 0 aos 6 anos de idade, portanto,

segundo a tese de Mestrado da docente Joana Margarida Lace,

a escola (...) não pode ser mais considerada como simples máquina

de alfabetização. A sua função não se restringe mais, como

antigamente, à modesta tarefa de ensinar a ler, escrever e contar. O

seu papel, no panorama complexo da vida social moderna, é mais

amplo e mais profundo. As suas responsabilidades são bem maiores.

Além de instrumento de formação física, intelectual e moral, cabe a

missão de promover a integração harmoniosa da criança no seio da

comunidade, fornecendo-lhes todos os elementos para que se possa

tornar um factor de progresso individual e social. Assim, a finalidade

da escola primária não se limita somente a “instruir” a criança, mas

antes e sobretudo, a educá-la integralmente (Santos 1951: 36). Em

suma, ser educador/professor, nos dias de hoje, é assumir um papel

multifacetado, sem deixar de recuperar o ideal da humanitas1, um

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programa de desenvolvimento integral do educando/aluno (Lace,

2010, p. 12).

Christine Josso (2002:35) defende que o conceito de

experiência formadora implica uma articulação conscientemente elaborada

entre actividade, sensibilidade, afectividade e ideação, articulação que se

objectiva numa representação e numa competência (Canastra, 2009, p.

3), sendo que o que realmente importa não é só a aplicação

de saberes ou técnicas que se articulam entre si, mas

também o “espaço-tempo subjetivo”, a partir do qual se

pronunciam os vários elementos configuradores da

profissionalidade dos futuros profissionais (canastra).

Na sua prática profissional o educador obedece a

orientações curriculares e pedagógicas elaboradas e

propostas pelo Ministério da Educação, apoiando os

educadores e orientando-os na elaboração de diversas

atividades relacionadas com diferentes áreas, como por

exemplo a socialização das crianças e o desenvolvimento da

sua afetividade.

Existem também outros domínios deveras importantes que

requerem a intervenção do educador, como o desenvolvimento

da comunicação e da linguagem, o desenvolvimento da

capacidade de expressão de ideias, sentimentos e emoções,

assim como o desenvolvimento da expressão criadora, sendo

que todos estes domínios devem ser trabalhados com as

crianças na sua rotina diária, na concretização de diversas

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atividades e na participação de diversas situações

distintas (educador de infância).

O perfil do educador não se foca apenas na sua prática

pedagógica nem na sua identidade pessoal, mas também na sua

formação inicial e durante o seu percurso profissional,

tendo como objetivo através destes saberes teóricos a

valorização da ideia da aplicação destes, em que, segundo

Chauvière (2005), a lógica de qualificação assenta, tendencialmente, na

ideia da transmissão de saberes, técnicas e valores próprios de uma profissão

que, posteriormente, deverão ser aplicados e transferidos para as práticas

profissionais (Canastra, 2009, p. 3). No entanto, a lógica de

competências, ao invés da lógica de qualificação, assenta

na ideia de uma mobilização de recursos (saberes,

capacidades, atitudes ou valores), ou seja, na recorrência

à sua identidade pessoal, nos próprios contextos da própria

atividade laboral. Portanto, o perfil do educador resume-se

à aprendizagem da sua profissão a partir dos próprios

contextos laborais e numa dinâmica de autoformação ao longo

da vida, partindo do ponto de partida da sua formação

inicial, onde se começa a formar a identidade profissional,

com o auxílio das práticas.

A ideia de uma formação profissional de educadores,

orientada para a construção e desenvolvimento de

competências tem implícita uma perspetiva formativa

direcionada para a reflexão, pressupondo que cada formando

se torne capaz concretizar análises críticas, consoante as

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situações educativas que vão surgindo, conseguindo através

destas capacidades de agir na complexidade e na incerteza

da ação educativa, sendo que formar este profissional requer que se

ponha em prática uma formação centrada no formando, mobilizadora de

estratégias diversificadas e diferenciadas e, também, facilitadora da

construção das competências necessárias a um desempenho profissional

positivo (Baptista & Sanches, 2003, p. 3).

Contudo, consideramos que não existe um perfil

definido de um educador, apesar de existirem bases para a

sua formação e o teórico ser apreendido e transmitido de

uma forma concisa a todos s formandos, a prática já não é

concretizada, apreendida e desenvolvida da mesma forma,

pois a nossa identidade pessoal, as experiências de estágio

e profissionais, as pessoas que vão surgindo ao longo das

nossas experiências e do nosso percurso profissional vai

influenciando, direta ou indiretamente, a nossa prática,

pois encontramo-nos em constante aprendizagem e evolução, e

o educador que no inicio do percurso é vai-se alterando com

o decorrer do tempo, devido às experiências concretizadas

consoante o meio envolvente, como a famosa frase citada por

Sócrates, filósofo da antiga Grécia, “Só sei que nada sei”,

portanto

na verdade,(…) educar implica tanto em instrução, ou seja, em

propiciar o acesso ao domínio de conhecimentos teóricos e práticos,

incluindo os simbólicos, que a humanidade já produziu (…), bem

como em formação, que é criar condições para o emergir do sujeito

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cidadão, social, cultural, política e profissionalmente falando. Essa

segunda dimensão mais complexa do ato de educar é indissociável

da primeira, (…) O ato de instruir e de formar são objetivos

intencionais do professor/educador (Therrien 2006: 1) citado por

(Lace, 2010, p. 12).

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4.Construção da Identidade do Educador de Infância

4.1. Identidade Pessoal

Muitos são os autores que tentam compreender o

conceito de Identidade, tornando-o num termo complexo e sem

uma definição consensual. Contudo podemos explicar

Identidade como uma série de caraterísticas pelas quais ser

reconhecido.

Alguns autores como Dubar (1997) defendem a construção

da identidade advém de dois processos: Autobiográfico (a

identidade do eu) e Relacional (a identidade do eu para o

outro).

Qualquer pessoa cria, a sua biografia, isto é, a

identidade pessoal que está relacionada com a sociedade e

com as relações que cria com a sua cultura. Portanto, a

biografia, as relações com a sociedade, são a base para o

processo de construção de identidade do individuo,

assumindo aqui uma dimensão individual, isto é, as ideias,

conceções e representações que edificamos sobre nós mesmos.

A identidade pode social visto que a adoção de

determinada de uma certa identidade social presume que

exista interação entre os sujeitos na sua configuração e

partilha, afirmando um compromisso para com o grupo,

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definindo os sentimentos de pertença social que suportam a

existência do grupo.

A identidade é um processo que se vai construindo ao

longo do tempo tendo como base diversos intervenientes,

presumindo várias socializações, sendo que “o modo como

vivemos e os nossos papéis em diferentes grupos influenciam-se mutuamente”

(Oliveira, 2012, p.25).Assim, a nossa identidade constrói-

se pela interação das particularidades dos grupos a que

pertencemos (familiar, escolar, religioso, etc.).

Assim, a nossa identidade constituída por várias

dimensões que se possui variadas dimensões, que se associam

e que vão alterando-se com a passagem do tempo, daí ser

possível concluir que não temos apenas uma identidade mas

sim identidades.

4.2. Identidade Profissional

Os conteúdos teóricos não estão diretamente

relacionados com a prática pois “embora permitam adequar de uma

forma precisa as acções sobre a realidade, prever os efeitos, a sua eficácia,

determinar as condições e limites de validade” (Pereira &Silva, p.

205), não ditam o que é preciso fazer na prática, apenas

orientam o educador indicando possíveis formas para a

realização das suas ações. Os saberes práticos são uma

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acumulação de experiências e situações, por isso pode-se

dizer que “os saberes teóricos não se aplicam à prática mas intervém nela”

(ibid).

É com a formação inicial que se começa a desenvolver a

identidade profissional, sendo assim importante a pártica

pedagógica como primeiro contacto com a realidade

profissional. (Abreu,2011, citado por Oliveira,2012, p.

27). Nós como formandas, concordamos com o que este autor

cita, visto que com o contacto com a realidade através dos

estágios profissionais, começamos a desenvolver a nossa

identidade profissional. Especialmente com este último

estágio, em que pudemos ter um contacto mais profundo e

mais alargado com as práticas no contexto Jardim de

Infância, sentimos que começámos a criar as nossas próprias

linhas orientadoras para a nossa própria prática. Por

exemplo, é aqui iniciamos o pensamento sobre o que queremos

fazer e como vamos atuar em determinadas situações quando

formos nós assumir um papel de Educadoras.

Derouet (citado por Teixeira,2002, p. 38) quando

menciona a identidade profissional dos educadores, refere-

se como sendo uma “montagem compósita”, isto é, possuí uma

dimensão espácio-temporal, atravessando “a vida

profissional desde a fase de opção pela profissão até à

reforma, passando pelo tempo concreto de formação inicial

(…). (ibid).

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Recorrendo a Dubar (2003, p. 51) a identidade é

construída a partir da socialização profissional nos

contextos de trabalho, pois é a partir dele que os

indivíduos acedem à autonomia e cidadania. Deste modo, a

identidade profissional assume duas dimensões: Social e

Individual. Neste âmbito, podemos dizer que, ainda no

momento da formação inicial, onde começamos a construir a

nossa identidade enquanto futuros profissionais de

educação, é influenciada por aquilo que observamos dos

nossos Cooperantes/ Formadores, estando assim implícito a

dimensão social.

Para Sarmento (1999, p. 23 citado por Oliveira, 2012,

p.26) as identidades estão em constante evolução, isto é,

são um processo dinâmico, visto que à medida que vão evoluindo

na carreira os profissionais reinterpretam e reformulam as perspetivas

profissionais. Por isso, a identidade profissional está ligada

com o processo social e profissional. E numa perspetiva

mais individual e segundo o mesmo autor as vivências

pessoais também têm uma forte influência para o

desenvolvimento da identidade profissional estando assim “

entrelaçado com a reconstrução da sua história de vida em

associações como adesão à profissão (…). Assim, após estas

leituras podemos inferir que o que nós somo enquanto

pessoas, as nossas vivências que no fundo são o que nos

moldam enquanto pessoas não se dissociam do que nosso “eu”

enquanto profissionais.

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4.3. Desenvolvimento Profissional

As diferenças que os educadores apresentam no que se

refere a conceções, preferências, tipo de preocupações e

representações acerca dos seus papéis são determinados

pelos contextos profissionais que os educadores de infância

estão a exercer as suas funções.

O término da formação inicial dos educadores e o começo

do cumprimento da sua atividade profissional coincide com

uma fase de diversas transformações. É nesta altura, que

grande parte destes profissionais, vivenciam pelo primeira

vez, o que é ter um grupo de crianças à sua inteira

responsabilidade e começam a encarar as dúvidas, as

angústias, quer das crianças, quer dos pais bem como as

suas.

Para um profissional de educação não basta apenas

“gostar de crianças”, é necessário que se sinta a vontade

com estas e que consiga refletir sobre a sua prática.

(Leavitt,1994, citado por Coelho 2004).

Neste âmbito, o desenvolvimento profissional pode ser

encarado como um processo dinâmico e de construção

contínua, onde os conhecimentos e as experiências se tornam

a base de uma prática reflexiva.

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Tendo por base as nossas pesquisas efetuadas, podemos

inferir que os estudos realizados sobre o desenvolvimento

profissional dos educadores de infância são em menor número

do que os estudos sobre o desenvolvimento profissional dos

professores, por isso iremos recorrer ao modelo proposto

por Katz (1993), que definiu quatro estágios, onde se pode

reconhecer uma sucessão de preocupações, interesses e

necessidades de formação.

No primeiro estágio, Sobrevivência, decorre até meados do

primeiro ano de experiência profissional do educador, isto

é, o início da carreira profissional. Nesta fase, a maior

preocupação é se consegue sobreviver. “O educador questiona-se a

si próprio: “Será que vou conseguir fazer este trabalho dia após dia?”. A

problemática de assumir responsabilidades próprias perante

o grupo de crianças bem como com os primeiros encontros com

os pais das mesmas, provocam no educador sentimentos de

angústia, ansiedade, impreparação e de desamparo. No

decorrer desta etapa o educador carece de muito apoio,

compreensão e de encorajamento. No que toca à necessidade

de formação elas concentram-se na obtenção de apoio dentro

do contexto de trabalho, através dos pares mais

experientes. É essencial que os “formadores” disponham de

tempo de tempo para poderem auxiliar os iniciantes de

carreira. Em suma, o início de carreira está associado às

preocupações de sobrevivência, sob o “receio” de não

conseguir exercer a profissão que escolheu. Tal como nos

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refere Simão (1995, p.192) “(…) Cerca do primeiro ano como

educador, o individuo apercebe-se da discrepância entre a realidade e o que

antecipou face ao próprio trabalho no que concerne à sua capacidade de levar

a cabo”( Katz, 1993,p.15)

No segundo estágio, intitulado de Consolidação, que

ocorre por volta do final do primeiro ano de trabalho, após

tomar a consciência de que é capaz de sobreviver podendo

assim consolidar e fortalecer os conhecimentos adquiridos

no primeiro estágio. A atenção do educador começa a centra-

se em casos mais específicos, ou seja, começa a olhar a

criança mais numa perspetiva individualizada, conseguindo

identificar as que representam problemas ou casos

diferentes do padrão “normativo” que conhece. O educador

procura responder a questões como: “Como posso ajudar uma

criança que parece não estar a aprender?” (Katz, 1993,

p.16). No que concerne à formação, esta está muito ligada

ao contexto onde está inserido. No primeiro estágio alcança

uma informação geral sobre crianças e nesta etapa concentra

“ a sua atenção nos casos concretos a que não conseguia ou não consegue

ainda responder (…)” ( Simão 1995, p.194).

Relativamente ao terceiro estágio, denominado Renovação,

que ocorre durante o terceiro ou quarto ano de trabalho. O

profissional de educação sente uma maior necessidade de

inovar as suas práticas, renovar rotinas e atividades,

especialmente das festividades como o Natal, de modo a se

tornarem mais estimulante. O educador questiona-se sobre

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“Quem está a fazer o quê?” onde? “Quais são alguns dos novos materiais?”

(ibid, p.17). Inicia-se aqui uma necessidade de formação que

leva o educador a explorar mais apoios fora do seu contexto

de trabalho, como conferências e partilha de experiências

como outros profissionais.

Por último, o quarto estágio, Maturidade, pode ser

atingido pelos educadores no período de três anos, contudo

pode variar de educador para educador. Nesta etapa, o

educador já se assumiu como “Educador”. Questiona-se de

forma mais profunda como por exemplo “Quais são as raízes

históricas e filosóficas?” Qual é a natureza do crescimento e aprendizagem?”

(Katz, 1993, p.18). Neste estágio, o educador procura mais

formação em conferências, seminários ou investem em pós-

graduações aumentando o seu grau académico.

É muito interessante olhar para o desenvolvimento da

profissão de educador de infância através de estágios, onde

se pretende que exista uma evolução no profissional de

educação. Contudo, o ato sequencial destes estágios, têm

vindo a ser questionada, e posta em causa por alguns

investigadores que têm insinuado que alguns educadores no

início da sua carreira podem carecer de algumas

caraterísticas de estágios mais avançados ou então o

contrário, isto é, podem-se encontrar em estágios mais

avançados podem regredir (Oliveira-Formosinho, 1988). Por

isso, não se pode ver isto de modo linear, pois pode não

ocorrer desta forma sequencial, mas de uma forma ou de

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outra os profissionais podem passar por estas etapas na sua

carreira. Nós, como futuras profissionais de Educação, já

sentimos alguns dos receios do primeiro estágio, durante o

estágio profissional, mesmo que uma forma leve pois ainda

não iniciámos de facto a nossa carreira.

5.Considerações Finais

A realização desta análise crítica foi bastante

pertinente para o nosso percurso enquanto futuras

profissionais da educação, pois propiciou-nos a construção

de conhecimentos úteis e pertinentes. Além disto,

possibilitou-nos a contextualização de diversas

aprendizagens realizadas ao longo da unidade curricular de

MPDC. Acima de tudo, o presente trabalho obrigou-nos a

refletir acerca de um tema que por vezes não pensamos

muito.

Relativamente ao perfil do educador, através das

nossas pesquisas podemos concluir que não existe um perfil

exato para um educador, existem apenas algumas

caraterísticas que o educador deve ou deverá ter. Ou seja,

cada profissional de educação constrói o seu perfil, com

base na sua formação inicial. O perfil do educador, vai-se

alterando ao longo do tempo, pois no início da carreira o

educador adota um determinado perfil e no decorrer dos anos

de trabalho irá certamente ter um outro, porque com o

desenvolvimento profissional a sua identidade profissional

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Modelos Pedagógicos e Desenvolvimento Curricular - O Perfil doEducador

também vai evoluir tendo depois efeitos no perfil enquanto

educador.

Subjacente à temática do perfil do educador, está

também a temática da construção da construção da identidade

do Educador de Infância bem como o desenvolvimento

profissional. Como podemos perceber ao longo das nossas

pesquisas a nossa identidade pessoal tem implicações no

“eu” enquanto profissional de educação, porque o que somos,

e a nossa biografia vai influenciar a nossa identidade

profissional. A nossa identidade profissional, desenvolve-

se em grande parte na formação inicial, porque é neste

momento que o educador interage com o mundo real da sua

profissão, e começa a perceber que a teoria é importante

mas não nos dita passo a passo o que é para fazer na

prática, apenas nos orientam. Nós, enquanto alunas

começamos agora a sentir cada vez mais que a nossa

identidade profissional começa a desenvolver-se num ritmo

mais acelerado, pois durante o tempo de estágio

profissional, começamos a reter e a construir os nossos

próprios ideais, com base no que nós somos (identidade

pessoal) e com base no que observamos dos nossos

cooperantes (dimensão social).

Por fim, o desenvolvimento profissional, segundo Katz,

é decorre em quatro estágios, contudo temos de ter o

cuidado de perceber que pode não ocorrer por esta

sequência, porque nada é exato.

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Modelos Pedagógicos e Desenvolvimento Curricular - O Perfil doEducador

De forma a concluir, consideramos que este trabalho

nos foi muito útil, porque por vezes debruçamo-nos muito

sobre as temáticas que envolvem as crianças e o dia a dia

do Jardim de Infância, e não damos tanta importância ás

temáticas que envolver o “ser educador”.

Ana Cristina Teixeira e Cátia Almeida Página 27

Modelos Pedagógicos e Desenvolvimento Curricular - O Perfil doEducador

6.Bibliografia

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