Memória, velhice e sociedade

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Capítulo 129 MEMÓRIA, VELHICE E SOCIEDADE Annette Leibing INTRODUÇÃO Memória e velhice são dois conceitos profundamente interligados pelo paradoxo de atribuir à velhice memória demais – uma noção comum é de que pessoas mais velhas vivem no passado – e ao mesmo tempo, a associação quase automática da velhice com o esquecimento, geralmente em forma das demências, o que também é chamado de “a Alzheimerização da velhice” (Adelman, 1995). Ao nível das sociedades contemporâneas, em muitos países, existe um paradoxo semelhante: fala-se que, hoje em dia, a memória está cada vez mais fragmentada; que o passado está sendo desligado do presente e não é considerado uma realidade em continuidade com a vida presente — o

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Capítulo 129

MEMÓRIA, VELHICE E SOCIEDADE

Annette Leibing

INTRODUÇÃO

Memória e velhice são dois conceitos profundamente

interligados pelo paradoxo de atribuir à velhice

memória demais – uma noção comum é de que pessoas

mais velhas vivem no passado – e ao mesmo tempo, a

associação quase automática da velhice com o

esquecimento, geralmente em forma das demências, o

que também é chamado de “a Alzheimerização da

velhice” (Adelman, 1995). Ao nível das sociedades

contemporâneas, em muitos países, existe um paradoxo

semelhante: fala-se que, hoje em dia, a memória está

cada vez mais fragmentada; que o passado está sendo

desligado do presente e não é considerado uma

realidade em continuidade com a vida presente — o

passado se tornou um museu. Ao mesmo tempo, ressurge

o interesse por museus e acervos de vários tipos,

quase de uma forma obsessiva, com uma nova ênfase em

memória vivida ou uma memória interativa, sensorial

(Sturken, 1997). Novas doenças relacionadas ao

esquecimento ganham intensa discussão pública, caso

do Estresse Pós-Traumático, nos EUA – inicialmente

ligado à memória da guerra no Vietnã (Young, 1996) -

ou a “epidemia de Alzheimer”, questionando, entre

outros, a fronteira entre o esquecimento normal e o

patológico (Leibing e Cohen, 2006; Gubrium, 1986).

Tais categorias médicas surgem e são modificadas ou

abandonadas dentro de cada contexto histórico-

cultural e influenciam como alguém se percebe e

relaciona-se com os outros. Todas estas manifestações

podem ser vistas como representações de uma

preocupação contemporânea com a memória.

O que é, afinal, esta memória da qual falamos?

Geralmente, e isto desde a Antigüidade, ela é

considerada como um depósito, um arquivo, um tipo de

biblioteca, uma realidade acessível, mesmo precisando

de técnicas especiais, tais como a psicanálise e os

testes neuropsicológicos para que seus conteúdos

sejam acessados. No presente trabalho, porém, memória

está sendo discutida como algo parcial e situado

(Haraway, 1995) - um fenômeno complexo e em constante

mudança, em que esquecimento, lembranças, nostalgia,

reminiscências, recordações, amnésia, e também o luto

por algo ou alguém, fazem parte de preocupações e

práticas culturais de determinados grupos. São

exploradas algumas abordagens com que pensar e

conceitualizar esta memória social em relação ao

envelhecimento.

MEMÓRIA COLETIVA

A memória, quando percebida como algo além das

atividades neuronais (Neisser & Winograd, 1995), é

dificilmente definida. David Berliner (2005), entre

outros, critica a tendência atual de que qualquer

traço do passado no presente é chamado “memória”. Ele

sugere estudar mais especificamente o que exatamente

certos grupos (grupos étnicos, gerações, grupos

baseados em determinadas religiões, ideologias

políticas, etc.) lembram e por quê aquilo, e não

outros elementos, de uma história em comum (veja

também as idéias de Mary Douglas 1991 [1986], esp.

capítulo 6). Se Henri Bergson (1999 [1939]) era um

dos primeiros cientistas sociais que se dedicou a uma

psicologia da memória, em que o presente é decisivo

para formar o que é memorizado, Maurice Halbwachs

(1975 [1925]) foi um dos primeiros e o mais

importante autor que, influenciado pelas idéias de

Émile Durkheim, escreveu sobre a memória coletiva. A

memória coletiva homogeniza o que os indivíduos

lembram, emoldurando, mas não determinando de uma

forma fixa, como o passado está sendo contado e

revivido (Berntsen & Bohn 2009). Segundo Halbwachs,

são as pessoas idosas que têm um papel importante

para memorizar o passado, porque, essas se desligam

de muitas preocupações do presente, como a educação

dos filhos, o trabalho, etc., o que os aproxima mais

do passado. Halbwachs, como Bergson, enfatiza na sua

obra as distorções do passado sofridas pela memória,

como a muito comum idealização do passado (veja

também Ricoeur, 2004). Roger Bastide (1970) que,

entre outros, estudou a memória coletiva através da

adaptação dos escravos africanos no Brasil, menciona

a continuidade e a resistência como elementos

estruturantes para uma memória coletiva.

Pierre Nora (1978) e Jan Assman (1988) foram

importantes para desenvolver mais as idéias de

Halbwachs, iniciando através de suas respectivas

obras, uma onda de “estudos da memória” nas ciências

sociais. Ciente da impossibilidade de aprofundar as

idéias dos autores somente mencionados aqui (veja

Friedman 1992, Antze & Lambek, 1996, Connerton 1998,

Gross 2000, Pinto 2001 para uma discussão mais

extensa), sugerimos a leitura dos mesmos para

gerontólogos no sentido mais amplo, para que a

memória receba uma importância maior nos estudos do

envelhecimento.

Memória, então, pode ser compreendida em vários

níveis, como no nível individual (p.ex., como alguém

lembra a sua infância), geracional (p.ex., história e

experiências transmitidas de pessoas mais velhas para

as mais jovens), regional (especialmente quando a

continuidade de uma certa região geográfica seja

ameaçada), nacional (p.ex., em forma de monumentos,

feriados comemorativos de eventos históricos) ou

político (especialmente o debate em torno de um

passado oficial de um nação) – dependendo da ênfase

do estudo (cf. Olick et al. 2010). Idealmente este

tipo de estudo reconhece as limitações de cada nível

sob análise e a interrelação dos diferentes focos,

formando o que, em seguida, será chamado de

“paisagens de memória”.

PAISAGENS DE MEMÓRIA

Um conceito útil para conceptualizar uma memória

coletiva é o que Lawrence Kirmayer chamou de

“paisagens de memória” (landscapes of memory), algo que

ele definiu como

“... o terreno metafórico que forma a distância e oesforço necessário para lembrar eventos de uma formaafetiva, socialmente definidos e que inicialmente podemser vagos... ou até ausentes de memória. Paisagens dememória ganham forma pelo significado pessoal e social dememórias específicas, mas também através da metamemória —modelos implícitos de memória que influenciam o que podeser lembrado e citado como verídico” (Kirmayer, 1996, p.175).

Paul Connerton (1998) desenvolve um argumento

parecido, usando outra metáfora geográfica, a do

mapeamento: embora hoje em dia muitos não acreditem

mais em sistemas de referência totais ou em

metanarrativas, tais como a religião, o partido ou a

psicanálise, estas ainda têm poder para influenciar o

pensamento e comportamento das pessoas, se bem que,

geralmente, em fragmentos e em um nível menos

consciente. Grupos sociais, escreve Connerton,

baseando-se em Halbwachs, “fornecem aos indivíduos um

referencial em que suas memórias são localizadas por

um mapeamento. Nós situamos o que lembramos dentro de

espaços mentais oferecidos pelo grupo” (p. 37). Essas

narrativas, mapas ou paisagens se formam por vários

mecanismos, ajudando a entender o envelhecimento de

uma maneira reflexiva e contextualizada, pelo qual

daremos, em seguida, alguns exemplos.

O Passado legitima o Presente

A maneira como o passado está sendo lembrado cria

memórias oficiais, que geralmente atendem ao

interesse dos grupos que estão no poder e podem ser

contestados por grupos da oposição, que combatem esse

passado oficial, que legitima o presente. Podemos aí

falar de um esquecimento organizado (Connerton, 1998;

Forty, 1999), ou de uma memória negociada.

A memória é seletiva e, por um jogo de poder

complexo e por vários mecanismos, direta ou

indiretamente forma narrativas culturais, que

legitimam o que está sendo lembrado. Édouard Glissant

(2000) chama a isto, poeticamente, de “as savanas

azuis da memória e da imaginação”, referindo-se a uma

África que os escravos perderam, mas que sobrevive na

imaginação dos descendentes. Neste sentido, Ellen

Woortmann (2001) descreve os mitos de origem dos

descendentes de imigrantes alemães no sul do Brasil,

que se referem a uma Alemanha gloriosa e a uma origem

nobre, para legitimar uma certa superioridade frente

aos demais brasileiros. Na verdade, em sua maioria,

os antepassados eram humildes e tinham fugido da

pobreza, na Alemanha do século XIX.

Outro exemplo é a tentativa engendrada por alguns

regimes comunistas da Europa do Leste, de excluir ou

de modificar rituais religiosos, os quais, dessa

forma, passam a ter um sentido político, em vez de

religioso, como aconteceu com a comunhão na antiga

República Democrática Alemã. Em alguns países, como a

Polônia, a resistência contra tais tentativas realça

o papel dos idosos na preservação dos antigos

rituais, já que detinham um conhecimento ainda

“original”. Em outro contexto, esse conhecimento e a

sua valorização talvez sejam antiquados e, por isso,

marginalizados, mas, nesse caso, ganham um sentido

revolucionário. Ao contestar o regime, os idosos são

valorizados e aproximam-se dos mais jovens.

Repetição

A repetição é um mecanismo importante no

funcionamento da memória. Faz a memória acontecer,

porque ajuda a ancorar o passado no presente. Uma das

formas de transportar a memória para o presente são

os rituais, que, através da repetição, não só mantêm

certas narrativas e outros textos culturais, mas

também internalizam determinados valores de forma que

raramente possam ser questionados. Os slogans

publicitários ou políticos são outros exemplos para o

uso da repetição com a intenção de internalizar a

mensagem transmitida. No entanto, também o impacto, a

importância e a singularidade de um acontecimento

influenciam o que está sendo lembrado.

Datas como o dia 11 de setembro de 2001 (atentados

ao World Trade Center) ou o 26 de abril de 1986

(desastre nuclear na usina de Tchernobyl) serão

lembradas por muitos, junto com datas de casamento,

de nascimento de filhos e de outras, de natureza

pública ou privada, mas que tiveram um grande impacto

sobre o indivíduo. Serão relembradas — repetidas —

pelo impacto emocional que estes tiveram sobre o

indivíduo, mas também por festas regularmente

repetidas de aniversário, feriados nacionais e outras

formas de lembrar.

Então, certos eventos que transportam mitos, valores

ou hierarquias estabelecidas ajudam a desenhar as

paisagens nas quais podem ser recontados e mantidos

vivos. Mas por que alguns acontecimentos podem ser

repetidos, enquanto outros desaparecem do mapa

cultural? Como isto influencia o indivíduo histórico?

Lawrence Kirmayer (1996) perguntou-se por que o

trauma, no caso de abuso sexual na infância e de

sobreviventes do Holocausto, causa diferentes

sintomas (ver também Frow, 1997). No primeiro caso,

pode ocorrer uma dissociação, uma memória que só fala

através de sintomas. No caso dos sobreviventes do

Holocausto, uma repressão da memória acontece, num

ato consciente de não abordar assuntos cujas memórias

são insuportáveis. A diferença, para Kirmayer, tem

sua explicação no fato que, para os sobreviventes do

Holocausto, existe uma narrativa pública de um horror

geral, de uma catástrofe humana, onde os eventos, a

partir dos anos 1960, têm sido recontados e

compartilhados inúmeras vezes, como, por exemplo, no

projeto Shoa, de Steven Spielberg. No caso do abuso

sexual, as histórias são pessoais, vergonhosas e

destrutivas para o indivíduo e sua família, e por

isso as narrativas são negadas, desaparecendo,

finalmente, do horizonte metafórico da consciência.

Sensorialidade

Walter Benjamin (1980) fez a distinção entre uma

percepção consciente (Erlebnis) e uma experiência mais

interiorizada (Erfahrung). Embora em nossa opinião esta

distinção não possa ser feita de uma forma exclusiva,

vale a pena chamar a atenção para as diferentes

qualidades de experimentar memória.

No caso desse segundo tipo de memória-experiência,

os sentidos são veículos privilegiados para memorizar

— são as memórias corporais. Na velhice, os sentidos

são geralmente mais comprometidos do que em pessoas

mais jovens, embora isto não seja inevitável

(Alessio, 1998). Alguns autores argumentam que a

isolação social devido ao mal-funcionamento dos

sentidos, como a surdez ou a visão comprometida, pode

ser até responsável por algumas formas de doença

mental na velhice (Stein & Thienhaus, 1993),

impedindo a estabelecer uma relação com o presente e

o passado, e a formação de uma identidade positiva.

Lee (2000) mostra como idosos coreanos, vivendo no

Japão, negociam a sua identidade através da

insistência na sua cozinha nativa, ainda que cada vez

mais tenham dificuldade de digerir a comida altamente

apimentada. São velhos para os quais a comida

significa não só o mundo perdido onde cresceram, mas

também a afirmação da sua identidade enquanto

coreanos. A comida define o corpo social. Neste caso,

constrói a fronteira entre o “nós” e os japoneses,

uma sociedade à qual os coreanos nunca realmente

foram integrados.

Outro exemplo é o ensaio do conde Christian von

Kruckow sobre a terra pátria e o pertencimento. Ele

descreve que parte da memória é evocada pelos cheiros

e diagnostica uma crise de memória nos tempos de

hoje. Segundo o autor há memórias que permanecem

profundamente dentro de nós através do cheiro, e que,

“... se instalam bem embaixo do coração, devagarzinho epacientemente, para explodir anos ou décadas mais tarde.São memórias de outrora, memórias da infância... Asolfativas são mais fortes [que as imagens] e ganham formana velhice. É claro que, em tempos loucos por imagens,não se gosta mais disso. Talvez isto seja porque amemória está diminuindo. Ao higienizar todos os ambientese uniformizar os cheiros, estaríamos roubando às criançasas memórias, desconectando-as do seu passado. É atravésdos cheiros que a memória ganha forma. Forma opertencimento da criança, que persistirá quando foremvelhos” (von Kruckow, 1988, 22f.), (ver tambémSeremetakis, 1994).

Mariângela Aleixo (2000) mostra como idosos com

demência resgatam parte de sua juventude através de

músicas antigas. Não só imagens dos tempos passados

ressurgem quando ouvem ou cantam, como também as

letras, às vezes, são relembradas completamente, o

que surpreende devido ao comprometimento cognitivo

destas pessoas.

Tantas vezes comprometida nos idosos, a visão pode

dificultar o acesso a outras maneiras de lembrar,

como os textos que servem como arquivos da memória,

fotografias (Lins de Barros, 2001), televisão, entre

outros. Também o clima tropical ou a falta de cuidado

com a preservação das marcas do passado (Leibing &

Benninghoff-Lühl, 2001), impedem o acesso visual às

memórias e, com isso, à possibilidade de repetição.

No filme Complaints of a dutiful daughter, de Deborah

Hoffman, a filha mostra os álbuns de família, nos

quais as fotos não conseguem mais desencadear

lembranças em sua mãe, que sofre de demência. Aqui

não são os óculos, que normalmente ajudam a compensar

a perda da visão, mas é uma outra pessoa quem

funciona como memória-substituta. Em sociedades em

que o individualismo e a auto-suficiência são

valorizados, é mais difícil este tipo de

relacionamento, em que outra pessoa assume, para o

idoso, a sensorialidade perdida ou comprometida.

Como é o caso dos outros sentidos, o estímulo

emocional veiculado por certas imagens depende não só

do funcionamento do respectivo órgão (ou da memória-

substituta), mas do modo como as paisagens são

construídas, para que estes façam visíveis

determinados objetos. Não importa apenas a

preservação de, digamos, um monumento, mas também

como esta visibilidade é enfatizada no dia-a-dia: se

existem comemorações a respeito, se aparece em

imagens e narrativas. Imagens podem “estar lá” e, ao

mesmo tempo, não serem visíveis. Em certos casos, só

são “vistas”, quando desaparecem.

CONCLUSÕES

Existe a noção de que o Brasil é um país sem

memória. Entretanto, esta “perda da memória” - alívio

de muitos políticos - geralmente se refere a

acontecimentos ruins e, segundo Roberto DaMatta

(1994), faz parte de uma grande desconfiança no

progresso e na justiça social, já que a experiência

mais profunda com o tempo coletivo mostra “retornos,

reversões e recursividades cíclicas”, “como se fosse

impossível exorcizarmos fantasmas do passado.” (p.

32) As paisagens onde a memória torna-se verdade ou

perigo, sintoma ou nostalgia, embelezando a vida de

alguém ou conseguindo destruí-la, devem ser

“desenhadas”, prestando atenção a seus mecanismos de

trazer à luz ou obscurecer objetos, narrativas,

hierarquias, classificações, que definem o modo como

alguém se orienta frente ao passado, presente e

futuro (ver Leibing 2007). A maneira como um grupo

lida com a sua memória também define, em grande

parte, o seu olhar sobre a velhice, esse tempo da

vida em que as memórias se acumulam.

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