Marques, V.R., Araújo e Sá, H. & Melo-Pfeifer, S. (23rd May 2014). Um olhar sobre o potencial...

23
Um olhar sobre o potencial contributo do Intercâmbio protocolar entre as Universidades de Aveiro (Portugal) e Sophia (Japão) para a internacionalização da Língua Vera Rute Marques, [email protected] Helena Araújo e Sá, [email protected] Sílvia Melo-Pfeifer, [email protected] UA – DLC Pelos Mares da Língua Portuguesa – 2.º Congresso Internacional 23/05/2014

Transcript of Marques, V.R., Araújo e Sá, H. & Melo-Pfeifer, S. (23rd May 2014). Um olhar sobre o potencial...

Um olhar sobre o potencial contributo do Intercâmbio

protocolar entre as Universidades de Aveiro

(Portugal) e Sophia (Japão) para a

internacionalização da LínguaVera Rute Marques, [email protected] Araújo e Sá, [email protected]ílvia Melo-Pfeifer, [email protected]

UA – DLC Pelos Mares da Língua Portuguesa – 2.º Congresso Internacional 23/05/2014

Índice:

1.Panorama de mobilidade internacional

2.Intercâmbio Aveiro-Sophia3.Perspetivas das participantes

sobre o intercâmbio4.Promoção do intercâmbio e da

língua Portuguesa post sojourn5.Potenciar a promoção – atingir

maior internacionalização

Panorama de mobilidade internacional (i)

Source: OCDE, Education at a Glance 2013

Panorama de mobilidade internacional (ii)

2000’s2 milhões

20093.71 milhões

20114.12 milhões

“...the entrenchment of the global economic crisis has encouraged more people to upgrade their skills, rather than face

underemployment or unemployment.”Nick Clark (ed), International Academic Mobility Continues to Grow Despite

Economic Downturn, WENR (Sept. 2012)

Alunos inscritos em programas fora do seu país de origem

Panorama de mobilidade internacional (iii)

“The factors driving the general increase in student mobility range from the exploding demand for higher education worldwide and the perceived value of studying at prestigious post-secondary institutions abroad, to specific policies that aim to foster student mobility within a geographic region (as is the case in Europe), to government efforts to support students in studying specific fields that are growing rapidly in the country of origin […] The increase in student mobility in tertiary education can also provide an opportunity for smaller and/or less-developed host education systems to improve the cost-efficiency of their education systems.”

OCDE, Education at a Glance 2013

“…sending them abroad at government expense, is to prepare them as instructors in superior schools, and at the same time to assist our national development by the introduction of those western arts and sciences which are daily progressing.”

Monbush?,1893:204

Panorama de mobilidade internacional (iv)

“In its putative benefits for language expertise and intercultural awareness, student mobility has become a priority of policy makers throughout the world.”

Kinginger, 2009:6

“…that the Japanese have less than satisfactory communicative

performance is a recurring theme in research related to English teaching and learning in Japan”.

Garand,1997:18

No Japão “...languages are often seen as crucial to economic

achievement…” Byram, 2008:24

Intercâmbio Aveiro-Sophia

Último protocolo assinado, com renovação automática anual, data de 2001

Unilateral – UA recebe anualmente alunos Japoneses vs Univ. Sophia, um estudante de Aveiro (2008/2009)

Número irregular de alunos japoneses na UA por ano letivo:

08/09

• 3

09/10

• 4

10/11

• 1

11/12

• 0*

12/13

• 5

13/14

• 1

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (i)

Porquê a escolha do intercâmbio em Aveiro? ATQueria ir de intercâmbio desde a adolescênciaInteresse pela EuropaPortugal: ritmo mais calmo do que o Brasil

KSPaís onde também pudesse

praticar Inglês (N. Zelândia, no passado);

Melhorar proficiência em LP;Pais não deixavam ir para o

Brasil – Portugal mais seguroMK

Visita prévia a Portugal – boa experiência;Queria falar e não podia, por isso queria melhorar proficiência em LP

MIMelhorar proficiência em LP por

estar a estudar curso na USInteresse pela Europa

(Eslováquia, no passado) – proximidade Portugal (não

conhecia) e Eslováquia (visitar)

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (ii)

Como é a vida de intercâmbio em Aveiro?

Viver na residênciaPouca carga horáriaNão ter part-timeAtividades extra-curriculares (desporto e cultura)

Viagens (dentro e fora do país)

Círculo de amigos alargado e variado

Ter muito tempo livre e o tempo custa a passar:

“...eu tenho muito tempo livre aqui.” t-e-10-MI“...eu tinha muito tempo pensar no meu [P-futuro], futuro...” t-e-08-KS

“Eu fui para a Finlândia, Suécia, *Norgia [=Noruega], *Dinamarc [=Dinamarca] com KS e AT, e depois eu fui para a Eslováquia...”/ “Isso, isso, *Austoria [=Áustria], e […] que é que é?” / “E Praga.” / “E Budapeste...” t-e-03-MK

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (iii)

Impacto pessoal do intercâmbio?Desconstrução de estereótipos

“Eu achei que os portugueses e os brasileiros, tipo os latinos, são muito, muito abertos, ah tipo "Amigo, amigo, amigo...", mas a verdade não. Tipo, eu também tenho de falar deles e eu também tenho de começar.” t-e-08-KS

“Sim [...] eu pensava que os portugueses não eram muito simpáticos, mas sim.” / [A falar de ‘Professor M’ da US] “...ele disse muita coisa que [...] muita coisa não boa para os portugueses, na aula [...] e também o Professor I diz que os portugueses são muito difíceis.” / “Não sei como é que se diz, mas os portugueses concentram assim [faz gesto das mãos junto da cara, como que só a olhar em visão túnel] na loja, as pessoas que trabalham na loja não, não sorriem muito, e não atendem bem como no Japão.”/”Não. Mas agora eu já sei, as pessoas são muito simpáticas pois não tem...” t-e-06-AT

“...quando eu estava no Japão, lá, na verdade lá tem muitos professores brasileiros, pois esse pensamento que, pelos brasileiros, mas nós não sabemos, verdadeiros. Pois nós acreditamos no que o professor diz, assim, e o professor disse que os portugueses são muito tímidos, não são muito pontuais, é sim, tanta coisa. E também praticam o contrário do Japonês. É assim, às vezes são certinhos, mas às vezes também são errados, por exemplo sobre são tímidos.” t-e-08-MK

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (iv)

Impacto pessoal do intercâmbio?Sentimentos na primeira pessoa:

“Eu tenho dois sentimentos. Eu quero voltar, eu quero ir embora mais cedo, para ver o meu namorado. E, outro é, quero ficar aqui. [...] Eu tenho ainda muitas coisas para fazer aqui, acho.” t-e-06-AT

“Só fico contente de minha [...] meu *melhoramento.” t-e-08-KS

“Estou estou, muito feliz que fiquei aqui, um ano, e com todas as coisas que aconteceram. Estou muito contente.” t-e-08-MI

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (v)

Impacto pessoal do intercâmbio?Crescimento pessoal

“Agora eu consigo fazer muita coisa, mais coisa do que estava no Japão. Por exemplo eu consigo falar com os desconhecidos no supermercado, na rua, na loja, mas no Japão não.” t-e-06-AT

“...às vezes, as pessoas falam com professor, e quando elas falaram[...] [hum], outras pessoas também começavam a falar, falar, falar [gestos de vozes de muitos sítios diferentes] como assim, sem botar [quer dizer levantar] a mão, durante a aula, e está a ficar mais fácil, mas no início eu tive vergonha de, da, porque no Japão não é assim...” t-e-05-MK

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (vi)

Impacto pessoal do intercâmbio?Novas formas de posicionamento para com a vida:“...me deu uma ideia de arranjar um trabalho que tem mais férias, que é mais calmo,

que sabe se divertir a vida, isso foi muito importante para mim, isso muda muita coisa para meu futuro.” t-e-08-MI

“Sim, porque, é assim, ainda no Japão as mulheres não trabalham, depois de casar-se, e depende da família, mas muitas mulheres não querem trabalhar depois de casar-se, depois de, para ter os filhos.”/ “E eu também penso assim, ainda, penso assim. Pois para mim trabalho não são mesmo muito, muito importantes para, para viver depois de casar-se, [FR-J_ne = não é]. Mas eu queria trabalhar aqui em Portugal mais um bocadinho tempo, um ano, dois anos, três anos, por aí e depois voltar para o Japão e queria começar a trabalhar no Japão.” t-e-08-MK

“[…] participants reported feeling more independent and self-reliant, more confi dent in their own abilities, and more tolerant and accepting of cultural and personal difference than they had been before studying in another country.”

Laubscher, 1994, referred in Pellegrino,1998:113

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (vii)

O que se sente no final do intercâmbio?

Maior aberturaAo uso frequente da língua (mesmo entre japonesas)

À diferença da cultura

Aos assuntos de conversa

“É, é interessante, mas no início quase sempre em japonês "[Fr-J_Doko iku= Onde estás]?", "[Fr-J_Doko iru= Onde vais]?", assim, mas agora "Onde estás?" [risos].” t-e-05-MK

“...no início eu achava que era estranho, [PB-mas] ainda não acostumei à cultura portuguesa, como atrasado, não são pontuais, mas agora já acostumei e acho que é normal.” t-e-03-MK

“Eu achei interessante que ele estava a falar como normal, porque no Japão também ainda é mais, mais assunto triste, o divórcio, mas em Portugal eu acho que parece mais normal, já comum.” t-e-03-MI

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (viii)

O que se sente no final do intercâmbio?

Maior aberturaÀs formas de se expressar

À diferença

“Acho que os portugueses pensam mais sobre as coisas.”/ “Nós sempre falamos as coisas, nada, ou sobre um, uma coisa não falamos tanto. Mas em Portugal, eu tenho que pensar pois, eles sempre têm seu próprio ideia e fala isso.” t-e-03-MI

“Mas acho que já tenho um capa, capaz de receber quase todas as coisas, eu consigo pensar "Ah, tudo pode acontecer" e tipo, para, para os estrangeiros "Ah, eles são diferentes, eles têm, têm a cultura diferente" e eu consigo receber.” t-e-08-KS

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (ix)

Como é estudar Português europeu?Um lado da moeda...

“[PB-Porque] eu vim cá para aprender português de [PB-Portugal], e também, quando eu falo com português a primeira vez, algumas pessoas dizem "Tu falas português do Brasil", como assim, mas quando eles dizem assim, eu fico "Ah, pois assim".” t-e-05-MK

“...eu aprendi português do Brasil. Como eu conheci T, e namorei agora é muito mais fácil falar brasileiro, [PB-mas]...” / “...eu cheguei à conclusão que continua sendo português, então tudo bem. [PB-Porque]...” / “...entendo muito melhor do que quando cheguei aqui. E eles todos entendem.” t-e-05-MI

Perspetivas dos participantes sobre o intercâmbio (x)

Como é estudar Português europeu?O outro lado da moeda...

“...nós aprendemos português do Brasil, então os professores [X] então acho que vão vão, considerar-nos "Ah, Eles falam português de Portugal“...” t-e-08-KS

“... quando eu escrevo papel acho que é mais fácil em português do Brasil, porque às vezes os professores brasileiros não entendem português de Portugal, então...”/ “acho que, vou mudar para português do Brasil.” t-e-08-KS

Promoção do intercâmbio e da língua Portuguesa a posteriori

O que já acontece:Relatório – redigido post-sojourn (para a US)

Comunicação em aulas para os alunos mais jovens do curso para falar sobre a experiência

08/09

• 3

09/10

• 4

10/11

• 1

11/12

• 0*

12/13

• 5

13/14

• 1

Potenciar a promoção – atingir maior internacionalização (i)

Quanto mais enriquecedora for a experiência dos alunos de intercâmbio, mais publicidade positiva eles farão junto de futuros públicos:Promover

o intercâm

bio

Promover a LP

Potenciar a promoção – atingir maior internacionalização (ii)

Novas formas de promoção:Desconstruir

estereótiposPacks de

informação sobre país/ cidade/ institução

Informações sobre comportamentos

culturais portugueses e

preparação para lidar com culture

shock

Personalizar a

informaçãoTestemunhos na

1.ª pessoa de antigos alunos (diários...)

Vídeos promocionais com

alunos de intercâmbio

Plataforma de

comunicação

Conectar antigos e atuais alunos de intercâmbio

Promover a partilha de

histórias vividas por alunos de

intercâmbio sobre aspetos de culture

shock

Potenciar a promoção – atingir maior

internacionalização (iii)

Salientar:

Ritmo de vida

Segurança

Alojamento ‘on campus’

Clima

Rede de transpor

tes

Proximidade de

grandes cidades

Aspetos que podem ajudar a destacar o intercâmbio Aveiro-Sophia

ReferênciasByram, M. (2008). From Foreign Language Education to Education for Intercultural Citizenship - Essays and Reflections (1st ed.). Clevedon: Multilingual Matters.Clark, N. (ed), (Sept. 2012). International Academic Mobility Continues to Grow Despite Economic Downturn, WENR. URL: http://wenr.wes.org/2012/09/wenr-september-2012-international-academic-mobility-continues-to-grow-despite-economic-downturn/ Garant, M. (1997). Intercultural Teaching and Learning. English as a Foreign Language Education in Finland and Japan. Jyvaskyla: University of Jyvaskyla.Jackson, Jane (2008). Language, identity and study Abroad – socioculture perspective. London: EquinoxKaneko, Y. 1997. Tenth Anniversary Celebrations. JET Streams, CLAIR, 7(1), 2-3.Monbush?, J. (1893). Outlines of Modern Education in Japan. Tokyo, Department of Education. Montgomery, C. (2010). Understanding the International Student Experience. NY: Palgrave Macmillan.OCDE (2013). Education at a Glance 2013: OECD Indicators. OECD Publishing. URL:http://dx.doi.org/10.1787/eag-2013-en Pellegrino, V. A. (1998). Student Perspectives on Language Learning in a Study Abroad Context. Frontiers: The Interdisciplinary Journal of Study Abroad, 4(2), 91-121.União Europeia, C. (2001). Quadro europeu comum de referência para as línguas. Porto, ASA. 

Vera Rute [email protected]