A aliança dos contrários: - Repositório Institucional da UFMG
LUA PATAXÓ - UFMG
-
Upload
khangminh22 -
Category
Documents
-
view
0 -
download
0
Transcript of LUA PATAXÓ - UFMG
Presidência da RepúblicaMinistério da EducaçãoSecretaria ExecutivaSecretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e InclusãoCoordenação Geral de Educação Escolar Indígena
Universidade Federal de Minas GeraisReitor: Clélio Campolina DinizVice-Reitora: Rocksane de Carvalho NortonFaculdade de LetrasDiretor: Luiz Francisco DiasVice-diretora: Sandra Maia Gualberto Braga BianchetNúcleo Transdiciplinar de Pesquisas LiteraterrasCoordenadora: Maria Inês de Almeida
Ficha catalográfica elaborada pelos Bibliotecários da Biblioteca FALE/UFMG
Lucidalva, Pataxó. Ãgohó Lua Pataxó / Lucidalva, Pataxó. - 1. ed. - Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2011. 156p. : il., color. + 1 CD.
Inclui CD com músicas sobre o alfabeto e cânticos dos rituais Pataxó.
L937a
1. Índios da América do Sul - Brasil. 2. Índios Pataxó - Minas Gerais. 3. Língua Pataxó. 4. Literatura indígena - Brasil. 5. Alfabetização. I. Título.
CDD : 980.41
ÃGOHÓLUA PATAXÓ
Lucidalva Pataxó
Belo HorizonteFaculdade de Letras
2011
1a Edição
Ãgohó Lua Pataxó
AUTORIALucidalva Pataxó
ORGANIZAÇÃOAnna GobelLiliana Vasconcelos XavierLucidalva Pataxó
PROJETO GRÁFICOAnna GobelLiliana Vasconcelos XavierLucidalva Pataxó
CAPTAÇÃO DE SOM E MASTERIZAÇÃOBeto Militani
COORDENAÇÃOMaria Inês de Almeida
EDITORAÇÃO E ARTE FINALLiliana Vasconcelos Xavier
Este livro é resultado do processo de pesquisa e do percurso acadêmico da estudante Lucidalva Pataxó no curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas - FIEI/UFMG, eixo Múltiplas Linguagens, sob coordenação de Maria Inês de Almeida e monitoria de Liliana Vasconcelos Xavier.
Arte e alfabetização caminham juntas, uma pisando no rastro da outra, pois
são como inconha, as duas estão juntas, no dia-a-dia, na fala dos alunos, dos
professores, dos nossos mais velhos.
Não tem como separá-las.
Esta cartilha é um material didático que escrevi para as crianças da Escola
Estadual Indígena Pataxó “Bacumuxá”, da Aldeia Imbiruçu.
Estou realizando um sonho que colhi da memória dos mais velhos, pensando
nas crianças e nos jovens Pataxó.
A cartilha é como uma planta frutífera que as crianças, ao pegar e olhar,
desfrutarão com nossas próprias reflexões do passado, presente e futuro.
Espero que essa cartilha auxilie os professores e crianças das escolas indígenas
de Minas Gerais, da Bahia e de outros estados.
Agradeço primeiramente a Niamissú, a comunidade Pataxó da Aldeia
Imbiruçu e também aos meus filhos e ao meu esposo, pelo mutirão
que fizemos juntos uns desenhando outros colorindo para que esse
sonho brotasse.
Lucidalva Pataxó
Aldeia Imbiruçu - MG
9
SUMÁRIO
ALFABETO
NÚMEROS
SARABATANA
ARMADILHAS
NOSSO POVO VEM D’ ÁGUA
SERES DA MATA
COMO É FEITO
BICHOS E PLANTAS
10
58
70
86
108
120
138
146
Cada capítulo tem um desenho do Cacique Mongangá.
Por mais que ele esteja no céu, seus frutos estão nos alimentando:
seus netos, filhos e sobrinhos.
10
A Aldeia Imbiruçu pelas mãos do Mongangá.
11
Aldeia Imbiruçu Hoje
A aldeia Barra Velha, no sul da Bahia, é a aldeia mãe para os Pataxó.
A aldeia Imbiruçu localiza-se no município de Carmésia, Minas Gerais.
A comunidade está muito feliz pela conquista da nossa nova escola. Ela já
funciona desde setembro de 2010 com aulas para crianças e jovens
indígenas Pataxós.
14
DE
DE
DE
DE
DE
DE DE
DE DE
DE
DE
DE
DEDE
DE
DE
DE
MÚSICA DO ALFABETO -
ESTÁ NA HORA VOU ENSINAR O ALFABETO É IMPORTANTE PARA AS CRIANÇAS CONHECEREM COM SIGNIFICADO É MELHOR DE ENTENDER.
^
15
Música do Alfabeto
Está na hora vou ensinar O alfabeto é importante Para as crianças conhecerem Com significado é melhor de entender.
ALFABETO NO IDIOMA PATAXÓ
de
de
de
de
de
de
de
Ãgohó
Bambu
Catitu
Dendê
Gamela
Exanãi
Formiga
42 43
de
de
de
de
de
de
Hamagui
Lança
Mãhã
Kokawã
Juktã
Itohã
de Ngahã
Otxab
Poniogã
Quati
Raiz
Sapucaia
Tahab
de
de
de
de
de
de
44 45
Wayenê
Uhãi
Vinhático
Xarri
Yamãni
Zabelêde
de
de
de
de
de
ALGUMAS PALAVRAS NA LÍNGUA PATAXÓ
Txahá
Ponioga Anxoek
Kohõ
AnguáAmanay
56
TahabItôhã
OtxabMahã
Juktã Kokawã
57
MikayMiotikajo
KebkaPetetiog
NionnactimPoitãg
58
Desenhe o que está escrito:
Poniohõ
Âgohó
Miotikajo
Mahã
Guahãi
Mibkoi
59
6362
MÚSICA DOS NÚMEROS
EU ESTAVA NA JABUTICADEIRA OLHANDO
OS PÁSSAROS CANTAREM
QUE BELO O CANTO DOS PÁSSAROS
OS NÚMEROS VOU ENSINAR
CANTA O BEM-TE-VI
CANTA O QUERO - QUERO
CANTA O JOÃO VÉIO
CANTA O SABIÁ
Agora vamos cobrir os números:
Mãhã
Txahá
Uxetei~
6766
Escreva os números da Passarada:
CANTA O BEM-TE-VI
CANTA O SABIÁ
CANTA O QUERO - QUERO
CANTA O JOÃO VÉIO
Ligue os números de acordo com a quantidade:
6968
Escreva o numeral correspondente a cada conjunto: Desenhe a quantidade de elementos que se pede:
7574
A sarabatana é feita com bambu ou taquara, imbira e pena colorida. Ela tem duas flechas pequenas.
A sarabatana serve para enfeitar, e antigamente servia para caçar e pescar.
Eu e meu primo estávamos brincando com nossas sarabatanas, quando tentei acertar o alvo, acabei acertando o meu primo.
Ele gritou! Ai você me acertou uma flechada, como está doendo, ai dói muito.
A irmã gritou:
Menino, vai guardar essa sarabatana!
SARABATANA
Com medo, o menino correu e foi guardar a sua sarabatana, e ficou triste por ter acertado seu primo.
O menino foi para casa resmungando:
Ai, como dói, lá minha mãe banha com casca de batimona e, então vai passar a dor do meu dedo.
Para agradar o primo que estava com o dedo doendo por causa da flechada,
o menino foi logo gritando:
Primo, está caindo tanajura, vamos pegar?
O outro respondeu:
Vamos! Me espera...
E saíram correndo, no meio da roça, pegando tanajura. E foi aquela chuva de tanajura, um corre para lá, o outro corre para cá, atrás dos bichinhos.
Foi só alegria naquela hora.
Desenhe uma Sarabatana com penas coloridas:
76
Junte as sílabas:
Separe as sílabas:
RACURA
SALA
BANANA
TATU
NATUREZA
RAPOSA
BUGO
PUCAIA
PO
RUÊ
SA
77
7978
Colora as sílabas das palavras do quadro abaixo:
Copie das palavras abaixo somente as sílabas que estão circuladas:
CA
CA
XI
LA
NA
PA TI O BA
MAN GA BA
A
A
BA
BA
BA
BA
NO
SAMBURA
BACURAU
TAMANDUÁ
NAMBU
SARACURA
Junte as sílabas que você copiou e veja qual a palavra que vai aparecer:
Complete as sílabas que estão faltando:
Junte as sílabas:
SA BATANA
PUCAIA
RACURA
PO
CURA
CARÉ
GO
SA
JA
SA
SA
8180
Copie as sílabas:
Separe as sílabas:
SURÚ
SA
RA
BA
TA
NA
SE
RE
BE
TE
NE
SI
RI
BI
TI
NI
SO
RO
BO
TO
NO
SU
RU
BU
TU
NU
Junte as sílabas:NANA
LA
LAIO
BA
ARAPUCA
JIQUIÁ
LANÇA
JABUTI
BACURAU
RATOEIRA
8382
Complete com a sílaba que está faltando:
Separe as sílabas:
SARACURA
VARA
SABIÁ
SAPOTA
BALAIO
EMA
SO
GO
TASARA SA
SAM SA
SA SA
RA
TI
Ê
JA RA
QUA SA
TANASepare as sílabas:
RAPADURA
ARARA
RATO
RABO
Junte as sílabas:
TO
LO
BO
PADURA
POSA
RA
8584
ARARA
arara
SAPOTA
sapota
SURÚ
surúMUNDÉU
mundéu
LAÇO
laço
SAPUCAIA
sapucaia
RAPADURA
rapadura
GARRAFA
RAPOSA
Ligue as palavras:
Ligue a sílaba a palavra que começa com a mesma sílaba:
Circule as sílabas que formam a palavra Sarabatana:
RAPOSA
SUCO
TATU
TOALHA
BANANABURACO
NOVO
NADAR
SAPUCAIA
RIACHOSA
RA
BA
TA
NA
SA SE SI SO SU
RA RE RI RO RU
BA BE BI BO BU
TA TE TI TO TU
NA NE NI NO NU
8786
Complete no quadro abaixo com a sílaba que forma a palavra Sarabatana:
Procure a palavra Sarabatana no quadro:
SA RA
RA
RA
BA
BA
BA
BA
TA
TA
TA
NA
NA
NA
NA
TA
SA
SA
SA
SA
X H B U I L B H R O
T SA M C A P L J F M
S H RA I V Z Y T O P
M E F BA A O E P H T
T Y G S TA X W F M L
B Z H U Q NA C B R R
Quantas palavras você encontra em cada frase:
Quantas letras tem a palavra Sarabatana:
Os índios usam a sarabatana para pescar e caçar.
Ela é feita de bambu e taquara.
Quando as flechas estão tortas fica difícil acertar o alvo.
Circule a sílaba SA de Sarabatana nas palavras abaixo e, depois ligue as palavras ao desenho:
CASA
SAPUCAIA
SAMBURA
SARABATANA
9190
Os índios Pataxó mais velhos sempre se reuniam e iam para a mata fazer mun-
déu, quizó, fogo, laço, arapuca e outras armadilhas.
Quando iam olhar as armadilhas, os índios passavam uma semana na mata
muquinhando a carne.
A panela que os índios usavam na mata para cozinhar a carne era a folha da
patioba.
Eles dormiam numa cama de vara amarrada de cipó, que faziam nos galhos
das árvores.
O fogo ficava aceso a noite toda, para não fazer frio e para espantar os
bichos.
Armadilhas dos índios Pataxó Desenhe as armadilhas que aparecem no texto.
9392
Qual era o tipo de panela que os índios usavam para cozinhar?
Faça o desenho.
Como era a cama que os índios Pataxó dormiam na mata?
Faça o desenho.
Escreva as sílabas:
Laço
LA LE LI LO LU
la le li lo lu
ÇA ÇO ÇU
ça ço çu
9594
Escreva as sílabas:
Tapage
TA TE TI TO TU
ta te ti to tu
PA PE PI PO PU
pa pe pi po pu
GA GO GU
ga go gu
Surú
SA SE SI SO SU
sa se si so su
RA RE RI RO RU
ra re ri ro ru
9796
Escreva as sílabas:
Jiquiá
JA JE JI JO JU
ja je ji jo ju
QUA QUE QUI QUO
qua que qui quo
Escreva as palavras:
MUNDÉU
FOJO
LAÇO
ARAPUCA
QUIZÓ
JEQUIÁ
SURÚ
TAPAGE
9998
Monte os nomes das armadilhas com o Alfabeto Móvel e escreva a palavra formada nos espaços abaixo:
Escreva as sílabas:
Sarabatana
SA SE SI SO SU
sa se si so su
RA RE RI RO RU
ra re ri ro ru
BA BE BI BO BU
ba be bi bo bu
TA TE TI TO TU
ta te ti to tu
NA NE NI NO NU
na ne ni no nu
101100
Escreva as sílabas:
Tacape
TA TE TI TO TU
ta te ti to tu
CA CO CU
ca co cu
PA PE PI PO PU
pa pe pi po pu
Borduna
BAR BER BIR BOR BUR
bar ber bir bor bur
DA DE DI DO DU
da de di do du
NA NE NI NO NU
na ne ni no nu
103102
Escreva as sílabas:
Arco e flecha
AR ER IR OR UR
ar er ir or ur
CA CO CU
ca co cu
FLA FLE FLI FLO FLU
fla fle fli flo flu
CHA CHE CHI CHO CHU
cha che chi cho chu
Maracá
MA ME MI MO MU
ma me mi mo mu
RA RE RI RO RU
ra re ri ro ru
CA CO CU
ca co cu
105104
Escreva as sílabas:
Gamela
GA GO GU
ga go gu
MA ME MI MO MU
ma me mi mo mu
LA LE LI LO LU
la le li lo lu
Casos especiais...
Escreva as sílabas:
Angico
GE GI
ge gi
Cedro
CE CI
ce ci
113112
O Minhocuçu vive dentro da terra. Quando ele anda, a terra racha por cima.
A Cobra d’água come sapos e folha seca. Seu corpo é coberto de escamas e também cheio de bolinhas verdes.
A Rã é da família do sapo. Por isso eles se entendem.
115114
O Besouro vive na água tomando banho e comendo plantinhas que tem no rio.
O Pernilongo é um inseto muito ruim. Ele chupa o sangue das pessoas.
116
Remela de cachorro só dá na beira do córrego. Nós tiramos quando ela está roxa.
Araçá é parente da goiaba, mas só que ela é azeda. Ela só dá em pasto.
Maria Rosa é um côco, nós chupamos e comemos sua massa.
117
121120
Fevereiro
Janeiro
Março
Abril
MaioJunho
Agosto
JulhoOutubro
Setembro No
vem
bro
Dez
embr
o
Planta
ção
do fe
ijão
Plantação do feijão
Colheita de mandioca
Colh
eita
de m
ilho
Capina de Feijão
Colheita de FeijãoÉpoca de Frio
Preparação da Terra
Terminação do Frio
Colheit
a Can
a e Ban
anna
Època de Ritual
Plant
ação
de ca
na, m
ilho
Mandi
oca,
feijã
o
Festas das Águas
Limpação das
Plantas
Época das chuvas
Renovação das PlantasColheita do Feijãodas águas
125124
O tacape é feito do coqueiro chamado macaúba. Esse coqueiro tem muito espinho e, é encontrado no campo.Para retirar o coqueiro utiliza o machado.Para fazer o tacape o coqueiro tem que está limpo.Usa o facão e o machado para dar o detalhe final ao tacape.
A sarabatana é feita de bambu e taquara. Antigamente ela era utilizada para caçar, pescar e guerrear. Hoje serve como enfeite.Retira-se o bambu no campo e a taquara na mata.
Sarabatana
Tacape
Borduna
Machadinha
A borduna é feita com madeira, como braúna, jacarandá e angico.A b o r d u n a d e a n g i co s ó é u t i l i z a d a n o s m ov i mentos indígenas. Antigamente as bordunas eram feitas para caçar e guerrear. Hoje são feitas para enfeite e venda.
A machadinha é feita com coqueiro, pedra, madeira, cedro e araribá. Essas madeiras também são retiradas da mata e o coqueiro é do campo.A machadinha é cortada com machado e facão.
127126
Arco e flecha
Lança
O arco e flecha é feito com madeira: c a n o -d e - p i t o , b r a ú n a , p a u d e a r c o , c o queiro e pati.O pati é que faz o melhor arco para o uso diário, por ser de alta flexibilidade.Retiramos essas madeiras da Mata Atlântica.
A lança pode ser feita de madeiras como: braúna, coqueiro, pati e jacarandá.O coqueiro e a braúna são encontradas nas matas.O pati é encontrado na Mata Atlântica. Retiramos a madeira com machado. Para deixá-la pronta é preciso o uso do facão.
Maracá
Quebra-Quebra
O maracá é feito de côco, coité e cabaça.A cabaça e o coité têm plantado no quintal e o côco se encontra na Aldeia Barra. O cabo do maracá é feito com madeira braúna e jacarandá.O maracá é o instrumento de dançar o Awê nas festas religiosas.
O quebra - quebra serve para pegar pequenos pássaros: tururim, chororão e capoeira. E também pequenas caças: rato, puba e saracura. É feito com varas, cipó e embira.
129128
O mundéu é feito com dois pedaços de pau e estacamento de ambos os lados.Essa armadilha é própria para pegar pequenos animais: tatu, paca, cutia, tamanduá, quati, jacu, chororão e macuco.Essas aves são as que vivem na mata.
Mundéu
Gamela
A gamela é feita com as madeiras gameleira, cedro e gueirana. Elas são retiradas da mata.Antigamente, os índios faziam muitas gamelas que serviam para dar banho em crianças recém nascidas, para lavar pratos e tratar os peixes. Os velhos falavam que eles quase não faziam gamelas de gameleira, porque tem um espírito que não gosta que corte a árvore.
Arapuca
Laço
Arapuca é feita com pedaço de varas e cipó. Serve para pegar pássaros: pombo, juruti e rolinha.Para esses pássaros a arapuca é servida com mandioca e milho.Esta armadilha é de pegar pássaros pequenos.
Tem dois tipos de laço: laço de pé e de forca. Eles são bons para pegar jaçanã, saracura e preá.A armadilha é feita com varas fincadas no chão, geralmente nas trilhas, no brejo.
131130
O fojo é um buraco grande e profundo feito numa trilha, ou seja, um caminho de caça, na mata. Depois de aberto o buraco, tampa com pequenas varas, folhas de ouricana seca.Esta armadilha serve para pegar animais de médio porte: catitu, porco-do-mato.
Fojo
Tapage
A tapage é feita com varas e palha de côco de chandó. Essas varas e palhas são encontradas no campo. É uma armadilha que os índios fazem no mangue para pegar peixes.
Jequiá
Surú
O surú é feito com cipó, vara e broto de biriba.O cipó é retirado da mata e a vara, do campo.Para fazer o surú a pessoa tece o objeto com a mão.O cipó é cortado com o facão.Esta armadilha é para pegar peixes pequenos no rio e em córregos.
O jequiá, também, é feito com cipó retirado da mata e do campo.Corta-se o cipó com o facão e o tece com a mão. Esta armadilha é para pegar peixe nos rios e nos córregos.
133132
Pintura Corporal
A pintura corporal é feita com jenipapo e urucum, representa força e proteção. O vermelho do urucum representa guerra e o preto do jenipapo representa luto. Começamos a usar a pintura do jenipapo quando mataram o nosso parente Galdino. Quando os índios guerreavam, usavam o vermelho do urucum. Atualmente não guerreamos, apenas usamos a pintura no ritual. O vermelho do urucum representa amor e união com seu parente.
135134
A pintura da espinha do peixe é usada especialmente para a cerimônia do casa-mento. Esta pintura é exclusiva da noiva.A pintura é feita de urucum e significa união para o casal.
Pintura da Espinha do Peixe
137136
Pintura da Boca do Peixe
Antigamente os velhos utilizavam essa semente, chamada mauí, para pescar, e pegar o peixe mais fácil.A pintura tem o desenho da boca do peixe, e a bolinha simboliza a semente do mauí. É uma pintura que representa fartura, e atualmente quem a utiliza são as mulheres.
Pintura usada na barriga das mulheres Pataxó
Pintura usada nas costas
139138
Pintura do cipó de Hamãy
Significa proteção.Quando a Hamãy percebe que há algo estranho na mata, ela sobe pelo cipó para chamar e proteger as caças do perigo do caçador que na, maioria das vezes, caça sem precisão.Nos rituais, as mulheres utilizam esta pintura no rosto, pois significa proteção. A pintura é feita com jenipapo e urucum.
143142
Hamãy
A Hamãy é a protetora dos animais. Ela fica furiosa quando ferem seus animais e, principalmente, quando os caçadores caçam sem necessidade. Para proteger os animais a Hamãy atrai o caçador para o meio da mata fazendo ele ficar longe de sua casa, perdido na mata. Se ele não for esperto, pode ficar perdido para sempre na mata, vagando sempre no mesmo lugar.
Para os índios, o vento foi virado por um velho índio cabeludo, narigudo e que tinha um bocão. Hoje ele tem asas, por isso é que venta.
Asas que viram o vento
145144
O Pé de Machado é um ser que vive na mata. Ele é muito cabeludo, tem queixo grande, unhas enormes e os pés como um machado. Isso o deixa muito assutador.Mas não se preocupe, pois, atualmente, ele é apenas um espírito. O que ele mais gosta é de mel e de assustar os homens que gostam de tirar mel.
Pé de Machado
A Caveira é um ser que vive no pé de goti. Quando alguém quer pegar goti e, se a caveira estiver por perto, não deixa ninguém chegar no pé de goti. A caveira tem cabeça sem cabelo, olhos fundos, dente de fora e anda arrastando suas tripas pelo chão.
Caveira
O Pai da Mata, como o próprio nome já fala, é o protetor da mata! Ele é muito grande, cabeludo, possui o umbigo grande, unhas enormes e olhos grandes, bem redondos e avermelhados. Quando ele quer assustar alguém que está destruindo a mata, ele se transforma numa palmeira chamada piaçaba.
Pai da Mata
147146
O Lombêta é um ser que fica nas roças de mandioca a espera dos índios que tiram a mandioca para fazer cauim, pois ele gosta muito de beber cauim. O cauím é uma bebida feita de mandioca.O Lombêta é barrigudo, com boca bicuda e a língua é comprida, boa para beber cauim. Quando o Lombêta bebe cauim, a bebida fica espumada, então fica ruim para nós bebermos.
Lombêta
A Velha do Pirulito
Cafú
A Velha do Pirulito é um ser que vive na mata.Ela usa seu pirulito no peito para atrair as crianças e levá-las para a mata e depois comê-las.O pirulito é feito de mel de abelha e cheira muito longe, o que deixa as crianças abobadas e fáceis presas para a Velha do Pirulito.
151150
FESTAS DAS ÁGUAS
O dia 05 de outubro é uma data muito importante para o povo Pataxó, pois
nesta data fazemos o nosso ritual chamado Festas das Àguas.
Neste dia, nos reunimos para darmos boas vindas à chuva que traz com ela muita
fartura, e agradecemos a Niamissu pela fartura que tivemos, e a que ainda iremos
ter. Reunimos os jovens, adultos, crianças e velhos para dançar o Awê. Este é um
ritual sagrado, no qual dançamos e cantamos para chamar os bons espíritos que
irão trazer boas energias e muita força para lutarmos por um mundo e uma
vida melhores. Pedimos força para as nossas crianças, pois elas são o nosso
futuro, e que nunca deixarem esse ritual importante se perder no tempo. Pedimos
saúde para os nossos mais velhos, para que eles vivam muito e passem pra nós
toda sabedoria, e nos ensinem e contem suas histórias de vida, para sermos
fortes e guerreiros como eles.
A festa das águas começa bem cedo, ao clarear do dia
todos se levantam. As mulheres fazem o café, todos
tomam o café juntos e logo depois os homens
se preparam, trocam de roupa e se pintam para
receber o Pai da Mata. As moças também se
preparam para o ritual, elas pintam as crianças e
se pintam para as brincadeiras.
As mulheres mais velhas fazem o almoço. O
momento antes do almoço é para reflexão,
distração, harmonia e comunicação entre os
membros da comunidade. Na hora do
almoço, descansamos e começamos a nos
preparar para o Awê. Enquanto os homens
vão para um lugar dentro da mata buscar o
Pai da Mata, as mulheres vão para outro
lugar, separado dos homens.
153152
No momento do Awê, os homens caminham até a mata para buscar o Pai da Mata,
as mulheres ficam em outro lugar. Os homens começam a cantar e as mulheres
os acompanham nos cantos, juntos eles se encontram na cabana. Então
começa o ritual, e junto com o Pai da Mata dançamos e cantamos o Awê.
Neste momento, o Pai da Mata nos transmite toda a sua força e sabedoria.
Depois os homens levam o Pai da Mata para o seu lugar, então eles voltam e
começam as brincadeiras. Neste dia, as brincadeiras que mais brincamos são:
cabo de guerra, derruba o toco, brincadeiras de bambu, corrida de maracá e tiro
ao alvo com arco e flecha.
Para os Pataxó, não são apenas brincadeiras, mas sim uma maneira
de observar se o espiríto de guerreiro Pataxó ainda vive em cada
um. A partir das brincadeiras, conhecemos melhor as pessoas, do
que elas são capazes e se seus sentidos funcionam perfeitamente.
Se elas têm as condições físicas e mentais para serem grandes
guerreiros, como nossos antepassados.
PRESERVANDO OS CÓRREGOS DA ALDEIA
No nosso córrego não tem lixo, pois o lixo não é bom para
a saúde da comunidade, principalmente para as crianças
que gostam de tomar banho no córrego.
Sempre falamos, para o nosso parente, da preservação
das árvores ao redor do córrego. Se nós não preservarmos
a água, aos poucos vai acabando e não vamos deixar isso
acontecer, pois viemos da água.
Um dia, no céu, formou uma grande
nuvem e começou a chover, cada pingo
de chuva que caía chocava na Terra e
ía se transformando em índio Pataxó. Por
isso, nós cuidamos da água, pois ela é um
pedaço de nós, Pataxó.
156 157
Cantos Pataxó
Faixa 1: Música do AlfabetoFaixa 2: Música da PassaradaFaixa 3: Música das VogaisFaixa 4: Música das VogaisFaixa 5: ÃgohóFaixa 6: Dawê Mayão ÎhéFaixa 7: Iõ NiamissuFaixa 8:Kanã PataxíFaixa 9: TibiriçaFaixa 10: Utxei Ekpõy MikayFaixa 11: AktxéFaixa 12: Mikay ÃtxuabFaixa 13: Atõ AtõFaixa 14: Pataxó Muká MukaúFaixa 15: Yõ HayõFaixa 16: TaputaryFaixa 17: TamanyãFaixa 18: Âgpôy
Agradeço a toda comunidade Pataxó, em especial a Aldeia Imbiruçu com seus jovens, adultos, crianças e velhos que nos ajudaram com desenhos e vozes para os cantos:
Homem
Nionactim
Crianças
Txawã
Mulher
Tamaniã
Txonãg (cacique)
Soĩ (vice cacique)
Waketãn
Buriti
Aricurí
Mabaço
Uru
Kaiano
Judinê
Araritana
Mayry
Hamãngui
Mika
Arapaynã
Ouricana
Tawane
Nayá
Samara
Wareti
Juruti
Ãgoho
Itohã
Akanawã
Indhyayane
Wanawana
Kézela
Ixonang
Tarawí
Harakinawã
Nionactin
Iamãny
E, também, agradeço ao Vlad Poenaru, Maria Inês de Almeida, Anna Gobel, Beto Militani e Liliana Vasconcelos, sem os quais este trabalho não seria publicado.