Jurisprudência Previdenciário !

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. AGRAVAMENTO DA LESÃO INCAPACITANTE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. Deve ser considerado, para fins de auxílio-acidente, o percentual estabelecido pela lei vigente no momento em que se dá o agravamento das lesões incapacitantes do beneficiário, e não o do momento em que o benefício foi concedido inicialmente. O agravamento da lesão incapacitante tem como consequência a alteração do auxílio- acidente, sendo considerado um novo fato gerador para a concessão do benefício. Dessa forma, o agravamento da lesão gera a concessão de um novo benefício, devendo-se aplicar a lei em vigor na data do fato agravador, por incidência do princípio tempus regit actum. AgRg no REsp 1.304.317-SP , Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 4/12/2012. DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. TERMO A QUO PARA PAGAMENTO DE AUXÍLIO-ACIDENTE. O termo inicial para pagamento de auxílio-acidente é a data da citação da autarquia previdenciária se ausente prévio requerimento administrativo ou prévia concessão de auxílio- doença. O laudo pericial apenas norteia o livre convencimento do juiz quanto a alguma incapacidade ou mal surgido anteriormente à propositura da ação, sendo que a citação válida constitui em mora o demandado (art. 219 do CPC). Precedentes citados: EREsp 735.329-RJ, DJe 6/5/2011; AgRg no Ag 1.182.730-SP, DJe 1º/2/2012; AgRg no AgRg no Ag 1.239.697-SP, 5/9/2011, e REsp 1.183.056-SP, DJe 17/8/2011. AgRg no AREsp 145.255-RJ , Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/11/2012. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO POR TRABALHADOR COM IDADE INFERIOR A 14 ANOS EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. O tempo de serviço em atividade rural realizada por trabalhador com idade inferior a 14 anos, ainda que não vinculado ao Regime de Previdência Social, pode ser averbado e utilizado para o fim de obtenção de benefício previdenciário. Comprovada a atividade rural do trabalhador com idade inferior a 14 anos e realizada em regime de

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. AGRAVAMENTO DALESÃO INCAPACITANTE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO TEMPUS REGITACTUM.

Deve ser considerado, para fins de auxílio-acidente, opercentual estabelecido pela lei vigente no momento em quese dá o agravamento das lesões incapacitantes dobeneficiário, e não o do momento em que o benefício foiconcedido inicialmente. O agravamento da lesãoincapacitante tem como consequência a alteração do auxílio-acidente, sendo considerado um novo fato gerador para aconcessão do benefício. Dessa forma, o agravamento da lesãogera a concessão de um novo benefício, devendo-se aplicar alei em vigor na data do fato agravador, por incidência doprincípio tempus regit actum. AgRg no REsp 1.304.317-SP, Rel.Min. Ari Pargendler, julgado em 4/12/2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. TERMO AQUO PARA PAGAMENTO DE AUXÍLIO-ACIDENTE.

O termo inicial para pagamento de auxílio-acidente é a datada citação da autarquia previdenciária se ausente préviorequerimento administrativo ou prévia concessão de auxílio-doença. O laudo pericial apenas norteia o livreconvencimento do juiz quanto a alguma incapacidade ou malsurgido anteriormente à propositura da ação, sendo que acitação válida constitui em mora o demandado (art. 219 doCPC). Precedentes citados: EREsp 735.329-RJ, DJe 6/5/2011;AgRg no Ag 1.182.730-SP, DJe 1º/2/2012; AgRg no AgRg no Ag1.239.697-SP, 5/9/2011, e REsp 1.183.056-SP, DJe17/8/2011. AgRg no AREsp 145.255-RJ, Rel. Min. NapoleãoNunes Maia Filho, julgado em 27/11/2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO PORTRABALHADOR COM IDADE INFERIOR A 14 ANOS EM REGIME DEECONOMIA FAMILIAR.

O tempo de serviço em atividade rural realizada portrabalhador com idade inferior a 14 anos, ainda que nãovinculado ao Regime de Previdência Social, pode seraverbado e utilizado para o fim de obtenção de benefícioprevidenciário. Comprovada a atividade rural do trabalhadorcom idade inferior a 14 anos e realizada em regime de

economia familiar, esse tempo deve ser computado para finsprevidenciários. A proibição do trabalho às pessoas commenos de 14 anos de idade foi estabelecida em benefício dosmenores e não deve ser arguida para prejudicá-los.Precedentes citados: AR 3.629-RS, DJe 9/9/2008, e EDcl noREsp 408.478-RS, DJ 5/2/2007. AR 3.877-SP, Rel. Min. MarcoAurélio Bellizze, julgada em 28/11/2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PROVA.RECLAMAÇÃO TRABALHISTA.

A sentença trabalhista, por se tratar de decisão judicial,pode ser considerada como início de prova material para aconcessão do benefício previdenciário, bem como pararevisão da renda mensal inicial, ainda que a autarquiaprevidenciária não tenha integrado a contendatrabalhista. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.428.497-PI,DJe 29/2/2012, e AgRg no REsp 1.100.187-MG, DJe26/10/2011. EDcl no AgRg no AREsp 105.218-MG, Rel. Min.Humberto Martins, julgado em 23/10/2012.

DIREITO ADMINISTRATIVO. PENSÃO POR MORTE. ESTUDANTEUNIVERSITÁRIO. PRORROGAÇÃO DO BENEFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.

Não é possível estender a pensão por morte até os 24 anosde idade pelo fato de o filho beneficiário ser estudanteuniversitário. A jurisprudência do STJ pacificou oentendimento de que a pensão por morte rege-se pela leivigente à época do óbito do segurado. Assim, estabelecendoo art. 77, § 2º, II, da Lei n. 8.213/1991 a cessação dapensão por morte ao filho que completar 21 anos de idade,salvo se for inválido, não há como, à míngua de amparolegal, estendê-la até os 24 anos de idade quando obeneficiário for estudante universitário. Precedentescitados: REsp 1.269.915-RJ, DJe 13/10/2011; AgRg no Ag1.076.512-BA, DJe 3/8/2011, e AgRg no REsp 1.126.274-MS,DJe 2/8/2010. REsp 1.347.272-MS, Rel. Min. Herman Benjamin,julgado em 18/10/2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. CONTAGEM DE TEMPO DE ATIVIDADERURAL PARA APOSENTADORIA COMO TRABALHADOR URBANO.DESNECESSIDADE DE CONTRIBUIÇÃO.

Não é necessário o recolhimento de contribuiçõesprevidenciárias relativas ao exercício de atividade ruralanterior à Lei n. 8.213/1991 para fins de concessão deaposentadoria urbana pelo Regime Geral da PrevidênciaSocial, salvo em caso de mudança de regime previdenciário,do geral para o estatutário. Precedentes citados: AgRg noREsp 871.413-SP, DJe 17/11/2008, e AR 3.629-RS, DJe9/9/2008. AR 3.180-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,julgada em 24/10/2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALORMÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS NA COMPOSIÇÃO DARENDA FAMILIAR.

O benefício previdenciário de valor mínimo recebido porpessoa acima de 65 anos não deve ser considerado nacomposição da renda familiar, para fins de concessão dobenefício assistencial a outro membro da família, conformepreconiza o art. 34, parágrafo único, da Lei n. 10.741/2003(Estatuto do Idoso). Precedentes citados: Pet 7.203-PE, DJe11/10/2011, AREsp 232.991-SC, DJe 25/9/2012; AgRg no Ag1.394.595-SP, DJe 9/5/2012, e AgRg no REsp 1.247.868-RS,DJe 13/10/2011. AgRg no AREsp 215.158-CE, Rel. Min. MauroCampbell Marques, julgado em 18/10/2012.

DIREITO ADMINISTRATIVO. DESCONTO RETROATIVO. CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA SOBRE GRATIFICAÇÃO NÃO RECOLHIDA.

Não é possível descontar, retroativa e diretamente emfolha, os valores referentes à contribuição previdenciáriaincidente sobre gratificação recebida por servidor públicoquando a Administração deixa de recolher, por erro, naépoca própria. Em razão da natureza tributária da parcela,sua cobrança deve observar as normas do direito tributário,assegurando ainda ao servidor o direito ao contraditório eà ampla defesa. Precedentes citados: AgRg no AREsp 14.264-RJ, DJe 18⁄4⁄2012; AgRg nos EDcl no REsp 962.676-SC, DJe15⁄6⁄2010, e AgRg no REsp 388.788-SC, DJe 19⁄3⁄2009. AgRgno AREsp 95.329-RO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgadoem 23/10/2012.DIREITO PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO ESPECIAL. TRABALHO URBANO

DE INTEGRANTE DO GRUPO FAMILIAR. RECURSO REPETITIVO (ART.543-C DO CPC E RES. N. 8/2008-STJ).

O fato de um dos integrantes da família exercer atividadeincompatível com o regime de economia familiar nãodescaracteriza, por si só, a condição de segurado especialdos demais componentes. A legislação previdenciáriaestabeleceu a possibilidade de um dos membros do grupofamiliar exercer atividade estranha ao regime desubsistência (arts. 11, VII, § 9º, da Lei n. 8.213/1991 e9º, § 8º, do Dec. n. 3.048/1999). Assim, a leidescaracteriza como segurado especial apenas o integranteda família que se desvinculou do meio rural. O trabalhourbano de um dos membros do grupo familiar nãodescaracteriza, por si só, a situação de seguradosespeciais dos demais integrantes, devendo ser averiguadopelas instâncias ordinárias se o trabalho rural édispensável para a subsistência do grupo familiar. Dessaforma, a extensão de prova material em nome de um cônjugeao outro não é possível quando aquele passa a exercertrabalho urbano, devendo a prova material ser apresentadaem nome próprio. Precedentes citados: AgRg no REsp1.218.286-PR, DJe 28/2/2011; AgRg no REsp 1.221.591-PR, DJe28/3/2011; AgRg no REsp 1.118.677-SP, DJe 29/3/2010; AgRgno REsp 885.695-SP, DJe 1º/12/2008; AgRg no Ag 1.239.770-SP, DJe 17/2/2012; AgRg no REsp 1.104.311-SP, DJe12/5/2011; AgRg no REsp 1.224.486-PR, DJe 26/9/2011; AgRgno REsp 1.296.889-MG, DJe 21/3/2012; AgRg no REsp1.237.972-PR, DJe 5/3/2012; AgRg no Ag 1.239.770-SP, DJe17/2/2012; AgRg no REsp 1.103.205-SP, DJe 1º/7/2011, e AgRgno REsp 1.104.311-SP, DJe 12/5/2011. REsp 1.304.479-SP,Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 10/10/2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. COMPROVAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇORURAL. BOIA-FRIA. APRESENTAÇÃO DE PROVA PARA OBTENÇÃO DOBENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚM. N. 149/STJ.RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. N. 8/2008-STJ).

Aplica-se a Súm. n. 149/STJ aos trabalhadores ruraisdenominados “boias-frias”, sendo imprescindível aapresentação de início de prova material para obtenção debenefício previdenciário. A apresentação de prova material

de apenas parte do lapso temporal não implica violação daSúm. n. 149/STJ, cuja aplicação é mitigada se a reduzidaprova material for complementada por prova testemunhalidônea. A prova exclusivamente testemunhal é insuficientepara comprovação da atividade laborativa do trabalhadorrural, sendo indispensável que ela venha corroborada porrazoável início de prova material, a teor do art. 55, § 3º,da Lei n. 8.213/1991 e do enunciado n. 149 da Súmula doSTJ. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.309.694-PR, DJe11/5/2012; AgRg no AgRg no Ag 1.161.240-SP, DJe 13/6/2012;AgRg no REsp 1.213.305-PR, DJe 8/3/2012; AgRg no REsp1.326.080-PR, DJe 14/9/2012; AgRg no REsp 1.208.136-GO, DJe30/5/2012, e AgRg no AREsp 162.768-GO, DJe 21/8/2012. REsp1.321.493-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em10/10/2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. MEIOS DEPROVA DA CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE.

O critério previsto no art. 20, § 3º, da Lei n. 8.742/1993(renda mensal per capitainferior a ¼ do salário mínimo) nãoimpede a concessão do correspondente benefícioassistencial, desde que comprovada, por outros meios, amiserabilidade do postulante.A CF assegura um saláriomínimo de benefício mensal à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios deprover à própria manutenção ou de tê-la provida por suafamília. A Lei n. 8.742/1993 dispõe que a concessão dessebenefício será devido a quem não possua meios de prover suamanutenção ou cuja família possua renda mensal per capitainferior a ¼ do salário mínimo. No julgamento do REsp1.112.557-MG, representativo de controvérsia, o STJ firmouo entendimento de que a limitação do valor da renda percapita familiar não deve ser considerada a única forma decomprovar que a pessoa não possui outros meios para provera própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,visto que esse critério é apenas um elemento objetivo paraaferir a necessidade. Ademais, no âmbito judicial vige oprincípio do livre convencimento motivado do juiz, não osistema de tarifação legal de provas. Assim, essadelimitação do valor da renda familiar per capita não deveser tida como único meio de prova da condição demiserabilidade do beneficiado, não podendo vincular o

magistrado a um elemento probatório sob pena de cercear oseu direito de julgar. Precedente citado: REsp 1.112.557-MG, DJe 20/11/2009. AgRg no AREsp 224.185-SP, Rel. Min.Teori Albino Zavascki, julgado em 2/10/2012.

DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA TERCEIRIZADA. RESPONSABILIDADEDA EMPRESA TOMADADORA DO SERVIÇO.

A partir da redação do art. 31 da Lei n. 8.212/1991 dadapela Lei n. 9.711/1998, a empresa contratante éresponsável, com exclusividade, pelo recolhimento dacontribuição previdenciária por ela retida do valor brutoda nota fiscal ou fatura de prestação de serviços,afastada, em relação ao montante retido, a responsabilidadesupletiva da empresa prestadora cedente de mão de obra. Emconsonância com o exposto pela Primeira Seção desta Corteno julgamento do REsp 1.131.047-MA, DJe 2/12/2010,representativo de controvérsia, a responsabilidade pelorecolhimento da contribuição previdenciária retida na fonteincidente sobre a mão de obra utilizada na prestação deserviços contratados é exclusiva do tomador do serviço, nostermos do art. 33, § 5º, da Lei n. 8.212/1991, não havendofalar em responsabilidade supletiva da empresacedente. AgRg no AgRg no REsp 721.866-SE, Rel. Min. ArnaldoEsteves Lima, julgado em 20/9/2012.

RECURSO REPETITIVO. CUMULAÇÃO DE APOSENTADORIA COM AUXÍLIO-ACIDENTE. MOMENTO DA LESÃO.

A Seção, ao apreciar o REsp submetido ao regime do art.543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ, consolidou oentendimento de que a cumulação de auxílio-acidente comproventos de aposentadoria só é possível se a eclosão dadoença incapacitante e a concessão da aposentadoria foremanteriores à alteração do art. 86, §§ 2º e 3º, da Lei n.8.213/1991, promovida pela MP n. 1.596-14/1997, queposteriormente foi convertida na Lei n. 9.528/1997. Quantoao momento em que ocorre a lesão incapacitante em casos dedoença profissional ou do trabalho, deve ser observada adefinição do art. 23 da Lei n. 8.213/1991, segundo o qualse considera “como dia do acidente, no caso de doençaprofissional ou do trabalho, a data do início da

incapacidade laborativa para o exercício da atividadehabitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia emque for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito oque ocorrer primeiro”. Precedentes citados: REsp 1.244.257-RS, DJe 19/3/2012; AgRg no AREsp 163.986-SP, DJe 27/6/2012;REsp 537.105-SP, DJ 17/5/2004, e AgRg no REsp 1.076.520-SP,DJe 9/12/2008. REsp 1.296.673-MG, Rel. Min. HermanBenjamin, julgado em 22/8/2012.

 

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 1O Plenário iniciou julgamento conjunto de recursosextraordinários — interpostos pelo Instituto Nacional doSeguro Social – INSS — em que se discute, à luz do art.203, V, da CF (“Art. 203. A assistência social seráprestada a quem dela necessitar, independentemente decontribuição à seguridade social, e tem por objetivos: … V– a garantia de um salário mínimo de benefício mensal àpessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovemnão possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”), aconcessão de benefício assistencial a idoso e a pessoa comdeficiência, considerado o cálculo de renda familiar percapita estipulado pelo art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93[“Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantiade um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e aoidoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família ... § 3º Considera-se incapaz deprover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa afamília cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4(um quarto) do salário mínimo”] e pelo art. 34, parágrafoúnico, da Lei 10.741/2003 [“Art. 34. Aos idosos, a partirde 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios paraprover sua subsistência, nem de tê-la provida por suafamília, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social -Loas. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquermembro da família nos termos do caput não será computadopara os fins do cálculo da renda familiar per capita a que

se refere a Loas”].RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985) RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 2O Min. Marco Aurélio, relator do RE 567985/MT, tendo emconta as particularidades reveladas na decisão recorrida,negou provimento ao recurso. Destacou que o benefícioprevisto no art. 203, V, da CF, seria especialização dosprincípios maiores da solidariedade social e da erradicaçãoda pobreza, versados no art. 3º, I e III, da CF. Ademais,concretizaria a assistência aos desamparados, estampada noart. 6º, caput, do mesmo diploma. Portanto, ostentaria anatureza de direito fundamental. Lembrou que o constituinteassegurara a percepção de um salário mínimo por mês aosdeficientes e aos idosos, bem como exigira-lhes acomprovação de não possuírem meios de prover a própriamanutenção ou de tê-la provida pela família, nos termoslegais. Observou que o STF, na ADI 1232/DF (DJU de 9.9.98),assentara a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da Lei8.742/93. Considerou desejável que certos conteúdosconstitucionais fossem interpretados à luz da realidadeconcreta da sociedade e afirmou que a lei teria papelcrucial na definição de limites para a manutença danormatividade constitucional. Rememorou caber à Corte,entretanto, sopesar as concretizações efetuadas pelolegislador. Na tensão entre a normatividade constitucional,a infraconstitucional e a facticidade inerente ao fenômenojurídico, incumbiria ao Supremo resguardar a integridade daConstituição.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 3Aduziu que a cláusula constitucional “não possuir meios deprover a própria manutenção ou de tê-la provida por suafamília” objetivaria conferir proteção social àqueles

incapazes de garantir a respectiva subsistência, à luz dadignidade humana e de outros princípios já referidos.Invocou doutrina no sentido de que aquele postulado seriadecomposto em três elementos: a) valor intrínseco; b)autonomia; e c) valor comunitário. Em relação ao primeirodeles, consignou que a dignidade requereria oreconhecimento de que cada indivíduo seria um fim em simesmo. Impedir-se-ia, de um lado, a funcionalização doindivíduo e, de outro, afirmar-se-ia o valor de cada serhumano independentemente de suas escolhas, situação pessoalou origem. Reputou inequívoco que deixar desamparado um serhumano desprovido inclusive dos meios físicos para garantira própria manutenção, tendo em vista a idade avançada ou adeficiência, representaria expressa desconsideração domencionado valor. Salientou que a insuficiência de meios,de que trataria a Constituição, não seria o único critério,porquanto a concessão do benefício pressuporia aincapacidade de o sustento ser provido por meio próprio oupela família, a reforçar a necessidade de proteção social.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 4No tocante à autonomia, frisou que a dignidade protegeria oconjunto de decisões e atitudes a respeito da vida de umindivíduo. Reconheceu que a Corte, no julgamento da ADPF132/RJ (DJe de 14.10.2011), protegera essa concepção doprincípio. O relator assentou, ainda, que a previsão doart. 203, V, da CF, na medida em que forneceria condiçõesmateriais mínimas para a busca da construção de um ideal devida boa, também operaria em suporte desse viésprincipiológico. No que respeita ao valor comunitário,sublinhou que o instituto atuaria como limitador doexercício de direitos individuais. Estaria incluída nesseponto a ideia maior de solidariedade social, alçada àcondição de princípio pela Constituição, em seu art. 3º, I.Assinalou a relação entre a dignidade e: a) a proteçãojurídica do indivíduo simplesmente por ostentar a condiçãohumana; e b) o reconhecimento de esfera de proteção

material do ser humano, como condição essencial àconstrução da individualidade e à autodeterminação notocante à participação política. No ponto, concluiu existircerto grupo de prestações essenciais que se deveriafornecer ao ser humano para simplesmente ter capacidade desobreviver e que o acesso a esses bens — mínimo existencial— constituiria direito subjetivo de natureza pública.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 5Registrou o dever estatal de entregar um conjunto deprestações básicas necessárias à sobrevivência individual.Asseverou que o constituinte instituíra-o no art. 6º da CF,no qual compelir-se-ia aos Poderes Públicos a realização depolíticas a remediar, ainda que minimamente, a situação demiséria dos desamparados. Advertiu que a concretizaçãolegislativa dos referidos princípios, no caso concreto, nãoteria sido suficiente, pois a renda mensal per capitafamiliar da recorrida seria pouco superior a ¼ do saláriomínimo vigente à época, e inferior ao montante equivalentehoje em dia. Apontou que, não obstante, o valor atualestaria muito além da linha de pobreza estipulada peloBanco Mundial. Portanto, à luz do salário mínimo em vigor,o critério legal poderia ser reputado razoável, mas nãodiante do salário vigente quando iniciado o processo.Analisou que, ao declarar a constitucionalidade dodispositivo da Lei 8.742/93, a Corte o fizera considerado oparâmetro do salário mínimo à época do julgamento. Dessaforma, com o avanço da inflação e os reajustessubsequentes, seria possível que se desenhasse novo quadro,discrepante dos objetivos constitucionais, como nos autos:família composta por casal de idosos e criança deficiente.Acresceu que, de todo modo, a legislação proibiria apercepção simultânea de mais de um benefício de assistênciasocial (Lei 8.742/93, art. 20, § 4º). Deduziu que seriapatente que o art. 20, § 3º, do mesmo diploma, embora nãofosse, por si só, inconstitucional, teria gerado situaçãoconcreta de inconstitucionalidade. Articulou que a

incidência da regra traduziria falha no dever, criado pelaConstituição, de plena e efetiva proteção dos direitosfundamentais, que possuiriam duas facetas: a) negativa,consistente na proteção do indivíduo contra arbitrariedadesprovenientes dos Poderes Públicos; e b) criação de deveresde agir (deveres permanentes de efetividade), sob pena decensura judicial.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 6Comentou estar-se diante de realidade em que aconcretização do princípio da dignidade humana e do deverespecífico de proteção dos hipossuficientes encontrar-se-iaaquém do texto constitucional. Deduziu emergir comoparâmetro de aferição de constitucionalidade daintermediação legislativa de direitos fundamentais oprincípio da proibição de concretização deficitária, cujofundamento radicar-se-ia no dever, imputável ao Estado, depromover a edição de leis e as ações administrativasefetivas para proteger esses direitos. Enfatizou existirsolução hermenêutica para a questão. Nesse sentido, frisouque se teria a constitucionalidade em abstrato, consoantedecidido pelo STF, mas a inconstitucionalidade em concreto,consideradas as circunstâncias temporais e os parâmetrosfáticos revelados. Mencionou, entretanto, que permitir areabertura de discussão acerca de dispositivosconstitucionais e legais, já debatidos pelo PoderLegislativo, a cada novo processo judicial, seria arriscadosob dois enfoques. Primeiro, viabilizaria que o juízodesatendesse soluções adotadas consoante processo políticomajoritário e fizesse prevalecer as próprias convicções emsubstituição às escolhidas pela sociedade, o que retirariaa legitimidade da função jurisdicional. Segundo, trariainsegurança ao sistema. Portanto, diferentemente daponderação de princípios, a envolver o conflito entre doisvalores materiais, o cotejo de regras exigiria osopesamento não só do próprio valor veiculado pelodispositivo, como também da segurança jurídica e da

isonomia.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 7Entendeu possível assentar a prevalência da leituraconstitucional impugnada sobre esses elementos sistêmicos.Ocorre que a decisão veiculada na regra infralegal não sesobreporia à estampada na Constituição. No confronto devisões, prevaleceria a que melhor concretizasse o princípioconstitucional da dignidade humana, de aplicaçãoprioritária no ordenamento. Elucidou que, quanto àsconsiderações sobre segurança jurídica e isonômica, tambémelas deveriam ceder àquele postulado maior. A respeito doargumento relativo à reserva do possível, ressurtiu que obenefício de assistência social teria natureza restrita.Não bastaria a miserabilidade, mas impor-se-ia ademonstração da incapacidade de buscar o remédio para essasituação em decorrência de especiais circunstânciasindividuais. Desse modo, essas pessoas não poderiam sercolocadas em patamar de igualdade com os demais membros dacoletividade, pois gozariam de prioridade na ação doEstado. Quanto aos idosos, o art. 203 da CF atribuiria àcoletividade a tarefa de ampará-los e assegurar-lhes adignidade. No que concerne aos deficientes, os dispositivosa tutelá-los seriam os artigos 7º, XXXI; 23, II; 24, XIV;37, VIII; 40, § 4º, I; 201, § 1º; 203, IV e V; 208, III;227, § 1º, II, e § 2º; e 244, todos da CF. Além disso, asuperação de regra legal deveria ser feita com parcimônia.Assim, os juízes haveriam de apreciar, de boa-fé, conformea prova produzida, o estado de miséria. Acrescentou que ocritério de renda atualmente estabelecido estaria além dospadrões para fixação da linha de pobreza internacionalmenteadotados. Dessa maneira, a superação da regra seriaexcepcional. Ademais, o orçamento não possuiria valorabsoluto. Sua natureza multifária abriria espaço paraencampar atividade assistencial, de importância superlativano contexto da CF/88.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-

567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 8Dessumiu não sugerir a superação do que decidido na ADI1232/DF, pois a declaração de inconstitucionalidade do art.20, § 3º, da Lei 8.742/93 retiraria o suporte de legalidadea nortear a atividade administrativa (CF, art. 37, caput).Estatuiu que o STF viria se negando a proclamar nulidade delei que padeceria de vício de inconstitucionalidade poromissão parcial, o que pioraria quadro não adequadoplenamente à Constituição. Esclareceu que as prestaçõesbásicas que comporiam o mínimo existencial se modificariamcom o passar do tempo, então as definições legais namatéria seriam contingentes, embora importantes. Fixariampatamares gerais para atuação da Administração, epermitiriam margem de certeza quanto ao grupo geral defavorecidos pela regra, a impactar a programação financeirado Estado. Explicitou não comungar com a óptica docolegiado prolator da decisão recorrida, no sentido daderrogação do art. 20, § 3º, pelas Leis 9.533/97 e10.689/2003. Conquanto o critério objetivo de aferição damiserabilidade adotado nas referidas leis fosse diverso(meio salário mínimo), destinar-se-iam a outros tipos debenefícios: programa de renda mínima municipal e programanacional de alimentação, respectivamente. Na Lei 9.533/97,o valor do benefício seria bem inferior ao salário mínimo;na Lei 10.689/2003, não haveria sequer fixação de quantia.No ponto, concluiu que o parâmetro revelado no art. 20, §3º, teria sido reiterado pela Lei 12.435/2011. Realçou nãoser heterodoxa a solução proposta, uma vez que a Corte, nojulgamento da ADI 223 MC/DF (DJU de 29.6.90), assentara apossibilidade de magistrados, no exercício do controledifuso, deixarem de aplicar determinada regra em incidênciainconstitucional. Sintetizou que, sob o ângulo da regrageral, deveria prevalecer o critério fixado pelo legisladorno art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93. Ante razões excepcionaisdevidamente comprovadas, seria dado ao intérprete constatarque a aplicação da lei à situação concreta conduziria àinconstitucionalidade, presente o parâmetro material da

Constituição (miserabilidade). Nesses casos, o juízopoderia superar a norma sem declará-la inconstitucional, aprevalecerem os ditames constitucionais.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 9O Min. Gilmar Mendes, relator do RE 580963/PR, negouprovimento ao recurso. Ressaltou haver esvaziamento dadecisão tomada na ADI 1232/DF, especialmente por verificarque inúmeras reclamações ajuizadas teriam sido indeferidasa partir de circunstâncias específicas. Chamou atenção parapossibilidade de inconstitucionalização do art. 20, § 3º,da Lei 8.742/93. Relembrou o caso da progressão de regimeem que o Tribunal, após ter reconhecido aconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 — oqual dispunha que a pena pela prática de crimes hediondosseria cumprida em regime integralmente fechado —, declararaa sua inconstitucionalidade. Mencionou que esse processo deinconstitucionalização ocorrera, quer a partir de mudançanas circunstâncias fáticas, quer nas jurídicas, quer noplexo de relação entre ambas. Sublinhou que hoje,provavelmente, o Supremo não assentaria a mesma orientaçãofixada, em 1998, na ADI 1232/DF. Assinalou que ajurisprudência atual superaria, em diversos aspectos, osentendimentos naquela época adotados quanto à omissãoinconstitucional, inclusive a respeito da possibilidade de,em hipótese de omissão parcial, valer-se da modulação deefeitos prevista no art. 27 da Lei 9.868/99, de modo adeixar a lei em vigor, sem reconhecer a sua nulidade.Ponderou que a declaração de nulidade agravaria o estado deinconstitucionalidade.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

Benefício de prestação continuada: tutela constitucional dehipossuficientes e dignidade humana – 10Aduziu que diversas normas estipularam critérios diferentes

de ¼ do salário mínimo, o que poderia gerar grave embaraçodo ponto de vista da isonomia. Consignou que, no Estatutodo Idoso (Lei 10.741/2003, art. 34), abrira-se exceção parao recebimento de 2 benefícios assistenciais de idoso, masnão permitira a percepção conjunta de benefício de idosocom o de deficiente ou de qualquer outro previdenciário.Reputou que o legislador incorrera em equívoco, pois, emsituação absolutamente idêntica, deveria ser possível fazera exclusão do cômputo do benefício, independentemente desua origem. Salientou que, do contrário, conferir-se-ia aolegislador não um poder discricionário, mas arbitrário. Porfim, declarou a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 daLei 8.742/93, sem pronúncia de nulidade, mantendo-o válidoaté dezembro de 2014. Após, pediu vista o Min. Luiz Fux.RE 567985/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 6.6.2012. (RE-567985)RE 580963/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2012. (RE-580963)

CUMULAÇÃO. AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSENTADORIA.

A Turma reiterou o entendimento dos órgãos julgadores daTerceira Seção (anterior à Emenda Regimental n. 14/2011) deque é impossível cumular auxílio-acidente comaposentadoria, se esta foi concedida após a Lei n.9.528/1997. O Min. Relator destacou que, na redaçãooriginal do art. 86 da Lei n. 8.213/1991, havia apossibilidade de cumulação dos dois benefíciosprevidenciários, contudo, após a edição da MP n. 1.596-14/1997, convertida na Lei n. 9.528/1997, foi extinta aprevisão de recebimento cumulativo de aposentadoria comauxílio-acidente. No caso, o beneficiário ora recorrente,que recebia auxílio-acidente, teve sua aposentadoriaconcedida após a citada modificação na lei, razão pela qualnão tem direito à pretendida cumulação. Precedentescitados: EREsp 590.319-RS, DJ 10/4/2006, e AgRg no AgRg noAg 1.375.680-MS, DJe 19/10/2011. REsp 1.244.257-RS, Rel.Min. Humberto Martins, julgado em 13/3/2012.

ED: vale-transporte e contribuição previdenciáriaO Plenário acolheu embargos declaratórios para esclarecerque a inconstitucionalidade do art. 4º da Lei 7.418/85 e doart. 5º do Decreto 95.247/87 seria tão somente para efeitos

fiscais, portanto, exclusivamente com o intuito de afastara incidência de contribuição previdenciária sobre o valorpago, em pecúnia, a título de vale-transporte pelorecorrente aos seus empregados — v. Informativo 578.Asseverou-se, também, o recebimento dos embargos semalteração do teor daqueloutro julgamento.RE 478410 ED/SP, rel. Min. Luiz Fux, 15.12.2011. (RE-478410) 

Contribuição previdenciária de inativos e pensionistas:isenção e patologias incapacitantes – 1O Plenário iniciou julgamento de ação direta deinconstitucionalidade, ajuizada pelo Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil, contra o art. 3º da Lei8.633/2005, do Estado do Rio Grande do Norte [“Art. 3º. Osaposentados e os pensionistas de qualquer dos Poderes doEstado, do Ministério Público e do Tribunal de Contas doEstado, incluídas suas autarquias e fundações, e dosMilitares Estaduais contribuirão para o regime próprio deprevidência social, com 11 % (onze por cento) incidentessobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias epensões que supere o limite máximo estabelecido para osbenefícios do regime geral de previdência social, fixadopela legislação federal. Parágrafo único. São isentos dacontribuição de que trata o caput deste artigo, osaposentados e pensionistas que sejam portadores depatologias incapacitantes, abrangidos pela isençãooferecida pela legislação do Imposto de Renda”]. O Min.Cezar Peluso, relator, acompanhado pelo Min. Dias Toffoli,julgou o pedido parcialmente procedente para dar aoparágrafo único do art. 3º da lei potiguar adversadainterpretação conforme a Constituição para que a isençãoestabelecida seja até o limite previsto no art. 40, § 21,da CF (“§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigoincidirá apenas sobre as parcelas de proventos deaposentadoria e de pensão que superem o dobro do limitemáximo estabelecido para os benefícios do regime geral deprevidência social de que trata o art. 201 destaConstituição, quando o beneficiário, na forma da lei, forportador de doença incapacitante”).ADI 3477/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 3.11.2011. (ADI-3477) 

Contribuição previdenciária de inativos e pensionistas:isenção e patologias incapacitantes – 2Registrou, de início, que o caput do preceito impugnadoestaria de acordo com o entendimento fixado na ADI 3105/DFe na ADI 3128 /DF (DJU de 27.4.2004). Em seguida, notocante ao parágrafo único, destacou ser norma extremamentesimpática do ponto de vista da justiça social, a qualdeveria valer para todos, sob pena de se criar tratamentoanti-isonômico. Salientou, ainda, que ela alcançaria grandeparte dos aposentados e pensionistas. Reputou que omencionado parágrafo único, ao conceder isenção total,seria mais amplo do que o § 21 do art. 40 da Constituição,que confere benefício limitado. Em divergência, o Min.Marco Aurélio considerou o pleito improcedente aofundamento de que haveria referência, na cláusula final dodispositivo, aos isentos quanto ao imposto de renda. Razãopela qual existente essa isenção, nada conduziria àaplicação da alíquota alusiva à contribuição. Além disso,asseverou que, se no âmbito federal os inativos epensionistas lograram isenção relativamente ao imposto derenda, não haveria obstáculo para que a obtivessem notocante à contribuição destinada aos cofres do Estado-membro. Após, pediu vista dos autos o Min. Luiz Fux.ADI 3477/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 3.11.2011. (ADI-3477)

Aposentadoria por invalidez: revisão de benefício einclusão de auxílio-doença – 1A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefícioprevidenciário anterior à respectiva vigência viola tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195, ambos daCF. Ao reafirmar essa orientação, o Plenário proveu recursoextraordinário, interposto pelo INSS, em que se apreciava apossibilidade, ou não, de aplicação do art. 29 da Lei8.213/91, na redação dada pela Lei 9.876/99, a qualestabeleceu que o valor do auxílio-doença fosse consideradosalário de contribuição para efeito de cálculo daaposentadoria por invalidez, a benefícios previdenciáriosconcedidos antes da respectiva vigência dessa nova redação.Salientou-se, de início, que a decisão impugnadadeterminara que os proventos do recorrido — aposentado porinvalidez precedida de auxílio-doença — fossem recalculados

segundo parâmetros utilizados para aposentadoria porinvalidez antecedida por períodos intercalados. Aduziu-seque o regime geral de previdência social possui carátercontributivo (CF, art. 201, caput), o que impediriainterpretações que resultassem em tempo ficto decontribuição. Além disso, destacou-se que a redaçãooriginal do caput do art. 29 da Lei 8.213/91, ao se referira salário de contribuição, instituto mencionado no art. 201da CF, em sua redação originária e na conferida pela EC20/98, fazia-o para que fosse computado, no cálculo dosalário de benefício, apenas o salário de contribuição dosmeses imediatamente anteriores ao afastamento da atividade.RE 583834/SC, rel. Min. Ayres Britto, 21.9.2011. (RE-583834)  

Aposentadoria por invalidez: revisão de benefício einclusão de auxílio-doença – 2Reputou-se que o § 5º do art. 29 do aludido diploma legal[“§ 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiverrecebido benefícios por incapacidade, sua duração serácontada, considerando-se como salário-de-contribuição, noperíodo, o salário-de-benefício que serviu de base para ocálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas ebases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior aovalor de 1 (um) salário mínimo”] seria exceção razoável àregra proibitiva de tempo de contribuição ficta, com baseno inciso II do art. 55 da mesma lei, uma vez queequacionaria a situação em que o afastamento precedente àaposentadoria por invalidez não seria contínuo, masintercalado com períodos de labor, nos quais recolhida acontribuição previdenciária, hipótese distinta da situaçãodos autos. Asseverou-se que o contexto não teria sidomodificado com o advento da Lei 9.876/99, porquanto aindicação feita a salário de contribuição permaneceria noinciso II do caput do art. 29 da Lei de Benefícios daPrevidência Social, que também passou a fazer alusão aperíodo contributivo. Por fim, concluiu-se que o § 7º doart. 36 do Decreto 3.048/99 (“§ 7º A renda mensal inicialda aposentadoria por invalidez concedida por transformaçãode auxílio-doença será de cem por cento do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensalinicial do auxílio doença, reajustado pelos mesmos índices

de correção dos benefícios em geral”) apenas explicitara acorreta interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 emcombinação com o inciso II do art. 55 e com os artigos 44 e61, todos da Lei 8.213/91. Precedentes citados: RE416827/SC (DJe de 26.10.2007) e RE 415454/SC (DJe de26.10.2007).RE 583834/SC, rel. Min. Ayres Britto, 21.9.2011. (RE-583834)

AUXÍLIO-ACIDENTE E APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO.

A Turma, em questão de ordem, proferiu juízo de retrataçãopara adotar entendimento firmado pelo Plenário do SupremoTribunal Federal, em repercussão geral, no sentido de queos benefícios previdenciários devem ser regulados pela leivigente ao tempo em que preenchidos os requisitosnecessários à sua concessão. No aludido julgamento,conclui-se pela impossibilidade de aplicação da leiposterior para o cálculo ou majoração dos benefícios jáconcedidos pelo INSS, exceto quando expressamente previstono novo diploma legal. Asseverou-se que, em razão doprincípio tempus regit actum, a aplicação da lei mais benéficasó teria incidência quando o acidente ocorrer na suavigência, pouco importando a data em que requerido. Revistoanterior posicionamento contrário do Superior Tribunal deJustiça sobre a matéria, com fundamento no art. 543-B, §3º, do CPC, a Turma negou provimento a diversos recursosespeciais. REsp 868.025-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgadoem 20/10/2011.

APOSENTADORIA. TEMPO DE SERVIÇO. VEREANÇA.

Trata-se, na origem, de ação declaratória de direito àaposentadoria em que o autor postula o cômputo do tempo deserviço do período no qual ocupou cargo de vereança(31/1/1977 a 29/3/1988), pretendendo equiparar sua condiçãode edil à de servidor público, portanto à de seguradoobrigatório da Previdência Social. O STJ manteve a decisãorecorrida por entender que a Lei n. 6.439/1977,regulamentada pelo Dec. n. 83.081/1979, vigente à época davereança do recorrente, em seus arts. 5º e 7º, § 3º, nãoinclui como servidor público os agentes políticos, entre osquais se enquadra o cargo de vereador. Também, conforme a

doutrina majoritária, há efetiva distinção entre osocupantes de cargo político, enquadrado aí o detentor demandato de vereança, e os chamados servidores públicos.Entende-se por agente político todo titular de cargoestrutural da organização política do País, constituinte daformação da vontade superior do Estado, cujo vínculo nãotem natureza profissional, mas sim política. E, porservidores públicos, entendem-se aqueles que detêm com oEstado uma relação de trabalho de natureza profissional, decaráter não eventual, sob vínculo de dependência,independente do regime, se estatutário ou celetista. Assim,aquele que não é segurado obrigatório somente pode terreconhecida a sua filiação à Previdência Social namodalidade facultativa, a qual pressupõe constanterecolhimento pelo requerente das contribuiçõesprevidenciárias correspondentes. In casu, o recorrente, alémde não recolher a contribuição correspondente ao interregnoem que exerceu seus mandatos, também não se enquadra emnenhuma das categorias de segurados obrigatórios previstasna legislação em vigor à época. Por isso, não há comoreconhecer o supracitado período para cômputo de tempo decontribuição. Com essas, entre outras considerações, aTurma negou provimento ao recurso. REsp 921.903-RS,Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/9/2011.

APOSENTADORIA. INVALIDEZ. ACRÉSCIMO. 25%. TERMO INICIAL.

O recorrente pleiteia, à luz do art. 45 da Lei n.8.213/1991, a retroação dos efeitos da decisão que lheconferiu o direito ao acréscimo de 25% sobre o benefício deaposentadoria por invalidez, em virtude de sua necessidadede assistência permanente, à data do agravamento de suaincapacitação, decorrente de um derrame cerebral. É quetanto o juízo de primeiro grau quanto o tribunal aquo entenderam que ocorreu o devido preenchimento dosrequisitos necessários à concessão do benefício aosegurado, destoando os julgados apenas no que se refereao dies a quo do pagamento. O primeiro admitiu a retroação eo segundo posicionou-se de modo diverso, no sentido de quea concessão do acréscimo legal depende da provocação aoINSS mediante requerimento administrativo. Diante disso, aTurma assentiu com o último entendimento. É que, de acordo

com o art. 42, § 1º, da lei já mencionada, a concessão daaposentadoria por invalidez depende da verificação dacondição de incapacidade do segurado mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social. A jurisprudência doSTJ é pacífica no sentido de que, quanto ao dies a quo daaposentadoria por invalidez, os efeitos financeiros doreconhecimento da moléstia devem retroagir à data dorequerimento administrativo. Do mesmo modo, a percepção doacréscimo previsto no art. 45 da lei supradita pressupõe ademonstração da necessidade de assistência permanente,aferível somente com a postulação administrativa do própriointeressado e o consequente exame médico-pericial do INSS.Com essas, entre outras considerações, a Turma negouprovimento ao recurso. Precedentes citados: AgRg no Ag1.107.008-MG, DJe 15/3/2010; REsp 475.388-ES, DJ 7/4/2003,e REsp 1.104.004-RS, DJe 1º/2/2010. REsp 897.824-RS, Rel.Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/9/2011.

AR. PENSÃO POR MORTE. REVISÃO. PERCENTUAL.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ajuizou a açãorescisória (AR) com fundamento no art. 485, V, do CPC pararescindir acórdão que aplicou lei nova mais benéfica àpensão por morte, o que possibilitou a gradativa elevaçãono cálculo da cota familiar do benefício previdenciário emmanutenção, mas concedido antes da vigência das Leis ns.8.213/1991, 9.032/1995 e 9.528/1997; ainda afirmava oacórdão que isso não configuraria retroação da lei nemofensa ao ato jurídico perfeito. Ressaltou o Min. Relatorque, à época do acórdão rescindendo, esse era oentendimento jurisprudencial deste Superior Tribunal,contudo foi alterado após decisões divergentes do STF.Então, o STJ passou a adotar o posicionamento do STF,segundo o qual os benefícios previdenciários concedidosantes da edição da Lei n. 9.032/1995 deveriam sercalculados de acordo com a lei vigente ao tempo daconcessão (aplicação do princípio lex tempus regit actum), salvose houver disposição expressa de lei e desde que atendida anecessidade de apontar prévia fonte de custeio. Quanto aopedido de devolução dos valores eventualmente recebidospela ré por força do acórdão rescindendo, esclareceu o Min.Relator que se deve considerar o princípio dairrepetibilidade dos alimentos, segundo o qual não é

cabível a restituição de valores recebidos a título debenefício previdenciário em cumprimento à decisão judicialposteriormente rescindida e em atenção à boa-fé dobeneficiário. Diante do exposto, afastada a previsão daSúm. n. 343-STF, a Seção julgou procedente o pedido doINSS. Precedentes citados do STF: RE 415.454-SC, DJ26/10/2007; RE 416.827-SC, DJ 26/10/2007; do STJ: AR 3.252-AL, DJe 12/5/2010; AgRg no Ag 1.239.940-SP, DJe 28/6/2010;AR 2.927-AL, DJe 3/11/2009; AR 4.185-SE, DJe 24/9/2010, eEDcl no REsp 996.850-RS, DJe 24/11/2008. AR 3.939-SP, Rel.Min. Gilson Dipp, julgada em 25/5/2011.

AR. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.

Trata-se de ação rescisória (AR) em que se pretendedesconstituir acórdão da Sexta Turma deste SuperiorTribunal que reconheceu ao segurado réu o direito deperceber aposentadoria rural por idade. In casu, elerequereu, pela primeira vez, o benefício de aposentadoriarural por idade em julho de 1996. O pleito foi julgadoprocedente diante da comprovação do exercício de atividaderural como boia-fria. Em grau de apelação, o TRF reformou asentença por considerar que ele perdera a qualidade desegurado, pois o único documento trazido à colação datavade 1958 (certidão de casamento). Diante disso, a provatestemunhal, no caso, estaria isolada, sem amparo emqualquer início de prova material, transitando em julgado oacórdão em 3/3/1998. Uma nova ação foi proposta em3/8/1998, com o mesmo objetivo e o mesmo pedido daanterior, que também foi julgada procedente, e o TRFnovamente reformou a sentença por entender que osdocumentos juntados não se referiam aos 102 meses decarência e que a prova exclusivamente testemunhal erainsuficiente. Sobreveio, então, o REsp, ao qual foi dadoprovimento, restabelecendo-se a sentença sob o fundamentode que a jurisprudência do STJ reconhece a certidão decasamento como início de prova material, que pode sercorroborada por testemunhos, como no caso concreto. Assim,em ambas as ações, a discussão gravitou sob a mesmacontrovérsia, qual seja, o reconhecimento da certidão decasamento como início de prova material, que, confirmadapor testemunhos, comprovaria o cumprimento da carênciaexigida no art. 143 da Lei n. 8.213/1991. Dessarte, diante

da inequívoca identidade entre as partes, bem como da mesmapostulação e causa de pedir, entendeu-se configurada aviolação da coisa julgada, acolhendo-se, desse modo, apretensão da AR. Consignou-se que, diante do insucesso daprimeira ação, incumbia à parte interessada promover novofeito para rescindi-la, ex vi do disposto no art. 485 do CPCe não intentar ação idêntica, tal como ocorreu. Com essesargumentos, entre outros, a Seção, por maioria, julgouprocedente o pedido formulado na AR para rescindir oacórdão proferido no REsp e negar o direito do réu àaposentadoria por idade a fim de prevalecer o acórdãotransitado em julgado em março de 1998. Precedentescitados: AR 2.826-SP, DJ 21/8/2006; AR 3.565-PR, DJe30/6/2008; AR 3.273-SC, DJe 18/12/2009, e REsp 653.613-DF,DJe 15/6/2009. AR 3.029-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgadaem 11/5/2011.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO-DOENÇA. QUEBRA DECAIXA.

Na espécie, trata-se de saber se há a incidência dacontribuição previdenciária sobre o auxílio-doença pago atéo 15º dia pelo empregador, bem como se a verba paga atítulo de “quebra de caixa” integra a base de cálculo damencionada exação. A Turma, ao prosseguir o julgamento,reiterou que o auxílio-doença pago até o 15º dia peloempregador não é alcançado pela contribuiçãoprevidenciária, tendo em vista que tal verba não possuicaráter remuneratório, pois inexiste prestação de serviçopelo empregado no período. No entanto, por maioria, a Turmatambém entendeu que não há a incidência da contribuiçãoprevidenciária no adicional “quebra de caixa”, visto ter,no caso, natureza indenizatória. Ressaltou-se que o saláriode contribuição tem como base de cálculo a remuneração,considerados os rendimentos destinados a retribuir otrabalho (art. 28, I, da Lei n. 8.212/1991), o que não severifica na hipótese em questão, visto que o recebimentodessa verba pelo trabalhador tem por objetivo compensareventual diferença detectada a menor no caixa que opera,daí seu caráter indenizatório. Logo, consignou-se que, nocaso, por não se tratar de parcela destinada a retribuirtrabalho, mas revestida de nítido caráter indenizatório,torna-se incabível a incidência da contribuição

previdenciária sobre os valores pagos a título de “quebrade caixa”. Assim, a Turma, prosseguindo o julgamento, pormaioria, deu parcial provimento ao recurso em maiorextensão, afastando a incidência da contribuiçãoprevidenciária na verba “quebra de caixa”. Precedentescitados: REsp 1.149.071-SC, DJe 22/9/2010; AgRg nos EDcl noREsp 1.095.831-PR, DJe 1º/7/2010; AgRg no REsp 1.107.898-PR, DJe 17/3/2010, e AgRg no REsp 957.719-SC, DJe2/12/2009. REsp 942.365-SC, Rel. originário Min. Luiz Fux,Rel. para acórdão Min. Teori Albino Zavascki, julgado em26/4/2010.

REPETITIVO. TEMPO. SERVIÇO. CONVERSÃO.

É possível a conversão do tempo de serviço de formamajorada exercido em atividades especiais para fins deaposentadoria comum, mesmo que esse tempo diga respeito aperíodo posterior a 28/5/1998, visto que a Lei n.9.711/1998 (convertida da MP n. 1.663-15/1998) não maisreproduziu a revogação do § 5º do art. 57 da Lei n.8.213/1991, permissivo da conversão. Também é assente nostribunais que a caracterização e a comprovação do tempo deatividade especial regem-se pela legislação em vigor naépoca em que foi exercido, tanto que esse entendimento foiincorporado ao Regulamento da Previdência pelo Dec. n.4.827/2003 (vide art. 70, § 1º, do Dec. n. 3.048/1999).Contudo, é consabido ser a obtenção do benefício submetidaà legislação vigorante na data do requerimentoadministrativo. Daí o porquê de o art. 70, § 2º, doreferido regulamento (redação dada pelo Dec. n. 4.827/2003)determinar a aplicação da tabela dele constanteindependentemente da época em que foi prestada a atividadeespecial. Então, ciente de que o fator de conversão é oresultado da divisão do número máximo de tempo comum (35anos para o homem e 30 para a mulher) pelo número máximo detempo especial (15, 20 e 25 anos), mesmo diante dos Decs.ns. 53.831/1964 e 83.080/1979, há que aplicar, na hipótese,o multiplicador de 1.40 para a conversão do tempo deserviço especial correspondente a 25 anos prestado porhomem (35/25), tal qual constante do art. 173 da IN n.20/2007. Posto isso, descabe ao INSS combater, na viajudicial, a orientação constante de seu próprioregulamento. Esse entendimento foi acolhido pela Seção em

julgamento de recurso repetitivo (art. 543-C do CPC).Precedentes citados do STF: ADI 1.891-6-DF, DJ 8/11/2002;do STJ: REsp 956.110-SP, DJ 22/10/2007; AgRg no REsp1.105.770-RS, DJe 12/4/2010; REsp 1.151.652-MG, DJe9/11/2009; REsp 1.149.456-MG, DJe 28/6/2010, e EREsp412.351-RS, DJ 23/5/2005. REsp 1.151.363-MG, Rel.Min. JorgeMussi, julgado em 23/3/2011.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE-TRANSPORTE. PECÚNIA.

A Seção deu provimento aos embargos de divergência, asseverando que não incide contribuição previdenciária sobre o vale-transporte pago em pecúnia por se tratar de benefício de natureza indenizatória. Precedentes citados doSTF: RE 478.410-SP, DJe 13/5/2010; do STJ: REsp 1.180.562-RJ, DJe 26/8/2010; REsp 1.194.788-RJ, DJe 14/9/2010, e AR 3.394-RJ, DJe 22/9/2010. EREsp 816.829-RJ, Rel. Min. CastroMeira, julgados em 14/3/2011.

Contribuição previdenciária de inativos e pensionistas: período compreendido entre a EC 20/98 e a EC 41/2003O Plenário resolveu questão de ordem suscitada em recurso extraordinário no sentido de: a) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional nele debatida — repetição de contribuição previdenciária (e afins) cobrados de servidor civil inativo ou pensionista no período referente à vigência da EC 20/98 até a publicação da EC 41/2003; b) reafirmar a jurisprudência da Corte segundo a qual é devidaa devolução aos pensionistas e inativos, perante o competente Juízo da execução, da contribuição previdenciária indevidamente recolhida no aludido período, sob pena de caracterização de enriquecimento ilícito; e c) negar provimento ao recurso. Leia o inteiro teor do voto dorelator na seção “Transcrições” deste Informativo.RE 580871 QO/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.11.2010. (RE-580871) 

AVISO PRÉVIO INDENIZADO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

A Turma reafirmou que não há incidência de contribuição previdenciária sobre a verba paga ao trabalhador a título de aviso prévio indenizado, tendo em vista sua natureza

indenizatória. Ressaltou-se que o salário de contribuição éo valor da remuneração, considerados os rendimentos destinados a retribuir o trabalho (art. 28 da Lei n. 8.212/1991), o que não se verifica na verba em questão, pois, durante o período que corresponde ao aviso prévio indenizado, o empregado não presta trabalho algum, nem ficaà disposição do empregador. Logo, por não se tratar de parcela destinada a retribuir trabalho, mas revestida de nítido caráter indenizatório, é incabível a incidência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos a títulodo referido aviso prévio. Precedentes citados: REsp 812.871-SC, DJe 25/10/2010, e REsp 1.198.964-PR, DJe 4/10/2010.REsp 1.221.665-PR, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 8/2/2011.

“Desaposentação” e Benefícios Previdenciários – 1O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário em que se questiona a constitucionalidade do art. 18, § 2º, daLei 8.213/91 (“§ 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado.”). No caso, aposentada pelo RGPS que retornou à atividade pleiteia novocálculo de proventos, consideradas as contribuições de período referente a esse regresso. Alega que o mencionado dispositivo legal estaria em confronto com o art. 201, § 11, da CF (“§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão embenefícios, nos casos e na forma da lei.”), haja vista que,mesmo contribuindo como segurada obrigatória na qualidade de empregada, teria direito apenas às prestações de salário-família e de reabilitação profissional.RE 381367/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 16.9.2010. (RE-381367) 

“Desaposentação” e Benefícios Previdenciários – 2O Min. Marco Aurélio, relator, proveu o recurso. Consignou,de início, a premissa segundo a qual o trabalhador aposentado, ao voltar à atividade, seria segurado obrigatório e estaria compelido por lei a contribuir para o

custeio da seguridade social. Salientou, no ponto, que o sistema constitucional em vigor viabilizaria o retorno do prestador de serviço aposentado à atividade. Em seguida, aoaduzir que a previdência social estaria organizada sob o ângulo contributivo e com filiação obrigatória (CF, art. 201, caput), assentou a constitucionalidade do § 3º do art.11 da Lei 8.213/91, com a redação conferida pelo art. 3º daLei 9.032/95 (“§ 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social.”). Assinalou que essa disposição extinguira o denominado pecúlio, o qual possibilitava a devolução das contribuições implementadas após a aposentadoria. Enfatizouque o segurado teria em patrimônio o direito à satisfação da aposentadoria tal como calculada no ato de jubilação e, ao retornar ao trabalho, voltaria a estar filiado e a contribuir sem que pudesse cogitar de restrição sob o ângulo de benefícios. Reputou, dessa forma, que não se coadunaria com o disposto no art. 201 da CF a limitação do § 2º do art. 18 da Lei 8.213/91 que, em última análise, implicaria desequilíbrio na equação ditada pela Constituição. Realçou que uma coisa seria concluir-se pela inexistência da dupla aposentadoria. Outra seria proclamar-se, conforme se verifica no preceito impugnado, que, mesmo havendo a contribuição — como se fosse primeiro vínculo coma previdência —, o fenômeno apenas acarretaria o direito aosalário-família e à reabilitação profissional. Reiterou que, além de o texto do examinado dispositivo ensejar restrição ao que estabelecido na Constituição, abalaria a feição sinalagmática e comutativa decorrente da contribuição obrigatória. Em arremate, afirmou que ao trabalhador que, aposentado, retorna à atividade caberia o ônus alusivo à contribuição, devendo-se a ele a contrapartida, os benefícios próprios, mais precisamente a consideração das novas contribuições para, voltando ao óciocom dignidade, calcular-se, ante o retorno e as novas contribuições e presentes os requisitos legais, o valor a que tem jus sob o ângulo da aposentadoria. Registrou, por fim, que essa conclusão não resultaria na necessidade de se

declarar a inconstitucionalidade do § 2º do art. 18 da Lei 8.213/91, mas de lhe emprestar alcance consentâneo com a Constituição, ou seja, no sentido de afastar a duplicidade de beneficio, porém não o novo cálculo de parcela previdenciária que deva ser satisfeita. Após, pediu vista oMin. Dias Toffoli.RE 381367/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 16.9.2010. (RE-381367) 

Contribuição Previdenciária de Inativos e Pensionistas e Mudança de Paradigma – 1O Tribunal, em apreciação conjunta de duas ações diretas, julgou, por maioria, procedente em parte o pedido formuladona ADI 2158/PR, e, por unanimidade, procedente o na ADI 2198/PR, propostas, respectivamente, pela Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB e pelo Procurador-Geral da República, para declarar a inconstitucionalidade de expressões e dispositivos constantes da Lei 12.398/98, do Estado do Paraná. A lei impugnada prevê a incidência de contribuição previdenciária sobre os proventos de servidores inativos e pensionistas no âmbito daquela unidade federativa. Inicialmente, em votação majoritária, rejeitou-se a preliminar de prejudicialidade das ações em face da substancial alteração de parâmetro de controle operada pela EC 41/2003, a qual — ao contrário do que previsto na EC 20/98, em vigor à época da edição da norma impugnada — admite expressamente a incidência da contribuição previdenciária sobre os proventos dos inativosna parte em que exceder o limite máximo para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social (CF, art. 40, § 18). Salientou-se que, no caso, apesar de até hoje não ter sido cobrada a aludida contribuição naquele Estado, uma vez que a lei adversada fora suspensa com a concessão de medidas cautelares pela Corte, a norma não fora revogada, permanecendo no mundo jurídico. Tendo isso em conta, asseverou-se que, se o Supremo aplicasse sua jurisprudênciatradicional no sentido do prejuízo das ações, revogar-se-iam, em conseqüência, as medidas cautelares. Além disso, a lei estadual, não obstante patentemente inconstitucional, tornaria a produzir seus efeitos à luz do regramento instituído pela EC 41/2003, a qual lhe conferiria uma aparência de validade. Aduziu-se, na linha de precedentes,

que esse inconveniente poderia ser evitado com a excepcional admissão do exame de mérito das ações. Ao enfatizar que o sistema brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente, consignou-se que a norma em apreço não fora convalidada e, por isso, sua inconstitucionalidade persistiria e seria atual, embora se referisse a dispositivos da Constituição que não se encontram mais em vigor, modificados pela EC 41/2003. Dessemodo, reputou-se que, se o sistema veda a convalidação da lei inconstitucional, seria necessária a existência de mecanismos eficazes para expungir a norma ainda inconstitucional do ordenamento jurídico, mesmo que em facede parâmetro de controle alterado ou revogado. Concluiu-se que, na situação dos autos, cumpriria ao STF, ainda que já ajuizada a ação direta, declarar a inconstitucionalidade danorma, com eficácia erga omnes e efeito vinculante, em benefício da máxima efetividade da jurisdição constitucional. Salientou-se, por fim, o progressivo reforço legislativo na expansão da jurisdição constitucional abstrata do Supremo. Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Ellen Gracie e Celso de Mello que assentavamo prejuízo das ações.ADI 2158/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 15.9.2010. (ADI-2158) 

ADI 2189/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 15.9.2010. (ADI-2189) 

EC 20/98: Contribuição Previdenciária de Inativos e Pensionistas e Inconstitucionalidade – 2No mérito, reiterou-se o entendimento da Corte no sentido da inconstitucionalidade de lei, editada sob a égide da EC 20/98, que previu a incidência de contribuição previdenciária sobre os proventos de servidores públicos e respectivos pensionistas. Assim, por maioria, declarou-se, na ADI 2158/PR, a inconstitucionalidade das seguintes expressões da Lei paranaense 12.398/98: a) “inativos” e “e dos respectivos pensionistas” do art. 28; b) “e pensionistas” do inciso I do art. 69; c) “proventos ou pensão” do art. 78, I e II, e das alíneas b e c do § 1º do art. 78; d) “inativos e pensionistas” e “proventos ou pensão”, do art. 79. Relativamente ao citado inciso I do art. 69, aplicou-se, ainda, a técnica de declaração de

inconstitucionalidade, sem redução de texto, para afastar qualquer interpretação do vocábulo “segurados” que inclua em seu significado os inativos. Reputaram-se inconstitucionais, por arrastamento, estas disposições e expressões do Decreto 721/99: a) “inativos e pensionistas” do art. 1º; b) “bem como dos então inativos e dos pensionistas” do art. 2º; c) do parágrafo único do art. 3º;d) “proventos ou pensão” do art. 4º, I e II; e) dos §§ 2º e3º do art. 5º; f) “e pensionistas” do art. 7º; g) “inativose pensionistas”, “proventos ou pensão” e “inativos e pensionistas” do art. 12. Quanto ao aludido art. 7º, aplicou-se, também, a técnica da declaração de inconstitucionalidade, sem redução de texto, para afastar qualquer interpretação da expressão “servidor” que inclua em seu significado os servidores inativos. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Ayres Britto, que não declaravam a inconstitucionalidade do Decreto 721/99, por não admitirem controle concentrado em decreto simplesmente regulamentar. No tocante à ADI 2189/PR, julgaram-se inconstitucionais as expressões: a) “inativos” e “da reserva remunerada e reformados e dos respectivos pensionistas” do art. 28, I; e b) “e pensionistas” do caputdo art. 78, bem como do seu § 1º, alíneas b e c, todos da Lei estadual 12.398/98, do Estado do Paraná. Precedente citado: ADI 2010/DF (DJU de 28.3.2003).ADI 2158/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 15.9.2010. (ADI-2158) 

ADI 2189/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 15.9.2010. (ADI-2189) 

RESPONSABILIDADE. RECOLHIMENTO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.

Trata-se de pedido de aposentadoria por tempo de serviço emque o autor era neto do fundador de sociedade empresária e filho de sócio cotista, tendo posteriormente passado a integrá-la como diretor técnico, todavia, nesse período, não houve recolhimento das contribuições previdenciárias. Otribunal a quo reformou a sentença, entendendo ser do autora responsabilidade pelo recolhimento ao INSS porque, como acionista e empregador, teria autonomia para tomar decisõese promover os recolhimentos das suas contribuições. Para a

Min. Relatora, no período em que se discute a ausência de recolhimento das contribuições previdenciárias (8/1/1968 a 30/11/1975), a legislação de regência é a Lei n. 3.807/1960(Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS), regulamentada pelo Dec. n. 48.959-A/1960, que, em seu art. 243, I, instituiu ser da sociedade empresária a responsabilidade pela arrecadação das contribuições. Dessa forma, entende que o tempo de serviço ficou suficientemente comprovado nostermos estabelecidos na sentença. Diante do exposto, a Turma deu provimento ao recurso para restabelecer a sentença. REsp 1.214.527-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/12/2010.

APOSENTADORIA ESPECIAL. INSALUBRIDADE. ANTERIOR LOPS.

Discute-se nos autos se é possível o reconhecimento do exercício de atividade insalubre e perigosa para conversão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição em aposentadoria especial, uma vez que foi exercida em períodoanterior à edição da Lei n. 3.807/1960 (Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS) que institui, em seu art. 31, a aposentadoria especial. Para a Min. Relatora é possível talreconhecimento, visto que a LOPS, no art. 162, assegura aosbeneficiados todos os direitos outorgados pelas respectivaslegislações. Explica que, na hipótese dos autos, não seria uma concessão retroativa do benefício de lei nova, que estabelece restrições ao cálculo de tempo de serviço, quando prevalece a aplicação dotempus regit actum. Diferentemente, no caso em exame, trata-se do reconhecimento do exercício de atividade insalubre e perigosa em data anterior à legislação (LOPS) que trouxe esse benefício ao ordenamento jurídico. Ademais, inicialmente, a LOPS foi regulamentada pelo art. 65 do Dec.n. 48.959-A/1960 e, posteriormente, pelos arts. 1º e 3º do Dec. n. 53.831/1964. Expõe ainda que uma interpretação diversa levaria à conclusão de que esse tempo de atividade insalubre ou perigosa só produziria efeito para aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos da edição da LOPS. Por fim, a Min. Relatora ressalta que mantém esse entendimento, apesar de a Quinta Turma ter alterado seu posicionamento para endossar entendimento em sentido diverso dessa decisão (REsp 1.205.482-SC, DJe 6/12/2010). Diante do exposto, a Turma negou provimento ao AgRg do

INSS. Precedente citado: AgRg no REsp 1.007.744-RS, DJe 9/3/2009. AgRg no REsp 996.196-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/12/2010.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONSELHO TUTELAR.

Com o advento do Dec. n. 4.032/2001 (novembro de 2001), disciplinou-se a vinculação dos conselheiros tutelares ao regime geral de previdência social (RGPS) na qualidade de segurados obrigatórios. Antes disso, os que não tinham vínculo com qualquer outro sistema previdenciário eram tidos por segurados facultativos (art. 11, § 1º, VI, do Dec. n. 3.048/1999). REsp 1.075.516-RS, Rel. Min. Luiz Fux,julgado em 16/12/2010.

TICKET ALIMENTAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL.

No caso, a companhia de fornecimento de gás, por força de acordo coletivo, entregava a seus empregados ticket alimentação de natureza peculiar, pois seu custo era dividido entre ela e eles. Nesse contexto, a Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, que a entrega desseticket assemelhar-se-ia ao fornecimento deauxílio-alimentação in natura, que não sofre a incidência de contribuição social porque não integra o salário (natureza indenizatória). Precedentes citados: REsp 1.180.562-RJ, DJe26/8/2010, e EREsp 476.194-PR, DJ 1º/8/2005. REsp 1.185.685-SP, Rel. originário Min. Hamilton Carvalhido, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 16/12/2010.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO. LUCROS.

A quaestio juris consiste em determinar a incidência da contribuição previdenciária sobre valores pagos pela empresa recorrida a seus funcionários a título de participação nos lucros, no mês de janeiro dos anos de 1995a 2000. O INSS (recorrente) sustentou que a não incidência da mencionada contribuição depende da observância da legislação que determina o arquivamento, no sindicato dos trabalhadores, de acordo celebrado entre eles e a empresa. Aduziu que, no caso dos autos, a regulamentação da

participação nos lucros foi feita de modo unilateral pela empregadora, inexistindo instrumento de acordo entre as partes. Conforme destacou o Min. Relator, a intervenção do sindicato na negociação tem por finalidade tutelar os interesses dos empregados. Ressaltou que, uma vez atendidosos demais requisitos da legislação que tornem possível a caracterização dos pagamentos como participação nos resultados, a ausência de intervenção do sindicato nas negociações e a falta de registro do acordo apenas afastam a vinculação dos empregados a seus termos. Assim, o registro do acordo no sindicato é modo de comprovar as formas de participação, possibilitando a exigência do cumprimento nos termos acordados. Explicitou, ainda, que a ausência de homologação de acordo no sindicato, por si só, não descaracteriza a participação nos lucros da empresa, a ensejar a incidência da contribuição previdenciária, pois não afeta a natureza dos pagamentos, mas pode interferir naforma de participação e no montante a ser distribuído, fatos irrelevantes para a tributação sobre a folha de salários. No caso dos autos, o tribunal a quo entendeu que a natureza dos pagamentos aos empregados foi caracterizada como participação nos resultados, que não integra a remuneração e, por isso, não incide contribuição previdenciária. No entanto, neste Superior Tribunal, o recurso não foi conhecido, pois, para examinar se os pagamentos aos empregados correspondem à participação nos lucros da empresa, seria necessário o reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos, o que é inviável, tendo em vista o óbice da Súm. n. 7-STJ. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.180.167-RS, DJe 7/6/2010; AgRg no REsp 675.114-RS, DJe 21/10/2008; AgRg no Ag 733.398-RS, DJ 25/4/2007, e REsp 675.433-RS, DJ 26/10/2006. REsp 865.489-RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/10/2010.

Novo Teto Previdenciário e Readequação dos Benefícios – 1É possível a aplicação imediata do novo teto previdenciáriotrazido pela EC 20/98 e pela EC 41/2003 aos benefícios pagos com base em limitador anterior, considerados os salários de contribuição utilizados para os cálculos iniciais. Essa foi a orientação firmada pela maioria do Tribunal, ao negar provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão de Turma Recursal da Seção

Judiciária do Estado de Sergipe que determinara o pagamentodo segurado com base no novo teto previdenciário, bem como dos valores devidos desde a entrada em vigor da referida emenda, observada a prescrição qüinqüenal. No caso, o ora recorrido — aposentado por tempo de serviço proporcional — ingressara com ação de revisão de benefício previdenciário,pleiteando a readequação de sua renda mensal, em razão do advento da EC 20/98, a qual reajustara o teto dos benefícios previdenciários, e de ter contribuído com valores acima do limite máximo quando de sua aposentadoria.No presente recurso, sustentava o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS que o princípio tempus regit actum delimitaria a aplicação da lei vigente à época da formação do ato jurídico, somente sendo possível a incidência de umalei posterior, quando expressamente disposta a retroação, oque não ocorreria na espécie. Alegava ofensa ao ato jurídico perfeito, bem como aos artigos 7º, IV e 195, § 5º,ambos da CF, e 14 da EC 20/98 e 5º da EC 41/2003.RE 564354/SE, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.9.2010. (RE-564354)

Novo Teto Previdenciário e Readequação dos Benefícios – 2Salientou-se, de início, a possibilidade de apreciação do tema, haja vista se cuidar de questão de direito intertemporal, a envolver a garantia do ato jurídico perfeito haurido da vertente constitucional. Em seguida, enfatizou-se que a situação dos autos seria distinta das hipóteses anteriormente examinadas pela Corte em que assentada a impossibilidade de retroação da lei. Registrou-se que a pretensão diria respeito à aplicação imediata, ou não, do novo teto previdenciário trazido pela EC 20/98, e não sua incidência retroativa. Explicitou-se que o recorrido almejara manter seus reajustes de acordo com índices oficiais, conforme determinado em lei, e que reputara admissível que esses reajustes ultrapassassem o antigo teto, desde que observado o novo valor introduzido pela EC 20/98. Entendeu-se que não haveria transgressão ao ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, XXXVI) ou ao princípio da irretroatividade das leis. Asseverou-se, ademais, que o acórdão impugnado não aplicara o art. 14 da mencionada emenda retroativamente, nem mesmo o fizera com fundamento na retroatividade mínima, dado que não determinara o pagamento de novo valor aos beneficiários, mas sim

permitira a incidência do novo teto para fins de cálculo darenda mensal de benefício. Tendo em vista se tratar de processo submetido à sistemática da repercussão geral, reputou-se que esse mesmo raciocínio seria aplicável ao disposto no art. 5º da EC 41/2003, o qual, de modo análogo,aumentara o valor do limite máximo dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência Social. Rejeitou-se, ainda, a afirmação de violação ao art. 7º, IV, da CF, porquanto não haveria no acórdão adversado tema relativo à vinculação a salário mínimo. Repeliu-se, também, a assertiva de afronta ao art. 195, § 5º, da CF, já que não fora concedido aumento ao recorrido, e sim declarado o direito de ter sua renda mensal de benefício calculada com base em um limitador mais alto fixado por emenda constitucional. Vencido o Min. Dias Toffoli que provia o recurso, por considerar desrespeitado o ato jurídico perfeito, uma vez que o valor do benefício fora definido emato único e não continuado, não podendo uma lei posterior modificar essa fórmula de cálculo, salvo previsão expressa de aplicação a situações fáticas pretéritas. Julgava, também, afrontado o art. 195, § 5º, da CF.RE 564354/SE, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.9.2010. (RE-564354)

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AVISO PRÉVIO INDENIZADO.

O valor pago a título de indenização em razão da ausência de aviso prévio tem o intuito de reparar o dano causado ao trabalhador que não fora comunicado sobre a futura rescisão de seu contrato de trabalho coma antecedência mínima estipulada na CLT, bem como não pôde usufruir da redução na jornada de trabalho a que teria direito (arts. 487 e seguintes da CLT). Assim, por não se tratar de verba salarial, não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado. REsp 1.198.964-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/9/2010.

SÚMULA N. 458-STJ.

A contribuição previdenciária incide sobre a comissão paga ao corretor de seguros. Rel. Min. Eliana Calmon, em 25/8/2010.

Contagem Recíproca do Tempo de Serviço Rural e Recolhimento de Contribuições

Conforme disposto no § 9º do art. 201 da CF (“Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.”), a contagem recíproca do tempo de serviço rural pressupõe ter havido o recolhimento das contribuições previdenciárias. Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, indeferiu mandado de segurança impetrado contra ato do Tribunal de Contas da União – TCU, que julgara ilegal a aposentadoria do impetrante, pelo fato de ter sido computado o tempo de serviço rural sem a comprovação do recolhimento das contribuições ao INSS. Vencidos os Ministros Dias Toffoli, Eros Grau e Ayres Britto que concediam a ordem. Tendo em conta que o impetrante comprovara que fora trabalhador rural e que, naquele período, a legislação impunha a contribuição sobre a produção da venda da propriedade rural, do produtor rural, reputavam que, no caso concreto, o TCU exigira uma prova impossível de o impetrante fazer, porque isso não era obrigação dele, mas do produtor rural. Precedente citado: MS 26919/DF (DJE de 23.5.2008).

MS 26872/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 19.5.2010. (MS-26872)

COMPETÊNCIA. CUMULAÇÃO. PEDIDOS. APOSENTADORIA. DANOS MORAIS.

Trata-se, na origem, de ação com pedido de concessão de aposentadoria cumulado com indenização de danos morais contra o INSS. O segurado, nos termos do art. 109, § 3º, daCF/1988, intentou ação na Justiça estadual localizada no foro de seu domicílio, que não possui vara federal instalada. Assim, o pedido de indenização por danos morais é decorrente do pedido principal de aposentadoria, devendo ambos ser apurados pelo mesmo juízo. Logo, facultado ao autor optar pelo foro, não caberia ao juízo declinar de suacompetência, conforme dispõe a Súm. n. 33-STJ. CC 111.409-SP, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado TJ-SP), julgado em 23/6/2010.

PROVA TESTEMUNHAL. ATIVIDADE RURÍCOLA.

In casu, o tribunal a quo, embora ausente pedido específico das partes para produção de prova testemunhal, de ofício, anulou a sentença e determinou o retorno dos autos ao juízosingular para a reabertura da fase instrutória, oportunizando às partes a inquirição de testemunhas para comprovação da atividade rural. Nesta instância especial, observou-se inicialmente que, na espécie, a parte autora postulou apenas a juntada de prova documental, quedando-se inerte quanto à postulação pela produção de prova testemunhal, tanto na fase instrutória quanto nas razões deapelação. Diante disso, a Turma entendeu que não poderia prevalecer o entendimento expresso no acórdão recorrido, pois estaria prejudicado o equilíbrio na relação processuale, consequentemente, desrespeitado o princípio da igualdadeentre as partes, o que violaria o art. 125, I, do CPC. REsp894.443-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgadoem 17/6/2010.

REPETITIVO. AUXÍLIO-ACIDENTE. PERDA. AUDIÇÃO.

A Seção, ao julgar o recurso sob o regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-STJ, entendeu que, para a concessão de auxílio-acidente fundamentado na perda de audição, é necessário que a sequela seja ocasionada por acidente de trabalho e que haja uma diminuição efetiva e permanente da capacidade para a atividade que o segurado habitualmente exercia, conforme dispõe o art. 86, caput e §4º, da Lei n. 8.213/1991. O segurado que não comprova o efetivo decréscimo na capacidade para o trabalho que exercia terá seu pedido de concessão do mencionado benefício indeferido. Assim, a Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu provimento ao recurso especialao julgar improcedente o pedido de concessão de auxílio-acidente. Precedentes citados: REsp 1.095.523-SP, DJe 5/11/2009, e EDcl no AgRg no Ag 431.683-SP, DJ 20/2/2006. REsp 1.108.298-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes MaiaFilho, julgado em 12/5/2010.

Contribuição Previdenciária e Vale-Transporte – 1O Tribunal, por maioria, proveu recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 2ª Turma, no qual instituição

financeira discutia a constitucionalidade da cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de vales-transporte aos seus empregados,por força de acordo trabalhista — v. Informativo 552. Inicialmente, enfatizou-se que a questão constitucional envolvida ultrapassaria os interesses subjetivos da causa. Em seguida, salientou-se que o art. 2º da Lei 7.418/85, a qual instituiu o vale-transporte, estabelece que o benefício: 1) não tem natureza salarial, nem incorpora à remuneração para quaisquer efeitos; 2) não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de Fundo deGarantia por Tempo de Serviço; e 3) não se configura como rendimento tributável do trabalhador. No ponto, aduziu-se que a referida exação não incide sobre o montante correspondente à benesse quando esta é concedida ao empregado mediante a entrega de vales-transporte, devendo-se perquirir se a sua substituição por dinheiro teria o condão de atribuir ao benefício caráter salarial.RE 478410/SP, rel. Min. Eros Grau, 10.3.2010. (RE-478410)

Contribuição Previdenciária e Vale-Transporte – 2Asseverou-se, desse modo, que o deslinde da causa importaria necessária consideração sobre o conceito de moeda, conceito jurídico — não conceito específico da Ciência Econômica —, haja vista as funções por ela desempenhadas na intermediação de trocas e como instrumentode reserva de valor e padrão de valor. Após digressão sobreo tema, concluiu-se que, pago o benefício em vale-transporte ou em moeda, isso não afetaria o caráter não salarial do auxílio. Tendo isso em conta, reputou-se que a cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago,em pecúnia, a título de vales-transporte pelo recorrente aos seus empregados afrontaria a Constituição em sua totalidade normativa. Consignou-se, ademais, que a autarquia previdenciária buscava fazer incidir pretensão denatureza tributária sobre a concessão de benefício, parcelaesta que teria caráter indenizatório. Vencidos os MinistrosJoaquim Barbosa e Marco Aurélio que desproviam o recurso aofundamento de que o valor configuraria vantagem remuneratória e, portanto, se enquadraria no gênero “ganhoshabituais do empregado”, integrando a remuneração (CF, art.201, § 11). O Min. Marco Aurélio afirmava, ainda, não se

estar diante do vale-transporte tal como definido pela lei,porquanto esse não poderia ser pago em pecúnia.RE 478410/SP, rel. Min. Eros Grau, 10.3.2010. (RE-478410)

ACIDENTE LABORAL. PENSÃO. DIREITO DE ACRESCER.

Trata-se de REsp em que se busca desconstituir acórdão que condenou a ora recorrente ao pagamento de pensão, além de danos morais, à ora recorrida em decorrência da morte do filho dessa que prestava serviço àquela como figurante de uma minissérie televisiva. Trata-se de morte por afogamentoe, nas instâncias ordinárias, considerou-se não ter a recorrente prestado as devidas informações de segurança à vítima, na época com 18 anos, que, por sua vez, em intervalo intrajornada, adentrou o rio com forte correnteza, o que culminou no acidente fatal. Nesta instância especial, entendeu-se que a permissão para que o empregado, no intervalo das filmagens, ingressasse no rio sem a devida segurança oferecida pelo empregador e sem informação acerca da periculosidade do local acabou por criar um risco desnecessário, acarretando a morte da vítima, exatamente na contramão do preceito constitucional que prevê como direito do trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho (art. 7º, XXII, da CF/1988). Assinalou-se que é irrelevante o fato de o infortúnio ter ocorrido em intervalo intrajornada dedicado às refeições dos empregados, porquanto é dicção literal do art. 21, § 1º, da Lei n. 8.213/1991 a equiparação a acidentes do trabalho dos ocorridos nos períodos destinados à refeição ou descanso ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este. Observou-se que, no caso, a autora, mãe da vítima, ajuizou ação de reparação de danos, sagrando-se vitoriosa no pleito, sem, contudo, deduzir nenhum pedido de que a indenização fosse paga, em caso do falecimento do filho, também ao esposo, que não figurou na lide como litisconsorte. Assim, foram violados os arts. 128 e 460 do CPC pelo acórdão ora atacado, quando concedeu o direito de acréscimo de pensão por ato ilícito, sem pedido nos autos, ao marido da autora, pois esse não é beneficiário da pensãoporque não figurou no processo como litisconsorte ativo. Diante disso, a Turma deu parcial provimento ao recurso, apenas para afastar o direito de acrescer concedido de

ofício na origem, mantido o restante do acórdão recorrido. Precedentes citados: REsp 324.570-RJ, DJ 17/12/2004, e REsp89.656-PR, DJ 7/2/2000. REsp 1.014.848-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/3/2010.

APOSENTADORIA COMPLEMENTAR. REAJUSTE. PRESCRIÇÃO.

Trata-se, na origem, de ação revisional com objetivo de obter reajuste da renda mensal (complementação de aposentadoria) com a inclusão do INPC e dos índices aplicados pelo INSS, bem como a condenação ao pagamento dasdiferenças verificadas no quinquênio anterior à demanda. Emprimeiro grau, a ação foi julgada improcedente e, em segundo, deu-se parcial provimento ao agravo retido interposto pela entidade de previdência privada, ora recorrida, para decretar a prescrição e, em consequência, julgar extinto o processo nos termos do art. 269, IV, do CPC, ficando prejudicada a apelação. No REsp, o recorrente sustentou violação do art. 189 do CC/2002 e, também, dissídio jurisprudencial. Sustentou, ainda, que o caso versa sobre revisão de benefício previdenciário, não sobre restituição de reserva de poupança, portanto a prescrição não atinge o fundo de direito, mas apenas as parcelas vencidas cinco anos antes do ajuizamento da ação, por se cuidar de relação de cunho sucessivo. Nesta instância especial, entendeu-se que, apesar de tratar a mencionada demanda de pedido de revisão de prestações promovida por segurado, a prescrição atinge o fundo do direito. Isso porque o recorrente pretendia o reconhecimento do direito àaplicação dos índices inflacionários sobre os salários de contribuição e a alteração do cálculo da renda inicial concedida no momento da aposentadoria, e não a implementação de diferenças havidas posteriormente à concessão do benefício, quando então a prescrição alcançaria somente as parcelas anteriores ao quinquênio precedente à propositura da ação. Dessa forma, a pretensão ao fundo do direito (alteração do cálculo da renda mensal inicial) prescreve em cinco anos a partir da data da violação dele. Precedentes citados: AgRg no Ag 596.497-RS, DJ 21/3/2005, e AgRg nos EDcl do REsp 712.308-DF, DJ 29/8/2005. REsp 1.144.779-DF, Rel. Min. Fernando Gonçalves julgado em 23/3/2010.

INCIDÊNCIA. IUJ. CONDIÇÃO. DESEMPREGADO. AUSÊNCIA COMPROVADA.

A Seção, em incidente de uniformização de jurisprudência (IUJ) instaurado nos autos da ação ordinária contra o INSS ajuizada na vara previdenciária e Juizado Especial Federal,entendeu que, para a comprovação da situação de desempregado (art. 15, § 2º, da Lei n. 8.213/1991), o registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Previdência Social pode ser substituído por outros meios legais de prova. No caso, a Turma Nacional de Uniformizaçãodos Juizados Especiais Federais considerou mantida a condição de segurado apenas com base no registro na CTPS dadata de sua saída no emprego, bem como na ausência de registros posteriores. Contudo a referida ausência não é suficiente para comprovar a situação de desempregado, pois não afasta a possibilidade do exercício de atividade remunerada na informalidade. Assim, concluiu que o requerido não comprovou nos autos a condição de desempregado, o que leva à reforma do acórdão recorrido, sem prejuízo, contudo, de promoção de outra ação que ensejaa produção de prova adequada. Logo, a Seção, ao prosseguir o julgamento, proveu o incidente de uniformização. Pet 7.115-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgada em 10/3/2010.

APOSENTADORIA. IDADE. IRRELEVÂNCIA. PREENCHIMENTO SIMULTÂNEO. REQUISITOS.

A Seção reiterou o seu entendimento e acolheu os embargos ao afirmar que não é exigida a implementação simultânea dosrequisitos legais para a concessão da aposentadoria por idade. É devido o benefício independentemente da posterior perda da qualidade de segurado à época em que preenchido o requisito da idade, desde que o obreiro tenha recolhido à Previdência Social o número de contribuições previstas na tabela disposta no art. 142 da Lei n. 8.213/1991, como demonstrado pela análise soberana das provas realizadas pelo tribunal a quo. Precedentes citados: REsp 800.860-SP, DJe 18/5/2008; AR 1.776-SP, DJe 6/8/2008; AgRg no REsp 637.761-SC, DJ 18/2/2008, e EREsp 649.496-SC, DJ 10/4/2006.EREsp 776.110-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgados em 10/3/2010.

SÚMULA N. 427-STJ.

A ação de cobrança de diferenças de valores de complementação de aposentadoria prescreve em cinco anos contados da data do pagamento. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 10/3/2010.

SÚMULA N. 425-STJ.

A retenção da contribuição para a seguridade social pelo tomador do serviço não se aplica às empresas optantes pelo Simples. Rel. Min. Eliana Calmon, em 10/3/2010.

APOSENTADORIA. DOENÇA GRAVE.

A servidora aposentou-se por invalidez, mas com proventos proporcionais. Contudo, é possível a conversão em aposentadoria por invalidez com proventos integrais em razão de padecer de doença incurável, mesmo que não especificada no rol do art. 186, I, § 1º, da Lei n. 8.112/1990 (no caso, a cervicobraquialgia e a lombociatalgia, que a inabilitam para o trabalho), apesar do entendimento de ambas as Turmas da Terceira Seção, de apenas permitir, nesses casos, a aposentação com proventos proporcionais. A CF/1988, em seu art. 40, I, prevê a doençagrave ou incurável (na forma da lei) como causa de aposentadoria por invalidez com proventos integrais, mas, dando efetividade a esse mandamento constitucional, o referido artigo da Lei n. 8.112/1990 apenas exemplificou essas doenças, visto que não há como considerar esse rol taxativo, diante da impossibilidade de ele alcançar todas as enfermidades tidas pela medicina como graves, contagiosas e incuráveis. Excluir a aposentadoria com proventos integrais nesses casos de mal tão grave quanto osmencionados naquele dispositivo de lei seria o mesmo que ofender princípios constitucionais, tais como o da isonomia. É a ciência médica e não a jurídica que deve incumbir-se de qualificar a patologia como incurável, contagiosa ou grave, tal qual o fez o laudo pericial juntado aos autos e considerado pelas instâncias ordinárias, soberanas no exame do conjunto probatório. Precedente citado: REsp 634.871-PE, DJ 6/12/2004. REsp 942.530-RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 2/3/2010.

RENÚNCIA. APOSENTADORIA. UTILIZAÇÃO. TEMPO.

A Turma, por maioria, reiterou o entendimento de que o segurado pode renunciar à sua aposentadoria e reaproveitar o tempo de contribuição para fins de concessão de benefíciono mesmo regime ou em outro regime previdenciário, não necessitando devolver os proventos já percebidos; pois, enquanto perdurou a aposentadoria, os pagamentos de natureza alimentar eram indiscutivelmente devidos. Precedentes citados: AgRg no REsp 926.120-RS, DJe 8/9/2008,e AgRg no REsp 328.101-SC, DJe 20/10/2008. REsp 1.113.682-SC, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 23/2/2010.

QO. MENOR SOB GUARDA. DEPENDENTE PREVIDENCIÁRIO.

Em questão de ordem suscitada pelo Ministério Público Federal sobre a exclusão de menor sob guarda da condição dedependente do segurado, amplamente refutada nos juizados especiais federais, como alegado pelo parquet, a Seção, por unanimidade, acolheu a preliminar de inconstitucionalidade do art. 16, § 2º, da Lei n. 8.213/1991, na redação da Lei n. 9.528/1997, conforme determina o art. 199 do RISTJ. QO nos EREsp 727.716-CE, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgada em 10/2/1010

Lei 8.540/92 – FUNRURAL e Incidência sobre Receita Bruta daComercialização da Produção – 3Em conclusão, o Tribunal deu provimento a recurso extraordinário para desobrigar os recorrentes da retenção edo recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por sub-rogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, V e VII, 25, I e II, e 30, IV, da Lei 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional 20/98, venha a instituir a contribuição. Na espécie, os recorrentes, empresas adquirentes de bovinos de produtores rurais, impugnavam acórdão do TRF da 1ª Região que, com base na referida legislação, reputara válida a incidência da citada

contribuição. Sustentavam ofensa aos artigos 146, III; 154,I; e 195, I, e §§ 4º e 8º, da CF — v. Informativos 409 e 450. Entendeu-se ter havido bitributação, ofensa ao princípio da isonomia e criação de nova fonte de custeio sem lei complementar. Considerando as exceções à unicidade de incidência de contribuição previstas nos artigos 239 e 240 das Disposições Constitucionais Gerais, concluiu-se quese estaria exigindo do empregador rural, pessoa natural, a contribuição social sobre a folha de salários, como também,tendo em conta o faturamento, da COFINS, e sobre o valor comercializado de produtos rurais (Lei 8.212/91, art. 25), quando o produtor rural, sem empregados, que exerça atividades em regime de economia familiar, só contribui, por força do disposto no art. 195, § 8º, da CF, sobre o resultado da comercialização da produção. Além disso, reputou-se que a incidência da contribuição sobre a receitabruta proveniente da comercialização pelo empregador rural,pessoa natural, constituiria nova fonte de custeio criada sem observância do art. 195, § 4º, da CF, uma vez que referida base de cálculo difere do conceito de faturamento e do de receita. O relator, nesta assentada, apresentou petição da União no sentido de modular os efeitos da decisão, que foi rejeitada por maioria, ficando vencida, noponto, a Min. Ellen Gracie.RE 363852/MG, rel. Min. Marco Aurélio, 3.2.2010. (RE-363852)

SÚMULA N. 416-STJ.

É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito. Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, em 9/12/2009.

. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GRATIFICAÇÃO NATALINA.

No recurso representativo de controvérsia (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ), a Seção reiterou que, referente à forma de cálculo da contribuição previdenciária incidentesobre a gratificação natalina, cabível, no caso, a tributação separada; pois, à época da pretendida repetição de indébito dos valores recolhidos a partir de nov/1994, já

havia o respaldo legal do art. 7º, § 2º, da Lei n. 8.620/1993. Precedentes citados: REsp 868.242-RN, DJe 12/6/2008; EREsp 442.781-PR, DJ 10/12/2007; REsp 853.409-PE, DJ 29/8/2006; REsp 788.479-SC, DJ 6/2/2006; REsp 813.215-SC, DJ 17/8/2006, e REsp 757.794-SC, DJ 31/8/2006. REsp 1.066.682-SP, Rel.Min. Luiz Fux, julgado em 9/12/2009.

RECURSO REPETITIVO. AUXÍLIO-DOENÇA. TENDINITE.

A Seção, ao julgar REsp sob regime do art. 543-C do CPC c/ca Res. n. 8/2008-STJ, deu-lhe provimento, reafirmando que, devidamente comprovado o nexo de causalidade entre a redução parcial da capacidade para o trabalho e o exercíciodas funções laborais habituais, não é cabível afastar a concessão do auxílio-acidente somente pela possibilidade dedesaparecimento dos sintomas da patologia que acomete o segurado em virtude de tratamento ambulatorial ou cirúrgico. Entretanto, ocorrendo a reversão da moléstia quedeu causa à percepção do benefício, cessará o auxílio-acidente. Observou o Min. Relator que, para ser concedido oauxílio-acidente, não há necessidade de que a moléstia incapacitante seja irreversível, basta que o segurado empregado, exceto doméstico, trabalhador avulso e segurado especial tenham redução permanente de sua capacidade laborativa em decorrência de acidente de qualquer natureza,conforme o disposto no art. 18, § 1º, da Lei n. 8.213/1991.Aponta, por sua vez, que o art. 20, I, da citada lei tambémconsidera como acidente do trabalho a doença profissional proveniente do exercício peculiar de determinada atividade laboral, enquadrando-se entre esses casos as lesões por esforço repetitivo. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.108.738-SP, DJe 11/5/2009; AgRg no REsp 871.595-SP, DJe 24/11/2008; AgRg no REsp 721.523-SP, DJ 22/10/2007, e REsp 926.767-ES, DJ 7/12/2007. REsp 1.112.886-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/11/2009.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL.   FÉRIAS.

O STJ entendia que o acréscimo de 1/3 sobre as férias integraria a remuneração do servidor público e, consequentemente, a base de cálculo da contribuição previdenciária (art. 4º da Lei n. 10.887/2004), pois se trataria, ao cabo, de vantagem retributiva da prestação do

trabalho. Contudo, esse entendimento mostrou-se contrário avários arestos do ST, que concluíam não incidir a referida contribuição sobre aquele adicional, visto que deteria natureza compensatória, indenizatória, por não se incorporar ao salário do servidor para aposentadoria (art. 201, § 11, da CF/1988). Assim, embora esses julgados não sejam do Pleno do STF, a Seção reviu sua posição, para entender também que não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias. Anote-se, por último, que esse entendimento da Seção foi firmado em incidente de uniformização jurisprudencial que manteve o acórdão impugnado da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais acorde com ajurisprudência do STF. Precedentes citados do STF: AI 712.880-MG, DJe 11/9/2009; AI 710.361-MG, DJe 8/5/2009; AgRg no AI 727.958-MG, DJe 27/2/2009; AgRg no RE 589.441-MG, DJe 6/2/2009; RE 545.317-DF, DJe 14/3/2008, e AI 603.537-DF, DJ 30/3/2007. Pet 7.296-PE, Rel. Min. Eliana Calmon, julgada em 28/10/2009.

APOSENTADORIA. TEMPO. SERVIÇO ESPECIAL. CONVERSÃO. ATIVIDADE   COMUM.

In casu, insurge-se o recorrente contra o acórdão que entendeu ser aplicável o fator multiplicador de 1.40 destinado à conversão de tempo de serviço especial em tempode serviço comum, para todo o período reconhecido pela Corte de origem como laborado pelo segurado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. A Turma negouprovimento ao recurso ao entendimento de que, para a caracterização e comprovação do tempo de serviço, aplicam-se as normas vigentes ao tempo em que o serviço foi efetivamente prestado; contudo, no que se refere às regras de conversão, aplica-se a tabela constante do art. 70 do Dec. n. 3.048/1999, com a redação dada pelo Dec. n. 4.827/2003, independentemente da época em que a atividade especial foi prestada. Ressaltou-se que o recorrente malfere os princípios da equidade e da dignidade da pessoa humana ao tratar os segurados em situações idênticas de forma desigual, ao insurgir-se, perante o Poder Judiciário,contra a aplicação de fator de conversão mais benéfico, tendo em vista que, em sede administrativa, reconhece o direito. Precedente citado: REsp 1.096.450-MG, DJe

14/9/2009. REsp 1.151.652-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 20/10/2009.

RECURSO REPETITIVO. SIMPLES. SUBSTITUIÇÃO   TRIBUTÁRIA.

A Lei n. 9.317/1996 veio a instituir tratamento diferenciado às microempresas e às de pequeno porte, ao simplificar sobremaneira o adimplemento de suas obrigações administrativas, tributárias e previdenciárias, isso mediante a opção pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições (Simples). Nesse regime, faz-se umpagamento único relativo a vários tributos federais que tempor base de cálculo o faturamento, sobre o qual incide alíquota única. A empresa, então, fica dispensada do pagamento das demais contribuições instituídas pela União. Sucede que esse sistema de arrecadação é incompatível com oregime de substituição tributária contido no art. 31 da Lein. 8.212/1991 (com as alterações da Lei n. 9.711/1998), quetrouxe nova sistemática de recolhimento da contribuição destinada à seguridade social. Assim, se o tomador de serviço retém a contribuição sobre o mesmo título e com a mesma finalidade, na forma prevista no citado art. 31, ficasuprimido seu benefício ao referido pagamento unificado. Cuida-se, pois, da aplicação do princípio da especialidade,visto que existe incompatibilidade técnica entre o regime do Simples da Lei n. 9.317/1996 e o sistema de arrecadação da contribuição previdenciária criado pela Lei n. 9.711/1998 (as empresas tomadoras de serviço são as responsáveis tributárias pela retenção de 11% sobre o valorbruto da nota fiscal). Com o entendimento acima exposto, a Seção negou provimento ao especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ. Precedentes citados: EREsp 511.001-MG, DJ 11/4/2005; REsp 974.707-PE, DJe 17/12/2008; REsp 826.180-MG, DJ 28/2/2007, e EDcl no REsp 806.226-RJ, DJe 26/3/2008. REsp 1.112.467-DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 12/8/2009.

CEFF. RENOVAÇÃO. TERMO   INICIAL.

Trata-se de demanda com objetivo de declarar a inexistênciade obrigação jurídica de requerer a renovação do certificado de entidade de fins filantrópicos (CEFF), bem como afastar eventual solução de continuidade em sua

qualificação como entidade filantrópica. O Min. Relator ressaltou constar dos autos que, embora a autora (ora recorrente) tenha requerido o recadastramento em 25/7/1994,somente obteve a primeira renovação de seu certificado em 26/8/1996, e a ocorrência desse fato deve-se à falta de clareza do art. 55, II, da Lei n. 8.212/1991, que alterou adisciplina de concessão da CEFF (estabelecendo a exigência de renovação a cada três anos). Por outro lado, essa demorana renovação suscita dúvidas quanto ao momento exato da contagem de prazo para a continuidade da isenção no intervalo entre o requerimento e a efetiva renovação. Observa, ainda, que o acórdão recorrido manteve a sentença e, dada a relevância do ato de renovação para efeitos fiscais, definiu que a eficácia desse ato deveria retroagirà data do requerimento, ou seja, no que concerne à isenção da contribuição previdenciária, deve tomar-se por base a data do requerimento administrativo. Conclui estar essa solução em consenso com a jurisprudência do STJ, que, com base em precedente do STF, entende que o certificado que reconhece a entidade como de fins filantrópicos de utilidade pública tem efeito ex tunc por se tratar de um atodeclaratório. Destaca que o regulamento da Previdência Social também reconhece a eficácia declaratória do ato de renovação da CEFF (§ 2º do art. 208 do Dec n. 3.048/1999). Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso, confirmando o acórdão recorrido. Precedentes citados do STF: RE 115.510-RJ, DJ 11/11/1998; do STJ: REsp 1.025.577-MG, DJe 13/3/2009; AgRg no REsp 752.101-RS, DJe 14/4/2008, e REsp 478.239-RS, DJ 28/11/2005. REsp 768.889-DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 23/6/2009.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PRESTAÇÃO.   SERVIÇOS.

Trata-se de REsp em que se discute a responsabilidade solidária do tomador e do prestador de serviços. No caso, cuida-se de contribuições destinadas à seguridade social. Otribunal a quo assentou que, em que pese a responsabilidade do tomador pelas contribuições devidas pelo prestador do serviço, há de ressaltar que tal previsão não autoriza o Fisco a exigi-las daquele sem antes proceder à apuração da existência do débito junto ao executor da mão de obra. A condição de responsável solidário do tomador de serviço, adicionada à falta de comprovação do recolhimento das

contribuições devidas, não enseja, por si só, a aferição indireta pelo Fisco, sem qualquer análise da documentação das prestadoras de serviço responsáveis, à época, pela elaboração das folhas de pagamento. Ou seja, responsabilizar diretamente o responsável solidário, sem antes tentar autuar o principal devedor, até para procurar subsídios a fim de mensurar a obrigação, suprime etapa a ser respeitada para evidenciar que a prestadora de serviço não adimpliu seu débito ou, ao menos, para ela fornecer subsídios ou elementos contábeis à perfeita individualização do crédito. Diante disso, a Turma negou provimento ao recurso, por entender estar correto o acórdãorecorrido, não havendo contrariedade aos arts. 124 do CTN e31 da Lei n. 8.212/1991, nem divergência com a jurisprudência do STJ, como alega a recorrente. Precedentescitados: REsp 800.054-RS, DJ 3/8/2007, AgRg no AgRg no REsp1.039.843-SP, DJe 26/6/2008, e REsp 776.433-RJ, DJe 22/9/2008. REsp 1.067.988-PR, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 9/6/2009.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LUCROS.

A questão reside em definir se o pagamento realizado pela empresa a título de participação nos lucros ou resultados em desacordo com as normas da MP n. 794/1994, convertida naLei n. 10.101/2000, tem como consequência a incidência de contribuição previdenciária sobre os valores. A recorrente defende que, mesmo quando descumprida a regulamentação da distribuição de lucros ou resultados, não é possível a cobrança da contribuição previdenciária em razão do princípio da legalidade estrita. Inicialmente, a Min. Relatora esclareceu não ter encontrado precedentes específicos deste Superior Tribunal sobre a matéria. Com efeito, tal isenção deve observar os limites da lei regulamentadora, no caso da MP e da Lei, por força da expressa previsão do art. 7º, XI, da CF/1988. Também a Lei n. 8.212/1991 possui idêntica previsão no art. 28, § 9º, J,condicionando a fruição do benefício fiscal em questão à observância da legislação específica. Para o gozo do benefício fiscal pretendido pela recorrente, é indispensável a observância da disciplina da lei específicaacerca da forma como deve ser creditada a participação nos lucros. Apesar da existência de precedentes antigos deste

Superior Tribunal no sentido da impossibilidade de tributação na hipótese, por força da eficácia atribuída ao art. 7º, XI, da CF/1988, o STF tem decidido em sentido diametralmente oposto: no de que, anteriormente à regulamentação do referido artigo da CF/1988, não existia qualquer óbice à cobrança da contribuição previdenciária sobre valores pagos a título de participação nos lucros. Diante disso, entende a Min. Relatora ser devida a contribuição previdenciária se o creditamento da participação dos lucros ou resultados não observou as disposições legais específicas, como estabelece o art. 28, § 9º, J, da Lei n. 8.212/1991. Isso posto, a Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados do STF: RE 393.764-RS, DJ 19/12/2008, e RE 398.284-RJ, DJ 3/10/2008; do STJ: REsp 283.512-RS, DJ 31/3/2003; REsp 381.834-RS, DJ 8/4/2002; REsp 698.810-RS, DJ 11/5/2006, e REsp 675.433-RS,DJ 26/10/2006.REsp 856.160-PR, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/6/2009.Posted by Marcelo Bertasso in Previdenciário and tagged informativo stj 397 | Deixe o seu comentário

RESTITUIÇÃO. BENEFÍCIO. ANTECIPAÇÃO.   TUTELA.

A Turma reafirmou que, revogada a tutela antecipada, no trato de verba previdenciária, não há que falar em restituição dos valores recebidos diante de seu caráter alimentar e de não estar configurada fraude ou má-fé do segurado em seu recebimento. Quanto à devolução de parcelaspagas após a revogação da tutela, além de estar preclusa a discussão no âmbito do agravo, pesa o fato de que, enquantonão mais obrigado ao pagamento, o instituto, mesmo assim, efetuou-o sob sua conta e risco, o que afasta sua necessária devolução, haja vista todos os motivos acima explanados. Precedentes citados: REsp 991.030-RS, DJ 15/10/2008, e AgRg no Ag 399.531-RJ, DJ 9/2/2004. AgRg no Ag 1.101.490-RS, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 26/5/2009.Posted by Marcelo Bertasso in Previdenciário and tagged informativo stj 396 | Deixe o seu comentário 11 Jul 2009

RECURSO REPETITIVO. PENSÃO. MORTE. QUALIDADE.   SEGURADO.

A Seção, ao julgar recurso submetido ao disposto no art. 543-C do CPC e na Resolução n. 8/2008 do STJ, entendeu que a condição de segurado do de cujus é requisito necessário aodeferimento a seus dependentes do benefício referente à pensão por morte (art. 74 da Lei n. 8.213/1991). Porém essaregra comporta exceção quando o falecido houver preenchido,ainda em vida, os requisitos necessários à concessão de qualquer espécie de aposentadoria constante do Regime Geralda Previdência Social (RGPS), conforme determina o art. 102, § 2º, da referida lei. Precedentes citados: EREsp 263.005-RS, DJ 17/3/2008; AgRg nos EREsp 547.202-SP, DJ 24/4//2006; AgRg no REsp 964.594-RS, DJ 31/3/2008, e AgRg no REsp 775.352-SP, DJ 15/12/2008. REsp 1.110.565-SE, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 27/5/2009.

Auxílio-Reclusão e Renda Bruta do Segurado   Preso

Auxílio-Reclusão e Renda Bruta do Segurado Preso – 1A renda a ser considerada para a concessão do auxílio-reclusão de que trata o art. 201, IV, da CF, com a redação que lhe conferiu a EC 20/98, é a do segurado preso e não a de seus dependentes (CF: “Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial,e atenderá, nos termos da lei, a: … IV – salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixarenda;”). Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, proveu dois recursos extraordinários interpostos pelo INSS para reformar acórdãos proferidos por Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado de Santa Catarina, que aplicara o Enunciado da Súmula 5 da Turma Regional de Uniformização dos Juizados Especiais, segundo o qual “para fins de concessão do auxílio-reclusão, o conceito de renda bruta mensal se refere à renda auferida pelos dependentes enão à do segurado recluso”, e declarara a inconstitucionalidade do art. 116 do Regulamento da Previdência Social [Decreto 3.048/99: “Art. 116. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último salário-de-contribuição

seja inferior ou igual a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais).”], que teve como objetivo regulamentar o art. 80 daLei 8.213/91.RE 587365/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE-587365)RE 486413/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE-486413)

Auxílio-Reclusão e Renda Bruta do Segurado Preso – 2Asseverou-se que o inciso IV do art. 201 da CF comete à Previdência Social a obrigação de conceder “auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda”,e que se extrai, de sua interpretação literal, que a Constituição limita a concessão do citado benefício às pessoas que estejam presas, possuam dependentes, sejam seguradas da Previdência Social e tenham baixa renda. Observou-se que, caso a Constituição pretendesse o contrário, constaria do referido dispositivo a expressão “auxílio-reclusão para os dependentes de baixa renda dos segurados”. Aduziu-se que o auxílio-reclusão surgiu a partir da EC 20/98 e que o requisito “baixa renda”, desde aredação original do art. 201 da CF, ligava-se aos seguradose não aos dependentes. Ressaltou-se, ademais, que, mesmo ultrapassando o âmbito da interpretação literal dessa normapara adentrar na seara da interpretação teleológica, constatar-se-ia que, se o constituinte derivado tivesse pretendido escolher a renda dos dependentes do segurado como base de cálculo do benefício em questão, não teria inserido no texto a expressão “baixa renda” como adjetivo para qualificar os “segurados”, mas para caracterizar os dependentes. Ou seja, teria buscado circunscrever o universo dos beneficiários do auxílio-reclusão apenas aos dependentes dos presos segurados de baixa renda, não a estendendo a qualquer detento, independentemente da renda por este auferida, talvez como medida de contenção de gastos.RE 587365/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE-587365)RE 486413/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE-486413)

Auxílio-Reclusão e Renda Bruta do Segurado Preso – 3Acrescentou-se que um dos objetivos da EC 20/98, conforme a

Exposição de Motivos encaminhada ao Congresso Nacional, seria o de restringir o acesso ao auxílio-reclusão, haja vista que o constituinte derivado ter-se-ia amparado no critério de seletividade que deve reger a prestação dos benefícios e serviços previdenciários, a teor do art. 194, III, da CF, para identificar aqueles que efetivamente necessitam do aludido auxílio. Nesse sentido, tal pretensãosó poderia ser alcançada se a seleção tivesse como parâmetro a renda do próprio preso segurado, pois outra interpretação que levasse em conta a renda dos dependentes,a qual teria de obrigatoriamente incluir no rol destes os menores de 14 anos — impedidos de trabalhar, por força do art. 227,§ 3º, I, da CF —, provocaria distorções indesejáveis, visto que abrangeria qualquer segurado preso,independentemente de sua condição financeira, que possuíssefilhos menores de 14 anos. Por fim, registrou-se que o art.13 da EC 20/98 abrigou uma norma transitória para a concessão do citado benefício e que, para os fins desse dispositivo, a Portaria Interministerial MPS/MF 77/2008 estabeleceu o salário de contribuição equivalente a R$ 710,08 (setecentos e dez reais e oito centavos) para o efeito de aferir-se a baixa renda do segurado, montante quesuperaria em muito o do salário-mínimo hoje em vigor. Esse seria mais um dado a demonstrar não ser razoável admitir como dependente econômico do segurado preso aquele que aufere rendimentos até aquele salário de contribuição. Vencidos os Ministros Cezar Peluso, Eros Grau e Celso de Mello, que desproviam o recurso.RE 587365/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE-587365)RE 486413/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE-486413)