Fortuna e malogro do Banco Mutuário do Porto (1884-1933)

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Fortuna e malogro do Banco Mutuário do Porto (1884-1933) Hugo Silveira Pereira (CITCEM – FLUP) XXXII Encontro da APHES Lisboa – 2012

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Fortuna e malogro do Banco Mutuário do Porto (1884-1933)

Hugo Silveira Pereira (CITCEM – FLUP)

XXXII Encontro da APHESLisboa – 2012

• fundo no Arquivo Distrital do Porto• relatórios e contas• actas da comissão instaladora, assembleia-geral, conselho fiscal e comissão de liquidação• estatutos e regulamentos internos• registos de contas de clientes e índices de accionistas• correspondência expedida e recebida• gestão de agências/filiais/correspondentes• títulos de acções próprias e de outras companhias• 243 livros, 224 maços, 1 macete e 6 “outros”

O Banco Mutuário – fontes

• fundado no Porto em 1884 por António Albino Costa Correia, sob a firma Companhia A Mutuária• contava com a participação do visconde de Barreiros• sedeado na rua D. Pedro, 18 e mais tarde na rua dos Lavadouros (Sto. Ildefonso)

O Banco Mutuário – formação

• um banco para todos os efeitos, apesar do nome, excepto quanto a algumas operações que estava defesas• capital de 100 contos (2 000 acções de 50$000 cada)• primeiros anos de lucros conseguidos à custa de operações consideradas arriscadas pelo conselho fiscal

• 1887 – emissão da terceira série de acções• quatro filiais/agências• aquisição de novas instalações no mesmo arruamento• possibilidade de alteração nos estatutos

O Banco Mutuário – primeiros anos

• 1888 – morte do fundador no incêndio do Teatro Baquet• nomeação de uma direcção bicéfala (Luís José de Oliveira e Domingos José Pires Bacelar), exigência antiga• compra da Crédito e Auxílio Portuense• principal consequência: aumento do número de filiais de quatro para 16

• quatro em 1887, 16 em 1888, 20 em 1889 e 21 em 1891• no Porto (a maioria: Vitória, S. Nicolau, Cedofeita, Foz, Sto. Ildefonso, Bonfim, Sé, Ramalde), em Leça do Balio, em Bouças (Matosinhos) e em Vila do Conde• o gerente devia ser um empregado do banco, mas isso só num caso se verificou• contratos de três anos entre o gerente e a companhia

O Banco Mutuário – filiais

• hipoteca do património pessoal do gerente e esposa• filiais de divisão de lucros e meios, embora o regulamento previsse filiais de conta própria• A Mutuária responsabilizava-se por metade do seguro e por vezes da contribuição industrial e pela entrega dos livros da escrituração• todas as filiais foram extintas em 1891, por dificuldades de fiscalização e restrições legislativas ao comércio bancário

O Banco Mutuário – filiais

• em 1888• aumento do capital para 300 contos (6 000 acções de 50$000 cada)• autorização para a realização de operações normalmente atribuídas a bancos• accionistas espalhados pelo Porto (maioria), Minho, Douro Litoral, Guarda, Coimbra, Aveiro e Lisboa

O Banco Mutuário – 1ª mudança estatutária

• em 1895• mudança de firma de Companhia A Mutuária para Banco Mutuário

O Banco Mutuário – 2ª mudança estatutária

• possibilidade de realização de desconto de letras (principal actividade do banco até ao seu fecho)• possibilidade de substituição das filiais por escritórios externos, nunca concretizada

• em 1916• uma vez que a R. dos Lavadouros estava compreendida na zona a arrasar para abrir a Av. dos Aliados

O Banco Mutuário – mudança de sede

• mudança para a R. de Passos Manuel, n.º 7

• em 1921• resposta às novas exigências em termos de eleições e honorários• possibilidade do aumento do capital para mil contos

O Banco Mutuário – 3ª mudança estatutária

• 1929 – último ano lucrativo do banco• causas I: aumento de impostos, crise económica, falhanço do investimento em duas explorações industriais (prejuízo de 190 contos), corrida aos depósitos• causas II: decretos 10 474 e 10 634 de 17 de Janeiro e 20 de Março de 1925, que obrigavam à elevação do capital para 500 contos-ouro• tentativas falhadas para angariar fundos ou para vender o activo do banco• 7.8.1930 – suspensão de pagamentos

Malogro do Banco Mutuário

• 1931 – criação da comissão liquidatária do banco• o activo superava o passivo• incapacidade para negociar património, incapacidade para recebimento dos créditos (de um crédito de 300 contos resultou apenas 7 contos), venda ao desbarato de existências móveis (incluindo o recheio da sede do banco)• dupla prorrogação dos prazos para encerramento da liquidação (até 1933)• 1933 – encerramento da liquidação do banco recebendo cada credor 51,8% dos seus créditos sobre o banco

Malogro do Banco Mutuário