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O IMPACTO DA INSALUBRIDADE SOBRE A PRODUTIVIDADE DE COLABORADORES NA ATIVIDADE DE INSPEÇÃO DE CONCRETOS ARRUDA, María Teresa; 1 CAVALCANTI, Matheus; 2 DANTAS, Paulo Antonio; 3 SANTIAGO, Hendrio Hennrique 4 ALMEIDA,Diogo André 5 LÉLLIS, Jimmy de Almeida 6 RESUMO As empresas atuantes na área de análise da qualidade e inspeção de concreto têm papel essencial na regulamentação e certificação de projetos e utilização do material inerente ao setor da construção civil. É visível que a insalubridade e as condições de trabalho estão diretamente relacionadas aos níveis de produtividade das organizações que trabalham na inspeção. Com isso, o artigo tem o objetivo de responder como a insalubridade influencia na produtividade de empresas do segmento de inspeção de qualidade de concretos no município de João Pessoa. Neste artigo utiliza-se uma abordagem quali- quantitativo, com a análise dos dados coletados através da observação e do questionário, aplicado a seis colaboradores, no qual dois coordenadores e quatro funcionários, com perguntas fechadas, utilizando para tanto a escala de likert. A análise do conteúdo aponta que a empresa estudada tem grande 1 Graduanda do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. 2 Graduando do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. 3 Graduando do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. 4 Graduando do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. 5 Graduando do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. 6 Professor Dr. Orientador do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.

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O IMPACTO DA INSALUBRIDADE SOBRE A PRODUTIVIDADE DE

COLABORADORES NA ATIVIDADE DE INSPEÇÃO DE CONCRETOS

ARRUDA, María Teresa;1

CAVALCANTI, Matheus;2

DANTAS, Paulo Antonio;3

SANTIAGO, Hendrio Hennrique4

ALMEIDA,Diogo André5

LÉLLIS, Jimmy de Almeida6

RESUMO

As empresas atuantes na área de análise da qualidade einspeção de concreto têm papel essencial na regulamentação ecertificação de projetos e utilização do material inerente aosetor da construção civil. É visível que a insalubridade e ascondições de trabalho estão diretamente relacionadas aosníveis de produtividade das organizações que trabalham nainspeção. Com isso, o artigo tem o objetivo de responder comoa insalubridade influencia na produtividade de empresas dosegmento de inspeção de qualidade de concretos no município deJoão Pessoa. Neste artigo utiliza-se uma abordagem quali-quantitativo, com a análise dos dados coletados através daobservação e do questionário, aplicado a seis colaboradores,no qual dois coordenadores e quatro funcionários, comperguntas fechadas, utilizando para tanto a escala de likert.A análise do conteúdo aponta que a empresa estudada tem grande1 Graduanda do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.2 Graduando do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.3 Graduando do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.4 Graduando do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.5 Graduando do curso de Bacharelado em Administração do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.6 Professor Dr. Orientador do IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.

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preocupação relacionada à insalubridade e que os colaboradorestêm a consciência dos aspectos prejudiciais à exposição dosfenômenos nocivos a saúde. A investigação vem a contribuir, apartir dessa reflexão, sobre a questão da insalubridade sobrea produtividade, para pesquisas futuras relacionadas àinspeção de qualidade de concretos.

Palavras chave: Insalubridade. Produtividade. Inspeção de concretos.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................3

2 INSALUBRIDADE....................................................52.1 Nr-15..........................................................7

3 PRODUTIVIDADE....................................................94 INSALUBRIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL...............................10

5 INSALUBRIDADE E PRODUTIVIDADE NO LABEME.........................115.1 Quanto ao ruído...............................................12

5.2 Quanto ao calor...............................................126 METODOLOGIA.....................................................13

7 ANÁLISE DOS DADOS...............................................138 CONCLUSÃO.......................................................19

REFERÊNCIAS.......................................................21

3

1. INTRODUÇÃOA Revolução Industrial foi um marco na sociedade, o avanço

da tecnologia que ocorreu no século XVIII deu origem a uma

nova configuração nas relações de trabalho. Seu impacto é

perceptível ainda nos dias de hoje, porém, vale ressaltar que

muitas das conquistas alcançadas pelos trabalhadores daquela

época serviram de base para a configuração das leis

trabalhistas atuais. Juntamente com os ganhos e avanços para a

sociedade durante a atividade industrial na época de

Revolução, surgiram problemas relacionados às condições de

trabalho. Não havia a preocupação com as condições de

trabalho, em especial da insalubridade dos operários das

4

fábricas, e esse fator sempre permeou muitas discussões dentro

do ambiente fabril. O termo insalubridade começou a ser usado

na atualidade para identificar as más condições de trabalho

que podem ser diferentes das existentes no início da

Revolução, mas não deixam de ser possivelmente prejudiciais ao

trabalhador.

Segundo Saliba e Corrêa (2011), o termo insalubre,

originário do latim, significa aquilo que causa doença, e

insalubridade é a qualidade de insalubre. No Brasil,

considera-se trabalho insalubre, de acordo com a Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT) através do art. 189, a atividade

que expõe o trabalhador a condições prejudiciais à saúde em

índices acima dos considerados tolerantes, em razão da

natureza e intensidade do agente de insalubridade e do tempo

de exposição exigido pela atividade. Ou seja, aquele

trabalhador que executa uma atividade que possui algum fator

prejudicial à saúde e está exposto a ela com uma intensidade e

tempo acima do tolerável, possui um trabalho considerado

insalubre.

As condições e índices de tolerância à exposição de

agentes insalubres são regulamentados pelo Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE). O MTE instituiu 36 normas

regulamentadoras (NR) e 14 anexos, onde a NR-15 trata das

atividades e operações insalubres.

As empresas de todo o país estão sujeitas as normas

regulamentadoras da NR-15, em se tratando de insalubridade, e

as demais normas regulamentadoras das condições de trabalho

5

instituídas pelo MTE. Não é diferente nas empresas paraibanas,

onde a fiscalização das condições de trabalho também estão

sujeitas às normas do MTE.

No ambiente da construção civil os direitos do empregado,

os deveres do empregador e as normas de saúde e segurança do

trabalho são encontrados numa cartilha construída pelo

Ministério Público do Trabalho, através da Procuradoria

Regional do Trabalho da 1ª Região.

A inspeção de qualidade em concretos é uma atividade de

grande importância para a sociedade, principalmente no que diz

respeito à segurança que essa inspeção trará as obras da

construção civil. Tal atividade possui agentes de

insalubridade devido aos aspectos que são inerentes à

atividade, como a exposição do trabalhador à poeira do cimento

e às condições térmicas existentes na execução da atividade.

A produtividade no ambiente da construção civil é algo

que está associado ao trabalho desde seu início. Com a chegada

da era industrial e com os estudos relacionados a essa

temática, a produtividade neste segmento se tornou uma

variável ainda mais importante para a administração e passou a

ganhar atenção especial dos gestores.

A inspeção de concreto no Brasil começou a se modernizar a

partir dos anos 50 com os grandes investimentos tecnológicos e

científicos que ocorreram no país naquela época. Nesse período

da história, o controle de qualidade do concreto era feito de

forma descontinuada, muitas vezes somente após erros serem

detectados em alguma estrutura. Em 1957, a Petrobras iniciou a

6

construção da sua maior refinaria e beneficiou-se da

tecnologia de inspeção científica do concreto utilizado na

obra, sendo um marco histórico na vistoria de estruturas no

Brasil. Na década de 1970 foi criado o Inmetro (Instituto

Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), com o

objetivo de fortalecer as empresas nacionais, buscando

aumentar a sua produtividade por meio da adoção de mecanismos

destinados à melhoria da qualidade. Esse instituto passou a

credenciar empresas de inspeção de concreto do país, dando

mais credibilidade aos serviços prestados. Os ambientes onde

acontecem os testes de inspeção muitas vezes são considerados

insalubres, boa parte disso se deve a alguns materiais que

necessitam estar submetidos a condições ambientais reais para

serem verificados de forma eficiente.

No contexto de atividades insalubres é visível que a

insalubridade e as condições de trabalho estão diretamente

relacionadas aos níveis de produtividade da organização. E não

é diferente quando se trata do ramo de inspeção de qualidade

de concretos, onde muitas vezes os colaboradores são

submetidos a situações laborais desfavoráveis, prejudicando

assim sua capacidade produtiva. Partindo da hipótese que

trabalhos considerados insalubres proporcionam maior

dificuldade em sua execução e que essa dificuldade atrapalha a

atividade, este presente estudo tem o intuito de responder o

seguinte questionamento: Como a insalubridade influencia na produtividade

de empresas do segmento de inspeção de qualidade em concretos no município de

João Pessoa?

7

Portanto, neste cenário, tem-se o objetivo de analisar o

impacto da insalubridade na produtividade de empresas de

inspeção de concretos no município de João Pessoa, através de

um estudo de caso.

Essa pesquisa tem grande relevância para os pesquisadores,

pois vai ajudá-los a aprofundar seus conhecimentos sobre a

insalubridade e produtividade, ajudando-os a aprender mais

sobre esses assuntos em uma atuação prática. Para a academia,

essa pesquisa é importante, pois vai verticalizar estudos

sobre insalubridade e produtividade, aumentando a literatura

sobre esses assuntos, aglutinando o trinômio

produtividade/construção civil/qualidade aplicada a inspeção

do concreto. Para a empresa essa pesquisa explicita a

influência que a insalubridade tem nas atividades de inspeção

de concreto. Para a sociedade tal pesquisa propiciará a

disseminação de conhecimentos sobre os aspectos de

insalubridade aplicados à inspeção de qualidade em concretos.

2. INSALUBRIDADE

Muito se fala no mundo do trabalho sobre a insalubridade, na

maioria das vezes referindo-se ao acréscimo salarial existente

em casos de atividade insalubre. Compreender o que vem a ser

insalubridade, como se caracteriza e quais são os seus agentes

é de fundamental importância para as organizações, pois

somente a partir do conhecimento sobre o tema se é possível

desenvolver ações para neutralizar a insalubridade e proteger

o colaborador.

8

De acordo com Saliba e Corrêa (2011), insalubre é o termo

que se dá a um agente que possa trazer doença ao indivíduo, no

ambiente do trabalho a insalubridade se caracteriza por uma

atividade que exponha o trabalhador a agentes nocivos à sua

saúde. O grau de insalubridade da atividade será definido de

acordo com a intensidade da exposição e o período de tempo em

que o trabalhador está exposto ao agente insalubre.

No Brasil, o aspecto da insalubridade no ambiente de

trabalho é uma preocupação que está presente tanto no ambiente

empresarial quanto nos órgãos do poder público. A Constituição

Federal dispõe sobre a atividade insalubre no artigo 7º,

inciso XXIII: “Adicional de remuneração para as atividades

penosas, insalubres ou perigosas na forma da lei.” Nesse

artigo, a Constituição fala sobre um adicional de remuneração

que será pago ao trabalhador que execute uma atividade

insalubre reconhecida na forma da Lei.

Existem parâmetros que definem as atividades consideradas

insalubres, levando em consideração a intensidade e período de

tempo da exposição do trabalhador ao agente insalubre. Segundo

Saliba e Corrêa (2011), existem três classificações para os

agentes agressivos que podem levar o trabalhador a adquirir

doenças do trabalho.

São eles:

Agentes físicos – ruído, calor, radiações, frio,

vibrações e umidade;

Agentes químicos – poeira, gases e vapores, névoas e

fumos;

9

Agentes biológicos – micro-organismos, vírus e

bactérias.

Nesse contexto, o presente estudo será focado nos agentes

físicos, mais precisamente em ruído e calor.

A partir desses fatores é que os índices de tolerância aos

agentes insalubres foram desenvolvidos. De acordo com Saliba e

Corrêa (2011), esses fatores representam um valor numérico

limite, sendo esse índice um número abaixo do qual o

trabalhador poderá operar sem ocorrer o risco de contrair uma

doença laboral.

O grau de insalubridade é definido pela norma

regulamentadora NR-15, o quadro abaixo apresenta a relação

entre os níveis de tolerância aos agentes insalubres e o

percentual de insalubridade existente sobre eles.

Quadro 1 – Definição de grau de insalubridade

ATIVIDADES OU OPERAÇÕES QUE EXPONHAMO TRABALHADOR A...

PERCENTUAL

1 – Níveis de ruído contínuo ouintermitente superiores aos limitesde tolerância fixados no Quadroconstante no Anexo 1 e no item 6 domesmo anexo.

20%

2 – Níveis de ruído de impactosuperiores aos limites de tolerânciafixados nos itens 2 e 3 do Anexo 2.

20%

3 – Exposição ao calor com valoresde IBUTG superiores aos limites detolerância fixados nos Quadros 1 e2.

20%

4 – (Revogado pela Portaria MTE nº 3.751, de23 de novembro de 1990) 5 – Níveis de radiações ionizantescom radioatividade superior aoslimites fixados neste Anexo.

40%

6 – Ar comprimido. 40%

10

7 – Radiações não-ionizantesconsideradas insalubres emdecorrência de inspeção realizada nolocal de trabalho.

20%

8 – Vibrações acima dos limitesestabelecidos pelas ISO 2631 e 5439ou suas substitutas.

20%

9 – Frio considerado insalubre emdecorrência de inspeção realizada nolocal de trabalho.

20%

10 – Umidade considerada insalubreem decorrência de inspeção realizadano local de trabalho.

20%

Fonte. SALIBA E CORRÊA (2011, pág. 18)

2.1 Nr-15

A regulamentação jurídica sobre os aspectos da

insalubridade foi construída pelo Ministério do Trabalho e

Emprego (TEM), que instituiu a NR-15 como norma

regulamentadora da insalubridade, através da Portaria nº

3.214/1978. Sendo uma atividade caracterizada como insalubre

apenas se o agente causador da insalubridade estiver

caracterizado pela NR-15.

Qualquer interessado poderá ter acesso às normas

existentes na NR-15, que pode ser encontrada no portal do TEM.

Neste subtópico serão apresentadas as diretrizes gerais da

norma regulamentadora, com um foco especial nos agentes

insalubres que se enquadram na realidade da empresa de

inspeção de qualidade em concretos estudada.

De acordo com o texto da NR-15, são consideradas

insalubres as atividades que se desenvolvem acima dos limites

de tolerância estabelecidos em certas atividades estabelecidas

11

pela norma e através de laudo comprovado por meio de inspeção

no local de trabalho.

A respeito da delimitação dos limites de tolerância, o

item 15.1.5 da NR-15 estabelece que: “entende-se por “Limite

de Tolerância”, para os fins desta Norma, a concentração ou

intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o

tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do

trabalhador, durante a sua vida laboral.”.

A NR-15 possui anexos que delimitam os índice de

tolerância para cada agente causador de insalubridade. Como

dito anteriormente, os agentes causadores de insalubridade

podem ser de origem física, química ou biológica, existindo

vários itens dentro de cada grupo. Para cada item a Norma

apresenta um anexo delimitando os índices de tolerância e o

tempo permitido de exposição do agente ao trabalhador.

Para os fins deste estudo existem dois aspectos que

condizem com a realidade da empresa de inspeção de qualidade

de concretos abordada, que são o calor e o ruído presentes no

ambiente de trabalho. Os quadros abaixo foram retirados dos

Anexos da NR-15 e correspondem aos agentes causadores de

insalubridade: ruído e calor.

Quadro 2 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou

intermitente

NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL8586878889

8 horas7 horas6 horas5 horas

4 horas e 30 minutos

12

9091929394959698100102104105106108110112114115

4 horas3 horas e 30 minutos

3 horas2 horas e 40 minutos2 horas e 15 minutos

2 horas1 hora e 45 minutos1 hora e 15 minutos

1 hora45 minutos35 minutos30 minutos25 minutos20 minutos15 minutos10 minutos8 minutos7 minutos

Fonte. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR-15 – Atividades e operações

insalubres. Anexo 1. Brasil: D.O.U. 08/06/1978. (atualizado em 01.02.2011)

O Anexo nº 1 da NR-15 apresenta os níveis de ruído em

decibéis, o Item 2 do Anexo define que “os níveis de ruído

contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB)

com instrumento de nível de pressão sonora operando no

circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta

(SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do

trabalhador.” Definidos os níveis de ruído, a coluna da

direita delimita o tempo limite de exposição do trabalhador a

cada nível de ruído. Dados de formas decrescente o Anexo

apresenta o tempo que o trabalhador pode ficar exposto ao

nível de ruído sem proteção auricular.

Quadro 3 – Limites de tolerância para exposição ao calor

REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COMDESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE

TRABALHO (por hora)

TIPO DE ATIVIDADE

LEVE MODERADA PESADATrabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0

13

45 minutos trabalho / 15 minutosdescanso 30,1 a 30,5 26,8 a

28,0 25,1 a 25,9

30 minutos trabalho / 30 minutosdescanso 30,7 a 31,4 28,1 a

29,4 26,0 a 27,9

15 minutos trabalho / 45 minutosdescanso 31,5 a 32,2 29,5 a

31,1 28,0 a 30,0

Não é permitido o trabalho sem aadoção de medidas adequadas de

controle

acima de32,2

acima de31,1

acima de30,0

Fonte. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR-15 – Atividades e operações

insalubres. Quadro nº 1 do Anexo 3. Brasil: D.O.U. 08/06/1978. (atualizado

em 01.02.2011)

A NR-15 determina que os instrumentos utilizados para a

medição da temperatura são: o termômetro de bulbo úmido

natural, termômetro de globo e o termômetro de mercúrio comum,

e a exposição ao calor deve ser avaliada segundo o “Índice de

Bulbo Úmido Termômetro de Globo” – IBUTG. Os cálculos desse

índice levam em conta se o ambiente é interno ou externo sem

carga solar e os ambientes externos com carga solar. O Quadro

apresenta os tempos limites de trabalho e descanso em relação

aos índices de exposição ao calor, considerando as

classificações de atividades entre leve, moderada e pesada.

3 PRODUTIVIDADE

A produtividade é um conceito muito utilizado atualmente.

Porém, essa palavra ganha conceitos diferentes dependo da área

onde ela esta sendo empregada. Para contadores, economistas,

políticos e engenheiros a produtividade pode representar

diferentes coisas. Para administração não é diferente, esse

termo pode ser usado para traduzir diferentes situações. Na

área administrativa, a produtividade pode estar ligada ao

número de peças produzidas em um determinado período de tempo

14

com uma pré-estabelecida quantidade de capital, pode ser uma

produtividade parcial ou total, pode estar ligada ao número de

vendas ou ainda pode ser determinada pela eficiência de um

serviço.

“A produtividade é a capacidade de produzir ou o estado em

que se dá a produção” (CONTADOR, 2010). A partir do conceito

dado percebemos que essa palavra está ligada diretamente ao

resultado alcançado pela organização. Por exemplo, segundo

Contador (2010, pag.107), “a produtividade da empresa é

relação entre o faturamento e os custos respectivos.” A

produtividade é um fator que consegue alavancar qualquer

empresa, pois esse conceito está diretamente ligado ao

controle e otimização dos custos. Não por acaso é muito comum

que organizações tenham um setor específico para lidar com

variáveis que venham atrapalhar a produtividade naquela

empresa.

Além de combater variáveis que atrapalham a produtividade,

existe um preocupação em aumentar cada vez mais a

produtividade. Independente de como a produtividade possa ser

medida, o grande objetivo das organizações é sempre aumenta-lá

para atingir números de produção cada vez melhores. Segundo

Contador (2010, pag.108), “[...] o aumento da produtividade é

alcançado por meio de técnicas de estudo de métodos de

trabalho, que conseguem fazer com que o operário produza mais

eficientemente, fatigando-se menos”. Essas técnicas são

bastante variadas, já que na maioria das vezes o tipo de

negócio ou atividade é que vai dizer quais os métodos que

serão utilizados para o crescimento da produtividade.

15

Outro fator que está intimamente ligado à produtividade é a

qualidade. Não adianta os funcionários produzirem de forma

mais eficiente se o produto ou serviço tem uma baixa

qualidade. O baixo nível de qualidade, seja na operação ou no

produto em si, vai gerar trabalhos e retrabalhos indesejados

para consertar os erros existentes. A qualidade está

fortemente ligada à produtividade, pois de acordo com Contador

(2010, pag. 111) a produtividade “aumenta à medida que aumenta

a qualidade, já que com isso há menos retrabalho, ou seja, não

há tanto desperdício”.

A produtividade é uma variável muito importante na produção,

pois ela ajuda a empresa a alcançar o sucesso organizacional a

partir da redução dos custos, aumento no número de peças

produzidas ou de serviços realizados, e aumento na qualidade

dos produtos e serviços realizados. Além disso, a

produtividade ainda aumenta a competitividade de qualquer

organização. “Operar em alta produtividade é condição para a

empresa obter vantagens competitivas em prazo de entrega, em

variedade de modelos, em novos modelos e etc”. (CONTADOR,

2010).

4 INSALUBRIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil é uma atividade que faz parte da

história da humanidade, desde a antiguidade o ser humano

constrói suas próprias residências ou locais de comércio. Essa

atividade evoluiu através dos tempos e hoje estamos no mais

avançado estágio de evolução dessa prática, pelo menos no que

é condizente com tecnologias e maneiras de execução. Porém,

16

mesmo sendo uma atividade indispensável para a raça humana, a

construção civil sempre apresentou aspectos de dificuldade em

suas operações, e estas condições levaram a construção civil a

ser vista com uma operação insalubre.

A construção civil envolve uma série de atividades, que

podem ou não expor o empregado a condições insalubres, e

promover o uso de equipamentos de proteção individual que

eliminem ou reduzam a insalubridade dentro dos limites de

tolerância fixados pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Nas operações de obras de alvenaria nem sempre são

desempenhadas atividades de risco a saúde. Entretanto, na

maioria das vezes, é quase inevitável a eliminação de ameaças

à saúde dos funcionários (pedreiros, ajudantes etc). Dentro da

construção civil poderemos perceber vários riscos no que diz

respeito a insalubridade. O ruído, que com a utilização de

protetor auricular pode ser amenizado, se dá através de

equipamentos com alto índice de barulho como o exemplo da

serra circular ou a betoneira que são utilizados pelos

profissionais da área para a execução de suas atividades.

Outro fator nocivo a saúde, e pouco abordado pelos técnicos, é

a poeira sílica. É um tipo de substância que vem do cimento,

da varredura a seco, das atividades de serrar e cortar,

movimentar materiais e cargas, perfurar, talhar, através do

jato abrasivo de concreto ou até mesmo da areia (NETO L L.,

1995). É algo inerente à atividade do pedreiro, e pode ser

amenizado com o uso do EPI respiratório, como a máscara.

A conscientização no uso dos equipamentos por parte dos

profissionais da área da construção civil, pode eliminar ou

17

amenizar os danos motivados a constante exposição à condições

insalubres de trabalho. Porém protetores como a máscara, são

pouco utilizados. Normalmente vemos a utilização de botas,

luvas, capacetes, protetores auriculares, botinas e macacões.

Com isso, fica evidente a que é praticamente improvável

que o trabalhador da área de obras de alvenaria, esteja

completamente protegido de situações que venham a causar danos

a sua vitalidade. Isso é um assunto que deve ser discutido

constantemente, devido a sua importância.

5 INSALUBRIDADE E PRODUTIVIDADE NO LABEMEBusca-se neste presente trabalho mostrar como os aspectos

insalubres podem atrapalhar a produtividade de um Laboratório

de Ensaio de Materiais e Estruturas. Esta empresa tem como

principal atividade a inspeção de qualidade em concretos. Tal

tarefa é considerada bastante dura e possui muitas

características de insalubridade.

Nesse sentido, a insalubridade no LABEME foi abordada

dentro de duas principais perspectivas:

o Quanto ao ruído;

o Quanto ao calor.

5.1 Quanto ao ruídoApós a fase de dosagem, onde a quantidade de cada

material a ser usado na mistura para a fabricação do concreto

é definida, serão feitos os testes no produto. E para os tais,

é necessário fabricar alguns corpos de prova com as

18

especificações que foram previamente descritas. Essa

fabricação é feita pelos colaboradores no próprio laboratório,

e durante esse processo as máquinas misturadeiras emitem um

ruído alto e contínuo.

Os pontos 5 e 7 do Anexo 1 referentes a ruído contínuo ou

intermitente da Norma Regulamentadora-15, definem que: não é

permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 decibéis

para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos; e,

as atividades ou operações que exponham os trabalhadores a

níveis de ruído contínuo ou intermitente, superiores a 115

decibéis, sem proteção adequada, oferecerão risco grave e

iminente.

Segundo Saliba e Corrêa (2011), pode-se controlar o ruído

de três formas: na fonte, na trajetória e no homem. No

contexto do LABEME, uma das saídas é o uso de protetores

auriculares para diminuir a intensidade do ruído percebido

pelos colaboradores. Porém, não há a utilização de protetores

auriculares no LABEME, o que, em longo prazo, pode vir a

prejudicar a saúde do colaborador que opera as misturadeiras.

Também não há uma fiscalização por parte dos gestores do

LABEME quanto a essa ausência de proteção especificamente.

5.2 Quanto ao calorAs únicas áreas do LABEME que possuem condicionadores de

ar são os escritórios para recebimento de pedidos e elaboração

de laudos. Sendo assim, todos os outros setores do laboratório

estão sob temperatura ambiente, muitas vezes desagradável,

19

podendo influenciar negativamente na realização do trabalho e

se tornando mais um fator de insalubridade.

De acordo com Saliba e Corrêa (2011), a insalubridade por

calor só poderá ser eliminada mediante ações aplicadas no

ambiente laboral ou reduzindo o tempo de permanência dos

colaboradores no ambiente. De acordo com a Norma

Regulamentadora–15, as atividades exercidas no LABEME durante

o processo de teste de qualidade são classificadas como leves.

E para essa classificação, o limite de temperatura definido é

de até 30°C. Os colaboradores do LABEME são treinados de

maneira a usarem os equipamentos de proteção individual, mas

segundo Saliba (2011, pág. 63), “a neutralização por meio de

EPI’s não ocorre, pois não é possível determinar se estes

reduzem a intensidade do calor a níveis abaixo dos limites de

tolerância conforme prevê o artigo 191 da Consolidação das

Leis do Trabalho”.

Uma solução viável e de fácil instalação no LABEME seria a

instalação de exaustores para auxiliar a circulação de ar

nesse ambiente laboral de forma a diminuir ou eliminar o

desconforto térmico sentido pelos colaboradores.

6 METODOLOGIA

O processo de levantamento de informações pelo qual passou o

estudo de caso que originou o presente artigo e os demais

pontos levantados posteriormente é definido como a metodologia

a ser adotada neste estudo. Com base nos parâmetros

encontrados na literatura, nossa metodologia de pesquisa é,

quanto à sua natureza, uma pesquisa aplicada, que parte das

20

características levantadas na empresa estudada e procura

soluções para os problemas nela encontrados.

O presente estudo quanto à forma de abordagem é quali-

quantitativo. Quanto aos objetivos configura-se como uma

pesquisa descritiva e exploratória. Quanto aos procedimentos

técnicos, é uma pesquisa bibliográfica, de campo e estudo de

caso. O levantamento dos dados foi realizado através de

pesquisa bibliográfica e do estudo de caso realizado numa

empresa de inspeção de qualidade em concretos do estado da

Paraíba. Por ser resultado de um estudo de caso, a presente

pesquisa segue o método indutivo, baseado na observação dos

aspectos da organização para, a partir disto, responder a

questão problema levantada: Como a insalubridade influencia na

produtividade de empresas do segmento de inspeção de qualidade

em concretos no município de João Pessoa? As estratégias de

coleta de dados utilizadas foram partindo da amostra não

probabilística intencional, que é a empresa de inspeção de

qualidade em concretos, onde tiveram foco na visão dos

gestores e colaboradores. Os dados foram coletados através da

observação e do questionário com perguntas fechadas e de

aplicação, utilizando para tanto a escala de Likert.

7 ANÁLISE DOS DADOS

Para responder aos questionamentos levantados na

problemática do presente artigo fez-se uso do questionário,

instrumento de coleta de dados que permite ao pesquisador

obter as respostas que o auxiliaram a atingir seus objetivos

de pesquisa.

21

O questionário utilizado neste artigo foi baseado na

escala de Likert, que mede o grau de concordância do

entrevistado a cada afirmação. No questionário utilizado, cada

item Likert vem seguido das opções: discordo totalmente,

discordo, indiferente, concordo e concordo totalmente; dentre

estas opções o respondente irá marcar àquela que reflete a sua

opinião a cerca da afirmação. O questionário, disponível no

anexo 1, foi dividido em dois grupos de afirmativas, estas

afirmativas estão agrupadas de acordo com o agente causador de

insalubridade, foco do presente estudo, e contém itens de

percepção e ação quanto ao assunto, com o objetivo de

identificar o nível de concordância do respondente à cada

afirmação.

O questionário foi aplicado a seis funcionários do

laboratório de inspeção de qualidade em concretos, sendo

divididos em duas categorias: dois dos respondentes ocupam o

cargo de coordenadores do laboratório e os demais atuam na

atividade de inspeção propriamente dita. Ressaltando que

dentre os dois coordenadores, apenas um também atua na

atividade de inspeção de concretos, sendo o outro coordenador

o responsável administrativo pelo laboratório. Os respondentes

receberam instruções de marcar um dos itens que representa o

seu nível de concordância em relação a cada afirmação. Estes

itens foram divididos em dois grupos, referentes aos agentes

causadores de insalubridade calor e ruído, como estão

inseridos no ambiente da empresa e seus reflexos nos

trabalhadores. Os dados obtidos foram agrupados para

possibilitar uma visão comparativa entre a perspectiva dos

22

coordenadores e demais colaboradores. O resultado do

levantamento de dados pode ser compreendido a seguir.

Gráfico 1 – Grupo 1 - Calor - Percepção.

0% 0% 17%67%

17%0% 8% 8%50% 33%

Grupo 1 - Calor - Percepção

Gestores Colaboradores

Fonte: Pesquisa própria, 2013.

O gráfico apresenta a junção dos itens do primeiro grupo

de questões, referente ao agente causador de insalubridade

calor, sendo analisados sob o olhar de percepção dos

colaboradores e gestores. Foram três afirmativas relacionando

o calor e seus reflexos no ambiente de trabalho. A primeira

afirmativa dizia que: “O calor excessivo no ambiente de

trabalho influencia negativamente a realização das atividades,

pois causa desconforto e cansaço nos colaboradores.” A segunda

afirmativa dizia que: “Na atividade de testes de qualidade em

concretos o colaborador que permanece muito tempo exposto ao

sol, ou em ambientes quentes e sem ventilação, tende a sentir

maiores dificuldades na execução de suas funções”. Com o

intuito de identificar como o funcionário age na situação de

calor excessivo a terceira afirmação traz que: “Ao longo do

dia de trabalho na nossa empresa os colaboradores percebem

que, se permanecerem durante muito tempo num ambiente abafado

23

(inspeção de concretos), surge a necessidade de parar de

produzir para se recuperar do cansaço”. De acordo com as

respostas obtidas e apresentadas no gráfico, percebe-se que os

colaboradores concordam em 84% com as afirmativas expostas no

questionário. Assim como os gestores, a equipe de

colaboradores também concorda em 84% com as afirmativas ditas

acima.

Através dos resultados ilustrados no gráfico do Grupo 1 –

Calor – Percepção, pode-se inferir que, em relação as

consequências da exposição do trabalhador ao calor excessivo,

há um nível de concordância comum entre coordenadores e

colaboradores. Sendo assim a percepção que a maioria dos

componentes da organização tem do reflexo negativo da

exposição ao calor está em conformidade com o que é dito na

teoria. Segundo Ruas (2001, p. 55), “a ISO 7730 (1994)

especifica que um ambiente é aceitável no que se refere ao

conforto térmico se a porcentagem de pessoas insatisfeitas

devido ao desconforto no corpo como um todo for menor que dez

por cento (PPD<10%)”. Como no presente estudo o número de

pessoas insatisfeitas com o calor é superior aos 10%

estabelecidos pela ISO 7730 (1994), e sendo o calor um dos

fatores para medir o conforto térmico percebemos a

insatisfação quanto a esse elemento de conforto no ambiente de

trabalho. Sabendo que a insalubridade se caracteriza pela

possibilidade do agente agressor causar algum tipo de

debilidade ao trabalhador, o questionário nos dá apenas a

percepção do trabalhador quanto ao agente, não sendo o mesmo

instrumento de medição do nível da insalubridade.

24

Analisando a percepção dos respondentes pode-se observar a

realidade da organização no tocante à exposição ao calor

excessivo. A concordância da maioria com as afirmativas mostra

que o colaborador percebe a relação entre o desconforto

causado pelo calor e a produtividade da organização, já que

concordam com a necessidade de interromper as atividades para

a recuperação do trabalhador, a influência negativa do calor

nas realizações das atividades e a dificuldade de produzir em

tais condições.

Gráfico 2 – Grupo 1 - Calor - Ação.

50% 50%

0% 0% 0%0%25%

0%

75%

0%

Grupo 1 - Calor - AçãoGestores Colaboradores

Fonte: Pesquisa própria, 2013.

Para fechar o grupo de questões referentes ao agente

causador de insalubridade calor, foi exposta mais uma

afirmativa, agora com uma perspectiva voltada à ação. A

afirmativa quatro diz que: “Nessa empresa, especificamente,

para amenizar o desconforto causado pela alta temperatura, o

ambiente é aberto e proporciona uma boa circulação de ar”. De

25

acordo com as respostas obtidas percebe-se que os gestores não

concordam com a afirmativa, ou seja, o nível de concordância é

de 0%. Já os colaboradores concordam em 75% com a afirmativa

quatro.

De acordo com as respostas obtidas no gráfico 2 percebe-se

uma discrepância entre as respostas dos gestores e

colaboradores. Tal fato pode ser explicado pelo não

entendimento da afirmativa por parte dos colaboradores, que

podem ter achado que a afirmativa fosse uma situação ideal

para o ambiente de trabalho, por isso selecionaram a

alternativa concordo. Porém, se analisarmos todo o grupo de

questões a cerca do calor, percebe-se que existe o incômodo

ocasionado por esse agente insalubre. A partir do exposto

podemos inferir que essa afirmativa, destoa das demais por uma

questão de interpretação dos respondentes, mesmo sabendo que o

ambiente em que se trabalha possui diversos fatores que

aumentam o calor, como o telhado feito de amianto, a grande

incidência de raios solares e a pouca circulação de ar no

posto de trabalho, visto que essas informações foram obtidas a

partir de um estudo de caso realizado no laboratório.

Gráfico 3 – Grupo 2 - Ruído - Percepção.

26

25%

0% 0%

50%

25%

0% 0% 0%

63%

27%

Grupo 2 - Ruído - Percepção

Gestores Colaboradores

Fonte: Pesquisa própria, 2013.

O gráfico acima apresenta a junção dos itens do primeiro

grupo de questões, referente ao agente causador de

insalubridade ruído, sendo analisados sob o olhar de percepção

dos colaboradores e gestores. Foram duas afirmativas

relacionando o ruído e seus reflexos no ambiente de trabalho.

A primeira afirmativa dizia que: “O ruído excessivo no

ambiente de trabalho gera desconforto nos colaboradores, sendo

a causa de incômodos fortes e atrapalhando a comunicação entre

os membros da empresa, podendo em alguns casos proporcionar

acidentes de trabalho”. E a segunda afirmativa dizia que:

“Para empresas de testes de qualidade em concretos existem

máquinas que emitem muito barulho quando ligadas, mas sua

utilização não pode ser evitada, pois são de extrema

importância para a produção. Desenvolver a rotina diária com

esse ruído é uma prática corriqueira que os colaboradores já

estão acostumados”. A partir das respostas obtidas para as

afirmativas anteriores, percebe-se que os gestores concordam

em 75% com as afirmativas relacionadas ao ruído. Enquanto que

os colaboradores concordam em 100% com o que é dito pelas

afirmativas.

27

De acordo com os resultados obtidos no questionário, em

relação ao impacto do ruído existente no ambiente de trabalho

há um nível concordância que demonstra a percepção dos

respondentes quanto ao ruído, tanto dos colaboradores quanto

dos gestores. Sendo assim a atividade de inspeção de concreto

pode ser caracterizada, de acordo com a percepção dos

respondentes, como uma atividade onde o ruído excessivo é

existente. A NR-15 determina os níveis de tolerância para

exposição ao ruído intermite, sendo o Anexo nº 1 da NR-15 o

quadro que estabelece os períodos limites de exposição ao

ruído relacionando-os com os níveis de ruído, em decibéis.

Podemos inferir que pelo que está ilustrado no gráfico 3

que a percepção dos funcionários em relação ao ruído mostra a

insatisfação quanto ao impacto causado por esse agente no

ambiente de trabalho e como ele afeta negativamente a

produtividade, visto que a grande maioria dos respondentes

concordam que o ruído do maquinário utilizado nas atividades

de inspeção de qualidade em concretos atrapalha a comunicação

entre os funcionários e torna a realização das atividades mais

incômoda.

Gráfico 4 – Grupo 2 - Ruído - Ação.

28

50%0% 0%

50%0%0% 0% 0%

100%

0%

Grupo 2 - Ruído - AçãoGestores Colaboradores

Fonte: Pesquisa própria, 2013.

Para fechar o grupo de questões referentes à variável

insalubre ruído, foi exposta mais uma afirmativa, agora com

uma perspectiva voltada à ação. A afirmativa três dizia que:

“Na nossa empresa (inspeção de concretos), especificamente,

quando as máquinas que emitem muito ruído estão sendo

utilizadas, o colaborador que está a operá-la faz uso de

protetores auriculares para garantir a proteção de sua audição

e o conforto na execução das tarefas. Já aos colaboradores

indiretos (aqueles que não operam as máquinas, mas estão

perto) é opcional o uso dos mesmos”. A partir das respostas

obtidas tem-se que os gestores concordam em 50% com a

afirmativa. Já os colaboradores concordam em 100% com a

afirmativa apresentada anteriormente.

Segundo Rocha et. al. (2011) “Os Programas de Prevenção de

Perdas Auditivas (PPPA) constituem um conjunto de medidas

preventivas a serem desenvolvidas com o objetivo de evitar a

instalação ou a evolução da Perda Auditiva Induzida por Níveis

de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE).” O fato da afirmativa

referente a ação da empresa em relação as formas de

29

neutralizar o ruído ter obtido um retorno positivo demonstra

que a organização se preocupa como o conforto de seus

trabalhadores e segue o que é estabelecido na teoria para

proteger o trabalhador dos riscos da exposição ao ruído.

A partir das respostas obtidas, podemos inferir que na

organização pesquisada existe uma grande preocupação em

relação ao ruído das máquinas e as doenças que podem ser

ocasionadas pelo agente, sendo assim, é por esse motivo que a

utilização dos EPIs é fundamental para atividade. Também

percebe-se que os colaboradores tem a consciência do quão

prejudicial pode ser a exposição ao ruído intermitente, e por

isso fazem uso dos equipamentos de proteção, seguindo o que

consta na teoria.

8 CONCLUSÃO

A análise da qualidade e inspeção do concreto é uma

atividade essencial para os projetos na área da construção

civil e tem grande relevância para a sociedade, pois

regulamenta e assegura a utilização do material inserido nesse

âmbito.

A partir desse estudo, deparamo-nos com uma produção de

laudos e relatórios mediana, já em vias de crescimento, uma

vez que com o aquecimento do mercado imobiliário no país, essa

demanda vem crescendo cada vez mais. Os meios para obtenção do

produto final e os métodos de trabalho utilizados pelos

colaboradores que atuam na área de construção civil vem sendo

estudados e o resultado desses estudos mostram aspectos do

ambiente de trabalho que são prejudiciais à saúde do

30

trabalhador. Diante disso, alguns aspectos são tidos como de

grande importância, como a utilização de EPIs e o fornecimento

de condições ambientais favoráveis aos colaboradores.

No ambiente do laboratório de inspeção de qualidade em

concretos estudado, observamos que muitas questões merecem a

atenção dos gestores na busca de soluções para aprimorar a

execução de suas atividades, os resultados obtidos na coleta

de dados dessa pesquisa apresentam pontos relevantes ao

interesse da organização. Aspectos como o desconforto causado

pelo calor excessivo no ambiente, sua influência negativa na

execução das atividades, e consequentemente na produtividade

organizacional, devem ser observados pelos gestores. Outro

fator importante que também foi detectado é o ruído existente

no ambiente de trabalho, através da análise dos dados percebe-

se que o ruído é inerente a atividade da empresa e que já

existe uma política de neutralização desse agente insalubre,

através do estímulo e conscientização do uso dos protetores

auriculares.

Vale ressaltar a importância do comprometimento das

organizações com a proteção da saúde do trabalhador, uma vez

que ele é o principal recurso da empresa através do qual se

pode alcançar os objetivos por ela estabelecidos. Através

desse estudo fica claro que no ambiente de inspeção de

qualidade em concretos os agentes de insalubridade ruído e

calor são pontos chaves para o sucesso da organização, uma vez

que a presença destes agentes influencia diretamente na

produtividade.

31

32

REFERÊNCIAS

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm.

Acesso em: 26/07/2013.

CONTADOR, José Celso. Gestão de operações: a engenharia de

produção a serviço da modernização da empresa. 3ª Ed. – São

Paulo: Blucher, 2010.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR-15 – Atividades e

operações insalubres. Brasil: D.O.U. 08/06/1978. (atualizado

em 01/02/2011).

NETO, Francisco Kulcsar et al. Sílica – Manual do

Trabalhador. Disponível em:

<http://www.braziliancenter.org/pt/images/resources/resources-

SILICA-_MANUAL_DO_TRABALHADOR.pdf>. Acesso em: 25/07/2013

ROCHA, Clayton Henrique et al . Verificação da efetividade

de uma ação educativa sobre proteção auditiva para

trabalhadores expostos a ruído. J. Soc. Bras. Fonoaudiol., 

São Paulo ,  v. 23, n. 1, Mar.  2011 . Disponível em: <

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-

64912011000100010> Acessado em 22 de Agosto de 2013.

RUAS, A. C. Avaliação do conforto térmico. Contribuição à aplicação

prática das normas internacionais. 2001. 79 f. Dissertação (Mestrado em

Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas, São

Paulo. 2001.

SALIBA, Tuffi Messias. Insalubridade e periculosidade:

aspectos técnicos e práticos. 10ª edição. São Paulo: LTr,

2011.