Estudopreliminar_Campos_2020.pdf - UFRN
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
ESTUDO PRELIMINAR DE UM PARQUE SHOPPING VOLTADO PARA
ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE ENTRETENIMENTO, EM NATAL/RN
INGRID DE QUEIROZ CAMPOS
NATAL
2020.1
INGRID DE QUEIROZ CAMPOS
ESTUDO PRELIMINAR DE UM PARQUE SHOPPING VOLTADO PARA
ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE ENTRETENIMENTO, EM NATAL/RN
Trabalho Final de Graduação
apresentado ao curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, para obtenção do
grau de Arquiteta e Urbanista.
Orientadora: Prof. Dra. Glauce Lilian
Alves de Albuquerque.
Coorientadora: Prof. Dra. Bianca Carla
Dantas de Araújo
Natal
2020.1
Campos, Ingrid de Queiroz. Estudo preliminar de um parque shopping voltado paraatividades esportivas e de entretenimento, em Natal/RN / Ingridde Queiroz Campos. - Natal, RN, 2020. 142f.: il.
Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura eUrbanismo. Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque. Coorientadora: Bianca Carla Dantas de Araújo.
1. Shopping center - Monografia. 2. Centros comerciais -Monografia. 3. Arquitetura comercial - Monografia. 4. Projetoarquitetônico - Monografia. 5. Conforto ambiental - Monografia.I. Albuquerque, Glauce Lilian Alves de. II. Araújo, Bianca CarlaDantas de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV.Título.
RN/UF/BSE15 CDU 725.26
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - CT
Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344
INGRID DE QUEIROZ CAMPOS
ESTUDO PRELIMINAR DE UM PARQUE SHOPPING VOLTADO PARA
ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE ENTRETENIMENTO, EM NATAL/RN
Trabalho Final de Graduação
apresentado ao curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, para obtenção do
grau de Arquiteta e Urbanista.
Orientadora: Prof. Dra. Glauce Lilian
Alves de Albuquerque.
Coorientadora: Prof. Dra. Bianca Carla
Dantas de Araújo
Aprovação em 09 de dezembro de 2020.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________
Prof. Dra. Glauce Lilian Alves de Albuquerque
Professora Orientadora - UFRN
_____________________________
Prof. Dra. Bianca Carla Dantas de Araújo
Professora Coorientadora - UFRN
_____________________________
Prof. Dra. Gleice Virginia Medeiros de Azambuja Elali
Examinador Interno - UFRN
_____________________________
Fábio Ribeiro de Lima
Examinador Externo – Arquiteto Convidado
AGRADECIMENTOS
Durante os cinco anos no curso de Arquitetura e Urbanismo, muito foram os
momentos de alegria, de dificuldade, de desafios e de vitórias. Porém o sentimento
é de gratidão por todos os aprendizados e pelas muitas pessoas que estiveram
comigo durante essa jornada.
Agradeço a Deus pelas oportunidades que me apresentou, por ter me feito
entender que a vida, não é como eu gostaria, mas continua sendo maravilhosa e
por todas as pessoas que Ele colocou em meu caminho, para me ajudar nessa
caminhada.
A minha mãezinha querida, por tudo e por tanto. Por ser uma mulher tão forte
e me ensinar todos os dias a ser um pouquinho mais como você. Pelo amor
dedicado a mim, pela paciência, pelo companheirismo e pelo presente que é ser
sua filha.
Ao meu pai, que sempre estimula a minha melhor versão, que me apoia e
me incentiva a ser melhor, que está comigo nos momentos difíceis e comemora
comigo todas as minhas vitórias.
A minha irmã, que mesmo estando a milhares de quilômetros de distância,
me incentiva e me ajuda sempre que preciso.
A Netinho, meu primo, irmão e companheiro de longas horas na frente do
computador, que sempre se preocupa comigo, que faz massagem para aliviar a
tensão nos dias difíceis e que está sempre ao meu lado.
A minha vozinha Maria José, por todo amor dedicado a mim, pela companhia
nos finais de semana em que passei fazendo o TFG e por todas as orações para
que desse tudo certo.
Ao meu avô Inaldo, por tudo que me ensinou em vida, pela paciência, pela
honestidade, pela humildade, por representar tanto para mim e para a nossa família,
por sempre enaltecer o orgulho e amor que sentia por mim.
Aos meus avós Campos e Quinquinha, por serem símbolo de amor,
acolhimento e união e por amarem a nossa família incondicionalmente.
A tia Bella por ser presente em todos os momentos da minha vida, pelo amor
e pela atenção, por ser uma segunda mãe para mim e por me dar nosso grande
amor, nossa princesa, nossa Maria.
A minha família: tios, tias, primos e primas, por todo apoio e palavras de
incentivo.
A Leo, pela paciência e abdicação durante os cinco anos de faculdade, por
tentar me acalmar nos momentos de ansiedade e me lembrar que a vida é mais que
só estudo e trabalho.
A minha chefe Marcela, por todo o aprendizado, carinho, atenção, paciência,
amizade e por sempre lembrar que vai dar tudo certo.
A equipe MC Arquitetura, Mikarla, Marianne e Thaíse, pelo companheirismo
e pelas risadas nos momentos de trabalho.
Ao meu primo e ex chefe, Marcelo, por todas as portas que abriu para mim,
pelas oportunidades que me ofereceu, pelo carinho e pela atenção.
Aos meus antigos chefes, que muito acrescentaram na minha vida
acadêmica: Rodrigo Gurgel, Rita Gurgel, Matheus Duarte e Jainara Lima.
A professora Glauce Lilian, por ter me acompanhado durante os 10 períodos
de arquitetura, pela dedicação e paciência, por incentivar o meu crescimento e por
desempenhar tão bem a orientação deste trabalho.
A professora Bianca Araújo, por me apresentar a acústica, por sempre estar
disponível para me ajudar e pela coorientação deste trabalho.
Aos professores e funcionários do curso de Arquitetura e Urbanismo, em
especial Gleice Elali, Petrus Nobrega e Aldomar Pedrini, pelo auxílio na elaboração
do TFG e pela atenção que sempre tiveram comigo.
Aos arquitetos do Midway, Fábio Ribeiro, a arquiteta e ao assistente de
arquitetura do Natal Shopping, respectivamente, Larissa Oliveira e Luciano Cruz,
por todo auxílio durante as visitas técnicas in loco.
As minhas meninas que o curso me apresentou, Mari e Lisa, pela amizade,
pelo companheirismo, por dividir as alegrias, as vitórias, as tristezas e as angústias.
Por tornarem essa jornada bem mais divertida e mais leve.
Aos amigos que fiz na faculdade, em especial a Lívia, Tarcila, Bárbara.
A Marcelo, pela amizade, pelas piadas para melhorar meu humor e por
sempre me lembrar que eu sou capaz.
As minhas amigas da vida, Bia Leite, Bia Araújo, Juliane, Maria Clara, Saliza
e Tuany, pela amizade e pelos momentos incríveis compartilhados.
PREFÁCIO1
Os trabalhos apresentados pela turma 2020.1
foram produzidos durante o período de isolamento
social da pandemia do COVID-19. Por isso, o
processo de desenvolvimento deste trabalho
sofreu algumas adequações para que sua
conclusão pudesse ser possível. As visitas de
campo foram realizadas antes de a pandemia
chegar ao Brasil. Além disso, evitamos entrevistas
presenciais e outros métodos que pudessem
colocar em risco a nossa saúde e de outras
pessoas. Sabemos que, apesar de não ser o
processo ideal, foi o mais adequado para o
momento.
Acreditamos que essa escolha condiz com o
posicionamento das Universidades Públicas,
respeitando a opinião dos profissionais da saúde
e buscando não agravar essa fase já difícil.
Solidarizamos-nos com este momento, com as
famílias brasileiras e desejamos que em breve
possamos retornar às nossas atividades em
segurança.
1 Texto desenvolvido por Natália Queirós, concluinte da turma 2020.1 e adaptado pelo autor.
RESUMO
Os shoppings centers representam uma das principais formas de comércio
existentes em todo o mundo, o qual abrangem classificações, estruturas, usos
diversificados e público-alvo. Independente do seu porte, eles são considerados
projetos complexos com resolução de várias questões projetuais. Funcionam como
um polo de atração de pedestres e de veículos, causando diversos impactos no
entorno, como por exemplo, a intensificação da poluição sonora. Somado a esse
contexto, a maioria dos empreendimentos são fechados para o exterior, apresentam
pouca iluminação e ventilação naturais, e sem tratamento acústico. Com base nesse
entendimento, têm-se por objeto de estudo a arquitetura comercial, do tipo shopping
center. O objetivo geral deste trabalho de conclusão de curso é elaborar um estudo
preliminar de um Shopping Center voltado para as atividades esportivas e de
entretenimento para Natal/RN, com ênfase no conforto ambiental dos usuários.
Para alcançar os objetivos traçados, como metodologia dispõe-se a realização de
pesquisas bibliográficas acerca da classificação, tipologias, conceitos e projetos de
shoppings centers, sobre assuntos ligados a empreendimentos comerciais e
também sobre conforto ambiental. Além da realização de estudos de referências
diretos, indiretos e formais, foram analisadas as normas e prescrições urbanísticas
vigentes, e realizadas análises do terreno escolhido para implantação e seu entorno.
Como resultado, têm-se o desenvolvimento de um estudo preliminar de um
empreendimento de 88 mil m² construídos voltado para o público jovem, que contará
com espaços fechados e abertos. A edificação em concreto armado protendido é
distribuída em quatro níveis em um lote com aproximadamente 84 mil m², de forma
a criar uma interação da edificação proposta com o entorno, buscando oferecer aos
seus usuários um equipamento que seja atrativo, viável economicamente e ao
mesmo tempo, proporcione bem-estar.
Palavras-chave: Shopping Center; Centros Comerciais; Arquitetura Comercial;
Projeto Arquitetônico; Conforto Ambiental.
ABSTRACT
Shopping malls represent one of the main forms of commerce around the world,
which cover ratings, structures, diversified uses and target audiences. Regardless
of their size, they are considered complex projects with resolution of various
projective issues. They function as a hub of attraction of pedestrians and vehicles,
causing several impacts on the surroundings, such as the intensification of noise
pollution. Added to this context, most of the enterprises are closed environments,
have little natural lighting and ventilation and no acoustic treatment. Based on this
understanding, the object of study is the commercial architecture, a shopping center
type. The general objective of this course final assignment is to prepare a preliminary
study focused on sports and entertainment activities for Natal/RN, with emphasis on
the environmental comfort of its users. To achieve the objectives outlined, as
methodology, bibliographical research is available about the classification,
typologies, concepts and projects of shopping malls, on issues related to commercial
enterprises and also on environmental comfort. In addition to conducting direct,
indirect and formal reference studies, the current urban standards and prescriptions
were analyzed, and analyses of the land chosen for implementation and its
surroundings were performed. As a result, there is the development of a preliminary
study of an 88,000 m² project built for young people, which will have closed and open
spaces. The reinforced concrete building is distributed on four levels in a plot of
approximately 84 thousand m² in order to create an interaction between the
proposed building and the surroundings, seeking to offer its users an equipment that
is attractive, economically viable and at the same time provide well-being.
Keywords: Shopping Malls; Commercial Architecture; Architectural Design;
Environmental Comfort.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Strip Centers. ......................................................................................... 27
Figura 2: Centros em forma de L. .......................................................................... 28
Figura 3: Centros em forma de U. ......................................................................... 28
Figura 4: Centros em forma de galeria. ................................................................. 28
Figura 5: Centros em forma de conglomerados. ................................................... 29
Figura 6: Incidência sonora na superfície .............................................................. 40
Figura 7: Aplicação de materiais absorventes para diminuir as reflexões sonoras 41
Figura 8: Raio sonoro direto e reflexões ............................................................... 42
Figura 9: Vista superior do Shopping Midway Mall ................................................ 45
Figura 10: 1° pavimento de loja - Midway Mall ...................................................... 46
Figura 11: 2° pavimento de loja - Midway Mall ...................................................... 47
Figura 12: 3° pavimento de lojas - Midway Mall .................................................... 47
Figura 13: Junta de dilatação no estacionamento ................................................. 48
Figura 14: Vista superior do Shopping Natal Shopping ......................................... 50
Figura 15: 1° pavimento de loja - Natal Shopping ................................................. 51
Figura 16: 2° pavimento de lojas - Natal Shopping ............................................... 52
Figura 17: 3° pavimento de lojas - Natal Shopping ............................................... 52
Figura 18: Planta baixa térreo ............................................................................... 54
Figura 19: Planta baixa 1° e 2° pavimento ............................................................ 55
Figura 20: Planta baixa 3° e 4° pavimento ............................................................ 55
Figura 21: Fachada com placas de diferentes opacidades ................................... 56
Figura 22: Vista interna da fachada ....................................................................... 56
Figura 23: Praça de alimentação ........................................................................... 56
Figura 24: Pátio central ......................................................................................... 57
Figura 25: Inserção da vegetação no interior do empreendimento ....................... 58
Figura 26: Circulação vertical de forma orgânica. ................................................. 58
Figura 27: Forro acústico....................................................................................... 59
Figura 28: Wooden Orchids ................................................................................... 60
Figura 29: Perspectiva externa Wooden Orchids .................................................. 61
Figura 30: Perspectiva interna Wooden Orchids ................................................... 61
Figura 31: Vista de topo ........................................................................................ 62
Figura 32: Biblioteca .............................................................................................. 62
Figura 33: Greenland Center Xangai ..................................................................... 63
Figura 34: Cobertura com diferença de níveis....................................................... 63
Figura 35: Cobertura com terraços e plataformas ao ar livre ................................ 64
Figura 36: Esquema da ventilação natural ............................................................ 64
Figura 37: Opção 01 de terreno ............................................................................ 66
Figura 38: Opção 02 de terreno. ........................................................................... 67
Figura 39: Terreno escolhido................................................................................. 68
Figura 40: Mapa de uso do solo ............................................................................ 69
Figura 41: Mapa de gabarito ................................................................................. 70
Figura 42: Dimensionamento das formas de acesso. ........................................... 73
Figura 43: Zona Bioclimática 08. ........................................................................... 75
Figura 44: Vista superior do terreno original ......................................................... 78
Figura 45: Terreno modificado pela autora ........................................................... 79
Figura 46: R. Ministro Miguel Seabra Fagundes ................................................... 79
Figura 47: Topografia do terreno ........................................................................... 80
Figura 48: Maquete terreno 01 .............................................................................. 80
Figura 49: Maquete terreno 02. ............................................................................. 80
Figura 50: Corte longitudinal do terreno ................................................................ 81
Figura 51: Corte transversal do terreno ................................................................. 81
Figura 52: Vista do terreno da esquina da BR 101 e da R. Henrique Santana ..... 81
Figura 53: Vista do terreno da BR 101 .................................................................. 81
Figura 54: Vista do terreno da BR 101 .................................................................. 82
Figura 55: Vista do terreno da BR 101 .................................................................. 82
Figura 56: Vista do Terreno da Av. Antoine de Saint' Exupéry .............................. 82
Figura 57: Vista do terreno da R. Ministro Miguel Seabra Fagundes .................... 82
Figura 58: Percurso aparente do sol ao longo do ano. .......................................... 83
Figura 59: Máscara de sombra. ............................................................................. 83
Figura 60: Rosa dos ventos Natal/RN ................................................................... 84
Figura 61: Partido inicial ........................................................................................ 91
Figura 62: Evolução do partido .............................................................................. 92
Figura 63: Partido final .......................................................................................... 92
Figura 64: Estudo da volumetria 01 ....................................................................... 93
Figura 65: Estudo da volumetria 02 ....................................................................... 93
Figura 66: Estudo da volumetria 03 ....................................................................... 93
Figura 67: Estudo da volumetria 04 ....................................................................... 93
Figura 68: Estudo da volumetria 05 ....................................................................... 94
Figura 69: Estudo da volumetria 06 ....................................................................... 94
Figura 70: Estudo da volumetria 07 ....................................................................... 94
Figura 71: Estudo da volumetria 08 ....................................................................... 95
Figura 72: Estudo da volumetria 09 ....................................................................... 95
Figura 73: Estudo da volumetria 10 ....................................................................... 95
Figura 74: Primeiros estudos................................................................................. 96
Figura 75: Evolução da proposta 01 ...................................................................... 97
Figura 76: Evolução da proposta 02 ...................................................................... 97
Figura 77: Evolução da proposta 03 ...................................................................... 98
Figura 78: Evolução interna da proposta 01 .......................................................... 99
Figura 79: Evolução interna da proposta 02 .......................................................... 99
Figura 80: Evolução interna da proposta 03 ........................................................ 100
Figura 81: Evolução da proposta interna 04 ........................................................ 100
Figura 82: Evolução da proposta interna 05 ........................................................ 101
Figura 83: Evolução interna da proposta 06 ........................................................ 101
Figura 84: Zoneamento nível 01 .......................................................................... 102
Figura 85: Zoneamento nível 02 .......................................................................... 103
Figura 86: Esquema dos fluxos no lote .............................................................. 103
Figura 87: Implantação ........................................................................................ 106
Figura 88: Planta baixa térreo ............................................................................. 107
Figura 89: Planta baixa edificação serviço e apoio ............................................. 108
Figura 90: Planta baixa edificação administração ............................................... 108
Figura 91: Planta baixa 2° pavimento .................................................................. 109
Figura 92: Planta baixa 3° pavimento. ................................................................. 110
Figura 93: Cobertura. .......................................................................................... 112
Figura 94: Escalonamento Plateia ....................................................................... 113
Figura 95: Corte longitudinal cinema ................................................................... 113
Figura 96: Malha de modulação inclinada ........................................................... 114
Figura 97: Malha da modulação ortogonal .......................................................... 114
Figura 98: Planta de estrutura das paredes - Térreo ........................................... 115
Figura 99: Planta de estrutura das paredes - 2° pavimento ................................ 115
Figura 100: Planta de estrutura das paredes - 3° pavimento .............................. 116
Figura 101: Fachada ........................................................................................... 116
Figura 102: Estudo de ventilação no terreno ....................................................... 117
Figura 103: Mapa acústico de Natal/RN .............................................................. 119
Figura 104: Barreira acústica utilizada como grade. ........................................... 120
Figura 105: Gráfico de isolamento da barreira acústica ...................................... 120
Figura 106: Perspectiva externa da edificação, vista da BR 101 ........................ 122
Figura 107: Espaço Pet. ...................................................................................... 122
Figura 108: Playground. ...................................................................................... 123
Figura 109: Área externa 01. ............................................................................... 123
Figura 110: Área externa 02. ............................................................................... 124
Figura 111: Acesso principal pedestre. ............................................................... 124
Figura 112: Área externa 03. ............................................................................... 125
Figura 113: Escalada. ......................................................................................... 125
Figura 114: Tirolesa. ........................................................................................... 126
Figura 115: Arvorismo. ........................................................................................ 126
Figura 116: Kart. .................................................................................................. 127
Figura 117: Área externa 04. ............................................................................... 127
Figura 118: Acesso a cobertura. ......................................................................... 128
Figura 119: Horta na cobertura. .......................................................................... 128
Figura 120: Cobertura aberta ao público. ............................................................ 129
Figura 121: Praça interna. ................................................................................... 129
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Classificação da ABRASCE por tipo de Empreendimento. .................. 26
Quadro 2: Classificação da ABRASCE por tipo de loja. ........................................ 30
Quadro 3: Características do conforto acústico..................................................... 40
Quadro 4: Recuo em função da altura das edificações. ........................................ 71
Quadro 5: Classificação das vias que tangenciam o terreno. ............................... 72
Quadro 6: Cálculo de vagas. ................................................................................. 72
Quadro 7: Limites de níveis de pressão sonora em função dos tipos de áreas
habitadas e do período. ......................................................................................... 74
Quadro 8: Valores de referência para ambientes internos de uma edificação de
acordo com suas finalidades de uso. .................................................................... 74
Quadro 9: Iluminância por classe de tarefas visuais. ............................................ 76
Quadro 10: Pré-dimensionamento Mall Tradicional. ............................................. 86
Quadro 11: Pré-dimensionamento lazer, esporte e entretenimento. ..................... 87
Quadro 12: Pré-dimensionamento Alimentação. ................................................... 87
Quadro 13: Pré-dimensionamento Serviço e Apoio. ............................................. 88
Quadro 14: Pré-dimensionamento Administração. ................................................ 88
Quadro 15: Pré-dimensionamento Estacionamento. ............................................. 89
Quadro 16: Pré-dimensionamento final ................................................................. 89
Quadro 17: Prescrições urbanísticas. ................................................................. 105
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 18
1. SHOPPINGS CENTERS 22
1.1. DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÕES 24
1.2. A REINVENÇÃO DOS SHOPPINGS CENTERS 30
2. CONFORTO AMBIENTAL 36
2.1. CONFORTO TÉRMICO E LUMINOSO 36
2.2. CONFORTO ACÚSTICO 38
3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA 44
3.1. ESTUDO DE REFERÊNCIAS DIRETOS 44
3.1.1. Midway Mall 44
3.1.2. Natal Shopping 49
3.2. ESTUDO DE REFERÊNCIAS INDIRETOS 53
3.2.1. Shopping Jardim Pamplona 54
3.2.2. Mega Foodwalk 57
3.3. ESTUDO DE REFERÊNCIAS FORMAIS 59
3.3.1. Wooden Orchids 60
3.3.2. Greenland Center Xangai 63
4. CONDICIONANTES PROJETUAIS 66
4.1. O TERRENO E SEU ENTORNO 66
4.2. CONDICIONANTES LEGAIS 70
4.2.1. Plano Diretor de Natal 70
4.2.2. Código de Obras de Natal 72
4.2.3. NBR 10.151: Acústica de áreas habitadas 73
4.2.4. NBR 10.152: Acústica de ambientes internos a edificações 74
4.2.5. NBR 15.220/3 – Zoneamento Bioclimático Brasileiro 75
4.2.6. NBR 5413 – Iluminância de Interiores 76
4.2.7. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do RN 76
4.2.8. NBR 9050 77
4.3. CONDICIONANTES FÍSICAS 78
4.4. CONDICIONANTES AMBIENTAIS 82
5. O PROCESSO PROJETUAL 86
5.1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 86
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO 86
5.3. CONCEITO E PARTIDO 90
5.4. ESTUDOS DA FORMA E VOLUMETRIA 93
5.5. CROQUIS E EVOLUÇÃO PROJETO 96
6. MEMORIAL DESCRITIVO 105
6.1. INSERÇÃO URBANÍSTICA 105
6.2. SOLUÇÕES FUNCIONAIS 107
6.3. TEATRO E CINEMA 112
6.4. ESTRUTURA DA EDIFICAÇÃO E MATERIAIS 113
6.5. SOLUÇÕES DE CONFORTO AMBIENTAL 117
6.6. CASTELO DÁGUA 121
6.7. PERSPECTIVAS 122
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 131
REFERÊNCIAS 134
SITES 138
APÊNDICE A – Pranchas do Estudo Preliminar 142
18
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos os Shoppings Centers se transformaram em uma das
formas principais de comércio, chegando a alcançar, segundo dados de 2018 da
Associação Brasileira de Shoppings Centers (ABRASCE), 490 milhões de visitantes
por mês nos empreendimentos do Brasil.
Amplamente difundido em várias partes do mundo, essa tipologia de centros
comerciais apresenta suas próprias características e são classificadas em diversas
categorias que definem sua estrutura, usos, público-alvo e porte. Porém,
independentemente das peculiaridades presentes em cada projeto, o Shopping
Center é responsável por influenciar o local em que é inserido, seja aumentando o
trânsito nas ruas adjacentes, a poluição sonora e até interferindo no setor imobiliário
do entorno.
Na elaboração do projeto arquitetônico de um empreendimento desse porte
e complexidade, exige a combinação de vários parâmetros que limitam e
condicionam o projeto, como os aspectos socioculturais, a necessidade do cliente,
o sistema construtivo, condicionantes de conforto ambiental e elementos estéticos.
Dentre todos estes fatores, neste trabalho será abordado com mais ênfase a
questão do conforto ambiental.
Apesar da poluição sonora ser a segunda maior causa de poluição do mundo,
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (FLORÊNCIO, 2018), poucas são
as preocupações em projetos de arquitetura acerca desse tema. Nos dois exemplos
estudados na cidade de Natal/RN, os valores em decibéis (dB) encontrados nas
medições efetuadas são superiores aos recomendados pela NBR 10.151, chegando
em alguns casos até os 80dB (CAMPOS; DUTRA, 2019).
Além da questão acústica, é necessário pensar também no conforto térmico
e luminotécnico, de forma a garantir o bem-estar do usuário. Atrelado a isso, têm-
se o fato de que, ao projetar uma edificação que utilize corretamente a iluminação
e ventilação natural, o consumo de energia é reduzido (PRIM; DALMINA, 2014),
uma vez que a iluminação artificial e os condicionadores de ar têm seu
funcionamento reduzido, diminuindo os gastos com energia e tonando a edificação
mais sustentável.
19
Com base nas informações mencionadas anteriormente, as quais indica a
necessidade de propor isolamento e condicionamento acústico adequado nos
shoppings e a considerar os parâmetros térmicos e lumínicos, de forma a tornar o
ambiente mais agradável para o consumidor, questiona- se: Como fazer o projeto
de um shopping center que gere o bem-estar do usuário, proporcionando-o conforto
ambiental?
Vale salientar que é indispensável as preocupações no tocante ao conforto
ambiental desde os primeiros estudos do projeto, já que as soluções se tornam mais
efetiva e baratas quando pensado junto com o projeto, do que buscar resultados
adequados depois que o shopping estiver construído.
Outro fator relevante é que os shoppings centers, principalmente os de mall
fechado, costumam se fechar para si, ignorando as características das áreas
adjacentes à edificação e, em alguns casos, criando grandes discrepâncias como
empreendimentos luxuosos que possuem como vizinhos comunidades de baixa
renda.
Dessa forma, o presente trabalho torna-se relevante por propor o projeto de
um shopping center que busque abarcar todas as necessidades que um
empreendimento dessa complexidade necessite, proporcionando uma boa
experiência, garantindo o conforto e bem-estar dos clientes do empreendimento e
gerando uma interação entre o espaço público (entorno) e o privado (shopping).
O interesse pelo tema proposto surgiu por questões pessoais: a
proximidade da autora com o tema através da participação, durante o período de 3
anos no projeto de pesquisa “Edifícios Comercias e Shoppings Centers: análise
projetual e estratégias de planejamento espacial”, desenvolvido na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O objetivo geral é elaborar um estudo preliminar de um Shopping Center
voltado para as atividades esportivas e de entretenimento para Natal/RN, com
ênfase no conforto ambiental dos usuários. Porém, para atingi-lo, temos como
objetivos específicos: estudar e conhecer a tipologia de centros comerciais, com a
finalidade de auxiliar na ideia da proposta; Analisar e aplicar os principais conceitos
da acústica, voltado para os ambientes comerciais, visando apresentar um bom
condicionamento e isolamento acústico da edificação proposta com a acústica
urbana de seu entorno imediato; Analisar e aplicar os principais conceitos de
20
conforto térmico e lumínico de ambientes comerciais, no intuito de melhorar as
condições internas dos ambientes propostos e propor um equipamento comercial
incorporando elementos da paisagem natural ao ambiente construído.
Os procedimentos para alcançar esses objetivos foram: revisão bibliográfica
por meio de coleta de dados em livros, revistas e sites; estudos de referência diretos,
indiretos e formais; mapeamento do entorno através da observação in loco,
fotografias e pelo Google Maps, busca de informações através de profissionais com
conhecimento na área; análise das leis e Normas Brasileiras vigentes, como Plano
Diretor e Código de Obras.
Com a junção desses dados, foi possível adquirir um bom panorama dos
aspectos e características que norteiam o projeto de um Shopping Center, sendo
possível tomá-los como partido para a elaboração deste estudo preliminar.
Contudo, o Trabalho Final de Graduação estruturou-se em três capítulos
iniciais no tocante ao referencial teórico e empírico, que propuseram a teoria para a
elaboração do estudo preliminar. O quarto capítulo é destinado aos condicionantes
projetuais que nortearam as soluções apresentadas, seguido pelo capítulo que
discorre sobre o processo projetual. Por fim, no sexto capítulo é apresentado o
memorial descritivo.
22
1. SHOPPINGS CENTERS
O comércio tem suas raízes com a troca de mercadorias na Antiguidade
(NOGUEIRA, 2015), onde a população produzia seu próprio alimento e trocava o
excedente para garantir sua sobrevivência. Dessa sociabilidade que gera a
“obrigação” de dar, receber e retribuir “presentes”, existente já nas sociedades
arcaicas, a troca abriu caminho para o comércio, ao incluir a intenção de lucro
monetário (GARREFA, 2011).
Com o passar dos anos, a forma de fazer o comércio foi se adaptando às
mudanças e às necessidades da população. Garrefa (2011) ainda aponta que, a
entrada do capital financeiro acirrou a busca pelo acúmulo de lucro. Com base
nisso:
A busca por maior eficiência por tal acumulação incluía as várias formas de ampliação do mercado: a expansão numérica de consumidores para um mesmo produto; a descoberta ou criação de novos produtos (novas necessidades); o aumento da frequência de compra, pela descartabilidade e inovação, e a indução ao consumo, impulsionada pelos mais diversos esquemas, certamente atrelados às alterações no significado das necessidades humanas. (GARREFA, 2011, p. 32 e 33)
Neste contexto, Rybczynski (1996, apud GONÇALVES, 2017) argumenta
que os primeiros empreendimentos desta categoria foram denominados de
shopping villages, consistindo em lojas de um único proprietário, com vagas de
estacionamento e próximas ao subúrbio. Foi apenas na Revolução Industrial, que
surgiram espaços com comércios dos dois lados, onde o cliente pode caminhar e
escolher em que loja comprar (SOUZA, 2017). Porém,
O centro comercial tal qual o conhecemos atualmente é considerado um 'invento' do arquiteto austríaco-americano Victor Gruen, que em 1952 definiu sua visão em um artigo da revista Progressive Architecture, despertando a imaginação de empreendedores e prefeituras. Gruen concebeu em 1956 o primeiro protótipo de centro comercial fechado em Edina (Minnesota, Estados Unidos) e sua ideia inicial era incluir no conjunto todos os elementos que compõem a cidade, ou seja, habitações, escolas, espaços públicos e vegetação. O utópico projeto original de Gruen para o Southdale Mall finalmente omitiu em sua realização o restante dos elementos, e toda a inovação concentrou-se no formato "espaço fechado para compras".
23
(SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button).
Os shoppings centers surgiram no século XX buscando planejar
territorialmente as operações comerciais, com projetos que envolviam profissionais
de diversas áreas, como arquitetos, engenheiros e planejadores de transportes
(GARREFA, 2011). Com o passar dos anos, essa tipologia de centro comercial foi
se popularizando, apresentando novos objetivos, novas formas e configurações. O
sucesso dos shoppings na América foi reforçado pelo American Way of Life2,
transformando-o em mais do que um lugar para compras, sendo gerador de vida
social (SOUZA, 2017).
Hoje, o comércio é um pilar fundamental na sociedade capitalista e os
shoppings centers estão presentes não apenas nas cidades, mas também em zonas
rurais, dispostos pelo mundo inteiro, em diversos tipos, tamanhos, estruturas e
formas. Ademais, apesar do comércio ter percorrido um longo caminho até o
surgimento dos shoppings centers, estes empreendimentos sofreram – e ainda
sofrem – mudanças nas suas características, buscando adaptar-se melhor a sua
localização e as necessidades dos consumidores.
Segundo Hirschfeldt (1986, apud KUSAKAWA, 2002), o surgimento do mall
ocorreu por volta dos anos 50, sendo definido como “alameda coberta ou
descoberta, de lojas do shopping, em ambos os lados, podendo assumir vários
formatos, constituindo-se na área de principal circulação dos consumidores”. É
neste momento que as vitrines saem das ruas, voltando-se para o seu interior do
empreendimento.
Em relação à estrutura, Hirschfeldt (1986, apud KUSAKAWA, 2002) atribui o
primeiro mall fechado à cidade de Edina em Minnesota, nos Estados Unidos.
Inaugurado no ano de 1956, apresentando suas alamedas fechadas, esta proposta
inovou buscando se adequar ao inverno rigoroso da região. Essa característica se
popularizou e passou a ser adotada na maioria dos empreendimentos situados em
diversos climas.
2 “American way of life é o estilo de vida americano que foi propagado a partir do período entre guerras e se fortaleceu após a Guerra Fria”. Fonte: educamaisbrasil.com.br. Acessado em: 01/12/19.
24
Outro fato que influenciou a evolução na tipologia dos shoppings centers
ocorreu no ano de 1973, com a crise da energia. De acordo com Souza (1996, apud
KISAKAWA, 2002), esse problema impulsionou a utilização de iluminação vertical e
zenital, transformando a estrutura dos shoppings, que se verticalizaram, contendo
diversos andares e um vazio central.
Esse resgate histórico é importante, pois nos mostra como algumas das
características marcantes dos shoppings centers surgiram, se modificaram e
perduram até os dias atuais, fazendo com que esta tipologia de centros comerciais
obtenha tanto sucesso ao redor do mundo. Além disso, também é possível perceber
a importância do arquiteto na concepção do shopping, de forma a elaborar um
projeto condizente com as particularidades locais e que consiga atender as
necessidades dos consumidores, sem desrespeitar o modelo arquitetônico destes
empreendimentos.
1.1. DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÕES
Os shoppings centers são empreendimentos de grande porte e de alta
complexidade projetual, que buscam abranger um leque de comércios e serviços,
tornando-se parte do dia a dia da população, pois atualmente é possível, por
exemplo, ir à uma consulta médica, almoçar e realizar uma compra no mesmo local.
A Associação Brasileira de Shoppings Centers3 (ABRASCE,
https://abrasce.com.br/numeros/definicoes-e-convencoes/) define shopping center
como:
[...] Empreendimentos com Área Bruta Locável (ABL4), normalmente, superior a 5 mil m², formados por diversas unidades comerciais, com administração única e centralizada, que pratica aluguel fixo e percentual. Na maioria das vezes, dispõe de lojas âncoras e vagas de estacionamento compatível com a legislação da região onde está instalado. (ABRASCE, https://abrasce.com.br/numeros/definicoes-e-convencoes/)
3 “Fundada em 1976, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) atua para o fortalecimento e desenvolvimento do setor e na defesa dos interesses dos shopping centers, sendo hoje uma referência no setor varejista brasileiro”. Disponível em: <https://abrasce.com.br/sobre-nos/>. Acessado em: 31 de janeiro de 2020. 4 Definição: “Área total de uso exclusivo das lojas incluindo mezaninos. Expressa em metros quadrados e calculada pelo eixo das paredes internas e pela face da parede externa” (CARLIN, 2004).
25
Por outro lado, deve-se considerar que este empreendimento, vai muito além
de um conjunto de lojas, sendo um negócio que busca lucrar, entre outras coisas,
através do aluguel das lojas. Com base nisso:
Os Shoppings Centers consistem em empreendimentos comerciais de base imobiliária. Essa condição, pouco percebida pelo público consumidor, em geral impõe ao comerciante que ali instala sua loja uma sujeição de códigos de postura criados pelo dono ou controlador do negócio, que, por sua vez, não é um comerciante, mas um empresário do ramo imobiliário. (GARREFA, 2011, p. 15)
Vale salientar que, de acordo com Gonçalves (2017), a ABRASCE
argumenta que as lojas dos shoppings centers são alugadas, diferentemente do
centro comercial em as lojas podem ser adquiridas por proprietários diferentes. Essa
característica evidencia o fato de que as lojas lucram com a venda de mercadorias
e o empreendimento lucra em cima das lojas.
A partir de outra perspectiva, Gonçalves (2017) evidenciou as características
que o Comercial Office Development Council, do The Urban Land Institute de
Washington, considera essencial em um shopping center do ponto de vista
arquitetônico. São elas:
1) Projeto arquitetônico para um único edifício comercial ou um conjunto deles,
com administração única.
2) Estar localizado em um terreno que possua fácil acesso e dimensões
compatíveis com as necessidades do mercado, podendo ou não haver
espaços destinados para ampliações.
3) Estacionamento próximo das lojas, que possua adequada entrada e saída de
veículos.
4) Acesso separado dos clientes para a carga e descarga de mercadorias.
5) Conjunto de lojas que ofereçam aos clientes mercadorias variadas e
semelhantes, dando-os a oportunidade de comparação.
6) Ambiente capaz de proporcionar conforto e segurança aos clientes, além de
apresentar estética agradável.
26
Umas das características marcantes deste tipo de empreendimento são as
lojas âncoras, sendo responsável, muitas vezes, por atrair clientes ao shopping e
por manter o fluxo interno. A ABRASCE (2017), em seu Plano de Mix, define lojas
âncoras como:
O enquadramento de uma operação nessa categoria se deve à área locada (normalmente mais de 1.000 m, podendo variar de acordo com o perfil do empreendimento) e à relevância ou ao fluxo de pessoas que ela atrai para o Shopping Center. (ABRASCE, 2017, p. 10)
Atrelado a isso, tem-se a necessidade de classificação quanto ao porte
desses estabelecimentos, como foi feito pela ABRASCE
(https://abrasce.com.br/numeros/definicoes-e-convencoes/), no Quadro 1, que os
separa em tradicional e especializado. Neste contexto, é importante destacar a
definição de shopping especializado por Reynolds (1993, apud GONÇALVES,
2017), no qual é compreendido como empreendimento que apresente um único
segmento de varejo.
Quadro 1: Classificação da ABRASCE por tipo de Empreendimento.
Classificação ABRASCE por Tipo de Empreendimento
Tipo Porte ABL
Tradicional
Mega Acima de 60.000 m²
Regional De 30.000 59.999m²
Médios De 20.000 a 29.999m²
Pequenos Até 19.999m²
Especializado
Grandes Acima de 20.000m²
Médios De 10.000 a 19.999m²
Pequenos Até 9.999m²
Fonte: ABRASCE. Disponível em: https://abrasce.com.br/numeros/definicoes-e-convencoes/
Nota: Modificado pela autora.
Porém, existem outras classificações que podem ser referentes tanto ao uso,
quanto à localização. Lemos (s.d), economista, afirma que no Brasil há um
predomínio de shoppings regionais, o qual ele define como “empreendimentos
27
grandes, com poder de atrair consumidores de vários bairros e até mesmo de
cidades vizinhas”. Contudo, destaca a importância dos shoppings de vizinhança,
que segundo ele:
Embora nossos shoppings regionais sejam muito bem-sucedidos e ainda exista espaço para novos, também há no Brasil um grande potencial para a abertura de empreendimentos em outros formatos, como os shoppings de vizinhança. O aumento de problemas como o trânsito e a falta de mobilidade nas grandes cidades, aliado ao desejo permanente das pessoas de otimizarem seu tempo, favorece o crescimento desse modelo. O shopping de vizinhança deve se propor a atender o público da sua área primária de influência, oferecendo boas opções de compras e serviços de conveniência, em um ambiente agradável, de acesso fácil e rápido. (LEMOS, s.d, http://lmstgi.com.br/lmstgi/site/?p=271)
Além disso, em relação à estrutura, o escritório de arquitetura Vera Zaffari
(2012), traz um conceito proveniente dos anos 1980 nos Estados Unidos, o Open
Mall5. Esses shoppings são caracterizados por não fazerem uso de ar-condicionado
para refrescar suas circulações, e consequentemente não possuem vedações ou
portas nos seus limites, de modo que são mais integrados com o exterior e
aproveitam amplamente a ventilação e iluminação natural. Em contrapartida, Zaffari
(2012) considera que os shoppings fechados possuem vedações e portas de acesso
ao seu interior, utilizando sistema de ar-condicionado e a maior parte da iluminação
é artificial, possuindo área construída geralmente maior, com múltiplos andares.
Outra forma de classificação dos shoppings está relacionada à tipologia
arquitetônica do empreendimento. LIMA FILHO et. Al. (1971, apud KUSAKAWA,
2002) demonstra as cinco principais configurações:
1) Strip Centers: um único conjunto de lojas alinhadas, com a loja âncora,
na maioria das vezes, alocada no centro (Figura 1).
Figura 1: Strip Centers.
Fonte: KUSAKAWA, 2017.
5 Traduzido para o português, o termo significa “shopping aberto”, referente aos seus corredores que são abertos para o exterior.
28
2) Centros em forma de L: apresenta corredor em L, com as lojas âncoras
posicionadas nas extremidades (Figura 2).
Figura 2: Centros em forma de L.
Fonte: KUSAKAWA, 2017.
3) Centros em forma de U: seguindo o formato da letra U, suas três lojas
âncoras ficam localizadas nas extremidades e no centro (Figura 3).
Figura 3: Centros em forma de U.
Fonte: KUSAKAWA, 2017.
4) Centros em forma de galerias: duas fileiras de lojas com um corredor
central (Figura 4).
Figura 4: Centros em forma de galeria.
Fonte: KUSAKAWA, 2017.
5) Centros em forma de conglomerados: as lojas são posicionadas em
formato de conglomerado compacto com uma loja de departamento no
centro (Figura 5).
29
Figura 5: Centros em forma de conglomerados.
Fonte: KUSAKAWA, 2017.
Essa variação na proposta espacial dos estabelecimentos, juntamente com
as classificações apresentadas anteriormente, são responsáveis por definir o
programa, zoneamento, funções, público, eventos e atividades do shopping.
Para garantir o sucesso do empreendimento se faz necessário ter um
conjunto de lojas que desempenhem funções diferentes, com o objetivo de oferecer
serviços e produtos diferenciados aos consumidores e assim atingir um público
maior. Além disso, Rossi (1988, apud GONÇALVES, 2017) ressalta a importância
dos produtos e serviços oferecidos refletirem as necessidades da população
inserida em sua área de influência, apresentarem uma boa localização dentro do
empreendimento e oferecerem uma oferta variada e balanceada de mercadorias.
Com base nisso, a ABRASCE (2017) publicou um Plano Mix que:
[..] contém uma sugestão de classificação dos diversos ramos de varejo em Shopping Centers, resultado de pesquisas e trabalhos realizados com diversos profissionais do setor. Sua aplicação é recomendada a todos os Shoppings Tradicionais, como instrumento de aferição, estatística e apoio gerencial. (ABRASCE, 2017, P. 04)
Este plano contempla as diversas classificações das lojas, com as definições
e as suas respectivas tipologias, bem como orientações sob como proceder diante
a subjetividade de determinadas especificações. Como demonstra o quadro 2, a
maioria das lojas são classificadas de acordo com suas dimensões.
Ademais, Gonçalves (2017) ressalta a importância de que haja um fluxo
contínuo e homogêneo de clientes nos corredores do shopping, de forma que todas
as lojas sejam vistas, dando aos lojistas condições de manter o aluguel. Para isso,
é fundamental que o mix das lojas tenha sido pensado de forma adequada.
30
Quadro 2: Classificação da ABRASCE por tipo de loja.
PLANO MIX
Classificação Definição Exemplos
Lojas âncoras
O enquadramento nessa categoria se deve à área locada (normalmente mais de 1.000 m², podendo
variar de acordo com o perfil do empreendimento) e à relevância ou ao fluxo de pessoas que ela atrai para o
Shopping Center
Moda, supermercados,
construção e decoração,
eletrodomésticos e eletrônicos
Semi-Âncora Lojas entre 500 e 999 m² de área de vendas
Moda, supermercados,
construção e decoração,
eletrodomésticos e eletrônicos
Megalojas
Podem ser consideradas lojas deste gênero aquelas especializadas em determinada linha de mercadoria, em grande escala, com ampla variedade de produtos,
usando superfície de loja entre 250 e 499 m²
Moda, supermercados,
construção e decoração,
eletrodomésticos e eletrônicos
Lojas Satélites Lojas menores que 250 m² destinadas ao comércio em
geral
Vestuário, calçados, óticas, perfumarias
e joalherias
Serviços Essa classificação independe da área, basta apenas
ser um dos exemplos citados no Plano Mix
Farmácia, floricultura, correios,
loterias e agência de viagens
Entretenimento
Para atividade de Shopping Centers, os cinemas e teatros serão sempre considerados atividades de
lazer, mesmo que atraia um grande fluxo de consumidores e ocupe área locável maior que 1.000m²
Cinema, teatro, casa de shows,
parques e boliches
Fonte: ABRASCE 2017.
Nota: Elaborado pela autora.
Outro fator que se deve levar em consideração na elaboração de um projeto
de shopping center é a preocupação em gerar conforto ao cliente, seja visual,
térmico, luminotécnico ou acústico. De acordo com Kusakawa (2017), a
preocupação a respeito da iluminação, da temperatura e da estética são comuns
nesses empreendimentos. Em contrapartida, o conforto acústico e as
consequências à saúde, geradas da exposição de ruídos intensos é ignorada desde
o princípio do planejamento.
1.2. A REINVENÇÃO DOS SHOPPINGS CENTERS
Os shoppings Centers foram importados dos Estados Unidos e adotados em
vários locais do mundo, apresentando diferentes características geográficas e
31
culturais, porém sua estrutura possuía pouquíssimas variações, com edifícios
inseridos em contextos diferentes, mas com soluções, espaços e elementos
homogêneos (SOUZA, 2017), ou seja:
[...] uma atmosfera absolutamente genérica, controlada, climatizada e desconectada do exterior, tanto física como culturalmente. Uma atmosfera idônea somente para consumir, sem nem sequer prover espaços de descanso ou as condições para que os espaços "comuns" funcionem como um verdadeiro espaço público, entendido como espaço para a relação entre as pessoas, a socialização. Um espaço interior, de propriedade privada e com normas muito restritivas de utilização, que emula um espaço "público" exterior. (SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button)
Outrossim, tem-se o fato deste empreendimento, muitas vezes com estrutura
fechada, ignorar completamente o seu entorno, tornando-se praticamente uma
estrutura isolada. Com esse olhar, Lima (2013) relatou a preocupação do Presidente
da AsBEA com relação a esse aspecto:
O problema dos shoppings em geral, e não só no Brasil, é o objetivo de manter o usuário o máximo tempo possível em ambiente fechado, induzindo-o a consumir, de forma similar aos cassinos. Faz parte da “psicologia” do negócio. Por sua enorme diversão esses blocos fechados criam ilhas dentro das cidades e ferem o tecido urbano. Mas não deveria necessariamente ser assim. Seria possível integrá-los de outra forma em um conjunto de ruas e urbanização já existente, ainda que fechados, mas mantendo durante o seu período de funcionamento uma unidade e uma integração com a área circundante. (LIMA, 2013)
Com isso, os shoppings centers neste padrão entraram em declínio, com
grandes quedas nos lucros (GARREFA, 2011). Esse processo demonstrou que
precisava haver uma mudança na configuração espacial desses empreendimentos.
Não se tratava apenas de uma crise econômica, era um reflexo das mudanças
ocorridas no mundo, as quais essa tipologia precisava acompanhar. Isto é,
É uma crise estrutural do modelo, uma crise que é, provavelmente, devido ao fim do efeito novidade e a existência de um contexto diferente e novos modelos de negócios que são possíveis através
32
da compra online. Hoje, o cenário econômico é diferente; a concorrência entre os centros mais antigos e obsoletos e os recém-construídos é atroz e a Internet multiplica seus negócios a cada ano. (SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button)
Diante desse quadro, alguns autores apontam a necessidade da reinvenção
dos shoppings centers, seja relacionado à sua estrutura, à sua localização, ao mix
das lojas ou até mesmo na dinâmica interna do edifício. Assim sendo, é apontada a
necessidade de que:
Estes edifícios não podem continuar a basear sua sobrevivência em um atrativo em decadência. As possibilidades são renovar-se ou morrer. O modelo de shopping, tal como o conhecemos até agora, tem de abrir-se o espaço que o acomoda, ser menos hostil ao meio ambiente e aos seus visitantes, e proporcionar uma experiência mais ligada à realidade dos usuários e cidade onde se implanta.
(SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button)
Concomitante a isso, Garrefa (2011) destaca que no relatório do evento
Principles for Rethinking the Mall é indicada a necessidade de se estudar o entorno
do empreendimento, bem como tratar a paisagem, criando ambientes agradáveis,
de forma que o resultado seja customizado de acordo com as características locais
e não mais um resultado homogêneo. É neste sentindo que afirma:
Duas palavras parecem estar no cerne da questão: location e localization. A palavra location está relacionada ao modelo utilizado no processo de definição da localização dos shopping centers, centrado na ótica do território, onde tinham peso fundamental questões como o tempo de viagem do público-alvo, renda e possibilidades de concorrência com essa postura, considera-se uma padronização, no sentido de aplicar num local as mesmas características que já haviam sido aplicadas em outro lugar diferente. A palavra localization simboliza uma postura diferente, levando em consideração as características culturais e sociais locais, criando com isso uma diferenciação, no sentido de que nenhum lugar é igual ao outro. Localization seria, então, uma palavra recorrente, a mover os especialistas e empreendedores na
33
nova diversificação do produto shopping center. (GARREFA, 2011, p. 45)
Além disso, Souza (2017) ressalta a importância de mudar a concepção
existente do cliente como apenas consumidor, para uma pessoa que deveria
desfrutar de uma nova experiência no local. Ele diz:
Potencializar a ideia de espaço público em um edifício de propriedade privada é um desafio conceitual, que vai contra a própria definição e objetivos de um centro comercial. Mas esta nova realidade econômica requer repensar os preceitos que têm funcionado até então [...]. Os centros comerciais competem hoje por entreter o cliente, proporcionando uma experiência diferente, uma atmosfera que ofereça outros incentivos além de uma ampla oferta comercial. (SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button)
Esses fatos comprovam o desafio que os novos shoppings centers
encontram em seus projetos. Essa reinvenção pode ocorrer através da identificação
de diferentes temas e atividades, da criação de uma conexão com o local ou de uma
identidade (SOUZA, 2017). Com base nisso, algumas fontes apontam atividades
que podem agregar na composição de um novo mix. São elas: atividade física,
campo de jogos, criatividade e cultura, e gastronomia (SOUZA, 2017); eventos em
estacionamentos, espaços família e coworking (ANDRADE, 2019).
Ademais, as preocupações com as relações pessoa-ambiente estão cada
vez mais em evidência. Um dos conceitos relacionados a esse tema é o de
ambientes restauradores, que consistem em espaços onde a atenção direcionada
é renovada, causando a redução da fadiga mental (ALVES, 2017).
Segundo a autora referenciada acima, existem 04 características de um
ambiente restaurador. O primeiro seria se dirigir a locais diferentes do que se está
acostumado; o segundo consiste em perceber a ligação dos elementos do ambiente
e de enxergá-lo em consonância; o terceiro trata da capacidade que o espaço tem
de prender a atenção facilmente e o último diz respeito à compatibilidade do que se
espera com o que o ambiente oferece.
34
Com base nestas análises, é possível perceber que para o shopping ter
sucesso, se faz necessário que na elaboração do projeto seja levado em conta o
entorno da edificação, tanto do ponto de vista urbano, quanto em relação às
pessoas que irão frequentá-lo, mas também prever um conjunto de atividades
diferenciadas que juntas funcionem como um polo atrativo. A percepção do
shopping center como sendo um espaço apenas para realizar compras, não existe
mais. Estes empreendimentos devem buscar trazer conforto para os clientes, de
forma que eles se sintam bem frequentando seus espaços.
36
2. CONFORTO AMBIENTAL
O conforto ambiental busca proporcionar aos usuários, através dos projetos
arquitetônicos, a satisfação total com a edificação, provendo condições de
habitualidade, utilizando os recursos disponíveis (CIQUEIRA, 2010).
As arquitetas Solange Leder, Barbara Nogueira e Amanda Lima (2019)
enfatizam a necessidade do bem-estar individual e coletivo, com base na síndrome
do edifício doente, termo definido pela organização mundial de saúde (OMS), onde
construções fechadas podem intensificar ou até mesmo ser a causa de doenças.
Neste contexto, o conforto ambiental atua principalmente em três frentes,
sendo elas: o conforto térmico, acústico e luminoso. Vale salientar que em alguns
casos, esses fatores sugerem soluções opostas, sendo necessário pensar nos três
fatores de forma integrada, buscando as soluções que melhor irão contribuir para o
bem-estar do usuário (NUDEL, s.d.6). Ao apresentar resultados adequados que
favoreçam a utilização de dos recursos naturais, além de gerar maior conforto aos
usuários, pode acarretar a diminuição do consumo de energia, diminuindo o impacto
no meio ambiente (LEDER; NOGUEIRA; LIMA, 2019).
2.1. CONFORTO TÉRMICO E LUMINOSO
Fanger (1970, apud VECCHI, 2015) conceituou conforto térmico como “a
situação em que uma pessoa não prefere sentir nem mais calor e nem mais frio no
ambiente em que se encontra”, bem como Tanabe (1988, apud VECCHI, 2015)
definiu como “o estado de espírito que expressa satisfação com a temperatura do
corpo como um todo”.
Todavia, o conforto térmico não se resume apenas a satisfação do usuário
acerca da temperatura agradável do ambiente, mas também está relacionado a
questões de saúde, uma vez que o uso excessivo da ventilação artificial, associada
ao ar interno de má qualidade, pode ocasionar na geração de doenças respiratórias,
além da contribuição do efeito estufa e do aumento da temperatura (LEDER;
NOGUEIRA; LIMA, 2019).
6 Disponível em: < https://www.bwexpo.com.br/o-que-e-conforto-ambiental-na-arquitetura/#:~:text=%E2%80%9CConforto%20Ambiental%20%C3%A9%20um%20termo,humano%20em%20um%20determinado%20espa%C3%A7o.>. Acessado em: 12 de Novembro de 2020.
37
Vale salientar que com o advento da mecanização, a climatização artificial
está presente em quase todos os ambientes, sejam eles residenciais, comerciais,
nos ambientes de trabalho e até nos meio de transporte, fazendo com que as
pessoas passem cerca de 95% do tempo em ambientes com utilizando desse
artificio para se manterem em conforto. (FAGNER, 1972, APUD LEDER;
NOGUEIRA; LIMA, 2019)
De acordo com Anésia Frota e Sueli Schiffer, para garantir o conforto térmico
de térmico de um espaço, deve levar em consideração algumas variáveis como a
temperatura, umidade e velocidade do ar, e a radiação solar incidente. Por outro
lado, o ser humano precisa liberar calor de forma a manter sua temperatura corporal
em aproximadamente 37°C. Diante disso, para atingir o estado de conforto térmico
é necessário que as trocas entre o ambiente e a pessoa ocorra sem esforços.
Porém, também deve-se levar em consideração que a vestimenta e a atividade
desenvolvida pelo indivíduo influenciam nas trocas de calor homem-ambiente.
Vechi, Cândido e Lamberts (2016, apud LEDER; NOGUEIRA; LIMA, 2019)
verificam a constante utilização da climatização artificial em ambientes comerciais,
com base na justificativa de atingir o conforto térmico, mas também pela preferência
dos usuários por ambientes com essa característica.
Sob outra perspectiva, Lender, Nogueira e Lima (2019) enfatizam também a
importância do conforto luminotécnico na saúde do indivíduo, sendo a luz natural o
estímulo regulador do sistema circadiano, além de estimular o ânimo e produzir
substâncias essenciais ao organismo, como por exemplo a vitamina D. Outro fator
relevante apontado pelas arquitetas, é que a utilização da iluminação natural pode
gerar uma redução energética de até 80%. Ou seja, ao fazer o uso da luz solar de
forma adequada nos projetos arquitetônicos não só auxilia na saúde do meio
ambiente a diminuição da utilização da energia elétrica, mas também melhora a
saúde física e psicológica dos usuários do ambiente.
No tocante a arquitetura de Shopping Center, existia a tendência a projetar
edificações introspectivas, voltadas para si, utilizando da climatização e da
iluminação artificial e ignorando o exterior (GARROCHO, 2015). Em contrapartida,
Portugal (2007, apud PRIM, DALMINA JUNIOR, 2014) ressaltam a necessidade a
produção de projetos que modifique a cultura existentes de empreendimentos
fechados, com iluminação e ventilação artificial, uma vez que grande parte das
38
cidades brasileiras possibilita a obtenção do conforto térmico na maior parte do ano,
sendo indicado, quando houver a necessidade, a integração com sistemas
artificiais.
Ao associar essa nova perspectiva com espaços ao ar livre, repletos de
vegetação natural, torna o entorno da edificação mais arejado e com melhor
qualidade do ar, além de criar uma integração da edificação com o espaço natural
(MOTTA, 2011, apud ABREU, 2012). Atualmente, a arquitetura de shopping center
tem buscado cada vez mais criar plantas irregulares, gerando ambientes mais
naturais, com a adesão da iluminação natural (GARROCHO, 2015).
2.2. CONFORTO ACÚSTICO
A constante exposição a elevados níveis sonoros pode gerar problemas
físicos e psicológicos a saúde humana, sejam eles: perda auditiva, aumento da
pressão arterial, perda de concentração, estresse, tensão e perturbações no sono
(BISTAFA, 2018).
Diante desses fatos, se faz necessário pensar na acústica desde o princípio
do projeto, já que as formas e os materiais adotados têm influência no desempenho
acústico do ambiente (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2016). Ao optar por
realizar um projeto já pensando no tratamento acústico dos ambientes, o arquiteto
toma decisões mais assertivas e econômicas a cerca desse tema.
No tocante a acústica de shoppings center, Kusakawa (2002) destaca que
muitas vezes o tratamento acústico destes empreendimentos consiste em apenas
utilizar som ambiente, o que muitas vezes, ao invés de ajudar, apenas intensifica os
ruídos. Além disso, Souza (1996, apud KUSAKAWA, 2002) afirma:
É possível notar que áreas diferentes num shopping center apresentam uma diversidade de sons e ruídos que, muitas vezes, não recebem o devido tratamento por parte dos profissionais envolvidos no projeto. Alertando para a necessidade de [não] dispensar atenção ao tratamento acústico nos shoppings, principalmente aos ruídos provenientes da praça de alimentação. As especificações dos materiais de revestimento, geralmente, são em grande parte refletora, prejudicando, principalmente, a comunicação. (SOUZA, 1996, apud KUSAKAWA, 2002)
39
O som pode ser definido como a vibração de partículas do meio, originadas
pela vibração de um objeto, capazes de serem percebidas pelo ouvido humano
(SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009). Bistafa (2018) define o som como uma
variação da pressão ambiente detectável pelo sistema auditivo. Zilio (2012)
acrescenta que o som necessita de um meio para se propagar, seja ele sólido,
líquido e gasoso, sendo a velocidade de propagação determinada pela proximidade
entres as moléculas, ou seja, a transmissão ocorre mais rápidos nos sólidos e mais
lento nos líquidos.
Por outro lado, o ruído é definido por Nepomuceno (1994) como sendo um
fenômeno audível cujas frequências não podem ser discriminadas porque diferem
entre si por valores inferiores aos detectáveis pelo aparelho auditivo. Santos e
Matos (1996) identificam o ruído como o responsável pela produção de sensações
auditivas não prazerosas, sendo por isso, diferente de som.
É importante ressaltar que um mesmo som pode ser considerado desejável
ou não, a depender do contexto em que o receptor se encontra ou a atividade que
realiza, ou seja, é um conceito com aplicações variáveis.
Para garantir o conforto acústico é necessário que se conheça a fonte, o meio
e o receptor, já que para o receptor seja atingindo pelas ondas sonoras, o meio da
propagação tem que ser propício e a fonte sonora intensa o suficiente (SOUZA,
ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009). Ou seja, a relação entre esses três fatores é
determinante para garantir o sucesso do projeto acústico.
Para realizar o controle do ruído, Zilio (2012), afirma que pode ser realizado
de três formas: na fonte, na propagação e no receptor. Contudo, a forma mais eficaz
consiste em realizar a intervenção na própria fonte, principalmente se for pensado
desde o projeto.
A partir disso, têm-se os conceitos de transmissão e absorção sonora. Flávio
Simões (2011) define a transmissão sonora pela diferença na localização entre a
fonte e o receptor, sendo o ruído transmitido através de esquadrias, paredes, lajes
e forros. No caso da absorção, a fonte e o receptor se encontram no mesmo
ambientem, isto é, refere-se à qualidade acústica interna do ambiente.
Estes conceitos são importantes para que se consiga entender os dois tipos
de tratamento acústico (Quadro 3). De acordo com Falcão (2014), o isolamento
acústico tem como objetivo impedir a transmissão do ruído seja do ambiente interno
40
para o externo, ou vice-versa, enquanto o condicionamento é responsável por
garantir a absorção sonora adequada nos ambientes interno, de forma que garanta
a qualidade acústica do ambiente.
Quadro 3: Características do conforto acústico
CONFORTO ACÚSTICO
Fenômeno: Transmissão Absorção
Fonte e Receptor: Ambientes diferentes Mesmo ambiente
Tratamento: Isolamento Condicionamento
Fonte: Elaborado pela autora, com base nas informações de SIMÕES (2011) e FALCÃO (2014).
É importante ressaltar, como é possível visualizar na figura 6, que quando
um determinado som atinge uma superfície, parte de sua energia é absorvida pelas
estruturas, outra parte é refletida e se mantém no ambiente, enquanto a parte
restante é transmitida para fora (SIMÕES, 2011). Essa característica nos permite
perceber que, na maioria dos casos, para garantir um conforto acústico adequado
é necessário trabalhar com o isolamento e o condicionamento acústico em conjunto
e não apenas um.
Figura 6: Incidência sonora na superfície
Fonte: (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).
41
Em relação a transmissão por meio do ar, o isolamento pode ocorrer através
do distanciamento da fonte do receptor, como por meio do tratamento na fonte, no
meio ou no receptor. Destaca-se que todo material possui a capacidade de reduzir
a intensidade sonora entre os ambientes, como também de absorvê-la (Figura 7).
Porém, essas capacidades variam de acordo com o material, a espessura da
estrutura e a frequência do som emitido (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).
Por esse motivo, existem materiais que vão auxiliar no isolamento, enquanto outros
irão solucionar o condicionamento.
Figura 7: Aplicação de materiais absorventes para diminuir as reflexões sonoras
Fonte: (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).
Resumidamente, para realizar o isolamento acústico deve-se:
1) fazer medições para identificar a intensidade de ruído existente na área;
2) identificar de quanto deve ser redução sonora;
3) encontrar materiais que possibilitem essa redução.
O isolamento do ruído de impacto funciona um pouco diferente do ruído
aéreo. É preciso que haja a descontinuidade da estrutura, com acréscimo de
42
materiais resilientes, como por exemplo a borracha (SOUZA, ALMEIDA e
BRAGANÇA, 2009).
Para o condicionamento dos ambientes, deve-se considerar que o som que
nós escutamos é uma soma do raio sonoro direto com o refletido (Figura 8). Quando
o som direto decai, as reflexões ainda permanecem no ambiente, gerando o som
reverberante. Outro conceito importante é o tempo de reverberação (TR), que diz
respeito ao tempo que leva para que um som deixe de ser percebido (SOUZA,
ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).
Figura 8: Raio sonoro direto e reflexões
Fonte: (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).
Na prática, o condicionamento acústico consiste em identificar o tempo de
reverberação ideal para a atividade que será exercida no ambiente e utilizar
materiais que juntos consigam atender ao tempo estipulado. Kusakawa (2002)
ressalta que quanto maior o volume do ambiente, menor será a absorção e por
consequência, maior será o tempo de reverberação. Contudo, ambientes muito
absorventes amortecem o som, deixando-o seco.
Vale salientar que, como os shoppings centers apresentam grandes
dimensões e, por consequência, grandes volumes, é de extrema importância o uso
de materiais absorventes, principalmente nos forros, visando diminuir a
reverberação.
44
3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA
Para melhorar o entendimento sobre arquitetura de shoppings centers foi
elaborado o referencial empírico, através de estudos de projetos de referência,
sendo 2 diretos, 2 indiretos e 2 formais. Através deles, pôde-se compreender melhor
o funcionamento deste projeto de alta complexidade, como por exemplo, a definição
do programa de necessidade, a relação existente no zoneamento entre as lojas e
as áreas técnicas, e identificar algumas atividades e equipamentos que mais geram
ruídos.
Vale salientar que a literatura sobre arquitetura de shoppings centers é
escassa, o que ressalta a importância destes estudos, uma vez que foi através deles
se tornou possível a obtenção de diversos dados relevantes para a elaboração do
projeto.
3.1. ESTUDO DE REFERÊNCIAS DIRETOS
Os estudos de referências diretos foram realizados nos 2 principais
shoppings centers localizados na cidade de Natal/RN através de visitas técnicas in
loco, conversas com funcionários da área de arquitetura destes empreendimentos
e análise de plantas. O foco dessas visitas técnicas foi entender o programa de
necessidades, principalmente em relação as áreas técnicas, assim como conhecer
os fluxos internos necessários para que o funcionamento do empreendimento.
3.1.1. Midway Mall
O Midway Mall, maior shopping center da cidade, está localizado no bairro
de Tirol, na Região Administrativa Leste de Natal, sendo delimitado pela Avenida
contígua Senador Salgado Filho, Avenida Bernardo Vieira, Avenida Romualdo
Galvão e Rua São Joaquim (Figura 9). Vale salientar, como mostra a figura X, que
o empreendimento conta com acesso de veículos em todas as vias que o delimita,
porém o acesso de pedestre é restrito apenas as vias principais.
45
Figura 9: Vista superior do Shopping Midway Mall
Fonte: Google Earth. Captura de tela: 20.12.19.
Nota: Modificado pela autora.
Inaugurado no ano de 2005, o empreendimento foi inserido no lote da antiga
fábrica do grupo Guararapes, empresa a qual é proprietária do Midway. Para o novo
uso, a construção existente foi demolida, dando lugar à uma nova edificação,
pensada desde o princípio para ser um shopping center. Porém, desde a abertura,
foram realizados uma ampliação e duas reformas, buscando atender melhor as
demandas locais.
Atualmente, a construção ocupa todo o terreno. Com 65.804m² de área bruta
locável, possui três pavimentos de loja (L1, L2 e L3), seis pavimentos de
estacionamento (G1, G2, G3, G4, G5 e G6) com o total de 3694 vagas e o subsolo,
destinado para depósitos e áreas técnicas. Classificado como um Mega Shopping
de mall fechado, o empreendimento possui poucas aberturas para o exterior, tendo
como consequência, o pouco aproveitamento da iluminação natural, sendo
necessário o uso da iluminação artificial em praticamente todos os ambientes.
46
Em relação ao horário de funcionamento, identificou-se de 10 horas às 22
horas, de segunda a sábado e aos domingos de 15 horas às 21 horas, com exceção
da praça de alimentação, academia e restaurantes.
Como mostra as figuras 10 e11, a setorização do empreendimento separa os
pavimentos em duas grandes áreas, sendo aproximadamente a metade de cada
andar destinado ao estacionamento e a outra metade a lojas e a circulação interna.
Em relação ao mall, tem-se dois corredores centrais que se ligam para dar acesso
as circulações verticais e a praça de eventos.
Figura 10: 1° pavimento de loja - Midway Mall
Fonte: Midway Mall.
Nota: Modificado pela autora.
As áreas técnicas e de serviço estão distribuídas por todo o empreendimento,
porém há uma grande concentração delas situada no primeiro pavimento, nos
limites do terreno com à Rua São Joaquim. É importante destacar que este é um
uso que gera muitos ruídos, ocasionando reclamações dos moradores do entorno7.
Também é possível observar que as maiores áreas de lojas estão situadas
próximas ao estacionamento. Como o empreendimento possui poucos corredores
técnicos e não é permitido o abastecimento das lojas pelo mal durante o horário de
7 Informação transmitida pelo arquiteto do Midway Mall, na visita técnica, realizada no dia 10 de janeiro de 2020.
47
funcionamento, as lojas que têm abertura pelo estacionamento são abastecidas por
esse acesso.
Figura 11: 2° pavimento de loja - Midway Mall
Fonte: Midway Mall.
Nota: Modificado pela autora.
O terceiro pavimento de lojas (Figura 12), inaugurado na ampliação realizada
no ano de 2010, seguiu a mesma setorização dos outros pavimentos, porém
agregando o teatro e o cinema ao mix de lojas.
Figura 12: 3° pavimento de lojas - Midway Mall
Fonte: Midway Mall.
Nota: Modificado pela autora.
48
O grande diferencial está na utilização de duas lajes, sendo elas a laje lisa e
a nervurada. Para isso, foi necessário uma junta de dilatação (figura 13) para unir
as duas estruturas. Essa solução foi utilizada de forma a possibilitar um maior
espaçamento entre os pilares, facilitando a inserção do cinema e teatro, bem como
tornando praça de alimentação e supermercado mais limpos visualmente. A
setorização do empreendimento possibilitou que resolução fosse eficiente, uma vez
que, estas atividades que tinha necessidade de espaços mais amplos, foram
concentradas nas áreas da laje nervurada.
Figura 13: Junta de dilatação no estacionamento
Fonte: Acervo da autora, 2020.
Na visita in loco, realizada no dia 19 de dezembro de 2019, Fábio Ribeiro,
arquiteto do Midway Mall, destacou alguns pontos devem ser levados em
consideração no projeto e manutenção do shopping, para garantir o sucesso do
empreendimento e para facilitar o trabalho dos lojistas.
O primeiro aspecto mencionado pelo arquiteto, diz respeito ao
estacionamento. Caso sejam previstas alguma atividade diferenciada no local, se
faz necessário pensar em uma área que não atrapalhe o fluxo geral dos veículos.
Além disso, deve-se considerar que o público mais sofisticado entra para o shopping
49
pelo acesso do estacionamento, de forma que se deve pensar no tratamento visual
desses espaços.
No tocante aos revestimentos, as soluções que suportam desgaste, não
manche rápido e que seja de fácil manutenção são as mais indicadas. Para as áreas
técnicas, recomenda-se revestimentos simples e resistentes a impactos e
desgastes de uso.
O piso dos corredores técnicos devem ser elevados de forma a permitir o
bom funcionamento das instalações. Nas docas é importante que a plataforma seja
na altura dos caminhões e que haja uma proteção contra chuva, facilitando a carga
e descarga e garantido que a mercadoria chegue sem danos. Para os quiosques
situados no mall, é necessário prever toda a infraestrutura necessária para garantir
o seu funcionamento.
Portanto, o estudo do Midway Mall contribuiu com o entendimento do
funcionamento de um edifício de alta complexidade, a interação com o arquiteto do
empreendimento que forneceu informações adquiridas através dos anos de prática
de trabalho nessa tipologia de centro comercial, bem como a necessidade de utilizar
sistemas estruturais e revestimentos adequados ao uso.
3.1.2. Natal Shopping
O Natal Shopping está localizado no Bairro de Candelária, na Região
Administrativa Leste da cidade. Situado no cruzamento da Avenida Senador
Salgado Filho com a Avenida das Brancas Dunas (Figura 14), é um dos mais antigos
shoppings centers da cidade, tendo sido inaugurado no ano de 1992. Vale salientar
que o empreendimento apresenta o acesso de pedestres e da carga e descarga na
Av. Salgado Filho, porém os dois acessos de veículos e a segunda doca são
localizados na Av. das Brancas Dunas.
Apresentando apenas um pequeno recuo frontal, o empreendimento
contempla três pisos de lojas, sendo um exclusivo do cinema, e oito pisos de
estacionamento, totalizando 1.150 vagas. O shopping passou por uma grande
reforma no ano de 2009, o que possibilitou o aumento do número de lojas, da praça
de alimentação e do estacionamento.
50
Figura 14: Vista superior do Shopping Natal Shopping
Fonte: Google Earth. Captura de tela: 24.12.19.
Nota: Modificado pela autora.
O horário de funcionamento do shopping é de 10 horas às 22 horas, de
segunda a sábado, e de 15 horas às 21 horas nos domingos e feriados. Já o cinema,
a academia, lazer, alimentação e a administração possuem horários específicos
para o seu funcionamento.
O abastecimento do empreendimento possui horários específicos para gerar
o mínimo de desconforto possível aos clientes e aos vizinhos. Na doca da Av.
Senador Salgado Filho, a carga e descarga ocorre de 7 horas às 22 horas, uma vez
que está situada próxima a outras edificações. Por outro lado, a segunda doca,
localizada dentro do estacionamento do shopping, permite que haja a carga e
descarga em qualquer horário sem gerar incômodo a vizinhança.
Além disso, o abastecimento das lojas não pode ser feito pelo mall durante o
horário de funcionamento do shopping. As lojas que precisam ser abastecidas
constantemente, como é o caso da praça de alimentação e de algumas lojas
âncoras, possuem um corredor técnico que permite a mercadoria chegar até elas a
qualquer momento sem atrapalhar o fluxo dos clientes. Por esse motivo, é de suma
51
importância que seja previsto um espaço para depósitos, que possibilite o
armazenamento dessas mercadorias.
Em relação a setorização, diferentemente do Midway Mall, que possui 3
pavimentos de lojas bem similares, o Natal Shopping apresenta grande diferença
entre seus andares.
No primeiro pavimento (Figura 15), há uma grande concentração das áreas
técnicas, tendo o mall bem reduzido, ligando a circulação vertical a praça de
alimentação, que ocupa grande parte do pavimento.
Figura 15: 1° pavimento de loja - Natal Shopping
Fonte: Natal Shopping.
Nota: Modificado pela autora.
O segundo pavimento (Figura 16) é onde se encontra a maior parte das lojas,
conectadas pelo mall com o formato que se assemelha a um círculo. Com a
inauguração recente de novos restaurantes nesse piso, formou uma pequena praça
de alimentação, formando um espaço gourmet. Outro aspecto relevante, é o acesso
ao estacionamento interno, que se torna palco para eventos sazonais, dando mais
dinamicidade ao mix do empreendimento.
52
Figura 16: 2° pavimento de lojas - Natal Shopping
Fonte: Natal Shopping.
Nota: Modificado pela autora.
Por fim, o terceiro pavimento (Figura 17) é voltado exclusivamente para o
cinema e estacionamento. O acesso ocorre por uma escada rolante no segundo
pavimento. Na cobertura é possível ver as claraboias que permitem a entrada da
luz natural. Porém, mesmo assim o empreendimento depende da iluminação
artificial para o funcionamento.
Figura 17: 3° pavimento de lojas - Natal Shopping
Fonte: Natal Shopping.
Nota: Modificado pela autora.
53
Durante a visita técnica, realizada no dia 19 de dezembro, o assistente de
arquitetura do shopping, Luciano Cruz, explanou sobre a importância da
flexibilidade da estrutura, haja vista que as lojas precisam de áreas diferentes de
acordo com as necessidades dos produtos que serão comercializados. Outro fator
importante, é que as lojas precisam que o pé direito seja alto o suficiente para
comportar o mezanino, que pode ser feito da forma que o comerciante quiser, desde
que não ocupe mais do que 50% do ambiente.
Luciano também informou que uma área ampla e com pé direito alto para a
praça de eventos pode ajudar a atrair o público e tornar o shopping mais atrativo,
pois possibilita a realização de eventos sazonais que atingem diferentes públicos.
Aliado a isso, o empreendimento também utiliza o estacionamento para a realização
de eventos e shows esporádicos, acrescentando mais variedade ao seu mix.
Em relação ao mall, Luciano destacou que precisam ser amplos e espaçosos,
com mobiliários removíveis. No Natal Shopping há carros expostos pelo mall,
havendo a necessidade de que os corredores e as portas de acesso tenham
dimensões suficientes para permitir a movimentação do veículo. Para isso
acontecer, todos os quiosques são móveis, podendo ser afastados sempre que haja
necessidade.
Outro ponto discutido durante a visita foi em relação a alameda de serviços
e a sua localização. Luciano explicou que apesar de ser muito importante para o
mix do shopping, a alameda pode ficar no local menos favorecido, uma vez que
quem precisa pagar uma conta irá diretamente a lotérica.
Contudo, a análise do Natal Shopping se torna relevante pela compreensão
da importância da flexibilidade da estrutura, de prever espaços para usos sazonais
que agreguem ao mix de lojas, atraindo públicos variados, da circulação ampla e de
pé direito alto, possibilitando as lojas a criarem mezaninos.
3.2. ESTUDO DE REFERÊNCIAS INDIRETOS
Para os estudos de referências diretos, foram selecionados 2 shoppings
centers através de pesquisas na internet, como forma de adicionar aos
conhecimentos adquiridos nos estudos diretos.
54
3.2.1. Shopping Jardim Pamplona
Localizado no Bairro de Jardins, na cidade de São Paulo, o Shopping Jardim
Pamplona surgiu como uma proposta do Carrefur Property Division8 de criar um
centro comercial de vizinhança, na edificação existente, que fosse composto,
inicialmente, por um supermercado no térreo e no primeiro andar, estacionamento
no subsolo, dois andares de loja e restaurantes no último pavimento.
Como se pode ver nas figuras 18, 19 e 20, pouco se mudou do zoneamento
inicial. Todos os acessos foram inseridos no térreo, sejam eles de pedestres ou de
veículos. O hipermercado ocupou o térreo e grande parte do primeiro pavimento,
que assim como o segundo pavimento, apresentam as lojas do empreendimento.
Enquanto o terceiro e o quarto dividem sua área entre a praça de alimentação,
academia, terraço e a laje técnica.
Figura 18: Planta baixa térreo
Fonte: Revista Projeto, 2020
8 Setor imobiliário do Carrefour.
55
Figura 19: Planta baixa 1° e 2° pavimento
Fonte: Revista Projeto, 2020
Figura 20: Planta baixa 3° e 4° pavimento
Fonte: Revista Projeto, 2020
A intenção do projeto do escritório L35 ACIA Arquitetura era evitar o formato
de caixa fechada, conectando o empreendimento com o bairro e criando uma
relação do público com o privado através das fachadas e peles de vidros. Para
atingir esse objetivo, parte das lajes superiores foram retiradas, para inserir
claraboias no telhado, de forma a garantir a entrada da luz natural. Para isso, foi
necessário reforçar a estrutura existente de todo o prédio. Cada fachada recebeu
56
uma solução específica, mesclando a transparência do vidro, com placas opacas
(Figura 21 e 22). As fachadas leste e oeste são ventiladas, garantindo leveza e
estética.
Figura 21: Fachada com placas de diferentes opacidades
Fonte: Revista Projeto, 2020
Figura 22: Vista interna da fachada
Fonte: Revista Projeto, 2020
Uma das preocupações do projeto foi a climatização. Para isso, utilizou-se
uma cobertura leve e claraboias na sombra (Figura 23), de forma que ela recebesse
iluminação rebatida e não direta. Ademais, foi pensado para a praça de alimentação
uma parede, que tinha a função de equilibrar a umidade interna do ar. Vale salientar
que esta parede também auxilia na acústica, já que possui propriedades para
absorver o som.
Figura 23: Praça de alimentação
Fonte: Revista Projeto, 2020
57
O estudo do shopping Jardim Pamplona se tornou pertinente por buscar criar
uma integração do edifício com o entorno através de fachada de vidro, criando a
permeabilidade visual e permitindo a entrada da luz natural. Além disso, a utilização
de revestimentos de madeira no interior do edifício, tornando os ambientes mais
aconchegantes.
3.2.2. Mega Foodwalk
O mega Foodwalk faz parte do complexo Megabanhna na cidade de Tambon
Bang Kaeo, na Tailândia. No ano de 2018, a ala leste foi expandida com o conceito
de vale (Figura 24), com o espaço central cercado por montanhas, que no caso do
projeto, a ideia foi transmitida através da edificação organizada em torno do pátio
central.
Figura 24: Pátio central
Fonte: Archdaily, 2020
O projeto busca “reconectar a vida urbana com a natureza a partir de uma
experiência no shopping”, criando espaços para os clientes poderem relaxar e
desfrutar do jardim e de elemento de com água (Figura 25). Diante disso, o
empreendimento torna-se híbrido, apresentando funções de shopping e de parque
público.
58
Figura 25: Inserção da vegetação no interior do empreendimento
Fonte: Archdaily, 2020
A conexão entre a edificação existente e a expansão foi feita através de
passarelas cobertas e pontes de forma orgânica (Figura 26), trazendo a sensação
de caminhada por uma montanha, mas também criando uma circulação infinita entre
os pavimentos.
Figura 26: Circulação vertical de forma orgânica.
Fonte: Archdaily, 2020
59
Como mostra a figura 27, é possível perceber a preocupação com o conforto
acústico do empreendimento, uma vez que o teto de cada pavimento presenta
revestimento acústico, para melhorar a absorção do som no ambiente.
Figura 27: Forro acústico.
Fonte: Archdaily, 2020
O mega Foodwalk chama a atenção pela integração da edificação com a
natureza, criando espaços relaxantes e de convivência, se tornando mais do que
um centro de compras, mas também um espaço onde as pessoas podem interagir.
3.3. ESTUDO DE REFERÊNCIAS FORMAIS
Como referências para o exterior da edificação, foram selecionados dois
empreendimentos que se destacam pela sua forma diferenciada, pelo uso da
vegetação e da iluminação natural.
60
3.3.1. Wooden Orchids
O Wooden Orchids (Figura 28) foi projetado pelo escritório Vicent Callebaut
Architectures para um concurso elaborado pela União Internacional dos Arquitetos
(UIA). O concurso propôs aos arquitetos a elaboração de edificações culturais e
comerciais em um terreno próximo a um dos maiores jardins florais do mundo,
localizado na província Jianguxi, na China.
Figura 28: Wooden Orchids
Fonte: Archdaily, 2020
Nesta proposta, os arquitetos buscaram a integração do tecido urbano, para
combater a superlotação e a poluição, ao mesmo tempo que contempla os turistas.
Para atender esses objetivos, foram propostos espaços públicos e privados que se
interligam gerando aos transeuntes, responsabilidade ambiental (Figura 29 e 30).
61
Figura 29: Perspectiva externa Wooden Orchids
Fonte: Archdaily, 2020
Figura 30: Perspectiva interna Wooden Orchids
Fonte: Archdaily, 2020
O projeto traz referências da natureza, com estruturas pré-fabricadas em
madeira para simular as pétalas de orquídeas que unidas geram um formato
prismático. A fachada e cobertura mesclam áreas com maior controle da luz, em
usos como cinema e biblioteca, e áreas que permitem maior entrada da luz natural
para as lojas e jardins internos (Figura 31 e 32).
62
Figura 31: Vista de topo
Fonte: Archdaily, 2020
Figura 32: Biblioteca
Fonte: Archdaily, 2020
O Wooden Orchids se destaca pela presença marcante da natureza e pela
integração do edifício com a praça externa, aliado aos revestimentos de madeira e
vidro, criando ambientes aconchegantes.
63
3.3.2. Greenland Center Xangai
O Greenland Center é um complexo urbano desenvolvido em cima de uma
das mais populares estações de metrô em Xangai, na China. Desenvolvido pelo
escritório Nikken Sekkei, buscava criar uma fazenda urbana, para proporcionar a
cidade a vida natural (Figura 33).
Figura 33: Greenland Center Xangai
Fonte: Archdaily, 2020
O empreendimento que contém 20.000m², possui a cobertura dividida em
diferentes escalas, se conectando em várias alturas, criando terraços e plataformas
ao ar livre (Figura 34 e 35). Contemplando vários usos, como comércio, serviços e
transporte público, diminui a distância entre os lugares agregando valor a rede
urbana.
Figura 34: Cobertura com diferença de níveis
Fonte: Archdaily, 2020
64
Figura 35: Cobertura com terraços e plataformas ao ar livre
Fonte: Archdaily, 2020
Além disso, como mostra a figura 36, o complexo ainda reduz os efeitos da
ilha de calor, tirando proveito da ventilação natural, refrescando a cidade e criando
paisagens verdes.
Figura 36: Esquema da ventilação natural
Fonte: Archdaily, 2020
O estudo do Greenland Center se torna relevante pela utilização dos níveis
formados pela cobertura, criando espaços de convivência e de lazer e funcionando
como uma grande praça. Porém, apesar do grande diferencial desse projeto está
na cobertura, as soluções apresentadas foram utilizadas na topografia acidentada
do terreno escolhido.
66
4. CONDICIONANTES PROJETUAIS
Para a elaboração do projeto do Shopping Center, se faz necessário levar em
consideração, além do referencial teórico e dos estudos de referência explanados
anteriormente, as análises do terreno, do entorno e das normas necessárias para o
uso proposto.
4.1. O TERRENO E SEU ENTORNO
Para a definição do terreno do projeto foi necessário levar em consideração
elementos como a hierarquia viária, os acessos e a disponibilidade de grandes
áreas de terra. Uma vez que este tipo de empreendimento deve ser inserido em
locais estratégicos da cidade, de forma que a sua localização possa garantir fluxo
intenso de automóveis e pedestres que, por consequência, intensificariam o fluxo
interno de consumidores. Pensando nesses fatores, observou-se como potencial
estratégico, o terreno situado no Bairro de Candelária, na Região Administrativa Sul
da cidade de Natal/RN (Figura 37), próximo ao Sam’s Club.
Figura 37: Opção 01 de terreno
Fonte: Google Maps 2020.
Nota: Modificado pela autora.
67
Todavia, ao iniciar o processo projetual, percebeu-se que com as limitações
impostas pelo plano diretor vigente da cidade, o terreno não comportaria um
empreendimento de grandes dimensões, como também não permitia concretizar o
conceito e partido escolhidos.
Buscando um novo local que pudesse atender as necessidades do projeto,
foi identificado o terreno da antiga fábrica Brasinox (Figura 38), o qual possuía boa
localização e dimensões adequadas para atender as necessidades do projeto.
Apesar disso, está inserido fora dos limites da cidade de Natal, na cidade de
Parnamirim, sendo afastada do recorte de projeto escolhido inicialmente.
Figura 38: Opção 02 de terreno.
Fonte: Google Maps 2020.
Nota: Modificado pela autora.
A terceira área selecionada (Figura 39), está localizada bem próximo à
primeira opção, estando à apenas 3 quarteirões de distância, também no Bairro de
Candelária. Este novo terreno possui grandes dimensões, no qual não será
68
necessário utilizá-lo todo para a realização do projeto. Considerando os fatores
apresentados, está opção se configurou como a melhor solução, sendo, portanto, a
alternativa escolhida.
Figura 39: Terreno escolhido.
Fonte: Google Maps 2020.
Nota: Modificado pela autora.
De acordo com dados da SEMURB (2008), o bairro surgiu como um conjunto
habitacional, sendo tradicionalmente residencial, com pontos comerciais. De acordo
com Capistrano (2015), o conjunto habitacional Candelária nasceu sobre as
brancas dunas, no ano de 1976, seguindo a ideia de ocupar terras distantes e
espalhar a cidade. Nos primeiros anos depois da inauguração, os moradores
enfrentaram desafios devido a localidade, principalmente em relação aos acessos
e a falta de transporte coletivo. Porém, foi somente no ano de 1993 que em que o
bairro foi criado oficialmente, através da Lei n°4330. Atualmente, Candelária tem
seus limites com os bairros de Lagoa Nova, Capim Macio, Neópolis, Cidade da
69
Esperança, Cidade Nova e Pitimbu, possuindo, dentro de seu território, o Parque da
Cidade Dom Nivaldo Monte, que desempenha um importante papel na preservação
da fauna e da flora da cidade.
O entorno imediato do terreno se destaca pela grande quantidade de
edificações residenciais, apesar de apresentar uma grande quantidade de serviços
(Figura 40). Em relação ao gabarito, observa-se que as edificações são, em sua
maioria, térreas, tendo apenas três edifícios com mais de três pavimentos (Figura
41). É importante destacar que no entorno imediato do terreno, se concentram as
edificações residenciais unifamiliares, apresentando o gabarito de até dois
pavimentos, enquanto que os edifícios multifamiliares, que possuem alturas mais
significativas, ficam localizados do outro lado da BR 101.
Figura 40: Mapa de uso do solo
Fonte: Elaborado pela autora com base no mapa disponibilizado pelo IFRN.
70
Figura 41: Mapa de gabarito
Fonte: Elaborado pela autora com base no mapa disponibilizado pelo IFRN.
4.2. CONDICIONANTES LEGAIS
No tocante aos condicionantes legais foram observadas as normas vigentes
na cidade de Natal/RN: o Plano Diretor e o Código de Obras, as normas que
englobam o tema do conforto ambiental, como a NBR 10.151 e NBR 10.152,
referentes à acústica; a NBR 15.220, no tocante ao conforto térmico e a NBR 5413,
relacionada ao conforto luminotécnico. Além disso, considerou-se as legislações
necessárias para elaboração de um projeto de shopping center com ênfase em
soluções acústicas, tais como o Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio
e Pânico do RN e a NBR 9050 que aborda tema acerca da acessibilidade.
4.2.1. Plano Diretor de Natal
A Lei Complementar N° 082 compreende o Plano diretor da cidade de
Natal/RN, que se apresenta no artigo 1°, como: “instrumento básico da política de
71
desenvolvimento urbano e sustentável do município” (NATAL, 2007), sendo então
o instrumento ordenador da cidade.
O terreno selecionado para o projeto, está inserido no bairro de Candelária,
na zona de adensamento básico, de acordo com o macrozoneamento determinado
pelo plano. Com isso, o coeficiente de aproveitamento é de 1,2, com gabarito de até
65 metros, taxa de ocupação do terreno e impermeabilização 80%. Em relação aos
recuos, deve-se considerar as informações contidas no quadro 4, para edificações
acima de 2 pavimentos.
Quadro 4: Recuo em função da altura das edificações.
Fonte: Plano Diretor de Natal/RN (2007)
Nota: Modificado pela autora.
Diante das prescrições urbanísticas apresentadas, tem-se:
• Coeficiente de aproveitamento: 1,2 x 83.976,03 m² = 100.771,23m²;
• Taxa de ocupação: 80% x 83.976,03 m² = 67.180,82 m²;
• Taxa de impermeabilização: 80% x 83.976,03 m² = 67.180,82 m²;
• Recuos mínimos:
o Frontal - 3,00 + 11,88/10 = 4,2 metros;
o Lateral e fundos – 1,5 + 11,88/10 = 2,7 metros.
72
4.2.2. Código de Obras de Natal
A Lei complementar N° 055, institui o Código de Obras e Edificações do
Município de Natal regulamentando “toda e qualquer obra de construção,
ampliação, reforma e demolição” (Natal, 2004).
As quatro vias que delimitam o terreno do projeto: a BR 101, a rua Henrique
Santana, a rua Ministro Miguel Seabra Fagundes e a Av. Antoine de Saint’ Exupéry
são classificadas quanto a hierarquia viária. Vale salientar que, de acordo com as
informações supracitadas, um shopping center necessita estar localizado em uma
via de fluxo intenso, como se pode observar no quadro 5, a principal via de acesso
é classificada como estrutural, sendo responsável, por “acumular os maiores fluxos
de tráfego da cidade, integrando um eixo de atividades comerciais e de serviços”
(Natal, 2004). Por outro lado, as outras três vias que fazem limites com o terreno
são locais, com pouco fluxo de veículos.
Quadro 5: Classificação das vias que tangenciam o terreno.
Via Categoria Classe
BR 101 Estrutural Arterial I
R. Henrique Santana Local Local
R. Ministro Miguel Seabra Fagundes
Local Local
Av. Antoine de Sain’t Exupéry Local Local
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Código de Obras de Natal/RN (2004).
No tocante ao projeto, o código estabelece a necessidade de destinar um
espaço para o estacionamento, com vagas de 2,50 metros por 5,00 metros. O
cálculo a respeito da quantidade, deve ser feito considerando o quadro 6, a seguir.
Quadro 6: Cálculo de vagas.
Empreendimento Área Computável Via Arterial Exigências
Shopping Center Maior que 20.000m²
1 vaga/20m²
Parada de ônibus de turismo e urbano, táxi,
carga e descarga, embarque e
desembarque, lixo
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Código de Obras de Natal/RN (2004).
73
Considerando a somatória da área do pavimento do shopping com as áreas
de apoio, logística e administração, têm-se:
• 32.165m²/20 = 1.609 vagas.
Em relação ao acesso ao estacionamento, o código indica que seja feito pela
via de menor hierarquia, de forma a não criar ou agravar os problemas de tráfego.
Dessa forma, a entrada ficou pela via local Henrique Santana, seguindo a opção B,
destacada na figura 42, referente ao dimensionamento das formas de acesso.
Figura 42: Dimensionamento das formas de acesso.
Fonte: Código de Obras (2004).
Nota: Modificado pela autora.
4.2.3. NBR 10.151: Acústica de áreas habitadas
A NBR 10.151 é responsável pela regulamentação das medições e avaliação
de níveis de pressão sonora em áreas habitadas, definidas de acordo com o uso e
ocupação do solo. Diante disso, o quadro 7, demonstra os níveis de pressão sonora
de cada uso de acordo com o período do dia. Como foi supracitado, o entorno do
lote do empreendimento possui uso misto, predominantemente residencial, sendo
então possuir níveis sonoros de 55 dB no período diurno e de 50dB no noturno.
74
Quadro 7: Limites de níveis de pressão sonora em função dos tipos de áreas habitadas e do período.
Fonte: NBR 10.151 (2019).
Nota: Modificado pela autora.
4.2.4. NBR 10.152: Acústica de ambientes internos a edificações
A NBR 10.152 determina os procedimentos técnicos a serem adotados na
execução de medições de pressão sonora em ambientes internos, bem como os
valores de referência. Assim sendo, define os valores de referências para ambientes
comerciais do tipo Shopping Center, cultura e lazer, escritório e esporte, como
demonstra o quadro 8, a seguir.
Quadro 8: Valores de referência para ambientes internos de uma edificação de acordo com suas finalidades de uso.
Uso Valor de Referência (dB)
Centros Comerciais (Shopping Centers)
Circulações 50
Lojas 45
Praça de Alimentação 50
Garagem 55
Cultura e Lazer
Cinema 35
Teatro 30
75
Escritórios
Circulações 50
Escritórios Privados 40
Escritório Coletivo 45
Recepção 45
Sala de Reunião 35
Esportes
Ginásio e Academia 45
Fonte: Elaborado pela autora com base na NBR 10.152 (2017).
4.2.5. NBR 15.220/3 – Zoneamento Bioclimático Brasileiro
A NBR 15.220 estabelece o Zoneamento Bioclimático Brasileiro, indicando
uma série de recomendações estratégias construtivas para habitações unifamiliares
e de interesse social. Vale salientar que, apesar deste não ser o uso deste estudo,
as soluções podem ser adaptadas para se adequarem a ele.
De acordo com a norma (Figura 43), a cidade de Natal/RN está inserida na
Zona Bioclimática 8, que se destaca pela presença de temperaturas elevadas, com
alta incidência solar. As estratégias indicadas pela norma compreende a utilização
de paredes leves e refletoras, aberturas grandes e sombreadas e a ventilação
cruzada. Porém a NBR também destaca que o condicionamento passivo é
insuficiente nas horas mais quentes.
Figura 43: Zona Bioclimática 08.
Fonte: NBR 15.220/3 (2003).
76
4.2.6. NBR 5413 – Iluminância de Interiores
A NBR 5413 estabelece os valores de iluminância médias mínimas para
iluminação artificial de acordo com as atividades e por classe de tarefas visuais. O
quadro 9, demonstra a iluminância por classe de atividades visuais, chamando a
atenção para o fato que, quanto maior o tempo de permanência do usuário no
ambiente e quanto mais difícil a atividade executada nele, melhor iluminado deve
ser o ambiente.
No caso do shopping center, deve-se atentar principalmente na iluminação
das lojas, de forma a evidenciar os produtos a venda, no coworking, na praça de
alimentação e nos ambientes da administração.
Quadro 9: Iluminância por classe de tarefas visuais
Fonte: NBR 5413 (1992).
4.2.7. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do RN
A portaria N°191/2013 instituí uma série de documentos que devem ser
analisados de acordo com a necessidade de cada projeto no tocante a segurança
contra incêndio e pânico. Para isso as edificações devem ser classificadas quanto
ao risco em relação a ocupação. No caso do estudo realizado neste trabalho, a
77
edificação se caracteriza no risco C3, correspondente ao uso comercial, do tipo
shopping center. Em relação a altura, o edifício se classifica como média altura, com
valores entre 6 e 12 metros.
Assim sendo, a norma recomenda as seguintes medidas de segurança:
• Saídas de emergência;
• Sinalização e iluminação de emergência;
• Extintores;
• Acesso da viatura a edificação;
• Segurança estrutural contra incêndio;
• Compartimentação horizontal e vertical;
• Controle de materiais de acabamentos;
• Plano de emergência;
• Brigada de incêndio;
• Detecção e alarme de incêndio;
• Hidrantes e mangotinhos;
De acordo com as informações fornecidas pelas normas, foi possível estimar
4 saídas de emergência em cada pavimento, com medidas mínimas de 1,20 metro,
totalizando pelo menos 9 metros por pavimento.
4.2.8. NBR 9050
A NBR 9050 “estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados
quando ao projeto, construção, instalação e edificação às condições de
acessibilidade” (ABNT, 2020).
Na elaboração do estudo preliminar do Shopping, foram levado em
consideração vãos maiores do que os mínimos definidos pela norma, de forma a
garantir o pleno acesso de todos os usuários em todas as rotas. Em relação as
rampas criadas para vencer os desníveis existentes no terreno, foi utilizado a
inclinação sugerida pela norma de 8,33%, com raio maior que 3 metros, no caso da
rampa curva. Além disso, foram empregados guarda-corpos em todas as escadas
e rampas, garantindo a acessibilidade. Por fim, foi adicionado em todos os blocos
de banheiros sanitários acessíveis, respeitando os 5% de sanitários acessíveis em
relação ao total.
78
4.3. CONDICIONANTES FÍSICAS
O terreno escolhido para a inserção do shopping center ocupa quase todo o
quarteirão (Figura 44), contendo aproximadamente 209.760m² e dispõe de acessos
pelas seis vias que o delimitam, sendo elas a marginal da BR 101, a R. Henrique
Santana, Av. Tropical, R. Mirasselvas, R. Ministro Miguel Fangundes e Av. Antoine
de Sain’t Exepéry.
Figura 44: Vista superior do terreno original
Fonte: Google Maps 2020. Captura de tela: 13.11.20.
Nota: Modificado pela autora.
Vale salientar que, apesar do projeto de um shopping center necessitar de
uma área extensa, o terreno possuía dimensões superiores as necessárias. Dessa
forma, o lote foi dividido em dois, com o prolongamento da R. Ministro Miguel Seabra
Fagundes (Figura 45 e 46), apresentando aproximadamente 84.000 m². O terreno
possui geometria irregular, com a testada principal com cerca de 305 metros de
comprimento, tangenciando a BR 101.
79
Figura 45: Terreno modificado pela autora
Fonte: Google Maps 2020. Captura de tela: 08.10.20.
Nota: Modificado pela autora.
Figura 46: R. Ministro Miguel Seabra Fagundes
Fonte: Acervo da autora, 2020.
Em relação a topografia, o terreno apresenta a inclinação de
aproximadamente 12 metros entre a R. Henrique Santana e a Av. Antoine de Saint
Exepéry, tendo o ápice do aclive no centro do lote, como é possível perceber na
figura 47.
80
Figura 47: Topografia do terreno
Fonte: Google Maps 2020. Captura de tela: 13.11.20.
Nota: Modificado pela autora.
A partir dessas informações foi elaborado uma maquete física esquemática
(figura 48 e 49), buscando encontrar a melhor solução que adequasse a topografia
do terreno existente as necessidades impostas pelo projeto. Com isso, foram
criados platores até a cota de nível 8 metros, uma vez que os outros 4 metros se
concentram numa pequena área, em que está inserida a edificação, como
demonstra os cortes (figura 50 e 51).
Figura 48: Maquete terreno 01
Fonte: Acervo da autora, 2020
Figura 49: Maquete terreno 02.
Fonte: Acervo da autora, 2020
81
Figura 50: Corte longitudinal do terreno
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 51: Corte transversal do terreno
Fonte: Elaborado pela autora.
Em relação a vegetação existente no terreno, pode se perceber através das
fotos 52, 53, 54, 55, 56 e 57, que apesar de em alguns pontos da testada da BR
101 apresentarem vegetação rasteira com poucas, árvores, a maior parte do terreno
é repleta de árvores de diversos portes, arbustos e vegetação rasteira.
Figura 52: Vista do terreno da esquina da BR 101 e da R. Henrique Santana
Fonte: Acervo da autora, 2020.
Figura 53: Vista do terreno da BR 101
Fonte: Acervo da autora, 2020.
82
Figura 54: Vista do terreno da BR 101
Fonte: Acervo da autora, 2020.
Figura 55: Vista do terreno da BR 101
Fonte: Acervo da autora, 2020.
Figura 56: Vista do Terreno da Av. Antoine de
Saint' Exupéry
Fonte: Acervo da autora, 2020.
Figura 57: Vista do terreno da R. Ministro Miguel Seabra Fagundes
Fonte: Acervo da autora, 2020.
4.4. CONDICIONANTES AMBIENTAIS
Conforme as informações supracitadas, o lote do projeto está inserido na
Zona Bioclimática 08, por isso é de suma importância atentar para a ventilação e
insolação incidentes no terreno, de forma a garantir o conforto dos usuários. Diante
disso, foram realizadas análises das condicionantes ambientais no terreno, como
mostra o esquema na figura 58.
83
Figura 58: Percurso aparente do sol ao longo do ano.
Fonte: Elaborada pela autora com base na carta solar de Natal/RN.
Para isso, realizou-se um estudo da insolação nas quatro testadas do
terreno, através da carta solar, nos períodos de solstício de inverno, equinócio e
solstício de verão.
Como mostra a figura 59, a fachada sudeste e nordeste recebem sol o ano
todo no período da manhã, enquanto a noroeste e a sudeste, tem a incidência dos
raios solares concentrado no período da tarde.
Figura 59: Máscara de sombra.
Fonte: Suntool.
Nota: Modificado por Lívia Mesquita e pela autora.
84
Essa análise mostra que se deve pensar em estratégias para diminuir a
incidência dos raios solares nas quatro fachadas, principalmente nas que recebem
a luz no período da tarde, como por exemplo brises, painéis vazados.
Em relação a ventilação, como é possível perceber através da rosa dos
ventos (figura 60), a ventilação predominante na cidade de Natal/RN, vem no
sentido sudeste, apresentando pequenas variações nas 4 estações do ano.
Figura 60: Rosa dos ventos Natal/RN
Fonte: Furtado (2019)
86
5. O PROCESSO PROJETUAL
Neste capítulo foram sintetizados algumas informações necessárias para iniciar
a elaboração da proposta, bem como demonstrar todo o processo evolutivo até a
elaboração do estudo final.
5.1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
Apesar de se tratar de um shopping center, o empreendimento é classificado
como um shopping especializado com ênfase em atividades esportivas e de
entretenimento.
Ao propor essa tipologia de shopping center para a cidade de natal, buscou-
se um diferencial em relação aos empreendimentos já existentes, além de criar um
espaço em que as atividades realizadas dentro da edificação possam se integrar
com as externas, criando uma maior relação com o entorno.
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
Como a bibliografia a respeito da arquitetura de shopping center é escassa,
o programa de necessidade e pré-dimensionamento (Quadro 10, 11, 12, 13, 14, 15
e 16) foram construídos com bases nas informações obtidas através dos estudos
de referências diretos e da experiência de trabalho em shopping center, das aulas
sobre o tema e pela pesquisa coordenada pela Prof. Dra Glauce Lilian Alves de
Albuquerque, orientadora deste trabalho.
Quadro 10: Pré-dimensionamento Mall Tradicional
MA
LL
TR
AD
ICIO
NA
L AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)
Lojas Âncoras 2 1.000 2.000
Lojas Satélites 20 40 800
Terminal de ônibus
1 100 100
Coworking 5 25 125
Praça de eventos 1 500 500
87
Sanitários Masc. e Femin.
12 40 480
Sanitários família 3 25 75
Fraldário 3 15 45
Caixas eletrônicos 1 20 20
Recepção e concierge
1 20 20
Total Parcial (m²) 4.165
Fonte: Elaborado pela autora.
Quadro 11: Pré-dimensionamento lazer, esporte e entretenimento
LA
ZE
R,
ES
PO
RT
E E
EN
TR
ET
EN
IME
NT
O AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)
Boliche 1 300 300
Pista de patinação 1 500 500
Jogos virtuais 2 100 200
Cinema 5 250 1.250
Boate 1 200 200
Teatro 1 1.500 1.500
Playground 2 500 1.000
Paintball 1 200 200
Academia 1 800 800
Pista de Skate 1 500 500
Total Parcial (m²) 6.450
Fonte: Elaborado pela autora.
Quadro 12: Pré-dimensionamento Alimentação
AL
IME
NT
AÇ
ÃO
AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)
Restaurantes 2 500 1.000
Lojas alimentação 20 40 800
Praça de alimentação
1 600 600
Total Parcial (m²) 2.400
Fonte: Elaborado pela autora.
88
Quadro 13: Pré-dimensionamento Serviço e Apoio
SE
RV
IÇO
E A
PO
IO
AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)
Gerador 1 12 12
Casa de bombas 1 30 30
Quadros elétricos 1 20 20
Casa de máquinas 1 120 120
Depósito de lixo reciclável
1 35 35
Depósito de lixo descartável
1 35 35
Controle de recebimento
1 15 15
Carga e descarga 1 800 800
Segurança 1 20 20
Corpo de bombeiro
1 35 35
Manutenção 1 60 60
Refeitório 1 30 30
Depósito das lojas 50 35 1.750
Almoxarifado 1 40 40
Vestiário e banheiros
6 30 180
DML 1 40 40
Descanso de funcionários
2 15 30
Total Parcial (m²) 3.252
Fonte: Elaborado pela autora.
Quadro 14: Pré-dimensionamento Administração
AD
MIN
IST
RA
ÇÃ
O AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)
Gerência 1 30 30
Recepção e pabx 1 12 12
Secretaria 1 20 20
Comercial 1 30 30
Marketing 1 30 30
89
Financeiro 1 30 30
Rec. Humanos 1 30 30
Mini auditório 1 50 50
Sala de reunião 2 20 40
Arquivo morto 1 20 20
Total Parcial (m²) 292
Fonte: Elaborado pela autora.
Quadro 15: Pré-dimensionamento Estacionamento
ES
TA
CIO
NA
ME
NT
O AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²)
ÁREA TOTAL (m²)
Estacionamento carros 1.000 12,5 12.500
Estacionamento motos 300 2 600
Taxi 20 12,5 250
Bicicletário 2 30 60
Total Parcial (m²) 13.410
Fonte: Elaborado pela autora.
Quadro 16: Pré-dimensionamento final
CA
MIN
HO
DA
S D
UN
AS
SETOR ÁREA
PARCIAL (m²) ÁREA COM 30% DE CIRCULAÇÃO (m²)
Mall Tradicional 4.165 5.414,5
Lazer, esporte e entret. 6.450 8.385
Alimentação 2.400 3.120
Serviço e apoio 3.252 4.227,6
Administração 292 379,6
Estacionamento 13.410 17.433
ÁREA TOTAL (m²) 38.959,7
Fonte: Elaborado pela autora.
90
5.3. CONCEITO E PARTIDO
Intenciona-se agregar ao projeto elementos como a flexibilidade, a
permeabilidade visual, o fluxo de pessoas, a relação com o entorno, a adoção de
uma boa luz natural, a vegetação, o conforto térmico e acústico. Nesse sentido,
encontramos na figura da praça a imagem conceitual que congrega todos esses
aspectos buscados para a proposta do shopping.
Conceitualmente a “praça” tem várias definições, sendo apropriada de
diversas formas por culturas diferentes. Aqui se destaca a capacidade de permitir
diversos usos e atividades, por funcionar como ponto de encontro e de lazer,
gerando o fluxo de pessoas, mas também estabelecendo relação com o entorno,
pela presença da luz natural e da permeabilidade visual, horas obstruída pela
presença da vegetação ou de construções e que, se bem projetada, pode trazer
conforto aos usuários.
Robba e Macedo (2003, apud DEGREAS, 2010) afirmam que as “praças
desempenham um papel importantíssimo para o desenvolvimento das relações
sociais da população e para a construção da esfera de vida pública”. O site Galeria
da Arquitetura9 destaca que as praças são destinadas às atividades recreativas, de
lazer e convivência, sempre associada à acessibilidade pública. Ademais, Tagliani
(2017) define praça como:
Praça é um elemento exclusivamente urbano. É local de presença humana confirmada. Local onde devem ocorrer os mais importantes eventos sociais, as atividades comunitárias e de lazer, de vital importância para uma cidade e seus cidadãos. Praça deve ser um ponto de encontro e de trânsito, livre de veículos. E o paisagismo – que é uma das áreas da Arquitetura e Urbanismo – visa planejar, justamente, espaços como esse, onde há a interação máxima das pessoas com o meio externo, de uso coletivo. (TAGLIANI, 2017, https://www.blogdaarquitetura.com/como-surgiram-as-pracas-e-duas-diferentes-funcoes-sociais-ao-longo-da-historia/)
Dessa forma, se reafirma que, o entendimento do conceito de uma praça, no
sentido mais amplo do termo, norteará os princípios projetuais do estudo preliminar
do shopping. A praça sintetiza as características necessárias para a elaboração
9 Disponível em: < https://www.blogdaarquitetura.com/como-surgiram-as-pracas-e-duas-diferentes-
funcoes-sociais-ao-longo-da-historia/>. Acessado em: 15 de março de 2020.
91
projetual do edifício proposto. Portanto, adoção do conceito de praça contribuirá
para a criação de espaços de entretenimento, lazer e esporte, além de estabelecer
uma integração harmônica e humanizada do empreendimento com o entorno.
Seguindo nesse raciocínio, o conceito escolhido se materializa também no
partido adotado. Para o partido formal, optou-se por inserir a praça no arranjo
projetual. Inicialmente, como mostra a figura 61, o partido consistia em posicionar a
edificação nos fundos do lote, deixando a frente do terreno destinada para uma
grande praça que possibilitaria a integração da calçada com o empreendimento. A
praça estaria inserida como elemento externo.
Figura 61: Partido inicial
Fonte: Elaborado pela autora
Com o objetivo de fazer a integração de forma mais efetiva com o
empreendimento e com o entorno, a praça passou a ser inserida na edificação, de
modo que a construção seria locada no meio do terreno, com os pavimentos
superiores recuados em relação aos inferiores (Figura 62), criando espaços que
funcionariam como continuidade à praça localizada na parte central do shopping.
Essa decisão aumentaria a possibilidade de usos, com a adoção de espaços
abertos e espaços fechados.
92
Figura 62: Evolução do partido
Fonte: Elaborado pela autora
Vale salientar que os estudos do partido demonstrados acima, foram
pensados para a opção 01 de terreno, que apresentava dimensões inferiores ao lote
atual. Com isso, ao analisar o novo local de intervenção, estabeleceu-se o partido
final, que consiste na união de três blocos rotacionados interligados, criando a forma
semelhante a letra “N” (Figura 63), integrando de forma mais concisa os ambientes
internos e externos.
Figura 63: Partido final
Fonte: Elaborado pela autora
93
5.4. ESTUDOS DA FORMA E VOLUMETRIA
Como foi mencionado anteriormente, a forma da edificação buscava criar
praças e integrar os ambientes internos e externos. Inicialmente, ainda na primeira
opção de terreno, buscou-se atingir o objetivo através de mini praças criadas
através da desconexão entre os pavimentos. A partir disso, surgiram as 4 primeiras
opções (Figura 64, 65, 66 e 67), que foram descartadas por não apresentarem a
estética desejada.
Figura 64: Estudo da volumetria 01
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 65: Estudo da volumetria 02
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 66: Estudo da volumetria 03
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 67: Estudo da volumetria 04
Fonte: Elaborado pela autora.
Tentando chegar a uma forma esteticamente agradável, seguiu-se o mesmo
princípio, com os pavimentos mais orgânicos e diferentes. Apesar da solução ter
agradado (Figura 68 e 69), pela limitação do tamanho do terreno, era inviável a
mínima compatibilização dos andares, impossibilitando as circulações verticais e a
94
manter os banheiros no mesmo alinhamento, o que tornaria possível o
aproveitamento das instalações sanitárias.
Figura 68: Estudo da volumetria 05
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 69: Estudo da volumetria 06
Fonte: Elaborado pela autora.
Juntando esses fatores com a percepção de impossibilidade do terreno de
comportar um empreendimento deste porte devido as prescrições urbanísticas
estabelecidas pelo plano diretor da cidade de natal, mudou o lote para a terceira
opção, apresentada anteriormente, onde foram realizados novos estudos da
volumetria (Figura 70, 71, 72 e 73), a partir da ideia de ter uma parte da praça
“abraçada” pelo edifício. Foi a partir do estudo da volumetria número 9 e 10, que foi
desenvolvida a forma final, que será explanada no capítulo 6.
Figura 70: Estudo da volumetria 07
Fonte: Elaborado pela autora.
95
Figura 71: Estudo da volumetria 08
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 72: Estudo da volumetria 09
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 73: Estudo da volumetria 10
Fonte: Elaborado pela autora.
É importante ressaltar que apesar do terreno está representado de forma
plana, os primeiros estudos consideraram a topografia do lote, uma vez que a parte
da volumetria retratada na cor vermelha, estaria no subsolo.
96
5.5. CROQUIS E EVOLUÇÃO PROJETO
Assim como ocorreu na evolução da volumetria, a proposta projetual também
passou por várias etapas até se configurar no estudo final. Nos primeiros estudos
do terreno (Figura 74), como já foi mencionado anteriormente, optou-se pela
proposta de prolongamento da Rua Ministro Miguel Seabra Fagundes, recortando
o lote em dois. No tocante as edificações existentes no quarteirão, optou por mantê-
las, uma vez que o espaço restante apresenta área suficiente para inserção da
proposta.
Figura 74: Primeiros estudos
Fonte: Elaborado pela autora.
Nos estudos da edificação, pensou-se no formato retangular, com uma praça
interna (Figura 75, 76), evoluindo para pequenas praças distribuídas pelos 4
pavimentos, com acesso da carga e descarga ocorrendo pela rua Henrique Santana
e o de veículos pela Av. Antoine de Saint’ Exupéry.
97
Figura 75: Evolução da proposta 01
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 76: Evolução da proposta 02
Fonte: Elaborado pela autora.
98
A partir das decisões dos acessos e da evolução da volumetria, como foi
supracitado no tópico anterior, foi possível chegar nas primeiras análises de
zoneamento (Figura 77), onde os equipamentos externos de forma a deixar apenas
o lado esquerdo do terreno para veículos, sendo a maior parte da área de uso
exclusivo para pedestres.
Figura 77: Evolução da proposta 03
Fonte: Elaborado pela autora.
Porém essa proposta se mostrou insatisfatória devido a entrada de veículos
está situada na via após o empreendimento, uma vez que a marginal da BR 101 só
possui um sentido, além de que as edificações existentes poderiam confundir o
entendimento do motorista em relação ao acesso. Outro fator relevante foi o
posicionamento do Kart no tocante a acústica, por ser um uso que tem uma alta
emissão de ruídos, o ideal seria que ele ficasse situado mais ao fundo do lote.
Em relação a disposição interna da edificação, inicialmente as áreas locáveis
do shopping era dividido em três pavimentos, com mostram as figuras 78, 79 e 80.
As circulações seguiram as inclinações das paredes externas. O empreendimento
possuía duas praças de eventos, sendo uma no pavimento térreo e a outra no
segundo pavimento. No terceiro pavimento ficava situada a praça de alimentação,
com o acesso ao solário e cobertura verde.
99
Figura 78: Evolução interna da proposta 01
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 79: Evolução interna da proposta 02
Fonte: Elaborado pela autora.
100
Figura 80: Evolução interna da proposta 03
Fonte: Elaborado pela autora.
Essa proposta começou a ser desenvolvida através da distribuição dos
ambientes, com algumas alterações no Mall (figura 81, 82 e 83). Porém, foi a partir
disso, que se começou a perceber alguns problemas. A somatória dos três
pavimentos do shopping, superava e muito a área prevista no pré-
dimensionamento.
Figura 81: Evolução da proposta interna 04
Fonte: Elaborado pela autora.
101
Outro fator relevante considerado, foi a definição do estacionamento. Como
já foi mencionado, o Código de Obras da cidade de Natal/RN, recomenda para o
uso de shopping center, uma vaga a cada 20m² construído. Com isso, seria
imprescindível prever uma área muito maior do que o destinado para comportar as
vagas necessárias.
Figura 82: Evolução da proposta interna 05
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 83: Evolução interna da proposta 06
Fonte: Elaborado pela autora.
102
Com base nessas informações, foi elaborado uma nova proposta. O
zoneamento está dividido em dois níveis, considerando o desnível do terreno. Na
figura 84, é demonstrado as atividades inseridas no nível mais baixo do lote, onde
está inserido o estacionamento, a área técnica e de serviço e as atividades externas
de baixo impacto.
Figura 84: Zoneamento nível 01
Fonte: Elaborado pela autora.
O zoneamento do segundo nível (Figura 85) segue as mesmas premissas
apresentadas no nível 01, com as atividades de baixo impacto tanto internas quanto
externas situadas no lado direito do lote e as de alto impacto do lado direito. Para
unir as duas áreas, foi inserido o setor de alimentação no meio da edificação.
O zoneamento seguiu esse princípio buscando agrupar os usos que
apresentassem as mesmas características acústicas, de forma a facilitar o
tratamento dos ambientes, porém também levou em consideração as atividades,
concentrando os esportes radicais todos do lado esquerdo do terreno.
103
Figura 85: Zoneamento nível 02
Fonte: Elaborado pela autora.
Em relação aos fluxos (Figura 86), o acesso de serviço, carga e descarga foi
mantido pela rua Henrique Santana, porém o acesso de veículos ao estacionamento
também ficou por esta via, diminuindo mais ainda a circulação de carros pelo lote,
privilegiando o pedestre que pode acessar o empreendimento pela rua Henrique
Santana, pela BR 101 e pela Av. Antoine de Saint’ Exupéry.
Figura 86: Esquema dos fluxos no lote
Fonte: Elaborado pela autora.
105
6. MEMORIAL DESCRITIVO
Com base nas informações, nas análises e nos condicionantes apresentados
acima, este capítulo apresenta um copilado das soluções finais empregadas,
destacando as configurações funcionais e as estratégias de conforto ambiental e
estruturais.
Além disso, para o nome do empreendimento, foi apontado Parque Shopping
Caminho das Dunas, uma singela homenagem aos avôs da autora, que faleceram
durante a execução deste trabalho, na pandemia do Covid 19. Por isso, o nome
caminho foi formado através da junção dos sobrenomes Campos e Marinho, já a
palavra dunas, traz uma característica marcante da cidade de Natal.
6.1. INSERÇÃO URBANÍSTICA
A proposta desenvolvida no estudo preliminar do Parque Shopping Caminho
das Dunas busca criar um empreendimento que possa agregar ao entorno, criando
um espaço onde a população possa se divertir, praticar esportes, relaxar e socializar
em um só lugar.
Tirando proveito da topografia, a edificação conta com 3 pavimentos no nível
mais baixo do terreno, atingindo o gabarito de 18,52 metros e apenas 1 no nível
mais alto do lote, com a altura de 11,42 metros. No tocante as prescrições
urbanísticas, observa as informações contempladas no quadro 17 a seguir.
Quadro 17: Prescrições urbanísticas.
Prescrições Urbanísticas Parque Shopping
Área do Terreno 83.976,03 m²
Área Construída 88.451,89 m²
Taxa de Ocupação 39%
Área Impermeável 61.115,57 m²
Área Permeável 22.860,46 m²
Fonte: Elaborado pela autora.
106
O empreendimento possui três acessos de veículos, sendo o de veículos e o
da carga e descarga pela rua Henrique Santana e o de taxi e embarque e
desembarque pela marginal da BR 101. O acesso de pedestre se ocorre pelas três
principais vias, a BR 101, a Rua Henrique Santana e a Av. Antoine de Saint’
Exupéry.
Os elementos que compõem a implantação estão distribuídos de tal forma
(Figura 87): 1. Terminal de ônibus; 2. Embarque e desembarque com apoio para
taxi; 3. Playground; 4. Pista de skate; 5. Pista de patinação; 6. Tirolesa; 7. Escalada;
8. WC; 9. Arvorismo e horta; 10. Kart. 11. Quadra de beach tennis; 12. Rampa de
acesso a cobertura; 13. Edificação principal; 14. Castelo d’água; 15. Edificação
serviço e apoio; 16. Edificação administração; 17. Estacionamento ônibus; 18.
Bicicletário; 19. Espaço pet.
Figura 87: Implantação
Fonte: Elaborado pela autora.
107
6.2. SOLUÇÕES FUNCIONAIS
Como foi supracitado, a disposição dos ambientes em planta levou em
consideração as características acústicas dos usos, bem como pelas semelhanças
entre as atividades. Diante disso, o pavimento térreo, como demonstra a figura 88,
contém o setor de apoio e serviço (Figura 89), administração (Figura 90) e
estacionamento.
Figura 88: Planta baixa térreo
Fonte: Elaborado pela autora.
108
Figura 89: Planta baixa edificação serviço e apoio
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 90: Planta baixa edificação administração
Fonte: Elaborado pela autora.
109
Salienta-se que todos os ambientes de permanência do apoio e serviço foram
pensados de forma a permitir o acesso a ventilação natural, uma vez que a
pandemia do Covid 19 intensificou mais ainda a necessidade da trocar de ar dos
ambientes internos.
O segundo pavimento (figura 91) ficou reservado apenas para a continuação
do estacionamento e as circulações verticais. Devido ao porte do empreendimento,
era necessárias 1609 vagas de estacionamento, de acordo com as informações
fornecidas no código de obras em que deveria contabilizar uma vaga a cada 20m²
de área construída. Porém, como o shopping apresenta diversas atividades
externas, foi considerado 25% a mais de vagas para atender a esse público. Com
isso, o estacionamento possui 1803 vagas para carros e 382 vagas para motos,
sendo reservada 5% aos idosos e 2% aos portadores de deficiência física.
Figura 91: Planta baixa 2° pavimento
Fonte: Elaborado pela autora.
110
No terceiro pavimento (Figura 92) ficou concentrado o Parque Shopping. No
lado direito da planta baixa ficaram concentrado os usos que necessitam de um
maior isolamento acústico pata garantir um bom funcionamento, como é o caso do
teatro, cinema e coworking.
No meio estão concentrados os serviços de alimentação, como a praça de
alimentação e os restaurantes, que se expandem até a praça interna, possuindo um
bistrô no centro e três lojas de alimentação. Vale salientar que para a definição da
área da praça de alimentação, foram considerados 40% da área das lojas de
alimentação.
Do lado esquerdo da planta baixa estão inserido os usos que mais geram
ruídos ou que estão relacionados aos esportes. Os acessos se dão através da
escada e elevadores provenientes dos dois andares inferiores de estacionamento e
pela praça de eventos, que está conectada com a praça externa.
Figura 92: Planta baixa 3° pavimento.
Fonte: Elaborado pela autora.
111
Buscando tornar os malls mais agradáveis e aconchegantes, foram inseridas
pequenas ilhas com vegetação nos corredores mais extensos, criando espaços de
descanso, permanência e de interação entre os clientes. Para tornar o espaço mais
agradável e aconchegante, bem como integrar melhor os espaços externos e
internos, foi criada uma praça interna: um ambiente aberto, com ventilação natural,
destacando-se totalmente dos ambientes popularmente conhecidos dos Shoppings
Centers.
A ideia era que todos os ambientes fossem integrados. Dessa forma a
cobertura precisava apresentar um uso diferenciado, que atraísse a atenção dos
clientes. Partindo desse pressuposto, criou-se uma grande rampa, respeitando a
NBR 9050, ligando o terceiro nível do térreo à cobertura, onde os transeuntes têm
acesso a horta e sua loja, a saída da tirolesa e a escalada. O ambiente também
funciona como um mirante, com bancos e mesas com guarda-sóis para a
permanência dos usuários. Por fim, a cobertura está dividida em 4 zonas (Figura
93), sendo elas: 1. Atividades aberta ao público; 2. Cobertura em telha fibrocimento;
3. Cobertura da praça interna e 4. Área de resgate.
É importante ressaltar que, apesar de ter uma área destinada a horta na
implantação junto ao arvorismo, este espaço é para árvores e arbustos de médio e
grande porte, enquanto na cobertura a horta é destinada aos vegetais e plantas de
pequeno porte. Porém, a comercialização dos produtos produzidos nas duas hortas
é feita pela loja situada na cobertura.
Em relação a cobertura da praça interna, foi proposto uma grelha em
madeira, fixada nas paredes laterais, onde alguns quadrados são abertos,
permitindo a entrada da luz e ventilação natural, e outros fechados, criando
pequenas áreas sombreadas e protegidas da chuva. Além disso, as paredes que
limitam a cobertura de madeira também são responsáveis por criar sombras,
tornando a praça interna mais agradável.
112
Figura 93: Cobertura.
Fonte: Elaborado pela autora.
6.3. TEATRO E CINEMA
Para a delimitação dos ambientes do teatro e do cinema, foi utilizado como
base as informação e dimensões fornecidas por Neufert (2015). Com base nisso,
têm-se o palco tradicional, com dimensões maiores que 200m². Além disso, o
restante do ambiente segue as recomendações, como mostra a figura 94:
• O palco está elevado 60 centímetros em relação ao piso;
• A primeira fileira está afastada 1,5 metros do palco;
• A cada fileira de 1 metro, eleva 6 centímetros, respeitando a elevação
máxima de 10 graus, não sendo necessário a obtenção de degraus.
113
Figura 94: Escalonamento Plateia
Neufert (2015)
As recomendações de Neufert (2015) no tocante ao cinema, são
semelhantes ao teatro, como mostra a figura 95. Com isso, emprega-se:
• Tela afastada 1,20 metros da parede;
• Distância da tela para a primeira fileira equivalente a 75% do pé direito,
totalizando 5,90 metros;
• Fileiras afastadas 1,20 metros, com desnível de 30 centímetros entre elas.
Figura 95: Corte longitudinal cinema
Neufert (2015)
6.4. ESTRUTURA DA EDIFICAÇÃO E MATERIAIS
Ao realizar uma proposta para um shopping center, deve-se pensar em uma
solução que permita grandes vãos, por isso foi utilizado o concreto armado
114
protendido. Com isso, a modulação utilizada foi de 2 metros, com os pilares
posicionados a cada 10 metros no sentido longitudinal e 12 metros no transversal.
A malha da modulação se tornou um desafio devido a inclinação das
paredes. Inicialmente foi pensado em seguir a inclinação das paredes, porém essa
solução criou um problema com a sobreposição da malha, como mostra a figura 96.
Figura 96: Malha de modulação inclinada
Fonte: Elaborado pela autora.
Diante disso, em orientação com o professor Petrus Nobrega, responsável
pelas disciplinas na área de estrutura, chegou-se à solução de utilizar a malha
ortogonal (Figura 97), deixando a laje em balanço nas paredes inclinadas que não
se encaixam na malha.
Figura 97: Malha da modulação ortogonal
Fonte: Elaborado pela autora.
115
No tocante ao sistema utilizado na vedação (Figura 98, 99 e 100), no caso
das paredes externas e das que delimitam as circulações verticais foi empregado o
concreto, porém nas divisórias internas foi usado drywall W115 e W116 da marca
Knauf, que apresenta um isolamento acústico e resistência ao fogo.
Figura 98: Planta de estrutura das paredes - Térreo
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 99: Planta de estrutura das paredes - 2° pavimento
Fonte: Elaborado pela autora.
116
Figura 100: Planta de estrutura das paredes - 3° pavimento
Fonte: Elaborado pela autora.
Em relação aos revestimentos utilizados na fachada (Figura 101), utilizou-se
painel vazado em madeira, cobrindo a parede pintada em tinta branca e o vidro. Os
pilares que sobressaltam a edificação também são revestidos em madeira. Vale
salientar que apenas as paredes situadas próximas ao acesso principal, não
possuem o painel vazado, porém a própria forma auxilia no sombreamento dessas
regiões.
Figura 101: Fachada
Fonte: Elaborado pela autora.
117
6.5. SOLUÇÕES DE CONFORTO AMBIENTAL
Como foi supracitado, o conforto ambiental possui três vertentes, sendo elas
o conforto térmico, luminoso e acústico. Porém, muitas vezes as melhores soluções
para atender a cada um deles são contraditórias, sendo necessário ponderá-las de
forma a garantir a criação de um ambiente mais agradável aos usuários, garantindo
o seu bem estar.
Diante disso, optou-se por utilizar o mall fechado devido a maior facilidade
do controle acústico. Além disso, como foi citado anteriormente no tópico de
condicionantes ambientais, no clima da cidade de Natal, não é possível atingir o
conforto térmico apenas com o condicionamento passivo, sendo necessário a
integração com a climatização artificial nos horários mais quentes do dia.
Porém, a implantação dos ambientes da administração, apoio e serviço que
são de permanência de pessoas, foi norteada a partir da intenção de garantir o
acesso a ventilação natural. Assim sendo, estes espaços foram locados em uma
edificação separada, de forma a garantir que todos possuíssem aberturas para o
exterior, comprovada através de estudos desenvolvidos no programa Flow Design
(figura 102).
Figura 102: Estudo de ventilação no terreno
Fonte: Elaborado pela autora.
118
O zoneamento externo e interno foi elaborado com base em preceitos da
acústica, sendo agrupadas as atividades que apresentavam as mesmas
características no tocante a geração de ruídos e a necessidade de isolamento.
Dessa forma, referente aos espaços internos à edificação, o teatro, o cinema
e o coworking, que necessitam de um maior controle dos ruídos gerados para que
suas atividades possam ser realizadas de forma satisfatória, foram concentrados no
lado direito da construção.
Enquanto isso, a praça de alimentação e restaurantes são responsáveis por
uma alta emissão de ruídos, sendo necessário garantir o condicionamento acústico
desses ambientes, uma vez que o alto tempo de reverberação torna o ambiente
desconfortável e dificulta a compreensão da fala dos usuários. Atrelado a estes
usos, têm-se as atividades referentes a esportes e a lazer, como o playground, o
espaço kids, boliche e boate, que também geram uma quantidade significativa de
sons indesejáveis. Por esse motivo, os ambientes relacionados à alimentação foram
inseridos no centro do prédio e, os referentes a esporte e lazer, no lado esquerdo.
No tocante aos usos externos ao edifício, identificou-se que todos são
caracterizados pela alta emissão de ruídos. À vista disso, concentrou-se, no lado
direito do lote, espaços de convivência e permanência, espaço pet e playground.
Vale salientar que, os sons provenientes dos animais e das crianças brincando
também devem ser considerados, porém torna-se mais conveniente a permanência
dos pais e donos dos animais.
No lato esquerdo do terreno ficaram situadas as atividades ruidosas
referentes a esporte e lazer, como por exemplo o karte, a pista de skate, a tirolesa
e o arvorismo.
Além do zoneamento com base na acústica, foram pensadas soluções que
pudessem garantir o conforto acústico dos usuários. Para isso, buscou-se um
sistema de vedação das paredes internas que pudessem atender aos requisitos de
segurança contra incêndio, mas que, ao mesmo tempo, proporcionassem um
isolamento acústico satisfatório.
Assim sendo, optou-se por utilizar as paredes internas em dois sistemas
drywall com isolamento acústico da marca Knauf, W115 e W116. O primeiro se
destaca pelo ótimo desempenho acústico e mecânico, isolando até 62 dB e
possuindo resistência ao fogo de até 120 min. Para os ambientes molhados, foi
119
necessário prever um sistema de vedação que, além dos pré-requisitos já
apresentados, permitisse a passagem de tubulações com grandes diâmetros. Para
isso, foi utilizado o drywal W116, que possui isolamento e até 57dB e também possui
resistência ao fogo de até 120 minutos.
Para melhorar o condicionamento, foi empregado forro absorvente em todo
o shopping, com o objetivo de diminuir o tempo de reverberação dos ambientes.
Vale salientar que é necessário um estudo posterior para a obtenção do tempo de
reverberação de cada ambiente isolado, onde poderá será determinado a utilização
de outros materiais absorventes, visando atingir o tempo ideal de reverberação de
acordo com o uso.
É importante destacar que, de acordo com Florêncio (2018), o terreno já
apresentava antes da inserção do Parque Shopping, em praticamente toda a sua
extensão, o ruído de fundo mais elevado do que os 55dB permitidos pela norma
NBR 10151 (Figura 103).
Figura 103: Mapa acústico de Natal/RN
Fonte: Florêncio, 2018.
Nota: Modificado pela autora.
Diante disso, buscando diminuir o ruído de fundo existente provindo do fluxo
intenso de veículos automotores da BR 101, bem como para impedir que os ruídos
120
gerados pelo empreendimento provoquem incômodos no entorno, foi utilizado como
grade, uma barreira acústica (Figura 104) que, apesar de diminuir a pressão sonora,
não se caracteriza como uma barreira visual, uma vez que não impede a visão do
transeunte.
Figura 104: Barreira acústica utilizada como grade.
Fonte: Portal Acústica, 2020.
Para o cálculo do isolamento da barreira acústica, deve levar em
consideração a altura efetiva da barreira e a angulação da sombra acústica. Porém,
como base na figura 105, utilizou-se a barreira com altura de pelo menos 4 metros,
atingindo o isolamento de aproximadamente 14dB.
Figura 105: Gráfico de isolamento da barreira acústica
Fonte: Araújo, 2018.
Buscando realizar o aproveitamento da luz natural no interior do edifício, foi
utilizado o vidro em algumas partes da fachada, porém, foi previsto um painel de
madeira vazado, diminuindo a incidência dos raios solares diretos, mas deixando a
121
luz indireta entrar no ambiente. Também foi utilizado claraboias na cobertura,
trazendo a luz natural para o mall. Além disso, a vegetação existente na implantação
cria sombra na fachada, diminuindo a incidência direta da luz solar.
Vale enfatizar que, apesar dessas soluções favorecerem o conforto
luminoso, deve-se atentar para o ganho térmico através da cobertura e das
fachadas.
Apesar do Shopping apresentar mall fechado, a inserção das atividades ao
ar livre, bem como a praça interna, possibilita aos usuários desfrutarem da
ventilação e da iluminação natural. No caso da área externa, buscou-se o uso
intensivo da vegetação, de forma a criar áreas protegidas da incidência direta da luz
solar. Já na praça interna, além da vegetação, foi proposto a cobertura em madeira
em formato de grelha, que através da distribuição dos quadrados vazios e
preenchidos, cria áreas sombreada, mas permitindo a circulação da ventilação
natural.
6.6. CASTELO DÁGUA
Pela dimensão do empreendimento, foi proposto um castelo d’água contendo
o reservatório inferior e superior, dimensionado de acordo Carvalho Júnior (2013),
onde o consumo diário deve ser calculado multiplicando a população que ocupará
a edificação pelo consumo per capita.
Para isso, o cálculo da população é feito de acordo com a natureza do local.
No caso do shopping center, deve ser considerado 1 pessoa a cada 5m² de área
construída, totalizando 17.688 pessoas, com o consumo de 50 litros de água por
dia, resultando o consumo diário de 918.690 litros.
Para a área externa foi considerado o uso de jardim, em que deve ser
calculado 1,5 litros por metro quadrado, determinando o valor de 34.290 litros por
dia.
Diante disso, Carvalho Júnior (2013) recomenda que o reservatório possua
água necessária para o consumo de dois dias, atingindo o valor de 1.837.380 litros,
acrescido de 20% destinado para a reserva de incêndio. Com base nesses fatores,
o castelo d’água apresenta o volume final de 2.021.118 litros.
122
6.7. PERSPECTIVAS
A junção de todas as informações apresentadas anteriormente resultou na
solução formal apresentadas através das perspectivas renderizadas, como é
possível visualizar nas figuras 106 a 121.
Figura 106: Perspectiva externa da edificação, vista da BR 101
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
Figura 107: Espaço Pet.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
123
Figura 108: Playground.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
Figura 109: Área externa 01.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
124
Figura 110: Área externa 02.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
Figura 111: Acesso principal pedestre.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
125
Figura 112: Área externa 03.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
Figura 113: Escalada.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
126
Figura 114: Tirolesa.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
Figura 115: Arvorismo.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
127
Figura 116: Kart.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
Figura 117: Área externa 04.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
128
Figura 118: Acesso a cobertura.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
Figura 119: Horta na cobertura.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
129
Figura 120: Cobertura aberta ao público.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
Figura 121: Praça interna.
Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020
131
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base em todas as informações e discussões levantadas na elaboração
deste Trabalho Final da Graduação e da tendência de renovação dos shoppings
centers, surgiu a proposta de um Parque Shopping com ênfase em atividades
esportivas e de entretenimento em Natal/RN. Motivado pelas questões de conforto
ambiental e da relação do edifício com o entorno, o estudo preliminar ora proposto,
buscou criar um empreendimento comercial que funcionasse como um polo de
atividades esportivas e de entretenimento, que proporcionasse conforto e bem estar
aos usuários. Diante dessa perspectiva, as soluções abarcaram os aspectos relativo
à tipologia de Shopping Center, ao conforto ambiental, aos sistemas e materiais
construtivos e a integração com o entorno.
A ideia central da proposta foi desenvolvida a partir da grande praça externa
e do espaço mais reservado e aconchegante, criado através da praça interna. Com
isso, criou-se um empreendimento que, apesar de apresentar o mall fechado, se
integra de forma orgânica com o entorno, sem deixar de lado as questões de
conforto. Dessa forma, o presente trabalho atingiu os objetivos traçados no início
dos estudos.
O grande desafio encontrado no desenvolvimento do trabalho, além da
complexidade que o estudo preliminar de um Shopping Center apresenta por si só,
está no tocante ao porte da edificação, em contrapartida ao tempo limitado para o
desenvolvimento do Trabalho Final da Graduação. Neste contexto, é importante
ressaltar que várias das soluções apresentadas necessitam de estudos
complementares a serem desenvolvidos posteriormente, podendo acarretar ajustes
na forma e na estrutura.
Por fim, acredita-se que essa discussão foi relevante por trazer a reflexão da
necessidade de reinvenção dos centros de compras, de propor espaços que
considerem o bem estar dos usuários e que se tornem ambientes de permanência
e lazer, ao invés de só estimular a compra por impulso. Além disso, o trabalho
desenvolvido também considera as necessidades emergentes através da pandemia
do COVID-19, ao criar espaços de esportes e lazer ao ar livre, com a inserção da
praça interna e por proporcionar que os espaços de permanência dos setores de
apoio, serviço e administração tenham acesso a ventilação natural.
132
Espera-se com isso, ter contribuído para estudos relativos a esse tema e ter
despertado interesse de outros alunos desenvolverem trabalhos voltados para
arquitetura comercial.
134
REFERÊNCIAS
ABREU, Wagner Gomes de. Identificação de práticas sustentáveis aplicadas
às edificações. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2012.
ALVES, Suzana. Ambientes restauradores. CAVALCANTE, Sylvia; ELALI, Gleice V.
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p.
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investem-em-espacos-familia/>. Acessado em: 02 de dezembro de 2019.
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e ajudam a ampliar fluxo e vendas. 2019. Disponível em:
<https://revistashoppingcenters.com.br/gestao-e-operacao/eventos-nos-
estacionamentos-de-shoppings-se-multiplicam-e-ajudam-a-ampliar-fluxo-e-
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ANDRADE, Paula. Coworkings ganham cada vez mais espaço nos shopping
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<https://revistashoppingcenters.com.br/inovacao/coworkings-ganham-cada-vez-
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ARAÚJO, Bianca. Material didático sobre isolamento acústico, 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413: Iluminância de
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.151: acústica -
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ABNT, 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho
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