Estudopreliminar_Campos_2020.pdf - UFRN

144

Transcript of Estudopreliminar_Campos_2020.pdf - UFRN

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ESTUDO PRELIMINAR DE UM PARQUE SHOPPING VOLTADO PARA

ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE ENTRETENIMENTO, EM NATAL/RN

INGRID DE QUEIROZ CAMPOS

NATAL

2020.1

INGRID DE QUEIROZ CAMPOS

ESTUDO PRELIMINAR DE UM PARQUE SHOPPING VOLTADO PARA

ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE ENTRETENIMENTO, EM NATAL/RN

Trabalho Final de Graduação

apresentado ao curso de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, para obtenção do

grau de Arquiteta e Urbanista.

Orientadora: Prof. Dra. Glauce Lilian

Alves de Albuquerque.

Coorientadora: Prof. Dra. Bianca Carla

Dantas de Araújo

Natal

2020.1

Campos, Ingrid de Queiroz. Estudo preliminar de um parque shopping voltado paraatividades esportivas e de entretenimento, em Natal/RN / Ingridde Queiroz Campos. - Natal, RN, 2020. 142f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura eUrbanismo. Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque. Coorientadora: Bianca Carla Dantas de Araújo.

1. Shopping center - Monografia. 2. Centros comerciais -Monografia. 3. Arquitetura comercial - Monografia. 4. Projetoarquitetônico - Monografia. 5. Conforto ambiental - Monografia.I. Albuquerque, Glauce Lilian Alves de. II. Araújo, Bianca CarlaDantas de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV.Título.

RN/UF/BSE15 CDU 725.26

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - ­CT

Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344

INGRID DE QUEIROZ CAMPOS

ESTUDO PRELIMINAR DE UM PARQUE SHOPPING VOLTADO PARA

ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE ENTRETENIMENTO, EM NATAL/RN

Trabalho Final de Graduação

apresentado ao curso de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, para obtenção do

grau de Arquiteta e Urbanista.

Orientadora: Prof. Dra. Glauce Lilian

Alves de Albuquerque.

Coorientadora: Prof. Dra. Bianca Carla

Dantas de Araújo

Aprovação em 09 de dezembro de 2020.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________

Prof. Dra. Glauce Lilian Alves de Albuquerque

Professora Orientadora - UFRN

_____________________________

Prof. Dra. Bianca Carla Dantas de Araújo

Professora Coorientadora - UFRN

_____________________________

Prof. Dra. Gleice Virginia Medeiros de Azambuja Elali

Examinador Interno - UFRN

_____________________________

Fábio Ribeiro de Lima

Examinador Externo – Arquiteto Convidado

À memória dos meus queridos

avôs, Raimundo Fernandes Campos e

Inaldo Marinho de Queiroz.

AGRADECIMENTOS

Durante os cinco anos no curso de Arquitetura e Urbanismo, muito foram os

momentos de alegria, de dificuldade, de desafios e de vitórias. Porém o sentimento

é de gratidão por todos os aprendizados e pelas muitas pessoas que estiveram

comigo durante essa jornada.

Agradeço a Deus pelas oportunidades que me apresentou, por ter me feito

entender que a vida, não é como eu gostaria, mas continua sendo maravilhosa e

por todas as pessoas que Ele colocou em meu caminho, para me ajudar nessa

caminhada.

A minha mãezinha querida, por tudo e por tanto. Por ser uma mulher tão forte

e me ensinar todos os dias a ser um pouquinho mais como você. Pelo amor

dedicado a mim, pela paciência, pelo companheirismo e pelo presente que é ser

sua filha.

Ao meu pai, que sempre estimula a minha melhor versão, que me apoia e

me incentiva a ser melhor, que está comigo nos momentos difíceis e comemora

comigo todas as minhas vitórias.

A minha irmã, que mesmo estando a milhares de quilômetros de distância,

me incentiva e me ajuda sempre que preciso.

A Netinho, meu primo, irmão e companheiro de longas horas na frente do

computador, que sempre se preocupa comigo, que faz massagem para aliviar a

tensão nos dias difíceis e que está sempre ao meu lado.

A minha vozinha Maria José, por todo amor dedicado a mim, pela companhia

nos finais de semana em que passei fazendo o TFG e por todas as orações para

que desse tudo certo.

Ao meu avô Inaldo, por tudo que me ensinou em vida, pela paciência, pela

honestidade, pela humildade, por representar tanto para mim e para a nossa família,

por sempre enaltecer o orgulho e amor que sentia por mim.

Aos meus avós Campos e Quinquinha, por serem símbolo de amor,

acolhimento e união e por amarem a nossa família incondicionalmente.

A tia Bella por ser presente em todos os momentos da minha vida, pelo amor

e pela atenção, por ser uma segunda mãe para mim e por me dar nosso grande

amor, nossa princesa, nossa Maria.

A minha família: tios, tias, primos e primas, por todo apoio e palavras de

incentivo.

A Leo, pela paciência e abdicação durante os cinco anos de faculdade, por

tentar me acalmar nos momentos de ansiedade e me lembrar que a vida é mais que

só estudo e trabalho.

A minha chefe Marcela, por todo o aprendizado, carinho, atenção, paciência,

amizade e por sempre lembrar que vai dar tudo certo.

A equipe MC Arquitetura, Mikarla, Marianne e Thaíse, pelo companheirismo

e pelas risadas nos momentos de trabalho.

Ao meu primo e ex chefe, Marcelo, por todas as portas que abriu para mim,

pelas oportunidades que me ofereceu, pelo carinho e pela atenção.

Aos meus antigos chefes, que muito acrescentaram na minha vida

acadêmica: Rodrigo Gurgel, Rita Gurgel, Matheus Duarte e Jainara Lima.

A professora Glauce Lilian, por ter me acompanhado durante os 10 períodos

de arquitetura, pela dedicação e paciência, por incentivar o meu crescimento e por

desempenhar tão bem a orientação deste trabalho.

A professora Bianca Araújo, por me apresentar a acústica, por sempre estar

disponível para me ajudar e pela coorientação deste trabalho.

Aos professores e funcionários do curso de Arquitetura e Urbanismo, em

especial Gleice Elali, Petrus Nobrega e Aldomar Pedrini, pelo auxílio na elaboração

do TFG e pela atenção que sempre tiveram comigo.

Aos arquitetos do Midway, Fábio Ribeiro, a arquiteta e ao assistente de

arquitetura do Natal Shopping, respectivamente, Larissa Oliveira e Luciano Cruz,

por todo auxílio durante as visitas técnicas in loco.

As minhas meninas que o curso me apresentou, Mari e Lisa, pela amizade,

pelo companheirismo, por dividir as alegrias, as vitórias, as tristezas e as angústias.

Por tornarem essa jornada bem mais divertida e mais leve.

Aos amigos que fiz na faculdade, em especial a Lívia, Tarcila, Bárbara.

A Marcelo, pela amizade, pelas piadas para melhorar meu humor e por

sempre me lembrar que eu sou capaz.

As minhas amigas da vida, Bia Leite, Bia Araújo, Juliane, Maria Clara, Saliza

e Tuany, pela amizade e pelos momentos incríveis compartilhados.

PREFÁCIO1

Os trabalhos apresentados pela turma 2020.1

foram produzidos durante o período de isolamento

social da pandemia do COVID-19. Por isso, o

processo de desenvolvimento deste trabalho

sofreu algumas adequações para que sua

conclusão pudesse ser possível. As visitas de

campo foram realizadas antes de a pandemia

chegar ao Brasil. Além disso, evitamos entrevistas

presenciais e outros métodos que pudessem

colocar em risco a nossa saúde e de outras

pessoas. Sabemos que, apesar de não ser o

processo ideal, foi o mais adequado para o

momento.

Acreditamos que essa escolha condiz com o

posicionamento das Universidades Públicas,

respeitando a opinião dos profissionais da saúde

e buscando não agravar essa fase já difícil.

Solidarizamos-nos com este momento, com as

famílias brasileiras e desejamos que em breve

possamos retornar às nossas atividades em

segurança.

1 Texto desenvolvido por Natália Queirós, concluinte da turma 2020.1 e adaptado pelo autor.

RESUMO

Os shoppings centers representam uma das principais formas de comércio

existentes em todo o mundo, o qual abrangem classificações, estruturas, usos

diversificados e público-alvo. Independente do seu porte, eles são considerados

projetos complexos com resolução de várias questões projetuais. Funcionam como

um polo de atração de pedestres e de veículos, causando diversos impactos no

entorno, como por exemplo, a intensificação da poluição sonora. Somado a esse

contexto, a maioria dos empreendimentos são fechados para o exterior, apresentam

pouca iluminação e ventilação naturais, e sem tratamento acústico. Com base nesse

entendimento, têm-se por objeto de estudo a arquitetura comercial, do tipo shopping

center. O objetivo geral deste trabalho de conclusão de curso é elaborar um estudo

preliminar de um Shopping Center voltado para as atividades esportivas e de

entretenimento para Natal/RN, com ênfase no conforto ambiental dos usuários.

Para alcançar os objetivos traçados, como metodologia dispõe-se a realização de

pesquisas bibliográficas acerca da classificação, tipologias, conceitos e projetos de

shoppings centers, sobre assuntos ligados a empreendimentos comerciais e

também sobre conforto ambiental. Além da realização de estudos de referências

diretos, indiretos e formais, foram analisadas as normas e prescrições urbanísticas

vigentes, e realizadas análises do terreno escolhido para implantação e seu entorno.

Como resultado, têm-se o desenvolvimento de um estudo preliminar de um

empreendimento de 88 mil m² construídos voltado para o público jovem, que contará

com espaços fechados e abertos. A edificação em concreto armado protendido é

distribuída em quatro níveis em um lote com aproximadamente 84 mil m², de forma

a criar uma interação da edificação proposta com o entorno, buscando oferecer aos

seus usuários um equipamento que seja atrativo, viável economicamente e ao

mesmo tempo, proporcione bem-estar.

Palavras-chave: Shopping Center; Centros Comerciais; Arquitetura Comercial;

Projeto Arquitetônico; Conforto Ambiental.

ABSTRACT

Shopping malls represent one of the main forms of commerce around the world,

which cover ratings, structures, diversified uses and target audiences. Regardless

of their size, they are considered complex projects with resolution of various

projective issues. They function as a hub of attraction of pedestrians and vehicles,

causing several impacts on the surroundings, such as the intensification of noise

pollution. Added to this context, most of the enterprises are closed environments,

have little natural lighting and ventilation and no acoustic treatment. Based on this

understanding, the object of study is the commercial architecture, a shopping center

type. The general objective of this course final assignment is to prepare a preliminary

study focused on sports and entertainment activities for Natal/RN, with emphasis on

the environmental comfort of its users. To achieve the objectives outlined, as

methodology, bibliographical research is available about the classification,

typologies, concepts and projects of shopping malls, on issues related to commercial

enterprises and also on environmental comfort. In addition to conducting direct,

indirect and formal reference studies, the current urban standards and prescriptions

were analyzed, and analyses of the land chosen for implementation and its

surroundings were performed. As a result, there is the development of a preliminary

study of an 88,000 m² project built for young people, which will have closed and open

spaces. The reinforced concrete building is distributed on four levels in a plot of

approximately 84 thousand m² in order to create an interaction between the

proposed building and the surroundings, seeking to offer its users an equipment that

is attractive, economically viable and at the same time provide well-being.

Keywords: Shopping Malls; Commercial Architecture; Architectural Design;

Environmental Comfort.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Strip Centers. ......................................................................................... 27

Figura 2: Centros em forma de L. .......................................................................... 28

Figura 3: Centros em forma de U. ......................................................................... 28

Figura 4: Centros em forma de galeria. ................................................................. 28

Figura 5: Centros em forma de conglomerados. ................................................... 29

Figura 6: Incidência sonora na superfície .............................................................. 40

Figura 7: Aplicação de materiais absorventes para diminuir as reflexões sonoras 41

Figura 8: Raio sonoro direto e reflexões ............................................................... 42

Figura 9: Vista superior do Shopping Midway Mall ................................................ 45

Figura 10: 1° pavimento de loja - Midway Mall ...................................................... 46

Figura 11: 2° pavimento de loja - Midway Mall ...................................................... 47

Figura 12: 3° pavimento de lojas - Midway Mall .................................................... 47

Figura 13: Junta de dilatação no estacionamento ................................................. 48

Figura 14: Vista superior do Shopping Natal Shopping ......................................... 50

Figura 15: 1° pavimento de loja - Natal Shopping ................................................. 51

Figura 16: 2° pavimento de lojas - Natal Shopping ............................................... 52

Figura 17: 3° pavimento de lojas - Natal Shopping ............................................... 52

Figura 18: Planta baixa térreo ............................................................................... 54

Figura 19: Planta baixa 1° e 2° pavimento ............................................................ 55

Figura 20: Planta baixa 3° e 4° pavimento ............................................................ 55

Figura 21: Fachada com placas de diferentes opacidades ................................... 56

Figura 22: Vista interna da fachada ....................................................................... 56

Figura 23: Praça de alimentação ........................................................................... 56

Figura 24: Pátio central ......................................................................................... 57

Figura 25: Inserção da vegetação no interior do empreendimento ....................... 58

Figura 26: Circulação vertical de forma orgânica. ................................................. 58

Figura 27: Forro acústico....................................................................................... 59

Figura 28: Wooden Orchids ................................................................................... 60

Figura 29: Perspectiva externa Wooden Orchids .................................................. 61

Figura 30: Perspectiva interna Wooden Orchids ................................................... 61

Figura 31: Vista de topo ........................................................................................ 62

Figura 32: Biblioteca .............................................................................................. 62

Figura 33: Greenland Center Xangai ..................................................................... 63

Figura 34: Cobertura com diferença de níveis....................................................... 63

Figura 35: Cobertura com terraços e plataformas ao ar livre ................................ 64

Figura 36: Esquema da ventilação natural ............................................................ 64

Figura 37: Opção 01 de terreno ............................................................................ 66

Figura 38: Opção 02 de terreno. ........................................................................... 67

Figura 39: Terreno escolhido................................................................................. 68

Figura 40: Mapa de uso do solo ............................................................................ 69

Figura 41: Mapa de gabarito ................................................................................. 70

Figura 42: Dimensionamento das formas de acesso. ........................................... 73

Figura 43: Zona Bioclimática 08. ........................................................................... 75

Figura 44: Vista superior do terreno original ......................................................... 78

Figura 45: Terreno modificado pela autora ........................................................... 79

Figura 46: R. Ministro Miguel Seabra Fagundes ................................................... 79

Figura 47: Topografia do terreno ........................................................................... 80

Figura 48: Maquete terreno 01 .............................................................................. 80

Figura 49: Maquete terreno 02. ............................................................................. 80

Figura 50: Corte longitudinal do terreno ................................................................ 81

Figura 51: Corte transversal do terreno ................................................................. 81

Figura 52: Vista do terreno da esquina da BR 101 e da R. Henrique Santana ..... 81

Figura 53: Vista do terreno da BR 101 .................................................................. 81

Figura 54: Vista do terreno da BR 101 .................................................................. 82

Figura 55: Vista do terreno da BR 101 .................................................................. 82

Figura 56: Vista do Terreno da Av. Antoine de Saint' Exupéry .............................. 82

Figura 57: Vista do terreno da R. Ministro Miguel Seabra Fagundes .................... 82

Figura 58: Percurso aparente do sol ao longo do ano. .......................................... 83

Figura 59: Máscara de sombra. ............................................................................. 83

Figura 60: Rosa dos ventos Natal/RN ................................................................... 84

Figura 61: Partido inicial ........................................................................................ 91

Figura 62: Evolução do partido .............................................................................. 92

Figura 63: Partido final .......................................................................................... 92

Figura 64: Estudo da volumetria 01 ....................................................................... 93

Figura 65: Estudo da volumetria 02 ....................................................................... 93

Figura 66: Estudo da volumetria 03 ....................................................................... 93

Figura 67: Estudo da volumetria 04 ....................................................................... 93

Figura 68: Estudo da volumetria 05 ....................................................................... 94

Figura 69: Estudo da volumetria 06 ....................................................................... 94

Figura 70: Estudo da volumetria 07 ....................................................................... 94

Figura 71: Estudo da volumetria 08 ....................................................................... 95

Figura 72: Estudo da volumetria 09 ....................................................................... 95

Figura 73: Estudo da volumetria 10 ....................................................................... 95

Figura 74: Primeiros estudos................................................................................. 96

Figura 75: Evolução da proposta 01 ...................................................................... 97

Figura 76: Evolução da proposta 02 ...................................................................... 97

Figura 77: Evolução da proposta 03 ...................................................................... 98

Figura 78: Evolução interna da proposta 01 .......................................................... 99

Figura 79: Evolução interna da proposta 02 .......................................................... 99

Figura 80: Evolução interna da proposta 03 ........................................................ 100

Figura 81: Evolução da proposta interna 04 ........................................................ 100

Figura 82: Evolução da proposta interna 05 ........................................................ 101

Figura 83: Evolução interna da proposta 06 ........................................................ 101

Figura 84: Zoneamento nível 01 .......................................................................... 102

Figura 85: Zoneamento nível 02 .......................................................................... 103

Figura 86: Esquema dos fluxos no lote .............................................................. 103

Figura 87: Implantação ........................................................................................ 106

Figura 88: Planta baixa térreo ............................................................................. 107

Figura 89: Planta baixa edificação serviço e apoio ............................................. 108

Figura 90: Planta baixa edificação administração ............................................... 108

Figura 91: Planta baixa 2° pavimento .................................................................. 109

Figura 92: Planta baixa 3° pavimento. ................................................................. 110

Figura 93: Cobertura. .......................................................................................... 112

Figura 94: Escalonamento Plateia ....................................................................... 113

Figura 95: Corte longitudinal cinema ................................................................... 113

Figura 96: Malha de modulação inclinada ........................................................... 114

Figura 97: Malha da modulação ortogonal .......................................................... 114

Figura 98: Planta de estrutura das paredes - Térreo ........................................... 115

Figura 99: Planta de estrutura das paredes - 2° pavimento ................................ 115

Figura 100: Planta de estrutura das paredes - 3° pavimento .............................. 116

Figura 101: Fachada ........................................................................................... 116

Figura 102: Estudo de ventilação no terreno ....................................................... 117

Figura 103: Mapa acústico de Natal/RN .............................................................. 119

Figura 104: Barreira acústica utilizada como grade. ........................................... 120

Figura 105: Gráfico de isolamento da barreira acústica ...................................... 120

Figura 106: Perspectiva externa da edificação, vista da BR 101 ........................ 122

Figura 107: Espaço Pet. ...................................................................................... 122

Figura 108: Playground. ...................................................................................... 123

Figura 109: Área externa 01. ............................................................................... 123

Figura 110: Área externa 02. ............................................................................... 124

Figura 111: Acesso principal pedestre. ............................................................... 124

Figura 112: Área externa 03. ............................................................................... 125

Figura 113: Escalada. ......................................................................................... 125

Figura 114: Tirolesa. ........................................................................................... 126

Figura 115: Arvorismo. ........................................................................................ 126

Figura 116: Kart. .................................................................................................. 127

Figura 117: Área externa 04. ............................................................................... 127

Figura 118: Acesso a cobertura. ......................................................................... 128

Figura 119: Horta na cobertura. .......................................................................... 128

Figura 120: Cobertura aberta ao público. ............................................................ 129

Figura 121: Praça interna. ................................................................................... 129

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Classificação da ABRASCE por tipo de Empreendimento. .................. 26

Quadro 2: Classificação da ABRASCE por tipo de loja. ........................................ 30

Quadro 3: Características do conforto acústico..................................................... 40

Quadro 4: Recuo em função da altura das edificações. ........................................ 71

Quadro 5: Classificação das vias que tangenciam o terreno. ............................... 72

Quadro 6: Cálculo de vagas. ................................................................................. 72

Quadro 7: Limites de níveis de pressão sonora em função dos tipos de áreas

habitadas e do período. ......................................................................................... 74

Quadro 8: Valores de referência para ambientes internos de uma edificação de

acordo com suas finalidades de uso. .................................................................... 74

Quadro 9: Iluminância por classe de tarefas visuais. ............................................ 76

Quadro 10: Pré-dimensionamento Mall Tradicional. ............................................. 86

Quadro 11: Pré-dimensionamento lazer, esporte e entretenimento. ..................... 87

Quadro 12: Pré-dimensionamento Alimentação. ................................................... 87

Quadro 13: Pré-dimensionamento Serviço e Apoio. ............................................. 88

Quadro 14: Pré-dimensionamento Administração. ................................................ 88

Quadro 15: Pré-dimensionamento Estacionamento. ............................................. 89

Quadro 16: Pré-dimensionamento final ................................................................. 89

Quadro 17: Prescrições urbanísticas. ................................................................. 105

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 18

1. SHOPPINGS CENTERS 22

1.1. DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÕES 24

1.2. A REINVENÇÃO DOS SHOPPINGS CENTERS 30

2. CONFORTO AMBIENTAL 36

2.1. CONFORTO TÉRMICO E LUMINOSO 36

2.2. CONFORTO ACÚSTICO 38

3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA 44

3.1. ESTUDO DE REFERÊNCIAS DIRETOS 44

3.1.1. Midway Mall 44

3.1.2. Natal Shopping 49

3.2. ESTUDO DE REFERÊNCIAS INDIRETOS 53

3.2.1. Shopping Jardim Pamplona 54

3.2.2. Mega Foodwalk 57

3.3. ESTUDO DE REFERÊNCIAS FORMAIS 59

3.3.1. Wooden Orchids 60

3.3.2. Greenland Center Xangai 63

4. CONDICIONANTES PROJETUAIS 66

4.1. O TERRENO E SEU ENTORNO 66

4.2. CONDICIONANTES LEGAIS 70

4.2.1. Plano Diretor de Natal 70

4.2.2. Código de Obras de Natal 72

4.2.3. NBR 10.151: Acústica de áreas habitadas 73

4.2.4. NBR 10.152: Acústica de ambientes internos a edificações 74

4.2.5. NBR 15.220/3 – Zoneamento Bioclimático Brasileiro 75

4.2.6. NBR 5413 – Iluminância de Interiores 76

4.2.7. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do RN 76

4.2.8. NBR 9050 77

4.3. CONDICIONANTES FÍSICAS 78

4.4. CONDICIONANTES AMBIENTAIS 82

5. O PROCESSO PROJETUAL 86

5.1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 86

5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO 86

5.3. CONCEITO E PARTIDO 90

5.4. ESTUDOS DA FORMA E VOLUMETRIA 93

5.5. CROQUIS E EVOLUÇÃO PROJETO 96

6. MEMORIAL DESCRITIVO 105

6.1. INSERÇÃO URBANÍSTICA 105

6.2. SOLUÇÕES FUNCIONAIS 107

6.3. TEATRO E CINEMA 112

6.4. ESTRUTURA DA EDIFICAÇÃO E MATERIAIS 113

6.5. SOLUÇÕES DE CONFORTO AMBIENTAL 117

6.6. CASTELO DÁGUA 121

6.7. PERSPECTIVAS 122

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 131

REFERÊNCIAS 134

SITES 138

APÊNDICE A – Pranchas do Estudo Preliminar 142

17

18

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos os Shoppings Centers se transformaram em uma das

formas principais de comércio, chegando a alcançar, segundo dados de 2018 da

Associação Brasileira de Shoppings Centers (ABRASCE), 490 milhões de visitantes

por mês nos empreendimentos do Brasil.

Amplamente difundido em várias partes do mundo, essa tipologia de centros

comerciais apresenta suas próprias características e são classificadas em diversas

categorias que definem sua estrutura, usos, público-alvo e porte. Porém,

independentemente das peculiaridades presentes em cada projeto, o Shopping

Center é responsável por influenciar o local em que é inserido, seja aumentando o

trânsito nas ruas adjacentes, a poluição sonora e até interferindo no setor imobiliário

do entorno.

Na elaboração do projeto arquitetônico de um empreendimento desse porte

e complexidade, exige a combinação de vários parâmetros que limitam e

condicionam o projeto, como os aspectos socioculturais, a necessidade do cliente,

o sistema construtivo, condicionantes de conforto ambiental e elementos estéticos.

Dentre todos estes fatores, neste trabalho será abordado com mais ênfase a

questão do conforto ambiental.

Apesar da poluição sonora ser a segunda maior causa de poluição do mundo,

segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (FLORÊNCIO, 2018), poucas são

as preocupações em projetos de arquitetura acerca desse tema. Nos dois exemplos

estudados na cidade de Natal/RN, os valores em decibéis (dB) encontrados nas

medições efetuadas são superiores aos recomendados pela NBR 10.151, chegando

em alguns casos até os 80dB (CAMPOS; DUTRA, 2019).

Além da questão acústica, é necessário pensar também no conforto térmico

e luminotécnico, de forma a garantir o bem-estar do usuário. Atrelado a isso, têm-

se o fato de que, ao projetar uma edificação que utilize corretamente a iluminação

e ventilação natural, o consumo de energia é reduzido (PRIM; DALMINA, 2014),

uma vez que a iluminação artificial e os condicionadores de ar têm seu

funcionamento reduzido, diminuindo os gastos com energia e tonando a edificação

mais sustentável.

19

Com base nas informações mencionadas anteriormente, as quais indica a

necessidade de propor isolamento e condicionamento acústico adequado nos

shoppings e a considerar os parâmetros térmicos e lumínicos, de forma a tornar o

ambiente mais agradável para o consumidor, questiona- se: Como fazer o projeto

de um shopping center que gere o bem-estar do usuário, proporcionando-o conforto

ambiental?

Vale salientar que é indispensável as preocupações no tocante ao conforto

ambiental desde os primeiros estudos do projeto, já que as soluções se tornam mais

efetiva e baratas quando pensado junto com o projeto, do que buscar resultados

adequados depois que o shopping estiver construído.

Outro fator relevante é que os shoppings centers, principalmente os de mall

fechado, costumam se fechar para si, ignorando as características das áreas

adjacentes à edificação e, em alguns casos, criando grandes discrepâncias como

empreendimentos luxuosos que possuem como vizinhos comunidades de baixa

renda.

Dessa forma, o presente trabalho torna-se relevante por propor o projeto de

um shopping center que busque abarcar todas as necessidades que um

empreendimento dessa complexidade necessite, proporcionando uma boa

experiência, garantindo o conforto e bem-estar dos clientes do empreendimento e

gerando uma interação entre o espaço público (entorno) e o privado (shopping).

O interesse pelo tema proposto surgiu por questões pessoais: a

proximidade da autora com o tema através da participação, durante o período de 3

anos no projeto de pesquisa “Edifícios Comercias e Shoppings Centers: análise

projetual e estratégias de planejamento espacial”, desenvolvido na Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O objetivo geral é elaborar um estudo preliminar de um Shopping Center

voltado para as atividades esportivas e de entretenimento para Natal/RN, com

ênfase no conforto ambiental dos usuários. Porém, para atingi-lo, temos como

objetivos específicos: estudar e conhecer a tipologia de centros comerciais, com a

finalidade de auxiliar na ideia da proposta; Analisar e aplicar os principais conceitos

da acústica, voltado para os ambientes comerciais, visando apresentar um bom

condicionamento e isolamento acústico da edificação proposta com a acústica

urbana de seu entorno imediato; Analisar e aplicar os principais conceitos de

20

conforto térmico e lumínico de ambientes comerciais, no intuito de melhorar as

condições internas dos ambientes propostos e propor um equipamento comercial

incorporando elementos da paisagem natural ao ambiente construído.

Os procedimentos para alcançar esses objetivos foram: revisão bibliográfica

por meio de coleta de dados em livros, revistas e sites; estudos de referência diretos,

indiretos e formais; mapeamento do entorno através da observação in loco,

fotografias e pelo Google Maps, busca de informações através de profissionais com

conhecimento na área; análise das leis e Normas Brasileiras vigentes, como Plano

Diretor e Código de Obras.

Com a junção desses dados, foi possível adquirir um bom panorama dos

aspectos e características que norteiam o projeto de um Shopping Center, sendo

possível tomá-los como partido para a elaboração deste estudo preliminar.

Contudo, o Trabalho Final de Graduação estruturou-se em três capítulos

iniciais no tocante ao referencial teórico e empírico, que propuseram a teoria para a

elaboração do estudo preliminar. O quarto capítulo é destinado aos condicionantes

projetuais que nortearam as soluções apresentadas, seguido pelo capítulo que

discorre sobre o processo projetual. Por fim, no sexto capítulo é apresentado o

memorial descritivo.

21

22

1. SHOPPINGS CENTERS

O comércio tem suas raízes com a troca de mercadorias na Antiguidade

(NOGUEIRA, 2015), onde a população produzia seu próprio alimento e trocava o

excedente para garantir sua sobrevivência. Dessa sociabilidade que gera a

“obrigação” de dar, receber e retribuir “presentes”, existente já nas sociedades

arcaicas, a troca abriu caminho para o comércio, ao incluir a intenção de lucro

monetário (GARREFA, 2011).

Com o passar dos anos, a forma de fazer o comércio foi se adaptando às

mudanças e às necessidades da população. Garrefa (2011) ainda aponta que, a

entrada do capital financeiro acirrou a busca pelo acúmulo de lucro. Com base

nisso:

A busca por maior eficiência por tal acumulação incluía as várias formas de ampliação do mercado: a expansão numérica de consumidores para um mesmo produto; a descoberta ou criação de novos produtos (novas necessidades); o aumento da frequência de compra, pela descartabilidade e inovação, e a indução ao consumo, impulsionada pelos mais diversos esquemas, certamente atrelados às alterações no significado das necessidades humanas. (GARREFA, 2011, p. 32 e 33)

Neste contexto, Rybczynski (1996, apud GONÇALVES, 2017) argumenta

que os primeiros empreendimentos desta categoria foram denominados de

shopping villages, consistindo em lojas de um único proprietário, com vagas de

estacionamento e próximas ao subúrbio. Foi apenas na Revolução Industrial, que

surgiram espaços com comércios dos dois lados, onde o cliente pode caminhar e

escolher em que loja comprar (SOUZA, 2017). Porém,

O centro comercial tal qual o conhecemos atualmente é considerado um 'invento' do arquiteto austríaco-americano Victor Gruen, que em 1952 definiu sua visão em um artigo da revista Progressive Architecture, despertando a imaginação de empreendedores e prefeituras. Gruen concebeu em 1956 o primeiro protótipo de centro comercial fechado em Edina (Minnesota, Estados Unidos) e sua ideia inicial era incluir no conjunto todos os elementos que compõem a cidade, ou seja, habitações, escolas, espaços públicos e vegetação. O utópico projeto original de Gruen para o Southdale Mall finalmente omitiu em sua realização o restante dos elementos, e toda a inovação concentrou-se no formato "espaço fechado para compras".

23

(SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button).

Os shoppings centers surgiram no século XX buscando planejar

territorialmente as operações comerciais, com projetos que envolviam profissionais

de diversas áreas, como arquitetos, engenheiros e planejadores de transportes

(GARREFA, 2011). Com o passar dos anos, essa tipologia de centro comercial foi

se popularizando, apresentando novos objetivos, novas formas e configurações. O

sucesso dos shoppings na América foi reforçado pelo American Way of Life2,

transformando-o em mais do que um lugar para compras, sendo gerador de vida

social (SOUZA, 2017).

Hoje, o comércio é um pilar fundamental na sociedade capitalista e os

shoppings centers estão presentes não apenas nas cidades, mas também em zonas

rurais, dispostos pelo mundo inteiro, em diversos tipos, tamanhos, estruturas e

formas. Ademais, apesar do comércio ter percorrido um longo caminho até o

surgimento dos shoppings centers, estes empreendimentos sofreram – e ainda

sofrem – mudanças nas suas características, buscando adaptar-se melhor a sua

localização e as necessidades dos consumidores.

Segundo Hirschfeldt (1986, apud KUSAKAWA, 2002), o surgimento do mall

ocorreu por volta dos anos 50, sendo definido como “alameda coberta ou

descoberta, de lojas do shopping, em ambos os lados, podendo assumir vários

formatos, constituindo-se na área de principal circulação dos consumidores”. É

neste momento que as vitrines saem das ruas, voltando-se para o seu interior do

empreendimento.

Em relação à estrutura, Hirschfeldt (1986, apud KUSAKAWA, 2002) atribui o

primeiro mall fechado à cidade de Edina em Minnesota, nos Estados Unidos.

Inaugurado no ano de 1956, apresentando suas alamedas fechadas, esta proposta

inovou buscando se adequar ao inverno rigoroso da região. Essa característica se

popularizou e passou a ser adotada na maioria dos empreendimentos situados em

diversos climas.

2 “American way of life é o estilo de vida americano que foi propagado a partir do período entre guerras e se fortaleceu após a Guerra Fria”. Fonte: educamaisbrasil.com.br. Acessado em: 01/12/19.

24

Outro fato que influenciou a evolução na tipologia dos shoppings centers

ocorreu no ano de 1973, com a crise da energia. De acordo com Souza (1996, apud

KISAKAWA, 2002), esse problema impulsionou a utilização de iluminação vertical e

zenital, transformando a estrutura dos shoppings, que se verticalizaram, contendo

diversos andares e um vazio central.

Esse resgate histórico é importante, pois nos mostra como algumas das

características marcantes dos shoppings centers surgiram, se modificaram e

perduram até os dias atuais, fazendo com que esta tipologia de centros comerciais

obtenha tanto sucesso ao redor do mundo. Além disso, também é possível perceber

a importância do arquiteto na concepção do shopping, de forma a elaborar um

projeto condizente com as particularidades locais e que consiga atender as

necessidades dos consumidores, sem desrespeitar o modelo arquitetônico destes

empreendimentos.

1.1. DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÕES

Os shoppings centers são empreendimentos de grande porte e de alta

complexidade projetual, que buscam abranger um leque de comércios e serviços,

tornando-se parte do dia a dia da população, pois atualmente é possível, por

exemplo, ir à uma consulta médica, almoçar e realizar uma compra no mesmo local.

A Associação Brasileira de Shoppings Centers3 (ABRASCE,

https://abrasce.com.br/numeros/definicoes-e-convencoes/) define shopping center

como:

[...] Empreendimentos com Área Bruta Locável (ABL4), normalmente, superior a 5 mil m², formados por diversas unidades comerciais, com administração única e centralizada, que pratica aluguel fixo e percentual. Na maioria das vezes, dispõe de lojas âncoras e vagas de estacionamento compatível com a legislação da região onde está instalado. (ABRASCE, https://abrasce.com.br/numeros/definicoes-e-convencoes/)

3 “Fundada em 1976, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) atua para o fortalecimento e desenvolvimento do setor e na defesa dos interesses dos shopping centers, sendo hoje uma referência no setor varejista brasileiro”. Disponível em: <https://abrasce.com.br/sobre-nos/>. Acessado em: 31 de janeiro de 2020. 4 Definição: “Área total de uso exclusivo das lojas incluindo mezaninos. Expressa em metros quadrados e calculada pelo eixo das paredes internas e pela face da parede externa” (CARLIN, 2004).

25

Por outro lado, deve-se considerar que este empreendimento, vai muito além

de um conjunto de lojas, sendo um negócio que busca lucrar, entre outras coisas,

através do aluguel das lojas. Com base nisso:

Os Shoppings Centers consistem em empreendimentos comerciais de base imobiliária. Essa condição, pouco percebida pelo público consumidor, em geral impõe ao comerciante que ali instala sua loja uma sujeição de códigos de postura criados pelo dono ou controlador do negócio, que, por sua vez, não é um comerciante, mas um empresário do ramo imobiliário. (GARREFA, 2011, p. 15)

Vale salientar que, de acordo com Gonçalves (2017), a ABRASCE

argumenta que as lojas dos shoppings centers são alugadas, diferentemente do

centro comercial em as lojas podem ser adquiridas por proprietários diferentes. Essa

característica evidencia o fato de que as lojas lucram com a venda de mercadorias

e o empreendimento lucra em cima das lojas.

A partir de outra perspectiva, Gonçalves (2017) evidenciou as características

que o Comercial Office Development Council, do The Urban Land Institute de

Washington, considera essencial em um shopping center do ponto de vista

arquitetônico. São elas:

1) Projeto arquitetônico para um único edifício comercial ou um conjunto deles,

com administração única.

2) Estar localizado em um terreno que possua fácil acesso e dimensões

compatíveis com as necessidades do mercado, podendo ou não haver

espaços destinados para ampliações.

3) Estacionamento próximo das lojas, que possua adequada entrada e saída de

veículos.

4) Acesso separado dos clientes para a carga e descarga de mercadorias.

5) Conjunto de lojas que ofereçam aos clientes mercadorias variadas e

semelhantes, dando-os a oportunidade de comparação.

6) Ambiente capaz de proporcionar conforto e segurança aos clientes, além de

apresentar estética agradável.

26

Umas das características marcantes deste tipo de empreendimento são as

lojas âncoras, sendo responsável, muitas vezes, por atrair clientes ao shopping e

por manter o fluxo interno. A ABRASCE (2017), em seu Plano de Mix, define lojas

âncoras como:

O enquadramento de uma operação nessa categoria se deve à área locada (normalmente mais de 1.000 m, podendo variar de acordo com o perfil do empreendimento) e à relevância ou ao fluxo de pessoas que ela atrai para o Shopping Center. (ABRASCE, 2017, p. 10)

Atrelado a isso, tem-se a necessidade de classificação quanto ao porte

desses estabelecimentos, como foi feito pela ABRASCE

(https://abrasce.com.br/numeros/definicoes-e-convencoes/), no Quadro 1, que os

separa em tradicional e especializado. Neste contexto, é importante destacar a

definição de shopping especializado por Reynolds (1993, apud GONÇALVES,

2017), no qual é compreendido como empreendimento que apresente um único

segmento de varejo.

Quadro 1: Classificação da ABRASCE por tipo de Empreendimento.

Classificação ABRASCE por Tipo de Empreendimento

Tipo Porte ABL

Tradicional

Mega Acima de 60.000 m²

Regional De 30.000 59.999m²

Médios De 20.000 a 29.999m²

Pequenos Até 19.999m²

Especializado

Grandes Acima de 20.000m²

Médios De 10.000 a 19.999m²

Pequenos Até 9.999m²

Fonte: ABRASCE. Disponível em: https://abrasce.com.br/numeros/definicoes-e-convencoes/

Nota: Modificado pela autora.

Porém, existem outras classificações que podem ser referentes tanto ao uso,

quanto à localização. Lemos (s.d), economista, afirma que no Brasil há um

predomínio de shoppings regionais, o qual ele define como “empreendimentos

27

grandes, com poder de atrair consumidores de vários bairros e até mesmo de

cidades vizinhas”. Contudo, destaca a importância dos shoppings de vizinhança,

que segundo ele:

Embora nossos shoppings regionais sejam muito bem-sucedidos e ainda exista espaço para novos, também há no Brasil um grande potencial para a abertura de empreendimentos em outros formatos, como os shoppings de vizinhança. O aumento de problemas como o trânsito e a falta de mobilidade nas grandes cidades, aliado ao desejo permanente das pessoas de otimizarem seu tempo, favorece o crescimento desse modelo. O shopping de vizinhança deve se propor a atender o público da sua área primária de influência, oferecendo boas opções de compras e serviços de conveniência, em um ambiente agradável, de acesso fácil e rápido. (LEMOS, s.d, http://lmstgi.com.br/lmstgi/site/?p=271)

Além disso, em relação à estrutura, o escritório de arquitetura Vera Zaffari

(2012), traz um conceito proveniente dos anos 1980 nos Estados Unidos, o Open

Mall5. Esses shoppings são caracterizados por não fazerem uso de ar-condicionado

para refrescar suas circulações, e consequentemente não possuem vedações ou

portas nos seus limites, de modo que são mais integrados com o exterior e

aproveitam amplamente a ventilação e iluminação natural. Em contrapartida, Zaffari

(2012) considera que os shoppings fechados possuem vedações e portas de acesso

ao seu interior, utilizando sistema de ar-condicionado e a maior parte da iluminação

é artificial, possuindo área construída geralmente maior, com múltiplos andares.

Outra forma de classificação dos shoppings está relacionada à tipologia

arquitetônica do empreendimento. LIMA FILHO et. Al. (1971, apud KUSAKAWA,

2002) demonstra as cinco principais configurações:

1) Strip Centers: um único conjunto de lojas alinhadas, com a loja âncora,

na maioria das vezes, alocada no centro (Figura 1).

Figura 1: Strip Centers.

Fonte: KUSAKAWA, 2017.

5 Traduzido para o português, o termo significa “shopping aberto”, referente aos seus corredores que são abertos para o exterior.

28

2) Centros em forma de L: apresenta corredor em L, com as lojas âncoras

posicionadas nas extremidades (Figura 2).

Figura 2: Centros em forma de L.

Fonte: KUSAKAWA, 2017.

3) Centros em forma de U: seguindo o formato da letra U, suas três lojas

âncoras ficam localizadas nas extremidades e no centro (Figura 3).

Figura 3: Centros em forma de U.

Fonte: KUSAKAWA, 2017.

4) Centros em forma de galerias: duas fileiras de lojas com um corredor

central (Figura 4).

Figura 4: Centros em forma de galeria.

Fonte: KUSAKAWA, 2017.

5) Centros em forma de conglomerados: as lojas são posicionadas em

formato de conglomerado compacto com uma loja de departamento no

centro (Figura 5).

29

Figura 5: Centros em forma de conglomerados.

Fonte: KUSAKAWA, 2017.

Essa variação na proposta espacial dos estabelecimentos, juntamente com

as classificações apresentadas anteriormente, são responsáveis por definir o

programa, zoneamento, funções, público, eventos e atividades do shopping.

Para garantir o sucesso do empreendimento se faz necessário ter um

conjunto de lojas que desempenhem funções diferentes, com o objetivo de oferecer

serviços e produtos diferenciados aos consumidores e assim atingir um público

maior. Além disso, Rossi (1988, apud GONÇALVES, 2017) ressalta a importância

dos produtos e serviços oferecidos refletirem as necessidades da população

inserida em sua área de influência, apresentarem uma boa localização dentro do

empreendimento e oferecerem uma oferta variada e balanceada de mercadorias.

Com base nisso, a ABRASCE (2017) publicou um Plano Mix que:

[..] contém uma sugestão de classificação dos diversos ramos de varejo em Shopping Centers, resultado de pesquisas e trabalhos realizados com diversos profissionais do setor. Sua aplicação é recomendada a todos os Shoppings Tradicionais, como instrumento de aferição, estatística e apoio gerencial. (ABRASCE, 2017, P. 04)

Este plano contempla as diversas classificações das lojas, com as definições

e as suas respectivas tipologias, bem como orientações sob como proceder diante

a subjetividade de determinadas especificações. Como demonstra o quadro 2, a

maioria das lojas são classificadas de acordo com suas dimensões.

Ademais, Gonçalves (2017) ressalta a importância de que haja um fluxo

contínuo e homogêneo de clientes nos corredores do shopping, de forma que todas

as lojas sejam vistas, dando aos lojistas condições de manter o aluguel. Para isso,

é fundamental que o mix das lojas tenha sido pensado de forma adequada.

30

Quadro 2: Classificação da ABRASCE por tipo de loja.

PLANO MIX

Classificação Definição Exemplos

Lojas âncoras

O enquadramento nessa categoria se deve à área locada (normalmente mais de 1.000 m², podendo

variar de acordo com o perfil do empreendimento) e à relevância ou ao fluxo de pessoas que ela atrai para o

Shopping Center

Moda, supermercados,

construção e decoração,

eletrodomésticos e eletrônicos

Semi-Âncora Lojas entre 500 e 999 m² de área de vendas

Moda, supermercados,

construção e decoração,

eletrodomésticos e eletrônicos

Megalojas

Podem ser consideradas lojas deste gênero aquelas especializadas em determinada linha de mercadoria, em grande escala, com ampla variedade de produtos,

usando superfície de loja entre 250 e 499 m²

Moda, supermercados,

construção e decoração,

eletrodomésticos e eletrônicos

Lojas Satélites Lojas menores que 250 m² destinadas ao comércio em

geral

Vestuário, calçados, óticas, perfumarias

e joalherias

Serviços Essa classificação independe da área, basta apenas

ser um dos exemplos citados no Plano Mix

Farmácia, floricultura, correios,

loterias e agência de viagens

Entretenimento

Para atividade de Shopping Centers, os cinemas e teatros serão sempre considerados atividades de

lazer, mesmo que atraia um grande fluxo de consumidores e ocupe área locável maior que 1.000m²

Cinema, teatro, casa de shows,

parques e boliches

Fonte: ABRASCE 2017.

Nota: Elaborado pela autora.

Outro fator que se deve levar em consideração na elaboração de um projeto

de shopping center é a preocupação em gerar conforto ao cliente, seja visual,

térmico, luminotécnico ou acústico. De acordo com Kusakawa (2017), a

preocupação a respeito da iluminação, da temperatura e da estética são comuns

nesses empreendimentos. Em contrapartida, o conforto acústico e as

consequências à saúde, geradas da exposição de ruídos intensos é ignorada desde

o princípio do planejamento.

1.2. A REINVENÇÃO DOS SHOPPINGS CENTERS

Os shoppings Centers foram importados dos Estados Unidos e adotados em

vários locais do mundo, apresentando diferentes características geográficas e

31

culturais, porém sua estrutura possuía pouquíssimas variações, com edifícios

inseridos em contextos diferentes, mas com soluções, espaços e elementos

homogêneos (SOUZA, 2017), ou seja:

[...] uma atmosfera absolutamente genérica, controlada, climatizada e desconectada do exterior, tanto física como culturalmente. Uma atmosfera idônea somente para consumir, sem nem sequer prover espaços de descanso ou as condições para que os espaços "comuns" funcionem como um verdadeiro espaço público, entendido como espaço para a relação entre as pessoas, a socialização. Um espaço interior, de propriedade privada e com normas muito restritivas de utilização, que emula um espaço "público" exterior. (SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button)

Outrossim, tem-se o fato deste empreendimento, muitas vezes com estrutura

fechada, ignorar completamente o seu entorno, tornando-se praticamente uma

estrutura isolada. Com esse olhar, Lima (2013) relatou a preocupação do Presidente

da AsBEA com relação a esse aspecto:

O problema dos shoppings em geral, e não só no Brasil, é o objetivo de manter o usuário o máximo tempo possível em ambiente fechado, induzindo-o a consumir, de forma similar aos cassinos. Faz parte da “psicologia” do negócio. Por sua enorme diversão esses blocos fechados criam ilhas dentro das cidades e ferem o tecido urbano. Mas não deveria necessariamente ser assim. Seria possível integrá-los de outra forma em um conjunto de ruas e urbanização já existente, ainda que fechados, mas mantendo durante o seu período de funcionamento uma unidade e uma integração com a área circundante. (LIMA, 2013)

Com isso, os shoppings centers neste padrão entraram em declínio, com

grandes quedas nos lucros (GARREFA, 2011). Esse processo demonstrou que

precisava haver uma mudança na configuração espacial desses empreendimentos.

Não se tratava apenas de uma crise econômica, era um reflexo das mudanças

ocorridas no mundo, as quais essa tipologia precisava acompanhar. Isto é,

É uma crise estrutural do modelo, uma crise que é, provavelmente, devido ao fim do efeito novidade e a existência de um contexto diferente e novos modelos de negócios que são possíveis através

32

da compra online. Hoje, o cenário econômico é diferente; a concorrência entre os centros mais antigos e obsoletos e os recém-construídos é atroz e a Internet multiplica seus negócios a cada ano. (SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button)

Diante desse quadro, alguns autores apontam a necessidade da reinvenção

dos shoppings centers, seja relacionado à sua estrutura, à sua localização, ao mix

das lojas ou até mesmo na dinâmica interna do edifício. Assim sendo, é apontada a

necessidade de que:

Estes edifícios não podem continuar a basear sua sobrevivência em um atrativo em decadência. As possibilidades são renovar-se ou morrer. O modelo de shopping, tal como o conhecemos até agora, tem de abrir-se o espaço que o acomoda, ser menos hostil ao meio ambiente e aos seus visitantes, e proporcionar uma experiência mais ligada à realidade dos usuários e cidade onde se implanta.

(SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button)

Concomitante a isso, Garrefa (2011) destaca que no relatório do evento

Principles for Rethinking the Mall é indicada a necessidade de se estudar o entorno

do empreendimento, bem como tratar a paisagem, criando ambientes agradáveis,

de forma que o resultado seja customizado de acordo com as características locais

e não mais um resultado homogêneo. É neste sentindo que afirma:

Duas palavras parecem estar no cerne da questão: location e localization. A palavra location está relacionada ao modelo utilizado no processo de definição da localização dos shopping centers, centrado na ótica do território, onde tinham peso fundamental questões como o tempo de viagem do público-alvo, renda e possibilidades de concorrência com essa postura, considera-se uma padronização, no sentido de aplicar num local as mesmas características que já haviam sido aplicadas em outro lugar diferente. A palavra localization simboliza uma postura diferente, levando em consideração as características culturais e sociais locais, criando com isso uma diferenciação, no sentido de que nenhum lugar é igual ao outro. Localization seria, então, uma palavra recorrente, a mover os especialistas e empreendedores na

33

nova diversificação do produto shopping center. (GARREFA, 2011, p. 45)

Além disso, Souza (2017) ressalta a importância de mudar a concepção

existente do cliente como apenas consumidor, para uma pessoa que deveria

desfrutar de uma nova experiência no local. Ele diz:

Potencializar a ideia de espaço público em um edifício de propriedade privada é um desafio conceitual, que vai contra a própria definição e objetivos de um centro comercial. Mas esta nova realidade econômica requer repensar os preceitos que têm funcionado até então [...]. Os centros comerciais competem hoje por entreter o cliente, proporcionando uma experiência diferente, uma atmosfera que ofereça outros incentivos além de uma ampla oferta comercial. (SOUZA, 2017, https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button)

Esses fatos comprovam o desafio que os novos shoppings centers

encontram em seus projetos. Essa reinvenção pode ocorrer através da identificação

de diferentes temas e atividades, da criação de uma conexão com o local ou de uma

identidade (SOUZA, 2017). Com base nisso, algumas fontes apontam atividades

que podem agregar na composição de um novo mix. São elas: atividade física,

campo de jogos, criatividade e cultura, e gastronomia (SOUZA, 2017); eventos em

estacionamentos, espaços família e coworking (ANDRADE, 2019).

Ademais, as preocupações com as relações pessoa-ambiente estão cada

vez mais em evidência. Um dos conceitos relacionados a esse tema é o de

ambientes restauradores, que consistem em espaços onde a atenção direcionada

é renovada, causando a redução da fadiga mental (ALVES, 2017).

Segundo a autora referenciada acima, existem 04 características de um

ambiente restaurador. O primeiro seria se dirigir a locais diferentes do que se está

acostumado; o segundo consiste em perceber a ligação dos elementos do ambiente

e de enxergá-lo em consonância; o terceiro trata da capacidade que o espaço tem

de prender a atenção facilmente e o último diz respeito à compatibilidade do que se

espera com o que o ambiente oferece.

34

Com base nestas análises, é possível perceber que para o shopping ter

sucesso, se faz necessário que na elaboração do projeto seja levado em conta o

entorno da edificação, tanto do ponto de vista urbano, quanto em relação às

pessoas que irão frequentá-lo, mas também prever um conjunto de atividades

diferenciadas que juntas funcionem como um polo atrativo. A percepção do

shopping center como sendo um espaço apenas para realizar compras, não existe

mais. Estes empreendimentos devem buscar trazer conforto para os clientes, de

forma que eles se sintam bem frequentando seus espaços.

35

36

2. CONFORTO AMBIENTAL

O conforto ambiental busca proporcionar aos usuários, através dos projetos

arquitetônicos, a satisfação total com a edificação, provendo condições de

habitualidade, utilizando os recursos disponíveis (CIQUEIRA, 2010).

As arquitetas Solange Leder, Barbara Nogueira e Amanda Lima (2019)

enfatizam a necessidade do bem-estar individual e coletivo, com base na síndrome

do edifício doente, termo definido pela organização mundial de saúde (OMS), onde

construções fechadas podem intensificar ou até mesmo ser a causa de doenças.

Neste contexto, o conforto ambiental atua principalmente em três frentes,

sendo elas: o conforto térmico, acústico e luminoso. Vale salientar que em alguns

casos, esses fatores sugerem soluções opostas, sendo necessário pensar nos três

fatores de forma integrada, buscando as soluções que melhor irão contribuir para o

bem-estar do usuário (NUDEL, s.d.6). Ao apresentar resultados adequados que

favoreçam a utilização de dos recursos naturais, além de gerar maior conforto aos

usuários, pode acarretar a diminuição do consumo de energia, diminuindo o impacto

no meio ambiente (LEDER; NOGUEIRA; LIMA, 2019).

2.1. CONFORTO TÉRMICO E LUMINOSO

Fanger (1970, apud VECCHI, 2015) conceituou conforto térmico como “a

situação em que uma pessoa não prefere sentir nem mais calor e nem mais frio no

ambiente em que se encontra”, bem como Tanabe (1988, apud VECCHI, 2015)

definiu como “o estado de espírito que expressa satisfação com a temperatura do

corpo como um todo”.

Todavia, o conforto térmico não se resume apenas a satisfação do usuário

acerca da temperatura agradável do ambiente, mas também está relacionado a

questões de saúde, uma vez que o uso excessivo da ventilação artificial, associada

ao ar interno de má qualidade, pode ocasionar na geração de doenças respiratórias,

além da contribuição do efeito estufa e do aumento da temperatura (LEDER;

NOGUEIRA; LIMA, 2019).

6 Disponível em: < https://www.bwexpo.com.br/o-que-e-conforto-ambiental-na-arquitetura/#:~:text=%E2%80%9CConforto%20Ambiental%20%C3%A9%20um%20termo,humano%20em%20um%20determinado%20espa%C3%A7o.>. Acessado em: 12 de Novembro de 2020.

37

Vale salientar que com o advento da mecanização, a climatização artificial

está presente em quase todos os ambientes, sejam eles residenciais, comerciais,

nos ambientes de trabalho e até nos meio de transporte, fazendo com que as

pessoas passem cerca de 95% do tempo em ambientes com utilizando desse

artificio para se manterem em conforto. (FAGNER, 1972, APUD LEDER;

NOGUEIRA; LIMA, 2019)

De acordo com Anésia Frota e Sueli Schiffer, para garantir o conforto térmico

de térmico de um espaço, deve levar em consideração algumas variáveis como a

temperatura, umidade e velocidade do ar, e a radiação solar incidente. Por outro

lado, o ser humano precisa liberar calor de forma a manter sua temperatura corporal

em aproximadamente 37°C. Diante disso, para atingir o estado de conforto térmico

é necessário que as trocas entre o ambiente e a pessoa ocorra sem esforços.

Porém, também deve-se levar em consideração que a vestimenta e a atividade

desenvolvida pelo indivíduo influenciam nas trocas de calor homem-ambiente.

Vechi, Cândido e Lamberts (2016, apud LEDER; NOGUEIRA; LIMA, 2019)

verificam a constante utilização da climatização artificial em ambientes comerciais,

com base na justificativa de atingir o conforto térmico, mas também pela preferência

dos usuários por ambientes com essa característica.

Sob outra perspectiva, Lender, Nogueira e Lima (2019) enfatizam também a

importância do conforto luminotécnico na saúde do indivíduo, sendo a luz natural o

estímulo regulador do sistema circadiano, além de estimular o ânimo e produzir

substâncias essenciais ao organismo, como por exemplo a vitamina D. Outro fator

relevante apontado pelas arquitetas, é que a utilização da iluminação natural pode

gerar uma redução energética de até 80%. Ou seja, ao fazer o uso da luz solar de

forma adequada nos projetos arquitetônicos não só auxilia na saúde do meio

ambiente a diminuição da utilização da energia elétrica, mas também melhora a

saúde física e psicológica dos usuários do ambiente.

No tocante a arquitetura de Shopping Center, existia a tendência a projetar

edificações introspectivas, voltadas para si, utilizando da climatização e da

iluminação artificial e ignorando o exterior (GARROCHO, 2015). Em contrapartida,

Portugal (2007, apud PRIM, DALMINA JUNIOR, 2014) ressaltam a necessidade a

produção de projetos que modifique a cultura existentes de empreendimentos

fechados, com iluminação e ventilação artificial, uma vez que grande parte das

38

cidades brasileiras possibilita a obtenção do conforto térmico na maior parte do ano,

sendo indicado, quando houver a necessidade, a integração com sistemas

artificiais.

Ao associar essa nova perspectiva com espaços ao ar livre, repletos de

vegetação natural, torna o entorno da edificação mais arejado e com melhor

qualidade do ar, além de criar uma integração da edificação com o espaço natural

(MOTTA, 2011, apud ABREU, 2012). Atualmente, a arquitetura de shopping center

tem buscado cada vez mais criar plantas irregulares, gerando ambientes mais

naturais, com a adesão da iluminação natural (GARROCHO, 2015).

2.2. CONFORTO ACÚSTICO

A constante exposição a elevados níveis sonoros pode gerar problemas

físicos e psicológicos a saúde humana, sejam eles: perda auditiva, aumento da

pressão arterial, perda de concentração, estresse, tensão e perturbações no sono

(BISTAFA, 2018).

Diante desses fatos, se faz necessário pensar na acústica desde o princípio

do projeto, já que as formas e os materiais adotados têm influência no desempenho

acústico do ambiente (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2016). Ao optar por

realizar um projeto já pensando no tratamento acústico dos ambientes, o arquiteto

toma decisões mais assertivas e econômicas a cerca desse tema.

No tocante a acústica de shoppings center, Kusakawa (2002) destaca que

muitas vezes o tratamento acústico destes empreendimentos consiste em apenas

utilizar som ambiente, o que muitas vezes, ao invés de ajudar, apenas intensifica os

ruídos. Além disso, Souza (1996, apud KUSAKAWA, 2002) afirma:

É possível notar que áreas diferentes num shopping center apresentam uma diversidade de sons e ruídos que, muitas vezes, não recebem o devido tratamento por parte dos profissionais envolvidos no projeto. Alertando para a necessidade de [não] dispensar atenção ao tratamento acústico nos shoppings, principalmente aos ruídos provenientes da praça de alimentação. As especificações dos materiais de revestimento, geralmente, são em grande parte refletora, prejudicando, principalmente, a comunicação. (SOUZA, 1996, apud KUSAKAWA, 2002)

39

O som pode ser definido como a vibração de partículas do meio, originadas

pela vibração de um objeto, capazes de serem percebidas pelo ouvido humano

(SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009). Bistafa (2018) define o som como uma

variação da pressão ambiente detectável pelo sistema auditivo. Zilio (2012)

acrescenta que o som necessita de um meio para se propagar, seja ele sólido,

líquido e gasoso, sendo a velocidade de propagação determinada pela proximidade

entres as moléculas, ou seja, a transmissão ocorre mais rápidos nos sólidos e mais

lento nos líquidos.

Por outro lado, o ruído é definido por Nepomuceno (1994) como sendo um

fenômeno audível cujas frequências não podem ser discriminadas porque diferem

entre si por valores inferiores aos detectáveis pelo aparelho auditivo. Santos e

Matos (1996) identificam o ruído como o responsável pela produção de sensações

auditivas não prazerosas, sendo por isso, diferente de som.

É importante ressaltar que um mesmo som pode ser considerado desejável

ou não, a depender do contexto em que o receptor se encontra ou a atividade que

realiza, ou seja, é um conceito com aplicações variáveis.

Para garantir o conforto acústico é necessário que se conheça a fonte, o meio

e o receptor, já que para o receptor seja atingindo pelas ondas sonoras, o meio da

propagação tem que ser propício e a fonte sonora intensa o suficiente (SOUZA,

ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009). Ou seja, a relação entre esses três fatores é

determinante para garantir o sucesso do projeto acústico.

Para realizar o controle do ruído, Zilio (2012), afirma que pode ser realizado

de três formas: na fonte, na propagação e no receptor. Contudo, a forma mais eficaz

consiste em realizar a intervenção na própria fonte, principalmente se for pensado

desde o projeto.

A partir disso, têm-se os conceitos de transmissão e absorção sonora. Flávio

Simões (2011) define a transmissão sonora pela diferença na localização entre a

fonte e o receptor, sendo o ruído transmitido através de esquadrias, paredes, lajes

e forros. No caso da absorção, a fonte e o receptor se encontram no mesmo

ambientem, isto é, refere-se à qualidade acústica interna do ambiente.

Estes conceitos são importantes para que se consiga entender os dois tipos

de tratamento acústico (Quadro 3). De acordo com Falcão (2014), o isolamento

acústico tem como objetivo impedir a transmissão do ruído seja do ambiente interno

40

para o externo, ou vice-versa, enquanto o condicionamento é responsável por

garantir a absorção sonora adequada nos ambientes interno, de forma que garanta

a qualidade acústica do ambiente.

Quadro 3: Características do conforto acústico

CONFORTO ACÚSTICO

Fenômeno: Transmissão Absorção

Fonte e Receptor: Ambientes diferentes Mesmo ambiente

Tratamento: Isolamento Condicionamento

Fonte: Elaborado pela autora, com base nas informações de SIMÕES (2011) e FALCÃO (2014).

É importante ressaltar, como é possível visualizar na figura 6, que quando

um determinado som atinge uma superfície, parte de sua energia é absorvida pelas

estruturas, outra parte é refletida e se mantém no ambiente, enquanto a parte

restante é transmitida para fora (SIMÕES, 2011). Essa característica nos permite

perceber que, na maioria dos casos, para garantir um conforto acústico adequado

é necessário trabalhar com o isolamento e o condicionamento acústico em conjunto

e não apenas um.

Figura 6: Incidência sonora na superfície

Fonte: (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).

41

Em relação a transmissão por meio do ar, o isolamento pode ocorrer através

do distanciamento da fonte do receptor, como por meio do tratamento na fonte, no

meio ou no receptor. Destaca-se que todo material possui a capacidade de reduzir

a intensidade sonora entre os ambientes, como também de absorvê-la (Figura 7).

Porém, essas capacidades variam de acordo com o material, a espessura da

estrutura e a frequência do som emitido (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).

Por esse motivo, existem materiais que vão auxiliar no isolamento, enquanto outros

irão solucionar o condicionamento.

Figura 7: Aplicação de materiais absorventes para diminuir as reflexões sonoras

Fonte: (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).

Resumidamente, para realizar o isolamento acústico deve-se:

1) fazer medições para identificar a intensidade de ruído existente na área;

2) identificar de quanto deve ser redução sonora;

3) encontrar materiais que possibilitem essa redução.

O isolamento do ruído de impacto funciona um pouco diferente do ruído

aéreo. É preciso que haja a descontinuidade da estrutura, com acréscimo de

42

materiais resilientes, como por exemplo a borracha (SOUZA, ALMEIDA e

BRAGANÇA, 2009).

Para o condicionamento dos ambientes, deve-se considerar que o som que

nós escutamos é uma soma do raio sonoro direto com o refletido (Figura 8). Quando

o som direto decai, as reflexões ainda permanecem no ambiente, gerando o som

reverberante. Outro conceito importante é o tempo de reverberação (TR), que diz

respeito ao tempo que leva para que um som deixe de ser percebido (SOUZA,

ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).

Figura 8: Raio sonoro direto e reflexões

Fonte: (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2009).

Na prática, o condicionamento acústico consiste em identificar o tempo de

reverberação ideal para a atividade que será exercida no ambiente e utilizar

materiais que juntos consigam atender ao tempo estipulado. Kusakawa (2002)

ressalta que quanto maior o volume do ambiente, menor será a absorção e por

consequência, maior será o tempo de reverberação. Contudo, ambientes muito

absorventes amortecem o som, deixando-o seco.

Vale salientar que, como os shoppings centers apresentam grandes

dimensões e, por consequência, grandes volumes, é de extrema importância o uso

de materiais absorventes, principalmente nos forros, visando diminuir a

reverberação.

43 STUDO DE REFERÊNCIAS

44

3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Para melhorar o entendimento sobre arquitetura de shoppings centers foi

elaborado o referencial empírico, através de estudos de projetos de referência,

sendo 2 diretos, 2 indiretos e 2 formais. Através deles, pôde-se compreender melhor

o funcionamento deste projeto de alta complexidade, como por exemplo, a definição

do programa de necessidade, a relação existente no zoneamento entre as lojas e

as áreas técnicas, e identificar algumas atividades e equipamentos que mais geram

ruídos.

Vale salientar que a literatura sobre arquitetura de shoppings centers é

escassa, o que ressalta a importância destes estudos, uma vez que foi através deles

se tornou possível a obtenção de diversos dados relevantes para a elaboração do

projeto.

3.1. ESTUDO DE REFERÊNCIAS DIRETOS

Os estudos de referências diretos foram realizados nos 2 principais

shoppings centers localizados na cidade de Natal/RN através de visitas técnicas in

loco, conversas com funcionários da área de arquitetura destes empreendimentos

e análise de plantas. O foco dessas visitas técnicas foi entender o programa de

necessidades, principalmente em relação as áreas técnicas, assim como conhecer

os fluxos internos necessários para que o funcionamento do empreendimento.

3.1.1. Midway Mall

O Midway Mall, maior shopping center da cidade, está localizado no bairro

de Tirol, na Região Administrativa Leste de Natal, sendo delimitado pela Avenida

contígua Senador Salgado Filho, Avenida Bernardo Vieira, Avenida Romualdo

Galvão e Rua São Joaquim (Figura 9). Vale salientar, como mostra a figura X, que

o empreendimento conta com acesso de veículos em todas as vias que o delimita,

porém o acesso de pedestre é restrito apenas as vias principais.

45

Figura 9: Vista superior do Shopping Midway Mall

Fonte: Google Earth. Captura de tela: 20.12.19.

Nota: Modificado pela autora.

Inaugurado no ano de 2005, o empreendimento foi inserido no lote da antiga

fábrica do grupo Guararapes, empresa a qual é proprietária do Midway. Para o novo

uso, a construção existente foi demolida, dando lugar à uma nova edificação,

pensada desde o princípio para ser um shopping center. Porém, desde a abertura,

foram realizados uma ampliação e duas reformas, buscando atender melhor as

demandas locais.

Atualmente, a construção ocupa todo o terreno. Com 65.804m² de área bruta

locável, possui três pavimentos de loja (L1, L2 e L3), seis pavimentos de

estacionamento (G1, G2, G3, G4, G5 e G6) com o total de 3694 vagas e o subsolo,

destinado para depósitos e áreas técnicas. Classificado como um Mega Shopping

de mall fechado, o empreendimento possui poucas aberturas para o exterior, tendo

como consequência, o pouco aproveitamento da iluminação natural, sendo

necessário o uso da iluminação artificial em praticamente todos os ambientes.

46

Em relação ao horário de funcionamento, identificou-se de 10 horas às 22

horas, de segunda a sábado e aos domingos de 15 horas às 21 horas, com exceção

da praça de alimentação, academia e restaurantes.

Como mostra as figuras 10 e11, a setorização do empreendimento separa os

pavimentos em duas grandes áreas, sendo aproximadamente a metade de cada

andar destinado ao estacionamento e a outra metade a lojas e a circulação interna.

Em relação ao mall, tem-se dois corredores centrais que se ligam para dar acesso

as circulações verticais e a praça de eventos.

Figura 10: 1° pavimento de loja - Midway Mall

Fonte: Midway Mall.

Nota: Modificado pela autora.

As áreas técnicas e de serviço estão distribuídas por todo o empreendimento,

porém há uma grande concentração delas situada no primeiro pavimento, nos

limites do terreno com à Rua São Joaquim. É importante destacar que este é um

uso que gera muitos ruídos, ocasionando reclamações dos moradores do entorno7.

Também é possível observar que as maiores áreas de lojas estão situadas

próximas ao estacionamento. Como o empreendimento possui poucos corredores

técnicos e não é permitido o abastecimento das lojas pelo mal durante o horário de

7 Informação transmitida pelo arquiteto do Midway Mall, na visita técnica, realizada no dia 10 de janeiro de 2020.

47

funcionamento, as lojas que têm abertura pelo estacionamento são abastecidas por

esse acesso.

Figura 11: 2° pavimento de loja - Midway Mall

Fonte: Midway Mall.

Nota: Modificado pela autora.

O terceiro pavimento de lojas (Figura 12), inaugurado na ampliação realizada

no ano de 2010, seguiu a mesma setorização dos outros pavimentos, porém

agregando o teatro e o cinema ao mix de lojas.

Figura 12: 3° pavimento de lojas - Midway Mall

Fonte: Midway Mall.

Nota: Modificado pela autora.

48

O grande diferencial está na utilização de duas lajes, sendo elas a laje lisa e

a nervurada. Para isso, foi necessário uma junta de dilatação (figura 13) para unir

as duas estruturas. Essa solução foi utilizada de forma a possibilitar um maior

espaçamento entre os pilares, facilitando a inserção do cinema e teatro, bem como

tornando praça de alimentação e supermercado mais limpos visualmente. A

setorização do empreendimento possibilitou que resolução fosse eficiente, uma vez

que, estas atividades que tinha necessidade de espaços mais amplos, foram

concentradas nas áreas da laje nervurada.

Figura 13: Junta de dilatação no estacionamento

Fonte: Acervo da autora, 2020.

Na visita in loco, realizada no dia 19 de dezembro de 2019, Fábio Ribeiro,

arquiteto do Midway Mall, destacou alguns pontos devem ser levados em

consideração no projeto e manutenção do shopping, para garantir o sucesso do

empreendimento e para facilitar o trabalho dos lojistas.

O primeiro aspecto mencionado pelo arquiteto, diz respeito ao

estacionamento. Caso sejam previstas alguma atividade diferenciada no local, se

faz necessário pensar em uma área que não atrapalhe o fluxo geral dos veículos.

Além disso, deve-se considerar que o público mais sofisticado entra para o shopping

49

pelo acesso do estacionamento, de forma que se deve pensar no tratamento visual

desses espaços.

No tocante aos revestimentos, as soluções que suportam desgaste, não

manche rápido e que seja de fácil manutenção são as mais indicadas. Para as áreas

técnicas, recomenda-se revestimentos simples e resistentes a impactos e

desgastes de uso.

O piso dos corredores técnicos devem ser elevados de forma a permitir o

bom funcionamento das instalações. Nas docas é importante que a plataforma seja

na altura dos caminhões e que haja uma proteção contra chuva, facilitando a carga

e descarga e garantido que a mercadoria chegue sem danos. Para os quiosques

situados no mall, é necessário prever toda a infraestrutura necessária para garantir

o seu funcionamento.

Portanto, o estudo do Midway Mall contribuiu com o entendimento do

funcionamento de um edifício de alta complexidade, a interação com o arquiteto do

empreendimento que forneceu informações adquiridas através dos anos de prática

de trabalho nessa tipologia de centro comercial, bem como a necessidade de utilizar

sistemas estruturais e revestimentos adequados ao uso.

3.1.2. Natal Shopping

O Natal Shopping está localizado no Bairro de Candelária, na Região

Administrativa Leste da cidade. Situado no cruzamento da Avenida Senador

Salgado Filho com a Avenida das Brancas Dunas (Figura 14), é um dos mais antigos

shoppings centers da cidade, tendo sido inaugurado no ano de 1992. Vale salientar

que o empreendimento apresenta o acesso de pedestres e da carga e descarga na

Av. Salgado Filho, porém os dois acessos de veículos e a segunda doca são

localizados na Av. das Brancas Dunas.

Apresentando apenas um pequeno recuo frontal, o empreendimento

contempla três pisos de lojas, sendo um exclusivo do cinema, e oito pisos de

estacionamento, totalizando 1.150 vagas. O shopping passou por uma grande

reforma no ano de 2009, o que possibilitou o aumento do número de lojas, da praça

de alimentação e do estacionamento.

50

Figura 14: Vista superior do Shopping Natal Shopping

Fonte: Google Earth. Captura de tela: 24.12.19.

Nota: Modificado pela autora.

O horário de funcionamento do shopping é de 10 horas às 22 horas, de

segunda a sábado, e de 15 horas às 21 horas nos domingos e feriados. Já o cinema,

a academia, lazer, alimentação e a administração possuem horários específicos

para o seu funcionamento.

O abastecimento do empreendimento possui horários específicos para gerar

o mínimo de desconforto possível aos clientes e aos vizinhos. Na doca da Av.

Senador Salgado Filho, a carga e descarga ocorre de 7 horas às 22 horas, uma vez

que está situada próxima a outras edificações. Por outro lado, a segunda doca,

localizada dentro do estacionamento do shopping, permite que haja a carga e

descarga em qualquer horário sem gerar incômodo a vizinhança.

Além disso, o abastecimento das lojas não pode ser feito pelo mall durante o

horário de funcionamento do shopping. As lojas que precisam ser abastecidas

constantemente, como é o caso da praça de alimentação e de algumas lojas

âncoras, possuem um corredor técnico que permite a mercadoria chegar até elas a

qualquer momento sem atrapalhar o fluxo dos clientes. Por esse motivo, é de suma

51

importância que seja previsto um espaço para depósitos, que possibilite o

armazenamento dessas mercadorias.

Em relação a setorização, diferentemente do Midway Mall, que possui 3

pavimentos de lojas bem similares, o Natal Shopping apresenta grande diferença

entre seus andares.

No primeiro pavimento (Figura 15), há uma grande concentração das áreas

técnicas, tendo o mall bem reduzido, ligando a circulação vertical a praça de

alimentação, que ocupa grande parte do pavimento.

Figura 15: 1° pavimento de loja - Natal Shopping

Fonte: Natal Shopping.

Nota: Modificado pela autora.

O segundo pavimento (Figura 16) é onde se encontra a maior parte das lojas,

conectadas pelo mall com o formato que se assemelha a um círculo. Com a

inauguração recente de novos restaurantes nesse piso, formou uma pequena praça

de alimentação, formando um espaço gourmet. Outro aspecto relevante, é o acesso

ao estacionamento interno, que se torna palco para eventos sazonais, dando mais

dinamicidade ao mix do empreendimento.

52

Figura 16: 2° pavimento de lojas - Natal Shopping

Fonte: Natal Shopping.

Nota: Modificado pela autora.

Por fim, o terceiro pavimento (Figura 17) é voltado exclusivamente para o

cinema e estacionamento. O acesso ocorre por uma escada rolante no segundo

pavimento. Na cobertura é possível ver as claraboias que permitem a entrada da

luz natural. Porém, mesmo assim o empreendimento depende da iluminação

artificial para o funcionamento.

Figura 17: 3° pavimento de lojas - Natal Shopping

Fonte: Natal Shopping.

Nota: Modificado pela autora.

53

Durante a visita técnica, realizada no dia 19 de dezembro, o assistente de

arquitetura do shopping, Luciano Cruz, explanou sobre a importância da

flexibilidade da estrutura, haja vista que as lojas precisam de áreas diferentes de

acordo com as necessidades dos produtos que serão comercializados. Outro fator

importante, é que as lojas precisam que o pé direito seja alto o suficiente para

comportar o mezanino, que pode ser feito da forma que o comerciante quiser, desde

que não ocupe mais do que 50% do ambiente.

Luciano também informou que uma área ampla e com pé direito alto para a

praça de eventos pode ajudar a atrair o público e tornar o shopping mais atrativo,

pois possibilita a realização de eventos sazonais que atingem diferentes públicos.

Aliado a isso, o empreendimento também utiliza o estacionamento para a realização

de eventos e shows esporádicos, acrescentando mais variedade ao seu mix.

Em relação ao mall, Luciano destacou que precisam ser amplos e espaçosos,

com mobiliários removíveis. No Natal Shopping há carros expostos pelo mall,

havendo a necessidade de que os corredores e as portas de acesso tenham

dimensões suficientes para permitir a movimentação do veículo. Para isso

acontecer, todos os quiosques são móveis, podendo ser afastados sempre que haja

necessidade.

Outro ponto discutido durante a visita foi em relação a alameda de serviços

e a sua localização. Luciano explicou que apesar de ser muito importante para o

mix do shopping, a alameda pode ficar no local menos favorecido, uma vez que

quem precisa pagar uma conta irá diretamente a lotérica.

Contudo, a análise do Natal Shopping se torna relevante pela compreensão

da importância da flexibilidade da estrutura, de prever espaços para usos sazonais

que agreguem ao mix de lojas, atraindo públicos variados, da circulação ampla e de

pé direito alto, possibilitando as lojas a criarem mezaninos.

3.2. ESTUDO DE REFERÊNCIAS INDIRETOS

Para os estudos de referências diretos, foram selecionados 2 shoppings

centers através de pesquisas na internet, como forma de adicionar aos

conhecimentos adquiridos nos estudos diretos.

54

3.2.1. Shopping Jardim Pamplona

Localizado no Bairro de Jardins, na cidade de São Paulo, o Shopping Jardim

Pamplona surgiu como uma proposta do Carrefur Property Division8 de criar um

centro comercial de vizinhança, na edificação existente, que fosse composto,

inicialmente, por um supermercado no térreo e no primeiro andar, estacionamento

no subsolo, dois andares de loja e restaurantes no último pavimento.

Como se pode ver nas figuras 18, 19 e 20, pouco se mudou do zoneamento

inicial. Todos os acessos foram inseridos no térreo, sejam eles de pedestres ou de

veículos. O hipermercado ocupou o térreo e grande parte do primeiro pavimento,

que assim como o segundo pavimento, apresentam as lojas do empreendimento.

Enquanto o terceiro e o quarto dividem sua área entre a praça de alimentação,

academia, terraço e a laje técnica.

Figura 18: Planta baixa térreo

Fonte: Revista Projeto, 2020

8 Setor imobiliário do Carrefour.

55

Figura 19: Planta baixa 1° e 2° pavimento

Fonte: Revista Projeto, 2020

Figura 20: Planta baixa 3° e 4° pavimento

Fonte: Revista Projeto, 2020

A intenção do projeto do escritório L35 ACIA Arquitetura era evitar o formato

de caixa fechada, conectando o empreendimento com o bairro e criando uma

relação do público com o privado através das fachadas e peles de vidros. Para

atingir esse objetivo, parte das lajes superiores foram retiradas, para inserir

claraboias no telhado, de forma a garantir a entrada da luz natural. Para isso, foi

necessário reforçar a estrutura existente de todo o prédio. Cada fachada recebeu

56

uma solução específica, mesclando a transparência do vidro, com placas opacas

(Figura 21 e 22). As fachadas leste e oeste são ventiladas, garantindo leveza e

estética.

Figura 21: Fachada com placas de diferentes opacidades

Fonte: Revista Projeto, 2020

Figura 22: Vista interna da fachada

Fonte: Revista Projeto, 2020

Uma das preocupações do projeto foi a climatização. Para isso, utilizou-se

uma cobertura leve e claraboias na sombra (Figura 23), de forma que ela recebesse

iluminação rebatida e não direta. Ademais, foi pensado para a praça de alimentação

uma parede, que tinha a função de equilibrar a umidade interna do ar. Vale salientar

que esta parede também auxilia na acústica, já que possui propriedades para

absorver o som.

Figura 23: Praça de alimentação

Fonte: Revista Projeto, 2020

57

O estudo do shopping Jardim Pamplona se tornou pertinente por buscar criar

uma integração do edifício com o entorno através de fachada de vidro, criando a

permeabilidade visual e permitindo a entrada da luz natural. Além disso, a utilização

de revestimentos de madeira no interior do edifício, tornando os ambientes mais

aconchegantes.

3.2.2. Mega Foodwalk

O mega Foodwalk faz parte do complexo Megabanhna na cidade de Tambon

Bang Kaeo, na Tailândia. No ano de 2018, a ala leste foi expandida com o conceito

de vale (Figura 24), com o espaço central cercado por montanhas, que no caso do

projeto, a ideia foi transmitida através da edificação organizada em torno do pátio

central.

Figura 24: Pátio central

Fonte: Archdaily, 2020

O projeto busca “reconectar a vida urbana com a natureza a partir de uma

experiência no shopping”, criando espaços para os clientes poderem relaxar e

desfrutar do jardim e de elemento de com água (Figura 25). Diante disso, o

empreendimento torna-se híbrido, apresentando funções de shopping e de parque

público.

58

Figura 25: Inserção da vegetação no interior do empreendimento

Fonte: Archdaily, 2020

A conexão entre a edificação existente e a expansão foi feita através de

passarelas cobertas e pontes de forma orgânica (Figura 26), trazendo a sensação

de caminhada por uma montanha, mas também criando uma circulação infinita entre

os pavimentos.

Figura 26: Circulação vertical de forma orgânica.

Fonte: Archdaily, 2020

59

Como mostra a figura 27, é possível perceber a preocupação com o conforto

acústico do empreendimento, uma vez que o teto de cada pavimento presenta

revestimento acústico, para melhorar a absorção do som no ambiente.

Figura 27: Forro acústico.

Fonte: Archdaily, 2020

O mega Foodwalk chama a atenção pela integração da edificação com a

natureza, criando espaços relaxantes e de convivência, se tornando mais do que

um centro de compras, mas também um espaço onde as pessoas podem interagir.

3.3. ESTUDO DE REFERÊNCIAS FORMAIS

Como referências para o exterior da edificação, foram selecionados dois

empreendimentos que se destacam pela sua forma diferenciada, pelo uso da

vegetação e da iluminação natural.

60

3.3.1. Wooden Orchids

O Wooden Orchids (Figura 28) foi projetado pelo escritório Vicent Callebaut

Architectures para um concurso elaborado pela União Internacional dos Arquitetos

(UIA). O concurso propôs aos arquitetos a elaboração de edificações culturais e

comerciais em um terreno próximo a um dos maiores jardins florais do mundo,

localizado na província Jianguxi, na China.

Figura 28: Wooden Orchids

Fonte: Archdaily, 2020

Nesta proposta, os arquitetos buscaram a integração do tecido urbano, para

combater a superlotação e a poluição, ao mesmo tempo que contempla os turistas.

Para atender esses objetivos, foram propostos espaços públicos e privados que se

interligam gerando aos transeuntes, responsabilidade ambiental (Figura 29 e 30).

61

Figura 29: Perspectiva externa Wooden Orchids

Fonte: Archdaily, 2020

Figura 30: Perspectiva interna Wooden Orchids

Fonte: Archdaily, 2020

O projeto traz referências da natureza, com estruturas pré-fabricadas em

madeira para simular as pétalas de orquídeas que unidas geram um formato

prismático. A fachada e cobertura mesclam áreas com maior controle da luz, em

usos como cinema e biblioteca, e áreas que permitem maior entrada da luz natural

para as lojas e jardins internos (Figura 31 e 32).

62

Figura 31: Vista de topo

Fonte: Archdaily, 2020

Figura 32: Biblioteca

Fonte: Archdaily, 2020

O Wooden Orchids se destaca pela presença marcante da natureza e pela

integração do edifício com a praça externa, aliado aos revestimentos de madeira e

vidro, criando ambientes aconchegantes.

63

3.3.2. Greenland Center Xangai

O Greenland Center é um complexo urbano desenvolvido em cima de uma

das mais populares estações de metrô em Xangai, na China. Desenvolvido pelo

escritório Nikken Sekkei, buscava criar uma fazenda urbana, para proporcionar a

cidade a vida natural (Figura 33).

Figura 33: Greenland Center Xangai

Fonte: Archdaily, 2020

O empreendimento que contém 20.000m², possui a cobertura dividida em

diferentes escalas, se conectando em várias alturas, criando terraços e plataformas

ao ar livre (Figura 34 e 35). Contemplando vários usos, como comércio, serviços e

transporte público, diminui a distância entre os lugares agregando valor a rede

urbana.

Figura 34: Cobertura com diferença de níveis

Fonte: Archdaily, 2020

64

Figura 35: Cobertura com terraços e plataformas ao ar livre

Fonte: Archdaily, 2020

Além disso, como mostra a figura 36, o complexo ainda reduz os efeitos da

ilha de calor, tirando proveito da ventilação natural, refrescando a cidade e criando

paisagens verdes.

Figura 36: Esquema da ventilação natural

Fonte: Archdaily, 2020

O estudo do Greenland Center se torna relevante pela utilização dos níveis

formados pela cobertura, criando espaços de convivência e de lazer e funcionando

como uma grande praça. Porém, apesar do grande diferencial desse projeto está

na cobertura, as soluções apresentadas foram utilizadas na topografia acidentada

do terreno escolhido.

65

66

4. CONDICIONANTES PROJETUAIS

Para a elaboração do projeto do Shopping Center, se faz necessário levar em

consideração, além do referencial teórico e dos estudos de referência explanados

anteriormente, as análises do terreno, do entorno e das normas necessárias para o

uso proposto.

4.1. O TERRENO E SEU ENTORNO

Para a definição do terreno do projeto foi necessário levar em consideração

elementos como a hierarquia viária, os acessos e a disponibilidade de grandes

áreas de terra. Uma vez que este tipo de empreendimento deve ser inserido em

locais estratégicos da cidade, de forma que a sua localização possa garantir fluxo

intenso de automóveis e pedestres que, por consequência, intensificariam o fluxo

interno de consumidores. Pensando nesses fatores, observou-se como potencial

estratégico, o terreno situado no Bairro de Candelária, na Região Administrativa Sul

da cidade de Natal/RN (Figura 37), próximo ao Sam’s Club.

Figura 37: Opção 01 de terreno

Fonte: Google Maps 2020.

Nota: Modificado pela autora.

67

Todavia, ao iniciar o processo projetual, percebeu-se que com as limitações

impostas pelo plano diretor vigente da cidade, o terreno não comportaria um

empreendimento de grandes dimensões, como também não permitia concretizar o

conceito e partido escolhidos.

Buscando um novo local que pudesse atender as necessidades do projeto,

foi identificado o terreno da antiga fábrica Brasinox (Figura 38), o qual possuía boa

localização e dimensões adequadas para atender as necessidades do projeto.

Apesar disso, está inserido fora dos limites da cidade de Natal, na cidade de

Parnamirim, sendo afastada do recorte de projeto escolhido inicialmente.

Figura 38: Opção 02 de terreno.

Fonte: Google Maps 2020.

Nota: Modificado pela autora.

A terceira área selecionada (Figura 39), está localizada bem próximo à

primeira opção, estando à apenas 3 quarteirões de distância, também no Bairro de

Candelária. Este novo terreno possui grandes dimensões, no qual não será

68

necessário utilizá-lo todo para a realização do projeto. Considerando os fatores

apresentados, está opção se configurou como a melhor solução, sendo, portanto, a

alternativa escolhida.

Figura 39: Terreno escolhido.

Fonte: Google Maps 2020.

Nota: Modificado pela autora.

De acordo com dados da SEMURB (2008), o bairro surgiu como um conjunto

habitacional, sendo tradicionalmente residencial, com pontos comerciais. De acordo

com Capistrano (2015), o conjunto habitacional Candelária nasceu sobre as

brancas dunas, no ano de 1976, seguindo a ideia de ocupar terras distantes e

espalhar a cidade. Nos primeiros anos depois da inauguração, os moradores

enfrentaram desafios devido a localidade, principalmente em relação aos acessos

e a falta de transporte coletivo. Porém, foi somente no ano de 1993 que em que o

bairro foi criado oficialmente, através da Lei n°4330. Atualmente, Candelária tem

seus limites com os bairros de Lagoa Nova, Capim Macio, Neópolis, Cidade da

69

Esperança, Cidade Nova e Pitimbu, possuindo, dentro de seu território, o Parque da

Cidade Dom Nivaldo Monte, que desempenha um importante papel na preservação

da fauna e da flora da cidade.

O entorno imediato do terreno se destaca pela grande quantidade de

edificações residenciais, apesar de apresentar uma grande quantidade de serviços

(Figura 40). Em relação ao gabarito, observa-se que as edificações são, em sua

maioria, térreas, tendo apenas três edifícios com mais de três pavimentos (Figura

41). É importante destacar que no entorno imediato do terreno, se concentram as

edificações residenciais unifamiliares, apresentando o gabarito de até dois

pavimentos, enquanto que os edifícios multifamiliares, que possuem alturas mais

significativas, ficam localizados do outro lado da BR 101.

Figura 40: Mapa de uso do solo

Fonte: Elaborado pela autora com base no mapa disponibilizado pelo IFRN.

70

Figura 41: Mapa de gabarito

Fonte: Elaborado pela autora com base no mapa disponibilizado pelo IFRN.

4.2. CONDICIONANTES LEGAIS

No tocante aos condicionantes legais foram observadas as normas vigentes

na cidade de Natal/RN: o Plano Diretor e o Código de Obras, as normas que

englobam o tema do conforto ambiental, como a NBR 10.151 e NBR 10.152,

referentes à acústica; a NBR 15.220, no tocante ao conforto térmico e a NBR 5413,

relacionada ao conforto luminotécnico. Além disso, considerou-se as legislações

necessárias para elaboração de um projeto de shopping center com ênfase em

soluções acústicas, tais como o Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio

e Pânico do RN e a NBR 9050 que aborda tema acerca da acessibilidade.

4.2.1. Plano Diretor de Natal

A Lei Complementar N° 082 compreende o Plano diretor da cidade de

Natal/RN, que se apresenta no artigo 1°, como: “instrumento básico da política de

71

desenvolvimento urbano e sustentável do município” (NATAL, 2007), sendo então

o instrumento ordenador da cidade.

O terreno selecionado para o projeto, está inserido no bairro de Candelária,

na zona de adensamento básico, de acordo com o macrozoneamento determinado

pelo plano. Com isso, o coeficiente de aproveitamento é de 1,2, com gabarito de até

65 metros, taxa de ocupação do terreno e impermeabilização 80%. Em relação aos

recuos, deve-se considerar as informações contidas no quadro 4, para edificações

acima de 2 pavimentos.

Quadro 4: Recuo em função da altura das edificações.

Fonte: Plano Diretor de Natal/RN (2007)

Nota: Modificado pela autora.

Diante das prescrições urbanísticas apresentadas, tem-se:

• Coeficiente de aproveitamento: 1,2 x 83.976,03 m² = 100.771,23m²;

• Taxa de ocupação: 80% x 83.976,03 m² = 67.180,82 m²;

• Taxa de impermeabilização: 80% x 83.976,03 m² = 67.180,82 m²;

• Recuos mínimos:

o Frontal - 3,00 + 11,88/10 = 4,2 metros;

o Lateral e fundos – 1,5 + 11,88/10 = 2,7 metros.

72

4.2.2. Código de Obras de Natal

A Lei complementar N° 055, institui o Código de Obras e Edificações do

Município de Natal regulamentando “toda e qualquer obra de construção,

ampliação, reforma e demolição” (Natal, 2004).

As quatro vias que delimitam o terreno do projeto: a BR 101, a rua Henrique

Santana, a rua Ministro Miguel Seabra Fagundes e a Av. Antoine de Saint’ Exupéry

são classificadas quanto a hierarquia viária. Vale salientar que, de acordo com as

informações supracitadas, um shopping center necessita estar localizado em uma

via de fluxo intenso, como se pode observar no quadro 5, a principal via de acesso

é classificada como estrutural, sendo responsável, por “acumular os maiores fluxos

de tráfego da cidade, integrando um eixo de atividades comerciais e de serviços”

(Natal, 2004). Por outro lado, as outras três vias que fazem limites com o terreno

são locais, com pouco fluxo de veículos.

Quadro 5: Classificação das vias que tangenciam o terreno.

Via Categoria Classe

BR 101 Estrutural Arterial I

R. Henrique Santana Local Local

R. Ministro Miguel Seabra Fagundes

Local Local

Av. Antoine de Sain’t Exupéry Local Local

Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Código de Obras de Natal/RN (2004).

No tocante ao projeto, o código estabelece a necessidade de destinar um

espaço para o estacionamento, com vagas de 2,50 metros por 5,00 metros. O

cálculo a respeito da quantidade, deve ser feito considerando o quadro 6, a seguir.

Quadro 6: Cálculo de vagas.

Empreendimento Área Computável Via Arterial Exigências

Shopping Center Maior que 20.000m²

1 vaga/20m²

Parada de ônibus de turismo e urbano, táxi,

carga e descarga, embarque e

desembarque, lixo

Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Código de Obras de Natal/RN (2004).

73

Considerando a somatória da área do pavimento do shopping com as áreas

de apoio, logística e administração, têm-se:

• 32.165m²/20 = 1.609 vagas.

Em relação ao acesso ao estacionamento, o código indica que seja feito pela

via de menor hierarquia, de forma a não criar ou agravar os problemas de tráfego.

Dessa forma, a entrada ficou pela via local Henrique Santana, seguindo a opção B,

destacada na figura 42, referente ao dimensionamento das formas de acesso.

Figura 42: Dimensionamento das formas de acesso.

Fonte: Código de Obras (2004).

Nota: Modificado pela autora.

4.2.3. NBR 10.151: Acústica de áreas habitadas

A NBR 10.151 é responsável pela regulamentação das medições e avaliação

de níveis de pressão sonora em áreas habitadas, definidas de acordo com o uso e

ocupação do solo. Diante disso, o quadro 7, demonstra os níveis de pressão sonora

de cada uso de acordo com o período do dia. Como foi supracitado, o entorno do

lote do empreendimento possui uso misto, predominantemente residencial, sendo

então possuir níveis sonoros de 55 dB no período diurno e de 50dB no noturno.

74

Quadro 7: Limites de níveis de pressão sonora em função dos tipos de áreas habitadas e do período.

Fonte: NBR 10.151 (2019).

Nota: Modificado pela autora.

4.2.4. NBR 10.152: Acústica de ambientes internos a edificações

A NBR 10.152 determina os procedimentos técnicos a serem adotados na

execução de medições de pressão sonora em ambientes internos, bem como os

valores de referência. Assim sendo, define os valores de referências para ambientes

comerciais do tipo Shopping Center, cultura e lazer, escritório e esporte, como

demonstra o quadro 8, a seguir.

Quadro 8: Valores de referência para ambientes internos de uma edificação de acordo com suas finalidades de uso.

Uso Valor de Referência (dB)

Centros Comerciais (Shopping Centers)

Circulações 50

Lojas 45

Praça de Alimentação 50

Garagem 55

Cultura e Lazer

Cinema 35

Teatro 30

75

Escritórios

Circulações 50

Escritórios Privados 40

Escritório Coletivo 45

Recepção 45

Sala de Reunião 35

Esportes

Ginásio e Academia 45

Fonte: Elaborado pela autora com base na NBR 10.152 (2017).

4.2.5. NBR 15.220/3 – Zoneamento Bioclimático Brasileiro

A NBR 15.220 estabelece o Zoneamento Bioclimático Brasileiro, indicando

uma série de recomendações estratégias construtivas para habitações unifamiliares

e de interesse social. Vale salientar que, apesar deste não ser o uso deste estudo,

as soluções podem ser adaptadas para se adequarem a ele.

De acordo com a norma (Figura 43), a cidade de Natal/RN está inserida na

Zona Bioclimática 8, que se destaca pela presença de temperaturas elevadas, com

alta incidência solar. As estratégias indicadas pela norma compreende a utilização

de paredes leves e refletoras, aberturas grandes e sombreadas e a ventilação

cruzada. Porém a NBR também destaca que o condicionamento passivo é

insuficiente nas horas mais quentes.

Figura 43: Zona Bioclimática 08.

Fonte: NBR 15.220/3 (2003).

76

4.2.6. NBR 5413 – Iluminância de Interiores

A NBR 5413 estabelece os valores de iluminância médias mínimas para

iluminação artificial de acordo com as atividades e por classe de tarefas visuais. O

quadro 9, demonstra a iluminância por classe de atividades visuais, chamando a

atenção para o fato que, quanto maior o tempo de permanência do usuário no

ambiente e quanto mais difícil a atividade executada nele, melhor iluminado deve

ser o ambiente.

No caso do shopping center, deve-se atentar principalmente na iluminação

das lojas, de forma a evidenciar os produtos a venda, no coworking, na praça de

alimentação e nos ambientes da administração.

Quadro 9: Iluminância por classe de tarefas visuais

Fonte: NBR 5413 (1992).

4.2.7. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do RN

A portaria N°191/2013 instituí uma série de documentos que devem ser

analisados de acordo com a necessidade de cada projeto no tocante a segurança

contra incêndio e pânico. Para isso as edificações devem ser classificadas quanto

ao risco em relação a ocupação. No caso do estudo realizado neste trabalho, a

77

edificação se caracteriza no risco C3, correspondente ao uso comercial, do tipo

shopping center. Em relação a altura, o edifício se classifica como média altura, com

valores entre 6 e 12 metros.

Assim sendo, a norma recomenda as seguintes medidas de segurança:

• Saídas de emergência;

• Sinalização e iluminação de emergência;

• Extintores;

• Acesso da viatura a edificação;

• Segurança estrutural contra incêndio;

• Compartimentação horizontal e vertical;

• Controle de materiais de acabamentos;

• Plano de emergência;

• Brigada de incêndio;

• Detecção e alarme de incêndio;

• Hidrantes e mangotinhos;

De acordo com as informações fornecidas pelas normas, foi possível estimar

4 saídas de emergência em cada pavimento, com medidas mínimas de 1,20 metro,

totalizando pelo menos 9 metros por pavimento.

4.2.8. NBR 9050

A NBR 9050 “estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados

quando ao projeto, construção, instalação e edificação às condições de

acessibilidade” (ABNT, 2020).

Na elaboração do estudo preliminar do Shopping, foram levado em

consideração vãos maiores do que os mínimos definidos pela norma, de forma a

garantir o pleno acesso de todos os usuários em todas as rotas. Em relação as

rampas criadas para vencer os desníveis existentes no terreno, foi utilizado a

inclinação sugerida pela norma de 8,33%, com raio maior que 3 metros, no caso da

rampa curva. Além disso, foram empregados guarda-corpos em todas as escadas

e rampas, garantindo a acessibilidade. Por fim, foi adicionado em todos os blocos

de banheiros sanitários acessíveis, respeitando os 5% de sanitários acessíveis em

relação ao total.

78

4.3. CONDICIONANTES FÍSICAS

O terreno escolhido para a inserção do shopping center ocupa quase todo o

quarteirão (Figura 44), contendo aproximadamente 209.760m² e dispõe de acessos

pelas seis vias que o delimitam, sendo elas a marginal da BR 101, a R. Henrique

Santana, Av. Tropical, R. Mirasselvas, R. Ministro Miguel Fangundes e Av. Antoine

de Sain’t Exepéry.

Figura 44: Vista superior do terreno original

Fonte: Google Maps 2020. Captura de tela: 13.11.20.

Nota: Modificado pela autora.

Vale salientar que, apesar do projeto de um shopping center necessitar de

uma área extensa, o terreno possuía dimensões superiores as necessárias. Dessa

forma, o lote foi dividido em dois, com o prolongamento da R. Ministro Miguel Seabra

Fagundes (Figura 45 e 46), apresentando aproximadamente 84.000 m². O terreno

possui geometria irregular, com a testada principal com cerca de 305 metros de

comprimento, tangenciando a BR 101.

79

Figura 45: Terreno modificado pela autora

Fonte: Google Maps 2020. Captura de tela: 08.10.20.

Nota: Modificado pela autora.

Figura 46: R. Ministro Miguel Seabra Fagundes

Fonte: Acervo da autora, 2020.

Em relação a topografia, o terreno apresenta a inclinação de

aproximadamente 12 metros entre a R. Henrique Santana e a Av. Antoine de Saint

Exepéry, tendo o ápice do aclive no centro do lote, como é possível perceber na

figura 47.

80

Figura 47: Topografia do terreno

Fonte: Google Maps 2020. Captura de tela: 13.11.20.

Nota: Modificado pela autora.

A partir dessas informações foi elaborado uma maquete física esquemática

(figura 48 e 49), buscando encontrar a melhor solução que adequasse a topografia

do terreno existente as necessidades impostas pelo projeto. Com isso, foram

criados platores até a cota de nível 8 metros, uma vez que os outros 4 metros se

concentram numa pequena área, em que está inserida a edificação, como

demonstra os cortes (figura 50 e 51).

Figura 48: Maquete terreno 01

Fonte: Acervo da autora, 2020

Figura 49: Maquete terreno 02.

Fonte: Acervo da autora, 2020

81

Figura 50: Corte longitudinal do terreno

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 51: Corte transversal do terreno

Fonte: Elaborado pela autora.

Em relação a vegetação existente no terreno, pode se perceber através das

fotos 52, 53, 54, 55, 56 e 57, que apesar de em alguns pontos da testada da BR

101 apresentarem vegetação rasteira com poucas, árvores, a maior parte do terreno

é repleta de árvores de diversos portes, arbustos e vegetação rasteira.

Figura 52: Vista do terreno da esquina da BR 101 e da R. Henrique Santana

Fonte: Acervo da autora, 2020.

Figura 53: Vista do terreno da BR 101

Fonte: Acervo da autora, 2020.

82

Figura 54: Vista do terreno da BR 101

Fonte: Acervo da autora, 2020.

Figura 55: Vista do terreno da BR 101

Fonte: Acervo da autora, 2020.

Figura 56: Vista do Terreno da Av. Antoine de

Saint' Exupéry

Fonte: Acervo da autora, 2020.

Figura 57: Vista do terreno da R. Ministro Miguel Seabra Fagundes

Fonte: Acervo da autora, 2020.

4.4. CONDICIONANTES AMBIENTAIS

Conforme as informações supracitadas, o lote do projeto está inserido na

Zona Bioclimática 08, por isso é de suma importância atentar para a ventilação e

insolação incidentes no terreno, de forma a garantir o conforto dos usuários. Diante

disso, foram realizadas análises das condicionantes ambientais no terreno, como

mostra o esquema na figura 58.

83

Figura 58: Percurso aparente do sol ao longo do ano.

Fonte: Elaborada pela autora com base na carta solar de Natal/RN.

Para isso, realizou-se um estudo da insolação nas quatro testadas do

terreno, através da carta solar, nos períodos de solstício de inverno, equinócio e

solstício de verão.

Como mostra a figura 59, a fachada sudeste e nordeste recebem sol o ano

todo no período da manhã, enquanto a noroeste e a sudeste, tem a incidência dos

raios solares concentrado no período da tarde.

Figura 59: Máscara de sombra.

Fonte: Suntool.

Nota: Modificado por Lívia Mesquita e pela autora.

84

Essa análise mostra que se deve pensar em estratégias para diminuir a

incidência dos raios solares nas quatro fachadas, principalmente nas que recebem

a luz no período da tarde, como por exemplo brises, painéis vazados.

Em relação a ventilação, como é possível perceber através da rosa dos

ventos (figura 60), a ventilação predominante na cidade de Natal/RN, vem no

sentido sudeste, apresentando pequenas variações nas 4 estações do ano.

Figura 60: Rosa dos ventos Natal/RN

Fonte: Furtado (2019)

85

86

5. O PROCESSO PROJETUAL

Neste capítulo foram sintetizados algumas informações necessárias para iniciar

a elaboração da proposta, bem como demonstrar todo o processo evolutivo até a

elaboração do estudo final.

5.1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Apesar de se tratar de um shopping center, o empreendimento é classificado

como um shopping especializado com ênfase em atividades esportivas e de

entretenimento.

Ao propor essa tipologia de shopping center para a cidade de natal, buscou-

se um diferencial em relação aos empreendimentos já existentes, além de criar um

espaço em que as atividades realizadas dentro da edificação possam se integrar

com as externas, criando uma maior relação com o entorno.

5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Como a bibliografia a respeito da arquitetura de shopping center é escassa,

o programa de necessidade e pré-dimensionamento (Quadro 10, 11, 12, 13, 14, 15

e 16) foram construídos com bases nas informações obtidas através dos estudos

de referências diretos e da experiência de trabalho em shopping center, das aulas

sobre o tema e pela pesquisa coordenada pela Prof. Dra Glauce Lilian Alves de

Albuquerque, orientadora deste trabalho.

Quadro 10: Pré-dimensionamento Mall Tradicional

MA

LL

TR

AD

ICIO

NA

L AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)

Lojas Âncoras 2 1.000 2.000

Lojas Satélites 20 40 800

Terminal de ônibus

1 100 100

Coworking 5 25 125

Praça de eventos 1 500 500

87

Sanitários Masc. e Femin.

12 40 480

Sanitários família 3 25 75

Fraldário 3 15 45

Caixas eletrônicos 1 20 20

Recepção e concierge

1 20 20

Total Parcial (m²) 4.165

Fonte: Elaborado pela autora.

Quadro 11: Pré-dimensionamento lazer, esporte e entretenimento

LA

ZE

R,

ES

PO

RT

E E

EN

TR

ET

EN

IME

NT

O AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)

Boliche 1 300 300

Pista de patinação 1 500 500

Jogos virtuais 2 100 200

Cinema 5 250 1.250

Boate 1 200 200

Teatro 1 1.500 1.500

Playground 2 500 1.000

Paintball 1 200 200

Academia 1 800 800

Pista de Skate 1 500 500

Total Parcial (m²) 6.450

Fonte: Elaborado pela autora.

Quadro 12: Pré-dimensionamento Alimentação

AL

IME

NT

ÃO

AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)

Restaurantes 2 500 1.000

Lojas alimentação 20 40 800

Praça de alimentação

1 600 600

Total Parcial (m²) 2.400

Fonte: Elaborado pela autora.

88

Quadro 13: Pré-dimensionamento Serviço e Apoio

SE

RV

IÇO

E A

PO

IO

AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)

Gerador 1 12 12

Casa de bombas 1 30 30

Quadros elétricos 1 20 20

Casa de máquinas 1 120 120

Depósito de lixo reciclável

1 35 35

Depósito de lixo descartável

1 35 35

Controle de recebimento

1 15 15

Carga e descarga 1 800 800

Segurança 1 20 20

Corpo de bombeiro

1 35 35

Manutenção 1 60 60

Refeitório 1 30 30

Depósito das lojas 50 35 1.750

Almoxarifado 1 40 40

Vestiário e banheiros

6 30 180

DML 1 40 40

Descanso de funcionários

2 15 30

Total Parcial (m²) 3.252

Fonte: Elaborado pela autora.

Quadro 14: Pré-dimensionamento Administração

AD

MIN

IST

RA

ÇÃ

O AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²) ÁREA TOTAL (m²)

Gerência 1 30 30

Recepção e pabx 1 12 12

Secretaria 1 20 20

Comercial 1 30 30

Marketing 1 30 30

89

Financeiro 1 30 30

Rec. Humanos 1 30 30

Mini auditório 1 50 50

Sala de reunião 2 20 40

Arquivo morto 1 20 20

Total Parcial (m²) 292

Fonte: Elaborado pela autora.

Quadro 15: Pré-dimensionamento Estacionamento

ES

TA

CIO

NA

ME

NT

O AMBIENTE QUANT. PRÉ-DIMENS. (m²)

ÁREA TOTAL (m²)

Estacionamento carros 1.000 12,5 12.500

Estacionamento motos 300 2 600

Taxi 20 12,5 250

Bicicletário 2 30 60

Total Parcial (m²) 13.410

Fonte: Elaborado pela autora.

Quadro 16: Pré-dimensionamento final

CA

MIN

HO

DA

S D

UN

AS

SETOR ÁREA

PARCIAL (m²) ÁREA COM 30% DE CIRCULAÇÃO (m²)

Mall Tradicional 4.165 5.414,5

Lazer, esporte e entret. 6.450 8.385

Alimentação 2.400 3.120

Serviço e apoio 3.252 4.227,6

Administração 292 379,6

Estacionamento 13.410 17.433

ÁREA TOTAL (m²) 38.959,7

Fonte: Elaborado pela autora.

90

5.3. CONCEITO E PARTIDO

Intenciona-se agregar ao projeto elementos como a flexibilidade, a

permeabilidade visual, o fluxo de pessoas, a relação com o entorno, a adoção de

uma boa luz natural, a vegetação, o conforto térmico e acústico. Nesse sentido,

encontramos na figura da praça a imagem conceitual que congrega todos esses

aspectos buscados para a proposta do shopping.

Conceitualmente a “praça” tem várias definições, sendo apropriada de

diversas formas por culturas diferentes. Aqui se destaca a capacidade de permitir

diversos usos e atividades, por funcionar como ponto de encontro e de lazer,

gerando o fluxo de pessoas, mas também estabelecendo relação com o entorno,

pela presença da luz natural e da permeabilidade visual, horas obstruída pela

presença da vegetação ou de construções e que, se bem projetada, pode trazer

conforto aos usuários.

Robba e Macedo (2003, apud DEGREAS, 2010) afirmam que as “praças

desempenham um papel importantíssimo para o desenvolvimento das relações

sociais da população e para a construção da esfera de vida pública”. O site Galeria

da Arquitetura9 destaca que as praças são destinadas às atividades recreativas, de

lazer e convivência, sempre associada à acessibilidade pública. Ademais, Tagliani

(2017) define praça como:

Praça é um elemento exclusivamente urbano. É local de presença humana confirmada. Local onde devem ocorrer os mais importantes eventos sociais, as atividades comunitárias e de lazer, de vital importância para uma cidade e seus cidadãos. Praça deve ser um ponto de encontro e de trânsito, livre de veículos. E o paisagismo – que é uma das áreas da Arquitetura e Urbanismo – visa planejar, justamente, espaços como esse, onde há a interação máxima das pessoas com o meio externo, de uso coletivo. (TAGLIANI, 2017, https://www.blogdaarquitetura.com/como-surgiram-as-pracas-e-duas-diferentes-funcoes-sociais-ao-longo-da-historia/)

Dessa forma, se reafirma que, o entendimento do conceito de uma praça, no

sentido mais amplo do termo, norteará os princípios projetuais do estudo preliminar

do shopping. A praça sintetiza as características necessárias para a elaboração

9 Disponível em: < https://www.blogdaarquitetura.com/como-surgiram-as-pracas-e-duas-diferentes-

funcoes-sociais-ao-longo-da-historia/>. Acessado em: 15 de março de 2020.

91

projetual do edifício proposto. Portanto, adoção do conceito de praça contribuirá

para a criação de espaços de entretenimento, lazer e esporte, além de estabelecer

uma integração harmônica e humanizada do empreendimento com o entorno.

Seguindo nesse raciocínio, o conceito escolhido se materializa também no

partido adotado. Para o partido formal, optou-se por inserir a praça no arranjo

projetual. Inicialmente, como mostra a figura 61, o partido consistia em posicionar a

edificação nos fundos do lote, deixando a frente do terreno destinada para uma

grande praça que possibilitaria a integração da calçada com o empreendimento. A

praça estaria inserida como elemento externo.

Figura 61: Partido inicial

Fonte: Elaborado pela autora

Com o objetivo de fazer a integração de forma mais efetiva com o

empreendimento e com o entorno, a praça passou a ser inserida na edificação, de

modo que a construção seria locada no meio do terreno, com os pavimentos

superiores recuados em relação aos inferiores (Figura 62), criando espaços que

funcionariam como continuidade à praça localizada na parte central do shopping.

Essa decisão aumentaria a possibilidade de usos, com a adoção de espaços

abertos e espaços fechados.

92

Figura 62: Evolução do partido

Fonte: Elaborado pela autora

Vale salientar que os estudos do partido demonstrados acima, foram

pensados para a opção 01 de terreno, que apresentava dimensões inferiores ao lote

atual. Com isso, ao analisar o novo local de intervenção, estabeleceu-se o partido

final, que consiste na união de três blocos rotacionados interligados, criando a forma

semelhante a letra “N” (Figura 63), integrando de forma mais concisa os ambientes

internos e externos.

Figura 63: Partido final

Fonte: Elaborado pela autora

93

5.4. ESTUDOS DA FORMA E VOLUMETRIA

Como foi mencionado anteriormente, a forma da edificação buscava criar

praças e integrar os ambientes internos e externos. Inicialmente, ainda na primeira

opção de terreno, buscou-se atingir o objetivo através de mini praças criadas

através da desconexão entre os pavimentos. A partir disso, surgiram as 4 primeiras

opções (Figura 64, 65, 66 e 67), que foram descartadas por não apresentarem a

estética desejada.

Figura 64: Estudo da volumetria 01

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 65: Estudo da volumetria 02

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 66: Estudo da volumetria 03

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 67: Estudo da volumetria 04

Fonte: Elaborado pela autora.

Tentando chegar a uma forma esteticamente agradável, seguiu-se o mesmo

princípio, com os pavimentos mais orgânicos e diferentes. Apesar da solução ter

agradado (Figura 68 e 69), pela limitação do tamanho do terreno, era inviável a

mínima compatibilização dos andares, impossibilitando as circulações verticais e a

94

manter os banheiros no mesmo alinhamento, o que tornaria possível o

aproveitamento das instalações sanitárias.

Figura 68: Estudo da volumetria 05

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 69: Estudo da volumetria 06

Fonte: Elaborado pela autora.

Juntando esses fatores com a percepção de impossibilidade do terreno de

comportar um empreendimento deste porte devido as prescrições urbanísticas

estabelecidas pelo plano diretor da cidade de natal, mudou o lote para a terceira

opção, apresentada anteriormente, onde foram realizados novos estudos da

volumetria (Figura 70, 71, 72 e 73), a partir da ideia de ter uma parte da praça

“abraçada” pelo edifício. Foi a partir do estudo da volumetria número 9 e 10, que foi

desenvolvida a forma final, que será explanada no capítulo 6.

Figura 70: Estudo da volumetria 07

Fonte: Elaborado pela autora.

95

Figura 71: Estudo da volumetria 08

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 72: Estudo da volumetria 09

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 73: Estudo da volumetria 10

Fonte: Elaborado pela autora.

É importante ressaltar que apesar do terreno está representado de forma

plana, os primeiros estudos consideraram a topografia do lote, uma vez que a parte

da volumetria retratada na cor vermelha, estaria no subsolo.

96

5.5. CROQUIS E EVOLUÇÃO PROJETO

Assim como ocorreu na evolução da volumetria, a proposta projetual também

passou por várias etapas até se configurar no estudo final. Nos primeiros estudos

do terreno (Figura 74), como já foi mencionado anteriormente, optou-se pela

proposta de prolongamento da Rua Ministro Miguel Seabra Fagundes, recortando

o lote em dois. No tocante as edificações existentes no quarteirão, optou por mantê-

las, uma vez que o espaço restante apresenta área suficiente para inserção da

proposta.

Figura 74: Primeiros estudos

Fonte: Elaborado pela autora.

Nos estudos da edificação, pensou-se no formato retangular, com uma praça

interna (Figura 75, 76), evoluindo para pequenas praças distribuídas pelos 4

pavimentos, com acesso da carga e descarga ocorrendo pela rua Henrique Santana

e o de veículos pela Av. Antoine de Saint’ Exupéry.

97

Figura 75: Evolução da proposta 01

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 76: Evolução da proposta 02

Fonte: Elaborado pela autora.

98

A partir das decisões dos acessos e da evolução da volumetria, como foi

supracitado no tópico anterior, foi possível chegar nas primeiras análises de

zoneamento (Figura 77), onde os equipamentos externos de forma a deixar apenas

o lado esquerdo do terreno para veículos, sendo a maior parte da área de uso

exclusivo para pedestres.

Figura 77: Evolução da proposta 03

Fonte: Elaborado pela autora.

Porém essa proposta se mostrou insatisfatória devido a entrada de veículos

está situada na via após o empreendimento, uma vez que a marginal da BR 101 só

possui um sentido, além de que as edificações existentes poderiam confundir o

entendimento do motorista em relação ao acesso. Outro fator relevante foi o

posicionamento do Kart no tocante a acústica, por ser um uso que tem uma alta

emissão de ruídos, o ideal seria que ele ficasse situado mais ao fundo do lote.

Em relação a disposição interna da edificação, inicialmente as áreas locáveis

do shopping era dividido em três pavimentos, com mostram as figuras 78, 79 e 80.

As circulações seguiram as inclinações das paredes externas. O empreendimento

possuía duas praças de eventos, sendo uma no pavimento térreo e a outra no

segundo pavimento. No terceiro pavimento ficava situada a praça de alimentação,

com o acesso ao solário e cobertura verde.

99

Figura 78: Evolução interna da proposta 01

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 79: Evolução interna da proposta 02

Fonte: Elaborado pela autora.

100

Figura 80: Evolução interna da proposta 03

Fonte: Elaborado pela autora.

Essa proposta começou a ser desenvolvida através da distribuição dos

ambientes, com algumas alterações no Mall (figura 81, 82 e 83). Porém, foi a partir

disso, que se começou a perceber alguns problemas. A somatória dos três

pavimentos do shopping, superava e muito a área prevista no pré-

dimensionamento.

Figura 81: Evolução da proposta interna 04

Fonte: Elaborado pela autora.

101

Outro fator relevante considerado, foi a definição do estacionamento. Como

já foi mencionado, o Código de Obras da cidade de Natal/RN, recomenda para o

uso de shopping center, uma vaga a cada 20m² construído. Com isso, seria

imprescindível prever uma área muito maior do que o destinado para comportar as

vagas necessárias.

Figura 82: Evolução da proposta interna 05

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 83: Evolução interna da proposta 06

Fonte: Elaborado pela autora.

102

Com base nessas informações, foi elaborado uma nova proposta. O

zoneamento está dividido em dois níveis, considerando o desnível do terreno. Na

figura 84, é demonstrado as atividades inseridas no nível mais baixo do lote, onde

está inserido o estacionamento, a área técnica e de serviço e as atividades externas

de baixo impacto.

Figura 84: Zoneamento nível 01

Fonte: Elaborado pela autora.

O zoneamento do segundo nível (Figura 85) segue as mesmas premissas

apresentadas no nível 01, com as atividades de baixo impacto tanto internas quanto

externas situadas no lado direito do lote e as de alto impacto do lado direito. Para

unir as duas áreas, foi inserido o setor de alimentação no meio da edificação.

O zoneamento seguiu esse princípio buscando agrupar os usos que

apresentassem as mesmas características acústicas, de forma a facilitar o

tratamento dos ambientes, porém também levou em consideração as atividades,

concentrando os esportes radicais todos do lado esquerdo do terreno.

103

Figura 85: Zoneamento nível 02

Fonte: Elaborado pela autora.

Em relação aos fluxos (Figura 86), o acesso de serviço, carga e descarga foi

mantido pela rua Henrique Santana, porém o acesso de veículos ao estacionamento

também ficou por esta via, diminuindo mais ainda a circulação de carros pelo lote,

privilegiando o pedestre que pode acessar o empreendimento pela rua Henrique

Santana, pela BR 101 e pela Av. Antoine de Saint’ Exupéry.

Figura 86: Esquema dos fluxos no lote

Fonte: Elaborado pela autora.

104

105

6. MEMORIAL DESCRITIVO

Com base nas informações, nas análises e nos condicionantes apresentados

acima, este capítulo apresenta um copilado das soluções finais empregadas,

destacando as configurações funcionais e as estratégias de conforto ambiental e

estruturais.

Além disso, para o nome do empreendimento, foi apontado Parque Shopping

Caminho das Dunas, uma singela homenagem aos avôs da autora, que faleceram

durante a execução deste trabalho, na pandemia do Covid 19. Por isso, o nome

caminho foi formado através da junção dos sobrenomes Campos e Marinho, já a

palavra dunas, traz uma característica marcante da cidade de Natal.

6.1. INSERÇÃO URBANÍSTICA

A proposta desenvolvida no estudo preliminar do Parque Shopping Caminho

das Dunas busca criar um empreendimento que possa agregar ao entorno, criando

um espaço onde a população possa se divertir, praticar esportes, relaxar e socializar

em um só lugar.

Tirando proveito da topografia, a edificação conta com 3 pavimentos no nível

mais baixo do terreno, atingindo o gabarito de 18,52 metros e apenas 1 no nível

mais alto do lote, com a altura de 11,42 metros. No tocante as prescrições

urbanísticas, observa as informações contempladas no quadro 17 a seguir.

Quadro 17: Prescrições urbanísticas.

Prescrições Urbanísticas Parque Shopping

Área do Terreno 83.976,03 m²

Área Construída 88.451,89 m²

Taxa de Ocupação 39%

Área Impermeável 61.115,57 m²

Área Permeável 22.860,46 m²

Fonte: Elaborado pela autora.

106

O empreendimento possui três acessos de veículos, sendo o de veículos e o

da carga e descarga pela rua Henrique Santana e o de taxi e embarque e

desembarque pela marginal da BR 101. O acesso de pedestre se ocorre pelas três

principais vias, a BR 101, a Rua Henrique Santana e a Av. Antoine de Saint’

Exupéry.

Os elementos que compõem a implantação estão distribuídos de tal forma

(Figura 87): 1. Terminal de ônibus; 2. Embarque e desembarque com apoio para

taxi; 3. Playground; 4. Pista de skate; 5. Pista de patinação; 6. Tirolesa; 7. Escalada;

8. WC; 9. Arvorismo e horta; 10. Kart. 11. Quadra de beach tennis; 12. Rampa de

acesso a cobertura; 13. Edificação principal; 14. Castelo d’água; 15. Edificação

serviço e apoio; 16. Edificação administração; 17. Estacionamento ônibus; 18.

Bicicletário; 19. Espaço pet.

Figura 87: Implantação

Fonte: Elaborado pela autora.

107

6.2. SOLUÇÕES FUNCIONAIS

Como foi supracitado, a disposição dos ambientes em planta levou em

consideração as características acústicas dos usos, bem como pelas semelhanças

entre as atividades. Diante disso, o pavimento térreo, como demonstra a figura 88,

contém o setor de apoio e serviço (Figura 89), administração (Figura 90) e

estacionamento.

Figura 88: Planta baixa térreo

Fonte: Elaborado pela autora.

108

Figura 89: Planta baixa edificação serviço e apoio

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 90: Planta baixa edificação administração

Fonte: Elaborado pela autora.

109

Salienta-se que todos os ambientes de permanência do apoio e serviço foram

pensados de forma a permitir o acesso a ventilação natural, uma vez que a

pandemia do Covid 19 intensificou mais ainda a necessidade da trocar de ar dos

ambientes internos.

O segundo pavimento (figura 91) ficou reservado apenas para a continuação

do estacionamento e as circulações verticais. Devido ao porte do empreendimento,

era necessárias 1609 vagas de estacionamento, de acordo com as informações

fornecidas no código de obras em que deveria contabilizar uma vaga a cada 20m²

de área construída. Porém, como o shopping apresenta diversas atividades

externas, foi considerado 25% a mais de vagas para atender a esse público. Com

isso, o estacionamento possui 1803 vagas para carros e 382 vagas para motos,

sendo reservada 5% aos idosos e 2% aos portadores de deficiência física.

Figura 91: Planta baixa 2° pavimento

Fonte: Elaborado pela autora.

110

No terceiro pavimento (Figura 92) ficou concentrado o Parque Shopping. No

lado direito da planta baixa ficaram concentrado os usos que necessitam de um

maior isolamento acústico pata garantir um bom funcionamento, como é o caso do

teatro, cinema e coworking.

No meio estão concentrados os serviços de alimentação, como a praça de

alimentação e os restaurantes, que se expandem até a praça interna, possuindo um

bistrô no centro e três lojas de alimentação. Vale salientar que para a definição da

área da praça de alimentação, foram considerados 40% da área das lojas de

alimentação.

Do lado esquerdo da planta baixa estão inserido os usos que mais geram

ruídos ou que estão relacionados aos esportes. Os acessos se dão através da

escada e elevadores provenientes dos dois andares inferiores de estacionamento e

pela praça de eventos, que está conectada com a praça externa.

Figura 92: Planta baixa 3° pavimento.

Fonte: Elaborado pela autora.

111

Buscando tornar os malls mais agradáveis e aconchegantes, foram inseridas

pequenas ilhas com vegetação nos corredores mais extensos, criando espaços de

descanso, permanência e de interação entre os clientes. Para tornar o espaço mais

agradável e aconchegante, bem como integrar melhor os espaços externos e

internos, foi criada uma praça interna: um ambiente aberto, com ventilação natural,

destacando-se totalmente dos ambientes popularmente conhecidos dos Shoppings

Centers.

A ideia era que todos os ambientes fossem integrados. Dessa forma a

cobertura precisava apresentar um uso diferenciado, que atraísse a atenção dos

clientes. Partindo desse pressuposto, criou-se uma grande rampa, respeitando a

NBR 9050, ligando o terceiro nível do térreo à cobertura, onde os transeuntes têm

acesso a horta e sua loja, a saída da tirolesa e a escalada. O ambiente também

funciona como um mirante, com bancos e mesas com guarda-sóis para a

permanência dos usuários. Por fim, a cobertura está dividida em 4 zonas (Figura

93), sendo elas: 1. Atividades aberta ao público; 2. Cobertura em telha fibrocimento;

3. Cobertura da praça interna e 4. Área de resgate.

É importante ressaltar que, apesar de ter uma área destinada a horta na

implantação junto ao arvorismo, este espaço é para árvores e arbustos de médio e

grande porte, enquanto na cobertura a horta é destinada aos vegetais e plantas de

pequeno porte. Porém, a comercialização dos produtos produzidos nas duas hortas

é feita pela loja situada na cobertura.

Em relação a cobertura da praça interna, foi proposto uma grelha em

madeira, fixada nas paredes laterais, onde alguns quadrados são abertos,

permitindo a entrada da luz e ventilação natural, e outros fechados, criando

pequenas áreas sombreadas e protegidas da chuva. Além disso, as paredes que

limitam a cobertura de madeira também são responsáveis por criar sombras,

tornando a praça interna mais agradável.

112

Figura 93: Cobertura.

Fonte: Elaborado pela autora.

6.3. TEATRO E CINEMA

Para a delimitação dos ambientes do teatro e do cinema, foi utilizado como

base as informação e dimensões fornecidas por Neufert (2015). Com base nisso,

têm-se o palco tradicional, com dimensões maiores que 200m². Além disso, o

restante do ambiente segue as recomendações, como mostra a figura 94:

• O palco está elevado 60 centímetros em relação ao piso;

• A primeira fileira está afastada 1,5 metros do palco;

• A cada fileira de 1 metro, eleva 6 centímetros, respeitando a elevação

máxima de 10 graus, não sendo necessário a obtenção de degraus.

113

Figura 94: Escalonamento Plateia

Neufert (2015)

As recomendações de Neufert (2015) no tocante ao cinema, são

semelhantes ao teatro, como mostra a figura 95. Com isso, emprega-se:

• Tela afastada 1,20 metros da parede;

• Distância da tela para a primeira fileira equivalente a 75% do pé direito,

totalizando 5,90 metros;

• Fileiras afastadas 1,20 metros, com desnível de 30 centímetros entre elas.

Figura 95: Corte longitudinal cinema

Neufert (2015)

6.4. ESTRUTURA DA EDIFICAÇÃO E MATERIAIS

Ao realizar uma proposta para um shopping center, deve-se pensar em uma

solução que permita grandes vãos, por isso foi utilizado o concreto armado

114

protendido. Com isso, a modulação utilizada foi de 2 metros, com os pilares

posicionados a cada 10 metros no sentido longitudinal e 12 metros no transversal.

A malha da modulação se tornou um desafio devido a inclinação das

paredes. Inicialmente foi pensado em seguir a inclinação das paredes, porém essa

solução criou um problema com a sobreposição da malha, como mostra a figura 96.

Figura 96: Malha de modulação inclinada

Fonte: Elaborado pela autora.

Diante disso, em orientação com o professor Petrus Nobrega, responsável

pelas disciplinas na área de estrutura, chegou-se à solução de utilizar a malha

ortogonal (Figura 97), deixando a laje em balanço nas paredes inclinadas que não

se encaixam na malha.

Figura 97: Malha da modulação ortogonal

Fonte: Elaborado pela autora.

115

No tocante ao sistema utilizado na vedação (Figura 98, 99 e 100), no caso

das paredes externas e das que delimitam as circulações verticais foi empregado o

concreto, porém nas divisórias internas foi usado drywall W115 e W116 da marca

Knauf, que apresenta um isolamento acústico e resistência ao fogo.

Figura 98: Planta de estrutura das paredes - Térreo

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 99: Planta de estrutura das paredes - 2° pavimento

Fonte: Elaborado pela autora.

116

Figura 100: Planta de estrutura das paredes - 3° pavimento

Fonte: Elaborado pela autora.

Em relação aos revestimentos utilizados na fachada (Figura 101), utilizou-se

painel vazado em madeira, cobrindo a parede pintada em tinta branca e o vidro. Os

pilares que sobressaltam a edificação também são revestidos em madeira. Vale

salientar que apenas as paredes situadas próximas ao acesso principal, não

possuem o painel vazado, porém a própria forma auxilia no sombreamento dessas

regiões.

Figura 101: Fachada

Fonte: Elaborado pela autora.

117

6.5. SOLUÇÕES DE CONFORTO AMBIENTAL

Como foi supracitado, o conforto ambiental possui três vertentes, sendo elas

o conforto térmico, luminoso e acústico. Porém, muitas vezes as melhores soluções

para atender a cada um deles são contraditórias, sendo necessário ponderá-las de

forma a garantir a criação de um ambiente mais agradável aos usuários, garantindo

o seu bem estar.

Diante disso, optou-se por utilizar o mall fechado devido a maior facilidade

do controle acústico. Além disso, como foi citado anteriormente no tópico de

condicionantes ambientais, no clima da cidade de Natal, não é possível atingir o

conforto térmico apenas com o condicionamento passivo, sendo necessário a

integração com a climatização artificial nos horários mais quentes do dia.

Porém, a implantação dos ambientes da administração, apoio e serviço que

são de permanência de pessoas, foi norteada a partir da intenção de garantir o

acesso a ventilação natural. Assim sendo, estes espaços foram locados em uma

edificação separada, de forma a garantir que todos possuíssem aberturas para o

exterior, comprovada através de estudos desenvolvidos no programa Flow Design

(figura 102).

Figura 102: Estudo de ventilação no terreno

Fonte: Elaborado pela autora.

118

O zoneamento externo e interno foi elaborado com base em preceitos da

acústica, sendo agrupadas as atividades que apresentavam as mesmas

características no tocante a geração de ruídos e a necessidade de isolamento.

Dessa forma, referente aos espaços internos à edificação, o teatro, o cinema

e o coworking, que necessitam de um maior controle dos ruídos gerados para que

suas atividades possam ser realizadas de forma satisfatória, foram concentrados no

lado direito da construção.

Enquanto isso, a praça de alimentação e restaurantes são responsáveis por

uma alta emissão de ruídos, sendo necessário garantir o condicionamento acústico

desses ambientes, uma vez que o alto tempo de reverberação torna o ambiente

desconfortável e dificulta a compreensão da fala dos usuários. Atrelado a estes

usos, têm-se as atividades referentes a esportes e a lazer, como o playground, o

espaço kids, boliche e boate, que também geram uma quantidade significativa de

sons indesejáveis. Por esse motivo, os ambientes relacionados à alimentação foram

inseridos no centro do prédio e, os referentes a esporte e lazer, no lado esquerdo.

No tocante aos usos externos ao edifício, identificou-se que todos são

caracterizados pela alta emissão de ruídos. À vista disso, concentrou-se, no lado

direito do lote, espaços de convivência e permanência, espaço pet e playground.

Vale salientar que, os sons provenientes dos animais e das crianças brincando

também devem ser considerados, porém torna-se mais conveniente a permanência

dos pais e donos dos animais.

No lato esquerdo do terreno ficaram situadas as atividades ruidosas

referentes a esporte e lazer, como por exemplo o karte, a pista de skate, a tirolesa

e o arvorismo.

Além do zoneamento com base na acústica, foram pensadas soluções que

pudessem garantir o conforto acústico dos usuários. Para isso, buscou-se um

sistema de vedação das paredes internas que pudessem atender aos requisitos de

segurança contra incêndio, mas que, ao mesmo tempo, proporcionassem um

isolamento acústico satisfatório.

Assim sendo, optou-se por utilizar as paredes internas em dois sistemas

drywall com isolamento acústico da marca Knauf, W115 e W116. O primeiro se

destaca pelo ótimo desempenho acústico e mecânico, isolando até 62 dB e

possuindo resistência ao fogo de até 120 min. Para os ambientes molhados, foi

119

necessário prever um sistema de vedação que, além dos pré-requisitos já

apresentados, permitisse a passagem de tubulações com grandes diâmetros. Para

isso, foi utilizado o drywal W116, que possui isolamento e até 57dB e também possui

resistência ao fogo de até 120 minutos.

Para melhorar o condicionamento, foi empregado forro absorvente em todo

o shopping, com o objetivo de diminuir o tempo de reverberação dos ambientes.

Vale salientar que é necessário um estudo posterior para a obtenção do tempo de

reverberação de cada ambiente isolado, onde poderá será determinado a utilização

de outros materiais absorventes, visando atingir o tempo ideal de reverberação de

acordo com o uso.

É importante destacar que, de acordo com Florêncio (2018), o terreno já

apresentava antes da inserção do Parque Shopping, em praticamente toda a sua

extensão, o ruído de fundo mais elevado do que os 55dB permitidos pela norma

NBR 10151 (Figura 103).

Figura 103: Mapa acústico de Natal/RN

Fonte: Florêncio, 2018.

Nota: Modificado pela autora.

Diante disso, buscando diminuir o ruído de fundo existente provindo do fluxo

intenso de veículos automotores da BR 101, bem como para impedir que os ruídos

120

gerados pelo empreendimento provoquem incômodos no entorno, foi utilizado como

grade, uma barreira acústica (Figura 104) que, apesar de diminuir a pressão sonora,

não se caracteriza como uma barreira visual, uma vez que não impede a visão do

transeunte.

Figura 104: Barreira acústica utilizada como grade.

Fonte: Portal Acústica, 2020.

Para o cálculo do isolamento da barreira acústica, deve levar em

consideração a altura efetiva da barreira e a angulação da sombra acústica. Porém,

como base na figura 105, utilizou-se a barreira com altura de pelo menos 4 metros,

atingindo o isolamento de aproximadamente 14dB.

Figura 105: Gráfico de isolamento da barreira acústica

Fonte: Araújo, 2018.

Buscando realizar o aproveitamento da luz natural no interior do edifício, foi

utilizado o vidro em algumas partes da fachada, porém, foi previsto um painel de

madeira vazado, diminuindo a incidência dos raios solares diretos, mas deixando a

121

luz indireta entrar no ambiente. Também foi utilizado claraboias na cobertura,

trazendo a luz natural para o mall. Além disso, a vegetação existente na implantação

cria sombra na fachada, diminuindo a incidência direta da luz solar.

Vale enfatizar que, apesar dessas soluções favorecerem o conforto

luminoso, deve-se atentar para o ganho térmico através da cobertura e das

fachadas.

Apesar do Shopping apresentar mall fechado, a inserção das atividades ao

ar livre, bem como a praça interna, possibilita aos usuários desfrutarem da

ventilação e da iluminação natural. No caso da área externa, buscou-se o uso

intensivo da vegetação, de forma a criar áreas protegidas da incidência direta da luz

solar. Já na praça interna, além da vegetação, foi proposto a cobertura em madeira

em formato de grelha, que através da distribuição dos quadrados vazios e

preenchidos, cria áreas sombreada, mas permitindo a circulação da ventilação

natural.

6.6. CASTELO DÁGUA

Pela dimensão do empreendimento, foi proposto um castelo d’água contendo

o reservatório inferior e superior, dimensionado de acordo Carvalho Júnior (2013),

onde o consumo diário deve ser calculado multiplicando a população que ocupará

a edificação pelo consumo per capita.

Para isso, o cálculo da população é feito de acordo com a natureza do local.

No caso do shopping center, deve ser considerado 1 pessoa a cada 5m² de área

construída, totalizando 17.688 pessoas, com o consumo de 50 litros de água por

dia, resultando o consumo diário de 918.690 litros.

Para a área externa foi considerado o uso de jardim, em que deve ser

calculado 1,5 litros por metro quadrado, determinando o valor de 34.290 litros por

dia.

Diante disso, Carvalho Júnior (2013) recomenda que o reservatório possua

água necessária para o consumo de dois dias, atingindo o valor de 1.837.380 litros,

acrescido de 20% destinado para a reserva de incêndio. Com base nesses fatores,

o castelo d’água apresenta o volume final de 2.021.118 litros.

122

6.7. PERSPECTIVAS

A junção de todas as informações apresentadas anteriormente resultou na

solução formal apresentadas através das perspectivas renderizadas, como é

possível visualizar nas figuras 106 a 121.

Figura 106: Perspectiva externa da edificação, vista da BR 101

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

Figura 107: Espaço Pet.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

123

Figura 108: Playground.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

Figura 109: Área externa 01.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

124

Figura 110: Área externa 02.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

Figura 111: Acesso principal pedestre.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

125

Figura 112: Área externa 03.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

Figura 113: Escalada.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

126

Figura 114: Tirolesa.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

Figura 115: Arvorismo.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

127

Figura 116: Kart.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

Figura 117: Área externa 04.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

128

Figura 118: Acesso a cobertura.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

Figura 119: Horta na cobertura.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

129

Figura 120: Cobertura aberta ao público.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

Figura 121: Praça interna.

Fonte: Renderização por Pixel a Pixel, 2020

130

131

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base em todas as informações e discussões levantadas na elaboração

deste Trabalho Final da Graduação e da tendência de renovação dos shoppings

centers, surgiu a proposta de um Parque Shopping com ênfase em atividades

esportivas e de entretenimento em Natal/RN. Motivado pelas questões de conforto

ambiental e da relação do edifício com o entorno, o estudo preliminar ora proposto,

buscou criar um empreendimento comercial que funcionasse como um polo de

atividades esportivas e de entretenimento, que proporcionasse conforto e bem estar

aos usuários. Diante dessa perspectiva, as soluções abarcaram os aspectos relativo

à tipologia de Shopping Center, ao conforto ambiental, aos sistemas e materiais

construtivos e a integração com o entorno.

A ideia central da proposta foi desenvolvida a partir da grande praça externa

e do espaço mais reservado e aconchegante, criado através da praça interna. Com

isso, criou-se um empreendimento que, apesar de apresentar o mall fechado, se

integra de forma orgânica com o entorno, sem deixar de lado as questões de

conforto. Dessa forma, o presente trabalho atingiu os objetivos traçados no início

dos estudos.

O grande desafio encontrado no desenvolvimento do trabalho, além da

complexidade que o estudo preliminar de um Shopping Center apresenta por si só,

está no tocante ao porte da edificação, em contrapartida ao tempo limitado para o

desenvolvimento do Trabalho Final da Graduação. Neste contexto, é importante

ressaltar que várias das soluções apresentadas necessitam de estudos

complementares a serem desenvolvidos posteriormente, podendo acarretar ajustes

na forma e na estrutura.

Por fim, acredita-se que essa discussão foi relevante por trazer a reflexão da

necessidade de reinvenção dos centros de compras, de propor espaços que

considerem o bem estar dos usuários e que se tornem ambientes de permanência

e lazer, ao invés de só estimular a compra por impulso. Além disso, o trabalho

desenvolvido também considera as necessidades emergentes através da pandemia

do COVID-19, ao criar espaços de esportes e lazer ao ar livre, com a inserção da

praça interna e por proporcionar que os espaços de permanência dos setores de

apoio, serviço e administração tenham acesso a ventilação natural.

132

Espera-se com isso, ter contribuído para estudos relativos a esse tema e ter

despertado interesse de outros alunos desenvolverem trabalhos voltados para

arquitetura comercial.

133

134

REFERÊNCIAS

ABREU, Wagner Gomes de. Identificação de práticas sustentáveis aplicadas

às edificações. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2012.

ALVES, Suzana. Ambientes restauradores. CAVALCANTE, Sylvia; ELALI, Gleice V.

A. Temas básicos em Psicologia Ambiental. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2017. 318

p.

ANDRADE, Paula. Shoppings investem em espaços família. 2019. Disponível

em: <https://revistashoppingcenters.com.br/gestao-e-operacao/shoppings-

investem-em-espacos-familia/>. Acessado em: 02 de dezembro de 2019.

ANDRADE, Paula. Eventos nos estacionamentos de shoppings se multiplicam

e ajudam a ampliar fluxo e vendas. 2019. Disponível em:

<https://revistashoppingcenters.com.br/gestao-e-operacao/eventos-nos-

estacionamentos-de-shoppings-se-multiplicam-e-ajudam-a-ampliar-fluxo-e-

vendas/>. Acessado em: 02 de dezembro de 2019.

ANDRADE, Paula. Coworkings ganham cada vez mais espaço nos shopping

centers. 2019. Disponível em:

<https://revistashoppingcenters.com.br/inovacao/coworkings-ganham-cada-vez-

mais-espaco-nos-shopping-centers/>. Acessado em: 02 de dezembro de 2019.

ARAÚJO, Bianca. Material didático sobre isolamento acústico, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413: Iluminância de

interiores. Rio de Janeiro, 1992. 13 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 9050: Acessibilidade a

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.151: acústica -

avaliação do nível de ruído em áreas habitadas, visando o conforto da

comunidade - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.152: Acústica —

Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações. Rio de Janeiro:

ABNT, 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho

térmico de edificações Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes

135

construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2003.

23 p.

BISTAFA, Sylvio R. Acústica aplicada ao controle do ruído. 3. ed. São Paulo:

Blucher, 2018. 436 p.

BRASIL. NBR nº 10151. Acústica - Avaliação do Ruído em áreas Habitadas,

Visando O Conforto da Comunidade - Procedimento. Rio de Janeiro, 2000.

BUENO, Mariano. O grande livro da casa saudável. São Paulo: Roca, 1995. 279p.

CURITIBA. Lei Municipal Nº 10.625. Disposição sobre ruídos urbanos, proteção do

bem estar e do sossego público. Datada em 19 de fevereiro de 2002.

CARLIN, Fernanda. ACESSIBILIDADE ESPACIAL EM SHOPPING CENTER: UM

ESTUDO DE CASO. 2004. 193 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de

Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

CAVALCANTE, Sylvia; ELALI, Gleice V. A. Psicologia Ambiental: conceitos para

a leitura da relação pessoa-ambiente. Petrópolis: Vozes, 2018. 269 p.

CAMPOS, Ingrid; DUTRA, Lisa. Análise do conforto acústico no entorno de

shopping centers na cidade de Natal-RN. Natal, Notas de Aula, Planejamento e

Projeto Urbano e Regional 06, 2019.

CAPISTRANO, Luciano Fábio Dantas. Bairro Candelária: algumas

considerações. Parque da Cidade em Revista, Natal, v. 3, p. 1-5, ago. 2015.

DEGREAS, Helena. Praças no Brasil: alguns conceitos preliminares. 2010.

Disponível em: <https://helenadegreas.wordpress.com/2010/02/16/pracas-no-

brasil-alguns-conceitos-preliminares/>. Acessado em: 15 de março de 2020.

FALCÃO, Lucas. A diferença entre isolamento, condicionamento e tratamento

acústico. 2014. Disponível em: <https://www.concepcaoacustica.com/amp/a-

diferenca-entre-isolamento-condicionamento-e-tratamento-acustico>. Acessado

em: 04 de dezembro de 2019.

FLORÊNCIO, Débora. Avaliação do Mapa Sonoro de Tráfego Veicular No

Município de Natal/RN. 2018. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação em

Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,

2018.

136

FROTA, Anésia Barros; SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual de Conforto Térmico.

7. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2003.

FURTADO, Beatriz de Freitas. Casa Porto: anteprojeto de um espaço de

acolhimento infantil. 2019. 168 f. TCC (Graduação) - Curso de Arquitetura e

Urbanismo, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal, 2019.

GARREFA, Fernando. Shopping Centers: de centro de abastecimento a

produto de consumo. São Paulo: Senac São Paulo, 2011.

GARROCHO, Juliana Saiter. Luz natural e projeto de arquitetura: Estratégias

para iluminação zenital em centros de compras. 2005. 129 f. Dissertação (Mestrado)

- Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2005.

GELINSKI, Gilmara. Arquitectonica: Complexo WTJK. Disponível em:

<https://www.arcoweb.com.br/finestra/arquitetura/arquitectonica-complexo-wtjk---

sao-paulo>. Acesso em: 21 fev. 2020.

GELINSK, Gilmara. FINESTRA: L35 ACIA Arquitetura, Shopping Jardim Pamplona,

São Paulo. Disponível em:

<https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/tecnologia/finestra-l35-acia-

arquitetura-shopping-jardim-pamplona-sao-paulodesenhado-para-o-bairro>.

Acesso em: 21 fev. 2020.

GIERMANN, Holly. Na geometria de uma flor. 2015. Disponível em:

<https://www.archdaily.com.br/br/768146/vincent-callebaut-propoe-um-shopping-

na-china-inspirado-na-geometria-de-uma-

flor?ad_source=search&ad_medium=search_result_all>. Acesso em: 21 fev. 2020.

GONÇALVES, Tiago Estevam. Shoppings Centers e o processo de

metropolização em Fortaleza. 2017. 452 f. Monografia (Especialização) - Curso

de Geografia, Departamento de Geografia, Universidade Federal do Ceará,

Fortaleza.

KUSAKAWA, Marisa Shimabukuro. Análise do conforto acústico em Shopping

Center: um estudo de caso. 2002. 110 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

LEDER, Solange Maria; NOGUEIRA, Barbara Lumy Noda; LIMA, Amanda Vieira

Pessoa. Arquitetura e Conforto Ambiental nos Trópicos: coletânea de estudos

e pesquisas do LabCon - UFBP de 2009 a 2018. João Pessoa: UFPB, 2019. 194 p.

137

LEMOS, Eduardo. Com o entendimento das novas demandas de consumo, é

cada vez mais comum o lançamento desse novo tipo de empreendimento

comercial. Disponível em: http://lmstgi.com.br/lmstgi/site/?p=271. Acesso em: 20

jan. 2020.

LIMA, Luna Brandão de. O Shopping Center e suas narrativas: um espaço de

Construção de Identidades. 2013. 78 f. Monografia (Especialização) - Curso de

Comunicação, Universidade Católica de Brasília, Brasília - DF, 2013.

NAHAS, Markus Vinícius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos

e sugestões para um estilo de vida ativo. 3. ed. Londrina, 2003.

NATAL. Lei Complementar nº 055, de 27 de janeiro de 2004. Dispõe sobre o

Código de Obras de Natal. Natal, 2004.

NATAL. Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007. Dispõe sobre o

Plano Diretor de Natal e dá outras providências. Natal, 2007.

NATAL. Lei Complementar Nº 601, de 07 de agosto de 2017. Dispõe sobre o

Código de Segurança e Preservação Contra Incêndio e Pânico. Natal, 2017.

NEPOMUCENO, Luiza de Arruda. Elementos de acústica física e psicoacústica.

São Paulo: Edgard Blucher, 1994.

NEUFERT, Enerst. Arte de Projetar em Arquitetura. 18. ed. São Paulo: Gustavo

Gili, 2015.

NOGUEIRA, Michelle. Estudo Prático. 2015. Disponível em:

<https://www.estudopratico.com.br/historia-do-comercio/>. Acessado em: 02 de

dezembro de 2019.

PRIM, Karoline; DALMINA JUNIOR, Moacir José. Fundamentos arquitetônicos:

shopping center para TOLEDO-PR. In: 2° Simpósio sustentabilidade e

contemporaneidade nas ciências sociais, 2014.

ROCHA, Maria Isabel de Paiva. Conforto acústico em praça de alimentação de

shopping center: análise e proposição de melhorias. 2019. 79 f. TCC (Graduação)

- Curso de Arquitetura, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2019.

ROZENTAL, Marcelo; PIZZOLATO, Nélio Domingues. Localização de shopping

center de vizinhança estudo de caso: Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Pesquisa

Operacional Para O Desenvolvimento, v. 1, n. 3.

138

SANTOS, Ubiratan de Paula; MATOS, Marcos Paiva. Aspectos da física. In:

SANTOS, Ubiratan de Paula. Ruído: riscos e prevenção. São Paulo: Hucitec, 1994.

SIMÕES, Flávio. Acústica Arquitetônica. Rio de Janeiro, 2011.

SOUZA, Léa Cristina Lucas de; ALMEIDA, Manuela Guedes de; BRAGANÇA,

Luís. Bê-á-bá da acústica: ouvindo a arquitetura. São Carlos: Edufscar, 2016. 149

p.

SOUZA, Eduardo. Reinventar-se ou morrer: a transformação dos shoppings sob

o novo paradigma econômico/urbano. 2017. Disponível em:

<https://www.archdaily.com.br/br/871024/reinventar-se-ou-morrer-a-

transformacao-dos-shoppings-sob-o-novo-paradigma-economico-

urbano?utm_source=Whatsapp&utm_medium=IM&utm_campaign=share-button>.

Acesso em: 04 set. 2019.

TAGLIANI, Simone. Como surgiram as praças (e suas diferentes funções sociais)

ao longo da história. 2017. Disponível em:

<https://www.blogdaarquitetura.com/como-surgiram-as-pracas-e-duas-diferentes-

funcoes-sociais-ao-longo-da-historia/>. Acessado em: 15 de março de 2020.

VECCHI, Renata de. Avaliação de conforto térmico em edificações comerciais

que operam sob sistemas mistos de condicionamento ambiental em clima

temperado e úmido. 2015. 237 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Civil,

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

ZAFFARI, Vera. Open Mall: Uma tendência de varejo no Brasil. 2012. Disponível

em: <http://verazaffari.com.br/blog/2012/04/open-mall-uma-tendencia-de-varejo-

no-brasil/>. Acesso em 30 de agosto 2019.

ZILIO, Juciele Layter. Estudo das condições acústicas em praças de

alimentação de shopping centers na cidade de Porto Alegre. 2012. 55 f.

Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia de Segurança no Trabalho,

Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,

2012.

SITES

____. FINESTRA: L35 ACIA arquitetura, shopping jardim pamplona, são paulo. L35

ACIA Arquitetura, Shopping Jardim Pamplona, São Paulo. Disponível em:

https://revistaprojeto.com.br/acervo/finestra-l35-acia-arquitetura-shopping-jardim-

pamplona-sao-paulodesenhado-para-o-bairro/. Acesso em: 13 nov. 2020.

139

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SHOPPING CENTERS – ABRASCE. Sobre a

ABRASCE. Disponível em: <https://abrasce.com.br/sobre-nos/>. Acesso em 04 de

março de 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SHOPPING CENTERS - ABRASCE. Números do

Setor / Definições e Convenções. Disponível em:

<https://abrasce.com.br/monitoramento/definicoes-e-convencoes>. Acesso em 30

de agosto de 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SHOPPING CENTERS - ABRASCE. Plano de

Mix. 2017. Disponível em:

<https://abrasce.com.br/uploads/temp/PlanodeMix_FinalDez2009_NOVO.pdf>.

Acesso em 30 de agosto de 2019.

CIQUEIRA, Cleide. Conforto ambiental, desafio para arquitetos. 2010.

Disponível em:

http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=4&Cod=800. Acesso em:

11 nov. 2020.

CROCE, Bruna. Barreiras acústicas: o que são? como funcionam?. O que são?

Como funcionam?. 2019. Disponível em: http://portalacustica.info/barreiras-

acusticas-o-que-sao-como-funcionam/. Acesso em: 01 nov. 2020.

Galeria da Arquitetura. Referências/Praças e parques. Disponível em:

<https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projetos/referencias-ambientes-

c/156/pracas-e-parques/>. Acessado em: 15 de março de 2020.

GONZÁLEZ, María Francisca. Expansão do Shopping - Mega Foodwalk / FOS.

2018. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/895792/expansao-do-

shopping-mega-foodwalk-fos. Acesso em: 01 out. 2020.

GONZÁLEZ, María Francisca. Greenland Center de Xangai / Nikken

Sekkei. 2019. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/908264/greenland-

center-de-xangai-nikken-

sekkei?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects>. Acesso em: 21

fev. 2020.

IFRN. Disponível em:

<https://docente.ifrn.edu.br/gildamenezes/disciplinas/elementos-de-projeto-de

arquiitetura/2017.1/materiais-complementares/natal-total/view>. Acessado em: 15

de março de 2020.

Midway Mall. Disponível em: <https://www.midwaymall.com.br/o-midway-mall>.

Acessado em: 20 de dezembro de 2019.

140

Natal Shopping. Disponível em: <https://www.natalshopping.com.br/natal-

shopping>. Acessado em: 24 dezembro 2019.

NUDEL, Marcelo. O que é conforto ambiental na arquitetura? Disponível em:

https://www.bwexpo.com.br/o-que-e-conforto-ambiental-na-

arquitetura/#:~:text=%E2%80%9CConforto%20Ambiental%20%C3%A9%20um%2

0termo,humano%20em%20um%20determinado%20espa%C3%A7o. Acesso em:

11 nov. 2020

Shopping Center Chadstone / CallisonRTKL + The Buchan Group. 2017. Disponível

em: <https://www.archdaily.com.br/br/872828/shopping-center-chadstone-

callisonrtkl-plus-the-buchan-group>. Acesso em: 21 fev. 2020.

WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Noise. Disponível em:

<http://www.euro.who.int/en/health-topics/environment-and-health/noise/noise>.

Acesso em 30 de março de 2019.

141

142

APÊNDICE A – Pranchas do Estudo Preliminar

Ver as 10 pranchas disponibilizadas separadamente.