Estratégia Concursos - Aula 00

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Aula 00 História p/ EsFCEx e EsSEx - Com Videoaulas - Pós-Edital Autor: Alessandra Lopes 29 de Junho de 2020

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Aula 00História p/ EsFCEx e EsSEx - Com

Videoaulas - Pós-Edital

Autor:

Alessandra Lopes

29 de Junho de 2020

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Sumário

Apresentação da Professora .......................................................................................................................... 3

Metodologia do Curso ................................................................................................................................... 7

Como aprender História: comentários preliminares ................................................................................. 8

Introdução - Parte I ....................................................................................................................................... 11

1. A chegada dos Portugueses na América .............................................................................................. 12

2. O sistema de exploração colonial na América Portuguesa ............................................................... 18

2.1 - A expedição de Martin Afonso de Souza e o início da colonização ........................................ 23

3. Administração colonial ............................................................................................................................. 27

3.1 – Sistema de Capitanias Hereditárias .............................................................................................. 27

3.2 – Governo geral .................................................................................................................................. 29

4. Economia, trabalho e sociedade na colônia ........................................................................................ 33

4.1 – A implantação de uma cultura de exportação: a cana-de-açúcar ........................................... 33

4.2 – A civilização do açúcar: trabalho e sociedade ............................................................................ 35

4.2.1 – Conhecendo um engenho, suas edificações e as atividades de produção do açúcar ................... 35

4.2.2 – Estrutura social açucareira ............................................................................................................ 38

5. A questão da escravidão ......................................................................................................................... 39

5.1- A Escravidão Africana ....................................................................................................................... 41

5.2 – Resistência Quilombola .................................................................................................................. 48

6. Índios, ou melhor, povos originários ..................................................................................................... 53

7. Açúcar: do esplendor à crise................................................................................................................... 59

7.1 – Explicando a crise do açúcar ......................................................................................................... 60

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Parte II ............................................................................................................................................................. 65

8. A decadência do Império Ultramarino de Portugal ............................................................................ 66

8.1 – A tentativa de recuperação Econômica de Portugal ................................................................. 67

9. A Colônia: expansão territorial e diversidade econômica ................................................................. 71

9.1 – Território e economia: o Brasil nunca foi só açúcar ................................................................... 73

9.1.1 – Pecuária ........................................................................................................................................ 75

9.1.2– Extrativismo e comércio das Drogas do Sertão: a ocupação do Norte ........................... 79

9.1.3– O Norte na crise econômica pós União Ibérica .................................................................... 81

9.2– Bandeirismo e a descoberta do Ouro ........................................................................................... 84

9.3 – Novos Tratados sobre os limites territoriais ................................................................................ 89

10. A descoberta do Ouro no contexto do mercantilismo decadente ............................................... 93

10.1 – A civilização do Ouro .................................................................................................................... 93

10.2 – A administração da região das minas ........................................................................................ 97

10.3 – O Sistema de Impostos ................................................................................................................ 98

10.4 – Consequências da exploração do ouro ................................................................................... 100

10.5 – Arte e Cultura do Ouro: o Barroco ........................................................................................... 102

11. O declínio colonial e o conflito entre portugueses e brasileiros .................................................. 105

11.1 – Revoltas Coloniais do século XVII ............................................................................................. 107

11.2 – Revoltas emancipacionistas ....................................................................................................... 113

11.2.1 - Conjuração Mineira, 1789. Minas Gerais................................................................................... 114

11.3.2 - Conjuração Baiana, 1798. Bahia ................................................................................................ 118

11.3.3 - Um aprendizado político ........................................................................................................... 119

12- À guisa de uma conclusão sobre o século XVIII no Brasil ............................................................ 121

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Lista de Questões ........................................................................................................................................ 123

Gabarito ........................................................................................................................................................ 146

Questões comentadas ................................................................................................................................ 146

Considerações Finais .................................................................................................................................. 194

Versão 2: com alteração nas páginas 12 e 31. Acertos de erro de digitação. Nenhuma alteração de conteúdo.

APRESENTAÇÃO DA PROFESSORA

Olá queridas e queridos alunos, tudo bem?

Estou muito feliz por você iniciar nosso curso de História para a prova do concurso Formação de Oficiais do Quadro Complementar da Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx).

Bem, antes de tudo, vou me apresentar. Sou Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Licenciada em Sociologia pela mesma Universidade, Mestra em Ciência Política também pela UNICAMP e é a universidade onde iniciei meus estudos de doutorado. Estudo Justiça de Transição – tema interdisciplinar com Direito Internacional. Sou especialista em Políticas de Memória.

Desde 2004, dou aulas de História, Sociologia e Humanidades em cursos preparatórios para vestibulares e para o ENEM. Entre 2018 e 2019, iniciei minha jornada aqui no Estratégia e, com muito orgulho ministro diferentes cursos no Estratégia Concursos, Vestibulares e Militares (para as Carreiras Militares: ESA, EsPCEx, Colégio Naval). Conheço praticamente todos os sistemas de ensino, materiais e abordagens que existem nesse “mundo de provas”. Já escrevi muitos materiais preparatórios. Posso afirmar, com segurança, que já contribui para a

aprovação de muitos alunos nas mais variadas e concorridas instituições do Brasil. Chegou nossa hora!

Meu objetivo é ajudar você a Gabaritar História. Vamos trabalhar duro para acompanhar você até a aprovação!

Bons estudos! Alê

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APRESENTAÇÃO DO CURSO

Para começar este curso, vamos, primeiro, conhecer o inimigo, ou seja, a prova que você irá enfrentar. E, de

cara, temos que partir de um pressuposto fático, ou seja, uma mudança real: agora a banca é a VUNESP. Isso significa que a preparação será feita a partir do "estilo" das provas da VUNESP.

Além disso, a notícia boa é que não é cobrado tooodo o conteúdo da disciplina de História: História Geral e História do Brasil. As provas para o ingresso na EsFECx e EsSEx terão questões de História do Brasil apenas. Vamos ver o conteúdo, conforme o Edital. Acompanha comigo os três grandes assuntos:

Outra notícia boa é que, diferentemente de outros anos, quando já caíram 20 questões de História, serão 8 questões na sua prova.

Agora, a parte difícil é que a concorrência é alta e você precisará gabaritar História para assegurar sua vaga. E possível Alê? - você pode me perguntar.

E eu respondo: Plenamente possível, meu caro aluno! Nas provas da VUNESP a tendência é a nota de corte ser alta.

E digo mais. Muitos candidatos deixam de lado, secundarizam a disciplina de História porque julgam que o conhecimento adquirido no Ensino Médio é suficiente para enfrentar a prova para EsFCEx. Só que não!! A realidade de prova é totalmente diferente e você, de forma estratégica, não pode cometer esse deslize na sua preparação. OK? É preciso estar muito bem preparado/a.

Então, aparentemente, batendo o olho nesses três grandes assuntos, parece pouco conteúdo para ser estudado. Porém, o Edital é bem específico e ainda apresenta o seguinte:

Brasil Colônia: administração, economia,

cultura e sociedade.

Século XVI até início do XIX.

Brasil Monárquico

1822 até 1889

A República Brasileira

1889 até a primeira década do século XXI

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Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade:

• a. As Capitanias Hereditárias e Governos Gerais. b. As atividades econômicas e a expansão colonial: agricultura, pecuária, comércio e mineração. c. Os povos indígenas; escravidão, aldeamentos; ação jesuítica. d. Os povos africanos escravizados no Brasil. e. A conquista dos sertões; entradas e bandeiras. f. O exclusivo comercial português. g. Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes de livres e de escravos do final do século XVIII e início do século XIX. h. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos; o período joanino no Brasil.

O Brasil Monárquico:

• a. A independência do Brasil e o Primeiro Reinado. b. A Constituição de1824. c. Militares: a Guarda Nacional e o Exército. d. A fase regencial (1831-1840). e. O Ato Adicional de 1834. f. As revoltas políticas e sociais das primeiras décadas do Império. g. A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira. h. Modernização: economia e cultura na sociedade imperial. i. A escravidão, as lutas escravas pela liberdade, j. O movimento abolicionista e a abolição da escravatura. k. A introdução do trabalho livre e a imigração. l. Política externa: as questões platinas, a Guerra do Paraguai e o Exército. m. O movimento republicano e o advento da República.

A República brasileira:

• a. A Constituição de 1891, os militares e a consolidação da República. b. A “Política dos governadores”. c. O coronelismo e o sistema eleitoral. d. O movimento operário. e. O tenentismo. f. A Revolução de1930. g. O período Vargas (1930-1945): economia, sociedade, política e cultura. h. O Estado Novo. i. O Brasil na II Guerra Mundial; a FEB. j. O período democrático (1945-1964): economia, sociedade, política e cultura. k. A intervenção militar, sua natureza e transformações entre 1964 e 1985. As mudanças institucionais durante o período. l. O “milagre econômico”. m. A redemocratização. n. Os movimentos sociais nas décadas de 1970 e 1980: estudantes, operários e demais setores da sociedade. o. A campanha pelas eleições diretas. p. A Constituição de 1988. q. O Brasil pós-1985: economia, sociedade, política e cultura.

Para melhorar nossa preparação, analisei 105 questões cobradas desde o concurso de 2006. Olha só o quadro geral:

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2016 2017 2018 2019

Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade

3 3 3 2 4 1 1 4 3 3

O Brasil Monárquico 5 6 3 2 4 4 2 3 2 3

A República brasileira 12 3 6 6 2 5 5 1 2 2

TOTAIS 20 12 12 10 10 10 8 8 7 8

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Veja que a parte de República Brasileira, isto é, o período de 1889 até, praticamente, os dias atuais, tiveram maior incidência. Nesse sentido, assuntos recorrentes nas questões da prova do EsFCEx são: a economia e a política durante a chamada República Velha; Era Vargas (1930-1945); a política e a economia após o Regime Militar (1985 em diante).

Por que você destacou esse último assunto Alê? Calma, já te digo, antes, vamos ver os assuntos mais cobrados em provas da VUNESP.

Fiz um levantamento em 240 questões de prova para concursos da VUNESP e olha no que deu:

Isso significa que a proporção será essa? Não temos certeza. Considerando a Instituição mais a Banca, podemos chegar à conclusão de que Brasil República é o que mais cai, mas as proporções podem se inverter para atender mais aos moldes dos anos anteriores.

12%

14%

74%

HISTÓRIA DO BRASIL PROVAS VUNESP

Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade

O Brasil Monárquico

A República brasileira

26%

32%

42%

HISTÓRIA DO BRASIL PROVAS ESFCEX

Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade

O Brasil Monárquico

A República brasileira

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METODOLOGIA DO CURSO

Vamos conhecer a proposta do curso?

Nossa metodologia parte da análise estatística da incidência dos conteúdos para desenvolver a teoria com foco nos assuntos mais cobrados na disciplina de História.

Esse curso vai no alvo e prioriza o que realmente cai. Foi pensado para você estudar até o dia da prova.

Por isso mesmo vamos manter a linha cronológica para você não perder a sequência histórica e cronológica dos conteúdos que constam no Edital e que, inclusive, se assemelham à Base Curricular Nacional do Ensino Médio.

Assim, na disciplina de História, temos que fazer sempre o controle da temporalidade. Por isso, sugiro que você monte sua linha do tempo: durante a leitura da aula, cada data que aparecer você anota e completa sua linha do tempo. Para facilitar sua vida, nos livros digitais as principais datas ficam grifadas em amarelo.

Você faz o controle dessa linha por meio da marcação do exato momento histórico que você está estudando. Assim, você nunca mais vai ficar “perdido no tempo” (acreditem: essa é a principal

dificuldade dos estudantes – mas não será para você!).

Veja uma dica minha de como usar Post-Its: https://www.youtube.com/watch?v=CGWFFx8x2m0

Além disso, faremos muitas questões divididas em dois momentos:

➢ 1º Ao longo da teoria (sínteses e memorização); ➢ 2º Ao final do material na Lista de exercícios

Quero enfatizar que todas as questões da lista são comentadas item a item. No comentário, eu explico o conteúdo, mas também mostro os macetes e os caminhos que você precisa fazer para chegar na resposta certa. Ou seja, eu faço uma análise comentada e com estratégias de respostas para cada questão.

Esse é o caminho para Gabaritar o conteúdo e sair para o abraço .

Na composição do nosso curso, também temos as videoaulas. Dinâmicas e interativas, elas têm o conteúdo completo que também consta nos Livros Digitais, especialmente, naqueles assuntos mais espinhosos que quase todo mundo esquece na hora H. Nas videoaulas dou dicas e macetes preciosos para você resolver as questões objetivas.

Há também o Fórum de Dúvidas, que será nosso mecanismo de contato permanente. Estaremos sempre perto! Além de o Fórum permitir que você tire dúvidas rapidamente, o curso EAD permite que você estude conforme suas necessidades e potencialidades. Aliás, essa é uma das principais vantagens do ensino EAD, pois quem monta o horário de estudos é você. Tem quem mande bem pela manhã, outros à tarde, e tem o estudante “super noturno”.

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Além disso tudo, para você avaliar como está seu desenvolvimento e, replanejar a rota de estudos, se for o caso, teremos Simulados.

Esse é o diferencial da nossa proposta: fazer do seu jeito, conforme as suas necessidades e com nossa orientação por meio dos nossos materiais e videoaulas! O que importa é sua

APROVAÇÃO!

Então, assim que você terminar de estudar uma aula do Livro Digital e, eventualmente, apareçam dúvidas, você poderá mandá-las lá no Fórum.

Visualize a proposta em um esquema:

COMO APRENDER HISTÓRIA: COMENTÁRIOS PRELIMINARES

Há algo que eu gostaria de comentar com você antes de iniciarmos nossos estudos: como se aprende

História?

Você deve estar achando perda de tempo esse tópico, afinal já passou 12 anos na escola e estudou História

“pra caramba”. Então eu pergunto: você se lembra de tudo?

AULAS FOCADAS NOS

ASSUNTOS MAIS

COBRADOS

Linha do tempo -controle da

temporalidade

Questões comentadas

Videoaulas completas

FÓRUM DE

DÚVIDAS

SimuladosSUA

APROVAÇÃO!

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Talvez os mais fissurados na disciplina mandem muito bem. No entanto, a grande maioria só vai lembrar

daquele cara chamado Napoleão – e seu cavalo branco -, o Dom Pedro – que também tinha aquele cavalo

branco -, Júlio César - o imperador romano -, a Joana d’Arc – que se vestiu de homem para lutar contra...

(não se lembra, né?).

E se eu te perguntar coisas como:

➢ qual o significado histórico da revolução cultural chinesa?

➢ quais as diferenças entre a independência da América espanhola e a portuguesa?

➢ quais as reformas de Dom João VI, no Brasil?

➢ qual mesmo era a proposta do Hypólito da Costa para a imprensa brasileira?

➢ quando essas coisas aconteceram? O que você diria?

Veja, há dois mitos que precisamos derrubar:

✓ Mito 1: datas não são importantes

✓ Mito 2: desnecessidade de decorar fatos.

Em se tratando de prova de concurso tudo é importante e deve ser bem articulado, meu bem!

Há muito tempo a história não é mais contada como os grandes feitos de inesquecíveis heróis. Também, não

é mais contada apenas por temas, de maneira descontextualizada. A historiografia mais contemporânea

adota a perspectiva dos processos históricos coletivos e da história como experiência social.

Os historiadores Perry Anderson, Jacques Le Goff, Jean-Pierre Vernant, Jérôme Baschet, Eric Hobsbawn e

Edward Palmer Thompson, entre outros, são os queridinhos dessa corrente adotada hoje em dia. Todos

entendem a história como “processo histórico” impulsionado por grupos, pessoas, ideias e interesses,

segundo as condições de cada época. Não por menos, diversos textos das questões usam trechos de

Hobsbawn e de Thompson, além de outros autores.

Historiografia é uma palavra que significa não apenas o registro escrito da História, a memória estabelecida pela própria humanidade por meio da escrita do seu próprio passado, mas também a ciência da História. Por exemplo, o historiador grego Heródoto, que viveu na Grécia Antiga, escreveu sobre o período antigo e produziu um trabalho historiográfico.

Essa forma de compreender e escrever a história dos homens, das suas ideias e dos

seus feitos é a forma como as provas costumam elaborar suas questões de História.

Isso nos obriga a ter outra postura diante do conhecimento sobre o que se passou.

Veja alguns cuidados que você deve ter ao estudar essa disciplina:

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Primeiro: é preciso

analisar o contexto no

qual um acontecimento

ou fato ocorreu. Todo

acontecimento esteve

dentro de um contexto

geral – como se fosse um

quadro de parede

mesmo. É aquilo que é

comum para o espaço que

está sendo observado. Em

geral, o contexto

influencia os processos.

Segundo: é necessário ter uma visão ampla sobre os períodos históricos. Isso significa que tem que saber

data sim!!! Maior mentira do mundo esse negócio de que data não importa. Então, a tradicional linha do

tempo é um exercício fundamental para quem quer gabaritar história. Em estatística, chamamos isso de série

histórica. Para entender tendências mais gerais do mercado de trabalho, por exemplo, o Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) pega os dados

de períodos grandes de tempo. Assim,

consegue-se perceber o movimento, as

transformações, as tendências e as variáveis

constantes. É isso que fazemos com a História,

como qualquer outra ciência.

Terceiro: é fundamental desvendar as relações

causais dos processos – causas e consequências.

São elas que ligam os fios e fatos da História.

Quando estamos diante de um acontecimento

precisamos fazer as perguntas: quando, onde,

por que, por quem, resultou em que, para

quem? Vamos diagramar essa ideia?

Ou seja, querida/querido aluno, ao encontrarmos as causas e as consequências de fatos e fenômenos,

dentro de contextos amplos, conseguimos explicar os processos históricos.

Consegue entender? Não é fácil fazer isso, eu sei, pois você, provavelmente, passou a vida tentando APENAS

decorar as coisas. Fez suas provas e depois esqueceu o conteúdo. Normal!! Contudo, isso não vale mais

quando o que você quer entrar em uma das melhores Universidade do País. Mesmo você, que já fez cursinho

antes, que já leu e releu as apostilas e, mesmo assim, não conseguiu gabaritar, devo dizer: estava com o

método errado.

Processo histórico

determinar as relações causais

analisar contexto

ter visão ampla dos períodos históricos -cronologia

Fato Histórico

Quando?

Onde?

Por quê?

Por quem?

Resultou em quê?

Para quem?

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É preciso mudar a perspectiva, e é isso que nós propomos com nosso material. A COMPREENSÃO DOS

PROCESSOS DEPENDE DA MEMORIZAÇÃO e NÃO EXISTE MEMORIZAÇÃO SEM COMPREENSÃO. Essas coisas

são complementares, sacaram?

Ou seja, a decoreba e a compreensão dos porquês são complementares e não excludentes. Sobre isso, por sinal, quero deixar uma dica: lá no meu Insta eu tenho os famosos Flash Cards de memorização, são ótimas ferramentas para você treinar habilidades complementares ao estudo de História. Dá uma conferida em um exemplo:

Frente

verso

Bem, se você topa o desafio, vamos que vamos, juntos, até a sua APROVAÇÃO!

Agora, vamos à parte do conteúdo. Começaremos, então, com a chegada dos colonizadores portugueses em

território brasileiro. Essa parte teórica está dividida em Parte I e Parte II. Não se preocupe em fazer tuuudo

de uma vez. Vá no seu ritmo. Sugiro que você estude a Parte I, dê um tempo, depois, faça a Parte II.

Pega aí um cafezinho e vamos que vamos!!

INTRODUÇÃO - PARTE I

Queridas e queridos alunos, agora começamos a estudar a história brasileira. Como dizia “o poeta”, o Brasil não é para iniciantes. Ou seja, muito difícil de explicar, tem que ter certa desenvoltura e um pouco de

Século XV

Século XVII

Século XVIII

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conhecimento para entender esse jeito tão peculiar do “ser brasileiro”. Em suma é preciso muita articulação. E essa é minha proposta: desenvolver em você a capacidade de explicar esse país tão bem que o corretor da segunda fase vai pensar estar de frente a um manuscrito de José Murilo de Carvalho, Sérgio Buarque de

Holanda ou o próprio Gilberto Freire!

Comecemos pensando na experiência da ocupação portuguesa nesse território e o primeiro grande produto de exportação explorado nessas terras: o açúcar.

Há quem diga que o açúcar não foi um mero produto que enriqueceu portugueses e colonos. Foi um verdadeiro produtor de códigos, costumes e hábitos, como diriam as professoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling no livro Brasil: uma Biografia. Assim, estamos diante do estudo sobre a “civilização do açúcar”.

Vamos em frente!

1. A CHEGADA DOS PORTUGUESES NA AMÉRICA

Você já sabe que o impulso do expansionismo marítimo-comercial de Portugal tem um fundamento comercial, militar e religioso. Conquistar novas almas e novas rotas até a fonte das especiarias são as explicações para o impulso do pioneirismo português. Se lembrarmos da aula passada, vamos concluir que Portugal levou quase 1 século entre conquistar Ceuta (norte da África), em 1415, e chegar à Índia (Calicute, na época), em 1498, contornando o Périplo Africano. Esse período foi marcado por um longo processo de tentativas e erros. Muito lucro, mas, muito prejuízo com os naufrágios. De toda forma, possibilitou o desenvolvimento tecnológico e científico da “ciência de navegar”.

A viagem para a América, mais especificamente a expedição comandada por Dom Pedro Álvares Cabral, mesmo com tanta experimentação, foi recheada de imagens místicas com peixes-monstros, sereias, cachoeiras infinitas no horizonte. Uma mitologia, é verdade, corroborada por dados da realidade, como:

• Entre 1497 e 1612, 620 navios largaram do rio Tejo.

• Desses 285 ficaram no Oriente, ou seja, NUNCA retornaram.

• 66 naufragaram.

• 22 arribaram (viraram a proa para cima).

• 6 incendiaram.

• 4 foram sequestrados por piratas inimigos.

Meu deus, Profe, que cenário de purgatório!!!!

Encontrar uma sereia era lucro, nesse cenário!!!! Aliás, a obra Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, faz referência direta aos desafios dos portugueses no mar. Se tiver um tempinho dá uma conferida na parte do Gigante Adamastor.

Assim, para os portugueses, a América era um “Novo Mundo”. Embora já conhecido – afinal, não se acredita mais na tese do descobrimento por acaso –, o território não era efetivamente sabido. Segundo as professoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, não visão dos brancos europeus, era novo porque

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ausente dos mapas europeus; novo, porque repleto de animais e plantas desconhecidos; novo, porque povoado por homens estranhos, que praticavam a poligamia, andavam nus e tinham por costume fazer a guerra e comer uns aos outros.

E em 22 de abril, a armada de Cabral avistou um grande monte, o Monte Pascoal (hoje, Parque Nacional do Monte Pascoal, a 62 km de Porto Seguro). A reação foi de espanto, encanto e “vontade de tomar posse”, segundo o que determinava o Tratado de Tordesilhas. Lembra dele?

Essa posse precisava ser registrada e, para tal intento, estava presente o experiente escrivão Pero Vaz de Caminha – que escreveu a carta que serve, para Portugal, como um “atestado de nascimento” do Brasil. Caminha escreveu uma longa, deslumbrada e exultante descrição da “terra nova”.

Assim, a descrição do “Novo Mundo” foi recheada de mitos. Mitos não apenas sobre monstros ou seres “de outra humanidade”, mas sobre a própria chegada dos portugueses à América e sobre o processo de conquista das terras brasileiras. Com certeza, a Carta de Caminha ao Rei Dom Manuel alimentou 2 mitos:

O Mito 1 contribuiu para criar a ideia de que o encontro entre portugueses e indígenas foi amigável e, portanto, a conquista foi pacífica – diferentemente da violência perpetrada pelos espanhóis na Mesoamérica e nos Andes e, até mesmo, diferentemente da violência que ocorria na Europa, contra os mulçumanos, por exemplo. Um encontro, quase como um evento ecumênico de união de todos.

O Mito 2 alimentou a ideia de que o índio brasileiro era selvagem, mas inocente, portanto, um bom selvagem. Pacífico e amigável seria o ser a espera da conversão ao cristianismo. Esse mito, justificava a necessidade de catequização e legitimava o trabalho dos jesuítas que para cá vieram, a partir da década de 1530. Leia alguns trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha, com atenção para os grifos. Reflita sobre como o texto alimenta os dois mitos.

1 “Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro (..)Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes

1 Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1854–1916). História do Brasil (v.1), Rio de Janeiro: Bloch,

1980

MITO 1-Encontro Pacífico

entre Índios e

Portugueses

MITO 2-Índio como

o Bom Selvagem

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cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o bater; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. [...]

Quando saímos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos direitos à Cruz, que estava encostada a uma árvore, junto com o rio, para se erguer amanhã, que é sexta-feira, e que nós puséssemos todos em joelhos e a beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. A esses dez ou doze que aí estavam acenaram-lhe que fizessem assim, e foram logo todos beijá-la. Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença. [...]

Domingo, 26 de abril: Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. (...) E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo padre Frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela voz pelos outros padres e sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção. (..) Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos. O que foi muito a propósito e fez muita devoção.

Entre todos estes que hoje vieram, não veio mais que uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa e a quem deram um pano com que se cobrisse. Puseram-lho a redor de si. Porém, ao assentar, não fazia grande memória de o estender bem, para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão não seria maior, quanto a vergonha. Ora veja Vossa Alteza se quem em tal inocência vive se converterá ou não, ensinando-lhes o que pertence à sua salvação. [...]

"Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!

Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé.”

Mas, Profe, por que Mito? Mito não é uma coisa boa?

Porque, caríssimo aluno e aluna, se a narrativa construída foi a de um encontro pacífico entre índios e portugueses, a realidade mostrou o oposto: conquista e genocídio. Por isso, temos um Mito, a história

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contata pelos vencedores não foi a que de fato ocorreu. A narrativa construída pelos conquistadores adquiriu caráter simbólico, independente da realidade, embora baseada nela.

Vejamos uma informação importante sobre a ideia de “índio”2 que confronta a narrativa mitológica, conforme o antropólogo e professor do Museu Nacional da UFRJ, Eduardo Viveiros de Castro3:

Devemos começar então por distinguir as palavras “índio” e“indígena”, que muitos talvez pensem ser

sinônimos, ou que “índio” seja só uma forma abreviada de “indígena”. Mas não é. Todos os índios no Brasil são indígenas, mas nem todos os indígenas que vivem no Brasil são índios.

Índios são os membros de povos e comunidades que tem consciência —seja porque nunca a perderam, seja

porque a recobraram — de sua relação histórica com os indígenas que viviam nesta terra antes da chegada dos

europeus. Foram chamados de “índios” por conta do famoso equívoco dos invasores que, ao aportarem na

América, pensavam ter chegado na Índia. “Indígena”, por outro lado, é uma palavra muito antiga, sem nada

de “indiana” nela; significa “gerado dentro da terra que lhe e própria, originário da terra em que vive”. Há

povos indígenas no Brasil, na África, na Ásia, na Oceania, e até mesmo na Europa. O antônimo de “indígena”

e “alienígena”, ao passo que o antônimo de índio, no Brasil, e “branco”, ou melhor, as muitas palavras das

mais de 250 línguas índias faladas dentro do território brasileiro que se costumam traduzir em português por “branco”, mas que se referem a todas aquelas pessoas e instituições que não são índias. Essas palavras indígenas

tem vários significados descritivos, mas um dos mais comuns e “inimigo”, como no caso do yanomami nape, do kayapo kuben ou do arawete awin. Ainda que os conceitos índios sobre a inimizade, ou condição de inimigo, sejam bastante diferentes dos nossos, nao custa registrar que a palavra mais próxima que temos para traduzir

diretamente essas palavras indígenas seja “inimigo. Durmamos com essa. (...)

Quando perguntaram ao escritor Daniel Munduruku se ele “enquanto índio etc.”, ele cortou no ato: “não

sou índio; sou Munduruku”. Mas ser Munduruku significa saber que existem Kayabi, Kayapo, Matis, Guarani,

Tupinamba, e que esses não são Munduruku, mas tampouco são Brancos. Quem inventou os “índios” como categoria genérica foram os grandes especialistas na generalidade, os Brancos, ou por outra, o Estado branco, colonial, imperial, republicano.

Apesar da chegada a uma terra com muitas riquezas naturais, como afirmou Caminha, Portugal não alterou seu plano principal: dominar e monopolizar as rotas das especiarias para o Oriente. Tanto que Pedro Álvares Cabral seguiu com sua esquadra em direção à Índia. Até mesmo porque, por essas terras dos índios brasileiros, não se encontraram ouro e prata logo no início da conquista, como nas colônias espanholas. Assim, a área reservada pelo acordo bilateral de Tordesilhas ficou para o futuro!

2 “A palavra indígena vem do latim indigĕna,ae “natural do lugar em que vive, gerado dentro da terra

que lhe e própria”, derivação do latim indu arcaico (como endo) > latim classico in- “movimento para

dentro, de dentro” + -gena derivação do radical do verbo latino gigno, is, genŭi, genĭtum, gignĕre,

“gerar”; Significa “relativo a ou população autoctone de um pais ou que neste se estabeleceu

anteriormente a um processo colonizador” ...; por extensão de sentido (uso informal), [significa] “que

ou o que e originário do pais, região ou localidade em que se encontra; nativo”. (Dicionário Eletrônico

Houaiss).

3 CASTRO, Eduardo Viveiros de. Os Involuntários da Pátria. ARACÊ – Direitos Humanos em Revista.

Ano 4, Número 5, fevereiro/2017, pp. 187-193.

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Mas qual futuro, Profe? Eles não colonizaram o Brasil logo “de cara”?

(UFU/2016)

Eles não tinham deixado a Inglaterra para escapar a toda forma de governo, mas para trocar o que acreditavam ser um mau governo por um bom, ou seja, formado livremente por eles mesmos. Tanto no plano político como no religioso, acreditavam que o indivíduo só poderia se desenvolver em liberdade. Entretanto, convencidos de que a liberdade consiste em dar ao homem a oportunidade de obedecer aos desígnios divinos, ela apenas permitia ao indivíduo escolher o Estado que deveria governá-lo e a Igreja na qual ele iria louvar a Deus. [...]

CRÉTÉ, Liliane. As raízes puritanas. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/as_raizes_puritanas.html.> Acesso em: 28 de

janeiro de 2016 (Adaptado).

A historiografia sobre a colonização da América costuma realçar as peculiaridades da colonização britânica nas colônias do Norte. As diferenças, entretanto, em relação às colonizações portuguesa e inglesa não são absolutas, pois

a) ambos os modelos de colonização eram predominantemente mercantis, ainda que a agricultura de subsistência fosse mais presente na colonização portuguesa.

b) tanto os colonos ingleses quanto os portugueses eram profundamente marcados pelas disputas entre as potências europeias, sendo que os portugueses eram aliados

preferenciais da França.

c) em ambas as modalidades de colonização, a administração colonial era formalmente descentralizada, havendo espaço para uma expressiva margem de autonomia

dos colonos.

d) o sentido de missão religiosa estava presente nas duas modalidades de colonização, refletindo a ainda forte presença do misticismo no mundo europeu.

Comentários

Trouxe essa questão para você ficar atento para tipos de questões comparativas. Nesse caso, a questão estabelece comparações entre a colonização inglesa – influenciada pelos puritanos - e portuguesa, influenciada pelos católicos. Apesar de algumas diferenças entre elas, podemos afirmar ambas estavam vinculadas a uma natureza religiosa. Repara que o texto do enunciado da questão faz referência aos puritanos quando afirma: “Tanto no plano político como no religioso, acreditavam que o indivíduo só poderia se desenvolver em liberdade. Entretanto, convencidos de que a liberdade consiste em dar ao homem a oportunidade de obedecer aos desígnios divinos (...)”. Aqui fica evidente a presença religiosa no espírito colonizador. Da mesma forma, como temos visto, desde a saída

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ultramarina, os católicos portugueses faziam uma forte relação entre as investidas colonizadoras e o catolicismo. Basta ficarmos atentos para a visão que estabeleceram sobre os índios.

Gabarito: D

(UNICAMP/2011)

Em carta ao rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha narrou os primeiros contatos entre os indígenas e os portugueses no Brasil: “Quando eles vieram, o capitão estava com um colar de ouro muito grande ao pescoço. Um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. Outro viu umas contas de rosário, brancas, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dissesse que dariam ouro por aquilo. Isto nós tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e o colar, isto nós não queríamos entender, porque não havíamos de dar-lhe!”

(Adaptado de Leonardo Arroyo, A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: INL, 1971, p. 72-74.)

Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que o contato entre as culturas indígena e europeia foi

a) favorecido pelo interesse que ambas as partes demonstravam em realizar transações comerciais: os indígenas se integrariam ao sistema de colonização, abastecendo as feitorias, voltadas ao comércio do pau-brasil, e se miscigenando com os colonizadores.

b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a nova terra, principalmente por meio da extração de riquezas, interesse que se colocava acima da compreensão da cultura dos indígenas, que seria quase dizimada junto com essa população.

c) facilitado pela docilidade dos indígenas, que se associaram aos descobridores na exploração da nova terra, viabilizando um sistema colonial cuja base era a escravização dos povos nativos, o que levaria à destruição da sua cultura.

d) marcado pela necessidade dos colonizadores de obterem matéria-prima para suas indústrias e ampliarem o mercado consumidor para sua produção industrial, o que levou à busca por colônias e à integração cultural das populações nativas.

Comentários

O direcionamento das expedições marítimas dos portugueses às Américas tinha um interesse comercial. Os europeus, em geral, e os portugueses em específico vieram até o “Novo Mundo” em busca de riquezas. Essa intenção está claramente explícita na carta de Pero Vaz quando ele faz referência ao ouro e interpreta a ação dos índios aos olhos do conquistador: “como se dissesse que dariam ouro por aquilo. Isto nós tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! “. Nesse sentido, a consequência da finalidade dos portugueses (a riqueza) para os índios foi a violência, nas mais diversas formas. A alternativa que sintetiza essa compreensão histórica é a B.

A alternativa A transmite a noção de amistosidade entre as partes, índios e portugueses. A C insiste na compreensão romântica de que os índios seriam seres doces. Além disso, a C erra ao afirmar que a base do sistema colonial foi a escravização dos povos nativos. De fato, os índios foram escravizados, mas a base do sistema colonial, em termos de mão de obra, foi a escravidão dos negros africanos.

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Por fim, a D exagera por colocar a industrialização em um momento em que ela ainda não existia, por isso, é uma alternativa “anacrônica” (fora do tempo/contexto).

Gabarito: B

2. O SISTEMA DE EXPLORAÇÃO COLONIAL NA AMÉRICA PORTUGUESA

A implantação do sistema colonial de exploração por parte de Portugal foi um processo bastante diferente em relação ao da Espanha. Houve 2 momentos desse processo marcados por interesses distintos de Portugal em relação à terra “descoberta” por Cabral. Além disso, os modelos de implantação do sistema de exploração colonial também se diferenciaram. Observe o esquema:

Apesar de, em 1500, os interesses da Coroa Lusa estarem voltados para a rota das especiarias, nos primeiros anos após a vinda de Cabral o governo português enviou algumas expedições de reconhecimento para vasculhar o território e garantir sua posse. O objetivo principal era saber se aqui poderia se obter metais preciosos.

Mas a riqueza do “Novo Mundo” não era dourada e prateada, era vermelha de pau-brasil, era verde de florestas, era translucida de uma água que não se via na Europa, era de gente e de terra que tinham quase a mesma cor. Nossa riqueza era outra.

É importante ressaltar que nessas expedições de reconhecimento, também chamadas por alguns historiadores de expedições pré-colonizadoras, houve um trabalho de nomear as coisas encontradas, as localidades, os acidentes geográficos, os rios e até as pessoas que aqui viviam. Foram 3 as expedições:

colonização portuguesa

1o. Momento:

1501-1530

sem sistema de colonização - predomiou atividade de

reconhecimento e estrativismo

Contrato de concessão para exploração extrativista

2o. Momento:

pós- 1530

Sistema descentralizado de colonização

Capitanisas Hereditárias

Sistema centralizado de colonização (a partir de

1572)Governo-Geral

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Dessas expedições, o que se encontrou para explorar imediatamente foi o pau-brasil. Veja no mapa a seguir a área de ocorrência da árvore.

4

Assim, entre 1501 e 1530, o que se verificou foi uma fase de economia extrativista. Não houve um planejamento centralizado ou algo do tipo. Mesmo assim a exploração era monopólio da Coroa Portuguesa, que permitia a exploração particular por meio de contrato de concessão. A atividade extrativista de pau-brasil foi realizada com mão de obra indígena à base de escambo (troca de utensílios europeus, como machado, facas, por trabalho).

Contudo, é importante ressaltar que os contratos de concessão emitidos pela Coroa privilegiavam exploradores portugueses. Tratava-se de uma forma de protecionismo. O principal explorador foi Fernando de Noronha.

Outra característica fundamental sobre a colonização portuguesa era a ideia de exclusivo metropolitano: toda negociação, acordo, comércio, troca que envolvesse a colônia portuguesa deveria ser

decidida exclusivamente pela metrópole. Dessa compreensão decorrerão várias formas distintas de relação exclusiva entre a metrópole e colônia. Pode ser que você já tenha ouvido a expressão “Pacto Colonial” para esta explicação. Está certo também!

Contudo, não foram apenas comerciantes portugueses que se interessaram pelo produto “cor de brasa”. Franceses, ingleses, holandeses e até espanhóis, também manifestaram desejo pela riqueza. A monarquia

4 ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/

Fundação Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 06.

1501 - Expedição Gaspar de Lemos

• Expdição de nomeação das ilhas, cabos, rios e bais do litoral brasileiro

1503 - Expedição Gonçalo Coelho

• Pareceria entre reis e comerciantes para a exploração do pau-brasil. Um desses comerciantes era Fernão de Noronha.

1516 e 1520 Expedição Cristóvão Facques

• Organizada para deter o contrabando de pau-brasil por franceses. Não foram bem sucedidas

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mais ousada foi a da França, pois apoiou corsários franceses a fazerem alianças com o povo Tupinambás para explorar o pau-brasil. É do Rei francês Francisco I a famosa frase:

Francisco I. Jean Clouet. Óleo sobre tela, 1530. Museu do Louvre, França.

Como nos informa as professoras Lilia e Heloísa, a madeira do pau-brasil era considerada uma especiaria no Oriente. A resina dessa árvore era utilizada para tingir tecidos e a madeira para fazer móveis finos e embarcações. Nas terras dos índios tupi, o pau-brasil era conhecido como “ibirapitanga” – que significa “pau-vermelho”. Os europeus, ao latinizarem a palavra, chamaram-no de brecilis, bersil, brezil, brasil, brasily, paralavras que significavam: cor de brasa ou vermelho.

Assim, desde 1512, quando o pau-brasil entrou definitivamente no mercado internacional, a colônia portuguesa passou a ser designada por Brasil.Com efeito, meus caros e caras, o Brasil nasceu – para o comércio mundial – vermelho!!

Os indígenas cortavam as árvores e as levavam até os navios portugueses ancorados à beira-mar, e em troca obtinham facas, canivetes, espelhos, pedaços de tecidos e outras quinquilharias. Em 1511 dá-se a primeira exportação do pau-brasil para Portugal na nave Bretoa, que saiu da Bahia com destino à Lisboa. E lá se foram 5 mil toras de madeira, macacos, saguis, gatos, muitos papagaios e quarenta indígenas que atiçaram a curiosidade europeia5.

Mas o cenário internacional obrigava Portugal a se posicionar mais seriamente em relação ao Brasil, a fim de garantir a posse da parte do mundo que lhe cabia, segundo o Tratado de Tordesilhas. Observe os elementos do cenário internacional que pressionavam a Coroa Portuguesa a agir:

5 SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das

Letras, 2018, p. 32

“Quero ver a cláusula do

testamento de Adão que

dividiu o mundo entre

Portugal e Espanha e me

excluiu da partilha!!

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Para Portugal era urgente estabelecer a colônia e implementar o sistema de exploração comercial. Por isso, em 1530 começou uma nova fase de relação entre Metrópole e Colônia. Dessa forma, a partir de agora, estudaremos os aspectos econômicos, políticos e sociais da colonização portuguesa na América. Esse é o momento mais longo, porque vai até a Independência Política, em 1822. Porém, nesta aula não vamos tão longe, nosso bonde vai até a estação do ciclo da cana de açúcar.

Muita gente não gosta desse longo período. Ocorre que despenca nas provas, cara. E você é Coruja!! Então, vamos com coragem e cabeça erguida.

Não sai do foco. Nada de whats, porque enquanto você vê uma mensagenzinha, alguém acerta uma questãozinha. Bora, gente!! Vejamos! Ah sim, antes uma questão sobre o que vimos até agora:

(UNICAMP/2013)

“Quando os portugueses começaram a povoar a terra havia muitos destes índios pela costa junto das Capitanias. Porque os índios se levantaram contra os portugueses, os governadores e capitães os destruíram pouco a pouco, e mataram muitos deles. Outros fugiram para o sertão, e assim ficou a costa despovoada de gentio ao longo das Capitanias. Junto delas ficaram alguns índios em aldeias que são de paz e amigos dos portugueses.”

(Pero de Magalhães Gandavo, Tratado da Terra do Brasil, em http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/ganda1.html. Acessado em 20/08/2012.)

Conforme o relato de Pero de Gandavo, escrito por volta de 1570, naquela época,

a) as aldeias de paz eram aquelas em que a catequese jesuítica permitia o sincretismo religioso como forma de solucionar os conflitos entre indígenas e portugueses.

b) a violência contra os indígenas foi exercida com o intuito de desocupar o litoral e facilitar a circulação do ouro entre as minas e os portos.

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c) a fuga dos indígenas para o interior era uma reação às perseguições feitas pelos portugueses e ocasionou o esvaziamento da costa.

d) houve resistência dos indígenas à presença portuguesa de forma semelhante às descritas por Pero Vaz de Caminha, em 1500

Comentários

De acordo com o documento do cronista Pero de Gandavo, os indígenas fugiam para o interior (sertão) como forma de resistência à presença portuguesa. Desde o início do período colonial, vários grupos se opuseram aos lusos, ocasionando diversos conflitos entre nativos e europeus. Dessa forma, fugir para o “interior” dificultava a ação dos portugueses. Por isso, o gabarito é a alternativa C.

A alternativa A pode pegar os mais desatentos, pois, ao longo da colonização, de fato, as missões jesuíticas levaram a sincretismos religiosos. Porém, não dá para afirmar categoricamente que os conflitos foram solucionados. Além disso, repare que o texto da questão foi escrito por volta de 1570, ou seja, antes da instalação da proliferação dos trabalhos das missões.

A B está errada porque o trecho final desloca o ciclo da mineração para um contexto em que ele ainda não existia.

Já a D, contraria o que Caminha escreveu em sua carta.

Por fim, interessante perceber que o texto também mostra que, em muitos casos, algumas sociedades indígenas também estabeleciam sistemas de alianças com os portugueses.

Gabarito: C

(UNICAMP/2014)

A história de São Paulo no século XVII se confunde com a história dos povos indígenas. Os índios não se limitaram ao papel de tábula rasa dos missionários ou vítimas passivas dos colonizadores. Foram participantes ativos e conscientes de uma história que foi pouco generosa com eles.

(Adaptado de John M. Monteiro, “Sangue Nativo”, em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/ sangue-nativo. Acessado em 14/07/2013.)

Sobre a atuação dos indígenas no período colonial, pode-se afirmar que:

a) A escravidão foi por eles aceita, na expectativa de sua proibição pela Coroa portuguesa, por pressão dos jesuítas.

b) Sua participação nos aldeamentos fez parte da integração entre os projetos religioso e bélico de domínio português, executados por jesuítas e bandeirantes.

c) A existência de alianças entre indígenas e portugueses não exclui as rivalidades entre grupos indígenas e entre os nativos e os europeus.

d) A adoção do trabalho remunerado dos indígenas nos engenhos de São Vicente contrasta com as práticas de trabalho escravo na Bahia e Pernambuco.

Comentários

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios já possuíam rivalidades entre si. Um exemplo são os Tupinambas oriundos da Amazônia que, por volta do ano 1000, conquistaram a região da atual São Vicnete/Santos (SP) dos índios Tapuias. Dessa forma, quando os europeus chegaram nas Américas, eles souberam se aproveitar das diferenças entre os povos indígenas. Isso ocorreu no Brasil e na América

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Espanhola. Por isso, no decorrer do século XVII, além dos vários conflitos envolvendo indígenas e europeus, também houve conflitos entre indígenas e europeus de um lado, contra indígenas e europeus do outro lado.

Um caso clássico que podemos lembrar é o da Confederação dos Tamoios. Incentivados pelos franceses, os índios das tribos tamoios conseguiram se unir a outras tribos e criaram a Confederação dos Tamoios, com objetivo de guerrear contra os portugueses. No final dessa batalha, os portugueses saíram vitoriosos, inclusive com o apoio de outros índios.

Nesse contexto, o Gabarito é a letra C.

A A está errada porque os índios não aceitaram a escravidão, tal como o item afirma. A alternativa B sugere que jesuítas e bandeirantes adotaram a mesma estratégia de subjugação dos índios. Da forma como a frase foi escrita ela está errada, pois é necessário diferenciar a atuação dos missionários e a dos bandeirantes. Além disso, alternativa ainda coloca os índios como sujeito da ação, quando, na verdade, eles foram objeto da dominação.

A alternativa D está equivocada porque não houve esse trabalho remunerado dos indígenas. Ainda mais em São Vicente, ou melhor, no sudeste do país, região que manteve o trabalho escravo indígena por mais tempo.

Gabarito: C

2.1 - A expedição de Martin Afonso de Souza e o início da colonização

6

Em 1530, a Coroa Lusa organizou a 1ª. Expedição Colonizadora comandada por Martin Afonso de Sá. os historiadores consideram que, com essa expedição, iniciou-se o 2º momento da colonização, ou a colonização propriamente dita. Os objetivos estabelecidos para o explorador foram:

Iniciar a ocupação da terra portuguesa: povoar e explorar;

Combater os corsários estrangeiros;

Procurar metais preciosos;

Sistematizar o reconhecimento do litoral para implementar a produção de cana-de-açúcar.

Note que entre os objetivos da expedição colonial, 2 são de natureza econômica: procurar metais preciosos e encontrar o melhor lugar para o cultivo de cana de açúcar. Assim, podemos afirmar que o sentido econômico da colonização era encontrar uma atividade que

6 ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/

Fundação Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 08.

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compensasse o esforço colonizador, leia-se, o investimento. Além disso, gerar muita riqueza e superlucros para a metrópole e suas elites. Afinal, a lógica era mercantilista, né gente?

O economista e historiador Caio Prado Jr., em seu livro Formação do Brasil contemporâneo, advoga a tese de que o sentido econômico do projeto colonial esteve voltado para abastecer o mercado exterior e, assim, transferir os dividendos desse comércio para os países colonizadores:

No seu conjunto a colonização dos trópicos toma o aspecto e uma vasta empresa colonial destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu, é este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma das resultantes[...]. Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura bem como as atividades do país. Virá o branco europeu para especular, realizar um negócio; inverterá seus cabedais e recrutará mão de obra que precisa: indígenas ou negros importados7.

Perceba, portanto, que o objetivo do Rei de Portugal ao estabelecer metas para Martin Afonso não foi desenvolver a colônia em si, mas descobrir uma atividade que pudesse pagar os investimentos desse empreendimento bem como gerar superlucros.

É evidente, como veremos, que outras atividades econômicas acabaram criando uma economia colonial própria, cujos lucros permaneciam na própria colônia e que, dessa forma, possibilitavam o surgimento de grupos e interesses distintos daqueles da metrópole portuguesa. Mesmo assim, isso não inverteu o sentido inicial da colonização e tão pouco o objetivo da Metrópole colonizadora. Sacou?

Sobre a formação do Brasil

O pensador Caio Prado Junior tem por objetivo analisar a evolução do Brasil. Para tanto, ele encontra o sentido geral desse processo no evento que marca a formação do Brasil como país: a colonização. Leia um trechinho do que ele escreve:

“Se vamos a essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois, algodão e, em seguida, café para o comércio europeu. Nada mais que isso. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizavam a sociedade e a economia brasileiras [...]. Este início cujo caráter se manterá dominante através dos três séculos (...) se agravará profunda e totalmente nas feições e na vida do país. Haverá resultantes secundárias que tendem para algo de mais elevado; mas elas ainda mal se fazem notar. O “sentido da evolução” brasileira que é o que estamos aqui indagando, ainda se afirma por aquele caráter inicial da colonização. Tê-lo em vista é compreender o essencial deste quadro que se apresenta em princípios do século passado, e que passo agora a analisar.”8

Nesse sentido, para Caio Prado, a colonização gerou uma marca, uma cicatriz, algo do qual não podemos nos livrar – apesar e independente dos caminhos que percorremos como nação. Em Ciência Política, chamamos isso de path dependency, trajetória dependente. Segundo esse

7 PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979, p. 31-32.

8 PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979, p. 31-32.

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conceito, cada passo dado é necessário para entender o seguinte e, além disso, cada passo dado define, em grande medida, qual será e como será o próximo. Mudar o rumo completamente tem um custo muito grande. Sacou?

Assim, essa perspectiva coloca para nós uma pergunta: como nosso processo de colonização pode explicar o Brasil de hoje? Guarda a pergunta e vamos para o conteúdo, quem sabe você

não se anima a responder ao final dos nossos estudos sobre Colônia! 😊

Caros, essa discussão sobre o sentido da colonização –– deu margem para a definição de 2 tipos de colonização: a de exploração e a de povoamento. Vejamos:

Colônia de Exploração: voltada para produção de mercadorias típicas de exportação. MONOCULTURA. Foco: Mercado externo. Assim, predomínio da grande propriedade rural: LATIFÚNDIO!

Colônia de povoamento é o exato oposto da colônia de exploração: produção voltada para o mercado interno. PLURICULTURA. Assim, predomínio da pequena propriedade familiar.

Contudo, hoje em dia não usamos mais essas definições, de maneira compartimentada. Se porventura aparecer na sua prova, contextualize-a!

Mas por que, Profe Alê? Qual o problema?

Não usamos porque as pesquisas na área da História e da Economia desenvolveram outras interpretações. Por exemplo, sabemos que nas colônias espanhola e portuguesa na América houve exploração e povoamento ao mesmo tempo. Como seria possível explorar sem povoar?

Na América Latina (antes tida como modelo de colônia de exploração), por exemplo, foi preciso instalar uma forte e extensa burocracia estatal para garantir a implantação e execução dos interesses da coroa e dos setores mercantis europeus. A vinda dos jesuítas para colonizar os povos originários também se tratou de povoamento.

Além disso, a despeito de ter se formado no Brasil uma estrutura agrária monocultora e latifundiária voltada para exportação (plantation), houve também agricultura, pecuária e comércio locais. Em diferentes áreas do território brasileiro se desenvolveram propriedades familiares. Veja o que nos dizem as professoras Lilia e Heloísa sobre o assunto:

Passados os primeiros tempos das notícias desencontradas e de tantos boatos, foi preciso garantir o achado e impedir os ataques estrangeiros. Tinha-se que povoar e colonizar a terra, mas também encontrar algum tipo de estímulo econômico. [...] Como se pode notar, a ideia era obter lucro com a

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nova terra, antes que ela se transformasse num problema. E era esse o “sentido da colonização”: povoar, mas sempre pensando no bem da metrópole.9 (grifos nossos)

Percebe que, nessa interpretação, povoar e explorar são dois lados da mesma moeda? Por esse motivo, combinado com as ações sobre os índios (o que ainda veremos), parte da historiografia também usa a expressão “conquista”.

Outro exemplo, nos EUA (tido anteriormente como modelo de colônia de povoamento), houve povoamento e exploração. Todo o sul dos EUA estava organizado por meio de grandes propriedades territoriais, monocultoras, voltadas para o mercado externo e usando mão de obra escrava negra. O povoamento não se deu por meio da implantação da burocracia metropolitana, mas por meio de famílias que vieram em um empreendimento mais particular.

CONCLUSÃO: não dá para usar de maneira separada o que foi povoamento e o que foi exploração. No final, o que diferenciou EUA e América Latina estava baseado em outros elementos:

Empreendimento Estatal (América Latina) OU particular (EUA);

Financiamento Estatal em aliança com os setores mercantis (América Latina) OU particular/familiar (EUA);

Cosmologia religiosa católica – uma cruzada para IMPOR o catolicismo (América Latina) OU Cosmologia protestante – liberdade religiosa (EUA).

Portanto, a exploração do Brasil, ou conquista, foi um projeto da Coroa Portuguesa para garantir os superlucros, expandir a fé católica, repelir outros conquistadores (franceses, holandeses) e melhor disputar a hegemonia marítima do Atlântico. Povoar a terra era um meio necessário para garantir tudo isso.

Para atingir esses objetivos, a Coroa precisou estabelecer um sistema político de administração e organização colonial. Nesse sentido, a partir de 1530, predominaram 2 tipos, como vimos no esquema do início da aula: Capitanias Hereditárias e Governo-Geral.

Essas estruturas política-organizativas foram completares e criaram um cenário favorável ao desenvolvimento de formas específicas de relação de poder e o desenvolvimento de estruturas sociais correspondentes.

9 SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das

Letras, 2018, p.

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3. ADMINISTRAÇÃO COLONIAL

Se em 1530, o governo português mandou o expedicionário Martin Afonso de Souza iniciar a ocupação da terra portuguesa, combater os corsários estrangeiros, procurar metais preciosos e sistematizar o reconhecimento do litoral para implementar a produção de cana-de-açúcar, tornava-se necessário, também, elaborar uma forma de administrar essas ações. Concorda?

Contudo, os dados historiográficos afirmam que a Coroa Portuguesa não contava com tantos recursos acumulados para investir diretamente na colonização do Brasil. Assim, precisou contar com recursos privados.

Para tanto, a solução encontrada foi doar terras – as sesmarias- em troca da exploração dessas terras, de modo que parte das riquezas geradas fossem destinadas ao rei (via impostos). Tratava-se de um sistema descentralizado de administração colonial.

Sesmaria era um pedaço de terra distribuído a um beneficiário próximo à Coroa com o objetivo de cultivar as terras conquistadas.

A origem dessa prática de sesmaria remonta ao período final da Idade Média e às práticas de suserania e vassalagem. A distribuição de sesmaria não garantia a propriedade, mas o usufruto. A concessão de sesmarias foi extinta apenas em 1822, sendo a origem dos grandes latifúndios no Brasil.

3.1 – Sistema de Capitanias Hereditárias

Então, em 1534, o rei Dom João III ordenou a divisão do território em 15 partes e as distribuísse a pessoas nomeadas por ele, os donatários. Iniciava-se, assim, o sistema de capitanias hereditárias.

Observe a imagem a seguir. Sei que você já deve ter isso tatuado na mente, mesmo assim, observe as relações que construí. Fica safo!

ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977

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Profe, isso era uma pegadinha, não era? O cara tinha que investir em tudo, corria todos os riscos, ficava só com 5% da exploração do pau-brasil e inda tinha que

garantir o lucro do rei? Gente, o Brasil era pior que o Brasil!!!

Brincadeiras à parte, galera, parecia piada mesmo. Por isso, o sistema de capitanias não foi tão bem-sucedido, se analisado do ponto de vista econômico e das pretensões da Coroa Portuguesa. Apenas duas capitanias deram certo – e por um tempo: São Vicente e Pernambuco (mais à frente vamos voltar a falar dessas duas capitânias, segura aí!).

Na verdade, nem todos que receberam do rei a carta de doação das capitânias seguiram adiante. Alguns nem sequer vieram à Colônia tomar posse. Daqueles que vieram, foram muitos os obstáculos que precisaram enfrentar. Listemos alguns:

• Isolamento das capitanias, uma sem relação com as outras. As distâncias eram enormes, por isso, a comunicação e a circulação também eram difíceis. Esse isolamento fazia com que as soluções para as dificuldades tivessem que ser sempre conseguidas “dentro” da capitânia. Mas essa terra não era um vazio, né?

Direitos

Distribuir terras: sesmarias.

Criar Vilas

Exercer autoridade administrativa e

judicial

Escravizar indígenas considerados

inimigos (guerra justa)

Receber 5% do comércio do pau-

brasil

Deveres:Assegurar ao

Rei de Portugal

10% dos lucros sobre TODOS os produtos

da terra

O monopólio da extração do pau-brasil

As despesas necessárias à obra colonizadora corriam por conta e risco do

donatário!

Carta de doação: O donatário tinha a posse da Capitânia, mas

apenas uma parte (pequena) tornava-se sua propriedade.

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• Revolta e ataques dos povos indígenas. Como as capitanias, na prática, eram uma expropriação do território indígena é evidente que muitos povos resistiram a essa ocupação (ou invasão) e causaram verdadeiras guerras contra os colonizadores.

• Dificuldades para desenvolver a lavoura, afinal, nem todas as capitânias possuíam terras férteis. Na verdade, os europeus ainda não conheciam muito bem qual era o produto mais adaptado ao clima tropical e equatorial. Assim, na verdade, o problema não estava no solo, mas no desconhecimento dos portugueses sobre o que produzir para exportar e gerar dividendos à Coroa.

• Dificuldade de obter mão de obra para a louva e para o extrativismo.

• Tudo isso, custava muito caro. Apesar dos donatários serem pessoas da nobreza portuguesa, nem todos possuíam grande monta de recursos para enfrentar todos os obstáculos acima arrolados.

Apesar das adversidades, havia um ponto positivo no que se referia ao sistema de capitanias, a saber: ele deu a base para a formação dos primeiros núcleos de povoamento, como em São Vicente (1532), Porto Seguro (1535), Ilhéus (1537) e Santos (1545).

3.2 – Governo geral

Assim, tendo o sistema de administração descentralizada das capitanias hereditárias tido pouco êxito, a Coroa Portuguesa buscou uma solução diferente e mais centralizadora: a formação de um Governo-Geral. Tratava-se da criação de um órgão central de direção e de administração comandado por um funcionário da Coroa, nomeado pelo Rei, para ajudar os donatários e interferir mais diretamente na implantação do sistema de exploração colonial.

Para que você tenha uma noção dos objetivos, funções e estrutura burocrática, observe os esqueminhas abaixo:

Ob

jeti

vos

do

G

ove

rna

do

r-G

era

l

Defesa da terra contra ataques estrangeiros

Incentivo à busca de metais preciosos

Luta contra a resistência indígena

Apoio à religião cristã

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Os dois sistemas coexistiram. Isso acabou por gerar, em diversos momentos, um embate entre interesses locais e metropolitanos. Em geral, o Governador Geral e seus auxiliares enfrentavam a oposição de poderes locais, afinal, os donatários também tinham funções administrativas e judiciárias.

Esses homens proprietários de terra, gado e escravos, chamados de “homens-bons”, se organizavam nas “câmaras municipais”. Elas se formaram no mesmo processo de formação das vilas (primeiros povoados). Elas organizavam a administração da vila, a arrecadação tributária, o comércio local, as expedições de reconhecimento e expansão territorial, além do aprisionamento indígena. Ou seja, eram uma verdadeira estrutura de poder local. Assim, os homens-bons exerciam o poder político local.

A partir da análise dos esquemas, podemos concluir que a administração colonial apresentou duas tendências que se revezaram ao longo do tempo: CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO.

Funções do Governador

Militar: comando e defesa da colônia

Administrativa: relacionamento com os donatários das capitais e assuntos ligados às finanças

Judiciária: nesse caso, o governador podia nomear os funcionários da justiça e também poderia mudar penalidades

Eclesiásticas: indicação e sacardotes para as Paróquias. Essa prerrogativa era legitimada pela Igreja Católica e recebeu o nome de

PADROADO.

Governador

Ouvidor-Mor: encarregado das funcções

judiciais

Provedor-mor: encarregado dos assuntos

da fazenda

Capitão-mor: encarregado da defesa do

litoral

CARGOS AUXILIARES

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Em geral, a centralização ocorreu quando a metrópole queria controlar mais as atividades coloniais e/ou aumentar a arrecadação de impostos; já a descentralização era estimulada quando a metrópole desejava ocupar e desenvolver regiões.

Você consegue perceber como essas duas estruturas de poder (centralizado e descentralizado) podem gerar conflitos se não estiverem funcionando em consonância de interesses e objetivos? Pois é, além disso, essas diferenças entre governador e homens-bons eram acentuadas devido à ausência de um sistema de comunicação adequado. Como diria o grande filósofo Chacrinha: “quem não se comunica, se trumbica!”

Para que você saiba mais, em 1759, o sistema de capitanias deixou de existir permanecendo apenas o Governo – Geral, até 1808, quando a família real desembarca no Brasil. Entretanto, até que chegue o século XVIII, muitas dessas diferenças ensejaram conflitos e revoltas, chamadas de nativistas, as quais iremos

estudar nas próximas aulas. Por hora, guarde essa reflexão geral, ok!!

Por fim, para que você tenha uma noção de quem foram os Governadores Gerais, dá um bizu nos caras:

(EsFECx/2019)

Na América portuguesa, em consequência da ofensiva francesa e do declínio do trato asiático, foram tomadas em 1534 medidas para o povoamento e a valorização do território.

To

de

So

usa

-1

54

9-

15

53 •Fundação da vila de

Salvador•Implantação da cultura da

cana-de-açúcar•Vinda Cia de Jesus (jesuítas),

Padre Manoel da Nóbrega

Du

art

e d

a C

ost

a -

15

53

-1

55

8 •França invade o RJ e funda a França Antártica

•Vinda do Padre Ancheita.•Fundação das missões

jesuíticas e do Colégio São Paulo

•Conflitos entre colonos e jesuítas

Me

m d

e S

á -

15

58

-15

72

•Expulsou os franceses do RJ•Formação da Confederação

indígena dos Tamoios•Início das "guerras justas"

contra os indígenas resistentes à colonização e à conversão ao cristianismo.

• Avanço da atividade açucareira

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ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 20.

As medidas mencionadas na afirmativa acima referem-se aos sistemas de administração que Portugal empregou no Brasil no século XVI. Em ordem cronológica, a partir de 1534, tais sistemas foram

A) Feitorias e Governo Geral.

B) Capitanias Hereditárias e Governo Geral.

C) Governo Geral e Feitorias.

D) Governo Geral e Capitanias Hereditárias.

E) Feitorias e Capitanias Hereditárias.

Comentários

Quando a aadminsitração portuguesa iniciou os trabalhos de colonização com vistas à obtenção de lucro, o territorio brasileiro foi dividido em Capitanias. O rei Dom João III ordenou a divisão do território em 15 partes e as distribuísse a pessoas nomeadas por ele, os donatários. Iniciava-se, assim, o sistema de capitanias hereditárias. Esse sistema não deu certo porque a forma descentralizada de organização do território não se mostoru eficiente, princiapalmente no que diz respeito à proteção do territorio. Tendo o sistema de administração descentralizada das capitanias hereditárias tido pouco êxito, a Coroa Portuguesa buscou uma solução diferente e mais centralizadora: a formação de um Governo-Geral.

As feitorias eram as administrações coloniais na África e na Ásia.

Gabarito: B

(UDESC/2013)

Analise as proposições sobre a administração colonial na América portuguesa, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa.

( ) Com o objetivo de diminuir as dificuldades na administração das capitanias, D. João III implantou, na América portuguesa, um Governo-Geral que deveria ser capaz de restabelecer a autoridade da Corte portuguesa nos domínios coloniais, centralizar as decisões e a política colonial.

( ) A Capitania de São Vicente foi escolhida pela Coroa Portuguesa para ser a sede do Governo, pois estava localizada em um ponto estratégico do território colonial português. Foi nesta Capitania que se implementaram as novas políticas administrativas da Coroa com a instalação do Governo-Geral.

( ) Tomé de Souza foi o responsável por instalar o primeiro Governo- Geral. Trouxe com ele soldados, colonos, burocratas, jesuítas, e deu início à construção da primeira capital do Brasil: Rio de Janeiro.

( ) A criação e instalação do Governo-Geral na América portuguesa foi uma alternativa encontrada pela Coroa Portuguesa para organizar e ocupar a colônia, que enfrentava dificuldades, dentre elas os constantes conflitos com os indígenas e os resultados insatisfatórios de algumas capitanias.

Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo:

a) V – F – F – V

b) V – F – V – F

c) V – V – F – F

d) F – V – F – V

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e) F – V – V – F

Comentários

Como vimos, o Sistema de Governo-Geral foi implantado para aprimorar o Sistema de Capitanias Hereditárias. A Coroa visava dar resposta aos seguintes conflitos: com indígenas; com invasões estrangeiras; fruto de fracassos em algumas Capitanias. Outra razão da nova administração foi o objetivo centralizador, isto é, tomar conto sobre todos os assuntos da colônia. Diante disso, a primeira afirmação é verdadeira. Já a segunda, não, pois São Vicente estava entre as regiões que não retornavam lucro para Metrópole. Além disso, sabemos que a primeira capital foi Salvador, ou seja, os centros dos negócios passavam pelo Nordeste, pelo menos no início da colonização. Nesse sentido, a terceira afirmação também é falsa, pois Rio de Janeiro foi a 2ª capital.

Por fim, a última afirmação é verdadeira.

Gabarito: A

4. ECONOMIA, TRABALHO E SOCIEDADE NA COLÔNIA

Agora que estudamos os aspectos políticos e administrativos do início da colonização portuguesa na América, podemos partir para os estudos sobre os elementos econômicos dessa empreitada. É verdade que, como já vimos, a primeira atividade econômica na colônia foi o extrativismo do pau-brasil. A exploração era monopólio da Coroa Portuguesa que permitia a exploração particular por meio de contrato de concessão, realizada com mão de obra indígena à base de escambo.

Mas você deve se lembrar, também, que o governo português, especialmente a partir de 1530, procurava alguma atividade econômica mais rentável que o pau-brasil a fim de financiar o empreendimento colonizador e garantir a posse efetiva e sistemática da terra. Isso porque, a concorrência com franceses, ingleses e holandeses começava a diminuir o lucro metropolitano em relação aos negócios com as especiarias do Oriente, além de existir o risco contínuo de invasão estrangeira no território colonial na América.

4.1 – A implantação de uma cultura de exportação: a cana-de-açúcar

Em 1530, com a expedição de Martin Afonso de Souza, chegaram as primeiras mudas da cana-de-açúcar para o desenvolvimento da atividade açucareira. A escolha da cana se deu porque Portugal tinha experiência desse cultivo nas ilhas africanas do Atlântico – Açores e Madeira. Além disso, o açúcar tornara-se, na Europa, uma especiaria de luxo. Uma mesa farta de doces açucarados era o símbolo da riqueza!!

Dessa forma, os colonos que desembarcaram no Brasil, juntamente com Martin Afonso, iniciaram a produção canavieira na recém fundada Vila de São Vicente. Para plantar a cana e produzir o açúcar desenvolveram um complexo produtivo chamado “engenho de açúcar” (vamos falar mais sobre engenhos na sequência da aula, segura aí!).

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Depois do pontapé inicial na Vila de São Vicente (atual Santos), tentou-se produzir cana-de-açúcar em toda a extensão do litoral brasileiro em diferentes Capitânias. No entanto, foi no Nordeste que a planta vingou mesmo, pois o solo da região e as condições climáticas eram melhores. Veja a seguir uma lista de motivos que explicam o sucesso do cultivo:

Na segunda metade do século XVI a produção de cana de açúcar se desenvolveu tanto que chamou a atenção do Rei de Portugal, Dom Sebastião. Por isso, a partir de 1571, o rei decretou que o comércio colonial com o Brasil (de quem quer que fosse) deveria ser feito exclusivamente por navios portugueses. Na prática, era a implantação do exclusivo metropolitano ou pacto colonial (lembra?), porque esse monopólio comercial dava condições para Portugal controlar a economia colonial, ou seja, o Brasil só

poderia comercializar com sua metrópole.

De fato, o crescimento da produção açucareira foi tanta que Portugal monopolizou o próprio comércio internacional dessa iguaria doce. Com isso, Portugal e seus torrões branquinhos eram vedete no comércio internacional e nas cortes europeias.

Podemos observar esse crescimento tomando como base o número de engenhos que surgiram em Pernambuco – principal capitânia produtora. Observe o gráfico:

Na sequência de Pernambuco a produção se espalhou para as regiões dos atuais Rio Grande do Norte, Pará e Bahia. E, assim, o “ouro branco” ganhava tanto “poder” que colônia e metrópole constituíam uma relação de dependência desse produto.

Na seção seguinte vamos analisar o engenho – essa unidade produtiva que se tornou o núcleo difusor da estrutura política, social e econômica da Colônia.

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4.2 – A civilização do açúcar: trabalho e sociedade

Evidentemente, quando falamos em economia também tratamos de trabalho, uma vez que é por meio dele que se produz riqueza, como ensinou o liberal Adam Smith. Além disso, as relações econômicas e de trabalho estabelecem a organização dos grupos sociais.

Entendendo a sociedade dentro dessa perspectiva complexa e combinada, podemos inferir que o primeiro grande produto de exportação, a cana-de-açúcar, foi o elemento central do desenvolvimento da sociedade colonial. Segundo as professoras Lilia e Heloísa, trata-se da constituição da “civilização do açúcar”. Veja o que afirmam:

A partir do século XVI a empresa colonial giraria em torno da cana: a formação de vilas e cidades, a defesa de territórios, a divisão de propriedades, as relações com diferentes grupos sociais e até a escolha da capital [...] A civilização do açúcar era feita de muitos pedaços, todos dependentes entre si. Como se pode notar, é possível falar em “civilização do açúcar, já que este invadia esferas sociais, econômicas e culturais.” (idem, p. 67 e 72)

Se essa tese está certa, precisamos analisar a unidade produtiva do açúcar – o engenho – para entender as demais relações que se formaram a partir dele, pois, segundo os historiadores, o engenho se tornou o núcleo social, administrativo e cultural da vida na colônia.

4.2.1 – Conhecendo um engenho, suas edificações e as atividades de produção do açúcar

10 O engenho era o estabelecimento onde se produzia o açúcar. Algo como o lugar em que se encontravam os instrumentos de transformação da cana-de-açúcar em açúcar propriamente dito. O engenho era, portanto, um espaço diferente e separado da lavoura onde se plantava a cana.

Contudo, com o passar do tempo, engenho passou a ser a

10 ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/

Fundação Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 21.

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designação do complexo açucareiro todo: a fazenda, a lavoura, os instrumentos, as edificações (como a casas, as capelas, os espaços de negociação da produção), os locais de mando. O proprietário de tudo isso era conhecido como “senhor de engenho”. Dá uma olhada na imagem a seguir:

Quero destacar as três edificações marcadas na imagem acima, pois, em tese, elas são representações arquitetônicas dos principais grupos sociais: aristocracia fundiária, escravos e clérigos.

1- a casa-grande: casarão que ficava na área mais alta do engenho. Essa moradia, também era chamada de solário devido à área externa ao redor da casa – um verdadeiro observatório de onde o senhor de

engenho podia avistar tudo – afinal, como diz o ditado: os olhos do dono engordam o boi! Nela moravam o senhor de engenho, sua família biológica, os aparentados e os agregados. Lugar que servia de hospedaria para as visitas, como padres, aliados políticos, comerciantes – por isso, geralmente, tinham muitos quartos com janelões. Também servia como centro administrativo dos negócios do engenho. “Escravos de casa” trabalhavam dentro da casa-grande, cozinhando, passando, limpando, cuidando dos filhos e das senhoras, entre outros afazeres.

2- a capela: era a Igrejinha do engenho. Quase como uma extensão da casa-grande. Geralmente modesta, mas suficiente para realizar batizados, casamentos e velórios. Peça fundamental desse cenário, pois recebia para a Missa de Domingo todos os grupos sociais que orbitavam em torno do engenho e das suas atividades econômicas. Não se esqueçam de que o catolicismo era elemento fundamental desse universo colonial.

3- a senzala: lugar onde viviam as pessoas escravizadas. Eram casinhas ou uma construção contígua. As vezes contavam com compartimentos separados destinados a cada família, outras vezes eram espaços coletivos e outras, ainda, separavam homens e mulheres. Sempre rústicas, feitas de barro e telhado de sapé, bem baixa e, em geral, sem janelas. As condições eram péssimas, pois faltavam ar e luz. Algumas não contavam com camas ou espaço para higiene pessoal. Era comum a superlotação, pois, novos escravos ocupavam sempre o mesmo lugar. À noite a senzala era trancada para evitar fugas e manter o regime de descanso e trabalho. Em geral, quem controlava a senzala era o capataz

(uma espécie de “guarda” do engenho).

Dito isso sobre as edificações principais, vamos agora ver os espaços e as formas de produção do açúcar.

Na colônia, a lavoura da cana ocupava uma grande porção de terra – um latifúndio. O trabalho era realizado pelas pessoas escravizadas – os escravos ou cativos. Inicialmente, foram os indígenas, depois, os africanos trazidos forçosamente. Como afirmamos ao longo da aula, a produção era voltada para o mercado externo. Essas características formam o modo de produção tipicamente colonial: PLANTATION.

Em geral, o cultivo da cana - o preparo da terra, a semeadura e a colheita - levava um tempo entre 12 e 18 meses. Vejamos algumas etapas produtivas do açúcar:

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Preparação da terra, que não era feita com arado, mas com enxadas. Antes usava-se o velho método de coivara: derrubar a mata e atear o fogo. Só depois os escravos vinham com suas enxadas e revolviam a terra.

Após 12 meses, aproximadamente, colhia-se a cana. O corte da cana era feito com facão.

Cortada, a cana seguia em carros de boi ou barcos até o engenho.

Com a chegada da cana no engenho começava-se o processo de produção açucareira. A técnica empregada para a produção do açúcar, em geral, era muito rudimentar.

O processo de produção açucareira abrangia as seguintes etapas:

Casa da moenda: Finalidade: moer e prensar para obter um caldo de cana, em grandes engrenagens. Quem trabalhava: 1 feitor-pequeno, um lavadeiro e 15 escravos. Casa das fornalhas: Finalidade: depois de moer e prensar a cana, o caldo obtido era cozido na casa das fornalhas até formar um caldo chamado melaço. Quem trabalhava: 1 mestre de açúcar, 1 banqueiro, 3 caldeireiros e 28 escravos Casa de purgar: Finalidade: Transformar o melaço em “blocos”, a conhecida rapadura, por meio de drenagem. O melaço ficava por duas semanas em formas de barros com furos de drenagem. Nesse momento também se podia produzir a aguardente (cachaça). OBS: Depois de 40 dias, três tipos de açúcar eram produzidos, a saber: escuro, mascavo e branco. Quem trabalhava: 1 purgador e 5 escravos. Secagem e embalagem Finalidade: A última parte da produção do açúcar tinha por objetivo a secagem e embalagem do produto. Cortava-se o melaço sólido (açúcar) e separavam-se os diferentes açúcares. Após a separação, o açúcar era batido, esfarelado e embalado. Quem trabalhava: 1 caixeiro e 19 escravos. OBS: o número de trabalhadores envolvidos em cada etapa da produção dependia de diversos fatores, como o tamanho do engenho, a quantidade da produção, o tempo de entrega, a disponibilidade de escravos, entre outros.

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Há uma ressalva a ser feita sobre a empresa açucareira. Não havia refinarias de açúcar no Brasil. Essa foi uma tarefa que portugueses deixaram para holandeses. Aliás, também é importante recordar a

participação do capital flamengo (eita, não é time, hein, é holandês) nos negócios do açúcar. Em troca do financiamento para a instalação de engenhos, o governo português

concedeu a eles o direito de refinar e vender o açúcar brasileiro na Europa. Portanto, o capital holandês foi fundamental para a expansão da produção e do alcance do açúcar brasileiro no mercado internacional.

Guarda isso, porque daqui a pouco vou falar mais dos holandeses.

4.2.2 – Estrutura social açucareira

O lugar que cada grupo ocupava no complexo açucareiro definia a classe social a que a pessoa/grupo pertencia? Essa divisão, inclusive, determinava as relações políticas e sociais entre estes grupos. Vamos articular?

Existiam os proprietários da terra, os homens livres que prestavam algum serviço relacionado à produção açucareira (mestre do açúcar, caixeiro, purgador, caldeiro, banqueiro, feitos) e os escravos.

Com certeza, a figura mais poderosa dessa pirâmide social é o senhor de engenho – o proprietário das terras, da produção e das pessoas. Além disso, como estamos discutindo nesta aula, o proprietário da terra era uma pessoa com poderes políticos, administrativos e até judiciais. Então, alguns historiadores afirmam que a autoridade desse senhor ultrapassava os limites de suas terras e, assim, conseguia atingir a vila e povoados vizinhos. Com isso, ele podia estabelecer aliados políticos por meio da distribuição de favores e privilégios.

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Portanto, havia uma relação de dependência dos homens livres (e mais pobres), escravos e até mesmo dos clérigos com o senhor de engenho. Pelo que afirma Padre Antonil, importante cronista da época, podemos inferir que “senhor de engenho” era tido como algo parecido a um título de nobreza – a que muitos aspiravam, porque:

traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. [...] Servem ao senhor de engenho, em vários ofícios além de escravos [...] na fazenda e na moenda [...] barqueiros, canoeiros, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores, pescadores. Tem mais, cada senhor destes, necessariamente, um mestre de açúcar, um purgador, um caixeiro no engenho e outro na cidade, feitores, e para o espiritual, um sacerdote11. (grifos nossos)

Veja que não se tratava de uma “nobreza hereditária”, como na Europa, mas “uma aristocracia da riqueza e do poder”12. Ainda assim, muitas vezes, se auto cunhavam títulos como conde, barão, marquês.

A marca maior desse grupo aristocrático não era o que eles faziam, mas o que NÃO faziam: não se dedicavam ao trabalho braçal, como cuidar de uma horta de uma loja, ou até mesmo, de realizar algum

artesanato ou manufatura. Por terras tropicais, pairava o velho pensamento medieval do trabalho como uma ordem de coisas que “naturalmente” não cabe aos senhores. Trabalho era coisa de classes e grupos inferiores.

Os aristocratas tropicais viviam de rendimentos, aluguéis e de cargos públicos conseguidos por meio de relações de amizade e privilégios – era o berço do patrimonialismo. Além disso, contavam com grande número de parentes, aparentados, agregados, criados e escravos que lhes serviam, de algum modo, na esperança de obterem alguma oportunidade.

5. A QUESTÃO DA ESCRAVIDÃO

Vejam, meus queridos e queridas, é impossível falar de aristocracia sem falar da escravidão. São duas faces da mesma moeda que compõem uma estrutura social caracterizada por Gilberto Freyre como “sociedade patriarcal”.

A expressão utilizada pelo autor em seu livro clássico Casa Grande & Senzala é “equilíbrio de antagonismos de economia e cultura”. Uma realidade dual na qual a violência e o paternalismo são elementos de uma

11 ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1997, p. 75.

12 SCHWARCZ e STARLING, idem, p. 67.

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mesma relação. Afinal, eu nem preciso ficar aqui descrevendo a “qualidade da vida de um escravo” para você, né?

Mas, Profe, me explica por que esse par de opostos – paternalismo e violência?

Olha, meu querido e querida, a violência nos parece mais fácil de entender – ela é tão cotidiana que entendemos bem as formas pelas quais ela se manifesta. Já a questão desse paternalismo era o modo como o dono do escravo tratava algumas de “suas peças” (esse era o modo como a pessoa escravizada era tratada no mercado). As vezes lhe dando agrados – como uma roupa melhor ou comida, permitindo alguma festa ou lazer, entre outros – outras vezes, atribuindo trabalhos menos pesados e mais próximos à casa-grande.

Contudo, em diferentes situações o senhor castigava seu escravo. O castigo físico era absolutamente recorrente – e até mesmo aceito pela Igreja – uma vez que o suplício físico era entendido como a salvação da alma e a correção dos vícios mundanos. De qualquer maneira, a decisão sobre a vida e a morte do escravo estava nas mãos do seu dono.

Portanto, paternalismo não tem a ver com a relação de pai e filho (carinhosa e cuidadosa), mas de controle, dominação e submissão. Nessa sociedade patriarcal é o pai - o senhor de engenho - que controla a vida dos escravos, mas de certa maneira, de todos aqueles que dependem de suas decisões.

Dito isso, podemos inferir que a cor da pele é um marcador social fundamental nas relações coloniais brasileiras, como afirmam as autoras do livro Brasil: uma biografia:

“A cor logo se tornou um marcador social fundamental; as categorizações, fluidas, variavam com o tempo e com o lugar, além de delimitarem classificações sociais e status.13

Diferentemente da colonização espanhola, no Brasil, a mestiçagem é uma marca social, já que não houve nenhuma norma que proibisse a relação sexual entre diferentes povos. Por isso, as professoras Lília e Heloísa usam o termo “cartografia de tons e subtons”.

Mas nem de longe podemos afirmar que a mestiçagem gerou igualdade - ou menos desigualdade de oportunidades. As pessoas “de cor” sofriam toda sorte de discriminação, afinal, sua condição jurídica era de “propriedade” – escravos inferiores. Assim, o constrangimento para a mestiçagem não era apenas jurídico, também era social.

Em geral, essas relações eram extraconjugais, jamais expostas na “missa de domingo” – quando não, poderiam ser, inclusive, relações de exploração e violência sexual. Lembram da personagem Bertoleza no livro O Cortiço, de Aluísio de Azevedo? Ela é a escrava-amante de João Romão, que a engana com uma falsa carta de alforria, ao mesmo tempo que a esconde de toda a sociedade.

13 SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das

Letras, 2018, p.71.

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Mas, Profe, os mestiços também eram escravizados?

A depender da condição da mãe, sim! Se fossem mestiços de homens brancos com mulheres negras escravas, elas nasceriam na condição de escravos também, afinal, os filhos de escravas eram propriedade dos seus donos.

Contudo, é verdade que a gradação da cor da pele poderia significar outras trajetórias. Há muitos estudos históricos na demografia, na sociologia e na economia que demonstram que quanto mais clara é a pele da pessoa maior suas possibilidades de alçar outras ocupações, inclusive, na época do complexo açucareiro – um trabalhador de dentro da casa, um capataz, um entregador, um condutor de cavalos. Os mestiços podiam, também, receber alguma instrução e trabalhar com atividades do comércio. A alforria era mais possível, portanto, para pessoas com mais características brancas.

Vários pensadores, sobretudo na década de 1930, analisando a formação social do Brasil chegaram à conclusão de que as relações sociais eram pautadas por uma complexidade de fatores que incluíam questões de cunho pessoal, cultural e racial. Ou seja, no Brasil, o modo de relação não era só racial, só cultural, só por amizades. Era a síntese de tudo isso e, em muitos sentidos, ainda é.

É inegável os efeitos da escravidão na vida social. Ela é estruturante de todas as outras relações que se estabeleciam na civilização do açúcar.

5.1- A Escravidão Africana

Mas, afinal, profe, quem era o escravo utilizado nos trabalhos do complexo açucareiro?

No início, da atividade açucareira, a mão de obra utilizada era do indígena. Segundo alguns dados demográficos de época, entre 1560 e 1570 não havia africanos nas lavouras de cana. A mão de obra utilizada era do escravo índio conquistado nas “guerras justas”, afinal, era uma solução relativamente barata e disponível.

“A grande lavoura açucareira na colônia brasileira iniciou-se com o uso extensivo da mão de obra

indígena (...) Do ponto de vista dos portugueses, no período de escravidão indígena, o sistema de

relações de trabalho era algo que fora pormenorizadamente elaborado. Tal período foi também

aquele em que o contato entre os europeus e o gentio começou a criar categorias e definições

sociais e raciais que caracterizaram continuamente a experiência colonial.”14

No entanto, a situação começou a se alterar a partir da década de 1570. Se liga nos dados da tabela abaixo:

14 SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia

das Letras, 2005, p. 57.

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O que se processou nesse período foi a substituição do trabalho livre, por exemplo nas tarefas mais especializadas da atividade açucareira – tal como vimos na seção anterior sobre etapas da produção do açúcar –, para o trabalho escravo.

Assim, a mão de obra escrava africana, e depois os afro-brasileiros, acabou constituindo a base das principais atividades econômicas da colônia. Aqui não me refiro apenas à economia açucareira, que estamos estudando nessa aula, mas a outras, como a mineração, pecuária, algodão e extrativismo vegetal.

7%

37%

98%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

1574

1591

1638

Porcentagem

An

os

Proporção de trabalhadores escravos negros na lavoura do

açucar

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200000

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1000000

1200000

1400000

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1800000

2000000

1531-1600 1601-1700 1701-1800 1801-1855

O Tráfico Negreiro para o Brasil

entrada de escravos por século

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Observe no mapa a seguir a localidade para onde iam os escravos trazidos para o Brasil:

Veja, querido e querida, o primeiro argumento relevante é o do historiador Fernando Novais para quem a preferência pela mão de obra africana estava relacionada com as possibilidades de lucro advindo dessa atividade. Ou seja, havia um comércio de viventes a ser explorado e que poderia ser muito rendoso. E foi!!!

Mas Profe quem ganhava com isso, os donos dos escravos? Eram eles que faziam o comércio?

Olha, o tráfico negreiro era um comércio intercontinental e oceânico realizado por grupos específicos, muitos deles ingleses, franceses e holandeses, inclusive. Contudo, o início dessa atividade só foi possível porque portugueses estabeleceram as feitorias no litoral da África (lembra-se disso?). Por meio dessas feitorias, estabeleceram alianças com soberanos locais que facilitavam a escravidão comercial de povos conquistados.

Profe Alê, por que a mão de obra africana? Por que não continuar com os indígenas

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Assim, o comércio de viventes, como alguns historiadores mais recentes se referem ao comércio ou tráfico negreiro, uniu interesses econômicos de 3 continentes: África, Europa e América – formando um comércio triangular, que durou até o século XIX. No caso de Portugal, parte desses lucros ia para a metrópole em forma de taxas devido ao exclusivo metropolitano.

Outro elemento fundamental para explicar os lucros desse comércio é a expectativa de vida de um escravo, em geral, baixa – 35 anos. E sua idade produtiva começava aos 8 anos. É isso mesmo que você leu!! Aos 8 anos! Alguns documentos de época confirmam que o menino de 8 anos já era um homem feito e preparado para o trabalho!! Assim, para o senhor de engenho, o ideal era comprar um escravo que trabalhasse, para não “investir” em mão de obra pouco produtiva.

Para o senhor a lógica não era exatamente comprar e vender, mas, comprar para acumular, afinal, mais escravos mais produção e mais status social. Dessa forma, o mercado com demanda sempre crescente estimulava a chegada de mais pessoas escravizadas trazidas da África. Estima-se que o tráfico atlântico implicou o deslocamento compulsório de 12 milhões e meio de homens, mulheres e crianças da África para as Américas15.

Observe o caso de um Engenho em Sergipe do Conde para perceber essa lógica de demanda crescente:

Outro argumento mais tradicional para explicar a preferência pela mão de obra escrava negra é o cultural: os indígenas do sexo masculino não estavam habituados ao trabalho agrícola, pois, em geral, eram as índias que o realizavam. Entretanto, esse argumento tradicional (comum em provas) já é amplamente criticado por pesquisas recentes, pois a noção de que o índio não era compatível com trabalho agrícola, na verdade, expressa um desconhecimento mais

específico do modo de vida dos povos indígenas (no Capítulo 6, aprofundo as variáveis que levaram à substituição da mão de obra). Dentro desse argumento mais tradicional, os africanos trazidos à América eram agricultores e, portanto, tinham certo conhecimento técnico na lavoura. Principalmente, porque em regiões africanas já havia a plantação do açúcar.

15 FLORENTINO, Manolo. Aspectos do tráfico negreiro na África Ocidental (c. 1500 -c.1800). In:

FRAGOSO, João & GOUVÊA, Maria F. (Org.). Coleção- O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização

Brasileira. V.1, 2018, p. 229.

13 6

80

200

0

50

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150

200

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1635 1710

Proporção trabalho livre e escravo no engenho do Conde

assalariado escravo

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Por fim, mas não menos importante é o argumento exposto pela Igreja. Naquela época, como veremos no Capítulo seguinte, houve uma Carta Régia, de 1570, proibindo a escravidão indígena de povos que se dispusessem à conversão ao catolicismo. Apesar de os colonos viverem em conflito com a Igreja e com o Governo Geral por conta dessa proteção dos jesuítas, houve um desestímulo moral à escravização dos povos indígenas.

De qualquer maneira gostaria de chamar sua atenção para o seguinte:

Quando falamos da preferência do negro em relação aos índios para o uso sistemático da mão de obra escrava, não podemos nos esquecer das contradições e da realidade pobre da maioria do território colonial. Concretamente isso fez com que a escravidão indígena continuasse sendo realidade em muitos lugares, a despeito das análises que muitos historiadores fizeram.

A perseguição e subjugação dos índios no sudeste do Brasil foi incentivada por autoridades da Coroa portuguesa presentes na colônia e por agentes particulares (portugueses endinheirados), que buscavam novos investimentos, para além do comércio da cana de açúcar. Como a produção de açúcar das capitanias de Santo Amaro e São Vicente (territórios equivalentes à região atual do estado de São Paulo) não conseguiam competir com o Nordeste, os paulistas tiveram que pensar em alternativas de investimento, como: comércio de índios escravizados e busca por metais preciosos.

Os paulistas, em particular aqueles conhecidos como “bandeirantes”, organizaram vilas e terras agricultáveis a partir da mão de obra escrava indígena. Contudo, tiveram que sair do litoral e adentrar o planalto em busca de riquezas, de índios e terras mais agricultáveis.

Além disso, alguns historiadores afirmam que apesar do grande aporte de africanos escravizados nas lavouras de açúcar, bem como em outras atividades, a mão de obra indígena continuou sendo utilizada. Assim, o que se processou foi uma diferenciação das tarefas a serem cumpridas por negros e por índios. Vale

ficar de olho nessas pesquisas mais recentes.

A cultura escravagista legitimada pelo Estado e pela Igreja Católica

Lembra-se de que uma das tensões na Península Ibérica foi a relação entre católicos e mulçumanos? Durante o processo de reconquista da Península Ibérica, a escravização de populações mulçumanas passou a ser uma prática comum dos reinados, segundo a noção de “guerra justa”. Nesses termos, a Coroa portuguesa nasceu com um pé na cultura escravagista, pois passou a legitimar a escravização dos não-cristãos. Dessa forma, tanto as monarquias, quanto a Igreja, alimentaram o trabalho forçado do “outro”. Para ambos, a escravidão era necessária e justa.

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Um argumento, muito popular, era a ideia da maldição divina. Por meio dela, a escravidão era fruto do pecado de Adão e Eva, primeiros pais dos homens segundo a doutrina católica. Outra justificativa religiosa era aquela que apontava os africanos como descendentes de Caim. Este personagem bíblico, que matou o próprio irmão por ciúmes recebeu de Deus, ao ser amaldiçoado, uma marca no corpo para que não morresse e pudesse viver em constante expiação de seu pecado. Ligou-se, a posteriori, a negritude dos africanos à marca cutânea imposta por Deus a Caim. Essa ideia se combina com a de guerra justa, pois os inimigos devem ser escravizados, pois deve-se preservar-lhe a vida – uma vez que esta tem natureza divina. Só Deus decide sobre vida e morte. Assim, escravidão é preservação do dom divino da vida e não condenação eterna

A partir da expansão ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma bula papal legitimou a escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com a autorização específica sobre africanos e asiáticos.

Por isso, à medida que os portugueses avançavam nas rotas marítimas ao longo da costa africana o número de escravizados aumentava. Isso porque, para estabelecerem as feitorias em territórios como, Madeira, Cabo Verde, Moçambique, muitos negros africanos foram forçados a trabalhar para os portugueses (construções de fortificações, por exemplo).

Nesse contexto, os portugueses que conquistaram as terras conhecidas como América portuguesa, já desembarcaram com uma mentalidade escravista. Do primeiro contato com os índios em diante, tudo foi uma questão de tática e estratégia militar de dominação. Tanto foi que o professor João Pacheco de Oliveira16 estabelece duas situações iniciais de representação dos índios pelos portugueses, tal como afirmei no início da aula (a questão do Mito):

Primeira: os índios muito bem tratados e exibidos nas cortes europeias com simpatia e tolerância. A representação positiva dos autóctones ficou marcada pela carta de Caminha.

Segunda: os índios tratados a partir da perspectiva da “guerra de conquista”. Aqui as relações entre índios e portugueses passaram a ser distintas do momento anterior. “Portugal não quer mais ter puramente parceiros comerciais ou aliados, mas sim vassalos (...). Para isso há que ter em suas mãos o governo dos índios e a soberania exclusiva do território, expulsando os rivais franceses e implantando modalidades estáveis de geração de riquezas, as quais propiciem aos moradores uma relativa autonomia face ao Tesouro Real. A materialização dessa nova forma econômica é o estabelecimento de lavouras de cana e engenhos em terras doadas, enquanto sesmarias, aos colonos por El Rey ou pelo seu representante, o governador”17.

16 OLIVEIRA, João Pacheco. Os indígenas na fundação da colônia: uma abordagem crítica. In: FRAGOSO,

João. GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). Coleção – O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização

Brasileira. V. 1. 2018, pp 167-228.

17 Idem, p. 207.

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(UEFS/2018)

A igualdade de interesses agrários e escravocratas que através dos séculos XVI e XVII predominou na colônia, toda ela dedicada com maior ou menor intensidade à cultura do açúcar, não a perturbou tão profundamente, como à primeira vista parece, a descoberta das minas ou a introdução do cafeeiro. Se o ponto de apoio econômico da aristocracia colonial deslocou-se da cana-de-açúcar para o ouro e mais tarde para o café, manteve-se o instrumento de exploração: o braço escravo.

(Gilberto Freyre. Casa-Grande & Senzala, 1989.)

O excerto descreve o complexo funcionamento do Brasil durante a colônia e o Império. Uma de suas consequências para a história brasileira foi

a) a utilização de um mesmo padrão tecnológico nas sucessivas fases da produção de mercadorias de baixo custo.

b) a existência de uma produção de mercadorias inteiramente voltada para o abastecimento do mercado interno.

c) a liberdade de decisão política do grupo dominante local enriquecido com a exploração de riquezas naturais.

d) a ausência de diferenças regionais econômicas e culturais durante o período colonial e imperial.

e) a manutenção de determinadas relações sociais num quadro de modificações do centro dinâmico da economia.

Comentários

Independentemente do ciclo econômico adotado no Brasil – açúcar, ouro ou café), a relação de trabalho escolhida foi a mesma, isto é, o trabalho escravo. Assim, as relações sociais se perpetuaram ao longo do tempo.

A alternativa A não pode ser porque a tipo de tecnologia empregada no processo de produção do açúcar foi um e no café, por exemplo, foi outro.

A B está erra porque, como vimos, as atividades economias, dentro da exclusivo metropolitano, estavam voltadas para fora. Ainda dentro da relação com a Metrópole, não é possível falar em “liberdade de decisão política do grupo dominante local”, pois a administração colonial fazia exercer o poder da Coroa. A C está errada.

A D também está errada porque entre Nordeste e Sudeste brasileiro, por exemplo, havia muitas diferenças. No caso da sociedade açucareira, como vimos, o processo foi predominante no Nordeste.

Gabarito: E

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5.2 – Resistência Quilombola

Tendo em mente a dimensão da exploração e da violência que acompanharam o processo de colonização e formação do Brasil, devemos observar, também, as formas de resistência. Mas não apenas como resistiram à violência, porque, como ensinou Gilberto Freyre, por aqui a sociabilidade é um complexo que envolve relações pessoais, cultura, raça e muita, muita negociação. Um equilíbrio de contrastes, evidentemente, deixou marcas da influência de todos esses povos que participaram ativamente da formação do país. Vejamos um pouco mais sobre essa história.

Em 1741, o Rei de Portugal expediu um Alvara Real que determinava a punição de negros aquilombados, isto é, afrodescendentes que fugiam e se abrigavam em quilombos. O texto régio dizia,

Eu El Rei faço saber aos que este Alvará em forma de Lei virem, que sendo-se presentes os insultos, que no Brasil cometerem os escravos fugitivos, a que vulgarmente chamam quilombolas (...). Hei por bem, que a todos os Negros, que forem achados em Quilombos, estando neles voluntariamente, se lhes ponha fogo uma marca em uma espádua [ombro] com a letra F, que para efeito haverá nas Câmaras; e se quando se for executar esta pena, for achado já com a mesma marca, se lhe cortará uma orelha, tudo por simples mandato do Juiz de Fora, ou Ordinário da Terra, ou do Ouvidor da Comarca, sem processo algum, e só pela notoriedade do fato, logo que do Quilombo for trazido, antes de entrar para a cadeia.

Repare como era perversa e cruel a perseguição sobre os negros africanos e seus descendentes. O final do texto ainda enfatiza que nenhum capturado teria direito a um “processo”. Bastava um “capitão do mato” capturar um fugitivo para que ele sofresse a pena da marcação do “F” no ombro ou a da mutilação da orelha.

Pois bem, querido e querida aluna, se essa ordem real, datada de meados do século XVIII, expressava o tratamento para com os negros, você imagine as barbaridades cometidas pelos portugueses, e demais europeus proprietários de terras, logo no começo da colonização no século XVI? Primeiro, a opressão e a exploração recaíram sobre os índios, depois, sobre os negros escravizados oriundos da África. Como vimos anteriormente, a proibição da escravização dos índios em 1570 e, principalmente, com as possibilidades de lucro via tráfico negreiro, começou um processo de substituição da mão de obra indígena pela dos africanos aprisionados em seus territórios, deslocados para o Brasil e escravizados.

Agora, vejamos algumas formas de resistência dos negros frente ao racismo estrutural presente no sistema colonial do Brasil. Contudo, lembremos alguns pontos do panorama sobre as condições de vida e de trabalho forçado dos africanos transferidos para a América Portuguesa entre os séculos XVI e XVII:

✓ Trabalho no plantio, em média 13 horas por dia;

Quilombo tem o significado de esconderijo, palavra derivada de

quimbundo (esconderijo na língua dos ambundos, grupo étnico

banto de Angola).

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✓ Trabalho no corte e moagem da cana de açúcar, em média 18 horas por dia;

✓ A moradia eram as senzalas: fechadas, escuras, sem condições de higiene e saneamento básico;

✓ Viviam vigiados sob a ameaça de armas;

✓ Castigos como prática de punição, tais como:

✓ Chicotadas com couro cru;

✓ Aprisionamento em tronco;

✓ “vira-mundo” (instrumento que prendia pés e mãos);

✓ “gargalheira” (instrumento que imobilizava o pescoço);

✓ Mordaça e máscara;

18

Diante da condição escrava, os africanos trazidos para o Brasil, bem como seus descendentes, não ficaram passivos. Reagiram de diferentes maneiras, em grande parte, sempre para amenizar as dores físicas e mentais do trabalho escravo.

A partir dos estudos bibliográficos, é possível listar algumas formas de resistência:

Algumas mulheres, para evitar que seus filhos nascessem naquele mundo, provocavam abortos. Ao mesmo tempo que essa ação significava uma resistência, também expressava uma violência contra o corpo dessas mulheres negras;

Outra “auto violência” corporal era o suicídio; Sabotagens nos engenhos por meio de destruição de plantações, instrumentos e,

principalmente, da moenda; Emboscadas e ataques surpresas à elite branca (senhores de engenho). Nesses ataques,

promovidos por ex-escravos, as casas-grandes eram saqueadas e os canaviais e depósitos postos em chama.

Negociações com senhores de engenho para obtenção de melhores condições de vida, como alimentos, vestuário e moradia;

Fugas dos engenhos, tanto individuais, quanto coletivas. Estas, por sinal, merecem atenção especial pois resultaram na formação dos Quilombos.

18Disponível em:

http://www.campanha.mg.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1431:tronco--

instrumento-de-castigo&catid=455:semana-de-museus&Itemid=248. Acesso em: 06/04/2019.

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Os escravos que conseguiam fugir dos engenhos começaram a organizar comunidades em regiões afastadas da zona de controle dos colonos e da Coroa. A esses agrupamentos de negros livres se denominou Quilombos ou Mocambos.

Durante muitos anos, a resistência quilombola marcou a história dos negros na América portuguesa. Muitos quilombos, além de receber negros que fugiam da dominação do sistema escravista, chegaram reunir índios e até brancos descontentes com as imposições do governo português. A vida nos quilombos era baseada na agricultura e em pequenas trocas comerciais com comerciantes e taberneiros das proximidades. A depender da localidade, poderiam ainda fazer mineração e cerâmica.

Com a formação dos Quilombos, a preocupação dos senhores de engenho e da Coroa era com a disseminação de ideias insurrecionais, contrárias, portanto, ao sistema escravista.

O Quilombo dos Palmares se destacou na resistência negra. Localizado em uma região da capitania de Pernambuco, começou a ser organizado em 1580 e foi destruído por colonos e pela Coroa portuguesa em 1694. Ganga Zumba e Zumbi se destacaram entre os líderes de Palmares. O primeiro, governou de 1656 a 1678 e, Zumbi, governou de 1678 até a queda do quilombo. Zumbi era sobrinho de Ganga Zumba e articulou a derrubada do tio por considerar que a política de Ganga Zumba de aproximação com os brancos não condizia com a ideia de liberdade do negro. Zumba chegou a firmar um acordo com o governador de Pernambuco que previa a libertação dos negros nascidos em Palmares, mas em troca, os fugitivos mais recentes no Quilombo deveriam ser devolvidos. Zumbi não concordou com essa proposta e liderou uma rebelião contra o então chefe.

Como já adiantei acima, o bandeirante Domingos Jorge Velho foi contratado para destruir Palmares. Em 1692, em uma primeira tentativa, Jorge Velho e seus aliados cercaram Palmares, mas os quilombolas venceram o confronto. Dois anos depois, em 1694, Jorge Velho, com mais 6 mil soldados conseguiram vencer Palmares. Zumbi escapou, mas foi pego em 1695. Após ser preso, foi morto e sua cabeça ficou estiada em praça pública em Recife.

A organização dos quilombos se multiplicou em muitas regiões do país e, até hoje, existem as assim denominadas “comunidades quilombolas”. Algumas conseguiram o direito ao reconhecimento da terra que seus antepassados escravos conquistaram e outra, não. Por sinal, a nossa atual Constituição, a Constituição Federal de 1988, prevê o direito à terra aos descendentes de quilombolas.

(UDESC/2014)

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Os anúncios publicados em diferentes jornais que circularam no Brasil, durante o século XIX, a respeito dos anúncios de fugas e/ou vendas de negros cativos, constituem documentos importantes para a escrita da História, pois permitem verificar o perfil do escravo que fugia, o cotidiano da escravidão, dentre outras questões. O levantamento realizado no quadro abaixo sobre anúncios de escravos publicados no jornal O Universal (Ouro Preto/MG), entre 1825 e 1831, permite algumas inferências sobre a história da escravidão.

Analise as proposições, considerando as informações do quadro acima e a história da escravidão no Brasil.

I. O quadro fornece informações importantes sobre sexo e etnia, por exemplo, dos 116 escravos fugidos mais de 90% eram africanos, e mais de 80% do sexo masculino.

II. A maioria de homens, entre os fugitivos nos anúncios, não deve ser explicada somente pelo fato de que eram predominantes no conjunto da escravaria, outras questões devem ser observadas para além dos números como, por exemplo, as relações familiares, principalmente a existência de crianças que dependiam das mulheres, dentre outros fatores que merecem estudos auxiliares.

III. A publicação de inúmeros anúncios de fuga permite inúmeras inferências, a mais óbvia deve-se à negação do cativeiro, a uma forma de recobrar o domínio de suas vidas, haja vista que o sistema lhes negava tal domínio.

IV. Menos de 7% das mulheres cativas fugiam, segundo os anúncios publicados, o que se explica pelo fato de os homens serem a maioria no conjunto dos escravos, e, considerando-se a questão de gênero, serem mais corajosos e propensos ao risco da fuga.

a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.

b) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.

e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

Comentários

A questão da escravidão e da resistência dos escravos é algo que estudaremos ao longo do Brasil colônia. Dessa forma, você precisa se acostumar com a cobrança geral sobre essa temática. Para tanto, o treino deve começar desde as primeiras abordagens sobre a escravidão no Brasil, mesmo que a questão faça referência a períodos mais adiante na histórica, como esta questão da UDESC de 2014. Dá para resolver sem termos noção profunda dos acontecimentos do século XIX, por exemplo. Veja só:

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O item I é sobre a interpretação da Tabela. Na afirmativa I, afirma-se que dos 116 escravos fugidos 90% são africanos, olhando a tabela, no entanto, verifica-se que destes 116 apenas 57 são africanos, ou seja, em torno de 50%. O item está errado. Com isso, já descartamos as alternativas E, D e A.

O item II está correto, pois ela não fecha uma interpretação generalizante sobre os dados, apenas sugere que pode haver inúmeras razões para que os dados sejam tais como apresentados. Os dados quantitativos não permitem uma qualificação global das explicações mais profundas sobre as fugas, embora tendências possam ser anunciadas, como faz o item II.

Já a alternativa III, apresenta uma razão comum sobre o porquê os escravizados fugiam. Ora, como temos visto nesta aula, a tendência histórica indica que a submissão a maus tratos e opressão não é tolerada sem resistências. Tal afirmativa, diferentemente da anterior já é mais fácil de ser universalizada, pois há um dado histórico sobre isso. Até por esse motivo fiz questão de trazer essa cobrança da UDESC para essa aula, pois você deve se preocupar, ao longo dos estudos, em analisar as tendências históricas. Sacou?

O item IV está errado, pois faz uma suposição de gênero sobre a falta de coragem das mulheres para fugir. Repare que os dados não permitem afirmar isso. Por exemplo, as mulheres podiam evitar fugas porque, em sua maioria, tinham crianças ou bebês, fato que coloria em risco a vida de ambas em uma estratégia de fuga pelas matas.

De toda forma, perceba que o temática da resistência, fugas, condição do escravo, é algo muito importante para os estudos para as provas.

Gabarito: C

(UNICAMP/2017)

O documento abaixo foi redigido pelo governador de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, em 18 de agosto de 1694, para comunicar ao Rei de Portugal a tomada da Serra da Barriga.

“ (...) Não me parece dilatar a Vossa Majestade da gloriosa restauração dos Palmares, cuja feliz vitória senão avalia por menos que a expulsão dos holandeses, e assim foi festejada por todos estes povos com seis dias de luminárias. (...) Os negros se achando de modo poderosos que esperavam o nosso exército metidos na serra (....), fiando-se na aspereza do sítio, na multidão dos defensores. (...) Temeu-se muito a ruína destas Capitanias quando à vista de tamanho exército e repetidos socorros como haviam ido para aquela campanha deixassem de ser vencidos aqueles rebeldes pois imbativelmente se lhes unir-se os escravos todos destes moradores (....)”.

(Décio Freitas, República de Palmares – pesquisa e comentários em documentos históricos do século XVII. Maceió: UFAL, 2004, p. 129.) Sobre o documento acima e seus significados atuais, é correto afirmar que

a) foi escrito por uma autoridade da Coroa na colônia e tem como principal conteúdo a comemoração da morte de Zumbi dos Palmares. A data de 20 de novembro, como referência ao líder do quilombo, tem uma conotação simbólica para a população negra em contraponto à visão oficial do 13 de maio de 1888.

b) o feito da tomada de Palmares, em 1694, pelos exércitos da Coroa, é entendido como menos glorioso quando comparado à expulsão dos holandeses de Pernambuco, em 1654. Os dois eventos históricos não têm o mesmo apelo para a formação da sociedade brasileira na atualidade.

c) o texto de Caetano de Melo e Castro indica que Palmares não gerou temor às estruturas coloniais da Capitania de Pernambuco. A comemoração oficial do Dia da Consciência Negra é uma invenção política do período recente.

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d) o Quilombo de Palmares representou uma ameaça aos poderes coloniais, já que muitos eram os rebeldes que se organizavam ou se aliavam ao quilombo. A data é celebrada, na atualidade, como símbolo da resistência pelos movimentos negros.

Comentários

A letra A está errada porque o principal conteúdo da carta escrita por Caetano de Melo e Castro é a comemoração da derrubada de Palmares, e não a morte de Zumbi. Este foi capturado e morto no dia 20 de novembro de 1685. A destruição do Quilombo de Palmares ocorreu em 1694.

A letra B também está errada. É possível resolver esse item com base em técnica de interpretação de texto, pois há uma comparação entre a conquista de Palmares e a expulsão dos holandeses do Brasil. Neste caso, a comparação é que os dois eventos foram igualmente grandiosos e significativos para os portugueses.

A C, embora seja possível de ser solucionada com técnica de interpretação, também exige algum conhecimento sobre o significado do Quilombo de Palmares no Brasil Colônia. Na parte teórica da aula, vimos o quanto Palmares foi importante para a resistência negra e para servir como contraponto à dominação colonial.

Em oposição a letra C, a letra D é o nosso Gabarito.

Gabarito: D

19

Diversos elementos marcam as distinções entre esses grupos como, por exemplo, o lugar de moradia (como já vimos, a casa grande, a senzala e outras casinhas simples que ficavam no engenho), a mobília, as vestimentas, os cavalos sangue-puros e o letramento, por fim, a capacidade de ser obedecido.

Quanto mais perto do núcleo do círculo - mais perto do pai (do senhor de engenho) - mais inclusão e privilégios. Quanto mais distante, mais excluído e desprestigiado. Eram “os mais de dentro e os mais de fora”!

6. ÍNDIOS, OU MELHOR, POVOS ORIGINÁRIOS

Diante da cultura escravista já presente na sociedade branca europeia, a extração do pau-brasil - único recurso lucrativo disponível no Brasil conquistado - necessitava de mão de obra. Tanto para explorá-lo (cortar, carregar, preparar e embarcar), quanto para organizar um povoamento português capaz de conter

19 Regresso a cidade de um dono de chácara. Liteira para viajar no interior, c.1834-1839. Litografia sobre papel de Jean-Baptiste Debret. Coleção Martha e Erico Stickel / Acervo Instituto Moreira Salles. Disponível em: https://ims.com.br/por-dentro-acervos/viagem-pitoresca-e-historica-ao-brasil/. Acesso em 05-04-2019.

Cenas do cotidiano demonstram o transporte de senhores de engenho por escravos. Litografia de Jean-Baptiste Debret. 1834

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invasões estrangeiras (como a dos franceses e holandeses), a mão de obra indígena foi estratégica. Claro, estratégica do ponto de vista do colonizador branco português.

Em linhas gerais, durante os séculos XVI e XVII, o modo de inserir os cerca de 2,5 milhões de índios do litoral brasileiro no processo de colonização consistiu, basicamente, em três métodos.

• O primeiro consistia na escravização pura e simples, na base da força, empregada normalmente pelos colonos. Para tanto, os colonizadores lançavam mão de alianças com etnias indígenas inimigas entre si, de modo que – de aliança em aliança- desarticulavam qualquer resistência unificada dos índios contra os invasores portugueses. Por sinal, esse tipo de estratégia foi a adotada na América Espanhola;

• O segundo era o estímulo à criação de um campesinato indígena por meio da aculturação e destribalização, as quais eram praticadas primeiramente pelos jesuítas, e depois pelas demais ordens religiosas;

• O terceiro consistia na busca da integração gradual do índio como trabalhador assalariado, medida adotada tanto por leigos como pelos religiosos. O início desse processo foi marcado pelo escambo, a troca de utensílios europeus por trabalho indígena no corte e carregamento do pau brasil.

Com a crescente resistência dos povos indígenas, a política indigenista ficou caracterizada pelo seguinte dualismo:

• Conquista militar e escravização dos índios;

• Conversão dos índios ao cristianismo e consequente subordinação.

Os jesuítas foram os europeus que mais pressionaram a Coroa e os colonos a tratarem os índios como filhos de Deus, o “bom selvagem” visto no começo da aula. Dessa forma, por um lado, atuaram para a liberdade dos índios e contra o aprisionamento. Por outro, os jesuítas foram abnegados conversores da subjetividade indígena. Assim como os clérigos atuantes nas colônias espanholas, como vimos na Aula 05, os jesuítas no Brasil quiseram ampliar o número de fiéis, pois concebiam a cultura ameríndia como inferior e pagã.

No processo de evangelização, os jesuítas fizeram duas tentativas:

Converter índios em suas próprias aldeias. Ações com menor resultado de conversão; Converter índios em aldeamento construídos pelas missões de evangelização, as chamadas

reduções. Essa ação rendeu mais resultados para os jesuítas.

Dessa forma, à luz dos ensinamentos do antropólogo Antônio Carlos de Souza Lima (professor UFRJ)20, você deve ter em mente que, do ponto de vista político, a ação colonizadora de “conquista” significou:

20 LIMA, Antonio Carlos de Souza. Um olhar sobre a presença das populações nativas na Invenção do

Brasil. IN: Aracy Lopez da Silva; Luiz Donisetti Benzi Grupioni. (Org.). A QUESTÃO INDÍGENA NA SALA

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1) a conquista como uma modalidade de guerra, em que domínio sobre populações reduzidas pela força militar, suas terras, seus recursos naturais foram apropriados num processo no qual a aliança com parte das populações habitantes dos espaços a serem incorporados, e todo um aparato que hoje chamaríamos de “meios de comunicação”, tiveram tanta ou mais importância que a violência física; 2) a conquista não foi somente guerra e destruição (violência aberta, portanto); mas implicou em produção de novas relações/identidades sociais, isto é, também se apresentou como violência simbólica; 3) no caso dos povos presentes na porção do continente invadida pelos portugueses, devemos falar no plural - em conquistas -, pois, ao contrário do México ou do Peru, onde os espanhóis lutaram contra estruturas de poder com um modo de centralização similar a algumas existentes no passado mediterrâneo, os dispositivos políticos dos índios brasileiros eram muito distintos.

No contexto da pregação cristã em terras indígenas, ao mesmo tempo que índios eram catequizados, eles também mantinham suas identidades culturais originárias. Com isso, muitos sincretismos religiosos foram formados, à revelia do controle da catequização dos jesuítas. Na prática, era uma forma de resistirem tanto à violência física da escravização, quanto à violência subjetiva da catequização. Como as reduções acabavam se transformando em locais protegidos, muitos índios passavam a viver sob a tutela dos jesuítas.

A mistura entre a cultura cristã e a indígena produziu visões de mundo, formas de pensar própria das etnias indígenas, baseadas na resistência contra o europeu opressor e explorador, um verdadeiro sincretismo.

Para você ter uma ideia, em 1580, no Recôncavo Baiano, ocorreu uma grande insurreição indígena. Até os jesuítas ficaram surpresos. Antônio, um índio educado por jesuítas, reuniu vários índios escravizados para anunciar a profecia da Terra sem Mal. Essa terra seria um lugar distante dos engenhos e das brutalidades dos senhores. A revolta foi brutalmente massacrada por tropas portugueses da região nordeste. Por sinal, no nordeste do Brasil colônia, o período de 1540 até 1570 marcou o apogeu da escravidão indígena nos engenhos, especialmente naqueles localizados em Pernambuco e na Bahia, como vimos anteriormente.

A Coroa portuguesa publicou uma ordem de proibição da escravização dos povos nativos, em 1570, lembra? Isso ocorreu devido a:

➢ resistência indígena à escravização ➢ diminuição exponencial da população indígena (vítimas das doenças e do trabalho escravo

extenuante) ➢ resistência dos jesuítas ➢ necessidade de os negócios da Coroa (lucro) serem ampliados a partir do tráfico negreiro

DEAULA. NOVOS SUBSÍDIOS PARA PROFESSORES DE 1º E 2º GRAUS. 1 ed. BRASÍLIA: MEC, 1995, p.

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É importante ressaltar que essa ordem teve mais eficácia no nordeste do Brasil, nas terras dos grandes engenhos de açúcar e pouca no sudeste e sul.

A perseguição e subjugação dos índios no sudeste do Brasil foi incentivada por autoridades da Coroa portuguesa presentes na colônia e por agentes particulares (portugueses endinheirados), que buscavam novos investimentos, para além do comércio da cana de açúcar. Como a produção de açúcar das capitanias de Santo Amaro e São Vicente (territórios equivalentes à região atual do estado de São Paulo) não conseguiam competir com o Nordeste, os paulistas tiveram que pensar em alternativas de investimento, como: comércio de índios escravizados e busca por metais preciosos.

Os paulistas, em particular aqueles conhecidos como “bandeirantes”, organizaram vilas e terras agricultáveis a partir da mão de obra escrava indígena. Contudo, tiveram que sair do litoral e adentrar o planalto em busca de riquezas, de índios e terras mais agricultáveis. Por isso, esses colonizadores europeus passaram a ser conhecidos como “sertanistas”, da qual “bandeirante” é uma variante.

O centro desse movimento de interiorização dos conquistadores foi a vila de São Paulo, fundada pelos jesuítas em 1554. Nessa região, a escravização indígena foi empregada em setores específicos da agricultura, como na plantação do trigo. Esse produto era comercializado com outras regiões, como a do Rio de Janeiro. O interessante é que essa situação gerava um conflito entre bandeirantes e jesuítas – que combatiam a escravização indígena – e, posteriormente, com a Coroa (Metrópole), quando ela passou a proibir a mão de obra escrava indígena, em 1570. Muitos aldeamentos (as reduções) eram atacados por bandeirantes.

Em linhas gerais, os bandeirantes paulistas:

ignoravam a proibição da captura e do tráfico de índios;

ignoravam o papel das reduções jesuítas;

ignoravam as demarcações do Tratado de Tordesilhas, pois as expedições sertanistas acabavam estabelecendo domínios em terras espanholas.

Por volta de 1640, os jesuítas das terras do sul, sudeste e centro-oeste, juntamente com os indígenas, conseguiram resistir e impuseram derrotas aos bandeirantes. Dessa forma, o fornecimento de mão de obra para a economia da capitania de São Vicente foi estagnado, dificultando ainda mais a vida econômica de uma região marginal na economia açucareira.

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Diante dessa derrota, os bandeirantes passaram a ser contratados para destruir e desarticular os quilombos do Nordeste. Um desses contratados para agir no Nordeste foi o bandeirante Domingo Jorge Velho, que recebeu uma fortuna em troca de dizimar o Quilombo dos Palmares. Com seis mil homens (a maioria brancos paulistas e mamelucos, isto é, homens com ascendência europeia e indígena), após cercarem Palmares, a resistência quilombola foi derrotada em janeiro/fevereiro de 1694.

Outra região que sofreu com a chegada do modo de vida colonial escravista foi Maranhão e Grão-Pará. Como a produção canavieira também não encontrou solo favorável nessas terras, as alternativas foram os comércios de índios escravizados e de produtos da terra. Os colonizadores aproveitaram-se da exploração das chamadas “drogas do sertão” da Floresta Amazônica (produtos in natura para remédios, temperos e tinturaria). A mão de obra empregada nesse tipo de atividade foi a escrava indígena.

A título de reforço, lembre-se de que outra violência empregada contra os índios foi a disseminação de doenças. Tanto os colonos europeus, quanto os aldeamentos jesuíticos contribuíram para a propagação da varíola, da gripe, dentre outras doenças não típicas dos povos nativos. Em 1562, em nome da “Guerra Justa”, o Governador Mem de Sá se dirigiu com um exército até o litoral norte da Bahia e parte de Pernambuco para conter uma revolta dos caetés. Depois de submetidos, esses índios sofreram com a epidemia de varíola. Cerca de 70 mil deles morreram nesse momento.

Em resposta à deterioração das condições de vida, seja nas aldeias (vilas ou reduções), seja fruto das perseguições, os índios responderam de muitas formas:

fugas para regiões mais interioranas;

conflitos físicos contra os conquistadores.

Cercamento de aldeias e ataques a engenhos;

Alianças com europeus rivais, por exemplo, Tupinambás aliaram-se com franceses para combater os portugueses

Entretanto, as resistências indígenas não foram suficientes para conter as baixas. Conforme compilação de dados governamentais, o balanço histórico da população indígena é percebido nos seguintes números:

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Os Tupinambás ganharam destaque na preocupação da Coroa Portuguesa. Além de, em certas ocasiões se aliarem aos franceses, eles realmente colocavam em risco os planos da Metrópole. Foram diretamente citados nas ordens do Rei de Portugal aos Governadores para que todos os Tupinambás fossem “castigados com muito rigor (...) distraindo-lhes suas aldeias e povoações e matando e cativando aquela parte deles que vos parecer que basta para seu castigo e exemplo”21.

(UNICAMP/2019)

Entre os séculos XVII e XVIII, o nheengatu se tornou a língua de comunicação interétnica falada por diversos povos da Amazônia. Em 1722, a Coroa exortou os carmelitas e os franciscanos a capacitarem seus missionários a falarem esta língua geral amazônica tão fluentemente como os jesuítas, já que em 1689 havia determinado seu ensino aos filhos de colonos.

(Adaptado de José Bessa Freire, Da “fala boa” ao português na Amazônia brasileira. Ameríndia, Paris, n. 8, 1983, p.25.)

Com base na passagem acima, assinale a alternativa correta.

a) Os jesuítas criaram um dicionário baseado em línguas indígenas entre os séculos XVI e XIX, que foi amplamente usado na correspondência e na administração colonial nos dois lados do Atlântico.

b) O texto permite compreender a necessidade de o colonizador português conhecer e dominar a língua para poder disciplinar os índios em toda a Amazônia durante o período pombalino e no século XIX.

c) O aprendizado dessa língua associava-se aos projetos de colonização, visando ao controle da mão de obra indígena pelos agentes coloniais, como missionários, colonos e autoridades.

d) A experiência do nheengatu desapareceu no processo de exploração da mão de obra indígena na Amazônia e em função da interferência da Coroa, que defendia o uso da língua portuguesa.

21 OLIVEIRA, João Pacheco. Op. Cit., p. 183.

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Comentários

Para exercer o controle sobre os povos das Américas colonizados, os europeus lançaram mão do aprendizado das línguas nativas para melhor compreender e penetrar no meio indígena. Com efeito, esse “aprendizado” das línguas fez parte das estratégias de dominação. Dentre os agentes europeus que buscaram estabelecer comunicações a partir das línguas nativas, destacaram-se os missionários. Por sinal, foi a partir desse tipo de prática que os índios também foram alvos do processo de catequização (conversão ao catolicismo).

A alternativa A está errada, pois o trecho “amplamente usado na correspondência e na administração colonial nos dois lados do Atlântico” indica, equivocadamente, a oficialização das línguas nativas. Algo que seria, no mínimo, uma heresia do ponto de vista religioso. A escrita e a linguagem em geral são fontes fundamentais para projetos de dominação. Por isso, o português foi mantido nas correspondências oficiais.

A alternativa B restringe a estratégia de dominação por meio da língua a um período pequeno da história do Brasil, quando, na verdade, a prática foi empenhada desde o século XVI. O próprio texto dá um destaque ao século XVII.

A letra C é o nosso Gabarito.

A letra D contradiz os argumentos do próprio texto motivador da questão, segundo o qual a Coroa portuguesa estimulou (“exortou”) os missionários a se empenharem na língua nativa.

Gabarito: C

7. AÇÚCAR: DO ESPLENDOR À CRISE

Desde que se começou a produzir açúcar na colônia, no início do século XVI, o Brasil tornou-se o maior produtor e exportador desse produto. De fato, o século XVI marco o esplendor da economia açucareira. Comerciantes portugueses, holandeses, colonos senhores de engenho, bem como outros países de maneira indireta, beneficiaram-se grandemente do comércio internacional dessa mercadoria. A proliferação dos engenhos, no Brasil, era uma demonstração de um lucrativo negócio.

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O professor Stuart B. Schwartz22, afirma que esse rápido crescimento da produção açucareira parece estar vinculado a dois fatores macroeconômicos.

7.1 – Explicando a crise do açúcar

A partir do século XVII o cenário mudou. Houve uma expressiva queda nas exportações do açúcar brasileiro, o que gerou uma crise da economia colonial. Observe na tabela os dados que demonstram esse declínio.

O professor Schwartz explica que, a longo prazo, as questões de perdas e lucros da produção voltada para o mercado externo, como o açúcar, são vulneráveis a pelo menos por 3 elementos:

✓ O movimento de oferta e demanda do produto

✓ O cenário da política internacional

✓ Questões locais no centro produtor

Levando em consideração esse esquema lógico, vamos à análise que procura explicar por que, no século XVII, a produção açucareira no Brasil passou do esplendor à decadência. Vejamos.

7.1.1 – Mercado internacional do açúcar e de escravos

No começo do século XVII, com a expansão do século XVI, houve o aumento da oferta do produto no mercado. Isso tornava o produto cada vez mais barato. Além disso, o aumento da produção do açúcar fez aumentar a demanda por escravos, por isso, veremos que ao longo do século XVII ocorreu o aumento expressivo do preço de cada escravo. E o que isso tem a ver, você poderia me perguntar.

22 SCHWART.Stuart B. O Brasil Colonial, c. 1580-1750: as grandes lavouras e as periferias. In (org)

BETHELL, Leslie. História da América Latina: América Latina colonial. Volume II. São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo/USP; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012. Pp. 339-422.

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A questão é que o escravo representava o maior custo da produção açucareira. Baseado nos números de João André Antonil, o professor Schwartz afirma que o preço de cada escravo quadruplicou. Portanto, o custo da produção aumentava. Qual a conclusão, meus caros?

“Pode-se dizer, de modo geral que, o Brasil defrontou-se com custos crescentes e preços declinantes para o seu açúcar.” (SCHWATZ, idem, p. 367-368)

É verdade que a partir de 1620 os valores do açúcar começaram a subir na Europa. No entanto, as questões políticas internacionais com grandes consequências para as questões locais na colônia não contribuíam para a retomada dos lucros da empresa açucareira na América Portuguesa.

Vamos aos fatos!

7.1.2 – União Ibérica e invasão holandesa

A União ibérica é o nome que se dá para o momento histórico em que houve união das coroas portuguesa e espanhola, entre 1580 e 1640.

Mas Alê, o que aconteceu para unificar as coroas? Foi um casamento? Uma crise sucessória, o que rolou?

Em 1578, morreu o último rei da Dinastia dos Avis – Dom Sebastião. Na verdade, ele sumiu durante a conhecida Batalha de Alcácer-Quibir, contra os mouros no norte da África. Seu corpo nunca foi encontrado. Como o jovem rei não deixou herdeiros, seu tio-avô, o Cardeal dom Henrique, governou Portugal. Dois anos depois morreu e não deixou herdeiros.

Então, em 1580, o rei da Espanha, considerando-se herdeiro legítimo do trono de Portugal (porque era um neto e um dos reis portugueses), invadiu Portugal e o submeteu. Nesse cenário prometeu:

autonomia para a Coroa, que seria governada por um regente. não interferência na colônia portuguesa.

Mas o que vimos foi diferente. Os conflitos políticos internacionais nos quais a Espanha estava envolvida acabaram surtindo efeito na América Portuguesa. Refiro-me às disputas entre a Espanha e a

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Holanda. Esta estava em plena luta pela independência em relação ao domínio espanhol sobre seu território.

Já está imaginando os rolos que podem ser gerados? Lembra do papel da Holanda na economia açucareira de Portugal no Brasil? Pois, então....

Diante dessa disputa entre espanhóis e flamengos, uma das medidas do governo espanhol de Felipe II foi excluir a Holanda do negócio açucareiro do Brasil. Assim, isso afetou diretamente as relações comerciais entre Portugal e Holanda, sacaram?

Meu deus, Alê, mas quem iria refinar o açúcar brasileiro?

Pois é, se fosse só esse problema estava bom. A questão é que a Holanda não podia deixar passar em branco, já que ela dependia da produção do açúcar para manter suas divisas. Nesse começo de século XVII, ela não produzia açúcar, apenas transportava e refinava. Como você deve saber a essa altura da aula, produzir cana-de-açúcar era um negócio complexo e custoso. Assim, o que a Holanda resolveu fazer?

INVADIR O BRASIL!!!!!

Perceberam qual era a intenção da Holanda? Ocupar o lugar de Portugal no mercado mundial, ocupando suas feitorias, colônias e controlando o comércio com a Índia.

Portanto, as pretensões não se restringiam à América Portuguesa, mas às possessões de Portugal de modo geral. Por isso, antes de invadir o Brasil, os holandeses pilharam a costa africana e criaram a Companhia das Índias Orientais – empresa privada e pública que tinha por objetivo controlar e monopolizar as atividades comerciais com o Oriente. Anos depois, em 1621 fundaram a Companhia das Índias Ocidentais, com o mesmo formato, porém, para monopolizar o comércio com a África e América.

Para o Brasil tratava-se apenas de ser explorado por outra potência, ou seja, uma substituição de quem manda.

Bem, profe, a pergunta é: deu certo?

A Holanda delegou a Companhia das Índias Ocidentais a tarefa de invadir o nordeste brasileiro – já que em Pernambuco e na Bahia encontravam-se as principais zonas produtoras de açúcar. Veja a cronologia dos ataques:

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(FUVEST 1995)

Foram, respectivamente, fatores importantes na ocupação holandesa no Nordeste do Brasil e na sua posterior expulsão:

a) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e os desentendimentos entre Maurício de Nassau e a Companhia das Índias Ocidentais.

b) a participação da Holanda na economia do açúcar e o endividamento dos senhores de engenho com a Companhia das Índias Ocidentais.

c) o interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência e não aceitação do domínio estrangeiro pela população.

d) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colonial e o fim da dominação espanhola em Portugal.

e) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a mudança de interesses da Companhia das Índias Ocidentais.

Comentário

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Olha só, eu escolhi essa questão para mostrar para reforçar com você o modo de resolvê-la. São 2 perguntas em 1. Fatores para a ocupação do território colonial pela Holanda e, depois, os motivos da sua expulsão. Aqui você precisava conhecer um pouco sobre a história da relação entre Holanda e Portugal durante o Período da União Ibérica. O que causou a invasão da Holanda foi sua participação no comércio do açúcar e, com a União Ibérica, o fim dessa parceria. A expulsão se deu porque a Holanda, por meio da companhia de Comércio das Índias Ocidentais, pressionou os senhores de engenho endividados com os bancos holandeses.

Gabarito: B

(EsFCEx/2007)

Analise as proposições sobre as invasões holandesas no Brasil e assinale a alternativa correta.

I. As invasões se relacionam às desavenças entre holandeses e espanhóis, acirradas durante o processo de independência das províncias do Norte, entre as quais a Holanda que, juntamente com outras províncias dos Países Baixos, foi dominada durante algum tempo pela Espanha.

II. A invasão holandesa à cidade de Salvador, em 1624, ocorreu após a derrota dos holandeses em Pernambuco, onde o governador Matias de Albuquerque e seus colonos derrotaram a Companhia das Índias Ocidentais.

III. A política de Maurício de Nassau instalou um sistema administrativo inspirado no modelo holandês, com grande ênfase na economia açucareira, sobre a qual tomaram todo o controle, impossibilitando que os colonos exercessem suas atividades.

(A) Somente I está correta.

(B) Somente I e II estão corretas.

(C) Somente II está correta.

(D) Somente III está correta.

(E) Todas as afirmativas estão corretas

Gabarito: A

7.1.3 – As consequências para a economia colonial

Para a economia açucareira, na América Portuguesa, a União Ibérica e os consequentes conflitos com a Holanda foi um desastre. O saldo geral foi a diminuição das exportações de açúcar e a perda da liderança no mercado mundial. O Brasil nunca mais foi o mesmo no sistema de comercio atlântico.

Portugal também nunca mais foi o mesmo, veremos que ele passará para uma posição de dependência e submissão em relação a outros países que, nesses 60 anos, alçaram voos e ocuparam o espaço outrora monopolizado pelos pioneiros portugueses. Veremos esse assunto na próxima aula

Abaixo trago para vocês uma lista das perdas que Portugal e Brasil tiveram nesse período, segundo artigo do professor da Universidade de Yale, Stuart B. Schwartz:

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❖ Entre 1624 e 1628: perda de inúmeras safras de cana de açúcar ❖ Entre 1630 e 1639: perda de 199 navios portugueses ❖ Entre 1647 e 1648: perda de 220 navios portugueses e destruição de 23 engenhos ❖ Entre 1645 e 1654: incêndio de canaviais e engenhos. Desativação de 65 de 49 engenhos

em Pernambuco ❖ 1650: Redução da capacidade produtiva. Estimava-se que Pernambuco tinha capacidade

para produzir 25 mil caixas de açúcar. Mas só produziu 6 mil caixas

Além disso, quero ressaltar que a Holanda passou a produzir cana-de-açúcar nas Ilhas Antilhanas. Durante o tempo em que a Companhia das Índias Ocidentais permaneceu ocupando o nordeste brasileiro, ela aprendeu e aprimorou as técnicas necessárias para desenvolver um engenho. Assim, detentores do conhecimento sobre todas as fases dos negócios do açúcar (produção, refino e comercialização), os Holandeses passaram a vende-lo mais barato que aquele produzido no Brasil. A Holanda saiu, levou o conhecimento da produção e, também, os recursos econômicos que sempre foram necessários para o funcionamento dos engenhos.

Realmente, as duas décadas finais do século XVII foram um cenário triste para a colônia portuguesa na América. A decadência do açúcar representou a decadência da própria colônia. Conforme leciona Schwartz,

Na verdade, a década de 1680 assinalou uma redução profunda das fortunas oriundas da economia açucareira do Brasil. A colônia foi assolada por grave seca que durou de 1681 a 1684, por surtos de varíola de 1682 a 1684 e por uma epidemia de febre amarela[..]. Além desses problemas, houve uma crise no mundo atlântico após 1680. Em 1687, João Peixoto da Veiga escreveu seu famoso “memorial”, onde identifica os problemas da agricultura brasileira e prevê a ruína da colônia [...].23

PARTE II

De fato, o açúcar foi um esplendor para a metrópole portuguesa, ao mesmo tempo que enriqueceu colonos e lançou as bases para a formação do Brasil e da cultura brasileira, durante todo século XVI. Mas, diante de um contexto de expansão comercial de todos os países, a ampla competição entre os reinos era uma realidade. Os conflitos se acentuavam, pois não existiam instituições internacionais capazes de mediar as contendas. A Igreja Católica assumiu esse papel em muitos momentos, mas suas decisões eram quase sempre contestadas por governos que não se beneficiavam – assim foi com o caso do Tratado de Tordesilhas e a constante contestação da monarquia francesa.

Alguns conflitos entre países mudaram a reconfiguração do cenário internacional a partir da segunda metade do século XVII. Foi o caso das disputas entre Holanda e Espanha e, posteriormente, daquele país com Portugal.

Como falamos no final da aula passada, para a economia açucareira, a União Ibérica e os consequentes conflitos com a Holanda foram desastrosos. O saldo geral foi a diminuição das exportações de açúcar e a perda da liderança no mercado mundial. Portugal e Brasil nunca mais foram os mesmos no sistema de

23 SCHWARTZ, S.B. op. Cit, p. 370.

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comércio atlântico. No eixo das potências europeias, Portugal passou para uma posição de dependência e submissão em relação a outros países que surgiram com novos potenciais – como a Inglaterra.

Esse cenário teve efeitos importantes para o Brasil, sobretudo, no que se refere a um longo processo de cisão entre os interesses da Metrópole e da Colônia.

Apesar da crise do açúcar, o que se passou em terras brasileiras foi a ampliação das fronteiras coloniais, a ampliação de setores urbanos e as diversificações econômica e social. Dessa forma, podemos nos perguntar: qual o sentido dessas transformações para a formação da sociedade brasileira?

Assim, querida e querido aluno, precisamos ter em mente que, na prática, estamos estudando a formação do Brasil – e isso tem uma importância enorme para efeitos de prova!

8. A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO ULTRAMARINO DE PORTUGAL

Portugal constituiu, da mesma forma que a Espanha, um grande império ultramarino durante todo o século XVI. Nesse processo, o Brasil – como colônia portuguesa – teve um papel fundamental na geração de superlucros para a Metrópole advindo da produção açucareira, bem como do desenvolvimento do comércio escravista. Ou seja, o Brasil foi uma peça chave no sistema de exploração colonial mercantilista, sobretudo, por garantir o esplendor econômico de Portugal.

Ocorreu que grande parte do capital gerado foi gasto pela Coroa para a própria manutenção do seu império. Além disso, o século XVI deu uma falsa sensação a Portugal de que a Metrópole poderia adquirir produtos luxuosos “para sempre”. Dessa forma, não houve investimentos no desenvolvimento de manufaturas e instrumentos de produção. A economia interna do reino luso continuou baseada na produção de vinhos, azeites, peixes, entre outras atividades básicas. Ou seja, tudo era importado e, para equilibrar a balança comercial favorável, retirava-se o dinheiro dos superlucros coloniais. Sacou o esquema?

Adiciono, também, que, durante o período da União Ibérica, entre 1580 e 1640, Portugal dependeu ainda mais do comércio colonial. E, como vimos, a atividade econômica e a área mais rentáveis da colônia estavam sob dominação da Holanda. Mais que isso, o reino luso não tinha autonomia política e renda suficientes para defender a posse de muitas de suas possessões espalhadas pelo mundo, por isso, várias delas foram dominadas por franceses, holandeses e ingleses. Lembra da aula passada uma questão sobre as Ilhas Molucas, na Indonésia? Se não se lembra volte na lista de exercícios e reveja os mapas que coloquei lá.

Outro efeito negativo dessa experiência para Portugal foi o fato de a Holanda passar a produzir cana-de-açúcar nas Ilhas Antilhanas. Detentores do conhecimento sobre todas as fases dos negócios do açúcar (produção, refino e comercialização), os holandeses passaram a vender o produto mais barato do que o produzido no Brasil.

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Vamos relembrar as perdas que Portugal e Brasil tiveram com as “guerras seiscentistas” – aquelas contra a Holanda para combater a invasão e, depois, a expulsão. Dados retirados de artigo do professor da Universidade de Yale, Stuart B. Schwartz:

Entre 1624 e 1628: perda de inúmeras safras de cana de açúcar;

Entre 1630 e 1639: perda de 199 navios portugueses;

Entre 1647 e 1648: perda de 220 navios portugueses e destruição de 23 engenhos;

Entre 1645 e 1654: incêndio de canaviais e engenhos. Desativação de 49 de 65 engenhos em Pernambuco;

1650: Redução da capacidade produtiva. Estimava-se que Pernambuco tinha capacidade para produzir 25 mil caixas de açúcar. Mas só produziu 6 mil caixas.

Veja, querida e querido aluno, a Holanda passou de aliada, no século XVI, à inimiga e concorrente de Portugal no século XVII. E essa situação continuou mesmo depois que os portugueses recuperaram o controle da sua monarquia.

Tudo isso conduziu Portugal e o sistema de exploração colonial a uma grave crise econômica obrigando os portugueses a buscar soluções. Vejamos as tentativas que eles elaboraram para sair dessa situação e quais foram os impactos das escolhas para a formação da sociedade brasileira!

8.1 – A tentativa de recuperação Econômica de Portugal

A tentativa de recuperação econômica começou ainda na luta pela autonomia política de Portugal em relação à Espanha. A crise econômica que abatia o Estado português impulsionou o movimento Restauração Portuguesa.

A partir de uma aliança entre a Casa nobre dos Bragança e a elite econômica portuguesa, um golpe contra a Coroa espanhola foi realizado. Em 1º. de dezembro de 1640, um grupo de conjurados, membros da nobreza portuguesa, atacou o paço da Ribeira, prendeu a vice-rainha (uma espanhola) e matou o secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos. Assim, iniciou-se a Dinastia de Bragança e o 1º Rei foi Dom João IV.

Depois de restaurar a coroa e recuperar sua autonomia política a monarquia portuguesa buscou algumas soluções para combater as dificuldades econômicas em curso.

A primeira delas foi buscar novos aliados. No cenário internacional, quem se destacava era a Inglaterra devido ao seu papel na economia marítima. Dessa forma, foi com a Inglaterra que Portugal procurou se aliar nessa nova conjuntura.

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As bases dessa aliança eram simples: Portugal fazia concessões à Inglaterra e essa lhe garantia proteção militar e diplomática. Com isso, a Inglaterra ampliava sua influência sobre Portugal e suas colônias.

Anota aí 2 acordos importantes para demonstrar essa relação:

➢ 1661 – Acordo de Paz e Casamento ➢ 1703 – Tratado de Methuen

A base desse acordo foi o casamento entre a filha do rei de Portugal com o rei da Inglaterra. Em 1662 Charles II da Inglaterra casou-se com a filha de João IV, Catarina de Bragança, e levou como dote Bombaim e Tanger. Os ingleses forneceram homens e armas para a guerra contra a Espanha.

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O resultado desses acordos com a Inglaterra foi uma grande desigualdade de ganhos e lucros, baseado no potencial de consumo de vinhos e tecidos e demais produtos manufaturados. Afinal, responde aí: as

pessoas bebem mais ou usam mais roupa ?

Ao longo do tempo, ficou provado que Portugal se tornou dependente e submisso à Inglaterra. Portanto, esses acordos não foram capazes de tirar o reino luso da crise em que se encontrava. Ao contrário, a riqueza do ouro que foi descoberto no Brasil acabou sendo transferida para a Inglaterra a fim de saldar as dívidas que Portugal acabou contraindo com o reino britânico.

A segunda tentativa de solução foi intensificar a exploração colonial. O Rei Dom João IV criou o Conselho Ultramarino com o objetivo de intensificar a fiscalização da metrópole na colônia e, assim, ampliar a arrecadação de tributos e retomar para a Coroa o controle das capitânias. Depois, o rei Dom Pedro II (cuidado, não é dom Pedrinho brasileiro, hein, que reinou entre 1683 e 1706, decretou “leis programáticas” proibindo o uso de certos produtos estrangeiros, com exceção dos ingleses, claro. Com essa medida protecionista, procurou reduzir as importações e equilibrar a balança comercial portuguesa.

A consequência imediata dessas medidas protecionistas foi o choque de interesses entre a Coroa e os colonos. Isso gerou vários conflitos e manifestações contra a metrópole.

Descrito esse cenário internacional, a partir de agora, vamos adentrar no universo colonial para entender como esse cenário se desenvolveu lá, ou melhor, aqui, aqui no Brasil colônia.

Faz essa questão a seguir, pega seu suquinho de laranja e vem comigo!

(UFSM 2011)

Observe as seguintes imagens e responda à questão.

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As duas figuras simbolizam dois processos econômicos que se consolidaram e se expandiram no século XVIII, provocando amplas e irreversíveis modificações nos respectivos ecossistemas. As relações históricas entre os dois processos podem ser consideradas

A) meramente cronológicas, pois ambos se desenvolveram nos inícios do século XVIII, época em que se expandia, tanto na Europa quanto nas Américas colonizadas pelos europeus, a utilização do trabalho escravo dos negros africanos devidamente controlados e administrados pelos seus proprietários, os membros da elite branca.

B) muito tênues, na medida em que apenas representam dois exemplos isolados de destruição predatória dos ambientes naturais, seja para extrair riquezas minerais em zonas rurais despovoadas, seja para promover a urbanização das cidades industriais afetadas pela poluição, prevenindo os efeitos danosos dessa poluição na vida e na saúde da crescente população.

C) significativas, pois, desde a assinatura do tratado de Methuen (1703), o Estado português ficou subordinado aos interesses da Inglaterra: como as importações dos 'panos' tecidos pelas manufaturas inglesas custavam mais caro para Portugal do que as receitas com as exportações de 'vinhos' para o mercado inglês, o ouro extraído das regiões mineiras da América colonial lusitana foi amplamente transferido para o mercado inglês, aí contribuindo para sedimentar as precondições para o desenvolvimento da Revolução Industrial.

D) de reciprocidade, pois o processo de urbanização das cidades industriais inglesas inspirou o planejamento urbano das povoações coloniais americanas que se expandiram para o interior, permitindo antecipar e corrigir problemas como: ocupação intensa e acelerada, traçado das ruas e das praças, integração do setor rural com o urbano, articulação com as demais vilas e cidades e com os portos de escoamento da produção mineira.

E) de modernização, pois os novos produtos da moderna tecnologia industrial inglesa puderam ser importados pelos proprietários das minas e dos escravos, permitindo incrementar a produção colonial, diminuir os custos e obter maiores lucros, dinamizando a economia e a sociedade da mineração e encaminhando o Estado português para a emancipação da hegemonia da Inglaterra.

Comentários

Vimos a partir dos tratados entre Portugal e Inglaterra, a submissão dos portugueses impôs algumas condições, como a prioridade na comercialização das manufaturas inglesas. Essa situação foi possível em função do Tratado de Methuen, de 1703. Nesse contexto, as imagens se referem a processos econômicos distintos, porém desenvolvidos no mesmo século, e permitem estabelecer uma relação direta entre duas situações: a mineração no Brasil Colônia e o desenvolvimento industrial na Inglaterra. Do ponto de vista da História do Brasil, não é difícil associar que o ouro aqui explorado foi, em larga medida, parar na Inglaterra, devido ao Tratado de Methuen.

Essa é uma boa questão para você já ficar atento com os assuntos da parte de História Geral (Revolução Industrial). OK?

Gabarito: C

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9. A COLÔNIA: EXPANSÃO TERRITORIAL E DIVERSIDADE ECONÔMICA

Tendo em vista o cenário que construímos na seção anterior, agora vamos percorrer a realidade da colônia e tentar perceber as influências do contexto internacional, sobretudo, as consequências da crise econômica da metrópole no desenrolar da formação territorial, econômica e política do Brasil.

Realmente, as duas décadas finais do século XVII formam um cenário triste para a colônia portuguesa na América. Conforme leciona Schwartz,

Na verdade, a década de 1680 assinalou uma redução profunda das fortunas oriundas da economia açucareira do Brasil. A colônia foi assolada por grave seca que durou de 1681 a 1684, por surtos de varíola de 1682 a 1684 e por uma epidemia de febre amarela[..]. Além desses problemas, houve uma crise no mundo atlântico após 1680. Em 1687, João Peixoto da Veiga escreveu seu famoso “memorial”, onde identifica os problemas da agricultura brasileira e prevê a ruína da colônia [...].24(grifos nosso)

Percebam que se a situação não estava boa para o império ultramarino português, pior se encontrava a situação na colônia. Há dados que demonstram uma perda de 75% no valor do açúcar exportado. Além disso, como falamos, uma das medidas instituídas pela metrópole foi “apertar o cinto”, ou seja, ampliar a fiscalização e a cobrança de impostos para manter a exploração colonial. Tudo isso tornava a vida na colônia muito mais difícil.

Assim, historiadores afirmam que a partir do final do século XVII e durante o século XVIII o que marcou a história da colônia foi a busca por outras fontes de riqueza.

De um lado, Portugal procurou algo que pudesse lhe devolver seu poderio econômico – de preferência, metais preciosos –, de outro lado, os colonos buscavam qualquer atividade econômica que pudesse lhes manter o sustento e gerar alguma riqueza. Ao longo do tempo essas buscas geraram interesses opostos.

Essa busca de ambos os lados da relação metrópole-colônia teve 2 consequências importantes para a formação do Brasil:

✓ a interiorização do território com expansão das fronteiras ✓ a diversificação econômica

24 SCHWARTZ, S.B. op. Cit, p. 370.

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Agora articula comigo uma ideia: a expansão territorial e a diversificação da economia são processos combinados. Assim, temos de ter em mente que, conforme se buscavam alternativas econômicas, o território brasileiro ia crescendo. Essa era a lógica, sacou?

Portanto, devemos estabelecer uma relação entre a atividade desenvolvida, o agente impulsionador dessa atividade e a região onde ela ocorreu. Isso porque há uma relação entre a ocupação do território e seu desenvolvimento econômico. Sacou?

Por exemplo, a pecuária desenvolvida pelos sertanistas nas regiões sul e nordeste gerou a expansão territorial.

Antes de mergulharmos nessas relações territoriais e econômicas, quero que você se lembre dos limites territoriais impostos pelo Tratado de Tordesilhas. Pega a visão no mapa sobre esses limites e os relacione

com as áreas de exploração de ambas as metrópoles.

Tendo essas dimensões em mente, podemos afirmar que o povoamento, até meados do século XVII, era litorâneo. Entretanto, a partir do século XVII a interiorização territorial ganhou um impulso. Portugueses e colonos da América Portuguesa ultrapassaram as fronteiras impostas pelo Tratado de Tordesilhas. Foram várias e diferentes formas de realizar isso:

1. expedições particulares – como as bandeiras; 2. expedições oficiais, como as entradas;

3. missões religiosas.

Nesse processo a coroa portuguesa fez se de “boba” – como se nada soubesse do que ocorria na colônia. Quando a Espanha denunciava alguma invasão territorial, logo o rei português tratava de fazer declarações

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públicas de indignação, de punição e tomada de “medidas enérgicas” – nada saía do palavrório, por suposto. (vai sacando de onde vem nossa cultura de governos que fecham os olhos para os poderosos que

desrespeitam as leis do país ).

Havia, contudo, uma área que quero que vossas senhorias, nobres alunos, lembrem-se sempre: a região da Bacia do Prata!!!!!

Devido à navegabilidade e à possibilidade de uso comercial dessa Bacia, essa foi uma região altamente disputada. Até o século XIX essa área esteve em litígio e isso gerou guerras, como a da Cisplatina e a do Paraguai. Fiquem atentos para esse assunto nas próximas aulas!!

Conclusão dessa relação entre as metrópoles ibéricas: portugueses e colonos foram penetrando no território de maneira lenta, porém, constante. E nesse percurso, foram desenvolvendo diversas atividades econômicas. Assim, o Brasil foi se formando!

9.1 – Território e economia: o Brasil nunca foi só açúcar

Antes de entrarmos nos aspectos específicos da expansão territorial e diversidade econômica quero lembrar de um aspecto fundamental da economia colonial: O Brasil nunca foi só açúcar!

Havia outros produtos que acabavam sendo exportados. Evidentemente, não em larga escala como o açúcar, mas sim atrelados a atividades específicas e em regiões fronteiriças. Veja:

Imagem de satélite do Estuário do Rio da Prata, entre a Argentina e o Uruguai atuais. O rio Uruguai e o Rio Paraná formam o Rio da Prata. Acima do Paraná tem o Rio Paraguai (está indicado com a seta). Juntos formam a Bacia do Rio da Prata.

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i. É o caso do couro, no Sul – produto comercializado com as regiões vizinhas na Bacia do rio da Prata.

ii. Além disso, na Bahia desenvolveu-se uma forte produção de tabaco/fumo. O tabaco era comercializado no eixo do comércio de pessoas escravizadas. Para acompanhar o fumo, vendia-se para os comerciantes de escravos a cachaça – que fazia muito sucesso com os operadores deste tipo de comércio atlântico.

Com efeito, a subordinação da colônia à metrópole não impediu a existência de outras atividades econômicas internas. A produção agrícola de produtos voltados para o abastecimento e manutenção das atividades coloniais deu um dinamismo que muitas vezes ficou esquecido nas narrativas sobre a macroeconomia (sistema de exploração colonial) desse período.

Havia um comércio de alimentos como mandioca, arroz, milho, feijão. A pecuária extensiva também fornecia alguma carne e couro próximo aos engenhos. Essa era a microeconomia colonial.

Assim, quando afirmamos que a partir de meados do século XVII havia uma busca por outras atividades econômicas, muitas vezes, na prática, ocorreu a intensificação e ampliação de atividades que os colonos, negros, índios, mestiços já conheciam e já desenvolviam antes mesmo da crise do açúcar.

Dessas atividades, podemos listar as que se relacionaram com a expansão territorial:

➢ Pecuária: nas regiões Norte e Sul; ➢ Fumo/tabaco: Bahia; ➢ Drogas do sertão e algodão: Norte ➢ Bandeirismo: Sudeste

Vale também listar os principais agentes da ocupação do interior:

➢ Exploradores em expedições militares financiados pela Coroa. Essas expedições oficiais ficaram conhecidas como entradas;

➢ Bandeirantes: colonos sertanistas paulistas; ➢ Jesuítas missionários: ao fundar aldeamentos indígenas no sertão, exploraram as riquezas

naturais do território; ➢ Criadores de gado (pecuaristas).

Agora, o que, de fato, foi descoberto nesse período de movimentação para o interior das terras brasileiras foi o ouro. Principalmente, por meio das atividades de exploração territorial dos bandeirantes paulistas na região sudeste, em Minas Gerais, e na região Centro-Oeste, Goiás.

Isso tem uma importância enorme, não apenas porque era, enfim, a realização do sonho de Portugal – e a possibilidade de reequilibrar as contas da metrópole –, mas porque transformou o sentido, a intensidade e a complexidade da economia colonial já existente. Assim, grosso modo, podemos falar de uma economia colonial antes e depois do ouro. É dessa forma que eu quero que você articule as próximas informações, relacionando-as com o ciclo da mineração.

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9.1.1 – Pecuária

A pecuária foi uma atividade fundamental para a expansão territorial nas regiões do Nordeste e do Sul. Seu caráter era extensivo, ou seja, o gado vivia solto nas enormes pastagens disponíveis. Vejamos como foi no Nordeste e no Sul.

➢ No Nordeste:

Nesta região, a pecuária se desenvolveu próximo aos engenhos. Tinha três objetivos: Abastecer os engenhos com carne e couro; impedir a destruição dos canaviais e realizar o transporte. Portanto, era uma atividade complementar e subsidiária do complexo açucareiro. A pecuária demandava reduzido capital inicial de investimento.

Para fins didáticos (para você aprender melhor ) podemos dividir essa história da pecuária nordestina em 4 episódios diferentes. Se liga na série:

1º. Episódio:

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Inicialmente foi introduzida pelos portugueses que fundaram os engenhos. Desse modo, eram criados dentro da própria fazendo do açúcar.

2º. Episódio:

Com o desenvolvimento da economia açucareira, a criação de gado se ampliou e apareceu a figura do senhor de terras para pastagens. Isso promoveu uma interiorização do território.

3º. Episódio:

Com a crise do açúcar, os criadores de gado começam a adentrar no território em busca de riquezas e atingem as margens do rio São Francisco. Nesse caminho, muitos vilarejos foram formados com o objetivo de abastecer as tropas de gado que passavam pelo percurso.

4º. Episódio:

No quarto e último episódio dessa série, ao percorrerem as margens do rio São Francisco os pecuaristas atingiram a região Norte das Minas Gerais, na época da descoberta do ouro. Assim, a pecuária nordestina transformou-se em um elo entre a economia açucareira e a mineradora.

Moral da História: Constitui-se uma atividade econômica com características próprias que usava a mão de obra livre formada por mestiços e camadas mais pobres. Dessa forma, o desenvolvimento da pecuária contribuiu para a formação de novos grupos sociais e de maior mobilidade social na colônia. O historiador Capistrano de Abreu fala em “civilização do couro” porque da atividade pecuária desenvolveu-se uma série de “profissões”. Além disso, o couro se tornou a principal matéria-prima da

região do interior nordestino: roupas, calçados e até na construção das pobres choupanas do sertão. Apesar dessa expansão, conforme o economista Celso Furtado demonstrou por meio de dados da época, a pecuária não gerava grandes rendas. Por exemplo, enquanto o açúcar somava 2 milhões de libras, a pecuária representava 125 mil libras.

➢ No Sul:

A ocupação de europeus no Sul se deu, inicialmente, por meio da ação dos jesuítas espanhóis, os quais fundaram colônias e aldeamentos missionários para catequização indígena. Foram eles que introduziram o gado nessa região.

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Esses aldeamentos foram alvo da ação de bandeirantes paulistas (jajá eu vou falar desses caras com mais detalhes, segura aí!). No século XVII houve grande destruição dos aldeamentos indígenas e o aprisionamento dos índios que ali viviam. Diante dos conflitos, os jesuítas deixaram essas terras e migraram para a região onde hoje é Buenos Aires (localize no mapa acima). Em algumas situações, eles ficaram e lutaram ao lado dos índios. São diversas as histórias das guerras indígenas nessa área.

Observe no mapa a seguir a ocupação jesuítica e os dados, nomes e localização de guerras entre indígenas e os jesuítas contra bandeirante e outros invasores.

Para trás, além de índios (que, em geral, tornaram-se escravos), os jesuítas deixaram o gado – que saiu pastando aleatoriamente. O rebanho se dispersou e se reproduziu, em particular, porque havia ótimas pastagens e a inexistência de abates e de grandes predadores. Pelo menos nesse momento inicial.

Mas, Profe, por que os bandeirantes não levaram o gado também, oras?

Porque, querido, os bandeirantes desse momento eram especialistas em apresamento de índios para vendê-los como escravos. Esse era seu negócio! Sacou?

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Agora, veja você, caríssimo aluno, que oportunidade: grandes rebanhos e extensas pastagens sem dono!! Uau!!!! Foi esse cenário que levou alguns colonos paulistas, portugueses e de outras nacionalidades a ocupar a região.

Como já sabemos, a rentabilidade da criação de gado não era alta. Por isso, os produtores dessa região tentaram diversificar as possibilidades de negócios com o gado: vendiam o gado em pé (bicho vivo) ou o couro. A carne era pouco comercializada porque não conheciam técnicas para conservação. Daí o hábito dos sulistas de comerem carne em abundância. Contudo, havia um limitante econômico: vender para quem?

Responde aí para mim:

- No comércio local, profe!!!! #Resposta da profe: Tá maluco? Todo mundo tinha uma vaquinha!!! Não existia comércio local

para esses produtos! Já vou dizer em que local esse gado do sul passou a ter peso de ouro...

Além disso, o Sul era muito longe de tudo, sobretudo, se pensarmos que o eixo econômico da colônia estava no Nordeste, até o século XVII. Ou seja, o isolamento em relação a outras províncias e capitanias gerava uma economia de subsistência e, consequentemente, a formação de uma cultura própria.

Nas terras sulistas também não havia a presença de escravos negros ou indígenas. Assim, as atividades eram desenvolvidas em família. Surgiu a figura do peão de gado – ou gaúcho. Um trabalhador livre que detinha autonomia e poderia trabalhar onde ele quisesse e para diversos proprietários de gado, quantos fossem necessários. Uma liberdade invejável para uma colônia escravista!

Para sair um pouco da condição econômica quase de subsistência, os povoados sulistas procuraram estabelecer contato e comércio com outras províncias da região do Rio da Prata (por onde era possível escoar parte da produção) – como os territórios que hoje formam o Uruguai e as províncias argentinas de Buenos Aires, Corrientes, Entre-Rios e Missiones.

Mas a situação econômica da região Sul começou a mudar para melhor quando os bandeirantes paulistas abriram o caminho até o centro do Brasil com a descoberta do ouro. Como veremos, essa atividade foi o propulsor de outras atividades econômicas e, tal como ocorreu com a pecuária nordestina, a economia aurífera mudou o sentido da pecuária sulista. O GP$ dos pecuaristas gaúcho recalculou a rota para a região das Minas.

Seria difícil, naquela época, imaginar que os eventos ocorridos lá nas Minas Gerais pudessem influenciar os gaúchos sulistas, afinal eram 2 mil quilômetros de distância. Mas aconteceu! Minas Gerais se desenvolveu como um centro de demanda por produtos. Era necessário abastecer a região rapidamente, pois aqueles que se deslocavam para lá só queriam saber de ouro. Há relatos historiográficos de extrativistas cheio de ouro e quase subnutridos, pois não havia comércio para comprarem.

Ora, os maiores rebanhos de gado muar (mulas) e bovino estavam justamente onde? No SUL, minha gente!!!!! Assim, aproveitando a oportunidade, os produtores de gado sulistas passaram a abastecer o mercado minerador, tanto com mulas (para carregamentos), quanto com gado (para consumo de carne). Perceba, querido e querida, que esse momento é um divisor de águas para a pecuária sulista!

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Os produtores saiam do Sul com tropas enormes de gado. Iam até a província de São Paulo. Ali eles paravam para um momento de “engorda” do gado. Por sinal, na cidade paulista de Sorocaba formou-se a maior feira de muares da colônia. Isso gerou uma diversidade econômica enorme para São Paulo. Era o início da atividade que ficou conhecida como tropeirismo.

Dali as tropas, e seus tropeiros, levavam as mulas e os bois até Minas Gerais. Com o passar do tempo, os sulistas desenvolveram uma técnica de conservação da carne chamada charque. Então, as mulas saiam do Sul carregadas de carne charqueada, couro e mate. Passavam em São Paulo e carregavam mais alguns produtos manufaturados ou importados e, assim, seguiam para as Minas Gerais.

Caravana de Comerciantes vai à Tijuca. Johann Moritz Rugendas, 1835.

Essa nova fase da atividade pecuarista introduziu mudanças significativas na sociedade gaúcha. Como a carne passou a ter valor de venda, desenvolveu-se a produção de gado para corte. Em decorrência, formaram-se as “estâncias gaúchas” – grandes propriedades de terras voltadas para a produção bovina. Consequentemente, formou-se uma poderosa classe de proprietários de terra que produziam carne em larga escala. Além disso, a mão de obra ficou “menos livre”. Especialmente na produção da carne charqueada, introduziu-se o trabalho escravo negro.

Para a interiorização e formação do território brasileiro a pecuária teve papel central. Nos deslocamentos dos tropeiros se impulsionou a formação de vilas para garantir o pouso e a engorda do gado. Hospedarias, currais, mercados, feiras, receitas de pratos de comida e costumes compunham a nova paisagem do interior. Os limites do Tratado de Tordesilhas iam ficando para trás.

9.1.2– Extrativismo e comércio das Drogas do Sertão: a ocupação do Norte

Outra dinamização territorial e econômica ocorreu com a colonização da região Norte. Porém, nessas terras a história foi um pouco diferente do que estamos falando até agora.

Em 1616, por iniciativa governamental, iniciou-se a ocupação da região Norte, que começou no Maranhão e foi até o Amazonas. Observe no mapa mais abaixo. Evidentemente, seguindo o “desejo dourado” de encontrar ouro nas possessões coloniais, o governo português montou um sistema administrativo e de ocupação territorial a fim de descobrir metais preciosos.

A principal Expedição de Reconhecimento dessa grande região ocorreu em 1637, comandada por Pedro Teixeira. Ele começou na foz do Amazonas, subiu todo o rio e depois foi por terra. Seguiu cruzando o território até chegar nos Andes, em Quito, no Peru. Esse é um caminho de reconhecimento, mas, também de destruição dos povos ribeirinhos (que viviam às margens do rio) e indígenas. Os sobreviventes fugiram mata adentro e, na volta dos colonos, era impossível instalar qualquer sistema de exploração colonial, uma vez

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que os europeus não sabiam cultivar em zonas de mata tropical fechada como a Amazônia. Da mesma forma, os portugueses não contavam com nenhuma interação com os povos da floresta.

Você observou a data da expedição? 1637! Então, ela foi possível porque ocorreu durante o período da União Ibérica. Nesse sentido os limites do Tratado de Tordesilhas estavam suspensos devido à união das duas coroas!

A metrópole, então, secundarizou essa região, apenas criando 2 grandes regiões administrativas chamadas de Maranhão e Grão Pará.

Contudo, alguns colonos, nessas andanças, notaram que diversos povos usavam produtos da floresta para fins medicinais e alimentícios. Eram frutas, ervas, folhas, raízes que passaram a ser apelidadas de “drogas do sertão”. Então, eles começaram a fazer o extrativismo dessa riqueza natural usando, para isso, mão de obra

de indígena escravizada .

Desse modo, grande parte do desenvolvimento econômico da região Norte se deu graças à atividade particular dos colonos ligada a economia coletora das chamadas drogas do sertão. Essa foi a base da atividade econômica amazonense por mais de 200 anos.

Figura Especiarias- Shutterstock

Drogas do sertão são produtos encontrados na Floresta Amazônica. São eles: cacau, baunilha, pimenta, urucum, cravo, canela, guaraná, castanhas, resinas aromáticas. Elas se pareciam e, muitas vezes, poderiam substituir as chamadas especiarias orientais (cravo, canela, pimenta, noz-moscada). São temperos, ervas medicinais ou aromáticas. Hoje, são muito utilizadas pela indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica.

Além dos colonos, essa região foi ocupada por várias missões religiosas que fundaram aldeamentos indígenas ao longo do Rio Amazonas e seus afluentes. Nessas missões além de realizar a atividade religiosa, os religiosos também exploravam a mão de obra indígena no extrativismo das drogas do sertão.

Observe o mapa que relaciona a localização das missões religiosas e o local de desenvolvimento econômico desses produtos da floresta.

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Apesar de colonos e missionários religiosos utilizarem a mão de obra indígena para a exploração das drogas do sertão, a forma de tratamento dado ao índio pelos missionários era diferente do que aquela despendida pelos colonos. Estes matavam e escravizavam indígenas, já os missionários utilizavam a catequese, a aproximação pela conversão ao cristianismo. O trabalho parecia quase como uma consequência da mudança cultural que ia sendo promovida nessa relação.

Não se esqueçam de que os missionários religiosos eram contrários à escravização dos indígenas. Eles se apoiavam não apenas no discurso religiosos, mas em leis régias que proibiam a escravidão dos índios, com exceção, como já falamos algumas vezes, daqueles que resistiam à conversão ao cristianismo e ocupação colonial.

Assim, podemos imaginar que o cenário dessa região era de conflito entre religiosos e colonos, uma vez que seus interesses eram diferentes e o produto da exploração o mesmo. Na prática, a situação teve impacto na economia, pois enquanto a produção crescia nos aldeamentos indígenas, nas áreas dos colonos a dificuldade aumentava.

Portanto, podemos caracterizar essa ocupação territorial como de baixa densidade, esparsa e de economia coletora.

9.1.3– O Norte na crise econômica pós União Ibérica

As duas décadas finais do século XVII são de crise econômica para a metrópole e para a colônia em razão dos efeitos da União Ibérica e da invasão holandesa na área de produção do açúcar (Pernambuco) (ponto 2 dessa aula). Assim, sabemos que houve um processo de busca por novas riquezas para sanear essa crise, com já adiantei acima. Além disso, a coroa portuguesa criou medidas para intensificar o pacto colonial ampliando o controle sobre os impostos cobrados nas atividades econômicas praticadas na colônia.

Por isso, na região Norte, a Coroa intensificou o controle sobre a atividade extrativista das drogas do sertão. No Maranhão, especificamente, criou a Companhia de Comércio do Maranhão. O objetivo era monopolizar

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a exportação das drogas do sertão - atividade esta controlada, até então, pelos próprios colonos por meio do Porto de Belém do Pará. Além disso, proibiu-se a escravidão indígena – outra vez.

A situação na região do Maranhão já era de muita escassez e pobreza, afinal, no Maranhão não havia a disponibilidade de drogas do sertão, tal qual na Amazônia. Com a monopolização do comércio e da exportação pela Cia Real, ficou impossível desenvolver uma atividade econômica rentável para os colonos.

25Nesse contexto miserável, em 1684, surgiu uma revolta de colonos liderados por dois irmãos da família Beckman. Por isso, conhecemos esse acontecimento como a Revolta dos irmãos Beckman (que estudaremos na aula específica sobre processo de independência). O resultado dessa revolta foi o fechamento da Companhia, até porque ela e seus objetivos econômicos fracassaram.

Quase um século depois, em 1755, o Governo criou outra Companhia, agora abarcando as atividades de toda a região Norte. Era a Companhia do Comércio do Grão Pará e Maranhão. Dessa vez, o sucesso foi maior porque eles implantaram o cultivo de algodão, também com uso de mão de obra escrava. Deu certo porque havia uma demanda internacional na Inglaterra por algodão para abastecer o início da produção provocada pela Revolução Industrial. Assim, durante 25 anos o Maranhão foi o maior exportador de algodão do mundo.

25 Atlas Histórico do Brasil. FGV/CPDOC. Disponível em: https://atlas.fgv.br/marcos/crise-do-sistema-

colonial/mapas/exportacoes-do-maranhao-na-colonia. Acesso em 13-04-2019.

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A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão e a criação do Estado do Grão-Pará foram resultado da administração do Marquês de Pombal enquanto Primeiro Ministro de Portugal, durante o reinado de Dom Jose I. Pombal, que ficou no cargo entre 1750 e 1777, inaugurou uma administração voltada para tirar Portugal da crise econômica. Para dinamizar a exploração de riquezas na colônia e o controle comercial, Pombal criou, por exemplo, a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão, além da Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba. Muitas das medidas do Período Pombalino estiveram relacionadas à sua principal colônia, o Brasil. Seria função do Brasil, dentro deste objetivo pombalino, suprir as necessidades materiais e comerciais da metrópole. Além da criação desses feitos resultado da administração de Pombal, veremos ainda nesta aula outras iniciativas desferidas pelo Marquês que afetaram o Brasil.

Diante desses acontecimentos, percebemos que a ocupação da região Norte foi um processo de longo prazo que envolveu a ação da Coroa, de colonos sertanistas, de missionários religiosos e das práticas escravagistas. Reforço que as atividades principais desenvolvidas tiveram como foco a produção para exportação.

(FUVEST 2013)

A economia das possessões coloniais portuguesas na América foi marcada por mercadorias que, uma vez exportadas para outras regiões do mundo, podiam alcançar alto valor e garantir, aos envolvidos em seu comércio, grandes lucros. Além do açúcar, explorado desde meados do século XVI, e do ouro, extraído regularmente desde fins do XVII, merecem destaque, como elementos de exportação presentes nessa economia:

a) tabaco, algodão e derivados da pecuária.

b) ferro, sal e tecidos.

c) escravos indígenas, arroz e diamantes.

d) animais exóticos, cacau e embarcações.

e) drogas do sertão, frutos do mar e cordoaria.

Comentário

A questão demanda conhecimentos específicos acerca dos produtos explorados comercialmente por Portugal no Brasil Colonial, dentro dos interesses mercantilistas daquele país europeu. O tabaco era usado principalmente como moeda de troca na aquisição de escravos africanos (Bahia). O algodão atendeu ao mercado europeu, sobretudo no momento em que as Colônias Inglesas da América do Norte, envolvidas em seu processo de independência, deixaram de fazê-lo (algodão do Maranhão). Já o couro e o charque, derivados da pecuária, atendiam ao mercado luso e da região platina (lembre-se da produção gaúcha).

Gabarito: A

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9.2– Bandeirismo e a descoberta do Ouro

Na seção anterior comentei que a pecuária, tanto do Nordeste quanto do Sul, teve uma história antes e uma depois da descoberta do ouro. Já a mineração é resultado de um longo processo que envolveu uma atividade denominada bandeirismo.

Bandeirismo é um movimento de caráter particular, cuja origem está na região da Vila de São Vicente. Ele era formado por colonos portugueses, brancos, mestiços e indígenas. Eram conhecidos como bandeirantes.

Assim, para entender o bandeirismo é necessário estudarmos as condições econômicas e sociais dessa província.

Como falamos em aulas anteriores, no momento da divisão da colônia em capitanias hereditárias, duas capitânias tiveram êxito: a Bahia e São Vicente. Nesta Vila, inclusive, foi fundado o Engenho dos Erasmos – primeiro engenho de cana-de-açúcar no Brasil. No entanto, a região vicentina logo perdeu importância econômica. Nesse momento, muitos colonos saíram do litoral, subiram a Serra e se estabeleceram na Vila de Piratininga – atual cidade de São Paulo. Podemos indicar pelo menos 2 motivos principais do fracasso econômico:

• A grande distância que separava São Vicente da metrópole. Para você ter noção, levavam-se 30 dias para chegar de Portugal até Salvador (capital do Governo-Geral) e mais 15 dias até São Vicente. Ou seja, tempo demais para os negócios coloniais.

• A faixa litorânea de São Vicente era estreita, com muitos manguezais e, portanto, inapropriada para a produção latifundiária do complexo açucareiro.

E vamos combinar, galera, segundo Caio Prado e Fernando Novais, a função de uma colônia era produzir riquezas para a metrópole. Por isso, o fracasso do sistema exportador na região vicentina transformou a Vila de São Vicente em uma região secundária, do ponto de vista da economia de exploração do sistema colonial.

Mas profe, e do ponto de vista local, então? Também era um fracasso?

Olha, pensando no desenvolvimento local, podemos dizer que havia inúmeras dificuldades para que os colonos mantivessem uma qualidade de vida boa. Evidentemente, no século XVII, na colônia, era preciso ter alguma riqueza para minimizar as agruras do local, até mesmo nas regiões mais ricas – como Pernambuco ou Bahia. Imagine em uma Vila no sul da colônia?

Dessa maneira, podemos articular a seguinte formulação: havia muita escassez e pouca diversidade de produção. Importar da Europa era lago absolutamente fora de cogitação, uma vez que os produtos eram caros e, devido ao isolamento da região, quase não chegava um único produto importado.

Então, utensílios, roupas, ferramentas e até mesmo mão de obra especializada - como pedreiro, carpinteiro, ferreiro- faltavam na província. Imagine livros, jornais, revistas ou qualquer meio de desenvolvimento da intelectualidade? Por isso, muitos historiadores falam em que a população vicentina vivia na miséria.

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Nesse sentido, o que se verificou foi uma interação maior entre colonos portugueses e indígenas. Colonos aprendiam com os indígenas a guerrear, caçar e construir abrigos conforme os hábitos indígenas. Segundo historiadores, até meados do século XVIII, os paulistas falavam, majoritariamente, tupi-guarani.

Essa interação teve como resultado uma cultura específica, sertaneja e guerreira ao mesmo tempo. A mentalidade formada nesse contexto foi a condição necessária para a atuação do bandeirismo: o desenraizamento. Nada prendia os bandeirantes à terra. Eles podiam viajar longuíssimas distâncias e passar meses longe de seus vilarejos. Até o início do século XVIII, não se havia encontrado riquezas que lhes rendesse ficar em um único lugar.

Agora cuidado: essa interação não quer dizer trocas, igualdade de condições e nada disso. Índios eram visto como selvagens, gentios, bravos e inferiores. No início, os colonos escravizaram índios para trabalhos domésticos e pequena lavoura local. Os colonos vicentinos se apoiavam, inclusive, nos conflitos e guerras entre os diversos povos indígenas, alterando a própria constituição das relações interétnicas. Lembre-se, também, da aula anterior sobre a postura dos conquistadores europeus sobre os indígenas.

Havia 3 atividades fundamentais desenvolvidas pelos bandeirantes, entre os séculos XVI e XVIII, que definem 3 tipologias de bandeirismo.

Bandeira de apresamento: captura e aprisionamento de índios para vendê-los como escravos. Bandeira de Contrato – ou sertanismo de contrato: prestação de serviços a senhores de terra,

engenhos e escravos. Captura de escravos fugidos e destruição de quilombos. Bandeira de prospecção: procura de metais preciosos.

Essas tipologias são interessantes, mas tenha cuidado: não significa que uma veio depois da outra ou que algum grupo de bandeirante era especialista em uma atividade e não em outra.

O que se viu, na prática, foram os bandeirantes fazendo tudo o que lhes desse alguma riqueza. É claro que o “sonho dourado” era como aquele ideal das pessoas de hoje em dia de ganhar na mega-sena ou algum investimento empreendedor no youtube. Quem não joga, não ganha, né, gente!

Então, a cada expedição bandeirante, independentemente se era uma atividade particular ou um contrato feito com algum senhor de terra rico, sempre o bandeirante sonhava em encontrar ouro no caminho!

O aprisionamento de índios foi uma prática na região de São Paulo e adjacências. Mas, no século XVII, no contexto da ocupação holandesa no Nordeste, houve uma ruptura do comércio escravista. Como sabemos,

Falta de recursosContato com a

cultura indígenaIsolamento geográfico

Pobreza Bandeirismo

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a Holanda dominou não apenas Pernambuco, mas parte importante das feitorias portuguesas na África que eram responsáveis pelo abastecimento do comércio de escravizados.

Nesse momento, diante da conjuntura econômica, da ocupação estrangeira do território e do encarecimento da mão de obra escrava africana, ampliou-se a demanda por mão de obra escrava indígena. Dá uma olhada nos preços do mercado de escravizados:

Assim, era preciso encontrar uma boa fonte de aprisionamento (como se houvesse fonte boa para aprisionar, alguém, né? Mas tudo bem, continuemos). Os aldeamentos, ou missões, eram ótimas formas de conquistar os índios mais valiosos. De certa forma era uma ação fácil, pois estavam todos em um mesmo lugar e não estavam completamente preparados para se proteger.

O local onde isso ocorreu de maneira acentuada foi nos atuais Mato Grasso do Sul e Rio Grande do Sul, sobretudo ao longo dos rios Paraguai e Paraná, na Bacio do Prata, em um dos maiores aldeamentos indígenas chamado Sete Povos das Missões, fundado por jesuítas espanhóis. Nessa região ocorreram muitos massacres, mortes e a escravização dos sobreviventes. Os bandeirantes responsáveis por essas expedições de apresamento foram Raposo Tavares, Manoel Preto e Fernão Dias (localize no mapa anterior).

Desse modo, o movimento das bandeiras contribuiu para a interiorização do território.

Já o bandeirismo de contrato também significava o aprisionamento de índios ou escravos africanos, contudo, era feito a pedido de senhores de terra e de escravos. Estes contratavam os bandeirantes para derrotar uma rebelião indígena, destruir algum quilombo ou outra forma de resistência dos escravizados. O melhor exemplo desse tipo de atividade foi a destruição do Quilombo dos Palmares, cuja história vimos na aula passada.

Na segunda metade do século XVII, o aprisionamento de indígenas já não era tão lucrativo. Além disso, como já vimos, Portugal restaurou a monarquia em 1640 e, no Brasil, portugueses, colonos e indígenas expulsaram os holandeses. Fortaleceu-se o comércio negreiro.

No cenário de tentativas de recuperação econômica, a Coroa estimulava expedições militares particulares cujo objetivo era procurar metais preciosos. Com isso, surgiram expedições bandeirantes com o objetivo de encontrar ouro. Eram as bandeiras de prospecção. Nos anos anteriores, os bandeirantes haviam encontrado alguns indícios de lugares em que poderiam encontrar ouro e pedras preciosas.

Africanos

Índios aldeados

Índios não-aldeados

0

10

20

30

Valor emlibras

Mercado de pessoas escravizadas

Africanos Índios aldeados Índios não-aldeados

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Uma dessas expedições foi liderada por Fernão Dias Paes. Esse bandeirante partiu de São Paulo em direção ao Noroeste, atual território do Estado de Minas Gerais, e ficou 7 anos buscando ouro. Encontrou apenas pedras turmalinas. Mas ele abriu rotas e caminhos que foram seguidos por outros bandeirantes, como Borba Gato, o famoso e terrível Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhanguera), entre outros.

Em 1693, descobriram-se as primeiras jazidas de ouro, na região das Minhas Gerais. A partir disso, iniciou-se um povoamento na região da Mantiqueira e do Espinhaço. Até 1725 fundaram-se as cidades de Caeté, São João del Rey, Sabará, Mariana, Vila Rica, Arraial do Tejuco, Vila do Príncipe.

Dessas cidades mineiras, os bandeirantes seguiram para a região do Mato Grosso e, em 1719, descobriram ouro nessas terras. A partir disso, formaram-se as cidades de Cuiabá, Vila Bela, Coimbra, Príncipe da Beira, Miranda e Albuquerque.

Na sequência, rumaram mais para o Oeste e, em 1725, chegaram em Goiás, onde descobriram novas jazidas. Aqui foi fundada Vila Boa, a atual Goiás.

Não fica perdido! Veja os anos e os locais de descobertas de jazidas de ouro!

(EsFCEx/2018)

Analise as afirmativas sobre as conquistas dos sertões, colocando entre parênteses a letra “V”, quando se tratar de afirmativa verdadeira, e a letra “F” quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

( ) As bandeiras se constituíram na grande marca deixada pelos paulistas na vida colonial do século XVII.

( ) As bandeiras eram expedições que tinham como objetivos, entre outros, os de buscar indígenas para serem escravizados e encontrar metais preciosos.

( ) As bandeiras marcaram, sem contestação da historiografia, a independência dos paulistas em relação à Coroa, assim como, se configurou como movimento democrático.

a) V – V – F.

b) V – F – V.

c) F – V – V.

d) F – F – F.

e) F – F – F.

Comentários

O primeiro item está relacionado à origem do bandeirismo. Vimos que foi na Vila de São Vicente que ele se iniciou. Dessa Vila, os colonos partiam para a Vila de Piratininga (São Paulo). Como havia muita escassez de produtos e pouca diversidade, combinados com a ganância por novas riquezas, o bandeirantismo deu início

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às incursões no território. Dentre as “riquezas” procuradas, estava o aprisionamento de indígenas para a escravização. Por isso, a segunda afirmação também é verdadeira. Lembre-se:

Havia 3 atividades fundamentais desenvolvidas pelos bandeirantes, entre os séculos XVI e XVIII, que definem 3 tipologias de bandeirismo.

Bandeira de apresamento: captura e aprisionamento de índios para vendê-los como escravos.

Bandeira de Contrato – ou sertanismo de contrato: prestação de serviços a senhores de terra, engenhos e escravos. Captura de escravos fugidos e destruição de quilombos.

Bandeira de prospecção: procura de metais preciosos.

Essas tipologias são interessantes, mas tenha cuidado: não significa que uma veio depois da outra ou que algum grupo de bandeirante era especialista em uma atividade e não em outra.

O que se viu, na prática, foram os bandeirantes fazendo tudo o que lhes desse alguma riqueza. É claro que o “sonho dourado” era como aquele ideal das pessoas de hoje em dia de ganhar na mega-sena ou algum investimento empreendedor no youtube. Quem não joga, não ganha, né, gente!

Então, a cada expedição bandeirante, independentemente se era uma atividade particular ou um contrato feito com algum senhor de terra rico, sempre o bandeirante sonhava em encontrar ouro no caminho!

O aprisionamento de índios foi uma prática na região de São Paulo e adjacências. Mas, no século XVII, no contexto da ocupação holandesa no Nordeste, houve uma ruptura do comércio escravista. Como sabemos, a Holanda dominou não apenas Pernambuco, mas parte importante das feitorias portuguesas na África que eram responsáveis pelo abastecimento do comércio de escravizados.

A última alternativa tem dois erros: uma, mais forçado, sobre democracia na época do início da colonização (isso não existia); outro, sobre a independência em relação à coroa, também não existia.

Gabarito: A

(UFSJ 2013)

“Ilha do Bananal, atual Estado de Tocantins, ano de 1750. Um grupo de homens descalços, sujos e famintos se aproxima de uma aldeia carajá. Cautelosamente, convencem os índios a permitirem que acampem na vizinhança. Aos poucos, ganham a amizade dos anfitriões. Um belo dia, entretanto, mostram a que vieram. De surpresa, durante a madrugada, invadem a aldeia. Os índios são acordados pelo barulho de tiros de mosquetão e correntes arrastando. Muitos tombam antes de perceber a traição. Mulheres e crianças gritam e são silenciadas a golpes de machete. Os sobreviventes do massacre, feridos e acorrentados, iniciam, sob chicote, uma marcha de 1 500 quilômetros até a vila de São Paulo – como escravos.” TORAL, A. e BASTOS, G. Os brutos que conquistaram o Brasil. In: Revista Superinteressante, abril de 2000. Fonte:

http://super.abril.com.br/historia/brutos-conquistaram-brasil-441292.shtml. Acesso em 29/08/2012

Ações desse gênero, ocorridas na América Portuguesa, eram frequentemente empreendidas pelos

a) invasores franceses.

b) jesuítas ibéricos.

c) funcionários da coroa portuguesa.

d) bandeirantes paulistas

Comentários

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Um dos primeiros tipos de bandeirismo foi o de aprisionamento, tal como a situação relatada no texto do enunciado. No século XVI, como vimos, muitos bandeirantes fizeram incursões no interior do país para aprisionar e escravizar indígenas. As bandeiras paulistas foram as que mais se destacaram entre os século XVI e XVIII.

Gabarito: D

9.3 – Novos Tratados sobre os limites territoriais

Antes de entrarmos mais a fundo no ciclo do ouro, vamos aproveitar esse estudo e essa reflexão sobre o papel dos bandeirantes para tratar alguns aspectos da colonização do Sul e as disputas territoriais entre Portugal e Espanha em que estiveram envolvidas as missões jesuíticas e a formação de colônias e aldeamentos.

A colonização portuguesa se estendeu até o Sul após a destruição das missões jesuíticas espanholas pelos bandeirantes paulistas e com o desenvolvimento da pecuária e produção de couro e, mais tarde, de carne.

Além dessa ocupação há outra que gerou tensão diretamente entre Portugal e Espanha. Tratou-se da fundação da Colônia de Sacramento, no extremo Sul do território. Ela foi constituída a fim de dominar o controle da Bacia do rio da Prata. Isso complementava a expansão da atividade pecuária.

Contudo, espanhóis escoavam toda a produção de prata da região mineradora do Potosí (na atual Bolívia) pelo rio da Prata (olha o porquê de o nome desse rio tão importante para a América do Sul), que desembocava justamente onde? Na Colônia de Sacramento, meu caro e minha cara! Assim, a Espanha desconfiava que Portugal pudesse usar o rio para invadir e tomar a região mineradora de Potosí. Sacou os motivos das disputas em relação à fronteira no Sul?

Os conflitos entre Portugal e Espanha vieram à tona depois de findo a União Ibérica e com a crise geral do mercantilismo, no final do século XVII e começo do XVIII. Desse modo, surgiu a necessidade de reverem os limites territoriais impostos pelo Tratado de Tordesilhas.

Nas discussões que envolveram a definição das fronteiras, Portugal conseguiu impor como norma básica das negociações o princípio do direito internacional romano chamado uti possidetis. Conforme esse princípio, a posse efetiva de um território é de quem o ocupa de fato.

Foram muitas tentativas de negociação. Vou listar os acordos mais importantes para a sua prova:

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1713-1715: Tratado de Ultrech. Na verdade, foram diversos documentos assinados – acordos - que redefiniram territórios europeus e das colônias das monarquias, tanto na América, quanto na África. Esses acordos foram assinados após a Guerra de Sucessão pelo trono espanhol. No caso das repercussões em territórios brasileiro, houve entendimentos entre Portugal e Espanha e entre Portugal e França.

Pouco depois de terminadas as negociações entre ingleses e franceses, no início de 1713, chegou a vez dos últimos iniciarem suas negociações com os portugueses. A posição de Portugal sobre as terras em disputa entre as duas Coroas no norte do Brasil era de que a ele pertencia por direito todas as terras do Cabo do Norte, situadas entre o Amazonas e o rio de Vicente Pinzón, ou Oiapoque, e que a possessão dessas terras dava-lhe o direito exclusivo à navegação do rio Amazonas26.

Por meio dos acordos firmados, guarde o seguinte:

Primeiro Tratado de Utrecht - 1713. Firmado entre Portugal e a França para estabelecer os limites entre os dois países na costa norte do Brasil. O limite entre a Guiana Francesa e o Brasil passou a ser determinado pelo Rio Oiapoque.

Segundo Tratado de Utrecht - 1715. Firmado entre Portugal e a Espanha, restabelecendo a posse da Colônia de Sacramento para Portugal.

1750: Tratado de Madri. Estabeleceu os limites entre as colônias de Espanha e Portugal, na América do Sul, respeitando a ocupação realmente exercida nos territórios e abandonando inteiramente a "linha de Tordesilhas". A Colônia de Sacramento passou para o domínio da Espanha. Em troca, os portugueses passariam a controlar os territórios dos Sete Povos das Missões.

1777: Tratado de Santo Ildefonso. Entre Portugal e Espanha, seguiu em linhas gerais os limites estabelecidos pelo Tratado de Madri.

1801: Tratado de Badajós. Estabeleceu que a região dos Sete Povos da Missões ficaria sob domínio lusitano e a colônia de Sacramento sob o controle dos espanhóis.

*Confira o Mapa logo abaixo

Levando em consideração que a busca por riquezas foi um impulsionador da expansão territorial veja os mapas abaixo:

26 FURTADO, Júnia Ferreira. Guerra, diplomacia e mapas: Guerra de Sucessão Espanhola, o Tratado de

Ultrecht e a América portuguesa na cartografia de D'Anville. Topoi, v. 12, n. 23, jul-dez., 2011. p. 76.

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Lembra-se do Pombal de que falei em um box mais acima? Pois é, saiba que, a respeito da divisão territorial da colônia Brasil, ele, láaaa de Portugal, decretou em 1759 que as propriedades (territórios) do sistema de Capitanias Hereditárias deveriam voltar para o controle do governo português. Desta forma, decretou o fim do primeiro sistema de divisão territorial brasileiro, criado nos primórdios da colonização do Brasil. Lembre-se, por exemplo, que foi no Período Pombalino que houve a criação Estado do Grão-Pará e Maranhão.

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(EsFCEx/2007)

Analise as alternativas abaixo sobre os tratados que fixaram as fronteiras coloniais na América, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, e a letra F quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta.

( ) O Tratado de Utrecht (1713), assinado entre representantes de Portugal e da França, estabelecia que o rio Oiapoque, no extremo norte da colônia, seria o limite da fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa.

( ) O Tratado de Badajós (1801) estabelecia que a região dos Sete Povos das Missões ficaria com os portugueses, assim como a colônia do Sacramento.

( ) O Tratado de Madri (1750) determinava que a Portugal e Espanha caberia a posse das terras que ocupavam. O descontentamento entre índios e jesuítas dos aldeamentos dos Sete Povos das Missões gerou luta violenta que ficou conhecida como Guerra Guaranítica.

( ) O Tratado de Santo Ildefonso (1777) estabelecia que a Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões ficariam com Portugal que cederia à Espanha terras que haviam sido anexadas ao Rio Grande do Sul.

(A) V ; V ; F ; F.

(B) V ; F ; V ; F.

(C) F ; V ; F ; V.

(D) F ; F ; V ; V

(E) V ; F ; F ; F.

Comentários

A única afirmação correta é a primeira. Sobre as demais, olha só:

Na segunda afirmação, "assim como a colônia de Sacramento" está errado: 1801 - Tratado de Badajós. Estabeleceu que a região dos Sete Povos da Missões ficaria sob domínio lusitano e a colônia de Sacramento sob o controle dos espanhóis

Na terceira afirmação, o erro é mais sutil, pois não foi um descontentamento entre índios e jesuítas, mas um descontentamento entre, de um lado, índios e jesuítas e, do outro, portugueses e espanhóis. O Tratado de Madri estipulava a remoção dos indígenas e jesuítas para o lado espanhol das fronteiras naturais estabelecidas pelo Rio Uruguai. Os indígenas e jesuítas não aceitaram a imposição e se organizaram para resistir. Entre os anos de 1753 e 1756 ocorreram as Guerras Guaraníticas.

A terceira afirmação está errada. 1777: Tratado de Santo Ildefonso entre Portugal e Espanha seguiu em linhas gerais os limites estabelecidos pelo Tratado de Madri, ou seja, Espanha com Sacramento e Portugal com Sete Povos das Missões.

Gabarito: E

Queridas e queridos, no meu Instagram tem flash cards de todos os principais Tratados Territoriais. Não percam. Salvem para revisar antes da prova!

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10. A DESCOBERTA DO OURO NO CONTEXTO DO MERCANTILISMO

DECADENTE

Querido e querida, como sabemos, a partir do final do século XVII, Portugal entrou em crise e passou de uma potência mercantilista a reino dependente dos acordos estabelecidos com a Inglaterra, potência marítimo-mercantil e manufatureira. Isso era um sinal de novos tempos: o mercantilismo estava decadente e a elite econômica procurava novas formas de produzir riqueza.

Como parte dessa crise do mercantilismo estava o declínio da atividade açucareira na colônia da América Portuguesa. Por isso, a busca de novas riquezas coloniais foi uma característica desse período. Era preciso salvar metrópole!

No entanto, se liga: Portugal, e mesmo os colonos continuavam pensando, refletindo e decidindo conforme as velhas práticas mercantilistas. Assim, essa busca por riquezas significava encontrar ouro, ou intensificar as atividades agropecuárias e extrativistas já existentes.

Contudo, a revolução industrial estava sendo gestava no útero inglês. O capital comercial, aos poucos, cedia espaço para o capital industrial e o desenvolvimento da maquinofatura. Era preciso buscar investimento monetário e intelectual para criar algo realmente novo!

É nessa conjuntura internacional que o ouro é descoberto e a atividade mineradora é desenvolvida no Brasil.

Articula comigo!

Uma das coisas mais importantes para sabermos, nesse momento, é que o ouro brasileiro foi transferido para a Inglaterra por meio dos acordos que a metrópole portuguesa tinha estabelecido com os ingleses, entre eles o Tratado de Methuen. A concentração de capital na ilha britânica foi fundamental para, assim, investir em pesquisas, inventos e experimentos que deram origem à Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII. Nesse sentido, o Brasil havia sido uma peça chave para transformar Portugal em uma potência mercantilista e, agora, contribuía (ainda que indiretamente) para que a Inglaterra se transformasse na maior “fábrica do mundo”.

Dito isso, podemos seguir para entender a atividade aurífera na colônia durante o século XVIII.

10.1 – A civilização do Ouro

A descoberta do ouro nas Minas Gerais, como vimos no início dessa aula, foi fruto da atividade dos bandeirantes paulistas no final do século XVII. Durante todo o século XVIII, a economia colonial esteve voltada para esse produto.

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Ao tratar sobre o desenvolvimento da pecuária no Sul e no Nordeste, mencionamos que atividade mineradora foi um divisor de águas na economia do Brasil porque alterou profundamente as demais atividades já existentes na colônia, bem como impulsionou o desenvolvimento de outras.

Assim, se há uma marca na atividade da exploração do ouro, no século XVIII, esta foi ter promovido as condições necessárias para a ampliação e diversificação das atividades econômicas, bem como transformações na vida social e política as quais deram espaço para novas formas de pensar, sentir, viver e produzir cultura.

Por isso, a exemplo do que estudamos em relação à economia açucareira, podemos falar da formação de uma “civilização do ouro” – produtora de valores, costumes e ideais. Isso esteve relacionado não apenas com o ouro em si, mas com o modo como o ouro foi extraído.

Mas como assim, profe? Era diferente o jeito brasileiro de extrair o ouro da terra?

Pois é, em um sistema de produção, na maioria das vezes, o modo como se produz algo importa mais do que aquilo que se produz. Preste muita atenção na explicação abaixo para você entender o que eu estou explicando, ok!

Instrumentos de extração, fundição, aferição e transporte do ouro. [Fonte: Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro/Foto: Rômulo Fialdini

O ouro encontrado no Brasil era o de aluvião, depositados superficialmente nas encostas e barrancos, diferentemente do que ocorria na américa espanhola onde as formações geológicas exigiam grandes obras para explorá-lo. O ouro de aluvião era facilmente explorado: poucas ferramentas, prato de madeira ou estanho e peneiras. Não precisava de muita gente, até mesmo um único homem conseguia ter algum sucesso e se transformar em um minerador. Assim, ao contrário do complexo

engenho de açúcar, a mineração do ouro no Brasil poderia ser uma atividade mais “democrática” e oportuna para a distribuição de riquezas para quem quisesse trabalhar muito!

Mas, calma, não se anima muito em querer votar no tempo e virar um minerador Aí entrou o papel da Coroa que, se achando dona de tudo o que os olhos conseguissem alcançar, promoveu uma administração supercentralizada, taxativa e altamente fiscalizatória. Além, é claro, da própria existência da escravidão que, em sim, é um impeditivo para que qualquer meritocracia funcione bem.

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Os historiadores afirmam que a sociedade mineradora se desenvolveu de maneira mais aberta, mais dinâmica e com maior mobilidade social em comparação com a sociedade açucareira.

A região foi intensamente ocupada por muitas pessoas de várias regiões do Brasil e de outros países, especialmente de Portugal. Há dados que demonstram uma explosão demográfica no Brasil. Veja os dados.

Além disso, alguns dados da época sobre a população brasileira, demonstram que houve um alargamento da faixa de pessoas livres e a proporção entre estas e as escravizadas passou de 63% para 36%, aproximadamente.

Podemos sugerir, inclusive, que uma parte importante dos trabalhos realizados na região mineradora era desenvolvido por mão de obra livre. Isso significa que homens escravizados conseguiram liberdade? Não necessariamente, apesar de que vários relatos e documentos de época demonstram que houve muito mais alforrias nessa região do que na região Nordeste, por exemplo.

O que podemos afirmar, com certeza, é que a região das minas se tornou um polo de atração populacional e que uma parte importante das pessoas desenvolvia trabalhos livres.

Sérgio Buarque de Holanda afirma que apenas 1/3 da população estava envolvida com a atividade mineradora, já as demais realizavam diversas outras funções.

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500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

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1700 1800

Relação trabalho livre e escravo no total da população

População Total

Escravizados

Crescimento populacional

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Assim, no início, as pessoas chegavam para realizar atividades ligadas diretamente à mineração. Contudo, com o tempo, foram desenvolvidas outras ocupações ligadas ao abastecimento e manutenção da região, que virou um verdadeiro centro de consumo.

De fato, podemos inferir que houve uma diversificação de atividades profissionais, como por exemplo:

• profissões liberais (como advocacia, medicina, dentista, contador);

• atividade financeira, comércio (se multiplicavam as mercearias, mercadinhos, docerias, tabernas);

• serviços (como barbearia, carpintaria, alfaiataria);

• funcionários públicos e burocratas;

• Manufaturas e artesanatos (mestres de ofício).

Essa estrutura social e de trabalho teve impactos importantes nas atividades sociais e econômicas. Quero dizer que, com mais pessoas e mais trabalho livre, ocorreu a formação de um mercado consumidor diversificado. E se há mercado consumidor, também há comércio interno.

Olha o esqueminha:

Nós falamos desse processo quando estudamos a pecuária. Vimos que as tropas de muares, que vinham do Sul, paravam em São Paulo e seguiam para as Minas Gerais. Como havia muita procura por produtos, o desenvolvimento do comércio foi significativo.

Documentos de época nos informam que nessa região das Minas Gerais chegavam produtos regionais e importados.

Nesse sentido, a urbanização foi outra característica das Minas Gerais. A população e os órgãos do governo tendiam a se concentrar onde estava o ouro, muito próximo das minas. Nesse espaço se desenvolveram as demais atividades econômicas que acabamos de estudar. Assim, a urbanização se tornou um elemento inerente à mineração.

Sem grandes elaborações políticas, registre que: nesse novo cenário germinavam as sementes de um ideário de unidade nacional, que se construiria ao longo dos séculos seguintes, especialmente depois da Inconfidência Mineira, de 1789.

Vamos esquematizar as principais características da sociedade mineradora discutidas até aqui:

Aumento populacional

Mais trabalho

livre

Mercado consumidor

interno

Comércio Interno

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10.2 – A administração da região das minas

Logo que foram descobertas as primeiras jazidas de ouro, a Coroa decretou um Regimento da Região das Minas Gerais. Tratava-se de um regimento que criava cargos, funções e objetivos a serem seguidos pelos órgãos da coroa portuguesa. O conjunto desses órgãos ficaram conhecidos como Intendência Geral das

Minas.

Ressalto que a Intendência era independente de qualquer outra autoridade de colônia, inclusive do Governado Geral. Assim, concentrava os poderes administrativos, judiciais, fiscais e policiais. Vejamos nos esquemas os cargos e as funções:

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10.3 – O Sistema de Impostos

O sistema de imposto era relativamente simples. Ao longo do tempo, tornou-se extremamente abusivo. Mas não esquecemos: o objetivo da Metrópole era explorar a colônia, transferir riquezas para o seu próprio território e sua elite. Portanto, se o custo disso era destruir o território e a população, paciência... a mão pesava com impostos e com violência.

O imposto estabelecido para a produção aurífera era de 20% de toda a produção. Conhecemos esse imposto como “o quinto”.

Assim, a coroa logo encontrou uma solução: transformar o ouro em pó em barras de ouro com a “logomarca” da Coroa. Sim, querido e querida, é isso mesmo. Para isso, em 1725, criaram as Casas de Fundição.

Nas Casas de Fundição, o ouro em pó era transformado em barra. Nesse processo, já se descontavam os 20% do imposto. Nessas casas, o minerador entregava seu ouro em pó o qual era fundido e transformado em barras. Depois de retirado os 20%, o restante era devolvido ao proprietário. Mas agora em barras quintadas, ou seja, nessa barra tinha uma marca, uma espécie de selo real que garantia a legitimidade e legalidade do produto. Esse era o “ouro quintado”.

Ao mesmo tempo, foram proibidas a circulação e a exportação do ouro em pó e de qualquer barra sem o selo do quintado real. Com misso, a Coroa julgava que seriam mais fáceis e eficientes a fiscalização e a cobrança de impostos, bem como o constrangimento à sonegação.

Em 1750, a cobrança de impostos tornou-se mais intensa. Exigiu-se o pagamento de uma cota mínima de 100 arroubas de ouro, ou, 1,5kg de ouro!!!!! Só para vocês terem ideia, a cotação do ouro em abril de 2019 foi de, em média, R$159,00 o grama de ouro. Faz as contas, aí: 159,00 X 1.500 gramas. Ou seja, o cara tinha que pagar, no mínimo, R$238.000,00 de impostos!!!!!

E se a pessoa não tivesse atingido a produção necessária para dar tudo isso de imposto, ou se isso fosse muito mais que os 20%, Profe?

Cobrava-se do mesmo jeito e as pessoas contraiam uma dívida. Isso aconteceu ano após ano porque, a partir da segunda metade do século XVIII, a produção aurífera entrou em declínio. Em geral, a maioria dos pequenos e médios mineradores não conseguia arcar com a cota mínima de 100 arroubas de ouro. Observe no gráfico abaixo a queda da produção do ouro.

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Como o ouro é um recurso finito, a relação desse gráfico é simples: 1- extração sem limites de ouro; 2- auge e estagnação da produção; 3 – declínio. Porém, apesar de a quantidade de ouro declinar, a Coroa continuava com as mesmas necessidades financeiras, digo de privilégios.

Mas o governo português não se importava com a diminuição da produção. Na verdade, ele dizia que a queda da produção aurífera era devido ao contrabando e não ao declínio da produção. Conveniente para a metrópole, né? Diante da necessidade de manter as receitas da corte portuguesa, em 1765, a Coroa mandou aplicar a derrama, isto é, a cobrança de todos os impostos atrasados!! Assim, os funcionários da Intendência podiam expropriar tudo o que o minerador tinha até chegar ao valor de 100 arroubas de ouro. Muitas pessoas perderam dinheiro, terra, gado, escravos, casa... tudo! Qualquer coisa!

Há muitos documentos de época demonstrando que a derrama foi executada com muita violência e humilhação. Evidentemente isso causou muitos conflitos entre as autoridades das Intendências e a população mineradora, como foram os casos da Revolta de Filipe dos Santos e da conhecida Inconfidência Mineira – as quais estudaremos na aula sobre independência do Brasil.

Pega o Bizu do esquema de controle, fiscalização e cobrança de impostos da atividade mineradora:

27 Atlas Histórico do Brasil. FGV/CPDOC. Disponível em: https://atlas.fgv.br/marcos/descoberta-do-

ouro/mapas/graficos-producao-de-ouro-e-populacao-mineira-no-seculo-18. Acessado em 12-04-2019.

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10.4 – Consequências da exploração do ouro

Ao longo da aula falamos algumas consequências da mineração. Nessa seção vamos sintetizar o que já falamos e acrescer alguns outros pontos relevantes que podem cair na sua prova.

1- Transferência do eixo político-econômico para o Sudeste. Em 1763 a capital da colônia passou a ser

o Rio de Janeiro, obra da administração do Marques de Pombal em Portugal. Lembrando que o

porto carioca era o mais próximo das regiões das Minas.

2- A historiografia afirma que o Brasil ainda não existia como um conjunto econômico integrado até o

século XVIII. Mas, com a mineração, estabeleceu-se uma ligação econômica entre as regiões que

desenvolviam as principais atividades econômicas da colônia:

➢ O complexo pecuário-açucareiro, do Nordeste

➢ A área de pecuária gaúcha, do Sul

➢ A região de atividade extrativista, do Norte

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3- A população cresceu imensamente, mas a economia não, embora tenha se diversificado. Veja abaixo

a situação do crescimento populacional e da decadência econômica.

4- Revoltas coloniais. As questões em torno da exploração do ouro intensificaram a oposição de

interesses entre colonos e o governo português, como veremos na próxima aula de História do Brasil.

(UFPE 2007)

Marque Verdadeiro ou Falso.

A economia colonial brasileira sofreu instabilidades, com momento de prejuízos econômicos significativos. Porpem, no século XVIII, com a exploração do ouro das Minas Gerais, Portugal conseguiu:

( ) recuperar parte dos seus prejuízos, sem, no entanto, se tornar uma grande potência.

( ) expandir a oucpação da colônia, movimentando a economia para além da região de Minas.

( ) tornar-se uma potência econômica, aumentando seu poderio militar e político.

( ) diminuir o número de escravos na colônia, incentivando o trabalho assalariado.

( ) evitar a existência de rebeliões marcante contra a metrópole.

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Comentários

Temos visto que a economia portuguese entrou em um período de instabilidade. Dessa forma, Portugal passou a depender das riquezas da colônia. A descoberta do ouro nas Minas Gerais voltou a enriquecer a Metrópole. Contudo, passado quase um século, iniciou-se a escassez desse recurso a ponto de um nova instabilidade atingir Portugal. Considearndo esses pressupostos, as respostas dos itens são:

V – de fato, o ouro ajudou a recuperar a economia portuguesa, mas parte da riqueza foi para os cofres da Inglaterra;

V – a economia do ouro na Minas contribuiu para dinamizar outras regiões a ponto de ampliar trocas comerciais e, portanto, o mercado interno;

F – Portugal não se tornou uma potencia econômia e militar, principalmente por conta da relaçao de dependência da Inglaterra;

F – Não houve a diminuiçaõ do número de escravos na colônia. O trabalho livre, por outro lado, aumentou. Agora, repare que trabalho assalariado é uma coisa e trabalho livre é outra.

F – Nas Minas Gerais duas grandes revoltas podem ser lembradas para justificar este item como falso: a Revolta de Felipe dos Santos e Inconfidência Mineira.

10.5 – Arte e Cultura do Ouro: o Barroco

Entre as principais consequências da exploração do ouro, no Brasil, estão o desenvolvimento da arte barroca. Guarda no seu coração: pensou em arte colonial pensou BARROCO!

Esse estilo literário teve origem na Itália, no século XVII, mas não demorou para se espalhar pela Europa e ser trazido à América pelos colonizadores portugueses e espanhóis, especialmente por meio do trabalho dos missionários religiosos, os quais foram os principais mecenas de artistas brasileiros.

Se relembrarmos das aulas anteriores, chegamos à conclusão de que o barroco se desenvolveu no momento da Reforma Protestante e das lutas religiosas na Europa. Nesse contexto, a Igreja Católica usou os artistas e sua arte barroca para garantir a continuidade da sua legitimidade frente à sociedade, como parte das ações da Contrarreforma religiosa proposta no Concílio de Trento.

Na Europa, particularmente na Itália, Miguelangelo é, segundo os estudiosos da história da arte, o principal precursor desse estilo no qual a emoção se sobrepõe à razão. Quebra-se o equilíbrio entre razão e emoção que predominou na arte renascentista do século XVI.

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O homem barroco compreende a natureza como infinita em sua diversidade e dinamismo e para expressar tal sentimento utiliza recursos como contrastes abruptos de luz e sombra, manchas difusas de cores, passagens súbitas entre primeiro e segundo planos, diagonais impetuosas, ausência de simetria, entre outros.28

Justamente por isso, no Brasil, o desenvolvimento do barroco está associado ao tema e às emoções religiosas. Contudo, o que permitiu o desabrochar dessa arte no território colonial foi a riqueza promovida pela produção aurífera e, como falamos, a ação investidora dos clérigos.

Nas regiões enriquecidas pelo ouro se desenvolveram ricas igrejas com entalhamento em ouro, inclusive. A riqueza se expressava no entalhamento detalhado, na combinação entre arquitetura, pintura e escultura. A matéria-prima era a madeira, a pedra-sabão e até mesmo o ouro. Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco viveram o melhor desse esplendor.

Justamente por isso, no Brasil, o desenvolvimento do barroco está associado ao tema e às emoções religiosas. Contudo, o que permitiu o desabrochar dessa arte no território colonial foi a riqueza promovida pela produção aurífera.

Nas regiões enriquecidas pelo ouro se desenvolveram ricas igrejas com entalhamento em ouro, inclusive. A riqueza se expressava no entalhamento detalhado, na combinação entre arquitetura, pintura e escultura. A matéria-prima era a madeira, a pedra-sabão e até mesmo o ouro. Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco viveram o melhor desse esplendor.

Mas o barroco apareceu também nas regiões mais empobrecidas da colônia, como em São Paulo. Nesses locais, o barroco se expressou com mais simplicidade, menos entalhamento e o uso de barro.

Com certeza, o barroco mineiro é a expressão mais profunda desse estilo no Brasil. No campo das artes plásticas deu espaço para o surgimento de grandes figuras como Aleijadinho (Antonio Francisco Lisboa) e Mestre Ataíde (Manuel da Costa Ataíde). Importante dizer: eram mestiços! Signo de um outro momento com mais mobilidade social e algum espaço para outras ocupações.

Há muitas obras de Aleijadinho, o representante brasileiro mais conhecido dessa arte. Porém, quero destacar o complexo escultórico do Santuário de Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas do Campo, em Minas Gerais. É um complexo porque forma um único momento de expressão e comunicação de emoções religiosas. Observe algumas imagens ao final.

Segundo a especialista Graça Proença, o Barroco foi singular na história da arte no Brasil. Há muitos artistas anônimos que fizeram arte, bem como o entalhamento acabou virando um estilo que se reproduziu por muito tempo no Brasil, algo como um estilo próprio da arte brasileira. Nas palavras da professora,

28 BARROCO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural,

2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo64/barroco>. Acesso em: 14 de

Abr. 2019. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7

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O barroco marcou o início de uma arte brasileira que procura firmar seus valores.29

Congonhas - Santuário do Bom Jesus de Matozinhos (MG)30

Os Profetas do Mestre Aleijadinho - Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, Congonhas (MG).

(Unicamp 2019)

A arte colonial mineira seguia as proposições do Concílio de Trento (1545-1553), dando visibilidade ao catolicismo reformado. O artífice deveria representar passagens sacras. Não era, portanto, plenamente livre na definição dos traços e temas das obras. Sua função era criar, segundo os padrões da Igreja, as peças encomendadas pelas confrarias, grandes mecenas das artes em Minas Gerais.

(Adaptado de Camila F. G. Santiago, “Traços europeus, cores mineiras: três pinturas coloniais inspiradas em uma gravura de Joaquim Carneiro da Silva”, em Junia Furtado (org.), Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica. Europa, Américas e África. São Paulo: Annablume, 2008, p. 385.)

Considerando as informações do enunciado, a arte colonial mineira pode ser definida como

a) renascentista, pois criava na colônia uma arte sacra própria do catolicismo reformado, resgatando os ideais clássicos, segundo os padrões do Concílio de Trento.

29 SANTOS, Maria da Graça Vieira Proença. História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 2018, p. 169.

30 Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/galeria/detalhes/48?eFototeca=1. Acesso em: 15/04/2019.

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b) barroca, já que seguia os preceitos da Contrarreforma. Era financiada e encomendada pelas confrarias e criada pelos artífices locais.

c) escolástica, porque seguia as proposições do Concílio de Trento. Os artífices locais, financiados pela Igreja, apenas reproduziam as obras de arte sacra europeias.

d) popular, por ser criada por artífices locais, que incluíam escravos, libertos, mulatos e brancos pobres que se colocavam sob a proteção das confrarias.

e) modernista, por tratar da brasilidade do indígena.

Comentário

Questão simples, porque você deve começar lendo a primeira palavra que designa o conceito, aí verificar se a definição dele está correta. Tatua na sua mente: ARTE COLONIAL: BARROCO! Pronto, aí você vai nos itens e só tem uma certa: a B. Ainda segundo o texto, a arte produzida em Minas Gerais seguiu as orientações do Concílio de Trento, ou seja, do movimento conhecido como Contra Reforma (ou Reforma Católica). Os efeitos desse movimento foram muito significativos nos países da Península Ibérica e, consequentemente, em suas colônias – como o Brasil – sendo que a arte sacra que se desenvolveu nas Minas Gerais se enquadra na ideia de “barroco tardio”.

Gabarito: B

11. O DECLÍNIO COLONIAL E O CONFLITO ENTRE PORTUGUESES E

BRASILEIROS

O primeiro passo do processo de independência do Brasil tem a ver com as condições internas da colônia. Ao longo do século XVIII houve um acentuado declínio do sistema colonial. No entanto, alguns elementos desse declínio econômico, político e militar já se expressavam antes como sintomas do enfraquecimento dos laços e relações entre a colônia e a metrópole.

É verdade que essa desagregação de laços entre metrópole e colônia foi inevitável com o tempo.

Afinal, toda relação se desgasta, né, ! Mas a questão, em essência, é que o desenvolvimento da colônia, a ocupação e exploração do território geraram grupos com interesses específicos e nem sempre alinhados aos da Coroa. Vimos isso nos casos da Independência dos EUA e da América Latina. Sacam? Evidentemente, como já estudamos, as condições locais definem a intensidade e a forma como os conflitos de interesses se desenvolvem.

Veja, a partir do fim da União Ibérica (1580-1640) e da expulsão dos Holandeses e sua consequente ruptura com Portugal (1655), a metrópole lusa entrou em crise econômica. Faltavam muitos recursos para manutenção do Império português.

Assim, como sabemos, Portugal precisou encontrar outra monarquia aliada: a Inglaterra. Contudo, os termos desses acordos, como vimos em aulas anteriores, era desfavorável aos portugueses, como ficou expresso no Tratado de Methuen, em 1703.

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Nesse momento, entre fim do século XVII e início do XVIII, em consequência dessa conjuntura de crises, a Coroa Portuguesa estabeleceu uma política de intensificação do pacto colonial com criação e aumento de taxas e impostos, de fiscalização, além de ter reforçado o monopólio comercial. Pois é, imagine o custo e as condições de vida na colônia com o aumento do custo da produção e da importação.

A situação ficou pior, porque a Coroa proibia e desestimulava a criação de manufaturas têxteis e as de ferro. Com isso, forçava os colonos a importarem tudo aquilo que consumiam. Na região mineradora, os colonos não podiam exercer a função de ourives, ou seja, se a pessoa quisesse um brinco de ouro tinha que importar!! Para você ter uma ideia, até a cachaça ficou proibida – o que impactou muito as relações no comércio de escravos, uma vez que esse produto era fundamental no comércio triangular, como já estudamos.

Ademais, quero que saiba de uma coisa importante: para que a Coroa pudesse executar essa política de intensificação do pacto colonial foi preciso ampliar a estrutura administrativa, em especial, os setores policial-militar, fiscal e judiciário. E como a função fundamental dessas instituições era “vigiar e punir”, a exemplo da Intendência das Minas na execução da derrama (lembra?), os cargos começaram a ser ocupados exclusivamente por portugueses.

Isso foi um grande problema para as relações entre colonos e colonizadores, pois, diferentemente do que ocorreu nas colônias hispano-americanas, no Brasil, não havia exclusividade na ocupação dessas funções. Portugueses e colonos, nascidos em Portugal ou nas terras coloniais, tinham acesso a eles. Mas com a descoberta do ouro isso mudou.

Portanto, querida e querido aluno, a partir do que foi dito até aqui podemos inferir que os colonos brasileiros acumularam dois motivos para irem se afastando dos interesses metropolitanos:

A questão econômica: diminuição do lucro e ausência de liberdade para comercializar

Orgulho ferido da aristocracia rural que ficou preterida na ocupação de

importantes cargos da administração colonial

Povo insatisfeito + Elite desconteste Revoltas

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11.1 – Revoltas Coloniais do século XVII

A Revolta da Cachaça [1660-1661] foi a primeira, mas não seria a última: em muitas outras

ocasiões colonos exasperados e ressentidos usariam a rebelião como instrumento de pressão

para sustentar reivindicações, atacar abusos de autoridades locais, reagir contra a

rigidez administrativa de Lisboa ou exprimir descontentamento político. A América

Portuguesa concentrou uma série de protestos, espalhados por todo o seu território, que no limite

apresentavam sério risco para a estabilidade do Império Atlântico.31(grifos nossos)

Diante de tal conjuntura, surgiram movimentos coloniais de revolta às medidas da Metrópole. O trecho das professoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling nos dão a dimensão exata do sentido histórico e da função social das revoltas coloniais.

Essas revoltas começaram no século XVII. Nesse momento, caracterizaram-se como confrontos entre os interesses locais específicos e os da metrópole. Muitas vezes eram embates diretos entre a administração colonial e a atividade econômica desenvolvida pelos colonos. Por isso, suas demandas eram sempre locais – muitas vezes contrárias ao administrador local. Leia o que as professoras Heloísa Starling e Lilia Schwarcz comentam sobre esse os abusos dos administradores:

A briga foi coisa de graúdos, e a lista de reclamações contra Mendonça Furtado [governador] era

robusta: acusavam o governador de executar dívidas, sequestrar bens, proteger ostensivamente

diversos devedores da Fazenda Real, quebrar imunidades eclesiásticas, prender e soltar pessoas:

tudo em troca de propina.

O Xumbergas fez parte de uma linhagem de governantes locais prepotentes, corruptos e

venais que se aproveitavam da investidura régia para enriquecer depressa, em geral de

forma ilícita.

Assim, as revoltas se diferenciaram em temas e formas a depender da região e da medida implantada pela metrópole. Por isso, não aconteciam de maneira articulada com pontos em comum. Pipocavam pelo território e eram combatidas pela administração colonial. Apesar disso, serviram para acumular insatisfações contra a Coroa e, aos poucos, para evidenciar as diferenças entre as populações já enraizadas na América e os Portugueses que estavam “apenas” explorando e administrando o território.

Você já conhece o contexto histórico e o desenrolar da história colonial do século XVII. Se não se recorda, volta nas aulas de História do Brasil anteriores e pega o Bizu que vai seguir.

31 SCHWARCZ, Lilia M. e STARLING, Heloisa M. Brasil: uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras,

2018, p. 133.

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1660-1661 – Rio de Janeiro. Revolta da Cachaça

A Revolta da Cachaça ocorrida no Rio de Janeiro demonstra a insatisfação de senhores de terras com medidas da Metrópole e em relação aos abusos do governador local.

Nessa região, a cana de açúcar produzida era “aguada”, ou seja, baixo teor de sacarose, por isso sua qualidade era considerada inferior para a produção de açúcar – como a que se produzia em Pernambuco ou no Recôncavo baiano. Mas era uma ótima matéria-prima para se produzir a cachaça, aguardente, pinga mesmo!!

Assim, algumas regiões do Rio de janeiro, como as atuais Niterói e São Gonçalo, se especializaram nesse produto e encontraram mercado certo no comércio de escravos. Do Rio de Janeiro saiam duas importantes moedas de troca no comércio negreiro: aguardente e farinha de mandioca.

Com o aumento do preço dos escravos, os produtores de cana de açúcar e aguardente começaram a furar o bloqueio do comércio de escravos, já que essa atividade também era monopólio da coroa. Assim, os colonos cariocas conseguiam comercializar escravos diretamente com os fornecedores marítimos de escravos. Dessa forma, não pagavam impostos à Coroa.

Contudo, no século XVII, no contexto da decadência da economia colonial, a Metrópole proibiu a produção da cachaça para, supostamente, intensificar o consumo de vinho importado de Portugal e desestimular o tráfico de escravos.

Nesse momento a Capitânia vivia uma situação drástica. Além da crise econômica geral, a varíola matara muitos negros escravizados e isso gerou uma desestabilização da produção açucareira. Para reverter o quadro, o govenador Sá e Bernardes quebrou a lei e exigiu impostos dos produtores de cachaça. Foram altíssimo impostos para tentar controlar a administração. Essa atitude do governador gerou revolta nos colonos.

1660 -1661 Revolta da

Cachaça - Rio de Janeiro

1684

Revolta dos Beckman -Maranhão

1708-1709 Guerra dos

Emboabas- Minas Gerais

1710-1714 -Guerra dos Mascates-

Pernambuco

1720 - Revolta da Vila Rica ou de

Felipe dos Santos

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Mas essa revolta era antiga. Sá e Bernardes era a quarta geração da família Sá, que dominava o Rio de Janeiro. Ele era sobrinho neto de Mem de Sá, o terceiro Governador-Geral do Brasil, que venceu os Franceses na Baia de Guanabara com a ajuda dos Tapuia e primo do Estácio de Sá, que fundou a cidade.

Logo, Sá e Bernardes olhava o Rio como se fosse sua herança, quintal de casa. Isso fazia com que ele governasse como se fosse “seu próprio reino”.

A Coroa, por seu turno, sempre fez vistas grossas, já que Sá tinha uma longa e brilhante carreira como comandante da Coroa, acumulando grandes vitórias a serviço da Metrópole – e não apenas no rio, mas em todas as possessões da Coroa, inclusive em Angola.

Largo do Carmo (atual Praça XV). Rio de Janeiro. Palco do início da Revolta da Cachaça.

Diante das medidas da metrópole e dos abusos do governador, os colonos se revoltaram. Em 8 de dezembro de 1660, no dia da Missa de Nossa Senhora da Conceição, cerca de 120 colonos entraram na cidade gritando “Viva o Povo” e “Morte ao Governador”. O povo da missa os recebeu e cerca de 350 soldados com soldos atrasados há mais de 3 meses se juntaram aos revoltosos. Expulsaram o governador Sá e Bernardes do governo e nomearam o revoltoso Jerônimo Barbalho como novo governador da Câmara Municipal.

O governo revoltoso durou 5 meses. Na madrugada de 6 de abril de 1661, o governador, que estava exilado em São Paulo, entrou na cidade. Porém, não estava sozinho. Agora, contou com ajuda de tropas portuguesas que vieram da Bahia, munição, mantimentos e com uma aliança com índios flecheiros tupi. A tropa do governador dominou as sentinelas do Forte de São Sebastião, ocupou a Câmara, invadiu casas, prendeu moradores e confiscou armas. Nesse instante prendeu Barbalho e o matou decapitado. Sua cabeça foi espetada no pelourinho. Os demais revoltosos foram mandados para julgamento em Portugal.

Algo interessante ocorreu nesse julgamento: os atos do governador foram considerados excessivos e a revolta foi considerada legítima. Por isso, a Coroa Portuguesa resolveu perdoar todos os envolvidos na revolta. Além disso, a coroa ainda liberou a fabricação da cachaça na colônia. Tal atitude também foi uma forma de demonstrar ao governador os limites de sua autoridade em terras consideradas propriedade do Rei de Portugal.

1684 – Maranhão. Revolta dos Irmãos Beckman

Na Província do Maranhão, como vimos, a questão econômica estava ligada à exploração das drogas do sertão, alguma produção de açúcar, tabaco e couro em pequena escala. Assim, o desenvolvimento econômico era muito difícil. Diante desse quadro, avia o uso intensivo de mão de obra escrava indígena. Essa situação colocava colonos e jesuítas em rota de coalisão, uma vez que jesuítas eram contrários à escravidão indígena.

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Para amenizar os confrontos entre esses dois grupos, em 1680, a Coroa decretou a liberdade dos indígenas, proibiu a escravidão e os colocou sob a tutela dos jesuítas. Os colonos se irritaram e esboçaram uma rebelião.

Para evitar maiores transtornos e, ainda, dinamizar a exploração colonial na região, foi criada pela Coroa a Companhia de Comércio do Maranhão. Lembra dela? Essa companhia passava a ter monopólio de comércio na região. Em troca, prometiam “abastecer” a região com 10 mil escravos.

Deu tudo errado esse plano: a Companhia do Comércio levava péssimo e caros produtos importados e, além disso, não

introduziu todos os escravos de que os produtores e extrativistas necessitavam.

Essa situação gerou uma grande revolta que envolveu os colonos da região contra a Companhia do Comércio. Em 1684, os colonos irmãos Manuel e Thomas Beckman lideram uma revolta a qual prendeu o capitão-mor, ocupou o depósito da Cia de Comércio, invadiu o colégio dos Jesuítas e os prenderam. Radicais, não?

Thomas Beckman foi até Portugal para explicar ao rei as causas da rebelião e reafirmar o compromisso dos revoltosos com “vossa majestade”. Mas não adiantou. Ele foi preso, a Coroa enviou tropas e um novo governador para controlar a situação. A revolta foi derrotada e os líderes foram enforcados.

Perceba que a revolta não expressava nenhuma tentativa de romper com a coroa ou proclamar emancipação. Foi uma revolta de caráter local e por demanda específica.

1708-1709, Minas Gerais. A Guerra dos Emboabas

Queridos, essa foi a primeira Revolta cujo embate está relacionado com a questão aurífera. Sabemos que foram os bandeirantes paulistas que descobriram ouro. Até que a Coroa organizasse a exploração, os paulistas acreditavam que eles eram os legítimos exploradores da área. Mas a notícia se espalhou como pólvora e a região encheu de gente, ou forasteiros – ou emboabas, na língua tupi-guarani utilizada pelos bandeirantes.

Assim, o bandeirante Borba Gato liderou uma revolta contra os emboabas e disputaram o direito de lavrar os rios e cursos d’água.

Amador Bueno da Veiga, outro importante bandeirante, sai de São Paulo e vai para a região da batalha em apoio aos companheiros, saindo-se vencedor de uma das mais terríveis batalhas. Deste triste e sangrento episódio, em Tiradentes/São João Del Rey o rio onde aconteceu parte das batalhas ficou conhecido como Rio das Mortes.

Chefe Bandeirante. Henrique Bernardelli. Acervo do Museu Mariano Procópio

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Rio das Mortes, Tiradentes, Minas Gerais.

Em 1709, a Coroa mandou uma força pacificadora, pois não tinha a intenção de se indispor com nenhum dos lados. No entanto, no desfecho do conflito ficou claro que a Coroa deu preferência e privilégios para outros grupos que não os paulistas, sobretudo, para os portugueses. Isso ficou marcado na relação dos paulistas com a Coroa. Além disso, esse momento “pacificador” serviu para que Portugal instalasse as autoridades e órgãos metropolitanos na região.

Perceba que, assim como a revolta dos Beckman, essa também não teve caráter de ruptura com a Coroa,

apenas questão econômica pontual. Porém, note que, mais cedo ou mais tarde, a ficha iria cair!!!

1710-1714, Pernambuco. Guerra dos Mascates. A Guerra dos Mascates é um conflito que está ligado à decadência do açúcar em Pernambuco, após a expulsão dos holandeses, em 1655.

Olinda era a cidade mais importante de Pernambuco porque era o principal centro produtor de açúcar, por isso ostentava a categoria de VILA.

Em Recife, em um bairro portuário de Olinda, estavam os comerciantes portugueses com mais dinheiro e que, diferentemente dos produtores açucareiros não tinham

sentido a crise. Assim, a aristocracia Olindense emprestou muito dinheiro dos comerciantes recifenses, ou mascates – como eram conhecidos -, para recuperar os engenhos.

Acontece que essa aristocracia, em um dado momento, não honrou com seus compromissos. Evidentemente, os mascates foram tentar recuperar seu dinheiro. Deram com a cara na porta! Via judicial, de maneira legal, cobraram os produtores de açúcar de Olinda.

Mas veja que coisa: os juízes ficavam na Vila de Olinda, na Câmara Municipal, e, amigos que eram da aristocracia, não executavam as dívidas! Ou seja, os mascates jamais tinham seu dinheiro de volta!

Contudo, caros, os comerciantes portugueses de Recife conseguiram que o rei declarasse a autonomia de Recife e, assim, formasse sua própria corte de justiça. Com isso, essa justiça podia julgar novamente as dívidas da aristocracia de Olinda, já que, agora, contava com sua própria Câmara Municipal. Além disso, como Recife era elevado à categoria de Vila, e com mais dinheiro, os comerciantes se tornaram pessoas mais importantes nesse jogo.

Irritados com tal situação, senhores de engenho de Olinda, liderados por Bernardo Vieira de Melo invadiram o Recife, em 1710.

Um mascate e seu escravo. Henry Chamberlain, 1822.

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Iniciou-se uma guerra que, entre idas e vindas, teve como desfecho, em 1714, a vitória dos mascates portugueses, uma vez que, os olindenses foram severamente punidos pela administração colonial. Recife acabou por se tornar a Capital de Pernambuco!

Percebam que, mais uma vez, não foi uma revolta contra a Monarquia Portuguesa. Mas o desfecho, como as anteriores, também contribuiu para desgastar as relações entre colonos e colonizadores.

1720, Minas Gerais – A Revolta de Vila Rica

A Revolta de Vila Rica, também conhecida como Revolta de Felipe dos Santos, é a que teve mais repercussão na colônia justamente porque ocorreu na região mais importante para a Metrópole naquele momento: as minas gerais.

Vila Rica, atual Ouro Preto, foi palco de uma revolta contra a instalação das Casas de Fundição – lembra-se do que era isso? Como vimos, as Casas de Fundição foram um órgão criado, em 1719, para garantir a cobrança do imposto sobre a produção aurífera, o quinto, e para evitar o contrabando de ouro. Evidentemente, tudo isso ocorreu combinado com outros fatores como:

✓ Proibição da atividade de ourives ✓ Instituição da Derrama ✓ Violência dos Dragões Reais das Minas

A participação popular na revolta foi muito grande. Conta-se o envolvimento de 2 mil pessoas!! Para a época era muito!

Rapidamente, o Governador das Minas, Conde de Assumar, consegue abafar a Revolta, devido à força dos Dragões das Minas. O líder, Felipe dos Santos, é preso e, sem julgamento, é morto e esquartejado!

Como consequência, em 1720, a Corte Portuguesa criou a Capitânia de Minas Gerias, de modo a separar a região das Minas de São Paulo. Assim, Portugal perdia mais um ponto com os Paulistas.

Por fim, quero chamar sua atenção para o fato de que a Revolta de Vila Rica, embora derrotada, continuará viva nas mentes e corações dos mineiros. Não será por menos que, as ideias ilustradas do século XVIII cairão como uma luva para

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fundamentar os sentidos revoltosos dos pensadores dessa região. Dessa maneira, a próxima cena do nosso longo filme do processo da independência do Brasil serão as revoltas de caráter emancipacionistas.

11.2 – Revoltas emancipacionistas

As revoltas coloniais do século XVIII têm uma característica diferente das suas antecessoras. Imersas no contexto turbulento e profundamente transformador do século XVIII, os questionamentos em relação à metrópole ganharam nova tonalidade e radicalidade inspirados na disseminação dos ideais iluministas e nas experiências da independência dos Estados Unidos da América, de 1776, e da Revolução Francesa, de 1789. Além disso, a experiência das revoltas anteriores provou que os problemas possuíam raízes mais estruturais, ou seja, com o pacto colonial.

Assim, os movimentos revoltosos do século XVIII podem ser caracterizados como anticolonialista ou emancipacionistas. Isso significa que propunham a ruptura com a Metrópole pois conspiravam contra a ordem colonial.

Os movimentos mais destacados são a Conjuração Mineira e Baiana.

Mas Profe, não é Inconfidência Mineira?

As professoras Starling e Schwarcz também falam que essa “semântica das revoltas”, em grande medida, trata da necessidade da Metrópole em disciplinar e controlar a população da colônia. Assim, insurreição, sedição, rebelião, assuada, motim, tumulto todas servem para designar uma ação de natureza política contestatória pejorativa. Essa é uma lógica das revoltas do século XVII que, apesar de contestatória, não deixavam de reafirmar a força simbólica do rei – como vimos, no caso da revolta da Cachaça.

Então, esses termos querem dizer, segundo o professor Ronaldo Vainfas32: inconfidência, traição ao príncipe; conjuração, conspiração contra ele. Ou seja, esses dilemas vocabulares não são a questão mais

relevante nos nossos estudos, porque, no final, são a mesma coisa: um movimento contra a coroa.

Contudo, apesar de significar a mesma coisa do ponto de vista do sentido histórico, é importante que saibamos que conjuração foi um termo que os revoltosos usaram para se referir ao movimento. Em particular porque o movimento tinha como base a ideia de autogoverno e autonomia e, portanto, reunia pessoas que estavam dispostas a contestar o poder do rei e da Coroa.

Visto pelo lado da Coroa, desafiada por esse ideal liberal, é evidente que o rei chamaria essas pessoas de traidoras, súditos infiéis, logo, inconfidentes – um crime contra a coroa !!!!!!

32 VAINFAS, Ronaldo. O livro a respeito do livro que inspirou Tiradentes. Folha de São Paulo, 13 de

out.2013.

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11.2.1 - Conjuração Mineira, 1789. Minas Gerais

A conjuração mineira foi uma revolta anticolonial, de caráter elitista e republicana. Provavelmente, foi o primeiro movimento colonial a receber influência direta dos ideais iluministas. Em 1781, um grupo de estudantes brasileiros, em Coimbra, jurou dedicação à causa da soberania da colônia, por exemplo. Ficou restrito às Minas Gerais e com simpatia de grupos iluminista no Rio de Janeiro.

→ As causas desse movimento podem ser encontradas em fatores:

1- Político-administrativos e econômicos:

• Havia um rigor da política metropolitana em cobrar tributos, como vimos, no caso da derrama.

• Esse rigor desconsiderava a realidade da diminuição da produção aurífera.

• A Metrópole descartava outros projetos econômicos.

• A elite econômica e administrativa percebia que havia autossuficiência econômica da capitânia.

2- Conjunturais:

• Corrupção e abuso do Governador da Capitânia.

• Restrição do acesso da elite local a postos importantes da administração régia.

• Pobreza e carestia profunda que atentava contra a ordem social.

→ Os participantes desse movimento:

→ O que queriam os revoltosos

A partir de meados de 1780, o projeto apareceu com a proposta de uma “República Florente”. Tiradentes era o mais ativo propagandista dessas ideias e contribuiu fortemente para disseminá-la no interior

Homens letrados: médicos, engenheiros, naturalistas, escritores, poetas. Nomes importantes: Luís Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto, José Vieira Couto, José Álvares Maciel e, o mais famoso, José da silva Xavier - Tiradentes

Elite econômica: fazendeiros, comerciantes, banqueiros, verdadeiros magnatas do ouro: João Rodrigues de Macedo

Elite administrativa: alguns militares, admistradores: Tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade (comandante dos Dragões das Minas)

Membros eclesiásticos mais ilustrados: Padre Carlos Corria de Toledo, Cônego Luís Vieira da Silva

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de uma rede de grupos de pessoas de variadas camadas sociais. Nas palavras das professoras autoras do livro Brasil: uma biografia,

[...] uma República Florente, como gostava de definir Tiradentes: uma república próspera,

florescente, já que alimentada pela notável riqueza natural das Minas, que permitiria aos seus

habitantes conceber o próprio destino e firmar a convicção de que soberania não era um atributo

a ser compartilhado com Portugal. (idem, p. 143)

Pontos importantes do Programa Político:

República Capital em São João Del Rey Apoio à Industrialização do Brasil Criação de uma Universidade em Vila Rica Obrigatoriedade do serviço militar

→ O desenrolar da conspiração

As ideias iluministas de República, autonomia política e autossuficiência econômica que alimentavam a conspiração se espalharam pela Capitania: “transitaram por boticas, quartéis e portas de igrejas existentes nas vilas e em seu entorno; frequentaram as tabernas e casas de prostituição espalhadas pelas Minas, e se esconderam nas montanhas do Serro do frio, que fervilhavam de garimpeiros e faiscadores fora da lei.” (idem, p. 144). Além disso, o próprio Tiradentes tinha uma missão de tentar o apoio de outras capitanias, como São Paulo e Rio de Janeiro.

No nível internacional, os conjurados também buscavam apoio. Joaquim Maia e Barbalho, estudante brasileiro na Universidade de Montpellier escreveu uma carta a Thomas Jefferson, em 1786, solicitando um encontro. Em 1787, se encontraram secretamente em Nîmes, na França. Desse encontro Thomas Jefferson registrou:

"Eles consideram a Revolução Norte-Americana como um precedente para a sua", escreveu o embaixador; "pensam que os Estados Unidos é que poderiam dar-lhes um apoio honesto e, por vários motivos, simpatizam conosco (...) no caso de uma revolução vitoriosa no Brasil, um governo republicano seria instalado"

Sobre a Escravidão: Segundo Boris

Fausto, o único acordo a que

chegaram foi libertar os escravos

nascidos no Brasil. Mas mesmo

essa formulação não era tão

consensual. Por isso, diz-se que a

Conjuração Mineira tem um

caráter elitista.

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Jefferson assinalou que o movimento no Brasil "não seria desinteressante para os Estados Unidos, e a perspectiva de lucros poderia, talvez, atrair um certo número de pessoas para a sua causa, e motivos mais elevados atrairiam outras". Mas, mesmo assim, ele não poderia arriscar um acordo assinado com Portugal, em 1786, para apostar em um projeto bastante incerto.

Os conjurados também tentaram apoio na França, mas os revoltosos lá estavam completamente envolvidos com seu processo de crises e rebeliões, portanto, impossibilitados de atuar no cenário internacional.

Então, os conjurados mineiros ficaram sozinhos. Mesmo assim, organizaram o motim para o dia da derrama em fevereiro de 1789. Mas a derrama foi suspensa. Ora, mas porque haveria a administração colonial de suspender a derrama?

Vejam: Historiadores afirmam que o Governador Visconde de Barbacena recebeu 6 denúncias de que havia uma conspiração em marcha nas Minas Gerais. A primeira delas, feita no começo de fevereiro, era de autoria de Silvério dos Reis. Ativo conjurado, militar minerador e rico. O maior devedor de tributos à Coroa. Em troca do perdão da dívida

entregou tudo, absolutamente, tudo o que sabia. E ele sabia de muita coisa. O suficiente para que o governo conseguisse acabar com o Movimento. Seria uma espécie de delação premiada daquela época? Talvez...

Em fevereiro, Barbacena suspendeu a derrama, investigou as informações e, em maio de 1789, prendeu os principais líderes do Movimento declarando a “devassa” – perseguição, investigação e o que mais fosse preciso. Entre esse dia e o julgamento dos conjurados foram três anos. As sentenças foram uma demonstração da força real e do horror que ela poderia causar: degredo na África, prisão perpétua em Portugal para os membros da Igreja e forca.

Quero terminar essa parte contando o desfecho de duas figuras. Uma mais conhecida e escolhida, no final do século XIX, para ser um símbolo da luta republicana e ser transformado em herói nacional – Tiradentes. Por isso, 21 de abril é um feriado cívico. Dia de Tiradentes, ou de se comemorar a luta pela república.

O famoso quadro de Pedro Américo “Tiradentes esquartejado” é de 1893. Veja ao lado. Há muitas referências e associações que podem ser feitas por meio desse quadro. A mais significativa é a aproximação da imagem e do sofrimento de Tiradentes com Jesus Cristo e sua crucificação.

No entanto, o que quero destacar, para além dos significados simbólicos que foram construídos na fase Republicana do Brasil, é o papel que Tiradentes cumpriu no processo de espalhar as ideias liberais. Segundo os especialistas, ele foi um grande propagandista. Sabia o que falar, como falar e

A mais importante reunião dos Conjurados, 1892-1893. Pedro Américo.

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para quem falar. Conversava, cantava, proseava, tocava violão.... tudo para convencer as pessoas sobre a ideia de liberdade!

Como Tiradentes foi muito conhecido nas capitânias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, destruir sua imagem era uma tentativa de destruir suas ideias. Ele foi enforcado no Rio de Janeiro e seu corpo foi esquartejado, salgado e espalhado no caminho entre Rio e Minas. Sua cabeça ficou espetada em Vila Rica, hoje Ouro Preto.

A outra figura que quero lembrar, pouco lembrada – até porque não foi escolhido pelos posteriores republicanos – foi Claudio Manoel da Costa. Poeta! E é por aí que ele é lembrado. Contudo, era também advogado e conhecedor profundo de todas as tramoias do governador e seus aliados. Respeitadíssimo “doutor” da Capitânia. Aconselhador do povo. Mecenas do Aleijadinho. Não era propagandista da Conjuração, mas foi o ideólogo do Movimento.

Juntamente com Alvarenga Peixoto, estava encarregado de elaborar as leis e a Constituição da Nova República e de justificar teoricamente o

rompimento com Portugal. Foi ele quem concebeu a bandeira dos conjurados, que mais tarde serviu de inspiração para a bandeira oficial de Minas Gerais.

Por fim, percebe como os motivos e a relação entre revoltosos e a coroa foi diferente? Prestem muita atenção nas questões específicas da Conjuração Mineira, mas não esqueça de refletir sobre seu sentido histórico e seu papel no processo de Independência do Brasil 😉

A Inconfidência Mineira, no plano das ideias, foi inspirada

a) nas reivindicações das camadas menos favorecidas da Colônia.

b) no pensamento liberal dos filósofos da Ilustração europeia.

c) nos princípios do socialismo utópico de Saint-Simon.

d) nas ideias absolutistas defendidas pelos pensadores iluministas.

e) nas fórmulas políticas desenvolvidas pelos comerciantes do Rio de Janeiro.

Comentário:

Questão clássica! E mega manjada, né, fala sério! No plano das ideias, a Inconfidência Mineira foi inspirada no ideal iluminista. Aproveito para ressaltar uma especificidade: a experiência que conduziu as esperanças e ideias dos conjurados mineiros foi a Independência dos Estados Unidos da América. Não confunda com a Revolução Francesa, que sequer tinha acontecido quando a conjuração foi descoberta e desbaratada.

Gabarito: B

10 ANOS DEPOIS...................

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11.3.2 - Conjuração Baiana, 1798. Bahia

No início de 1798, na cidade de Salvador, amanheceu queimada a forca instalada no largo em

que se erguia o Pelourinho – símbolo máximo do poder da Coroa portuguesa, onde se

anunciavam os decretos do rei e se açoitavam publicamente os escravizados. O gesto era um

desafio, contestava a autoridade política de Lisboa e dispensava justificações. (idem, p. 147)

A fundação de Santos. Benedito Calixto. Pelourinho, 1827. Jean-Baptist Debret.

Quase dez anos após o movimento em Minas, ocorreu na Bahia uma nova Conjuração. A transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro, em 1763, trouxe uma série de dificuldades econômicas para a cidade de Salvador, onde vivia uma população miserável, majoritariamente negra e mestiça. Mas os ventos das revoluções americana e europeia enchia de esperança aquelas gentes!

Em quase tudo, o Movimento Baiano se assemelha à Conjuração Mineira, exceto por dois motivos:

Tinha um caráter popular, pois houve participação da população pobre, negra, mestiça, além dos estratos brancos, ricos ou de classe média e letrados.

Além disso, teve caráter popular porque a abolição da escravidão era uma das exigências do movimento

Demanda dos Revoltosos:

Fim da dominação portuguesa Proclamação de uma República democrática privilegiando a liberdade, a igualdade e a

fraternidade Abolição da escravidão Profissionalização do exército e aumento do soldo Liberdade econômica – abertura dos portos para todos os países Melhorias nas condições sociais e de vida da população mais pobre

Veja que a plataforma política dos conjurados baianos é mais próxima das propostas jacobinas. Isso é possível pois a Revolução Francesa já estava em curso há 9 anos.

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A Campanha da Conjuração Baiana também foi diferente. Teve um caráter mais aberto e menos conspiratório, até mesmo porque o contexto internacional era outro. No dia 12 de Agosto de 1798, panfletos eram encontrados em igrejas e estavam colados em muros e locais públicos. Estavam nas ruas, becos e ruas tortas, tal como a topografia de Salvador.

O significado político desses panfletos foi singular, pois, além da aparição pública, articulavam um repertório gramatical em que a República aparecia democrática e carregada de igualdade social. Um dos panfletos dizia33:

O Governador da Bahia, Fernando José de Portugal e Castro realizou a chamada devassa ou averiguação de inquérito. Com uma violenta repressão e, contando com muitos delatores, prendeu os

principais líderes do movimento.

Apesar dessa violência generalizada, as sentenças demonstram que os mais pobres tiveram as penas mais duras. Quatro líderes mulatos, cuja profissão eram alfaiates e soldados, foram condenados ao enforcamento e esquartejamento. A sentença foi executada na Praça da Piedade em Salvador.

11.3.3 - Um aprendizado político

Em uma colônia cuja vida social estava organizada no trabalho escravo e na exploração das riquezas locais em favor da Metrópole, as revoltas que acabamos de estudar podem ser entendidas como um longo caminho para o aprendizado dos modos de fazer política por parte dos brasileiros. A consciência das possibilidades econômicas, da nossa autossuficiência, da liberdade e da igualdade social contribuiu para uma postura mais ativa por parte dos grupos sociais.

Nenhuma das revoltas foi vitoriosa. No entanto, entre os séculos XVII e XVIII, os colonos começaram a desenhar novos sentidos para o mundo que viviam, e experimentaram ousar além dos limites impostos

33 RUY, Affonso. A primeira revolução social brasileira (1798). São Paulo: Companhia Editora Nacional,

1978, p. 68

Igreja do Hospício de Nossa Senhora da Piedade da Bahia. Johann Moritz Rugendas. Acervo artístico cultural dos Palácios do Governos, São Paulo.

“Animai-vos povo bahiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo

em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais”

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pela metrópole e por administradores manifestamente corruptos – ou no vocabulário da época, xumbergas. O brasileiro declarou direitos, reivindicou um espaço de debate e negociação política. O vocabulário da vida pública cresceu. O Brasil cresceu junto!

Tudo isso representou, sem dúvida, um acúmulo de experiências e novas ferramentas intelectuais, políticas e sociais que continuaram a ser mobilizadas e reelaboradas nos processos sociais de reivindicação pela ampliação da participação política. Contribuiu, sobretudo, na compreensão de que um país é construído pelas mãos do seu povo!

Por tudo isso, você deve ter em mente que essas revoltas, de certa maneira, contribuíram para o processo de Independência Política no Brasil. Guarde esse conhecimento prévio para nossa próxima aula, ok, Cadetes!

Por fim, ao longo da aula falamos várias vezes do Marquês de Pombal. Deixo abaixo um esquema com as principais ações:

Criação de Companhias de Comércio

As companhias de comércio foram uma tentativa de reorganização dos Estados no Norte e Nordeste, em um modo de desenvolvimento local.

Desenvolvimento Produtivo

Foi no período pombalino que se iniciou um desenvolvimento mais voltado à eficiência da produção agrícola e desenvolvimento da produção manufatureira na colônia.

Estabelecimento de Fronteiras Uma das medidas também foi resguardar e realizar uma maior guarda das fronteiras existentes.

Expulsão dos Jesuítas

A mais radical das decisões, que foi expulsar os jesuítas devido ao perigo que se tornaram, os expulsando e confiscando todos os seus bens.

Reforma da Educação

A implementação de uma educação laica, ou seja, sem nenhum resquício jesuíta, bem como o ensino do português como língua oficial.

Reorganização Administrativa

Com o passar do tempo, e com a produção aurífera em Minas Gerais e Centro Oeste; o que lucrava para Portugal estava no sudeste, o que faz deslocar a sede real de Salvador para o Rio de Janeiro, o que indiretamente, reciclava e podava o poder dos senhores de engenho, nas influências da colônia.

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(EsFCEx/2006)

Sobre os conflitos no Brasil colonial pode-se destacar dois modelos, não exclusivos, de revoltas e rebeliões que tensionaram o domínio português e contribuíram para o desgaste do sistema colonial, a saber:

I. o primeiro modelo caracterizou-se por diversos levantes de colonos que se sentiam prejudicados com as altas taxas de impostos cobrados pela Coroa e com o exercício do monopólio exercido pelas companhias mercantilistas. Estes movimentos não tinham caráter anticolonial e independentista, porém, serviram para mostrar a existência de interesses de uma população já enraizada no Brasil. Receberam o nome de rebeliões nativistas.

II. o segundo modelo caracterizou-se por revelar, claramente, a intenção em lutar pela emancipação do Brasil em relação à Portugal mostrando-se possuidor de alguma consciência nacional, além de certa organização política. Não se limitou a contestar determinados aspectos da dominação colonial, como impostos, mas questionava o próprio pacto colonial. Buscava a independência política, apesar de circunscritos às regiões em que aconteceram. Recebeu o nome de rebeliões anticoloniais.

Assinale a alternativa que combina, respectivamente, movimentos relacionados a cada um dos modelos acima.

(A) Guerra dos Emboabas e Guerra dos Mascates.

(B) Inconfidência Mineira e Revolta de Beckman.

(C) Conjuração Baiana e Inconfidência Mineira.

(D) Rebelião de Vila Rica e Conjuração Baiana.

(E) Inconfidência Mineira e Guerra dos Mascastes

Gabarito: D

12- À GUISA DE UMA CONCLUSÃO SOBRE O SÉCULO XVIII NO BRASIL

Nesta aula vimos as experiências que envolveram a expansão territorial, o desenvolvimento econômico e o conflito entre os interesses coloniais e metropolitanos se aprofundando ao longo do tempo.

O século XVIII é marcado pela decadência do mercantilismo no contexto internacional. Justamente por isso, Portugal tentou aumentar a fiscalização e a cobrança de impostos sobre o desenvolvimento das diversas atividades econômicas que iam surgindo.

Então veja: há um descompasso entre a ação da metrópole portuguesa sobre sua colônia e as transformações que se viam no cenário internacional. Enquanto Portugal reforçava o controle fiscal e administrativo da colônia, por meio das casas de fundição, da derrama, das companhias de comércio, cresciam as insatisfações dos colonos, seja de grandes proprietários, seja dos empobrecidos camponeses, trabalhadores urbanos e rurais – sem contar negros e índios. Começava a haver uma cisão entre os interesses da metrópole e da coroa.

Além disso, cresciam, também, em diversos países da Europa, ideias contrárias ao mercantilismo e ao colonialismo como estruturas de privilégios da nobreza. Era o Movimento Iluminista que iniciava a

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construção dos ideais liberais. Com certeza, isso influenciou o contexto local de insatisfações com a Metrópole e deu subsídio para os movimentos de revoltas que ocorreram internamente. E, como uma engrenagem de causas e consequências, essas revoltas foram importantes para o processo que tornou o Brasil um país independente de Portugal. Se eu fosse desenhar, seria assim:

Esse conteúdo será estudado na próxima aula de História Brasileira, mas já quero que você fique com isso na sua mente. A Independência política do nosso país foi um longo processo de revoltas, acordos e negociações. Mas essa é a cena do próximo capítulo!

Bem, queridas e queridos alunos chegamos ao final da nossa aula, UFA, e já deixamos as portinhas dos próximos caminhos abertas: a da independência do Brasil!

É isso, fico por aqui. Você segue até a última questão. Aproveita TODOS os comentários, pois foram desenvolvidos em cada detalhe para fazer você mentalizar, aprender a responder uma questão, não escorregar nos caprichos do examinador. Gabaritar história não é só saber o conteúdo é ser safo para adotar as melhores formas de responder cada questão!

Espero por você no Fórum de Dúvidas, se elas aparecerem!

Alê 😊

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LISTA DE QUESTÕES

1. (VUNESP/2012)

Observe o seguinte trecho do Tratado de Methuen.

Artigo 1.o – Sua Sagrada Majestade El-Rei de Portugal promete admitir para sempre de aqui em diante, no Reino de Portugal, os panos de lã e mais fábricas de lanifício da Inglaterra.

Artigo 2. o – É estipulado que Sua sagrada e Real Majestade Britânica será obrigada para sempre, de aqui em diante, de admitir na Grã-Bretanha os vinhos de Portugal, de sorte que em tempo algum não se poderá exigir direitos de Alfândega nestes vinhos.

(Tratado de Methuen – 1703. In: Nelson Werneck Sodré, As Razões da Independência. Adaptado)

Entre outros fatores, foi devido ao Tratado de Methuen que

a) as manufaturas têxteis se desenvolveram muito no Brasil.

b) Inglaterra e Portugal foram os primeiros países a se industrializarem.

c) a burguesia portuguesa enriqueceu e lutou contra a monarquia.

d) o ouro explorado no Brasil foi transferido para a Inglaterra.

e) Portugal diminuiu o seu interesse pela exploração da colônia

2. (VUNESP/ 2012)

A exaltação dos bandeirantes, em São Paulo, está presente na nomenclatura de estradas, avenidas e monumentos. Monumentos que vão desde a bela obra do escultor Brecheret junto ao Parque Ibirapuera até o assustador Borba Gato, gigante de botas plantado no bairro de Santo Amaro. A estátua, aliás, é muito pouco realista, pois existem boas indicações de que muitos bandeirantes marchavam descalços.

(Bóris Fausto, História do Brasil)

A exaltação dos bandeirantes descrita costuma omitir, mascarar e esconder algumas das suas atividades. Trata-se de uma tentativa de esquecer e apagar da História algumas ações não tão nobres dos bandeirantes, tais como

a) a descoberta de metais preciosos nas Minas Gerais.

b) a contribuição para a extensão territorial do Brasil.

c) o trabalho relacionado à produção de açúcar.

d) a contribuição com os jesuítas na catequização de indígenas.

e) o combate e a repressão aos quilombos

3. (VUNESP/ 2012)

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O dia 21 de abril, data do enforcamento de Tiradentes, tornou-se feriado logo após a proclamação da República. Durante o Império, no entanto, a lembrança do episódio da Conjuração Mineira era incômoda, pois

a) os inconfidentes tinham demonstrado clara oposição à forma monárquica de governo.

b) a revolta nas Minas Gerais se declarou muitas vezes contrária à independência.

c) a escravidão, mantida no Império, foi questionada pelos inconfidentes, que defendiam a abolição.

d) a elite imperial se identificava com o Iluminismo, negado pelos revoltosos de 1789.

e) os dois imperadores do Brasil eram contrários aos impostos defendidos pelos inconfidentes.

4. (VUNESP/ 2013)

Observe as imagens para responder à questão.

Os três produtos representados nas imagens estiveram relacionados à interiorização da colonização, principalmente entre os séculos XVII e XVIII. O processo histórico que explica essa relação é

a) a tentativa da Coroa Portuguesa de cultivar tais produtos na região do Maranhão e Grão-Pará, para garantir a Portugal a ocupação de um território historicamente pouco habitado.

b) a instalação de missões jesuíticas no atual sul do Brasil, o que garantiu a Portugal a posse sobre algumas terras que até então estavam sob o controle da Coroa Espanhola.

c) o movimento de conquista e desbravamento do interior do Nordeste por vaqueiros e pecuaristas, que cuidavam do gado ao mesmo tempo em que procuravam tais produtos.

d) a busca incessante dos bandeirantes por algumas riquezas no interior do país, entre as quais as “

especiarias tropicais”,mais valorizadas no comércio internacional do que o próprio ouro.

e) a exploração das drogas do sertão ao longo do vale amazônico tanto por jesuítas, preocupados também com a catequização dos indígenas, quanto por colonos.

5. (VUNESP/2013)

Certa vez, um velho Tupinambá me perguntou: “Por que vocês, mairs [franceses] e perós

[portugueses], vêm de tão longe para buscar lenha? Por acaso não existem árvores na sua terra?” Respondi que sim, que tínhamos muitas, mas não daquela qualidade, e que não as queimávamos, como

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ele supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir. “E precisam de tanta assim?”, retrucou o velho

Tupinambá. “Sim”, respondi, “pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que se possa imaginar, e um só deles compra todo o

pau-brasil que possamos carregar.”“Ah!”, tornou a retrucar o selvagem. “Você me conta

maravilhas. Mas me diga: esse homem tão rico de quem você me fala, não morre?” “Sim”, disse

eu, “morre como os outros”. Aqueles selvagens são grandes debatedores e gostam de ir ao fim em

qualquer assunto. Por isso, o velho indígena me inquiriu outra vez: “E quando morrem os ricos, para

quem fica o que deixam?” “Para seus filhos, se os têm”, respondi. “Na falta destes, para os irmãos

e parentes próximos.” “Bem vejo agora que vocês, mairs, são mesmo uns grandes tolos. Sofrem tanto para cruzar o mar, suportando todas as privações e incômodos dos quais sempre falam quando aqui chegam, e trabalham dessa maneira apenas para amontoar riquezas para seus filhos ou para aqueles que vão sucedê-los? A terra que os alimenta não será por acaso suficiente para alimentar a eles? Nós também temos filhos a quem amamos. Mas estamos certos de que, depois da nossa morte,

a terra que nos nutriu nutrirá também a eles. Por isso, descansamos sem maiores preocupações.” (BUENO, Eduardo. Pau Brasil. São Paulo: Axis Mundi, 2002)

O diálogo entre o pastor calvinista Jean de Léry (1534-1611) e o velho Tupinambá, travado em algum momento da estada de Léry no Rio de Janeiro, entre março de 1557 e janeiro de 1558, é revelador

a) da aliança entre portugueses e franceses no Atlântico sul, o que permitiu aos dois países explorarem conjuntamente as riquezas da América e, ao mesmo tempo, isolarem os espanhóis na porção mais ocidental do continente.

b) da necessidade que Portugal tinha em exigir do papado um posicionamento favorável à partilha das

terras “recém-descobertas e por descobrir” apenas entre portugueses e espanhóis, o que só aconteceu no final do século XVII.

c) do permanente conflito ocorrido entre os povos nativos da América e os colonizadores europeus, que não conseguiram estabelecer nenhuma forma de diálogo com os povos indígenas e participaram de constantes guerras de extermínio.

d) da importância econômica que o pau-brasil tinha para os europeus no início da colonização e das intensas disputas entre portugueses e franceses pelas terras da América do Sul no século XVI, há pouco descobertas pela Coroa Portuguesa.

e) da proximidade de pensamento entre os povos indígenas e os franceses, em geral mais respeitosos na relação com a natureza e com os nativos da América do que os portugueses, responsáveis por uma prática econômica predatória

6. (VUNESP/ 2015)

A guerra ou as guerras holandesas assistiram ao emprego crescente dos recursos locais, e decrescente dos da metrópole, tendência que se acentuou durante a restauração. (Evaldo Cabral de Mello, Olinda restaurada. Disponível em: <https://goo.gl/gLRQDz>. Adaptado)

Contribuiu(íram) para tal tendência

a) o fato de que os luso-brasileiros já não dispunham do apoio da monarquia espanhola, de quem Portugal se separara há pouco, e a prioridade que tinha para Portugal a guerra contra a Espanha nas fronteiras do reino, e não o conflito no Brasil contra os holandeses.

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b) a baixa importância econômica que Pernambuco e seu entorno representavam para Portugal à época, e, portanto, o apoio quase nulo dado pelos portugueses à expulsão dos holandeses, pois estavam mais preocupados com a exploração do ouro das Minas Gerais.

c) o aparecimento de vários quilombos em diferentes regiões da colônia portuguesa, entre eles o quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi e localizado no Nordeste, o que levou a Coroa Portuguesa a centrar todos os seus esforços na violenta repressão aos quilombos, visando a sua destruição.

d) o forte vínculo econômico que aproximava Portugal à Holanda, responsável pelo refino e pela comercialização de grande parte do açúcar português exportado para a Europa, o que tornava a guerra direta entre portugueses e holandeses algo incômodo e desinteressante.

e) o receio que tinha Portugal de que a guerra contra a Holanda pudesse insuflar a própria população contra a dominação portuguesa, acirrando os conflitos entre colônia e metrópole, e colocando em risco o projeto português de construção de um grande império colonial.

7. (VUNESP/ 2016)

Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade – daremos ao mundo o “homem cordial”, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal.

(Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. Adaptado)

O “meio rural e patriarcal” a que se refere o trecho está relacionado

a) à exploração das drogas do sertão no vale amazônico, em que os comandantes das expedições de extrativismo cumpriam o papel simultâneo de autoridades públicas e agentes comerciais.

b) à interiorização da ocupação no vale do Rio São Francisco, graças à expansão da pecuária que abastecia os engenhos da zona da mata, centrada na figura dos vaqueiros.

c) à produção de açúcar no engenho, no qual se constituíram relações sociais marcadas pela escravidão e pelo convívio familiar, organizadas em torno da autoridade do senhor.

d) ao bandeirantismo, em que os bandeirantes portugueses exerciam o poder sobre uma vasta população de negros, índios e mestiços que adentravam o continente em busca de ouro.

e) às missões jesuíticas, em que os jesuítas escravizavam povos indígenas com o objetivo de explorar a sua mão de obra para fins comerciais relacionados à monocultura exportadora.

8. (VUNESP/ 2017)

Observe a imagem a seguir.

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O Padre Antônio Vieira fez parte do esforço missionário jesuíta na América, que via a catequese como fundamental em um contexto de

a) ampliação das atividades econômicas agroexportadoras na América portuguesa, o que tornou a cristianização de povos indígenas parte fundamental na arregimentação de

mão de obra escravizada para o trabalho nos engenhos coloniais.

b) intensificação do processo de interiorização da presença portuguesa na América do Sul, o que fortaleceu a aliança entre jesuítas e bandeirantes, com o objetivo de dominarem os nativos e ampliarem as possessões portuguesas no continente.

c) refluxo da Igreja Católica na Europa por conta das Reformas protestantes, o que levou alguns jesuítas a se aproximarem das línguas nativas para cristianizarem os ameríndios com o objetivo de conquistar novos fiéis para a Igreja.

d) aprofundamento das disputas e conflitos entre a Coroa Portuguesa e os jesuítas, o que resultaria, poucos anos depois, na expulsão da Companhia de Jesus da América devido aos enclaves autônomos das missões no continente.

e) disputa entre as Coroas Espanhola e Portuguesa pelas terras da América do Sul, de tal forma que os jesuítas constituíram-se como aliados estratégicos dos portugueses na ampliação dos seus domínios territoriais coloniais.

9. (VUNESP/ 2018)

Observe a imagem e leia o trecho a seguir.

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“As tropas holandesas e luso-brasileiras enfrentaram-se nos montes Guararapes em 1648 e 1649. Nas duas ocasiões, as bem treinadas forças da Holanda foram derrotadas por uma milícia local da colônia portuguesa. As batalhas travadas nos Guararapes são consideradas decisivas para a expulsão dos holandeses, que ainda levaria cinco anos para se concretizar.”

(Lilia M. Schwarcz; Heloisa M. Starling. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Adaptado)

O detalhe da obra destacado na questão evidencia

a) a importância da escravização de negros para a vitória luso-brasileira contra os holandeses, na medida em que os invasores eram contrários à utilização da mão de obra negra escravizada na produção de açúcar.

b) a violência do processo de escravização, pois os negros presentes nas batalhas estavam lá apenas obedecendo ordem de seus senhores e correndo o risco de serem castigados em caso de derrota para os holandeses.

c) a ideia de traição associada a Calabar no contexto das batalhas, na medida em que os negros e mestiços brasileiros lutaram ao lado dos holandeses como forma de resistência à escravização promovida pelos senhores luso-brasileiros.

d) as contradições da sociedade luso-brasileira do século XVII, na medida em que os senhores prometeram a alforria aos negros escravizados que participassem das batalhas contra os holandeses.

e) a perspectiva de expulsão dos holandeses feita à base de mistura racial, constituindo-se numa espécie de marco zero de criação da nação brasileira, devido à presença de negros e mestiços escravizados e forros nas batalhas.

10. (VUNESP/ 2019)

A ênfase fortemente regionalista dos inconfidentes inclinava-se, às vezes, para o nacionalismo econômico. Isto era mais explícito nos pronunciamentos do alferes Tiradentes, embora ele não estivesse isolado em tal posição. Silva elogiava a beleza de Minas e apontava seus recursos naturais. Livre, republicano, industrializado, continuava o propagandista, o Brasil não teria necessidade de importar mercadorias estrangeiras. (Kenneth R. Maxwell. A devassa da devassa: a Inconfidência Mineira, Brasil – Portugal, 1750-1808, 1978. Adaptado)

Os projetos defendidos pelos inconfidentes podem ser explicados pela conjuntura histórica de

a) reafirmação da prática econômica mercantilista e de instauração na metrópole portuguesa do absolutismo monárquico.

b) avanço dos movimentos socialistas de contestação social e de difusão da concepção de igualdade natural dos homens.

c) consolidação das independências políticas latino-americanas e de retração das riquezas proporcionadas pelas exportações agrícolas brasileiras.

d) crítica ao Antigo Regime europeu e de aumento do peso da exploração colonial com o declínio da produção aurífera.

e) disputas econômicas entre metrópoles coloniais e de guerras permanentes entre economias industrializadas europeias.

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11. (VUNESP /2002)

"Já se verificando nesta época a diminuição dos produtos das Minas, viu-se o capitão Bom Jardim obrigado a voltar suas vistas para a agricultura (...) Seus vizinhos teriam feito melhor se tivessem seguido exemplo tão louvável em vez de desertar o país, quando o ouro desapareceu."

(John Mawe. "Viagens ao Interior do Brasil, principalmente aos Distritos do Ouro e Diamantes".)

Segundo as observações do viajante inglês, os efeitos imediatos da decadência da extração aurífera em Minas Gerais foram

a) a esterilização do solo mineiro e a queda da produção agropecuária.

b) a crise econômica e a consolidação do poder político das antigas elites mineiras.

c) a instalação de manufaturas e a suspensão dos impostos sobre as riquezas.

d) a conversão agrícola da economia e o esvaziamento demográfico da província.

e) a interrupção da exploração do ouro e a decadência das cidades.

12. (VUNESP/ 1999)

"E o pior é que a maior parte do ouro que se tira das minas passa em pó e em moedas para os reinos estranhos e a menor é a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil, salvo o que se gasta em cordões, arrecadas e outros brincos, dos quais se veem hoje carregadas as mulatas de mau viver e as negras, muito mais que as senhoras".

(André João Antonil. "Cultura e opulência do Brasil", 1711.)

No trecho transcrito, o autor denuncia:

a) a corrupção dos proprietários de lavras no desvio de ouro em seu próprio benefício e na compra de escravos.

b) a transferência do ouro brasileiro para outros países em decorrência de acordos comerciais internacionais de Portugal.

c) o prejuízo para o desenvolvimento interno da colônia e da metrópole gerado pelo contrabando de ouro brasileiro.

d) o controle do ouro por funcionários reais preocupados em esbanjar dinheiro e dominar o poder local.

e) a ausência de controle fiscal português no Brasil e o desvio de ouro para o exterior pelos escravos e mineradores ingleses.

13. (VUNESP/ 2016)

A partir de 1750, com os Tratados de Limites, fixou-se a área territorial brasileira, com pequenas diferenças em relação a configuração atual. A expansão geográfica havia rompido os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas. No período colonial, os fatores que mais contribuíram para a referida expansão foram:

a) criação de gado no vale do São Francisco e desenvolvimento de uma sólida rede urbana.

b) apresamento do indígena e constante procura de riquezas minerais.

c) cultivo de cana-de-açúcar e expansão da pecuária no Nordeste.

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d) ação dos donatários das capitanias hereditárias e Guerra dos Emboabas.

e) incremento da cultura do algodão e penetração dos jesuítas no Maranhão

14. (VUNESP /2007)

Observe o mapa e responda.

a) O meridiano de Tordesilhas, enquanto esteve em vigor, obstruiu a efetiva ocupação do interior do território brasileiro.

b) As riquezas do Vice-Reinado do Rio da Prata atraíram muitos aventureiros em busca de fortuna fácil e que acabaram por se fixar na região sul do Brasil.

c) A busca por pau-brasil e terras férteis para a cana-de-açúcar impulsionou a derrubada da mata atlântica e a fixação do colonizador no sertão nordestino.

d) Apesar do aspecto extensivo da atividade, a pecuária desempenhou importante papel no processo de interiorização da ocupação.

e) O intenso povoamento da Região Norte causou sérios problemas para a Metrópole, que não dispunha de meios para abastecer a área.

15. (EsFCEx/2019)

A respeito da ocupação territorial da Capitania de São Vicente e do contato dos portugueses com os nativos, analise as afirmativas a seguir:

I. Ao chegarem a São Vicente, os primeiros portugueses, reconhecendo de imediato a importância fundamental da guerra nas relações intertribais, procuraram tirar proveito delas para efetivarem a ocupação da terra.

II. Considerando o estado de unidade política que imperava no Brasil indígena, as perspectivas de conquista, dominação e exploração passariam por alianças forjadas por rivalidades que não havia entre os nativos, o que levaria ao rompimento de sua unidade e, consequentemente, à sua total aniquilação.

III. Aos olhos dos invasores, a presença de um número considerável de prisioneiros de guerra prometia um possível mecanismo de suprimento de mão de obra cativa para os eventuais empreendimentos coloniais.

IV. Os índios percebiam vantagens imediatas na formação de alianças com os europeus, particularmente nas ações bélicas conduzidas contra os inimigos mortais.

Assinale

A) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.

B) se apenas as afirmativas II, III e IV estiverem corretas.

C) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.

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D) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.

E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

16. (EsFCEx/2019)

Durante o período colonial brasileiro, as atividades econômicas que mais se destacaram foram a agromanufatura açucareira e a mineração. A respeito dessas atividades, assinale a afirmativa correta.

A) Na zona açucareira, os escravos urbanos gozavam de maior liberdade do que na zona mineira, uma vez que podiam ser artesãos, vendedores, carregadores, escravos do ganho ou escravos de aluguel para tarefas diversas, atividades incompatíveis com as da mineração.

B) A procura pela mão de obra negra africana nos engenhos contradiz a tese que afirma ser o tráfico negreiro o gerador da escravidão de africanos, ou seja, que a oferta teria precedido a procura.

C) Com a expansão da mineração, deu-se, nesse período, uma drástica redução da escravidão negra na região Sudeste, uma vez que se passou a empregar, nessa área, exclusivamente, o trabalho de mineiros livres, ou seja, de imigrantes portugueses.

D) Um dos efeitos da mineração foi o surgimento de uma larga rede urbana nas zonas das minas e o crescimento do tamanho e de importância de São Salvador, porto de abastecimento das minas, de saída do ouro e capital colonial, até a chegada da Corte portuguesa, em 1808.

E) No século XVII, o Sudeste do Brasil se transformou em região típica de plantations açucareiras, que se assentavam, sobretudo, no trabalho de escravos africanos comprados aos holandeses que dominavam a região Nordeste.

17. (EsFCEx/2018)

No século XVI o açúcar tornou-se o principal produto de exportação brasileiro e não perdeu essa posição predominante até meados do século XVIII, quando o Brasil abarrotou os cofres da Europa... (com a venda desse produto agrícola)... e, ajudou a impulsionar a Revolução Industrial.

(Schwartz, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p 144.)

Analise as afirmações a seguir, e assinale a alternativa correta sobre a economia colonial brasileira no período denominado como “ciclo do açúcar”.

I – A dinâmica do funcionamento da economia açucareira esteve sempre relacionada ao comércio internacional desse produto e as mudanças políticas e econômicas vigentes no mundo atlântico.

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II – A dimensão comercial da indústria açucareira garantiu que o açúcar brasileiro chegasse aos mercados europeus desde o início do século XVI e contribui consideravelmente para a formação de uma importante comunidade mercantil no Brasil.

III – Apesar da magnitude desse comércio ele não exigia grandes investimentos em mão de obra e, portanto, pouco alterou a estrutura demográfica e social da colônia.

a) Somente II e III estão corretas.

b) Todas estão corretas.

c) Somente I e II estão corretas.

d) Somente I e III estão corretas.

e) Somente III está correta.

18. (EsFCEx/2016)

“...a grande lavoura que produz para exportação, e a agricultura que chamei de “subsistência”, por destinar-se ao consumo e à manutenção da própria colônia. [...] Há naturalmente entre estes setores um terreno em comum.”(grifos do autor)

PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 23. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994. p. 157.

Marque a alternativa correta, a partir da afirmação acima de Caio Prado, sobre a agricultura de subsistência no Brasil Colônia.

(A) Tanto os produtos da grande lavoura, quanto os da agricultura de subsistência se consumia no país e, também, exportava. A diferença estava na natureza econômica intrínseca de cada categoria de atividade produtiva e no seu objetivo primário.

(B) A cachaça era um subproduto e a sua produção volumosa independia da produção do açúcar, porque seu objetivo primário era atender a grande demanda interna.

(C) O algodão que servia para confecção de tecidos grosseiros para a vestimenta de escravos não entrou na lista de produtos exportados.

(D) No caso do arroz, produzido, principalmente, no Maranhão em grande volume, o estímulo era para o comércio interno.

(E) A grande lavoura e a agricultura de subsistência se distinguem, pois a segunda era encontrada fora dos engenhos e dos domínios das grandes propriedades.

19. (FGV 2018)

A agromanufatura da cana resultaria em outro produto tão importante quanto o açúcar: a cachaça. Alambiques proliferaram ao longo dos séculos coloniais. A comercialização da bebida afetava profundamente a importação de vinhos de Portugal. Esse comércio era obrigatório, pois por meio dos tributos pagos pelas cotas do vinho importado é que a Coroa pagava as suas tropas na Colônia. A cachaça produzida aqui passou a concorrer com os vinhos, com vantagens econômicas e culturais. Essa

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concorrência comercial entre colônia e metrópole se estendeu para as praças negreiras e rotas de comercialização de escravos na África portuguesa. A cachaça brasileira, por ser a bebida preferida para os negócios de compra e venda de escravos africanos, colocou em grande desvantagem a comercialização dos vinhos portugueses remetidos à África. A longa queda de braço mercantil acabou favorecendo afinal a cachaça, porque sem ela, nada de escravos, nada de produção na Colônia, com consequências graves para a arrecadação do reino.

(Ana Maria da Silva Moura. Doce, amargo açúcar. Nossa História, ano 3, no 29, 2006. Adaptado)

A partir dessa breve história da cachaça no Brasil, é correto afirmar que

a) essa produção prejudicou os negócios relacionados ao açúcar, porque desviava parte considerável da mão de obra e dos capitais, além de incentivar o tráfico negreiro em detrimento do uso do trabalho compulsório indígena, que mais interessava ao Estado português.

b) esse item motivou recorrentes conflitos entre as elites colonial e metropolitana, condição em parte solucionada quando as regiões africanas fornecedoras de escravos tornaram-se também produtoras de cachaça, o que desestimulou a sua produção na América portuguesa.

c) essa bebida tem uma trajetória que comprova a ausência de domínio da metrópole sobre a América portuguesa, porque as restrições ao comércio e à produção de mercadorias no espaço colonial não surtiam efeitos práticos e coube aos senhores de engenho impor a ordem na Colônia.

d) esse produto desrespeitava um princípio central nas relações que algumas metrópoles europeias impunham aos seus espaços coloniais, nesse caso, a quebra do monopólio de grupos mercantis do reino e a concorrência a produtos da metrópole.

e) essa mercadoria recebeu um impulso importante, mesmo contrariando as determinações metropolitanas, mas, gradativamente, perdeu a sua importância, em especial quando o tabaco e os tecidos de algodão assumiram a função de moeda de troca por escravos na África.

20. (FGV 2018)

Como a sociedade do reino e as dos núcleos mais antigos de povoamento – a de Pernambuco, Bahia ou São Paulo – seguiam, em Minas, os princípios estamentais de estratificação, ou seja, pautavam-se pela honra, pela estima, pela preeminência social, pelo privilégio, pelo nascimento. A grande diferença é que, em Minas, o dinheiro podia comprar tanto quanto o nascimento, ou “corrigi-lo”, bem como a outros “defeitos” (...) Como rezava um ditado na época, “quem dinheiro tiver, fará o que quiser”.

(Laura de Mello e Souza. Canalha indômita. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 1, n.o 2, ago. 2005. Adaptado)

No Brasil colonial, tais “defeitos” referem-se

a) aos que fossem acusados pelo Tribunal da Santa Inquisição e aos que estivessem na Colônia sem a permissão do soberano português.

b) ao exercício de qualquer prática comercial desvin - culada da exportação e à condição de não ser proprietário de terras e escravos.

c) aos que explorassem ilegalmente o trabalho com - pulsório dos indígenas e aos colonos que não fizessem parte de alguma irmandade religiosa.

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d) aos colonos que se casavam com pessoas vindas da Metrópole e aos que afrontassem, por qualquer meio, os chamados “homens bons”.

e) aos de sangue impuro, representados pela ascendência moura, africana ou judaica, e aos praticantes de atividades artesanais ou relacionadas ao pequeno comércio.

21. (FGV 2017)

O que queremos destacar com isso é que o tráfico atlântico tendia a reforçar a natureza mercantil da sociedade colonial: apesar das intenções aristocráticas da nobreza da terra, as fortunas senhoriais podiam ser feitas e desfeitas facilmente. Ao mesmo tempo, observa-se a ascensão dos grandes negociantes coloniais, fornecedores de créditos e escravos à agricultura de exportação e às demais atividades econômicas. Na Bahia, desde o final do século XVII, e no Rio de Janeiro, desde pelo menos o início do século XVIII, o tráfico atlântico de escravos passou a ser controlado pelas comunidades mercantis locais (...). João Fragoso et alii. A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX), 1998.

O texto permite inferir que

a) o tráfico atlântico de escravos prejudicou a economia colonial brasileira porque uma enorme quantidade de capitais, oriunda da produção agroindustrial, era remetida para a África e para Portugal.

b) as transações comercias envolvendo a África e a América portuguesa deveriam, necessariamente, passar pelas instâncias governamentais da Metrópole, condição típica do sistema colonial.

c) a monopolização do tráfico negreiro nas mãos de comerciantes encareceu essa mão de obra e atrasou o desenvolvimento das atividades manufatureiras nas regiões mais ricas da América portuguesa.

d) as rivalidades econômicas e políticas entre fidalgos e burgueses, no espaço colonial, impediram o crescimento mais acelerado da produção de outras mercadorias além do açúcar e do tabaco.

e) nem todos os fluxos econômicos, durante o processo de colonização portuguesa na América, eram controlados pela Coroa portuguesa, revelando uma certa autonomia das elites coloniais em relação à burguesia metropolitana.

22. (FGV 2015)

Caracteriza a agricultura colonial no Brasil do final do século XVIII:

a) a importância alcançada pela produção de tabaco em São Paulo e em Minas Gerais, que ocorreu após o Conselho Ultramarino ter permitido esse cultivo, o que favoreceu a sua troca com manufaturas inglesas e francesas.

b) um novo produto, o trigo, foi beneficiado pela estrutura originada da Revolução Industrial, que aprofundou a divisão entre os papéis a serem exercidos pelas nações, isto é, as ricas, produtoras de industrializados e, as pobres, de matériasprimas.

c) o valor especial adquirido pelo extrativismo no Norte do Brasil, com o guaraná, que concorreu com os produtos agrícolas tradicionais, como o açúcar, permitiu um rápido desenvolvimento dessa região e a sua articulação com o restante da colônia.

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d) o revigoramento da produção de açúcar e o desenvolvimento do cultivo do algodão decorrentes, principalmente, de alguns fatos internacionais importantes, em especial, a independência das treze colônias inglesas e a Revolução Haitiana.

e) o aparecimento do café na pauta de exportações coloniais, o que revolucionou as relações entre o Estado português e a elite escravista, pois a sustentação econômica da metrópole exigiu o abrandamento das restrições mercantilistas.

23. (FGV 2015)

[...] se o interesse da Coroa estava centralizado na atividade minerária, ela não poderia negligenciar outras atividades que garantissem sua manutenção e continuidade. É nesse contexto que a agricultura deve ser vista integrando os mecanismos necessários ao processo de colonização desenvolvidos na própria Colônia, uma vez que, voltada para o consumo interno, era um meio de garantir a reprodução da estrutura social, além de permitir a redução dos custos com a manutenção da força de trabalho escrava.

Guimarães, C. M. e REIS, F. M. da M. “Agricultura e mineração no século XVIII”, in Resende, m.e.l. e VILLALTA, L.C. (orgs.) História de Minas Gerais. As minas setecentistas. Belo Horizonte: Autêntica

Editora/Companhia do Tempo, 2007, p. 323.

Assinale a alternativa que interpreta corretamente o texto.

a) Para o desenvolvimento das atividades de exploração das minas foi decisiva a permissão dada pela metrópole ao desenvolvimento técnico e industrial da região.

b) Os caminhos entre as minas e Salvador, além de escoar a produção mineradora e permitir a entrada de escravos, ficaram marcados pelo aparecimento de importantes vilas e povoados.

c) A produção agrícola na região das minas desenvolveu-se a ponto de se tornar um dos principais itens da pauta de produtos exportados no período colonial.

d) Apesar do crescimento da agricultura e da pecuária, o mercado interno não se desenvolveu no Brasil colonial, cuja produção se manteve estritamente voltada ao mercado externo.

e) As atividades agrícolas e a pecuária desenvolveram-se de certo modo integradas ao desenvolvimento da mineração e da urbanização da região mineradora.

24. (FGV 2014)

Dos engenhos, uns se chamam reais, outros inferiores, vulgarmente engenhocas. Os reais ganharam este apelido por terem todas as partes de que se compõem e todas as oficinas, perfeitas, cheias de grande número de escravos, com muitos canaviais próprios e outros obrigados à moenda; e principalmente por terem a realeza de moerem com água, à diferença de outros, que moem com cavalos e bois e são menos providos e aparelhados; ou, pelo menos, com menor perfeição e largueza, das oficinas necessárias e com pouco número de escravos, para fazerem, como dizem, o engenho moente e corrente. ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp. 1982, p. 69. O texto oferece uma descrição dos engenhos no Brasil no início do século XVIII. A esse respeito é correto afirmar:

a) O engenho de açúcar foi a principal unidade econômica do sertão nordestino durante o período colonial, permitindo a ocupação dos territórios situados entre o rio São Francisco e o rio Parnaíba.

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b) A produção de açúcar no nordeste brasileiro colonial, em larga escala, foi possível graças à implantação do sistema de fábrica e ao uso do vapor como força motriz nas moendas.

c) Os engenhos da Bahia utilizavam, sobretudo, mão de obra escrava africana, enquanto que nos engenhos pernambucanos predominava o trabalho indígena.

d) Os grandes engenhos desenvolviam todas as etapas de produção do açúcar, do plantio, passando pela moagem, a purga, a secagem e até a embalagem.

e) A produção de açúcar no sistema de “plantation” ficou restrita aos domínios lusitanos das Américas, durante a época colonial, o que garantiu bons lucros aos produtores locais e aos comerciantes reinóis.

25. (Adaptada para VUNESP/ 2018)

Os grandes lucros que diziam auferir os mercadores portugueses que fizeram o tráfico do pau-brasil nas duas primeiras décadas após o descobrimento, os rigores do monopólio fiscal decretado pelo rei de Portugal e até notícias fantasiosas de riquezas da terra virgem contribuíram, em primeira linha, para originar e desenvolver o contrabando nas costas da Santa Cruz. (Bernardino José de Sousa. O pau-brasil na história nacional, 1978.)

O texto alude aos primeiros contatos dos colonizadores com o litoral da “nova terra” e descreve

a) o controle legal e efetivo da economia colonial pela Metrópole portuguesa.

b) o início e o desenrolar da ocupação da colônia por numerosas famílias portuguesas.

c) o financiamento e a instalação de engenhos de açúcar nas terras férteis da colônia.

d) a atração real e imaginária exercida pelas riquezas da colônia sobre os europeus.

e) a catequização e a escravização dos indígenas nas explorações auríferas coloniais.

26. (Adaptada para VUNESP/ 2015)

A colonização portuguesa do vale do rio Amazonas apresentou um padrão de reconhecimento e ocupação do território idêntico ao utilizado em outras regiões do Brasil, uma vez que

a) a agricultura de exportação exigiu grandes investimentos em maquinários pesados importados da Europa.

b) a colonização de povoamento ampliou o mercado consumidor de produtos industrializados metropolitanos.

c) o vale amazônico foi dividido em várias capitanias hereditárias doadas a fidalgos portugueses.

d) o sistema fluvial da região representou, para a navegação, um prolongamento do litoral atlântico.

e) a escravidão africana foi a mão de obra predominante na extração dos produtos da floresta.

27. (Adaptada para VUNESP/ 2015)

Em 1740, o português Domingos Dias da Silva era um capitão de navio que transportava tecidos, aguardente, vinho e armas de fogo para Luanda, o maior porto ligado ao tráfico de escravos em Angola, então uma colônia portuguesa. Silva vendia as mercadorias e recebia parte do pagamento na forma de escravos. Depois de entregar os escravos no Brasil, enchia os porões de açúcar e voltava para Lisboa, fechando uma viagem que poderia ter começado dois anos antes. (Carlos Fioravanti. “Os banqueiros do tráfico”. Pesquisa FAPESP, maio de 2015. Adaptado.)

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A descrição da longa viagem realizada pelo capitão Domingos Dias da Silva contém informações significativas sobre

a) a desarticulação dos numerosos territórios do império português e o desenvolvimento de um comércio de escravos à margem do controle de Portugal.

b) a constituição de uma burguesia no Brasil, enriquecida com a exploração de escravos e a formação de grupos sociais antagônicos à metrópole.

c) o impacto das atividades mercantis na sociedade tradicional portuguesa e o surgimento de uma burguesia antiabsolutista com o comércio de escravos.

d) a ausência de dinamismo comercial no conjunto do império lusitano e a crise prolongada da agricultura escravista brasileira.

e) o movimento de pessoas e mercadorias no império português e o processo de acumulação de capital ligado ao tráfico de escravos.

28. (Adaptada para VUNESP/ 2019)

Os historiadores são unânimes em afirmar que Portugal foi o país pioneiro nas Grandes Navegações europeias entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna.

Esse pioneirismo se deveu, principalmente,

a) à fragmentação do poder real, às disputas comerciais com a Inglaterra, ocorridas ao longo do século XIII, e à proximidade geográfica entre Portugal e Índia.

b) à centralização monárquica, realizada em Portugal entre os séculos XII e XIV, à posição geográfica privilegiada e ao aperfeiçoamento das técnicas de navegação a partir do século XV.

c) à adoção do liberalismo econômico, a partir do século XVI, ao fluxo de metais preciosos das colônias para Portugal e ao investimento estatal na armação de navios mercantes no século XVII.

d) ao tráfico de escravos, cujo fluxo constante ligava África e Europa desde o século XI, e aos investimentos da burguesia comercial, fortalecida pelos lucros do açúcar produzido no Brasil.

e) ao desenvolvimento da bússola, do astrolábio e do quadrante, invenções de cientistas portugueses abrigados na Escola de Sagres, pioneira no desenvolvimento de técnicas e instrumentos de navegação no século XIX.

29. (Adaptada para VUNESP/ 2017)

Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

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Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele espelhou o céu

PESSOA, Fernando. Mensagem. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

O poema de Fernando Pessoa refere-se à expansão marítima portuguesa. Nele, o poeta enfatiza

a) os custos humanos que a empreitada marítima legou a Portugal e a coragem desse povo em se aventurar no desconhecido.

b) as riquezas que as novas colônias da América produziam e sua importância para a economia portuguesa.

c) a necessidade de se contornar a África e criar uma nova rota marítima para o comércio com as Índias.

d) a diversidade cultural portuguesa e sua influência sobre os povos colonizados nas novas terras.

e) o avanço tecnológico naval português em comparação ao de outros povos europeus.

30. (Adaptada para VUNESP/ /2017)

Quanto à economia no século XVI no Brasil, dadas as afirmativas,

I. A agromanufatura do açúcar forneceu a base econômica para a valorização colonial do Brasil.

II. Ao açúcar subordinavam-se o extrativismo do pau-brasil e a pecuária.

III. A utilização, em larga escala, de trabalhadores escravos, a disponibilidade de terras e a expansão do setor de consumo externo concorreram para o enriquecimento da classe proprietária e da burguesia comercial portuguesa e flamenga.

IV. Ainda, nesse período, persistiam os interesses metalistas.

verifica-se que está(ão) correta(s)

a) IV, apenas.

b) I e II, apenas.

c) III e IV, apenas.

d) I, II e III, apenas.

e) I, II, III e IV.

31. (Adaptada para VUNESP/ /2015)

A contestação francesa ao Tratado de Tordesilhas teve no monarca Francisco I o mais veemente representante. Em 1540 chegou a dizer que “‘o sol brilhava tanto para ele como para os outros’ e que ‘gostaria de ver o testamento de Adão para saber de que forma este dividira o mundo...’ Declarou também que só a ocupação criava o direito, que descobrir um país, isto é, vê-lo ou atravessá-lo, não constituía um ato de posse e que considerava como domínio estrangeiro unicamente ‘os lugares habitados e defendidos’. São essas as bases da colonização moderna”. MOUSNIER, Roland. História Geral das Civilizações. Tomo IV Os Séculos XVI e XVII. Tomo IV. 2 Volumes. São Paulo: Diofel, 1958.

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A crítica feita por Francisco I ao Tratado de Tordesilhas baseia-se

a) no uso da força, previsto no Tratado, como forma de efetivar a ocupação das novas terras a serem descobertas.

b) na existência de documento papal, nunca trazido a público, que determinava em testamento a divisão do mundo.

c) no fato de apenas países europeus terem direito às terras, deixando de fora os países árabes do norte da África.

d) na divisão das terras ocidentais entre Portugal e Espanha, sem levar em consideração as demais nações europeias.

e) na possibilidade de qualquer país ocupar novas terras, desde que as ocupasse de fato segundo as regras do Tratado.

32. (Adaptada para VUNESP/ /2019)

Sobre a exploração do trabalho escravo no Brasil, leia as afirmações seguintes e marque aquela que estiver INCORRETA.

a) Os indígenas, por serem preguiçosos e protegidos pelos jesuítas, não foram escravizados no Brasil após o Período Pré-Colonial.

b) Os quilombos e o uso da capoeira, enquanto arte marcial, representam algumas das manifestações de resistência dos negros contra a escravidão.

c) O tráfico negreiro da África para o Brasil era considerado uma atividade comercial que rendia recursos econômicos não apenas ao traficante, mas também à Coroa Portuguesa.

d) Na região sul do Brasil, marcada pela pecuária, a exploração do trabalho escravo foi menor, quando comparada a outras regiões onde predominou a agricultura.

33. (Adaptada para VUNESP/ 2018/1)

“É no espaço mais amplo do Atlântico Sul que a história da América portuguesa e a gênese do império de Brasil tomam toda sua dimensão. [...] englobando uma zona de produção escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de reprodução de escravos centrada em Angola. Desde o final do século XVI, surge um espaço aterritorial, um arquipélago lusófono composto dos enclaves da América portuguesa e das feitorias de Angola.” ALENCASTRO, Luis Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2000. p.09;127.

A formação do Império Colonial Português marcou significativamente a História Ocidental. Sobre esta formação podemos afirmar:

a) A colonização do Brasil foi marcada pelo uso de mão de obra livre oriunda de regiões da África, como Angola.

b) A utilização, em larga escala, de mão de obra de africanos escravizados durante a colonização do Brasil gerava grandes lucros para comerciantes europeus.

c) O Atlântico Sul formou um espaço importante para a produção escravista manufatureira de tecidos do Império Português, especialmente na Colônia Brasileira.

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d) Desde o início da formação do Império Colonial Português, o comércio internacional de africanos escravizados se mostrou uma opção pouco lucrativa, uma vez que a produção na colônia era, em sua maioria, de subsistência.

34. (Adaptada para VUNESP/ 2017/1)

Nóbrega era o chefe do primeiro grupo de jesuítas, que chegou juntamente com os colonizadores portugueses, para tentar, de uma forma mais sistemática, colonizar a vasta Terra de Santa Cruz, servindo a Igreja Católica e a Coroa Portuguesa. Sobre as ações dos jesuítas, pode-se afirmar que:

a) eram os grandes defensores da teoria da raça, e acreditavam que os indígenas nasceram para ser escravos, pois eram sem dúvida os melhores e mais adaptados para o mundo do trabalho.

b) foram grandes evangelizadores do Brasil. O mais famoso jesuíta foi o São Francisco Xavier, sendo o seu maior feito a conversão de mais de 30 mil indígenas brasileiros e espanhóis.

c) Manoel da Nóbrega foi decisivo na fundação de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, e José de Anchieta foi o grande pregador, criou uma gramática tupi-português e converteu centenas de indígenas.

d) chegaram para difundir o protestantismo na América do Sul e na África, evitando o avanço do catolicismo nessas regiões.

e) Foram convidados pelo Marquês de Pombal a levar o catolicismo para as regiões recém descobertas, especialmente a colônia, Brasil.

35. (Adaptada para VUNESP/ 2015/2)

O “pacto colonial” definia a função das colônias no contexto do sistema colonial e da política econômica mercantilista. Assim, Portugal buscou adequar a estrutura produtiva e mercantil das terras recém-conquistadas na América às suas necessidades econômicas, segundo o que estabelecia a fase do capitalismo comercial.

Assinale a alternativa que contempla corretamente:

I. a política econômica da época;

II. os três pilares básicos da agricultura colonial implantada pelos portugueses no Brasil.

a) I – Liberalismo Econômico; II – grande propriedade rural, trabalho escravo, policultura.

b) I – Mercantilismo; II – grande propriedade rural, trabalho escravo, monocultura.

c) I – Protecionismo; II – média propriedade rural, trabalho servil, policultura.

d) I – Mercantilismo; II – pequena propriedade rural, trabalho assalariado, produção para o mercado externo.

e) I – Intervencionismo Estatal; II – pequena propriedade rural, trabalho livre, produção para o mercado interno.

36. (Adaptada para VUNESP/ 2015/1)

Em 1578 morreu D.Sebatião, rei de Portugal, lutando no Norte da África contra os mouros. Como não tinha herdeiros diretos, seu tio-avô assumiu o trono, falecendo em 1580. Com isso, a dinastia de Avis

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chegou ao fim. Na disputa pelo trono português, saiu-se vencedor Filipe II, rei da Espanha, iniciando assim o período chamado de União Ibérica (1580-1640). Como característica desse período, pode-se afirmar que:

a) Foi marcado por grande harmonia, e caracterizou-se por ser um extenso período de paz.

b) Houve a invasão holandesa no Brasil, em represália à proibição feita pelos espanhóis impedindo que os holandeses continuassem comercializando o açúcar brasileiro.

c) Durante a União Ibérica, Portugal manteve total autonomia em relação à Espanha, tendo sido um período de elevado desenvolvimento econômico para o reino português.

d) Ao dominar Portugal, o governo espanhol abriu mão de parte de seu império colonial, diminuindo assim seu vasto território.

e) A União ibérica ou União Peninsular foi responsável pelo surgimento de várias nações na Europa.

37. (Adaptada para VUNESP/ 2017)

“A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu aspecto típico, foram as fugas. (...) Fugas individuais ocorrem em reação a maus tratos físicos ou morais, concretizados ou prometidos, por senhores ou prepostos mais violentos. Mas outras arbitrariedades, além da chibata, precisam ser computadas. Muitas fugas tinham por objetivo refazer laços afetivos rompidos pela venda de pais, esposas e filhos. (...) No Brasil, a condenação [da escravidão] só ganharia força na segunda metade do século, quando o país independente, fortemente penetrado por ideias e práticas liberais, se integra ao mercado internacional capitalista. (...) “Tirar cipó” – isto é, fugir para o mato – continuou durante muito tempo como sinónimo de evadir-se, como aparece no romance A carne, de Júlio Ribeiro. Mas as fugas, como tendência, não se dirigem mais simplesmente para fora, como antes; se voltam para dentro, isto é, para o interior da própria sociedade escravista, onde encontram, finalmente, a dimensão política de luta pela transformação do sistema. “O não quero dos cativos”, nesse momento, desempenha papel decisivo na liquidação do sistema, conforme analisou o abolicionista Rui Barbosa”.

REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 62-66-71.

De acordo com os autores do texto, João José Reis e Eduardo Silva, assinale a alternativa incorreta.

a) As fugas de escravos entre os séculos XVI e XIX tiveram motivações diversas, entre elas o tráfico interprovincial.

b) Durante o século XIX, a luta dos escravos pela liberdade não se dava somente pela fuga coletiva para a formação de quilombos.

c) As cidades, no século XIX, tornaram-se espaços significativos para as lutas pela abolição.

d) Os escravos foram agentes da história, e não apenas força de trabalho.

e) A naturalização do sistema escravista se manteve estável durante o período colonial e o imperial.

38. (Adaptada para VUNESP/ 2019)

No Brasil do século XVIII, a mineração marcou o deslocamento do eixo econômico para o Centro, incorporando os territórios que viriam a compor as capitanias de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Sobre essa atividade, leia as seguintes afirmações:

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I - A ocupação das regiões mineradoras ocorreu de modo diverso daquela ocorrida nas áreas litorâneas e pecuaristas, pois deu início à urbanização do interior.

II- O Rio de Janeiro foi o porto de escoamento do ouro para a Europa e ingresso de mercadorias que iam para as minas.

III - O Rio Grande do Sul integrou-se à economia nacional enviando gado de corte e animais de carga para a região mineradora, tendo a vila de Sorocaba (SP) como principal eixo comercial.

IV- A estratificação social nas minas era marcada por uma grande participação dos setores populares e dos escravos na tomada de decisões.

V - A convergência dos caminhos no centro do país foi denominada de Cruzeiro Rodoviário.

Está correto apenas o que se afirma em

a) II, IV e V.

b) III, IV e V.

c) I, II e V.

d) I, II e III.

e) II, III e IV

39. (Adaptada para VUNESP/ 2019)

Sobre as atividades económicas e a mão de obra na América Portuguesa, entre os séculos XVI e XVII, é correto afirmar que a produção

a) era voltada exclusivamente para o mercado externo, restrita ao cultivo em plantations, e a mão de obra era exclusivamente de indígenas e africanos escravizados.

b) era voltada para além do mercado externo, com diversas culturas ligadas ao mercado interno, e a mão de obra era majoritariamente de escravizados, mas com a presença de trabalhadores livres.

c) era voltada exclusivamente para o mercado interno, através do cultivo de itens de subsistência, e a mão de obra era exclusivamente de indígenas e africanos escravizados.

d) não se resumia ao mercado externo, com diversas culturas voltadas ao mercado interno, e a mão de obra era exclusivamente de indígenas e africanos escravizados.

e) era voltada exclusivamente para o mercado externo, restrita ao cultivo em plantations, e a mão de obra era majoritariamente de escravizados, mas com a presença de trabalhadores livres.

40. (Adaptada para VUNESP/ 1997)

Podemos afirmar sobre o período da mineração no Brasil que

a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de toda espécie, que inviabilizaram a mineração.

b) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para Portugal.

c) a mineração deu origem a uma classe média urbana que teve papel decisivo na independência do Brasil.

d) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do Brasil, e foi fator de diferenciação da sociedade.

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e) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou sua exploração.

41. (Adaptada para VUNESP/ 1987)

No processo histórico de Portugal o Tratado de Methuen consolidou a:

a) subordinação econômica de Portugal à Inglaterra.

b) prosperidade da indústria nacional portuguesa.

c) liberdade de comércio entre as colônias portuguesas e inglesas.

d) posse das terras situadas além do meridiano de Tordesilhas.

e) supremacia da França como principal parceira comercial de Portugal.

42. (Adaptada para VUNESP/ 2008)

Ao longo do século XVIII, ocorre uma intensificação da colonização portuguesa do Brasil. Por toda parte podem ser observados sinais de crescimento. A população aumenta, as vilas se adensam, o comércio se intensifica e a burocracia se faz mais presente. A esse respeito, assinale a alternativa correta:

a) A intensificação da colonização portuguesa na América, no século XVIII, relaciona-se, direta ou indiretamente, à descoberta e à mineração de ouro no Centro-Oeste do Brasil atual.

b) O maior número de portugueses que emigraram para o Brasil, ao longo do século XVIII, provocou uma diminuição do número de escravos africanos na colônia.

c) Os jesuítas portugueses, ao construírem, naquele período, as missões do “Guairá”, na atual região Norte do estado do Paraná, deram os primeiros passos para a urbanização e a europeização dessa região.

d) O crescimento da vida urbana, no início do século XVIII, fez surgir, no Brasil, as primeiras manifestações culturais caracteristicamente brasileiras como, por exemplo, o Modernismo.

e) A urbanização ocorrida no Brasil, no século XVIII, promoveu o primeiro surto industrial brasileiro, sobretudo depois da ascensão de D.ª Maria I ao trono de Portugal

43. (Adaptada para VUNESP/ 1999)

“E se olharmos para o teto, veremos o próprio céu retratado em pintura ilusionística no forro,que foi rompido para mostrar o Paraíso com a Virgem, os anjos e os santos. A talha usará colunas torcidas recobertas de vinhas e povoada de querubins, aves, frutos, cada elemento procurando vibrar e tomar todo o espaço possível. As colunas torsas serão as grandes eleitas porque sua estrutura helicoidal é o próprio movimento sem fim. À noite, os interiores das igrejas revelam novas surpresas. A iluminação à vela produz uma luz vacilante que faz vibrar o ouro da talha, dramatiza as pessoas e as imagens. Sente-se que se está num espaço consagrado pelo perfume do incenso vindo do altar-mor, onde é mais intenso o brilho do ouro na luz incerta das velas.”

[adaptação] TOLEDO, Benedito Lima de. Apud: FERREIRA, Olavo Leonel. História do Brasil, São Paulo: Ática, 1995. p. 166.

O autor da descrição se refere ao caráter essencial do estilo:

a) Barroco – Lirismo, apelo à emoção, busca de uma dinâmica infinita, solicitação de todos os sentidos.

b) Naturalista – solidez, despertar da fé pela contemplação da natureza, quer do reino animal, vegetal ou mineral.

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c) Gótico – grandiosidade e leveza, tornada possível graças ao emprego de arcos em forma de ogiva e de inúmeros vitrais.

d) Neoclássico – ênfase na harmonia e no equilíbrio, apelo às faculdades racionais do homem e realce para os elementos estruturais da construção.

e)n.d.a

44. (Adaptada para VUNESP/CE)

No contexto da segunda metade do século XVIII, no Brasil Colonial, a palavra derrama expressava:

a) a cobrança obrigatória dos impostos atrasados pela Coroa Portuguesa aos habitantes da região das Minas Gerais;

b) o processo judicial que investigou a participação dos inconfidentes mineiros na conspiração

que pretendia separar a Colônia do domínio português;

c) a perseguição religiosa aos cristãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo) por parte da Inquisição portuguesa;

d) a violenta repressão das autoridades portuguesas às revoltas nativistas, tais como a Guerra dos Emboabas e a Revolta de Vila Rica;

45. (Adaptada para VUNESP/ 2015)

Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia [...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase desconhecida tem dado e dá atualmente grandes cabedais aos moradores do Brasil e incríveis emolumentos aos Erários dos príncipes.

ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado.

O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, revela que

a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do ouro, sucedeu o da cana-de-açúcar.

b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que ocorria com outros produtos, era direcionado à metrópole.

c) não se pode exagerar quanto à lucratividade propiciada pela cana-de-açúcar, já que a do tabaco, desde seu início, era maior.

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d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o potencial econômico de suas colônias americanas.

e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade de produtos, cuja lucratividade se relacionava com sua inserção em mercados internacionais.

46. (Adaptada para VUNESP/ 2009)

A criação, em território brasileiro, de gado e de muares (mulas e burros), na época da colonização portuguesa, caracterizou-se por:

a) ser independente das demais atividades econômicas voltadas para a exportação.

b) ser responsável pelo surgimento de uma nova classe de proprietários que se opunham à escravidão.

c) ter estimulado a exportação de carne para a metrópole e a importação de escravos africanos.

d) ter-se desenvolvido, em função do mercado interno, em diferentes áreas no interior da colônia.

e) ter realizado os projetos da Coroa portuguesa para intensificar o povoamento do interior da colônia.

47. (Adaptada para VUNESP/ 2002)

"Os que trazem [o gado] são brancos, mulatos e pretos, e também índios, que com este trabalho procuram ter algum lucro. Guiam-se indo uns adiante cantando, para serem seguidos pelo gado, e outros vêm atrás das reses, tangendo-as, tendo o cuidado para que não saiam do caminho ou se amontoem". (ANTONIL, Cultura e opulência do Brasil, 1711.)

O texto expressa uma atividade econômica característica

a) do sertão nordestino, dando origem a trabalhadores diferenciados do resto da colônia.

b) das regiões canavieiras onde se utilizava mão de obra disponível da entressafra do açúcar.

c) de todo o território da América portuguesa, onde era fácil obter mão de obra indígena e negra.

d) das regiões do nordeste, produtoras de charque, que empregavam mão de obra assalariada.

e) do sul da colônia, visando abastecer de carne a região açucareira do Nordeste.

48. (Adaptada para VUNESP/ 2001)

O barroco no Brasil foi

a) uma manifestação artística de caráter religioso limitada às regiões de mineração.

b) uma expressão artística de origem europeia reelaborada e adaptada às condições locais.

c) um estilo original na pintura, mantendo a tradição manuelina nas edificações.

d) uma criação artística popular predominante em todo o Brasil colônia e no império.

e) uma produção artística, imposta pelo modelo absolutista português, na época da mineração.

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GABARITO

1- D 2- E 3- A 4- E 5- D 6- A 7- C 8- C 9- E 10- D 11- D 12- B 13- B 14- D 15- C 16- B 17- C 18- A 19- D 20- E 21- E 22- D 23- E 24- D 25- D

26- D 27- E 28- B 29- A 30- E 31- D 32- A 33- B 34- C 35- B 36- B 37- E 38- D 39- B 40- D 41- A 42- A 43- A 44- A 45- E 46- D 47- A 48- B

QUESTÕES COMENTADAS

1. (VUNESP/ 2012)

Observe o seguinte trecho do Tratado de Methuen.

Artigo 1.o – Sua Sagrada Majestade El-Rei de Portugal promete admitir para sempre de aqui em diante, no Reino de Portugal, os panos de lã e mais fábricas de lanifício da Inglaterra.

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Artigo 2. o – É estipulado que Sua sagrada e Real Majestade Britânica será obrigada para sempre, de aqui em diante, de admitir na Grã-Bretanha os vinhos de Portugal, de sorte que em tempo algum não se poderá exigir direitos de Alfândega nestes vinhos.

(Tratado de Methuen – 1703. In: Nelson Werneck Sodré, As Razões da Independência. Adaptado)

Entre outros fatores, foi devido ao Tratado de Methuen que

a) as manufaturas têxteis se desenvolveram muito no Brasil.

b) Inglaterra e Portugal foram os primeiros países a se industrializarem.

c) a burguesia portuguesa enriqueceu e lutou contra a monarquia.

d) o ouro explorado no Brasil foi transferido para a Inglaterra.

e) Portugal diminuiu o seu interesse pela exploração da colônia

Comentários O Tratado de Methuen, ou tratado de Panos e Vinhos, foi um acordo entre Portugal e Inglaterra vigente entre 1703 e 1836 e que envolvia a troca entre os produtos têxteis ingleses e o vinho português. Acredita-se que os resultados do tratado foram desfavoráveis a Portugal porque os panos ingleses eram fabricados com técnica apurada, muito superiores aos produzidos pela indústria portuguesa. Além disso, o acréscimo na exportação de vinho, decorrente do acordo não bastou para equilibrar a balança comercial entre ambos os países, acarretando enormes prejuízos aos lusitanos, pois, além do consumo pelos ingleses de seus vinhos jamais ter alcançado a mesma cota do consumo de tecidos ingleses, as suas terras cultiváveis foram, em grande parte, transformadas em vinícolas, causando uma escassez de alimentos a ponto de se recorrer à importação. Portugal não tinha quase nenhuma indústria, quase todos os produtos manufaturados consumidos em Portugal eram comprados na Inglaterra por preços altos. Restava como seu produto principal o vinho, que Portugal vendia aos ingleses, mas que não era suficiente para pagar tudo o que importava. Portugal devia muito dinheiro aos ingleses e, além disso, o comércio com os ingleses era muito importante para a economia portuguesa. Por causa disso, Portugal ficou cada vez mais dependente da Inglaterra, e para pagar suas dívidas, restava apenas recorrer ao ouro que obtinha do Brasil. A parte do ouro que ficava no Brasil era pequena, e aquela destinada a Portugal também não permanecia lá. Portanto, quem mais se beneficiou com o ouro brasileiro foi a Inglaterra. Com isso, sabemos que a alternativa correta é letra d).

Gabarito: D

2. (VUNESP/ 2012)

A exaltação dos bandeirantes, em São Paulo, está presente na nomenclatura de estradas, avenidas e monumentos. Monumentos que vão desde a bela obra do escultor Brecheret junto ao Parque Ibirapuera até o assustador Borba Gato, gigante de botas plantado no bairro de Santo Amaro. A estátua, aliás, é muito pouco realista, pois existem boas indicações de que muitos bandeirantes marchavam descalços.

(Bóris Fausto, História do Brasil)

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A exaltação dos bandeirantes descrita costuma omitir, mascarar e esconder algumas das suas atividades. Trata-se de uma tentativa de esquecer e apagar da História algumas ações não tão nobres dos bandeirantes, tais como

a) a descoberta de metais preciosos nas Minas Gerais.

b) a contribuição para a extensão territorial do Brasil.

c) o trabalho relacionado à produção de açúcar.

d) a contribuição com os jesuítas na catequização de indígenas.

e) o combate e a repressão aos quilombos

Comentários Havia 3 atividades fundamentais desenvolvidas pelos bandeirantes, entre os séculos XVI e XVIII, que definem 3 tipologias de bandeirismo, são elas:

Bandeira de apresamento: captura e aprisionamento de índios para vendê-los como escravos. Bandeira de Contrato – ou sertanismo de contrato: prestação de serviços a senhores de terra,

engenhos e escravos. Captura de escravos fugidos e destruição de quilombos. Bandeira de prospecção: procura de metais preciosos.

A questão nos pede para identificar as ações dos bandeirantes que não foram nobres. Portanto, não estamos falando da Bandeira de prospecção. Além disso, nenhuma das alternativas cita a captura ou o aprisionamento de índios. Assim, trata-se da bandeira de contrato. Bom, o bandeirismo de contrato também significava o aprisionamento de índios ou escravos africanos, contudo, era feito a pedido de senhores de terra e de escravos. Estes contratavam os bandeirantes para derrotar uma rebelião indígena, destruir algum quilombo ou outra forma de resistência dos escravizados. O melhor exemplo desse tipo de atividade foi a destruição do Quilombo dos Palmares. Diante disso, sabemos que o gabarito é letra e).

Gabarito: E

3. (VUNESP/ 2012)

O dia 21 de abril, data do enforcamento de Tiradentes, tornou-se feriado logo após a proclamação da República. Durante o Império, no entanto, a lembrança do episódio da Conjuração Mineira era incômoda, pois

a) os inconfidentes tinham demonstrado clara oposição à forma monárquica de governo.

b) a revolta nas Minas Gerais se declarou muitas vezes contrária à independência.

c) a escravidão, mantida no Império, foi questionada pelos inconfidentes, que defendiam a abolição.

d) a elite imperial se identificava com o Iluminismo, negado pelos revoltosos de 1789.

e) os dois imperadores do Brasil eram contrários aos impostos defendidos pelos inconfidentes.

Comentários A Conjuração Mineira foi uma revolta anticolonial, de caráter elitista e republicana. Provavelmente, foi o primeiro movimento colonial a receber influência direta dos ideais iluministas. Ela ocorreu na então capitania de Minas Gerais, Estado do Brasil, entre outros motivos, contra a execução da derrama e o domínio português, sendo reprimida pela Coroa portuguesa em 1789. Vejamos as alternativas:

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a) Correta. Uma das principais características desse movimento foi a defesa da República e a oposição à monarquia. b) Incorreta. Era um movimento separatista. c) Incorreta. Os inconfidentes não questionavam a escravidão. d) Incorreta. Os revoltosos se identificavam com o Iluminismo, a elite imperial não. e) Incorreta. Os inconfidentes se opunham aos impostos.

Gabarito: A

4. (VUNESP/ 2013)

Observe as imagens para responder à questão.

Os três produtos representados nas imagens estiveram relacionados à interiorização da colonização, principalmente entre os séculos XVII e XVIII. O processo histórico que explica essa relação é

a) a tentativa da Coroa Portuguesa de cultivar tais produtos na região do Maranhão e Grão-Pará, para garantir a Portugal a ocupação de um território historicamente pouco habitado.

b) a instalação de missões jesuíticas no atual sul do Brasil, o que garantiu a Portugal a posse sobre algumas terras que até então estavam sob o controle da Coroa Espanhola.

c) o movimento de conquista e desbravamento do interior do Nordeste por vaqueiros e pecuaristas, que cuidavam do gado ao mesmo tempo em que procuravam tais produtos.

d) a busca incessante dos bandeirantes por algumas riquezas no interior do país, entre as quais as “

especiarias tropicais”,mais valorizadas no comércio internacional do que o próprio ouro.

e) a exploração das drogas do sertão ao longo do vale amazônico tanto por jesuítas, preocupados também com a catequização dos indígenas, quanto por colonos.

Comentários

Cacau, Guaraná e Castanha do Pará são alguns dos produtos que ficaram conhecidos como "Drogas do Sertão". Para responder à questão, vamos relembrar o que estudamos na aula sobre esse tema:

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Grande parte do desenvolvimento econômico da região Norte se deu graças à atividade particular dos colonos ligada a economia coletora das chamadas drogas do sertão. Essa foi a base da atividade econômica amazonense por mais de 200 anos.

Drogas do sertão são produtos encontrados na Floresta Amazônica. São eles: cacau, baunilha, pimenta, urucum, cravo, canela, guaraná, castanhas, resinas aromáticas. Elas se pareciam e, muitas vezes, poderiam substituir as chamadas especiarias orientais (cravo, canela, pimenta, noz-moscada). São temperos, ervas medicinais ou aromáticas. Hoje, são muito utilizadas pela indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica.

Além dos colonos, essa região foi ocupada por várias missões religiosas que fundaram aldeamentos indígenas ao longo do Rio Amazonas e seus afluentes. Nessas missões além de realizar a atividade religiosa, os religiosos também exploravam a mão de obra indígena no extrativismo das drogas do sertão.

Tendo isso em mente, sabemos que a alternativa correta é letra e).

Gabarito: E

5. (VUNESP/ 2013)

Certa vez, um velho Tupinambá me perguntou: “Por que vocês, mairs [franceses] e perós

[portugueses], vêm de tão longe para buscar lenha? Por acaso não existem árvores na sua terra?” Respondi que sim, que tínhamos muitas, mas não daquela qualidade, e que não as queimávamos, como

ele supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir. “E precisam de tanta assim?”, retrucou o velho

Tupinambá. “Sim”, respondi, “pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que se possa imaginar, e um só deles compra todo o

pau-brasil que possamos carregar.”“Ah!”, tornou a retrucar o selvagem. “Você me conta

maravilhas. Mas me diga: esse homem tão rico de quem você me fala, não morre?” “Sim”, disse

eu, “morre como os outros”. Aqueles selvagens são grandes debatedores e gostam de ir ao fim em

qualquer assunto. Por isso, o velho indígena me inquiriu outra vez: “E quando morrem os ricos, para

quem fica o que deixam?” “Para seus filhos, se os têm”, respondi. “Na falta destes, para os irmãos

e parentes próximos.” “Bem vejo agora que vocês, mairs, são mesmo uns grandes tolos. Sofrem tanto para cruzar o mar, suportando todas as privações e incômodos dos quais sempre falam quando aqui chegam, e trabalham dessa maneira apenas para amontoar riquezas para seus filhos ou para aqueles que vão sucedê-los? A terra que os alimenta não será por acaso suficiente para alimentar a eles? Nós também temos filhos a quem amamos. Mas estamos certos de que, depois da nossa morte,

a terra que nos nutriu nutrirá também a eles. Por isso, descansamos sem maiores preocupações.” (BUENO, Eduardo. Pau Brasil. São Paulo: Axis Mundi, 2002)

O diálogo entre o pastor calvinista Jean de Léry (1534-1611) e o velho Tupinambá, travado em algum momento da estada de Léry no Rio de Janeiro, entre março de 1557 e janeiro de 1558, é revelador

a) da aliança entre portugueses e franceses no Atlântico sul, o que permitiu aos dois países explorarem conjuntamente as riquezas da América e, ao mesmo tempo, isolarem os espanhóis na porção mais ocidental do continente.

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b) da necessidade que Portugal tinha em exigir do papado um posicionamento favorável à partilha das

terras “recém-descobertas e por descobrir” apenas entre portugueses e espanhóis, o que só aconteceu no final do século XVII.

c) do permanente conflito ocorrido entre os povos nativos da América e os colonizadores europeus, que não conseguiram estabelecer nenhuma forma de diálogo com os povos indígenas e participaram de constantes guerras de extermínio.

d) da importância econômica que o pau-brasil tinha para os europeus no início da colonização e das intensas disputas entre portugueses e franceses pelas terras da América do Sul no século XVI, há pouco descobertas pela Coroa Portuguesa.

e) da proximidade de pensamento entre os povos indígenas e os franceses, em geral mais respeitosos na relação com a natureza e com os nativos da América do que os portugueses, responsáveis por uma prática econômica predatória

Comentários

O diálogo trata de um produto que foi extremamente explorado no início da colonização brasileira: o pau-brasil, árvore da qual era extraída uma tinta vermelha extremamente utilizada e valiosa na Europa para o tingimento de roupas, cujo lucro era remetido à Metrópole Portuguesa. No diálogo, observamos a conversa entre o pastor francês Jean de Léry e um indígena, o que retrata o grande interesse, por parte dos franceses, na extração do pau-brasil. A disputa pela ocupação e consequente extração destes produtos, em relação ao território brasileiro, aconteceu entre os séculos XVI e XVII, sendo que houve tentativas, por parte dos franceses, em colonizar o Brasil, tais como as expedições realizadas até o Rio de Janeiro em busca de implantar a França Antártica (1555), e em São Luís (1612), com o objetivo de implantar a França Equinocial. Ambas as tentativas, contudo, foram controladas pelos portugueses e não obtiveram o sucesso esperado. Vejamos as alternativas:

a) Incorreta. Essa aliança nunca existiu.

b) Incorreta. O texto traz um diálogo entre o pastor francês e um índio sobre a exploração do pau-brasil. Assim, nada tem a ver com a necessidade portuguesa de aprovação do papado.

c) Incorreta. O texto traz justamente um diálogo.

d) Correta, conforme discutimos anteriormente.

e) Incorreta. Os personagens tem opiniões divergentes.

Gabarito: D

6. (VUNESP/ 2015)

A guerra ou as guerras holandesas assistiram ao emprego crescente dos recursos locais, e decrescente dos da metrópole, tendência que se acentuou durante a restauração. (Evaldo Cabral de Mello, Olinda restaurada. Disponível em: <https://goo.gl/gLRQDz>. Adaptado)

Contribuiu(íram) para tal tendência

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a) o fato de que os luso-brasileiros já não dispunham do apoio da monarquia espanhola, de quem Portugal se separara há pouco, e a prioridade que tinha para Portugal a guerra contra a Espanha nas fronteiras do reino, e não o conflito no Brasil contra os holandeses.

b) a baixa importância econômica que Pernambuco e seu entorno representavam para Portugal à época, e, portanto, o apoio quase nulo dado pelos portugueses à expulsão dos holandeses, pois estavam mais preocupados com a exploração do ouro das Minas Gerais.

c) o aparecimento de vários quilombos em diferentes regiões da colônia portuguesa, entre eles o quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi e localizado no Nordeste, o que levou a Coroa Portuguesa a centrar todos os seus esforços na violenta repressão aos quilombos, visando a sua destruição.

d) o forte vínculo econômico que aproximava Portugal à Holanda, responsável pelo refino e pela comercialização de grande parte do açúcar português exportado para a Europa, o que tornava a guerra direta entre portugueses e holandeses algo incômodo e desinteressante.

e) o receio que tinha Portugal de que a guerra contra a Holanda pudesse insuflar a própria população contra a dominação portuguesa, acirrando os conflitos entre colônia e metrópole, e colocando em risco o projeto português de construção de um grande império colonial.

Comentários

A questão aborda um episódio muito importante da História do Brasil Colônia, o qual reflete alguns dos interesses europeus na colônia portuguesa: as guerras holandesas existentes no período conhecido como o da Restauração Portuguesa (a partir de 1640, com o fim da União Ibérica e a separação entre Espanha e Portugal). Neste sentido, é possível observar que a metrópole portuguesa não se empenhou, diretamente, em expulsar os holandeses do Brasil, uma vez que se encontrava em pleno processo de Restauração e luta contra o reino espanhol. Vejamos as alternativas:

a) Correta, conforme discutimos anteriormente.

b) Incorreta. Pernambuco era muito importante economicamente para Portugal. Além disso, o ouro só foi descoberto no fim do século XVII.

c) Incorreta. De fato, na segunda metade do século XVII ocorreu a Guerra dos Palmares. Contudo, não é disso que o texto trata. Isso porque ele mostra que a metrópole estava afastada da colônia, não apenas da economia açucareira.

d) Incorreta. A tendência descrita é o afastamento entre metrópole e colônia, o que acaba resultando em certa autonomia colonial.

e) Incorreta. Segundo o texto, Portugal não se empenhou em expulsar os Holandeses pois vivia outro problema.

Gabarito: A

7. (VUNESP/ 2016)

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Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade – daremos ao mundo o “homem cordial”, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal.

(Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. Adaptado)

O “meio rural e patriarcal” a que se refere o trecho está relacionado

a) à exploração das drogas do sertão no vale amazônico, em que os comandantes das expedições de extrativismo cumpriam o papel simultâneo de autoridades públicas e agentes comerciais.

b) à interiorização da ocupação no vale do Rio São Francisco, graças à expansão da pecuária que abastecia os engenhos da zona da mata, centrada na figura dos vaqueiros.

c) à produção de açúcar no engenho, no qual se constituíram relações sociais marcadas pela escravidão e pelo convívio familiar, organizadas em torno da autoridade do senhor.

d) ao bandeirantismo, em que os bandeirantes portugueses exerciam o poder sobre uma vasta população de negros, índios e mestiços que adentravam o continente em busca de ouro.

e) às missões jesuíticas, em que os jesuítas escravizavam povos indígenas com o objetivo de explorar a sua mão de obra para fins comerciais relacionados à monocultura exportadora.

Comentários

A questão traz um texto de Sérgio Buarque de Holanda, um dos mais importantes historiadores brasileiros. Em seu famoso livro “Raízes do Brasil”, o autor procura criticar um aspecto presente na sociedade brasileira, o qual ele nomeia como a cordialidade e que é visto desde o período colonial, enquanto herança das relações privadas e que, de forma característica, se expande para as relações públicas dentro da sociedade. Dito isto, um exemplo claro em que se envolvem as relações rurais e patriarcais, citadas pelo historiador, encontra-se nos engenhos de açúcar, localizados em grandes porções de terras pertencentes ao senhor de engenho e que, dessa forma, as relações sociais eram marcadas, por parte dos escravos, pelo trabalho compulsório e, por parte da autoridade senhorial, no convívio da sua família em torno de sua figura. Assim sendo, os engenhos de açúcar eram lugares nos quais as relações sociais refletiam as diferenças existentes entre os mais ricos e aqueles que deveriam se dedicar ao trabalho braçal, em torno da figura patriarcal do senhor de engenho. Tendo isso em mente, a alternativa correta é letra c).

Gabarito: C

8. (VUNESP/ 2017)

Observe a imagem a seguir.

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O Padre Antônio Vieira fez parte do esforço missionário jesuíta na América, que via a catequese como fundamental em um contexto de

a) ampliação das atividades econômicas agroexportadoras na América portuguesa, o que tornou a cristianização de povos indígenas parte fundamental na arregimentação de

mão de obra escravizada para o trabalho nos engenhos coloniais.

b) intensificação do processo de interiorização da presença portuguesa na América do Sul, o que fortaleceu a aliança entre jesuítas e bandeirantes, com o objetivo de dominarem os nativos e ampliarem as possessões portuguesas no continente.

c) refluxo da Igreja Católica na Europa por conta das Reformas protestantes, o que levou alguns jesuítas a se aproximarem das línguas nativas para cristianizarem os ameríndios com o objetivo de conquistar novos fiéis para a Igreja.

d) aprofundamento das disputas e conflitos entre a Coroa Portuguesa e os jesuítas, o que resultaria, poucos anos depois, na expulsão da Companhia de Jesus da América devido aos enclaves autônomos das missões no continente.

e) disputa entre as Coroas Espanhola e Portuguesa pelas terras da América do Sul, de tal forma que os jesuítas constituíram-se como aliados estratégicos dos portugueses na ampliação dos seus domínios territoriais coloniais.

Comentários:

A Companhia de Jesus, fundada em 1534 por Inácio de Loyola e cujos membros são conhecidos como jesuítas, teve um papel fundamental na propagação da fé católica em meio ao contexto das Reformas Protestantes da Europa, a partir de 1517, com Martinho Lutero e a redação das suas “95 Teses” na Alemanha. Em meio a um refluxo da doutrina da Igreja Católica na Europa, marcada por escândalos de venda de indulgências (perdão), usura, luxo excessivo, dentre outros aspectos, procurou-se alcançar aqueles povos que, segundo se afirmava, não possuíam religião (fato este que sabemos que não condiz com a realidade, uma vez que os nativos possuíam deuses e rituais religiosos próprios, porém, diferentes daqueles que pertenciam ao catolicismo). Neste sentido, as missões jesuíticas se direcionaram à cristianização de ameríndios, em busca de alcançar novos fiéis e fortalecer a Igreja Católica, na qual o Padre Antônio Vieira esteve inserido com os seus famosos “Sermões”. Era comum, ademais, que os jesuítas aprendessem as

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línguas nativas, com o intuito de se comunicarem mais facilmente e, dessa forma, propagar a fé católica através da catequização dos ameríndios. Assim, o gabarito é letra c).

Gabarito: C

9. (VUNESP/ 2018)

Observe a imagem e leia o trecho a seguir.

“As tropas holandesas e luso-brasileiras enfrentaram-se nos montes Guararapes em 1648 e 1649. Nas duas ocasiões, as bem treinadas forças da Holanda foram derrotadas por uma milícia local da colônia portuguesa. As batalhas travadas nos Guararapes são consideradas decisivas para a expulsão dos holandeses, que ainda levaria cinco anos para se concretizar.”

(Lilia M. Schwarcz; Heloisa M. Starling. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Adaptado)

O detalhe da obra destacado na questão evidencia

a) a importância da escravização de negros para a vitória luso-brasileira contra os holandeses, na medida em que os invasores eram contrários à utilização da mão de obra negra escravizada na produção de açúcar.

b) a violência do processo de escravização, pois os negros presentes nas batalhas estavam lá apenas obedecendo ordem de seus senhores e correndo o risco de serem castigados em caso de derrota para os holandeses.

c) a ideia de traição associada a Calabar no contexto das batalhas, na medida em que os negros e mestiços brasileiros lutaram ao lado dos holandeses como forma de resistência à escravização promovida pelos senhores luso-brasileiros.

d) as contradições da sociedade luso-brasileira do século XVII, na medida em que os senhores prometeram a alforria aos negros escravizados que participassem das batalhas contra os holandeses.

e) a perspectiva de expulsão dos holandeses feita à base de mistura racial, constituindo-se numa espécie de marco zero de criação da nação brasileira, devido à presença de negros e mestiços escravizados e forros nas batalhas.

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A Batalha dos Guararapes foi uma batalha travada em dois confrontos — primeiro em 18 e 19 de abril de 1648 e depois em 19 de fevereiro de 1649 — entre o Exército da Holanda e os defensores do Império Português no Morro dos Guararapes na então Capitania de Pernambuco. Os defensores do Império Português eram os luso-portugueses que viviam em Pernambuco, alguns negros e mestiços libertos e escravizados, além de índios potiguares, que formaram uma resistência local. A dupla vitória portuguesa, nos montes Guararapes, é considerada o episódio decisivo da Insurreição Pernambucana, que pôs fim às invasões holandesas no Brasil e ao chamado "Brasil Holandês", no século XVII. Tal obra representa uma espécie de primórdio da criação da nação brasileira, uma vez que apresenta a mistura racial que teria derrotado os holandeses. Vejamos as alternativas:

a) Incorreta. Eles utilizam mão-de-obra negra escravizada.

b) Incorreta. Todo o exército retratado é composto por negros e mestiços, de maneira que não há uma distinção entre escravizados e livres.

c) Incorreta. Os negros e mestiços brasileiros lutaram contra os holandeses.

d) Incorreta. Nem a obra, nem o texto fazem qualquer referência à essa questão.

e) Correta, conforme discutimos anteriormente.

Gabarito: E

10. (VUNESP/ 2019)

A ênfase fortemente regionalista dos inconfidentes inclinava-se, às vezes, para o nacionalismo econômico. Isto era mais explícito nos pronunciamentos do alferes Tiradentes, embora ele não estivesse isolado em tal posição. Silva elogiava a beleza de Minas e apontava seus recursos naturais. Livre, republicano, industrializado, continuava o propagandista, o Brasil não teria necessidade de importar mercadorias estrangeiras. (Kenneth R. Maxwell. A devassa da devassa: a Inconfidência Mineira, Brasil – Portugal, 1750-1808, 1978. Adaptado)

Os projetos defendidos pelos inconfidentes podem ser explicados pela conjuntura histórica de

a) reafirmação da prática econômica mercantilista e de instauração na metrópole portuguesa do absolutismo monárquico.

b) avanço dos movimentos socialistas de contestação social e de difusão da concepção de igualdade natural dos homens.

c) consolidação das independências políticas latino-americanas e de retração das riquezas proporcionadas pelas exportações agrícolas brasileiras.

d) crítica ao Antigo Regime europeu e de aumento do peso da exploração colonial com o declínio da produção aurífera.

e) disputas econômicas entre metrópoles coloniais e de guerras permanentes entre economias industrializadas europeias.

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A questão nos pede para identificar qual a conjuntura histórica em que ocorreu a Inconfidência Mineira e como o projeto defendido pelos inconfidentes se relaciona com ela. Para responder, vamos relembrar o que foi esse movimento e quando aconteceu. Bom, a conjuração mineira foi uma revolta anticolonial, de caráter elitista e republicana. Provavelmente, foi o primeiro movimento colonial a receber influência direta dos ideais iluministas. Importante lembrar que o Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa; ele defendia o uso da razão, se opunha ao antigo regime e pregava maior liberdade econômica e política. Os inconfidentes pretendiam iniciar a revolta no dia da derrama (cobrança forçada dos impostos), pois a coroa portuguesa pressionava para envio de ouro dado que em 1789, ano da inconfidência, já havia cinco anos que as remessas do mineral não eram enviadas, parte devido ao contrabando parte devido ao esgotamento das jazidas. Diante disso, a alternativa certa é letra d).

Gabarito: D

11. (VUNESP/ 2002)

"Já se verificando nesta época a diminuição dos produtos das Minas, viu-se o capitão Bom Jardim obrigado a voltar suas vistas para a agricultura (...) Seus vizinhos teriam feito melhor se tivessem seguido exemplo tão louvável em vez de desertar o país, quando o ouro desapareceu."

(John Mawe. "Viagens ao Interior do Brasil, principalmente aos Distritos do Ouro e Diamantes".)

Segundo as observações do viajante inglês, os efeitos imediatos da decadência da extração aurífera em Minas Gerais foram

a) a esterilização do solo mineiro e a queda da produção agropecuária.

b) a crise econômica e a consolidação do poder político das antigas elites mineiras.

c) a instalação de manufaturas e a suspensão dos impostos sobre as riquezas.

d) a conversão agrícola da economia e o esvaziamento demográfico da província.

e) a interrupção da exploração do ouro e a decadência das cidades.

Comentário

Pela interpretação do texto vemos que ele narra uma espécie de evasão populacional com a queda da extração do ouro. De fato, principalmente pessoas com mais recursos migraram para outras regiões. Assim, o item D pode ser assinalado. Não houve esterilização do solo com a mineração e, ao contrário do que propõe o item A, houve aumento da produção agropecuária pois a exportação de couro e carne ganharam destaque. Além do aumento da produção de milho.

Não havia antigas elites para ocupar o poder de uma região que foi descoberta e desenvolvido devido ao ouro, por isso, item B está errado.

Como já falamos, no momento da crise a metrópole intensificou a cobrança de impostos. Item C errado.

Cuidado para não confundir decadência com o fim de uma produção. Nem o açúcar e nem o ouro deixou de serem explorados porque entraram em crise. Ocorre transformações, mas não fim. Assim, o item E está errado justamente porque afirma que a produção de ouro foi interrompida.

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Gabarito: D

12. (VUNESP /1999)

"E o pior é que a maior parte do ouro que se tira das minas passa em pó e em moedas para os reinos estranhos e a menor é a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil, salvo o que se gasta em cordões, arrecadas e outros brincos, dos quais se veem hoje carregadas as mulatas de mau viver e as negras, muito mais que as senhoras".

(André João Antonil. "Cultura e opulência do Brasil", 1711.)

No trecho transcrito, o autor denuncia:

a) a corrupção dos proprietários de lavras no desvio de ouro em seu próprio benefício e na compra de escravos.

b) a transferência do ouro brasileiro para outros países em decorrência de acordos comerciais internacionais de Portugal.

c) o prejuízo para o desenvolvimento interno da colônia e da metrópole gerado pelo contrabando de ouro brasileiro.

d) o controle do ouro por funcionários reais preocupados em esbanjar dinheiro e dominar o poder local.

e) a ausência de controle fiscal português no Brasil e o desvio de ouro para o exterior pelos escravos e mineradores ingleses.

Comentário

Queridos essa era uma questão que poderia ter sido realizada por meio de uma boa interpretação do excerto de texto e das questões. Mas se você soubesse que o ouro brasileiro foi transferido para Inglaterra por meio dos acordos que Portugal mantinha com a monarquia britânica ficaria mais fácil e você iria assinalaria direto o item B: “a transferência do ouro brasileiro para outros países em decorrência de acordos comerciais internacionais de Portugal”.

Comentemos os erros das demais alternativas:

O texto não trata sobre corrupção de senhores, como sugere a alternativa A.

O que se afirma no item C é errado e não consta no texto do Padre Antonil, afinal, a falta de desenvolvimento da colônia é furto da exploração que Portugal impunha aos colonos.

Embora pudesse ser verdade sobre a opulência de funcionários, não é sobre esse assunto o texto de Antonil.

Por fim, o item E está equivocado pois a metrópole intensificou a cobrança de impostos, e não o contrário como está expresso nessa alternativa.

Gabarito: B

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13. (VUNESP /2016)

A partir de 1750, com os Tratados de Limites, fixou-se a área territorial brasileira, com pequenas diferenças em relação a configuração atual. A expansão geográfica havia rompido os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas. No período colonial, os fatores que mais contribuíram para a referida expansão foram:

a) criação de gado no vale do São Francisco e desenvolvimento de uma sólida rede urbana.

b) apresamento do indígena e constante procura de riquezas minerais.

c) cultivo de cana-de-açúcar e expansão da pecuária no Nordeste.

d) ação dos donatários das capitanias hereditárias e Guerra dos Emboabas.

e) incremento da cultura do algodão e penetração dos jesuítas no Maranhão

Comentário

Só para refrescar a memória, o Tratado de 1750 é o de Madri (volta na aula para ver o mapa). Agora, essa é aquele tipo de questão que sai misturando informações certas com erradas, até porque os itens elencam 2 fatores, quando o mais comum é falar em 3. Vamos lembrar:

➢ Pecuária, nas regiões Norte e Sul

➢ Drogas do sertão e algodão: Norte

➢ Bandeirismo: sendo que dos 3 tipos, aprisionamento indígena, expedição de busca de ouro e sertanismo de contrato, apenas os 3 ajudaram a interiorizar o território.

Tendo isso em mente, qual o item tem 2 informações corretas: item B.

Vejamos os erros:

a- Desenvolvimento de rede urbana (isso foi uma consequência da economia aurífera) b- Está correto. As duas atividades foram desenvolvidas pelos bandeirantes c- Cana de açúcar foi produzida no litoral. d- Os donatários em dana contribuíram para interiorizar e- O algodão não contribuiu porque ocorreu na região já ocupada do Maranhão.

Gabarito: B

14. (VUNESP/ 2007)

Observe o mapa e responda.

a) O meridiano de Tordesilhas, enquanto esteve em vigor, obstruiu a efetiva ocupação do interior do território brasileiro.

b) As riquezas do Vice-Reinado do Rio da Prata atraíram muitos aventureiros em busca de fortuna fácil e que acabaram por se fixar na região sul do Brasil.

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c) A busca por pau-brasil e terras férteis para a cana-de-açúcar impulsionou a derrubada da mata atlântica e a fixação do colonizador no sertão nordestino.

d) Apesar do aspecto extensivo da atividade, a pecuária desempenhou importante papel no processo de interiorização da ocupação.

e) O intenso povoamento da Região Norte causou sérios problemas para a Metrópole, que não dispunha de meios para abastecer a área.

Comentário Queridos e queridas, o mapa está aí de ilustração porque ele não ajuda muita coisa. Portanto, vamos analisar item por item para ver onde tem informações equivocadas.

• Item A está incorreto, pois as definições do Tratado nunca foram respeitadas, sobretudo, no período da União Ibérica. No século XVIII, devido a expansão territorial e ocupação de áreas no Sul, Portugal e Espanha readequaram as definições de fronteira por meio de diversos Tratados. Lembrando:

1715: Tratado de Ultrech 1750: Tratado de Madri

1777: Tratado de Santo Ildefonso 1801: Tratado de Badajós

• A região da Bacia do rio Prata, como vimos, foi ocupada pelos jesuítas e depois por colonos portugueses que desenvolveram a pecuária. Não se tratou de ocupação de aventureiros, como sugere o item B.

• Esse item C poderia ser respondido sem o mapa se você conhecesse um pouco da economia, e da localização da produção. Assim, o colonizador que extraiu o pau-brasil e desenvolveu a cana não se fixou no sertão, mas no litoral. Se você não soubesse disso poderia olhar o mapa. Coloco um mapa um pouco melhor para você estudar:

• Olha essa adversativa aí na questão “apesar” está esquisita, porque, afinal, foi justamente pelo fato de a pecuária ser extensiva que possibilitou a interiorização da ocupação tal como acertadamente propõe a questão. Mas, entre todas as que discutimos, me parece que esse apesar não interferiu na escolha da banca. Até mesmo devido aos erros dos demais itens, esse apesar ficou irrelevante, apesar de esquisito.

Gabarito: D

15. (EsFCEx/2019)

A respeito da ocupação territorial da Capitania de São Vicente e do contato dos portugueses com os nativos, analise as afirmativas a seguir:

I. Ao chegarem a São Vicente, os primeiros portugueses, reconhecendo de imediato a importância fundamental da guerra nas relações intertribais, procuraram tirar proveito delas para efetivarem a ocupação da terra.

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II. Considerando o estado de unidade política que imperava no Brasil indígena, as perspectivas de conquista, dominação e exploração passariam por alianças forjadas por rivalidades que não havia entre os nativos, o que levaria ao rompimento de sua unidade e, consequentemente, à sua total aniquilação.

III. Aos olhos dos invasores, a presença de um número considerável de prisioneiros de guerra prometia um possível mecanismo de suprimento de mão de obra cativa para os eventuais empreendimentos coloniais.

IV. Os índios percebiam vantagens imediatas na formação de alianças com os europeus, particularmente nas ações bélicas conduzidas contra os inimigos mortais.

Assinale

A) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.

B) se apenas as afirmativas II, III e IV estiverem corretas.

C) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.

D) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.

E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Comentários

I - certa a afirmação. Como estratégia de dominação, os portugueses notaram as divergências existentes entre os indígenas e buscaram explorar as especificidades com método de conquista de territórios e dominação.

II - repare que esta afirmação contraria o que está no item I e faz uma afirmação exagerada: a de que os indígenas teriam sido completamente aniquilados.

III - certo. A mão de obra indígena escravizada foi utilizada na extração do Pau Brasil e no início dos Engenhos açucareiros.

IV - Veja que não somente os portugueses percebiam estrategicamente as alianças com os indígenas, mas estes também. Dessa forma, por mais que a intenção dos portugueses tenha sido dominar as terras por completo, também é verdade que indígenas enxergavam a aproximação com os colonizadores como uma forma de combater etnias ou povoados rivais.

Agora, olha o BIZU, sabendo que a II está errada, você já chegaria no gabarito.

Gabarito: C

16. (EsFCEx/2019)

Durante o período colonial brasileiro, as atividades econômicas que mais se destacaram foram a agromanufatura açucareira e a mineração. A respeito dessas atividades, assinale a afirmativa correta.

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A) Na zona açucareira, os escravos urbanos gozavam de maior liberdade do que na zona mineira, uma vez que podiam ser artesãos, vendedores, carregadores, escravos do ganho ou escravos de aluguel para tarefas diversas, atividades incompatíveis com as da mineração.

B) A procura pela mão de obra negra africana nos engenhos contradiz a tese que afirma ser o tráfico negreiro o gerador da escravidão de africanos, ou seja, que a oferta teria precedido a procura.

C) Com a expansão da mineração, deu-se, nesse período, uma drástica redução da escravidão negra na região Sudeste, uma vez que se passou a empregar, nessa área, exclusivamente, o trabalho de mineiros livres, ou seja, de imigrantes portugueses.

D) Um dos efeitos da mineração foi o surgimento de uma larga rede urbana nas zonas das minas e o crescimento do tamanho e de importância de São Salvador, porto de abastecimento das minas, de saída do ouro e capital colonial, até a chegada da Corte portuguesa, em 1808.

E) No século XVII, o Sudeste do Brasil se transformou em região típica de plantations açucareiras, que se assentavam, sobretudo, no trabalho de escravos africanos comprados aos holandeses que dominavam a região Nordeste.

Comentários

A) Falso, pois na zona açucareira os escravos estavam concentrados na zona rural. Na verdade, é o contrário do que a alternativa alega. A urbanização se desenvolveu mais nas cidades próximas às minas de metais preciosos. Assim, a condição de "maior liberdade" para os escravos ocorreu nas cidades mineiras.

B) Um pouco confusa, mas pode ser considerada correta, bastando um raciocínio lógico de oferta-demanda. Veja, os escravos eram "coisas", mercadorias. Assim, na medida em que essa mercadoria passou a ser necessária para as atividades do processo produtivo açucareiro, o fluxo do tráfico negreiro aumentou.

C) falso, pois a mão de obra escrava não sofreu drástica redução e não houve exclusivamente trabalho livre. O trabalho escravo foi fundamental para o processo do ciclo de exploração do ouro.

D) Falso, pois, com a exploração do ouro na região Sudeste do Brasil, os portos do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram a sofrer um fluxo mais intenso de atividades comerciais. A remessa do ouro para Portugal era escoada por esses portos. A região nordeste foi perdendo importância.

E) falso, pois a exploração da produção açucareira foi mais desenvolvida na região nordeste. No sudeste, as condições para o cultivo da cana eram piores.

Gabarito: B

17. (EsFCEx/2018)

No século XVI o açúcar tornou-se o principal produto de exportação brasileiro e não perdeu essa posição predominante até meados do século XVIII, quando o Brasil abarrotou os cofres da

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Europa... (com a venda desse produto agrícola)... e, ajudou a impulsionar a Revolução Industrial.

(Schwartz, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p 144.)

Analise as afirmações a seguir, e assinale a alternativa correta sobre a economia colonial brasileira no período denominado como “ciclo do açúcar”.

I – A dinâmica do funcionamento da economia açucareira esteve sempre relacionada ao comércio internacional desse produto e as mudanças políticas e econômicas vigentes no mundo atlântico.

II – A dimensão comercial da indústria açucareira garantiu que o açúcar brasileiro chegasse aos mercados europeus desde o início do século XVI e contribui consideravelmente para a formação de uma importante comunidade mercantil no Brasil.

III – Apesar da magnitude desse comércio ele não exigia grandes investimentos em mão de obra e, portanto, pouco alterou a estrutura demográfica e social da colônia.

a) Somente II e III estão corretas.

b) Todas estão corretas.

c) Somente I e II estão corretas.

d) Somente I e III estão corretas.

e) Somente III está correta.

Comentários

I – geralmente, desconfiamos quando alguma questão de concurso apresenta generalizações como a expressão “esteve sempre relacionada”, mas, neste caso, está certo. Isso porque, o sistema estrutura agrária monocultora e latifundiária voltada para exportação (plantation) estava determinado pela dinâmica do mercado internacional (externo). Lembre-se desse esqueminha:

II – Correto também. Foi a partir da civilização do açúcar que outros tipos de atividade mercantil começaram a se desenvolver, como a pecuária.

III – falso. Basta pensarmos nos contingentes de escravizados africanos que chegaram ao Brasil.

Gabarito: C

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18. (EsFCEx/2016)

“...a grande lavoura que produz para exportação, e a agricultura que chamei de “subsistência”, por destinar-se ao consumo e à manutenção da própria colônia. [...] Há naturalmente entre estes setores um terreno em comum.”(grifos do autor)

PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 23. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994. p. 157.

Marque a alternativa correta, a partir da afirmação acima de Caio Prado, sobre a agricultura de subsistência no Brasil Colônia.

(A) Tanto os produtos da grande lavoura, quanto os da agricultura de subsistência se consumia no país e, também, exportava. A diferença estava na natureza econômica intrínseca de cada categoria de atividade produtiva e no seu objetivo primário.

(B) A cachaça era um subproduto e a sua produção volumosa independia da produção do açúcar, porque seu objetivo primário era atender a grande demanda interna.

(C) O algodão que servia para confecção de tecidos grosseiros para a vestimenta de escravos não entrou na lista de produtos exportados.

(D) No caso do arroz, produzido, principalmente, no Maranhão em grande volume, o estímulo era para o comércio interno.

(E) A grande lavoura e a agricultura de subsistência se distinguem, pois a segunda era encontrada fora dos engenhos e dos domínios das grandes propriedades.

Comentários

b) duplamente falso. Primeiro porque, com subproduto do refino do açúcar, quanto mais cana-de-açúcar disponível, maior a produção de cachaça. Segundo porque a cachaça, além de um produto exportado, também foi usada como “moeda” de troca em atividades comerciais voltadas para o mercado externo.

c) falso, pois o algodão, principalmente da região norte e nordeste, embora tenha sido usado apenas para a confecção de tecidos para escravizados e para embalo de produtos, depois passou para produto de exportação. O ciclo do algodão no Brasil foi um dos ciclos econômicos do país e aconteceu entre meados do século XVIII e o começo do século XIX, fruto da demanda têxtil promovida pela Revolução Industrial. A exportação do algodão em grandes quantidades teve relação direta com o surgimento das primeiras instalações industriais europeiasVeremos este assunto em aula futura.

d) pense no seguinte: toda produção em larga escala no Brasil Colônia era para o mercado externo, isso porque, o desenvolvimento do sistema de plantation foi responsável pela predominância de uma determinada lógica de exploração das terras no Brasil Colonial. Nesse sentido,

Entre a crise da economia colonial, sustentada pela exportação aurífera e pela produção açucareira

e a emergência da hegemonia cafeeira, o Brasil experimentou uma extraordinária diversificação

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das suas exportações, oferecendo uma grande variedade de produtos aos países europeus em fase.

de crescimento acelerado e arranque industrial. (...) Contudo, apenas 13 produtos do conjunto dos

126 representavam 83,2% do valor global das exportações no período de 1796 a 1811. Por ordem

de importância temos: açúcar branco, algodão, açúcar mascavado, couros secos, arroz, tabaco,

cacau, café, vaquetas, aguardente, couros salgados, meios de sola e atanados. (...)

O comércio com o Maranhão era visto positivamente, pois:

"A agricultura do algodão e arroz nesta capitania tem florescido, e vemos pelo seu comercio-

produtivo de Importação de que nos provém o surgimento da Marinha, pois montam a 42 os navios

carregados de gêneros que exportou para as Praças de Lisboa e Porto no corrente anno. Direitos

que dellas se recebem nas alfândegas, e grande commercio com as nações estrangeiras donde

resultão tantas vantagens a este Reino" (6),34

E) errado porque também havia produção para o consumo dos moradores do próprio Engenho.

Gabarito: A

19. (FGV 2018)

A agromanufatura da cana resultaria em outro produto tão importante quanto o açúcar: a cachaça. Alambiques proliferaram ao longo dos séculos coloniais. A comercialização da bebida afetava profundamente a importação de vinhos de Portugal. Esse comércio era obrigatório, pois por meio dos tributos pagos pelas cotas do vinho importado é que a Coroa pagava as suas tropas na Colônia. A cachaça produzida aqui passou a concorrer com os vinhos, com vantagens econômicas e culturais. Essa concorrência comercial entre colônia e metrópole se estendeu para as praças negreiras e rotas de comercialização de escravos na África portuguesa. A cachaça brasileira, por ser a bebida preferida para os negócios de compra e venda de escravos africanos, colocou em grande desvantagem a comercialização dos vinhos portugueses remetidos à África. A longa queda de braço mercantil acabou favorecendo afinal a cachaça, porque sem ela, nada de escravos, nada de produção na Colônia, com consequências graves para a arrecadação do reino.

(Ana Maria da Silva Moura. Doce, amargo açúcar. Nossa História, ano 3, no 29, 2006. Adaptado)

A partir dessa breve história da cachaça no Brasil, é correto afirmar que

a) essa produção prejudicou os negócios relacionados ao açúcar, porque desviava parte considerável da mão de obra e dos capitais, além de incentivar o tráfico negreiro em detrimento do uso do trabalho compulsório indígena, que mais interessava ao Estado português.

b) esse item motivou recorrentes conflitos entre as elites colonial e metropolitana, condição em parte solucionada quando as regiões africanas fornecedoras de escravos tornaram-se também produtoras de cachaça, o que desestimulou a sua produção na América portuguesa.

c) essa bebida tem uma trajetória que comprova a ausência de domínio da metrópole sobre a América portuguesa, porque as restrições ao comércio e à produção de mercadorias no espaço colonial não surtiam efeitos práticos e coube aos senhores de engenho impor a ordem na Colônia.

34 ARRUDA, José Jobson de Andrade. A economia brasileira no fim da época colonial: a diversificação da

produção, o ganho de monopólio e a falsa euforia do Maranhão. Revista de História – USP.

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d) esse produto desrespeitava um princípio central nas relações que algumas metrópoles europeias impunham aos seus espaços coloniais, nesse caso, a quebra do monopólio de grupos mercantis do reino e a concorrência a produtos da metrópole.

e) essa mercadoria recebeu um impulso importante, mesmo contrariando as determinações metropolitanas, mas, gradativamente, perdeu a sua importância, em especial quando o tabaco e os tecidos de algodão assumiram a função de moeda de troca por escravos na África.

Comentários

Segundo o texto, a fabricação de cachaça/aguardente como produto da lavoura canavieira colonial teve enorme importância não só para o consumo interno, mas também no escambo de escravos africanos. Concorrendo vantajosamente com os vinhos metropolitanos, o comércio da bebida brasileira feria dois princípios estabelecidos pelo Pacto Colonial mercantilista: diminuía as rendas da metrópole – inclusive a arrecadação tributária – e afetava o monopólio português sobre a venda de bebidas na colônia. Assim, sabemos que a alternativa certa é letra d). Vejamos por que as outras estão erradas:

a) O Estado Português tinha mais interesse na escravização de africanos e no tráfico negreiro do que na escravização de indígenas.

b) O texto não menciona qualquer coisa sobre a produção de cachaça na África, ele discorre apenas sobre o comércio desse produto em território africano.

c) A metrópole esteve muito presente no processo de dominação da colônia.

e) Esse produto não recebeu qualquer estímulo metropolitano.

Gabarito: D

20. (FGV 2018)

Como a sociedade do reino e as dos núcleos mais antigos de povoamento – a de Pernambuco, Bahia ou São Paulo – seguiam, em Minas, os princípios estamentais de estratificação, ou seja, pautavam-se pela honra, pela estima, pela preeminência social, pelo privilégio, pelo nascimento. A grande diferença é que, em Minas, o dinheiro podia comprar tanto quanto o nascimento, ou “corrigi-lo”, bem como a outros “defeitos” (...) Como rezava um ditado na época, “quem dinheiro tiver, fará o que quiser”.

(Laura de Mello e Souza. Canalha indômita. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 1, n.o 2, ago. 2005. Adaptado)

No Brasil colonial, tais “defeitos” referem-se

a) aos que fossem acusados pelo Tribunal da Santa Inquisição e aos que estivessem na Colônia sem a permissão do soberano português.

b) ao exercício de qualquer prática comercial desvin - culada da exportação e à condição de não ser proprietário de terras e escravos.

c) aos que explorassem ilegalmente o trabalho com - pulsório dos indígenas e aos colonos que não fizessem parte de alguma irmandade religiosa.

d) aos colonos que se casavam com pessoas vindas da Metrópole e aos que afrontassem, por qualquer meio, os chamados “homens bons”.

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e) aos de sangue impuro, representados pela ascendência moura, africana ou judaica, e aos praticantes de atividades artesanais ou relacionadas ao pequeno comércio.

Comentários

Essa é uma questão de interpretação de texto basicamente. Bom, o trecho transcrito refere-se à possibilidade, na sociedade de Minas Gerais, de que as pessoas endinheiradas pudessem alterar dados de seu nascimento, fazendo desaparecer referências a uma ascendência considerada “impura”, podendo, dessa forma, “ascender” socialmente (dentro dos padrões de estratificação vigentes na época).

Gabarito: E

21. (FGV 2017)

O que queremos destacar com isso é que o tráfico atlântico tendia a reforçar a natureza mercantil da sociedade colonial: apesar das intenções aristocráticas da nobreza da terra, as fortunas senhoriais podiam ser feitas e desfeitas facilmente. Ao mesmo tempo, observa-se a ascensão dos grandes negociantes coloniais, fornecedores de créditos e escravos à agricultura de exportação e às demais atividades econômicas. Na Bahia, desde o final do século XVII, e no Rio de Janeiro, desde pelo menos o início do século XVIII, o tráfico atlântico de escravos passou a ser controlado pelas comunidades mercantis locais (...). João Fragoso et alii. A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX), 1998.

O texto permite inferir que

a) o tráfico atlântico de escravos prejudicou a economia colonial brasileira porque uma enorme quantidade de capitais, oriunda da produção agroindustrial, era remetida para a África e para Portugal.

b) as transações comercias envolvendo a África e a América portuguesa deveriam, necessariamente, passar pelas instâncias governamentais da Metrópole, condição típica do sistema colonial.

c) a monopolização do tráfico negreiro nas mãos de comerciantes encareceu essa mão de obra e atrasou o desenvolvimento das atividades manufatureiras nas regiões mais ricas da América portuguesa.

d) as rivalidades econômicas e políticas entre fidalgos e burgueses, no espaço colonial, impediram o crescimento mais acelerado da produção de outras mercadorias além do açúcar e do tabaco.

e) nem todos os fluxos econômicos, durante o processo de colonização portuguesa na América, eram controlados pela Coroa portuguesa, revelando uma certa autonomia das elites coloniais em relação à burguesia metropolitana.

Comentários

Mais uma questão que depende bastante do texto. Segundo o autor, o tráfico negreiro e outras atividades econômicas coloniais escaparam do controle da burguesia portuguesa e mesmo da própria Coroa. De maneira que passaram para as mãos de grupos locais ligados às práticas comerciais e financeiras. Isso revelou, de certa forma, uma autonomia das elites coloniais. Vamos para as alternativas:

a) Incorreta. Esse comércio só não era favorável a Portugal, uma vez que não lucrava em cima dele.

b) Incorreta. O texto mostra justamente que algumas transações fugiam do controle da metrópole.

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c) Incorreta. O autor mostra que esse monopólio era quebrado em alguns momentos.

d) Incorreta. O texto não comenta nada sobre isso.

e) Correta, conforme discutimos anteriormente.

Gabarito: E

22. (FGV 2015)

Caracteriza a agricultura colonial no Brasil do final do século XVIII:

a) a importância alcançada pela produção de tabaco em São Paulo e em Minas Gerais, que ocorreu após o Conselho Ultramarino ter permitido esse cultivo, o que favoreceu a sua troca com manufaturas inglesas e francesas.

b) um novo produto, o trigo, foi beneficiado pela estrutura originada da Revolução Industrial, que aprofundou a divisão entre os papéis a serem exercidos pelas nações, isto é, as ricas, produtoras de industrializados e, as pobres, de matériasprimas.

c) o valor especial adquirido pelo extrativismo no Norte do Brasil, com o guaraná, que concorreu com os produtos agrícolas tradicionais, como o açúcar, permitiu um rápido desenvolvimento dessa região e a sua articulação com o restante da colônia.

d) o revigoramento da produção de açúcar e o desenvolvimento do cultivo do algodão decorrentes, principalmente, de alguns fatos internacionais importantes, em especial, a independência das treze colônias inglesas e a Revolução Haitiana.

e) o aparecimento do café na pauta de exportações coloniais, o que revolucionou as relações entre o Estado português e a elite escravista, pois a sustentação econômica da metrópole exigiu o abrandamento das restrições mercantilistas.

Comentários

Essa é uma questão interessante, chega até a ser um pouco difícil. Para responder, era necessário ter um bom panorama histórico não só do Brasil, mas também internacional. A questão refere-se ao Renascimento Agrícola, período da economia colonial brasileira intermediário entre a mineração e o café (fim do século XVIII – início do século XIX), que se caracterizou pela diversificação da produção. Mesmo assim, destacaram-se na pauta das exportações, são eles: açúcar, beneficiado pela crise da produção Antilhana (devido a Revolta Haitiana), e o algodão, exportado para atender à demanda da indústria têxtil inglesa, uma vez que a Inglaterra vivia a Independência dos EUA, a Revolução Industrial, entre outros. Tendo isso em mente, sabemos que o gabarito é letra d).

Gabarito: D

23. (FGV 2015)

[...] se o interesse da Coroa estava centralizado na atividade minerária, ela não poderia negligenciar outras atividades que garantissem sua manutenção e continuidade. É nesse contexto que a agricultura deve ser vista integrando os mecanismos necessários ao processo de colonização desenvolvidos na própria Colônia, uma vez que, voltada para o consumo interno, era um meio de garantir a reprodução da estrutura social, além de permitir a redução dos custos com a manutenção da força de trabalho escrava.

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Guimarães, C. M. e REIS, F. M. da M. “Agricultura e mineração no século XVIII”, in Resende, m.e.l. e VILLALTA, L.C. (orgs.) História de Minas Gerais. As minas setecentistas. Belo Horizonte: Autêntica

Editora/Companhia do Tempo, 2007, p. 323.

Assinale a alternativa que interpreta corretamente o texto.

a) Para o desenvolvimento das atividades de exploração das minas foi decisiva a permissão dada pela metrópole ao desenvolvimento técnico e industrial da região.

b) Os caminhos entre as minas e Salvador, além de escoar a produção mineradora e permitir a entrada de escravos, ficaram marcados pelo aparecimento de importantes vilas e povoados.

c) A produção agrícola na região das minas desenvolveu-se a ponto de se tornar um dos principais itens da pauta de produtos exportados no período colonial.

d) Apesar do crescimento da agricultura e da pecuária, o mercado interno não se desenvolveu no Brasil colonial, cuja produção se manteve estritamente voltada ao mercado externo.

e) As atividades agrícolas e a pecuária desenvolveram-se de certo modo integradas ao desenvolvimento da mineração e da urbanização da região mineradora.

Comentários

Apesar do enunciado nos pedir para interpretar o texto, um conhecimento prévio sobre o assunto já matava fácil a questão. Bom, segundo o texto, para a Coroa Portuguesa manter a prosperidade vivida pela mineração, era necessário dar atenção às diversas atividades econômicas que garantiam sua manutenção e continuidade. Importante lembrar que o Brasil ainda não existia como um conjunto econômico integrado até o século XVIII. Mas, com a mineração, estabeleceu-se uma ligação econômica entre as regiões que desenvolviam as principais atividades econômicas da colônia. Isso porque, havia uma alta demanda de abastecimento na Região das Minas, fazendo com que boa parte da economia colonial se voltasse para suas necessidades. Destacam-se nesse processo o complexo pecuário-açucareiro do Nordeste, a área de pecuária gaúcha no Sul e o extrativismo no Norte. Com isso, vamos para as alternativas:

a) Incorreta. O texto não menciona isso, ele afirma que outras regiões da colônia abasteciam e, com isso, permitiam a reprodução da atividade mineradora.

b) Incorreta. Mais uma vez, não se pode extrair essas informações a partir da leitura do texto.

c) Incorreta. O texto trata da produção agrícola em outras regiões da colônia.

d) Incorreta. O texto diz justamente o contrário: a mineração promoveu uma produção voltada para o mercado interno.

e) Correta, conforme discutimos anteriormente.

Gabarito: E

24. (FGV 2014)

Dos engenhos, uns se chamam reais, outros inferiores, vulgarmente engenhocas. Os reais ganharam este apelido por terem todas as partes de que se compõem e todas as oficinas, perfeitas, cheias de grande número de escravos, com muitos canaviais próprios e outros obrigados à moenda; e principalmente por terem a realeza de moerem com água, à diferença de outros, que moem com

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cavalos e bois e são menos providos e aparelhados; ou, pelo menos, com menor perfeição e largueza, das oficinas necessárias e com pouco número de escravos, para fazerem, como dizem, o engenho moente e corrente. ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp. 1982, p. 69. O texto oferece uma descrição dos engenhos no Brasil no início do século XVIII. A esse respeito é correto afirmar:

a) O engenho de açúcar foi a principal unidade econômica do sertão nordestino durante o período colonial, permitindo a ocupação dos territórios situados entre o rio São Francisco e o rio Parnaíba.

b) A produção de açúcar no nordeste brasileiro colonial, em larga escala, foi possível graças à implantação do sistema de fábrica e ao uso do vapor como força motriz nas moendas.

c) Os engenhos da Bahia utilizavam, sobretudo, mão de obra escrava africana, enquanto que nos engenhos pernambucanos predominava o trabalho indígena.

d) Os grandes engenhos desenvolviam todas as etapas de produção do açúcar, do plantio, passando pela moagem, a purga, a secagem e até a embalagem.

e) A produção de açúcar no sistema de “plantation” ficou restrita aos domínios lusitanos das Américas, durante a época colonial, o que garantiu bons lucros aos produtores locais e aos comerciantes reinóis.

Comentários

O texto discorre sobre as diferenças estruturais entre os engenhos de açúcar brasileiros. Segundo Antonil, somente os grandes engenhos (denominados “reais” e movidos a água) dispunham de todos os equipamentos e mão de obra necessários à realização das diversas etapas da produção açucareira. Tendo isso em mente, sabemos que a alternativa correta é letra d).

Gabarito: D

25. (Adaptada para VUNESP/ /2018)

Os grandes lucros que diziam auferir os mercadores portugueses que fizeram o tráfico do pau-brasil nas duas primeiras décadas após o descobrimento, os rigores do monopólio fiscal decretado pelo rei de Portugal e até notícias fantasiosas de riquezas da terra virgem contribuíram, em primeira linha, para originar e desenvolver o contrabando nas costas da Santa Cruz. (Bernardino José de Sousa. O pau-brasil na história nacional, 1978.)

O texto alude aos primeiros contatos dos colonizadores com o litoral da “nova terra” e descreve

a) o controle legal e efetivo da economia colonial pela Metrópole portuguesa.

b) o início e o desenrolar da ocupação da colônia por numerosas famílias portuguesas.

c) o financiamento e a instalação de engenhos de açúcar nas terras férteis da colônia.

d) a atração real e imaginária exercida pelas riquezas da colônia sobre os europeus.

e) a catequização e a escravização dos indígenas nas explorações auríferas coloniais.

Comentários

O texto do enunciado demonstra como o início da colonização do Brasil por Portugal precisou ser forjado como algo grandioso, tanto por parte da Coroa quanto pelos primeiros exploradores de pau-brasil.

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Descrevia-se que o empreendimento era muito lucrativo, e que essa possibilidade forçou a Coroa a exercer uma grande fiscalização no território.

Assim, analisando as alternativas podemos excluir a opção “a”. Portugal demora e muito para exercer um poder mais controlador dentro da região encontrada, mais precisamente com a constituição do Governo Geral, em 1548, e mesmo assim, tal decisão só ocorre como medida de acabar com qualquer invasão estrangeira, já que as capitanias hereditárias não deram certo. Portanto, em nenhum momento existiu a preocupação de uma ocupação numerosa de portugueses na região, o que exclui a opção “b”.

Por mais que, de fato, o financiamento do açúcar fosse impulsionado pela Coroa, o texto em nenhum momento se refere a tal ciclo econômico, o que faz a alternativa “c” incorreta. E em nenhum momento o texto aborda a questão de catequização ou escravização indígena.

Portanto, a alternativa correta é a “e”. Atração imaginária de lucro exorbitante do pau-brasil foi uma mentira que se tornou um alento a frustração de não ter encontrado metais preciosos ou outro produto tão lucrativo na região “descoberta”.

Gabarito: D

26. (Adaptada para VUNESP/ 2015)

A colonização portuguesa do vale do rio Amazonas apresentou um padrão de reconhecimento e ocupação do território idêntico ao utilizado em outras regiões do Brasil, uma vez que

a) a agricultura de exportação exigiu grandes investimentos em maquinários pesados importados da Europa.

b) a colonização de povoamento ampliou o mercado consumidor de produtos industrializados metropolitanos.

c) o vale amazônico foi dividido em várias capitanias hereditárias doadas a fidalgos portugueses.

d) o sistema fluvial da região representou, para a navegação, um prolongamento do litoral atlântico.

e) a escravidão africana foi a mão de obra predominante na extração dos produtos da floresta.

Comentários

A ocupação da região amazônica foi uma dor de cabeça para os portugueses por dois motivos: o terreno totalmente atípico em relação ao clima europeu, com uma densidade de floresta e umidade que, literalmente, enlouqueceram os portuguesas; e o segundo ponto foi que o contato com indígena não poderia ser superficial, uma vez que, a relação era um meio de sobrevivência e de se situar sobre o que acontecia no ambiente, principalmente, nas melhores áreas de habitação e caminhos entre os rios e igarapés. Assim, o projeto de colonização só foi de fato incentivado quando se descobriu o mercado amplo que os produtos da Amazônia poderiam gerar à Coroa. Desta forma, a atuação missionária foi essencial, já que o contato de aculturamento católico propiciou uma relação de troca por meio da qual apenas os europeus saiam ganhando.

Sendo assim, podemos nos direcionar às alternativas. Por mais que os interesses na região tenham crescido com o tempo, principalmente no século XVII, tal empreendimento não era de uma agricultura de

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exportação intensa, a ponto de necessitar de maquinários, o que anula a alternativa “a”. Também seria errado dizer que houve uma colonização de povoamento na região. Até o século XIX somente essas forças missionárias e pequenos núcleos existiam na região, em que tal povoamento só iria ocorrer, de fato, no ciclo da borracha.

Outro erro está em dizer que a região da Amazônia passou pela divisão conhecida como capitanias hereditárias. A região em questão, até o período da União Ibérica, pertencia apenas à Espanha, o que anula a opção “b”. O trabalho nessa região era praticamente dos indígenas e de poucos brancos, sempre é bom lembrar que as missões católicas agiam como uma espécie de zona independente nessas áreas, fato que iria mudar com o período pombalino, o que torna a “e” incorreta.

Portanto a alternativa correta é a “d”. O escoamento de toda a produção amazônica só podia ser feito por rio, o que evidencia e muito a necessidade de “aliança” com os indígenas, e que transformou o Amazonas em um verdadeiro Rio-Mar.

Gabarito: D.

27. (Adaptada para VUNESP/ 2015)

Em 1740, o português Domingos Dias da Silva era um capitão de navio que transportava tecidos, aguardente, vinho e armas de fogo para Luanda, o maior porto ligado ao tráfico de escravos em Angola, então uma colônia portuguesa. Silva vendia as mercadorias e recebia parte do pagamento na forma de escravos. Depois de entregar os escravos no Brasil, enchia os porões de açúcar e voltava para Lisboa, fechando uma viagem que poderia ter começado dois anos antes. (Carlos Fioravanti. “Os banqueiros do tráfico”. Pesquisa FAPESP, maio de 2015. Adaptado.)

A descrição da longa viagem realizada pelo capitão Domingos Dias da Silva contém informações significativas sobre

a) a desarticulação dos numerosos territórios do império português e o desenvolvimento de um comércio de escravos à margem do controle de Portugal.

b) a constituição de uma burguesia no Brasil, enriquecida com a exploração de escravos e a formação de grupos sociais antagônicos à metrópole.

c) o impacto das atividades mercantis na sociedade tradicional portuguesa e o surgimento de uma burguesia antiabsolutista com o comércio de escravos.

d) a ausência de dinamismo comercial no conjunto do império lusitano e a crise prolongada da agricultura escravista brasileira.

e) o movimento de pessoas e mercadorias no império português e o processo de acumulação de capital ligado ao tráfico de escravos.

Comentários

O texto apresentado expressa como a relação de Portugal com a região de Angola se deu em um contexto de exploração da condição humana. Embora a escravidão fosse algo comum dentro das etnias africanas, em nenhum momento se construiu uma relação de lucro, ou seja, era uma escravidão que ocorria por inimizade e rivalidade local. Foi a percepção de tal atrito existente entre os povos locais que impulsionou a coroa

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portuguesa a explorar lucrativamente a ação de aprisionamento de pessoas, iniciando assim, uma verdadeira máquina de exploração do africano, cuja única funcionalidade para o português era ser mão de obra.

Dessa forma, a alternativa correta é a “e”, pois o texto em questão mostra como o lucro dentro do processo de escravidão ocorria. Além de produtos como fumo, armas e bebidas, os africanos eram um produto rentável e de bastante demanda, o que fez enriquecer e muito não só o Estado Português, como muitas elites na colônia, além é claro, desses traficantes.

A alternativa “a” não possui sentido, pois em nenhum momento houve uma desarticulação das colônias portuguesas no período citado. Por mais que, de fato, uma burguesia no Brasil seria constituída por meio da mão de obra escrava, ela, dentro do contexto apresentado, não construiu nenhum grupo antagônico a coroa, o que anula a “b”. Tanto a “c” e a “d” não tem sentido, já que o não surgiu uma burguesia antiabsolutista, houve uma parceria. Quando a “d”, o sistema escravista entrou em decadência no século XVIII.

Gabarito: E.

28. (Adaptada para VUNESP/ 2019)

Os historiadores são unânimes em afirmar que Portugal foi o país pioneiro nas Grandes Navegações europeias entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna.

Esse pioneirismo se deveu, principalmente,

a) à fragmentação do poder real, às disputas comerciais com a Inglaterra, ocorridas ao longo do século XIII, e à proximidade geográfica entre Portugal e Índia.

b) à centralização monárquica, realizada em Portugal entre os séculos XII e XIV, à posição geográfica privilegiada e ao aperfeiçoamento das técnicas de navegação a partir do século XV.

c) à adoção do liberalismo econômico, a partir do século XVI, ao fluxo de metais preciosos das colônias para Portugal e ao investimento estatal na armação de navios mercantes no século XVII.

d) ao tráfico de escravos, cujo fluxo constante ligava África e Europa desde o século XI, e aos investimentos da burguesia comercial, fortalecida pelos lucros do açúcar produzido no Brasil.

e) ao desenvolvimento da bússola, do astrolábio e do quadrante, invenções de cientistas portugueses abrigados na Escola de Sagres, pioneira no desenvolvimento de técnicas e instrumentos de navegação no século XIX.

Comentários

Portugal foi o país pioneiro na navegação ultramarina e conseguiu desenvolver técnicas de navegação e de orientação próprias ou aprimoradas de outras culturas. Assim o pioneirismo português se deve a vários fatores, entre eles o processo de reconquista do território ibérico, ao fator geográfico de se localizar projetado ao Oceano, e ao desenvolvimento de uma filosofia de navegação que desenvolveu tecnologias próprias, como a caravela, navio pequeno, mas ágil e movido exclusivamente pelo vento. Assim a alternativa correta é a “b”.

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Não poderia ser a “a” já que não foi a fragmentação política que auxiliou o processo marítimo, e sim a formação de um Estado Nacional unificado. Também se exclui a “e” pois o desenvolvimento tecnológico não ocorreu no século XIX, mas na transição do século XIV para o XV. A “d” está incorreta já que o tráfico de escravos não envolvia Europa e África, mas América e África, e que em nada tem a ver com o assunto. E se exclui a “c” já que o liberalismo econômico não era uma doutrina da época, mas, o mercantilismo; bem como não houve no primeiro século de navegação um tráfico intenso de metais preciosos.

Gabarito: B.

29. (Adaptada para VUNESP/ 2017)

Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele espelhou o céu

PESSOA, Fernando. Mensagem. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

O poema de Fernando Pessoa refere-se à expansão marítima portuguesa. Nele, o poeta enfatiza

a) os custos humanos que a empreitada marítima legou a Portugal e a coragem desse povo em se aventurar no desconhecido.

b) as riquezas que as novas colônias da América produziam e sua importância para a economia portuguesa.

c) a necessidade de se contornar a África e criar uma nova rota marítima para o comércio com as Índias.

d) a diversidade cultural portuguesa e sua influência sobre os povos colonizados nas novas terras.

e) o avanço tecnológico naval português em comparação ao de outros povos europeus.

Comentários

A questão coloca o sacrifício que os portugueses tiveram que enfrentar para poderem ter acesso aos direitos e aos privilégios das terras além mar. Porém, aqui temos que analisar dois pontos: primeiro, é quem escreveu, ou seja, Fernando Pessoa escritor e cronista português, seus escritos iam de anedotas do cotidiano

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até o sentimento de certo nacionalismo funcional. Em alguns de seus escritos, a grandeza colonial portuguesa sempre era vista como um ponto de orgulho, e acima de tudo, de saudade do que fomos.

O segundo ponto se refere à relação que Portugal sempre exerceu, seja em seu passado, presente ou futuro com a colonização, seja na América, África ou Ásia, em que os lusitanos demoraram a se desvencilhar de tal realidade, tendo cortado os laços com suas colônias sempre tardiamente: no Brasil apenas no século XIX, na África no meio do século XX e na Ásia somente no século XXI, no Timor Leste. Ou seja, o passado grandioso português sempre foi uma sombra dentro da nacionalidade do país, e que se refletiu em sua cultura, seja nas obras de Fernando, ou no Fardo, ritmo musical de lamento e que exalta a saudade.

Assim, o trecho do poema mostra como houve um sacrifício que deu a Portugal a posse do “mar”, como uma medida que marcou gerações de portugueses e sendo até hoje um orgulho em comum a todos. Assim a alternativa correta se torna a “a”, pois de fato o texto exalta a coragem portuguesa de enfrentar o oceano, e de como isso gerou consequências, porém, necessárias para glória de Portugal.

A opção “b” não possui sentido já que as colônias nem são mencionadas. Assim como não há menção alguma às rotas que contornam a África, excluindo a “c”. Portugal não é uma população diversa, sendo um pequeno país lançado ao Atlântico, com pouca variedade linguística ou cultural. E não pode ser a “e”, embora haja uma exaltação ao país, em nenhum momento existe menção aos avanços tecnológicos de Portugal.

Gabarito: A

30. (Adaptada para VUNESP/ 2017)

Quanto à economia no século XVI no Brasil, dadas as afirmativas,

I. A agromanufatura do açúcar forneceu a base econômica para a valorização colonial do Brasil.

II. Ao açúcar subordinavam-se o extrativismo do pau-brasil e a pecuária.

III. A utilização, em larga escala, de trabalhadores escravos, a disponibilidade de terras e a expansão do setor de consumo externo concorreram para o enriquecimento da classe proprietária e da burguesia comercial portuguesa e flamenga.

IV. Ainda, nesse período, persistiam os interesses metalistas.

verifica-se que está(ão) correta(s)

a) IV, apenas.

b) I e II, apenas.

c) III e IV, apenas.

d) I, II e III, apenas.

e) I, II, III e IV.

Comentários

Vamos observar as alternativas uma por uma.

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I

A valorização da produção de açúcar no Brasil foi necessária para consolidação econômica do Brasil colonial, logo, afirmação correta.

II

Embora a produção de açúcar fosse o alvo principal português, paralelamente, outros produtos foram importantes economicamente, como a extração de pau-brasil (anterior ao extrativismo açucareiro e abandonado em função do novo ciclo extrativista) e no desenvolvimento da pecuária. Apesar de a alternativa mencionar “pau-brasil” a pecuária foi mais subordinada à produção açucareira.

III

De fato, a mão de obra escrava gerou um enriquecimento de poucos, sejam eles portugueses ou holandeses. Esse beneficiamento econômico e social, por um lado levou à crescente riqueza dos proprietários, por outro, aprofundou a desigualdade social das camadas mais baixas da sociedade – em particular os escravos.

IV A ambição portuguesa – na verdade dos europeus em geral - era ter acesso a zonas de metais preciosos. A grande frustração portuguesa foi perceber que a Espanha possuía longas extensões de ouro e de prata, enquanto aqui – pelo menos no início da colonização - a única riqueza era o solo. Assim, mesmo com o sucesso da cana de açúcar, os portugueses não abandonaram o plano inicial de buscar metais preciosos.

Assim a alternativa correta é a “e”.

Gabarito: E

31. (Adaptada para VUNESP/ 2015)

A contestação francesa ao Tratado de Tordesilhas teve no monarca Francisco I o mais veemente representante. Em 1540 chegou a dizer que “‘o sol brilhava tanto para ele como para os outros’ e que ‘gostaria de ver o testamento de Adão para saber de que forma este dividira o mundo...’ Declarou também que só a ocupação criava o direito, que descobrir um país, isto é, vê-lo ou atravessá-lo, não constituía um ato de posse e que considerava como domínio estrangeiro unicamente ‘os lugares habitados e defendidos’. São essas as bases da colonização moderna”. MOUSNIER, Roland. História Geral das Civilizações. Tomo IV Os Séculos XVI e XVII. Tomo IV. 2 Volumes. São Paulo: Diofel, 1958.

A crítica feita por Francisco I ao Tratado de Tordesilhas baseia-se

a) no uso da força, previsto no Tratado, como forma de efetivar a ocupação das novas terras a serem descobertas.

b) na existência de documento papal, nunca trazido a público, que determinava em testamento a divisão do mundo.

c) no fato de apenas países europeus terem direito às terras, deixando de fora os países árabes do norte da África.

d) na divisão das terras ocidentais entre Portugal e Espanha, sem levar em consideração as demais nações europeias.

e) na possibilidade de qualquer país ocupar novas terras, desde que as ocupasse de fato segundo as regras do Tratado.

Comentários

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O texto em questão mostra um descontentamento do monarca Francisco I. Além da França outras nações também questionaram a predestinação dada pelo Vaticano à divisão do mundo entre Portugal e Espanha. Além disso: se o mundo fosse dividido em dois, estariam estes países na posse tanto de portugueses ou de espanhóis? O que Francisco I aponta é que deveria haver uma consulta às outras coroas europeias sobre tal acordo. Como medida reativa, franceses e ingleses iriam patrocinar diversas ações de pirataria sobre as terras descobertas, isso quando não as ocupava burlando o direito garantido em lei de posse de portugueses e espanhóis.

Assim, o Tratado de Tordesilhas baseava-se na divisão de equidade entre portugueses e espanhóis, que na visão de Francisco I deveria ter tido pelo menos, a consulta de outros estados europeus, ou seja, queria de qualquer jeito se impor sobre a descoberta de outras nações, o que torna a alternativa “d” a correta. Nesse sentido, a correta não pode ser a “b”, já que a diretriz do Tratado era de conhecimento de todos os reis da Europa. Também não pode ser a “a” já que não era premissa do Tratado a resolução de conflitos por meio da ocupação de territórios. A opção “c” está errada do dizer que os países europeus, em geral, possuíam direitos às terras descobertas o que é errado, assim como não era todo país que poderia ter acesso à ocupação de tais territórios, como indica a “e”.

Gabarito: D

32. (Adaptada para VUNESP/ 2019)

Sobre a exploração do trabalho escravo no Brasil, leia as afirmações seguintes e marque aquela que estiver INCORRETA.

a) Os indígenas, por serem preguiçosos e protegidos pelos jesuítas, não foram escravizados no Brasil após o Período Pré-Colonial.

b) Os quilombos e o uso da capoeira, enquanto arte marcial, representam algumas das manifestações de resistência dos negros contra a escravidão.

c) O tráfico negreiro da África para o Brasil era considerado uma atividade comercial que rendia recursos econômicos não apenas ao traficante, mas também à Coroa Portuguesa.

d) Na região sul do Brasil, marcada pela pecuária, a exploração do trabalho escravo foi menor, quando comparada a outras regiões onde predominou a agricultura.

Comentários:

Quando temos uma questão de achar a alternativa incorreta temos que sempre nos atentar em possíveis pegadinhas que as afirmações apresentam. Assim, vamos observar cada uma das alternativas que são colocadas como corretas.

A alternativa “b” está correta quanto a afirmação, uma vez que tal arte pode ser vista como dança, luta e representação de uma identidade de grupo, sendo uma luta típica do Brasil, e que se tornou um símbolo de resistência e representatividade. A possível origem da capoeira remonta a diversas hibridações que ocorreram, supostamente, no Quilombo dos Palmares, na atual Alagoas. O que gera a dúvida é a nomeação da capoeira como uma arte marcial, já que tal nomeação é um termo empregado normalmente ao Kung Fu, Judô e Tae-kwon-do e não a capoeira.

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A alternativa “c” está correta no conteúdo. De fato,o processo de escravidão que ocorreu no Brasil atingiu entre os séculos XV e XVIII uma lucrativa forma de absorção de lucros, seja de maneira direta ou indireta: de maneira direta, já que os traficantes e donos das regiões de comercialização faturavam na venda e troca da mercadoria que era o negro. E indiretamente, uma vez que tal escravo era uma mão de obra barata seja para o senhor de engenho, ou para a coroa, que lucrava com os impostos e com o que era produzido a partir de tal prática de trabalho.

E a alternativa “d” talvez possa confundir um pouco o aluno na hora da resolução. Construiu-se no nosso imaginário que o negro não foi presente na região sul do país, o que é nada mais nada menos que uma forma de racismo velado em nossa sociedade, que cristalizou que os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são o berço da cultura europeia no Brasil, lar de uma cultura branca.

Porém, é totalmente errado. Primeiramente tal região foi palco de várias sub-etnias tupi, e principalmente, guarani que interferiram e muito em toda a ação de tropeiragem na região, e inclusive, foi localização de uma das principais regiões de catequização no Brasil. Além do indígena, temos uma presença grande de negros nessas regiões, principalmente no Rio Grande do Sul, em que os primeiros núcleos de escravidão são datados de 1717, na participação não só de lavoura e pecuária, como em toda a atividade social. Isso se altera com o processo de imigração que não só ocasiona um embranquecimento, como apaga e o exclui da sociedade. Na atualidade, no Censo de 2017, 26% da população rio grandense se declara negro, isso sem contar os pardos.

Assim a alternativa que não possui nada correto é a “a”. Essa construção preconceituosa e racista foi posta como algo necessário, na justificativa que em tese o negro era apto ao trabalho por ser forte e alienada a organização, bem como, era um ser sem alma, diferente do indígena, visto como possível alma a ser “educada” nos preceitos católicos. Se formos analisar, por exemplo, a construção do Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, essa ideia de que o indígena foi a base da sociedade está totalmente acompanhada da concepção que isso só foi possível, graças a catequização.

Gabarito: A

33. (Adaptada para VUNESP/ 2018/1)

“É no espaço mais amplo do Atlântico Sul que a história da América portuguesa e a gênese do império de Brasil tomam toda sua dimensão. [...] englobando uma zona de produção escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de reprodução de escravos centrada em Angola. Desde o final do século XVI, surge um espaço aterritorial, um arquipélago lusófono composto dos enclaves da América portuguesa e das feitorias de Angola.” ALENCASTRO, Luis Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2000. p.09;127.

A formação do Império Colonial Português marcou significativamente a História Ocidental. Sobre esta formação podemos afirmar:

a) A colonização do Brasil foi marcada pelo uso de mão de obra livre oriunda de regiões da África, como Angola.

b) A utilização, em larga escala, de mão de obra de africanos escravizados durante a colonização do Brasil gerava grandes lucros para comerciantes europeus.

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c) O Atlântico Sul formou um espaço importante para a produção escravista manufatureira de tecidos do Império Português, especialmente na Colônia Brasileira.

d) Desde o início da formação do Império Colonial Português, o comércio internacional de africanos escravizados se mostrou uma opção pouco lucrativa, uma vez que a produção na colônia era, em sua maioria, de subsistência.

Comentários:

Quando o assunto da escravidão negra dos séculos XV ao XIX aparece para nós, estamos falando de uma força coercitiva e de “sequestro”. Mas por que seria um sequestro? Vou utilizar um exemplo simples. A escravidão seja nas sociedades indígenas, no Oriente, na África e Europa não tinha como objetivo retirá-lo de um ambiente, levá-lo para outro e explorar sua condição, como um produto.

A escravidão sempre existiu, porém, o que se estabelece com os europeus vai além de apenas escravizar, e soma-se a isso, a ideia de inferiorizar e pré condicionar, que tais indivíduos sejam descartáveis. O que se estabelece, portanto é uma relação comercial de enriquecimento e acumulação de riqueza, e que assim justificariam a sua comercialização e a existência de variados bolsões de venda e troca de negros escravizados, assim, o que ocorre é um sequestro de uma realidade local, para uma condição de vida totalmente oposta a de dignidade, onde se opera apenas um descarte da condição humana.

O texto assim se dirige a um desses bolsões, no caso, o de Angola. Existiam três grandes regiões de venda e troca de negros escravizados: Luanda, Loango e Benguela. Todas essas regiões são de etnia banta, e que no caso, faziam parte do antigo Reino do Congo (Loango e Luanda) e o Reino de Matamba (Benguela). Essas duas regiões se diferenciavam entre si, sendo o Reino do Congo a primeira unidade administrativa católica da África. Assim, a região foi sempre um espaço de lutas entre as 18 etnias existentes e todo um processo de evangelização forte, antes mesmo da escravidão ultramarina do século XV, onde, tal região foi epicentro de negros: Loango, principalmente para Recife, e de Luanda e Benguela, para a região do Rio de Janeiro.

Assim, podemos nos voltar a questão. Duas alternativas estão completamente erradas, a alternativa “a” que aponta que houve um trabalho livre desses negros oriundos de Angola, o que nunca ocorreu; e a alternativa “c”, que até acerta em dizer que houve um trabalho escravo, porém, sabemos que a primeira “leva” de negros escravizados veio para o trabalho nas lavouras de açúcar, e não manufatureira de tecido.

Assim teríamos a alternativa “b” e “d”. Como falamos anteriormente, o processo de escravidão ultramarina visava primeiramente o lucro e a produtividade, isso dentro de toda a lógica mercantilista que Portugal estava inserido. Desta maneira a alternativa “d” está errada, já que o tráfico era lucrativo e barateava a produção, pelo menos, até o século XVIII35. Portanto, a alternativa correta é a “b” geravam grandes lucros seja na região açucareira ou nos bolsões de venda e troca de escravos nas três regiões angolanas.

35 Temos que sempre levar em consideração que até o fim do ciclo do ouro, o tráfico e o uso de mão de obra escravizada do negro era uma prática lucrativa. Porém, o fim do século XVIII e o século XIX foram palco de mudanças de atitude em relação a tal prática, exatamente incentivadas pela Grã-Bretanha, que dentro de uma realidade industrial, não via com bons olhos a escravidão, o que atingiu toda a sociedade escravista brasileira. Isso veremos com mais detalhes nas nossas aulas de Império.

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Gabarito: B

34. (IFMT – 2017/1)

Nóbrega era o chefe do primeiro grupo de jesuítas, que chegou juntamente com os colonizadores portugueses, para tentar, de uma forma mais sistemática, colonizar a vasta Terra de Santa Cruz, servindo a Igreja Católica e a Coroa Portuguesa. Sobre as ações dos jesuítas, pode-se afirmar que:

a) eram os grandes defensores da teoria da raça, e acreditavam que os indígenas nasceram para ser escravos, pois eram sem dúvida os melhores e mais adaptados para o mundo do trabalho.

b) foram grandes evangelizadores do Brasil. O mais famoso jesuíta foi o São Francisco Xavier, sendo o seu maior feito a conversão de mais de 30 mil indígenas brasileiros e espanhóis.

c) Manoel da Nóbrega foi decisivo na fundação de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, e José de Anchieta foi o grande pregador, criou uma gramática tupi-português e converteu centenas de indígenas.

d) chegaram para difundir o protestantismo na América do Sul e na África, evitando o avanço do catolicismo nessas regiões.

e) Foram convidados pelo Marquês de Pombal a levar o catolicismo para as regiões recém descobertas, especialmente a colônia, Brasil.

Comentários:

A questão aborda o envolvimento do Padre Manoel de Nobrega e dos jesuítas no processo de formação colonial brasileira. Desde a ascensão da Reforma na Europa, a Igreja Católica buscou vários mecanismos para poder frear ou pelo menos, realizar uma contenção da fé protestante pela Europa e no mundo. Uma das

medidas de poder renovar a fé cristã foi utilizar os Estados Ibéricos, e suas colônias, como um modo de ampliar a fé católica, o que também ocorreu de maneira

presente na África e em partes da Ásia. Dentro do contexto de Contrarreforma, a Companhia de Jesus, ordem jesuítica, tinha como objetivo catequizar e construir uma edificação da fé católica entre os indígenas. Porém, foi muito, além disso.

Como a imagem indica, Manoel de Nóbrega se tornou muito mais que um padre. No imaginário da construção de São Paulo se tornou uma espécie de pai fundador. Os jesuítas tiveram atuação forte dentro da política da região por dois motivos: sabiam como estabelecer um contato com os indígenas, além de indiretamente estabelecerem núcleos urbanos pequenos no desenvolvimento da região. Além de Nobrega, seu irmão de ordem, José de Anchieta foi ainda mais decisivo, devido a construção de uma espécie de rede

Monumento em homenagem a Nobrega. Foto: Emerson Porto Ferreira, 2020 Na foto, temos a presença de Nobrega, Anchieta (abraçando uma

criança) e Manoel de Paiva. Foto: Emerson Porto Ferreira, 2020.

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de ensino que catequisou e “alfabetizou” indígenas na região de São Paulo e do litoral sul do Estado. Com a força crescente jesuítica, a Coroa percebeu uma ameaça possível vinda da ordem, e sob o Governo de Pombal são expulsos do território brasileiro. Mas o mito do jesuíta não foi perdido, e se tornou marca de evangelização, de educação e de fundação de diversas vilas, entre elas, a que deu origem a São Paulo.

No que se refere à questão, podemos eliminar a alternativa “a”, uma vez que a visão de inferioridade não foi aplicada para os indígenas, e sim para os negros, visto como pessoas brutas e que não possuíam uma salvação pela fé. Podemos também descartar a alternativa “b” e por uma questão geográfica. De fato, Francisco Xavier estabeleceu uma ordem missionária forte, inclusive, sendo um dos fundadores da Companhia de Jesus, porém, ele estabeleceu sua missão na região do Oriente, principalmente no Japão e na China, o que torna a alternativa incorreta.

Já a alternativa “d” está incorreta na definição, já que de fato fizeram um processo de evangelização na América e África, porém, não para barrar o avanço do catolicismo, e sim para difundi-lo pelo mundo. Assim como a alternativa “e”, como dissemos acima a Coroa Portuguesa viu com maus olhos o poder político que os padres ganharam, extrapolando inclusive a sua missão que era a evangelização. Assim Pombal não os convidou a ficar e sim, os expulsou de suas terras.

Portanto a alternativa correta é a “c”. Como vimos nos monumentos localizados na cidade de São Paulo, os jesuítas tiveram uma importância de sedimentação de diversas vilas no Brasil, entre elas, as de Salvador, Rio e principalmente, em São Paulo, principalmente na figura de Manoel da Nobrega. Já Anchieta não só hibridizou a língua indígena com a portuguesa, como até meados do século XIX a língua oficial de São Paulo era o português e o tupi-português.

Gabarito: C

35. (Adaptada para VUNESP/ 2015/2)

O “pacto colonial” definia a função das colônias no contexto do sistema colonial e da política econômica mercantilista. Assim, Portugal buscou adequar a estrutura produtiva e mercantil das terras recém-conquistadas na América às suas necessidades econômicas, segundo o que estabelecia a fase do capitalismo comercial.

Assinale a alternativa que contempla corretamente:

I. a política econômica da época;

II. os três pilares básicos da agricultura colonial implantada pelos portugueses no Brasil.

a) I – Liberalismo Econômico; II – grande propriedade rural, trabalho escravo, policultura.

b) I – Mercantilismo; II – grande propriedade rural, trabalho escravo, monocultura.

c) I – Protecionismo; II – média propriedade rural, trabalho servil, policultura.

d) I – Mercantilismo; II – pequena propriedade rural, trabalho assalariado, produção para o mercado externo.

e) I – Intervencionismo Estatal; II – pequena propriedade rural, trabalho livre, produção para o mercado interno.

Comentários:

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Primeiro temos que estabelecer o que é o Pacto Colonial. Tal medida político e econômico foi um meio de estabelecer um poder de cima para baixo em relação ao colono. No caso brasileiro, o Pacto Colonial foi um documento que nem sempre foi efetivo, principalmente nas séries de invasões que ocorreram no território. O que era regra dentro de tal medida era o exclusivo comercial, ou seja, tudo que eu produzisse deveria ser enviado apenas a Metrópole, qualquer indício de troca comercial com outra nação era passível de traição e represália. Em suma, era um trato desigual de relação, que fez produzir uma elite local forte, e com o tempo, combativa em relação a Coroa Portuguesa.

Assim a questão coloca dois itens, o I e o II, e pede para apontarmos a correspondência correta, quando temos uma questão desse tipo, o moo mais seguro de resolver é pela exclusão. O primeiro deles se direciona a política econômica da época. Podemos eliminar a alternativa “a” de primeira, já que não há liberalismo econômico em tal período da história, já que tal política se torna concreta apenas no século XVII para o século XVIII.

Podemos dizer que há um protecionismo, já que tal medida ela é uma ação econômica de um país que eleva as taxas de exportação ou importação, com o objetivo de proteger sua economia. Porém seria incorreto dizer que seja uma intervenção estatal, já que nessa época não existe a ação de um Estado como hoje, sendo essa nomenclatura uma nomeação contemporânea. E o mercantilismo está correto, já que é o modelo econômico vigente da época, como o metalismo, a balança comercial favorável e o próprio protecionismo.

Nos sobra o item II, que são os três pilares da economia da época. O primeiro diz respeito a propriedade, que no caso do Brasil colonial era de grandes latifúndios. Já o trabalho ele era escravo, baseado principalmente na mão de obra de negros. E a cultura era de monocultura, exclusivo principalmente na produção de açúcar. Assim nos resta como a única certa a alternativa “b”.

Gabarito: B

36. (Adaptada para VUNESP)

Em 1578 morreu D.Sebatião, rei de Portugal, lutando no Norte da África contra os mouros. Como não tinha herdeiros diretos, seu tio-avô assumiu o trono, falecendo em 1580. Com isso, a dinastia de Avis chegou ao fim. Na disputa pelo trono português, saiu-se vencedor Filipe II, rei da Espanha, iniciando assim o período chamado de União Ibérica (1580-1640). Como característica desse período, pode-se afirmar que:

a) Foi marcado por grande harmonia, e caracterizou-se por ser um extenso período de paz.

b) Houve a invasão holandesa no Brasil, em represália à proibição feita pelos espanhóis impedindo que os holandeses continuassem comercializando o açúcar brasileiro.

c) Durante a União Ibérica, Portugal manteve total autonomia em relação à Espanha, tendo sido um período de elevado desenvolvimento econômico para o reino português.

d) Ao dominar Portugal, o governo espanhol abriu mão de parte de seu império colonial, diminuindo assim seu vasto território.

e) A União ibérica ou União Peninsular foi responsável pelo surgimento de várias nações na Europa.

Comentários:

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A questão orbita em dois acontecimentos, um é o mito ou lenda de D. Sebastião e o outro é o processo da União Ibérica. O mito de Sebastião é um dos acontecimentos históricos e culturais mais importantes de Portugal e de boa parte do Nordeste e Norte do país. Sebastião, então rei de Portugal, via a necessidade de buscar a libertação da região do atual Marrocos, dos mulçumanos, o que ocasionou a famosa batalha de Alcácer-Quibir. Nessa Batalha D. Sebastião desaparece. Porém, sem deixar sucessores assume o trono o seu tio-avô D. Henrique, que morre rapidamente, e deixa o trono vago, já que também não possuía herdeiros. O resultado de tudo isso? Caos! Assume assim um parente distante, o espanhol Felipe II, o que gera um duplo sentimento em Portugal: um de que tal União, na verdade, era ilegítima, e o segundo sentimento, de que Sebastião na verdade havia sumido e que em algum momento ressurgiria.

Fato é que a União Ibérica se desenvolve no Brasil entre 1580 e 1640. Por mais que a Espanha tivesse o controle do Brasil, os senhores de engenho locais mantiveram a posse de boa parte de suas terras. Contudo, os territórios espanhóis na América iam da região da Califórnia até o sul da Argentina. Assim, a América Latina se tornou a maior colônia do mundo, na época. O que esbarrava na ambição espanhola era a Holanda, aliada de Portugal, que para não perder o lucro com o refino do açúcar, invade a região de Recife, e instala o governo holandês, liderado por Mauricio de Nassau. A União Ibérica ainda expande o território brasileiro, o dividindo em dois, o Estado do Maranhão que compreendia o atual Maranhão, Ceará e Pará; e o Estado do Brasil, o que era boa parte do antigo território português.

E se lembra de Sebastião? Este além de se torna um mito em Portugal e até santo, aqui no Brasil é o protagonista de duas manifestações populares: uma é a cavalgada, que simula a luta entre mouros e católicos, em alusão a bravura de D. Sebastião; além de ser uma lenda maranhense, já que “reza a lenda”, D. Sebastião teria construído um castelo nas praias do Maranhão, após perder a batalha no Marrocos. Tal lenda ainda é popular no Maranhão e em partes da Amazônia, fazendo parte dos festejos de bumba meu boi e boi bumbá36.

Assim, depois dessa explanação, vamos nos direcionar a questão que é bem simples de ser resolvida. Podemos anular a alternativa “a”, já que não se estabeleceu nenhuma paz na região, tendo em vista não só a invasão holandesa, como as revoltas contra os espanhóis. Além disso, seria incorreto dizer que houve autonomia total portuguesa, assim como um desenvolvimento do Reino de Portugal, já que a União indiretamente bloqueou a autonomia econômica portuguesa, tornando a alternativa “c” errada.

É totalmente errado dizer que Portugal cedeu sua colônia na América, já que boa parte de sua renda era oriunda do Brasil, bem como, não renunciou a suas posses na África e na Ásia, pois indiretamente, ainda tinha certo controle administrativo, fazendo a alternativa “d” errada. A União de Espanha e Portugal não impulsionou a criação de novos Estados, seja na Europa ou na América, ou seja, a alternativa “e” está errada.

Portanto, a alternativa correta é a “b”. A Holanda se viu totalmente prejudicada com tal imposição espanhola sobre sua parceria com Portugal, e, além disso, Holanda e Portugal eram inimigos de diplomacia e nos mares.

36 Para aprofundar no assunto de Sebastião, deixo um documentário da TV Senado, intitulado A Ilha de São Sebastião, e a encenação do Boi Bumbá Caprichoso, do ano de 2017, na lenda Amazônica Touro Negro encantado e sua Estrela de Ouro. Link do documentário: https://www.youtube.com/watch?v=bC0rRaHWTrA Link do boi bumbá caprichoso: https://www.youtube.com/watch?v=QJhp7UMzwxs

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Para não serem prejudicados, os holandeses decidem invadir parte do Pernambuco, e instalam a chamada Nova Holanda, que dura até 1654, quando os portugueses os expulsam de Recife.

Gabarito: B

37. (Adaptada para VUNESP/ 2017)

“A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu aspecto típico, foram as fugas. (...) Fugas individuais ocorrem em reação a maus tratos físicos ou morais, concretizados ou prometidos, por senhores ou prepostos mais violentos. Mas outras arbitrariedades, além da chibata, precisam ser computadas. Muitas fugas tinham por objetivo refazer laços afetivos rompidos pela venda de pais, esposas e filhos. (...) No Brasil, a condenação [da escravidão] só ganharia força na segunda metade do século, quando o país independente, fortemente penetrado por ideias e práticas liberais, se integra ao mercado internacional capitalista. (...) “Tirar cipó” – isto é, fugir para o mato – continuou durante muito tempo como sinónimo de evadir-se, como aparece no romance A carne, de Júlio Ribeiro. Mas as fugas, como tendência, não se dirigem mais simplesmente para fora, como antes; se voltam para dentro, isto é, para o interior da própria sociedade escravista, onde encontram, finalmente, a dimensão política de luta pela transformação do sistema. “O não quero dos cativos”, nesse momento, desempenha papel decisivo na liquidação do sistema, conforme analisou o abolicionista Rui Barbosa”.

REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 62-66-71.

De acordo com os autores do texto, João José Reis e Eduardo Silva, assinale a alternativa incorreta.

a) As fugas de escravos entre os séculos XVI e XIX tiveram motivações diversas, entre elas o tráfico interprovincial.

b) Durante o século XIX, a luta dos escravos pela liberdade não se dava somente pela fuga coletiva para a formação de quilombos.

c) As cidades, no século XIX, tornaram-se espaços significativos para as lutas pela abolição.

d) Os escravos foram agentes da história, e não apenas força de trabalho.

e) A naturalização do sistema escravista se manteve estável durante o período colonial e o imperial.

Comentários

Veja que a questão nos pede a alternativa incorreta. Esse tipo de questão pega muita gente apressada. Com isso, a alternativa E é a única que destoa de uma análise coerente do trecho apresentado no enunciado da questão. O sistema escravista não foi algo estável com a alternativa E afirma. As fugas, as resistências, os quilombos, foram sinais de que os escravizados não aceitavam a condição de forma passiva.

Chamo sua atenção para a alternativa D. Esta remete a um grande debate que a historiografia brasileira já fez e, de certa forma, já superou que é: como contar a história dos negros? Antigamente, os livros de ensino traziam os negros só como força de trabalho e depois, como libertos após a abolição em 1888. Hoje em dia, tal como pontuamos na aula, ressaltam-se os aspectos que demonstram que a população negra teve voz, teve fala, resistiu, ou seja, também foi sujeito nessa história e não apenas objeto.

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Gabarito: E

38. (Adaptada para VUNESP/ 2019)

No Brasil do século XVIII, a mineração marcou o deslocamento do eixo econômico para o Centro, incorporando os territórios que viriam a compor as capitanias de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Sobre essa atividade, leia as seguintes afirmações:

I - A ocupação das regiões mineradoras ocorreu de modo diverso daquela ocorrida nas áreas litorâneas e pecuaristas, pois deu início à urbanização do interior.

II- O Rio de Janeiro foi o porto de escoamento do ouro para a Europa e ingresso de mercadorias que iam para as minas.

III - O Rio Grande do Sul integrou-se à economia nacional enviando gado de corte e animais de carga para a região mineradora, tendo a vila de Sorocaba (SP) como principal eixo comercial.

IV- A estratificação social nas minas era marcada por uma grande participação dos setores populares e dos escravos na tomada de decisões.

V - A convergência dos caminhos no centro do país foi denominada de Cruzeiro Rodoviário.

Está correto apenas o que se afirma em

a) II, IV e V.

b) III, IV e V.

c) I, II e V.

d) I, II e III.

e) II, III e IV

Comentários

O item I nos apresenta uma informação verdadeira, pois a atividade mineradora provocou uma forma de ocupação diversa da que ocorreu no início da colonização e durante o ciclo da cana de açúcar, bem como durante o início da atividade de pecuária no interior do nordeste. O item II também está correto, por sinal, essa mudança, em função da proximidade geográfica com Minas Gerais, favoreceu o deslocamento da capita de Salvador para Rio de Janeiro. O item III também está certo e aborda uma característica do dinamismo do ciclo do ouro no tocante ao fortalecimento do mercado interno.

Já o item IV está errada porque não houve participação dos escravos e de setores populares nos processos de decisão política. Por sinal, esse tipo de exclusão política dará motivo para fortalecer as críticas republicanas dos inconfidentes mineiros à Metrópole portuguesa.

O item V está errado porque a estrada que marcou o período das relações comerciais do século XVIII foi a Estrada Real.

Gabarito: D

39. (Adaptada para VUNESP/ 2019)

Sobre as atividades económicas e a mão de obra na América Portuguesa, entre os séculos XVI e XVII, é correto afirmar que a produção

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a) era voltada exclusivamente para o mercado externo, restrita ao cultivo em plantations, e a mão de obra era exclusivamente de indígenas e africanos escravizados.

b) era voltada para além do mercado externo, com diversas culturas ligadas ao mercado interno, e a mão de obra era majoritariamente de escravizados, mas com a presença de trabalhadores livres.

c) era voltada exclusivamente para o mercado interno, através do cultivo de itens de subsistência, e a mão de obra era exclusivamente de indígenas e africanos escravizados.

d) não se resumia ao mercado externo, com diversas culturas voltadas ao mercado interno, e a mão de obra era exclusivamente de indígenas e africanos escravizados.

e) era voltada exclusivamente para o mercado externo, restrita ao cultivo em plantations, e a mão de obra era majoritariamente de escravizados, mas com a presença de trabalhadores livres.

Comentários

Coloquei esta questão par você notar que é possível resolver exercícios de vestibular fazendo X (de errado) em cima dos trechos falsos e, rapidamente, comparar as alternativas. Olha só:

A – errado a parte “exclusivamente para o mercado externo”.

B – tudo certo.

C – errado a parte “exclusivamente para o mercado interno”.

D – errado o trecho “exclusivamente de indígenas e africanos escravizados”.

E – errado o trecho “exclusivamente para o mercado externo”.

Por fim, lembre-se de que, a partir do século XVII, intensificou-se a interiorização do território a partir das novas atividades econômicas (pecuária, drogas do sertão, algodão, mineração). Havia atividades voltadas tanto para o mercado externo (açúcar, drogas do sertão, algodão, ouro) como para o mercado interno (pecuária). A mão de obra era escrava e também formada por trabalhadores livres (aqui, com destaque na pecuária e na mineração).

Gabarito: B

40. (Adaptada para VUNESP/ 1997)

Podemos afirmar sobre o período da mineração no Brasil que

a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de toda espécie, que inviabilizaram a mineração.

b) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para Portugal.

c) a mineração deu origem a uma classe média urbana que teve papel decisivo na independência do Brasil.

d) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do Brasil, e foi fator de diferenciação da sociedade.

e) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou sua exploração.

Comentário

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Queridos, percebemos que sobre esse período da história a FUVEST gosta de questão do tipo “no alvo”. Ou você sabe, ou não.

Vou comentar essa questão usando a técnica das palavras erradas. Como é isso? Quando você encontra uma palavra em um item que o contamina e torna toda a questão errada.

Vamos lá:

➢ item A – A palavra errada é INVIABILIZARAM. Porque, na verdade, a ocupação da região das Minas VIABILIZOU a produção.

➢ Item B – A palavra erra da é SÓ. Porque a exploração do ouro trouxe benefícios para muitos atores além de Portugal. Com certeza, a Inglaterra é a maior beneficiada, mas, como vimos, a atividade mineradora criou várias demandas econômicas estimulando uma diversidade de trabalhos e ocupações.

➢ Item C – A palavra errada é DECISIVO. Como veremos a classe média, em formação nesse momento, contribuiu com a independência – como veremos na aula de processo de independência. Mas não foi um papel decisivo. Papel decisivo é aquele sem o qual a independência não teria se concretizado. Isso não ocorreu, embora tenha havido participação.

➢ Item D – Não há palavras erradas. Por isso, assinale E no seu gabarito!!!!

Gabarito: D

41. (Adaptada para VUNESP/ 1987)

No processo histórico de Portugal o Tratado de Methuen consolidou a:

a) subordinação econômica de Portugal à Inglaterra.

b) prosperidade da indústria nacional portuguesa.

c) liberdade de comércio entre as colônias portuguesas e inglesas.

d) posse das terras situadas além do meridiano de Tordesilhas.

e) supremacia da França como principal parceira comercial de Portugal.

Comentário

Questão objetiva e ótima para relembrarmos que o Tratado de Methuen colocou Portugal em uma relação de

subordinação em relação à Inglaterra. Isso se deu após o processo de restauração monárquica. Portugal

procura estabelecer novas alianças, depois de ter perdido sua principal aliada que era a Holanda. Mas, os

termos do acordo com a monarquia inglesa são extremamente desfavoráveis a Portugal, uma vez que esse

país tem sua economia baseada na produção agrícola e na exploração de suas colônias e feitorias. Em Portugal,

não há nem manufaturas. Percebem as péssimas condições que não permitem a Portugal continuar sendo

aquela velha potência mercantilista? Os tempos eram outros! A Revolução Industrial já pairava na cabeça de

um punhado de ingleses. Assim, O Tratado de Methuen foi a consolidação de um processo de subordinação

que já começou logo no contexto de fins da União Ibérica, lá no século XVII.

Gabarito: A

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42. (Adaptada para VUNESP/ 2008)

Ao longo do século XVIII, ocorre uma intensificação da colonização portuguesa do Brasil. Por toda parte podem ser observados sinais de crescimento. A população aumenta, as vilas se adensam, o comércio se intensifica e a burocracia se faz mais presente. A esse respeito, assinale a alternativa correta:

a) A intensificação da colonização portuguesa na América, no século XVIII, relaciona-se, direta ou indiretamente, à descoberta e à mineração de ouro no Centro-Oeste do Brasil atual.

b) O maior número de portugueses que emigraram para o Brasil, ao longo do século XVIII, provocou uma diminuição do número de escravos africanos na colônia.

c) Os jesuítas portugueses, ao construírem, naquele período, as missões do “Guairá”, na atual região Norte do estado do Paraná, deram os primeiros passos para a urbanização e a europeização dessa região.

d) O crescimento da vida urbana, no início do século XVIII, fez surgir, no Brasil, as primeiras manifestações culturais caracteristicamente brasileiras como, por exemplo, o Modernismo.

e) A urbanização ocorrida no Brasil, no século XVIII, promoveu o primeiro surto industrial brasileiro, sobretudo depois da ascensão de D.ª Maria I ao trono de Portugal

Comentários A presença de portugueses ao longo do século XVIII não levou à diminuição do número de escravos africanos na colônia, até porque o comércio escravagista ainda era uma atividade muito lucrativa. Dessa forma, a alternativa B está errada. O erro da C é porque não foram os jesuítas portugueses que fundaram as missões do “Guairá”, mas os espanhóis. As missões do Guairá se localizavam a oeste do atual estado do Paraná. Essas terras eram ocupadas por encomiendas e pelas cidades espanholas de Ciudad Real (1550), Vila Rica do Espírito Santo (1570) e Copacabana. As encomiendas constituíam-se em : os índios encomiendados prestavam serviços aos donos da terra, em troca de proteção e catequese. O erro da D é bem evidente, pois o modernismo foi um movimento cultural do início do século XX. Nesse período, século XVIII, o Barroco foi a manifestação artística que dominou as principais cidades brasileiras, principalmente aquelas que contaram com recursos da extração de metais preciosos. Da mesma forma, a alternativa E exagera ao falar de surto industrial no século XVIII.

Gabarito: A

43. (Adaptada para VUNESP/ 1999)

“E se olharmos para o teto, veremos o próprio céu retratado em pintura ilusionística no forro,que foi rompido para mostrar o Paraíso com a Virgem, os anjos e os santos. A talha usará colunas torcidas recobertas de vinhas e povoada de querubins, aves, frutos, cada elemento procurando vibrar e tomar todo o espaço possível. As colunas torsas serão as grandes eleitas porque sua estrutura helicoidal é o próprio movimento sem fim. À noite, os interiores das igrejas revelam novas surpresas. A iluminação à vela produz uma luz vacilante que faz vibrar o ouro da talha, dramatiza as pessoas e as imagens. Sente-se que se está num espaço consagrado pelo perfume do incenso vindo do altar-mor, onde é mais intenso o brilho do ouro na luz incerta das velas.”

[adaptação] TOLEDO, Benedito Lima de. Apud: FERREIRA, Olavo Leonel. História do Brasil, São Paulo: Ática, 1995. p. 166.

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O autor da descrição se refere ao caráter essencial do estilo:

a) Barroco – Lirismo, apelo à emoção, busca de uma dinâmica infinita, solicitação de todos os sentidos.

b) Naturalista – solidez, despertar da fé pela contemplação da natureza, quer do reino animal, vegetal ou mineral.

c) Gótico – grandiosidade e leveza, tornada possível graças ao emprego de arcos em forma de ogiva e de inúmeros vitrais.

d) Neoclássico – ênfase na harmonia e no equilíbrio, apelo às faculdades racionais do homem e realce para os elementos estruturais da construção.

e)n.d.a

Comentário

Queridos as características descritas no texto se referem ao barroco. Lembremos de algumas características desse movimento:

• a razão sede lugar à emoção

• motivos florais, angelicais e frutíferos

• as edificações religiosas são os principais exemplos do barroco no Brasil

• entalhamento como forma de ornamentação

• pinturas com ouro sobre os entalhes, ou talhas

Tendo isso em mente, podemos confirmar o item A como forma ligado à arte barroca.

Os outros itens pertencem a outros estilos que não condizem com o excerto do texto.

Gabarito: A

44. (Adaptada para VUNESP)

No contexto da segunda metade do século XVIII, no Brasil Colonial, a palavra derrama expressava:

a) a cobrança obrigatória dos impostos atrasados pela Coroa Portuguesa aos habitantes da região das Minas Gerais;

b) o processo judicial que investigou a participação dos inconfidentes mineiros na conspiração

que pretendia separar a Colônia do domínio português;

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c) a perseguição religiosa aos cristãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo) por parte da Inquisição portuguesa;

d) a violenta repressão das autoridades portuguesas às revoltas nativistas, tais como a Guerra dos Emboabas e a Revolta de Vila Rica;

Comentário

Queridos questão conteudista para relembrar o conceito da principal ação da Coroa Portuguesa sobre a cobrança de impostos. A derrama foi uma ação de execução da dívida dos mineradores que não alcançavam a cota mínima obrigatória de 100 arroubas de ouro anuais de imposto.

Vamos reforçar como funcionava: um minerador deveria pagar o quinto: ou seja, 20% do valor sobre a extração do ouro. Esse ouro ia para as casas de fundição para que pudesse ser “quintado”, ou seja, descontado o valor do imposto e depois transformado em barras com o selo real. Ao longo do ano, s impostos pagos por cada minerador deveria ter atingido a soma de 100 arroubas de ouro. Caso não conseguisse atingir esse valor deveria pagar a diferença. Caso não pagasse contraia uma dívida com a Coroa.

Acontece que, muitas vezes, grande parte dos mineradores não conseguiam complementar e pagar todo o montante. Isso produziu uma dívida. Depois de 1770, com a decadência da produção aurífera, isso tornou-se comum na região das minas. Em alguns momentos, o governo decretava a derrama, ou seja, dava uma data para o minerador pagar e se não pagasse a dívida, os funcionários das Intendências poderiam expropriar tudo o que fosse de valor para sanar a dívida do minerador com a coroa. Muitos mineradores, especialmente os de pequeno e médio porte, ficavam sem nada... nada!

Tendo isso em mente, só podemos assinalar a alternativa A.

Gabarito: A

45. (Adaptada para VUNESP/ 2015)

Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia [...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase desconhecida tem dado e dá atualmente grandes cabedais aos moradores do Brasil e incríveis emolumentos aos Erários dos príncipes.

ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado.

O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, revela que

a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do ouro, sucedeu o da cana-de-açúcar.

b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que ocorria com outros produtos, era direcionado à metrópole.

c) não se pode exagerar quanto à lucratividade propiciada pela cana-de-açúcar, já que a do tabaco, desde seu início, era maior.

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d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o potencial econômico de suas colônias americanas.

e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade de produtos, cuja lucratividade se relacionava com sua inserção em mercados internacionais.

Comentário

A questão demonstra o que falamos: o Brasil não era só açúcar. Apesar da ênfase dada ao açúcar, outros produtos eram cultivados – como o tabaco – e, à medida que ganhavam mercado na Europa, davam retorno lucrativo a Coroa Portuguesa. O importante é percebermos que a produção tinha espaço na economia internacional, por isso, se adequava à lógica colônia-metrópole própria do sistema mercantilista. Nesse sentido, a resposta correta está no item E.

Vejamos por que as demais estão incorretas:

Item a - O tabaco não constituiu um ciclo econômico que substituiu a cana. O autor demonstra a simultaneidade da produção de ambos.

Item b- Parte do rendimento do que era exportado ficava na colônia. É verdade que o maior lucro ficava com a metrópole, mas também enriqueceu uma parcela dos colonos.

Item c- Não há nada no texto que nos permite inferir que o tabaco tinha maior potencial econômico que a cana de açúcar.

Item d- O potencial econômico das colônias foi sendo conhecido aos poucos, por isso, as expedições de reconhecimento foram uma constante.

Gabarito: E

46. (Adaptada para VUNESP/ 2009)

A criação, em território brasileiro, de gado e de muares (mulas e burros), na época da colonização portuguesa, caracterizou-se por:

a) ser independente das demais atividades econômicas voltadas para a exportação.

b) ser responsável pelo surgimento de uma nova classe de proprietários que se opunham à escravidão.

c) ter estimulado a exportação de carne para a metrópole e a importação de escravos africanos.

d) ter-se desenvolvido, em função do mercado interno, em diferentes áreas no interior da colônia.

e) ter realizado os projetos da Coroa portuguesa para intensificar o povoamento do interior da colônia.

Comentário

Ótima questão sobre pecuária. Sabemos que ela se desenvolveu em função do mercado interno, sobretudo, no contexto do século XVIII para abastecer o mercado aurífero. Isso se deu com a pecuária sulista e, também com a do nordeste. É verdade que, com a consolidação e aumento da produção de gado, as atividades

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pecuaristas se diversificaram e acabou ganhando destaque no comércio exportador de couro e carne. Por isso, o item D está correto.

Dessa forma, a pecuária não se desenvolveu independente de outras atividades econômicas exportadoras (item A), não foi responsável pelo surgimento de nova classe social – mas pelo fortalecimento de uma aristocracia fundiária já existente (item B).

Cuidado com o item C, é uma casca de banana: o desenvolvimento da pecuária estimulou a exportação de carne – mas não de mulas e burros (que o gado de muar) que está mencionado na questão. Também é verdade que usaram o trabalho escravo na produção de carne charqueada, ou seja, carne de boi conservada.

O item E também precisa de cuidado. A pecuária foi sim responsável por ajudar a interiorizar o Brasil, mas não foi por meio de um projeto oficial português. A expansão da pecuária foi uma atividade privada de peões de gado, os gaúchos e tropeiros.

Gabarito: D

47. (Adaptada para VUNESP/ 2002)

"Os que trazem [o gado] são brancos, mulatos e pretos, e também índios, que com este trabalho procuram ter algum lucro. Guiam-se indo uns adiante cantando, para serem seguidos pelo gado, e outros vêm atrás das reses, tangendo-as, tendo o cuidado para que não saiam do caminho ou se amontoem". (ANTONIL, Cultura e opulência do Brasil, 1711.)

O texto expressa uma atividade econômica característica

a) do sertão nordestino, dando origem a trabalhadores diferenciados do resto da colônia.

b) das regiões canavieiras onde se utilizava mão de obra disponível da entressafra do açúcar.

c) de todo o território da América portuguesa, onde era fácil obter mão de obra indígena e negra.

d) das regiões do nordeste, produtoras de charque, que empregavam mão de obra assalariada.

e) do sul da colônia, visando abastecer de carne a região açucareira do Nordeste.

Comentário

A pecuária do sertão nordestino estabeleceu o emprego da mão de obra de mestiços, indígenas e escravos alforriados – diferentemente do Sul realizada, majoritariamente por brancos. Nesse sentido, podemos afirmar que mão de obra empregada nesse tipo de negócio era distinta da que foi adotada na economia açucareira. Além disso, devemos ter em mente que a atividade pecuarista oferecia uma relativa ascensão social aos que participavam desse ramo da economia colonial. Nesse sentido, o item correto é A.

As demais estão incorretas porque não existia entressafra do açúcar praticamente, devido à rotação de terra. Além disso, nos engenhos de açúcar a mão de obra era majoritariamente escrava. Ademais, a pecuária, como vimos, desenvolveu-se na região Sul e Nordeste e não em toda a colônia. Lembrando que o charque é uma técnica de conservar carne criada pelos colonos sulistas, e não do nordeste. Por fim, essa região era abastecida com a carne do gado lá mesmo criado.

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Gabarito: A

48. (2001)

O barroco no Brasil foi

a) uma manifestação artística de caráter religioso limitada às regiões de mineração.

b) uma expressão artística de origem europeia reelaborada e adaptada às condições locais.

c) um estilo original na pintura, mantendo a tradição manuelina nas edificações.

d) uma criação artística popular predominante em todo o Brasil colônia e no império.

e) uma produção artística, imposta pelo modelo absolutista português, na época da mineração.

Comentário

Historiadores da arte nos ensinam que o estilo Barroco sofreu uma adaptação à realidade colonial - ou “aclimatou-se” aos trópicos. Apesar da influência do estilo manuelista (das grandes edificações cujas características misturam um gótico tardio com entalhamentos e ornamentações próprias do renascimento), há um abandono das construções monumentalistas, pois isso o item C está incorreto. Veja duas imagens e compare-as. Além disso, o entalhamento e o trabalho escultural em pedra-sabão garantem a singularidade do barroco, especialmente, nas Minas Gerais. As temáticas florais e de anjos predominam nas obras desse barroco brasileiro.

37 38

37 Por Rieger, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2447525

38 Por Ricardo André Frantz - Obra do próprio, CC BY 3.0,

https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=39559766

12-Mosteiro de São Jerónimo em Belém, exemplo mais emblemático da arquitetura manuelina, encomendado pelo rei D. Manuel I pouco depois de Vasco da Gama ter regressado da Índia, em 1502, Santa Maria de Belém, Lisboa, Portugal. Observe a relação entre a altura do mosteiro em

comparação com as pessoas que circulam.

13-Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.

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Como vimos em aula, não foram só as regiões auríferas que desenvolveram o barroco, apesar de abrigar um dos principais artistas desse estilo: Aleijadinho. Mas, outras regiões também experimentaram a arte barroca, como o Rio de Janeiro e seu Mestre Valentin. Portanto, não poderíamos assinalar o item A. há algo bastante interessante no Barroco Mineiro: o artista era mestiço. Isso demonstra, segundo alguns historiadores, a nova composição social originada na região das minas. Mas, para nada isso quer dizer que é uma criação popular. Como todo artigo de intelectualidade, a origem é restrita a alguns estratos da sociedade. Por isso não podem estar certos os itens D e E.

Gabarito: B

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Queridos, minha mãe me falava umas coisas que eu carrego para minha vida. As vezes compartilho. Uma delas era: Ninguém pode atrasar quem veio para vencer!!! Nem sei de onde ela tirou isso, mas eu carreguei comigo como amuleto. Compartilho com vocês, pois tenho certeza de que nesse momento vocês estão dando seu melhor!

E não esquece: cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de adquirir mais conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza infinita. Ninguém tira de

você aquilo que está acumulado: o seu capital cultural. S2

Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!! Contem comigo, meus querida e querido alunos.

Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas com esmero. E não se esqueça de que não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo, certo!

Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua preparação.

Um grande abraço estratégico,

Alê Lopes

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