DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO UMA DISCUSSÃO A RESPEITO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA GESTÃO AMBIENTAL Helena Mendonça Faria ORIENTADOR: Prof. Dr. Rogério José da Silva CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Edson de Oliveira Pamplona

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UMA DISCUSSÃO A RESPEITO DOS BENEFÍCIOS

ECONÔMICOS DA GESTÃO AMBIENTAL

Helena Mendonça Faria

ORIENTADOR: Prof. Dr. Rogério José da Silva

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Edson de Oliveira Pamplona

Programa de Pós graduação em Engenharia de Produção-

Escola Federal de Engenharia de Itajubá

Av. BPS, 1303- Bairro Pinheirinho- 37500-000 Itajubá MG

SUMÁRIO:

AGRADECIMENTOS

1- INTRODUÇÃO

2- OBJETIVOS

3- METODOLOGIA

4- A QUESTÃO AMBIENTAL

5- NORMAS E LEIS AMBIENTAIS BRASILEIRAS

6- GESTÃO AMBIENTAL

7- ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E MEIO AMBIENTE

8- ECONOMIA E MEIO AMBIENTE

9- VALORAÇÃO AMBIENTAL

10- CONTABILIDADE AMBIENTAL

11- MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE

12- ALGUNS PEQUENOS ESTUDOS DE CASO

13- CONCLUSÃO

14- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

1- INTRODUÇÃO:

Sabe-se que a gestão ambiental vem ganhando um espaço

crescente no meio empresarial. O desenvolvimento da consciência

ecológica em diferentes camadas e setores da sociedade mundial

acaba por envolver também o setor empresarial. Naturalmente não

se pode afirmar que todos os setores empresariais já se encontram

conscientizados da importância da gestão responsável dos

recursos naturais. Entretanto, segundo Wladmir Netto Ungaretti:

existem indicativos de que tem crescido o nível de preocupação

com as questões ambientais no setor empresarial brasileiro, porém

a incorporação da variável ambiental por parte de alguns setores

industriais ainda se limita às exigências dos sistemas de

fiscalização do poder público. A introdução da variável ambiental

na gestão empresarial tem estado sujeita ainda à muitos fatores

de ordem política e conjuntural. Segundo este mesmo autor as

contradições geradas pelos inúmeros desníveis da sociedade

brasileira, bem como a imposta inserção no processo de

globalização, fazem da variável ambiental um fator determinante

em alguns setores, mas em outros não.”( UNGARETTI, W. N. 1.998,

p. 34.). Isto significa que alguns setores empresariais tem

motivos mais determinantes para realizarem investimentos em

gestão ambiental. Pode-se afirmar que a maior parte das empresas

instaladas no Brasil e ligadas ao mercado internacional tem como

demanda competitiva ou até mesmo de sobrevivência a adoção de

algum tipo de gestão ambiental. E por terem razões mercadológicas

mais fortes para investirem em gestão ambiental acabam sendo

pioneiras. Esta afirmação pode ser mais uma vez confirmada pela

afirmação de UNGARETTI. Este autor afirmou que foi possível

realizar uma constatação em seu trabalho: “os setores

empresariais com melhor desempenho ambiental são aqueles

submetidos, por razões de mercado, às exigências do processo de

internacionalização da economia. Importadores pressionados por

consumidores pressionam as empresas nacionais.” ( UNGARETTI, W.

N. 1.998, p. 34.).

Uma vez que existem fatores conjunturais, macroeconômicos e

políticos que determinam a adoção de Sistemas de Gestão

Ambiental- seja de que espécie for- pelo segmento empresarial, a

mudança destes fatores interfere no número de empresas que

investem em gestão ambiental. Mas, ainda que alguns setores não

estejam atentos às demandas do mercado a tendência de maiores

investimentos por parte do setor empresarial em gestão ambiental

é dada pela própria conscientização crescente por parte de

consumidores, governos, empresas, organizações não

governamentais, ou seja por parte da sociedade a respeito da

questão ambiental.

Muitas vezes os investimentos em gestão ambiental são

direcionados por fatores competitivos, mas existem fatores

diversos que determinam a realização de investimento em gestão

ambiental por parte das empresas, dependendo de sua realidade.

O setor empresarial brasileiro despertou para importância e

necessidade de produzir adequando-se a preservação ambiental,

quando: a) Houve a criação de normas internacionais para a

mensuração da qualidade ambiental, aliada à grande concorrência

internacional exigindo a adequação ambiental das empresas

multinacionais e de empresas exportadoras; b) Ocorreu uma

modificação na legislação ambiental, tornando-se esta mais

restritiva, ao mesmo tempo, em que iniciou-se uma intensificação

da fiscalização; c) Tornou-se visível o grande mercado vinculado

à proteção ambiental incluindo oportunidades de negócios como:

produtos e equipamentos antipoluentes, equipamentos ligados a

energias renováveis, equipamentos de saneamento básico, produtos

rurais ligados à agricultura orgânica, setores que exportam para

o primeiro mundo, reciclagem de materiais industriais e resíduos

sólidos, etc.(FARIA, H. M. 1.998)

Sabe-se que os investimentos em gestão ambiental são

crescentes e que Sistemas de Gestão Ambiental são cada vez mais

adotados por empresas nacionais e multinacionais. O número de

empresas que já implantaram sistema de Gestão Ambiental no Brasil

gira em torno de 140 empresas certificadas pela Norma ISO14000

até setembro de 1.999. Existe então na realidade um macro

investimento em gestão ambiental. Estes investimentos crescentes

podem ser explicados por vários fatores, entre os quais podemos

citar: maior conscientização da sociedade exigindo uma postura

responsável do setor produtivo; legislação mais restritiva;

competitividade; novas oportunidades com a abertura de “mercados

verdes”. Na verdade o desenvolvimento da questão ambiental e da

conscientização das pessoas a respeito da escassez de recursos

naturais leva a uma maior preocupação com as questões ambientais.

Assim, empresários e até mesmo investidores que antes viam a

gestão ambiental como mais um fator de aumento de custos do

processo produtivo, se deparam com vantagens competitivas e

oportunidades econômicas de uma gestão responsável dos recursos

naturais. Neste trabalho pretende-se esclarecer como detectar as

vantagens econômico -financeiras oferecidas pelos investimentos

em gestão ambiental. Esta tarefa não se constitui em um caminho

fácil a percorrer.

Modelos econômicos, métodos e princípios contábeis tem sido

desenvolvidos para que se possa realizar uma análise econômica do

meio ambiente, porém são ainda pouco empregados, mesmo quando se

tem uma urgência em utilizá-los, quando existe a consciência de

que o desenvolvimento econômico deve ser ‘sustentável’. A

contabilidade nacional, a economia, a administração são campos de

pesquisa que ainda caminham no sentido de incorporar a variável

ambiental em seus estudos.

Os argumentos apresentados a seguir por Henrique Rattnerilustram a crescente interpenetração da questão ambiental emdiversos campos profissionais e científicos:

“ Os economistas defendem a análise de custo-benefício, taxa de desconto,preços reais (referentes aos custos de recuperação por danos ambientais),auditoria ambiental, eventualmente, uma nova metodologia para as contasnacionais. Os sociólogos insistem na necessidade de se consultar e pesquisar asopções sociais, questionando-se sobre a disposição da sociedade em pagar pelaproteção e conservação de determinados recursos naturais ou pela instalação dedepósitos de lixo que representam riscos à saúde. Cientistas e tecnólogosreivindicam maiores verbas para a pesquisa e desenvolvimento de ciênciasbásicas e de tecnologias de ponta, tentando seguir os padrões e copiar ou repetiros projetos de cientistas dos países desenvolvido. Constituem juntamente com oshomens de negócio, um lobby forte para a transferência de tecnologias( equipamentos, investimentos, etc.)dos países desenvolvidos para os países emdesenvolvimento. Um número crescente de companhias e executivos começa a

ver as questões ambientais como um campo novo e interessante deinvestimentos, ao menos por razões de marketing e de imagem perante opúblico. Os banqueiros e os conglomerados financeiros percebem oportunidadespara lucros imensos advindos das preocupações ambientais e das transaçõesinternacionais, através da transferência de dotações de conversão das dívidasexternas de proteção ao meio ambiente. (RATTNER, H. 1.994.)

Alguns estudos a respeito do “desenvolvimento sustentável”

esbarram nas concepções de sociedade e de estado atuais e alguns

autores ressaltam que os problemas ambientais enfrentados por

toda a sociedade tem como causa os modelos políticos e de

estrutura de poder vigentes que são excludentes, deixando grande

parte da população em condições muito baixas, para não dizer

insustentáveis de vida. Rattner ressalta que as soluções para os

problemas ambientais são simples e não necessitam do

desenvolvimento de novas tecnologias, as existentes dariam conta

das demandas atuais, ficando assim a responsabilidade de tomadas

de decisões a respeito do desenvolvimento sustentável mais

determinantemente uma questão de decisões políticas e sociais

conjuntas ( RATTNER, H. 1.994). Assim a busca de um

desenvolvimento sustentável passa por reformulações maiores do

que apenas mudanças de modelos de gestão, mudanças de sistemas

contábeis e métodos de avaliação econômica, ainda que estes sejam

imprescindíveis para se viabilizar um determinado projeto. Só

será possível realizar tal mudança com uma mudança de consciência

social e política. Este fato não rouba a importância do

desenvolvimento atual de tais pesquisas uma vez que a sociedade

não muda bruscamente, mas sim atravessando períodos de transição.

Portanto ainda que o investimento por parte do setor privado em

ações ambientalmente corretas não traga soluções para graves

problemas sociais enfrentados principalmente em países em

desenvolvimento como o Brasil, estas ações geram aspectos

positivos para a sociedade, pelo menos no sentido da não

continuidade de ações altamente destrutivas quanto ao aspecto

ambiental.

A maior preocupação ambiental visualizada em nosso presente

é conseqüência de problemas concretos enfrentados pela sociedade

tanto no passado quanto no presente. Os níveis de consumo atual

não são considerados sustentáveis. No atual momento a natureza dá

sinais evidentes de exaustão como os chamados problemas globais:

Efeito estufa que exerce influência negativa no clima do planeta,

escassez de água, extinção de espécies causando desequilíbrio,

escassez de alimentos e energia, etc. Mesmos sem as estatísticas

pode-se detectar as mudanças pelas quais a sociedade passa

observando a vida cotidiana, as cidades, a escassez de espaços

naturais a população pobre crescente.

A situação atual do nível de conservação dos recursos

naturais e previsões para o futuro próximo não são positivas.

Organizações como a ONU já afirmaram diversas vezes números a

este respeito. Pode-se citar por exemplo dados relacionados às

reservas de água do Planeta: “Dentro de 25 anos, aproximadamente,

um terço da população mundial enfrentará graves desabastecimentos

de água informou a Organização das Nações Unidas “(HOULDER, V.

março de 1.999). Mudanças são necessárias para que estas previsões

não se efetuem. Ainda que as mudanças envolvam toda a sociedade o

setor produtivo tem em suas mãos grandes responsabilidades, que

com a maior conscientização dos consumidores serão cada vez mais

exigidas deste setor seja através de leis ou de mecanismos do

próprio mercado. Torna-se claro que a mudança de consciência é

necessária para que as sociedades atuais atinjam um

desenvolvimento sustentável e grande responsabilidade a respeito

deste desenvolvimento se encontra nas mãos do setor produtivo.

Para as empresas que estão iniciando a inclusão da variável

ambiental em suas atividades, através da Gestão Ambiental por

motivos diversos persistem algumas dúvidas. Este trabalho

pretende responder à algumas indagações referentes à gestão

ambiental. Entre as quais pode-se citar: A gestão ambiental traz

resultados econômicos positivos aos empresários que nela

investem? Como os resultados dos investimentos em gestão

ambiental podem ser mensurados? A partir de estudos relativos a

valoração da variável ambiental e da realização de pequenos

estudos de caso pretende-se elucidar melhor esta questão ainda

que não se tenha a pretensão de se esgotar este assunto, uma vez

que todas as áreas de conhecimento atuais tem como demanda

incluir em suas pesquisas preocupações com a manutenção dos

estoques de recursos naturais devido as previsões a respeito da

escassez para o futuro.

2- OBJETIVOS:

Este trabalho tem como objetivo principal discutir a respeito

dos benefícios econômicos trazidos pela gestão ambiental. Faz-se

necessário esclarecer que não é objetivo principal deste trabalho

discutir a relevância da opção das empresas por adotarem Sistemas

de Gestão Ambiental, uma vez que se considera que esta opção seja

socialmente determinada- quando se trata por exemplo da

observância da legislação pertinente ao meio ambiente- ou mesmo

determinada pelo mercado- quando se trata por exemplo de se visar

algum tipo de vantagem competitiva. Entretanto esta discussão

estará presente no desenvolvimento deste trabalho pontuando todos

os capítulos.

Podem ser citados também alguns objetivos secundários porém

fundamentais no sentido de trazer esclarecimentos essenciais ao

objetivo principal. Entre estes podemos citar:

1- Dissertar a respeito dos conceitos referentes à economia e

contabilidade ambiental;

2- Oferecer uma visão inicial dos métodos existentes de valoração

ambiental;

3- Discutir os principais aspectos da gestão ambiental, tais como

sua caracterização e formas de implantação.

Torna-se necessário esclarecer que estes objetivos secundários

apresentados acima fazem parte de teorias e conceitos novos

nestas áreas de estudo portanto não se pretende apresentar um

trabalho aprofundado destes mesmos conceitos e sim aspectos que

sejam relevantes ao objetivo principal deste trabalho.

3-METODOLOGIA:

4- A QUESTÃO AMBIENTAL

O estudo do tema ambiental tem como aspecto fundamental a

interdisciplinaridade. Muito ainda se caminha no sentido de se

tratar a questão ambiental de forma adequada. Entretanto: “ as

evidências empíricas já acumuladas sobre os impactos ecológicos

das ações humanas parecem colocar em xeque as formas usuais de

gestão das relações sociedade-natureza.” (VIEIRA, P. F. e WEBER,

J. –org, 1.997). Em outras palavras os impactos ecológicos na

vida quotidiana das sociedades têm sido grandes, afetando a

qualidade de vida das pessoas e colocando uma interrogação nos

modelos de desenvolvimento social e econômico adotado pelas

mesmas. Para ilustrar estas afirmações é interessante observar

uma citação da comissão mundial para o meio ambiente e

desenvolvimento: “ ... na década de 70, o número de pessoas

atingidas por catástrofes ‘naturais’ a cada ano dobrou em

relação à década de 60. As catástrofes mais diretamente ligadas à

má administração do meio ambiente e do desenvolvimento- secas e

inundações- foram as que afetaram o maior número de pessoas e as

que se intensificaram mais drasticamente em termos de vítimas.

Cerca 18,5 milhões de pessoas sofreram anualmente os efeitos da

seca nos anos 60; 24,4 milhões, nos anos 70. Houve 5,2 milhões de

vítimas de inundações por ano na década de 60; 15,4 milhões nos

anos 70. .... Ainda não há dados definitivos para os anos 80.

Mas, só na África, 35 milhões de pessoas foram atingidas pela

seca, na Índia dezenas de milhões sofreram os efeitos de uma seca

mais bem administrada portanto menos divulgada. Inundações

assolaram os Andes e o Himalaia desflorestados com um vigor

sempre crescente. Ao que parece, essa tendência sinistra dos anos

80 se transformará numa crise que deverá durar toda a década de

90” ( Nosso futuro Comum, 2O ed. 1.991). Números não faltam para

que se identifique crises ambientais, assim as nações através de

organismos internacionais como a ONU, além de organizações não

governamentais têm iniciado um movimento em direção a uma nova

forma de desenvolvimento que considere o aspecto ambiental, as

reservas de recursos naturais.

Pesquisadores afirmam que “ a Terra entrou em um período de

mudanças hidrográficas, climáticas e biológicas que difere dos

episódios anteriores de mudança global, no sentido de que esta

tem uma origem humana.... ´ (STERN, P. C. ; YOUNG, O. R. e

DRUCKMAN – org.- 1.993). Existem outros períodos de mudanças

climáticas na história do planeta Terra, entretanto não tinham

como causa a ação humana. Estes mesmos pesquisadores afirmam

também que “ as mudanças globais que se agigantam no horizonte

são o caso em questão. A destruição da camada de ozônio atribuída

ao acúmulo de clorofluorcarbonos (CFCs) na estratosfera é um

efeito colateral não pretendido, proveniente das atividades

industriais humanas. O aumento do dióxido de carbono atmosférico,

uma tendência que se tem acelerado desde o começo da revolução

industrial, é motivado pelo crescente uso de combustíveis fosseis

e pela eliminação das florestas. E a perda da diversidade

biológica é um subproduto das várias atividades humanas inclusive

da derrubada de florestas tropicais úmidas para fins agrícolas “

(STERN, P. C. ; YOUNG, O. R. e DRUCKMAN – org.- 1.993). Todos

estas mudanças tem impactos negativos para a vida humana.

Não se pode ignorar as discussões e ações referentes a

questão ambiental presentes no momento atual da humanidade. Estas

ações são atuais, uma vez que assumem um destaque maior não

observado na história recente da humanidade. Uma das

característica mais importante dos problemas ambientais

enfrentados pela sociedade atual é o fato de estes problemas têm

como agente e sofredor da ação ou seja causa e efeito o próprio

homem. Os pesquisadores STERN, YONG e DRUCKMAN afirmam que: os

sistemas humanos e os sistemas ambientais encontram-se em dois

pontos: onde as ações humanas proximamente causam mudança

ambiental, ou seja, onde elas alteram diretamente aspectos do

meio ambiente, e onde as mudanças ambientais afetam diretamente

aquilo que os seres humanos valorizam (STERN, P. C. ; YOUNG, O.

R. e DRUCKMAN – org.- 1.993). Quando se percebe as influências

das ações humanas nas mudanças ambientais do planeta, por outro

lado também pode-se observar contra-ações ou reações no sentido

de se controlar estas mudanças. ‘ Por exemplo, depois que as

pessoas aprenderam que os CFCs que se elevam para a estratosfera

destruiriam a camada de ozônio lá existente e ameaçariam a saúde

humana, fizeram esforços para diminuir o uso industrial ou

comercial destes produtos químicos.” (STERN, P. C. ; YOUNG, O. R.

e DRUCKMAN – org.- 1.993). Estas reações humanas que podem

alterar o curso das mudanças ambientais globais são instrumentos

para se diminuir ou eliminar as conseqüências negativas que tais

mudanças já trouxeram ou podem trazer para a saúde e qualidade de

vida das populações.

Desde a conferência de Estocolmo em 1972, onde, pela

primeira vez foram discutidas amplamente, em fórum internacional,

as questões ambientais apresentam papel gradualmente mais

abrangente, perante as nações. A partir deste evento

disseminaram-se: previsões de aumento de consumo de energia e

recursos naturais no mundo e o esgotamento destes mesmos

recursos. “Cerca de 25% da população mundial consome 75% da

energia primária, 75% dos metais e 60% dos alimentos, produzidos

no mundo, com vantagem dos países industrializados sobre os não

industrializados, verificando-se ao mesmo tempo um crescimento da

pobreza; escassez de recursos naturais essenciais para atividades

humanas, como a água; e a crise urbana.” (SEBRAE/96)

Todas estas constatações e previsões levaram a uma nova

abordagem da questão ambiental, que se torna mais presente na

vida dos cidadãos.

A necessidade de conciliar desenvolvimento econômico e

preservação ambiental, duas questões que antes eram tratadas

separadamente, levam a formação do conceito de desenvolvimento

sustentável, que surge como alternativa para a comunidade

internacional, e ganha notoriedade a partir do relatório “Nosso

Futuro Comum” da Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em

1987(SEBRAE, 1996).

A consciência de que é necessário tratar com racionalidade

os recursos naturais, uma vez que estes podem se esgotar,

mobiliza a sociedade no sentido de se organizar para que o

desenvolvimento econômico não seja predatório, seja sim,

sustentável.

Em 1987, foi convocada pela Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente

e Desenvolvimento, a Conferência das Nações Unidas para o meio Ambiente e

Desenvolvimento (CNUMAD), que aconteceu em 1992, no Rio de Janeiro.

Esta conferência contou com a participação de órgãos

governamentais internacionais, e teve a participação paralela de

setores independentes da sociedade como Organizações não

Governamentais ( ONGs) agregados no chamado Fórum Global. Esta

conferência produziu os documentos: “Carta da Terra”, com 27

princípios básicos e a “ Agenda 21”, um amplo programa com a

finalidade de dar efeito prático aos princípios aprovados durante

a mesma.

No Brasil a evolução da “Questão Ambiental” iniciou-se com

um caráter preservacionista, na década de 60. Em Estocolmo, em

1972, o governo Brasileiro foi o principal organizador do bloco

de países em desenvolvimento que tinham uma posição de

resistência ao reconhecimento da problemática ambiental,

considerando mais importante o crescimento econômico. É definido

então, que a problemática ambiental deve se ater ao controle de

poluição e preservação de algumas amostras de ecossistemas

naturais. (VIOLA E LEIS,1.990)

Com a crescente preocupação interna- através de entidades

ambientalistas - e externa, para que o Brasil apagasse a imagem

negativa de 1972, a problemática ambiental toma rumos mais amplos

na sociedade brasileira, formando um movimento que envolve o

Estado, a comunidade e finalmente, no final da década 80 e

durante os anos 90, o setor empresarial.

O setor empresarial passou a exercer papel importante no

sentido de orientar investimentos e a gestão de processos

produtivos, segundo critérios de proteção e uso adequado do meio

ambiente.

Diante deste contexto, é indiscutível que a questão

ambiental exerce papel importante no mercado, na sociedade,

influencia governos, consumidores e o setor empresarial.

Ainda que se tenha um caminho longo a percorrer para que se

chegue a uma forma sustentável de desenvolvimento e os problemas

alertados pelos pesquisadores sejam considerados uma urgência

dado o nível de destruição apresentados para os recursos

naturais, os primeiros passos vêm sendo dado e o setor

empresarial é um importante segmento para que estas ações se

concretizem.

5- NORMAS E LEIS AMBIENTAIS BRASILEIRAS:

5.1- ASPECTOS IMPORTANTES DA LEGISLAÇÃO

AMBIENTAL BRASILEIRA:

A legislação brasileira oferece normas e leis relativas à

conservação e gerenciamento dos recursos naturais. Estabelece

responsabilidade civil, penal e administrativas para os

responsáveis por danos ao meio ambiente. Está também incluída

nesta legislação a forma de organização dos órgão gestores do

meio ambiente sejam eles fiscalizadores ou consultivos e

deliberativos.

A partir da constituição de 1988, passou a existir no Brasil

instrumentos jurídicos para qualquer cidadão inferir no processo

de degradação ambiental, confirmando a tendência à maior

regulamentação ambiental para o funcionamento das empresas. A

constituição dedica o capítulo VI ao meio ambiente e no artigo

170, condiciona a ordem econômica, entre outros princípios, ao da

defesa do meio ambiente. ( SEBRAE/ 96). As constituições

estaduais também dedicam capítulos ao tema ambiental e remetem

para a legislação ordinária que regulamenta essas disposições

constitucionais. ( VALLE, C. E., 1.995). Segue-se a seguinte hierarquia

na legislação brasileira, em ordem decrescente: Constituição;

Lei; Lei Ordinária e Decreto. Sendo que este último deve estar

relacionado à uma lei determinada regulamentando-a.

Através da lei 6.938 de 1981, o poder público dispõe de

instrumentos para assegurar o direito ao meio ambiente

equilibrado, tais como: avaliação do impacto ambiental, o

licenciamento ambiental e a revisão de atividades efetivas ou

potencialmente poluidoras, o zoneamento ambiental e a

fiscalização. Esta lei dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá

outras providências. O decreto que a regulamenta é o de n º

99.274 de 1.990.

A nova Lei de crimes ambientais, sancionada em 12 de

fevereiro de 1998, pelo presidente da República, responsabiliza

pelos crimes contra o meio ambiente a pessoa jurídica e a pessoa

física responsável. Propõe penalidades mais severas; variando de

penas restritivas de direitos para a pessoa jurídica, tais como:

I- Suspensão parcial ou total de atividades, II interdição

temporária de estabelecimento, obra ou atividade, III.- proibição

de contratar com o poder público, bem como dele obter subsídios,

subvenções ou doações; à multas e detenção, para a pessoa física

responsável. Esta nova lei porém teve que esperar cerca de um ano

para ser regulamentada pelo Decreto n º 3.179, de 21 de setembro

de 1.999. Este decreto dispõe sobre a especificação das sanções

aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e

dá outras providências. Entre outras coisas define o valor de

multas e sua correção monetária e tipo de multa a ser imposto

como sanção em cada infração. Como por exemplo em seu art. 2 º ,

define que as infrações administrativas são punidas com:

advertência; multa simples; multa diária.

Houve um desenvolvimento significativo de legislação ambiental

brasileira. Na história desta evolução cita-se como importantes

marcos a constituição de 1.988, a Lei 6.938 de 31 de agosto de

1.981. Considera-se também um importante marco no desenvolvimento

da legislação brasileira relativa ao meio ambiente a Lei n º

9.605 ou a Lei de crimes ambientais, sancionada em 12 de

fevereiro de 1998. Esta Lei sistematizou adequadamente, numa só

ordenação, as normas de direito penal ambiental, possibilitando o

seu conhecimento e a sua execução pelos entes estatais. ( SALES,

M. 1.999). Ou seja, expondo a responsabilidade e penalidades para

atos em desfavor do meio ambiente, esta lei ainda estabeleceu

penas e multas tanto para pessoa jurídica quanto para pessoa

física responsável pela degradação ambiental estabelecida em seu

escopo.

Esta Legislação vem evoluindo à medida em que a sociedade se

torna mais complexa e exige instrumento legais eficazes para

regê-la em diferentes esferas. Ivan Lira de Carvalho afirma que

variadas e incertas são as razões da inserção na constituição

federal de 1.988 de artigos preocupados em compatibilizar a

atividade privada produtiva com a preservação ambiental e

menciona como provável fatores pressões de Organizações Não

Governamentais comprometidas com as questões ambientais e a

migração de indústrias mais poluentes para países do terceiro

mundo, uma vez que os países mais desenvolvidos tendem à não mais

aceitar estas indústrias. Afirma ainda que: “qualquer que tenham

sido o motivo que deu razão à inserção, na Constituição Federal,

de normas atinentes ao meio ambiente- direta ou indiretamente-, o

certo é que elas existem, estão em pleno vigor e desafiam uma

correta aplicação, para que atinjam os fins perseguidos.”

(CARVALHO, I. L de. 2000).

A legislação atual têm aspectos importantes a serem

observados, entre eles o da responsabilidade por danos

ambientais. Um princípio importante presente nos domínios do

Direito Ambiental é o princípio do poluidor- pagador que impõe ao

poluidor o dever de arcar com as despesas de prevenção, reparação

e repressão da poluição, estabelecendo que o causador da poluição

ou da degradação dos recursos naturais deve ser o responsável

principal pelas conseqüências de sua ação. Este princípio ocorre

independente de ter o causador do dano culpa” (CARVALHO, I. L de.

2000). “O Diploma legal básico para o tratamento do dano

ambiental no Brasil é a Lei da Política Nacional do Meio

Ambiente, n º 6.938/81, cujo art. 14, § 1 º, reza que ‘o poluidor é

obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos

causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade .’”

( KRELL, A.. J. 2.000). É ainda importante observar que os danos

ambientais podem estar acompanhados de danos pessoais e

patrimoniais. “No Brasil de hoje o dano ambiental, raramente é

alegado perante o Judiciário como prejuízo próprio, meramente

individual de determinado cidadão, ressarcível somente com os

meios do processo civil clássico.(...) o objeto lesado é a face

da propriedade privada ou a saúde individual do bem comum meio

ambiente. Nessas ações privadas a responsabilidade do poluidor é

objetiva, ou seja ele deve ser responsabilizado independentemente

da existência de culpa. Por exemplo, a propriedade rural do

fazendeiro F foi invadida por seu inimigo P que tocou fogo numa

área remanescente de Mata Atlântica e despejou veneno no açude

matando a fauna aquática. F pode abrir uma ação civil comum

contra P, exigindo indenização pelo dano material que ele sofreu

( valor comercial da madeira e dos peixes , mais danos morais).

Além disso, é possível a propositura de uma Ação civil Pública

para ressarcir o dano ambiental causado à coletividade pelo

comportamento de P ( queima da floresta, deterioração do recurso

hídrico). No caso em que o agente poluidor fosse o próprio F,

para poder construir no seu terreno, por capricho ou negligência,

a Ação Civil Pública se dirigiria contra ele mesmo em virtude que

F não é dono do valor ambiental dos ecossistemas existentes no

seu terreno sendo este bem ambiental difuso, pertencendo à toda

coletividade.” ( KRELL, A.. J. 2.000). Isto faz com que a

reparação seja inevitável, sendo que se identifica no sistema

jurídico nacional uma bifurcação do dano ambiental: de uma lado

o dano público contra o meio ambiente, de natureza difusa,

atingindo um número indefinido de pessoas, sempre devendo ser

cobrado por Ação Civil Pública ou Ação Popular e sendo a

indenização dirigida a um fundo; no outro lado, o dano ambiental

privado, que dá ensejo à indenização dirigida à recomposição do

patrimônio individual das vítimas. ( KRELL, A.. J. 2.000). Este

princípio está expresso na Lei da Política Ambiental -Lei 6.938

de 1.981- onde considera em seu art. 14, § 1 º ‘ Sem obstar a

aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor

obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar

ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,

afetados por sua atividade. (CARVALHO, I. L de. 2000). Este

princípio permanece: Ainda que a ( KRELL, A.. J. 2.000). tenha

sido revogada pela Lei 9.605/98, continua em vigor o art. 14 do

diploma antigo. Patente está, portanto que a responsabilidade

objetiva para questões ambientais permanece hígida. (CARVALHO, I.

L de. 2000).

Outro aspecto importante e polêmico da atual legislação

ambiental brasileira é o da responsabilidade penal da pessoa

jurídica por danos ambientais. Esta não estava presente na Lei

6.938 , Lei da Política Ambiental, de 1.981, que assim definia em

seu art. 3 º inc. IV:

“ o poluidor , vale dizer toda pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradaçãoambiental. Todavia, a pessoa jurídica não pode, ainda ser objeto de imputaçãopenal, eis que a falta de lei que discipline a matéria, regulamentando a forma doprocesso e impondo sanções.

Portanto, o poluidor deve ser pessoa física que realize

atividade causadora de degradação ambiental”, segundo a lei

anterior, citada acima. (CARVALHO, I. L de. 2000). Entretanto

esta responsabilidade esta presente na Lei 9.605/98.

Muitos juristas defendem a tese de que a culpabilidade seja

inadequada para às pessoas coletivas ou jurídica, ainda hoje,

porém Ivan Lira Carvalho afirma que “por maior que seja a nossa

defesa da tese da inadequação da teoria da culpabilidade às

pessoas coletivas, não nos é dado negar que a ordem

constitucional tutelar do meio ambiente, na norma de conteúdo

penal estampada no art. 225, § 3 º, da Carta Política, optou pela

aplicação de sanções administrativas e penais às pessoas

jurídicas. Demais disso a Lei 9.605, de 12-02-98 espanca qualquer

dúvida quanto a essa opção do legislado em seu art. 3º. afirma

que

“as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente,conforme disposto nesta lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisãode seu representante legal e contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse oubenefício da sua entidade. (...) Parágrafo único. A responsabilidade das pessoasjurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes domesmo fato.” (CARVALHO, I. L de. 2000).Assim se comprova que a responsabilidade penal da pessoa

jurídica perante a crimes ambientais está claramente observada na

Lei 9.605/98 , lei de crimes ambientais, mesmo havendo polêmicas

a respeito da possibilidade de pessoa jurídica ser

responsabilizada criminalmente e responder a processo penal.

Outro aspecto que deve ser considerado a respeito da atual

legislação ambiental brasileira diz respeito a sua

regulamentação. Observamos que a Lei anterior básica para a

política nacional de meio ambiente- Lei 6.938 de 31 de agosto de

1.981- teve uma demora considerável para ter sua regulamentação

efetivada pelo Decreto n º 99.274 de 1.990. Já a Lei de crimes

ambientais - Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1.998- diminuiu

este tempo sendo regulamentada em um período menor, pelo Decreto

3.179, de 21 de Setembro de 1.999. Existem muitas críticas ainda

com respeito à demora pela regulamentação de leis, porém há que

se considerar que houve um progresso frente ao atraso que sofreu

a regulamentação da Lei anterior. A regulamentação estabelece

detalhes da Lei como por exemplo o valor da multas a serem

cobradas por determinado dano ambiental e se constitui

instrumento essencial para efetivação de uma Lei, no atual

sistema judiciário brasileiro.

A Lei de crimes ambientais - Lei 9.605/98- recebe ainda

críticas, ainda que sejam considerados seus aspectos positivos

tais como: o reconhecimento de que o meio ambiente precisa ser

protegido juridicamente e não apenas por instrumentos

administrativos e civis ( como o licenciamento ambiental, a

reparação de danos, presentes na lei anterior); sistematização e

modernização dos tipos penais referentes ao assunto e correção e

imperfeições da Lei anterior, como, por exemplo, considerar uma

simples contravenção a derrubada de dez mil hectares de

florestas, por exemplo . Estes aspectos positivos constantes na

reportagem “Lei ambiental nasce torta segundo juristas” da

Revista IFORMA, de jan./ 2000 revela que não são faces únicas

desta Lei. Neste artigo são citadas críticas tais como: o fato

de que mesmo antes de sua promulgação esta lei sofreu muitos

vetos, especialmente advindos de grupos de interesses econômicos

representados no congresso nacional e ainda se refere a

imprecisões técnicas da Lei, conceitos vagos e violações a

Constituição. Cita também a polêmica gerada pela responsabilidade

penal da pessoa jurídica . Ainda como aspecto positivos da Lei

cita-se depoimentos de ambientalistas que afirmam que a situação

precária do ambiente pede uma legislação mais rigorosa e que a

nova Lei têm em muito ajudado.

É necessário ressaltar que imperfeições são visíveis tanto na

forma da legislação quanto em seu mecanismo de aplicação, que

representa os interesses conflitantes de grupos que formam a

sociedade brasileira atual. Entretanto a motivação para criação e

melhora da legislação é um fator concreto que deve ser estimulado

se houver interesse em se construir um futuro sustentável. Para

ilustrar esta conclusão foi tomada a liberdade de referenciar

citação uma citação Maurice Strong na obra de Carlos Gomes de

Carvalho ( 1.991):

Não há possibilidade de o mundo se unir por meio de uma ideologia comum ou deum supergoverno. A única esperança prática é de que reagirá agora a um interessecomum por sua própria sobrevivência, ao conhecimento da interdependênciaessencial de seus povos e à consciência de que uma ação cooperativa pode ampliarseus horizontes e enriquecer a vida de todos os povos.

Maurice Strong

5.2- ESTRUTURA DO SISTEMA NACIONAL DE MEIO

AMBIENTE:

É importante também esclarecer a estruturação e mecanismos

estatais pelos quais as leis são definidas fiscalizadas e

difundidas. A Lei 6.938 de 1.981 define a estrutura do Sistema

Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA - que reúne, na estrutura do

Ministério do Meio Ambienta, o Conselho Nacional do Meio Ambiente

–CONAMA-, como órgão consultivo e normativo, e o Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

(IBAMA ), órgão executor da política federal do meio ambiente.

( VALLE, C. E., 1.995).

Os estados possuem estruturas aproximadamente equivalentes ao

nível federal. Estas são “coordenadas por uma secretaria estadual

que se ocupa do tema ambiental, e dispõe de seu conselho estadual

de meio ambiente e sua agência estadual de controle da poluição,

algumas delas constituídas como fundações, outras como empresas

públicas. As atividades de licenciamento e controle ambiental são

de atribuição dos estados e são exercidas por seus respectivos

órgãos ambientais.” ( VALLE, C. E., 1.995). No estado de Minas

Geraes, por exemplo, a Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM-

é pessoa jurídica de direito público, dotada de autonomia

administrativa e financeira, vinculada à Secretaria de Estado de

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável- SEMAD, integra, no

âmbito estadual, o Sistema Nacional do Meio Ambiente- SISNAMA-

como órgão executivo, ao lado do Instituto Estadual de Florestas-

IEF- e do Instituto Mineiro de Gestão das águas- IGAM. A FEAM

atua em nome do Conselho Estadual de Política Ambiental- COPAM.

Entre suas competências mais importantes podem ser citadas : a)

pesquisa, monitoramento e diagnóstico da poluição ambiental;

b) desenvolvimento de estudo, pesquisas, normas, padrões, bem

como prestação de serviços técnicos destinados a prevenir,

corrigir a poluição ou degradação ambiental;

c) desenvolvimento de atividades educativas, informativas junto à

sociedade;

d) apoio aos municípios na implantação e no desenvolvimento de

sistemas de gestão ambiental destinados a prevenir e corrigir a

degradação ambiental;

e) fiscalização do cumprimento da legislação de controle da

poluição ou da degradação ambiental, podendo aplicar penalidades.

Pode-se ilustrar melhor a estrutura do Sistema Nacional de

Meio Ambiente – SISNAMA- com seus órgãos deliberativos

( Conselhos) e Executivos ( Fundações ou empresas públicas) nos

níveis Federal e Estadual pela figura abaixo, utilizando como

exemplo o estado de Minas Geraes:

SISNAMAÓRGÃOS NÍVEL FEDERAL NÍVEL ESTADUAL

GERENCIADORES OU

COORDENADORES

Ministério do Meio

Ambiente

Secretaria Estadual de

Meio AmbienteCONSULTIVOS E

DELIBERATIVOS

CONAMA ( Conselho

Nacional de Meio

Ambiente)

COPAM (Conselho Estadual

de Política Ambiental)

EXECUTIVOS IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis)

FEAM (Fundação Estadual

do Meio Ambiente)

Tabela 6.0: Esquema simplificado da representação organizacional do

Sistema Nacional do Meio Ambiente

É importante observar que esta figura é uma forma simplificada

de se ilustrar a estrutura do SISNAMA, regulamentada pelo Decreto

n º 99.274, de 6 de junho de 1.990. Este decreto prevê ainda em

seu artigo 3 º a existência de órgãos Seccionais federais e

estaduais que tenham atividades associadas à proteção da

qualidade ambiental ou aquelas de disciplinamento do uso de

recursos ambientais, ou execução de programas e projetos e

controle e fiscalização de atividades capazes de provocar

degradação ambiental. Neste caso, para o exemplo de Minas Geraes

pode-se citar o Instituto Estadual de Florestas- IEF- e do

Instituto Mineiro de Gestão das águas- IGAM. Ainda é necessário

esclarecer que existem diferenças entre estados e os órgão

Seccionais podem ser entidades da Administração Pública Federal

Direta e Indireta e as fundações instituídas pelo poder público.

Em nível municipal existem também órgãos que se incumbem pelo

cumprimento das Legislações de nível federal e estadual,

exercendo suas funções de controle ambiental. ( VALLE, C. E.,

1.995) Os municípios também possuem leis relativas à conservação

ambiental. Normalmente os órgão municipais assim caracterizados

são os CODEMAs ( Conselhos Municipais de Meio Ambiente) que

normalmente têm caráter deliberativo e consultivo.

5.3- EMPRESA E LEGISLAÇÃO AMBIENTALPara as empresas existem especificidades importantes a serem

consideradas na legislação ambiental brasileira, entre estas as

já discutidas acima: o princípio do poluidor-pagador e a

responsabilidade penal da pessoa jurídica frente ao dano

ambiental. De uma maneira mais simplificada Cyro Yer do Valle

resume assim o princípio do poluidor-pagador: ‘”Aquele que gera

um resíduo ou causa um impacto nocivo sobre o meio ambiente deve

arcar com os custos de sua correção- é o princípio de ‘quem polui

paga’; a responsabilidade por danos causados ao meio ambiente é

objetiva e não subjetiva. (...) isto significa que uma empresa

que cause um dano ao meio ambiente é responsável pelo mesmo

independentemente de comprovação da culpa ser sua ou de terceiros

( um funcionário ou um fornecedor, por exemplo), pela simples

existência de nexo causal entre o prejuízo e sua atividade;”

( VALLE, C. E., 1.995). A responsabilidade penal da pessoa

jurídica frente ao dano ambiental, constante da Lei 9.605/98,

alvo de polêmicas já discutida acima também é um fator

importante. Outros fatores podem ser citados também como

importantes na relação empresa/ legislação ambiental. Entre estes

o fato de que o gerador de resíduo responde pelo mesmo

indefinidamente, mesmo que esse resíduo seja transferido de

local, mudado de mãos ou depositário, ou de forma, mantendo suas

características nocivas; a necessidade de obtenção de Licença

para construção, e funcionamento de um estabelecimento

empresarial. ( VALLE, C. E., 1.995).

No setor industrial, segundo Cyro eyer do Valle “a legislação

ambiental procura controlar os problemas de contaminação do meio

ambiente a partir de três abordagens: a) a regulamentação dos

locais de produção, visando controlar, na origem , a geração e

disposição de resíduos) A regulamentação dos produtos,

estabelecendo limites para emissões, restringindo o uso de certos

materiais perigosos na fabricação etc. c) A regulamentação das

condições ambientais de forma abrangente, limitando, em casos

extremos, certas atividades que possam atuar de forma crítica em

desfavor de uma área ou região. ( VALLE, C. E., 1.995). De forma

mais simples as formas de controle da poluição contidas em lei

abrangem: controle das fontes geradoras; controle dos produtos,

controle das conseqüências. Complementam as leis básicas

direcionadoras da política ambiental - Lei 9.605/98 e Lei

6.938/81 - já apresentadas anteriormente, as resoluções do

CONAMA e normas técnicas da ABNT (Associação brasileira de normas

técnicas). Entre outras coisas, estas normas definem níveis

limites de emissões de poluentes no ar ou na água; além de

estabelecerem classificação de resíduos, estabelecimento de

métodos de análise e de amostragem e padronização de símbolos de

risco para identificar resíduos transportados ou armazenados.

O licenciamento ambiental definido pela Lei 6.938 de 1981

constitui-se importante requisito legal para o setor industrial.

Segundo esta lei aquelas atividades cujo potencial poluidor não é

considerado desprezível (segundo critérios estabelecidos pelos

órgãos estaduais responsáveis) são objeto de Licença Ambiental,

fornecida pelos órgãos estaduais do meio ambiente ou pelo IBAMA (

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). A resolução do CONAMA n º

237, de 19 de dezembro de 1.997 estabelece em seu art. 2 º

parágrafo 1º os empreendimentos e atividades sujeitas ao

licenciamento ambiental.

As Licenças são de três tipos:

1)Licença Prévia- autorização para desenvolver o projeto do

empreendimento de acordo com as exigências ambientais;

2)Licença de instalação - requerida após a aprovação do projeto,

serve para construção do empreendimento segundo este mesmo

projeto;

3)Licença de Operação - autorização para iniciar as atividades.

Para alguns empreendimentos de maior impacto sobre o meio

ambiente são exigidos: EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e RIMA (

Relatório de Impacto Ambiental). ‘Normalmente se detecta a

necessidade de se realizar o EIA e RIMA quando a empresa solicita

sua licença de instalação.” ( VALLE, C. E., 1.995).

O licenciamento de atividades industriais é previsto por

lei, entretanto muitos empreendimentos se encontram sem esta

regulamentação, especialmente aqueles que são estabelecimentos

antigos e se situam em cidades ou regiões onde a fiscalização é

pouco incisiva. Normalmente estes empreendimentos despertam para

a necessidade de estar em dia coma legislação quando ocorre

reclamações ou alguma demanda por parte de clientes, órgão

governamental, ou comunidade próxima.

Muitas vezes a postura do empreendedor por temor de multas e

complicação para o andamento de suas atividades o leva a não

buscar uma aproximação junto aos órgãos ambientais. É importante

observar que se trata de obrigação do órgão responsável pelo

fornecimento de Licença Ambiental o auxílio ao empreendedor para

sua adequação à legislação.

Quando se pensa sob a ótica empresarial não são apenas

multas e penalidades que a lei determina, mas também incentivos.

As empresas podem obter vantagens e incentivos se realizarem

ações para a proteção ambiental. A Lei 6.938 de 1981 pontua que:

“O Poder Executivo incentivara atividades voltadas para a

proteção ambiental” que incluem pesquisas de processos

tecnológicos destinados a reduzir a degradação ambiental, a

instalação de equipamentos antipoluidores e outras iniciativas

que propiciem a racionalização do uso dos recursos naturais.

( Sebrae, 96)

Todas estas exigências legais são indispensáveis ao

funcionamento de uma empresa, principalmente as Licenças, sem as

quais suas atividades podem ser impedidas.

Os custos para adequação às normas existem e são

inevitáveis. “Dentro de um sistema de Gestão Ambiental é bom

lembrar que o atendimento aos requisitos legais tem um custo

( custo de conformidade). Que tende a aumentar a proporção que

estes requisitos se tornam mais restritivos. Além disso, se a

empresa não tiver um sistema implementado os custos tendem a

crescer por diversos fatores como ênfase nas ações emergenciais,

pouco aproveitamento dos recursos humanos, etc.” (SEBRAE/GAZETA

MERCANTIL, 1.996)

Fica claro o risco que correm as empresas se resistirem em

dar atenção devida à questão da Gestão Ambiental. Isto pode ser

ilustrado com exemplo real de três empresas que trataram a

questão ambiental, especialmente os investimentos nesta questão,

de forma bem diferente, obtendo resultados também diversos. Este

exemplos foram extraídos do artigo “ Fica barato poluir: três

estórias” de Maria Suely Moreira (1997). Dentre as três empresas

a primeira nada investiu, a segunda manteve-se em conformidade

com a legislação e a terceira implantou um sistema de gestão

ambiental integrado, objetivando, entre outras coisas a

certificação pela norma ISO 14000. A terceira obteve

reconhecimento público e redução de custos. A Segunda não obteve

vantagens visíveis, mas evitou gastos pela não conformidade

legal, e a primeira está as voltas com um processo judicial

movido pela comunidade que pode implicar em um gasto considerável

em multas.

A maneira como adequar os investimentos em gestão ambiental

na empresa faz parte de sua estratégia, e tal estratégia, para

ser eficiente deve estar atenta às mudanças de mercado e da

sociedade. As empresa que tomaram um maior cuidado em observar a

legislação e além disso estiveram atentas às mudanças, obtiveram

melhores resultados.

6- GESTÃO AMBIENTAL:

Sabe-se que são crescentes as exigências sofridas pelas

empresas especialmente as indústrias em relação a uma postura

responsável quanto a questão ambiental. Discutiu-se a respeito

destas exigências em todos os capítulos anteriores deste trabalho

e também em sua introdução. Empresas são pressionadas por

organizações não governamentais, órgão reguladores e

fiscalisadores do governo através da legislação existente, e até

mesmo pelo mercado que incluem as entidades financiadoras como

bancos e seguradoras e também pelos próprios consumidores.

CAJAZEIRA,J. M. ( 1.998) afirma que:

“ As preocupações globais em relação às questões ecológicas foram transferidaspara as indústrias sob as mais diversas formas de pressão: Financeiras ( bancose outras instituições financeiras evitam investimentos em negócios com perfilambiental conturbado), Seguros ( diversas seguradoras só aceitam apólicescontra danos ambientais em negócios de comprovada competência em gestãodo meio ambiente), Legislação ( crescente aumento das restrições aos efluentesindustriais pelas agências ambientais), todavia a pressão dos consumidores,notadamente em países mais desenvolvidos, reflete uma autêntica paranóia porprodutos ambientalmente corretos e de certa forma estabeleceu uma suposta‘consciência verde’ ao redor do mundo, se bem que, muitas vezes, estaconsciência é galgada em fatos irreais e incorretos.” ( CAJAZEIRA, JorgeEmanuel R. 1.998)

Não se pode afirmar que a consciência ambiental é um fato

galgado em fatos irreais como afirma o autor acima citado, uma

vez que existem dados confiáveis a este respeito, teorias como o

efeito estufa são diariamente comprovadas por meteorologistas e

cientistas renomados, e outros problemas globais também são

insistentemente alertados por organismos de confiança

internacional como a ONU ( Organização das Nações Unidas ), além

de que não se precisa sair de casa para observar a qualidade do

ar nas grandes cidades e outros problemas ambientais urbanos.

Talvez o autor tenha se referido a ações como a de entidades que

lutam pela preservação de espécies, considerada como um exagero

para certos grupos, mas que tem respaldo em pesquisas

aprofundadas como a de Barbieri ( 1.998) a respeito da

Biodiversidade. Ou talvez também tenha se referido aos mecanismos

de guerra por mercados incluindo as chamadas barreiras não

alfandegárias para que se reserve mercados para determinados

produtos ou empresas. Todos estes fatos não são aqui

desconsiderados, no entanto trata-se de uma discussão a respeito

de políticas de desenvolvimento o que não é objetivo deste

trabalho.

Realmente a posição pró-ativa de industriais em relação a

questão ambiental é um fato recente. Entretanto é recente também

o impacto causado pela atividade industrial humana no meio

ambiente global. Paul de Baker afirma que: “ A empresa que até há

um século era insignificante em relação à natureza, portanto

irresponsável, tornou-se força dominante” ( BAKER, P. de. 1.995).

Este mesmo autor esclarece que a postura do empresário ou

executivo não se pode figurar entre defender ou se colocar em

antagonismo àqueles que realizam movimentos em defesa do meio

ambiente. Afirma que não se trata de defender ou atacar os

recursos naturais e sim gerenciá-los. “A gestão empresarial do

meio ambiente não é de jeito nenhum a conseqüência de uma vontade

de dominar, destruir ou antagonizar. (...) Trata-se da

conseqüência lógica da responsabilidade coletiva econômica que é

atualmente a de todos os atores e intervenientes no equilíbrio do

planeta.” Ainda afirma também que um dos principais problemas

para resolução de impasses ambientais está no não diálogo entre

estes atores. Exemplifica com uma discussão a respeito de energia

entre uma empresa energética e ambientalistas ( BAKER, P de.

1.995), abaixo reproduzida:

“ Um exemplo: EDF ( Electricé de France): a energia nuclear é a menos poluidora de todas asenergias de massa! Ecologista: Hiroshima! EDF: O controle pacífico do setor nuclear assegura à humanidade uma fonte deenergia inesgotável.Ecologista: Three-Miles-Islandas!EDF: Os procedimentos de controle que utilizamos são tão bons que excluem apossibilidade de qualquer tipo de acidente.Ecologista: Chernobyl!EDF: A gestão responsável é a melhor garantia contra qualquer tipo dedescontrole.Ecologista: Osirak!EDF: ( irritado) O que vocês querem finalmente? Voltar a idade da Pedra?Ecologista: Queremos uma energia limpa!EDF: a energia nuclear é a menos poluidora de todas as energias de massa!Ecologista: Hiroshima!” ( BAKER, P. de 1.995, p. 7).

Conclui-se que existe uma mudança na maneira de empresários

e industrias enxergarem a questão ambiental e que estes problemas

ambientais globais, não se caracterizam como responsabilidade

isolada de algum setor, e sim de todos setores da sociedade.

Autores como Denis Donaire ( 1.995 ) e Ciro Eyer do Valle

( 1.995) concordam que a influência da questão ambiental no mundo

dos empreendimentos é inegável e que as empresas que se aterem a

esta realidade podem não só deixar de perder econômica e

estrategicamente como aproveitar inúmeras oportunidades. Não se

ignora as dificuldades de se incluir em qualquer organização

conceitos novos como os envolvidos na gestão ambiental, porém

também não se pode ignorar as pressões impostas pela sociedade e

mercado. Muitas são as interpretações para as mudanças nas

organizações com relação a inclusão da variável ambiental,

entretanto a maior parte afirma que existe uma influência

determinante e crescente desta variável em todos os tipos de

organizações. A figura 6.0 abaixo ilustra a visão de VALLE, C. E.

(1.995) a respeito ponto aqui discutido:

CONSCIÊNCIA

AMBIENTAL

ABORDAGEMCONVENCIONAL

A- Assegurar lucro transferindo ineficiência para opreço do produto.

B- Descartar os resíduos da maneiramais fácil e econômica.

C- Protelar investimentos em proteção ambiental.

D- Cumprir a Lei no

ABORDAGEM CONSCIENTE

A- Assegurar lucro controlando custos eeliminando ou reduzindo perdas, fugas e ineficiências.

B- Valorizar os resíduos e maximizara reciclagem; destinar corretamente os resíduos não recuperáveis.

C- Investir em melhoriado processo e qualidade total ( incluindo a Qualidade

LUCRO

RESÍDUOS

INVESTIMENTOSSS

Figura 6.0: Mudanças na Empresa através da conscientizaçãoAmbiental. Fonte: Adaptação da Figura 4.0 de (VALLE, C E. 1.995,

p.17)

A nova visão a respeito das questões ambientais pelo setorempresarial ainda se inicia e algumas empresas são pioneirasnesta mudanças. A nova visão a respeito do meio ambiente leva aver o Meio Ambiente como oportunidade e não como um problema,define na figura acima Cyro Eyer do Valle ( 1.995). Isso faz comque benefícios sejam observados onde só se via despesas,processos judiciais, etc. Denis Donaire ( 1.995) afirma queexistem benefícios estratégicos e econômicos advindos daimplantação de Gestão ambiental. Ainda que exista dificuldadepara se estimá-los especialmente quanto a questão financeiraestes podem ser detectados. A figura 6.1 abaixo mostra quais sãoestes benefícios na visão deste autor.

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS

Economia de custos:- Economias devido à redução do consumo de água, energia e

outros insumos.- Economias devidos à reciclagem, venda e aproveitamento de

LEGISLACÃO

MEIO AMBIENTE

resíduos e diminuição de efluentes.- Redução de multas e penalidades por poluição.

Incremento de receitas:- Aumento da contribuição marginal de ‘produtos verdes’ que

podem ser vendidos a preços mais altos.- Aumento da participação no mercado devido a inovação dos

produtos e menos concorrência.- Linhas de novos produtos para novos mercados.- Aumento da demanda para produtos que contribuam para a

diminuição da poluição.

BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS

- Melhoria da imagem institucional.- Renovação do ‘portifólio’ de produtos.- Aumento da produtividade.- Alto comprometimento do pessoal.- Melhoria nas relações de trabalho.- Melhoria e criatividade para novos desafios.- Melhoria das relações com órgãos governamentais, comunidade e

grupos ambientalistas.- Acesso assegurado ao mercado externo.- Melhor adequação aos padrões ambientais.

figura 6.1: Benefícios da Gestão Ambiental. Fonte: ( DONAIRE, D.1.995, p. 59)

Vê-se a adoção da variável ambiental em variados temas

relacionados a administração de empresas como por exemplo ao

planejamento estratégico, ao gerenciamento da produção, ao

marketing e também à administração financeira. Pode-se aqui citar

alguns autores que abordam estes temas: TODESCAT, E. R.

( 1.998) ; FURTADO, J. S. ( 1.998); DONAIRE, D. BAKER, P. de.

( 1.995); INMAN, R. A. ( 1.999) e outros. Eliane R. Todescat

( 1.998) concorda que, as pressões para que as empresas se

atentem as questões ambientais são inegáveis e ainda firma que a

variável ambiental deve fazer parte do planejamento estratégico

das empresas, reconhecendo suas interfaces com a competitividade.

Assim empreendimentos dos mais variados tipos e segmentos buscam

formas de gerir os recursos ambientais que utilizam.

6.1-GESTÃO AMBIENTAL: FORMAS DE IMPLANTAÇÃO

Uma das maneiras mais usuais de se iniciar uma gestão

voltada para o meio ambiente tem sido a implantação de Sistema de

Gestão Ambiental (SGA) com vistas a certificação segundo as

normas internacionais ISO 14000, especialmente a ISO 14001 que

trata da Gestão Ambiental. No Brasil já são __________________

empresas certificadas por esta norma. Entretanto existem outras

maneiras de uma empresa estabelecer um gerenciamento dos recursos

naturais por ela utilizados. Pode-se certificar por selos verdes

ou outras normas os produtos fabricados; ou pode-se também adotar

outros modelos de gerenciamento ambiental que não visem

especificamente a certificação pelas normas internacionais ISO

14000 como o modelo de gerenciamento ambiental denominado

Produção limpa ou Produção ( Mais) Limpa proposto pela UNEP

( United Nations Environmental Program) ( FURTADO, J. S. 1.998).;

ou ainda estabelecer princípios gerenciais adequados à realidade

da organização como por exemplo apenas para se atender a

legislação existente no país. Qualquer uma das formas de gestão

adotadas pela organização pode trazer-lhe benefícios. Uma empresa

cuja realidade não permite grandes investimentos em gestão

ambiental pode começar fazendo adaptações em seus sistemas

produtivos no sentido de se tornar coerente com a legislação mais

exigente que se configura na atualidade ou por exemplo

certificar seu produto para garantir um mercado específico.

Existem críticas relativas à contribuição efetiva das

certificações pelas Normas ISO14000 para a garantia de um

desenvolvimento realmente sustentável. Há que se lembrar que os

problemas ambientais representam um déficit do homem com relação

ao meio ambiente e suas ações para se recuperar esta deficiência

requerem urgência pois muitas vezes o que está destruído não pode

mais ser recuperado. Também há que se lembrar que as mudanças

organizacionais no sentido de se incluir a variável ambiental em

práticas gerenciais também é recente. Portanto as críticas são

perfeitamente bem vindas em um sistema ainda em formação e em

mudanças sociais e econômicas correntes. Existem porém variadas

formas de se iniciar uma gestão responsável do meio ambiente,

como considera o autor abaixo citado.

“Independentemente das Normas, as empresas poderão aprimorar ascaracterísticas ambientais de seus bens e serviços através da adoção dosprincípios da ‘responsabilidade continuada do produtor’( responsabilidadeobjetiva) , dos acordos setoriais voluntários, dos sistemas de ‘Eco-management’ emais recentemente, do modelo de gestão industrial, segundo os princípios da‘Produção Limpa’.” ( FURTADO, J. S. 1.998)

As normas ISO14000 foram estabelecidas quando se colocou a

necessidade de se estabelecer um controle e acompanhamento das

atividades industriais quanto a proteção ambiental. A ISO (

International Organization for Standardization), organização

internacional já com grande prestígio relativo ao acompanhamento

de assuntos relativos a qualidade, com o sucesso das normas da

série ISO 9000, se constitui como grande responsável pela

realização e desenvolvimento destas normas. Porém a história das

certificações ambientais começa um pouco anteriormente, com o

desenvolvimento da norma britânica BS 7750 que tratava do

gerenciamento ambiental visando atender as exigências daquele

país. Certamente as motivações para se estabelecer a vigências de

tais normas tiveram origem na maior preocupação ambiental das

nações evidenciadas nos grandes encontros promovidos pela

cooperação internacional como a Rio 92 ou ECO 92, e também pelo

interesse de grupos econômicos que detectaram as mudanças

refletidas nas organizações. Assim define João S. Furtado essas

motivações para divulgação e desenvolvimento das normas ISO14000:

“O maior passo , nas relações entre indústria e ambiente, está representadopela criação da série ISO14000. Sua origem está ligada a discussões na Rodadado Uruguai no âmbito do GATT ( Acordo Geral de Transporte e Tarifas),patrocinado pela OIC ( Organização Internacional do Comércio) e das resoluçõesda Rio Cúpula da Terra, em 1.992. A série é composta de mais de 10 normas, dasquais a ISO14001 foi a primeira a ser consolidada, para a criação do Sistema deGestão Ambiental. ( FURTADO, J. S. 1.998)

A série de normas ISO14000 estabelece diretrizes para gestão

ambiental e ainda que existam as normas relativas aos produtos

como a ISO14040, que trata da avaliação do ciclo de vida do

produto, sua grande divulgação e maior número de empresas

certificadas especialmente no Brasil ainda são relativos ao

gerenciamento ambiental ou as normas ISO14001.

“ Com o intuito de uniformizar as ações que deveriam se encaixar em uma novaótica de proteção ao meio ambiente, a ISO- International Organization forStandardization (Organização Internacional para a Normalização)- decidiu criarum sistema de normas que convencionou designar pelo código ISO 14000. Estanova série de normas trata basicamente da gestão ambiental e não deve serconfundida com um conjunto de normas técnicas” ( VALLE, C. E. 1.995)

A ultima frase do autor acima citado remete à necessidade de

se esclarecer que as normas estabelecem procedimentos a serem

seguidos para se gerir melhor os recurso e resíduos industriais,

entretanto são os organismos reguladores nacionais que

estabelecem as normas técnicas a serem seguidas para produtos,

emissões, etc.

As críticas relativas a implantação dos sistemas de gestão

ambiental se referem ao fato de que a gestão pode se comprometer

a fazer determinadas modificações que já são consideradas tardias

em relação aos problemas ambientais enfrentados. Além disso

“atuar nos limites da sustentabilidade é mais difícil, pois

dependerá da disponibilidade de tecnologias apropriadas, consenso

social e novo sistema de valores baseado em critérios de

qualidade que sejam ambientalmente sustentáveis, socialmente

aceitáveis e culturalmente valorizados.” ( FURTADO, J. S. 1.998).

É certo que muito ainda se deve evoluir para que as indústrias

atinjam um nível de atividade totalmente compatível com o nível

de exigências quanto a questão ambiental. E esta evolução não é

uma prerrogativa apenas das empresas mas também de governos,

cidades, etc. Outra crítica ao Sistema de Gestão ambiental,

resultante da ISO14000 é que este:

“poderá tornar-se mais um sistema administrativo ( burocrático) do quetecnologicamente efetivo. Espera-se que outras normas da Série contribuam parainovações e iniciativas pró-ativas e desenvolvimento sustentável, em particular aISO14020/24 ( Rotulagem Ambiental), ISO14031 (Avaliação de DesempenhoAmbiental) e ISO14040/43 (Avaliação do ciclo de vida).”

O sistema produtivo baseado no chamada Produção limpa ou

Produção ( Mais) Limpa proposto pela UNEP ( United Nations

Environmental Program) e também defendido por organizações

ambientalistas e vários centros de Pesquisa e Desenvolvimento se

constitui como um sistema cujas metas são mais audaciosas que

aquelas propostas pelos Sistemas de Gestão Ambiental para a

certificação ISO14000. Entre estas metas pode-se citar prevenção

de resíduos na fonte, a economia de água e energia, a exploração

sustentável de fontes de matéria prima e o uso de outros

indicadores ambientais para a indústria. Estabelece-se

compromisso de precaução visão holistica do produto e do processo

( avaliação do ciclo de vida) e controle democrático (acesso

público a infomações sobre riscos ambientais de processos e

produtos). A diferença entre Produção Limpa e Produção (mais)

Limpa está no fato de se considerar as dificuldades de conceber o

sistema de produção absolutamente isento de riscos e resíduos,

objetivo da Produção Limpa. ( FURTADO, J. S. 1.998).

Como um princípio básico de gestão é realizar aquilo que

mais se compatibiliza com a realidade da organização, fica a

critério da empresa a escolha do Sistema de Gestão Ambiental a

ser implantado. Seja qual for a forma de implantação escolhida

pela empresa para realizar um gestão ambiental seu objetivo

maior é se colocar frente a clientes e sociedade como uma empresa

comprometida com os anseios do desenvolvimento sustentável. Sendo

assim deve buscar objetivos como redução de geração de resíduos e

efluentes prejudiciais , produtos e processo menos poluentes,

etc. E ainda se comprometer com um processo de melhoria contínua

deste sistema de gestão. Nada impede também que a empresa se

beneficie das vantagens oferecidas pelo gerenciamento ambiental

adequado a sua realidade financeira e estratégica, seja qual for

sua forma de implantação.

“O objetivo maior das Normas e demais instrumentos é melhorar as condiçõesambientais e promover o desenvolvimento sustentável, a fim de proteger emelhorar a geração atual e não comprometer as oportunidades de escolha dasgerações futuras. Para isso, será necessário que a sociedade modifique a culturaatual de consumo e os setores de bens e serviços alterem os sistemas, modelos epadrões de produção. Entretanto, a reorientação dos processos produtivosdependerá da aceitação de paradigmas novos e alteração dos que modelaram ocapitalismo atual, em seus diferentes subtipos e nuanças.” ( FURTADO, J.S. 1.998)

7- ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E MEIO

AMBIENTE:

Considera-se que a Gestão Ambiental em empresas brasileiras,

especialmente dentro do seguimento industrial seja uma questão

estratégica. LOVINS at. Alli afirmam que algumas mudanças simples

na maneira de gerenciar os negócios incluindo a variável

ambiental como fator a ser considerado em todos projetos e

tomadas de decisões, pode trazer benefícios para acionistas de

hoje e também para as gerações futuras. ( LOVINS, Amory B; LOVINS,

L. Hunter e HAWKEN, Paul., May- June 1.999) . A mudança

principal para estes autores consiste em se considerar uma nova

categoria de capital- o Capital Natural. A consideração desta

nova categoria de capital consiste em uma tarefa inevitável para

a análise de empreendimentos, devido a atual situação de escassez

dos recursos naturais necessários ao processo produtivo e ao

desenvolvimento econômico. Assim estes mesmos autores consideram

que tal mudança nas praticas empresarias incluiria alguns passos

importantes tais como: a) o aumento acentuado da produtividade

dos recursos naturais, uma vez que atualmente apresentam baixa

produtividade com altos níveis de refugo; b) Mudanças nos

modelos de produção incluindo as considerações a respeito do meio

ambiente mudando o conceito a respeito de refugos; c) mudanças na

modo de solução de problemas levando em consideração a satisfação

dos clientes mas também a manutenção de serviços e a qualidade

ambiental; d) Reinvestir em Capital Natural. Ainda afirmam que a

redução de resíduos e a mudanças nos modos de produção que possam

destruir as reservas de recursos naturais se constituem numa das

melhores oportunidade de negócios. Textualmente: “ Reducing the

wasteful and destructive flow of resources represents a major

business opportunity.” ( LOVINS, Amory B. et all., May- June

1.999). Isto significa que de maneira geral a gestão de negócios

passa por um novo paradigma: o da responsabilidade ambiental.

Entretanto estas mudanças determinadas pelos mercados ou pela

sociedade trazem consigo grandes oportunidades.

Relacionando mais diretamente a administração financeira a

uma nova visão empresarial que envolve a gestão ambiental se

considera que as decisões de se realizar ações favoráveis ao meio

ambiente dentro de cada empresa esta relacionada a uma demanda da

própria empresa. Esta demanda pode estar ligada `a aspectos de

mercado, de legislação e de produção (manejo de recursos). `A

cada um destes aspectos podem ser relacionados em uma avaliação

econômica ou monetária , um custo e/ou benefício. Se a demanda

que leva a empresa a investir em meio ambiente for a questão de

exigências legais, esta empresa está visando um benefício ou está

evitando um custo. Por exemplo, o não sofrimento de multas por

danos ambientais pode significar um benefício. Enquanto que, não

investir em gestão ambiental pode acarretar uma multa, ou seja,

um custo.

Se a demanda for por razões de produção ou manejo de

recursos, da mesma forma a empresa terá a ele associado um custo

ou benefício. Por exemplo a adoção de um sistema de gestão

ambiental pode levar a maior economia de matéria prima e insumos

para produção, caracterizado como um benefício. Por outro lado a

falta de cuidado com a produção em seus aspectos ambientais pode

esbarrar na questão do não atendimento à legislação e assim gerar

um custo, por multas ou despesas para adequação à especificações

legais- investimentos tardios para reparar erros. Cyro Eyer do

Valle esclarece que a poluição industrial, por exemplo, é uma

forma de desperdício e um indício da ineficiência dos processos

produtivos até agora utilizados. Resíduos industriais

representam, na maioria dos casos, perdas de matérias-primas e

insumos. (VALLE, C. E. do., 1.995)

Se a demanda for por razões de mercado teremos um leque

considerável de exemplos de benéficos e custos associados. Neste

caso podemos citar como benefícios: obtenção de novos mercados,

mais exigentes; vantagens competitivas frente `a concorrentes;

lançamento de novos produtos; vantagens associadas à melhora da

imagem da empresa no mercado; vantagens associadas a qualidade

dos produtos oferecidos ao cliente; vantagens associadas à

confiabilidade do cliente; etc. Podemos citar como custos do não

investimento em práticas ambientalmente corretas: a perda de

mercados mais exigentes, especialmente o mercado externo; perdas

em concorrências; custos associados à uma depreciação da imagem

junto ao cliente; perdas em qualidade de produtos; etc.

De certa maneira as demandas que levam uma empresa privada a

investir em meio ambiente estão associadas ao mercado, uma vez

que seu objetivo é a obtenção de maior rentabilidade de aplicação

de capital. Aqui realiza-se uma separação para tornar mais claro

que benefícios e custos associados à gestão ambiental podem estar

ligados à exigências já bem estabelecidas pela sociedade, como o

caso de atendimento `a legislação ou também associados

especificamente à produção como, por exemplo a melhora no

aproveitamento de insumos nos processos ou aumento de custo de

processos para atendimentos legais.

As mudanças apontadas por vários autores quanto a adoção da

preocupação ambiental ou da variável ambiental nas avaliações e

estratégias de negócios levam a considerar que é crescente a

responsabilidade das empresas frente a esta questão. Forest L.

Reinhardt afirma que empresários podem e devem olhar os

investimentos em meio ambiente – gestão ambiental, produtos

ambientalmente corretos, etc.- de uma maneira positiva, ou da

mesma maneira que analisam outros investimentos , esperando que

lhe forneçam retornos positivos e baixos riscos.

“...The right police depends on the circumstances confronting the company andthe strategy it has chosen. (...) That’s why managers should look at environmentalproblems as business issues. They should look at environmental investments forthe same reasons they make other investments: because they expect them todeliver positive returns or to reduce risks” (REINHARDT, Forest L. July-August,1.999)

Fica claro então que é viável executar uma análise do tipo

custo/benefício de questões que envolvam a variável ambiental em

projetos ou sistemas de gestão empresariais. Assim se conclui que

a variável ambiental ou mesmo a gestão ambiental pode ser

analisada de maneira semelhante a outros investimentos, ainda que

considerações importantes referentes a forma de valoração de

recursos naturais e sua caracterização por outros campos do

conhecimento tais como o Direito- que classifica os recursos

naturais como bens difusos e pertencente a coletividade- e da

Economia e Contabilidade, devam ser sempre evidenciados. A

variável ambiental então se configura como uma nova integrante

dos métodos de avaliação econômica e da administração financeira

que demanda por algumas mudanças e considerações que permitam sua

inclusão nestes métodos. Esta questão será melhor discutidas nos

capítulos posteriores e na conclusão deste trabalho. De qualquer

forma a Administração Financeira tem como demanda incluir em seus

estudos a variável ambiental e estudos recentes, entre os quais

os de REINHARDT, F. L. (1.999) e de LOVINS, A. B. et all. (1.999)

mostram que esta inclusão é viável e necessária.

7.1- “OPORTUNIDADES VERDES” :Uma vez que se considera a possibilidade de analisar

investimentos em gestão ambiental, produtos ambientalmente

corretos ou outros projetos nos quais estejam incluída a variável

ambiental, surge de antemão um fator importante a ser considerado

neste tipo de análise: a oportunidade. E associado a este fator

o custo de oportunidade ou seja o custo de não se investir em

projetos rentáveis.

Quando se analisa economicamente um projeto o objetivo

principal desta análise é verificar qual é a rentabilidade

resultante do investimento neste projeto, além do risco associado

ao mesmo, para que se possa ter um bom instrumento de tomada de

decisão. A análise econômica da gestão ambiental ou análises que

considerem a variável ambiental podem ser realizadas da mesma

forma, desde que sejam consideradas suas particularidades, sem as

quais reduzem se as chances de êxito.

Quando se coloca uma discussão a respeito de gestão

econômica ou financeira de uma organização, existe um ponto

importante a ser considerado, especialmente quando se trata de

novos investimentos: a questão do custo de oportunidade. Por

definição Custo de oportunidade é aquele que nos obriga a

sacrificar um benefício, ao contrário do que normalmente se

imagina quando se pensa em custos, ou seja aquele que nos obriga

a realizar um desembolso efetivo (ROSS, S et alli., 1.998).

Deixar de investir em práticas ambientalmente favoráveis pode

levar a um sacrifício de benefício futuro, ou presente. Se existe

o custo de oportunidade é porque a oportunidade existe.

Juntamente com as exigências e atribuições de

responsabilidades que a sociedade estabelece para as empresas,

através de suas leis, são oferecidas oportunidades. A gestão

eficiente sabe detectar oportunidades para investimentos

rentáveis, onde parece haver apenas exigências e despesas.

Observa-se que é crescente, no Brasil a preocupação com a questão

ambiental. Existe um número crescente de empresas que estão

obtendo certificações internacionais para seus produtos e/ou

Sistemas de Gestão Ambiental. Esta preocupação atinge o

seguimento empresarial por vários motivos. Para cada um destes

motivos existem exemplos de experiências reais. Pode ser

apresentado aqui alguns destes motivos e para cada um destes, um

exemplo real de práticas empresariais que os confirme.

1) A legislação brasileira tornou-se mais rigorosa nos últimos

anos, culminando na lei de crimes ambientais: Lei n. 9.605/98,

sancionada em 12 de fevereiro de 1.998. Apenas como um exemplo

pode-se apresentar a polêmica gerada pela comercialização da soja

transgênica: nos Estados Unidos, país que aceita o consumo de

transgênicos, quase 54% das lavouras de soja plantada já é

constituida de espécie transgênica (AP/ DOW JONES- 08 de março de

1.999). Por outro lado, no Brasil, país cuja legislação federal e

de alguns estados não permite o cultivo e comercialização de

transgênicos, agricultores da Região Sul do país beneficiam-se do

mercado aberto para a soja orgânica, como os da Europa e do

Japão, cujos consumidores não aceitam transgênicos.. (MANCINI,

C., 3 a 9 de maio de 1.999)

2) Existem seguimentos econômicos, especialmente aqueles ligados

ao comércio exterior que sofrem exigências crescentes de

concorrentes e consumidores. Como um exemplo apresenta-se o caso

da empresa Baoba, do ramo de tecelagem, a qual obteve mercado

garantido no exterior e espera dobrar seu faturamento, após a

obtenção do selo verde para seus produtos, atendendo exigência de

seus clientes. (GRACIANO, S., 1.999)

3) O aperfeiçoamento do processo produtivo incluindo as

exigências legais e preocupações ambientais pode tornar-se menos

oneroso, obtendo-se redução de gastos com matéria prima e

desperdícios. Neste caso apresenta-se a experiência abaixo

descrita:

A Companhia Cervejaria Brama que fatura US$ 15 milhões por ano com a vendade resíduos industriais. De 2,3 milhões de toneladas de subprodutos descartadaspor suas 28 unidades todos os anos, 94% são vendidas a pesqueiros, pecuaristas,olarias e indústrias alimentícias.... Além de buscar um destino mais nobre paraseus resíduos, a Brahma tem trabalhado para que a geração de descartesdiminua. Seu programa de controle de desperdícios permitiu economizar 9milhões de metros cúbicos anuais de água, 65 milhões de Quilowatt-hora deenergia, 17 mil toneladas de óleo combustível e 46 mil toneladas de matérias-primas. Desde 1.996, quando a operação foi implantada, deixaram de serquebradas 23 milhões de garrafas ( 10 mil toneladas/ano).” (SHARF, R.,1.999.)

4)A maior preocupação com o meio ambiente traz oportunidades de

novos negócios ligados ao turismo, empresas de despoluição,

educação, marketing e reciclagem. Dentre todas estas

oportunidades pode se dar uma amostra do mercado real para estes

novos negócios, através do exemplo da reciclagem do alumínio no

Brasil. O Brasil bateu o recorde nacional de reciclagem de latas

de alumínio em 1.998. O índice de reciclagem de latas de alumínio

alcançou 65%, segundo dados da Associação Brasileira de Alumínio

( Abal). O número alcançado é ainda mais significativo porque

superou a taxa de reciclagem dos Estados Unidos (da ordem de

63%), país que tem mais de 30 anos de experiência neste negócio.(

MADUREIRA, D. 1.999)

É importante esclarecer que um único motivo pode ser

determinante na adoção de práticas ambientais responsáveis, em

algum caso isolado, para um setor empresarial ou uma empresa, mas

é a maior conscientização social do verdadeiro valor do meio

ambiente que leva à um resultado efetivo. As demandas das

empresas divergem das demandas sociais, mas a atual precariedade

de recursos naturais e previsões ainda mais pessimistas para o

futuro levam à uma junção destas demandas. Um estudo da Fundação

Getúlio Vargas mostra experiências bem sucedidas da parceria

entre empresas, organizações sociais e governo, na busca de uma

gestão econômica que leve a um desenvolvimento sustentado, cujos

primeiros resultados parecem animadores.” (LOPES, I. V. et alli

(org.), 1.998)

Os motivos apresentados acima, como fatores isolados ou

conjuntos, levam empresários a investirem em gestão ambiental,

adotando práticas favoráveis a preservação ambiental. Tem-se que,

muitas vezes estes investimento não são baixos, como no caso de

adequação para certificações pela ISO 14000 em empresas de grande

porte ou em empresas que nunca se preocuparam com esta questão.

7.1.1 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS BEM SUCEDIDAS:

Gustav Berle realizou um estudo prático, nos Estados Unidos

identificando detalhadamente as oportunidades de negócios ligadas

à preservação ambiental. Ele associou a cada desequilíbrio

ambiental boas oportunidades de negócios: “Como transformar

riscos ecológicos em oportunidade de negócios; oportunidades

financeiras nas leis de proteção ao meio ambiente; descobertas

ecológicas que são lucro garantido; como criar riqueza a partir

do lixo; como explorar produtos verdes” ( BERLE, G., 1.992). No

Brasil, ainda que tenhamos uma realidade muito distinta dos

países desenvolvidos, temos uma série de oportunidades ligadas à

Gestão Ambiental que nos mostram caminhos alternativos para um

crescimento econômico sem destruição dos recursos naturais.

As controvérsias relativas a possibilidade de se realizar

crescimento econômico com preservação ambiental existem em função

de que até a pouco tempo não havia uma preocupação com os

recursos naturais. Gerir melhor o meio ambiente é hoje em dia, um

desafio para empresas brasileiras, mas chegará um momento em que

se terá alcançado melhores níveis de conscientização e esta

prática será comum, e não um diferencial. Estas são previsões

otimistas para o futuro, mas se pensarmos no passado,

imaginaríamos, a tempos atrás, que empresas altamente poluidoras

se preocupariam, algum dia, com a questão ambiental? Hoje isto

está se tornando uma realidade. Há poucos anos ninguém diria que

a Mobil Oil Company, a AT&T, a First Brands ( Glad), a Waste

Managment ou mesmo a Associação de fabricantes de Produtos

Químicos dos EUA investiriam centenas de dólares na promoção de

questões ambientais. No Brasil, apenas agora as maiores

companhias passam a dirigir investimentos para a área ecológica.”

(BERLE, G., 1.992)

Uma pesquisa realizada pela fundação Getúlio Vargas com

apoio do Banco Mundial expôs 11 estudos de caso a respeito de

algumas abordagens inovadoras na gestão dos recursos naturais

desenvolvidas no Brasil, em nível estadual. Os casos analisados

contaram com alguns exemplos de iniciativa do setor privado; de

Organizações Não Governamentais.(ONGs), além daqueles

incentivados pelo setor público e alguns que se caracterizaram

pela parceria entre setores. Os autores afirmam que esta adesão

expontânea do setor privado vem de estímulos do próprio mercado.(

LOPES, I. V. et al., 1.998). Os casos analisados que se

caracterizaram pela responsabilidade da iniciativa privada,

tiveram motivações de mercado e são exemplos de aproveitamento de

“oportunidades verdes”. Vale a pena falarmos sobre os resultados

destes estudos de caso:

1) Plantio Direto no Cerrado e no Sul do país: A degradação

das áreas agrícolas faz com que as áreas não degradadas aumentem

o seu custo de oportunidade. Além disto os agricultores buscam

alternativas com menor risco, devido ao seu comportamento

característico de aversão ao risco. Estes dois fatores levaram à

adesão do plantio direto por parte de alguns agricultores do

cerrado e do sul do país. No caso analisado observa-se que:

simulações feitas em duas fazendas do Cerrado brasileiro, uma adotando oPlantio Direto , a partir de dados financeiros de 20 anos sobre investimentos,preços locais, custos diretos e indiretos de produção, comprovam as vantagenseconômicas, percebidas pelo produtor que utiliza o Plantio Direto sobre aquelesque utilizam o plantio convencional moderno(com uso intensivo de agrotóxios emáquinas). Taxa internas de retorno bem superiores, valores presentes líquidospositivos e bem mais elevados e folha de pagamento menos onerosa, devido aomaquinário especial exigido. Além das vantagens econômicas, outras nãoaquilatadas, como o aumento na qualidade gerencial da propriedade e oaumento na capacidade de retenção de água, comprovam a superioridade doPlantio Direto. (LOPES, I. V. 1.998, p. xiii)2) Outro caso analisado pelos autores foi o da empresa

produtora de Papel e celulose, Klabin.: Para dar respostas `a

pressão de produtos favoráveis ao ambiente esta empresa decidiu,

a partir da década de 70 ampliar suas áreas preservadas e

cultivar uma imagem junto ao mercado internacional. Através da

adoção de práticas ambientalmente responsáveis tais como a

reserva de espaço em suas terras para áreas de preservação a

empresa não observou perdas significativas de receita, pelo

contrário, garantiu espaço em um mercado mais exigente, com a

obtenção de certificados de sua produção de madeira com práticas

ambientalmente corretas. ( LOPES, I. V. 1.998. p. xvi)

3) O terceiro caso de iniciativa privada analisado no estudo

foram os Sistemas Agrossilviculturais: o cacau-cabruca, na Bahia

e a bracatinga, no Paraná. Estes sistemas consistem na rotação de

culturas agrícolas e silvestres garantindo preservação ambiental

e retornos econômicos.

No caso da cabruca, em momentos de recuperação das cotações do cacau , amata contendo esta planta é desbastada e o cacaueiro floresce, retomanto a suaprodução; em momentos de queda, a exploração se retrai, e a mata volta acrescer. Quanto a Bracatinga sua presença está associadas `as terras marginaisdas propriedades agrícolas situadas ao redor da Região metropolitana deCuritiba no Paraná. Os terrenos declivosos e de baixa fertilidade apresentam umcusto de oportunidade muito baixo, o que favorece o plantio de um sistemaconsorciado com uma árvore nativa da região, adaptada e rústica. Osbracatingais são utilizados como poupança verde, cortados durante a entresafraagrícola, servindo como um complemento de renda para a família. (LOPES, I. V.1.998. p. xv)

Nestes três casos apresentados acima observa-se

oportunidades de negócios aliadas à preservação ambiental. As

motivações para tal aliança estão no próprio mercado. Ainda são

poucas estas experiências, mas empresas inovadoras já vem

adotando práticas conscientes pensando no avanço futuro do valor

que o meio ambiente assume para a sociedade. Assim pode-se citar

alguns exemplos de empresas que descobriram oportunidades de

negócios em um trato mais consciente dos recursos naturais.

Apresenta-se a seguir alguns exemplos selecionados para

diferentes campos do gerenciamento de recursos naturais.

As oportunidades relacionadas a gestão ambiental e produtos

ecologicamente corretos são muitas, pode-se formar uma uma grande

lista de exemplos. Apresenta-se nas figuras que seguem, figuras

7.0, 7.1, 7.2, 7.3 e 7.4, oportunidades de negócios separadas por

atividades, uma pequena amostra destas possibilidades, algumas já

colocadas em prática.

RECICLAGEM:

A reciclagem constitui-se em um mercado que oferece inúmerasoportunidades, algumas empresas mais antigas já souberam aproveitar estenegócio rentável, crescendo junto com a consciência ambiental. Este é o casoda empresa valki plásticos e máquinas , com sede em Louveira no estado de SãoPaulo, que fatura R$ 2,4 milhões anuais reciclando sucatas. Há 30 anos nosegmento de reciclagem negocia sobras de carpetes, cintos de segurança, isopore outros plásticos, que vão para a sede da empresa, com 25 funcionários ondesão reciclados em média 150 toneladas de plástico por mês. ( RIBEIRO, S. marçode 1.999)

Entre os reciclados o maior sucesso nacional até agora é o alumíniobatendo recordes de reciclagem como o recorde nacional de 63 % deaproveitamento para reciclagem em 1.998. Mas a partir desta experiênciapositiva outros materiais vão sendo introduzidos por empresas que tem comoprincipal atividade reciclar, obtendo um bom desempenho econômico. Um exemploé a empresa Reciclar Indústria e Comércio que acaba de inaugurar sua primeiraunidade de reciclagem de latas de alumínio na capital mineira com capacidadepara reciclar 150 toneladas O diretor técnico e sócio-proprietário da Reciclar, revela que o lucro líquido da empresa gira em torno de 10% do valor portonelada de alumínio reciclado no mercado interno. A unidade de reciclagem delatas de alumínio é apenas a primeira parte de um projeto muito mais ousado daReciclar . O objetivo é instalar uma indústria de reciclagem mais ampla capazde aproveitar os diversos tipos de rejeitos industrias. ( ALMEIDA, R. R. de, 14de abril de 1.999)

A reciclagem aparece como uma boa oportunidade de se ganhar novosmercados além de contribuir para a melhora da imagem das empresas. Os sistemasde gestão ambiental, que buscam melhorar o aproveitamento de recursos-energia, matéria-prima, diminuição de resíduos, etc.- têm conseguidoresultados internos satisfatórios. No sentido de valorizar e aproveitar melhoros recursos naturais disponíveis, surgem novas oportunidades de mercado paraas empresas que apostam na reciclagem como è o caso da Tetra Pak . A empresaque é a única fabricante de embalagens longa vida no Brasil e produzanualmente 3,2 bilhões de unidades, organizou com apoio da comunidade e deprefeituras juntamente com quatro empresas do setor de papel reciclado, oreaproveitamento de cerca de quinhentas (500) toneladas de embalagens de longavida transformadas em papel higiênico, papelão ondulado e até solas de sapato.A iniciativa melhorou a imagem da empresa, forneceu matéria-prima abundante ebarata para as empresas de reciclagem e trouxe benefícios para a comunidadelocal. (Scharf, 1998).

As previsão futuras de oportunidades de novos negócios relacionados areciclagem crescem e o poder público promete incentivá-los, reduzindo a cargatributária dos reciclados, criando linhas de crédito específicas e fomentando

cooperativas de catadores de lixo. Um programa neste sentido esta sendodesenvolvido com a coordenação do Ministério do Desenvolvimento, da Indústriae do Comércio. A proposta se centraliza na criação do Plano Brasileiro deReciclagem, que dará apoio através de incentivo na criação de cooperativassetoriais e bolsas de resíduos além da revisão da questão dos tributos sobreos reciclados. Através da criação deste programa oportunidades de negócios seampliarão e também será favorecida a criação de emprego estimados peloministério em 300 mil novos empregos atingindo uma média de 1 milhão deprofissionais envolvidos. (SHARF, R. 31 de março de 1.999) São encontradosinúmeros exemplos diversificados de aproveitamento de papel , papelão,plástico, vidro, etc. As opções dependem de criatividade e do envolvimento dacomunidade. Existe uma grande gama de oportunidades de negócios relacionados àreciclagem, sendo estas aqui apresentadas apenas um amostra.

Figura 7.0- “Oportunidades verdes” : Reciclagem.

ÁGUA: As previsões de duração da água, este recurso essencial a vida humana,

não são nada otimistas: Dentro de 25 anos, aproximadamente, um terço da

população mundial enfrentará graves desabastecimentos de água informou a

Organização das Nações Unidas (HOULDER, V. março de 1.999).] Não se trata

mais de uma questão de opção, se hoje estamos falando de meio ambiente e

gestão ambiental é por que isto realmente é necessário. As empresas situadas

no Brasil enfrentam este compromisso, uma vez que em nosso país as previsões

são menos desanimadoras. Quando se discute a questão da valoração do meio

ambiente em outro tópico deste trabalho, verifica-se que os recursos naturais

não são facilmente valorados por pesquisadores e comunidades. Alguns recursos

por definição legal pertencem `as comunidades, são públicos, como é o caso dos

recursos hídricos e do subsolo no Brasil. Empresas privadas podem ter

concessões para explorar os serviços de abastecimento destes recursos e também

podem utilizá-lo em seus processos produtivos.

Mesmo assim as oportunidades de exploração deste recurso são evidentes

proporcionando mercados rentáveis que podem ser exterminados no futuro se não

tiverem um gestão consciente. Estes mercados geram brigas judiciais como o

exemplo das engarrafadoras de água mineral que estão abrindo várias frentes na

justiça contra a produção da chamada água adicionada de sais, alegando que

deve se especificar que não se trata de água mineral. O esforço é para manter

um mercado estimado em mais de R$ 600 milhões anuais. (LARANJEIRA, F. e ALVES,

U., janeiro de 1.999). Neste caso observamos o valor comercial assumido pelo

recurso natural água e observamos também que não serão poucas as polêmicas a

respeito de sua exploração.

As oportunidades de negócios relacionadas a exploração dos recursos

hídricos quando se pensa não em sua exploração, mas em sua recuperação são

também evidentes e alguns exemplos podem ser citados cujas experiências

comprovam esta afirmação: a oito anos atrás a Cetesb divulgou uma lista das

empresas que mais poluíam o Rio Tietê em São Paulo. Observa-se que neste caso

as empresas tiveram que realizar investimentos em gestão adequada do meio

ambiente por pressões legais, e muitas tiveram perdas por causa da imagem

negativa da apresentação de um ranking de empresas mais poluidoras, muitas

delas autuadas pela Cetesb. Para se adequarem a legislação estas empresas

tiveram de investir alto . Foram gastos US$ 3,5 milhões, sendo US$ 1,5 milhão

financiado pelo Banco Mundial. Hoje tem sistemas de tratamento adequado de

seus efluentes. Quem lucrou com estes investimentos forçados foram os

fabricantes e consultores de sistemas de tratamento de efluentes industriais.

(SHARF, R. e CHADE, J. maio de 1.999)

A utilização correta de recursos hídricos passa a ser imprescindível

dado os perigos de sua escassez futura. Empresas que se conscientizarem desta

afirmação terão oportunidades de se protegerem de multas, protegerem suas

imagens no mercado, e além disso realizarem bons negócios.

Figura 7.1- “Oportunidades Verdes”: Água

NOVAS TECNOLOGIAS:

As oportunidade comerciais ligadas ao desenvolvimento de novas

tecnologias denominadas limpas são intensificadas com a crescente

conscientização ambiental. Podemos citar setores como o de energia que contam

com grande número de tecnologias mais limpas como energia eólica e solar e

mesmo a hidrelétrica realizada de forma consciente, além do gaz natural que

assume grande proporção de negócios atualmente no Brasil com a construção e

ampliações previstas para o gazoduto Brasil- Bolívia. Por ser um tipo de

energia de custos relativamente menores em comparação à energia elétrica, o

gás natural representa um importante diferencial em competitividade ( OTONI,

L. maio de 1.999).

As mais diversas áreas tem desenvolvido tecnologias que garantem

impactos positivos para o meio ambiente. Destas podemos exemplificar:

- O caminhão FH12 Globetrotter, desenvolvido pela Volvo e lançado no mercado

europeu em 1.994, acumulando 10 prêmios e sendo considerado o caminhão com

maior índice de tecnologia embarcada do mundo. Entre suas vantagens estão:

redução da emissão de poluentes, economia de combustível, menor custo de

manutenção e maior segurança na estrada ( FANTIN, E. março de 1.999).

- O carro solar desenvolvido pela Universidade de São Paulo, um veículo que

serve de laboratório tecnológico, uma pesquisa básica segundo os pesquisadores

(KNAPP, L. ,abril de 1.999)..

Poder-se-ia realizar um estudo somente a respeito de novas tecnologias

que contribuem para o desenvolvimento e seriam verificadas inúmeras

oportunidades de negócios, sendo alguns somente possíveis no futuro e outros

já possíveis de serem implantados no presente. É necessário esclarecer que a

confiança somente na tecnologia para resolver os problemas ambientais é

perigosa, pois nosso nível de incerteza em relação à capacidade que temos de

desenvolvê-las e o tempo que levaríamos para fazê-lo, talvez não seja o

suficiente uma vez que já estamos em déficit com o meio ambiente e temo

previsões de escassez de recursos naturais em um prazo muito reduzido. “Do

nosso alto nível de incerteza sobre esta questão é irracional apostar na

capacidade da tecnologia para remover as limitações de recursos

naturais”( CONSTANZA, R. 1.994). Mas este fato não exclui a possibilidade de

se obter sucesso comercial com tecnologias ambientalmente corretas, exatamente

por ainda existir uma demanda futura que tende a se ampliar neste sentido.

Figura 7.2- “Oportunidades Verdes”: Novas Tecnologias

VANTAGENS COMPETITIVAS A PARTIR DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃOAMBIENTAL:

As exigências do mercado consumidor crescem, impulsionando as empresas ase adequarem a um novo padrão de qualidade para seus produtos e serviços.Especialistas apontam para o gerenciamento ambiental uma trajetória semelhanteao do gerenciamento da qualidade. As normas para obtenção de certificado deQualidade reconhecidas internacionalmente na área ambiental, comprovam estatendência, como as da série ISO 14.000 da Organização internacional dePadronização ( International Standard Organization- ISO) e as normas e “selosverdes” que a antecederam nos mercados internacionais como“ Blue Angel” naAlemanha, o “Green Seal” nos Estados Unidos, o “Enviroment Choice” no Canadá,os “ Eco Mark” na Coréia do Sul e Índia, e a norma britânica “ BS-7750” de1.994.

Muitas empresas que antes viam o investimento na questão ambiental comomedidas que aumentavam o custo da produção, descobriram que a chamada GestãoAmbiental reduz custos e pode tornar a fábrica mais eficiente. Em média um bomprograma de Gestão Ambiental paga-se sozinho em um prazo de dez à quinzemeses. Com o programa a empresa economiza água, energia e matéria-prima (LEON,1998). Tem-se alguns exemplos de retorno de investimento e redução decustos a partir da implantação de SGAs (Sistemas de Gestão Ambiental) asempresas:- Bahia Sul- Produtora de Papel em Mucuri- BA, foi a primeira a obtercertificação ISO 14.000 no Brasil. Atuando em setor altamente poluente,investiu um milhão de dólares no projeto de implantação do SGA, levando trêsanos para implantá-lo. A economia anual após a Certificação chega a novecentose vinte mil dólares.- OPP- Química, produtora de resinas poliolefínicas, certificou quatro unidadesem 1996 e em todas obteve ganhos suficientes para compensar o investimento decerca de dois milhões de dólares, economizando água, energia, vapor e perda dematéria-prima (LEON, 1998).- COPESUL( Companhia Petroquímica do Sul), em processo de certificação em 1.998,considera que o Sistema de Gestão Ambiental proporciona: capacidade deoperação a baixos custos e com altos rendimentos operacionais, avaliadoprincipalmente pelo menor consumo energético e de matéria-prima, comreciclagem e produção maximizada de seus principais produtos- o eteno e opropeno. (BACH, 1998)

As vantagens competitivas são o fator principal que leva as empresas ainvestirem em Sistemas de Gestão Ambiental. Entre estas vantagens podem sercitadas: redução de custos ; possibilidade de conquistar mercados restritos,economia de recursos pertinentes a indenizações por responsabilidade civil,mais facilidade para obtenção de financiamentos junto a organismosinternacionais de crédito como o Banco Mundial, BID (Banco Interamericano deDesenvolvimento) e o BNDES (Banco Internacional de Desenvolvimento Social) eatendimento a legislação inerentes ao meio ambiente.( HOJDA, 1998)- A Alpargatas- Santista Têxtil- unidade de Americana- SP, obteve a certificação pelaimplantação de Sistema de Gestão Ambiental segundo os requisitos da norma ISO

14001, em dezembro de 1.997. Os trabalhos para a certificação demoraram cercade dois anos. Foram investidos um milhão de dólares (US$ 1.000.000) duranteeste processo e estima-se investimentos em torno de seiscentos mil para asmelhorias constantes exigidas pelo sistema. Os dirigentes da empresa afirmamque os investimentos retornam gerando vantagens competitivas, além de prepararas empresas para as exigências cada vez maiores das Leis ambientais.- A CESG (Centro de Excelência para Sistemas de Gestão), é a primeira empresa do ramo deprestação de serviços a obter a norma de conformidade com a ISO 14001. Aempresa acredita que os investimentos para se obter este tipo de certificaçãoé considerável, mas de retorno garantido- A CENIBRA (Celulose Nipo- Brasileira), localizada em Minas Gerais, foi recomendadapara receber a certificação pela norma ISO 14001, em outubro de 1.997. Duranteo processo de implantação investiu cerca de seiscentos e cinqüenta mil dólares(US$ 650.000) . A empresa afirma que a adoção de práticas ambientalmentecorretas levará a uma contínua redução de custos no processo produtivo.- A WOLKSWAGEM do Brasil- unidade de São Carlos recebeu a certificação deconformidade com a norma ISO 14001, em março de 1.998. Foi planejada desde suaconcepção para atender todos os requisitos da legislação ambiental brasileira.Os responsáveis afirmam que o Sistema de Gestão Integrado tem retornogarantido não só no aspecto financeiro como no de qualidade de vida. A fábricade São Carlos reduziu custos em consumo de água, energia e combustível. (MEIOAMBIENTE INDUSTRIAL, 1.998)

O número de empresas certificadas por normas internacionais no Brasilainda é pequeno. Os resultados positivos no sentido de atingir redução decustos através de Sistemas de Gestão ambiental são consideráveis e asvantagens competitivas adquiridas por este restrito grupo não podem serdesprezadas, pois estas representam estratégias pioneiras em um setor que,tudo indica tende a crescer no Brasil.

Figura 7.3- “Oportunidades Verdes”: Vantagens competitivas na

implantação de SGA

NOVOS MERCADOS:

Além dos setores apresentados até agora neste trabalhos tem-se inúmeras

perspectivas de crescimentos em setores relacionados á atividades que têm como

finalidade uma gestão mais correta dos recursos ambientais. Assim acrescenta-

se aqui algumas destas atividades. No Brasil, a visão dos dirigentes de

empresas tende a mudar na medida em que ocorrem mudanças das normas nacionais,

competitividade internacional e a valorização do meio ambiente difundidas por

grande parte da sociedade incluindo os consumidores. Em conseqüência os

negócios relacionados à atividades e produtos que visam preservar o meio

ambiente, está em expansão. As melhores perspectivas estão no setor de

equipamentos para tratamento de água e esgoto ( cerca de 5,4 bilhões

financiados pelo BID, entre 95 e 99, estão destinados a despoluição de corpos

d’água como os rios Tietê e Guaíba, a Bahia de Guanabara e outros).

O mercado de equipamentos e serviços de despoluição também expandem-se

juntamente com o ajuste ambiental empreendido por indústrias exportadoras e em

função da disponibilidade de um financiamento do BNDES (Banco Nacional de

Desenvolvimento Social) destinado a proteção ambiental. Cresce também a

demanda por equipamentos e serviços de consultoria ambiental.

Indústrias de cosméticos e Ecoturismo são setores que despontam no

Brasil, além do setor imobiliário (com crescente exigência de qualidade

ambiental), e até o setor de meios de comunicação com uma atuação inédita no

Brasil. ( SEBRAE, 1996)

No mercado financeiro, Seguradoras e Bancos começam a

perceber que o componente ambiental pode lhes render altos dividendos. No

Brasil em 1.995 foi criado o Protocolo Verde. Assinado pelos bancos criando-se

a obrigação de se avaliar o impacto ambiental dos negócios antes de financiá-

los ou patrociná-los. (Santos, 1.998)

Figura 7.4: “Oportunidades Verdes”: Novos Mercados

8- ECONOMIA E MEIO AMBIENTE:Pesquisadores, especialmente economistas, tem se esforçado

em oferecer conceitos que subsidiem métodos e técnicas que

garantam uma avaliação econômica do meio ambiente. Desde que

cientistas, pesquisadores, lideranças governamentais,

ambientalistas, enfim a sociedade introduziu em suas discussões

sobre desenvolvimento o tema ambiental, economistas e estudiosos

têm desenvolvido estudos no sentido de esclarecer como os

recursos naturais devem ser contabilizados, que valores devemos

atribuir a esses recursos. Para May e Motta existe uma

consciência de que nosso sistema global-ecológico encontra-se

ameaçado e também uma consciência crescente de que os conceitos

econômicos e ecológicos tradicionais não são satisfatórios para

lidarem com estes problemas.” (MAY, P. H. e MOTTA, R. S. (org.), 1994).

Forma-se então uma agenda de trabalho e pesquisa onde estes temas

são abordados. Como esta agenda está ainda em formação existem

polêmicas e diferenciadas abordagens deste tema. Estas abordagens

podem ser sintetizadas pela visão de Marques e Comune, na qual:

“algumas correntes de economistas têm procurado desenvolver conceitos,métodos e técnicas que objetivam calcular os valores econômicos detidos pelomeio ambiente. Destacam-se : a economia do meio ambiente e dos recursosnaturais, que repousa nos fundamentos da teoria neoclássica; a economiaecológica que se apoia nas leis da termodinâmica e procura valorar os recursosecológicos com base nos fluxos de energia líquida dos ecossistemas e finalmente,a economia institucionalista que procura abordar a questão em termos doscustos de transação incorridos pelos elementos ( instituições, comunidades,agências, públicos em geral) do ecossistema na busca de uma determinadaqualidade ambiental. . Os conceitos de valoração ambiental orientados pelateoria neoclássica são até o momento, o de maior amplitude de aplicação e uso.”(MARQUES, J. F. e COMUNE, A. E., )

É possível valorar e quantificar os recursos ambientais?

Técnicas e conceitos são disseminados para se chegar a um

aperfeiçoamento deste questionamento. Ao longo da história alguns

pesquisadores vem desenvolvendo estes estudos e em nossos dias a

ligação entre economia e meio ambiente se torna uma premissa

básica para as pesquisas, uma vez que para dar conta dos níveis

cada vez mais baixos de recursos naturais e preocupações

levantadas para o futuro próximo esta ligação se formou com um

paradigma a ser ultrapassado por variados campos do conhecimento,

entre os quais a economia se configura como um dos mais

importantes.

Historicamente, esses estudos vêm ganhando espaço e o texto

abaixo mostra de maneira sintética a evolução de conceitos que

unem o campo da Economia ao da Ecologia:

“ A economia ambiental surgiu na década de 50 e 60 como um ramo da ciênciaeconômica, nos Estados Unidos. A teoria econômica para economia dodesenvolvimento e o meio ambiente foi desenvolvida nos últimos 20 anos porvários economistas, como Baumol e Oates, ...que atualizaram as contribuiçõeshistóricas que foram realizadas desde o início do século, como o conceito deeconomias externas , por Marshall, o conceito de poluição como externalidadedesenvolvido por Arthur Pigou, na década de 20; os estudos analíticos sobre adepreciação das reservas de carvão e metal como recursos exauríveis, por Gray( 1994) e Hotteling (1931) e também a análise acerca dos limites do crescimento ea consciência de que o crescimento econômico não traz somente bem-estar, masque a industrialização afetou a qualidade de vida das pessoas, preocupaçõeslevantados por John Stuart Mill em 1900.” (BORGER, F. G. In VEIGA, JE. da (org.) , 1.998).A agenda de estudo para a economia ambiental apenas se

inicia na medida em que o tema ambiental envolve conceitos amplos

que ainda não dispõem de um arcabouço institucionalizado para

fomentar de forma organizada estas discussões. Apesar destas

dificuldades existirem, torna-se premente a necessidade de serem

superadas, de alguma forma, ainda que não seja a forma a ideal

imaginada. Comune e Motta destacam o atual estágio das pesquisas

que envolvem conceitos econômicos e ecológicos :

“ A utilização do conceito de meio ambiente num sentido amplo somente podeser feita através de uma análise interdisciplinar e multidisciplinar. No entanto, ateoria (ou modelo) global, que possibilite analisar todas as interações dosfenômenos do meio ambiente, ainda não se encontra plenamentedesenvolvida. ... Na falta de uma teoria global são empregadas abordagensdualistas do tipo econômico ecológicas que, mesmo não sendo totalmenteadequadas permite a realização de aplicações práticas bastante úteis noassunto. ( COMUNE, A. E. In MAY, P. H. e MOTTA, R. S. (org.),1994)

BENAKOUCHE e CRUZ apresentam uma abordagem sintética do

relacionamento entre economia e meio ambiente para mostrar que é

difícil, para não dizer impossível, proteger o meio ambiente sem

o uso de instrumentos econômicos. Afirmam ainda que o meio

ambiente sempre foi considerados nos estudo econômicos, porém de

uma maneira subordinada, considerando os recursos naturais como

fornecedores do campo econômico. ( BENAKOUCHE, R. CRUZ, R. S.

1.994). A atual mudança de paradigma frente a importância

crescente dos recursos naturais pela conscientização social a

este respeito, leva a uma nova abordagem dos conceitos

ambientais pela economia. Segundo os autores acima citados a

economia apresentava uma ligação conflitiva com o campo do meio

ambiente, o que não impede que se dê uma integração entre estes

campos. Estes autores observam que: “ o meio ambiente sempre foi

considerado no pensamento econômico desde os primórdios da

Economia, podendo-se afirmar que a relação entre a Economia e o

Meio Ambiente é conflitiva, mas que é perfeitamente factível

conceber sua integração.”(BENAKOUCHE, R. CRUZ, R. S. 1.994).

Esclarecem que houve um desenvolvimento da inserção dos

conceitos ambientais no pensamento econômico que em sua inicial

consolidação como ciência a Economia era considera autônoma em

relação aos campos do meio ambiente e do social. Afirmam também

que esta idéia se difundiu e chegou a considerar o campo

econômico como determinante em relação aos demais. Com os

problemas ambientais globais enfrentados pelas sociedades esta

idéia é reavaliada e inicia uma nova forma de se relacionar Meio

Ambiente e Economia. Textualmente assim consideram os autores:

a análise econômica focaliza-se fundamentalmente nos mecanismos demercado e que isso faz com que somente os fenômenos de produção e deconsumo de bens e serviços sejam considerados partes do campo econômico. Aciência econômica é considerada autônoma em relação aos campos do MeioAmbiente e do Social, desde a elevação da Economia á categoria de ciência -obras dos economistas clássicos, notadamente as de A. Smith e D. Ricardo.Estabeleceu-se uma distinção entre o campo econômico e os demais, mascontinuou-se considerando que a natureza fornece seus elementos ao campoeconômico. Com o advento da escola de pensamento econômico marginalista,dita também neoclássica, passou-se a privilegiar, ou até mesmo a considerardeterminante, o campo econômico em relação aos demais. Com as ameaçasglobais (efeito estufa, buraco na camada de ozônio, desmatamento das florestas,chuvas ácidas, etc.) e os problemas ambientais urbanos (poluição, barulho, etc.)tornou-se urgente analisar os problemas ambientais do ponto de vistaeconômico. Com efeito, a economia Ambiental da última década preocupou-seem propor conceitos no sentido de lhes fornecer apoio para proteger o MeioAmbiente. Essa interpretação constitui hoje uma das maiores preocupações doseconomistas. ( BENAKOUCHE, R. CRUZ, R. S. 1.994, ps. 91, 92,93)

John Gowdy e Sabine O’Hara no capítulo 7 de ‘Economic theory

for environmentalists’ descrevem a evolução das teorias

econômicas até os dias atuais, relatando a determinação destas

teorias aos processos políticos, sociais e históricos, informa de

que maneira a economia neoclássica adquiriu relevância e

supremacia originando os métodos de avaliação microeconômica hoje

conhecidos e largamente utilizados. Mostra também as tragetórias

das teorias econômicas desde a teoria clássica de Adam Smith e

David Ricardo passando pelo surgimento da economia marginalista

ou neoclássica até a teoria Keynesiana surgida depois da grande

depressão na década de 30, nos Estados Unidos, chegando às

concepções atuais. A partir desta análise estes autores afirmam

que a partir de alguns acontecimentos mais expressivos, tais como

a crise do petróleo nos anos 70 e acidentes ecológicos marcantes,

as teorias econômicas foram influenciadas pelos acontecimentos

evidentes relativos ao novo paradigma de escassez de recursos

naturais, o que influencia diretamente conceitos econômicos

especialmente o de crescimento. Concluem que em nossos dias todas

estas teorias já existentes desde as mais ortodóxicas até as mais

alternativas como a pós-keyniana e a markcista coexistem e são

influenciadas por este novo conceito, surgindo os conceitos da

Economia ambiental que vê os processos econômicos embutidos nos

processos biofísicos do planeta. A economia ambiental, ainda em

formação apresenta elementos de outras teorias que a precederam

bem como de elementos de outras áreas de conhecimento como a

biologia e a ecologia.( GOWDY, J. e O’HARA, S. 1.995). Estes

autores enfatizam que as respostas dadas pela economia

neoclássica dominante nos dias atuais no mundo ocidental não é

suficiente para se resolver os problemas de escassez de recursos,

mudanças globais do clima, efeito estufa, etc. É necessário

interdisciplinaridade e soluções conjuntas que envolvem demandas

políticas, gerenciais, etc. A figura (figura 8.0) abaixo,

extraída do livro acima citado, mostra a visão destes autores na

qual os sistemas ( Econômico, Social, político , biofísico) não

só devem estar interligados como embutido dentro das questões

referentes ao mundo biofísico ou ao meio ambiente.

Figura 8.0: “Valoração Contextual”: Fonte ( GOWDY, J. e O’HARA,

S. 1.995, p.175)

Outros autores vêem a inter-relação entre os sistemas

ambientais e humanos de outra forma, estabelecendo-se entre estes

sistemas uma relação de trocas com “imputes” e “outputs”. A visão

Environment

Human Activity

Economic Activity

Market

de Gowdy e O’Hara apresentada acima e na figura 8.0 critica a

visão da economia neoclássica que em seu desenvolvimento

apresenta o conceito de otimização e de concorrência perfeita, o

que não reflete a realidade, desconsiderando os elementos sociais

e ambientais (GOWDY, J. e O’HARA, S. 1.995). Uma vez que

coexistem teorias econômicas diferentes, desenvolvidas ao longo

da história dos países capitalistas ocidentais, e ao mesmo tempo

a questão ambiental não pode mais ser ignorada, cria-se modelos

de inclusão da variável ambiental nestas varias teorias como já

afirmado acima.

Neste trabalho será utilizado como subsídio o modelo

econômico proposto por W. Leontieff, prêmio nobel de economia ,

explicitado no trabalho de Benakouche, R. e Cruz, R. S. (1.995).

A figura 8.1 abaixo ilustra os princípios básicos deste modelo.

Este modelo possibilita a chamada análise sócio-técnica. A

utilização deste modelo se justifica pelo fato de que os métodos

a serem utilizados nesta trabalho tem como subsídio elementos da

Economia Neoclássica, que em grande parte forneceu elementos para

a análise micro-econômica, entre os quais os estudos de

engenharia econcômica, objeto final deste trabalho. Ainda que

existam críticas como as de Gowdy e O’Hara (1.995) a respeito

destes métodos por estarem subordinados a elementos da Economia

Marginalista ou Neoclássica, alguns autores como Benakoche e Cruz

( 1.995) afirmam que em nível microeconômico estes métodos podem

ser eficazes na integração Economia e Meio Ambiente e que a

economia neoclássica pode oferecer elementos que facilitem

decisões dos campos político-gerenciais.

Figura 8.1-Análise Sócio-técnica do Meio Ambiente. Fonte:

(Benakouche, R e Cruz, R.S. 1.995,p.93).

Não se desconsidera aqui o fato de que o desenvolvimento

econômico e o equilíbrio ambiental do planeta se constituem em

uma questão maior, estabelecendo-se que as discussões a respeito

de sistemas e políticas de desenvolvimentos sejam sempre

repensadas. Dado os níveis alarmantes das condições ambientais do

planeta a forma de desenvolvimento econômico e político social

deve ser repensada como defende Gowdy e O’Hara (1.995).

Entretanto esta discussão não se configura como objeto deste

trabalho.

Observando-se todas estas novas proposições para o

relacionamento entre Economia e Meio Ambiente constata-se que

existe uma convergência no sentido de se valorizar as intenções e

tentativas de valoração dos recursos naturais, uma vez que as

preocupações ecológicas são fundamentadas em fatos inegáveis, já

disseminados e comprovados pela ciência e adotados como

exigências crescentes pela sociedade. É necessário esclarecer que

Econômico

Ambiental

Social

se estes níveis de exigências ainda não são tão grandes no

Brasil, por ainda possuir questões sociais e econômicas sérias a

serem resolvidas, estas ligações podem se configurar em uma nova

forma de visualização do desenvolvimento econômico e social que

inclui a variável ambiental. Vale ainda esclarecer que em um país

em desenvolvimento uma questão não exclui outra, uma vez que o

tratamento adequado do Meio Ambiente reflete diretamente na

qualidade de vida das pessoas para não dizer na própria

sustentação da vida humana. Aprende-se pelos alertas de

ecologistas e cientistas que esta questão devem ser tratadas com

atenção, se não se intenciona enfrentar problemas futuros muito

mais graves. Além disto, se o desenvolvimento for orientado por

um caminho sustentado pode-se estabelecer um forma pioneira de

crescimento econômico não seguindo os mesmos erros cometidos

pelos países desenvolvidos, que adiaram a preocupação com o meio

ambiente até o limite onde este não pode ser mais desconsiderado.

No Brasil pode-se adotar desde já uma consciência de crescimento

ambientalmente saudável. Para as empresas que aqui estão, isto

não significa apenas exigências e encargos, ainda que estes

possam existir, mas também, oportunidades.

9- VALORAÇÃO AMBIENTAL:

Uma discussão importante surge quando é colocada a intenção

de se realizar uma avaliação econômica de ações que envolvem o

meio ambiente. Esta discussão passa pelas seguintes indagações:

que valor assume o Meio ambiente para a sociedade atual? É

possível valorar ou cifrar os recursos naturais? Como podemos

fazê-lo ? A necessidade de se realizar esta tarefa: valoração do

meio ambiente, já ficou clara. Barde e Pearce afirmam que como as

políticas ambientais estão ganhando mais importância e

sofisticação, dia a dia, há uma necessidade de maior

desenvolvimento das bases econômicas para estas políticas. Em

particular, para a valoração monetária do meio ambiente. Afirmam

também que progressos tem sido feito no desenvolvimento de

metodologias para valoração econômica de custos e benefícios

ambientais. (BARDE, J. P. and PEARCE, D. W., 1.995).

A questão da valoração do meio ambiente e sua

contabilização é um desafio que passa pela polêmica de responder

à três perguntas iniciais: a) Que valor assume o Meio ambiente

para a sociedade atual? b) É possível valorar ou cifrar os

recursos naturais? c) Como podemos fazê-lo? A primeira pergunta é

respondida na medida em que a sociedade exige maior

responsabilidade de empresas, governantes, enfim, de si mesma. em

favor da proteção ambiental. Ou seja, o valor que o Meio Ambiente

assume para a sociedade atual é crescente, exigindo cuidados e

responsabilidades. A resposta para as duas últimas perguntas não

estão prontas e pesquisas são realizadas no sentido de se avançar

neste campo de conhecimento. Apresenta-se aqui alguns pontos

polêmicos que demandam por respostas, que são respondidas por

propostas. Mas, para que se respondam a estas perguntas na

realidade e na prática das organizações, existe o desafio de

aplicação destas propostas.

Em primeiro lugar, em períodos anteriores de nossa história

de sociedades capitalistas, não se precisava preocupar com os

recursos naturais, pois acreditava-se que estes eram abundantes e

não se sofreria escassez nenhuma. Portanto também não havia a

necessidade de se atribuir um valor aos recursos naturais. Para

Benakouche e Cruz, pode-se sintetizar essa discussão da Economia

ambiental assim:

“ recentemente, o Meio Ambiente assumia apenas dois valores: zero ou infinito.Só que atribuir um valor zero aos recursos naturais consiste, em última instância,em afirmar que não têm preço. Se assim for, eles são duplamente gratuitos. Deum lado, eles são usados na produção de bens e serviços, mas não entram nacontabilidade econômica porque são considerados bens gratuitos, por seremdom da natureza; de outro, não são mensurados por serem bens protegidos oupatrimoniais. Consequentemente, passa-se a custear o Meio Ambiente,atribuindo-lhe um preço ( BENAKOUCHE e CRUZ, 1.995, p. 88). Quando se sabe que os recursos naturais podem ficar escassos

ou mesmo se acabar para gerações futuras não muito distantes, não

se pode afirmar que o crescimento econômico se dá sem a

necessidade de se avaliar os danos e benefícios ambientais. Ou

seja, não se pode mais atribuir um valor zero ou infinito aos

recursos naturais.

Então, que valor atribuir aos recursos naturais? O meio

ambiente ao desempenhar funções imprescindíveis à vida humana

apresenta, valor econômico positivo mesmo que não refletido

diretamente pelo funcionamento do mercado, não sendo, portanto

correto tratá-lo como se tivesse valor zero. Assumindo um valor

zero para o meio ambiente corre-se o risco de uso excessivo ou

até mesmo de sua completa degradação. ( MARQUES, J. F. e COMUNE,

A. E. ).

Para dar início ao esclarecimento destas questões, deve-se

observar um dos pontos mais polêmicos que envolvem conceitos

contábeis e metodológicos. Pode-se começar pela questão da

natureza dos bens ou recursos naturais. Os recursos naturais são

bens pertencentes a toda comunidade, mas são também utilizados

por organizações privadas, e assim passam a fazer parte do

processo produtivo e contribuir para seu funcionamento. Por

exemplo, a água utilizada para a produção de uma determinada

indústria é um recurso natural, portanto um bem público, porém

também é um insumo de produção portanto um bem privado, enquanto

passa pelo processo produtivo e quando se transforma em um

produto comercial. A utilização da água enquanto produto não é

cobrada, paga-se apenas pelo serviço de abastecimento para que

este recurso natural esteja disponível de forma mais confortável

possível. Esta afirmação é verdadeira legalmente como discutido

no capítulo referente a normas e leis ambientais, na página 16,

os recursos naturais são considerados bens difusos pertencentes à

coletividade, entretanto estes bens também podem fazer parte de

uma propriedade particular. Na definição de Benakouceh e Cruz:

“ bens ou mercadorias são objetos suscetíveis de serem produzidos,reproduzidos e comercializados. Esses bens são ordenados em três classes: a dosbens mercantis, a dos bens não mercantis e a dos bens coletivos. ... A natureza

dos bens naturais impede que sejam colocados em uma destas classes. Istoporque alguns bens (lagos, florestas, rios) podem ser considerados mercantis porserem utilizados e utilizáveis como tais, embora eles tenham característicaspróprias. Outros ( água, ar...) não podem ser classificados desse modo. Alémdisso, eles não tem preço, fora de seu custo de transformação em bensdestinados a satisfazer necessidades humanas; são em geral, abundantes eapropriados de modo destrutivo.( BENAKOUCHE E CRUZ, 1.995, p.183).Conceitos, métodos e técnicas de contabilização existem e

são propostos para se solucionar esta questão da natureza dos

recursos naturais, que se caracteriza como central:

“ O problema central para a avaliação de bens e serviços ambientais é de queestes não tem preço porque não fazem parte do processo de compra e venda dosindivíduos. Não se compra ar puro, biodiversidade, qualidade da água, mas asociedade extrai, processa e consome os recursos naturais , ou seja, a economiae o meio ambiente estão interligados.” ... “ A economia ambiental estabelece umaponte entre a economia e a ecologia internalizando os custos e os benefíciosproporcionados pelo meio ambiente, para uma melhor alocação dos recursosdisponíveis e para mostrar que o meio ambiente é importante tanto na análiseeconômica de investimentos (nível microeconômico) e planejamento das políticaspúblicas (nível macroeconômico) quanto no processo de tomada de decisõeseconômicas ( BORGER, F. G. In VEIGA, J E. da (org.) , 1.998). A valoração ambiental não é uma questão fechada, e também

não pode ser considerada a única maneira de se fazer a sociedade

se responsabilizar pelos danos ambientais. Existes

responsabilidades que já nos são impostas por leis. A valoração

ambiental é um subsídio para uma proposta de se repassar para as

organizações responsabilidades pelo futuro do meio ambiente

global, introduzindo esta responsabilidade em mecanismos

políticos e de mercado. Os métodos de avaliação econômica do meio

ambiente são ainda pouco aplicados, mas isto não significa que

sua aplicação não seja necessária, pelo contrário, ela responde

por uma emergência social, em se tratar com responsabilidade os

recursos naturais.

Existem diferentes correntes de pensamento e conceitos que

procuram esclarecer a questão de estabelecer critérios para se

valorar os recursos naturais e ainda que existam pontos polêmicos

e algumas questões onde mais estudos são necessários algumas

teorias já se foram fomuladas a este respeito. Também é

necessário lembrar que a maior parte destas teorias convergem no

sentido de achar importante a valoração dos bens e funções ou

serviços ambientais. No item posterior essas formas e conceitos

de valoração serão melhor esclarecidos.

9.1- CONCEITOS E FORMAS DE VALORAÇÃO:

Obaserva-se que variadas são as formas de se atribuir valor

aos recursos naturais ou aos ecossistemas ( bens ou funções

ambientais. Na figura 9.0 abaixo verifica-se uma abordagem de

três grandes formas de se realizar esta tarefa na concepção de

PEARCE & TURNER (1.991), explicitada no trabalho de MATTOS, K. M

da C. (1.998). “ Existem três relações dos valores ambientais

adotados pela política e ética nas sociedades industrializadas:

valores expressos via preferências individuais; valores de

preferência pública; e valores do ecossistema físico funcional”

MATTOS, K. M da C. (1.998).

ValoresAmbientais

Preferências particularesdos indivíduos

Preferênciaspúblicas

Sistem as e processosfísicos

Valores fixados e medidosem term os de boa vontade

para pagar e ser com pensado

Normas forçadaspela pressão

coletiva, através deleis e regulam entações

Valores não preferenciais medidos em ciências naturais

Relações dos Valores AmbientaisFonte: PEARCE & TURNER (1991)

Figura 9.0- Relações de Valores Ambientais. Fonte: (MATTOS, K. M.

da C., 1.998)

Esta figura 9.0 apresentada acima mostra a visão do autor

das formas como a sociedade atribui valor aos bens ou funções

ambientais. Outras abordagens também são possíveis e geralmente

estão ligadas à correntes de pensamento econômico ou a grupos de

estudiosos desta questão. Estas abordagens, como estão ainda em

formação apresentam alguns conceitos semelhantes outros não e

métodos diversos para cumprir a tarefa de se atribuir valor aos

bens ambientais. Estas abordagens relacionadas à teorias

econômicas serão aqui discutidas e os conceitos e métodos de

valoração ambiental serão discutidos nos itens subsequentes deste

capítulo.

Existem variadas maneiras de se chegar a uma valoração dos

recursos naturais, entretanto estas maneiras não estão livres de

críticas e evoluções em seus conceitos. Os métodos de avaliação

dos recursos naturais enfrentam algumas dificuldades, uma vez que

a natureza dos bens ambientais tem diferentes interpretações.

Essas interpretações são resultantes de correntes econômicas ou

de diferentes escolas de pensamento econômico que apresentam

visões e métodos diferenciados que conferem também abordagens

diversificadas da valoração ambiental. Entretanto, é necessário

esclarecer que existem pontos comuns entre alguns métodos já

mais consolidados e além disso como a união da economia e da

ecologia como campo de estudo também é recente pode-se considerar

que novos métodos vem sendo sugeridos e também que aqueles já

consolidados vem sendo aperfeiçoados. As formas já consolidadas

de valoração ambiental que se ligam a correntes de pensamento

econômico diferenciadas, são apresentados na figura 9.1 abaixo

baseada no texto de MARQUES, J. F e COMUNE, A.C. e com alguns

elementos do texto de PEARCE, J.P. E BARDE (1.995).

VISÕES ECONÔMICAS E MODOS DE VALORAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Corrente dePensamentoEconômico

Formas e interpretações do conceito de valoreconômico do meio ambiente

EconomiaEcológica

- defende a incorporação dos bens e serviços ambientais àcontabilidade nacional e para se chegar a esta incorporação a elaboração de um completo sistema de valoração econômica dos recursos ambientais;

- considera que é possível atribuir valor econômico a estética ambiental, à vida humana e aos benefícios ecológicos, ainda que de forma indireta e que inconscientemente diariamente lhes é dado este valor;

- Ainda que considere necessária a valoração econômica domeio ambiente tece críticas aos princípios em que esta se assenta, apoiada nos conceitos da teoria neoclássica;

- Utiliza como método o que se convencionou chamar de método de base biofísica ou de análise de energia;

- Abandona as hipóteses do princípio da soberania do consumidor e das preferências e apoia-se em esquemas que privilegiam os insumos de energia direta ou indireta, necessários a produção e manutenção, ao longodo tempo dos serviços ambientais.

Economia doMeio Ambiente (

baseada emconceitos da

economiaNeoclássica)

- desenvolveu e aprofundou não só conceitos e métodos paraa valoração do meio ambiente, como derivou importantes instrumentos de política ( Imposto pigouviano, licenças para poluir, subsídios, taxas, regulamentos e padrões fixados para o gerenciamento ambiental;- mais atualmente desenvolve a operacionalização dos

conceitos de produção máxima sustentável e padrões mínimos de segurança para se atingir determinada qualidade ambiental e sustentabilidade dos recursos naturais;

- através do trabalho conjunto com ecólogos os conceitos de valor de existência e de valor de opção foram incorporados pela Economia do Meio Ambiente.

Discussõesentre

Economistas(predominanteme

nte detendência

- Os economistas de tendência neoclássica, linha predominante na investigação do tema valoração ambiental, fazem referência ao mercado visando estabelecer valores para os recursos ambientais, mesmo na situação em que não exista mercado para os referidosbens;

- Os ecólogos , embora aceitando os valores desta forma

neoclássica) eEcológos

estimados, fazem referência explícita a valores intangíveis, tais como os valores globais que um ecossistema presta ao planeta;

- Existe uma proposta derivada do entendimento entre economistas e ecólogos que contempla, basicamente valores referentes aos ecossistemas e seu papel como provedor de bens e serviços, através de três conceitos:valor I- abrange todos os bens e serviços ambientais transacionados diretamente pelo mercado(valor = preço de mercado do bem); valor II- bens que não são transacionados no mercado, não têm preço, seua valores são determinados através de um mecanismo político de negociações e acordo; e valor III- intangíveis e de difícil valoração (florestas tropicais, equilíblio atmosférico,valor inerente aos sistemas naturais, etc.).

EconomiaInstitucionalis

ta

- afirmam que os recursos naturais (ar, água, fauna, flora, etc.) não podem ser mensurados em termos monetários

- Critica conceitos da Economia do Meio Ambiente (de tendência neoclássica) como: a dimensão de conceito de preferência individual, o princípio de maximização da utilidade. Acredita que estes conceitos não são adequados e os considera reducionistas como base para tomada de decisão em questões irreversíveis como o equilíbrio e a manutenção dos recursos naturais para asgerações futuras. (BARDE. J. P. e PEARCE, D. W., 1.995)

Figura 9.1- Correntes de Pensamento econômico e formas de interpretação davaloração ambiental. Fonte: figura adaptada do texto de MARQUES, J. F e

COMUNE, A.C.9.1.1 CONCEITOS DE VALOR:

Observa-se pela figura 9.1 mostrada acima que existem

variadas abordagens para a questão da valoração ambiental

associadas à correntes de pensamento econômico. Estas abordagens

trazem conceitos importantes e que considera-se indispensável que

sejam esclarecidos neste trabalho. Assim apresenta-se a seguir

alguns destes conceitos, que ainda que tenham origem em teorias

diferenciadas como acima explicitado são extremamente relevantes

para a proposta final deste trabalho.

Abaixo são apresentados estes conceitos de acordo com

algumas correntes de estudo da economia que investigam a questão

ambiental:

A economia ambiental, baseada predominantemente nos estudos

de economistas de tendência neoclássica contribuiu no sentido de

fornecer consistência às concepções sobre o valor econômico do

meio ambiente, permitindo sua operacionalização. “A atual

literatura econômica ambiental distingue três valores que compõem

o valor econômico total do ambiente, obtido a partir da seguinte

expressão” ( MARQUES, J. F e COMUNE, A.E).:

Valor Econômico do Ambiente = Valor de Uso + Valor de Opção +

Valor de Existência

Onde se tem as seguintes definições para cada um destes valores:

Valor de Uso: refere-se ao benefício obtido a partir da

utilização efetiva do ambiente de forma direta ou indireta. Os

valores de uso referem-se ao uso efetivo ou potencial que o

recurso pode prover. Os valores de uso direto ou indireto estão

associados com as possibilidades presentes do uso dos recursos e

são de mais fácil compreensão e entendimento.

Citando como exemplo uma floresta tropical seu valor de uso direto poderia serexpresso ou calculado em função da exploração da madeira, de produtos não-lenhosos, caça pesca, produtos genéticos, medicinais, hábitat humano, etc. Osvalores de uso indireto poderiam incluir a proteção das bacias hidrográficas, aregularização do clima e todas as demais funções ecológicas exercidas pelasflorestas tropicais (MARQUES, J. F e COMUNE, A.E, p. 29).

Valor de Opção é definido como a obtenção de um benefício

ambiental potencial- expressão das preferências e da disposição

de pagar pela preservação ou manutenção daquele recurso ambiental

contra possibilidade de uso presente. O valor de opção refere-se

ao valor da disponibilidade do recurso para uso direto ou

indireto no futuro. No exemplo da floresta tropical o valor de

opção seria o preço ou o custo com o qual as pessoas estariam

dispostas a pagar pela sua preservação, para que ela não fosse

usada intencionando um uso futuro.

Valor de Existência pode ser entendido como valor que os

indivíduos conferem a certos serviços ambientais, como espécies

em extinção ou raras, santuários ecológicos ou algum ecossistema

raro ou único mesmo quando não há intenção de apreciá-los ou usá-

los de alguma forma. Nesse sentido a biodiversidade, por exemplo

é entendida como um objeto de valor intrínseco, como uma herança

deixada para outros ou como fruto de uma responsabilidade moral.

Os valores intrínsecos não estão associados nem ao uso presente

do recurso e nem com as possibilidades de uso futuro. No exemplo

da floresta tropical o valor a que a sociedade estaria disposta a

pagar para preservá-la independentemente de Ter intenção de

utilizar seus recursos no futuro, pelo simples fato que considera

sua existência importante.

Estes conceitos foram sendo desenvolvidos ao longo do tempo

de estudo da Economia Ambiental que tiveram algumas fases

distintas. “ O desenvolvimento do conceito sobre valoração ambiental iniciou-se

por distinguir entre os valores de uso e valores de não-uso. Posteriormente os valores

de não uso se dividiram em valor de opção e valor de existência.” (MARQUES, J. F e

COMUNE, A.E, p. 29). Os conceitos de Valor de existência e de

Valor de Opção geram ainda algumas discussões sendo que alguns

autores afiirmam que possam existir motivos que justifiquem o

Valor de existência como os motivos de herança de doação de

simpatia de responsabilidade ambiental e de inter-relação

ambiental. Ao contrário de outros como Pearce & Turner ( 1.990)

que “assumem enfaticamente que o valor de existência é um valor

colocado nos bens e serviços ambientais que não está associado,

de forma alguma com qualquer uso do mesmo, seja no presente, seja

no futuro. Esta polêmica gera algumas dificuldades de delimitação

dos conceitos de Valor de existência e de Valor de Opção.

O valor econômico total do meio ambiente é revelado pelas

preferências individuais das pessoas. Não se considera que esta

seja uma tarefa fácil de se realizar, na maior parte das vezes

tendo de ser feita através da consulta direta às populações

envolvidas através de pesquisas como a realizada por HOPKIINSON,

P. G NASH, C. A. e SHEEHY, N ( 1.992) a respeito de como as

pessoas dariam valor a aspectos ambientais e sociais no

planejamento de construção de uma rodovia. Existem críticas a

respeito destes métodos relativas ao fato de que existe uma

dificuldade, uma perda na veracidade de fatos quando se levanta

as preferências individuais transformando sua soma em

preferências sociais, que podem ser conflitantes. Esta é uma das

críticas apresentadas por GOWDY, J. e O’HARA, S. ( 1.995) aos

métodos e conceitos baseados na Economia Ambiental que tem como

predominantes economistas de tendência neoclássica. Entretanto

como afirmados anteriormente por MARQUES, J. F e COMUNE, A.E,

estes são os métodos e conceitos que tiveram e ainda tem

apresentado grande desenvolvimento no sentido de serem

operacionalizados e oferecerem conceitos consistentes quanto à

valoração de bens ou funções ambientais.

Para a Economia Ecológica, que tem como base métodos

biofísicos ou baseados nas trocas de energia, a valoração de bens

ou funções ambientais tem de contemplar três aspectos:

- Valor de Uso imediatos e suas formas comerciais ou potenciais cujos valoresfinanceiros possam ser apurados.

- Valor de Opção de uso imediato ou a possibilidade contrária de economizar obem para uso futuro ou mesmo o não-uso.

- Valor que o bem ou função tem como capital do próprio ecossistema cujaextração ou manejo determina perda de qualidade ou redução do ecossistema.”( MELLO, R. de., 1.997)

Renato MELLO ( 1.997) afirma que as medidas do ambiente comuns podemtomar formas diversas sendo “expressas em unidades financeiras, podem assumirformas de fluxos energéticos, podem ser expressas em quantidade do próprio bemmedido, e ainda assumir formas vagas e pouco definidas em descrições desentimentos.” Afirma também que como forma econômica devem ser consideradoscomo valor pela sua escassez, pela sua utilidade para uso ou posse, ou como tendoalguma importância social por cuja manutenção deva existir um pagamento.

Observa-se que conceitos como o de valor de uso e de opção e de existência

são praticamente os mesmos dos apresentados com base na Economia

Ambiental. Observa-se também que existem semelhanças de conceitos

por que as teorias formuladas para se entender as relações

economia e meio ambiente ainda não estão totalmente definidas,

como observado no início deste capítulo. Assim algumas definições

podem ser realmente iguais como conseqüência de estudos

realizados por diversas correntes de economistas juntamente com

ecólogos. Existem porém outros conceitos que integram a visão da

Economia Ecológica e algumas outras abordagens que podem ser

citados como medidas de valoração econômica dos ecossistemas.

Segundo Renato MELLO ( 1.997) estes conceitos podem ser

classificados em cinco grupos ( 5 ):

1- Preços que compreende:1.1-Preços de Mercado ou os valores monetários dos bens e funções ambientais.Estes bens já se encontram valorados no mercado e contemplam a questão daescassez e do domínio tecnológico do uso do bem ou serviço assim como ademanda de um mercado já estruturado. Podem ser exemplo destes os mineraiscomercializáveis. Para que se realize um determinação do preço dos bensambientais são usadas as medidas, que podem ser tomadas em valorescorrentes monetários que a sociedade determinou como valor aceitável, pelosmecanismos de mercado e de representações políticas ou de grupos. 1.2- Disposição de Pagar e Disposição de Aceitar: São preços ou medidasobtidos em pesquisa direta com o público, quando são questionados osinteresses em termos financeiros despertados pelo meio Ambiente. São assimdefinidasDisposições a pagar: é o valor econômico que o indivíduo aceita pagar pormelhoria ou preservação do bem ou serviço ambiental;Disposição de aceitar: É o valor econômico de compensação financeira para umindivíduo pela diminuição ou perda de qualidade ou valor ambiental; 1.3 Intensidade Energética: preço definido em termos entrópicos, que mede aintensidade energética que flui pelo ecossistema. Baseadas nos princípios datermodinâmica. Sendo que o primeiro é a Lei da conservação da energia em umsistema fechado e o segundo é a entropia do sistema ou a passagem oumudança de forma de energia dentro de um sistema. 2- A produtividade: As medidas que relacionam níveis de produtividade nosecossistemas procuram diferenciais e relações entre capitais empregados erendimentos de produção. Os diferencias se caracterizam por se formar duassituações no ecossistemas e compará-las em termos de produtividade, capitalinvestido ou economizado e produtividade.3- Ecossistema como capital Os ecossistemas são considerados como bens decapital. Esta abordagem gera muitas críticas, principalmente no que se refere aofato de que as sociedades tendem a atribuir um valor ao ecossistema ou bemambiental mais baixo do que o necessário para sua conservação ou manutenção,gerando perdas de capital para a sociedade e ganhos privados Dentro destacategoria que considera os bens ambientais como capital tem-se:

3.1- Capital Natural que é definido quando um bem ou função ambiental quetenha valores de uso ou consumo e possa participar do mercado com preçodefinido. Tem se como exemplo de bens evidentes solo, plantas e com evidênciamais difusa paisagens, esgotamento de reservas minerais.3.2- Valor Líquido ambiental. A capacidade do Capital Natural de gerar funçãoeconômica pode ser medida pelo valor líquido ambiental, que é a quantidadedeste capital por unidade da função gerada. 3.3- Valor de contribuição ambiental é o valor de cada subsistema que sejaparte do Capital Natural, se este componente ou função gera benefícios deordem econômica à sociedade. A quantificação do valor é feita de acordo com aimportância do subsistema em termos de preços de mercado acrescido de seupapel na manutenção e existência do ecossistema.3.4- Valor intrínseco ambiental para a manutenção e existência doecossistema ocorrem processos e são exercidas funções em componentes desubsistemas, que quando alterados provocam efeitos sinergéticos cujosresultados podem ser o aumento ou diminuição do capital natural, ou aindanova ordem constitutiva do ecossistema que a sociedade considere comoalteração de valor. Este é o valor intrínseco do bem ou função ambiental.3.5- Valor Cultural Ambiental- Entre os bens culturais modernos está a novarelação entre homens e natureza, considerando-se como bens ambientais nãoapenas as reservas e parques , mas ampliando-se os valores do mundo físico eorgânico a condição de participantes dos universos epirituais individuais ecoletivos. Estes valores têm dinâmica semelhantes àquelas das artes epatrimônios históricos.

4- Valores Incertos: À medida que vai se afastando do comércio e do mercadovai se tornando imprecisa a valoração econômica de qualquer bem. Em setratando do meio ambiente esta valoração fica por vezes assim incerta. Existemporém alguns mecanismos que possibilitam a mensuração destes ValoresIncertos. Estes mecanismos são abaixo apresentados:4.1- Preços Hedônicos: representam um valor associado ao hedonismo ou àcultura do prazer que envolve funções como o turismo e o lazer. Pode-se citarcomo um exemplo o valor do morro do Pão de Açúcar para a Cidade do Rio deJaneiro. Observa-se que o preço de imóveis, por exemplo situados próximos aeste tipo de recurso natural belo é maior do que o de e outros situados em locaisexistem uma situação ambiental depreciativa. A mensuração desse tipo de valoré feita pela chamada valoração contigente em que se estabelecem ‘disposição apagar ou ‘disposição a aceitar’. Além disso esta valoração de bens sem valordefinido de mercado se mistura com a opção de uso futuro preservando o bem,com a opção altruista ou filantrópica de legar o bem a outros ( valor de Opção) e

com o valor da satisfação pessoal de manter a existência do ecossistema ouespécie ( Valor de Existência) . Tudo isto implicando em custos financeiros.4.2- Custo de Viagem: Caso o ecossistema seja atração de turismo, lazer ouassociado a uso lúdico, podem ser medidas as despesas que o indivíduo sedispõe a realizar para deslocamento até o local no usufruto do lazer. Podemtambém ser avaliadas todas as receitas oriundas da atividade ligada aoecossistema e ter uma medida de valor do mesmo pelas quantias despendidas.5- Valores dos ecossistemas no tempo: Os valores que os ecossistemas erecursos naturais assumem variam muito fortemente no tempo. A escassez deelementos ou restrição na utilização de funções encarece o recurso e em algunscasos determina posse e preço quando o recurso era de domínio público. Ocorretambém a melhoria do bem ou função pelo manejo, quando há investimentovisando incrementos ou restrições em funções, ou mesmo na determinação dereserva do ecossistema. A própria terra já foi devoluta no Brasil, chegandomesmo a existir incentivos à posse na região amazônica. As medidas abaixorelacionam a variável tempo com as demais medidas descritas anteriormente.5.1-Despesas preventivas. São os gastos que o usuário de recurso natural ouecossitema tem de realizar em virtude de utilização anterior que retirou valor ouqualidade das propriedades do capital natural.5.2- Custos atualizados. Os valores que o recurso natural vai assumindo notempo e os valores monetizados que os investimentos, custos e retornos obtidosassumem podem ser atualizados a valores presentes ou distribuídos ao longo dotempo com mecanismos da matemática financeira.5.3 Taxas de desconto no tempo: Para executar atualizações é necessáriosdefinir as taxas que corrigem os valores. Uma taxa positiva indica ser maisvantagem usar o recurso natural hoje, sendo que as taxas negativas indicamvalor maior do bem no futuro. (obs. na maior parte das vezes as taxas exigidaspelo mercado não são compatíveis com o manejo sustentado de ecossistemas. OBanco Mundial exigia taxas de retorno mínimas de 10% ao ano para seusinvestimentos, mas atualmente as taxas são mais moderadas quando envolvemecossistemas produtivos.)5.4 Valor de opção de não-uso. Para que as taxas de desconto de recursosnaturais sejam negativas há que se pagar valores com o fim da reserva desterecurso. O não-uso do Capital natural implica em custos que seriam entãoconsiderados como investimentos. ( MELLO, R. 1.997)

9.2 MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL

Foram apresentados até agora conceitos e teorias econômicas

a respeito da questão da valoração dos recursos naturais- bens ou

funções ambientais. A seguir apresenta-se os métodos para se

realizar uma avaliação monetária ou econômica do meio ambiente.

Não se pretende aqui dissertar e analisar todos estes métodos

existentes, mas sim dar uma idéia geral dos tipos de métodos mais

usados e tecer alguma consideração sobre estes.

De maneira geral os métodos assim como os conceitos de

valoração ambiental estão subordinados à teorias econômicas como

visto anteriormente. Assim pode-se dizer que estes métodos foram

criados no sentido de se dar conta de valores que não estão

representados no mercado.

“ O valor econômico total do meio ambiente não pode ser revelados pelasrelações de mercado e na ausência deste, algumas técnicas foram desenvolvidasno sentido de se encontrar valores apropriados aos bens e serviços oferecidospelo ambiente natural, objetivando subsidiar a adoção de medidas e aformulação de políticas.”

Procura-se então através dos métodos de valoração estimar

valores econômicos para o meio ambiente. Para BENAKOUCHE, R. e

CRUZ. R. S. (1.995) existem certamente uma multiplicidade e

variedade de enfoques que visam oferecer conceitos e instrumentos

que possam esclarecer como incorporar a variável ambiental nas

análises econômicas, uma vez que estas estão tradicionalmente

centradas em mecanismos de mercado, que consideram os bens apenas

em seus momentos de produção e consumo, deixando de considerar

resíduos e suas consequencias ambientais. Assim tem-se como

destaques dentre estes enfoques os modelos input-output, a avaliação

energética, a contabilidade ambiental, etc.

Alguns autores classificam as formas ou métodos de

incorporação da variável ambiental às análises econômicas.

MARQUES, J. F e COMUNE, A.E afirmam que os métodos de valoração

ambiental são classificados de diversas formas, tendo como

critério básico a relação entre o ativo ambiental e o mercado,

porém, em termos gerais, a divisão não foge às seguintes

características:

a) métodos que se utilizam de informações de mercado, obtidas direta ouindiretamente, e os mais empregados nas questões ambientais, são:apreçamento hedônico ou valor de propriedade, salários e despesas comprodutos semelhantes ou substitutos;

b) métodos que se baseiam no estado das preferências, que na ausência demercado, é averiguado através de questionários ou das contribuições financeirasindividuais ou institucionais feitas aos órgãos responsáveis pela preservaçãoambiental;

c) métodos que procuram identificar as alterações na qualidade ambiental, devidoaos danos observados no ambiente natural ou construído pelo homem e naprópria saúde humana; são chamados de dose-resposta. MARQUES, J. F eCOMUNE, A.E

Segundo MARQUES, J. F e COMUNE, A.E e também segundo MATTOS,

K. M da C.(1.998) que expôs a classificação de MERICO (1.996) os

métodos de valoração ambiental também podem ser classificados em

diretos e indiretos. Sendo que para MERICO (1996) estes assumem a

seguinte definição:

métodos diretos: podem estar diretamente relacionados aos preços de mercado ouprodutividade, e são baseados nas relações físicas que descrevem causa e efeito;métodos indiretos: são aplicados quando um impacto ambiental, um determinadoelemento do ecossistema, ou mesmo todo um ecossistema não pode ser valorado,mesmo que indiretamente, pelo comportamento do mercado. (MATTOS, K. M daC. 1.998)

Para MARQUES, J. F e COMUNE, A.E os métodos diretos são

usados com maior freqüência para estimar valores de bens e

serviços ambientais pertencentes aos grupo a) e b) de sua

classificação citada acima. Estes métodos baseiam-se em

informações de mercados já existentes ou hipoteticamente criados

e dentre estes pode-se citar os métodos: valoração contingencial, custo

de viagem e mercado substituto ou preço hedônico. Já os métodos indiretos

se referem ao grupo c) de sua classificação. Estes métodos são

chamados de indiretos porque seus procedimentos diferem no

sentido de não procurarem medir o estado das preferências

diretamente. Estes métodos procuram relacionar primeiramente a

alteração ambiental e algum efeito na saúde do homem ou nos

ecossistemas naturais ou construídos pelo homem. Posteriormente

aplica-se algum outro método que pode ser o do custo de reposição, da

produção sacrificada, da redução da produtividade, dentre outros. Através

destes métodos obtêm-se os valores econômicos dos efeitos

observados. (MARQUES, J. F e COMUNE, A.E) Estes métodos indiretos

são aqueles embasados em estudos de impacto ambiental ou de danos

ambientais.

Como exemplos dos métodos citados até agora pode-se

mencionar os seguintes estudos:

1) a avaliação de agroecossistemas de cana-de açúcar,

considerando as implicações ambientais e o uso de recursos

naturais como fatores de produção, realizada por Renato Mello

(MELLO, R. 1.997). Este estudo utiliza como modelo o método de

input-output para internalizar custos e benefícios ambientais como

fatores de produção. Utiliza também o método biofísico ou de

análise da Energia, transformando as entradas e saídas em medidas

energéticas.

2) avaliação de sistemas de abastecimento de água utilizando

métodos de engenharia econômica, como o realizado por Benakouche

e Cruz( BENAKOUCHE e CRUZ, 1.995). Este estudo se caracteriza

por utilizar o modelo input-output ou modelo insumo-produto, para

internalizar os custos e benefícios ambientais, que

caracteriza como análise sócio técnica estudada primeiramente por

economista como W. Leiontieff, prêmio nobel de Economia.

Entretanto diferentemente do estudo apresentado por Renato

Mello, transforma os valores ambientais em valores monetários

e posteriormente analisa os resultados de um investimento

utilizando instrumento da Engenharia Econômica de análise de

investimento como Taxas de Desconto ou TIR, Valor Presente,

etc.

3) análise para estimar os benefícios do Programa de Saneamento

Ambiental da Bacia do Guarapiranga em São Paulo, realizado por

Fernanda Gabriela Borger (1.998) aplicando a Técnica de Avaliação

Contingente- TAC- que consiste em medir os benefícios por meio de

um processo de entrevistas com os beneficiários, deduzindo,

através de um questionário, sua máxima disposição a pagar.

4) A propostas de um método para avaliação de danos ambientais,

com objetivo de auxiliar na mensuração da indenização por

danos ambientais realizado por Luiz César Ribas. (RIBAS,

1.996). Este método se caracteriza como um método indiretos de

mensuração.

Como foi visto até agora existem muitos métodos para se

valorar os recursos naturais ou bens e funções ambientais. Estes

métodos também podem receber algumas classificações como por

exemplo, métodos diretos e indiretos. A seguir serão mostrado

alguns destes métodos e suas peculiaridades. Seria impossível

aqui apresentá-los todos com riquesa de detalhes e este também

não se constitui objetivo principal deste trabalho. Entretanto,

serão apresentados alguns destes métodos e seus princípios

gerais. É necessário esclarecer que estes métodos podem se

misturar originando outros ou então podem ser usados em conjunto,

como o exemplo dos estudos realizados por RIBAS, L. C. (1.996),

BENAKOUCHE, R. e CRUZ, R. S. (1.995) e MELLO, R. 1.997, acima.

9.2.1- METODOS BIOFÍSICOS, OU BASEADOS NO VALOR

ENERGÉTICO:

Estes método é baseado nas leis da termodinâmica e

considera que se possa estabelecer um sistema fechado que inclui

a relação do meio ambiente – Sistema Ambiental- com o Sistema

Econômico. Existem estudos que aprofundaram a aplicação deste

método como o exemplo já citado ‘Custos Ambientais de Agroecossistemas da

cana-de-açúcar’ de Renato MELLO (1.997). Considera-se que existem

também críticas referentes à sua aplicação: “Estes métodos embora

detenham certo grau de importância, não são de uso geral em uma

sociedade que toma decisões em valores monetários, derivados de

decisões individuais” ( MARQUES, J. F. e COMUNE, A.E.). Esta

afirmação referência o fato de que este métodos pode estar mais

adaptado a certos tipos de análise como por exemplo a análise de

processos produtivos. Primeiramente se realiza a transformação de

todos os fatores do Sistema Fechado em Energia- no exemplo citado

os fatores de produção incluindo até mesmo o trabalho humano- ,

para posteriormente analisar economicamente este processo. Ë

importante lembrar que certamente métodos tem seu desempenho

relacionado a boa adaptação à realidade que se pretende analisar.

Assim este método apresenta aspectos positivos se bem adaptado ao

projeto ou sistema produtivo que pretenda analisar. De maneira

geral os princípios deste método pode ser bem representado pela

figura 9.2 abaixo que tem como base as observações de MATTOS, K.

M. da C. (1.998)

TIETENBERG (1994) acredita que se o meio ambiente puder ser definido deuma maneira geral, a sua relação com o sistema econômico pode serconsiderada como um sistema fechado (Figura 1), ou seja, nenhum insumo érecebido de fora do sistema e nenhuma produção é transferida para fora dosistema. Embora se receba a energia proveniente do Sol, o sistema pode sertratado como um sistema fechado, pois a quantia de trocas com a atmosfera emtorno do planeta é desprezível. Esse tratamento como um sistema fechado temuma implicação importante, que é resumida pela primeira lei da termodinâmica- uma lei que declara que a energia e a matéria não podem ser criadas nemdestruídas. A lei implica que o material do meio ambiente usado no sistemaeconômico é acumulado neste ou volta à natureza como refugo.

A relação do ser humano com o meio ambiente é condicionada através dasegunda lei da termodinâmica - conhecida como entropia. De acordo comMERICO (1996), “a energia total do universo permanece constante e a entropiado universo continuamente tende ao máximo”, sendo que a entropia é aquantidade de energia que não é mais capaz de realizar trabalho. A entropia é amedida do grau de desordem do Universo. Esta desordem pode ser revertida porum processo chamado sintropia, que é o processo de criação da vida,particularmente a fotossíntese. (MATTOS, K. M. da C., 1.998)

O Sistema Econômico e o Meio AmbienteFonte: TIETENBERG (1994)

Figura 9.2 ‘O sistema Econômico e o Meio Ambiente’ Fonte:TIETENBERG (1994) (MATTOS, K. M da C. , 1.998)

Como não é proposta deste trabalho apresentar um

detalhamento maior dos métodos de valoração ambiental existentes,

apenas se apresenta a base teórica de suporte do métodos

Biofísicos ou baseados nas trocas de energia, segundo as leis da

termodinâmica. Espera-se que a idéia original deste modelo tenha

sido suficientemente esclarecida pela figura acima

9.2.2- TÉCNICA DE AVALIAÇÃO CONTINGENTE

A metodologia da Técnica de Avaliação Contigente utiliza-se

de pesquisa de campo para estimar os benefícios e custos dos bens

ou funções ambientais. Esta é uma grande diferenciação em relação

a outros métodos que geralmente utilizam preços relacionados ao

comportamento dos consumidores em mercados recorrentes. A citação

apresentada abaixo esclarece a definição de Técnica de Avaliação

Contingente:

“A Técnica de Avaliação Contingente- TAC- consiste em medir osbenefícios por meio de um processo de entrevistas com osbeneficiários, deduzindo, através de um questionário, suamáxima disposição a pagar pelo projeto, e vem sendoutilizada por mais de 20 anos, sendo adotada por agentesfinanceiros internacionais como o BIRD e o BID em diversosestudos de viabilidade econômica de projetos” (BORGER, F. G.1.998). Este método tem como base o questionário a ser aplicado

objetivando estabelecer valores a serem custeados como

disponibilidade de pagar, pela preservação de um determinado bem

ou função ambiental. Aqui verifica-se o conceito de valor de não

uso, traduzido pela disposição de pagar por um projeto de

preservação ambiental. Segundo BORGER, F. G. (1.998) para que o

questionário a ser aplicado no processo de entrevistas tenha

sucesso, uma vez que é a base desta metodologia, devem existir

algumas condições, tais como: a familiaridade do entrevistado com

os benefícios que geram o projeto, a explicitação de um

instrumento de pagamento conhecido ou aceitável pelo entrevistado

e a fixação do montante a pagar.

Como todos os métodos de valoração ambiental a Técnica de

Avaliação Contingente deve estar adaptada ao objeto ou projeto a ser

analisado. Ë apontado como vantagem desta Técnica de Avaliação

Contingente projetos onde existe maior complexidade como àqueles

destinados a fomentar políticas públicas, de ordem

macroeconômica. No estudo de BORGER, F. G. (1.998) aplica-se esta

técnica para se estimar os benefícios de um programa de

saneamento ambiental para região da Bacia do Guarapiranga, na

grande São Paulo, região que é de extrema importância para o

abastecimento da metrópole e que atualmente apresenta problemas

sérios de poluição e degradação ambiental. A autora afirma que

mesmo este tipo de técnica não elimina as características da

avaliação econômica que trabalha em um cenário onde existem

incertezas, uma vez que até mesmo as preferências podem mudar ao

longo do tempo. Outro aspecto importante se refere a existência

de preferências conflitantes e a necessidade de se dimensionar

adequadamente a distribuição de custos e benefícios entre os

atores da comunidade analisada.

9.2.3- MODELO INPUT-OUTPUT OU INSUMO-PRODUTO:

Um do modelos mais utilizados para valoração ambiental e

internalização de valores ambientais nos processos produtivos é o

modelos IMPUT- OUTPUT, ou modelo INSUMO-PRODUTO interpretação

denominada por BENADOUCHE, R. e CRUZ. R. S. (1.995) de análise

sócio-técnica, tendo como base estudos de W. Leontieff. Este

enfoque consiste em integrar os campos econômico e social com o

meio ambiente. Define-se um projeto de investimento como sendo

“um conjunto sistemático de informações que servem de base para a

tomada de decisão relativa à alocação de recursos. Quando a

variável ambiental faz parte deste conjuntos de informações o

referido projeto é definido como sendo um projeto ambiental”

(BENADOUCHE, R. e CRUZ. R. S. , 1.995).

No modelo insumo-produto, a variável ambiental pode ser

integrada ao sistema econômico como insumo ou seja, como fator de

produção. Normalmente se considera o processo produtivo com

entradas de insumos e saídas de produtos, entretanto não se

considera fatores ambientais, tais como os resíduos gerados neste

processo. Pode-se considerar então um comportamento linear da

economia – que não é real- formando um fluxo de correlação entre

os elementos Capital (K) que permite obter uma produção (P), via

um Recurso (R), em que uma parte é destinada aos bens de consumo

(C), que geram utilidade e portanto bem estar.

Entretanto, esta relação exposta acima não considera que no

processo de produção são gerados resíduos (W) que podem voltar ao

meio ambiente ou serem inseridos novamente ao processo produtivo

através da reciclagem. A relação mais correta então seria

considerar o comportamento não linear da economia representado

pela figura 9.3 abaixo:

Figura 9.3: “ Relações de Produção considerando um comportamentonão linear da Economia. Fonte: adaptação de (BENADOUCHE, R. e

CRUZ. R. S. , 1.995, p.103).Dos recursos naturais ( RN0, da Produção (P) e do Consumo (C), gera-seresíduos (W) sendo que, apenas uma pequena quantidade é reciclada nosistema natural ( r) e retorna ao sistema econômico na forma de recurso.A outra parte, que não pode ser reciclada, é despejada no meio ambiente,como elemento poluidor (BENADOUCHE, R. e CRUZ. R. S. ,1.995).

RN

P

C

W

Meio

r

Observa-se que mesmo considerando a variável ambiental como

insumo corre-se o risco de não se fazer uma análise correta uma vez que

se desconsidera os resíduos gerados no processo. Isso acontece porque

normalmente se analisa no processo produtivo os bens apenas em seus

momentos de produção e consumo. Ignorando-se o resíduo, entende-se que

este não faz parte do campo econômico, o que não é verdade hoje “não

somente por que o ‘lixo’ é um bom negócio, mas também que ele é um

problema econômico e deve ser tratado como tal” (BENADOUCHE, R. e

CRUZ. R. S. , 1.995).

Apresentou-se aqui de forma bem simplificada a maneira pela

qual o modelo insumo-produto integra a variável ambiental. É

necessário acrescentar que esta análise é feita através de uma

matriz de insumo-produto, estabelecendo relações entre setores

produtivos e o meio ambiente. Ainda que se apresente limitações o

modelo insumo-produto permite a integração da variável ambiental no

sistema econômico, podendo ser utilizado posteriormente, métodos

de avaliação econômica como Valor Presente Líquido ou Taxa

Interna de Retorno.

Foram apresentados alguns métodos de valoração ambiental e suas

características gerais. Ainda que cada um possua limitaçãoes e demande

por maior número de aplicações, sua importância é reconhecida.

Como os bens e serviços proporcionados pela natureza e as funções geraisdos ecossistemas não podem ser comprados ou vendidos em nenhum mercado,se for deixado que a alocação seja feita pelo livre mercado, a tendência será deexaurir, estressar ou romper o equilíbrio do ambiente natural. Sendo que asprincipais conseqüências da inexistência de mercados para os recursos naturaissão sua alocação ineficiente e as exterioridades negativas. (MATTOS, K. M.da C. 1.998)

#################################

10- CONTABILIDADE AMBIENTALA valoração ambiental e sua insersão em mecanismos de contabilização

passa pelo desafio de ser internalizada através da contabilização tanto em

nível macroeconômico quanto em nível microeconômico. Motta esclarece que uma

vez que a falta de recursos naturais ameaça o padrão de crescimento observado

pela sociedade, torna-se imprescindível incentivar o estabelecimento de novos

preços relativos aos recursos naturais e serviços ambientais. (MOTTA, R. S.

“Contabilidade Ambiental, Teoria, metodologia e estudos de Caso no Brasil”,

IPEA, Rio de Janeiro, 1.995). Este é o desafio a ser perseguido.

Em nível macro econômico isto ainda não ocorre, pois não existe uma

contabilização em nível nacional do chamado ‘Capital Natural’. Motta aponta

como um importante índice de sustentabilidade, em nível macroeconômico, o

nível de consumo de capital natural. Se não são atribuídos valores ao uso do

meio ambiente pelo mercado, estes não se revelam nos custos de produção e

consumo, e não são imputados nas Contas Nacionais. Ou seja, as medidas de

renda não refletem os custos ambientais associados a produção e consumo. Como

a preocupação fundamental está centrada na produção, a degradação/exaustão dos

recursos naturais só é considerada como ganho à economia; nenhuma perda é

imputada. Quanto mais utilizamos os recursos naturais maior é a produção, não

se considera a escassez futura. Este mesmo autor afirma ainda que: é possível

definir uma medida de renda sustentável como aquela em que o consumo (ou

depreciação) do capital natural é considerado. Afirma também que esta tarefa

não é fácil, mas um desafio a ser enfrentado, pois sua mensurabilidade se

constitui uma etapa controvertida. Entretanto este desafio deve ser

ultrapassado para que a Contabilidade Ambiental seja um bom instrumento para

políticas públicas ambientais.” (MOTTA, R. S., 1.995). Pode-se então entender

que quando obtem-se algum dado macroeconômico, como por exemplo o PIB

( Produto Interno Bruto) não estão aí considerados as perdas e impactos

ambientais, ou seja, não está explicita uma consideração a respeito da

possibilidade de estarem um estado de escassez para se continuar um processo

de crescimento econômico. Existe então um desafio a ser perseguido por

pesquisadores e instituições governamentais no sentido de se sanar esta

demanda, cujo a empreitada se inicia pelos pesquisadores.

Da mesma forma, em nível microeconômico, o desafio da valoração e

contabilização ambiental está proposto. Existem alguns métodos propostos para

se internalizar os custos ambientais em nível microeconômico. A contabilização

destes valores ainda não é efetuada. Ainda têm-se poucos exemplos a esse

respeito, dentre estes podemos citar avaliação de agroecossistemas de cana-de

açúcar, considerando as implicações ambientais e o uso de recursos naturais

como fatores de produção, realizada por Renato Mello (MELLO, R. 1.997).

Existem ainda avaliações realizadas por pesquisadores utilizando métodos

diferenciados, mas que se prestam `a uma avaliação microeconômica, entre os

quais podemos citar os mais diversos, tais como: a avaliação de sistemas de

abastecimento de água utilizando métodos de engenharia econômica, como o

realizado por Benakouche e Cruz ( BENAKOUCHE e CRUZ, 1.995); análise para

estimar os benefícios do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do

Guarapiranga em São Paulo, realizado por Fernanda Gabriela Borger (BORGER,

1.998), aplicando a técnica de avaliação contingente; A propostas de um método

para avaliação de danos ambientais, com objetivo de auxiliar na mensuração da

indenização por danos ambientais realizado por Luiz César Ribas. (RIBAS,

1.996). Da mesma forma que em nível macroeconômico, em nível microeconômico a

introdução da valoração ambiental está em sua fase inicial e se caracteriza

como um desafio para empresas públicas e privadas.

Observamos que as demanda por pesquisas que esclarecerão a maneira de se

contabilizar os recursos naturais é grande, e que só pesquisas não bastam, uma

vez que se estas não forem aplicáveis, perderam seus objetivos. Se assumirmos

a postura de um crescimento sustentável, a aplicação de contabilização e

métodos de avaliação econômica dos recursos naturais é uma demanda

imprescindível, que aos poucos pode sair de meios acadêmicos e tomar seu lugar

em mecanismos em organizações públicas e privadas.

5- REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1- CONCEITOS IMPORTANTES:

Para tratar a gestão ambiental dentro de empresas e relacionar esta com

a gestão financeira da mesma, torna-se necessário obter informações

importantes que se relacionam com estes dois tipos de gestão. Assim, pretende-

se abordar, neste trabalho conceitos considerados importantes, sem os quais

poder-se-ia estar executando uma análise superficial e consequentemente estar-

se-ia mais sujeito a cometer equívocos. Ainda que a intenção não seja esgotar

estes conceitos, mesmo porque estes são recentes em nosso campo de pesquisa,

torna-se importante elucidá-los, uma vez que o intento deste trabalho é

questionar a respeito de resultados econômicos da Gestão Ambiental em empresas

brasileiras. Assim são destacados conceitos da Administração financeira, da

Contabilidade e da Economia, bem como esclarecimentos a respeito do

aparecimento da questão ambiental como um fator importante a ser discutido

pela sociedade e os aspectos legais da gestão ambiental atual, a fim de que

este estudo possa ser melhor elucidado.

Figura 1: O Sistema Econômico e o Meio AmbienteFonte: TIETENBERG (1994)