Rodrigo Macedo - Dissertação Mestrado

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SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE - SEB FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ - FEPAR INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS - IPEM RODRIGO DE ALMEIDA COELHO MACEDO AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA ARTÉRIA CARÓTIDA COMO MARCADOR DE ATEROGÊNESE ACELERADA SECUNDÁRIA AO DANO VASCULAR NA ESCLEROSE SISTÊMICA CURITIBA 2011

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SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE - SEB

FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ - FEPAR

INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS - IPEM

RODRIGO DE ALMEIDA COELHO MACEDO

AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA ARTÉRIA

CARÓTIDA COMO MARCADOR DE ATEROGÊNESE ACELERADA

SECUNDÁRIA AO DANO VASCULAR NA ESCLEROSE SISTÊMICA

CURITIBA

2011

RODRIGO DE ALMEIDA COELHO MACEDO

AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA ARTÉRIA

CARÓTIDA COMO MARCADOR DE ATEROGÊNESE ACELERADA

SECUNDÁRIA AO DANO VASCULAR NA ESCLEROSE SISTÊMICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná / Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, como requisito parcial à obtenção do grau acadêmico de Mestre. Orientadora: Prof. Dra. Thelma Larocca Skare Coordenação: Prof. Dr. Osvaldo Malafaia

CURITIBA

2011

AGRADECIMENTOS

Almeida Coelho Macedo, Rodrigo ESTUDO DA ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA ARTÉRIA CARÓTIDA COMO MARCADOR DE ATEROGÊNESE ACELERADA SECUNDÁRIA AO DANO VASCULAR NA ESCLEROSE SISTÊMICA. – Curitiba, 2011. Nº de páginas: 72 Área de concentração: Ciência da Saúde, Marcadores de Estresse Oxidativo Orientador: Prof. Dra. Thelma Larocca Skare Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação da Faculdade Evangélica do Paraná, Curitiba, PR. 1. Esclerodermia; 2. Espessamento do Complexo Médio Intimal; 3. Artéria

DEDICATÓRIA

Esta dissertação dedico:

A Deus, e a Ele agradeço a todos que participaram da minha história de vida,

ensinando-me a crescer e a ser mais humano. Aos meus pais e amigos, obrigado

Senhor!

Ao meu pai, Dr. José Fernando Macedo, meu melhor amigo, exemplo de

homem e médico. Minha inspiração na escolha de ser médico e cirurgião vascular.

Incansável na luta pela valorização da profissão médica e exemplo no trato com

seus pacientes, residentes e alunos. Grande orgulho de carregar seu sobrenome por

toda minha vida.

À minha mãe, Haydée Maria de Almeida Coelho Macedo, exemplo de mãe e

esposa, maior incentivadora de meus estudos. Sem ela, não seria a pessoa que sou

hoje em todos os sentidos.

À minha irmã Gabrielle e meu cunhado Marcelo Salomão, pelo incentivo e

apoio de sempre.

À Flávia Neme Fernandes de Arruda Leite, minha namorada, pela ajuda,

apoio, incentivo e estímulo. Companheira de todas as horas, que me fez conhecer o

significado da palavra amor.

AGRADECIMENTOS

À Prof. Dra. THELMA LAROCCA SKARE, orientadora, que sempre se mostrou

disponível e interessada na elaboração desta tese. Pessoa de um raciocínio científico

espetacular, sempre com novas idéias de trabalhos e pesquisas. Um orgulho para a

pesquisa médica paranaense. Exemplo de vida acadêmica para todos seus residentes,

alunos e orientandos.

Ao Prof. Dr. OSVALDO MALAFAIA, pela competência e seriedade na

coordenação do Programa de Pós-graduação em princípios da cirurgia. Exemplo de

didática e dedicação à vida acadêmica.

Ao Prof. Dr. JURANDIR MARCONDES RIBAS FILHO, pelos ensinamentos na

minha residência de Cirurgia Geral. Exemplo para todos de como tratar o paciente e de

convívio com colegas de profissão. Excelente orador e além de tudo, um grande coxa

branca.

À Dra. CARMEN P. MARCONDES RIBAS, pelo incentivo e apoio em todas as

fases de minha tese.

À Dra. SÔNIA PERRETO, exemplo de dedicação à medicina, pela realização

dos exames de Ecodoppler de nossos pacientes.

À Dra. CASSIANA CASAGRANDE ZANONI, pela ajuda na realização de exames

de Ecodoppler de nossos pacientes.

Ao Colega de Residência e grande amigo, Dr. GABRIEL ARNS DE MIRANDA,

pelo seu incentivo e apoio desde o início desta tese.

Ao Prof. Dr. ARI CELSO SABBAG, pela colaboração na análise estatística.

Aos pacientes, Pela sua paciência, colaboração e pelo seu respeito ao nosso

aprendizado e incentivo ao nosso aprimoramento técnico-científico. Talvez a minha

ajuda tenha sido pequena diante do universo carente em que ele corajosamente

vive, mas ajudá-lo representou para mim uma magnífica lição de amor e

fraternidade.

Às acadêmicas de medicina MARIANNE ANDRETTA E CAROLINA ALBERS

pela grande ajuda na coleta de dados dos pacientes nos ambulatórios de

Reumatologia.

“Sem fé não existe amor, sem amor não existe entrega de si, e quem não for capaz de fazer a entrega de si, não está preparado para tratar dos que sofrem.”

Madre Tereza de Calcutá

RESUMO

Introdução: A Esclerodermia pode ser definida como uma doença autoimune de etiologia desconhecida, caracterizada por acometimento vascular e alterações fibróticas da pele e dos órgãos internos. A disfunção vascular é um elemento fundamental nesta doença. Estudos recentes vêm evidenciando crescente acometimento macrovascular em pacientes esclerodérmicos, freqüentemente associados à significativa morbimortalidade durante sua evolução. Objetivo: Avaliar a espessura do complexo médio-intimal (ECMI) da artéria carótida comum em pacientes com e sem esclerodermia e verificar uma possível associação com sua gravidade. Material e Método: Em estudo caso-controle, realizado no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC), foram selecionados 30 pacientes com esclerodermia e 30 pacientes sem a doença e pareados de acordo com a idade, gênero, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes melito (DM) e hipercolesterolemia. Todos os pacientes foram submetidos à avaliação das artérias carótidas pela ultrassonografia vascular de alta resolução e realizada a medida do espessamento do complexo médio intimal das carótidas comum a 2 cm da bifurcação carotídea. Em toda a análise foi considerado o maior valor do ECMI nas artérias carótidas direita e esquerda. Resultados: A amostra foi composta de 30 pacientes estudados, sendo 29 (96.67%) mulheres e 1 homem (3,3%) com idade de 17 a 79 anos (media de 48 anos). Nesta amostra existiam 11/30 (36,67%) com HAS, 5/30 (16,67%) com DM, 6/30 (20%) com dislipidemia e 2/30 (6,67%) fumantes. A análise da distribuição das formas de esclerodermia mostrou que 31,8% dos pacientes tinham a forma difusa e 59,09% tinham a forma limitada. Ao comparar a Medida do maior risco (espessura máxima entre o lado esquerdo e o lado direito), obteve-se uma média de 0,77mm para o grupo esclerodermia e um valor de 0,70mm para o grupo controle (p=0, 212). Ao avaliar a associação entre gravidade da doença e a ECMI da carótida, não se encontra associação significativa (p=0,925). Conclusão: Encontra-se um discreto aumento do espessamento do complexo médio intimal da artéria carótida comum em pacientes com Esclerodermia, mas sem significância estatística. Com relação à gravidade da doença e o espessamento do complexo médio intimal da carótida comum, não foi verificada uma diferença significativa.

Descritores: Esclerodermia. Espessamento do Complexo Médio Intimal. Artéria Carótida.

ABSTRACT

Background: Scleroderma can be defined as an autoimmune disease of unknown etiology, characterized by vascular involvement and fibrotic changes of the skin and internal organs. Vascular dysfunction is a key element in scleroderma and a vascular system activated, with a predominance of vasoconstriction, is often associated with significant morbidity in this disease. Recent studies have been showing increasing macrovascular involvement in patients with scleroderma, often associated with significant morbidity and mortality during the course of the disease. Purpose: To evaluate the intima-media thickness (IMT) of the common carotid artery in patients with and without scleroderma, to verify a possible association with disease severity and to assess the relationship of IMT with known cardiovascular risk factors. Material and Method: In a case-control study, developed at Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC), we selected 30 patients with scleroderma and 30 patients without the disease and matched according to age, sex and cardiovascular risk factors such as hypertension, diabetes mellitus and hypercholesterolemia. The age ranged from 17 to 79 years, mean age 49 years. All patients underwent carotid artery evaluation by high-resolution vascular Doppler in order to measure the intimal-medial thickness of the carotid 2cm from the carotid bifurcation. In all the analysis was considered the maximum value of IMT in right and left carotid arteries. Results: The sample consisted of 30 patients. 29 (96.67%) were women and1 man (3.3%) aged 17 to 79 years (mean 48 years). In this sample were 11/30 (36.67%) with High Blood Pressure, 5 / 30 (16.67%) with Diabetes Melito, 6/ 30 (20%) with dyslipidemia and 2 / 30 (6.67%) smokers. Analysis of the distribution of forms of scleroderma showed that 31.8% of patients had the diffuse form and 59.09% had a limited form. By comparing the measure of the increased risk (maximum intima media thickness between the left and right side), we obtained an average of 0.77mm for group scleroderma and a value of 0.70 mm for the control group (p = 0.212). In assessing the association between disease severity and carotid IMT, we found no significant association (p= 0.925). Conclusion: We found a slight increase in intimal-medial thickness of common carotid artery in patients with scleroderma but without statistical significance. Regarding the severity of the disease and intimal-medial thickness of common carotid artery, there was no significant difference.

Key words: Scleroderma. Intima Media Thickness. Carotid Artery.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - CAMADAS ARTERIAIS..................................................................... 17

FIGURA 2 - PROCESSO ATEROSCLERÓTICO ARTERIAL............................... 19

FIGURA 3 - CAMADAS ARTERIAIS ASSOCIADAS À ATEROSCLEROSE ........ 19

FIGURA 4 - ARTÉRIA CARÓTIDA VISTA PELO MODO B DO ULTRASSOM .... 21

FIGURA 5 - ECODOPPLER. EXAME UTILIZADO PARA AVALIAR O ECMI DA

CARÓTIDA........................................................................................ 23

FIGURA 6 - ARTÉRIA CARÓTIDA RETILÍNEA E DE FÁCIL ACESSO PARA O

EXAMINADOR .................................................................................. 28

FIGURA 7 - A) TÉCNICA DA MEDIDA DO ÍNDICE DE RODNAN; B) SÍTIOS

ANATÔMICOS ANALISADOS .......................................................... 34

FIGURA 8 - MÉTODO USADO PARA MEDIR O VALOR COM O APARELHO

DE DOPPLER VASCULAR............................................................... 36

FIGURA 9 - APARELHO DE ULTRASSOM MYLAB 70XVG ................................ 37

FIGURA 10 - CAMADA MÉDIO-INTIMAL VISTA PELO MNODO B DO

DOPPLER....................................................................................... 37

GRAFICO 1 - AVALIAÇÃO DA MEDIDA DA ESPESSURA DO COMPLEXO

MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA DIREITA....................................... 41

GRAFICO 2 - AVALIAÇÃO DA MEDIDA DA ESPESSURA DO COMPLEXO

MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA ESQUERDA................................. 42

GRAFICO 3 - AVALIAÇÃO DA MEDIDA DE MAIOR RISCO NA ESPESSURA

DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL (1 = PACIENTES COM

ESCLERODERMIA; 2= CONTROLES)............................................. 43

QUADRO 1 - GRADUAÇÃO DA GRAVIDADE DA DOENÇA EM

ESCLERODERMIA SISTÊMICA....................................................... 35

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - DADOS DO PAREAMENTO DA AMOSTRA .................................... 40

TABELA 2 - DADOS ACERCA DE ESPESSURA MÉDIO-INTIMAL DA

CARÓTIDA DIREITA (medidos em mm) PELO ECODOPLER DE

PACIENTES E CONTROLES ........................................................... 41

TABELA 3 - DADOS ACERCA DE ESPESSURA MÉDIO-INTIMAL DA

CARÓTIDA ESQUERDA (medidos em mm) PELO ECODOPLER

DE PACIENTES E CONTROLES ..................................................... 41

TABELA 4 - DADOS ACERCA DE ESPESSURA MÉDIO-INTIMAL DO VALOR

COM MAIOR RISCO (medidos em mm) PELO ECODOPLER DE

PACIENTES E CONTROLES ........................................................... 42

TABELA 5- COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE

COLESTEROL TOTAL...................................................................... 68

TABELA 6 - COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE

TRIGLICERÍDEOS............................................................................ 68

TABELA 7 - COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE

HDL-COLESTEROL.......................................................................... 68

TABELA 8 - COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE

LDL-COLESTEROL .......................................................................... 68

TABELA 9 - AVALIAÇÃO DO COLESTEROL COM O VALOR MÉDIO

ENCONTRADO DO ECMI ................................................................ 69

TABELA 10 - AVALIAÇÃO DO COLESTEROL COM O ECMI DA CCD................. 69

TABELA 11 - AVALIAÇÃO DO COLESTEROL COM O ECMI DA CCE ................. 69

TABELA 12 - AVALIAÇÃO DO COLESTEROL COM A ESPESSURA MÁXIMA

ENCONTRADA DA CMI.................................................................... 69

TABELA 13 - RELAÇÃO DO TABAGISMO COM O VALOR MÉDIO

ENCONTRADO DO ECMI ................................................................ 70

TABELA 14 - RELAÇÃO DO TABAGISMO COM O ECMI DA CCD....................... 70

TABELA 15 - RELAÇÃO DO TABAGISMO COM O ECMI DA CCE....................... 70

TABELA 16 - RELAÇÃO DO TABAGISMO COM A ESPESSURA MÁXIMA

ENCONTRADA DA CMI DAS CARÓTIDAS ..................................... 70

TABELA 17 - RELAÇÃO DA HAS COM O VALOR MÉDIO ENCONTRADO DO

ECMI ................................................................................................. 70

TABELA 18 - RELAÇÃO DA HAS COM O ECMI DA CCD ..................................... 70

TABELA 19 - RELAÇÃO DA HAS COM O ECMI DA CCE ..................................... 71

TABELA 20 - RELAÇÃO DA HAS COM A ESPESSURA MÁXIMA

ENCONTRADA DA CMI DAS CARÓTIDAS ..................................... 71

TABELA 21 - RELAÇÃO DO DM COM O VALOR MÉDIO ENCONTRADO DO

ECMI ................................................................................................. 71

TABELA 22 - RELAÇÃO DO DM COM O ECMI DA CCD ...................................... 71

TABELA 23 - RELAÇÃO DO DM COM O ECMI DA CCE....................................... 71

TABELA 24 - RELAÇÃO DO DM COM A ESPESSURA MÁXIMA

ENCONTRADA DA CMI DAS CARÓTIDAS ..................................... 71

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AVC - ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

CCD - CARÓTIDA COMUM DIREITA

CCE - CARÓTIDA COMUM ESQUERDA

CMI - CAMADA MÉDIO-INTIMAL

DAOP - DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA PERIFÉRICA

DM - DIABETES MELITO

ECMI - ESPESSAMENTO DO COMPLEXO MÉDIO INTIMAL

FR - FENÔMENO DE RAYNAUD

HAS - HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

HDL-C - COLESTEROL DE LIPOPROTEÍNAS DE ALTA DENSIDADE

IAM - INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

LDL-C - COLESTEROL DE LIPOPROTEÍNAS DE BAIXA DENSIDADE

LES - LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

MHZ - MEGAHERTZ

MMII - MEMBROS INFERIORES

PAD - PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA

PAS - PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12

2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 16

2.1 ARTERIOESCLEROSE E ATEROSCLEROSE ............................................... 18

2.2 ASSOCIAÇÃO DE ESCLERODERMIA COM ATEROSCLEROSE.................. 20

2.3 ESPESSAMENTO MÉDIO-INTIMAL DAS ARTÉRIAS..................................... 20

2.4 VALOR DO ESPESSAMENTO DO COMPLEXO MÉDIO INTIMAL................. 21

2.5 ECO-DOPPLER COMO EXAME DE IMAGEM PARA AVALIAR EMI .............. 22

2.6 CARÓTIDA COMUM COMO LOCAL PREFERENCIAL PARA REALIZAR O EXAME...........27

2.7 ATEROSCLEROSE E INFLAMAÇÃO.............................................................. 29

3 MATERIAL E MÉTODO...................................................................................... 31

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................................. 32

3.2 CASUÍSTICA.................................................................................................... 32

3.3 COLETA DE DADOS ....................................................................................... 32

3.4 MEDIDA DA ESPESSURA DA CMI DAS CARÓTIDAS................................... 36

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................. 38

4 RESULTADOS.................................................................................................... 39

4.1 DESCRIÇÃO DOS GRUPOS E DADOS DO PAREAMENTO DA AMOSTRA..............40

4.2 COMPARAÇÃO DOS PACIENTES COM ESCLERODERMIA E CONTROLE EM

RELAÇÃO À ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA....40

4.2.1 Medida Do Lado Direito................................................................................. 40

4.2.2 Medida do Lado Esquerdo ............................................................................ 41

4.2.3 Medida Do Maior Risco (espessura máxima entre o lado esquerdo e o

lado direito) .................................................................................................... 42

4.3 AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE GRAVIDADE DA DOENÇA E

ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA .................. 43

5 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 44

6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 53

ANEXO 1 - APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ................. 62

ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO................ 64

APENDICE ............................................................................................................. 67

1 INTRODUÇÃO

13

A Esclerodermia é uma doença difusa do tecido conjuntivo caracterizada por

anormalidades vasculares, fibrose e ativação do sistema imune, que acomete

múltiplos órgãos, incluindo pele, sistema cardiovascular, pulmões, trato

gastrintestinal e rins. A forma sistêmica é classificada em limitada, que inclui a

CREST (Calcinose, Raynaud, Hipomotilidade Esofageana, Esclerodactilia e

Telangiectasias) e difusa. (GODOI, 2008).

Também pode ser definida como uma doença autoimune de etiologia

desconhecida, caracterizada por acometimento vascular e alterações fibróticas da

pele e dos órgãos internos. (TAN, 2003). Na maioria dos casos é possível detectar

precocemente alterações vasculares periféricas caracterizadas por anormalidades

estruturais e funcionais em pequenos vasos e na microcirculação (CORRÊA et al.

2010).

A disfunção vascular é um elemento fundamental na esclerodermia e um

sistema vascular ativado, com predomínio da vasoconstrição, e está frequentemente

associado à significativa morbidade na evolução da doença. Na Esclerodermia,

observa-se lesão fibrótica complexa do tecido conjuntivo e alterações do leito

vascular, incluindo proliferação intimal e espessamento fibroso da camada média.

Alguns possíveis mecanismos são responsáveis pela isquemia, incluindo

vasoespasmo, dano endotelial e anormalidades da homeostase. (KAHALEH, 1999).

A interação da predisposição genética com a estimulação de fatores ambientais

pode levar à disfunção vascular, particularmente pelo dano endotelial e pela

atividade imune, resultando em fibrose tecidual nos estágios avançados da doença.

(MASI, 1980).

A manifestação clínica mais evidente e precoce do acometimento vascular é

o fenômeno de Raynaud, que ocorre como primeira manifestação em 70% dos

pacientes e em até 95% dos casos ao longo da evolução da doença. (SEILBOLD,

1997).

O fenômeno de Raynaud (FR), manifestação vascular mais freqüente, e as

ulcerações digitais são exemplos comuns das alterações estrutural e funcional da

vasculopatia na esclerodermia. (SAMPAIO-BARROS, 2004). É definido como uma

resposta vasoconstritora anormal ao frio que causa episódios de espasmos

recorrentes das artérias digitais, arteríolas e das comunicações arteriovenosas da

pele.

14

Caracterizam-se por alterações de coloração típicas das extremidades,

principalmente mãos e pés, que ocorrem classicamente em três fases sucessivas:

palidez, cianose e rubor. No fenômeno de Raynaud secundário à esclerodermia ou

doenças de seu espectro, estão presentes alterações estruturais na microcirculação,

lesão e disfunção endotelial e ativação plaquetária, o que, em geral, torna os

eventos vasoespásticos mais graves. (CAMPBELL, 1975).

Observa-se redução acentuada do fluxo sanguíneo, podendo ocorrer até

oclusão completa do lúmen do vaso. Todas essas alterações podem acarretar

hipóxia tecidual crônica e dano tecidual irreversível, com a formação de úlceras

recorrentes, cicatrizes e em casos mais graves, gangrena e até amputação das

extremidades. (CHUNG, 2006).

Apesar de a doença microvascular ser um dos marcadores da

Esclerodermia, o acometimento da macrovasculatura – doença macrovascular

(DMV) – também está presente e não tem sido largamente reconhecido, embora

alguns autores tenham sugerido esta associação. (BARROS, 2007).

O espessamento do complexo médio intimal é um marcador não-invasivo e

precoce de alteração da parede arterial, facilmente medido na artéria carótida,

usando-se o modo-B da ultrassonografia. Sua utilização em pesquisa é crescente, e

a medição pode ser feita de duas maneiras: medida manual em múltiplos sítios da

carótida extracraniana, nas paredes anterior e/ou posterior, e medida por programa

de aquisição automática, na parede posterior do segmento distal da artéria carótida

comum. O espessamento pode refletir no aumento do risco cardiovascular global. A

avaliação epidemiológica dos dados indica que um aumento do complexo íntimo-

medial (maior que 1 mm) é aceito como espessamento e pode representar risco

maior de infarto do miocárdio e/ou doença cerebrovascular. (BOTS, 2003,

SARQUIS, 2000).

A precisão, a reprodutibilidade e a rapidez do ultrassom Doppler têm

transformado este método numa ferramenta poderosa para o diagnóstico precoce,

para o acompanhamento das lesões ateroscleróticas e mesmo na avaliação de

resultados em estudos populacionais. (EBRAHIM, 1999).

Até cerca de doze anos atrás, a aterosclerose era considerada basicamente

uma doença decorrente do acúmulo de lipídios na parede arterial. De lá para cá,

houve um considerável progresso nas pesquisas experimentais e clínicas, que

evidenciaram a importância do processo inflamatório na sua gênese. (ROSS, 1999;

15

LUZ, 2003). As pesquisas revelaram também que exames indicadores do processo

inflamatório poderiam ser usados como preditores do prognóstico da aterosclerose e

de alguns de seus tratamentos. (ROSS, 1999). Assim, com base nesses estudos, a

aterosclerose é definida hoje como um processo crônico, progressivo e sistêmico,

conseqüente a uma resposta inflamatória e fibroploriferativa causada por agressão à

superfície artéria. (DZAU, 2002). Essas alterações ocorrem muito lentamente e

processam-se por meio de disfunção endotelial, inflamação, proliferação celular e

alteração da matriz. (MAFFEI, 2002).

Na Esclerodermia, o padrão característico da microvasculatura inclui

disfunção endotelial e distúrbios da coagulação. Alterações similares também têm

sido observadas em pacientes com doença macrovascular secundária à

aterosclerose. Esses achados patogênicos podem sugerir associação de

aterosclerose e esclerodermia. (HO, 2000). A doença macrovascular na

esclerodermia tem sido descrita em relatos de casos e estudos retrospectivos pós-

morte, refletindo a falta de identificação desse padrão e o desconhecimento de sua

prevalência. (VEALE DJ, 1995).

Os objetivos deste trabalho são:

1- Avaliar a espessura do complexo médio-intimal (ECMI) da artéria carótida

comum em pacientes com esclerodermia comparando-os com a de uma população

sem doença inflamatoria sistêmica;

2- Verificar e avaliar sua associação com a gravidade da doença.

2 REVISÃO DA LITERATURA

17

Um dos primeiros trabalhos a associar o espessamento do complexo médio

intimal da carótida (Figura 1), como um marcador de doenças cardiovasculares foi

O´LEARY et al. em 1996. Os autores avaliaram através do Doppler ultrassom o

espessamento do complexo médio intimal da carótida comum e interna 5117

pacientes em indivíduos acima de 65 anos. Todos os pacientes foram avaliados para

investigar alguma história de doença coronariana, doença obstrutiva arterial

periférica ou doença cerebrovascular. Afirmam que o espessamento do complexo

médio intimal da carótida está aumentado em pessoas com essas doenças em

comparação com pessoas assintomáticas na mesma faixa etária. E como conclusão

deste artigo, afirmam que o espessamento do complexo médio intimal da carótida

comum está associado com pessoas com fatores de risco para doenças

cardiovasculares e que essa associação não está presente quando é avaliado o

espessamento do complexo médio intimal da carótida interna.

FIGURA 1 - CAMADAS ARTERIAIS Fonte: http://www.auladeanatomia.com/cardiovascular/vasos.htm

O autor YOUSSEF (1995) afirma que o envolvimento da microcirculação na

esclerodermia é bem reconhecido e que o envolvimento da macrocirculação ainda

não foi totalmente comprovado na literatura. Em um estudo retrospectivo, coletou

prontuários de 31 pacientes femininos que foram internadas em um hospital

australiano entre os anos de 1974 a 1990. Em seguida, selecionou pacientes para

controle e pareou de acordo com idade, sexo, Hipertensão arterial sistêmica,

Diabetes melito e tabagismo. Foram avaliados os territórios arteriais periféricos,

coronarianos e cérebros vasculares. Doença arterial periférica ocorreu em 18 (58%)

pacientes com esclerodermia e em apenas 3 (9,6%) no grupo controle. Das 18

pacientes com esclerodermia, 8 foram avaliadas para doença arterial periférica com

18

arteriografia, 4 com Doppler e 6 diagnosticadas por ausência de pulsos distais. Não

foi significativa a diferença no território coronariano ou cerebrovascular.

GODÓI em 2008 avaliou em vinte pacientes, sendo dezenove do sexo

feminino, o acometimento arterial por ultrassonografia Doppler em pacientes com

esclerose sistêmica. Foram estudadas as artérias carótidas e aorta abdominal dos

pacientes. Em doze pacientes (60%) apresentaram alterações nas artérias de

grande e médio calibre, sendo seis pacientes com alterações nas artérias carótidas.

2.1 ARTERIOESCLEROSE E ATEROSCLEROSE

O termo arteriosclerose foi definido por Lobstein, em 1829, tendo um caráter

genérico e se referindo a toda doença arterial associada com espessamento de sua

parede. Significa, etimologicamente, endurecimento ou esclerose e tem sido

aplicado a um conjunto de processos que têm em comum espessamento de sua

parede arterial com perda de sua elasticidade. O termo aterosclerose foi proposto

por Marchand, em 1904, para caracterizar as lesões com degeneração gordurosa e

proliferação de tecido conjuntivo (FRIEDMAN, 1976).

A doença aterosclerótica, por ser um processo degenerativo, tende a

aumentar sua incidência com o passar dos anos, podendo comprometer diferentes

segmentos arteriais, muitas vezes simultaneamente em maior ou menor grau, em

um mesmo indivíduo (Figura 2). É difícil reconhecê-la em seu estágio inicial, visto

que pode ter início ainda na infância, progredindo no transcorrer da vida, originando

os sinais e sintomas e apenas propiciando seu reconhecimento quando se encontra

em um estágio mais avançado (MARCHAND, 2001). Compromete, sobretudo, as

artérias coronárias, cerebrais e as das extremidades inferiores. Acredita-se que seja

responsável por 95% das doenças coronarianas, 85% da claudicação intermitente

dom membros inferiores e 75% dos acidentes vasculares cerebrais

(FRIEDMAN,1976, YOUSSEF,1995).

19

FIGURA 2 - PROCESSO ATEROSCLERÓTICO ARTERIAL Fonte: http://blog.daum.net/gaary/2

As primeiras manifestações da doença cardiovascular surgem num estágio

avançado da aterosclerose, onde a placa ateromatosa é mais espessa e

comprometendo boa parte da luz arterial. (Figura 3). Entretanto, as modificações da

parede arterial ocorrem durante um período subclínico, caracterizado por

progressivo espessamento endotelial. Esse órgão endócrino é responsável por

processos fisiológicos vitais pra a homeostase vascular. (LANE, 2006).

FIGURA 3 - CAMADAS ARTERIAIS ASSOCIADAS À ATEROSCLEROSE Fonte: http://143.107.23.244/lido/patoartegeral/Bancodeimagens/patoarteimagesAtero.htm

20

2.2 ASSOCIAÇÃO DE ESCLERODERMIA COM ATEROSCLEROSE

Alteração da macrovasculatura associada à dislipidemia tem sido descrita

em doenças do colágeno. No lúpus eritematoso sistêmico (LES), a presença dos

autoanticorpos contra lipoproteína lipase (anti-LPL), enzima que hidrolisa

triglicerídeos, determina elevação dos níveis séricos dos mesmos e da

aterosclerose precoce. A presença do anti-LPL IgG em pacientes com ES está

associada a níveis elevados de triglicerídeos, fibrose cutânea mais extensa, fibrose

pulmonar, envolvimento cardíaco e antitopoisomerase I. (KODERA et al. 2005).

Em estudo seccional de 221 pacientes com doença arterial sintomática de

MMII (CI em 93%), foram avaliados: aspectos sociodemográficos, fatores de risco

para aterosclerose, FR, outra doença arterial e procedimento cirúrgico vascular.

Diferença significante foi observada nos pacientes com Fenômeno de Raynaud

(FR) e doença coronariana (6/8, 75%) quando comparados com controles (64/179,

35,8%). Olmedo et al. (2006) concluíram que, em pacientes ateroscleróticos de alta

morbimortalidade, a presença de Fenômeno de Raynaud determina cinco vezes

mais doença coronariana Esclerodermia foi mais freqüente que o esperado,

sugerindo relação bidirecional entre Esclerodermia e aterosclerose.

Lippi et al.(2006) em estudos preliminares sobre o perfil lipídico de pacientes

com Esclerodermia, evidenciaram que a lipoproteína-a (Lpa) pode agir em

sinergismo com outras condições pró-trombóticas conhecidas na patogênese de

uma variedade de alterações vasculares. Tais alterações predispõem ao

desenvolvimento de complicações trombóticas, salientando-se a importância da

identificação e eventual tratamento desse subgrupo de pacientes.

2.3 ESPESSAMENTO MÉDIO-INTIMAL DAS ARTÉRIAS

O Espessamento médio-intimal (EMI), medido na imagem em modo B do

ultrassom, consiste na distância entre duas linhas ecogênicas representadas pelas

interfaces lúmen-íntima e média-adventícia da parede arterial. (Figura 4). A

ultrassonografia vascular é incapaz de diferenciar a camada íntima do camada

média; Portanto, mensura-se o complexo médio-intimal (ENGELHORN, 2006).

Um aumento da espessura do complexo médio-intimal pode ser devido ao

espessamento da camada média ou da camada íntima. A doença aterosclerótica

21

afeta predominantemente a camada íntima da parede arterial e a artéria carótida é

uma artéria elástica com um componente muscular muito pequeno e com

predomínio da camada íntima. (ENGELHORN e cols. 2006).

FIGURA 4 - ARTÉRIA CARÓTIDA VISTA PELO MODO B DO ULTRASSOM Fonte: http://www.tubion.com/content/carotid-artery-imt-0

A medida do espessamento do complexo médio intimal é mais precisa com a

utilização das visões tanto em transversal como em longitudinal. Geralmente a

espessura do complexo médio-intimal é menor que 1,0 mm. (LIBBY. 2002).

HODIS (1996) em um estudo randomizado e controlado, mostrou que em

populações de várias idades, o espessamento médio-intimal cresceria a uma média

de [EMImm= 0, 009 x idade + 0,35], ou seja, é um fenômeno biológico que pode

quantificado objetivamente.

2.4 VALOR DO ESPESSAMENTO DO COMPLEXO MÉDIO INTIMAL

Os autores Jadkav (2001) e Hodis (1998) em seus estudos realizados

afirmam que o valor considerado normal para o espessamento do complexo médio-

intimal é de 0,8mm.

GROOT e cols. em 2004 realizaram um estudo com 315 pacientes com

hipercolesterolemia familiar, comparados com 118 controles e mostraram que um

espessamento do complexo medio-intimal de até 0,8mm seria considerado normal.

Os pacientes do grupo com hipercolesterolemia familiar atingiram o valor de 0,8mm

de EMI aos quarenta anos de idade. Já os pacientes do grupo controle atingiam

22

esse valor apenas aos 76 anos, quando seu risco cardiovascular aumentaria em

função da idade.

ZANCHETTI e et al. (1998) afirmam que o espessamento médio-intimal

superior a 1,3mm já é considerado placa aterosclerótica.

Para DENTI et al. (2009) o espessamento do complexo médio intimal da

carótida é marca do processo aterosclerótico e um fator de risco independente de

doença cardiovascular e cerebrovascular. Foram estudados prospectivamente 419

pacientes com prevalência do sexo feminino (54%) e com idade variando de 51 a 73

anos com pelo menos um fator de risco cardiovascular. Os pacientes foram

submetidos ao exame Doppler para avaliar a espessura do complexo médio intimal

de suas carótidas no D0 e a cada ano, repetiam o exame. Apenas a variação maior

que 0,1mm foi considerada significante. O tempo de acompanhamento variou de 5 a

10 anos com média de 6 anos. A média de intervalo entre o primeiro e o segundo

exame foi de 3 anos. Pacientes que tiveram a espessura carotídea normal ou que

regrediram, foram comparados com pacientes com aumento da espessura acima de

0,1mm. Concluíram que foi significativo o número de eventos cardiovasculares em

pacientes com aumento da espessura do complexo médio intimal da carótida

comparado a pacientes com regressão ou estabilidade da espessura carotídea.

Afirmam que a variação da espessura do complexo médio intimal carotídea é um

método útil e simples para identificar pacientes com alto risco de eventos

cardiovasculares e que necessitam de um tratamento mais agressivo dos fatores de

risco.

2.5 ECO-DOPPLER COMO EXAME DE IMAGEM PARA AVALIAR EMI

O Eco-Doppler constitui um método não-invasivo, de alta resolução, que

permite avaliação detalhada da macrovasculatura e combina três componentes: o

modo-B, o Doppler pulsado e o modo color. (Figura 5).

O modo-B fornece imagem bidimensional em tempo real, sendo usado para

avaliação anatômica do vaso, que permite localizá-lo nos tecidos moles, medir

calibre e visualizar irregularidades (placas ou trombos) na luz do mesmo. (Figura 3).

O Doppler pulsado permite a avaliação da velocidade do fluxo. Pode-se

quantificar a velocidade e avaliar o padrão de fluxo, que varia de acordo com o tipo

de artéria, sendo de baixa ou alta resistência.

23

O modo color permite que os dados da velocidade sejam determinados sob

a forma de um mapa, com cores codificadas superpostas à imagem da

ultrassonografia modo-B. A cor da imagem baseia-se na direção do fluxo. (BOTS,

2003).

FIGURA 5 - ECODOPPLER. EXAME UTILIZADO PARA AVALIAR O EMI DA CARÓTIDA Fonte: http://austin.olx.com/healthyes-preventive-screening-iid-13748115

Um dos primeiros trabalhos para avaliar a viabilidade de se medir o

espessamento do complexo médio-intimal com o Doppler Ultrassom no modo B foi

publicado por PIGNOLI em 1986. Este autor examinou com o Doppler e com exame

histopatológico o espessamento médio-intimal de artérias carótidas e de aorta

abdominal de cadáveres humanos e em seguida comparou com os valores em seres

humanos. Observou que a distância entre duas linhas medidas pelo modo B seria a

medida do complexo médio-intimal e confirmou este achado com exame

microscópico. Conclui que os resultados com ultrassom das peças analisadas não

diferiram significativamente com os valores em seres humanos, indicando que o

modo B do ultrassom representa uma ferramenta útil para medir a espessura do

complexo médio-intimal das artérias em seres vivos.

Segundo O´LEARY e cols. (1992), a medida do espessamento do complexo

médio intimal como exame de triagem de pacientes com possibilidade de

desenvolver qualquer doença cardiovascular, é muito mais sensível do que o exame

que analisa o grau de estenose arterial; como é feito rotineiramente nos dias atuais.

A medida do grau de estenose arterial por Doppler ou angiografias é boa para

mostrar o indivíduo sem doença ou com grau avançado de doença, com estenoses

acima de 50% da luz do vaso analisado. Mas o ideal de um exame preventivo é

evitar que os pacientes cheguem com esse grau de estenose para poder orientar

24

medicações para um controle mais intenso dos fatores de risco cardiovasculares.

Neste trabalho de O´LEARY, dos 5176 pacientes analisados, apenas 316 tinham um

grau de estenose entre 50-100%. Em contrapartida, mais de 2500 pacientes já

tinham um maior espessamento do complexo médio intimal de suas carótidas.

Em vista disso, esses autores afirmam que este exame seleciona mais

precocemente os pacientes mais predispostos a serem acometidos com infarto do

miocárdio, doença arterial periférica e acidentes vasculares cerebrais. Assim,

iniciam-se antes mudanças no hábito de vida ou até mesmo um tratamento

medicamentoso com estatinas e outras drogas hipolipemiantes.

Em estudo de coorte retrospectivo, com 20 pacientes esclerodérmicos e 20

controles, analisaram os resultados de Doppler de MMII, das artérias do pescoço e

do abdômen, correlacionando-os com fatores de risco para aterosclerose (HAS,

hiperlipidemia, tabagismo e DM). Doença arterial ulnar ocorreu em 10/19 (53%) dos

pacientes, sendo bilateral em 6/10 (60%). A ausência de associação entre ES e

doença arterial de MMII foi outro achado desse estudo. STAFFORD (1998) ressalta

que a doença da arterial ulnar tem repercussão importante na evolução da

reversibilidade ou irreversibilidade da isquemia digital.

Em estudo de caso-controle com 45 pacientes esclerodérmicos, avaliados

por ultrassonografia para espessamento do complexo íntimo-medial das artérias

carótidas e identificação de fatores de risco (HAS, obesidade, DM, tabagismo,

dislipidemia), não foi encontrada uma diferença significativa em relação a esses

fatores (BEYNE-RAUZY, 2004). Nesses mesmos pacientes, outro trabalho mostrou

anormalidades arteriais em 23/45 (51,1%) através do Eco-Doppler, sendo 14/23

(61%) nos MMSS, 3/23 (13%) nos MMII e 6/23 (26%) em ambos. Nestes dois

estudos, do mesmo centro, parece ser a doença carotídea menos freqüente e a

DMV periférica dos membros mais freqüente no grupo esclerodérmico. (LEGER et

al, 2004).

HASEGAWA et al, 2006, avaliaram a macrovasculatura em oito pacientes

esclerodérmicos com úlceras digitais e gangrena através de arteriografia dos

membros superiores e inferiores, correlacionando-as com perfil de autoanticorpos e

fatores de risco cardiovascular. Envolvimento macrovascular foi detectado em 7/8

(87,5%) dos pacientes esclerodérmicos, e os autores concluíram que o envolvimento

macrovascular detectado com arteriografia não é raro em pacientes com

esclerodermia e ulcerações digitais ou gangrena.

25

Em estudo retrospectivo, avaliando 15 pacientes esclerodérmicos, com

fenômeno de Raynaud intenso, caracterizado por úlceras digitais refratárias, teste de

Allen positivo e doença arterial ulnar oclusiva por angiografia, os autores

encontraram oclusão em todos, sendo bilateral em nove pacientes. Oito deles foram

submetidos à revascularização e o exame histológico da amostra da artéria ulnar

revelou fibrose da camada íntima, estreitamento do lúmen, camada muscular

ligeiramente hipertrofiada e adventícia normal, consistentes com os achados

histológicos da doença microvascular; sugerindo que a vasculopatia não é

aterosclerótica. (TAYLOR et al, 2002).

Em um estudo publicado recentemente (GREENLAND et al. 2001), no qual

foram avaliados pacientes assintomáticos, o papel dos tradicionais fatores de risco e

de novos testes não invasivos para doenças coronarianas, entre eles, a avaliação do

complexo médio-intimal medida por Doppler. Os autores afirmam que esse exame

pode ser um preditor de doenças coronarianas e que melhora a avaliação de

pacientes de risco intermediário, especialmente acima de 50 anos de idade. Apenas

fazem uma ressalva de que esse exame não é feito rotineiramente pela grande

maioria dos médicos e que é um exame examinador-dependente, sendo que sua

qualidade pode variar de acordo com o local e experiência do médico

ultrassonografista.

SUN et al. (2002) avaliaram durante 3 anos 1781 pacientes assintomáticos

para doenças cardiovasculares. Esses pacientes foram submetidos ao exame de

Doppler-Ultrassom modo B para avaliar o espessamento de camada médio-intimal

de carótida comum. O valor do espessamento médio entre os homens foi de

0.68mm e entre as mulheres foi de 0.66mm. Nesse estudo, o espessamento da

carótida comum esquerda foi maior que da carótida comum direita, 0.68mm contra

0.66mm. Os autores também afirmam que o espessamento de camada médio-

intimal de carótida é maior nos homens e aumenta com a idade. A prevalência de

placa aterosclerótica na carótida está positivamente associada com um maior

espessamento de sua camada médio-intimal.

Em outro estudo chinês correlacionando pacientes com doenças

coronarianas e espessamento de camada médio-intimal de carótida (LEE et. al

2011), foram avaliados 149 pacientes com doença coronariana diagnosticada por

angiografia e medida a espessura do complexo médio-intimal das carótidas comuns

bilateralmente. Acompanharam esses pacientes por um período de 32 meses. Um

26

total de 22 pacientes apresentou algum evento cardiovascular nesse período e a

maioria deles apresentava um maior espessamento carotídeo em carótida comum

direita. Entretanto, todos os 22 pacientes mostravam um tamanho de placas

ateroscleróticas maior comparando com os pacientes sem qualquer evento cardíaco.

Concluem que o valor da espessura das carótidas direito e esquerdo possui

diferentes valores preditivos de eventos cardiovasculares, mas que outros estudos

com um número maior de pacientes e com um seguimento maior ainda é

necessário.

Um dos maiores estudos sobre espessamento de camada médio-intimal de

carótida como fator de risco de doenças cardiovasculares foi publicado por

O´LEARY et al. em 1999. Esses autores avaliaram 5858 pacientes com idade de 65

anos ou mais e com um seguimento médio de 6,2 anos. Os pacientes eram

assintomáticos para doenças cardiovasculares e foram avaliados os valores do

espessamento de camada médio-intimal de carótida comum e interna de todos os

pacientes. Afirmam que a força de associação deste exame com eventos

cardiovasculares foi tão forte quanto os tradicionais fatores de risco, como

hipertensão, diabetes melito e hipercolesterolemia. Acreditam que o espessamento

de camada médio-intimal de carótida reflita as conseqüências de exposição contínua

e intensa no passado aos fatores de risco cardiovasculares. Concluem o trabalho

dizendo que a associação positiva entre o espessamento de camada médio-intimal

de carótida medida de modo não invasivo por Doppler, está diretamente associado a

um risco aumentado de novos eventos cardiovasculares como infarto agudo do

miocárdio e acidente vascular cerebral em adultos.

BURKE et al.(1995) avaliaram o espessamento de camada médio-intimal

das artérias carótidas e das artérias poplíteas de 13870 pacientes para avaliar se

existia uma relação da prevalência de doença cardiovascular com o espessamento

dessas artérias. Os pacientes analisados faziam parte de outro estudo multicêntrico

norte americano chamado ARIC Study (1989), que explica o número expressivo de

doentes do artigo de BURKE. Este trabalho foi fonte de inúmeros artigos sobre

fatores de risco para doenças cardiovasculares. No artigo de BURKE foi avaliada a

relação em adultos acima de 45 anos com sintomas da doença coronariana,

cerebrovascular e arterial periférica com o espessamento de camada médio-intimal

das artérias carótidas e poplíteas desses pacientes. Certificam que existe uma forte

relação do aumento da espessura dessas artérias com pacientes sintomáticos para

27

doenças cardiovasculares e mostram o caráter sistêmico da doença aterosclerótica

confirmando alterações em artérias centrais como as carótidas e artérias periféricas

como as poplíteas.

TORRES et al (2007) publicaram recentemente um trabalho com o objetivo

de fazer uma revisão da metodologia e da aplicabilidade da medida do EMI na

avaliação do risco cardiovascular com destaque para o paciente hipertenso.

Concluem que apesar de ser um teste rápido, de baixo custo e com boa

reprodutibilidade, ainda não existe uma padronização da técnica nem limites de

normalidade bem estabelecidos, o que dificulta a utilização do método na rotina

clínica diária.

Em mais um trabalho publicado por O`LEARY et al. (1992), esses autores

descrevem a prevalência da doença carotídea extracraniana avaliada por

ultrassonografia. Mostra sua associação com outros fatores de risco e em pacientes

com doença coronariana e cerebrovascular sintomática em homens e mulheres

acima de 65 anos. Avaliaram o máximo percentual de estenose e o espessamento

máximo das artérias carótida comum e interna em 5201 pacientes. Detectaram

estenose carotídea em 75% dos homens e em 62% das mulheres. O espessamento

arterial aumentou uniformemente com a idade e em todas as faixas etárias os

valores foram maiores nos homens. Dentre as três medidas ultrassonográficas

avaliadas, a que melhor correlacionou com história de doença coronariana foi o

espessamento da artéria carótida interna e à medida que mais se associou com

acidentes vasculares cerebrais foi o espessamento da artéria carótida comum.

2.6 CARÓTIDA COMUM COMO LOCAL PREFERENCIAL PARA REALIZAR O

EXAME

Estudam-se diferentes segmentos das artérias carótidas, incluindo a carótida

comum, a bifurcação carotídea, o bulbo e a carótida interna. Sabe-se que a doença

aterosclerótica tem maior manifestação no bulbo e bifurcação carotídeos, mas são

nesses setores onde se encontram as maiores dificuldades ao examinador.

(KANTERS, 1997). No Atherosclerotic Risk in Communities Study, a medida da EMI

na carótida comum foi obtida em 91,4% dos pacientes, comparativamente a

somente 48,6% na carótida interna. (HOWARD, 1993). Em uma tentativa de

28

padronizar as medidas, o Mannhein Intima-Media Thickness Consensus sugeriu que

a medida da carótida comum é a ideal. (TOUBOUL, 2007).

Não é consenso qual parede da artéria é a ideal para medir o espessamento

de camada médio-intimal das artérias carótidas, se a mais próxima ao introdutor ou

a mais distal. Esta questão ainda é motivo de debate. (BOTS et al. 2003). Parece, no

entanto, que a medida do espessamento de camada médio-intimal da parede distal

é a preferida, uma vez que estudos que compararam os achados de US com a

histologia indicam que as medidas da parede distal são mais indicativas da real

espessura da parede do vaso, além de serem mais reprodutíveis. (STENSLAND-

BUGGE et al. 1997).

A escolha da artéria carótida foi feita em função de suas características

topográficas que garante fácil acesso para o exame Doppler (Figura 6). É uma

artéria superficial e tem um curso praticamente retilíneo no segmento cervical e a

grande maioria dos estudos para avaliar o EMI usou a artéria carótida como

referência. Além disso, é um vaso com grande quantidade de fibras elásticas e que

respondem precocemente ao “stress” hemodinâmico (EBRAHIM et al. 1999).

FIGURA 6 - ARTÉRIA CARÓTIDA RETILÍNEA E DE FÁCIL ACESSO PARA O EXAMINADOR Fonte: strokepreventionplus.net

29

2.7 ATEROSCLEROSE SECUNDÁRIA A ESTRESSE OXIDATIVO POR

INFLAMAÇÃO SISTÊMICA

Recentemente, emergiu o conceito de aterosclerose como uma doença

inflamatória, multifatorial, que envolve processos inflamatórios do início até um

evento final, como por exemplo, a rotura de uma placa aterosclerótica. Além disto, o

endotélio influencia não somente o tônus vascular, através da produção de

substâncias promotoras e inibidoras do seu crescimento, bem como o balanço entre

fatores pró-trombóticos e antitrombogênicos na interface lúmen-parede do vaso, mas

tem a importante função de regular o processo inflamatório na parede deste. (Libby

P, Ridker PM, Maseri A, 2002; Kinlay S, Libby P, Ganz P, 2001).

O conceito clássico de aterosclerose como somente parte de uma desordem

do metabolismo e da deposição lipídica obteve, no passado, grande aceitação.

Entretanto, a história natural da aterogênese estende-se além da dislipidemia. Além

disto, a ligação da desordem lipídica ao envolvimento vascular durante a

aterogênese e subseqüentes manifestações clínicas por si só já indicam uma

fisiopatologia bem mais complexa do que mera deposição lipídica. (CASELLA

FILHO, 2003).

Há alguns anos, um desnudamento do endotélio era considerado o

responsável por ocasionar a adesão plaquetária e liberação de mediadores

trombogênicos, tal como o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) 3,4.

O endotélio era considerado simplesmente uma barreira não-trombogênica, que

permitia a difusão de substâncias e que separava o sangue do músculo liso

vascular, cujo controle vascular era atribuído primordialmente ao sistema nervoso

simpático e a hormônios vasoativos circulantes. Atualmente, sabe-se que a

formação do ateroma pode ocorrer sem descamação endotelial, mas sim na

presença de uma disfunção do endotélio. (JORIS et al. 1983; FAGGIOTTO et al.

1984).

A descoberta de que o endotélio sintetiza importantes vasodilatadores, tais

como o fator relaxante derivado do endotélio e a prostaciclina, despertou enorme

interesse na função endotelial e no seu papel sobre o controle vascular, tanto em

situações fisiológicas quanto em processos patológicos, como as síndromes

coronarianas agudas. (BHAGAT,1998; FURCHGOTT,1980).

30

Estes achados fornecem evidências consistentes para uma possível ligação

entre a evolução do processo inflamatório com a fisiopatologia da rotura da placa,

o que aumenta em muito a importância de se obter marcadores precoces deste

processo.

3 MATERIAL E MÉTODO

32

O presente estudo foi realizado nos Serviços de Reumatologia e Cirúrgica

Vascular do Hospital Universitário de Curitiba, PR e no Serviço de Eco-Doppler do

mesmo hospital.

Foram aplicadas as normas para apresentação de documentos científicos e

de referências bibliográficas da Universidade Federal do PR (2007).

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O estudo apresentado é uma análise prospectiva, caso-controle, desenvolvido

no ambulatório de Reumatologia e de Cirurgia Vascular do Hospital Universitário

Evangélico de Curitiba. Os pacientes com diagnóstico de esclerodermia de acordo

com critérios do Colégio Americano de Reumatologia (FURST DE et al. 2001) foram

selecionados por busca ativa no período de novembro de 2010 a agosto de 2011.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Sociedade

Evangélica Beneficente de Curitiba sob número 7401/10 em 11 de agosto de 2010

(ANEXO1).

Para todos os pacientes foi aplicado o termo de consentimento livre e

esclarecido( ANEXO 2 ).

3.2 CASUÍSTICA

A casuística foi formada por 30 pacientes com esclerodermia que foram

submetidos à avaliação das artérias carótidas pela ultrassonografia vascular de alta

resolução. Para o grupo controle, foram selecionados 30 pacientes sem

esclerodermia e pareados de acordo com a idade, gênero e fatores de risco

cardiovasculares como hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito e

hipercolesterolemia.

3.3 COLETA DE DADOS

O protocolo de coleta de dados foi composto de uma ficha com anamnese,

dados do prontuário do paciente acerca de envolvimento clínico, e valores da USG

Doppler. Os dados clínicos coletados foram obtidos por revisão de prontuários e

estes incluíam:

33

a) Dados demográficos (sexo, idade atual, idade de inicio e tempo da

doença);

b) Dados com os fatores de risco para aterosclerose. O qual buscou saber

se havia presença de dislipidemia (Colesterol Total>240, LDL-C>160, HDL-

C<40 e Triglicerídeos>200) (SANTOS, 2001); diabetes mellitus (Glicemia

>126mg/Dl) (LIMA, 2004); hipertensão arterial sistêmica (PAS>140mmHg

e/ou PAD>90mmHg) (MION, 2002) e uso de fumo;

(c) Forma de esclerodermia e perfil de envolvimento clínico definidos pelos

critérios do ACR (FURST et al, 2001) para medida do índice de gravidade,

incluindo: envolvimento de pele medido pelo índice de Rodnan (RODNAM,

2003), envolvimento de esôfago, presença de Raynaud, cicatrizes estelares

e necrose digital, doença pulmonar intersticial, hipertensão pulmonar,

miosite, miocardite, serosites (pleurite e pericardite) e crise renal

esclerodérmica. O Rodnan m é uma escala de gravidade de envolvimento

cutâneo (AKENSSON et al, 2003). Este índice consta da soma da avaliação

de 17 sítios anatômicos, graduados em:

0 = pele normal;

1 = espessamento leve (a pele está espessada, mas ainda consegue ser

pinçada);

2 = espessamento moderado (a pele está espessada e não se consegue

pinçá-la, mas ainda não está completamente aderida aos planos

profundos, podendo-se ainda realizar um leve deslizamento da pele);

3 = espessamento intenso (pele bastante espessada, não passível de

ser pinçada, aderida a planos profundos, não podendo ser

deslizada);

Os locais analisados foram o dorso dos dedos das mãos, braços e

antebraços, face, região mediana do tórax e do abdome, coxas, pernas e

pés; conforme Figura 7 logo abaixo:

34

(FIGURA 7 – A) TÉCNICA DA MEDIDA DO ÍNDICE DE RODNAN M; B) SÍTIOS ANATÔMICOS ANALISADOS Fonte: arte-concepcao.blogspot.com

d) Gravidade da esclerodermia: medida pela escala de Medsger et al.

Segundo quadro abaixo:

A

B

35

QUADRO 1 - GRADUAÇÃO DA GRAVIDADE DA DOENÇA EM ESCLERODERMIA SISTÊMICA (1) SINTOMAS GERAIS () 0 = Normal () 1 = Perda peso 5.0–9.9 kg / PT 33.0–36.9 % ( ) 2 = Perda peso 10–14.9 kg / Ht 29.0–32.9% ( ) 3 = Perda peso 15–19.9 kg / Ht 25.0–28.9% ( ) 4 = Perda peso > 20.0 kg / Ht < 25.0% 2) VASCULAR PERIFÉRICO ( ) 0 = Normal ( ) 1 = Fenômeno de Raynaud, requerendo uso de vasodilatadores ( ) 2 = Microulceração de polpas digitais ( ) 3 = Úlcera de polpas digitais ( ) 4 = Gangrena digital 3) PELE ( ) 0 = ECT 0 ( ) 1 = ECT 1 – 14 ( ) 2 = ECT 15 – 29 ( ) 3 = ECT 30 – 39 ( ) 4 = ECT > 40 4) ARTICULAÇÕES / TENDÕES ( ) 0 = Distância ponta digital–palma 0–0.9 cm ( ) 1 = Distância ponta digital–palma 1–1.9 cm ( ) 2 = Distância ponta digital–palma 2–3.9 cm ( ) 3 = Distância ponta digital–palma 4–4.9 cm ( ) 4 = Distância ponta digital–palma > 5.0 cm 5) MUSCULAR ( ) 0 = Sem fraqueza proximal ( ) 1 = Fraqueza muscular proximal, leve ( ) 2 = Fraqueza muscular proximal, moderada ( ) 3 = Fraqueza muscular proximal, intensa ( )4 = Fraqueza muscular proximal, intensa; necessário auxílio para deambulação

6) TRATO DIGESTIVO ( ) 0 = Normal ( ) 1 = Hipoperistalse do esôfago distal;

Hipoperistalse do intestino delgado ( ) 2 = Aperistalse do esôfago distal; uso

antibióticos para supercrescimento bacteriano

( ) 3 = Síndrome de malabsorção; episódios de

pseudo-obstrução intestinal ( ) 4 = Necessidade de nutrição parenteral 7) PULMÕES ( ) 0 = Normal ( ) 1 = Difusão CO 70 – 80%; CVF 70 – 80%;

estertores; fibrose radiológica ( ) 2 = Difusão CO 50 – 69%; CVF 50 – 69%;

hipertensão pulmonar leve ( ) 3 = Difusão CO < 50%; CVF < 50%;

hipertensão pulmonar moderada a grave

( ) 4 = Necessário uso de oxigenioterapia 8) CORAÇÃO ( ) 0 = Normal ( ) 1 = Defeito condução ao ECG; Fração de

ejeção VE 45 – 49% ( ) 2 = Arritmia sintomática; Alargamento VD e

VE; Fração de ejeção VE 40 – 44% ( ) 3 = Fração de ejeção VE < 40% ( ) 4 = Insuficiência cardíaca congestiva 9 ) RINS ( ) 0 = Normal ( ) 1 = Creatinina sérica 1.3 – 1.6 mg/dl;

proteinúria ++ ( ) 2 = Creatinina sérica 1.7 – 2.9 mg/dl;

proteinúria 3+ / 4+ ( ) 3 = Creatinina sérica > 3mg/dl ( ) 4 = Necessidade de diálise

PONTUAÇÃO ________ ( soma dos pontos obtidos nos nove itens) Ht= hematócrito; ECT- espessamento cutâneo total; co= monóxido de carbono; CVF= capacidade vital forçada;ECG= eletrocardiograma;VD= ventrículo direito; VE= ventrículo esquerdo. Traduzido a partir de: Medsger TA Jr, Silman AJ, Steen VD, et al. A disease severity scale for systemic sclerosis: development and testing. J Rheumatol 1999;26: 2159-67.

Nos controles foram estudados os dados epidemiológicos e os de fatores de

risco para aterosclerose.

36

3.4 MEDIDA DA ESPESSURA DA CMI DAS CARÓTIDAS

A medida do espessamento do complexo médio intimal das carótidas foi

realizada na artéria carótida comum distal e a 2 cm da bifurcação carotídea (Figura

8). Em toda a análise foi considerado o maior valor do EMI nas artérias carótidas

direita e esquerda.

FIGURA 8 - MÉTODO USADO PARA MEDIR O VALOR COM O APARELHO DE DOPPLER

VASCULAR Fonte: visualphotos.com

A medida do complexo médio intimal foi realizada com aparelho de

ultrassom vascular Esaote My Lab 70 XVG (Figura 9). Foi utilizado transdutor linear

de 7,5MHz, com frequência entre7 e 9 MHz, em seção longitudinal, no modo B. A

medida do espessamento foi na distância entre duas linhas ecogênicas

representadas pelas interfaces lúmen-íntima e média-adventícia da parede arterial

(Figura 10). Todos os exames foram realizados por um mesmo operador. É

considerado normal o valor do complexo médio intimal de até 0,8mm de espessura.

(HODIS, 1998).

37

FIGURA 9 - APARELHO DE ULTRASSOM MYLAB 70XVG Fonte: O autor

FIGURA 10 - CAMADA MÉDIO-INTIMAL VISTA PELO MODO B DO DOPPLER Fonte: alvinblin.blogspot.com

38

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para fins de análise estatística foi utilizado o pior valor encontrado entre o

lado direito e o esquerdo, uma vez que é este valor que traduz o risco de acidentes

vasculares.

Para comparação de dois grupos em relação às variáveis quantitativas, foi

considerado o teste t de Student para amostras independentes. Para avaliação da

influência conjunta de HAS e DM sobre a espessura do complexo médio-intimal da

carótida foi considerado o modelo de regressão múltipla. Para comparação dos

pacientes com esclerodermia e controles, em relação à espessura, considerando as

carótidas do lado esquerdo e direito, foi considerada a análise de variância

multivariada. Para avaliação da associação entre gravidade da doença e espessura

foi estimado o coeficiente de correlação de Spearman. Para descrição dos

resultados obtidos, em relação às variáveis quantitativas foram apresentadas as

estatísticas descritivas de média, mediana, valores mínimo e máximo e desvio

padrão. Para descrição de variáveis qualitativas foram expressos os resultados

através de freqüências e percentuais. Valores de p menores do que 0,05 indicaram

significância estatística.

4 RESULTADOS

40

4.1 DESCRIÇÃO DOS GRUPOS E DADOS DO PAREAMENTO DA AMOSTRA

A amostra dos 30 pacientes estudados foi composta de 29 (96.67%)

mulheres e 1 homem ( 3,3%) com idade entre 17 e 79 anos (média de 48 anos).

Nesta amostra existiam 11/30 (36,67%) com HAS, 5/30 (16,67%) com DM, 6/30

(20%) com dislipidemia e 2/30 (6,67%) fumantes. A análise da distribuição das

formas de esclerodermia mostrou que 31,8% dos pacientes tinham a forma difusa;

59,09% tinham a forma limitada e 9,09% tinham a forma de superposição com outra

doença do colágeno (1 com lúpus eritematoso sistêmico e outra com polimiosite).

No grupo controle existiam 100% de mulheres; 5/30 (20%) casos de

dislipidemia; 2/30 (6,67%) de fumantes; 12/30 (36,37%) de HAS e 6/30 (30%) de

diabetes mellitus. Os dados do pareamento da amostra entre pacientes com

esclerodermia e controles podem ser apreciados na tabela 1.

TABELA 1 - DADOS DO PAREAMENTO DA AMOSTRA Esclerodermia

n=30 Controle

n=30 Gênero (feminino:masculino) 29 (96,67%): 1 (3,33%) 30 (100%):0 Historia de dislipidemia 6/30 (20%) 5/30 (20%) Tabagismo 2/30 (6,67%) 2/30 (6,67%)

Hipertensão 11/30 (36.67%) 12/30 (36.37%)

Diabetes mellitus 5/30 (16,67%) 6/30 (20%)

Idade média ±SD 48,63±14,59 49,83±15,56

4.2 COMPARAÇÃO DOS PACIENTES COM ESCLERODERMIA E CONTROLE EM

RELAÇÃO À ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA

4.2.1 Medida do Lado Direito

Na tabela 2 são apresentadas as estatísticas descritivas de média, mediana,

valores mínimo e máximo, e desvio padrão da espessura do complexo médio-intimal

da carótida. Também é exposto o valor de p do teste estatístico.

41

TABELA 2 - DADOS ACERCA DE ESPESSURA MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA DIREITA (MEDIDOS EM MM) PELO ECODOPLER.

Grupo n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p Esclerodermia 30 0,69 0,70 0,36 1,10 0,18 0, 257 Controle 30 0,64 0,67 0,30 0,98 0,17

No Gráfico 1 abaixo podem ser visualizados os resultados.

0,50

0,55

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

Esclerodermia Controle

EMI

CC

D

EMI CCD - Média + Erro Padrão

GRAFICO 1 - AVALIAÇÃO DA MEDIDA DA ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA

CARÓTIDA DIREITA

4.2.2 Medida do Lado Esquerdo

Na tabela abaixo são delineadas as estatísticas descritivas de média,

mediana, valores mínimo e máximo, e desvio padrão da espessura do complexo

médio-intimal da carótida. Além do valor de p do teste estatístico.

TABELA 3 - DADOS ACERCA DE ESPESSURA MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA ESQUERDA (MEDIDOS EM MM) PELO ECODOPLER.

Grupo n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p Esclerodermia 30 0,72 0,70 0,35 1,20 0,19 0, 242 Controle 30 0,65 0,62 0,34 1,40 0,23

No gráfico abaixo, podem ser visualizados os resultados.

42

0,50

0,55

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

Esclerodermia Controle

EMI

CC

E

EMI CCE - Média + Erro Padrão

GRAFICO 2 - AVALIAÇÃO DA MEDIDA DA ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA

CARÓTIDA ESQUERDA

4.2.3 Medida do Maior Risco (Espessura Máxima entre o Lado Esquerdo e o Lado

Direito)

A tabela abaixo mostra as estatísticas descritivas de média, mediana,

valores mínimo e máximo, e desvio padrão da espessura do complexo médio-intimal

da carótida. Também é apresentado o valor de p do teste estatístico.

TABELA 4 - DADOS ACERCA DE ESPESSURA MÉDIO-INTIMAL DO VALOR COM MAIOR RISCO (MEDIDOS EM MM) PELO ECODOPLER.

Grupo n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Esclerodermia 30 0,77 0,74 0,42 1,20 0,20 0, 212

Controle 30 0,70 0,70 0,40 1,40 0,23

43

O gráfico a seguir exibe os resultados referentes ao risco máximo.

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

1 2

EMI

XIM

OEMI MÁXIMO - Média + Erro Padrão

GRAFICO 3 - AVALIAÇÃO DA MEDIDA DE MAIOR RISCO NA ESPESSURA DO COMPLEXO

MÉDIO-INTIMAL (1 = PACIENTES COM ESCLERODERMIA; 2= CONTROLES)

4.3. AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE GRAVIDADE DA DOENÇA E

ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA

Para avaliação da associação entre gravidade da doença e espessura foi

estimado o coeficiente de correlação de Spearman. Ao relacionar o ECMI da artéria

carótida comum direita ( ACCD) com a gravidade da doença, não foi encontrada

uma relação estatisticamente significativa, com um p=0,748.

Para avaliação da associação entre gravidade da doença e espessura foi

estimado o coeficiente de correlação de Spearman. Ao relacionar o ECMI da artéria

carótida comum esquerda (ACCE) com a gravidade da doença, não foi encontrada

uma relação estatisticamente significativa, com um p=0,834.

Ao relacionar a espessura máxima encontrada em pacientes

esclerodérmicos entre os dois lados com a gravidade da doença, também não houve

uma associação significativa, com um p=0,925.

5 DISCUSSÃO

45

A presente pesquisa foi realizada com 30 pacientes que possuem

esclerodermia não sendo possível provar a existência no aumento da espessura da

carótida em esclerodérmicos quando comparada aos controles. Ao se interpretar tais

resultados deve se levar em conta que a amostra analisada é, como a de todas as

doenças relativamente raras, bastante pequena e pode não ter tido força suficiente

para evitar um erro do tipo beta. Todavia o estudo está concorde com achados de

outros, como os publicado por Hettema et al. em 2008. Este avaliou 49 pacientes

com esclerodermia, comparou com um grupo controle e também não mostrou

diferenças entre o ECMI de artérias carótidas de pacientes com ou sem

esclerodermia como a pesquisa aqui estudada. Os autores Hettema et al. em 2008

sugerem que não há uma prevalência maior de aterosclerose precoce ou de doença

macrovascular nesse grupo de pacientes. Ainda revelam que ao avaliarem todos os

pacientes quanto aos tradicionais fatores de risco para doenças cardiovasculares,

acharam uma associação de risco aumentado para pacientes com dislipidemia e

idade avançada; mesmos resultados obtidos no presente trabalho (resultados

demonstrados nos anexos). Outro detalhe importante verfificado pelos autores

supra citados e que vai de acordo com a pesquisa aqui abordada, foi a inexistência

de associação do tabagismo com o espessamento do complexo médio-intimal. ( vide

resultados demonstrados em anexos)

Este mesmo autor, (HETTEMA, 2008), em outra publicação avalia a

associação de doença macrovascular e aterosclerose em pacientes com

esclerodermia. Relata em seu trabalho a já documentada e comprovada associação

entre doenças vasculares periféricas em pacientes com esclerodermia (VEALE,

1995; YOUSSEF, 1995).

A medida da ECMI de artérias carótidas em pacientes com esclerodermia

tem sido motivo de vários estudos de desenho semelhante ao aqui abordado, e têm

mostrado resultados conflitantes. De sete trabalhos avaliados, quatro obtiveram uma

diferença significativa e outros três obtiveram um ECMI de carótidas semelhantes

entre os grupos avaliados (HETTEMA, 2008; SZUCS et al., 2007; CHENG, 2003;

BEYNE e RAUZY, 2004; SHERER et al. 2007; GODOI et al. 2009).

Em outro estudo, o autor CHENG (2003), fez a comparação das artérias

carótidas e femorais não apenas com um grupo controle, mas estudou

comparativamente se existe uma diferença entre as formas limitada e difusa de

esclerodermia. Este trabalho considerou tanto o ECMI das artérias avaliadas quanto

46

sua elasticidade medindo os graus de rigidez dessas artérias. Foram avaliados 33

pacientes com esclerodermia limitada, 19 com esclerodermia difusa e 21 pacientes

para controles. Observou uma importante associação entre a rigidez arterial e a

presença de esclerodermia, e as artérias do grupo de esclerodermia difusa

apresentaram uma elasticidade menor quando comparadas com a forma limitada e

com o grupo controle. Com relação aos ECMI das artérias carótidas foi verificada

uma associação entre esclerodermia e aumento do ECMI, mas sem uma diferença

estatisticamente significativa; indo de acordo com o trabalho aqui analisado.

Em um estudo para avaliar a disfunção endotelial como preditora de

aterosclerose em pacientes com esclerodermia, SZUCS et al. em 2007, compararam

29 pacientes com e sem esclerodermia. Esses autores avaliaram pelo ultrassom

Doppler o ECMI das artérias carótidas e a dilatação do endotélio mediado por fluxo e

por nitroglicerina na artéria braquial desses pacientes. Os pacientes foram pareados

de acordo com idade, sexo, hipertensão arterial, DM e tempo de doença. Com

relação à dilatação endotelial, eles afirmaram que pacientes com esclerodermia

apresentam uma dilatação menor das camadas arteriais quando comparados ao

grupo controle, sugerindo uma menor elasticidade arterial em pacientes com

esclerodermia. Quando foram comparadas as capacidades de dilatação arterial com

a administração de nitratos, não encontraram diferença significativa, pois em ambos

os grupos as artérias obtiveram uma importante vasodilatação. De maneira

semelhante ao encontrado no estudo abordado, quando estes autores avaliaram o

ECMI das carótidas, observaram um discreto aumento do ECMI em pacientes

esclerodérmicos, mas sem diferença estatisticamente significativa. Um achado

importante deste estudo foi uma associação significativa do aumento do ECMI com a

idade e com o tempo de doença em Esclerodermia.

CHENG em 2003 fez um estudo para comparar o ECMI das artérias

carótidas e femorais de pacientes com fenômeno de Raynaud primário e pacientes

com fenômeno de Raynaud secundário. Em seguida comparou os resultados obtidos

com um grupo controle sem fenômeno de Raynaud. Este autor concluiu que existe

uma diferença significativamente maior do ECMI das artérias carótidas entre as

pacientes com Raynaud secundário à esclerodermia quando comparados aos

pacientes com FR primário. Com relação às artérias femorais não encontrou

qualquer associação entre todos os grupos. Ao comparar pacientes com e sem

esclerodermia, não descobriu diferença estatística, assim como verificado neste

47

trabalho. Esses dados levantam a possibilidade de que alguns mecanismos

fisiopatológicos da esclerodermia em particular (como por exemplo, os implicados no

fenômeno de Raynaud) é que estão associados com achados de IMT e não o seu

conjunto. Em outras doenças reumáticas como lúpus eritematoso sistêmico e artrite

reumatóide, o aumento da aterogênese tem sido atribuído ao dano de parede

endotelial pelo estresse oxidativo secundário à inflamação generalizada (SALMON e

ROMAN, 2008). Tal fato não pode ser constatado na esclerodermia o que leva a crer

que existam diferenças fisiopatológicas importantes entre esta doença e as demais

doenças reumáticas

No presente estudo houve um cuidado bastante grande no pareamento das

amostras no sentido de evitar um viés na analise dos resultados. Isso acontece

porque são muitos os fatores que influem no aumento da espessura da IMT. Em

trabalho de 1992, WENDELHAG et al. realizaram um estudo para avaliar a medida

do complexo médio-intimal da artéria carótida comum avaliado por ultrassom em um

grupo com hipercolesterolemia familiar. Foi um estudo caso-controle com 53

pacientes de cada grupo, no qual compararam os valores laboratoriais de Colesterol,

Triglicerídeos, HDL-C e LDL-C com valor médio dos espessamentos carotídeos e

também comparando com os valores máximos dos espessamentos carotídeos.

Acharam uma associação positiva com todos os grupos avaliados. Ou seja, quanto

maior o valor do complexo médio-intimal, maior os valores laboratoriais do

lipidograma.

O tabagismo também é considerado um fator de risco para aterosclerose.

Todavia neste trabalho de WENDELHAG, 1992, incluindo 46 pacientes, não houve

qualquer relação com os valores do complexo médio-intimal com o tabagismo.

Apesar disso optou-se por manter um controle sobre esta variável equiparando-se

os grupos de esclerodérmicos e controles quanto a este achado.

Outro estudo semelhante ao aqui estudado com os 30 pacientes foi dos

autores Beyne e Rauzy (2004). Eles publicaram um estudo de caso-controle com 45

pacientes esclerodérmicos, avaliados por ultrassonografia para espessamento do

complexo médio-intimal das artérias carótidas. Sendo que os fatores de risco por

eles identificados foram iguais ao deste trabalho. São eles: Hipertensão Arterial

Sistêmica, Obesidade, Diabetes Melito, Tabagismo e Dislipidemia. Esses autores

não encontraram diferença significativa entre esses fatores. Contudo no trabalho

aqui realizado, notou-se uma relação positiva entre todos os pacientes com altos

48

índices de HDL Colesterol, mas sem significância estatística ao analisar colesterol

total e triglicerídeos. (dados disponíveis no anexo 2).

Em artigo publicado há quatro anos por Sherer et al. 2007, foi pesquisada

uma associação precoce de aterosclerose e de marcadores autoimunes em

pacientes com esclerodermia. Quarenta e quatro pacientes com esclerodermia

foram submetidos ao exame com Doppler do ECMI das carótidas e pareados por

idade, tipo de doença e fatores de risco clássicos para aterosclerose.

Diferentemente do presente trabalho, esses autores acharam um valor

significativamente estatístico para o ECMI em pacientes esclerodérmicos, mas o

principal parâmetro de comparação que foi significativamente maior foi a idade.

Todavia é mister lembrar que a idade sempre vai estar associada com um aumento

do ECMI em qualquer indivíduo, com ou sem esclerodermia (SZUCS et al. 2007).

Em trabalho nacional publicado recentemente (GODOI et al. 2009),

avaliaram de forma prospectiva, do tipo série de casos, 20 pacientes com

esclerodermia e procuraram avaliar o acometimento macrovascular nesses

pacientes. A grande maioria dos pacientes era do sexo feminino e foram avaliadas

através do Ecodoppler o ECMI das artérias carótidas, dos membros superiores, dos

membros inferiores e da aorta abdominal para pesquisar placas ateromatosas.

Observaram também nas artérias dos membros inferiores o índice Tornozelo-braço,

que foi normal em todas as pacientes. Encontraram um aumento do ECMI em 12

pacientes, ou seja, 60% do grupo avaliado. Com relação aos sítios vasculares

avaliados, a prevalência encontrada foi de 45% na aorta abdominal, 35% nas

artérias dos membros inferiores, 30% nas carótidas e apenas 5% nas artérias dos

membros superiores. Com estes resultados, afirmam que as alterações

macrovasculares encontradas não estão necessariamente associadas à

esclerodermia e podem decorrer do processo aterosclerótico.

O presente trabalho mostra que não existe uma associação do

espessamento do complexo médio intimal em pacientes portadores de

esclerodermia em todas as suas formas de apresentação. Pode-se dizer que o

processo de aterogênese não está acelerado nesses pacientes, estando estes

sujeitos aos mesmos fatores de risco dos pacientes sem a doença. Do mesmo

modo, é possível afirmar que a esclerodermia continua sendo uma doença de

caráter predominantemente microvascular. Acredita-se que trabalhos futuros ainda

têm espaço neste mesmo tema.

49

5.1 PERSPECTIVAS FUTURAS

Neste trabalho, utilizou-se como parâmetro de comparação entre os grupos,

o maior valor encontrado do espessamento do complexo médio intimal e este como

sendo a medida de maior risco para o desenvolvimento de eventos

cardiovasculares. Ainda não está estabelecido se o maior risco seria do valor

máximo encontrado entre as duas artérias carótidas ou se o maior risco seria com a

maior média dos valores de cada pessoa. Alguns trabalhos utilizaram o valor

máximo para comparação e outros usaram a média encontrada avaliando-se vários

pontos da artéria carótida. Para padronizar este índice, trabalhos futuros podem ser

feitos comparando estas variáveis e observando a longo prazo, qual seria a medida

de maior risco, ou o maior valor encontrado do ECMI ou a média dos valores

encontrados.

Sabe-se que o tabagismo apresenta um importante efeito vasoconstritor nas

artérias do paciente fumante através da inibição do óxido nítrico, um importante

vasodilatador produzido pelo endotélio humano. Neste trabalho, apenas 3 pacientes

eram fumantes (0,05%) e observou-se ausência de associação do ECMI com o

tabagismo. Em todos os trabalhos analisados, o número de pacientes tabagistas foi

insignificante, justificando a ausência de associação do fumo com o ECMI dos

pacientes estudados. Trabalhos que comparem o ECMI de pacientes fumantes com

pacientes não fumantes será muito útil para descartar esse possível viés de seleção

de pacientes. Essas pesquisas viriam descartar a não associação do tabagismo com

o ECMI verificado neste trabalho, que muito provavelmente foi pelo pequeno número

de pacientes fumantes.

Esta tese, assim como outros trabalhos publicados, comparou trinta

pacientes com esclerodermia, uma doença que não é tão comum em nosso meio e

comumente de difícil diagnóstico. Para fornecer mais dados sobre a relação do

ECMI com pacientes esclerodérmicos, seria justificada a realização de uma meta-

análise avaliando todos os trabalhos publicados até hoje sobre este assunto.

Trabalhos multicêntricos também cabem neste tipo de doença para aumentar o

número de pacientes da amostra. Espera-se que com um número maior de

pacientes avaliados, os resultados sejam mais consistentes e com uma significância

estatística maior.

50

Ainda como perspectiva de trabalhos futuros, ressalta-se também o advento

da ultrassonografia intravascular, que poderá fazer uma análise mais detalhada do

endotélio vascular e pesquisar detalhes que o ultrassom Doppler usado mais

comumente não consegue avaliar. Além disso observa-se o grande avanço dos

testes laboratoriais de marcadores inflamatórios tanto para esclerodermia quanto

para a doença aterosclerótica. Com tudo isso, acredita-se que o meio científico

ainda possa contribuir para uma melhor qualidade de vida para os pacientes

portadores destas doenças.

6 CONCLUSÃO

52

Em função dos resultados obtidos, pode-se concluir que:

1 - Não foi encontrada diferença significativa do espessamento do complexo médio

intimal da artéria carótida comum ao comparar os pacientes com e sem

Esclerodermia.

2 - Não foi encontrada uma associação entre a gravidade da esclerodermia e o

espessamento do complexo médio intimal da carótida comum.

REFERÊNCIAS

54

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ANEXO 1

APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

63

ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

65

Este estudo tem como objetivo avaliar a espessura do complexo médio intimal

da artéria carótida e sua associação com gravidade da doença em pacientes com

esclerodermia.

Para isso o (a) senhor (a) terá que se submeter a um estudo de eco-doppler

de carótida e permitir que o seu prontuário seja revisado. A sua participação nesta

pesquisa é voluntária e não determinará qualquer risco, nem trará desconfortos.

Além disso, sua participação é importante para o aumento do conhecimento a

respeito da Esclerodermia nas doenças vasculares, podendo beneficiar outras

pessoas.

Informo que o (a) Senhor (a) tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do

estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas. Se tiver alguma

consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com a

Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR), situada na Rua Padre Anchieta, Bairro

Bigorrilho, telefone 41 3240-5553, e comunique-se com o pesquisador orientador

desta pesquisa: Prof. Dra. Thelma Skare - 41 3240 5476. Também é garantida a

liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar

do estudo. Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto

com outras pessoas, não sendo divulgada a identificação de nenhum dos

participantes. O Senhor (a) tem o direito de ser mantido atualizado sobre os

resultados parciais das pesquisas e, caso solicite, darei todas as informações que

necessitar.

Não existirão despesas ou compensações pessoais para o participante em

qualquer fase do estudo. Também não haverá compensação financeira relacionada

à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo

orçamento da pesquisa. Comprometo-me a utilizar os dados coletados somente

66

para pesquisa, e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em

revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca

tornar possível a sua identificação. A sua participação na pesquisa não trará

qualquer prejuízo junto ao serviço de saúde.

Concordo voluntariamente em participar desse estudo e poderei retirar meu

consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade,

prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.

Após ter sido feita a leitura, declaro que concordo com todos os termos

estabelecidos.

APÊNDICE

68

COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AO COLESTEROL,

TRIGLICERÍDEOS, HDL-C E LDL-C.

Na tabela abaixo são apresentadas as estatísticas descritivas de média, mediana,

valores mínimo e máximo, e desvio padrão das variáveis colesterol, triglicerídeos e

HDL. Também é apresentado o valor de p do teste estatístico.

TABELA 5- COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE COLESTEROL TOTAL

Grupo n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Esclerodermia 30 180,47 177,00 127,00 238,00 32,64 0, 103

Controle 21 196,48 188,00 129,00 277,00 35,59 TABELA 6- COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE TRIGLICERÍDEOS

Grupo n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Esclerodermia 30 112,90 99,50 43,00 230,00 49,29 0, 236

Controle 21 129,67 107,00 43,00 224,00 48,89 TABELA 7- COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE HDL-COLESTEROL

Grupo n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Esclerodermia 30 46,43 46,00 24,00 73,00 10,63 0, 011

Controle 21 40,48 42,00 30,00 50,00 5,28

TABELA 8 - COMPARAÇÃO DOS GRUPOS EM RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE LDL-COLESTEROL

Grupo n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Esclerodermia 30 110,53 111,00 47,00 177,00 32,94 0,044

Controle 21 129,62 126,00 81,00 210,00 32,02

69

AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE ESPESSURA DO COMPLEXO MÉDIO-

INTIMAL DA CARÓTIDA COMUM COM FATORES DE RISCO DE DOENÇAS

CARDIOVASCULARES

Em cada uma das comparações foram feitas comparações do grupo com

presença da variável com o grupo com ausência da variável, considerando as

espessuras do lado direito, lado esquerdo, média dos dois lados e máximo de

espessura do lado direito e esquerdo.

Nas tabelas abaixo são apresentados os resultados das estatísticas

descritivas, bem como os valores de p dos testes estatísticos.

COLESTEROL

TABELA 9- AVALIAÇÃO DO COLESTEROL COM O VALOR MÉDIO ENCONTRADO DO ECMI

Colesterol n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 49 0,66 0,66 0,35 1,07 0,18 0, 115

Sim 11 0,75 0,80 0,45 1,00 0,18 TABELA 10- AVALIAÇÃO DO COLESTEROL COM O ECMI DA CCD Colesterol n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 49 0,64 0,63 0,30 1,10 0,17 0, 018

Sim 11 0,78 0,80 0,50 1,08 0,18 TABELA 11- AVALIAÇÃO DO COLESTEROL COM O ECMI DA CCE

Colesterol n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 49 0,67 0,63 0,34 1,40 0,21 0, 475 Sim 11 0,72 0,76 0,35 1,10 0,22 TABELA 12- AVALIAÇÃO DO COLESTEROL COM A ESPESSURA MÁXIMA ENCONTRADA DA CMI Colesterol n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 49 0,68 0,69 0,35 1,10 0,18 0, 053

Sim 11 0,80 0,85 0,50 1,08 0,19

70

TABAGISMO TABELA 13- RELAÇÃO DO TABAGISMO COM O VALOR MÉDIO ENCONTRADO DO ECMI FUMANTE n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 56 0,68 0,68 0,35 1,07 0,18 0, 281

Sim 4 0,58 0,56 0,45 0,76 0,15 TABELA 14- RELAÇÃO DO TABAGISMO COM O ECMI DA CCD FUMANTE n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 56 0,67 0,70 0,30 1,10 0,18 0, 430

Sim 4 0,60 0,55 0,50 0,79 0,13 TABELA 15- RELAÇÃO DO TABAGISMO COM O ECMI DA CCE FUMANTE n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 56 0,69 0,69 0,34 1,40 0,21 0, 249

Sim 4 0,56 0,57 0,35 0,77 0,22 TABELA 16- RELAÇÃO DO TABAGISMO COM A ESPESSURA MÁXIMA ENCONTRADA DA CMI DAS CARÓTIDAS

Colesterol n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 56 0,70 0,70 0,35 1,10 0,19 0, 434

Sim 4 0,63 0,61 0,50 0,79 0,13 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA TABELA 17- RELAÇÃO DA HAS COM O VALOR MÉDIO ENCONTRADO DO ECMI HAS n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 37 0,62 0,62 0,35 1,00 0,16 0, 001

Sim 23 0,77 0,80 0,42 1,07 0,18 TABELA 18- RELAÇÃO DA HAS COM O ECMI DA CCD HAS n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 37 0,63 0,60 0,30 1,10 0,17 0, 024

Sim 23 0,73 0,74 0,42 1,08 0,16

71

TABELA 19- RELAÇÃO DA HAS COM O ECMI DA CCE HAS n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 37 0,61 0,60 0,34 0,96 0,16 <0, 001

Sim 23 0,80 0,78 0,41 1,40 0,24 TABELA 20- RELAÇÃO DA HAS COM A ESPESSURA MÁXIMA ENCONTRADA DA CMI DAS CARÓTIDAS Colesterol n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 37 0,64 0,66 0,35 1,10 0,17 0, 003

Sim 23 0,79 0,82 0,42 1,08 0,19 DIABETES MELITO TABELA 21- RELAÇÃO DO DM COM O VALOR MÉDIO ENCONTRADO DO ECMI

DM n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 49 0,65 0,66 0,35 1,07 0,16 0, 008

Sim 11 0,80 0,83 0,50 1,05 0,19 TABELA 22- RELAÇÃO DO DM COM O ECMI DA CCD DM n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 49 0,63 0,63 0,30 0,91 0,15 0, 002

Sim 11 0,81 0,89 0,50 1,10 0,21 TABELA 23- RELAÇÃO DO DM COM O ECMI DA CCE

DM n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 49 0,66 0,63 0,34 1,40 0,21 0, 062

Sim 11 0,79 0,78 0,50 1,20 0,23 TABELA 24- RELAÇÃO DO DM COM A ESPESSURA MÁXIMA ENCONTRADA DA CMI DAS CARÓTIDAS

Colesterol n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Pad Valor de p

Não 49 0,66 0,67 0,35 1,07 0,16 0, 003

Sim 11 0,85 0,89 0,50 1,10 0,22

72

AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IDADE E ESPESSURA DO COMPLEXO

MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA

Para esta análise foi considerada a espessura máxima entre a carótida do

lado esquerdo e a carótida do lado direito. O coeficiente de correlação linear de

Pearson estimado foi igual a 0,575, fornecendo subsídios para rejeição da hipótese

nula (p<0,001). Desta forma há uma associação positiva entre idade e espessura do

complexo médio-intimal da carótida. No gráfico abaixo pode ser visualizada esta

relação.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 20 40 60 80 100

Esp

ess

ura

Máx

ima

idade

IDADE DO PACIENTE X MÁXIMO DA ESPESSURA DA CAMADA MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA

ANÁLISE CONJUNTA DA RELAÇÃO ENTRE HAS E DM COM A ESPESSURA

MÁXIMA DO COMPLEXO MÉDIO-INTIMAL DA CARÓTIDA COMUM

Observa-se que independentemente da presença ou não da outra variável,

tanto DM como HAS tem relação com a espessura máxima do complexo médio-

intimal da carótida.