Dissertação de Mestrado - ppgem
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
METALÚRGICA E DE MINAS
Dissertação de Mestrado
"Caracterização Mineralógica de minérios goethíticos-limoníticos
da mina de Alegria, M.G."
Autor: Júnia Maria de Pinho Rocha
Orientador: Paulo Roberto Gomes Brandão
Março, 1997
2
JÚNIA MARIA DE PINHO ROCHA
Caracterização Mineralógica de Minérios Goethíticos-limoníticos
da mina de Alegria.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação
em Engenharia Metalúrgica e de Minas da Universidade Federal
de Minas Gerais.
Área de concentração: Tecnologia Mineral
Orientador: Prof. Paulo Roberto Gomes Brandão
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG 1997
4
AGRADECIMENTOS
A autora agradece a todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram na
preparação deste trabalho, e em particular:
A SAMARCO MINERAÇÃO S.A., pela disponibilidade e colaboração
Ao professor, orientador e amigo Paulo Roberto Gomes Brandão por sua
compreensão, disponibilidade e orientação;
À Ilda, Izabel e Eliomar, pelo carinho com que colaboraram com esta pesquisa;
Ao Engenheiro Geólogo Régis Quesada Casquet pela compreensão,
cooperação e sobretudo por ter proporcionado condições para a conclusão
deste trabalho;
A Weverton (Tão) pela disponibilidade, dedicação e capricho nas figuras por ele
desenhadas;
Ao Engenheiro Norberto Toríbio e ao Geólogo Gabriel pela cooperação;
A todos do laboratório de Alegria Sul pelo carinho com que me acolheram
durante o período em que redigia este trabalho;
5
ABSTRACT
The steel market fluctuation, the constant search for quality and the concern on
enviromental matters, led to the necessity of major knowledgment of exploited
ores. To achieve this, a mineralogical characterization is essential. This work ,
aims to characterize separetely goethite and limonite present in diferent
samples of iron ore of Alegria Mine, from Samarco Mineração S/A concession
area, and establish a suitable methodology for that characterization. For that,
four samples constituted mainly of goethites and two of a very intemperized
materials, with ochreous or reddish color and commonly named limonite, were
submitted to chemical and granulometric analysis, X ray difratometry, infrared
spectroscopy, optical microcopy, scannig eletronic microscopy and microprobe
analyzer. The minerals occurring in all samples are the Ghoetite (bothrioidal,
massive, pseudomorphous of amphibole and earthy) the hematite (-martite,
lamelar, pseudomorphous of amphibole and bothrioidal) and the quartz. The
limonite, with classic formula FeOOH.nH20 and supposed amorphous, has not
been determined, because as much X-Ray difratometry has not detected
significant presence of amorphous phases, as infrared spectroscopy revealed
hydroxile as the main binder and the water occurring in small amounts
(traces). What in fact we observe is a chemically impure goethite, with
consistency and fineness earthy, and having a higher degree of hydroxilazation.
6
RESUMO
A oscilação do mercado do aço, a constante busca por qualidade e a
preocupação com a questão ambiental, levaram a uma necessidade de maior
conhecimento dos minérios explotados. Para tanto, uma caracterização
mineralógica é indispensável. Este trabalho objetiva caracterizar distintamente a
goethita e a limonita presentes em diferentes amostras de minérios de ferro da
mina de Alegria, da área de concessão da Samarco Mineração S.A., e,
estabelecer uma metodologia adequada para tal caracterização. Para
tanto, quatro amostras compostas principalmente por goethitas e duas por
materiais muito intemperizados, de coloração ocre ou avermelhada e
comumente denominados de limonita, foram submetidas a análises
químicas, análise granulométrica, difratometria de raios-X, espectroscopia
infravermelha, microscopia óptica, microscopia eletrônica de varredura e
microssonda. Os minerais presentes em todas as amostras são a goethita
(botrioidal, maciça, pseudomorfa de anfibólio e terrosa), a hematita (-martita,
lamelar, pseudomorfa de anfibólio e botrioidal) e o quartzo. A limonita, de
fórmula clássica FeOOH.nH2O e supostamente amorfa, não foi determinada,
uma vez que tanto a difração de raios-X não detectou presença significativa de
fases amorfas como a espectroscopia infravermelha revelou a hidroxila como o
ligante principal e a água como presente em muito pouca quantidade (traços). O
que na realidade se observa é uma goethita quimicamente impura, com
consistência e finura terrosas, e possuindo um grau de hidroxilação mais
elevado.
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................30
2. OBJETIVOS E RELEVÂNCIA........................................................................32
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..........................................................................33
3.1 Os Óxidos, Oxihidróxidos e Hidróxidos de Ferro...................................33
3.1.1 Os principais óxidos e oxihidróxidos de ferro..................................35
3.1.1.1 Hematita.............................................................................39
3.1.1.2 Magnetita...........................................................................41
3.1.1.3 Maghemita.........................................................................42
3.1.1.4 Goethita.............................................................................43
3.1.1.5 Lepidocrocita.....................................................................45
3.1.1.6 Akaganeíta........................................................................47
3.1.1.7 Ferrihidrita..........................................................................47
3.1.1.8 Limonita..............................................................................48
3.2 Óxidos e Oxihidróxidos de Ferro no Meio Ambiente...............................49
3.2.1 Geração...........................................................................................49
3.2.2 Produtos de transformação de óxidos de Fe pré-formados e
texturas..................................................................................................52
3.3 Gênese dos Minérios de Ferro...............................................................61
3.3.1 Conceitos básicos...........................................................................61
3.3.1.1 Cristal.................................................................................61
3.3.1.2 Cristalino............................................................................62
3.3.1.3 Criptocristalino...................................................................62
3.3.1.4 Substância Amorfa.............................................................62
8
3.3.1.5 Mineralóides.......................................................................63
3.3.1.6 Pseudomorfos....................................................................63
3.3.1.5 Mineralóides.......................................................................63
3.3.1.6 Pseudomorfos....................................................................63
3.3.1.7 Formação Ferrífera Bandada (BIF)....................................64
3.3.1.8 Itabirito...............................................................................64
3.3.1.9 Minério de ferro..................................................................65
3.3.1.10 Quadrilátero Ferrífero.......................................................66
3.3.2 Tipos de jazidas em Minas Gerais...................................................67
3.4 Minério de Ferro da Mina de Alegria.......................................................69
3.4.1 Dados gerais....................................................................................69
3.4.2 Implicações da presença de goethita e limonita no processamento
do minério da Samarco.................................................................................71
4. METODOLOGIA..............................................................................................73
4.1 Amostragem e Preparação das Amostras..............................................73
4.2 Análise Granulométrica...........................................................................80
4.3 Análises Químicas..................................................................................81
4.4 Difratometria de Raios-X (Método do Pó)...............................................81
4.5 Espectroscopia Infravermelha................................................................82
4.6 Microscopia Óptica.................................................................................84
4.7 Microscopia Eletrônica e Microssonda EDS...........................................84
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................85
5.1 Análise Granulométrica...........................................................................85
5.2 Análises Químicas e Difratometria de Raios-X.......................................94
9
5.3 Espectroscopia Infravermelha..............................................................133
5.4 Microscopia Ótica, MEV e Microssonda EDS.......................................147
5.5 Resultados das Amostras Comparativas..............................................235
6. CONCLUSÕES.............................................................................................241
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUTROS.........................................246
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................247
ANEXOS...........................................................................................................255
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Modelos idealizados das estruturas da goethita, lepidocrocita,
akaganeíta, e hematita. .....................................................................................38
Figura 3.2 - Representação simplificada sob a forma de diagrama dos produtos
de oxidação da magnetita. .................................................................................53
Figura 3.3 - Representação diagramática da oxidação da magnetita pela difusão
do oxigênio ao longo dos planos de partição octaédricos. ..............................54
Figura 5.1 - Gráfico de distribuição de tamanho de partículas da amostra
Limonita Mud obtido pela análise feita no sedigraf. ........................................89
Figura 5.2 - Gráfico de distribuição de tamanho de partículas da amostra
Limonita Ocre obtido pela análise feita no sedigraf. ........................................90
Figura 5.3 - Difratograma referente à fração <0,105mm>0,038mm da amostra
PG 562. .............................................................................................................95
Figura 5.4 - Difratograma referente à fração <0,60mm>0,300mm da amostra
PG 562. .............................................................................................................96
11
Figura 5.5 - Difratograma referente à fração <0,60mm>0,300mm da amostra
PG 965. ............................................................................................................101
Figura 5.6 - Difratograma referente à fração <0,038mm da amostra
PG 965. ............................................................................................................102
Figura 5.7 - Difratograma referente à fração <0,105mm>0,038mm da amostra
PG 965. ............................................................................................................103
Figura 5.8 - Difratograma referente à fração <1,18mm>0,60mm da amostra
PG 475. ............................................................................................................107
Figura 5.9 - Difratograma referente à fração <0,300mm>0,105mm da amostra
PG 475. ............................................................................................................108
Figura 5.10 - Difratograma referente à fração <0,300mm>105mm da amostra
PG 454. ............................................................................................................113
Figura 5.11 - Difratograma referente à fração <0,038mm da amostra
PG 454. ............................................................................................................114
12
Figura 5.12 - Difratograma referente à fração <300mm>0,105mm da amostra
Limonita Mud....................................................................................................119
Figura 5.13 - Difratograma referente à fração <0,020mm>0,008mm da amostra
Limonita Mud....................................................................................................120
Figura 5.14 - Difratograma referente à fração <0,008mm da amostra Limonita
Mud. .................................................................................................................121
Figura 5.15 - Difratograma referente à fração <0,300mm>0,105mm da amostra
Limonita Ocre. ..................................................................................................127
Figura 5.16 - Difratograma referente à fração <0,020mm>0,008mm da amostra
Limonita Ocre. ..................................................................................................128
Figura 5.17 - Difratograma referente à fração <0,008mm da amostra Limonita
Ocre. ................................................................................................................128
Figura 5.18 - Espectro infravermelho referente à fração <0,300mm>0,105mm da
amostra PG 562. ..............................................................................................134
13
Figura 5.19 - Espectro infravermelho referente à fração <0,300mm>0,105mm da
amostra PG 965. ..............................................................................................136
Figura 5.20 - Espectro infravermelho referente à fração <0,105mm>0,038mm da
amostra PG 562. ..............................................................................................136
Figura 5.21 - Espectro infravermelho referente à fração <0,300mm>0,105mm da
amostra PG 475. ..............................................................................................138
Figura 5.22 - Espectro infravermelho referente à fração <0,300mm>0,105mm da
amostra PG 454. ..............................................................................................139
Figura 5.23 - Espectro infravermelho referente à fração <0,038mm da amostra
PG 454. ...........................................................................................................139
Figura 5.24 - Espectro infravermelho referente à fração >0,60mm da amostra
Limonita Mud. ..................................................................................................142
Figura 5.25 - Espectro infravermelho referente à fração <0,008mm da amostra
Limonita Mud. ..................................................................................................142
14
Figura 5.26 - Espectro infravermelho referente à fração <0,600mm>0,300mm da
amostra Limonita Ocre. ....................................................................................146
Figura 5.27 - Espectro infravermelho referente à fração <0,008mm da amostra
PG 562. ............................................................................................................146
Figura 5.28 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas de
diferentes tonalidades de cinza. .......................................................................152
Figura 5.29- Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando hematita
pseudomorfa de anfibólio, goethitas (ripinhas e tons de cinza). ......................152
Figura 5.30 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando hematita
pseudomorfa de anfibólio, hematita-martita, goethita (ripinhas e terrosa). .....154
Figura 5.31 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas
(terrosa, botrioidal e G1), hematita-martita e hematita pseudomorfa de anfibólio.
...........................................................................................................................154
15
Figura 5.32 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas
(pseudomorfa e terrosa), hematita-martita e hematita pseudomorfa de
anfibólio. ..........................................................................................................156
Figura 5.33 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethita terrosa
e hematita-martita. ...........................................................................................156
Figura 5.34 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando hematita-
martita, goethita terrosa e maciça. ..................................................................157
Figura 5.35 - Fotomicrografia com nicóis cruzados tirada na mesma posição da
anterior, que ilustra a textura de treliça das hematitas-martitas. .....................157
Figura 5.36 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando hematitas-
martitas em diferentes estágios de alteração. .................................................159
Figura 5.37 - Fotomicrografia da amostra PG 562 tirada na mesma posição da
anterior com aumento maior.............................................................................159
Figura 5.38 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas
(ripinhas e tos de cinza), hematita pseudomorfa de anfibólio e hematita-
martita. .............................................................................................................160
16
Figura 5.39 - Fotomicrografia da amostra PG 562 tirada na mesma posição da
anterior com aumento maior. ...........................................................................160
Figura 5.40 - Fotomicrografia da amostra PG 562 tirada na mesma posição da
Figura 5.38 com aumento maior. .....................................................................162
Figura 5.41 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas
botrioidais alteradas e hematitas-martitas em diferentes estágios de
alteração...........................................................................................................162
Figura 5.42 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethita
botrioidal bem porosa. As regiões marcadas foram analisadas no MEV-
microssonda. ..................................................................................................167
Figura 5.43 - Fotomicrografia em MEV dando maior aumento na Área A da
figura anterior. ...............................................................................................167
Figura 5.44 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethita
botrioidal e hematita-martita, ambas terrosas. As áreas marcadas foram
analisadas no MEV-microssonda. .................................................................169
17
Figura 5.45 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethita
botrioidal alterada e porosa. As áreas marcadas foram analisadas no MEV-
microssonda...................................................................................................170
Figura 5.46 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-
martitas anédricas e subédricas, magnetitas e goethita G1...........................173
Figura 5.47 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando magnetitas
euédricas, hematitas-martitas, goethitas (G1 e botrioidal)..............................173
Figura 5.48 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando palhetas de
hematita-martita relicta e esqueletal em meio a goethita botrioidal e/ou maciça,
porosa...............................................................................................................174
Figura 5.49 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-
martitas relictas em meio a goethita maciça porosa.........................................174
Figura 5.50 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando goethita maciça
porosa, magnetitas euédricas pouco alteradas a hematita e/ou a goethita G1 e
hematitas-martitas anédricas............................................................................176
18
Figura 5.51 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas
lamelares orientadas, hematitas-martitas esqueletais, goethita maciça e
botrioidal e quarto.............................................................................................176
Figura 5.52 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-
martitas esqueletais..........................................................................................178
Figura 5.53 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando magnetitas
euédricas praticamente totalmente alteradas a goethita (G1), goethita maciça
porosa e quartzo...............................................................................................178
Figura 5.54 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando duas partículas
de goethita botrioidal porosa.............................................................................180
Figura 5.55 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-
martitas subédricas a anédricas porosas em meio a goethita terrosa. As áreas
marcadas foram analisadas no MEV-microssonda...........................................180
Figura 5.56 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando uma grande
hematita-martita anédrica apresentando goethita G1. As áreas marcadas foram
analisadas no MEV-microssonda......................................................................183
19
Figura 5.57 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-
martitas anédricas. A área marcada foi analisada no MEV-microssonda.........183
Figura 5.58 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas
lamelares secundárias em meio a goethita maciça porosa..............................187
Figura 5.59 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas
lamelares de diferentes gerações em meio a goethita maciça porosa e
hematitas-martitas contendo goethita G1.........................................................187
Figura 5.60 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando quartzo
secundário associado à goethita.......................................................................188
Figura 5.61 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas-
martitas anédricas a subédricas microporosas, hematita-martita alterada a
goethita G1 e goethita botrioidal porosa...........................................................188
Figura 5.62 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematita-martita
relicta em meio a goethita botrioidal porosa, hematita-martita microporosa e
hematitas lamelares secundárias......................................................................190
Figura 5.63 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando goethita maciça
em meio a hematita e quartzo...........................................................................190
20
Figura 5.64 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematita-
martitas, hematitas lamelares secundárias, goethita ( maciça porosa e
terrosa)..............................................................................................................191
Figura 5.65 - Fotomicrografia da amostra PG 475 na qual foi dado um maior
aumento numa região da Figura 5.64...............................................................191
Figura 5.66 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematita-martita
subédrica contendo magnetita relicta e goethita G1 em meio a goethita
botrioidal...........................................................................................................193
Figura 5.67 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando goethita
botrioidal...........................................................................................................194
Figura 5.68 - Fotomicrografia da amostra PG 475 tirada na mesma posição da
figura anterior, porém com nicóis cruzados.....................................................194
Figura 5.69 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas-
martitas subédricas a euédricas em diferentes graus de alteração em meio a
goethita botrioidal porosa..................................................................................195
Figura 5.70 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas
lamelares e goethita..........................................................................................197
21
Figura 5.71 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando goethita
botrioidal porosa formando a textura do tipo colméia. Também, quartzo........198
Figura 5.72 - Fotomicrografia da amostra PG 475 tirada da mesma região da
Figura 5.63. As áreas marcadas foram analisadas no MEV-microssonda.......200
Figura 5.73 - Fotomicrografia da amostra PG 475 tirada no MEV enfocando uma
região da Figura 5.72........................................................................................200
Figura 5.74 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas-
martitas alteradas a goethita em meio a goethita terrosa. As áreas marcadas
foram analisadas no MEV-microssonda...........................................................202
Figura 5.75 - Fotomicrografia da amostra PG 475 tirada no MEV apresentando
goethita botrioidal e hematitas lamelares. As áreas marcadas foram analisadas
pela microssonda..............................................................................................203
Figura 5.76 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando goethita maciça
e hematita intergranular. As áreas marcadas foram analisadas no MEV-
microssonda......................................................................................................203
Figura 5.77 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita maciça
porosa e quartzo secundário.............................................................................206
22
Figura 5.78 - Fotomicrografia (nicóis cruzados) da amostra PG 454
apresentando goethita botrioidal em meio a goethita maciça porosa e
quartzo..............................................................................................................206
Figura 5.79 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita
botrioidal típica..................................................................................................207
Figura 5.80 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita
botrioidal e hematita botrioidal..........................................................................207
Figura 5.81 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando hematita
botrioidal, goethita botrioidal e hematita-martita...............................................209
Figura 5.82 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita
botrioidal porosa................................................................................................209
Figura 5.83 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando quartzo
secundário em meio a goethita botrioidal porosa.............................................211
Figura 5.84 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita
botrioidal bem alterada......................................................................................212
23
Figura 5.85 - Fotomicrografia da amostra PG 454 tirada na mesma posição da
figura anterior, porém com nicóis cruzados......................................................212
Figura 5.86 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita
botrioidal porosa (diferentes tons de cinza), hematita lamelar e quartzo. As áreas
marcadas foram analisadas no MEV-microssonda...........................................215
Figura 5.87 - Fotomicrografia da amostra PG 454 onde enfocando as Áreas de
10 a 14 da Figura 5.86......................................................................................217
Figura 5.88 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita
botrioidal porosa e hematitas-martitas alteradas a goethita G1. As áreas
marcadas foram analisadas no MEV-microssonda...........................................217
Figura 5.89 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita maciça
porosa, minerais lamelares translúcidos (mica), quartzo secundário e ilmenita.
As áreas marcadas foram analisadas no MEV-microssonda............................218
Figura 5.90 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita maciça
(diferentes tons de cinza), hematita lamelar e quartzo. As áreas marcadas foram
analisadas no MEV-microssonda......................................................................220
24
Figura 5.91 - Fotomicrografia da amostra PG 454 tirada no MEV apresentando
goethita botrioidal típica. As áreas marcadas foram analisadas na
microssonda......................................................................................................221
Figura 5.92 - Fotomicrografia da amostra PG 454 tirada no MEV apresentando
goethita botrioidal e hematita botrioidal. As áreas marcadas foram analisadas na
microssonda......................................................................................................223
Figura 5.93 - Fotomicrografia da amostra PG 454 tirada no MEV apresentando
goethita maciça e quartzo. As áreas marcadas foram analísadas na
microssonda......................................................................................................224
Figura 5.94 - Fotomicrografia da amostra Limonita Mud apresentando goethita
em diferentes estágios de alteração e hematitas-martitas alteradas................226
Figura 5.95 - Fotomicrografia da amostra Limonita Mud apresentando goethita
terrosa e hematita (-martita, botrioidal)............................................................226
Figura 5.96 - Fotomicrografia da amostra Limonita Mud apresentando goethita
terrosa e hematitas lamelares orientadas.........................................................227
25
Figura 5.97 - Fotomicrografia da amostra Limonita Mud apresentando hematitas
lamelares, hematitas-martitas (porosas, com ou sem magnetita relicta), goethita
terrosa...............................................................................................................227
Figura 5.98 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando goethita
bem alterada (terrosa) e hematita-martita pouco porosa..................................230
Figura 5.99 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando uma
partícula que apresenta a textura do tipo colméia............................................231
Figura 5.100 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada na mesma
posição da figura anterior, porém com nicóis cruzados....................................231
Figura 5.101 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando goethita
terrosa e goethita botrioidal...............................................................................233
Figura 5.102 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada na mesma
posição da figura anterior, porém com nicóis semi-cruzados...........................233
igura 5.103 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando goethita
terrosa, caulinita e hematitas (-martita e lamelar).............................................234
Figura 5.104 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada na mesma
posição da figura anterior, porém com nicóis cruzados....................................234
26
Figura 5.105 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando uma
uma bela goethita botrioidal..............................................................................236
Figura 5.106 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada na mesma
posição da figura anterior, porém com nicóis semi-cruzados...........................236
Figura 5.107 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada no MEV
apresentando uma hematita-martita em meio a goethita terrosa. As áreas
marcadas foram analisadas na microssonda....................................................237
27
LISTA DE TABELAS
Tabela III.1 - Os principais óxidos e oxihidróxidos de ferro.................................34
Tabela III.2 - Raio iônico do ferro e de metais substituintes...............................36
Tabela IV.1 - Pontos amostrados, suas respectivas quantidades e principais
constituintes enfocados.....................................................................................75
Tabela IV.2 - Análises químicas e mineralogia das amostras, obtida através da
análise dos difratogramas de raios-X................................................................77
Tabelas V.1 - Resultados das análises granulométricas das amostras de
goethita G1 - (A) PG 562; (B) PG 965..............................................................86
Tabelas V.2 - Resultados das análises granulométricas das amostras de
goethita G2 - (A) PG 475; (B) PG 454..............................................................87
Tabelas V.3 - Resultados das análises granulométricas das amostras de
material limonítico - (A) Limonita Mud; (B) Limonita Ocre.................................88
Tabela V.4 - Resultados das análises químicas e mineralogia (DRX) das
frações da amostra PG 562..............................................................................99
28
Tabela V.5 - Resultados das análises químicas e mineralogia (DRX) das
frações da amostra PG 965............................................................................105
Tabela V.6 - Resultados das análises químicas e mineralogia (DRX) das
frações da amostra PG 475............................................................................111
Tabela V.7 - Resultados das análises químicas e mineralogia (DRX) das
frações da amostra PG 454............................................................................116
Tabela V.8 - Resultados das análises químicas e mineralogia (DRX) das
frações da amostra Limonita Mud...................................................................124
Tabela V.9 - Resultados das análises químicas e mineralogia (DRX) das
frações da amostra Limonita Ocre..................................................................131
Tabela V.10 - Análises químicas e mineralogia das amostras paralelas, esta
última obtida através da análise dos difratogramas de raios-X.......................238
29
LISTA DE NOTAÇÕES
Fe - ferro
Al2O3 - alumina
MgO - óxido de magnésio
MnO2 - óxido de manganês
K2O - óxido de potássio
Cl - cloro
SiO2 - sílica
TiO2 - óxido de titânio
P - fósforo
PPC - perda por calcinação
µm - micrometros
mm - milímetros
mg - miligramas
30
1. INTRODUÇÃO
O ferro é um dos elementos mais abundantes da litosfera, onde entra na
proporção de 4.2%. Aproximadamente 300 minerais têm ferro como
componente essencial, mas somente os óxidos apresentam grandes
concentrações. Depois da redução desses óxidos, o ferro é utilizado
principalmente para a confecção do aço, o principal material aplicado na
indústria moderna.
Os minérios de ferro de maior importância são a magnetita (Fe3O4), hematita
(Fe2O3), goethita (FeOOH), siderita (FeCO3), pirita (FeS2) e pirrotita (FeS), e
finalmente, chamoisita (Mg, Fe)3 Fe3
3+ (AlSi3) O10 (OH)8.
As principais minas de ferro do Brasil estão situadas no Quadrilátero Ferrífero,
centro de Minas Gerais. As reservas totais de minério de ferro do Quadrilátero
ascendem a 29 bilhões de toneladas, incluindo reavaliações executadas e
potencial geológico (DNPM, 1984).
Com a oscilação do mercado do aço, a constante busca por qualidade e a
preocupação com a questão ambiental, levaram a uma maior preocupação do
estabelecimento de uma técnica de explotação mineral mais elaborada e
menos predatória. Para tanto, faz-se necessário uma detalhada caracterização
tanto da jazida quanto do minério a ser explotado.
31
Neste trabalho propõe-se caracterizar minérios goethíticos-limoníticos com o
auxílio da microscopia óptica, microscopia eletrônica e microssonda, difração
de raios-X, análises químicas e espectroscopia infravermelha.
No capítulo seguinte, serão apresentados os objetivos e relevâncias para a
execução deste trabalho. A seguir será feita uma revisão bibliográfica, em
seguida será apresentada a metodologia empregada, posteriormente os
resultados e discussão e, finalmente, as conclusões.
32
2. OBJETIVOS E RELEVÂNCIA
Este trabalho tem como objetivos principais: primeiramente, caracterizar
distintamente a goethita e a limonita presentes em diferentes amostras de
minérios de ferro da mina de Alegria, utilizando-se das técnicas disponíveis e
compatíveis. Outro objetivo é estabelecer quais seriam as técnicas mais
adequadas e indicadas para tal caracterização.
A importância reside, principalmente, no fato de ainda serem escassos
trabalhos de caracterização mineral, especialmente de óxidos de ferro
hidratados, e esta ser uma etapa fundamental para a elaboração de um bom
plano de explotação mineral. Aliado a isto, ainda está o fato destes óxidos
influírem no tratamento do minério, quer produzindo lamas, quer aumentando
as impurezas, quer sendo o responsável pela geração de um concentrado mais
pobre em conteúdo metálico.
33
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo é apresentada uma breve descrição dos principais óxidos e
oxihidróxidos de ferro, em seguida aborda-se a presença destes no meio
ambiente, descrevendo-se primeiramente sua geração e, posteriormente, os
produtos de suas transformações. A seguir, apresentam-se modelos de gênese
dos minérios de Fe; posteriormente, enfocam-se os tipos de jazidas de Minas
Gerais e, finalmente, descreve-se o minério da Mina de Alegria e a implicação
da presença de goethita e limonita no processo da Samarco.
3.1 Os Óxidos, Oxihidróxidos e Hidróxidos de Ferro
Existem treze óxidos, oxihidróxidos e hidróxidos de ferro conhecidos até hoje.
Os mais importantes estão listados na Tabela III.1 (1). Adicionalmente a estes,
existem, ainda, Fe(OH)2, FeO (wüstita), um β-Fe2O3, um ε-Fe2O3 e um FeOOH
de alta pressão.
Todos os óxidos e oxihidróxidos consistem de Fe, O e/ou OH. Eles diferem em
composição, na valência do Fe e, acima de tudo, na estrutura cristalina (1).
34
Tabela III.1 - Os principais óxidos e oxihidróxidos de ferro (1).
Oxihidróxidos
Fórmula Mineral
α-FeOOH goethita
β-FeOOH akaganeíta
γ-FeOOH lepidocrocita
δ-FeOOH feroxihita
Fe5HO8.4H2O ferrihidrita
Óxidos
Fórmula Mineral
α-Fe2O3 hematita
γ-Fe2O3 maghemita
Fe3O4 magnetita
35
3.1.1 Os principais óxidos e oxihidróxidos de ferro
A unidade estrutural básica para todos os óxidos e oxihidróxidos de ferro é um
octaedro, no qual cada átomo de Fe está circundado quer por seis O, quer por
ambos O e OH. Os íons O2- e OH- formam camadas que estão, ou
empacotadas aproximadamente hexagonalmente (hcp), como por exemplo na
goethita e hematita, ou aproximadamente cúbicas (ccp), como na lepidocrocita
e maghemita. Em ambas estruturas, existem também interstícios tetraédricos
entre três O ou OH em um plano e o ânion do plano acima. As duas formas
hcp, goethita e hematita, são denominadas fases-α, enquanto as formas ccp,
correspondentes a lepidocrocita e maghemita, são denominadas fases-γ. As
fases-α são mais estáveis que as fases-γ.
O Fe3+ na posição octaédrica pode ser parcialmente substituído por outros
cátions metálicos trivalentes de tamanho similar (Tabela III.2), tais como Al3+,
Mn3+ e Cr3+, sem modificação da estrutura (substituição isomórfica). Desta
forma, soluções sólidas entre extremos puros e membros intermediários mistos
(tais como FeOOH e AlOOH) são formadas. Outros cátions, e.g. Ni, Ti, Co, Cu
e Zn podem também ser incorporados na estrutura do óxido de ferro.
Os variáveis óxidos e oxihidróxidos de Fe diferem principalmente no arranjo
dos octaedros de Fe(O, OH)6. Goethita, lepidocrocita e akaganeíta, i.e. as
36
Tabela III.2 - Raio iônico do ferro e de metais substituintes (1).
Íon Raio iônico a nm
Fe2+ 0.077
Fe3+ 0.064
Al3+ 0.053
Cr3+ 0.061
Cu2+ b 0.073
Mn2+ 0.082
Mn3+ b 0.065
a O raio iônico depende se o íon está no estado de alto ou baixo spin. Na
estrutura do óxido de ferro (e quando existe uma escolha), os íons listados aqui
adotam o estado de alto spin.
b Estes íons mostram o efeito Janh-Teller que leva a uma distorção da esfera
de coordenação do íon.
37
formas FeOOH, todas consistem de bandas duplas de bordas compartilhadas
de octaedros FeO3(OH)3 (Fig. 3.1). Na goethita (α-FeOOH), as bandas duplas
são ligadas por vértices compartilhados de tal forma que formam "túneis"1de
octaedros de arranjo 2 x 1, atravessados por pontes de hidrogênio. Akaganeíta
(β-FeOOH) contém canais limitados por octaedros duplos, resultando em um
arranjo 2 x 2. Estes canais são estabilizados por serem preenchidos com
quantidades variáveis de ânions cloreto e água. Na lepidocrocita, as bandas
duplas dos octaedros compartilham bordas para formarem camadas em zig-
zag, que são ligadas umas às outras por ligações de hidrogênio (OH-O). Em
todas estas estruturas, apenas a metade dos interstícios octaédricos são
preenchidos com Fe3+ (1). Hematita consiste de camadas de octaedros de FeO6,
ligados por bordas e faces compartilhadas e empilhados perpendicularmente à
direção c. Dois terços dos interstícios octaédricos são preenchidos com Fe3+. A
face compartilhada (hachurada na Fig. 3.1) é aperfeiçoada por uma ligeira
distorção do octaedro, que causa um deslocamento regular dos íons de Fe. A
distorção e a ausência de ligações de hidrogênio leva a uma estrutura
compacta que é responsável pela alta densidade de 5,26 g cm-3.
1Enquanto os canais na akaganeíta são verdadeiros túneis moleculares,
grandes o bastante para acomodarem ânions, os "túneis" na goethita são do
tamanho suficiente para a passagem de prótons.
38
Figura 3.1 - Modelos idealizados das estruturas da goethita, lepidocrocita,
akaganeíta e hematita. As linhas duplas nas estruturas da goethita e
lepidocrocita representam ligações de hidrogênio (1).
39
Na estrutura cúbica de ambas, magnetita e maghemita, 1/3 dos interstícios são
coordenados tetraedricamente com oxigênio e 2/3 são coordenados
octraedricamente. Elas possuem uma estrutura de espinélio invertido onde as
posições tetraédricas são completamente ocupadas por Fe3+ e as octaédricas
por quantidades iguais de Fe3+ e Fe2+. As quantidades de posições por unidade
de cela são respectivamente 32 de O e 24 de Fe . Na magnetita, todas estas
posições de Fe são preenchidas, enquanto que na totalmente oxidada
maghemita (γ-Fe2O3), produzida a partir da magnetita, o número de posições
ocupadas pelo Fe é reduzido para 21 1/3, para as mesmas 32 posições de
Oxigênio (1- 2)
.
Apenas uma tentativa de estrutura foi sugerida para a ferrihidrita. O arranjo dos
oxigênios lembra aquele da hematita, entretanto, algum O é substituído por
OH2 e menos Fe ocorre nas posições octaédricas, levando a uma razão O/Fe
maior e à ausência das linhas fortes de difração da hematita (Towe & Bradley,
1967; Chukhrov et al., 1973) (3-4) .
3.1.1.1 Hematita
α-Fe2O3.
Dados Gerais. Frequentemente muito pura. O conteúdo de FeO, sem exceção,
parece ser devido a magnetita misturada. Sistema hexagonal, classe trigonal-
escalonaédrica. Os cristais são de morfologias muito diferentes podendo estar
40
sob a forma de placas delgadas agrupadas em forma de rosetas; mais
raramente podem ser nitidamente romboédricos, usualmente terrosa, também
em configurações botrioidais a reniformes, micácea e laminada, especular.
Dureza = 6, densidade = 4.9-5.3 e, em cristais puros, 5.2. Brilho metálico azul
do aço, comumente variadamente embaçado, nos cristais, e opaco nas
variedades terrosas (5-6).
Comportamento na microscopia de luz refletida. Muito brilhante e branca, pura
quando não comparada a outros minerais. Em comparação com sulfetos
amarelos, e especialmente com o ouro, a hematita aparece embaçada e muito
mais azul-acinzentada do que dá a impressão, quando em contrastes normais.
Reflexões internas: vermelho intenso; no ar são visíveis, ocasionalmente; no
óleo e/ou com nicóis cruzados, são abundantes (5).
Trama. Exsolução. Há uma sequência de solução sólida entre FeTiO3 e Fe2O3.
Até aproximadamente 10% de FeTiO3, a solução sólida é estável e forma a tão
chamada “ilmenita” branca, que é semelhante à hematita, tendo apenas uma
coloração algo mais amarronzada quando em pó, reflectividade e dureza mais
baixas e mostrando reflexões internas, mais raramente (5).
Estruturas e texturas. Todas as propriedades estruturais são fortemente
dependentes das condições de formação e, desta forma, completamente
variáveis. Geralmente, existe uma forte tendência ao idiomorfismo. A hematita
formada a altas temperaturas é, via de regra, desenvolvida sob a forma de
41
cristais robustos. As que ocorrem em locais de contato metassomático são,
com freqüência, aproximadamente isométricas, por causa do desenvolvimento
preferencial de (1011) e (2243). Ela é frequentemente tabular e muitas vezes
desenvolve-se sob a forma de lâminas delgadas, que são facilmente onduladas
durante o processo tectônico.
3.1.1.2 Magnetita
FeIIFe2IIIO4 ou Fe3O4
(5).
Dados Gerais. Sistema isométrico, classe hexaoctaédrica. Frequentemente
ocorre em cristais de hábito octaédrico, geminados ocasionalmente. Os
dodecaedros são mais raros. Outras formas são raras. Usualmente maciça
granular, com granulação grossa ou fina. Apresenta dureza = 5 ½ e densidade
= 5,2 (variável). É fortemente magnética, opaca, brilho preto, submetálico, com
perceptíveis tons variados de marrom ou cinza, azul do aço em partes
intemperizadas. No que concerne à estrutura, parece que a fórmula da
magnetita deva ser mais apropriadamente escrita como FeIII(FeIIFeIII)O4, uma
vez que o maior FeII está, espantosamente, situado nos pequenos espaços
tetraédricos dos oxigênios densamente empacotados (“estrutura de espinélio
invertida”). Nas formas de alta temperatura, FeII pode ser substituído por Mg,
Mn, Zn, Ni, Ti; e FeIII por Al, Ti, V, Cr (5-6).
Comportamento na microscopia de luz refletida. A reflectividade é moderada; a
primeira impressão de cor é um cinza, com tonalidades variáveis de marrom
claro.
42
Físico-química. Magnetita é o óxido de ferro que, comparado com a hematita,
vem a ser o mais estável a alta temperatura e baixa pressão de oxigênio, (o
óxido de menor conteúdo em oxigênio, FeO (wüstita) é formado muito
raramente em condições excepcionalmente redutoras e preservado somente
por resfriamento extremamente rápido). Para geotermobarometria, magnetita
pode somente ser utilizada raramente, e.g. se a pressão de oxigênio é
conhecida, naquele caso em particular.
A deformação é muito comum. A magnetita frequentemente forma-se muito
cedo e, por esta razão, tem muita oportunidade de sofrer deformação.
3.1.1.3 Maghemita
γ-Fe2O3.
Dados gerais. Ferróxido magnético, que é formado sob certas condições de
oxidação da magnetita, e que é facilmente sintetizada abaixo de 570°, através
de desidratação da lepidocrocita. Sistema cristalográfico cúbico, dureza = 5 e
densidade = 4,4. Ela ocorre em massas amarronzadas, com tonalidades
mutantes e pode também ser preta-azulada (5).
Comportamento na microscopia de luz refletida. Branca a azul-acinzentado,
com reflectividade moderada. No óleo, a cor é decididamente mais para um
cinza-azulado, que é mais escuro do que aquele da hematita e mais claro do
43
que o da goethita e da lepidocrocita. Reflexões internas são raras; quando
presentes, elas têm a cor de um traço marrom forte (5).
Físico-química. Maghemita é uma forma metaestável de Fe2O3, com a estrutura
de magnetita. Impurezas (V, Ti) parecem favorecer a formação da maghemita,
a partir da magnetita, e parecem deixar a maghemita mais estável. Do ponto de
vista estrutural, seria bem mais apropriado denominá-la como uma magnetita
deficiente em ferro.
3.1.1.4 Goethita
α-FeOOH. Recebeu este nome em homenagem ao poeta alemão Goethe (6).
Dados Gerais. A goethita é um mineral do sistema ortorrômbico, classe
bipiramidal, com seus cristais de forma acicular, maciça, reniforme,
estalactítica, em agregados fibrosos radiais. Apresenta clivagem {010} perfeita,
dureza 5-5 12
, densidade 4,3, brilho adamantino a opaco, podendo ser sedoso
em algumas variedades finamente escamosas ou fibrosas. Sua cor varia de
castanho-amarelada a castanho-escuro; amarela a vermelho-alaranjada em
seções delgadas e, em luz refletida, apresenta-se cinza com anisotropismo
moderado. Além da fórmila básica FeOOH, pode conter quantidades variáveis
de água adsorvida, bem como Al2O3, CaO, BaO, SiO2 (5-7).
44
Ela é uniaxial negativa, a temperaturas normais, para comprimentos de onda
entre 610 e 620 µm e, frequentemente, ocorre em variedades fibrosas que
podem mostrar efeitos ópticos anômalos. Difere da hematita por seu traço
amarelo; em geral, ela tem cor mais próxima de amarelada do que a
lepidocrocita, que é amarronzada. Na desidratação, ela resulta em hematita
(α-Fe2O3), que é paramagnética, enquanto a lepidocrocita resulta em
maghemita (γ-Fe2O3), que é ferromagnética.
Este mineral comumente ocorre como um produto de intemperismo de minerais
de ferro, tais como a siderita, magnetita, pirita e outros. É normalmente
formada sob condições oxidantes e engloba muito material classificado, até o
momento, como limonita. Ela acumula-se como um precipitado direto, tanto de
águas meteóricas, como marinhas (7).
Comportamento na microscopia de lua refletida. A cor e os valores da
reflectividade variam bastante, dependendo do polimento, porosidade, tamanho
de grão, etc. Massas finamente granuladas têm, pela frequência de reflexões
internas translúcidas, refletividade baixa. A birreflectância é pequena, mas
sempre visível em grãos grossos. Esta modifica-se um pouco com a
quantidade de água adsorvida. No ar, // a elongação, é cinza mais claro e cinza
amarronzado; ⊥, é parcialmente cinza claro, parcialmente mais escuro, a cor
sendo mais amarronzada em ambas as direções (5).
45
Trama. Propriedades internas dos grãos. Frequentemente, texturas
características de gel cristalizado podem ser reconhecidas. As fibras cristalinas
são sempre arranjadas perpendicularmente às superfícies das massas
botrioidais ou do tipo crosta. Frequentemente, belas e ritmicamente alternadas
conchas concêntricas, que estão conformantes com a superfície dos
agregados, tornam-se visíveis, devido a pequenas variações no tamanho de
grão, propriedades de polimento ou sensibilidade ao ataque de ácidos. Muito
comumente, as fibras ocorrem em um arranjo radial. Localmente, a forma de
outros minerais é exatamente retida por pseudomorfismo de óxidos hidratados
de ferro. Entretanto, intercrescimentos cristalograficamente orientados com os
minerais originais, só são raramente observados. Grandes cristais
independentes são raros (5).
Substituições de quase todos os minerais portadores de ferro por goethita
(limonita) são comuns, geralmente como resultado de intemperismo (5).
3.1.1.5 Lepidocrocita
γ -FeOOH, de acordo com Böhm (1928) (8).
Dados Gerais. Comumente muito contaminada e, ocasionalmente, MnIII ou CoIII
substituem o Fe. Sistema cristalográfico ortorrômbico. Clivagem (010) perfeita,
e (100) e (001) distintas. Quebradiça. Dureza = 5 e densidade = 4,09. Em
fragmentos delgados, brilho submetálico translúcido vermelho-rubi (5).
46
Comportamento na microscopia de luz refletida. As propriedades ópticas
variam consideravelmente na lepidocrocita, mas a reflectividade e cor são mais
parecidas com as da hematita, i.e., o brilho é mais intenso e a cor mais
esbranquiçada. A birreflectância no ar é bem mais distinta do que a da goethita
e torna-se muito alta no óleo: a = branco azulado, muito brilhante, quase como
aquele da hematita especular, b = cinza escuro, quase negro (o cinza mais
escuro), c = cinza moderado, de tom esverdeado; aqui o brilho é
aproximadamente o mesmo da goethita. As reflexões Internas são, não
obstante, realmente numerosas em muitos casos, mas às vezes observadas
apenas no óleo ou com nicóis cruzados. A cor é vermelho-amarronzado,
raramente amarelo-avermelhado ou marrom-avermelhado, em qualquer dos
casos, sem o vermelho brilhante da hematita. Quando sob a forma de massas
finamente granuladas ou porosas, apresentam cor, em alguns casos, indistinta
daquela da goethita ou da maghemita.
Trama. Geminação e zoneamento ainda não foram observados, mas
aparentemente nenhum estudo sistemático foi feito. O tamanho de grão e sua
forma são extremamente variáveis; antigas estruturas de gel rítmicas não são
raras, mas menos frequentes do que na goethita. Em muitos casos, finas
nervuras de lepidocrocita são encontradas em massas reniformes de minério
marrom, onde aparentemente preenchem gretas de contração. Em alguns
depósitos, elas ocorrem preferivelmente sob a forma de grandes e bem
desenvolvidos cristais tabulares (5).
47
3.1.1.6 Akaganeíta
β-FeOOH.
Sistema cristalográfico tretragonal, apresentando, frequentemente geminação
pseudohexagonal // a (332). A granulação é extremamente fina. Densidade
= 3,6 (5).
De acordo com Keller, a akaganeíta não é FeOOH, mas Fe8(O, OH)16(Cl, F,
OH)22.
Ela forma-se na hidrólise de FeCl3. Aquecendo-se a akaganeíta até 220° C ela
gera hematita (5).
3.1.1.7 Ferrihidrita
Fe5HO8.4H2O (1)
.
Um adicional hidróxido de ferro, a ferrihidrita, Fe5(O4H3)3, foi descrita por
Chuchrov (1974) (9). Originalmente coloidal, ela torna-se terrosa durante o
ressecamento e é somente parcialmente cristalina. É naturalmente formada por
bactérias ferruginosas como a Galionela entre 4 -27° C, é muito instável.
48
3.1.1.8 Limonita
FeOOH.nH2O (6). Este nome deriva da palavra grega significando prado, em
alusão à sua ocorrência nos pântanos ou brejos (6).
A limonita é amorfa ou criptocristalina, apresentando-se sob a forma de
massas mamilares a estalactíticas, concreções, nodular, terrosa e
ocasionalmente vítrea(4-5)
. Apresenta dureza 4-5 12
, densidade 2,7-4,3 e cor
variando de amarelada, amarronzada, marrom alaranjada, etc. Seu traço varia
de amarelo a marrom avermelhado. Ela é normalmente isotrópica, mas pode
mostrar também birrefringência anômala. Em luz transmitida, é amarela, com
tonalidades de marrom a vermelha, sendo vermelha amarronzada em luz
refletida.
Embora considerada originalmente como tendo uma fórmula definida
(2Fe2O3.3H2O), tem sido mostrado que ela constitui-se principalmente de
goethita criptocristalina ou lepidocrocita, contendo água adsorvida: alguma
hematita deve também estar presente. O nome limonita não é mais aceito
como um nome de mineral, mas foi previamente usado na literatura de solos
para descrever-se acumulações de óxidos de ferro marrons, da cor da
ferrugem. Este nome é reservado como um termo de campo ou para descrever
óxidos hidratados de ferro pobremente cristalinos e de identidade
desconhecida (2-6)
.
49
Análises de limonitas, além de mostrarem um conteúdo variável em água,
frequentemente apresentam outros elementos, devido à íntima mistura de
óxidos hidratados de ferro com sílica coloidal, fosfatos, argilo-minerais,
produtos de decomposição orgânica e óxidos hidratados de alumínio (6)
.
A limonita é comum como um produto de alteração de minerais de ferro, mas é
encontrada em todos os tipos de rochas. Ela ocorre comumente como um
precipitado biogênico em pântanos, mas também é tipicamente encontrada no
gossan ("chap
éu de ferro") ou no manto de intemperismo de vários veios metalíferos,
ocorrendo como partículas microscópicas pigmentando outros minerais. Está
frequentemente associada com hematita e com minérios de manganês (6)
.
3.2 Óxidos e Oxihidróxidos de Ferro no Meio Ambiente
3.2.1 Geração
Óxidos e oxihidróxidos de ferro estão muito difundidos na natureza. Eles são
encontrados em solos e rochas, lagos e rios, no assoalho marinho, no ar e em
organismos (1).
Eles são normalmente introduzidos no ambiente durante o intemperismo das
rochas. De forma bem genérica, durante este processo de intemperismo,
50
diversos elementos são remobilizados mediante reações de hidrólise e
oxidação. Aqueles elementos imóveis ou pouco móveis nestas condições,
tendem a se concentrar no perfil oxidado (formando um enriquecimento
supergênico), já aqueles altamente móveis tendem facilmente a ser
transportados para fora do sistema (1-10).
Nas rochas primárias (magmáticas), a maioria do ferro está localizada nos
silicatos de Fe(II) tais como os piroxênios, anfibólios, biotitas e olivinas; o ferro
pode também ser encontrado em sulfetos como a pirita, FeS2. Durante o
intemperismo, os silicatos são decompostos por oxidação e hidrólise: (1)
-Fe(II) - O - SiO3 + + →O H O2 2, -Fe(III) - OH + H4SiO4 (1)
Por exemplo, a formação da goethita (α-FeOOH) a partir de uma olivina
(faialita) (eq. 2) ou a partir de pirita (eq. 3) ou a partir de magnetita (eq. 4 e 5)
pode ser escrita como: (1-10)
Fe2SiO4 +1/2 O2 +3 H2O → 2 α-FeOOH + H4SiO4 (2)
4 FeS2 + 15 O2 + 10 H2O → 4 α- FeOOH + 8 H2SO4 (3)
51
Fe3O4 + 5 H2O → 3 Fe (OH)3 + H+ + e- (4)
↓
4 Fe (OH)3 → 4 FeOOH +4 H2O (5)
(Goethita)
Nestas reações, o oxigênio serve como um receptor de elétrons.
Os óxidos de Fe(III) resultantes possuem baixa solubilidade, daí quantidades
mensuráveis de íons Fe3+ em solução estarem presentes sob condições
ácidas, e.g. aquelas resultantes de oxidação de pirita (eq. 3). Uma vez na zona
de intemperismo, óxidos de Fe(III) podem, entretanto, ser remobilizados sob
condições anaeróbicas por redução microbiana: (1)
4 FeOOH + CH2O + 8 H+ → 4 Fe2+ + CO2 + 7 H2O (6)
Este processo envolve transferência enzimática de elétrons pelos
microrganismos da biomassa orgânica (escrita como CH2O) para Fe(III). A
concentração resultante de Fe2+ na solução aumenta com o decréscimo do
potencial redox (aumentando a "concentração de elétrons") e com o
decrescimento do pH (eq. 4). Uma vez mobilizado pela redução microbiana, o
Fe2+ pode ser redistribuído no meio-ambiente. Óxidos de ferro formados pelo
intemperismo da superfície exibem três características principais. Eles colorem
o material no qual estão misturados, onde estão presentes apenas como
cristais muito pequenos (5 - 100 nm de tamanho) e eles mostram uma grande
52
e reativa área superficial. Adicionalmente, existe frequentemente uma
substancial substituição de Fe por Al na estrutura do óxido (1)
.
Precipitação, dissolução e reprecipitação de óxidos de Fe no ambiente
dependem muito de fatores, tais como pH, Eh, temperatura e atividade da
água. Goethita e hematita são os óxidos de Fe termodinamicamente mais
estáveis sob condições aeróbicas de superfície sendo, desta forma, os óxidos
de Fe mais difundidos em solos e sedimentos. Outros óxidos de Fe, entretanto,
são também encontrados na natureza, pois embora termodinamicamente
menos estáveis, sua formação é cineticamente favorecida (1).
3.2.2 Produtos de transformação de óxidos de Fe pré-formados e texturas
Magnetita. Ela altera-se de maneira complexa tanto para hematita, pela adição
de oxigênio, quanto para uma fase deficiente em metal, fase lacunar que
essencialmente retém a estrutura de espinélio da magnetita original. O modelo
de formação da martita sugerido é amplamente baseado naquele de Davis et
al. (1968) (11) e mostrado diagramaticamente nas Figs. 3.2 e 3.3. Nele é
sugerido que o íon ferroso difunde-se através da estrutura para superfícies
53
Fig. 3.2. Representação simplificada sob a forma de diagrama dos produtos de
oxidação da magnetita. Os dois processos básicos envolvem oxidação pela
adição de oxigênio (ver Fig. 3.3) e a migração do Fe2+ para fora da estrutura.
Kenomagnetita é usada para descrever fases de espinélio deficientes em
metal, tendo composição entre magnetita e maghemita (12).
54
Fig. 3.3. Representação diagramática da oxidação da magnetita pela difusão
do oxigênio ao longo dos planos de partição octaédricos, onde este reage com
o Fe2+, migrando da magnetita para formar lamelas de hematita. Subsequente
inversão a hematita, a partir da fase residual de espinélio deficiente em metal,
completa o processo de martitização. Baseado no modelo de Davis et al.
(1968) (11).
55
internas onde, através da reação com o oxigênio, ele forma a hematita no plano
ou entre os planos de partição octaédricos da magnetita, e desta forma,
produzindo a textura de treliça. A fase de espinélio deficiente em metal
restante (γ-Fe2O3), deve então inverter-se à fase romboédrica α-Fe2O3,
hematita, convertendo todo o grão a martita. Esta "oxidação aérea"
teoricamente produz um aumento de 2% no volume e pode ser mostrada
simplesmente como:
2 Fe3O4 + 1/2 O2 → 3 α-Fe2O3 ou pela reação com água freática, como:
2 Fe3O4 + H2O → 3 α-Fe2O3 + 2 H+ 2 e -
O segundo processo mostrado na Fig. 3.3, pode prosseguir apenas sob
condições anóxicas, pela perda de Fe2+ da estrutura do cristal para a água,
para gerarem-se espinélios com deficiência em metal. Nesta sequência de
oxidação, o produto final é γ-Fe2O3 (maghemita), a qual é melhor expressa
como Fe8/3�1/3O4, onde o quadrado representa as vacâncias deixadas pelos
cátions.
Kenomagnetita [Keno = vazio (do Grego)] (8) é um termo conveniente para
diferentes fases intermediárias [Fe3-x�xO4] entre magnetita e maghemita.
56
Apesar de não ser possível atualmente determinar-se o estado de oxidação
destas diferentes fases de kenomagnetita, uma tentativa de se estabelecer
uma sequência de oxidação baseada na cor tem sido determinada
empiricamente das relações mineralógicas. Tipicamente, a magnetita fresca é
de cor cinza a castanho claro. Na medida em que a oxidação prossegue, o
castanho torna-se mais escuro com o desenvolvimento de uma distinta
tonalidade rosa-amarronzada. Assim que a fase final é aproximada, a cor
escurece a uma tonalidade de terra “arroxeada”; a seguir, torna-se
distintamente azulada, gradualmente tornando-se mais clara e com maior
reflectividade até que todo o grão seja uma maghemita azul clara (12).
Foi observado por Morris (12) na província de Hamersley (Austrália) que a
maghemita azulada, presumidamente membro final da sequência, é rara,
comparada às kenomagnetitas muito comuns, de cor rosada e amarronzada.
Foi também observado por ele que, nas rochas desta província, não é sempre
que a kenomagnetita forma-se sem que pelo menos alguma martita-hematita
forme-se também, quer seja como lamelas entrelaçadas quer seja seguindo os
padrões de crescimento. Muito frequentemente, a kenomagnetita é
subsequentemente substituída por goethita. Ramdohr (1969) (13) sugeriu a
conversão direta de magnetita não oxidada a goethita, mas isto é improvável,
uma vez que a oxidação desta a hematita é energeticamente mais favorável
que a hidratação desta a goethita (12-14). Em termos empíricos, a presença de
goethita pseudomorfa de magnetita, ou a observação de significante
porosidade na martita, pode normalmente ser tomada como uma indicação da
57
prévia existência de uma fase de kenomagnetita -- a porosidade sendo
resultante da lixiviação da goethita derivada da kenomagnetita (Morris, 1980)
(12-15).
No seu modo mais simples, a “magnetita” ocorre em rochas oxidadas e
minérios como grãos euédricos de martita, mais facilmente reconhecida onde a
oxidação resultou em uma característica textura de treliça (rede angular de
lamelas de hematita entrelaçadas). Com recristalização posterior, esta textura
pode reorientar-se e gerar áreas que se extinguem uniformemente, um fino
agregado de domínios variadamente orientados, ou mesmo um único cristal
de hematita (12-15).
Se durante o processo de oxidação, a hematita substitui apenas parte do grão
deixando ilhas de magnetita não substituída (kenomagnetita), esta última pode
ser hidratada a goethita, em parte ou totalmente. Lixiviação subsequente desta
goethita, preferencialmente à hematita, dá origem a umas das feições texturais
mais comuns em minérios de ferro -- a textura esqueletal (15).
Hematita. A hematita é preferivelmente estável sob a maioria das condições de
alteração supergênica. Sabe-se de apenas um processo de sua transformação
supergênica - substituição por goethita. Schwertmann (1971) (16) foi o primeiro a
mostrar que hematita é goethitizada na natureza em uma ampla escala.
Embora a hidratação direta da hematita para formar goethita, sob condições
supergênicas, seja teoricamente possível, Langmuir (1971) (17) considerou esta
58
conversão cineticamente impraticável. Sendo assim, a tão notificada
"hidratação" da hematita para formar goethita, necessita de esclarecimento (1-
12). Sabe-se que existem depósitos ricos em goethita que apresentam
evidências de terem sido originalmente ricos em hematita. Mas as goethitas
destes depósitos ocorrem como massas ocres, botrioidais ou coliformes, não
como um estado sólido ou como substituição metassomática de cristais
individuais de hematita. Muito provavelmente, a hematita original foi
solubilizada, com o auxílio de matéria orgânica e o ferro posteriormente
reprecipitado como goethita ou como hematita coliforme, levando à destruição
da textura original -- um processo comum durante a laterização (12-14).
A hematita em formações ferríferas bandadas não pode ser dita como
possuindo uma morfologia e textura típicas, uma vez que estas variam
enormemente em forma, desde diminutas placas ou lamelas inclusas, até
agregados anédricos compactos (15).
A hematita pode forma-se como microcristais disseminados substituindo
goethita, comumente preservando a textura da goethita pseudomorfisada,
podendo até localmente acentuar esta textura. A hematita de substituição
normalmente, é facilmente distinguida ao microscópio da hematita primária e
da martita, por sua reflectividade menor e aparência mais manchada (15).
Goethita. Nenhuma transformação direta de goethita para hematita por
simples desidratação, estando ambas no estado sólido, tem até aqui sido
59
observada sob condições de superfície (esta pode, entretanto, ocorrer após
soterramento) (1). A visão errônea de que hematita proveniente de
intemperismo da crosta e solos origina-se da desidratação da goethita ainda
ocorre na literatura (cf. Gallaher et al., 1972) (18). A descoberta da ferrihidrita
como a proto-substância da hematita supergênica ajuda a trazer uma luz para
esta questão. Em um estágio inicial da formação da crosta, silicato de ferro
separa-se como goethita. Ferrihidrita não é formada a partir de silicatos
ferríferos, desde que a oxidação do ferro ocorre já dentro das estruturas dos
minerais primários, isto sendo de fato uma das causas de seu decaimento;
normalmente, goethitas pseudomórficas desenvolvem-se em variados silicatos
ferríferos, em tais condições (19).
Em períodos quando a crosta tropical de intemperismo torna-se saturada em
umidade, contendo substâncias orgânicas extraídas do solo, o ferro da goethita
é reduzido e passa para solução na forma de bicarbonato. Nos períodos de
dessecação ela (crosta) torna-se intensamente oxidada com a participação de
bactérias de ferro, levando à formação de ferrihidrita, que posteriormente
transforma-se em hematita (19).
A goethita resultante da alteração da hematita pode ter duas formas diferentes.
A primeira, como partículas alongadas formando, desordenadamente,
agregados aproximadamente arredondados, compostos por microcristais. Este
é o resultado de uma reorganização in situ da hematita para goethita. A outra
forma da goethita é acicular e desenvolve-se perpendicularmente aos cristais
60
primários, envolvendo-os. Os cristais primários podem ser hematita ou quartzo
e a goethita é formada por redistribuição do ferro que é carregado adiante, o
qual promove a cimentação das partículas (20).
Ferrihidrita. Este mineral é instável e com o decorrer do tempo transforma-se
espontaneamente na estável hematita; esta transformação é facilitada pela
similaridade estrutural dos dois minerais. Hematita formada a partir da
ferrihidrita é amplamente espalhada em produtos de intemperismo antigo (19).
A ferrihidrita é transformada em goethita sob a ação de : (a) soluções altamente
ácidas, (b) soluções altamente alcalinas, e (c) soluções de sais de Fe2+ .
Ferrihidrita recentemente precipitada é especialmente susceptível à
goethitização. O aquecimento acelera as reações de transformação. Quando
ferrihidrita precipita-se em uma solução altamente alcalina, com pH acima de
11 ou 12, ela transforma-se em goethita. A transição de ferrihidrita a goethita
em soluções contendo íons Fe2+ é facilmente estabelecida em experimentos;
não existem dúvidas de que este processo ocorra na natureza. A
transformação espontânea da ferrihidrita em hematita e sua transição em
goethita são retardadas, se a ferrihidrita contém uma sílica fina misturada (19).
A presença de íons externos frequentemente modifica a cinética dos processos
concorrentes envolvidos na transformação da ferrihidrita e, assim, altera a
proporção de goethita e hematita no produto. Íons bivalentes metálicos podem
também causar a transformação de ferrihidrita em uma fase de espinela (19).
61
Reportou-se a transformação da ferrihidrita para ainda uma outra fase --
lepidocrocita (γ-FeOOH). Esta interconversão foi atingida num ambiente
levemente ácido, sob a influência de um ligante redutor orgânico (21).
Lepidocrocita. Apesar de sua baixa estabilidade termodinâmica, comparada
com a goethita, a lepidocrocita ocorre em produtos de intemperismo
preferivelmente antigo, i.e. ela pode existir por um longo tempo. Uma “forçada”
transformação da lepidocrocita em goethita é realizada sob a ação de soluções
alcalinas ou de sais de ferro bivalente aquecidas a 70° C -- num ambiente
totalmente diferente de qualquer zona natural. Lepidocrocita, bem como a
goethita, pode ser transformada em hematita através de uma alternação de
ambientes redutores e oxidantes (19).
3.3 Gênese dos Minérios de Ferro
3.3.1 Conceitos básicos
3.3.1.1 Cristal
Define-se cristal (6) como um sólido homogêneo possuindo ordem interna
tridimensional que, sob condições favoráveis, pode manifestar-se externamente
por superfícies limitantes, planas, lisas. Este termo pode ser usado em seu
sentido mais amplo com modificadores indicando perfeição de
62
desenvolvimento. Assim, um sólido cristalino com faces bem formadas diz-se
que é idiomórfico (euédrico); se possui faces imperfeitamente desenvolvidas,
subidiomórfico (subédrico) e, sem faces, informe (anédrico).
3.3.1.2 Cristalino
É um termo usado para indicar a posse de um arranjo ordenado de átomos na
estrutura de uma substância (6).
3.3.1.3 Criptocristalino
Certas substâncias cristalinas existem com granulações tão finas que a
natureza cristalina somente pode ser determinada com a ajuda do microscópio.
Tais substâncias são designadas como microcristalinas. Usa-se o termo
criptocristalino para designar agregados que estão divididos tão finamente que
os indivíduos não podem mais ser identificados com o microscópio, dando no
entanto um padrão de difração com os raios-X (6).
3.3.1.4 Substância Amorfa
Embora a maioria das substâncias, assim naturais como sintéticas sejam
cristalinas, a algumas delas falta qualquer estrutura interna ordenada. Diz-se
que tais substâncias são amorfas (6).
63
3.3.1.5 Mineralóides
Existe um certo número de substâncias minerais, cujas análises não dão
fórmulas químicas definidas que, ademais, não mostram sinais de que sejam
de natureza cristalina. Foram chamadas minerais coloidais ou mineralóides. Os
mineralóides formam-se sob condições de pressão e temperatura baixas e,
comumente, são substâncias que se originam durante processos de alteração
dos materiais da crosta da Terra. Ocorrem, caracteristicamente, sob a forma de
massas mamilares, botrioidais, estalactíticas e configuradas semelhantemente.
A capacidade que têm estes minerais de absorver outras substâncias em
escala considerável explica suas variações de composição química, muitas
vezes amplas. A limonita e a opala são exemplos comuns de minerais
coloidais (6).
3.3.1.6 Pseudomorfos
Se um cristal de um mineral está alterado de modo que se mudou a estrutura
interna, ficando preservada no entanto a forma externa, chamam-no um
pseudomorfo, ou forma falsa. A composição química e a estrutura de um
pseudomorfo pertencem a uma espécie mineral, ao passo que o contorno do
cristal corresponde a outra (6).
64
3.3.1.7 Formação Ferrífera Bandada (BIF)
Atualmente, é geralmente aceito que este termo refere-se a “rochas finamente
acamadadas ou laminadas, nas quais camadas de chert (ou seu equivalente
metamórfico) alternam-se com camadas que são compostas principalmente de
minerais de Fe” (James, 1983) (22). Os minerais de Fe incluem hematita,
magnetita e silicatos ou carbonatos, usualmente intercrescidos, até certo grau,
com chert. Goethita é encontrada apenas em rochas intemperizadas.
Neste trabalho, o termo “BIF” geralmente refere-se às rochas ricas em óxidos,
a partir das quais o volume principal dos minérios de Fe enriquecidos foi
formado. Estas BIFs são algumas vezes descritas como consistindo
inteiramente de quartzo e óxidos, possivelmente porque nenhuma amostra
fresca estava disponível para um exame petrográfico. Um estudo mais
detalhado, particularmente em amostras não intemperizadas, geralmente
mostra evidências de ambos carbonatos e silicatos, mesmo que em menor
proporção (12).
3.3.1.8 Itabirito
Este deve ser definido como uma “formação ferrífera bandada da facies óxido,
laminada e metamorfisada, na qual as bandas de chert ou jaspe originais foram
recristalizadas em quartzo granular megascopicamente distinguível e na qual o
ferro está presente como hematita, magnetita ou martita”. Dolomita ou
65
anfibólios, estes últimos comumente cummingtonita e tremolita, localmente
substituem, em maior ou menor grau, o quartzo no itabirito. Onde a dolomita ou
anfibólio são abundantes, a magnetita e seus produtos de oxidação também o
são (23).
Itabirito fresco é duro, denso, quebradiço e resistente à erosão mecânica, mas
não ao intemperismo químico (23).
3.3.1.9 Minério de ferro
Este termo é usado para tamanha variedade de materiais, que normalmente é
difícil compreender-se o que é precisamente pretendido pelo mesmo. O uso
petrográfico mais antigo para este termo, como o de um sinônimo de minerais
acessórios opacos, está felizmente desaparecendo. Ele ainda persiste,
particularmente em traduções em inglês, como uma alternativa para minerais
tais como hematita, magnetita e siderita. Minério de Fe é também utilizado
como um sinônimo para formações ferríferas em geral (12).
Como um termo econômico, minério de ferro poderia ser razoavelmente
restrito às rochas que foram, estão sendo ou poderão vir a ser explotadas
comercialmente, por causa de seu conteúdo em Fe (12).
66
No presente trabalho, minério de ferro ou minério, quando usado sozinho irá
indicar material derivado de BIF e de importância econômica, no qual o
conteúdo em Fe é geralmente maior que 55%, como um resultado de
enriquecimento natural (12).
3.3.1.10 Quadrilátero Ferrífero
O termo Quadrilátero Ferrífero é usado para definir a região a sul/sudeste de
Belo Horizonte onde afloram terrenos granito-gnáissicos arqueanos e
transamazônicos, cinturões de rochas verdes de idade arqueana e sequências
supracrustais do Proterozóico Inferior e Médio. Os terrenos granito-gnáissicos
arqueanos e transamazônicos (Cordani et al., 1980, e 1989; Teixeira, 1985;
Machado et al., 1989; Romano, 1990; Machado & Carneiro, no prelo) (24-28)
localizam-se em seu núcleo (Complexo do Bação) e nas imediações
(Complexos de Caeté, Belo Horizonte, Bonfim e terrenos a Leste do Q.F.),
frequentemente como estruturas dômicas envolvidas por sequências
supracrustais. As formações do cinturão de rochas verdes arqueano
(Schorscher et al., 1982) (29) acham-se no Supergrupo Rio das Velhas como
uma sequência vulcano-sedimentar. As rochas supracrustais proterozóicas do
Supergrupo Minas ocorrem sobre as unidades do Supergrupo Rio das Velhas e
dos terrenos granito-gnáissicos em nítida discordância (Dorr, 1969; Cordani et
al., 1980 e 1989; Ladeira & Viveiros, 1984) (24-32) e são definidas por uma
unidade clástica inferior, uma unidade química (com alguma contribuição
67
clástica) intermediária e ainda uma clástica superior (com alguma contribuição
química). A unidade intermediária, Grupo Itabira contém extensas e espessas
formações ferríferas bandadas correlacionáveis àquelas das bacias de
Transvaal (África do Sul) e Hamersley (Austrália) (Babinski et al. em prep.).
Quartzitos, metaconglomerados e rochas metabásicas correlacionáveis ao
Supergrupo Espinhaço ocorrem na Serra das Cambotas, porção norte do
Q. F (33).
3.3.2 Tipos de jazidas em Minas Gerais
Existem 5 tipos gerais de jazidas de importância comercial em Minas Gerais.
Cada tipo produz minério de uma natureza diferente e cada qual ocorre em
corpos de formas diferentes.
1) Depósito hipogênico de substituição - este tipo de depósito, formado pela
substituição do quartzo dos itabiritos por óxidos de ferro, carreados para o local
da formação do minério por fluidos quentes originados em profundidade,
produzem os famosos depósitos de hematita de alto teor do Brasil. O minério
formado desta maneira comumente contém mais de 66% de ferro e localmente
se aproxima da pureza teórica da hematita. O teor destes depósitos não
diminui com a profundidade e esta, até onde eles podem se estender, ainda
não é conhecida (34).
68
2) Depósitos supergênicos de substituição - estes depósitos são formados pela
substituição do quartzo e outros minerais do itabirito, pelo ferro trazido por
soluções frias originárias na superfície da terra. O mineral que substitui é
normalmente a goethita, mas maghemita, hematita ou lepidocrocita podem
também estar presentes. Estes são geralmente pouco profundos, diminuindo o
teor com a profundidade e comumente são de teor mais alto em fósforo do que
outros tipos de minério (34).
3) Depósitos de enriquecimento residual - a lixiviação supergênica de rochas
ricas em ferro, tais como o itabirito, por soluções frias originárias na superfície
da terra, pode produzir minérios de médio teor e alguns de alto teor.
Normalmente quartzo e/ou dolomita são removidos da formação ferrífera,
deixando a hematita relativamente insolúvel, resultando em enriquecimento
residual e na desagregação da formação ferrífera. Tais depósitos normalmente
estão sotopostos e passam gradativamente aos do tipo 2. Estão intimamente
relacionados à superfície topográfica atual e o teor do minério diminui
gradativamente com a profundidade (34).
4) Minério detrítico ou coluvial - é um depósito superficial de hematita
compacta, normalmente de poucos metros de espessura, derivado de jazidas
do tipo 1 ou itabirito enriquecido de depósitos do tipo 2 e 3. O material pode ser
transportado por deslizamento ou por água corrente, ou em alguns casos, por
colapso geral dos depósitos mais importantes. O material é denominado
“rolado” (34).
69
5) Certos corpos de minério residuais, isto é, por causa da grande resistência
da hematita densa para a intemperização química, blocos de hematita
compacta podem ser arrastados para cima de outras rochas por erosão
química e mecânica das rochas mais moles e menos resistentes que os
suportam (34).
6) Canga - os depósitos de canga podem originar-se de uma combinação de
um ou mais dos processos 2, 3, 4 e 5 com a introdução de limonita como
material cimentante ou de substituição (34).
3.4 Minério de Ferro da Mina de Alegria
3.4.1 Dados gerais
O minério da mina de Alegria, situada na porção leste do Quadrilátero Ferrífero,
foi estudado por Barcelos et al. (35), que atribuiu a sua gênese como sendo por
enriquecimento supergênico. Eles descreveram que, em processo posterior ou
mesmo simultâneo à lixiviação da sílica e enriquecimento em ferro e alumina
no minério remanescente, houve a solubilização do ferro, e redeposição sob a
forma de limonita (FeO.OH.nH2O) e goethita (α-FeOOH), nos interstícios
deixados pela sílica; a hematita seria hidratada com absorção de água, levando
também à formação de goethita. Esse processo levou ao aparecimento de
vários tipos de minério, quando classificados quanto ao conteúdo em Fe, SiO2,
70
Al2O3, P e água de hidratação. Foi ainda descrito por eles a possibilidade de
encontrarem-se porções mediamente hidratadas (onde a presença de hematita
predomina sobre a goethita e a limonita) em níveis mais profundos do depósito,
explicadas pelo semiconfinamento dos itabiritos entre rochas impermeáveis
(tipo filitos e metabasitos), o que favoreceria a atuação de processos
diferenciados de enriquecimento supergênico. Outro ponto observado foi o de
que a camada impermeável de filitos sob o minério atua favorecendo à
intensificação da hidratação, dando origem a leitos de goethita localmente de
volume expressivo.
Feitosa et al. (36) no período compreendido entre dezembro de 1992 e junho de
1993 fizeram determinações mineralógicas no minério de Alegria e concluíram
que seus principais constituintes são: 1) a hematita porosa, constituinte mais
abundante da jazida de Alegria, que é de formação secundária, fruto do
processo de martitização das magnetitas primárias, em função das alterações
ambientais, particularmente de Eh-pH; 2) especularita (hematita especular),
constituinte menos abundante que o citado anteriormente, que está associado
aos minérios mais “limpos”, ou seja, menos aluminosos e menos fosforosos; 3)
goethita, que pode estar presente dentro de grãos de hematita porosa, sendo
produto da martitização das magnetitas e denominada goethita G1, ou pode
ter hábito botrioidal e ser produto do intemperismo, sendo neste caso
denominada goethita G2; 4) magnetita residual, presente em pequena
proporção; 5) quartzo, que é o principal mineral da ganga. A limonita e as
argilas constituem um grupo de constituintes secundários, que, apesar da
71
ocorrência menos expressiva quando comparados aos principais minerais
constituintes do minério, requerem atenção, pelos efeitos nocivos que podem
causar no tratamento do minério, gerando lamas e arrastando consigo
impurezas diversas, das quais as mais críticas são o fósforo e a alumina.
3.4.2 Implicações da presença de goethita e limonita no processamento
do minério da Samarco
De maneira simplificada, o processamento do minério na Samarco se dá da
seguinte forma: o minério proveniente da mina (ROM - Run of Mine) segue em
correias transportadoras até a estação de britagem, onde é cominuído até que
haja um máximo de 2% de material acima de 8 mm. Este é, então,
encaminhado à usina de concentração, onde primeiramente passa por uma
etapa de cominuição em moinhos de bolas (moagem primária), em seguida é
classificado e deslamado em ciclones e encaminhado para a flotação
convencional. O concentrado desta flotação sofre nova cominuição, também
em moinhos de bolas (moagem secundária) e segue para a flotação em coluna.
O concentrado da coluna segue para espessadores, de onde irá para os
tanques de estocagem e, posteriormente, é bombeado (mineroduto) para a
usina de pelotização situada em Ubu, no estado do Espírito Santo.
Presença da limonita: além de serem geradoras de lama, observa-se que há
uma razoável tendência de um incremento percentual de limonita gerar um
maior consumo de amido, provavelmente devido ao aumento da área
72
superficial provocada pela maior presença de finos relacionados à limonita. Há
também uma expressiva correlação entre a limonita alimentada à usina e a
produção final, a qual cai de forma acentuada, com o incremento de limonitas
(36).
Presença da goethita: a goethita é um óxido de Fe hidratado que devido à sua
quantidade relativa nos minérios ser bem superior à da limonita (que também é
um óxido de Fe mais hidratado que a goethita) torna-se a principal responsável
pela PPC do minério de Alegria ( 36).
Devido a essa hidratação, a cela unitária de goethita possui menos Fe que a da
hematita (62,9% e 70%, respectivamente). Por isso, a presença de uma maior
quantidade de goethita significará um concentrado mais pobre em conteúdo
metálico, ao passo que a maior presença de especularitas implicará no
contrário (36).
A goethita, particularmente a G2, é forte responsável no aprisionamento de
fósforo, da mesma forma que a limonita (36).
Quanto à influência das goethitas no consumo de reagentes, observou-se uma
correlação positiva delas com o consumo de soda e o consumo de floculantes.
73
4. METODOLOGIA
Neste capítulo é apresentada a metodologia seguida neste trabalho. Esta
inicia-se com a amostragem dos materiais, que após ser devidamente
preparado é submetido à análise granulométrica, análises químicas,
difratometria de raios-X (método do pó), espectroscopia infravermelha,
microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura e microssonda.
4.1 Amostragem e Preparação das Amostras
Baseado na determinação feita por Feitosa et al. (17) da existência de dois tipos
de goethita, G1 e G2, foram, então, selecionados os pontos a serem
amostrados. Assim, foram escolhidos três locais (pontos) onde a goethita G2
era abundante e quatro onde a goethita G1 estava presente em maior
quantidade. Além das goethitas, foram ainda amostrados materiais muito
intemperizados, argilosos, um de coloração ocre, que foi denominado
informalmente de Limonita ocre, outro de cor vermelha e apresentando o
aspecto de um barro, que foi denominado informalmente de Limonita barro e
um terceiro, também de cor vermelha, mas presente sob a forma de “mud
cracks” que foi denominado informalmente de Limonita mud. Para a
identificação dos pontos amostrados e posteriormente das amostras, foi
adotada a mesma terminologia empregada pela Samarco, excetuando-se
74
aqueles pontos contendo o material limonítico, nos quais foram adotadas as
denominações informais citadas anteriormente. Os pontos, bem como suas
respectivas quantidades amostradas e qual o principal constituinte enfocado,
estão listados na Tabela IV.1.
Uma vez a amostragem efetuada, as amostras foram então preparadas para
serem submetidas às demais análises. Esta preparação constou inicialmente
de uma britagem em um Britador de Mandíbula Primário, de abertura de
saída de 1,5” (~ 38mm), seguida de nova britagem em Britador de Mandíbula
Secundário, de abertura de saída de 0,5” (~ 12,7mm). O material proveniente
desta segunda britagem foi homogeneizado e sofreu dois quarteamentos
sucessivos de forma que, a quarta parte foi separada para o prosseguimento
do trabalho e o restante foi guardado como amostra reserva. Nesta etapa,
havia a necessidade da diminuição do número de amostras cabeça (de dez)
para um mínimo de três e um máximo de sete. Para tanto, decidiu-se que elas
deveriam ser encaminhadas às análises química, difração de raios-X e
espectroscopia infravermelha e baseado nos resultados obtidos, tomariam-se
as medidas adequadas. Estas poderiam ser: 1) o abandono de uma
determinada amostra; 2) a associação de duas ou mais amostras; 3) a
permanência da amostra sem alterações. As amostras foram novamente
cominuídas, desta vez em um Moinho de rolos, de onde saíram com
granulometria inferior a 4,76mm. Em seguida, elas sofreram novas
homogeneizações seguidas de sucessivos quarteamentos até que alíquotas de
aproximadamente 100g fossem conseguidas. O restante do
75
Tabela IV.1 - Pontos amostrados, suas respectivas quantidades e
principais constituintes enfocados.
Ponto amostrado Principal constituinte
enfocado
Quantidade amostrada
PG 454 goethita G2 19,0 kg
PG 475 goethita G2 22,1 kg
PG 459 goethita G2 13,0 kg
PG 232 goethita G1 2,6 kg
PG 562 goethita G1 19,0 kg
PG 965 goethita G1 11,8 kg
PG 483 goethita G1 27,5 kg
Limonita Ocre material limonítico 7,7 kg
Limonita Mud material limonítico 8,6 kg
Limonita barro material limonítico 14,1 kg
76
material foi reservado. As alíquotas de 100g foram pulverizadas em um Moinho
Orbital de Panelas de onde saíram com granulometria inferior a 0,038mm. Em
seguida, foram homogeneizadas e quarteadas até que as quantidades
adequadas à preparação de amostras para análises químicas (~10g),
difração de raios-X (~10g) e espectroscopia infravermelha (~1g), fossem
atingidas.
Na Tabela IV.2. estão listados os resultados destas análises químicas e a
mineralogia obtida a partir da interpretação dos difratogramas de raios-X e
espectros infravermelho.
Com base na análise destes resultados as seguintes medidas foram tomadas:
1 - As amostras PG 454 (goethita G2), PG 562 (goethita G1),
PG 965 (goethita G1) e Limonita Ocre, seriam tratadas individualmente por
mostrarem-se extremamente promissoras no que tange a uma maior
abundância daqueles “minerais” enfocados neste estudo, goethitas e limonitas.
Tanto PG 454 quanto PG 562 e PG 965 apresentaram PPC mais alto do que o
apresentado pelas outras amostras de seus respectivos tipos de goethita
(G2, G1 e G1 respectivamente).
77
Tab
ela
IV.2
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459
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6 0,
08
0.62
9,
72
78
Isto leva a crer, que estas amostras devam ser mais ricas em goethita (neste
caso, responsável pela PPC). Quanto à Limonita Ocre, esta apresentou a maior
PPC de todas as amostras estudadas, indicando uma maior potencialidade da
presença de limonitas e goethitas.
2 - As amostras PG 459 (goethita G2) e PG 475 (goethita G2), por
apresentarem características bem semelhantes, foram misturadas entre si
sob a denominação de PG 475. O mesmo ocorreu com as amostras Limonita
Barro e Limonita Mud, e, neste caso, a denominação que permaneceu foi
Limonita Mud.
3 - Por não apresentar nenhuma particularidade e um valor de PPC muito baixo
comparativamente às demais amostras, PG 483 (goethita G1) foi descartada. O
mesmo ocorreu com PG 232 (goethita G1), que além de não possuir nenhuma
particularidade, não apresentava quantidade suficiente de material
(apenas 2,6kg).
Concluindo, permaneceram seis amostras globais: duas de goethita G1
(PG 562 e PG 965), duas de goethita G2 (PG 454 e PG 475) e duas de
material limonítico (Limonita Ocre e Limonita Mud).
Estas seis amostras globais sofreram novas homogeneizações e
quarteamentos até que, alíquotas de aproximadamente 500g e alíquotas de
aproximadamente 100g fossem conseguidas. As primeiras foram
79
encaminhadas ao peneiramento e as segundas compuseram as amostras
cabeça.
Tanto as frações granulométricas provenientes do peneiramento quanto as
amostras cabeça foram pulverizadas no Moinho Orbital de panelas a uma
granulometria inferior a 0,038mm, quarteadas e encaminhadas às análises
química, difração de raios-X e espectroscopia infravermelha. De uma parte das
frações granulométricas, foram efetuadas seções polidas para serem
analisadas no microscópio ótico, MEV e microssonda.
Paralelamente, foram ainda preparadas algumas amostras provenientes de
áreas que não a mina de Alegria, para serem submetidas às análises química,
difração de raios-X e espectroscopia infravermelha. Isto foi feito para fins de
comparação. Eram elas: uma amostra de canga e uma de material limonítico
de coloração ocre ambos procedentes das imediações do B.H. Shopping em
Belo Horizonte; duas amostras de goethita (limonita) pseudomorfa de pirita de
diferentes procedências; uma amostra de material limonítico de coloração ocre
procedente de Santa Bárbara (Minas Gerais) e uma amostra de goethita
botrioidal bem cristalizada.
80
4.2 Análise Granulométrica
As seis alíquotas de aproximadamente 500g cada, foram, então, submetidas à
análise granulométrica que constou de:
1 - Peneiramento a seco utilizando-se a série completa de peneiras da Tyler,
para as amostras de goethita.
2 - Peneiramento a úmido utilizando-se a série de peneiras de 0,60-0,038mm
da Tyler, para as amostras Limonita Ocre e Limonita Mud. Pelo fato de uma
porcentagem significante destas amostras estar com granulometria inferior à
abertura da malha da última peneira (0,038mm), fez-se necessário utilizar de
outra técnica para que a distribuição granulométrica desta porção mais fina
fosse determinada. Desta forma, elas foram processadas no Cyclosizer modelo
M4 da Warman. Como uma porcentagem significante ainda estava menor que
o diâmetro do último ciclone deste Cyclosizer, aproximadamente 9µm, utilizou-
se o Sedigraph Modelo 5000ET da Micromeritics, para determinar-se a
distribuição granulométrica desta porção de granulometria menor que 9µm.
Com base nos resultados da análise granulométrica das diversas amostras, foi
decidido que algumas frações granulométricas poderiam ser agrupadas sem
comprometimento dos resultados. Este agrupamento fez-se necessário, pois o
número de amostras a serem analisadas tornou-se inviável. Desta forma, para
as amostras de goethita, de dezesseis frações passou-se a sete e para as
81
amostras de material limonítico, de quinze passou-se a sete. O procedimento
de tal agrupamento está descrito no próximo capítulo.
4.3 Análises Químicas
As amostras cabeça e suas frações (devidamente preparadas) sofreram
análises via úmida para a determinação do Fe total, e análises em
Espectrômetro de emissão a plasma, modelo Spectroflame P da Spectro
Instruments, para a determinação de SiO2, Al2O3, MnO2, P e Ti. Foram ainda
determinados os valores de PPC das amostras.
4.4 Difratometria de Raios-X (Método do Pó)
As seis amostras cabeça e todas as suas frações granulométricas pulverizadas
a um tamanho inferior a 0,038mm, foram devidamente preparadas e analisadas
em um Difratômetro de Raios-X , modelo PW1810 de fabricação da PHILIPS
(39).
82
4.5 Espectroscopia Infravermelha
Para minimizar a influência da umidade, permanecendo significativamente
apenas a água de cristalização, tomou-se o cuidado de deixar as amostras
cabeça e suas frações, já pulverizadas (com granulometria inferior a 0,038mm),
em uma estufa a aproximadamente 110° C por um período mínimo de 48
horas. Após este período, foram pesadas 0,80mg de cada amostra (cabeça e
frações) e estas foram dispersas em 300,43mg de KBr (que é um haleto
alcalino transparente por quase todo o espectro infravermelho). Em seguida
elas foram prensadas (a aprox. 5tf, em uma prensa hidráulica manual) e
simultaneamente submetidas a um vácuo de aprox. 5torr, por um tempo total
de 20min. Assim, pastilhas de cerca de 1mm de espessura foram preparadas
e, a seguir, analisadas em um Espectômetro Infravermelho, modelo 1760X de
fabricação da Perkin Elmer.
Pelo fato do KBr ser bastante higroscópico (Paulo Brandão, notas de aula) e estar-se
justamente investigando a questão da presença da água, houve a necessidade
de empregar-se outras substâncias como meios de dispersão. Os meios ideais
seriam aqueles cujos espectros não apresentassem bandas de absorção que
interferissem nas regiões de absorção dos ligantes prováveis, que são as
seguintes:
• Hidoxila da goethita: vibração de estiramento, como raia grande e abaulada
em 3095cm-1; e vibrações de dobramento a 900cm-1 e 805cm-1 (38).
83
• Água de cristalização: vibrações de estiramento (simétrica e assimétrica),
como uma única banda, intensa e abaulada, na região de 3600-3200cm-1, e
vibração de dobramento a 1630cm-1 (38).
Os meios escolhidos foram o óleo Nujol (da Plough Inc.), por não apresentar
interferências marcantes na região 1250-750cm-1 e o perfluoro-hidrocarboneto
(Fluorolube, da Hooker Chemical Corporation), que não intefere na região
4000-1300cm-1(38). Cumpre salientar que: 1) estes meios foram utilizados para
a análise das amostras de material limonítico (de maior potencialidade da
presença de água de cristalização) e para PG 454 (composta pricipalmente de
goethita típica, logo com menor potencialidade) para fins de comparação; 2) a
utilização do Nujol foi basicamente para se ter o controle da quantidade de
amostra adicionada, isto é, para garantir-se que a quantidade de material
usado, em todas as preparações com o Nujol e o fluorolube, fosse
aproximadamente a mesma; 3) a utilização do fluorolube foi para observação
das bandas de água e da hidroxila propriamente ditas; assim, as preparações
com este meio foram as mais importantes, para os estudos por espectroscopia
infravermelha.
O procedimento de preparação da amostra para a análise com o nujol e o
fluorolube é um pouco diferente daquele empregado para o KBr. Neste caso,
são dispersos aproximadamente 23mg de cada amostra (pulverizadas e
submetidas a um período mínimo de 48 horas na estufa a 110° C) em uma gota
de cada meio (nujol e fluorolube). Esta mistura é então espalhada por sobre
84
uma placa transparente de KBr, denominada janela , que é então analisada no
espectrômetro infravermelho.
4.6 Microscopia Óptica
Foram elaboradas seções polidas das frações granulométricas de todas as
amostras e estas foram então descritas com o auxílio de um Microscópio Ótico
Grande de Polarização, modelo Orthoplan-Pol e fabricado pela Leitz. Além
destas, foram ainda elaboradas e descritas seções polidas de fragmentos de
rocha de aproximadamente 5cm de diâmetro, que foram separados para tal
finalidade, quando da amostragem.
4.7 Microscopia Eletrônica e Microssonda EDS
Aquelas seções polidas, tanto das frações granulométricas quanto de
fragmentos de rocha, que apresentaram a necessidade de uma maior
investigação de suas microestruturas e da tipologia de suas superfícies, foram
devidamente preparadas e levadas à análise em um Microscópio Eletrônico de
Varredura, modelo JSM35C da Jeol. Acoplado a este microscópio há um
Espectômetro de Energia Dispersiva de Raios-X (microssonda EDS), modelo
EEDS II da ORTEC, que permite a associação da composição química à
imagem da região enfocada (40).
85
.5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo apresentam-se e discutem-se os resultados das análises
granulométrica, químicas, difratometria de raios-X e espectroscopia
infravermelha. Serão ainda apresentadas as descrições das seções polidas e
as fotomicrografias das principais texturas observadas tanto ao microscópio
ótico quanto ao MEV. Destas últimas, serão também apresentadas as devidas
composições químicas associadas, obtidas através das análises feitas pela
microssonda.
5.1 Análise Granulométrica
Os resultados das análises granulométricas de todas as amostras estão
listados nas Tabelas V.1 (A e B), V.2 (A e B) e V.3 (A e B). Nas Tabelas V.3 (A
e B), além dos resultados obtidos do peneiramento a úmido, também são
fornecidos os resultados das análises feitas no cyclosizer (marcados pelo
símbolo *). As figuras 5.1 e 5.2 representam as curvas obtidas da análise feita
no sedigraf.
Baseado nas Tabelas V.1 (A e B), pode-se notar que as distribuições
granulométricas das amostras PG 562 e PG 965 ( ambas de goethita G1) não
apresentam grandes variações. PG 562 apresenta granulometria um pouco
86
Tabelas V.1 - Resultados das análises granulométricas das amostras de
goethita G1 - (A) PG 562; (B) PG 965.
(A) PG 562
Peneira (Tyler) Abertura (mm) % Retida Simples % Ret. Acumulada
4 4,76 0,00 0,00 6 3,36 3,94 3,94 8 2,36 9,52 13,46 10 1,70 14,12 27,58 14 1,18 13,24 40,82 20 0,85 9,16 49,98 28 0,60 7,80 57,78 35 0,425 7,79 65,57 48 0,300 4,04 69,61 65 0,210 5,17 74,78 100 0,150 4,34 79,12 150 0,105 4,25 83,37 200 0,075 5,45 88,82 270 0,053 5,42 94,24 400 0,038 1,70 95,94
< 400 < 0,038 4,06 100
(B) PG 965
Peneira (Tyler) Abertura (mm) % Retida Simples % Ret. Acumulada
4 4,76 1,25 1,25 6 3,36 2,20 3,45 8 2,36 4,78 8,23 10 1,70 8,20 16,43 14 1,18 9,83 26,26 20 0,85 7,85 34,11 28 0,60 7,51 41,62 35 0,425 8,19 49,81 48 0,300 3,55 53,36 65 0,210 4,99 58,35 100 0,150 4,59 62,94 150 0,105 6,39 69,33 200 0,075 7,73 77,06 270 0,053 8,16 85,22 400 0,038 4,98 90,20
< 400 < 0,038 9,80 100
87
Tabelas V.2 - Resultados das análises granulométricas das amostras de
goethita G2 - (A) PG 475; (B) PG 454.
(A) PG 475
Peneira (Tyler) Abertura (mm) % Retida Simples % Ret. Acumulada
4 4,76 0,15 0,15 6 3,36 3,95 4,10 8 2,36 9,45 13,55 10 1,70 14,19 27,74 14 1,18 12,97 40,71 20 0,85 7,81 48,52 28 0,60 9,53 58,05 35 0,425 7,72 65,77 48 0,300 3,76 69,53 65 0,210 4,64 74,17 100 0,150 2,99 77,16 150 0,105 3,40 80,56 200 0,075 3,32 83,88 270 0,053 8,78 92,66 400 0,038 4,57 97,23
< 400 < 0,038 2,77 100
(B) PG 454
Peneira (Tyler) Abertura (mm) % Retida Simples % Ret. Acumulada
4 4,76 0,54 0,54 6 3,36 3,29 3,83 8 2,36 10,14 13,97 10 1,70 13,72 27,69 14 1,18 10,78 38,47 20 0,85 11,86 50,33 28 0,60 5,72 56,05 35 0,425 8,15 64,20 48 0,300 3,30 67,50 65 0,210 4,73 72,23 100 0,150 3,98 76,21 150 0,105 3,82 80,03 200 0,075 4,18 84,21 270 0,053 4,31 88,52 400 0,038 4,71 93,23
< 400 < 0,038 6,77 100
88
Tabelas V.3 - Resultados das análises granulométricas das amostras de
material limonítico - (A) Limonita Mud; (B) Limonita Ocre.
(A) Limonita Mud
Peneira (Tyler) Abertura (mm) % Retida Simples % Ret. Acumulada
28 0,60 15,94 15,94 35 0,425 5,34 21,28 48 0,300 2,40 23,68 65 0,210 3,30 26,98 100 0,150 2,11 29,09 150 0,105 3,22 32,31 200 0,075 2,40 34,71 270 0,053 2,40 37,11 400 0,038 1,99 39,10 * - 0,028 3,36 42,46 * - 0,020 6,83 49,29 * - 0,015 4,85 54,14 * - 0,010 7,02 61,16 * - 0,008 3,26 64,42 * - < 0,008 35,58 100
(B) Limonita Ocre
Peneira (Tyler) Abertura (mm) % Retida Simples % Ret. Acumulada
28 0,60 12,50 12,50 35 0,425 6,37 18,87 48 0,300 3,89 22,76 65 0,210 5,20 27,96 100 0,150 3,79 31,75 150 0,105 4,28 36,03 200 0,075 3,82 39,85 270 0,053 3,58 43,43 400 0,038 2,77 46,20 * - 0,028 7,10 53,30 * - 0,020 4,43 57,73 * - 0,015 3,17 60,90 * - 0,010 4,80 65,70 * - 0,008 2,35 68,05 * - < 0,008 31,95 100
91
mais grossa que PG 965, pois praticamente 50% do material que compõe esta
amostra tem tamanho menor que 0,85mm enquanto que, para a outra, 50%
tem tamanho menor que 0,425mm.
Para as Tabelas V.2 (A e B), PG 475 e PG 454 respectivamente, pode-se
observar que a distribuição granulométrica das amostras é bem semelhante e
que neste caso, ambas possuem 50% de seu material menor que 0,85mm.
De maneira geral, as amostras de goethita (tanto G1 quanto G2) apresentam
distribuição granulométrica semelhante.
Para as Tabelas V.3 (A e B), pôde-se notar que a distribuição granulométrica
das amostras de material limonítico é bem semelhante. O material que compõe
a amostra Limonita Mud é um pouco mais fino que o da Limonita Ocre, pois
50% do primeiro tem tamanho menor que 0,020mm, enquanto que para a
segunda, 50% é menor que aproximadamente 0,038mm.
A Figura 5.1, mostra a distribuição granulométrica de 35,58% da amostra de
Limonita Mud que possui a granulometria inferior ao limite mínimo de detecção
do cyclosizer e que, portanto, foi analisada no sedigraf. Observa-se que 50%
da parte da amostra analisada, logo 17,79% da amostra total, tem tamanho na
faixa granulométrica entre 10-1,95µm e os outros 50%, na faixa entre 1,95-
0,23µm. Assim, 35,58% do material que compõe esta amostra (total), tem
granulometria na faixa dos ultrafinos a colóides.
92
A Figura 5.2 mostra que dos 31,95% da amostra de Limonita Ocre que foram
analisados no sedigraf, 3% da parte analisada, e, portanto, menos de 1% do
total da amostra, tem tamanho na faixa entre 30-6µm; 47% ou 15,02% do total,
tem tamanho na faixa de 6-1,87µm e 50% ou 15,97% do total, tem tamanho na
faixa 1,87-0,22µm. Desta forma, 30,99% do material que compõe esta amostra
(total), possui granulometria na faixa dos ultrafinos a colóides.
Como dito no capítulo anterior, houve a necessidade de agrupar-se algumas
frações granulométricas. Isto se deu, de forma que não houvesse um grande
acúmulo de material em determinada faixa granulométrica. Assim, para as
amostras de goethita o agrupamento foi da seguinte forma:
Frações Novas Frações
4,75mm
3,35mm 2,36mm (1a)
2,36mm
1,70mm
1,18mm (2a)
1,18mm
0,85mm
93
0,60mm (3a)
0,60mm
0,425mm
0,300mm (4a)
0,300mm
0,210mm
0,150mm 0,105mm (5a)
0,105mm
0,075mm
0,053mm 0,038mm (6a)
0,038mm
<0,038mm <0,038mm (7a)
Para as amostras de material limonítico, o agrupamento se seu da seguinte
maneira:
Frações Novas Frações
>0,60mm >0,60mm (1a)
0,425mm
0,300mm (2a)
0,300mm
0,210mm
0,150mm 0,105mm (3a)
94
0,105mm
0,075mm
0,053mm 0,038mm (4a)
0,038mm
0,028mm
0,020mm (5a)
0,020mm
0,015mm
0,010mm 0,008mm (6a)
0,008mm
<0,008mm <0,008mm (7a)
5.2 Análises Químicas e Difratometria de Raios-X
Nas Figuras 5.3 e 5.4, estão representados os difratogramas da amostra
cabeça e das frações granulométricas de PG 562. Por serem bastante
semelhantes, os difratogramas das frações >2,36mm, <0,300mm >0,105mm,
<0,105mm >0,038mm e o da amostra cabeça estão todos representados pelo
mesmo da Figura 5.3. O mesmo ocorre com os difratogramas das frações
97
<2,36mm >1,18mm, <1,18mm >0,60mm, <0,60mm >0,300mm e <0,038mm
que, neste caso, estão representados pelo da Figura 5.4.
Com base na Figura 5.3, verifica-se que a composição mineralógica consiste
de goethita, hematita e quartzo. A goethita está um pouco mais abundante que
a hematita, uma vez que suas raias estão um pouco mais intensas. Mas pode-
se dizer que praticamente não há predominância de uma fase sobre a outra,
pois quando se compara a raia 30% da hematita (d = 3,687Å) com a raia 100%
da goethita (d = 4,18Å), nota-se que a primeira tem intensidade equivalente a
aproximadamente 30% da segunda. Ressalta-se ainda que o que faz com que
a raia de intensidade 100% da hematita (d = 2,70Å) esteja mais intensa que a
de intensidade 100% da goethita (d = 4,18Å), é o fato da primeira apresentar-
se conjugada com uma raia de intensidade 35% da goethita (d = 2,69Å) (39).
O quartzo é nitidamente menos abundante, pois apenas sua raia de
intensidade 100% (d = 3,34Å) foi observada; mesmo assim, ela está pouco
intensa (39).
O grau de cristalinidade das fases mineralógicas, especialmente da goethita, é
alto, já que as raias apresentam-se bem nítidas e com perfil muito agudo. Além
disto, como não se observou no difratograma nenhum domo de amorfização,
pode-se concluir que não há presença significativa de nenhuma fase amorfa,
ou de baixa cristalinidade (Paulo Brandão, notas de aula).
98
A Figura 5.4 apresenta um difratograma bastante semelhante ao da figura
anterior. A diferença marcante está na ausência da raia 100% do quartzo. Isto
indica que este mineral ou está ausente ou se presente, é em baixíssima
concentração, de forma que não chega a ser detectado pelo difratômetro.
Sendo assim, a composição mineralógica consiste de goethita e hematita, e,
pelas mesmas razões discutidas para a Figura 5.3, pode-se dizer que a
goethita é um pouco mais abundante que a hematita. Também neste caso,
praticamente não há predominância de uma fase sobre a outra.
Quanto ao grau de cristalinidade, pode-se dizer o mesmo que foi discutido para
a Figura 5.3.
A Tabela V.4 traz os resultados das análises químicas e a mineralogia tanto da
amostra cabeça quanto das frações granulométricas. A mineralogia foi obtida
da análise dos difratogramas de raios-X.
Nota-se que de maneira geral, não há grandes variações nas porcentagens de
Fe, Al2O3, P, MnO2,Ti e PPC entre as frações e entre estas e a amostra
cabeça. A porcentagem de Al2O3 não varia muito nas frações de
<1,18mm >0,60mm à >0,038mm. Nas frações >2,36mm e <2,36mm >1,18 há
uma diminuição dos valores (de ~0,66% para 0,53% e 0,59% respectivamente)
e na fração <0,038mm, um aumento (para 0,78%). Mesmo assim, nada de
muito significativo. A porcentagem de P também apresenta pequenas
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0,
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100
variações. O maior valor encontrado foi 0,287% (para a fração <0,038mm) e o
menor valor, 0,167% (para a fração >2,36mm). Para o Ti, o maior valor
encontrado foi 0,29% (fração <0,038mm) e o menor 0,16%(fração
<2,36mm >1,18mm). Quanto à PPC, apenas a fração <0,038mm apresenta um
valor um pouco mais baixo (7,84%). A porcentagem da SiO2 apresenta
variações um pouco maiores, sendo que a as frações <0,300mm >0,105mm e
<0,105mm >0,038mm têm os maiores valores e a fração <2,36mm >1,18mm, o
menor valor.
Os resultados das análises químicas corroboram a mineralogia determinada
pela DRX. Note-se que para a fração <060mm >0,300mm, a porcentagem de
SiO2 é relativamente alta quando comparada às demais e o quartzo, se
presente, é em baixíssima concentração. Isto leva a crer, que a maior parte
desta sílica encontra-se alojada dentro da estrutura da goethita. O mesmo
pode-se dizer para a SiO2 das demais frações onde o quartzo não foi
determinado e para o P, Al2O3, Ti e MnO2, já que não foram detectados
minerais destes elementos (Paulo Brandão, comunicação verbal).
As Figuras 5.5, 5.6 e 5.7, representam os difratogramas da amostra PG 965.
As frações >2,36mm, <2,36mm >1,18mm, <1,18mm >0,60mm e
<0,60mm >0,300mm estão representadas pela Figura 5.5; as frações
<0,300mm >0,105 e <0,038mm, pela Figura 5.6; a fração
<0,105mm >0,038mm e a amostra cabeça, pela Figura 5.7. O ressalvo é que
em comparação a esta fração, a amostra cabeça apresenta as raias do quartzo
104
um pouco menos intensas e uma diferença de intensidade das raias 100% do
quartzo (d = 3,34Å) e 100% da goethita (d = 4,18Å), menor. Isto é, no
difratograma da amostra cabeça, a raia 100% do quartzo está
aproximadamente 10% mais intensa que a 100% da goethita. Isto indica, que
nesta amostra a predominância do quartzo sobre as demais fases é
comparativamente menor que na fração <0,105mm >0,038mm (onde ele
apresenta-se em quantidade indiscutivelmente superior).
Comparando-se as três figuras, nota-se que a raia 100% do quartzo
(d = 3,34Å) aumenta de intensidade de uma figura para outra. Assim, de o
mineral menos abundante da primeira figura, passa ao 2o mais abundante da
segunda e ao nitidamente predominante da terceira. Nas três figuras, a goethita
está sempre mais abundante que a hematita. Assim, para a Figura 5.5 a
mineralogia é goethita, hematita e quartzo; para a Figura 5.6, goethita, quartzo
e hematita e para a Figura 5.7, quartzo, goethita e hematita.
Para as três figuras o grau de cristalinidade das fases mineralógicas é alta,
pelas mesmas razões já discutidas para PG 562.
A Tabela V.5 mostra os resultados das análises químicas e mineralogia desta
amostra.
As porcentagens de Al2O3, MnO2 e Ti, não variam significativamente entre
frações e entre estas e a amostra cabeça. Apenas a fração <0,038mm e a
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0,
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106
amostra cabeça, apresentam teores maiores de Al2O3. Já o Fe, SiO2, P e PPC,
apresentam variações relativamente maiores. O que se observa é que nas
frações onde os teores de SiO2 são mais elevados, os teores de Fe, P e PPC
são mais baixos.
Os resultados das análises químicas corroboram a mineralogia determinada
pela DRX. Assim, onde os teores de SiO2 são mais elevados, o quartzo
apresenta-se ou como o mineral predominante ou como o segundo mais
abundante. Para ambos os casos é de se esperar que a porcentagem de Fe
seja mais baixa. Se esta é mais baixa, implica que a concentração de minerais
de Fe é menor. Uma vez que concentração de goethita diminui, espera-se que
a PPC também diminua. O quartzo está nitidamente concentrado na fração
<0,105mm >0,038mm.
Igualmente como na amostra anterior, não foram detectados minerais de Al, P,
Mn e Ti, donde se conclui, que a maior parte destes elementos deva estar
alojada dentro da estrutura da goethita.
A amostra PG 475 tem seus difratogramas representados pelas Figuras 5.8 e
5.9. A primeira figura representa as frações >2,36mm, <2,36mm >1,18mm,
<1,18mm >0,60mm, <0,038mm e a amostra cabeça. A segunda figura, as
demais frações.
109
Para ambas as figuras a composição mineralógica consiste de hematita,
goethita e quartzo, sendo a hematita o mineral mais abundante (raias mais
intensas), seguida da goethita e do quartzo. Neste difratograma, a diferença de
intensidade da raia 100% da hematita (d = 2,70Å) com a raia 100% da goethita
(d = 4,18Å) é grande. Quando se compara a raia 30% (d = 3,68Å) da hematita
com a 100% da goethita (d = 4,18Å), nota-se que a diferença das intensidades
não é muito grande. Isto leva a crer que a contribuição da raia 35% da goethita
(d = 2,69Å) para o aumento da intensidade da raia 100% da hematita
(d = 2,70Å) é bem pequena. Portanto, a hematita é a principal responsável pela
maior intensidade de sua raia 100% e desta forma, é a fase predominante.
A diferença básica entre as figuras está na intensidade da raia 100% do
quartzo. Na primeira, esta é bem pequena e pouco nítida, indicando uma
pequena concentração deste mineral. Já na segunda, ela está bem mais
intensa e nítida, indicando uma maior concentração desta fase. A goethita
também está um pouco mais abundante nesta segunda figura, uma vez que
suas raias estão, comparativamente, um pouco mais intensas do que na
primeira. Assim, a goethita pode ser considerada de concentração média e o
quartzo, como presente em menor quantidade.
Quanto ao grau de cristalinidade, pode-se afirmar que este é alto, pelos
mesmos motivos já discutidos para as outras figuras.
110
A Tabela V.6 apresenta os resultados das análises químicas e a mineralogia
desta amostra.
De maneira geral, as porcentagens de Fe, Ti e MnO2 não apresentam grandes
variações entre frações e entre estas e a amostra cabeça. Já a SiO2, Al2O3, P e
PPC, apresentam variações um pouco maiores. Os resultados da análise
química concordam com a mineralogia. Desta forma, nas frações onde o
quartzo está um pouco mais abundante, a porcentagem de SiO2 está mais alta.
Comparando-se com as amostras anteriores, por ser a hematita o mineral mais
abundante, a porcentagem de Fe está mais alta e a PPC mais baixa.
É bom lembrar, que os difratogramas das figuras são semelhantes e não
idênticos, àqueles das frações por eles representados. Desta forma, pequenas
variações ocorrem. Assim, não é de se estranhar um resultado como o da
fração <0,300mm >0,105mm, onde o valor da SiO2 é o mais elevado (5,26%) e
esperava-se um valor semelhante ao das frações representadas pelo mesmo
difratograma (~2,5%). Ao observar-se seu respectivo difratograma, verifica-se
que neste as raias do quartzo estão um pouco mais intensas do que no que
aqui o representa. Assim, é coerente que a porcentagem de SiO2 esteja maior
que nas demais frações. Para o caso da fração <0,105mm >0,038mm, onde o
valor da PPC é o mais baixo da tabela (4,87%) e esperava-se um valor mais
elevado (~7,5%), verifica-se que em seu respectivo difratograma, as raias da
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77
112
goethita estão um pouco menos intensas do que no que aqui o representa
(Fig. 5.9). Logo, se a goethita é, comparativamente, menos abundante é
coerente que a PPC também seja menor. Para a fração <0,038mm, ocorre o
oposto da fração <0,105mm >0,038mm. Esperava-se uma PPC mais baixa e
esta está mais elevada. Em seu difratograma, as raias da goethita estão mais
intensas (intensidade semelhante à da Fig. 5.9, cuja PPC é 7,21%) justificando
esta PPC mais elevada.
Pelas razões já discutidas anteriormente, a maior parte da Al2O3, P, Ti e MnO2
deve estar alojada na estrutura cristalina da goethita.
As Figuras 5.10 e 5.11 representam alguns dos difratogramas da amostra
PG 454. A Figura 5.10 representa as frações <0,300mm >0,105mm e
<0,105mm >0,038mm. A Figura 5.11 representa a fração <0,038mm. As
demais frações estão representadas pela Figura 5.5, já descrita. A amostra
cabeça pode também ser representada pela Figura 5.5, desde que assuma-se
que as raias do quartzo e da goethita estão um pouco mais intensas no
difratograma desta, do que estão no da figura.
Note-se que, o que principalmente difere nos três difratogramas é a variação da
intensidade das raias do quartzo e da goethita. Assim, o quartzo passa de um
mineral pouco abundante nas frações mais grossas (Fig. 5.5), para o mais
abundante nas frações intermediárias (<0,300mm a >0,038mm, Fig. 5.9), para
presente em muito pouca quantidade na fração mais fina (<0,038mm,
115
Fig. 5.10). Quanto à goethita, esta passa de o mineral principal mas pouco
mais abundante que a hematita na Fig. 5.5, para de concentração média e um
pouco mais abundante que a hematita na Fig. 5.10, a nitidamente o mais
abundante da Fig. 5.11. Nesta última, o que faz com que a raia de intensidade
100% da hematita (d = 2,70Å) esteja um pouco mais intensa que a de
intensidade 100% da goethita (d = 2,69Å), é o mesmo fato já descrito para a
Fig. 5.3.
Assim, para a Fig. 5.10 o quartzo é o mineral mais abundante, seguido da
goethita e da hematita. Para a Fig. 5.11, a goethita é o mineral predominante,
seguida da hematita e muito pouco quartzo. A mineralogia da Fig. 5.5, já
descrita anteriormente, é goethita, hematita e quartzo.
O grau de cristalinidade das fases mineralógicas é relativamente alto, pelas
mesmas razões já descritas para as amostras anteriores.
A Tabela V.7 lista os resultados das análises químicas e mineralogia desta
amostra.
Como pode ser visto, as porcentagens de Al2O3, P, MnO2 e Ti não apresentam
grandes variações. O Fe e a SiO2 apresentam variações maiores e quando a
porcentagem de um diminui a do outro aumenta. A PPC apresenta algumas
variações um pouco maiores.
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6,
92
117
Note-se que a fração <0,038mm apresenta a PPC mais baixa de todas as
frações. Mas pelo seu difratograma esperaría-se justamente o contrário, uma
vez que as raias da goethita estão muito intensas e são inclusive,
comparativamente aos outros difratogramas apresentados até aqui, as mais
intensas. Pode-se tentar explicar assumindo-se a presença da “limonita” (que
tradicionalmente tem sido aceita como amorfa ou com baixo grau de
cristalinidade) naquelas frações de PPC maior e menor quantidade em
goethita. Mas como já observado, o grau de cristalinidade em todos os
difratogramas é relativamente alto e não são observados, em nenhum deles,
domos de amorfização que caracterizariam a presença significativa de fases
amorfas. Assim, para se explicar uma PPC menor associada a uma maior
abundância de goethita, propõem-se a existência de uma goethita com
estrutura cristalina ainda preservada e com um grau de hidroxilação/hidratação
maior do que o da goethita típica. Este tipo de goethita estaria associada às
frações onde a goethita é menos abundante e a PPC é mais alta.
Para o caso de frações representadas pelo mesmo difratograma, as diferenças
de PPC poderiam, mais uma vez, ser explicadas pela diferença nas
intensidades das raias da goethita entre difratogramas semelhantes (como
descrito para a Fig. 5.9). Mas pode-se ainda inferir, que para todos estes
casos, haja também a influência de alguma goethita deste tipo descrito
anteriormente, interferindo na PPC.
118
Como já discutido, a maior parte da Al2O3, P, Ti, e MnO2 deve estar alojada na
estrutura da goethita.
Os difratogramas da amostra cabeça e das frações granulométricas da amostra
Limonita Mud estão representados nas Figuras 5.12, 5.13 e 5.14. A Figura 5.12
representa as frações >0,60mm, <0,60mm >0,300mm, <0,300mm >0,105mm,
<0,105mm >0,038mm e <0,038mm >0,020mm. A Figura 5.13 representa a
fração <0,020mm >0,008mm. O difratograma da amostra cabeça é muito
semelhante com o desta figura, mas nele não se observam as raias da
caulinita. Desta forma, a amostra cabeça será representada por esta figura,
desconsiderando-se as raias da caulinita. A Figura 5.14 representa a fração
<0,008mm.
Para a primeira figura verifica-se que a composição mineralógica consiste de
hematita, goethita e quartzo. A hematita é o mineral mais abundante (raias
mais intensas e diferença entre sua raia 30% (d = 3,687Å) e a raia 100% da
goethita (d = 4,18Å) ser pequena. A goethita pode ser considerada como de
concentração média e o quartzo, de baixa concentração.
Na segunda figura a hematita continua mais abundante, mas nota-se que a
diferença entre sua raia 100% (d = 2,70Å) e a raia 100% da goethita
(d = 4,18Å) é bem menor que na primeira, indicando que houve um aumento de
concentração da goethita. O quartzo continua em baixa concentração e sua
raia 100% (d = 3,34Å) está, inclusive, um pouco menos intensa que na
122
primeira figura. São observadas duas raias 100% da caulinita: 1) raia
d = 7,15Å, que neste difratograma apresenta-se um pouco deslocada e
portanto em d = 6,87Å; 2) raia d = 3,57Å. Ambas estão muito pouco intensas
indicando que a caulinita está presente em quantidade muito baixa.
Da Figura 5.14 pode-se dizer que a mineralogia é goethita, hematita e caulinita.
A goethita é o mineral mais abundante (raias mais intensas), a hematita tem
concentração média e a caulinita está presente em baixa quantidade.
As diferenças básicas entre os três difratogramas são: 1) as raias da goethita
sofrem um incremento de intensidade do primeiro difratograma para o segundo
e deste para o terceiro, indicando um aumento da concentração deste mineral;
2) as raias da hematita decrescem do primeiro para o terceiro difratograma,
logo sua concentração também; 3) a raia 100% do quartzo (d = 3,34Å) de nítida
e de intensidade média na primeira figura, passa a menos nítida e pouco
intensa na segunda e desaparece na terceira; 4) as raias 100% da caulinita
(d = 7,15Å e d = 3,57Å) estão ausentes na primeira figura, muito pouco
intensas e com a raia d = 7,15Å deslocada para d = 6,87Å na segunda, um
pouco mais intensas e mais nítidas na terceira.
Quanto ao grau de cristalinidade, pode-se afirmar que é relativamente alto,
pelas mesmas razões discutidas anteriormente. Isto tem especial significado
para este material limonítico, pois tradicionalmente tem-se aceito que as
“limonitas” teriam baixo grau de cristalinidade. Nesta amostra estudada,
123
demonstrou-se que isto não ocorreu, o mesmo não ocorrendo para as
amostras de goethita.
A Tabela V.8 traz os resultados das análises químicas e a mineralogia.
De maneira geral, as porcentagens de Fe, P, MnO2 não apresentam variações
significativas. A SiO2, Al2O3, Ti e PPC apresentam variações um pouco
maiores. A porcentagem de Al2O3 não varia muito nas frações de >0,60mm até
>0,038mm e na amostra cabeça; decresce um pouco nas frações de
<0,038mm até >0,008mm e tem seu maior valor na fração <0,008mm. As
porcentagens de SiO2, Ti e PPC variam de uma fração para a outra, sendo que
o maior valor encontrado para a SiO2 é 7,65%, para o Ti é 0,57% e para a PPC
é 11,67%. Os menores valores são 2,54%, 0,26% e 7,84% respectivamente.
Os resultados das análises químicas, mais uma vez, corroboram a mineralogia
dada pela DRX. Assim, o difratograma da fração <0,008mm apresenta as raias
da goethita como as mais intensas, as raias do quartzo estão ausentes e
observam-se raias da caulinita. Sua PPC é a maior observada, a porcentagem
de SiO2 é a menor e a Al2O3 é a maior. A caulinita, por ser um silicato de
alumínio hidratado (Al4(Si4O10)(OH)8), deve também contribuir um pouco para
esta PPC mais alta.
124
Tab
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V.8
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0,
57
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7
125
As diferenças da porcentagem de SiO2 entre frações representadas pelo
mesmo difratograma podem, mais uma vez, ser explicadas pela diferença nas
intensidades das raias do quartzo entre difratogramas semelhantes (como
descrito para a Fig. 5.9).
Uma Vez que na amostra cabeça e nas frações de >0,60mm até >0,020mm
não foi detectada a caulinita e a porcentagem de Al2O3 é comparativamente
alta, conclui-se que a maior parte desta Al2O3 deva estar alojada dentro da
goethita. Ao comparar-se a porcentagem de Al2O3 destas frações com a das
outras amostras já descritas, onde também não detectou-se a caulinita,
verifica-se que os valores destas frações são os maiores encontrados. Já que,
como dito acima, a maior parte desta Al2O3 está alojada dentro da goethita,
conclui-se também que esta goethita é mais impura que a das outras amostras.
O P, Ti, MnO2 e uma parte da SiO2, devem também estar alojados na estrutura
da goethita.
Ao comparar-se a PPC das frações de >0,60mm até >0,038mm desta amostra
(onde a hematita é o mineral mais abundante) com a amostra PG 475 (onde
em todas as frações a hematita é o mineral principal) verifica-se que a PPC é
mais alta nesta amostra de material limonítico. Comparando-se agora estas
mesmas frações desta amostra (Limonita Mud) com as frações de >2,36mm
até >0,300mm da amostra PG 454 (onde a goethita é o mineral principal)
verifica-se que a PPC não é muito diferente e que nesta amostra (Limonita
126
Mud) chega a estar maior em algumas frações. Para ambos os casos chega-se
à mesma explicação: uma menor quantidade de goethita está associada a uma
maior PPC. Assim, a proposta feita para PG 454, da existência de uma goethita
com estrutura cristalina preservada e com um grau de hidroxilação/hidratação
maior do que o da goethita típica, aplica-se muito bem a esta situação.
As figuras 5.15, 5.16 e 5.17 representam os difratogramas da amostra cabeça
e das frações granulométricas da amostra Limonita Ocre. A Figura 5.15
representa as frações de >0,60mm até >0,038mm, a Figura 5.16 as frações de
<0,038mm até >0,008mm e a última figura, a fração <0,008mm.
Para a primeira figura, a mineralogia consiste de goethita, hematita e quartzo.
A goethita é o mineral mais abundante (raias mais intensas), a hematita tem
concentração média e o quartzo está presente em baixa quantidade.
Da segunda figura pode-se dizer que a mineralogia consiste de goethita,
hematita e magnetita. A goethita é nitidamente a fase mais abundante (raias
bem mais intensas que as demais), a hematita está presente em concentração
mais baixa e a magnetita está presente como traço, pois apenas sua raia de
d = 4,85Å (intensidade 8%) foi detectada, mesmo assim está pouco nítida e
conjugada com a raia d = 4,98Å (12%) da goethita.
130
Da Figura 5.17 pode-se dizer que a mineralogia é goethita, hematita e quartzo.
Novamente, a goethita é a fase nitidamente mais abundante (raias mais
intensas) e quanto à hematita, esta está presente em mais baixa concentração.
Do quartzo, só sua raia de d = 3,34Å (intensidade 100%) foi detectada, e
mesmo assim, pouco nítida e conjugada com a raia d = 3,380Å (intensidade
10%) da goethita.
As diferenças básicas entre as três figuras estão na maior ou menor
intensidade das raias da goethita (menos intensas na primeira figura e mais
intensas na terceira), na presença da raia d = 3,34Å (100%) do quartzo na
primeira figura, sua ausência na segunda, presença sutil na terceira e na
diminuição das raias da hematita da primeira para a terceira figura.
O grau de cristalinidade, como nas demais amostras, é relativamente alto pelas
mesmas razões já discutidas. Como para a amostra Limonita Mud esta
cristalinidade relativamente alta, tem um especial significado para esta amostra
de material limonítico, pois, mais uma vez, esperava-se encontrar um material
de baixo grau de cristalinidade.
A Tabela V.9 associa os resultados das análises químicas à mineralogia
determinada pela DRX. De maneira generalizada, as porcentagens de todos os
elementos analisados sofreram pequenas variações, e, novamente, há
concordância dos resultados das análises químicas com a mineralogia (DRX).
131
Tab
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V.9
- R
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44
12,9
1
132
Nesta amostra, a caulinita não foi determinada e os valores da Al2O3, quando
comparados com os da amostra Limonita Mud, estão relativamente altos. A
maior parte desta alumina deve estar alojada dentro da goethita e, como para
Limonita Mud, a goethita desta amostra deve ser mais impura que a das outras.
Parte da SiO2, P, Ti, MnO2 devem também estar alojados dentro da goethita.
Note-se que as porcentagens de MnO2 são a mais altas de todas as amostras.
Uma vez que a maior parte deste elemento deve estar dentro da goethita, esta
deve estar realmente mais impura. O Ti também está presente em
porcentagens relativamente mais altas, contribuindo também para o aumento
da impureza destas goethitas. O mesmo ocorre com este elemento na amostra
Limonita Mud, que também apresenta goethitas mais impuras.
A PPC desta amostra é alta. Quando compara-se esta amostra, cujo mineral
principal é a goethita, com PG 562 onde a goethita é também o principal
mineral, percebe-se que para explicar esta diferença de PPC, necessita-se
lançar mão da existência desta goethita com maior grau de
hidroxilação/hidratação.
133
5.3 Espectroscopia Infravermelha
Os espectros padrões da goethita, hematita, quartzo, caulinita, limonita, nujol e
fluorolube estão nos Anexos. O espectro padrão da magnetita não foi
encontrado na literatura e não foi possível de obter-se um razoável, pois com
uma quantidade mínima de amostra já se tem uma transmitância muito baixa.
Os espectros da amostra cabeça e de todas as frações granulométricas da
amostra PG 562 são muito semelhantes entre si e, portanto, podem ser
representados pelo mesmo da Figura 5.18. As pequenas diferenças estão,
principalmente, nas bandas de absorção do quartzo, que para as frações de
<2,36mm a >0,300mm e <0,038mm estão praticamente ausentes.
Com base nesta figura, pode-se dizer que:
- As bandas de dobramento da goethita (38) estão bem agudas e nítidas
(3120cm-1, 898cm-1 e 803cm-1). As bandas da hematita (38) (575cm-1 e 470cm-1)
estão também bem nítidas e intensas. Quanto ao quartzo (38), sua banda mais
típica (1089cm-1) está nítida e relativamente intensa e sua banda a 1169cm-1
está pouco nítida e pouco intensa.
135
Estes resultados obtidos pela espectroscopia infravermelha (EIV) são
consistentes com aqueles obtidos pela DRX. As fases presentes são a
goethita, hematita e o quartzo, e, naquelas frações onde o quartzo não foi
detectado pela DRX, suas respectivas bandas de absorção estão praticamente
ausentes.
As Figuras 5.19 e 5.20 trazem representados os espectros da amostra cabeça
e de todas as frações granulométricas de PG 965. A primeira figura representa
a amostra cabeça e as frações de >2,36mm a >0,105mm e <0,038mm. As
frações de >2,36mm a >0,300mm possuem espectros com as bandas do
quartzo um pouco menos intensas que o da figura. O espectro da fração
<0,038mm apresenta uma pequena diferença com relação a este da figura: do
quartzo só se observa sua banda mais típica (1089cm-1) e mesmo assim, ela
está menos intensa. A Fig. 5.20 representa a fração <0,105mm >0,038mm.
Para a primeira figura, as bandas da goethita (3120cm-1, 898cm-1 e 801cm-1) e
da hematita (597cm-1 e 466cm-1) estão bem agudas e intensas. A banda mais
típica do quartzo (1088cm-1) está bem intensa e aguda e dele ainda são
observadas as bandas a 1171cm-1 (nítida e de intensidade média), a 782cm-1
(apresentando-se como um cotovelo da banda a 801cm-1 da goethita) e a
695cm-1 (nítida, mas pouco intensa).
No espectro da Figura 5.20, todas as bandas do quartzo são observadas
(1170cm-1, 1089cm-1, 798cm-1, 780cm-1, 695cm-1, 514cm-1 e 462cm-1) e estão
136
Figura 5.19 - Espectro infravermelho referente à fração <0,300mm>0,105mm
da amostra PG 965.
Figura 5.20 - Espectro infravermelho referente à fração <0,105mm>0,038mm
da amostra PG 965.
137
bem intensas e agudas. Da goethita, apenas as bandas a 3120cm-1 e a 898
cm-1 estão presentes e da hematita apenas a banda a 597cm-1.
Novamente, os resultados da EIV são consistentes com os da DRX. As fases
presentes são a goethita, hematita e o quartzo, e naquelas frações onde o
quartzo predomina, também predominam suas bandas de absorção.
A Figura 5.21 traz o espectro que representa todas as frações granulométricas
e a amostra cabeça da amostra PG 475.
Com base nesta figura pode-se observar que as bandas da goethita (3145cm-1,
896cm-1 e 802cm-1) e da hematita (595cm-1 e 471cm-1) estão agudas e
intensas. A banda a 1086cm-1 do quartzo é observada e apresenta-se menos
intensa e aguda que as demais.
Mais uma vez, a EIV é consistente com a DRX. As fases presentes são
hematita, goethita e quartzo.
As Figuras 5.22 e 5.23 mostram os espectros infravermelhos da amostra
PG 454. A Figura 5.22 representa a amostra cabeça e as frações de >2,36mm
a >0,038mm com o ressalvo que, tanto na amostra cabeça como nas frações
de >2,36mm a >0,300mm, as bandas do quartzo estão um pouco menores
(semelhantes às da Fig. 5.24 apresentada à frente). A Figura 5.23 representa a
fração <0,038mm.
139
Figura 5.22 - Espectro infravermelho referente à fração <0,300mm>0,105mm
da amostra PG 454.
Figura 5.23 - Espectro infravermelho referente à fração <0,038mm da amostra
PG 454.
140
De acordo com a primeira figura, pode-se dizer que:
- O espectro, cujo meio é o KBr, mostra que as bandas da goethita estão bem
agudas, nítidas e intensas (3140cm-1, 900cm-1 e 802cm-1). As bandas da
hematita (59cm-11 e 470cm-1) estão nítidas e intensas. O quartzo apresenta
suas bandas: a 1088cm-1 (mais típica) bem aguda, nítida e intensa; a 1171cm-1
nítida e mediamente intensa; a 782cm-1 como um cotovelo da banda a 802cm-1
da goethita; e, a 695cm-1 presente, mas pouco intensa.
- O espectro, cujo o meio é o nujol, mostra que a quantidade de amostra
adicionada está adequada, uma vez que as bandas comparáveis da goethita
(900cm-1 e 802cm-1) estão nítidas e mostram intensidades semelhantes às do
espectro do KBr.
- No espectro, cujo meio é o fluorolube, a raia a 802cm-1, tendo
aproximadamente a mesma intensidade que nos dois espectros anteriores (KBr
e nujol), demonstra que as demais raias são comparáveis. Além disto, dois
aspectos muito importantes são evidentes, neste espectro:
♦ A hidroxila encontra-se presente, já que sua banda a 3140cm-1 está nítida e
bem intensa;
♦ Quanto à água, sua banda na região 3600-3200cm-1 não é observada, e, a
raia a 1630cm-1 mostra-se extremamente abaulada e pouco nítida. Portanto,
conclui-se que a água está presente apenas como traços. Pode ser que a
quantidade mínima corresponda a vestígios de umidade, mesmo após a
141
secagem executada, e, que não se relacione de modo algum, a água de
cristalização.
Com base na Figura 5.23, pode-se dizer que:
- O espectro, cujo meio é o KBr mostra que as bandas da goethita (3119cm-
1, 899cm-1 e 802cm-1) estão bem agudas e nítidas. As bandas da hematita
(575cm-1 e 470cm-1) estão presentes. Quanto ao quartzo, sua banda a 1089cm-
1 (mais típica) é a única observada, mostrando-se pouco intensa.
- O espectro, cujo meio é o nujol, mostra que a quantidade de amostra foi a
adequada.
- O espectro, cujo meio é o fluorolube, mostra novamente que as raias são
comparáveis e que a banda a 3119cm-1 da hidroxila é nítida e intensa. As
bandas da água (na região 3600-3200cm-1 e em 1650cm-1) mostram mesmas
características qualitativas do que no caso da figura anterior.
Mais uma vez, a EIV é consistente com a DRX. A fases presentes são a
goethita, hematita e o quartzo.
As Figuras 5.24 e 5.25 trazem os espectros infravermelhos da amostra
Limonita Mud. Na primeira figura estão representadas a amostra cabeça e as
142
Figura 5.24 - Espectro infravermelho referente à fração >0,60mm da amostra
Limonita Mud.
Figura 5.25 - Espectro infravermelho referente à fração <0,008mm da amostra
Limonita Mud.
143
frações de >0,60mm a >0,038mm e na segunda, estão representadas as
frações mais finas (<0,038mm a <0,008mm).
Da primeira figura, pode-se dizer que:
- O espectro, cujo meio é o KBr, mostra que as bandas da hematita (574cm-1 e
472cm-1), goethita (3136cm-1, 889cm-1 e 802cm-1) e do quartzo (1169cm-1 e
1089cm-1) estão todas bem nítidas e relativamente intensas.
- O espectro, cujo meio é o nujol, mostra que a quantidade de amostra foi a
adequada.
- O espectro, cujo meio é o fluorolube, mostra novamente que a banda a
3136cm-1 da hidroxila é muito nítida e intensa e que as demais raias são
comparáveis. Mais uma vez, as bandas características da água (região 3600-
3200cm-1 e 1650cm-1) mostram mesmas características qualitativas que na
amostra anterior; no entanto, no caso desta amostra de material limonítico,
parece haver uma quantidade levemente maior de água, do que na anterior.
Contudo, parece que esta água não é realmente de cristalização, sendo mais
provavelmente adsorvida às partículas muito pequenas da goethita presente
nesta amostra.
Baseado na Figura 5.25, pode-se dizer que:
144
- O espectro, cujo meio é o KBr, mostra que as bandas da goethita
(3123cm-1, 903cm-1 e 802cm-1) e da hematita (597cm-1 e 470cm-1) estão bem
nítidas e intensas. As bandas da caulinita a 3694cm-1, a 1104cm-1, a 1032cm-1
e a 1009cm-1 estão presentes, mediamente nítidas e pouco intensas.
- O espectro, cujo meio é o nujol, mostra que a quantidade de amostra foi a
adequada.
- O espectro, cujo meio é o fluorolube, mostra, mais uma vez, que as bandas
são comparáveis e que a banda a 3123cm-1 da hidroxila é muito nítida e
intensa. As bandas características da água mostram as mesmas características
qualitativas já descritas anteriormente. Neste difratograma, como no anterior,
parece haver uma quantidade levemente maior de água que, como já descrito
para a figura anterior, deve estar adsorvida às partículas muito pequenas de
goethita.
Assim, a quantidade maior de água neste material limonítico seria devida
apenas à maior finura e, portanto, maior área superficial desta amostra.
Como para as amostras anteriores, a EIV é consistente com a DRX.
145
Pela Figura 5.26 estão representados os espectros infravermelhos da amostra
cabeça e das frações de >0,60mm a >0,038mm da amostra Limonita Ocre. Já
pela Figura 5.27, os das frações de <0,038mm a <0,008mm.
Com base na primeira figura, pode-se dizer que:
- O espectro, cujo meio é o KBr, mostra que as bandas da goethita (3150cm-1,
899cm-1 e 802cm-1) e as da hematita (602cm-1 e 468cm-1) estão nítidas e
agudas e relativamente intensas. Do quartzo só a sua banda a 1086cm-1 (mais
típica) é observada, mesmo assim está relativamente nítida e mediamente
intensa.
- O espectro, cujo meio é o nujol, mostra que a quantidade de material foi a
adequada.
- O espectro, cujo meio é o fluorolube, mostra o mesmo já discutido para a
amostra Limonita Mud e, portanto, tiram-se as mesmas conclusões.
Da Figura 5.27 pode-se dizer que:
- O espectro, cujo meio é o KBr, mostra que as bandas da goethita (3135cm-1,
904cm-1 e 802cm-1) e da hematita (610cm-1 e 479cm-1) estão nítidas, agudas e
intensas.
146
Figura 5.26 - Espectro infravermelho referente à fração <0,600mm>0,300mm
da amostra Limonita Ocre.
Figura 5.27 - Espectro infravermelho referente à fração <0,008mm da amostra
Limonita Ocre.
147
- O espectro, cujo o meio é o nujol, mostra que a quantidade de material foi a
adequada.
- O espectro, cujo meio é o fluorolube, também mostra o mesmo já discutido
para a amostra Limonita Mud. Assim, as conclusões são as mesmas.
A EIV é consistente com a DRX. É bom notar que quanto às bandas da
magnetita, estas são difíceis de serem obtidas, quer pela pequena quantidade
em que esta fase se encontra quer pela dificuldade de se obter um espectro
razoável deste mineral.
5.4 Microscopia Ótica, MEV e Microssonda EDS
As descrições microscópicas das seções polidas de fragmentos de rocha e
frações granulométricas de PG 562 é feita a seguir.
Microscopicamente, com base no fragmento A desta amostra pode-se dizer
que a rocha apresenta-se bandada, com alternância de bandas milimétricas
compostas predominantemente por terrosos (“limonita” ou goethita terrosa)
com bandas milimétricas compostas principalmente por minerais de ferro
(goethita e hematita-martita) com estrutura cristalina preservada. Ou seja,
alternância de bandas menos alteradas e mais competentes com bandas mais
alteradas e menos competentes. Localmente, tanto podem estar as bandas
148
terr.osas enriquecidas em hematitas-martitas e goethitas (mostrando uma
maior preservação da mineralogia anterior) quanto podem estar as bandas
menos alteradas enriquecidas em materiais terrosos. De forma geral, a
porosidade é elevada.
A goethita tem hábito principalmente botrióide (6) podendo localmente estar
maciça. Pode também estar sob a forma de pequenas ripinhas disseminadas e
sem orientação preferencial, de cor cinza escuro, substituindo um anfibólio
(pseudomorfa de anfibólio) ou também, sob a forma de agregados fibrosos
orientados e determinando uma foliação, de cor cinza um pouco mais claro,
substituindo um outro tipo de anfibólio. Localmente, esta última goethita
pseudomorfa de anfibólio pode estar alterada (desidratada) a hematita e/ou
apresentar porções de goethita maciça.
A goethita botrioidal apresenta-se em diferentes graus de alteração. Esta varia
de inalterada e pouco porosa, a de textura coalescente em início de se tornar
terrosa e bem porosa, até terrosa e portanto, bastante porosa. Esta goethita
encontra-se principalmente preenchendo o espaços intergranulares (hematita-
martita e goethitas pseudomorfas de anfibólio). A goethita maciça, quando
presente, também está preenchendo estes espaços. Um aspecto que foi
observado, foi a variação de tonalidades de cinza que esta goethita botrioidal,
quando mais terrosa, pode apresentar. Ela pode estar cinza bem claro
(semelhante à hematita, mas com reflectividade inferior), cinza característico da
goethita ou cinza escuro e por vezes um pouco esverdeado.
149
Normalmente, a goethita fibrosa pseudomorfa de anfibólio, quando desidratada
a hematita, encontra-se preferencialmente associada às regiões mais ricas em
hematita-martita.
As hematitas-martitas variam de subédricas a anédricas, são microporosas,
praticamente não apresentam magnetita relicta e localmente apresentam-se
com porções alteradas a goethita. As hematitas-martitas anédricas estão
aglomeradas de tal forma que seus contornos não são facilmente identificáveis.
O que é identificável nesta espécie de “massa” de martitas é a textura,
característica, de treliça. As hematitas-martitas subédricas estão normalmente
deformadas, tendo um de seus eixos sido encurtado em relação ao outro. De
forma geral, as hematitas-martitas apresentam-se orientadas em uma direção
preferencial.
Nesta seção foi observada uma região onde a goethita terrosa é bastante
abundante e em meio a esta encontram-se associadas hematitas-martitas
(mais, ou menos alteradas), porções de goethita botrioidal, goethitas
pseudomorfas de anfibólio (fibroso), alguns grãos de quartzo (que praticamente
só foi observado nesta região) e porções de goethita um pouco terrosa e de
tonalidades de cinza variadas, preenchendo espaços intergranulares de
hematita-martita.
150
No fragmento B, o bandamentosó é obsevado localmente, e mesmo assim,
este está insipiente e com as bandas mais estreitas que as da outra seção.
Este bandamento também é dado pela alternância de bandas terrosas com
bandas compostas por hematitas-martitas e goethita. O grau de alteração desta
seção é maior que o da outra, assim há uma presença maior de materiais
terrosos e consequentemente, uma porosidade maior.
Quanto à mineralogia, esta é basicamente a mesma descrita para o fragmento
A. O que difere é a presença maior de materiais terrosos e de hematitas-
martitas e goethitas em estágios mais avançados de alteração.
LEGENDA DAS FIGURAS
HM = Hematita-martita
HL = Hematita lamelar
H = Hematita
GG1 = Goethita produto da alteração da magnetita
GG2 = Goethita botrioidal ou maciça
GT = Goethita terrosa
M = Magnetita
Q = Quartzo C = Caulinita
I = Ilmenita P = Poro
R = Resina
151
A Figura 5.28 apresenta uma fotomicrografia que ilustra a questão de goethitas
com diferentes tonalidades de cinza, a presença de uma goethita pseudomorfa
de anfibólio (fibrosa) alterada a hematita e apresentando internamente duas
porções de goethita maciça (goethita G2) (36), e três ripinhas de goethita
pseudomorfa de um outro anfibólio. Note-se que a goethita de tonalidade cinza
mais claro está contornando regiões mais alteradas (terrosas) e é mais maciça
do que a goethita cinza mais escuro que a cerca. Esta goethita mais escura é
botrioidal (goethita G2) (36) com porções mais maciças, e pode estar mais, ou
menos alterada (terrosa). O contato entre esta goethita mais escura e a mais
clara é bem marcado. Já o contato entre a hematita pseudomorfa de anfibólio e
a goethita mais maciça e de tonalidade mais clara é suave e de sutil
percepção, apresentando reflectividades semelhantes. Aparentemente, as
porções de goethita maciça, presentes dentro deste grão de hematita
pseudomorfa de anfibólio, indicariam um início de alteração desta hematita,
pois uma destas porções encontra-se lateralmente ligada à goethita botrioidal
circundante (ou seja, a goethita botrioidal está entrando na hematita
pseudomorfa de anfibólio).
A Figura 5.29 apresenta uma fotomicrografia que mostra hematitas
pseudomorfas de anfibólio fibroso associadas a porções compostas por
goethita cinza mais claro e mais escuro ambas maciças (goethitas G2) (36) onde
encontram-se dispostas ripinhas de goethita pseudomorfa de anfibólio. Notar a
falta de orientação preferencial das ripinhas de goethita (pseudomorfa).
152
Figura 5.28 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas de diferentes
tonalidades de cinza. Aumento: 500X.
Figura 5.29 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando hematita pseudomorfa de
anfibólio, goethitas (ripinhas e tons de cinza). Aumento: 500X.
153
A Figura 5.30 apresenta uma fotomicrografia que mostra a associação de
hematita pseudomorfa de anfibólio, com ripinhas de goethita pseudomorfa de
outro anfibólio, com hematita-martita porosa (hematita produto da martitização
da magnetita), subédrica a anédrica, todos “cimentados” por uma goethita já
bem terrosa de diferentes tonalidades de cinza (variando de cinza claro a um
cinza escuro esverdeado). Notar que a hematita pseudomorfa de anfibólio
localizada na parte central desta foto, apresenta-se com porções mais escuras
(início de alteração) e quando comparada à hematita-martita, ela é um pouco
mais escura e menos reflectiva. Pode-se então dizer que a reflectividade desta
hematita pseudomorfa é menor que a da hematita-martita (que por sua vez é
menor que a da hematita lamelar).
A Figura 5.31 apresenta a fotomicrografia que mostra uma região bem alterada
e de porosidade bem elevada onde encontram-se associadas goethita terrosa,
goethita botrioidal-maciça mais, ou menos alterada e porosa, hematita
pseudomorfa de anfibólio (notar que elas estão orientadas preferencialmente
numa mesma direção) e hematitas-martitas anédricas e subédricas alteradas
ou não a goethita. A porção localizada a direita e abaixo do nível de hematitas
pseudomorfas de anfibólio apresenta, aparentemente, hematitas-martitas
subédricas a anédricas alteradas a goethita. Ou seja, goethitas (G1) (36)produto
de alteração da magnetita (kenomagnetita) (12-15) . Para tal afirmação baseou-se
na forma externa dos grãos (semelhantes a hematitas-martitas encontradas em
outras regiões). Na parte direita superior também são encontrados algumas
destas goethitas pseudomorfas de magnetita e na região também superior mas
154
Figura 5.30 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando hematita pseudomorfa de
anfibólio, hematita-martita, goethita (ripinhas e terrosa). Aumento: 500X.
Figura 5.31 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas (terrosa, botrioidal e
G1), hematita-martita e hematita pseudomorfa de anfibólio. Aumento: 200X.
155
na parte aproximadamente central (no alto e um pouco a esquerda), encontra-
se uma magnetita alterada a goethita com alguma hematita-martita presente,
de porosidade elevada.
A Figura 5.32 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região bem
porosa constituída de hematitas-martitas, goethitas e hematitas pseudomorfas
de anfibólio, e, goethita terrosa. Note-se a presença de uma hematita
pseudomorfa de anfibólio alterada a goethita maciça (parte superior e a
esquerda da foto).
A Figura 5.33 apresenta uma fotomicrografia que mostra duas regiões em
diferentes estágios de alteração. Na região situada a direita desta foto, a
hematita-martita está toda ela alterada a goethita em estágio avançado de
alteração, i.e. num estágio variando de início de se tornarem terrosas a já
completamente terrosas. Preenchendo os espaços intergranulares encontra-se
uma goethita menos alterada e, portanto, mais preservada e estruturada. A
porção à esquerda da foto é composta por hematitas-martitas porosas,
“cimentadas” por goethita que varia de um pouco alterada a terrosa e de
porosidade bastante elevada.
As figuras 5.34 e 5.35 apresentam fotomicrografias que ilustram a textura de
treliça. A foto da Figura 5.34 foi tirada com o analisador fora de campo (nicóis
descruzados) e mostra hematitas-martitas porosas associadas a goethitas em
156
Figura 5.32 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas (pseudomorfa e
terrosa), hematita-martita e hematita pseudomorfa de anfibólio. Aumento: 200X.
Figura 5.33 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethita terrosa e hematita-
martita. Aumento: 200X.
157
Figura 5.34 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando hematita-martita, goethita
terrosa e maciça. Aumento: 200X.
Figura 5.35 - Fotomicrografia com nicóis cruzados tirada na mesma posição da anterior, que
ilustra a textura de treliça das hematitas-martitas. Aumento: 200X.
158
diferentes estágios de alteração (de um pouco alterada a terrosa). A foto da
Figura 5.35 foi tirada na mesma posição da anterior, porém com o analisador
no campo (nicóis cruzados). Nesta foto observa-se nitidamente a textura de
treliça das martitas.
A Figuras 5.36 apresenta uma fotomicrografia que mostra hematitas-martitas
porosas em diferentes estágios de alteração. Na fotomicrografia da Figura 5.37
foi dado um aumento maior em uma região da Figura 5.36 que apresenta
hematita-martitas mais alteradas. Note-se uma região bem delimitada de
coloração cinza um pouco mais escuro e, portanto, de reflectividade inferior a
das martitas circundantes, que internamente apresenta pequenas porções
cinza um pouco mais escuro ainda (goethitas) e tem um aspecto já um pouco
terroso. Esta região representaria uma hematita-martita goethitizada, logo em
estágio mais avançado de alteração do que aquelas de coloração mais clara
que a cercam. Porém, é um estágio de alteração anterior ao apresentado pela
porção em contato a sua direita, onde em meio a goethita completamente
terrosa resistem pequenas porções de goethita e hematita-martita ainda não
tão alteradas.
A Figura 5.38 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região bastante
alterada da seção, onde se observam goethitas de diferentes tonalidades de
cinza e diferentes graus de alteração, hematitas-martitas bem porosas e com
diferentes graus de alteração, hematitas pseudomorfas de anfibólio (algumas
159
Figura 5.36 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando hematitas-martitas em
diferentes estágios de alteração. Aumento: 200X.
Figura 5.37 - Fotomicrografia da amostra PG 562 tirada na mesma posição da anterior com
aumento maior. Aumento: 500X.
160
Figura 5.38 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas (ripinhas e tos de
cinza), hematita pseudomorfa de anfibólio e hematita-martita. Aumento: 200X.
Figura 5.39 - Fotomicrografia da amostra PG 562 tirada na mesma posição da anterior com
aumento maior. Aumento: 500X.
161
contendo alteração a goethita maciça) e ripinhas de goethita pseudomorfa do
outro anfibólio.
Na fotomicrografia da Figura 5.39 foi dado um aumento maior em uma região
da foto anterior, que apresenta uma estrutura de forma poligonal que é formada
por ripinhas de goethita (cinza mais escuro) contornadas por uma goethita
cinza mais claro. A associação se dá de tal forma que formaram-se estruturas
semelhantes a triângulos. A porção interna destes “triângulos” é composta de
goethita terrosa. A goethita intergranular pode ter uma coloração cinza claro e
estar um pouco menos alterada ou já apresentar-se completamente terrosa.
Esta goethita cinza claro está fazendo o contorno de quase todos os grãos de
hematita-martita porosa. Foi notada a presença ( uma no lado esquerdo e
inferior da foto e a outra no lado direito e inferior) de hematita pseudomorfa de
anfibólio de estrutura cristalina um pouco mais maciça. Esta hematita
representa, possivelmente, o estágio final a que a substituição do anfibólio
chegou. A goethita maciça presente dentro destas hematitas pseudomorfas,
representaria então, um estágio anterior de alteração destas.
Na fotomicrografia da Figura 5.40 foi dado um maior aumento em uma outra
região da foto da Figura 5.38, a qual também apresenta uma estrutura de forma
aproximadamente poligonal (parte central da foto), que neste caso
aparentemente representa uma hematita-martita completamente terrosa
contornada por uma fina linha formada por goethita cinza escuro (central) e
162
Figura 5.40 - Fotomicrografia da amostra PG 562 tirada na mesma posição da Figura 5.38 com
aumento maior. Aumento: 500X
Figura 5.41 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethitas botrioidais alteradas
e hematitas-martitas em diferentes estágios de alteração. Aumento: 500X.
163
goethita cinza claro (bordas) mais maciças. Ao lado desta partícula encontra-se
uma outra de formato aproximadamente triangular, semelhante às descritas na
foto anterior. Além destas estruturas, são também observadas goethitas de
diferentes tonalidades de cinza e diferentes graus de alteração (variando de
pouco a bastante terrosa), hematitas-martitas porosas e hematitas e/ou
goethitas pseudomorfas de anfibólio.
A figura 5.41 apresenta uma fotomicrografia que mostra goethitas botrioidais
bastante alteradas (variando de um estágio em início de perda de estrutura
cristalina até já completamente terrosa) e poucas hematitas-martitas porosas
em diferentes estágios de alteração.
A fração granulométrica >2,36mm é composta de aproximadamente 70% de
goethitas, 15% de goethita terrosa, 10% de hematita-martita, 5% de quartzo
(anguloso, primário)e menos de 1% de hematita lamelar (especularita).
A goethita apresenta-se principalmente com hábito botrioidal, mas pode
também estar maciça, fibrosa (substituindo anfibólio) ou sob a forma de
ripinhas (também substituindo anfibólio). O grau de alteração, como já descrito
anteriormente, é variável (desde pouco alterada até terrosa propriamente dita)
e estas goethitas podem estar associadas entre si e/ou com hematitas-martitas
mais, ou menos alteradas (desde pouco alterada e pouco porosa até muito
alterada e muito porosa podendo até chegar, localmente, a estar
164
esqueletiforme) e em muito menor proporção, com o quartzo e com hematita
lamelar (especular) ambos disseminados.
A fração granulométrica <2,36mm e >1,18mm é composta de
aproximadamente 60% de goethitas, 20% de goethita terrosa, 20% de
hematita-martita, e menos de 1% de hematita lamelar (especularita).
A descrição mineralógica feita para a fração anterior é praticamente a mesma
para esta. Uma particularidade desta fração, foi a observação de algumas
partículas formadas por praticamente somente hematitas lamelares (orientadas
em uma mesma direção) que podem ou não estar estreitamente “cimentadas”
por goethita (maciça). Este tipo de partícula é de ocorrência secundária nesta
fração.
A fração granulométrica <1,18mm e >0,60mm é composta de
aproximadamente 65% de goethitas, 20% de goethita terrosa, 15% de
hematita-martita e menos de 1% de hematita lamelar (especularita).
Pontualmente observa-se quartzo (primário).
As descrições mineralógicas feitas para as frações anteriores é praticamente a
mesma para esta fração. Nesta fração também foram observadas algumas
partículas formadas por hematita lamelar como já descrito para a fração
anterior.
165
A fração granulométrica <0,60mm e >0,300mm é composta de
aproximadamente 64% de goethitas, 15% de goethita terrosa, 20% de
hematita-martita, menos de 1% de hematita lamelar (especularita) e 1% de
quartzo (primário).
As descrições mineralógicas feitas para as frações anteriores é praticamente a
mesma para esta fração. Uma particularidade desta fração, foi o aumento da
proporção de partículas de quartzo, que podem ser formadas ou por um único
grão liberado (de aproximadamente 0,60mm) ou pela associação de alguns
pequenos grãos mais goethita (maciça, um pouco alterada). Algumas partículas
formadas pela associação de hematitas lamelares também são encontradas
nesta fração.
As frações de <0,300 a >0,038mm são ambas compostas de aproximadamente
62% de goethitas, 15% de goethita terrosa, 20% de hematita-martita, menos de
1% de hematita lamelar (especularita) e entre 3 e 5% de quartzo (primário)
liberado.
As descrições mineralógicas feitas para as frações anteriores é praticamente a
mesma destas frações.
A fração <0,038mm é composta por aproximadamente 58% de goethitas, 25%
de hematita-martita, 15% de goethita terrosa e entre 1 e 2% de quartzo. Devido
a cominuição, toda a informação a respeito da microestrutura visível até o
166
tamanho acima de 0,038mm foi perdida. Desta forma, somente ficou detectável
quais as fases mineralógicas presentes, que por sua vez são as mesmas
presentes nas demais frações.
A fotomicrografia da Figura 5.42 mostra goethita botrioidal bem porosa e
alterada. As regiões marcadas foram analisadas no MEV-microssonda. Notar
que os teores de Fe, SiO2, Al2O3 e P variam aleatoriamente e que na maioria
das áreas analisadas tanto a sílica quanto a alumina estão presentes. Isto vem
a comprovar a suposição feita anteriormente de que a goethita apresenta
quantidades variáveis destes óxidos dentro de sua estrutura cristalina, bem
como de outros tais como o P, Ti, Mn, Cl, Mg, K. Os teores das demais
substâncias analisadas também apresentam variação aleatória. A saber, ND é
a abreviatura para não detectável, ou seja, significa que se o elemento está
presente, ele o está em quantidade inferior ao limite mínimo de detecção do
aparelho.
A Figura 5.43 apresenta uma fotomicrografia em microscópio eletrônico de
varredura dando um maior aumento na área A da figura anterior. Esta foto
mostra com maior detalhe a textura botrioidal.
167
Figura 5.42 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethita botrioidal bem porosa.
As regiões marcadas foram analisadas no MEV-microssonda. Aumento: 100X.
Elementos Químicos (%)
Área Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl 1 goethita 59,26 1,96 0,52 ND 0,48 0,41 ND ND ND 2 goethita 57,67 2,54 1,51 ND ND 0,44 ND ND ND 3 goethita 56,56 1,52 2,73 0,257 ND ND ND ND 1,15 4 goethita 57,94 2,06 1,71 0,708 ND ND ND ND ND 5 goethita 56,96 2,75 1,31 0,702 ND 0,68 ND ND ND 6 goethita 59,81 3,26 0,48 ND ND 0,57 ND ND 2,23 7 goethita 58,32 2,41 ND ND ND ND ND ND ND 8 goethita 60,37 0,88 ND 0,680 ND ND ND 1,54 1,20
Figura 5.43 - Fotomicrografia em MEV dando maior aumento na Área A da figura anterior.
168
A Figura 5.44 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região composta
de goethita botrioidal bastante porosa e alterada, estando já praticamente
terrosa. Na parte central encontra-se um nível de hematitas-martitas totalmente
alteradas a goethita terrosa. As áreas marcadas na foto foram analisadas no
MEV-microssonda. Mais uma vez os teores variam aleatoriamente.
A Figura 5.45 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região composta
de goethita botrioidal bastante porosa e alterada. As áreas marcadas na foto
foram analisadas no MEV-microssonda. A área 3 parece mostrar uma
hematita-martita bastante alterada e impura (pois apresenta porcentagens de
alumina, fósforo, titânio, magnésio e cloro). A variação dos teores é aleatória.
As descrições microscópicas das seções polidas de fragmentos de rocha e
frações granulométricas de PG 965 é feita a seguir.
Microscopicamente, com base no fragmento desta amostra pode-se dizer que a
rocha apresenta-se bandada, com alternância de bandas milimétricas
compostas basicamente por goethita, hematita-martita e magnetita com bandas
milimétricas compostas principalmente por quartzo e em menor proporção
goethita terrosa.
169
Figura 5.44 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethita botrioidal e hematita-
martita, ambas terrosas. As áreas marcadas foram analisadas no MEV-
microssonda. Aumento: 100X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 60,37 0,42 1,82 0,359 ND ND ND ND ND 2 goethita 62,79 0,74 0,265 0,660 ND ND ND 1,31 ND 3 goethita 59,48 ND 1,17 0,648 ND ND 1,01 0,35 2,53 4 goethita 56,69 0,94 3,48 ND 1,34 ND ND 1,20 ND
170
Figura 5.45 - Fotomicrografia da amostra PG 562 apresentando goethita botrioidal alterada e
porosa. As áreas marcadas foram analisadas no MEV-microssonda. Aumento: 200X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 58,16 3,16 2,46 ND ND ND ND 3,71 ND 2 goethita 59,97 1,39 ND 0,546 1,49 ND ND 0,64 ND 3 hem-mrt 67,26 ND 0,72 0,450 0,20 ND 0,31 ND 1,02 4 goethita 58,93 ND ND 1,561 1,74 1,42 1,26 ND ND
171
A goethita encontra-se principalmente maciça podendo localmente estar
botrioidal. Normalmente ela apresenta microporosidade e pode estar mais, ou
menos alterada (variando de desde pouco alterada a de textura coalescente
em início de tornar-se terrosa). Esta goethita encontra-se em quantidades
variadas preenchendo espaços intergranulares (hematita-martita e magnetita).
A goethita totalmente terrosa encontra-se, principalmente, associada ao
quartzo.
As hematitas-martitas podem estar anédricas, subédricas ou euédricas. Elas
podem apresentar quantidades diferentes de magnetita relicta e/ou alteração a
goethita (G1 (36)). Localmente, pode-se observar magnetitas euédricas e
praticamente inalteradas. Quando as hematitas-martitas estão anédricas elas
apresentam-se aglomeradas de forma tal, que não é mais possível identificar
seus contornos. Foi ainda observado, embora que localmente, hematita-martita
relicta e esqueletal apresentando-se sob a forma de palhetas em meio à
goethita maciça (mais, ou menos porosa e mais, ou menos alterada). O grau de
porosidade varia de pouco a médio estando seu aumento vinculado à maior
martitização e à alteração a goethita G1.
O quartzo apresenta-se normalmente anédrico, anguloso e de tamanho
variando de dezenas a centenas de micrometros. Normalmente ele encontra-se
associado à goethita terrosa.
172
A Figura 5.46 apresenta uma fotomicrografia que ilustra uma região da seção
onde podem ser observadas hematitas-martitas anédricas apresentando
diferentes quantidades de magnetita relicta e/ou alteração à goethita G1. A
goethita botrioidal é encontrada preenchendo espaços intergrãos. Notar que
localmente observam-se magnetitas subédricas a anédricas.
A Figura 5.47 apresenta uma fotomicrografia onde enfoca-se a presença de
duas magnetitas euédricas em início de martitização. Também podem ser
observadas goethita botrioidal, hematitas-martitas anédricas (com diferentes
quantidades de magnetita relicta) e quartzo.
A Figura 5.48 apresenta uma fotomicrografia que mostra palhetas de hematita-
martita relicta e esqueletal em meio à goethita botrioidal e/ou maciça, porosa. O
quartzo também está presente.
A fração granulométrica >2,36mm é composta aproximadamente de 40% de
goethitas, 5% de goethita terrosa, 30% de hematitas-martitas, 10% de
magnetitas e 15% de quartzo.
Como já descrito anteriormente, a goethita apresenta-se principalmente maciça
com porções onde está botrioidal. A porosidade varia de média a relativamente
alta e o grau de alteração é variável. Esta goethita encontra-se associada às
hematitas-martitas e quando terrosa, ao quartzo. As hematitas-martitas e o
quartzo apresentam-se sob a forma já descrita anteriormente. Localmente foi
173
Figura 5.46 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-martitas anédricas e
subédricas, magnetitas e goethita G1. Aumento: 200X
Figura 5.47 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando magnetitas euédricas,
hematitas-martitas, goethitas (G1 e botrioidal). Aumento: 500X.
174
Figura 5.48 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando palhetas de hematita-martita
relicta e esqueletal em meio a goethita botrioidal e/ou maciça, porosa. Aumento:
500X.
Figura 5.49 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-martitas relictas em
meio a goethita maciça porosa. Aumento: 200X.
175
observado um material de coloração cinza, nitidamente translúcido, de forma
anédrica e aparência amorfa. Possivelmente trata-se de um quartzo de origem
secundária.
A Figura 5.49 apresenta uma fotomicrografia que mostra hematitas-martitas
relictas em meio a goethita maciça porosa e já um pouco alterada. Observa-se
também a presença de uma hematita-martita euédrica, praticamente sem
magnetita relicta, mas com alteração a goethita G1. O quartzo também está
presente.
A Figura 5.50 apresenta uma fotomicrografia que mostra goethita maciça
porosa, magnetitas euédricas alteradas tanto à hematita (martitização) como à
goethita G1 (notar a textura de treliça), hematitas-martitas anédricas
apresentando diferentes quantidades de magnetita relicta e/ou alteração à
goethita. Também observa-se o quartzo.
A fração granulométrica <2,36mm e >1,18mm é composta de
aproximadamente 40% de goethitas, 5% de goethita terrosa, 25% de
hematitas-martitas, 12% de magnetitas, 8% de hematita lamelar e 10% de
quartzo.
Praticamente não houve alteração da mineralogia desta fração com relação a
da anterior. A diferença está na presença de hematitas lamelares (especular),
176
Figura 5.50 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando goethita maciça porosa,
magnetitas euédricas pouco alteradas a hematita e/ou a goethita G1 e hematitas-
martitas anédricas. Aumento: 200X.
Figura 5.51 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas lamelares
orientadas, hematitas-martitas esqueletais, goethita maciça e botrioidal e
quarto. Aumento: 200X.
177
orientadas segundo o bandamento e com eixo maior de dimensão de dezenas
de micrometros.
A Figura 5.51 apresenta uma fotomicrografia que ilustra a presença de
hematitas lamelares orientadas segundo o bandamento e associadas à
goethita maciça e botrioidal, a martitas esqueletais e ao quartzo.
A Figura 5.52 apresenta uma fotomicrografia que foi tirada de uma mesma
região da foto da figura anterior e onde foi dado um maior aumento para que
fosse possível uma maior observação das hematitas-martitas esqueletais.
A Figura 5.53 apresenta uma fotomicrografia que mostra magnetitas euédricas
praticamente totalmente alterada a goethita G1 podendo conter, em menor
quantidade, tanto magnetita relicta quanto hematita-martita. Associados
encontram-se ainda goethita maciça (ou botrioidal) porosa e quartzo.
A fração granulométrica <1,18mm e > 0,60mm é composta de
aproximadamente 40% de goethitas, 5% de goethita terrosa, 25% de
hematitas-martitas, 8% de hematitas lamelares, 12% de magnetitas e 10% de
quartzo.
As descrições mineralógicas feitas para as frações anteriores é praticamente a
mesma desta fração. Assim, as fases mineralógicas presentes e suas
associações são praticamente as mesmas podendo alterar, porém, as
178
Figura 5.52 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-martitas esqueletais.
Aumento: 500X.
Figura 5.53 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando magnetitas euédricas
praticamente totalmente alteradas a goethita (G1), goethita maciça porosa e
quartzo. Aumento: 100X.
179
quantidades em que elas se encontram. Nesta fração, como na anterior, foi
encontrado, localmente, o mesmo material cinza translúcido, anédrico e
aparentemente amorfo atribuído, anteriormente, como sendo um quartzo
secundário.
A Figura 5.54 apresenta uma fotomicrografia que mostra duas partículas
compostas por goethita botrioidal porosa.
A fração granulométrica <0,60 e >0,300 é composta de aproximadamente 47%
de goethitas, 10% de goethita terrosa, 15% de hematitas-martitas, 8% de
hematitas lamelares e 5% de quartzo.
Não houve modificações substanciais na mineralogia e em suas associações.
Desta forma, as descrições feitas para as frações anteriores se adequam a
esta fração. Uma ocorrência antes não observada foi a presença de hematitas-
martitas anédricas, de alta reflectividade e associadas de tal forma que geram
uma região onde não se consegue mais determinar com facilidade os
contornos entre elas (uma “massa” de hematitas-martitas). A porosidade nestas
hematitas-martitas é relativamente alta e tanto a magnetita relicta quanto a
goethita G1, estão presentes em pequena quantidade.
A fração granulométrica <0,300mm e >105mm é composta de
aproximadamente 50% de goethitas, 5% de goethita terrosa, 20% de
180
Figura 5.54 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando duas partículas de goethita
botrioidal porosa. Aumento: 100X.
Figura 5.55 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-martitas subédricas
a anédricas porosas em meio a goethita terrosa. As áreas marcadas foram
analisadas no MEV-microssonda. Aumento: 200X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 hem-mrt 68,64 0,44 0,45 ND 0,30 ND ND ND ND 2 goethita 59,57 ND 1,53 ND ND ND ND ND 1,29 3 goethita 59,94 0,86 1,76 ND ND ND ND ND ND 4 goethita 60,37 0,31 1,56 ND 0,51 ND ND ND ND
181
hematitas-martitas, 10% de magnetitas, 5% de hematitas lamelares e 10% de
quartzo.
Não houve modificações substanciais na mineralogia e em suas associações.
Desta forma, as descrições feitas para as frações anteriores se adequam a
esta fração.
As frações granulométricas <0,105mm e >0,038mm e <0,038mm são
compostas de cerca de 30% de goethitas, 10% de goethita terrosa, 20% de
hematitas-martitas, 5% de hematitas lamelares, 5% de magnetitas e 30% de
quartzo.
Não houve modificações substanciais na mineralogia e em suas associações.
Desta forma, as descrições feitas para as frações anteriores se adequam a
estas frações.
A Figura 5.55 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região composta
por hematitas-martitas subédricas a anédricas, porosas, contendo magnetita
relicta, em meio a goethita terrosa. As áreas marcadas na foto foram
analisadas no MEV-microssonda. Notar que os teores, mais uma vez, variam
aleatoriamente e que a região da hematita-martita analisada é um pouco
impura. Notar também que nenhuma das áreas analisadas apresentou
quantidades detectáveis de P.
182
A Figura 5.56 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região onde foi
enfocada uma grande hematita-martita anédrica (parte central da foto)
apresentando goethita G1. As áreas marcadas na foto foram analisadas no
MEV-microssonda. Notar que os teores, mais uma vez, variam de forma
aleatória, que a hematita-martita analisada é um pouco impura e que
novamente o P não foi detectado.
A Figura 5.57 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região onde são
observadas as hematitas-martitas anédricas de alta reflectividade e associadas
de forma a gerarem uma região onde não se consegue mais determinar com
facilidade seus contornos (“massa” de hematitas-martitas). Este tipo de
hematitas-martitas foi encontrado e descrito na fração <0,60mm e >0,300mm.
A área marcada na foto foi analisada no MEV-microssonda. Notar que a região
da hematita-martita analisada mostrou também que elas são um pouco
impuras.
As descrições microscópicas das seções polidas de fragmentos de rocha e das
frações granulométricas de PG 475 é feita abaixo.
Microscopicamente, com base no fragmento A desta amostra, pode-se dizer
que a parte da rocha analisada é composta basicamente por goethita maciça,
goethita terrosa, hematita lamelar, hematita equiaxial, hematita-martita e
quartzo. Ela apresenta uma foliação incipiente marcada pela disposição das
hematitas lamelares em planos paralelos.
183
Figura 5.56 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando uma grande hematita-martita
anédrica apresentando goethita G1. As áreas marcadas foram analisadas no MEV-
microssonda. Aumento: 200X.
Elementos Químicos (%) Área Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 hem-mrt 68,41 0,67 0,47 ND ND ND ND ND ND 2 goethita 61,40 ND ND ND 0,37 ND ND 0,47 ND 3 goethita 62,18 0,24 ND ND ND ND ND ND 0,53
Figura 5.57 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas-martitas anédricas.
A área marcada foi analisada no MEV-microssonda. Aumento: 100X.
Elementos Químicos (%) Área Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 hem-mrt 68,58 0,62 0,73 ND ND ND ND ND 1,08
184
A goethita apresenta-se maciça e é a principal constituinte, podendo
apresentar-se variavelmente porosa e alterada. A goethita terrosa, apesar de
menos frequente, pode localmente estar em grande concentração. Apenas em
determinados locais pôde-se encontrar goethita botrioidal porosa. A goethita
(de forma geral) encontra-se preenchendo espaços intergrãos.
A hematita (lamelar e hematita-martita) apresenta-se com diferentes graus de
porosidade (variando de pouco a muito porosa). A hematita-martita é menos
abundante que a lamelar, normalmente encontra-se associada a esta segunda
e tem tamanho que pode variar de dezenas a centenas de micrometros. Ela
pode apresentar magnetita relicta ou alteração à goethita G1 e/ou goethita
terrosa. Seu grau de porosidade é variável (desde pouco até muito porosa).
Localmente observam hematitas-martitas esqueletais. A hematita lamelar
possui eixo de maior alongamento com tamanho que pode variar de dezenas a
centenas de micrometros. A foliação determinada por elas apresenta-se
ondulada e descontínua. Elas podem estar associadas entre si e/ou com
hematitas-martitas formando grandes agregados (de porosidade mais
alta), ou podem estar disseminadas em meio à goethita maciça. Localmente
observa-se associada a esta hematita lamelar a hematita equiaxial.
O quartzo está presente em menor proporção do que os outros minerais. Ele
normalmente está associado a estes ou sob a forma de grãos subédricos ou
como uma “massa anédrica” formada por quartzo secundário (descrito
anteriormente para PG 965). Uma outra maneira em que pode se encontrar o
185
quartzo, embora mais rara, é sob a forma de pequeninos grãos inclusos na
hematita lamelar.
O fragmento de rocha B apresenta-se subdividido em duas regiões separadas
por um veio centimétrico aproximadamente central e contínuo. O veio central é
composto basicamente por goethita botrioidal pouco a não porosa e de cristais
(aciculares) com tamanho variando de dezenas a centenas de micrometros. O
contato deste veio com ambas as regiões é marcado pelo aumento brusco da
porosidade, que de pequena proporção no veio, passa a de grande proporção
em ambas as regiões. É marcado também, pela presença de quartzo subédrico
(embora em pequena proporção) e hematitas-martitas de variáveis graus de
porosidade e diferentes graus de alteração, em ambas as regiões. Uma das
regiões é composta predominantemente por goethita botrioidal variavelmente
porosa, mais fina, e, em menor proporção, por goethita terrosa e quartzo
subédrico a anédrico de dimensões variando de dezenas a centenas de
micrometros. Localmente pode-se observar goethita maciça porosa. A alta
porosidade desta região, confere à mesma o aparecimento de uma textura
semelhante a uma colméia, onde o que se observa é um aglomerado de poros
de tamanhos e formas variadas sendo contornados por goethita botrioidal. A
outra região é composta principalmente por goethita botrioidal bastante porosa
e em menor proporção, por hematitas-martitas euédricas a subédricas com
diferentes graus de alteração e porosidade, goethita terrosa e quartzo.
Magnetita pouco martitizada e pouco porosa é menos frequente.
186
A Figura 5.58 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região formada
por hematitas lamelares secundárias orientadas e dispostas em planos
paralelos de forma a originarem uma foliação que apresenta-se dobrada. Esta
hematita está associada à goethita maciça alterada e porosa (um pouco
terrosa) e à hematita lamelar primária.
A Figura 5.59 apresenta uma fotomicrografia que ilustra a presença de
aglomerados formados pela associação de hematitas lamelares de porosidade
relativamente alta, com hematitas lamelares de diferentes gerações
disseminadas em meio à goethita relativamente terrosa, com hematitas-
martitas alteradas à goethita.
A Figura 5.60 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região composta
basicamente por quartzo secundário associado à goethita.
A Figura 5.61 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região composta
por hematitas-martitas microporosas, de aparência compacta, anédricas a
subédricas e não apresentando a textura de treliça. Em meio a estas
hematitas-martitas pode-se notar a presença de uma hematita-martita euédrica
bastante porosa e apresentando uma grande parte alterada a goethita terrosa.
Nesta hematita-martita observa-se a textura de treliça formada pelo
entrelaçamento de lamelas de hematita com lamelas de goethita G1.
187
Figura 5.58 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas lamelares secundárias
em meio a goethita maciça porosa. Aumento: 500X.
Figura 5.59 - Fotomicrografia da amostra PG 965 apresentando hematitas lamelares de
diferentes gerações em meio a goethita maciça porosa e hematitas-martitas
contendo goethita G1. Aumento: 500X.
188
Figura 5.60 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando quartzo secundário associado
à goethita. Aumento: 200X.
Figura 5.61 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas-martitas anédricas a
subédricas microporosas, hematita-martita alterada a goethita G1 e goethita
botrioidal porosa. Aumento: 200X.
189
Associada a estas hematitas-martitas encontra-se goethita botrioidal porosa
preenchendo espaços intergrãos.
A Figura 5.62 apresenta uma fotomicrografia que enfoca uma hematita-martita
relicta em meio a goethita botrioidal porosa. Da hematita-martita, resta apenas
a textura de treliça, sendo que as lamelas estão totalmente alteradas a goethita
terrosa. No restante da foto observa-se ainda a hematita-martita microporosa e
hematitas lamelares secundárias e disseminadas.
A Figura 5.63 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma feição
observada. Em meio a hematita equiaxial (e/ou lamelar) encontram-se duas
regiões preenchidas por goethita e que apresentam um contorno de coloração
cinza mais claro e nitidamente esverdeado. No restante da foto, pode-se
também observar a presença de quartzo secundário e de quartzo incluso na
hematita.
As duas Figuras a seguir, 5.64 e 5.65, apresentam fotomicrografias que foram
tiradas para mostrar um estrutura que aparentemente representa um padrão de
alteração da hematita-martita. Com base na Figura 5.64, pode-se notar que a
forma externa desta estrutura lembra a de uma hematita-martita e internamente
ela apresenta um material de textura terrosa e coloração cinza um pouco mais
claro que o material que o cerca (goethita), contendo pequenos grãos de
coloração cinza bem claro (hematita) e pequenos grãos de cor cinza mais
escuro (goethita). Baseado na Figura 5.65, nota-se que a região enfocada
190
Figura 5.62 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematita-martita relicta em
meio a goethita botrioidal porosa, hematita-martita microporosa e hematitas
lamelares secundárias. Aumento: 200X.
Figura 5.63 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando goethita maciça em meio a
hematita e quartzo. Aumento: 500X.
191
Figura 5.64 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematita-martitas, hematitas
lamelares secundárias, goethita ( maciça porosa e terrosa). Aumento: 200X.
Figura 5.65 - Fotomicrografia da amostra PG 475 na qual foi dado um maior aumento numa
região da Figura 5.64. Aumento: 500X.
192
é bastante porosa e pode-se perceber com maior nitidez, as diferentes
tonalidades de cinza. Aparentemente, as regiões preenchidas por goethita
terrosa (de coloração amarronzada) representam estruturas do tipo acima, em
um estágio mais avançado de alteração.
A Figura 5.66 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma hematita-martita
subédrica, porosa, contendo alguma magnetita relicta e alteração a goethita.
Este mineral encontra-se em meio a goethita botrioidal mediamente porosa. Na
parte inferior e aproximadamente central da foto pode ser observada a
presença de um quartzo subédrico.
As duas Figuras a seguir, 5.67 e 5.68, foram tiradas ambas em uma mesma
região porém, na primeira os nicóis estão descruzados e na segunda cruzados.
Elas ilustram a goethita botrioidal presente no veio central da seção polida do
fragmento B (descrito anteriormente).
A Figura 5.69 apresenta uma fotomicrografia que mostra hematitas-martitas
com diferentes graus de alteração em meio a goethita botrioidal muito porosa.
A fração granulométrica >2,36mm é composta aproximadamente de 30% de
goethita, 5% de goethita terrosa, 60% de hematita lamelar, menos de 1% de
hematita-martita e em torno de 5% de quartzo.
193
Figura 5.66 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematita-martita subédrica
contendo magnetita relicta e goethita G1 em meio a goethita botrioidal. Aumento:
200X.
194
Figura 5.67 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando goethita botrioidal. Aumento:
200X.
Figura 5.68 - Fotomicrografia da amostra PG 475 tirada na mesma posição da figura anterior,
porém com nicóis cruzados. Aumento: 200X.
195
Figura 5.69 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas-martitas subédricas
a euédricas em diferentes graus de alteração em meio a goethita botrioidal
porosa. Aumento: 200X.
196
A goethita apresenta-se principalmente maciça, mas pode também estar
botrioidal ou terrosa. A goethita apresenta porosidade variável e normalmente
está preenchendo espaços intergrãos. A hematita lamelar pode apresentar-se
ou sob a forma de grandes regiões formadas apenas por hematitas tão
intimamente associadas entre si que fica difícil individualizá-las, ou podem
estar em grande concentração mas apresentando goethita contornando-as
(intergranular), ou estar disseminada e de granulação bem fina (secundária).
Excetuando-se esta hematita secundária, a hematita lamelar tem dimensão
variando de dezenas a centenas de micrometros e, de forma geral, está
orientada em uma mesma direção preferencial. A hematita-martita é de
ocorrência mais rara, apresenta-se praticamente totalmente substituída pela
hematita, tem dimensão variando de dezenas a centenas de micrometros e
apresenta porosidade variando de média a alta. O quartzo ou está subédrico
ou, mais raramente, pode estar sob a forma da “massa anédrica” (secundário),
já descrito anteriormente. Ele pode estar associado a todas as outras fases
minerais aqui descritas.
A Figura 5.70 apresenta uma fotomicrografia que mostra hematitas lamelares
orientadas e goethita intergranular. Notar que a porosidade da partícula é
elevada.
A fração granulométrica <2,36mm e >1,18mm é composta de
aproximadamente 30% de goethita, 5% de goethita terrosa, 60% de hematita
lamelar, menos de 1% de hematita-martita e em torno de 5% de quartzo.
197
Figura 5.70 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas lamelares e goethita.
Aumento: 200X.
Figura 5.71 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando goethita botrioidal porosa
formando a textura do tipo colméia. Também, quartzo. Aumento: 100X.
198
A descrição mineralógica feita para a fração anterior pode ser utilizada para
descrever esta fração. Ou seja, não há modificações substanciais.
A Figura 5.71 apresenta uma fotomicrografia que ilustra a textura do tipo
colméia. A mineralogia é goethita botrioidal porosa e um cristal de quartzo
subédrico.
A fração mineralógica <1,18mm e >0,60mm é composta de aproximadamente
40% de goethita, 55% de hematita lamelar, menos de 1% de hematita-martita,
3% de goethita terrosa e 2% de quartzo.
Não houve modificações substanciais na mineralogia de forma que, as
descrições feitas para as frações anteriores pode ser adotada para esta fração.
A fração granulométrica <0,60mm e >0,300mm é composta de
aproximadamente 30% de goethita, 10% de goethita terrosa, 60% de hematita
lamelar, menos de 1% de hematita-martita e menos de1% de quartzo.
A mesma descrição mineralógica feita para as outras frações se adequa para a
descrição desta fração.
A fração granulométrica <0,300mm e >0,105mm é composta de
aproximadamente 30% de goethita, 5% de goethita terrosa, 60% de hematita
lamelar, menos de 1% de hematita-martita e em torno de 5% de quartzo.
199
A mesma descrição mineralógica feita para as outras frações se adequa a esta,
com o ressalvo que nesta ele encontra-se, em sua maioria, totalmente
dissociado (liberado).
As frações granulométricas de <0,105mm a <0,038mm são compostas de
aproximadamente 30% de goethita, 5% de goethita terrosa, 60% de hematita
lamelar, menos de 1% de hematita-martita e em torno de 5% de quartzo.
Basicamente não há modificações na mineralogia.
A Figura 5.72 apresenta uma fotomicrografia em preto e branco da mesma
região da fotomicrografia da Figura 5.63. Nela estão marcadas áreas que foram
analisadas no MEV-microssonda. A Figura 5.73 apresenta uma fotomicrografia
tirada no MEV, da mesma região da Figura 5.72. Na Figura 5.73, notar a
diferença de relevo entre as porções mais claras (hematita) e as mais escuras
(goethita). Notar também que a goethita tem hábito botrioidal e que o contorno
cinza mais claro observado na Figura 5.72 pode também ser notado nesta
figura, isto indicando que há uma diferença de relevo entre esta goethita cinza
mais claro e a goethita cinza mais escuro interior. Com base nos resultados
obtidos na microssonda pode-se notar que, mais uma vez, os teores
200
Figura 5.72 - Fotomicrografia da amostra PG 475 tirada da mesma região da Figura 5.63. As
áreas marcadas foram analisadas no MEV-microssonda. Aumento: 500X.
Elementos Químicos (%)
Área Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 60,02 1,07 ND ND ND ND ND ND 1,14 2 goethita 61,25 0,37 ND ND 0,40 ND 0,35 ND 0,62 3 hematita 69,23 ND 0,49 ND 0,40 ND ND ND ND 4 goethita 61,63 0,38 0,27 0,34 ND 0,52 ND ND ND 5 goethita 61,23 0,45 0,71 ND 0,44 ND ND ND 0,55 6 quartzo 11,37 21,05 17,61 ND ND 0,36 2,63 ND ND 7 quartzo 10,13 20,81 18,45 ND ND ND 2,86 0,73 0,85
Figura 5.73 - Fotomicrografia da amostra PG 475 tirada no MEV enfocando uma região da
Figura 5.72. Aumento: 2200X.
201
variam aleatoriamente, o P foi encontrado apenas em uma das áreas
analisadas e que o material antes descrito como quartzo secundário, trata-se
de um material composto principalmente de sílica, seguido de alumina e Fe e
contendo ainda outros elementos, tais como Mn, Mg, K e Cl, só que em menor
quantidade.
A Figura 5.74 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região muito
alterada e porosa onde podem ser observadas hematitas-martitas totalmente
alteradas à goethita terrosa em meio à goethita terrosa. As áreas marcadas
foram analisadas no MEV-microssonda. Notar que os teores continuam
variando aleatoriamente e que na área analisada na goethita produto de
alteração da magnetita (área 4), não foi detectado o P.
A Figura 5.75 apresenta uma fotomicrografia tirada no MEV-microssonda que
mostra uma partícula composta de goethita botrioidal e hematitas lamelares. As
áreas marcadas foram analisadas na microssonda. Notar que as hematitas
apresentam-se impuras e que os teores variam aleatoriamente.
A Figura 5.76 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma partícula formada
por goethita maciça pouco porosa e hematita intergranular. As áreas marcadas
foram analisadas no MEV-microssonda. Notar que tanto a hematita quanto a
goethita apresentam as mesmas impurezas.
202
Figura 5.74 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando hematitas-martitas alteradas a
goethita em meio a goethita terrosa. As áreas marcadas foram analisadas no MEV-
microssonda. Aumento: 200X.
Elementos Químicos (%)
Área Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl 1 goethita 59,73 0,61 1,04 0,594 ND ND ND ND 0,58 2 goethita 54,86 0,30 5,45 0,347 ND ND ND ND ND 3 goethita 59,96 0,99 1,34 0,252 0,41 ND ND ND ND 4 goethita 61,11 1,01 0,91 ND ND ND ND ND ND
203
Figura 5.75 - Fotomicrografia da amostra PG 475 tirada no MEV apresentando goethita
botrioidal e hematitas lamelares. As áreas marcadas foram analisadas pela microssonda.
Aumento: 360X.
Elementos Químicos (%)
Área Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl 1 goethita 59,20 1,53 0,66 0,391 ND 0,37 ND ND ND 2 goethita 57,54 1,38 2,85 0,565 ND ND ND ND 2,01 3 hematita 68,29 ND 0,53 ND ND ND ND ND 1.09 4 hematita 66,84 0,66 ND 0,529 ND ND ND ND 1,037
Figura 5.76 - Fotomicrografia da amostra PG 475 apresentando goethita maciça e hematita
intergranular. As áreas marcadas foram analisadas no MEV-microssonda. Aumento: 200X.
Elementos Químicos (%)
Área Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl 1 hematita 67,91 1,01 0,91 ND ND ND ND ND ND 2 goethita 61,09 0,67 0,43 ND ND ND ND ND ND
204
As descrições microscópicas das seções polidas de fragmentos de rocha e das
frações granulométricas de PG 454 é feita abaixo.
Microscopicamente, com base no fragmento A desta amostra pode-se dizer
que a região da rocha analisada é composta basicamente por goethita
botrioidal típica, goethita terrosa e, em menor proporção, pelo quartzo. Há uma
certa alternância de níveis compostos basicamente por goethita botrioidal de
cristais grandes, pouco alterada e de porosidade baixa, com níveis onde a
goethita botrioidal está com cristais menores e um nível de alteração e
porosidade mais elevados, com níveis onde a goethita botrioidal está com
cristais bem pequenos e com nível de alteração alto e porosidade elevada, com
níveis onde o grau de alteração é tão elevado que a goethita está totalmente
terrosa. O quartzo está associado aos níveis mais porosos e ele apresenta-se
ou sob a forma de cristais que variam de subédricos a anédricos ou sob a
forma da “massa” anédrica já descrita anteriormente. Associado ao quartzo,
mas de ocorrência local, pode ser encontrado um mineral translúcido, de cor
cinza, hábito prismático e de cristais delgados, que aparentemente pode ser
uma mica. Cristais aciculares de goethita pseudomorfa de anfibólio podem ser
encontrados, mas apenas localmente e em pequena quantidade.
Com base no fragmento B desta amostra pode-se dizer que a parte da amostra
analisada é composta basicamente de goethita botrioidal e quartzo, e, em
menor proporção, hematita lamelar, hematita-martita, hematita de hábito
205
botrioidal 2 e magnetita. A porosidade da seção é, de maneira geral, alta. O
quartzo apresenta-se principalmente anédrico e mais raramente pode ser
encontrado sob a forma da “massa” anédrica (quartzo secundário). A hematita
botrioidal, em certos locais, apresenta-se tão intimamente intercrescida com a
goethita botrioidal que chega-se a conclusão que esta é produto de
desidratação direta da goethita.
A Figura 5.77 apresenta uma fotomicrografia que mostra a presença de
goethita maciça porosa, cristais prismáticos delgados de um mineral que
aparentemente é o quartzo, porções preenchidas por material amorfo,
translúcido, de coloração cinza e que aparentemente representa um quartzo
secundário.
A Figura 5.78 apresenta uma fotomicrografia com nicóis cruzados que mostra
duas estruturas semelhantes a franjas formadas por goethita botrioidal em meio
a goethita maciça porosa e quartzo.
A Figura 5.79 apresenta uma fotomicrografia que mostra goethita botrioidal
típica. Já a Figura 5.80 apresenta uma Fotomicrografia que mostra uma porção
formada por goethita botrioidal em contato com hematita botrioidal. Notar a
interação de uma com a outra, sugerindo a desidratação da goethita a
hematita.
2Inicialmente ficou-se na dúvida se esta hematita botrioidal não se tratava na realidade de uma goethita mais reflectiva.
Preparou-se uma amostra desta hematita e levou-a à análise no difratômetro de raios-X dando um resultado positivo
para hematita. O respectivo difratograma pode ser encontrado nos anexos.
206
Figura 5.77 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita maciça porosa e
quartzo secundário. Aumento: 200X.
Figura 5.78 - Fotomicrografia (nicóis cruzados) da amostra PG 454 apresentando goethita
botrioidal em meio a goethita maciça porosa e quartzo. Aumento: 200X.
207
Figura 5.79 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita botrioidal típica.
Aumento: 200X.
Figura 5.80 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita botrioidal e hematita
botrioidal. Aumento: 200X.
0 100µm 200µm0 100µm 200µm
208
A Figura 5.81 mostra uma fotomicrografia que mostra outra porção formada por
goethita e hematita ambas botrioidais. Notar que em meio a hematita botrioidal,
pode-se observar a presença de uma hematita-martita porosa e alterada a
goethita G1. Notar que a hematita botrioidal é um pouco menos reflectiva que a
hematita-martita, mas é mais que a goethita G1.
A fração granulométrica >2,36mm é composta basicamente de
aproximadamente 74% de goethita, 20% de quartzo, 5% de hematita lamelar e
1% de hematita-martita-magnetita.
A goethita apresenta-se com hábito botrioidal, o grau de porosidade variando
de baixo a alto, grau de alteração também variando desde bem preservada até
praticamente já quase terrosa. A hematita lamelar apresenta-se de tamanho
variando desde dezenas a centenas de micrometros como também pode estar
bem fina e ser de geração secundária. O quartzo apresenta-se sob a forma de
grãos anédricos e angulosos. Os minerais estão associados entre si em
diferentes proporções.
A Figura 5.82 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma partícula formada
por goethita botrioidal em diferentes graus de alteração e porosidade.
209
Figura 5.81 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando hematita botrioidal, goethita
botrioidal e hematita-martita. Aumento: 200X.
Figura 5.82 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita botrioidal porosa.
Aumento: 50X.
210
A fração granulométrica <2,36mm e >1,18mm é composta de
aproximadamente de 56% de goethita botrioidal, 20% de quartzo, 10% de
hematita lamelar, 10% de hematita botrioidal, 1% de hematita-martita-magnetita
e 3% de goethita terrosa.
Basicamente não houve modificações na mineralogia e em suas associações
da fração anterior para esta fração. Assim, pode-se basear na descrição feita
anteriormente.
A Figura 5.83 apresenta uma fotomicrografia que mostra a presença de quartzo
secundário em meio a goethita botrioidal porosa.
A Figura 5.84 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma partícula formada
por goethita botrioidal bastante alterada. A Figura 5.85 apresenta uma
fotomicrografia tirada da mesma partícula anterior, na mesma posição, mas
com nicóis cruzados.
A fração <1,18mm e >0,60mm é composta de aproximadamente 55% de
goethita, 10% de quartzo, 20% de hematita lamelar, 10% de hematita
botrioidal,4% de goethita terrosa e 1% de hematita-martita-magnetita.
Praticamente não houve modificações substanciais na mineralogia e suas
associações.
211
Figura 5.83 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando quartzo secundário em meio a
goethita botrioidal porosa. Aumento: 50X.
212
Figura 5.84 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita botrioidal bem
alterada. Aumento: 500X.
Figura 5.85 - Fotomicrografia da amostra PG 454 tirada na mesma posição da figura anterior,
porém com nicóis cruzados. Aumento: 500X.
213
A fração <0,60mm e >0,30mm é composta de aproximadamente de 63% de
goethita, 7% de quartzo, 20% de hematita lamelar, 5% de hematita botrioidal e
5% de goethita terrosa.
Como nas frações anteriores, não há grandes variações na mineralogia e em
suas associações.
A fração <0,30mm e >0,105mm é composta de aproximadamente de 68% de
goethita, 11% de quartzo, 10% de hematita lamelar, 5% de hematita botrioidal,
5% de goethita terrosa e 1% de hematita-martita-magnetita.
A mineralogia não sofre alterações substanciais (como nas outras frações),
mas nota-se que o quartzo está mais liberado que nas outras frações
(praticamente totalmente liberado), a goethita predominante é a maciça e a
hematita lamelar determina uma foliação.
A fração <105mm e >0,038mm é composta de aproximadamente 55% de
goethita, 19% de quartzo, 17% de hematita lamelar e botrioidal, 1% de
hematita-martita-magnetita e 8% de goethita terrosa.
A mineralogia é bem semelhante à das outras frações, nota-se que a maioria
das partículas é monominerálica. Nesta fração, devido ao grau de cominuição,
fica difícil diferenciar-se a hematita lamelar da botrioidal, mas ainda são
percebidos aglomerados de hematita lamelar.
214
A fração <0,038mm é composta de aproximadamente 46% de goethita, 46% de
hematita, 5% de quartzo e 3% de goethita terrosa.
Devido à cominuição toda a informação a respeito da microestrutura visível até
o tamanho >0,038mm, foi perdida ficando, portanto, detectável basicamente as
fases minerais presentes, que praticamente são as mesmas já discutidas
anteriormente.
A Figura 5.86 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma partícula
composta de goethita botrioidal porosa de diferentes cores (reflectividade) e
associada a esta, hematita lamelar e quartzo secundário. As áreas marcadas
foram analisadas no MEV-microssonda. Mais uma vez o que pode-se observar
é que a variação da porcentagens dos elementos analisados nas goethitas,
continua aleatória. Assim, a diferença de coloração (reflectividade) das
goethitas não tem relação direta com a composição destas. A Área 10 parece
representar um buraco onde o antigo material foi arrancado e o que analisou-se
foi, na realidade, foi uma mistura de goethita mais o material utilizado para dar
o polimento (pasta de alumina). O material descrito como quartzo, na realidade
representa, para a Área 2, realmente um quartzo com pouco conteúdo em
ferro. Já para a Área 4, representa um mineral secundário rico em sílica,
seguido da alumina e do ferro, e, com algum conteúdo em Mg e K. A hematita
da Área 3, é na realidade um mineral secundário, rico em sílica seguido do
ferro e ainda contendo algum conteúdo em K. Deve tratar de algum
215
Figura 5.86 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita botrioidal porosa
(diferentes tons de cinza), hematita lamelar e quartzo. As áreas marcadas foram
analisadas no MEV-microssonda. Aumento: 200X.
Elementos Químicos (%)
Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 60,13 0,31 1,07 0,980 ND ND ND ND 1,12 2 quartzo 1,17 46,28 ND ND ND ND ND ND ND 3 hematita 19,53 33,56 ND ND ND ND ND 0,56 ND 4 quartzo 10,90 22,44 15,89 ND ND ND 3,40 1,14 ND 5 goethita 50,18 4,30 3,90 0,560 ND ND 1,41 ND 0,62 6 hematita 69,79 ND ND ND ND ND ND ND 0,52 7 goethita 57,69 0,54 1,62 0,910 0,46 ND ND ND 1,21 8 goethita 60,63 0,34 1,06 0,600 ND ND ND ND 0,69 9 goethita 60,57 ND 0,82 0,810 0,37 ND 0,41 ND ND 10 goethita 42,33 ND 16,38 ND 0,56 ND ND ND ND 11 goethita 58,70 ND 1,89 0,580 0,46 ND ND ND 0,56 12 goethita 59,57 0,82 0,31 0,254 0,44 ND ND 0,49 1,02 13 goethita 60,03 0,49 0,42 0,820 0,43 ND ND ND ND 14 goethita 58,24 0,35 1,54 0,834 ND ND ND ND 0,76
216
silicato de ferro. A hematita da Área 6, trata-se realmente de uma hematita
quase pura (contendo pouco conteúdo em Cl).
A Figura 5.87 apresenta uma fotomicrografia da região onde se encontram as
Áreas 10, 11, 12, 13 e 14 da figura anterior, mas com aumento maior, para se
dar um maior realce às áreas mencionadas.
A Figura 5.88 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma partícula
composta de goethita botrioidal porosa, hematitas-martitas porosas e
totalmente alteradas a goethita G1, uma hematita-martita bem porosa e pouco
alterada a goethita G1 e porções mais claras (hematita) e mais reflectivas. As
áreas marcadas foram analisadas no MEV-microssonda. A goethita da Área 1 é
mais impura do que o material mais claro (reflectivo), embora este segundo
seja também um pouco impuro, mas ainda assim deve realmente representar
hematita secundária, já que as hematitas-martitas invariavelmente se
apresentaram impuras.
A Figura 5.89 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região composta
de goethita maciça porosa e associado a ela minerais lamelares translúcidos
previamente descritos como sendo possivelmente mica, e, ainda porções
maisclaras (mais reflectivas) que podem ser hematitas e uma porção composta
por quartzo secundário (amorfo). As Áreas marcadas foram analisadas no
MEV-microssonda. A Área 1 analisada mostrou a presença de um silicato de
217
Figura 5.87 - Fotomicrografia da amostra PG 454 onde enfocando as Áreas de 10 a 14 da
Figura 5.86. Aumento: 500X.
Figura 5.88 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita botrioidal porosa e
hematitas-martitas alteradas a goethita G1. As áreas marcadas foram analisadas
no MEV-microssonda. Aumento: 200X.
Elementos Químicos (%)
Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 57,47 1,75 1,41 0,406 ND ND ND ND 1,11 2 hem-mrt 65,26 1,66 0,86 ND ND ND ND 0,42 0,54 3 hem-mrt 65,40 1,38 1,24 ND ND ND ND 0,57 1,35 4 hem-mrt 67,53 0,78 ND ND ND 0,37 ND ND 0,59 5 hem-mrt 68,46 0,53 1,23 ND ND ND ND ND ND 6 hem-mrt 62,26 0,34 ND ND ND ND ND 0,53 ND
218
Figura 5.89 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita maciça porosa,
minerais lamelares translúcidos (mica), quartzo secundário e ilmenita. As áreas
marcadas foram analisadas no MEV-microssonda. Aumento: 200X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 quartzo 8,65 23,59 17,07 0,355 0,34 ND 3.06 ND ND 2 mica 15,23 19,94 7,62 ND ND ND 0,98 14,59 ND 3 hematita 20,15 1,28 0,61 ND 39,64 ND ND 0,46 ND
4A hematita 53,11 3,06 1,95 ND 6,55 0,92 0,52 ND 1,47 4B hematita 3,28 0,24 ND ND 56,78 ND ND ND ND G1 goethita 58,35 2,90 0,54 ND ND ND ND 0,57 ND G2 goethita 58,10 2,69 ND ND 0,33 ND ND ND 0,70 G3 goethita 58,86 1,99 1,17 ND ND ND 0,37 ND 0,58 5 mica 9,34 21,77 12,36 ND 0,33 ND ND ND 0,70
219
alumínio e ferro e ainda contendo certa quantidade de P, Ti e Mg. Pode
representar um quartzo bem impuro e, desta forma, secundário. As Áreas mais
claras, atribuídas como sendo hematita, mostram a presença de fases
intermediárias da solução sólida hematita-ilmenita. A goethita (áreas G1, G2 e
G3) continua mostrando uma variação aleatória no conteúdo em impurezas. As
Áreas 2 e 5, atribuídas como sendo mica, apresentou um silicato de ferro
potássio e alumínio, para a primeira, e um silicato de alumínio e ferro, para a
segunda. Ambas apresentam conteúdo em outros elementos (Mg para a
primeira e Ti e Cl para a segunda).
A Figura 5.90 apresenta uma fotomicrografia que mostra goethita maciça
alterada e de diferentes tonalidades, associada à hematita lamelar e quartzo.
Algumas regiões mais claras parecem representar, na realidade, hematitas-
martitas totalmente alteradas a goethita G1. As áreas marcadas foram
analisadas no MEV-microssonda. Mais uma vez, pode-se notar que, para a
goethita, os teores variam aleatoriamente, mas que na primeira área, onde a
goethita está praticamente terrosa, esta apresenta-se um pouco mais impura
que nas outras áreas. As hematitas também apresentam-se impuras,
principalmente a da Área 5, que é menor e, indiscutivelmente, secundária.
A Figura 5.91 apresenta uma fotomicrografia tirada no MEV, de uma goethita
botrioidal típica. As áreas marcadas foram analisadas na microssonda. Como já
observado, os teores variam aleatoriamente, estando a segunda, um pouco
mais impura.
220
Figura 5.90 - Fotomicrografia da amostra PG 454 apresentando goethita maciça (diferentes
tons de cinza), hematita lamelar e quartzo. As áreas marcadas foram analisadas
no MEV-microssonda. Aumento: 500X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 56,28 1,58 1,86 0,856 ND 0,62 1,09 ND 1,26 2 goethita 58,64 1,50 2,35 ND ND ND 0,96 1,77 4,80 3 goethita 59,73 1,95 1,65 ND ND ND ND 1,58 0,69 4 goethita 61,50 ND 0,63 1,95 ND 0,75 ND 0,42 ND 5 hematita 66,73 1,17 1,39 0,580 ND ND ND ND 1,05 6 hematita 69,46 ND 0,56 ND ND ND ND ND 0,62
221
Figura 5.91 - Fotomicrografia da amostra PG 454 tirada no MEV apresentando goethita
botrioidal típica. As áreas marcadas foram analisadas na microssonda.
Aumento: 330X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 61,42 0,94 ND ND ND ND ND ND 0,91 2 goethita 60,17 0,69 0,81 0,272 ND ND ND ND ND
222
A Figura 5.92 apresenta uma fotomicrografia tirada no MEV, de uma região
formada de goethita botrioidal intimamente associada a hematita botrioidal.
Notar que há diferença de cor mesmo no MEV (ou seja, a hematita tem cor
mais clara, o que implica em um relevo mais alto). De maneira geral, a variação
dos teores é aleatória. A hematita botrioidal é tão impura quanto as demais até
aqui observadas.
A Figura 5.93 apresenta uma fotomicrografia tirada no MEV, que apresenta
uma goethita maciça e quartzo. As áreas marcadas foram analisadas na
microssonda. A variação dos teores continua aleatória e pode-se observar que
o fato de a goethita estar maciça, não influi na pureza desta.
As descrições microscópicas das seções polidas das frações granulométricas
é feita abaixo.
A fração granulométrica >0,60mm é composta de aproximadamente de 70% de
goethitas (inclusive a terrosa), 5% de quartzo e 25% de hematita.
No geral, o estado de alteração dos minerais, excetuando-se o quartzo, é muito
grande. Desta forma, a goethita apresenta-se, principalmente, terrosa e quando
menos alterada, apresenta-se como porções residuais de goethita botrioidal ou
maciça em meio a material terroso. A goethita está, normalmente, preenchendo
espaços intergranulares. A hematita ou está sob a forma lamelar
223
Figura 5.92 - Fotomicrografia da amostra PG 454 tirada no MEV apresentando goethita
botrioidal e hematita botrioidal. As áreas marcadas foram analisadas na
microssonda. Aumento: 390X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 58,77 1,54 1,91 ND ND ND ND ND ND 2 hematita 66,45 1,53 0,55 ND ND ND ND ND 0,57 3 hematita 67,80 1,58 0,49 ND ND ND ND ND ND
224
Figura 5.93 - Fotomicrografia da amostra PG 454 tirada no MEV apresentando goethita maciça
e quartzo. As áreas marcadas foram analísadas na microssonda. Aumento:
180X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 56,99 1,94 1,72 0,387 ND ND 0,38 ND 0,57 2 goethita 56,63 0,83 3,55 0,720 0,38 ND ND Nd ND 3 goethita 56,37 1,64 2,99 0,506 0,30 ND ND ND ND 4 goethita 59,47 0,95 1,19 0,437 0,37 ND ND ND 0,55
225
ou como hematitas-martitas porosas e totalmente martitizadas podendo ou não,
apresentar alteração a goethita G1 (mais, ou menos alterada). A hematita
lamelar apresenta-se em diferentes tamanhos, podem estar disseminadas ou
associadas entre si e determinando uma foliação. As hematitas-martitas estão
ou subédricas ou anédricas e intimamente associadas entre si de forma que
formam a “massa” já descrita anteriormente. O quartzo está principalmente sob
a forma de grãos angulosos e liberados.
A Figura 5.94 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma partícula
composta basicamente por goethita em diferentes estágios de alteração
associada a um nível rico em hematitas-martitas porosas e também alteradas
em diferentes estágios.
A Figura 5.95 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma partícula
composta principalmente de goethita terrosa e contendo um veio central
composto de hematita-martita porosa e hematita botrioidal. Algumas porções
deste veio estão alteradas a goethita terrosa.
A Figura 5.96 apresenta uma fotomicrografia que mostra a associação de
goethita terrosa e hematitas lamelares orientadas.
A fração <0,60mm e >0,30mm é composta de aproximadamente 30% de
goethita, 50% de goethita terrosa, 18% de hematita e 2% de quartzo.
226
Figura 5.94 - Fotomicrografia da amostra Limonita Mud apresentando goethita em diferentes
estágios de alteração e hematitas-martitas alteradas. Aumento: 200X.
Figura 5.95 - Fotomicrografia da amostra Limonita Mud apresentando goethita terrosa e
hematita (-martita, botrioidal). Aumento: 200X.
227
Figura 5.96 - Fotomicrografia da amostra Limonita Mud apresentando goethita terrosa e
hematitas lamelares orientadas. Aumento: 200X.
Figura 5.97 - Fotomicrografia da amostra Limonita Mud apresentando hematitas lamelares,
hematitas-martitas (porosas, com ou sem magnetita relicta), goethita terrosa.
Aumento: 500X.
228
A mineralogia e suas associações não variou muito e, desta forma, a descrição
feita para a fração anterior é válida para esta. Nesta fração foram observadas
hematitas-martitas com magnetita relicta.
A Figura 5.97 apresenta uma fotomicrografia que mostra partículas típicas
desta fração. Pode-se observar hematitas lamelares associadas a hematita-
martita com magnetita relicta, goethita terrosa e porosa e hematita-martita
subédrica porosa e totalmente martitizada associada a goethita terrosa.
As frações de <0,30mm a >0,038mm são compostas de aproximadamente 30%
de goethita, 50% de goethita terrosa, 15% de hematita e 5% de quartzo.
A mineralogia e suas associações não sofrem modificações substanciais.
A fração <0,038mm é composta de aproximadamente 25% de goethita, 59% de
goethita terrosa, 15% de hematita e 1% de quartzo.
Mais uma vez, não houve modificações substanciais na mineralogia e em suas
associações. O material está tão fino que agrupa-se sob a forma de
aglomerados.
Macroscopicamente a amostra Limonita Ocre apresenta-se como um material
muito desagregado (solo), de granulação fina e de cor ocre amarelada.
229
As descrições microscópicas das seções polidas das frações granulométricas é
feita abaixo.
A fração >0,60mm é composta de aproximadamente 20% de goethita, 60% de
goethita terrosa, 15% de hematita e 5% de quartzo.
A goethita está principalmente terrosa e quando não, apresenta-se como
porções residuais de goethita botrioidal ou maciça em meio ao material terroso.
A goethita está normalmente preenchendo espaços intergranulares. A hematita
ou está sob a forma lamelar (menos abundante) ou como hematitas-martitas
porosas e totalmente martitizadas podendo ou não, apresentar alteração a
goethita G1 (mais, ou menos alterada). Hematitas-martitas esqueletais não são
raras. O quartzo está anguloso e liberado. A caulinita foi observada apenas
pontualmente.
A Figura 5.98 apresenta uma fotomicrografia que mostra goethita bastante
alterada (terrosa) e hematita-martita pouco porosa. Notar que aparentemente
esta goethita é produto de alteração de hematitas-martitas, uma vez que pode-
se reconhecer porções alteradas cuja forma externa assemelha-se à de uma
hematita-martita.
A Figura 5.99 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma partícula que
apresenta a textura do tipo colméia. No interior dos grãos encontra-se goethita
terrosa, e fazendo seu contorno, uma goethita menos alterada e mais
230
Figura 5.98 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando goethita bem alterada
(terrosa) e hematita-martita pouco porosa. Aumento: 200X.
231
Figura 5.99 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando uma partícula que
apresenta a textura do tipo colméia. Aumento: 100X.
Figura 5.100 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada na mesma posição da figura
anterior, porém com nicóis cruzados. Aumento: 100X.
232
resistente. Notar que as formas externas dos grãos mais uma vez
assemelham-se a antigas hematitas-martitas. A Figura 5.100 apresenta uma
fotomicrografia tirada na mesma posição da anterior, porém com nicóis
cruzados. Esta foto foi tirada com o intuito de mostrar-se a coloração
amarelada normalmente apresentada pela goethita terrosa (“limonita”), quando
com nicóis cruzados.
A Figura 5.101 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma região
composta de goethita terrosa (que em sua maioria foi removida ao dar-se o
polimento à seção) contornada por uma goethita botrioidal fina, pouco alterada
e mais resistente. A Figura 5.102 apresenta uma fotomicrografia tirada na
mesma posição da anterior, porém com nicóis semi-cruzados. Esta foto foi
tirada para realçar-se o hábito botrióide da goethita.
A Figura 5.103 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma área composta
principalmente de goethita terrosa, duas porções de caulinita e, em bem menor
quantidade, hematita (-martita e lamelar). A Figura 5.104 apresenta uma
fotomicrografia tirada na mesma posição da anterior, porém com nicóis semi-
cruzados. Esta foto foi tirada para mostrar-se a textura de treliça da hematita-
martita e, novamente, mostrar a coloração amarelada característica da goethita
terrosa e também a coloração leitosa da caulinita.
233
Figura 5.101 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando goethita terrosa e
goethita botrioidal. Aumento: 200X.
Figura 5.102 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada na mesma posição da figura
anterior, porém com nicóis semi-cruzados. Aumento: 200X.
234
Figura 5.103 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando goethita terrosa,
caulinita e hematitas (-martita e lamelar). Aumento: 100X.
Figura 5.104 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada na mesma posição da figura
anterior, porém com nicóis cruzados. Aumento: 100X.
235
A Figura 5.105 apresenta uma fotomicrografia que mostra uma bela goethita
botrioidal. A Figura 5.106 apresenta uma fotomicrografia tirada na mesma
posição da anterior, porém com nicóis semi-cruzados.
As frações de <0,60mm a <0,038mm são compostas de aproximadamente 60%
de goethita terrosa, 20% de goethita, 15% de hematita e 5% de quartzo.
A mineralogia e suas associações não sofrem modificações significantes.
Nestas frações são observadas as estruturas do tipo de colméia.
A Figura 5.107 apresenta uma fotomicrografia tirada no MEV que mostra uma
hematita-martita em meio a goethita terrosa. As áreas marcadas foram
analisadas na microssonda. A goethita terrosa mostrou-se impura e com
variação aleatória dos teores. Sistematicamente a alumina apresentou-se mais
alta que a sílica em todas as análises. Notar que o P não necessariamente está
presente em todas as áreas analisadas da goethita terrosa.
5.5 Resultados das Amostras Comparativas
A Tabela V.10 traz listados os resultados das análises químicas e da
mineralogia associada, de cada amostra comparativa. Os difratogramas de
236
Figura 5.105 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre apresentando uma uma bela goethita
botrioidal. Aumento: 200X.
Figura 5.106 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada na mesma posição da figura
anterior, porém com nicóis semi-cruzados. Aumento: 200X.
237
Figura 5.107 - Fotomicrografia da amostra Limonita Ocre tirada no MEV apresentando uma
hematita-martita em meio a goethita terrosa. As áreas marcadas foram
analisadas na microssonda. Aumento: 1100X.
Elementos Químicos (%) Área
Mineral Fe SiO2 Al2O3 P TiO2 MnO2 MgO K2O Cl
1 goethita 55,59 1,21 3,72 0,558 ND 0,44 ND ND ND 2 goethita 55,69 1,07 3,51 ND 0,49 0,81 0,62 ND 0,65 3 goethita 58,19 0,87 2,57 0,736 ND ND ND ND ND 4 goethita 52,72 1,12 4,31 1,057 ND 0,48 0,43 0,97 ND 5 hem-mrt 66,22 0,26 1,53 ND ND ND ND 1,06 ND
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239
raios-X e espectros infravermelhos de cada amostra podem ser encontrados
nos anexos.
Com base na Tabela V.10, pode-se notar que as amostras de pirita
goethitizada (Pr Gth1 e Pr Gth2) e as de material ocre (Ocre BH e Ocre StB),
não apresentam diferenças substanciais das amostras Limonita Ocre e
Limonita Mud. Apenas a amostra Ocre StB apresenta uma porcentagem de Fe
um pouco mais elevada e uma PPC um pouco mais baixa. Isto pode ser
explicado pelo conteúdo em magnetita, que está relativamente alto. Apesar da
DRX não ter indicado este conteúdo mais elevado, visualmente e com o auxílio
de um ímã de mão pôde-se perceber, nitidamente, que a magnetita estava
presente em razoável proporção. As amostras de goethita botrioidal (Gth Btr) e
de canga (Cg) também apresentaram resultados dentro do esperado.
Quanto à análise dos difratogramas, estes mostraram que o grau de
cristalinidade das fases mineralógicas presentes é alto e que não há presença
significativa de nenhuma fase amorfa ou de baixa cristalinidade (como já
discutido anteriormente).
As análises dos espectros infravermelhos mostraram que as amostras
comparativas de piritas goethitizadas e de materiais ocre continuam não
apresentando água de cristalização. Como para as amostras Limonita Ocre e
Limonita Mud, o pequeno conteúdo em água está relacionado àquela adsorvida
240
às partículas muito pequenas da goethita presente. As amostras Gth Bt e Cg
também não apresentam água de cristalização.
241
6. CONCLUSÕES
1) De maneira geral, a distribuição granulométrica das amostras de goethita
(G1 e G2) é semelhante. O mesmo ocorre com as amostras de material
limonítico.
2) As amostras de material limonítico são compostas de materiais muito finos,
já que mais de 30% destes possuem tamanho na faixa dos ultrafinos a
colóides (entre 10-0,23µm).
3) A goethita, a hematita e o quartzo estão presentes em todas as amostras. A
goethita sempre ou é a fase mais abundante ou está presente em média
proporção. A hematita e o quartzo ora estão presentes como a fase
dominante, ora como em quantidade média, ora como em baixa proporção.
4) A caulinita foi caracterizada apenas nas frações mais finas da amostra
Limonita Mud, mesmo assim, está em baixa concentração. A magnetita só
foi encontrada nas frações de <0,038mm a >0,008mm da amostra Limonita
Ocre, e mesmo assim, em baixa concentração.
5) Parte da SiO2 analisada bem como o P, Al2O3, MnO2 e Ti estariam alojados
dentro da estrutura cristalográfica da goethita.
242
6) Há um tipo de goethita, presente principalmente nas amostras de material
limonítico, que apresenta um grau de hidroxilação maior do que o das
gothitas típicas.
7) A difração de raios-X comprovou que a fase goethita de todas as amostras
apresenta um elevado grau de cristalinidade. Além disto, não se detectou
presença significativa de fases amorfas em nenhuma das amostras
estudadas.
8) Os resultados da EIV são consistentes com os da DRX.
9) A espectroscopia no infravermelho veio a confirmar que a goethita apresenta
OH- em sua rede cristalina, mas não água. Para a amostra de material
limonítico, a EIV revelou que, além das hidroxilas, a água também está
presente, mas em muito pouca quantidade.
10) Na realidade, estes vestígios de água consistiriam, principalmente, de
umidade residual, ou mesmo de reidratação incipiente, após a secagem que
precedeu à realização das análises. Desta forma, o ligante essencial é a
hidroxila e a fórmula clássica da limonita, FeOOH.nH2O, bem como sua
definição clássica, não se aplicam a estes materiais. O que na realidade se
observa é uma goethita quimicamente impura, com consistência e finura
terrosas, e possuindo um grau de hidroxilação mais elevado.
243
11) Sendo a fórmula aproximada desta “limonita” (goethita terrosa), FeOOH, e
sendo a PPC mais elevada que daquelas amsotras de goethita (G1 e G2),
torna-se necessária uma explicação, para a maior quantidade de hidroxilas
presentes nas amostras de materiais limoníticos, e também para manter-se
a condição cristaloquímica de eletroneutralidade. Assim, propõem-se as
seguintes hipóteses: i) haver o alojamento de cátions de valência maior que
3+ (como Si, P e Ti) dentro da estrutura desta goethita; ii) haver uma
substituição concomitante de um O-2 por dois OH- na estrutura cristalina
desta goethita.
12) A mineralogia das amostras de goethita não varia muito e esta é goethita
(botrioidal, maciça e terrosa), hematita-martita, hematita lamelar, hematita
equiaxial, magnetita e quartzo.
13) A mineralogia das amostras de limonita também não varia muito e esta é
goethita (principalmente terrosa, seguida de botrioidal e maciça), hematita-
martita, hematita lamelar, pouca magnetita, quartzo (primário e secundário) e
pouca caulinita.
14) As análises feitas no MEV-microssonda mostraram que as goethitas,
indenpendente de sua textura e seu grau de cristalinidade, apresentam os
teores dos diversos elementos analisados (Fe, Al, Si, P, Mg, Mn, Ti, K e Cl)
variando aleatoriamente. O Cl é a impureza que foi observada com maior
frequência nas áreas analisadas.
244
15) As hematitas, tanto as martitas quanto as lamelares, apresentam-se
impuras. Ou seja, apresentam quantidades de alguns dos elementos
analisados, que não o Fe. Nas áreas analisadas nas hematitas, as
impurezas observadas foram Si, Al, Mn, K, Ti, Cl e P. Novamente, o Cl é a
impureza que foi observadas com maior frequência.
16) O quartzo, quando secundário, é composto principalmente de sílica,
seguido da alumina e do Fe. Os outros elementos analisados podem estar
presentes em menores proporções.
17) Foram ainda encontradas fases mineralógicas intermediárias da solução
sólida hematita-ilmenita e minerais prismáticos bem finos, cuja composição
apresentou-se bem semelhante a do quartzo secundário (ou seja,
principalmente sílica, seguida de alumínio e do Fe), atribuídos como
possivelmente representando micas pseudomorfisadas.
18) Quanto às amostras comparativas, suas composições químicas e
mineralógicas não apresentaram diferenças substanciais daquelas das
amostras enfocadas neste trabalho. A análise de seus difratogramas,
mostrou que o grau de cristalinidade das fases mineralógicas presentes é
alto e que não há presença significativa de nenhuma fase amorfa ou de
baixa cristalinidade (como já discutido anteriormente). Os espectros
infravermelhos mostraram que as amostras comparativas de piritas
245
goethitizadas e de materiais ocre também não apresentam água de
cristalização. Como para as amostras Limonita Ocre e Limonita Mud, o
pequeno conteúdo em água está relacionado àquela adsorvida às partículas
muito pequenas da goethita presente. As amostras Gth Btr e Cg também
não apresentam água de cristalização.
19) Das técnicas empregadas neste trabalho, a análise no MEV-microssonda
não se revelou muito esclarecedora uma vez que ela se mostrou a menos
conclusiva. As demais técnicas foram adequadas para se realizar o proposto
neste trabalho e alcançar resultados satisfatórios.
20) Uma vez que não se determinou limonitas srtictum sensu, deve-se guardar
este nome como um termo de campo.
246
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUTROS
Sugere-se uma maior investigação no tipo de goethita que apresenta um grau
de hidroxilação maior que o das goethitas típicas, para que se possa definir sua
fórmula química real.
É importante investigar-se mais profundamente a hidroxila presente dentro das
goethitas, visando determinar-se em que temperatura estas deixam a estrutura
cristalina e qual o tempo necessário para esta saída.
Uma caracterização tecnólógica destes materiais é importante para um melhor
conhecimento do comportamento dos mesmos.
247
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32 - LADEIRA, E. A., VIVEIROS, J. F. Hipótese sobre a estruturação do
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33 - ROSiÈRE, C. A., CHEMALE Jr., F., GUIMARÃES, M. L. V. Um
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ferro do Quadrilátero Ferrífero. Parte I - Estruturas e
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35 - BARCELOS, J. P., BÜCHI, J. Mina de ferro de Alegria, MG. In:
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Principais depósitos minerais do Brasil; ferro e metais da
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36 - FEITOSA, V. M. N., SILVA, J. P., RABELO, P. J. B., COELHO, L. H.
Estudos de caracterização mineralógica e suas implicações no
processo na mina de Alegria. In: Simpósio de Geologia de Minas
Gerais, 7º, 1993, Belo Horizonte. Anais do workshop
geologia estrutural dos minérios de ferro. Belo Horizonte:
FAPEMIG, 1993. p. 369-373.
37 - FARMER, V. C. The infrared spectra of minerals. London:
Mineralogical Society, 1974. 538p.
38 - CULLITY, B. D. Elements of X-ray diffraction. Addison-Wesley
Publ. Co., Inc., Reading, Mass., 1978.
39 - GOLDSTEIN, J. I., YAKOWITZ, H. Practical sanning electron
microscopy - (Electron and ion microprobe analysis). Editors
Plenum Press, New York, 1977.
256
ANEXO 1
Espectros padrões do quartzo, limonita, caulinita,hematita
especular, nujol e fluorolube.