Collecção dos tratados, convenções, contratos e actos publicos ...
Direito dos Contratos - seção 2 - Classificação dos Contratos
Transcript of Direito dos Contratos - seção 2 - Classificação dos Contratos
Quanto à natureza da obrigação
• UNILATERAIS, BILATERAIS OU PLURILATERAIS
• ONEROSOS OU GRATUITOS• COMUTATIVOS OU ALEATÓRIOS• PARITÁRIOS OU POR ADESÃO
• Unilateraiscriam obrigações apenas para uma das partes;e.g.: DOAÇÃO PURA; FIANÇA
• Bilaterais ou sinalagmáticos obrigações recíprocas para ambas as partes“ambas as partes contraem obrigações (...) não necessariamente equivalentes”e.g.: COMPRA E VENDA; ART. 481 DO CC/02
• Plurilateraismais de 2 partes, que perseguem o mesmo fim;e.g.: CONSÓRCIO; SOCIEDADE
Vantagens práticas dessa distinção:I. Exceptio nom adimpleti contractus –
exceção como defesa – art. 476: exigir obrigação antes do cumprimento da sua!
II. Cláusula Resolutiva Tácita – o descumprimento culposo constitui justa causa para a resolução do contrato
III. Teoria do risco – um dos contraentes pode sofrer excesso de onerosidade (empobrecimento)
IV. Vícios redibitórios – art. 441 – defeitos ocultos que tornam impróprio o uso da coisa, ou lhe diminuam o valor.
• Contrato Bilateral Imperfeito
A doutrina trata como uma categoria intermediária, que reconhece a UNILATERALIDADE na formação do contrato, e, eventualmente, surge a BILATERALIDADE na execução desse mesmo contrato.
Orlando Gomes: “(...) não deixa de ser unilateral, pois gera obrigações na formação apenas para um dos contratantes”
e.g.: contrato de depósito – indenização por prejuízos (Art. 643)
• Contratos Onerososambos os contratantes obtêm proveito, ao qual corresponde um “ônus”, como na compra e venda, locação e empreitada.
• Contratos Gratuitos ou benéficosapenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, como na doação pura ou no comodato.
“Não é simplesmente a denominação do contrato que fixa sua natureza” a exemplo da doação com
encargo”.
Há grande similitude entre a classificação dos contratos em unilaterais/bilaterais e gratuitos/onerosos, mas não se deve confundi-los!
Carlos R Gonçalves: “em regra todo contrato oneroso é também bilateral, e todo unilateral é, ao mesmo tempo gratuito, mas não necessariamente”
Ex.: Mútuo feneratício - unilateral – entrega do numerário, mas oneroso – pagamento de juros.
• Contratos Comutativossão os de prestações certas e determinadas, onde
as prestações se equivalem. As partes podem antever as vantagens e os ônus (não há risco)
• Contratos Aleatóriosa exigência da obrigação restará condicionada, ou
uma das partes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida (há risco) e.g.: seguro, jogos e apostas legalizadas. Art. 458
Caio Mário: “Se é certo que em todo contrato há um risco, pode-se dizer contudo que no contrato aleatório este é sua essência”.
O ganho ou perda depende de um acontecimento incerto para ambos os contratantes. Contratos Acidentalmente Aleatórios
Contratos Aleatórios X Contratos Condicionais
A eficácia dos contratos condicionais dependem de um de um evento futuro e incerto, enquanto nos contratos aleatórios os contratos já são perfeitos desde logo* Compra de coisa futura, com assunção de risco pela existência – safra; Art. 458* Compra de coisa futura, sem assunção de risco pela existência – pesca; Art. 459* Compra de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante – mercadoria embarcada – não sabe o estado atual; Art.460
• Contratos Paritáriosas partes estão em iguais condições de negociação estabelecendo livremente as cláusulas (contêm a fase de puntuação)
• Contratos de Adesãosomente uma das partes predetermina as cláusulas do negócio
“É típico das relações de consumo”
Segundo Orlando Gomes, são 4 traços que caracterizam os Contratos de Adesão (art.
54 CDC):
1) Uniformidade = grande nº de contratantes; mesmo conteúdo; racionalidade da atividade desenvolvida pelo proponente.2) Predeterminação unilateral = fixação das cláusulas antes da discussão sobre a avença.3) Rigidez = não é possível rediscutir as cláusulas, sob pena de desnaturá-lo.4) Posição de vantagem de uma das partes = superioridade material
Art. 423: Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Regra de hermenêutica – princípio da probidade e boa-fé.
Art. 424: Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Regra proibitiva de caráter público – nulidade das cláusulas.
Objetivos: resguardar a posição do aderente.
• Contrato-TipoTambém denominado contrato de massa, ou
contrato em série ou por formulário impresso oferecido pelo contratante com espaços em branco para preenchimento. Destinam-se a grupos identificáveis.
Caio Mário assevera que “não resulta de cláusulas impostas, mas simplesmente pré-redigidas (...) suscetíveis de alterações”
e.g.: financiamento bancário com espaço p/ juros, taxas, condições do financiamento, estabelecidos de comum acordo.
Quanto à disciplina jurídica• Contratos Civis• Contratos Comerciais• Contrato de Trabalho• Consumo• Administrativos
Quanto à formaDois enfoques: • imprescindibilidade ou não de uma forma prescrita em lei como requisito de validade;
• Maneira pela qual o negócio jurídico é considerado ultimado.
• Solenes e não-solenes• Forma livre - regra geral• Exigência de forma especial. E.g.: compra e venda de imóveis; constituição de direitos reais sobre imóveis; testamento forma pública
• Ad probationem – não exige forma, mas para efeito de prova do negócio jurídico devem se revestir da maneira escrita. E.g.: fiança locatícia escrita!
• Consensuais ou Reais
• Concretizados com a simples declaração de vontade (todos os não-solenes)
E.g.: compra e venda de móveis; trabalho; locação; parceria rural, mandato, transporte.
• Reais se concretizam com a entrega da coisa para que se reputem existentes
E.g.: Comodato, mútuo, depósito, penhor.
MHDiniz: “antes da entrega efetiva da coisa ter-se-á mera promessa de contratar e não um contrato acabado e perfeito”
Louis Josserand opõe-se referindo que “a entrega é mero pressuposto de exigibilidade da obrigação de restituir”.
Antes dessa dação o que existe é uma obrigação de dar, após encerra-se a
promessa, para originar efetivamente o contrato
QUANTO À DESIGNAÇÃO (disciplina legal)
• Diz respeito à denominação específica, classificando-se em contrato Nominados e Inominados – na medida em que tenham ou não terminologia ou nomenclatura definida e prevista expressamente em lei, ou sejam apenas fruto da criatividade humana.
• Nominados• são aqueles determinados TÍPICOS,
que possuem nomem iuris, servindo à base de fixação dos esquemas, modelos ou tipos de regulamentação específica da lei.
Exemplos:Contrato de Incorporação Imobiliária (Lei 4591/64)Contrato Bancário (Lei 4595/64)Contratos de Edição Representação e Execução (Lei
9610/98)Contratos de Parceria Rural (Lei 450464 – Dec.
59566/66)+ 23 espécies elencadas pelo Código Civil (arts
481 - 853)
• Inominados ou ATÍPICOS• porque se afastam dos modelos
legais, não sendo disciplinados ou regulados pelo CC/02 ou Lei extravagante.
Serão permitidos juridicamente desde que não contrariem a lei e os bons costumes, ante o princípio da autonomia da vontade.
Nesse sentido versa o art. 425: “É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas nesse Código”.
Ainda os arts. 421 e 422 estabelecem-lhes os princípios gerais.
a qualificação jurídica de um contrato depende dos elementos que o integram e não da denominação que lhe deram os contraentes. Os elementos espúrios, contendo cláusulas secundárias, não desfiguram o contrato ou o convertem em ato atípico, para o efeito de subtraí-lo ao seu regime legal”.
e.g.: contrato de exploração de lavoura de café (complexo de locação de serviço, empreitada, arrendamento rural e parceria agrícola – um pouco de todos); cessão de clientela; locação de caixa forte; hospedagem; servidão mediante pagamento; troca de coisa por obrigação de fazer.
QUANTO À PESSOA DO CONTRATANTE• Pessoais
Requisito intuitu personae – celebrado em função da pessoa do contratante – confiança – elemento causal
e.g.: contrato de emprego, prestação infungível.
• Impessoaissomente interessa o resultado da
atividade contratada, independentemente da pessoa que irá realizá-la.
Distinções:
a) Intransmissibilidade do contrato pessoal;
b) Anulabilidade na hipótese de erro de pessoa (139,II);
c) Descumprimento do contrato intuitu personae somente gera perdas e danos.
• Contrato Coletivo (ou Normativo)cláusulas com força normativa
abstrata (análoga a preceitos legais) – normas que presidem a celebração de contratos individuais. [efeitos em contratos em curso]
Orlando Gomes: “não prefixa, de regra, todo o conteúdo dos futuros contratos individuais. Prescreve, disposições de maior importância”
* Convenção Coletiva – Sindicato dos empregadores X Sindicato dos empregados* Acordo Coletivo – Empregador e empregadosArt. 611 da CLT – acordo de caráter
normativoArt. 107 do CDC – relação de
consumoe.g.: Contrato de cooperação entre várias empresas / contrato coletivo entre o fabricante e diversos revendedores p/ evitar a concorrência (zona de atividade/quotas/etc)
• AutocontratoNão há propriamente um contrato
consigo mesmo, mas sim, um contrato em que um dos sujeitos é representado por outro com poderes para celebrar contratos e que, em vez de pactuá-lo, estipula-o consigo próprio.Art. 117: é anulável se a lei (ou o
representado) não permitiu.Contrato de Mandato – P/ VENOSA “o
representado é o melhor juiz de seu próprio interesse”
Quanto ao tempo de sua execução
Execução Imediata
Instantâneos
Execução Diferida
Contratos
Determinada
De Duração
Indeterminada
• Instantâneos = efeitos produzidos de uma só vezExecução Imediata – sem termos limitadoresExecução Diferida – data posterior à celebração
• De Duração = trato sucessivo, execução continuada ou débito permanenteDeterminada – com termo final ou condiçãoIndeterminada – sem previsão expressa que limite a eficácia do contrato
Efeitos vinculados à essa classificação:a) Resolução por Onerosidade Excessiva
(478 a 480): somente aplicável aos contratos de execução continuada ou aos instantâneos de execução diferida;
b) Declaração de Nulidade ou resolução por inadimplemento = restituição ao status quo ante – somente em contratos de execução instantânea (nos de execução continuada os efeitos produzidos devem ser respeitados)
Instantâneos - compra e venda à vista de bem móvel - tradição
Execução Imediata – Pagamento no atoExecução Diferida – Entrada + 30 DD
Duração Determinada - compra a prazo = 60 mesesDuração Indeterminada - prestação de serviços = plano de saúde.Trato sucessivo = pagamento prestaçãoExecução continuada = prestação única ininterrrupta empreitada; locaçãoDébito permanente = contrato de emprego
Reciprocamento consideradosCritério que examina objetivamente os
contratos, uns em relação a outros:1) Contratos Principais existência
autônoma, independem de outros, existindo por si mesmos.
2) Contratos Acessórios dependem da existência de um principal, pois visam assegurar a sua execução. (fiança em locação/hipoteca)
Diniz (p.100) destaca os princípios fundamentais atinentes aos contratos reciprocamente considerados:1º - A nulidade da obrigação
principal acarreta a das acessórias, porém a recíproca é falsa (art. 184)2º - A prescrição da pretensão
principal induz à alusiva às acessórias, mas a prescrição da pretensão de direitos acessórios não atinge a do direito principal
BibliografiaDINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 3. 24 ed. São Paulo: Saraiva. 2008.
GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil. Vol. 4. Tomo 1. 4 ed. São Paulo: Saraiva. 2008.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Vol. 3. 6 ed. São Paulo: Saraiva. 2009.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Vol. 2. 9 ed. São Paulo: Atlas. 2009.