Direito do Consumidor- seção 2 - Princípios e Direitos do Consumidor

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Direito do Consumidor Seção 2 – Princípios do Direito do Consumid Prof. Frederico Favacho

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Direito do ConsumidorSeção 2 – Princípios do Direito do Consumidor

Prof. Frederico Favacho

Principio da boa-fé objetiva e do equilíbrio:

• É a regra de conduta, trata-se de um dever permanente entre as partes em suas relações, devendo pautar na lealdade, honestidade e cooperação.

Principio da revisão das cláusulas contratuais:

• O consumidor tem o direito de manter a proporcionalidade do ônus econômico que implica ambas as partes, consumidor e fornecedor, na relação jurídico-material, portanto, toda vez que um contrato de consumo acarretar prestações desproporcionais, o consumidor tem o direito à modificação das cláusulas contratuais para estabelecer e restabelecer, a proporcionalidade e o direito a revisão de fatos supervenientes que tornem as prestações excessivamente onerosas.

Principio da conservação dos contratos:

• O objetivo do CDC é apenas conservar os contratos, para tanto, havendo desproporcionalidade ou onerosidade excessiva, devem ser feitas modificações ou revisões com o intuito de sua manutenção, assim, a extinção contratual é em ultima hipótese quando não houver outra possibilidade de adimplir com as obrigações, ocorrendo ônus excessivo a qualquer das partes.

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• 1º) Princípios regentes da ordem econômica (art. 170, CF/88):

• soberania nacional;• reconhecimento da propriedade privada com função social;

• proteção da livre concorrência no mercado;

• defesa do consumidor;

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• defesa do meio ambiente;• redução das desigualdades sociais e regionais;

• busca do pleno emprego;• favorecimento das empresas de pequeno porte.

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• 2º) Ampla proteção ao consumidor (art. 7º, caput, do CDC):

• sistema legal de proteção ao consumidor;

• integração de normas compatíveis com o sistema de proteção ao consumidor;

• disciplina legal geral do mercado de consumo.

Principio da informação:

• O consumidor tem o dever de receber a informação adequada, clara, eficiente e precisa sobre o produto ou serviço, bem como de suas especificações de forma correta (características, composição, qualidade e preço) e dos riscos que podem apresentar.

Principio da transparência:

• Entende-se como um dos pilares da boa-fé objetiva, em que impõe o dever de o fornecedor informar, necessariamente, de modo adequado o consumidor, suprindo-se assim todas as informações tidas essências para o melhor aperfeiçoamento da relação de consumo, garantindo inclusive a livre escolha do consumidor de contratar o fornecedor.

Principio da facilitação da Defesa:

• É garantido ao consumidor a facilitação dos meios de defesa de seus direitos, pelo motivo que este tem maior dificuldade para exercitar seus direitos e comprovar situações, às vezes por falta de técnicas, materiais, processuais, fáticas ou mesmo intelectuais, daí, um dos meios de facilitação de defesa é a inversão do ônus da prova, portanto, difere-se da relação de direito civil em que a prova incube a quem o alega, pois que na relação de consumo, o consumidor reclama em juízo, e o fornecedor deverá provar em contrario.

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• 3º) Princípio da vulnerabilidade do consumidor:

• elementos da relação jurídica de consumo;

• significado de vulnerabilidade do consumidor;

• caracterização da vulnerabilidade do consumidor.

Principio da vulnerabilidade:

• Trata-se do reconhecimento da fragilidade do consumidor da relação entre o fornecedor. A vulnerabilidade é requisito essencial para a caracterização de uma pessoa como consumidora, assim, tal vulnerabilidade pode ser técnica, jurídica, fática, socioeconômica e informacional.

Principio da solidariedade:

• Trata-se de mais uma defesa processual em que, ao autor da ofensa, todos respondem solidariamente, pela reparação dos danos.

Principio da igualdade:

• É a proteção ao consumidor, ao exigir boa-fé objetiva na atuação por parte do fornecedor, para garantir o equilíbrio entre as partes, tem o consumidor o direito de ser informação, à revisão contratual, e à conservação do contrato, sempre com o intuito de colocar o consumidor em par de igualdade nas contratações.

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• 4º) Princípio da proteção estatal do consumidor:

• desequilíbrio nas relações de consumo;• vulnerabilidade do consumidor;• preservação da autonomia de vontade do consumidor;

• intervenção do Estado no mercado de consumo;

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• proteção estatal do consumidor:(a) direta; e (b) indireta;

• incentivo à criação e desenvolvimento de entidades representativas (de consumidores e de fornecedores);

• definição de critérios de qualidade dos bens de consumo:(a) pelo Estado; e (b) pelos fornecedores.

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• 5º) Princípio da harmonia das relações de consumo:

• desenvolvimento social, econômico e tecnológico;

• princípios regentes da ordem econômica e social;

• equilíbrio nas relações de consumo;• estudo da evolução do mercado.

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• 6º) Princípio da informação e educação nas relações de consumo:

• informação e educação de fornecedores e de consumidores;

• importância prática do princípio;• redução ou eliminação dos litígios de consumo;

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• compatibilização com o desenvolvimento cultural geral;

• utilização de linguagem adequada;• Finalidades do princípio: a) esclarecimento dos consumidores e fornecedores sobre seus direitos, deveres e obrigações;

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

b) conhecimento dos riscos à vida, saúde, segurança quando da fruição do bem de consumo;

c) preservação da liberdade de escolha do consumidor;

d) atendimento das necessidades dos consumidores;

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

e) proteção dos interesses econômicos dos consumidores;

f) proteção da dignidade dos consumidores;

g) melhoria da qualidade de vida em geral;

h) transparência nas relações de consumo.

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO DO CONSUMIDOR

• 7º) Princípio da preservação da ordem pública:

• Direito do consumidor e normas de ordem pública;

• proibição de práticas abusivas no mercado;

• proibição de concorrência desleal;• mecanismos de solução dos litígios de consumo.

DIREITOS ESSENCIAIS DO CONSUMIDOR

• Proteção contra riscos à vida, saúde e segurança

• Direito à informação e educação para o consumo

• Liberdade contratual• Isonomia contratual• Proteção contra práticas abusivas ou desleais no mercado de consumo

DIREITOS ESSENCIAIS DO CONSUMIDOR

• Direito à modificação ou revisão de contratos lesivos ou desequilibrados

• Direito à proteção individual, coletiva e difusa

• Direito à reparação de danos materiais e morais

• Direito de acesso a órgãos estatais de proteção ao consumidor

DIREITOS ESSENCIAIS DO CONSUMIDOR

• Direito à assistência jurídica, administrativa e técnica ao consumidor carente

• Direito aos instrumentos administrativos e judiciais necessários à proteção de direitos

• Direito à inversão do ônus da prova, nas condições previstas em lei

Princípios Aplicáveis aos Contratos de Consumo• Princípios Contratuais Gerais do CDC• Cláusula Geral de Boa-Fé nos Contratos de Consumo

• Regime Jurídico da Oferta no CDC• Dever de Informar e Dever de Redação Clara nos Contratos de Consumo

• Direito de Arrependimento do Consumidor e Contratos Eletrônicos

• Cláusulas Contratuais Abusivas

Cláusula Geral de Boa-Fé nos Contratos de Consumo

• A boa-fé é uma cláusula geral cujo conteúdo é estabelecido em concordância com os princípios gerais do sistema jurídico (liberdade, justiça e solidariedade, conforme está na Constituição da República), numa tentativa de “concreção em termos coerentes com a racionalidade global do sistema”.

• MENGONI, Spunti per uma teoria delle clausole generali, 1986, p. 18.

• A boa-fé se constitui numa fonte autônoma de deveres, independente da vontade, e por isso a extensão e o conteúdo da “relação obrigacional já não se mede somente nela (vontade), e, sim, pelas circunstâncias ou fatos referentes ao contrato, permitindo-se construir objetivamente o regramento do negócio jurídico, com a admissão de um dinamismo que escapa ao controle das partes”.

• Clóvis do Couto e Silva, “O Princípio da Boa-fé no Direito Brasileiro e Português”, in Estudos de Direito Civil Brasileiro e Português, RT, 1980, pp. 43 e ss.

• A boa-fé significa a aceitação da interferência de elementos externos na intimidade da relação obrigacional, com poder limitador da autonomia contratual, pois através dela pode ser regulada a extensão e o exercício do direito subjetivo.

• Na relação de consumo, há nítida preocupação protetiva para com o consumidor, a ser compatibilizada com o princípio da liberdade contratual e com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico.

Regime Jurídico da Oferta no CDC• O direito à informação adequada e clara,

assim como, a proteção contra publicidade abusiva ou enganosa é direito fundamental do consumidor, conforme previsão expressa do Código de Defesa do Consumidor.

• Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)• III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com

especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (...)

• IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

•  

• Nesse sentido, o teor do art. 30 do Código de Defesa do Consumidor, ao estabelecer que:

• “Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado”.

• De outra parte, quanto a publicidade, o art. 36 do Código de Defesa do Consumidor estabelece que o consumidor deverá fácil e imediatamente identificar a referida como tal. Trata-se do Princípio da identificação imediata da publicidade.

• Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.

Dever de Informar e Dever de Redação Clara nos Contratos de Consumo• A idéia central é possibilitar uma aproximação e uma relação contratual mais sincera e menos danosa entre consumidor e fornecedor. Transparência significa informação clara e correta sobre o produto ao adquiri-lo, conforme art. 6º, II, III, IV. No que se refere aos contratos, esse principio está assegurado pelo art. 46:

• “Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.”

Direito de Arrependimento do

Consumidor e Contratos Eletrônicos

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

DECRETO Nº 7.962, DE 15 DE MARÇO DE 2013Art. 1o  Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990,

para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico, abrangendo os seguintes aspectos:I - informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor;II - atendimento facilitado ao consumidor; eIII - respeito ao direito de arrependimento.Art. 2o  Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para oferta ou conclusão de contrato de consumo devem disponibilizar, em local de destaque e de fácil visualização, as seguintes informações:I - nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quando houver, no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda;II - endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias para sua localização e contato; III - características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os riscos à saúde e à segurança dos consumidores;IV - discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como as de entrega ou seguros;V - condições integrais da oferta, incluídas modalidades de pagamento, disponibilidade, forma e prazo da execução do serviço ou da entrega ou disponibilização do produto; eVI - informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer restrições à fruição da oferta.

• Art. 4o  Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comércio eletrônico, o fornecedor deverá : (...)

• Art. 5o  O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor.

• Art. 6o  As contratações no comércio eletrônico deverão observar o cumprimento das condições da oferta, com a entrega dos produtos e serviços contratados, observados prazos, quantidade, qualidade e adequação.

Cláusulas Contratuais Abusivas

As cláusulas são consideradas abusivas quando afrontam a boa-fé objetiva, princípio que permeia todas as relações de consumo e prima pelo comportamento leal e de confiança recíproca entre as partes contratantes.

“são cláusulas abusivas as que caracterizam lesão enorme ou violação ao princípio da boa-fé objetiva, funcionando estes dois princípios como cláusulas gerais do Direito, a atingir situações não reguladas expressamente na lei ou no contrato. Norma de Direito Judicial impõe aos juízes torná-las operativas, fixando a cada caso a regra de conduta devida.” AGUIAR JR., Ruy Rosado. Cláusulas abusivas no Código do Consumidor. In: MARQUES, Claudia Lima. (Coord.) Estudos sobre a proteção do consumidor no Brasil e no MERCOSUL. p. 20.

Contratos de Adesão nas Relações de ConsumoO contrato de adesão, diferentemente do contrato

negociado, não proporciona um exercício da autonomia da vontade, desfavorecendo o equilíbrio. Ele visa uma agilidade em vez da negociação devido a evolução econômica do século XX, que ensejou a dinamização das relações negociais. Assim, possui como vantagens a redução dos custos, a racionalização contratual, a própria uniformidade e, principalmente, a praticidade.

• Possui definição no artigo 54 do CDC:

• “Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”.