Da Intolerência à Agressão Um estudo acerca das justificativas de agressores de homossexuais
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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE
Curso de Psicologia
LEONARDO NASCIMENTO DA SILVA
DA INTOLERÂNCIA A AGRESSÃO: UM ESTUDO ACERCA DAS JUSTIFICATIVAS DE AGRESSORES DE HOMOSSEXUAIS
SÃO BERNARDO DO CAMPO 2013
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE
Curso de Psicologia
LEONARDO NASCIMENTO DA SILVA
DA INTOLERÂNCIA À AGRESSÃO: UM ESTUDO ACERCA DAS JUSTIFICATIVAS DE AGRESSORES DE HOMOSSEXUAIS
Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia da Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo - UMESP. Orientadora: Profª Ms. Sônia Marques.
SÃO BERNARDO DO CAMPO 2013
FOLHA DE APROVAÇÃO
O TCC Da intolerância à agressão: Um estudo acerca das justificativas
de agressores de homossexuais, elaborado por Leonardo Nascimento da Silva, foi
defendido no dia 06 de Junho de 2013, tendo sido:
( ) Aprovado
( ) Aprovado, mas deve incorporar nos exemplares definitivos modificações
sugeridas pela banca examinadora, até 15 dias a contar da data da defesa.
( ) Reprovado
BANCA EXAMINADORA:
Presidente (Orientadora): __________________________
Sônia Marques
Examinador: __________________________
José Jorge de Morais Zacharias
Examinador: __________________________
Renato Antonio Alves
Àqueles que lutam diariamente ao meu lado,
transmitindo fé, amor, alegria, determinação,
paciência, e coragem, tornando os meus dias
mais felizes e bonitos.
AGRADECIMENTOS
A graduação faz parte de um percurso que não vencemos sozinhos. Com a
colaboração de várias pessoas, aprendi, cresci e foi possível alcançar cada uma de
suas etapas.
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me ajudado a escolher os melhores
caminhos e me proporcionado este momento, a realização de um grande sonho:
formar-me em Psicologia.
À minha família, e em especial à minha querida mãe Maria Lopes do
Nascimento que direta e indiretamente, dentro de suas possibilidades, esteve
sempre me apoiando e servindo como alicerce básico e fundamental para a
conclusão desta etapa. À minha prima Antonia Janaina Rodrigues Viana que esteve
sempre ao meu lado, compartilhando de momentos de alegria, de angústias e
ansiedades, vivenciadas durante todo este trajeto.
À professora Sônia Marques, meus agradecimentos pelo incentivo, valiosa
orientação, apoio e paciência, que com suas recomendações e críticas, contribuiu
extraindo o meu melhor, tornando possível a realização deste trabalho. Além de
professora e orientadora, é um ser humano ao qual tenho imensa admiração e
infinita alegria por ter compartilhado junto a mim desta jornada.
Agradeço também a todos os meus amigos de faculdade pelo
companheirismo, troca de informações e conhecimento compartilhados durante todo
esse caminhado rumo ao saber.
“A violência destrói o que ela pretende defender: a
dignidade da vida, a liberdade do ser humano”.
(Papa João Paulo II – Karol Joséf Wojtyla)
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1.......INTRODUÇÃO................................................................................................. 09 2. MÉTODO......................................................................................................... 20 2.1. Material................................................................................................... 21
2.2. Procedimento
3. ANÁLISE DAS RESPORTAGENS................................................................. 22 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 33 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 35 6. ANEXOS.......................................................................................................... 38
6.1. ANEXO 1 – Transcrição das Reportagens............................................ 39
Reportagem 1: homofobia: no rastro da intolerância – Entrevista 1 Reportagem 2: homofobia: no rastro da intolerância - Entrevista 2............... 42 Reportagem 3: jovem agredido na avenida paulista com lâmpada............... 44 Reportagem 4: câmeras registram ataque à homossexuais na Paulista..... 48 Reportagem 5: homossexual é agredido no centro de São Paulo................ 50 Reportagem 6: adolescentes homofóbicos atacam na Avenida Paulista..... 52 Reportagem 7: estudante afirma que foi agredido por ser homossexual em São Paulo................................................................................................. 54 Reportagem 8: Noite: Estudante Vítima de Violência.................................... 56 Reportagem 9: Noite: Estudante de direito, agredido por dois fisiculturistas..................................................................................... 57 Reportagem 10: Mais um ataque a homossexual.......................................... 59
RESUMO
O convívio social pode contribuir para a manifestação de comportamentos solidários,
bem como propiciar estímulos facilitadores aos comportamentos agressivos. Aceitar,
compreender e respeitar as ideias, opiniões, sentimentos, atitudes e
comportamentos alheios, pode ser visto como uma situação conflituosa para
determinados indivíduos. Estas dificuldades contribuem para a intolerância, que no
caso da homossexualidade tornou-se tema corriqueiro entre a população,
aumentando significativamente o número de homossexuais assassinados e
agredidos no Estado de São Paulo. A busca por uma melhor compreensão sobre
como homossexuais são vistos por seus agressores e quais as justificativas para
seus atos é que deu início a este trabalho. Para tanto, foram analisados dez
documentários contendo entrevistas com agressores de indivíduos homossexuais
justificando seus comportamentos e de homossexuais agredidos relatando o
acontecimento, com o objetivo de identificar padrões de justificativas dos agressores
de homossexuais. Entre as reportagens analisadas, foi possível identificar o padrão
existente no relato dos agressores e dos agredidos que mostram a tendência de o
agressor culpar o agredido por sua ação violenta contra ele. Na tentativa de isentar-
se da culpa e das implicações de ter agido de maneira insensata, inconsequente e
irracional o infrator buscará no comportamento da vítima, características negativas a
fim de diminuí-la, menosprezando-a e atribuindo a ela o merecimento por ter sido
agredida. Estas e outras conclusões em razão da escassez de material a cerca do
assunto sugerem a necessidade de estudos complementares.
Palavras-chave: discriminação sexual, homofobia, intolerância de gênero,
preconceito.
ABSTRACT
The social interaction can contribute to the manifestation of solidary behaviors, as
well as provide facilitators to aggressive stimuli. Accept, understand and respect the
ideas, opinions, feelings, attitudes and behaviors of others, can be a conflict situation
for specifics individuals. These difficulties contribute to intolerance, which in the case
of homosexuality became common subject among the population, significantly
increasing the number of homosexuals killed and assaulted in the State of São
Paulo. The search for a better comprehension about how homosexuals are perceived
by their aggressor and what the ideas and the justifications of their actions was the
principal motive to start this study. Therefore, were analyzed ten documentaries
containing interviews with aggressors of homosexual individuals justifying their
behavior and homosexual assaulted reporting the event, with the objective of
identifying patterns of justifications for perpetrators of homosexuals. Among the
articles analyzed, it was possible to identify the pattern existing in the account of the
attackers and the attacked that show a tendency to blame the perpetrator assaulted
by her violent action against him. In an attempt to exempt themselves from the guilt
and the implications of having acted foolish, reckless and irrational behavior in the
offender will seek the victim's negative characteristics in order to decrease it,
belittling it and assigning it to have been the deserving assaulted. These and others
conclusions because of the shortage of material about the subject suggest the need
for further studies.
Keywords: sexism, homophobia, intolerance of gender, prejudgement.
9
A violência nos dias atuais vem sendo grande foco de discussões em
noticiários de televisão, rádios, jornais ou qualquer outro meio de comunicação. A
mídia diariamente relata crueldades praticadas por um indivíduo contra outro, muitas
vezes, sem quaisquer explicações. Diante de um panorama como este, a população
se sente mais insegura e vulnerável, imaginando poder ser a próxima vítima deste
ato que se expressa nas mais diversas formas, sem restrição a sexo, idade, raça ou
etnia.
A convivência entre as pessoas, segundo Rodrigues (1971), pode estimular a
manifestação de comportamentos solidários entre os indivíduos ou tornar-se um
facilitador para atos de agressão. No entanto, apesar de a Psicologia Social afirmar
que as pessoas tendem a associar-se com as demais, dificilmente conseguindo
sentir-se bem sozinha, viver em sociedade não é considerado uma tarefa fácil, pois,
torna-se necessário aceitar, compreender e respeitar as opiniões, sentimentos,
atitudes e comportamentos diversos emitidos pelo outro. Portanto, o comportamento
agressivo emitido por um determinado indivíduo em grupo, segundo Argyle (1964),
dependerá de impulsos sociais que podem apresentar características permanentes
neste individuo, a depender da intensidade com que os acontecimentos ambientais o
tenha instigado. Segundo o autor, estes impulsos podem ser de duas formas
distintas: biológicos/primários e secundários. Sobre os primeiros, Argyle (1964) os
apontam como a base fundamental para todo comportamento animal e uma parte do
comportamento humano, como por exemplo, a fome, a sede e o sexo, também
indicados por Chiavenato (1983) como necessidades fisiológicas, localizadas na
base da pirâmide motivacional de Maslow. Sob condições civilizadas, as
necessidades biológicas, em geral, são satisfeitas, com a única exceção do sexo
para as pessoas muito jovens (ARGYLE, 1964). Já os secundários são
necessidades de ordem psicológica, adquiridas no decorrer da vida, podendo se
tornar mais fortes do que os primários. O autor sugere que os impulsos secundários
sejam novos caminhos seguidos por um indivíduo para obter a satisfação de seus
impulsos biológico/primários.
Wieviorka (1997) ressalta que a frequência com a qual a violência se
expressa, não permanece a mesma, modificando-se de um período ao outro e
enfatiza que a partir dos anos 60 e 70 vem tomando proporções drásticas,
consideradas por ele como marca do mundo contemporâneo. A este respeito, alguns
10
autores apontam que a violência pode ser interpretada como a mais primitiva forma
de expressão da agressividade, enquanto que, para outros, são dois termos
utilizados para explicar o mesmo ato. Mas então, a Agressividade e a Violência
teriam o mesmo sentido?
Para a Psicanálise há diferenças significativas entre Violência e
Agressividade. Freud (1930) afirma que a agressividade é inerente ao ser humano,
que impulsiona o instinto de sobrevivência, podendo ser regulada tanto pela pulsão
de vida quanto de morte. Ainda para o pai da psicanálise, não há possibilidades de
isentar o homem de sua agressividade, pois, quando ela não se apresenta de
maneira explícita, sem dúvida aparecerá implicitamente, voltando-se àquele que a
negou. Winnicott (1987), por sua vez, complementa que a agressividade é uma
tendência humana mantida sob disfarce e, ao manifestar-se, traz consigo a incógnita
de sua real origem. O homem é intimamente e, por natureza, mau e autodestrutivo
na concepção de Freud (1933), necessitando de forças externas, tal como a da
civilização, para conter esse impulso próprio e primitivo. Na ausência destas forças
externas da civilização, que controlam os padrões de comportamentos sociais, os
conflitos de interesses poderão ser sempre resolvidos pelo uso da violência, da
mesma forma como se passa no reino animal. E, a este respeito, Maia (2001)
aponta que mesmo a sociedade sendo o principal estímulo para a exposição de um
comportamento agressivo, é ela quem pode educar o homem a não expressá-lo.
Daí a principal distinção entre Agressividade e Violência em uma vertente
psicanalítica, a qual aponta que a primeira é inata ao ser humano, podendo ser
impulsionada para o bem, com atividades produtivas sob a pulsão de vida, ou para
as atividades más e destrutivas sob domínio da pulsão de morte, tendo como
principal meio de expressão a violência em todas as suas variadas possibilidades.
Para a psicanálise, a violência seria a ferramenta utilizada pelo indivíduo para
expressar a sua agressividade interior negativamente para com outro ser ou objeto.
Dahlke (2005) nos mostra que é possível deslocar esta agressividade para
atividades positivas, as quais nos oferecerão benefícios e ganhos. O autor cita as
olimpíadas esportivas, corridas e atividades físicas diversas, além do humor e o
jogo, como sendo válvulas de escape para alívio do desejo agressivo inato no ser
humano.
11
Para Borrillo (2009) o comportamento agressivo oculta desejos reprimidos do
agressor, tendo o ato violento como forma de alívio desta sensação desagradável.
Além do autor, Argyle (1964) ressalta que em muitos casos o sujeito agressor tende
a reprimir impulsos, tais como os sentimentos de angústias, frustrações e
sentimentos de impotência em relação aos seus desejos ocultos, aos quais podem
ser vistos como inaceitáveis e, portanto, como um mecanismo de defesa pode ser
projetado sobre os membros de outros grupos.
Para os autores da Psicologia Social, a agressividade e a violência são o
mesmo comportamento e podem ser expressos em variadas formas. Argyle (1964),
Aronson, Wilson e Akert (1999) definem a agressão como todo e qualquer
comportamento cujo intuito é lesar outras pessoas na intenção de causar dor, seja
ela física ou psicológica, e que pode ser expressa de duas formas distintas: a
agressão hostil e a instrumental. A este respeito Aronson, Wilson e Akert (1999)
definem:
A agressão hostil é um ato que tem origem em sentimentos
de raiva e tem como objetivo infligir dor ou ferimento. Na agressão
instrumental, não há intenção de ferir a outra pessoa, mas o ferimento
acontece como meio de atingir algum objetivo comum que não causar
dor (ARONSON, WILSON E AKERT, 1999, pág. 270).
Como exemplo, podemos ver a ação da agressão instrumental em um jogo de
futebol, onde o jogador de defesa fará tudo para conseguir a posse da bola,
ocasionando vez ou outra dor ao seu adversário. No entanto, provocar dor em seu
adversário não era a intenção principal, mas, para alcançar seu objetivo, em alguns
momentos se fez necessário. A este respeito Morrison e Biehl (2000) complementam
que esta forma de violência é muito usual quando o intuito do agressor é atingir uma
meta, um objetivo, que justificará o seu ato. Em relação à agressão hostil, podemos
citar o exemplo do condutor de um veículo em plena avenida que ao ser
ultrapassado por outro carro, imediatamente em um ato de fúria bate
propositalmente na traseira daquele. Nesta ação, o agressor teve como intuito e
objetivo causar danos tanto ao automóvel quanto ao motorista que o ultrapassou.
12
Para Padilha (1970), a violência é inerente ao ser humano e partindo deste
pensamento, é possível justificar sua presença desde os tempos primitivos e, na
medida em que o homem evolui, desenvolve formas mais elaboradas – para não
dizer cruéis – de praticá-la. Megargee e Hakanson (1976) apontam que o
comportamento agressivo tem alguns fatores que necessitam ser levados em conta
para que possa ser mais bem compreendido. Para eles, um indivíduo se comportará
agressivamente a depender dos fatores de instigação, inibição, fatores de estímulo e
respostas competitivas. Sobre estes fatores, Megargee e Hakanson (1976) definem
a instigação como o principal responsável pelo direcionamento dos indivíduos ao ato
de violência, pois, é através dela que o indivíduo busca mostrar a força existente
dentro de si e sem esta motivação será muito improvável a manifestação de atos
violentos. O segundo, por sua vez, é fator da personalidade individual se opondo à
expressão manifesta de agressão e que, em geral, garante o bloqueio de um
comportamento agressivo. Estando ausentes os fatores de inibições interiores, o
indivíduo possivelmente emitirá comportamentos agressivos sob a influência de
instigação externa, denominadas por eles como sendo uma motivação extra, um
incentivo ao ato, a menos que esta lhe ofereça as seguintes situações: respostas
competitivas mais fortes ou inibições externas presentes no ambiente. Sendo assim,
para que haja um comportamento agressivo, os fatores motivacionais que
compreendem a instigação e os fatores situacionais facilitadores do ato precisam
superar os fatores inibidores que se contrapõem a tal comportamento (MEGARGEE
e HAKANSON, 1976).
Para muitos autores da Psicologia Social, dentre eles Aronson, Wilson e Akert
(1999), Argyle (2009), Rodrigues (1979), Megargee e Hokanson (1976), o
comportamento agressivo, bem como o preconceito é social e aprendido. Para os
autores, ser ou não um indivíduo agressivo dependerá de todo o histórico de vida
social deste sujeito que o conduzirá a agir desta ou daquela maneira. Da mesma
forma, aplica-se ao comportamento preconceituoso presente em alguns indivíduos.
Para eles, o convívio social dá espaço aos emparelhamentos de ações
comportamentais, nas quais por muitas vezes, na tentativa de agruparem-se,
tornando-se membros de um grupo específico, eles poderão, por intermédio da
imitação, adotar comportamentos esperados ou emitidos por aqueles já inseridos no
grupo. A imitação desde a infância é o caminho mais eficaz a ser seguido na
13
aquisição, desenvolvimento e manutenção da aprendizagem em grupo. É no
convívio social, na troca com o outro, que o bebê aprende a falar, andar, correr,
pular, escrever, comer esta ou aquela fruta, agir desta ou daquela maneira, gostar
desta ou daquela banda, e assim por diante (ARGYLE, 2009).
Estatisticamente, o Brasil é um país violento, tendo um dos maiores índices
de homicídio. Em 2010, uma pesquisa, envolvendo mais de 200 países, foi
conduzida pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz com o intuito de quantificar a
presença de atos violentos em uma forma geral, incluindo principalmente os
homicídios. Neste estudo, o Brasil foi classificado como o sexto colocado, com 25,8
homicídios por 100 mil habitantes, perdendo para El Salvador, primeira posição com
50,1 homicídios por 100 mil habitantes, seguido de Colômbia e Guatemala, segundo
e terceiro lugar com 45,4 e 34,5 homicídios por 100 mil habitantes respectivamente.
Entre os “tops 10” mais violentos, o ranking continua com Ilhas Velhas nos Estados
Unidos com 31,9 mortes por 100 mil habitantes, Venezuela e Brasil com 30,1 e 25,8
homicídios por 100 mil habitantes respectivamente. Ainda com base no Mapa da
Violência do Brasil, escrito por Waiselfisz no ano de 2010, nacionalmente, o ranking
é liderado pelo estado de Alagoas com 59,6 mortes por 100 mil habitantes, seguido
por Espírito Santo, apresentando um total de 53,6 e Pernambuco, com 53,1
homicídios por 100 mil habitantes. Em contra partida, o estado com menor índice de
violência é Santa Catarina, com 10,4 mortes por 100 mil habitantes, enquanto o
índice no Rio de Janeiro é quase o triplo daquele do estado de São Paulo, 40,1
homicídios por 100 mil habitantes, contra 15, respectivamente. E, para explicar esta
situação, podemos citar Costa (1989), quando ressalta que o Brasil está inserido em
uma cultura predominantemente “narcísica” 1, que se alimenta do desinteresse social
e resulta em autodestruição e imersão em uma cultura de delinqüência. Para ele,
uma possível causa para o aumento e fortalecimento dos casos de violência no
Brasil pode ser resultado de uma sociedade extremamente individualista e
conseqüentemente competitiva.
Analisando qualitativamente estes dados e levando em consideração a classe
social das vítimas, Caldeira (1997) aponta que a grande parte da população vitimada
por violência e homicídios são as de classes denominadas baixa renda, ou
popularmente conhecidos como “pobres” (ênfase do autor). Pois, os denominados
1 Grifo de COSTA (1989).
14
ricos e bem sucedidos possuem grande facilidade em contratar seguranças,
defender seu patrimônio e sua integridade física sem qualquer esforço. Em
contrapartida, a população carente se vê a mercê do serviço público que nem
sempre consegue cumprir seu papel de proteger e amparar os menos favorecidos.
Quando analisadas as questões de etnia e gênero, Mott (2001) complementa que
embora o preconceito racial se faça muito presente dentre esses números e dados
estatísticos, ainda são os gays, lésbicas, travestis e transexuais as vítimas mais
frequentes do preconceito na sociedade, que em grande parte se expressa através
da violência.
Vasconcelos (1999) e Borrillo (2009) definem a homofobia como uma atitude
irracional e negativa em relação às pessoas com orientação homossexual,
caracterizando-se pela intolerância apresentada por seus protagonistas, com atitude
hostil e muitas vezes, violenta para com indivíduos que se relacionam afetivamente
com outros do mesmo sexo. Tendo como base e alicerce primordial o preconceito,
por ela sustentada, ao qual os autores caracterizam como uma atitude generalizada,
na qual um indivíduo pode ter tido uma experiência desagradável com um
determinado sujeito de um grupo específico e generalizar estas características ruins
a todos os demais, semelhantes.
Apesar da população como um todo estar vulnerável à violência a qualquer
momento, ao assistir noticiários de televisão, rádio ou relatos de agressões, é muito
comum se ter na posição de vitima indivíduos com um determinado perfil, membros
de grupos específicos. Aparentemente parecem ter sido escolhidos a dedo por estes
agressores, para protagonizarem suas ações, o que possibilita observar o processo
relacional de ingroup e outgroup presente neste contexto social. A este respeito
Pereira, Amaral e Soares (1977) afirmam que as identidades sociais influenciam a
exposição, aceitação e uso de representações, apontando que indivíduos
pertencentes a um determinado grupo tem conceitos concretos sobre si próprio e
sobre seu próprio grupo (ingroup), que lhe servirá como base para comparações
sociais com grupos diferentes do seu (outgroup). Estas relações grupais se
concretizam com base nas identidades sociais que são formadas ao longo da vida e
que, segundo Pereira e colaboradores (1997, apud VALA, 1993), configuram as
formas de compreensão da formação simbólica destes grupos para as
representações sociais. Giancomozzi (2010) define representação social, com base
15
em Moscovici, como uma construção baseada em conceitos e explicações
originárias da vivência cotidiana, embasadas em uma prevalência do senso comum.
Desta forma, atuam como meios de proposições, interpretações e compreensão de
determinadas situações de forma particular, a fim de torná-las a mais próxima
possível de sua realidade e familiarizar-se assim do desconhecido. As
representações sociais também se definem, de acordo com Giancomozzi (2010,
apud FLAMENT, 1994), como sendo um conjunto organizado de cognições relativas
a um objeto. O que a definiria como sendo um conjunto de esquemas cognitivos com
o objetivo de dar explicações a um determinado fenômeno.
Para Goffman (1963), as formações de esquemas grupais podem estar
ligadas aos estigmas comuns aos integrantes, complementando que quando um
indivíduo é apresentado a outro, nos primeiros instantes de conversa ambos
procuram por aspectos e atributos que permitam prever a sua “identidade social” 2
ou a sua imagem perante a sociedade. Esta “imagem ou identidade social” 3 se dá
por meio de estigmas criados pela sociedade, que categorizam por grupos aqueles
indivíduos que apresentam atributos e aspectos similares. O termo estigma se refere
a sinais corporais com os quais os gregos procuravam evidenciar algo fora do
habitual em relação a quem os apresentavam. Uma vez estigmatizado, este
indivíduo tornava-se um ser ritualmente poluído que devia ser evitado, sobretudo em
lugares abertos ao público (GOFFMAN, 1963, pag. 11). O estigma assemelha-se ao
processo de pensamento heurístico definido por Lima (2003, apud KAHNERMAN e
TVERSKY, 1974), no qual um indivíduo mediante a necessidade de uma tomada de
decisão utiliza-se de “atalhos mentais” 4 como auxílio em sua escolha. Em alguns
casos, segundo os autores, isto pode resultar em decisões errôneas, em função do
curto período de tempo no qual é definida. Por meio do processo heurístico nos
primeiros contatos com uma nova pessoa, um indivíduo poderá buscar enquadrá-lo
em categorias previamente estabelecidas em seu processo cognitivo, para assim
categorizá-lo em seus esquemas até então adquiridos. Ainda para o autor, a
estereotipagem pode ser vista como a lei do menor esforço, na qual segundo ele,
para os indivíduos o mundo é simplesmente complicado demais para que se tenha
uma atitude altamente diferenciada a respeito de cada coisa ou pessoa, e por esta
2 Grifo de GOFFMAN (1963).
3 Grifo do Autor.
4 Grifo do autor Lima (2003, apud KAHNERMAN E TVERSKY, 1964).
16
razão, seus comportamentos tornam-se padronizadas a depender do grupo
específico ao qual está lidando.
Pereira, Amaral e Soares (1997) ressaltaram um estudo realizado por
Palmonari, Pombeni e Kirchler (1990), mostrando que indivíduos pertencentes a um
determinado grupo, ao se representarem, farão uso de adjetivos positivos, elevando
a qualidade de si próprios e do grupo como um todo. Em contrapartida, ao
descreverem os indivíduos do outgroup, normalmente o farão destacando os
defeitos, com ênfase em adjetivos negativos. Goffman (1963) mostra que a
sociedade parte de modelos de categorias estabelecidos previamente por membros
de um determinado grupo, para categorizar com base em atributos que são
considerados comuns e naturais por estes. Por esta razão, o ingroup criará um
modelo com base em sua identidade social, para que seja possível verificar se o
outro estará apto, ou não, a pertencer ao seu grupo. A isto, Goffman (1963)
denominou como identidade social virtual, que parte de uma visão própria de cada
indivíduo para categorizar o outro, incluindo-o ou excluindo-o socialmente.
Normalmente, esta identidade social virtual será diferente da identidade social real,
que é aquilo que o indivíduo realmente apresenta e demonstra. Ou seja, o sujeito
poderá ser tratado de três formas distintas: ou ser visto como um ser melhor ou pior
do que ele realmente é, ou simplesmente ser tratado como se ele não existisse. Por
esta razão o ingroup, ao se deparar com um indivíduo dotado de atributos
considerados incomuns a ele, possivelmente apresentará dificuldades de aceitá-lo
como membro do grupo.
No caso da homofobia, verifica-se que uma dicotomia cognitiva é
frequentemente realizada entre as supostas qualidades do próprio grupo, sendo o
primeiro (ingroup) classificado com um conjunto de qualidades todo ele bom, e o
segundo (outgroup) todo ele mau (ARGYLE, 1967). Portanto, para a sociedade o
grupo de indivíduos que seguem a normativa heterossexual será visto como todo ele
bom, e todo aquele que desviar deste padrão, evidentemente será classificado como
todo ele mau, como se aplica aos homossexuais, bissexuais, transexuais, travestis,
lésbicas e outros. Segundo Goffman (1963), o estigma, então, surgirá pelo fato dos
indivíduos pertencentes ao ingroup não conseguirem lidar com o diferente, o
inusitado, com aquilo que foge dos seus padrões pré-estabelecidos. Sendo assim, é
possível concluir que o estigma se dá por interpretações simbólicas de
17
características apresentadas por um determinado indivíduo, por parte do ingroup.
Ainda de acordo com Goffman (1963), ao estigmatizar um indivíduo, o ingroup
normalmente diminuirá suas qualidades, transformando-o em um ser desprovido de
potencialidades, merecedor do isolamento e da exclusão por parte deste grupo, o
que o autor nomeou como deterioração da identidade. Este mecanismo fará com
que o ingroup classifique as diferenças deste indivíduo como defeitos ou falhas
inadmissíveis por parte da sociedade, por não estar enquadrado no padrão que
estes julgam ser o “ideal” 5.
A intolerância apresentada por determinados grupos, contra indivíduos
específicos (homossexuais), por consequência do estigma, pode em muitos casos
dar espaço à violência, o que para Teixeira e Porto (1998) pode caracterizar-se
como forma de poder. Para as autoras, o estigma sobre o grupo tem como objetivo
principal a repressão e dominação daquilo que foge aos seus padrões, na tentativa
de enquadrá-los aos seus ideais de comportamento. Misse (2008) aponta que para
Max Weber, os termos poder e violência são análogos, aplicando-se a toda
possibilidade de um indivíduo ou grupo impor sua vontade sobre outros, mesmo
contra o interesse desses. Dessa forma, o autor destaca a violência como a
designação de contextos normativos, na busca pela padronização, tendo como
caminho a produção e condução de conflitos, bem como uma forma de eliminá-los.
Mostra que determinados grupos buscam através da violência eliminar
comportamentos específicos julgados por eles como conflituosos, porém, com a
aquisição de novos conflitos. Pode-se dizer, então, que na emissão do
comportamento violento, há uma relação direta entre fatores internos e externos ao
indivíduo agressor.
Para Megargee, Hokanson (1976), Aronson, Wilson e Akert (1999) o
comportamento agressivo sucede sempre o bloqueio de uma satisfação, ou seja,
surge como uma resposta à frustração de um indivíduo. Na impossibilidade de
conseguir lidar com aquele bloqueio, repressão e/ou negativa o indivíduo partirá
para a agressão como forma de atingir seu objetivo, e por fim, se satisfazer. O que
vai de encontro com a afirmativa de Misse (2008) anteriormente, ao apontar que
uma das principais funções do comportamento agressivo é do agressor impor ao
agredido força e poder sobre este. Na tentativa de exaltar suas qualidades e
5 Grifo do Autor.
18
menosprezar a da vítima. A este respeito, Heider (1970) formulou a teoria da
atribuição, partindo do interesse de buscar respostas a fim de entender como as
pessoas dão explicação aos eventos ao seu redor. Esta teoria tem a finalidade de
ajudar a examinar como as pessoas tentam entender as causas de um determinado
evento, como avaliam a responsabilidade do evento, bem como as qualidades
pessoais dos envolvidos neste evento. Segundo o autor, tem como contribuição
identificar se um determinado comportamento de um indivíduo foi causado por
questões internas ou externas a si. As causas internas estão sob o controle da
pessoa, de total responsabilidade do indivíduo em questão, enquanto as externas
estão relacionadas às questões situacionais, ao ambiente que a cerca. Como
exemplo de situações internas, pode-se citar em uma organização o caso de um
funcionário apresentar um desempenho ruim, com a justificativa de ser preguiçoso;
enquanto como evento externo, seu mau desempenho estaria relacionado ao fato
deste utilizar-se de ferramentas de trabalhos defeituosas.
Aronson, Wilson e Akert (1999) complementam a teoria da atribuição, com o
que nomearam como sendo tendência a culpar a vítima. Para os autores, quase
todos os indivíduos sentem forte necessidade de serem vistos e considerados como
seres sensatos, de bom estofo moral e inteligentes pelos demais. E, quando são
confrontados com informações que implicam que talvez este tenha se comportado
de maneira irracional, imoral ou estúpida, o sujeito experimentará um grande
desconforto, nomeado pelos autores como dissonância cognitiva. A dissonância
cognitiva produz sempre desconforto e, portanto, motiva as pessoas a tentarem
reduzí-la, buscando explicações lógicas e objetivas para justificarem seus atos a fim
de torná-los aceitáveis perante a sociedade. Vivenciar esta dissonância torna-se
inquietante, pois, obriga o indivíduo a enfrentar a discrepância entre o que pensa ser
e a maneira a qual está se comportando (ARONSON, WILSON e AKERT, 1999). Os
autores ainda complementam que, na tentativa de reduzir esta dissonância
cognitiva, no caso da agressão, por exemplo, o agressor buscará justificas
plausíveis que mostrem que a culpa por ter sido agredido é da vítima. Tentará
mostrar aos demais, que seu comportamento violento era o mais sensato a ser fazer
naquele instante e sua ação está correta, buscando culpar a vítima pelo acontecido.
Junior, Hunt e Osborn (1998) complementam que há dois erros de grande
impacto sobre as identificações dos eventos internos versus externos, na teoria de
19
atribuição, denominados como o erro fundamental de atribuição e a autotendência
de desvio. O primeiro, os autores definem como a tendência de subestimar a
influência de fatores situacionais e de superestimar a influência de fatores pessoais
ao avaliar o comportamento de alguém. Citam como exemplo, o fato de um
determinado grupo de supervisores, ao ser convidado a identificar ou atribuir
possíveis causas ao mau desempenho de seus subordinados, apresentarem como
principais causas questões ligadas às deficiências internas destes funcionários, tais
como: falta de habilidade e esforço em suas atividades, em detrimento às
deficiências externas, como falta de apoio. Entretanto, em outro momento, ao serem
instigados a identificarem as causas do seu próprio desempenho fraco, estes
mesmos supervisores citaram como principal causa a falta de apoio, sendo esta uma
deficiência situacional ou externa, indicando uma autotendência de desvio. O que
evidencia a tendência de negar a responsabilidade pessoal nos problemas de
desempenho, mas de aceitar a responsabilidade pessoal nos desempenhos de
sucesso. Ao transpor esta teoria para as questões comportamentais de agressores,
dificilmente resultará em implicações divergentes das aqui apresentadas,
evidenciando a tendência destes indivíduos em atribuir justificativas para suas ações
às questões externas. Provavelmente o agressor atribuirá ao comportamento do
outro o fator primordial desencadeador de sua ação. Sendo assim, este estudo tem
como objetivo identificar padrões de justificativas dos agressores contra
homossexuais por meio de relatos dos agredidos que foram veiculados pela mídia.
20
2. MÉTODO
O estudo teve base qualitativa e descritiva, realizado a partir de uma análise
documental, que segundo Gaio, Carvalho e Simões (2008) define-se com um
método utilizado para coletar dados, eliminando parcialmente as eventualidades de
qualquer influência do pesquisador sobre a pesquisa. Para os autores, este tipo de
pesquisa é um procedimento metodológico decisivo em ciências humanas e sociais
porque a maior parte das fontes escritas – ou não – é quase sempre a base do
trabalho de investigação.
Na pesquisa documental, o uso de documentos deve ser apreciado e
valorizado, a fim de extrair toda a riqueza de informações nele contida, permitindo
acrescentar a dimensão do tempo à compreensão do social. Esta análise favorece a
observação do processo de maturação ou de evolução de indivíduos, grupos,
conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas, entre outros
(CELLARD, 2008). Gaio et al., apontam que ao falarem deste método de pesquisa,
muitos autores utilizam termos diversos para suas classificações, tais como:
Pesquisa documental; Análise documental; Método documental e Técnica
documental. No entanto, todas definem o mesmo procedimento de pesquisa, que se
utiliza de documentos como base principal de coleta de dados. Os autores
complementam que fontes documentais incluem livros, revistas, documentos legais,
arquivos em mídia eletrônica e outros, utilizando-se estratégia documental.
Também se pode dizer que a pesquisa documental é um procedimento que
se utiliza de métodos e técnicas para a apreensão, compreensão e análise de
documentos dos mais variados tipos Gaio et al., destacam que é condição
necessária que os fatos devem ser mencionados, pois constituem os objetos da
pesquisa, mas, por si mesmos, não explicam nada. Necessitando, portanto, da
interpretação do investigador. A análise documental necessita das seguintes etapas
e procedimentos: organização das informações a serem estudadas e posteriormente
analisadas; finalizando com a elaboração de sínteses, que caracteriza este tipo de
pesquisa com aspectos metodológicos, técnicos e analíticos.
21
2.1. MATERIAL
Para alcançar o objetivo proposto, foram analisados dez documentários
contendo entrevistas, feitas pelo Estado de São Paulo com agressores de indivíduos
homossexuais justificando seus comportamentos e de homossexuais agredidos
relatando o acontecimento. Estes documentários com as respectivas reportagens
foram veiculados pela mídia em canais abertos. A transcrição na íntegra de todas as
entrevistas utilizadas estão disponíveis no Anexo 1.
2.2. PROCEDIMENTO
Inicialmente realizou-se uma busca pela internet em um site para divulgações
de vídeos diversos, nomeado como youtube. A busca trouxe como resultado
inúmeras reportagens acerca do assunto e, após análise, foram selecionadas dez
entrevistas contendo a participação direta ou indireta dos agressores. As
reportagens foram transcritas na íntegra e seu conteúdo analisado, na busca de
identificar e compreender qual o fator motivacional para a emissão dos
comportamentos agressivos contra este grupo específico.
22
3. ANÁLISE DAS REPORTAGENS
O comportamento homossexual há séculos é tratado com discriminação, visto
como uma ação transgressora à sociedade, algo pecaminoso, horrendo e que deve
ser eliminado a qualquer custo. Para Vasconcelos (1999) este tipo de
comportamento é o que caracteriza a homofobia, definindo-se como uma atitude
irracional e negativa em relação às pessoas com orientação homossexual. Borrillo
(2009), Aronson, Wilson e Akert (1999) ressaltam que a homofobia caracteriza-se
pela intolerância apresentada por seus protagonistas, com atitude hostil e muitas
vezes, violenta para com indivíduos que se relacionam afetivamente com outros do
mesmo sexo.
Aronson, Wilson e Akert (1999) complementam que o preconceito é o alicerce
primordial para a homofobia, reforçando atitudes e comportamentos negativos contra
indivíduos pertencentes a um determinado grupo identificável. Esta identificação se
dá por intermédio do estigma criado em relação a estas pessoas, definido por
Goffman (1963) como sendo marcas e características impostas nestes indivíduos
para atribuí-los como membros de um determinado grupo. Uma vez estigmatizado e
segregado, o grupo passa a ser estereotipado, que para o autor é a generalização
acerca de um grupo de pessoas, na qual características específicas são atribuídas a
praticamente todos os membros, sem levar em consideração as variações reais
entre eles. Como forma de ilustração, é possível identificar este tipo de
discriminação sexual, exposta pela não aceitação do indivíduo homossexual através
dos seguintes relatos:
“... Essa raça é uma raça do demônio. Criatura do inferno.
Deus criou o homem e a mulher, e não o homossexual”.
(Reportagem n° 1: Agressor A).
“... Eu não vi até hoje nenhuma coisa que presta dos
‘homossexual’ não”. (Reportagem n° 1: Agressor B).
“... Espalha doença, droga”. (Reportagem n° 1: Agressor D).
23
De acordo com as frases acima retiradas do depoimento de um grupo
nomeado como Skinheads composto por 07 integrantes, é possível perceber que
para a ideologia ingroup, os homossexuais não merecem respeito. São
denominados como seres desprezíveis, demoníacos, sem índole, caráter ou
qualquer outro aspecto positivo. A este respeito é possível citar Ariès (1992) ao
retratar que no início do século XIX o homossexual era visto como detentor de uma
maldição que o tornava um ser homem-mulher. Durante esse período, a igreja teve
grande influência na construção desta crença social, apontando que os indivíduos
que apresentavam esta maldição estavam evidentemente expostos ao pecado, e,
portanto, sua exclusão dos demais era o mais correto a se fazer. Caso contrário,
poderiam disseminar esta condição maldita e pecaminosa em meio aos cristãos,
seduzindo seu próximo, arrastando-o ao caminho do pecado, tornando-o um ser
anormal (ARIÈS, 1992).
Esta crença criou raízes e intensificou-se, e, em pleno século XXI, presenciar
discursos característicos aos presentes naquela época, se faz habitual. Muitos
homofóbicos apontam os homossexuais como seres desprovidos de boa educação,
com má índole e que sua orientação sexual é fruto de uma estrutura familiar mal
formada, como se pode observar nos seguintes relatos:
“Esses caras acabam com a família, acabam com os valores
e sem tirar que eles estão começando acabar com a raça humana”.
(Reportagem n° 1: Agressor A).
“Eu falo por mim. Ele não nasce gay, é escolha. Sou 100% seguro
de que meu filho não vai ser homossexual, porque ele vai ter uma
educação digna”. (Reportagem n° 1: Agressor D).
Aronson, Wilson e Akert (1999) complementam que o preconceito – em todas
as suas vertentes – é social e aprendido, mantido por muitas forças presentes do
mundo social. A este respeito, Rodrigues (1971) ressalta que a imitação
desempenha papel de singular importância para a socialização da criança, sendo
este o processo fundamental para desenvolver seus repertórios comportamentais,
como fator primordial para sua aprendizagem. Como exemplo de processo de
aprendizagem social e/ou por imitação, pode-se apontar Ariès (1992) ao relatar que
24
a igreja definiu algumas crenças e paradigmas em relação ao comportamento social
dos homossexuais, atribuindo características e justificativas ruins e negativas para
com estes indivíduos. E, em razão do grande poder de persuasão apresentado por
ela, estes estigmas e estereótipos foram adotados por grande parte da comunidade
como verdade absoluta.
Segundo Argyle (1967) o preconceito cria uma dicotomia cognitiva, que no
caso da homossexualidade separa a sociedade em dois distintos grupos de
estigmas: um todo bom (hétero) e um todo mau (homo). Logo, se a igreja define a
heterossexualidade como sendo a única e aceitável forma de expressão da
sexualidade, esta se torna o conjunto de qualidades, evidentemente, todo ele bom.
Portanto, qualquer outra forma de expressão que fuja desta, será vista como de todo
mau, o que é vivenciado pelas relações homoafetivas. A este respeito Borrillo (2009)
ressalta que para um homofóbico, o homossexual é um ser com o qual qualquer tipo
de identificação é impensável. Coloca-se desta forma, a heterossexualidade como
um padrão superior, natural e ideal a ser seguido, de maneira que, aqueles que
desviarem sua conduta sexual deste modelo pré-estabelecido, será recriminado e
excluído, como pode ser visto no seguinte relato:
“Entra lá do outro lado lá, filho, que você não mistura”.
(Reportagem n° 1: Agressor B).
Para Borrillo (2009), a homofobia define-se pelo medo de que o
comportamento homossexual seja reconhecido socialmente, tornando-se tão
legítima quanto à heterossexualidade, contribuindo assim, para o desaparecimento
das fronteiras hierárquicas da ordem heterossexual. Na busca da sustentação deste
modelo social, muitos homofóbicos recorrem a preceitos religiosos, como recurso
para dar consistência a esta intolerância, reforçando o discurso pré-histórico
enraizado culturalmente e socialmente desde os primórdios. Dessa forma, quando
questionados sobre quais os reais motivos deste preconceito contra os
homossexuais, os agressores respondem:
“Porque é a lei de Deus, cara. Não nasceu Adão e Ivo não.
Nasceu Adão e Eva”. (Reportagem n° 1: Agressor C).
25
“É uma coisa que vai contra a natureza, contra Deus, contra a
família, vai contra tudo. Tá errado!”. (Reportagem n° 1: Agressor D).
É visível a preponderância de um discurso religioso e onipotente, justificado
por seus protagonistas como uma forma de privar a sociedade destes seres tidos
como pecadores e sujos. O grupo, então, compartilha de uma ideologia, uma crença
criada, construída e alimentada dia após dia por cada um de seus membros. A este
respeito Konder (2002) comenta que a ideologia estrutura-se a partir dos
conhecimentos, formulados pelas ideias de um determinado indivíduo, que o leva a
compreender o que lhe rodeia. Um exemplo de ideologia predominante, pode ser
percebido no momento em que os agressores são questionados se o grupo faz
apologia à violência contra os homossexuais:
“O nosso combate com os homossexuais, né? Na verdade num é
um combate físico não. É mais uma coisa de ideologia”.
(Reportagem n° 1: Agressor B).
A partir da definição de Konder (2002), é possível assinalar que a ideologia,
portanto, é cultural, social e pessoal, podendo ser compartilhada em grupo,
constituído por indivíduos que interpretam suas ideias de uma maneira em comum,
podendo passar de geração a geração. Sendo assim, a homofobia tem como
ideologia, entre outras, desqualificar o indivíduo homossexual, reduzindo-o a nada,
na busca de eliminá-lo por completo da sociedade, através de punição violenta em
razão do seu comportamento (BORRILLO, 2009). Como pode ser visto no seguinte
relato:
“Eles confirmam que houve um desentendimento, um bate boca, né?
Um mal estar. E na sequência um deles desferiu um soco contra a
vítima. E, eles se referiram a vítima de forma assim ... para diminuir
né? Não falar assim ... homossexual, falaram outro termo que até eu
me permito não repetir aqui”. (Reportagem n° 5: Delegado A).
Borrillo (2009) também ressalta o comportamento homofóbico como sendo
aprendido socialmente e fortalecido pelo meio no qual o agressor está inserido. Para
26
o outro, a base primordial para o fortalecimento deste preconceito, está no primeiro
grupo social no qual o indivíduo, ao nascer, é inserido: a família. Para ele, a
homofobia pode ser vista como uma ideologia familiar, compartilhada por este grupo
como um fenômeno banal, haja vista que grande parte dos pais de homofóbicos
compartilha do mesmo pensamento em relação à ação agressora, justiçando-a a
favor do agressor. E, para tal, podemos visualizar os seguintes relatos:
“... uma das mães falarem que não era necessária a abertura de um
boletim de ocorrência, e um dos pais olhar no meu rosto, é que já
estava todo cheio de bandagem e falar que, até que não tinha sido
tão grave, ‘Foi uma briguinha qualquer, não foi?’”.
(Reportagem n° 3: Vítima D).
"Eles estavam ali em grupo né? Se sentiram agredidos de alguma
forma moralmente. Foram agredidos e eles revidaram”.
(Reportagem n° 6: Mãe de um Agressor).
Os relatos acima destacados apresentam um discurso preconceituoso por
parte destes pais e mães, que na busca de preservarem seus filhos, defendem a
atitude homofóbica e violenta por eles expressa. O que provavelmente evidencia a
presença de uma ideologia familiar compartilhada que aponta a agressão contra um
indivíduo homossexual como um comportamento justificado e, portanto, desprovido
de caráter criminoso e punível. Para Borrillo (2009), este tipo de comportamento
expresso por parte de pais e mães não é espantoso, tendo em vista que, em
contrapartida, pais e mães de filhos homossexuais também compartilhariam deste
mesmo preconceito para com estes indivíduos. O que leva o autor a considerar que
a homofobia está fortemente presente na sociedade, camuflando-se e reformulando-
se dia-a-dia, de geração em geração.
Para Megargee, Hokanson (1976), Aronson, Wilson e Akert (1999), a emissão
de um comportamento agressivo surge impreterivelmente como consequência de
uma frustração e vice-versa. Segundo os autores, um indivíduo, ao ser contrariado
ou impedido de realizar o que deseja, buscará sempre ultrapassar estas barreiras
por intermédio da violência. Ao transpor esta análise para a questão da homofobia,
pode-se analisar que o relacionamento afetivo entre indivíduos do mesmo sexo, seja
27
interpretado por um heterossexual como contrário às normas sociais, e, portanto,
frustrante, conduzindo-o ao comportamento agressivo. No entanto, segundo Argyle
(1967), nem todo indivíduo diante de uma frustração atua de maneira agressiva,
hostil e violenta contra o sujeito opositor. A maneira de se comportar agressivamente
é um padrão comportamental, aprendido e reforçado diariamente pela sociedade na
qual está inserido, fortalece-se cada vez mais na dinâmica deste sujeito em questão.
A análise de Argyle (1967) reforça a teoria de que o comportamento agressivo é
aprendido, conduzido por uma força social que o direciona a vítimas específicas, a
partir de símbolos, estigmas e estereótipos peculiares presentes em cada agressor,
como no caso dos homofóbicos.
Já para Borrillo (2009), o comportamento agressivo contra os homossexuais,
age como um vigia da conduta sexual; os heterossexuais buscam a todo o momento
indícios, vestígios, que sejam capazes de denunciar quaisquer desvios e deslizes do
gênero masculino em direção ao feminino e vice-versa. Para o autor, a homofobia é
um fenômeno intimo e particular, que parte do interno para o externo, como uma
tentativa de aniquilar desejos reprimidos. Portanto, Borrillo (2009) aponta que, ao se
pronunciar a palavra “viado!” 6 o agressor busca denunciar o não respeito deste
indivíduo com os papéis determinados para seu sexo biológico, que pode ser visto
por Megargee, Hokanson (1976), Aronson, Wilson e Akert (1999) como uma
frustração em relação aos papéis pré-definidos. Para a sociedade, ser homem
significa ser rude (ou até mesmo grosseiro), competitivo, desordeiro, olhar as
mulheres com ar de superioridade e detestar os homossexuais (BORRILLO, 2009).
Sendo assim, o simbolismo na expressão “viado!”, tem como finalidade sinalizar e
evidenciar que aquele sujeito específico, está fugindo da normalidade sexual pré-
estabelecida socialmente e, desta forma, cria-se um padrão verbal comum entre os
heterossexuais a fim de denunciarem estes comportamentos, como pode ser visto
nos relatos a seguir:
“Muita gente coloca a gente assim, como homofóbico, eu queria falar
que eu não sou homofóbico, que eu não tenho medo de viado.
Entendeu? Eu sou contra homossexual”. (Reportagem n° 1: Agressor D).
6 Grifo de Borrillo (2009).
28
“Ai eles começaram a xingar, a falar que a gente era viado, que
merecia morrer, que viado passa doença, que não sei o quê, blá,
blá, blá, blá”. (Reportagem N° 2: Vítima A).
“... Eles viram que eu estava parado e falaram assim ‘Você ai tá
olhando o que viado? ’. Vieram para cima de mim me deram soco
tentaram dar cabeçada tentaram intimidar e quando eu levei o
primeiro soco, o pessoal do posto entrou no meio e por isso que eu
não apanhei mais na hora”. (Reportagem n° 5: Vítima F).
“Eu percebi que um grupo de Skinheads ia atacar um casal gay, eu
parei no posto para ver o que ia fazer eles me identificaram como
gay e vieram para cima de mim então o objetivo era eu, me bater por
que eu sou gay”. (Reportagem n° 7: Vítima G).
No momento em que um heterossexual confronta-se com um indivíduo
homossexual são despertadas no primeiro as angústias em relação aos elementos
femininos presentes em sua própria personalidade. O que se fortalece ainda mais
quando este confronto trás à tona a sensibilidade, a passividade, vulnerabilidade e
doçura expressas pelo comportamento do outro (BORRILLO, 2009). É nesta esfera
que reside a base inicial que sustenta os comportamentos agressivos expressos por
homofóbicos. É neste ponto que Megargee, Hokanson (1976), Aronson, Wilson e
Akert (1999) ressaltam a frustração vivida por um individuo heterossexual sob
constante controle da sociedade, a fim de manter intacta sua masculinidade e ao
visualizar o homossexual em ações livres e despidas de controle, originando o
desejo de agredí-lo. Borrillo (2009) complementa sugerindo que a reação violenta
contra indivíduos homossexuais advém de pessoas que lutam contra seus próprios
desejos homossexuais. Para o autor, o comportamento de agredir e menosprezar
um indivíduo homossexual proporciona ao agressor uma sensação de alívio e
redução da angústia por ele vivenciada, impossibilitando-lhe imaginar-se desejando
outro indivíduo do mesmo sexo.
Nas reportagens analisadas, as agressões ocorrem com expressões de
enorme brutalidade e ódio, com desejo de eliminar efetivamente o indivíduo
29
homossexual. O ódio revelado contra os homossexuais, a priori, não é destinado a
vitima em si, pois, os agressores e as vítimas não se conheciam e nem mantinham
qualquer tipo de contato ou relacionamento anterior. Portanto, para Borrillo (2009),
este desejo violento surge pela necessidade de exterminar aquele comportamento
feminino, emitido pelo homossexual que, de certa forma, ameaça o homofóbico ao
mostrar-lhe que este tipo de relação pode tornar-se habitual e contrariar a normativa
social até então vista como única: a heterossexual.
Outro fator que contribui para a homofobia, segundo Borrillo (2009) é o ciúme
inconsciente que os heterossexuais têm em relação aos gays, por serem percebidos
como livres da coação do ideal masculino, fugindo das normativas sociais, que
restringem a conduta masculina e a reduz a um estereótipo padrão a ser seguido,
levando ao desejo de extermínio dos homossexuais, da ameaça que eles
representam, como se depreende do seguinte relato, apresentado por um grupo de
intolerantes, ao serem questionados quanto ao que estariam dispostos a fazerem
contra a homossexualidade:
“Matar e Morrer. Tudo. Matar e Morrer”.
(Reportagem n° 1: Grupo de Agressores).
O relato abaixo descreve este tipo de comportamento dos homofóbicos:
“Eu pensei mesmo que ia morrer naquela hora, eles estavam me
batendo com uma brutalidade e falando coisas que nenhum
psicopata fala, com tanta vontade de bater, com tanta gana de bater
em alguém que eu falei: ‘ vou morrer aqui’”. (Reportagem n° 3: Vítima C).
“Ele vai e me dá uma gravata, que ai eu fico imóvel não tenho como
me defender ai os outros já começam a me agredir me dando soco,
chute e eles batiam muito na cabeça”. (Reportagem n° 3: Vítima C).
“Se não fosse o segurança na hora pra defender tinha morrido, por
que eles não iam parar”. (Reportagem n° 3: Vítima C).
30
“Não tenho a menor sombra de dúvida disso, o menor me imobilizou
por trás, enquanto o maior, o J com um soco inglês desferiu mais ou
menos em torno de oito socos no meu olho. Eles tentaram é mesmo
matar”. (Reportagem n° 3: Vítima D).
Os relatos acima destacam, a partir dos agredidos, a intensidade da fúria e do
desejo por parte dos agressores de agredi-lo, deixando evidente a intolerância
sexual que sustenta este ato violento permeado pelo preconceito e pela homofobia.
Aronson, Wilson e Akert (1999) explicam que quase todos os seres humanos,
sentem a necessidade de serem considerados como sensatos, éticos e inteligentes.
E, ao serem confrontados com informações que apontam seus comportamentos
como irracionais, imorais ou estúpidos, passam a experimentar um grande
desconforto. Para os autores, esta dinâmica torna-se inquietante pelo fato de obrigar
o indivíduo a enfrentar a discrepância entre o que pensa ser e a maneira como está
se comportando. A isto nomearam de dissonância cognitiva. Para tentar reduzi-la, as
pessoas buscam explicações lógicas e objetivas para justificarem seus atos a fim de
torná-los socialmente aceitáveis.
Ainda com base nos autores acima, a agressão por mais primitiva e
recorrente entre os seres humanos, é vista como um comportamento insensato e
não inteligente de lidar com determinadas situações/frustrações. Portanto, após a
após uma agressão, o sujeito agressor buscará justificativas plausíveis que o
isentem de culpa e repressão. Nesta busca, a tentativa de culpar a vitima pelo seu
comportamento agressivo é quase unânime na dinâmica deste sujeito (ARONSON,
WILSON e AKERT, 1999). Esta afirmação se faz muito presente nos relatos
envolvendo casos de homofobia, na qual os homofóbicos buscam no
comportamento do homossexual as justificativas cabíveis ao fato de serem
agredidos, conforme frases abaixo:
“Foi agredido, apanhou, apanhou de besta, se ele tivesse seguido o
caminho dele, não teria apanhado”. (Reportagem n° 8: Agressor E)
31
“O cidadão fez algumas ofensas a minha pessoa e a do meu amigo
e nesse momento a gente o agrediu sem mais nem menos. E foi
uma agressão normal como qualquer tipo de outra agressão que
acontece no trânsito de São Paulo”. (Reportagem n° 9: Agressor F)
“Ai eles começaram a xingar, a falar que a gente era viado, que
merecia morrer, que viado passa doença, que não sei o quê, blá,
blá, blá, blá”. (Reportagem N° 2: Vítima A).
Ao culpar a vítima, o agressor o fará enfatizando ao máximo seus aspectos
negativos, convencendo-se de que ele é um péssimo ser humano e que mereceu
ser machucado. Desta forma, possibilita a redução da dissonância e também
prepara o palco para outras agressões, já que a vítima merecia (ARONSON,
WILSON e AKERT, 1999). Os autores realçam que a tendência de culpar a vítima
pelo que lhe aconteceu costuma ser motivada pelo desejo bem compreensível de
ver o mundo como bom e justo, onde recebemos o que merecemos e merecemos o
que recebemos. Citam ainda estudos realizados por Melvin Lerner e colegas,
mostrando que a maioria das pessoas, quando confrontadas com a evidência de um
resultado injusto, de difícil explicação, descobrirá de outra maneira, uma forma de
culpar a vítima. A busca de reduzir a dissonância cognitiva baseia-se na
preocupação do sujeito em se convencer de que tem razão e, por muitas vezes,
acaba se comportando irracionalmente e ajustando-se mal à situação, com
justificativas e explicações que fogem da realidade do fato. Acabam por se
apegarem a justificativas que fazem sentido a si próprio, utilizando-se de todo e
qualquer aspecto que possa fazer sentido na situação em questão, e de certa forma
ser aceito pelo sociedade, como pode ser visto:
“... Essa raça é uma raça do demônio. Criatura do inferno.
Deus criou o homem e a mulher, e não o homossexual”.
(Reportagem n° 1: Agressor A).
“... Eu não vi até hoje nenhuma coisa que presta dos
‘homossexual’ não”. (Reportagem n° 1: Agressor B).
32
“Esses caras acabam com a família, acabam com os valores
e sem tirar que eles estão começando acabar com a raça humana”.
(Reportagem n° 1: Agressor A).
“Porque é a lei de Deus, cara. Não nasceu Adão e Ivo não.
Nasceu Adão e Eva”. (Reportagem n° 1: Agressor C).
“É uma coisa que vai contra a natureza, contra Deus, contra a
família, vai contra tudo. Tá errado!”. (Reportagem n° 1: Agressor D).
“... Espalha doença, droga”. (Reportagem n° 1: Agressor D).
Os grupos minoritários são alvos de preconceito da maioria dominante, sendo
uma ação onipresente, sobremodo forte e doloroso, contra suas vítimas. O
preconceito é uma via de mão dupla. Além de generalizado, o preconceito é
perigoso, surgindo a partir de uma simples antipatia por um grupo, tornando-se
implacável e levar ao ódio extremo, ao julgamento de seus membros como
subumanos e à tortura, ao assassinato e mesmo ao genocídio (ARONSON, WILSON
e AKERT, 1999).
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise das reportagens apontou que, ao se tratar do tema violência contra
homossexuais, os agressores reduzem o ato a uma simples briga ou discussão
entre as partes envolvidas, sem quaisquer implicações que mereçam sanções
graves ou punitivas. Fundamentam suas justificativas na atribuição de que a
agressão só ocorreu porque de alguma forma o agredido o provou, merecendo ser
violentado.
Como apontado por Aronson, Wilson e Akert (1999), os agressores tendem a
atribuir ao agredido a culpa por seu comportamento violento, como uma tentativa de
isentar-se das implicações legais por ter agido de forma insensata, irracional e
impensada com relação à outro indivíduo. Desta forma, o agressor busca o apoio da
massa social a seu favor, ao reunir o máximo de características possíveis em
relação à vitima, exaltando-as como negativas, ruins, incoerentes com as normativas
sociais, o que, a torna merecedora da punição.
Em uma sociedade machista, preconceituosa e moralista na qual qualquer
identificação com um indivíduo homossexual é impensável, a agressão contra este
grupo específico torna-se menos impactante ou de certa forma mais aceita por seus
membros (BORRILLO, 2009). Isto corrobora a teoria de que o comportamento
agressivo, o preconceito e a intolerância contra qualquer grupo específico é social e
aprendido no convívio com o outro, na troca de informações e, principalmente, pela
imitação de comportamentos padrões pré-existentes. Qualquer comportamento que
fuja dos padrões pré-estabelecidos pela maioria, será estigmatizado, estereotipado e
seus indivíduos excluídos e segregados pelos demais. É o que ocorre com os gays,
lésbicas, travestis, transexuais e demais grupos que diferem da maioria. De fato,
como puderam ser visualizadas nas reportagens, as vítimas homossexuais sofrem
agressões físicas, psicológicas e morais, sendo menosprezadas e humilhadas pela
sociedade. O que reforça a imagem de que o padrão heterossexual seria o correto e
único a ser seguido e mantido por todo e qualquer indivíduo. Inclusive, defendido
pela igreja e pelos preceitos religiosos.
Alguns resultados obtidos a partir da análise das reportagens abrem
caminhos aos questionamentos a se seguir:
34
Percebe-se a escassez de informações obtidas pelos relatos dos agredidos
durante as reportagens. As vítimas não seguem um padrão informativo, nem tão
pouco descrevem especificidades profundas a cerca do ocorrido e dos agentes
envolvidos. Portanto:
Seria isto uma forma de preservar sua integridade física, por medo de
represálias futuras de seu agressor e porque as sanções para casos de violência
são tão ineficientes?
Ou será que a mídia, sempre em busca de novidades que possam ser
assimiladas instantaneamente, acaba por trazer poucas informações, apenas para
produzir impacto e sensacionalismo, sem se aprofundar nos casos relatados?
Estas e outras questões indicam a necessidade de estudos mais específicos
e abrangentes.
35
REFERÊNCIAS
ARGYLE, M. A Psicologia e os problemas sociais. Rio de Janeiro: Zahar Editora,
1967/1964.
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39
ANEXO 1 – TRANSCRIÇÃO DAS REPORTAGENS.
REPORTAGEM 1
Homofobia: No rastro da intolerância – Entrevista 1.
Documentário exibido no dia 23 de Novembro de 2011 no Programa Conexão
Repórter do canal aberto SBT com duração total de 40 minutos e 34 segundos.
Repórter: Noite de domingo, centro de Santo André no ABC Paulista. Aqui nos
encontramos com um grupo que não tolera qualquer tipo de convivência com
homossexuais. Quem são vocês?
Grupo: Somos os Carecas!
Repórter: Vocês são contra os Homossexuais?
Grupo: Somos!
Repórter: Porque que vocês são contra os Homossexuais?
Agressor A: Esses caras acabam com a família, acabam com os valores e sem tirar
que eles estão começando acabando com a raça humana. Você tá entendendo?
Essa raça é uma raça do demônio. Criatura do inferno. Deus criou o homem e a
mulher e não o homossexual.
Repórter: O quê que vocês acham desses ataques aos Homossexuais que tem sido
comuns?
Agressor B: Eu acho que é o seguinte: é a sociedade se revelando contra. Os caras
tá colocando em cima de Skinhead.
Repórter: Porque esse preconceito contra homossexuais?
40
Agressor C: Por que é a lei de Deus, cara. Não nasceu Adão e Ivo não, nasceu
Adão e Eva.
Agressor B: O rolê dos cara é o quê? É droga, tá ligado? Os caras, pegam assim
oh, seu filho de 12 anos, leva pro homossexualismo, aí chega lá, leva pra balada lá,
praquelas baladas gay, é droga, é só coisa, é só sacanagem.
Agressor D: É Pederastia.
Agressor B: Não tem nenhuma coisa que presta não. Eu não vi até hoje nenhuma
coisa vindo que presta dos homossexual não.
Agressor D: Espalha doença, droga.
Agressor B: Tudo de ruim, num tem, num tem uma coisa boa que retirar disso. É
tudo completamente uma história.
Repórter: Não é uma questão de livre escolha?
Agressor D: É uma coisa que vai contra a natureza, contra Deus, contra a família,
vai contra tudo. Tá errado!
Agressor A: Eu num apoio essa merda ai não!
Repórter: Vocês tão em sete e só dois estão mostrando o rosto. Por quê?
Agressor B: Por causa que eu trabalho com o público, eu intreto a diversidade da
sociedade toda, então se eu mostrar pode tá me prejudicando.
Repórter: Se tivesse um homossexual aqui, o quê que vocês falariam?
Agressor C: Entra lá do outro lado lá, filho, que você não mistura.
41
Agressor D: Muita gente coloca a gente assim, como homofóbico, eu queria falar
que eu não sou homofóbico, que eu não tenho medo de viado. Entendeu? Eu sou
contra homossexual.
Repórter: Vocês pregam a violência contra homossexuais?
Grupo: Não
Agressor B: O nosso combate com os homossexuais, né? Na verdade num é um
combate físico não. É mais uma coisa de ideologia.
Repórter: Por que não é possível uma convivência pacífica com os homossexuais?
Agressor B: Porque é o seguinte, você tá num lugar, por exemplo, o trem assim, eu
pego o trem e vo da exemplo, os cara passa, você tá namorando ali, dando um role
de boa, os caras mexe com você, os cara não te respeita não, os cara que passar a
mão em você.
Repórter: Se um dia vocês tiverem um filho homossexual, como que vocês vão
reagir?
Resposta em conjunto: A educação vem de casa, o homossexualismo não é
escolha.
Agressor D: Eu falo por mim. Ele não nasce gay, é escolha. Sou 100% seguro de
que meu filho não vai ser homossexual, porque ele vai ter uma educação digna.
Repórter: E vocês tão dispostos a quê em nome dessa causa?
Grupo: Matar e Morrer. Tudo. Matar e Morrer.
Fonte: Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=nLvoy-1YYKI
42
REPORTAGEM 2
Homofobia: No rastro da intolerância – Entrevista 2.
Documentário exibido no dia 23 de Novembro de 2011 no Programa Conexão
Repórter do canal aberto SBT com duração total de 40 minutos e 34 segundos.
Repórter: Novo ataque, novas vítimas. Dessa vez na região do centro de São
Paulo, na Avenida Paulista. Madrugada de 02 de Outubro de 2011. O Analista
Marcos Paulo Vila de 32 anos e o namorado Julio César Piaza de 30, estavam nesta
casa noturna acompanhados de duas amigas. Foi quando dois jovens se
aproximaram.
Vítima A: Esses caras lá dentro da danceteria já tavam meio que enchendo o saco
delas, pra tentar ficar com elas, não sei o quê, mas elas num quiseram, nem deram
bola pros caras. Na hora que a gente pagou a comanda, a gente foi pra rua, e eles
vieram atrás da gente, vieram atrás de novo e meio que começaram a xingar .
Repórter: O casal caminhou até este posto de combustível que fica à 300 metros da
casa noturna.
Vítima A: E começaram a falar algumas coisas de novo. Ai eles começaram a
xingar, a falar que a gente era viado, que merecia morrer, que viado passa doença,
que não sei o quê, blá, blá, blá, blá.
Repórter: Os dois revidaram.
Vítima A: E daí eu falei, cara não é por nada, mas você é um cara novo ainda, tentei
apaziguar a situação, falei você é um cara novo, você ainda pode ter um filho e acho
que você não ia gostar que seu filho viesse a ser homossexual e se acontecesse
isso com ele, ele sofrer este tipo de preconceito.
Repórter: Nesse momento Marcos e Julio passaram a ser agredido pelos jovens.
43
Vítima A: Ai eu tomei um monte de soco aqui na nuca, na perna também tomei
chutes.
Vítima B: Me deu um murro no rosto, abriu o meu rosto do lado de fora, por dentro
também, minha boca tá inteira cortada. Aí eu cai no chão, bati a cabeça no chão e
eles vieram com chutes na minha cabeça e começou, eles não, um só né? Que o
outro tava em cima do Marcos e ai ele deu um chute na minha perna onde ele
quebrou a minha perna e daí eu já não lembro mais nada, que nesse momento eu
desmaiei.
Repórter: Em seguida eles fugiram. Marcos e o namorado foram socorridos, o caso
foi registrado como lesão corporal.
Vítima A: Quando que isso vai acabar cara? É só isso. Eu não fiz nada pra ser
agredido e o Julio também não.
Vítima B: Ninguém tem o direito nenhum de querer roubar a vida do outro pelo
simples fato do outro levar uma vida diferente do que a sua.
Repórter: Com base nessas imagens gravadas pelo circuito de segurança do posto
de combustível, a polícia identificou os agressores. O nome deles, William Cardoso
de Lima, 26 anos e Daniel Vieira de 25. Procurados os acusados preferiram manter
o silêncio.
Fonte:
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=nLvoy-1YYKI
44
REPORTAGEM 3
Jovem agredido na Avenida Paulista com lâmpada
Reportagem exibida no Programa Fantástico do canal aberto Rede Globo com
duração de 05 minutos e 11 segundos.
Reportagem realizada com o jovem que foi agredido com lâmpadas por um grupo de
05 pessoas.
Apresentador: Mas agora vamos ouvir o relato de quem sofreu uma agressão
inexplicável, pela primeira vez o jovem espancado na Av. Paulista conta
abertamente o que aconteceu naquela manhã de 14 de Novembro.
Vítima C: Eu pensei mesmo que ia morrer naquela hora, eles estavam me batendo
com uma brutalidade e falando coisas que nenhum psicopata fala, com tanta
vontade de bater, com tanta gana de bater em alguém que eu falei vou morrer aqui.
Repórter: L. A. B., 23 anos estudante de Jornalismo diz que naquela manhã de 14
de Novembro voltava da balada com dois amigos da Faculdade, eles caminhavam
pela Av. Paulista.
Vítima C: Saímos de uma lanchonete, é indo embora pra casa, em média seis horas
da manhã, ai que a gente se depara com esses cincos meninos que estavam vindo
no sentindo oposto.
Repórter: Eram quatro menores e um rapaz de dezenove anos, Jonathan Lauto
Domingues, segundo a policia, Jonathan é o que aparece de bermuda nas imagens
da câmera de segurança, Luís conta que outro jovem do grupo trazia duas lâmpadas
fluorescentes na mão, de repente um grito!
Vítima C: Na hora que eu olho ele já acerta com a lâmpada no meu rosto, na hora
que eu coloquei a mão no rosto, já estava saindo sangue, ele vem com a segunda,
45
ai me defendo e os outros começaram a rir, ai eu já vou pra cima e ele ainda ataca o
restante da lâmpada que estava na mão dele.
Repórter: A briga continua fora do alcance da câmera, o rapaz de bermuda
Jonathan corre para dominar Luís.
Vítima C: Ele vai e me dá uma gravata, que ai eu fico imóvel não tenho como me
defender ai os outros já começam a me agredir me dando soco, chute e eles batiam
muito na cabeça.
Repórter: Um segurança interrompe o espancamento e o bando foge.
Vítima C: Se não fosse o segurança na hora pra defender tinha morrido, por que
eles não iam parar.
Delegado: Eles passaram a noite agredindo pessoas aleatoriamente, vitimas
escolhidas aleatoriamente, às vezes com a abordagem do preconceito sexual outras
vezes não.
Repórter: De acordo com a investigação ao todo cinco pessoas foram surradas pelo
grupo naquele fim de semana.
Advogado da Vítima: As imagens revelam uma brutalidade excessiva,
gratuitamente sem nenhuma provocação.
Repórter: A seção de violência pode não ter sido a única, na sexta feira surgiu mais
uma acusação contra o bando, um homem de 37 anos procurou a policia e contou
que foi espancado no dia 14 de Março na Rua Augusta, região de bares e boates de
São Paulo. Ele reconheceu Jonathan e o menor que bateu com as lâmpadas em
Luís, Você não tem dúvida?
Vítima D: Não tenho a menor sombra de dúvida disso, o menor me imobilizou por
trás, enquanto o maior o Jonathan com um soco inglês desferiu mais ou menos em
torno de oito socos no meu olho. Eles tentaram é mesmo matar.
46
Repórter: O executivo que não quis se identificar teve ossos da face esmigalhados
e sofreu afundamento do olho direito.
Vítima D: Eu pude perceber, apesar de eles não terem falado absolutamente nada,
que se trata de um crime homofóbico.
Repórter: De volta ao caso da Av. Paulista Luís também acredita que a intolerância
contra gays tenha sido o motivo do ataque, mas que em relação a ele houve um mal
entendido.
Vítima C: Eu não sou homossexual, as duas pessoas que estavam comigo na
Paulista, elas são homossexuais estudam comigo eu tenho outros amigos
homossexuais.
Repórter: Qual o sentimento que você tem em relação aos cinco que te agrediram e
te espancaram e quase te mataram?
Vítima C: Que eles não tenham uma base familiar muito boa por que na hora que eu
estava na delegacia, é eu já tive um exemplo disso, é de uma das mães falarem que
não era necessária a abertura de um boletim de ocorrência, e um dos pais olhar no
meu rosto, é que já estava todo cheio de bandagem e falar que, que até que não
tinha sido tão grave, “Foi uma briguinha qualquer, não foi?”.
Repórter: Para a policia o adolescente de 16 anos que acertou as lâmpadas em
Luís gostava de propagar mensagens de ódio na internet, o inquérito revela uma
frase atribuída a ele em um site de relacionamento, “Um soco vale mais do que mil
palavras”, o texto foi apagado. Esse jovem tem histórico de indisciplina e chegou a
ser expulso de um colégio de renome em São Paulo. Os quatro menores estão aqui
na Fundação Casa e aguardam julgamento que deve acontecer ainda este mês,
eles podem ficar até três anos internados, a policia pediu a prisão preventiva de
Jonathan, por tentativa de homicídio, mas a justiça ainda não decidiu. Ligamos para
os pais dos cinco suspeitos, ninguém nos atendeu, o advogado de Jonathan disse
que não poderia dar entrevista essa semana.
47
Vítima D: Esse tipo de crime é um tipo de coisa que a sociedade não pode aceitar
mais.
Vítima C: Eu acho que ninguém tem o direito de agredir, é seja por opção sexual,
cor ou qualquer coisa, não tem um por que.
Fonte:
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=nJKHsHTm4-8
48
REPORTAGEM 4
Câmeras registram ataque à homossexuais na região da Paulista.
Reportagem exibida no dia 09 de Dezembro de 2010 no Programa SPTV do canal
aberto Rede GLOBO. Ao todo tem duração de 02 minutos e 01 segundo.
Apresentador: Mais um ataque contra homossexuais na região da Av. Paulista,
câmeras de segurança registraram o momento em que as vitimas foram agredidas
violentamente por um homem, na madrugada de domingo, os últimos meses foram
pelo menos seis ataques como este na região.
Repórter: Os três rapazes saem de uma festa um deles fica na esquina e dois
voltam, são quatro e vinte da madrugada do ultimo cinco, ao perceber que estão
sendo seguidos por um homem eles aceleram o passo um deles desconfia de
assalto, no estante seguinte acontece o ataque, enquanto uma das vitimas cai
atordoada o amigo também apanha, o agressor para quando é puxado por uma
mulher.
O designer de 31 anos que levou o primeiro golpe acha que foi atacado por ser
homossexual foram nove pontos no rosto o agressor usava um soco inglês como
este.
Vítima E: Não houve briga, houve só ele deferindo os golpes contra a gente, isso
não tem explicação logica.
Repórter: As imagens das câmeras de segurança de um prédio ajudam a policia na
procura pelo agressor, os investigadores notaram três detalhes, quem bate é
canhoto, sabe lutar, e usa uma blusa que é moda entre os Skinheads. Os Skinheads
costumam se reunir nessa Avenida que cruza a Av. Paulista os punks se encontram
em bares alguns quarteirões de distancia, e por toda essa região do centro de São
Paulo a casa noturnas frequentadas por homossexuais, segundo a policia quando
esses grupos se encontram o preconceito e a intolerância geram os confrontos.
Foram pelo menos seis ataques nos últimos meses com oito vitimas, um perto do
outro e sempre entre as quatro e sete horas da manhã.
49
Delegada: A médio e logo prazo a gente tem que investir em política de educação,
educação pra diversidade, educação pra gente poder conviver com outras pessoas
que são diferentes da gente.
Apresentador: Quem tiver informações sobre o agressor pode ligar para o 181 o
número do disque denuncia
Fonte: Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=w5cT5wa4FVw&feature=related
50
REPORTAGEM 5
Homossexual é agredido no centro de SP.
Reportagem exibida no Programa SP Record do canal aberto Record, com duração
de 02 minutos e 25 segundos.
Apresentador: Homossexual é agredido no centro de SP por quatro jovens, ele só
não foi espancado por que conseguir fugir vamos ver.
Repórter: A gravação mostra o estudante de blusa xadrez e mochila nas costas na
hora em que chega ao posto, logo depois os agressores aparecem e partem para
cima com vários empurrões, dois frentistas tentam separam a discussão um taxista
também ajuda, na imagem de outra câmera da para ver que o jovem corre para
dentro do posto, mas é alcançado e de novo agredido. A PM é chamada para
controlar a situação. O estudante vitima das agressões é Guilherme Rodrigues de 23
anos ele voltava pra casa sozinho na Rua Augusta, no centro de São Paulo quando
foi atacado.
Vitima F: Eles iam atacar um casal de meninos eu percebi eu parei pra ver o que
eles iam fazer, e ai eles viram que eu estava parado e falaram assim “Você ai tá
olhando o que viado?” vieram para cima de mim me deram soco tentaram dar
cabeçada tentaram intimidar e quando eu levei o primeiro soco, o pessoal do posto
entrou no meio e por isso que eu não apanhei mais na hora.
Repórter: O posto de combustíveis que funciona 24 horas acabou se transformando
num abrigo para homossexuais vitimas de violência, os funcionários que trabalham
no turno da madrugada dizem que a maioria dos casos acontecem de quarta a
domingo, sobre a quantidade de agressões eles não sabem responder, por que já
perderam a conta.
Frentista: Quando eu trabalhava aqui à noite eu via muita briga ai, inclusive pedi
para vir para o dia por que não dava para trabalhar aqui à noite.
51
Repórter: Logo depois das agressões Guilherme procurou o quarto Distrito Policial,
e no dia seguinte a delegacia especializada de crime de racismo e intolerância, por
que acredita que foi vitima de discriminação por ser homossexual, com os nomes
dos quatro suspeitos registrados no boletim de ocorrência, Guilherme diz que
encontrou na internet os jovens de dezoito a 21 anos em uma pagina de
relacionamento, de acordo com o delegado responsável pelo caso eles devem
responder por lesão corporal que pode terminar com prestação de serviço a
comunidade.
Delegado: Eles confirmam que houve um desentendimento um bate boca, né? Um
mal estar. E na sequência um deles desferiu um soco contra a vítima. E, eles se
referiram a vítima de forma assim ... para diminuir né? Não falar assim ...
homossexual, falaram outro termo que até eu me permito não repetir aqui.
Fonte: Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=J9WgEEWz6lI&feature=related
52
REPORTAGEM 6
Adolescentes homofóbicos atacam na Paulista.
Reportagem exibida no Programa Domingo Espetacular canal aberto Rede Record,
com duração de 02 minutos e 16 segundos.
Reportagem: Realizada pela Repórter Andrea Beron sobre o ataque a
homossexuais.
Apresentador: Cinco jovens de classe média foram detidos nessa madrugada em
São Paulo eles são acusados de espancar outros jovens em uma das principais
Avenidas da cidade.
Apresentador: A polícia investiga se os ataques foram motivados por preconceito,
as vitimas são homossexuais.
Repórter: Os ataques aconteceram por volta das seis horas da manhã na Avenida
Paulista, segundo testemunhas os agressores eram cinco jovens de boa aparência e
bem vestidos, um dos ataques aconteceu perto de uma estação de metro, dois
rapazes um de vinte outro de dezenove anos aguardavam o taxi neste local quando
foram agredidos os dois correram, um para cada lado o mais velho conseguiu se
proteger dentro da estação do metro o outro não teve a mesma sorte o rapaz de
dezenove anos foi espancado e ficou caído no chão.O rapaz não quis gravar
entrevista, mas mostrou os ferimentos no rosto ele contou que foi socorrido por
testemunhas e levado ao hospital, depois de agredir os dois rapazes o grupo
continuou caminhando pela Av. Paulista e foi mais ou menos este ponto que os
agressores atacaram outros três jovens que saiam de uma lanchonete, uma das
vitimas foi atingida no rosto por duas lâmpadas fluorescentes , o jovem reagiu e
apanhou ainda mais, o cinco agressores foram detidos em flagrantes perto do local
dos ataques, apenas um é maior de idade e ficou preso acusado de formação de
quadrilha e lesão corporal gravíssima, os outros foram levados para uma unidade de
menores infratores a mãe de um deles tentou justificar a violência.
53
Mãe de um dos Agressores: Eles estavam ali em grupo né? Se sentiram agredidos
de alguma forma moralmente. Foram agredidos e eles revidaram.
Repórter: A polícia afirma que as vitimas são homossexuais e investiga se os
ataques foram motivados por preconceito.
Delegado: Foi uma coisa rápida entendeu? Eles impossibilitam a defesa da vitima.
Abordam, agridem uma agressão covarde né? E rápida.
Fonte: Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=K-8Cb0UJyaQ&feature=related
54
REPORTAGEM 7
Estudante afirma que foi agredido por ser homossexual em São Paulo.
Reportagem exibida no dia 23 de Março de 2011 no Programa Jornal Nacional no
canal aberto Rede GLOBO com duração de 02 minutos e 20 segundos.
Apresentador: A policial de São Paulo registrou mais uma agressão motivada
supostamente por preconceito contra um homossexual, foi o terceiro caso em quatro
meses na mesma região.
Repórter: Guilherme Rodrigues é estudante e faz parte do movimento contra o
preconceito a homossexuais ele conta que na quarta depois da faculdade foi com
amigo até a região da Av. Paulista e sofreu a agressão.
Vitima G: Eu percebi que um grupo de Skinheads ia atacar um casal gay, eu parei
no posto para ver o que ia fazer eles me identificaram como gay e vieram para cima
de mim então o objetivo era eu, me bater por que eu sou gay.
Repórter: As câmeras do posto gravaram a confusão Guilherme é cercado por
quatro jovens é empurrado, frentistas e um taxista tentam impedir a briga às
imagens não mostram, mas Guilherme diz que foi agredido.
Vitima G: Bateram conseguiram me dar um soco na boca.
Repórter: A polícia Militar chegou e levou todos para uma delegacia o casal que era
o primeiro alvo não foi encontrado, quatro jovens o mais novo com dezoito anos e o
mais velho com vinte e um foram indiciados por lesão corporal, Injúria e ameaça um
exame de corpo de delito comprovou um ferimento na boca de Guilherme os quatro
rapazes foram chamados para prestar novo depoimento na delegacia que investiga
crime de Intolerância, dois deles se apresentaram hoje à tarde e disseram a policia
que reagiram a uma provocação.
55
Foi na mesma região da Av. Paulista que ocorreram outros casos de agressão a
homossexuais, em novembro um rapaz andava na calçada quando foi atacado por
um grupo que usou lâmpadas fluorescentes como armas, em Dezembro dois amigos
saiam de uma festa e foram atacados por um homem que usava soco inglês,
homofobia não é considerada crime por que a ação não está prevista no código
penal, mas no caso de uma condenação por agressão ou lesão corporal a pena
pode aumentar se a vitima provar que sofreu preconceito, “A agressão foi por
preconceito contra gays como se registra isso?”.
Delegada: Se registra da mesma forma, somente inclui na motivação do crime que
existe essa conotação de homofobia, na ação criminosa se coloca a motivação que
o crime tem caráter homofóbico.
Vitima G: Na lógica dele é impunidade, eles podem me ameaçar dentro da
delegacia podem me bater, podem fazer o que ele quiserem e sair impunes.
Fonte:
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=IF-mzQcAUNc
56
REPORTAGEM 8
Noite: Estudante Vítima de Violência.
Reportagem publicada no site Youtube no dia 04/12/2012 exibida pelo Programa
Balanço Geral SP – Manhã no canal aberto TV Record.
Apresentador: Tem um estudante do último ano de Direito, que foi agredido aqui na
Zona Oeste da Capital Paulista. A suspeita gente, é que ele tenha sido vítima de
preconceito, tenha sido vítima de homofobia. Ainda existe nos dias atuais, gente que
sofre violência por causa da opção sexual. Vamos ver!
Repórter: Caído no chão, o bancário A. C. B. recebeu ajuda de desconhecidos,
enquanto tentava explicar o que aconteceu. A. contou que voltava da farmácia,
quando dois homens que estavam de carro começaram a mexer com ele.
Vítima H: Eu tirei o fone de ouvido pra prestar atenção no que que era, e vi que eles
tavam me ofendendo. Porque na verdade eles tavam rindo, num vi que era ofensa
de início, porque eu tava com o fone.
Repórter: A. é homossexual e reconhece que depois de ouvir os xingamentos que
caracterizam discriminação sexual também ofendeu os jovens. Ele só não esperava
que os agressores partissem pra briga. A. recebeu chutes e socos, diante de várias
pessoas que passavam por este cruzamento da Henrique Chalman. Na delegacia
um dos suspeitos, o empresário B. P. de 25 anos, justificou a violência com ironia.
Agressor E: Foi agredido, apanhou, apanhou de besta, se ele tivesse seguido o
caminho dele, não teria apanhado.
Repórter: O amigo dele D. M. L. S. de 29 anos é personal trainer e preferiu ficar
calado. Os dois suspeitos terminaram a noite na carceragem desta delegacia aqui
em Pinheiros na Zona Oeste de São Paulo. É que depois de ouvir as testemunhas a
Polícia civil entendeu que os dois homens tentaram matar o bancário, por isso,
foram autuados em flagrante. A. recebeu atendimento no hospital e foi liberado.
Fonte: Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=PaeiF4atU04
57
REPORTAGEM 9
Estudante de direito, agredido por dois fisiculturistas.
Reportagem publicada no site Youtube no dia 04/12/2012 exibida pelo canal aberto
Band TV.
Repórter: O estudante de direito A. C. G. ficou com o rosto desfigurado depois de
ser atacado. Os agressores, esses dois fisiculturistas, continuaram ameaçando as
pessoas que usaram telefones celulares para registrar o ato de covardia.
Testemunhas disseram que A. que é homossexual, atravessa a avenida quando foi
ofendido pelos dois amigos que estavam no carro esperando abrir o semáforo.
A confusão teve início nesse cruzamento da Zona Oeste de São Paulo. Após a
discussão, o estudante de direito foi cercado neste ponto e brutalmente agredido.
Policiais militares que estavam pela região, chegaram rapidamente e tiveram que
algemar um dos agressores para pôr fim ao ataque.
A só deixou o hospital no fim da madrugada. Ele confirmou a nossa equipe que
passou a ser xingado pelos dois amigos sem nenhum motivo aparente.
Vítima H: Eu tava a pé, eles tavam parados no semáforo, não tem sentido nenhum.
Quer dizer, o que eu faço ou deixo de fazer na minha vida intima é problema pra .., é
motivo pra alguém descer do carro e me bater.
Repórter: Para essa jovem o estudante foi vitima do preconceito e também da
ignorância.
Testemunha: Um dos moços, ele saiu do carro, cruzou a avenida entre os carros e
já agrediu a vítima com dois chutes.
Repórter: Um dos agressores tinha mais de 1,90 de altura. O segundo acusado é
praticante de musculação e proprietário de uma loja que vende suprimentos para
atletas. Na delegacia eles contaram uma nova versão. Para B. como se identificou o
rapaz, a briga foi motivada por uma simples discussão de trânsito.
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Agressor F: O cidadão fez algumas ofensas a minha pessoa e a do meu amigo e
nesse momento a gente o agrediu sem mais nem menos. E foi uma agressão normal
como qualquer tipo de outra agressão que acontece no trânsito de São Paulo.
Fonte:
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=uvG4EOVRrAM
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REPORTAGEM 10
Mais um ataque a homossexual.
Reportagem publicada no site Youtube no dia 19/12/2012 exibida no Jornal da
Gazeta pela emissora de cana aberto TV Gazeta.
Apresentadora: Mais um suposto caso de agressão a um homossexual foi
registrado em São Paulo. O jovem de 35 anos disse que foi vítima de ataque
homofóbico e que apanhou até com barras de ferro. O caso ocorreu na madrugada
de domingo, mas só foi divulgado hoje pela polícia.
Repórter: As marcas de espancamento estão no rosto e em outras partes do corpo.
O Gerente de TI de 35 anos, disse nunca ter imaginado que seria vítima de
agressões.
Vítima I: Eu nunca imaginei que acontecesse isso comigo. Eu não entendi porque
tanto ódio de querer me agredir assim, eu não “tava” fazendo nada, não “tava”
beijando o cara, tinha acabado de sair do carro prá falar com ele, não “tava” fazendo
gesto nenhum de nada.
Repórter: Ele conta que estava com outro amigo no carro que teria dormido, sem
ver as agressões.
Vítima I: Já chegaram rabeando o carro, fazendo o maior barulho. Mal o carro parou
eles já foram descendo e saíram correndo atrás de mim com uma barra de ferro,
falando “corre, viado, que a gente vai te matar”. E aí eu saí correndo até o posto lá
da esquina.
Repórter: Funcionários deste posto de combustíveis na Hermano Marqueti
ajudaram a socorrer a vítima.
A polícia vai investigar se a violência foi motivada por homofobia. O caso foi
registrado na delegacia como lesão corporal.
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Delegado: Nós temos que identificar os autores do fato. Já temos já, um pessoal já
na rua, em busca de imagens, de câmeras e etc. Agora, é cedo, para de fato
definirmos se foi um caso envolvendo homofobia ou se é um caso de uma
desinteligência de um conflito que acabou gerando ai essas lesões corporais. O que
nós vamos poder determinar na medida em que nós formos identificando essas
pessoas e que os fatos forem sendo efetivamente esclarecidos.
Fonte:
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=lROCk0RygNg