Captação de alunos
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Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 22, Ano 2011
Bruno Carvalho Castro Souza
Universidade Anhanguera-Uniderp
Janaine Cristiane de Souza
Arantes
Faculdade Anhanguera de Valinhos
Sirley Aparecida Araujo Dias
Fundação Dom Cabral
CAPTAÇÃO DE ALUNOS
RESUMO
Este trabalho aborda a captação de alunos por meio de uma pesquisa de campo em duas instituições de ensino superior, uma na cidade de Valinhos-SP e outra em Taguatinga-DF. O principal objetivo é identificar, sob a perspectiva do futuro ingressante no ensino superior, ações complementares que possam contribuir na melhora do processo de captação nas instituições. A metodologia utilizada inclui um referencial teórico sobre ferramentas e conceitos mercadológicos e pesquisa de campo com clientes potenciais das unidades estudadas. Os principais resultados encontrados demonstram que há diferenças suficientes entre o perfil do público de cada unidade que poderiam justificar uma diferenciação das políticas e ações de captação utilizadas pela instituição como um todo. As conclusões incluem indicações para aprofundamento e melhoria da pesquisa realizada, com o objetivo de avançar em pontos como uma definição de política de marca e ampliação da metodologia para todas as unidades, sem o comprometimento de outras técnicas e ferramentas de marketing e publicidade.
Palavras-Chave: marketing; ensino superior; captação.
ABSTRACT
This paper addresses the prospection of new students through a field survey in two higher education institutions, in the cities of Valinhos/SP and Taguatinga/DF. The main objective is to identify, from the perspective of future undergraduate students, complementary actions that can contribute in improving the process of attracting and enrolling new students. The methodology includes a theoretical framework of tools and marketing concepts and field research with potential customers of the units studied. The main results show that there are enough differences between the public profile of each unit that could justify a differentiation of the policies and actions of prospecting used by the company as a whole. The conclusions include directions for further research and improvement, in order to advance in issues such as a brand policy strategy and expanding the methodology to all units.
Keywords: Marketing; College education.
Anhanguera Educacional Ltda.
Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]
Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original Recebido em: 22/07/2011 Avaliado em: 08/08/2012
Publicação: 13 de novembro de 2012
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1. INTRODUÇÃO
A captação de clientes sempre foi considerada um dos fatores determinantes do sucesso
de qualquer empresa de natureza comercial, em qualquer segmento ou setor de atuação.
Captar clientes – e, em um segundo momento, retê-los – representa o combustível que
garante que a organização tenha condições de se viabilizar, sustentar e expandir. Uma
organização que não possui clientes capazes de gerar receitas apresenta uma perspectiva
de vida nula.
No ramo educacional a situação não é diferente. Até mesmo instituições públicas
possuem clientes 1 que geram receita operacional. Na rede particular, as receitas geradas
pelo pagamento de mensalidades fornecem os recursos para pagamento de pessoas,
infraestrutura, custos operacionais e remuneração dos proprietários da instituição (lucro).
Neste artigo são apresentados estudos sobre alternativas de captação para instituições de
ensino superior, baseado em pesquisa primária junto ao público de duas instituições de
ensino superior mantidas pela mesma mantenedora, visando conseguir melhores
resultados em seus processos de captação de alunos, por meio da análise das práticas
atualmente seguidas, pesquisas de campo junto ao público-alvo e referenciais teóricos
levantados pelos autores.
O escopo do artigo está restrito às duas instituições pesquisadas – uma em
Valinhos/SP (IES SP) e outra em Taguatinga / DF (IES DF). Para preservar as instituições,
seus nomes foram omitidos do artigo final. A escolha das duas unidades foi feita em
função dos seguintes critérios: (a) uma delas é orgânica (os processos de credenciamento e
autorização dos cursos foi feito pela própria instituição), enquanto a outra é adquirida
(incorporada) pelo grupo mantenedor; (b) as duas são consideradas „médias‟ em termos
de quantidade de alunos2; e (c) os pesquisadores trabalham nessas unidades.
A proposta deste projeto pode ser resumida na seguinte pergunta: na opinião do
público potencial, quais as ações que possibilitariam a essas instituições aumentarem a
captação de candidatos para os processos seletivos de graduação? (SOUZA; ARANTES,
2010)
1 Nesse contexto, entende-se como cliente a própria sociedade civil, que é atendida pelas vagas oferecidas para acesso à educação básica ou superior, e que remunera a instituição pública com o pagamento de impostos, que são repassados pelas diversas esferas governamentais, conforme a instituição atue na esfera municipal, estadual ou federal. 2 Para este trabalho, uma unidade é considerada média quando possui entre dois e seis mil alunos matriculados nos cursos de graduação.
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2. MARKETING
O marketing está para a empresa assim como os sentidos estão para as pessoas. Por meio
dele, a organização é capaz de conhecer o ambiente externo, compreender o mercado,
interagir com os consumidores e prosperar. Em outras palavras, “o marketing é o
intermediário entre o cliente e a empresa” (MOORE; PAREEK, 2008, p.19).
Para compreender melhor a complexidade dessa tarefa, é importante enfatizar o
quanto a relação das pessoas com o mundo mudou nos últimos 50 anos. A evolução
tecnológica abriu possibilidades de interação, expandiu a capacidade crítica e ofereceu
escolhas para praticamente qualquer aspecto da vida cotidiana. O reflexo dessa mudança
também aconteceu no marketing, que incorporou as transformações e aplicou-as em suas
estratégias. Nessa „Era da Informação‟ (KOTLER, 2005), as pessoas passam a ser
detentoras do poder em relação às empresas, ao contrário do que acontecia no passado:
Enquanto a Era Industrial caracterizou-se pela produção e pelo consumo de massa, por lojas abarrotadas de estoque, por anúncios em toda parte e por grandes descontos, a Era da Informação está nos levando a níveis cada vez mais precisos de produção, comunicações mais direcionadas e determinação de preços amparada por bases de informação de melhor qualidade (KOTLER, 2005, p. 3).
Nesse contexto, o papel do marketing se caracteriza atualmente como
instrumento para “enfatizar as diferenças entre as opções disponíveis e o valor que o
consumidor receberá ao adquirir uma delas” (MOORE; PAREEK, 2008, p.19). Em outras
palavras, o objetivo do marketing passa a ser criar diferenciação entre as opções
disponíveis para o consumidor.
Para gerenciar a demanda e criar diferenciação, os profissionais de marketing
trabalham com o chamado mix de marketing, usado para compreender e manipular a
dinâmica do processo de compra do consumidor. Esse mix é formado por um conjunto de
ferramentas e técnicas que atuam em quatro fatores distintos da organização: Produto,
Preço, Praça e Promoção – conhecidos como os 4 Ps originalmente propostos por
McCarthy e amplamente difundidos por Kotler (2005), de acordo com a Figura 1.
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Fonte: Adaptado de Kotler (2005).
Figura 1 – Os 4 Ps.
Nesse contexto, é importante observar que o marketing trabalha com o conceito
de segmentação de mercado, uma vez que qualquer empresa, por maior que seja, possui
recursos limitados e raramente consegue satisfazer todas as pessoas, em todos os locais, a
todo momento. Em síntese, “vemos a administração de marketing como a arte e a ciência
de escolher mercados-alvo e de captar, manter e fidelizar clientes por meio da criação,
entrega e comunicação de valor superior para eles” (KOTLER, 2005, p.6).
3. MERCADO EDUCACIONAL NO BRASIL
O processo de captação de alunos para o ensino superior passou por algumas
modificações ao longo dos últimos dez anos. Nenhuma, no entanto, apresentou grandes
novidades no que se refere ao modelo de seleção, inclusive devido a questões legais: o
processo seletivo para o ensino superior no Brasil passa obrigatoriamente por um exame –
conhecido até hoje pelo nome de “vestibular”, embora a legislação tenha abandonado
essa nomenclatura em favor do termo mais genérico “processo seletivo”.
O mercado educacional, no entanto, demandou enormes mudanças no critério de
aplicação desse processo. A abertura do ensino superior, promovida durante o governo
do Presidente Fernando Henrique Cardoso, incitou o surgimento de uma grande
quantidade de novas faculdades privadas, em nome do acesso à educação e da
necessidade de qualificação dos brasileiros para atender às demandas da globalização da
economia. Com o aumento da competição as instituições observaram a quantidade de
inscritos em seus processos seletivos cair a cada ano, com a consequente queda na relação
de candidatos por vaga até mesmo para cursos considerados sólidos e tradicionais.
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Somente as universidades federais e algumas instituições particulares conseguiram
manter níveis de demanda em condições semelhantes ao passado.
Dessa forma, consolida-se um cenário – que perdura até os dias atuais – em que
há uma grande oferta de vagas para o acesso ao ensino superior, causando uma dispersão
cada vez maior dos clientes potenciais das instituições. No Quadro 1, é demonstrada, em
âmbito nacional, a evolução desses números.
Quadro 1 – Evolução da quantidade de IES particulares, vagas oferecidas e inscrições
para o processo seletivo
Ano-Base
Qtde. de
instituiç
ões
Vagas oferecidas Inscrições no processo seletivo Inscritos /
Vaga Qtde. % em relação
ao anterior Qtde.
% em relação
ao anterior
2003 1.652 1.721.520 --- 2.532.576 --- 1,47
2004 1.789 2.011.929 16,87% 2.622.604 3,55% 1,30
2005 1.934 2.122.619 5,50% 2.754.326 5,02% 1,30
2006 2.022 2.298.493 8,29% 2.831.515 2,80% 1,23
2007 2.032 2.494.682 8,54% 2.901.270 2,46% 1,16
Fonte: ABMES – Adaptado das edições 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008 da série Números da educação superior no Brasil3
Percebe-se, pelos números, que há uma tendência em se ampliar ainda mais a
oferta de vagas, ao passo que a quantidade de candidatos cresce bem mais lentamente. A
consequência desse processo é uma diminuição da quantidade de candidatos por vaga.
4. MARKETING NAS INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS
No setor educacional, observa-se uma enorme mudança de postura das instituições em
relação ao marketing. O que no passado era considerado algo puramente mercantilista,
encarado até mesmo com certo descaso pelas escolas, passa a ser visto como uma espécie
de tábula da salvação que dará garantia de que a instituição sobreviverá simplesmente
por adotar os princípios de marketing.
Essa mudança de visão ocorreu em função do aumento da competição no setor,
desencadeada pela melhoria da situação econômica da população e pela ampliação das
possibilidades de acesso ao ensino, especialmente no nível superior (COIMBRA, 2004).
Essa maior competição foi responsável por inúmeras transformações: aumento da
qualidade de ensino com uma redução dos preços, em função da exigência dos
consumidores (alunos e pais); ampliação da oferta de vagas em todos os níveis; melhoria
3 Foram consideradas somente as instituições de educação presencial de natureza privada, independentemente de sua organização acadêmica (universidades, centros universitários, faculdades integradas, faculdades / institutos / escolas, Centros de Educação Tecnológica e Faculdades de Tecnologia).
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da qualidade na rede pública; adoção de estratégias de marketing pelas escolas
particulares de todos os níveis.
Na educação superior, o marketing educacional passa a trabalhar com duas
perspectivas: a captação e a retenção de alunos. Tem-se prestado bastante atenção à
retenção de alunos, observando-se indicadores como fidelidade, indicação de novos
alunos (indício do grau de satisfação), avaliações institucionais e outras estratégias.
Entretanto, a captação de alunos tem sido vista de maneira mais conservadora, com o uso
de estratégias tradicionais como propaganda, visitas a empresas, e um arremedo de
campanha boca a boca, das quais o melhor exemplo é do tipo “indique um amigo”.
5. PESQUISA DE CAMPO
Em linhas gerais, as etapas da pesquisa de campo realizada são as seguintes:
a) Verificar com os concluintes do ensino médio das principais escolas-alvo das unidades estudadas qual é o processo de escolha para a instituição de ensino superior;
b) A partir dos dados levantados, verificar se as estratégias de marketing utilizadas são adequadas ao público;
c) Propor alternativas que possam incrementar a participação no processo seletivo nas duas instituições analisadas.
Os dados de pesquisa de campo foram coletados por entrevistadores mediante
aplicação de questionário estruturado, contendo questões abertas e fechadas dos tipos
dicotômicas, de escolha única, de escolhas múltiplas e de escala.
6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Inicialmente, é apresentada uma análise do panorama do mercado potencial em cada uma
das regiões pesquisadas. Em seguida, com base nas informações obtidas junto à Diretoria
de Marketing e à Diretoria Executiva das próprias instituições, são identificadas as ações
de captação de alunos. Finalmente, são mostrados e discutidos os resultados obtidos pelas
pesquisas primárias.
6.1. Mercado Potencial em Termos de Volume nas Regiões Pesquisadas
A Diretoria de Marketing das instituições pesquisadas define seu público-alvo para os
cursos de graduação como formado em sua maioria por jovens trabalhadores com idade
entre 18 a 35 anos das classes C, D e E. Para a avaliação do mercado potencial, foi esse o
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perfil considerado, o que leva a uma análise dos dados relacionados com o ensino médio
na rede pública estadual.
De acordo com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (2010), a cidade
de Valinhos possui oito escolas estaduais de ensino médio; já Taguatinga conta com nove
escolas estaduais de ensino médio, segundo a Secretaria da Educação do Distrito Federal
(2010).
No Quadro 2, é apresentado o número de alunos matriculados no ensino médio
da rede pública estadual nas duas regiões pesquisadas, com base no censo escolar de 2008
e 2009.
Quadro 2 – Matrículas do ensino médio na rede pública estadual
Município 1ª série 2ª série 3ª série
Correção de
Fluxo Total
2008 2009 2008 2009 2008 2009 2008 2009 2008 2009
Valinhos 4 --- --- --- --- --- --- --- --- 3.388 3.220
Taguatinga 3.955 4.694 3.102 3.272 2.804 2.829 --- 391 9.861 11.186
Fonte: INEP (2010), Secretaria da Educação do Distrito Federal (2010)
De acordo com o Quadro 2, nota-se que em Valinhos o número total de alunos
matriculados no ensino médio diminui 5%, enquanto em Taguatinga esse número teve
um aumento de 13, 5%. Se consideradas somente as duas últimas séries, percebe-se um
aumento consideravelmente menor, ainda que positivo, na região de Taguatinga (0,9%), o
que indica um maior ingresso de alunos no ensino médio, porém concentrados
especialmente na primeira série.
A primeira conclusão que se tira dessa breve análise é que cada região possui
uma realidade específica no que se refere ao desenvolvimento do mercado educacional.
Essa conclusão pode ser reforçada com base nos indicadores de matrículas no mesmo
período para as duas instituições em funcionamento nas regiões pesquisadas, conforme o
Quadro 3.
Quadro 3 – Evolução das matrículas no processo seletivo.
Unidade Matrículas
2008 2009 Evolução (%)
IES DF-25 313 356 13,7
IES SP 72 73 1,4
Total 1265 1512 19,5
Fonte: Diretoria de Marketing da Mantenedora
4 Não foi possível localizar os dados de todas as séries do ensino médio da região de Valinhos. 5 Não há dados históricos das inscrições e matrículas para o período 2008/2009 da IES DF, portanto, foram considerados os dados de uma terceira unidade mantida pela mesma mantenedora, que possui perfil de público idêntico e se situa a menos de 300 metros da IES DF.
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Vale observar que, em Valinhos, ainda que o mercado apresente contração, foi
observado um pequeno aumento na quantidade de matrículas, sugerindo que o público-
alvo percebe algum valor na marca das instituições. Esse valor é traduzido como um
número de matrículas consideravelmente acima do crescimento do mercado local. Ainda
assim, o crescimento de matrículas em Valinhos está abaixo da média nacional.
Essas análises permitem as seguintes conclusões, apresentadas no Quadro 4.
Quadro 4 – Inferências sobre o mercado potencial em Valinhos e em Taguatinga.
VALINHOS TAGUATINGA
Observa-se uma contração do mercado6
Verifica-se um aumento acima da média nacional
no tamanho do público-alvo pretendido pela
instituição, o que pode requerer outro tipo de
postura e cuidados
Há uma maior disputa entre os concorrentes na
busca de um universo cada vez menor de clientes
Existe uma forte possibilidade de novos entrantes
para disputar o mercado
As campanhas de marketing e publicidade tendem a
ser mais agressivas
Pelo menos em um futuro próximo, as campanhas
de marketing tendem a ser um pouco mais brandas
Há uma tendência de queda nos preços das
mensalidades de cursos superiores com o objetivo
de captar mais alunos para as faculdades, levando a
uma comoditização ainda maior do mercado
Há espaço para a manutenção dos preços das
mensalidades e/ou para a oferta de produtos
diferenciados para atingir nichos não explorados
Há uma necessidade de cortar custos e adequar
infraestrutura para manter a viabilidade do negócio
em um mercado em contração
Ainda existe uma “janela” para novos investimentos
e ampliação da infraestrutura, buscando atender o
excedente da demanda não captada pelas
instituições atuais
Fonte: Dados de pesquisa.
Com base nesses dados, a adoção de uma política de marketing global e
unificada para todas as unidades da mantenedora não é necessariamente a melhor
estratégia para maximizar as potencialidades de cada mercado e o sucesso da empresa.
6.2. Ações de Captação de Alunos nas instituições
O Departamento de Marketing da mantenedora executa várias ações de captação de
alunos. Para isso, sua campanha publicitária utiliza diversas mídias, como por exemplo:
rádio, TV, Internet, mídia impressa (cartazes, folhetos, folders etc.), outdoors, abrigo de
ônibus, painel terminal de ônibus, busdoors, painel de trem, painel super de metrô, painel
adesivo de metrô, porta de elevador.
Também é utilizada a “Régua de Conversão”, cujo objetivo consiste em converter
os candidatos inscritos em alunos regularmente matriculados. Para isso, bolsas de estudo
6 No contexto deste trabalho, entende-se a expressão “contração de mercado” como sendo uma diminuição na quantidade de clientes potenciais no segmento pesquisado.
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e brindes são concedidos nas diversas unidades da mantenedora. No entanto, o processo
de captação de alunos apresenta pouca eficácia. Em ambas as unidades pesquisadas
muitos candidatos do processo seletivo diário não concretizam sua matrícula, conforme o
Quadro 5.
Quadro 5 – Taxa de conversão ao longo da Régua.
Instituição Inscritos Provas
Realizadas Convocados Matriculados
Taxa de
Conversão
IES SP 1076 702 646 423 39,3%
IES DF 5078 3144 2502 1661 32,7%
TOTAL 6154 702 3148 2084 33,9%
Fonte: Departamento de Marketing da Mantenedora.
6.3. Egressos do Ensino Médio 2009
O instrumento respondido pelos estudantes do último ano do ensino médio das regiões
pesquisadas foi aplicado no evento “Feira de Profissões”, realizado semestralmente em
ambas as instituições.
A primeira análise é a de origem dos alunos. No Quadro 6, são apresentadas as
escolas de origem dos visitantes da Feira de Profissões.
Quadro 6 – Tipo de escola de origem dos concluintes do ensino médio.
Unidade Pública Particular Outro / Não Identificado
IES SP 100% 0% 0%
IES DF 99,2% 0,04% 0,04%
Fonte: Dados de pesquisa.
A partir do Quadro 6, comprova-se que o público-alvo, nas duas instituições
analisadas, é oriundo de escolas públicas, o que coincide com o perfil desejado em função
da segmentação econômica do mercado.
Em termos de faixa etária, destaca-se a predominância do público jovem, entre 16
e 19 anos em ambas as unidades, conforme o Quadro 7.
Quadro 7 – Faixa etária dos concluintes de ensino médio.
Unidade Menos de
16 Anos
16 a 17
anos
18 a 19
anos
20 a 22
anos
23 a 25
anos
26 a 30
anos
Acima de 30
anos Total
IES SP 0,0% 66,7% 31,3% 2,1% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0%
IES DF 1,8% 71,7% 23,9% 0,9% 0,9% 0,0% 0,9% 100,0%
Fonte: Dados de pesquisa.
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Conhecidos a origem e o perfil dos concluintes de ensino médio, passa a ser
objeto de análise o grau de importância para a escolha da faculdade, que pode ser
visualizado nas Figuras 2 e 3 com as respostas dos estudantes.
Figura 2 – IES SP – Análise do grau de importância para a escolha da faculdade. Fonte: Dados de pesquisa
Figura 3 – IES DF – Análise do grau de importância para a escolha da faculdade. Fonte: Dados de pesquisa.
Em uma primeira análise, é mais interessante perceber o que não é comum nas
duas regiões pesquisas: o item “Valor da mensalidade” possui muito mais relevância na
região de Valinhos (54% consideram „indispensável‟), cujo mercado apresenta contração,
do que em Taguatinga (31% consideram „indispensável‟).
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Vale a pena observar que há apenas dois aspectos que ambas as regiões
valorizam de forma superior a todos os demais: “A faculdade possui bons professores”
(73% em Valinhos e 52% em Taguatinga) e “A faculdade possui boas notas no ENADE”
(56% em Valinhos e 46% em Taguatinga). Em relação aos demais itens, percebe-se que os
públicos de cada região atribuem valores distintos a cada aspecto, o que estabelece uma
escala de valores diferentes para Valinhos e para Taguatinga. Também surpreende o
baixo impacto da propaganda, da localização geográfica, da responsabilidade social e da
tradição da instituição.
Outros dados pesquisados foram alguns dos hábitos de consumo dos concluintes
de ensino médio, cujos principais resultados são apresentados no Quadro 8.
Quadro 8 – Escala de fatores considerados “indispensáveis” para escolha da faculdade nas regiões pesquisadas.
Lê jornais Diariamente Uma vez por
semana De vez em quando Nunca
Não Respondeu
/ Não se Aplica
Taguatinga 19,5% 15,0% 62,8% 1,8% 0,9%
Valinhos 8,3% 16,7% 72,9% 2,1% 0,0%
Acessa a
internet Diariamente
Uma ou duas
vezes por
semana
Uma ou duas
vezes por mês Nunca
Não Respondeu
/ Não se Aplica
Taguatinga 72,6% 23,0% 3,5% 0,9% 0,0%
Valinhos 81,3% 14,6% 2,1% 0,0% 2,1%
Lê livros
Regularmente
(um ou mais
livros por mês)
De vez em
quando (um
livro a cada seis
meses)
Raramente (um
livro por ano) Quase nunca
Não Respondeu
/ Não se Aplica
Taguatinga 38,1% 41,6% 15,0% 5,3% 0,0%
Valinhos 31,3% 33,3% 27,1% 8,3% 0,0%
Usa
computador Em casa No trabalho Em Lan House
Não usa
computador
Não Respondeu
/ Não se Aplica
Taguatinga 76,1% 5,3% 17,7% 0,9% 0,0%
Valinhos 95,8% 0,0% 4,2% 0,0% 0,0%
Fonte: Dados de pesquisa.
O que constitui valor na opinião dos concluintes do ensino médio foi outro
aspecto abordado na pesquisa. Os quadros 9 e 10 apresentam os resultados.
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Quadro 8 – Valinhos – O que representa valor para o concluinte do ensino médio.
CARACTERÍSTICA Concordo
totalmente
Concordo em
parte Indiferente
Discordo em
parte
Discordo
totalmente
Faculdade grande é
melhor do que pequena 17% 56% 15% 6% 6%
A qualidade depende só
dos professores 10% 46% 4% 25% 13%
Livros didáticos são
fundamentais 54% 29% 13% 2% 2%
Mensalidade cara =
curso melhor 4% 10% 13% 25% 46%
Tradição é melhor do
que quem começou
agora
19% 38% 17% 17% 10%
Vestibular fácil = curso
fraco 19% 23% 13% 23% 19%
Curso superior garante
meu futuro 52% 35% 4% 4% 4%
Fonte: Dados de pesquisa.
Quadro 9 – Taguatinga – O que representa valor para o concluinte do ensino médio.
CARACTERÍSTICA Concordo
totalmente
Concordo em
parte Indiferente
Discordo
em parte
Discordo
totalmente
Faculdade grande é
melhor do que
pequena
20% 44% 17% 9% 10%
A qualidade depende
só dos professores 7% 38% 9% 21% 24%
Livros didáticos são
fundamentais 65% 29% 3% 3% 0%
Mensalidade cara =
curso melhor 7% 16% 17% 21% 39%
Tradição é melhor do
que quem começou
agora
21% 43% 12% 12% 11%
Vestibular fácil =
curso fraco 5% 22% 20% 23% 29%
Curso superior garante
meu futuro 42% 30% 11% 10% 7%
Fonte: Dados de pesquisa.
As respostas dos estudantes sobre as formas de comunicação do público são
apresentadas nas Figuras 4 e 5.
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Fonte: Dados de pesquisa
Figura 4 – Valinhos – Meios de comunicação utilizados nas regiões pesquisadas.
Fonte: Dados de pesquisa.
Figura 5 – Taguatinga – Meios de comunicação utilizados nas regiões pesquisadas.
A partir das Figuras 4 e 5, constata-se que há grande heterogeneidade na escolha
dos meios de comunicação mais usuais, ou seja, não existe um único meio considerado
como indispensável por pelo menos 25% do público, o que reforça a necessidade de usar
múltiplos meios para atingir o público alvo da instituição. É interessante notar, no
entanto, que há diferenças no perfil dos meios de comunicação de Valinhos para
Taguatinga. Por exemplo, o meio “Televisão a Cabo” possui bem menos impacto em
Taguatinga (74% não usam nunca ou somente de vez em quando) do que em Valinhos
(50% não usam nunca ou somente de vez em quando), enquanto o meio “Rádio” possui
muito mais força em Valinhos (65% usam “com frequência” ou “sempre”) do que em
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Taguatinga (somente 50% usam “com frequência” ou “sempre”). No caso do meio
“Jornal”, a situação se inverte: Taguatinga possui uma aceitação de 38%, enquanto
Valinhos atinge somente 29%. Um dos meios de comunicação mais usados em ambas as
regiões é o e-mail, com 73% de aceitação tanto em Valinhos quanto em Taguatinga.
Ainda em relação aos meios de comunicação, é interessante notar que alguns dos
meios mais usados pela mantenedora - o outdoor e a mala direta - são avaliados como de
pouco “uso” pelos entrevistados (65% e 84% em Valinhos e 55% e 81% em Taguatinga,
respectivamente), enquanto o rádio, que não faz parte ostensiva das campanhas
publicitárias, é um dos meios com maior penetração junto ao público (65% em Valinhos e
50% em Taguatinga).
Também foi incluída na pesquisa uma questão aberta, que deixou espaço para os
entrevistados colocarem seus pontos de vista de forma mais livre. A pergunta feita foi “O
que você espera de uma faculdade?”. No Quadro 11, são apresentadas as principais
respostas, agrupadas por categoria.
Quadro 10 – O que você espera de uma faculdade?
Categoria de Resposta Taguatinga Valinhos
Consolidado –
Ambas as
Localidades
Capacitação profissional 17% 24% 19%
Bons professores 16% 10% 16%
Qualidade de ensino 13% 24% 14%
Boas instalações 9% 4% 10%
Dê garantia de futuro (empregabilidade) 9% 14% 7%
Mensalidade acessível 8% 3% 7%
Dê garantia de futuro (remuneração) 7% 8% 6%
Reconhecimento do mercado de trabalho 6% 6% 6%
Bom curso (reconhecimento pelo mercado) 4% 1% 5%
Inovação 3% 0% 3%
Conseguir me formar na área que desejo 2% 0% 2%
Realização profissional 1% 3% 1%
Bons livros 1% 0% 1%
Tradição 1% 0% 1%
Outros 5% 4% 1%
Fonte: Dados de pesquisa.
Vale perceber que, conforme o Quadro 11, quando perguntados livremente, os
entrevistados afirmam que desejam de uma faculdade, mais do que qualquer outra coisa,
capacitação profissional. No entanto, começa a haver divergência entre as regiões já em
relação à segunda expectativa: em Taguatinga, bons professores são quase tão esperados
Bruno Carvalho Castro Souza, Janaine Cristiane de Souza Arantes, Sirley Aparecida Araujo Dias 101
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 22, Ano 2011 p. 87-105
quanto a capacitação profissional; em Valinhos, a qualidade de ensino empata
tecnicamente com a capacitação. O contraste continua em quase todas as respostas, o que
indica uma diferença de valores entre as duas regiões estudadas no que se refere às
expectativas dos concluintes em relação a uma faculdade. Se comparados os indicadores
de cada localidade com o consolidado de ambas, pode-se perceber a diferença de
expectativas entre as perspectivas localizadas e a global.
Ainda em relação ao Quadro 11, chama a atenção à expectativa relativamente
baixa em relação ao preço (mensalidade): em Taguatinga somente 8% dos entrevistados
demonstram uma expectativa de preço acessível e em Valinhos esse índice é ainda menor:
3%. Esse dado indica que o valor financeiro do curso não é um dos principais motivos de
escolha da faculdade, o que se justifica em função da concorrência e do nivelamento dos
preços entre as instituições.
6.4. Principais Conclusões sobre os Dados Analisados
No Quadro 12, é apresentado um resumo dos principais dados analisados.
Quadro 11 – Quadro-síntese dos dados pesquisados
DADO PESQUISADO IES DF IES SP
Mercado
Mercado potencial Crescimento (13,5%) Contração (5,0%)
Evolução de matrículas – 2008 para 2009 - 13,7% - 1,4%
Concluintes do ensino médio – Perfil
Faixa etária predominante 16 a 17 anos (71,7%) 16 a 17 anos (66,7%)
Sexo predominante Feminino (62,4%) Feminino (68,3%)
Concluintes do ensino médio – Fatores de influência e valor em relação às instituições de ensino superior
Fatores mais relevantes para
escolha da faculdade
Bons professores (73%)
Boas notas no ENADE (56%)
Bons professores (52%)
Boas notas no ENADE (46%)
O que se espera de uma faculdade
(questão aberta)
Capacitação profissional (24%)
Bons professores (16%)
Qualidade de ensino (13%)
Capacitação profissional (24%)
Qualidade de ensino (24%)
Empregabilidade (14%)
Fatores que representam valor
agregado
Livros didáticos (95%)
Garantia de futuro (73%)
A faculdade ser grande (65%)
Garantia de futuro (88%)
Livros didáticos (83%)
A faculdade ser grande (73%)
Meios mais utilizados (acima de
50% que usam sempre ou quase
sempre)
Televisão aberta (73%)
E-mail (73%)
Rádio (65%)
Televisão a cabo (52%)
Televisão aberta (74%)
E-mail (73%)
Rádio (50%)
Meios menos utilizados (acima de
50% que não usam nunca ou
somente de vez em quando)
Mala direta (84%)
Cartaz (76%)
Busdoor (73%)
Jornal (71%)
Faixas (69%)
Revistas (64%)
Mala direta (81%)
Busdoor (79%)
Televisão a cabo (75%)
Cartaz (66%)
Revistas (64%)
Faixas (60%)
Fonte: Dados de pesquisa.
102 Captação de alunos
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 22, Ano 2011 p. 87-105
Quando se observam os dados coletados, duas conclusões imediatas emergem:
a) A competição está aumentando no mercado;
b) Não se pode considerar da mesma forma regiões tão distintas quanto às estudadas.
O fato de haver uma tendência de crescimento em relação ao público potencial
das instituições de ensino superior, as vagas ofertadas crescem em proporção ainda
maior. Isso tem levado a um estrangulamento dos preços, pressionado pela curva
ascendente da oferta em relação à demanda. Por enquanto, salvo exceções, as instituições
de ensino superior têm buscado compensar a queda na procura por seus processos
seletivos por meio de preços menores nas mensalidades ou pela oferta de bolsas e
condições especiais de financiamento. Essa tendência, caso persista, inevitavelmente
encontrará seu limite, uma vez que os custos dos serviços não podem ser reduzidos de
forma infinita. Uma vez alcançado esse limite, as instituições deverão encontrar outras
formas de atrair seus consumidores.
A outra conclusão, mais voltada à realidade das instituições pesquisadas, indica
que as estratégias de marketing utilizadas, embora corretas em princípio, podem ser
otimizadas por região para melhor atender as expectativas do público potencial e garantir
melhor desempenho no processo de captação. As realidades de Taguatinga e Valinhos,
regiões estudadas, são bem diferentes, como se evidenciam os hábitos de consumo do
público potencial (quase 20% dos concluintes de ensino médio leem jornal em
Taguatinga, enquanto somente 8% o fazem em Valinhos, por exemplo); as expectativas
em relação à faculdade; e o que é considerado importante no momento da escolha da
instituição.
Dessa forma, seria interessante uma descentralização operacional do marketing,
ou, pelo menos, uma maior liberdade às unidades para que desenvolvam seus próprios
materiais promocionais, mais voltados à realidade do seu público.
No capítulo seguinte são feitas as considerações finais sobre este estudo, com um
maior detalhamento sobre quais ações de marketing poderiam ser centralizadas e o que
poderia ser deixado a critério das unidades.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como processo fundamental para a sobrevivência e expansão de qualquer empresa, a
captação de clientes – no caso de instituições de ensino superior, de alunos – é vital em
qualquer consideração sobre estratégia mercadológica ou política de marketing. A seguir
Bruno Carvalho Castro Souza, Janaine Cristiane de Souza Arantes, Sirley Aparecida Araujo Dias 103
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 22, Ano 2011 p. 87-105
são apresentadas algumas conclusões e indicações de outros estudos relacionados ao
funcionamento desse processo na empresa estudada.
7.1. Reflexões sobre o Estudo
Ao iniciar este trabalho, a idéia era construir algum tipo de “roteiro de ações” que
pudesse ser adaptado à realidade de cada unidade, embasado por pesquisas facilmente
conduzidas em nível local, e que dariam indicações sobre as ações mais adequadas.
Chegou a ser considerada a hipótese de preparar algumas peças promocionais
padronizadas que pudessem ser usadas pelas unidades, conforme necessário.
No entanto, alcançar esses objetivos foi mais problemático do que previsto
inicialmente. Ainda assim, o trabalho rendeu resultados satisfatórios em vários aspectos.
Foi possível:
Compreender melhor o processo de captação da empresa.
Apontar alguns pontos fracos, como a não observância das características e preferências locais do público alvo de cada unidade e o uso intensivo de meios de comunicação que não aparentam ter impacto significativo para os clientes potenciais.
Identificar alguns pontos fortes do processo, como o uso da Régua de Conversão como fator de acompanhamento e relacionamento com o cliente, para criar oportunidades para maior eficácia do processo de captação.
Verificar que há tanto similaridades quanto diferenças nas realidades de cada unidade, especialmente no que se refere ao perfil socioeconômico do público alvo (similaridade) e na maneira como esse público se comporta (diferença).
Compreender que o processo de captação é bastante complexo e se relaciona à realidade de cada mercado, havendo maiores oportunidades para o sucesso quando essas realidades são conhecidas e levadas em consideração na elaboração do plano de ação de captação – isso é especialmente relevante nos casos de mercados em situações antagônicas, como nos dois casos estudados: um mercado em crescimento (Taguatinga) e outro em contração (Valinhos).
As pesquisas realizadas também abriram a possibilidade para padronizar uma
abordagem em comum para todas as unidades, qual seja a aplicação de pesquisa junto
aos concluintes de ensino médio para, a partir dos resultados, elaborar ações específicas
para a realidade local, caso seja de interesse da Diretoria de Marketing. No caso das duas
instituições estudadas, as informações coletadas podem servir para se desenhar ações de
captação específicas, mais adequadas ao perfil dos consumidores potenciais locais, o que
pode levar à melhoria no resultado em termos de matrículas.
104 Captação de alunos
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 22, Ano 2011 p. 87-105
7.2. Sugestões e Recomendações
Recomenda-se que pesquisas como a aplicada neste artigo passem a fazer parte da rotina
de cada unidade, como por exemplo, em eventos como Feira de Profissões, visitas das
escolas à unidade, eventos de extensão etc.
Como trabalho subsequente, seria de grande interesse para a empresa ampliar a
pesquisa realizada para todas as demais instituições mantidas. Os resultados poderiam,
posteriormente, ser consolidados em regionais para verificar se as características
referentes a preferências e fatores relevantes se diferenciam em termos de unidades ou se
continuam de forma relativamente consistente em regiões. Em outras palavras, seria
interessante saber se a opinião dos clientes potenciais muda de forma local ou regional –
esse dado poderia abrir a possibilidade de trabalhar o processo de captação de forma
regional, que seria bem mais viável em termos econômicos e operacionais do que se for
considerada a hipótese de trabalhar em nível local.
Por fim, os autores deixam também a sugestão de trabalhar melhor uma política
de marca, para diferenciar a mantenedora e suas mantidas da concorrência de forma a
posicioná-la com outros valores que não o fator “valor da mensalidade”, que se mostrou
relativamente pouco motivador para o público de ambas as unidades. Seria conveniente,
nesse sentido, ampliar a pesquisa para descobrir que tipo de valores os clientes potenciais
consideram absolutamente fundamentais em uma instituição de ensino superior. O
presente trabalho apontou, de forma superficial, os fatores “bons professores” e “boas
notas no ENADE” citados como essenciais nas duas unidades estudadas, porém, esse
dado necessita de aprofundamento e melhor compreensão – por exemplo, o que é “um
bom professor”? Seria aquele que tem melhor titulação ou que tem mais experiência
profissional? Seria o que é exigente com o aluno ou aquele que é simpático? E em relação
ao ENADE, o que significam boas notas para os clientes? A nota três seria suficiente? E de
que forma contornar a atuação da imprensa, que usualmente divulga as notas obtidas
pelas instituições e, muitas vezes, não procura a instituição que teve uma nota ruim? E
mais, levando-se em consideração que a nota do ENADE é um reflexo do empenho dos
próprios alunos, como melhor trabalhar a conscientização desses alunos para melhorar o
desempenho dos cursos no ENADE?
Enfim, essas ponderações podem se mostrar fundamentais em um futuro em que
o mercado potencial se expande em menor velocidade do que as instituições de ensino e
onde a batalha por novos clientes tende a ser cada vez mais acirrada. Essa preocupação
com o futuro, concretizada por meio de melhores ferramentas e métodos para a captação
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Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 22, Ano 2011 p. 87-105
de alunos, poderá contribuir significativamente para a perenidade da empresa e o seu
sucesso nos próximos anos.
REFERÊNCIAS
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CARBONARI NETTO, Antonio; CARBONARI, Maria Elisa Ehrhardt; DEMO, Pedro. A cultura da Anhanguera Educacional: as crenças e valores, o bom professor, a pesquisa e a avaliação institucional como instrumento de melhoria da qualidade. Valinhos, SP: Anhanguera Publicações, 2009.
COIMBRA, Anchieta. A diferença está nos detalhes: marketing educacional. Brasília: New Date Agency, 2004, p. 15.
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sistema de Consulta de Matrícula do Censo Escolar 1997/2009. Disponível em: < http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/matricula/default.asp>. Acesso em: 28 jan. 2010.
KOTLER, Philip. Marketing essencial: conceitos, estratégias e casos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
MOORE, Karl; PAREEK, Niketh. Marketing. São Paulo: Ática, 2008.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL. Nossa Rede. Disponível em: < http://www.se.df.gov.br>. Acesso em: 28 jan. 2010.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Central de Atendimento. Disponível em: < http://www.educacao.sp.gov.br/>. Acesso em: 27 jan. 2010.
SOUZA, Bruno Carvalho Castro; ARANTES, Janaine Cristiane de Souza; DIAS, Sirley Aparecida Araujo; NEIVA, George. Captação de Alunos: ações alternativas para expansão e melhoria dos resultados nos processos seletivos para graduação da Anhanguera. 2010. 63 f. Monografia (Gestão de Negócios) – Fundação Dom Cabral, Valinhos / Jarinú – São Paulo, 2010.
Bruno Carvalho Castro Souza
Graduação em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Brasília (1993) e mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2001).
Janaine Cristiane de Souza Arantes
Graduação em Ciência da Computação pelo Centro Universitário de Votuporanga (1999) e mestrado em Ciência da Computação na área de Sistemas Distribuídos e Redes pela Universidade Federal de São Carlos (2002).
Sirley Aparecida Araujo Dias
Graduação em Serviço Social pela PUC (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - 1987). Especialização em Consultoria Organizacional (Sebrae MG 2001). Mestrado em Engenharia de Produção. Linha de Pesquisa Organização do Trabalho pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais - 2007) e Doutoranda em Educação (UFMG), a partir de 2011.