As Metodologias Integrativas como caminho na ampliação da esfera pública

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As Metodologias Integrativas como caminho na ampliação da esfera pública Valéria Giannella – UFC Cariri – [email protected] Edgilson Tavares – PUC São Paulo / Bolsista CAPES - [email protected] Vivina Machado – Via Vida Desenvolvimento Organizacional – [email protected] ........................................ 1. Ideias Iniciais Este capítulo relata e reflete sobre d as experiências possibilitadas, dentro do V ENAPEGS, pelo Eixo Temático “O papel das Metodologias Integrativas na ampliação da esfera pública”. O Eixo não teve chamada de trabalhos, pois os seus coordenadores avaliaram que seria mais interessante abrir um espaço de experimentação direta de técnicas e vivências integrativas, que permitisse aprofundar a compreensão deste conceito, do que escutar relatos de experiências. Estes, por mais interessantes que fossem, continuariam a nos deixar confinados pela dominação do código lógico-verbal. Logo, a escolha foi de privilegiar o aspecto vivencial e que toda reflexão, troca e partilha se embasasse nele como num chão vivo e sensível. Esta abordagem foi, aliás, comungada pelo evento como um todo, cuja coordenação escolheu proporcionar aos participantes vivências integrativas em momentos chaves, assumindo poder marcar, desta forma, um caráter de evento criativo, inovador e realmente capaz de estimular trocas e aprendizagens valiosas. Queremos iniciar um trabalho que nos parece ao mesmo tempo desafiador, instigante e necessário. Nasce, aqui então, o embrião de É a descrição de e técnicas e dinâmicas cujo intuito é de ir além do domínio da racionalidade linear-instrumental e do código lógico-verbal, sendo os dois tidos, pelo paradigma dominante, como as mais refinadas, evoluídas e legítimas ferramentas para interpretarmos e operarmos na realidade ao nosso redor. Ao mesmo tempo reconhecemos que o domínio da racionalidade linear-instrumental e do código lógico-verbal são hoje os bastiões da prisão na qual estamos socialmente e 1

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As Metodologias Integrativas como caminho na ampliação da esferapública

Valéria Giannella – UFC Cariri – [email protected] Tavares – PUC São Paulo / Bolsista CAPES - [email protected] Vivina Machado – Via Vida Desenvolvimento Organizacional – [email protected] ........................................

1. Ideias Iniciais

Este capítulo relata e reflete sobre das experiênciaspossibilitadas, dentro do V ENAPEGS, pelo Eixo Temático “O papeldas Metodologias Integrativas na ampliação da esfera pública”. OEixo não teve chamada de trabalhos, pois os seus coordenadoresavaliaram que seria mais interessante abrir um espaço deexperimentação direta de técnicas e vivências integrativas, quepermitisse aprofundar a compreensão deste conceito, do queescutar relatos de experiências. Estes, por mais interessantesque fossem, continuariam a nos deixar confinados pela dominaçãodo código lógico-verbal.

Logo, a escolha foi de privilegiar o aspecto vivencial e quetoda reflexão, troca e partilha se embasasse nele como num chãovivo e sensível. Esta abordagem foi, aliás, comungada peloevento como um todo, cuja coordenação escolheu proporcionar aosparticipantes vivências integrativas em momentos chaves,assumindo poder marcar, desta forma, um caráter de eventocriativo, inovador e realmente capaz de estimular trocas eaprendizagens valiosas.

Queremos iniciar um trabalho que nos parece ao mesmo tempodesafiador, instigante e necessário. Nasce, aqui então, oembrião de É a descrição dee técnicas e dinâmicas cujo intuito éde ir além do domínio da racionalidade linear-instrumental e docódigo lógico-verbal, sendo os dois tidos, pelo paradigmadominante, como as mais refinadas, evoluídas e legítimasferramentas para interpretarmos e operarmos na realidade aonosso redor. Ao mesmo tempo reconhecemos que o domínio daracionalidade linear-instrumental e do código lógico-verbal sãohoje os bastiões da prisão na qual estamos socialmente e

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individualmente engaiolados, dispositivos que limitam nossapossibilidade de ver, sentir e sonhar.

Descreveremos algumas das vivências praticadas no V ENAPEGS1 erefletiremos sobre o tipo de prática integrativa que cada umadelas permite, sobre as dimensões e inteligências, normalmentesilenciadas, que elas nos permitem revelar ou, literalmente,descobrir. Tocaremos também numa avaliação dos efeitos que, anosso ver, estas vivências possibilitaram aos participantes e emque elas podem ajudar nos contextos que nos são mais habituais:o da sala de aula e o dos trabalhos comunitários eorganizacionais, para os muitos e muitas que, insatisfeitos comsuas práticas habituais, queiram experimentá-las.

2. O que são as Metodologias Integrativas

O referencial das que hoje chamamos de Metodologias Integrativassurge, no final de 2007, a partir da consideração de práticasparticipativas cuja observação tornava evidente umacaracterística meio paradoxal que as marcava. Estas, apesar defundar-se num discurso de inclusão e ampliação do número desujeitos envolvidos na esfera pública, continuavam utilizandotécnicas e métodos que, de fato, reafirmavam a exclusão clássicados mais pobres, assim como de todos os que consideravam osassuntos ligados à dimensão pública, algo distante eincompreensível. O episódio que, concretamente, levou a esteinsight, foi: Salvador, Bahia, final do ano de 2007, analisandoos desdobramentos de um projeto de desenvolvimento comunitárioparticipativo na periferia da cidade - Península de Itapagipe,refletíamos, especificamente, acerca de uma atividade deconstrução de cenário futuro, realizada conforme os moldes deuma metodologia participativa já amplamente testada em contextosEuropeus. Ao relatar os resultados desta atividade, se tornou

1 Por limites de espaço estamos abrindo mão da descrição da vivência daHistória Inventada, praticada no começo da reunião anual da Rede deGestão Social. Elementos descritivos desta técnica podem serencontrados em Giannella e Moura (2009). Além disso, também éimpossível desenvolver aqui a descrição da Oficina ministrada por DanBaron e Manoela Sousa: “A teatralidade dos espaços público e íntimo:implicações para a gestão coletiva e criativa”, que integrou aprogramação do Eixo sobre Metodologias Integrativas. No entanto umacontribuição do próprio Dan encontra-se neste volumeOutras ocasiõesnão faltarão para isso..

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gritante o fato de que estávamos usando modalidades deenvolvimento da comunidade local as quais, com efeito, acabavamconfirmando as formas tradicionais de exclusão. Ao pedir para osparticipantes para analisarem a realidade do seu bairro,identificando avanços, problemas e soluções, assim como aopedir-lhes para imaginarem um cenário futuro (dali a 10 anos)estávamos selecionando involuntariamente aqueles que possuíamalguma familiaridade com esta forma de pensamento (analítico,sistemático, projetivo). Considerado que a região2 na qualestávamos atuando apresentava taxas elevadas de analfabetismo epercentagem muito baixas de moradores com estudos de grau médioe superior, estávamosde fato estávamos excluindo, de fato, agrande maioria dos que, em princípio, pretendíamos incluir:aqueles que não se relacionam com o mundo preferencialmenteanalisando, diagnosticando, levantando dados, problemas esoluções, mas, nem por isso, deixam de ter suas própriasmodalidades de acesso e interpretação da realidade.

Esta observação nos leva ao cerne da recente reflexão sobre oslimites aparentes das instâncias participativas quandoconfrontadas com a situação concreta dos sujeitos que deveriamser protagonistas desta participação. Como materializar o idealda participação cidadã em um país (para falar apenas do Brasil)cuja situação com respeito à educação da população é, pelomenos, crítica? Citaremos aqui as considerações de Pinho (2010),o qual, depois de trazer a tona vários fatores culturais e dehistória política que dificultam a adesão dos brasileiros a umetos participativo, coloca dados sobre a situação educacional dapopulação os quais, aparentemente, fecham a boca de qualquerpreconizador da participação cidadã.3 O autor conclui:

2 Eis o quadro obtido associando ao chefe de família itapagipano àquantidade de anos de estudos. A situação é a seguinte: 6,42%declararam sem instrução ou menos de 1 ano; 13,19% de 1 a 3 anos deestudo; 29,68% de 4 a 7 anos; (resultando estes três segmentos no49.29% do total); 17,02% de 8 a 10 anos; 29,54% de 11 a 14 anos; 4,17%15 anos de estudo ou mais; revelando que a maioria dos chefes defamília tem baixa escolaridade; esses índices se reproduzem entre osdemais integrantes da família, considerando a elevada taxa de evasãoescolar.3 O Índice de Analfabetismo Funcional (Inaf) é construído através daaplicação de testes e questionários, a cada dois anos, a cerca de doismil pessoas em todas as regiões do Brasil. Segundo o Inaf, em 2007,além de um 7% de analfabetos, o Brasil apresenta uma percentagem de

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Assim acreditamos que, na situação do Brasil, ficamuito distanciada a possibilidade de interaçõesdeliberativas, onde todos tenham voz, porque acapacidade de compreensão da realidade, de efetivoengajamento e acompanhamento de um debate, deconstrução de raciocínios e verbalização dos mesmosficam extremamente prejudicados. (PINHO, 2010, p.46)

O que acaba sendo sugerido, entre outros elementos que aqui nãocabe citar, é que “mais do que lutar pela participação queficaria comprometida nas condições estruturais [...] darealidade brasileira, empurrando massas para o debate onde serãotragadas pelos mais capacitados, seria lutar pela progressão dascondições educacionais” (PINHO, 2010, p. 51).

O argumento de Pinho, independente de estarmos de acordo ou nãocom ele, me parece muito interessante, pois leva àsconsequências extremas um problema fundamental implícito naassunção da chamada racionalidade dialógica, comunicativa ouargumentativa, saudada, faz alguns anos, como uma grande revoluçãono campo das ciências sociais aplicadas. Através destesadjetivos se chama atenção para a dimensão de construçãocooperativa do sentido e do acordo intersubjetivo acerca darealidade, especialmente em situações que visam à resolução deproblemas. Como já destacado em Giannella (2008), desta formatenta-se tirar a racionalidade do domínio exclusivo do cálculo,do tecnicismo, da instrumentalidade e objetividade absoluta,para colocá-la no campo da comunicação intersubjetiva, da escutado outro e da necessidade de entendê-lo. Apesar disso, o pontocrítico destas referências é que elas nos apresentam um mundo noqual o direito de cidadania pertence apenas aos bem educados,àqueles que saibam participar da luta para apresentar osmelhores argumentos racionais para sustentar seus pontos de

21% de pessoas, as quais, se bem que capazes de decodificar letras enúmeros, são incapazes de interpretar um texto simples ou ler númerosna casa dos milhões. Isto é, são analfabetos funcionais. O autorcontinua adicionando dados sobre a quantidade de estudantes que, naterceira série do ensino médio, tem os conhecimentos da línguaportuguesa exigidos para este estágio escolar. Apenas 1 em cada 4estudantes alcançaria este nível desejado enquanto, passando para aoitava série, este índice passa a ser de 1 a 5 (VILELA, 2008 apudPINHO, 2010).

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vista na exigente arena democrática. Pois, cabe perguntar: Eeàqueles cujo acesso á instrução e educação foi praticamentenegado, quais serão as suas reais possibilidades departicipação? Será inelutável continuar com a ideia de que aracionalidade, agora argumentativa ao invés de tecnicista, éindiscutivelmente a única e superior entre todas àas outrasformas dos seres humanos interpretarem sua realidade?

[...] apesar da imensa relevância da chamada“virada argumentativa” nas ciências sociaisaplicadas, ela acaba enfatizando ainda, de formaquase que exclusiva, a dimensão do raciocíniológico-formal como única base de dialogo. Restam noescuro àqueles aspectos radicalmente humanos quesão as emoções, os sonhos, os desejos [...] Nossodesafio é o de passarmos de uma visão abstrata e“esterilizada” de racionalidade a uma “integral”,que fale do sujeito real e reconheça o conjunto demateriais que influenciam comportamentos e decisõesde cada ser humano: a razão com a emoção, ocálculo com o sonho e o desejo, o interesse com aética. (GIANNELLA, 2008, p.18 )

A partir deste tipo de reflexão começamos a identificar naclássica atitude dicotômica própria da visão cientificista(positivista), um ponto fundamental de vulnerabilidade comvistas à efetivação das ambições de ampliação da esfera públicae da participação cidadã. A separação entre razão e emoção,mente e corpo, matéria e espírito, ciência e arte, objetivo esubjetivo, capacidade analítica e criativa, calculo e intuição,planejamento e improvisação, tem sido o leme da visão que noscriou (socialmente, educacionalmente e cientificamente). Logo, oque precisamos buscar neste momento de crise e de busca de novasreferências é, de vez, a integração destas dicotomias, antestidas como opostas.

Portanto, chamamos de Metodologias Integrativas (MI) asabordagens, técnicas e métodos, norteados pela busca de umarecomposição entre as partes cindidas do ser humano. A mente seincorporando, a racionalidade tornando-se sensível, a ciênciasubjetivando-se, o método abrindo-se para a intuição e acriatividade etc. Em termos de definição elas representam umaevolução coerente do que chamamos anteriormente de Metodologias

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não Convencionais (GIANNELLA, 2008; GIANNELLA, MOURA, 2009),cumprindo a passagem de uma definição negativa para umapositiva. O embasamento teórico mais detalhado e o enraizamentodesta proposta no campo da virada paradigmática, do positivismopara o pós-positivismo, que caracteriza as MI também pode serconferido em Giannella (2008).

Para finalizar esta parte introdutória é interessante observarque esta proposta origina-se de uma instância de inclusão dosradicalmente excluídos os quais, mais ainda do queeconomicamente carentes, são o/as que são subjugados peloscódigos da racionalidade dominante, lógico-verbais, analíticos esistemáticos. No entanto, ela se revela libertadora paraqualquer sujeito e, mais especificamente, oportuniza novasabordagens e novos olhares sobre todo processo educativo. Issosignifica que as MI se propõem serem um referencial relevante noâmbito das ações de gestão social, extensão universitária,aprendizagem organizacional e das práticas participativas dosmais variados tipos, assim como no campo da didática formal,isto é, em sala de aula.

De fato, olhando para as mais atuais pesquisas sobre asdinâmicas cognitivas e, em particular, de aprendizagem, assimcomo as afirmações de muitos neurocientistas, o que chamaatenção é o destaque que assume a mesma questão levantada acima:a importância da re-ligação entre as polaridades dicotômicas queestruturaram o paradigma positivista. É reconhecido o efeitofacilitador da existência de um envolvimento emocional eprazeroso ao nos adentrarmos em qualquer experiência deaprendizagem, assim como está clara a capacidade do medo e dastensões serem fatores de desestímulo ou até de trava doprocesso. Ao mesmo tempo, acompanhando pesquisas como a deGardner (2000), também se reconhece a existência de múltiplasinteligências, fato que invalida a ideia tradicional de que,apenas as capacidades lógico-matemáticas destacam uma pessoacomo inteligente, para afirmar as inteligências linguística,musical, espacial, corporal-cinestésica, intra e interpessoal,naturalista, existencial, como outras tantas modalidades deconhecer e interpretar o mundo. Afinal de contas, tudo indicaque chegou a hora de, para além da crítica, agir no sentido deexpandirmos esta visão reducionista, que pretende o mundo

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compreensível e explicável só a partir da racionalidade linear,instrumental e objetivista, para reconhecermos que, será a dançacontinua entre razão e emoção, ciência e arte, corpo e mente,subjetivo e objetivo,... que pode nos permitir uma aproximaçãocom a complexidade do mundo que nos rodeia. É exatamenteseguindo este norte que experimentamos Metodologias Integrativasem diferentes espaços de aprendizagem. No entanto, reconhecemosque esta recomposição não é nada óbvia, nem natural e que,muitas pessoas que poderiamm aproveitá-la (professores,educadores, técnicos, agentes de desenvolvimento, liderescomunitários), ainda estranham bastante ao ouvir falar de re-integração dos corpos ou das artes, ou emoções, nos processosque, diariamente, lhes cabe facilitar. Expressões de surpresa eperplexidade, ou até de espanto, desenham-se nos rostos dos queescutam estas afirmações; embora, muitas vezes, estas mesmaspessoas afirmem as insatisfações e angustias vivenciadas emsala de aula, ou em outros lugares de suas práticas, por nãoconseguir mobilizar a integralidade da inteligência dosestudantes, nem estimular seu interesse e capacidade criativa.

Meu maior desafio era aceitar o novo, pois apesarde ser educadora militante, tinha muita resistênciaà transformação. Por mais que falássemos de umaeducação diferente, estava presa no medo de errar.Com o passar dos dias fui me entregando àquelametodologia que dava autoconfiança para melibertar. [Gorete Barradas (educadora popular), emBARON, 2011, contracapa]

ApontamosO que começamos aqui aponta para algumas práticas queinstigam e oportunizam processos de re-integração, dos corpos,das emoções e das nossas capacidades de expressão criativa, emnossas propostas pedagógicas. É importante destacar que, asimples leitura destas indicações, não pretende resolver oproblema da capacitação de sujeitos (professores, educadores,gestores sociais) formados de acordo com outros paradigmaseducativos. O uso de técnicas, vivências e dinâmicas não podeser trivializado, como se estas existissem fora e independentesde arcabouços teóricos e processos vivenciais de re-construçãosubjetiva do próprio educador. Assim, o intuito das linhas aseguir é apenas o de revelar a existência de um âmbito depossibilidades, talvez escondidas para muitos; estas,

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possibilidades, caso interessem, pedem a abertura de processosde formação, capacitação e resignificação que os e as educadorasprecisam fazer de suas próprias práticas.

2.1 A importância das Metodologias Integrativas para ofortalecimento da Gestão Social

Antes de entrarmos nos relatos e análises das MetodologiasIntegrativas vivenciadas no ENAPEGS, cabe brevemente destacarmosa importância delas para a Gestão Social, principalmente, no quediz respeito aàs mudanças nos processos de formação de gestoresimpactando nos modos de gerir as organizações.

A busca por outras racionalidades substantivas, noéticas,dialógicas e, comunicativas para o agir da gestão é geralmenteanunciada como pressuposto dos conceitos de Gestão Social. Nãopor acaso, autores como Tenório (1998, 2008), Carvalho (1999),Singer (1999), ou Fischer (2002), França Filho (2003, 2008)enfatizam em suas conceituações, de modo mesmo que indireto, quea gestão social busca novas racionalidades para romper com omainstream da gestão e do seu fundamento numa racionalidadeapenas instrumental. Cabe, porém, questionar até que ponto aspráticas de partilha e trocas de saberes e os processos deformação em gestão social, entendidos aqui como a base para aproposta mudança paradigmática, também têm alterado seus modos“racionais” de ensino-aprendizagem. Ou seja, se a gestão socialse

Parece-nos aqui existir uma das chaves para mudançaparadigmática pretendida pela gestão social: escutar ativamente,equalizar participativamente e mediar efetivamente vozes epensamentos distintos, porém comuns, quanto a finalidade detransformar o social.

A partir do reconhecimento da heterogeneidade de referenciaisteóricos sobre gestão, cuja epistemologia não é evidente(GUALEJAC, 2007) e sabendo-se que a gestão social é um campoainda em construção, embora precocemente institucionalizado(BOULLOSA, SCHOMMER, 2009), as Metodologias Integrativas podemcontribuir para consolidar as práticas neste campo. Assim, elasatuam não apenas como meio para favorecer o diálogo entrecomunidades, gestores sociais e universidades, mas também entre

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os próprios pensadores, propositores e estudiosos daquilo quechamamos de gestão social. Para tanto, propomos que osdiferentes atores, envolvidos no fazer e pensarepistemologicamente a gestão social se disponham a colocar entreparêntesis, mesmo que momentaneamente, os tradicionais modelosprescritos pelos experts em gestão, mergulhando na experimentaçãodo novo – principalmente em termos de formação.

A relativa falta de ousadia nas experiências de formação emgestão social nos coloca diante das ambigüidades e ambivalênciasque caracterizam a institucionalização deste campo enquantoapenas mais uma disciplina, no qual em verdade, pretende-se aprática inter e transdiciplinar. Muitas vezes ensina-se, sem sequestionar igualmente o como e o que ensinar (CONTRERAS, 2005).Fala-se e prega-se a gestão social, mas, será que se faz umagestão diferenciada, de fato, da sala de aula ou dos outroscontextos pedagógicos? Estas são questões que muitas vezes nãoestão no centro das discussões dos eventos científicos. O quese percebe de modo mais evidente ou é o medo de experimentardialogar não apenas usando o cognitivo, mas também o sutil, ocorpo e as emoções; ou as resistências com aquilo que muitasvezes é visto como “diferente”. Acreditamos que ao usarMetodologias Integrativas, olhando, escutando ativamente,movimentando o corpo, tocando, cantando, sentindo, sorrindo,encenando, brincando, não apenas aprendemos lições sobre gestão,mas temos a oportunidade de fazer gestão social, já que precisamosdecidir e agir num dado espaço-tempo considerando o Ser humano demodo integral. Assim, também consideramos a aprendizagem comoum processo e não como um produto, que aprender não é somenteuma atividade cognitiva, mas também emocional e corporal(CONTRERAS, 2005); e que a gestão é um mix entre a ciência quetraz a análise sistemática dos conhecimentos, a arte que inspiradiscernimentos criativos e traz a integração, e a habilidadeprática que faz conexões alicerçadas em experiências tangíveis(MINTZBERG, 2010).

Ao propor algumas vivencias integrativas, durante o V ENAPEGS,pudemos perceber a necessidade e os ganhos ao se mudar osprocessos básicos da gestão no sentido de sair do ritmoimplacável que esta tradicionalmente vem nos impondo. Assim,pode-se perceber que é necessário mudar a lógica da “gestão

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gerencialista” que impõe a brevidade e variedade de atividades,a fragmentação e descontinuidade, a mera orientação para a ação,a natureza lateral nas relações de trabalho (MINTZBERG, 2010).Começamos a compreender que, para aprender gestão social, épreciso “desaprender” (CONTRERAS, 2005) formas consolidadas eaparentemente naturais de pensarmos, não apenas a gestão, e sim,no geral, o governo de processos coletivos.

Passaremos agora a relatar e analisar alguns momentos do eventoque foram desdobrados através do uso de MI, além das vivênciasque compuseram a proposta do Eixo específico sobre MI.Compreendemos que, estas experimentações todas, resultaram em umevento diferente, no sentido de ampliar e aprofundar nossacapacidade de praticar o que acreditamos ser a Gestão Social.

3. A abertura do V ENAPEGS. O mito do espelho. Olhar no espelhoe reconhecer no outro o que há de melhor em si: o primeirodesafio

“Nadie aprende solamente con mirarse en el espejo. Todosaprendemos - y a veces nos transformamos - al afrontar lasdiferencias que desafían nuestra experiencia ysuposiciones” (HEIFETZ, LINSKY, 2003 apud CONTRERAS, 2005,p. 268)

Um mito. Uma história. Pessoas se reconhecendo. Pessoasreconhecendo-se. A dança do diálogo com o mito do espelho abriuo ENAPEGS. O mito do espelho (MACHADO, 2006) ajudou a construiralguns dos princípios que nortearam o ENAPEGS. Traduzi-lo numavivência foi a possibilidade de dar corpo à alma, daquilo que jáestava acontecendo e antecedia o encontro.

O auditório é o local da vivência e cerca de 80 pessoas estão lápara participar. Paula Schommer a coordenadora geral do evento,inicia o Encontro falando do vínculo entre alguns dos princípiosdo ENAPEGS e o que será experimentado naquele momento.

O auditório é o local da vivência e cerca de 80 pessoas estão lápara participar. Paula Schommer abre a Vivência do Encontrofalando do vínculo entre a vivência a ser experimentada e osprincípios do ENAPEGS.

Iniciamos a vivência com uma música suave para ajudar aosparticipantes a entrarem em contato com seu corpo, suas emoções,

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contribuindo para que estivessem presentes, reduzindo aspossibilidades de estarem com o corpo presente e, no entanto,ausentes, afastados pelo pensamento, distanciados da experiênciado aqui e agora.

Após este contato consigo, estimulamos o encontro com aspessoas, e forma-se um grande círculo com pares de pessoasvoltadas uma para a outra. Cada pessoa recebe um pedaço deespelho. Solicitamos que, ao estarem uma em frente à outra, cadauma se reconecte com a respiração, com o corpo, seja com o bemestar, seja com as tensões do corpo, assim como com aspressuposições que possam estar presentes ao estarem frente afrente.

O passo seguinte é olhar o parceiro da dupla e falar de uma atrês qualidades que percebe, que sente, esta pessoa expressa.Por exemplo, um parceiro diz ao outro: eu vejo em você coragem.Depois de fazer este reconhecimento, quem falou coloca o espelhoque está na sua mão para que o parceiro que está sendoreconhecido se veja. Aqui um importante aspecto é colocaratenção no “como” este reconhecimento é realizado: no ritmo,naquilo que é sentido, naquilo que faz sentido, abrindo mão dapressa, abrindo a possibilidade de confrontar o desconhecido, deconectar razão e emoção.

Seguindo o fluxo, o outro parceiro faz o reconhecimento paraquem já lhe reconheceu. Após este movimento é solicitado que,aquela que primeiro falou vire o espelho na sua própria direçãoe faça um auto-reconhecimento, com as mesmas qualidades queexternou como sendo do outro. Usando o exemplo anterior a pessoadirá para si mesma: eu vejo em mim coragem. Esta últimaorientação, no entanto, só é fornecida após o primeiro par terfalado um para o outro, ou seja o par que já fez oreconhecimento mútuo. A partir desta primeira interação todosos demais pares que se formarão no giro da roda seguirão estaorientação: reconhece o outro e se reconhece com as mesmasqualidades que reconheceu no outro.

O pedaço de espelho serve como elemento instigador que colocafrente a frente a si mesmo e faz o encontro de si com o outro.Ajuda a perceber a diversidade, ao mesmo tempo em que asdiferenças que vejo no outro podem tornar-se semelhanças quando

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altero a perspectiva de que sou responsável também pelo quepercebo. Instiga a entrar em contato com as partes de mim queestão no outro, ajuda a experimentar que somos partes de muitaspartes. Ajuda a aproximação estimulando um contato que aintimidade de externar as qualidades pode causar, ajuda aaproximar os mundos da razão e da emoção – reconhecer e serreconhecido por qualidades que são, na maioria dos casos,intuídas, sentidas, já que muitos, senão a maioria, estão seencontrando pela primeira vez. E, mesmo os que já se conhecem,criam a possibilidade de externar algo que, mesmo conhecendo ooutro não ousava expressar.

E a roda vai girando e as pessoas vão se descontraindo. Aquiloque inicialmente parecia uma tarefa até incômoda, toma a forma,para alguns, de passos de uma dança. E nesta dança doreconhecimento podemos exercitar a essência do diálogo. Diálogocomo reconhecimento mútuo (OLIVEIRA NETA, 2009). Diálogo noentendimento de que cada pedaço de espelho espelha o outro e asi mesmo nas qualidades expressadas, que vão além do códigológico verbal porque incluem a razão com a emoção, porqueincluemi o corpo com a mente, porque incluemi a música, porqueincluemi os sentidos. A roda se completa quando o primeiro parse encontra novamente.

Há um contraste entre o momento inicial e o desenrolar dainteração que marca a vivência. No momento inicial, ao lidar como desconhecido: como dizer qualidades daquela que eu nunca vi,que estou encontrando agora, pela primeira vez? Como me sentir àvontade para expressar tal intimidade? Como lidar com aspressuposições - o que será que o outro vai pensar? Como vaireceber o que eu vou expressar? Como lidar com as diferenças -e se eu não identificar qualquer qualidade, o que fazer? Comolidar com a possibilidade de inadequação... E agora, no momentofinal, quando aconteceu a interação? Agora o sentimento deaproximação e pertencimento se faz presente. Há uma perceptíveldiferença entre este momento e o início da vivência proposta.

O giro da roda inclui contar o mito: Conta-se que no princípio havia uma única verdade nomundo. Entre o mundo espiritual, chamado de Orun e omaterial chamado de Aiyê, havia um grande espelho: ogrande espelho da verdade. Tudo aquilo que semostrava no Orun materializava-se no Aiyê. Ou seja,

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tudo que estava no mundo espiritual refletia–se,exatamente, no mundo material. Ninguém tinha a menordúvida sobre os acontecimentos como verdadesabsolutas. Todo cuidado era pouco para não quebrar oespelho da verdade. Naquele tempo vivia no Aiyê umajovem muito trabalhadora que se chamava Mahura. Ajovem trabalhava dia e noite ajudando sua mãe a pilarinhames. Um dia, inadvertidamente, perdendo o controledo movimento ritmado da mão do pilão, tocou forte noespelho que se espatifou pelo mundo. Assustada, Mahurasaiu desesperada para se desculpar com Olorum. Qualnão foi a sua surpresa quando O encontroutranqüilamente deitado a sombra do Iroko6. Olorumouviu as desculpas da jovem com toda a atenção. Emseguida declarou que, daquele dia em diante nãoexistiria mais uma única verdade no mundo. Declarou,ainda: de hoje em diante quem encontrar um pedacinhode espelho em qualquer parte do mundo, estaráencontrando apenas uma parte da verdade, provavelmentea sua própria verdade, por que o espelho reproduzapenas a imagem do lugar onde ele se encontra”(MACHADO, 2006)

E contando o mito provocamos a reflexão desta experiênciavinculando-a aos princípios do ENAPEGS: Circularidade - que opróprio evento constitua espaço de experiência e experimentaçãometodológica na forma como é construído e nas reflexões quepromove. Diversidade - de formatos, de áreas do conhecimentocientífico e não científico, de organizações, de regiões e depessoas participantes. Diálogo e dialógica – abertura depossibilidades de interação com linguagens diferenciadas, comarte, teatro, "contação" de histórias. Interdependência –estabelecendo conexões em rede e atentando para o movimento quenos une. Incerteza – movimento de refletir, ao nos relacionarmoscom o conhecimento, com o pensamento, com o outro, considerandoas nossas pressuposições como uma, dentre tantas outraspossibilidades existentes – conhecidas e a conhecer. Suspensãodos estados de "certezas". Ampliação do processo deaprendizagem. E encerrando a vivência, compartilhamossignificados. De acordo com Bohm (2005) os significadoscoletivamente compartilhados são poderosos. Instigamos então odiálogo experimentando a definição de Bohm:

Diálogo é um processo multifacetado, que vai além dasnoções típicas do linguajar e do intercâmbiocoloquial. É um método que examina um âmbitoextraordinariamente amplo da experiência humana:

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nossos valores mais intimamente arraigados, a naturezae intensidade das emoções; os padrões de nossosprocessos de pensamento; a função da memória; aimportância dos mitos culturais herdados; e por fim amaneira segundo a qual nossa neurofisiologia estruturaa experiência do aqui-e-agora. (BOHM, 2005, p. 7).

Cantamos juntos, uma música de Rita Lee, chamada Atlântida, quefala de um mito.

Atlântida!Reino perdidoDe ouro e prataMisteriosa cidade...

Atlântida!Terra prometidaDos semideuses

Das sereias douradas...

Eu sou o pescadorQue parte toda manhãEm busca do tesouroPerdido no fundo do mar...

Desde o OiapoqueAté Nova York se sabeQue o mundo é dosque sonhamQue toda lenda é pura verdade...

Ao final os participantes se cumprimentam e se abraçam, abrindoum encontro. Um encontro onde as pessoas possam criarpossibilidades de realmente se encontrarem, de partilhar “re-conhecimento”, partilhar emoção, dialogar, incluindo corpomente,razãoemoção, teoriaprática, objetivando o subjetivo,subjetivando o objetivo. Sonhando com um mundo mais justo, maisigual e defrontando uma realidade que nos pede alterar o modo decondução, o modo de agir, o modo de ensinar, o modo de aprendero modo de fazermos encontros. O modo de nos encontrarmos.

4 O Eixo sobre Metodologias Integrativas. A Presença do Corpo-Mente nos processos pedagógicos

Entramos na sequência de salas que vão hospedar o nosso Eixotemático, salas aninhadas uma na outra. Buscamos arrumá-las deforma a possibilitar algumas opções de trabalho alternativas,mais íntimas e recolhidas ou mais dinâmicas e exigentes emrelação ao tamanho do espaço. Estamos aqui, ansiosos e curiososao mesmo tempo: quem escolherá participar da nossa proposta umpouco ‘“diferente”’ dentro da ampla e variada programação doEvento?

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Algumas pessoas já estão ali. São os companheiros de caminhadajá conhecidos, e, não por isso, menos importantes; aliás, sãoeles que inoculam a força e ousadia necessária para trazer aproposta das Metodologias Integrativas, finalmente, dentro de umENAPEGS. Este evento, apesar de estar apenas em sua quintaedição, talvez seja o mais tradicional na área de Gestão Social;ele sempre se quis diferente dos outros eventos maiores e maisantigos, de áreas contíguas, mas, até este ano, poucoexperimentou em termos de metodologias inovadoras de idealizaçãoe condução.

Aos poucos, outros participantes chegam. Como era de se esperarnão são muitos, pois a concorrência das outras atividadesparalelas, especialmente das sessões com apresentação detrabalhos, é grande. Mesmo assim, somos em torno de 15 pessoas(um pouco mais em alguns momentos e menos em outros, conforme asexigências de saída de cada um). Temos um plano de trabalho,acordado com os outros coordenadores do Eixo. Começaremos poruma atividade de acolhida e aconchego dos e as que aquichegaram, reconhecendo-as como seres integrais, corpomentes,sentirpensantes (MORAES E TORRES, 2004), os quais,provavelmente, precisam de um momento de transição, para fazer apassagem entre a abertura oficial do Evento4 e este espaço,diferente por finalidades e modalidades de condução.

De acordo com os nossos princípios, instigamos a entrada naproposta do Eixo pelo meio da dinamização sutil do corpo,através de uma caminhada lenta e concentrada na observação dospequenos movimentos articulares que o próprio caminhar implica,nas mudanças no equilíbrio, que se desloca de passo em passo, eda atenção focada na respiração, lenta, mas ritmada e profunda.

Esta proposta de desaceleração e concentração na materialidadedo corpo e da respiração, normalmente é percebida como ‘“nacontramão”’ dos ritmos e do tipo de foco, exclusivamentecerebral, que se vivencia em eventos como este, bem como nosprocessos de gestão nas organizações. Apesar da surpresa, asreações que este tipo de proposta costuma gerar, são muitopositivas. As pessoas que se dispuseram a integrar o trabalhoestão, provavelmente, em busca de algo novo. Elas já tinham4 Na primeira parte da tarde, enquanto a vivência do espelho, relatada acima, foi de manhã.

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alguma queixa ou angústia, derivante das modalidadeshipercognitivistas e que excluem qualquer possibilidadevivencial, assim como da tradicional falta de tempo que, grandeparte das apresentações e falas, sofre neste tipo de eventos.Nossas programações estão sempre superlotadas e o fato deestarmos atrasados é regra. Assim, a pressa para recuperar otempo perdido e a pressão sobre qualquer elemento que possaaparecer uma “perda de tempo” são máximas.

Nesta situação, a proposta de nos darmos um tempo para nosreconectarmos conosco mesmo, com nossas percepções mais simplese com a nossa própria respiração, pode se revelar uma propostalibertadora. Os participantes encontram, inesperadamente, oespaço para se sentir, física e emocionalmente: podem apreciar oentusiasmo, o cansaço, ou a tensão; têm a possibilidade de‘“assentar a poeira”’ das muitas informações adquiridas, dasideias e argumentos consensuais ou conflituosos; podem,finalmente, simplesmente chegar até o aqui e agora, levando osseus corpos para junto de suas mentes e se sentir presentes. Estasimples experiência pode ser extremamente benéfica e prepara oterreno para os passos seguintes.

Durante alguns minutos procuramos nos reencontrar com arespiração e com as sensações do corpo e apreciar a relaçãoentre as nossas mentes superestimuladas e corpos esquecidos.Assim, depois disso, iniciamos alguns alongamentos bem suaves,aproveitando imagens cotidianas ou brincando com a força degravidade, para que os movimentos surjam de forma natural equase sem esforço. Estas práticas conseguem normalmente, empoucos minutos, levar os participantes em um estado de leveza,com uma sensação mais harmoniosa e equilibrada entre corpo emente, e mais dispostos para continuar buscando.

E agora perguntamos para você leitor/a, que lê este capítulo: oque está percebendo neste momento, ao ler estas possibilidades,talvez nunca experimentadas durante de uma conferência? Comoestá sentindo isso repercutir no seu corpo/mente? Relaxou? Ficouirritado/a? Tem vontade de fazer um teste? Será que issoresponde a alguma inquietação que você já vivenciou?5 Está seperguntando o que isso tem a ver com gestão social? E o que você5 Estamosou usando aqui uma modalidade de escrita dialógica no modelojá experimentado em Oliveira Neta (2009).

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pensa que uma abordagem desta natureza tem para contribuir comprocessos pedagógicos?

5. As possibilidades do conhecimento intuitivo/empático

Ao nos concentrarmos no corpo, na respiração e na busca dapresença, no momento, já estamos, de fato, experimentando asMetodologias Integrativas. No entanto, na maioria dos casos,estamos acostumados com o predomínio do código linguístico eracional, e pedimos por explicações que se encaixem nestepadrão. Iniciar com uma introdução e uma definição do que são asMI seria o tradicionalmente esperado. Ao invés disto, acordamosque privilegiaríamos o recurso a outros códigos, na tentativa dereequilibrar o costumeiro domínio da fala, analítica esistemática. É claro que, não queremos descartar ou menosprezaro papel destas modalidades; nosso objetivo, no entanto, érevelar e apreciar outras, normalmente esquecidas e, acima detudo, explorar os resultados de um uso integrado delas.

Assim, combinamos que, antes de atender a pergunta óbvia: ”O quesão as Metodologias Integrativas”, procuraríamos experimentá-las. A experiência então, já tem início desde o momento em quesolicitamos que se colocasse foco na respiração e no movimentodo corpo. Esta foi a alternativa que tomou o lugar datradicional introdução. Eis então que, para entrarmos no cerneda definição, para apreender as MI e sobre as MI, propomos a‘leitura das mãos’.

Ao falarmos de leitura das mãos, logo chegam à cabeça imagens deciganas de saias rodadas, pedindo para prever o seu futuro.Porém, neste caso, não é bem disso que estamos falando. Ao invésde prever o futuro nas mãos das pessoas, esta proposta se baseiana ideia de que, a própria mão é um dos mais importantes meiosque nos permite interagir com o nosso entorno; por meio delamanipulamos o mundo, trabalhamos, tocamos, acariciamos, batemos,criamos etc. Assim, pedimos aos presentes para se juntarem emduplas e ficarem confortavelmente sentados, pegando um nas mãosdo outro. Este pegar das mãos é realmente um entregar: a pessoacujas mãos vão ser ‘“lidas”’ as entrega ao parceiro, a qualacolhe, nas suas próprias mãos e começa a observá-las, tocando-as, percebendo o seu calor, textura, forma, cor, maciez, dureza,calos, cuidado de detalhes, dedicando uma atenção especial a

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cada elemento e a cada uma das mãos, enquanto entidade única enunca igual a nenhuma outra; exatamente como cada pessoa. Cadaum/a da dupla dedica um tempo à observação das mãos do outrotentando perceber o elo entre elas (mãos) e a própria pessoa aquem estas mãos pertencem. O que estas mãos estão me dizendo do‘“dono”’? Que pessoa é esta? O intuito não é julgar, mas,apenas, explorar e entender. No final, há um tempo para que cadadupla possa ter um momento de socialização das percepçõesobtidas ao longo da experiência: cada um vai revelar para o/aoutro/a o que sentiu e receber o retorno do parceiro.

Após isso, há um momento de socialização geral da experiênciaentre o grupo como um todo, sem que haja nenhuma pressão paraque seninguém fale, apenas deixando espaço para que, quem tiveralgo importante para comentar, ressaltar, e/ou refletir, tenha aoportunidade de fazê-lo. Este foi, também, o momento em que foiexplicitado o link entre esta vivência e as MI. Depois desta‘“leitura”’ se torna evidente o poder que, por meio de umaescuta ativa sensível do outro (que inclui emoção e razão),através da observação das mãos, temos de ampliar o conhecimentoe a compreensão do outro à nossa frente. Para não tirar a graçada experiência, para quem quiser experimentá-la, não vamoscontar nada de episódios acontecidos. Apenas diremos que estasimples dinâmica de observação e ‘“escuta”’, não baseada naracionalidade analítica e linear, e sim em dimensões como, aintuição e as emoções, impressiona bastante pela quantidade equalidade das descobertas que as pessoas são capazes de fazer,quando incentivadas a abrir canais de percepção do mundocostumeiramente desvalorizados, quando não abertamentecensurados.

Na roda geral do grupo, ao refletirmos sobre as colocaçõesfeitas pelos e pelas participantes, se faz também é possívelfazer o link entre a vivência realizada e as MI. Jáexperimentamos várias vezes a clareza que o conceito assume apósesta prática direta a qual, pelo visto, permite encurtar, emuito, o caminho, de outra forma, mais tortuoso, da compreensãoanalítica e cognitiva. Ao mesmo tempo, queremos frisar o fato deque, esta compreensão não é desvalorizada, mas apenas recolocadado seu costumeiro lugar privilegiado; o que se busca,especialmente na parte de encerramento da experiência, é uma

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compreensão, também analítica, ampliada, o que pode acontecer,justamente, pelo fato de termos não apenas falado de uma formamais integrada de conhecer o mundo (neste caso, o mundo que é ooutro), e sim experimentado-a diretamente.

6. A Escuta Ativa: dês-mecanização e ritualização dacomunicação6

Passamos assim para mais uma etapa da programação do nosso Eixosobre MI no V ENAPEGS. Tínhamos previsto a possibilidade devivenciarmos uma “Roda de Escuta” após o jantar do primeiro diade evento, pois era este o único horário em que poderíamosaproveitar de pelo menos duas horas, sem problemas de chocar comoutros limites, a não ser o do nosso próprio cansaço. A Roda deEscuta foi abordada em Giannella e Moura (2009) e tem sidorepetidamente experimentada, durante os últimos dois anos, sendouma das que mais nos proporcionam insights, surpresas eaprendizados. Assim, não nos cansamos de construir ocasiões paraque mais pessoas possam aproximar-se desta modalidade decomunicação e fruir das reflexões profundas que ela costumaprovocar.

Para entendermos tudo o que segue é útil dizer que, estamodalidade de comunicação, nos coloca num espaço ritualizado,diferente daquele que se instaura normalmente ao discutirmos emreuniões ou até, simplesmente, em grupos de amigos, onde acomunicação é balizada pelos mecanismos de afirmação do ego e do“concordo-discordo” (MARIOTTI, 2000). Podemos ir com a mente amuitas das nossas discussões, nas quais é fácil reparar a lutaentre as verdades que estão se confrontando. Acontece com

6 A Roda de Escuta é o resultado de um patchwork de práticas ereferenciais teóricos bastante diversos, mas todos marcados por algunselementos comuns de ordem epistemológica e pragmática. A ideia de queeu ‘“não possuo a verdade”’, mas apenas visões parciais dela e que,portanto, ‘“preciso da verdade do outro’”, é parece-me um elementocomum de todas as possíveis ascendências identificáveis. Por sinal,destacamos a coerência desta constatação com o Mito do Espelho contadoacima. Alem disso, Aalgumas referências mais próximas são: a EscutaAtiva (SCLAVI, 2000); o peacemaking (GLASSMAN, 1998) e o counselling,além de práticas de tomada de decisão típicas de povos indígenas. Asreferencia de Rubem Alves à “Escutatória” (ALVES, 2005) também sãoiluminantes (ALVES, 2005). No espaço destas notas não vai ser possívelaprofundar a reconstrução das raízes teóricas desta prática. Paraalguns elementos a mais veja-se (GIANNELLA E MOURA, 2009).

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frequência que cada um esteja mais preocupado com a afirmação da‘“sua”’ verdade do que, realmente, no escutar o que outro tempara dizer. Provavelmente, todos nós já experimentamos asensação de quase não ouvir a fala do outro de tão ocupado,enquanto ele falar, a bolar o que deverá retrucar dali a pouco.Ou até de interromper o outro antes que tenha terminado defalar, convencidos de que já sabemos e entendemos o que vaidizer. Aliás, a interrupção do outro enquanto ele fala écorriqueira, e raramente é tida como ofensiva; posso atéinterrompê-lo para concordar com o que está falando... Assim,usando uma metáfora, poderíamos dizer que, este tipo de dinâmicacomunicativa, se aproxima mais de uma luta do que de um atocooperativo; o objetivo é convencer o outro a abandonar averdade dele para abraçar a sua. Tem apenas um vencedor: o queconseguirá alcançar o objetivo exposto. Portanto, de forma quaseinevitável vistas as condições, este tipo de dinâmica nãocostuma gerar grandes avanços na possibilidade de entendermosquem está em nossa frente.

Estas considerações estão na base da proposta da Roda de Escutaenquanto espaço de comunicação ritualizado,o pela presença dealgumas regras e dispositivos de ação. Estes têm a função deevitar-nos a recaída em mecanismos de interação que são, aomesmo tempo, totalmente aceitos socialmente, mas completamentedisfuncionais, com vistas a uma comunicação mais rica, profundae capaz de realmente aumentar as possibilidades de entendimentorecíproco e convivência pacifica.

A nossa Roda, portanto, se constrói ao colocarmo-nos sentados emcírculo e ao adotarmos a técnica do ‘“objeto falante”’ comodispositivo que governa a dinâmica da comunicação. Quem estivercom o objeto falará, atentando para as regras expostas abaixo e,quando tiver terminado, irá novamente ao centro da Roda,colocará o objeto no chão e voltará ao seu lugar. Só então,outra pessoa poderá ir pegar o objeto e ter sua vez para falar.

Dinâmica e regras para a roda de escuta7

- Toda Roda acontece em torno de um tópico ou umapergunta/questão relevante para o grupo. Escolham qual será a7 Trata-se de uma versão modificada do texto presente em Giannella,Moura,( 2009), p. 52-53)

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questão objeto da Roda. Chamamos isso de pergunta/questãogeradora .

- Definam se terá um facilitador\a ou não. Isto não éobrigatório; depende do grupo. Seu papel é de relembrar asregras no começo da roda e de intervir – caso necessário –para tratar algum problema inesperado que aconteça ao longo davivência. O facilitador\a será alguém legitimado pelo grupo,mas, muito apropriadamente, este papel pode ser revezado entreos integrantes, conforme a familiaridade do grupo com a práticada escuta for crescendo.

- Usem a técnica do ‘“objeto falante”’. Isto significa queelegeremos um objeto (pode ser qualquer coisa, mas usamos, depreferência, usamos algo de bonito e atraente), o qual serácolocado ao centro da Roda. Qualquer um/a que queira falardeverá levantar, ir até o centro da Roda, e pegar no objeto. Éele que é o que nos dá o ‘“poder de fala”’ e, por outro lado,ninguém pode interromper quem tiver o objeto falante em mão.Quando terminar, quem falou recolocará o objeto ao centro evoltará ao seu lugar. A Roda se encerra quando ninguém mais forbuscar o objeto novamente.

- Na Roda de Escuta costumamos dizer que se fala e se escuta‘“pelo coração”’; significa esperar que sua fala surja dedentro, não apenas de uma construção cerebral e sim do seusentir e da sua vivência.

- Quando falar, procure ‘“a medida certa”’, não fale mais do queé necessário. Se você ficar conectado com seu coração, isto viránaturalmente.

- Quando escutar, fique atento e aberto à escuta das emoções edas reações suas, do falante e do grupo. Porém seja testemunha!Apenas registre sem julgar e sem, por enquanto, raciocinar sobreesse material. Eis uma possível exploração do “escutar pelocoração”.

- Tente não interpretar o que está sendo dito com base nos seuspressupostos; procure entender os pressupostos de quem fala.

- Quando chegar a vontade de contestar ou rebater o que foidito por alguém, tente entender porque isto está acontecendo; o

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que aquela fala mexeu dentro de você.

- Não cruze conversa com ninguém; não acuse; não aponte, sejapara concordar ou discordar. Fale na primeira pessoa, com basena sua vivência direta.

- Os conteúdos de uma Roda são confidenciais. Mantenha sigilosobre o que foi relatado. Isto permite (junto com outrosdetalhes) fazer com que o espaço criado seja percebido comoseguro pelos participantes.

Por último, duas dicas gerais:

- Encare e dê as boas vindas ao silêncio: relaxe nele, escute-oe aproveite! Dentro do silêncio vai aparecer o tempo para falare para escutar.

- Se você se desapegar da vontade de afirmar seu ego econseguir observar e se sintonizar com a sutileza do que estáacontecendo com o grupo, tudo ficará bastante claro: o tempo docomeço e do fim, de se calar e de falar. Só se dê a chance deexperimentar.

Boa Escuta!

6.1 Algumas considerações sobre a Roda de Escuta

A temática da Roda que experimentamos no V ENAPEGS foi “O queera importante para mim na minha infância?” Como foi dito, oconteúdo de cada Roda é confidencial e, portanto, não cabe falara respeito. As considerações aqui evidenciadas são pequenosacenos às muitas questões levantadas por esta vivência.

As funções de uma Roda de Escuta: ela é um excelentedispositivo para explorar questões/problemas e, também, paratratar conflitos de uma forma criativa (SCLAVI, 2000). Acapacidade exploratória da Roda talvez se explique pensando naseguinte situação: temos um objeto multifacetado e estranho nocentro de um círculo de pessoas e, cada uma delas só poderelatar exatamente o que, da sua posição, ela observa. No final,evidentemente, o conhecimento que cada integrante do círculoterá daquele objeto estranho será muito maior do que no começo,simplesmente por ter escutado os relatos dos demais. Conforme aassunção de que, nossas sociedades contemporâneas são

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‘“complexas’” e que, portanto, muitas das questões que nosrodeiam são “’multifacetadas e estranhas”’ (que poderia seroutra definição de complexidade), entende-se o valor de umadinâmica que nos permite aproximar, de forma respeitosa e fértila diferença de ponto de vista e o como essa diferença seconstrói e consolida ao longo das nossas vidas. O queimpressiona normalmente, ao encerrarmos uma Roda, é a sensaçãode liberdade e amplidão devida à prática da escuta do outro; apercepção de poder ficar preso pelas regras se transforma no seuexato oposto.

Outra questão é a possibilidade da Roda ser um método eficaz degestão de conflitos. Neste caso a questão geradora seria umaformulação, aceita pelo grupo, do conflito a ser tratado8. Estapossibilidade se fundamenta nas duas regras expostasanteriormente: “Tente não interpretar o que está sendo dito combase nos seus pressupostos; procure entender os pressupostos dequem fala” e “Não cruze conversa com ninguém; não acuse; nãoaponte, seja para concordar ou discordar. Procure falar emprimeira pessoa, com base na sua vivência direta”. Estassimples indicações de comportamento são, muitas vezes,suficientes a transformar a uma dinâmica conflituosa em uma dediálogo possível. O fato é que o conflito se alimentafrequentemente muitas vezes de premissas implícitasdiscordantes, mas não tematizadas, da incapacidade e/ou nãovontade de reconhecer uma posição outra, de feridas que dependemmais da falta de escuta do que da real vontade do outro. Até apresença, na Roda, de outras pessoas além das diretamente emconflito (sejam elas duas ou mais), pode ser um elemento quecontribui com o se instaurar de um processo dialógico onde antesexistia apenas possibilidade de choque. Pois estas demaispessoas, ao relatar a visão delas, a partir de sua vivênciadireta, além de funcionar de testemunhas para a expressão doconflito, ampliarão a percepção possível da questão em jogo emostrarão para os diretos interessados a existência depossibilidades alternativas de se olhar e interpretar o fatorgerador de conflito.

8 Poderia ser, por exemplo, um princípio geral infringido pela ação de algum integrante do grupo.

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Uma observação final deve ser feita sobre o fato da Roda setornar um espaço seguro para falar, onde não se tem medo de serjulgado. Este processo aconteceocorre, de costume, enquanto aRoda acontecer. Pessoas que começaram “com ‘um pé atrás’” e meiodesconfiadas com ‘“estas coisas estranhas”’, se soltamcompletamente e presenteiam o grupo com testemunhos íntimos eriquíssimos, que jamais teriam imaginado poder fazer no começo.Esta possibilidade de se desconstruir o medo é crucial emqualquer processo de ensino-aprendizagem, de suma utilidade,portanto, quer em sala de aula, quer em contextos comunitários.Esta capacidade de se criar um espaço de escuta, íntimo eaconchegante, também resulta de várias das regras colocadasacima. Só que aqui, por limites de espaço, deixaremos com vocês,leitores, a tarefa de descobrir quais delas são mais propíciaspara isso. Uma consideração derradeira, portanto, se impõe, ediz respeito à hipótese de considerarmos as regras da Roda deEscuta, nortes possíveis sempre que estivermosquando envolvidosem processos de comunicação que impliquem em múltiplos atores.

7. Da impossibilidade de concluir

Ensaiar uma conclusão para este artigo é algo difícil, já que asexperiências vividas, quando as consideramos em suamultidimensionalidade, nãonunca se exaurem na mera descrição daspalavras. Por mais que detalhássemos, em qualquer tipo delinguagem, não conseguiríamos explicitar todas as nuances daspercepções e reflexões convergentes em aprendizados, que as MInos proporcionaram durante o V ENAPEGS. Aprendemos coletivamentesobre a essência da gestão social já que tivemos a possibilidadede nos percebermos enquanto Ser humanos, capazes de dialogar,mediar, sentir, se doar. O respeito, a disposição, a tentativa,a solidariedade e a noética se fizeram naturalmente presentesentre os participantes destas mediações de sentidos,significantes e significados cognitivos, emocionais, culturais,políticos, éticos, estéticos e espirituais. Eis aqui a chavepara a mudança paradigmática anunciada no início do texto e queentendemos ser um caminho necessário para os gestores sociais denossos dias, em suas práticas.

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Ao nos olharmos no espelho e reconhecer no outro suas/nossasqualidades; ao caminharmos e reconhecermos o nosso corpo vivo noespaço; ao conhecermos o outro pela leitura das mãos, confiandona nossa intuição e emoção, juntas com nossas capacidades deobservação analítica; ao escutarmos ativamente, buscamos acompreensão e a capacidade de agirmos para futuros melhores.

Por fim, queremos nos despedir com uma citação do FernandoPessoa que, para nós, sintetiza poeticamente a necessidade destemomento:

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que játem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos” .

Referências

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