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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X
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AS FORMAS COMPLEXAS DO MUNDO DA PRODUÇÃO: As transformações da Modernidade e os impactos no trabalho intelectual no Recôncavo da Bahia.
Camillo César Alvarenga1
Resumo
A presente pesquisa procurou investigar as relações sociais oriundas dos processos de modernização do mundo do trabalho no Recôncavo da Bahia, a partir dos espaços privados de formação educacional em nível superior da região. Objetivando entender a lógica entre oferta de vagas e cursos, formação e demanda de profissionais para o mundo do trabalho. Na leitura do contexto local, em questão, foram destacadas 2 cidades – Cachoeira e Governador Mangabeira – por possuírem os seus respectivos centros de ensino, mais desenvolvidos, em relação a outras instalações nas cercanias. Evidenciou-se uma realidade na qual a tendência das ofertas se faz em função de uma formação técnica operativa e voltada para área da saúde e licenciaturas. A partir da pesquisa, infere-se com base numa leitura sociológica, sustentada metodologicamente em bases exploratórias de bibliografia necessária, juntamente com aplicação de questionários e visitas às instituições, que, na realidade observada, a capacitação de intelectuais a serviço da economia da produção das formas sociais locais, bem como uma parcela de mão de obra, formada nos centros, serve predominantemente ao preenchimento de vagas no setor de Educação.
Palavras-chave: Sociologia do Trabalho. Sociologia da Educação. Ensino Superior privado. Recôncavo da Bahia.
Mapeamento das Instituições de Ensino Superior Privado no Recôncavo Baiano: um
olhar atual sobre a formação social da região a partir dos centros de ensino
A observação de transformações no mundo da produção e do trabalho, num contexto de
ampliação da base produtiva, direciona o plano de trabalho referido à investigação
especificadamente dos processos de surgimento e implantação de IES (Instituições de Ensino
Superior) oriundas de capital privado, entendidas enquanto empreendimentos de intervenção na
esfera pública. Nesse sentido, a ação empírica sobre a época atual, leva em conta que as relações
de poder, são determinadas pela estrutura econômica, o que nos faz apontar assim, para a região
do Recôncavo da Bahia num estado de marasmo econômico e apatia política – na periferia
regional, mas tateando saídas.
Ao averiguar os mecanismos de modernização operados no interior da dinâmica
produtiva da região, esta pesquisa, que ocorreu em âmbito institucional2, buscou por sua vez,
1Mestrando em Sociologia no Programa de Pós Graduação (PPGS/CCHLA) – Universidade Federal da Paraíba – UFPB. 2 Este artigo é uma leitura do meu relatório de pesquisa realizado durante o período em que cursava o bacharelado em Ciências Sociais quando fui financiado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ, através da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia nos anos de 2011e 2012.
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atentar ao desenvolvimento social e econômico local, que caminha lado a lado ao enraizamento
da UFRB – Universidade Federal do Recôncavo. Não obstante, a lembrança de que “em
sociedades como a nossa, a universidade prepara quadros de "funcionários da ideologia"
dispostos a produzir os discursos condizentes com os interesses dos grupos detentores do poder”.
(BOURDIEU, 2009, p.XV).
Assim, a investigação sobre trabalho intelectual e os impactos no mundo da produção e
do trabalho aborda o ensino superior privado no Recôncavo e a formação de trabalhadores
qualificados para o mundo da produção. Logo, a questão social da educação é de relevância para
análises no campo das Ciências Sociais e humanas já que compõe de forma estrutural o quadro
da organização social e ainda mais que "a educação varia com as classes sociais" (DURKHEIM,
1987, p.40).
A justificativa, para tal relevância, advém de que a educação, entendida, enquanto
processo socializador, o que, segundo Durkheim, estabelece os alicerces para compreendermos a
ideia de que "nem todos somos feitos para refletir; e será preciso que haja sempre homens de
sensibilidade e homens de ação" (DURKHEIM, 1987, p.35), enquanto Mésáros, através de
Gramsci, aponta que não pode haver separação entre “homo fabber” e “homo sapiens", fazendo
necessário rebelar-se contra uma concepção tendenciosamente estreita da educação e da vida
intelectual. (MÉSÁROS, 2005, p.49).
Os intelectuais, essa camada da sociedade, que aparece enquanto elite nas pesquisas de
Vilfredo Pareto, ou enquanto classe política em Gaetano Mosca, em Antônio Gramsci toma a
forma de uma categoria cara, aos estudos em Ciências Sociais – a noção conceitual de intelectual
orgânico, numa perspectiva de especialização do tipo social que lhe deve origem. E ainda mais,
aponta que a massa não elabora seus próprios intelectuais, já que estes são um grupo social
derivado duma estrutura econômica anterior, aliás a expressão do desenvolvimento desta
estrutura (GRAMSCI, 1982). Pensando metodologicamente, o tema é relevante em virtude de
que se reconhece
1)Ter uma ampla e autêntica projeção social e possibilidade de se refletir na transformação da sociedade. Para tanto, a orientação do tema de pesquisa deve ser tal que seus resultados sirvam na elaboração de estratégias para a solução ou a melhoria da situação em que se encontra a sociedade ou grupo social. 2) Ser inovador, isto é, ter singularidade e ser interessante, fornecendo ideias, hipóteses ou diretrizes para futuros estudos. 3) Prever a organização e sistematização dos fatos analisados, visando a conferir validez científica às previsões, para que estas levem ao desenvolvimento de novas teorias. (SORIANO, 2004, p.41-42).
Desta forma, abrimos o debate para entender o real sentido da educação enquanto destino
do trabalho, a serviço do mundo capitalista, o que pode nos fazer entender, como nas palavras de
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Emir Sader (2005)3, que são transformados os “espaços educacionais em shopping centers
funcionais à sua lógica do consumo e do lucro”. Procura-se indicar que se buscou fazer, com esta
pesquisa, um diagnóstico da situação do ensino superior privado no Recôncavo da Bahia, região
esta tomada enquanto objeto de estudo.
Assim poderemos detectar problemas concretos, descobrir relações entre eles e hierarquizá-los, tudo com intuito de fornecer elementos que sejam de utilidade na formulação de planos e programas institucionais. Com isso, a pesquisa social deixa de ser um fim para se tornar um meio, ao ficar ligada ao planejamento e à programação, o que permitirá dirigir e controlar as mudanças sociais mediante atividades e ações concretas baseadas na informação proveniente da pesquisa social e de outras fontes. (SORIANO, 2004, p.43)
Na busca por entender o sistema de relações estatísticas entre ofertas de cursos e vagas,
formação profissional – levou-se em conta a distinção entre licenciatura e bacharelado, além de
formações técnicas – destacou-se: o processo de seleção, a infraestrutura dos estabelecimentos
com atenção especial para as bibliotecas, bem como o tempo de funcionamento da instituição, a
duração média dos cursos de graduação e se ocorre de maneira presencial ou à distância.
O exercício intelectual de construção teórica-empírica interdisciplinar, que deu origem a
pesquisa historicamente fundada na finalidade de analisar a formação de classes sociais e suas
correspondências sócio culturais, dotou-se de “interesse científico, pois leva em consideração o
contexto socioeconômico, político e histórico” no sistema capitalista de produção regional4.
Com o objetivo de caracterizar o sistema de ensino superior no Recôncavo da Bahia, o
problema foi proposto em bases científicas tais, que a orientação do pensamento seguiu a linha
de uma investigação que ao poder identificar as formas objetivas do sistema de ensino superior
privado no recôncavo, foi possível contemplar com a observação científica variáveis no campo
da educação que revelem desenvolvimento e emancipação dentro de um universo regional
integrado, dialogando ensino e trabalho, a fim de alcançar resultados de base empírica.
No intuito de reconhecer a necessidade de conhecer a realidade de outras IES que atuam
no processo de formação de novos trabalhadores, além de experimentar através da atividade
científica o intercâmbio reflexivo sobre a realidade social da região a fim de atualizar os
conhecimentos sobre processos em marcha no território como a expansão do ensino superior. 3 SADER, Emir. Introdução In: MÉSÁROS, István. A educação para além do capital – São Paulo: Boitempo, 2005. 4 Sobre tal sistema, lê-se em A educação para além do capital, que “As determinações gerais do capital afetam profundamente cada âmbito particular com alguma influência na educação, e de forma nenhuma apenas as instituições educacionais formais. Estas estão estreitamente integradas na totalidade dos processos sociais. Não podem funcionar adequadamente exceto se estiverem em sintonia com as determinações educacionais gerais da sociedade como um todo” (MESÁROS, 2005, p.43).
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"Naturalmente, as instituições de educação tiveram de ser adaptadas no decorrer do tempo, de
acordo com as determinações reprodutivas em mutação do sistema do capital" (MESÁROS,
2005, p.42).
Já no que concerne a "reprodução objetiva" Mesáros (2005) nos diz: "As instituições
formais de educação certamente são uma parte importante do sistema global de internalização",
logo, são objetos que possuem em si, sentido e necessidade de uma investigação mais rigorosa.
Sob a forma sócio-histórica de apreciação do sistema de produção de conhecimento do interior
da Bahia, entende-se o objeto de pesquisa como sendo o foco do processo geral de capacitação
de trabalhadores qualificados e numa demarcação regional, na qual reconhece-se a potência de
emancipação social frente às práticas de poder e estratégias de sobrevivência, numa percepção da
reprodução social dos segmentos de classe no sistema sócio-produtivo e a relação entre a
atualização dos capitais em investimento e o sistema político vigente.
Ao estudar5 o sistema de ensino em face ao sistema produtivo e as interações com o
mundo do trabalho, de onde se deriva a estruturação das classes sociais, foi possível avaliar
consequentemente a relação entre as práticas educativas na região, no nível superior, e sua
articulação dos níveis tecnológico e profissional, através da caracterização e representação do
setor da indústria intelectual numa fonte de trabalhadores para áreas em expansão no mundo da
produção local.
METODOLOGIA
Segundo Soriano (2004) “a revisão e análise da bibliografia começam pela leitura das
publicações que relacionam títulos e obras e artigos editados no país e no exterior (índices e
abstracts)”, segue-se uma descrição e caracterização da região e do sistema de ensino superior,
numa pesquisa na qual a introdução de pressupostos da Economia Política com a Sociologia
demandou um arranjo epistemológico que pudesse abarcar as peculiaridades do universo em
questão.
5 Para isso é preciso ter sólida preparação teórica-metodológica e a capacidade de interpretar criticamente os processos sociais para que, com o concurso de uma imaginação criativa, se atenda ao mesmo tempo às exigências científicas e ao interesse social. (SORIANO, 2004, p.42)
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Na prática, a formulação do problema tem início com a exposição, em termos gerais e às vezes pouco precisos, da questão que se pretende estudar; conforme se avança no processo de pesquisa, consultando dados empíricos e revendo considerações teóricas e elementos históricos sobre o assunto, o problema começa a ser proposto de forma cada vez mais clara e precisa. (SORIANO, 2004, p.48).
A aplicação de questionário com perguntas mistas, tanto qualitativas e quantitativas,
aliada a observação dos centros de ensino, feitas nas visitas realizadas foram fonte de orientação
para os posicionamentos revelados pela investigação em curso. Bem como análise de fontes
documentais de pesquisa secundárias também serviram de base para a construção do presente
artigo.
O cronograma das atividades durante o ano ocorreu em regime de oscilação em função de
contextos específicos do funcionamento da instituição onde a pesquisa teve origem – greves,
paralisações etc. – e do acesso às instituições e as problemáticas no alcance das informações
necessárias. No entanto, as demandas científicas foram cumpridas a fim de alcançar os resultados
esperados e poder contribuir para o avanço do acúmulo de conhecimento sobre o tema em
questão e a região em estudo. Ainda que
Dado muitas vezes o trabalho de campo, o processamento e análise da informação retardam a pesquisa, é recomendável levar em conta esses inconvenientes e reservar um período mais longo para sua execução; o que torna indispensável uma troca permanente entre os integrantes da equipe interdisciplinar. (SORIANO, 2004, p.46).
Dessa forma, “depois de analisar o material bibliográfico e a informação obtida
diretamente da realidade”, nos utilizamos de análises documentais, observações e questionários,
enquanto materiais de pesquisa e meios para se obter as informações, recolher os dados, de
maneira que possam satisfazer determinadamente a pesquisa. Sendo fundamentais para a
pesquisa os dados das coletas que foram realizadas.
O pesquisador entende que a “técnica é um conjunto de regras e operações formuladas
expressamente para o correto uso dos instrumentos, o que por sua vez possibilita a adequada
aplicação do método ou dos métodos correspondentes” (SORIANO, 2004, p.66) logo,
característica mais importante no levantamento de dados.
O processo de análise documental girou em torno de fontes primárias e secundárias.
Inclusive o uso de questionários enquanto instrumento de coleta de dados. O questionário é um
meio de investigar que se aplica por via impressa preparada para receber respostas a todas as
perguntas necessárias a um levantamento, as quais foram anteriormente estruturadas e
organizadas na melhor ordem de maneira agradável para facilitar as respostas e o retorno. Assim,
deve-se estruturar um questionário de forma objetiva, direta e ligado ao objeto a que se direciona
a pesquisa. Além de preservar a identidade do entrevistado é composto por questões objetivas ou
subjetivas, em geral, de fácil assimilação e conversão dos resultados obtidos para posterior
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relatoria, além de ser de baixo custo.
Ainda assim, Soriano nos alerta sobre as variedades e possibilidades de abordagens ao
objeto. E, já que, a pesquisa foi também composta pela observação que se configura enquanto
uma das mais tradicionais e notáveis fontes de dados em pesquisa qualitativa na área de
educação, esta acontece em face ao objeto de estudo, observando os elementos necessários para
que possa nos fazer chegar ao sucesso da investigação, a fim, de ser instrumento metodológico
de uma atividade científica, fazendo-se útil apoiar-se em fundamentação teórica relacionada à
natureza dos fenômenos ou manifestações a serem averiguadas, além de uma preparação
anterior, no intuito de não desligar-se do problema colocado pelo estudo.
“Logo podemos dizer que o método consiste em critérios e procedimentos gerais que,
dentro do correspondente marco teórico, orientam o trabalho científico visando ao conhecimento
objetivo da realidade” (SORIANO, 2004, p.66). A observação, por ser dotada de certa
complexidade, apresenta-se enquanto instrumento da pesquisa atual e realizada de maneira não-
participativa, onde o observador analisa tudo de longe, não participa da atividade, não procura
interagir com o grupo avaliado.
Pretendemos, assim, dar a entender que, com o uso dos elementos teóricos e conceituais disponíveis, o pesquisador pode estabelecer, por um processo discriminativo, as variáveis independentes que teoricamente se mostrem mais relevantes para a formulação das hipóteses (SORIANO, 2004, p.62).
Ao realizar de maneira direta e ao ser necessária para o exercício de captação do
metabolismo das instituições, a pesquisa não-participativa assegura um grau de intervenção
mínima representado pela autonomia relativa do pesquisador frente ao objeto, ainda que sem
garantir o anonimato, aborda-se uma quantidade de variáveis circunscritas no universo da ação
socialmente verificável. Logo:
Estabelecidos os limites teóricos e conceituais do problema e o âmbito que abrange a pesquisa, segue-se a formulação do problema em termos operacionais, ou seja, a definição de relações e elementos específicos de acordo com o contexto específico histórico-social em que se analisa o problema. Para tanto, será feita a enunciação de causas e efeitos possíveis, das formas com que se apresenta o problema, de suas diversas manifestações e ligações e suas tendências prováveis (SORIANO, 2004, p.53).
Na determinação de certo número de amostra de IES compondo assim as unidades de
observação, foram tomadas como centrais para a escrita do artigo a FAMAM (Faculdade Maria
Milza), FADBA (Faculdade Adventista da Bahia) e SALT (Seminário Latino Americano de
Teologia) por detectar nestas a concentração de características fundamentais necessárias ao
estabelecimento da discussão.
DISCUSSÃO
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As Ciências Sociais derivadas do movimento intelectual operada no seio da modernidade
abre para Sociologia e para Economia Política, prerrogativas de interpretação que se coadunam
no contexto das relações sociais, principalmente, no que tange a avaliação do trabalho e do seu
lugar na modernidade. Assim, a instituição de ensino superior, ente que liga educação ao
trabalho, e onde se realiza um trabalho altamente qualificado como o trabalho docente, encontra-
se enquanto espaço formador de intelectuais.
No caso do Recôncavo Baiano vamos observar em especial o caso da FAMAM –
Faculdade Maria Milza – como polo de dinamização das classes sociais da região. E o caso da
Faculdade Adventista da Bahia, ao estudar o poder social da religião, erigindo uma nova ordem
de poder pela competência intelectual. Pontos derivados da investigação tendo no escopo da
observação os pontos de vista ideológico, filosófico, religioso e intelectual busca-se a relação do
profissional e do pensamento com a realidade social do Recôncavo contemporâneo. Num diálogo
estabelecido entre produção científica – capital intelectual – conhecimento e informação –
mercadoria.
Ao entender capital intelectual enquanto fonte de poder político e simbólico, econômico e
cultural tendo como consequência a capacidade do trabalho intelectual de gerar uma elite local –
no sentido de emancipação – e transformações na estrutura social, se faz necessário perceber a
complexidade dos processos sócio-históricos do capitalismo, mais bem evidenciada quando, por
exemplo, observamos eventos como a Colonização e a escravidão. Nesse sentido questiona-se:
A falta de braços era realmente a questão? Estava de fato vazio o mercado de trabalho? Qual era o projeto presente no imaginário das elites baianas? Quais as alternativas para resolver o problema da mão-de-obra? Por que a mão-de-obra se constituía num problema, era ele de natureza quantitativa ou qualitativa? (PASSOS DA CUNHA, 2000, p. 25).
Se numa abordagem sobre a questão social do trabalho vivido no Recôncavo no final do
século dezenove, início do século XX, Passos da Cunha (2000) aponta críticas para justificativas
como "inadequação tecnológica", "condições materiais" que determinavam o movimento da
massa de trabalhadores gerada a partir do fim da escravidão e sem encaixe na nascente sociedade
capitalista em modernização no Brasil, podemos dizer que na atualidade o movimento por busca
por melhores condições de trabalho e convive numa espécie de relação direta entre complexidade
da mentalidade do ser social, proporcional e relativa à busca por melhores salários.
Antes, o fluxo de intelectuais em formação em migração para Feira de Santana e Salvador
– polos de formação intelectual mais desenvolvidos, centros de consumo de lazer e moda,
inclusive comércio e serviços a exemplo da educação superior – mobilizavam a estrutura da
economia e da sociedade, da região em estudo, região que agora vive uma mudança estrutural de
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fundação de um projeto intelectual. O que nos faz produzir a expressão-pergunta: que "projeto de
futuro das oligarquias baianas" se apresenta para o Recôncavo?
Pensando em premissas sociológicas, Sérgio Miceli na introdução à obra de Pierre
Bourdieu, A Economia das Trocas Simbólicas (2009), apresenta um esquema teórico no qual
tem-se “um sistema de determinações da carreira escolar”:
a) ponto de partida do processo de reprodução – as classes definidas por características econômicas, sociais, culturais, morfológicas e demográficas, dotadas de um ethos e de um certo montante de capital econômico e cultural; b) os diversos graus do sistema escolar – primário, secundário, superior, etc. – com suas respectivas para cada classe ou fração de classe, sendo que, a cada etapa do processo, o aparelho de produção simbólica – no caso em pauta, o sistema de ensino – se encarrega de atualizar o sistema de determinações ligados à classes de origem em função do peso diferente que pode assumir um dado fator tendo em vista a estrutura dos fatores retidos pelo modelo construído no curso das diversos etapas mais elevadas dos cursos;[...]d) o ponto de chegada do processo de reprodução que estabelece as margens de possibilidades para a utilização profissional das qualificações obtidas no sistema escolar (MICELI, p. XLVIII, 2009).
A leitura social realizada em função da “estruturação das experiências escolares” como
“principio de estruturação de todas as experiências ulteriores” inclusive as “experiências
profissionais” nos dão mostra que são estas as que mais nos interessam como fim atingido no
processo da educação (MICELI, 2009).
Numa dialética entre condições materiais de existência e questões como “hereditariedade
cultural”, “futuro de classe”, “carreira”, “trajetória social”, o estudo se encontra com a Cultura
no sentido em que esta se apresenta enquanto um “sistema simbólico como a representação
alegórica do mundo natural e social” que notadamente por questões materiais e econômicas é
“dividido em termos de classes antagônicas, cumprindo, portanto, sua função político-ideológica
de legitimar uma ordem arbitrária”.
Logo, ainda, nas palavras de Miceli (2009) sobre o pensamento social francês de Pierre
Bourdieu, “a cultura, restringe-se, então à sua função de integração lógica e moral reproduzindo,
com materiais significantes próprios, a classificação social que reparte os homens pela
hierarquia”, gerando a exemplo da divisão de classes, uma espécie de ordenação material que
justifica a ordem social vigente. Entende-se, portanto, que a escolha das possibilidades de
formação profissional ofertada pelas instituições pesquisadas reflete de alguma maneira as
relações de classe existentes entre o mundo do trabalho e o mundo da produção local,
determinando assim a formação social a partir das oportunidades de formação profissional que
estes estabelecimentos vendem.
Assim, justifica-se a assertiva “ao perder a função de unificar, ou pelo menos, de tornar
possível a comunicação, a cultura recebe uma função de diferenciação” (BOURDIEU, 2009;
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p.220) como foi possível deduzir de Durkheim e a Divisão Social do Trabalho, bem como em
seus escritos sobre a Educação. Seguindo com Bourdieu (2009), é “como se a escola fosse um
império dentro de um império e como se a cultura encontrasse nela seu começo absoluto” logo,
no ensino superior podemos inferir que as formas da cultura estejam maduras de tal maneira que
o próximo passo, ao completar a etapa no sistema de ensino superior, seja o encaixe nos modos
de produção a partir do aproveitamento da força produtiva agora recentemente atualizada pela
potência do sistema de ensino-aprendizagem das instituições estudadas.
Instituições estas que são responsáveis não só pelo ensino da atividade produtiva, do
ofício da ação profissional, mas também responde pela “transmissão das normas, dos valores,
dos símbolos e das crenças, enfim da estrutura intermental sem a qual nenhuma sociedade pode
funcionar” (BOURDIEU, 2009). Funcionamento este que depende de um “treinamento” para
posterior ocupação de cargos e posições que demandam certo grau de educação – no sentido de
bildung6 – para o movimento econômico e desenvolvimento social numa sociedade burguesa que
demanda especialização de técnicos para serviços na indústria e na cidade.
Ao considerar a região enquanto um complexo em modernização, resultado de processos
de expansão do capital derivado de uma cultura “cosmopolita e transnacional”, o Recôncavo
preserva sua unidade político-econômica. Onde condições institucionais de formação apresentam
um cenário que
É constituído ou reforçado pelo sistema de ensino, profundamente marcado por uma história singular e capaz de modelar os espíritos discentes e docentes tanto pelo conteúdo e pelo espírito da cultura que transmite como pelos métodos segundo os quais efetua esta transmissão (BOURDIEU, 2009; p.227).
A pesquisa procurou, com as ferramentas – visitas para observação em campo e aplicação
de questionários –, encontrar a relação estabelecida entre os cursos oferecidos, sejam
bacharelados, licenciaturas nas respectivas áreas do conhecimento, a que respondem as
instituições, e as formas da cultura que se elaboram no seio da sociedade local, elaborando dos
resultados ou produtos derivados da execução da pesquisa, elementos que sejam capazes de
indicar avanços obtidos no conhecimento disponível.
A operação do sistema social que dissimulada do sistema de relações objetivas,
estabelece as práticas profissionais frente às condições materiais de existência, expressando uma
estruturação social definida historicamente demarcada, a exemplo, no jogo entre o burguês,
classes inferiores e classes médias. Num universo de determinações e variação entre posição e
6 Fundação (Gründung), (Gestaltung) constituição, (Erziehung) formação, educação, (Wissen) cultura, (Schulbildung) instrução. Auflage, PONS Standardwörterbuch Portugiesisch. Ernst Klett Sprachem GmbH, Stutgart 2007.
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situação mediada pelo “sistema de relações de produção”, seja a noção de “insegurança
econômica” – determinada pelas condições materiais – revela a natureza do funcionamento da
estrutura social capitalista na modernidade.
Assim, se a noção de trajetória do processo social – imagem da ideia de totalidade –
produz o que podemos considerar como “a crença no valor da educação como instrumento de
ascensão social,” revela-se então a expressão sistemática da realidade econômica e social, num
conjunto entre condição e posição estrutural numa relação hierárquica entre classes e grupos de
status que se reflete pela dominação da ordem econômica.
Marcos teóricos nortearam a pesquisa, como a "necessidade de divisões e grupamentos",
bem como a apresentação da "lógica de dominação econômica ou política" fundamentadas no
pressuposto da reprodução social que apoia a reprodução cultural. Tendo a sociedade enquanto
sistema de relações, operando através de categorias, sob a forma de "arranjos institucionais" que
se manifestam "tanto no plano da divisão material como no plano da divisão simbólica".
A relação entre os intelectuais e o mundo da produção não é imediata, como é o caso nos grupos sociais fundamentais, mas é "mediatizada" em diversos graus, por todo o contexto social, pelo conjunto das superestruturas, do qual os intelectuais são precisamente "funcionários". (GRAMSCI, 1982, p.10).
Observando nesse contexto teórico, as interações entre atividade social e estrutura no que
tange o sistema de ensino e as implicações entre classe e grupo social. Nesse sentido emergiu no
universo de categorias investigadas a noção de "trabalho intelectual". Que é o significado
conceitual da atividade da educação diante do funcionamento do processo social capitalista já
que se entende como o aperfeiçoamento técnico científico para o encontro com o mundo do
trabalho e da produção.
Dialogando a ideia de "instrução técnico cultural" com o trabalho docente, responsável
pelo processo de formação e especialização que modelam os grupos sociais, leva-se em
consideração sua "função essencial no mundo da produção econômica", que então, sendo assim:
Quais são os limites "máximos" para acepção de "intelectual"? É possível encontrar um critério unitário para caracterizar igualmente todas as diversas e variadas atividades intelectuais e para distingui-las, ao mesmo tempo e de modo essencial dos outros agrupamentos sociais? O erro metodológico mais difundido, ao que me parece, consiste em se ter buscado este critério de distinção no que é intrínseco às atividades intelectuais ao invés de buscá-lo no conjunto, ao que me parece, consiste em se ter buscado este critério de distinção no que é intrínseco as atividades intelectuais, ao invés de buscá-lo no conjunto do sistema de relações no qual estas atividades (e, portanto, os grupos que as personificam) se encontram no conjunto geral das relações sociais (GRAMSCI, 1982, p.10).
Não obstante, observa-se o processo em curso de expansão do sistema de ensino superior
na região em especial o de natureza privada, não só como representação do desenvolvimento da
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estrutura produtiva local, mas sim uma forma de continuidade histórica diante das “mais
complicadas e radicais modificações das formas sociais e políticas” observadas a partir das novas
dimensões do mundo do trabalho, bem como os avanços no setor tecnológico e educacional.
Dando margem à origem de intelectuais urbanos no sentido gramsciano, voltados à
indústria e para a produção, atendendo a necessidade dos projetos políticos e de dominação das
elites que na fundação da produção demandam a formação profissional a serviço do sistema
social estabelecido, gerando “um modelo social na aspiração de sua condição e de melhorá-la”.
Tendo como observar de maneira profunda e, como que, em Gramsci (1982) “a formação
dos intelectuais tradicionais é o problema histórico mais interessante. Ele se liga certamente à
escravidão (...) e à posição dos libertos (...) na organização social” temos um diálogo com a
situação histórica da região do Recôncavo e a partir de onde se pode inferir que os cursos
ofertados na região também são sintoma de uma lógica onde a formação social se representa no
contexto especifico da formação em nível superior.
Vendo que a relação entre economia e educação é base fundante dos processos sociais e,
principalmente, de organização da cultura passemos adiante na fundação de um pensamento que
no intuito de avançar no campo científico vai operacionalizando suas hipóteses com relação ao
problema de pesquisa proposto. Para tal utilizou-se nos questionários as variáveis sobre a
educação inspiradas no questionário do INEP7 sobre a educação superior, em censo realizado
pelo Governo Federal, levando em consideração os indicadores sociais que se articulam com a
educação para gerar referências empíricas para pesquisa.
A saber, deu-se foco em descobrir nas instituições, através do questionário aplicado,
pontos como o nº de cursos e suas modalidades, o nº de vagas, o tipo de processo seletivo,
duração média dos cursos e se possui ou não pós-graduação. Podendo com essas informações
traçar um perfil e delinear um retrato, ainda que parcelar, da região do Recôncavo, sobre as IES
privadas. Além de realizar em lócus visitas que pudessem permitir a observação no sentido de
infraestrutura e outros sintomas que condicionam o funcionamento das IES. Observação esta que
serviu de instrumento de análise qualitativa das unidades de amostra do processo de pesquisa
empírico.
7 INEP. “Sinopse da educação superior no Brasil”. 2009. (Disponível em www.inep.gov.br)
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Nesse universo de um recôncavo “afrobarroco”, derivado de um complexo processo de
organização social historicamente marcado pelo encontro de um grupo tradicional – os
ameríndios – que habitava a região pré-cabraliana, com as matizes de povos africanos
escravizados e europeus, asiáticos entre outras etnias importadas em instantes históricos
próprios. Distingue-se das outras regiões do estado, bem como da “Região Metropolitana de
Salvador, Litoral Sul, oeste e norte do estado.” Sobre a região estudada podemos dizer que
segundo Gustavo Falcón
O Recôncavo Baiano se impõe de forma ofuscante sobre as demais regiões do estado, seja qual for a forma com a qual nos aproximemos desse espaço. Seja qual for o prisma pelo qual o tema seja abordado. E isso é ais que compreensível. Fatores históricos, econômicos, sociológicos, políticos, administrativos e culturais contribuem para realçar a fisionomia do conjunto humano que se espalha nessa área litorânea, sublinhando a sua importância no contexto da formação baiana e sua influência no plano nacional (FALCÓN, 2012, p.21).
Levando em conta a “significação socioantropológica regional” identifica-se certa
hegemonia histórica na formação cultural do estado e que marcam suas relações político-
econômicas consequente de seu processo de exploração produtivo pelo capital. Comentando a
leitura de Costa Pinto sobre a região, Falcón sugere que o autor Sob um dos céus mais azuis do mundo, poetiza o sociólogo, a Baía de Todos os Santos abre a grande boca e alarga o fundo colossal, em cujo costeiro recortado, que tem um circuito de aproximadamente 200 quilômetros, abrem-se outras enseadas, esteiros, angras, sacos e lagamares. (...) É nesse anfiteatro que o autor localiza as cidades barrocas que os portugueses implantaram na América, fundamentalmente comerciais e eu dão sustentação a sua economia, a um modelo de sociedade e certo estilo de vida (FALCÓN, 2012, p.22).
Ainda no esforço de contextualização da pesquisa regional, com seus antecedentes
históricos e diálogos com as ciências sociais e humanas continuaremos com Falcón para ilustrar
que
Da mesma forma que a economia e a história – e de, alguma maneira, a sociologia – tratam as questões estruturais ligadas aos processos mais amplos, respondendo pela explicação da substituição do açúcar pelo petróleo, do trabalho escravo pelo assalariado, do multicolorido sistema flúvio-marítimo do saveiro pelo transporte ferroviário e rodoviário; a antropologia tem de olhar para os processos culturais ligados ao mundo simbólico, estabelecendo a correspondência e a dialética entre planos e promovendo uma leitura em diagonal do processo e da dinâmica da vida sociocultural. Da convivência, mesclagem, mistura e sincretismo que nem sempre aparecem como “precisões”, com a nitidez ilusória de apreciações de prancheta. Ao contrário: irrompem com frescor e confusão, desafiando a inteligência de todos, de forma lacunar e fragmentada. Demandando articulação e leitura crítica (FALCÓN, 2012, p.24-25).
Se nos lembrarmos que existe um número surpreendente que surge na página, o
contingente de cerca de 49 mil estudantes universitários baianos, distribuídos em 108
instituições. Nessa microanálise sócio-histórica, a região caracteriza-se por ser
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Nesse espaço onde o tradicional e o moderno se entrelaçam e onde permanentemente a criatividade artística e cultural inventa novas manifestações, a continuidade e a mudança sempre estiveram presentes, como forças que dinamizam o processo produtivo no campo material e simbólico. (FALCÓN, 2012, p.26).
Entre esses novos equipamentos culturais a FAMAM – Faculdade Maria Milza –
instituição de ensino superior, de natureza privada que apresenta relativo nível de interação com
a sociedade local, num sistema de ensino aprendizagem presencial, com cursos de duração média
de 4 anos, contemplando as modalidades de licenciatura, bacharelado e cursos de pós graduação
em nível de especialização, que tem ingresso por meio do vestibular, merece destaque no
organograma social da região no que diz respeito a seu viés de formação de profissionais em
nível acadêmico para áreas da saúde e com relevância operacional no sentido das licenciaturas
em ciências humanas, entendidas como ponto de partida para uma reflexão crítica da realidade
social vivida e as implicações históricas e políticas da região e seu contexto socioeconômico
atual, merecendo especial atenção a especialização em História e Cultura Afro-Brasileira,
Africana e Indígena que dialoga estreitamente com os dilemas étnicos expressos na região desde
sua origem até os dias atuais. Bem como o curso de Turismo que nasce aliado a vocação
cosmopolita e transnacional de que é dotada a região do Recôncavo Baiano.
Os recentes processos de modernização trouxeram novos dados ao caldeirão cultural do Recôncavo da Bahia: novas tecnologias, migrações secundárias, reordenação do espaço econômico, novos equipamentos, serviços, sonhos e utopias (FALCÓN, 2012, p.35).
Além dos bacharelados em ciências sociais aplicadas, ganha real valor no mercado a
formação de profissionais socialmente reconhecidos, e investidos de “prestígio e valor” como o
odontologista, o farmacêutico, o enfermeiro e o engenheiro biomédico na área de saúde. A
enfermagem ganha crédito na pós-graduação com vários desdobramentos, ressaltando seu
potencial de empregabilidade e renda para os profissionais formados nessa área. A questão da
docência em ensino superior é posta em debate em mais uma especialização oferecida pela
instituição o que representa um interesse na formação de docentes também para o nível superior
de ensino, chegando a ofertar 14 cursos lato-sensu, a FAMAM, como a pesquisa pode observar é
um conjunto de faculdades que reúne um complexo de ensino em diálogo com as necessidades e
potenciais da região que tem “suas atividades produtivas e cristalizações socioeconômicas
herdadas e fixadas numa tradição sub-regional.”
Do mundo escravista ao mundo capitalista, o Recôncavo Baiano não apenas acentuou a sua influência no espaço da economia e da cultura do estado, como também acrescentou a esse processo novas modalidades de hegemonia material e simbólica. (FALCÓN, 2012, p.39).
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De tal maneira contempla-se um universo intelectual de 11 cursos de graduação, que são
eles: Bacharelado em Ciências Humanas Administração e Ciências Contábeis, Licenciaturas em
Educação Física, Geografia, História e Pedagogia além dos Bacharelados em Enfermagem e
Farmácia, Odontologia, Biomedicina e Turismo. Dos quais se desdobra um corpus da Pós
Graduação que contém desde especialização em Acupuntura, Bioestatística, Ciências da
Atividade Física e da Saúde, Docência do Ensino Superior, Enfermagem do Trabalho,
Enfermagem Pediátrica, Enfermagem em Urgência, Emergência e Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), Farmacologia Clínica, Gestão Empresarial, Gestão de Pessoas até História e Cultura Afro-
Brasileira, Africana e Indígena, Psicopedagogia Institucional e Clínica, Saúde Coletiva - Com
ênfase em ESF, Segurança do Trabalho, Saúde e Meio Ambiente. Se ao falar em ensino superior
na região, no mínimo, a cargo de contexto dos investimentos em ensino acadêmico, comentamos
o caso da UFRB que inclui quatro campi e levou para a região a perspectiva de formação profissional e acadêmica para milhares de jovens. Seu impacto sociocultural e os efeitos positivos do empreendimento já começam a ser sentidos, devendo contribuir para um intenso processo de mudança social, com a elevação do nível cultural da juventude e os desdobramentos no campo de ensino, da pesquisa e da extensão. A Universidade Federal do Recôncavo tem ainda sentido integrativo mais forte, uma vez que vem promovendo em várias áreas do conhecimento a articulação da região com outras áreas onde estão implantadas universidades públicas, seja na Bahia, em outros estados e mesmo fora do país. (FALCÓN, 2012, p.36).
Seguindo o raciocínio de Falcón, então já que este nos brinda intelectualmente com seu
ensaio, Recôncavo afrobarroco a face hegemônica da Bahia, quando diz que
Em municípios que estavam em total lassidão, como é o caso de Cachoeira, São Félix e adjacências, esse tipo de equipamento cultural representou para a educação e as artes o que a Petrobras representou, em termos econômicos, para a Bahia na década de 1950 (FALCÓN, 2012, p.36).
Trecho destacado, porque aparentemente condiz diretamente com nosso objeto de
investigação, ainda que ele faça referência ao “equipamento cultural” da IES de natureza
público, nosso entendimento se faz de igual maneira ao interpretar o fenômeno no caso das
instituições que compõem o campo controlado pelo capital privado.
Mesmo em cidades que já haviam alcançado dinâmica própria, por conta de um desenvolvimento comercial e agrícola e de facilidades diante de algumas condições estratégicas e fluxos produtivos bem sucedidos, como é o caso de Santo Antônio de Jesus, o investimento no ensino superior significou um marco, um momento novo na história local8. (FALCÓN, 2012, p.36).
Dessa forma em primeiro momento a investigação procurou caracterizar e descrever essa
realidade em face dos novos mecanismos técnicos-operativos, acadêmicos-científicos – a
exemplo do alargamento das fronteiras do ensino superior na modalidade privada – operados no 8 Grifo nosso.
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interior da dinâmica produtiva e suas implicações no mundo do trabalho para sociedade local e
adjacências.
Um caso a parte nesta dinâmica territorial é FADBA – Faculdade Adventista da Bahia – e
o SALT – Seminário Latino Americano de Teologia, que respondem por um complexo
institucional de 5 cursos de nível superior ao todo e uma especialização não informada no
questionário respondido pela Instituição. Possuindo uma licenciatura, revestido num curso de
Pedagogia, a concentração em bacharelados desde a Fisioterapia, Enfermagem na área de saúde,
Psicologia e Administração em humanas e Teologia no campo de formação para orientação
religiosa incidem de peculiaridades o estabelecimento investigado.
Com uma oferta de 647 vagas, sendo 120 vagas para Pedagogia, 150 para Teologia e 100
para Enfermagem, mais 100 entradas para Psicologia, e 100 para Administração enquanto são
oferecidas 57 vagas para Fisioterapia, o ingresso assim como na FAMAM é realizado pelo
vestibular. Funcionando há mais de 5 anos, com duração média de 4 anos para a conclusão dos
cursos, as IES’s de natureza privada funcionam em regime de educação presencial, apontando
um nível relativamente baixo de interação com a comunidade local, exceto os que comungam do
mesmo universo religioso, a saber, uma das vertentes do protestantismo de viés adventista.
Ampliando o raio de percuciência da investigação vamos inter-relacionar a teoria social
clássica de ordem weberiana, por tratar de razões que se assemelham as características peculiares
do objeto em questão com os elementos empíricos distintivos da nossa pesquisa. Assim nos
colocamos o desafio de conseguir reunir elementos e argumentos, aspectos e observações que
possam elaborar uma crítica análise da realidade social do Recôncavo no que pese o recorte
empírico e sua singularidade e aproximação possível com fragmentos da obra A ética protestante
e o espírito do capitalismo, do sociólogo alemão Max Weber.
É preciso, então, tendo em vista a rigidez metodológica, contida no arcabouço da
investigação weberiana, encontrar o que vem a ser o chamado "geist" do sistema social moderno,
de onde se infere que a concatenação de traços históricos, econômicos, políticos e religiosos que
se aglutinam para dar uma forma sociológica bem acabada do que Weber denominará cultura
capitalista moderna. Já vimos acima esses elementos descritos, agora o que importa é saber onde
a formação social oriunda da orientação intelectual influenciada pelo poder da religião se
distingue da organização da cultura local tradicional frente as suas implicações.
Assim a emergência de um ethos próprio para o modo de vida de inteiros grupos
humanos tem por base uma sustentação histórica no desenvolvimento e renovação das formas do
trabalho além de contar com uma "habilidade peculiar de cálculo para obtenção de lucro" no
âmbito da atividade comercial. Essa caracterização para o pathos protestante no contexto da
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gênese e relações de causalidade que possibilitaram a expansão de tal "espírito do capitalismo",
que observa-se nas questões materiais e simbólicas que regem os adventistas, o que permite
perceber onde está a aparição de "um [novo] estado mental", uma cosmovisão que aceita-se e
melhor adapta-se as novas regras econômicas e políticas da sociedade em desenvolvimento, a
sociedade capitalista contemporânea.
A cosmologia protestante, puritana, calvinista entre outros segmentos possibilitou por
parte de seus seguidores a prática de uma espécie de "instinto de aquisição", aliado a doutrina do
ascetismo, determinaria segundo Weber o acúmulo por parte dos protestantes e explicaria seu
sucesso em relação aos católicos nos postos de trabalho e no processo de formação educacional
entre o gymnasium e os outros centros de formação acadêmica e técnica voltada para o mercado.
De forma que essa tal "fome de riqueza", baseada no espectro religioso, com o sustentáculo
intelectual, concretizou a passagem de uma consciência pré-capitalista para a "capitalista" que
segundo Weber afastar-se-ia das explicações de ordem materialista, consolidando-se enquanto
uma bela crítica ao materialista histórico.
Introduzimos assim o debate à lógica weberiana, temos o atrelamento da confissão
religiosa e estratificação social, de forma que os protestantes se desenvolveram economicamente
na direção de postos de trabalho elevados das grandes empresas, além de aparecerem
socialmente enquanto proprietários do capital, empresários formando uma espécie de camada
superior, e caracterizando-se também como mão de obra qualificada técnica ou comercialmente.
Ocorrendo assim, no interior da dinâmica capitalista baseada no trabalho, certa
reorganização da população em camadas sociais e profissionais segundo as suas necessidades. O
que por sua vez aparece enquanto causa, mas também consequência do fenômeno histórico em
estudo que é a redefinição das formas estruturais da organização sócio-econômica na
modernidade.
Do ponto onde se opera o rompimento de visão de mundo conservantista, dotada de um
arcaísmo para com a compreensão manifestação da modernidade na prática da vida social, no
que toca suas relações e modos operandi no bojo de uma passagem na qual “a reforma significou
não tanto a eliminação da dominação eclesiástica sobre a vida de modo geral quanto a
substituição de uma forma vigente por outra”. Logo, observa-se no conjunto de valores e ethos
que se elabora nessa “substituição” que por sua vez “penetrava todas as esferas da vida
doméstica e pública até os limites do concebível”, nos permitindo inferir das palavras de Weber
(1980, 2010) que com o trabalho não foi diferente, o que no nosso caso se representa no processo
de formação intelectual originado dentro de uma comunidade religiosamente orientada.
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No campo das doutrinas religiosas durante os períodos de dominação católica que
segundo os textos da ética, dão conta do século XV seguido pela dominação calvinista nos
séculos XVI e XVII ilustrando dessa maneira uma crítica a insuficiência de dominação
eclesiástico-religiosa, pois que nos seio da sociedade protestaniza se formularam as [classes
médias] “burguesas”. Atrelando diretamente a formação social a influência da cultura seja
intelectual e/ou religiosa.
Desencadeando assim a dominação cultural “consequência da superioridade estatística de
seu cabedal historicamente herdado” gerando diferentemente dos católicos, que geravam –
mestres artesãos –, o pathos protestante permitiu a formação de um grupo de trabalhadores que
podem vir a ser identificados como “operariados qualificados” e também ao passo ocupantes de
“postos administrativos” – dirigentes tecnicamente respaldados, o intelectual orgânico no sentido
gramsciniano elaborado no interior de grupos sociais específicos, que neste caso são os
protestantes – o que configura certa capacidade de liderança e por sua vez possibilidade de
emergência da classe dominante através da dominação do processo produtivo.
Entendendo todo esse processo como resultante de uma “peculiaridade espiritual
inculcada” que possibilitou a “escolha da profissão pela educação” num tipo de “destino
profissional”, o que sobremaneira concretiza o “racionalismo econômico”, e que por sua vez se
distingue do “materialismo”, pois que se baseia na “secularização dos conteúdos da vida”
(WEBER, 2010). Sendo assim avistamos como e porque os protestantes podem ser entendidos
como “detentores do desenvolvimento industrial moderno”. O que se revela na instituição
adventista como pioneirismo há mais de 30 anos que se desenvolve na região.
A compreensão do real vem com o estabelecimento do construto epistemológico posto
entre objeto, sentido e explicação. O espírito do capitalismo, imbuído da natureza do objeto,
revela o objetivo conceitual posto entre a individualidade histórica e a significação cultural – o
fenômeno histórico – apresentado, ou seja, o que compõem o corpus de “conexões genéticas
concretas” dando aspectos que delineiam caracteres que imperam no sistema social como:
“avareza, crédito, interesse, posses, dever” passam a definir a “essência da coisa” como um jeito
de ser em função de um “ethos do ganho” que cristaliza o leitmotive do “utilitarismo”
(WEBER,1980, 2010).
Essa índole pode ser apontada como razão para o sucesso do empreendimento
educacional, se observar que a instituição funciona em regime de empresa, comercializando a
educação e o trabalho docente. Dessa maneira recorremos ainda ao conceito de vocação em
Lutero bem como a racionalização para explicar o processo em observação.
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A tentativa de descrever o racionalismo econômico como a feição mais destacada da vida econômica como um todo tem sido feita particularmente por Sombart, muitas vezes através de observações judiciosas e efetivas. Justificadamente, sem dúvida, se por isto se entender a extensão da produtividade do trabalho que, através da subordinação do processo de produção a pontos de vista científicos, o tem aliviado de sua dependência das limitações orgânicas naturais ao indivíduo humano. Este processo de racionalização no campo da ciência e da organização econômica determina indubitavelmente uma parte importante dos ‘ideais da vida’ da moderna sociedade burguesa. (WEBER, 1980, p.203).
Ampliando o campo de visão da elaboração, tanto para a epistemologia, quanto para a
metodologia, vemos o pensamento sociológico apontando para investigação do processo de
interação e desenvolvimento social em questões com bases na objetividade científica na
determinação de relações entre religião e realidade social ao passo que se vê também a
emergência do trabalho e da economia como normas centrais da cultura capitalista
contemporânea.
O trabalho a serviço de uma organização racional para o abastecimento de bens materiais à humanidade, sem dúvida, tem-se apresentado sempre aos representantes do espírito do capitalismo como uma das mais importantes finalidades de sua vida profissional. Basta, por exemplo, ler a relação que faz Franklin dos seus esforços a serviço dos melhoramentos comunais em Filadélfia para compreender claramente esta virtude óbvia. (...) Similarmente, ela é uma das características fundamentais de uma economia capitalista individualista, racionalizada com base no cálculo rigoroso, dirigida com previsão e atenção para o sucesso econômico que é procurado, em chocante contraste, com a precária existência do camponês e com o tradicionalismo privilegiado do artesão da guilda e do ‘capitalismo aventureiro’, orientado na exploração de oportunidades políticas e na especulação irracional. (WEBER, 1980, p.203).
Assim fundindo argumento e conceito, categorias e método, nos encontramos diante de
um quadro da consolidação do tempo em que a História reaparece com pressuposto para a teoria
sociológica clássica além de remontar os pontos de interpretação sobre bases onde uma tal
sociologia da religião toma forma de projeto intelectual que fundamenta tanto o trabalho como as
condições materiais a partir do estudo dos fenômenos da vida religiosa para explicar a expansão
da economia capitalista em variados contextos e sob formas peculiares, como no nosso caso da
comunidade de adventistas no Recôncavo da Bahia.
A busca por uma compreensão da conduta econômica dos indivíduos em relação à ética
protestante, especialmente a adventista. O que para Weber estabelece uma relação de causalidade
entre a prática religiosa e acumulação de capital, formação intelectual e a postura de alguns
empresários adeptos a seitas puritanas contribuindo com operações no sistema produtivo e no
mundo do trabalho para a consolidação do sistema econômico vigente na modernidade.
Afirma-se então que as instituições capitalistas como a instituição de ensino superior
privado, em estilo grande empresa, constituem a prova objetiva da racionalização do sistema
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qualificado por modelos precisos e eficientes. O que nos falaz lembrar sobre a situação da
universidade as palavras de Marilena Chauí9 (2001) que nos diz que "está estruturada segundo o
modelo organizacional da grande empresa, isto é, tem o rendimento como fim, a burocracia
como meio e as leis do mercado como condição."
Nessa relação das condições sociais e religiosas favoráveis ao capitalismo do “tipo
típico” ocidental, verifica-se este enquanto especifico frente análises da China, Índia ou em
países que praticam judaísmo. Problematizando atitude peculiar em relação ao trabalho e suas
implicações na arena da religião, doutrinamento do trabalho a Deus, além de apontar o êxito
econômico como símbolo de escolha para salvação, assim o trabalho se torna indubitavelmente o
meio pelo qual se chega ao salvador.
Possuindo então no individualismo uma espécie de derivação psicológica que favorece a
consolidação com o “compromisso eterno” posto diante da fé e que só se alcança diante da
superestima do trabalho, desse jeito temos em Weber um apurado senso critico que busca
demonstrar a relação direta entre atitude religiosa e o comportamento econômico que a
instituição em questão é um sintoma objetivo deste construto teórico metodológico.
Poderia, assim, parecer que o desenvolvimento do espírito do capitalismo seria melhor entendido como parte do desenvolvimento do racionalismo como um todo, e poderia ser deduzido da posição do racionalismo quanto aos problemas básicos da vida. Nesse processo, o protestantismo deveria apenas ser considerado à medida que se constituiu num ‘estágio historicamente anterior’ ao desenvolvimento de uma filosofia puramente racional. Qualquer tentativa séria, porém, de desenvolver esta tese evidencia que um modo tão simples de colocar a questão não daria resultado simplesmente por causa do fato de a história do racionalismo apresentar um desenvolvimento que absolutamente não segue linhas paralelas nos vários setores da vida. (WEBER, 1980, p.203).
A direção dos interesses individuais depende do compartilhamento coletivo de uma visão
de mundo e da conduta econômica numa tal gestão consciente e interessada dotada de
especialização na exploração, agência e manipulação dos “bens de salvação” que sobremaneira é
o que se vê na organização daquela comunidade religiosa. E o trabalho como eixo que força, que
transforma o ideal em real, justifica, regula e normatiza as condutas sendo a chave explicativa do
todo que se elabora em torno do modelo de vida que permite conhecer as práticas e as
motivações que as antecedem bem como as ordens e os elementos que compõem o capitalismo
enquanto cultura, parte dum fenômeno histórico moderno e sociológico, pois, que se entrevê no
que sobra da obra de Max Weber as fontes de manutenção do sistema de reprodução social que
persevera no organograma do ocidente, o capitalismo em suas metamorfoses.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 9 CHAUÍ, Marilena. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Ed. Unesp, 2001.
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A caracterização de uma parcela do sistema de ensino superior privado no Recôncavo da
Bahia, permitindo descrever o funcionamento do ensino superior no interior da Bahia, bem como
diferenciar o setor no público e privado, traçar contornos da formação de mão de obra para o
mercado de trabalho elencando, capacitação e qualificação como face do setor produtivo e sua
influência e relação com a formatação social no contexto das classes sociais, foi realizada, na
expectativa de lograr êxito, no intuito de colaborar para o aprofundamento da visão analítica
sobre a realidade social sustentada em sólidas bases empíricas.
Retornando em certa medida ao debate de Antunes (2000) sobre o lugar da ciência
enquanto força produtiva, reavaliando a relação entre trabalho e avanço técnico-científico em
âmbito regional, no contexto do ensino superior, revelando a ciência, no sentido de produção de
conhecimento e capital intelectual e cultural, como determinada por bases materiais, sob as
quais, se vive uma espécie de tecnologização da ciência nos termos do pensador húngaro István
Mésáros.
A expansão do trabalho intelectual, e sua aplicação sob a forma de serviços e bens
imateriais, como a educação, são reflexos da esfera informacional no sentido de forma-
mercadoria do trabalho na atual era do capital, enquanto produção de valor para o conteúdo do
trabalho, apresentando assim transformações nas práticas de exploração do capital que se imbrica
e metamorfoseia numa lógica na qual a noção ampliada de trabalho e de produção de
mercadorias e de capital, se apresenta como tendência do trabalho intelectual abstrato no
contexto de gestação de conhecimento, inovações para a produção de mercadorias e novas
formas de capitais, apropriando as “capacidades cognitivas” alienando a subjetividade do
trabalhador a alguma atividade especializada em função do sistema produtivo. O que permite
justificar, na atualidade, cada vez mais a dependência entre os processos de produção do trabalho
intelectual com as demandas do mundo da produção já que o trabalho vem a se tornar cada vez
mais intelectual e assim não é diferente na região investigada. É preciso, de fato, relatar as
implicações da realização de um trabalho de natureza teórica-empírica no que pese a coleta de
dados específicos através dos quais se foi possível articular teorias que, no diálogo entre as
Ciências Sociais e a Economia, pudessem dar conta do problema proposto. Sem falar na
resistência das instituições procuradas em colaborar com a realização da pesquisa. No mais,
ressalto a necessidade de que se fosse possível ter havido mais tempo para ampliar os
referenciais empíricos e alargar o horizonte da pesquisa que por conta da amplitude do universo
de unidades de observação ficou concentrada num número reduzido de amostras, as quais
poderiam ser em numero bem maior.
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A ausência da realização de trabalhos técnicos no contexto da pesquisa, por ventura de
desajustes no quesito cronograma de produção de conhecimento e capacidade de apresentação de
resultados no decorrer da pesquisa, sem falar em um período de 12 meses onde a regularidade do
funcionamento da instituição onde foi gestada a pesquisa, inviabilizou em maior grau a
organização das atividades planejadas como seminários e simpósios sobre o tema em questão.
Aliás o que por demais inviabilizou a relação teórico-prática do processo de pesquisa foi a
burocratização do acesso as informações desejadas frente as instituições. Logo, ao passar do
tempo, a pesquisa reconheceu as limitações processuais do seu desenvolvimento, desdobrando-se
no presente artigo.
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