A Antropologia no Ensino Médio: uma análise a partir dos livros didáticos
ANALISANDO ABORDAGENS DE LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA E CIÊNCIAS SOBRE EDUCAÇÃO ALIMENTAR
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X Encontro Nacional de Educação Matemática
Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010
Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica
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ANALISANDO ABORDAGENS DE LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA E
CIÊNCIAS SOBRE EDUCAÇÃO ALIMENTAR
Luciana Rufino de Alcântara
Universidade Federal de Pernambuco [email protected]
Carlos Eduardo Ferreira Monteiro Universidade Federal de Pernambuco
Liliane Maria Teixeira Lima de Carvalho Universidade Federal de Pernambuco
Resumo: A necessidade de quebrar o paradigma da separação das áreas de conhecimentos tem motivado iniciativas de interdisciplinaridade. Algumas delas são desenvolvidas a partir de temáticas que perpassam diversas disciplinas, tal como é o caso da Educação Alimentar.
Neste artigo nós analisamos se/como livros didáticos do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental apresentam itens relacionados à Educação Alimentar. Discutimos resultados
de análise de livros de Ciências Naturais e Matemática, aprovados pelo PNLD 2007. Foram livros de coleções utilizadas em escolas públicas da rede municipal de Vitória de Santo Antão em Pernambuco. Analisamos todos os itens dos livros didáticos e também
textos explicativos e constatamos que o quantitativo de itens vinculados à Educação Alimentar nesses livros é bastante pequeno. Apenas um dos livros de Ciências analisados,
traz itens interdisciplinares e propõe reflexões amplas sobre a temática em foco, no entanto em quantidade insatisfatória. Quanto aos livros de Matemática, eles apenas utilizam nomes e ou figuras de alimentos para ilustrar o trabalho com quantidades, mas não o exploram na
atividade. Palavras-chave: Educação Alimentar; Ciências Naturais; Educação Matemática; Livro
Didático.
INTRODUÇÃO
Os processos de ensino e de aprendizagem seriam mais eficazes se os educadores
propusessem situações problemas a partir do meio social dos estudantes, de processos
históricos de sua família e de seu país, visando formar pessoas críticas e que compreendam
seus direitos e deveres (GHIRALDELLI JR, 2002).
Um dos direitos sociais definido pela constituição de 1988 é a saúde (MORAES,
2006). Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1997) concebem como
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estado de saúde o equilíbrio dinâmico do corpo em seus fatores psíquicos, sociais e físicos.
Uma alimentação saudável e balanceada é uma das condições para se ter saúde física.
Os problemas de desnutrição e subnutrição causados tanto pela falta de alimentação
quanto de uma alimentação inadequada, são problemas presentes em grande escala no
Brasil e que causam prejuízos físicos e sociais (SANTOS, 2006).
Existem diversos fatores que contribuem para a carência nutricional de muitos
brasileiros e o principal deles é a falta de recursos financeiros para que as pessoas possam
adquirir alimentos de boa qualidade e em quantidade suficiente (COSTA, 2001).
Entretanto, é preciso também destacar outros fatores que contribuem para muitas pessoas
não desfrutarem de uma alimentação adequada, como por exemplo, o papel da mídia, e a
falta de informação e de hábitos alimentares saudáveis.
Quanto à desinformação sobre alimentação saudável, a escola tem um papel
essencial. A lei nº 11.346 de 2006 criou o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional – SISAN – e no seu artigo 1º parágrafo segundo prescreve que se constitui
dever do poder público respeitar, proteger, promover, prover, informar, monitorar,
fiscalizar e avaliar a alimentação adequada (BRASIL, 2006a).
Ponte (2005) enfatiza a importância das escolas trabalharem visando formar
crianças investigadoras de temas que tenham relevância para suas vidas. Segundo Oliveira
(2007) os livros didáticos podem ser um importante material de apoio aos educadores bem
como aos estudantes, e sendo assim pensamos que eles poderiam contribuir para o trabalho
pedagógico nessa perspectiva de instigar as crianças à investigação sobre temáticas
importantes e interessantes para as suas vidas.
Neste trabalho, nós analisamos conteúdos de livros didáticos do quarto e quinto
anos do Ensino Fundamental relacionados à Educação Alimentar. A pesquisa investigou se
o tema Educação Alimentar é tratado de maneira interdisciplinar nos livros de Matemática
e Ciências Naturais e se/como os livros tratam do tema alimentação, identificando em
termos quantitativos a abordagem dessa temática por cada livro no âmbito dos conteúdos
curriculares.
Decidimos por investigar os livros de quarto e quinto anos do Ensino Fundamental
porque são livros destinados a crianças que talvez já possam maior consciência de sua
responsabilidade e autonomia com relação a seus hábitos alimentares.
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Analisamos livros de Matemática e Ciências, pois gostaríamos de contrastar uma
área na qual o conteúdo está diretamente vinculado e outra na qual em termos de “senso
comum” não teria uma vinculação direta. Por exemplo, D’Ambrósio (2003) critica o fato
de muitas vezes, as aulas de Matemática funcionarem de forma isolada da realidade
extraclasse.
O ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
Lima (2008) afirma ser importante o ensino das ciências não limitar-se a conteúdos
disciplinares, mas sim, em discutir diversos temas sociais, tecnológicos e científicos de
forma interligada com outras áreas do saber.
Os conhecimentos matemáticos são exigidos das pessoas na sociedade atual para
que sejam inseridas no mercado de trabalho ou para que compreendam as informações
veiculadas na mídia. Porém, Oliveira (2007) afirma que o ensino de Matemática ainda é
pouco acessível para a maior parte da população.
D’Ambrósio (2003) critica o fato de aulas de matemáticas funcionarem como um
canal de televisão que se desliga ao final da aula, e de ser como se a aula fosse algo
separado da realidade extra-classe. Ele enfatiza que em geral, que no ensino da Matemática
é ignorada a dimensão política, e para muitos a Matemática é independente do contexto
cultural. A Matemática sendo trabalhada dissociada da realidade pode não ser vista como
algo importante para os estudantes.
Um aspecto importante do ensino da Matemática e das Ciências é como articular os
diferentes conteúdos numa perspectiva interdisciplinar que se fundamente em trocas
fecundas entre os especialistas de cada área para que de fato promovam uma interação das
diferentes áreas de conhecimento num projeto comum (CRUSOÉ, 2003). Muitos
professores de Matemática encontram dificuldades para trabalhar de maneira
interdisciplinar, e muitos têm um conceito distorcido de interdisciplinaridade (OLIVEIRA,
2007).
Segundo Crusoé (2003) a educação escolar visa entre outras coisas, formar pessoas
aptas a atender as necessidades do mercado de trabalho e a interdisciplinaridade pode
contribuir para a formação das pessoas para enfrentar as demandas do mercado atual.
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Sendo o livro didático um recurso tão utilizado nas escolas, pensamos ser importante ele
auxiliar os professores nesse sentido.
No decorrer de sua história o livro didático veio se transformando ou expandindo
sua função. Inicialmente ele era destinado ao professor, para que o mesmo estudasse os
conteúdos básicos que posteriormente deveriam ser transmitidos para os alunos. Já nos dias
atuais o livro é direcionado tanto para os professores quanto para os estudantes
(OLIVEIRA, 2007).
Alguns estudos denunciaram a má qualidade de livros didáticos em alguns fatores
como erros conceituais, preconceitos étnicos, entre outros. Portanto, na década de 1990, o
Ministério da Educação adotou algumas medidas para avaliar a qualidade dos livros
didáticos. Assim, os livros ou manuais didáticos precisam estar de acordo com as
exigências feitas nos documentos que regem o contexto atual da Educação (OLIVEIRA,
2007).
EDUCAÇÃO ALIMENTAR NOS LIVROS DIDÁTICOSANALISADOS
Nosso trabalho teve como objetivo analisar livros didáticos de Matemática e
Ciências aprovados pelo PNLD 2007 - Programa Nacional do Livro Didático (BRASIL,
2006b). Escolhemos para nossa análise livros de coleções utilizadas em escolas públicas do
município de Vitória de Santo Antão. Foram analisados os livros didáticos de Matemática
do 4º e 5º anos da Coleção Caracol (MARISCO, 2004); o livro didático de Ciências do 4º
ano da Coleção Projeto Pitanguá (CRUZ, 2005) e o livro didático de Ciências do 5º ano da
Coleção Ponto de Partida (CARVALHO; SAMPAIO; ENGELSTEIN, 2005).
Através de uma leitura de todos os itens de cada um dos livros, identificamos quais
aqueles que teriam algum tipo de vínculo com a Educação Alimentar. Após essa
identificação inicial, realizamos uma análise detalhada de como esses itens estavam
associados à Educação Alimentar (se propunham uma reflexão ampla sobre Educação
Alimentar ou tratavam de aspectos biológicos) e se existia uma proposta de abordagem
interdisciplinar. Analisamos também como os itens eram propostos graficamente,
procurando identificar se havia alguma forma de estereótipo no uso de figuras ou fotos ao
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tratar da temática alimentação. Estabelecemos uma análise comparativa entre livros da
mesma área, mas de coleções e/ou séries/anos diferentes.
Foram analisados 876 itens distribuídos de acordo com os dados apresentados na
Tabela 1.
Tabela 1 – Distribuição do total de itens analisados nos livros didáticos pesquisados
LIVROS DIDÁTICOS NÚMERO DE ITENS
Ciências 4º ano 79
Ciências 5º ano 37
Matemática 4º ano 351
Matemática 5º ano 409
TOTAL 876
Foram identificados 15 itens relacionados à Educação Alimentar apenas nos livros
didáticos de Ciências. Esses referidos itens representaram cerca de 2% do total dos itens
dos livros analisados. Desses 15 itens, apenas 5 tratavam desse tema de maneira
interdisciplinar.
Apenas 4 itens dos textos explicativos desses livros tratam do tema alimentação
com abordagem ampla. Quanto às figuras ilustrativas a respeito desse tema, todas as que
encontramos eram claras e de boa qualidade, mas como veremos no exemplo da Figura 5,
em sua maioria não são muito exploradas pelas propostas dos livros.
Apresentaremos a seguir alguns exemplos de itens extraídos dos livros didáticos
analisados. Iniciaremos com os de Ciências, por terem sido esses apenas os que
apresentaram abordagens sobre Educação Alimentar; na sequência, apresentaremos os de
matemática. Após cada exemplo, discutimos os itens com base nas categorias utilizadas na
pesquisa.
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Ana Maria fo i com a mãe ao mercado. Elas compraram alimentos para as refeições do dia:
- Faça em seu caderno uma lista com os nomes dos alimentos que Ana Maria e sua mãe deveriam levar
para o jantar, a fim de conseguirem uma d ieta equilibrada nesse dia.
- O que a família de Ana Maria deve fazer para prevenir a obesidade?
Figura 1: Exemplo de item relacionado à Educação Alimentar retirado do livro didático do 4º ano do Projeto Pitanguá (CRUZ, 2005).
Consideramos que o item apresentado na Figura 1 tem propósito para Educação
Alimentar e trás abertura para uma discussão em saúde. Porém, restringe o foco à
perspectiva biológica da temática.
a) Quais nutrientes estão presentes nas guloseimas?
b) Você já deixou de almoçar porque estava sem apetite de tanto comer guloseimas?
c) É saudável trocar uma refeição por guloseimas? Por quê? Figura 2: Exemplo de item relacionado à Educação Alimentar retirado do livro didático do 4º ano do Projeto Pitanguá (CRUZ, 2005).
O item da Figura 2 propõe uma reflexão ampla sobre Educação Alimentar,
abordando a relação entre saúde e o consumo de guloseimas.
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Biscoito
Data de fabricação: 10 de janeiro de 2005.
Válido até 10 outubro de 2006.
Após aberta a embalagem, consumir em até 7 d ias.
Margarina
Data de fabricação: 2 de outubro de 2005.
Validade: 2 de abril de 2006.
Após aberto, manter na geladeira e consumir em
até 3 meses.
a) Qual é o alimento com maior prazo de validade? Qual é o alimento com menor prazo de validade?
b) Qual é o menor prazo de consumo entre os alimentos acima?
c) Além de ficar atentos ao prazo de validade e de consumo, devemos tomar cuidado com a higiene no
preparo dos alimentos. Cite dois desses cuidados.
Figura 3: Exemplo de item relacionado à Educação Alimentar retirado do livro didático do 4º ano do Projeto Pitanguá (CRUZ, 2005).
Consideramos que o item apresentado na Figura 3 tem uma abordagem
interdisciplinar, pois, instiga o estudante a trabalhar conceitos matemáticos no contexto da
Educação para Alimentação. Além disso, o item propõe que o estudante perceba que todos
os alimentos industrializados devem ter informações quanto ao prazo de validade, prazo
máximo para ser consumido após a embalagem ser aberta. Esse aspecto do item analisado
propõe uma conexão entre conhecimentos sobre medidas de tempo e procedimentos para
consumo de alimentos na vida cotidiana.
O livro didático do 4º ano do Projeto Pitanguá traz algumas questões interdisciplinares,
como vimos na Figura 3, e traz também informações concernentes à Educação Alimentar.
Quanto às ilustrações que têm um propósito para educação alimentar, consideramos todas
de boa qualidade, pois, são apresentadas de forma clara, podendo auxiliar os estudantes na
compreensão dos problemas e ajudando-os a construir uma relação entre saúde e consumo
de alimentos.
O exemplo apresentado na Figura 4 (abaixo) foi retirado do livro de Ciências do 5º
ano da coleção Ponto de partida (CARVALHO; SAMPAIO; ENGELSTEIN, 2005).
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Ana Beatriz se alimenta para obter a energia e os materiais de que seu corpo precisa para viver e crescer.
Mas, como será que ela obtém isso do arroz, do feijão, da carne e da batata?
Figura 4: Exemplo de item relacionado à Educação Alimentar retirado do livro didático do 5º ano
da Coleção Ponto de Partida (CARVALHO; SAMPAIO; ENGELSTEIN, 2005).
Como observamos na Figura 4, podemos dizer que ela poderia contribuir para uma
reflexão ampla sobre Educação Alimentar, entretanto essa informação não foi explorada. O
item não aborda aspectos sociais nem faz uma interligação com a problemática da saúde.
Não consideramos que esse livro tenha contemplado com qualidade o tema proposto no
nosso trabalho.
Apesar dos livros didáticos de Matemática que fizeram parte de nosso estudo não
apresentarem itens relacionados à Educação Alimentar, consideramos relevante introduzir
um exemplo de item retirado de cada um para mostrar a forma como os alimentos são
abordados. O item da Figura 5 foi retirado do livro didático de Matemática do 4º ano da
Coleção Caracol (MARISCO, 2004).
Observe a tabela de sorvetes de uma lanchonete.
Responda em seu caderno:
a) De quantas maneiras você pode tomar sorvete nessa lanchonete?
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b) Quais são elas? Construa a tabela.
Figura 5: Exemplo de item envolvendo alimentos retirado do livro didático de Matemática do 4º
ano da Coleção Caracol (MARISCO, 2004).
Como pode ser observado na Figura 5, o sorvete enquanto alimento não é explorado
na atividade, serve apenas como contexto para a resolução de problemas quantitativos. Do
total de 351 itens analisados nesse livro apenas 7,4% se referem de alguma forma a
alimentos, mas todos o utilizam sem intenção para educação alimentar, apenas como
contexto para a resolução de problemas, como constatamos nesse exemplo da Figura 5.
Dessa maneira, Consideramos que esse livro não contribui para uma perspectiva
interdisciplinar sobre o tema Educação Alimentar.
Numa análise ao livro didático de Matemática do 5º ano da Coleção Caracol
(MARISCO, 2004), observamos que ele trás itens relativos ao tema de estudo nessa
pesquisa, no entanto, de forma similar ao livro do 4º ano, também aborda aspectos dos
alimentos apenas com fins quantitativos.
Luana e três amigas compraram uma pizza grande para o lanche. A pizza foi divid ida em 8 fat ias iguais e
cada menina comeu 2 fatias. Que fração da pizza cada menina comeu?
Figura 7: Exemplo de item envolvendo alimentos retirado do livro didático de Matemática do 5º
ano da Coleção Caracol (MARISCO, 2004).
Conforme problema apresentado na Figura 7, o contexto envolve um alimento –
pizza – no entanto, o alimento é utilizado apenas como contexto para a quantificação. A
propósito, nós poderíamos enfatizar que o consumo de pizza poderia ser discutido em
relação à saúde alimentar. Por exemplo, o que significaria para uma criança que se
encontra acima do seu peso ideal lanchar duas fatias de pizza de tamanho grande? Não se
problematiza o uso dos alimentos a partir de uma perspectiva interdisciplinar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos o quantitativo de itens vinculados à Educação Alimentar nos livros
didáticos analisados bastante pequenos, dada a relevância do tema para a formação dos
cidadãos.
Porém, observamos que o livro de ciências do quarto ano que analisamos já
apresenta alguns itens que se enquadram numa proposta coerente com as políticas
educacionais atuais, embora ainda possa melhorar em alguns pontos, ampliando, por
exemplo, o número de itens que abordem essa temática em termos amplos e nnuma
perspectiva interdisciplinar.
Constatamos que os livros didáticos de matemática analisados não tratam o tema
Educação Alimentar, o que representa uma limitação para o ensino dessa disciplina numa
perspectiva interdisciplinar.
Para aprofundarmos as consequências de abordagens como essas apresentadas nos
livros didáticos analisados neste estudo, outros estudos poderiam investigar junto aos
alunos se os mesmos realmente estabeleceriam conexões interdisciplinares a partir de itens
que contemplassem o tema Educação Alimentar.
REFERÊNCIAS
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/Lei/L11346.htm> Acesso em 28 maio 2009.
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Matemática, Ensino de 1a à 4a série. Brasília, MEC/ SEF, 1997.
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