Alguns apontamentos sobre a traduçom galega da General Estória do rei Afonso X, o Sábio
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Revisla de Lelras - UTAD
n.o 4, 1999, pp. 49-66
Alguns apontamentos sobre a tradul;om galega da General Estoria do rei Afonso X, 0 Sabio
Jose Henrique Peres Rodrigues
Universidade de Vigo
No ultimo quartel do sec. XIII iniciava-se, sob a direcyom do rei castelhano
Afonso X, 0 Sabio, a compilayom e elaborayom de umha obra de tamanho e
aspirayoes descomunais em que se pretendia recolher toda a hist6ria escrita da
humanidade. 0 resultado de tal empresa vai ser a conhecida como General
Estoria, urn manuscrito em prosa em que se narra desde as origens mesmas do
mundo, tiradas como era l6gico dos capitulos do Genese, ate a sua pr6pria
epoca. Escrita em castelhano originalmente, esta obra conta tambem com duas
traduyoes para 0 galego-portugues medieval, umha gal ega e a outra portuguesa.
A portuguesa conserva-se apenas em fragmentos isolados que forom resgatados
polo P. Avelino da Costa na Torre do Tombo; mas a traduyom galega, anterior,
realizada a comeyos do sec. XIV, alcanya toda a primeira parte da obra, em
conjunto seis livros e meio que compreendem em total uns 153 f6lios.
Desconhece-se 0 nome do autor da traduyom' , ainda que se suspeita por
umhas anotayoes a margem situadas na parte final do manuscrito que se poderia
tratar de urn desconhecido N uno Freyre.
Neste pequeno trabalho pretendemos analisar a presenya de certos
castelhanismos' nessa traduyom para, a partir dai, contribuir a detellllinar quais
foram as relayoes entre 0 galego da Galiza e 0 castelhano neste periodo ever
ate que ponto estava afectado ja nessa epoca 0 galego da Galiza pol a pressom
castelhana.
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Analise de Variantes
Procederemos em primeiro lugar a mostrar aqueles casos em que
expressoes originariamente galegas convivem com expressoes castelhanas para
a representayom de urn mesmo significado ao longo da obra, tentando advertir
se existe algurn valor acrescentado nas expressoes castelhanas ou se a sua co
presen\\a e mostra quer simplesmente de urn processo de substituiyom sem
repercussoes sincronicas do ponto de vista semantico quer de urn processo de
"excesso de fidelidade" ou urn descuido por parte do tradutor. A este respeito e
necessario ter em conta qual era a considerayom que as pessoas da epoca merecia
a relayom entre 0 castelhano e 0 galego-portugues, romances em que, como
sinala 0 professor Jose Luis Rodrigues (1983: 8), "dada a (sua) similitude
estrutural, na epoca muito mais acusada que na atualidade, so estamos em
situayao de detectar alguns castelhanismos lexicais, ou porventura morfologicos,
com base indispensavel na fonetica rustorica". 0 certo e que, em qualquer
caso, existia sem duvida consciencia plena da diferenya linguistica, 0 que se
pode advertir em certos trechos de que falaremos depois, mas tambem e certo
que 0 caracter e funyom de Ifngua nacional e desenvolvido quase exclusivamente
polo latim, sobretudo no caso galego: " ... et este libra no achamos queo ajamos
traslladado os latynos do arauigo eno nosso". (134, 7)3. As diferentes Ifnguas
ramanicas percebe-se como correspondia cIaramente urn caracter dialetal ou
de "lenguages": " ... et alcfar eno arauigo tanto quer dizer ena nossa lenguage
como amarelos" (279, 19-20).Asituayom seria comparavel a que se da hoje no
mundo arabe, onde 0 arabe cIassico, que desenvolve a funyom de lingua
nacional, nom e compreendido pola maioria da populayom, falante de diversos
dialectos surgidos a partir dessa lingua. Destarte, muitas vezes 0 autor precisa
de fazer esclarecimentos como este: " ... foy dita esta palaura, que diz asi eno
noso laty: 'Ego som dominus deus tuus qui aduxite de ur caldeorum' et esto
quer dizer asi eno noso lenguage: ... " (148, 34-35). Tudo isto serve-nos para
situar-nos mentalmente na epoca e compreender 0 canlcter que tinham os
relacionamentos entre as linguas. Nurnha situayom diglossica como a descrita
nom e esperavel em principio urn especial cuidado com 0 dialecto no senti do
de priva-lo de influxos alheios. Esse cui dado, se existir, era reservado para 0
latim. Por isso nom deve surpreender a entrada maciya de castelhanismos nos
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textos gal egos, mas tambem nom devemos pensar que se tenha tratado de urn
simples caso de "osmose ingenua" entre entidades de cuja total diferenciayom
o tradutor nom teria sido consciente.
Sem mais considerayoes passaremos de imediato a enunciar as variantes
galego-castelhanas recolhidas na nossa leitura.
ADORAR A I ADORAR
Na traduyom unicamente se refletem as vacilayoes do original que deviam
ser correntes no castelhano da epoca, pois que se estava precisamente gestando
nessa lingua 0 emprego da preposiyao a com 0 CD, que vai chegar ate os nossos
dias. Actualmente emprega-se unicarnente quando 0 referente do CD e de tipo
[+ animado). Note-se que no texto pode ter a funyom de proporcionar natureza
animada aos elementos referidos.
Este uso tam marcado da preposiyao a com CD nom se conservou no
galego posterior" polo que se pode supor uma aquisiyom gratuita pOT parte do
tradutor. 0 mesmo fenomeno acontece em "destroyse aSodoma e aGomorra"
(J 90,27-28).
o ARUORE I AARUORE
Ha umha maioria de ocorrencias que registram genero feminino , frente a
duas apenas que 0 registram masculino, como no castelhano: (188, 25) e (190,
29-30). Nom parece refletir qualquer diferen<;:a significacional.
OBISPO I BISPO
Nalgum caso, dada a peculiar representayom do artigo (encostado no
verbo) que se pode achar nestes textos galegos em prosa, resulta dificil decidir
qual das formas empregou 0 autor: "Onde diz sobre este lugar Lucas, obispo
de Tui, ... " (J29, 33). Em qualquer caso abundam mais as fonnas castelhanizadas.
CARPENTARIA I FILA.DERIA
Em toda a obra se acha presente 0 sufixo galego-portugues -ARIA, excepto
na palavra fiHideria (1 04,32) que e lexicalmente urn castelhanismo (fia<;:om).
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CARUALLO/RROBRE No texto aparece sempre rrobre, com certeza por decalco do original
castelhano. Registra-se caruallo umha s6 vez, na expressom: " .. . et atados co
vyncallos de caruallo toryidas ... " (90, 26). Em qualquer caso, descartar rrobre
definitivamente como fOlllla nom gal ega parece algo precipitado, mormente
quando se tern conservado na Galiza top6nimos e sobrenomes como reboredo.
DONA/DONA •
E dificil decidir se existe realmente uma variante com nasal palatal desta
expressom, e portanto castelhanizada, ou se se trata apenas de uma variante
ortogrMica. Para observar 0 problema no seu conjunto convem olhar as outras
alternancias deste tipo que se registram ao longo da obra: gaanar/ gaanar (cast.
act. "ganar" - ganhar-); rreyna/ rreyna (cast. act. "reina"- rainha-); prene/prenada;
estrayo; conosyer; pena; panos; sonnos ... Em principio temos de ter em conta
duas circunstancias : A prime ira e que nos estamos defrontando com a
representayom de dous fonemas, 0 nasal alveolar e 0 nasal palatal, e de urn
fone, a nasalidade vocaIica' . Da nasal palatal e da nasalidade vocaIica pode-se
dizer que nom existe entre elas umha diferenya absoluta, mas umha transiyom
gradual, pois ainda hoje e possivel advertir pronuncias intermedias em certas
variedades luso-brasileiras. Prova desta transi90m temo-la em testemoyo ou
estrayo. A segunda circunstancia a ter em conta e que nos defrontarnos tambem
com trt!S possiveis representayoes gnificas: 0 <n> simples; 0 <nn> duplo, que
pode ser representado por <nn>, <n'>, <-- ->, <-n>, <ii> e a nasalidade vocalica,
que pode tambem ser representada por <- >' , <'> ou por procedimentos diversos
tais como a repeti90m de vogal nasalada, 0 usa de acentos graves ou inclusive
o emprego de urn <n> simples intervocalico como deduzem viirios autores: ver
Jose Luis Rodriguez (1983: 12) ou Amable Veiga (1987: 241 e ss.). A partir dai
coligimos que:
aranha: poderia representar-se: arana, arana, araa, araya e inclu-•
Slve arona
duna: poderia representar-se: duna, duna
boa: poderia representar-se: bOa, boa, booa, booa, bona
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Advertem-se, pois, diversos casos de confluencia em que umha grafia
pode representar ate os tres fonemas aludidos. Corresponde agora decidir a
soluyom mais correcta para cada caso. Em casos como gaanar (111, 18), gaanou
(11,20), gaanou (113, 33) ou gaiinase (160, 14) apostarnos sempre por uma
pronuncia palatalizada ou afim a esta que exclui 0 possivel castelhanismo,
devido a que de urn ou outro modo sempre parece querer marcar-se a
"nasalidade" no primeiro a. Cremos que 0 mesmo cabe dizer para rreynas (97,
33) ou rreynas (98, 21)7. Em todos os casos parece existir umha pronlincia
nasal palatalizada que pode estar representada apenas pelo -n- intervocalic08 •
A inflexom do a seria urn mero recurso grafico castelhanizante como todos os
que aparecem frequentemente no texto, apoiado talvez numha pronuncia
tambem palatalizada do a.
Noutros casos produz-se uma altemancia grafica entre 0 <n> simples e 0
<nn> duplo, sendo a nom palatalizada a fOlJl1a legitima galega: pena (46,23), ,
pena (88, 25), dona (255, 23), dona (255, 24-25), piino (104, 27). E dificil
tarnbem deduzir qual a pronuncia real dos <nn> duplos. Em principio, tendo
em conta tam bern a pervivencia de alguns desses castelhanismos em galego
actual, poderia aceitar-se a pronnncia palatal polo menos para 0 caso do <nn>
duplo. No entanto, parece estranho que 0 <nn> duplo nunca se tenha efectivado
na sua representayom mais "completa", tal e como acontece frequentemente
no caso de sonno (sonho) (271, 6; 293, 28 ... ) que se escreve assim com certeza
para evitar a confusom com sono'. 0 uso "completo" do <nn> duplo seria
marca inequivoca de palatalidade. Portanto, acreditamos que nestes casos acima
citados nom existe palatalidade e consequentemente castelhanismo, mas apenas
uma marca de nasalidade.
DIABLO I DIABRO
Trata-se da mesma altemancia que no caso de PLOUVO/PROUVO.
DUBDA I DULDA Apassagem para -1- do primeiro elemento dos grupos latinos B'T, D'C ...
e urn trayo propriamente leones que afectou 0 galego-portugues (julgar) e
tambem 0 castelhano (nalga -nadega-). cfr. infra.
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GENERAL I GEERAL Achamos que se pode tratar de diferentes representa90es da mesma fOl lila,
com 0 <n> no primeiro caso representando apenas a nasalidade vocalica.
Existem bastantes evidencias desta hip6tese, como po de ver-se entre outros ,
nos autores Jose Luis Rodriguez eArnable Veiga Arias, ja citados. A
interpretayom de "general", muito mais abundante, como urn castelhanismo,
em todo 0 caso, ficaria it vontade de cada leitor.
JUDIO I JUDEU
Neste caso achamo-nos frente a uma verdadeira variante lexica motivada
polo influxo do castelhano sobre 0 galego. A forma castelhanizada e mais
abundante, talvez tambem polo caracter de tradUl;:om que tern esta obra: mas
ambas as fOllnas se documentam suficientes vezes como para descartar os
descuidos ou erros tradutol6gicos. Tudo isto sugere a possibilidade de que possa
existir talvez alguma especializayom semantica operando a nivel sincr6nico
para cada urn dos membros da parelha.
Realizamos, pois, urn levantamento de cada uma das ocorrencias tratando
de visar 0 contexto em que apareciam e tratando de comprovar se este as
deterrninava de algumha forma. Achamos 33 ocorrencias parajudio e 10 para
judeu. Delas excluimos aquelas que constituissem ja expressoes feitas ou nomes
pr6prios , como "".terceiro libro da antiguydade dos judios" (99, 17-18):
"catyvydade dos judios" (153, 33-34)"; "aEstoria dos judios" (241,5-6)". e
ficarom em total 27 ocorrencias parajudio frente a 10 parajudeu. Tendo em
conta que a obra estudada tern 0 caracter de traduyom a partir do castelhano
devemos admitir judio como "tenllo nom marcado", pois e a forma exclusiva
do castelbano. Deveremos, pois, centrar-nos sobretudo naquelas ocasioes em
que 0 autor decidiu traduzir realmente parajudeu a forma castelhana.
Das dez formas de tipo judeu vemos que sete delas se referem
principal mente aos judeus biblicos, os do Antigo Testamento e, portanto, povo
escolhido de Deus, nom se apreciando nelas umha atitude negativa para 0
referente por parte do autor: "Teuero despoys os judeus que vyiia de Eber, que
foy da lyiia de Sem et outrosy os de Jafet," (73, 2-3); "Depoys toma esta rraz6
enque os judeus destroyrom aqueles sete pouoos dos cananeos co todas suas
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gentes ... Et poblarom as despoys os judeus co outros omes de outras copanas
et co outros das terras et yidades ... " (75, 3-7). Das tres restantes apreciam-se
contextos ambiguos. Em "Et por esto lie mandou Deus que fezesse pera sy hiia
arca ... et que labrase esta arca ( ... ) Et todas estas camaras .. . ontrelos omes et as
suas anymalias ... et quelle fezesse em yima eno teyto hUa feesta. Et diz oebrayco
et meestre Pedro co os Judcos que foy como vidreyra;" (36-24; 37-18) e " ... diz
asi meestre Pedro ... , que dizem os judeus que esto no he de creer, que Loth
podese fazer fillos em suas fillas daquela guysa; ... " (215, 15-17). Meestre Pedro
parece estar citando tambem 0 Antigo Testamento. Em "donde viero os ysrrelitas
que agora som os judeus." (265, 34-35), muito mais dificil de explicar, pode
ter acontecido uma contaminayom ou deslizamento de significado a partir de
"ysrraelitas" .
Das 27 fOllnas de tipo judio polo menos 17 referem-se aos judeus olhados
como coetaneos, como vizinhos quase sempre indesejados das vilas e cidades
europeias da Baixa Tdade Media'o: "et par esta rrazo de Y saac yircondam agora
os judios ... " (218, 8-9); "Et dizem os judios que Y smael fazia ymages de barro,"
(219,8-9).
Em 10 casos, quando menos, dentro dos 27 iniciais, manifesta-se ja urnha
clara tendencia negativa para eles: " .. . que quer significar anoso senor Thesu
Christo que fugio ao Egyto ante amaldade dos judios," (139, 4-5); "et diz ofrayre
que par esta rrazo se querem os falsos dos judios chegar adizer em seus escamos
que fay Ihesu Christo fillo de ferreyro," (139, 23-24), ficando apenas tres casos
que parecem fugir desta tendencia: "Et 0 que a1y primeiramete rreynou, ... , ouvo
nome Leobio et foy jUdio ... " (197, 11-13); "profeta que ouvo nome Malco,
que escriuio aEstoria dos judios." (241, 5-6) e "ca he casada con aquel judio,
et sua mulher he, et leyxalla." (276, 35-36).
Em conjunto, pois , a falta de mais comprovayoes, contrastes e
levantamentos mais exaustivos, cremos que se poderia defender a
especializayom semantica em certo momenta dos dous membros da parelha
judeuljudio. Como acontece nestes casos de substituiyom Iinguistica 0 termo
"intruso", 0 castelhano, parece possuiruma conotayom mais modema na epoca:
o anti-semitismo. Parece como se a forma galego-portuguesa nom se tivesse
visto afectada polas conotayoes semanticas de crescente rechayo contra os judeus
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•
que yam levar it sua expulsom definitiva em 1492. Num trabalho monognifico ,
sobre a presenya judia na Galiza Jose Ramon Onega precisamente fomeceni
numerosos testemunhos historicos sobre esta situayom de maior tolerancia que
se teria vi vi do no nosso pais, onde habitaria grande numero de judeus a
conviverem pacificamente com os cristaos:
Durante los siglos XI, XII, XIII, XTV Y XV, la sangre judia riega generosamente la tierra de Espana, con la excepci6n de Galicia, donde no se conocen hechos colectivos sangrientos protagonizados por los cristianos (Onega, 1981 : 269).
JUSTl(:IA 1 JUSTl(:A
Registramos tres fonnas parajustil;ia e umha parajustil;a. Os contextos
de justiyia levam parelha umha conotayom de virtude: "Fezero aonrra das
bondades et vertudes, asy como aajusti~ia et alealdade" (96-34; 97-1); "et que
elles mandassem ao pobOo como ... se matevessem em justi~ia et em paz todos
los rreynos do seu senorio" (157, 29-31); "et matina aterra em paz, em justi~ia
abondada et gardada de toda cousa" (247, 26-27). Ajustir;a, porem, aparece
vista como opressom: "yam sse todos aly quando et cada quese viam em coyta
de fey to de justi~a quando lies acaesyiam cousas desaguisadas" (115,17-18).
Faltam mais exemplos para extrair qualquer hipotese. Outras altemancias deste
tipo presentes no texto som: grar;a/ grafia; codir;a/ codir;ia ...
YUAM/YAM ,
No texto predominam completamente as formas do tipo ya. E possivel
que yua (13 /36) seja apenas urn erro de traduyom.
LENGUA 1 LINGUA
Altemam as duas variantes com preferencia talvez para a primeira, 0 que
pode ser devido ao influxo do texto original. 0 mesmo se passa com linguagem
/ lenguage. Em qualquer caso, /engua(ge) repete-se suficientes vezes como
para pensar que tenha sido ja ace ito como variante na lingua de destino.
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LUNA/LOA
Poderia existir aqui uma certa especializa90m semantica, ainda que ha
muito poucos exemplos para afiumi-Io: luna referiria a lua como astra ou corpo
espacia!, conhecido sobretudo atraves da literatura: " ... et estas sete estrelas am
nome planetas (. .. ) et vam eles ordenados ontrasi desta guysa; et os yircos dos
seus yeos como seem em esta maneyra: Satumo, Iupiter, Mars, Sol, Venus,
Mercurio, Luna." (182, 28); " ... alyaro tanto aarca que queriam chegar ao yirco
da luna." (243, 21). Liia, no entanto, referiria a lua como parte da boveda ce
leste, visivel desde a Terra: "alumeou os yeos et a terra co 0 sol, et co aliia, ... "
(4, 19); " ... et po so as eno finnamento: osol par 10 dia, et alua e as estrellas pera
anoyte." (4, 20-21); "Aliia outrasi ha as suas vezes et 0 seu poder, et volue 0
mar et mesturao, et volueo, et asy faz enas cousas da terra." (183,10-11) .
MALO/MAAO
Documentamos mala unicamente naexpressom: "Malo feziste et eu agora
te poderia todo esto demadar" (293, 35).
METALES / ESPANN60s ITAES
Predominam, com diferentes grafias, os plurais nounais, com queda de -
1-: infemaes (248, 4), terreaes (252, 28), taes (93 , 33), metaes (18, 17) ... A
founa espannoas, curiosamente, parece no entanto corresponder a urn singular
*espanhO « *espanhala), fOIlna proxima da conservada polo italiano atua!.
Tambem se pode tratar de urn simples recurso gnlfico. 0 mesmo aconteceria
com copanoas (249, 8).
Existem tambem algumhas founas em que se conserva 0 -1- intervocaJico:
sotyles (91 , 6), aueles -habeis- (98, 22), marrnoles (189, 11), presebeles (235,
27) , moueles (240, 26), metales (247, 24), soles (294, 24) ... No caso de
marmales e presebeles estamos, porem, frente a umha altemancia gnifica entre
-1- e -r- (cfr. infra). Nos demais casos e dificil tambem decidir se estamos perante
fOIlnas realmente castelhanizadas ou se se trata apenas de urn recurso gnifico
tambem castelhanizante ou simplesmente etimologizante, como no caso de -n
( efr. supra).
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NEBLA/NOVOA Predomina a variante nebla, com seis ocorrencias: " ... et vio aquelas
neblas" (251, 15-16): " ... no vio nublo, ne nube, ne nebla" (251, 17) ... Aparecem
s6 dous casos de novoa: " ... et conjurou logo anube de novoa que fezera Jupi
ter" (251,26) e nevoa: " ... fezo ... descender hua grande nevoa ... " (250, 34).
NIHO INIGO
Ignoramos se existia qualquer diferenya real de pronuncia entre as duas
fOImas: mas sim parece constatar-se urnha distribuiyom em certa medida regu
lar que parece descartar qualquer possivel especializayom semantica. Ate a
pagina 31 achamos 10 ocorrencias de nihii frente a 8 de nigu. A partir de entom
a forma nigu torna-se quase exclusiva. Aparece isoladamente nihu na pag. 57:
"que nehua de quantas chuvias Deus fezera" (57, 7); na pag. 204: " ... que no ha
nehiia cousa eno mundo" (204, 35) e nas pags. 276: "ne lie fayas nenhua cousa ... "
(276,33-34) e 277: " ... no quiso Ysaac nehua cousa" (277, 34-35).
PE<;ESI PEIXES Aparece per;es, forma castelhanizada, no inicio da obra: "0 quinto dia
fezo os pe~es et as aues de todas maneyras et bendis66s;" (4, 22) . No resto dos
casos aparece a forma legitim a galega: "Venus ... se encobrio em fegura de
peyxe;" (138, 27-28); "negiia cousa do mudD que viuese, ne viua fosse, ne
peyxe, ne ave, ne aI, nose cria, nese pode aly criar." (211, 36-38) ...
PELIGRO I PRIGOOS Dada a instabilidade da oposiyom entre a liquida lateral e a vibrante no
texto estudado, e dificil estabelecer com certeza se a primeira forma se trata
certamente de urn castelhanismo ou simplesmente de umha cobertura gnifica.
PRAZEO/PLOUVO/PLOUGO Aparecem sob divers as formas as duas alternativas ja muito
testemunhadas para 0 tern a de preterito do verbo prazer: probolle (171, 30),
prouvo (227, 9), plouvo (238, 21) e tambem plougo (291, 33) e (9 , 29) .
Encontramos tambem umha formayom anal6gica ou mais provavelmente
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castelhanismo formado a partir do tema de presente: prazeolle (143, 27).
UISYOM / UISOM
Documentamos mais fonnas do tipo uisyom (8) que do tipo uisom (4). A
quantidade e distribui~om parecem descartar 0 erro de tradu~om para uisyom:
mas tambem nom somos capazes pelo contexto de determinar se a fonna
eastelhanizada apresenta matizes semanticos inovadores ou simplesmente maior
intensidade significativa. Das demais form as documentadas, a unica que
(re)incorporou 0 -i- do sufixo -TIONE(M) conservado pelo castelhano foi
Nasci6es (78, 19-23).
A freguencia do infinitivo pessoal
, E interessante 0 estudo da distribuiyom destas founas verbais ao longo
do texto porque 0 infinitivo pessoal e urn fen6meno estritamente galego
portugues que nom tern lugar em nengumha outra lingua romanica. Como nom
existe em galego uma regra geral que determine a obrigatoriedade do uso
flexionado do infinitivo em todos os easos, 0 emprego que 0 tradutor fai dele
pode ser urn born indicativo da qualidade da traduyom. Sem duvida e para ele
o infinitivo pessoal umha forma habitual, pois que se trata de urn falante nativo"
e fai uso dele em certas ocasi6es que indicamos embaixo; mas interessa conhecer
se 0 usa com toda a frequencia que pediria 0 galego-portugues "puro" da epoca.
Carecemos dos meios e 0 tempo necessarios para realizar urn trabalho
dessas caracteristicas que exigiria 0 eontraste com outros textos e agradeceria
muito 0 auxilio de meios infotlllaticos para a contagem das ocorrencias. Porem,
podemos tentar detetlllinar "a olho" se as dezassete oeorrencias aeima citadas
(duas delas simultaneas) constituem uma bagagem not mal para urn texto deste
tamanho. Ca1culando como media umas 350 palavras por pagina (it baixa) e
multiplicando por 295, que e 0 numero de paginas que ocupa 0 texto da
tradu~om, obtemos uma cifra aproximativa de 103.250 palavras. As nossas
dezassete oeorrencias constituiriam apenas 0,0164 % do total de efetivos.
Disto podemos deduzir que os easte1hanismos presentes na obra nom
som apenas marcas pitorescas, pinceladas que poderiam talvez servir para
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conservar 0 sabor do texto original ou demostrar 0 conhecimento do castelhano
por parte do tradutor. Parece que se comeya a advertir uma especie de abandono •
com respeito it lingua propria. E como se esta, carecendo de funyom nacional,
passasse a ser umha especie de castelhano imperfeito. Prova disto temo-Ia
simplesmente consultando 0 curto trecho da traduyom portuguesa da General
Estoria (meia piigina) que apresenta ao acaso Ramon Martinez-Lopez na
introduyom do lado do correspondente trecho galego. A traduyom portuguesa
tern mais aspecto de ser umha "verdadeira" traduyom. No que diz respeito aos
infinitivos pessoais observamos jii umha diferenya:
Versom castelhana: " ... auien ya todos los omnes grand sabor los vnos de
auer reyes, los otros de regnar; e fazien rey en cada cibdad e en cada uilla."
Versom galega: " ... avia ja todoslos omes sabor moy grande os hiius de
aver rreys, os outros de rreynar; Et faziam rrey em cada yidade et em cada
vila."
Versom portuguesa: " ... aviamja todolos homeens grande voontade, huus
de averem Reys e outros de reynarem e faziam Rey em cada cidade e em cada
villa."
Infinitivos pessoais presentes no texto: seere (22, 34), apoderare (36, 31),
dare (46,14), uiuere (50, 28), teelI110S (73,24), tomare et auere (89, IS), erdare
(107, 33), seere (108, 5), perdere (118, 14), prouar mos (128, 33), vljrem (ISS,
29), vijmem (171, 1), seere (181,33), averes (20 1,5), vijmes (227, 12), seyrem
(234, 12). Nom e infinitivo pessoal a fOlllla que cita como tal Ramon Lopez
Martinez na introduyom (piig. LIV): "et tu vayte quanto podcrcs, ... , et nos no
faremos nada ata que tu sejas em saluo" (208, 6).
Outros castelhanismos
A continuayom citamos outros presumiveis castelhanismos recolhidos
por nos ao longo da obra: padre (7, 19) ... ; madre (7, 19) ... ; ladrillos (17, 20)
... ; medio (65 , 33) ... ; pobla (65 , 28) ... ; poblou (65,19) ... ; ayre (91,18) ... ;
60
uergons:a (97, 24); prepostero (101, 35), fiHideria (104,32); oydo (113, 11);
mers:ed (115, 16) ... ; estudio (118, 19) ... ; oyredes (127, 31) e fonnas afins;
mers:ede (130, 10); envidia (137, 18) ... ; vengar (137, 19); pycos (142, 22);
ancharla(160, 12); clerigos (173, I; 174,33); conosyer (181, 9); cosso (J 82,12);
empero (189, 10) ... ; fablielas (213, 5)12; enuergons:es (217, 27); espas:io (225,
5); era (225, 25)13; enfesto (228, 29)14; eres (231, 6); servis:io (236, 7); poluos
(237, 8) " ... ; Iglesia (258, 15); chiiamente (254, 18)16; estudio (267, 9) ... ;
lis:ens:ia (283, 21) ... ; almendras (292, 4); ters:er (293, 20); azes (296,14), azl 7
(296, 15); testigo (295, 2-3) ...
No que diz respeito a fOllna testigo (testemunha), castelhanismo com
certeza, destaca 0 fato de ela alternar com a forma correta em galego-portugues
testemoyo (testemunho). Parece existir certa constancia desse caniter ex6geno
de testigo. Destarte temos ate urn exemplo em que se confrontam as duas num
trecho em que se pretende reproduzir metaforicamente urna diferenya idiomatica
entre linguas anti gas: "Et chamou lie Labam ho outeiro do testigo, et chamou
lie Jacob omotom do testemoyo, cada hii segundo seu linguage" (295, 2-3). 0
estranho e que nos textos alfonsinos compostos originariamente em galego
portugues achamos justamente a oposis:om contniria: testimoya e testimonio.
Ver J. Luis Rodriguez (1983: 12).
Tambem se devem citar as fonnas do tipo: pezca (236, 16); parescam
(142,24) .. . que podem ser devidas tambem a umha vontade de aproximas:om
gnifica com 0 espanhol. Por provavel descuido temos: "sus padres" (115, 23),
mandato" (131 , 15),falescio (187, 17), tornosse (187, 20); coplio lies 10 (218,
4). Por hipergaleguismo na tradus:om: "Abrafam" (202, 31 )'9, chanto (231,
1 )20. Por restituiyom (grafica ou oral) da nasal alveolar In! intervocalica: per
sonas (15, 5) e etc.; sonar (271, 19) e fOllnas afins ... Por restituiyom (grafica ou
oral) da Iiquida lateral III intervocalica: dolor (8, 16) e etc. ; color (15, 33) e
etc.; colores (15, 34) e etc.; pylares (17, 20) e etc.; pylar (17, 24) e etc. ; solamente
(58,33) e etc. ; alas (91, 20)" e etc.; uolaua (91, 17), naturalezas (92, 6) e etc.
Os terminados em - illo" tern tambem uma boa representas:om na obra: caudillos
(79,38); grandezillo (131, 33); taboezillas (142, 23); odrezillo (219, 5/23) e
(224,20); mans:ebillo (248, 13); polyllos (297, 3) ...
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Ou tras caracteristicas
- Lateralizayom do segundo elemento dos grupos consonanticos br, pr, gl :
Copla (I 09,35)23 , comple (133, 33)24, blanca (135, 17) e etc.; pleyto (202,
29) e etc.; rreglas (262, 35); complara (268, 17)" ; doble (273, 29); doblo
(277, 9); poble (282, 38) e etc ... Poderia tratar-se tambem de uma ,
ambigiiidade grafica. E urn fen6meno frequente no leones.
- QUA> k: contya (112, 11). Existe a possibilidade de que <qu> fosse urn
digrafo em born numero de casos. Ver quaero (137, 30)26 ou ayerqua (138,
38)"
- GUA> ga: gardar (120, 33) e fotmas afins; gameyida (151 , 35); Ver arguolas
(235, 7):
- FOllnas arrizot6nicas dos perfeitos em -i-: Aprendiste (144, 27), feziste (175,
8) e etc.; oquisiste (175, 8); disiste (223,34); podiste (281, 14); posiste
(294, 28) ...
- FOllnas com metafonia: Promyti (202, 33), bibido (234, 12) .. .
- Dezerlo (164, 30) aparece apenas numha ocasiom, sendo nos demais casos
sempre empregada a fOllna "dizer". Tern interesse este dado unicamente
porque nos lugares em que hoje em dia se conserva na Galiza a forma nom
castelhanizada e precisamente sob esta forma "dezer".
- Formayoes anal6gicas: "criauassem" (criavam-se) (210, 14).
- Outras: Touer (145, 9) e fOIlllas afins (liver), Froytas (88, 3) ... , Coyros (88,
25), Moyto (91, 21) ... , Outauo / Oytauo, Fame, Fumos, Caer (108,3) e etc.,
Sey (202,28), Vnllas (253,30) e etc., Grilanda (255,34), Estoue (269, 5)28 ,
Toue (273, 23)29, Preto (291, 32).
ConcIusom
Como aventuramos no titulo deste texto, apresentamos e comentamos
alguns aspectos, algumhas notas, a respeito da traduyom gal ega da General
Estoria. Nom dava 0 nosso pequeno trabalho para termos fomecido grandes
contributos ao conhecimento da obra. No entanto, considerariamos pelo menos
ter cumprido a nossa missom se conseguissemos chamar algo a aten90m sobre
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a importancia do estudo deste tipo de textos e docurnentos provenientes das
primeiras fases da castelhanizayom do galego-portugues na Galiza.
Interessa conhecer so bretudo como comeyam a funcionar os primeiros
mecanismos de substituiyom entre as duas variedades, castelhano e galego
portugues, para podennos compreender em parte a dimensom psicologica e
sociologica que subjaz tras estes processos. Para isso som muito uteis, sem
duvida, todos os metodos propostos pola sociolinguisticahistorica para a analise
de variantes.
De todas as variantes que recolhemos no texto apenas podemos apostar
timidamente pela funcionalidade significativa da oposiyom judio / judeu. A
fOllna castelhana, como ja apontamos, estaria dotada de uma carga semilntica
de repulsa de que a respectiva fOlma gal ega care ceria. E 0 rechayo frente aos
judeus, que e umha atitude execravel vista desde a nossa perspectiva actual,
era "moderna" e valorizada positivamente na Coroa de Castel a dos inicios do
sec. XlV. Seria necessario, porem, confrontar estes e outros dados por nos
obtidos com os provenientes de outros textos da epoca para podetlllos ernitir
urn juizo minimamente fundamentado a respeito.
Por outra parte, 0 estudo "aproximativo" sobre a frequencia de uso dos
infinitivos pessoais na General Estoria descobre-nos urn influxo castelhano
bern subtil sobre a lingua do tradutor que provavelmente ele nom teria percebido
de modo consciente, 0 que demostra que os castelhanismos da obra som mais
produto de uma certa pressom social que urnha a1ternativa pessoal.
A analise de outros trayos Iinguisticos ao longo do texto poderia tambem
ajudar a situar geograficamente 0 tradutor. A lateralizayom do segundo e1emento
dos grupos consonilnticos br, pr, gl. .. assim como a resoluyom em -1- do primeiro
elemento do grupo B'T em dulda apontam a influxos leoneses. A realizayom
em -i- das formas arrizotonicas dos perfeitos de segunda pes so a apontaria
tam bern para urn galego em contacto com 0 leones. Mas, por outro lado, a
monotongayom do grupos consonanticos Ikw/ e /gw/ e a evoluyom UCT, ULT
> oi leva-nos hoje em dia a zonas mais ocidentais. Haveria que conhecer melhor
a distribuiyom destas isoglosas no seculo XIV para poder concluir algo valido
a respeito.
Com este trabalho apenas esperamos ter colocado 0 nosso pequeno grao
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de areia no conhecimento desta obra em particular e deste periodo tam tran
scendental para a hist6ria da nossa lingua.
NOTAS
1 Do tradutor galego sinala Ramon Lopez-Martinez que "Ia version gall ega, por 10 general fidelisima muestra sus personales perfiles afectivos deviimdose de la forma expresiva adecuada al didactismo y racionalismo que presiden la total concepcion de la General Estoria." (pag. 307).
2 Evidentemente, por falta do tempo e a preparaltom necessarias, nom ficou esgotado, com 0
corpus que extrafmos, 0 numero de castelhanismos e outros fen6menos interessantes da General Estoria, mas sim pensamos que este possa seT na maioria dos cas os de um tamanho o suficientemente grande e representativD como para pennitir-nos extrair algumas conclusoes.
, Para as cita~oes do texto original empregamos a edi~om de Ramon Martinez-Lopez que citamos na bibliogratia. Colocamos em primeiro lugar 0 numera de pagina na citada edi~om e depois 0 numero de linha.
4 No estado actual da lingua oral na Galiza e possivel, no entanto, advertir este tipo de constru~oes por influxo castelhano. As pessoas de mais idade e que conservam urn galego mais puro ainda nom as incorporarom, do que se deduz que se trata de urn fen6meno recente e que com certeza nom estava presente no galego da epoca.
5 Na Idade Media, a diferen~a do luso-brasileira e do galego actual, devemos supor que a nasalidade vocalica era urn tra~o realmente pertinente. No luso-brasileiro existem opinioes opostas a respeito, mas geraimente interpreta-se a vogal nasalizada fonetica como uma vogal + arquifonema nasal a nivel fonologico.
6 <_> tambem e empregado para representar a queda de qualquer outra consoanle: pouoos (70, 27) < POPULOS.
' cfr: prene (163, 9); prenada (163 , 10).
g 0 que invalidaria 0 suposto caracter de castelhanismo que Ihe atribui Rodrigues Lapa (Martinez-Lopez, pag. XVII).
9 Esta representa~om "completa" nom e em absoluto frequente ao longo da obra. 0 mats frequente som solu~5es do tipo: c8p8na (companha); lyno (Iinho): seFior (senhor) ...
10 0 proprio rei Afonso X e responsavel por severas leis que submetiam os judeus da Coraa de Castela a urn estatuto similar ao apartheid.
11 Boa mostra disso som as erros au vacilagoes que comete na tradugom e que se devem quase sempre ao desconhecimento do castelhano. P.ex: moyiieyro (242, 38), que traduz 0 original castelhano monedero (apudMartmez-Lopez, pag. 352).
12 Trata-se de uma adapta~om da forma castelhana da epoca "fabliellas", com pranuncia palatal [A] do digrafo <II>. 0 unico que faz 0 tradutor e substituir burdamente 0 sufixo pelo galego correspondente.
13 Trata-se da forma castelhana correspondente ao galego "eira". 14 Adapla,om para 0 galego do castelhano "entiesto", actual " inhiesto" (direito, levantado) 15 Pas. A forma "po" legitima do galego conservou-se nalguns lugares ate hoje em dia.
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16 Decalco fonnal do castelhano "Ilanamente". 11 Esta forma e a anterior significam "unidade militar, batalhom". A forma normal castelhana
e "haz". IS No resto da obra emprega sempre a forma galega "mandado" (subst.) 19 "Et par ende n5 quero que des aqui adeante te chamemAbraa mays Abrafam," (203 , 30-31). 20 E a forma espenivel par evolu~om patrimonial do latim plane/us (pranlo). A nossa forma
actual e semicultismo. Mas a forma casteihana, que sim registou a evolw;om patrimonial, e "Ilanto". A partir desta forma e baseando-se em paraielismos do tipo "chover" / "Hover"; "chorar" / "lIorar" ; "charnar" / "Hamar"". 0 tradutor constr6i uma hipotetica forma galega patrimonial a partir da castelhana.
21 Asas. Nom se debe confundir com a forma hom6grafa mas de acentua~om aguda ala (59, 29) e etc., que se corresponde com a actual forma luso-brasileira "Iii". A ultima e legltima.
22 Corresponde-se com a tennina'tom "- i1ho". Na variedade luso-brasileira a maior parte destes term as entrarom na lingua durante a Uniom Iberica.
23 Convenha, "cumpra", CUet aquelo abaste et cop la,"}. 24 Interessa, "cumpre", ("a EI esto lie comple et no mays"). 2S Comprara (de comprar). 26 Cafram. A pront'incia e "[ka'ero]". Na linha anterior aparece a mesma forma grafada "caerO". 27 Representa a forma "acerca". 28 "Et par que ella estoue despoys que foro casados". 2'1 "et corneu, et bebeu, et foyse et no toue por nada por que vendera as avantajees ... "
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