A sociedade em rede: um cenário de opostos – a região entre o Douro e Vouga

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1 A SOCIEDADE EM REDE: UM CENÁRIO DE OPOSTOS – A REGIÃO DE ENTRE O DOURO E VOUGA Sónia Campos Lídia Silva A. Manuel Duarte Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal

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A SOCIEDADE EM REDE: UM CENÁRIO DE OPOSTOS – A

REGIÃO DE ENTRE O DOURO E VOUGA

Sónia Campos

Lídia Silva

A. Manuel Duarte

Universidade de Aveiro,

Aveiro,

Portugal

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Resumo:

As últimas décadas têm sido marcadas pelo crescente uso das tecnologias digitais e

pela revolução tecnológica concentrada nas Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC). Como consequência, verificam-se mudanças profundas no dia-

a-dia da sociedade, do mundo e de todos os quadrantes tranversais aos mesmos:

desde as tecnologias e economia até à cultura e relações interpessoais.

Um dos grandes pilares em que assenta esta revolução relaciona-se com o facto de,

através das TIC e com base em redes de computadores, as pessoas, entidades,

organizações, países estarem mundialmente conectados. Desta forma, verifica-se

um uso crescente de redes como a Internet, cujo efeito mais evidente é um novo tipo

de organização social, a que Manuel Castells chama de Sociedade em Rede.

Contudo, mesmo em países que, de forma geral, caminham para a Sociedade em

Rede, continuam a existir pessoas, entidades e organizações que estão ainda muito

longe de poderem fazer parte desse tipo de Sociedade. Portanto, numa mesma

região, poder-se-á verificar a coexistência de duas situações opostas no que

respeita ao acesso à rede: aqueles que têm acesso e, por isso, são parte da Rede, e

aqueles que não têm acesso e, por isso, são excluídos da rede.

Este artigo pretende demonstrar algumas das razões e consequências de, numa

mesma região, coexistirem cenários antagónicos no acesso à Rede e, por isso, à

Sociedade em Rede.

Palavras-Chave: Sociedade em Rede, Tecnologias de Informação e Comunicação

(TIC), Internet

Network Society: a scenario of opposites – The Entre o Douro e Vouga Region

Abstract:

The last decades have been marked by the increasing use of digital technologies and

the technological revolution concentrated on the Information Communication

Technologies (ICT). Both situations have been changing in a deeply way the day life,

3

the society, the world, and all of their transversal areas: starting on technologies and

economy and ending on culture and interpersonal relationships.

One of the biggest pillar’s of these revolution is the possibility of, through ICT,

people, entities, organizations, enterprises, countries to be worldly connected based

on computer networks. As consequence, there is an increasing use of networks such

as Internet, which main effect results on a new kind of social organization, named by

Manuel Castells as Network Society.

However, even in countries that, in a general way, are walking through the Network

Society, there still existing people, entities, organizations, and enterprises far away of

truly being part of that Society. As consequence, in a same region, it is possible the

coexistence of two opposite situations related to the network access: the one’s who

have access and, therefore, are part of the network, and the one’s who have no

access and, therefore, are excluded from the network.

This article aim is to show the reasons why, in a same region, is possible to exist

opposite scenarios in the network access and, that way, in the access to the Network

Society and the resulting consequences of that: study case of the Entre o Douro e

Vouga region.

Key words: Network Society, Information and Communication Technologies (ICT),

Internet

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Introdução

As últimas duas décadas foram marcadas pelo desenvolvimento galopante quer da

Internet quer das TIC. Estas tecnologias foram aplicadas, gradualmente, a um sem

número de actividades e, por isso, desempenham agora um papel central no dia-a-

dia tanto das empresas e organismos como dos cidadãos, assumindo, pela sua

flexibilidade de utilização e capacidade, papel estruturante e condicionante do

desenvolvimento económico e social de regiões e grupos populacionais.

Face a estas novas realidades, países e regiões são deparados com novos desafios

impostos por esta Sociedade emergente, desafios esses que implicam a definição

de estratégias que lhes consigam responder. A forma como cada país ou região

enfrenta esses desafios varia e é condicionada pelo respectivo contexto cultural,

político, jurídico, económico, tecnológico e social.

1. A Sociedade em Rede

Segundo Manuel Castells1, “a sociedade em rede mistura-se, nas suas formas, nas

suas instituições, nas suas vivências, com os tipos de sociedade onde surgiu. (...)

um traço essencial da sociedade em rede é que se organiza globalmente e os seus

níveis de desenvolvimento são muito diferentes em cada país. Nem todas as

pessoas, nem todas as actividades, nem todos os territórios estão organizados

segundo a estrutura lógica da sociedade em rede.(...) Mas toda a humanidade,

esteja onde estiver e quem quer que seja, está condicionada, nos aspectos

fundamentais da sua existência, por aquilo que acontece nas redes globais e locais

que configuram a sociedade em rede. Porque essas redes incluem e organizam o

essencial da riqueza, o conhecimento, o poder, a comunicação e a tecnologia que

existe no mundo”.

Segundo Mitchell (2003, citado por Castells2), “a sociedade em rede só se pode

desenvolver a partir de um novo sistema tecnológico, o das tecnologias de

informação e de comunicação de base microelectrónica e de comunicações

digitalizada”.

Castells (2002) considera que se a sociedade não determina a tecnologia pode,

principalmente através do Estado, condicioná-la, isto é, através das medidas e

decisões do Estado pode-se sufocar o desenvolvimento tecnológico, ou em

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alternativa, pode-se entrar num processo de modernização tecnológica capaz de

mudar o destino da economia e dos restantes quadrantes sociais. Desta forma, a

capacidade ou incapacidade de uma sociedade em dominar as tecnologias traça o

seu destino.

Embora o Estado desempenhe um papel crucial no desenvolvimento tecnológico

que levará à Sociedade em Rede, considera-se que a iniciativa e investimento por

parte de entidades particulares tem também um importante papel. Nesse sentido,

das várias iniciativas públicas e privadas, foram seleccionadas para análise duas

vertentes que se consideram cruciais para o desenvolvimento de Portugal rumo à

Sociedade em Rede:

1. Medidas Governamentais de apoio ao desenvolvimento à Sociedade em Rede:

as Cidades e Regiões Digitais;

2. Iniciativas Particulares: o investimento de operadores/ companhias privadas

(Optimus, Vodafone e Cabovisão) nos serviços que possibilitam o acesso à

Sociedade em Rede – a cobertura dos serviços de comunicações móveis e a

cobertura da Internet de Banda Larga.

1.1. Iniciativas Governamentais: As Cidades e Regiões Digitais

A iniciativa Cidades e Regiões Digitais está a ser desenvolvida no âmbito do

Programa POS_Conhecimento e tem como objectivo “desenvolver a Sociedade da

Informação e conhecimento ao nível regional de forma a criar competências

regionais aplicadas que criem valor económico para a região, aumentem a qualidade

de vida dos seus cidadãos e promovam a competitividade das suas empresas e os

seu desenvolvimento sustentado”3.

Neste sentido, as áreas de actuação que foram definidas como prioritárias são:

• Dinamização Regional (Conteúdos e Serviços Digitais);

• Governo Electrónico Local em Banda Larga;

• Acessibilidades (acesso e utilização de TIC);

• Infra-estruturas Tecnológicas;

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• Sub-projectos Sectoriais e Locais (que demonstrem ser interesse particular de

um sector ou local, por atender a características específicas da região);

• Sub-projectos de Sensibilização e Mobilização dos cidadãos e agentes

económicos para a participação activa na construção da Sociedade da

Informação.

As áreas de actuação das Cidades e Regiões Digitais foram desenvolvidas de forma

a contribuírem para quatro dos grandes objectivos do Plano de Acção para a

Sociedade da Informação em Portugal:

• Aumentar a eficácia e eficiência do sistema económico, a competitividade e a

produtividade do tecido empresarial;

• Aumentar as habilitações, competências e conhecimento dos portugueses,

principais substratos da capacidade de desenvolvimento sustentado do País;

• Contribuir para a modernização, racionalização, responsabilização e

revitalização da Administração Pública e do aparelho do Estado;

• Dinamizar a sociedade civil, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida

dos cidadãos.4

Segundo o Plano Operacional Sociedade da Informação 2000-2006, a fase

experimental desta Iniciativa integrou “parcerias desenvolvidas em diversos

contextos sociais e económicos: cidades do interior de Portugal (Guarda, Bragança,

Vila Real e Castelo Branco); uma cidade de média dimensão e com um dinâmico

tecido económico, uma excelente infra-estrutura de telecomunicações e uma

Universidade de forte dinamismo (Aveiro); uma cidade com uma indústria de ponta

de nível mundial (indústria dos moldes) com fortes exigências em termos de

telecomunicações (Marinha Grande); uma região com sérios problemas de fixação

de meios humanos (Alentejo) e áreas urbanas com minorias étnicas (projecto “Com

Minorias” na periferia de Lisboa e em Setúbal).”5

Presentemente, como se pode constatar pela análise da Tabela 1, são já 25 os

projectos de Cidades e Regiões Digitais, distribuídos por 236 municípios e

abrangendo 6.790.958 pessoas.

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Tabela 1 - Projectos em desenvolvimento no âmbito da Iniciativa Cidades e Regiões Digitais

Designação do Projecto N.º de Municípios Envolvidos População

1 Açores Digital 19 238.767 2 Algarve Digital 16 398.370 3 Almada Digital 1 161.054 4 ALO Digital 4 631.686 5 Aveiro Digital 11 348.561 6 Beira Baixa Digital 11 207.987 7 Beja Digital 13 135.105 8 Braga Digital 6 397.246 9 EDV Digital 5 276.812

10 Évora Digital 14 173.654 11 Gaia Digital 1 293.301 12 Leiria Digital 6 303.358 13 Litoral Alentejano Digital 5 98.007 14 Madeira Digital 11 241.257 15 Maia Digital 1 120.111 16 Médio Tejo Digital 11 192.137 17 Oeste Digital 12 345.165 18 Portalegre Digital 15 117.824 19 Porto Digital 1 263.131 20 Ribatejo Digital 11 244.148 21 Seixal Digital 1 150.261 22 Setúbal Digital 7 405.302 23 Trás-os-Montes Digital 32 418.266 24 Vale do Sousa Digital 6 330.300 25 Viseu Digital 16 299.148

Total 236 6.790.958

Fonte: http://www.cidadesdigitais.pt

No entanto, analisando as Tabelas 2 e 3, verifica-se que 23,38% dos Municípios

Portugueses não são abrangidos pela iniciativa Cidades e Regiões Digitais e que,

consequentemente, 34,75% da População Portuguesa não tem acesso aos serviços

e facilidades proporcionados pela Iniciativa já referida.

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Tabela 2 - Percentagem de População abrangida por projectos desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões Digitais

População Portugal População Abrangida

pelas Cidades e Regiões Digitais

% População Não Abrangida pelas Cidades e Regiões

Digitais %

10.407.465 6.790.958 65,25 3.616.507 34,75 Fonte: http://www.cidadesdigitais.pt e INE: http://www.ine.pt Tabela 3 - Percentagem de Municípios abrangidos por projectos desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões Digitais

Total Municípios Portugal

Municípios Abrangidos pelas Cidades e Regiões

Digitais %

Municípios Não Abrangidos pelas Cidades e Regiões

Digitais %

308 236 76,62 72 23,38

Fonte: http://www.cidadesdigitais.pt e Associação Nacional de Municípios (ANMP):http://www.anmp.pt

Estes valores assumem maior importância quando se verifica que as zonas

geográficas a que correspondem são, maioritariamente, zonas do interior e Norte de

Portugal (Figura 1), zonas essas tradicionalmente carentes a nível sócio-económico,

cultural e infra-estrutural. Desta forma, se num futuro próximo se mantiver a

ausência de projectos do tipo dos que se enquadram no âmbito das Cidades e

Regiões Digitais estas zonas do Interior e Norte de Portugal serão confrontadas com

um novo elemento no seu leque de necessidades urgentes: a literacia digital e com

novo cenário de exclusão: a info-exclusão.

Embora a área geográfica do Entre o Douro e Vouga (Figura 2) seja uma zona que

sofra muitas das carências referidas anteriormente é, neste momento, uma área

abrangida por um dos projectos desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões

Digitais: o Entre o Douro e Vouga Digital.

Tendo como ponto de partida os objectivos gerais definidos para os projectos que se

se enquadrem na Iniciativa Cidades e Regiões Digitais, o consórcio do Entre o

Douro e Vouga Digital definiu como principal meta “contribuir para a criação da

melhoria da qualidade de vida, do ensino, da prestação de serviços à comunidade,

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do acesso à cultura e ao conhecimento, bem como da melhoria da competitividade

das empresas dos Concelhos da Região do Entre Douro e Vouga, proporcionadas

pelas novas tecnologias da informação e da comunicação.” 6

Assim, estarão então activados os mecanismos e reunidas as condições mínimas

para o desenvolver do processo que levará esta o Entre o Douro e Vouga à

Sociedade em Rede.

Legenda:

- Território abrangido por projectos

desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões Digitais;

- Território não abrangido por projectos no âmbito

das Cidades e Regiões Digitais

Fonte: http://www.cidadesdigitais.pt e Associação Nacional de Municípios (ANMP): www.anmp.pt

Figura 1 - Território Nacional abrangido por projectos desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões Digitais

Figura 2 - Distrito de Aveiro: Região

Entre o Douro e Vouga

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No entanto, embora a Iniciativa para as Cidades e Regiões Digitais esteja em

constante evolução, analisando a Figura 1 verifica-se que a mancha respeitante à

área geográfica que não é abrangida por projectos enquadrados nas Cidades e

Regiões Digitais é ainda alargada.

1.2. Iniciativas Particulares: zonas de cobertura das principais operadoras privadas (Vodafone, Optminus e Cabovisão)

A análise efectuada é de natureza empírica e tem como alvo as operadoras

Vodafone, Optimus e Cabovisão. Uma vez que se pretende analisar

projectos/serviços/operadores de natureza particular e que possam complementar

ou, de alguma forma, ser alternativos aos oferecidos pelo Grupo Portugal Telecom

optou-se por excluir desta análise todas as operadoras e prestadores de serviços

que fazem parte do referido Grupo. Embora a Cabovisão tenha uma natureza algo

distinta das outras duas operadoras, considera-se pertinente referir a cobertura que

tem relativamente ao acesso à Internet.

Assim, esta análise incidirá sobre a cobertura do serviço telefónico e sobre os

serviços de acesso à Internet, nomeadamente os serviços que têm por base a

Banda Larga portátil e a Banda Larga por cabo.

I. A Vodafone

Como se pode verificar pela análise à Figura 3, ao nível do serviço móvel de

telefone, a Vodafone apresenta uma cobertura bastante alargada do território

nacional, excepções são algumas pequenas áreas na zona Centro de Portugal

Continental e também as zonas mais centrais de algumas das ilhas dos

Arquipélagos da Madeira e Açores.

No que respeita à tecnologia móvel de acesso a Banda Larga: o Vodafone Mobile

Connect Card 3G apresenta uma cobertura geográfica semelhante à apresentada na

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Figura 3 e tem a particularidade de, quando o acesso à Banda Larga através do 3G

falha, o serviço 3G é substituído pelo serviço de GPRS

Fonte: www.vodafone.pt

Figura 1 - Cobertura Nacional e no Distrito de Aveiro da Vodafone: serviços de telefone móvel

De acordo com as Figuras 3 e 4, a região Entre o Douro e Vouga está então

contemplada, em grande parte do seu território pelos serviços Vodafone já descritos.

No entanto, consultando as mesmas figuras é perceptível a existência de algumas

zonas onde a cobertura Vodafone é reduzida, principalmente em Vale de Cambra e

Arouca.

II. A Optimus Pela análise da figura 5 facilmente se constata que em Portugal Continental a

Optimus tem cobertura quase total do Território no que respeita ao serviço de

telefone móvel.

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Fonte: www.optimus.pt

Figura 2 - Cobertura em Portugal Continental da Optimus: serviços de telefone móvel No entanto, no que respeita ao serviço de Banda Larga portátil, o Kanguru, como se

pode constatar pela análise à Tabela 4, verifica-se que, no caso específico da zona

Entre o Vouga e Douro a cobertura do Kanguru é bastante baixa, existindo apenas

uma freguesia, no Concelho de Santa Maria da Feira, com disponibilidade total do

serviço. Freguesias sem disponibilidade de serviço são 59 num total de 80, o que

corresponde a cerca de 74% das freguesias.

Tabela 4 - Cobertura do serviço Kanguru nos Municípios de Entre o Douro e Vouga

N.º de Freguesias por

Concelho

Freguesias com Kanguru:

Disponibilidade Total Freguesias com Kanguru:

Disponibilidade Parcial Freguesias sem

Kanguru

Arouca: 20 ----- ----- 20 S. João da Madeira: 1 ---- 1 ---- Oliveira de

Azeméis: 19 ---- 6 13 S.ta Maria da

Feira: 31 1 10 20 Vale de

Cambra: 9 ---- 3 6 Total: 80 1 20 59

Fonte: www.kanguru.pt

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III. Cabovisão

A Banda Larga da Cabovisão é distribuída, obrigatoriamente, através do anel de

fibra óptica desta operadora. Desta forma, e pelas dificuldades inerentes à

instalação de fibra óptica, como se pode constatar pela análise à Figura 5, apenas

algumas zonas são servidas por esta rede e tipo de serviços. Na zona Entre o Douro

e Vouga apenas estão contempladas os seguintes concelhos: Oliveira de Azeméis,

Santa Maria da Feira e São João da Madeira. No entanto, mesmo dentro destes

concelhos os serviços abrangem apenas algumas localidades.

Fonte: www.cabovisao.pt

Figura 3 - Cobertura Nacional dos Serviços Cabovisão

Conclusão: Apesar de todas as condicionantes e carências sócio-económicas que caracterizam

a região de Entre o Douro e Vouga a oportunidade de desenvolvimento

proporcionada pelo projecto Entre o Douro e Vouga Digital poderá funcionar como o

mecanismo de alavancagem no que respeita ao desenvolvimento das novas

Tecnologias de Informação e Comunicação que proporcionarão o funcionamento

pleno da Sociedade em Rede.

Além disso, e em relação à área geográfica que tem sido referenciada com particular

destaque, as operadoras de serviços móveis Vodafone e Optimus disponibilizam

cobertura alargada no que respeita ao serviço de telefone móvel e estão já a apostar

nos serviços de Banda Larga móveis. No que se refere à Cabovisão, e como já foi

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referido anteriormente, embora a operadora esteja presente na região do Entre o

Douro e Vouga, a mesma disponibiliza os seus serviços apenas em algumas

localidades.

Assim, tanto a nível das políticas de governo como a nível das iniciativas particulares

a engrenagem está em funcionamento e parecem estar a reunir-se as condições

essenciais e necessárias ao funcionamento pleno da Sociedade em Rede no Entre o

Douro e Vouga.

No entanto, o caso do Entre o Douro e Vouga é apenas um dos cenários que se

pode encontrar em Portugal no que respeita à Sociedade em Rede.

Actualmente, Portugal apresenta dois cenários opostos no que respeita à Sociedade

em Rede: por um lado, existem zonas que, através da Iniciativa Cidades e Regiões

Digitais, estão já a desenvolver projectos cujo objectivo é proporcionar aos cidadãos,

empresas e sociedade no geral, o acesso à Rede (Internet) e serviços a ela

associados; por outro lado, continuam a existir zonas onde, mesmo com a Iniciativa

Cidades e Regiões Digitais, muito pouco ou nada está a ser realizado no sentido de

proporcionar o acesso à Sociedade em Rede e aos serviços a ela associados.

Assim, num futuro próximo coexistirão dois tipos de cidadãos e, consequentemente,

dois tipos de sociedade em Portugal: o cidadão que tem acesso à Rede e, por isso,

é parte integrante da mesma, e o cidadão que não tem acesso à Rede e, por isso, é

excluído de forma quase natural da mesma.

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Notas:

1 Manuel Castells: A Sociedade em Rede em Portugal - Capítulo Inicial (Gustavo Cardoso |António

Firmino da Costa |Cristina Palma Conceição |Maria do Carmo Gomes) , Porto, Campo das Letras

Porto, 2005, p.19; 2 Ibidem; 3 Iniciativa Cidades e Regiões Digitais:

http://http://www.cidadesdigitais.pt/index.php?option=com_content&task=section&id=8&Itemid=48 ; 4 Iniciativa Cidades e Regiões Digitais:

http://http://www.cidadesdigitais.pt/index.php?option=com_content&task=section&id=9&Itemid=51 ; 5 Programa Operacional Sociedade da Informação 2000-2006, aprovado pela Comissão Europeia em

28 de Julho de 2000, documento electrónico; 6 Entre o Douro e Vouga Digital – Memória Descritiva, documento electrónico, p. 2

Bibliografia:

• Associação Nacional de Municípios (ANMP). Sítio oficial de Internet da

Associação Nacional de Municípios onde se podem encontrar informação

variada sobre os Município de Portugal. < http://www.anmp.pt >.

• Dijk, Jan van : The Network Society, Social Aspects of New Media, Trad.,

London, Sage Publications, 1999 ;

• Cardoso, Gustavo; Costa, António Firmino da; Conceição, Cristina Palma;

Gomes, Maria do Carmo: A Sociedade em Rede em Portugal, Porto, Campo

das Letras, 2005;

• Castells, Manuel: A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, Vol.I

A Sociedade em Rede, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002;

• Cidades e Regiões Digitais. Sítio oficial de Internet relativo à Iniciativa

Cidades e Regiões Digitais. Este sítio disponibiliza toda a informação relativa

à própria Iniciativa e aos projectos desenvolvidos no âmbito da mesma.

< http://http://www.cidadesdigitais.pt >;

• Instituto Nacional de Estatística (INE). Sítio oficial de Internet com informação

estatística produzida por esta entidade. < http://www.ine.pt >

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• Sussman, Gerald: Communication, Technology, and Politics in the Information

Age, London, Sage Publications, 1999;

• Webster, Frank: Theories of the Information Society, London, Routlegde, 2005