O Cenário Político - Nacional e Regional após o Certame Eleitoral de 2012
A sociedade em rede: um cenário de opostos – a região entre o Douro e Vouga
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A SOCIEDADE EM REDE: UM CENÁRIO DE OPOSTOS – A
REGIÃO DE ENTRE O DOURO E VOUGA
Sónia Campos
Lídia Silva
A. Manuel Duarte
Universidade de Aveiro,
Aveiro,
Portugal
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Resumo:
As últimas décadas têm sido marcadas pelo crescente uso das tecnologias digitais e
pela revolução tecnológica concentrada nas Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC). Como consequência, verificam-se mudanças profundas no dia-
a-dia da sociedade, do mundo e de todos os quadrantes tranversais aos mesmos:
desde as tecnologias e economia até à cultura e relações interpessoais.
Um dos grandes pilares em que assenta esta revolução relaciona-se com o facto de,
através das TIC e com base em redes de computadores, as pessoas, entidades,
organizações, países estarem mundialmente conectados. Desta forma, verifica-se
um uso crescente de redes como a Internet, cujo efeito mais evidente é um novo tipo
de organização social, a que Manuel Castells chama de Sociedade em Rede.
Contudo, mesmo em países que, de forma geral, caminham para a Sociedade em
Rede, continuam a existir pessoas, entidades e organizações que estão ainda muito
longe de poderem fazer parte desse tipo de Sociedade. Portanto, numa mesma
região, poder-se-á verificar a coexistência de duas situações opostas no que
respeita ao acesso à rede: aqueles que têm acesso e, por isso, são parte da Rede, e
aqueles que não têm acesso e, por isso, são excluídos da rede.
Este artigo pretende demonstrar algumas das razões e consequências de, numa
mesma região, coexistirem cenários antagónicos no acesso à Rede e, por isso, à
Sociedade em Rede.
Palavras-Chave: Sociedade em Rede, Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC), Internet
Network Society: a scenario of opposites – The Entre o Douro e Vouga Region
Abstract:
The last decades have been marked by the increasing use of digital technologies and
the technological revolution concentrated on the Information Communication
Technologies (ICT). Both situations have been changing in a deeply way the day life,
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the society, the world, and all of their transversal areas: starting on technologies and
economy and ending on culture and interpersonal relationships.
One of the biggest pillar’s of these revolution is the possibility of, through ICT,
people, entities, organizations, enterprises, countries to be worldly connected based
on computer networks. As consequence, there is an increasing use of networks such
as Internet, which main effect results on a new kind of social organization, named by
Manuel Castells as Network Society.
However, even in countries that, in a general way, are walking through the Network
Society, there still existing people, entities, organizations, and enterprises far away of
truly being part of that Society. As consequence, in a same region, it is possible the
coexistence of two opposite situations related to the network access: the one’s who
have access and, therefore, are part of the network, and the one’s who have no
access and, therefore, are excluded from the network.
This article aim is to show the reasons why, in a same region, is possible to exist
opposite scenarios in the network access and, that way, in the access to the Network
Society and the resulting consequences of that: study case of the Entre o Douro e
Vouga region.
Key words: Network Society, Information and Communication Technologies (ICT),
Internet
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Introdução
As últimas duas décadas foram marcadas pelo desenvolvimento galopante quer da
Internet quer das TIC. Estas tecnologias foram aplicadas, gradualmente, a um sem
número de actividades e, por isso, desempenham agora um papel central no dia-a-
dia tanto das empresas e organismos como dos cidadãos, assumindo, pela sua
flexibilidade de utilização e capacidade, papel estruturante e condicionante do
desenvolvimento económico e social de regiões e grupos populacionais.
Face a estas novas realidades, países e regiões são deparados com novos desafios
impostos por esta Sociedade emergente, desafios esses que implicam a definição
de estratégias que lhes consigam responder. A forma como cada país ou região
enfrenta esses desafios varia e é condicionada pelo respectivo contexto cultural,
político, jurídico, económico, tecnológico e social.
1. A Sociedade em Rede
Segundo Manuel Castells1, “a sociedade em rede mistura-se, nas suas formas, nas
suas instituições, nas suas vivências, com os tipos de sociedade onde surgiu. (...)
um traço essencial da sociedade em rede é que se organiza globalmente e os seus
níveis de desenvolvimento são muito diferentes em cada país. Nem todas as
pessoas, nem todas as actividades, nem todos os territórios estão organizados
segundo a estrutura lógica da sociedade em rede.(...) Mas toda a humanidade,
esteja onde estiver e quem quer que seja, está condicionada, nos aspectos
fundamentais da sua existência, por aquilo que acontece nas redes globais e locais
que configuram a sociedade em rede. Porque essas redes incluem e organizam o
essencial da riqueza, o conhecimento, o poder, a comunicação e a tecnologia que
existe no mundo”.
Segundo Mitchell (2003, citado por Castells2), “a sociedade em rede só se pode
desenvolver a partir de um novo sistema tecnológico, o das tecnologias de
informação e de comunicação de base microelectrónica e de comunicações
digitalizada”.
Castells (2002) considera que se a sociedade não determina a tecnologia pode,
principalmente através do Estado, condicioná-la, isto é, através das medidas e
decisões do Estado pode-se sufocar o desenvolvimento tecnológico, ou em
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alternativa, pode-se entrar num processo de modernização tecnológica capaz de
mudar o destino da economia e dos restantes quadrantes sociais. Desta forma, a
capacidade ou incapacidade de uma sociedade em dominar as tecnologias traça o
seu destino.
Embora o Estado desempenhe um papel crucial no desenvolvimento tecnológico
que levará à Sociedade em Rede, considera-se que a iniciativa e investimento por
parte de entidades particulares tem também um importante papel. Nesse sentido,
das várias iniciativas públicas e privadas, foram seleccionadas para análise duas
vertentes que se consideram cruciais para o desenvolvimento de Portugal rumo à
Sociedade em Rede:
1. Medidas Governamentais de apoio ao desenvolvimento à Sociedade em Rede:
as Cidades e Regiões Digitais;
2. Iniciativas Particulares: o investimento de operadores/ companhias privadas
(Optimus, Vodafone e Cabovisão) nos serviços que possibilitam o acesso à
Sociedade em Rede – a cobertura dos serviços de comunicações móveis e a
cobertura da Internet de Banda Larga.
1.1. Iniciativas Governamentais: As Cidades e Regiões Digitais
A iniciativa Cidades e Regiões Digitais está a ser desenvolvida no âmbito do
Programa POS_Conhecimento e tem como objectivo “desenvolver a Sociedade da
Informação e conhecimento ao nível regional de forma a criar competências
regionais aplicadas que criem valor económico para a região, aumentem a qualidade
de vida dos seus cidadãos e promovam a competitividade das suas empresas e os
seu desenvolvimento sustentado”3.
Neste sentido, as áreas de actuação que foram definidas como prioritárias são:
• Dinamização Regional (Conteúdos e Serviços Digitais);
• Governo Electrónico Local em Banda Larga;
• Acessibilidades (acesso e utilização de TIC);
• Infra-estruturas Tecnológicas;
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• Sub-projectos Sectoriais e Locais (que demonstrem ser interesse particular de
um sector ou local, por atender a características específicas da região);
• Sub-projectos de Sensibilização e Mobilização dos cidadãos e agentes
económicos para a participação activa na construção da Sociedade da
Informação.
As áreas de actuação das Cidades e Regiões Digitais foram desenvolvidas de forma
a contribuírem para quatro dos grandes objectivos do Plano de Acção para a
Sociedade da Informação em Portugal:
• Aumentar a eficácia e eficiência do sistema económico, a competitividade e a
produtividade do tecido empresarial;
• Aumentar as habilitações, competências e conhecimento dos portugueses,
principais substratos da capacidade de desenvolvimento sustentado do País;
• Contribuir para a modernização, racionalização, responsabilização e
revitalização da Administração Pública e do aparelho do Estado;
• Dinamizar a sociedade civil, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida
dos cidadãos.4
Segundo o Plano Operacional Sociedade da Informação 2000-2006, a fase
experimental desta Iniciativa integrou “parcerias desenvolvidas em diversos
contextos sociais e económicos: cidades do interior de Portugal (Guarda, Bragança,
Vila Real e Castelo Branco); uma cidade de média dimensão e com um dinâmico
tecido económico, uma excelente infra-estrutura de telecomunicações e uma
Universidade de forte dinamismo (Aveiro); uma cidade com uma indústria de ponta
de nível mundial (indústria dos moldes) com fortes exigências em termos de
telecomunicações (Marinha Grande); uma região com sérios problemas de fixação
de meios humanos (Alentejo) e áreas urbanas com minorias étnicas (projecto “Com
Minorias” na periferia de Lisboa e em Setúbal).”5
Presentemente, como se pode constatar pela análise da Tabela 1, são já 25 os
projectos de Cidades e Regiões Digitais, distribuídos por 236 municípios e
abrangendo 6.790.958 pessoas.
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Tabela 1 - Projectos em desenvolvimento no âmbito da Iniciativa Cidades e Regiões Digitais
Designação do Projecto N.º de Municípios Envolvidos População
1 Açores Digital 19 238.767 2 Algarve Digital 16 398.370 3 Almada Digital 1 161.054 4 ALO Digital 4 631.686 5 Aveiro Digital 11 348.561 6 Beira Baixa Digital 11 207.987 7 Beja Digital 13 135.105 8 Braga Digital 6 397.246 9 EDV Digital 5 276.812
10 Évora Digital 14 173.654 11 Gaia Digital 1 293.301 12 Leiria Digital 6 303.358 13 Litoral Alentejano Digital 5 98.007 14 Madeira Digital 11 241.257 15 Maia Digital 1 120.111 16 Médio Tejo Digital 11 192.137 17 Oeste Digital 12 345.165 18 Portalegre Digital 15 117.824 19 Porto Digital 1 263.131 20 Ribatejo Digital 11 244.148 21 Seixal Digital 1 150.261 22 Setúbal Digital 7 405.302 23 Trás-os-Montes Digital 32 418.266 24 Vale do Sousa Digital 6 330.300 25 Viseu Digital 16 299.148
Total 236 6.790.958
Fonte: http://www.cidadesdigitais.pt
No entanto, analisando as Tabelas 2 e 3, verifica-se que 23,38% dos Municípios
Portugueses não são abrangidos pela iniciativa Cidades e Regiões Digitais e que,
consequentemente, 34,75% da População Portuguesa não tem acesso aos serviços
e facilidades proporcionados pela Iniciativa já referida.
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Tabela 2 - Percentagem de População abrangida por projectos desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões Digitais
População Portugal População Abrangida
pelas Cidades e Regiões Digitais
% População Não Abrangida pelas Cidades e Regiões
Digitais %
10.407.465 6.790.958 65,25 3.616.507 34,75 Fonte: http://www.cidadesdigitais.pt e INE: http://www.ine.pt Tabela 3 - Percentagem de Municípios abrangidos por projectos desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões Digitais
Total Municípios Portugal
Municípios Abrangidos pelas Cidades e Regiões
Digitais %
Municípios Não Abrangidos pelas Cidades e Regiões
Digitais %
308 236 76,62 72 23,38
Fonte: http://www.cidadesdigitais.pt e Associação Nacional de Municípios (ANMP):http://www.anmp.pt
Estes valores assumem maior importância quando se verifica que as zonas
geográficas a que correspondem são, maioritariamente, zonas do interior e Norte de
Portugal (Figura 1), zonas essas tradicionalmente carentes a nível sócio-económico,
cultural e infra-estrutural. Desta forma, se num futuro próximo se mantiver a
ausência de projectos do tipo dos que se enquadram no âmbito das Cidades e
Regiões Digitais estas zonas do Interior e Norte de Portugal serão confrontadas com
um novo elemento no seu leque de necessidades urgentes: a literacia digital e com
novo cenário de exclusão: a info-exclusão.
Embora a área geográfica do Entre o Douro e Vouga (Figura 2) seja uma zona que
sofra muitas das carências referidas anteriormente é, neste momento, uma área
abrangida por um dos projectos desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões
Digitais: o Entre o Douro e Vouga Digital.
Tendo como ponto de partida os objectivos gerais definidos para os projectos que se
se enquadrem na Iniciativa Cidades e Regiões Digitais, o consórcio do Entre o
Douro e Vouga Digital definiu como principal meta “contribuir para a criação da
melhoria da qualidade de vida, do ensino, da prestação de serviços à comunidade,
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do acesso à cultura e ao conhecimento, bem como da melhoria da competitividade
das empresas dos Concelhos da Região do Entre Douro e Vouga, proporcionadas
pelas novas tecnologias da informação e da comunicação.” 6
Assim, estarão então activados os mecanismos e reunidas as condições mínimas
para o desenvolver do processo que levará esta o Entre o Douro e Vouga à
Sociedade em Rede.
Legenda:
- Território abrangido por projectos
desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões Digitais;
- Território não abrangido por projectos no âmbito
das Cidades e Regiões Digitais
Fonte: http://www.cidadesdigitais.pt e Associação Nacional de Municípios (ANMP): www.anmp.pt
Figura 1 - Território Nacional abrangido por projectos desenvolvidos no âmbito das Cidades e Regiões Digitais
Figura 2 - Distrito de Aveiro: Região
Entre o Douro e Vouga
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No entanto, embora a Iniciativa para as Cidades e Regiões Digitais esteja em
constante evolução, analisando a Figura 1 verifica-se que a mancha respeitante à
área geográfica que não é abrangida por projectos enquadrados nas Cidades e
Regiões Digitais é ainda alargada.
1.2. Iniciativas Particulares: zonas de cobertura das principais operadoras privadas (Vodafone, Optminus e Cabovisão)
A análise efectuada é de natureza empírica e tem como alvo as operadoras
Vodafone, Optimus e Cabovisão. Uma vez que se pretende analisar
projectos/serviços/operadores de natureza particular e que possam complementar
ou, de alguma forma, ser alternativos aos oferecidos pelo Grupo Portugal Telecom
optou-se por excluir desta análise todas as operadoras e prestadores de serviços
que fazem parte do referido Grupo. Embora a Cabovisão tenha uma natureza algo
distinta das outras duas operadoras, considera-se pertinente referir a cobertura que
tem relativamente ao acesso à Internet.
Assim, esta análise incidirá sobre a cobertura do serviço telefónico e sobre os
serviços de acesso à Internet, nomeadamente os serviços que têm por base a
Banda Larga portátil e a Banda Larga por cabo.
I. A Vodafone
Como se pode verificar pela análise à Figura 3, ao nível do serviço móvel de
telefone, a Vodafone apresenta uma cobertura bastante alargada do território
nacional, excepções são algumas pequenas áreas na zona Centro de Portugal
Continental e também as zonas mais centrais de algumas das ilhas dos
Arquipélagos da Madeira e Açores.
No que respeita à tecnologia móvel de acesso a Banda Larga: o Vodafone Mobile
Connect Card 3G apresenta uma cobertura geográfica semelhante à apresentada na
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Figura 3 e tem a particularidade de, quando o acesso à Banda Larga através do 3G
falha, o serviço 3G é substituído pelo serviço de GPRS
Fonte: www.vodafone.pt
Figura 1 - Cobertura Nacional e no Distrito de Aveiro da Vodafone: serviços de telefone móvel
De acordo com as Figuras 3 e 4, a região Entre o Douro e Vouga está então
contemplada, em grande parte do seu território pelos serviços Vodafone já descritos.
No entanto, consultando as mesmas figuras é perceptível a existência de algumas
zonas onde a cobertura Vodafone é reduzida, principalmente em Vale de Cambra e
Arouca.
II. A Optimus Pela análise da figura 5 facilmente se constata que em Portugal Continental a
Optimus tem cobertura quase total do Território no que respeita ao serviço de
telefone móvel.
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Fonte: www.optimus.pt
Figura 2 - Cobertura em Portugal Continental da Optimus: serviços de telefone móvel No entanto, no que respeita ao serviço de Banda Larga portátil, o Kanguru, como se
pode constatar pela análise à Tabela 4, verifica-se que, no caso específico da zona
Entre o Vouga e Douro a cobertura do Kanguru é bastante baixa, existindo apenas
uma freguesia, no Concelho de Santa Maria da Feira, com disponibilidade total do
serviço. Freguesias sem disponibilidade de serviço são 59 num total de 80, o que
corresponde a cerca de 74% das freguesias.
Tabela 4 - Cobertura do serviço Kanguru nos Municípios de Entre o Douro e Vouga
N.º de Freguesias por
Concelho
Freguesias com Kanguru:
Disponibilidade Total Freguesias com Kanguru:
Disponibilidade Parcial Freguesias sem
Kanguru
Arouca: 20 ----- ----- 20 S. João da Madeira: 1 ---- 1 ---- Oliveira de
Azeméis: 19 ---- 6 13 S.ta Maria da
Feira: 31 1 10 20 Vale de
Cambra: 9 ---- 3 6 Total: 80 1 20 59
Fonte: www.kanguru.pt
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III. Cabovisão
A Banda Larga da Cabovisão é distribuída, obrigatoriamente, através do anel de
fibra óptica desta operadora. Desta forma, e pelas dificuldades inerentes à
instalação de fibra óptica, como se pode constatar pela análise à Figura 5, apenas
algumas zonas são servidas por esta rede e tipo de serviços. Na zona Entre o Douro
e Vouga apenas estão contempladas os seguintes concelhos: Oliveira de Azeméis,
Santa Maria da Feira e São João da Madeira. No entanto, mesmo dentro destes
concelhos os serviços abrangem apenas algumas localidades.
Fonte: www.cabovisao.pt
Figura 3 - Cobertura Nacional dos Serviços Cabovisão
Conclusão: Apesar de todas as condicionantes e carências sócio-económicas que caracterizam
a região de Entre o Douro e Vouga a oportunidade de desenvolvimento
proporcionada pelo projecto Entre o Douro e Vouga Digital poderá funcionar como o
mecanismo de alavancagem no que respeita ao desenvolvimento das novas
Tecnologias de Informação e Comunicação que proporcionarão o funcionamento
pleno da Sociedade em Rede.
Além disso, e em relação à área geográfica que tem sido referenciada com particular
destaque, as operadoras de serviços móveis Vodafone e Optimus disponibilizam
cobertura alargada no que respeita ao serviço de telefone móvel e estão já a apostar
nos serviços de Banda Larga móveis. No que se refere à Cabovisão, e como já foi
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referido anteriormente, embora a operadora esteja presente na região do Entre o
Douro e Vouga, a mesma disponibiliza os seus serviços apenas em algumas
localidades.
Assim, tanto a nível das políticas de governo como a nível das iniciativas particulares
a engrenagem está em funcionamento e parecem estar a reunir-se as condições
essenciais e necessárias ao funcionamento pleno da Sociedade em Rede no Entre o
Douro e Vouga.
No entanto, o caso do Entre o Douro e Vouga é apenas um dos cenários que se
pode encontrar em Portugal no que respeita à Sociedade em Rede.
Actualmente, Portugal apresenta dois cenários opostos no que respeita à Sociedade
em Rede: por um lado, existem zonas que, através da Iniciativa Cidades e Regiões
Digitais, estão já a desenvolver projectos cujo objectivo é proporcionar aos cidadãos,
empresas e sociedade no geral, o acesso à Rede (Internet) e serviços a ela
associados; por outro lado, continuam a existir zonas onde, mesmo com a Iniciativa
Cidades e Regiões Digitais, muito pouco ou nada está a ser realizado no sentido de
proporcionar o acesso à Sociedade em Rede e aos serviços a ela associados.
Assim, num futuro próximo coexistirão dois tipos de cidadãos e, consequentemente,
dois tipos de sociedade em Portugal: o cidadão que tem acesso à Rede e, por isso,
é parte integrante da mesma, e o cidadão que não tem acesso à Rede e, por isso, é
excluído de forma quase natural da mesma.
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Notas:
1 Manuel Castells: A Sociedade em Rede em Portugal - Capítulo Inicial (Gustavo Cardoso |António
Firmino da Costa |Cristina Palma Conceição |Maria do Carmo Gomes) , Porto, Campo das Letras
Porto, 2005, p.19; 2 Ibidem; 3 Iniciativa Cidades e Regiões Digitais:
http://http://www.cidadesdigitais.pt/index.php?option=com_content&task=section&id=8&Itemid=48 ; 4 Iniciativa Cidades e Regiões Digitais:
http://http://www.cidadesdigitais.pt/index.php?option=com_content&task=section&id=9&Itemid=51 ; 5 Programa Operacional Sociedade da Informação 2000-2006, aprovado pela Comissão Europeia em
28 de Julho de 2000, documento electrónico; 6 Entre o Douro e Vouga Digital – Memória Descritiva, documento electrónico, p. 2
Bibliografia:
• Associação Nacional de Municípios (ANMP). Sítio oficial de Internet da
Associação Nacional de Municípios onde se podem encontrar informação
variada sobre os Município de Portugal. < http://www.anmp.pt >.
• Dijk, Jan van : The Network Society, Social Aspects of New Media, Trad.,
London, Sage Publications, 1999 ;
• Cardoso, Gustavo; Costa, António Firmino da; Conceição, Cristina Palma;
Gomes, Maria do Carmo: A Sociedade em Rede em Portugal, Porto, Campo
das Letras, 2005;
• Castells, Manuel: A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, Vol.I
A Sociedade em Rede, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002;
• Cidades e Regiões Digitais. Sítio oficial de Internet relativo à Iniciativa
Cidades e Regiões Digitais. Este sítio disponibiliza toda a informação relativa
à própria Iniciativa e aos projectos desenvolvidos no âmbito da mesma.
< http://http://www.cidadesdigitais.pt >;
• Instituto Nacional de Estatística (INE). Sítio oficial de Internet com informação
estatística produzida por esta entidade. < http://www.ine.pt >