A PRÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO E SUA APLICABILIDADE NO MERCADO DE TRABALHO

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0 ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTE LICENCIATURA PLENA PORTUGUÊS/INGLÊS RAQUEL MAIA BRASIL DO NASCIMENTO A PRÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO E SUA APLICABILIDADE NO MERCADO DE TRABALHO Ananindeua PA 2014

Transcript of A PRÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO E SUA APLICABILIDADE NO MERCADO DE TRABALHO

0

ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTE

LICENCIATURA PLENA PORTUGUÊS/INGLÊS

RAQUEL MAIA BRASIL DO NASCIMENTO

A PRÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO E SUA

APLICABILIDADE NO MERCADO DE TRABALHO

Ananindeua – PA

2014

1

RAQUEL MAIA BRASIL DO NASCIMENTO

A PRÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO E SUA

APLICABILIDADE NO MERCADO DE TRABALHO

Ananindeua – PA

2014

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Escola Superior Madre

Celeste, como requisito para a

obtenção do grau de Licenciatura no

curso de Letras.

Orientação da Prof.ª Cândida A. Castro

2

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Mariana Araújo CRB2/1026, Ananindeua-PA

Nascimento, Raquel Maia Brasil do. A Prática do inglês instrumental no ensino médio e sua aplicabilidade no mercado de trabalho / Raquel Maia Brasil do Nascimento; orientadora Cândida A. Castro, 2014.

100fol. TCC (Trabalho de Graduação de Curso) – Escola Superior Madre Celeste, Curso de licenciatura em Letras. Ananindeua, 2014. 1. Inglês instrumental. 2. Ensino médio. 3. Mercado de trabalho. 4.

Paes Loureiro. I. Titulo.

CDD: 20. ed.: 372

3

RAQUEL MAIA BRASIL DO NASCIMENTO

A PRÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO E SUA

APLICABILIDADE NO MERCADO DE TRABALHO

Data de Aprovação: _____/______/______.

Nota: _________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof.ª Msc. Cândida Assumpção Castro

____________________________________________

Prof.ª Msc. Lídia Alcântara

___________________________________________

Prof.º Msc. Jorge Pantoja

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola Superior Madre

Celeste, como requisito para a

obtenção do grau de Licenciatura no

curso de Letras.

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Ao meu Deus, pelo amor, companheirismo e

fidelidade em todos os momentos da minha vida.

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sabedoria concedida durante todo curso, e pelas vitórias alcançadas.

À minha mãe, pelo apoio e dedicação dados aos filhos, mesmo depois de termos

construído nossa própria família. Seu amor e cuidado foram essenciais para a minha vitória.

Ao meu marido, pelo amor, compreensão, sabedoria e paciência. Sou grata pelas ideias

que permitiram a construção deste trabalho.

À minha filha, verdadeira motivadora de todos os meus esforços. Obrigada pela

paciência nos momentos em que estive ausente mesmo estando perto. Suas palavras de amor

foram essenciais nos momentos difíceis. Os melhores dias estão por vir!

À minha orientadora Profª. Cândida Castro pelo conhecimento, colaboração e

incentivo dedicados a mim, mesmo sem termos trabalhado juntas anteriormente. Desejo muito

sucesso em sua caminhada.

Às minha amigas Alessandra Ramos, Anny Rodrigues, Elaine Camarão, Laura Costa e

Suelen Reis, que mesmo distantes fazem parte dessa trajetória. Obrigada pela confiança e

pelas palavras de carinho!

Ao meu tio Mauro Maia que, desde muito cedo, acreditou em minha capacidade, e

contribuiu para meu bom desempenho durante o curso. Agradeço pela confiança!

A todos que tornaram esse projeto realidade e motivo de orgulho.

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RESUMO

Tendo em vista o destaque mundial da Língua Inglesa, e a exigência de seu conhecimento

como fator de empregabilidade em todos os setores econômicos, este trabalho teve como

principal objetivo a investigação da prática do Inglês Instrumental nas escolas de Ensino

Médio, e da sua aplicabilidade no mercado de trabalho. Para o alcance deste objetivo, o

presente trabalho utilizou-se da pesquisa bibliográfica para a descrição da ascensão da Língua

Inglesa ao status de língua global, de acordo com os estudos de David Crystal (2003),e as

exigências do Inglês no mercado de trabalho, além da abordagem dos conceitos relacionados

ao ensino de Inglês Instrumental, principalmente, segundo Hutchinson & Waters (1987) e de

documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000), as

Orientações Curriculares Nacionais (BRASIL, 2006) e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (BRASIL, 1996). A pesquisa de campo foi dividida em dois momentos e teve o

propósito de coletar dados para a identificação da realidade desta prática nas escolas públicas

e particulares, bem como a descrição dos usos da língua em ambiente de trabalho. A pesquisa

se caracterizou como exploratória e descritiva, mas também como um estudo de caso, e se

utilizou de instrumentos de coleta de dados, como entrevistas, questionários e observações das

práticas anteriormente descritas. Para a descrição da prática de ensino nas escolas, também

foram analisados o material didático e a matriz curricular da disciplina. O propósito da

investigação foi avaliar a eficiência do ensino e as consequências da adoção dessa abordagem

quanto ao aspecto da educação para o trabalho.

Palavras-chave: Inglês Instrumental. Ensino Médio. Mercado de trabalho.

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ABSTRACT

Considering the global prominence of the English language, and the demand for their

knowledge as an employability factor in all economic sectors, this study was aimed to

investigate the practice of English in high schools, and their applicability in the labor market.

To reach this objective, the present work used the literature to describe the rise of English as a

global language, according to studies by David Crystal (2003), and the demands of the

English labor market, beyond the approach of the concepts related to teaching English

Instrumental, mainly according Hutchinson & Waters (1987) and official documents such as

the National Curricular Parameters (BRAZIL, 2000), the National Curriculum Guidelines

(BRAZIL, 2006) and the Law guidelines and Bases of Education (BRAZIL, 1996). The field

was divided into two stages and aimed to collect data to identify the reality of the English

teaching in public and private schools as well as the description of the uses of language in the

workplace. The study was regarded as exploratory and descriptive, but also as a case study,

and was used for data collection instruments such as interviews, questionnaires and

observations of the practices described above. For a description of teaching practice in

schools, also the teaching material and the curriculum of the course were analyzed. The

purpose of the research was to evaluate the effectiveness of teaching and the consequences of

adopting this approach to the aspect of education for work.

Keywords: Instrumental English. High School. Labor market.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixa etária dos informantes...................................................................................

Tabela 2 – Quanto ao sexo dos informantes.............................................................................

Tabela 3 – Alunos que afirmam ser o seu conhecimento de Inglês proveniente das aulas do

Ensino Médio............................................................................................................................

Tabela 4 – Fatores que auxiliam na aprendizagem no Ensino Médio......................................

Tabela 5 – Fatores que prejudicam a aprendizagem no Ensino Médio....................................

Tabela 6 – Alunos matriculados em cursos de idiomas............................................................

Tabela 7 – Razões pela opção do curso....................................................................................

Tabelo 8 – Funcionalidade do Inglês ensinado para o mercado de trabalho............................

Tabela 9 – Habilidades desejadas pelos alunos......................................................................

Tabela 10 – Informação sobre a situação-atual dos aprendizes em relação às habilidades

comunicativa (E1).............................................................................................................

Tabela 11 – Informação sobre a situação-atual dos aprendizes em relação às habilidades

comunicativa (E2).............................................................................................................

Tabela 12 – Informações sobre o uso da língua por parte dos aprendizes (E1)..........

Tabela 13 – Informações sobre o uso da língua por parte dos aprendizes (E2)..........

Tabela 14 – Objetivos alcançados no Inglês Instrumental do Ensino Médio...........................

Tabela 15 – Avaliação dos objetivos da disciplina por parte dos alunos (E1)..........................

Tabela 16 – Avaliação dos objetivos da disciplina por parte dos alunos (E2)..........................

Tabela 17 – Habilidades trabalhadas em sala...........................................................................

Tabela 18 – Avaliação por parte dos alunos do conteúdo ministrado (E2)..............................

Tabela 19 – Avaliação por parte dos alunos do conteúdo ministrado (E1)..............................

Tabela 20 – Avaliação do professor (E1)..................................................................................

Tabela 21 – Avaliação do professor (E2)..................................................................................

Tabela 22 – Análise do meio, de acordo com os alunos (E1)...................................................

Tabela 23 – Análise do meio, de acordo com os alunos (E2)...................................................

Tabela 24 – Avaliação geral (E1).............................................................................................

Tabela 25 – Avaliação geral (E2).............................................................................................

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Apêndice G

Apêndice G

Apêndice H

Apêndice H

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

E1 = Escola Particular

E2 = Escola Pública

ESP = English for Specific Purposes

I.I. = Inglês Instrumental

IFE = Inglês para Fins Específicos

LDB = Lei de Diretrizes e Bases da Educação

LE = Língua Estrangeira

LEM = Língua Estrangeira Moderna

LM = Língua Materna

MEC = Ministério da Educação

OCN = Orientações Curriculares Nacionais

PCN = Parâmetros Curriculares Nacionais

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................

2 A LÍNGUA INGLESA NA SOCIEDADE DO SÉCULO XXI...........................................

2.1 A LÍNGUA GLOBAL DE DAVID CRYSTAL.....................................................................

2.2 ASCENSÃO DA LÍNGUA INGLESA À LÍNGUA GLOBAL...............................................

3 EXIGÊNCIAS DA LÍNGUA INGLESA NO MERCADO DE TRABALHO................

4 O ENSINO MÉDIO E A PRÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL...........................

4.1 O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL..............................................................

4.2 O QUE DIZEM AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES.....................................................

4.3 O INGLÊS INSTRUMENTAL.............................................................................................

4.3.1 Concepções gerais e características fundamentais........................................................

4.3.2 Aspectos relevantes ao planejamento de um curso de Inglês Instrumental.................

4.3.3 Análise de Necessidades...................................................................................................

4.4 O INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO........................................................

5 METODOLOGIA DE PESQUISA........................................................................................

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.............................................................................

6.1 A REALIDADE DO ENSINO.............................................................................................

6.2 A PRESENÇA DA LÍNGUA INGLESA NO MERCADO DE TRABALHO......................

6.3 COMPARAÇÃO DOS DADOS...........................................................................................

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................

REFERÊNCIAS

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos alunos da E1 e E2

APÊNDICE B – Questionário respondido Escola Particular

APÊNDICE C – Questionário respondido Escola Pública

APÊNDICE D – Entrevista realizada com funcionários da empresa McDonald’s

APÊNDICE E – Entrevista Funcionário 1

APÊNDICE F – Entrevista Funcionário 2

APÊNDICE G – Tabelas 10 e 11

APÊNDICE H – Tabelas 12 e 13

ANEXO A – Matriz de Referência para a prova do ENEM

ANEXO B – Objetos de conhecimento relacionados à Matriz de Referência

ANEXO C – Material didático utilizado na E1

ANEXO D – Ofício de autorização de pesquisa Escola Pública

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ANEXO E – Ofício de autorização de pesquisa Escola Particular

ANEXO F – Ofício de autorização de pesquisa empresa McDonald’s

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1 INTRODUÇÃO

A Língua Inglesa, a partir da Revolução Industrial e diante de vários acontecimentos

históricos, adquiriu o status de língua global, assumindo papel de principal meio de

comunicação internacional, principalmente nas esferas política e econômica. Em termos

educacionais, levando em consideração ter o Ensino Médio, como uma de suas

funcionalidades, a preparação do aluno para sua inclusão no mercado de trabalho, dominar

uma língua estrangeira – em especial, a Língua Inglesa - além de ser um diferencial curricular,

torna-se essencial na formação de qualquer profissional.

Diante desse contexto e tendo em vista a prática do Inglês Instrumental1 como

principal abordagem utilizada no ensino desta língua nas escolas regulares, com o objetivo de

preparar o aluno para a realização de provas vestibulares, esta pesquisa propõe analisar até

que ponto essa abordagem contempla as exigências para os cargos de nível médio do mercado

de trabalho, visto que a conclusão do Ensino Médio é fator decisivo na carreira acadêmica e

profissional do aluno.

Essa pesquisa teve como motivação principal, a frequência com que profissionais de

nível médio têm procurado escolas de idiomas para sua qualificação e auxílio no ambiente de

trabalho. Tendo conhecimento de que a disciplina de Língua Inglesa é uma opção no Ensino

Médio, mas como Língua Estrangeira (LE) é disciplina obrigatória, e de que sua prática é

baseada na Abordagem Instrumental, questionou-se quanto à aplicabilidade deste ensino em

um dos aspectos citados pela Lei de Diretrizes e Bases (1996) para a educação no Ensino

Médio: a preparação para o trabalho.

Diante da proposta concebida, a pesquisa em questão se baseou nos estudos de David

Crystal (2003) para entender o conceito de língua global e como a Língua Inglesa se tornou

tão importante na contemporaneidade. Em relação à abordagem do Inglês Instrumental, foram

tomados por base os estudos de Hutchinson & Waters (1987), por serem os principais teóricos

no que se refere ao ensino de Inglês para Fins Específicos. Com relação aos elementos que

norteiam o ensino desta disciplina nas escolas regulares, têm-se como fundamentação teórica

a Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,

2000) e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006).

1Neste trabalho, os termos Inglês para Fins Específicos (ou, em inglês, English for Specific Purposes – ESP) e

Inglês Instrumental são considerados sinônimos, o que será devidamente explicado no decorrer da pesquisa.

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A relevância deste trabalho se encontra na descrição da realidade escolar relacionada à

prática da Abordagem Instrumental e na aplicação dos conhecimentos adquiridos por meio

dessa abordagem em situações cotidianas, visto que, embora haja a presença de diversos

trabalhos relacionados à área do ensino de Inglês Instrumental, grande parte se dedica à sua

análise em cursos profissionalizantes e de graduação, ou então, quando os estudos se voltam

às escolas regulares de Ensino Médio, dedicam-se à descrição da prática escolar de forma

geral. No entanto, é de grande necessidade compreender de que forma a prática deste ensino

se aplica nos aspectos propostos pelas Orientações Curriculares para o Ensino Médio

(BRASIL, 2006), em especial o que concerne à conquista de uma vaga no mercado de

trabalho. 2Assim, este estudo pode servir de base para outras pesquisas da área do ensino de

línguas, além de promover a discussão dos fatores que levam a adoção desta prática nas

escolas regulares e da sua real eficiência.

A realização deste projeto apoiou-se na pesquisa bibliográfica e na pesquisa de campo,

com o objetivo de levantar dados que identificassem a realidade da prática do Inglês

Instrumental nas escolas, tanto no ensino público quanto no particular, e sua utilidade na

realização de tarefas em ambiente de trabalho. Os instrumentos de coleta utilizados foram:

questionários, entrevistas e observações da realidade.

O trabalho está estruturado da seguinte maneira: o capítulo 1 foi dedicado à introdução

da pesquisa. O capítulo 2 apresenta a importância da Língua Inglesa na sociedade atual,

descrevendo os principais motivos que propiciaram a sua ascensão à língua global, de acordo

com David Crystal (2003). O capítulo 3 discorre sobre as principais exigências da Língua

Inglesa no mercado de trabalho atual, de uma forma geral. O capítulo 4 é dedicado à

explanação dos conceitos relacionados à abordagem do Inglês Instrumental e ao ensino da

Língua Inglesa no Brasil, descrevendo-se as propostas oficiais para o Ensino Médio. O

capítulo 5 apresenta a descrição da metodologia utilizada na pesquisa. O capítulo 6 analisa e

discute os resultados quanto às investigações realizadas nas escolas e na empresa pesquisada.

E, o capítulo 7 é dedicado às considerações finais.

A partir desse momento, dá-se início a apresentação do estudo realizado.

2Sabe-se que, não é objetivo primário do Ensino Médio, segundo as Orientações Curriculares Nacionais

(BRASIL, 2006) propostas pelo Ministério da Educação, um ensino voltado diretamente ao cumprimento de

requisitos específicos de forma delimitada, mas acima disso, que preze pela formação integral do indivíduo como

cidadão.

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2 A LÍNGUA INGLESA NA SOCIEDADE DO SÉCULO XXI

Antes de iniciar o estudo sobre o ensino da Língua Inglesa nas escolas e avaliar a

sua aplicabilidade como é proposta deste trabalho, é necessário compreender a razão desse

ensino, ou seja, o motivo de se estudar a Língua Inglesa como Língua Estrangeira nas escolas

brasileiras; o que fez com que essa língua se tornasse tão importante na sociedade atual; e,

para quê serve seu ensino. Dessa forma, cabe a este capítulo abordar conceitos relacionados à

Língua Inglesa e sua ascensão no decorrer dos séculos.

2.1 A LÍNGUA GLOBAL, SEGUNDO DAVID CRYSTAL.

Todos sabem que dominar uma Língua Estrangeira é de extrema importância na

sociedade do século XXI, que a exige no mercado de trabalho, na vida acadêmica, nas

relações sociais, culturais, etc. A Língua Inglesa é a principal delas. No entanto, não foi de

repente que esta língua ganhou importância social ao redor do mundo tornando-se o que

chamamos de Língua Global.

David Crystal, em seu livro English as a Global Language (2003), declara que “A

language achieves a genuinely global status when it develops a special role that is recognized

in every country” (CRYSTAL, 2003, p. 3). Em outras palavras essa língua deve assumir um

papel significativo em importantes áreas da sociedade global, como no caso da política e

economia, mesmo em países que “[…] even though they have few (or no) mother-tongue

speakers.” (CRYSTAL, 2003, p. 4).

Segundo Crystal (2003), esse "aceite" dos países pode acontecer de duas formas

principais: quando uma língua se torna oficial em um país, ou quando se torna prioridade no

ensino de línguas estrangeiras, mesmo que essa língua não tenha nenhum status oficial no

país (como é o caso da Língua Inglesa no Brasil). Sendo assim, ele afirma que o que torna

uma língua global pouco tem a ver com o número de falantes dessa língua, mas com quem

são esses falantes. Exemplo disto foi o Latim, que se tornou uma língua internacionalmente

conhecida através da expansão do Império Romano pelo mundo, não por ter maior número de

falantes, mas pela grandiosidade de seu poder perante os povos. Apesar do seu declínio, essa

língua continuou sendo ensinada por um milênio, graças ao então poder eclesiástico do

Catolicismo Romano. Sendo assim, Crystal (2003) conclui que:

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"There is the closest of links between language dominance and economic,

technological, and cultural power, too, [...]. Without a strong power-base, of

whatever kind, no language can make progress as an international medium of

communication."(CRYSTAL, 2003, p. 7).

Portanto, o autor declara que, através da história se pode perceber que uma língua se

torna internacional, especialmente pelo poder político e militar de seu povo. O poder

econômico também é um dos principais fatores que fazem com que uma língua se estabeleça

pelo mundo, tornando seu aprendizado de extrema relevância para as relações políticas e

comerciais.

Assim, diante do que Crystal (2003) apresenta sobre língua global, cabe entender

como a Língua Inglesa tornou-se a língua global do século XXI, analisando principalmente os

séculos XIX e XX, onde a economia começou a se desenvolver em larga escala, com o

advento da Revolução Industrial e o avanço das tecnologias de informação.

2.2 ASCENSÃO DA LÍNGUA INGLESA À LÍNGUA GLOBAL

Sabendo que a Inglaterra é a nação-mãe da Língua Inglesa, acontecimentos históricos

relacionados a esse país e, posteriormente, aos Estados Unidos, refletiram na importância que

sua língua adquiriu. Segundo White,

[...] in the twentieth century English has become the language of the world thanks to

the linguistic legacy of the British Empire, the emergence of the USA as an English-

speaking superpower and the fortuitous association of English with the industrial

and technological developments of the nineteenth and twentieth

centuries.(WHITE,1988 apud RICHARDS, 2001, p.23).

De fato, pode-se dizer que a trajetória dessa herança inicia-se a partir do século XV e

XVI com os europeus se lançando ao mar na Era das Grandes Navegações, marcada pela

expansão marítima e comercial. Portugal e Espanha são as principais potências deste período,

pioneiros nessa revolução. Entretanto, apesar do atraso, iniciando sua exploração somente no

século XVI, a partir de várias estratégias adotadas (entre elas a pirataria), a Inglaterra

conseguiu se tornar uma potência marítima, intensificando o processo de colonização no

século XVII, com a colonização das treze colônias, e posteriormente países da África, Ásia e

o Pacífico.

Na segunda metade do século XVIII e início do XIX, o país torna-se destaque por seu

pioneirismo na Revolução Industrial, provocando várias mudanças na sociedade inglesa,

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consolidando o capitalismo no mundo. Entre os principais benefícios desta revolução estão os

avanços nas áreas científicas, aliados não só a indústria, como também a vários outros ramos

da sociedade com efeitos na qualidade de vida da população, sem contar o desenvolvimento

nos transportes e meios de comunicação, o que acelerou a circulação de capitais e

investimentos, facilitando a conexão entre as diversas e distantes regiões, com a formação de

novos mercados.

A emergência dos EUA acontece a partir da 1ª Guerra Mundial, surgindo como nova

potência, modificando o cenário econômico. Com a eclosão da 2ª Guerra Mundial e a

posterior divisão no mundo entre dois polos econômicos e militares, chamada de Guerra Fria,

as corridas científicas acabam por intensificar o fortalecimento desse país como principal

potência global, dando inicio a terceira Revolução Industrial e Tecnológica.

O grande passo dos EUA com relação aos avanços tecnológicos deu-se com o

desenvolvimento da Informática, a partir das propostas do exército americano por meio da

Guerra Fria. Segundo Pires (2002), as invenções realizadas pelos EUA chegam a 95% das

registradas em 1946, o que confirma o total domínio desse país no desenvolvimento

tecnológico de então.

Após a década de 50, os EUA presenciam a expansão de seu poder tecnológico por

toda a sociedade, não só norte-americana, que desfruta de confortos, como a televisão,

aparelhos eletrônicos, satélites artificiais, que culminam na transmissão da chegada do homem

à lua. A importância desses avanços se faz presente ainda na atualidade, com o

desenvolvimento de novas invenções que atuam para facilitar a vida moderna e melhorar a

qualidade vida da população, destacando o advento da internet em 1979, que rompeu de vez

as barreiras da comunicação universal.

Todas essas transformações pelas quais passou a Inglaterra, durante todos os séculos

de sua expansão, e, posteriormente, os EUA, acabaram por obrigar esses países a proporcionar

o ensino de sua língua para a facilitação da comunicação entre os povos de interesse. Pires

(2002) em seu texto sobre a Língua Inglesa na sociedade atual, afirma que o número de

falantes dessa língua inclui nativos, não nativos (de países que foram colônia da Inglaterra ou

que a utilizam como língua estrangeira) e aqueles que, alguma forma mantém contato com

esta, chega a 1,5 bilhões de falantes.

Diante dessa herança, hoje a Língua Inglesa é o principal instrumento de acesso à

informação no mundo, possibilitando a interação entre os diversos países, em especial na área

científica e econômica. A partir dessa trajetória e, resumindo o que Crystal (2002) faz

entender quanto ao poder de uma língua, pode-se concordar com a afirmação de Pires (2002,

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p. 31), quando afirma “[...] o passado de um povo é de alguma maneira o indicador do futuro,

pelo menos, por um período de tempo previsível [...]”, comprovando assim, a relevância dos

acontecimentos históricos que embalaram a ascensão da Língua Inglesa à língua global.

3 EXIGÊNCIAS DA LÍNGUA INGLESA NO MERCADO DE TRABALHO

A globalização, em linhas gerais, é um processo que promove a integração econômica,

cultural, social e política de diversos países. E, como já visto anteriormente, foi a partir desse

processo, proveniente do capitalismo, que a Língua Inglesa expandiu seu domínio pelo

mundo. Diante dessa integração que, consequentemente, provoca grandes mudanças na

sociedade, e do contexto a que este trabalho se destina analisar, esse tópico pretende verificar

quais as exigências atuais do mercado de trabalho em termos de conhecimento de uma Língua

Estrangeira, em especial, da Língua Inglesa.

Já não é raro escutar sobre a importância de saber outro idioma na hora de conseguir

um bom emprego. Com a internacionalização da economia, cada vez mais as empresas

necessitam de profissionais com essa capacitação em níveis mais avançados (fluência).

Segundo Pilatti & Santos (2008),

Com todo esse processo de rompimento de fronteiras em que o mundo se encontra

hoje, surgem mais desafios, as mudanças acontecem de forma mais veloz, o

mercado de trabalho torna-se cada vez mais competitivo. Enfim, as exigências se

tornam cada vez maiores e os profissionais devem ser cada vez melhor capacitados

para destacarem-se nesse novo mundo e possuir condições de sobreviver e se

integrar no mundo global. (PILATTI; SANTOS, 2008, p. 3)

Esse desenvolvimento a que Pilatti & Santos (2008) se referem está muito mais ligada

ao conhecimento de uma LE, com o objetivo de conquistar novos mercados e possibilitar a

troca de informações entre as empresas do mundo todo. Sendo assim, a ausência desta

habilidade acaba por, em muitas ocasiões, apresentar ao empregador a desatualização do

profissional. Sendo assim, essa “nova” exigência proporciona o aumento da procura por

cursos de idiomas tanto presenciais quanto virtuais pelos empregados.

O que antes era tido como um diferencial, hoje se tornou pré-requisito de contratação

em muitas empresas. Com o aumento da população e a crescente globalização, há o aumento

da competitividade no alcance de uma colocação no mercado de trabalho, e essa

competitividade possibilita a melhor qualificação do profissional das mais variadas áreas.

Portanto, de acordo com Pilatti & Santos (2008),

18

Só terão lugar, [...], aqueles que conhecerem todo e qualquer fator relacionado a essa

competitividade no mercado global, identificarem e souberem utilizar ferramentas

importantes, trabalhar com seriedade e constante busca de informações e

conhecimentos, principalmente, das inovações, promovendo assim, não uma

garantia de sucesso eterno, mas eficientes condições para concorrer e se manter na

nova ordem mundial. (PILATTI; SANTOS, 2008, p. 3).

[...] Novas habilidades surgem e passam a ser consideradas essenciais, ou seja,

novas competências também vão emergindo. (PILATTI; SANTOS, 2008, p.4).

Sendo assim, segundo a ISTOÉ edição 2212 de Março de 2012, dentre as principais

habilidades valorizadas atualmente no mercado de trabalho, está o multiculturalismo: “Mais

que falar outras línguas, o profissional que tiver viajado e interagido com outras culturas será

mais apreciado no mercado. Assim como ler, ouvir músicas novas, se informar e estar aberto

ao novo e ao diferente.”.

Esta citação propõe a compreensão de que saber outros idiomas possibilita um melhor

acesso à informação e, além disso, a dinamicidade do conhecimento do presente profissional.

Mais do que entender o que os outros falam, o mercado de trabalho exige do profissional uma

crescente interação com o que há de mais atual no mundo, que acaba por auxiliar nas demais

habilidades exigidas como: a capacidade de inovação, boa formação acadêmica, bom nível de

conhecimento em ferramentas de informática e internet, a transdisciplinaridade, etc.

Segundo o estudo Latino-Americano de Habilidades Profissionais, realizado entre

julho e setembro de 2013 pela British Council 3 com 452 empresas localizadas na América

Latina 4, de médio e grande porte, em torno de 38% das empresas afirmam que o

conhecimento da Língua Inglesa está entre as habilidades mais valorizadas pelos

empregadores na América Latina, considerando-a importante ou muito importante. Sendo que

78% destas empresas estão vinculadas às atividades de Hotelaria e Turismo.

Este requisito, no entanto, já não é uma exigência exclusiva desses cargos. Com o

grande destaque dado pela mídia internacional aos acontecimentos no Brasil e sua

participação política no cenário mundial, além do fator econômico e, do mercado

internacional ter ganhado espaço em nosso país, é quase que fundamental ter, ao menos,

noções básicas de uma LE de reconhecimento global – como a Língua Inglesa, ainda, a mais

exigida pelas empresas.

Em eventos como a COPA e as Olimpíadas, um grande número de turistas entrará em

contato com brasileiros de todas as regiões do país. Não apenas com recepcionistas de hotéis e

atendentes de aeroportos, preparados constantemente para este contato, mas com pessoas

comuns, comerciantes, cobradores de ônibus, vendedores de lojas, cargos que, inicialmente,

3Organização internacional do Reino Unido para oportunidades educacionais e relações culturais.

4Brasil, Colômbia e México.

19

não exigem conhecimentos prévios na língua em questão. Essa situação já era prevista pelos

estudiosos. De acordo com Durães (2006),

A consequência que vemos no presente, e que já aponta o futuro, é que cada vez

mais saber inglês é importante para conseguir um emprego simples, comum, (sem

requerer a formação superior) assim como o emprego de secretária ou de empregado

de uma loja de um Centro Comercial por exemplo. (DURÃES, 2006 apud NEVES,

2008, p. 44).

Isso não quer dizer que todas as profissões necessitem de profissionais que falem

fluentemente a Língua Inglesa. Como já falado, é necessário que se tenha, ao menos, noções

básicas dessa língua, para que possa haver interações significativas, levando em consideração

o constante contato com esta língua e cultura. Ela está presente nos noticiários, nos sites, nos

outdoors, no marketing das empresas, nos comerciais, etc.

Atualmente, cada vez mais profissionais de nível médio necessitam do conhecimento

da Língua Inglesa para o melhor cumprimento de suas tarefas profissionais. São manuais de

equipamentos, sistemas operacionais da empresa, nomes de produtos e planos de telefonia

celular, etc. Todos esses artigos fazem parte da vida de milhares de trabalhadores brasileiros

que muitas vezes não têm noção do significado das palavras inglesas que constantemente

dizem.

E foi a partir dessas “novas” perspectivas que este trabalho se propôs a avaliar de que

forma a Educação Básica Brasileira, mais especificamente, o Ensino Médio, tem agido para

atender esse quesito de crescente importância no cenário mundial, o que será discutido nos

capítulos seguintes.

20

4 A PRÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO

Dando seguimento ao que este trabalho se propõe estudar, este capítulo dedica-se a

compreensão dos fatos relacionados à implantação do ensino de Língua Inglesa no Brasil e o

contraste entre o que é proposto pelo MEC, a partir dos PCNs como abordagem ideal dessa

língua no Ensino Médio, e o que de fato é adotado como prática na realidade: o Inglês

Instrumental.

4.1 O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL

O ensino de Línguas Estrangeiras no Brasil teve início com a fundação das primeiras

escolas jesuíticas. Chagas (1979, apud CARVALHO, 2008) afirma que esta prática seguiu a

tradição de ensino das línguas clássicas. Contudo, segundo Celani (2000 apud CARVALHO,

2008), foi somente em 1809 que a Língua Inglesa, juntamente com a Língua Francesa,

fizeram parte do currículo escolar brasileiro.

Ainda de acordo com a autora, a inclusão da Língua Inglesa se deu em prol de acordos

de comércio e navegação que o Brasil teria com a Inglaterra já em 1810. Quanto à

metodologia utilizada, mantinha-se a mesma do ensino adotado para as línguas clássicas:

método de gramática-tradução, com fins na comunicação oral e escrita. Metodologia esta que,

apenas em 1931 seria substituída pelo Método Direto, a partir da Reforma Francisco Campos,

que teve como principal objetivo, atualizar o ensino de línguas.

É interessante chamar a atenção para o fato de que, desde a primeira inclusão do

ensino de línguas estrangeiras na escola formal, a principal preocupação se dava de acordo

com os reais interesses que o país tinha em prol de relações econômicas. Este, por sinal, é o

principal motivo pelo qual, saber uma língua estrangeira é fator de grande importância na

sociedade contemporânea. Como já discutido em um tópico anterior, a necessidade de uma

língua estrangeira com função de língua global se dá, exatamente, para que haja o

compartilhamento de ideias e a possibilidade de interações entre pessoas de várias nações,

proporcionando o aumento das relações internacionais. É a compreensão desta realidade que

justifica a inclusão desta disciplina no currículo escolar.

No decorrer da história, o ensino da Língua Inglesa - como as Línguas Estrangeiras,

em geral - foi sofrendo mudanças quanto à presença ou não no currículo escolar, sua carga

horária e real importância como parte da educação básica brasileira. Um exemplo disso é que,

segundo Santos (2011), nas Leis de Diretrizes e Bases (LDB) de 1961 e 1971, esta disciplina

21

deixou de ser obrigatória. Segundo Carvalho (2008, p. 10), o ensino de Línguas Estrangeiras

chegou a ser tido como “’mera atividade’, dada como ‘disciplina complementar’ ou ‘optativa’

ao núcleo comum fixo, dentro das condições de cada instituição de ensino”.

Com a criação, em 1996, da nova LDB (Lei nº 9394), o ensino da Língua Inglesa,

como Língua Estrangeira, volta a ser obrigatório a partir da quinta série do Ensino

Fundamental. No Ensino Médio, a língua a ser estudada depende da escolha da comunidade

escolar, de acordo com as necessidades do contexto vivido. Segundo Santos (2011), no final

da década de 1990 o principal foco do Ensino Fundamental referente à Língua Inglesa estava

na leitura, de acordo com as possibilidades de contato que a grande parcela da população

tinha na época. Em contrapartida, no Ensino Médio sugeriu-se o desenvolvimento das

competências comunicativas.

Por fim, houve a necessidade de elaboração de orientações gerais e específicas para a

melhor aplicabilidade das normas previstas pela LDB, incluindo suas atualizações. Criaram-se

então, ainda na década de 1990, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Em 2006

houve novas atualizações desses PCNs, sendo agora chamadas de Orientações Curriculares

Nacionais (OCNs). Essas orientações norteariam a prática didático-pedagógica da educação

básica desde então.

É importante salientar que a Língua Inglesa, apesar do papel relevante na sociedade

brasileira desde a Segunda Guerra Mundial e o estreitamento das relações entre Brasil e os

Estados Unidos, além das revoluções tecnológicas e a crescente globalização, a Língua

Inglesa ainda não tem sido tomada com o devido destaque nas escolas de ensino fundamental

e médio. Carvalho (2008, p.11) afirma que,

[...] o conhecimento da língua inglesa tornou-se fundamental para a formação do

indivíduo, a fim de que possa ser inserido na sociedade. Por isso é extremamente

importante procurar meios que auxiliem a reverter esse quadro de desprestígio da

língua inglesa em nosso país. Acredito que a aprendizagem pode ser maximizada

por intermédio de cursos mais focados às necessidades dos alunos. (CARVALHO,

2008, p.11).

Esse foco da aprendizagem a que se refere Carvalho (2008) é a principal preocupação

que moveu e ainda move vários estudiosos da educação. Diante dessa preocupação, o MEC

propõe Parâmetros que auxiliem os profissionais envolvidos nessa prática a fim de alcançar

uma melhor qualidade de ensino. Mas, será esta a realidade escolar? A que fim se destina a

Língua Inglesa no Ensino Médio e o que é realizado na prática?

22

4.2 O QUE DIZEM AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES

Baseados nas normas previstas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB – nº 9394/1996) as Orientações Curriculares, assim como os Parâmetros Curriculares5,

segundo Souza & Dias (2012, p. 01), “[...] são as orientações básicas e indispensáveis criadas

pelo Ministério da Educação que orientam o ensino de todas as disciplinas nas escolas

públicas brasileiras6”.

De acordo com as Orientações Curriculares Nacionais (OCNs) para o Ensino

Médio (BRASIL, 2006), estes devem servir de instrumento de auxílio no diálogo entre escola

e educadores a fim de melhorar a prática docente, orientando os profissionais envolvidos

quanto à forma de ensinar as disciplina, seu conteúdo, sua abordagem, etc. Contudo, estes

documentos não têm como meta uniformizar o ensino em todo o Brasil, mas permitir a

reflexão de aspectos relevantes para a construção de uma educação mais igualitária e de

melhor qualidade.

Esses documentos irão reunir tanto orientações gerais que englobam o campo de

estudo a que as disciplinas se encontram, quanto orientações específicas de cada disciplina.

Este trabalho, no entanto, se deterá as orientações específicas do ensino de Línguas

Estrangeiras, em especial, a Língua Inglesa.

Segundo a LDB (BRASIL, 2010), o Ensino Médio compreende a etapa final da

educação básica, com duração mínima de três anos. Em seu artigo 35, considera importante a

abordagem de aspectos como:

I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino

fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar

aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições

de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação

ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos

produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

(BRASIL, 2010, p. 28, 29).

5O texto fará uso dos dois documentos acreditando serem complementares e de igual relevância para o presente

estudo. 6 Pode-se estender sua abrangência às escolas particulares, de acordo com o Art. 7º, inciso I que afirma que a

iniciativa privada deve cumprir as normas gerais da educação nacional e do sistema de ensino. (BRASIL, 2010,

p. 11).

23

A partir da citação, pode-se perceber a preocupação que a Lei tem para o Ensino

Médio na formação geral do indivíduo em todas as esferas: pessoal, acadêmica e profissional,

relacionados ao contexto em que estes se encontram.

Levando a destaque essa preocupação, as OCNs para o Ensino Médio (BRASIL,

2006), destinadas à prática de Línguas Estrangeiras, propõem uma reflexão sobre esse ponto,

fundamentando sua discussão no contexto de inclusão social aos atuais valores da

globalização. Portanto, propõe o desenvolvimento das seguintes habilidades: a leitura, a

escrita e a comunicação oral (produção e compreensão), contextualizadas.

De acordo com Souza & Dias (2012, p. 03) sobre os PCNs (BRASIL, 2000),

Neles são citadas diversas contribuições de uma educação voltada aos interesses dos

alunos, como: expansão das habilidades comunicativas e ampliação cultural,

compreensão das diferentes formas de comunicação e da variabilidade dialetal,

adequação linguística de acordo com o ambiente em que está inserido.

A partir dessa concepção, entende-se que as aulas de LE devem ultrapassar os limites

das regras gramaticais e possibilitar aos alunos o desenvolvimento de concepções,

principalmente, culturais e linguísticas para entenderem o mundo que os cerca e sentirem-se

parte deste mundo, independente da localização dos seres sociais.

Além dessas contribuições, outro aspecto importante que, talvez não seja tido por

reflexão pelos educadores na realidade do ensino, relaciona-se a colaboração para a formação

do indivíduo como cidadão, do seu papel em uma sociedade multicultural e dos aspectos que

envolvem essa posição (cidadania, inclusão, exclusão, etc.).

Este trabalho, no entanto, tem especial interesse em pesquisar o que o inciso II da

LDB propõe como aspecto relevante ao ensino: sua preparação profissional, considerando

que, grande parte dos estudantes, principalmente os de renda mais baixa, tem como principal

interesse para o término de sua educação básica, o mercado de trabalho7.

No entanto, é fato considerar que todos os aspectos que a LDB propõe interagem entre

si para a formação geral do indivíduo, porém, isto se confirma somente na teoria. A realidade

do ensino, sua abordagem e condições escolares deixam muito a desejar e acabam por chegar

a lugar nenhum. Que o diga os alunos desta disciplina e a eterna aula sobre o verbo “to be”,

nunca aprendida.

A declaração dos PCNs (BRASIL, 2000) quanto à importância da prática da Língua

Inglesa com vistas o mercado de trabalho, é descrita abaixo:

7 É sabido da igual relevância dos outros objetivos propostos para o Ensino Médio, contudo, é foco deste

trabalho se debruçar na análise descrita.

24

Evidentemente, é fundamental atentar para a realidade, o Ensino Médio possui, entre

suas funções, um compromisso com a educação para o trabalho. Daí não poder ser

ignorado tal contexto, na medida em que, no Brasil atual, é de domínio público a

grande importância que o inglês e o espanhol têm na vida profissional das pessoas.

Torna-se, pois, imprescindível incorporar as necessidades da realidade ao currículo

escolar de forma a que os alunos tenham acesso, no Ensino Médio, àqueles

conhecimentos que, de forma mais ou menos imediata, serão exigidos pelo mercado

de trabalho.

... Em suma: é preciso, agora, não mais adequar o aluno às necessidades da escola,

mas, sim, a escola às necessidades dos alunos. (BRASIL, 2000, p. 27).

No entanto, é importante destacar que, não por falta de orientações claras sobre este

direcionamento que as escolas padecem. Santos (2011, p. 2, 3) declara que,

Também nos PCNs se reconhece que uma das funções do ensino médio é o

compromisso com a educação para o trabalho, e que a língua inglesa é de grande

importância na vida profissional das pessoas. [...] Entretanto, desde que esse

documento foi apresentado à sociedade não se tem notícia de ações concretas para

suprir a carência pelo ensino de inglês para propósitos ocupacionais em instituições

públicas de ensino, e o domínio da língua inglesa para uso em contextos

profissionais específicos, uma importante ferramenta da empregabilidade, continua

sendo um privilégio de poucos.

Como o autor cita: ainda não se vê uma preocupação maior quanto ao aspecto da

empregabilidade no ensino de Língua Inglesa nas escolas regulares de Ensino Médio, apesar

de se saber da sua relevância. A falta de propósitos para o ensino no seu contexto real acaba

por diminuí-lo perante as demais disciplinas, e esse aspecto consequentemente se distancia

das salas de aula, provocando exclusão social, pois, privilegiados serão aqueles que tiverem

condições financeiras de participarem de cursos de idiomas, que no mercado de trabalho

receberão benefícios.

Apesar das propostas nacionais referentes ao ensino de Língua Inglesa serem

completas e abrangentes na teoria, este ensino, na prática é bastante limitado e específico.

Segundo grande parte dos professores dessa disciplina no Ensino Médio, sua prática é

concebida a partir das bases da Abordagem Instrumental. Como nas escolas de nível médio

profissionalizante, que direcionam o ensino de Língua Inglesa à profissão optada pelos

alunos, as escolas regulares destinam-se à prática do Inglês Instrumental para um fim

específico: a realização dos exames vestibulares ou, como conhecido, fins acadêmicos.

Cabe ao tópico seguinte analisar as propostas desta abordagem para que se

compreenda a realidade do ensino de línguas nas escolas regulares.

25

4.3 O INGLÊS INSTRUMENTAL

A fim de analisar a realidade do ensino de Língua Inglesa nas escolas e procurar

avaliar de que forma é concebida a prática desta disciplina, é importante averiguar os

princípios fundamentais que regem esta abordagem aplicada nas escolas regulares públicas e

particulares de Ensino Médio.

Conhecido no Brasil como o ensino de estratégias de leitura e interpretação de textos,

os professores são quase unanimes em dizer que o Inglês Instrumental é a abordagem mais

utilizada nas escolas de Ensino Médio. Apesar de alguns equívocos, é necessário compreender

que esta nomenclatura está relacionada ao conhecido Inglês para Fins Específicos (IFE)8- em

inglês, English for Specific Purposes (ESP),abordagem de grande relevância no contexto da

globalização.

De acordo com Masin (2009), a prática de Inglês para Fins Específicos ganhou

destaque no Brasil a partir de um projeto de ensino voltado para a leitura e compreensão de

textos técnicos e científicos em Inglês nas universidades brasileiras, criado pela Profª. Drª.

Maria Antonieta Celani, na década de 1970, então coordenadora do programa de Mestrado em

Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

(PUC-SP). O projeto foi desenvolvido na PUC-SP (1980-1990), chamando-se Projeto

Nacional de Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras, sendo implantado

em 1977, alcançando a maioria das universidades brasileiras nas décadas de 80 e 90, surgindo,

então, a ideia de expansão para as escolas regulares.

Esse projeto partiu da análise das necessidades dos alunos em questão, que precisavam

desenvolver a habilidade de leitura e interpretação de textos científicos e tecnológicos de seus

cursos. Segundo Ramos (2008, apud MASIN, 2009) o ensino dessa habilidade acabou

marcando o ensino de Inglês Instrumental no Brasil, fazendo com que os profissionais

acreditassem que este se dedicava apenas ao ensino de uma habilidade: a leitura. Entretanto, a

habilidade de leitura continua sendo a de maior interesse por partes dos estudantes brasileiros

que desejam adquirir o idioma para fins acadêmicos.

Conceituar esta abordagem é uma tarefa um tanto complexa, até mesmo para os

estudiosos da área. Esta, porém, é bem mais compreendida a partir da análise de suas

características. Portanto, o presente estudo será fundamentado nos princípios estruturados

8Cabe ressaltar que o termo “Inglês Instrumental” será usado no texto com significado equivalente ao termo

“Inglês para Fins Específicos”, tendo em vista a concepção de Vilaça (2003 apud VILAÇA, 2010, p. 5, grifo

nosso) que diz: “[...] o que se busca com o ESP é a preparação do aluno para que ele utilize este idioma como

instrumento para a realização de tarefas específicas que lhe são necessárias.”.

26

principalmente por Hutchinson e Waters (1987) e Dudley-Evans e St John (1998), além da

consideração de conceitos relacionados a outros autores que também discorrem sobre o tema

em questão.

4.3.1 Concepções gerais e características fundamentais

Segundo Hutchinson & Waters (1987), a Abordagem Instrumental é destinada ao

ensino de conteúdos e habilidades específicas de acordo com as necessidades dos estudantes

da língua, sejam para fins acadêmicos ou profissionais. Essas necessidades são a base da

formação do curso, que determina a metodologia, o material didático e o conteúdo

programático utilizados no decorrer da disciplina, tornando a aprendizagem mais efetiva.

Este tipo de abordagem tem como marco inicial, de acordo com os mesmos autores, a

publicação de Episodes in ESP por Swales em 1985, baseado no artigo “Some measurable

characteristics of modern scientific prose” de Barber. Contudo, desde a Antiguidade já se

utilizava a língua para um fim específico, como por exemplo, nos impérios para o

estabelecimento de domínio sobre os povos conquistados. De acordo com Bloor (1997 apud

CHAVES, 2006) encontrou-se um manual datado de 1415 que trata sobre a negociação de

produtos agrícolas e lã, ensinando técnicas relacionadas ao seu comércio e indústria através de

diálogos. Também há outro manual de negociação para comerciantes, datado de 1480, o que

comprova a utilização informal desta abordagem.

Diversos autores se debruçaram nos estudos sobre a Abordagem Instrumental. Holmes

(1981), um dos participantes do projeto que deu início a prática do Inglês Instrumental no

Brasil, destaca três características fundamentais desta abordagem que, nas palavras de

Carvalho (2008) são descritas da seguinte maneira:

a) as necessidades dos alunos são os fatores mais importantes no planejamento

de um curo instrumental; b) a prática das habilidades e estratégias que o aluno

precisa realmente desenvolver devem ser priorizadas; c) o conhecimento de

mundo do aluno, sua habilidade de raciocínio, seu conhecimento linguístico

prévio, advindo da língua materna, devem ser priorizados na Abordagem

Instrumental [...]. (CARVALHO, 2008, p. 22).

Observa-se, portanto, que o foco principal do curso é o aluno, tomando por base aquilo

que ele já conhece e o contexto de atuação que a língua tem por destino, chamado de situação-

alvo. Strevens (1988 apud CARVALHO, 2008) é mais específico quanto às características

dessa abordagem, citando quatro como definidoras do curso. Nas palavras de Carvalho (2008)

são:

27

a) o fato de o curso ser desenhado para ir ao encontro das necessidades do aprendiz;

b) a relação do conteúdo (temas e tópicos) com as disciplinas; c) a importância

central da linguagem apropriada para as atividades e profissões específicas no que se

refere à sintaxe, léxico, discurso, semântica, etc.; e por fim, d) as diferenças em

relação ao Inglês Geral. (CARVALHO, 2008, p. 23).

De acordo com o citado, o Inglês Instrumental é, portanto, caracterizado pela sua

abordagem centrada no aprendiz, a qual o professor é considerado o facilitador desse processo

de ensino-aprendizagem, o ensino da linguagem é abordado de forma contextualizada,

relacionados à área de interesse do aluno. Ainda segundo o autor, essa abordagem pode

compreender a prática de uma ou mais habilidades e, não possui uma metodologia de ensino

específica.

A partir deste entendimento, Hutchinson & Waters (1987) se preocuparam, então, em

salientar as principais diferenças entre o Inglês Instrumental e o Inglês Geral. Eles afirmam

que ambos possuem necessidades a serem supridas pelos aprendizes, no entanto, o que os

distingue é a influência que a necessidade do aprendiz tem sobre tudo o que envolve o curso.

Assim, fazendo um paralelo entre as duas ideias, temos que:

What distinguishes ESP from General English is not the existence of a need as such

but rather an awareness of the need. […] that awareness will have an influence on

what will be acceptable as reasonable content in the language course and, on the

positive side, what potential can be exploited. (HUTCHINSON; WATERS, 1987, p.

53)

O Inglês Geral (Robinson, 1980:06) é ensinado para a vida, orientado pela cultura e

pela literatura, no qual a própria língua constitui-se objeto e propósito do curso. É

voltado para as necessidades gerais do aluno, as quais podem ser atingíveis à longo

prazo, em situações e contextos diversos (Holmes, 1981, Freire, 2001).

(CARVALHO, 2008, p. 23)

Portanto, diferentemente da especificidade em que é envolvido todo o curso de Inglês

Instrumental, desde a identificação das habilidades necessárias ao cumprimento do objetivo –

podendo ser apenas uma ou todas – até o conteúdo destinado a um único fim, o Inglês Geral é

mais completo e amplo, desenvolvendo todas as áreas do conhecimento linguístico e cultural

que o aprendiz deseja alcançar.

Três principais tendências marcaram o desenvolvimento desta abordagem. De acordo

com Hutchinson & Waters (1987), elas são: o crescimento da procura pela Língua Inglesa, o

avanço nos estudos da Linguística e o desenvolvimento da Psicologia Educacional. Segundo

eles, após a Segunda Guerra Mundial, o avanço das tecnologias e da ciência permitiram a

expansão do comércio e a unificação do mundo, gerando assim, a necessidade de uma língua

28

global9, e com isso, foi surgindo o interesse em se aprender a Língua Inglesa com propósitos

bem específicos, voltados aos interesses econômicos e comerciais. Nas palavras dos autores,

“[…] as English became the accepted international language of technology and commerce, it

created a new generation of learners who knew specifically why they were learning a

language […]”. (HUTCHINSON; WATERS, 1987, p. 6).

Esse, portanto, é o principal motivo que torna este acontecimento marcante para o

desenvolvimento do Inglês Instrumental: a expansão de um ensino voltado diretamente para

fins específicos, como por exemplo, a leitura de manuais técnicos, a venda de produtos, etc.

Bastante influenciada por essa expansão, ocorre uma revolução na área da Linguística

no qual, surge o interesse de se estudar um ensino voltado para as necessidades do aluno, um

campo inovador na época e que acabou por se tornar um dos princípios fundamentais desta

abordagem. Nas palavras de Carvalho (2008) temos que,

[...] de acordo com Hutchinson & Waters (1987:07), constatou-se, no campo da

Linguística, que o inglês necessário para um determinado grupo de aprendizes

poderia ser identificado pela análise das características linguísticas de sua área de

especialidade, tanto no trabalho quanto no estudo. [...] Em outras palavras,

começou-se a enfocar a língua como é realmente usada na comunicação,

considerando-se a variação entre linguagem falada e escrita em diferentes contextos.

(CARVALHO, 2008, p. 19).

Portanto, o maior fundamento deste estudo seria nas palavras de Hutchinson & Waters

(1987, p. 8): “’Tell me what you need English for and I will tell you the English that you

need’”.

E assim, a Psicologia Educacional evolui e contribui com o direcionamento das suas

análises sobre a aprendizagem voltadas para as atitudes do aprendiz e seus interesses. Este

estudo daria suporte aos educadores quanto à motivação do aluno em relação à aprendizagem

da língua e o tempo de aquisição desta.

A combinação desses três acontecimentos foi de grande relevância para o

desenvolvimento do Inglês Instrumental, dando base a essa nova área de estudo que surgiu de

acordo com as necessidades do momento. Esses acontecimentos levaram a grandes mudanças

no que concerne a metodologias aplicadas ao ensino que atendam aos diversos contextos que

envolvem a aquisição de uma língua estrangeira.

9O que já foi explicado anteriormente sobre a ascensão da língua inglesa a língua global.

29

4.3.2 Aspectos relevantes ao planejamento de um curso de Inglês Instrumental

Para que se contraste o ensino de Inglês pregado pelos PCNs e o Inglês adotado pela

maioria das escolas, é necessário que se conheçam os aspectos que fundamentam essa

abordagem. Na perspectiva de Hutchinson & Waters (1987) o planejamento de um curso de

Inglês Instrumental deve considerar alguns fatores teóricos e práticos para sua eficiente

realização. Esses, por sinal, serão identificados a partir da resolução de uma série de perguntas

que devem ser feitas para o direcionamento do curso. De forma geral, eles envolvem as

seguintes questões:

Why does the student need to learn?

Who is going to be involved in the process? […]

Where is the learning to take place? What potential does the place provide? What

limitations does it impose?

When is the learning to take place? How much time is available? How will it be

distributed?

What does the student need to learn? What the aspects of language will be needed

and how will they be described? What level of proficiency must be achieved? What

topic areas will need to be recovered?

How will the learning be achieved? What learning theory will underlie the course?

What kind of methodology will be employed? (HUTCHINSON; WATERS, 1987,p.

21.)

Esses questionamentos darão suporte ao planejamento do curso de acordo com o que

será extraído das necessidades dos alunos, além da observação e experiência do educador para

a determinação da metodologia, do material didático, entre outros a serem aplicados no curso.

Segundo os autores, esses aspectos se resumem em três principais áreas: language

descriptions, learning theories e need analysis. Segue abaixo a relação dessas áreas dentro do

desenho do curso a partir do diagrama proposto por Hutchinson e Waters (1987, p. 22):

Figura 1: Fatores que influenciam o desenho de curso de Inglês Instrumental, segundo

Hutchinson & Waters (1987).

WHAT?

Language

descriptions

HOW?

Learning

theories

WHO? WHY?

WHERE? WHEN?

Needs analysis

ESP

course

Nature of particular target

and learning

situation

syllabus methodology

FONTE: Hutchinson e Waters (1987, p. 22)

30

Resumindo em palavras o que é apresentado na figura acima, a análise de necessidades

(needs analysis) é a base que fundamenta um curso de Inglês Instrumental, pois ela que

traçará os principais objetivos do curso, respondendo às perguntas: quem utilizará? Por que,

onde e quando será utilizado o conhecimento de Inglês necessário?

Além disso, incluem-se também a descrição do sistema linguístico que será trabalhado

no decorrer do curso (language descriptions), compondo o que chamam de syllabus. E, por

fim, as teorias de aprendizagem (learning theories) que, não necessariamente se detêm na

descrição de como os indivíduos aprendem, mas que metodologia utilizar para a compreensão

dos conteúdos. Esses dois fatores são definidos a partir do que é identificado no needs

analysis, portanto, são definidos de acordo com o diagnóstico do professor em relação ao

perfil dos seus alunos.

Este estudo não se deterá na descrição das Teorias de Linguagem e Teorias de

Aprendizagem por não considerar de extrema relevância para o seguimento da pesquisa

inicialmente proposta. No entanto, o fator-chave desta abordagem se encontra na análise de

necessidades. A partir de sua definição e identificação do perfil do aluno e da situação-alvo é

que são identificados os outros dois fatores. Portanto, para a presente pesquisa este será

tomado como elemento de estudo, pois é o que fundamenta o curso e que será alvo das

explicações adiante a fim de se compreender e avaliar sua aplicação no Ensino Médio.

4.3.3 Análise de necessidades

O levantamento de necessidades é visto por Dudley-Evans & St John (1998) como um

ponto crucial no desenho de um curso Instrumental. Segundo Carvalho (2008) esse elemento

tem como principal função definir os objetivos e o conteúdo do curso a ser realizado.

Vários autores já elaboraram modelos para a realização desse levantamento, no

entanto, Hutchinson & Waters (1987) afirmam existir dois tipos de necessidades a serem

definidas no processo: target needs (necessidades da situação-alvo – o que o aluno precisa

saber para atuar na situação desejada)e learning needs (necessidades de aprendizagem – o que

o aluno precisa fazer para aprender).

De acordo com os autores, para se estabelecer as target needs deve-se identificar os

três tipo de elementos: necessities (necessidades), lacks (lacunas) e wants (desejos).

Necessities determinam o conhecimento que o aprendiz deve ter para atuar na situação-alvo, o

que envolve os elementos linguísticos. Lacks definem o conhecimento que o aprendiz ainda

não tem para atuar na situação desejada. Esse tipo de necessidade é definido pela análise do

31

que o aprendiz já conhece e assim, então, pode-se entender suas reais necessidades. Esses dois

tipos de necessidades são identificados por um diagnóstico mais objetivo, no entanto, os

autores também levam em consideração o que o aprendiz acha que precisa saber para alcançar

seu objetivo. Essa necessidade é o que chamam de wants. Isso é explicado a partir das

palavras de Strevens (1984 apud HUTCHINSON; WATERS, 1987, p.56) que diz: “[...] a

need does not exist independent of a person. It is people who build their images of their needs

on the basis of data relating to themselves and their enviroment.”.

Essa visão do aprendiz torna-se importante para evitar erros de análise e uma melhor

compreensão de sua necessidade, já que ele é o principal foco dessa abordagem.

Depois de identificado os elementos necessários para a atuação do aprendiz na

situação-alvo, é importante entender que para que isto seja alcançado existe um caminho a ser

percorrido. A análise das necessidades de aprendizagem será responsável por indicar a

metodologia, habilidades e estratégias a serem utilizadas para que se alcance o objetivo

principal.

Além dessas necessidades, Dudley-Evans e St John (1998) apontam outras duas como

de considerável relevância para a real visualização das necessidades do aprendiz e o

planejamento do curso, que são: present situation analysis (análise da situação atual – que

tem por objetivo definir a situação real de conhecimento do aluno, daí estar ligado

diretamente aos lacks apresentados anteriormente) e o means analysis (análise do meio – que

analisará a infraestrutura do local escolhido para a realização do curso, os fatores sociais e

culturais envolvidos, para que se analise a real viabilidade do curso).

Segue abaixo o resumo dos fatores que englobam, segundo Dudley-Evans e St John

(1998), a análise das necessidades:

a) informações profissionais sobre os aprendizes: as tarefas e atividades que

envolverão o uso da língua inglesa, análise da situação-alvo e necessidades

objetivas;

b) informações pessoais sobre os aprendizes: fatores que podem afetar a maneira

como aprendem, tais como experiência prévia de aprendizagem, informações

culturais, razões para fazer o curso, expectativas em relação ao curso, atitudes

em relação à língua inglesa: desejos, meios e necessidades subjetivas;

c) informações sobre o uso da língua inglesa por parte dos aprendizes: quais são

as habilidades e o uso da língua na situação atual, o qual permite que se analise

do item d);

d) lacunas dos aprendizes: lacunas entre os itens c) e a);

e) informações sobre a aprendizagem da língua inglesa: maneiras efetivas de se

aprender as habilidades e a língua no item d) – necessidades de aprendizagem;

f) informações sobre a comunicação profissional no item a): conhecimento de

como a língua e as habilidades são utilizadas na situação-alvo – análise

linguística, análise do discurso e análise de gênero;

g) quais os objetivos do curso;

32

h) informações sobre o local onde o curso será realizado – análise do meio.

(DUDLEY-EVANS; ST JOHN apud CARVALHO, 2008, p. 34, tradução do

autor).

Segundo Hutchinson & Waters (1987) e Dudley-Evans & St John (1998), essas

informações podem ser adquiridas a partir da aplicação de questionários, entrevistas,

observação, conversas e consultas informais com professores e alunos na própria instituição

escolar ou com especialistas da área. Além disso, a análise de todas essas informações deve

estar ligada a uma boa pesquisa por parte do professor de materiais disponíveis relacionados à

área envolvida, o que envolve colegas de trabalhos, literatura específica, etc. Esse aspecto

também é de grande importância para a eficiência do curso, transmitindo segurança e

profissionalismo aos aprendizes.

Após a descrição dos principais conceitos necessários a compreensão da pesquisa em

questão, dar-se-á seguimento a apresentação e análise dos dados coletados, com o intuito de

responder as pergunta crucial: de que forma o Inglês Instrumental ensinado nas escolas de

nível médio auxilia o aluno na atuação no mercado de trabalho?

4.4 O INGLÊS INSTRUMENTAL NO ENSINO MÉDIO

Após uma breve compreensão do que é proposto pelos documentos oficiais para a

prática de Língua Inglesa no Ensino Médio e o que se entende pela verdadeira abordagem

utilizada – ou, ao menos os aspectos que envolvem essa abordagem –, é importante que o

leitor compreenda que o que acaba por se concretizar não exatamente percorre todos os passos

descritos para o planejamento do curso.

De uma forma geral, o curso de Inglês Instrumental destinado ao Ensino Médio não se

detém em uma análise prévia das necessidades dos alunos. Não há, antes do início das aulas,

uma avaliação das reais necessidades de cada aluno matriculado na disciplina para que se

delineie o curso. Portanto, no Ensino Médio de uma escola regular, seja ela pública ou

particular, a declaração de Hutchinson & Waters (1987) sobre definição de necessidade

parecer não ser muito adequada. A pergunta, então é: baseado em que necessidades esse

curso é planejado?

Primeiramente, a explicação mais realista para a escolha do Inglês Instrumental como

abordagem no Ensino Médio, não está, necessariamente, na preocupação de um ensino

voltado os interesses e necessidades dos alunos, mas sim, na impossibilidade de se cumprir os

aspectos propostos pelos PCNs de um ensino baseado na abordagem comunicativa. Vários

33

fatores podem ser citados como responsáveis por essa impossibilidade, como: escassez de

recursos materiais, falta de qualificação do professor, elevado número de alunos por turma,

heterogeneidade da turma, ausência de material didático e inadequação das salas.

Assim, diante dessa consciência, os educadores são levados à adoção de uma

abordagem mais específica, e que melhor se adeque ao contexto escolar seja ele público ou

particular. Tendo em vista o grande destaque que se tem dado às escolas com maior índice de

aprovação nos vestibulares, o que o torna parâmetro de qualidade perante a sociedade, este se

torna o objetivo específico que caracteriza a prática da Abordagem Instrumental.

Para o posicionamento dessa escolha em um contexto mais teórico, pode-se tomar a

afirmação de Schliemann (2000) de que os alunos desse nível ainda não possuem a devida

maturidade para conceituar qual a sua necessidade imediata para esta aprendizagem, sendo

que a disciplina é obrigatória e estes ainda nem fizeram sua escolha profissional ou

acadêmica. Portanto, a melhor definição que é dada a necessidades para o planejamento do

Inglês Instrumental no Ensino Médio pode ser dado conceituado por Mountford (1981 apud

SCHLIEMANN, 2000, p. 43, grifo do autor) que diz: “[…] needs can mean ‘what the user-

institution or society at large regards as necessary or desirable to be learnt from a programme

of language instructions’.”.

Assim, em decorrência da indisponibilidade de se analisar as necessidades dos alunos

devido o contexto apresentado, cabe à instituição de ensino ou a sociedade as reais e atuais

necessidades para a adoção dessa abordagem. Bohn (1988) complementa esclarecendo a

afirmação acima dizendo que:

[...] A situação, no entanto, é bem mais complexa quando precisamos definir as

necessidades de aprendizagem de uma língua estrangeira para crianças ou

adolescentes do sistema educacional brasileiro. As necessidades são tão imediatas e

se inserem dentro de um contexto educacional bem mais amplo. Não se referem

somente ao indivíduo como tal, mas a sociedade como uma coletividade que se

precisa autogerenciar tendo em mente futuras responsabilidades e necessidades.

(BOHN, 1981 apud SCHLIEMANN, 2000, p. 45).

Daí o pensamento de que, o futuro acadêmico é o principal motivo que norteia a

prática do Inglês Instrumental no Ensino Médio. Essa abordagem, no entanto, é

completamente diferente daquilo que o MEC propõe para o ensino da língua no nível médio.

Ao invés de um estudo focado apenas nas habilidades e conteúdos que o aprendiz fará uso na

hora da prova, o ensino deveria abranger todas as habilidades comunicativas necessárias para

a formação geral do indivíduo. Deve-se também considerar que nem todos os alunos de

Ensino Médio têm como objetivo primeiro o seguimento para os estudos superiores. Há

aqueles – por sinal, grande maioria - que almejam a conquista do mercado de trabalho para o

34

suprimento das despesas posteriores, até mesmo com a educação superior. Para estes, o Inglês

possui fins diferentes, mas que são englobados nas propostas dos PCNs. No entanto, de que

forma o Inglês Instrumental alcança (ou não) esse público?

Os dados refletem que, apesar da utilização do mesmo conceito de necessidade, a

prática do ensino pode mudar dependendo do tipo de instituição envolvida: pública ou

particular. Isso acontece porque os dois tipos de escolas têm perfis de alunos diferentes, que

se localizam em contextos distintos e terão perspectivas divergentes. Além disso, a realidade

brasileira apresenta as escolas particulares como possuidoras das melhores estruturas e

equipamentos disponíveis aos profissionais para a realização de suas atividades, o que

contrasta com a realidade das escolas públicas que padecem em estruturas precárias e,

consequente falta de motivação tanto de professores quanto de alunos.

Para que se conheça o que é ensinado nas escolas regulares e se reflita de que forma –

por mais que não seja a intenção – este ensino auxilia na atuação do aprendiz no mercado de

trabalho, fez-se necessário a utilização da pesquisa de campo. Portanto, os capítulos seguintes

serão destinados à apresentação da metodologia utilizado na pesquisa e análise e compreensão

dos dados coletados.

35

5 METODOLOGIA DE PESQUISA

Com o objetivo de levantar dados que identifiquem a aplicabilidade do ensino de

Inglês Instrumental no mercado de trabalho para alunos de nível médio, essa pesquisa foi

dividida em duas partes. Na primeira, procurou-se identificar a realidade do ensino de Inglês

Instrumental nas escolas regulares públicas e particulares de nível médio, para, no segundo

momento, responder a pergunta: de que forma a prática desse ensino auxilia os alunos no

mercado de trabalho?

Portanto, essa pesquisa caracteriza-se quanto aos seus objetivos como exploratória e

descritiva que, segundo Prodanov & Freitas (2013),busca proporcionar mais informações

sobre o assunto em questão a partir da observação, registro, análise e ordenação dos dados,

sem a manipulação do pesquisador, para que assim se possa conhecer o que é realizado nas

escolas e o que é aplicado no mercado de trabalho.

Além da pesquisa bibliográfica presente em todo o estudo, a primeira parte da

pesquisa envolveu, como instrumentos de coleta dos dados, o questionário semiestruturado

(Apêndice A), que foi aplicado aos alunos do Ensino Médio de uma escola particular (E1) e

uma escola pública (E2), localizadas no município de Ananindeua, Região Metropolitana de

Belém, e a observação das aulas de Língua Inglesa. Todos os alunos participantes da pesquisa

o fizeram de livre e espontânea vontade, assegurando-se o anonimato dos informantes. O

questionário empregado teve como objetivo auxiliar na descrição das aulas e realizar uma

breve análise das reais necessidades dos alunos quanto ao interesse na língua.

Outras informações foram retiradas da análise curricular da disciplina que, no Ensino

Médio tem por base a Matriz de Referência das provas dos vestibulares, e que neste trabalho

será representada pela prova do ENEM (Anexos A e B) - principal prova de vestibular

realizada pelos alunos, atualmente –, do material didático (Anexo C) e de entrevistas

informais feitas com os professores.

Entre os informantes das escolas pesquisadas estão alunos do 1º ao 3º Anos do Ensino

Médio, que na E1 estão divididos em quatro turmas: duas do 1º Ano (A/ B), uma do 2º Ano e

uma do 3º Ano, comumente chamado de Convênio. Na E2 os alunos situam-se em onze

turmas, das quais cinco são do 1º Ano (identificadas como 101, 102, 103, 104 e 105), três do

2º Ano (201, 202 e 203) e três do 3º Ano (301, 302 e 303). A amostra definida foi de 20% dos

alunos de cada turma, com um total de 28 alunos da E1 e 35 alunos da E2. Os dados foram

36

coletados nos dias 28 e 30 de maio e 02 e 18 de junho de 2014 e todas as coletas foram feitas

e sala de aula.

A segunda parte da pesquisa teve como objetivo apresentar a aplicabilidade da Língua

Inglesa no mercado de trabalho, tendo como objeto de estudo o cargo de atendente da

empresa McDonald’s, rede de lanchonetes mundialmente conhecida e que está presente em

vários países. A escolha do cargo teve como pré-requisito a exigência básica de escolaridade o

nível médio, para que a descrição dos dados fosse mais realista possível, visto que, o aluno

concluinte, teoricamente usaria apenas os conhecimentos adquiridos no Ensino Médio para a

atuação no cargo. No entanto, a análise não desconsiderará os informantes que, por livre

escolha, decidiram participar de cursos de idiomas para a qualificação profissional.

As entrevistas com os profissionais (Apêndice D), as atribuições do cargo e as

observações das tarefas foram os principais instrumentos de coleta de dados utilizados nesse

momento da pesquisa. Eles tiveram o intuito de destacar as principais habilidades linguísticas

úteis (direta ou indiretamente) no decorrer das atividades e o perfil dos profissionais que as

utilizam. Isso proporcionaria uma melhor visibilidade da aplicação da língua ensinada nas

escolas dentro das atividades profissionais cotidianas. Foram tomados dois funcionários

atuantes neste cargo na franquia pesquisada, como informantes para a entrevista. Todos os

profissionais participantes da pesquisa o fizeram de livre e espontânea vontade, assegurando-

se o anonimato dos informantes. Os dados foram coletados no dia 27 de julho de 2014 e todas

as coletas foram feitas no ambiente de trabalho.

As opiniões obtidas por meio das questões abertas dos questionários aplicados, tanto

para os alunos quanto para os profissionais, foram transcritas tais como apresentadas nestes.

As entrevistas foram semiestruturadas, feitas a partir de um roteiro, mas que poderiam ser

complementadas com outros comentários ou questionamentos no decorrer da conversa.

Diante das informações supracitadas, pode-se caracterizar esta pesquisa como quali-

quantitativa, uma vez que há análise tanto dos dados coletados a partir das observações, dos

documentos, das questões abertas dos questionários e das entrevistas com os envolvidos na

pesquisa, quanto dos dados numéricos levantados a partir das respostas fechadas dos

questionários. Esta também se configura como um estudo de caso, pois se coleta e busca

examinar as informações desejáveis dentro um contexto específico, que, neste caso, são os

ensinamentos de Língua Inglesa nas escolas e sua utilização no contexto do cargo de

atendente da empresa McDonald’s, como exemplo de mercado de trabalho.

Os dados coletados serão expostos, juntamente com suas análises, no capítulo

seguinte. Finalmente, nas considerações finais, a partir do cruzamento dos dados e o que foi

37

identificado no decorrer da pesquisa, buscar-se-á apresentar respostas as perguntas iniciais e

sugestões para o aprimoramento do ensino, levando em considerações não só os aspectos

primários deste estudo, mas uma reflexão mais abrangente da realidade educacional brasileira.

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Este capítulo dedica-se a apresentação e interpretação dos resultados das pesquisas de

campo realizados tanto nas escolas regulares quanto na rede de lanchonetes McDonald’s, com

o intuito de verificar a aplicabilidade do Inglês Instrumental no mercado de trabalho. Os

dados estão dispostos em tabelas e gráficos a fim de melhor visualizar a realidade dos fatos,

possibilitando uma melhor análise.

6.1 REALIDADE DO ENSINO

Os dados apresentados abaixo correspondem aos resultados dos questionários,

juntamente com as observações das aulas, as entrevistas informais e a análise da Matriz

Curricular e o material didático, realizada na primeira parte da pesquisa, destinada a

compreensão da realidade da prática da Língua Inglesa nas escolas de Ensino Médio, além da

análise das necessidades dos alunos para posterior discussão quanto à sua importância no

planejamento do curso.

A) Informações pessoais dos aprendizes

Algumas questões do questionário tiveram o propósito de traçar o perfil dos alunos

desse nível de escolaridade. Na tabela abaixo é possível identificar que grande parte dos

informantes era pertencente ao sexo feminino e que a faixa etária dos estudantes do Ensino

Médio se localiza entre 14 e 19 anos.

Tabela 1- Faixa etária dos informantes

Alunos Idade (%) Total (%)

14 anos 15 anos 16 anos 17 anos 18 anos 19 anos

E1 17,9 42,9 17,9 14,3 07 - 100

E2 8,6 28,6 25,6 22,9 8,6 5,7 100

Fonte: Autora (2014)

38

Tabela 2 - Quanto ao sexo dos informantes

Alunos Sexo (%) Total (%)

Feminino Masculino

E1 71,4 28,6 100

E2 68,6 31,4 100

Fonte: Autora (2014)

Como se pode observar, a tabela 3 revela que grande parte do conhecimento de Língua

Inglesa dos alunos do Ensino Médio, principalmente com relação a tópicos de vocabulário e

gramática, é proveniente das aulas ministradas.

Alunos SIM (%) NÃO (%) Total (%)

E1 82,1 17,9 100

E2 82,9 17,1 100

Fonte: Autora (2014)

Sobre os fatores que afetam a aprendizagem dos alunos positivamente, a tabela 410

irá

demonstrar a opinião dos alunos. Observe que, dentre eles estão: a fluência do professor, a

utilização de um método dinâmico, a atividade de tradução de textos e o material didático.

Atente para as peculiaridades da escola pública em relação à escola particular.

10

Os participantes podiam escolher mais de uma opção, em razão disso, o total pode não ser 100%. 11

Os alunos na E1 que responderam Outros disseram que, a explicação das aulas e tradução destas por parte do

professor, além do incentivo por parte deste para a repetição de frases em Inglês, é o que os auxilia na

aprendizagem. Os alunos da E2que responderam Outros, afirmaram que os filmes, os jogos eletrônicos e a

leitura da Bíblia com tradução para o Inglês, os trabalhos avaliativos passados pelo professor, e a explicação

concisa e clara dada pelo professor, é o que os auxilia na aprendizagem.

Fatores E1 (%) E2 (%)

Fluência do professor 87 72,4

Método dinâmico 34,8 -

Qualidade do material didático. 8,7 13,8

Divisão da classe por nível de

conhecimento.

4,3 -

Tradução de textos 21,7 55,2

Outros11

8,7 10,3

Tabela 3 – Alunos que afirmam ser o seu

conhecimento de Inglês proveniente das aulas

do Ensino Médio

Tabela 4 – Fatores que auxiliam na aprendizagem no

Ensino Médio.

Fonte: Autora (2014)

Nota– Resultado de acordo com os participantes que alegaram ser

seu conhecimento proveniente das aulas do Ensino Médio.

39

A fluência do professor é comum aos dois grupos – o que já é um ponto positivo,

levando em consideração os vários estudos que revelam o despreparo dos professores de

Inglês das escolas regulares. No entanto, ainda é frequente a não utilização de uma

metodologia de ensino mais dinâmica, principalmente nas escolas públicas. A atividade de

tradução de textos, na ausência dos outros fatores, também auxilia a aprendizagem desses

alunos. Veja no gráfico abaixo a disposição dos dados comparados:

Gráfico 1 - Fatores que auxiliam na aprendizagem no Ensino Médio

Fonte: Autora (2014)

Nota – Dados em porcentagem.

Em contrapartida, os informantes que não consideram seu conhecimento ser

proveniente das aulas do Ensino Médio, dizem que a razão disto está, na E1, principalmente,

pela heterogeneidade da turma e a não compreensão das explicações do professor por parte

destes. Já na E2, a ausência do material didático é o que mais prejudica a aprendizagem dos

alunos.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Professor

fluente

Método

dinâmico

Material

didático

Divisão da

classe por

níveis

Tradução

de textos

Outros

E1

E2

40

A tabela seguinte apresenta a quantidade de alunos que estão matriculados em cursos

de idiomas. Dentre os informantes da escola particular, cerca da metade participa deste

ensino. No entanto, apenas cerca de 30% dos informantes da escola pública compartilha da

mesma experiência. Este resultado é muito influenciado pelas condições financeiras dos

alunos e pela concepção de que não se aprendem Inglês em escolas regulares.

Tendo em vista que os alunos dessa categoria têm a opção de escolher a LE que

desejam fazer, a tabela que se segue aponta os principais interesses dos alunos pela disciplina

de Língua Inglesa na escola.

12

Um participante declarou que a “repetição de conteúdos durante anos” também é relevante quanto à falha no

aprendizado dos alunos.

Fatores E1 (%) E2 (%)

Falta de preparo do professor. - 33,3

Ausência de material didático. - 50

Excesso de alunos 20 16,7

Classes com alunos de níveis de

conhecimento diferentes

40 -

O professor é bom, mas falha nas

explicações.

40 16,7

Nunca gostou de Inglês. - 16,7

Não é bom para línguas, por isso, não

aprende.

- 33,3

Outros12

20 -

Alunos matriculados em cursos de idiomas E1 (%) E2 (%)

SIM 50 31,4

NÃO 50 68,6

Total 100 100

Tabela 5 – Fatores que prejudicam a aprendizagem

no Ensino Médio.

Fonte: Autora (2014).

Nota - Os participantes podiam escolher mais de uma opção, em

razão disso, o total pode não ser de 100%.

Tabela 6 – Alunos matriculados em cursos de idiomas

Fonte: Autora (2014)

41

Muitos optam por estudar a Língua Inglesa devido a dois principais aspectos: a

relevância da língua no mercado de trabalho e nos exames vestibulares. É importante salientar

que, embora as condições do ensino não sejam tão favoráveis, muitos confiam na eficiência

do que é aprendido para uso nas atividades profissionais. As tabelas 8 confirmam essa análise:

Independente do que é imposto aos alunos como necessidade, é necessário se

identificar as expectativas e reais interesses dos alunos nesta fase em relação à aprendizagem

da Língua Inglesa. O quadro abaixo apresenta os depoimentos dos alunos frente a este

questionamento:

13

Dos três informantes da E1 que declaram Outros, um afirmou ser para alcançar seu objetivo de ser astronauta,

outro, por apresentar uma dinâmica diferenciada, e o último, por pretender participar de intercâmbio. Os dois

informantes da E2 justificaram que estudam Inglês apenas para aperfeiçoar o conhecimento ou pelo prazer de

aprender a Língua Inglesa.

Inglês Instrumental ensinado auxilia no mercado de trabalho? E1 (%) E2 (%)

SIM 82 71,4

NÃO 11 28,6

NR 07 -

Total 100 100

Motivos E1 (%) E2 (%)

Nenhum. Só participa porque é

obrigatório.

3,6 5,7

Auxiliará nos exames vestibulares. 64,3 62,9

Auxiliará no mercado de trabalho. 67,9 65,7

Outros13

10,7 5,7

Tabela 8 – Funcionalidade do Inglês ensinado

para o mercado de trabalho

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam.

Tabela 7 – Razões pela opção do curso

Fonte: Autora (2014)

Nota - Os participantes podiam escolher mais de uma opção, em razão disso, o total pode

não ser de 100%.

42

Dentre os depoimentos dos alunos pertencentes à escola particular, um pouco mais de

30% relacionou suas expectativas ao alcance de objetivos profissionais. Na maioria dos casos,

os desejos estão voltados para a aquisição do conhecimento em prol da interação com outros

indivíduos e culturais, ou, simplesmente, por prazer. Apenas um informante citou o interesse

pela realização de provas de vestibular.

Depoimentos E1

“Aprender a falar, escrever e conversar com americanos.”

“Aprender a dialogar em Inglês”.

“Aprender o inglês fluente.”

“Compreender melhor a língua”.

“Adentrar no mercado de trabalho”.

“Aperfeiçoar meu conhecimento em outra língua”

“Dominar a língua estrangeira”

“Aprender mais esta língua”

“Ampliar conhecimento”

“O meu principal interesse é praticar uma segunda língua e falar com o máximo de facilidade, para o mercado de

trabalho”.

“Aprender porque será importante no futuro para o mercado de trabalho e conversar com pessoas lá fora.”

“Aprende para conseguir entrar mais rápido no mercado de trabalho.”

“Quando for para fora do Brasil não ter dificuldade em se comunicar e também as músicas”.

“O meu interesse é aprender para ampliar meu conhecimento e minha forma de falar.”

“Saber dialogar com pessoas que falam outro idioma.”

“Aumentar meu conhecimento e principalmente no mercado de trabalho”.

“Ter um emprego bom”.

“Eu gosto da Língua Inglesa”.

“A linguagem”.

“Viajar e aumentar as habilidades”

“Aprender a gramática”

“Auxiliar nos vestibulares e no mercado de trabalho”

“Falar fluentemente para fazer intercâmbio e ter mais chances de emprego no mercado de trabalho”

“Aprender a falar fluente a língua estrangeira”

“Ser fluente”

“Poder falar perfeitamente o inglês, pois me dará mais oportunidades no mercado de trabalho”.

Quadro 1 – Expectativas em relação à Língua Inglesa

Fonte: Autora (2014)

43

Neste momento, têm-se as expectativas dos alunos da escola pública quanto ao

conhecimento da língua. Neste grupo, cerca de 40% dos informantes reflete um interesse pela

língua em prol de objetivos profissionais. O restante declara o desejo de aprender uma LEpara

interação sociocultural, também poucos declaram seu interesse por uma melhor qualificação

para os exames vestibulares.

Percebe-se que, embora a prática da Língua Inglesa no Ensino Médio esteja baseada

na Abordagem Instrumental, os interesses da maioria dos aprendizes estão voltados para a

prática do Inglês Geral. Segundo Schliemann (2000), esse posicionamento abrangente reflete

a ainda imaturidade do aluno a definição de um objetivo mais claro e específico, levando-o a

recorrer ao “senso comum, à mídia e aos interesses do mercado que um dia lhes dará

Depoimentos E2

“Procurar entender um pouco mais da língua estrangeira.”

“Aprender mais dessa disciplina”.

“Quando você for para outro país saber falar inglês”

“Aprender falar em inglês”.

“Poder traduzir e falar em inglês”.

“Para aperfeiçoar meu conhecimento”

“Ter mais conhecimentos de outros países, culturas, pessoas e as leis”.

“Eu gosto da língua inglesa e é importante para o mercado de trabalho”

“Aprender para ter mais oportunidades de trabalho”

“É para o mercado de trabalho”.

“Aprender”

“Ampliar mais o meu conhecimento, podendo assim viajar para outros países”.

“Preparar-me para o mercado de trabalho, que nos tempos de hoje está exigindo o entendimento do Inglês”.

“É aprender o inglês fluente para o mercado de trabalho ou até mesmo viagem para o exterior".

“É aprender outra língua”.

“Gosto de aprender outras línguas”

“Meu principal interesse é aprender mais e mais para poder usar no mercado de trabalho”.

“Aprender a falar fluentemente o inglês”.

“Aprender a falar fluentemente para me ajudar futuramente”.

“Meu objetivo para o futuro o inglês será muito presente no mercado de trabalho”

“Aprender para ter um futuro melhor, no qual irá ajudar bastante”.

“Meu interesse é aprender por gosto de inglês e é muito procurado nos currículos”

“Aprender a língua estrangeira”

“Me auxiliará nos exames vestibulares, e uma forma de entrar no mercado de trabalho”

“Aprender a falar bem o inglês”

“Meu principal interesse é porque me ajudará muito dentro do mercado de trabalho”

“Tornar-me uma pessoa fluente na língua”

“É aprendê-la, por não gostar muito tenho dificuldades em aprender, porém é muito importante no mercado de

trabalho”.

“Quando encontrar um estrangeiro que fale em inglês, poder se comunicar com ele”

“O meu principal interesse é me aperfeiçoar e saber conversar com as pessoas de fora do país, pois amo estudar

línguas, mas gostaria de aprender a falar essa própria língua”.

“Compreender pelo menos o básico em inglês. O mesmo auxiliará no mercado de trabalho”.

“Para o mercado de trabalho”

Não responderam – 03

Quadro 2 – Expectativas em relação à Língua Inglesa

Fonte: Autora (2014)

44

emprego” (SCHLIEMANN, 2000, p. 43). O que se nota é que não há “fins específicos” no

interesse dos alunos, o que acaba por direcionar a compreensão de que a abordagem dos

aspectos propostos nos PCNs é mais adequada a essa categoria de alunos.

Quanto às habilidades que mais desejariam praticar, há concordância entre os grupos

quanto à compreensão e a produção oral. Deve-se levar em consideração a opção pela

compreensão escrita (leitura) por parte dos alunos da E2. Tendo em vista que o Inglês

Instrumental ensinado visa, exatamente, a prática dessa habilidade, isto pode indicar uma

deficiência nesse ensino dentro da escola pública. Veja a proporção na tabela abaixo:

B) Informações sobre a situação-atual dos aprendizes

Neste momento, busca-se compreender a situação-atual dos aprendizes em relação às

habilidades comunicativas, o que conhecem e o nível deste conhecimento. Baseado nas

tabelas 10 e 11 presentes no Apêndice G, o gráfico abaixo apresenta os resultados dos

questionários aplicados.

Gráfico 2 – Situação-atual dos aprendizes

0

1

2

3

4

5

6

Comunica-se com

outras pessoas

Compreende texto

escrito

Entende o que os

outros falam

Escreve frases,

textos, etc. emInglês

E1 E2

Habilidades E1 (%) E2 (%)

Compreensão escrita 25 31,4

Produção escrita 21,4 28,6

Compreensão oral 42,9 31,4

Produção oral 57,1 62,9

Tabela 9 – Habilidades desejadas pelos alunos

Fonte: Autora (2014)

Nota - Os participantes podiam escolher mais de

uma opção, em razão disso, o total pode não ser de

100%.

Ótimo

Bom

Razoável

Pouco

Quase

nada

Fonte: Autora (2014)

45

De acordo com os dados coletados, entre os informantes da escola particular a

habilidade de maior conhecimento é a produção escrita, considerada como boa a razoável

entre os alunos. A produção oral e a compreensão escrita são descritas como razoáveis e

compreensão oral é a mais deficiente, considerada pouco compreendida.

Na escola pública a situação é um pouco diferente. A maioria dos aprendizes desse

grupo afirmou pouco conhecimento de produção escrita. Quanto à produção oral, muitos

declararam não ter quase nenhum domínio sobre essa habilidade. A compreensão escrita e

oral foi tida como razoável.

Repare que, mesmo com a adoção de uma Abordagem Instrumental, voltada para a

prática da leitura e interpretação de textos, os aprendizes tem pouco domínio sobre essa

habilidade. Essa conclusão é de preocupar qualquer educador. Considerando que a Língua

Inglesa é tida como disciplina obrigatória no Ensino Fundamental II e optativa no Ensino

Médio, os alunos, mesmo em contato com essa disciplina há anos, não conseguem internalizar

aspectos importantes para a compreensão e uso da língua. Isso reflete o pouco aproveitamento

que tem tido este ensino desde os primeiros anos de prática.

Com base nas observações realizadas em sala, apesar da adoção de metodologias

diferentes na escola particular (E1) e pública (E2), onde aquela (E1) apresenta, na maioria de

suas técnicas e métodos de ensino, a adoção da abordagem comunicativa com o

desenvolvimento de todas as habilidades linguísticas, dando foco a compreensão e produção

escrita, e a utilização de uma metodologia mais dinâmica visando a melhor aprendizagem do

aluno, e esta (E2), com a utilização de uma metodologia mais tradicional e o foco na leitura de

textos, não há grandes diferenças na hora da aplicação do conhecimento.

Em concordância com o apresentado no gráfico, as observações das aulas identificou

que alguns alunos da escola particular arriscam mais quanto à resolução dos exercícios

interpretativos na Língua Inglesa, mas também deve ser considerado que grande parte dos

desses alunos participam de escolas de idiomas.

C) Informações sobre o uso da Língua Inglesa pelos aprendizes

Outro fator de grande importância para o ensino da Língua Inglesa é o conhecimento

das principais formas de contato que os alunos têm com ela. Esses recursos auxiliam de forma

satisfatória a aprendizagem proporcionando ao aluno a prática das habilidades adquiridas no

decorrer do curso. Portanto, os alunos foram questionados quanto ao uso da língua em

determinadas situações e a frequência destes. Baseados nas tabelas 12 e 13presentesno

46

Apêndice H, os gráficos abaixo apresentam as principais formas de contato com a língua por

parte dos estudantes, a partir dos resultados da frequência de duas a uma vez por semana.

Gráfico 3 - Contato mais frequente com a Língua Inglesa

Fonte: Autora (2014)

Nota – Gráfico baseado na frequência de duas vezes por semana, em porcentagem.

Perceba que, o contato com a língua a partir de filmes, músicas, leitura e tradução de

textos é mais frequente entre os alunos da escola particular que entre os alunos da escola

pública. Entretanto, os alunos da escola pública têm mais contato com a língua em manuais de

equipamentos e redes sociais que os da escola particular. No geral, as músicas são mais

presentes entre os dois grupos.

Gráfico 4 – Contato mais frequente com a Língua Inglesa

Fonte: Autora (2014)

Nota – Gráfico baseado na frequência de uma vez por semana, em porcentagem.

0

10

20

30

40

50

60

Filmes, videoclipes, etc. Manuais de

equipamentos

Conversas em redes

sociais

Leitura de textos diversos Tradução de textos Músicas

E1 E2

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Filmes, videoclipes, etc. Manuais de

equipamentos

Conversas em redes

sociais

Leitura de textos

diversos

Tradução de textos Músicas

E1

E2

47

Neste momento, perceba que os resultados mudam. Os alunos da escola pública, ao

menos uma vez por semana têm mais contato com a língua através da leitura e tradução de

textos e das músicas que os da escola particular. Estes, porém, quanto aos manuais de

equipamentos e as redes sociais os resultados foram maiores.

De uma forma geral, as principais formas de contato com a língua são as músicas, os

filmes e os textos. Eles são os meios mais acessíveis de praticar no dia a dia o que é aprendido

nas escolas e, estão entre as atividades mais solicitadas nas aulas de Inglês.

D) Informações sobre a prática do I. I. nas escolas

D.1) Quanto aos objetivos:

Como previamente abordado e claramente apresentado pelos professores, a prática do

Inglês Instrumental tem como objetivo maior o preparo dos alunos para a realização das

provas de vestibular. Sendo assim, algumas perguntas do questionário foram destinadas a

analisar se este ensino, mesmo destinado a um fim específico, alcança alguns objetivos

propostos pelos PCNs.

Na escola particular, os alunos apontaram dentre os objetivos apresentados, a

expansão das habilidades linguísticas, a ampliação cultural e a compreensão das diferentes

formas de comunicação e da variabilidade dialetal, como os principais objetivos alcançados

pela disciplina. Isso se confirma a partir das observações feitas de algumas aulas ministradas.

Os textos adotados pelo professor na prática da leitura apresentam questões relacionadas ao

multiculturalismo dos povos, a fenômenos ambientais cotidianos e, ao utilizar filmes e

músicas como parte de sua metodologia de ensino, não só pratica com os alunos todas as

habilidades comunicativas como aborda questões dialetais da Língua Inglesa.

Na escola pública, os alunos também apontaram a expansão das habilidades

comunicativas como um dos objetivos alcançados, apesar de, nas observações das aulas, essa

prática não fosse muito presente, já que o professor não adota outros instrumentos didáticos

além da leitura de textos e pouca prática da produção oral. Quanto à contribuição da

formação do aluno como cidadão e a compreensão das diferentes formas de comunicação e

da variabilidade dialetal, esse objetivos são alcançados a partir da análise de textos

contextualizados e da discussão em sala de opiniões quanto às culturas existentes, e a

especificação de termos específicos da língua utilizada por diferentes povos, como o British e

o American English.

48

A tabela abaixo apresenta esses resultados:

Além disso, os alunos avaliaram aos objetivos propostos pela disciplina de I. I. Grande

parte dos informantes considera eles serem claramente definidos, tendo em vista as provas do

vestibular, foram comunicados e são coerentes com o conteúdo, a avaliação e a metodologia

utilizada. Analisando-se esses dados, pode-se concluir que os professores conseguem

operacionar os objetivos de forma clara e coerente, permitindo com que os alunos tenham

uma avaliação favorável a isso. As tabelas 15 e 16 confirmam as análises supracitadas:

Objetivos E1 (%) E2 (%)

Expansão das habilidades comunicativas. 60,7 45,7

Ampliação cultural. 42,9 14,3

Compreensão das diferentes formas de comunicação e da variabilidade dialetal. 39,3 31,4

Adequação linguística de acordo com o ambiente em que está inserido. 25 14,3

Contribuição para a formação do aluno como cidadão. 35,7 40

Abordagem de aspectos da realidade condizentes com as necessidades da sociedade em

que vivem.

10,7 8,6

Incorporação de necessidade da realidade ao currículo escolar de forma que os alunos

tenham acesso, no Ensino Médio, àqueles conhecimentos que, de forma mais ou menos

imediata, serão exigidos pelo mercado de trabalho.

35,7 17,1

E1 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO NR Total

São claramente definidos. 82,1 14,3 3,6 100

Foram comunicados. 71,4 14,3 14,3 100

São coerentes com o conteúdo, avaliação e metodologia. 89,3 10,7 - 100

E2 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO NR Total

São claramente definidos. 57,1 40 2,9 100

Foram comunicados. 62,9 28,6 8,6 ~100

São coerentes com o conteúdo, avaliação e metodologia. 60 31,4 8,6 100

Tabela 14 – Objetivos alcançados no Inglês Instrumental do Ensino Médio

Fonte: Autora (2014)

Nota - Os participantes podiam escolher mais de uma opção, em razão disso, o total pode não ser 100%.

Tabela 15 – Avaliação dos objetivos da disciplina por parte dos alunos

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam

Tabela 16 – Avaliação dos objetivos da disciplina por parte dos alunos

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam

49

D.2) Quanto as atividades e habilidades desenvolvidas:

Em consonância com os objetivos propostos, as principais habilidades trabalhadas, de

acordo com o questionário, as observações das aulas e o material didático utilizado são: a

compreensão e a produção escrita. A tabela 19 apresenta as habilidades desenvolvidas durante

as aulas:

Habilidades E1 (%) E2 (%)

Compreensão escrita 60,7 54,9

Produção escrita 57,1 42,9

Compreensão oral 50 34,3

Produção oral 28,6 8,6

Os dados acima descritos são mais bem visualizados a partir do gráfico abaixo:

Gráfico 5 – Habilidades trabalhadas em sala

Fonte: Autora (2014)

Nota – Dados em porcentagem.

É uma surpresa que a compreensão oral esteja presente entre as habilidades mais

praticadas, segundo os alunos, principalmente na escola pública, tendo em vista os objetivos

do ensino e falta de dinâmicas para a prática dessa habilidade, identificados nas observações

das aulas. Como anteriormente descrito, apesar da prática dessas habilidades em sala, os

aprendizes estão muito abaixo do esperado para o domínio desse conhecimento, comparado

com o desejável para a compreensão dos textos que se apresentam nas provas.

60,7 57,1

50

28,6

54,9

42,9

34,3

8,6

0

10

20

30

40

50

60

70

Compreensão escrita Produção escrita Compreensão oral Produção oral

E1

E2

FONTE: Autora (2014).

Nota – NR: não responderam.

Tabela 17 – Habilidades trabalhadas em sala

Fonte: Autora (2014)

50

Dentre as atividades desenvolvidas em sala que auxiliam a pratica dessas habilidades

estão atividades individuais com a resolução de exercícios de gramática e interpretação

textual, na escola particular. Este grupo também tem acesso a atividades com música e filmes,

o que ajuda no desenvolvimento da compreensão oral. Na escola pública, há a prática de

exercícios de leitura e interpretação de textos, além de atividades relacionadas à compreensão

gramatical, para o auxílio na compreensão escrita.

D.3) Quanto ao conteúdo e o material didático:

Na escola pública, são ministrados conteúdos relacionados à prática da leitura para a

compreensão de textos de forma dinâmica, como: compreensão textual, skimming, scanning,

palavras cognatas, falsos cognatos e sua aplicação em textos. O professor ministra a gramática

de forma superficial para que haja uma melhor compreensão dos textos, que aumentam o

nível de dificuldade dependendo da série.

O conteúdo está de acordo com o que é proposto pela Matriz Curricular da prova do

ENEM (Anexos A e B) quanto à compreensão e o domínio da linguagem, a fim de possibilitar

a leitura e interpretação dos variados textos contextualizados. Apesar de, na visão do aluno, o

conteúdo ministrado ser relevante, atualizado, planejado e seguir uma sequência lógica, ele

não é suficiente para alcançar estes objetivos, como apresenta a tabela 18. O que novamente,

revela problemas na prática escolar.

Quanto ao apoio didático, o professor não possui material didático específico. Utiliza-

se de textos retirados de diversas meios de comunicação e livros, para a prática dos conteúdos

ministrados em sala. Os textos são escritos no quadro ou entregues em apostilas para o

acompanhamento por parte dos alunos e resolução dos exercícios em sala ou em casa,

dependendo da duração da aula. Os exercícios são corregidos pelo professor e a resolução se

dá em conjunto com os alunos.

E2 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO NR Total

É relevante para o alcance do objetivo. 65,7 20 14,3 100

É atualizado. 80 14,3 5,7 100

É planejado. 68,6 20 11,4 100

Possui uma sequência lógica. 62,9 28,6 8,6 ~100

É suficiente para alcançar o objetivo. 42,9 45,6 11,4 ~100

Nota Específica – NR: não responderam.

Tabela 18 – Avaliação por parte dos alunos do conteúdo ministrado

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam.

51

Poucos alunos já conhecem o conteúdo por se repetir durante os anos ou por

estudarem em escolas de idiomas. Grande parte tem pouca ou nenhuma proficiência na língua.

Os exercícios são escritos na Língua Materna, com questões de compreensão e interpretação,

eos textos são, em sua maioria, relacionados a temas multiculturais, atualidades, etc.

Na escola particular, são ministrados conteúdos de gramática e sua aplicação em

textos. Portanto, o professor ministra a gramática e se utiliza de textos para a análise e

compreensão dessa gramática. De acordo com o professor, todos os conteúdos ministrados

visam à realização dos exames vestibulares.

A grande maioria dos alunos considera o conteúdo relevante, atualizado, planejado e

que segue uma sequência lógica. Contudo, como apresentado na escola pública, o aluno não

está satisfeito e acha que o que é ministrado não é o suficiente para alcançar o objetivo

proposto.

A tabela 19 apresenta essa visão:

Quanto ao material didático (Anexo C), o professor se utiliza de material próprio em

forma de apostila de acordo com o conteúdo ministrado na aula em questão. Os materiais são

entregues aos alunos sempre na aula anterior, a fim de que os alunos façam uma prévia leitura

do material e se familiarizem com o assunto, para que quando o professor for ministrar a aula,

este aluno já conheça o conteúdo e tire possíveis dúvidas em sala. Poucos alunos já conhecem

o conteúdo por estudarem em escolas de idiomas. Grande parte, apesar de não conhecer o

conteúdo, já teve um contato com a língua a ponto de formar pequenas frases em Língua

Inglesa.

O material didático é escrito tanto em Língua Materna quanto em Língua Inglesa,

sendo que estas últimas apresentam suas traduções ao lado ou abaixo. Algumas questões

apresentam os comandos em Língua Inglesa.

E1 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO NR Total

É relevante para o alcance do objetivo. 85,7 14,3 - 100

É atualizado. 92,9 7,1 - 100

É planejado. 89,3 10,7 - 100

Possui uma sequência lógica. 85,7 14,3 - 100

É suficiente para alcançar o objetivo. 46,4 50 3,6 100

Tabela 19 – Avaliação por parte dos alunos do conteúdo ministrado

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam.

52

Algo interessante a destacar é a inserção da gramática dentro da abordagem do ensino

neste momento. Muitos levianamente acreditam que a Abordagem Instrumental não se utiliza

do estudo gramatical da língua. Segundo Holmes (1984),

In fact, there is no reason for keeping these two categories separate. They are both

intimately concerned with each other, since the strategies include ways of guessing

or learning unknown vocabulary and grammar, and the borders of “above” and

“below” the sentence level are often fluid. (HOLMES, 1984 apud SCHLIEMANN,

2000, p. 39).

A partir disso, deve-se entender que a Abordagem Instrumental baseada na leitura, não

está desvinculada do ensino gramatical, pois, para a utilização das estratégias de leitura, o

aprendiz tem que ter conhecimentos de itens gramaticais importantes para a compreensão dos

textos. Portanto, não há razão para a separação desses elementos. O entendimento da

gramática serve de auxílio para a interpretação do texto, como as conjunções, tempos verbais

e os advérbios, o que é justifica o ensino desses itens por parte dos professores observados. A

sistematização do ensino da gramática, como pode ser vista no material didático da E1

(Anexo C) pode ser explicado apenas como meio de facilitar a compreensão por parte dos

alunos dos itens gramaticais. No entanto, algumas técnicas da metodologia tradicional

persistem na prática do ensino nessas escolas. A utilização da tradução de textos em sala,

frequentemente vistas nas aulas, reflete a não total desvinculação desse método do ensino

contemporâneo. Apesar disso, essa metodologia é apenas utilizada como suporte nas

atividades e não como base para o ensino em todos os aspectos.

D.4) Quanto ao professor e a metodologia utilizada:

Na escola particular, o professor se utiliza de diversas metodologias e instrumentos

para chamar a atenção do aluno quanto à diversidade cultural até mesmo entre países falantes

da Língua Inglesa, como: textos, músicas, filmes, o que “propiciam sua integração no mundo

globalizado” (BRASIL, 2000, p. 25). Também dá oportunidade de ouvir o aluno quanto aos

seus conhecimentos prévios durante a abordagem. Geralmente, o professor faz uma breve

abordagem do conteúdo a ser estudado: com foco na gramática. Em seguida, apresenta alguns

exercícios.Utiliza-se da LM e da LE no decorrer das aulas. As explicações são bem diretas e

claras.

Na escola pública, o professor se utiliza de metodologia não muito dinâmica, com

pouca ou nenhuma utilização de recursos audiovisuais. Utiliza-se constantemente da tradução

de vocábulos para a compreensão dos textos. Ele dá oportunidades para o aluno se expressar

53

quanto aos seus conhecimentos prévios durante a abordagem. Não há diversificação na

metodologia por considerar a grande dificuldade de conseguir os recursos necessários.No

decorrer da aula o professor faz uma breve, porém significativa abordagem do conteúdo em

questão. Algumas dúvidas frequentes são esclarecidas. Em seguida, o texto é entregue para a

análise e compreensão dos principais termos. É dado um tempo para a resolução dos

exercícios. Ao término do tempo estipulado, o professor juntamente com os alunos resolvem

os exercícios. Há pouca participação dos alunos por não terem conhecimento suficiente para

uma maior discussão das questões. As aulas não possuem muito dinamismo, o que, por

vezes, acaba permitindo com que as aulas não sejam bem aproveitadas. Poucos alunos

arriscam a resolução das questões sem o auxílio do professor. No entanto, as explicações são

bem diretas e claras.

Todos os alunos foram questionados sobre como eles avaliam a metodologia utilizada

e o posicionamento do professor em sala. As tabelas seguintes apresentam a avaliação dos

alunos:

E1 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO NR Total

Usa metodologia adequada. 89,3 7,1 3,6 100

Domina o conteúdo. 96,4 3,6 - 100

Explica bem. 96,4 3,6 - 100

Prepara as aulas. 96,4 3,6 - 100

Incentiva a participação. 100 - - 100

Utiliza bem recursos audiovisuais. 92,9 7,1 - 100

Utiliza textos inadequados. 3,6 96,4 - 100

Elabora mal as provas. 3,6 96,4 - 100

É organizado. 96,4 3,6 - 100

E2 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO NR Total

Usa metodologia adequada. 77,1 11,4 11,4 ~100

Domina o conteúdo. 80 14,3 5,7 100

Explica bem. 85,7 11,4 2,9 100

Prepara as aulas. 71,4 20 8,6 100

Incentiva a participação. 68,6 28,6 2,9 ~100

Utiliza bem recursos audiovisuais. 25,7 68,6 5,7 100

Utiliza textos inadequados. 5,7 88,6 5,7 100

Elabora mal as provas. - 94,3 5,7 100

É organizado. 91,4 2,9 5,7 100

Tabela 20 – Avaliação do professor

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam.

Tabela 21 – Avaliação do professor

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam.

54

No geral, existe concordância entre as avaliações dos dois grupos nos seguintes

elementos: metodologia adequada, domínio de conteúdo, boa explicação, preparação das

aulas, incentivo a participação, utilização de textos adequados, provas bem elaboradas e

organização. No entanto, segundo a maioria dos alunos, não há utilização de recursos

audiovisuais, o que comprova as observações realizadas.

D.5) Quanto as condições em sala de aula (análise do meio)

De acordo com os dados coletados, de uma forma geral, o tamanho da turma não é

fator-problema nessa fase do ensino, muito em decorrência da divisão da classe pela opção de

estudar a Língua Espanhola. Portanto, o tamanho das turmas é considerado adequado. Quanto

ao outros aspectos há algumas diversificações. Veja nas tabelas 22 e 23:

E1 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO Total

É adequado. 85,6 14,3 ~100

É suficiente. 71,4 28,6 100

Desfavorece o deslocamento. 32,1 67,9 100

Turma grande demais. 46,4 53,6 100

E2 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO NR Total

É adequado. 71,4 25,7 2,9 100

É suficiente. 48,6 48,6 2,9 ~100

Desfavorece o deslocamento. 14,3 74,3 11,4 100

Turma grande demais. 5,7 88,6 5,7 100

Apesar de considerarem o meio adequado ao ensino, na escola pública há uma

divergência entre os alunos quanto a este meio ser suficiente à aprendizagem, aspecto quase

que peculiar à educação pública. Esse aspecto, juntamente com outros já apontados acima,

podem influenciar negativamente o processo de ensino-aprendizagem.

Tabela 22 – Análise do meio, de acordo com os alunos.

Fonte: Autora (2014)

Tabela 23 – Análise do meio, de acordo com os alunos.

Fonte: Autora (2014)

Nota– NR: não responderam.

55

D.6) Aspectos gerais

As tabelas abaixo apontam a visão dos alunos quanto aos aspectos gerais da prática do

Inglês Instrumental:

E1 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO Total

A disciplina atende as expectativas. 89,3 10,7 100

Há bom relacionamento entre professor e aluno. 100 - 100

A avaliação é válida. 100 - 100

Há satisfação pessoal. 82,1 17,9 100

E2 Avaliação (%)

Informação SIM NÃO NR Total

A disciplina atende as expectativas. 68,6 28,6 2,9 ~100

Há bom relacionamento entre professor e aluno. 85,6 5,7 8,6 ~100

A avaliação é válida. 88,6 5,7 5,7 100

Há satisfação pessoal. 65,7 25,7 8,6 100

Em geral, existe bom relacionamento entre professor e alunos, no entanto, apesar de a

maioria dos informantes destacarem que a disciplina atende suas expectativas e que há

satisfação pessoal, as avaliações e o grau de interesse pela disciplina apontado pelas atitudes

dos alunos em sala reflete que a ideia de um ensino de qualidade e eficiente ainda está longe

dos pensamentos dos alunos e pais.

6.2 A PRESENÇA DA LÍNGUA INGLESA NO MERCADO DE TRABALHO

Para que se verificasse como a Língua Inglesa é aplicada no ambiente de trabalho de

profissionais de nível médio, esta segunda parte da pesquisa dedicou-se a coleta de dados, a

partir de entrevistas e observações da rotina de trabalho de profissionais do cargo de

Atendente de Restaurante de uma franquia da empresa McDonald’s, localizada na cidade de

Belém.

Tabela 24 – Avaliação geral da disciplina

Tabela 25 – Avaliação geral da disciplina

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam.

Fonte: Autora (2014)

Nota – NR: não responderam.

56

A) Informações gerais

A empresa McDonald’s, mais conhecida rede de lanchonetes do mundo especializada

em fast-food, teve seu início em 1937 – com modelo de serviço um pouco diferente do atual -

e, daí pra frente ganhou o mercado internacional, a partir da criação de franquias instaladas

em vários países. No Brasil, a rede está presente desde 1979.

Entre os principais itens do cardápio encontram-se: hambúrgueres, cheeseburgers,

batatas-fritas, saladas, sucos, refrigerantes, sundaes e milk-shakes. Os franquiados seguem o

mesmo sistema de gestão em todo o mundo, para que se mantenham os padrões de qualidade

e rapidez no atendimento, assim como, a utilização dos mesmos ingredientes. Portanto, pode-

se afirmar que, o mesmo atendimento e os mesmos hambúrgueres servidos nos Estados

Unidos são também servidos no Brasil. Sendo uma empresa norte-americana, a grande

maioria dos produtos vendidos tem seus nomes mantidos na Língua Inglesa, como por

exemplo, o Big Mac ou o McFish, todos relacionados à característica principal do produto.

B) O cargo de Atendente de Restaurante

Para que se fizesse uma investigação fidedigna, tendo em vista o uso dos

conhecimentos de Inglês adquiridos apenas no Ensino Médio, buscou-se a coleta de dados a

partir de um cargo condizente com o requisito acima.

O cargo de Atendente de Restaurante exige como requisito mínimo de seus

funcionários o Ensino Médio Incompleto. Não há outras exigências quanto a conhecimentos

de Informática ou experiência. No entanto, há preferência por profissionais em busca do

primeiro emprego, entre 18 e 26 anos de idades.

A rotina de atividades de um atendente engloba um rodízio de áreas. Existem três

principais áreas dentro da loja: atendimento em quiosque, balcão e drive-thru. O funcionário

passa por treinamento inicial, com a explicação dos ingredientes de cada produto e

identificação destes para a especificação ao cliente na hora do pedido. Eles são responsáveis

por recepcionar o cliente, anotar os pedidos e entrega-los, seja nas mesas ou no carro. A

cordialidade no atendimento é elemento essencial nesta tarefa.

57

C) Perfil dos profissionais

De acordo com as entrevistas realizadas em ambiente de trabalho, grande parte dos

profissionais dessa área é proveniente das escolas públicas. Alguns possuem Ensino Médio

Incompleto. E todos afirmam ser seu conhecimento de Inglês, considerados pelos mesmos

“mínimos”, proveniente das aulas do Ensino Médio. Segundo os entrevistados, esse

conhecimento está relacionado mais ao vocabulário, fortemente praticado a partir da tradução.

Entre os funcionários deste cargo, apenas alguns estão matriculados em cursos de

idiomas, mais especificamente cursos de Inglês. Contudo, como o horário de trabalhado se dá

em turnos, alguns destes não possuem funcionários estudantes da língua. Os que não

participam dos cursos, alegam ter interesse e achar necessário para o crescimento profissional

na empresa, mas não possuem tempo disponível. Entre estes, a Língua Inglesa não é a única

opção de curso. O Espanhol também é citado como motivo de interesse dos informantes.

D) Contato dos funcionários com a Língua Inglesa

Segundo os dados coletados, as principais formas de contato com a Língua Inglesa no

ambiente de trabalho dos atendentes estão na descrição do cardápio e, no atendimento, pois,

frequentemente, alguns clientes estrangeiros visitam os estabelecimentos para a compra de

lanches, em sua maioria, clientes que falam a Língua Inglesa.

Para a melhor compreensão desse contato, estão listadas abaixo as principais opções

de fast-food oferecidas pela McDonald’s, e a tradução literal das palavras utilizadas, no

estabelecimento pesquisado:

58

Quadro 3 – Produtos da McDonald’s e suas descrições

Fonte: Autora (2014)

Nota – Nome dos produtos e descrições retiradas do site www.mcdonalds.com.br.

Pode-se perceber que, o conhecimento de vocabulário, juntamente com a habilidade de

compreensão escrita, é muito útil na identificação dos produtos. Tendo em vista que os nomes

correspondem às características básicas da refeição, o funcionário teria maior facilidade em

descrevê-lo para o cliente.

Além disso, os nomes e frases em algumas embalagens se apresentam ou na Língua

Inglesa ou na tradução de três línguas: Inglês, Português e Espanhol. Acompanhe abaixo nas

figuras 2 e 3, exemplo dos fenômenos descritos acima. A presença de traduções tanto na

Língua Portuguesa quanto na Língua Espanhola deduzem o conhecimento da acessibilidade

por parte de outros países de produtos oriundos de mercados internacionais e a necessidade de

se saber uma LE para o auxílio na comunicação.

Figura 2 – Imagem de produto e o uso da Língua Inglesa

Fonte: Autora (2014)

14

Tradução literal das palavras que compõem o nome dos produtos para a comparação com suas descrições.

Nomes dos Produtos Tradução14

Descrição

BIG TASTY

“Grande Saboroso”

“O grande matador de fome”. Um hambúrguer enorme, 3

deliciosas fatias de queijo, tomate, alface crocante, cebola e

molho especial.

BIG MAC

“Grande Mac”

“Não existe nada igual”. Dois hambúrgueres, alface, queijo

emolho especial, cebola e picles num pão com gergelim.

CBO (CHICKEN

BACON ONION)

“Galinha Bacon

Cebola”

“Escandalosamente delicioso”. Delicioso hambúrguer de

frango, bacon, cebola crispy, alface, saboroso molho, em um

pão quadrado com gergelim e bacon.

McCHICKEN

“McGalinha”

“O sabor que você adora”. Frango empanado e dourado com

molho suave e cremoso, acompanhado de alface crocante.

McFISH

“McPeixe”

“Bem vindo a bordo do delicioso McFish”. A maré está para

peixe. Filé de Peixe empanado supercrocante, queijo, com

delicioso molho tártaro com pão quentinho.

59

Figura 3 – Imagem de produto e o uso da Língua Inglesa

Fonte: Autora (2014)

Outra forma de contato que os funcionários afirmaram ter, diz respeito ao atendimento

de clientes estrangeiros. Este, entretanto, não é sempre que acontece, porém, só pelo fato de se

ter a possibilidade do contato, as habilidades de compreensão e produção oral se tornam

necessárias. Nessas situações, segundo os funcionários, onde não há atendentes habilitados –

que, por sinal são maioria – chama-se a gerente, e esta tenta manter comunicação por meio de

mímicas(grifo nosso).

Cabe salientar que, apesar da empresa trabalhar com franquias, estas compartilham o

mesmo sistema de gestão em qualquer país do mundo e passam por intensos treinamentos em

prol do conhecimento das condutas e normas que regem a empresa. No entanto, a franquia

deve ser responsável pela qualificação dos seus colaboradores, tendo em vista a McDonald’s

ter como aspecto básico do seu sistema de negócio o investimento nos funcionários, com

motivação e treinamentos constantes. A franquia pesquisada afirma que os funcionários são

incentivados a se qualificarem por meio de parcerias com instituições de ensino que

possibilitam seu ingresso, com desconto nas mensalidades.

6.3 COMPARAÇÃO DOS DADOS

Os resultados das pesquisas revelam o alcance dos seus objetivos principais: ter uma

visão realista da prática do Inglês Instrumental nas escolas de Ensino Médio, considerando as

necessidades dos alunos e sua eficiência, e a identificação da realidade dos usos da Língua

Inglesa no mercado de trabalho.

60

Sobre algumas considerações quanto à primeira pesquisa, foi demostrado que, apesar

da adoção desta abordagem no ensino de Língua Inglesa nas escolas, sejam elas públicas ou

particulares, não existe uma sistematização quanto à metodologia de ensino, que é

diretamente afetado pelas condições físicas do ambiente e pelo perfil dos estudantes. Mesmo

que No geral, a prática focaliza as habilidades de leitura e escrita, apesar da primeira ter um

nível razoável entre os dois grupos e a último ter um contraste de razoável a bom na escola

particular e pouco na escola pública.

Levando em consideração a Matriz de Referência deste ensino, que aponta para os

conteúdos exigidos pelo vestibular mais realizado no Brasil – o ENEM -, há concordância

com o que o professor se propõe a exercitar e ensinar. Entretanto, as técnicas adotadas pelas

duas escolas são diferentes. Enquanto que na escola particular tem-se a grande atenção para os

conteúdos gramaticais, tendo em vista sua aplicabilidade nos textos como auxílio para sua

compreensão, na escola pública, por mais que se tenha a análise de itens gramaticais, o foco

está no ensino de estratégias e técnicas de leitura.

Apesar de se considerar que o ensino adotado tem por base o Inglês Instrumental,

alguns aspectos não são adequados a esta abordagem, como, por exemplo, a análise da

situação-atual dos alunos que, apesar de ser identificado a partir das avaliações bimestrais,

acaba por não servir de instrumento para a adequação ou modificação dos métodos de ensino,

e a análise do meio que, por mais que os alunos o considerem adequado, muitas vezes não o é,

tendo em vista os objetivos da disciplina.

No entanto, mesmo que inconscientemente, muitos aspectos são tomados, como,

partindo da definição de um objetivo específico, mesmo que não seja a partir da análise das

reais necessidades dos alunos, o curso é teoricamente delineado para o alcance do objetivo

proposto inicialmente, considerando o quê os alunos precisam saber, o tempo dedicado a isso

(tendo em vista a carga horária de duas hora/aula semanais), quais aspectos da linguagem ele

precisa saber e que tipo de metodologia será utilizada. Embora, na prática, as situações se

direcionem a caminhos diferentes.

Apesar da preocupação com o ingresso dos alunos na universidade, a prática desta

abordagem não é sinônima de resultados satisfatórios. Além disso, deve-se considerar que,

nem todos os participantes desta categoria têm como principal objetivo o ingresso nas

universidades. Muitos, em sua maioria, os provenientes de escolas públicas, entram no

mercado de trabalho antes disso. Daí a preocupação de investigar a utilidade do ensino para

estes alunos.

61

Na segunda pesquisa, portanto, a partir dos dados coletados, pôde-se comprovar a real

necessidade dos profissionais de nível médio quanto ao conhecimento da Língua Inglesa,

mesmo não estando em cargos de gerência em empresas multinacionais. O contato com a

língua é constante e, apesar de afirmarem que alguns conhecimentos são provenientes das

aulas do Ensino Médio, a maioria das palavras em Inglês presentes em seu ambiente de

trabalho são apenas gravadas e repetidas de acordo com o que ouviram durante o treinamento

e a rotina de atividades. Não há uma ligação direta entre o nome, e sua tradução, com o tipo

de produto, como apontado anteriormente no Quadro 3.

Apesar de ter como requisitos mínimos para o cargo somente a escolaridade de Ensino

Médio Incompleto e a preferência por profissionais inexperientes, os funcionários se veem em

situações em que precisa, principalmente, da compreensão oral, para a realização de suas

atividades. Esta, juntamente com a compreensão escrita e produção oral, são as principais

habilidades necessárias a um bom desempenho e crescimento profissional.

Embora as informações coletadas se baseiem apenas em uma empresa, mas é de

grande relevância quanto ao conhecimento das reais necessidades da Língua Inglesa na

sociedade atual. Embora não houvesse eventos de repercussão internacional durante o período

da coleta dos dados e dos relatos dos informantes na cidade de Belém, a presença de

estrangeiros é comum, tendo em vista a globalização. Globalização esta que permite a

expansão de empresas como a McDonald’s e, consequentemente, a expansão da sua língua

nativa.

Sendo assim, cabe salientar que, de fato o ensino da leitura auxilia o profissional em

seu ambiente de trabalho, visto que, é frequente o contato com frases e palavras na Língua

Inglesa, principalmente quando se trata de produtos e ideias importadas de outros países.

Sabendo que a Língua Inglesa é a língua de comunicação global, será está a adotada na

divulgação e nominalização dos produtos para a comercialização mundial.

No entanto, é possível verificar que a necessidade maior do profissional está na prática

oral (compreensão e produção), pois é esta que efetivamente realiza a comunicação entre as

pessoas de forma direta. Sem o conhecimento destas habilidades, como se pôde verificar na

pesquisa, o profissional, nas situações de comunicação com clientes estrangeiros, fica

impossibilitado de ter grande sucesso na realização de suas tarefas. Tendo em vista que estas

habilidades não são privilegiadas pelo ensino de Inglês Instrumental realizado nas escolas

regulares em questão, o estudante que, por ventura, decida ingressar no mercado de trabalho,

não se encontrar apto a enfrentar situações como as analisadas.

62

Antes de finalizar este tópico, é importante assinalar que a avaliação do Inglês

Instrumental e da presença do Inglês no mercado de trabalho, realizadas nesta pesquisa tem

objetivos específicos relacionados à proposta deste trabalho, portanto, a avaliação desta

prática no geral, não se resume apenas aos itens considerados nesta investigação.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As formas de ensino verificadas são diversas, no entanto, apesar de uma nova prática

da Língua Inglesa, diferente do adotado no Ensino Fundamental II, as queixas quanto a falta

de qualidade persistem. Por mais que os dados não revelem, há grande e histórica insatisfação

por parte dos alunos, em especial os oriundos da escola pública. A ausência de material

didático adequado, a heterogeneidade dos alunos nas turmas, e até mesmo, problemas quanto

à forma de aprendizagem do aluno, são fatores que continuam afetando as escolas,

independente da abordagem utilizada.

Embora os informantes apresentem objetividade e clareza nas suas respostas, a

principal reclamação dos professores, também é quanto à falta de motivação e interesse por

parte dos alunos durante as aulas, mais especificamente entre os alunos das turmas maiores e

mais jovens, como os do 1º Ano. Essa atitude pode ser explicada pela discrepância entre o que

é ensinado (leitura e compreensão textual) e o que se deseja aprender (produção e

compreensão oral), como apontado nos resultados supracitados.

As contradições entre as escolas públicas e particulares são muito influenciadas pelos

perfis de alunos. Como na escola particular há uma situação financeira mais favorável, a

responsabilidade, de forma indireta acaba sendo deixada a cargo das escolas de idiomas nas

quais os alunos estão matriculados. A adoção de uma prática mais “avançada” tem por base o

conhecimento já adquirido nos cursos, como práticas orais, escritas. Nas escolas públicas, o

ensino é mais precário, onde o nível de aprendizagem acaba sendo baixo e permanecendo

nele, por se considerar o aluno “incapaz” de compreender determinados conteúdos e

atividades.

Ainda que os dados coletados se baseiem apenas em duas escolas e uma empresa,

questionando-se seu grau de confiabilidade, eles nos trazem uma realidade existente. Mesmo

que a proposta seja diferente das contidas nos PCNs, os problemas continuam os mesmos. A

adoção de uma prática mais específica para o ensino, nesse momento da educação básica, do

jeito que está sendo apresentada nas escolas, não é a forma ideal de forma cidadãos críticos.

63

A proposta da Abordagem Instrumental pode sim ser mais bem aproveitada e englobar

o ensino das habilidades orais, de acordo com as necessidades da situação-alvo, mas não se

trata de especificar um objetivo neste momento da aprendizagem. Ainda não foram feitas

escolhas quanto ao rumo acadêmico e profissional, portanto, não deve haver objetivo

específico claro. Assim, a proposta de ensino do Inglês proposto pelo MEC é a mais

adequada, para o atendimento de todas as necessidades que inicialmente se apresente.

Os PCNs são bem claros quanto à formação geral do indivíduo, preparando-o para

enfrentar as diversas situações cotidianas e os diversos tipos de interações sociais. Sabe-se,

contudo, que a prática não é tão simples. Como já dito, desde o 6º Ano o aluno tem contato

com a Língua Inglesa, com a exploração de vocabulários, conteúdo gramaticais, etc. Porém,

não há aprendizagem na maioria dos casos. A ideia da não aprendizagem de línguas em

escolas regulares ainda se preserva. E as deficiências estruturais e o descaso com o ensino,

não auxiliam no avanço de melhores práticas e isso engloba também as escolas particulares.

No geral, problema da eficiência do ensino não está na adoção de uma ou outra

abordagem, está na forma como ela é tomada na prática, na dedicação do cumprimento dos

objetivos de forma mais responsável, no interesse com que é tomado pelas autoridades

responsáveis pelo seu desenvolvimento e cumprimento e no investimento realizado para uma

educação de qualidade. É sabido que a preocupação e os problemas que envolvem a questão

educacional brasileira faz parte da história do país e englobam vários outros fatores políticos,

sociais e econômicos, que foram e são propostas de análises mais profundas, e que em outra

oportunidade podem ser discutidas mais detalhadamente.

Quanto às consequências que esta realidade causa na sociedade e no futuro

profissional, elas são bem mais sentidas pelos concluintes provenientes da escola pública.

Sabe-se da importância que tem a fluência de um idioma para o crescimento profissional ou

mesmo ingresso em um cargo com maior renda salarial, e essa realidade faz concluir que os

alunos que não tem a oportunidade de cursar uma LE em escolas de idiomas, são os mais

prejudicados e, provavelmente não terão tantas oportunidades de crescimento. Além disso, se

quiserem aprender, terão que sacrificar esforços para ter tempo disponível, e/ou verba

necessários para a matrícula em escolas de idiomas, como foi colocado por um dos

entrevistados da empresa McDonald’s.

A geração dessa situação, onde os menos favoráveis ficam distantes dos benefícios de

uma aprendizagem de crescente relevância, não só causa problemas para os profissionais, mas

também para a empresa, que terá mais despesas e constrangimentos em situações como as

64

relatadas pelos funcionários entrevistados. Essa deficiência do profissional por causar

investimentos extras em qualificações que já deveriam ser oriundas da Educação Básica.

Portanto, salienta-se que ao Ensino Médio, em todas as suas metodologias e práticas,

não deve se abster desta responsabilidade, privilegiando poucos, enquanto que a massa da

população permanece como mão-de-obra pouco qualificada para cargos mesmo que de nível

médio e a adoção desta abordagem, da forma como vem sendo adotada, não está apta para o

cumprimento deste requisito.

O presente trabalho possibilitou o conhecimento de uma realidade, até então, não

muito explorada: o Inglês Instrumental no Ensino Médio e a aplicação de seus ensinos no

mercado de trabalho. Essa investigação ainda possui poucos estudos relacionados, o que

possibilita a oportunidade de discussões mais detalhadas quanto à prática desta abordagem

nas escolas regulares e os fatores que levam a adoção deste ensino por parte das instituições,

além da análise do posicionamento da sociedade e do governo em relação a esta prática, que

se contrapõem às propostas educacionais presentes nos documentos oficiais.

Muito além de se voltar a adoção da cultura a que a Língua Inglesa se relaciona –

modo de vida norte-americano, bastante propagado e vivido por muitos estudantes da língua -,

conhecer a Língua Inglesa é ter a possibilidade de interação entre indivíduos e suas culturas

visando o conhecimento de sua própria identidade, adequar-se as exigências de um mundo

globalizado e o seu desenvolvimento intelectual.

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