A PARTICIPAÇÃO DO CFN NAS OPERAÇÕES DE GLO
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ESCOLA DE GUERRA NAVAL
CMG (FN) RUI EDUARDO RODRIGUES FERRREIRA
A PARTICIPAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS NAS OPERAÇÕES DE GLO:
OS DESAFIOS PARA A MB NESSA ATIVIDADE DE EMPREGO LIMITADO DA FORÇA.
A PARTICIPAÇÃO DO CFN NAS OPERAÇÕES DE GLO: DESAFIOS
DOUTRINÁRIOS A SUPERAR.
Rio de Janeiro
2018
MARINHA DO BRASIL
ESCOLA DE GUERRA NAVAL
A PARTICIPAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS NAS OPERAÇÕES DE GLO:
OS DESAFIOS PARA A MB NESSA ATIVIDADE DE EMPREGO LIMITADO DA FORÇA.
A PARTICIPAÇÃO DO CFN NAS OPERAÇÕES DE GLO: DESAFIOS
DOUTRINÁRIOS A SUPERAR.
Projeto de pesquisa apresentado à Escola de Guerra Naval, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Política e Estratégia Marítimas. Orientador: CMG (FN REF) José Cláudio da Costa Oliveira
Rio de Janeiro
Escola de Guerra Naval
Dedico este trabalho a todos os militares que, com empenho e abnegação, ombrearam comigo nas ruas e vielas do Rio de Janeiro, em especial nas Operações de GLO no Dendê, Cachoeirinha, Kelson’s, Parada de Lucas, Alemão e Maré.
AGRADECIMENTOS
Aos oficiais que dedicaram parcela significativa de seu tempo para dividirem
comigo suas experiências nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem.
Ao Desembargador Max Brito Repsol, pelo cavalheirismo e solicitude na
concessão de entrevista sobre os aspectos jurídicos relacionados a essas Operações.
Ao Capitão de Mar e Guerra (FN REF) José Cláudio da Costa Oliveira, pela
fidalguia no trato e pelas orientações acadêmicas substanciais, que contribuíram para o
direcionamento e desenvolvimento deste trabalho.
À minha esposa Kátia e meus filhos Patrícia, Mônica e Gabriel, pela compreensão
nas horas de convívio sacrificadas durante a realização deste trabalho.
Por fim, agradeço a Deus pela saúde, disposição e inspiração, que me permitiram
realizar um trabalho tão complexo e relevante.
RESUMO
No Corpo de Fuzileiros Navais, não existe um arcabouço doutrinário que oriente
adequadamente o emprego da tropa nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem, deixando-a
exposta a riscos excessivos. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é formular uma
proposta de manual de ações de Fuzileiros Navais nessas Operações, contendo conceitos e
procedimentos, aspectos jurídicos intrínsecos e os meios específicos necessários. Para tal, a
metodologia utilizada consistirá de pesquisa descritiva com nível exploratório, por meio de
pesquisa bibliográfica, entrevistas com militares que participaram dessas Operações e com
representantes do Ministério Público Militar. Ao longo do trabalho, será abordada a influência
do Ambiente Operacional sobre a tropa e os meios; a legislação condicionante e o
embasamento Jurídico; os equipamentos e meios adequados ao ambiente operacional;
considerações sobre o planejamento desse tipo de Operação; as fases dessas Operações e as
tarefas associadas; os métodos, tipos e procedimentos das Patrulhas, que representam a
principal ferramenta para a manutenção da lei e da ordem; as ações utilizadas para variar o
modus operandi da tropa; procedimentos relacionados ao Controle de Tráfego; Atividade de
Inteligência, uso de Atiradores de Precisão e outras capacidades especiais necessárias;
utilização dos Blindados, Engenharia e de outros meios de apoio ao combate; e as tarefas
relacionadas ao Apoio de Serviços ao Combate e ao Apoio Logístico. Por fim, os dados
obtidos na análise dos diversos conceitos, procedimentos e lições aprendidas serão
condensados na proposta de manual supracitada, visando contribuir para a consolidação de
um arcabouço doutrinário específico para essas Operações.
Palavras-chave: Lei. Ordem. Legislação. Patrulha. Tráfego. Inteligência. Logística.
ABSTRACT
In the Brazilian Marine Corps, there is no doctrinal framework that adequately guides troop
employment in Law and Order Assurance Operations, leaving it exposed to excessive risk. In
this context, the objective of this work is to formulate a proposal for a manual of Marine’s
actions in this Operation, containing concepts and procedures, intrinsic legal aspects and the
specific means necessary. For this purpose, the methodology used will consist of descriptive
research with an exploratory level, through bibliographical research, interviews with Marine
officers who participated of this Operation and with representatives of the Military Public
Prosecutor's Office. Throughout the work, will be approached the influence of the Operational
Environment on the troop and means; the conditioning legislation and the Legal base;
equipment and means appropriate to the operating environment; considerations about the
planning of this kind of Operation; the phases of this Operations and associated tasks; the
methods, types and procedures of the Patrols, which are the main tool for maintaining law and
order; the actions used to vary the modus operandi of the troop; procedures related to Traffic
Control; Intelligence Activity, use of Snipers and other special abilities; use of Armor,
Engineering and other means of combat support; and the tasks related to Combat Service
Support and Logistic Support. Finally, the data obtained in the analysis of the concepts,
procedures and lessons learned will be condensed in the aforementioned manual, aiming to
contribute to the consolidation of a specific doctrinal framework for this Operation.
Keywords: Law. Order. Legislation. Patrolling. Traffic. Intelligence. Logistics.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACISO - Ação Cívico-Social
AOp - Área de Operações
ApCmb - Apoio ao Combate
APF - Auto de Prisão em Flagrante
ApLog - Apoio Logístico
APOP - Agente de Perturbação da Ordem Pública
ApSvCmb - Apoio de Serviços ao Combate
APtr - Área de Patrulha
AR - Auto de Resistência
ARP - Aeronave Remotamente Pilotada
Art. - Artigo
AssCiv - Assuntos Civis
BAvç - Base Avançada
C2 - Comando e Controle
CAI - Centro de Análise de Inteligência
CAMTES - Computer-Assisted Maritime Threat Evaluation System
CCA - Componente de Combate Aéreo
CCAF - Centro de Coordenação de Apoio de Fogo
CCOp - Centro de Coordenação de Operações
CCT - Componente de Combate Terrestre
CD - Controle de Distúrbios
CDS - Comando de Defesa Setorial
CeCoIS - Centro Controlador de Inteligência de Sinais
C-Esp-OpPsc - Curso Especial de Operações Psicológicas
C-Exp-BasNeg - Curso Expedito Básico de Negociação
C-Exp-NECONREF - Curso Expedito de Negociação em Conflitos com Tomadas de Reféns
CF - Constituição Federal
CFN - Corpo de Fuzileiros Navais
CG - Centro de Gravidade
CGCFN - Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais
CiaFuzNav - Companhia de Fuzileiros Navais
CISMAR - Centro Integrado de Segurança Marítima
CLG - Combustíveis, Lubrificantes e Graxas
CLog - Comando Logístico
CMG - Capitão de Mar e Guerra
Cmt - Comandante
COL - Centro de Operações Logísticas
COMAE - Comando Aéreo Espacial
COMCONTRAM - Comando do Controle Naval do Tráfego Marítimo
ComFFE - Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra
ComSoc - Comunicação Social
ComTrRef - Comando da Tropa de Reforço
CP - Código Penal
CPM - Código Penal Militar
CPP - Código do Processo Penal
CTB - Código de Trânsito Brasileiro
CTeC - Componente de Comando
DAAe - Defesa Antiaérea
DASC - Destacamento de Apoio de Serviços ao Combate
DCTIM - Diretoria de Comunicações e Tecnologia da Informação da Marinha
DMN - Doutrina Militar Naval
DPJM - Delegacia da Polícia Judiciária Militar
EB - Exército Brasileiro
ElmOpEsp - Elemento de Operações Especiais
EM - Estado-Maior
EMA - Estado-Maior da Armada
ET - Esquadra de Tiro
EUA - Estados Unidos da América
EVAM - Evacuação Aeromédica
FA - Forças Armadas
FAB - Força Aérea Brasileira
Fig. - Figura
FM - Frequência Modulada
FN - Fuzileiro Naval
FPac - Força de Pacificação
GC - Grupo de Combate
GE - Guerra Eletrônica
GERR - Grupo Especial de Retomada e Resgate
GLO - Garantia da Lei e da Ordem
GpSocCia - Grupo de Socorro de Companhia
GptOpFuzNav - Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais
GruCAnf - Grupo de Comandos Anfíbios
HD - High Definition
He - Helicóptero
HF - High Frequency
INFOSEG - Informações de Segurança
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia
IPM - Inquéritos Policiais Militares
JO/PO Rio-2016 - Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016
LA - Linha de Ação
LBDN - Livro Branco de Defesa Nacional
MAGE - Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica
MB - Marinha do Brasil
MD - Ministério da Defesa
MINIMI - Mini Mitrailleuse
MPM - Ministério Público Militar
NBQR - Nuclear, Biológico, Químico e Radiológico
NC - Norma de Conduta
OM - Organização Militar
OMAU - Operações Militares em Ambiente Urbano
ONG - Organização Não-Governamental
ONU - Organização das Nações Unidas
OpGLO - Operações de Garantia da Lei e da Ordem
OpPsc - Operações Psicológicas
OrgTar - Organização por Tarefas
OSP - Órgãos de Segurança Pública
PBCE - Posto de Bloqueio e Controle de Estrada
PBCVU - Posto de Bloqueio e Controle de Via Urbana
PBlq - Posição de Bloqueio
PC - Posto de Comando
PCTran - Posto de Controle de Trânsito
PelCD - Pelotão de Controle de Distúrbios
PelFuzNav - Pelotão de Fuzileiros Navais
PI - Possibilidade do Inimigo
PIT - Precision Immobilization Technique
PM - Polícia Militar
PPM - Processo de Planejamento Militar
PRC - Portable Radio Communication
PSE - Posto de Segurança Estático
PtrMtz - Patrulha Motorizada
PVig - Posto de Vigilância
RE - Regra de Engajamento
RETRON - Reconhecimento Eletrônico
RFC - Relatório de Fim de Comissão
SACEM - Seqüência de Ações de Comando e Estado-Maior
SARQ - Sistema de Arquivo
SIAL - Seção de Informações sobre Alvos
SINESP - Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública
SIOpWeb - Sistema de Inteligência Operacional
SIP - Sistema de Informações Policiais
SISCOMIS - Sistema de Comunicações Militares por Satélite
SisGAAz - Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul
SISTRAM - Sistema de Informações sobre o Tráfego Marítimo
SitRep - Situation Report
SUV - Sport Utility Vehicle
TI - Tecnologia da Informação
TSE - Tribunal Superior Eleitoral
UAnf - Unidade Anfíbia
US Army - United States Army
USA - United States of America
USMC - United States Marine Corps
UT - Unidade de Tiro
UTI - Unidade de Tratamento Intensivo
VC - Vulnerabilidade Crítica
Vtr - Viatura
VtrBld - Viatura Blindada
VtrOp - Viatura Operativa
VtrSoc - Viatura Socorro
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12
2 ARCABOUÇO DOUTRINÁRIO DE GLO ..................................................... 14
2.1 Livro Branco de Defesa Nacional ........................................................................ 14
2.2 Manual de GLO do MD........................................................................................ 15
2.3 Manual de Operações de GLO do EB .................................................................. 17
2.4 Posto de Segurança Estático ................................................................................. 24
2.5 Doutrina Militar Naval ......................................................................................... 25
2.6 Manual de Operações contra Forças Irregulares .................................................. 26
2.7 Manual de emprego das Unidades Distritais de FN ............................................. 30
2.8 Manual de Segurança de Áreas e Instalações ....................................................... 31
2.9 Manual de Abordagem a Pessoas ......................................................................... 31
2.10 Manual de Abordagem a Veículos ....................................................................... 32
2.11 Insurgencies and Countering Insurgencies Manual ............................................. 33
2.12 Military Police Operations Manual US Army ...................................................... 34
2.13 Police Operations Manual.................................................................................... 36
2.14 Law Enforcement Manual .................................................................................... 41
2.15 Military Police Operations Manual USMC.......................................................... 44
2.16 Manual of Military Operations on Urbanized Terrain ........................................ 44
2.17 Urban Operations Manual ................................................................................... 45
3 LIÇÕES APRENDIDAS NAS OPERAÇÕES DE GLO................................. 48
3.1 Compêndio de Lições Aprendidas ........................................................................ 48
3.1.1 Copa do Mundo 2014 ........................................................................................... 48
3.1.2 Garantia da Lei e da Ordem .................................................................................. 49
3.2 Operação Alvorada ............................................................................................... 51
3.3 Jogos Mundiais Militares...................................................................................... 53
3.4 Copa das Confederações ....................................................................................... 53
3.5 Copa do Mundo .................................................................................................... 54
3.6 Operação São Francisco ....................................................................................... 55
3.7 Quarto Contingente da Operação São Francisco .................................................. 62
3.8 Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio – 2016 ........................................................ 69
3.9 Comando Logístico nos JO/PO Rio-2016 ............................................................ 69
3.10 Operação Capixaba ............................................................................................... 71
3.11 Questionários preenchidos por oficiais do CFN ................................................... 73
3.11.1 Questionário do Capitão de Mar e Guerra (FN) Medeiros ................................... 73
3.11.2 Questionário do Capitão de Mar e Guerra (FN) Valentini ................................... 74
4 ADEQUABILIDADE DOS MEIOS EMPREGADOS EM GLO................... 75
4.1 Uniformes ............................................................................................................. 75
4.2 Equipamentos Especiais ....................................................................................... 76
4.3 Armamento e Munição ......................................................................................... 77
4.4 Armamento e Munição menos Letal .................................................................... 78
4.5 Meios de Comunicação ........................................................................................ 79
4.6 Viaturas ................................................................................................................. 81
4.7 Instalações e Conforto .......................................................................................... 83
5 ASPECTOS JURÍDICOS DAS OPERAÇÕES DE GLO ............................... 84
5.1 Embasamento Legal ............................................................................................. 84
5.2 Aspectos Jurídicos Específicos ............................................................................. 85
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 89
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 91
APÊNDICE A – Minuta de Manual de Ações de FN nas OpGLO ..................... 95
APÊNDICE B – Questionário de GLO ............................................................... 220
ANEXO A – Quadro Comparativo dos Métodos de Patrulha .............................. 221
ANEXO B – Ambiente Operacional Urbano ....................................................... 223
ANEXO C – SACEM nas OpGLO ...................................................................... 224
ANEXO D – Viaturas para Operações Policiais .................................................. 225
ANEXO E – Meios de Uso Restrito ..................................................................... 226
RESERVADO 12
RESERVADO
1 INTRODUÇÃO
As Operações de Garantia da Lei e da Ordem (OpGLO), que ganharam destaque
com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-
92), estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano.
Segundo dados publicados pelo Ministério da Defesa1, foram realizadas cento e
trinta e duas OpGLO de 1992 até o início de 2018. No entanto, esse número vem crescendo,
já que o Presidente da República Michel Temer assinou o Decreto de 28 de julho de 2017
(decreto sem número 14485), alterado pelo Decreto de 29 de dezembro de 2017 (decreto sem
número 14506), que autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da
Ordem (GLO) no Estado do Rio de Janeiro até 31 de dezembro de 2018.
O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) vem participando de diversas dessas
Operações, normalmente em conjunto com as Forças Armadas (FA) e com a Polícia Militar
(PM). No entanto, a tropa tem ficado exposta a riscos excessivos, visto que o arcabouço
doutrinário, incluindo aspectos jurídicos, parece não amparar de forma adequada sua atuação
nesse tipo de Operação. Exemplos dessa exposição são facilmente encontrados nas OpGLO,
com o uso de viaturas sem blindagem em áreas de risco, deixando os militares embarcados
expostos aos tiros dos bandidos; a não utilização de lajes para posicionamento de atiradores e
proteção da tropa por receio de problemas com a justiça; a falta de uma padronização
adequada para o estabelecimento de Postos de Controle de Trânsito, deixando os militares
expostos a riscos de atropelamento; a utilização de procedimentos equivocados para
abordagem de pessoas e entrada em compartimentos; etc. A mudança desse panorama é um
desafio que precisa ser superado.
Além disso, uma postura adotada pelas FA nos últimos dois anos foi de apenas
apoiar os Órgãos de Segurança Pública (OSP), realizando o cerco de áreas e o uso de
______________ 1 Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/exercicios-e-operacoes/garantia-da-lei-e-da-ordem>. Acesso em: 31/07/2018.
RESERVADO 13
RESERVADO
blindados para o transporte de policiais. Isso pode ser um reflexo da falta do amparo
supracitado, podendo ser uma estratégia para proteger a tropa e a própria instituição, já que
reduz significativamente a exposição aos riscos.
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta de Manual de
Ações de Fuzileiros Navais nas OpGLO, contendo um arcabouço doutrinário específico,
incluindo uma coletânea da legislação e dos aspectos jurídicos relacionados, a fim de
contribuir para a atuação adequada da tropa nesse tipo de Operação.
Para atingir esse objetivo, será analisado o arcabouço doutrinário de GLO
existente nos manuais do Brasil e dos Estados Unidos da América (EUA), discriminadas as
principais lições aprendidas nas OpGLO realizadas pelo CFN e pelo Exército Brasileiro (EB),
examinados os meios específicos adequados para essas Operações e analisado o amparo legal
relacionado às OpGLO. Para concluir, serão ressaltados os principais pontos estudados,
reforçando a importância de uma doutrina específica para essas Operações.
A metodologia utilizada consistirá de pesquisa descritiva com nível exploratório.
A coleta de dados ocorrerá pela pesquisa bibliográfica para todos os Capítulos, pesquisa
documental para o capítulo 3, questionários respondidos por oficiais com experiência em
OpGLO e observação, pelo envolvimento do pesquisador nessas operações, para os Capítulos
3 e 4, além de entrevistas com representantes do Ministério Público Militar para o Capítulo 5.
Por fim, consolidando o estudo, serão compilados os conhecimentos obtidos
durante o trabalho, a fim de formular uma proposta de arcabouço doutrinário para as OpGLO,
que será apresentada na minuta de manual constante no Apêndice A desta Tese.
RESERVADO 14
RESERVADO
2 ARCABOUÇO DOUTRINÁRIO DE GLO
Neste capítulo, serão analisados os conceitos e procedimentos relativos à GLO
existentes no Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN), nos manuais do Ministério da
Defesa (MD), da Marinha do Brasil (MB), do EB, da PM, do United States Army (US Army) e
do United States Marine Corps (USMC). Nesse sentido, serão analisadas as Operações em
Ambiente Urbano, quais sejam as Operações contra Forças Irregulares, Operações Militares
em Ambiente Urbano (OMAU), Operações de Imposição da Lei e Operações de Polícia.
2.1 Livro Branco de Defesa Nacional (BRASIL, 2016d)
A necessidade de um arcabouço doutrinário específico para a GLO fica clara
nessa publicação, sendo previsto que o emprego das Forças é diferente, em doutrina, do
emprego tradicional em missões relacionadas à defesa externa, que se caracteriza pela
existência de forças inimigas perfeitamente identificáveis.
Essa publicação cita o Decreto Presidencial no 3.897, que prevê a subordinação da
polícia às FA envolvidas nas OpGLO, cabendo à autoridade competente passar o controle
operacional dos Órgãos de Segurança Pública (OSP), necessários às ações, para a autoridade
encarregada das operações. Isso implica na necessidade de orientar a tropa quanto ao
relacionamento com os OSP nas OpGLO, já que poderá haver efetivos policiais na Operação.
Também estão previstas as situações de emprego das FA em GLO, quais sejam: se
os meios de Segurança Pública forem reconhecidos indisponíveis pelo respectivo Chefe do
poder Executivo Federal ou Estadual, forem inexistentes ou insuficientes para o cumprimento
de sua missão constitucional; nos casos de possibilidade de perturbação da ordem, tais como
em eventos oficiais ou públicos com a participação de Chefe de Estado ou de Governo
estrangeiro; e em pleitos eleitorais, por solicitação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
RESERVADO 15
RESERVADO
2.2 Manual de GLO do MD (BRASIL, 2014)
Esse manual contém um arcabouço doutrinário voltado para o planejamento, com
diversas definições que serão apresentadas a seguir.
OpGLO é uma operação militar determinada pelo Presidente da República e conduzida pelas Forças Armadas de forma ocasional, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, que tem por objetivo a preservação da ordem pública e da integridade das pessoas e do patrimônio, em situações de esgotamento dos órgãos para isso previstos no art. 144 da Constituição ou em outras em que se presuma ser possível a perturbação da ordem (Brasil, 2014, p. 14).
Na GLO as Forças Adversas são denominadas Agentes de Perturbação da Ordem
Pública (APOP), definidos como pessoas ou grupos cujas ações comprometem a preservação
da ordem ou ameaçam a segurança das pessoas e do patrimônio.
Centro de Coordenação de Operações (CCOp) é definido como a estrutura que
materializa e apoia o Comando Operacional da Operação. Participam dele os órgãos federais,
estaduais e municipais envolvidos direta ou indiretamente na OpGLO.
No manual é mostrada também uma diferenciação entre Norma de Conduta (NC)
e Regra de Engajamento (RE), sendo a primeira uma orientação de comportamento para a
tropa no trato com a população e a segunda um conjunto de procedimentos para situações
operativas. Ambas são fundamentais e devem ser divulgadas para a tropa em sua preparação,
pois orientam a postura que deve ser adotada nas OpGLO.
São definidas também a Razoabilidade, em que as ações devem ser comedidas e
moderadas; a Proporcionalidade, que é a correspondência entre ação e reação, para não haver
excesso da tropa; e a Legalidade, com ações de acordo com a lei. Esses conceitos
fundamentam a confecção das RE e o uso gradual da força pela tropa.
O manual também relaciona as ações que podem ser executadas nas OpGLO,
quais sejam: garantir os serviços essenciais sob a responsabilidade do órgão paralisado;
controlar vias de transporte; desocupar ou proteger as instalações de infraestrutura crítica e
garantir seu funcionamento; prover segurança a autoridades e comboios; garantir o direito de
RESERVADO 16
RESERVADO
ir e vir da população; permitir a realização de pleitos eleitorais; prestar Apoio Logístico
(ApLog) aos OSP ou outras agências; realizar a busca e apreensão de armas e explosivos; e
realizar policiamento ostensivo, por meio de patrulhamento a pé e motorizado. Isso permite
direcionar o embasamento doutrinário e os procedimentos necessários para as OpGLO.
No entanto, após a leitura atenta desse manual, percebe-se que alguns conceitos
são próprios das Operações contra Forças Irregulares e não se aplicam às OpGLO, sendo
apresentados abaixo alguns desses conceitos, como exemplo de incompatibilidade.
Está previsto que o embate com os APOP deverá ser evitado, buscando-se uma
solução por meios pacíficos. Isso só é aplicável nas Operações contra Forças Irregulares, já
que para haver OpGLO os órgãos de segurança pública não foram capazes de encontrar essa
solução, sendo o emprego das FA o último recurso para a Garantia da Lei e da Ordem. Além
disso, a busca de solução por meios pacíficos significa uma negociação com bandidos e
eliminará o fator surpresa, permitindo a ocultação de armas e/ou drogas pelos APOP.
Da mesma forma, está previsto que as ações preventivas abrangerão o preparo da
tropa em caráter permanente e as atividades de inteligência, de comunicação social e
dissuasão. Esse conceito é aplicável às Operações contra Forças Irregulares, já que as Forças
Armadas se preparam permanentemente para sua atividade fim, qual seja, a defesa da Pátria,
incluindo procedimentos contra Forças Irregulares. Não é previsto um preparo permanente da
tropa para seu emprego como polícia.
Finalmente, é dito que a negociação é a parte inicial da OpGLO, precedendo o
emprego da dissuasão e do uso progressivo da força, sendo entendida como a ação de
convencimento empreendida pelas Forças com o objetivo de persuadir a outra parte
envolvida. Esse é mais um conceito aplicável às Operações contra Forças Irregulares, não
sendo adequado às OpGLO. Até mesmo em situações particulares, como a ocupação de
instalações críticas ou de serviços essenciais, a negociação deve ser realizada pelos OSP,
sendo as Forças Armadas o último recurso a ser utilizado.
RESERVADO 17
RESERVADO
Aliado à análise supracitada, está o fato de que as OpGLO são mais abrangentes
que as Operações contra Forças Irregulares, envolvendo situações de controle de tráfego, de
garantia do direito de ir e vir das pessoas, de garantia do funcionamento das infraestruturas
críticas, que não necessariamente envolvem a presença de um grupo adverso.
Desta forma, percebe-se que conceitos utilizados nas Operações contra Forças
Irregulares não podem ser utilizados integralmente nas OpGLO e não são suficientes para
orientar todas as ações possíveis, sendo necessário um arcabouço doutrinário específico para
essa Atividade de Emprego Limitado da Força.
2.3 Manual de Operações de GLO do EB (BRASIL, 2010)
Um impulso natural seria utilizar esse manual com as adaptações necessárias ao
CFN. No entanto, após sua leitura, percebe-se que ele também contém conceitos das
Operações contra Forças Irregulares, da mesma forma que o Manual do MD.
Isso pode ser constatado já na criação do manual, que se baseou e revogou as
Instruções Provisórias IP 85-1 - Operações de Garantia da Lei e da Ordem, de 2002. Essas
Instruções Provisórias, por sua vez, foram confeccionadas baseando-se em três manuais,
tendo revogado todos eles no ato de sua criação. São eles o manual C 31-16 - Operações
Contra Forças Irregulares em Ambiente Rural, as IP 31-15 - O Pequeno Escalão nas
Operações Contraguerrilhas e as IP 31-17 - Operações Urbanas de Defesa Interna. Fica clara a
base doutrinária utilizada nesse manual, corroborando a afirmação inicial.
Já no início do manual, constata-se a veracidade dessa afirmação. Está previsto
que nas operações de GLO, o êxito não se restringe somente à neutralização ou captura da
Força Adversa (FAdv), mas inclui a conquista e manutenção do apoio da população. Verifica-
se que o conceito de APOP, previsto no manual do MD, não foi empregado, sendo usada a
expressão Força Adversa, o que se repete no restante do manual.
RESERVADO 18
RESERVADO
Em seu prosseguimento, está previsto que o movimento da tropa, durante a fase
do investimento na Área de Operações deverá buscar separar os segmentos radicais do
restante da população, dispensando tratamento diferenciado aos dois segmentos. Esse é um
conceito aplicável às Operações contra Forças Irregulares, porém nas OpGLO os APOP são
da própria população, sendo impossível sua identificação quando desarmados.
Mais adiante, está previsto que no caso de uma missão cuja finalidade seja a
pacificação de uma área liberada, os objetivos serão os acidentes que permitam o controle da
área, além da ação direta sobre as FAdv. Isso não se aplica às OpGLO, pois a existência de
área liberada implica em existir um grupo revolucionário que busca a caracterização de um
“Estado”, e, desta forma, reclamar, do exterior, reconhecimento de seu pretenso status político
e de sua situação de beligerância (BRASIL, 2015).
Por fim, está previsto que as ações de GLO podem ser Preventivas ou
Repressivas, de acordo com o grau e a natureza dos óbices representados pelas ações das
FAdv. As ações preventivas têm caráter permanente e, normalmente, abrangem atividades de
preparo da tropa, de inteligência, de operações psicológicas e de comunicação social. Percebe-
se um alinhamento com o manual do MD, sendo aplicáveis aqui os mesmos comentários
feitos na análise daquele manual.
Outra consideração importante é que o Manual de Campanha C 85-1 não
apresenta o detalhamento das formas de emprego da tropa nas OpGLO, necessitando de
complementação.
Neste capítulo serão selecionadas e analisadas as definições e conceitos
considerados pertinentes às OpGLO.
Inicialmente, é definida a Situação de Normalidade como sendo a sensação de
segurança para a concretização de aspirações, interesses e objetivos. Em oposição a isso, é
definida a Situação de Não-Normalidade como sendo a ameaça, de APOP, ao livre exercício
de qualquer dos Poderes, ao ordenamento jurídico ou à paz social. Isso contextualiza o
RESERVADO 19
RESERVADO
cenário no qual se desenrolam as OpGLO.
Outras definições são as de Zona de Operações, que é a área onde ocorrerão as
operações contra os APOP, e de Base de Operações, de onde partem todas as operações contra
os APOP. Isso pode ser adaptado para os conceitos de Área de Operações (AOp) e Base
Avançada (BAvç), por serem terminologias já utilizadas pelo CFN nas OpGLO.
É definida também a Força de Pacificação (FPac), que é o conjunto de forças
alocadas a um Comando para o cumprimento da missão de GLO. A FPac, em OpGLO
conjuntas, será o comando superior dos GptOpFuzNav2.
A integração de esforços também é objeto de preocupação neste manual. Está
previsto que os planejamentos deverão ser elaborados no contexto da Segurança Integrada,
podendo ser prevista a participação das outras Forças Armadas, de órgãos do Poder Judiciário,
do Ministério Público, dos OSP e de outros órgãos do Poder Executivo. Faz-se necessário
definir diretrizes para orientar a tropa quanto ao relacionamento adequado com esses atores, já
que na grande maioria das vezes as OpGLO são conjuntas.
Um conceito basilar para as OpGLO é o uso gradual da força, restringindo esse
uso ao mínimo indispensável. O uso progressivo da força deve ser realizado dentro dos
princípios da proporcionalidade, razoabilidade e legalidade. Isso tem que ser bem explorado
na doutrina, pois traz à baila uma das maiores dificuldades nessas operações que é dosar o uso
do poder de combate disponível, tendo em vista que o adestramento, o armamento e o
equipamento dos Fuzileiros Navais (FN) os capacitam para situações de guerra.
Com relação à Atividade de Inteligência, está prevista a busca dos conhecimentos
necessários sobre o Ambiente Operacional, população e APOP. O manual prevê também a
necessidade de cooperação da Inteligência com as atividades de Comunicação Social
(ComSoc) e de Operações Psicológicas (OpPsc). A presença da população brasileira na Área
de Operações e a dificuldade de identificar os APOP são fatores que dificultam a realização
______________ 2 O GptOpFuzNav é uma forma de organização para o emprego de tropa de Fuzileiros Navais, constituída para o cumprimento de missão específica e estruturada segundo o conceito organizacional de componentes, que agrupa os elementos constitutivos, de acordo com a natureza de suas atividades (BRASIL, 2013, p. 4-1).
RESERVADO 20
RESERVADO
da OpGLO e fazem crescer de importância a Atividade de Inteligência.
Como procedimento preventivo, está previsto que a tropa deverá portar
equipamento de produção de imagens (câmeras fotográficas e filmadoras), a fim de registrar
sua atuação sob os preceitos legais, para se resguardar de acusações de abuso de autoridade ou
de uso excessivo da força. Em complemento, está previsto que as ações deverão ser filmadas e
fotografadas por pessoal autorizado pelo Comando da Operação, apresentando à imprensa as
reais condições de atuação da tropa, contrapondo-se a notícias tendenciosas que visem a
atingir a imagem da Força. Esses procedimentos constam de diversos outros manuais,
inclusive estrangeiros, e de relatórios das OpGLO demonstrando sua validade.
Estão descritas as diversas fases das OpGLO, sendo elas o Deslocamento para a
AOp, Cerco, Exortação ao entendimento pacífico e Investimento. Essas fases devem ser
adaptadas para as OpGLO, já que não faz sentido a exortação ao entendimento (negociação),
como citado anteriormente, além da falta das fases de preparação e de manutenção da AOp.
A seguir, serão apresentados conceitos referentes às fases citadas no manual,
porém somente para as avaliadas como pertinentes para as OpGLO:
– O Cerco da AOp consiste no isolamento físico da área, para impedir a saída ou
a entrada de APOP com armas ou drogas. Deve ser desencadeado com a máxima surpresa e
precede as demais ações. São instalados postos de triagem para o controle de entrada e saída;
– Interdição consiste no bloqueio de áreas externas ao cerco, incluindo o espaço
aéreo sobrejacente, visando controlar o trânsito de pessoas, veículos e aeronaves; e
– Vasculhamento da área conturbada é a realização de buscas, de casa em casa, e
o patrulhamento da área com a finalidade de capturar armas e elementos suspeitos. Em
Operações Militares em Ambiente Urbano essa fase é denominada de Limpeza3.
Esses conceitos servem de base para o arcabouço doutrinário relativo ao
faseamento das OpGLO, pois já foram empregados com sucesso pelo CFN em operações
______________ 3 Avanço sistemático casa a casa, bloco a bloco, no interior da região edificada (BRASIL, 2008b, p. 4-7).
RESERVADO 21
RESERVADO
dessa natureza.
Ao final da Operação, está prevista a passagem de responsabilidade para a Polícia.
À medida que as tropas forem sendo retiradas, a PM deverá realizar uma ocupação policial até
o total desengajamento da FPac, devendo serem finalizadas as ações de Controle de Danos,
visando ressarcir o patrimônio dos civis atingidos na Operação. Esses procedimentos evitam a
solução de continuidade das ações na AOp e devem ser objeto de preocupação do Estado-
Maior (EM) do GptOpFuzNav, que planejará essa substituição.
O manual prevê o conceito de Operações Policiais, que têm por objetivo controlar
a população; proporcionar segurança à tropa, às autoridades, às instalações, aos serviços
essenciais, à população e às vias de transporte; diminuir a capacidade e liberdade de ação dos
APOP; apreender armamento e drogas dos APOP; e restabelecer o controle da AOp.
Conceitos similares constam de alguns manuais estrangeiros, conforme será visto adiante,
demonstrando sua validade e importância para as OpGLO. Particularmente em Operações nas
quais os OSP estão em greve crescem de importância as atividades policiais realizadas pela
tropa, devendo haver uma preparação especial para sua realização.
Nas Operações Policiais estão previstas diversas ações, tais como estabelecer
postos para controle de vias de transporte; realizar busca e apreensão; controlar movimentos;
e interditar ou evacuar áreas. Isso complementa o previsto no Manual do MD sobre
policiamento ostensivo e já foi realizado pelos GptOpFuzNav nas OpGLO.
Dentre as ações citadas no manual, uma que chama atenção é o estabelecimento
de Postos de Bloqueio e Controle de Vias Urbanas (PBCVU) e de Estradas (PBCE). Esses
postos se assemelham aos Postos de Controle de Trânsito (PCTran), utilizados pelos
GptOpFuzNav para orientação e fiscalização do trânsito. Por ser um conceito já consagrado
no CFN, os PCTran podem englobar as tarefas realizadas nos PBCVU e PBCE.
Encerrada a parte de combate do manual, são apresentados conceitos relacionados
RESERVADO 22
RESERVADO
ao Apoio ao Combate (ApCmb4) e ao Apoio de Serviços ao Combate (ApSvCmb
5).
Com relação ao helicóptero, está previsto que ele proporciona grande flexibilidade
ao comandante da operação e pode ser empregado como plataforma de tiro, para
reconhecimento, observação e comando e controle; como elemento de demonstração de força
na ação de dissuasão; para apoio às campanhas de OpPsc; transporte de grupos de
investimento ou interdição para seus objetivos em áreas de difícil acesso; e evacuação
aeromédica (EVAM). Essas atividades já foram realizadas com sucesso pelas aeronaves em
apoio aos GptOpFuzNav nas OpGLO.
Blindados devem ser empregados principalmente como elementos de
demonstração de força na ação de dissuasão, plataformas para difusão de informações à
população na campanha psicológica, integrantes dos postos de bloqueio e controle de vias
urbanas e proteção blindada nas ações de investimento. Além dessas atividades, a experiência
em OpGLO mostrou que seu emprego apoiando o patrulhamento é essencial, como será
exposto no Capítulo 3 deste trabalho.
A engenharia pode ser empregada em dois campos de ação bem distintos, quais
sejam, no campo das operações de repressão às ações ilegais das FAdv ou do tipo polícia e no
campo das atividades de Assuntos Civis (AssCiv). Em assuntos civis, a engenharia atua junto
às populações envolvidas. Nos demais empregos, o apoio de engenharia tem por objetivo
facilitar o movimento da força legal, restringir a liberdade de manobra das FAdv,
proporcionar segurança às instalações e propiciar o bem-estar da tropa amiga. Nas OpGLO a
principal atividade da engenharia é no campo das atividades de AssCiv.
Nas operações de GLO, a missão dos elementos de Guerra Eletrônica (GE) será
apoiar as forças em operações, provendo, a partir dos sinais eletromagnéticos interceptados,
conhecimentos correntes sobre as FAdv, protegendo seus sistemas eletrônicos e atuando sobre
______________ 4 Destina-se a proporcionar apoio de fogo, apoio ao movimento, apoio à capacidade de Comando e Controle e à
proteção do GptOpFuzNav como um todo (BRASIL, 2013). 5 Apoio direto prestado sob condições de combate, proporcionado por parcela de um GptOpFuzNav a todo o grupamento, por meio da execução das atividades logísticas. (BRASIL, 2008i)
RESERVADO 23
RESERVADO
os sistemas eletrônicos inimigos, de forma a restringir-lhes a eficiência. Esse conceito é de
fundamental importância nas OpGLO, já que a coordenação dos APOP ficará prejudicada sem
suas comunicações via rádio, permitindo maior liberdade de ação para a tropa no terreno.
Está previsto que os três ramos da ComSoc, quais sejam, as relações públicas, as
informações públicas e a divulgação institucional devem ser intensamente explorados nas
OpGLO. Além disso, a Força deve valer-se de um oficial de ComSoc para o contato com a
mídia em geral e de um porta-voz para transmitir a palavra oficial em caso de crise. Por fim, a
ComSoc deverá contabilizar e divulgar os resultados alcançados, por meio de dados
estatísticos, que devem ser divulgados para a mídia, demonstrando a efetividade das ações ao
longo da Operação. A experiência mostra que esses são procedimentos eficazes nas OpGLO,
tendo sido utilizados com sucesso em operações dessa natureza.
Com relação à atividade de contrainteligência, está previsto que o ambiente
urbano pode facilitar a obtenção de informantes e colaboradores pela tropa, no entanto os
APOP contam com as mesmas vantagens, sendo importante estabelecer medidas visando
salvaguardar conhecimentos, pessoal, material, áreas e instalações. Intuitivamente já se
percebe a validade desse conceito e a necessidade de exploração das oportunidades e de se
contrapor aos riscos relacionados a esse tipo de atividade.
No que se refere às atividades de Assuntos Civis, está previsto que elas são
essenciais para o êxito definitivo da operação. O componente militar pode neutralizar a
atuação dos APOP, porém são as atividades de AssCiv que podem eliminar os fatores que
permitiram a influência deles sobre a população. Isso reflete a realidade de diversas partes do
País, já que facções criminosas se instalam em áreas onde a presença do Estado é pequena ou
inexistente, sendo necessária uma ação intensiva para reverter esse quadro. No entanto, essas
atividades extrapolam a alçada da Força, sendo necessária a participação de diversos setores
do Governo para implementar as ações necessárias.
Com relação ao apoio da população, está previsto que cuidados especiais devem
RESERVADO 24
RESERVADO
ser tomados com crianças, idosos e mulheres, bem como uma rígida disciplina de tiro, sem
prejuízo para a ação militar. Isso contribui para ampliar o apoio citado e reduzir a
possibilidade de danos colaterais. Esses procedimentos devem ser objeto de preocupação
durante a preparação da tropa, bem como durante toda a Operação. Além disso, a utilização
de militares do sexo feminino para a busca pessoal em mulheres e no trato com crianças e
idosos demonstra uma preocupação da Força com a população, reforçando esse conceito.
Está prevista ainda a necessidade de um assessor jurídico, um perito militar
(polícia judiciária) e um escrivão junto ao Posto de Comando (PC) da FPac. Em
complemento, está previsto que equipes do Ministério Público Militar, incluindo juízes,
promotores, agentes e escrivães poderão participar das ações, a fim de facilitar a emissão dos
mandados e outros procedimentos legais. Essa proximidade com especialistas no Direito é
fundamental para orientar as ações do GptOpFuzNav e facilitar a realização de procedimentos
legais necessários, porém dificilmente ocorrerá, já que não depende exclusivamente da Força.
Com relação ao Assessor Jurídico, esse procedimento já vem sendo adotado pelo CFN com
resultados positivos nesse tipo de Operação.
Após as análises realizadas, percebe-se que diversos conceitos desse manual são
válidos para as OpGLO e podem ser utilizados para a formulação do compêndio doutrinário
específico para esse tipo de Operação.
2.4 Manual de Posto de Segurança Estático (BRASIL, 2017a)
Esse manual do EB apresenta alguns conceitos relacionados às OpGLO, já que
trata da manutenção dos sistemas e serviços essenciais e da proteção das infraestruturas
críticas do País, tarefas passíveis de serem realizadas por um GptOpFuzNav em Operações
dessa natureza.
Nesse contexto, é apresentado o conceito de Ponto Sensível, definido como um
RESERVADO 25
RESERVADO
ponto cuja destruição ou neutralização pode afetar negativamente as operações militares, os
serviços essenciais, a circulação de pessoas e bens e o bem-estar da população.
Outra definição é a de Posto de Segurança Estático, que são tropas organizadas
para proteger um Ponto Sensível, podendo estar integradas com outras agências de segurança.
São apresentados exemplos de Pontos Sensíveis, tais como infraestruturas de
transporte, parque energético, setor de combustíveis, serviços essenciais (água, esgoto e
energia), setor de telecomunicações, estruturas de controle do tráfego aéreo, centros de
pesquisa, unidades de saúde e grandes centros de distribuição de alimentos e produtos.
Também são apresentadas as Ações de Interdição de Áreas ou Instalações, que são
realizadas para impedir o acesso de pessoas não autorizadas às Infraestruturas Críticas,
assegurando seu funcionamento. Na prática, a realização de uma Ação de Interdição é feita
por meio do estabelecimento de um ou mais Postos de Segurança Estático (PSE). Nessas
ações de interdição são previstos perímetros de segurança com diferentes níveis de acesso em
cada um, sendo estabelecido um perímetro de segurança imediata, um perímetro de segurança
aproximada e um terceiro, de segurança afastada.
Esses conceitos são importantes e devem ser utilizados nas OpGLO,
particularmente nas realizadas em caso de greve dos OSP, já que diversas infraestruturas
críticas deverão ser asseguradas e não existe doutrina específica no CFN para a realização
desse tipo de atividade.
2.5 Doutrina Militar Naval (BRASIL, 2017d)
A Doutrina Militar Naval (DMN) é um documento de alto nível da MB, que traz
conceitos genéricos e condicionantes para as OpGLO.
Ela enquadra a OpGLO como uma atividade de Emprego Limitado da Força, na
qual a MB exerce o poder de polícia para impor a lei, determinada por organização
RESERVADO 26
RESERVADO
intergovernamental.
Algumas características das OpGLO são apresentadas na DMN. Nesse sentido,
está previsto que o emprego das FA nas OpGLO deverá ser episódico, em área previamente
definida e ter a menor duração possível, de acordo com o Decreto no 3.897/2001.
São apresentadas as principais tarefas do Poder Naval nas OpGLO, que são
controlar áreas marítimas adjacentes a instalações estratégicas, transportar e desembarcar
contingentes e suprimentos militares, proteger portos e estaleiros, proteger plataformas de
petróleo e gás, controlar áreas terrestres limitadas, realizar operações de retomada e resgate e
realizar operações em terra. Os GptOpFuzNav podem participar da maioria dessas tarefas.
Outro conceito apresentado é o da Ação Cívico-Social (ACISO), que é definida
como um conjunto de atividades de assistência e auxílio às comunidades, promovendo o
espírito cívico e comunitário dos cidadãos, desenvolvido pelas FA com o aproveitamento dos
recursos humanos, materiais e técnicos disponíveis, para resolver problemas imediatos e
prementes. Esse tipo de ação é de grande valia nas OpGLO, pois reduz a influência dos APOP
e reforça o apoio da população ao GptOpFuzNav.
2.6 Manual de Operações contra Forças Irregulares (BRASIL, 2008c)
Apesar das diferenças entre esse tipo de operação e as OpGLO, principalmente
com relação aos objetivos da Força Oponente, existem alguns pontos em comum, tais como o
Ambiente Operacional e a presença da população brasileira na AOp. Um exemplo disso é a
citação de que a comunidade local está sob pressão das Forças Irregulares e que represálias
são executadas contra os que não apoiam suas atividades. Isso é uma realidade nas
comunidades controladas por traficantes, onde o medo desse tipo de represália é comum.
Dessa forma, alguns conceitos desse manual do CFN podem ser adaptados para as
OpGLO e serão apresentados e sucintamente analisados a seguir.
RESERVADO 27
RESERVADO
O manual prevê que atuar contra uma força esquiva, insidiosa, que raramente
oferece um alvo definido e que se dilui quando enfrentada é muito diferente do que operar
contra forças regulares, influenciando diretamente no moral da tropa. Nas OpGLO, os APOP
são um inimigo com características similares, sendo necessária uma preocupação especial
com o moral da tropa pelas incertezas e desgaste psicológico desse tipo de operação.
Está previsto também que os comandantes devem orientar seus esforços iniciais
na destruição do inimigo, sem visar o terreno. Isso pode ser utilizado nas OpGLO, já que os
APOP não defendem posições no terreno, não sendo obrigatória a marcação de objetivos.
Pelas características das OpGLO, uma alteração necessária nesse conceito é quanto ao efeito
desejado de destruição, que deve ser mudado para o de neutralização dos APOP.
O Cerco da AOp ocorre nas OpGLO e nas Operações contra Forças Irregulares.
Nesse contexto, o manual prevê que se pode obter o máximo de segurança e de surpresa pela
ocupação da Linha de Cerco durante as horas de escuridão. Esse procedimento foi utilizado
nas OpGLO realizadas em 1995 com excelentes resultados, demonstrando sua validade.
Outro procedimento que também é comum aos dois tipos de Operação é o
Vasculhamento. Ele é definido como uma técnica para localização e destruição de uma Força
Irregular localizada numa área relativamente pequena. Essa técnica comporta o emprego de
três elementos: elemento vasculhador, força de bloqueio e reserva. O elemento vasculhador
inicia sua ação em um dos limites da área a ser vasculhada e progride na formação em linha,
vasculhando a área. A força de bloqueio ocupa posições fixas em torno da área e engaja
inimigos que tentem escapar dela. Reservas são posicionadas à retaguarda do elemento
vasculhador ou das forças de bloqueio. É indispensável manter a força de bloqueio informada
sobre a progressão do vasculhamento, para evitar o fratricídio. O emprego de Atiradores de
Precisão é muito eficiente. Esses procedimentos podem ser adaptados para a fase de
Vasculhamento da OpGLO e para a realização de ações em parcela da AOp. Eles foram
utilizados nas OpGLO de 1995 e na Operação São Francisco (Complexo da Maré) com
RESERVADO 28
RESERVADO
excelentes resultados, demonstrando sua validade.
Atividades de polícia são realizadas com a finalidade de assegurar o controle da
população e prover a segurança das tropas, instalações, vias de transporte e núcleos urbanos.
Esse tipo de atividade contribui para o controle do movimento das forças irregulares e seu
material. Isso também é aplicável às OpGLO, tendo em vista que as ações policiais são
fundamentais nesse tipo de operação, como já citado anteriormente.
Os cães de guerra são meios valiosos com que as forças regulares podem contar
para aumentar a segurança de instalações fixas, patrulhas e linhas de comunicações. Isso foi
aplicado na Operação São Francisco com sucesso, demonstrando a validade do conceito.
Treinando sempre as táticas de reação, uma força regular estará acumulando uma
capacidade adicional. Essas técnicas para enfrentar a ação inicial do inimigo, deverão ser
cuidadosamente ensaiadas, até que cada elemento da fração saiba exatamente o que fazer em
uma determinada situação. Esse conceito pode ser adaptado às OpGLO, pois foram
observados ataques, por fogos, de APOP contra a tropa no terreno, havendo a posterior evasão
dos mesmos. Essas situações ocorrem para defesa de pontos de venda de droga ou de líderes
das facções criminosas. As táticas de reação são fundamentais para uma resposta precisa e
eficaz da tropa contra esses ataques, além de reduzir a possibilidade de danos colaterais.
A força regular poderá dispor de elementos de operações especiais, cujo emprego
será semelhante ao utilizado em um combate convencional. Isso também foi utilizado na
Operação São Francisco com sucesso.
A engenharia em apoio deverá estar em condições de efetuar o lançamento de
obstáculos para a segurança das bases de combate, limpeza do terreno, reparo de estradas,
especialmente das vias de suprimentos, preparação de campos de pouso para aeronaves, etc. A
força regular poderá utilizar o apoio de engenharia para a instalação de sua base de combate.
Esse conceito está alinhado ao previsto no manual de OpGLO do EB, analisado
anteriormente, e mostra a importância da Engenharia em Operações nesse tipo de ambiente.
RESERVADO 29
RESERVADO
Sobre as ações contra as forças irregulares, está previsto que a presença de
mulheres e crianças nessas forças restringe a reação das forças do governo. Uma reação
desastrada pode criar um incidente maior, que possibilitará o emprego de propaganda contra
as forças do governo. Isso é particularmente verdadeiro nas OpGLO, já que menores são
aliciados pelas facções criminosas nas comunidades.
No mesmo viés está previsto que, num ambiente urbano, o princípio de emprego
da mínima força torna-se mais importante e diretamente relacionado com as regras de
engajamento. Há um grande risco de ferir ou matar civis inocentes em centros densamente
povoados, o que possibilitará o emprego de propaganda contra as forças do governo. Esse
conceito vai ao encontro do princípio do mínimo uso da força, citado no item 2.5.
Sobre as ACISO, está previsto que seus efeitos são maximizados pelo emprego
coordenado com OpPsc e sob a supervisão do pessoal de Assuntos Civis. Além disso, as
ACISO devem ser empregadas como instrumento de busca de dados de Inteligência. Esses
procedimentos já são aplicados com sucesso pelo CFN em todos os tipos de Operação,
inclusive nas OpGLO.
Com relação ao ApSvCmb, está previsto que a manutenção de armamentos e
equipamentos se resume à substituição de peças ou de todo o item danificado. Nas OpGLO,
esse procedimento permitirá reduzir os encargos logísticos do GptOpFuzNav, tendo sido
aplicado na Maré com sucesso.
Percebe-se que muitos dos procedimentos apresentados já foram utilizados em
OpGLO, demonstrando sua importância e validade. Os conceitos contidos nesse item,
somados aos apresentados anteriormente, servirão de base para a confecção do compêndio
doutrinário para operações dessa natureza, tornando consistentes as orientações para a tropa
que atuará no terreno.
RESERVADO 30
RESERVADO
2.7 Manual de Emprego das Unidades Distritais de FN (BRASIL, 2008g)
Esse manual apresenta procedimentos relativos à entrada em compartimentos, que
podem ser usados nas OpGLO para o vasculhamento de residências ou outras instalações
durante uma perseguição a APOP. Os principais conceitos serão apresentados a seguir.
Funil Fatal ocorre quando uma pessoa posiciona-se diante de uma porta de acesso
a um compartimento, pois o militar está no centro de um setor de onde poderá ser engajado a
partir de várias direções, enquanto observa apenas parcela do compartimento.
Método Gancho consiste na entrada rápida e simultânea no compartimento,
afastando-se da porta e mantendo as costas voltadas para a parede. Cada militar faz um
movimento em “U”. No compartimento, os militares se deslocam junto a paredes opostas.
Triangulação é uma técnica utilizada para aumentar a segurança dos militares nas
ações. Essa técnica minimiza a tendência de fogo cruzado e maximiza o impacto do fogo
defensivo, pois o direciona para um ponto central. Um potencial esconderijo do APOP é um
dos vértices do triângulo e os militares se posicionam nos dois outros vértices. Caso surja uma
ameaça, será possível concentrar fogo sobre ela a partir de dois ângulos diferentes, enquanto o
oponente será forçado a dividir seu poder de fogo para atingir os dois militares.
Por fim, Fatia de Bolo é uma técnica utilizada para uma quina capaz de esconder
uma ameaça. Quando próximo da quina, o militar se afastará da parede o máximo possível,
movendo-se lateralmente e gradualmente para aumentar o arco de visada sobre a ameaça.
Por não fazerem parte do adestramento rotineiro do CFN, esses procedimentos
devem ser treinados pela tropa durante sua preparação para as OpGLO, para que, em
situações emergenciais, possam ser utilizados adequadamente e reduzam os riscos para os
militares envolvidos nas ações, bem como o risco de danos colaterais.
RESERVADO 31
RESERVADO
2.8 Manual de Segurança de Áreas e Instalações (BRASIL, 2009)
Esse manual do CFN apresenta procedimentos de busca pessoal e vistoria em
veículos, que podem ser utilizados em diversas atividades desenvolvidas nas OpGLO. A
segurança realizada para os militares que fazem a revista é denominada cobertura. Já a revista
pessoal é denominada busca pessoal.
A busca pessoal se inicia com o militar responsável pela cobertura executando
comandos de voz para o suspeito, visando deixá-lo em posição desconfortável. Assim, ele
ficará com as mãos apoiadas na parede, pernas abertas e os pés afastados da parede.
Durante a inspeção, o militar de cobertura deverá mudar de posição a fim de
sempre manter a triangulação em relação ao militar revistador e ao suspeito, ou seja, o
posicionamento do suspeito, revistador e cobertura sempre deverá formar um triângulo.
Por fim, na inspeção de veículos, o revistador deverá verificar todos os locais que
possam esconder objetos ilegais, armas de fogo, armas brancas ou drogas.
Esses procedimentos, se bem executados pela tropa, permitirão reduzir os riscos
para os militares envolvidos na abordagem de pessoas e realização da busca pessoal.
2.9 Manual de Abordagem a Pessoas (MINAS GERAIS, 2011a)
Algumas definições sobre a abordagem de pessoas são apresentadas nesse manual
da PM, sendo aplicáveis a diversas ações táticas nas OpGLO.
Área de contenção é o espaço de abrangência de uma ocorrência, no qual é
mantido o monitoramento constante das pessoas abordadas, com o objetivo de contê-las e
isolar o local da interferência de terceiros.
Setor de busca é o local onde se realiza a busca pessoal. Será definido após a
análise da área e da avaliação de risco. Deve possuir características que privilegiem a
RESERVADO 32
RESERVADO
segurança da tropa e dos abordados.
Setor de custódia é um local, dentro da área de contenção, com as mesmas
características do setor de busca, onde os demais suspeitos aguardam a busca pessoal e outros
procedimentos necessários (consulta de dados, etc.).
Esses conceitos complementam os apresentados no item anterior e são
importantes para padronizar a nomenclatura utilizada pela tropa e orientar a escolha do local
para realização da abordagem de pessoas e da busca pessoal.
2.10 Manual de Abordagem a Veículos (MINAS GERAIS, 2011b)
Esse manual da PM aborda os procedimentos para a abordagem de veículos,
sendo aplicáveis às ações de patrulha motorizada e de controle de tráfego nas OpGLO.
Uma vez parado o veículo suspeito, a tropa deve posicionar sua viatura atrás dele,
em um ângulo de 45º em relação ao lado do motorista do veículo abordado. Isso proverá
segurança aos militares no desembarque, proteção para o militar revistador contra veículos
trafegando, além de facilitar o retorno da viatura para a faixa de tráfego.
Antes da abordagem do motorista, dois militares de cobertura, um de cada lado do
veículo, se posicionam a cerca de dois metros à retaguarda do carro, afastados ao menos um
metro da lateral do veículo, a fim de terem visão de seu interior. Esses militares devem estar
com seus fuzis em condição de pronto emprego.
O militar que revistará o veículo, antes de se aproximar para a abordagem, deverá
orientar os ocupantes a colocarem as mãos no volante (motorista), no painel do carro
(passageiro da frente) ou nos encostos dos bancos da frente (passageiros de trás). Isso evitará
que o militar seja surpreendido por APOP armados no interior do veículo.
Após receber os documentos do veículo e de seus ocupantes, deverá ser realizada
a consulta da placa, bem como verificada a existência de mandados de prisão.
RESERVADO 33
RESERVADO
Na abordagem de motocicletas, o militar que executa a revista deve comandar o
lado de saída dos passageiros e do condutor, que sai por último, bem como o local onde
devem ser deixados os capacetes (no guidão ou no chão).
Esses procedimentos devem ser treinados pela tropa em sua preparação, pois são
fundamentais para evitar que ela fique exposta a riscos desnecessários durante a abordagem e
revista a veículos suspeitos.
2.11 Insurgencies and Countering Insurgencies Manual (USA, 2014, tradução nossa)
Três conceitos apresentados nesse manual do US Army são aplicáveis às OpGLO.
Se a corrupção institucional é sistemática e contínua, os insurgentes podem usá-la
como uma narrativa eficaz. A corrupção pode levar à perda da legitimidade do governo e
minar o controle governamental de uma área. Isso pode ser observado nas favelas6 do Rio de
Janeiro, onde a corrupção da PM torna o ambiente propício para a ação de facções criminosas.
Jovens líderes da tropa tomam decisões no nível tático que podem ter
consequências estratégicas e sua preparação requer mais do que adestramentos doutrinários.
Eles devem ser treinados para compreender as implicações legais e éticas de suas ações e
exercer a iniciativa e o bom senso de acordo com a intenção do Comandante. Isso é aplicável
às OpGLO, principalmente pelo interesse da mídia nesse tipo de Operação.
Centro de Gravidade (CG) é a fonte de poder que fornece força moral ou física,
liberdade de ação ou vontade de agir. O conceito de CG, apresentado nesse manual, foi
idealizado por Clausewitz em seu livro Da Guerra7. O manual prevê ainda que os CG podem
mudar com o tempo e podem ser diferentes no nível tático, operacional e estratégico. Por fim,
está previsto que em uma insurgência a população não é necessariamente o CG. Isso também
______________ 6 Área de povoamento urbano, formada por moradias populares, onde predominam pessoas socialmente desfavorecidas. Em geral carece de saneamento básico. Muitas já contam com urbanização. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/favela/>. Acesso em: 19 jun. 2018.
7 CLAUSEWITZ, Carl Von. Da Guerra. Tradução para o inglês, Michael Howard e Peter Paret.
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RESERVADO
é aplicável às OpGLO. Os CG devem ser identificados e analisados na fase do planejamento
da Operação, visando atingir os APOP de forma decisiva.
2.12 Military Police Operations Manual (USA, 2013, tradução nossa)
Parece improvável imaginar as FA dos EUA realizando OpGLO ou algo similar.
No entanto, esse tipo de Operação, denominada Operação Policial, é realizado em países onde
os EUA possuem Forças de Intervenção, sendo realizado na fase de reconstrução e
estabilização, exigindo que seja restaurada e mantida a ordem dentro do Ambiente
Operacional e estabelecida a segurança e o controle civil, apoiando uma transição para a
autogovernança. Essas Operações, obviamente, são diferentes das OpGLO, porém diversos
conceitos podem ser adaptados e serão analisados a seguir.
Esse manual apresenta conceitos gerais sobre as Operações Policiais.
A avaliação da polícia militar inclui o exame de ciclos periódicos e previsíveis de
atividade que podem revelar tendências, padrões e associações que são necessárias para a
análise preditiva e o emprego de modelos e estratégias de policiamento.
O objetivo final das Operações Policiais é manter a ordem, enquanto protege o
pessoal e seus meios. Os princípios de atuação nessas Operações são a prevenção, apoio
público, contenção, legitimidade e avaliação. Abaixo, segue a explicação de cada um:
– Prevenção – enfatiza ações proativas para prevenir o crime e garantir a ordem.
– Apoio Público – as atividades e estratégias da Polícia são aprimoradas por
meio dos esforços de uma cidadania envolvida e que apoia aquela Força Auxiliar.
– Contenção – forças policiais com o nível apropriado de letalidade, muitas
vezes, sinalizam um retorno à normalidade e podem reduzir as tensões na comunidade.
– Legitimidade – obtida quando a Força recebe sanção da autoridade competente
e aplica leis ou mandatos de maneira justa e imparcial.
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RESERVADO
– Avaliação – uso de dados, padrões e associações para concentrar esforços,
desenvolver ou ajustar estratégias policiais, identificar onde existem criminosos ou condições
propícias ao crime e prever onde os problemas podem surgir.
A escalada da força é o conjunto de ações que se iniciam com medidas de força
não letal e podem se graduar em medidas letais para derrotar uma ameaça e proteger a tropa.
Esse conceito complementa o de uso gradual da força, apresentado na seção 2.3.
Operações de inteligência da polícia são partes integrantes de todas as operações
policiais militares e apoiam essas operações por meio da análise, produção e disseminação de
informações coletadas como resultado de atividades policiais, para melhorar o entendimento
situacional, a proteção da tropa e da população, o controle civil e a imposição da lei. Nas Op
GLO a inteligência tem papel fundamental para coibir as atividades criminosas.
É apresentado o conceito de gerenciamento do tráfego, abrangendo as tarefas de
controle do tráfego, cumprimento das normas de trânsito e investigação de acidentes de
trânsito. O controle do tráfego, em particular, é fundamental para o arcabouço doutrinário de
GLO, pois não é uma tarefa usual para o CFN e já foi atribuída ao GptOpFuzNav em OpGLO.
Um conceito relacionado à investigação de acidentes e crimes é o de preservação
das evidências. A tropa deve preservar o local até a chegada de uma equipe de especialistas,
mobilizada para coletar as evidências. Nas investigações de crime militar essa equipe será
composta por peritos da Polícia Judiciária Militar.
A remoção de barreiras colocadas por traficantes, comum nas OpGLO, pode ser
encarada como uma Operação de Abertura de Brecha, prevista nesse manual, podendo utilizar
seus conceitos. Essa operação inclui o estabelecimento de postos de controle de tráfego nas
vias para a área do obstáculo, estabelecimento de áreas de espera e de postos de controle de
tráfego na área do obstáculo, apoio aos engenheiros e realização de segurança da área.
É dito também que as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) são usadas para
vigilância, reconhecimento e monitoramento remoto e são capazes de localizar e reconhecer
RESERVADO 36
RESERVADO
forças inimigas, veículos em movimento e sistemas de armas. Pelas características do
ambiente urbano, o emprego de ARP cresce de importância nas OpGLO, já tendo sido
utilizado com sucesso em operações dessa natureza.
2.13 Police Operation Manual (USA, 2015a, tradução nossa)
Esse manual do US Army apresenta conceitos e procedimentos específicos das
Operações Policiais, expandindo o que foi apresentado anteriormente sobre o tema.
Inicialmente, é apresentada a definição de policiamento, que é a aplicação de
medidas de controle dentro de uma AOp para manter a lei, a ordem, a segurança e outras
questões que afetam o bem-estar geral da população. As tarefas de policiamento são
empregadas em um esforço para restaurar ou manter a ordem quando a destruição de uma
força oponente, de sua capacidade ou de sua infraestrutura associada não é a intenção.
Em seguida, são apresentadas as estratégias de policiamento, que em sua maioria
se baseiam nas análises das informações de inteligência disponíveis.
A teoria denominada “janelas quebradas” propõe que reprimir pequenos crimes
desencoraja futuros incidentes. Pequenos criminosos deixados sem controle, gradualmente
aumentarão sua atividade e começarão a cometer atos criminosos mais sérios.
A estratégia denominada “estatística de computador” se baseia em informações
precisas e oportunas de inteligência, para identificar padrões e mapear atividades criminosas,
permitindo um direcionamento dos esforços. Os dados são analisados para determinar
tendências, padrões e associações que indicam áreas problemáticas. Isso já é utilizado no nível
estratégico e operacional nas OpGLO, quando da escolha da AOp, no entanto pode ser usado
no nível tático, direcionando os esforços de patrulhamento e de ações pontuais na AOp.
Outra estratégia é o “policiamento guiado pela inteligência”, que direciona os
recursos policiais para crimes e criminosos identificados. As informações são analisadas para
RESERVADO 37
RESERVADO
identificar tendências e padrões, visando prevenir ou se contrapor a atividades criminosas.
A estratégia do policiamento preditivo é a coleta de informações policiais de
diferentes fontes, a análise dessas informações e o uso dessas análises para prever, prevenir e
se contrapor de forma eficaz a possíveis atividades criminosas na AOp. O objetivo do
policiamento preditivo é ser menos reativo, com um planejando focado nos ilícitos futuros.
A estratégia do policiamento de pequenas áreas (hot spots) usa a análise de crimes
para identificar padrões de atividades criminosas. Baseia-se na teoria de que o crime ocorre
agrupado em áreas restritas. Utiliza-se de gráficos para representar as atividades e os padrões.
Uma área identificada como hot spot deve ser alvo de uma intensificação do policiamento.
Essas estratégias podem ser utilizadas nas OpGLO, direcionando o esforço do
GptOpFuzNav e permitindo um controle efetivo da AOp. A Seção de Inteligência pode
realizar as análises necessárias e identificar as áreas problemáticas, os padrões de crimes e as
tendências existentes na AOp.
Uma visão interessante apresentada no manual é o paradoxo existente nas áreas
sob controle do crime organizado. Está previsto ser improvável que essas áreas sofram com
problemas relacionados a crimes (roubos e furtos), criando assim uma falsa sensação de
segurança e normalidade, que acaba influenciando a população local.
Além das estratégias citadas acima, o manual apresenta também alguns conceitos
relacionados ao planejamento das Operações Policiais, como será visto a seguir.
No planejamento das áreas de patrulha deve ser observada a influência do terreno,
sendo considerada a densidade populacional, a média dos tempos de resposta, limitações de
comunicação (distância, estruturas e zonas mortas), tempo para chegada de reforços, distância
para instalações de saúde, influência de obstáculos e rotas de entrada e saída. A análise
adequada desses fatores possibilitará um patrulhamento seguro e efetivo.
O Estado-Maior deve planejar e estar preparado para responder a incidentes
críticos, tais como situações com reféns, criminosos encurralados, turbas, acidentes com
RESERVADO 38
RESERVADO
veículos, incêndios, respostas a pandemias e problemas com a população local. Essa
antecipação às situações de crise deve incluir um adestramento específico para a tropa,
reduzindo os tempos de resposta e a possibilidade de reações inadequadas.
Como forma de avaliar o andamento da Operação, devem ser estabelecidas
medidas de eficácia, sendo criados indicadores de desempenho. Os principais são a redução
da taxa de violência, do faturamento do tráfico, das violações às leis de trânsito e de acidentes
de trânsito. No entanto, é necessário avaliar os resultados, pois a redução na criminalidade
pode estar associada ao deslocamento do crime para outras áreas.
Todos esses conceitos são aplicáveis às OpGLO, servindo de parâmetro para um
planejamento adequado e um acompanhamento consistente da Operação.
Com relação às patrulhas, diversos conceitos específicos para as Operações
Policiais são aplicáveis às OpGLO, complementando a doutrina de patrulha existente no CFN.
Estão previstas as tarefas das patrulhas, que incluem prevenção de crimes,
detenções de indivíduos, gerenciamento do tráfego e preservação e segurança de cenas de
crimes, dentre outras. Todas essas tarefas podem ser executadas pelas patrulhas nas OpGLO.
O manual também detalha o briefing8 para a patrulha, antes de sua saída, que deve
incluir a área e o método de patrulha, missão da patrulha, instruções para o uso da força,
condição atual da AOp, eventos especiais (shows, visita de autoridades e tropas desdobradas),
dentre outros. Esse procedimento já é adotado pelo CFN nas patrulhas de combate.
Também estão previstos diversos métodos para realização de patrulhas, similares
aos métodos utilizados pelo CFN. Um quadro comparativo, com as vantagens e desvantagens
de cada método, consta do Anexo A.
Um conceito complementar previsto no manual é que nenhum método de patrulha
será empregado isoladamente na AOp e durante toda a Operação. Os métodos devem ser
escolhidos para cada Área de Patrulha e podem variar para uma mesma área durante a
______________ 8 Conjunto de conhecimentos ou dados que tem o intuito de especificar algo, de contribuir e orientar. Disponível em: <https://www.significadosbr.com.br/briefing/>. Acesso em 21 jul. 2018.
RESERVADO 39
RESERVADO
Operação. A combinação de meios e métodos de patrulha permite maximizar as vantagens de
cada método individual, enquanto reduz as desvantagens.
São apresentadas ainda diversas estratégias de patrulhamento. Dentre elas
destacam-se as patrulhas aleatórias ou de rotina, patrulhas dirigidas (para tarefas específicas),
patrulhas de força dividida (parcela como patrulha de rotina e parcela como dirigida),
patrulhas de saturação (o maior número possível de patrulhas na AOp) e patrulhas de resposta
diferencial (para incidentes graves).
A combinação dos meios, métodos e estratégias de patrulha nas OpGLO
contribuirá para evitar a rotina nas ações do GptOpFuzNav.
Está prevista também a realização de entrevistas pelas patrulhas para coletar
informações e determinar fatos sobre um crime ou incidente, em apoio às investigações. Isso é
aplicável às OpGLO, porém é necessário adestrar a tropa para realizar esse procedimento.
Nesse ponto, o manual descreve a atividade de controle do tráfego nas Operações
Policiais, sendo apresentados diversos conceitos e procedimentos associados a essa atividade.
É apresentado o propósito dessa atividade, que é reduzir o congestionamento e
permitir a movimentação segura de veículos e pedestres, incluindo a tropa empregada.
Nesse contexto, está previsto que a identificação do histórico de acidentes e
incidentes de trânsito permite determinar tendências e padrões que podem ser úteis na
identificação de áreas problemáticas. Essas áreas, depois de identificadas, devem ser alvo de
ações da tropa, visando reduzir os acidentes e incidentes que nelas ocorrem.
No controle do tráfego, a instalação de PCTran têm o propósito de vistoriar e
inspecionar veículos por violações. O PCTran deve possuir áreas de inspeção fora das faixas
de tráfego, para permitir o fluxo normal de veículos, oferecer visibilidade adequada para os
condutores que se aproximam e iluminação para a realização das inspeções.
Casos complexos no controle do tráfego são os acidentes de trânsito. É importante
que a tropa conheça os procedimentos de emergência, os fundamentos das investigações e o
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RESERVADO
preparo de relatórios. Nas OpGLO, caso o GptOpFuzNav seja empregado no controle de
tráfego, deverá ser realizado adestramento para a tropa sobre o tema.
Está previsto também que eventos especiais, tais como feriados, podem criar
problemas no tráfego e exigem planejamento para reduzir os engarrafamentos na AOp.
Pelos conceitos apresentados, percebe-se que o controle de tráfego é uma
atividade complexa, que envolve um planejamento detalhado, diversas ações específicas e
demandará um preparo especial da tropa, caso seja necessário realizá-lo em uma OpGLO.
Conceitos complementares sobre as Operações Policiais serão analisados a seguir.
O primeiro é que é que Governos legítimos sem forças policiais legítimas podem
resultar em populações insatisfeitas e sem apoio. A chave para a segurança local está na
eficácia e legitimidade da polícia. Isso pode ser facilmente transportado para nossa realidade,
onde a falta de credibilidade dos OSP contribuem para a atual sensação de insegurança.
Em seguida, está previsto que Soldados podem se tornar porta-vozes ou símbolos
para a mídia, com base em eventos, fotografias ou declarações. Esse parágrafo resume bem o
conceito do cabo estratégico nas OpGLO, apresentado pelo Almirante de Esquadra (FN)
Fernando Antônio de Siqueira Ribeiro, Comandante-Geral do CFN de 2013 a 2017, onde a
ação de cada militar é importante e pode influenciar na imagem de toda a Marinha
(informação verbal)9.
Está previsto também um sistema de rodízio da tropa nas Operações Policiais,
similar ao adotado nas OpGLO. São observados normalmente cinco dias na AOp e dois dias
de descanso, visando reduzir o estresse dos militares empregados.
Uma situação que pode ocorrer como resultado das Operações Policiais é a
tomada de reféns por criminosos, indicando a necessidade de pessoal treinado em negociação
para fazer frente a situações dessa natureza. Deve ser avaliada a possibilidade de militares
com curso de negociação e treinamento em retomada e resgate comporem o GptOpFuzNav,
______________ 9 Palestra ministrada em maio de 2016 pelo AE (FN) Fernando Antônio, no Centro de Instrução Almirante Silvio de Camargo, sobre a evolução do Corpo de Fuzileiros Navais naquele ano.
RESERVADO 41
RESERVADO
particularmente nas OpGLO realizadas fora do Rio de Janeiro (fora de sede).
Também está prevista a realização de patrulhas combinadas com a Polícia para
ajudar a legitimar e treinar a Força Policial, aumentar sua visibilidade e criar confiança
naquela Força Auxiliar. Esse conceito se aplica às OpGLO, particularmente na fase final da
Operação, quando ocorre a devolução da responsabilidade da AOp para a Polícia.
A abrangência dos conceitos apresentados nesse item demonstra a complexidade
das OpGLO, reforçando a necessidade de um arcabouço doutrinário para orientar as ações da
tropa no terreno.
2.14 Law Enforcement Manual (USA, 2015b, tradução nossa)
O manual de Imposição da Lei do USMC apresenta diversos conceitos e
procedimentos aplicáveis às OpGLO. Como nos manuais anteriores, para evitar repetições,
serão apresentados apenas conceitos novos ou complementares aos já comentados.
As patrulhas a pé proporcionam presença policial intensiva em áreas de alto valor,
de alto potencial de crimes ou de alto índice criminal. Em contrapartida, as patrulhas
motorizadas fornecem alta mobilidade, permitindo responder rapidamente a uma grande
variedade de situações. As patrulhas motorizadas também são usadas para controle de tráfego
e aplicação de regulamentos de trânsito. Esses conceitos complementam os conceitos
apresentados no item 2.6, sobre as vantagens e desvantagens de cada tipo de patrulha.
Complementando o conceito de patrulhamento preditivo, citado na seção 2.8, está
previsto que o patrulhamento preventivo deve dar ênfase às áreas onde a análise mostra a
existência de pessoas se reunindo e uma maior probabilidade de crime, como instituições
financeiras, postos de gasolina e locais de recreação com aglomerações.
Patrulhas a pé são apropriadas para áreas e/ou eventos com alta densidade
populacional ou áreas confinadas. Ajudam também na promoção e melhoria das relações entre
RESERVADO 42
RESERVADO
a Força e a comunidade. O objetivo é fornecer uma presença policial visível e formar um
sólido relacionamento cooperativo com a comunidade. Esse conceito pode e deve ser aplicado
pelo nas OpGLO, já que o apoio da população facilitará as ações da tropa.
Uma combinação de conceitos da seção 2.8 é a utilização de patrulhas mistas. A
patrulha motorizada pode parar, estacionar suas viaturas e conduzir patrulhas a pé na AOp.
Está previsto que a manutenção da confiança e da fé do público na Força é
fundamental para o policiamento efetivo e é alcançada, em grande parte, por meio do
tratamento justo e equitativo do público e da comunidade na AOp. Esse é um requisito básico
da aplicação da lei e é esperado por todas as pessoas da sociedade. Esse conceito, apesar de
parecer óbvio, deve ser amplamente difundido para a tropa durante sua preparação.
Um objetivo fundamental da aplicação da lei é a preservação da vida e da
propriedade, bem como a segurança física da população. Através da análise de tendências em
atividades criminosas, acidentes de trânsito e infração de velocidade, a Força pode concentrar
seus esforços de aplicação da lei, estabelecendo locais e áreas para operações de imposição
seletiva. Esse conceito complementa os conceitos apresentados no item 2.6, de análise de
áreas problemáticas de trânsito e de crime.
Expandindo o conceito acima, a imposição seletiva de tráfego tem como meta a
redução de acidentes de trânsito, por meio da aplicação das leis de trânsito em áreas de alto
índice de acidentes. Essa prática deve basear-se na análise de relatórios de acidentes e de
atividades de imposição de tráfego. As patrulhas devem ser destacadas para áreas com
elevado número de acidentes e de solicitações de serviços relacionados ao tráfego.
Já a imposição seletiva de crimes tem como meta a redução do crime em áreas de
alta criminalidade ou onde existam tendências ao crime, por meio de investigação,
patrulhamento e vigilância. Essa prática deve basear-se na análise de investigações criminais e
de relatórios criminais e na identificação de padrões baseados na recorrência dos crimes. As
patrulhas devem ser destacadas para áreas com elevado número de incidentes e solicitações de
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RESERVADO
serviços de prevenção ao crime. Percebe-se que os conceitos apresentados acima estão
vinculados à economia de meios, já que a escolha das áreas problema e a aplicação seletiva da
Força permite a otimização de emprego do efetivo disponível.
Complementando o conceito de controle do tráfego, é previsto o controle seletivo
do tráfego. A aplicação das leis de trânsito é realizada nas áreas de alto índice de acidentes,
baseando-se nas análises de relatórios e solicitações de serviços relacionados ao tráfego.
Um conceito que ganha destaque é o de perseguição. As perseguições a pé são
ações potencialmente perigosas e a segurança dos policiais e da população deve ser a
principal preocupação ao decidir se ela deve ser iniciada ou continuada. Da mesma forma,
perseguir um veículo é uma decisão crítica. O risco potencial para a segurança pública, criado
por perseguições veiculares, pode induzir à decisão de não perseguir. Em ambos os casos, o
desejo incondicional de deter um suspeito em fuga não tem lugar na aplicação profissional da
lei. Nas OpGLO, a tropa deverá ser bem orientada para essas situações. Em caso de
perseguição a veículos, uma forma de forçar a parada do suspeito é a manobra PIT10
(Persuit
Intervention Technique), que consiste em colidir levemente com a lateral traseira do veículo
em fuga para fazê-lo rodar e parar.
Está prevista também, no manual, uma Equipe de Reação Especial, que deve ser
capaz de executar entrada em compartimentos, empregar técnicas de limpeza e responder a
ocorrências com refém. Isso complementa o que foi apresentado na seção 2.13 e se aplica às
OpGLO, pois APOP em fuga podem se esconder em residências e fazer reféns.
São previstas ainda ações em áreas marítimas, incluindo a segurança das margens.
Nessas ações, embarcações de patrulha são o meio mais eficaz para proteger ou isolar uma
área. Militares em barcos de resposta tática são desdobrados nas áreas marítimas para prender
intrusos e encerrar incidentes. Isso complementa o que foi apresentado na Seção 2.5 sobre o
controle de áreas marítimas.
______________ 10
Técnica de intervenção em perseguição (Tradução nossa). Disponível em: <https://www.revolvy.com/page/PIT-maneuver>. Acesso em 15/08/2018.
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RESERVADO
2.15 Military Police Operations Manual (USA, 2016a, tradução nossa)
Esse manual do USMC também possui conceitos similares aos já apresentados
nas seções anteriores e, para evitar repetições desnecessárias, serão explorados apenas os
conceitos complementares aos já analisados.
Em complemento ao conceito de patrulhamento, está previsto que a chave para
um esforço efetivo de Imposição da Lei, eliminando as condições e oportunidades que
promovem o crime, é a realização de um patrulhamento agressivo. Esse conceito já foi
utilizado pelo CFN em OpGLO, tendo obtido resultados positivos.
Nesse sentido, está prevista ainda a necessidade de um patrulhamento pró-ativo e
agressivo com uma mentalidade ofensiva, maximizando os esforços para atacar áreas
problemáticas. Devem-se entrevistar todos que demonstrem comportamento suspeito ou
incomum e realizar técnicas agressivas de controle, por meio de inspeções.
Com relação ao preparo da tropa, está previsto que todo o pessoal deve receber
adestramentos de ordenamento jurídico, autodefesa desarmada e qualificação em armas e
munições menos letais, complementando o que foi apresentado anteriormente sobre o tema.
2.16 Manual of Military Operations on Urbanized Terrain (USA, 2016b, tradução nossa)
Esse manual do USMC trata de uma Operação de Guerra, porém ela é realizada
no mesmo ambiente das OpGLO, existindo similaridades entre os dois tipos de Operação.
Inicialmente, é explorado o emprego de Atiradores de Precisão. Está previsto que
eles são um trunfo para vigiar os movimentos das patrulhas, fornecer dados de inteligência e
dar apoio de fogo direto a elas. Esse conceito complementa o que foi apresentado na Seção
2.6 sobre a utilização desses profissionais.
A utilização de ações simultâneas é um procedimento que combina conceitos já
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apresentados, consistindo no uso de patrulhamento aleatório, pontos de controle de tráfego,
pontos de verificação aleatórios e bloqueios nas ruas. Essas ações interrompem os
movimentos inimigos, reduzem os saques, detêm os infratores e convencem a população de
que a ordem foi restaurada, sendo essencial para o caso de greve dos OSP.
Um conceito pertinente é o de que a tropa deve evitar tornar-se previsível. Isso é
fundamental nas OpGLO para inibir a adaptação dos APOP e sufocar a prática de ilícitos.
Sobre as patrulhas, é apresentado o método complementar de patrulha em coluna
dupla. É apontado como o método preferido para se mover ao longo de uma rua, pois
proporciona 360o de segurança, permite o apoio mútuo e setores de fogos interligados. Deve
haver um líder em cada lado para facilitar o Comando e Controle (C2). Esse método foi
utilizado pelos GptOpFuzNav em diversas OpGLO, com excelentes resultados.
Outro conceito previsto é o da orientação em áreas urbanas, que apresenta um
conjunto exclusivo de desafios. Para se contrapor a isso, mapas e fotografias devem estar
disponíveis para ajudar as unidades a superar esses problemas. Além disso, o sistema de
posicionamento global (GPS) pode ajudar a complementar as habilidades de navegação em
áreas construídas. Isso deve fazer parte da preparação da tropa nas OpGLO.
Existem ainda considerações sobre a silhueta do combatente, para garantir que ele
se misture ao entorno. Isso é aplicável às OpGLO, já que os APOP conseguem se esconder
facilmente nas instalações existentes e a tropa precisa reduzir sua desvantagem nesse quesito.
2.17 Urban Operations Manual (USA, 2017, tradução nossa)
Esse manual do US Army traz conceitos relativos aos efeitos do Ambiente Urbano
sobre as Operações, sendo aplicáveis às OpGLO.
Os Comandantes, em outros ambientes, analisam sua AOp em termos de espaço
aéreo e superfície. Em um Ambiente Urbano, eles ampliam seu escopo para incluir áreas
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RESERVADO
acima da superfície (janelas, varandas, telhados, lajes etc.) e abaixo dela (instalações
subterrâneas, túneis, instalações de esgoto etc.), conforme ilustrado no Anexo B. Embora
espacialmente separadas, cada área pode ser usada como uma via de acesso ou corredor de
mobilidade, linha de comunicação ou área de engajamento. Isso deve ser uma preocupação
durante o planejamento da Operação, bem como em seu desenvolvimento.
Os comandantes devem entender os possíveis efeitos compressivos do Ambiente
Urbano nos níveis da Guerra. Um impacto desses efeitos pode ser uma menor tolerância a
erros táticos, a maior necessidade de planejamento detalhado e de precisão no emprego do
armamento. Isso reforça o que foi apresentado na seção 2.9 sobre o cabo estratégico e
demonstra a importância da preparação da tropa e da presença de um EM bem estruturado no
GptOpFuzNav, para realizar o planejamento e o acompanhamento adequado da OpGLO.
Um padrão de ruas irregulares ou sinuosas, como um labirinto, aumenta a
possibilidade de fratricídio. Para reduzir essa possibilidade, é necessário o monitoramento
constante dos movimentos e a coordenação entre as patrulhas nas OpGLO. Isso foi observado
nas OpGLO realizadas pelo CFN, demonstrando a validade do conceito.
As construções nas áreas urbanas fornecem cobertura e ocultação quase completas
para as ameaças. Muitos sensores não conseguem penetrar nas instalações. A massa dos
edifícios também neutraliza as assinaturas eletrônicas. Edifícios altos protegem o movimento
da observação aérea dentro dos cânions urbanos11
, exceto quando diretamente de cima. Isso
reforça a importância da utilização do He e das ARP para reconhecimento e observação.
O terreno urbano aumenta a utilidade e os efeitos dos Atiradores de Precisão,
multiplicando seu poder de combate. Atiradores de Precisão bem posicionados nesse
ambiente têm uma maior importância, se comparada à sua capacidade de combate em outras
situações. Esse conceito complementa o que foi apresentado anteriormente sobre esse tema.
A mídia geralmente atua intensamente nas operações em áreas urbanas, ganhando
______________ 11
Vias cercadas por prédios altos, que formam extensos paredões atuando como barreiras (USA, 2017, p. 93).
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considerável atenção pública e política. Isso ocorre pela facilidade de acesso às AOp, que se
situam dentro de cidades. Com essa maior atenção da mídia, os objetivos militares ficam
diretamente ligados aos objetivos políticos. Nas OpGLO isso é ainda mais visível, já que são
operações realizadas no próprio território nacional.
Está previsto ainda que o Ambiente Urbano degrada os sistemas de comunicações.
As estruturas urbanas, os materiais, as densidades e a configuração das edificações degradam
as comunicações de Frequência Modulada (FM). Pela ação direta nos Sistemas de C2, essa
influência negativa deve ser alvo de estudo nas OpGLO.
Esses conceitos, relacionados ao ambiente, devem ser estudados pelo Estado-
Maior do GptOpFuzNav durante o planejamento das OpGLO, visando minimizar os efeitos
negativos sobre a Operação e maximizar os positivos.
Neste Capítulo foram apresentados diversos manuais e analisados conceitos e
procedimentos aplicáveis às OpGLO. Os conhecimentos obtidos servirão de base para a
confecção da minuta de manual descrita no Capítulo 1, permitindo atingir o objetivo deste
trabalho. Essa minuta será apresentada no Apêndice A desta Tese.
O próximo capítulo tratará das Lições Aprendidas obtidas nas principais OpGLO
realizadas pelas FA nas últimas décadas.
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3 LIÇÕES APRENDIDAS NAS OPERAÇÕES DE GLO
Dezenas de OpGLO foram realizadas pelas FA nas últimas três décadas. Em todas
elas, diversas Lições Aprendidas foram registradas em relatórios e manuais. Neste capítulo,
serão comentadas algumas dessas Operações e discriminadas as Lições Aprendidas que
contêm conceitos doutrinários novos ou complementares aos apresentados no Capítulo 2.
3.1 Compêndio de Lições Aprendidas (BRASIL, 2016b)
Nesta seção será analisado o compêndio confeccionado pelo EB, contendo as
principais Lições Aprendidas na Copa do Mundo de 2014 e nas Operações de GLO até 2015.
3.1.1 Copa do Mundo 2014
Uma lição aprendida sobre o uso de equipamentos de filmagem foi a utilização de
câmeras em complemento ao Sistema Pacificador12
, para acompanhamento dos eventos de
escolta e manifestações. A integração dessas câmeras com o Sistema Pacificador e o Sistema
Olho da Águia13
proporcionou uma melhor consciência situacional nas operações. Esses
sistemas de monitoramento têm grande utilidade nas OpGLO, ampliando a capacidade de C2
da Força. Isso complementa o que foi apresentado no Capítulo anterior, Seção 2.3, sobre o uso
de equipamentos de produção de imagens.
Foram confeccionadas Regras de Engajamento para atuação contra ARP, a fim de
neutralizar essa ameaça, pois os APOP poderiam utilizá-las para obter dados sobre a tropa.
Essas RE devem ser bem detalhadas, por tratarem de um procedimento novo para a tropa.
______________ 12
Software gerencial de C2 georreferenciado do EB. A tropa pode fazer atualizações, uma vez que o
comandante de pelotão ou do GC, através de um smartphone, municia o sistema com imagens e informações. Disponível em: <http://folhamilitaronline.com.br/o-exercito-e-a-copa-da-fifa/>. Acesso em: 03 jun. 2018.
13 Sistema de aquisição e transmissão de imagens, instalado em aeronave do EB. Disponível em:
<http://www.ciavex.eb.mil.br/pegasus/pegasus5/cont/olhodaaguia.php>. Acesso em: 09 jun. 2018.
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RESERVADO
Foi verificada a necessidade de preparar a tropa para o contato com a imprensa,
evitando a exposição inadequada. Essa é uma preocupação que deve ser constante, devendo
suscitar adestramentos durante a preparação da tropa.
A ativação do Destacamento de Guerra Cibernética para a produção de informes,
antes do início da Operação, foi importante para apoiar o planejamento e permitiu proteger os
sistemas de informação da Força, obter dados para a produção de conhecimento de
inteligência e causar prejuízos aos sistemas de informação dos APOP.
Foi verificada a necessidade da Polícia Militar fornecer agentes de segurança do
sexo feminino para procederem à revista de mulheres, visando reduzir a deficiência de
militares femininas na Operação.
A utilização do modal aquaviário (emprego de embarcações) otimizou o
transporte de autoridades, reduzindo as preocupações com o trânsito da cidade e com a
segurança. Essa possibilidade deve ser explorada nas OpGLO, tanto para autoridades como
para comboios, aumentando a flexibilidade nas ações.
3.1.2 Garantia da Lei e da Ordem
Foi percebido que a redução do número de Posições de Bloqueio (PBlq) liberou
efetivos para o patrulhamento, aumentando o raio de ação da tropa e a sensação de segurança.
Essa Lição Aprendida consta também dos Relatórios da Operação São Francisco.
Foi constatado que a Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP)
GUARANI mostrou-se muito grande para algumas ruas e vielas e que a VBTP M113B
mostrou-se adequada por seu tamanho reduzido, porém suas lagartas causaram dano
significativo ao calçamento local. Esses danos podem ser evitados com o emprego de esteiras
de borracha. Esse problema de tamanho também foi verificado com relação à viaturas
RESERVADO 50
RESERVADO
Piranha, do CFN, sendo ideal a utilização de viaturas blindadas leves, como os Humvee14
.
Considerando que os APOP podem lançar artefatos tipo “coquetel molotov” sobre
as viaturas (Vtr), foram utilizados extintores de incêndio para se contrapor a essa ação,
permitindo uma ação rápida e o aumento da segurança da tropa.
Foram divididas as tarefas nas viaturas durante os deslocamentos motorizados e
nos desembarques, visando aumentar o nível de segurança da tropa, e distribuídas áreas de
observação para segurança lateral e de retaguarda. Isso deve ser adotado como procedimento
padrão nas patrulhas motorizadas, devendo ser treinado na fase de preparação da tropa.
O registro do uso progressivo da força nos relatórios, caracterizando o
cumprimento das Regras de Engajamento, resguarda a tropa e cumpre o previsto na Lei de
Acesso à Informação (ver Capítulo 5 – Aspectos Jurídicos). Esse procedimento também
resguarda a Força em questionamentos jurídicos futuros.
A realização de Guerra Eletrônica para apoiar as ações da FPac foi importante,
pois evitou que os APOP divulgassem alertas, via rádio, sobre as ações desencadeadas.
As reuniões com lideranças locais foram coordenadas por militares especializados
em OpPsc ou por militares treinados por especialistas nessa área, a fim de influenciar
públicos-alvo selecionados. Esse procedimento deve ser aplicado principalmente nas AOp
situadas em áreas de risco, pois os líderes comunitários sofrem influência direta dos APOP.
O acesso da FPac à rede INFOSEG15
possibilitou a identificação de pessoas com
mandados de prisão e veículos com mandados de busca e apreensão. É importante que o
GptOpFuzNav tenha acesso a essa rede, a fim de apoiar as ações da tropa no terreno e reduzir
a dependência da FPac.
Foi proibido o uso de aparelhos celulares particulares, para evitar distrações no
patrulhamento. Além disso, uma eventual perda na AOp poderia fornecer informações para os
______________ 14
Viatura 4X4 blindada multi propósito fabricada nos EUA. 15
Sistema cuja finalidade é integrar nacionalmente as informações concernentes à segurança pública, identificação civil e criminal, controle e fiscalização, inteligência, justiça e defesa civil. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/sistemas/infoseg>. Acesso em: 09 jun. 2018.
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RESERVADO
APOP. Esse é um conceito que já é aplicado pelos GptOpFuzNav nas OpGLO.
Todos os militares que exerceram função de motorista realizaram testes para
avaliar conhecimentos sobre leis de trânsito, direção defensiva e condução da viatura. Isso é
importante para evitar acidentes de trânsito e o desgaste prematuro dos meios.
Foi prevista a inclusão de um pelotão específico para as atividades relacionadas à
segurança da base de operações, evitando que fosse afetado o descanso e, consequentemente,
o rendimento dos militares em ação. Esse conceito também foi empregado pelo CFN na
Operação São Francisco, demonstrando sua validade e importância.
A confecção do Plano de Reversão, ao final da operação, organizou a restituição
do material utilizado à Organização Militar (OM) de origem. É fundamental a confecção
dessa Diretiva pelo EM do GptOpFuzNav, a fim de evitar o descontrole na entrega do
material e permitir o planejamento da sequência de desmobilização.
As lições aprendidas apresentadas acima forneceram conceitos e procedimentos
relevantes, que devem ser internalizados como doutrina pelo CFN para as OpGLO.
Após o estudo do Compêndio de Lições Aprendidas do EB, serão estudados os
Relatórios de Fim de Comissão (RFC) das OpGLO realizadas pelo CFN. Foram selecionadas
as operações nas quais os GptOpFuzNav participaram do esforço principal. Da análise dos
RFC, vários conceitos e procedimentos foram obtidos, conforme será apresentado a seguir.
3.2 Operação Alvorada16
Na década de noventa foram realizadas cinco OpGLO no Rio de Janeiro, nas
Favelas do Dendê, Cachoeirinha, Kelson’s, Parada de Lucas e Complexo do Alemão. Abaixo,
serão apresentados alguns procedimentos utilizados naquelas Operações.
Na semana que antecedeu cada operação foram realizados briefings para os
______________ 16
RFC das cinco Operações de GLO realizadas pelo CFN nos anos de 1994 e 1995.
RESERVADO 52
RESERVADO
oficiais e sargentos, que incluíram palestras de policiais civis da área de inteligência, nas
quais foram apresentadas informações relevantes sobre a AOp e o modus operandi dos APOP.
Esse procedimento demonstra a importância da cooperação entre as agências de inteligência.
Na véspera das Operações, Elementos de Operações Especiais (ElmOpEsp) foram
posicionados para realizar vigilância das atividades dos APOP, permitindo o estabelecimento
da linha de Cerco e o posicionamento da Força de Vasculhamento com segurança.
Em todas as operações, foi realizado um cerco inicial das áreas a serem
controladas, com o estabelecimento conjugado de PCTran e Posições de Bloqueio. Essa
medida visava impedir a fuga de APOP portando armamentos, munições ou drogas. Nesse
sentido, pessoas e veículos eram revistados minuciosamente. Os deslocamentos das tropas
foram realizados de madrugada, em sigilo absoluto, visando surpreender os APOP em suas
posições. Foram obtidos resultados positivos em todas as Operações, apesar dos indícios de
vazamento. Populares relatavam a evasão de APOP sempre na noite anterior à Operação.
Após o estabelecimento do cerco, tropas pré-posicionadas ultrapassavam o cerco e
realizavam o vasculhamento da AOp. O procedimento era simples: os efetivos foram
dispostos em linha e iniciou-se uma progressão mantendo esse dispositivo até a chegada à
linha de cerco oposta à linha de partida. Pontos e linhas de controle foram utilizados para
regular o avanço da tropa e manter o controle do vasculhamento. À época, foram expedidos
mandados de busca coletivos, permitindo a inspeção em todas as casas das áreas a serem
controladas. Diversos suspeitos foram presos e materiais ilícitos apreendidos nessas
inspeções, além de serem identificadas instalações de provável uso pelos APOP.
No Complexo do Alemão, a Força de Vasculhamento foi inserida no alto do
morro, transportada por helicópteros (He). Isso permitiu surpreender os APOP e demonstra a
importância da flexibilidade dos procedimentos.
Nessas Operações, foi importante o apoio das OM próximas às AOp, usadas como
Bases Avançadas para posicionamento do Apoio de Serviços ao Combate.
RESERVADO 53
RESERVADO
3.3 Jogos Mundiais Militares17
O recebimento dos informes, principalmente os relacionados às atividades
criminosas, ocorreu tempestivamente, contribuindo para o planejamento e execução das
Operações do GptOpFuzNav, reforçando a importância da inteligência nas OpGLO.
A concentração das viaturas do GptOpFuzNav no BtlLogFuzNav propiciou
rapidez no atendimento das demandas de transporte e manutenção. Esse conceito de
concentração dos meios de transporte foi utilizado com sucesso em outras OpGLO.
O controle dos comboios que partiam da Vila Branca e o acompanhamento
durante os trajetos até o destino final ficou extremamente complicado em virtude da falta de
equipamentos apropriados. O controle foi efetuado por meio de rádios e do car system. As
informações não fluíram com a devida antecedência e não foi possível indicar o melhor
itinerário para a segurança dos comboios. Isso foi resolvido nos JO/PO Rio-2016 com a
utilização do sistema Rota Certa de monitoramento de comboios do ComTrRef.
No planejamento da cadeia de evacuação foram percebidas falhas, pois não foi
contemplado um hospital de campanha na região de Campo Grande e não foram considerados
os hospitais públicos como parte dela, ainda que em último caso. A flexibilidade da cadeia de
evacuação é fundamental para otimizar o apoio aos componentes do GptOpFuzNav.
Não houve disponibilidade de alojamento para todos os pelotões. Parcela da tropa
permaneceu acantonada em barracas iglu durante toda a operação. O aluguel e a aquisição de
barracas e beliches foram observados em outras OpGLO, aumentando o conforto da tropa.
3.4 Copa das Confederações18
O desdobramento de um PelFuzNav no 1º Distrito Naval, configurado como
______________ 17
RFC do GptOpFuzNav que participou dos Jogos Mundiais Militares em 2011. 18
RFC do GptOpFuzNav que participou da Copa das Confederações em 2013.
RESERVADO 54
RESERVADO
PelCD, possibilitou o seu emprego imediato na área daquele Complexo e permitiria o rápido
emprego no Porto do Rio de Janeiro. Essa prática foi observada nos Jogos Olímpicos e
Paralímpicos Rio-2016, quando a tropa foi desdobrada em locais mais próximos de suas áreas
de atuação, demonstrando sua validade.
A disponibilidade, em tempo integral, de uma Embarcação de Desembarque de
Carga Geral e de uma Embarcação de Desembarque de Viaturas e Material proporcionou
flexibilidade ao transporte da tropa e discrição na movimentação, tendo em vista as constantes
manifestações na cidade. Novamente fica clara a importância da flexibilidade nas OpGLO.
Apesar do GptOpFuzNav ter sido uma Força de Contingência, as ações previstas
para serem conduzidas, como o estabelecimento de PCTran e patrulhamento, requerem um
período de adestramento específico. Tal preparação não pode ser negligenciada. Isso reforça o
que já foi comentado no capítulo anterior sobre a importância da fase de preparação da tropa.
3.5 Copa do Mundo19
Não foi realizada coordenação entre os órgãos envolvidos na Segurança. Os OSP
e as FA posicionaram efetivos nos mesmos locais e com tarefas idênticas. A título de
exemplo, na Linha Vermelha, próximo ao Complexo da Maré, havia tropas do GptOpFuzNav,
do EB, da PM e da Força Nacional realizando patrulhamento e estabelecendo controle de vias.
Isso demonstra a necessidade de coordenação e de um comando único, visando evitar
interferências e permitir a complementaridade dos esforços.
Os rádios SEPURA, empregados pelas três FA, não foram programados para
permitir a comunicação entre elas, o que dificultou a coordenação entre elementos ocupando
áreas adjacentes. Um Plano de Comunicações conjunto e a programação dos equipamentos
resolveriam o problema, o que reforça a necessidade do comando único.
______________ 19
RFC do GptOpFuzNav que participou da Copa do Mundo de 2014.
RESERVADO 55
RESERVADO
3.6 Operação São Francisco20
A Operação São Francisco teve duração aproximada de quinze meses e contou
com oito Contingentes de tropa, porém foram obtidos os RFC de apenas três Contingentes.
Abaixo, serão analisados os RFC pertencentes ao 1º e ao 8º Contingentes dos GptOpFuzNav.
Durante o planejamento, os oficiais de ligação da Companhia de Polícia da Tropa
de Reforço assessoraram quanto ao correto emprego e necessidades das seções de cães, que
foram usadas nos PCTran, patrulhas, vasculhamentos de área e proteção de flanco ao Pelotão
de Controle de Distúrbios (PelCD). O emprego das seções de cães de guerra é eficaz em
Atividades Policiais, tendo sido utilizado pelos GptOpFuzNav em diversas OpGLO.
O Grupo de Comandos Anfíbios (GruCAnf) se mostrou uma excelente ferramenta
à disposição do Comando do GptOpFuzNav na realização de diversas tarefas, tendo sido
empregado para Reconhecimento, Vigilância, Ações Diretas21
, proteção da tropa pelas ações
de Atiradores de Precisão e escolta de autoridades. O GruCAnf é indispensável nas OpGLO,
pois dá flexibilidade ao Comando e multiplica o poder de combate disponível.
A filmagem das ações da tropa permitiu a correção e o ajuste dos procedimentos
individuais e coletivos adotados. Isso complementa o que já foi comentado sobre o tema.
As ações táticas que combinaram inteligência, cerco e vasculhamento se
mostraram eficazes. A divulgação das informações de inteligência, associada à realização de
cerco e vasculhamento, permitiu atingir alvos com surpresa e sufocar os ilícitos que
sustentavam os APOP, bem como capturar diversos suspeitos. Esse conceito será explorado
novamente no próximo item, pela importância desses procedimentos nas OpGLO.
Foi verificada a necessidade de treinamento da tropa com armas e munições
menos letais. Como não faz parte do adestramento normal do Fuzileiro Naval, esse tipo de
treinamento deve ser incluído na fase de preparação da tropa para as OpGLO.
______________ 20
RFC do 1º e 8º Contingentes da OpGLO no Complexo da Maré, nos anos de 2014 e 2015. 21
Ações realizadas por ElmOpEsp com o intuito de neutralizar alvos específicos (Of. n° 414/2015, Reservado, do Batalhão de Operações Especiais ao ComFFE).
RESERVADO 56
RESERVADO
Há necessidade de instrução da tropa quanto ao trato com a Polícia Militar. Tendo
em vista a possibilidade de interação, é importante que a tropa entenda corretamente o
relacionamento com a PM nesse tipo de operação e o papel de cada ator. Esse ensinamento é
importante e pode ser incluído nos adestramentos realizados na fase de preparação da tropa.
Foi observado que o emprego da tropa a pé dificultou a vigilância por parte dos
APOP sobre as patrulhas. Esse ensinamento complementa os conceitos apresentados no
Capítulo 2 sobre a patrulha a pé e será abordado novamente no próximo item deste capítulo,
pela sua importância nas OpGLO.
Outra lição importante foi que os comandantes, até o nível Grupo de Combate22
(GC), devem receber instruções específicas sobre aspectos legais relacionados às OpGLO.
Esse conceito amplia o que foi apresentado no Capítulo 2 sobre a preparação dos líderes e
corrobora a importância do que será apresentado no Capítulo 5 sobre os aspectos jurídicos.
O Pelotão de Fuzileiros Navais (PelFuzNav) foi utilizado como fração mínima de
emprego no cumprimento das tarefas táticas, mantendo um poder de combate adequado na
AOp para se contrapor a possíveis ameaças. Essa dosagem foi utilizada em diversos
Contingentes dessa operação, apresentando resultados positivos.
O uso de busca pessoal aleatória durante a execução das Patrulhas obteve bons
resultados na manutenção do controle da AOp. As revistas em pessoas e veículos durante o
patrulhamento contribuíram para a redução de ilícitos na AOp. Além disso, notou-se que
populares aproveitavam as inspeções para informar à tropa sobre ilícitos. Esse procedimento
complementa o que foi apresentado na Seção 2.15 sobre o patrulhamento pró-ativo.
Foram utilizados Pontos de Controle na AOp, permitindo o acompanhamento das
frações no terreno. Isso facilitou a coordenação em todos os níveis, já que permitia a rápida
localização do efetivo. Seu emprego nos reconhecimentos aéreos permitiu a rápida orientação
dos pilotos. Esse procedimento foi utilizado em outras OpGLO, com ótimos resultados.
______________ 22
É a fração de manobra do Pelotão. É composto por 13 (treze) militares, organizado com um Comandante do GC e três Esquadras de Tiro, compostas de quatro militares cada (BRASIL, 2008d, p. 1-2).
RESERVADO 57
RESERVADO
A variação dos horários e itinerários de patrulhamento se mostrou eficaz para
evitar o “ajuste” das ações ilícitas dos APOP, pela identificação de uma rotina nas ações da
tropa. Esse procedimento evita a previsibilidade das ações e foi utilizado em todos os
Contingentes dessa Operação, obtendo resultados positivos.
Foram empregados ElmOpEsp atuando descaracterizados para realização de
contatos com a população e infiltração em pontos de interesse. Foram usados caminhões de
empresas e viaturas civis para infiltração desses elementos. Como as OpGLO não são
Operações de Guerra, esse tipo de procedimento pode ser realizado sem restrições.
A utilização das lajes foi fundamental. No entanto, as posições usadas pelos
ElmOpEsp para tiro e observação foram descobertas pelos APOP, comprometendo o sigilo e a
segurança. Desta forma, o emprego de posições externas à comunidade tornou-se importante.
Isso deve ser alvo de preocupação durante o planejamento da Operação, visando a realização
de contatos que possibilitem a utilização desses locais dominantes, bem como para a
avaliação da necessidade de extensão da AOp, de modo que ela abranja essas posições.
O emprego de Atiradores de Precisão embarcados em aeronave, particularmente
nas operações de grande vulto, possibilitou uma maior segurança para a tropa em terra. Esse
procedimento, em que pese a necessidade de aeronave blindada, tem grande impacto
psicológico sobre os APOP, bem como sobre o moral da tropa.
Os APOP utilizavam Mototáxis ligados ao crime organizado como um alerta
antecipado da concentração de tropa, bem como de seu posicionamento no terreno. A solução
para reduzir a livre circulação desses elementos foi a realização de Operações Padrão23
. Esse
procedimento foi adotado durante toda a Operação e se mostrou adequado.
O emprego do helicóptero MH-16 em apoio à tropa foi útil, porém necessitava de
condições favoráveis de meteorologia e visibilidade vertical mínima de seis mil pés. Além
______________ 23
Operação Padrão é a realização de um serviço por funcionários de uma empresa ou organização seguindo os procedimentos operacionais padrão com rigor excessivo. Disponível em: <https://educalingo.com/pt/dic-pt/operacao-padrao>. Acesso em: 29/07/2018. Na Maré, estas operações eram realizadas em conjunto com a PM para localizar e apreender veículos roubados ou com documentação irregular.
RESERVADO 58
RESERVADO
disso, a ausência de blindagem no helicóptero impunha a restrição de nível de voo acima do
alcance das armas de tiro tenso dos APOP. Isso reforça a importância da utilização das ARP
nesse tipo de Operação.
O emprego dos Blindados em duplas, a curta distância, apresentou problemas de
segurança em itinerários canalizados e dominados por vistas pelos APOP, além aumentar a
vulnerabilidade a ataques com coquetéis Molotov. Esse problema foi minimizado no 4º
Contingente pelo uso da tropa a pé, conforme será comentado no próximo item deste capítulo.
A inexistência de Procedimentos Táticos de Emergência para a Infantaria
determinou perda de tempo e de condições favoráveis às ações, pela necessidade de retardá-
las em vista da necessidade de realização um planejamento sumário. A criação desses
procedimentos é uma boa ferramenta, já que diversas situações se repetem com frequência nas
OpGLO, podendo haver uma padronização das reações da tropa.
Por se tratar de uma Operação Conjunta, havia diversos momentos nos quais eram
necessárias coordenações entre elementos atuando em áreas vizinhas. Assim, a divisão de
canais dos equipamentos rádio para cada FA deveria conter parâmetros idênticos em alguns
desses canais, que seriam usados em ações conjuntas. Essa dificuldade também foi sentida na
Copa do Mundo, conforme apresentado anteriormente.
Foi verificada a necessidade de maior quantidade de militares do corpo feminino
para apoiar as ações da tropa, sendo ideal a existência de um militar do sexo feminino por
pelotão. Uma das formas de reduzir esse déficit é ampliar o número de militares do sexo
feminino da PM no Protocolo de Cooperação assinado entre as Forças.
Foram planejadas e realizadas Campanhas de OpPsc voltadas para três públicos-
alvo: população local, APOP e a tropa empregada. Essa lição aprendida resume bem como as
OpPsc devem ser conduzidas nas OpGLO e complementa o que foi citado no Capítulo 2.
O GptOpFuzNav se ressentiu da presença de uma Agência de Inteligência da MB
para realizar a busca de dados na AOp. Agentes da MB também poderiam ter participado de
RESERVADO 59
RESERVADO
células de inteligência multiagências, como as estabelecidas no Centro Integrado de Comando
e Controle, da Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro. Essa dependência da
inteligência extra-MB dificultou as ações da tropa durante toda a Operação.
Foi de fundamental importância a cooperação dos setores de Inteligência das
Forças Auxiliares. A aproximação com esses atores, recomendada nas Orientações do
Comandante da Marinha (ORCOM), foi vital para a obtenção de dados durante a Operação.
Esse procedimento supriu, em parte, a falta de uma Agência de Inteligência da MB.
Em complemento aos dois conceitos citados acima, foi sugerido estabelecer um
banco de dados de inteligência informatizado e único para toda a FPac. As lideranças
comunitárias, ONG, movimentos sociais e a própria população poderiam ser exploradas com
maior eficiência como fonte de conhecimento. Isso permitiria uma integração ideal na FPac.
A contribuição da população, por meio de denúncias no Disque Denúncia e
Disque Pacificação, foi muito importante. Para buscar a empatia da população, foi utilizada a
Rádio FPac, o Site sobre a FPac e redes sociais sobre a FPac. Além disso, algumas
necessidades da população foram atendidas por meio de ACISO e pelo projeto “Educando
para a Paz”, numa parceria com o Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM). Essas
iniciativas são oportunas para se contrapor ao medo imposto pelas facções criminosas sobre a
população e complementam o que foi apresentado no Capítulo 2 sobre esse tema.
O monitoramento das mídias sociais, com a utilização de perfis falsos, serviu
como importante fonte para a coleta de dados. Dessa forma, foi possível identificar alvos e
realizar ações de Guerra Cibernética em seus computadores, o que demonstra a importância
da cooperação entre essas ações e a Atividade de Inteligência.
O uso de carômetros24
contribuiu para a prisão de APOP procurados. Foi recebida,
do Comando da Força de Pacificação, uma lista contendo nomes e fotografias de APOP já
identificados. Essa ferramenta foi utilizada em outras OpGLO, obtendo resultados positivos.
______________ 24
Mosaico de fotos e codinomes dos criminosos procurados pela Polícia, utilizado nas OpGLO. Disponível em: https://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,exercito-e-pm-do-rio-treinam-estrategia-conjunta-em-favela,36528 Acesso em: 10 ago. 2018.
RESERVADO 60
RESERVADO
Foram realizadas fotografias de APOP em atividades ilícitas, a partir de Postos de
Vigilância (PVig) guarnecidos pelo GruCAnf, visando usar as imagens para obter mandados
de prisão. Esse procedimento complementa o que foi apresentado até aqui sobre filmagem.
Foi observado um aumento no número de detenções de suspeitos, apreensões de
material ilícito e trocas de tiro entre a tropa e os APOP na manhã seguinte às festas realizadas
nas comunidades. Havia informes de comercio de drogas nessas festas. Essa constatação
motivou a realização de operações que serão comentadas no próximo item deste capítulo.
Os militares residentes na AOp foram identificados e retirados do GptOpFuzNav.
Isso é fundamental, para não expor os FN a riscos desnecessários, já que podem ser
reconhecidos por criminosos durante a operação e sofrer retaliações ou tentativas de
cooptação durante ou após a Operação.
Foi percebida a necessidade de reconhecimento dos itinerários das Viaturas
Blindadas (VtrBld), pois o arruamento estreito aumentava o risco de danos colaterais e da
retenção da viatura em locais inseguros. Isso complementa a abordagem da influência do
Ambiente Urbano, citada no Capítulo 2, e é particularmente importante em áreas de risco.
O emprego dos Grupos de Reação (reservas) e do Pelotão de Controle de
Distúrbios (PelCD) embarcados em VtrBld minimizou as consequências das manifestações da
população, orquestradas pelo tráfico, demonstrando a importância de uma ação enérgica.
O detalhamento na confecção dos Relatórios das Patrulhas, transmitindo ao
Oficial de Inteligência os dados coletados no terreno, possibilitou o confronto dos novos
dados com os arquivados em Banco de Dados. Fica evidente a importância da tropa como
fonte de dados na AOp, contribuindo para a Atividade de Inteligência.
O estado de tensão da tropa durante a Operação pode ocasionar um aumento do
estresse. Com o intuito de reduzir os problemas relacionados ao estresse e melhorar o moral
da tropa, foram programadas consultas com Assistentes Sociais e Psicólogas, que
compareciam à Base Avançada para atender os componentes do GptOpFuzNav.
RESERVADO 61
RESERVADO
O rodízio de todo o pessoal, a cada dois meses, contribuiu para o bom andamento
da Operação. Foi realizado de forma escalonada, com a substituição de uma Companhia de
cada vez, bem como a substituição gradativa dos oficiais do EM. O rodízio bimestral dos
Contingentes foi observado em toda a Operação e inibiu a possibilidade de cooptação de
militares pelo tráfico de drogas na AOp, além de reduzir os casos de estresse dos militares. O
escalonamento do rodízio evitou a solução de continuidade das ações na AOp.
Os procedimentos administrativos, tais como Sindicâncias e Inquéritos Policiais
Militares (IPM), foram conduzidos pelas OM de origem dos militares envolvidos ou ficaram a
cargo do Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra (ComFFE). Essa redução dos encargos
administrativos foi positiva, pois permitiu que o GptOpFuzNav mantivesse o foco na
condução das ações táticas durante a Operação.
Foi estabelecida uma Área de Descontaminação para manter segregado o material
usado nas ruas, longe dos alojamentos de descanso da tropa. Esse procedimento foi utilizado
no Haiti e reduziu a incidência de doenças entre os militares, demonstrando sua importância.
Foi importante a presença da Vtr Socorro (VtrSoc) no GptOpFuzNav para suprir
necessidades de salvamento (reboque e desatolamento), incluindo as VtrBld. As Vtr podem
apresentar problemas na AOp e a rapidez no salvamento influencia na segurança da tropa.
Todo o material entregue ao GptOpFuzNav deveria permanecer no controle da
Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), que confeccionaria as cautelas pertinentes. Com isso,
o Oficial de Logística (F-40) teria condições de controlar a origem de cada material utilizado
na Operação, facilitando sua devolução na fase de desmobilização.
A preocupação com o conforto foi marcante. Serviços de lavanderia, cantina,
academia, TV a cabo, limpeza e arrumação da BAvç, dentre outros, proporcionaram
condições adequadas de habitabilidade e tiveram um efeito direto sobre o moral da tropa.
RESERVADO 62
RESERVADO
3.7 Quarto Contingente da Operação São Francisco25
Abaixo, serão apresentados diversos conceitos e procedimentos, que constam do
RFC do 4º Contingente da Maré, em complemento aos apresentados anteriormente.
Inicialmente, vale ressaltar que os procedimentos adotados nesse Contingente,
apesar de não serem usuais em alguns casos, obtiveram resultados acima do esperado. Essa
avaliação se baseia em fatos citados no RFC, dos quais quatro serão destacados. O primeiro
foi o término dos disparos de fuzil, por APOP, na AOp do GptOpFuzNav. O segundo foi o
término do gasto excessivo de munição no enfrentamento com APOP (chegaram a ser gastos
mil cartuchos em um único evento em Contingentes anteriores). O terceiro foi a alteração da
condição da AOp do GptOpFuzNav, que passou de área mais problemática, segundo os
indicadores da FPac, para a mais tranquila. Por fim, o quarto fato foi a informação obtida pelo
General de Brigada Ricardo Rodrigues Canhaci, Comandante da FPac, com a Polícia Federal,
de que a arrecadação semanal do tráfico de drogas na Favela da Vila do João havia caído de
oitocentos mil reais para cento e sessenta mil reais no primeiro mês daquele Contingente.
O emprego da tropa se baseou na filosofia de saturação da área, similar à patrulha
de saturação citada na seção 2.13, sufocando as atividades dos APOP. A redução das posições
fixas e a máxima utilização da tropa e de seus apoios no patrulhamento agressivo foram os
procedimentos utilizados para alcançar a saturação desejada. Isso aumentou a presença da
tropa na AOp, bem como a sensação de segurança.
Foi utilizada a dosagem básica de uma VtrBld Piranha apoiando uma patrulha
nível GC para realização do Conjugado carro-infantaria26
, resultando em três VtrBld apoiando
um PelFuzNav. O uso do Conjugado aumentou a segurança da tropa e dos blindados nos
deslocamentos na AOp, além de impactar sobre o moral dos APOP.
Foi criado o que se denominou de “Trinômio”, que consistia na utilização
______________ 25
RFC do 4º Contingente da OpGLO no Complexo da Maré, no ano de 2014. 26
Emprego de tropa de infantaria apoiada por blindados (BRASIL, 2008).
RESERVADO 63
RESERVADO
integrada de tropa a pé, VtrBld e Atiradores de Precisão, sendo a comunicação um fator
decisivo para o sucesso. O conjugado era empregado no patrulhamento como citado acima e
os Atiradores de Precisão foram posicionados para apoiar esse patrulhamento. Como dosagem
básica, foi utilizada uma equipe de Atiradores de Precisão para apoiar um PelFuzNav
patrulhando. O emprego dos Atiradores de Precisão teve um efeito positivo sobre o moral da
tropa e inibiu a utilização das lajes por APOP para engajar as patrulhas.
Quatro situações foram padronizadas para a utilização do trinômio. A primeira
com a tropa e os blindados realizando o binômio carro infantaria no mesmo eixo e existindo
posições adequadas para os Atiradores de Precisão. A segunda situação era a realização do
binômio carro infantaria em eixos convergentes, pela impossibilidade de acesso do blindado a
parte do itinerário da patrulha, e os Atiradores de Precisão posicionados adequadamente. A
terceira situação era a inexistência de posições adequadas para os Atiradores de Precisão,
assumindo posição nas VtrBld para apoio ao patrulhamento. A quarta e última situação
consistia em colocar os Atiradores de Precisão vigiando um setor adjacente ao setor
patrulhado pelo PelFuzNav, possibilitando cobrir dois setores simultaneamente. No caso de
presença de APOP, o pelotão se deslocava para o setor vizinho e agia com o apoio dos
Atiradores de Precisão, conforme descrito nas situações um ou dois.
Foi verificado que a utilização de helicópteros para a observação aérea não foi
eficaz, pois o barulho denunciava a atividade e deixava os APOP em uma postura defensiva
(se escondiam). Além disso, o apoio aéreo era ocasional, pois dependia de disponibilidade de
horas de voo da aeronave do EB. As ARP são mais indicadas, por serem mais silenciosas e de
custo inferior, porém não estavam disponíveis para o GptOpFuzNav. Caso houvesse
disponibilidade, teria sido utilizado o que foi definido como “Quadrinômio”, que consistia na
inclusão de uma equipe de ARP para apoiar o “Trinômio” descrito anteriormente, permitindo
um apoio contínuo e eficaz ao patrulhamento. A dosagem básica seria de uma Equipe ARP
apoiando um PelFuzNav patrulhando.
RESERVADO 64
RESERVADO
Foi verificada a necessidade da presença dos motoristas das VtrBld e dos
Atiradores de Precisão (Trinômio) nos briefings realizados antes da saída das patrulhas. Esse
procedimento complementa o conceito apresentado no Capítulo 2 sobre essa atividade.
Operações de Cerco e Vasculhamento foram realizadas em parcelas da AOp, a fim
de apreender armamento, munição e drogas, prender APOP e variar o modus operandi da
tropa (sair da rotina de patrulhas). Foram utilizados os procedimentos descritos na seção 2.6
deste trabalho. As VtrBld e os Atiradores de Precisão apoiavam a força que realizava o
vasculhamento. A operação se encerrava após o término do Vasculhamento da área cercada.
Os procedimentos acima foram adaptados, numa variação denominada Operação
de Cerco e Inspeção. A principal diferença para o Cerco e Vasculhamento é que o esforço
principal dessa Operação estava no Cerco. Sendo assim, a operação não terminava após o
Vasculhamento. No Cerco, foram estabelecidos PCTran em cada entrada/saída da área a ser
controlada, onde eram inspecionadas as pessoas e os veículos que passavam. As VtrBld e os
Atiradores de Precisão apoiavam o Cerco. Esse tipo de operação foi realizado para coibir
ilícitos em feiras e festas dentro da AOp. No caso das feiras, era realizado um Vasculhamento
inicial, seguido de patrulhamento no interior da área, simultâneo ao Cerco.
Nas Operações citadas acima, denominadas Operações Pontuais, o Comandante
do Componente de Combate Terrestre (CCT) era designado como Comandante da Cena de
Ação e todos os militares envolvidos, incluindo os ElmOpEsp, se reportavam a ele. O
Comandante do GptOpFuzNav apenas monitorava as ações. Isso garantia uma melhor
consciência situacional e facilitava o C2. O Destacamento de Apoio de Serviços ao Combate
(DASC) recebia a tarefa de transportar os APOP presos, além de suas tarefas normais.
Foi proibida a entrada de viaturas sem blindagem na AOp como medida de
segurança, por se tratar de uma área de risco. Os militares embarcados eram alvos fáceis para
disparos efetuados por APOP e as viaturas eram facilmente monitoradas por eles, devido ao
efeito descrito no Capítulo 2 dos cânions urbanos.
RESERVADO 65
RESERVADO
Foi proibida a realização de patrulhas com tropa embarcada em VtrBld na AOp,
devido à perda do apoio mútuo carro-infantaria (conjugado) e à redução da consciência
situacional da tropa, pelo seu confinamento nesse tipo de viatura. Além disso, foi percebido
que as patrulhas a pé eram mais eficazes e deixavam os APOP desorientados. Isso corrobora o
que foi apresentado no item anterior deste capítulo, sobre a utilização de patrulhas a pé.
As rendições das patrulhas passaram a ser realizadas no interior da AOp, de modo
a manter a pressão sobre os APOP. Esse procedimento permitiu um patrulhamento 24h por
dia, sem intervalos para troca de efetivos, contribuindo para sufocar as atividades ilícitas.
Os militares do GptOpFuzNav foram orientados a adotar uma postura respeitosa
na abordagem das pessoas, independente da atitude delas, e a não ceder a provocações. A
importância dessas orientações ficou evidente com um informe da Polícia Federal de que os
APOP estariam contratando um repórter profissional para filmar as ações da tropa, na busca
por falhas de procedimento para desacreditar a FPac.
Um procedimento oportuno foi o guarnecimento das PBlq por efetivos da PM,
liberando a tropa para o patrulhamento e execução de Operações Pontuais. Apesar de
ocasional, mediante solicitação da FPac, isso contribuiu para sufocar as ações dos APOP.
Outro procedimento utilizado foi o uso de ações pré-planejadas para locais
específicos da AOp, identificados como problemáticos. A tática utilizada nessas ações era a
manobra conhecida como Martelo e Bigorna. Um efetivo avançava sobre os APOP (martelo),
logo após ser realizado o cerco do local por um segundo efetivo (bigorna). Não era realizado
vasculhamento, já que eram ações realizadas sobre atividades ilícitas já identificadas.
As patrulhas eram encaradas como PCTran móveis. Os alvos de inspeção eram
escolhidos ao longo do itinerário, priorizando pessoas suspeitas, grupos parados em bares e
lanchonetes, pessoas portando mochilas, motos, carros com insulfilm e veículos com
elementos suspeitos. Essas inspeções eram conduzidas pelo grosso da patrulha, enquanto as
pontas de vanguarda e de retaguarda permaneciam realizando a segurança do PCTran.
RESERVADO 66
RESERVADO
Durante as patrulhas, eram verificados bueiros, carcaças de carros, caçambas de
entulho, lixeiras, estabelecimentos comerciais (bares, lanchonetes, locadoras, salões de beleza,
etc.) e outros locais que pudessem servir de esconderijo para armamentos e drogas. Essas
inspeções eram seletivas, de modo a não atrasar demais a progressão da patrulha.
Uma mudança de postura nas patrulhas ocorreu nos deslocamentos no interior da
AOp. Foram adotados os procedimentos de passagem em pontos críticos para todos os
cruzamentos, curvas, clareiras, pontes, ruas sem saída, becos e vielas. Nesses deslocamentos,
as lajes e janelas eram observadas a todo instante, em busca de APOP armados ou portando
rádios comunicadores (olheiros). A melhora na conduta das patrulhas aumentou a segurança
da tropa no terreno.
Uma orientação geral à tropa era que, no caso de não haver poder de combate
suficiente para neutralizar uma ameaça encontrada, a patrulha deveria procurar posições
abrigadas e aguardar pelo reforço solicitado. O retraimento deveria ser evitado ao máximo,
pelo efeito negativo sobre o moral da tropa e pela interpretação de sucesso pelos APOP.
Outra alteração implementada foi que os militares em patrulha poderiam realizar a
inspeção em mulheres na AOp, caso não houvesse militares do sexo feminino no local. Nesse
caso, toda a ação deveria ser filmada, de modo a deixar claro que não houve malícia por parte
da tropa. Isso inibiu uma prática comum dos APOP de passarem para as mulheres seus
armamentos e drogas, imaginando que elas não seriam revistadas. O embasamento legal para
esse procedimento será tratado em mais detalhes no Capítulo 5.,
Foram avaliados pelo EM dois CG dos APOP. O primeiro, no nível tático, eram
os armamentos (braço armado), que permitiam o engajamento com a tropa. O segundo, no
nível operacional, era a liderança dos APOP, que estava fora da AOp. No entanto, os
carregamentos de droga (braço econômico), que abasteciam o Complexo da Maré, foram
RESERVADO 67
RESERVADO
avaliados como uma Vulnerabilidade Crítica27
do segundo CG. Ações contra os braços
armado e econômico do tráfico enfraqueceram os APOP e desorganizaram suas atividades.
Percebe-se que essa análise permitiu um direcionamento das ações da tropa, que passou a
buscar os armamentos e locais de distribuição de droga, e demonstra a importância do
conceito de CG, apresentado no Capítulo 2, Seção 2.11.
Uma orientação cotidiana para a tropa era quanto à realização de disparos. Em
qualquer situação, o militar só poderia atirar em alvos que estivessem sendo observados e,
para tal, deveria ser realizado o quadro de pontaria, visando reduzir a possibilidade de danos
colaterais. Isso complementa o que foi apresentado no Capítulo 2 sobre a disciplina de tiro.
Uma alteração realizada nos procedimentos adotados em Contingentes anteriores
foi a proibição de acesso à rede-rádio dos APOP para cabos e soldados. Foi percebido que os
APOP a utilizam como ferramenta de OpPsc, enviando mensagens falsas para intimidar a
tropa. A análise dessa rede rádio passou a ser feita somente pela Seção de Inteligência.
Foram realizadas ACISO em duas escolas e o Comandante da Cena de Ação foi o
Comandante do DASC em ambas as ocasiões. Isso complementa os conceitos apresentados
no Capítulo 2 sobre esse tipo de ação.
Outra orientação à tropa foi quanto à conduta com APOP feridos. Eles deveriam
ser retirados rapidamente da cena de ação, a fim de evitar aglomerações de civis e a formação
de turbas, além de reduzir a possibilidade de filmagem pela população e de chegada da mídia.
O argumento utilizado era que o APOP seria levado para a Unidade de Pronto Atendimento,
independente da suspeita de óbito. Esses procedimentos reduziram os problemas relacionados
às notícias negativas na mídia e à incitação da população por APOP.
Foram identificadas duas táticas utilizadas pelos APOP, além das ações rotineiras
do tráfico de drogas. A primeira é a utilização de APOP chamados “contenção”, que engajam
com a tropa para encobrir fugas de chefes do tráfico ou retirada de armas, munição e drogas. ______________ 27
As Vulnerabilidades Críticas (VC) são pontos fracos do CG que, ao serem exploradas, resultarão na
desestabilização ou destruição do CG oponente (BRASIL, 2013a).
RESERVADO 68
RESERVADO
A segunda é a utilização de APOP chamados “iscas”, que se entregam para distrair a tropa em
momentos críticos, com o mesmo objetivo do APOP contenção. A manobra de martelo e
bigorna e as Operações pontuais reduziam a possibilidade de êxito dessas táticas.
Foi percebido ainda que os grandes engajamentos com APOP ocorriam quando a
tropa se aproximava de algo valioso, como um local de armazenagem de drogas, uma
liderança do tráfico ou um local de distribuição de drogas. Com essa percepção, a inteligência
passou a mapear os eventos para identificar os prováveis locais utilizados pelos APOP,
visando orientar os esforços da tropa para a realização de apreensões e capturas.
O controle dos movimentos das patrulhas era coordenado, diuturnamente, pelo
CCT e monitorado pelo GptOpFuzNav. Além disso, o sistema denominado Rota Certa28
foi
utilizado nesse monitoramento, no entanto os resultados não foram satisfatórios, pois ele foi
projetado para acompanhar o movimento de viaturas. Essas medidas visavam aumentar a
segurança da tropa e reduzir a possibilidade de fratricídio.
Foi realizado acompanhamento psicológico semanal para a tropa, bem como
celebrados cultos ecumênicos periódicos, a fim de combater o estresse relacionado a esse tipo
de Operação, o que reduziu sensivelmente os problemas associados ao estresse.
A Base Avançada foi encarada como uma OM, passando a dispor de paióis de
armamento guarnecidos 24h por dia, paióis de material controlado para capacetes e coletes e
paióis climatizados para rádios e optrônicos, tais como binóculos e lunetas. Isso contribuiu
para evitar o descontrole, degradação e possíveis extravios de material. Como exemplo da
importância desse controle, uma pistola desapareceu em uma das Bases do EB.
Foi criado um destacamento de controle de danos para apurar e ressarcir, quando
pertinente, prejuízos causados a terceiros pelas ações da tropa. O controle de danos ficou sob
responsabilidade do Assessor de Assuntos Civis, em coordenação com o DASC.
______________ 28
Sistema adquirido pelo Comando da Tropa de Reforço, cuja finalidade básica é monitorar deslocamentos de viaturas e comboios. Um equipamento ligado à bateria da viatura envia sinais de GPS a um receptor, que transfere estes dados para um mapa, registrando o itinerário utilizado por ela. Para o patrulhamento a pé, este sistema se mostrou inadequado, com erros ocasionados pela baixa velocidade de deslocamento.
RESERVADO 69
RESERVADO
O ApLog ao GptOpFuzNav era descentralizado, trazendo dificuldades tais como
atrasos nas refeições, local para manutenção das viaturas, além de preocupações de ApLog e
coordenações com as diversas OM de apoio. Seria ideal a centralização do ApLog fora do
GptOpFuzNav, retirando essa preocupação dos elementos de combate.
3.8 Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio - 201629
O apoio da DPJM, do Comando do 1º Distrito Naval, às tropas desdobradas foi
fundamental para o atendimento rápido e adequado às diversas situações ocorridas durante a
Operação. Isso eliminou a dependência do apoio de outras Forças ao GptOpFuzNav.
A visita do Ministério Público Militar (MPM) às Bases Avançadas dos
GptOpFuzNav, logo no início da operação, foi importante, pois permitiu àquele Órgão avaliar
e registrar as condições das instalações, o conforto e o rancho proporcionado às tropas. Esse
procedimento pode evitar problemas e questionamentos durante e após as OpGLO.
A utilização do Laboratório Móvel de Análises Químicas e Biológicas e de um
destacamento de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR) foi fundamental
para se contrapor a ameaças dessa natureza. Em Grandes Eventos, esse procedimento é
indispensável, pois o risco de ataques NBQR é potencializado pela presença de autoridades na
AOp, incluindo Chefes de Estado estrangeiros.
3.9 Comando Logístico nos JO/PO Rio-201630
Por determinação do ComFFE, foi criado o Comando Logístico (CLog),
Organização por Tarefas encarregada de supervisionar o Apoio de Serviços ao Combate
(ApSvCmb) aos GptOpFuzNav e realizar o ApLog às tropas de Fuzileiros Navais empregadas
______________ 29
RFC do GptOpFuzNav que participou dos JO/PO Rio-2016. 30
RFC do Comando Logístico, ativado para os JO/PO Rio-2016.
RESERVADO 70
RESERVADO
nos JO/PO Rio-2016. Cabe ressaltar que o ApSvCmb à tropa, ou seja, o apoio direto prestado
sob as condições de combate, foi prestado pelos DASC de cada GptOpFuzNav. No entanto,
os DASC possuíam autonomia limitada e o CLog realizava o ApLog de retaguarda, a fim de
manter a capacidade de apoio dos DASC. Isso foi importante para manter a capacidade de
combate da tropa desdobrada e centralizar as tarefas relacionadas ao ApLog, permitindo que
os GptOpFuzNav se dedicassem ao cumprimento de suas tarefas.
Foram realizados o reconhecimento e a avaliação das estruturas civis e militares já
existentes, localizadas próximas aos Clusters31
COPACABANA e BARRA, para serem
utilizadas no ApLog. Isso possibilitou a utilização dos recursos locais existentes, reduzindo as
distâncias para o apoio logístico e facilitando os movimentos das viaturas.
A aquisição de gêneros alimentícios, confecção e distribuição das refeições,
controle de pessoal, coordenação do transporte nos arejamentos, abastecimento de água,
ressuprimento de combustíveis e graxas, substituição de equipamentos inoperantes,
ressuprimento de medicamentos, evacuação de feridos para o Hospital de Retaguarda,
ressuprimento de materiais de limpeza e monitoramento dos estoques das Bases Avançadas
foram as principais tarefas executadas pelo CLog.
Como exemplo da ação do CLog, foi realizado fornecimento de água pelo Arsenal
de Marinha e realizada parceria com a CEDAE, possibilitando reduzir o custo e o tempo de
abastecimento de água, o gasto de combustível e o desgaste das Viaturas Pipas.
Outra atividade realizada foi a comparação de dados com os Comandos de Defesa
Setoriais (CDS), em especial quanto à quantidade de militares envolvidos na Operação. Isso
permitiu verificar falhas no controle e evitar desperdícios no municiamento.
Foram coletados dados estatísticos diários, tais como quantidade de militares
baixados, medicamentos utilizados, manutenções realizadas, refeições confeccionadas, dentre
______________ 31
Cluster é uma região onde existem Venues geograficamente próximas, mas que não compartilham do mesmo perímetro de segurança. Podem ter áreas em comum, nas quais poderão ser sentidos os reflexos de uma determinada operação que pode afetar a realização de algum evento nessas Venues. As instalações ou locais de eventos utilizados para competição, não competição, suporte ou treinamento são denominados de Venues. (Plano de Operação dos JO/PO Rio-2016 do Com1
oDN - 2015 - Reservado).
RESERVADO 71
RESERVADO
outros. Foram estabelecidos indicadores de níveis de estoque nas BAvç, de pessoal baixado e
de disponibilidade de viaturas. A combinação dos dados estatísticos e dos indicadores
permitiu a realização do ApLog sem a necessidade de solicitação pelo DASC apoiado.
Foram recebidos os relatórios de inteligência gerados pelos CDS COPACABANA
e BARRA, contendo a situação prevista para as ruas da cidade, manifestações, bloqueios,
interdições, comboios de atletas e autoridades, bem como a previsão meteorológica. Essa
interação facilitou sobremaneira a realização do apoio logístico, sendo os dados recebidos
analisados e divulgados para as unidades subordinadas ao CLog.
Diariamente, era recebida a matriz de sincronização da movimentação de viaturas,
confeccionada pelos CDS COPACABANA e BARRA, permitindo o acompanhamento das
saídas de viaturas e do consumo de combustível. Desta forma, o ressuprimento era realizado
automaticamente, sem necessidade de solicitação pelos DASC.
Foi utilizado o sistema de controle de viaturas e comboios, do Comando da Tropa
de Reforço, denominado Rota Exata. Além de contribuir para a segurança, o monitoramento
dos movimentos permitiu verificar atrasos no apoio logístico.
Ao término da Operação, o CLog coordenou e apoiou a desmobilização das Bases
Avançadas, realizada pelos DASC. Isso permitiu uma desmobilização ordenada e facilitou o
controle e a devolução de todo o material empregado.
3.10 Operação Capixaba32
As tarefas do GptOpFuzNav eram realizar segurança na sede da Prefeitura do
Município de Serra, corredores bancários, escolas, hospitais e garantir a livre circulação dos
transportes públicos. Essas tarefas validam a necessidade de alguns dos conceitos
apresentados neste trabalho, incluindo o controle de tráfego.
______________ 32
RFC do GptOpFuzNav que participou da Operação Capixaba, em 2014, no Estado do Espírito Santo.
RESERVADO 72
RESERVADO
Para a execução das tarefas listadas acima, o GptOpFuzNav realizou patrulhas a
pé, motorizadas e mecanizadas em toda a AOp, além de estabelecer Postos de Segurança
Estáticos nos Terminais Rodoviários de CARAPINA, LARANJEIRAS e JACARAÍPE,
considerados Pontos Sensíveis. Esses procedimentos validam vários dos conceitos
apresentados no Capítulo 2 deste trabalho.
O transporte público foi identificado como prioritário, pois a cidade de Vitória e o
seu entorno estavam paralisados sem este serviço essencial. Esse estudo, realizado pelo EM
do GptOpFuzNav, demonstra a complexidade das OpGLO e complementa o que foi
apresentado no Capítulo 2 sobre os serviços essenciais.
Foi percebida a necessidade de adestrar procedimentos de abordagem a pessoas e
uso da arma menos letal de choque elétrico (Taser). Esses adestramentos devem fazer parte da
preparação específica da tropa e validam os conceitos apresentados no item 2.9 deste trabalho.
A existência de um oficial de ligação no Comando da Operação proporcionou
rapidez na disseminação de informações, permitiu o acompanhamento da situação corrente e
possibilitou o assessoramento quanto ao emprego do GptOpFuzNav. Isso também ocorreu na
Operação São Francisco, demonstrando ser um procedimento válido.
Foram utilizados indicadores para verificar a efetividade das ações, tais como
número de saques ao comércio, viaturas policiais operando, homicídios, roubos de veículos,
assaltos e ônibus circulando. A análise desses indicadores, por meio de gráficos, mostrou a
evolução da situação de segurança e a efetividade da Operação ao longo do tempo.
O GptOpFuzNav se ressentiu da falta de um médico em sua organização. Em
diversas ações o médico deveria ser posicionado em local intermediário, a bordo de uma Vtr
UTI, para que rapidamente pudesse prestar apoio de saúde, caso necessário. Esta lição
aprendida reforça o que foi observado na Operação São Francisco e nos JO/PO Rio-2016,
demonstrando a importância do médico no GptOpFuzNav.
O ApLog não foi concentrado, tendo sido prestado pela Escola de Aprendizes de
RESERVADO 73
RESERVADO
Marinheiro do Espírito Santo e pelo ComFFE, o que dificultou sua realização. O Comandante
do GptOpFuzNav tinha que coordenar as tarefas logísticas com ambas as OM e algumas delas
não tinham um responsável definido. A centralização observada nos JO/PO Rio-2016 com a
criação do CLog, citada na Seção anterior, mostrou-se ideal para as OpGLO.
3.11 Questionários preenchidos por oficiais do CFN33
Foram distribuídos questionários, por e-mail, para trinta oficiais com experiência
em OpGLO, muitos deles como Comandantes e Chefes do Estado-Maior dos GptOpFuzNav
ou Comandantes dos CCT. As respostas foram analisadas e compiladas nos textos que serão
apresentados a seguir. Os conceitos e procedimentos coincidentes com os já apresentados
neste trabalho foram suprimidos, a fim de evitar repetições desnecessárias. O questionário
utilizado consta do Apêndice B a este trabalho.
3.11.1 Questionário do Capitão de Mar e Guerra (FN) Medeiros
Foi constatada a necessidade de confecção de uma Sequência de Ações de
Comando e Estado-Maior Abreviada (SACEM-A), específica para as OpGLO, que sirva
como ferramenta para o planejamento nos diversos níveis. Uma proposta de SACEM foi
criada pelo Comando da Tropa de Reforço e consta do Anexo C.
É importante o uso de celulares funcionais para a realização do sarqueamento34
,
sendo consultado o Sistema de Informação Policial e o Sistema Nacional de Informações de
Segurança Pública (SINESP Cidadão) para verificar veículos roubados e mandados de prisão.
______________ 33
Questionários preenchidos por oficiais do CFN com experiência em OpGLO, incluindo experiência nos cargos de Comandante, Chefe do Estado-Maior e Comandante do CCT dos GptOpFuzNav.
34 Procedimento para averiguação da existência de mandado judicial contra pessoas sob suspeição, por meio de
consulta ao Sistema de Arquivo (SARQ) da Polinter. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2018/02/23/militares-e-policias-destroem-barricadas-e-apreendem-armas-em-comunidades-do-rio.htm>. Acesso em: 21 jun. 2018.
RESERVADO 74
RESERVADO
3.11.2 Questionário do Capitão de Mar e Guerra (FN) Valentini
O Processo de Planejamento Militar (PPM) não contempla as OpGLO, pois não
existe uma força oponente bem definida, necessitando de adaptações.
Como Comandante, percebi que as linhas de ação eram levantadas em função da exequibilidade (meios disponíveis) e aceitabilidade (capacidade de permanência da tropa no terreno x rodízio nas posições). Não era possível avaliar se as PBlq apresentadas realmente eram “adequadas” a eventuais investidas dos APOP. Nesse sentido, o PPM deve ser adaptado, uma vez que não existe um “problema militar” a ser resolvido.
Para manter o sigilo, os telefones celulares dos militares foram recolhidos doze
horas antes do início da Operação. Esse procedimento foi adotado após uma denúncia,
veiculada na imprensa, sobre o vazamento de uma OpGLO que envolveu um soldado do EB e
complementa o que foi apresentado na seção 3.1 sobre a proibição de celulares particulares.
Uma dificuldade nas OpGLO foi o processamento de APOP detidos. Não havia
meios dedicados para essa tarefa, o que obrigava que parcela da tropa fosse enviada para a
DPJM, ficando fora de combate durante o tempo de processamento do detido. A utilização de
militares do DASC nesse processamento, citada na seção 3.7, reduz essa dificuldade.
Foi percebida a necessidade de monitoramento da chegada de material ilícito
(armas e drogas) na AOp, visando coibi-la. Isso complementa o que foi apresentado na Seção
3.7 sobre Centro de Gravidade e Vulnerabilidade Crítica.
As diversas Lições Aprendidas discriminadas neste Capítulo, somadas aos
conceitos e procedimentos apresentados no Capítulo 2, servirão de base para a confecção da
minuta de manual citada no Capítulo 1, materializando o objetivo deste trabalho. Conforme
dito anteriormente, essa minuta de manual consta do Apêndice A desta Tese.
O próximo capítulo versará sobre os meios adequados para as OpGLO. Diversas
sugestões de equipamentos e meios apropriados para as OpGLO foram retiradas dos manuais
analisados no Capítulo 2, bem como dos Relatórios de Fim de Comissão e das respostas aos
questionários utilizadas no Capítulo 3.
RESERVADO 75
RESERVADO
4 ADEQUABILIDADE DOS MEIOS EMPREGADOS EM GLO
O Ambiente Urbano e as características das OpGLO, apresentados nos Capítulos
2 e 3, implicam na necessidade de utilização de equipamentos e meios específicos que
possibilitem um melhor desempenho da tropa. Diante disso, diversas sugestões serão
examinadas neste capítulo, visando contribuir para a adaptação do material existente no CFN
e para o planejamento das futuras aquisições.
4.1 Uniformes
Os uniformes camuflados devem possuir bolsos na região dos braços e na lateral
da panturrilha. Além disso, deve ser estudada a confecção de bolsos e bolsas adaptáveis ao
colete. Essas sugestões constam do RFC do 1º Contingente da Maré. Por se tratar de
Ambiente Urbano, o militar, ao aferrar, encontra um terreno rígido (cimento ou asfalto) e
qualquer material colocado junto ao peito atrapalha sua movimentação e o quadro de pontaria.
A existência dos bolsos sugeridos minimizaria os problemas citados.
É ideal a utilização de camuflado mais claro, na tonalidade cinza ou marrom clara,
visando facilitar a ocultação dos militares no Ambiente Urbano. A utilização do camuflado
verde escuro, próprio para o Ambiente de Selva, não é a mais indicada para as OpGLO. Essa
ideia surgiu no 4º Contingente da Maré, visando contribuir para a segurança da tropa pela
melhor camuflagem do combatente no Ambiente Operacional. É necessário realizar estudos,
como o do USMC35
, a fim de desenvolver uma camuflagem específica para esse tipo de
ambiente, que servirá também para as OMAU, citadas no Capítulo 2.
______________ 35
Foi estudado e adotado um novo uniforme de combate. As melhorias incluem camuflagem para bosques, desertos e terrenos urbanos com um padrão digital (Marine Pattern - MARPAT), inserções de almofada de joelho e cotovelos integradas, bolsos nas mangas, punhos de manga redesenhados e bolsos elásticos de carga. Disponível em: <https://www.marines.mil/News/Messages/Messages-Display/Article/887056/combat-utility-uniform-and-boot-guidance/>. Acesso em: 12 jun. 2018 (Tradução nossa).
RESERVADO 76
RESERVADO
4.2 Equipamentos Especiais
Soldados precisam de equipamentos especiais para executar tarefas táticas de
forma eficaz. Em Ambiente Urbano, esses equipamentos devem incluir óculos de proteção
balística, escadas para subir em paredes e lajes, joelheiras e cotoveleiras, equipamentos para
arrombar portas, ganchos e marretas. (USA, 2017, tradução nossa). São apresentados ainda
equipamentos especiais para as atividades de polícia, tais como coletes balísticos, detectores
de metal, fones de ouvido com microfone acoplado para os rádios e espelhos táticos. (USA,
2015, tradução nossa). Vários desses equipamentos já foram utilizados com êxito nas OpGLO
realizadas pelo CFN, demonstrando sua validade.
No RFC do 1º Contingente da Maré foi registrada a necessidade dos óculos de
proteção, pois durante a Operação foram detidos APOP com estilingues e bolas de gude, além
de terem sido registrados casos de arremesso de pedras e tiros contra a tropa.
Ainda nesse RFC, foi exposto que, nas Patrulhas, ao menos um militar portava
câmera GoPro acoplada ao capacete, a fim de filmar as ações na AOp. Esse procedimento é
essencial, como visto nos Capítulos 2 e 3. Foi sugerido o uso de filmadoras de alta definição
com capacidade de transmissão das imagens para o PC do GptOpFuzNav.
Foi observado também, no 1º Contingente, que o emprego de equipamentos de
visão termal e de visão noturna em He e ARP melhora a consciência situacional, desde que as
imagens obtidas sejam transmitidas para a tropa em tempo real. Esse procedimento também
contribui para a atividade de inteligência e para o direcionamento dos esforços na AOp.
No 4º Contingente da Maré foi percebida a necessidade de lunetas especiais para
os Atiradores de Precisão, com filmagem integrada, a fim de fotografar e filmar os APOP em
atividades ilícitas. O uso dessa luneta pelo observador da dupla contribui para resguardar a
tropa de questionamentos jurídicos e para a coleta de subsídios visando a solicitação de
mandados de prisão contra pessoas praticando ilícitos.
RESERVADO 77
RESERVADO
4.3 Armamento e munição
O emprego de armamentos compactos, como o Fuzil M-16 M4 de coronha retrátil,
melhora a ergonomia do militar e aumenta a mobilidade em viaturas e locais estreitos. Além
disso, a redução do alcance máximo, derivada do cano menor, reduz a possibilidade de danos
colaterais. Essa sugestão consta dos RFC do 1o Contingente da Maré e da Operação Capixaba
e deve ser adotada pelo CFN como um procedimento padrão nas OpGLO.
Foram substituídas as metralhadoras calibre 7.62mm das VtrBld Piranha pela
metralhadora calibre 5.56mm, visando reduzir a possibilidade de danos colaterais. Essa
substituição foi realizada no 1o Contingente da Maré e permaneceu por toda a Operação.
Com relação aos acessórios para os Fuzis, diversas sugestões foram apresentadas.
O EB sugeriu que todos os Fuzis deveriam possuir miras holográficas para aumentar a rapidez
e a eficiência dos disparos e reduzir a possibilidade de danos colaterais, sendo necessária a
calibragem da mira (BRASIL, 2016a). O 4o
Contingente da Maré utilizou miras telescópicas
para o Fuzil M-16, com uma dotação de um equipamento para cada GC, a fim de aumentar a
eficiência dos disparos. O 1o Contingente da Maré sugeriu o uso de designadores laser e miras
holográficas, que permitem maior precisão e rapidez no tiro. Percebe-se uma confluência
dessas sugestões, demonstrando sua importância.
Um equipamento que condensa as sugestões acima é a mira 3 em 1, que integra a
mira telescópica, a mira holográfica com ponto luminoso e o designador laser. Esse
equipamento, sugerido pelo 4o
Contingente da Maré, poderia ser fornecido aos Atiradores de
Precisão e aos melhores atiradores dos GC. Para os demais militares, a mira 2 em 1, que
integra mira holográfica e designador laser, seria ideal, tornando mais eficiente o armamento.
O uso do punho vertical para o Fuzil M-16 (Vertical Grip) e da bandoleira de três
pontos, que consta do RFC do 1o Contingente da Maré, permite rapidez no enquadramento
para o tiro e aumento da precisão, contribuindo para a redução do dano colateral.
RESERVADO 78
RESERVADO
4.4 Armamento e Munição menos Letal
O manual do EB sobre Tecnologia menos Letal (BRASIL, 2017b) apresenta
definições de armamentos e munições menos letais, que serão citadas abaixo.
Armas menos letais são projetadas para incapacitar as pessoas, sem causar mortes
ou ferimentos permanentes, danos às instalações e problemas ao meio ambiente.
Armas de Fogo são as movidas por queima de propelentes para atirar projéteis. As
armas de fogo menos letais são os lançadores de granada e a espingarda calibre 12.
Armas Brancas são todos os materiais que podem ferir ou matar pessoas e que não
se enquadram como armas de fogo. As armas brancas menos letais mais empregadas são o
bastão tonfa, o cassetete e o bastão retrátil.
Armas Especiais não são enquadradas nas categorias anteriores. São os lançadores
movidos a gás, as armas de energia dirigida (luz, micro-ondas e som), os espargidores de
pimenta e as armas de energia conduzida (choque e incapacitação neuromuscular temporária).
Munição menos letal é projetada para incapacitar temporariamente as pessoas,
sem causar mortes ou ferimentos permanentes, danos às instalações e problemas ao meio
ambiente. Os calibres são o Gáugio 12, o 37/38 mm e o 40 mm, mais utilizados em armas de
fogo, e o calibre 0.68 polegadas, mais utilizado em armas com propulsão a gás.
As munições menos letais possuem Impacto Controlado. São classificadas em
Jato Direto (lacrimogêneo), Projéteis Rígidos (elastômero) e Projéteis Deformáveis.
As granadas são artefatos bélicos de uso restrito, com peso inferior a 1 kg. As
granadas menos letais são classificadas em fumígenas, explosivas (efeito moral) e mistas.
Todas essas definições e exemplos de armas e munições menos letais devem ser
objeto de estudo e treinamento pela tropa na fase de preparação para as OpGLO, visando
ambientá-la ao uso desse tipo de tecnologia.
O RFC do 1º Contingente da Maré sugere uma dotação padronizada de
RESERVADO 79
RESERVADO
armamento não letal para as patrulhas nível GC. Essa padronização permitiria a redução de
danos colaterais e o desengajamento frente a uma turba. Com base no armamento e munição
menos letal disponível, o EM do GptOpFuzNav deve planejar uma dotação básica desse tipo
de material, para que a tropa possa se adestrar e cumprir de forma adequada suas tarefas.
A necessidade de munição subsônica para os Atiradores de Precisão foi citada em
mais de um RFC dos Contingentes da Maré, visando manter o sigilo do posicionamento
daqueles atiradores por ocasião da realização de disparos.
4.5 Meios de Comunicação
Foi utilizado notebook, na viatura (Vtr) do comandante da patrulha, conectado às
câmeras portáteis dos militares, permitindo o acompanhamento dos deslocamentos em tempo
real (BRASIL, 2016a). Caso instalado em VtrBld, permitiria sua utilização em áreas de risco.
Foi verificada a necessidade de equipamentos rádio com canais comuns para as
três FA. Isso facilitará a coordenação entre efetivos de Forças diferentes que necessitem
operar em áreas adjacentes. Essa necessidade, citada no RFC do 1o Contingente da Maré, é de
vital importância, como visto anteriormente. O rádio SEPURA possibilita essa coordenação,
porém tem a desvantagem de ser um rádio civil, não possuindo criptografia das frequências e
demais recursos para evitar a interceptação das comunicações por APOP.
A necessidade de aquisição de um sistema de C2 Tático para a coordenação de
ações complexas na AOp, como as Ações Diretas dos ElmOpEsp, consta do RFC do 1º
Contingente da Maré e reforça o que foi apresentado sobre o Sistema Pacificador do EB.
Ainda nesse RFC, foi comentado que a capacidade de localização eletrônica dos
meios de GE traria benefícios para as ações do GptOpFuzNav. O conhecimento da posição
dos APOP permitiria a obtenção de mandados de busca ou a efetivação de ações táticas. É
necessário um sistema adequado de GE para as OpGLO, visando apoiar as ações da tropa.
RESERVADO 80
RESERVADO
Foi percebido também, nesse RFC, que o uso do equipamento-rádio Motorola EP-
450, e de seu similar KENWOOD, se mostrou inseguro, pois os APOP possuíam meios que
interceptavam suas transmissões. Isso foi verificado com a apreensão de um equipamento-
rádio GP-78, que realiza a varredura da faixa de frequência utilizada pelos rádios citados.
No RFC dos JO/PO Rio-2016 foi sugerida a aquisição de um Sistema de C2
adequado ao Ambiente Urbano, com rádios militarizados e troncalizados36
. Isso permitirá um
Comando e Controle adequado, sobrepujando as dificuldades impostas pelo ambiente.
Ainda nesse RFC, foi comentada a aquisição de smartphones, usados como meio
alternativo para as comunicações, para o envio de imagens em tempo real e, principalmente,
para a utilização no Sistema Pacificador. Para isso, os aparelhos contavam um pacote de
dados de internet. Além disso, eles podem ser utilizados para o sarqueamento, conforme
comentado pelo CMG FN Medeiros em suas respostas ao questionário do Apêndice A.
No RFC da Operação Capixaba foi citada a importância do GptOpFuzNav possuir
equipamentos de comunicações terra-avião (Portable Radio Communication PRC-710
multibanda), independente de haver aeronaves adjudicadas. Isso facilita operações
helitransportadas37
com outras Forças e a Evacuação Aeromédica (EVAM) por helicóptero
(He). Esse conceito reforça a importância de rádios compatíveis para as três Forças.
A necessidade de um sistema de monitoramento das patrulhas a pé foi percebida
pelo 4º Contingente da Maré, sendo ideal para aumentar a segurança e evitar o fratricídio. O
uso do Sistema Rota Certa se mostrou inadequado, sendo necessário um sistema específico.
A utilização de um equipamento portátil para verificação biométrica (impressão
digital) ligado a um banco de dados (a ser criado), sugerida pelo CMG FN Medeiros,
possibilitaria a identificação de APOP com maior rapidez e confiabilidade.
______________ 36
O sistema de rádio troncalizado estabelece identidades lógicas para grupos de usuários, a fim de compartilhar informações entre eles. No sistema de rádio não troncalizado é utilizada uma frequência dedicada. Disponível em: <http://transportes.ime.eb.br/etfc/monografias/MON002.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2018.
37 Operações realizadas utilizando-se helicópteros para capturar posições críticas no terreno, isolar bolsão de
resistência inimiga, conduzir ligação com outras forças e realizar incursões. (BRASIL, 2008a).
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RESERVADO
4.6 Viaturas
No manual do US Army sobre Operações Policiais são apresentadas características
de viaturas apropriadas para essas Operações (USA, 2015a, tradução nossa). Foram
selecionadas as principais características, que serão apresentadas abaixo:
– Os veículos utilizados para o controle de tráfego são sedãs especialmente
equipados, que deverão ter, no mínimo, sistemas de iluminação de emergência, equipamentos
de detecção de velocidade e equipamentos de comunicação. O CFN não possui viaturas com
essas características, utilizando viaturas operativas (VtrOp) para suprir essa deficiência. No
entanto, o custo de obtenção das viaturas operativas é maior, a manutenção é mais cara e o
desgaste superior, pois não são específicas para o Ambiente Urbano.
– Nesse contexto, o manual prevê que devem ser utilizados veículos próprios para
patrulha urbana, diferentes das viaturas militarizadas, que não possuem sirene e giroflex, são
impróprias para perseguição e não possuem blindagem.
– São previstas também motocicletas para patrulha e controle de trânsito,
equipadas com luzes de emergência, sirene, transceptor de rádio móvel e sistema de
monitoramento.
– Veículos militares especiais são usados no transporte dos cães de guerra para
patrulhamento de rotina, treinamento, viagens e Operações. Esses veículos devem ser
equipados como um veículo de patrulha, além de equipamentos especiais para apoiar o cão.
– São previstos ainda veículos de resposta tática, para responder a situações de
alto risco. Devido à possibilidade de disparos de armas de fogo ou outras condições perigosas,
esse tipo de veículo deve ser blindado. O CFN possui a VtrBld Piranha, no entanto seria ideal
a aquisição de uma viatura blindada leve para essa finalidade, por sua versatilidade.
O manual do USMC prevê outros equipamentos para as viaturas em Ambiente
Urbano (USA, 2015b, tradução nossa). São eles microfones com caixas de som, console para
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RESERVADO
armamento, kit de primeiros socorros, desfibrilador externo automatizado e cones reflexivos.
Esses equipamentos podem ser utilizados pelo CFN nas OpGLO.
Reforçando o previsto no manual do US Army, o manual do USMC também prevê
a utilização de viaturas específicas, conforme mostrado no Anexo D.
Além de atender às particularidades do Ambiente Urbano, a utilização de viaturas
específicas resolveria o problema de partilha das viaturas operativas, citado por mais de um
oficial em suas respostas ao questionário do Apêndice B. Atualmente, por não haver viaturas
específicas, as viaturas operativas são divididas, sendo uma parte segregada para as operações
de GLO e o restante utilizado nos exercícios e adestramentos. Outro fator relevante é a
economicidade. O valor de obtenção e de manutenção de uma viatura operativa é muito
superior ao de uma viatura policial, reforçando a validade dessa última. Nos períodos sem
OpGLO, essas viaturas poderiam ser utilizadas nos serviços das OM, no patrulhamento
interno e externo realizado.
No RFC do 1o Contingente da Maré foi apresentada a sugestão de aquisição de
uma viatura configurada para C2, tipo caminhão baú, a exemplo da adquirida pelo EB. De
igual forma, nos questionários, diversos oficiais apresentaram essa sugestão. A utilização de
uma viatura adaptada para C2 permitiria o estabelecimento de um PC móvel, com recursos de
Comunicações e de Tecnologia da Informação (TI), sendo ideal para apoiar o Comandante do
GptOpFuzNav nas fases de Cerco e de Vasculhamento das OpGLO, bem como o Comandante
da Cena de Ação nas Operações Pontuais na AOp.
Esse RFC apresenta ainda a necessidade de instalação de corta-fio nas VtrOp.
Devido à possibilidade dos APOP utilizarem linhas, arames e fios contra a tropa, os militares
que estão em pé nas viaturas acabam ficando vulneráveis. Esse problema seria minimizado
com o uso de viaturas específicas, conforme citado acima, porém o corta-fio deve ser adotado
no caso de utilização das VtrOp nas OpGLO.
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RESERVADO
4.7 Instalações e Conforto
O aluguel de contêineres escritório, banheiro e paióis para armamento, munição e
material controlado, citado no RFC do 1o Contingente da Maré, contribuiu para a guarda
adequada de todo o material e facilitou o trabalho das Seções do Estado-Maior, além de
prover conforto à tropa. Esse material foi usado por todos os Contingentes da Maré e
demonstrou ser adequado para esse tipo de operação.
O aluguel de barracas climatizadas e a aquisição de beliches, balcões térmicos,
mesas, cadeiras, colchões e travesseiros, citado no RFC do 4o Contingente da Maré, também
contribuiu para melhorar as condições de conforto e elevar o moral da tropa.
O procedimento de aquisição e aluguel de material também foi observado nos
JO/PO Rio-2016, tendo obtido excelentes resultados em proporcionar um conforto adequado à
tropa e manter elevado o moral. Todo o material foi utilizado para montagem das Bases
Avançadas, sendo ideal como procedimento padrão para as OpGLO.
Pela variedade de armamentos, munições, equipamentos, viaturas e demais meios
específicos examinados neste Capítulo, fica evidente a necessidade de uma preocupação
especial na sua obtenção, bem como no adestramento da tropa para sua correta utilização.
Essas sugestões complementam os conhecimentos obtidos nos Capítulos 2 e 3 e constarão da
minuta de manual do Apêndice A.
Foram constatadas diversas dificuldades, atinentes à legislação, nos documentos
estudados no Capítulo 3, bem como na maioria das respostas dos oficias ao questionário do
Apêndice B. Fruto dessas constatações, será analisada a legislação relacionada às OpGLO,
verificando o embasamento legal e os aspectos jurídicos para o emprego da tropa.
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RESERVADO
5 ASPECTOS JURÍDICOS DAS OPERAÇÕES DE GLO
Neste capítulo, será analisado o embasamento legal para as OpGLO, bem como
os aspectos jurídicos específicos relativos a esse tipo de Operação.
5.1 Embasamento legal
De forma ampla, o amparo legal para as ações de garantia da lei e da ordem
advém do Art. 142 da Constituição da República Federativa do Brasil (CF), que prevê:
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. (CF, art. 142, p. 118)
No parágrafo 4o, Art. 15 da Lei Complementar 97/1999, alterado pela Lei
Complementar no 117/2004, está previsto que nas OpGLO serão ativados os órgãos
operacionais das Forças Armadas, que realizarão as ações de caráter preventivo e repressivo
necessárias. Ressalta-se o caráter repressivo, amparado por essa lei (BRASIL, 1999).
O Art. 3o do Decreto nº 3.897 prevê que caberá às FA, em OpGLO, desenvolver
as ações de polícia ostensiva, de natureza preventiva ou repressiva, da competência
constitucional e legal da PM (BRASIL, 2001a). Isso mostra a importância dos conceitos das
Operações Policiais, citados no Capítulo 2.
A Lei no 11.473 lista as atividades e serviços imprescindíveis à preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas, quais sejam o policiamento ostensivo; o
cumprimento de mandados de prisão e de alvarás de soltura; os serviços técnico-periciais; o
registro de ocorrências policiais; as atividades de segurança dos grandes eventos, as atividades
de inteligência de segurança pública; e a coordenação de ações e operações de segurança
pública (BRASIL, 2007). A tropa deve estar preparada para executar essas atividades e, para
tal, poderá utilizar os conceitos e procedimentos apresentados nos Capítulos 2 e 3.
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RESERVADO
5.2 Aspectos Jurídicos Específicos
O Art. 124 da Constituição prevê que compete à Justiça Militar processar e julgar
os crimes militares definidos em lei. Nesse sentido, a Lei no 13.491/2017 alterou o Art. 9º
do
Código Penal Militar (CPM). Agora, caso um militar pratique um crime durante uma OpGLO,
a competência do julgamento é da Justiça Militar da União e não mais da Justiça Federal
(BRASIL, 2017e). Essa alteração foi importante para resguardar as ações da tropa, já que o
julgamento será realizado por juízes acostumados com as atividades militares.
As definições de armas de uso permitido e restrito estão previstas no Art. 3º do
Decreto no 3.665, em seus incisos, conforme citado abaixo (BRASIL, 2000).
O inciso XVII define arma de uso permitido como a arma cuja utilização é
permitida a pessoas físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas
do Exército. Já o inciso XVIII define arma de uso restrito como a que só pode ser utilizada
pelas Forças Armadas e por pessoas físicas e jurídicas autorizadas pelo Exército.
Complementando as definições acima, o Art. 16 da mesma lei apresenta o que é
considerado como de uso restrito, contendo vinte e um incisos com a descrição das diversas
armas, munições, acessórios e meios, conforme apresentado no Anexo E. Todas essas
definições e descrições devem ser de conhecimento da tropa.
Com relação a explosivos, o Art. 253 do Código Penal prevê como crime fabricar,
fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho
explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação (BRASIL, 1940).
Além da legislação citada acima, algumas sugestões e procedimentos serão
apresentados abaixo, tendo sido retirados dos relatórios das OpGLO e da entrevista realizada
com o Desembargador Max Brito Repsol, do MPM.
No Compêndio de Lições Aprendidas do EB (BRASIL, 2016b) está previsto que,
mesmo sem um mandado judicial, a perseguição é um recurso que permite a captura de APOP
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RESERVADO
dentro de residências. Isso se baseia no Inciso XI, Art. 5o da CF, que prevê ser a casa um asilo
inviolável e veda a entrada sem autorização do morador, salvo em caso de flagrante delito.
O Compêndio cita também o Art. 262 do Código Penal (BRASIL, 1940), que
versa sobre expor um meio de transporte a perigo ou impedir ou dificultar seu funcionamento.
Esse artigo serve para coibir o uso de ARP e justificar a prisão dos operadores. Isso
complementa o conceito do Capítulo 3 sobre Regras de Engajamento contra ARP.
Ainda no Compêndio do EB é comentado sobre o posicionamento dos Atiradores
de Precisão. A legalidade da ocupação de pontos de interesse pode se basear no inciso XXV,
Art. 5º da CF, que prevê que no caso de iminente perigo público, poderá ser usada uma
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização posterior, se houver dano.
Finalizando o Compêndio, os relatórios das patrulhas devem conter a descrição
minuciosa do uso gradual da força, a fim de cumprir o contido na Lei no 12.527, que regula o
acesso a informações. O Art. 6o dessa Lei imputa aos órgãos do poder público a gestão da
informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação (BRASIL, 2011).
Um procedimento adotado pela FPac no 4o Contingente da Maré foi a abertura de
um IPM para toda a Força, após o primeiro disparo de APOP contra a tropa. Isso permitiu a
solicitação de mandados de busca e de apreensão pelo encarregado do IPM, seja para prisão
de APOP suspeitos, seja para procurar armas e drogas em locais utilizados por eles.
Também no 4o Contingente da Maré, algumas possibilidades foram levantadas,
após uma reunião do General Canhaci com membros do MPM, e serão apresentadas abaixo.
Foi autorizada a revista em mulheres pela tropa, em caso de suspeita de ilícitos e
de indisponibilidade de militares do sexo feminino, desde que a ação fosse filmada, visando
demonstrar que não houve malícia. Isso se baseia no Art. 244 do Código do Processo Penal
(BRASIL, 1941), que prevê que a busca pessoal independerá de mandado quando houver
fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de ilícitos, conjugado com o Art. 249 da
mesma lei, que prevê que a busca em mulher será feita por outra mulher, se isso não causar
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RESERVADO
retardamento ou prejuízo da diligência. A filmagem resguarda a tropa da acusação de abuso
de autoridade, definido na alínea b, Art. 4º da Lei no 4898 como submeter pessoa sob sua
guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei (BRASIL, 1965).
Outra possibilidade foi a ocupação, pela tropa, de lajes em propriedades privadas.
Isso contraria o Inciso XI, Art. 5o da CF, além de estar enquadrado no Art. 150 do Código
Penal como crime. No entanto, no caso de engajamento por fogos de APOP, bastava a tropa
dizer que o local estava sendo requisitado “em nome da segurança pública” e realizar a
entrada, mesmo sem autorização do proprietário. Isso se baseou no Art. 5º da CF, que prevê a
garantia da inviolabilidade do direito à vida, entendido como prioritário aos demais direitos
individuais. Esse entendimento foi corroborado pelo Desembargador Max Brito Repsol, do
MPM (informação verbal)38
. Ele afirmou que, além da ocupação das lajes, a entrada nas casas
também está amparada, pois essa situação caracteriza o Estado de Necessidade, previsto no
Art. 24 do Código Penal (BRASIL, 1940).
Em complemento ao citado acima, foi autorizada a ocupação de lajes de prédios,
bastando a autorização de apenas um dos moradores, cuja identidade era mantida em segredo,
ou do síndico. Isso se baseou no Art. 1.510-C do Código Civil (BRASIL, 2002), que prevê
serem partes que servem a todo o edifício, o telhado ou os terraços de cobertura. Esse
procedimento também foi ratificado pelo Desembargador Brito na mesma entrevista, onde ele
afirma que o síndico pode autorizar em qualquer situação e que, para lajes com acesso
liberado aos moradores, um deles pode autorizar o acesso da tropa, que seria considerada
convidada desse morador.
Outra orientação era que qualquer APOP armado com fuzil já estaria em atitude
ameaçadora, devendo ser engajado pela tropa. Isso se baseia na Lei no 10.826 (BRASIL,
2003), que prevê, em seu Art. 16, ser crime portar, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo de uso proibido ou restrito. A Lei nº 13497 (BRASIL, 2017f) alterou o Art. 1º
______________ 38
Observação realizada em entrevista concedida ao pesquisador em 12/07/2018, no MPM do Rio de Janeiro.
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RESERVADO
da Lei nº 8.072, incluindo o porte ilegal de arma de fogo de uso restrito como crime hediondo.
Esse procedimento também foi corroborado pelo Desembargador Brito Repsol. Ele afirmou
que, sob a ótica do direito, não existem áreas de domínio dos criminosos e que, portanto, não
é concebível a hipótese de um elemento estar armado para defender legalmente um território
dominado pelo crime. Sendo assim, o elemento armado é considerado uma ameaça à
população, devendo ser preso e ter o armamento apreendido.
Ainda no RFC do 4º Contingente da Maré consta que a tropa recebeu orientação
jurídica sumária, visando prepará-la para situações envolvendo manifestantes ou suborno.
Para isso, foi usado o Código Penal, em particular o Art. 147 que prevê o crime de ameaça, o
Art. 286 que prevê o de incitação ao crime, o Art. 329 que prevê o de resistência, o Art. 330
que prevê o da desobediência, o Art. 331 que prevê o de desacato e o Art. 333 que prevê o de
corrupção ativa (BRASIL, 1940).
Por fim, o Desembargador Repsol, em sua entrevista, fez duas recomendações
importantes a respeito dos procedimentos da tropa. A primeira é sobre o registro das
ocorrências. Todas as situações de entrada em instalações privadas, APOP armados, trocas de
tiro, dentre outras, devem ser lançadas em relatório assim que a patrulha retornar de seu turno,
com os fatos ainda recentes na mente dos militares, visando resguardar os próprios militares e
a Marinha. A segunda recomendação é a abertura de um Auto de Prisão em Flagrante ou Auto
de Resistência, quando da captura ou morte de um APOP. Isso visa resguardar a tropa e a
Marinha, além de impedir a soltura do elemento por falhas nos procedimentos pertinentes.
Diante dos conceitos apresentados, percebe-se a complexidade do assunto e a
necessidade de divulgação do embasamento jurídico, orientações, possibilidades e limitações
decorrentes, a fim de preparar a tropa de forma adequada para as OpGLO.
Todos os conceitos e procedimentos analisados neste capítulo se juntarão aos
conhecimentos obtidos nos Capítulos anteriores, visando compor a minuta de manual para as
OpGLO, que consta do Apêndice A.
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RESERVADO
6 CONCLUSÃO
A falta de uma doutrina específica para as OpGLO vem dificultado as ações de
preparo e emprego dos FN, reduzindo sua efetividade e expondo os militares a riscos físicos,
emocionais e jurídicos que poderiam ser minimizados.
Como visto no Capítulo 2, a utilização da doutrina de Operações contra Forças
Irregulares ou de OMAU não é adequada, pelas diferenças existentes entre esses tipos de
Operação e as OpGLO. É necessário um arcabouço doutrinário específico, visando orientar as
ações da tropa nessa atividade de emprego limitado da força.
Os conceitos e procedimentos apresentados no Capítulo 2, que constam dos
manuais analisados, em parte já foram utilizados pelos GptOpFuzNav e são aplicáveis às
OpGLO. Além disso, os conceitos novos, tais como as ações de interdição, estratégias de
policiamento, estratégias de patrulhamento e o gerenciamento do tráfego podem ser adaptados
e utilizados pelo CFN, conforme descrito naquele Capítulo.
De igual forma, as Lições Aprendidas apresentadas no Capítulo 3, retiradas dos
questionários respondidos por oficiais do CFN e dos RFC das OpGLO realizadas nas últimas
três décadas, são resultado do emprego real da tropa, sendo fundamental a utilização desse
aprendizado como doutrina. Os procedimentos apresentados, tais como a priorização do
patrulhamento, o uso do Trinômio, a realização de Operações Pontuais, o rodízio bimestral da
tropa e a centralização do ApLog, foram testados com sucesso em situações reais,
demonstrando serem pertinentes e válidos para a garantia da lei e da ordem.
Somando-se a isso, os equipamentos e meios específicos para as OpGLO,
apresentados no Capítulo 4, incluindo equipamentos individuais, armamentos e munições,
equipamentos de comunicação, sistemas de C2, ARP e viaturas especiais, são essenciais para
prover capacidade de combate adequada à tropa no Ambiente Urbano. Sua utilização
permitirá reduzir os danos colaterais e melhorar o desempenho do GptOpFuzNav no
cumprimento de sua missão.
RESERVADO 90
RESERVADO
Em complemento, o embasamento legal e os aspectos jurídicos específicos,
analisados no Capítulo 5, são fundamentais para um balizamento seguro das ações da tropa.
Diversas possibilidades foram apresentadas, dentre elas a ocupação de lajes, entrada em
residência durante as perseguições, inspeção em mulheres pela tropa e neutralização de ARP,
permitindo uma ação mais eficaz da tropa na AOp.
Todos os conhecimentos obtidos, resultantes das análises realizadas nos diversos
capítulos desta Tese, foram organizados por assuntos em uma minuta de manual, que consta
do Apêndice A. As sugestões de conceitos e procedimentos, contidas nessa minuta, visam
contribuir para a consolidação de uma doutrina específica para as OpGLO, que permita o
preparo e o emprego adequado da tropa nesse tipo de Operação.
91
REFERÊNCIAS
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doméstica e familiar contra a mulher. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 05 jul. 2018. _______. Lei n
o 11.473 de 10 de maio de 2007. Dispõe sobre cooperação federativa no
âmbito da segurança pública e revoga a lei no 10.277, de 10 de setembro de 2001. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11473.htm>. Acesso em: 18 jul. 2018. _______. Lei n
o 12.527 de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações no inciso
XXXIII do Art. 5o, no inciso II do § 3
o do Art. 37 e no § 2
o do Art. 216 da Constituição
Federal. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 19 jul. 2018. _______. Lei n
o 12.850 de 02 de agosto de 2013b. Define organização criminosa, dispõe
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm>. Acesso em: 02 jul. 2018. _______. Lei n
o 13.491 de 13 de outubro de 2017e. Altera o Decreto-Lei no 1.001, de 21 de
outubro de 1969 - Código Penal Militar. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13491.htm>. Acesso em: 16 jun. 2018.
94
_______. Lei no 13.497 de 26 de outubro de 2017f. Altera a Lei no 8.072, de 25 de julho de
1990, para incluir o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito no rol dos crimes hediondos. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13497.htm>. Acesso em: 18 jul. 2018. ______. Livro Branco de Defesa Nacional. Brasília: 2016d. ______. Ministério da Defesa. MD33-M-02: Abreviaturas, Siglas, Símbolos e Convenções Cartográficas das Forças Armadas. 2. ed. Brasília: 2001b. 370 p. _______. ______. MD33-M-10: Garantia da Lei e da Ordem. 2. ed. Brasília: 2014a. 64 p. _______. ______. MD35-G-01: Glossário das Forças Armadas. 5. ed. Brasília: 2015. 292 p. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 6. ed. rev. e atualiz. Curitiba: Positivo, 2004. 896 p. FRANÇA, Junia Lessa; VASCONCELLOS, Ana Cristina de. Normalização de Publicações Técnico-Científicas. 8. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: UFMG, 2009. 255 p. MINAS GERAIS. Polícia Militar de Minas Gerais. Caderno Doutrinário 2: Tática Policial, Abordagem a pessoas e Tratamento às Vítimas. Belo Horizonte: Academia da Polícia Militar, 2011a. 142 p. _______. Polícia Militar de Minas Gerais. Caderno Doutrinário 3: Blitz policial. Belo Horizonte: Academia da Polícia Militar, 2010. 72 p. _______. Polícia Militar de Minas Gerais. Caderno Doutrinário 4: Abordagem a veículos. Belo Horizonte: Academia da Polícia Militar, 2011b. 114 p. USA. Department of the Army. ATP 3-06: Urban Operations. Washington: Headquarters, 2017. 128 p. ______. ______. ATP 3-39.10: Police Operations. Washington: Headquarters, 2015a. 252 p. ______. ______. FM 3-24: Insurgencies and Countering Insurgencies. Washington: Headquarters, 2014. 202 p. ______. ______. FM 3-39: Military Police Operations. Washington: Headquarters, 2013. 172 p. ______. United States Marine Corps. MCO 5580.2B W/CH 2: Law Enforcement Manual. Washington: Headquarters, 2015b. 797 p. ______. ______. MCRP 12-10B.1: Military Operations on Urbanized Terrain. Washington: Headquarters, 2016a. 369 p.
______. ______. MCTP 10-10F: Military Police Operations. Washington: Headquarters, 2016b. 107 p.
RESERVADO 95
RESERVADO
CGCFN-2600 RESERVADO
MANUAL DE AÇÕES DE
FUZILEIROS NAVAIS NAS OPERAÇÕES
DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2018
APÊNDICE A
MINUTA DO MANUAL DE AÇÕES DE FUZILEIROS NAVAIS NAS OpGLO
RESERVADO CGCFN-2600
96
RESERVADO - I - ORIGINAL
MANUAL DE AÇÕES DE FUZILEIROS NAVAIS NAS OPERAÇÕES DE GLO
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2018
FINALIDADE: BÁSICA
1ª Edição
RESERVADO CGCFN-2600
97
RESERVADO - II - ORIGINAL
ATO DE APROVAÇÃO
APROVO, para emprego na MB, a publicação CGCFN-2600 - MANUAL DE
AÇÕES DE FUZILEIROS NAVAIS NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E
DA ORDEM.
RIO DE JANEIRO, RJ.
Em 13 de dezembro de 2018.
ALEXANDRE JOSÉ BARRETO DE MATTOS Almirante-de-Esquadra (FN)
Comandante-Geral
ASSINADO DIGITALMENTE
AUTENTICADO PELO ORC
RUBRICA
Em_____/_____/_____
CARIMBO
RESERVADO CGCFN-2600
98
RESERVADO ORIGINAL
ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de Rosto ......................................................................................................... I
Ato de Aprovação .................................................................................................... II
Índice ....................................................................................................................... III
Introdução ................................................................................................................ VI
CAPÍTULO 1 - CARATERÍSTICAS DO AMBIENTE OPERACIONAL
1.1 - Características do Ambiente Urbano............................................................... 1-1
1.2 - Influência do Ambiente nos níveis de condução das OpGLO ........................ 1-3
1.3 - Características do Crime Organizado .............................................................. 1-3
CAPÍTULO 2 – EMBASAMENTO JURÍDICO
2.1 - Arcabouço Legislativo Básico ........................................................................ 2-1
2.2 - Legislação Específica ...................................................................................... 2-1
2.3 - Procedimentos Baseados na Legislação .......................................................... 2-3
2.4 - Procedimentos Decorrentes ............................................................................. 2-8
CAPÍTULO 3 - UNIFORME, EQUIPAMENTOS E MEIOS
3.1 - Uniformes ........................................................................................................ 3-1
3.2 - Armamento e Munição .................................................................................... 3-1
3.3 - Armamento e Munição Menos Letal ............................................................... 3-2
3.4 - Equipamentos Especiais .................................................................................. 3-2
3.5 - Equipamentos de Comunicação ...................................................................... 3-3
3.6 - Viaturas Especiais ........................................................................................... 3-4
CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO
4.1 - Conceitos Básicos ........................................................................................... 4-1
4.2 - Ações e Tarefas nas Operações de GLO ......................................................... 4-2
4.3 - Características das Operações de GLO ........................................................... 4-3
4.4 - Princípios das Operações de GLO .................................................................. 4-4
4.5 - Estratégias de Combate ao Crime ................................................................... 4-5
4.6 - Normas de Conduta e Regras de Engajamento ............................................... 4-6
4.7 - Indicadores de Desempenho............................................................................ 4-7
4.8 - Adaptações do Processo de Planejamento Militar .......................................... 4-7
4.9 - Sequência das Ações de Comando e Estado-Maior ........................................ 4-11
CAPÍTULO 5 - FASES DAS OPERAÇÕES DE GLO
5.1 - Introdução........................................................................................................ 5-1
5.2 - Fase de Preparação .......................................................................................... 5-1
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RESERVADO CGCFN-2600
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RESERVADO ORIGINAL
5.3 - Fase do Cerco e Interdição .............................................................................. 5-2
5.4 - Fase do Vasculhamento ................................................................................... 5-3
5.5 - Fase da Manutenção da AOp .......................................................................... 5-4
5.6 - Fase de Desmobilização .................................................................................. 5-5
CAPÍTULO 6 - PATRULHAS DE GLO
6.1 - Generalidades .................................................................................................. 6-1
6.2 - Tipos de Patrulha ............................................................................................. 6-1
6.3 - Estratégias de Patrulhamento .......................................................................... 6-3
6.4 - Trinômio de Patrulhamento ............................................................................. 6-4
6.5 - Quadrinômio de Patrulhamento ...................................................................... 6-6
6.6 - Procedimentos no Patrulhamento .................................................................... 6-6
6.7 - Abordagem a Pessoas e Veículos .................................................................... 6-11
6.8 - Perseguição...................................................................................................... 6-18
6.9 - Transporte de Presos ....................................................................................... 6-28
CAPÍTULO 7 – OPERAÇÕES PONTUAIS
7.1 - Generalidades .................................................................................................. 7-1
7.2 - Cerco e Vasculhamento ................................................................................... 7-1
7.3 - Cerco e Inspeção ............................................................................................. 7-3
7.4 - Martelo e Bigorna............................................................................................ 7-5
7.5 - Operação Padrão ............................................................................................. 7-5
7.6 - ACISO ............................................................................................................. 7-6
7.7 - Interdição de Áreas e Instalações .................................................................... 7-7
7.8 - Remoção de Barreiras ..................................................................................... 7-8
CAPÍTULO 8 – CONTROLE DE TRÁFEGO
8.1 - Generalidades .................................................................................................. 8-1
8.2 - Gerenciamento do Tráfego .............................................................................. 8-1
8.3 - Medidas de Controle do Tráfego ..................................................................... 8-1
8.4 - Controle do Tráfego em Eventos Especiais .................................................... 8-8
8.5 - Medidas de Fiscalização de Tráfego ............................................................... 8-9
8.6 - Acidentes de Trânsito ...................................................................................... 8-12
CAPÍTULO 9 - CAPACIDADES ESPECIAIS
9.1 - Generalidades .................................................................................................. 9-1
9.2 - Comando e Controle........................................................................................ 9-1
9.3 - Atiradores de Precisão ..................................................................................... 9-2
9.4 - Equipe de Reação Especial ............................................................................. 9-2
- IV -
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9.5 - Revista Feminina ............................................................................................. 9-3
9.6 - Equipe de Negociação ..................................................................................... 9-3
9.7 - Equipe de Cães de Guerra ............................................................................... 9-3
9.8 - Equipe de ARP ................................................................................................ 9-4
9.9 - Pelotão de Controle de Distúrbios Civis ......................................................... 9-4
9.10 - Segurança Marítima ...................................................................................... 9-5
9.11 - Inteligência e Contrainteligência ................................................................... 9-5
9.12 - Operações Psicológicas ................................................................................. 9-9
9.13 - Comunicação Social ...................................................................................... 9-10
9.14 - Equipe de Assessoria Jurídica ....................................................................... 9-11
CAPÍTULO 10 - APOIO AO COMBATE
10.1 - Generalidades ................................................................................................ 10-1
10.2 - Controle Aerotático ....................................................................................... 10-1
10.3 - Apoio Aéreo .................................................................................................. 10-1
10.4 - Defesa Antiaérea ........................................................................................... 10-2
10.5 - Engenharia ..................................................................................................... 10-3
10.6 - Blindados ....................................................................................................... 10-3
10.7 - Defesa NBQR ................................................................................................ 10-4
10.8 - Reconhecimento e Vigilância........................................................................ 10-4
10.9 - Comunicações ............................................................................................... 10-5
10.10 - Guerra Eletrônica ........................................................................................ 10-5
10.11 - Guerra Cibernética ...................................................................................... 10-6
CAPÍTULO 11 - APOIO DE SERVIÇOS AO COMBATE
11.1 - Introdução...................................................................................................... 11-1
11.2 - Funções Logísticas ........................................................................................ 11-1
11.3 - Apoio ao Desembarque ................................................................................. 11-11
11.4 - Assuntos Civis ............................................................................................... 11-11
11.5 - Apoio Logístico de Retaguarda ..................................................................... 11-12
ANEXO A - Meios de Uso Restrito ................................................................................. A-1
ANEXO B - SACEM nas OpGLO ................................................................................... B-1
ANEXO C - Posto de Controle de Trânsito ..................................................................... C-1
- V -
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INTRODUÇÃO 1 - PROPÓSITO
As Operações de Garantia da Lei e da Ordem (OpGLO) ganharam destaque com a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-92),
sendo uma realidade cada vez mais presente em nosso cotidiano.
Esta publicação tem como propósito definir as ações dos GptOpFuzNav durante as
OpGLO. Serão apresentados o embasamento jurídico, a influência do Ambiente Urbano,
as ações táticas específicas dos GptOpFuzNav e os meios adequados para a Operação.
Cabe ressaltar que foi considerada apenas a realização das OpGLO em Ambiente Urbano,
já que sua realização em Ambiente Rural é menos comum e mais simples.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em onze capítulos, nos quais são abordados, em sequência,
as características do Ambiente Operacional, o Embasamento Jurídico, uniformes e
equipamentos específicos, considerações para o Planejamento, Fases das OpGLO,
Patrulhas nessas Operações, Operações Pontuais, Controle de Tráfego, Capacidades
Especiais, o Apoio ao Combate e o Apoio de Serviços ao Combate.
Seu emprego objetiva tanto a instrução e o adestramento quanto orientar o efetivo
emprego de Fuzileiros Navais.
3 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações da
Marinha - como: Publicação da Marinha do Brasil (PMB), não controlada, reservada,
básica e manual.
- VI -
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CAPÍTULO 1
CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE OPERACIONAL
1.1 – Características do Ambiente Urbano
Embora as Áreas Urbanas possuam características semelhantes, não existem duas áreas
idênticas. Elas variam em termos de densidade populacional, tipos de construções,
arruamentos e muitos outros fatores. A variedade dinâmica de características naturais e
artificiais dessas áreas se constitui em um desafio a ser superado em cada situação.
As Áreas Urbanas geralmente reduzem a vantagem da superioridade bélica e
tecnológica. Operações nesse ambiente, normalmente, demandam grandes quantidades
de pessoal, longo tempo de permanência e ações descentralizadas. Além disso, o risco
de baixas civis, denominadas danos colaterais, obrigam os comandantes a proteger a
população e minimizar os danos à infraestrutura. Um agravante nas OpGLO é o fato da
população ser da mesma nacionalidade que as tropas empregadas, dificultando ainda
mais as ações táticas. Diante disso, o nível de violência das missões de Combate é
substituído por uma filosofia de emprego que privilegia as Atividades Policiais.
Entender o Ambiente Urbano significa compreender sua natureza multidimensional.
Edifícios, ruas e outras infraestruturas possuem padrões, formas e tamanhos variados, se
entrelaçando e dificultando uma padronização. No entanto, esses vários fatores
contribuem para a compreensão da complexidade desse ambiente. As Áreas Urbanas
apresentam uma mistura extraordinária de formas horizontais, verticais, interiores,
exteriores e subterrâneas associadas ao relevo natural, sistema de drenagem e vegetação.
Os comandantes devem considerar as atividades que ocorrem em edifícios e sistemas
subterrâneos (o espaço interno), além do que ocorre no espaço externo. Esse volume
interno também desafia as atividades de comando, controle e coleta de informações e
aumenta o poder de combate exigido para conduzir as operações.
Desta forma, em outros ambientes os Comandantes pensam sua AOp em termos de
espaço aéreo e superfície. Em um Ambiente Urbano eles ampliam esse escopo para
incluir níveis acima da superfície (janelas, varandas, telhados, lajes, etc.) e abaixo dela
(instalações subterrâneas, túneis, instalações de esgoto, etc.), conforme mostrado na
figura abaixo. Embora espacialmente separados, cada nível pode ser usado como uma
via de acesso ou corredor de mobilidade, linha de comunicação ou área de engajamento.
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Nível Marítimo - oferece oportunidades para abordar ameaças e estabelecer linhas de
comunicação marítimas. A utilização de rios, lagos, mares e demais espelhos d’água é
uma possibilidade que não pode ser descartada, tanto para ações táticas como logísticas.
Além disso, esse nível pode conter as linhas de comunicação utilizadas por APOP para
o contrabando de armas e drogas.
Nível Aéreo - vias rápidas de aproximação em Áreas Urbanas. Os meios aéreos são
usados para observação e reconhecimento, ataque aéreo, transporte de tropa e ApLog.
Nível da Superfície - inclui estacionamentos, aeródromos, rodovias, ruas, calçadas,
campos e parques. Essas áreas fornecem as principais vias de acesso para um rápido
avanço da tropa. As edificações e outras estruturas canalizam as forças. Um padrão de
ruas irregulares ou sinuosas, como um labirinto, aumenta a possibilidade de fratricídio.
Nível dos Prédios - inclui os pisos internos de prédios e telhados externos ou partes
superiores de edifícios, estádios, torres ou outras estruturas verticais. Essas áreas
fornecem cobertura e ocultação, limitam a observação e os campos de tiro e restringem,
canalizam ou bloqueiam o movimento, principalmente de forças mecanizadas.
Nível Subterrâneo - inclui metrôs, túneis, esgotos, sistemas de drenagem e outros
sistemas subterrâneos. Essas áreas são usadas para obter surpresa, manobrar contra os
flancos de um inimigo ou realizar emboscadas.
O ambiente urbano degrada os sistemas de comunicações, pela variedade de estruturas,
materiais, densidades e configurações das edificações. Muitos sensores não conseguem
penetrar nas instalações e a massa dos edifícios também neutraliza as assinaturas
eletrônicas. Edifícios altos protegem o movimento da observação terrestre e aérea
dentro dos cânions urbanos, exceto quando diretamente de cima. Além disso, o militar,
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ao aferrar, encontra um terreno rígido (cimento ou asfalto) e qualquer material colocado
junto ao peito atrapalha sua movimentação e quadro de pontaria.
A infraestrutura urbana consiste de seis categorias básicas: economia e comércio;
administração e serviços; energia; cultura; comunicações e informação; e transporte e
distribuição. Centenas de sistemas existem dentro de cada categoria e cada sistema tem
um papel crítico no bom funcionamento da área urbana.
1.2 – Influência do Ambiente nos níveis de condução das OpGLO
Os comandantes devem entender os possíveis efeitos compressivos do Ambiente
Urbano nos níveis da Guerra. Um impacto desses efeitos pode ser uma menor tolerância
a erros táticos, a maior necessidade de planejamento detalhado e de precisão na
execução das tarefas e no emprego do armamento.
Nesse ambiente, há uma relação de causa e efeito muito curtos para qualquer ação ou
Operação. Devido ao estreito acompanhamento da mídia e o advento das redes sociais,
as ações podem ser registradas e divulgadas em tempo real, muito antes dos relatórios
serem confeccionados e emitidos.
Nesse contexto, jovens líderes da tropa tomam decisões no nível tático que podem ter
consequências estratégicas. A preparação dos líderes, em todos os níveis, requer mais
do que adestramentos doutrinários. Eles devem ser treinados para compreender as
implicações legais e éticas de suas ações e exercer a iniciativa e o bom senso de acordo
com a intenção de seu Comandante.
1.3 – Características do Crime Organizado no Ambiente Urbano
A corrupção generalizada pode levar à perda da legitimidade do Governo e minar o
controle governamental de uma área. Além disso, Governos legítimos sem forças
policiais legítimas podem resultar em populações insatisfeitas e que não o apoiam. A
chave para a segurança local está na eficácia e legitimidade da Polícia. Ambos os
fatores ocorrem atualmente no País e contribuem para a situação de insegurança. Isso
pode ser observado nas Favelas1 do Rio de Janeiro, onde a corrupção da Polícia Militar
deu liberdade de ação para as facções criminosas.
Tradicionalmente, o crime organizado tem funcionado nas sombras da sociedade,
exigindo uma economia estável e um sistema estatal contaminado para consolidar sua
influência e seus lucros. Nos últimos anos, esses grupos expandiram-se rapidamente,
auxiliados pelos avanços tecnológicos, fronteiras abertas e globalização do comércio.
As condições favoráveis descritas acima são exploradas pelo crime organizado de duas
______________ 1 Área de povoamento urbano, formada por moradias populares, onde predominam pessoas socialmente desfavorecidas. Em geral carece de saneamento básico. Muitas favelas já contam com urbanização. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/favela/>.
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formas: estabelecimento de pontos de apoio para o movimento transnacional de
mercadorias (pessoas, drogas, armas) e criação de um mercado consumidor para elas.
Segundo a ONU, o Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo e a
maior base de exportação da droga, sendo os voos comerciais procedentes do país, rumo
à África, fundamentais para fazer a droga chegar à Europa.
No entanto, a influência do crime organizado vai além das atividades ilícitas e da
corrupção de policiais. O crime organizado vem ampliando sua infiltração na política,
elegendo seus integrantes pelo apoio de eleitores nas diversas zonas eleitorais.
Na busca por esse apoio, um paradoxo que pode confundir a população é o fato de ser
improvável que uma área controlada pelo crime organizado sofra com crimes
convencionais (roubos e assaltos), criando uma aparência de normalidade e uma falsa
sensação de segurança. Por outro lado, as comunidades locais vivem sob pressão desses
grupos, pois represálias são executadas contra os que não apoiam suas atividades.
Sob o enfoque das OpGLO, a maior presença do crime organizado está no nível tático,
onde os criminosos procuram exercer o controle da população por meio da intimidação
e violência, estabelecem negócios de fachada para encobrir suas atividades criminosas
(restaurantes, clubes e postos de gasolina), conduzem ações de extorsão, bem como
exploração de vícios (venda de drogas e máquinas caça-níqueis) e prostituição.
Por fim, a tropa tem que estar preparada, pois atuar contra uma força esquiva, insidiosa,
que raramente oferece um alvo definido e que se dilui quando enfrentada é muito
diferente do que operar contra forças regulares. Além disso, os componentes do Crime
Organizado fazem parte da população e, sem armamento, não há como diferenciá-los
das pessoas de bem, o que é mais um fator complicador para o sucesso das OpGLO.
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CAPÍTULO 2
EMBASAMENTO JURÍDICO
2.1 – ARCABOUÇO LEGISLATIVO BÁSICO
O amparo legal para as ações de GLO advém do Art. 142 da Constituição da República
Federativa do Brasil, que prevê que o seguinte: As Forças Armadas, constituídas pela
Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
No parágrafo 4o, Art. 15 da Lei Complementar 97/1999, alterado pela Lei
Complementar no 117/2004, está previsto que nas OpGLO serão ativados os órgãos
operacionais das Forças Armadas, que realizarão as ações de caráter preventivo e
repressivo necessárias. Ressalta-se o caráter repressivo, amparado por essa lei.
O Decreto Presidencial no 3.897 prevê a subordinação da polícia às FA envolvidas nas
OpGLO. Nesse sentido, está previsto que caberá à autoridade competente passar o
controle operacional dos Órgãos de Segurança Pública (OSP), necessários às ações, para
a autoridade encarregada das operações.
O Art. 3o do Decreto nº 3.897 prevê que caberá às FA desenvolver as ações de polícia
ostensiva, de natureza preventiva ou repressiva, da competência constitucional e legal
da Polícia Militar (PM). Aqui, ressaltam-se as ações de Polícia Ostensiva.
Também estão previstas as situações de emprego das FA em GLO: se os meios de
Segurança Pública forem reconhecidos indisponíveis pelo respectivo Chefe do poder
Executivo Federal ou Estadual, forem inexistentes ou insuficientes para o cumprimento
de sua missão constitucional; nos casos de possibilidade de perturbação da ordem, tais
como em eventos oficiais ou públicos com a participação de Chefe de Estado ou de
Governo estrangeiro; e em pleitos eleitorais, por solicitação do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Isso está alinhado ao previsto no Art. 15 da Lei Complementar no
97/1999 e no Decreto Presidencial no 3.897.
2.2 – LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Serviços imprescindíveis: A Lei no 11.473/2007 lista as atividades e serviços
imprescindíveis à preservação da ordem pública e da segurança das pessoas:
policiamento ostensivo; cumprimento de mandados de prisão e de alvarás de soltura;
serviços técnico-periciais; registro de ocorrências policiais; atividades de segurança dos
Grandes Eventos, atividades de inteligência de Segurança Pública; e coordenação de
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RESERVADO CGCFN-2600
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ações e operações de Segurança Pública. Todas essas atividades podem ser realizadas
pelos GptOpFuzNav.
Julgamento de crimes da tropa: O Art. 124 da CF prevê que compete à Justiça Militar
processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Nesse sentido, a Lei no
13.491/2017 alterou o Art. 9º do Código Penal Militar (CPM – Decreto Lei no 1.001).
Agora, caso um militar pratique um crime durante uma OpGLO, a competência do
julgamento é da Justiça Militar da União e não mais da Justiça Federal. Essa alteração
resguarda a tropa em certa medida, já que o julgamento será realizado por especialistas
na aplicação da lei aos militares.
Nesse sentido, o parágrafo 7o, Art. 15 da Lei Complementar 97/1999, alterado pela Lei
Complementar no 117/2004, prevê que o preparo e o emprego das Forças Armadas em
GLO são considerados atividades militares para os fins de aplicação do Art. 124 da CF.
Sendo assim, caso um crime seja praticado por militar durante o preparo para uma
OpGLO, a competência do julgamento também é da Justiça Militar da União.
Definições sobre armamentos: Algumas definições importantes para as OpGLO estão
previstas em lei. O Art. 3º da lei no 3.665 contém algumas dessas definições.
O inciso XVII define arma de uso permitido como sendo a de utilização permitida a
pessoas físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do
EB. Já o inciso XVIII define arma de uso restrito como sendo a que só pode ser
utilizada pelas Forças Armadas e por pessoas físicas e jurídicas autorizadas pelo EB.
Complementando as definições acima, o Art. 16 da mesma lei apresenta o que é
considerado como de uso restrito, contendo vinte e um incisos com a descrição das
diversas armas, munições, acessórios e meios, conforme apresentado no Anexo A.
Explosivos: Com relação a explosivos, o Art. 253 do Código Penal (CP - Decreto lei no
2848) prevê como crime fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença
da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
destinado à sua fabricação.
Legítima Defesa: O Art. 25 do Código Penal define Legítima Defesa como sendo o uso
moderado dos meios necessários para repelir injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem. Esse é um conceito importante para a tropa em GLO.
Crimes comuns contra a tropa: Por fim, diversos crimes previstos no CP devem ser de
conhecimento da tropa, visando uma reação adequada frente a situações adversas. Nesse
sentido, os mais comuns estão previstos no Art. 147, que prevê o crime de ameaça
(ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de
causar-lhe mal injusto e grave), no Art. 286 que prevê o de incitação ao crime (incitar,
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publicamente, a prática de crime), no Art. 329 que prevê o de resistência (opor-se à
execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para
executá-lo), no Art. 330 que prevê o da desobediência (desobedecer a ordem legal de
funcionário público), no Art. 331 que prevê o de desacato (desacatar funcionário
público no exercício da função ou em razão dela) e no Art. 333 que prevê o de
corrupção ativa (oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício).
2.3 – PROCEDIMENTOS BASEADOS NA LEGISLAÇÃO
Prisão: O Art. 301 do Código do Processo Penal (CPP - Lei no 3.689) prevê que as
autoridades policiais devem prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Já o Art. 302 considera em flagrante delito quem está cometendo a infração penal, quem
acaba de cometê-la, quem é perseguido em situação que faça presumir ser o autor da
infração e quem é encontrado logo depois com instrumentos ou armas que façam
presumir ser ele o autor da infração. Isso ampara a prisão e a perseguição de APOP.
Perseguição: A perseguição é um recurso que permite a busca de APOP dentro de
residências, mesmo sem um mandado judicial. Isso se baseia no Inciso XI, Art. 5o da
CF, que prevê ser a casa um asilo inviolável, sendo vedado penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito. A perseguição caracteriza o flagrante
delito, como mostrado no item anterior.
Processamento de presos: Com relação à prisão de APOP, o Art. 304 do CPP prevê
que ao ser apresentado o preso à autoridade competente, essa ouvirá o condutor e
colherá sua assinatura, entregando cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em
seguida, ouvirá as testemunhas e fará o interrogatório do acusado sobre o crime que lhe
é imputado. Nas OpGLO, isso será realizado, preferencialmente, na Delegacia de
Polícia Judiciária Militar (DPJM).
Auto de Prisão em Flagrante ou de Resistência: O Art. 283 do CPP prevê que
ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente. O Art. 284 complementa que não
será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de
tentativa de fuga do preso. Já o Art. 292 prevê que se houver, ainda que por parte de
terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente,
o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para
defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também
por duas testemunhas. Isso embasa o uso da força em caso de resistência à prisão, bem
como a confecção do Auto de Resistência (AR), procedimento comum na PM, que pode
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substituir o Auto de Prisão em Flagrante (APF). Logo, se houver resistência à prisão,
mesmo que o APOP seja alvejado e venha a óbito, poderá ser lavrado um Auto de
Resistência, simplificando o procedimento administrativo.
Evacuação de APOP: O Art. 29 do CPM prevê que o resultado de que depende a
existência do crime somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. O parágrafo 2º complementa
que a omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para evitar
o resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir
o resultado; e a quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de sua
superveniência. Isso significa que no caso de um APOP ser alvejado pela tropa, não se
deverá supor que ele veio a óbito, já que não há médicos legistas nas patrulhas. Se a
situação permitir, deverão ser prestados os primeiros socorros e realizada a evacuação
imediata do APOP alvejado para o estabelecimento de saúde mais próximo. A
evacuação tem ainda a vantagem de evitar aglomerações de populares, ações da
imprensa e filmagem por curiosos. Caso haja condições de evacuação e a tropa não a
realize, essa omissão poderá ser enquadrada como crime doloso.
Neutralização de ARP: O Art. 262 do Código Penal, que versa sobre expor um meio
de transporte a perigo ou dificultar seu funcionamento, é utilizado para coibir o uso de
Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) e justificar a prisão de seus operadores. Nesse
caso, o meio de transporte são os aviões e Helicópteros. Nas OpGLO, caso seja
percebida a utilização de ARP por civis, ela pode ser neutralizada e seu operador, caso
identificado, pode ser detido.
Informações nos Relatórios: A Lei no 12.527 regula o acesso a informações. O Art. 6
o
dessa Lei prevê que cabe aos órgãos do poder público a gestão transparente da
informação, garantindo-se sua disponibilidade. Nesse contexto, toda a atenção deve ser
dispensada à confecção dos relatórios, que devem conter a descrição minuciosa do uso
gradual da força e a correta observância das Regras de Engajamento. Além disso,
devem ser lançados todos os incidentes ocorridos durante as ações táticas e
enfrentamentos com APOP, bem como todos os procedimentos adotados pela tropa,
visando embasar as respostas a possíveis questionamentos legais. Os relatórios devem
ser confeccionados ao final das patrulhas, Operações Pontuais, interdições de áreas,
controles de tráfego ou de quaisquer outras ações táticas desenvolvidas na AOp.
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Busca pessoal: O Art. 244 do CPP prevê que a busca pessoal independerá de mandado
de busca quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de ilícitos,
Isso embasa a realização de revista em APOP.
Busca pessoal em mulheres: O caso acima abrange também a revista em mulheres.
Essa revista pode ser realizada pela tropa, em caso de indisponibilidade de militares do
sexo feminino, desde que a ação seja filmada, visando demonstrar que não houve
malícia. Isso se baseia no Art. 249 da mesma Lei (CPP), que prevê que a busca em
mulher será feita por outra mulher, se isso não causar retardamento ou prejuízo à
diligência. A filmagem resguarda a tropa da acusação de abuso de autoridade, previsto
na alínea b, Art. 4º da Lei no 4898, que é definido como submeter pessoa sob sua guarda
ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei.
Vistoria em veículos: O Art. 245 prevê que nas buscas domiciliares, os executores
mostrarão e lerão o mandado de busca ao morador ou a quem o represente. Logo, a
busca em veículos não utilizados como moradia independe de mandado, podendo ser
realizada pela tropa.
Ocupação de pontos de interesse: A legalidade da ocupação de pontos de interesse,
permitindo o posicionamento dos Atiradores de Precisão e integrantes da tropa, pode se
basear no inciso XXV, Art. 5º da CF, onde está previsto que, no caso de iminente perigo
público, poderá ser usada uma propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização posterior, se houver dano. O Art. 22 da CF complementa que cabe à União
legislar sobre essa requisição, em iminente perigo. Isso permite a ocupação de lajes e
outros pontos de interesse sem a autorização do proprietário.
Entrada em residências: Outra possibilidade é a ocupação de lajes e outros locais
elevados no caso de engajamento por fogos de APOP. Basta que a tropa diga que o local
está sendo requisitado “em nome da segurança pública”. Isso se baseia no Art. 5º da CF,
que prevê a garantia da inviolabilidade do direito à vida, entendido como prioritário aos
demais direitos individuais, conjugado com o Art. 24 do Código Penal, que define o
Estado de Necessidade. No caso de receber fogos de APOP, a tropa está em risco de
vida e pode utilizar das instalações existentes para sua proteção, bem como para reduzir
a desvantagem tática, pois se caracterizou o Estado de Necessidade.
Ocupação de lajes em prédios: Uma terceira possibilidade é a ocupação de lajes de
prédios, bastando para isso a autorização de apenas um dos moradores, no caso de
terraços com acesso a qualquer morador. A identidade de quem autorizou deve ser
mantida em absoluto sigilo. No caso de lajes sem acesso livre aos moradores, a
autorização deve ser dada pelo síndico do prédio, que é o representante legal do
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condomínio. Isso se baseia no Art. 1.510-C do Código Civil (Lei no 10.406), que prevê
serem partes que servem a todo o edifício, o telhado ou os terraços de cobertura,
conjugado com o Art. 1.348 da mesma lei, que prevê como competência do síndico
representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, os
atos necessários à defesa dos interesses comuns. Como não há proprietário definido para
as lajes, é lícita a utilização dessas instalações, da forma descrita acima.
Porte de fuzil: Qualquer APOP armado com fuzil já pratica ato ameaçador contra a
tropa e a população, além do crime de porte ilegal de arma, devendo ser preso e a arma
apreendida. Isso se baseia na Lei no 10.826, que prevê, em seu Art. 16, ser crime portar,
empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo de uso proibido ou restrito. Além
disso, a Lei nº 8.072, em seu Art. 2º, prevê que os crimes hediondos são inafiançáveis e
a Lei nº 13497/2017 alterou o Art. 1º da Lei nº 8.072, incluindo a posse ou o porte ilegal
de arma de fogo de uso restrito como crime hediondo. O Art. 2º da Lei nº 8.072 também
prevê como crime hediondo o tráfico ilícito de drogas.
Preservação da cena de um crime: O Art. 169 do CPP prevê que, para o exame do
local onde houver sido praticada uma infração penal, a autoridade providenciará
imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos Peritos, que
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Em
outras palavras, quando a tropa se deparar com crimes, deverá preservar o local onde ele
ocorreu, usando de todos os meios necessários para que nada seja alterado até a chegada
da perícia técnica.
Exame de Corpo de Delito: O CPP determina ainda, em seus artigos 158 e 167, que no
caso da infração penal deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
não podendo supri-lo a confissão do acusado. Não sendo possível o exame de corpo de
delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a
falta. Isso demonstra a importância da realização do exame de corpo de delito e das
entrevistas com testemunhas presentes no local da infração penal.
Obrigação de testemunhar: Por fim, o Art. 206 do CPP prevê que a testemunha não
poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o
ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o
irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Este artigo
embasa a condução das testemunhas à DPJM nos casos de infrações penais.
Violência contra a mulher: A Lei no
11.340, em seu Art. 5o, configura como violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que
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lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial. O Art. 7o prevê que são formas de violência contra a mulher a violência
física, a violência psicológica, a violência sexual, a violência patrimonial e a violência
moral. O Art. 11 prevê que no atendimento à mulher em situação de violência, a
autoridade deverá encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto
Médico Legal; fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou
local seguro, quando houver risco de vida; e, se necessário, acompanhar a ofendida para
assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar.
Em OpGLO por greve dos OSP, caso a tropa se depare com uma situação de violência
contra a mulher, deve cumprir os procedimentos descritos acima.
Prioridade no trânsito: O Art. 29, inciso VII, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB -
Lei nº 9.503) prevê que os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os
de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de
prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em
serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos regulamentares de
alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente. Isso demonstra a importância da
utilização de viaturas apropriadas para as atividades de policiamento e controle do
tráfego, incluindo a possibilidade de realização de perseguição a veículos suspeitos.
Infrações de pedestres e ciclistas: Os Art. 254 e 255 do CTB prevêem as infrações de
trânsito relativas aos pedestres e ciclistas, sendo importante seu conhecimento pela tropa
que tenha como tarefa realizar a fiscalização do tráfego na AOp.
Obstáculos nas vias: Qualquer barreira ou obstáculo colocado em via pública viola o
direito à livre locomoção, previsto no Inciso XV, Art. 5º da CF, devendo ser removido
imediatamente. Isso embasa as ações de retirada das barreiras construídas por APOP na
AOp. Nesse contexto, os PCTran e PBlq só podem ser estabelecidos mediante
autorização do GptOpFuzNav, visando evitar questionamentos baseado nesse artigo.
Uso de algemas: O Art. 2º do Decreto no 8.858 prevê que é permitido o emprego de
algemas apenas em casos de resistência, de fundado receio de fuga ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros, devendo ser
justificado por escrito esse emprego. Isso embasa o uso de algemas na prisão de APOP,
sendo importante uma orientação do EM para a confecção da justificativa, que deve
constar do relatório da patrulha, visando resguardar os militares. No entanto, a tropa
deve estar atenta, pois o Art. 292 do CPP, em seu parágrafo único, prevê que é vedado o
uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios
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para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante
o período de pós-parto imediato (resguardo – período de 10 dias).
Bloqueadores de celular: O artigo 10 da lei nº 7.783/89 define os serviços essenciais à
população como sendo o tratamento e abastecimento de água, produção e distribuição
de energia elétrica, gás e combustíveis, assistência médica e hospitalar, distribuição e
comercialização de medicamentos e alimentos, funerários, transporte coletivo, captação
e tratamento de esgoto e lixo, telecomunicações, guarda, uso e controle de substâncias
radioativas, equipamentos e materiais nucleares, processamento de dados ligados a
serviços essenciais, tráfego aéreo e compensação bancária. Nesse contexto, o uso de
bloqueadores de celulares deve ser realizado de forma sigilosa, já que podem surgir
questionamentos legais sobre a interrupção do serviço essencial de telecomunicações.
2.4 – PROCEDIMENTOS DECORRENTES
Relatórios: Todas as situações de entrada em instalações privadas, APOP armados,
trocas de tiro, capturas, uso de algemas, busca pessoal realizada, apreensão de armas e
drogas dentre outras, devem ser lançadas em relatório assim que a patrulha retornar de
seu turno. O relatório deve ser confeccionado imediatamente, com os fatos ainda
recentes na mente dos militares, visando resguardar os próprios militares e a Marinha.
APF/AR: É recomendada a abertura de um Auto de Prisão em Flagrante (APF) ou Auto
de Resistência (AR) quando da captura ou morte de um APOP. Isso também visa
resguardar a tropa e a Marinha, além de impedir a soltura do elemento capturado por
falhas nos procedimentos legais pertinentes.
Presença do MPM: Deve ser verificada a possibilidade da presença de representantes
do Ministério Público Militar (MPM) na FPac ou no GptOpFuzNav, mesmo que
periódica, a fim de facilitar a emissão dos mandados e a realização de outros
procedimentos legais necessários.
DPJM: Um apoio importante ao GptOpFuzNav é o estabelecimento de uma Delegacia
de Polícia Judiciária Militar, para realizar os procedimentos envolvendo a oitiva de
testemunhas e a prisão de APOP. Isso se baseia no § 4º, Art. 144 da CF, que prevê ser
incumbência das polícias civis as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, excetuando as militares.
IPM Mãe: Por fim, um procedimento que pode ser adotado pelo GptOpFuzNav é a
abertura de um IPM, após o primeiro disparo de APOP contra a tropa, com o propósito
formal de apurar a tentativa de homicídio ocorrida. Isso permite a solicitação de
mandados de busca em qualquer residência suspeita, escutas telefônicas e mandados de
prisão contra APOP. O Encarregado do IPM pode solicitar esses procedimentos
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baseando-se no IPM, com o envoltório formal de realização de diligências para apurar a
tentativa de homicídio que gerou o Inquérito. Vale ressaltar que o IPM não deve ser
fechado pela dificuldade de identificar o autor dos disparos contra a tropa, já que o
APOP pode estar sob as ordens de um líder do crime organizado, que precisa ser
identificado e arrolado no IPM. Esse argumento embasa a realização de diligências e o
prosseguimento do IPM durante toda a OpGLO. Esse procedimento, de instauração de
um IPM “mãe” em áreas de risco, é muito utilizado pela Polícia Civil como ferramenta
de apoio à realização de investigações criminais.
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CAPÍTULO 3
UNIFORME, EQUIPAMENTOS E MEIOS
3.1 - UNIFORMES
Como apresentado no Capítulo 1, o militar, ao aferrar, encontra um terreno rígido
(cimento ou asfalto) e qualquer material colocado junto ao peito atrapalha sua
movimentação e o quadro de pontaria. Para minimizar esse problema, é ideal que os
uniformes camuflados possuam bolsos na região dos braços e na lateral da panturrilha.
Além disso, é ideal a utilização de um camuflado mais claro, na tonalidade cinza clara
ou marrom clara, visando facilitar a ocultação dos militares no Ambiente Urbano. Deve
ser estudada continuamente a camuflagem adequada para o Ambiente Urbano.
3.2 - EQUIPAMENTOS ESPECIAIS
Soldados precisam de equipamentos especiais para executar tarefas táticas de forma
eficaz. No Ambiente Urbano, equipamentos especiais devem incluir óculos de proteção
balística, escadas para escalar, joelheiras e cotoveleiras, além de ganchos, marretas e
equipamentos para arrombar portas.
São necessários ainda equipamentos especiais para as atividades de Polícia, tais como
coletes balísticos específicos, algemas, fones de ouvido com microfone acoplado para
os rádios e detectores de metal portáteis.
Os óculos de proteção são essenciais, pois criminosos utilizam estilingues e bolas de
gude ou arremessam pedras contra a tropa. Podem ser utilizados dois tipos de lentes
para os óculos de proteção: uma escura para o dia e outra âmbar para a noite.
Para as atividades de controle de tráfego são necessários equipamentos específicos, tais
como coletes reflexivos, lanternas, apitos, radares portáteis de velocidade, etilômetros,
espelhos táticos, cones e cilindros balizadores, cavaletes desmontáveis, cones barris e
barreiras de plástico, fura pneus, lombadas portáteis, placas e sinais luminosos.
Para as atividades de patrulha marítima também são necessários equipamentos
específicos, tais como coletes salva-vidas, cabos solteiros e mosquetinhos para peação
dos armamentos e equipamentos na linha de vida da embarcação, apito laranja, lanterna
de mergulho, óculos de proteção, facho Holmes e kit sinalizador manual com foguete de
estrela vermelha (com e sem pára-quedas) e fumígeno laranja flutuante.
Em todas as Patrulhas, pelo menos um militar deve portar câmera GoPro acoplada ao
capacete, a fim de filmar as ações na AOp. Esse procedimento possibilita gerar dados
para a Inteligência, corrigir procedimentos, registrar os enfrentamentos com criminosos
e os contatos com a população, além de servir de subsídios para questões jurídicas.
Deve ser usada também filmadora com alta definição (Full HD), com capacidade de
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transmitir as imagens para o PC do GptOpFuzNav, por pessoal designado e adestrado.
Deve ser usada luneta especial, com filmagem integrada, pela equipe de Atiradores de
Precisão (usada pelo Observador da dupla), a fim de fotografar e filmar criminosos em
atividades ilícitas. Isso contribui para resguardar a tropa de questionamentos jurídicos e
para coletar subsídios visando a solicitação de mandados de prisão.
O emprego de filmadoras Full HD, equipamentos de visão termal e de visão noturna em
Helicópteros, ARP e balões melhora a consciência situacional. As imagens obtidas
devem ser transmitidas para o PC do GptOpFuzNav em tempo real, contribuindo para a
atividade de Inteligência e para o direcionamento dos esforços da tropa no terreno.
A utilização de ARP tático em apoio direto à tropa contribui para o direcionamento dos
esforços e reduz os efeitos negativos do Ambiente Operacional.
3.3 - ARMAMENTO E MUNIÇÃO
Devem ser utilizados fuzis de pequenas dimensões, como o Fuzil M-16 M4 de coronha
retrátil, para melhorar a ergonomia do militar e aumentar a mobilidade em viaturas e
locais estreitos. Além disso, a redução do alcance máximo, derivada do cano menor,
reduz a possibilidade de danos colaterais.
A Mtr. MAG 7.62mm das VtrBld Piranha deve ser substituída pela Mtr. MINIMI (Mini
Mitrailleuse2), calibre 5.56mm, visando reduzir a possibilidade de danos colaterais.
O uso do punho vertical para o Fuzil e da bandoleira de três pontos permite rapidez no
enquadramento e aumento da precisão do tiro.
O Fuzil empregado em OpGLO deve possuir, no mínimo, Mira Holográfica, para
aumentar a rapidez e a eficiência dos disparos e reduzir a possibilidade de danos
colaterais. Para o período noturno, o uso de Designadores Laser permite rapidez no tiro
e maior precisão. A mira 2 em 1, integrando Mira Holográfica e Designador Laser é o
equipamento ideal, tornando mais eficiente o armamento empregado nessas Operações.
Lunetas para o Fuzil devem ser entregues para o melhor atirador de cada GC, a fim de
aumentar a eficiência dos disparos. O ideal é a utilização da mira 3 em 1, integrando a
Luneta, a Mira Holográfica e o Designador Laser. Esse equipamento também pode ser
fornecido para os Atiradores de Precisão, dependendo do alcance da luneta.
O emprego de munição subsônica para os Atiradores de Precisão é fundamental para
manter o sigilo de seu posicionamento.
3.4 - ARMAMENTO E MUNIÇÃO MENOS LETAL
Armas menos letais são projetadas para incapacitar as pessoas sem causar mortes ou
ferimentos permanentes e danos às instalações.
______________ 2 Mini metralhadora em francês (tradução nossa).
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Armas de Fogo são as movidas por queima de propelentes para atirar projéteis. As
armas de fogo menos letais são os lançadores de granada e a espingarda calibre 12.
Armas Brancas são todos os materiais que podem ferir ou matar pessoas e que não se
enquadram como armas de fogo. As armas brancas menos letais mais empregadas são o
bastão tonfa, o cassetete e o bastão retrátil.
Armas Especiais são as não enquadradas nas categorias anteriores. Compreendem os
lançadores movidos a gás, as armas de energia dirigida (luz, micro-ondas e som), os
espargidores de pimenta e as armas de energia conduzida (choque e incapacitação
neuromuscular temporária).
Munição menos letal é projetada para incapacitar temporariamente as pessoas, sem
causar mortes ou ferimentos permanentes, danos às instalações ou problemas ao meio
ambiente. Os calibres mais comuns são o Gáugio 12, o 37/38mm e o 40mm, mais
utilizados em armas de fogo, e o calibre 0.68 polegadas, mais utilizado em armas com
propulsão a gás.
As munições menos letais possuem Impacto Controlado. São classificadas em Jato
Direto (lacrimogêneo), Projéteis Rígidos (elastômero) e Projéteis Deformáveis.
Granadas são artefatos bélicos de uso restrito, com peso inferior a 1Kg. As granadas
menos letais são classificadas em fumígenas, explosivas (efeito moral) e mistas.
A dotação mínima de armamento não letal para as patrulhas nível GC é de uma
espingarda militar com munição de borracha, um lançador de granadas 40mm com
munição de borracha ou lacrimogêneo, um espargidor de pimenta e duas granadas de
gás lacrimogêneo. Esses armamentos e munições permitem a redução de danos
colaterais e o desengajamento do GC frente a uma turba.
Dependendo das tarefas recebidas, os armamentos e munições citados nesta seção
deverão ser disponibilizados na fase do preparo da tropa, visando o adestramento.
3.5 - EQUIPAMENTOS DE COMUNICAÇÃO
O uso do equipamento-rádio Motorola EP450, e de seu similar KENWOOD, se mostrou
inseguro nas OpGLO, pois os APOP possuem meios que permitem a interceptação das
transmissões. Isso foi verificado com a apreensão de equipamentos-rádio GP-78, que
realizam a varredura do espectro na faixa de frequência utilizada pelos rádios citados.
A utilização da antena do rádio PRC-930 no PRC-710, amplia o alcance desse rádio
devido à melhora na propagação das ondas. Esse procedimento pode ser utilizado para
melhorar as comunicações das Patrulhas no terreno.
O GptOpFuzNav deve possui equipamentos-rádio com canais comuns com às demais
Forças participantes da Operação. Isso facilitará a coordenação e contribuirá para a
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criação de um ambiente de compartilhamento da consciência situacional.
Devem estar disponíveis também equipamentos de comunicações terra-avião (PRC-710
multibanda), independente de haver aeronaves adjudicadas. Isso facilitará a realização
de Operações Helitransportadas com outras Forças e uma possível Evacuação
Aeromédica (EVAM) por helicóptero (He).
Devem ser adquiridos smartphones para serem usados na realização do sarqueamento3,
como meio alternativo para as comunicações, para o envio de imagens em tempo real
para o PC e para a utilização no Sistema Pacificador. Para isso, os aparelhos devem
contar com um pacote de dados de internet.
Deve ser previsto um sistema de C2 Tático para a coordenação de ações complexas na
AOp, como as Ações Diretas dos ElmOpEsp, incluindo o recebimento de imagens em
tempo real pelo PC do GptOpFuzNav. Também deve estar disponível um Sistema de C2
adequado ao Ambiente Urbano, com rádios troncalizados4. O uso dos rádios SEPURA
se mostrou adequado, porém depende da disponibilidade das antenas.
A disponibilidade de um sistema que integre os equipamentos de filmagem portáteis da
tropa a um equipamento veicular, tipo notebook, na viatura de comando, permite ao
comandante da Cena de Ação ou da patrulha o controle das ações táticas realizadas. A
instalação desse equipamento em VtrBld permite sua utilização em áreas de risco.
Um Sistema de Monitoramento das Patrulhas, nos moldes do Sistema Pacificador do
EB, com o envio de posição e imagens via celular, é ideal para o controle das ações da
tropa desdobrada. No caso de Operações Conjuntas com o EB, essa necessidade pode
ser suprida pelo uso compartilhado do Pacificador, dependendo da disponibilidade.
A capacidade de localização eletrônica dos meios de Guerra Eletrônica traz uma
vantagem importante para o GptOpFuzNav. O conhecimento da posição de criminosos
permite a obtenção de mandados de busca e a realização de uma ação tática direcionada.
3.6 - VIATURAS ESPECIAIS
Os veículos ideais para o controle de tráfego são sedãs equipados com sirene, sistema de
iluminação de emergência (giroflex), equipamentos de detecção de velocidade (radar
móvel), equipamentos de comunicação (rádio HF), console para armamento, kit de
primeiros socorros, desfibrilador externo automatizado e cones reflexivos.
As motocicletas para controle de trânsito devem ser equipadas com luzes de
emergência, sirene e transceptor de rádio móvel.
______________ 3 Procedimento para averiguação da existência de mandado judicial contra pessoas sob suspeição, por meio de
consulta ao Sistema de Arquivo (SARQ) da Polinter. 4 O sistema de rádio troncalizado é usado para maximizar as frequências disponíveis, estabelecendo
identidades lógicas para grupos de usuários, a fim de compartilhar informações entre eles.
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É essencial o uso de viaturas para transporte de presos nas OpGLO, a fim de prover
segurança à tropa quando da detenção de APOP. Esse tipo de viatura deve possuir um
compartimento na parte traseira, isolado do restante do veículo por uma tela metálica de
proteção, que permita a visualização dos presos e impeça o contato físico com a tropa.
Veículos especiais para transporte dos cães de guerra são usados para patrulhamento de
rotina, treinamento, viagens e Operações. Esses veículos devem ser equipados como um
veículo normal de patrulha e com equipamentos especiais para o cão.
Devem ser usadas ainda viaturas para ações táticas, a fim de responder a situações de
alto risco. Devido à possibilidade de engajamento, esse tipo de veículo deve ser
blindado. O CFN possui a Viatura Blindada (VtrBld) Piranha, que pode ser utilizada
nesses casos, no entanto é ideal a utilização de uma VtrBld leve para este fim, por sua
versatilidade. O emprego de VtrBld Leves também reduz a quantidade de danos
colaterais nos deslocamentos, permite o uso do conjugado carro-infantaria e o resgate de
feridos em vias estreitas onde a VtrBld Piranha não consegue trafegar.
A utilização de viaturas com câmeras para monitoramento de áreas, nos moldes do
Sistema Pacificador, onde as imagens possam ser transmitidas online para o PC do
GptOpFuzNav durante a realização dos patrulhamentos, permite um controle efetivo e o
aumento da consciência situacional.
Para o incremento do Comando e Controle da tropa desdobrada, pode ser utilizada uma
viatura configurada para C2, a exemplo da viatura pesada adquirida pelo EB. Essa
viatura é ideal para o estabelecimento de um Posto de Comando Móvel, com recursos
de Comunicações e de Tecnologia da Informação.
Devem ser instalados corta fios nas Viaturas Operativas (VtrOp) utilizadas nas OpGLO,
visando evitar acidentes com linhas de cerol envolvendo militares de pé nessas viaturas.
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CAPÍTULO 4
CONSIDERAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO
4.1 – CONCEITOS BÁSICOS
Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é assegurar o cumprimento da lei e manter a
ordem interna, com o objetivo de preservar a ordem pública e a segurança das pessoas e
do patrimônio.
Operação de Garantia da Lei e da Ordem (OpGLO) é uma operação militar
determinada pelo Presidente da República e conduzida pelas Forças Armadas de forma
ocasional, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, que tem por objetivo
a preservação da ordem pública e da integridade das pessoas e do patrimônio, em
situações de esgotamento dos órgãos para isso previstos no Art. 144 da Constituição ou
em outras em que se presuma ser possível a perturbação da ordem. É uma atividade de
Emprego Limitado da Força, na qual a Força exerce o poder de polícia para impor a lei.
Agentes de Perturbação da Ordem Pública (APOP) são pessoas ou grupos cuja
atuação comprometa a preservação da ordem pública ou ameace a segurança das
pessoas e do patrimônio.
Ato ilícito é todo ato contrário às leis e à moral.
Ameaças são atos ou tentativas potencialmente capazes de comprometer a preservação
da ordem pública ou ameaçar a segurança das pessoas e do patrimônio.
Ato Provocatório é uma ação deliberadamente desencadeada por elementos adversos,
visando criar controvérsia a partir da reação do “militar-alvo”.
Prevenção ao crime é o conjunto de esforços para reduzir oportunidades criminosas,
proteger vítimas humanas em potencial e evitar danos à propriedade.
Sarqueamento é a averiguação da existência de mandado judicial contra pessoas sob
suspeição, por meio de consulta ao Sistema de Arquivo (SARQ) da Polinter.
Centro de Coordenação de Operações (CCOp) é a estrutura que materializa e apoia o
Comando Operacional da OpGLO, onde funcionam representações dos órgãos
envolvidos no planejamento, coordenação, assessoria e acompanhamento das ações.
Participam dele os órgãos das esferas federal, estadual e municipal envolvidos direta ou
indiretamente na Operação.
Situação de Normalidade na qual os indivíduos, grupos sociais e a Nação sentem-se
seguros para concretizar suas aspirações, interesses e objetivos, porque o Estado
mantém a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Situação de Não-Normalidade na qual os APOP, de forma potencial ou efetiva,
ameacem a integridade nacional, o livre exercício de qualquer dos Poderes, o
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ordenamento jurídico em vigor e a paz social, acarretando grave comprometimento da
ordem pública e da ordem interna.
Área de Operações (AOp) é uma área cuja responsabilidade operacional é atribuída a
um GptOpFuzNav, onde ocorrerão as ações contra os APOP em situação de não
normalidade.
Força de Pacificação (FPac) é um conjunto de forças alocadas a um Comando para o
cumprimento da missão, normalmente organizada com base em uma Brigada do EB.
Base Avançada (BAvç) é o local de onde partem todas as operações contra os APOP.
Nela, além da reserva, devem estar os elementos essenciais de Comando e Controle (C2)
e de Logística. Sua localização deve facilitar as ações táticas e a sua própria segurança.
Ponto Sensível é um local cuja destruição ou neutralização pode afetar negativamente
as operações militares, os serviços essenciais, a circulação de pessoas e bens e o bem-
estar da população. São exemplos as infraestruturas de transporte, parque energético,
setor de combustíveis, setor de telecomunicações e unidades de saúde.
Ponto Sensível Vital é uma instalação, ou parte dela, cuja perda ou dano paralisa a
capacidade operacional do sistema a que se refere, sendo seu reparo ou substituição de
longo prazo, inviabilizando o cumprimento da missão do GptOpFuzNav.
Ponto Sensível Essencial é uma instalação, ou parte dela, cuja perda ou dano paralisa a
capacidade operacional do sistema, mas pode ser reparada dentro do período da missão.
Ponto Sensível Secundário é uma instalação, ou parte dela, cuja perda ou dano paralisa
a capacidade operacional do sistema, mas pode ser reparada em curto prazo.
Posto de Segurança Estático (PSE) são tropas organizadas para proteger um Ponto
Sensível, podendo estar integradas com outras agências de segurança.
Interdição de Áreas ou Instalações é realizada para impedir o acesso de pessoas não
autorizadas às Infraestruturas Críticas, assegurando seu funcionamento. Na prática, a
Ação de Interdição é realizada pelo estabelecimento de Postos de Segurança Estático.
Posto de Controle de Trânsito (PCTran) são tropas posicionadas em pontos críticos de
circulação de pessoal e viaturas, para inspecioná-los ou realizar o controle do tráfego.
Comandante da Cena de Ação é o militar a quem todos os militares de uma ação tática
estão subordinados e a quem devem se reportar. Normalmente é o militar mais antigo do
CCT presente na cena de ação.
4.2 – AÇÕES E TAREFAS NAS OPERAÇÕES DE GLO
Ações nas OpGLO: garantir os serviços essenciais sob a responsabilidade do órgão
paralisado; controlar vias de transporte; desocupar ou proteger as instalações de
infraestrutura crítica e garantir seu funcionamento; prover segurança a autoridades e
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comboios; garantir o direito de ir e vir da população; permitir a realização de pleitos
eleitorais; prestar Apoio Logístico (ApLog) aos OSP ou outras agências; realizar a
busca e apreensão de armas e explosivos; e realizar policiamento ostensivo, por meio de
patrulhamento a pé e motorizado.
Tarefas do Poder Naval nas OpGLO: controlar áreas marítimas adjacentes a
instalações estratégicas, transportar e desembarcar contingentes e suprimentos militares,
proteger portos e estaleiros, proteger plataformas de petróleo e gás, controlar áreas
terrestres, realizar operações de retomada e resgate e realizar operações em terra.
4.3 – CARACTERÍSTICAS DAS OPERAÇÕES DE GLO
4.3.1 - Considerações sobre o uso da Força
O emprego da força nas OpGLO deve se pautar na observância dos princípios da
razoabilidade, da proporcionalidade e da legalidade.
A Razoabilidade consiste na compatibilidade entre os meios e os fins da ação.
As ações devem ser comedidas e moderadas.
A Proporcionalidade é a correspondência entre a ação e a reação do oponente,
de modo a não haver excesso por parte da tropa empregada na operação.
A Legalidade significa que as ações devem ser praticadas de acordo com os
mandamentos da lei, sob pena de praticar-se ato inválido e expor-se à
responsabilidade disciplinar, civil e criminal.
Nas OpGLO, o uso da força deve ser restrito ao mínimo indispensável. O uso
progressivo da força deve ser observado, dentro dos princípios da
proporcionalidade, razoabilidade e legalidade. A escalada da força é o conjunto
de ações que se iniciam com medidas de força não letal e podem se graduar em
medidas letais para derrotar uma ameaça e proteger a tropa e a população.
4.3.2 - Atuação Integrada
O planejamento e a execução das OpGLO devem contemplar a possibilidade de
participação das outras FA, OSP, órgãos do Poder Executivo, Poder Judiciário,
MPM e outros órgãos afins. Deve ser buscada a complementaridade das ações.
A cooperação com Organizações Não-Governamentais presentes na AOp deve
ser levado em consideração, visando reforçar o apoio da população civil.
A integração com as Agências de Inteligência das demais Forças e Órgãos
envolvidos é fundamental para o sucesso da Operação.
As Forças militares são capazes de neutralizar as ações dos APOP, porém só a
atuação integrada de todas as expressões do Poder Nacional é capaz de eliminar
as causas das situações que afetam os poderes constitucionais, a lei e a ordem.
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4.3.3 - Atividade de Inteligência
As atividades de Inteligência, associadas às ações de Comunicação Social
(ComSoc), Assuntos Civis (AssCiv) e às Operações Psicológicas (OpPsc), se
revestem de importância capital nas OpGLO (ver Capítulo 9).
A busca dos conhecimentos necessários sobre os APOP, sobre o Ambiente
Operacional e sobre as características da população presente na AOp é
fundamental para um planejamento consistente. Ressalta-se a identificação dos
líderes comunitários, presença de estrangeiros, rotas de chegada de material
ilícito na AOp, locais de distribuição, líderes do tráfico e armamento dos APOP.
4.3.4 - Fatores para Planejamento
Em uma OpGLO, apesar do apoio dos moradores ser importante, a população
não é necessariamente o Centro de Gravidade (CG). No nível tático, o CG pode
ser o armamento dos APOP, que permite o enfrentamento da tropa. No nível
operacional, o CG pode ser a liderança de uma facção criminosa ou a que
articula a greve de um OSP. Com relação às Vulnerabilidades Críticas (VC),
podem ser os carregamentos de armas e drogas que abastecem a AOp. Esses
exemplos demonstram a complexidade desse tipo de Operação e a necessidade
de um exame apurado da situação para a identificação dos CG e VC.
Uma característica das OpGLO é não ser obrigatória a marcação de objetivos.
Os comandantes devem orientar seus esforços à neutralização dos APOP, sem
visar necessariamente o terreno, já que criminosos não defendem posições.
Outra característica peculiar é a descentralização das ações e a centralização do
comando e controle, devido às características do Ambiente Operacional e da
pulverização dos APOP no terreno, vistos no Capítulo 2.
A maior parte das ações é realizada por frações até o nível Pelotão, sendo fatores
críticos de sucesso o preparo da tropa, a liderança, o cumprimento das Regras de
Engajamento, a firmeza de atitudes e a serenidade diante de provocações.
4.4 – PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES DE GLO
Os princípios de atuação nessas Operações são a prevenção, o apoio público, a
contenção, a legitimidade e a avaliação.
Prevenção - enfatizar ações proativas para prevenir e deter o crime e impedir a
interrupção da ordem civil. O objetivo é ser proativo e não reativo.
Apoio Público - tropas bem sucedidas são apoiadas pelo público do qual são
encarregadas de proteger. As atividades de GLO serão aprimoradas por meio dos
esforços de uma cidadania envolvida e que apoia o GptOpFuzNav.
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Contenção - tropas com o nível mínimo e apropriado de letalidade, muitas vezes,
sinalizam um retorno à normalidade e podem reduzir as tensões na comunidade. Quanto
menor a necessidade do uso da força, maior a sensação de segurança.
Legitimidade - a tropa é aceita como legítima quando aplica leis e normas de maneira
justa e imparcial.
Avaliação - uso de dados estatísticos para concentrar esforços, desenvolver ou ajustar
estratégias, identificar onde existem criminosos ou condições propícias ao crime e
prever onde os problemas podem surgir.
4.5 - ESTRATÉGIAS DE COMBATE AO CRIME
Nas OpGLO, o combate ao crime é realizado pela presença da tropa nas ruas, seja na
realização de operações, seja no patrulhamento diário. Em áreas limitadas, compatíveis
com o Poder de Combate da tropa disponível, essas ações devem ser desencadeadas de
forma intensiva, visando à saturação da área para sufocar as atividades ilícitas dos
APOP. Mesmo os ilícitos de menor gravidade devem coibidos, numa postura de
tolerância zero. Isso se baseia na teoria denominada “janelas quebradas”, que propõe ser
fundamental a repressão de pequenos crimes para desencorajar futuros incidentes.
Pequenos criminosos deixados sem controle, gradualmente aumentarão sua atividade e
começarão a cometer atos criminosos mais sérios.
No entanto, quando as áreas a serem controladas são extensas e excedem a capacidade
do GptOpFuzNav, algumas estratégias podem ser adotadas, a fim de permitir o
cumprimento da missão, conforme será visto a seguir.
A estratégia das áreas problemáticas se baseia em informações de inteligência para
identificar padrões e mapear atividades criminosas, permitindo um direcionamento dos
esforços. Os dados são analisados para determinar as áreas com maior ocorrência de
crimes. Esse mapeamento permite direcionar as ações da tropa sobre essas áreas.
A estratégia da ação guiada pela inteligência concentra os esforços em crimes
identificados ou criminosos. As informações de inteligência são analisadas para
identificar um padrão de crimes em uma região (locais e horários) e direcionar esforços
para coibi-los. Além disso, mandados de prisão são cumpridos contra criminosos
identificados. Para ser eficaz, essa estratégia requer o compartilhamento de informações
de inteligência entre as diversas Agências de Segurança Pública.
A estratégia da ação preditiva é a coleta de informações de inteligência de diferentes
fontes, a análise dessas informações e o uso dessas análises para prever e se contrapor
de forma eficaz a possíveis atividades criminosas na AOp. O objetivo é ser menos
reativo, com um planejando focado nas atividades criminosas futuras. As ações
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preventivas devem dar ênfase às áreas onde a análise mostra a existência de pessoas se
reunindo e de uma maior probabilidade de crime, como agências de banco, postos de
gasolina, festas, feiras e locais de recreação com aglomerações.
A estratégia de ações em pequenas áreas (hot spots) usa a análise de investigações e
relatórios criminais para identificar padrões de recorrência de atividades criminosas em
uma região. A análise do padrão de um determinado tipo de crime procura identificar e
mapear sua ocorrência em uma área geográfica delimitada. Fundamenta-se na teoria de
que o crime ocorre agrupado em áreas restritas. Utiliza-se de gráficos para representar
as atividades e os padrões identificados. Isso permite que o analista identifique a
existência de hot Spot e de perfis geográficos favoráveis para prever possíveis
ocorrências, direcionando as ações da tropa para coibi-las.
A estratégia da repressão seletiva de crimes combina conceitos das estratégias citadas
acima. Ela prevê a intensificação do patrulhamento, vigilância e investigação em áreas
de alta criminalidade ou com tendências ao crime A identificação das áreas de alta
criminalidade se baseia em análises de investigações e relatórios criminais e a
identificação de padrões de recorrência dos crimes é baseada na análise dos registros de
ocorrências e das ações de prevenção ao crime.
4.6 – NORMAS DE CONDUTA E REGRAS DE ENGAJAMENTO
Normas de Conduta são prescrições que contêm orientações acerca do comportamento
a ser observado pela tropa no trato com a população, pautado, sempre, pela urbanidade e
pelo respeito aos direitos e garantias individuais. Sua exata compreensão e correta
execução pela tropa constituirão fator positivo para o êxito da operação. Elas devem ser
consideradas na elaboração das Regras de Engajamento (RE).
Regras de Engajamento são instruções pré-definidas que orientam o emprego da tropa,
consentindo ou limitando determinados tipos de procedimentos, em particular o uso da
força, a fim de permitir atingir os objetivos políticos e militares estabelecidos pelas
autoridades responsáveis. Devem levar em consideração a necessidade de que as ações a
serem realizadas estejam de acordo com as orientações dos escalões superiores e que
observem os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e legalidade. Deve-se ter
em mente também a definição de procedimentos para a tropa, buscando abranger o
maior número de situações; a proteção aos cidadãos e aos bens patrimoniais incluídos
na missão; e a consolidação dessas regras, em documento próprio, com difusão aos
militares envolvidos na operação. As RE deverão ser claras e detalhadas e, depois de
publicadas, serão objeto de adestramento para a tropa.
Fundamentada no Capítulo 2, deve ser estabelecida Regra de Engajamento para a
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neutralização das ARP, já que os APOP podem utilizá-las para obter dados na AOp.
4.7 – INDICADORES DE DESEMPENHO
Como forma de avaliar a execução da Operação, devem ser estabelecidas medidas de
eficácia, sendo criados indicadores para verificar a efetividade da OpGLO. Dentre os
principais indicadores, destaca-se a redução da taxa de violência na AOp, do
faturamento do tráfico, das violações às leis de trânsito e de acidentes de trânsito.
Outros índices que podem ser medidos são a quantidade de saques na AOp, policiais
militares trabalhando, viaturas policiais operando, homicídios, roubos de veículos,
assaltos, escolas funcionando, ônibus circulando, bancos abertos, comércio
funcionando, postos de combustíveis, etc.
Os índices devem ser medidos e divulgados diariamente como forma de verificar a
evolução da situação de segurança na AOp e se os Efeitos Desejados da missão estão
sendo atingidos. O uso de gráficos facilita o entendimento dessa evolução durante a
Operação e permite realizar comparações com outras áreas.
No entanto, há que se estar atento aos resultados, já que, em muitos casos, onde as
reduções de criminalidade são medidas e atribuídas a ações da tropa, na verdade pode
ter ocorrido seu deslocamento para outras áreas próximas.
O uso de indicadores permite perceber a necessidade de ajustes ou alterações nos
procedimentos e estratégias adotadas, visando uma maior efetividade das ações.
Para o Apoio Logístico, o Comando Logístico deverá estabelecer indicadores conforme
descrito no Capítulo 11.
4.8 – ADAPTAÇÕES DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO MILITAR
Nas OpGLO, o Problema Militar é o restabelecimento da lei e da ordem na AOp.
Devem ser planejadas todas as ações necessárias para a solução desse problema.
Deve ser estudado detalhadamente o Plano da FPac, pois materializa a Diretiva do
Superior, citada no EMA 331 (Manual de Planejamento Operativo da Marinha).
Na missão e sua análise, cresce de importância a relação com a missão de outros
comandantes, dentro do conceito de atuação integrada. Nesse sentido, devem ser
estudadas as tarefas dos efetivos do EB e da FAB que compõe a FPac, bem como da
Polícia ou de outros Órgão de Segurança Pública sob o controle operacional da FPac.
Na Situação e sua Compreensão, crescem de importância os aspectos políticos e
psicossociais envolvidos e as possíveis consequências para a imagem da MB. A
possibilidade da atuação da mídia deve ser analisada nesse contexto, visando gerar
ações que permitam um controle dessa atuação e o direcionamento do acesso.
Um fator que facilita o entendimento da missão do superior, bem como o planejamento
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paralelo e simultâneo é a presença de militares FN no EM da FPac. Durante a operação,
esses militares poderão compor o Centro de Coordenação de Operações (CCOp),
mantendo a proximidade do GptOpFuzNav com a FPac, facilitando as coordenações e
criando um ambiente de compartilhamento da consciência situacional. Desta forma, será
materializada a concepção de Operação em Rede, prevista na Doutrina Militar Naval.
Diferente das Operações de Guerra Naval, as OpGLO não possuem um inimigo bem
definido, pois a Força Oponente não usa uniforme, não possui doutrina militar de
emprego e não está sujeita às limitações do Direito Internacional dos Conflitos
Armados. O inimigo são os APOP presentes na AOp, tais como pessoas realizando
saques ao comércio ou facções criminosas atuando na AOp. Isso tem implicações no
Processo de Planejamento Militar (PPM), já que as Possibilidades do Inimigo (PI) se
resumem, basicamente, à PI de atuar e a marcação de objetivos, como visto
anteriormente, não é obrigatória. Desta forma, as Linhas de Ação (LA) serão montadas
levando-se em consideração o sigilo das ações, a segurança da tropa, a priorização de
ações dinâmicas e a necessidade de evitar danos colaterais.
Os CG podem variar durante a Operação e dependem das características da AOp, do
modus operandi dos APOP e dos ilícitos praticados. Em áreas de risco, a identificação
do Centro de Gravidade das facções criminosas cresce de importância, visando orientar
as ações da tropa, já que o estilo de guerra de atrito não é eficaz nesse tipo de operação.
Normalmente, o braço armado dos APOP é o centro de gravidade no nível tático,
representado pelos armamentos utilizados para engajar a tropa, e os carregamentos de
armas ou paióis existentes são as Vulnerabilidades críticas desse CG. Líderes do tráfico
são o CG no nível operacional, pois sua neutralização permite desarticular as atividades
ilícitas dos APOP, e o braço econômico é a Vulnerabilidade Crítica desse CG,
representado pelos carregamentos de droga que abastecem a AOp. Nas OpGLO por
greve dos OSP, o CG pode ser a liderança que articulou a paralisação. O EM do
GptOpFuzNav deverá envidar esforços para identificar os CG, a fim de elaborar LA que
explorem suas Vulnerabilidades Críticas. Devem ser observados os conceitos descritos
no CGCFN 0-1 (Manual de Fundamentos de Fuzileiros Navais).
Em tarefas de garantia de serviços essenciais, deverá ser priorizado o fator que garante a
essência da atividade básica desses serviços. Como exemplo, no caso do transporte
público, deve ser priorizada a circulação dos ônibus ou trens, e no caso do
abastecimento de água e luz, as estruturas de distribuição na AOp.
Devido à característica volátil do inimigo e sua pulverização na AOp, como visto no
Capítulo 1, deve ser privilegiado o planejamento de ações dinâmicas e diversificadas,
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em detrimento de ações e posições estáticas, que imobilizem grandes efetivos de tropa.
Nesse sentido, as LA devem conter o mínimo possível de posições fixas para a tropa,
como PBlq, PCTran e PSE, a fim de liberar efetivos para a realização de patrulhamento
e Operações Pontuais. Pode ser planejada a utilização de efetivos da PM, caso estejam
disponíveis, para guarnecer as posições fixas isoladamente ou em conjunto com a tropa.
Em complemento, deve ser verificada a possibilidade de emprego ocasional dos efetivos
imobilizados para a realização de ações dinâmicas. Isso amplia o raio de ação da tropa,
sufoca as ações de APOP e permite um controle efetivo da AOp. No entanto, essa
priorização será invertida no caso do Efeito Desejado da missão recebida ser o
isolamento da AOp, apesar da necessidade de ações dinâmicas no Cerco.
Nas OpGLO em caso de greve dos OSP, as LA deverão ser focadas nos Pontos
Sensíveis e Áreas Problemáticas existentes no interior da AOp, priorizando ações
dinâmicas de segurança para garantir os serviços essenciais. Preferencialmente, deverão
ser planejadas ações simultâneas, combinando patrulhamento, PCTran e PSE, a fim de
inibir os saques ao comércio, deter os infratores e restabelecer a ordem na AOp.
Deverão ser planejadas as tarefas dos Componentes do GptOpFuzNav para todas as
fases da Operação, incluindo as atividades de preparação e de desmobilização da tropa.
A preparação e a desmobilização constarão de diretivas próprias, denominadas Plano de
Mobilização e Plano de Desmobilização, que acompanharão a Ordem de Operação.
Na confecção do Plano de Mobilização deverão ser previstos os adestramentos
necessários para o preparo da tropa. Os principais são: tiro de regulagem dos fuzis e
seus acessórios, Regras de Engajamento, embasamento jurídico, patrulha em ambiente
urbano, controle de distúrbios, PCTran, abordagem a pessoas e veículos, entrada em
compartimento e binômio carro-infantaria. Deverão ser previstos ainda briefings de
inteligência e preparação dos líderes até o nível GC. Esse Plano deverá conter também
as datas e locais de concentração dos Componentes do GptOpFuzNav e sua ativação.
Na confecção do Plano de Desmobilização, deverão ser previstos os procedimentos para
retraimento da tropa, equipamentos, meios e materiais utilizados na Operação. Esse
Plano deverá conter a sequencia de saída da tropa, os itinerários e composição dos
comboios de material e pessoal, a segurança para esses comboios, os procedimentos de
passagem de responsabilidade da AOp para a PM, a sequência de desmontagem das
Bases Avançadas, a sequência de transporte do material e seu destino, as necessidades
de aquisição de material para o reparo das instalações utilizadas, as melhorias nas
instalações da área cedida para estabelecimento das BAvç (legado) e a necessidade de
apoio do Comando Logístico. No caso de rodízio, esse Plano deverá conter a sequência
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de rendição das companhias e do EM, bem como os procedimentos de passagem de
responsabilidade da AOp para o novo Contingente.
Para a fase do Cerco e Interdição devem ser planejados PVig em posições dominantes
no entorno da AOp, para o posicionamento de Equipes de Reconhecimento e de
Atiradores de Precisão, que assumirão posição a paisano. Deve ser estudada a
possibilidade de extensão da AOp para englobar essas posições durante toda a
Operação, a fim de permitir sua utilização na fase de Manutenção, caso necessário.
O GptOpFuzNav deverá ser dimensionado adequadamente para cumprir as tarefas
recebidas, incluindo ElmOpEsp, pessoal com cursos específicos (C-Exp-NECONREF,
C-Exp-BasNeg, C-Esp-OpPsc, C-Esp-ComSoc, etc.) e com as especialidades
necessárias (Comunicação Social, Direito, Medicina, etc.). Deverá ser organizado com
as capacidades adequadas ao cumprimento da missão, levando-se em consideração os
conceitos descritos nos Capítulo 9, 10 e 11 deste Manual.
Deve ser confeccionada uma matriz de sincronização com os eventos planejados, a fim
de verificar possíveis interferências das ações, duplicidade de tarefas e efetivos com
tarefas simultâneas.
Devem ser planejadas medidas de coordenação e controle que facilitem o
monitoramento da tropa no terreno e o acompanhamento das ações. Pontos e linhas de
controle, além de áreas e itinerários de patrulha são as medidas mais comuns.
Dependendo das tarefas recebidas, pode ser planejado o desdobramento de parcela da
tropa em OM (das FA ou Forças Auxiliares) próximas ou na AOp, em caráter
temporário ou durante toda a Operação, visando reduzir o tempo de emprego.
No caso da missão do GptOpFuzNav conter a tarefa de gerenciar o tráfego na AOp,
deve ser confeccionado um Plano de Controle de Tráfego, que garanta a liberdade de
movimento da tropa, bem como o controle, a supervisão e a execução de todas as
atividades necessárias à liberdade de movimento de pessoas, veículos e recursos.
No caso da missão do GptOpFuzNav conter a tarefa de realizar Segurança de Área
Marítima, deverá ser planejada a coordenação com o COMCONTRAM para o
recebimento de informações sobre embarcações suspeitas trafegando próximas à AOp.
No caso de tarefas de controle de infraestruturas críticas, deverão ser planejadas ações
de interdição de área com o uso integrado de PSE, PCTran e patrulhamento.
No caso de OpGLO por greve dos OSP, ou em Grandes Eventos, deverá ser considerada
a necessidade de defesa NBQR e de realização de escolta de comboios, bem como o uso
do modal aquaviário para o movimento desses comboios.
Deve ser planejada a dotação de armamento e munição menos letal para as patrulhas,
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PelCD e reserva, com base na disponibilidade de meios e nos conceitos do Capítulo 3.
Deve ser planejado o apoio da PM, baseado no protocolo de cooperação, prevendo
tarefas em PBlq, PCTran, patrulhas conjuntas e uso de cães e destacamentos femininos.
Para o Controle da Ação Planejada, em seu estágio de Controle da Ação em Curso, o
Estado-Maior deve planejar respostas a incidentes críticos, tais como situações com
reféns, criminosos encurralados, turbas, acidentes com veículos, incêndios, respostas a
pandemias e problemas com a população local.
4.9 – SEQUÊNCIA DAS AÇÕES DE COMANDO E ESTADO-MAIOR
Tendo em vista a necessidade de adaptar o PPM, como visto no item anterior, e com a
experiência adquirida na realização das OpGLO, viu-se a necessidade de adaptação da
Sequência de Ações de Comando e Estado-Maior (SACEM).
O Anexo B contém uma adaptação da SACEM utilizada pelo Comando da Tropa de
Desembarque, OM núcleo do Componente de Comando da maioria dos GptOpFuzNav
empregados em GLO.
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CAPÍTULO 5
FASES DAS OPERAÇÕES DE GLO
5.1 – INTRODUÇÃO
As OpGLO mais complexas são divididas, normalmente, em cinco fases, a saber:
Preparação, Cerco e Interdição, Vasculhamento, Manutenção e Desmobilização.
Resumidamente, a Operação transcorre da seguinte forma: a Força de Cerco assume
posições que assegurem o completo isolamento da área. Com a Força de Cerco em
posição, a Força Principal ocupa sigilosamente o dispositivo inicial e, mediante ordem,
inicia a realização do vasculhamento. Após o término do Vasculhamento, o Cerco é
desfeito e inicia-se a fase da Manutenção, por meio de medidas estáticas e dinâmicas de
segurança. Quando o Efeito Desejado da missão for atingido, inicia-se a fase de
Desmobilização, com o retorno da responsabilidade para o OSP pertinente.
Em Operações mais simples, algumas dessas fases podem ser suprimidas.
5.2 – FASE DA PREPARAÇÃO
Nessa fase, é realizado o planejamento da operação pelo EM do GptOpFuzNav,
conforme descrito no Capítulo 4 deste Manual.
Reconhecimentos da AOp deverão ser realizados de forma sigilosa, a fim de não
comprometer a realização da Operação. Deverão ser planejados Postos de Vigilância
(PVig) fora da AOp, visando o posicionamento de Equipes de Reconhecimento
(EqRecon) a paisano que realizarão a vigilância das atividades dos APOP, bem como a
movimentação de pessoas e veículos antes do início da Operação.
Deverão ser identificados e substituídos militares do GptOpFuzNav residentes na AOp.
O treinamento individual específico para as OpGLO inclui o estudo das Regras de
Engajamento e do uso progressivo da força, ordenamento jurídico, autodefesa
desarmada, regulagem dos fuzis e acessórios, Controle de Distúrbios, qualificação em
armas e munições menos letais, treinamento em técnicas menos letais para subjugar
indivíduos, orientação em área urbana, patrulha, PCTran, PSE, PBlq, abordagem de
pessoas e veículos, entrada em compartimento, confecção de relatórios e procedimentos
para os incidentes críticos listados no Capítulo 4.
Os líderes, em todos os níveis, devem ser treinados para compreender as implicações
legais e éticas de suas decisões e exercer a iniciativa e o bom senso de acordo com a
intenção do Comandante. Adestramentos doutrinários não são suficientes nesse caso,
devendo ser buscada a experiência de militares que tenham participado de OpGLO.
A importância de cada militar para a operação é potencializada nas OpGLO. Além das
considerações relacionadas às ações táticas e operacionais, o comportamento e a postura
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dos militares desdobrados no terreno podem ter consequências estratégicas e políticas.
Isso advém do efeito compressivo do ambiente urbano sobre os níveis da guerra,
descrito no Capítulo 1. Nesse contexto, um Soldado pode se tornar um porta-voz ou um
símbolo para a mídia, com base em eventos, imagens ou declarações. A tropa deverá ser
adestrada para adotar uma postura serena, mesmo diante de pessoas com postura
agressiva, desde que não haja risco para a integridade física. Atos provocatórios são
comuns nas OpGLO e devem ser encarados com tranquilidade. Isso não deve ser
confundido com submissão, devendo a tropa ter uma atitude firme e utilizar os conceitos
jurídicos do Capítulo 2 para se resguardar e enquadrar pessoas exaltadas.
Cresce de importância a realização de adestramento de tiro e regulagem dos
armamentos e seus acessórios (lunetas, designadores e miras holográficas), a fim de
preparar a tropa e reduzir a possibilidade de danos colaterais.
Para OpGLO em áreas de risco, deve ser intensificado o adestramento de patrulha,
especialmente quanto aos procedimentos de deslocamento e de passagem em pontos
críticos, preocupação com a silhueta do combatente e utilização de áreas de sombra.
Todos os militares que exercerão função de motorista devem realizar testes para avaliar
seus conhecimentos sobre leis de trânsito, direção defensiva e condução da viatura,
incluindo deslocamento em baixa velocidade. Isso é importante para evitar acidentes de
trânsito e o desgaste prematuro da embreagem das viaturas.
Há necessidade de instrução da tropa quanto ao trato com a Polícia Militar (PM), tendo
em vista a possibilidade de interação com aquela Força Auxiliar. É importante que a
tropa entenda o papel de cada ator nesse tipo de Operação.
Devem ser realizados briefings para os líderes, até o nível GC, incluindo palestras de
agentes de inteligência (Polícia Civil, EB, etc.), visando apresentar o modus operandi
das facções criminosas existentes e as características da AOp.
Nessa fase, deverão ser reconhecidas e estabelecidas as Bases Avançadas, conforme
descrito no Capítulo 11 deste Manual.
5.3 – FASE DO CERCO E INTERDIÇÃO
Essa fase se inicia com o posicionamento de Elementos de Operações Especiais
(Equipes de Reconhecimento) para realização de vigilância, caso estejam disponíveis,
ou com o deslocamento da tropa para o estabelecimento do Cerco à AOp.
As Equipes de Reconhecimento, posicionadas em PVig, realizarão a vigilância das
atividades dos APOP, fornecendo informações atualizadas ao GptOpFuzNav.
O Cerco da AOp consiste no envolvimento e isolamento físico da área, para impedir a
entrada ou saída dos APOP portando armas ou drogas, e deverá ser desencadeado com a
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máxima surpresa. Serão instalados Postos de Controle de Trânsito (PCTran), associados
a Posições de Bloqueio (PBlq), para o isolamento da AOp. A Linha de Cerco é a linha
imaginária que liga essas posições, envolvendo a AOp.
As PBlq visam a economia de meios, já que impedem a passagem de pessoal e veículos,
desviando esse fluxo para os PCTran estabelecidos. Nos PCTran é realizada a inspeção
rigorosa de todos as pessoas e carros, visando deter APOP e apreender armamentos e
drogas. Ações dinâmicas de defesa, materializadas pelo lançamento de patrulhas e uso
de ARP, devem ser adotadas entre as posições fixas estabelecidas na Linha de Cerco.
No planejamento do Cerco deverá ser considerada a influência dos obstáculos e
elevações existentes na tomada do dispositivo e na efetividade do isolamento. Há
necessidade de um planejamento detalhado e de intensa coordenação, a fim de reduzir a
possibilidade de fratricídio e de danos colaterais. O Comando e Controle e a
sincronização das ações são essenciais para o sucesso dessa fase.
O sigilo e a rapidez necessários no estabelecimento do Cerco podem ser alcançados pelo
deslocamento em períodos de visibilidade reduzida e pela utilização de mais de um
itinerário de aproximação. Deve ser avaliada a possibilidade de utilização do modal
aquaviário (marítimo, fluvial e lacustre) para esse deslocamento.
Como medida complementar para manter o sigilo, os telefones celulares dos militares
envolvidos deverão ser recolhidos, no mínimo, doze horas antes do início da Operação.
Nessa fase é realizada a Interdição, que consiste no bloqueio do espaço aéreo e
marítimo da AOp. Essa interdição não deve preceder o Cerco para não comprometer o
sigilo da Operação, devendo ser realizado simultaneamente.
Deve ser planejada a utilização de equipes de cães de guerra e destacamentos femininos
para apoiar a força de Cerco.
5.4 – FASE DO VASCULHAMENTO
Após o estabelecimento do Cerco, tropas pré-posicionadas o ultrapassam e realizam o
vasculhamento da AOp. Vasculhamento é a realização de buscas de casa em casa e o
patrulhamento da área, com a finalidade de capturar armas e elementos suspeitos. Além
do deslocamento tradicional por via terrestre, a Força de Vasculhamento pode ser
transportada por helicópteros, visando a rapidez na chegada à AOp, ou utilizando o
modal aquaviário, visando a segurança no deslocamento e a surpresa.
O dispositivo em linha é o ideal para o Vasculhamento, por facilitar o controle e reduzir
a possibilidade de fratricídio. A utilização de Pontos e Linhas de Controle facilita a
regulação do avanço da tropa.
É indispensável a coordenação entre o Cerco e o Vasculhamento para evitar fratricídio.
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Viaturas Blindadas apoiam a Força de Vasculhamento realizando o binômio carro-
infantaria durante o deslocamento da tropa.
Deve ser mantido um efetivo em reserva, se deslocando à retaguarda dos elementos em
primeiro escalão, em condições de reforçá-los ou assumir suas tarefas.
Atiradores de Precisão localizados em posições dominantes fora da AOp, como prédios
e torres, apoiam a realização do Vasculhamento. Eles também podem ser empregados
embarcados em aeronaves, caso elas estejam disponíveis. Em casos excepcionais,
quando não houver opções de posicionamento, eles poderão ser colocados nas VtrBld.
Deverá ser planejada a utilização de equipes de cães de guerra, equipe de ARP e
destacamentos femininos para apoiar a força de Vasculhamento.
O DASC é o responsável pelo transporte de presos, apoio de saúde, ressuprimento da
tropa, bem como socorro e salvamento das viaturas utilizadas no Cerco e no
Vasculhamento. Um destacamento de controle de danos deverá apurar e ressarcir,
quando pertinente, prejuízos a terceiros causados pelas ações da tropa.
5.5 – FASE DA MANUTENÇÃO DA AOp
Nessa fase, o patrulhamento e os PCTran são intensamente empregados e têm por
objetivo apreender armamento e drogas dos APOP; reduzir sua capacidade e liberdade
de ação; proporcionar segurança à tropa, autoridades, instalações, serviços essenciais,
população e às vias de transporte; controlar a população; e restabelecer o controle da
AOp. O patrulhamento será explorado de forma mais detalhada no Capítulo 6.
Conjugado com o emprego de patrulhas, a fim de evitar uma rotina de atividades e a
consequente possibilidade de adaptação dos APOP, Operações Pontuais devem ser
desencadeadas inopinadamente, conforme exposto no Capítulo 7.
Deverá ser confeccionada, diariamente, uma matriz de sincronização com todas as
atividades, efetivos e meios desdobrados na AOp, visando facilitar as coordenações e
evitar interferências ou duplicidade de tarefas.
Deverão ser evitadas posições fixas, tais como PBlq, PCTran e PSE, a fim de liberar os
efetivos para o patrulhamento e Operações Pontuais. Nesse sentido, pode ser planejado
o uso de efetivos da PM para guarnecer essas posições e liberar a tropa.
Nas OpGLO em caso de greve dos OSP, tarefas adicionais poderão ser realizada pelos
GptOpFuzNav como o policiamento, a segurança ou a interdição de áreas e instalações,
que será vista no Capítulo 6, e o Controle do Tráfego Urbano, que será explorado no
Capítulo 8.
O policiamento é a aplicação de medidas de controle dentro de uma AOp para manter a
lei, a ordem, a segurança e outras questões que afetam o bem-estar geral da população.
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As tarefas de policiamento são empregadas em um esforço para restaurar ou manter a
ordem quando a destruição de uma força oponente, de sua capacidade ou de sua
infraestrutura associada não é a intenção.
Eventos como feiras, festas e aglomerações em locais públicos (praças, postos de
gasolina, etc.) podem ser utilizados por APOP para distribuição de carregamentos de
drogas, além do consumo por usuários. A presença de armas nesses eventos também
pode ocorrer. Nesse contexto, devem ser cobrados alvarás da prefeitura para sua
realização, bem como planejadas as medidas necessárias para garantir a segurança das
pessoas e se opor aos possíveis ilícitos. No caso da inexistência de alvarás, deve ser
solicitada a presença de um fiscal da prefeitura para autuar o dono do evento e impedir
sua realização. Em caso de insistência, o dono do evento pode ser preso por desacato,
após ter sido autuado pelo fiscal, conforme descrito no Capítulo 2 deste Manual. Em
eventos sem alvará e sem a presença de fiscal da prefeitura, a tropa deve ser posicionada
para impedir sua realização. Em eventos na rua, por exemplo, podem ser posicionadas
VtrBld Piranha junto às caixas de som, inviabilizando sua realização. Nos eventos com
alvará devem ser realizadas as Operações de Cerco e Inspeção, descritas no Capítulo 7
deste Manual, visando impedir a ocorrência de ilícitos.
5.6 – FASE DA DESMOBILIZAÇÃO
Ao ser atingido o Efeito Desejado da missão do GptOpFuzNav, a Operação será
encerrada. No entanto, é necessária a passagem da responsabilidade da AOp para a
Polícia Militar antes da retirada da tropa do terreno.
Devem ser previstas atividades conjuntas com a Polícia e medidas de monitoramento do
policiamento, visando garantir a continuidade das atividades de segurança.
À proporção que as tropas forem retiradas, a PM deverá realizar uma ocupação policial
gradual, até o desengajamento total do GptOpFuzNav.
Nessa fase, deverão ser ultimadas as ações de Controle de Danos e Ações Cívico-
Sociais (ACISO), visando manter a boa imagem do CFN e da MB.
O EM do GptOpFuzNav deverá planejar os procedimentos de desmobilização da tropa
(ou de rodízio da mesma) e de passagem de responsabilidade da AOp para a PM, que
deverão constar do Plano de Desmobilização, conforme citado no Capítulo 4.
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CAPÍTULO 6
PATRULHAS DE GLO
6.1 - GENERALIDADES
As patrulhas de GLO executam várias funções, incluindo prevenção e dissuasão do
crime, proteção de pessoal e recursos, resposta a solicitações de assistência, detenções
de indivíduos, resposta a crises e incidentes sérios, coleta de evidências, gerenciamento
e fiscalização do tráfego, preservação e segurança de cenas de crime, confecção de
relatório e interação com a comunidade.
A chave de um controle efetivo para garantir a lei e a ordem, eliminando as condições e
oportunidades que promovem o crime, é a realização de um patrulhamento agressivo.
Isso se refere muito mais ao planejamento e ao emprego dos métodos e estratégias de
patrulhamento do que à conduta dos militares na AOp.
6.2 – TIPOS DE PATRULA
Os tipos de patrulhas de GLO são a pé em coluna simples e em coluna dupla, a pé
apoiado por VtrBld, motorizado, em moto, com cães e em embarcação. Abaixo, é
apresentado um quadro comparativo com as vantagens e desvantagens de cada tipo.
Tipo de
patrulha Vantagens Desvantagens
A pé em
coluna
simples
Maior consciência situacional.
Alto grau de interação com a comunidade.
Acesso a locais com visibilidade limitada
e áreas confinadas.
Indicada para áreas densamente povoadas
ou de alta criminalidade.
Mais indicada para vielas e becos muito
estreitos.
Maior facilidade de Comando e Controle.
Raio de ação limitado da patrulha.
Equipamento de comunicações limitado.
Tempo de resposta mais lento que as
patrulhas motorizadas.
Maior impacto dos efeitos ambientais.
APOP, feridos ou testemunhas precisam
de transporte.
Necessidade de transporte da patrulha de
ida e retorno da AOp.
A pé em
coluna dupla
Maior consciência situacional.
Alto grau de interação com a comunidade.
Acesso a locais com visibilidade limitada
e áreas confinadas.
Indicada para áreas densamente povoadas
ou de alta criminalidade.
Maior segurança nos deslocamentos, pela
facilidade de vigilância de ambos os lados
da rua.
Raio de ação limitado da patrulha.
Equipamento de comunicações limitado.
Tempo de resposta mais lento que as
patrulhas motorizadas.
Maior impacto dos efeitos ambientais.
APOP, feridos ou testemunhas precisam
de transporte.
Necessidade de transporte da patrulha de
ida e retorno da AOp.
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A pé
apoiado por
VtrBld
Maior consciência situacional.
Maior poder de combate.
Flexibilidade de emprego.
Alto grau de interação com a comunidade.
Acesso a locais com visibilidade limitada
e áreas confinadas.
Possibilidade de uso intenso em áreas
densamente povoadas ou de alta
criminalidade.
Maior proteção para o pessoal.
Maior acesso a equipamentos de
comunicações e de emergência, devido à
capacidade da viatura.
Impacto dos efeitos ambientais.
Motorizado
Alto grau de mobilidade.
Maior raio de ação da patrulha.
Maior proteção para o pessoal, quando é
usada VtrBld.
Maior acesso a equipamentos de
comunicações e de emergência, devido à
capacidade da viatura.
Dificuldade de acesso a locais estreitos
(sem desembarcar).
O confinamento na viatura resulta em
consciência situacional reduzida.
A oportunidade e probabilidade de
interação com a comunidade são
reduzidas.
Falsa sensação de segurança para o
pessoal dentro das viaturas sem
blindagem.
Facilidade de monitoramento pelos APOP
Em moto
Alto grau de mobilidade.
Maior raio de ação da patrulha.
Maior capacidade de perseguição a APOP.
Dificuldade de transporte do armamento.
Baixa segurança para a tropa.
Facilidade de monitoramento por APOP
Possibilidade de abalroamento por APOP
Maior risco de lesões em acidentes
Com cães
Maior possibilidade de apreensão de
drogas e explosivos.
Possibilidade de economia de meios.
Impacto psicológico nos APOP.
Necessidade de militares especializados e
equipamentos especiais.
Capacidade de detecção impactada pelas
condições ambientais.
Riscos de ataques a civis quando
empregados em áreas lotadas.
Em
embarcações
Capacidade para cobrir ilícitos
significativos na água.
Capacidade de resposta a emergências na
água.
Necessidade de militares especializados e
equipamentos especiais.
Necessidade de manutenção específica dos
meios utilizados.
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Não há obrigatoriedade de utilização de um único tipo de patrulha em toda a AOp e em
todos os momentos. Os tipos devem ser escolhidos de acordo com as características das
Áreas de Patrulha, associadas às tarefas recebidas, podendo variar durante a Operação.
A combinação dos tipos de patrulha permite a maximização das vantagens de cada um,
enquanto reduz as desvantagens. Essa combinação pode ser realizada até mesmo
durante uma patrulha, no que se denomina de patrulha mista. A patrulha motorizada, por
exemplo, pode parar, estacionar suas viaturas e conduzir patrulhas a pé na AOp.
6.3 – ESTRATÉGIAS DE PATRULHA
Existem diversas estratégias de patrulha, dentre elas as patrulhas de rotina, patrulhas
dirigidas (para tarefas específicas), patrulhas de saturação (emprego intensivo de
patrulhas), e patrulhas de resposta diferenciada (para incidentes graves).
A combinação dos meios, tipos e estratégias de patrulha contribuirá para evitar a
previsibilidade das ações do GptOpFuzNav.
6.3.1 Patrulha de Rotina
No patrulhamento de rotina (ou preventivo) é designada uma Área de Patrulha e
um Itinerário para a patrulha. Qualquer necessidade de alteração no percurso
planejado ou de saída da Área de Patrulha (APtr) deve ser informada e autorizada
pelo escalão superior. Essa estratégia é considerada reativa por natureza.
A patrulha deve observar o ambiente e procurar por indicações de atividades
criminosas ou situações anormais, além de coletar dados para a Inteligência.
Esse tipo de patrulhamento provoca na população a percepção de que a tropa é
onipresente, pois sua presença é constante e aparece sem aviso. Essa falta de
previsibilidade também serve como um obstáculo para as atividades criminosas.
Essa estratégia de patrulhamento pode ser utilizada em conjunto com a
fiscalização do tráfego por patrulhamento, que será apresentada no Capítulo 8
deste manual, por possuírem características similares.
6.3.2 Patrulha Dirigida
Ao contrário do patrulhamento aleatório, as patrulhas dirigidas recebem tarefas e
instruções específicas, que concentram seus esforços em um momento e local
específicos. O patrulhamento dirigido é considerado uma estratégia proativa,
permitindo a prevenção e a inibição do crime. São lançadas com base em
informações ou análises de inteligência ou ainda denúncias da população.
No entanto, o uso das patrulhas dirigidas deve ser bem planejado e dosado, já que
pode deixar essa parcela da tropa sem atividade e sobrecarregar outros efetivos,
especialmente durante períodos com grande número de patrulhas ativas.
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6.3.3 Patrulhas de Saturação
Essa estratégia coloca o maior número possível de patrulhas nas áreas
identificadas como de alta atividade criminal, infrações de trânsito (ver Capítulo 8
- fiscalização por saturação) ou outros incidentes. As patrulhas de saturação são
utilizadas durante os picos de criminalidade ou de atividades ilícitas. Deve ser
adotada uma postura de tolerância zero, mesmo com ilícitos e infrações de trânsito
de menor gravidade.
As patrulhas de saturação podem impedir atividades criminosas e outros desvios
de comportamento. Elas também produzem grandes quantidades de informações,
que podem ser usadas pelos analistas de inteligência do GptOpFuzNav ou do
ComFFE, apoiando os esforços de GLO. É preciso dosar o uso das patrulhas de
saturação, pois elas podem sobrecarregar a tropa pelo emprego prolongado.
6.3.4 Patrulhas de Resposta Diferenciada
Essa estratégia consiste no uso seletivo dos recursos de patrulhamento, por meio
da priorização de solicitações ou respostas a incidentes graves. É empregada
quando os recursos de patrulha são insuficientes para atender a todas as demandas
simultaneamente. Os crimes e incidentes mais graves são selecionados e
atendidos, sendo os menos graves colocados em uma prioridade mais baixa.
6.4 – TRINÔMIO DE PATRULHAMENTO
Essa técnica é indicada para áreas de risco, com de alto índice de criminalidade ou sob
controle de grupos criminosos, como as Favelas do Rio de Janeiro.
Deve ser utilizado o conjugado carro-infantaria, previsto no CGCFN 313 (Manual de
Blindados de Fuzileiros Navais). A dosagem básica deve ser de uma VtrBld (leve ou
pesada) apoiando uma patrulha nível GC, resultando em três VtrBld apoiando um
PelFuzNav. Essa dosagem pode ser alterada de acordo com a situação e disponibilidade
de meios, sendo o mínimo de duas VtrBld apoiando um Pelotão. Caso o PelFuzNav só
receba duas VtrBld, dois GC realizam patrulha utilizando o conjugado e o terceiro GC
estabelece PCTran sem o apoio da VtrBld.
Do conjugado (binômio) citado acima, deriva o “Trinômio”, que consiste na utilização
integrada de tropa a pé, VtrBld e Atiradores de Precisão, sendo a comunicação um fator
essencial para o sucesso. O conjugado é empregado como citado acima e os Atiradores
de Precisão são posicionados para apoiar esse emprego. Como dosagem básica, deve ser
utilizada uma equipe de Atiradores de Precisão para apoiar um PelFuzNav patrulhando.
Convém ressaltar que os Atiradores de Precisão podem ser Elementos de Operações
Especiais ou militares das Unidades de Infantaria selecionados e treinados para essa
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tarefa, desde que portando equipamentos, armamentos e acessórios adequados.
Existem quatro situações padronizadas para a utilização do Trinômio.
I. Trinômio Tipo 1 (T-1)
Tropa e blindados conseguem se deslocar no mesmo eixo e existem posições
adequadas para os Atiradores de Precisão.
A tropa se deslocará nas calçadas e o blindado trafegará próximo à ponta de
retaguarda. A equipe de Atiradores de Precisão se posicionará em lajes ou outros
locais elevados a fim de observar a Área de Patrulha. Ao observarem movimentações
suspeitas, informarão via rádio ao comandante da patrulha, para que ele possa
manobrar e esclarecer a situação. Os atiradores deverão orientar o comandante da
patrulha em seu deslocamento e prestarão apoio de fogo, caso algum APOP realize
ações que se enquadrem como atitude ameaçadora.
Nessa modalidade de Trinômio pode ser prevista a mudança de posição da Equipe de
Atiradores, a fim de manter o apoio contínuo à patrulha em caso de uma Área de
Patrulha extensa ou de obstáculos que impeçam a observação.
II. Trinômio Tipo 2 (T-2)
Tropa e blindados não conseguem se deslocar no mesmo eixo e existem posições
adequadas para os caçadores
Nos trechos onde as VtrBld não puderem trafegar, o comandante da patrulha deverá
determinar um ponto futuro de encontro, caracterizando a modalidade de conjugado
em eixos convergentes. Dois militares deverão ser destacados para embarcarem no
blindado e realizarem a segurança de retaguarda do mesmo. Durante todo o
deslocamento, o comandante da patrulha deverá permanecer em contato rádio com o
blindado, de modo a coordenar as ações e alterar rapidamente a forma de apoio
mútuo ou o ponto de encontro, caso necessário. A Equipe de Atiradores de Precisão
apoiará a patrulha da mesma forma que no caso anterior.
III. Trinômio tipo 3 (T-3)
Não existem posições adequadas para Equipe de Atiradores de Precisão.
Os Atiradores de Precisão poderão assumir posição nas Viaturas Blindadas,
realizando apoio cerrado à tropa. No entanto, esse tipo de apoio é o menos desejável,
já que reduz a eficácia dos Atiradores. Nas áreas onde as Viaturas Blindadas não
puderem trafegar (T-2), o comandante da patrulha poderá optar por deixar os
Atiradores embarcados realizando a segurança dos blindados (opção mais simples)
ou desembarcá-los e incorporá-los à patrulha, até a chegada ao ponto de encontro
estabelecido.
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A tropa e os blindados realizarão o conjugado, conforme descrito nas situações dos
Trinômios T-1 e T-2.
IV. Trinômio tipo 4 (T-4)
Equipe de Atiradores de Precisão realizando vigilância em área adjacente.
Após as coordenações necessárias, a Equipe de Atiradores de Precisão se posicionará
em um setor adjacente ao setor patrulhado, definido previamente, realizando a
vigilância desse setor. Caso observem alguma movimentação suspeita, participarão o
fato ao comandante da patrulha, que manobrará seu efetivo para esclarecer a situação
no setor vigiado. Com a chegada da patrulha, os atiradores procederão exatamente
como nos casos dos Trinômios T-1 e T-2. Esse tipo de Trinômio tem a vantagem de
ampliar a área de influência do pelotão, já que é possível controlar dois setores
simultaneamente com o mesmo efetivo. No entanto, apresenta como desvantagem
deixar a tropa sem o apoio direto dos Atiradores de Precisão no setor patrulhado.
6.5 – QUADRINÔMIO DE PATRULHAMENTO
Em adição ao Trinômio, descrito no item anterior, a utilização de Aeronaves
Remotamente Pilotadas (ARP) complementa a vigilância realizada pelos Atiradores de
Precisão e permite um melhor direcionamento dos esforços da tropa.
A dosagem básica é de uma Equipe ARP para apoiar um PelFuzNav patrulhando.
Existem duas situações padronizadas para a utilização do Quadrinômio. A primeira com
o Trinômio atuando apoiado diretamente pela Equipe de ARP. A segunda com o
Trinômio atuando e a Equipe ARP realizando o monitoramento de uma Área de
Patrulha adjacente, não coberta pelo Trinômio. Caso seja observada atividade de APOP,
o Trinômio se desloca para atuar como descrito anteriormente, guiado pelas
informações obtidas pela Equipe ARP. Essa última forma permite cobrir até três Áreas
de Patrulha simultaneamente por um PelFuzNav, caso seja associada à quarta situação
de emprego do Trinômio (T-4). Desta forma, o PelFuzNav patrulha uma área, os
Atiradores de Precisão monitoram uma segunda área adjacente e a Equipe ARP
monitora uma terceira área adjacente. No entanto, essa situação apresenta como
desvantagem deixar a tropa sem o apoio direto da Equipe ARP no setor patrulhado.
6.6 – PROCEDIMENTOS NO PATRULHAMENTO
O efetivo mínimo empregado no patrulhamento é o PelFuzNav. Sua utilização pode
ocorrer de forma concentrada, com todo o pelotão operando junto em um único
dispositivo, ou desdobrada, com o pelotão operando por Grupos de Combate, sendo essa
a forma mais comum e com maior efetividade. Em qualquer situação, o Comandante do
Pelotão deverá ter condições de coordenar e controlar as ações táticas, seja pelo contato
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visual e comando por voz, seja pelos sistemas C2 disponíveis.
O principal objetivo das patrulhas é apreender armamento e munição e, numa segunda
prioridade, apreender grandes quantidades de droga e prender as lideranças dos APOP
(ver CG - Capítulo 4). A prisão dos líderes desarticula os grupos e facções criminosas, a
perda de quantidades consideráveis de droga enfraquece o braço econômico dessas
facções e a apreensão de armamento e munição os deixa sem condições de engajar com
a tropa, além de atuar no moral dos APOP. Drogas em pequena quantidade e APOP de
menor escalão de hierarquia estão em uma terceira prioridade. Crimes comuns devem
ser reprimidos quando observados, porém não são o foco do emprego da tropa.
No planejamento das áreas de patrulha deve ser observada a influência do terreno, a
densidade populacional, a média dos tempos de resposta, limitações de comunicação
(distância, estruturas e zonas mortas), tempo para chegada de reforços, distância para
instalações de saúde, influência de obstáculos e rotas de entrada e saída.
O planejamento dos Itinerários das Patrulhas é fundamental para garantir a segurança da
tropa, reduzindo a possibilidade de fratricídio durante as ações. Nesse tipo de ambiente,
os deslocamentos não seguem uma direção única, havendo mudanças constantes, o que
pode ocasionar interferência entre patrulhas situadas em áreas adjacentes. Qualquer
alteração no planejamento deverá ser informada tempestivamente ao CCT.
Antes da chegada na AOp, o Comandante do Pelotão deve realizar um briefing
detalhado, incluindo as Áreas de Patrulha, os Itinerários das Patrulhas, os tipos e
estratégias de patrulha, o tipo de Trinômio ou Quadrinômio a ser empregado, as
principais Regras de Engajamento, as alterações no Plano de Comunicação, a missão da
patrulha, condição atual e tropas presentes na AOp, condições meteorológicas, dados de
Inteligência a serem coletados, atividade criminal recente, problemas de tráfego ou
obstruções na AOp, eventos especiais (feiras, festas e visita de autoridades) e Operações
em andamento. Devem estar presentes também os motoristas das VtrBld, os Atiradores
de Precisão e a Equipe ARP pertencentes ao Quadrinômio, se for o caso.
As rendições das patrulhas deverão ser realizadas no interior da AOp, a fim de manter a
continuidade das ações táticas, bem como a pressão sobre os APOP.
Os Pontos e Linhas de Controle estabelecidos serão utilizados para permitir o controle
do movimento das patrulhas no terreno. O comandante da patrulha deverá reportar ao
Comando do CCT todas as vezes que passar por uma destas medidas. O controle dos
movimentos das patrulhas deve ser realizado diuturnamente pelo CCT e monitorado
pelo PC do GptOpFuzNav, a fim de aumentar a segurança da tropa e reduzir a
possibilidade de fratricídio. É ideal o uso de um Sistema de Monitoramento.
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As patrulhas deverão adotar postura respeitosa ao abordarem pessoas ou veículos,
independente da atitude da outra parte. A utilização de um linguajar respeitoso, sem
perder o tom incisivo, força o elemento abordado a obedecer sem lhe dar argumentos
para questionamentos futuros. O comandante da patrulha sempre deve supervisionar as
abordagens e inspeções. Os militares devem estar atentos para não cederem a
provocações, comuns nesse tipo de Operação. Isso é mandatório nas OpGLO, já que os
APOP se utilizam da população e de profissionais para filmar as ações da tropa, em
busca de falhas de procedimento para desacreditar a FPac.
As patrulhas podem ser encaradas como PCTran móveis, visando aumentar a pressão
sobre os APOP e coibir ilícitos. Além disso, populares aproveitam as inspeções para
informar à tropa sobre ilícitos em andamento ou em planejamento. Os alvos deverão ser
escolhidos de forma aleatória ao longo do itinerário, priorizando pessoas portando
mochilas, grupos parados em bares e lanchonetes, motos com compartimento na garupa,
carros com insulfilm e carros com elementos suspeitos. Estas inspeções deverão ser
conduzidas de acordo com o previsto no item 6.7 deste Capítulo.
Durante as patrulhas deverão ser verificados bueiros (de luz e água), carros
abandonados, caçambas de lixo e lixeiras comuns, estabelecimentos comerciais (bares,
lanchonetes, lan houses, salões de beleza, etc.) e outros locais que possam ter sido
usados para guardar armamentos e drogas. Esses locais devem ser inspecionados
seletivamente, de modo a não inviabilizar a progressão. O comandante da patrulha
deverá orientar a realização dessas inspeções.
Em caso de engajamento, a patrulha pode ocupar lajes ou outras posições elevadas, sem
precisar da autorização do morador ou do responsável pelo local, conforme descrito no
Capítulo 2. Deverá ser dito que o local está sendo requisitado “em nome da segurança
pública”. Caso não haja apoio de Atiradores de Precisão, o melhor atirador da patrulha,
que porta luneta acoplada em seu fuzil, deverá ocupar essa posição dominante,
juntamente com um elemento de segurança, a fim de neutralizar a ameaça dos APOP.
Em caso de perseguição de APOP, caso ele entre em alguma residência, a patrulha
também poderá entrar no local “em nome da segurança pública”, independente de
autorização (Ver Capítulo 2).
Em complemento ao item anterior, caso a patrulha esteja perseguindo APOP e eles
saiam da Área de Patrulha, a perseguição pode prosseguir, desde que autorizada pelo
Comando do CCT. Caso os APOP saiam da AOp, a perseguição só poderá prosseguir
com autorização do Comando do GptOpFuzNav, que realizará as coordenações
necessárias com as tropas vizinhas e com o escalão superior.
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Todas as ações das patrulhas deverão ser filmadas, de modo a salvaguardar
juridicamente os militares, permitir a correção de procedimentos pela análise das
imagens e fornecer dados para a Inteligência. Para tal, devem ser priorizadas filmadoras
de alta resolução acopladas ao capacete dos militares, a fim de deixar livres as mãos dos
combatentes. No mínimo um militar da patrulha deverá portar esse equipamento.
Em caso de aglomerações de moradores ou turbas, as patrulhas deverão evitar o
confronto e solicitar o reforço do Pelotão de Controle de Distúrbios. Caso necessário, a
patrulha pode se retirar do local, para não tornar a turba agressiva.
Danos colaterais são inaceitáveis. Desta forma, são inadmissíveis disparos para o alto ou
sem um alvo definido e ações descoordenadas. O quadro de pontaria sempre deve ser
realizado e o militar só pode atirar em alvos que estejam sendo observados. Tiros para
desengajamento devem ser evitados ao máximo.
Os cabos e soldados das patrulhas não devem ter acesso à rede rádio dos APOP. A
experiência mostra que os APOP a utilizam como ferramenta de Guerra Psicológica,
enviando mensagens falsas para intimidar a tropa. A análise dessa rede rádio deve ser
realizada pela Seção de Inteligência do CCT e do GptOpFuzNav. O comandante da
patrulha poderá ter acesso a essa rede rádio, porém deverá filtrar as informações
monitoradas, de modo a não causar alarde na tropa. Essa ferramenta se mostrou
importante para localizar APOP no terreno e serve como termômetro para saber se a
patrulha está próxima de locais importantes para os APOP. As análises da Seção de
Inteligência devem ser repassadas imediatamente para as patrulhas no terreno.
No caso de haver APOP ferido ou detido, eles deverão ser retirados rapidamente da
cena de ação, a fim de evitar aglomerações de civis e a formação de turbas, além de
reduzir a possibilidade de filmagem pela população e de chegada da mídia. Para o caso
dos feridos, se a situação permitir, deverão ser prestados os primeiros socorros e
realizada a evacuação imediata para o estabelecimento de saúde mais próximo. Esse
procedimento deve ser adotado em qualquer situação, independente da probabilidade de
óbito, conforme descrito no Capítulo 2. Os APOP detidos devem ser levados
rapidamente para a DPJM, conforme previsto naquele Capítulo.
É proibido o uso de aparelhos celulares particulares, para evitar distrações durante o
patrulhamento. Além disso, uma eventual perda na AOp pode fornecer informações
pessoais para os APOP, colocando em risco a segurança do militar.
Deve-se evitar a rotina no patrulhamento, tornando-o previsível. A variação dos tipos e
estratégias de patrulhamento, Itinerários das patrulhas e horários é uma medida eficaz
para evitar o “ajuste” das ações dos APOP, sufocando-as.
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Ao término de cada patrulha, deve ser confeccionado um relatório detalhado das
atividades e ocorrências, cumprindo o previsto no Capítulo 2. Esse relatório deve ser
entregue ao Oficial de Inteligência, que analisará os dados coletados, possibilitando o
confronto dos novos dados com os arquivados no Banco de Dados do GptOpFuzNav.
Alguns procedimentos de tiro defensivo do método Giraldi, usados pela PM, devem ser
observados pelas patrulhas. Os principais são: não manusear arma no interior de viatura;
não disparar do interior de viatura, principalmente em movimento, pela possibilidade de
danos colaterais; e não efetuar disparo de advertência, pela mesma razão.
Patrulha a pé
Nos deslocamentos a pé, deverão ser observados os procedimentos de passagem em
pontos críticos todas as vezes que a patrulha se deparar com cruzamentos, curvas,
clareiras, pontes, ruas sem saída, becos e vielas. Elementos suspeitos, janelas, varandas
e lajes são as principais preocupações durante esses procedimentos.
Durante os deslocamentos, as lajes e janelas deverão ser observadas continuamente a
procura de APOP armados ou portando rádios comunicadores (olheiros). Caso sejam
avistados, a patrulha deverá manobrar, a fim de apreender o armamento e/ou o rádio e
prender os APOP.
No período noturno, elementos da patrulha deverão estar com lanternas acopladas aos
seus fuzis, de modo a iluminar lajes, becos e outros locais com iluminação deficiente.
Equipamentos especiais poderão ser utilizados, conforme descrito no Capítulo 3.
Em caso de engajamento com concentrações de APOP, o comandante da patrulha
deverá solicitar reforço ao Comandante do Pelotão, caso necessário. O retraimento
deverá ser evitado, já que abate o moral da tropa e passa uma mensagem de vitória aos
APOP. Caso a patrulha não tenha poder de combate para neutralizar a ameaça, deverá
procurar posições abrigadas e aguardar pelo reforço solicitado.
Patrulhas Motorizadas
Para as OpGLO em caso de greve dos OSP, onde a AOp pode envolver municípios
inteiros e Áreas de Patrulha extensas, o patrulhamento motorizado é a única opção
viável, devendo ser associado às estratégias de GLO descritas no Capítulo 4. Patrulhas
motorizadas (PtrMtz) também são utilizadas para a realização do gerenciamento de
tráfego. Para o controle desse tipo de patrulha deve ser utilizado o sistema Rota Certa do
Comando da Tropa de Reforço.
Nas viaturas, as tarefas devem ser divididas durante os deslocamentos e no
desembarque, visando aumentar o nível de segurança da tropa. Devem ser atribuídas
áreas de observação para segurança lateral e de retaguarda.
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Todas as viaturas utilizadas no patrulhamento devem dispor de extintores de incêndio, a
fim de se contrapor à possibilidade de uso de “coquetéis molotov” pelos APOP.
Patrulha em áreas de risco
O emprego da tropa em áreas de alto índice de criminalidade deve se basear na filosofia
de saturação de área, sufocando as atividades dos APOP. A ideia é tornar a área
imprópria para atividades ilícitas, deixando assim de ser usada por facções criminosas.
Desta forma, fica descartada a hipótese (PI) de invasões por grupos criminosos externos
à AOp, já que o custo benefício de tomada da área não compensará os riscos
envolvidos, reduzindo a necessidade de PBlq. A máxima utilização de tropa e de seus
apoios no patrulhamento a pé é a melhor forma de alcançar a saturação desejada.
Não é adequada a realização de patrulhas utilizando viaturas sem blindagem no interior
de áreas de risco, pois atenta contra a segurança da tropa. As viaturas trafegam nos
chamados Cânions Urbanos, citados no Capítulo 1, em total desvantagem tática em
relação aos APOP posicionados nas lajes, varandas, janelas ou outras partes elevadas
das edificações. Além disso, as viaturas são facilmente monitoradas pelos APOP.
Nessas áreas também não é adequada a realização de patrulhas com a tropa embarcada
em viaturas blindadas, pois torna o patrulhamento ineficaz. As desvantagens citadas no
item 6.2 são potencializadas pelo confinamento da tropa.
A rendição das patrulhas deve ocorrer da seguinte forma: o Pelotão que está sendo
rendido deverá estabelecer um PCTran próximo da posição dos Atiradores de Precisão
pertencentes ao Trinômio/Quadrinômio. As VtrBld que apoiam os dois pelotões
realizarão o transporte da rendição (pelotões e Atiradores). Após o término de todos os
deslocamentos, o PCTran é encerrado e o pelotão que rendeu inicia seu patrulhamento
normal, utilizando o Trinômio/Quadrinômio planejado.
6.7 – ABORDAGENS A PESSOAS E VEÍCULOS
A abordagem de pessoas e veículos é uma atividade potencialmente perigosa. A tropa
não sabe quem está sendo parado ou as circunstâncias / atividades ilegais que podem ter
ocorrido antes da abordagem.
As patrulhas devem ter disponíveis celulares funcionais para a realização do
sarqueamento. Devem ser consultados o Sistema de Informações Policiais (SIP) e o
Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (SINESP), na ferramenta
SINESP INFOSEG5, para verificação de veículos roubados e mandados de prisão.
______________ 5 Permite consultas a bases integradas de informações sobre pessoas, veículos e armas de fogo, entre outros dados. Possibilita acesso a cadastros do Departamento Nacional de Trânsito, Sistema Nacional de Armas, Banco Nacional de Mandados de Prisão, etc. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/>.
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6.7.1 - Abordagem de pessoas
A abordagem a suspeitos na AOp deve ser realizada de forma educada e firme.
Ela pode variar de uma simples verificação da documentação do suspeito até a
busca pessoal, cujos procedimentos estão descritos abaixo.
O comandante da patrulha deverá acompanhar os procedimentos de abordagem
realizados por seus subordinados.
A abordagem só será realizada em suspeitos desarmados ou cuja posse do
armamento não seja detectada. Para APOP armados, deverão ser adotadas ações
táticas visando desarmá-los ou neutralizá-los, dependendo de suas atitudes.
Visando padronizar a nomenclatura utilizada, serão apresentados conceitos
relacionados à busca pessoal.
Área de contenção é espaço de abrangência de uma ocorrência, no qual é
mantido o monitoramento constante das pessoas abordadas, com o objetivo de
contê-las e isolar o local da interferência de terceiros.
Setor de busca é o local onde se realiza a busca pessoal. Será definido após a
análise da área e da avaliação de risco. Se possível, possuirá características que
privilegiem a segurança tanto da tropa quanto dos abordados. Nesse sentido,
deve-se buscar um local fora da área de tráfego de veículos, que permita a
observação da área ao redor e possua cobertas e abrigos (marquises, muros, etc.).
Setor de custódia é um local, dentro da área de contenção, com as mesmas
características do setor de busca, onde os demais suspeitos aguardam a busca
pessoal e outros procedimentos necessários (sarqueamento, etc.).
Nenhum desses locais deve possuir pontos de escape que permitam uma possível
evasão dos suspeitos abordados.
A busca pessoal é realizada para procurar produtos de crime, material ilícito ou
objetos que possam ser utilizados para a prática de delitos.
A busca pessoal em um indivíduo é o caso mais simples, não sendo necessário o
estabelecimento de um setor de custódia. Dois militares realizam a busca
pessoal. Um militar realiza a revista no suspeito (revistador), enquanto o
segundo militar realiza a segurança (cobertura) do revistador. Os demais
integrantes da patrulha realizam a segurança externa, contra a ação de APOP.
O caso mais complexo de busca pessoal ocorre quando um grupo de suspeitos
for abordado (Fig 6.1). Nessa situação, o Comandante da patrulha estabelecerá
as duplas de inspeção, que realizarão os procedimentos de busca pessoal em
cada suspeito posicionado nos setores de busca estabelecidos. Durante esses
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procedimentos, os demais suspeitos aguardam no setor de custódia, vigiados por
dois militares, no mínimo. Os demais integrantes da patrulha realizam a
segurança externa.
A busca pessoal se inicia com o militar responsável pela cobertura executando
os seguintes comandos de voz para o suspeito: vire-se de costas, coloque as
mãos apoiadas na parede, abra as pernas e afaste os pés da parede.
A posição do suspeito deve ser a mais desconfortável possível, no limiar de
perder o equilíbrio, a fim de impedir que ele consiga fazer movimentos bruscos
ou atacar o militar revistador (Fig 6.2).
Caso o setor de busca não disponha de anteparas (muros ou paredes), poderão
ser utilizadas as viaturas disponíveis. Caso necessário, o suspeito poderá ser
revistado de pé, com as pernas afastadas e as mãos acima da cabeça com os
dedos entrelaçados, ou de joelhos, com os pés cruzados um sobre o outro e as
mãos na mesma situação da posição de pé. A opção da posição de revista
dependerá da atitude do suspeito, variando com o grau de resistência ou de
cooperação apresentados. O militar responsável pela cobertura executará os
Fig 6.1 – Abordagem a um grupo de suspeitos
Fig 6.2 – Posição para busca pessoal
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comandos de voz necessários para que o suspeito assuma a posição desejada.
Durante a inspeção, o militar de cobertura deverá mudar de posição a fim de
manter a triangulação em relação ao militar revistador e ao suspeito. Caso o
militar revistador entre na Linha de Tiro do militar responsável pela cobertura,
deverá ser alertado para que corrija seu posicionamento.
A revista será realizada por meio do deslizamento das mãos sobre o vestuário do
suspeito. Deve-se verificar, sobretudo: cintura, quadris, tórax, axilas, braços,
pernas (entre as pernas), pés e cabelos. Bolsos, bonés, chapéus, toucas, sapatos,
bolsas, sacolas e demais pertences também deverão ser revistados. Caso haja um
detector de metal disponível, a utilização desse aparelho poderá substituir os
movimentos de deslizamento das mãos sobre o vestuário do suspeito.
Se o suspeito não cumprir as ordens da patrulha, ele incorre no crime de
desobediência, previsto no Art. 330 do Código Penal. Caso se oponha à
realização da busca pessoal, usando violência ou ameaça, incorre no crime de
resistência, previsto no Art. 329, conforme descrito no Capítulo 2.
No caso de ser encontrado material ilícito, o elemento abordado deverá ser
conduzido até a DPJM, devendo ser avaliada a necessidade do emprego de
algemas na sua condução, conforme descrito no Capítulo 2.
Esses procedimentos também deverão ser utilizados pela tropa nos PCTran.
6.7.2 - Abordagem de veículos por patrulha a pé
Ao ser selecionado um veículo para abordagem, a patrulha deverá notificar o
CCT sobre sua localização, descrição do veículo, placa e número de ocupantes.
Um militar, designado pelo Comandante da Patrulha, fará sinal com a mão para
que o veículo suspeito pare, preferencialmente em local iluminado e fora da
faixa de rolamento. Esse militar realizará a aproximação inicial, verificação dos
documentos e revista do veículo e de seus ocupantes (revistador).
A patrulha deverá se posicionar de forma que haja dois militares de cobertura à
retaguarda do veículo (um de cada lado) e militares de segurança nas vias de
acesso, visando se contrapor a ações de APOP externos à cena de ação (Fig 6.3).
Um militar da segurança deverá estar à retaguarda, sinalizando para que os
demais veículos sejam alertados da abordagem. No período noturno deve ser
utilizada lanterna de trânsito na cor laranja para a sinalização.
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Após o posicionamento do pessoal de cobertura, o revistador se aproximará do
veículo suspeito e determinará, de forma educada e firme, que o motorista saia
portando sua carteira de motorista e o documento do veículo. Nesse momento,
verificará se existem outros ocupantes no veículo e determinará que eles saiam,
um de cada vez, e se posicionem na calçada com as mãos sobre o capô do carro.
Um militar de cobertura permanecerá atento ao motorista e o outro controlará os
demais ocupantes do veículo, enquanto o revistador verifica a documentação.
Deverá ser observada a presença de crianças, gestantes e idosos no veículo, a fim
de evitar constrangimentos e desconforto desnecessário.
Durante a fase de verificação dos documentos, o Comandante da Patrulha
designará um militar para realizar uma avaliação visual do interior do veículo, a
fim de verificar a presença de algum ocupante escondido, de armas e drogas.
Após o término da verificação dos documentos, a abordagem poderá ser
encerrada, a critério do Comandante da Patrulha.
Caso o Comandante da Patrulha decida pela realização da busca pessoal nos
ocupantes, ela será realizada como descrito no item anterior. Depois de
encerrado esse procedimento, será realizada a revista no veículo, acompanhada
pelo motorista.
A inspeção deve ser minuciosa, iniciando-se pelo porta-malas, pois é o local
mais utilizado para esconder material ilícito e reféns. Após isso, no interior do
carro, o revistador deve proceder da seguinte forma: balançar levemente as
portas para verificar se existe algum objeto solto em seu interior; verificar se
existe algum objeto escondido no forro das portas, batendo na superfície com as
mãos para escutar se o som é uniforme; e examinar o porta-luvas, quebra-sol,
tapetes, parte de baixo do banco, entradas de ar, cinzeiros, lixeiras e todos os
compartimentos que possam esconder objetos ilegais, particularmente armas e
Fig 6.3 – Abordagem a veículo
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drogas. O uso de espelho tático facilita a inspeção do fundo do carro.
O comportamento do condutor, possíveis alterações provocadas por ingestão de
substâncias como álcool, drogas e medicações e a presença de reféns deverão ser
objeto de preocupação do Comandante da Patrulha.
Durante todos os procedimentos, os militares de cobertura deverão manter uma
distância segura dos ocupantes do veículo, que pode variar entre três e cinco
metros, dependendo das condições de visibilidade e da existência de obstáculos.
O CCT realizará a consulta da placa do veículo à Seção de Inteligência,
repassando as informações obtidas ao Comandante da Patrulha.
No caso de abordagem de motos, o revistador deverá determinar que todos os
ocupantes retirem seus capacetes, colocando-os no guidão da moto. Além disso,
o condutor será o último a sair da moto.
6.7.3 - Abordagem de veículos por patrulha motorizada
Uma vez decidida a abordagem de um veículo, a patrulha motorizada deve
selecionar uma área que ofereça segurança razoável contra acidentes, evitando
curvas, morros, áreas com muito tráfego, mal iluminadas ou vias sem
acostamento. Atenção especial deve ser dada a áreas com alto índice de
criminalidade. Quando possível, deve-se evitar também o uso de locais com
probabilidade de elevada presença de espectadores.
Ao ser selecionado um local para a abordagem, a patrulha deverá notificar o
CCT sobre sua localização, o motivo da parada, a descrição do veículo, número
da placa e número de ocupantes.
Uma vez parado o veículo suspeito, a tropa deve posicionar sua viatura cerca de
10 metros atrás do veículo, em um ângulo de 45º em relação ao lado do
motorista do veículo abordado. Isso proverá segurança aos militares no
desembarque, proteção contra atropelamento para o militar que aborda o
motorista, além de facilitar o retorno da viatura para a faixa de tráfego.
À noite, os faróis podem ser usados para iluminar o interior do veículo suspeito.
Ao sair da viatura, o revistador deve estar atento para movimentos suspeitos ou
ações dos ocupantes do veículo.
Aproximando-se do lado do motorista, o revistador deve observar o interior do
veículo, verificar se o porta-malas está fechado e parar entre a porta dianteira e a
traseira do veículo, a fim de se comunicar com o motorista. Ele deverá estar com
seu fuzil cruzado nas costas e com a mão em sua pistola (armamento de backup)
no coldre, pronta para o saque rápido.
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No momento em que o revistador está se deslocando, dois militares de cobertura,
um de cada lado do veículo, se deslocam à sua retaguarda e param a cerca de
dois metros do carro, afastados a pelo menos um metro da lateral do veículo, a
fim de observarem seu interior (Fig 6.4). Devem estar com seus fuzis prontos
para o uso. Os demais militares deverão realizar a segurança externa da área de
contenção. O revistador deverá orientar os ocupantes do veículo a colocarem as
mãos no volante (motorista), no painel do carro (passageiro da frente) ou nos
encostos dos bancos da frente (passageiros de trás).
Antes de solicitar a carteira de motorista e o documento do carro, o revistador
deve perguntar onde elas estão localizadas para impedir que o indivíduo faça um
movimento inesperado para o porta-luvas, quebra-sol ou assoalho do veículo,
além de facilitar o controle dos movimentos do condutor.
A consulta da placa do veículo e de mandados de prisão será realizada como
descrito no item anterior.
Caso nenhuma irregularidade seja encontrada e seja avaliado que o
procedimento de verificação de documentos seja suficiente, o revistador deverá
agradecer a cooperação de todos e liberar o veículo.
Em caso de suspeita de ilícitos no veículo, o revistador deverá executar os
comandos de voz para que o motorista e demais ocupantes saiam do veículo, um
de cada vez, e realizará a inspeção conforma descrito no item anterior. Os
militares de cobertura também se portarão como descrito naquele item.
Em caso de suspeita da existência de armamento no interior do veículo, o
revistador não se aproximará da janela do motorista, permanecendo junto aos
militares de cobertura. Determinará que o motorista abaixe o vidro de sua janela,
desligue o carro e remova as chaves de ignição, com a mão esquerda solte-as no
chão, abra a porta pelo lado de fora com a outra mão também para fora da janela,
saia do veículo, coloque as mãos acima da cabeça e ande até o setor de busca. Os
Fig 6.4 – Abordagem a veículo por PtrMtz
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ocupantes subsequentes devem ser comandados da mesma forma, sendo
direcionados para o setor de custódia.
A partir desse momento, os procedimentos de busca pessoal e revista do veículo
seguirão o descrito no item anterior.
Na abordagem de motocicletas, o revistador deve comandar o lado de saída dos
passageiros e do condutor, que sai por último, bem como o local onde devem ser
deixados os capacetes (no guidão ou no chão).
6.8 – PERSEGUIÇÃO
Perseguição é o ato de seguir um suspeito de praticar ato ilícito, que se encontra em
fuga, com o objetivo de capturá-lo para a adoção das medidas legais cabíveis.
As ações táticas do GptOpFuzNav na AOp podem resultar na tentativa de fuga dos
APOP, o que poderá levar a tropa a iniciar uma perseguição. As perseguições a pé são
ações potencialmente perigosas e a segurança dos militares e da população deve ser a
preocupação determinante para decidir se ela deve ser iniciada ou continuada. Essa
decisão deve ser tomada com a apreciação do risco a que todos serão expostos. Da
mesma forma, perseguir um veículo é uma decisão crítica. O risco potencial para a
segurança pública, criado por perseguições veiculares, pode induzir à decisão de não
perseguir. Em ambos os casos, o desejo incondicional de deter um suspeito em fuga não
tem lugar em uma conduta profissional. Abaixo, serão apresentados alguns conceitos
relacionados a ambos os casos de perseguição.
6.8.1 - Perseguição a pé
Antes de decidir pela perseguição, devem ser analisadas algumas alternativas,
tais como a existência de Cerco da área por outra tropa, a presença de cães de
guerra para realizarem a perseguição, a presença de outras patrulhas para engajar
o fugitivo e a possibilidade de prisão em outro momento, se a identidade do
fugitivo for conhecida.
Além disso, alguns fatores de risco devem ser considerados: disponibilidade de
reforço para apoiar na perseguição, familiaridade com a área, possibilidade de
emboscada pela atração da patrulha para uma área com altos índices criminais,
quantidade de pessoas sendo perseguidas, desgaste físico da tropa em
perseguição, capacidade de comunicações com o PC do CCT ou do
GptOpFuzNav e as condições meteorológicas e de visibilidade.
Ao perseguir, a tropa deve ter em mente que as transmissões de voz durante a
corrida e em outras situações táticas podem ser difíceis de entender, devendo ser
buscada clareza ou a transmissão nos breves momentos de parada.
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A tropa que inicia uma perseguição a pé deve, assim que possível, fornecer as
seguintes informações ao COC: identificação da patrulha, razão para a
perseguição, localização e direção da perseguição, número de suspeitos sendo
perseguidos, descrição dos suspeitos e se estão armado.
Nenhum militar deve iniciar uma perseguição sozinho. Caso uma patrulha em
perseguição seja engajada por APOP que apoiam os suspeitos em fuga, ela deve
se abrigar e solicitar reforço, reiniciando as ações após o poder de combate ser
suficiente para o engajamento com segurança.
O envio de reforço para uma patrulha em perseguição só deve ocorrer quando
cessar o movimento, a fim de evitar encontros fortuitos e a possibilidade de
fratricídio. Nesse caso, a patrulha em perseguição deve estabelecer um ponto de
encontro para recebimento do reforço.
Quando dois ou mais efetivos estiverem em perseguição, eles não deverão se
separar, a menos que permaneçam à vista um do outro, mantenham a
comunicação e consigam coordenar suas ações. O mais antigo dos efetivos
assumirá o controle da perseguição.
Caso haja necessidade de entrar em residências ou outras instalações durante
uma perseguição, os militares serão divididos em duplas e cumprirão os
procedimentos de entrada em compartimento, conforme descrito abaixo.
Olhada rápida tem por objetivo propiciar a visualização de um suspeito, sem
ser engajado por ele. Para tal, o militar deve expor a cabeça lateralmente,
observar a área de risco e retornar à posição abrigada o mais rápido possível. Se
a repetição do movimento for necessária, deve-se alterar o ponto de observação.
Funil Fatal ocorre quando uma pessoa posiciona-se diante de uma porta de
acesso a um compartimento (Fig 6.5). Nessa situação, um suspeito no interior
terá uma visão quase que total da porta, enquanto o militar terá apenas um arco
de visibilidade para dentro do compartimento. Em outras palavras, na porta de
um compartimento, o militar estará no centro de um setor de onde poderá ser
engajado a partir de várias direções. Para evitar o funil fatal é necessário ficar o
mais afastado possível da porta quando ela estiver sendo aberta.
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Fig 6.5 – Funil fatal
Abertura de porta deve ser realizada com extrema cautela. Cada militar se
posicionará em lados opostos da porta de acesso ao compartimento. O homem
posicionado no lado da fechadura abrirá e inspecionará a parte de trás da porta.
A dupla inspecionará a área visível do compartimento, utilizando o
procedimento da “olhada rápida”, para assegurar uma varredura completa do
compartimento. Para entrar no compartimento, deve-se empregar uma das
técnicas descritas a seguir:
- se a porta abrir para fora, o homem do lado da fechadura amarrará a maçaneta
com um cabo, arremessará o chicote para o homem posicionado no lado da
dobradiça, posicionar-se-á a uma distância tal que com o braço esticado seja
possível girar a maçaneta e destrancará a porta. Quando o homem do lado da
fechadura estiver com seu armamento preparado e afastado da porta, o homem
do lado da dobradiça puxará o chicote do cabo e abrirá a porta; e
- se a porta abrir para dentro, o homem próximo à fechadura deverá tentar
destrancá-la. Primeiramente abrirá a porta três centímetros, recuará e tentará
escutar sons ou ruídos por alguns instantes. Em seguida, esse mesmo homem
empurrará a porta com força suficiente para que a mesma bata na antepara ou na
pessoa que estiver escondida atrás dela.
Ao adentrar uma porta, a dupla deverá procurar agir com rapidez, causando o
máximo de surpresa. Deve realizar o procedimento de olhada rápida antes de
entrar. Após entrar, deve abaixar, proteger as costas e assumir o controle da área
o mais rápido possível. Deve mover-se com a silhueta baixa e utilizar um
método para entrar o mais rápido possível, reduzindo o tempo de exposição.
Entrar rápido é mais importante do que executar um movimento de entrada
perfeito. Para isso, o método gancho é o mais comum, sendo descrito a seguir.
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Método Gancho é utilizado para entrada em compartimento com segurança.
Após a inspeção visual realizada do lado de fora (olhada rápida), os militares
entrarão rapidamente no compartimento, afastando-se da porta e mantendo as
costas voltadas para a parede (Fig 6.6). A entrada será simultânea por meio de
sinal feito por um dos militares. Caso a passagem da porta seja estreita e não
permita a entrada simultânea, será decidido, por meio de sinal, quem entrará
primeiro. O segundo militar entrará imediatamente atrás do primeiro. Se houver
mobílias ou objetos obstruindo a visão completa do compartimento, após a
entrada, os militares deverão avançar lentamente, mantendo as costas para a
parede, até que a área seja avaliada como segura. Cada militar desloca-se ao
longo de paredes opostas.
Fig 6.6 – Método Gancho
Procedimentos nos Movimentos Táticos
- Quando subindo ou descendo escadas, deslocando-se por corredores ou
compartimentos, os militares devem manter as costas voltadas para uma das
paredes, sem encostar o corpo na mesma. Esse tipo de deslocamento é o que
oferece a melhor cobertura no deslocamento frontal do militar.
- Locais de maior perigo estão geralmente sob as camas, atrás de grandes peças
de armários ou quinas dentro do compartimento. Portas abertas e aquelas que
dão passagem a compartimentos adjacentes deverão ser investigadas. O
principal ponto de interesse é aquele onde um elemento hostil escondido
poderia ter oportunidade para atacar.
- Dentro de um compartimento, somente um homem deverá deslocar-se por vez.
O outro fará a segurança. O homem que permanece parado faz a maior parte da
busca e o que está em movimento abrirá armários ou deslocará objetos para
que o outro possa observar seu interior.
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- Ao ser encontrado um APOP escondido, deverá ser determinado que ele venha
até os militares e não o oposto.
- É uma tendência dos militares se juntarem, na ilusão de obterem maior
segurança quando se preparando para realizar um deslocamento, entrada ou
busca. Quanto mais próximos se encontrarem, mais fácil será para um
indivíduo atingir a todos. A separação tática provê mais tempo para reação.
Entretanto, os militares não devem se distanciar a ponto de perderem o contato
visual um com o outro. O contato visual entre os militares deve ocorrer o
tempo todo, exceto em situações extremas.
- Olhar antes de se deslocar. O deslocamento para uma posição futura deverá ser
planejado. O militar manterá a silhueta baixa e poderá engatinhar ou rastejar;
- Aproveitar-se de sombras e áreas escuras, após certificar-se de que naquela
área não há ninguém escondido;
- Mover-se lentamente quando se deslocando. Não acenar com os braços ou virar
a cabeça com rapidez.
- Reduzir os ruídos produzidos por si mesmo. Um APOP saberá da presença dos
militares no momento em que adentrarem o compartimento no qual ele se
esconde. Respiração ofegante, molhe de chaves, moedas soltas no bolso,
chiados de rádios, alarme de relógios, dentre outros, denunciam os militares.
- Minimizar os ruídos utilizando a lateral dos pés para sentir o piso antes de
colocar o peso do corpo sobre os pés;
- Evitar odores desnecessários. O cheiro de uma colônia ou de um perfume pode
fornecer a localização dos militares na mesma proporção que os ruídos;
- Empregar o conceito do terceiro olho, pois, à medida que o corpo gira na
direção da ameaça, o fuzil alinhado no centro, gira também. O efeito do
binômio corpo-fuzil girando em conjunto é a base do tiro instintivo: o que o
fuzil “vê”como um “terceiro olho” ele pode atingir;
- Evitar passar por qualquer área que possa ser um potencial esconderijo, sem
antes verificá-la e isolá-la. Não deixe de verificar um local apenas porque
aparenta ser pequeno ou improvável de ser um esconderijo;
- Durante a busca, caso não tenha encontrado APOP escondido, o militar deverá
pensar: “Eu ainda não encontrei”, ao invés de: “não tem ninguém aqui”;
- Quando realizando a busca, fazer pausas frequentes para tentar escutar ruídos e
sons. Da mesma forma que os militares, o APOP estará agitado e estressado.
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Ele poderá fazer algum ruído ao tentar fugir, devido à sua garganta estar seca
ou por estar tendo uma câimbra; e
- Não fazer uma busca rápida. O fato da mente estar acelerada sob stress não
significa que os movimentos deverão acelerar também.
Triangulação é uma técnica utilizada para aumentar a segurança dos militares
nas ações. O princípio da triangulação promove a separação tática, minimiza a
tendência de fogo cruzado e o efeito de aglomeração, além de maximizar o
impacto do fogo defensivo ao direcioná-lo sobre um ponto central. Um potencial
esconderijo do APOP representa um dos vértices e cada militar se posiciona nos
outros dois vértices do triângulo (Fig 6.7). Caso uma ameaça se apresente, será
possível concentrar fogo sobre ela a partir de ângulos diferentes, enquanto o
oponente será forçado a dividir seu poder de fogo para atingir os dois militares.
Preocupação com o andar superior é fundamental para a segurança da tropa.
Para evitar ser emboscado ou surpreendido por alguém em um andar diferente,
os militares deverão verificar aberturas acima e abaixo nos deslocamentos.
Em uma situação onde exista um mezanino, o primeiro homem cobre a área na
qual a dupla está se deslocando enquanto o outro, andando de costas e guiado
pelo primeiro, cobre o andar superior. Na prática, os militares avançam de
braços entrelaçados, um voltado para vante e o outro para ré, cobrindo
respectivamente, o andar no qual se deslocam e o superior (Fig 6.8). Se uma
ameaça for detectada, a dupla deverá abrigar-se para enfrentá-la.
Fig 6.7 – Triangulação
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Fig 6.8 – Preocupação com o andar superior
Fatia de Bolo é uma técnica utilizada para entrar em um compartimento ou
corredor que contenha uma quina capaz de esconder uma ameaça. Quando
próximo da quina, o militar deverá se afastar da parede o máximo possível,
movendo-se lateralmente e gradualmente para aumentar o arco de visada sobre a
ameaça. Apenas um militar deverá entrar no compartimento ou corredor de cada
vez, para evitar exposição desnecessária (Fig 6.9).
Subida/descida de escadas é um momento crítico, tal qual a entrada em um
compartimento. Para subir uma escada, um militar desliza escada acima de
costas enquanto o outro provê proteção para vante (Fig 6.10). Quando descendo
uma escada, o militar deverá descer um ou dois degraus, expondo apenas os pés
e então dará uma “olhada rápida” antes de prosseguir. Um espelho poderá ser
utilizado para evitar exposição.
Fig 6.9 – Fatia de bolo
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Fig 6.10 – Subida em escada
Iluminação Tática é um método para expandir o campo de visão através da
utilização da luz em compartimentos escuros. Onde houver luzes com
interruptores, os militares mover-se-ão das áreas escuras para as iluminadas e,
sempre que possível, evitarão o inverso. Se antes de entrar em um
compartimento for impossível acender as luzes do mesmo, as luzes do
compartimento ocupado deverão ser apagadas para evitar que a iluminação de
fundo realce a silhueta dos militares. Na maioria dos compartimentos, os
interruptores localizam-se na parede do lado oposto ao das dobradiças da porta,
na altura do peito de um homem de estatura média.
Para a entrada em compartimentos escuros, nos quais as luzes não podem ser
acesas, os militares deverão acender as lanternas acopladas a seus fuzis. Caso o
armamento utilizado seja a pistola, os militares poderão utilizar a “Técnica de
Harries” (Fig 6.11), onde o militar segura a lanterna com uma das mãos e a
pistola com a outra. O dorso da mão que segura a lanterna é pressionado contra o
dorso da mão que segura a pistola, criando uma tensão dinâmica com a
finalidade de estabilizá-la.
Fig 6.11 – Técnica de Harries
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Independente da iluminação, antes de passarem por uma quina ou porta, os
militares deverão verificar o que pode estar do outro lado.
Comunicações Táticas devem ser realizadas por meio de sinais visuais.
Decisões do tipo: quem entra primeiro, quem sobe e quem desce, são
transmitidas apenas direcionando os militares com as mãos (Fig 6.12).
Os sons que as duplas emitem durante as comunicações devem ser de baixa
intensidade. Ao invés de falar, os militares deverão sussurrar, uma vez que a
direção de um som alto pode ser facilmente determinada enquanto que a de um
sussurro, não. Os seguintes sinais visuais serão utilizados:
Fig 6.12 – Comunicações táticas
Se o APOP perseguido for encontrado, os militares deverão dominá-lo, conduzi-
lo para uma área segura, algemá-lo e revistá-lo para verificar a presença de
armas. Um militar executa a revista enquanto o outro provê a proteção. Após
realizados os procedimentos pertinentes, o APOP deverá ser conduzido à DPJM.
6.8.2 - Perseguição veicular
A perseguição veicular exige da tropa discernimento e bom senso. Deve-se ter
em mente que a apreensão ou detenção de um suspeito não é mais importante
que a segurança da população e da tropa.
Devem ser considerados os seguintes fatores antes de se iniciar a perseguição:
comparação do desempenho da viatura militar e do veículo suspeito, condição da
superfície da estrada, volume do tráfego de veículos e pedestres na área,
condições climáticas, qualificação do motorista militar e habilidade de condução
percebida do suspeito.
A tropa que se envolver em uma perseguição desse tipo deverá transmitir ao PC
do CCT ou do GptOpFuzNav as seguintes informações: razões que levaram à
Dê uma olhada rápida no compartimento
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decisão de realizar a perseguição, identificação da patrulha envolvida,
localização, velocidade e direção do veículo em fuga, tipo de veículo sendo
perseguido, descrição e número da placa do veículo em fuga, número de
ocupantes e suas descrições, condições meteorológicas e da estrada e
comportamento do motorista perseguido ao volante.
O GptOpFuzNav poderá designar uma unidade secundária para apoiar a
perseguição. Nesse caso, os seguintes procedimentos serão adotados: a unidade
secundária assumirá a responsabilidade pela comunicação rádio, permitindo que
a unidade principal dedique atenção total à perseguição, a unidade secundária
manterá uma distância segura atrás da unidade principal e permanecerá em
condições de assumir a tarefa de unidade principal, caso necessário.
A tropa em perseguição não deve cometer excessos no trânsito, preservando a
sua própria segurança e a de todas as outras pessoas e propriedades.
Podem ser utilizados meios para realização de bloqueio do veículo em fuga, tais
como viaturas militares, cavaletes, fura-pneus, dentre outros, para forçá-lo a
parar. A patrulha que realizará o bloqueio deve ser escolhida por sua localização,
que deve ser próxima à posição futura analisada no PC do GptOpFuzNav. Essa
patrulha deverá se deslocar rapidamente para a posição e realizar a interrupção
do trânsito na via, impedindo assim o prosseguimento da fuga do veículo.
Caso a atitude do motorista em fuga coloque em risco pedestres ou outros
veículos, a tropa em perseguição poderá realizar a manobra PIT (Precision
Immobilization Technique), que consiste em bater na lateral traseira do veículo
em fuga, forçando-o a parar. A manobra é realizada da seguinte forma: a viatura
em perseguição alinha suas rodas dianteiras com as rodas traseiras do veículo em
fuga. O motorista encosta suavemente a viatura no carro em fuga, sem perder o
alinhamento das rodas, e gira o volante para o lado do alvo. Assim que o outro
carro perde contato com o solo, o motorista da viatura realiza uma frenagem
rápida e continua com o giro do volante na direção do veículo perseguido, até
que ele não esteja mais em sua frente. O veículo irá girar na direção oposta,
podendo até sair da pista (Fig 6.13). Após a manobra, outra viatura realiza a
prisão do condutor, enquanto a viatura principal estaciona. Essa manobra não é
recomendada em velocidade superior a 60 km/h, pelo risco de capotagem. Esse
risco é ainda maior quando a manobra é empregada contra veículos altos, tais
como Vans e Utilitários (SUV). Além disso, deve ser escolhido o local para sua
realização devido ao risco para pedestres e outros veículos.
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Atirar em um veículo em movimento não é uma tática eficaz e envolve vários
perigos associados, incluindo danos colaterais. Militares não devem utilizar seu
armamento durante uma perseguição, a menos que as circunstâncias ditem que o
uso da força letal seja essencial para garantir a segurança da tropa ou de civis
inocentes. Isso está alinhado ao método Giraldi, citado anteriormente, que prevê
não disparar em um veículo em fuga ou que tenha rompido bloqueio, incluindo
motos, porque pode haver pessoas inocentes no seu interior ou no porta-malas.
Uma vez que o veículo perseguido é parado, deverá ser realizada busca pessoal e
revista no carro, conforme descrito no item 6.7.3. Deve ser verificada a presença
de reféns. A tropa deverá manter a calma e utilizar apenas a força necessária
para neutralizar os suspeitos e levá-los sob custódia.
6.9 – TRANSPORTE DE PRESOS
Transportar APOP presos é algo potencialmente perigoso. Todas as precauções
necessárias devem ser tomadas para proteger a vida e a segurança da tropa, da
população e dos próprios APOP sob custódia.
As viaturas utilizadas para transporte de presos deverão ser inspecionadas, verificando-
se a tela de segurança, que deve estar firme e sem danos; todas as janelas, que devem
estar intactas; e as maçanetas externas das portas, que devem estar em bom estado de
funcionamento. As maçanetas internas e os controles dos vidros das portas traseiras
devem ser desativados. O interior da viatura deve ser revistado para garantir que
nenhuma arma ou droga foi abandonada ou escondida. A viatura deve ser novamente
inspecionada após a entrega dos presos à DPJM.
Antes do transporte, os presos devem ser revistados em busca de armas e drogas.
Em caso de resistência ou risco de fuga, os presos devem ser algemados com as mãos
Fig 6.13 – Manobra PIT
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atrás das costas e as palmas voltadas para fora (ver Capítulo 2). Os presos não devem
ser algemados a nenhuma parte da viatura durante o transporte.
Quando forem utilizadas VtrOp ou VtrBld para o transporte dos presos, esses deverão
ser sempre algemados, a fim de garantir a integridade física da tropa em virtude da
inexistência de compartimento específico. Deve ser observado o descrito no Capítulo 2.
Os presos devem ser transportados sob observação visual constante, não podendo ser
deixados desacompanhados, e devem utilizar cinto de segurança durante o transporte,
sempre que disponível.
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CAPÍTULO 7
OPERAÇÕES PONTUAIS
7.1 - GENERALIDADES
Visando manter a pressão sobre os APOP, evitar a previsibilidade das ações, contribuir
para a obtenção de dados de Inteligência e fortalecer o apoio da população, devem ser
realizadas operações inopinadas, aumentando assim a sensação de segurança na AOp.
7.2 – CERCO E VASCULHAMENTO
As ações táticas que combinam Inteligência, Cerco e Vasculhamento permitem sufocar
atividades ilícitas, bem como capturar suspeitos e apreender armas e drogas.
Cerco e Vasculhamento são operações realizadas em áreas limitadas de alto índice de
criminalidade, a fim de apreender armamento, munição e drogas, bem como prender
qualquer APOP identificado. Sua realização periódica contribui para variar o modus
operandi da tropa e para manter sob pressão os APOP.
Parcela da tropa realiza um Cerco da área (Força de Cerco) e o restante realiza o
Vasculhamento (Força de Vasculhamento) no interior da mesma.
No cerco, são estabelecidos PCTran em cada saída/entrada da área em questão, onde são
inspecionadas todas as pessoas e veículos que passam.
Durante o vasculhamento no interior da área, a tropa é disposta em linha e realiza a
inspeção de estabelecimentos comerciais, construções abandonadas, prédios e casas
cujo morador permita a entrada. Serão inspecionadas todas as pessoas e veículos. O
deslocamento da tropa é controlado por meio de linhas/pontos de controle.
As Viaturas Blindadas e os Atiradores de Precisão são utilizados adaptando-se os
conceitos descritos no Capítulo 6, excetuando-se o Trinômio Tipo 4.
A observação aérea deve ser amplamente explorada nesse tipo de operação.
Deve ser designado um oficial para ser o Comandante da Cena de Ação. Normalmente,
esse oficial será o mais antigo do CCT na área. Todos os militares envolvidos direta ou
indiretamente na operação deverão se reportar a ele, que por sua vez se reportará ao
CmtGptOpFuzNav. O controle operacional do ElmOpEsp deverá ser do Comandante da
Cena de Ação durante a operação.
7.2.1 - Tarefas do CteC
É o responsável pelo comando e controle da Operação. Deverá monitorar
permanentemente as redes utilizadas pelas tropas em primeiro escalão, ficando
em condições de assumir a manobra, caso necessário. A rapidez das ações é
garantida quando, pelo silêncio, o CmtGptOpFuzNav permite o prosseguimento
da missão (controle por veto). O CteC realizará o monitoramento das imagens
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aéreas obtidas, caso não haja um CCA, e das informações veiculadas nas rede
APOP, devendo transmitir o mais rápido possível as análises decorrentes para o
Comandante da Cena de Ação.
Após o término do Vasculhamento, MdtO do Comandante da Cena de Ação, a
Operação será encerrada.
7.2.2 - Tarefas do CCT
Planejamento da operação – deverá ser apresentado ao CmtGptOpFuzNav e,
após aprovado, divulgado à tropa em briefings detalhados. Esses briefings
devem ser realizados, preferencialmente, na noite que precede a ação (para
operações previstas na manhã seguinte), a fim de permitir uma ampla divulgação
com o mínimo de risco de vazamento das informações. Um briefing final pode
ser realizado nas horas finais que antecedem a operação, a fim de dirimir
dúvidas e ajustar os últimos detalhes.
A Hora-H, que representa o início do estabelecimento do Cerco, deve ser
estabelecida visando a obtenção da surpresa. Caso seja planejada na madrugada,
deverá levar em consideração a interação com civis sob efeito de álcool ou
drogas, particularmente nos finais de semana e dias de festas.
Montagem do comboio – deve ser realizada em estreita coordenação com o
Cmt do DASC, a fim de permitir o movimento rápido e seguro dos elementos
em primeiro escalão. Deve ser prevista viatura reserva (vazia) e viatura socorro,
para reduzir atrasos no deslocamento. A chegada à cena de ação deverá ocorrer o
mais próximo possível da Hora-H, a fim de garantir a surpresa da operação. O
trânsito deve ser bloqueado antes do local de partida, a fim de evitar que táxis e
mototáxis ligados aos APOP observem o comboio e os alertem sobre a ação.
Estabelecimento do Cerco – deverão ser estabelecidos PCTran nas vias de
acesso à área a ser vasculhada. Todos que cruzarem essas posições (pessoas e
veículos), entrando ou saindo da área, deverão ser abordados e inspecionados.
Não deverá ser realizado bloqueio nessas posições.
Vasculhamento – realizado de modo coordenado, deve ser controlado por meio
de linhas e/ou pontos de controle. Nessa ação, devem ser realizados os
procedimentos descritos no item 6.6 do Capítulo 6. O Comandante da Cena de
Ação autorizará o cruzamento das linhas de controle e participará ao
CmtGptOpFuzNav quando essas linhas forem ultrapassadas. Deve ser prevista a
utilização de cães farejadores e de mulheres para a busca pessoal.
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RESERVADO CGCFN-2600
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Reserva – seu posicionamento poderá ocorrer fora da linha de cerco ou atrás da
Força de Vasculhamento, deslocando-se alguns quarteirões à retaguarda. Pode
ser previsto o apoio de VtrBld, caso haja disponibilidade. Deve ser prevista a
possibilidade de utilização de PelCD.
Equipe de Reação Especial – estabelecida para realizar entrada em casas,
apartamentos, etc. Caso o efetivo de ElmOpEsp seja reduzido, tropa regular
poderá ser utilizada para realizar a segurança das equipes de Atiradores de
Precisão, liberando os ElmOpEsp para comporem a Equipe de Reação Especial.
Atiradores de Precisão – poderão apoiar o vasculhamento de posições fixas ou
podem ser previstas mudanças de posição para apoio cerrado à tropa que se
desloca. Caso não haja posições adequadas, podem se posicionar nas VtrBld.
7.2.3 - Tarefas do DASC
Grupo de Presa – permanece à retaguarda, fora da linha de cerco, e realiza o
transporte dos presos, condutor e testemunhas, da cena de ação até a DPJM ou
Delegacia de Polícia designada.
Grupo de Saúde – composto por médico, enfermeiro e ambulância, permanece
fora da linha de cerco para realizar a triagem e o transporte de feridos para o elo
da cadeia de evacuação adequado.
Grupo de Socorro e Salvamento – permanece fora da linha de cerco, em
condições de rebocar viaturas avariadas durante a operação, inclusive VtrBld.
Grupo de Ressuprimento – permanece na Base, em condições de ressuprir a
tropa com itens críticos (munição e baterias), caso necessário.
A escolha das posições dos grupos supracitados será responsabilidade do
Comandante do DASC, em coordenação com o Comandante da Cena de Ação.
7.3 – CERCO E INSPEÇÃO
São operações realizadas em áreas específicas, com a mesma finalidade das Operações
de Cerco e Vasculhamento. A principal diferença para aquele tipo de Operação é que o
esforço principal é realizado no Cerco. Esse tipo de operação é indicado para coibir
ilícitos em feiras, festas e outros tipos de eventos dentro da AOp, pois a experiência
mostra que esses eventos são explorados por APOP para venda e distribuição de drogas.
Parcela da tropa realiza um Cerco da área, devendo ser posicionada antes ou durante a
montagem do evento, e o restante do efetivo realiza um Vasculhamento inicial no
interior da mesma. No entanto, a operação não termina após o Vasculhamento, como na
Operação de Cerco e Vasculhamento.
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No Cerco, são estabelecidos PCTran em cada saída/entrada da área em questão, onde
são inspecionadas todas as pessoas e veículos que passam, entrando ou saindo.
No interior da área deverão ser previstas patrulhas de contato, interligando as posições
fixas do Cerco.
As VtrBld, os Atiradores de Precisão, o destacamento feminino e as equipes de cães de
guerra devem ser utilizados para apoiar o Cerco, foco principal dessa Operação,
particularmente nas vias de maior movimento.
Deve ser prevista observação aérea, a fim de verificar ameaças externas ao Cerco.
O Comandante da Cena de Ação será designado da mesma forma como na Operação de
Vasculhamento.
7.3.1 - Tarefas do CteC
Da mesma foram como na Operação de Cerco e Vasculhamento.
7.3.2 - Tarefas do CCT
Planejamento da operação – da mesma forma como na Operação de Cerco e
Vasculhamento. A Hora-H deve ser estabelecida visando reduzir a possibilidade
de aglomerações e turbas, com pessoas descontentes com a realização dessa ação
tática. Caso seja estabelecida após o início do evento, essa possibilidade poderá
aumentar, já que a ação causará maiores transtornos aos frequentadores.
Montagem do comboio – da mesma forma como no Vasculhamento.
Equipe de Reação Especial – da mesma forma como no Vasculhamento.
Atiradores de Precisão – em apoio ao Cerco, serão empregados em posições
que dominem as principais lajes e as principais penetrantes à área cercada. Caso
não existam posições adequadas, podem se posicionar nas Viaturas Blindadas.
Estabelecimento do Cerco – deverão ser estabelecidos PCTran nas vias de
acesso ao evento em questão (feira, festa, etc.). Todos que cruzarem essas
posições (pessoas e veículos), entrando ou saindo da área, deverão ser abordados
e inspecionados, observando-se o contido no Capítulo 6 deste Manual. As
VtrBld devem ser posicionadas nas principais vias penetrantes, a fim de prover
proteção blindada à tropa desses PCTran e atuar como fator de dissuasão, devido
ao impacto psicológico que causam. Elas também canalizam o fluxo de pessoas
e veículos, permitindo economia de meios.
Vasculhamento – realizado logo após o Cerco ser estabelecido, ocorrerá de
forma coordenada, visando inspecionar estabelecimentos comerciais,
construções abandonadas, prédios e casas cujo morador permita a entrada. Serão
inspecionadas todas as pessoas e veículos no interior da área cercada. Em caso
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de festas, serão inspecionados todos os compartimentos do local de realização,
bem como todas as pessoas e veículos no local. Essa ação visa prender os APOP
presentes e apreender o material ilícito existente (armas e drogas).
Reserva – deve ser posicionada afastada da Linha de Cerco, em condições de se
deslocar rapidamente para apoiá-lo. Deve ser prevista a possibilidade de
utilização de PelCD e de VtrBld, caso disponíveis.
7.3.3 - Tarefas do DASC
Da mesma forma como na Operação de Cerco e Vasculhamento.
7.4 – MARTELO E BIGORNA
Ações devem ser pré-planejadas para áreas pequenas (hot spot), identificadas pela
inteligência como de alto índice criminal ou com frequente presença de APOP, para
serem desencadeadas quando oportuno.
Essas ações devem utilizar a manobra conhecida como martelo e bigorna. O efetivo que
incide sobre os APOP (martelo) inicia suas ações simultaneamente ao posicionamento
do efetivo que bloqueia as rotas de fuga dos APOP (bigorna), de modo a não dar chance
dos APOP se evadirem. As ações devem ser rápidas e agressivas, explorando ao
máximo a surpresa, visando prender os APOP e apreender todo o material ilícito.
Os Atiradores de Precisão devem monitorar os APOP, guiar a tropa e prover apoio de
fogo durante a ação. Eles também poderão apoiar a bigorna, caso existam poucas rotas
de fuga para os APOP e não haja posições adequadas para apoio ao martelo.
Esses planejamentos deverão levar em consideração o modus operandi dos APOP e seu
armamento disponível, a fim de evitar surpresas durante as ações.
O Comandante da Cena de Ação é o mais antigo do CCT presente no local.
O DASC estabelecerá o Grupo de Presa, que permanecerá à retaguarda do efetivo
utilizado como martelo, para realizar o transporte dos presos, condutor e testemunhas,
da cena de ação até a DPJM ou Delegacia de Polícia designada. Estabelecerá também o
Grupo de Saúde, que permanecerá junto ao Grupo de Presa para realizar a triagem e o
transporte de feridos para o elo adequado da cadeia de evacuação.
7.5 – OPERAÇÃO PADRÃO
O sistema de C2 dos APOP é complementado por Taxistas e Mototaxistas ligados ao
crime organizado. Eles são empregados como um alerta antecipado da concentração de
tropa, além de divulgar o posicionamento das frações dispostas no terreno.
Uma possibilidade para reduzir a livre circulação desses elementos é a realização de
Operações Padrão, que consistem no estabelecimento de PCTran reforçados por VtrBld,
Equipes de Cães de Guerra, destacamento feminino e um destacamento da PM, para a
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abordagem de veículos e pedestres em locais de acesso a áreas de alto índice de
criminalidade. Nessas operações, são adotadas as medidas legais quanto a motoristas
sem habilitação ou com carteira de habilitação irregular, motoqueiros sem capacete e
veículos roubados ou com documentação irregular. Deve ser adotado rigor extremo nas
inspeções e vistorias, numa política de tolerância zero quanto a irregularidades.
O Comandante da Cena de Ação é o mais antigo do CCT presente no local.
O DASC é o responsável por realizar o transporte dos APOP presos, do condutor e das
testemunhas, da cena de ação até a DPJM ou Delegacia de Polícia designada. Realiza
também o transporte dos veículos apreendidos, caso não haja apoio da PM.
7.6 – ACISO
É um conjunto de atividades de assistência e auxílio às comunidades, promovendo o
espírito cívico e comunitário dos cidadãos, desenvolvido pelas FA com o
aproveitamento dos recursos humanos, materiais e técnicos disponíveis, para resolver
problemas imediatos e prementes.
Devem ser realizadas sempre que possível, a fim de angariar a simpatia da população e
obter dados de inteligência. Deve-se dar preferência a escolas e creches, pelo apelo
emocional que causam na população.
Deverá ser estabelecida segurança no perímetro da área utilizada, com o
estabelecimento de PCTran e patrulhamento. Após a segurança do perímetro estar
assegurada, é realizado um vasculhamento do local pelo CCT, a fim de garantir a
segurança em seu interior. Todos os compartimentos devem ser inspecionados,
incluindo caixas d’água e cisternas, já que é comum os APOP utilizarem escolas para
guardarem armamento e drogas.
Atiradores de Precisão podem ser posicionados para apoiar a segurança do perímetro.
Durante a ACISO devem ser previstas ações de recuperação das instalações, serviços
para a comunidade (corte de cabelo, confecção de identidade civil, celebração de
casamentos, atendimentos médicos e odontológicos, salão de beleza para mulheres,
dentre outros), brincadeiras para as crianças, distribuição de roupas, brinquedos e
lanches, bem como palestras educacionais sobre Cidadania, Civismo e Patriotismo.
Deverá ser montado um estande da Marinha, com profissionais da área de ComSoc e
material de divulgação da Força.
Agentes de Inteligência deverão entrevistar civis durante a ACISO para buscar dados de
Inteligência e recrutar pessoas avaliadas como possíveis informantes ou colaboradores.
O Comandante da Cena de Ação nas ACISO será o Comandante do DASC.
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7.7 – INTERDIÇÃO DE ÁREAS E INSTALAÇÕES
A interdição de áreas e instalações será realizada por meio do estabelecimento de um ou
mais PSE e PCTran. Deverão ser verificados os pontos sensíveis vitais, essenciais e
secundários existentes e as ações táticas a serem realizadas em cada um deles.
As ações de interdição serão planejadas pelo EM do GptOpFuzNav, devendo ser
previstos perímetros de segurança com diferentes níveis de acesso em cada um. Um
exemplo de organização é o estabelecimento de um perímetro de segurança imediata,
um perímetro de segurança aproximada e um terceiro, de segurança afastada (Fig 7.1).
O ponto vital para funcionamento da estrutura deve ser franqueado somente às pessoas
cadastradas (Proteção imediata). Deve ser realizada revista de todo o pessoal e material
que entrar e/ou sair desse ponto, a fim de evitar possíveis ações de sabotagem.
Deve ser estabelecido um dispositivo de barreiras e outras medidas de proteção
aproximada, em complemento ao sistema já existente na estrutura a ser
defendida/protegida, de forma a cobrir áreas passivas e priorizar o emprego de pessoal
nos acessos mais sensíveis e nos pontos de convergência das vias.
A proteção afastada deve ser estabelecida, particularmente, em pontos dominantes que
controlem o acesso ao local. No caso de ser identificada a possibilidade de ameaça aérea
(inclusive drones), deverá ser planejada a adoção de um dispositivo de defesa antiaérea,
particularmente nas OpGLO em Grandes Eventos.
Em complemento às medidas citadas acima, deverá ser realizado patrulhamento (a pé,
motorizado ou em embarcações), que percorrerá os perímetros de segurança.
No caso de possibilidade de ações de APOP ou de manifestantes que superem a
Fig 7.1 – Perímetros de Segurança
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capacidade da tropa desdobrada, deve ser previsto o posicionamento do pessoal de folga
na área dos pontos sensíveis, funcionando como uma reserva imediata. Nesse caso,
deverá ser disponibilizado material de Controle de Distúrbios.
7.8 – REMOÇÃO DE BARREIRAS
A remoção de barreiras colocadas por traficantes é uma ação comum nas OpGLO.
Essa ação tática inclui o estabelecimento de PCTran nas vias de acesso à área do
obstáculo, estabelecimento de áreas de estacionamento para viaturas e meios envolvidos
e o apoio à engenharia ou aos blindados utilizados para a remoção dos obstáculos.
O CCT estabelecerá segurança na área do obstáculo, apoiado por Blindados e
Atiradores de Precisão.
O uso de ARP é ideal para verificação de ameaças nas lajes e áreas adjacentes.
O DASC é o responsável pela retirada do material utilizado pelos APOP como
obstáculos, a fim de evitar que esse material seja reutilizado por eles.
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CAPÍTULO 8
GERENCIAMENTO DE TRÁFEGO
8.1 - GENERALIDADES
O movimento ordenado de pessoas, equipamentos, suprimentos e outros recursos são
essenciais para uma infraestrutura civil funcional.
O gerenciamento do tráfego envolve o controle, a supervisão e a execução de todas as
atividades necessárias à liberdade de movimento de pessoas, veículos e recursos.
As atividades de gerenciamento de tráfego abrangem o controle da circulação do
tráfego, o cumprimento das normas de trânsito e a investigação de acidentes de trânsito.
Nas OpGLO em caso de greve dos OSP, os GptOpFuzNav poderão receber a tarefa de
realizar o gerenciamento do tráfego na AOp estabelecida.
8.2 – GERENCIAMENTO DE TRÁFEGO
O gerenciamento do tráfego é realizado por meio de três tarefas básicas: controle de
tráfego, fiscalização e investigação de acidentes de trânsito.
O controle de tráfego inclui medidas ativas e passivas para reduzir o congestionamento
e permitir a movimentação segura de veículos e pedestres, incluindo a liberdade de
movimento das tropas empregadas.
As atividades de fiscalização de tráfego são empregadas para obrigar a obediência às
medidas de controle de tráfego, quando a obediência voluntária não ocorre.
A investigação de acidentes de trânsito deve ser realizada por pessoal especializado,
devendo ser requisitados profissionais capacitados pelo GptOpFuzNav, caso o OSP
responsável esteja em greve.
O gerenciamento do tráfego pode ser realizado nas atividades normais de policiamento,
associadas à segurança e ao apoio à mobilidade da população, ou vinculadas a um
esforço para possibilitar a liberdade de movimento da tropa e evitar interrupções nas
linhas de comunicação críticas em Operações Militares.
8.3 – MEDIDAS DE CONTROLE DE TRÁFEGO
Tarefas de controle de tráfego são conduzidas para permitir a liberdade de movimento e
maximizar o fluxo, por meio de atividades de conscientização pública; uso de Postos de
Controle de Trânsito (PCTran) em horários de pico de tráfego, eventos especiais,
colisões, desastres ou outros incidentes; e análise e avaliação das condições de tráfego,
visando gerar soluções para os problemas identificados.
Obstruções na estrada, dispositivos de controle de tráfego com falhas, eventos especiais
e outras ocorrências geralmente restringem o fluxo normal do tráfego. Em tais casos,
pode ser necessário instituir medidas temporárias de emergência para a segurança do
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pessoal, possíveis vítimas e o público em geral; a gestão expedita e eficiente de uma
cena; e a manutenção e/ou restauração de um fluxo desobstruído de tráfego.
As atividades de controle de tráfego podem incluir:
a. Estabelecimento de Postos de Controle de Trânsito (PCTran).
b. Uso de obstáculos e outros dispositivos de controle de tráfego.
c. Campanhas de conscientização pública.
d. Estudos e avaliações de tráfego.
Cada uma dessas atividades será vista a seguir.
8.3.1 - Posto de Controle de Trânsito
O Posto de Controle de Trânsito, nas OpGLO, é similar ao previsto no CGCFN-
33, porém não se limita à orientação e fiscalização do trânsito militar. Seu
efetivo pode variar de uma Esquadra de Tiro (ET) a um PelFuzNav, dependendo
da tarefa recebida e do local onde será estabelecido.
Em face das OpGLO, normalmente, serem Operações Conjuntas, cabe ressaltar
que os PCTran são denominados de Postos de Bloqueio e Controle de Vias
Urbanas (PBCVU) no EB, sendo comum a utilização dessa terminologia nas
Ordens e Planos de Operação da FPac.
No controle de tráfego, o Posto de Controle de Trânsito pode ser utilizado com
três propósitos distintos: manter ou restabelecer o fluxo normal de veículos,
realizar ações de orientação aos motoristas e realizar fiscalização contra
infrações e delitos. Os dois últimos serão vistos mais a frente, neste capítulo.
Quando visa o controle do fluxo de veículos, o PCTran é estabelecido para
controlar o tráfego em um ponto específico, onde a liberdade de movimento
esteja degradada. Nesse caso, é estabelecido nas seguintes situações:
a. Quando há problemas no funcionamento da sinalização.
b. Para garantir que comboios e outros veículos especiais tenham preferência.
c. Quando é possível prever congestionamentos por condições temporárias.
d. Para facilitar o desvio do fluxo de veículo nos casos de
- Acidentes de trânsito
- Áreas com altos índices de acidentes
- Problemas emergenciais nas vias (inundação, queda de pontes, etc.)
e. Para apoiar a segurança de autoridades
f. Para apoiar o controle do tráfego em eventos especiais
g. Para solucionar interrupções do tráfego
A configuração de um PCTran depende de vários fatores:
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a. Grau de controle requerido.
b. Tempo disponível para planejamento e preparação.
c. Características do cruzamento ou da via.
d. Volume e tipo de tráfego.
e. Luz e condições meteorológicas.
f. Ameaças existentes.
O estabelecimento de um PCTran exige planejamento e coordenação detalhados.
A principal preocupação nos PCTran é a segurança da tropa e da população em
geral. Nesse sentido, é fundamental que a tropa no PCTran observe os veículos
que se aproximam e que os motoristas possam ver o pessoal de controle de
tráfego. A localização ideal dos PCTran deve observar os seguintes requisitos:
a. Estar localizado em uma área que facilite o controle pela tropa.
b. Possua espaço suficiente para estabelecer áreas de inspeção fora das faixas
de tráfego e permitir que os veículos não selecionados para inspeção
prossigam com o mínimo de atraso e interrupção. Essas áreas de inspeção
devem permitir a saída do veículo e a reentrada do fluxo de tráfego.
c. Ofereça visibilidade adequada na aproximação dos motoristas e pedestres,
bem como iluminação suficiente para a realização das inspeções.
d. Ofereça condições de defesa contra APOP, particularmente em áreas com
altos índices de criminalidade. O local deve possuir locais abrigados de onde
a tropa possa engajar possíveis ameaças. Deve contar também com posições
para elementos de vigilância e Atiradores de Precisão.
O uso de dispositivos de controle de tráfego é fundamental para alertar os
motoristas sobre o posicionamento de PCTran nas vias, bem como dividir as
áreas em seu interior. Os métodos de alerta podem incluir:
a. Placas, sinalizadores, cones de segurança, barreiras portáteis, avisos e sinais
luminosos e outros dispositivos de controle de tráfego portáteis para
marcação ou fechamento de faixas.
b. Sistema de iluminação portátil para iluminar o PCTran. É preciso ter cuidado
para garantir que a iluminação não cegue os motoristas se aproximando.
c. Veículos de patrulha com luzes de advertência piscando (giroflex), para
alertar aos motoristas se aproximando. Ao conduzir operações com viaturas
operativas, a tropa deve posicioná-las com faróis e piscas ligados, visando
fornecer um alerta adequado aos motoristas que se aproximam.
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As inspeções realizadas nos PCTran não devem ter como alvo indivíduos ou
grupos específicos. Para evitar alegações de discriminação e contestações legais,
as operações devem ser conduzidas de forma que as pessoas e os veículos
inspecionados sejam escolhidos aleatoriamente.
O uso de cães de guerra é ideal para localizar drogas e explosivos. Os cães
também funcionam como um fator de dissuasão, por sua mera presença, e
podem resultar em confissões espontâneas de APOP transportando ilícitos.
Outras considerações importantes nos PCTran:
a. Os equipamentos especiais para controle de tráfego, listados no Capítulo 3,
devem ser usados pela tropa nos PCTran.
b. Câmeras para gravação de vídeo devem estar disponíveis para registrar todas
as atividades realizadas nos PCTran.
c. Rádios e baterias devem estar disponíveis para garantir uma comunicação
confiável com o PC do CCT ou do GptOpFuzNav.
d. Etilômetros (instrumento que mede a concentração de álcool etílico pela
análise de ar pulmonar profundo, também conhecido como bafômetro), com
certificado de aprovação do INMETRO, devem estar disponíveis nos
PCTran. Deve haver militares habilitados em sua utilização.
Quando da montagem dos PCTran, o trânsito deverá ser interrompido ou
desviado, devendo ser destacada parcela do efetivo disponível para a realização
dessas atividades. Um modelo de PCTran consta do Anexo C.
Durante a operação dos PCTran, as abordagens a pedestres e veículos deverão
seguir os procedimentos descritos no Capítulo 6 deste Manual. Em
complemento, devem ser observados os seguintes procedimentos:
- O Comandante do PCTran deverá se posicionar de modo a ter uma visão geral
das atividades, a fim de facilitar o C2.
- Os militares denominados selecionadores terão um papel fundamental no
PCTran, pois escolherão os veículos e pedestres que serão inspecionados,
devendo receber orientações para essas escolhas, além de controlar o fluxo de
veículos no interior do PCTran para evitar congestionamentos desnecessários.
Eles serão designados e supervisionados pelo Comandante do PCTran.
- Os militares de segurança posicionados junto às barreiras deverão se preocupar
com ameaças externas ao PCTran, como veículos em alta velocidade e APOP.
Em casos excepcionais, para manter ou restabelecer o fluxo normal de veículos,
o PCTran pode ser estabelecido com um efetivo de uma Esquadra de Tiro. Nessa
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situação, um ou dois militares realizam as tarefas de orientação do tráfego e os
militares restantes realizam a segurança. Nesse tipo de PCTran não são
realizadas inspeções ou abordagens.
Os militares da Companhia de Polícia são os mais indicados para realizarem as
tarefas de controle de tráfego com o estabelecimento de PCTran.
8.3.2 - Dispositivos de Controle de Tráfego
Os dispositivos de controle de tráfego são usados para facilitar o movimento de
veículos e pedestres, fornecendo informações, direcionamentos e instruções.
Eles permitem uma economia de meios pela redução da necessidade de pessoal
no controle de tráfego, aumentam a segurança da tropa e da população e
transmitem informações aos motoristas e pedestres. Os dispositivos incluem:
a. Placas, que podem ter mensagens permanentes, temporárias ou digitais.
b. Sinais de trânsito.
c. Marcações na pavimentação das vias.
d. Sinais e mecanismos de controle de cruzamento de ferrovia.
e. Cancelas.
f. Barreiras, que são usadas para alterar a direção do tráfego, interromper o
tráfego ou segregar elementos de tráfego (cavaletes, fura-pneus, etc.).
g. Dispositivos de redução de velocidade (lombadas, ziguezagues, etc.).
h. Refletores no pavimento da estrada (olho de gato).
i. Sonorizadores na pavimentação da estrada.
j. Cones de trânsito, cilindros delimitadores e balizadores móveis.
Dispositivos temporários devem ser usados pelo GptOpFuzNav e funcionam de
maneira similar às suas contrapartes permanentes, sendo facilmente
transportados, instalados e movidos, facilitando o controle de tráfego. Esses
dispositivos são usados para:
a. Balizar locais de acidentes de trânsito.
b. Realizar alterações temporárias do fluxo de tráfego (desvio, canalização e
redirecionamento).
c. Balizamento de PCTran.
d. Balizamento de entradas e saídas de locais controlados.
e. Controle de estacionamento.
f. Orientação de pedestres.
g. Identificação de perigo.
h. Isolamento de área restrita.
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É importante que o GptOpFuzNav possua um mapa detalhado, ou um diagrama
da AOp, que inclua os dispositivos de controle de tráfego existentes (placas,
semáforos, marcações, zonas de velocidade, câmeras, radares, etc.), para facilitar
o planejamento e o desdobramento da tropa na AOp.
8.3.3 - Campanhas de Conscientização Pública
Um controle eficaz do tráfego exige comunicação com as pessoas afetadas pelas
medidas adotadas. Isso é mais importante quando há mudanças significativas ou
de longo prazo nos padrões normais do tráfego. A participação da tropa e as
campanhas de informação podem aumentar a cooperação da comunidade.
No caso de mudanças significativas, as campanhas de conscientização devem
incentivar a população a fazer ajustes em sua rotina normal para reduzir o
impacto no tráfego. Esses ajustes podem incluir:
a. Sistema de rodízio de carros e carona para conhecidos.
b. Uso de rotas alternativas de trânsito.
c. Uso do transporte público.
d. Ajuste ou escalonamento de horários de trabalho.
e. Uso de videoconferências.
Muitas vezes, incidentes ocorrem inesperadamente e o tempo para estabelecer
estratégias de participação da tropa e de realizar campanhas de informação ao
público é reduzido. Nesses casos, a participação da tropa se limitará a
notificações imediatas, ao mesmo tempo em que são adotadas as medidas
necessárias para o controle do tráfego. Simultaneamente, o Assessor de Relações
Públicas deve rapidamente obter informações e transmiti-las para a comunidade.
Em OpGLO de curta duração não é necessária a realização de Campanhas de
Conscientização da População, porém cresce de importância a ação do Assessor
de Relações Públicas, a fim de manter a população o mais bem informada
possível, evitando surpresas e descontentamentos com as ações da tropa.
8.3.4 - Estudos e Avaliações de Tráfego
Estudos de controle de tráfego são realizados para obter informações sobre
problemas e padrões de trânsito em uma AOp. Isso permite identificar as
condições de trânsito e as áreas problemáticas. Também podem ser utilizados
para estabelecer estratégias de controle de tráfego e de fiscalização.
Esse estudo é, na verdade, uma verificação das condições de tráfego atuais e das
características físicas da AOp, analisando sua influência sobre o movimento de
veículos e pedestres. Isso permite identificar áreas problemáticas, atuais e
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potenciais, onde devem ser desenvolvidas medidas corretivas para mitigar os
problemas identificados. Essas medidas podem incluir:
a. Ajustar as direções do fluxo de tráfego (ruas de sentido único, mudanças de
fluxo alternadas com base nos horários de pico, direções de tráfego, etc.).
b. Colocação do pessoal de controle de tráfego (PCTran nível ET) em
cruzamentos críticos e pontos de congestionamento.
c. Aumento da presença da tropa na rua.
Caso seja necessário, devem ser realizadas gestões junto à prefeitura responsável
pela AOp, a fim de serem realizadas medidas corretivas permanentes, tais como:
a. Colocação ou substituição de placas, sinais de trânsito e marcações nas vias.
b. Alteração da configuração das zonas de velocidade (limites de velocidade).
c. Melhora na iluminação de áreas críticas.
d. Aplicação ou substituição de material refletivo em sinais, barreiras e ruas.
e. Reparação de vias danificadas.
Vários estudos podem ser realizados, tais como o atendimento de passageiros
pelo transporte público, volume de veículos, número de infrações de trânsito e
de acidentes, dentre outros. Nesses estudos são utilizadas diversas ferramentas,
tais como entrevistas, observação direta, câmeras, radares fixos e móveis, etc.
O estudo mais importante é o de acidentes de trânsito, cujo objetivo é identificar
áreas problemáticas e propor medidas para aumentar a segurança no trânsito e
reduzir sua frequência. Ele permite a identificação de locais com alta taxa de
acidentes, o planejamento do controle de tráfego e de medidas de fiscalização
para reduzi-los, bem como a avaliação da eficácia das medidas adotadas. Esse
estudo deve abranger o histórico de acidentes e incidentes (dirigir sob influência
de bebida ou entorpecentes, brigas no trânsito e excesso de velocidade). A
análise desse histórico, associada ao estudo das condições atuais, permite a
percepção de tendências e padrões para a identificação de áreas problemáticas.
Outro estudo interessante é o de volume de veículos. Nele são avaliados os
horários de pico em condições climáticas normais, para verificar pontos de
congestionamento e vias com capacidade saturada. Medidas corretivas devem
ser planejadas para minimizar esses problemas, tais como o estabelecimento de
vias de mão única temporárias, com a reversão da faixa de contramão, para
melhorar o fluxo e a segurança do tráfego; e eliminar ou restringir o
estacionamento no meio-fio, com a mesma finalidade.
No entanto, da mesma forma que no item anterior, em OpGLO de curta duração
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não é viável a realização de estudos e avaliações de tráfego, já que não haverá
tempo hábil para implementar as medidas corretivas necessárias.
Para OpGLO mais longas, é ideal que seja realizado um estudo durante todos os
Contingentes, sendo necessária a requisição de pessoal capacitado para tal.
8.4 – CONTROLE DO TRÁFEGO EM EVENTOS ESPECIAIS
Eventos especiais geram um volume intenso de tráfego. Esses eventos variam de
grandes shows e eventos esportivos a festas de fim de ano e eventos políticos. Essas
atividades podem criar grandes congestionamentos e exigem planejamento, preparação
e recursos financeiros e humanos significativos para mitigar os problemas.
Nesses eventos, as preocupações do controle de tráfego devem incluir:
a. Planejamento das rotas de entrada e saída.
- Rotas de entrada e saída da localidade onde ocorrerá o evento.
- Rotas diretas de entrada e saída do local do evento.
- Áreas de estacionamento.
- Isolamento da área do evento.
- Planejamento de rotas alternativas para o tráfego normal evitar a área isolada.
b. Acesso de veículos de emergência.
A tropa deve balizar as rotas designadas para veículos de emergência e garantir que
os motoristas sejam informados sobre essas rotas.
c. Uso de barreiras, cones de trânsito, placas de trânsito portáteis, radares móveis e
outros equipamentos associados ao controle de tráfego.
d. Conscientização pública.
- Divulgação das rotas específicas e áreas de estacionamento nos meios de
comunicação, panfletos e outros locais antes do evento.
- Uso de placas para direcionamento e orientação dos motoristas.
e. Estabelecimento de um centro de operações específico para o evento.
f. Utilização da tropa no controle do tráfego.
- Montagem de PCTran nos cruzamentos perigosos e pontos de estrangulamento.
- Previsão de pessoal para realização de rodízios nas funções e descanso da tropa.
- Montagem dos PCTran antes do horário de início do evento. A falha na montagem
antecipada pode resultar na impossibilidade de realizar o controle do tráfego, já
que a tropa terá dificuldade em alcançar o local designado.
- Preparação, para que a tropa seja capaz de responder perguntas do público sobre
direções, estacionamento e outras informações gerais sobre o evento.
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g. Comunicações
- Rede-rádio específica para o evento, diferente da rede-rádio padrão do
patrulhamento, para evitar interferência.
- Preocupação com baterias reservas e locais para recarga.
- Indicativos fonia e palavras código exclusivos.
h. Logística.
- Pontos de abastecimento de água.
- Locais para consumo de refeições pela tropa.
- Confecção de planos de rodízio no Controle do Tráfego.
- Uso de banheiros químicos ou requisição de instalações sanitárias.
8.5 – MEDIDAS DE FISCALIZAÇÃO DE TRÁFEGO
A aplicação das leis e regulamentos de trânsito é uma importante atividade de segurança
pública. O objetivo da fiscalização do tráfego é garantir a segurança nas vias e obrigar o
respeito às leis de trânsito por parte dos motoristas e pedestres. A fiscalização do tráfego
é realizada quando as medidas de controle de tráfego, sozinhas, são ineficazes.
Várias medidas de fiscalização podem ser adotadas, sendo fundamental a realização de
briefings detalhados antes da saída de cada efetivo empregado, bem como o
monitoramento das ações desenvolvidas na AOp.
8.5.1 - Fiscalização por patrulhamento
A fiscalização por patrulhamento é realizada para cobrir áreas extensas e
diminuir a probabilidade de infrações de trânsito e acidentes. É uma medida
reativa por natureza. Comportamentos inadequados são identificados por meio
da observação direta da tropa e de denúncias de cidadãos. Durante o
patrulhamento, radares portáteis e etilômetros devem estar disponíveis para a
identificação de excesso de velocidade e direção sob efeito de álcool. A
comunicação com o PC do CCT e do GptOpFuzNav é fundamental.
Deverão ser abordados pessoas e veículos cometendo infrações de trânsito. Para
isso, as patrulhas podem intercalar períodos de vigilância estática, em locais de
grande fluxo de pessoas e veículos, com períodos de patrulhamento dinâmico,
percorrendo os itinerários planejados. O posicionamento das patrulhas deverá ser
monitorado pelo CCT durante toda a Operação.
a. Abordagem de pessoas
A abordagem de pessoas prevê que as patrulhas se dirijam a pessoas, grupos
ou ciclistas com o objetivo de orientar, prestar assistência e notificar em caso
de infrações (Ver Capítulo 2).
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Nas abordagens, em caso de necessidade de realizar busca pessoal, devem ser
observados os procedimentos descritos no Capítulo 6 deste Manual.
b. Abordagem de veículos
A abordagem a veículos prevê que as patrulhas se aproximem dos meios de
transporte de passageiros ou de carga, em via pública, com objetivo de
orientar e prestar assistência, fiscalizar documentos de porte obrigatório do
motorista e do veículo, averiguar os equipamentos obrigatórios, notificar o
motorista em casos de infração de trânsito e adotar providências quanto ao
estado de embriaguez do condutor.
Atenção especial deve ser dispensada aos finais de semana e períodos
noturnos. Infrações de trânsito como excesso de velocidade, corridas de
arrancada (pegas ou rachas) e direção agressiva são mais comuns nesses
períodos e podem envolver motoristas jovens (idade inferior a vinte anos).
Essas infrações também podem estar associadas ao ato de dirigir embriagado
ou sob a influência de entorpecentes. As patrulhas deverão receber orientação
especial de como proceder nesses casos e todas as ações deverão ser filmadas.
No caso de motoristas muito jovens, as carteiras de habilitação ser verificadas
em busca de sinais de alteração de idade.
Caso haja necessidade, a patrulha deverá solicitar reforço para a condução de
pessoas detidas à DPJM ou de veículos apreendidos durante a ação.
Essa modalidade de fiscalização pode estar associada à estratégia de patrulhas
de rotina, descrita no Capítulo 6 deste Manual, associando a fiscalização do
tráfego ao combate aos demais atos ilícitos na AOp.
Devem ser observados os procedimentos de abordagem do Capítulo 6.
8.5.2 - Fiscalização direcionada
A fiscalização direcionada, ou seletiva, é realizada para diminuir a probabilidade
de acidentes em locais ou áreas de alto risco. Comportamentos inadequados são
identificados por meio de reclamações de cidadãos, estudos de tráfego ou outras
análises de informações de tráfego. Durante operações de fiscalização seletiva,
meios de controle de tráfego são posicionados em áreas apontadas como
problemáticas, para coibir os problemas identificados. A coleta e a análise
contínua de dados são necessárias para tornar eficaz a fiscalização seletiva.
Após uma atividade de fiscalização seletiva, os resultados são reunidos e
analisados para avaliar sua eficácia. Modificações na estratégia de fiscalização
seletiva podem ser necessárias, com base na análise das atividades realizadas.
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O posicionamento dos meios disponíveis nas áreas problemáticas identificadas
permite uma maior efetividade na proteção de pessoas e propriedades, ao mesmo
tempo em que mitiga as interrupções de tráfego causadas por acidentes.
8.5.3 – Fiscalização por saturação
Quando problemas significativos de tráfego são identificados, a fiscalização por
saturação deve ser realizada. É considerada como a última opção, quando outras
medidas se revelam ineficazes. Durante a aplicação da saturação, as patrulhas
convergem para a área problemática em números muito maiores do que nas
atividades normais de fiscalização direcionada e por patrulhamento. Durante a
execução da saturação, a tropa deve ser instruída a aplicar uma política de
tolerância zero às violações de tráfego, visando um choque de ordem.
8.5.4 - Fiscalização com PCTran
O propósito da operação de um PCTran, no contexto da fiscalização do tráfego,
é criar um efeito dissuasivo pela percepção do aumento do risco de identificação,
advertência e possível apreensão do veículo por violações atinentes ao tráfego.
Nesse tipo de atividade, as tarefas realizadas no PCTran são conduzidas para
suprimir violações de trânsito, realizar inspeções veiculares para verificação dos
registros e requisitos de licenciamento de motorista, além de abordar outras
preocupações de segurança pública.
8.5.5 - Fiscalização de velocidade
O excesso de velocidade não é a causa de todos os acidentes de trânsito, porém é
um dos principais fatores que contribui para eles. Além disso, a velocidade
excessiva aumenta a gravidade dos acidentes, podendo causar ferimentos graves
ou morte e aumentar os danos à propriedade.
Dispositivos de medição de velocidade são usados para verificar a velocidade de
veículos em movimento durante atividades de fiscalização e estudos de tráfego.
O uso de equipamentos de medição de velocidade requer treinamento e
certificação periódica. O treinamento do operador inclui a seleção do local,
posicionamento e manuseio do equipamento, o uso de um sistema de calibração
e o julgamento dos efeitos ambientais (terreno, interferência estrutural,
condições climáticas). A documentação desse treinamento e certificação pode
ser exigida em processos judiciais.
Caso o controle do tráfego seja uma das tarefas recebidas, o GptOpFuzNav
deverá receber pessoal especializado para a fiscalização de velocidade. Se não
houver pessoal especializado disponível, a realização intensiva de adestramentos
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na fase de preparação pode capacitar a tropa no uso desses equipamentos.
8.5.6 - Fiscalização por ações simultâneas
A utilização de ações simultâneas é um procedimento que combina os conceitos
apresentados acima, consistindo no uso simultâneo de patrulhamento, PCTran e
fiscalização de velocidade. Esse tipo de fiscalização permite potencializar o uso
dos meios disponíveis, além de gerar uma sensação de segurança no trânsito pela
variedade de ações desencadeadas na AOp.
8.6 – ACIDENTES DE TRÂNSITO
Acidentes de trânsito são eventos extremamente confusos. Caso o GptOpFuzNav receba
a tarefa de controlar o tráfego na AOp, todos os seus integrantes devem conhecer os
fundamentos de investigação e do preparo de relatórios nesse tipo de evento.
Quando a tropa se deparar com um acidente de trânsito, deve avaliar rapidamente a
situação e determinar as prioridades com base na gravidade, nos ferimentos das pessoas
envolvidas (ocupantes de veículos ou pessoas atropeladas), no bloqueio da rodovia e nas
condições ambientais.
O mais antigo da tropa deve determinar se o controle de tráfego é necessário, visando
reduzir o risco de colisões adicionais causadas pela degradação do fluxo de veículos
resultante do acidente inicial.
Uma variante que deve ser observada no local do acidente é a presença de cargas
perigosas, tais como material inflamável, explosivo, tóxico, oxidante ou infectante. Isso
é especialmente importante em colisões envolvendo veículos comerciais.
O mais antigo deve acionar os paramédicos e o Corpo e Bombeiros, caso necessário. A
tropa deve determinar a extensão dos ferimentos nas pessoas envolvidas no acidente e
prestar os primeiros socorros, conforme necessário, enquanto aguarda a chegada dos
paramédicos. O corpo de bombeiros pode ser necessário para retirar pessoas presas nas
ferragens dos veículos acidentados. Pessoas com ferimentos (mesmo que pequenos)
devem ser aconselhadas a buscar avaliação médica, a fim de garantir que problemas
mais sérios não estejam presentes.
Depois de realizados os procedimentos acima, deverão ser obtidas informações sobre os
veículos, motoristas e demais pessoas envolvidas no acidente. A tropa deve registrar as
carteiras de motorista, carteiras de identidade e documentação dos veículos. O teste do
bafômetro deve ser realizado nos motoristas, quando possível. Além disso, devem ser
fotografados e anotados os danos aos veículos, instalações e infra-estrutura da área.
Testemunhas devem ser localizadas e entrevistadas. Elas devem ser segregadas até que
as entrevistas estejam concluídas para evitar discussões que possam influenciar sua
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percepção dos eventos ocorridos no acidente. Todos esses procedimentos são
importantes para a investigação posterior no local.
Todos os dados coletados deverão ser incluídos no relatório do acidente, que deve ser
confeccionado logo após o retorno da tropa à Base Avançada.
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CAPÍTULO 9
CAPACIDADES ESPECIAIS
9.1 - GENERALIDADES
As OpGLO abrangem variados tipos de situações e atividades, em face das diversas
formas com que as perturbações da ordem e as ameaças à incolumidade das pessoas e
do patrimônio poderão se apresentar. A diversidade de missões a serem executadas e a
variedade de situações que poderão ocorrer exigirão dos GptOpFuzNav uma gama de
capacidades múltipla e holística, que permitam a adoção das ações táticas adequadas.
Neste capítulo, serão apresentadas as principais capacidades que deverão estar presentes
nos GptOpFuzNav em uma OpGLO. Ressalta-se que elas poderão variar de acordo com
as tarefas recebidas, o modus operandi dos APOP e as características da AOp.
9.2 - COMANDO E CONTROLE
As atividades de Comando e Controle crescem de importância nas OpGLO, tendo em
vista a descentralização da execução das ações.
Esse tipo de operação exige um dinamismo nas atividades de Comando, Controle,
Comunicações, Computação, Inteligência e Interoperabilidade (C4I2), integradas de
forma sistêmica e apoiadas em meios eletrônicos de elevada capacidade. Um SisC²
adequado confere ao Comandante a capacidade de executar as atividades de C4I2.
O SisC2 deve permitir a integração entre os meios de comunicação, os sensores e a
informática, visando possibilitar que os dados obtidos cheguem em tempo real ao
Comando do GptOpFuzNav. Como o SisC² estará mais descentralizado, deverá ser
priorizada a flexibilidade das estruturas.
O PC do GptOpFuzNav será similar ao descrito no CGCFN-60 (Manual de Comando e
Controle), porém não possuirá o Centro de Coordenação de Apoio de Fogo (CCAF), o
Centro Controlador de Inteligência de Sinais (CeCoIS) e a Seção de Informações sobre
Alvos (SIAL). O Centro de Operações Logística (COL) poderá não ser ativado, sendo
então substituído pelo COL do DASC.
Deverão ser disponibilizados pontos de rede da Intranet, por meio da instalação de
antena SISCOMIS, bem como pontos de acesso à Internet.
Dependendo da duração da OpGLO e das tarefas recebidas, o PC do GptOpFuzNav e
outras instalações de C² podem ser mobiliadas dentro dos próprios aquartelamentos das
OM, devendo possuir a mesma estrutura e capacidade citadas acima.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 60 (Manual de Comando e
Controle dos GptOpFuzNav), com as adaptações necessárias.
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9.3 - ATIRADORES DE PRECISÃO
O terreno urbano aumenta a utilidade e os efeitos dos Atiradores de Precisão,
multiplicando o poder de combate. Nesse ambiente, Atiradores de Precisão bem
posicionados têm uma importância maior, se comparada à sua capacidade de combate
em outras situações.
As equipes de Atiradores de Precisão poderão ser formadas por elementos de Operações
Especiais ou por militares da tropa especialmente treinados e equipados para tal.
O emprego de Atiradores de Precisão, nas primeiras fases de uma OpGLO, ocorre com
seu posicionamento em locais que dominem a AOp em apoio ao Cerco e ao
Vasculhamento. Pode ser planejado também o uso de He como plataforma de tiro.
O emprego de Atiradores de Precisão embarcados em helicópteros possibilita uma
maior segurança para a tropa. Esse procedimento, em que pese a necessidade de
aeronaves blindadas devido aos tiros inimigos, tem grande impacto psicológico sobre os
APOP, bem como sobre o moral da tropa.
No patrulhamento de áreas de risco, o emprego de Atiradores de Precisão é um trunfo
para vigiar os movimentos das patrulhas, fornecer dados de inteligência e dar apoio de
fogo direto a elas. Esse emprego foi descrito no Capítulo 7 deste Manual, no tipo de
apoio mútuo denominado de “Trinômio”, já que envolvia também o uso de VtrBld. No
entanto, o apoio dos Atiradores de Precisão pode ser realizado mesmo sem a presença
das VtrBld, o que impediria apenas o emprego descrito no Trinômio T-3.
Nas Operações Pontuais de Cerco e Vasculhamento, os Atiradores de Precisão são
utilizados para o apoiar pelo fogo e guiar a tropa que executa o Vasculhamento.
Nas Operações Pontuais de Cerco e Inspeção, os Atiradores de Precisão provêm apoio
de fogo à tropa que estabelece o Cerco, tornando-o mais efetivo.
Nas Operações de Martelo e Bigorna, os Atiradores de Precisão apoiam o efetivo que
avança sobre os APOP (martelo), prestando apoio de fogo e guiando a tropa.
9.4 - EQUIPE DE REAÇÃO ESPECIAL
Deve ser prevista uma Equipe de Reação Especial formada por ElmOpEsp, ativada
quando necessário, capaz de executar entrada em compartimentos, empregar técnicas de
limpeza e responder a uma situação de refém. Isso é particularmente importante nas
OpGLO cuja AOp se situa em regiões fora do Rio de Janeiro, já que o tempo para
chegada do GERR poderá inviabilizar sua utilização, e deverá ser avaliado na fase de
preparação, por ocasião do dimensionamento e estruturação do GptOpFuzNav. Essa
equipe deve estar de prontidão sempre que forem realizadas as Operações Pontuais.
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9.5 - REVISTA FEMININA
Deve ser previsto um destacamento feminino para a realização de busca pessoal em
mulheres e crianças. Isso reduzirá a necessidade de realização desse procedimento pela
tropa, demonstrando o cuidado e o respeito da Força com a população.
Caso a Polícia Militar esteja sob o controle operacional da FPac ou haja um protocolo
de cooperação com aquela Força Auxiliar, poderão ser utilizados policiais militares do
sexo feminino para compor esse destacamento.
A dotação ideal é de um militar do corpo feminino apoiando cada PelFuzNav do
GptOpFuzNav. Caso não seja possível, o Comandante do GptOpFuzNav priorizará o
emprego do efetivo disponível.
Os militares do sexo feminino deverão ser utilizados prioritariamente em PCTran e
PBlq. Caso sejam utilizados no patrulhamento ou em Operações Pontuais, por não terem
adestramento adequado, deverão permanecer embarcados nas VtrBld, desembarcando
apenas para a realização da busca pessoal.
9.6 - EQUIPE DE NEGOCIAÇÃO
As ações contra APOP na AOp podem resultar em incidentes com reféns. Esse tipo de
situação ocorre sem aviso e requer uma ação rápida do GptOpFuzNav. Todos os casos
são únicos em suas características e exigem uma resposta adequada. Nesse sentido, deve
ser considerada a presença de pessoal com o Curso de Negociação em Conflitos com
Tomadas de Reféns (C-Exp-NECONREF) no GptOpFuzNav.
Em caso de situação com reféns, será ativada a equipe de negociação, composta pelo
pessoal cursado, a fim de buscar uma forma não violenta de solução do conflito. Essa
necessidade aumenta de importância em OpGLO realizadas em áreas fora do Rio de
Janeiro (Fora de Sede), já que a disponibilidade de pessoal cursado é reduzida.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 2002 (Manual de Negociação),
com as adaptações necessárias.
9.7 - EQUIPE DE CÃES DE GUERRA
Os cães de guerra são meios valiosos com que os GptOpFuzNav podem contar para
aumentar a segurança de instalações fixas, patrulhas e tropas desdobradas, além de
serem excelentes ferramentas para a localização de drogas e explosivos. Somente a sua
presença já é um elemento dissuasório contra ações de APOP.
Na fase da preparação, oficiais de ligação da Companhia de Polícia da Tropa de Reforço
devem compor ou assessorar o Estado-Maior do GptOpFuzNav quanto ao correto
emprego e necessidades das equipes de cães.
Os cães de guerra, em particular os cães de faro e de guarda, podem ser utilizados em
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PCTran, PBlq, Patrulhas, realização de Cerco e de Vasculhamentos de áreas, bem como
inspeção de veículos e instalações.
Nas Operações Pontuais, devem ser utilizadas equipes de cães de guerra posicionadas
junto aos efetivos que realizam as atividades de Cerco, a fim de localizar drogas com
APOP que tentem sair das áreas controladas.
O emprego cães de guerra para prover proteção de flanco aos efetivos de Controle de
Distúrbios (CD) facilita a execução dessa tarefa.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 3170 (Manual de Cães de
Guerra na Marinha do Brasil), com as adaptações necessárias.
9.8 - EQUIPE DE ARP
A Observação Aérea é vital no ambiente urbano, devido aos cânions existentes,
conforme descrito no Capítulo 1. A utilização de helicópteros é menos eficaz, pois o
barulho denuncia sua presença e deixa os APOP em uma postura defensiva (se
escondem), além de ser praticamente obrigatório o uso de helicópteros blindados pelo
risco de disparos contra a aeronave. O uso de ARP é o mais indicado, já que não expõe
os militares (piloto e tripulação) ao risco de serem alvejados por tiros e reduz a
probabilidade de detecção pelos APOP, por ser um meio menor e mais silencioso.
As ARP realizam o levantamento de imagens do terreno e do dispositivo inimigo por
fotografias, vídeos ou por radares de abertura sintética. O emprego de câmeras de visão
termal ou de visão noturna amplia esta capacidade.
Além disso, o emprego de ARP permite uma economia de meios, já que possibilita o
direcionamento dos esforços da tropa.
Quando uma equipe de ARP apóia a técnica de patrulhamento denominada Trinômio,
surge o chamado “Quadrinômio”, descrito no Capítulo 5 deste Manual.
Outro emprego importante das ARP é no Reconhecimento Eletrônico (RETRON), no
qual sensores de Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica (MAGE) embarcados
identificam os parâmetros de operação dos rádios e radares inimigos.
9.9 - PELOTÃO DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS CIVIS
Distúrbios são manifestações decorrentes da inquietação ou tensão de parcela da
população, que tomam a forma de atos de violência. Quando ocorrem na AOp de um
GptOpFuzNav, esse tipo de situação deve ser controlada, a fim de manter a ordem e
reforçar a confiança da população na tropa. Nas OpGLO, essa situação pode ocorrer sob
a influência de APOP, a fim de desacreditar a tropa e desestabilizar a AOp.
Na fase de preparação, deve ser reforçado o adestramento desse tipo de emprego, a fim
de capacitar a tropa nas técnicas e meios específicos utilizados.
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O emprego do PelCD pode ser apoiado por VtrBld, aumentando o poder de dissuasão e
o impacto psicológico sobre a turba.
Nas Operações Pontuais, deve ser disponibilizado material de Controle de Distúrbios
para ser utilizado pela reserva, caso necessário.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 31.3 (Manual de Controle de
Distúrbios), com as adaptações necessárias.
9.10- SEGURANÇA MARÍTIMA
Uma das tarefas do Poder Naval nas OpGLO é controlar áreas marítimas adjacentes a
instalações estratégicas, conforme descrito no Capítulo 4. Além disso, a AOp dos
GptOpFuzNav pode ser margeada ou cortada por superfícies líquidas, tais como rios,
lagos e mares, constituindo a dimensão marítima do ambiente urbano, descrita no
Capítulo 1. Nesses casos, os GptOpFuzNav deverão assumir a tarefa de controlar as
margens e, em casos especiais, porções do espaço marítimo adjacentes a elas, podendo
ser solicitada a extensão da AOp, a fim de englobar a porção marítima desejada.
Deve ser constituído um destacamento de segurança marítima, cuja tarefa é controlar as
margens e suas porções marítimas adjacentes dentro da AOp. Esse controle visa
permitir a utilização da dimensão marítima pelo GptOpFuzNav e a negação de seu uso
pelos APOP, particularmente para o transporte de armas e drogas.
Na fase de Preparação, deverão ser planejadas as áreas de patrulha marítima, em
coordenação com o Comando de Operações Navais, a fim de evitar interferência com os
meios navais utilizados na Operação e permitir a emissão dos alertas necessários. Além
disso, os efetivos utilizados para compor o destacamento de segurança marítima deverão
ter um adestramento específico para as atividades que irão desempenhar na Operação.
O destacamento de segurança marítima realizará patrulhamento nas margens e nas áreas
de patrulha marítimas. Lanchas rápidas e embarcações de casco semi-rígido são meios
eficazes para realizar esse patrulhamento, sendo utilizados para abordar embarcações
suspeitas e prover segurança às linhas de comunicação marítimas utilizadas.
Deverá ser estabelecida uma rede de comunicações para essa tarefa, com indicativos
específicos, devendo constar do Plano de Comunicações do GptOpFuzNav.
Poderão ser adjudicados meios da Capitania dos Portos, Delegacia ou Agência da MB
responsável pela região, para a realização da tarefa de patrulhamento marítimo.
9.11- INTELIGÊNCIA E CONTRA-INTELIGÊNCIA
Inteligência
O ambiente urbano cria um grande desafio para a atividade de inteligência. As
construções nas áreas urbanas fornecem cobertura e ocultação quase completas para as
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ameaças, além de neutralizarem sensores e assinaturas eletrônicas, conforme descrito no
Capítulo 1 deste Manual.
Visando reduzir essa desvantagem, Operações de Inteligência devem ser realizadas, a
fim de obter dados relevantes sobre os APOP e sobre a AOp, permitindo um
planejamento adequado e o acompanhamento da situação durante as OpGLO.
É fundamental a cooperação com os setores de Inteligência do EB, das Forças
Auxiliares e demais Órgãos Governamentais, em particular a Polícia Federal, Polícia
Militar, Polícia Civil e Agência Brasileira de Inteligência.
Na fase de Preparação, a Seção de Inteligência do GptOpFuzNav deverá ser ativada
para providenciar um carômetro6 com as fotos e os nomes dos principais APOP
procurados pela polícia, fotos aéreas e satelitais da AOp, informações sobre as
principais ameaças na AOp, modus operandi das facções criminosas atuantes, áreas com
maior concentração de crimes, manifestações populares, ocorrência de saques e
informações relacionadas à população.
Deve ser utilizado o banco de dados do Sistema de Inteligência Operacional (SIOpWeb)
para obtenção de imagens e características da AOp.
Se o GptOpFuzNav receber a tarefa de controlar o tráfego na AOp, deverão ser
buscadas informações sobre os corredores viários, áreas de concentração de acidentes e
incidentes de trânsito e ocorrência de vandalismo contra o transporte público.
Deverá ser confeccionado um mapa contendo todas as informações obtidas,
consolidando um quadro geral da situação na AOp.
Nessa fase, a tropa deve ser cuidadosamente treinada quanto ao trato de matéria
sigilosa, visando evitar vazamentos que prejudiquem a repressão das atividades ilícitas.
Deverá ser realizado um briefing detalhado para os líderes dos diversos escalões do
GptOpFuzNav, até o nível Grupo de Combate, com todas as informações obtidas.
O GptOpFuzNav deverá solicitar login e senha do SINESP INFOSEG, possibilitando a
identificação de pessoas com mandados de prisão e veículos com busca e apreensão.
Devem ser padronizados os procedimentos de coleta de dados de inteligência no âmbito
das pequenas frações, pois as patrulhas são a principal fonte de dados para a Atividade
de Inteligência.
É necessária a contratação de pontos de TV a cabo para o Oficial de Inteligência
acompanhar continuamente as notícias divulgadas pela imprensa.
Devem ser acompanhadas as mídias sociais, sendo utilizados perfis falsos, para a coleta
de dados de inteligência, identificação de possíveis APOP e verificação de postagens
______________ 6 Mosaico de fotos e codinomes dos criminosos procurados pela Polícia na AOp.
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não autorizadas da tropa.
Durante a Operação, agentes de inteligência da MB devem ser usados para atualizar as
informações obtidas, contribuindo para o monitoramento e acompanhamento da
situação na AOp. Os agentes podem integrar células de inteligência multiagências ou
atuar de modo independente.
O recrutamento de informantes e colaboradores é uma ferramenta que deve ser
explorada durante toda a Operação. Deve ser prevista verba sigilosa para pagamento das
informações obtidas com esses elementos recrutados.
Deve ser realizado o monitoramento do transporte e chegada de material ilícito (armas e
drogas) à AOp, visando direcionar as ações da tropa. Isso permitirá incidir em dois CG
dos APOP simultaneamente, conforme descrito no Capítulo 4 deste Manual.
As principais fontes de dados são a tropa desdobrada, as fotografias aéreas, a atividade
inimiga monitorada, APOP presos, documentos e material capturados, população local e
emissões eletromagnéticas dos APOP (rede APOP), além dos dados obtidos por meio da
cooperação com agências de inteligência de outras Forças e Órgãos. Ferramentas como
o Disque Denúncia e o Disque Pacificação devem ser amplamente exploradas.
A Inteligência deverá analisar os relatórios confeccionados, bem como as filmagens de
todas as ações táticas realizadas. Em complemento, deverão ser realizadas entrevistas
com os militares envolvidos para elucidar situações duvidosas ou pouco exploradas nas
filmagens e relatórios.
O Centro de Análise de Inteligência (CAI) do GptOpFuzNav deverá analisar os dados
coletados e transformá-los em informações, para a rápida disseminação para a tropa,
contribuindo para a gestão de riscos.
Devem ser acompanhados os engajamentos de APOP com a tropa, em vista das táticas
usadas de “contenção”, onde criminosos engajam a tropa para encobrir a fuga de chefes
do tráfico ou retirada de armas, munição e drogas, e de “iscas”, onde APOP de menor
escalão se entregam para distrair a tropa, com o mesmo objetivo da contenção.
Como descrito no Capítulo 6, a análise dos dados de inteligência obtidos podem
direcionar os esforços da tropa. A identificação de áreas problemáticas e da ocorrência
de determinados tipos de crimes em áreas restritas (hot spot) permite a concentração dos
meios disponíveis, contribuindo para um controle efetivo da AOp. Nesse sentido, deve
ser realizado o mapeamento dos incidentes envolvendo APOP, crimes, acidentes de
trânsito e outros eventos relevantes.
Devem ser gerados, diariamente, relatórios de inteligência contendo a evolução da
situação na AOp, a previsão da situação das ruas da cidade, manifestações, bloqueios,
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interdições, comboios, alterações esperadas e a previsão meteorológica. Isso é
fundamental para a realização das ações táticas e do apoio logístico. O Comando
Logístico deverá receber cópia desses relatórios.
Nas ACISO, os agentes de inteligência devem realizar entrevistas em busca de dados
sobre os APOP, bem como para recrutar pessoas avaliadas como possíveis
colaboradores ou informantes.
Contrainteligência
Os APOP podem tentar recrutar informantes e colaboradores entre os integrantes da
tropa. Para se contrapor a isso, a contrainteligência deve estabelecer medidas visando a
prevenir, detectar, obstruir e neutralizar essas atividades. O vazamento de informações
sensíveis, em particular da realização de Operações Pontuais, é um indício da presença
de informantes no GptOpFuzNav e deve ser monitorado e investigado.
O monitoramento das comunicações da tropa pode ser buscado pelos APOP e indícios
de sucesso dessa prática devem ser investigados. Além disso, outras medidas de
contrainteligência devem ser adotadas para assegurar a segurança de nossas forças,
desde a fase do planejamento até o término da operação, bem como garantir a obtenção
da surpresa das ações táticas na AOp. Um exemplo é o recolhimento dos celulares dos
militares do GptOpFuzNav horas antes das Operações e a proibição no patrulhamento.
A Segurança Orgânica da Base Avançada deve ser uma preocupação nas OpGLO,
visando evitar a observação da montagem de comboios, da rotina de patrulhas, bem
como a tentativa de roubo de armas e munições. Deverá ser estabelecido serviço
orgânico na Base Avançada, a ser guarnecido pelo DASC, Componente de Apoio Aéreo
e Componente de Comando. O Componente de Combate Terrestre não deverá ser
empregado no serviço interno, permanecendo dedicado às ações táticas na AOp.
Os APOP realizam atividades de vigilância na AOp utilizando os chamados olheiros.
Eles permanecem em bares, casas e outras instalações na AOp, observando as atividades
da tropa e repassando pelo rádio as movimentações percebidas. Esse sistema é
complementado pelo uso de táxis e moto-táxis ligados ao crime organizado, que provém
alerta antecipado da movimentação da tropa e repassam o posicionamento dos efetivos
na AOp. A contra-inteligência deverá se contrapor a esse procedimento, orientando e
direcionando os esforços da tropa para a prisão dos APOP que compõem essa rede de
informações, bem como utilizando meios de GE para interferir nesse sistema.
O Oficial de Inteligência deverá coordenar suas ações com os assessores de Operações
Psicológicas, Comunicação Social e Assuntos Civis, visando apoiar de forma adequada
as ações táticas da tropa e maximizar os resultados obtidos. O Chefe do Estado-Maior
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do GptOpFuzNav deverá garantir e supervisionar essa coordenação.
No caso da AOp possuir área marítima adjacente, deve ser realizada coordenação com o
COMCONTRAM, visando a utilização do Sistema de Informações sobre o Tráfego
Marítimo (SISTRAM) e da ferramenta CAMTES (Computer-Assisted Maritime Threat
Evaluation System), além de outras ferramentas de inteligência marítima, para o
recebimento de informações sobre embarcações suspeitas navegando próximas à Área
de Interesse no GptOpFuzNav. Informações do SisGAAz poderão contribuir para o
acompanhamento dessas embarcações suspeitas, por meio das atividades do Centro
Integrado de Segurança Marítima (CISMAR).
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN-20 (Manual de Inteligência
dos GptOpFuzNav), com as adaptações necessárias.
9.12- OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
A influência e dos APOP sobre os moradores na AOp exige que sejam realizadas
Operações Psicológicas (OpPsc) que contribuam para uma mudança de comportamento.
Deve ser buscado estabelecer vínculos com a população local por meio dessas
Operações. Exemplos de iniciativas para o estabelecimento desses vínculos são a
criação da Rádio FPac, do Site sobre a FPac e de redes sociais sobre a FPac. O
GptOpFuzNav poderá planejar ações complementares às adotadas pelo Comando da
Operação. Nesse sentido, as ACISO deverão ser exploradas pelo pessoal de OpPsc.
Na fase da preparação, deverão serão planejadas as idéias-força a serem exploradas nas
Campanhas de OpPsc, bem como confeccionados os produtos a serem divulgados.
O apoio da população local é vital, sendo necessária a realização de uma campanha de
OpPsc sobre esse público-alvo. Em complemento, a tropa deve ser instruída quanto a
aspectos relevantes no trato com a população. Nesse contexto, os militares deverão
adotar uma postura adequada e um cuidado especial com civis que não tenham
praticado atos ilícitos, particularmente mulheres, crianças e idosos. Além disso, uma
rígida disciplina de tiro, sem prejuízo para as ações militares, contribui decisivamente
para se obter o apoio da população, pela eliminação da ocorrência de danos colaterais.
Com relação à postura, a tropa deverá manter uma boa apresentação pessoal,
exteriorizar postura firme e serena e demonstrar boa educação no trato com a população.
Os APOP devem ser desencorajados a reagir contra a tropa. Nesse sentido, campanhas
de OpPsc devem ser desencadeadas para contribuir com esse objetivo.
É igualmente importante que seja realizada uma Campanha de OpPsc voltada para o
público interno, com o objetivo de elevar o moral e motivar a tropa.
Em resumo, é necessário planejar e realizar Campanhas de OpPsc voltadas para três
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públicos-alvo: população local, APOP e a tropa empregada.
As reuniões com lideranças locais devem ser coordenadas por militares especializados
em OpPsc ou, na impossibilidade, por militares preparados tecnicamente por um
especialista nessa área. Deve haver uma orientação clara das idéias-força a serem
exploradas, dos objetivos a serem alcançados e da postura diante de reivindicações.
Os APOP podem realizar OpPsc sobre a tropa. O monitoramento das comunicações dos
APOP, quando realizado por militares não especializados, permite que esse tipo de ação
ocorra, com a disseminação de dados falsos e ameaças. Para se contrapor a essas ações,
estes monitoramento deve ser realizado por militares da Seção de Inteligência, em
coordenação com o pessoal de OpPsc.
Atenção especial deve ser dada ao efeito compressivo dos níveis da guerra, descrito no
Capítulo 1, pois as ações de qualquer militar podem ser registradas e exploradas. Nesse
contexto, as relações com a imprensa e as OpPsc caminham juntas. Além disso,
denúncias de abuso sexual, exploração de menores e maus tratos a civis, mesmo não
sendo verdadeiras, podem ser exploradas pela imprensa e desacreditar o GptOpFuzNav.
9.13- COMUNICAÇÃO SOCIAL
Cada militar tem uma grande responsabilidade no processo de manutenção da imagem
da Marinha, sendo um elemento fundamental da Comunicação Social. A postura, as
mensagens que transmite, a conduta, a forma como cumpre suas tarefas e a apresentação
pessoal refletem na imagem da Marinha. Nas OpGLO isso cresce de importância.
Com relação às atividades de Comunicação Social, o GptOpFuzNav terá dupla
subordinação. Estará subordinado à FPac, pela influência que a mídia e a opinião
pública tem sobre as operações, e ao ComFFE, pela influência desses atores sobre a
imagem do CFN e da Marinha. Sendo assim, o escalão superior para as atividades de
ComSoc é a FPac e o ComFFE.
Nas OpGLO, a ComSoc buscará influenciar a opinião pública em favor do
GptOpFuzNav. Para tal, três atividades fundamentais da Comunicação Social (ComSoc)
– relações públicas, relacionamento com a imprensa e divulgação institucional – devem
ser exploradas intensamente, desde a fase da preparação.
Deverão ser planejadas estratégias de comunicação com a mídia e população local.
Qualquer fato relevante ocorrido na AOp, que possa vir a repercutir na mídia ou nas
redes sociais, deverá ser informado imediatamente ao ComFFE e à FPac. Em paralelo, o
GptOpFuzNav deverá iniciar um planejamento da estratégia a ser adotada, em
coordenação com o escalão superior, visando minimizar o efeito de possíveis notícias
negativas relacionadas ao fato ocorrido, tanto sobre a tropa como sobre o público
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externo. É recomendável o emprego da transparência em qualquer situação. No entanto,
deve-se ter em mente que a liberação de informações não deve comprometer a
segurança das operações e tão pouco colocar em risco a segurança da tropa.
O oficial de Comunicação Social fará a interface do GptOpFuzNav com os jornalistas,
de modo a antecipar-se aos desdobramentos indesejados de fatos e minimizar as
especulações e controvérsias. Na ocorrência de crise, o oficial de ComSoc será o porta-
voz do GptOpFuzNav.
A ComSoc deverá preparar matérias para divulgar os principais resultados alcançados
na operação, podendo utilizar dados estatísticos comparativos. Essas matérias serão
submetidas à apreciação do escalão superior, sendo divulgadas mediante autorização.
Caso autorizada pelo escalão superior, a presença de jornalistas deverá ser orientada e
coordenada por elementos do sistema de ComSoc da operação, não devendo haver
restrições inadequadas ou inoportunas que possam gerar reclamações ou ações negativas
por parte de profissionais da mídia. Depois de quebrado o sigilo, em princípio, não
devem ser impostas restrições ao livre exercício do jornalismo, a não ser que a presença
da imprensa possa vir a comprometer aspectos operacionais ou de segurança.
A utilização da Rádio Marinha, TV Marinha e das paginas da MB nas redes sociais para
veicular matérias positivas sobre a atuação da tropa no terreno, os principais resultados
alcançados e a realização de ACISO é uma oportunidade que deve ser explorada.
Dependendo do vulto da Operação, poderá ser solicitado o apoio de uma Célula
Transitória de ComSoc ao Centro de Comunicação Social da Marinha.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no EMA-860 (Manual de Comunicação
Social da Marinha), com as adaptações necessárias.
9.14- ASSESSORIA JURÍDICA
Os assessores jurídicos têm papel importante na elaboração e revisão das Regras de
Engajamento, buscando orientar a aplicação tática do poder de combate.
Na fase da preparação, o Assessor Jurídico tem papel fundamental na divulgação do
embasamento jurídico para a tropa, suas possibilidades, limitações e as implicações nas
ações táticas, conforme descrito no Capítulo 2.
Em vista da possibilidade de incidentes durante a Operação envolvendo a população,
policiais militares e APOP, faz-se necessário um assessoramento jurídico adequado no
GptOpFuzNav, a fim de evitar posturas que possam resultar em efeitos adversos. O
Assessor Jurídico será o braço direito do Comandante, alertando sobre as possíveis
consequências legais das decisões tomadas e ações realizadas durante a Operação.
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CAPÍTULO 10
APOIO AO COMBATE
10.1- GENERALIDADES
O ambiente urbano e as características das OpGLO trazem grandes dificuldades para a
utilização dos meios de apoio ao combate, dadas as restrições de mobilidade, presença
de instalações e da população brasileira, bem como a falta de um inimigo bem definido.
Embora o vulto das necessidades de apoio possa ser inferior ao das demais operações,
não pode ser desprezado, pois têm papel importante no sucesso desse tipo de operação.
10.2- CONTROLE AEROTÁTICO
O controle do espaço aéreo sobrejacente à AOp é fundamental para garantir a liberdade
de ação da tropa. Nesse sentido, o GptOpFuzNav deverá possuir um Componente de
Combate Aéreo (CCA), que realizará o controle operacional dos He do EB operando em
proveito da tropa de FN, bem como o comando operacional das ARP, He e meios de
defesa antiaérea da MB.
O CCA deverá realizar o desconflito da utilização do espaço aéreo com a FPac e a
coordenação da defesa aeroespacial com a defesa antiaérea, para evitar fogo amigo.
Na fase da preparação, deverão ser planejadas as medidas de coordenação e controle,
em coordenação com a FPac, tais como interdição do espaço aéreo, corredores de
segurança para as aeronaves, volumes de responsabilidade de Defesa Antiaérea, etc.
Deverá ser solicitada interdição do espaço aéreo sobrejacente à AOp ao Comando Aéreo
Espacial (COMAE) responsável pela região onde a Operação ocorrerá, a fim de evitar
interferências e ações não autorizadas da Mídia.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN-321 (Manual de Apoio Aéreo
e Controle Aerotático nos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais), com as
adaptações necessárias.
10.3- APOIO AÉREO
O Apoio Aéreo proporcionado pelas aeronaves desempenha um papel importante nas
OpGLO, dando maior flexibilidade ao GptOpFuzNav. A seguir, relacionam-se as
possibilidades, as limitações e as principais tarefas desse apoio.
10.3.1-Helicóptero
Possibilidades
- desembarcar e retirar tropas de áreas nas quais o uso de outros meios de
transportes é mais lento ou impraticável;
- transportar a Força de Vasculhamento nas primeiras fases das OpGLO;
- prover plataforma para observação;
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- produzir imagens da AOp para o planejamento de ações táticas.
- prover plataforma para tiro para Atiradores de Precisão;
- prover Posto de Comando (PC) móvel, quando necessário;
- prestar apoio logístico à tropa no terreno; e
- evacuar baixas.
Limitações
- detecção pelos APOP devido ao barulho e observação em lajes;
- vulnerabilidade aos fogos dos APOP;
- dificuldade de locais de pouso e obstáculos para aproximação; e
- dificuldade de infiltração da equipe inicial de orientação final (EIOF).
10.3.2-Aeronave Remotamente Pilotada
Possibilidades
- realizar observação aproximada na AOp em apoio à tropa no terreno;
- realizar observação afastada para direcionamento dos esforços da tropa;
- monitorar atividades ilícitas dos APOP; e
- produzir imagens da AOp para o planejamento de ações táticas.
Limitações
- detecção pelos APOP devido ao barulho e observação em lajes;
- vulnerabilidade aos fogos dos APOP; e
- alcance e autonomia limitados, dependendo do modelo utilizado.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN-321 (Manual de Apoio Aéreo
e Controle Aerotático nos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais), com as
adaptações necessárias.
10.4- DEFESA ANTIAÉREA
Em OpGLO, particularmente em Grandes Eventos ou quando da presença de Chefes de
Estado estrangeiros, cresce de importância a Defesa Antiaérea (DAAe). Nesse sentido, o
GptOpFuzNav deve ser dotado de meios que o capacitem para essas ações, visando a
defesa dos pontos considerados vitais.
Na fase da preparação, deverá ser planejado o posicionamento das Unidades de Tiro
(UT) de defesa antiaérea, bem como os volumes de responsabilidade, para prover a
defesa dos pontos vitais ou de interesse dos GptOpFuzNav. Deve ser buscado o apoio
mútuo entre as posições das UT, visando a economia de meios. Caso não seja possível,
será estabelecida uma defesa em todas as direções dos pontos isolados.
O estabelecimento de um Sistema de C2 adequado para a DAAe é fundamental para o
sucesso dessas ações.
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Deverá ser prevista a segurança local dos meios de DAAe, realizada pela tropa.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN-322 (Manual de Defesa
Antiaérea), com as adaptações necessárias.
10.5- ENGENHARIA
O apoio de engenharia pode ser empregado em dois campos: na repressão às ações
ilegais dos APOP e em Assuntos Civis (AssCiv). Em AssCiv, a engenharia atua junto à
população, contribuindo para ampliar o apoio ao GptOpFuzNav. Na repressão de ações
ilegais, busca facilitar o movimento da força e garantir o direito de ir e vir da população.
A engenharia também deverá estar em condições de efetuar a instalação da Base
Avançada do GptOpFuzNav e o lançamento de obstáculos, para proporcionar bem-estar
à tropa e segurança às instalações.
Nas OpGLO, a engenharia poderá ser utilizada para a preparação de praias e zonas de
desembarque, manutenção de vias de transporte, retirada de barreiras instaladas por
APOP, lançamento de equipamentos de transposição de cursos de água, produção de
água potável para a Base Avançada e apoio aos trabalhos nas instalações dessa Base,
com o uso de empilhadeiras e escavadeiras, dentre outros.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN-312 (Manual de Engenharia de
Combate), com as adaptações necessárias.
10.6- BLINDADOS
O apoio de blindados no ambiente urbano se reveste das seguintes características:
- observação limitada;
- reduzidos campos de tiro;
- dificuldade de coordenação e controle;
- descentralização máxima, até os mais baixos escalões de comando;
- dificuldades de localizar o inimigo;
- dificuldade de comunicação;
- predomínio do combate aproximado, estando os combatentes separados, muitas vezes,
apenas por uma parede;
- execução frequente de tiros à curta distância;
- maior necessidade de vigilância e segurança em todas as direções, devido à
compartimentação das áreas edificadas;
- desenvolvimento do combate em três dimensões;
- canalização do movimento das viaturas pelas ruas;
- maior concentração de obstáculos artificiais; e
- reduzida velocidade de progressão.
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A ação de choque e o efeito psicológico resultantes do emprego de blindados
contribuem para a redução das perdas e o sucesso das operações de natureza ofensiva.
Devido às características do Ambiente Urbano, descritas no Capítulo 1, em particular a
pavimentação das ruas, deve ser priorizada a utilização de VtrBld sobre rodas.
Deverá ser disponibilizada a VtrBld Comando, a fim de apoiar o Comandante da Cena
de Ação nas Operações Pontuais, bem como permitir o estabelecimento de PC móveis.
Os itinerários das VtrBld deverão ser reconhecidos, particularmente em locais com
arruamentos estreitos, a fim de evitar a retenção da viatura e danos colaterais.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN-313 (Manual de Blindados de
Fuzileiros Navais), com as adaptações necessárias.
10.7- DEFESA NBQR
Em OpGLO, particularmente em Grandes Eventos ou com presença de Chefes de
Estado estrangeiros, devem ser adotadas medidas para se opor a quaisquer ataques
realizados com o emprego de agentes NBQR, evitando, reduzindo ou eliminando os
efeitos produzidos por esses tipos de agentes. Nesse sentido, deve ser estabelecido um
Pelotão ou uma Equipe de Defesa NBQR na estrutura do GptOpFuzNav.
O posicionamento do Laboratório Móvel de Análises Químicas e Biológicas deve ser
planejado para um local seguro e que permita apoiar as medidas citadas acima.
Na fase de preparação da OpGLO, o assessor de NBQR deverá planejar os níveis das
medidas operacionais de proteção preventiva (MOPP) a serem observados pela tropa,
bem como os adestramentos específicos necessários.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 338 (Manual de Defesa
NBQR), com as adaptações necessárias.
10.8- RECONHECIMENTO E VIGILÂNCIA
Durante a fase da Preparação poderão ser estabelecidos PVig fora da AOp para a
realização da vigilância das atividades ilícitas dos APOP.
Na 2ª fase das OpGLO, antes do estabelecimento do Cerco, Equipes de Reconhecimento
e Vigilância devem ser posicionadas em locais que dominem a AOp, a fim de observar e
reportar as atividades dos APOP. Esses Postos de Vigilância (PVig) serão planejados
pelo EM do GptOpFuzNav e deverão ser ocupados com o máximo de sigilo, podendo as
equipes estarem descaracterizadas (a paisano).
Durante a fase de Manutenção da AOp deverão ser estabelecidos PVig, dentro e fora da
AOp, para a busca de dados de inteligência, em particular dos locais utilizados por
APOP para a prática de ilícitos, bem como a localização de armas, drogas e líderes de
facções criminosas.
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Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 1-4 (Manual de Operações de
Esclarecimento), com as adaptações necessárias.
10.9- COMUNICAÇÕES
Devem ser adotadas medidas de proteção que assegurem a segurança física e
criptológica adequada do tráfego de mensagens, impedindo que os APOP tomem
conhecimento dos conteúdos transmitidos. O Oficial de Comunicações será o
responsável pela Segurança das Comunicações do GptOpFuzNav.
Um fator a ser considerado é a necessidade de uma maior quantidade de equipamentos
de comunicações, em virtude da dispersão dos elementos envolvidos nas OpGLO.
Podem ser utilizados Postos de Retransmissão (manuais ou automáticos), a fim de
minimizar as dificuldades de comunicação no Ambiente Urbano. A desvantagem dessa
ferramenta é a imobilização de tropa para realizar a segurança desses postos.
Uma adaptação que pode ser realizada é a utilização de antenas dos PRC-930 nos PRC-
710, aumentado seu alcance e melhorando a comunicação das patrulhas.
O uso de rádios troncalizados para as patrulhas a pé permite superar as dificuldades de
comunicações impostas pelo Ambiente Urbano, como descrito no Capítulo 1.
Na realização da tarefa de controle de tráfego, deverão ser instalados equipamentos-
rádio HF veiculares militarizados ou rádios digitais móveis nas viaturas empregadas no
patrulhamento. Não deverão ser utilizados rádios analógicos, a fim de evitar a
interceptação da comunicação por APOP.
Devem ser disponibilizados Laptops e Smatphones para a tropa, a fim de viabilizar o
sarqueamento de pessoas e veículos.
Deverá ser verificada a possibilidade de utilização das comunicações civis como forma
de redundância (celulares), principalmente pelo Comando do GptOpFuzNav.
Deverá estar disponível equipamento rádio terra-avião, mesmo que não haja aeronaves
adjudicadas, a fim de permitir a comunicação com He de outras Forças utilizados em
apoio para EVAM, plataforma de tiro ou missões de observação e reconhecimento.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 61 (Manual de Comunicações
dos GptOpFuzNav), com as adaptações necessárias.
10.10-GUERRA ELETRÔNICA
Como nos demais tipos de Operação, a Guerra Eletrônica (GE) deverá produzir
conhecimentos operacionais sobre os APOP a partir das emissões eletromagnéticas
interceptadas, assegurar o uso do espectro eletromagnético pelo GptOpFuzNav e evitar
ou reduzir o uso desse espectro pelos APOP.
Na fase da preparação será planejada a Área de Interesse da GE, os meios necessários e
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as tarefas a serem executadas. Nesse planejamento, deve ser considerado o fato da
precisão das ações de MAGE ficar prejudicada pelas edificações existentes. Além disso,
os APOP normalmente utilizam meios de comunicações civis, sendo necessária a
capacidade de agir sobre essas comunicações.
Ainda nessa fase, deverá ser ativada a Equipe de GE o mais cedo possível, para produzir
conhecimentos operacionais sobre os APOP em apoio ao planejamento efetuado pelo
EM do GptOpFuzNav e à realização das demais fases da Operação.
Durante toda a Operação, o monitoramento das transmissões dos APOP deve ser
realizado em coordenação com a Seção de Inteligência. Se possível, deve ser buscada a
interceptação de conversas e mensagens telefônicas, incluindo celulares.
A capacidade de Localização Eletrônica é importante para a obtenção de mandados de
busca e de prisão, bem como para direcionar a realização de ações táticas para
neutralizar as atividades ilícitas dos APOP. Meios de Inteligência de Sinais devem estar
disponíveis, visando dotar o GptOpFuzNav com essa capacidade.
Devem ser utilizados interferidores para apoiar a realização das Operações Pontuais,
evitando que os APOP divulguem alertas antecipados (via rádio) das ações da tropa. O
uso conjugado de bloqueadores de celulares elimina a possibilidade desses alertas.
Nas OpGLO, a ação mais importante das Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica
(MAGE) é a Inteligência de Comunicações, que tem como fonte de dados as emissões
de comunicações. Ela engloba, além da detecção e localização da emissão
eletromagnética, os trabalhos de criptoanálise, análise do tráfego de comunicações e
análise de mensagem. Isso é particularmente importante em áreas de alto risco, para
explorar o Sistema de C2 dos APOP.
É extremamente importante a coordenação das ações de GE com a Inteligência e com as
Operações. Cabe ao comando do GptOpFuzNav a coordenação das ações de GE com
outras unidades na Área de Operação (AOp) e com as ações da FPac.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 62 (Manual de Guerra
Eletrônica dos GptOpFuzNav), com as adaptações necessárias.
10.11-GUERRA CIBERNÉTICA
O Destacamento de Guerra Cibernética também deve ser ativado na fase de preparação
da Operação, visando a produção de informes antes do início da OpGLO.
As três divisões da Guerra Cibernética – exploração, ataque e proteção – deverão ser
intensamente utilizadas nas OpGLO. A exploração permitirá coletar dados sobre as
atividades ilícitas dos APOP, o ataque permitirá desarticular essas atividades e a
proteção impedirá ações de APOP sobre nossos sistemas.
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Durante a Operação, devem ser realizadas ações de Guerra Cibernética para resguardar
os sistemas do GptOpFuzNav e neutralizar computadores e outros sistemas dos APOP.
Dentro da PI de atuar, é plausível a contratação de hackers, visando acessar os sistemas
de telemática do GptOpFuzNav, comprometendo assim a realização das ações táticas da
tropa. Deverão ser adotadas medidas defensivas, visando proteger os sistemas
utilizados. Nesse contexto, deve ser usado o programa Dreadnought da DCTIM para
blindagem cibernética do GptOpFuzNav.
Em contrapartida, poderão ser utilizados militares especializados para identificar e
interferir nos sistemas de TI dos APOP, visando desarticular suas ações.
É importante a cooperação com a seção de inteligência. Como dito no Capítulo 9, o uso
de perfis falsos permite o acompanhamento das mídias sociais e a identificação de
possíveis alvos, permitindo realizar ações de Guerra Cibernética em seus computadores.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no ComOpNav 200 (Manual de Ações de
Guerra Cibernética), com as adaptações necessárias.
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CAPÍTULO 11
APOIO DE SERVIÇOS AO COMBATE
11.1 - INTRODUÇÃO
A descentralização das ações e as características do Ambiente Urbano impõem certas
particularidades ao Apoio de Serviços ao Combate (ApSvCmb). Para que as OpGLO se
realizem com sucesso, é fundamental que as atividades logísticas se desenvolvam
integradas e coordenadas com as ações táticas.
O DASC prestará o ApSvCmb ao GptOpFuzNav, segundo os conceitos apresentados no
CGCFN-33 (Manual de Apoio de Serviços ao Combate de Fuzileiros Navais).
No entanto, em OpGLO com duração superior a cinco dias ou realizadas em áreas Fora
de Sede, deverá ser criada uma Organização por Tarefas (OrgTar) nucleada no
Comando da Tropa de Reforço (ComTrRef) ou OM designada, para centralizar e prestar
o Apoio Logístico, num paralelo ao papel desempenhado pelos Suprimentos da ForDbq
e pelo Comboio de Acompanhamento, nas OpAnf. Essa OrgTar será denominada
Comando Logístico (CLog) e suas atividades serão detalhadas ao longo desse capítulo.
11.2 - FUNÇÕES LOGÍSTICAS
11.2.1 - Recursos Humanos
Por ser uma operação complexa e que envolve um ator especial, que é a
população brasileira, as OpGLO requerem uma atenção especial com a tropa
envolvida, já que qualquer descuido pode trazer consequências graves para os
militares e para civis inocentes.
a. Efetivos, registros e relatórios
O efetivo do GptOpFuzNav deve ser dimensionado na Fase de Preparação,
conforme descrito no Capítulo 4, considerando as tarefas recebidas ou assumidas
e os arejamentos periódicos da tropa, quando cabível.
Deverão ser identificados e substituídos os militares do GptOpFuzNav residentes
na AOp, visando reduzir a possibilidade de reconhecimento desses militares e
retaliação posterior ou tentativa de aliciamento por APOP.
Caso haja dificuldade de mobilização da tropa na Divisão Anfíbia, poderá ser
utilizada tropa dos Grupamentos de Fuzileiros Navais dos Distritos Navais de
Fora de Sede, devendo ser observada a utilização de subunidades constituídas.
O controle de efetivos e meios é dificultado pela movimentação constante da
tropa nas diversas tarefas táticas, arejamentos e rodízios. Um controle rígido
deve ser estabelecido para se contrapor a essas dificuldades.
Diariamente, deverá ser confeccionada uma matriz de sincronização com as
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saídas de viaturas previstas para o dia seguinte. Ao final de cada dia será
consolidada a matriz das saídas ocorridas, baseada na matriz confeccionada no
dia anterior, permitindo verificar a porcentagem de saídas inopinadas, atrasos e
de problemas com as viaturas. Esses dados servirão de base para a confecção do
SitRep (Situation Report) diário, a ser enviado ao escalão superior.
Todos os Componentes deverão enviar seus sumários diários de pessoal para o
PC do GptOpFuzNav, que consolidará os dados recebidos e os retransmitirá para
o CLog, para o ComFFE e para a FPac no SitRep diário do GptOpFuzNav. Essa
consolidação também servirá de subsídio para a confecção das Ordens de
Serviço de pagamento referentes à Operação.
Ao final de cada dia, um SitRep do GptOpFuzNav deverá ser enviado ao
ComFFE e à FPac contendo, além dos dados de pessoal, informações sobre
crimes militares e contravenções disciplinares, moral e bem estar da tropa,
evolução das atividades ilícitas dos APOP, patrulhas realizadas e seus
resultados, Operações Pontuais realizadas e seus resultados, eventos e incidentes
ocorridos na AOp e aspectos logísticos relevantes.
De igual forma, um SitRep do Comando Logístico deverá ser enviado ao
ComTrRef e à FPac, contendo informações sobre os atendimentos médicos,
militares baixados e evacuados, quantidade total de militares na Operação,
número de municiados, quantidade de refeições confeccionadas, consumo de
ração, consumo de água, consumo de munição, saídas de viaturas e
embarcações, consumo de CLG, quilometragem percorrida pelas viaturas e
embarcações, avarias ocorridas, manutenções corretivas realizadas na BAvç,
percentual de disponibilidade dos diversos meios e necessidades logísticas.
Ao final da Operação, todos os controles deverão ser consolidados em um
Relatório de Fim de Comissão, que subsidiará o cálculo do custo da operação.
b. Justiça e disciplina
As contravenções disciplinares cometidas por integrantes do GptOpFuzNav
serão encaminhadas, por escrito, ao Comando da Força de Fuzileiros da
Esquadra, que as distribuirá para as OM de origem dos militares que as
cometeram, visando o julgamento do militar.
Todos os procedimentos administrativos referentes a crimes militares e
contravenções disciplinares (sindicâncias e IPM) serão gerenciados pelo
Comando da FFE, visando retirar os encargos administrativos do GptOpFuzNav.
De igual forma, outros procedimentos envolvendo os componentes do
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GptOpFuzNav, tais como atestados de origem e requerimentos, serão
encaminhados ao Comando da FFE para a adoção das providências cabíveis.
c. Moral e Bem Estar
Moral: é um aspecto fundamental que requer atenção especial desde a fase de
preparação de uma OpGLO. Devem ser realizadas atividades de Assistência
Social, Assistência Religiosa e de Apoio Psicológico, além de campanhas de
Operações Psicológicas, visando atuar sobre o moral dos combatentes.
Durante a operação, as atividades citadas acima devem ser sistematizadas,
devendo ser planejada a periodicidade adequada para sua realização.
O arejamento periódico para a tropa também contribui para o moral.
Os líderes deverão observar os aspectos de apresentação pessoal, apuro dos
uniformes e cuidados com o armamento e equipamentos, pois são indicadores do
grau de motivação dos combatentes.
A quantidade de casos de desobediência a ordens e instruções também é um
indicador de desmotivação da tropa.
Deve ser proporcionado um rancho de qualidade, visando manter a higidez física
e o moral elevado da tropa. Além disso, a preocupação com o conforto da tropa
na Base Avançada é fator fundamental para manter o moral elevado e será objeto
de estudo no item 11.8.
Bem Estar deverá ser objeto de preocupação durante toda a Operação.
Para OpGLO de longa duração, deve ser previsto o arejamento da tropa, a fim de
reduzir o estresse inerente às atividades desenvolvidas. Esse arejamento consiste
na liberação de um terço da tropa disponível, sendo as ações táticas realizadas
com os dois terços restantes. Como exemplo, num ciclo de seis dias, em uma
Unidade Anfíbia (UAnf), o CCT libera sua 1aCiaFuzNav nos primeiros dois
dias, a 2aCiaFuzNav nos dois dias subsequentes e a 3
aCiaFuzNav nos dois
últimos, repetindo então o ciclo. Cabe ressaltar que deve ser observado o mesmo
ciclo de arejamento para todos os componentes do GptOpFuzNav.
Além disso, caso a operação se prolongue, deve ser previsto o rodízio da tropa a
cada dois meses, a fim de reduzir a possibilidade de recrutamento de militares
pelo crime organizado, bem como problemas de saúde relacionados ao estresse.
A fim de evitar a perda de continuidade nos procedimentos realizados na AOp,
deve ser previsto um escalonamento do rodízio, onde as subunidades sejam
substituídas em dias diferentes e com intervalo mínimo de dois dias, o EM seja
substituído após a troca das subunidades e o rodízio do Comandante e do Chefe
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do Estado-Maior seja realizado por último. Desta forma, a tropa que passa
consegue operar junto com a tropa que rende, sendo feita uma passagem de
tarefas no terreno, devendo ser observado o mesmo procedimento para todos os
Componentes do GptOpFuzNav.
Na Base Avançada, devem ser previstos os serviços de banho, lavanderia,
cantina, assistência médica, social, religiosa, legal, psicológica, academia e
opções para recreação. Isso será descrito em detalhes no item 11.8.
Deverá ser previsto o uso de pratos, talheres e copos descartáveis, a fim de
reduzir a necessidade de higienização do material particular.
No caso de destaque positivo de militar durante a Operação, deverá ser
concedido elogio por escrito, devendo ser encaminhado ao Comando da FFE
para aprovação e lançamento em Caderneta Registro (CR).
d. Polícia Militar e Apoio à População
Deverá ser divulgado para a tropa o grau de relacionamento existente com o
efetivo da Polícia Militar responsável pela AOp. É importante saber se a PM
estará sob o controle operacional do GptOpFuzNav, se foi assinado algum
acordo de cooperação ou até mesmo se a PM está em greve ou se possui
interesses na situação que resultou na Operação. Além disso, é importante ser
divulgado o grau de participação da PM nas tarefas durante a OpGLO. Na fase
da Preparação, a tropa deverá ser orientada com relação aos aspectos citados.
11.2.2 - Saúde
O planejamento do apoio de saúde deverá considerar todas as fases da Operação
e envolverá, prioritariamente, os seguintes aspectos:
- fatores físicos e psicológicos do ambiente que possam afetar a tropa;
- condições sanitárias e incidência de doenças na AOp;
- política de evacuação de baixas;
- instrução de primeiros socorros;
- instrução e emprego de enfermeiros para operar os refúgios de feridos;
- reforço de elementos de saúde, provenientes dos Grupos de Socorro de
Companhia (GpSocCia), para apoiar pequenas frações, caso necessário, em
Operações Pontuais e patrulhas; e
- uso de He para evacuação.
Deve ser prevista a vacinação da tropa contra doenças endêmicas na região da
OpGLO, incluindo a vacina contra a gripe, contribuindo para a higidez da tropa.
Deve ser prestado apoio de saúde aos feridos civis na AOp, incluindo a
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evacuação para estabelecimentos de saúde da rede pública.
Nos pelotões, devem ser adestrados militares com conhecimentos básicos para
balizamento e operação com aeronaves, visando a realização de EVAM.
Na Base Avançada, deve ser disponibilizada uma equipe médica com uma
ambulância UTI. Em OpGLO de curta duração e em Operações Pontuais, essa
equipe deverá acompanhar a tropa na realização de suas tarefas.
Dependendo da duração da Operação, deverá ser estabelecida uma Unidade
Médica Nível 1 na Base Avançada, podendo incluir atendimento odontológico.
Nas OpGLO de longa duração, deverá ser disponibilizado apoio psicológico aos
militares do GptOpFuzNav, no mínimo uma vez por semana.
Deverão ser realizadas inspeções sanitárias na Base Avançada, particularmente
nos refeitórios e dormitórios, visando identificar e resolver problemas que
possam influenciar na higidez física da tropa.
Medidas profiláticas, tais como fumacê contra mosquitos, desratização e
desbaratização devem ser adotadas para manter um ambiente adequado na Base.
Deverá ser previsto ainda o apoio de veterinários para os cuidados necessários
com os cães de guerra do GptOpFuzNav.
No planejamento da cadeia de evacuação, deverá ser verificada a existência de
hospitais das demais Forças Armadas, Forças Auxiliares e estabelecimentos de
saúde da rede pública, a fim de proporcionar flexibilidade à evacuação.
11.2.3 - Suprimento
Devem ser planejados níveis mínimos de estoque de suprimentos na Base
Avançada, compatíveis com a duração da Operação e com a capacidade de
reabastecimento do Comando Logístico. Algumas particularidades das OpGLO
devem ser observadas, conforme os tópicos a seguir.
a. Classe I
Em OpGLO de curta duração, será utilizada ração operacional (R-2), que será
estocada na BAvç (caso seja estabelecida) ou nas instalações da OM núcleo do
CCT. Se a situação permitir, poderá ser fornecido rancho quente ou catanho.
Em OpGLO mais longas, será fornecido rancho quente para a tropa, podendo ser
realizado o consumo na Base Avançada ou distribuídas quentinhas pelo DASC.
Deverá ser previsto um estoque mínimo de gêneros na BAvç para a confecção de
catanho pelo DASC, visando apoiar a realização de Operações Pontuais.
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b. Classe II
A tropa necessita de armamentos, equipamentos e viaturas específicos, conforme
previsto no Capítulo 3 deste Manual.
c. Classe III e III-A
O consumo diário de CLG dependerá das tarefas recebidas, do nível de ameaça
existente e das características e dimensões da AOp.
Em tarefas de Cerco, o consumo se resumirá ao transporte da tropa até a Linha
de Cerco e de retorno ao aquartelamento.
Em tarefas de Vasculhamento e patrulhamento em áreas de risco, haverá um
elevado consumo de CLG para as VtrBld.
No controle de tráfego, o consumo será maior do que nos casos anteriores, pois
envolverá vários tipos de viatura, se deslocando por uma extensa AOp.
No caso de Segurança Marítima, deverá ser considerado o consumo de CLG
para as embarcações empregadas.
Não é esperado um consumo elevado de combustível de aviação, já que as
tarefas envolvendo He são limitadas, conforme descrito no Capítulo 10.
d. Classe V
A munição para armamento portátil, artefatos iluminativos, pirotécnicos e
fumígenos apresentará, em princípio, um baixo consumo.
Além da OpGLO se tratar de uma atividade de emprego limitado da força,
preocupações com danos colaterais obrigam a um uso criterioso da munição.
Prioritariamente, é esperado o consumo de munição menos letal, previsto no
Capítulo 3, em particular em Controles de Distúrbios e ações táticas contra
APOP desarmados. O consumo de munição do armamento portátil ocorrerá nos
confrontos com APOP armados.
Munição subsônica deverá ser prevista para a neutralização de ameaças à
integridade da tropa por Atiradores de Precisão.
e. Cargas prescritas
I. Individual
O combatente não deve ser sobrecarregado. Sua carga prescrita deve limitar-
se a munição e água. Poderá ser composta também por ração operacional,
particularmente em OpGLO de curta duração.
II. Unidade
Será estabelecida em função da localização da Base Avançada, das
características da AOp, das tarefas recebidas, da duração da Operação e da
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capacidade de apoio do Comando Logístico. A carga prescrita dos efetivos
operando descentralizados será função do reabastecimento planejado.
f. Distribuição
A distribuição do rancho quente estará a cargo do DASC, podendo ocorrer nas
instalações da Base Avançada ou por meio de quentinhas. Para isso, o DASC
coordenará suas ações com os demais Componentes, baseando essa distribuição
nos efetivos, tarefas e localização de cada Componente do GptOpFuzNav.
O processo de distribuição dos suprimentos pelo Comando Logístico será por
unidade, mediante solicitação do DASC, à exceção dos Suprimentos Classe I,
que serão distribuídos por pressão, baseado no controle dos efetivos.
A distribuição de suprimentos pelo DASC será realizada por unidade para os
efetivos operando descentralizados.
A distribuição de suprimentos Classe V será facilitada pelo emprego de
camburões, tonéis e caminhões-pipa.
11.2.4 - Manutenção
Na fase de Preparação, deve ser realizado um esforço de manutenção dos
diversos meios, visando reduzir a quantidade de problemas durante a Operação.
Durante a OpGLO, a manutenção corretiva de armamentos, equipamentos e
meios se resumirá à substituição de peças, realizada pela equipe de manutenção
do DASC, ou pela substituição integral do item danificado. Mediante solicitação
do DASC, o CLog será o responsável por providenciar os sobressalentes
necessários ou a substituição do item danificado.
Deve ser evitada a realização da manutenção de 2o escalão na Base Avançada.
11.2.5 - Engenharia
Bases Avançadas
Após ser recebida a Ordem de Alerta, deverá ser ativado o Comando Logístico,
que iniciará o reconhecimento de locais para o estabelecimento de Bases
Avançadas, bem como a malha viária existente e demais facilidades.
Deverá ser verificada a existência de OM das Forças Armadas e Forças
Auxiliares que possam ser utilizadas para o estabelecimento das BAvç. Caso
seja necessário, deverá ser realizado contato com Órgãos da Administração
Pública e, por fim, entidades civis que possuam espaços adequados para isso.
Em paralelo, deverão ser verificadas as condições do material disponível para a
montagem das Bases Avançadas, incluindo contêineres, barracas climatizadas,
beliches, mesas e cadeiras, itens para montagem de refeitório, dentre outros.
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Devem ser utilizadas as licitações disponíveis nas OM para a aquisição ou
aluguel do material complementar necessário à montagem das Bases.
O Comando Logístico deverá providenciar equipes de especialistas, visando
realizar as instalações necessárias para a montagem das Bases. Para isso,
deverão estar disponíveis eletricistas, bombeiros hidráulicos, carpinteiros,
pedreiros e técnicos em ar-condicionado, que efetuarão o estabelecimento da
infraestrutura básica nas Bases Avançadas.
Com o desdobramento do GptOpFuzNav, as BAvç serão entregues aos DASC,
que serão os responsáveis pela manutenção durante a OpGLO e desmobilização
das Bases após o término da Operação.
O Comando Logístico coordenará a desmobilização das Bases e apoiará os
DASC, caso necessário. Providenciará o transporte de todo o material, das Bases
Avançadas para a OM designada pelo ComFFE para recebê-lo.
Devem ser exploradas as possibilidades existentes na área de montagem da
BAvç, tais como pontos de luz, água e esgoto, instalações disponíveis, lixeiras,
caçambas de lixo e entulho, caixas d’água, cisternas e tanques de combustível.
A melhor forma de organização de uma Base é dividi-la em setores, agrupando
atividades afins nos setores idealizados. Devem ser estabelecidos setores para
dormitório, contêineres banheiros, armazenamento de CLG, geradores elétricos,
tratamento de saúde, C2
e comunicações, paióis e área de lazer. Os setores de
CLG, munições e dormitórios devem estar distantes um do outro devido ao
risco. Os geradores devem estar distantes dos dormitórios devido ao barulho.
Os dormitórios e os paióis deverão ser divididos por frações constituídas,
buscando manter a integridade tática. Isso visa reduzir o tempo de acionamento e
preparação das frações, além de facilitar o controle.
Devem ser previstos dormitórios e banheiros para militares do sexo feminino.
Deve ser improvisado um canil para os cães de guerra, buscando prover as
melhores condições de acomodação possíveis, a fim de preservar os animais.
Paióis de armamento, munição e material controlado devem ser criados em
instalações fixas ou contêineres, visando a segurança do material armazenado.
Os contêineres banheiros deverão estar segregados e contar com um sistema de
esgoto adequado, a fim de evitar alagamentos e sujeira, que propiciam a
proliferação de insetos e roedores.
Deverá ser previsto serviço de lavanderia para as roupas de cama dos
dormitórios e toalhas de mesa dos refeitórios.
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RESERVADO CGCFN-2600
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RESERVADO ORIGINAL
Devem ser instalados pontos de TV a cabo na Seção de Inteligência e nos salões
de TV, bem como montada academia e cantina, visando o conforto da tropa.
Deve ser previsto local adequado para a celebração de cultos ecumênicos.
Visando reduzir os encargos logísticos do GptOpFuzNav, a Base Avançada não
terá instalações de cozinha e o DASC não terá capacidade de confecção de
rancho. O Comando Logístico deverá planejar e controlar a confecção e o
transporte do rancho quente, da OM apoiadora até a Base Avançada.
O CLog deverá planejar o uso de viaturas pipa para transporte de combustível e
água. Deverá ser prevista a instalação de tanques de combustível e caixas d'água,
em complemento à capacidade disponível na área da BAvç. Deverá ser
estabelecida parceria com a Companhia de Água e Esgoto da AOp, visando o
fornecimento de água potável em local próximo à Base Avançada.
Após a montagem das BAvç, deverão ser convidados membros do Ministério
Público Militar para avaliar e registrar as condições das instalações, do conforto
e do rancho proporcionado à tropa.
Trabalhos de Engenharia
Podem ser estabelecidos pontos de tratamento de água nas Bases Avançadas,
dependendo da capacidade de fornecimento de água disponível na área da BAvç
e da capacidade de transporte do CLog, ambas comparadas ao consumo.
Deve ser previsto o uso de empilhadeiras, escavadeiras e caminhões Munck para
apoiar a montagem e desmobilização das Bases Avançadas. Durante a operação,
deve ser avaliada a necessidade de manter essa capacidade no DASC.
Podem ser realizados trabalhos de engenharia em apoio à população nas ACISO,
conforme descrito no Capítulo 7. Os meios utilizados na montagem das Bases
Avançadas podem ser aproveitados nesses trabalhos, para a remoção de entulhos
de praças, retirada de carcaças de veículos abandonados, terraplanagem, etc.
11.2.6 - Transporte
Essa função logística dependerá das tarefas recebidas, das características da AOp
e da duração da operação.
No caso de estabelecimento de Bases Avançadas, haverá necessidade de
transporte diário de rancho quente para a tropa desdobrada, além dos demais
suprimentos necessários.
Em OpGLO de Apoio Logístico às Forças Auxiliares, será realizado o transporte
de policiais durante toda a Operação. Nesse caso, normalmente, não será
estabelecido um GptOpFuzNav.
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RESERVADO ORIGINAL
Em OpGLO de Cerco, o transporte se resume ao deslocamento da tropa do
aquartelamento para a linha de Cerco e seu posterior retorno.
Nas OpGLO que envolvem o controle de tráfego, o transporte será realizado
durante toda a operação, com as patrulhas se deslocando em diversos tipos de
viaturas, além do transporte de pessoal e material para o estabelecimento de
PCTran e PBlq.
Em OpGLO de longa duração, deverá ser previsto transporte para a tropa em
arejamento, bem como para o rodízio bimestral da tropa.
Em OpGLO que envolvam segurança marítima, o transporte será realizado por
embarcações, com as patrulhas se deslocando para a realização do patrulhamento
marítimo e de abordagens a embarcações suspeitas.
O modal aquaviário também poderá ser utilizado para o transporte de tropa,
comitivas e suprimentos (ApLog e ApSvCmb).
O modal aéreo é utilizado, predominantemente, por Atiradores de Precisão e
observadores. Pode ser utilizado para transporte da Força de Vasculhamento
para a AOp no início da OpGLO. Além disso, deve ser prevista a possibilidade
de realização de EVAM. Pode ser planejado ainda o ApSvCmb ou o ApLog
utilizando meios aéreos. A cooperação com as demais Forças Armadas e Forças
Auxiliares é fundamental para otimizar o uso desse modal.
O CLog deverá controlar o movimento das viaturas e comboios logísticos por
meio do sistema Rota Certa do Comando da Tropa de Reforço.
O GptOpFuzNav deverá realizar o controle de suas viaturas, devendo ser
estabelecido o serviço de despachante pelo DASC para facilitar esse controle.
Na fase da preparação, deverão ser intensificados os adestramentos para os
motoristas, particularmente em direção defensiva, procedimentos em comboio,
manobras evasivas e patrulhas motorizadas.
Caso não seja estabelecida uma Base Avançada, todas as viaturas do
GptOpFuzNav deverão ser concentradas, podendo ser utilizado o aquartelamento
da OM núcleo do CCT ou outra OM designada, como o BtlLogFuzNav, visando
segregar os meios para facilitar o controle e a manutenção.
O CLog deverá realizar o reconhecimento dos itinerários, das OM apoiadoras
para as Bases Avançadas, visando a prestação do Apoio Logístico.
O GptOpFuzNav deverá realizar reconhecimento dos principais itinerários a
serem utilizados pelas VtrBld, a fim de reduzir a possibilidade de retenção das
viaturas e de danos colaterais ao patrimônio da população local.
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RESERVADO ORIGINAL
11.2.7 - Salvamento
O reboque e o desatolamento de viaturas na AOp será realizado pelo DASC,
utilizando viaturas reboque e socorro.
O reboque de embarcações será realizado pelo DASC, utilizando embarcações
reserva disponíveis na BAvç.
As necessidades de salvamento que superem a capacidade do DASC serão
supridas pelo Comando Logístico.
11.3 - Apoio ao Desembarque
Deverá ser previsto apoio ao desembarque no caso de ser planejado o transporte de
material, tropa ou comitivas por embarcações ou aeronaves. Esse apoio visa facilitar o
desembarque e a movimentação de pessoal e material nas Praias de Desembarque e
Zonas de Desembarque, incluindo a orientação, o controle e o apoio logístico inicial
das tropas que desembarcam.
No caso de transporte por embarcações, será estabelecido um Destacamento de Praia e
no transporte por He será estabelecido um Destacamento de Zona de Desembarque.
Deverão ser utilizados os conceitos descritos no CGCFN 334.1 (Manual de Apoio ao
Desembarque), com as adaptações necessárias.
11.4 - Assuntos Civis
Em operações de GLO, as atividades de Assuntos Civis têm capital importância para o
êxito definitivo da operação. O componente militar da operação pode ser capaz de
neutralizar a atuação dos APOP, porém só a adequada aplicação das atividades de
Assuntos Civis pode eliminar os fatores que permitiram o surgimento das facções
criminosas e a prática de atos ilícitos.
Essas atividades englobam o relacionamento do GptOpFuzNav com autoridades civis
e com a população local. O apoio desses atores concorrerá para o sucesso das OpGLO,
pois possibilitará a obtenção de informações importantes sobre as atividades dos
APOP, direcionando os esforços da tropa.
Uma ferramenta importante nas atividades de Assuntos Civis é a Engenharia, utilizada
para atuar junto à população na AOp em ações no reparo de vias urbanas e praças,
reformas em escolas e creches, retirada de entulho, dentre outras.
A ACISO é outra valiosa ferramenta para a conquista do apoio da população local.
Seus efeitos podem ser maximizados pelo emprego coordenado com OpPsc. O pessoal
de Assuntos Civis deve coordenar e supervisionar as atividades realizadas nas ACISO.
As atividades de ressarcimento à população de prejuízos causados pelas ações da
tropa, denominadas de controle de danos, serão de responsabilidade do Assessor de
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Assuntos Civis, em estreita coordenação com o DASC. Isso é importante para manter
a imagem da Marinha e o apoio da população. Devem ser previstos recursos de
suprimentos de fundos ou cartão corporativo, para dar rapidez às indenizações.
A parceria com Organizações Não Governamentais (ONG) e Órgãos da Administração
Pública são fundamentais, visando eliminar os fatores que propiciaram a situação que
culminou na OpGLO. Nesse sentido, deve ser buscado o aumento da presença do
Estado na AOp, suprimento as necessidades básicas da população e criando as bases
adequadas para a retirada da tropa e para o retorno da situação de normalidade.
11.5 - Apoio Logístico de Retaguarda
Será prestado pelo Comando Logístico (CLog) durante toda a Operação.
A aquisição de gêneros alimentícios, confecção e distribuição das refeições, controle
de pessoal, coordenação do transporte nos arejamentos e rodízios, abastecimento de
água e CLG, manutenções de 2o escalão e substituição de armamentos e viaturas,
manutenção e substituição de equipamentos inoperantes, ressuprimento de
medicamentos, reabastecimento das cantinas, socorro e salvamento de viaturas e
embarcações que exceda a capacidade dos DASC, evacuação de feridos do Posto de
Socorro para o Hospital de Retaguarda, ressuprimento de materiais de limpeza,
esgotamento de fossas e monitoramento dos estoques das BAvç são algumas das
tarefas executadas pelo CLog em apoio aos DASC.
O CLog deverá se valer das licitações existentes nas OM do CFN para a obtenção do
material necessário (aluguel ou compra) para a montagem e conservação das BAvç.
Para tal, os recursos alocados para a OpGLO serão concentrados no Comando da
Tropa de Reforço, viabilizando a obtenção oportuna de todo o material.
Caso a situação permita, podem ser desdobrados efetivos do CLog nas BAvç, visando
facilitar o ApLog aos DASC. Nesse contexto, os efetivos mais comuns são as equipes
de manutenção e de confecção de rancho, que podem utilizar as instalações da BAvç
para dar celeridade ao apoio prestado.
Para o acompanhamento das atividades logísticas, devem ser estabelecidos indicadores
de desempenho. Dentre os mais comuns destaca-se o nível de estoque dos diversos
suprimentos nas BAvç e a disponibilidade de viaturas e embarcações.
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RESERVADO ORIGINAL
ANEXO A
MEIOS DE USO RESTRITO
1 - ARTIGO 16 DA LEI No 3665
I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma
característica no que diz respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material
bélico usado pelas Forças Armadas nacionais;
II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo iguais ou similares ao
material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais, possuam características que só as
tornem aptas para emprego militar ou policial;
III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior
a trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os
calibres .357 Magnum, 9mm Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum,
.45 Colt e .45 Auto;
IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia
superior a mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições,
como por exemplo, .22-250, .223 Remington, .243 Winchester, .270 Winchester, 7
Mauser, .30-06, .308 Winchester, 7,62 x 39, .357 Magnum, .375 Winchester e .44
Magnum;
V - armas de fogo automáticas de qualquer calibre;
VI - armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior com comprimento de cano
menor que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros;
VII - armas de fogo de alma lisa de calibre superior ao doze e suas munições;
VIII - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre
superior a seis milímetros, que disparem projéteis de qualquer natureza;
IX - armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais os dispositivos com aparência
de objetos inofensivos, mas que escondem uma arma, tais como bengalas-pistola,
canetas-revólver e semelhantes;
X - arma a ar comprimido, simulacro do Fuzil 7,62mm, M964, FAL;
XI - armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás agressivo e suas
munições;
XII - dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por objetivo
dificultar a localização da arma, como os silenciadores de tiro, os quebra-chamas e
outros, que servem para amortecer o estampido ou a chama do tiro e também os que
modificam as condições de emprego, tais como os bocais lança-granadas e outros;
XIII - munições ou dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares
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capazes de provocar incêndios ou explosões;
XIV - munições com projéteis que contenham elementos químicos agressivos, cujos
efeitos sobre a pessoa atingida sejam de aumentar consideravelmente os danos, tais como
projéteis explosivos ou venenosos;
XV – espadas e espadins utilizados pelas Forças Armadas e Forças Auxiliares;
XVI - equipamentos para visão noturna, tais como óculos, periscópios, lunetas, etc.;
XVII - dispositivos ópticos de pontaria com aumento igual ou maior que seis vezes ou
diâmetro da objetiva igual ou maior que trinta e seis milímetros;
XVIII - dispositivos de pontaria que empregam luz ou outro meio de marcar o alvo;
XIX - blindagens balísticas para munições de uso restrito;
XX - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo portáteis de uso restrito,
tais como coletes, escudos, capacetes, etc.; e
XXI - veículos blindados de emprego civil ou militar.
- A - 2 -
RESERVADO 220
RESERVADO
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO GLO
1. O senhor já participou de alguma Operação de GLO? Caso afirmativo, de quais
Operações?
2. O senhor se recorda de sua função nas Operações de GLO que participou? Pode citá-las?
3. O senhor poderia descrever as principais atividades realizadas pela tropa nessas
Operações?
4. Como foi sua preparação e de sua tropa para as Operações das quais participou?
5. O senhor sentiu falta de uma doutrina específica para essa preparação? Porque?
6. O senhor sentiu falta de uma doutrina específica durante a realização dessas Operações?
7. Durante as Operações, quais foram as maiores dificuldades percebidas?
8. Durante as Operações, quais foram as principais lições aprendidas percebidas?
9. O senhor se ressentiu de algum tipo de material, equipamento ou meio durante essas
Operações?
10. Em relação ao ordenamento jurídico, o senhor percebeu alguma dificuldade associada?
11. O senhor acha que o uso de viaturas de polícia seria melhor que Vtr operativas nas
OpGLO?
12. O senhor acredita que essas Operações poderiam ter resultados mais efetivos?
13. Caso afirmativo, como o senhor imagina que isso poderia ocorrer?
14. O senhor percebeu alguma evolução nos procedimentos utilizados nas OpGLO? Quais?
15. O senhor percebeu necessidades de reestruturação no Componente de Comando nas
OpGLO?
16. O senhor percebeu alguma deficiência no adestramento ou nos procedimentos da tropa?
17. Nessas Operações, foi usado algum procedimento diferente? Caso afirmativo, pode
descrevê-lo?
18. Qual a sua opinião sobre a atual postura das FA de somente apoiar as ações da polícia?
19. O senhor tem alguma sugestão de utilização de novas tecnologias nas OpGLO?
20. O senhor tem alguma sugestão doutrinária para as Operações de GLO?
21. O senhor gostaria de tecer algum outro comentário a respeito desse assunto?
_________________, ____ de ______________ de _______
(Local e data de assinatura)
_________________________________ (Posto e nome completo)
RESERVADO 221
RESERVADO
ANEXO A
QUADRO COMPARATIVO DOS MÉTODOS DE PATRULHA
Método de
patrulhamento Vantagens Desvantagens
Estática - fixa Vigilância focada em uma área específica,
alvo ou atividade.
Mão de obra intensiva.
Eficácia reduzida da patrulha.
(estacionada por longos períodos).
A pé
Alto grau de interação da comunidade.
Maior consciência situacional.
Acesso a locais com visibilidade limitada ou
áreas confinadas.
Disponibilidade de aplicação intensiva em
áreas densamente povoadas ou de alta
criminalidade.
Área de cobertura limitada.
Segurança reduzida para o pessoal.
O acesso a patrulhas de backup pode ser
um desafio.
Equipamento de comunicações limitado.
Tempo de resposta mais lento que as
patrulhas montadas.
Sofre maior impacto dos efeitos
ambientais (clima, poluição).
Infratores, vítimas ou testemunhas
precisam de transporte.
Possível transporte de pessoal necessário
para e das áreas de operação.
Motorizado
Alto grau de mobilidade.
Maior cobertura da área de patrulha.
Maior proteção para o pessoal de patrulha.
Maior acesso a equipamentos de emergência
devido à capacidade de carga do veículo.
Durações de patrulha mais longas.
O acesso a algumas áreas (sem desmontar)
é reduzido.
Enclausurado dentro do veículo resulta em
consciência situacional reduzida.
A oportunidade e probabilidade de
interação da comunidade são reduzidas.
Uma falsa sensação de segurança é criada
para o pessoal de patrulha dentro dos
veículos.
Bicicleta
Maior mobilidade do que patrulhas a pé.
É possível aumentar a saturação dos
recursos em áreas densamente povoadas ou
de alta criminalidade.
Maior consciência situacional para o pessoal
de patrulha.
Maior grau de interação da comunidade do
que patrulhas montadas.
Maior capacidade de transporte para
equipamentos de proteção e comunicação
do que uma patrulha a pé.
Treinamento e equipamentos
especializados são necessários.
Recursos adicionais são necessários para
transportar infratores, vítimas ou
testemunhas.
Efeitos ambientais (clima, poluição)
podem causar impacto.
A exposição do pessoal pode reduzir a
segurança e aumentar o risco.
RESERVADO 222
RESERVADO
Com cães
Disposição visual eficaz para elementos
criminosos e de ameaças.
Extremamente versátil; pode operar
montado, desmontado ou estático.
Economia de força é maximizada.
Os cães fornecem um olfato aguçado para:
detecção de narcóticos, detecção de
explosivos e acompanhamento de pessoas.
Extensivo treinamento e requisitos de
certificação.
Recursos caninos limitados.
Capacidade canina impactada
negativamente pelas condições ambientais
(calor, frio).
Recurso intensivo.
Limites de sensibilidades culturais.
Riscos de mordidas não intencionais
quando empregados em áreas lotadas.
Embarcações
Capacidade para cobrir ilícitos significativos
na água.
Capacidade de resposta a emergências para
incidentes na água.
Extremamente especializado e com uso
limitado em geral.
Recurso intensivo.
Requisitos de treinamento especializado
não estão prontamente disponíveis no
CFN.
RESERVADO 223
RESERVADO
ANEXO B
AMBIENTE OPERACIONAL URBANO MULTIDIMENSIONAL
FIGURA 1 – The multidimensional urban battlefield45
Fonte: USA, 2017, p. 15.
______________ 45
O campo de batalha urbano multidimensional (Tradução nossa).
RESERVADO 225
RESERVADO
ANEXO D
VIATURAS PARA OPERAÇÕES POLICIAIS
FIGURA 2 – Marine Corps Police Vehicle46
Fonte: USA, 2015b, p. 217.
______________ 46
Viatura Policial do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (Tradução nossa).
RESERVADO 226
RESERVADO
ANEXO E
ARTIGO 16 DA LEI No 3.665 - MEIOS DE USO RESTRITO
I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica
no que diz respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas
Forças Armadas nacionais;
II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo iguais ou similares ao
material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais, possuam características que só as
tornem aptas para emprego militar ou policial;
III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a
trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os
calibres .357 Magnum, 9mm Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45
Colt e .45 Auto;
IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia
superior a mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por
exemplo, .22-250, .223 Remington, .243 Winchester, .270 Winchester, 7 Mauser, .30-06, .308
Winchester, 7,62 x 39, .357 Magnum, .375 Winchester e .44 Magnum;
V - armas de fogo automáticas de qualquer calibre;
VI - armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior com comprimento de cano menor
que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros;
VII - armas de fogo de alma lisa de calibre superior ao doze e suas munições;
VIII - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre
superior a seis milímetros, que disparem projéteis de qualquer natureza;
IX - armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais os dispositivos com aparência de
objetos inofensivos, mas que escondem uma arma, tais como bengalas-pistola, canetas-
revólver e semelhantes;
X - arma a ar comprimido, simulacro do Fuzil 7,62mm, M964, FAL;
XI - armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás agressivo e suas
munições;
XII - dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por objetivo dificultar a
localização da arma, como os silenciadores de tiro, os quebra-chamas e outros, que servem
para amortecer o estampido ou a chama do tiro e também os que modificam as condições de
emprego, tais como os bocais lança-granadas e outros;
XIII - munições ou dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares capazes de
provocar incêndios ou explosões;
RESERVADO 227
RESERVADO
XIV - munições com projéteis que contenham elementos químicos agressivos, cujos efeitos
sobre a pessoa atingida sejam de aumentar consideravelmente os danos, tais como projéteis
explosivos ou venenosos;
XV – espadas e espadins utilizados pelas Forças Armadas e Forças Auxiliares;
XVI - equipamentos para visão noturna, tais como óculos, periscópios, lunetas, etc.;
XVII - dispositivos ópticos de pontaria com aumento igual ou maior que seis vezes ou
diâmetro da objetiva igual ou maior que trinta e seis milímetros;
XVIII - dispositivos de pontaria que empregam luz ou outro meio de marcar o alvo;
XIX - blindagens balísticas para munições de uso restrito;
XX - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo portáteis de uso restrito, tais
como coletes, escudos, capacetes, etc.; e
XXI - veículos blindados de emprego civil ou militar.