A (nova) riqueza das nações: exportação e importação brasileira da água virtual e os desafios...

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RESUMO A concepção de água virtual traz a idéia da água que é consumida e que não é visível junto ao produto final, ou seja, é a quantidade de água utilizada na produção de um bem desde o início de sua cadeia produtiva até o produto final. Em sua essência, o que esta abordagem pretende explorar é o comércio indireto da água que está embutida em outros produtos, especialmente as commodities agrícolas. O presente trabalho tem como objetivo atualizar o debate sobre a água virtual brasileira, incluindo os principais produtos de relevância dentro da nossa pauta de exportação e importação. Em seguida, busca- se contextualizar a discussão dentro do debate sobre mudanças climáticas globais, apontando para os desafios que emergem frente aos cenários de mudanças nos regimes de chuvas e o aumento das temperaturas médias em médio prazo. Como principais resultados, observa-se que os saldos calculados apresentam-se desfavoráveis ao Brasil, pois não apenas nos posicionamos como um grande exportador de produtos primários, mas também privilegiamos a exportação de produtos altamente demandantes de água virtual enquanto importamos produtos que carregam consigo um menor volume de água virtual. Palavras-chave: água virtual, commodities agrícolas, mudanças climáticas A (NOVA) RIQUEZA DAS NAÇÕES: EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO BRASILEIRA DA ÁGUA VIRTUAL E OS DESAFIOS FRENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS 1 2 3 4 Andréa Leda R. de O. Ojima ; Ricardo Ojima ; Thais T. do Nascimento ; Roberto L. do Carmo 1 Eng. Agr.; Pesquisadora Científica, Instituto de Economia Agrícola APTA - APTA, Doutoranda em Desenvolvimento Econômico (IE/UNICAMP), Av. Miguel Stéfano, 3900, Água Funda, CEP: 04301-903, São Paulo - SP, [email protected]. 2 Demógrafo, Pós-doutorando pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Pesquisador colaborador do Departamento de Demografia (IFCH/UNICAMP) e do Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP); 3 Mestranda em Antropologia (IFCH/UNICAMP), Pesquisadora colaboradora do Centro de Estudos Rurais (Ceres/IFCH/Unicamp) e editora da revista Ruris; 4 Demógrafo; Professor Doutor do Departamento de Demografia (IFCH/UNICAMP) e Pesquisador do Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP). Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Junho de 2008 www.apta.sp.gov.br 64

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RESUMO

A concepção de água virtual traz a idéia da água que é consumida e que não é visível junto ao produto final, ou seja, é a quantidade de água utilizada na produção de um bem desde o início de sua cadeia produtiva até o produto final. Em sua essência, o que esta abordagem pretende explorar é o comércio indireto da água que está embutida em outros produtos, especialmente as commodities agrícolas. O presente trabalho tem como objetivo atualizar o debate sobre a água virtual brasileira, incluindo os principais produtos de relevância dentro da nossa pauta de exportação e importação. Em seguida, busca-se contextualizar a discussão dentro do debate sobre mudanças climáticas globais, apontando para os desafios que emergem frente aos cenários de mudanças nos regimes de chuvas e o aumento das temperaturas médias em médio prazo. Como principais resultados, observa-se que os saldos calculados apresentam-se desfavoráveis ao Brasil, pois não apenas nos posicionamos como um grande exportador de produtos primários, mas também privilegiamos a exportação de produtos altamente demandantes de água virtual enquanto importamos produtos que carregam consigo um menor volume de água virtual.

Palavras-chave: água virtual, commodities agrícolas, mudanças climáticas

A (NOVA) RIQUEZA DAS NAÇÕES: EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO BRASILEIRA DA ÁGUA VIRTUAL E OS DESAFIOS FRENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

1 2 3 4Andréa Leda R. de O. Ojima ; Ricardo Ojima ; Thais T. do Nascimento ; Roberto L. do Carmo

1 Eng. Agr.; Pesquisadora Científica, Instituto de Economia Agrícola APTA - APTA, Doutoranda em Desenvolvimento Econômico (IE/UNICAMP), Av. Miguel Stéfano, 3900, Água Funda, CEP: 04301-903, São Paulo - SP, [email protected] Demógrafo, Pós-doutorando pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Pesquisador colaborador do Departamento de Demografia (IFCH/UNICAMP) e do Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP); 3 Mestranda em Antropologia (IFCH/UNICAMP), Pesquisadora colaboradora do Centro de Estudos Rurais (Ceres/IFCH/Unicamp) e editora da revista Ruris;4 Demógrafo; Professor Doutor do Departamento de Demografia (IFCH/UNICAMP) e Pesquisador do Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP).

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INTRODUÇÃO

O conceito de água virtual

A água é hoje uma questão em debate. Em razão de sua importância para a produção e manutenção da vida, de produtos agropecuários até produtos industrializados, a possibilidade de escassez sugere novas formas de gerenciá-la e pensá-la. Mecanismos de regulação e políticas que administram o uso da água e estabelecem parâmetros de qualidade estão presentes em todo o mundo, principalmente devido a uma sensibilização em torno de sua capacidade de renovação. É verdade que grande parte do planeta é coberta de água, mas apenas uma pequena parcela dela é água doce, disponível para consumo humano e produtivo.

1No Brasil, a Agência Nacional de Águas (ANA) , em parceria com agências, comitês e consórcios estaduais e intermunicipais, regulamenta e fiscaliza o uso e a qualidade da água no país. E é através desse órgão regulador dos recursos hídricos que deverão se dar os mecanismos legais de cobrança pelo uso da água. Essa cobrança já é praticada em algumas regiões do país e tem como um dos fundamentos principais valorar a água, oferecendo uma medida bastante real do valor consumido e o preço a se pagar pela utilização e tratamento da água.

A i m p o r t â n c i a d e s s a c o b r a n ç a e s t á principalmente em oferecer aos consumidores qualidade e quantidade de água potável e em fiscalizar a forma de coleta e de descarte dessa água. Isso é importante para que produtores e consumidores continuem a ter disponível a quantidade necessária de água, com a qualidade necessária para seu consumo. Essa tendência de gestão e regulação está presente no mundo todo e cada país tem sua forma de regulamentar e gerir seus recursos hídricos, seguindo alguns parâmetros que visam à disponibilidade e à qualidade desses recursos.

Paralelamente a este debate, outras formas de mensuração do consumo e uso da água surgem para colocar em evidência nossos padrões de consumo e a demanda efetiva de recursos hídricos de uma região ou país.

Um conceito importante, mas que ainda tem sido pouco discutido no Brasil, foi proposto por Tony Allan (1997 e 1999) na década de 1970 e era focado na quantidade de água utilizada na produção de alimentos. Sua preocupação era oferecer uma forma de mensurar o impacto que as escolhas dos modos de produção na agropecuária podem ter nos ecossistemas que as suportam. Até esse momento, a questão era gerir, fiscalizar e mensurar o consumo e a qualidade da água consumida diretamente ao se abrir uma torneira ou lavar a calçada. A partir da proposta de Allan, o foco é transferido para as implicações econômicas e ambientais que as escolhas produtivas podem ter sobre a água utilizada e que não é visível quando se bebe uma xícara de café, ou seja, a água virtual que extrapola a água utilizada no coador, mas toda a água usada na irrigação, limpeza e processamento do grão de café até antes de chegar à nossa cozinha.

Por ser relativamente recente, o conceito de água virtual ainda é pouco conhecido e difundido. As implicações das escolhas produtivas sobre a disponibilidade hídrica se dão em razão da demanda de água do produto desde sua plantação até o consumo. Assim, não se trata apenas da escolha ou da otimização dos processos produtivos, mas também da escolha dos produtos mais adequados, de acordo com a disponibilidade hídrica da região. Mas, o que exatamente se pretende com isso?

Primeiramente, é possível pensar em equilibrar as reservas hídricas com produções compatíveis, por exemplo, produzir soja apenas em regiões com maior disponibilidade hídrica. Aparentemente, o Brasil pode se favorecer na balança comercial, mas a longo prazo - na balança hídrica do comércio de água virtual, a utilização inadequada dos recursos hídricos poderia se reverter em escassez e, potencialmente, em perdas econômicas.

A concepção de água virtual traz a idéia da água

que é consumida e que não é visível junto ao produto

final. Pode-se perguntar se não é óbvio o gasto com a

plantação e criação, mas o gasto total de água até o

consumo final de um produto raramente é

contabilizado. A soja e a carne bovina, por exemplo, são

produtos de exportação brasileiros que demandam

uma enorme quantidade de água.

O resultado desse esforço de pesquisa em

quantificar e calcular o volume de água virtual propicia

uma visão mais abrangente em termos ambientais, mas

não só isso, pois se relaciona diretamente com aspectos

econômicos de grande relevância, sobretudo, para os

países exportadores de produtos agropecuários, como o

Brasil.1 Informações sobre a Agência Nacional de Águas e sobre a regulamentação e gestão dos recursos hídricos no Brasil estão disponível em: www.ana.gov.br, acessado em 18/04/2008.

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Um dos primeiros esforços sistemáticos de

avaliar, em escala global, os volumes de água virtual foi

conduzido por Hoekstra & Hung (2002). Neste

trabalho, os autores desenvolvem uma primeira

tentativa de quantificar os fluxos internacionais de água

virtual relacionados ao comércio de grãos e apresentam

um conjunto de indicadores relativos à quantidade de

água necessária para a produção de um determinado

conjunto de produtos. Em trabalho anterior, Carmo et al. (2007)

utilizaram estes dados para quantificar o volume de água virtual exportado pelo Brasil nos anos recentes em relação a alguns produtos (soja, carne bovina e cana-de-açúcar).

O presente trabalho tem como objetivo atualizar o debate da água virtual brasileira, incluindo mais produtos de relevância dentro da nossa pauta de exportações (soja e farelo, carne bovina, açúcar, milho, suco de laranja e café) que - conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2008) - representavam cerca de 70% do valor das exportações (em milhões de US$, FOB) de produtos agrícolas e, ainda, os principais produtos agroindustriais importados (trigo, arroz, malte, milho, cebola e alho), correspondentes a 42% do valor das importações. Em seguida, buscou-se contextualizar a discussão dentro do debate sobre mudanças climáticas globais, apontando para os desafios que emergem frente aos cenários de mudanças nos regimes de chuvas e o aumento das temperaturas médias em médio prazo.

A água virtual nos principais produtos da pauta agrícola brasileira

O agronegócio brasileiro ocupa posição de destaque no cenário mundial. Considerando-se alguns aspectos da agricultura, como a elevada participação no PIB (cerca de 30%), a importância na pauta de exportações e na geração de divisas e, ainda, a contribuição para o controle da inflação, evidencia-se sua importância para impulsionar o desempenho da economia brasileira. Vale lembrar que o Brasil tem uma longa relação com a dinâmica econômica calcada no setor agropecuário, desde a economia cafeeira

2capitalista paulista em fins do século XIX , chegando aos dias atuais com o complexo soja, suco de laranja, açúcar, dentre outros produtos.

Mas, uma crítica recorrente é feita ao direcionamento que vem sendo dado da produção de produtos agrícolas para o mercado internacional, isso porque não há como negar a deterioração de trocas comerciais entre produtos agrícolas e produtos industrializados, já destacada e comprovada pelos estudos conduzidos pela Comissão Econômica para a

3América Latina e o Caribe (CEPAL) . Entretanto, o Brasil é uma das nações de maior

área agricultável e dotada de recursos naturais que potencializam as suas vantagens para a produção agrícola e animal. Esta disponibilidade reduz custos e orienta a estrutura produtiva brasileira na organização e ocupação espacial do território; o não aproveitamento dessas oportunidades seria uma irracionalidade econômica, difícil de ser explicada por qualquer teoria econômica atual. Assim, o cerne da discussão não deveria ser a questão da opção e expansão das vantagens agrícolas do país, mas sim de que forma vêm ocorrendo essas explorações produtivas, a fim de garantir a sustentabilidade ambiental e econômica dos recursos utilizados.

Dessa forma, os aumentos da produção e das exportações dos produtos agrícolas apresentam duas dimensões a serem avaliadas. Por um lado, consolida a posição estratégica do Brasil dentro da economia internacional. Por outro lado, a exportação de produtos agrícolas brasileiros leva à transferência de recursos hídricos brasileiros para outros países.

Apesar de dispormos de uma das maiores

reservas de água doce do mundo, é possível que essa

abundância relativa passe a ser um fator de importantes

negociações e conflitos futuros. Isso porque, se

considerarmos a água como bem econômico e,

portanto, passível de cobrança, em um futuro próximo

surgirão as principais discussões sobre o manejo e a

gestão não apenas do uso direto das águas superficiais,

mas também do uso e da apropriação do potencial de

recursos hídricos consubstanciados em produtos

agrícolas, carne e outros. Enfim, é importante que

tenhamos em mente estas discussões para que não

sejamos surpreendidos, em um futuro próximo, por

uma situação de escassez inesperada.Pensando assim, Chapagain e Hoekstra (2004a)

atualizaram os dados de trabalho anterior (Hoekstra &

Hung, 2002) e mapearam o fluxo mundial de água

virtual dividindo o globo em países exportadores e

importadores, que se relacionam formando uma

balança comercial.

2 Ver Cano (2002). 3

Ver Pinto (1979).

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As estimativas de cálculo para os volumes de

exportação e importação de água virtual foram

baseadas em uma lista mais ampla de produtos que se

encontram entre os principais responsáveis pelas

transações comerciais internacionais. Como no trabalho

anterior, considerou-se a demanda de consumo para

produção de cada um destes produtos, considerando as

especificidades de cada produto e cada região em

termos de demanda por recursos hídricos.Segundo os autores, houve um avanço

significativo em relação aos trabalhos anteriores, pois

no mais recente trabalho foram usadas fontes de dados

mais precisas, maior cobertura de produtos e um

refinamento da metodologia de cálculo dos

coeficientes, como, por exemplo, os parâmetros

climáticos e as características específicas dos produtos

por região. De maneira geral, para a obtenção da quantidade

de água virtual contida em cada produto foi necessário estimar o volume de água usado em todo o processo de produção para cada uma das regiões, de acordo com os seguintes critérios: os parâmetros climáticos da região; a evapotranspiração da cultura; o consumo de água por unidade do produto; a produtividade; e a água utilizada no processamento do produto.

Assim, a produção de um mesmo produto, como a soja, pode demandar diferentes volumes de água, dependendo da região do mundo, ou seja, a demanda por água na produção de soja será diferente, dependendo do local onde for plantada, tanto por questões climáticas como pela produtividade, que envolve as características específicas do modo como estas culturas são desenvolvidas em diferentes locais. O conjunto de aspectos que incidem sobre as estimativas está representado na Figura 1.

O resultado da aplicação dessa metodologia para

o caso brasileiro está reunido na Tabela 1. A fim de obter

uma aproximação com a pauta de exportação e

importação agrícola brasileira, uma vez que não foram

avaliados todos os produtos agroindustriais da pauta

brasileira, utilizaram-se os dados de exportação e

importação por produto do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

(MDIC) e do volume de água virtual contida em cada

produto (exemplos no Quadro 2, anexo) a partir dos

dados da FAO.O sucesso do agronegócio nacional também

implica o fato de sermos, crescentemente, grandes

exportadores de água virtual. Nos últimos dez anos, as

exportações de commodities agrícolas aumentaram

significativamente, e, nesse período, as saídas de água

virtual mais que triplicaram. Em 2007, a soja e o farelo foram responsáveis por

36,7 bilhões de metros cúbicosexportados, uma vez que

o Brasil já vem se consolidando como o maior

exportador mundial desses produtos. Entre 1997 e 2007,

o peso relativo da produção de carne bovina e de açúcar

também aumentou expressivamente, sendo que a

expansão das plantações de cana-de-açúcar das últimas

safras, sobretudo no Estado de São Paulo, e o

crescimento do rebanho brasileiro sinalizam no sentido

de o país se estabelecer também como maior exportador

mundial desses produtos.Conforme os dados da SECEX/MDIC (2008), o

principal destino das exportações brasileiras de soja foi

a China, que em 2007 absorveu 42,5% do volume

comercializado desse grão.

Figura 1. Esquema conceitual dos passos para as estimativas de comércio internacional de água virtualFonte: Adaptado de Chapagain e Hoekstra (2004a)

Figura 2. Exportação, Importação e Saldo de Água Virtual de Produtos Selecionados, 1997 a 2007Fonte: Dados da Pesquisa

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Tabela 1. Exportação, Importação e Saldo de Água Virtual de Produtos Selecionados, 1997 a 2007

3(Bilhões de m )1Produto 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Exportação (A)

Soja + Farelo 17,93 19,34 18,93 20,77 26,95 28,38 33,58 33,67 37,05 37,89 36,70

Carne bovina 0,89 1,38 2,57 3,22 6,26 7,33 10,56 15,74 18,44 20,80 21,88

Açúcar 4,86 6,06 9,90 5,50 8,97 9,65 10,57 12,10 14,65 16,20 15,74

Milho 0,42 0,01 0,01 0,01 6,64 3,24 4,21 5,94 1,26 4,65 12,90

Suco de Laranja 0,74 0,77 0,73 0,79 0,84 0,74 0,81 0,78 0,82 0,75 0,79

Café 0,01 0,01 0,01 0,02 0,06 0,09 0,10 0,05 0,07 0,09 0,09

Total Export. 24,86 27,57 32,16 30,31 49,72 49,44 59,82 68,28 72,29 80,38 88,10

Importação (B)

Trigo 7,068 10,335 11,136 12,16 11,33 10,62 10,68 7,83 8,06 10,55 10,73

Arroz 3,490 5,866 4,417 2,85 3,02 2,46 4,77 3,73 2,21 2,76 3,06

Malte 1,168 1,211 1,173 1,20 1,33 1,19 1,07 1,20 1,22 1,41 1,43

Milho 0,597 2,040 0,970 2,09 0,74 0,41 0,94 0,39 0,70 1,13 1,29

Cebola + Alho 0,157 0,183 0,149 0,11 0,11 0,11 0,14 0,15 0,18 0,17 0,18

Total Import. 12,48 19,63 17,85 18,41 16,53 14,79 17,60 13,30 12,38 16,02 16,68

Saldo dos Produtos Selecionados

(A) – (B) +12,38 +7,94 +14,31 +11,90 +33,19 +34,65 +42,22 +54,97 +59,92 +64,36 +71,42

1 No Quadro I (Anexo I) estão disponíveis os produtos selecionados e os respectivos códigos NCM a partir da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC).Fonte: Dados da pesquisa a partir da SECEX/MDIC (2008) e CHAPAGAIN, A. K. E HOEKTRAZ, A. Y. (2004b).

O principal uso dessa commodity é abastecer o parque industrial, que atualmente possui uma capacidade instalada de processamento de aproximadamente 35,5 milhões de toneladas por ano, que de acordo com os dados da Foreign Agricultural Service (FAS/USDA, 2008) representou 18,2% do esmagamento mundial. Dessa forma, considerando apenas a soja, o mercado chinês vem sendo um dos principais importadores da água virtual brasileira, ficando com 10,8 bilhões de metros cúbicos.

O destaque das importações brasileiras de água virtual foi o trigo, que em 2007 atingiu 10,7 bilhões de metros cúbicos; os volumes sofreram poucas oscilações no período (Tabela 1), variando conforme a capacidade instalada e dos estoques dos moinhos brasileiros e quebras de safras, sobretudo da Argentina.

O volume de água virtual exportado pelo país é crescente; as exportações entre 1997 e 2007 (Figura 2) cresceram a uma taxa média anual de 13,5%, enquanto que as importações de água virtual evoluíram a uma taxa média de apenas 2,9% a.a. Até o ano 2000, o saldo de água virtual era inferior ao volume de importações, indicando

um equilíbrio relativo entre exportações e importações. Entretanto, a partir de 2001, o desempenho das exportações passou a imprimir um ritmo forte e acelerado, impulsionado pelas saídas de carne bovina, açúcar e soja.

Além disso, esse saldo positivo reflete o fato de que os produtos de exportação possuem uma demanda de água superior àquela dos produtos importados, ou seja, o volume de água necessário para a produção de um quilo de carne bovina é cinco vezes superior ao necessário para a produção da mesma quantidade de arroz. Com base nesta relação e tomando os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE) para o consumo domiciliar médio de arroz per capita para 2002-2003 (31,6 kg/ano), para se ter uma compensação na relação carne bovina - arroz, teríamos de aumentar o consumo de arroz de 86 gramas per capita/dia para 435 gramas per capita/dia. Assim, para reduzir a evasão dessa preciosa riqueza é preciso atentar para a qualidade (em termos de demanda de água virtual) dos produtos importados e exportados, sobretudo em tempos de grandes desafios climáticos que se desenham para médio prazo.

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Mudanças climáticas

Recentemente, o debate em torno das mudanças climáticas assumiu destaque não apenas dentro dos meios acadêmicos, mas na mídia e, principalmente, na sociedade civil. As evidências científicas apresentadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do

4 Clima (IPCC) apontam para cenários preocupantes para o futuro. E, embora ainda existam vozes dissonantes no que tange às causas destas mudanças climáticas, parece haver pouca dúvida em relação aos impactos e conseqüências que são projetadas para os próximos anos. Assim, a preocupação com as gerações futuras, já apontada nos primeiros relatórios sobre meio ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) desde a década de 1970, hoje passa por uma revisão importante: não se trata mais de pensar somente nas gerações futuras; as mudanças no clima poderão ser sentidas por nossa geração dentro de horizonte de 50 anos.

Segundo o Quarto Relatório de Avaliação do Grupo de Trabalho II do IPCC (IPCC, 2007, p.8), estima-se que a disponibilidade de água aumente em até 40% nas altas latitudes e em algumas áreas tropicais úmidas e diminua em até 30% em algumas regiões secas de latitudes médias e nos trópicos, agravando a já presente escassez de recursos hídricos em algumas destas regiões. Neste sentido, pode-se esperar que aumentem as extensões de regiões afetadas por secas, ao mesmo tempo em que aumente a freqüência de eventos de precipitação extrema, refletindo-se em um aumento de casos de inundações.

Aparentemente, a água é um recurso natural abundante, afinal, cerca de 75% da superfície do planeta é coberto de água. Vale destacar, portanto, que, quando consideramos a escassez, estamos tratando essencialmente da água doce, que representa algo em torno de 3% da disponibilidade hídrica mundial, sendo que, destes, cerca de três quartos (3/4) encontram-se em estado sólido em geleiras, icebergs e nas calotas polares (Vargas, 2000). E, mesmo que a estimativa de derretimento das geleiras devido ao aquecimento global coloque mais água doce disponível no sistema, este cenário trará mais desvantagens do que benefícios. Isso, porque provocará a mudança do pH e salinidade dos oceanos, sem falar da elevação do nível médio dos oceanos que, segundo as estimativas, pode ser de 20 cm a 60 cm nos próximos 100 anos, afetando uma grande parcela da população costeira.

4 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

4 Na versão original: Multi-model mean changes in surface air temperature (°C, left),

1precipitation (mm day , middle) and sea level pressure (hPa, right) for boreal winter (DJF, top) and summer (JJA, bottom). Changes are given for the SRES A1B scenario, for the period 2080 to 2099 relative to 1980 to 1999.

Tais mudanças podem configurar um cenário de agravamento na gestão de recursos hídricos e, conseqüentemente, na agricultura, pois o aumento da freqüência de secas e inundações poderá afetar negativamente a produção agrícola, sobretudo, nas latitudes baixas (IPCC, 2007, p.9). De maneira geral, há uma tendência de mudança significativa do balanço hídrico no globo, a qual irá afetar em maior ou menor grau determinadas regiões na sua busca por produção de alimentos e produtos agrícolas para exportação. Como visto anteriormente, a agricultura é o principal setor consumidor de recursos hídricos e o aumento da produção associado às tendências de mudanças no regime de chuvas pode elevar mais ainda a importância do uso sustentável da água no setor.

Figura 3. Variações médias em modelo composto para a temperatura o -1do ar (em C, à esquerda), precipitação (em mm.dia , ao centro) e

pressão atmosférica ao nível do mar (em hPa, à direita) para períodos do ano: inverno no Hemisfério Norte - Dez.-Jan.-Fev. (DJF, acima) e verão no Hemisfério Norte - Jun.-Jul.-Ago. (JJA, abaixo). Mudanças relativas ao cenário SRES A1B, para o período 2080 a 2099, com base

5nos dados de 1980 a 1999Fonte: IPCC, 2007

Mesmo que o aumento da concentração de CO 2

atmosférico, identificado como uma das principais causas do aquecimento global, traga um relativo efeito benéfico ao crescimento de alguns tipos de grãos, muitos fatores, como temperatura, precipitação, umidade relativa do ar, dentre outros, afetarão negativamente o futuro da produção de alimentos, particularmente os grãos. Por exemplo, nos trópicos e subtrópicos, onde a produção de grãos está no limite máximo da temperatura de tolerância, a produtividade tende a decrescer.

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As medidas de adaptação a estas mudanças devem incluir pesquisa e desenvolvimento de novas variedades, novas práticas de plantio e, principalmente, melhores sistemas de gerenciamento e irrigação.

Em termos de adaptação, o Brasil está em uma situação de vantagem frente ao cenário e desafios colocados para países da África, pois a pesquisa e o desenvolvimento de novas cultivares e outras tecnologias na produção agrícola já estão na agenda de diversas agências e institutos de pesquisa do país há algum tempo. Segundo Lobell et al. (2008, p.607), a adaptação é o fator-chave para o enfrentamento dos impactos que os cenários severos de mudança climática apontam. E sem que isso seja feito, em diversas regiões do mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento, haverá uma tendência de redução da produção de grãos e, potencialmente, um agravamento da miséria e fome.

Embora o problema da fome esteja associado a problemas sociais e econômicos muito mais complexos que a associação simples entre produção agrícola e crescimento populacional, não se pode negar que mudanças na distribuição de água no mundo terão efeitos negativos em diversas economias baseadas em produção e exportação de commodities agrícolas, principalmente, nos países com maior desigualdade social e maior potencial para escassez de recursos hídricos. Assim, os países detentores de importantes reservas de água, como é o caso do Brasil, precisam aperfeiçoar o uso sustentável de suas reservas, para se destacar no contexto de negociações internacionais.

Neste sentido, o conceito de água virtual pode servir para alertar para uma situação em que existem conflitos indiretos associados ao aumento da produção de grãos no país. Os cenários de conflitos gerados pela escassez de recursos hídricos já são visíveis em escalas local e regional (como pôde ser visto nos debates políticos em torno da transposição do Rio São Francisco) e a otimização do seu uso pode e deve ser um fator essencial para a manutenção do país como grande potência na exportação de commodities agrícolas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - DESAFIOS PARA O MILÊNIO

A discussão sobre água virtual abre espaço também para questionamentos ainda mais profundos. Um desses questionamentos, que tem apresentado pouca repercussão ainda no Brasil, diz respeito à produção de alimentos, discutindo a quantidade de água empregada na produção e o significado dessa produção em termos nutricionais. Uma das principais

referências nessa discussão é David Pimentel. A questão central, defendida por Pimentel et al. (2004), é a possibilidade de diminuição significativa da demanda de água a partir de modificações na dieta alimentar. Pimentel et al. (2004) reafirmam o que está presente em vários textos de sua autoria, chamando atenção para o volume elevado de água que se gasta na produção de alimentos, atentando especificamente para o fato de que a produção de carne é um dos principais consumidores de água.

Pimentel (2004) afirma a necessidade de se reestruturar o cardápio, de maneira que ele seja mais “sustentável”, privilegiando os produtos que exigem menos água para sua produção. Dessa maneira, um prato com batata e frango, por exemplo, exige muito menos água para sua obtenção do que um prato com arroz e bife bovino.

Quando se discute a questão alimentar, quase que de imediato se retorna à questão malthusiana: teremos alimentos para alimentar a população em crescimento? Gleick (2000) apresenta um resumo bem interessante da discussão sobre esse tema.

Nos próximos 50 anos ainda assistiremos ao

crescimento da população mundial, que deve se

estabilizar por volta de 9 bilhões de habitantes. Mas não

podemos cair na armadilha do pensamento

malthusiano. A fome e a miséria do mundo não foram, não são

e não serão resultado da expansão de commodities

agrícolas destinadas exclusivamente à exportação e

muito menos serão resultado dos impactos do

aquecimento global ou ainda da expansão da área de

plantio de produtos destinados à produção de

biocombustíveis. Com certeza, o fator populacional

exerce pressão sobre a oferta e até mesmo o valor dos

produtos, mas com certeza existem muito mais

variáveis envolvidas, e o reducionismo das análises

pode ocultar os reais interesses econômicos em disputa.Como vimos, os saldos calculados apresentam-se

desfavoráveis ao Brasil, não apenas porque nos

posicionamos como um grande exportador de produtos

primários, mas também porque privilegiamos a

exportação de produtos altamente demandantes de

água virtual, enquanto importamos produtos que

carregam consigo um menor volume de água virtual.

Com certeza, ainda é muito prematuro (e talvez pouco

viável) pensar em cobrar efetivamente pela água virtual

incorporada nos produtos, mas, verdadeiramente, este

conceito permite acender um debate cada vez mais

relevante para as políticas locais de gestão de recursos

hídricos, pois os cenários apontados pelas estimativas

das mudanças climáticas são pouco otimistas.

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É certo que a capacidade de adaptação do Brasil frente a estes desafios já apontam para caminhos promissores, tendo em vista a experiência de outros países em desenvolvimento, mas não se deve esperar, com isso, que o trabalho esteja feito. Ainda há muito que ser feito, e muito para ser melhorado em termos de modelos de produção e escolhas tomadas pelo país.

REFERÊNCIAS

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ANEXO 1

Quadro 1. Produtos selecionados para avaliação do comércio de Água Virtual.

Produto Código NCM Descrição

Carne bovina 0201.10.00 CARCACAS E MEIAS CARCACAS DE BOVINO,FRESCAS OU REFRIGER0201.20.10 QUARTOS DIANTEIROS N/DESOSSAD.DE BOVINO,FRESCOS/REFRIG.0201.20.20 QUARTOS TRASEIROS NAO DESOSSAD.DE BOVINO,FRESCOS/REFRIG0201.20.90 OUTRAS PECAS NAO DESOSSADAS DE BOVINO,FRESCAS OU REFRIG0201.30.00 CARNES DESOSSADAS DE BOVINO,FRESCAS OU REFRIGERADAS0202.10.00 CARCACAS E MEIAS-CARCACAS DE BOVINO,CONGELADAS0202.20.10 QUARTOS DIANTEIROS NAO DESOSSADOS DE BOVINO,CONGELADOS0202.20.20 QUARTOS TRASEIROS NAO DESOSSADOS DE BOVINO,CONGELADOS0202.20.90 OUTRAS PECAS NAO DESOSSADAS DE BOVINO,CONGELADAS0202.30.00 CARNES DESOSSADAS DE BOVINO,CONGELADAS0210.20.00 CARNES DE BOVINOS,SALGADAS/EM SALMOURA/SECAS/DEFUMADAS

Cebola e Alho 0703.10.11 CEBOLAS PARA SEMEADURA0703.10.19 OUTRAS CEBOLAS FRESCAS OU REFRIGERADAS0703.10.21 ECHALOTES PARA SEMEADURA0703.10.29 OUTRAS “ECHALOTES” FRESCAS OU REFRIGERADAS0703.20.90 OUTROS ALHOS FRESCOS OU REFRIGERADOS0703.90.10 ALHO-PORRO E OUTS.PRODS.HORTICOLAS ALIACEOS,P/SEMEADURA0703.90.90 OUTS.ALHOS-PORROS,PRODS.HORTICOLAS ALIACEOS,FRESCOS,ETC

Café 0901.11.90 CAFE NAO TORRADO,NAO DESCAFEINADO,EXCETO EM GRAO0901.12.00 CAFE NAO TORRADO,DESCAFEINADO0901.21.00 CAFE TORRADO,NAO DESCAFEINADO0901.22.00 CAFE TORRADO,DESCAFEINADO

Trigo 1001.10.90 TRIGO DURO,EXCETO PARA SEMEADURA1001.90.10 TRIGO (EXCETO TRIGO DURO) PARA SEMEADURA1001.90.90 TRIGO (EXC.TRIGO DURO OU P/SEMEADURA),E TRIGO C/CENTEIO

Milho 1005.10.00 MILHO PARA SEMEADURA1005.90.10 MILHO EM GRAO,EXCETO PARA SEMEADURA1005.90.90 MILHO,EXCETO EM GRAO

Arroz 1006.10.10 ARROZ (“PADDY”) COM CASCA,PARA SEMEADURA1006.10.91 ARROZ (“PADDY”) COM CASCA,PARBOILIZADO (ESTUFADO)1006.10.92 ARROZ (“PADDY”) COM CASCA,NAO PARBOILIZADO (N/ESTUFADO)1006.20.10 ARROZ (“CARGO” OU CASTANHO),DESCASCADO,PARBOILIZADO1006.20.20 ARROZ (“CARGO” OU CASTANHO),DESCASCADO,NAO PARBOILIZADO1006.30.11 ARROZ SEMIBRANQUEADO,ETC.PARBOILIZADO,POLIDO OU BRUNIDO1006.30.19 OUTROS TIPOS DE ARROZ SEMIBRANQUEADO,ETC.PARBOILIZADO1006.30.21 ARROZ SEMIBRANQUEADO,ETC.N/PARBOILIZADO,POLIDO,BRUNIDO1006.30.29 OUTROS TIPOS DE ARROZ SEMIBRANQUEADO,ETC.N/PARBOILIZADO1006.40.00 ARROZ QUEBRADO (TRINCA DE ARROZ)

Malte 1107.10.10 MALTE NAO TORRADO,INTEIRO OU PARTIDO1107.10.20 MALTE NAO TORRADO,MOIDO OU EM FARINHA1107.20.10 MALTE TORRADO,INTEIRO OU PARTIDO1107.20.20 MALTE TORRADO,MOIDO OU EM FARINHA

Soja 1201.00.10 SOJA PARA SEMEADURA1201.00.90 OUTROS GRAOS DE SOJA,MESMO TRITURADOS

Açúcar 1701.11.00 ACUCAR DE CANA, EM BRUTO

Suco de Laranja 2009.11.00 SUCOS DE LARANJAS,CONGELADOS,NAO FERMENTADOS2009.19.00 OUTROS SUCOS DE LARANJAS,NAO FERMENTADOS

Farelo de Soja 2304.00.90 BagaÇO e Outros ResÍDuos SÓLidos, da ExtraÇÃO do ÓLeo de Soja

Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC).

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Quadro 2. Demanda de Água Virtual para alguns dos produtos selecionados.

Produto Código NCM Água Virtual (em Litros/Kg)

Açúcar de cana 1701.11.00 1.265

Arroz 1006.30.11 4.447

Café torrado 0901.21.00 16.633

Carnes desossadas de bovino, frescas ou refrigeradas 0201.30.00 16.961

Malte não torrado 1107.10.10 1.881

Milho 1005.90.10 1.180

Soja 1201.00.90 1.076

Suco de laranja 2009.11.00 621

Trigo 1001.90.90 1.616

Fonte: CHAPAGAIN, A. K. e HOEKTRAZ, A. Y. (2004).

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