A EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE ADOLESCENTES ENVOLVIDOS EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA:...

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Más información en: jovenesinvestigadores@upla.cl www.upla.cl/jovenesinvestigadores 02. Cultura e identidade A EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE ADOLESCENTES ENVOLVIDOS EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA: DESCONSTRUINDO A VISÃO ADULTOCÊNTRICA. COSTA, Ana Paula Motta 1 ; SILVA, Plínio Vinícius Silva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Resumo: A efetividade dos Direitos Fundamentais é instrumental ao reconhecimento das pessoas e de sua dignidade. Todavia, os direitos tornam-se abstratos se não consideram as pessoas concretas ou suas respectivas realidades culturais e normativas. A pesquisa, contudo, deve ser divulgada para alcançar efetivamente o fim social a que se propõe, qual seja auxiliar na construção de atitudes críticas dos sujeitos concretos e, dessa forma, promover efetivamente o desenvolvimento social. Desde tal perspectiva, este trabalho configura-se como uma “pesquisa-ação”, pois visa desenvolver o empoderamento e a formação crítica dos operadores do sistema socioeducativo e de líderes comunitários de um município da região metropolitana de Porto Alegre, Brasil. Tem como objetivo específico desconstruir a visão “adultocêntrica” como forma hegemônica de compreender o sujeito adolescente. Utiliza-se da metodologia da pesquisa participante, ou seja, constitui-se num diálogo com os diferentes segmentos do referido sistema socioeducativo, bem como, com líderes comunitários, juntamente com o grupo de pesquisa para que se produzam reflexões acerca do ser adolescente, compreensão da sua especificidade, e, principalmente, a criação de instrumentos reais de reconhecimento dos adolescentes frente aos agentes do sistema socioeducativo e comunitário. O trabalho, em andamento, já demonstra 1 Orientadora

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02. Cultura e identidade

A EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE

ADOLESCENTES ENVOLVIDOS EM SITUAÇÃO DE

VIOLÊNCIA: DESCONSTRUINDO A VISÃO ADULTOCÊNTRICA.

COSTA, Ana Paula Motta1; SILVA, Plínio Vinícius Silva da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo: A efetividade dos Direitos Fundamentais é instrumental ao

reconhecimento das pessoas e de sua dignidade. Todavia, os direitos tornam-se

abstratos se não consideram as pessoas concretas ou suas respectivas

realidades culturais e normativas. A pesquisa, contudo, deve ser divulgada para

alcançar efetivamente o fim social a que se propõe, qual seja auxiliar na

construção de atitudes críticas dos sujeitos concretos e, dessa forma, promover

efetivamente o desenvolvimento social. Desde tal perspectiva, este trabalho

configura-se como uma “pesquisa-ação”, pois visa desenvolver o

empoderamento e a formação crítica dos operadores do sistema socioeducativo

e de líderes comunitários de um município da região metropolitana de Porto

Alegre, Brasil. Tem como objetivo específico desconstruir a visão

“adultocêntrica” como forma hegemônica de compreender o sujeito

adolescente. Utiliza-se da metodologia da pesquisa participante, ou seja,

constitui-se num diálogo com os diferentes segmentos do referido sistema

socioeducativo, bem como, com líderes comunitários, juntamente com o grupo

de pesquisa para que se produzam reflexões acerca do ser adolescente,

compreensão da sua especificidade, e, principalmente, a criação de

instrumentos reais de reconhecimento dos adolescentes frente aos agentes do

sistema socioeducativo e comunitário. O trabalho, em andamento, já demonstra

1 Orientadora

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potencialidades no que diz respeito à integração da pesquisa com a sociedade.

Atenta para a falta de articulação dos vários órgãos que compõem o sistema

socioeducativo, a falta de efetividade do conselho municipal da criança e do

adolescente e, sobretudo, a pequena articulação com a comunidade local, o que

reforça a “invisibilidade” dessa parcela da população.

Palavras chave: Adolescentes; cultura; identidade; sistema socioeducativo.

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Introdução

A legislação brasileira define como adolescente a pessoa que possui mais

de doze anos de idade e menos de dezoito. É o parâmetro utilizado para

especificar uma fase da vida em que a pessoa não é mais criança, mas ainda

não é adulto. Possuem direitos e deveres de acordo com a capacidade jurídica

de exercê-los. Um adolescente pode exercer alguns atos da vida civil, mas não

todos. Ele pode responder criminalmente pelos atos infracionais que cometer,

mas de forma diversa da de um adulto. Pode, inclusive, ser privado de

liberdade e estará sujeito a um sistema diverso do dos adultos: o Sistema

Socioeducativo regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA.

O ECA regulamenta os direitos e estabelece as medidas socioeducativas

para adolescentes em conflito com a lei, além de garantir direitos das crianças e

adolescentes frente às instituições e, consequentemente, frente ao Estado.

Eleva-as a Sujeitos de Direito propondo-lhes as mesmas garantias individuais

dos adultos, contudo com direitos específicos, haja vista o seu reconhecimento

como pessoas em peculiar condição de desenvolvimento.

Qual a visão dos operadores do Sistema Socioeducativo sobre

adolescente, frente à visão social acerca deste público? A resposta a esta

questão é crucial para que se efetivem os direitos fundamentais dos

adolescentes previstos na Constituição Federal e elencados no ECA. Pois em

interação com a forma como os outros os veem é que os adolescentes

construirão sua subjetividade e sentir-se-ão reconhecidos ou não como sujeitos

de direitos frente ao Estado. Este trabalho visa a responder a esta questão

usando como recorte o Sistema Socioeducativo de um município da região

metropolitana de Porto Alegre, Brasil e o Grupo de Pesquisa: A Efetividade dos

Direitos Fundamentais de Adolescentes Envolvidos em Situação de Violência da

Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS.

A investigação objetiva entender como os operadores do Sistema

Socioeducativo no âmbito municipal compreendem o “ser” adolescente

e, ainda, desenvolver a reflexão acerca desse “ser”, a compreensão da

sua especificidade e criar instrumentos reais de reconhecimento dos

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adolescentes frente aos agentes do Sistema Socioeducativo. Para tanto,

constitui-se numa pesquisa-participante, ou seja, num diálogo do referido

Sistema Socioeducativo com o Grupo de Pesquisa.

1 QUAL É O CONTEXTO DA ATUALIDADE?

A sociedade atual2 apresenta padrões diferentes dos da sociedade

moderna. Bauman (2001) no livro denominado “Modernidade líquida” faz uma

análise sociológica acerca de uma modernidade pautada pelas relações de

produção e trabalho, cujos valores baseavam-se no coletivo, as relações sociais

eram mais densas e as instituições, tais como a família, a igreja e a escola

tinham padrões bem definidos, a tal modernidade ele denominou de “sólida”.

Em contrapartida a esta modernidade, o mesmo autor diz existir uma

modernidade “líquida”, cujas relações são pautadas pelo consumo, valores

individualistas e as instituições são “zumbis”, ou seja, não possuem padrões de

atuação bem definidos, cabendo a nós, seres humanos, reanimá-las ou enterrá-

las em definitivo. Nesse contexto a sociedade vive uma “crise de identidade”

(GIDDENS, 1997) e de valores não sabendo como adequá-los a nova realidade,

já que a modernidade líquida é infinitamente mais dinâmica.

Ana Paula Motta Costa acrescenta que “o consumo é o objetivo a ser

alcançado, como uma tarefa individual e, quanto mais intensa a busca do

consumidor, mais eficaz tornar-se-á a sedução do mercado e mais segura e

próspera será a sociedade de consumidores” (COSTA,2012, p. 36). Este

processo, segundo a autora, acentua a diferença entre os que alcançam os bens

desejados e os que não o conseguem.

A contemporaneidade alcançou um índice de desenvolvimento

tecnológico tal, que as barreiras espaço-temporais foram suplantadas. O

advento das tecnologias de comunicação, tais como a televisão, telefone e

principalmente a internet fizeram com que o mundo “encurtasse” fazendo que a

informação fosse facilmente acessada e com que os seres humanos

interagissem mais facilmente, inclusive nos âmbitos social, político e cultural.

2 Vários autores refletem sobre a sociedade atual e a denominam de forma diversa: Giddens (1997), Santos

(2000), Bauman (2001), entre outros.

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A sociedade atual é globalizada. Interessa-nos o conceito de globalização

utilizado por Santos (2009), pois diferentemente das formas costumeiras de

defini-la, ele atenta para uma definição “mais sensível às dimensões sociais,

políticas e culturais” (SANTOS, 2009, p. 12) em relação às definições centradas

na economia: “a globalização é o processo pelo qual determinada condição ou

entidade local estende a sua influência a todo o globo e, ao fazê-lo, desenvolve

a capacidade de designar como local outra condição social ou entidade rival”

(idem, p. 12).

A atualidade, portanto, é um contexto em que existe uma alta

dinamicidade em que as relações de consumo são supervalorizadas e o

individualismo sobrepõe-se ao comunitário, no entanto, há uma maior interação

entre pessoas, culturas e nações que se influenciam mutuamente. Globalizada!

É a sociedade da informação, da comunicação e da velocidade, mas

contemporaneamente há os que não possuem acesso pleno a esses produtos e

vivem à margem. Ambos são unidos, contudo, pelo rótulo de “consumidores”.

2 A VISÃO “ADULTOCÊNTRICA” COMO FORMA HEGEMÔNICA DE

COMPREENDER O ADOLESCENTE NA SOCIEDADE

O adolescente é, para o ordenamento jurídico brasileiro, uma pessoa que

possui tratamento diferenciado em relação às crianças e aos adultos e esse

tratamento atrelado a outros fenômenos sociais resulta na construção de uma

identidade adolescente também diferente das demais identidades sociais. A

identidade é construída por meio da interação com outras pessoas em relação

às características específicas da fase em que se está. A forma com que os

outros grupos sociais veem os adolescentes é conditio sinequanon para a

construção de sua subjetividade, pois embora possuam identidade própria, a

subjetividade é moldada em relação à visão que o outro possui deles.

A sociedade tende a entender o adolescente desde a perspectiva adulta,

pois embora o ordenamento brasileiro garanta a dignidade do adolescente como

pessoa humana, a adolescência é vista, pela maioria das pessoas desde uma

perspectiva adulta. Segundo Costa (2012) “a perspectiva evolucionista de

progresso direciona as pessoas, a fim de que ocupem seu espaço social na fase

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adulta, de onde olham e analisam o comportamento humano” (COSTA, 2012, p.

54).

A categoria histórica da adolescência é muito recente, mais recente até

do que a construção da categoria criança que data, segundo Michelle Perrot

(2003), da segunda metade do século XIX. Ela surgiu, segundo Philippe Ariès

(1981) no século XX, como depositária de novos valores em oposição aos

antigos valores.

O adolescente vive no entremeio, não é mais criança, mas também não

chegou a ser adulto. É interessante o que Costa (2012) diz a respeito de que na

atualidade a dificuldade de definição da adolescência acentua-se com “a

ausência, na sociedade ocidental, de objetivos rituais de passagem para a fase

adulta” (COSTA, 2012, p. 56).

A ausência de tais “ritos objetivos” faz com que hoje em dia se

relativizem as atitudes que configuram a chegada à fase adulta, pois ações tal

como trabalhar, engravidar, ter uma vida sexualmente ativa, sustentar a família

(ações características do mundo adulto) podem acontecer em épocas

diferentes, de acordo com o contexto em que a pessoa vive e as circunstâncias

por que passou.

A sociedade atual expõe, por meio da mídia, os adolescentes cada vez

mais precocemente à sexualidade, à necessidade de movimentar recursos para

consumir, enfim a tornar-se consumidor. Isso denota o viés “adultocêntrico”

existente na atualidade.

O adolescente vive entre os dois mundos – o infantil e o adulto – não se

identificando com nenhum dos dois e os adultos os veem desde a perspectiva

adulta, pois valorizam as condutas típicas de adultos e não as condutas típicas

de adolescentes. Estas, muitas vezes, são desprestigiadas e entendidas como

algo irracional. “A tal ponto tem sido assim, que muitas vezes, o desejo

“adultocêntrico” é de que, “de fato”, não tenham comportamento adolescente,

mas que se comportem com a maturidade adulta, considerada adequada e

racional” (COSTA, 2012, p. 56).

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Esse tipo de atitude por parte dos adultos faz com que os adolescentes

não sejam tratados como pessoas, em estágio peculiar de desenvolvimento,

mas reconhecidas como sujeitos de menor valor social. Isso faz com que todo o

ordenamento jurídico não passe de “letra morta”, pois a Constituição Federal

tem como princípio fundamental a Dignidade da pessoa Humana, contudo os

adolescentes não a adquirirão efetivamente enquanto essa forma de visão não

for desconstruída!

3 O GRUPO DE PESQUISA E O SISTEMA SOCIOEDUCATIVO EM

ÂMBITO MUNICIPAL: ASPECTOS FORMAIS

O Grupo de pesquisa “A Efetividade dos Direitos Fundamentais de

Adolescentes Envolvidos em Situação de Violência”, coordenado pela professora

Drª Ana Paula Motta Costa, é composto por pesquisadores bolsistas e

voluntários, graduandos, graduados e pós – graduados. Nesse grupo, analisam-

se as dificuldades de reconhecimento dos adolescentes e de seus direitos

fundamentais, seja em perspectiva negativa, no que se refere à limitação da

intervenção punitiva do Estado; ou no que se refere à dimensão prestacional,

sob o enfoque das políticas públicas voltadas à melhoria das condições de vida

destes sujeitos sociais. Tem-se como objetivo identificar e salientar

especificidades geracionais e culturais, não abordando a diferença como

inferiorização ou discriminação, mas como afirmação de identidade social.

Utiliza-se como referencial teórico a perspectiva complexa da sociedade, por

meio de uma abordagem interdisciplinar.

O Sistema Socioeducativo em âmbito municipal está contido no Sistema

Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), este fora aprovado por meio

da Resolução Nº 119 de 11 de dezembro de 2006, do Conselho Nacional dos

Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e instituído pela Lei 12.594,

de 18 de janeiro de 2012 e regulamenta a execução das medidas destinadas a

adolescente que pratique ato infracional. O SINASE é, portanto:

“Um conjunto ordenado de princípios, regras e critérios para

a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele,

por adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais,

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bem como todos os planos, políticas e programas específicos

de atendimento para a execução de medidas aos

adolescentes a quem se atribui a prática do ato infracional.

Compreende um sistema dentro do Sistema de Garantia

de Direitos, que visa assegurar ações de Promoção, Defesa

e Controle Social dos direitos e da política de atenção da

criança e do adolescente, através de um conjunto de ações

governamentais articuladas que envolvem a União, os

estados, o Distrito Federal e os Municípios; os Poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário; e a sociedade civil”

(LAZZAROTTO, 2013, p. 248 e 249).

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA-PARTICIPANTE

Nesta pesquisa optou-se por uma metodologia que possibilitasse a

aplicação dos pressupostos teóricos construídos e discutidos no grupo de

pesquisa na realidade empírica dos profissionais que trabalham no Sistema

Socioeducativo em âmbito municipal para produzir um diálogo entre os dois

segmentos e possibilitar ao grupo intervir na realidade. Este tipo de pesquisa

entende os sujeitos como partícipes no processo de construção do

conhecimento e denomina-se “Pesquisa participante”.

A pesquisa participante insere-se na pesquisa prática, classificação

apresentada por Pedro Demo, “é ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em

termos de usar conhecimento científico para fins explícitos de intervenção;

nesse sentido, não esconde sua ideologia, sem com isso necessariamente

perder de vista o rigor metodológico” (DEMO, 1981, p. 21). Há na pesquisa

participante um componente político que possibilita discutir a importância do

processo de investigação tendo por perspectiva a intervenção na realidade

social.

Ela não visa à neutralidade, ao contrário, quer realmente intervir na

sociedade para que o conhecimento sistematizado na academia chegue até o

contexto da prática e a prática cotidiana “revitalize” o meio acadêmico, unindo

teoria e prática por meio de um modelo em que os pesquisadores e sujeitos

construam em igualdade, embora por prismas diferentes, novas perspectivas

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teóricas e práticas e, principalmente, alternativas reais de enfrentamento a

problemas sociais.

Nesse sentido definimos como lócus de pesquisa o Sistema

Socioeducativo de um município da região metropolitana de Porto Alegre,

Brasil. Iremos acompanhar as reuniões do Conselho Municipal da Criança e do

Adolescente, pois nessas reuniões encontram-se representados os diversos

entes que compõem o referido sistema, isso se torna uma profícua

oportunidade de diálogo entre os agentes do Sistema Socioeducativo e os

pesquisadores do grupo de pesquisa.

Utilizaremos como instrumentos de pesquisa a observação participante, o

diário de campo, a análise documental, entrevistas semiestruturadas e

criaremos dinâmicas de interação pedagógica. Estas últimas serão definidas de

acordo com a evolução da interação com os sujeitos de pesquisa. Cabe ressaltar

que estes sujeitos não serão escolhidos a priori, bem como, os instrumentos e

técnicas de pesquisa poderão sofrer alterações ao longo dela.

A análise dos dados coletados dar-se-á pela Análise de Discurso-AD. A

AD procura compreender os processos de significação entre interlocutores

levando em consideração, além do sujeito e das formações discursivas e

ideológicas pelas quais ele é “interpelado”, as condições de produção do

discurso, ou seja, o contexto em que é produzido.

5 PRIMEIRAS IMPRESSÕES

O trabalho, em andamento, já demonstra potencialidades no que diz

respeito à integração da pesquisa com a sociedade, pois proporciona ao grupo

de pesquisa, além da construção do conhecimento e a resposta das questões de

pesquisa, a interação com a sociedade e, aos sujeitos de pesquisa, a reflexão

acerca de suas práticas e o conhecimento das atividades desenvolvidas na

academia.

Atenta para a falta de articulação dos vários órgãos que compõem o

sistema socioeducativo, a falta de efetividade do Conselho Municipal da Criança

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e do Adolescente e, sobretudo, a pequena articulação com a comunidade local,

o que reforça a “invisibilidade” dessa parcela da população.

A construção metodológica é um dos pontos “fortes” do trabalho, pois as

pesquisas de cunho jurídico demandam uma maior abertura e diálogo com

outros campos do conhecimento, bem como a execução de estudos com

“caráter empírico” e “rigor metodológico” (BRASIL, 2013, p. 10), fazendo deste

trabalho uma ótima oportunidade para que isso ocorra3.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Janeiro: Guanabara Koogan, 1981.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução, Plínio Dentzien. Rio de

Janeiro: Zahar, 2001.

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Brasília, DF: Senado federal, 1988.

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de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a execução das medidas

socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional. Diário

Oficial da União: Brasília, DF, ano 191, p. 3, 19 jul. 2012.

______. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da

Criança e do Adolescente. Diário Oficial da União: Brasília, DF, ano 169,

p.1353,16 jul. 1990.

______. Ministério da Justiça. Secretaria de Assuntos Legislativos. O papel da

pesquisa política legislativa: metodologia e relato de experiências do Projeto

pensando o Direito. Brasília: Ministério da justiça, 2013.

3 Sobre esse tema uma obra importante é “A pesquisa empírica em direito: as regras de inferência” de Lee

Epstein e Gary King.

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______. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Sistema Nacional

De Atendimento Socioeducativo – SINASE. Secretaria Especial dos Direitos

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