1742) Percepções variadas do papel desempenhado pelo Brasil como ator global: alianças...

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Percepções variadas do papel desempenhado pelo Brasil como ator global: alianças estratégicas ou retórica política? Paulo Roberto de Almeida Doutor em ciências sociais, diplomata de carreira. Professor no Mestrado do Uniceub, Brasília. (www.pralmeida.org) Seminário da Fundação Friedrich Ebert/ ILDES “Novas dinâmicas na política internacional: o Brasil como ator regional e global” (São Paulo, dia 17 de abril de 2007)

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Percepções variadas do papel desempenhado pelo Brasil como ator global: alianças

estratégicas ou retórica política?

Paulo Roberto de AlmeidaDoutor em ciências sociais, diplomata de

carreira.Professor no Mestrado do Uniceub,

Brasília.(www.pralmeida.org)Seminário da Fundação Friedrich Ebert/ ILDES

“Novas dinâmicas na política internacional:o Brasil como ator regional e global”(São Paulo, dia 17 de abril de 2007)

Esquema da Apresentação:Primeira Parte:

Novas dinâmicas na política internacional

    Os grandes temas da agenda global (política, econômica, tecnológica e estratégica) e suas implicações para o Brasil

Segunda Parte: O Brasil como ator global e regional

Avaliação da agenda diplomática brasileira em função dos objetivos proclamados e dos resultados alcançados

Conclusões:O Brasil entre a retórica e a realidade

Mini-bibliografia de Paulo R. Almeida sobre a diplomacia

brasileira atual:- “A diplomacia do governo Lula em seu primeiro mandato” Carta Internacional (SP: Nupri-USP, nr. 4, março 2007)

- “Uma nova ‘arquitetura’ diplomática?: interpretações divergentes sobre a política externa do Governo Lula (2003-2006)”, Revista Brasileira de Política Internacional (Brasília: IBRI: ano 49, nº 1, 2006, p. 95-116)

- “Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula”, Revista Brasileira de Política Internacional (Brasília: IBRI, ano 47, nº 1, 2004, p. 162-184)

- “A política internacional do Partido dos Trabalhadores: da fundação do partido à diplomacia do governo Lula” revista Sociologia e Política (Curitiba: UFPR, nº 20, 2003, p. 87-102)

Esquema da Primeira Parte: Novas dinâmicas na

política internacional1) A ordem política mundial: novos problemas, velhas soluções? 1) A ordem política mundial: novos problemas, velhas soluções?

Segurança estratégica, relações entre as grandes potências;Segurança estratégica, relações entre as grandes potências;Conflitos regionais e cooperação política e militar nos Conflitos regionais e cooperação política e militar nos hot-hot-spotsspots;;

2) A ordem econômica mundial: velhos problemas, novas soluções?2) A ordem econômica mundial: velhos problemas, novas soluções?Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais;Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais;Assimetrias de desenvolvimento e cooperação multilateral (ODMs);Assimetrias de desenvolvimento e cooperação multilateral (ODMs);

3) A ordem política e econômica mundial e o Brasil:3) A ordem política e econômica mundial e o Brasil: Crescimento econômico, investimentos, acesso a mercados;Crescimento econômico, investimentos, acesso a mercados;Integração regional, recursos energéticos, segurança e Integração regional, recursos energéticos, segurança e estabilidade;estabilidade;

1.1. A ordem política internacionalA ordem política internacional(a) Segurança estratégica

Problemas mundiais: Implicações para o Brasil:1) Questão nuclear e não proliferação:

TNP (1968);2) Esquemas de defesa: OTAN e Guerra Fria;

3) Mudanças nos cenários: dos enfrentamentos

entre Estados aos conflitos

assimétricos;4) Crime

organizado, narco-guerrilha.

1) Brasil aderiu ao TNP apenas em 1996;

2) TIAR, 1947: inoperância relativa;

3) Paz relativa na América do Sul:

ausência de focos declarados de tensão inter ou intra-estatais;

4) Preparado para as novas missões?

1.1. A ordem política internacionalA ordem política internacional(b) Relações entre as grandes

potências, (i)Problemas mundiais: Implicações para o Brasil:1) Bipolaridade

estrita: de 1947 a 1972;

2) Distensão e coexistência

pacífica: doutrina MAD;

3) Agenda de acordos bilaterais de controle de

armas entre EUA-URSS nos anos 1970;

4) Ocaso do socialismo e nova ordem mundial.

1) Alinhamento do Brasil aos EUA:

Ocidente;2) Política externa independente (1961-

64);3) Agenda dos três Ds: democracia, desarma-mento, desenvolvimento (hoje direitos

humanos);4) Dividendos da

paz para o desenvolvimento...

1.1. A ordem política internacionalA ordem política internacional(b) Relações entre as grandes

potências, (ii)Problemas mundiais: Implicações para o Brasil:1) Unipolaridade imperial: os EUA

desde 1992;2) Desaparecimento da URSS: lacuna

política;3) Novos

desafiantes do jogo imperial: a China;

4) Equilíbrio instável entre

objetivos econômicos e

políticos na nova ordem.

1) Adequação à nova ordem da

globalização;2) Ascensão na ordem econômica

mundial;3) Diplomacia

presidencial ativa: novos parceiros;4) Construção de

novos cenários para atuação como

potência média.

1.1. A ordem política internacionalA ordem política internacional(c) Conflitos regionais

Problemas mundiais: Implicações para o Brasil:1) Confrontação

global deixa de ser dominante;

2) Conflitos regionais perdem vetor ideológico;3) Guerras civis e

étnicas: novo intervencionismo;

4) Vertentes política e militar

do novo intervencionismo.

1) Diminuição dos focos de tensão: ponto positivo;

2) Maniqueísmo da Guerra Fria torna-se

anacrônico;3) Dilemas quanto

aos velhos princípios da Haia;4) Capacidade de

ação e meios militares: os “excedentes de

poder”.

1.1. A ordem política internacionalA ordem política internacional(d) Cooperação política e militar nos

hot-spotsProblemas mundiais: Implicações para o Brasil:1) Fim da Guerra Fria como fim da

História?2) Reforma da

Carta: uma missão impossível?;3) A primeira

guerra do Golfo: o Iraque vilão;

4) Ruanda e Balcãs: a Europa como anã

militar;5) Segunda guerra do Golfo: o Iraque

de novo.

1) Nova chance de entrar no CSNU?: Sarney (1989);2) Brasil como

candidato “natural”: mas regional?;3) Legado: neutralidade

condescendente?;4) Indecisões e falta de meios: apoio discreto;

5) Diplomacia ativa e altiva em ação:

tentativas.

2. A ordem econômica internacional2. A ordem econômica internacional(a) Regulação cooperativa das

relaçõesProblemas mundiais: Implicações para o Brasil:

1) Bretton Woods: end of illusions, 1971-

73;2) Do GATT à OMC: um sistema mais previsível;

3) Neoprotecionismo e novos temas:

desafios;4) Multilateralismo e minilateralismo:

who wins?5) Impasses na Rodada de Doha: quem perde mais?

1) Brasil como free-rider: controle de

capitais;2) Participação

modesta nas trocas internacionais;3) Abertura econômica e

liberalização comercial;

4) Estratégias regionais e

multilaterais: custos?;

5) Ofensivo: agricultura; defensivo:

bens/serviços.

2. A ordem econômica internacional2. A ordem econômica internacional(b) Assimetrias de desenvolvimentoProblemas mundiais: Implicações para o Brasil:1) Empresas

multinacionais como ameaça: controles;2) Fim da história e globalização: oportunidade3) Regulação

multilateral dos investimentos:

falhas;4) Novas

configurações da economia mundial:

NICs;5) Agenda da graduação:

emergentes devem pagar.

1) Nova ordem econômica: Estados perdem alavancas;2) Bem-vindos os capitais, não os capitalistas;

3) Pouca disposição liberalizadora na

OMC;4) Ascensão e estagnação do crescimento: debilidades;5)Insiste no tratamento

preferencial para PEDs.

2. A ordem econômica internacional2. A ordem econômica internacional(c) Cooperação multilateral (Metas do

Milênio)Problemas mundiais: Implicações para o Brasil:1) Divergência: grandes gaps de desenvolvimento;2) Ajuda externa

promove o desenvolvimento?;3) Compromisso com as Metas do Milênio

(2015);4) Financiamento

para se alcançar as metas?;

5) Donors fatigue: questão de $$$ ou de governança?

1) Brasil tornou-se uma potência industrial;2) Crença na cooperação

internacional: ilusão?;3) Mínimo

denominador comum: países pobres;

4) Proposta de um Fome Zero Mundial:

factível?;5) Agenda paralela com Chirac: nova

tributação?

3. A ordem mundial e o Brasil:3. A ordem mundial e o Brasil:(a) Crescimento econômico

Panorama mundial: Implicações para o Brasil:1) Inédito em 30 anos: crescimento

da economia;2) Maior

disponibilidade de capitais: novas

crises?;3) BRICs: fatores

internos e externos de crescimento;

4) Good fundamentals: as percepções de

risco;5) Novas

configurações da economia mundial:

G-13?

1) Brasil e América Latina crescem muito pouco;2) Menor

vulnerabilidade externa:

consolidada?;3) RIC do B?: o

atrasado do pelotão e suas causas;

4) A longa marcha para o investment-

grade;5) O Brasil como

small player no cenário mundial.

3. A ordem mundial e3. A ordem mundial e o Brasil:o Brasil:(b) Investimentos diretos

estrangeirosPanorama mundial: Implicações para o Brasil:

1) Fator preponderante de

ganhos tecnológicos;

2) Sem regras desde conf. Havana: lacunas legais;

3) APPIs: proliferação de

acordos bilaterais;4) O exercício do

MAI na OCDE: frustração;

5) Impasses do tema na agenda

multilateral.

1) Brasil sempre foi um

beneficiário: lista Forbes;

2) Legislação brasileira:

estabilidade e abertura;

3) Brasil assinou 17: não aprovou nenhum (PT);4) Brasil

participa, ma non troppo: restrições;

5) Brasil quer preservar os policy

spaces internamente.

3. A ordem mundial e3. A ordem mundial e o Brasil:o Brasil:(c) Acesso a mercados

Panorama mundial: Implicações para o Brasil:1) Lições da Rodada

Uruguai: promessas…;

2) Novas regras em novos campos: Cingapura;

3) Lançamento da Rodada de Doha: ambiguidades;

40 Impasses reais e de procedimento:

Cancún;5) Hong Kong e

Genebra: esperança equilibrista…

1) Atitude + ofensiva do que

defensiva: agricultura;

2) Compromissos mínimos: Brasil sem

ITA;3) Insiste na

agenda do desenvolvimento:

custos?;4) G-20: limites

máximos, possibilidades

mínimas;5) Contenciosos no plano bilateral: o

que restou?

3. A ordem mundial e3. A ordem mundial e o Brasil:o Brasil:(d) Integração regional

Panorama mundial: Implicações para o Brasil:1) De Roma a

Maastricht: do MCE à UE/UEM;

2) Regionalismo é aberto,

discriminação é de fato;

3) O spaghetti bowl de Jagdish

Bhagwati: encore;4) Controvérsias na OMC: aumento dos

conflitos?;5) Do

multilateralismo ao minilateralismo:

opções?

1) Da Alalc à Aladi e ao Mercosul: tentativas;

2) O Mercosul-avestruz: um ciclo de introversão?;

3) Exceções nacionais à ZLC e à UA: crescentes?;4) Ganhou mas não levou: casos do

algodão e açúcar;5) EUA e Brasil: as redes de acordos minilaterais.

3. A ordem mundial e3. A ordem mundial e o Brasil:o Brasil:(e) Recursos energéticos

Panorama mundial: Implicações para o Brasil:1) Velhos e novos

choques do petróleo: mudanças; 2) Diversificação como princípio: tipos e fontes;3) Do choque de

oferta ao choque de demanda: 2005;4) Realidades geopolíticas do

novo mapa energético;

5) Mercado de renováveis: Brasil como major player.

1) Da fragilidade às novas

alternativas: nossa matriz;

2) A busca da autonomia: fontes

internas e regionais;3) A auto-

suficiência é um ganho ou um processo?;

4) Bons vizinhos?: aposta na Bolívia (e os riscos?);

5) Requerimentos do novo papel mundial

em energia.

3. A ordem mundial e3. A ordem mundial e o Brasil:o Brasil:(f) Segurança e estabilidade

Panorama mundial: Implicações para o Brasil:1) Fontes das novas

ameaças: o terrorismo; 2) Cenários

geopolíticos das novas hecatombes;

3) Não-proliferação e regimes restritos: desafios;

4) Reforma do CSNU: quem entra, exatamente?;

5) Um jogo dos grandes:

soldados+talão de cheques.

1) Brasil quer “atuar sobre as

causas”: limitações;

2) Região imune a riscos, mas efeitos

indiretos;3) Militares e diplomatas:

divergências de fundo?;

4) Brasil eterno candidato: sucessos

e frustrações;5) Missões de paz

ONU: bilhete para o ingresso?

Esquema da Segunda Parte: O Brasil como ator global e

regional1. Multilateralismo: “nova relação de forças”2. ONU: ingresso no Conselho de Segurança 3. Globalização e volatilidade internacional 4. OMC e negociações comerciais multilaterais 5. Relações Sul-Sul6. Brasil como “líder” regional e mundial7. O Mercosul e a inserção externa do Brasil8. Comunidade Sul-Americana de Nações9. Negociações comerciais hemisféricas

1. Multilateralismo e nova “relação de forças” no mundo

Iniciativas diplomáticas:

Avaliação preliminar:

1) Forte ênfase no sistema político multilateral;2) Reafirmação

tradicional da soberania nacional;

3) Ênfase na igualdade soberana dos países (Rui

Barbosa);4) Busca de uma “mudança

no eixo do poder mundial”;

5) Persegue uma estratégia de alianças estratégicas com algumas

potências médias e outras nações emergentes de postura independente.

1) Multilateralismo é ineficaz para vários problemas mundiais;2) Mundo atual é caracterizado pela interdependência

efetiva;3) Alguns se acham “mais iguais”, inclusive o

Brasil;4) Resulta mais da

relevância do país, do que da sua vontade;

5) O sistema mundial é hoje mais diversificado

e os interesses nacionais nem sempre são coincidentes, sobretudo na esfera econômica.

2. Conselho de Segurança das Nações UnidasIniciativas

diplomáticas:Avaliação preliminar:

1) Enorme prioridade à conquista de uma cadeira permanente, com gestão

direta e perdão de dívidas bilaterais;

2) Multiplicação de apoios à pretensão, inclusive de

membros do CSNU;3) Contrapartida:

necessidade de o País assumir novas e maiores

responsabilidades, em termos de segurança, de assistência humanitária e de cooperação ao desenvolvimento de países

pobres;4) Maiores encargos

financeiros, humanos e diplomáticos;

5) Grandes investimentos político-diplomáticos (G-4)

e frustração pela não-reforma e o impasse criado.

1) Pedidos de apoio já revelam problema de

representatividade e de legitimidade da demanda;2) Os apoios manifestados podem ter sido meramente

retóricos;3) Dificuldades: o Brasil não tem “excedentes de

poder”, em termos de forças militares, e solidez

econômica e financeira para cooperação técnica

internacional, além de ainda manter o status de “país em

desenvolvimento”;4) Dificuldades fiscais previsíveis, agora e no

futuro, para essa expansão;5) Situação de impasse deve

persistir pelo futuro previsível, no plano

regional e entre as grandes potências.

3. Globalização e volatilidade financeira internacional

Iniciativas diplomáticas:

Avaliação preliminar:

1) No início: adesão às teses econômicas do Foro Social Mundial: “um outro

mundo é possível”;2) “Ponte” entre Porto

Alegre e Davos: diálogo com os dois mundos, os

alternativos de Porto Alegre e os capitalistas de Davos; 3) Antes: combate à fome e a pobreza mundial por meio de taxas sobre os fluxos de capitais (Tobin) e sobre o comércio internacional de

armas;4) Recusa explícita do chamado “consenso de Washington”: proposta Brasil-Argentina de um

“consenso de Buenos Aires”, aberto aos países da região

e do mundo;

1) Depois: “por um mundo mais justo”: ou seja, o atual é aceitável, com alguns “ajustes solidários”;

2) Contradições entre as duas agendas: na prática, os antiglobalizadores não têm nada de concreto e factível a propor, do ponto de vista

do Brasil; 3) Pouco sucesso no “Fome Zero Mundial”: apenas uma taxa, nacional e de adesão voluntária, sobre passagens aéreas, para remédios anti-

Aids;4) Maior parte dos países adere implicitamente ao “consenso de Washington; aceitação inexistente ou

nula do “consenso de Buenos Aires” por outros países:

teses vagas;

4. OMC e negociações comerciais multilaterais

Iniciativas diplomáticas:

Avaliação preliminar:

1) Ativismo diplomático: formação do G-20, em Cancun (setembro de 2003): fim dos subsídios internos e das

subvenções às exportações de produtos agrícolas;

2) Enfática defesa, na OMC, da soberania econômica nacional e de políticas

nacionais, macroeconômicas e setoriais, para o

desenvolvimento nacional (TRIMs-minus);

3) Ofensivo na demanda de acesso a mercados agrícolas, mas defensivo na abertura e liberalização dos setores industriais, de serviços nacionais e de compras

governamentais.

1) Vitória mais de procedimento do que de substância: interesses

internos dos países membros são algo contraditórios e defensivos; amarra o Brasil a posições menos ofensivas

da China e da Índia;2) Pequeno entendimento

nacional sobre as políticas nacionais e setoriais de

desenvolvimento: inconsistências temporais e substantivas na definição de

políticas adequadas ao momento;

3) Necessidade de maior equilíbrio negociador e construção de consenso interno em favor de nova

abertura e de liberalização progressiva da política comercial externa.

5. Relações Sul-Sul - países em desenvolvimento

Iniciativas diplomáticas:

Avaliação preliminar:

1) Grande arco de alianças estratégicas: China, Índia,

Rússia, África do Sul;2) Formação do G-3 ou IBAS

(com África do Sul e Índia);3) Concertação política,

econômica e até “estratégica” com China e

Rússia;4) Tentativa de coordenação política, além do desejo de

aprofundar os laços econômicos, tecnológicos e de cooperação técnica em várias regiões: América do Sul, Oriente Médio, África;

5) Política de ativa solidariedade com a África: o Presidente reconhece, em

nome da Nação, os séculos de tráfico e de escravidão e a exclusão atual dos afro-

brasileiros.

1) Alianças estratégicas devem estar condicionadas a

interesses nacionais;2) Um formato em busca de

algum conteúdo: qual seria?;3) Diferenciais de poder e de presença internacional dificultam o intento;

4) Sucesso apenas parcial nas iniciativas: os países

adotam uma postura pragmática (e não

principista) na definição de suas propostas e ações

diplomáticas e de cooperação;

5) Dúvidas quanto à consistência histórica e

moral da “dívida para com a África”; sociedade está

dividida: gerações atuais não se sentem responsáveis

pela situação..

6. Brasil como “líder” regional e mundialIniciativas

diplomáticas:Avaliação preliminar:

1) Um dos grandes objetivos políticos, não necessariamente limitado à região, mas podendo

estender-se ao mundo;2) Esse papel deveria ser

conquistado com base no ativismo diplomático e nas alianças estratégicas, com países

selecionados, que estão sendo desenvolvidas;

3) Não parecem existir, a priori, limitações estruturais

(orçamentárias e militares) a essa pretensão à liderança;4) O elemento da liderança aparece nas relações com os vizinhos, mas também com os países africanos e, de modo

geral, para o mundo em desenvolvimento;

5) Na prática, o exercício da liderança é mais difícil do que o antecipado nos discursos para

consumo público.

1) Raramente, em diplomacia, se afirma liderança, mas se espera que ela seja reconhecida, em

bases concretas; 2) A liderança deve resultar de

uma gradual preeminência econômica, na própria região, estendendo-se eventualmente, a

outras regiões;3) Deve haver uma avaliação

clara da limitação dos recursos disponíveis para a ação externa

do Estado;4) Existem limites, derivados da capacidade econômica do Brasil,

a essa liderança, bem como restrições dadas pelas

percepções dos parceiros (Argentina);

5) Na prática, não há disponibilidade de recursos

financeiros, ou sequer militares e diplomáticos, para isso.

7. O Mercosul e a inserção externa do Brasil, 1Iniciativas

diplomáticas:Avaliação preliminar:

1) A prioridade mais importante da diplomacia brasileira: importância estratégica do Mercosul para a união da América

do Sul; ampliação;2) Região deveria estar livre de influências “externas” (EUA) e das limitações hegemônicas por ele impostas (Alca);

3) Mercosul como fortaleza defensiva

contra as investidas do império;

1) Determinismos geográficos não são bons

conselheiros para a inserção internacional:

o ideal seria o universalismo sem

restrições;2) Idéia de

exclusividade regional e de supostas ameaças externas não combinam com realidade de um mundo globalizado;3) Mercosul como plataforma para o exercício de uma interdependência

assumida;

7. O Mercosul e a inserção externa do Brasil, 2Iniciativas

diplomáticas:Avaliação preliminar:

4) O social e o político assumem precedência no processo de integração;

5) Mercosul buscado não como meio para realizar objetivos de política externa, mas

como fim em si mesmo: Brasil assume custos e

responsabilidades no Mercosul (Argentina e Bolívia, por exemplo);

6) Assimetrias internas tem de ser superadas mediante programas compensatórios, num esquema similar ao dos

fundos europeus de convergência (Brasil paga

70% do custo)..

4) Na ausência de progressos econômicos e comerciais fica

difícil sustentar a integração;

5) A integração e o Mercosul não podem ser fins, em si mesmos, mas servir de base

para objetivos de desenvolvimento nacional.

Brasil não dispõe de recursos suficientes;

6) Assimetrias internas ao Brasil são bem mais importantes do que as

existentes entre os países do Mercosul; estas, de fato,

constituem a base da integração regional (David

Ricardo).

A integração não pode ser construída com base em órgãos políticos apenas, mas sim responder a

requerimentos concretos da economia.

8. Comunidade Sul-Americana de NaçõesIniciativas

diplomáticas:Avaliação preliminar:

1) “Relações estratégicas” e iniciativas políticas: visitas a todos e recebimento em Brasília de

todos os chefes de Estado da região; 2) Região é vista como cenário de atuação prioritária da diplomacia brasileira, em competição com os EUA; sustentação das negociações

regionais entre a CAN e o Mercosul; idéia da Casa é “vendida” aos sócios

do Mercosul; 3) Liderança proclamada na região recebeu menor carga retórica no

período recente;4) Estratégia arriscada nas

negociações hemisféricas da Alca; reintegração de Cuba ao concerto

americano (dificuldades);5) Esquema da IIRSA parcialmente aceito pelo governo Lula, que

prefere financiamento bilateral pelo BNDES (limitação de recursos para a

materialização dos projetos concebidos); novo projeto de um

“Banco del Sur”.

1) Abandono de uma postura tradicionalmente mais discreta na

região pode redundar em resistências que estavam sendo superadas;

2) Acordos limitados; dificuldades para a formação de uma área de livre comércio (poder de atração dos EUA, que fez rede de acordos bilaterais);

países preferem manter opções abertas: diferenças de poder e de

mercados;3) Reconhecimento das limitações à liderança regional, inclusive por

razões históricas; 4) “Sucesso” na paralisação da Alca representou uma frustração para os demais países, que querem ganhar

acesso ao mercado EUA;5) Comunidade não tem estrutura

definida; esquemas de financiamento não são a maior dificuldade, e sim a

existência de bons projetos, com capacidade gerencial para levá-los a bom termo, o que depende dos países.

Relações com países da região devem partir de: pacificação política e militar dos países vizinhos, estabilidade social e

perspectivas de crescimento econômico na região.

9. Negociações comerciais hemisféricasIniciativas

diplomáticas:Avaliação preliminar:

1) PT sempre se opôs ao esquema velado de “dominação imperial”: a Alca seria simplesmente um

“projeto de anexação”;2) Plebiscito contra a Alca em 2002, com amplo apoio de setores

do PT e de sindicatos identificados com o partido), mas PT retirou seu patrocínio

explícito (eleições);3) Aceitação relutante do livre-comércio: defesa dos “espaços

nacionais”;4) Barganha ainda mais dura na mesa de negociações: impasses negociais ao longo de 2003

(ministerial de Miami) e início de 2004: Alca parou em Mar del

Plata (2005);5) “Interesse nacional” e

desvantagens da liberalização comercial assimétrica;6) Minilateralismo e

liberalização à la carte: de fato, a Alca “aladizou-se”; EUA se

lançam à construção de sua rede de acordos.

1) Motivação não derivou de uma análise de cunho econômico, mas

de uma ação essencialmente política e ideológica;

2) A oposição continuou no âmbito da base social e dos grupos de apoio, se manteve ativa no MRE, mas apoio em outros setores do governo

(Fazenda, Agricultura, MDIC); 3) De fato se buscou

diversificar o comércio no Sul, para não ser “dependente” do

Norte;4) Ação contra a Alca feita no interior do processo negocial, com base em novos requerimentos para alcançar resultados: “três vias”, “Alca light” ou “à la

carte”;5) Não há acordo sobre o interesse nacional e sobre

resultados da liberalização;6) Qualquer progresso depende de progresso na Rodada Doha (OMC);

Brasil ficou sem opções de acesso a mercados.

Conclusões:O Brasil entre a retórica e

a realidade1) A velha ordem política mundial : ainda os mesmos parâmetros 1) A velha ordem política mundial : ainda os mesmos parâmetros O que determina a agenda mundial, em última O que determina a agenda mundial, em última instância, é a capacidade de projetar poder instância, é a capacidade de projetar poder militar e o Brasil tem sérias limitações nessa militar e o Brasil tem sérias limitações nessa vertente;vertente;

2) Nova ordem econômica mundial: a interdependência na prática2) Nova ordem econômica mundial: a interdependência na práticaO mundo está sendo refeito no plano econômico e O mundo está sendo refeito no plano econômico e nisso também a capacidade do Brasil em moldar esse nisso também a capacidade do Brasil em moldar esse novo mundo é muito limitada;novo mundo é muito limitada;

3) Uma ordem mundial e regional para o Brasil:3) Uma ordem mundial e regional para o Brasil: Se o Brasil pretender influenciar o perfil Se o Brasil pretender influenciar o perfil mundial, mais regional do que mundial, terá de mundial, mais regional do que mundial, terá de fazer grande esforço em prol do seu próprio fazer grande esforço em prol do seu próprio crescimento e estabilidade; ele tem, pela primeira crescimento e estabilidade; ele tem, pela primeira vez em sua história, a capacidade de ajudar a vez em sua história, a capacidade de ajudar a moldar a nova matriz energética mundial.moldar a nova matriz energética mundial.

Mini-bibliografia do autor sobre as relações internacionais e o Brasil:

- O Estudo das relações internacionais do Brasil: um diálogo entre a diplomacia e a academia (Brasília: LGE Editora, 2006)

- Relações internacionais e política externa do Brasil: história e sociologia da diplomacia brasileira (2ª edição; Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004; 1ª edição: 1998)

- Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas (São Paulo: Paz e Terra, 2001)

- Velhos e novos manifestos: o socialismo na era da globalização (São Paulo: Juarez Oliveira Editora, 1999)

Informações: www.pralmeida.org

Mini-bibliografia sobre aspectos históricos da diplomacia brasileira:

- Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império: (São Paulo-Brasília: Senac-Funag, 2001 e 2005)

- O Brasil e o multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 1999)

- Mercosul: fundamentos e perspectivas (São Paulo: LTr, 1998)

- O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Aduaneiras, 1993)

Informações: www.pralmeida.org

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Outras informações: www.pralmeida.org