06-Introdução boletim bacia do paraná

23
B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 183 Bacias Sedimentares Brasileiras - Cartas Estratigráficas Introdução Edison José Milani 1 (Coordenador), Hamilton Duncan Rangel 2 , Gilmar Vital Bueno 3 , Juliano Magalhães Stica 2 , Wilson Rubem Winter 4 , José Maurício Caixeta 5 , Otaviano da Cruz Pessoa Neto 6 Os mais de 50 anos de trabalho exploratório cumulativo empreendido pela Petrobras nas bacias sedimentares brasileiras propiciaram a compilação de um enorme acervo de informações geológico- geofísicas, que permitem hoje uma compreensão se- gura do arcabouço estratigráfico e estrutural dessas áreas. Apoiados pelas pesquisas em bioestratigrafia e sedimentologia sobre dados de poços e afloramen- tos, e com um importante suporte da sísmica de re- flexão, aos geólogos da Companhia é possível re- presentar o arranjo estratigráfico das várias provín- cias geológicas na forma de diagramas cronoestrati- gráficos, as comumente denominadas cartas estrati- gráficas, representativas dos atributos fundamentais do preenchimento sedimentar-magmático de cada uma das bacias pesquisadas para petróleo no País. Embora apresentadas de maneira isolada em publi- cações diversas desde os anos 60, foi no Boletim de Geociências da Petrobras v. 8, n. 1, de 1994, que as cartas de todas as bacias foram padronizadas e apre- sentadas em conjunto. Nos últimos três anos, os geólogos da Petrobras novamente se mobilizaram para um processo extensi- vo de revisão das cartas estratigráficas. Diversas bacias tiveram uma enorme evolução do conhecimento des- de 1994, pela aquisição de um volume muito grande de novos dados geológicos e geofísicos e pela evolu- ção natural do conhecimento acumulado. Em outras, nada ou muito pouco foi feito em termos de atividade exploratória desde a publicação da versão anterior das cartas, mas as equipes de interpretação das bacias mu- daram, de modo que mesmo para esses casos as car- tas agora apresentadas mostram-se diferentes das an- teriores, o que por si só constitui um estimulante mate- rial para alimentar o debate técnico-científico que, cer- tamente, é por ele suscitado. As cartas ora publicadas, além de um conteúdo atualizado, incorporam alterações em sua forma quan- do cotejadas às de 1994. A mais expressiva das mudan- ças foi a supressão da coluna relativa ao zoneamento bioestratigráfico, uma informação proprietária de inesti- mável valor estratégico no processo exploratório e cuja atualização permanente é fonte de inequívoca vanta- gem competitiva da Petrobras no estudo das bacias se- dimentares brasileiras. Mas se o detalhado biozonea- mento realizado pela empresa não é aqui apresentado, ele serviu de base ao posicionamento das seções sedi- mentares das bacias brasileiras em escalas geocronológicas internacionais. A referência de idades absolutas utilizada foi a de Gradstein et al . (2004), de quem foram emprestadas também as cores padroniza- das de cada intervalo de tempo geológico. Os desenhos se acomodam em escalas verticais variáveis, adaptadas aos diferentes tipos de bacia apresentados e à amplitu- de temporal de seu registro estratigráfico. Uma segunda alteração importante na forma das cartas ora disponibilizadas se relaciona a uma diferen- ciação gráfica imposta às seções sedimentares, conso- ante em seu relacionamento - pleno ou secundário - a uma determinada bacia. É assim que, no desenho das cartas cronoestratigráficas, foram representadas, em cores, as unidades rochosas que dizem respeito ao pre- 1 Centro de Pesquisas da Petrobras/P&D de Exploração/Geologia Estrutural & Geotectônica - e-mail: [email protected] 2 E&P Exploração/Gestão de Projetos Exploratórios/NNE 3 E&P Exploração/Geologia Aplicada a Exploração/Modelagem de Sistema Petrolífero 4 Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos/Exploração/Sedimentologia e Estratigrafia 5 E&P Exploração/Interpretação e Avaliação das Bacias da Costa Leste/Interpretação 6 E&P Exploração/Interpretação e Avaliação da Margem Equatorial e Bacias Interiores/Interpretação

Transcript of 06-Introdução boletim bacia do paraná

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 183

Bacias Sedimentares Brasileiras - CartasEstratigráficas

IntroduçãoEdison José Milani1 (Coordenador), Hamilton Duncan Rangel2, Gilmar Vital Bueno3,Juliano Magalhães Stica2, Wilson Rubem Winter4, José Maurício Caixeta5,Otaviano da Cruz Pessoa Neto6

Os mais de 50 anos de trabalho exploratóriocumulativo empreendido pela Petrobras nas baciassedimentares brasileiras propiciaram a compilaçãode um enorme acervo de informações geológico-geofísicas, que permitem hoje uma compreensão se-gura do arcabouço estratigráfico e estrutural dessasáreas. Apoiados pelas pesquisas em bioestratigrafiae sedimentologia sobre dados de poços e afloramen-tos, e com um importante suporte da sísmica de re-flexão, aos geólogos da Companhia é possível re-presentar o arranjo estratigráfico das várias provín-cias geológicas na forma de diagramas cronoestrati-gráficos, as comumente denominadas cartas estrati-gráficas, representativas dos atributos fundamentaisdo preenchimento sedimentar-magmático de cadauma das bacias pesquisadas para petróleo no País.Embora apresentadas de maneira isolada em publi-cações diversas desde os anos 60, foi no Boletim deGeociências da Petrobras v. 8, n. 1, de 1994, que ascartas de todas as bacias foram padronizadas e apre-sentadas em conjunto.

Nos últimos três anos, os geólogos da Petrobrasnovamente se mobilizaram para um processo extensi-vo de revisão das cartas estratigráficas. Diversas baciastiveram uma enorme evolução do conhecimento des-de 1994, pela aquisição de um volume muito grandede novos dados geológicos e geofísicos e pela evolu-ção natural do conhecimento acumulado. Em outras,nada ou muito pouco foi feito em termos de atividadeexploratória desde a publicação da versão anterior dascartas, mas as equipes de interpretação das bacias mu-

daram, de modo que mesmo para esses casos as car-tas agora apresentadas mostram-se diferentes das an-teriores, o que por si só constitui um estimulante mate-rial para alimentar o debate técnico-científico que, cer-tamente, é por ele suscitado.

As cartas ora publicadas, além de um conteúdoatualizado, incorporam alterações em sua forma quan-do cotejadas às de 1994. A mais expressiva das mudan-ças foi a supressão da coluna relativa ao zoneamentobioestratigráfico, uma informação proprietária de inesti-mável valor estratégico no processo exploratório e cujaatualização permanente é fonte de inequívoca vanta-gem competitiva da Petrobras no estudo das bacias se-dimentares brasileiras. Mas se o detalhado biozonea-mento realizado pela empresa não é aqui apresentado,ele serviu de base ao posicionamento das seções sedi-mentares das bacias brasileiras em escalasgeocronológicas internacionais. A referência de idadesabsolutas utilizada foi a de Gradstein et al. (2004), dequem foram emprestadas também as cores padroniza-das de cada intervalo de tempo geológico. Os desenhosse acomodam em escalas verticais variáveis, adaptadasaos diferentes tipos de bacia apresentados e à amplitu-de temporal de seu registro estratigráfico.

Uma segunda alteração importante na forma dascartas ora disponibilizadas se relaciona a uma diferen-ciação gráfica imposta às seções sedimentares, conso-ante em seu relacionamento - pleno ou secundário - auma determinada bacia. É assim que, no desenho dascartas cronoestratigráficas, foram representadas, emcores, as unidades rochosas que dizem respeito ao pre-

1 Centro de Pesquisas da Petrobras/P&D de Exploração/Geologia Estrutural & Geotectônica - e-mail: [email protected]

2 E&P Exploração/Gestão de Projetos Exploratórios/NNE

3 E&P Exploração/Geologia Aplicada a Exploração/Modelagem de Sistema Petrolífero

4 Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos/Exploração/Sedimentologia e Estratigrafia

5 E&P Exploração/Interpretação e Avaliação das Bacias da Costa Leste/Interpretação

6 E&P Exploração/Interpretação e Avaliação da Margem Equatorial e Bacias Interiores/Interpretação

184 | Introdução - Milani et al.

enchimento daquela bacia específica: permanecemnuma representação em preto-e-branco as seções sedi-mentares pré-existentes, que ocupavam aquele mesmocontexto geográfico em ciclos anteriores mas que nãoguardam relação genética alguma com a bacia em ques-tão. Exemplificam essa situação os relictos de sedimen-tação paleozóica que ocorrem por debaixo das baciasdo Recôncavo e de Sergipe-Alagoas, e a seçãoproterozóica a cambriana do Grupo Purus, subjacente àBacia do Amazonas. Da mesma forma, ciclos sedimen-tares posteriores àquela bacia em particular, tais como aseção cretácea que recobre parcialmente a Bacia doParnaíba, estão representados sem cores. Com essa es-tratégia, pretendeu-se reforçar o conceito de bacia sedi-mentar enquanto área subsidente e sítio deposicionaldurante um determinado ciclo geotectônico da históriageológica. As litologias presentes nas bacias, que conti-nuam com representação similar àquela das cartas de1994, são mostradas na figura 1.

Mudanças também se apresentam no que dizrespeito ao foco descritivo utilizado nos textosexplicativos de cada bacia. Considerando-se que oBoletim de 1994 enfatizou os aspectos litoestratigráfi-cos, produzindo uma síntese para todas as bacias nesseparticular, preferiu-se adotar, agora, uma descriçãoprivilegiando aspectos evolutivos, emoldurados pelasunidades aloestratigráficas de cada bacia sedimentar.Permanecem plenamente válidas as assertivas litoes-tratigráficas da versão anterior, e a ela se fará refe-rência sempre que necessário. Da mesma forma, sem-pre que julgadas oportunas, novas propostas de uni-dades estratigráficas ou mudanças no ranking dasmesmas estão sendo aqui apresentadas, o que é ocaso apenas para algumas poucas bacias.

A partir da nomenclatura adotada em 1994, emque as Seqüências Meso-Cenozóicas foram denomi-nadas por uma letra - K ou T - e uma sucessão numé-rica - 10, 20, 30 etc - representativa do empilhamentosedimentar, a evolução do conhecimento conduziu aum detalhamento daquele pioneiro arcabouçoaloestratigráfico e isso implica em algumas alteraçõesem relação ao esquema original. É assim que, emboratentando preservar as denominações já estabelecidas,correspondentes a intervalos de tempo específicos naescala geocronológica de idades absolutas, mudançasforam impostas para que fosse possível acomodar asnovas seqüências agora reconhecidas, na verdade, umprocesso em contínuo desenvolvimento. É importanteressaltar que os limites das seqüências exibem umacerta variação temporal de bacia para bacia, fruto deaspectos particulares na história evolutiva de cada umadelas. Na definição das seqüências em escalainterbacias, buscou-se evidenciar a continuidade dosprincipais eventos estratigráficos.

Uma outra alteração necessária adveio da eli-minação do termo Terciário das cartas internacionaisde referência, de modo que a denominação das Se-qüências Cenozóicas passou a ser E para as paleógenas,e N para as neógenas, segundo critério de abreviaturautilizado pela International Commission on Stratigraphy

(ICS) - (http://www.palaeos.com/Timescale/timescale.html). A opção aqui adotada para os casosem que o detalhamento e a individualização de novasseqüências tenham acarretado um conflito com as de-nominações anteriores é exemplificado na figura 2. Paraas unidades paleozóicas, são mantidas as denomina-ções aloestratigráficas de caráter local, específicas decada bacia em particular. As discordâncias aparecemnas cartas com denominações que são as de uso inter-no na Petrobras, não estabelecidas segundo um rígidocritério de nomenclatura.

Figura 1 – Simbologia litológica

utilizada nas cartas estratigráficas.

Figure 1 – Lithological representation.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 185

Um outro assunto em que o entendimentogeológico evoluiu muito pós-1994 é o dos evaporitosdo Andar Alagoas da margem leste brasileira, temaapresentado e discutido em detalhes na obra “Sal -geologia e tectônica”, organizado por Mohriak etal. (2008) e patrocinado pela Petrobras. Um aspectoem particular - com impacto no desenho das cartasestratigráficas - é o da taxa de acumulação salina,estimando-se que o empilhamento original de algunsmilhares de metros de sal, encontrado em algumasregiões das bacias brasileiras, possa ter se produzidoem menos de um milhão de anos. Com a evoluçãoposterior da margem, os evaporitos foram mobiliza-

dos na forma de almofadas, domos e diápiros, mui-tos destes com mais de sete quilômetros de altura,tendo assumido a halocinese um fundamental pa-pel na história das bacias da margem continental,inclusive em sua Geologia do Petróleo. Na escalade tempo em que são construídas as cartas estrati-gráficas, a seção salina aptiana aparece como es-treito intervalo, sendo esta, todavia, a representa-ção mais fiel do entendimento presente dos aspec-tos cronogenéticos dessa importante seção das ba-cias brasileiras. Esta situação é bem exemplificadana carta da Bacia de Santos (fig. 3), em que espes-suras similares - da ordem dos 4 mil metros - de

MaGEOCRONOLOGIA

ÉPOCA IDADE

BA

CIA

Z

BA

CIA

X

BA

CIA

Y

BA

CIA

W

BA

CIA

ZB

GP

v.8

n.1

(94)

60

70

80

90

100

110

C R

E T

Á C

E O

I N F

E R

I O

R

( G Á

L I

C O

)( S

E N

O N

I A

N O

)

S U

P E

R I

O R

APTIANO ALAGOAS

C E N O M A N I A N O

T U R O N I A N O

C O N I A C I A N O

S A N T O N I A N O

C A M P A N I A N O

D A N I A N O

S E L A N D I A N OSUP.

INF.

PALE

OC

ENO

A L B I A N O

T H A N E T I A N O

E10

-N

50

K50

T10

K120

K110

K100

K90

K80

K70

K60

K50

Figura 2 – Critérios de correlação e nomenclatura das

seqüências estratigráficas. Observar que um determinado

intervalo de tempo geológico corresponde, em diferentes

bacias, a um número variável de seqüências.

Figure 2 – Correlation and nomination criteria for

stratigraphic sequences used in this volume.

186 | Introdução - Milani et al.

evaporitos (Formação Ariri) e da seção carbonática“pré-sal” (formações Barra Velha, Itapema e Piçar-ras) contrastam expressivamente quando numa re-presentação em escala de tempo geológico.

É notável a evolução experimentada nacapacitação em Estratigrafia das universidades bra-sileiras. Diversos já são os projetos e as linhas deinvestigação conduzidas e os programas de pós-gra-duação nacionais focados nessa vertente particulardo conhecimento geocientífico. Diante deste qua-dro, reafirma-se neste volume a tradicional vocaçãopara parcerias que a Petrobras mantém com a co-munidade acadêmica do país: convidadas a partici-par, a Universidade Estadual Paulista (UNESP) e aUniversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)se fazem presentes com artigos atualizados sobre,respectivamente, as bacias do Araripe (M. Assine) ePernambuco-Paraíba (V. Córdoba e colaboradores).

Bacias Sedimentaresdo Brasil - contextoregional

As Bacias Sedimentares Fanerozóicas brasilei-ras agrupam-se em cinco grandes conjuntos, consi-derando-se a idade de seu preenchimento sedimen-

tar-magmático e o contexto tectônico em que se de-senvolveram: Sinéclises Paleozóicas, Bacias Meso-Cenozóicas de Margem Distensiva, Bacias Meso-Cenozóicas de Margem Transformante, RiftesMesozóicos Abortados e Bacias de Antepaís Andino(fig. 4). A Bacia do Acre é a singular representante,em território brasileiro, das bacias dessa última clas-se. Na realidade, esta bacia tem história complexa,policíclica, alojando unidades sedimentares a partirdo Eopaleozóico, quando era parte do contexto mar-ginal do Gondwana. Durante o Meso-Cenozóico, coma instalação da Cordilheira Andina, a Bacia do Acreexperimentou uma importante fase de subsidênciaflexural assimétrica, aprofundando para oeste no sen-tido das vizinhas calhas deposicionais peruanas deMarañon e Ucayali. Nessa etapa, alguns milharesde metros de sedimentos terrígenos a ela aportaram.

Localmente, o território interior do país abrigaresquícios sedimentares com pequena área de ocor-rência, remanescentes de ciclos deposicionais preté-ritos de idades variadas e, hoje, sobreviventes doextensivo processo de denudação que modela o con-tinente sul-americano. Tais seções podem apresen-tar uma expressão geográfica significativa quandoforam recobertas por sucessões sedimentares maisjovens, o que as preservou da remoção erosiva.Exemplifica esse caso a presença local de unidadesde idade paleozóica sob os pacotes meso-cenozóicosdas bacias marginais e em seus ramos abortados.Principalmente no interior da região Nordeste do paíssão abundantes esses remanescentes sedimentares

Figura 3 – Variabilidade na representação de seções sedimentares em escala

de tempo, exemplificada pela carta estratigráfica da Bacia de Santos.

Figure 3 – Representation of sedimentary sections in a time scale,

exemplified by the stratigraphic chart of Santos Basin .

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 187

Figura 4 – Mapa das bacias sedimentares brasileiras. Figure 4 – Brazilian sedimentary basins.

188 | Introdução - Milani et al.

mono ou policíclicos, e o mais expressivo deles cons-titui a Bacia do Araripe, cuja interessante geologiamotivou sua inclusão no presente volume. Da mes-ma forma, a Bacia Proterozóica do São Francisco éaqui apresentada numa visão que considera as infor-mações de subsuperfície (geofísica e poços) adquiri-das pela Petrobras em atividades conduzidas duran-te alguns períodos nas últimas duas décadas.

A análise integrada das bacias sedimentares,representadas nas diversas cartas estratigráficas, per-mite a correlação entre elas e o reconhecimento defases evolutivas, caracterizadas cada uma delas porum conjunto de atributos geológicos comuns a diver-sas áreas. São reconhecidas diversas superseqüências,unidades que materializam a seção sedimentar acu-mulada durante um determinado estágio de sua evo-lução tectono-sedimentar. Para as bacias da margemcontinental, as Superseqüências Pré-Rifte, Rifte, Pós-Rifte e Drifte constituem o arcabouço fundamental.

Ressalte-se que os conceitos de pré-rifte epós-rifte não são aqui inseridos com um significa-do apenas temporal (anterior ou posterior à FaseRifte), outrossim, tais termos trazem também umavinculação genética ao processo de evolução dasbacias da margem continental, e à seção sedimen-tar/magmática correspondentes. É assim que porFase (ou Superseqüência) Pré-Rifte entende-seaquele estágio precoce da evolução das baciasmarginais (e os depósitos correspondentes) em quefenômenos de subsidência flexural foram induzi-dos pelo processo de estiramento litosférico que,adiante, culminaria na separação continental. Nes-se estágio, entre o Jurássico terminal e o Cretáceomais inferior (Idade Dom João), define-se uma baciacom geometria sag, ampla e com mergulhos sua-ves, desprovida de falhamentos pronunciados. Emcontinuidade ao pré-rifte, com o avançar da subsi-dência mecânica propiciada por falhas normais,instala-se a Fase Rifte, cuja seção correspondenteé a Superseqüência Rifte. O estilo estrutural domi-nante nessa etapa, que aconteceu de maneiradiácrona ao longo da margem leste brasileira, foio de blocos falhados e rotacionados, com grábensalojando grandes depocentros sedimentares. Ces-sada a atividade principal das falhas normais, in-tensificaram-se fenômenos de subsidência térmi-ca que se manifestam no desenvolvimento de umasegunda bacia com geometria sag, agora na Ida-de Alagoas - a Fase Pós-Rifte; persiste ainda algu-ma atividade de falhas normais.

Seguiu-se a Fase Drifte, cujo início foi mar-cado pela instalação da crosta oceânica e da efe-tiva separação progressiva dos continentes. A dis-cordância de breakup materializa a importante mu-dança de regime tectônico experimentada pelasbacias da margem continental na passagem rifte/pós-rifte para drifte. Com a deriva continental, im-plantou-se um processo regional de basculamentoda margem continental, amplificado pela carga se-dimentar proveniente das áreas emersas, sob ero-são, e definindo a configuração fisiográfica atualdas bacias marginais.

Agora, apresentam-se resumidamente as ba-cias brasileiras agrupadas segundo sua classe de afi-nidade geológica.

Sinéclises Paleozóicas

Subsidência e sedimentação cratônica pós-brasiliana foram iniciadas no Meso-Ordoviciano,documentada nas bacias do Solimões (FormaçãoBenjamin Constant), do Amazonas (FormaçãoAutás-Mirim), do Parnaíba (Formação Ipu) e doParaná (Formação Alto Garças). A sucessão sedi-mentar inicial dessas bacias arranja-se numhemiciclo transgressivo que culmina em condiçõesde amplo afogamento marinho, já no Siluriano,materializado em cada área, respectivamente,pelos sedimentos das formações Jutaí, Pitinga,Tianguá e Vila Maria (fig. 5).

O segundo hemiciclo transgressivofanerozóico é documentado pelo SistemaDevoniano das bacias brasileiras. O pacote basalé de natureza arenosa nas bacias do Amazonas(Formação Maecuru), do Parnaíba (Formação Itaim)e do Paraná (Formação Furnas). Na Bacia doSolimões, aparece uma seção de diamictitos e are-nitos (Formação Uerê). Para cima, ocorre um es-pesso intervalo de folhelhos marinhos de platafor-ma distal, muito fossilíferos e com potencial gera-dor de hidrocarbonetos (formações Jandiatuba, naBacia do Solimões; Barreirinha, na Bacia do Ama-zonas; Pimenteiras, na Bacia do Parnaíba; e PontaGrossa, na Bacia do Paraná).

O Devoniano foi sucedido por importantesmodificações climáticas e paleofisiográficas, de talsorte que o pacote permo-carbonífero das sinéclisesbrasileiras registra uma grande diversidade de am-bientes de sedimentação e sistemas deposicionaisassociados. Intervieram condições glaciais-periglaciais

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 189

Figura 5– Cartas estratigráficas das sinéclises paleozóicas. Figure 5 – Stratigraphic charts of Brazilian Paleozoic basins.

AMAZONAS PARNAÍBA PARANÁ

C R

E T

Á C

E O

L O P I N G I A N O

C I S U R A L I A N O

J U

R Á

S S

I C

OT

R I

Á S

S I

C O

P E

R M

I A

N O

C A

R B

O N

Í F

E R

OD

E V

O N

I A

N O

OR

DO

VIC

IAN

O

WENLOCK

LIANDOVERY

EO

NEO

NEO

MESO

EO

NEO

MESO

EO

NEO

MESO

EO

NEO

MESO

EO

C A

M B

R I

A N

O

MaÉPOCA

GEOCRONOLOGIASOLIMÕES

190 | Introdução - Milani et al.

(Grupo Itararé e Formação Aquidauana na Baciado Paraná - diamictitos, arenitos e folhelhos); con-texto marinho raso em clima árido (FormaçãoCarauari, na Bacia do Solimões; Nova Olinda, naBacia do Amazonas; e Pedra do Fogo, na Baciado Parnaíba, com seus característicos depósitosde evaporitos; e Formação Irati, na Bacia doParaná, com folhelhos betuminosos, margas, car-bonatos e evaporitos subordinados). Aportesdeltaicos (bem documentado pela Formação RioBonito, na Bacia do Paraná) também pontuam ointervalo Permiano. Rumo ao final deste período,todas as sinéclises passam a experimentar condi-ções crescentes de aridez em função do fecha-mento definitivo ao ingresso de águas oceânicaspor sobre o Gondwana. Contextos flúvio-lacustresque, com o ressecamento progressivo, evoluíramno adentrar do Triássico para desertos arenosos,aparecem como o registro sedimentar final da lon-ga história paleozóica dessas bacias (FormaçãoAndirá, na Bacia do Amazonas; FormaçãoSambaíba, na Bacia do Parnaíba; e formaçõesPirambóia e Sanga do Cabral, na Bacia doParaná). Na Bacia do Paraná, extensiva deflaçãoeólica perduraria até o Eocretáceo. Tal condiçãoestá documentada nos sedimentitos da FormaçãoBotucatu, preservados no registro geológico porterem sido recobertos - logo após sua acumula-ção - pelo pacote de lavas Serra Geral.

O magmatismo mesozóico é um capítulo àparte na história das sinéclises intracratônicas bra-sileiras. Como precursores da ruptura do Gond-wana, os diques, soleiras e derrames de rochasígneas acomodaram-se em grandes volumes nes-sas bacias, tendo idade predominantementeeojurássica nas bacias do Solimões e do Amazo-nas e eocretácea na Bacia do Paraná. A Bacia doParnaíba exibe registros de ambos os eventos mag-máticos acima mencionados, com predominân-cia do mais antigo deles em termos de volumede ocorrência.

Bacias Meso-Cenozóicas deMargem Distensiva

Considerando-se a natureza e a orientaçãodos campos de tensões regionais durante a fase deruptura litosférica e a subseqüente dinâmica assu-

mida pelas placas Africana e Sul-Americana na fasede deriva continental, dois domínios são reconheci-dos na margem brasileira: um segmento dominan-temente distensivo e um trecho de naturezatransformante, este correspondendo à margemequatorial brasileira.

O segmento distensivo inclui as bacias situa-das do extremo nordeste da margem brasileira, nadeflexão continental junto à Bacia Potiguar até olimite meridional da Bacia de Pelotas, um amplocontexto onde predominou a tectônica extensionalcomo mecanismo formador de espaço à acomoda-ção sedimentar na Fase Rifte. O arcabouço estrutu-ral desse segmento da margem é definido por fa-lhas normais orientadas preferencialmente numadireção paralela à costa, segmentadas localmentepor zonas de transferência que aparecem a altosângulos em relação àquelas. O processo de riftea-mento desenvolveu-se de modo diácrono ao longoda margem leste brasileira;

Asmus e Ponte (1973) consolidaram a visãode que a margem leste brasileira evoluiu segundoquatro grandes estágios: pré-rifte, rifte, marinho res-trito e marinho aberto. As clássicas seqüências “docontinente, do lago, do golfo e do mar” daquelesautores documentam, respectivamente, cada um dosestágios tectônicos acima mencionados e aparecem,embora não onipresentes, no registro estratigráficodas bacias da margem leste.

O pacote pré-rifte, neojurássico-eocretáceo(figs. 6 e 7), ocorre na Bacia de Sergipe-Alagoas (for-mações Candeeiro, Bananeiras e Serraria) e, parasul, é reconhecido até a região de Cumuruxatiba (for-mações Monte Pascoal e Porto Seguro). O pacotepré-rifte é representado por sedimentitos no geralavermelhados, de contextos deposicionais fluvial,eólico e lacustre muito raso.

A seção rifte tem natureza diversa em váriossegmentos ao longo da margem leste, além de re-gistrar um perceptível diacronismo do fenômeno deruptura e formação dos depocentros lacustres no Eo-cretáceo. É abundante a presença de ígneas básicasneocomianas sinrifte nas bacias mais meridionais, en-tre Pelotas e o Espírito Santo (fig. 8). Os lagos dorifte acomodaram uma seção de folhelhos que sãoimportantes como rochas geradoras de hidrocarbo-netos, entre os quais incluem-se os do Grupo LagoaFeia, na Bacia de Campos, e Formação Barra deItiúba, em Sergipe-Alagoas. Ocorrem também con-glomerados, arenitos e coquinas.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 191

Figura 6 – Cartas estratigráficas das bacias meso-cenozóicas de margem

distensiva - segmento setentrional. Bacia do Araripe Interior, também incluída.

Figure 6 – Stratigraphic charts of Brazilian Mesozoic-Cenozoic, extensional

margin-northern segment. Interior Araripe Basin also included.

SERGIPE ALAGOAS ARARIPEPERNAMBUCO-PARAÍBA

JACUÍPE

350

490

250

300

150

140

130

120

110

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

542

C R

E T

Á C

E O

P A

L E

Ó G

E N

ON

E Ó

G E

N O

E O

C E

N O

PALEOCENO

MaÉPOCA

EON

EO

192 | Introdução - Milani et al.

MaMa

C R

E T

Á C

E O

P A

L E

Ó G

E N

ON

E Ó

G E

N O

E O

C E

N O

PALE

OC

ENO

ÉPOCA

EON

EO

ALMADA JEQUITINHONHA CUMURUXATIBACAMAMU MUCURI

Figura 7 – Cartas estratigráficas das bacias Meso-

Cenozóicas de margem distensiva - segmento central.

Figure 7 – Stratigraphic charts of Brazilian, Mesozoic-

Cenozoic extensional margin - central segment.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 193

CAMPOS SANTOS PELOTASESPÍRITO SANTOMaÉPOCA

EON

EO

MESOEO

Figura 8 – Cartas estratigráficas das bacias meso-

cenozóicas de margem distensiva - segmento meridional.

Figure 8 – Stratigraphic charts of Brazilian, Mesozoic-

Cenozoic extensional margin - southern segment.

194 | Introdução - Milani et al.

O Andar Alagoas da margem leste abarca aseção marinha restrita, bem caracterizada pelo pa-cote de evaporitos (principalmente halita e anidrita),muito importante em espessura e área de ocorrên-cia nas bacias de Santos (Formação Ariri), de Cam-pos (Formação Retiro do Grupo Lagoa Feia) e do Es-pírito Santo (Membro Itaúnas da Formação Mariri-cu). A bacia evaporítica da margem leste prolonga-va-se seguramente até a região de Sergipe-Alagoas(Membro Ibura da Formação Muribeca), e com ex-tensão provável até Pernambuco-Paraíba, área ondeexistem evidências apenas por geofísica da presen-ça de horizontes evaporíticos, com sua característicaassinatura em dados sísmicos. Abaixo dos sais, e tendoo conjunto sido acumulado no contexto de um gran-de golfo proto-oceânico, aparecem depósitos carbo-náticos e siliciclásticos, com algum magmatismo lo-cal associado. Tais depósitos, juntamente com osevaporitos, caracterizam a seção pós-rifte da mar-gem leste brasileira. Os carbonatos da Formação BarraVelha, da Bacia de Santos, constituem os reservató-rios “pré-sal” naquela bacia, uma seção que se no-tabilizou nos últimos tempos em função dos grandesvolumes de petróleo que aloja.

Seguiu-se à deposição dos evaporitos a insta-lação de condições francamente marinhas. No Al-biano, sob tais condições, foram depositados os car-bonatos das formações Portobelo (Bacia de Pelotas),Guarujá (Bacia de Santos), Regência (bacias do Espí-rito Santo, Jequitinhonha e Cumuruxatiba), Algodões(Bacia de Camamu-Almada), Riachuelo (Bacia deSergipe-Alagoas) e Estiva (Bacia de Pernambuco-Paraíba), além daqueles do Grupo Macaé da Baciade Campos. Acima dos carbonatos, ocorre espessaseção de sedimentitos siliciclásticos, dominantementefolhelhos e arenitos, estes de naturezas variadas (deplataforma rasa, de leques costeiros e turbiditos detalude e bacia), compondo em seu conjunto um gran-de ciclo transgressivo-regressivo entre o Neocretáceoe o Recente.

Bacias Meso-Cenozóicas deMargem Transformante

O estilo tectônico dominante durante a evolu-ção das bacias da margem equatorial brasileira foi

bastante particular. Naquela área implantou-se, noAptiano, um binário de cisalhamento dextrógiro,mecanismo responsável pela ruptura litosférica e sub-sidência transtensional em diversos depocentros queentão se estabeleceram. Segundo Pedro Victor Zalán(informação verbal), quatro estágios evolutivos mar-caram a margem equatorial:

• Triássico-Mesojurássico: criando o gráben de Tacutue um sag Pré-Rifte na área de Cassiporé, Bacia daFoz do Amazonas, onde se acumularam os red bedse rochas ígneas associadas da Formação Calçoene(fig. 9);

• Neocomiano-Barremiano: o mesmo evento queproduziu extensivamente a ruptura da margemleste brasileira, mas na margem equatorial estan-do restrito aos domínios das bacias da Foz do Ama-zonas e Marajó. A esta fase associam-se pacotessedimentares relacionados à porção mais inferiorda Formação Cassiporé, na Foz do Amazonas, eàs formações Jacarezinho e Breves, em Marajó;

• Aptiano: de ampla ocorrência em toda a margemequatorial. Ao rifte aptiano estão relacionadas as se-ções sedimentares da Formação Mundaú, da Baciado Ceará, e as unidades correlatas nas demais bacias;

• Albiano: o mais intenso deles, ampliando lateral-mente a área da margem, que alcançaria agoraregiões antes não afetadas, tais como a Bacia deSão Luiz/Bragança-Viseu/Ilha Nova e a porção ter-restre da Bacia de Barreirinhas. O Grupo Canárias,das bacias do Pará-Maranhão e Barreirinhas, é umadas seções que representa essa fase evolutiva damargem equatorial.

Não ocorrem evaporitos extensivos na margemequatorial, que seriam a materialização do contextomarinho restrito, indicando ter sido a invasão deáguas marinhas naquela área, provenientes de no-roeste - oceano Atlântico Central, implantado noJurássico - um fenômeno bastante rápido.

A natureza da seção marinha nas bacias damargem equatorial, do Albiano ao Recente, é aná-loga à da margem leste, correspondendo a arenitose folhelhos da cunha clástica, a que se interpõemcarbonatos de plataforma.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 195

90

Ma

542

350

400

194200

235

150

140

130

120

110

100

80

70

60

50

40

30

20

10

0

ÉPOCA

PARÁ-MARANHÃO BARREIRINHAS CEARÁFOZ DO AMAZONAS POTIGUAR

++

Figura 9 – Cartas estratigráficas das bacias meso-

cenozóicas de margem transformante.

Figure 9 – Stratigraphic charts of Brazilian

Mesozoic-Cenozoic transform margin.

196 | Introdução - Milani et al.

ÉPOCA

RECÔNCAVOMARAJÓTACUTU TUCANO SULCENTRAL

TUCANO NORTEJATOBÁ

210250

300

350

400416

443450

500

550

Figura 10 – Cartas estratigráficas dos riftes

mesozóicos abortados.

Figure 10 – Stratigraphic charts of Brazilian

Mesozoic aborted rift basins.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 197

Riftes Mesozóicos Abortados

Os processos tectônicos responsáveis pela rup-tura mesozóica do Gondwana, além de individualiza-rem as placas Africana e Sul-Americana, definindo-lhes os contornos, promoveram o desenvolvimento dealguns braços abortados de rifte, que se projetam parao interior do continente a partir da margem (fig. 4). Aidade dessas bacias correlaciona-se ao evento riftedaquele trecho da margem continental em que estãoinseridas. A amplitude temporal e a natureza do seupreenchimento sedimentar é bastante variável, sen-do algumas delas restritas apenas à seção sintectônica,enquanto outras incluem um pacote pré-rifte ou umpós-rifte em seu registro geológico (fig. 10).

A Bacia do Tacutu implantou-se nos terrenospré-cambrianos do Escudo das Guianas. Seu preen-chimento sedimentar corresponde ao intervalo tem-poral Neojurássico-Eocretáceo, e a bacia éassoalhada por um basalto eojurássico (FormaçãoApoteri). Bastante singular é também a presença deuma seção de evaporitos neojurássicos (FormaçãoPirara), documentando uma incursão marinha doOceano Atlântico Central àquela época.

Assim como Tacutu, a Bacia de Marajó assi-nala manifestações do rifteamento neotriássico-eojurássico do Atlântico Central, do qual representaa terminação mais meridional. No Aptiano, principalépoca de subsidência na bacia, desenvolveu-se umgrande depocentro onde foi depositado uma seçãosedimentar com cerca de 10 mil m de espessura,dos quais praticamente a metade corresponde aopacote pós-rifte (Formação Marajó), representado porsistemas deposicionais costeiros, marinho-marginais.A seção sinrifte da Bacia de Marajó (FormaçãoCassiporé), pouco amostrada por poços, é dominan-temente arenosa. Sotopostos à seção mesozóica daBacia de Marajó ocorrem remanescentes erosivos dasedimentação paleozóica, que cobrira originalmen-te toda aquela ampla área, outrora conectada a ter-renos hoje situados na placa africana.

Na Bacia de Bragança-Viseu/São Luís/IlhaNova, o pacote sinrifte albiano, que se desenvolveuem condições transtensionais, é representado pelaFormação Itapecuru, dominantemente arenosa. A Ba-cia Potiguar, em sua porção terrestre, inclui um pa-cote de sedimentitos lacustres de idade neocomiana(Formação Pendência), recobertos pela seção aptianamarinha restrita (Formação Alagamar), pela seção

regressiva dominantemente arenosa da FormaçãoAçu, albo-cenomaniana, e pelos carbonatosneocretácicos da Formação Jandaíra.

A Bacia do Recôncavo-Tucano-Jatobá consti-tui o clássico exemplo brasileiro de rifte intraconti-nental abortado. O preenchimento da bacia inclui umpacote pré-rifte (Grupo Brotas) constituído por sedi-mentos continentais aluviais, fluviais, eólicos elacustres rasos, assinalados às formações Aliança,Sergi e Itaparica. A seção rifte é marcada pela ativa-ção da grande Falha de Salvador, o elemento tectô-nico que controlou a subsidência do gráben. A For-mação Salvador, uma grande cunha de conglomera-dos, ocorre nas vizinhanças daquela falha normal. Aseção lacustre sinrifte inclui folhelhos, arenitos turbi-díticos, progradações deltaicas (Formação Candeiase Grupo Ilhas) e um assoreamento final por sistemasarenosos fluviais (Formação São Sebastião). Encer-ram a história de preenchimento da bacia os depósi-tos clásticos arenosos da Formação Marizal, que ca-racterizam sua Fase Pós-Rifte.

agradecimentos

A padronização gráfica das cartas estrati-gráficas foi um trabalho que requereu muita de-dicação e paciência. Nesse particular, o grupo derevisão é grato aos Técnicos de Projetos AdelinoTeixeira Dias, César Fraga de Oliveira e JoséSergival da Silva, o primeiro do Centro de Pesqui-sas da Petrobras (CENPES) e os demais da Gerên-cia Executiva de Exploração, que foram incansá-veis no preparo das múltiplas versões dos dese-nhos. A participação inicial de Gerhard Beurlen,da Gerência de Bioestratigrafia e Paleoecologiado CENPES, foi fundamental na definição dospadrões a serem adotados no desenho das car-tas. Além dos autores e co-autores de cada carta,inúmeros outros colegas, que não será possívellistar aqui, contribuíram enormemente para aviabilização final deste trabalho. O apoio gerencialda área de Exploração, em todos os seus níveisna Companhia, foi o ingrediente que serviu deincentivo tanto ao planejamento e inserção dotema na pauta do Boletim de Geociências da Pe-trobras quanto à finalização da tarefa.

198 | Introdução - Milani et al.

referênciasbibliográficas

ASMUS, H. E.; PONTE, F. C. The brazilian marginalbasins, In: Nairn, A. E.; Stehli, F. G. (Ed.). The ocean

basins and margins: the south atlantic. New York:Plenum, 1973. V. 1, p. 87-132.

GRADSTEIN, Félix M.; OGG, Jim G.; SMITH, Alan G. Ageologic time scale. Cambridge: Cambridge UniversityPress, 2004. 589 p.

MOHRIAK, W. U.; SZATMARI, P.; ANJOS, S. Sal: geo-logia e tectônica. São Paulo: Beca, 2008. 448 p.

bibliografia

FEIJÓ, F. J. Introdução. Boletim de Geociências

da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 5-8,jan./mar. 1994.

webgrafia

KAZLEV, M. Alan. Geological time. In: Palaeos: thetrace of life on earth. 2002. Disponível em: <http://www.palaeos.com/Timescale/default.htm>. Acessoem: 25 out. 2007.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 199

More than 50 years of cumulative exploratorywork undertaken by Petrobras in the Braziliansedimentary basins has generated the compilationof an enormous geological-geophysical data bankthat today allows a firm understanding of thestratigraphic and structural framework of these areas.The Company’s geologists, assisted by thebiostratigraphic and sedimentary research of well dataand outcrops, and the important support of seismicimages, are able to represent the stratigraphicarrangement of the various geological provinces inthe form of chronostratigraphic diagrams. These areusually called stratigraphic charts, representative ofthe fundamental sedimentary-magmatic characteristicdeposits of each basin prospected for petroleumthroughout the Country. Although these have beenshown in an isolated manner in diverse publicationssince the 60s, it was in the Petrobras GeosciencesBulletin v. 8, n. 1, in 1994, that all the basin chartswere standardized and published together.

During the last three years, Petrobras geologistsagain organized an extensive revision process of thestratigraphic charts. Various basins have had anenormous information evolution since 1994, throughthe acquisition of a very large volume of newgeological and geophysical data and by the naturalevolution of the accumulated knowledge. In others,nothing or very little had been done in terms ofexploratory activity since the chart’s previouslypublished version. However, the basin interpretationteams have changed, so that even in these cases the

Brazilian Sedimentary Basins -Stratigraphic Charts

Introduction

Edison José Milani1 (Coordenador), Hamilton Duncan Rangel2, Gilmar Vital Bueno3,

Juliano Magalhães Stica2, Wilson Rubem Winter4, José Maurício Caixeta5,

Otaviano da Cruz Pessoa Neto6

charts now presented are different from the earlierones, which by itself is certainly material to rouseand sustain the technical debate.

The charts published here, besides having up-to-date content, incorporate alterations to their formatwhen compared to those of 1994. The most significantchange was the suppression of the column related tothe biostratigraphic zoning. This piece of informationis of invaluable strategic value to the exploratoryprocess and whose permanent update is a source ofthe unequivocal Petrobras competitive advantage inBrazilian sedimentary basin studies. But if the detailedbiozoning made by the company is not shown here,it serves as a basis for the sedimentary sectionpositioning of the Brazilian basins in internationalgeochronological scales. Gradstein et al. (2004),reference was used for the absolute ages from whichwere also taken the standardized colors of eachgeological time interval. The drawings appear invariable vertical scales, adapted to the different typesof featured basin and to the temporal amplitude ofits stratigraphic record.

A second important alteration to the chartformat made available herein, relates to a graphicdifferentiation imposed on the sedimentary sections,according to its relationship - full or secondary - to aparticular basin. In this way, in the chronostratigraphicchart drawings, the rock units that were deposited inthat specific basin are represented in colors. Whereas,the preexisting sedimentary sections that occupiedthe same geographical context in previous cycles but

200 | Introdução - Milani et al.

which have no genetic relationship with the basin inquestion remain in black and white. This situationexemplifies the relicts of Paleozoic sedimentation thatoccurs beneath the Recôncavo and Sergipe-AlagoasBasins, and the Proterozoic to Cambrian section ofthe Purus Group, subjacent to the Amazonas Basin.In the same way, later sedimentary cycles in thatparticular basin, such as the Cretaceous section thatpartially covers Parnaíba Basin, are representedwithout colors. With this strategy, it is intended toreinforce the sedimentary basin concept as thesubsident area and depositional site during a particu-lar geotectonic cycle of geological history. The basinlithologies that continue with a similar representationto those of the 1994 charts are shown in figure 1.

Changes also appear in respect of thedescriptive focus used in the explanatory texts foreach basin. Bearing in mind that the 1994 Bulletinemphasized the lithostratigraphic aspects, it produceda synthesis for all the basins in that particular version.Now it is preferred to adopt a description privilegingevolutionary aspects, framed by the allostratigraphicunits of each sedimentary basin. However, thelithostratigraphic assertions of the previous versionremain completely valid, and they will be referred towhenever necessary. In the same way, wheneverconsidered appropriate in the case of just a fewbasins, new proposals or changes in the ranking ofstratigraphic units are shown.

From the nomenclature adopted in 1994, inwhich the Meso-Cenozoic Sequences weredenominated by the letters - K or T - and a numericsuccession - 10, 20, 30 etc - representative of thesedimentary deposits, knowledge evolution has led toa detailing of that pioneering allostratigraphicframework and this has required some alterations tothe original outline. In this way, although trying to pre-serve the already established denominationscorresponding to specific time intervals in thegeochronological scale of absolute ages, changes havebeen imposed so that it was possible to accommodatethe new currently recognized sequences, in acontinuously developing process. It is important toemphasize that the sequence limits exhibit a certaintemporal variation from basin to basin, fruit of particu-lar aspects in the evolutionary history of each one. Inthe inter-basin scale sequence definitions, the continuityof the main stratigraphic events was sought to be shown.

Another necessary alteration occurred in theelimination of the term Tertiary in the internationalreference charts, whereby the Cenozoic Sequencedenomination became E in the Paleogenic, and N in

the Neogenic, according to the InternationalCommission on Stratigraphy (ICS) abbreviationcriterion (http://www.palaeos.com/Timescale/timescale.html). The option adopted herein for ca-ses where this detail and the new sequencesindividualization have caused a conflict with theprevious denominations is illustrated in figure 2. Forthe Paleozoic units, the local characterallostratigraphic denominations are specificallymaintained for each particular basin. The Petrobrasinternal use, where no rigid nomenclature criterionhas been established.

The evaporites of the Andar Alagoas on theEastern Brazilian margin are another subject in whichthe geological understanding has evolved a lot since1994. This is a theme introduced and discussed in detailin the work “Salt - geology and tectonic”, organized byMohriak et al. (2008) and sponsored by Petrobras. Oneaspect in particular - with an impact on the drawing ofstratigraphic charts - is the rate of saline accumulation,where it is estimated that the original deposition of somethousands of meters of salt, as found in some Brazilianbasin regions, could have been produced in less thanone million years. With the later evolution of the margin,evaporites were mobilized into the form of cushions,domes and diapirites, many of these more than sevenkilometers high. Halokinesis assumed a fundamentalrole in the continental margin basin history, includingits Petroleum Geology. In the time scale in which thestratigraphic charts are built, the Aptian saline sectionappears as a narrow interval, this being, however, themost faithful representation in the current understandingof the chronogenetic aspects of this important Brazilianbasins section. This situation is well demonstrated inthe Santos Basin chart (fig. 3), in which similarthicknesses - of around 4000 m - of evaporites (AririFormation) and of the carbonatic “pre-salt” section (Bar-ra Velha, Itapema and Piçarras formations) expressivelycontrast when represented in a geological time scale.

The evolution experienced in Stratigraphyqualification courses in Brazilian universities is notable.There are already several projects, lines ofinvestigation and national post-graduation programsfocused on this particular branch of geoscientificknowledge. Faced with this scenario, this editionreaffirms the traditional vocation for the partnershipsthat Petrobras maintains with the country’s academiccommunity: São Paulo State University (UNESP) andRio Grande do Norte Federal University (UFRN) wereinvited to participate with updated articles on,respectively, Araripe (M. Assine) and Pernambuco-Paraíba basins (V. Córdoba and collaborators).

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 201

Brazilian SedimentaryBasins - regionalcontext

The Brazilian Phanerozoic Sedimentary Basinsare grouped into five large assemblies, dependingon their sedimentary-magmatic deposition age andthe tectonic context in which they developed:Paleozoic Synclises, Meso-Cenozoic ExtensionalMargin Basins, Meso-Cenozoic Transform MarginBasins, Aborted Mesozoic Rifts and Andean ForelandBasins (fig. 4). The Acre Basin is the only Brazilianterritory representative of the basins of this lastdenomination. In fact, this basin has a complexhistory, polycyclic, lodging Eopaleozoic sedimentaryunits, when it was part of the Gondwana marginalcontext. During Meso-Cenozoic, with the Andeanmountain range installation, the Acre Basinexperienced an important asymmetric flexuralsubsidence phase, deepening to the west in thedirection of the neighboring Peruvian depositional sitesof Marañon and Ucayali. In this stage, some thousandsof meters of terrigenous sediments entered it.

Locally, the country’s interior territory shelterssedimentary vestiges, which occur only in a smallarea, rejected remainders of depositional cycles ofvarious ages and, today, survivors of the extensivedenuding process that models the South Americancontinent. Such sections can show a significantgeographical expression when they were covered byyounger sedimentary successions, which preservedthem from erosive removal. This case is exemplifiedin the local presence of Paleozoic age units underthe Meso-Cenozoic marginal basin packages and inits aborted branches. Mostly inside the country’sNortheast region, these mono or polycyclicsedimentary remainders are abundant. The mostexpressive of these makes up the Araripe Basin,whose interesting geology motivated its inclusion inthe current edition. In the same way, the São Fran-cisco Proterozoic Basin is shown here in a vision thatcontemplates the subsurface information (geophysicsand wells). This data was acquired by Petrobras inactivities conducted during a number of periods overthe last two decades.

The integrated sedimentary basins analysis,represented in the various stratigraphic charts, allowsthe correlation between them and the recognition of

the evolutionary phases, characterized for each oneby a set of common geological attributes in severalareas. Various Supersequences are identified, unitsthat make up the accumulated sedimentary sectionduring a certain stage of its tectono-sedimentaryevolution. For the continental margin basins, Pre-Rift,Rift, Post-Rift and Drift Supersequences make up theirfundamental framework.

It is emphasized that the concepts of Pre-Riftand Post-Rift are not inserted here with just temporalmeanings (previous or posterior to the rift phases),similarly, such terms also bring a genetic link to thecontinental margin basin’s evolutionary process, andto the corresponding sedimentary/magmatic section.Therefore, the meaning of Pre-Rift Phase (orSupersequence) is that earlier evolutionary stage ofthe marginal basins (and the corresponding deposits).This was when subsidence flexural phenomena wereinduced by the lithospheric stretching process that, intime, would culminate in the continental separation.During this stage, between terminal Jurassic and themost inferior Cretaceous (Dom João Age), a basinwith sag geometry is defined, wide and with gentledips, without any pronounced faults. In continuity tothe Pre-Rift, with the advance of the mechanicalsubsidence caused by normal faults, the Rift Phase isinstalled; whose corresponding section is a the RifitSupersequence. The dominant structural style in thisstage, which happened in a diachronial manner alongthe Brazilian Eastern margin, was one of faults andtilted blocks, with grabens accommodating largesedimentary depocenters. With the cessation of themain normal fault activity, thermal subsidencephenomena intensified that manifested themselvesin the development of a second basin with saggeometry, now in the Alagoas Age - the Post-RiftPhase, some normal fault activity persists.

Then followed the Drift Phase, whose beginningwas marked by the oceanic crust installation and theprogressive separation effect of the continents. Break-up incomformity form the important tectonic regimechange experienced by the continental margin basinswith the passing of the Rift/Post-Rift phases to theDrift phase. With the continental drift, a regional con-tinental margin uphift process was implanted,amplified by the sedimentary load originating fromthe emersed eroded areas and defining the currentphysiographic configuration of the marginal basins.

There now follows a summary of the Brazilianbasins grouped according to its geological affinityclassification.

202 | Introdução - Milani et al.

Paleozoic Syneclises

The Post-Brazilian Cratonic subsidence andsedimentation were initiated in the Meso-Ordovician,documented in the following basins: Solimões (Ben-jamin Constant Formation), Amazonas (Autás-Mi-rim Formation), Parnaíba (Ipu Formation) and Paraná(Alto Garças Formation). The initial sedimentarysuccession of these basins are found in atransgressive hemicycle that culminates in extensivemarine flooding conditions, while in the Silurian,there occurred in each respective area, sedimentsfrom the Jutaí, Pitinga, Tianguá and Vila Mariaformations (fig. 5).

The second Fanerozoic transgressive hemicycleis documented by the Brazilian basin DevonianSystem. The base package is of a sandy nature inthe following basins: Amazonas (Maecuru Formation),Parnaíba (Itaim Formation) and Paraná (FurnasFormation). In the Solimões Basin, a diamictite andsandstone section appears (Uerê Formation).Upwards, occurs a thick interval of distal platformmarine shales, very fossiliferous and with potentialhydrocarbon generation (Formations: Jandiatuba, inthe Solimões Basin; Barreirinha, in the AmazonasBasin; Pimenteiras, in the Parnaíba Basin; and PontaGrossa, in the Paraná Basin).

The Devonian was followed by importantclimatic and paleophysiographic modifications, of sucha type that the permo-carboniferous package of theBrazilian Syneclises registers a large diversity ofsedimentation environments and associateddepositional systems. Glacial-periglacial conditionsintervened ( Itararé Group and AquidauanaFormation in the Paraná Basin - diamictites,sandstones and shales); shallow marine context inarid climate (Carauari Formation, in the SolimõesBasin; New Olinda, in the Amazonas Basin; andPedra do Fogo, in the Parnaíba Basin, with theircharacteristic evaporites deposits; and IratiFormation, in the Paraná Basin, with bituminousshales, marls, carbonates and subordinatedevaporites). Deltaic wedges (well documented bythe Rio Bonito Formation, in the Paraná Basin) alsopunctuate the Permian interval. Towards the endof this period, al l synecl ises pass throughexperiences of increasingly arid conditions due tothe permanent closing to oceanic water ingress overthe Gondwana area. Fluvial-lacustrine contextsthat, with the progressive drying, evolved into sandy

deserts at the beginning the Triassic, finallyappearing as the sedimentary record of the longPaleozoic history of these basins (Andirá Formation,in the Amazonas Basin; Sambaíba Formation, inthe Parnaíba Basin; and Pirambóia and Sanga doCabral Formations, in the Paraná Basin). In theParaná Basin, extensive wind deflation would lastuntil the Early Cretaceous. This condition isdocumented in sediments of the BotucatuFormation, preserved in the geological record forhaving been covered - soon after its accumulation- by the Serra Geral lava package.

Mesozoic magmatism is a chapter apart inthe Brazilian Intracratonic syneclises history. Asprecursors of the Gondwana rupture, the dikes, sillsand igneous rock flows were accommodated inlarge volumes in these basins, havingpredominantly Early Jurassic ages in the Solimõesand Amazonas basins and Early Cretaceous in theParaná Basin. Parnaíba Basin exhibits registrationsfrom both the above mentioned magmatic events,with the older one being predominant in terms ofoccurrence volume.

Meso-Cenozoic ExtensionalMargin Basins

Depending on nature and the regional stressfield orientation during the lithospheric rupture phaseand the subsequent movement assumed by theAfrican and South American plates in the continen-tal drift phase, two domains are recognized on theBrazilian margin: A segment predominantlyExtensional and a nother with a Transform nature,this corresponding to the Brazilian equatorial margin.

The Extensional segment includes the basinssituated on the Brazilian extreme northeast margin,from the continental deflection close to the PotiguarBasin until the southern limit of the Pelotas Basin, awide context where the extensional tectonicspredominated as the space forming mechanism forthe sedimentary accommodation in the Rift Phase. Thestructural framework of this margin segment is definedby normal faults preferentially oriented in a directionparallel to the coast, segmented locally by transferzones high angles from that. The Rifting processdeveloped in a diachronic manner along the BrazilianEastern margin.

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 203

Asmus and Ponte (1973) consolidated thevision that the Brazilian Eastern margin evolved dueto four large stages: Pre-Rift, Rift, Restricted Marineand Open Marine. The classical sequences, “of thecontinent, lake, the gulf and the sea” of those authorsdocument, respectively, each one of the abovementioned tectonic stages and they appear, althoughnot omnipresent, in the eastern margin basin’sstratigraphic record.

The Pre-Rift package, Late Jurassic - EarlyCretaceous (fig. 6 and 7), occurs in the Sergipe-Ala-goas Basin (Candeeiro, Bananeiras and SerrariaFormations) and, to the South, it is recognizable untilthe Cumuruxatiba Region (Monte Pascoal and PortoSeguro Formations). The Pre-Rift package isrepresented by generally reddish sediments, of fluvialdepositional, wind and very shallow lacustrine contexts.

The rift section has a diverse nature in severalsegments along the Eastern margin, besides registeringa perceptible diachronism of the lacustrine depocentersrupture and formation phenomenon during the EarlyCretaceous. The presence of basic igneous NeocomianSyn-Rift rocks is abundant in the more southern basins,between Pelotas and Espirito Santo (fig. 8). The Rift Lakescontain a shales section that is important as hydrocarbongenerator rocks, between which are included the LagoaFeia Group, in the Campos Basin; and Barra de ItiúbaFormation, in Sergipe-Alagoas. Conglomerates,sandstones and soft porous limestones also occur.

The Andar Alagoas on the Eastern marginholds the restricted marine section, well characterizedby the evaporites package (mostly halite and gypsum-anhydrite), very important in thickness and occurrencearea in the Santos Basin (Ariri Formation), of the Cam-pos Basin (Retiro Formation of the Lagoa Feia Group)and of the Espírito Santo Basin (Itaúnas Member ofthe Mariricu Formation). The Eastern margin evaporiticbasin firmly continues until it reaches Sergipe-Ala-goas Region (Ibura Member of the MuribecaFormation), and with a probable extension on to thePernambuco-Paraíba area where there is somegeophysics evidence of the presence of evaporitichorizons, with its characteristic seismic data signature.Below the salts, and having the accumulated site inthe context of a large proto-oceanic gulf, carbonateand siliciclastic deposits appear, with some locallyassociated magmatism. Such deposits, together withthe evaporites, characterize the Post-Rift section ofthe Brazilian Eastern margin. The Barra VelhaFormation carbonates, of the Santos Basin, make upthe “pre-salt” reservoirs in that basin, a section that

has been highlighted in the recent times due to thelarge volumes of petroleum that it lodges.

The deposition of the evaporites is followed bythe installation of full marine conditions. In the Albian,under such conditions, carbonates were deposited inthe formations: Portobelo (Pelotas Basin), Guarujá (San-tos Basin), Regência (Espirto Santo Basins, Jequitinho-nha and Cumuruxatiba), Algodões (Camamu-AlmadaBasin), Riachuelo (Sergipe-Alagoas Basin) and Estiva(Pernambuco-Paraíba Basin), in addition to those ofthe Campos Basin Macaé Group. Above thecarbonates, a thick siliciclastic sediment section occurs,predominantly shales and sandstones, of varied natures(shallow platform, coastal fans and slope and basinturbidites), composing in its assemblage a largetransgressive-regressive cycle between Late Cretaceousand the Recent.

Meso-Cenozoic TransformMargin Basins

The dominant tectonic style during the Brazilianequatorial margin basin evolutions was very particular.In that area in the Aptian, a Right lateral shear couplewas implanted, that was responsible for thelithospheric rupture and transtensional subsidence inseveral depocenters that were established then.According to P. V. Zalán (verbal information), fourevolutionary stages marked the equatorial margin:

• Triassic-Mesojurassic: Creating the Tacutu Grabenand a sag Pre-Rift in the Cassiporé Area, Foz doAmazonas Basin, where red beds and igneous rocksassociated with the Calçoene Formationaccumulated (fig. 9);

• Neocomian-Barremian: That same event extensivelyproduced the Brazilian Eastern margin rupture, butin the equatorial margin it was restricted to thebasins domains of Foz do Amazonas and Marajó.In this phase are associated the sedimentarypackages related to the lower portion of theCassiporé Formation, in Foz do Amazonas Basin, andto the Jacarezinho and Breves Formations, in Marajó;

• Aptian: Of wide occurrence in the whole equatorialmargin. The sedimentary sections of the MundaúFormation, in the Ceará Basin, and the correlated unitsin the other basins are related to the Aptian Rift;

204 | Introdução - Milani et al.

• Albian: The most intense of them all, expandingthe margin area sideways, that would now reachregions not affected before, such as the São Luis/Bragança-Viseu/Ilha Nova Basin and terrestrialportion of the Barreirinhas Basin. The CanáriasGroup, of Pará-Maranhão and Barreirinhas Basins,is one of the sections that represent thisevolutionary phase of the equatorial margin.

Extensive evaporites do not occur in the equa-torial margin that would have been the productionof a restricted marine context, indicating that therehad been a marine water invasion in that area,originating from the Northwest - Central AtlanticOcean, implanted in the Jurassic - a very fastphenomenon.

The nature of marine section in the equato-rial margin basins, from the Albian to the Recent, issimilar to the Eastern margin, matching thesandstones and shale clastic wedges that intervenethe platform carbonates.

Aborted Mesozoic Rifts

The tectonic processes responsible for theGondwana Mesozoic rupture, besides individualizingthe African and South American plates, by definingtheir outlines, it also promoted the development ofsome aborted branches of the Rift, which project fromthe margin towards the continent interior (fig. 4).The age of these basins is correlated to the rift eventof that continental margin stretch in which they areinserted. The temporal amplitude and nature of itssedimentary deposition is very variable, some of thembeing restricted just to the syntectonic section, whileothers include a Pre-Rift or one Post-Rift package inits geological record (fig. 10).

The Tacutu Basin is located in the Precambrianterrains of the Shield Guianas. Its sedimentarydeposition corresponds to the temporal interval ofLate Jurassic-Early Cretaceous, and the basin has anEarly Jurassic basalt floor (Apoteri Formation). Veryunique also is the presence of a Late Jurassicevaporite section (Pirara Formation), registering aCentral Atlantic Ocean marine incursion at that time.

Like the Tacutu Basin, the Marajó Basinwitnesses Central Atlantic Late Triassic-EarlyJurassic Rift manifestations, which represent thesouthernmost termination. In the Aptian, the prin-

cipal subsidence period in the basin, a largedepocenter developed where a sedimentary sectionof about 10 thousand m thick was deposited.Practically half of this corresponds to the Post-Riftpackage (Marajó Formation), represented bycoastal marine-marginal depositional systems. TheSyn Rift section of the Marajó Basin (CassiporéFormation), little sampled by wells, is predominantlysandy. Beneath the Mesozoic section of the Mara-jó Basin occur erosive remainders of the Paleozoicsedimentation that had originally covered the wholearea, formerly connected by terrains today situatedon the African plate.

In the São Luis/Bragança-Viseu/Ilha Nova Basin,the Albian Syn Rift package, which developed intranstensional conditions, is represented by thepredominantly sandy Itapecuru Formation. The Poti-guar Basin, in its terrestrial portion, includes a lacustrinesediment package of Neocomian age (PendênciaFormation), covered by the Aptian restricted marinesection (Alagamar Formation), by the predominantlysandy regressive section of the Açu Formation, Albo-Cenomanian, and by the Late Cretaceous carbonatesof the Jandaíra Formation.

The Recôncavo-Tucano-Jatobá Basin constitutesthe classical Brazilian example of an aborted intercon-tinental Rift. The basin deposition includes a Pre-Riftpackage (Brotas Group) formed by continental alluvial,fluvial, wind and shallow lacustrine sediments, markingthe formations Aliança, Sergi and Itaparica. The riftsection is marked by the activation of the large Salva-dor Fault, the tectonic element that controlled thegraben subsidence. The Salvador Formation, a largewedge of conglomerates, occurs in the vicinity of thatnormal fault. The Syn Rift lacustrine section includesshales, sandstone turbidites, deltaic progradations(Candeias Formation and Ilhas Group) and a final silting-up by fluvial sandy systems (São Sebastião Formation).The sandy clastic deposits of the Marizal Formationconclude the basin depositional history, whichcharacterizes its Post-Rift Phase.

Acknowledgements

The graphic standardization of the stratigraphiccharts was a work that required much dedication andpatience. In this particular instance, the revision groupis thankful for the Project Technicians: Adelino TeixeiraDias, César de Oliveira and José Sergival Da Silva,the first from the Petrobras Research Center (CENPES)

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 183-205, maio/nov. 2007 | 205

and the Fraga from the Exploration ExecutiveManagement, they were tireless in the preparationof multiple versions of the drawings. The initialparticipation of Gerhard Beurlen, of the CENPESBiostratigraphic and Paleoecological Management,was fundamental in the standards definitions thatwere adopted in the chart drawings. Besides theauthors and co-authors of each chart, there werecountless other colleagues that will not be possiblelist them all here, they contributed enormously tothe final viability of this work. The managerial supportof the Exploration area, in all their levels in theCompany, was the ingredient that served as an in-centive not only in the planning and insertion of thetheme in the Petrobras Geosciences Bulletin list butalso regarding the conclusion of the task.

bibliographicalreferences

ASMUS, H. E.; PONTE, F. C. The brazilian marginalbasins, In: Nairn, A. E.; Stehli, F. G. (Ed.). The ocean

basins and margins: the south atlantic. New York:Plenum, 1973. V. 1, p. 87-132.

GRADSTEIN, Félix M.; OGG, Jim G.; SMITH, Alan G. Ageologic time scale. Cambridge: Cambridge UniversityPress, 2004. 589 p.

MOHRIAK, W. U.; SZATMARI, P.; ANJOS, S. Sal: geo-logia e tectônica. São Paulo: Beca, 2008. 448 p.

bibliography

FEIJÓ, F. J. Introdução. Boletim de Geociências

da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 5-8, jan./mar. 1994.

webgraphy

KAZLEV, M. Alan. Geological time. In: Palaeos: thetrace of life on earth. 2002. Disponível em: <http://www.palaeos.com/Timescale/default.htm>. Acessoem: 25 out. 2007.