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JOSÉ ALEXANDRE MORETI
Direito Penal do Inimigo e aplicação à atual situação da Segurança Pública
Bacharel em Direito
FEMA – FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS
ASSIS 2009
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JOSÉ ALEXANDRE MORETI
Direito Penal do Inimigo e aplicação à atual situação da Segurança Pública
Monografia apresentada ao Departamento do curso de Direito do IMESA (Instituto Municipal de Ensino Superior), como requisito para a conclusão de curso, sob a Orientação específica do Prof. Drª. Elizete Mello Da Silva, e Orientação Geral do Prof. Dr. Rubens Galdino da Silva.
FEMA – FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS
ASSIS 2009
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Folha de Aprovação
Assis, 02 de outubro de 2009
Assinatura
Orientador: Profª. Drª. Elizete Mello Da Silva ____________________________________ Examinador: Prof. Maurício Dorácio Mendes _______________________________
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Dedicatória
Dedico este trabalho às pessoas que mais amo e que
estiveram ao meu lado durante esta trajetória: aos meus
pais José Moreti e Maria Isabel Moreti, por acreditar em
mim; a minha esposa Vanessa, pela paciência e incentivo;
a minha filha Laura, por ser a razão do meu viver e do
meu esforço; ao meu irmão Jefferson (Cupim), pelos
apoios tecnológicos e minha irmã Cristina (Tina), por
torcer por mim.
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Agradecimentos
À Deus, Essência Divina Onipresente, Onisciente e
Onipotente, que tudo origina, sustenta e destina.
À minha orientadora, Elizete Mello (Dedé), pessoa
exemplar, excelente profissional e amiga, a que muito
honro e respeito, dotada de uma inteligência ilimitada.
Reconheço por sacrificar seu curto tempo disponível para
atender ao meu desenvolvimento e apoio desde o início
de meu curso.
Aos senhores professores, aos meus familiares, amigos e
minha amada, pelo apoio e incentivo de valor inestimável.
Aos meus companheiros de trabalho da Polícia Militar, os
quais no dia-a-dia enfrentam o mal sem saber se irão
voltar para os braços de suas famílias.
Aos meus comandantes, que foram compreensíveis nos
momentos em que precisei, em especial ao 1º TEN PM
Xavier, 1º TEN PM Cruz, 1º TEN PM Tsuda, 2º TEN PM
Coelho, 2º SGT PM Silvio, 2º SGT PM Gênova.
A todos os meus irmãos de farda, bravos guerreiros, que
não medem esforços para cumprir o seu papel diante de
todo o mal que paira na sociedade, mesmo com o
sacrifício da própria vida.
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Sumário Introdução .................................................................................................................................. 10
I - Origem e conceito do Direito Penal do Inimigo .................................................................. 16 1.1 - Origem do Direito Penal do Inimigo ................................................................................. 16 1.2 - Conceito do Direito Penal do Inimigo .............................................................................. 18
II - Atual Situação da Segurança Pública .................................................................................. 21 2.1 - Falência e Crise no Sistema Prisional e o Crime Organizado ........................................... 21 2.2 - Evolução Histórica das Facções Criminosas no Brasil ..................................................... 22 2.3 - Crime Organizado e as Facções Criminosas no Brasil ..................................................... 27
III - Direito Penal do Inimigo .................................................................................................... 39 3.1 - Posições Doutrinárias ........................................................................................................ 39 3.2 - Princípios Constitucionais e o Direito Penal do Inimigo .................................................. 41
IV – Aplicabilidade do Direito Penal do Inimigo à atual situação da Segurança Pública e a falência no sistema carcerário ...................................................................................................
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4.1 – O Direito Penal do Inimigo e o RDD ............................................................................... 75
Conclusão ................................................................................................................................. 87
Anexo I – Crime organizado tenta emboscada contra agentes públicos ................................... 91 Anexo II – Localização das penitenciárias do Estado de São Paulo ......................................... 93 Anexo III – Folheto distribuído pelo crime organizado ............................................................ 94 Anexo IV – Enquete, o que fazer para cessar o crime organizado ............................................ 95 Anexo V – Saldo dos ataques ao Estado de São Paulo ............................................................. 96 Anexo VI – A cela de Marcola – Líder do PCC ........................................................................ 97 Anexo VII – Método para entrar com celulares nos presídios .................................................. 99 Anexo VIII - Vagas prisionais ................................................................................................... 100 Anexo IX - Como funciona o PCC ............................................................................................ 101
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Anexo X - Brasil com penas brandas ........................................................................................ 102 Anexo XI - Resultado de rebeliões ............................................................................................ 103 Anexo XII – Supermax .............................................................................................................. 104 Anexo XIII - Estatística prisional – Trabalho ........................................................................... 105 Anexo XIV - Estatística prisional – Educação .......................................................................... 106 Anexo XV - Estatística prisional –Rebeliões ............................................................................ 107 Anexo XVI - Estatística prisional – População Anual .............................................................. 108 Anexo XVII – Praga Nacional .................................................................................................. 109 Anexo XVIII – PCC em funcionamento ................................................................................... 110 Anexo XIX – O Estatuto do PCC .............................................................................................. 111 Anexo XX - O Estatuto do CRBC ............................................................................................. 113 Referências ................................................................................................................................ 116 Revistas ..................................................................................................................................... 120 Fotos – Endereço Eletrônico ..................................................................................................... 121
Notas .......................................................................................................................................... 124
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Resumo Vivemos no Brasil sérios problemas relacionados às questões criminais após a remodelação do crime organizado, que é um complexo de atos ilícitos decorrentes da associação de criminosos. Essas facções criminosas possuem uma estrutura hierárquica altamente qualificada que exercem as mais variadas atividades ilícitas - com maior ênfase o tráfico de drogas. O crime organizado está enraizado na sociedade e dentro dos presídios de onde vêm as ordens para a realização do caos. Com os ataques do PCC, ficou demonstrado a existência do crime organizado e a precariedade do sistema penitenciário que deveria dar maiores oportunidades no que se refere à dignidade da pessoa humana e à ressocialização do indivíduo, além de manter a sociedade segura. O Regime Disciplinar Diferenciado surge como uma medida imediatista, cumprindo seu papel ao isolar líderes do crime organizado bem como os demais criminosos pertencentes às facções de alta periculosidade, não permitindo seu contato com o mundo exterior. Diante da atual situação em que se encontra a segurança pública, é imprescindível novas reformulações no Direito Penal, aplicando punições que cumpram seu papel como prevenção e não somente punição ou ressocialização de quem não quer se recuperar. Com a emergência do Direito Penal moderno, o surgimento de novos delitos e a ascensão do crime organizado há a possibilidade da aplicação do Direito Penal do Inimigo, como é defendido por Günter Jakobs - separando o criminoso comum do criminoso que renega o poder do Estado e não tem a garantia de recuperação. O ideal seria punir com eficiência e não punir mais, mas na medida certa, pois contra fatos não há argumentos. Palavras chave Crime organizado, facções, pena, direito, inimigo, ressocialização, dignidade.
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Abstract We live in Brazil serious problems related to criminal matters after the redevelopment of organized crime, which is a complex tort arising from the association of criminals. These criminal organizations have a hierarchical structure highly qualified performing all kinds of illicit activities - with greater emphasis on drug trafficking. Organized crime is rooted in society and within the prisons where the orders come to the realization of chaos. With the PCC attacks, demonstrated the existence of organized crime and insecurity of the prison system should give more opportunities in regard to human dignity and the rehabilitation of the individual, in addition to maintaining a safe society. The Differentiated Disciplinary Regime emerges as an immediate measure, fulfilling its role to isolate the leaders of organized crime and other criminal factions belonging to the highly dangerous, preventing their contact with the outside world. For the moment you are in public safety, it is essential new reformulations in criminal law, applying sanctions that fulfill their role as prevention and not just punishment or rehabilitation of those who do not want to retrieve. With the emergence of modern criminal law, the emergence of new crimes and the rise of organized crime there is the possibility of applying criminal law of the Enemy, as suggested by Mr Jakobs - separating the common criminal the criminal who deny the power of the state and not is assured of recovery. The ideal would be to punish effectively, rather than punishing it, but just right, because against facts there are no arguments.
Keywords
Organized crime factions, penalty, law, enemy, rehabilitation, dignity.
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Introdução
Justa, verdadeiramente, é a guerra quando necessária, e piedosas as armas quando apenas nas armas repousa a
esperança.
Nicolau Maquiavel
O Direito Penal do Inimigo é uma conjectura lançada por Günther Jakobs, desde 1985,
sustenta essa teoria com base nas políticas públicas que combatem a criminalidade. A punição
seria com base no autor e não devido ao ato praticado por ele. Esta designação tem maior
destaque atualmente em razão de ataques terroristas ocorridos freqüentemente. Desta maneira,
certos países deram início a esta nova forma de punição, sendo que na maior parte dos direitos
humanos é restringido de maneira absoluta, com inclusão o direito a vida.
Jakobs, propõe um direito diferenciado a pessoas de alta periculosidade, visto que para estas o
direito penal do cidadão não se faz eficaz, assim, desta forma, os inimigos seriam os sujeitos
criminosos, que cometem delitos impregnados de ódio e terror, como crimes econômicos,
crimes organizados, infrações penais perigosas, crimes sexuais, bem como terroristas. “Em
suma, é inimigo do estado todo aquele que abduz com caráter inalterável do Direito e,
portanto, não apresentar garantias estáveis de que continuará fiel a norma”. (GOMES, ano
2005, p 215.).
O Direito Penal do Inimigo é uma forma de direito que serve para combater determinadas
classes, ou seja:
[...] a reprovação não se estabelece em função da gravidade do crime praticado, mas do caráter do agente, seu estilo de vida, personalidade, antecedentes, conduta social e dos motivos que o levaram à infração penal. Há assim, dentro dessa concepção, uma culpabilidade do caráter, culpabilidade pela conduta de vida ou culpabilidade pela decisão de vida. (CAPEZ, 2005, p115.).
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Destaca-se que o inimigo surge por ter infligindo um “contrato – social” consolidado com o
Estado, e por ter fragmentado tal contrato, não teria o individuo o direito de ser respeitado
como cidadão. Deste modo, nos eventos de elevada traição, não haveria qualquer
subordinação dele para com o Estado, privando-os dos direitos de serem considerados com
cidadãos, e estendendo-se como exatos inimigos do Estado.
Os direitos fundamentais somente pertenceriam aos cidadãos de bem, tais direito, de outra
sorte seria abjurado para os inimigos. Segundo Hobbes (2003):
Os indivíduos que não fossem capazes de se adaptarem a uma vida em um estado comum de direito, deveria, ser expelido a custodia de segurança, devendo tratá-los não como pessoas, mas como inimigo. (Hobbes, 1998, p. 93).
O inimigo não representa somente um risco ao ordenamento jurídico, como também um
perigo a sociedade, explicando a sua punição. Todo sujeito que delinqüe faz jus a certas
proteções, no entanto, o inimigo somente recebe a coação, por isso o nome Direito Penal do
Inimigo, visto que, este somente se quadra para paralisar certas atitudes e o potencial
ofensivo.
Destarte, são essencialmente dois Direitos Penais, sendo que um cercado de garantias,
portanto, como hoje, para aquele que são considerados como cidadãos, e o segundo, para
aqueles que não se comportam como cidadão, considerados os inimigos e tais garantias não
podem ser de usufruto deles.
Compreendemos que o Direito Penal do Inimigo seria a exceção do direito tradicional, tal
exceção existiria para assegurar a estabilidade da regra. Desta forma, o direito penal do
inimigo preza em eliminar todos aqueles que ofereçam a sociedade um risco, ou seja, não
ofereçam uma garantia mínima necessária para que possam ser tratados como pessoas. De
outra sorte, o direito tradicional, somente preconiza a conservação ou a manutenção da ordem.
Este direito aduz ainda, a exclusão dos inimigos, que se justificam por não serem pessoas,
aduz ainda a otimização da proteção dos bens jurídicos, enquanto o direito tradicional, otimiza
as esferas de liberdade. No primeiro o Estado não mais dialoga com os cidadãos para manter a
vigência da norma, mas combate seus inimigos, isto é, combate o perigo.
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A existência de inimigos é um fato real, o qual o perigo que eles representam ao ordenamento
jurídico é um problema que não pode ser resolvido pelo direito tradicional, ou seja, o direito
penal, muito menos através de meios policiais.
Com evolução da sociedade surge também novos delitos, e com a dilatação do direito penal
teve por conseqüência jurídica o aumento dos tipos penais. No entanto, tais tipos penais têm
por sua vez um abrandamento nas penas, este fato deriva da administração e da
implementação de acordos no campo do processo penal, no qual as penas de liberdade são
substituídas por penas alternativas, assim como as restritivas de direito, bem como multa.
Segundo Roxim (2002), a substituição da pena por penas alternativas ficará inviável, no
âmbito político e econômico para que o estado possa mate – lá. Alega que:
Nos últimos anos a Alemanha tem aumentado consideravelmente tem aumentado consideravelmente a aplicação da multa ao invés da prisão, pois o Estado demonstra sua reprovação aos crimes não pela intensidade da sanção e sim pela simples prevenção. (ROXIM, 2002, p.70).
Com os delitos advindos da globalização, há uma chamada macrocriminalidade, ou seja,
criminalidade econômica, bem como organizado, terrorismo, tráfico de armas e pessoas e as
demais dita alhures, se faz primordial a prevenção do direito penal o qual passa a ter um setor
unificado.
Fábio D`Ávila (2004, p. 91) descreve com precisão novo cenário do Direito Penal:
A disparidade de tais universos apresenta-se de forma muito clara nos problemas enfrentados pela dogmática penal. São evidentes as inúmeras deficiências que vem atestando em sua tentativa de acompanhar a pretensão político-criminal nestes novos âmbitos de tutela, uma vez que preparada para atender uma demanda absolutamente diversa daquela que ora é proposta. O direito penal liberal elaborado tendo por base o paradigmático delito de homicídio doloso, no qual há marcante clareza na determinação dos sujeitos ativo e passivo, bem como do resultado e de seu nexo de causalidade, defronta-se com delitos em que o sujeito ativo dilui-se em uma organização criminosa, em que o sujeito passivo é difuso, o bem jurídico coletivo, e o resultado de difícil apreciação. Sem falar, obviamente, do aspecto transnacional destes novos delitos, em que tanto a ação como os resultados normalmente ultrapassam os limites do Estado Nação, necessitando, por conseguinte, da cooperação internacional para a elaboração de propostas que ambicionem uma parcela qualquer de eficácia.
Há necessidade de combater os novos crimes surgidos com a evolução e com a constatação
que o direito penal tradicional não esta preparado para tanto, surge desta forma, a “teoria
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dualista do sistema penal com regras de imputação e princípios e garantias processuais de dois
níveis”. (D’ÁVILA, 2004, p. 108).
A proposta é que as garantias fundamentais sejam relativizadas, porém, mais branda, isto é,
que ocorra a flexibilização dos princípios processuais e das garantias fundamentais, bem
como a exclusão da pena de prisão. Segundo o autor existem duas conseqüências:
Admitir as penas não privativas de liberdade, como mal menor, dada as circunstancias, para infrações nas quais tem flexibilização os pressupostos de atribuição de responsabilidade. Sobretudo, exigir da lei, as penas de prisão de larga duração, e que se mantenha o rigor clássico de imputação de responsabilidade. (SANCHEZ, 2002, p. 142).
Com o fim de atender a política criminal e a inobservância dos princípios fundamentais,
Hasser em seu artigo alega que “é necessária a repressão e prevenção não se separa com
clareza o controle da criminalidade organizada”, assim, deveriam ser flexibilizadas as penas,
da mesma forma que são flexibilizados a imputação.
Tal teoria atende o principio da proporcionalidade e da razoabilidade entre o Direito Penal do
Inimigo e rígido e um direito penal amplo e flexível. Com a flexibilização, as garantias
individuais e das regras de imputação, há a perda de tradições liberais, contudo essa é a perda
do direito penal tradicional/funcional, isso tem como objetivo reduzir a insegurança social.
Jakobs, considera necessária a criação de um novo direito precisamente para poder manter a
vinculação do direito penal geral a noção do Estado de Direito. Quem não quer privar o
direito penal do cidadão de suas qualidades vinculadas à noção de Estado de Direito, deveria
na realidade de chamar de outro modo o que dever ser feito contra os terroristas se não deseja
sucumbir, isto é, deveria chamar de direito Penal do Inimigo, guerra reprimida.
Os inimigos são aqueles cuja atitude, na vida econômica, mediante sua incorporação a uma
organização, reflete seu distanciamento, presumivelmente duradouro e não apenas incidental
em relação ao direito, e que, por isso, não garantem a segurança cognitiva mínima de um
comportamento pessoal, demonstrando um déficit por meio de sua atitude.
Certamente as atividades desses indivíduos se concretizam geralmente na comissão de fatos
delituosos, como assassinatos lesões, danos, extorsões, mas não são esses fatos os que
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constituem base dos dispositivos do direito penal do inimigo, pois estes, enquanto tais, não
diferem dos incidentalmente realizados pelos cidadãos vinculados ao e pelo direito.
Os dados concretos servem como bases aos dispositivos específicos do direito penal do
inimigo são habitualmente e o profissionalismo de suas atividades, mas, sobretudo, o fato de
pertencerem aos seus autores à organização que se opõem ao direito e ao exercício de sua
atividade a serviço dessas organizações.
Por outro lado, essas circunstâncias fundamentariam, com relação ao comportamento desses
indivíduos, um significado adicional de negação frontal dos princípios políticos ou
socioeconômico básicos do nosso modelo de convivência e por isso, representariam perigos
que ameaçam a existência da sociedade, ou infrações de normas relativas a configurações
sociais consideradas essenciais, mas que são especialmente vulneráveis.
Alem das lesões dos bens jurídicos de titularidade individual que se distingui, nitidamente,
pois os inimigos, são indivíduos que se caracterizam, primeiro por rechaçarem a legitimidade
do ordenamento jurídico e perseguirem a destruição dessa ordem, e segundo como
conseqüência disso, por sua especial periculosidade para a ordem jurídica, dado que tais
indivíduos não oferecerem garantias mínimas de segurança cognitiva de um comportamento
pessoal, ou seja, seu comportamento já não é calculável conforme as expectativas normativas
vigentes na sociedade.
Jakobs (2007, p.67, grifo do autor) preleciona:
Quem não presta uma segurança cognitiva suficiente de um comportamento pessoal, não só não pode esperar ser tratado ainda como pessoa, mas o Estado não ‘deve’ tratá-lo, como pessoa, já que do contrário vulneraria o direito à segurança das demais pessoas.
Em suma, o individuo que não cumpre com o dever de cidadão, zelando pela segurança estatal
e desrespeitando normas cogentes impostas pelo Estado, deve ser este individuo banido da
sociedade como cidadão, não devendo ser mais tratado como tal.
Nesta perspectiva, o trabalho monográfico foi dividido em 4 capítulos. Na primeira parte
tratamos das origens e do conceito do Direito Penal do Inimigo. Já no segundo capítulo
abordamos a atua situação da segurança pública, o que a sociedade esta vivendo em
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decorrência do avanço do crime organizado. No terceiro capítulo tratamos das posições
doutrinárias e Princípios Constitucionais e o do Direito Penal do Inimigo. O capítulo quarto
faz referência a aplicabilidade do Direito Penal do Inimigo perante a atual situação da
segurança pública e a falência do sistema carcerário e a aplicação do Regime Disciplinar
Diferenciado.
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I. Origem e conceito do Direito Penal do Inimigo 1.1. Origem do Direito Penal do Inimigo O Direito Penal do Inimigo como é hoje o defendido por Jakobs, resultante da soma de fatores
como a expansão do Direito Penal, do surgimento do Direito Penal Simbólico e do ressurgir
do punitivismo (Jakobs. 2005. pp. 57 - 65), tendo em vista a emergência do Direito Penal
moderno, tem idéias filosóficos. Entre outros filósofos teve papel de destaque Kant e
Hobbes, que há muito tempo elaboraram conceitos de inimigos, e na atualidade
fundamentam o Direito Penal do Inimigo desenvolvido por Jakobs (2005, pp. 25 – 30).
Kant, afirma que o estado de natureza é o estado de guerra, a paz só é possível através do
estado civil. No estado natural os homens se ameaçam mutuamente sem revelarem suas
hostilidades, pondo em risco a segurança uns dos outros. Ao ingressar no estado civil, um
homem dá aos demais garantia de não hostilizá-los. Assim, um homem pode considerar o
outro seu inimigo em decorrência de não assegurar-lhe segurança por não participar do estado
legal comum, tornando-se uma ameaça perpétua (Kant. 1936, pp. 45-46). São palavras de
Kant, "posso obrigá-lo, ou a entrar comigo num estado legal comum, ou mesmo a ou afastar-
se de meu lado" (1936, pp. 45-46). Desta maneira , se um homem permanece em estado de
natureza, torna-se inimigo, sendo legítima qualquer hostilidade contra ele. Portanto, não é
necessário que cometa delitos, pois estando fora do Estado civil, ameaça constantemente a paz
(1936, p. 46).
Na doutrina de Hobbes, Jakobs se identifica intimamente. Segundo Hobbes, o inimigo é
aquele indivíduo que rompe com a sociedade civil e volta a viver em estado de natureza, ou
seja, homens em estado de natureza são todos iguais. O estado de natureza, segundo Hobbes,
"é a liberdade que cada homem possui de usar seu próprio poder, de maneira que quiser, para
a preservação de sua própria natureza, ou seja, de sua vida" (Hobbes, 1997, p. 113). Para
Hobbes, o estado natural dos homens é o estado de guerra, onde todos os homens são
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inimigos dos outros, e um homem pode tudo contra seus inimigos (1997, p. 109). Pois na
guerra não há lei e onde não há lei, não há justo ou injusto, nem bem, nem mal (1997, p. 110).
Os homens ao se reunirem em sociedade colocaram fim ao estado de natureza, ou seja, estado
de guerra, orientados pelo medo e pela busca de uma vida mais segura. Portanto, os homens
uniram-se entre si, em cidades, contra seus inimigos comuns pela busca da paz duradoura,
renunciando de parte de seus direitos uns aos outros e ao Estado, tornando-se cidadãos
(Hobbes, 2004, cap. V, X e XI, não paginado).
Para Hobbes, as leis civis são feitas para os cidadãos, sendo que, os inimigos não estão
sujeitos a elas, pois negaram a autoridade do Estado, dessa forma, poderão receber o castigo
que o representante do Estado achar conveniente. Pois, os danos infligidos a quem é um
inimigo declarado não podem ser classificados como penas. Dado que esse inimigo ou nunca
esteve sujeito à lei, e, portanto, não pode transgredi-la, ou esteve sujeito a ela e professa não
mais o estar, negando em conseqüência que possa transgredi-la, todos os danos que lhe
possam ser causados devem ser tomados como atos de hostilidade. E numa situação de
hostilidade declarada é legítimo infligir qualquer espécie de danos. De onde se segue que, se
por atos ou palavras, sabida e deliberadamente, um súdito negar a autoridade do representante
do Estado (seja qual for à penalidade prevista para a traição), o representante pode
legitimamente fazê-lo sofrer o que bem entender. (Hobbes, 1997, 237)
Dessa forma, são inimigos os que renegam o poder do Estado, sendo que estes não devem ser
punidos pela lei civil, e sim pela lei natural, isto é, "não como súditos civis, porém como
inimigos do governo, não pelo direito de soberania, mas pelo de guerra" (Hobbes, 2004, p.
234).
E Hobbes entende que a legitimidade de atos de guerra contra os inimigos chegando a ponto
de afirmar que infligir um dano a um inocente que não é súdito, portanto, inimigo, se for para
o benefício do Estado, e sem a violação de um pacto anterior não constitui desrespeito à lei da
natureza. Contra os inimigos que ameaçam o Estado "é legítimo fazer guerra, em virtude do
direito de natureza original, no qual a espada não julga, [...], nem tem outro respeito ou
clemência senão o que contribui para o bem de seu povo". (Hobbes, 1997, p 22)
Defende Fitche, que de modo similar a Hobbes entende que aquele que rompe com o contrato
cidadão perde todos os seus direitos de cidadão e como ser humano e passa ao estado de
ausência total de direitos. Afirma o autor que a execução de um indivíduo, pela sua
personalidade, não é pena, mas medida de segurança (MELIÁ, 2005, p. 26.)
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Para Prittwitz, quando Jakobs falou em Direito Penal do Inimigo pela primeira vez, em 1985,
numa palestra me Frankfurt, não recebeu muito interesse, porém, em 1999, na Conferência do
Milênio em Berlim, o conceito causou grande motivação. (PRITTWITZ, 2004. Cit., p. 41)
A atitude da doutrina mudou, pois em 1985, Jakobs usou a terminologia de forma crítica e,
em 1999, defendeu-a avidamente (2004, p. 42.)
1.2. Conceito do Direito Penal do Inimigo Jakobs defende que devem existir dois tipos de Direito, um voltado para o cidadão e outro
voltado para o inimigo. Segundo o autor, "não se trata de contrapor duas esferas isoladas do
Direito penal, mas de descrever dois pólos de um só contexto jurídico-penal". (MELIÁ, 2005
p. 21).
O Direito voltado para o cidadão caracteriza-se pelo fato de que, ao violar a norma, ao
cidadão é dada a chance de restabelecer a vigência dessa norma, de modo coativo, mas como
cidadão, pela pena (2005, p. 32-33). Neste caso, o Estado não vê no indivíduo um inimigo,
que precisa ser destruído, mas o autor de um fato normal (2005, p. 32), que, mesmo
cometendo um ato ilícito, mantêm seu status de pessoa e seu papel de cidadão dentro do
Direito. Além do que, não pode despedir-se da sociedade pelo seu ato. (2005, pp. 26-27).
Porém, existem indivíduos que pelos seus comportamentos: pelos tipos de crimes que
cometem (delitos sexuais), ou pela sua ocupação profissional (criminalidade econômica,
tráfico de drogas), ou por participar de uma organização criminosa (terrorismo), "se afastou,
de maneira duradoura, ao menos de modo decidido, do Direito, isto é, que não proporciona a
garantia cognitiva mínima necessária a um tratamento como pessoa" (2005, pp. 35), e
consequentemente devem ser tratados como inimigos, sendo que para este se volta o Direito
Penal do Inimigo.
A tese defendida por Jakobs é estruturada sobre o conceito de pessoa e de não-pessoa. Vindo
o inimigo a ser uma não-pessoa, "pois um indivíduo que não admite ser obrigado a entrar em
um estado de cidadania não pode participar dos benefícios do conceito de pessoa". (2005, pp.
36)
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Para Jakobs, indivíduo e pessoa são distintos. O indivíduo pertence à ordem natural, é o ser
sensorial, tal como aparece no mundo da experiência. Os indivíduos são animais inteligentes,
conduzindo-se pelas suas satisfações e insatisfações conforme suas preferências e interesses,
ou seja, sem referência a nenhuma configuração objetiva do mundo externo em que
participam outros indivíduos. (JAKOBS, 2003, p. 69 e SS)
A pessoa, por outro lado, está envolvida com a sociedade (mundo objetivo), tornando-se
sujeito de direitos e obrigações frente aos outros membros do grupo do qual faz parte,
propiciando a manutenção da ordem no mesmo. (JAKOBS, 2005, p. 25)
Portanto, "a persona es algo distinto de un ser humano; este es resultado de procesos
naturales, y aquélla un producto social que se define como la unidad ideal de derecho y
deberes que son administrados a través de un cuerpo y de una conciencia". ( JAKOBS, 2003
p. 72)
Quando comete um delito ao cidadão é previsto o devido processo legal que resultará numa
pena como forma de sanção pelo ato ilícito cometido. Ao inimigo o tratamento é diverso, a ele
o Estado atua pela coação, a ele não é aplicada pena e sim medida de segurança (MELIÁ,
2005, p. 24)
O inimigo é um perigo que se visa combater, neste sentido o Direito se adianta a o
cometimento do crime levando em conta a periculosidade do agente. (2005, p. 22-23)
Pois, "o Estado tem direito a procurar segurança frente a indivíduos que reincidem
persistentemente na comissão de delitos". (2005, p. 29)
Assim, "o Direito penal do inimigo é daqueles que o constituem contra o inimigo: frente ao
inimigo, é só coação física, até chegar à guerra". (2005, p. 30)
Jakobs utiliza a periculosidade do agente para caracterizar o inimigo, contrapondo-o ao
cidadão que, apesar de seu ato, oferece garantia de que se conduzirá como cidadão, atuando
com fidelidade ao ordenamento jurídico, de forma que sua personalidade tende para tanto.
(2005, p.33-34).
Já o inimigo não oferece esta garantia, devendo ser combatido pela sua periculosidade, e não
punido segundo a sua culpabilidade. No Direito Penal do Inimigo a punibilidade avança para
o âmbito interno do agente e da preparação, e a pena se dirige á segurança frete atos futuros
(2005, p. 36), caracterizando o Direito Penal do Inimigo como um direito do autor. (MELIÁ,
20
2005, p. 80) não do fato. Assim, o ponto de partida ao qual se ata a regulação é a conduta não
realizada, mas só planejada, isto é, não o dano à vigência da norma que tenha sido realizado,
mas o fato futuro. Dito de outro modo, o lugar do dano atual à vigência da norma é ocupado
pelo perigo de danos futuros: uma regulação própria do Direito penal do inimigo. (2005, p.
80).
O trânsito do cidadão ao inimigo se dá pela integração em organizações criminosas bem
estruturadas, mas, além disso, se dá também, pela importância de cada ato ilícito cometido, da
habitualidade e da profissionalização criminosa, de forma a manifestar concretamente a
perigosidade do agente. (SANCHEZ, 2002, p. 149). "O Direito do inimigo – poder-se-ia
conjeturar – seria, então, sobretudo o Direito das medidas de segurança aplicáveis a
imputáveis perigosos" (2002, p. 150), em contrapartida as medidas de segurança aplicadas à
inimputáveis no Direito Penal comum.
O atentado de 11 de setembro de 2001 é usado por Jakobs para ilustrar sua tese, como
exemplo típico de um ato terrorista. Dessa forma, o autor afirma que o delinqüente por
tendência não pode ser tratado como um cidadão que age erroneamente, pois o mesmo está
intrincado numa organização criminosa colocando em perigo a legitimidade do ordenamento
jurídico pelo fato de rechaçá-lo e não se adaptar a ele. (MELIÁ, 2005, p. 36). Assim, "quem
inclui o inimigo no conceito de delinqüente-cidadão não deve assombrar-se quando se
misturarem os conceitos de guerra e processo penal". (2005, p. 37).
Desta maneira Jakobs sustenta que a separação entre Direito Penal do cidadão e Direto Penal
do inimigo visa proteger a legitimidade do Estado de Direito, certamente voltado para o
cidadão.
Jakobs defende o Direito Penal do Inimigo afirmando que, o Estado tem o direito de procurar
a segurança frente aos inimigos, sustentando que a custódia da segurança é uma instituição
jurídica. E argumenta que os cidadãos têm o direito de exigir do Estado às medidas adequadas
a fim de fornecer esta segurança. (2005, p. 29). Portanto, o Estado não deve tratar o inimigo
como pessoa, pois do contrário vulneraria o direito à segurança das demais pessoas. (2005, p.
42)
21
II. A atual situação da segurança pública 2.1 Falência e crise no sistema prisional e o crime organizado O crime organizado teve seu alicerce fundado nas antigas máfias originárias de diversos
paises.
Crime organizado é toda organização cujas atividades são destinadas a obter poder e lucro, transgredindo a lei das autoridades locais. Entre as formas de sustento do crime organizado encontram-se o tráfico de drogas, os jogos de azar e a compra de "proteção", como acontece com a Máfia italiana.
Em cada país as facções do crime organizado costuma receber um nome próprio. Assim costuma-se chamar de Máfia (aportuguesação do italiano maffia) ao crime organizado italiano e ítalo-americano; Tríade ao chinês; Yakuza ao japonês; Cartel ao colombiano e mexicano e Bratva ao russo e ucraniano. A versão brasileira mais próxima disso são os Comandos, facções criminosas sustentadas pelo tráfico de drogas e sequestros.
Seja qual for a atividade à qual o crime organizado se dedique, este sempre enfrentará, além do combate das forças policiais de sua região de atuação, a oposição de outras facções ilegais. Para manter suas ações ilícitas, os membros de organizações criminosas armam-se pesadamente, logo pode-se dizer que as armas – e os assassinatos – são o sustentáculo do crime organizado.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_organizado - Acesso em: 17 de
dezembro de 2008.
As Máfias, a princípio criadas para garantir a segurança pública, se dirigiram para outros
rumos devidos os mais diversos problemas vividos nas sociedades, como proibições
determinadas pelo poder estatal, corrupção (políticos e grandes autoridades), ou ainda como
uma forma de se conseguir estatus social.
Devemos observar que algumas máfias, como por exemplo as máfias italianas, a Yakuza
japonesa e as Tríades chinesas, surgiram no início do século XVI, detêm certas semelhanças
22
em suas características, pois surgiram para atuar contra abusos cometidos por aqueles que
detinham poder.
2.2. Evolução histórica das facções criminosas no Brasil O primeiro registro que se tem conhecimento de crime organizado no Brasil teve sua origem
no sertão do Nordeste (cangaço), nos séculos XIX e XX, com os jagunços e dos capangas dos
coroneis (fazendeiros).
Personificados na figura de Virgulino Ferreira da Silva. O Lampião, (1897 – 1938), os cangaceiros tinham organização hierárquica e com o tempo passaram a atuar em várias frentes ao mesmo tempo, dedicando-se a saquear vilas e pequenas cidades, extorquir dinheiro mediante ameaça de ataque e pilhagem ou sequestrar pessoas importantes e influentes para depois exigir resgates. Para tanto, relacionavam-se com fazendeiros e chefes políticos influentes e contavam com a colaboração de policiais corruptos, que lhess formeciam armas e munições. (Silva. 2003. p. 25).
Em seguida surge o “Jogo do Bicho”, que era a atividade ilícita mais comum na época, sendo
considerada pioneira na esfera da criminalidade organizada brasileira.
O decreto lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941, Leis das Contravenções Penais, dispõe sobre
o Jogo do Bicho, em seu Artigo 58.
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou exploração: Pena – prisão simples, de 4 (quatro) meses a 1 (um) ano, e multa.
O surgimento de novas organizações criminosas data da década de 70 e 80, ficando mais
especializadas e mais violentas, atuando até os dias atuais.
A Falange Vermelha - Origem no presídio de Ilha Grande – “Caldeirão do Diabo” sendo
formada por chefes de quadrilhas especializadas em roubos a bancos.
23
O Comando Vermelho – CV, surgiu no Estado do Rio de Janeiro, no Instituto Penal Cândido
Mendes, que antes se chamava anteriormante de Colônia Correcional de Dois Rios,
(Caldeirão do Diabo), teve muitos prisioneiros ilustres, em geral condenados por crimes
políticos no período autoritário de Getúlio Vargas, ou mais tarde nos anos de chumbo da
ditadura militar pós 1964.
Graciliano Ramos, esteve lá, e escreveu Memórias do Carcere, decrevendo a vida no presídio.
Esteve na Colônia em 1936, acusado de crimes contra o Estado. Nunca foi a julgamento.
Quando chegou à Colônia , foi recebido pelo encarregado da segurança do presídio. O homem
fez um discurso que o escritor registrou:
Aqui não há direitos. Escutem. Nenhum direito. Quem foi grande esqueça-se disto. Aqui não há grandes. É tudo igual. Os que têm protetores ficam lá fora. Atenção. Vocês não vêm corrigir-se, estão ouvindo? Não vêm corrigir-se: vêm morrer! (Amorim. 2007. p 53).
O Cândido Mendes tem segredos, mortes violentas, estupros, o preso contra o preso, a guarda
contra todos, é uma cadeia de muitos horrores.
A cadeia foi construída para 540 presos, em 1979 tinha 1.284 homens encarcerados, se
vestiam como mendigos.
Quem entra ladrão sai assaltante, e aquele que tentava a sorte sozinho sai chefe de quadrilha. A partir de 1960, a Ilha Grande se transforma num depósito para os mais perigosos. Vira prisão de segurarança máxima. E ainda se comete o erro de juntar o bandido dito irrecuperável com o velho presidiário. Muitos homens condenados por crimes menores também enfrentam a convivência com o que há de pior do crime. Este é o “Caldeirão do Diabo”. (Amorim. 2007. p. 53).
24
http://www.terra.com.br/istoe/1909/fotos/pcc_nascimento_02.jpg
A imagem acima mostra claramente a existência do Comando Vermelho atualmente dentro
dos presídios e a coragem dos detentos em assumirem sua participação no crime organizado.
Após o nivelamento do preso político ao preso comum (bandido), o sistema cometeu um
grande erro. O encontro dos integrantes das organizações revolucionárias com o criminoso
comum rendeu um fruto perigoso: O Comando Vermenho.
Foi com a iniciativa do regime militar, tranformando a legislação especial (Lei de Seguranraça Nacional) aprovada apressadamente pelo Congresso Nacional, foi regulamentada pelo artigo 27 do Decreto lei 898 de 1969. O alvo principal da repressão eram os setores da esquerda que enveredavam para a luta armada a partir de 1967. (Amorin. 2007. p. 58).
Um dos membros do Partido Comunista Brasileiro, Carlos Marighela, após um congresso em
Cuba tinha a perspectiva de desencadear o movimento guerrilheiro no Brasil, nos mesmos
moldes de Ernesto “Che” Guevara.
O artigo 27 da Lei de Segurança Nacional – LSN, vinha para agravar as penas para delitos
como assalto, roubo e depredação nas instituições financeiras e de crédito, estes delitos
deixaram de ser julgados pelo Código de Processo Penal e passaram para o âmbito dos
tribunais militares.
25
O parágrafo único do artigo 27 estabelecia:
Se dessas ações resultar morte de alguém, a pena em grau mínimo será de prisão perpétua e, em grau máximo, a pena de morte. (Amorim. 2007. p. 60).
Um exemplo dessa condenação foi a sentença dada ao militante Theodomiro Romeiro dos Santos, condenado a morte por pelotão de fuzilamento. Ele havia matado um sargento da Aeronáutica, essa sentença foi transformada mais tarde em prisão perpétua, mas Theodomiro fugiu, e até o ano de 2002, o único brasileiro setenciado à morte deve viver no exterior, após conseguir asilo político. (Amorim. 2007. p 60).
A grande influência dos presos políticos se dava pela força do exemplo, pelo idealismo e
altruísmo, pois mesmo encarcerados, continuavam mantendo a organização e a disciplina
revoluncionária.
Tudo que as famílias mandavam para os políticos era reunido num fundo comum e depois dividido entre todos em partes iguais. Eu mesmo, que nunca recebia nada do mundo exterior, ganhava a minha parte – disse Miltinho do Pó. (Amorim. 2007. p 64).
“Se depoimentos como este fossem levados em conta, certamente os juristas do regime militar não teriam editado o artigo 27 da LSN.” (Amorim. 2007. p 64).
Isso só mostra quanto foi grande a influência dos presos políticos sobre os criminosos
comuns, originando assim e organizando o Comando Vermelho.
Após uma verdadeira batalha sangrenta entre: Falange Zona Sul, galeria C, que a política
violenta garante o reinado dessa quadrilha em Ilha Grande, a Falange da Coréia, é dona de
um pedaço da galeria C, e enfrenta uma dificuldade básica, “território dividido, poder
dividido”, a prática de violência sexual e os ataques para roubar outros presos são
características desses “falangistas”.
Quando estoura a guerra, os dois grupos se unem formando o Terceiro Comando.
Há ainda outra falange na Ilha Grande, os Independentes ou Neutros, tem uma neutralidade
aparente, pois apoiam a Falange Jacaré ou Zona Norte, determina pra onde sopra o vento
26
em Ilha Grande. A massa carcerária faz o que eles querem, controlam mais de duzentos dos
mais perigosos condenados.
As outras falanges mantêm uma relação de respeito e colaboração com a Falange Jacaré, os
únicos inimigos estão trancados no “fundão”, incomunicáveis, sem contar com o resto do
presídio. É lá que se organiza a Falange LSN, embrião do Comando Vermelho, com
orientação de muitos presos que tiveram influência dos condenados de origem política.
Nada acontece dentro do presídio sem a autorização da Falange Jacaré, que somando a área
de ação das falanges Zona Sul e da Coréia, mais de quatrocentos presos formam o maior
segmento organizado dentro da Ilha Grande.
O que impera dentro do presídio é só uma lei, a “Lei do Cão”, e nos mandamentos da “Lei do
Cão” o primeiro deles é que cadeia é lugar de homem, você mata ou você morre.
Após a guerra quase todos os comandantes das falanges vão estar mortos, a batalha final
contra a Falange Jacaré, o Comando Vermelho consegue encurralar trinta homens numa
cela. O massacre vai mudar a ordem natural das coisas dentro do presídio, assim começa o
“Império” do Comando Vermelho.
O Terceiro Comando Jovem - era uma facção criminosa carioca formada nos anos noventa
como uma espécie de ala juvenil do Terceiro Comando, por oposição ao Comando Vermelho
Jovem, hoje considerada extinta.
O Terceiro Comando da Capital - é um grupo rival do Primeiro Comando da Capital. Foi
articulado por César Augusto Roris da Silva (mais conhecido por Cesinha), ex-líder do PCC.
Os Amigos dos Amigos – formada por ex-militares das tropas especiais do exército e dos
Fuzileiros Navais (o governo reconhece 12 casos), policiais, ex-policiais expulsos das
corporações e traficantes. É o braço direito e armado do Terceiro Comando, arquinimigo do
Comando Vermelho desde o tempo da Ilha Grande.
O Terceiro Comando Puro - é uma organização criminosa carioca, surgida no Complexo da
Maré no ano de 2002, a partir de uma dissidência do (Terceiro Comando), liderada pelo
Traficante Facão.
Durante a maior parte daquele ano o TCP permaneceu como uma facção menor, porém após
setembro de 2002, quando Fernandinho Beira-Mar liderou uma revolta no presídio Bangu 1,
27
matando alguns rivais, entre eles Uê, líder do TC, este rompeu sua aliança com a (ADA), e os
traficantes do então TC ou passaram de vez para o lado da ADA, ou migraram para o TCP.
O Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade – CBRC - organização
criminosa que atua nas penitenciárias do Estado é o CBRC (Comando Revolucionário da
Criminalidade). O CBRC é declaradamente contra o PCC e registra isso em seu estatuto.
Em sua obra “O Estado e o Crime Organizado”, Guaracy Minguardi relata:
Há traços comuns entre as diversas origens das organizações criminosas nos diferentes países sendo que a maioria teve como nascedouro movimentos populares o que dificultou sobremaneira sua aceitação na comunidade local, assim como o recrutamento de voluntários para o exercício de suas posteriores atividades ilícitas. Muitas delas passaram a atuar no vácuo de algumas proibições estatais (exploração de prostituição, jogos de azar, venda de entorpecentes e de armas sofisticadas) e contaram com a conivência de agentes do Estado para o desenvolvimento de suas atividades ilícitas, sendo que impuseram sua lei pelo emprego da ameaça e violência, voltando sobretudo para delatores e integrantes de grupos concorrentes. (2000. p.74)
O Estado continua deixando de combater os crimes considerados de menor potêncial ofensivo com rigidez e assim potencializando as ações dos mesmos. 2.3. Crime organizado e as facções criminosas no Brasil O Primeiro Comando da Capital – PCC, é uma facção de criminosos existente no país,
criada para supostamente atender os direitos de cidadãos encarcerados no Brasil . Surgiu no
início da década de 1990 no Centro de Reabilitação Penitenciária de Taubaté, local que
acolhia prisioneiros transferidos por serem considerados de alta periculosidade pelas
autoridades.
O PCC atua em roubos a bancos e a carros de transporte de valores, extorsões de familiares de pessoas presas, extorsão mediante sequestro e tráfico ilícito de substâncias entorpecentes, com conexões internacionais. Para a hegemonia de seu poder, seus membros não poupam esforços para assassinar membros de facções rivais, fora e dentro dos estabelecimentos prisionais. (Gomes, 1988, p. 69)
28
Fonte: Arquivo pessoal Foto retirada do interior de uma cela do Presídio localizado na região de Marília – SP.
A facção também é identificada pelos números 15.3.3; a letra "P" é a 15ª letra do alfabeto
português e a letra "C" é a terceira, está é uma forma de criptografar cartas usando o “alfabeto
congo”.
Atualmente a organização é comandada por presos e foragidos principalmente no Estado de
São Paulo. Vários ex-líderes estão presos (como o criminoso Marcos Willians Herbas
Camacho, vulgo Marcola, que atualmente cumpre sentença de 44 anos, principalmente por
assalto a bancos, no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes e ainda tem
respeito e poder na facção).
A facção criminosa PCC, conta com vários integrantes, que financiam ações ilegais em São
Paulo e em outros estados do país, taís integrantes fazem contribuições mensais ao bando.
O PCC iniciou-se durante uma partida de futebol, quando alguns detentos brigaram e como
forma de escapar da punição - pois várias pessoas haviam morrido - resolveram iniciar um
pacto de confiança.
O PCC foi fundado em 31 de agosto de 1993 por oito presos no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté (130 km da cidade de São Paulo), chamada de "Piranhão", até então a prisão mais segura do estado de São Paulo.
Era formada por Misael Aparecido da Silva, conhecido como "Misa", Wander Eduardo Ferreira, vulgo "Eduardo Cara Gorda", António Carlos Roberto da Paixão, apelidado
29
como "Paixão", Isaías Moreira do Nascimento, codinome "Isaías Esquisito", Ademar dos Santos, que tinha como apelido "Dafé", António Carlos dos Santos, apelidado como "Bicho Feio", César Augusto Roris da Silva, "Cesinha", e José Márcio Felício, vulgo "Geleião".
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Comando_da_Capital
O PCC, no início conhecido como Partido do Crime, afirmava que pretendia combater a
opressão dentro do sistema prisional paulista e se vingar da morte dos cento e onze presos,
em 2 de outubro de 1992, no massacre do Carandiru, quando a Polícia Militar matou
presidiários no pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção de São Paulo.
O grupo usava o símbolo chinês do equilíbrio yin-yang em preto e branco, considerando que
era “uma maneira de equilibrar o bem e o mal com sabedoria".
Desde a sua organização o Partido do Crime, com também é conhecido passou por diversas
transformações:
Em fevereiro de 2001, Sombra tornou-se o líder mais expressivo da organização ao coordenar, por telefone celular, rebeliões simultâneas em 29 presídios paulistas, que se saldaram em dezesseis presos mortos.
Idemir Carlos Ambrósio, o "Sombra", também chamado de "pai", foi espancado até a morte no Piranhão cinco meses depois por cinco membros da facção numa luta interna pelo comando geral do PCC. O PCC começou então a ser liderado por "Geleião" e "Cesinha", responsáveis pela aliança do grupo com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.
"Geleião" e "Cesinha" passaram a coordenar atentados violentos contra prédios públicos, a partir do Complexo Penitenciário de Bangu, onde se encontravam detidos.Considerados "radicais" por uma outra corrente do PCC, mais "moderada", Geleião e Cesinha usavam atentados para intimidar as autoridades do sistema prisional e foram depostos da liderança em Novembro de 2002, quando o grupo foi assumido por Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola".
Além de depostos, foram jurados de morte sob a alegação de terem feito denúncias à polícia e criaram o Terceiro Comando da Capital (TCC). Cesinha foi assassinado em presídio de Avaré, São Paulo.
Sob a liderança de Marcola, também conhecido como Playboy, atualmente detido por assalto a bancos, o PCC teria participado no assassinato, em Março de 2003, do juiz-corregedor António José Machado Dias, o "Machadinho", que dirigia o Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, hoje a prisão mais rígida do Brasil e para onde os membros do PCC temem ser transferidos.
A facção tinha recentemente apresentado como uma das suas principais metas promover uma rebelião de forma a "desmoralizar" o governo e destruir o CRP, onde os detidos passam vinte e três horas confinados às celas, sem acesso a jornais, revistas, rádios ou televisão.
30
Com o objetivo de conseguir dinheiro para financiar o grupo, os membros do PCC exigem que os "irmãos" (os sócios) paguem uma taxa mensal de cinquenta reais, se estiverem detidos, e de quinhentos reais, se estiverem em liberdade. O dinheiro é usado para comprar armas e drogas, além de financiar ações de resgate de presos ligados ao grupo.
Para se tornar membro do PCC, o criminoso precisa ser, apresentado por um outro que já faça parte da organização e ser "batizado" tendo como padrinho 3 "irmãos", um "irmão" só pode batizar outro membro 120 dias após ele ter sido batizado e o novo "irmão" tem de cumprir um estatuto de dezesseis itens, redigido pelos fundadores e atualizado pelo Marcos Camacho.
Diante do enfraquecimento do Comando Vermelho do Rio de Janeiro, que tem perdido vários pontos de venda de droga no Rio, o PCC aproveitou para ganhar campo comercialmente e chegar à atual posição de maior facção criminosa do país, com ramificações em presídios de vários estados do Brasil como Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Minas Gerais e outros mais.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Comando_da_Capital
Fica assim mais que provado que a facção criminosa PCC existe, mesmo com a negação de
diversas camadas da sociedade, e diversos membros que compõem a segurança pública.
O crime organizado existe e mais do que nunca tenta controlar de maneira violenta, deixando
vários mortos, impondo o terror e o caos.
Talvez tarde de mais o governo paulista assuma a existência desta facção, e tenta conter o seu
avanço e sua imposição do medo.
O possível estatuto do Primeiro Comando da Capital foi divulgado pela mídia brasileira em
2001. o mesmo trata de princípios da organização.
Os princípios do estatudo são regidos pela "lealdade, respeito e solidariedade" aos membros
do movimento. Inclui também uma resistência pela "liberdade, justiça e paz" e busca
melhores condições no sistema penitenciário brasileiro especialmente no Estado de São Paulo,
sobre alegação que os deetentos são torturados e sofrem atos desumanos.
A ação organizada do PCC, que resultou em uma série de rebeliões no Estado de São Paulo,
estava prevista no estatuto da organização criminosa.
O documento impõe aos seus membros a fidelidade das determinações, as quais não
cumpridas serão cobradas com á própria vida, sem sentimento de perdão ou solidariedade.
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Segue em anexo a integra do estatuto1 reproduzido fielmente como foi escrito pela liderança
da organização criminosa.
Neste contexto em 2001, ocorreu em todo o Estado de São Paulo a maior rebelião
generalizada de presos da história do Brasil até então, através do uso de telefones celulares
presos se organizaram e promoveram a rebelião. Vários presídios daquele estado, inclusive os
do interior se rebelaram.
Anos depois, entre os dias 21 e 28 de março de 2006, diversas unidades prisionais do Estado
de São Paulo foram tomadas por revolta de seus internos, inaugurando uma série de atos de
violência organizada no país.
Os "CDPs", ou centros de detenção provisória de Mauá, Mogi das Cruzes, Franco da Rocha, Caiuá e Iperó, foram os primeiros a serem tomados pelas rebeliões (21 de março de 2006). Durante aquele período, outras unidades também foram palco de rebeliões (Cadeia Pública de Jundiaí - 22 de março de 2006, e os "CDPs" de Diadema, Taubaté, Pinheiros e Osasco - 27 de março de 2006).
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Comando_da_Capital
Como reivindicações apresentadas, reclamavam os amotinados da superpopulação carcerária,
buscando transferência de presos com condenações definitivas para penitenciárias, bem como
o aumento no número de visitantes e a modificação da cor dos seus uniformes. Estavam
descontentes com a cor amarela e postulavam o retorno para a cor bege de seus uniformes.
As rebeliões, algumas com reféns, foram contidas, mas os danos provocados nas unidades
comprometeram gravemente a normal utilização.
Os ataques do Primeiro Comando da Capital continuaram acontecendo com certa constância, em meio a uma onda de violência e diversos outros atos (nem todos comprovadamente originados da organização) no ano de 2006, nas primeiras horas do dia 13 de agosto de 2006, aproximadamente a meia noite e meia, um vídeo enviado para a Rede Globo de televisão, gravado em um DVD, foi transmitido, no plantão da emissora, para todo o Brasil. Dois funcionários, o técnico Alexandre Coelho Calado e o repórter Guilherme Portanova, haviam sido sequestrados na manhã do dia anterior. Alexandre foi solto, encarregado de entregar o DVD para a Rede Globo. Colocada sob chantagem, a
1 Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u22521.shtml - Acesso em: 31 de julho de 2008.
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emissora transmitiu o vídeo, com teor de manifesto, após se aconselhar com especialistas e representantes de orgãos internacionais. O repórter Guilherme Portanova foi solto 40 horas após a divulgação do vídeo, à 0:30 do dia 14 de Agosto, numa rua do bairro do Morumbi.
A mensagem, lida supostamente por um integrante do PCC, fazia críticas ao sistema penitenciário, pedindo revisão de penas, melhoria nas condições carcerárias, e posicionando-se contra o Regime Diferencial Disciplinado (RDD).
Alguns trechos foram plagiados de um parecer do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária de 14 de abril de 2003.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Comando_da_Capital
Outras facções atuantes no Brasil como o CDL (Comando Democrático pela Liberdade) - A
facção surgiu em 1996 na Penitenciária de Avaré, interior de São Paulo. A "disciplina" inclui
surras e facadas e extorsão de dinheiro de familiares.
CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade) - A facção surgiu em 1999,
agindo basicamente em Guarulhos, como uma dissidência do PCC. Possui estatuto e arrecada
"mensalidade" de seus integrantes.
Em São Paulo, as facções PCC (Primeiro Comando da Capital), CDL e CRBC têm se
enfrentado pelo controle de unidades.
Em uma tentativa de desarticular o PCC, a maior e mais conhecida facção do Estado, os
principais líderes foram presos e isolados, em maio, no presídio de Presidente Bernardes (589
km a oeste de São Paulo), que conta com bloqueadores de celular.
Terceiro Comando da Capital, ou TCC, é um grupo rival do Primeiro Comando da Capital.
Foi articulado por César Augusto Roris da Silva (mais conhecido por Cesinha), ex-líder do
PCC.
A facção atua em presídios paulistas e, mesmo tendo sido fundada por ex-membros do PCC, a
facção vem perdendo forças desde do assassinato de seu principal líder, morto a facadas no
presído da cidade de Avaré, comandado pela facção rival do TCC. O Terceirão, como é
conhecido, domina poucos presídios do estado.
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Terceiro Comando Jovem2, era uma facção criminosa carioca formada nos anos noventa
como uma espécie de ala juvenil do Terceiro Comando, por oposição ao Comando Vermelho
Jovem.
Desde a cisão entre o Terceiro Comando a ADA ocorrido após o massacre promovido por
Fernandinho Beira-Mar no Presídio Bangu I em 2002, não se tem tido mais notícias desta
facção, considerada por muitos como extinta.
Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade – CBRC, Organização criminosa
que atua nas penitenciárias do Estado é o CBRC (Comando Revolucionário da
Criminalidade). O CBRC é declaradamente contra o PCC e registra isso em seu estatuto3, cuja
cópia esta em anexo.
Amigos dos Amigos 4 - ADA é uma das três facções criminosas que dominam os pontos de
venda de drogas no estado do Rio de Janeiro.
http://temosisso.blogspot.com/2009/03/traficantes-da-rocinha-invadem.html
A Zona Sul do Rio foi novamente um campo de batalha, com tiroteios entre traficantes rivais
e também entre bandidos e policiais. O alvo da disputa era o ponto de venda de entorpecentes
(Ladeira dos Tabajaras). Foram presas 15 pessoas, entre elas um menor de 16 anos, e, dessas, 2 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_Comando_Jovem - acesso em: 28 de novembro de 2007 3 Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u22522.shtml - Acesso em: 28 de novembro de 2007 4 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Amigos_dos_Amigos - Acesso em: 28 de novembro de 2007
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duas ficaram feridas. Houve um grande apreensão de armas pela PM: sete pistolas, três
espingardas, uma carabina ponto 30, um fuzil e nove granadas, além de munição para diversos
calibres. Todos os presos e mortos seriam da favela da Rocinha, em São Conrado (foto).
A facção ADA surgiu dentro dos presídios do Rio de Janeiro durante os anos 90, logo se
aliando ao Terceiro Comando, para diminuir o poderio do Comando Vermelho. Seu fundador,
Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, foi expulso do Comando Vermelho após matar o então líder
da facção, Orlando Jogador. Na cadeia, se uniu a Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila
Vintém e a José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha.
Em 2002, Uê, então um dos líderes do TC, foi morto dentro do presídio Bangu I por seu
maior rival, Fernandinho Beira-Mar. Celsinho da Vila Vintém, então líder da ADA, foi
acusado de traidor, e houve uma divisão entre a ADA e o Terceiro Comando, que tornaram-se
rivais. Os traficantes ligados ao TC então optaram entre seguir para a ADA ou ir para o
Terceiro Comando Puro.
O traficante Paulo César Silva dos Santos, ou Linho, era uma das maiores lideranças da ADA,
mas está desaparecido, escondido ou, (menos provável) foi morto em São Paulo,
supostamente por antigos aliados.
Em 9 de abril de 2004, a ADA passou a controlar a favela da Rocinha (zona sul), principal
ponto de venda de drogas do Rio, até então dominada pelo Comando Vermelho desde 1995.
No mesmo ano, perdeu um de seus líderes, Irapuan David Lopes, o Gangan, do Morro de São
Carlos (Estácio), morto em um tiroteio com a polícia.
No ano seguinte, Edmílson Ferreira dos Santos, o Sassá, principal líder do grupo, foi preso no
Complexo da Maré. Depois da morte dos traficantes Donga e Eguiberto - irmão do traficante
Uê no Morro do Adeus, os traficantes conhecidos como DJ e JACARÉ assumiram uma parte
do ADA, o Morro do Juramento, e o Adeus; eles teriam matado o irmão de Uê e o traficante
Donga, chefe do Adeus, sendo assim o começo do chamado (golpe de estado) aplicado por
eles.
O traficante Márcio Ramos da Silva - vulgo "Pastor" -, da favela Pára-Pedro, teria assumido
as bocas de fumo desta favela de Irajá, causando um racha na quadrilha.
Ele teria o apoio do traficante Linho que teria deixado a Pára-Pedro para o sobrinho de Uê, o
traficante Cai-Cai. Os traficantes do morro do Adeus expulsaram o grupo formado por Pastor
35
onde foram presos em Cabo Frio sete traficantes no Complexo da Boca do Mato, dominado
pelo traficante conhecido apenas como "Chapa Quente".
Com a prisão do chamado "Bonde do Pastor", DJ e Jacaré assumiram a frente do Juramento,
Pára-Pedro e Adeus. Logo após a morte destes, Anderson da Silva Verdan, o Bamba, teria
assumido o tráfico no Juramento e no Pára-Pedro, tendo perdido o controle no Morro do
Adeus uns dos QGs do ADA.
Em 2005 conseguiram expandir seus domínios até municípios vizinhos, principalmente São
Gonçalo, com o morro da Chumbada, que decidiu se unir à facção depois da morte de um de
seus traficantes, conhecido como "Bocão". Após constantes guerras com os morros de
Menino de Deus e Escadão, conseguiu se firmar como mais uma favela do grupo, tomando
tambem os morros da Alma e da Serrana em São Gonçalo.
Muitos traficantes novos também vieram fazer parte desta facção, como o Joca, Nem da
Rocinha e Coelho da Escadinha. enfin o funk e o novo ritmo do brasil.
Os principais líderes dessa organização proveram de desavenças e rachas dentro do Comando
Vermelho. Também apresenta ex-policiais e ex-militares dentro da organização criminosa.
Tem como Bordões, "É Agente", "Divulga", "É o kit to portando", "L do Patrão" (Linho)
Foram os principais lideres do ADA, Celsinho da Vila Vintém, Sassá, Linho (não há indícios
formais e comprovantes de sua morte), Coelho do São Carlos, Nem da Rocinha, Noquinha,
Coelho da Escadinha, Nego, Vovô (morto), Amarelinho (Morto).
36
http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2008/08/06/tudo-bandido.htm
Com o Google Maps da pra ter uma clara idéia do que é o crime organizado no Rio de
Janeiro. Em azul, estão as milícias; em vermelho, o Comando Vermelho; em amarelo, os
Amigos dos Amigos; em verde, o Terceiro Comando.
Assim como o PCC (Primeiro Comando da Capital), a facção ADA mantém um estatuto. Esse
estatuto mantém o "controle" sobre os integrantes e, também, sobre os moradores das
comunidades que estes meliantes dominam.
O mais interessante nisso é o fato das pessoas, os moradores, serem vistas como sendo a
primeira medida de "proteção" caso tenha uma invasão na favela.
Entretanto, os delatores, conhecidos como "X9", são tratados de modo desumano. Algumas
das penas inclui: esfaqueamento, atropelamento, retirada dos órgãos internos (como coração,
intestinos, olhos, fígados), golpes de machado, exposição em troncos, além de tiros no crânio
e na espinha dorsal. Tudo que causasse dor e durasse dias.
Os locais de execução dessas atrocidades são sempre locais escondidos, principalmente
florestas.
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O Terceiro Comando Puro 5, Terceiro Comando Puro é uma organização criminosa carioca,
surgida no Complexo da Maré no ano de 2002, a partir de uma dissidência do (Terceiro
Comando), liderada pelo Traficante Facão.
Durante a maior parte daquele ano o TCP permaneceu como uma facção menor, porém após
setembro de 2002, quando Fernandinho Beira-Mar liderou uma revolta no presídio Bangu 1,
matando alguns rivais, entre eles Uê, líder do TC, este rompeu sua aliança com a (ADA), e os
traficantes do então TC ou passaram de vez para o lado da ADA, ou migraram para o TCP.
Desde então o TCP dominou pontos de venda nas zonas Norte e Oeste, mais especificamente
no bairro de Senador Camará, tendo pouca expressão no Centro e na Zona Sul. Em Senador
Camará, as principais favelas são: Coréia, Rebu e Vila Aliança. A partir de 2005, porém,
começou, como outras facções, a sofrer baixas com a ação das milícias.
Principais líderes: Furica, Robinho Pinga, Facão, Fernandinho do Dendê e Gil.
Principais redutos: Parada de Lucas, Acari, Dendê, Vila Aliança, Rebú, Km 32.
Com a queda das vendas de drogas pela ação das milícias, os traficantes passaram a promover shows e bailes para aumentar o lucro nas bocas-de-fumo. Segundo a inteligência da polícia, as favelas comandadas pelo TCP têm um forte índice de vendas de drogas: 40%, tendo algumas das favelas dessa facção um lucro mensal de mais de R$ 1 milhão por mês, como por exemplo a favela Acari, reduto do traficante Alberico, o Derico de Acari, que comanda os pontos de drogas nessa região. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_Comando_Puro)
A guerra entre as facções vem cada vez fazendo mais vítimas: quatro jovens da favela da Vila
do João foram assasinados brutalmente com requintes de crueldade por traficantes da Morro
do Adeus, comunidade controlada pelo Terceiro Comando Puro. Os corpos dos jovens foram
encontrados decapitados, dentro de um carro.
Em Junho de 2007, os traficantes de Parada de Lucas conseguiram tomar a favela de Vigário Geral, após uma investida com mais de 50 "soldados" das favelas de Parada de Lucas, Dendê, Acari e Muquiço. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_Comando_Puro)
5 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_Comando_Puro - Acesso em: 28 de novembro de 2007
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Em contrapartida em maio,o TCP perdeu o Morro do Adeus para a facção ADA, que o
invadiu com traficantes da Vila dos Pinheiros, Morro de São Carlos e Pedreira.
Imagem do interior de viatura policial após ataque da facção PCC em São Paulo que resultou
na morte do policial que estava em serviço, e o sofrimento de uma família.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/p_20060513-pcc-03.shtml
A imagem acima mostra que contra fatos não há argumentos, quantos mais pais de família
terão que morrer em prol a sociedade, quantos mais trabalhadores, pessoas de bem terão que
se sujeitar ao crime organizado, sempre com o medo e o terror pairando sobre suas vidas,
quando terão dignidade e coragem para denunciar esses monstros que se escondem na
crandestinidade, quando o Estado dará aos criminosos sem esperança de recuperação, esses
sacripantas um destino adequado, vindo a comunidade viver sem medo e terror.
Neste âmbito consideramos pertinentes o debate sobre a aplicação do direito penal do
inimigo, assunto que será tratado no próximo capítulo.
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III. Direito Penal do Inimigo 3.1. Posições doutrinárias Quem defende o direito penal do inimigo é nomeado Günther Jakobs, declara que deve haver dois
tipos de direito, o primeiro voltado ao cidadão e o segundo voltado para o inimigo.
Preleciona o autor que:
“Não se trata de contrapor duas esferas isoladas do direito penal, mas de descrever dois pólos
de um só contexto jurídico penal.” (JAKOBS; CANClO MELlÁ, 2007, p. 23.)
O a primeiro direito é marcado pelo fato de ao contravir a norma, ao cidadão é da à
oportunidade de restabelecer a validade dessa norma de maneira coercitiva, neste
episódio o Estado não observa o sujeito como inimigo, mas sim apenas como autor
de um delito habitual, onde ainda que cometendo um ato censurável perante a
sociedade sustenta seu papel de cidadão dentro do Direito.
De outra sorte, há autores de atos ilícitos, como delitos sexuais, ou pela ocupação
profissional, assim como criminalidade econômica, trafico de drogas, bem como a
participação de uma organização criminosa como, por exemplo, o terrorismo, se
separou do direito, não produzindo uma garantia cognitiva primordial para que
ocorra o tratamento como se fosse uma pessoa, e desta forma devem ser tratados
como inimigos, portanto, para estes se faz necessário o Direito Penal do Inimigo.
Para Jakobs (2007) tudo se restringi sobre a consideração de pessoa ou não pessoa,
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de forma que para ele o inimigo não é uma pessoa, visto que o individuo não se
manteve num estado democrático de direito não pode participar dos benefícios dado
ao conceito de pessoa.
Ademais, declara que pessoa e individuo são totalmente distintos a primeiro diz
respeito à ordem, são inteligentes, conduzindo-se pelas suas realizações e
insatisfações, interesses e etc. A pessoa, de outra sorte, encontra-se envolvida com a
sociedade, tendo direitos e obrigações como também proporcionando o mantimento
da ordem.
É previsto o devido processo legal a todo o sujeito que cometer um ato ilícito, no qual em
decorrência deste será dado uma sanção. Para o Estado, ao inimigo não será aplicada a pena
e sim uma medida de segurança, esta tem o fim de combater o perigo.
Para caracterizar o inimigo analisa-se a periculosidade deste, fazendo uma comparação ao
cidadão, analisa - se o ato ilícito, e verifica-se se o autor do delito ainda possui condições de
oferecer as garantias de um cidadão comum, agindo com lealdade a norma jurídica.
De contra partida, ao inimigo não se oferece esta garantia, devendo ser condenado por sua
periculosidade e não conforme sua culpabilidade. A punibilidade aqui é vista pelo âmbito
interno do individuo, e a pena é proporcionada consonante a segurança e de acordo com os
atos a serem praticados pelo agente caracterizando desta forma, o direito penal do inimigo
como um direito penal do autor.
A transição do cidadão ao inimigo ocorre pela integração em organizações Criminosas, como
também por cada ato ilícito cometido com habitualidade e da profissionalização criminosa.
Assim podemos citar que:
“O Direito do inimigo - poder-se-ia conjeturar - seria, então, sobretudo o Direito das medidas
de segurança aplicáveis a imputáveis perigosos.” (Garcia Martín, 2007, p.119)
Em contraposto às medidas de segurança seriam aplicadas e também imputáveis no Direito
Penal tradicional.
O ocorrido em 11 de setembro de 2001 é utilizado pelo autor em tela para demonstrar sua
tese, como exemplo de terrorismo. Alega que um indivíduo como esse não pode ser tratado
como cidadão normal, que é sujeito a erros, haja vista que este está intimamente ligado a
uma organização criminosa, no qual da validade para o ordenamento jurídico rechaçá-lo.
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Assim o autor sustenta a idéia da separação do direito penal do cidadão e o direito penal do
inimigo, o qual visa resguardar a legitimidade do Estado de Direito, voltado do cidadão.
Sustenta ainda, que o Estado tem o direito de buscar a segurança diante aos inimigos, bem
como os cidadãos tem também o direito de exigir à referida segurança.
Destarte, o Estado não pode abordar o inimigo como pessoa; visto que se assim fizesse vulneraria o direito a segurança as demais pessoas tidas como cidadãos. 3.2. Princípios constitucionais e o Direito Penal do Inimigo Nos vivemos no Brasil um Estado Democrático de Direito, baseado em um ordenamento
jurídico, se fazendo através de um conjunto de leis, organizado por uma hierarquia normativa.
Observa-se que entre as normas constitucionais não existem hierarquias, sendo estas as
emissoras dos direitos fundamentais. O fato de não haver hierarquias causa a possibilidade de
conflito entre duas ou mais normas constitucionais.
Este conflito deixa um empasse entre quais normas devem prevalecer, este surge devido o
exercício de um direito fundamental de um cidadão impede ou restringe o exercício do direito
fundamental de outro cidadão, sendo estes direitos idênticos ou distintos.
Pode ocorrer também a colisão entre um direito coletivo fundamental e um direito
fundamental individual.
Os direitos fundamentais são derivados da Costituição Federal, sendo expressos na forma de
normas, ou no próprio conteúdo Constitucional. A forma de interpretar as normas e a
Constituição Federal colidindo-se vindo a ser interpretadas de forma contraria é que
caracteriza a colisão existente entre as mesmas.
O melhor modo de chegar a solução deste conflito é através de valores, tendo em vista que
não é lícito sacrificar um direito em detrimento de outro.
Observa-se que a norma constitucional não é hierárquica, assim procura-se seguir a
constituição para conciliar as normas divergentes.
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Na prática de resolução de um conflito, o interprete deveria se basear em normas e princípios
chegando assim num consenso jurídico único da Constituição, evitando assim contradições
diversas e harmonizando as dúvidas que para tanto sendo utilizadas as técnicas do direito.
Cada direito fundamental dispõe um núcleo essencial de proteção máxima, o qual corresponde
ao conteúdo do direito. Segundo Walter Claudius (1999):
A concordância pratica ou a harmonização quando ocorre à concorrência ou a colisão de direitos fundamentais não pode acarretar o sacrifício definitivo de alguns deles, sendo resolvidas na pratica, através do critério da proporcionalidade, buscando-se no máximo de aplicação com um mínimo indispensável de prejuízo dos direitos fundamentais envolvidos.
Com o objetivo de solucionar a colisão entre os direitos fundamentais conflitantes, é
necessário observar o princípio da proporcionalidade.
Não podendo deixar de lado o princípio da razoabilidade e aceitabilidade, social, os quais se
transformam, bem com toda a ordem social, ou melhor evoluem fazendo desta maneira todo o
regime jurídico existente ficar ultrapassado e necessitando de uma reforma condizente com a
evolução social.
O que era irracional ontem, hoje passa a ser racional, sendo medida a proporcionalidade e a
razoabilidade de acordo com o que seja necessário para se manter a ordem pública.
Devendo ser observado sempre o imperativo que o bem social prevalece sobre o bem
individual.
Essa é a principal mudança em nossa sociedade, sendo que antes o que prevalecia era o bem
individual.
Desta maneira deve-se buscar a melhor solução para que venha a beneficiar a sociedade em
geral, não somente uma pequena parcela, mas sim o todo, livrando assim do medo, da
impunidade, do terror e da coação, sempre através de uma racionalidade fundamentada.
A nossa constituição visa o Princípio da Humanidade, devendo ser aplicado de forma
extensiva às disposições constitucionais relativas ao Direito Penal.
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Este princípio encontra-se relacionado as sanções penais, e ao tratamento do condenado que
dever como de uma pessoa humana, com suas necessidades básicas, mas sem fechar os olhos
a pena prevista para a infração por ele cometida.
O princípio da humanidade pode ser observado em diversos momentos, sobretudo em seu
artigo 5º, inciso III:
Artigo 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito a vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes:
III – ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
Deste modo, a constituição contraria qualquer tratamento diferente ao respeito devido à
pessoa humana. As pessoas privadas da liberdade devem ser tratadas com respeito, isto é, à
dignidade inerente ao ser humano.
A Convenção Internacional sobre Direitos Políticos e Civis datada de 1966 prevê em seu
artigo 10, inciso, I que “o preso deve ser tratado humanamente, e com respeito que lhe
corresponde por sua dignidade humana”.
A constituição em seu artigo 5º, inciso XLIX que é assegurado ao preso o respeito à
integridade física e moral, estabelecendo de forma clara e evidente o tratamento humanitário
em relação as pessoas que são condenadas.
Os princípios da dignidade humana correspondem também a vedações impostas pela
constituição federal descriminado em cinco espécies de pena.
O artigo 5º, inciso XLVII, é proibido as penas:
a – de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, inciso XIX;
b - de caráter perpetuo;
c - de trabalhos forçados;
d - de banimento;
e – cruéis.
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A constituição brasileira, determina que ninguém poderá ser condenado com pena a que não é
permitida pela constituição, desta forma, se um indivíduo que pratica um ato ilícito é
condenado com qualquer uma das penas dito alhures será totalmente inconstitucional.
Se faz importante salientar os outros dois princípios constitucionais que embasam a
Constituição Federal o qual se perfazem no Princípio da Razoabilidade e no Princípio da
Proporcionalidade, consagrados no artigo 5º, inciso LIV, do mesmo Codex.
O princípio da razoabilidade expresso claramente no artigo 5º, inciso LIV determina que:
Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Nenhuma pessoa será julgada ao não ser por um juízo competente e ou pré-constituído, bem
como a aplicação dos enunciados latinos “nullum crimen sine lege” (“nulo o crime sem
tipificação legal”, ou “nulla poena sine lege” (nula a pena sem lei)).
É claro que podemos ressaltar que o artigo supracitado consagra o principio do devido
processo legal, tal princípio está ligado à separação de poderes, isto é, em um regime
democrático de direito, de forma a ultrapassar a simples garantia processual.
O devido processo legal configura dupla proteção ao individuo, atuando tanto no âmbito
material, como no direito a liberdade do individuo, bem como no âmbito formal, o qual
assegura a igualdade de condições em um Estado precursor e a plenitude de defesa.
Ademais, tal princípio corolários a ampla defesa e o contraditório, que devem se assegurados
aos litigantes da lide.
Ampla defesa se perfaz na proteção dada ao réu de condições que possibilitem trazer todos os
elementos a esclarecer a verdade ou mesmo de omitir ou calar-se se entender necessário.
O contraditório é a exteriorização da ampla defesa, pois todo ato produzido pela acusação
caberá igual direito de defesa de opor-se ou dar versão melhor, bem como fornecer versão
jurídica diversa daquela dada anteriormente.
Segundo Nelson Nery Junior (2006, p. 58):
O princípio do contraditório, além de fundamentalmente constituí-se em uma manifestação do principio do Estado de Direito, tem intima ligação com a igualdade das partes e do direito de ação, pois o texto constitucional, ao garantira aos litigantes o
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contraditório e a ampla defesa, quer significar que tanto o direito de ação quanto o direito de defesa são manifestação do principio do contraditório.
Notemos que princípio da razoabilidade não esta expressamente prevista na Constituição
brasileira, porém, pode-se encontrá-lo em alguns dispositivos constitucionais.
Ressalte-mos que a previsão de tal princípio adveio com os trabalhos da Assembléia
Constituinte de 1988, principalmente com a redação do artigo 44:
A administração pública, direta ou indireta, e qualquer dos Poderes obedecerão aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, exigindo-se, como condição de validade dos atos administrativos, a motivação suficiente e, como requisito de sua legitimidade, a razoabilidade. Barroso, Luis Roberto, Os Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade.
Deste modo, não podemos negar que tal princípio integra de forma total no ordenamento
constitucional brasileiro.
O Princípio da Proporcionalidade que se encontra consagrado em diversas normas como nos
direito e garantias individuais, conforme artigo 5º, inciso V, que dá o direito de resposta
proporcional ao agravo.
No direito penal, aplica-se o artigo 5º, inciso XLVI, caput, que se aplica de maneira implícita
as garantias proporcionais ao delito cometido, no qual regula a individualização das penas, e
ainda em seu inciso XLVII, disciplina sobre a proibição de determinadas penas, sendo estas
degradantes ou cruéis.
Podemos ressaltar sobre a atuação do Ministério Público, que assegura as medidas
necessárias, isto é, proporcionais, visando garantir os direitos constitucionais, conforme reza o
artigo 129, inciso II da Constituição Federal. Ainda o inciso IX, zela a função do Ministério
Publico no exercício de outras atividades.
Segundo Luis Roberto Barroso, a atuação do Estado quando na produção de normas jurídicas
normalmente se fará diante de certas circunstâncias concretas, será destinada à realização de
determinados fins, a serem atingidos por determinados meios.
Diante dos exemplos citados fica caracterizado e demonstrado com mais nitidez a presença
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do principio da proporcionalidade em nossa Constituição Federal.
Os princípios Constitucionais relativos ao direito penal tende a limitar a interferência penal,
fixando termos imutáveis, que limitam a atividade penal do Estado garantindo a
inviolabilidade do direito a liberdade e de outras prerrogativas individuais.
Da pena de morte, conforme expressamente consagrado na constituição brasileira, a pena de
morte só é permitida em casos de guerra declarada, é uma situação excepcional, no entanto
permitida pelo próprio artigo 5º.
Segundo o artigo 84, inciso XIX, o qual relaciona a pena de morte, o Presidente da República
somente poderá declarar guerra nos casos de agressão estrangeira, sendo que esta deve ser
autorizada pelo Congresso Nacional.
A Constituição Federal de 1937 estabeleceu tal pena, o qual poderia ser aplicado por vários
crimes, entre eles crimes de natureza política e homicídios cometidos por natureza fútil, bem
como homicídios de alta periculosidade.
A pena de morte está inserida no rol dos direitos e garantias fundamentais, se tornanfo uma
cláusula pétrea prevista no artigo 60, § 4º, inciso IV da Constituição Federal, isto é que não
poderá sofrer qualquer emenda ou alteração pra diminuir tais direitos, de forma de proteger o
direito de punir contra os abusos que existem, tornando-se assim imunes as mudanças.
As penas de caráter perpétuo estão fora do nosso ordenamento jurídico e do sistema penal
brasileiro, vindo a se entende que essas penas não trazem efeitos positivos para a sociedade, e
nem para os condenados, sendo totalmente contrários do esperado.
O retorno ao convívio social se torna primordial na ressocialização do condenado, vindo a
surgir deste modo, o princípio da natureza temporária limitada e definida das penas.
Se discutem sobre as penas que não são caracterizadas como perpétuas, porém, são penas
longas, deste modo causando revolta e desestímulo aos condenados.
As penas de trabalhos forçados, na época da escravidão fora permitida, entretanto, não é mais
permitido ou admissível qualquer tipo ou cabimento da referida pena.
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O trabalho forçado traz a idéia de que o indivíduo terá que trabalhar, mesmo sobre violência
física ou ate moral, não lhe dando outra opção, o qual reflete claramente em uma situação
inteiramente desumana.
O artigo 39 do Código penal disciplina sobre o trabalho do preso:
Artigo 39. O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os
benefícios da Previdência Social.
Verifica-se também que, a Lei de Execuções Penais também disciplina tal trabalho em seu
artigo 29:
Artigo 29. O preso será remunerado, mediante previa tabela, não podendo ser inferior a ¾ (três quartos) do salário mínimo, sendo que o produto desta remuneração devera atender:
a- à indenização dos danos causados pelo crime; b- à assistência familiar; c- pequenas despesas pessoais; d- o ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado
Não se confundi a prestação de serviços prestado pelo condenado com o trabalho forçado,
embora os dois são exercidos gratuitamente, observe-se que a prestação de serviços não tem a
privação da liberdade de locomoção, porém, uma simples restrição, bem como é previsto
constitucionalmente tendo como objetivo evitar que o condenado seja segregado da
sociedade, da sua família e de seus hábitos normais.
As penas de banimento, caracterizam-se pela remoção forçada de um nacional de seu país, em
detrimento da prática de um fato no território nacional, isto é, é a amortização de um cidadão
conviver na sua terra natal.
Deve-se fazer a distinção entre o banimento e a extradição, deportação e expulsão, sendo a
primeira é destinada somente a nacionais e as duas ultimas aos estrangeiros.
O artigo 5º, inciso LI, da Constituição Federal, aduz que:
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Nenhum brasileiro será extraditado, salvo naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em trafico ilícito de entorpecentes e drogas a fins, na forma da lei.
Conforme a constituição brasileira, que tem por base a dignidade da pessoa humana, o que
repudiam as penas que tenham crueldade e sofrimento inútil.
Está expresso nos artigos 1º, inciso III e artigo 5º, inciso III, disciplina respectivamente sobre
um dos fundamentos constitucionais que é o princípio da dignidade da pessoa humana e o
repúdio das penas cruéis.
As Ordenações Filipinas, antigamente previam aos condenados penas nitidamente marcada
pela crueldade, como por exemplo, ter os seus corpos marcados com fogo, ou ainda
amarrados com botas de ferros, mulheres eram colocadas e celas destinadas a homens, tendo
que se prostituírem em troca de alimentos.
Essa situação é contraria a nossa Constituição Federal, a qual aduz que os delinqüentes não
devam ser condenados sem a devida proporcionalidade entre a infração cometida e a sua
respectiva pena.
Por esse motivo a constituição constituiu um rol de penas que jamais poderão ser objeto de
aplicabilidade sob a sua vigência, salvo as exceções previstas no caso de pena de morte
prevista.
Por este motivo o mandamento constitucional atua contra as injustiças ocorridas emanada de
um direito de punir do Estado, visto que o individuo que pratica um ato delituoso deve ser
punido, até como forma de recuperá-lo para reenviá-lo a sociedade.
Desta maneira o punir, não significa ofender a dignidade inerente a todo ser humano e sim
reparar o dano causado a outrem e reintegrá-lo ao convívio social após o cumprimento da
pena.
Se faz necessário analisar determinados princípios penais e processuais penais que sustenta e
orienta a relação com o ser humano, para depois analisar o Direito Penal do Inimigo e sua
viabilidade dentro do ordenamento jurídico brasileiro.
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A Constituição de 1988 institui um Estado Democrático de Direito, o qual é baseado nos
direitos e garantias individuais, como a dignidade da pessoa humana, resguardada no rol do
artigo 5º.
Essas medidas vem com a finalidade de impedir que os bens jurídicos como a liberdade e a
vida, fossem alvos de interesses escusos e discricionários como antigamente já ocorrera no
Brasil.
Gunther Jakobs (2007), desenvolveu na Alemanha a teoria do Direito Penal do Inimigo, que
atenua os direitos e garantias fundamentais, assim, seria o direito penal do cidadão, o qual se
aplica à pena aquele que é criminoso comum, e secundariamente o direito penal do inimigo
que puniria mais severamente os criminosos de alta periculosidade para a sociedade.
Desta maneira o Estado teria legitimidade a reduzir os direito e garantias individuais, haja
vista que o criminoso não seria mais considerado como cidadão e sim como inimigos.
Consagrando a dignidade da pessoa humana como base de um Estado Democrático de
Direito, a Constituição Brasileira à instituiu como um paradigma.
Mas ao instituir, como paradigma devemos tomar cuidado, pois ao invés de ajudar tais
paradigmas podem prejudicar e muito nossas vidas ou melhor, a sociedade.
Paradigmas são simplesmente padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida quando usados adequadamente. Mas podem se tornar perigosos se os tomarmos como verdades absolutas, sem aceitarmos qualquer possibilidade de mudança, e deixarmos que eles filtrem as novas informações e as mudanças que acontecem no correr da vida. Agarrar-se a paradigmas ultrapassados pode nos deixar paralisados enquanto o mundo passa por nós. (Hunter, James C., 2.004, pág. 42).
Por ser direito penal do inimigo um direito penal do autor como no caso pune-se não pelo fato
praticado, ou seja, pune-se antes mesmo da realização da conduta delituosa, simplesmente por
não mais oferecer uma segurança a sociedade, aplicando assim os princípios da
proporcionalidade, e da razoabilidade e ainda presunção de inocência que também reza a
constituição.
Nunca se esquecendo que o que se preserva além da integridade do inimigo é a integridade de
toda uma sociedade ou como preferir uma nação.
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O princípio da dignidade da pessoa humana encontra-se disposto no artigo 1º, inciso III, da
Constituição Federal, que dispõe:
Artigo 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, constitui se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento”:
III- a dignidade da pessoa humana;
É inegável o valor da dignidade da pessoa humana como princípio elevado, embasamento de
um Estado brasileiro.
Segundo José Afonso da Silva:
...a dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito a vida... (Silva, José Afonso, 2.000, pág. 109).
Há de se observar a Declaração Universal dos Direitos do Homem que ordena:
...O fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo consiste no reconhecimento da dignidade de todos os seres pertencentes à família humana e dos direitos iguais e inalienáveis...
Estes princípios são considerados como fontes supremas do direito e maior de todos os
valores, o qual se perfaz no ser humano, o que se distingue do restante da natureza.
Kant (2005), afirma que “tal princípio traduz que a pessoa humana é sempre um fim e nunca
meio, sempre sujeito e nunca objeto, sempre pessoa, nunca coisa”.
Não será uma afronta aos princípios, nem representa o desrespeito ao princípio da
humanidade e da individualização das penas, pois na medida em que o inimigo, venha a
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perder o status de cidadão, ele ainda não será submetido a tratamentos cruéis, desumanos e
degradantes.
Um exemplo claro é o Regime Disciplinar Diferenciado, que trás mais dignidade ao indivíduo
que o sistema convencional onde vivem amontoados milhares de detentos, em locais podres e
insuportáveis, tendo ainda que se submeter ao crime organizado, a submissão ou a morte.
52
IV. Aplicabilidade do Direito Penal do Inimigo à atual situação da segurança pública e a falência no sistema carcerário Tendo em vista a atual situação da criminalidade no país, a formação de facções e ainda a
podridão do sistema penitenciário, o direito penal do inimigo, adotado por Günter Jakobs, é
totalmente compatível com a ordem jurídica instituída pela Constituição de 1988, vindo o
indivíduo ainda ter a sua dignidade assegurada, e mantendo o Estado como agente coercitivo
detentor do poder de liderança e autoridade assegurado dessa maneira o poder.
É sabido porém que é necessário concentrar nas mãos do Estado poderes ilimitados, pois a
sociedade evoluiu muito rapidamente, e tal evolução necessita de novas disciplinas por parte
dos cidadãos para limitar tal domínio, isto é, para o Estado dominar e não ser dominado pela
minoria, esta que é formada por monstros, por criminosos que não respeitam o cidadão que
trabalham, estudam que levam uma vida digna sem violar os direitos dos outros cidadãos.
Deve ser observado o princípio da dignidade da pessoa humana que é a base, como já
estudado acima, servindo como freio e devendo ser obedecido por todos sem exceção, mas
principalmente por aqueles que não aceitam o Estado como limitador de seus atos, para que
estes não venham a invadir o direito e venham a atentar contra a vida dos que respeitam o
poder do Estado.
Por esta razão, pelos cidadãos de bem, pelos pais, mães, filhos e filhas que deve ser adotado
diretamente a doutrina do Direito Penal do Inimigo, pois quantas mais vítimas devemos ter
nessa guerra diária até um posicionamento adequado e coercitivo, pois se mata mais no Brasil
do que no Iraque, segundo a ONU vivemos hoje uma guerra de baixa intensidade.
Entre os números assombrosos do país, a taxa de mortalidade provocada pela violência já é o primeiro lugar entre os jovens de 12 a 19 anos. Nas metrópoles brasileiras, com Rio e São Paulo, o número de mortes violentas – a maioria por armas de fogo – ultrapassa os limites que a ONU estabeleceu para povos que não estão em guerra, 15 mil a cada ano.
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Rio e São Paulo somam mais de duas dezenas, sem falar do resto do país. Em termos internacionais, haveria um “estado de guerra” nessas cidades. Tão forte que caberia recorrer a uma força de paz das Nações Unidas. (AMORIM. 2007. p 405).
Segundo a professora Zeliah Vieira Meireles, mestre da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, depois de 12 anos de pesquisas entre comunidades pobres, declarou: “Um em cada quatro jovens entre 10 e 19 anos que moram em favelas tem alguma participação no tráfico de drogas.”(apud AMORIM, 1997, p. 406).
O que temos hoje nos porões da sociedade é tenebroso, o amparato militar disponível ao
crime organizado já supera muitas vezes o que as forças de segurança possuem, e ainda, o
crime dispões de ex-militares, que quando deixam as forças de elite encontram pela frente
uma economia fragilizada e um mercado de trabalho que não lhe oferece nada.
Esses homens treinados como “máquinas de guerra” são contratados pelo tráfico, sendo
disponibilizados a eles salários de até 2 mil dolares por mês, plano de saúde, pensão para as
viúvas caso ocorra algo, isto é muitas vezes superior ao que iria conquistar no mercado de
trabalho convencional.
As habilidades conquistadas na caserna são de grande utilidade para o tráfico, os ex-militares
treinam grupos de 10 a 20 “soldados” do tráfico.
A polícia paulista bem como de todo o país fazem diariamente apreensões de armas de grande
poder de fogo como ilustradas abaixo, estas estão nas mãos de integrantes de facções
criminosas que atentam contra a sociedade sem pensar nas conseqüências deste aparato
bélico.
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Fonte: Arquivo pessoal
Carlos Amorim, relata em seu livro CV – PCC - A Irmandade do Crime:
É por isso que os ex-militares viram mão de obra disputada no mercado clandestino. No dia 3 de fevereiro de 2002, o jornal O Globo publicou uma reportagem de Vera Araújo, sob o título “As forças armadas do tráfico”. Um trecho vale destacar:
As favelas do Rio estão se militarizando. Recém saídos da caserna, ex-cabos da Brigada Pára-quedistas do Exército (PQDS) treinam traficantes em troca de R$ 3 mil reais por aula ou R$8 mil por mês. Alguns dos ex-militares chegam a ser “gerentes” das bocas de fumo.
O emprego dos ex-militares nas facções criminosas é uma realidade constante, pois estes
profissionais são treinados e não há nenhuma garantia de emprego, sendo assim, sem
profissão definida são aproveitados pelo tráfico para formarem um exercíto contra o Estado
Democrático de Direito.
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Armamento na ilustração abaixo mostra uma das diversas que apreensões durante os ataques
realizados pelo PCC ao Estado de São Paulo.
Fonte: Arquivo pessoal
Armamento apreendido em abordagem realizada pela PM paulista, reparem a quantidade e
qualidade do armamento. A apreensão foi feita após troca de tiros que resultou na morte de
criminosos, na capital paulista.
Fonte: Arquivo pessoal
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Os traficantes atiram com fuzis americanos e isrelenses, enquanto os agentes da lei se
defendem com o seu modesto armamento.
O projetil de um fuzil calibre 7.62 é capaz de perfurar um colete à prova de balas. O impacto de um fuzil AR – 15 pode ser comparado ao impacto com um objeto a 600 (seiscentos) quilos voando a uma velocidade de 400 (quatrocentos) metros por segundo. (AMORIM. 2007. p. 366).
Este calibre é capaz de perfurar um trilho de trem, amparato um tanto incomum nas mãos dos
policiais mas é a arma preferida pelo crime.
O crime organizado está intimamente ligado ao narcotráfico e ao terrorismo, Luiz Fernado da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar tem contato direto com as Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia (FARCS), e é procurado pela justiça de vários países como por exemplo os
Estado Unidos que pretende julgá-lo na Suprema Corte em Washington, condenando-o a 30
anos de prisão e multas no valor de 10 milhões de dólares.
As forças revolucionárias colombianas, quase explicitamente envolvidas com a plantação de coca e as refinarias de cocaína, estão presentes no Brasil há vários anos. Nosso governo sabe disso. E prefere ter por perto um representante da guerrilha vizinha do que estar totalmente cego em relação aos acontecimentos na Colômbia. Isso se explica pela melhor diplomacia e pela melhor opção militar. Conhecer seus inimigos – cite-se Sun Tzu em A arte da guerra – é a melhor estratégia. O nome desse representante das FARCS é o ex-padre católico Francisco Cadena. O comandante Olivério, como prefere se apresentar, está entre nós desde 1999. Nosso inimigo íntimo, o padre revolucionário, vive no Brasil em completa liberdade. (AMORIM. 1997. p. 396).
O comandante Olivério vive hoje no Brasil numa semiclandestinidade tolerada pelo governo
brasileiro. No ano de 2000 o padre Cadena foi preso pois a Polícia Federal cassou seu visto de
permanência.
Ele foi preso no dia 22 de setembro de 2000 e passou 25 dias na cadeia de Foz do Iguaçu. (“li, dormi, escrevi um pouco.”) A Justiça Ferderal devolveu o passaporte dele e mandou soltá-lo, através de uma liminar do juiz Alexandre Vidigal de Oliveira. A libertação foi comemorada no Planalto, porque o governo brasileiro esteve em vias de perder um
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importante interlocutor da guerrilha colombiana, uma sombra ameaçadora na fronteira amazônica. (AMORIM. 1997. p. 397).
Pra quem ainda acha que não existe crime organizado no Brasil, quem vive no país das
maravilhas, ou acha que a desgraça nunca vai atingí-lo a Polícia Civil do Rio de Janeiro levou
três anos para formular um documento que mostra o controle dos traficantes sobre as
comunidades carentes da cidade, ou mais do que isso mostra como o tráfico de drogas é
poderoso na segunda maior cidade do país.
O trabalho da área de inteligência resultou no primeiro mapeamento completo do tráfico, envolvendo as quatro principais organizações do Rio: o Comando Vermelho, o Comando Vermelho Jovem, a ADA (Amigos dos Amigos) e o Terceiro Comando. Os dados recolhidos refletem mais ou menos 40% do movimento real de homens, armas, drogas e dinheiro do tráfico. (AMORIM. 2007. p. 408).
Levando em consideração o trabalho do setor de inteligência da polícia carioca e os números
que foram apurandos entre 1999 e 2002 fica claro a ascenção do crime organizado.
Segundo Carlos Amorim, em seu livro VC – PCC: a Irmandade do crime, ele conseguiu uma
cópia do relatório, que soma mais de 30 páginas, mas devemos apenas considerar que tudo
representa apenas uma parte do mundo real do movimento de drogas teríamos o seguinte
quadro:
Os homens conhecidos do Comando Vermelho, já identificados pela polícia, seriam 2.566, responsáveis diretos pela posse de armas clandestinas e pela proteção do tráfico de drogas. Se isto representar 40% do total, eles seriam 6.415 homens no total. O Comando Vermelho Jovem (CVJ) teria mais 1.653 integrantes conhecidos – ou 4.133, no total. Até aqui a soma já chega a 10.548 homens. Vamos acrescentar os grupos rivais, para ter uma idéia mais clara: Terceiro Comando, 1247 homens, e a ADA, 721 integrantes – a soma é de 1968. Acreditando que isto representa 40% do total, o número se elevaria para 4.920. No final de tudo, encontraríamos 15.468 integrantes armados das facções cariocas. E isto sem falar nos muitos milhares que estão presos. O Ministério da Defesa acredita que há quatro mil armas de guerra nas mãos dos bandidos. Considerando que o trabalho deles é proteger a favela 24 horas por dia, o número de armas indicaria um efetivo de 16 mil homens, cada arma servindo a quatro pessoas trabalhando em turnos de seis horas. Mais um dado para quantificar o mundo do crime: no Rio de Janeiro, há perto de 100 mil mandados de prisão a serem cumpridos (150 mil em São Paulo), dos quais 49% são de crimes relacionados com o tráfico de drogas – ou seja: 49 mil envolvidos. (AMORIM. 1997. p. 419).
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Observando esses números nos leva a crer no aumento constante de envolvidos com o crime
organizado, bem como na quantidade de armas em poder do crime.
É claro que o tráfico de drogas não é o foco de combate ao crime pelas Secretarias de
Segurança Pública, se o fosse este seria um dos indices para medir a evolução criminal. Entre
os crimes que se mede o índice de evolução criminal estão:
- Homicídio;- Latrocínio; - Estupro; - Roubo; - Roubo de Veículos; - Furto; - Furto de
Veículos.
Atualmente foram inseridos os itens latrocínio e roubo, sendo que antes não eram vistos como
determinadores de evolução criminal.
A Secretaria de Segurança Pública divulgou em seu site o resultado referente ao ano de 2008,
que mostram claramente a situação atual da segurança pública.
Tais dados devem ser observado com prudência não deixando de levar em consideração as
constantes evoluções sociais, como a própria secretaria afirma:
As estatísticas oficiais de criminalidade são utilizadas regularmente em todos os países para retratar a situação da segurança pública, mas devemos lembrar que estes dados devem sempre ser interpretados com prudência, pois os dados oficiais de criminalidade estão sujeitos a uma série de limites de validade e confiabilidade: eles são antes um retrato do processo social de notificação de crimes do que um retrato fiel do universo dos crimes realmente cometidos num determinado local. (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo)
Segundo a secretária para que um crime faça parte das estatísticas oficiais são necessárias três
etapas sucessivas:
- o crime deve ser detectado;
- notificado às autoridades policiais;
- e por último registrado no boletim de ocorrência.
Pesquisas de vitimização realizadas no Brasil sugerem que, em média, os organismos policiais
registram apenas um terço dos crimes ocorridos, percentual que varia de acordo com o delito.
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Além disso, o aumento das estatísticas oficiais de criminalidade podem estar refletindo
flutuações causadas por práticas policiais mais ou menos intensas, ou por modificações de
ordem legislativa, ou administrativa.
Como por exemplo, o que ocorreu com o tráfico de drogas, segundo a Secretaria de Segurança
Pública, havendo um aumento de 34% com relação a 2006 no ano de 2008, foi informado pela
secretaria que tal aumento foi devido a “produtividade do trabalho policial”.
Segundo a secretaria, por estas e outras razões, nem sempre um aumento dos dados de
criminalidade oficiais pode ser interpretado como uma piora da situação de segurança pública,
ao contrário, nos locais onde é grande, o aumento nos crimes notificados é considerado um
indicador positivo de credibilidade e desempenho policial.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública entre 2007 e 2008 houve uma queda nos delitos,
sendo divulgado em seu site os dados seguintes:
- HOMICÍDIOS DOLOSOS
O índice de homicídios dolosos caiu 10 %, de 11,9 por 100 mil habitantes para 10,7.
Comparando-se o ano de 1999 - quando foram registrados 35,7 homicídios para cada 100 mil pessoas - com 2008, a queda é de 70 %.
Taxa: queda de 70% com relação a 1999 e 28% em relação a 2006.
- TENTATIVAS DE HOMICÍDIOS
As tentativas de homicídio apresentaram queda de 11,5% entre 2007 e 2008. Foram 12,2 casos a cada 100 mil habitantes contra 13,8, registrados no ano anterior. Essa estatística apresenta tendência de queda desde o ano de 1999, quando foram registradas 27,4 ocorrências desse gênero para cada 100 mil habitantes. O decréscimo, comparado a 2008, é de 55,3%.
A redução se explica pelos mesmos motivos da taxa de homicídios dolosos, que vem diminuindo ao longo dos últimos anos, já que os dois crimes e suas motivações estão intimamente relacionados.
Taxa: queda de 55,4% com relação a 1999 e 30% em relação a 2006
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- LATROCÍNIOS
Em comparação a 2007, o índice de latrocínios – roubo seguido de morte – em 2008 sofreu oscilação, com aumento de 21,4%. Entretanto, a prática desse crime diminuiu 65,4% desde 1999, quando a cada 483 roubos cometidos pelo menos um terminava com vítima fatal. Em 2008, um latrocínio aconteceu a cada 1043 roubos.
Taxa: queda de 65,7% com relação a 1999 e constante em relação a 2006
- ESTUPROS
O número total de estupros em 2008 sofreu leve aumento se comparado ao de 2007 – foram 8,1 casos para cada 100 mil pessoas, contra 7,8 no ano anterior. Aumento de 4,1%. A redução, desde 1999, é de 28,7%.
Taxa: queda de 28,7% com relação a 1999 e 3,2% com relação a 2006
- TRÁFICO DE ENTORPECENTES
A estatística de combate ao tráfico de entorpecentes representa a produtividade do trabalho policial. O aumento das apreensões e da quantidade de drogas apreendidas aponta que, através do patrulhamento intenso nas ruas, o trabalho ostensivo mostra-se cada vez mais eficaz.
O número de apreensões de drogas e a quantidade de entorpecentes apreendidos crescem continuamente. Este é um dos indicadores da atividade policial. Em comparação a 2007, o número aumentou 6,9%. Desde 1999, cresceu 105,6%. O crescimento significa maior eficiência da polícia.
Taxa: aumento de 106% com relação a 1999 e 34% com relação a 2006
- LESÕES CORPORAIS DOLOSAS
Comparando a estatística de 2007, onde foram registrados 471,7 casos para cada 100 mil habitantes, com a de 2008, quando aconteceram 412,7 por 100 mil, houve queda de 12,5%.
Em 2005, foram registrados 510,3 casos para cada 100 mil pessoas. Esse decréscimo de 19,1%, comparando-se com 2008, se deve à redução de armas ilegais nas ruas e ao aumento do policiamento ostensivo.
Taxa: queda de 7,0% com relação a 1999
- HOMICÍDIOS CULPOSOS E LESÕES CORPORAIS CULPOSAS
O homicídio culposo e a lesão corporal culposa são esmagadoramente relacionados a mortes e ferimentos causados por acidente de trânsito. A intensificação da fiscalização da
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lei de embriaguez ao volante, com o uso de bafômetros, no segundo semestre, inverteu a tendência de alta desses indicadores.
O índice de lesão corporal culposa caiu 6% em relação a 2007 e o homicídio culposo, em 2008, sofreu queda de 3,6%. Desde 1999, a queda é de 15,2%.
Taxa: queda de 15,3% com relação a 1999 e 3,6% em relação a 2007
- EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Entre 2007 e 2008, a queda no índice de extorsão mediante sequestro foi notória – 39,1%. Em relação aos números de 2002, a redução foi ainda maior: 83,1%.
Taxa: queda de 43,1% com relação a 1999
- ROUBO OUTROS
O índice "roubo-outros" exclui roubos de veículos, bancos e cargas. Nos últimos anos, os números apresentam tendência de ligeira queda – entre 2007 e 2008, a diminuição foi de 0,05% e, entre 1999 e 2008, a redução foi de 13,5%.
Taxa: queda de 13,57% com relação a 1999 e constante com relação a 2006 Absoluto
- ROUBO DE VEÍCULOS E FURTO DE VEÍCULOS
A queda no roubo de veículos, nos últimos anos, deveu-se ao intenso trabalho de inteligência policial em que, através de investigações, desmanches ilegais foram alvo de intensa fiscalização policial.
O policiamento de trânsito e a ROCAM (Ronda Ostensiva com o Apoio de Motocicletas) conseguem agir com rapidez e são decisivos para que este tipo de ocorrência possa ser, muitas vezes, impedido. Entre 2007 e 2008, a queda no roubo de veículos foi de 13,4%. Comparado a 2000, a redução é de 60,2%.
A inteligência policial e o mapeamento da criminalidade mostraram-se decisivos em relação ao furto de veículos. Entre 2007 e 2008, houve queda de 7,5%.
Comparando-se os números de 2008 aos de 1999, a redução é de 43,3%.
É importante ressaltar que, em 2008, 39% dos carros roubados ou furtados foram recuperados pela polícia e devolvidos aos donos, sinal inequívoco de uma redução de taxa de risco de roubo e furto.
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- Roubo de Veículos
Taxa (frota): queda de 60,25% com relação a 1999 e 27% em relação a 2006
- Furto de veículos
Taxa: queda de 43,5% com relação a 1999 e 23,2% com relação a 2006
- FURTO OUTROS
Comparando-se os dados de 2007 e 2008, a queda de furtos em geral é de 7,4%.
Em relação aos números de 2004, o decréscimo é ainda maior: de 17,2%.
Taxa: aumento de 8,7% com relação a 1999 e queda de 13.6% em relação a 2006
Essa diminuição ocorreu graças à identificação e prisão dos criminosos, à apreensão de armas ilegais, ao aumento da presença de policiais nas ruas, além do mapeamento da criminalidade, usado pela inteligência policial como forma de agir pontualmente na resolução das ocorrências. (Disponível no site da Secretaria de Segurança Pública: http://www.ssp.sp.gov.br/estatisticas/)
Mas o que vivemos “fora” das estatísticas parece não igualar com os dados divulgados.
O citado com relação ao tráfico de drogas, o qual divulga ser representado pela
“produtividade do trabalho policial, o trabalho ostensivo mostrando-se cada vez mais eficaz,
significando o crescimento uma maior eficiência policia” é dizer que nos anos anteriores os
policiais não estavam trabalhando, pois o aumento foi de 106% com relação a 1999 e 34%
com relação a 2006.
Basta ter uma visão além das estatísticas para poder ver a verdadeira realidade, que é o tráfico
de drogas esta dominando a sociedade.
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A Lei 11.383/ 2006, nova lei de drogas afirmando a impunidade para os usuários em seu
artigo 28, diz:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
A advertência sobre os efeitos das drogas, a prestação de serviços à comunidade e medidas
educativas de comparecimento a programa ou curso educativo seriam muito bons, se o
indivíduo infrator quisesse seguir tais determinações, o que não o faz, pois não tem interesse
em seguir o que a lei determina ou muito menos se recuperar utilizando o benefício do
parágrafo 7ª da lei.
O que realmente podemos notar é que fica tudo na conversa, senão as estatísticas não
apontariam índices tão elevados.
Notemos na imagem abaixo a quantidade de entorpecente apreendido pela Polícia Militar do
Estado de São Paulo, e ainda a quantidade de dinheiro, munições e armas.
Isto nos mostra a realidade que estamos vivendo, o crime se organizando e as políticas
públicas continuando a ser “políticas públicas”, servido apenas aos interesses eleitoreiros, e
não ao benefício da sociedade.
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Fonte: Arquivo pessoal
O crime esta cada vez mais preparado para os confrontos com o Estado, na foto abaixo
notamos que foram apreendidos 6 coletes a prova de balas.
Fonte: Arquivo pessoal
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Farta munição de diversos calibres, rádios comunicadores com a freqüência das polícias e
embalagens para entorpecentes, a maioria das munições apreendias são de fuzil 7,62,
conforme dados citados pólo jornalista Carlos Amorim em seu livro VC – PCC A Irmandade
do Crime:
O projétil desta arma – calibre 7,62 - é capaz de perfurar um colete a prova de balas. O impacto de um AR 15 corresponde a você se chocar com um objeto de seiscentos quilos voando a uma velocidade de quatrocentos metros por segundo. (AMORIM. 1997. p. 366)
Fonte: Arquivo pessoal
Na imagem anterior com na seguinte mostram claramente o poder de fogo nas mãos do crime
que ainda existe pessoas afirmando que não são organizados, foram apreendidos nesta
ocorrência policial:
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02 Fuzis cal 5.56 marca Bushmaster USA modelo XM-15, 01 Mosquefal cal 7mm marca
Taurus de número 150, 01 Espingarda cal 12 de repetição capacidade para sete tiros de marca
CBC, 01 Pistola marca Taurus cal 380 oxidada capacidade para onze tiros, 01 Pistola marca
Taurus cal 380 inóx capacidade para onze tiros de numero raspado, 01 Garrucha oxidada de
marca Paten cal 12 capacidade para um tiro, 12 Carregadores para cartuchos de cal 5.56, 08
Carregadores para pistola cal 380 01 Carregador para pistola cal 6.35, 01 Silenciador sem
marca aparente, 09 Cartuchos de cal 12 intactos, 465 Cartuchos de cal 5.56 intactos, 07
Estojos de cal 5.56, 21 Cartuchos de cal 7.62, 40 Cartuchos de cal 380, 12 Cartuchos de cal
765, 81 Cartuchos de cal 09 mm, 23 Cartuchos de cal 357, 18 Cartuchos de cal 38.
Fonte: Arquivo pessoal
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A quantia apreendida nesta ocorrência segundo policiais que participaram da mesma foi de
aproximadamente R$ 22.599,35 em dinheiro (Vinte e dois mil quinhentos e noventa e nove
reais e trinta e cinco centavos);
Fonte: Arquivo pessoal
Os ataques contra o Estado realizado pelo crime organizado, isto é, na figura do Primeiro
Comando da Capital – PCC mostram claramente o que estamos prestes a viver.
Em maio de 2002, uma briga entre presos do CDL e do CRBC foi estopim da rebelião mais violenta do ano em São Paulo. Foram sete mortes no CDP (Centro de Detenção Provisória) 1 de Guarulhos, na região metropolitana. Seriam integrantes do CDL, assassinados pelo CRBC.
Em março de 2001, integrantes do PCC assassinaram dois rivais na penitenciária de Ribeirão Preto (319 km a noroeste de São Paulo) e comeram o coração de um deles, segundo a Polícia Militar. As vítimas eram integrantes do CRBC e do CDL.
Em fevereiro de 2001, o PCC articulou uma megarrebelião que envolveu 29 unidades prisionais do Estado de São Paulo. A facção, a maior e mais famosa das facções paulistas, surgiu no início dos anos 90.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/traficonorio/faccoes-cdl.shtml
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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/p_20060513-pcc-01.shtml
Uma série de ataques atribuída ao PCC causou a morte de dezenas de pessoas. Como
observamos na imagem acima a cobertura (boné) de um policial militar que foi perfurado a
tiros e ensangüentado, sendo mais um policial morto pela facção PCC.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/p_20060515-ataques-09.shtml
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A imagem anterior mostra claramente o caos que os ataques do PCC causaram ao Estado de
São Paulo, a cidade parou, e a sociedade ficou assustada com a “falta de segurança”.
Desde o surgimento do PCC, entre 1993-2000, houve pelo menos 50 rebeliões e ataques. De
2001 em diante, mais de mil.
Esses fatos ocorridos mostram claramente a existência do crime organizado e a instalação o
poder paralelo em nossa sociedade.
A questão é como se chegou a essa situação sem que as autoridades fizessem algo? Porque até
o momento não foi feito algo que realmente pudesse surtir efeito de forma preventiva e
repressiva? Precisamos de um basta, de atitudes, políticas de segurança efetiva urgentes e
energicas, caso contrário até quando a sociedade será submissa ao crime, ao medo, ao terror, a
morte de entes queridos?
Fonte: Robson Ventura/Folha Imagem
Ônibus em chamas, após o ataque do crime organizado, o PCC, fez São Paulo parar, trazendo
o caos, terror, destruição e morte ficou pelo caminho de milhares de paulistas indignados com
a falta de segurança.
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Os paulistas e todo o Brasil viram agentes públicos serem executados a sangue frio, durante o
serviço ou no horário de folga, e ainda seus parentes foram vítimas por estarem no local
errado na hora errada.
Os ataques foram além da capital paulista, houve ataques também no interior do Estado, com
a mesma proporção e violência.
Este evento foi uma breve demonstração de poder e organização do crime organizado, foi
apenas um exemplo do que os paulistas e também os brasileiros estão prestes a enfrentar.
Enterro do Cabo da PM Wilson dos Santos, em Parelheiros, mais um vítima do crime
organizado.
Fonte: Folha Imagem
Diversas prisões por tráfico de entorpecentes movimentam as delegacias, é uma constante,
quando um ponto de venda de entorpecente é desmantelado num dia no outro dia ele esta
funcionando de novo, sempre há alguém prestes a correr o risco.
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Observa-se no momento em dados levantados pela polícia e pelo Ministério Público, que a
facção - PCC, aos poucos, está abandonando a estrutura clássica de hierarquização, mais
verticalizada, e optando por se articular em células, como na guerrilha.
Ainda sim, as grandes ações criminosas, como atentados contra as forças de segurança, só
podem ocorrer com o "salve geral" (ordem) de algum dos 11 líderes que a facção tem no
controle.
Segundo a Polícia e o Ministério Público:
Com o novo esquema de células compartimentadas, os dez integrantes que respondem diretamente a Marcola têm autonomia para escolher seus "sintonias", espécie de porta-vozes, que retransmitirão as ordens de diferentes ações do grupo.
Por exemplo, uma célula cuida da arrecadação do "bicho-papão" (espécie de imposto do PCC); a outra, da assistência aos presos e parentes. Caso uma célula seja descoberta, isso não prejudicaria a atuação da outra --são independentes.
"O PCC possui técnica terrorista de guerrilha, como é no seqüestro, no qual quem cuida do cativeiro não conhece o mandante do crime, justamente para não vir a atrapalhar a ação", disse o delegado Paul Verduraz.
"A facção é um vespeiro. Eles [criminosos] até que se conhecem, mas não têm influência sobre outra célula. Cada um toma conta do seu nariz", afirma o promotor Marcelo Rovere. Atentados Nos levantes de maio e julho, houve pelo menos 825 atentados, que resultaram na morte de 152 pessoas (96 supostos integrantes e 56 civis, policiais e agentes). Apesar de muitos dos líderes não terem acesso aos celulares, seus recados são passados por códigos aos advogados e visitantes. Segundo a polícia, expressões como "pode partir" significam executar ações terroristas, como os ataques às forças de segurança.
Para cadastrar os presos ligados ao PCC e elaborar o novo organograma, as polícias levaram em conta o poder de mobilização dos membros do grupo dentro e fora dos presídios.
(http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u124243.shtml)
Mesmo com tantas informações sobre o crime organizado, e a realidade que vivemos
percebemos que somos reféns do medo e da burocracia ou melhor dizendo da demagogia, que
insiste em dizer que o “bicho não é tão feio quanto parece”.
73
Basta observarmos o que o Estado do Rio de Janeiro é hoje, e o que era a alguns anos atrás,
qual o tipo de política foi utilizada para se combater o crime, e onde se chegou com isso.
Segundo o jornalista Carlos Amorim o governo que influenciou o desenvolvimento da
organização criminosa mais importante da história do país foi o de Leonel Brizola:
O governador Leonel Brizola tem perfil pessoal e político muito definido. É um social-democrata, com forte tendência populista. Nos assuntos internos do partido, é visto como um personalista, autoritário. Mas o sentimento liberal que ele cultiva é sincero. E isto vai ter influência sobre o curso da nossa história do crime organizado. Eleito, Brizol imprimiu uma marca muito pessoal ao governo do Rio de Janeiro. Anunciou uma política de preservação dos direitos humanos, numa cidade onde os grupos de extermínio agiam abertamente. Colocou na Secretaria da Justiça um ex-perseguido político e companheiro de partido, Vivaldo Barbosa. É nesse ponto que a volta do gaúcho vai influir no desenvolvimento da organização criminosa mais importante da história do país.
Com razão, Brizola proíbe a polícia de subir as favelas sem um motivo bem visível. O método de “meter o pé na porta do barraco” fica banido. O governador faz valer a inviovalidade do domicílio – ainda que seja domicíli pobre. Obriga as forças da lei a cumprir mandados de busca e dá a todos os detidos o direito de se comunicar com um advogado e usar telefone da polícia para fazer uma – apenas uma – ligação pessoal. Com esse simples medida, os presos podem avisar as famílias o que está acontencendo. E isto visa, explicitamente, evitar que ocorram torturas e desaparecimentos. Brizola chega a nomear um ex-preso político da Ilha Grande, José Carlos Tórtima, diretor de presídio. O Crime organizado explorou com habilidade cada uma dessas demonstrações de civilidade do governo estadual.
Os limites impostos à ação policial nos morros da cidade permitiram o enraizamento das quadrilhas. A violência entre os trupos que disputam pontos de venda de drogas ocorre debaixo do pano. Fica a impressão de que não há ameaças abertas à segurança pública. Como sabemos, o tráfico de drogas e as grandes quadrilhas deo roubo armado querem exatamente isso. A paz no morro é sinômimo de estabilidade nos negócios. É claro que o governador Leonel Brizola não tinha um pacto com o crime. Mas o respeito ao eleitor favelado – que decide eleições no Grande Rio – ajudou indirentamente na implantação das bases de operação do banditismo organizado. (AMORIM. 1997. p. 196 - 197).
O policial que matasse um “civil”, numa blitz, tinha a certeza de ser preso, expulso da
polícia e processado. (AMORIM. 1997. p. 196 - 197)
Mas o fato é: o crime organizado usou tudo isso para crescer. (AMORIM. 1997. p. 198)
“O desenvolvimento do Comando Vermelho foi o subproduto de uma administração que respeitou o cidadão.” (AMORIM. 1997. p. 198)
74
A realidade que estamos vivendo é reflexo do passado, o crime organizado como podemos
observar no exposto acima se aproveita das políticas paternalistas, se aproveita do pobre e
oprimido, vivendo nas sombras como uma “sangue-suga”, quando percebemos este já está
com suas presas fincadas em sua presa.
As política de segurança dever sim beneficiar quem precisa, o oprimido, isto é, o
verdadeiramene oprimido, o Direito penal do inimigo faz essa diferenciação, do cidadão
comum, que comete o delito e o criminoso que ostenta sua vida pregressa sem possibilidade
de regeneração, e sim de continuar cometendo delitos contra a sociedade e o Estado.
Fonte: http://robertatrindade.wordpress.com/2009/04/15/promocao-na-boca-junte-10-embalagens-e-troque-por-uma/
Promoção na boca: “junte 10 embalagens e troque por uma”: seria uma promoção como
qualquer outra, não fosse o conteúdo das embalagens: cocaína. A jogada de marketing está
sendo feita por traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV).
Cada embalagem é vendida em média por R$ 3,00 (três reais). As embalagens são usadas para armazenar cocaína e são vendidas a R$ 10,00. (http://robertatrindade.wordpress.com/2009/04/15/promocao-na-boca-junte-10-embalagens-e-troque-por-uma/)
75
4.1. O Direito Penal do Inimigo e o RDD Com a criação do Regime Disciplinar Diferenciado - RDD busca-se um maior controle e
rigidez na execução penal.
O RDD surgiu a partir da lei 10.792 de 1º de dezembro de 2003, alterando a lei 7.210 de 11 de
junho de 1984, Lei de Execuções Penais (LEP). Como se vê nos artigos 52, caput e §§2º e 3º;
53, V; 58, caput; 60 e seu parágrafo único e 87, parágrafo único desta lei, todos com redação
dada pela lei 10.792/03, tornando possível a adoção, em nível nacional, do sistema disciplinar
vigente no Estado de São Paulo, na unidade de Presidente Bernardes, onde alguns criminosos
apontados como chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC), cumprem suas penas.
O surgimento do RDD é devido ao grave momento vivido pelas instituições públicas e por
toda a sociedade, em que o “estado paralelo”, tenta emergir causando caos e pânico na
sociedade.
O sistema carcerário é precário, ineficaz, fruto de anos de descaso e abandono; Medidas mais
severas esperam coibir o ato criminoso oriundo do interior das penitenciárias, visam atingir a
frágil sociedade, direta e indiretamente.
Fonte: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2001/02/386.shtml Acesso em: 25 de novembro de 2008
76
A foto anterior mostra que os integrantes da facção PCC não se ocultam, mas sim fazem
questão de estampar a sua existência na inscrição 15.3.3 – PCC.
As fotos abaixo foram tiradas após rebeliões em diferentes unidades prisionais do sistema
prisional paulista, este é o destino de quem cruza o caminho do crime organizado dentro dos
presídios, isto ocorre não somente no sistema penitenciário paulista mais em todo o país.
Fonte: Arquivo pessoal
Estas são apenas uma pequena amostra do que vivem os presos nesses sistemas que são sim
degradantes e cruéis, e não o RDD, onde o preso tem sua privacidade e segurança garantidas.
78
O olhar estatal ficou fora das penitenciárias, os detentos não tem a devida segurança e
dignidade dentro do sistema prisional como podemos notar, o panóptico foi esquecido.
O risco em ser um detento neutro, isto é, não pertencente às facções gera medo e morte, ou
você participa ou morre, devendo ainda se sujeitar as mais diversas exigências.
Fonte: Arquivo pessoal
A imagem acima e a abaixo, são chocantes, mostram o cenário oriundo de um inferno, este
sendo as penitenciárias durante uma rebelião, após todo o complexo tomado o que reina é o
caos e morte, daqueles que já haviam sido avisados que morreriam mais cedo ou mais tarde.
Presos são degolados, mutilados, empalados e queimados muitas vezes vivos, esta é a
realidade dentro dos presídios hoje, qual segurança ou garantia de ressocialização estes
homens e mulheres tem? Com qual dignidade nosso sistema penitenciário trata nossos presos?
79
Fonte: Arquivo pessoal
Para Beccaria pena para ser eficaz, deve ter apenas e tão somente o rigor necessário pra
prevenir a criminalidade, sendo rápida sua aplicação mais justa e útil será.
Para que a pena não seja violência de um ou de muitos contra o cidadão particular, deverá ser essencialmente pública, rápida, necessária, a mínima dentre as possíveis, nas dadas circunstâncias ocorridas, proporcional ao delito e ditada pela lei. (BECCARIA, 2001, p. 107).
Jeremias Bentham (1748 – 1832), foi o primeiro a falar do sistema prisional, aprovando como
Beccaria, o utilitarismo da pena, com a finalidade principal de prevenção dos delitos e com
finalidade de correção do apenado em segundo plano.
Bentham idealizou o Panoptismo, “olhar que tudo vê”, sendo a estrutura ideal para o sistema
carcerário segundo o mesmo. O panóptico consistia numa construção anelar (forma de anel);
no centro, uma torre; está com largas janelas com visão da parte interna do anel, a construção
em volta da torre em forma de anel é dividida em celas, tendo duas janelas uma para o lado de
80
dentro do anel, outra pra o lado de fora, permitindo a luz atravessar a cela de lado a lado. Um
vigia ficava na torre central e com o efeito da luz podia perceber as silhuetas cativas nas
celas.
O efeito do panóptico é induzir no detento o estado consciente e permanente de visibilidade
que assegura o funcionamento do poder.
Bentham colocou o princípio de que o poder devia ser visível e inverificável, visível sem cessar o detento terá diante dos olhos a alta silhueta da torre central de onde é espionado inverificável, o detento nunca deve saber se está sendo observado, mas deve ter certeza de que sempre pode sê-lo. (FOUCALT, 1997, p.167).
O olhar estatal tudo via, sem nunca ser visto por quem estivesse preso, tríplice finalidade,
disciplina, vigilância e correção.
Hoje pouco se faz para assegurar os direitos dos presos, ou ainda prevenir delitos dentro e fora
dos presídios, pois de dentro destes se articulam levantes contra o Estado.
Presídios hoje são vistos como depósitos humanos, que além de não recuperarem os apenados
servem de “faculdade do crime”, os apenados por crimes de menor potencial “alunos” ficam
juntos com criminosos de alta periculosidade, sendo estes “professores”, dessa forma
contribuindo para que o indivíduo saia da prisão volte a cometer crimes mais perigosos.
Vivemos um momento de crise no sistema prisional, onde a superlotação é uma realidade, e
sua solução uma utopia, a finalidade social da pena foi perdida em algum lugar do tempo,
bem como a finalidade de pena.
81
A imagem abaixo mostra claramente a falência no sistema prisional de “forma nua e crua”.
Fonte: Arquivo pessoal
Se as penas fossem realmente punitivas e funcionais no sentido de ressocialização os
indivíduos não iriam voltar a praticar crimes.
Na próxima foto e na acima paira a dúvida se realmente os indivíduos querem ser
ressocializados, e para este tipo de indivíduo que o Direito Penal do Inimigo seria indicado.
82
Fonte: Arquivo pessoal
Atualmente é grande o número de celulares, drogas e armas dentro dos presídios fazendo com
que o preso possa ter acesso aos seus comandados do lado de fora. Com isso o apenado
mantêm seu legado de destruição gradativa da sociedade.
Neste sentido o RDD é útil para separar os líderes das facções que comandam de dentro dos
presídios comuns seus seguidores, de onde ordenam os ataques (como os últimos realizados
pelo PCC) que geram morte, destruição e pânico na sociedade.
O RDD vem para regular a situação de descontrole demonstrado nas unidades prisionais com
relação à custódia de presos considerados perigosos e o contato destes com o aparato
criminoso ao qual pertenciam quando em liberdade.
O sistema carcerário não esta fazendo o seu papel fundamental que é o de recuperar o
apenado, este ao sair continua a cometer crimes ainda mais graves do que os anteriores.
83
O apenado ao sair continua sem profissão definida, sem emprego e sem opção, a não ser a de
voltar para o crime. Ao sonho ilusório de conseguir bens e poder por meio da criminalidade.
Partindo dos pressupostos da pesquisa chegamos ao nó górdio da referida questão da (in)
constitucionalidade do RDD, buscando para isso argumentos qualitativos; e, evidenciando
que a sociedade merece ser respeitada como reza a Carta Magna, pois a lei, muitas vezes,
tende a beneficiar o criminoso, desprezando o fato de que, com isso, poderá prejudicá-la.
Com isso a sociedade é quem sofre as maiores conseqüências, muitas vezes perdendo o bem
maior referenciado na CF, art. 5º caput (direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade).
Há indivíduos em nossa sociedade que não podem estar ou merecer o sistema punitivo que
temos, precisam de um sistema que os tratem com inimigos da sociedade, inimigos que ficam
bem definidos na doutrina Direito Penal do Inimigo.
Nesses moldes o RDD se encaixa perfeitamente como exemplo:
O RDD não é regime prisional, mas sim regime disciplinar. No estado de São Paulo temos
somente 01 (um) presídio com este regime, sendo este o da cidade de Presidente Bernardes, e
mais 02 (dois), 01 (um) na cidade de Avaré e 01 (um) na cidade de Hortolândia, que foram
adaptados para receber presos no Regime Disciplinar Diferenciado, este regime disciplinar
tem como características:
• Recolhimento em cela individual;
• Visitas mensais de no máximo 2 familiares, sem contar crianças, separados por vidro,
interfone, com filmagens e gravações encaminhadas ao MP;
• Banho de sol de 2 horas diárias;
• Comunicação com outros presos é proibida;
• Proibido entrada de alimentos, refrigerantes e bebidas em geral por parte dos visitantes;
• Proibido o uso de aparelhos telefônicos, de som, de televisão, de rádio e similares
• Contatos com advogados serão mensais, salvo autorização judicial, devendo ser informados,
mensalmente, à seccional da OAB os nomes dos advogados dos presos.
Diante das características do RDD notamos e eficiência e a sua necessidade de aplicação.
Com a modificação da Lei de Execução Penal, o artigo 52, determina, o isolamento
celular do indivíduo que comete delito doloso ou falta grave, no prazo até 1 (um) ano,
84
com a possibilidade de prorrogação pelo mesmo período a um sexto estabelecido
inicialmente, bem como no recebimento de visitas.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas;
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade.
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.
Observa-se nos parágrafos 1º e 2º a possibilidade no sistema prisional, do detento poder ser
submetido a um isolamento, em cela separada, ou seja, deriva de um juízo de valor, seguindo
os moldes do Direito Penal do Inimigo.
Cabe salientar que comete falta grave o detento que como define a lei 7.210/84 cometer:
Art. 50. - Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
85
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 desta Lei.
Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.
Observa-se que as restrições feitas não são feitas pelos fatos ocorridos, mas sim a uma
determinada classe de autores, delinquentes que põe em risco a sociedade. Isto para que não
cometam mais crime, mesmo dentro dos presídios, em segundo plano porque representam um
risco social e ou administrativo. Neste caso, a suspeita ou participação de quadrilha ou
organização criminosa.
Talvez não seja a solução, mas para o momento vivido é de extrema valia e necessidade.
O Regime Disciplinar Diferenciado é mais uma medida para reforçar o crescente uso do
direito penal como símbolo de combate à violência. Reforçar a natureza da prevenção é
melhor do que reforçar a da tutela penal. Como exemplo, temos a aplicação do Cárcere Duro,
como foi feito na Itália contra a máfia, com o qual se obteve bons resultados.
Daí se pode dizer que o legislador optou, no Regime Disciplinar Diferenciado, pelo direito
penal simbólico e do autor, já que leva em conta a periculosidade do agente e não os fatos que
o levaram ao cárcere, notamos que forma está sendo aplicado o Direito Penal do Inimigo.
A opção do legislador fica clara na nova redação dos §§ 1o e 2o do art. 52 da LEP que
permitem a inclusão de presos no Regime Disciplinar Diferenciado quando acarretem altos
riscos para a ordem e segurança do estabelecimento penal ou da sociedade ou sob os
quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação , a qualquer título,
em organizações criminosas , quadrilhas ou bandos.
A opção do legislador é clara por um direito penal do autor, permitindo a inclusão do preso no
Regime Disciplinar Diferenciado com base em juízos de periculosidade, julgando perigoso
o preso pelo que ele é ( membro de quadrilha ou bando) e não pelos fatos de que é acusado.
O RDD foi aplicado com sucesso, senão não teria ocorrido rebeliões e ataques para que
fossem retirados da “tranca” os lideres da facção PCC, isso demonstra, então, a eficiência e o
medo da verdadeira punição.
86
O PCC: Primeiro Comando da Cocaína.6
Com o pretexto de defender presidiários, essa facção domina o narcotráfico nas cadeias, conquista pontos de venda de drogas fora das prisões e fatura milhões de reais.
O PCC tem 15.000 filiados em São Paulo e controla 40% do tráfico de drogas no Estado.
A polícia descobriu contas do bando com movimentação superior a 36 milhões de reais. (Revista Veja. 2007. p. 65)
O crime organizado está gerando fortunas nas mãos dos criminosos, estes tem uma ascensão
muito rápida, fazendo com que pareçam pessoas bem sucedidas financeiramente, e com essa
aparência e bens seduzindo quem não vê outra saída vem recrutando cada vez mais adeptos,
crianças, jovens e adultos, que foram desamparados pelo Estado, e que procuram seus lugares
ao sol.
6 Fonte: Revista Veja. Reportagem Especial. Crime. edição 1990. Janeiro de 2007. p. 65
87
Conclusão
Atualmente, para se resolver o problema da criação e estruturação das facções criminosas,
seria necessário promover o isolamento de seus membros; promover a celeridade dos
processos administrativos que tratem de expulsão de agentes penitenciários coniventes com
entradas de armas e drogas nos presídios; sufocar a movimentação financeira das facções,
rastreando os recursos, bloqueando-os, evitando, assim a abertura de empresas de “lavagem
de dinheiro”.
O Estado deve pensar em políticas públicas para combater o crime. Antes que o jovem se
torne um criminoso, não basta implementar a bolsa família e fazer a distribuição de renda, é
preciso entrar com medidas específicas que afastem os jovens do ambiente de criminalidade e
investem em assistência social para que famílias sem estrutura não gerem jovens delinquentes.
A construção de novas unidades prisionais é uma medida urgente devido à lotação que o
sistema prisional brasileiro vive, e ainda, mutirões judiciários para agilizar e colocar nas ruas
os detentos que já cumpriram suas penas.
As novas unidades não deveriam receber mais de 500 (quinhentos) presos e a disciplina
deveria ser cobrada. As celas duplas, com rodízio, seria uma ótima opção para que não
houvesse contato com os outros detentos.
Mas o que assusta mesmo é ver alguns membros da sociedade fragilizada criticar ações como
a que ocorreu no Estado do Rio de Janeiro, no final de junho de 2007, quando houve um
ataque maciço ao tráfico de entorpecentes daquele Estado.
88
Por outro lado, tanto o secretário de segurança quanto o governador foram elogiados
publicamente pela ação policial que trouxe um sentimento de amparo aos cariocas.
Há quem critique esse tipo de ação, mas a realidade vai além do que se pode ver. A crise na
segurança é tão grande que alguns preferem fazer políticas eleitoreiras e aconchavos com
criminosos, quando deveriam extirpá-los.
Criticam dizendo que violência gera violência. Parece piada. As estatísticas mostram que se
morre mais no Brasil na guerra contra o crime do que na guerra do Iraque. Além disso, há
quem afirme que não estamos vivendo uma guerra. Ingenuidade. Estamos sim, mas não
declarada.
A realidade é nua e crua. Precisamos de medidas urgentes e talvez drásticas, pois não
podemos deixar que o crime organizado tome conta de nossas vidas. Se continuarmos
resignados diante dessa situação, de quem iremos cobrar a democracia? Do PCC ou do
Comando Vermelho? A democracia em que estamos vivendo é a democracia do medo, da
morte, da impunidade e do descaso das autoridades públicas e, pior, de algumas pessoas da
sociedade.
Se acham desumano a adoção do RDD – Regime Disciplinar Diferenciado - o que achariam
do sistema prisional comum. Esta imagem abaixo mostra o tratamento degradante e cruel do
sistema penitenciário comum. E isso é apenas uma pequena amostra do que vivemos dentro
das penitenciárias sob os olhos do Estado. Imaginemos, então, esses monstros fora das
penitenciárias e ainda recebendo o mesmo tratamento que os criminosos comuns.
Sobre o conceito de Direito Penal do Inimigo, usado por Jakobs, o autor destaca que o mesmo
constitui tão só a reação do ordenamento jurídico contra indivíduos perigosos e que para tanto
a reação que temos hoje é desproporcional e não condiz com a realidade.
Como já foi dito anteriormente a repressão e prevenção não se separam nitidamente no
combate a criminalidade organizada, sendo assim de grande eficiência a aplicabilidade do
Direito Penal do Inimigo.
A teoria descrita pelo referido autor atende a um critério de proporcionalidade e razoabilidade
político-jurídica, um meio termo entre um Direito Penal mínimo e rígido e um Direito Penal
amplo e flexível.
89
Tendo em vista a emergência do Direito Penal Moderno e o caminho que a segurança pública
está seguindo, podemos considerar como inimigo aquele indivíduo que rompe com a
sociedade civil e volta a viver em estado de natureza, ou seja, homens em estado de natureza
são todos iguais, como Hobbes define o homem natural vive de seu próprio poder isto é: - é a
liberdade que cada homem possui de usar seu próprio poder, de maneira que quiser, para a
preservação de sua própria natureza, ou seja, de sua vida.
Este é caminho que seguem os indivíduos envolvidos com o crime organizado, pessoas
comuns, voltadas ao bem material, ao capitalismo, se tornando monstros que não se importam
com o outro, adquirindo total comportamento violento para adquirir fama e poder em seu
meio.
Deve-se investir maçiçamente em melhorias básicas como saúde, educação, saneamento
básico e em cursos profissionalizantes, permitindo assim uma melhor qualidade de vida a pais
e filhos, pois o número de desempregados ainda é muito grande, não só pela falta de emprego
mas também pela falta de mão-de-obra qualificada.
Outro grande problema é a má remuneração e a desvalorização dos profissionais ligados ao
futuro de nossa sociedade, isto é, os que atuam diretamente na educação e segurança, pois
estes é que irão nortear o futuro de nosso país. Chega de medidas imediatistas para garantir
mandatos e reeleições, é preciso investir na base do problema e esperar resultados em longo
prazo.
Não há como desvincular a prevenção da repressão, basta uma volta na noite das cidades para
podermos perceber o número de indivíduos voltados para o crime. Com a evolução deste
houve uma fusão: o que eram células criminosas individuais voltadas para determinados tipos
de crime agora se englobaram em um único corpo voltado para o mesmo fim, o tráfico de
entorpecentes.
O fim justifica os meios desde que o bem estar da sociedade prevaleça, mas todos sabem que
no Brasil o direito coletivo é violado para ser respeitado o direito de um único indivíduo que
poderá ser responsável por qualquer atrocidade cometida contra a sociedade.
Quando se solta um bandido sem ter certeza que não representa risco à sociedade, o direito de
muitos é violado.
90
É uma irresponsabilidade, porque, por mais que o preso se comporte bem na cadeia, isso não
garante nada. Cumprir horários e não fazer baderna é o mínimo que ele deve fazer lá dentro, e
isso não deveria ser parâmetro para avaliar se está apto a sair.
O indivíduo condenado tem que cumprir a pena até o fim, perdendo assim o natal, o dia dos
pais, o aniversário dos filhos e outras comemorações. Se tivesse pensado antes de cometer
atrocidades contra o Estado não estaria lá, esta é a função preventiva da pena que deve ser
rígida e dirigida ao inimigo.
Não há nada como o sonho para criar o futuro; utopia hoje, carne e osso amanhã...
Victor Hugo
Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha.
Victor Hugo
91
Anexo I – Crime organizado tenta emboscada contra
agentes públicos
Uma emboscada resultou em 13 mortos na manhã desta
segunda-feira em São Bernardo do Campo.
Segundo informações prestadas pelo delegado seccional de
SBC, Marco Antônio Pereira, uma ordem vinda de dentro
do sistema penitenciário do Estado de São Paulo exigia a
morte de 5 a 15 funcionários do Centro de Detenção
Provisória da cidade em um prazo de dez dias. “A pressão
veio de dentro das cadeias.
Eles estavam preparados para matar ou morrer”, afirmou o
delegado em entrevista coletiva presenciada pelo Sampaist.
O delegado afirmou que a emboscada vinha sendo planejada
há mais de 15 dias e o Departamento de Inteligência da
Polícia interceptou a tramitação dos bandidos.
De posse da informação de que o ataque poderia acontecer,
a polícia colocou postos de observação nas redondezas do
CDP de São Bernardo e passou a monitorar a movimentação
dos criminosos.
Os policiais foram informados de que três agentes seriam
executados após o expediente, em um ponto de ônibus da
região. Assim, eles conseguiram armar um “contra-ataque”
e evitar a morte dos policiais.
Fonte: http://urbanistas.com.br/sp/2006/06/27/mortes-na-grande-sao-paulo/acesso em: 4 de agosto de 2008, 14:41:34
92
O confronto que resultou na morte de 13 suspeitos e na prisão de outros cinco ocorreu por
volta das 7 horas da manhã, quando os agentes se dirigiam ao ponto de ônibus.
No momento em que os policiais deram voz de prisão aos suspeitos, começou a troca de tiros.
Durante a troca de tiros, um policial foi atingido no peito, mas não sofreu ferimentos porque
estava com colete à prova de balas. Foram apreendidas na ação uma espingarda, sete
revólveres calibre 38 e sete pistolas automáticas.
95
Anexo IV – Enquete, o que fazer para cessar o crime organizado
15/05/2006 - 12h13
Ataques
Desde o dia 12 de maio, São Paulo enfrenta uma onda de violência organizada pela facção criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital). Qual seria a solução a curto prazo para colocar fim à megaoperação criminosa?
� A enquete está fechada e não aceita mais votos.
3%
490 votos
Negociar diretamente com os líderes da facção
criminosa para que os atentados e rebeliões cheguem ao
fim.
49
%
8.294 votos
Manter os líderes do PCC isolados em RDD (Regime
Disciplinar Diferenciado), o mais rígido do sistema
penitenciário, para evitar articulações de crimes.
48
%
7.976 votos
Aceitar auxílio federal (Força Nacional de Segurança
Pública e Forças Armadas) para sufocar as ações da
facção criminosa.
Total: 16.760 votos
Atenção: o resultado desta enquete não tem valor de amostragem científica e se refere apenas a um grupo de
leitores da Folha Online.
Disponível em: http://polls.folha.com.br/poll/0613501/results
Acesso em: 1 de outubro de 2007, 19:15
96
Anexo V – Saldo dos Ataques ao Estado de São Paulo
Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/pcc1.htm - Acesso em: 16 de setembro de 2008
São Paulo refém
Agência Estado
Delegacia atacada pelo PCC
Saldo dos ataques do PCC em São Paulo
Maio de 2006 - foram 100 horas de terror
• 373 ataques na capital, interior e Baixada Santista (Litoral de São Paulo)
• 82 ônibus queimados
• 17 agências bancárias queimadas e depredadas
• 48 mortos pelo PCC (policiais civis, militares, carcereiros e três civis que acompanhavam os policiais na hora dos
ataques)
• 50 feridos
• 304 bandidos mortos pela polícia
Julho e agosto de 2006
• 826 ataques na capital, interior e Baixada Santista
• 9 policiais foram assassinados pelo PCC
• 102 integrantes do PCC mortos pela polícia
• 187 suspeitos presos
97
Anexo VI - A cela de Marcola – Líder do PCC
O líder do PCC ocupa sozinho uma área de cerca de 9 metros quadrados:
- Beliche (1);
- TV 14 polegadas (2);
- Prateleiras (3);
- Pia (4);
- Vaso sanitário (5) e;
- Chuveiro (6).
É uma das únicas em que o vidro da janela está intacto.
O prisioneiro mantém nas prateleiras livros como O Código Da Vinci e O Cliente.
Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG77578-6014,00.html – Acesso em: 22 de janeiro de 2008
98 7Apesar de a unidade ser considerada de segurança máxima, a entrada de itens proibidos é
freqüente, segundo apurou ÉPOCA. O bloqueador de celular não coíbe a comunicação dos
presos nem há câmeras para vigiar as celas. No ano passado, foram descobertos buracos nas
paredes e um túnel em fase inicial de escavação. Segundo a polícia, foi da PII que partiu a
ordem para assassinar Wellington Segura, diretor do Centro de Detenção Provisória de Mauá,
em janeiro.
A cela 107 tem cerca de 9 metros quadrados, duas camas, pia, chuveiro e vaso sanitário. Nas
prateleiras, além de roupas, calçados e da TV de 14 polegadas, dois livros chamam a atenção:
O Código Da Vinci, de Dan Brown, e o folhetim de tribunal O Cliente, de John Grisham. Nas
duas horas e meia de banho de sol a que tem direito diariamente, Marcola costuma caminhar
pelo pátio e falar com aliados.
Alguns deles foram alojados em Presidente Venceslau em maio do ano passado, junto com
cerca de 700 presos. A transferência em massa, de acordo com a polícia, foi o que motivou a
maior onda de ataques no Estado, naquele mesmo mês de maio.
De lá para cá, o regime na PII ficou mais brando. Os horários de banho de sol e de visita
foram ampliados. O PCC teria condicionado o fim dos ataques a certas mudanças no regime
da unidade. Para abrir as celas e liberar os presos para o pátio, os funcionários são
acompanhados por um pelotão de 40 homens armados com espingardas de balas de borracha,
cassetetes e escudos.
“Além do RDD, o regime adotado em Venceslau é o que tem segurado o sistema
penitenciário”, diz o promotor Roberto Porto, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao
Crime Organizado. “De fora, parece que está tudo calmo. Mas o sistema é uma panela de
pressão e continua nas mãos dos ladrões”, diz um agente penitenciário.
7 Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG77578-6014,00.html – Acesso
em: 22 de janeiro de 2008
99
Anexo VII – Método para entrar com celulares nos presídios
A descoberta só foi feita após os detentos passarem pela máquina de raio-X na prisão de
segurança máxima de Zacatecoluca, que fica a 60 quilômetros da capital San Salvador.
Raio-X mostra celular dentro do cólon de um dos detentos de prisão em El Salvador; a
imagem foi liberada pelo governo do país (Foto: AFP)
Todos eles pertencem à gangue chamada de ‘Mara Salvatrucha’, ou MS-13, uma das mais
violentas de El Salvador e que também está presente nos Estados Unidos.
Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL94933-5602-655,00.html – acesso em: 22 de
janeiro de 2008
100
Anexo VIII – Vagas prisionais
Fonte: Revista Super Interessante. A cadeia como você nunca viu. Março de 2008, edição 250. p. 57
Este gráfico mostra claramente a atual situação do sistema penitenciário, super-lotação e
descaso ao sistema penitenciário.
101
Anexo IX - Como funciona o PCC
Fonte: Revista Veja. Reportagem Especial. Crime. edição 1990. Janeiro de 2007. p. 64 - 65
102
Anexo X – Brasil com penas brandas
Fonte: Revista Veja. Reportagem Especial. Crime. edição 1990. Janeiro de 2007. p. 79
Nesta reportagem fica claro quanto o nosso Sistema penal é brando, mesmo sendo comparado
as SuperMax americanas.
104
Anexo XII - Supermax
Fonte: Revista Veja. Reportagem Especial. Crime. edição 1990. Janeiro de 2007. p. 79
Penitenciaria de segurança máxima localizada nos Estados Unidos, presos acorrentados,
disciplina e ordem, punição aos indisciplinados, e nem por isso é considerada
inconstitucional, mesmo com as correntes.
Presos podem cumprir sua pena totalmente na supermax, enquanto no Brasil o preso só pode
ficar por um ano prorrogável por mais um ano.
Visitas íntimas são permitidas pela nossa legislação, enquanto nos Estados Unidos isso não é
possível.
A imagem acima mostra a penitenciária mais segura dos Estados Unidos, local onde não é
permitido e não há contatos telefônicos, diferença notória de nossas penitenciárias, no Estado
de São Paulo, são apreendidos cerca de 200 celulares por mês.
Em Pelican Bay, a correspondência é analisada, prevendo assim a ocorrência de delitos do
lado de fora, após decifrar códigos já foram apreendidas drogas e impedidos homicídios
graças as descobertas.
105
Anexo XIII – Estatística prisional – Trabalho
Fonte: http://www.sap.sp.gov.br/common/dti/estatisticas/trabalho_mensal.html
Acesso em: 16 de dezembro de 2008, 23h10min
No ano de 2006 essa era o índice de apenados trabalhado, dois anos depois parece que nada
mudou, pois os dados informados pela Secretaria de Administração Penitenciária ainda é o
mesmo.
106
Anexo XIV - Estatística prisional – Educação
Fonte: http://www.sap.sp.gov.br/common/dti/estatisticas/educacao_mensal.htm
Acesso em: 30 de julho de 2007, 18:49
Este gráfico continua o mesmo há um ano e meio após seu acesso, não houve alteração, até o
último acesso em 16 de dezembro de 2008, 23h10min.
107
Anexo XV - Estatística prisional –Rebeliões
Fonte: http://www.sap.sp.gov.br/common/dti/estatisticas/rebeliao.htm - Acesso em 17 de
dezembro de 2008.
Gráfico mostra data do ano de 2006, ainda não foi atualizado no site da SAP.
108
Anexo XVI - Estatística prisional – População Anual
Fonte:
http://www.sap.sp.gov.br/common/dti/estatisticas/populacao.htm
Acesso em 17 de dezembro de 2008.
109
Anexo XVII – Praga Nacional
http://veja.abril.com.br/041006/popup_especial01.htmlFotos Jorge Santos/Oeste Notícias/Alex Silva/Severino Silva/AE/Ag. O Dia/Marcio Scatrut/Gazeta do P ovo/AJB/Renato Spencer/JC Imagem
111
Anexo XIX – O Estatuto do PCC
ESTATUTO DO PCC (Transcrito sem alterações ou correções ortográficas)
LIBERDADE! JUSTIÇA! E PAZ!
1. Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido.
2. A Luta pela liberdade, justiça e paz.
3. A união da Luta contra as injustiças e a opressão dentro das prisões.
4. A contribuição daqueles que estão em Liberdade com os irmãos dentro da prisão através
de advogados, dinheiro, ajuda aos familiares e ação de resgate.
5. O respeito e a solidariedade a todos os membros do Partido, para que não haja conflitos
internos, porque aquele que causar conflito interno dentro do Partido, tentando dividir a
irmandade será excluído e repudiado do Partido.
6. Jamais usar o Partido para resolver conflitos pessoais, contra pessoas de fora. Porque o
ideal do Partido está acima de conflitos pessoais. Mas o Partido estará sempre Leal e
solidário à todos os seus integrantes para que não venham a sofrerem nenhuma desigualdade
ou injustiça em conflitos externos.
7. Aquele que estiver em Liberdade "bem estruturado" mas esquecer de contribuir com os
irmãos que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão.
8. Os integrantes do Partido, tem que dar bom exemplo a serem seguidos e por isso o Partido
não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema.
9. O partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo, interesse pessoal,
mas sim: a verdade, a fidelidade, a hombridade, solidariedade e o interesse como ao Bem de
todos, porque somos um por todos e todos por um.
10. Todo integrante tem que respeitar a ordem e a disciplina do Partido. Cada um vai receber
de acordo com aquilo que fez por merecer. A opinião de Todos será ouvida e respeitada, mas
a decisão final será dos fundadores do Partido.
112
11. O Primeiro Comando da Capital PCC fundado no ano de 1993, numa luta descomunal e
incansável contra a opressão e as injustiças do Campo de concentração "anexo" à Casa de
Custódia e Tratamento de Taubaté, tem como tema absoluto a "Liberdade, a Justiça e Paz".
12. O partido não admite rivalidades internas, disputa do poder na Liderança do Comando,
pois cada integrante do Comando sabe a função que lhe compete de acordo com sua
capacidade para exercê-la.
13. Temos que permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra novamente um
massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 02 de outubro de 1992,
onde 111 presos foram covardemente assassinados, massacre este que jamais será esquecido
na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do Comando vamos mudar a prática
carcerária, desumana, cheia de injustiças, opressão, torturas, massacres nas prisões.
14. A prioridade do Comando no montante é pressionar o Governador do Estado à desativar
aquele Campo de Concentração "anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, de
onde surgiu a semente e as raízes do comando, no meio de tantas lutas inglórias e a tantos
sofrimentos atrozes.
16. Partindo do Comando Central da Capital do “KG” do Estado, as diretrizes de ações
organizadas simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado, numa guerra sem
trégua, sem fronteira, até a vitória final.
17. O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente do Comando
se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos nos estruturar
também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas irreparáveis, mas nos
consolidamos à nível estadual e à médio e longo prazo nos consolidaremos à nível nacional.
Em coligação com o Comando Vermelho - CV e PCC iremos revolucionar o país dentro das
prisões e nosso braço armado será o Terror "dos Poderosos" opressores e tiranos que usam o
Anexo de Taubaté e o Bangu I do Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade
na fabricação de monstros.
Conhecemos nossa força e a força de nossos inimigos poderosos, mas estamos preparados,
unidos e um povo unido jamais será vencido. Liberdade! Justiça! E Paz!
O Quartel General do PCC, Primeiro Comando da Capital, em coligação com Comando
Vermelho - CV. Unidos Venceremos
113
Anexo XX – O Estatuto do CRBC
O Estatuto do CRBC
01. Respeitar todas as regras do CRBC
02. Respeitar todos os sentenciados do Presídio, onde o CRBC estiver liderando.
03. Respeitar as normas do Presídio, sendo como maior exemplo, a DISCIPLINA DA
UNIDADE PENAL.
04. Lutar pelos sempre pelos humildes, pela liberdade do próprio CRBC e todos aqueles que
estiveram prestes a obter a liberdade.
05. Não podemos permitir que o Presídio fique em mãos de vermes.
06. Onde o CRBC estiver não poderá haver rebeliões, extorsões e nem qualquer tipo de
represália humilhante.
07. Onde quer que o CRBC esteja NÃO PODERÃO EXISTIR INTEGRANTES DO PCC,
pois os mesmos, através da ganância, extorsão, covardia, despreparo, incapacidade mental,
desrespeito aos visitantes, estupros, de visitantes, guerra dentro de seus próprios domínios,
vêm colaborando para a vergonhosa caotização do aparato Penal do Estado de São Paulo.
Portanto, não podemos conviver com esses "lixos", escórias, animais sem o menor senso de
racionalidade. Estes, definitivamente, não podem e não devem conviver com aqueles que têm
suas famílias sacrificadas e igualmente condenadas, que lutam contra as dificuldades de nosso
País, por nossas liberdades.
08. O CRBC tem por obrigação, arrecadar fundos para ajudar as crianças, crianças carentes,
doentes, favelados, bem como, os familiares mais necessitados e seus próprios problemas
dentro do CRBC.
09. As pessoas convocadas para filiação ao CRBC, deverão ter os seguintes requisitos:
9.1. Ter moral, ser guerreiro em todos os sentidos, apoiar todos aqueles que desejam fugir,
sem prejudicar a população carcerária.
114
10. O CRBC, deverá ser, constituído de homens dignos, inteligentes, com bom grau de
intelectualidade, tais como médicos, enfermeiras, advogados, enfim profissionais liberais que
possam dar-nos sempre a melhor contribuição possível, dentro d e fora da Prisão.
11. Os fundos que forem arrecadados por cada membro do CRBC, em liberdade, têm por
objetivo, RESGATAR OS SEUS COMANDADOS e, quando o membro do CRBC estiver
com problemas, sejam estes quais forem, sendo o (CERTO) deverá ser apoiado.
12. Se o membro do CRBC estiver ERRADO, ao bater no rosto de um humilde, extorquir, ou
entrar em quaisquer movimentos ERRADOS, será SUMARIAMENTE EXCLUÍDO E
PUNIDO, obrigado a sair do Presídio, devendo ir pata quaisquer outras Unidades Penais,
onde o INIMIGO esteja liderando.
13. Portanto fica MUITO CLARO que, ao entrar no CRBC, esta será a PUNIÇÃO
SUMÁRIA.
14. O CRBC, não dará oportunidades, para o caso de FALHAS ou TRAIÇÕES para com um
membro do CRBC. A pena prevista para este caso será a EXECUÇÃO SUMÁRIA.
15. Aquele que cometer o absurdo de uma única FALHA DE COMPORTAMENTO com os
srs. visitantes ou manifestar um princípio mínimo de Rebelião, será PUNIDO COM AS
SANÇÕES PREVISTAS NO PARÁGRAFO 09.
16. O CRBC NÃO ACEITA EX-PCCs, SOLDADINHOS do INIMIGO, e, tampouco,
SIMPATIZANTES DO MESMO.
17. Os interessados na afiliação ao CRBC deverão participar do processo de "BATISMO",
cujas prerrogativas, deverão obedecer aos PARÁGRAFOS 04 e 05 deste ESTATUTO.
18. Só será permitida a entrada no Presídio sentenciados filiados à qualquer outro
COMANDO, que não seja o PCC, ou sentenciados sem afiliação com quem quer que seja.
19. Quaisquer decisões que forem tomadas, no sentido de EXECUÇÃO SUMÁRIA, ou
prejudicar terceiros, ou o nome do CRBC, deverão ser muito cuidadosamente analisadas, pois
o ÚNICO IDEAL do CRBC é LIBERDADE, RESPEITO, SILÊNCIO, UNIÃO E AÇÃO...
20. Aquele que for colocado em liberdade por méritos do CRBC, terá por obrigação,
fortalecer o CRBC, dentro e fora dos Presídios e, aquele que for de liberdade do por seus
115
próprios méritos e lutas, mas se for integrante do CRBC, deverá honrar o nome do CRBC,
resgatando, através das melhores atitudes para com os companheiros de luta, para a obtenção
das liberdades destes, sem poupar esforços, inclusive, dando o suporte material para as
famílias dos que permanecem no cárcere, deixando assim, o nome do CRBC, com a moral
elevada. REVOLUCIONANDO O SISTEMA CARCERÁRIO DO ESTADO DE SÃO
PAULO E DE TODO PAÍS.
21. O CRBC, esteja onde estiver, deverá fazer 02 (duas) reuniões mensais com seus líderes,
registrando assim todas as decisões e atitudes tomadas ou a serem tomadas pelo CRBC.
Seja fiel e alcance a sua preciosa liberdade com dignidade e caráter.
Guarulhos/SP – Dezembro de 1999
116
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Notas
1 Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u22521.shtml - Acesso em: 31 de
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2 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_Comando_da_Capital - acesso em: 28 de
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3 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_Comando_Jovem - acesso em: 28 de novembro
de 2007
4 Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u22522.shtml - Acesso em: 28 de
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5 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Amigos_dos_Amigos - Acesso em: 28 de novembro de
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6 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_Comando_Puro - Acesso em: 28 de novembro
de 2007
7 Fonte: Revista Veja. Reportagem Especial Crime. edição 1990. Janeiro de 2007. p. 65
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