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I - INTRODUÇÃO
As áreas verdes urbanas têm a função de melhorar a qualidade de vida seja para fins
de lazer, equilíbrio climático, preservação ambiental e construção da paisagem urbana
(SANTOS et al, 2007).
O rápido processo de urbanização e densificação dos grandes centros urbanos,
dissociado do respectivo incremento da oferta de áreas verdes de lazer, torna relevante o
desafio de enfrentar esta tendência desfavorável ao futuro das cidades, portanto diante da
crescente concentração urbana nas grandes cidades, torna-se fundamental a qualificação
ambiental destes espaços para que seja alcançado o desenvolvimento sustentável. Neste
contexto, a oferta de áreas de lazer arborizadas, públicas e acessíveis é um parâmetro
importante a ser considerado (CUNHA et al, 2004), pois, o crescimento acelerado das
cidades, os aumentos no número de indústrias nas áreas urbanas fizeram com que várias
pessoas da sociedade começassem a perceber que, todo este desenvolvimento era
acompanhado por uma grande degradação do ambiente como a destruição das áreas
verdes urbanas (AVELAR; NETO, 2008).
De acordo com Cavallheiro e Del Picchia (1992) é necessário que reflitamos que as
cidades atualmente são constituídas, do ponto de vista físico, de espaços de interação
urbana (rede rodo-ferroviária), espaços com construções (habitações, indústrias, comércio,
hospitais, escolas, etc.) e de espaços livres (praças, parques, águas superficiais) e que,
portanto, a criação e manutenção das áreas verdes no ambiente urbano são justificadas
pelo seu potencial em propiciar e elevar a qualidade ambiental e de vida da população, por
meio de suas funções ecológicas, sociais, estéticas, educativas e psicológicas (MATIAS;
CAPORUSSO, 2009).
Segundo Bononi (2004) a preservação e ampliação das áreas verdes têm-se
considerado a alternativa mais barata e viável para combater a poluição, até que mudanças
tecnológicas permitam o desenvolvimento e o consumo a partir de energia não poluidora.
Porém nem sempre os objetivos de criação das áreas verdes são alcançados e garantidos
pela abundante legislação brasileira (BONONI, 2004) que estabelece como competência
também dos municípios o gerenciamento destas áreas e revela que, independentemente do
porte das cidades, estas devem dispor de serviços públicos especializados e estrutura
organizacional adequada para planejar e gerenciar estes espaços (SANTOS et al, 2007).
Mas, os municípios não possuem infraestrutura suficiente para implementar um controle
ambiental de áreas verdes com a qualidade necessária, assim como os estados e a União
também não a têm (BONONI, 2004).
Portanto, numa situação como essa, se espera uma soma de esforços para a
criação, proteção e o controle das áreas verdes, pois este controle ambiental é uma
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obrigação legal das três esferas do poder (Municípios, Estados e União) e também de todos
os cidadãos segundo a Constituição Brasileira.
A gestão de áreas verdes é portanto um eficaz instrumento para conciliar os
interesses sócio-econômico e ambientais da população humana através da conservação e
utilização sustentável dessas áreas.
Nesse contexto, o Parque do Cerrado apresenta grande relevância para Uberaba.
Diante da necessidade de se estabelecer uma relação entre o uso atual do espaço e as
novas preocupações conservacionistas observadas nas pessoas de forma geral, o estudo
em questão tem por objetivo caracterizar os atributos físicos e ambientais e relatar quais os
impactos relacionados a esta utilização, que vem ocorrendo atualmente no local e propor
alternativas que viabilizem o uso sustentável da área.
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II – METODOLOGIA
O diagnóstico foi elaborado a partir de visitas in loco que totalizaram 16 horas de
observações realizadas percorrendo-se as trilhas já existentes no local para caracterização
das fitofisionomias e identificação dos atuais usos da área por meio .
Foi utilizada interpretação de imagens de satélite obtidas no programa gratuito
Google Earth para estimar a dimensão da área e cobertura vegetal e pesquisa bibliográfica.
2.1 – Caracterização
A história de ocupação do atual Parque do Cerrado tem sua origem na ocupação do
Triângulo Mineiro, que ficou sob a jurisdição de Goiás até 1816. Como a região começou a
ter importância preciosa, o governador da Capitania de São Paulo e Minas Gerais articulou a
abertura de uma estrada, que consistia em uma das metas administrativas da Coroa
Portuguesa. Esta missão ficou a cargo de Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho de
Anhanguera). A expedição composta por 152 homens partiu de São Paulo pelos rios Atibaia,
Camanducaia, Moji-Guaçu, Rio Grande, Rio das Velhas e penetrando em Goiás pelo
Corumbá. Segundo alguns relatos da época, a expedição passou por terras de Uberaba.
Esta rota ficou conhecida como Estrada Real ou Anhanguera e consistia em um importante
caminho para que as autoridades portuguesas programassem a colonização, a produção e
escoamento dos minerais preciosos (CASANOVA, 2009).
A exploração e o povoamento de todo o Triângulo Mineiro, de modo geral, se fez
como em todo o Brasil - Colônia, pelo amansamento e extermínio das populações indígenas
e dos negros nos quilombos. Dessa forma as estradas para Goiás tornaram-se palco de
batalhas, entre os exploradores dos sertões e os nativos (CASANOVA, 2009).
Diante disso, o governo de Goiás viabilizou a segurança das estradas e por isso
nomeou em 1742, o Coronel Antônio Pires de Campos para policiar, amansar e até mesmo
exterminar os silvícolas rebeldes, fato constatado com a matança dos Caiapós
(CASANOVA, 2009).
Em 1766 foi criado o Julgado de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque, sob a
administração de Goiás, local rico em minas auríferas e de intensa exploração.
Desemboque teve o seu esplendor até 1781, quando as minas auríferas se esgotaram.
Prosseguindo a exploração das terras, o governo de Goiás, para dinamizar a administração
dos Sertões, nomeou pela Portaria de 1809, Antônio Eustáquio da Silva Oliveira (natural de
Ouro Preto), para a função de Comandante Regente dos Sertões da Farinha Podre
(Triângulo Mineiro), e em 1811 foi nomeado pelo Ato Governamental, Curador de índios
(CASANOVA, 2009).
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Em 1810, Major Eustáquio liderou uma Bandeira até o Rio da Prata, passando por
terras de Uberaba. Outra expedição chefiada por José Francisco Azevedo atingiu a
cabeceira do Ribeirão Lajeado, fundando o Arraial da Capelinha, aproximadamente a 15 km
do Rio Uberaba. Entretanto este local não se desenvolveu por falta de água e terras férteis,
conforme constatou Major Eustáquio em visita ao Arraial. Conseqüentemente, o Regente
dos Sertões comanda outra Bandeira com 30 homens e procura novas terras para se
estabelecerem. Atingem o Rio Uberaba e fixam-se na margem esquerda do Córrego das
Lages, onde foi edificada a Chácara da Boa Vista e atualmente localiza-se a Fazenda
Experimental da EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Figura 1)
(CASANOVA, 2009).
Figura 1 – Mapa da Fazenda Experimental Getúlio Vargas
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Uberaba, 2008.
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Em 02 de março de 1820, o rei D. João VI decreta a elevação de Uberaba à
condição de Freguesia. O Decreto Real constituiu um grande avanço para a comunidade.
Significou a emancipação e gerência própria em assuntos de ordem civil, militar e religioso.
Foi o reconhecimento oficial tanto pela Igreja como pelo Governo Real. (CASANOVA, 2009).
Uberaba, em 1840 passou a sediar uma Comarca para distribuir a justiça na região.
A importância regional da Vila de Santo Antônio de Uberaba era próspera que ela mereceu
o título de Cidade em 1856, tornando-se um importante centro comercial que se acentuou
com a inauguração da Estrada de Ferro em 1889, que foi um acontecimento facilitador da
imigração européia para a cidade e do desenvolvimento da pecuária zebuína (CASANOVA,
2009).
Hoje, Uberaba representa um centro comercial dinâmico, uma agricultura produtiva,
um parque industrial diversificado e uma planejada estrutura urbana (CASANOVA, 2009). O
Parque do Cerrado, situado contiguamente às atuais zonas de desenvolvimento econômico
municipal, também compartilha as propostas de planejamento para os usos atuais e futuros
estabelecidos pela administração pública.
2.2 - Planejamento de Uso Atual
A área em estudo congrega um espaço que comportará o “Parque Tecnológico
Uberaba” (Figura 2), projetado para oferecer espaços diferenciados, serviços inovadores e
infraestrutura que facilite o desenvolvimento e sucesso das empresas e instituições
instaladas e dos seus clientes. O objetivo é dinamizar as atividades empresariais na cidade,
na região e até com foco na internacionalização (SEDET, 2008).
Todas as infraestruturas foram projetadas com caráter flexível para atenderem as
demandas e necessidades de todos os perfis de empresas, incluindo desde as pequenas
empresas incubadas até as grandes empresas das áreas industriais do em torno do Parque
ou de qualquer ponto da região (SEDET, 2008).
Em consonância com as atuais diretrizes de planejamento urbano e considerando as
características naturais do Parque Tecnológico, este será instalado com vistas à
conservação dos remanescentes florestais e Áreas de Preservação Permanentes (SEDET,
2008).
Uma das propostas que contemplam tais diretrizes é a instalação do Parque da
Cidade (Figura 3). Nele, todas as áreas verdes da área norte da cidade formarão espaços
esportivos, de lazer ao lado da conservação ambiental. Uma parceria com o Banco Mundial
e o CODAU, empresa de saneamento do município, resultou na implantação do CITUR -
Centro de Informações ao Turista e do CEA - Centro de Educação Ambiental dentro do
Parque Tecnológico (SEDET, 2008). Desta forma, Parque Tecnológico e da Cidade foram
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integrados pelas extensas áreas verdes que criarão as condições ideais ambientais e
paisagísticas; um incentivo para que todos busquem o equilíbrio entre o tempo para o
trabalho e tempo para estar um pouco em contato com a natureza.
Figura 2 – Parque Tecnológico contemplando o Parque do Cerrado
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Uberaba, 2008.
Figura 3 – Foto panorâmica do Parque da Cidade, vista noroeste.
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Uberaba, 2008.
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2.3 – Posição Geográfica
A região em estudo localiza-se no município de Uberaba/MG em área urbana (Figura
4) possuindo coordenadas centrais: Latitude: 19°42'48.96"S e Longitude 47°57'27.08"W.
Figura 4: - Localização da área de estudo na zona urbana
Fonte: Uberaba (2006).
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2.4 – Área
A área do Parque do Cerrado foi estimada com base no somatório de quadrículas
equivalentes, onde cada quadrícula representa um 1 ha. (Figura 5). Dessa forma, estima-se
uma área de aproximadamente 85 hectares.
Figura 5 - Área do Parque do Cerrado
Fonte: Google earth (2007)
2.5 - Geologia Regional
Com o decorrer do tempo geológico, com a sucessão de camadas de rochas de
origem extrusiva pelo derramamento Serra Geral ficou registrado o histórico Paleoambiental
da região. Podemos dividir essas camadas em dois grupos; São Bento e Bauru. O grupo
São Bento se divide nas formações Botucatu e Serra Geral - que são as camadas mais
basais – e, o grupo Bauru, por sua vez, se divide em formação Adamantina, Marília e
Uberaba (está presente somente nos arredores de Uberaba). A formação Botucatu é
composta de arenitos de coloração que varia do cinza avermelhado ao vermelho. A
formação Serra Geral é constituída de basaltos que correspondem a derrames de lavas.
Nestas rochas vulcânicas podem ser encontradas lentes de arenito intercaladas,
configurando uma série de derrames distintos, que pode ser observado na área do Parque
do Cerrado. A formação Marília é representada por consideráveis espessuras de arenitos e
conglomerados com intensa cimentação carbonática. A formação Uberaba (Figura. 6) é
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caracterizada pela ocorrência de arenitos verdes associados a depósitos fluviais no
passado, sendo comum encontrar fósseis até mesmo dentro da cidade de Uberaba
(FERNANDES; COIMBRA, 1996). Nessa formação é comum o surgimento de pequenas
nascentes, como por exemplo, “olhos d’água”, que também ocorrem na área de estudo.
Figura 6 – Perfil apresentando a Formação Uberaba, com olho d’água.
Os achados paleontológicos têm sido coletados em sedimentos da Formação Marília
(Grupo Bauru, Bacia Bauru), no oeste do estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro,
desde início do século passado. Na sua totalidade, essas áreas têm produzido uma diversa
fauna, representada principalmente por peixes, tartarugas, crocodilianos e dinossauros
provenientes de arenitos continentais da Formação Marília de idade Neomaastrichtiana.
A Formação Marília foi considerada como pertencente ao Grupo Bauru (Bacia do
Paraná) por Suguio (1973) citado por Fernandes e Coimbra (1996). Barcelos (1984) citado
por Fernandes e Coimbra (1996), dividiu essa unidade nos três membros: Echaporã, Serra
da Galga e Ponte Alta, sendo que as amostras que ocorrem nessas duas últimas camadas
encontram-se restritas ao Triângulo Mineiro. Na cidade de Monte Alto de Minas e no Sítio
Paleontológico de Peirópolis, em Uberaba, Minas Gerais, ocorrem jazigos fossilíferos
pertencentes à Formação Marília (Figura 7).
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Figura 7 – Mapa geológico do Grupo Bauru no Triangulo Mineiro.
Fonte: FERNANDES; COIMBRA, 1996 (modificado).
Os sedimentos da Formação Marília afloram de forma desigual no Triângulo Mineiro
e também no oeste paulista. Segundo Barcelos e Suguio (1987) citado por Fernandes e
Coimbra (1996), essa unidade foi depositada por leques aluviais coalescentes,
posteriormente retrabalhados e depositados por um sistema fluvial anastomosado, com
calcretes e calcários lacustrinos associados. Os sedimentos em questão apresentam,
particularmente, as seguintes características: Ponte Alta - um basal “membro calcário
branco”, caracterizado por calcários finos e médios com seixos e nódulos de calcário, que
foram depositados em lagos do tipo “playa lake” com águas alcalinas supersaturadas em
bicabornato de cálcio; Serra da Galga – “membro de arenito esbranquiçado e
conglomerados” superior constituído por conglomerados e arenitos de granulometria
variando de fina a média e os sedimentos de coloração esbranquiçada com matriz de
feldspato.
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2.6 - Solos
Os solos se desenvolvem a partir de minerais e matéria orgânica e, geralmente,
abrigam uma ativa população de organismos vivos. São resultados dos seguintes fatores de
formação: material de origem, clima, relevo, organismos e tempo. Diferentemente das
rochas sólidas, porém, originados delas, os solos normalmente são porosos e permitem a
circulação da água e do ar em seu interior, o processo de formação dos solos é conhecido
como Pedogênese. A ação conjunta dos fatores de formação do solo é responsável pela
grande diversidade de solos na paisagem, tornando-se, assim, importante conhecê-los e
classificá-los para melhor utilização. Uma unidade de paisagem natural é estável quando
favorece o processo de pedogênese, isto é, o ambiente favorece o desenvolvimento do solo;
nestes ambientes, encontramos solos bastante desenvolvidos, intemperizados,
envelhecidos. Sua exploração deve ser racional, pois seu uso inadequado compromete o
ambiente devido à erosão, poluição e aos danos causados à fauna e a flora.
2.6.1 - Latossolos
Na região em estudo predomina os Latossolos, solos bem desenvolvidos, com
grande profundidade e porosidade, o que lhes confere a característica de solos bastante
permeáveis à água e ao ar, mesmo com alta porcentagem de argila. Considera-se que
sejam solos cujos materiais são os mais decompostos, daí serem classificados como solos
velhos ou maduros, são em geral formados sobre condições tropicais. Por causa do intenso
processo de intemperismo a que foram submetidos, apresentam quase que uma ausência
total de minerais, devido à elevada perda de sílica e lixiviação de base. Apresentam grande
facilidade de mecanização agrícola (PRADO, 1996).
2.6.2 - Argilossolos
Os Argissolos ocupam 15% da área do Cerrado. Estando amplamente distribuídos
por todo o território brasileiro. Estes solos eram anteriormente chamados de Solos
Podzólicos. Possuem como característica principal a presença de um horizonte B textural
(Bt) formado pela movimentação de argila dos horizontes superiores para os inferiores.
Como conseqüência, os horizontes acima do Bt ficam com teores menores de argila e
maiores de areia. Embora existam Argissolos de todas as colorações, a maioria deles tem
cores amareladas. Eles não são tão profundos quanto os Latossolos, mas são mais
profundos que os Cambissolos. Os Argissolos tendem a ser mais férteis que os outros solos
do Cerrado, cerca de 30% são eutróficos (RESENDE, 1988).
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2.6.3 – Cambissolos e Neossolos Litólicos
De acordo com Prado (1996), os Cambissolos e Neossolos Litólicos estão
amplamente distribuídos por todo o território brasileiro. Uma das principais características
dos Cambissolos e Neossolos Litólicos é a pouca profundidade e, muitas vezes, a presença
de cascalhos. Estes são solos "jovens" que possuem minerais primários e altos teores de
silte até mesmo nos horizontes superficiais (os latossolos, por exemplo, podem ter muita
areia ou argila, mas nunca têm teores altos de silte). O alto teor de silte e a pouca
profundidade fazem com que estes solos tenham permeabilidade muito baixa. Os
Cambissolos diferenciam-se dos Neossolos Litólicos por apresentarem um horizonte B
incipiente contendo pelo menos 10 cm de espessura. Os Cambissolos também tendem a ser
mais profundos que os Neossolos Litólicos (PRADO, 1996).
Estão espalhados por todo o Cerrado, mas só aparecem em áreas onde o relevo é
movimentado como em morros, serras e sopés de chapadas. Embora existam Cambissolos
e Neossolos Litólicos muito férteis em outras regiões do Brasil, no Cerrado estes solos são
distróficos e quase sempre muito ácidos. A baixa profundidade, a grande quantidade de
cascalho e o relevo inclinado são impedimentos sérios à mecanização. O maior problema,
no entanto, é o risco de erosão. Devido à baixa permeabilidade, sulcos são facilmente
formados nestes solos pela enxurrada, mesmo quando eles são usados com pastagens
(RESENDE, 1988).
2.6.4 - Plintossolos
A característica mais marcante dos Plintossolos é a presença de manchas ou
mosqueados avermelhados, ricos em ferro e de consistência macia, que podem ser
facilmente individualizados da matriz do solo ou, ainda, de nódulos ou concreções
ferruginosas, extremamente duras, que formam, algumas vezes, espessas camadas
contínuas e endurecidas de material ferruginoso. Os materiais ferruginosos macios,
denominados plintita, formam geralmente um emaranhado de cores bem contrastante com a
matriz do solo. São constituídos de uma mistura de argila e rico em ferro, ou ferro e
alumínio, com quartzo e outros materiais. Os materiais endurecidos são formados a partir
das plintitas de consistência macia, que endurecem quando submetidas a ciclos sucessivos
de umedecimento e secagem (PRADO, 2001).
A presença de plintita em profundidade pode constituir um forte impedimento à
permeabilidade e, com isto, favorecer a manutenção adequada da lâmina de água ou
proporcionar melhores condições de umidade no perfil do solo na época da estiagem.
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Nestes solos, deve-se de ter cuidado com dimensionamento de drenos para que não haja
ressecamento excessivo e conseqüentemente endurecimento da plintita e formação de
petroplintita, criando, desta forma, um impedimento mecânico ao escoamento natural de
água e ao desenvolvimento de raízes das plantas cultivadas (PRADO, 2001).
2.6.5 - Gleissolos
Os solos hidromórficos são formados sob grande influência do excesso de umidade,
permanente ou temporária. Caracterizam-se por apresentar horizontes com cores cinzentas
ou neutras, geralmente a 50 cm da superfície do solo ou imediatamente abaixo do horizonte
superficial. As cores são indicativos da formação dos solos em ambiente redutor, devido a
permanência do lençol freático em nível elevado durante a maior parte do ano. Podem
apresentar também pequenas manchas avermelhadas, escuras ou amareladas, em
decorrência da mobilização e segregação de compostos de ferro em ambiente redutor, que
contrastam com o fundo neutro ou acinzentado característico (PRADO, 1996).
Pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, os Gleissolos são subdivididos em
Gleissolos Tiomórficos, aqueles com pH baixo, geralmente menor que 3,5 (devido a
presença de ácido sulfúrico); Gleissolos Salinos, solos que contêm sais que interferem no
desenvolvimento das plantas; Gleissolos Melânicos, aquele de horizonte superficial escuro,
com elevado conteúdo de matéria orgânica (PRADO, 1996).
Generalizando, pode-se considerar que os Gleissolos são de baixa fertilidade natural,
muitos deles com elevados teores de alumínio extraível em profundidade. Nesses casos, a
neutralização da acidez com a calagem é problemática. A presença de plintita nestes solos
é outra característica constante, que denota sua condição intermediária para Plintossolos.
Os Gleissolos Melânicos, devido ao maior conteúdo de matéria orgânica, geralmente são
mais férteis e apresentam melhores condições físicas, de textura muito argilosa em
subsuperfície. Os Gleissolos, em geral, podem se apresentar, quando drenados, muito
endurecido à medida que secam (RESENDE, 1988).
2.6.6 – Solos Predominantes no Local
Conforme o diagnóstico realizado na área, verificou-se a presença de solos
hidromórficos, latossolos e plintossolos com afloramento de tapiocangas (petroplintita). Os
solos hidromórficos ocorrem em áreas de confluência do relevo e apresentam vegetação
característica de Veredas. Ocorrem também margeando o córrego Da Estiva em função dos
depósitos de partículas finas oriunda das partes mais altas do relevo associadas à presença
de água e alto teor de matéria orgânica. Os Latossolos estão associados à vegetação
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arbustivo/arbórea que caracteriza o Cerrado stricto sensu local. Já a ocorrência de
tapiocangas indica a presença de plintita, o que caracteriza plintossolos (Figura 8).
Figura 8– Tapiocangas indicando a presença de Plintossolos
2.7 - Clima
O clima predominante no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (MG) é semelhante ao
encontrado no centro-oeste e parcela do sudeste do Brasil em função da latitude da região,
com temperaturas médias entre 17°C e 23°C e amplitude térmica anual entre 7°C e 9°C. O
clima regional pode ser definido como ameno e agradável, nunca experimenta variações
extremas tão comuns em outras regiões do país, nem mesmo nos pontos que sofrem as
maiores incidências (CAMARGO, 1971).
Alternam-se no clima da região duas estações bem definidas ao longo do ano, a
chuvosa de Outubro a Março responde por 83% das precipitações, sendo também as de
maiores temperaturas médias mensais; a seca, de Abril a Setembro, representa tão
somente 17% das precipitações. A média anual pluviométrica registrada no município varia
entre 1450 e 1650 mm. Durante a estação chuvosa é normal o tempo nublar-se, alternando-
se à tarde, períodos de brilho solar e pancadas de chuva; sobretudo no mês de janeiro.
Observa-se assimetria acentuada na pluviometria nos meses de maio a setembro e
tendência à simetria para os demais meses e também para os valores anuais. A análise
exploratória de dados entre os anos de 1914 a 2000 revelou que a precipitação mensal na
Estação Climatológica de Uberaba se comporta de forma diferenciada entre os meses do
ano, definindo claramente um período seco, com precipitação abaixo de 150 mm / mês, e
um período chuvoso, com precipitação acima de 150 mm / mês.
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2.8 - Caracterização Hidrográfica
O Brasil é dotado de uma vasta e densa rede hidrográfica, sendo que muitos de seus
rios destacam-se pela extensão, largura e profundidade. Em decorrência da natureza do
relevo, predominam os rios de planalto que apresentam em seu leito rupturas de declive,
vales encaixados, entre outras características, que lhes conferem um alto potencial para a
geração de energia elétrica, irrigação de culturas, entre outros.
A bacia hidrográfica é um sistema geomorfológico aberto, que recebe matéria e
energia através de agentes climáticos e perde através de deflúvio. Ela, como sistema
aberto, pode ser descrita em termos de variáveis interdependentes que oscilam em torno de
um padrão. O conceito de microbacia é um tanto vago, pois não há um limite de tamanho
para sua caracterização; este é feito não com base em sua superfície total, mas nos efeitos
de certos fatores dominantes na geração do deflúvio. Define-se microbacia sendo aquela
cuja área é tão pequena que a sensibilidade a chuvas de alta intensidade e às diferenças de
uso do solo não seja suprimida pelas características da rede de drenagem (RODRIGUES;
LEITÃO FILHO, 2001).
A área do Parque do Cerrado é delimitada em toda a extensão sul pelo Rio Uberaba,
manancial que abastece a cidade e recebe todo o esgoto desta. O rio Uberaba pertence à
bacia hidrográfica do rio Grande e possui uma área de 2.374,5 km² e extensão de cerca de
150 km nascendo no município de Uberaba, na Serra da Ponte Alta, no Distrito de Ponte
Alta a uma altitude média de 1.012m, passando por Uberaba, Veríssimo, Conceição das
Alagoas e Planura e desaguando no Rio Grande. Os principais afluentes antes da captação
são: córrego dos Pintos, córrego da Saudade, Borá, Alegria, Lanhoso, Lageado, das Lages,
Caçu, além dos rios Sta. Gertrudes, Veríssimo, etc. Percorre, das nascentes até a foz, uma
distância de 181,5 km (CRUZ, 1997).
Na sua bacia localizam-se as cidades de Uberaba, Veríssimo, Conceição das
Alagoas e Planura, sendo que a primeira é abastecida por suas águas e diferente das
demais cidades que lançam seus efluentes diretamente, sem tratamento, Uberaba trata
desde 1994, 2% dos esgotos produzidos, através da unidade experimental de tratamento de
esgoto, a ETE Filomena Cartafina, o que foi ampliado para 76% com a implantação da
Estação de Tratamento de Esgoto Francisco Velludo – ETE Rio Uberaba em junho deste
ano (CODAU, 2009).
A nascente do rio Uberaba está em uma área de campos hidromórficos, ou seja,
solos encharcados. Estes funcionam como esponjas que absorvem a água das chuvas e a
liberam lentamente durante o ano, atuando como um grande reservatório.
Em trabalho realizado por Cruz (1997), foi avaliada a qualidade da água da bacia do
rio Uberaba através de variáveis físico-químicas: pH, condutividade elétrica, oxigênio
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dissolvido, amônio, nitrato, nitrito, fósforo total, ortofosfato e nitrogênio orgânico total em dez
estações de amostragem ao longo do rio. Através dos resultados preliminares, foram
identificados cinco setores do rio Uberaba de acordo com a qualidade da água: região de
nascente até o reservatório da CODAU (1); reservatório da CODAU (2); região urbana e
industrial do município de Uberaba (3); município de Conceição das Alagoas (4) e foz com o
Rio Grande (5). As concentrações de fósforo total, ortofosfato, amônio e nitrogênio orgânico
total foram maiores no setor 3 (1509,2; 782,0; 2009,8 gl-1e 34,8 mgl-1 respectivamente) em
relação aos demais setores (163,5; 50,67; 80,78 gl-1 e 0,63 mgl-1 respectivamente nos
setores 4 e 5; 41,2 μg/l; 14,6; 100,9 μg/l e 0,69 mg/l respectivamente para os setores 1 e 2).
Para nitrito e nitrato observou-se uma tendência de aumento na concentração do setor 1
para o 4. A saturação de oxigênio dissolvido foi de 100% nos setores 1 e 2 , zero no setor 3
e 100% nos setores 4 e 5 (CRUZ, 1997).
Conclui-se que o rio Uberaba apresenta perdas na qualidade da água a partir do
município de Uberaba devido ao aporte de esgotos domésticos e industriais, com sinais
aparentes de recuperação a partir do município de Conceição das Alagoas.
Especificamente na área objeto desse trabalho, este rio recebe a contribuição de um
córrego, denominado por córrego da Estiva (Figura 9), que possui vazão de 22 l/s, a qual o
foi obtida a partir de dados sobre a velocidade de escoamento e seção do canal ou Método
do Flutuador.
Figura 9 – Limite do Parque do Cerrado e rede de drenagem
Fonte: Google earth (2007).
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A maior parte da área de recarga que abastece o córrego da Estiva se encontra
perturbada devido à retirada da vegetação – que possui a função de reter o escoamento
superficial aumentando a infiltração das águas pluviais. O córrego possui vazão
considerável na época de seca devido à presença de um adensamento florestal importante
para estabilização do talude e manutenção da produção de água no curso - Matas Ciliares
(ecossistema muito importante para o abrigo, fonte de alimentação e local de reprodução
para a fauna terrestre e aquática; influencia na perenização do curso d'água na estação
seca).
O período em que foram realizadas as medições coincide com a época seca na
região. Dessa forma, as vazões apresentadas não representam médias históricas. Assim,
para obtenção de dados que represente o sistema hidrológico com margem de erro menor
são necessárias medições periódicas durante a época de seca e a época chuvosa.
O afluente citado possui características hidrogeológicas relevantes para o estudo em
questão. Sabemos que a maior parte do curso do rio Uberaba está sobre o basalto da
Formação Serra Geral. Porém, seus efluentes possuem cursos localizados em formação
Uberaba e Marília, o que nos remete a uma instabilidade mais preocupante da calha desses.
Neste quesito, as formações ciliares do córrego da Estiva (curso que corre parcialmente
sobre as Formações Marília e Uberaba) são muito importantes para a estabilidade das suas
margens, devendo-se, portanto, determinar procedimentos de manejo adequado dessas
zonas visando à recuperação e proteção da vegetação ripária desse manancial.
2.9 – Processo Erosivos identificados no local
Conforme apresentado na introdução desse trabalho, os processos erosivos são
condicionados basicamente por alterações do meio ambiente, provocadas pelo uso do solo
nas suas várias formas. Assim, para relacionarmos a ocorrência de processos erosivos a
cada uso preponderante do espaço, teremos na seqüência um relatório identificando, por
fotografias do local, os processos erosivos que ocorrem no Parque (Figuras 10 e 11).
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Figura 10 – Processos erosivos relacionados ao uso do solo para atividades agropecuárias
Figura 11 – Processo erosivos relacionados ao uso do solo para a prática de “motocross”
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III – USO ATUAL, CONFLITOS E POTENCIAL DE USO DO ESPAÇO
O local de diagnóstico, denominado Parque do Cerrado, situa-se, como já
apresentado no início desse trabalho, em área urbana. Por meio de informações obtidas
junto à EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - a área pertence ao
Estado e nela já foram desenvolvidos experimentos de pesquisa agropecuária em meados
dos anos 80. Atualmente, o local de pesquisa foi substituído por zonas anexas, onde são
conduzidos os experimentos. O Parque é utilizado pela empresa para pastagem dos
rebanhos (Figura 12) e, nele, observaram-se conflitos de uso relativos ao pastejo do gado e
à realização de atividades relacionadas ao motociclismo (motocross) nas APP's (Áreas de
Preservação Permanente). Além disso, identificou-se a utilização da área para atividades de
lazer sem procedimentos adequados de gerenciamento dos resíduos, bem como problemas
relacionados ao uso de fogueiras.
Figura 12 – Mapa de uso atual do Parque do Cerrado
Fonte: Google earth (2007).
Com relação à definição de potencialidades de uso para o Parque do Cerrado, é necessário
que sejam relacionados o uso atual, as sensibilidades do ponto de vista ecológico e
econômico e as potencialidades de uso relativos aos anseios da comunidade. Neste estudo,
podemos perceber que a administração de conflitos de uso é fundamental para que danos
maiores possam ser evitados e os aspectos ecológicos não sejam comprometidos. Dessa
forma, para se estabelecer o uso potencial do espaço utilizou-se uma matriz de correlação
entre potencialidades e restrições. As potencialidades referem-se às possibilidades de
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ocupação do espaço de acordo com o uso atual e o uso almejado e, as restrições, referem-
se às sensibilidades ecológicas que condicionam o uso do espaço. Assim, por meio de
consulta Ad hoc1, ao se atribuir valores positivos para as potencialidades e negativos às
restrições, a soma desses valores correlacionados nos indicaram o potencial de uso do
espaço. Os valores atribuídos às potencialidades foram estimados considerando-se o
potencial predatório ou de trazer melhorias ao meio ambiente enquanto que para as
restrições considerou-se as sensibilidades ecológicas dos fatores ambientais.
A matriz utilizada, conhecida como Matriz Cromática2 apresenta - em forma de cores
– os usos potenciais relacionando-os às restrições (Figura 13). Na matriz é possível
perceber que os valores estimados se encontram no intervalo de 5 a -5, que foram
atribuídos as seguinte forma:
Estudo Científico (EC) o valor 5 representa uma potencialidade altamente positiva
em função dos benefícios que o conhecimento dos aspectos ambientais significam
para o manejo do local;
Educação Ambiental (EA) – valor 5 - possibilitará uma maior sensibilização das
pessoas para o uso adequado do espaço.
Atividades de motociclismo (Moto) que, ao que foi observado, são desenvolvidas aos
finais de semana pelo período aproximado de 8 h/dia, por 10 a 15 motociclistas; e
pastagem (Pasto), cujo rebanho não ultrapassa 30 animais, receberam,
respectivamente, valores 1 e 2, que estão relacionados a um baixo potencial de uso
devido às características e atributos físicos e bióticos do Parque do Cerrado;
Lazer - valor 3 - em razão do potencial médio a alto que este representa para que o
uso do Parque seja uma estratégia de conservação dos seus atributos naturais
(cênicos, culturais, etc.) desde de que acompanhado de um programa de educação
ambiental voltado para os seus visitantes (usuários).
Às restrições, os valores -5, -4, -3 e -5, foram atribuídos, respectivamente, às APP's,
flora, solo e água, que representam a função ecológica que estes desempenham no
sistema e os riscos de dano que estão sujeitos a sofrerem devido ao uso atual e
almejado para o Parque do Cerrado.
Neste contexto, APP's e água foram considerados os atributos mais sensíveis,
recebendo dessa forma, a nota maior: |-5|. No que se refere à fauna, considerou-se que,
devido à antropização, perturbação e à característica de zona urbana, os atributos
faunísticos que porventura ocorram na área, não representam sensibilidades tão restritivas
que condicionem com maior veemência o uso atual e o almejado do espaço. Assim, é
1 Método de AIA (Avaliação de Impactos Ambientais) realizado por meio de questionário estruturado
entre equipes multidisciplinares com objetivo de discutir e valorar impactos ambientais. 2 Método de AIA
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possível uma análise mais esquematizada dessa correlação a partir da Figura 13.
Figura 13 – Matriz de correlação Cromática
Conforme podemos perceber na matriz, o uso do espaço para atividades de
“motocross” é o mais restritivo, seguido das atividades de pastagem e lazer,
respectivamente.
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IV – ESTRATÉGIAS DE MANEJO
Observou-se, no diagnóstico, que o Parque do Cerrado se apresenta como uma
zona de conflitos urbanos em função das atividades atualmente desenvolvidas na área. Para
que tenha um manejo sustentável, principalmente no que se refere à ocorrência de
processos erosivos, as instituições que fazem uso do local devem ser envolvidas para
estabelecerem, de comum acordo, procedimentos que condicionem o seu uso regular. A
intervenção do poder público municipal neste processo se torna fundamental devido ao
poder de mobilização institucional que possui. Além disso, de acordo com a Lei 9.985/00,
que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), para que uma
Unidade de Conservação seja criada, o ato de criação deve ser do poder público e, essa
estratégia (criação de uma unidade de uso sustentável) pode representar uma alternativa
para o manejo do Parque do Cerrado.
A seguir alguns procedimentos recomendados para o manejo sustentável do Parque
do Cerrado, com propósito principal de evitar que processos erosivos se intensifiquem e que
os atualmente ocorrentes sejam estabilizados:
a) Cercamento das APP’s (Áreas de Preservação Permanentes) de nascentes e cursos
d’água de acordo com Resolução CONAMA 303/02 e Código Florestal (Lei 4.771/65);
b) Definição de trilhas adequadas para realização das atividades de motocross utilizando
técnicas de conservação do solo e definindo cronogramas de uso com intervalos que
permitam a estabilização das mesmas;
c) Instalação de placas educativas e proibitivas relacionadas ao uso das APP’s,
gerenciamento de resíduos e utilização de fogueiras;
d) Elaboração de um programa de educação ambiental voltada para os usuários com o
desenvolvimento de atividades educativas e de lazer condicionadas às características e
sensibilidades da área tais como trilhas interpretativas, mutirões para recolhimento de
resíduos e palestras;
e) Construção de uma ponte sobre o curso d’água do córrego da Estiva para evitar o contato
-de materiais poluentes com a água;
f) Cercamento dos pastos existentes para evitar o acesso dos animais às áreas florestais;
g) Plantio de espécies adequadas de crescimento rápido no pasto para conforto dos animais
e melhoria das condições do solo;
h) Programa de fiscalização mais intenso por parte do poder público municipal para coibir
ações danosas no local;
Os procedimentos elencados neste trabalho não se encerram em si, todavia,
poderão dar origem a alternativas que permitirão o uso adequado de acordo com as
sensibilidades ambientais do espaço.
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V– CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Gestão Ambiental fundamentada por seus instrumentos, quais sejam as Políticas
Ambientais, o Planejamento e o Gerenciamento Ambiental é o processo que norteia o
manejo de áreas protegidas e sensíveis ambientalmente. No planejamento, estruturado por
técnicas de diagnóstico e prognóstico, é possível conhecer sobre os atributos de ordem
ecológica, social e econômica da área em estudo e definir quais as estratégias de ação a
serem tomadas para condicionar o uso do espaço. Neste contexto, o manejo é a forma de
implementar e gerenciar tais estratégias.
Para o Parque do Cerrado, que atualmente se encontra sob conflito de uso e com
reflexos impactantes sobre o solo por meio de processos erosivos, o manejo representa a
alternativa mais eficaz de se restabelecer o cenário e estabilizar os processos erosivos
ocorrentes e o mais importante neste processo é a parceria das instituições que fazem uso
do local e têm interesses e responsabilidades tais como o poder público, sociedade civil
organizada, instituições e sociedade como um todo, o que se configura como fundamental
para cumprir o disposto no Art. 225 da Constituição Federal que regulamenta ser direito de
todos, um ambiente ecologicamente equilibrado e, dever do poder público e da coletividade
defendê-lo e preservá-lo.
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VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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proposta de planejamento e monitoramento. Anais do IV Congresso Nacional de
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