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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIAS
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
A SITUAÇÃO ITALIANA: METAFÍSICA, NOVECENTO E ANTINOVECENTO.
CUIABÁ-MT
AGOSTO/2014
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ALISSA MIDORI OCHIAI SEIXAS LIMA
ANA LETÍCIA MENDES DE FIGUEIREDO STRINGHINI
MONIQUE CAROLINE MENDES DUARTE
THAÍS CANAVARROS FRANÇA
METAFÍSICA, NOVECENTO E
ANTINOVECENTO
Artigo realizado pelos discentes do segundo
semestre: Alissa Midori, Ana Letícia Stringhini,
Monique Caroline Duarte e Thaís Canavarros,
ministrada pelo docente Igor Paiva.
CUIABÁ-MT
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AGOSTO/2014
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 4
2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................... 5
2.1 METAFÍSICA........................................................................................................ 5
2.2 NOVECENTO........................................................................................................ 6
2.3 ANTINOVECENTO.............................................................................................. 9
3 CONCLUSÃO..............................................................................................................11
4 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................12
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INTRODUÇÃO
Durante o fascismo, os artistas da época queriam trazer à arte uma visão
política, de crítica social. Com isso surgiram três grupos diferentes: Metafísica,
Novecento e Antinovecento. Cada um representava sua visão de acordo com
interpretações divergentes. De Chirico trazia em suas obras um foco fora da
problemática histórica. Já Carrá utilizava da história como embasamento para suas
pinturas. Os antinovecentistas faziam da melancolia do pós guerra uma arte. Todos os
três grupos tinham praticamente o mesmo embasamento: a Itália e sua situação nos
períodos de guerra.
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DESENVOLVIMENTO
METAFÍSICA
Desde 1910, De Chirico vinha opondo ao tumultuado precursionismo futurista a
ideia de uma arte acima da história, metafísica, de uma classicidade absoluta, exterior ao
tempo. Ele sempre se declarou oposto ao Futurismo por acreditar em uma outra poética,
que se poderia dizer da “negatividade”, ou seja, a arte para De Chirico é pura metafísica,
não possui vínculos com qualquer realidade natural ou histórica. Muito antes dos
dadaístas, ele já denunciava a incongruência da arte na civilização moderna e afirmava
que: “Negando o presente, apenas na historia da arte pode existir arte.”.
Em 1915, Carrà passa do Futurismo para a Metafísica. A conversão é
compreensível: mais anárquico do que revolucionário, Carrà entende que a Metafísica,
em seu obstinado silêncio, é mais extremista do que o Futurismo. Seu problema é a
história e não pode descartar o problema. A forma de Carrà é certamente mais plástica,
mais construída e concreta, mais sensível à situação espacial e luminosa, mais
impressionável, ou seja, mais histórica.
Giorgio De Chirico, Piazza d’Italia, (1913), Place of
creation: Paris - França. Óleo sobre tela, 50 x 60cm.
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NOVECENTO
O Novecento é um movimento que nasceu em Milão, com Carlo Carrá,
aproxidamente em 1920. O nome sugere uma dupla associação ao século XX e aos
grandes períodos clássicos da arte italiana, como o Quattrocento e o Cinquencento.
Pretende-se revitalizar a arte italiana com base em uma volta a sua fonte mais pura, o
classicismo, com base na arte de Giotto e Masaccio. No decorrer da década de 1920 e
1930, no período do entreguerras, o Novecento torna-se cada vez mais popular e ganha
novos adeptos. Em 1925, o grupo é rebatizado com o nome de Novecento Italiano, com
o âpmbito de representar a arte nacional italiana. Passa a contar com comitê diretor,
presidido por Sarfatti e responsável por promover seus artistas na Itália e no exterior. A
primeira grande exposição do novo grupo ocorre em 1926 em Milão, e pela diversidade
de artistas participantes sugere a expansão da tendência a toda Itália. Entre os novos
integrantes do movimento encontram-se Carlo Carrà (1881 - 1966), Massimo Campigli
(1895 - 1971), Felice Casorati (1883 - 1963), Marino Marini (1901 - 1980), Arturo
Martini (1889 - 1947) e Arturo Tosi (1871 - 1956). O novecento também é chamado de
movimento dos Valores Plásticos. Basicamente, é um movimento de antivaguarda, que
configura uma aspiração a uma forma plástica, absoluta e arquetípica.
A arte do Novecento tenta reconstruir a linguagem figurativa moderna, de
Cézanne e do Cubismo, a qual é a raiz histórica originária de toda a arte europeia. Com
isso, Carrá, que possui características totalmente divergentes de Giorgio de Chirico, o
qual não considera a história como precursora de embasamento de suas obras, consolida
Carlo Carrà, A musa
Metafísica, 1917.
Pinacoteca di Brera, em
Milão, Óleo sobre tela,
89 cm x 65cm.
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o movimento com suas pinturas extremamente modernas, pois não nega a totalidade
dessa época, que vai do Impressionismo ao Cubismo.
Felice Casorati é um dos artistas que se empenharam em reconduzir a arte
moderna à solidez plástico-volumétrica. Ele procura justificar sua arte no quadro do
idealismo crociano, que para os intelectuais italianos, na época do facismo, constituía
quase um credo moral.
Giorgio Morandi, foi sem dúvidas o maior pintor italiano do século, de acordo
com Argan. Para Morandi, o espaço é concreto e saturado, resultante de uma
equivalência entre nível e tensão, profundidade e densidade, entre a consciência do
próprio ser e do ser do mundo, comunicando-se entre si como numa osmose contínua.
Durante sua vida, retratou sempre as mesmas coisas: garrafas e recipientes vazios,
poucas paisagens, poucas cores. Suas obras não possuíam reflexo e nem a sensação de
Carlo Carrá (1881-1966),
Depois do crepúsculo,
coleção Jesi - Milão, óleo
sobre tela, 0.49 x 0,70m
Felice Casorati (1835-
1890), À espera,
coleção Casorati –
Turim, têmpera sobre
tela, 1,37 x 1.27m
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profundidade. Ele constrói a partir do objeto, de acordo com o esprit de finesse (mente
intuitiva).
Dois escultores importantes para o movimento são Arturo Martini e Marino
Marini. Martini possuía uma espontaneidade criativa autêntica, mas muitas vezes
artificialmente despertada, respondendo a todas as ocasiões com entusiasmo,
procurando compensá-lo com ironia. Acabou assumindo a história da arte como uma
crônica, escolhendo livremente no passado motivações ou pretextos formais, como se a
história fosse um repertório, e não um problema. Ao final de sua vida, teve o grande
mérito de levar a escultura da arqueologia para a imaginação.
Marini se deixou ser influenciado pela mediocridade moral da cultura da época,
temerosa de tudo o que fosse problemático e exigisse uma reflexão crítica. Ele poderia
ter renovado a pesquisa plástica, que seguia com dificuldade o avanço da pintura, mas
no lugar da pesquisa metódica, ele preferiu a improvisação plástica. Converteu a
escultura numa linguagem aberta, mais viva do que vital. Com os estudos dos gessos de
Giorgio Morandi (1890-
1964), Natureza morta,
coleção privada, óleo
sobre tela
Arturo Martini (1889-1947), Mulher nadando debaio d’água,
coleção Lucchetti – Milão, mármore, 0,50m
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Canova, Marini adquiriu a capacidade da criatividade plástica, pois foi o único a
interpretar Canova. Sua principal característica era saber trabalhar com as várias
ocasiões históricas em constante entusiasmo. Concentrou sua pesquisa num pequeno
número de temas, pelos quais pensou em remontar a gênese histórica da forma plástica,
para demonstrar como as novas estruturas morfológicas expressionistas e cubistas
passam a se interagir.
ANTINOVECENTO
O desconforto e a discrepância perante o regime fascista e a arte
novecentista deram início aos movimentos antinovecentistas, que só se concretizaram
pouco antes da guerra. Essa divergência foi representada, no começo, de duas maneiras:
uma representação melancólica pela Europa e um foco no local de atuação.
A primeira representação pôde ser vista através do grupo Seis pintores de
Turim (1929) – G. CHESSA (1898-1935), C. LEVI (1902-1975), F. MENZIO (1899-
1979) e E. PAULUCCI (1901-1999) – que acreditavam que a arte francesa era a única
tradição que poderia criar uma arte moderna. Em Milão, originou um grupo de chiaristi.
Também em outros locais surgiram vários artistas contrapondo-se aos artistas
novecentistas.
A segunda forma apareceu principalmente com SCIPIONE (1904-1933), que
valorizava a arte barroca. Roma era sua obsessão e El Greco, seu modelo. A pintura era
Marino Marini (1901-
1980), Cavalo e
cavaleiro, o milagre,
coleção Jesi – Milão,
bronze
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pessimista e angustiante, que foi herdada por MAFAI (1902-1965). Mafai por outro
lado foi mais intenso que Scipione e protestava contra o fascismo.
O fascismo italiano passou a perseguir a arte moderna, e por isso a próxima
geração queria agir e não apenas discordar. Em Roma, R. GUTTUSO (1912-1987)
começa uma arte revolucionária. Sua ideologia antifascista é deixada bem clara em suas
telas, como em Fuzilamento no campo (alusão à morte do poeta Garcia Lorca). Também
revisou a arte europeia na busca de denuncias e protestos contra a burguesia.
Renato Guttuso (1911-
1987), Fucilazione in
Campagna, Galeria
Nacional da Arte
Moderna – Roma, óleo
sobre tela, 1 x 0,75m
Scipione (1904-
1933), O cardeal
decano, Galleria
Comunale d’Arte
Moderna – Roma,
óleo sobre tela, 1,34
x 1,17m.
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Ao mesmo tempo, forma-se em Milão um grupo denominado Corrente.
Houve adesões de artistas como R. BIROLLI (1906-1959), A. SASSU (1912-2000), G.
MIGNECO ( 1908-1997) e B. CASSINARI (1912-1992). Eles se rebelavam contra a
alienação do regime fascista e reagiam diretamente ao Novecento.
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CONCLUSÃO
Podemos observar que os três grupos possuem forte influência da arte moderna,
quando se trata de volume e perspectiva. Mas há também a tentativa de revitalizar a arte
renascentista do Quatrocento e Cinquecento, trazendo às obras o classicismo das
formas. Apesar da divergência de ideais entre os movimentos, que tinham fundamentos
baseados na atualidade da época, no caso da Metafísica, ou o contrário, no caso do
Novecento, o qual considerava o contexto histórico, a temática principal é a crítica
social ao fascismo e o período de entre guerras e pós guerras, representando a
melancolia e o sofrimento da população, que era repreendida pelo regime.