Mapeamento Colaborativo e Participativo
Arlete Meneguette Engenheira Cartógrafa PhD em Fotogrametria Livre Docente em Cartografia [email protected]
Colaborar significa ajudar, auxiliar, contribuir, trabalhar em comum com uma ou mais pessoas, de forma participativa e cooperativa, visando alcançar um objetivo comum, com a intenção explícita de somar algo, criar alguma coisa nova ou diferente.
Colaborar é solucionar coletivamente um problema de maneira coordenada.
O mapeamento colaborativo e participativo constitui uma nova estratégia que permite a geração de dados por parte de neocartógrafos utilizando: Mapas cognitivos Navegadores GPS Sensores móveis (tais como smartphones e tablets) Plataformas de mapeamento na web.
Desde 2006 uma pesquisa transformativa está sendo realizada em uma Área de Preservação Permanente (APP) Urbana do córrego localizado no fundo de vale da Unesp – Campus de Presidente Prudente. A pesquisa envolve: Planejamento Mapeamento Pós-mapeamento
Esta pesquisa transformativa vem sendo desenvolvida juntamente com os moradores dos bairros adjacentes ao fundo de vale. Na etapa de planejamento foram feitos relatos orais em reuniões abertas com a participação de crianças, adolescentes, adultos e idosos, tanto homens quanto mulheres, de todas as classes sociais. Trabalhos de campo também foram realizados frequentemente para monitorar o uso e cobertura da terra na APP Urbana.
Além da comunidade local, a pesquisa tem envolvido professores e estudantes de Engenharia Cartográfica, Engenharia Ambiental, Estatística, Geografia, Arquitetura e Urbanismo. Os participantes podem vivenciar na prática a integração ensino-pesquisa-extensão de serviços à comunidade.
Nas oficinas de Cartografia Social foram elaborados
mapas cognitivos em papel reciclado representando o
passado, o presente e o futuro do fundo de vale.
Os moradores se basearam
em seus próprios mapas mentais e também
aprenderam a interpretar fotografias aéreas e imagens de satélite.
O resultado final constitui um pré-projeto com propostas de intervenção na APP Urbana, do ponto de vista da população ribeirinha, que deseja a implantação de um Parque Linear ecologicamente correto e socialmente justo.
Com base no planejamento participativo e no mapeamento cognitivo realizado pela comunidade, os estudantes universitários elaboraram mapas colaborativos empregando imagens de satélite e os recursos disponibilizados pelo Google Maps.
Além disso, foi produzido um Banco de Dados Georreferenciados, integrando mapas históricos, dados vetoriais, imagens aéreas e orbitais, possibilitando análises e consultas.
O resultado foi apresentado pessoalmente ao Prefeito Municipal de Presidente Prudente e a um Vereador que visitaram a área, conversaram com os moradores e atenderam várias solicitações da comunidade.
O Prefeito e o Vereador se
prontificaram a encaminhar a
solução de outros problemas
indicados pelos moradores.
É importante planejar COM a sociedade e não somente PARA a comunidade, escalonando prioridades de investimentos em educação, saúde, segurança pública, transportes, lazer etc.
Não basta listar as demandas, necessidades e expectativas, é importante registrar geograficamente tais contribuições, buscando sempre respeitar a legislação e ampliar o diálogo entre os diversos segmentos:
o poder público
a sociedade civil organizada
a iniciativa privada.
Esta pesquisa transformativa tem demonstrado a necessidade de contar com ferramentas computacionais que permitam não só uma retrospectiva de cenários pretéritos e uma representação do cenário atual.
É extremamente importante que a comunidade possa opinar, sugerir e contribuir para a definição de cenários futuros sustentáveis.
É possível criar uma cidade virtual a partir da cidade real, fazer simulações e imersões que permitam uma reflexão contextualizada.
Uma Rede de Geocolaboração é constituída por: Provedores de serviços: oferecem recursos tecnológicos
e suporte. Mapeadores voluntários: contribuem com seu
conhecimento local para criar e compartilhar mapas e dados geoespaciais.
Revisores especialistas: avaliam as contribuições e fazem o controle de qualidade.
Usuários em geral: podem ser mais que meros “consumidores” para se tornarem “prosumidores” (ou seja, produtores e consumidores), usuários pró-ativos, participativos, críticos, conscientes.
Dois grandes desafios se apresentam atualmente:
1º. como aprimorar a credibilidade nos conteúdos ?
2º. como reduzir a incerteza nos mapas gerados pelos mapeadores voluntários ?
Uma solução que nós temos adotado é a de oferecer cursos de capacitação e constante orientação aos neocartógrafos, além da revisão dos elementos mapeados online.
O advento das novas tecnologias de informação e comunicação favoreceu a democratização de acesso ao cidadão comum que agora pode não somente se beneficiar de recursos, tais como a geolocalização, mas também contribuir com seu conhecimento local, através do mapeamento colaborativo.
Esta pesquisa transformativa está sendo desenvolvida com o objetivo de estimular a colaboração, a cooperação, o compartilhamento, favorecendo o empoderamento dos usuários de processos e produtos cartográficos.
Em maior ou menor grau, todos somos tomadores de decisão.
Vamos pensar globalmente e mapear localmente!
Mapeamento Colaborativo e Participativo
Arlete Meneguette Engenheira Cartógrafa PhD em Fotogrametria Livre Docente em Cartografia [email protected]
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