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Estudo das representações sociais da maconha entre agentes comunitários de saúde

Study of the social representations of the marijuanaamong communitarian health’s agents

1 Programa de Pós-graduação em PsicologiaSocial, Departamento de Psicologia, Centro de Ciências Humanas,Letras e Artes, UFPB.Cidade Universitária,Campus I, ConjuntoCastelo Branco, 58059-900,João Pessoa [email protected] 2 USP, Ribeirão Preto.3 Universidade Federal de Uberlândia.4 Universidade FederalRural de Pernambuco.

Ludgleydson Fernandes de Araújo 1

Alessandra Ramos Castanha 2

Airton Pereira do Rêgo Barros 3

Christiane Ramos Castanha 4

Abstract In view of the increasing excessive useof psychoactive substances, in particular the mar-ijuana in the Brazilian reality, the current re-search had as objective to verify the social repre-sentations of communitarian health’s agents(ACS’s) regarding the marijuana’s use. SeventyACS’s, including both male and female genders;with average age of 26 years participated in thisstudy. It was utilized as instruments semi-struc-tured interviews and the Test of Free Associationof Words (TALP). The data acquired by the inter-views was categorized by the Bardin’s analysis ofthematic content (1977) whereas the data fromthe TALP was processed by the Tri-Deux-Motssoftware through the factorial analysis of corre-spondence. The obtained results suggested repre-sentations of the marijuana as a hallucinogenplants and drug, which can alter the human me-tabolism. Regarding the consequences on theuser’s life, the majority of the ACS’s objected theattitude of violence, which causes health andfamily problems; and thus contributing to theinitiation to drug’s use and addiction. In conclu-sion, it is important the intervention of the ACS’son the preventive health education with the goalof decrease the excessive use of drugs.Key words Marijuana, Communitarian agentsof health, Social representations

Resumo Tendo em vista o aumento do uso abu-sivo de substâncias psicoativas, em particular amaconha, na realidade brasileira, a presente pes-quisa teve como objetivo verificar as representa-ções sociais de agentes comunitários de saúde(ACS’s) acerca do uso da maconha. Participaram70 ACS’s, de ambos os sexos, com média de idadede 26 anos. Foram utilizados como instrumentos:entrevistas semi-estruturadas e o Teste de Asso-ciação Livre de Palavras (Talp). Os dados das en-trevistas foram categorizados pela análise de con-teúdo temática de Bardin (1977) e os Talp foramprocessados pelo software Tri-Deux-Mots, pormeio da Análise Fatorial de Correspondência. Osresultados sugeriram representações da maconhacomo planta e droga alucinógena que pode alte-rar o metabolismo humano. No que se refere àsconseqüências na vida do usuário os ACS’s objeti-varam, de forma majoritária, atitudes de violên-cia que ocasionam problemas relacionados à saú-de e à família, contribuindo para iniciação a ou-tras drogas e dependência. Concluiu-se pela im-portância da intervenção dos ACS’s na educaçãopreventiva em saúde, com o intuito de diminuir ouso indevido de drogas.Palavras-chave Maconha, Agentes comunitá-rios de saúde, Representações sociais

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Introdução

Este trabalho teve por objetivo verificar as re-presentações sociais da maconha por parte deagentes comunitários de saúde (ACS’s), tendoem vista a importância do papel dos ACS’s en-quanto multiplicadores de informações na edu-cação, na saúde e na prevenção primária ao usoindevido de substâncias psicoativas.

A questão relacionada ao uso indevido dedrogas na atualidade é alvo de debates e ques-tionamentos nos diversos segmentos da socie-dade. O fenômeno da utilização de substânciaspsicoativas tem suscitado preocupação, consi-derando-se que o seu uso provoca uma plurali-dade de danos, não somente aos usuários, co-mo também aos seus familiares e à sociedade.

De acordo com Bastos1, a sociedade brasi-leira, com seu consumismo desenfreado, tempropagado em suas campanhas publicitáriasum apelo subliminar em favor de todos os pra-zeres e da luta pelo prazer a todo custo, que en-volve, mesmo que não explicitamente, o uso dedrogas.

De acordo com pesquisa sobre o uso dedrogas na realidade brasileira2, do Centro Bra-sileiro de Informações Acerca de Drogas Psico-trópicas (Cebrid), em 107 cidades brasileirascom mais de 200 mil habitantes, constatou-seque 6,9% das pessoas entrevistadas afirmaramter utilizado a maconha pelo menos uma vezna vida; destes, observa-se que 1% afirmou serdependente da droga.

A atual política de redução do uso abusivode drogas, implementada pela Secretaria Na-cional Antidrogas3 (Senad), estabelece uma di-ferença do usuário e dependente químico parao traficante, determinando que seja evitadoqualquer tipo de discriminação ao usuário dedroga. É uma política na qual o dependentequímico é considerado como ser biopsicosso-cial que, portanto, necessita de atenção especialpor parte dos profissionais de saúde4.

O nome científico da maconha é Cannabissativa. Em latim, Cannabis significa cânhamo,que denomina o gênero da família da planta, esativa, que significa plantada ou semeada, indi-ca a espécie e a natureza do desenvolvimentoda planta. É originária da Ásia Central, com ex-trema adaptação ao clima, à altitude e ao solo,apesar de apresentar uma variação de 1% a 15%quanto à conservação das suas propriedadespsicoativas, dependendo da região em que forproduzida, já que requer clima quente e seco eumidade adequada do solo5, 6, 7, 8, 9.

Autores como MaCrae e Simões10 disser-tam que, na realidade brasileira, o usuário demaconha está em constante situação de estig-matização social, assédio social e violência.Com relativa freqüência, as ações preventivas,no âmbito do uso de psicotrópicos, não levamem consideração os aspectos biopsicossociais eculturais que estão intrinsecamente relaciona-dos às drogas.

O relatório da Organização das Nações Uni-das11 destaca que o cultivo e o consumo abusi-vo da Cannabis continuam a ser difundidos naAmérica do Sul. A maconha cultivada na regiãoé, principalmente, destinada ao comércio dedrogas ilícitas nos países produtores e países vi-zinhos. A Colômbia continua sendo o produ-tor principal da Cannabis que é exportada à Eu-ropa e à América do Norte, embora as apreen-sões mais significativas da droga sejam feitasno Brasil e no Paraguai.

O Ministério da Saúde vem definindo, aolongo do tempo, estratégias que visam ao for-talecimento da rede de assistência aos usuáriosde maconha e de outras drogas, com ênfase nareabilitação e reinserção social dos mesmos12.

Neste sentido, destaca-se o papel do agentemultiplicador de informações preventivas aouso abusivo de drogas nas comunidades, exer-cido pelos ACS’s, realizando um canal de co-municação entre a população e os gestores emsaúde13.

Com relação às ações de prevenção ao usoindevido de drogas atualmente propostas peloMinistério da Saúde, pode-se citar o Programade Saúde da Família (PSF). O PSF pode funcio-nar como um catalisador de ações de preven-ção, promoção e recuperação da saúde das pes-soas com problemas relacionados à maconha,assim como a outras drogas, de forma integrale contínua. Desta forma, é necessário investirem ações que procurem uma formação diversi-ficada e consistente para toda a equipe do PSF,com relação aos elementos determinantes doprocesso saúde/doença.

O PSF é formado, basicamente, por umaequipe multiprofissional, composta por médi-co, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agen-tes comunitários de saúde. É no último grupo,o dos ACS’s, que a presente pesquisa foi focali-zada, tendo em vista que eles desempenhamum papel fundamental na prevenção do con-sumo de drogas e no tratamento dos usuáriosnas comunidades, sendo esta uma de suas fun-ções determinadas pelo Ministério da Saúde,por serem um elo essencial na construção do

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vínculo entre a equipe e as famílias e no pro-cesso de vigilância à saúde, a fim de acompa-nhar e intervir nos grupos vulneráveis ao adoe-cimento e às condições socioambientais desfa-voráveis.

O agente comunitário de saúde, por ser ummorador da comunidade, representa uma ri-queza de possibilidades, pois conhece as pes-soas que atende, fala a mesma linguagem dosque o procuram, passa por situações parecidase compartilha crenças com os membros da re-gião onde atua. Uma orientação dada por umcidadão nestas condições conta com credibili-dade que, dificilmente, as palavras de um téc-nico da saúde atingiriam.

Diante das premissas já mencionadas, esteestudo pretendeu verificar as representaçõessociais da maconha, no contexto do campo dasaúde preventiva, entre os ACS’s. Esta investi-gação poderá contribuir para o conhecimentodas diversas facetas que compõem o consumode drogas e para a formação de profissionaisque lidem com a temática e com a formula-ção/implementação de políticas públicas e pro-gramas de prevenção/tratamento a serem im-plementados na agenda de combate ao uso in-devido de drogas.

Teoria das representações sociais

As representações sociais (RS), enquanto sensocomum, idéias, imagens, concepções e visão demundo que os atores sociais têm sobre a reali-dade, emergem como uma realidade concretano âmbito das ciências sociais. As RS buscamnovas bases teóricas para a compreensão da re-lação indivíduo X sociedade, afastando-se daforma dicotomizada e descontextualizada. Mos-covici14 demonstra que os processos por meiodos quais os indivíduos representam o mundosão extremamente dinâmicos entre a subjetivi-dade e o mundo social dos indivíduos.

Deste modo, uma representação social nãopode ser compreendida como processo cogni-tivo individual, uma vez que é reproduzida nointercâmbio das relações e comunicações so-ciais. O referido autor ainda menciona que oobjeto, seja ele humano, social, material ouuma idéia, será apreendido por intermédio dacomunicação14, 15, 16.

As representações sociais são como siste-mas de interpretação que regem nossa relaçãocom o mundo e com os outros, orientando eorganizando nossas condutas. Elas estão liga-

das a sistemas de pensamento mais amplos,ideológicos ou culturais, a estado de conheci-mentos científicos, assim como à condição so-cial e à esfera da experiência privada e afetivados indivíduos17.

Com as representações sociais, o conheci-mento do senso comum passou a receber aatenção necessária, posto que era visto comoconhecimento confuso, inconsistente, desarticu-lado e fragmentado. Em relação ao conhecimentocientífico, o senso comum era situado num póloextremo e oposto: uma espécie de saber selvagem,profano, ingênuo18. A teoria tem como pressu-posto verificar o conhecimento comum produ-zido por intermédio das comunicações de de-terminados grupos sociais.

Na elaboração das RS faz-se necessária acontribuição de dois fatores – a objetivação e aancoragem – que são responsáveis pela inter-pretação e atribuição de significados do objetosocial, neste estudo, a maconha. Para Moscovi-ci19, esses fatores são condições sine qua non,pois ambos colaboram na maneira como o so-cial transforma um conhecimento em repre-sentação e na maneira como esta transforma osocial, indicando a interdependência entre aatividade psicológica e suas condições sociais.

Para Sá20, o processo de representar social-mente emerge da materialização dos conceitosabstratos, comuns ao grupo, o que se denomi-na objetivação, ao mesmo tempo em que criaum contexto inteligível ao objeto representadoou sua integração cognitiva, o que é denomi-nado de ancoragem. Neste processo, a repre-sentação tem por objetivo transformar em fa-miliar o não familiar.

É muito importante conhecer as represen-tações sociais que os ACS’s apresentam sobre amaconha, uma vez que eles podem desenvolverintervenções no âmbito da prevenção/promo-ção em saúde junto aos usuários e seus familia-res. Assim sendo, o presente estudo teve comoobjetivo apreender as RS da maconha entreagentes comunitários de saúde.

Método

Participantes

O presente estudo foi realizado no municí-pio de Ipojuca, localizado na Zona da Mata Suldo Estado de Pernambuco. Participaram destapesquisa 70 de um total de 104 agentes comu-nitários de saúde, escolhidos aleatoriamente,

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de forma não probabilística, intencional e aci-dental, de ambos os sexos (13 % do masculinoe 87% do feminino), com média de idade de 26anos. Ressalta-se que os critérios de inclusão daamostra deram-se a partir da disposição dosACS’s em participar voluntariamente, e por es-tarem inseridos no Programa de Agentes Co-munitários (Pacs) do município pesquisado.

Instrumentos

Para a coleta dos dados, foram utilizadasentrevistas em profundidade e a técnica de as-sociação livre de palavras. As entrevistas foramdivididas em duas partes: a primeira, constituí-da de itens referentes à identificação sociode-mográfica dos participantes, definindo o seuperfil; e a segunda, composta por uma questãonorteadora, a saber: “O que você sabe sobre amaconha?”. Também foi utilizada a técnica deassociação livre de palavras, bastante difundidano âmbito da Psicologia Social, principalmentequando se trabalha com o suporte teórico dasRS, uma vez que possibilita acesso aos conteú-dos periféricos e latentes21, 22, 23, 24. Neste estu-do, foi utilizado um estímulo indutor – “maco-nha” – previamente definido, tendo como pres-suposto o estado atual da arte, bem como osatores sociais que fazem parte desta investiga-ção (agentes comunitários de saúde).

Procedimentos de coleta dos dados

Realizou-se um estudo piloto, com o intui-to de verificar a boa adequação dos instrumen-tos, e verificou-se a validade semântica dosmesmos. Em seguida, efetuou-se o estudo defi-nitivo. Inicialmente, foi mantido contato com acoordenação da Secretaria de Saúde, com a fi-nalidade de obter a listagem dos ACS’s. Poste-riormente, verificou-se a disposição dos mes-mos de participar, de forma voluntária, destapesquisa.

Oportunamente, explicitaram-se os objeti-vos e a necessidade do uso do gravador, e fo-ram garantidos o anonimato e a confiabilidadedas respostas, indicando que seriam analisadasem conjunto. É válido mencionar que foramrespeitados os parâmetros éticos, de acordocom a resolução 196/96 do Conselho Nacionalde Saúde, que rege as pesquisas com seres hu-manos.

O primeiro instrumento aplicado foi a téc-nica de associação livre de palavras, seguida deentrevista. Os instrumentos foram aplicados,

de forma individual, na própria Secretaria deSaúde, por um pesquisador previamente trei-nado e qualificado. O tempo de aplicação foi,em média, de 18 minutos para cada participan-te. Informa-se, ainda, que não houve recusapor parte de nenhum ACS. Antes da aplicaçãodo estímulo, foi feita uma simulação, utilizan-do-se de um exemplo, com o intuito de fami-liarizar o participante sobre a funcionalidadedo instrumento. Em seguida, foi apresentado oestímulo indutor, seguido da questão “O quelhe vem à mente (cabeça) quando digo a pala-vra maconha? Fale as cinco primeiras palavrasque, para o senhor (a), lembram a maconha.” Éválido mencionar que na presente pesquisaconvencionou-se o tempo máximo de um mi-nuto para a evocação das palavras associadasao estímulo indutor, perfilando um minutopor cada participante para responder ao testede associação livre de palavras.

Análise dos dados

No que se refere à interpretação dos dados des-ta pesquisa, utilizou-se a análise de conteúdotemática Bardin25, cujo objetivo é compreen-der o sentido das comunicações e suas signifi-cações explícitas e/ou ocultas. Seu procedimen-to visa, ainda, a obter a sistematização e descri-ção do conteúdo das mensagens que permitema inferência de conhecimentos relativos às con-dições de produção/recepção (variáveis inferi-das), interpretados quantitativamente pormeio da análise das freqüências e percentuais.

A análise das unidades temáticas por meiodessa técnica pressupõe o desenvolvimento dasseguintes etapas operacionais: constituição docorpus; leitura flutuante; composição das uni-dades de análise; codificação e recortes; catego-rização e descrição das categorias. Após a leitu-ra flutuante do corpus e a emersão das catego-rias empíricas, elas foram codificadas e valida-das internamente por quatro pesquisadores-juízes que trabalham com a técnica.

Os dados coletados pela técnica de associa-ção livre foram processados pelo software Tri-Deux-Mots26, versão 2.2, que permite a visuali-zação gráfica tanto das variáveis fixas (sexo,idade e estado civil), como das variáveis de opi-nião (crenças, estereótipos, enfim, o conheci-mento prático enunciado pelos participantesfrente ao estímulo indutor), analisadas pormeio da Análise Fatorial de Correspondência(AFC). O principio básico da AFC consiste em

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destacar eixos que explicam as modalidades derespostas, mostrando estruturas constituídasde elementos do campo representacional, ouseja, os conteúdos apreendidos nos discursosdos ACS’s diante dos estímulos indutores.

Resultados e discussão

As representações sociais sobre a maconha, ela-boradas pelos ACS’s, foram analisadas com ba-se no material coletado pelas entrevistas e pon-deradas pela análise temática de conteúdo, deacordo com o consenso de quatro pesquisado-res, que resultaram em quatro categorias empí-ricas e 20 subcategorias.

A tabela 1 ilustra os dados relativos a “Con-cepções/Descrições da Maconha (CDM)”. Po-de-se notar que os ACS’s destacaram a maco-nha, de forma majoritária, como uma “droga”(33%) que apresenta propriedades “alucinóge-nas” (26%) e como uma “planta” (22%), comose pode verificar nas falas dos atores sociais aseguir:

É uma droga, [...] a maconha é uma droga[...]. Eu acho que a pessoa viaja [...], a pessoa fi-ca contente [...]. Tem gente que planta [...] e asfolhas são utilizadas para fazer o cigarro [...]. Opouco que eu sei é que ela altera todo o metabo-lismo da pessoa, [...] que é um tipo de alucinóge-no [...], como se tivessem nas nuvens [...], comose as coisas fossem mais gostosas [...]. Diminui aansiedade [...] porque ela atinge os pulmões [...],atinge também o cérebro, a corrente sanguínea.

De forma semelhante aos ACS’s, Sucar27 ar-gumenta que a maconha é uma droga alucinó-gena, tendo em vista que é capaz de provocaralterações no funcionamento do cérebro (siste-ma nervoso central), de modo que pode desen-cadear nos seus usuários efeitos psíquicos co-mo delírios (falso juízo da realidade) e alucina-ções (percepção sem objeto).

Observa-se que os atores sociais desta pes-quisa ancoraram suas RS da maconha comouma planta. De fato, trata-se de uma combina-ção de flores e folhas da planta, conhecida pelanomenclatura científica Cannabis sativa, cujoprincipal princípio ativo é o THC (tetrahidro-canabinol). Sua concentração na planta depen-de, sobretudo, da forma como a Cannabis foicultivada, em que tipo de clima e solo6, 7, 8, 9.

De acordo com o observado na tabela 2acerca de “Conseqüências na Vida do Usuáriode Maconha (CVUM)”, nota-se que a maioriados ACS’s destaca, sobretudo, que a utilização

da maconha pode levar a “dependência física”(28%) e a “violência” (21%).

Entre as unidades temáticas das falas dosACS’s, foi possível destacar as representaçõessociais das conseqüências do uso da maconha:

[...] A maconha é ruim porque é um vício.[...] É prejudicial à saúde e depois que vicia nãotem mais jeito, [...] está fazendo muito mal paraas pessoas, [...] está destruindo lares, famílias, le-vando muitos adolescentes à morte. [...] Cadavez que usa mais maconha quer experimentaroutras drogas. [...] Eles perdem o trabalho, o con-trole dentro das próprias casas e ficam violentos.[...] Não quer ter um apoio da família, não querouvir o que a família quer conversar, [...] daruma orientação pra ele.

Na presente investigação, os ACS’s destaca-ram a dependência física ocasionada pelo usoindevido da maconha. De forma antagônicaaos participantes desta pesquisa, Bergeret e Le-blanc6 salientam que o uso continuado da ma-conha é mais constante no desenvolvimento deuma dependência psíquica, e não física, comoverificado nas representações sociais dos agen-tes comunitários de saúde.

Não há consenso entre os pesquisadoresacerca de qual tipo de dependência é predomi-nante nos usuários de maconha. No entanto, a

Tabela 1 Concepções/descrições da maconha.

Categoria e subcategorias ACS’sf %

Droga 28 33Alucinógena 22 26Altera metabolismo 16 19Planta 18 22Total 84 100

Tabela 2 Conseqüências na vida dos usuários de maconha.

Categoria e subcategorias ACS’sf %

Familiar 28 18Dependência física 25 16Iniciação às drogas 24 15Prejudicial à saúde 26 17Violência 33 21Auto-destruição 20 13Total 156 100

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dependência psíquica é freqüentemente asso-ciada ao uso abusivo da Cannabis7.

As representações sociais acerca das conse-qüências do uso da maconha foram ancoradasna esfera orgânica, em elementos como “preju-dicial à saúde” e “dependência física”. Isto pro-vavelmente se deve à prática profissional dosACS’s junto à educação preventiva em saúde,de modo que o discurso acerca da maconha16

permeie a formação do conhecimento compar-tilhado por seu grupo de pertença e de afilia-ção.

De acordo com o V Levantamento Nacio-nal Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas EntreEstudantes do Ensino Fundamental e Médio daRede Pública de Ensino28, pode-se verificaruma significativa utilização das drogas lícitas,como o álcool e o tabaco, consumidos, respec-tivamente, por 65,2% e 24,9% dos estudantespesquisados.

De forma antagônica aos ACS’s, que men-cionaram a maconha como iniciação às drogas,verificou-se que apenas 5,9 % dos estudantespesquisados pelo levantamento já utilizaram adroga. Os dados sugerem que as drogas lícitassão responsáveis pela maior utilização de psi-cotrópicos, provavelmente por causa da acessi-bilidade legal e econômica.

Os dados da tabela 3 revelam as “Causas doUso de Maconha (CUM)”: os ACS’s apontam,de forma majoritária (28% e 25%, respectiva-mente), “curiosidade” e “influência de amigos”.Os ACS’s representaram as causas do uso damaconha nas suas falas abaixo:

[...] A pessoa começa por uma curiosidade[...], por uma timidez a pessoa se torna depen-dente [...]. É uma droga que vicia uma pessoaque às vezes quer coragem [...] e acha que usan-do aquilo vai ser melhor, vai se soltar [...]. Émuito fácil encontrar maconha, por todo canto apessoa que usa pode comprar [...], os amigos, àsvezes, oferecem. [...] O adolescente vai e usa, vaipela cabeça dos outros [...].

De modo consonante com as RS dos ACS’sacerca das causas do uso da maconha, Lapate29

argumenta que há uma série de razões que mo-tivam as pessoas a fazer uso de drogas, a saber:curiosidade ou desejo de experimentar os efei-tos prazerosos das drogas; influência do grupode afiliação, para integrar-se socialmente; vi-venciar a sensação de correr riscos; testar a vul-nerabilidade e os próprios limites.

Observa-se que o uso de drogas psicotrópi-cas é algo que acompanha a história da huma-nidade, sendo uma prática milenar do homem

experimentar estados alterados da consciência,por diversos motivos: fugir de situações desa-gradáveis, produzir sensações prazerosas, vi-venciar experiências transcendentais, religio-sas, místicas e curativas7.

No entanto, presencia-se na atualidade aveiculação de campanhas publicitárias que, deforma subliminar, fazem associação do uso dedrogas ao sucesso profissional e econômico, demodo a gerar, sobretudo nos jovens, a curiosi-dade de utilizar substâncias psicoativas1.

Faz-se necessário uma intervenção preven-tiva em saúde pelos ACS’s, respaldada no co-nhecimento científico, com o intuito de educarpara prevenir, que desmistifique o uso de subs-tâncias psicoativas e aponte sua ação no orga-nismo humano, de modo a amenizar a inicia-ção ao uso de drogas pela comunidade-alvo.

A tabela 4 possibilita a visualização do“Tratamento do Usuário de Maconha (TUM)”.Os ACS’s destacaram o “tratamento médico”,com 34%. Em seguida, os atores sociais apon-taram as “campanhas preventivas”, com 26%,permitindo inferir que, provavelmente, as indi-cações devem-se à prática desses atores sociaisna educação em saúde.

As falas dos atores sociais desta pesquisa fo-ram:

Tabela 3Causas do uso de maconha.

Categoria e subcategorias ACS’sf %

Fuga da realidade 14 10Prazer 20 14Curiosidade 40 28Influência de amigos 35 25Disponibilidade 13 09Diversão 19 14Total 141 100

Tabela 4Formas de tratamento dos usuários de maconha.

Categoria e subcategorias ACS’sf %

Médico 38 34Psicossocial 27 24Grupos de apoio 18 16Campanhas preventivas 29 26Total 112 100

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maconha, conforme pode ser observado nográfico 1, por intermédio dos dois fatores nelecontemplados (F1 e F2) e analisados pela Aná-lise Fatorial de Correspondência.

O fator 1 (F1), na linha horizontal, em ne-grito, concerne ao fator majoritário de maiorpoder explicativo, com 46% da variância totaldas respostas. Observa-se que os ACS’s contri-buíram de forma significativa nesse fator, com305 palavras evocadas. No que tange ao fator 2(F2), na linha vertical, em itálico, ele apresenta24% da variância total das respostas.

Percebe-se que houve maior contribuiçãodos ACS’s do gênero masculino na explicaçãodesse fator, com 110 palavras evocadas. No quetange às idades, os ACS’s que compreendem afaixa etária maior ou igual a 30 anos contribuí-ram, de forma majoritária, para o fator 2, com156 palavras evocadas. Na totalidade, os doisfatores têm poder explicativo de 70% de signi-ficância, portanto possuem parâmetros estatís-ticos com consistência interna e fidedignidade,tendo em vista pesquisas realizadas no âmbitodas RS24.

Na parte horizontal inferior do gráfico 1,em negrito, encontra-se o fator 1, relacionadoao campo semântico das RS da maconha (pala-vras em negrito com terminação 1) elaboradaspelos ACS’s do gênero feminino, casadas, na

[...] Porque por mais que as pessoas mostremas palestras, os meios de comunicação, rádio, te-levisão, as pessoas não querem acreditar [...]. Es-sas pessoas que usam maconha precisam de umtratamento médico, [...] uma desintoxicação[...]. Tem que ter apoio de grupos, tem esses gru-pos para usuários de drogas que podem ajudar[...] um tratamento com a família, e as pessoasque usam a maconha, com profissionais de psico-logia [...].

Quanto às “Formas de Tratamento dosUsuários de Maconha”, verificada nas RS dosACS’s, pode-se perceber que se trata de uma vi-são embasada, de forma majoritária, no mode-lo médico tradicional que prioriza os aspectosda farmacodependência em detrimento dos as-pectos históricos, sociais e culturais relaciona-dos às questões motivacionais para a utilizaçãoda substância psicoativa naquela comunidade.

As políticas de prevenção/intervenção aouso abusivo de drogas não podem se isolar deuma visão genérica das substâncias psicoativase devem ter consciência da amplitude do fenô-meno, com o intuito de elaborar estratégias deintervenção que levem em conta a realidade só-cio-histórica, antropológica, farmacológica epsicossocial da comunidade-alvo7.

A carência de estudos consistentes sobresubstâncias psicoativas na realidade brasileiradificulta a implementação de intervenções quepriorizem as particularidades regionais deacessibilidade aos programas de educação, saú-de e peculiaridades culturais, que se refletemdiretamente no consumo de drogas psicotrópi-cas30. Tal fato interfere no Pacs, do Ministérioda Saúde, quanto ao modelo eficaz de interven-ção na saúde preventiva desenvolvida pelosACS’s frente ao uso da maconha e outras subs-tâncias psicoativas.

No que diz respeito às campanhas preventi-vas elencadas pelos ACS’s, as intervenções tera-pêuticas produzem impacto positivo no âmbi-to da prevenção em saúde, quando monitora-das de forma contínua e regular. No entanto, éfato que na realidade brasileira tais campanhassão comumente realizadas com intuito ideoló-gico/político, de modo que não há um acom-panhamento quanto à eficácia na melhoria daprevenção em saúde5, 31.

Os resultados coletados por meio do testede associação livre de palavras, como instru-mento de apreensão de significados do conhe-cimento prático, possibilitaram, juntamentecom as variáveis fixas, a emersão de campos se-mânticos sobre as representações sociais da

Gráfico 1Análise fatorial de correspondência das RS da maconha.

curiosidade 1 família 1

F2

doença 1

SOLTEIROS

MASCULINO≥ 30

desestruturação 1

solidão 1

crime 1

droga 1/dependência 1

F1

FEMININO 26-29 planta 1

prazer 1

ilegal 1

violência 1

morte 1 CASADOS

loucura 1

exclusão 1

22-25

alucinação 1

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faixa etária de 22 a 25 anos. Eles ancoraramsuas representações como uma substância psi-coativa derivada de uma “planta” que desenca-deia efeitos como “alucinação”, e que o seu usoé “ilegal” na realidade brasileira, sendo respon-sável pela “exclusão”, “violência” e “morte”.

Ainda nesse fator, destacam-se os ACS’s sol-teiros, na faixa etária maior ou igual a 30 anos,que ancoraram suas representações (palavrasem negrito na parte superior horizontal) acer-ca das causas do uso da maconha devido à “cu-riosidade” dos usuários pelos efeitos que asubstância psicoativa pode desencadear. No en-tanto, ela pode propiciar ao usuário “doenças”,quando consumida de forma abusiva. Salienta-se que, na técnica da entrevista, tais elementosconstitutivos das RS também foram verificadosnas causas e conseqüências do uso da maconhaentre os atores sociais desta pesquisa.

No que tange ao fator 2, na parte verticalesquerda, em itálico, percebe-se que os ACS’sdo gênero feminino, que compreendem a faixaetária de 22 a 25 anos, objetivaram de formasemelhante aos dados da entrevista acerca dascausas do uso da maconha relacionadas aos as-pectos “prazerosos” que a droga ocasiona aosseus usuários. No entanto, eles mencionaramque, por outro lado, a droga, quando adminis-trada de forma abusiva, pode levar o seu usuá-rio à “loucura”.

De forma consoante com as causas do usoda maconha elencadas pelos ACS’s, motivadaspelas sensações prazerosas, o mesmo tambémpôde ser verificado entre estudantes universitá-rios concluintes de Saúde e Direito, que men-cionaram em suas representações sociais acercada maconha a droga como produtora de efeitosde prazer aos seus usuários5, 9, 31.

No fator 2, na parte vertical, em itálico, ve-rificam-se as representações socais apreendidasentre os ACS’s do gênero masculino, que atri-buíram ao uso da maconha a “solidão” e a prá-tica de atitudes delitivas e “criminosas”, sendofruto da “desestruturação” psicossocial e afeti-va em que se encontram inseridos os usuáriosda substância psicoativa.

É fundamental a consciência de que a de-pendência degrada a condição humana do in-divíduo, e esforços devem ser desenvolvidospara amenizar a venda ilegal de drogas, postoque o uso destas substâncias pode contribuirpara a prática de atos anti-sociais e delitivos32.

Ainda no fator 2, na parte vertical à direita,em itálico, denota-se o campo semântico elabo-rado por ambos os gêneros, solteiros, que com-

preendem a faixa etária maior ou igual a 30anos, que representaram a maconha (palavrasem itálico com terminação 1) como uma “dro-ga” que pode proporcionar conseqüências, taiscomo “dependência” e problemas “familiares”.

De forma semelhante aos dados encontra-dos nas entrevistas, os ACS’s, também no testede associação, ancoraram suas representaçõessociais nos elementos concernentes a “proble-mas familiares”, “prejudicial à saúde” e “violên-cia”. Deste modo, as RS verificadas entre os ato-res sociais desta pesquisa acerca da maconhaaparecem como um conhecimento que não secaracteriza por uma contraposição ao sabercientífico, havendo uma dialética entre o co-nhecimento consensual (senso comum) e o rei-ficado (científico)16.

De acordo com Freitas33, um ambiente fa-miliar dominado por conflitos, pela falta de re-gras ou pelo desinteresse dos pais pela vida dosfilhos representa um fator de risco ao uso dedrogas. Assim, o apoio socioafetivo e psicológi-co da família é fundamental para que seja de-senvolvida uma rede de proteção ao uso inde-vido da maconha e de outras drogas.

Neste sentido, os danos relacionados ao usode drogas não se apresentam somente no indi-víduo usuário. São direta ou indiretamente afe-tados os familiares e a sociedade em geral, pormeio de comprometimentos físicos, psíquicose sociais. Assim, o uso indevido de drogas éconsiderado, na atualidade, um problema desaúde pública mundial, que demanda interven-ções na prevenção primária, secundária e ter-ciária, bem como no tratamento dos usuários efamiliares34 .

Ademais, os resultados apreendidos por es-te instrumento, além de corroborar, comple-mentam os dados oriundos das entrevistasacerca das RS da maconha. Neste sentido, amaconha foi representada como uma drogaque pode trazer inúmeras conseqüências psi-cossociais, profissionais, familiares e orgânicas.De modo que é fundamental e necessária a in-serção dos ACS’s na educação preventiva emsaúde, como interlocutores entre gestores emsaúde e a comunidade, intervindo nos fatoresde proteção ao uso de drogas.

Considerações finais

O presente trabalhou versou sobre as RS damaconha entre ACS’s. Os dados apreendidosentre os ACS’s possibilitaram representações

Ciên

cia & Saú

de C

oletiva,11(3):827-836,2006

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consensuais e particularidades, de acordo comcada vivência de atuação na saúde preventiva.

Evidenciou-se, neste estudo, que os ACS’spossuem um conhecimento elaborado acercada maconha pautado na prevenção ao uso in-devido da droga, tendo em vista que ela podeprovocar inúmeras conseqüências aos usuá-rios, à família e à sociedade. As práticas cotidia-nas dos atores sociais, sua intervenção profis-sional na promoção em saúde, determinam eembasam as suas RS acerca da maconha.

Neste sentido, a presente pesquisa demons-trou que se faz necessária a implantação decursos de capacitação permanente, que ofere-çam subsídios aos ACS’s para melhor intervirna prevenção ao uso abusivo de drogas, postoque se presenciou uma lacuna no que concerneà qualificação destes promotores de saúde acer-ca dos efeitos e conseqüências dos psicotrópi-cos, tendo em vista o aumento crescente da de-manda existente na comunidade-alvo, devidoao uso de drogas lícitas e ilícitas.

O uso de substâncias psicoativas tem cres-cido de forma vertiginosa na realidade brasilei-

ra, principalmente o consumo de drogas lícitas(álcool, tabaco e medicamentos). Deste modo,se faz necessária a implantação de programasde promoção e prevenção ao uso indevido dedrogas, que priorizem a população-alvo e suascondições psicossociais e afetivas, bem comoquestões familiares, ideológicas e políticas,compreendendo a problemática nos seus fato-res biopsicossociais e culturais, uma vez queapenas a promulgação de leis repressoras e aadoção de modelos importados de outros paí-ses têm demonstrado total ineficácia no com-bate ao uso de drogas.

Recomenda-se maior número de estudossobre a realidade brasileira, que contemplem ouso de substâncias psicoativas e suas variáveispsicoafetivas, sociocognitivas e farmacológicas,intervindo no âmbito da saúde coletiva, com ointuito de minimizar o uso abusivo da maco-nha, por meio da implementação de políticaspúblicas de educação e promoção em saúde,em que os ACS’s se apropriem do papel de in-tegração entre gestores e comunidade.

Colaboradores

LF Araújo, AR Castanha, AP Barros e CR Castanha parti-ciparam igualmente de todas as etapas da elaboração doartigo.

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Artigo apresentado em 2/08/2005Artigo aprovado em 17/11/2005Versão final apresentada em 23/01/2006