UNIVERSIDADE ABERTAFundamentos Geográficos da História de Portugal
Seminário II
Ano Letivo 2012-2013
A Indústria Conserveira Setubalensenos anos da Guerra Colonial (1961-
1973)
RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO
Enrique De Ahumada
Aluno nº 1100338
1
Setúbal 2013
Foto 1: Fábrica de conservas Alonso (1940), Setúbal. Autor: Baptista, atual, 2012consult.25 abr.2013. Disponível na Internet <URL: http://canthecanlisboa.com/alonso-2/>
Portugal!
Volta ao mar, aos teus navios.
Portugal!
Pablo Neruda1
2
1. NERUDA, Pablo, “A Lâmpada Marinha”, in Litoral, Revista de la Poesía y el Pensamiento, Málaga, 1975, nº 58, p.214.
ÍNDICE Página
Resumo…………………………………………………………………………………..5
Introdução………………………………………………………………………………..6
Metodologia……………………………………………………………………………...6
Resultados………………………………………………………………………………..7
Conclusão…………………………………...……………………….……….....……... 28
Agradecimentos……………………………………………………………………….. 29
INDÍCIE FOTOGRÁFICO
Foto 1: Fábrica de Conservas Alonso……….…………………………………..……….2
Foto 2: Mulheres trabalhadoras numa fábrica de conservas de
Setúbal………………..25
Foto 3: Vestígios indústria conserveira
setubalense…………………………………....25
Foto 4: Vestígios indústria conserveira
setubalense……………………………………26
3
Foto 5: Vestígios indústria conserveira
setubalense……………………………………27
Foto 6: Vestígios indústria conserveira
setubalense……………………………………28
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro I População segundo a origem…………………………………………………10
Quadro II População ativa por ramo de atividade, 1940..
……………………………...12
Quadro III Produção de Conservas de Peixe em Azeite, em
quilos, na década de 60, em Setúbal...
………………………………………………………………………………..17Quadro IV Produção de
Conservas de Peixe em Azeite, em quilos, na década de 70,
em Setúbal...………………………………………………………………………………..18
Quadro V Exportação de Conservas de Peixe em Azeite, em
quilos, na década de 60, em Setúbal.….…….............
………………………………………………………………..19
Quadro VI Exportação de Conservas de peixe em Azeite, em
quilos, na década de 70, em Setúbal.
……………………………………………………………………………..20
Quadro VII Exportações de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, em quilos, 1960-1969………….
…………………………………………………………………............21
Quadro VIII Exportações de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, na década de 70 para o ultramar português (totais
nacionais)……………………………………………23
4
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico I Produção de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, nos anos 1960-1969 em Setúbal.……………………………………..
……………………………………....17
Gráfico II Produção de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, nos anos 1970-1979 em Setúbal.……………………………….
…………………………………………….18
Gráfico III Exportação de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, nos anos 1960-1969, em Setúbal...
……………………………………………………………………..19
Gráfico IV Exportação de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, nos anos 1970-1979, em
Setúbal……………………………………………………………………….20
Gráfico V Exportações de Conservas de Peixe, em azeite ou
molhos, para o Ultramar Português na década de 60 (totais
nacionais)…………………………………………..22
Gráfico VI Exportações de Conservas de Peixe, em azeite ou
molhos, para o Ultramar Português na década de 70 (totais
nacionais)…………………………………………..24
BIBLIOGRÁFIA……………………..………………………………………………..29
5
RESUMO
A cidade de Setúbal, pela sua posição na orla continentalde Portugal, foi desde os tempos da mais remota antiguidadeum importante polo de atividade industrial, atividade estaque veio girar em redor do seu fator natural maisabundante: o peixe.
Graças a esta matéria-prima, a cidade, desde o s. I e atéos meados do s. XX, desenvolveu toda uma indústria daconservação deste recurso natural, que chegou a alcançarnos finais do s. XIX e o primeiro quartel do s. XX, cotasnão igualadas em nenhum outro local português. Mas assimcomo emergiu esta pujante indústria conserveira num temporecord, também apagou-se da mesma maneira. As páginas quese seguem tratarão de esclarecer como surge esta atividadeindustrial no s. XIX e seu desenvolvimento posterior, assimcomo que tipos de pessoas contribuíram, como o seu trabalhoe desempenho, a mante-la até os anos 70 do s. XX, efinalmente por quê deu-se o ocaso de tão grande indústria.
Resumen
La ciudad de Setúbal, gracias a su estratégica posición geográfica en la franjacostera portuguesa, fue desde los tiempos más antiguos un importante centrode actividad industrial, que giró alrededor de uno de sus factores naturalesmás abundantes: el pescado.
Gracias a esta abundante materia prima, la ciudad, ya desde el s. I e hastamediados del s. XX, desarrollo toda una industria conservera que llegó aalcanzar a finales del s. XIX y primer cuarto del XX, unas cifras no igualadas porningún otro centro industrial portugués. Pero, así como emergió con inusitada
6
rapidez, también su ocaso lo fue en el mismo sentido. Las páginas siguientestratan de esclarecer cómo surgió esta actividad industrial en el XIX, sudesarrollo posterior, las personas que la hicieron posible e por qué se llegó a suocaso.
7
INTRODUÇÃO.
Este Relatório visa desentranhar as relações existentes
entre a Indústria Conserveira Setubalense, o impacto que
teve na população concelhia e seu contributo ao esforço de
guerra no Ultramar português, no período compreendido entre
os anos de 1961 e 1973.
Com isto, pretendemos saber se a Indústria Conserveira
implantada na cidade de Setúbal, para o período balizado,
contribuiu nalguma medida ao incremento demográfico, se
este incremento, ou não, foi fruto das perspetivas do
trabalho criadas, de onde é que esta população vinha, onde
é que assentaram na cidade, quais foram as suas reais
espectativas de vida, como trabalhavam, até que ponto a
produção destas unidades fabris era derivada para a
manutenção das tropas que nesse momento estavam a combater
na Guerra Colonial.
O objetivo final é conhecer se a Guerra Colonial manteve a
indústria conserveira setubalense, ou se pelo contrário,
esta, para o período balizado, já se encontrava em franco
declínio e a guerra não foi um motivo especial de
mantimento da indústria como tal. Assim mesmo, saber se a
população que chegou a cidade nos anos determinados, fez-
lho pela atração do trabalho na industria conserveira, ou
se pelo contrário, foram outros médios de produção que
induziram estas pessoas à migração para a cidade de
Setúbal.
8
Para alcançar tais objetivos, utilizaremos a bibliografia
existente ao respeito assim como aqueles contributos de
pessoas que estiveram ligadas à tal indústria, quer
proprietários de unidades fabris, quer trabalhadores/as que
possam aportar vivências ao nosso trabalho, sem descurar a
informação existente na rede.
Acreditamos que as fontes selecionadas para a confeção do
nosso trabalho, são as mais pertinentes, o qual não impede
a existência de outras que possam aportar algum
esclarecimento complementar.
Metodologia.
Comecei, numa primeira abordagem, pela recolha de
informação que poderia ser útil para o desenvolvimento do
meu relatório, empezando pelo Museu do Trabalho de Setúbal, o
qual proporciono-me informação relevante no que diz
respeito ao percurso da indústria conserveira na cidade de
Setúbal. Foi muito esclarecedor o facto de ter podido
conversar com antigos descendentes de proprietários de
fábricas de conserva na cidade (Sra. Mafalda Correia e Sra.
Mª Júlia Mourinho), que abriram-me os olhos para a
problemática decorrente ao estado da situação com a que
deparei-me, é dizer, pouco ou mesmo nada se conserva a
nível de documentação para o período balizado, bem por
destruição arquivística, bem por desleixo próprio dos
interessados, assim como minha reunião com o Dr. Alberico
Afonso Alho, o qual deu-me informação valiosa que convergiu
com o apontado mais acima, no mesmo sentido expressou-se a
9
Dra. Maria da Conceição Quintas. As pesquisas, a nível
informativo, e para o período balizado no tocante à Guerra
Colonial vs Indústria Conserveira, no Arquivo Histórico
Militar, no Arquivo Distrital de Setúbal, no Museu do
Trabalho, Associação dos Comerciantes, etc., não deram
resultado nenhum, no que diz respeito a informação
relevante para o tema em estudo. Por outro lado, constatei
que o jornal “Setubalense”1 sim dispõe de informação que
poderia ser tida em conta para o trabalho, não entanto,
esta informação não se encontra digitalizada, pelo que seu
manuseamento faz que se torne a labor de investigação muito
dispendiosa no referente ao tempo há empregar, coisa que
para o nosso relatório se traduz numa investigação não
rentável, sem isto querer dizer que não possa ser valiosa
num outro dado momento.
ResultadosA cidade de Setúbal, situada no litoral da costa
portuguesa, na margem continental do oeste peninsular,
“apresenta um caso urbano do litoral português: localizada num recesso
abrigado da costa da Arrábida e à entrada da barra do Sado”2, foi desde
tempos pré-históricos um centro de habitat vocacionado, até
os nossos dias, para a exploração de um dos seus principais
recursos naturais: a pesca. Com efeito, Setúbal aparecer-
nos-á na história como um centro piscatório e migratório de
primeira importância no contexto territorial de Portugal.
“Setúbal, rainha do Sado, berço da indústria de conservas de sardinha em
Portugal.”3
10
1. A data da realização deste Relatório, o Jornal Setubalense fechou portas
após 158 anos de vida jornalística na cidade de Setúbal (10.05.2103)
2. CRUZ, Maria Alfreda, “A cidade de Setúbal”, in “Documentos para o ensino”, in
Finisterra, Revista Portuguesa de Geografia, vol. III, número 6, Lisboa,
1968, p.301
3. PEREIRA, Hélio Paulino, “Aspetos da Indústria de Conservas de Peixe em Portugal”,
Edição Sociedade e Progresso Industrial, Conferência, Lisboa, 1967, p.
4.
É unanimemente azeite pela historiografia que foi na cidade
de Setúbal, nos finais do séc. XIX, em 1880, quando surge a
primeira unidade conserveira propriamente dita, é dizer,
aquela que emprega o método Chevallier-Appert que tinham
utilizado pela primeira vez na indústria, a autoclave, em
1852.
Como consequência da crise sardinheira francesa que se
prolongou de 1880 a 1888, os empresários franceses começam
a procurar novos polos onde instalar suas unidades fabris,
e será Armand Honé, em representação de F. Delory quem
adquira os terrenos a D. Maria Leonor de Jesus Barreto para
a dita instalação.
Neste ponto salientar que, a Dra. Maria da Conceição
Quintas, discrepa, e nos diz o seguinte: “Ao pesquisar no Fundo
Almeida Carvalho, existente no Arquivo Distrital de Setúbal, encontrámos
elementos preciosos para o desbloqueio do impasse criado na primeira metade
do século XX, quando se tentou localizar, no tempo e no espaço, a primeira
empresa que produziu conserva de sardinhas, utilizando o método Appert.
Almeida Carvalho informa-nos que, em 1854, Manuel José Neto, "homem de
negócio, trabalhador e empreendedor", associou-se com Feliciano António da
Rocha, também dedicado ao comércio, e ambos estabeleceram em Setúbal, e
11
numa casa na travessa do Postigo da Pedra, nos 3, 5, 5A e 5B, uma fábrica de
conservas de sardinha, contida em caixas de lata, sendo o género aplicado ao
consumo do país e à exportação para o estrangeiro - América do Sul e África do
Norte. A sociedade, porém, dissolveu-se em fim desse mesmo ano. Manuel José
Neto foi então estabelecer uma sua fábrica em uma casa na Rua da Praia,
próxima da ponte do Livramento, do lado do norte e quase junto ao esteiro, ou
ribeiro, da mesma denominação. Em 1858 foi impressa, na tipografia do
Curioso, a tabela de preços dos seus produtos.”1
Seja como for, e seguindo ao Prof. Hélio Paulino Pereira,
já “em 1897 havia em Setúbal 26 fábricas de conservas (50%) do país…em
1912, 42 num total de 106…Presentemente, (1967), Setúbal dispõe de 33
fábricas”2.
1. QUINTAS, Maria da Conceição, “A Indústria Conserveira”, atual s/d Consult. 24
abr. 2013. Disponível na Internet:< URL:
http://mcquintas.paginas.sapo.pt/indexb4.html>2. PEREIRA, Hélio Paulino, in “Aspetos da Indústria de Conservas de Peixe em Portugal”,
Edição Sociedade e Progresso Industrial, Conferência, Lisboa, 1967, p. 5.
Isto se traduz num paulatino descenso da febre que, nos
finais do séc. XIX e até o primeiro quartel do séc. XX,
inundou a cidade de Setúbal no seu afão de industrialização
do sector conserveiro, entre outras coisas, pelo lucro a
curto prazo que esta indústria comportava. Com efeito, “o
movimento de exportação correspondia sensivelmente a metade do total saído
por todos os portos…hoje (1967) pouco ultrapassa dos 10%”1.
12
A totalidade da historiografia na matéria apresenta como
motivo desta queda um dato fundamental, que não é outro que
a falta da sua matéria-prima principal: o peixe.
Sendo assim, convém perguntar-nos, qual era a mão-de-obra
operária nestas unidades fabris, de onde provinham, quais
as suas características societárias, porque abandonavam sua
terra, seu mundo? Sabemos que para o ano de 1890 “os não
naturais residentes nos diversos concelhos representam pouco mais de 10% da
população do continente. Em 1900, a mobilidade passa para 13,4% e atingiu
em 1940, 16,8%”2.O movimento migratório não foi uma novidade
da época industrial, está já suficientemente registada sua
existência desde a Idade Média, porém, no tema que
tratamos, constata-se que muitos “homens da beira-rio ou
“caramelos”3, assim como gente do Alentejo, deslocam-se no
séc. XIX para os arredores de Setúbal e Vale do Sado, para
os campos de arroz, como aponta A. Oliveira. Poderíamos
deduzir que fossem os descendentes destas correntes
migratórias os que ocupassem com sua mão-de-obra as
primeiras unidades fabris da incipiente indústria
conserveira, assentando no Concelho. Com efeito, Setúbal
aparece como uma das cidades onde a migração interdistrital
“se afirma com carácter de continuidade”4 junto com Lisboa e Porto,
é uma cidade atrativa. Já o Recenseamento Geral da
População, de 1890, nos alerta para esta situação: “Foi o
recenseamento de 1890 o primeiro que entre nós estudou a distribuição da
população segundo seu origem”5.
1. PEREIRA, Hélio Paulino, “Aspetos da Indústria de Conservas de Peixe em Portugal”,
Edição Sociedade e Progresso Industrial, Conferência, Lisboa, 1967, p. 5.
13
2. DE OLIVEIRA, António, “Migrações internas e de média distância em Portugal de 1500 a1900”. Repositório. UAC. P. 259-307. atual. s/d. Consult 25 abr. 2013.Disponível na Internet:<URL:https://repositorio.uac.pt/bitstream/10400.3/519/1/Ant%C3%B3nioOliveira_p259-307.pdf>, p.268.
3. Idem, ibidem, p.291.4. CRUZ, Maria Alfreda, “Dinâmica Demográfica em Portugal” in ULP. 282-294. Atual.
s/d 25.abr. 2013 Disponível na Internet <URL:www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/1971-12/12_09.pdf> p. 286.
5. PORTUGAL. Instituto Nacional de Estatística (INE). III Recenseamento Geral daPopulação, Lisboa, 1890, Consult. 26 Abr. 2013. Disponível na Internet<URL: www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=censos_historia_1890> p.80.
O Recenseamento de 1890, na sua página 80, diz
textualmente: “…a zona do litoral, vivendo principalmente nos regimens
industrial e comercial, contem as populações mais densas…É, pois que a
população que proporciona ás subsitencias os habitantes fixam-se de
preferencia n’esta região e ahi prosperam e se multiplicam mais facilmente que
em qualquer outra do paiz”1
No entanto, o Recenseamento nos informa que a migração
interna em 1890, têm pequena importância, como assim o
documenta o Quadro I.
Quadro I - POPULAÇÃO SEGUNDO SEU ORIGEM (do continente em01.12.1890)
POPULAÇÃO SEGUNDO A ORIGEM
Nº ABSOLUTO %Naturais do próprio concelho deresidência
4.147.399 89,0%
Naturais de outro concelho domesmo distrito
193.909 4,2%
De qualquer outra nacionalidade 279.385 6,2%
Estrangeiros 39.402 0,8%TOTAL 4.660.065 100,0%
Fonte: III Recenseamento Geral da População, INE, Lisboa, 1890Quadro I: O autor, segundo os dados do Recenseamento Geral da População de1890
14
Também, o Recenseamento de 1890 faz questão em informar-nos
do grado de instrução que tinha a população na altura,
sendo que dos 5.049.529 habitantes do reino, 1.048.802
sabiam ler, o que indica que o 20,8% da população tinha uma
instrução pelo menos elementar, sendo o analfabetismo o
79,2%. Isto traduzir-se-á numa massa de mão-de-obra que nos
seguintes anos abandonará seus lugares de origem para
deslocar-se aos centros urbanos onde o trabalho comporte um
grão mais de satisfação no tocante a mitigar as fatigas da
penúria, quer económica, quer alimentícia, sendo que em
“1912, a cidade de Setúbal, ronda os 30.346 habitantes, trabalhando na
indústria conserveira um 10%, a maioria, mulheres”2.
1. PORTUGAL. Instituto Nacional de Estatística (INE). III Recenseamento Geral daPopulação, Lisboa, 1890, Consult. 26 Abr. 2013. Disponível na Internet<URL: www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=censos_historia_1890>p.80.
2. FCSH.UNL, Centro de Estudos de Etnologia Portuguesa, “Memória e IdentidadesProfissionais. Reprodução de Sistemas Socio-Técnicos”, Praxis/PCSH/ANTP/P/0044/96,Lisboa, 1996, cap.IV.2, p. 38 Consult.. 26 Abr. 2013. Disponível naInternet<URL:www.fcsh.unl.pt/revistas/arquivos-da-memoria/ArtPDF/RelatorioFinalProjectosMemoriasProfissionais.pdf
No VI Recenseamento Geral da População de 1920, a população
de Setúbal apresenta uma evolução significativa, passando
dos 17.581 habitantes em 1890 para os 37.074 habitantes, o
que perfaz um aumento populacional de mais 19.493 almas,
apresentando-se como a primeira cidade em variação de
população com respeito ao ano de 1890 em um 110,8%, sendo
que a urbanização acentuou-se de maneira extraordinária,
como o próprio recenseamento ressalta “a deslocação da
população dá-se, em benefício, principalmente da população urbana”1.
15
O nível de instrução segue apresentando um elevado número
de analfabetismo, o 70,89% não sabem ler e escrever.
No VII Recenseamento Geral da População de 1930, o distrito
de Setúbal (criado em 1926), apresenta uma população de
233.668 habitantes, dos quais, 50.467 habitam no concelho,
o que apresenta uma diferença com respeito a 1920 de -4.692
habitantes, provavelmente devido a desanexação produzida
pelo “decreto 12.870 de 22 de dezembro de 1926”2. Os naturais do
próprio distrito em 1930 eram 188.690, sendo a cifra dos
não naturais do concelho de Setúbal de 9.306, e de outra
qualquer naturalidade 35. 083, segundo o dito
Recenseamento.
No ano de 1940, e segundo o VIII Recenseamento Geral da
População de 12 de dezembro, Setúbal conta com 13 Concelhos e 55
Freguesias, com 15,1% de prédios de inquilinos, representando
mais de 80% os prédios de 1 andar, e a maioria dos fogos
apresentavam 1 ou 2 divisões; 1,3% de instalações industriais,
sendo a percentagem de moradias de 63%, o que indica pouca
intensidade do urbanismo, como deixa dito o VIII Recenseamento
Geral da População de 19403. E será neste tipo de prédios que a
massa populacional que se desloca para a cidade se instalará
(Recenseamento 1940:474), sendo os lugares que constituíam o
aglomerado populacional com a maior densidade, as freguesias de
Bocage, Stª Mª da Graça, São Julião e Nossa Senhora da
Anunciada.
1. PORTUGAL, Instituto Nacional de Estatística, INE, VI Recenseamento Geral dePopulação, Lisboa, 1920, Consult. 26. Abr. 2013, Disponível na Internet,<URL: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=censos_historia_pt_1920 p. 27
16
2. PORTUGAL, Instituto Nacional de Estatística, INE, VII Recenseamento Geral dePopulação, Lisboa, 1930, Consult. 26. Abr. 2013. Disponível na Internet,<URL: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=censos_historia_pt_1930 p. 267.
3. PORTUGAL, Instituto Nacional de Estatística, INE, VI Recenseamento Geral dePopulação, Lisboa, 1940, Consult. 26. Abr. 2013, Disponível na Internet,<URL: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=censos_historia_pt_1940 p. 15.
Em 1940, o distrito de Setúbal, junto com o de Aveiro, eram
os únicos que tinham menos de 50% dos varões ativos
ocupados na agricultura, correspondendo à cidade de Setúbal
o 48,6% de operários conserveiros como principal profissão.
O seguinte quadro, nos mostra a população ativa de Portugal
no Continente para o ramo da Indústria alimentar, no seu
apartado de Conservas de peixe:
Quadro II – POPULAÇÃO ATIVA POR RAMOS DE ATIVIDADE, SEGUNDO
IDADE E SEXO:
Conserva de Peixe 1940
IDADES
TOTAIS 10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60… Ignor
VF V F VF V VF V VF V VF V VF V VF V VF V VF V
Patrõ
es252 240 12 .. .. 1 1 21 17 38 37 81 80 74 70 36 35 1 ..
Isola
dos56 46 10 .. .. 2 1 11 11 18 13 11 8 8 7 6 6 .. ..
Empre
g1.065 728 337 8 5 86 45 308 213 302 215 189 127 113 79 59 44 .. ..
Assal
ar.11.05
53.624
7.43
1136 57
1.41
1414
3.42
0
1.07
5
3.05
7
1.05
5
1.68
5564 915 282 397
17
034 7
Pesso
as
16 10 6 .. .. 4 10 7 2 1 .. .. .. .. .. .. .. ..
17
Famíl
iaIgnor
ad860 291 569 7 5 86 248 95 259 76 111 33 104 37 43 16 3 3
Fonte: VIII Recenseamento Geral da População de 12 de dezembro de1940, INE, Lisboa 1940Convenções: V=Varões / F=Fêmeas / ..=Valor nuloQuadro II: O autor, seguindo os dados do Recenseamento Geral daPopulação de 1940.
Do Quadro II, desprende-se que na indústria alimentar, no
ramo da conserva de peixe, para o território de Portugal
continental, um significativo número da população
portuguesa desempenhava nela suas funções, quer como
patrões, quer como assalariados ou empregados, ou afins,
perfazendo um total de 13.303 indivíduos, incluindo
mulheres, crianças e idosos. Percentualmente fala-mos nos
seguintes termos: 1,89% seriam patrões da indústria
conserveira, o 0,41% corresponderia aso isolados (os que não
tinham habitualmente pessoas a trabalhar pela sua conta, ou
não tivessem mais de 4 pessoas a trabalhar por sua conta),
8,01% seriam empregados da indústria conserveira (os que
recebiam sua remuneração ao mês), o 83,10% eram assalariados
(recebiam a sua remuneração à semana ou ao dia), um 0,12%
era pessoa de família, é dizer, os que não recebiam qualquer
remuneração, e o 6,46% ignorado.
Já para o Recenseamento Geral da População de 1950, o
Distrito de Setúbal conta com uma população total de
324.186 indivíduos, sendo que no Concelho residem 54.772
18
almas, sendo 26.948 homens e 27.824 mulheres, o que perfaz
um incremento populacional em 20 anos de 72,08%.
Esta população urbana que foi incrementando-se ao longo dos
decénios de 30,40 e 50, foi fruto do que podemos denominar
a primeira vaga industrial de Setúbal, “que se centrou na
indústria conserveira, de pequena dimensão, inserida no tecido urbano,
dispersa em várias unidades concorrentes e obedecendo a uma lógica de lucro
a curto prazo.”1
Como efeito, no período compreendido entre 1880-
1950,Setúbal apresenta-se-nos, como uma cidade
predominantemente marcada pela indústria conserveira. Como
já dissemos nas páginas supra apontadas, esta indústria que
arranca em 1880 graças ao capital francês, teve seu êxito
mais imediato na “sua excelente abundância de sardinha e á existência de
uma abundante mão-de-obra feminina, á existência de um porto e de uma
frota piscatória relativamente importante e á sua proximidade com a
capital.”2.
Observa-se um crescimento populacional, fruto do mesmo
crescimento industrial da indústria conserveira,
desmesurado, e em palavras do próprio Dr. Carlos Vieira de
Faria, “até os anos 20 do séc. XX, que utiliza processos de produção muito
rudimentares e artesanais, em unidades industriais de reduzida dimensão,
ocupando grandes contingentes de mão-de-obra em deficientes condições de
trabalho”3. Em 1916, Setúbal contava com 55 fábricas de
conserva de peixe, o que indica uma carreira louca para
este tipo de indústria, que traduziu-se num “atrofiamento e
subalternização das restantes atividades, seguida da transferência do
19
operariado para a indústria da conserva”4. Com efeito, a produção do
sal foi uma das atividades mais penalizadas e que levou por
outro lado, a um incremento do azeite, utilizado na
conservação do peixe, no entanto, teve efeitos positivos
noutras indústrias subsidiárias: latoaria, caixotaria,
litografia, etc.
1. VIEIRA DE FARIA, Carlos, “Historia Urbana de Setúbal”, in “Setúbal na História”,
Edições Lasa, Setúbal, 1990, cap. IV “Aglomeração Urbana”, p.70
2. Idem, Ibidem, cap. III “Setúbal Cidade Industrial”, p. 59.
3. Idem, Ibidem, cap. III “Setúbal Cidade Industrial”, p. 60.
4. Idem, Ibidem, cap. III “Setúbal Cidade Industrial”, p. 60.
Como é lógico, este frenesi industrial que gerava emprego,
fez que dispara-se a demografia sadina a raiz da emigração
interna, de 16.986 habitantes de 1890, para os 37.002
habitantes de 1920, alcançando em 1930 os 46.342
habitantes, cifra apontada pelo Dr. Carlos Vieira de Faria,
que contrasta com os 44.389 habitantes que contempla o
Recenseamento de 1930, neste trabalho já mencionado. Seja
como for, o dato clave é que a população triplicou. Mas o
problema que começa a vislumbrar-se é o da falta de
perspetiva industrial. Com efeito, a crise dos anos 20
apanhará um sector cujo horizonte era o lucro a curto
prazo, de “acentuado cunho familiar e local dos capitais investidos”1, o
que assinala o previsível desenlace ao ficar o sector
obsoleto, é dizer, sem modernização e mecanização da
produção. A indústria conserveira setubalense precisava de
20
uma reconversão, que muito poucos empresários empreenderão,
“recorrendo para tal a associação de capitais”2.
Em 1948, o número de fábricas redouce-se a 42, destas, 21
já não estavam nas mãos dos setubalenses. O declínio era
manifesto. “A classe empresarial de reduzido poder financeiro, pouco
dinâmica e avessa ao risco, tendo mesmo impedido a implantação de outras
indústrias para poder continuar a dispor de mão-de-obra barata”3, ficou
dependente de um monolitismo insustentável, <<dependente do
mar e laborando ao ritmo deste>>. Isto trousse, como
consequência, que após os anos de bonança económica e
social, segue-se um período entre os anos 30 e 60 de forte
contração demográfica e recessão económica, que ditarão a
morte do sector das conservas do peixe em Setúbal e a
agudização do desemprego, por não existir outro sector de
atividade “capaz de absorver a mão-de-obra excedentária…Setúbal, de
área de atração, passou a ser área de repulsão demográfica. Em 1940, a
população da cidade era apenas de 45.345 habitantes”4.
Os anos 50 não serão muito melhores, a população do
Concelho é de 54.772, segundo o Recenseamento Geral de
1950, sendo os habitantes da cidade 50.455, para passar a
ter em 1960 quase o mesmo número, 50.966.
1. VIEIRA DE FARIA, Carlos, “Historia Urbana de Setúbal”, in “Setúbal na História”,
Edições Lasa, Setúbal, 1990, cap. IV “Aglomeração Urbana”, p.60.
2. Idem, Ibidem”, p.60.
3. Idem, Ibidem, p. 61.
4. Idem, Ibidem, p. 61.
21
No ano de 1960, as fábricas de conserva de peixe em Setúbal
são 37, segundo a Câmara Municipal de Setúbal in “A Indústria
Conserveira em Setúbal”, (Edição Museus Municipais, Setúbal,
1996, p. 62), e em 1967 o número será “de 33 fábricas…e pouco
ultrapassam os 10% do volumem vendido para as nossas Províncias
Ultramarinas ou destinados aos mercados estrangeiros”1.
Todo o exposto até aqui, foi fruto da abundante
documentação existente no concernente a indústria da
conserva do peixe relativa a cidade de Setúbal até os anos
50 do s. XX, porém, a década de sessenta e setenta
apresentam uma inexplicável falta de documentação, ou a
existente não se traduze em aporte significativo para o
nosso relatório, não entanto, sim podemos fazer uma
retrospetiva da produção e exportação, quer para as décadas
mencionadas, quer para as precedentes, para o qual apoiamo-
nos na documentação apresentada pelo Prof. Guilherme de
Faria na sua palestra proferida na Câmara Municipal de
Setúbal em 30 de novembro de 1948 “Setúbal e a Indústria de
Conservas”, publicada em Setúbal em 1950, e nas estatísticas
de produção e exportação do Instituto Português de
Conservas de Peixe (Secretaria de Estado do Comércio,
Ministério da Economia), as quais acreditamos serem
relevantes para o nosso estudo, dado apresentarem
graficamente o declínio da referida indústria em Setúbal.
Fazendo retrospetiva, o Prof. Guilherme de Faria nos
informa que “em 1912 uma fábrica na França não ultrapassa na produção
de um ano as 9000 caixas de 100 latas, em Setúbal muitas fábricas
ultrapassam as 30000, 40000 e 50000”2. Em 1916, como já temos22
apontado, existiam em Setúbal 55 fábricas, em 1920 o número
é de 130 unidades fabris, e em 1934, 68 unidades fabris, o
que indica já para a década dos anos 30, o declínio da
indústria fruto da crise dos anos 20, como já tínhamos
dito. “A produção do País nessa altura era de 5.886.257 caixas, e a
capacidade teórica de produção de Setúbal é de 2.032.765 caixas”3, ou
seja, 34,53%. Na altura da palestra do Prof. Guilherme de
Faria, 1948, Setúbal conta com 42 unidades fabris, as
mesmas com as que contava no ano de 1912! “E sua capacidade de
produção era de 1.416.516 caixas, sendo a capacidade total dos centros
conserveiros de 5.918.661”4, é dizer, 23,68%
1. PEREIRA, Hélio Paulino, “Aspetos da Indústria de Conservas de Peixe em Portugal”,
Edição, Sociedad Progresso Industrial, Lisboa, 1967, p. 5.
2. DE FARIA, Guilherme, in “Setúbal e a Indústria de Conservas”, Edição.
Câmara Municipal de Setúbal, Setúbal, 1950, p.22
3. Idem, Ibidem, p.23.
4. Idem, Ibidem, p.23.
Observa-se um decréscimo da produção, que já se prenuncia,
devido entre outras causas, “a falta de peixe e a dificuldade em
colocar o produto no estrangeiro a preços remuneradores”1. A II Guerra
Mundial aliviou esta situação dada a procura do produto
como alimento para as tropas, o que significou a saída dos
stocks existentes. “Findas as hostilidades o sector volta a cair devido as
restrições levantadas pelos seus principais mercados à importação de
conservas portuguesas e a escassez de sardinha que se verificou no biénio
1948-1949” (Faria, Ana Rita 2011:141). Com efeito, para o
período compreendido entre 1946/1948, a exportação de
conservas no País é de 38.000 toneladas, das quais, 9.000
correspondem a Setúbal, o que perfaz uma percentagem de
23
23,8%, frente as 84.800 toneladas do período 1936/1945,
cabendo a Setúbal um total de 19.600 toneladas, o que nos
indica que se bem a exportação de conservas vem a contrair-
se, após o conflito mundial, esta mesma contração não será
significativa para Setúbal (Faria, Guilherme de, 1950:24).
O Prof. Carlos Albertos Medeiros, também incide na mesma
questão, dado que até a década de 60 se verifica uma
expansão crescente da pesca e a partir destes anos, segue-
se um declínio que a dia de hoje, ainda persiste. “…no
período que se situa entre as duas grandes guerras mundiais, um pouco por
toda a parte, consideravam-se as possibilidades dos mares, em matéria de
pesca, como um manancial quase inesgotável”2. É dizer, que a sobre-
exploração dos mares em geral, e em particular da nossa
costa, será um dos fatores fundamentais na quebra da
indústria conserveira, e especialmente da setubalense, como
também apontam os professores Alberico Afonso Alho e Mª
Conceição Quintas.
Com efeito, o apontado mais acima, pode-se ver claramente
nas estatísticas que nos oferece o Instituto Português de
Conservas de Peixe para as décadas de 60 e 70.
1. FARIA, Ana Rita - A Organização contabilística no sector conserveiro
entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX: O caso
Júdice Fialho”, Pecvnia, em linha, Nº 13, (julho-dezembro, 2011),
actual. s/d. consult. 05.maio.2013. Disponível na internet: <URL:
http://pecvnia.unileon.es/pecvnia13/13_135_160.pdf. p.140
24
2. MEDEIROS, Carlos Alberto – Geografia de Portugal, Lisboa, Editorial
Estampa, 5ª ed., 2000, p. 205.
Quadro III – PRODUÇÃO DE CONSERVAS DE PEIXE EM AZEITE OU
MOLHOS, EM QUILOS, NA DÉCADA DE 60, EM SETÚBAL (totais).
1960 1961 1962 1963 196
4
1965 1966 1967 1968 1969
8.280.6
69
9.033.3
99
9.411.2
73
8.019.7
40
? 12.686.8
73
8.626.0
63
9.366.7
65
7.099.5
15
6.080.4
09Fonte: Ministério da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas,Instituto Português de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986. Quadro III: O autor seguindo os dados do Instituto Português de conservas dePeixe.
O que perfaz uma média de 8.733.856 quilos de conserva de
peixe/ano em molhos ou azeite, é dizer, 8.000 toneladas, em
números redondos, em média. No Gráfico I observamos o
percurso da produção nesta década:
Gráfico I – Produção de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, nos anos 1960-1969 em Setúbal.
1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 19690
2000000
4000000
6000000
8000000
10000000
12000000
14000000
Prd.1969Prd.1968Prd.1967Prd.1966Prd.1965Prd.1964Prd.1963Prd.1962Prd.1961Prd.1960
25
Gráfico I: O autor, segundo os dados estatísticos publicados pelo Ministérioda Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas, Instituto Portuguêsde Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986.
Quadro IV – PRODUÇÃO DE CONSERVAS DE PEIXE EM AZEITE OU
MOLHOS, EM QUILOS, NA DÉCADA DE 70, EM SETÚBAL (totais).
1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979
7.845.7
50
7.183.8
92
5.734.9
84
5.804.3
48
4.542.1
54
4.068.4
51
3.420.4
03
5.239.2
10
? 4.553.3
09Fonte: Ministério da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas,Instituto Português de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986.Quadro IV: O autor seguindo os dados do Instituto Português de conservas dePeixe
O que perfaz uma média de 5.376.945 quilos de conserva de
peixe/ano em molhos ou azeite, é dizer, 5.500 toneladas, em
números redondos, em média. No Gráfico II podemos observar
com maior clareza a situação da produção para esta década:
Gráfico II - Produção de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, nos anos 1970-1979 em Setúbal.
26
1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 19790
1000000
2000000
3000000
4000000
5000000
6000000
7000000
8000000
9000000
Prod.1979Prod.1978Prod.1977Prod.1976Prod.1975Prod.1974Prod.1973Prod.1972Prod.1971Prod.1970
Gráfico II: O autor, segundo os dados estatísticos publicados pelo Ministério
da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas, Instituto Português
de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986
Numa década, a produção de conservas em azeite ou molhos em
Setúbal caiu na ordem de 3.000 toneladas. Isto nos indica
que entre as duas décadas há uma merma de produção de
conservas de peixe em molhos ou azeite de 68,81%! Os
quadros III e IV, mostram-nos que o declínio é evidente.
Nos anos 60, e mais na década de 70, Setúbal assistirá a
queda progressiva da sua indústria conserveira, que findará
sem remedio possível, nos anos 90 do século XX.
O mesmo fenómeno acontece no âmbito das exportações, como
podemos observar nos quadros V e VI.
Quadro V. EXPORTAÇÃO DE CONSRVAS DE PEIXE EM AZEITE OU
MOLHOS, EM QUILOS, NA DÉCADA DE 60, EM SETÚBAL (totais).
27
1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969
6.959.63
5
7.982.11
6
8.480.82
3
7.592.63
8
6.862.39
0
8.417.51
4
8.370.91
5
7.085.72
3
6.173.08
3
3.418.
991
Fonte: Ministério da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas,Instituto Português de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986.Quadro V: O autor seguindo os dados do Instituto Português de conservas dePeixe.
O que perfaz uma média de 7.134.383 quilos de conservas de
peixe exportados, é dizer, 7.000 toneladas, que indicam que
Setúbal já estava longe dos anteriores indicadores de
exportação, o declínio é acentuado, agravando-se a situação
para a seguinte década. No gráfico III, observamos a
situação
Gráfico III – Exportações de Conservas de Peixe em azeite
ou molhos, em quilos para o período de 1960-1969 em
Setúbal.
19601961196219631964196519661967196819690
100000020000003000000400000050000006000000700000080000009000000
Export.69Export.68Export.67Export.66Export.65Export.64Export.63Export.62Export.61Export.60
Gráfico III: O autor, segundo os dados estatísticos publicados pelo Ministério
da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas, Instituto Português
de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986
28
Quadro VI. EXPORTAÇÃO DE CONSERVAS EM AZEITE OU MOLHOS, EM
QUILOS, NA DÉCADA DE 70 EM SETÚBAL (totais).
1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979
4.627.91
6
3.813.84
9
3.815.90
1
3.736.17
7
? 1.527.71
4
2.551.14
8
2.547.83
2
2.194.80
0
1.958.00
4
Fonte: Ministério da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas,Instituto Português de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986.Quadro VI: O autor seguindo os dados do Instituto Português de conservas dePeixe.
Com efeito, para a década de 70, a exportação de conservas
em azeite ou molhos em Setúbal perfaz uma média de
2.974.186 quilos, ou, 2.900 toneladas em números redondos,
longe, muito longe das 15.000 toneladas que se afixaram
como média anual alcançadas no período compreendido entre
os anos 1921-1935, e máximo normal, considerado para a
exportação em Setúbal, como sublinha o Prof. Guilherme de
Faria na sua obra “Setúbal e a Indústria de Conservas”, (Faria,
1950:26). O gráfico IV mostra a tendência irreversível do
setor conserveiro setubalense:
Gráfico IV – Exportações de Conservas de Peixe em azeite ou
molhos, em quilos, na década de 70 em Setúbal (totais)
29
1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 19790
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
3500000
4000000
4500000
5000000
Export.79Export.78Export.77Export.76Export.75Export.74Export.73Export.72Export.71Export.70
Gráfico IV: O autor, segundo os dados estatísticos publicados pelo Ministério
da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas, Instituto Português
de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986
Neste ponto, perguntamo-nos, qual foi, de toda esta
produção de conservas de peixe que chegou às províncias do
ultramar português, o foi da indústria conserveira
setubalense? Não temos uma resposta concreta, mais sim
geral, para o qual, voltamos a fazer uso das estatísticas
do Instituto Português de Conservas de Peixe, que nos
informa das exportações, em totais de quilos, para o
Ultramar Português:
Quadro VII – EXPORTAÇÕES DE CONSERVAS DE PEIXE EM AZEITE OU
MOLHOS, NA DÉCADA DE 60 PARA O ULTRAMAR PORTUGUÊS (TOTAIS
NACIONAIS)
30
PAIS 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969
Angola
Cabinda
397.4
81
437.3
14
542.07
2
840.5
93
990.19
1
1.022.
640
671.97
5
958.59
2
1.325.
858
1.053.
326
Cabo
Verde
7.677 3.649 2.514 5.616 6.666 19.558 6.573 14.934 7.905 14.139
Guiné
Portugues
a
52.60
6
68745 57.020 68.44
2
105.02
7
147.06
0
108.16
5
139.44
9
108.73
4
175.90
4
Macau 10.70
1
19.42
0
13.597 22.20
2
20.666 15.984 15.316 18.898 23.843 22.371
Moçambiqu
e
796.4
49
861.6
46
1.062.
582
825.4
97
1.307.
821
1.460.
264
1.331.
075
1.777.
198
1.837.
689
1.622.
726
S. Tomé e
Princ.
23.10
4
25.91
5
19.950 26.74
2
39.037 28.738 22.429 22.039 29.092 38.333
Timôr 23.27
8
7.749 18.844 22.50
9
82.413 36.970 58.162 20.135 58.628 35.793
India
Portugues
a
86.07
5
104.1
50
* * * * * * * *
Fonte: Ministério da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas,Instituto Português de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986.Quadro VII: O autor seguindo os dados do Instituto Português de conservas dePeixe.
*Deixa de haver exportação como consequência da anexão pela India dosterritórios conhecidos como India Portuguesa.
O Quadro VII indica-nos que, no momento em que despoleta a
Guerra do Ultramar português, uma significativa parte da
exportação nacional de conservas de peixe destina-se aos
países onde estala o conflito do todavia, “Império Português”.
Com efeito, no gráfico seguinte podemos ver com maior
claridade quais dos ditos países são objeto de uma maior
exportação deste produto, o que nos faz acreditar que iria
para conformar as rações de combate dos soldados
portugueses.31
Gráfico V – Exportações de Conservas de Peixe, em azeite ou
molhos, para o Ultramar Português na década de 60 (totais
nacionais).
0200000400000600000800000
100000012000001400000160000018000002000000
1960196119621963196419651966196719681969
Gráfico V: O autor, segundo os dados estatísticos publicados pelo Ministério
da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas, Instituto Português
de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986.
Na década de 60, Portugal teve uma produção total de
conservas de peixe, em azeite ou molhos, de 634.249.144
quilos, em números redondos, 634 mil toneladas, e umas
exportações para o Ultramar Português de 23.256.455 quilos,
ou 23 mil toneladas, números redondos, ou seja, um 3,67% da
produção de conservas de peixe em azeite ou molhos
destinou-se as colónias. No que respeita à indústria
conserveira setubalense, podemos estabelecer que exportou
na década de 60 a quantidade de 71.343.828 quilos de
32
conservas de peixe em azeite ou molho, mas não conseguimos
saber quanto de esta exportação foi para o Ultramar
Português.
Vejamos como foi na década de 70 à produção e às
exportações de conservas de peixe, em azeite ou molhos.
Para a produção temos umas cifras fornecidas pelo Instituto
Português de Conservas de Peixe de 398.726.846 quilos, é
dizer 399 mil toneladas. No Quadro VIII observamos às
exportações, nesta década, para o Ultramar Português.
PAÍS 1970 1971 1972 1973 1974* 1975 1976 1977 1978 1979
Angola
Cabinda
1.074.5
12
1.354.9
43366.046
401.71
9
239.12
9
242.93
0
2.018.
632
299.5
891520
878.1
00
Cabo Verde21.587 20.552 49.010 43.100 85.562
134.45
020.513 475
Guiné196.400 207.737 193.496
293.92
2
112.02
1*43.909
164.40
8
20.52
0
45.14
4
113.5
01
Macau53.155 81.161 82.384
143.54
154.535 60.135 73.768
75.08
2
59.85
0
60.99
0
Moçambique 1.460.9
58
1.412.5
62
1.280.5
03
1.410.
277
764.55
1
1.619.
630
1.210.
356
113.7
10
605.8
16
222.9
85
S. Tomé40.624 18.046 19.083 36.430 41.834
113.14
5
85.49
8
52.89
5
Timor 80.075 27.681 62.490 82.273 33.478 23.750
33
Quadro VIII - EXPORTAÇÕES DE CONSERVAS DE PEIXE EM AZEITE
OU MOLHOS, NA DÉCADA DE 70 PARA O ULTRAMAR PORTUGUÊS
(TOTAIS NACIONAIS).
Fonte: Ministério da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas,
Instituto Português de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986.
Quadro VIII: O autor seguindo os dados do Instituto Português de conservas de
Peixe.
*Neste ano, a Guiné aparece já como Guiné-Bissau.
Com efeito, verifica-se que naquelas zonas onde o conflito
requereu de mais quantidade de militares, a exportação
deste produto foi maior. Também observamos que, com o fim
das hostilidades, a exportação para estes países cai, e
para finais da década, a exportação para as antíguas
colónias é cada vez mais insignificante (exceção: Angola e
Moçambique), prova de que outros mercados estão a entrar na
concorrência do produto, sobre todo Marrocos. Graficamente
a situação é como podemos observar na seguinte página.
Gráfico VI – Exportações de Conservas de Peixe, em azeite
ou molhos, para o Ultramar Português na década de 70
34
(totais nacionais).
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
1970197119721973197419751976197719781979
Gráfico VI: O autor, segundo os dados estatísticos publicados pelo Ministério
da Agricultura e Pesca, Secretaria de Estado das Pescas, Instituto Português
de Conservas de Peixe. Estatísticas de 1956-1986.
Já temos falado em páginas precedentes do número de
fábricas que, como um bosque de cogumelos, inundava a
cidade. Para o período em causa, seu desaparecimento e
progressivo, ininterrompido e total: em 1950, 42 são as
unidades fabris; em 1960, temos 37 fábricas no ativo; em
1967, só quedam operativas 32 fábricas de conservas de
peixe. Outras indústrias emergiam na região, a massa
proletária trasladava-se para os novos “Eldorado” que
surgiam, como às indústrias químicas, automóvel, aço,
papel…
Temos escrito em páginas precedentes sobre a população
operária que desenvolveu seu trabalho nesta indústria,
queremos neste ponto salientar um elemento clave da mesma,
e que não é outro que a mulher, sem cujo contributo, esta
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indústria não se perceberia, nem teria tido o sucesso que
teve. Com efeito, em 1911 às fábricas de Setúbal empregavam
“4.000 trabalhadores, dos quais, 2.500 eram mulheres”1.
1. QUINTAS, Maria da Conceição, A Indústria Conserveira. atual s/d Consult. 30
mai. 2013. Disponível na Internet:< URL:
http://mcquintas.paginas.sapo.pt/indexb4.html>
Em 1912, o número de operárias nas fábricas setubalenses
desce para 1.708, com a I Grande Guerra a avalanche para a
indústria conserveira é notável, como já se há dito, este
êxodo transforma a cidade de Setúbal, vem gente de toda a
parte e das mais variadas profissões, e não entanto, uma
vez findadas às hostilidades, o decréscimo desta mão
operária será bem patente, a medida que vão fechando
unidades fabris. Com efeito, para o ano de 1948, na
indústria conserveira setubalense, operam 1.053 mulheres
36
como pessoal permanente, sendo seu número no tocante ao
pessoal eventual de 3.029, segundo nos informa o Dr.
Guilherme de Faria in Setúbal e a Indústria de Conservas, Setúbal:
Câmara Municipal de Setúbal, 1950, na sua página 30. Para
os anos seguintes a tendência é para irem desaparecendo do
espectro laboral, igual que a própria indústria
conserveira. Não temos dados tangíveis que podamos inserir
no presente trabalho, pelo que ao contemplar a decadência
da indústria, a lógica nos indica que as trabalhadoras das
conservas de peixe, também desapareceram da paisagem
setubalense.
Foto 2: Autor s.d. Disponível na Internet <URL:
http://setubalcirioarrabida.blogspot.pt/2010/10/um-pouco-
de-historia.html
37
Hoje, um pouco por todo o lado, aparecem na cidade os
vestígios do que outrora foi a maior e mais importante
indústria conserveira de peixe de Portugal, testemunhas
mudas e acusadoras da irracionalidade empresarial que fez
da ganancia, do lucro rápido, seu principal objetivo, e não
teve em conta a sustentabilidade do próprio negócio e do
que era
mais
importante,
a matéria-
prima do
qual estava
composto: o
peixe.
Fiquem cá,
como
amostras
acusadoras
e homenagem
do que foi
e como
terminou a
indústria
conserveira
setubalense, estas imagens que falam por si só.
38
Foto 3: “Vestígios indústria conserveira setubalense”. Autor: Enrique De Ahumada, Setúbal,
maio 2013.
39
Foto 4: “Vestígios indústria conserveira setubalense”. Autor: Enrique De Ahumada, Setúbal,maio 2013.
40
Foto 5: “Vestígios indústria conserveira setubalense”. Autor: Enrique De Ahumada, Setúbal,maio 2013.
Foto 6: “Vestígios indústria conserveira setubalense”. Autor: Enrique De Ahumada, Setúbal,maio 2013.
CONCLUSÃO
Quando, pelo mês de março de 2013, propusemos nosso
trabalho de Relatório em torno da Indústria Conserveira
Setubalense e seu impacto na Guerra de Ultramar, longe
estávamos de suspeitar que íamos deparar com uma “empresa”
complicada, tanto na forma, como no fundo. Com efeito,
lançamo-nos à “empresa”, com o balão cheio de ar, enchidos
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de forte espírito e confiança, posto era de supor que
iríamos encontrar fontes documentais por toda a parte.
Pronto chocamos de fronte com a crua realidade, sempre
clara, diáfana, e que não admitia controvérsia: para o
nosso estudo em causa, pouco ou nada existia, e de existir,
o trabalho não seria para realizar em questão de mês e
médio, mais sim, para uma tese de doutoramento, como
apontou-me o Dr. e Prof. Alberico Afonso Alho, a quando da
nossa reunião ao respeito. Assim mesmo expressou-se a Dr. e
Prof. Maria da Conceição Quintas; a “empresa” pela qual
enveredei, era tarefa árdua e complicada pela nula
existência de documentação ao respeito. Em vista do qual
resolvemos adaptar-nos às circunstâncias, tomando como
referente o processo de industrialização das conservas de
peixe na cidade de Setúbal, desde seu arranque, até seu
declínio e desaparecimento na década de 70 do século XX.
Conseguimos, através deste percurso, perceber o alvorar da
indústria, seu apogeu, sua estabilização, e finalmente, o
porquê da sua extinção. Se me perguntassem se atingimos o nossoobjetivo, a resposta seria negativa, dado que não damos
resposta, ao num primeiro momento estabelecido. Não em tanto,
podemos afirmar que conseguimos atingir os resultados
pretendidos, quem leia o relatório, rapidamente aperceber-se-á
do porquê esta indústria, com o decorrer do tempo, deixa de ter
relevância, caindo num absoluto ostracismo, que se traduz numa
falta absoluta de informação, desde nossa perspetiva,
documental, isto dá uma sensação de trabalho inacabado, sendo
que, ele, pode ser descoberto entrelinhas. Julgue-o o leitor.
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“Não pode naturalmente exigir-se que se interesse por estes aspectos da existência de
Setúbal quem aqui não faça normalmente sua vida”1
DE FARIA, Guilherme “Setúbal e a Indústria de Conservas”, Setúbal: Câmara
Municipal de Setúbal, 1950, p. 45.
AGRADECIMENTOS
Por último, agradecer aos Drs. Alberico Afonso Alho e Maria
da Conceição Quintas pela sua disponibilidade e ajuda no
esclarecimento da matéria em causa, á Dr. Maria Heleno,
diretora do Departamento de Documentação do Museu do
Trabalho de Setúbal, pela sua impagável disponibilidade e
pela atenção que deu-me em todo momento, e por último, a
minha família, pela sua “santa paciência”.
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BIBLIOGRAFIA:
1. CRUZ, Maria Alfreda - A cidade de Setúbal, in “Documentos
para o ensino”, in “Finisterra, Revista Portuguesa de Geografia”.
Lisboa, 1968.
2. DE FARIA, Guilherme - Setúbal e a Indústria de Conservas,
Setúbal: Câmara Municipal de Setúbal,1950.
3. DE OLIVEIRA, António - Migrações internas e de média distância em Portugal de 1500 a 1900. Disponível na internet <URL: www.https://repositorio.uac.pt/bitstream/10400.3/519/1/Ant%C3%B3nioOliveira_p259-307.pdf>
4. FARIA, Ana Rita - A Organização contabilística no sector
conserveiro entre final do século XIX e a primeira metade do século XX: O
caso Júdice Fialho”, Pecvnia
5. INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA DE PORTUGAL. Censos
em Portugal de 1864 a 2001, Disponível na Internet
<URL:www.ine.pt /xportal/xmain?
xpid=INE&xpgid=censos_historia_pt.>
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de Estado de Comércio, Ministério da Economia.
Estatísticas de 1956-1986
7. MEDEIROS, Carlos Alberto - Geografia de Portugal, 5ª ed,
Lisboa, Editorial Estampa, 2000, p. 205.
8. NERUDA, Pablo - A Lâmpada Marinha, in “Litoral, Revista de la
Poesía y el Pensamiento”, Málaga, 1975.
9. PEREIRA, Hélio Paulino - Aspetos da Indústria de Conservas de
Peixe em Portugal. Conferência, Lisboa, 1967.
10. QUINTAS, Maria da Conceição - A Indústria Conserveira.
Disponível na Internet< URL:
http://mcquintas.paginas.sapo.pt/indexb4.html>
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11. VIEIRA DE FARIA, Calos - História Urbana de Setúbal, in
“Setúbal na História”, Edições Lasa, Setúbal, 1990.
12. FCSH.UNL, Centro de Estudos de Etnologia
Portuguesa, “Memória e Identidades Profissionais. Reprodução de
Sistemas Socio-Técnicos”, Praxis/PCSH/ANTP/P/0044/96,
Lisboa, 1996. Disponível na Internet <URL:http://www.fcsh.unl.pt/revistas/arquivos-da-memoria/ArtPDF
/RelatorioFinalProjectoMemoriasProfissionais.pdf
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