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N.o 501 - 18 DE MAIO DE 1980 - 15$00 N.o 501 - 18 DE MAIO DE 1980 - 15$00 MAPUTO - REPúBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE A COM' IçAo NAS ALDEIAS COMUNAIS * knipo. 0 offset o tipografia o todo o género de impressos jornais livros revistas GRÁFICA O PAIS Oo/ Maputo: Os problemas desta cidade 6 Eiãta a DETA: - Criada «Linhas Aéreas de Moçambique» 12 Altifalantes: Comunicação nas aldeias comunais ............ 17 Seminário Nacional de Matemática: Um passo em frente numa grande tarefa .................................. 23 A interdependência das disciplinas .. ................. 27 Objectivos do sistema de contrôle dos recursos laborais 0... .. 0 Marco/80: Guardar o quê? ......................... 35 INTERNACIONAL Timor-Leste: Ofensiva diplomática na FRETILIN ............ 37 Campanha para libertação de Nelson Mandela ............ .40 Operação Fiasco: - Estados unidos falham aventura militar no Irão...... ... . .............. ............ Noticiário africano ................... ... 47 Internacional/Imagens ........................ ...... 48 Cartas dos leitores ................................50 Alguns aspectos do nosso futebol - Entrevista com um técnico soviético da modalidade que esteve em Moçambique .... ... 54 Divulgação ecológica: Lagartos da cidade ............. 56 Recepção aos artistas portugueses ...................... 60 Poesia: Disciplina, camarada namorado. - Panorama ...... 61 Conto: Momento ................... .............. 62

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N.o 501 - 18 DE MAIO DE 1980 - 15$00

N.o 501 - 18 DE MAIO DE 1980 - 15$00MAPUTO - REPúBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUEpáACOM'IçAoNAS ALDEIAS COMUNAIS

* knipo.0 offseto tipografiao todo o génerode impressosjornaislivrosrevistasGRÁFICA

O PAIS Oo/Maputo: Os problemas desta cidade 6Eiãta a DETA: - Criada «Linhas Aéreas de Moçambique» 12Altifalantes: Comunicação nas aldeias comunais ............ 17Seminário Nacional de Matemática: Um passo em frente numagrande tarefa .................................. 23A interdependência das disciplinas .. ................. 27Objectivos do sistema de contrôle dos recursos laborais 0... .. 0 Marco/80:Guardar o quê? ......................... 35INTERNACIONALTimor-Leste: Ofensiva diplomática na FRETILIN ............ 37Campanha para libertação de Nelson Mandela ............ .40Operação Fiasco: - Estados unidos falham aventura militar no Irão...... ... ............... ............Noticiário africano ................... ... 47Internacional/Imagens ........................ ...... 48Cartas dos leitores ................................50Alguns aspectos do nosso futebol - Entrevista com um técnicosoviético da modalidade que esteve em Moçambique .... ... 54 Divulgaçãoecológica: Lagartos da cidade ............. 56Recepção aos artistas portugueses ...................... 60Poesia: Disciplina, camarada namorado. - Panorama ...... 61 Conto: Momento................... .............. 62

Palavras cruzadas ... .. . ... .. . .. . .. ....... .. .. ... 64CAPA: m .Arranjo gráfico»,bNPP

semana nacionalNo Minfo e no Ministério da Segurança Processo eleitoralCRIADOS GABINETESDE CONTRÔLE E DISCIPLINAEm reunião com os trabalhadores do Ministério da Informação José Luís Cabaço,titular daquela pasta, anunciou no dia 10 de Mairo a criação do Gabinete deContrôle e Disciplina para aquele Ministério e instituições a ele ligadas. EsteGabinete irá funcionar junto às antigas instalações da livraria da ImprensaNacional na baixa de Maputo (em frente ao Café Djambu).Por outro lado no Ministério da Segurança já está em funcionamento o respectivoGabinete de Contrôle dependente de Jacinto Ve!oso, membro do Comité PolíticoPermanente e titular da pasta de Segurança.A criação daqueles gabinetes vem em sequência das orientações do Presidente Samora Machel no âmbito da Ofensiva Política e Organiza:cional. Segundo essasorientações.torna-se urgente e prioritário purificar as fileiras do Aparelho deEstado. Explicando o funcionamento do Gabinete José Luís Cabaço disse que asua tarefa é fazer o levantamento profundo de cada trabalhador fazendo o balançodas suas qualidades sociýis, políticas e profissionais. O Gabinete após ter feito arecolha das informações propõe sanções disciplinares ou elogio e promoção.Também deve avaliar o grau de responsabilidade caso haja matéria pbunível.Informou também que as pessoas que vão trabalhar no. Gabinete devem mantersegiedo absoluto sobre as informações que cheguem. O Gabinete trabalhará emestreita ligação com as brigadas de estruturação do Partido e com o Gabinete deOrganização de Eleições.Ficaram ligados ao Gabinete de Contrôle do MINFO o próprio Ministro daInformação,Morais Mabyeka (Secretário-Geral) Nordino Ubisse (Secretário da Célula doPartido do MINFO) José Freire '(Director da DNPP) Ofélia Tembe (jornalistadestacada pela OMM) Benedito Simbine (pe-, los Grupos de Vigilância) e JoséChichava (do Departamento de Quadros).Por outro lado foi criado no Ministério da Segurança um Gabinete de Contrôle eDisciplira dependente directamente do respectivo Ministro. Qualquer cidadão quequeira dar informações a este Gabinete pode telefonar (30585) ou deslocar-sepessoalmente >á Av. Ahmed Sekou Touré n0° 814 para denunciar atitudesíncorrectas ou outras irregilaridades políticas de qualquer dos trabalhadoresdaquele Ministério.Finalmente no dia 12 de Maio decorreu em Maputo um seminário que estudou asformas de funcionamento dos Gabinetes de ,Contrôle e Disciplina. Esse semináriofoi orientado por José óscar Monteiro, Secretário do Comité Central para aOrganização do Partido e Ministro de Estado na Presidência .CONS9IDA-SE O'

Foram f as até ao passado dia 10 na província de Sofala 42 Assembleias' doPovo, das quais duas são distritais e as restantes a nível de localidades. Assim noquadro do processo eleitoral em Sofala, foram já propostos para as Assembleiasdo Povo' 1415 deputados, dos quais 1268 foram eleitos - 26 rejeitados por nãoreunirem condições exigidas pela Lei Eleitoral, e excluídas por ausência nãojustificada 61 elementos.Este balanço foi feito num encontro realizado recentemente sob orientação doMinistro do Interior e Ministro Residente na Província de Sofala, MarianoMatsinhe. A reunião teve por objectivo proceder à análise da forma como têmestado a decorrer as eleições naquela ProvínciaEntretanto continua a decorrer naprovíncia de Manica, com grande participação das populações, o processoeleitoral. No distrito de Tambara, foi recentemente eleita a Assembleia deLocalidade de Buapua, que tem 22 deputados, tendo sido rejeitados doisinCAMPANHA?CONTRA AS <PODER NA BASEidíviduos que não reuniam condiçoes xigilas,No distrto de Chimoio eí ram eleitas recentemente :, assembleias de localidade 'Vandúzi o Gôndola, Na prýi7, ra foram eleitos por eeipta à,AS dade 33 dbeiatdodos ue écm propostos, peultados, de les seriamejeitados e m c anats dúzi a semette-ia daqsemble calidade'fectuou já a suaco mira sessão de trabialho- EmGondola fo eleita a As-' sembia -do Povo, que é composta por 25, deputados,tender sido rejeitaos dez candidatosn Por outro lado em Bandula,, no distrito deChimolo, foi eleita recentemente a assembleia de localidade que conta com32deputad os dos 36 elemnentos propostos. , Na província, de Maiafoý ram também;eleitas as assemblias de localidade de Macate e Matsinhe-Estação., Iocalizaeý dasno distrito de Chimoio. No Báruè não houve rejeições e foi formada a assembleiada localidade-sede queéi composta por 35 deputad~os.No distrito do Gíuro emChitundo foram eleitos 31, dos34 elementos prPpostosIACIONALLUEIMADAS 1da Gorongosa, em Sofala, quarenta e sete quadros do Curso Nacional paramonitores proinciais de queimadas levado a cabo pelo Ministério da Agricultura,com o objectivo de desenvolver a Campanha Nacional para o contrôle'das queimadas.Esta campanha enquadra-se nas medidas traçadas pelo Presidente Samora Machelaquando da sua visita ao Niassa em, fins do ano pa~sato, no sentido de se abrirumvasto programá de acções envolvendo diversas estruturas do, Aparelho de Estado,sob orientação do Part,:IloFRELIMO.O curso de monitores pro- aprendizagem de aspectos técvinciais, que teve aduração nico-científicos sobrea matéde dez dias, para além de ria, teve comotarefa a cons-TEMPO N.' 501 - pág. 2

tItuiço de 19 brigadas para vos com 350 unidade cada, todo o País e a orientaçãode gravação de canções usivps outros cursos de monitores à campanha eobtençã de filao nível das provinciais e dis.= mes apropriados para briga tritos.da de Cinema Móve.Foram também realizadas ou- Esta campanha surge da netras acçõespreparatórias da cessidade de desencadear com campanha, nomeadamente aurgência uma vasta acção de elaboração de cartazes didác- mobilização econsciencializaticos.e de propaganda, aquisi- ção popula, para o grave proção deviaturas para-o apu- blema do uso incontrolado das trechamento das brigadas,ma- queimadas praticadas anual. terial audiovisual, preparação mente no nossoPaís de 11 colecções de diaposíti-,O Presidente Samora Machel enviou ao Presidente do Par. tido Comunista daChecoslovdquia Gustav Husak uma mensagem saudando a passagem do 35.*aniversário da libertação do Povo checoslovaco da dominação nazi.A mensagem felicita o dirigente, o Partido, o Povo e o Governo da RepúblicaSocialista da Checoslováquia, pelo aniversário da libertação popular, ao mesmotempo que constata o reforço dos laços de amizade e de solidariedade entre osdois povos.Em Maputo esta data foi assinalada por uma recepção oferecida pelo embaixadorExtraordinário e Plenipotenciário da República Socialista da Checoslováquia,Vaclav Brezac, em que esteve presente o Ministro da Indústria e Energia, AntónioBranco em representação do Governo moçambicano.A foto documenta esse acontecimento no momento em que o Ministro-moçambicano usava da palavraSEMINARIO NACIONALDAS ALDEIAS COMUNAISEncerrou no passado sábado o 1 Seminário Nacional das Aldeias Comunais quese realizou em Angoche, província de Nampula. Este seminário surgiu nasequência da 1 Reunião Nacional das Aldelas Comunais realizada na AldeiaComunal «3 de Fevereiro-, em Março último, na província de Gaza.O seminário que findou debruçou-se sobre as formas e métodos de aplicar naprática as resoluções saídas da reunião da Aldeia Comunal «3 de Fevereiro».Entre os pontos a debater constavam questões uolítico-organizativas, questõeseconómi cas e aspectos sociais e culturais das aldeias comunais.Job Chambal, Director da Comissão Nacional das Aldeia Comunais, orientou oseminário e no final falou para uma multidão reunida em comicio no bairro deIguri em Angoche explicando a ne" cessidade da criação de Aldeias Comunais.Os participantes ao seminário no dia do encerramento deram uma quantia emdinheiro destinada ao apoio aos centros de formação de Presidentes do ConselhoExecutivo das Aldeias Comunais.OFENSIVANA ALFABETIZAÇAOAs Comissões Provinciais de Alfabetização e Educação de adultos iniciaram nopassado dia 10, uma ofensiva com a: finalidade de se assegurar o cumprimentodas metas estabelecidas para as campanhas actualmente em curso neste sector.

Neste processo, será analisado o trabalho realizado pelas estruturas de base,alfabetiwadores e educadores de adultos, bem como, o funmionamen to dasestruturas distritais ,ue estão responsabilizadas polo cumprimento da meta de 90%de aprovaçoes nesta campanha. Deverá também ser levado a cabo um trabalho desensibilização junto das populações Dara garantir uma maior assiduidade às aulas.0 enouadramento dos trabalhadores da função pública, membros do partido,Organizações Demoeráticas de Massas e deputados nas actividades da A.A.E.A. éoutra das questões a levantar junto das estruturas distritais.Entretanto, em Maputo foram criadas dezoito brigadas,'sete para se deslocaremaos distritos e onze uara trabalharem no Grande Maputo. Antes de seremrealizadas as visitas aos centros, será feita uma reunião com todos os responsáveisde alfabetização ao nível dos bairros e das empresas, onde serão levantados osprincipais problemas que afectam este trabalho.TEMPO N., 501 - pág. 3- 1

COOPERAÇÃOMOÇAMBIQUE-GULBENKIANEncontrava-se no n o s s o País desde o passado dia 5, o Administrador daFundação Gulbenkian dr. Sá Machado, a convite do Reitor da UniversidadeEduardo Mondlane, Fernando Ganhio. O visitante estabeleceu contactos comvista ao desenvolvimento de relações de cooperação no domí-cipe, Neste encontro Sá Machado afirmou que a cooperação e a atribuição depriorida des nos projectos é definida pelas próprias autoridades dc pqísinteressado.«A nossa primeira prioridede é corresponder na medida do possível àquilo que forconsiderado mais urgente porAGA «ROVUMA»Aspecto ca vzszta die Sa Machado à Universidade Eduardo Mondlane. Emprimeiro plano aparece o Reitor da mesma, Fernando Ganhãonio da ciência e da técnica«As prioridades que nos têm sido definidas situam-seespec lmente nos sectores da Educação e da Saúde, com o enfoque colocadosobretudo no perspectiva da formação de quadros» - afirmou o administrador daFunção Calouste Gulbenkian numa conferência de Ilmprensa.A Gulbenkian. que tem sede em Portugal, no ano passado criou um departamentode cooperação, especialmente votado para assistência a Angola, Cabo Verde,Guiné-Bissau. Moçambique e São Tomé e Príin-quem é particularmente qualificado para essa definição, naturalmente asautoridades científicas, culturais e educativas dos Países em questão» disse.Sã Machado afirmou também que poderá ser concedi-, do um númerosignificativo de bolsas de estudo, para formação de agentes do ensino, formaçãode quadros médios, cursos de pós-graduação, e o fornecimento de meios paraequipamentos didáctico, equipamento hospitalar e formação de bibliotecas oA draga durante o trabalho A draga Rotuma após a suide reflutuação restauração completa

Entrou novamente em operação, a draga Rovuma (ex-Goa) após cinco anos deimobilização. Esta draga é a mais potente unidade de dragagem do nosso país.Dado que os dois principais portos de Moçambique-Maputo-e Beira - necessitamde canais-de acesso de grande profundidade, a recuperação desta draga vemgarantir a operacionalídade dos nossos portos que são a maior fonte de divisas dopaís.O trabalho de reeuperação, foi realizado em dois anos e meio, em colaboraçãocom técnicos holandeses, custando cerca de 40 mil contos. Uma pequena viagempela Baía de Maputo, constituíu a inauguração durante a qual os técnicosholandeses, juntamente com a trioulação moçambicana testaram o funcionamentodo complexo navio.A draga Rovuma seguirá em breve para o porto da Beira, onde operará durantealguns meses ainda, sob o comando dos técnicos holandeses.PURIFICAýÇÃOýForam afastadas das suas funções três elemen-, tos daOM por não reuniremqualidades de direcção sendo incapazes de dinamizarem esta estrutura provincialem Sofala. São ela, Adelia Rosa e Maria Jorge, ambas do SecretariadoProvinicial e Fátima Lazamo, do Secretariado da cidade da Beira.NA OMMAs medidas foram anunciadas no decorrer duma reunião realizada na Beira eorientada pelo membro do Comité Político Permanente do CC do PartidoFRELIMO, Mariano Matsinhe, igualmente Ministro do Interior e MinistroResidente em Sofala.TEMPO N.' 501 - pág. 4

CAMPANHA NACIONALCONTRA ACIDENTES DE AVIAÇÃO Iniciou-se oficialmente no passa« dia 1de Maio a Campanha Nacional contra acidentes de viação. A assinalar esteacontecimento elementos participantes na campanha foram distribuí dos porpostos de contrõle previamente escolhidos.Esta campanha surgena sequência das orientações traçadas pelo PresidenteSamora Machel no seu discurso de 18 de Março, e consistem, fundamentalmenteem sensibiEz~ os motoristas e peões de forma a reduzirem.se os aciden. tes deviação.Os intervenientes nesta campanha foram antecipadamente submetidos a umpequeno curso em que participaram professores e alunos. Es. tes têm a tarefa denos locais de trabalho e de residência de, proceder ao esclarecimento das formasde utilização de vias públicas. Estão envolvidos neste trabalho elementos daPolícia Popular de Moçambique, da Inspecção de Trânsito Militar e de outrasestruturas.De salientar a grande aceitação popular que tem tido esta campanha, lançada peloComando Nacional de Trânsito muito embora pori vezesa oieta Popular, numa das arlizando peões para o respeito pede Modo a evitaracidentes de viaçãosurjam discussões entre a polícia e condutores PriRcipalmente quando aquelespretendem passar multas sobre deficiências meánicas que não podem ser

superadas nem são da responsabili. dade dos condutores por não existirem no mer.cado peças sobressalentes.Mas, como dizíamos, a nota dominant- é a participação e colaboiração, quer depeões quer de condutores.NOTAS DE MIL ESCUDOSRETIRADAS DA CIRCULAÇÃODeixaram de ter curso legal na RPM a partir do dia 10 de Maio, todas as nfotas demil escudos com a data de 16 de Maio de 1972, efígie (busto) de D. Afonso V ecor (na frente e no verso) cinzento-azulado, prevalecendo no meio da nota atonalidade rosa.O despacho ido Ministro-Governador do Banco de Moçambique, indica que todasas pessoas que tenham destas notas em seu poder, devem trocá-las até ao próximodia 10 de Junho, em qualquer dependência do Banco de Moçambique ou doBanco Popular de Desenvolvimento.Das várias manobras para desestabilizar a economia do nosso país uma dastácticas foi a falsificação de notas de mil escudos com as características das quesão agora retiradas da circulação. A operação foi realizada em Portugal em 1977.Lembramos que a partir do próximo dia 11 de Junho as notas referidas 'deixam deter valor e de ser aceites para troca, pelo que todas as pessoas, instituições eentidades, devem proceder à sua troca no prazo previsto.TEMPO N.' 501- pãg. 5

Maputo:OS ýPROBLEMAS5DESTA CIDADEo Reflexão profundaem H ses da Assembleia* Presídente Samre Machel anunc"a medidasQue problemas pode ter una cidade como Maputo onde, segundo os últimoscálculos, o número de habitantes é de cerca de um milhão?Que problemas poderá ter uma cidade capital do nosso País onde a OfensivaPolítica e Organizarional encontrou o Aparelho de Estado, as unidadeseconómicas e sociais mescladas de incompetência, negligência, sabotagem,corrupção, indisciplina, falta de aprumo e ausênciá de autoridade dos dirigentes ede noção de hierarquia, só para citar alguns exemplos da desorganização?São inúmeros e diversos, conforme é de calcular.É tarefa das Assembleias do Povo, que na República Popular de Moçambique oPovo sob a dire do Partido, cria aos maisdiversos níveis, trabalhar no sentido de encontrar soluções para os problemas queafligem as populações que as elegeram.A Assembleia da Cidade de Maputo realizou recentemente a sua II sessãoextraordinária a qual tinha como objectivo proceder a análise das actividadesdeste órgão do Poder Democrático Popular, do trabalho de cada deputado e àelaboração de um plano de actividades para os primeiros seis meses de actividadeda Assembleia a ser eleita no processo já iniciado a nível de distritos, cidades elocalidades.

E é precisamente na análise do trabalho realizado durante os dois anos e meio demandato da Assembleia cessante que encontra, mos explanada a mais variadagama de problemas que a cidade de Maputo enfrenta e que e que necessitam desoluções adequadas.Já foi largamente noticiado que desde 7 de Abril último a 25 de Junho próximo,data em que o Povo mnoçambicano celebrará o quinto aniversário daIndependência, decorrerá do Rovuma ao Maputo o processo de eleição dedeputados para as Assembleias ido Povo a nível de distrito, cidade e localidade.Pela segunda vez o Povo participa activo e massivamente na eleição dos melhoresoperários,' melhores camponeses, melhores trabalhadores do Aparelho de Estado,melho-res intelectuais revolucionários que ýnos próximos dois anos e meio exercerão oPoder Democrático Popular, engajando-se nos mais diversos trabalhos visando apromoção do bem-estar das populações que os elegeram.A Assembleia de MaputoA luz das resoluções da 1." Reunião Nacional sobre Cidades e Bairros Comunais,a Assembleia da Cidade de Maputo, que agora termi!-nou o seu mandato de dois anos e meio, na sua H SessãôExtraordinária prestoucontas das suas actividades para solucionar os problemas da população da capitaldo Pais. Este trabalho, ainda no to cante às resoluções da 1. Reunião sobreCidades e Bairros Comunais, incidiu principalmente no cumprimento do PlanoGeral de Acção para as Cidades durante o biénio 79/80. É assim que durante operíodo de actividades da Assembleia cessante da cidade de Maputo seTEMPO N.o 50 - pág. 6

O trabalho das ComissõesO relatório apresentado pela As's4"bleia da Cidade cessante aponfique, aoproceder-se à análise do trabalho de cada deputado ao nivel das comissões emque, se integraram e também ao nível dos seus respectivos locais de trabalho ede residência, o saldo apresenta.-se positivo. Todavia. algumas comissões tiveram um deficiente funcionamentodevido à falta de certos deputados por sobreposição de tarefas. Vejamos o que dizcada uma das comissões d.e trabalho criadas ao longo das sessões, de trabalho daAssembleia da Cidade:A Comissão de Contrôle e Apoio ao Conselho Executivo faz primeiro ressaltar anecesjsidaâde dé revisão da situação geral das várias comissões de trabalhocriadas. Aponta também para a falta de criacão de direcções da cidade; 'para afraca participação dos deputados membros das comissões de trabalho; falta deorganização interna das referldas comissões, e falta de trabalho político no seiodos trabalhadores.Na cidade de "Maputo existem muitas casas desocupadas há mui-encontra a preocupação de afectação de deputados em comissões de trabalho paradiferentes sectores, nomeadamente: a Comissão de Trabalho para Contrôle eApoio ao Conselho Executivo; Comissão sobre Habitação; Comissão sobreAbastecimentos; Comissão sobre Transportes; Comissão sobre Educação;Comissão sobre Zonas Verdes; Comissão sobre Indústria Hoteleira.

to tempo e que estão a deterioar-se - como indica a primeira constação daComissão de Trabalho sobre Habitação. A mesma aponta ainda para anecessidade de bloquear a Construção clandestina de casas para habitação; a neceiidade de, aproveitamento de prédios que estão desocupados, sem elevadores,pertencentes a alguns inistérios; a necessidade de se estudar uma solução correctapara o problema dos inquilinos da APIE que pagam rendas-de casa nos bairros decaniço0mas que são reconstruídas pelos próprios arrendatários.Abastecimento e ArrendamentoPredialEsta comissão constatou igualmente a existência de inquilinos que não pagamrenda de casa; a existência de indivíduos que ocupam ilegalmente as casas; a faltade uma inventaríação total das casas pertencentes ao APIE. A existência 'de casasdesocupadas não controladas pela APIE e a questão do destino a dar às casas doantigo Bairro Indígena, actualmente abandonado são outros dos proble-cua aeso upaaas nmUitO e gteriOrar-se» - constata Assembleia dla CidadeTEÊMPO U- 501 - pág, 7

mas levantados pela Comissão de ,Trabalho sobre Habitação.Para a problemática dos abaste imentos uma outra comissão de trabalhos foiciriada. No decurso da ,sua actividade ela constatou a desprogramaq das acçõesdesenvolvidas a este respeito;- a desorganização total da rede comercial; a nãoexistência de caJastro comercial; insuficiência de estabelecimentos comerciaisnalgumas zonas da cidade; constatação de açambarcamento e especulação degéneros alimentícios; escassez de géneros de primeira necessidade e outrosprodutos, o que, orgina a formação de longas e prolongadas bichas;desorganização e falta de responsabilidade por parte dos trabalhadores das Lojasdo Povo, originando ýa prática sistemática de desvios de fundos, e, finalmente, ofuncionamento incorrecto das cooperativas de consumo, oque provocadesmobilização no seio dos cooperativistas.Transportes'No que diz respeito ao sector dos Transportes Públicos a comissão de trabalhocriada para estudar os problemas aqui existentes, na intrcdução do seu relatóriocomeça por se referir à insuficiência da frota dos transportes públicos urbanos,acrescentando também a má utilização da frota da empresa esta4l Rádio-Táxi. Aseguir, aponta pýý, a má distribuição da carga horária de circulação dosautocarros em piejulzo do público; a má localização das paragens destinadas aosautocarros; a falta de indicação correcta de itinerários destinados à circulação dosautocarros e necessidade de prolongamento do ramal terroviário do Estádio daMachava ao Bairro São Damásio.. Segundo constata esta mesma comisso assiste-se a uma prática sistemática despeculação-por parte de proprietários de carrinhas de aluguer; a falta dedefinição de tarifas para o aluguer de carrinhas táxis; o deficiente funcionamentodo oferry boat» de travessia para a Catembe. para além de falta de reparação deum segundo avariado já há bastante tempo.

A comissão de trabalho criada para o sector da Educação sublinha primeiro anecesidade de tornar prática a ligação da Escola com a Comunidade. Por outrolado, aponta também algumas anoinalias que se verificam nas escolas da capital,como seja a falta de higiene, a insuficiência de instalações, a indisciplina e oabandono das funções por parte de muitos professores durante o ano lectivo embusca de melhores salários.Conselho ExecutivoTambém o Conselho Executivo, porque ligaido ao Plano Geral de. Acção das.Cidades para o biénio 79/80, emanadas na 1.' Reunião. Nacional sobre Cidades eBairros Comunais, prestou contas das suas actividades durante os dois anos emeio de mand3ato.Assim, salientam-se as seguintes questões levantadas:,NOL bairros de caniço na o promtema ae inquitinos que pagam aerermrnaaasrendas de casa, quando a casa foi recuperada ou reconstruída pelo próprioarrendatario. A Assembleia da Cidade aponta a necessidade de uma solução paraestes casosSobre a situação da Indústria Hoteleira a comi4são nomeada para trabalhar nestesector diz no seu relatório ter encontrado uma situação de desorganização total noramo: Existe a indisciplina de trabalhadores traduzida em roubos de louça,talheres. produtos e desvios de fundos entre outras anomalias. Há também falta decortesia e higiene; falta de uso de uniformes e ausência de direcção.Má conservação da frota automóvel; insuficiência de viaturas para rxmoção dolixo; necessidade de recuperação de alguns locais como a ponte da Costa do Sol; ocolector da Rua do Jardim e Agricultura, a estufa do Jardim de Tunduru eviveiros, a rede geral de esgotos e a limpeza de valas e sarjetas.O relatório das actividades do Conselho Executivo faz tambémTEMPO N. 50 - pâg. 8

TOl MADADE MEDIDASO Presidente Samora Machel anunciou no passado dia 24de Abril uma série demedidas que visam, essencialmente, resolver os problemas da cidade de Maputo,no quadro da ofensiva nolítica e organizacional. As medidas incidem nodesenvolvimento das Zonas Verdes, dinamização, contrôle e imolementação donovo sistema de abastecinentos, divisão da cidade em zonas e bairros comunais, eformaçã,o e consolidação das estruturas do Estado.O Presidente Samora Machel anunciou estas medidas num encontro que teve comresponsáveis das estruturas do Partido e do Estado a nível da provncia e cidade deMaputo, em que estiveram igualmente presentes membros do Comité PoliticoPermanente e o Primeiro Secretário Provincial do Partido e Governador doMaputo, José Moiane. Falando na ocasião, o Presidente fez notar que Maputo é olocal onde o Aparelho de Estado concentra mais as suas energias, por ser a capitaldo País, e onde mais problemas se têm registado, mas cujos resultados não sãoainda visíveis. As medidas comureendem a criação do Gabinete das ZonasVerdes, subordinado à Presidência da República, para organizar, mobilizar e

coordenar os meios necessários ao desenvolvimento planificado das zonas verdesna província e cidade de Maputo.Consta também a elabor de uma nova proposta sobre o sistema deAdministração do Parque Imobiliário do Estado, a revisão das rendas e a criaçãode um órgCo operativo para execução de ordens de despejo, e ainda a criação deDirecções de Cidade de Apoio e Contrôle, Plano, Agricultura, Zonas Verdes,Comércio Interno, Indústria, Hab. tação, Transportes, Trânsito, Serviços Urbanos,Finanças, Bairros Comunais- e outras mais medidas.Uma brigada para apoiar a forma~0 e consolidação do Conselho Executivo dacidade de Maputo e, igualmente, elaborar um-a proposta sobre a de-, finição dadivisão territorial da cidade em zonas e lairros comunais, está para ser criada.Serão igualmente criados um Gabinete para, o levantamento da situação dosbairros da cidade e de dados necessários à ofensiva, o que será decisivo para aorganização do sistema de abastecimen. tos do sistema da APIE e levará aoconhecimento,. do total da população activa, e desempregada na, cidade, bemcomo para o combate à marginalidade é a criminalidade.Tal como nas provincias, ao nível da cidade de Maputo vai-,se desencadear aoperação de verificação e purificação do Aparelho de Estado. Nesta operação éfundamental assegurar a partipo da Assembleia da Cidade, bem como dapopulação. Deste modo esta acção política estará ligada ao processo eleitoral emcurso no pais a nível de distrito, cidade e localidade.-. u' f u ju&ue ae azgtene naigumas escotas aa ctãade de Man.uto, conformeconstataram os deputados da Assembleia da Cidade. Na foto temos o exemplo deuma piscina transformada em lixeiro onde nasce capim que serve de pasto paracabritosTEMPO N.' 501 -pág. 9

ver que proliferam pelas ruas da capital oficinas de reparação de aut móveis queimpedem a circulação de peões e automóveis.Por outro lado proliferam cães vadios pela cidade sem que sejam capturados; osterrenos baldios estão a ser mal utilizados; a liblioteca do Conselho Executivo nãoestá a ser correctamente aproveitada; falta de asfaltagem e recelagem das artériasda cidade; falta de trabalho político no seio dos trabalhadores da limpeza; falta de.colocação de latas de lixo; existência de construções clandestinas; falta decobrança de taxas 'diversas; má conservação e organização dos mercados, falta delimpeza aos cemitérios , insuficiência da verba orçamental para custear despesasdiversas. Ainda no contexto das activjades desenvolvidas pelo ConselhoExecutivo, o relatório de actividades da Assembleia da Cidade de Maputo salientaque na efectivação das directivas da 1. Reunião Nacional sobre Cidades e BairrosComunais foram criadas as seguintes direcções: Comissão de Bairros Comunais,embrião da futura Direcção dos Bairros Ccmunais;. Criação de condições para oaproveitamento do vale do Infulene na produção de hortícola e na criação deanimais de pequena espécie, e também para se iniciar uma produção escalonadade produtos hortifrutícolas.Para este trabalho foi nomeada uma comissão constitu;a por elementos daDirecção Provincial da Agricultura, Conselho ýExecutivo, Banca, Direcção

Provincial de Obras Públicas e, Habitação e da Delegação lo Comércio Internoem Maputo.Os Grupos DinamizadoresOs Grupos Dinamizadores dos 67 bairros que circundam a capital, prestaramtambém contas das suas actividades, de acordo com o determinado noregulamento das eleições locais actualmente em cursoProli/eram os Mencltgos na cidade.,- este um dos problemas levantados pelosGrupos Dinamizadores dos bairros da cidade, apontando para a necessídade dese resolver esta situação, tal como o problema de crianças abandonadasno País. Estes assumiram o seu papel de'mobilização à realização de acções paramelhorar a vida da população. Neste âmbito, foram levantados vários problemasde ordem política, ec ómica, social e cultural, dentre os quais salientamos os.seguintes:Falta de fontenários; existência de crianças abandonadas; proliferação, demendigos; falta de iluminação pública em alguns, bairros;roubo organizado de viaturas e outros bens; falta de telefones em alguns bairros;venda de produtos alimentares nas ruas; falta de higiene nos estabelecimentoscomerciais; falta de delimitação fisica dos bairros: falta de reparação de muros epostos de iluminação destruidos pelos carros; constatação da necessidade deorganização da produção artesanal em moldes colectivos; constatação danecessida-TEMPO N.° W01 -pág. 10L t

de da concretização do apoio a dar às creches infantários e aos centros de apoio àvelhice e diminui, dos físicos; constatação da necessidade de se desenvolver aproduçãohortifrutcola.Mobiliza,A<o nível dos diversos bairros, aspopulações, enquadradas pelas estruturas políticas, participaram e participam nascampanhas de limpeza. Por outro lado, subliní a-se que as populações ocorreramaos locais destinados às vacinações de cães e gatos contra a raiva. Contudo, foinotória a falta de apoio por parte dos membros das brigadas que trabalharam nosbairros para completo êxito do trabalho. Das 67 brigadas formadas para igualnúmero de bairros a fim implementarem as orientações da 1.' Reunião Nacionalsobre Cidades e Bairros Comunais constatouse o seguinte: 18 brigadasfuncionaram, 17 funcionaram razoavelmente. E 32 brigadas não funcionaram.Para tal, contribuiram factores como a falta de comparência de alguns membrosdas brigadas nos bairros em que haviam sido afectados. ,Conforme constatou a IISessão Extraordinára da. Assembleia da Cidade, esta situação exige areorganização das brigadas criadas para revitalizá-las.São evidentes algumnas acções levadas a ca:o pelos deputados da Assembleia daCidade, quer individualmente quer integrados em comissões de -trabalho. Elesparticiparam em tarefas concretas na tentativa de encontrar soluções para os

diversos problemas que preocupam as populações nos domínios dosAbastecimentos, Transportes, Habitação, Educação, Indústria Hoteleira.

"LINHA!EXTINTA A DETACRIADAo mAlhIEAS DE MD A" Destituída anterior direcção " Detectadas graves irregularidades " Profundareorganização do sectorB IQ U E ,,i,1

Tinha-se atingido o ponto máximo de uma reunião que começara ás 15 horas davéspera, perante mais :de oitocentos trabalhadores da DETA e outros vindos dosvários sectores do Ministério dos Correios, Telecomunicações e Aviação Civil.A reunião foi dirigida por Marcelino dos Santos, Secretário do Comité Centralpara a Política Económica do. Partido FRELIMO, na altura a chefiar a delegaçãode alto nível nomeada pelo Presidente Samora Machel para a DETA.Tinha sido trabalho da comissão conhecer, analisar profundamente a situação e osproblemas da DETA, apurar os níveis de responsabilidades e propor medidas desolução.A COMISSÃOPorquê a criação de uma comissão para a DETA?No dia 10 de Março deste ano, no decurso da Ofensiva Política e Organizacionalque dirigiu pessoalmente, o Presidente do Partido FRELIMO ePresidente da República Popular de Moçambique, Samora Moisés Machel, visitoua DETA e o aeroporto de Mavalane. Ali detectou com uma completadesorganização, falta de limpeza e higiene. Nos armazéns da DETA encontraram-se muitos produtos, alguns dos quais desde 1975, que não eram servidos a bordodos nossos aviões e que se estragaram.A utilização destes artigos tornariam os nossos voos mais agradáveis,transformariam os longos percursos em boas recordações. Com eles, os aviões daDETA não seriam comparados, como o são, a «camiões voadores». Estes eram,apenas os reflexos mais visíveis de uma situação de desorganização e deincorrecta direcção.Toda a situação detectada choca violentamente com a perspectiva e os objectivosque nos propusemos nesta década de 80/90. Era' necessário responder, tomandomedidas enérgicas para superar a situação.Por isso o Presidente Samora Machel nomeou imediatamente uma comissão dealto nível para a DETA,A IRREGULARIDADE JÁ ERA «REGULAR»Neste momento, os nossos meios de comunicação marítima, rodoviária eferroviária estão longe de corresponder às nossas necessidades. Eles são herançacolonial e estão quase exclusivamente virados para o exterior. Por isso, é - mais

do que nun. ca - fundamental o papel que representa o transporte aéreo no nossopaís,A deslocação rápida de pessoas e carga e o trabalho que é possível realizar comtodos os meios aéreos, constitui muitas vezes uma solução eficaz e rápida para aresolução dos problemas de emergência. Marcelino dos Santos, destacaria, apropósito:«São quadros do Partido e Estado, são técnicos que são necessários para asProvíncias, para as fábricas, as machambas. a. minas as rpnfrniQTEMPO N.° 501 - pág. 13

Mas a DETA, a COMAG, a HELMO, a Aeronáutica Civil, não cumprem a suaparte deste importante trabalho. A DETA era a imagem da desorganização,confusão, descalabro e anarquià. A DETA estava completamente desacreditada:não cumpria os seus compromissos, quer a nível interno quer internacional. Osaviões da DETA não cumpriam os horários: era a «irr-egtlaridade já regular».A espera para o avião. a expectativa de uma viagem incómoda e desaqradávelSão grandes culturas de algodão que necessitam de ser fumigadas num curtoperíodo de tempo.São cartas dos nossos familiares em Lichinga, que transmitem notícias que todosgostamos que sejam actuais.É a fruta da Angónia, os pêssegos que gostamos de comer tanto em Pemba, emQuelimane, em Xai-Xai, como aqui em Maputo, na festa da passagem de ano.A comissão detectou especialmente que havia «aparente democratização dosmétodos de trabalho do então Director executivo que convoca reuniões com osresponsáveis dos vários sectores mas, na prática impunha as suas ideias, faziapalestras.Na tomada de ,importanteý decisões, não consultava os seus rrais directoscolaboradores, não ouvia as suas opiniões. Apresentava sempre os factos jáconsumados,São os 'nossos amigos e convida- A direcção da DETA caracterizavados a quemqueremos proporcionar' -se pela ausência de estudos técnicos uma estada naInhaca ou no Baze- ou de viabilidade económica na to-eléctricas e cuja chegada não pode sofrer atrasos.É uma fábrica paralisada em Nampula, por falta de uma peça acabada de fabricarem Maputo, que é necessário transportar pela via mais rápida.É um ferido grave que é preciso evacuar de Tete para o Hospital Central deMaputo.seja a selecção de rotas, a aquisição ou aluguer de aviões, a elaboração de horáriosde voo. Não foi elaborado o Plano de Produção da Empresa para 1980.Verificava-se indefinição de tarefas e responsabilidades, a nível da Direcção.O Director Executivo, Eugénio Piccolo, é autoritário, é arrogante, e tecnocrata, ébelicoso.O Director-Adjunto Gabriel Mabunda é uma marionete do Director, é umsubmisso cumpridor das suas ordens.

As operações, caracterizavam-s por falta de regulamentos actualia dos, porinterpretação oportunistae demagógica dos regulamentos existen tes, o queacontece também na Ma nutenção.Isso provocou um conflito permanen te entre operações e manutenção, adesorganização e incompetência no sector de escalas.Os pilotos são afectados por falt de unidade, grupismo, antagonism com base nanacionalidade, experiêní cia política e profissional.A nível do Pessoal Navegante d Cabine não há unidade, há intriga .È fraco o nívelde consciência polica.A falta de condições e meios trabalho transformou a DETA em <cai xote de lixovoador».A Manutenção sofreu queda acen tuada: hoje mandam-se fazer ao ex teriorserviços que já foram executa dos no País. Não existe uma polit ca de formaçãode moçambicanosAs finanças e contabilidade DETA estão completamente desactua lizadas edesorganizadas. Neste mo mento, está-se a lançar a contabilida de de 1976. Asdespesas são supe riores às receitas e há falta de com trôle das divisasprovenientes da emis são de bilhetes, quer pela DETA, que por outrascompanhias.Na DETA, o normal era o depa1 tamentalismo, a indisciplina o absen tismo, oliberalismo, individualis:'nm intimidações e medo.Estes foram alguns dos pontos que se destacaram do trabalho realizad pelaComissão de alto nível. Depois da intervenção de Marcelino dos San. tos, muitosforam os trabalhadores que se inscreveram para falar, co.tri buindo para oenriquecimento dest

Comandante José Bacelar, director da novacompanhia aérea nacionalAlguns deles levantaram questões muito pessoais, falaram do «seu problema»;atacaram este ou aquele. É fruto do silêncio imposto durante tanto tempo, daimpossibilidade prática de discussão colectiva dos problemas comuns, Mas outrostrabalhadores souberam bem colocar o dedo na ferida. Foi o caso, por exemplo, deBeneditoCésar, da programação de escalas e Alfredo Mandlate, pintor daManutenção.Eles falaram da falta de planificação de tarefas, da frustração que sentem porausência de definição da carreira profissional. Disseram que os trabalhadores jánão sabem o que é uma reunião e que a Célula do Partido não funciona.Confirmaram que os trabalhâdores estão divididos, disseram que há ameaças eintimidações.Alfredo Mandíate, um velho operário, lembrou: «Nós sabemos que po'demos teros nossos próprios técnicos. A FRELIMO quando começou a guerra não tinhagenerais e, no entanto derrotou o grande general. Os nossos generais apareceramcom a prática de luta».A intervenção dos trabalhadores demorou várias horas.Eles fizeram esquecer que era já tarde, trouxeram ar fresco à reunião. Mostrarama sua confiança, garantiram que a companhia de aviação nacional vai avançar.Vários foram os

Engenheiro Carlos Morgado, Directordo Devartamento Técnicoque chamaram as coisas pelos seus nomes denunciando situações de sabotagem.Mostraram muito especialmente que tinha começado o combate contra o medoentre eles. Conforme afirmaria o Secretário do Comité Central para a PolíticaEconómica do Partido, isso .é uma vitória, porque na República Popular deMoçambique não há lugarAs irregularidades quepara a intimidação, a chantagem, a restrição da liberdade de expressão,para o medo.CRIADA NOVA EMPRESAMarcelino dos Santos, analisou depois a situação geral actual da Aviação Civil eanunciou depois medidas importantes. Passaremos a citar algumas das medidasanunciadas por aquele membro; do Comité Político Permanente do PartidoFRELIMO."Queremos aqui anunciar que, a partir deste momento, o engenheiro Piccolo édemitido das suas funções de Director Nacional da Aviação civil e de DirectorExecutivo da DETA.Sobre Gabriel Mabunda:«Queremos também clarificar o caso do Director-Adjunto da DETA, Ga brielMabunda. (..) Ele é detido não por íncapacidade, não por incompetência. Ele édetido por corrupção e por interpretação abusiva, incorrecta . e demagógica dasorientações traçadas na DETA por Sua Excelência, o Presidente Samora Machei.Gabriel Mabunda é Igualmente demitido das funções que desempenha va naDETA,»Porque a DETA está doente, a DE-, TA não serve, o Secretário do Comitéo desleixo e anarquia haviam jd promovido a ,situações«normais»TEMPO N.' 501 --pág. 15

Central para a Política do Partido anunciaria depois:,A partir de hoje a DETA deixa de existir. A partir de hoje é criada uma novaempresa nacional - a L.A.M., LINHAS AÉREAS DE MOÇAMBIQUE.A nova empresa está criada. Para dirigir a neva empresa e para iniciar a imediataexecução de tarefas é no meado o Comandante José Bacelar, como Director.O Director José Bacelar acumulará também, de imediato o cargo de Dire tor-Geral da ANAVIA. Deverá criar as condições para a próxima extinção destaempresa e a sua integração no Departamento Comercial da LAM."uMarcelino dos Santos anunciariaainda que na LAM existirá um departamento técnico que fará a coordenação daexploração dos meios técnicos e equipamentos. Para assumir a direcção deste,departamento foidesignado o engenheiro Carlos Morgado.Mais adiante, o Secretário do Comité Central para a Política Económica doPartido anunciaria ainda:

«Em relação ao Partido na nova empresa, constatamos que a Célula do Partidoque existe actualmente enfrenta graves problemas. Torna-se necessária aqui umaacção enérgica e concentrada a nível do Partido.Uma brigada da Sede Nacional do Partido irá iniciar de imediato- uma actividadede apoio político e organizàcional, junto da Célula do Partido da nova empresa.»A LAM - LINHAS AÉREAS DE MOÇAMBIQUE - nasceu. O "que queremosque seja a LAM?A resposta foi dada também-por Marcelino-dos Santos quando indicou:Para nós, essa empresa deverá ser necessariamente uma empresa estatal,componente importante do desenvolvimento do sector estatal da economia doPaís. Ela participará de forma organizada e planificada no desenvolvimentoeconómico com vista. à satisfação das necessidades, fundamentais do povo;ý-Essa empresa deverá ser o principal agente executor e dinamizador dosobjectivos definidos pelo Partido FRELIMO para o sector do transporte aéreo depassageiros, carga e correio;-Através do aumento constante da produção e da produtividade, através daorganização científica do trabalho e com base no princípio do cálculo económico,ela deverá gerir os excedentes que permitam o seu autofinanciamento e a suaparticipação nas receitas do Estado.-Esta empresa deverá aplicar nos seus métodos de trabalho, o centralismodemocrático - direcção centralizada e participação activa dos trabalhadores,através da criação de colectivos de trabalho a todos os níveis,' ela deverá apoiar eestimular a iniciativa criadora das massas trabalhadoras.Ela deverá assumir no campo da formação profissional importantes tarefas adesenvolver com a organização sistemática de cursos que permitam a elevaçãocontínua do nível po" lítico, científico e-cultural dos trabalhadores e aconsequente melhoria da seguranrça no trabalho.-Deverá garantir as condições e meios necessários à prática da emulação socialistapor forma a activar a iniciativa criadora dos trabalhadores e o seu engajamento naprodução e produtividade e na melhoria constante da qualidade do serviçoprestado e no cumprimento das metas do Plano.-Esta é. a empresa que queremos, esta é a empresa que servirá os interesses donosso povo, que servirá a construção do socialismo no nosso País.JORGE COSTATEMPO N., 501 I pág. 16Descolagem. Terd o hordrio sido cumprido desta vez'Chegada de passageiros ao Aeroporto de Maputo

Em Varlas aldejas CO~ ~:j~: ~munais as primeiras ho~ ~ ras dodia siio marcados~, ~ por musico e polovrastransmifidos par -altifa;;.A. lontes ali Instalados.Såo os primeiros passos ~-~1~ rj1.~' ~de umo exper&ncla de.~, comunicasao social que-se espera, que até 198.1 abranla 20, aldeios cgmunais.,

0 responså vel deste projecto Juarez da Main 4 fala-nos sobre oassýunfo>.LIlIM.i.C.ADMAS ElIS IIDMUNISTEMPO' N.* 501 - påg. 17

Proýjècto de Comunicações E tem dois anos de~ experiência [Nas áreas rurais do nosso País, existe um «espaço vazio» em termos deinformação que dificilmente pode ser preenchido, por enquanto, por qualquerórgão de comunicação. A própria rádio, por limitações técnicas, não atinge atotafidade do território nacional. A carência de pilhas no mercadoe também dificuldades económicas para aquisição de rádios pelos camponeses sãooutras condicionantes desta situação. Como preencher esse espaço vazio?0 responsável do projecto de altifalantes, responde-nos:-«Desde o princípio, admitimos que o meio de comunicação socialgim - t,'r Em cima: Entre os trabalhosrealizados conta-se a investigação sobre percepção e retenção das mensagenstransmitidas à população rural- d batravés de diversos meios ae gravador wzc1e comunicação. Nafoto, ao fundo, uma exposição de cartazes, numa aldeia comunal' que precedeu arealização d; -,m inquérito sobre este tipd.imagemA direita: «Nesta fase, vimos'que o meio de comunicaçfi; social mais acoselhávelpa ra as aldeias comunais e sistema de altifalantes», diz Juarez da Maia,'responsável deste projecto. Ao seulo do, Bento Bango, am dos pri meiros quadrosOçamb çailanos preparados ara o prosseguimento do projecto de at tifalantesTEMPO N.' 501 - pâg. 18

mais aconselhável era o sistema de altifalantes. Porquê? O altifaante é uminstrumento de grande aceitação popular e de grande adaptação à realidade dasaldeias comunais no presente processo de desenvolvimento sócio-económico. n osistema de comunicação social mais imediato, mais barato, fácil de manejar,dando acesso directo às populações para fazer os seus próprios programas.Durante a reunião nacional das Aldeias Comunais, o sistema de altifalantesinstalado na Aldeia Comunal «3 de Fevereiro» apoiou esta realização,nomeadamente através da ampliação sonora para os plenários o comício e atransmissão de mensagens para os delegados. Um serviço particularproporcionado aos delegados foi a escuta colectiva de noticiários em emissãonacional, captados através da rádio, em ondas curtas, bem como do acontecimentonacional que foi a sess,ýo de abertura da I Conferência Nacional da OMM. Estassão algumas das funções do projecto expermintal de altifalantes que assume, nocampq, características radiofónicas tanto no conteúdo como na sua programação.«Nós, explica Juarez -da Maia, levamos para a aldeia comunal a informação comos quatro aspectos básicos de: informacão propriamente dita, mobilização,educação e divertimento.

No aspecto educativo, por exemplo, os programas incluem temas específicos, taiscomo, aalfartização, a agricultura e a saúde cada um dos quais é abordado durante15 a 30 minutos pelo respectivo responsável ao nível da aldeia. Na parte cultural erecreativa divulga-se a música da região, gravada na própria aldeia, contostradicionais, coros e poesias.Os programas são realizados em português e na língua local, sendo intercaladoscom temaq musicais. A programação, das 3,55 às seis horas e das dezanove àsvinte, corresponde aos hábitos de despertar í. e recolha doscamponeses às suascasas, mas também às exigências mínimas para uma boa propagação sonora. Oraio de alcance dosTEMPO N." 501 - pg. 19

altifalantes é de 800 metros, em condições normais.O projecto de Comunicação Social, conforme explica Juarez da Mala, nasceu deum acordo entre o Ministério da Informação e o UNICEF. Os seus objectivos:levar a informação para as aldeias comunais; testar os instrumentos decomunicação modernos para escolher os que melhor se adaptem às tradiçõesculturais das populações e transmitem com maior sucesso as mensagens visadas;estudar a linguagem; avaliar a penetração, retenção e retransmissão da mensagematravés dos equipamentos utilizados; e finalmente, avaliar as mudanças sociais,económicas e culturais com a introdução de novas mensagens e novosequipamentos.Durante dois anos, o projectoexperimental realizou algumas investigações. Uma das propriedades estabelecidaspara que o projecto pudesse funcionar correctamente foi o levantamento de dadossobre a situação política, social, económica e cultural dâs aldeias comunaisescolhidas. São elas: Mtamba, em Cabo Delgado, com cerca de três milhabitantes; 25 de Setembro, em Nampula. com mais de 500; 3 de Fevereiro, Gaza,com mais de 18 mil habitantes; 1 de Maio, na província de Manica 500habitantes; e Unango, èm Niassa, com mais de 600 habitantes-.Esses dados permitiram não só <apreender os níveis de desenvolvimento global ede cada sector de actividade» mas também contribuiram para a própria formaçãodos quadros ligados ao projecto. Outra tarefa foram as pesquisas linguísticasexperimentais sobre a modernização lexical das línguas nacionais. Estas pesquisasrealizadas com a colaboração'do prof. Eugenivsk Rezewuski e de MILteus Katupada U.E.M., visando a recolha de reportório lfexical das línguas nacionaisreferentes às transformações sócio-políticas da sociedade moçambicana einclusivamente às terminologias respeitantes à vida pública e às instituições,técnicas e meios de produção.A pesquisa tinha em vista igualmente: o estudo dos fenómenos,tendências e possibilidades de modernização lexical das línguas nacionais; testar acompreensão dos termos utilizados pela Rádio Moçambique e mobilizar ascomunidades linguísticas para o processo de modernização. 2 a isto que se refereo responsável do projecto, quando afirma:

«O objectivo que nos levou a fazer alguns trabalhos de investigação para amodernização das linguas nacionais foi que alguns conceitos utilizados na línguaportuguesa pelo Partido e pelo Estado fossem também utilizados em línguasnacionais. Para tal era necessário que buscássemos o conceito correspondente. Porexemplo, a palavra Estado utilizada em português, tem um determinadosignificado. Mas como é que em Maconde se pode traduzir - será que elatem um conceito racista, tribal ou regional? Então. é preciso que vamos buscar nalíngua Maconde o termo que possa traduzir exactamente o conceito que a palavraEstado exprime em português.E, acrescentando, diz Juarez da Maia: «Conseguimos fazer um vocabulário deduzentas palavras em Maconde, Macua, Xangane, Xuabo e Xona. No final doprojecto, pensamos fazer um dicionário de linguas nacionais que seja utilizadonão só nos altifalantes mas também na Rádio Moçambique, nas suas emissões emlínguas nacionais.»Fomos informados também que, como um dos resultados da pesquisa, o InstitutoMédio Agrário, em Chimoio, projecta a elaboração de um manual elementar,técnico e científico, em línguas Xona (Xima-O levanztamento de dados sobre a situação social, económica, política e cultur dasaldeias escolhidas, constitui a primeira fase dos trabalhos. Permite não sapreender os níveis de desenvolvimento global e de cada sector de actividad decada aldeia mas também a formação dos próprios quadros moçambicano, Na foto,um dos elementos ,ligados ao projecto, em diálogo com uma alde em CaboDelgadoTEMPO N. 501 - pág. 20

nica, Xitewe e Xindau) para a formação dos seus alunos, em colaboração com oprojecto de altifalantes.O projecto procedeu também a investigações no domínio da percepção e retençãoatravés de fotos, cartazes, desenhos, cinema e rádio com o objectivo de «detectara capacidade de compreensão das mensagens através desses veículos decomunicação, pela população rural, e conhecer a capacidade dessa populaçãointerpretar alguns simbolos utilizados pelos órgãos de informação.«Vimos, em grande parte de cartazes, que as imagens neles contidas não eramconhecidas; isto é, não eram percebidas nem retidas pelas populações das ármasonde realizámos as investigações. Isto£1cpuauves aou rroecro ae uomunzcação social em Aldeas Comunais e doUNICEF deslocam-se com frequência às aldeias para verificarem odesenvolvimento dos trabalhos em curso. Nesta foto- responsdveis do projecto e orepre sentante do UNICEF (segundo, a contar da esquerd ). Tuluhungwa, denacionalidade tanzaniana, trocam impressões na aldeia comunal «3 de Fevereiro»(Gaza)porquê? Vimos que os desenhos sobre as aldeias comlUnais escolhisão abstractose fora do mundo das, estabeleceram-se alguns princultural da população. Aonível de ciplos para o avanço do projecto. Maputo por exemplo, as pessoasApesar de ser simples, o sistema já conhecem certas mensagens por- dealtifalantes requer uma manuque já foram ao cinema, já conhe- tenção diária e

uma programação cem un certo tipo de abstracção também diária. Para isso eraneem termos de imagem que é feita cessário formar os quadros: opepela DNPP;mas nas zonas longOw radores de som e programadores. quas do pais, porexemplo, em Ca- «.ramos três no inicio. Hoje po, bo Delgado, Nampula oumesmo em demos contar com onze pessoas no Gaza, as populações têmdificulda- sector de Comunicação Social e des em decifrar os códigos conti- possoacrescentar que as pessoas dos nos desenhos, com quem trabalhamoseram pes«S6 através de uma investigação soas com um baixo nível de escola-esclarece a terminar o nosso in- rização, mas o esforço de cada um terlocutor - efornecendo dados e o esforo do conjunto permitiaos jornalistas ou outros profis-ram-nos ultrapassar essas dificulsionais da informação e propagan- dades. Ométodo de formação utilida, podemos alcançar uma aproxi- zado também foiimportante. A macão entre as mensagens trans- aprendizagem foi basicamenteatramitidas pelos órgãos de informa- vés da prática para a teoria, só ção e acapacidade de percepção e assim foi possível que eles tivesretenção daspopulações. sem a verdadeira dimensão e oQuando o projecto se iniciou, um valor do trabalho que estavam a dos problemasenfrentados foi o da realizar. formação de quadros. «Foi mesmo Perguntámosao responsável doa questão fundamental. frisa Jua- projecto para que nos resumisse rez da Maia.os principais resultados positivos eFeito o levantamento de dados negativos, bem assim as dificuldaTEMPO N.f501 - pág, 21

Um aspecto da Aldeia Comunal «3, de Fevereiro», um dos centros populacionatsescolhidos para o - projecto de altifalantesdes na realização deste projecto experimental.Juarez da Maia: «Podemos salientar, entre os resultados positivos: a criação deum centro audiovisual de formação de quadros em Maputo; a formação de umaeqúipa de moçambicanos a nível central e de cada aldeia comunal; a formação deuma coordenação do projecto a nivel das aldeias e dos distritos; a participaçãodirecta das populações nas actividades do projecto; a obtenção de dados de grandevalor no âmbito da comunicação social nos seguintes sectores: percepção eretenção; linguagem oral e visual; estudos para a modernizacão das línguasnacionais e avaliação de tecnologia de equipamentos de comunicação social paraas zonas rurais.«Quanto às dificuldades: a formação de quadros, apesar de ser um dos aspectospositivos, foi lenta e não acompanha o desenvolvimento do projecto. Pode-semesmo dizer que agora é que estamos em condições de iniciar o projecto. Se nóstivéssemg(s, há dois anos, este gabinete o projecto teria dado passos muitomaiores que até agora,.Uma outra dificuldade que nos foi referida surgiu da parte do equipamentoutilizado pelo projecto experimental, cujas avarias causadas pelo clima ehumidade, comprometiam a continuação do projecto.Porém as avarias permitiram-nos detectar o tipo de equipamento adequado, e otipo de manutenção para uma fase nacional do projecto.

Outro factor importante é a contratação de um técnico em electrónica emexclusivo para o projecto, irá na opinião do responsável permitir superar muitasdas dificuldaíes em relação ao equipamento.«De todas as dificuldades que nós encontrámos - sublinha Juarez da Mala - amaior foi talvez a falta de sensibilidade por parte de agumas estruturas dasprovíncias onde trabalhámos. Em Nampula praticamente se desconhecia o quefazíamos....>Finalmente o atraso no fornecimento de material pedido à UNICEF ,Nós pedimosmaterial, demora muito tempo a chegar, ou vem incompleto. Mas sem materialnós não podemos realizar o projecto».A presente fase experimental do projecto termina neste mês de Maio. Queperspectivas?Juarez da Maia responde: Eu diria que o futuro é o mais promissor possível Nestemomento está em vias de ser assinado um novo acordo com o UNICEF para o,financiamento e expansão desta fase experimental, passando para uma fasenacional. Isto é, vamos cobrir vinte aldeias, o máximo que economicamentepodemos alcançar neste momento, com o novo acordo.Eu penso quei nesta década, o projecto pode dar uma contribuição para a lutacontra o subdesenvolvimento. Cobriremos mais vinte aldeias no biénio 80-81, e seaté ao final da década houver mais financiamentos poderemos chegar a 200aldeias comunais; isto é, uma população superior a dois milhões de habitantes.Texto: Arlind LopesFotos de Domingos Eliase do Projecto de AltifalantesTEMPO N. 501 - pág. 22

Seminário Nacional dUM PASSO E NUMA GR-ANDAspecto de uma das sessões do 1r Semi7lrio Naconal seFoi encerrado no passado dia 10, pelo Re da Universidade Eduardo Mondlane, o 1. Se nario Nacional sobre o Ensino da Matemática c durante uma semana decorreuem Maputo e qual os 230 participantes se empenharam analisar e propor as viaspara colocar a Ciêni Mcemátca ao serviço das classes trabalhador,

A matemótica nasceu e desenvolve-se no processo de produção socialnhuma relação tem com a vida. Este Seminário iniciou o processo da suadesmistificação. Nele se aprendeu que ela é uma ciência criada e desenvolvidapela actividade produtiva e social do homem, tendo ao longo da história adquiridoum grau de abstracção cada vez mais elevado.Numa sua intei'vencão, Prakash Ratilal Vice-Ministro e Vice-Governador doBanco de Moçambique mostrou aos participantes como cada cidadão aplica noseu dia-a-dia, muitas vozs sem o saber, os conhecimentos matemáticos,explicando ainda quais as exigências que se irão colocar aos trabalhadoresmoçambicanos, para le-varem a cabo e com êxito, os grandes projectos da década de 80/90.

Os participantes tinham no seu programa, visitas a centros de produção. Foi umaforma de os sensibilizar para o uso da Matemática pelos trabalhadores, e asnecessidades específicas que eles têm desta ciência, pois como se viu, osprogramas actuais estão em desacordo com as necessidades reais da produção. Porconsequência é ,preciso adequar os objectivos e conteúdos dos programas àsnecessidades do desenvolvimento, diferenciando-os consoante sejam destinadosaos adultos, ou às crianças ejovens. Como diria Graça Machel.-Os adultos vão ser a resposta imediata para o nosso desenvolvimento, mas ascrianças a jovens que estão nas escolas serão fundamentalmente aresposta para asnecessidades da próxima dcada».Os professores têm no processo de ensino-aprendizagem o papel maisimportante. -Ele, devido às deficiências da sua formação, desenvolve o seutrabalho com muitas dificuldades e com muitos erros. No entanto também comose constatou neste Seminário, ele é muito deficientemente apoiado. Exige-se-lhemuito e dá-se-lheTEMPO N. 501- pg. 24

pouco. como diria uma professora primária no decorrer do Seminário.Já na 5. Sessão do Comité Central da FRELIMO, realizada de 14 a 16 de Junho de1979 se decidiu que o M.E.C. devia elaborar um programa .de valorização daprofissão de professor. Este não encontra estímulo para a sua carreira profissional.O professor primário ambiciona ser professor secundário, e este por sua vez,passar para o ensino médio ou superior. E embora não seja correcta é uma atitudecompreensível na situação actual. Para a valorização da Profis, são, o Semináriorecomenda, a existência d e livros e manuais, apoio científico e técnico-pedagógico efectivo, possibilidades de formação superior, e salário quecorresponda à sua responsabilidade e qualidade de trabalho.A ligaado inti. nú entre às ~dris disciplinas é um dos objectivos aatingirCom o sete desenvolvimentlo a matemdtica Iof ganhando uma abstracç0o cadavez maiorTEMPO N 1 - pág. 25

ndticos necessdrios ao nosso desenvolvimentomo sol gumas profes!ções tanto-A.4peoagogica oAs últimasGanhão no sei mento, foram materializam o no nosso país. uma grande liçencorajamento, país prefessore, rio, alfabetizad adultos, lutand< cuIdades e enfiinttm-se tirmes nos seus posraalho. É a esses que quere;!car as nossas últimaspalaistarímos que os participanpresentes, ao regressarem às v inias, transmitissemo gran-o que o M.E.C. dedica aqueio dia a dia, nas suas escolas, trqs de

alfabetização e eduaqdultos, estão dando o meseu esforço e da sua experiiMrealizarem a tarefa da e>'.cito do Seminário deve-se a paração bem organizada e quer nas fases que oantevquer, durante o seu próprio ambém houve dificuldades.Em conversa com representantes do Secretariado, estes disseram-nos que paraalém dos normais problemas de abastecimento, tinham-se defrontado com a jáhabitual burocracia.Participaram neste Seminário delegações estrangeiras representando os seguintespaíses: República Demõcrática Alemã, União das Repúblicas SocialistasSoviéticas, República Democrática de S. Tomé e Príncipe e RepúblicaDemocrática da Coreia. Estiveram também presentes representantes do PartidoFRELIMO, de' vários Ministérios e das Organizações Democráticas de Massas,bem corno delegados das estruturas centrais do M.E.C. professores da U.E.M. edelegações de todas as províncias do país.

A INTERDEPENDRaNCIADAS DISCIPLINASPotuguês e Matemática são duas disciplinas base do nosso ensino, disciplinas queestão ligadas embora não pareça à primeira vista.Sobre o ensino dessas duas disciplinas, realizaram-se iã no nosso Pats, osprimeiros seminários. No primeiro, o Dr. Ôscar Lopes, com quem já ti, vemosuma entrevista publicada, fez uma intervençao precisamente sobro ainterdisciplinaridade do Português e Matemática, intervenção essa que foibastante aplaudida no encontro devido sua profunda reflexão sobre essa relação.Aqui fica o texto dessa palestra.IMPUCAÇÓE8 DE UM PROBLEMA DE INTERDISCIPLINARIDADE: A DOPORTUGUÊS E DA MATEMÂTICASua Excelência o Ministro da Educação e CulturaSenhores membros do Conselho de Ministros Senhores responsáveis dasestruturas centraisdo P~rtido e do Aparelho de EstadoCaros participantesNão sei em que termos se põe em Moçambique um problema que nos preocupa naEscola Portuguesa: o problema de como enfrentar a dissociação, infelizmente, quemuitas vezes se verifica entre as várias disciplinas escolares. Por exemplo, oprofessor de Ciências ou de História nem sempre e no momento oportuno prestaatenção ao facto de nas suas disciplinas os alunos cometerem incorrecções que oprofessor de Português, também quando é oportuno, corrige nas suas aulas. Omesmo aluno que na aula de Português já evita certos defeitos de pronúncia, deconstrução sintáctica, de ortografia ou de acentuação gráfica não exerce nos seusexercícios de História ou Ciências a mesma autovigilãncia quanto às formas deexpressão. E como se, ao passar de uma disciplina para outra, se fechasse urnagaveta e se abrisse outra gaveta que não tem qualquer comunicação com aprimeira. Evidentemente, este descuido não se dá com todos os professores deCiências ou de História bem compenetrados de que, nos momentos próprios,devem ser também professores de Português, até porque há palavras e construções

linguísticas que ocorrem com mais frequência no âmbito das suas disciplinas. Ehá também professores de Português que se informam acerca da coerência que osalunos mantêm, ou não mantêm, na aprendizagem de outras disciplinas, quanto àsua capacidade de expressão em Português.Há professores de Português que se inspiram em muitas actívidades exercidaspelos alunos fora das suas aulas, inclusivamente se inspiram nas actividadespraticadas noutras disciplinas, como assunto ou motivação para as suas aulas.A verdade é que o próprio desenvolvimento das Ciências e da mentalidadecientífica acaba por reflectir-se na maneira como.se fala. Certas palavras que hojeusamos correntemente, como peso, força, função e até palavras muito correntescorho a palavra ar, a palavra água e a palavra vento, hoje, em pessoas comeducação científica, evocam imagens muito diferentes das imagens que evocavamem séculos passados: os seus significados científicos entraram, ou estão a entrar,na linguagem quotidiana e a transformar essa linguagem quotidiana: empregamo-las nos momentos próprios de um modo que pressupõe uma concepção física'deforça ou de peso, uma concepção química de água, uma concepção meteorológicade vento, uma concepção geométrica de rcta, de curva, de ângulo ou de simetria,uma concepção matemática de função, de variável, de conjunto ou de elemento.Isto não quer dizer que nos devamos exprimir sempre de um modo científico, ouque as palavras se possam reduzir ao seu sentido científico. Quer dizer, sim, que,inevitavelmente, as concepções científicas têm de entrar na comunicaçãoquotidiana e que essas concepções afectam todo o nosso comDortamento,inclusivamente o nosso comportamento verbal. E é importante acrescentar queesta transformacão semântica das línguas não diz respeito aos nomes das coisas,às designações ou qualificações, aos subs-

tantivos ou adjectivos. É certo que uma pessoa com certa educação científica nemsempre usa a partícula porque, a partícula se, a partícula ou e a partícula não nomodo como empregamos essas partículas para nos exprimirmos em sentidorigorosamente lógico. No entanto há certos usos que desaparecem.' or exemplo,não se diz que chove porque S. Pedro mandou chover, ou que, ao fim de muitassemanas de seca a chuva, finalmente, caíu porque se fez uma procissão a pedirchuva. As coisas não acontecem porque os deuses e os espíritos as querem, masporque se deram tais ou tais condições naturais.Ao desenvolverem-se certas ciências ou técnicas, criam-se novos termos paranovos conceitos, mudam-se os conceitos que certas palavras tinham, ereconhecem-se relações que anteriormente se não reconheciam, relações que seexprimem por meio de particulas como porque, se, e, ou e não. Mas reparemosbem no que isto implica. Isto implica que para domínios crescentes do nossocomportamento social e, portanto, dos nossos usos linguísticos, todas as línguashumanas se estoo a aproximar umas das outras. Assim, por exemplo, a línguaportuguesa e a língua russa têm maneiras diferentes de designar as cores; maisconcretamente, o russo em vez de usar uma palavra que designe a cor azul usaduas palavras com sentidos diferentes entre si e que, nem separadamente, nemconjuntamente correspondem ao nosso uso da palavra azul. No entanto, isso nãoirn.

-pede que tanto russos, como portugueses como japoneses se entendam emqualquer das línguas,, quando se trata de falar cientificamente das cores, isto é,quando se fazem corresponder aos nýmes das cores de qual. quer língua asdiferentes frequências de vibração da luz.Vejamos agora de que maneira o estudo da Matemática pode afectar o estudo doPortuguês, embora estas duas disciplinas pareçam estar a uma grande distânciauma da outra. Reconheçamos antes de mais nada que nenhuma análise gramaticalpode descrever cientificamente toda uma qualquer língua natural. Uma línguanatural é mais complicada do que qualquer sistema gramatical ou lógico oumatetnático. Uma explicação tão rigorosa quanto possível de uma breve frase dequalquer língua exige o recurso a disciplinas extrema-mente £omplicadas erefinadas. Vou exemplificar isto com uma frase aparentemente simples sé para sever que, através de uma análise dessa frase, se pode chegar até conceitos lógicos ematemáticos que parecem, e são de facto, muito abstractos, mas que um aluno da6.4 ou 7.3 classes ií começa a estudar.Essa frase é a seguinte:João trouxe os livros.Antes de mais nada, perguntemo-nos o seguinte: Esta frase é, ou não é, umaproposição? Tem ou não tem sentido, quer dizer: pode, ou não pode, serverdadeira ou falsa? Ora, para poder ser verdadeira ou falsa, para fazer sentido deproposição é preciso que se conjuguem várias condições práticas.'Uma língua equalquer frase de uma língua só existem em condições concretas. E na análise dascondiçõesconcretas para que a frase Joãotrouxe os livros faça sentido, é preciso(©?ter em vista umconjunto de pessoas em que se inclui um conjunto deuma só pessoa que tratamos pelo nome de João. Por outras palavras, «João» é umnome próprio quando entre um conjunto de pessoas nós reconhecemos uma sópessoa chamada «João»; para que «Joãoi funcione como nome próprio e façasentido é preciso conhecer um número suficiente de qualidades suas tais, queconstitua um conjunto de uma só pessoa incluído num conjunto mais vasto depessoas. E chegamos assim à noção aparentemente contraditória de conjuntosingular, conjunto de um sóelemento. Esta noção de conjunto singular parecedemasiado abstracta, mas nós já funcionamos com ela, sem dar por isso, quandosabemos usar um nome próprio.Passemos agora à segunda palavra da frase «João trouxe os livros». A formavocabular trouxe exige, entre muitas coisas necessárias para ela fazer sentido, -exige que exista um conjunto cujos elementos sejam momentos ou instantes e talque seja anterior ao conjunto de momentos ou instantes que estamos a considerarcomo constituindo o presente, quer dizer, o tempo em que se diz a frase.Correr do1.~~~1UBIk OJ,Tempotrouxe presente

Ora ao usar expressões como anterior a, antes de estamos a ordenar elementos.Neste caso até os momentos que estão a correr no presente e os momentos quecorreram quando o João trouxe os livros - até esses momentos são ordenados:qualquer deles é sempre anterior a outro, ou posterior a outro, porque, se não,confundem-se são ambos o mesmo elemento. Por isso é que dei imagem déstesconjuntos de momentos dentro de uma linha recta, e não dentro de uma figurafechada, como as figuras com que há pouco representei um conjunto de pessoas eo conjunto singular constituído por João. Desta maneira estou a sugeririntuitivamente uma ordenação, uma relação de ordem, cuja teoria matemática nãoé agora oportuno expor, mas que já usamos sem dar por isso e que convém sugerirquando venha a propósito, e aqui vem a propósito para se compreender ocontraste entre o tempo presente e o tempo passado, aqui exemplificado pelaexpressão trouxe.Passemos agora a outra parte da frase «João trouxe os livros», que vai ser aexpressão «os livros». Ora, se nós usarmos isoladamente a expressão «os livros»,podemos estar a pensar que «os livros» se refere a todos os livros que existem. Éo que também-pbdia acontecer com a frase «os livros servem para se ler». Mas, nafrase «João trouxe os livros»', a expressão «os livros» designa certosTEMPO N.° 501 - pág. 28

e determinados livros, que são uma parte de todos os livros existentes:L1Li: Todos os livros que existem L2: Os Livros que o João trouxeOra, se observarmos melhor, a expressão «os livros, pode designar qualquer daspartes dos livros, isto é, pode designar o que vou exemplificar num desenho porL3, L4, L5.Isto mostra-nos que podemos pensar em muitos ou em todos os conjuntos quefazem parte de um conjunto; podemos pensar em conjuntos de conjuntos.oAnoção de conjunto de conjuntos torna-se mais evidente quando pensa! mos emsubstantivos colectivos, como, por exemplo, é o substantivo rebanho em relaçãocom o substantivo carneiros, que vou representar do seguinte modo:O que é um rebanho? É um conjunto de carneiros, por exemplo. Quer dizer: é umconjunto que, como conjunto, faz parte do conjunto C (o conjunto dos carneiros),mas que, ao mesmo tempo, é um elemento de outro conjunto R dos rebanhos.Portanto um conjunto pode ser encarado como elemento de outro ccnjunto. Umrebanho é, ao mesmo tempo, um conjunto que faz parte, ou que é subconjunto, doconjunto C dos carneiros, e é um elemento do conjunto R dos rebanhos. Não estouinteressado em discutir aqui em que classe será conve-niente fazer aos alunos descobrirem o que é um substan. tivo colectivo. 0 que meinteressa é mostrar que isso se liga com a altura em que eles poderão compreenderpraticamente o que são conjuntos e elementos, e o que são conjuntos deconjuntos, e até talvez o que é o conjunto de todas as partes de um certo conjunto.Se a gaveta da Matematica e a gaveta do Português não estiverem sempre, uma,techada, e a outra, aberta, se ambas as gavetas se abrirem ao mesmo tempo emcertas ocasiões oportunas, isso torna-se mais tácil e mais agradável de descobrir e

de utilizar para melhor compreender e utilizar certas frases do Português e paramelhor compreender e utilizar certas operaçõ-es matemáticas.Porque é que propus fazermos aqui estas análises, se, ao mesmo tempo, reconheçoque são análises ainda muito sumárias e carecentes de melhor explicaçãoposterior? Propus fazermos estas análises, mesmo precárias, para vermos quemesmo duas disciplinas tão diferentes como a Matemática e o Português têm,afinal, relações muito íntimas entre si. Por outro lado, pretendi mostrar que, apartir da própria linguagem de todos os dias, podemos, com bom método, teracesso às ciências mais abstractas, visto que essas ciências nasceram do trabalhoquotidiano das pessoas. As línguas não existem independentemente das relaçõessociais, das situações concretas da vida social. Isto quer dizer que temos, já, nalíngua que utilizamos e nas relações sociais às quais ela está ligada, temos aí, ànossa mão, ou à nossa boca, a possibilidade dos maiores progressos. Se usarmos alíngua que falamos Do sentido de vencer as dificuldades do progresso, asdificuldades da criação de um homem novo, então qualquer indivíduo humanopode chegar às formas maís avançadas das ciências e das técnicas. Numasociedade de exploradores e explorados, qualquer língua é um meio de realizar ereproduzir a exploração. Numa sociedade que avança para o socialismo, mesmo apartir das condições tecnicamente mais difíceis, essas línguas oferecem, emembrião, a possibilidade de comunicar e de realizar as mais avançadas conquistascientíficas. Todos os progressos se reflectem na língua que falamosquotidianamente, todos os progressos se podem alcançar com ela, O que édecisivo não é uma língua em si mesma, são os objectivos retrógrados ou, pelocontrário, revolucionários que essa língua serve. É por isso que eu, português, nãosou competente para decidir acerca da política linguística mais conveniente paraAngola, ou Moçambique, ou Cabo-Verde. Quem decide é quem dispõe doselerr*ntos concretos de decisão: são os partidos que representam a vanguardasocial de cada um desses jovens Estados, os partidos que organizam as massasdesses Estados. A obrigação que todos temos é a obrigação de dar a solidariedadede que eles precisam e que eles entendam ser necessária, dentro dointernacionalismo proletário que nos irmana e pelo qual nos devemos orientar.Qualquer língua está, em si mesma, disponível para possibilidades inesgotáveis deprogresso. O que é decisivo é a situação em que cada um de nós se encontra e sãoos objectivos para que se dirige.TEMPO N. 501 - pág. 29L

OBJECTIVOSDO SISTEMA DE CONTROLEDOS RECURSOS LABORAISo Epriênia-piloto nas Provincias do Maputo e GazaA criação dê um sistema de contrõle único dos Recursos Laborais, que permita asua correcta planificação * distribuição, é fundamental para garantir aconcretização dos projectosem que assenta o desenvolvimento económico do País.

É sobro este sistema de contrôle dos Recursos Laborais, que o Ministério doTrabalhoestá a levar à prática numa fase experimental nas Províncias do Maputo e Gaza,que vamosfalar nas páginas seguintes.

Em cima: A Formação Profissional é um processo permanente. Os candidatos aemprego que são admitidos para frequentarem cirsos de Formação Prolissionalestfo sujeitos a um període de prova correspondente à 'duração do cursoAo iado: O ser humano é o agente portador da Força de Trabalho e esta não ý>odeexistir fora do homemA situação do Emprego no nosso Pais não é ainda conhecida em termos absolutos.Presentemente, não há nenhum organismo que possa apresentar uma informaçãoquantitativa e muito menos qualitativa sobre os Recursos Laborais em geral, ousobre qualquer das uas partes, nomeadamente a Reserva Laboral ou a Força deTrabalho.Porém, estamos a seguir, uma via de desenvolvimento socita que exige umaplanificação global da economia de todo o País. É desta forma, e como não podiadeixar de ser, que a planificação dos Recursos Laborais desempenha um papelfundamental na medida em que nela está o homem, na sua dupla qualidade deprodutor e de consumidor.Na sociedade socialista, que estamos empenhados em edificar, a lei económicafundamental é uma satisfação cada mais completa das crescentes necessidadesmateriais e culturais de todos os membros da sociedade. através dodesenvolvimento contínuo da produção social e do aumento da produtividade dotrabalho.Contudo. esse objectivo de satisfazer de forma cada vez mais completa asnecessidades do Povo, não poderá ser alcançado mediante esforços dispersos denume-rosas empresas e outros núcleos de produção. Por isso, torna-se necessária umaplanificação global e centralizada, para que o Estado coordene a sua actividade,estabelecendo proporções cientificamente fundamentada' e distribuindo emconformidade com'elas os recursos materiais e financeiros e a força de Trabalho.Compreende-se, assim, que não é possível planificar um empreendimentoeconó6mico sem planificar a Força de Trabalho necessária para a suaconcretização e manutenção. Por outro lado, não se podem planificar os RecursosLaborais sem se conhecer o seu aspecto quantitativo e qualitativo, sem seconhecer a sua distribuição geográfica e por profissões, idades, sexos, habilitaçõesliterárias, níveis de qualificação etc. É este conhecimento que, aliado às carênciasde trabalhadores manifestadas pelas entidades empregadoras, irá permitir umarqcional distribuição da Reserva Laboral e à distribuição da Força de Trabalho emconformidade com as prioridades económicas, bem como à planificação daFormação Profissional.É a necessidade deste conhecimento actualizado que implica a criação de umsistema de contrôle dos Recursos Laorais, qu,U perqianet"teM2rat ma nT'EMP~O N.'fi -bãc3l1

formação detalhada da sua situação e movimento, permitindo um balançocontínuo dos mesmos.FASE EXPERIMENTALDO SISTEMA DE CONTRóLEÉ, pois, com vista a possibilitar uma planificaçãocorrecta dos Recursos Laborais que está a ser, criado um sistema de contrôle dosmesmos. Este sistema assenta, essencialymente, na articulação com as entidadesempregadoras, com vista à satisfação das suas necessidades de Força de Trabalhoe inscrição de candidatos a emprego com o objectivo final da sua integração naprodução.Para o efeito, as entidades empregadoras, independentemente do seu estatutoactual, devem apresentar, uma vez por ano, no Serviço de Recursos Laborais doMinistério do Trabalho situado no distrito onde estejam localizadas, doisdocumentos: Um. é a «Análise do Quadro de Pessoal», o qual deverá estar emconformidade com o plano aprovado pela Comissão Nacional do Plano para o anoa que se referir; o outro, é a «Comunicação de Ofertas de Emprego»correspondente aos cargos vagos existentes no quadro de pessoal, apresentandotambém este documento sempre que se produza qualquer vaga não prevista noplano.É este sistema, a cujos mecanismos de funcionamen. to nos iremos referir maisadiante, que já está a ser posto em prática, em regime experimental, nasProvíncias do Maputo e Gaza. O resultado desta experiência-piloto irá determinara sua eficácia em servir os interesses dos trabalhadores e dos empregadores e,consequQntemente, da economia em geral. Ao mesmo tempo, permitirá avaliar danecessidade ou não de alguns ajustamentos, antes de ser posto em prática a nívelde todo o País.A colaboração e contribuição dos utentes deste sistema (empregados eempregadores), é extremamente importante para permitir uma correcta avaliaçãodo mesmo. Desta forma, é necessária uma boa articulação por parte das entidadesempregadoras com os Serviços de Recursos Laborais do respectivo distrito, assimcomo por parte dos trabalhadores desempregados e que procuram emprego, quedevem dirigir-se somente ao Serviço de Recursos Laborais do distrito onderesidem, devendo apenas nesse distrito efectuarem a sua inscrição.COMO SE PROCESSAMAS ADMISSõESComo referimos atrás, um dos documentos a apresentar uma vez por ano pelasentidades empregadoras no Serviço de Recursos Laborais do distrito onde estejamsituadas é a «Comunicação de Ofertas de Empreao>. Uma vez de posse destacomunicação, o Serviço de Recursos Laborais diligenciará no sentido deseleccionar os trabalhadores que melhor reúnam condições para ocuparem osrespectivos cargos vagos. Para isso, também é necessário que os trabalhadoresque pretendamTEMPO N.' 501 - pág, 32

IOs diminuidoa ffsfcos, que passando por um proce88o reabilitação recuperamparte das suas capacidades, assi como os estudantes em Idade Laboral, fazemparte da J serva laboral,

A~UJYO AI~TÕRJCO DE MG~AM#1ghEtrabalhar se inscrevam no referido Serviço do distrito da sua residência.Uma vez aceites pelos trabalhadores os cargos vagos que o Serviço põe à suadisposição, é-lhes entregue uma Carta de Apresentação com a qual se irãoapresentar na respectiva entidade empregadora. Esta, por sua vez, poderásubmeter o trabalhador a um período de prova até 30 dias prorrogável até 90 dias,consoante a complexidade do posto de trabalho e mediante autorização do Serviçode Recursos Laborais que enviou o trabalhador.Se o trabalhador não é rejeitado durante o período de prova, terminado esteperíodo é considerado admitido. Neste caso,. as entidades empregadoras, no prazode 48.00 horas após a sua admissão, devem devolver ao Serviço de RecursosLaborais que enviou o trabalhador, a parte 2 e 3 da referida carta de apresentação,bem como o cartão de trabalho devidamente preenchido.Em caso de rejeição, devolvem a parte 2da referida ,carta ào respectivo serviço,com a indicação d:4 motivo da rejeição, e entregam ao trabalhador a parte 3 damesma.No caso de candidatos para frequência de cursos de Formação Profissional, operíodo de prova será o cor.respondente à duração do referido curso.DESPEDIMENTOSE TRANSFERÊNCIASUm outro aspecto que o sistema pretende controlar é o referente ao despedimentode trabalhadores, impedindo de certo modo as fugas desordenadas detrabalhadores de uma empresa sem serem atendidas prioridades económicas.Deve entender-se, neste caso, por despedimento toda a desvinculação definitivade um trabalhador ficandoDado que algumas expressões utilizadas ao longo do texto estão ainda poucodivulgadas a nível da Informao, é útil explicar o seu signi. ficado para que possamir entrando na lingua gem corrente, tanto mais que têm um signifi. cado muitopreciso e não podem ser substituidas.Assim, os RECURSOS LABORAIS sãoaquela parte da população apta para o trabalho, que estã ocupada na produçãosocial (Força de Trabalho) e aquela que se encontra em reserva e que não estáocupada na produção social. Podemos concluir, que os Recursos Laborais sãoformados pela Forçâa de Trabalho epela Reserva Laboral.Como FORÇA DE TRABALHO ou capacidade para o trablho eompreende-se oconjunto de capacidades físicas e mentais que possui o organismo, apersonalidade viva do indivíduo e que se põe em marcha cada vez que este produzqualquer valor de consumo. Por conseguinte, o ser humano é o agente portador daForça de Trabalho e esta não pode existir fora do homem e está determinadaqunlitativamen.te pela sua personalidade.

A RESERVA LABORAL é'constituída pe- \los estudantes em Idade laboral, pelos desocupados, quer tenham ou naoexperiência laboral, pelas mulheres domésticas, pelos incapacitados parciais, alémde indivíduos que se encontram noutras situações especifica&desligado expressamente da relação laboral que existiu para com a entidadeempregadora.Para o efeito, as entidades empregadoras devem apresentar, dentro das 48.00horas seguintes à decisão de despedimento, as partes 1 e 2 da carta dedespedimento devidamente preenchida no Serviço de Recursos Laborais dodistrito onde estão localizadas e entregar a parte 3 da referida carta ao trabalhador.Devem, também, anotar po respectivo cartão de trabalho o seu despedimento.Sem estas formalidades o trabalhador não poderá ser apresentado e admitidonoutra entidade empregadora.A par das situações já referidas, um outro aspecto que importa igualmentecontrolar é a transferência da Força de Trabalho, com o objectivo de ser mantidaactualizada a informação da sua distribuição geográfica, por entidadeseripregadoras e profissões.Assim, as transferências entre entidades empregado-TEMPO W 501 -pág. 33!.1

A stuaçao' a emprego no nosso ias tnao e' conflecila em termos absolutos. 0sistema de contrôle dos Recursos Laborais, visa conseguir a correcta planificaçãodos mesmosTEMO N. 501-pg. 34As mu~wr domesticas e os desocupa'.'dos, quer tenham oundo experiência laboral, estão inclu.dos na Reserva Laboralras diferentes devem ser autorizadas pelo Ministério de Tutela e o trabalhadortransferido deve apresentar-se com a referida autorização e carta dedespedimento.da anterior entidade empregadora no Serviço de Recur...sos Laborais da área danova entidade empregadora. Por seu lado, a antiga entidade empregadora deveactuar como se se tratasse de um despedimento.No caso da transferência se efecttuar entre estabelecimentos duma mesmaentldade empregadora, a autorização de transferência será passada por esta,seguindo as restantes formalidades os trâmites referidos para entidadesempregadoras diferentes, no caso« de a, transferência se efectuar entre distritostambém diferentes. Quanto às transferências entre estabelecimentos damesmaentidade empregadora dentrofdo mesmo distrito, assim como nos casos demudança de cargos ou de categoria ocupacional, deve ser feita una comunicaçãoao Serviço de Recursos Laborais da sua área.Nesta comunicação deve; constar o nome do trabalhador, o estabelecimento deonde e para onde é transferido, o cargo que ocupava e que ocupará após atransferência, qualificação, categoria profissional e salário

antes e depois da transferência.Este sistema surge, assim, da necessidade de umconhecimento actualizado dos Recursos Laborais, que permita um balançocontínuo dos mesmos, na medida, em que o balanço dos Recursos Laborais ocupaum lugar, central na planificação da economia nacional.No caso concreto do nosso Pais, o balanço dos Recursos Laborais, comoreferimos, deve ser feito a.nível de distrito, cujo somatório irá permitir fazer o-balançodos Recursos Laborais provinciais :enacional.L t.

GUARDAR O QUE?Todos os prédios administrados pela A.P.I.E. da cidade de Maputo, com mais detrês andares, têm ao seu serviço uma equipa de três guardas (às vezes têm dois,outras quatro).O seu serviço, que é pago pela A.P.I.E. e, logo, pelos inquilinos dos prédios, não éficar sentado na sua dependência a dormir e a receber amigos, ou ir beber para otasco mais próximo. como é frequente.Todos sabemos e os guardas também (mas às vezes fingem não saber), que é seudever proceder à vigilância do prédio, olhar pela manutenção, fazer a limpeza dasescadas e dos átrios do mesmo, alertaras firmas avençadas e a A.P.I.E. para asavarias verificadas nos elevadores e nas bombas injectoras de água, evitarperturbações, ruídos e danos no, prédio.Esta é a função dos guardas. Têm um horário de trabalho para cumprir, compontualidade e assiduidade: turnos de oito horas por dia.O que acontece na cidade é que, na maioria dos prédios, os guardas são unsparasitas, não produzem o que ganham, têm toda a casta de defeitos inerentes aosmarginais, mas continuam esta sua vida regalada, sob os olhos complacentes dedepartamento responsável pelos guardas da A.P.I.E., mau grado as queixas, asreclamações, os casos apresentados por inquilinos cansados de recorrer a umserviço, quenão dá andamento aos casos que lhes são apresentados.As coisas começam a correr mal com o cumprimento dos horários dos turnos. Sãoraros os prédios em que os guardas fazem diariamente turnos de oito horas. Osturnos são combinados a seu bel-prazer. Por vezes cada um dos guardas trabalhatrês dias segui. dos e só volta a entrar ao serviço daí a seis ou nove dias. Masconhecemos, pelo menos um prédio, onde os guardas faziam até há pouco, turnosde uma semana, entrando de serviço uma vez por mês, e estando de férias trêssemanas em cada mês...Como é óbvio, todos aqueles que fazem turnos superiores a oito horas passamgrande parte do tempo fora do seu local de trabalho: dormem ou fazem as suasrefeições e comem-nas; vão a casa ou dão as suas voltas e passam horas nasbichas. Das horas que deviam permanecer no prédio não ficam lá um terço dotempoSendo assim. a vigilância nos prédios não passa de uma palavra vã e ninguém tema certeza de um dia chegar ao apartamento e verificar que lhe fizeram a

«mudança» da mobília, na sua ausência. Se se vai inquirir o guarda, sobre como épossível terem roubado todo o recheio da casa sem ele ter interferido, dirá com oar mais indiferente e ingénuo que não viu ou então que não ligouaocamiãoeà«mudança.,porque pensou ter sido ordenada pelo inquilino.O guarda também não se dá ao trabalho de procurar saber quem é a cara nova quevê pela primeira vez. Se for um gatuno a estudar o terreno para uma futuraoperação, entra e sai do prédio impunemente, que ninguém lhe pergunta o quequer, para que andar vai, que pessoa vai visitar. O guarda é apático e comodista,não está para se levantar do seu banquinho - no caso de estar presente - e de fazerperguntas e confirmar as respostas. Os gatunos sabem desta faceta dos guardasdos prédios e aproveitam.Olhar pela manutenção do prédio é um dos deveres cometidos aos guardas - ouseja substituir as lâmpadas fundidas das escadas, executar pequenas reparaçõesnas portas, nas canalizações, nos elevadores, etc. (Já sabemos que a maioria nãotem qualquer espécie de treino para esta função, mas deviam ter).A limpeza das escadas, dos pátios, dos patamares, das entradas, das casas debanho do serviço ge, ral, é trabalho que lhes está atribuído. Nalguns prédios -poucos-a limpeza é cuidadosa e o seu aspecto apresenta-se impecável. Mas, na maioria,nem os bazares ao fim do dia se mostram tão sujos. Cascas apodrecidas, papéisamarrotados, manchas de líquidos com características suspeitas, objectosabandonados, chinelos velhos desirmanados e um cheiro nau-TEMPO N.' 501 - pág. 35r.-UmaL.MARCO 80,j/ýI0ý

seabundo que inunda desde a entrada até ao último lance de escadas são aspectosdesagradáveis que se deparam ao visitante. Se alguém protesta, dizem não tervassoura, nem pano. Se se lhes dá vassoura, pano, sabão e balde para Carregarágua, dizem. que são os inquilinos que sujam (o que grande parte das vezes éverdade) e que não têm tempo....Quando os elevadores e às bom bas injectoras e os intercomunica dores seavariam, os guardas têm o dever de avisar de imediato as firmas avençadas e oserviço de Ranutenção, para que se proceda à reparação necessária. O que sucedeé que os guardas muitas Ve zes estão ausentes e, no caso dos elevadores as avariaschegam a provocar situações dramáticas. Já assistimos, a inquilinos a tentarlibertar, com alicates inapropriados, os passageiros presos na caixa doselevadores. Estes gritam cada vez mais aflitivamente e, por vezes, ge. ra-severdadeiro pnico, principalmente se algum deles sofre declaustrofobia e aterroriza e enerva os outros. Sucede, também, serem crianças queficam presas o que agrava a questão.Não foi há muitos meses, uma senhora grávida. acompanhada de uma pequeninade dois anos, viu-se encravada no poço do elevador. Entrou em pânico, chamou

em aitos clamores em Changana e em Português, enquanto a filhinha choravaaterrorizada. Dois homens, queseguiam dentro do elevador, procuravam acalmá-la e inquilinos pestados noexteríor, no patamar. procuravam sossegá-la, enquanto um deles desencantava emcasa um alicate, com que procurava abrir a porta. O guarda nem vê-lo - tinha idopara uma bicha qualquer - s;gundo se desculpou depois. O inquilino com o seuinadequado alicate lá conseguiu, depois de muito porfiar, abrir'ã porta. A senhoragrávida estava caída desmaiada no chão e teve que ser levada de urgência para ohospital, na eminência de abortar. O pai da menina contava, semanas depois aosvizinhos que a filha acordava muitas vezes durante a noite, a gritar e a chorar.Estava tomada de terrores nocturnos, depois de ter saido daquela experiênciatraumatizante de se ver encarcerada no scuro, dentro do elevador.,O guardacontinuou impune, a flanar lá pelo prédio, e ninguém lhe foi à mão, porque devidoa um paternalismo (ou comodismo? inconcebível da A.P.l.E. ninguém lhe pediuresponsabilidades.Quando, aos elevadores avariados, se juntam as avarias das bombas injectoras deágua num prédio, temos bichas de senhoras esgotadas - muitas delas grávidas semfalar nas que estão doentes, a subir penosamente 8, 9, 10, 11, 12 e mais andares,com baldes carregados de água para fazer a comida, a limpeza, dar banho àscrianças. A maioria dos guardas não dá umpasso no sentido de obstar à situação, insistindo junto dos responsáveis para queprovidenciem às reparações necessárias.Outras vezes, inquilinos, sem o mínimo conhecimento do que é viver num prédio,deixam os filhos andar a passear no elevador, as crianças desenharem riscos nasparedes dos patamares e das escadas (e certamente no interior das casas), osadultos não raro fazem barulho, tocam e dançam até depois da meia-noite, semrespeito pelo sossego dos outros, quando depois das 22 horas há que fazersilêncio, mas quanto a isto os guardas não intervêm.Estes constituem a maioria dos guardas de Maputo - note-se que há guardas,interessados, diligentes, cuidadosos - que deixam deteriorar-se os bens do Povo.São uma massa amorfa de trabalhadores indisciplinados, negligentes, desleixadoscujas faltas diárias e graves são ignoradas pela secção de pessoal da A.P.I.E.As orientações foram dadas: não há emprego para Os incompetentes nem para osnegligentes.E exposto o que atrás ficou dito e que pode ser testemunhado por dezenas demilhar de inquilinos em centenas de prédios, há uma pergunta que logo se põe: osguardas, guardam o quê? - Os guardas aguardam apenas o pagamento mensal.AREOSA PENATEMPO N.' 501 - pág. 36

Tímor-LestePortugal parec estar em vias de rebrir o processa de Tlmo-Leste.e,conenquentementeo assumir as responsabilidades que lhe advm do facto de serlegalmente a potncia colonizadora do territGrio que já declar a indopedência élogrou reconhecimento de alguns pales.

Por seu turno a FRETILIN tom lançado nos últimos tempos uma vasta campanhadiplomática com vista à condenação * ]oamento da Indonésia despertando osolhos de partidos, governos a organizações progressistâs para os crimes cometidoscontra o Povo mauboro.Carlos Cardoso e Fernando Uma da AlM dão-no no texto que se segue umpanorama completo da situação.O governo português parece estar disposto a reabrir o «dossier» Tinor-Leste pelaporta do restabelecimento das relações diplomáticas com a Indonésia.Segundo a FRETILIN, o Minis tro dos Negócios Estrangeiroi português, Freitasdo Anaral, de verá encontrar-se em Paris coir o seu homólogo indonésio entre osdias 19 e 30 deste mês. Da par. te portuguesa já houve um des. mentido mas aFRETILIN mantém que as suas fontes «são de confiança, incluindo fontesportuguesas».Caso o encontro se realize qual será a posição assumida pelo governo português?Mari Alkatlri, Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática deTimor-Leste e membro da direcção da FRETILIN, esteve recentemente emPórtugal e em vários países" da Europa ocidental. Mari Alkatiri declara que nosseus contactos com membros do governo português edo conselho'da revoluçâo e com elementos da presidência da República não houveindicações de que Portugal venha a aceitar a anexação de Timor-este pela In-TEMPO N.' , - pág. 37Há que recordar ýaqui que na ONU Portugal tem votado contra a Indonésia noque toca à questão timorense.No entanto, na aliança democrática, -que actualmente governa Portugal, pelomenos certos sectores do CDS estão interessados em ver a questão timorense<resolvida» através de 'um <sim» português à anexação... Primeiro, porquePortugal não administra efectivamente Timor-Leste, e, em segundo lugar, porquejá há em Portugal alguns milhares de refugiados timorenses que engrossaram asfileiras dos desempregados. É, pois, possível que para o CDS a salda sejaconcebida em termos de usar TimorLeste como moeda de troca norestabelecimento das relações diplomáticas com a Indonésia.Mas se isso pode constituir saida para o actual governo português sem grandesagruras a curto prazo, há que prever, a a longo prazo, o espectro do, desprestígio,da desonra internacional, porque essa salda não indica a resolução do problemaonde ele efectivamente existe: em Timor-Leste.Segundo 4ari Alkatiri, a crise no interior da FRETILIN foi resolvida com uma,rectificação nas fileiras» e o combate da guer-

rilha prossegue nas montanhas. Até fins de 1978 desenvòlveu-se uma guerra demovimento com a concentração de grande número de combatentes. Isso impunhaa necessidade de essas forças terem m u i t o equipamento antiaéreo para fazerem,face à única força Indonésia realmente eficaz nas montanhas - a força aérea. Hojea FRETILIN abandonou a guerra de movimento e utiliza a prática da guerrilha depequenos grupos- 5 ou 6 combatentes em cada ataque.

Esta nova forma de combater permite à FRETILíN espalhar os seus guerrilheirospor mais extensas Zonas do país, provocar o desdobramento das forças.Indonésias, e, ao mesmo tempo, neutralizar a força de helicópteros indonésios apartir dos cumes das montanhas quando aqueles baixam para largar os comandos.«Ainda em Fevereiro deste ano abatemos mais um helicóptero» diz Alkatiri queacrescenta: «para os indonésios a melhor arma é o bombardeamento maciço,queimando tudo com napalm. Com os seus heli-canhões os helicópterosimpõem-nos r e s pe í t o mas não são tão perigosos com a aviação.»Nesta transição militar a FRETILIN atravessou sérias dificuldades,nomeadamente, a fome entre a população, fome essa causada pelosbombardeamentos sistemáticos das culturas de planície. A fome provocou muitasrendições por parte da população do interior, mas uma parte dessas rendições foiorganizada pela FRETILIN. Fotografias publicadas na altura mostram que agrande maioria da população timorense que se rendeu é constituída por velhos ecrianças com uma percentagem muito baixa de jovens. Diz Mari Alkatiri:«Libertámo-nos assim de um grande peso no que diz respeito ao abastecimento dapopulação e enviámo-la para o lado do inimigo. Assim conseguimos tambémenviar quadros nossos para a zona dó inimigo criando condições para odesenvolvimento da luta no seu seio.» Com a FRETILIN ficaramMari Alkatiri, Ministro dos Negýcios Estrangeiros d4 Timor-Leste: uma batalhadiplomdtica pelo reconhecimento da FRETILINcerca de 200 mil pessoas que hoje praticam aquilo a que dão o nome de«agricultura estratégica», essencialmente, tubérculos e ^milho que constituem abase da alimentação.Este cenário à luz dos exemplos históricos da guerrilha vitoriosa noutros pontosda terra e da fragilidade social do actual regime indonésio, faz com que aFRETILIN e fim da guerra sejam duas coisas inseparáveis. Para a direcção daFRETILIN o primeiro passo para a resolução do problema é, pois, oreconhecimento deste movimento como único e legítimo representante do Povotimorense. Por outro lado, como Portugal não é realmente o poder administrativode Timor-Leste, a resolução passa pela aplicação das resoluções da ONU. EmOutubro deste ano realizam-se em Portugal eleições gerais e até lá é poucoprovável que alguma coisa se adiante, para além de qualquer consertação deintenções entre os governos português e indonésio. Entretanto a FRETILIN é daopinião de que a Indonésia joga com o facto de o actual executivo português serde direita para exercer pressões sobre Belém através dos Estados Unidos ou dacomunidade económica europeia, tendentes a provocar uma solução jurídica quegaranta os interesses Indonésios na zona, ou,pelo menos, os interesses dos Estados Unidos. Com um acordo jurídico entre aIndonésia, Estados Unidos e Portugal, diz Mari Alkatiri, «tratar-se-á de colocarum governo em Timor-Leste que mereça a confiança destes países, jogando-secom as forças que se consiga construir».Quanto à Holanda e Austrália, opina o Ministro dos Negócios EstrangeirosTimorense, «o seu papel será aquele que lhes for distribuído pelos Estados Unidosporque os Estados Unidos são realmente a força dominante naquela zona e só elespodem determinar a retirada da Indonésia de Timor-Leste».

Para a Indonésia uma saída a curto prazo é fundamental porque a situação no ladotimorense ocupado pelos indonésios está-se a tornar insustentável. Cerca de 300mil pessoas vivem em campos de concentração sem nada produzirem o que leva aIndonésia a ter que fofnecer de fora toda a alimentação, vestuário emedicamentos.Quanto aos países da Europa Ocidental a maioria aguarda uma tomada de posiçãode Portugal. Mari Alkatiri esteve em Itália, França e Suécia. Nos dois primeirospaíses contactou Partidos Políticos na oposição e organizações humanitárias. NaSuéciã o contacto foi com o governo através doTEMPO N., 501 -pág. 38

Ministério dos Negócios Estran, geiros. «Verífiquei que o governo sueco, comomuitas outras forças, estava um tanto mal informado sobre a situação em Timor-Leste, recebendo notícias apenas da Indonésia. Aminha visita ajudou a corrigir ainformação de que a FRETILIN praticamente já não existia. Estavamembaraçados e diziam não ver como poderiam manter a sua posição no decursodo próximo ano. Chegâmos conjuntamente à posição de que a Suécia deveriacontinuar a reconhecer a FRETILIN principalmente se Portugal vier a tomar umaposição mais activa.»Essa «posiçáo mais activa», adianta Alkatiri, pode ser a de Portugal multiplicar osseus contactos com os países ocidentais e na ONU no sentido de pressionar oponto de vista de que há em Timor-Leste uma força de agressão que é aIndonésia, «criando contradições que necessariamente levarão a uma soluçãopolítica».Até aqui a face pública dos partidos que compõem a aliança democrática tem sidoa de não aceitarem a anexação de Timor-Leste pela Indonésia mas nuncachegaram ao ponto de afirmar categoricamente o seu apoio à FRETILIN e ã lutado Dovo Maubere.Por outro lado, agora que estão no governo, sofrem todo o tipo de pressões que osleva a uma posição ambígua, quer de silêncio quer de declarações pouco clarasE quanto aos partidos de esquerda que estão na oposição à aliança democrática,opóem-se ao diálogo entre a FRETILIN e o governo português?«Não podemos dizer que encontramos oposição», diz Alkatiri, «encontramosincompreensão. Houve muita incompreensão por parte dos partidos de esquerda.yrin P. t . . diúloan'. Procu-das cond ormraçõesrámos escutá-los e pensamos que,, depois do nosso diálogo com esses partidosý, asituação está mais cla.rificada.Achavam que pelo facto de estarmos a dialogar com um governfo de direitaestávamos a fazer uma viragem à direita. Tentámos mostrar a esses partidos quenem, fazemos viragens à direita nem â; esquerda. Apenas pomos em prática anossa política de colaboração pois, quer queiramos ,quer não, o governoportuguês, Portugal, tem uma responsabilidade nara com o Povo de Tirror-eis a luta não parou em Timor-Leste contrar Vmenrte pelas agências im-oerialistas. Na foto. cormbatentesdas FALANTIL

-Leste e deve assumir essa responsabilidade. É nesta base que colaboramos comqualquer governo português que mostre qualquerV¥ abertura no sentido da resoluçãodo problema, independentemente de ser de esquerda ou de direita».Hoje não há praticamente nenhum pais que não reconheça que a FRETILIN é oúnico movimento que resiste à ocupação Indonésia. O reconhecimento for-, maldisso depende do jogo de interesses e forças que se trava naquela zona do Globo.Para Portugal parece só haver uma alternativa ao engajamento na resolução doproblema: é pouco edificante atitude de um simples lavar demãos.ade que apartidos ePor Carlos Cardosoe Fernando LimaTEMPO N., 601 - pág- 39C rianças j.LETIL,este maltratadas pela guerra. Esta é a ri i reconhecida pela maior parte dos goveri3rganizações progressistas do mundo

rCAMPANHA PARA AýýA LIBERTAÇÃO, DE NELSON MANDELAA intensa campanha movida na África do Sul pela libertação de Nelson Mandela,líder do ANC e primeiro comandante-em-chefe do «UNKOTO WA SIZWE,,braço armado desta organização, está ganhando proporçoes sem precedentes emtodos os sectores da sociedade do «apartheid». Nelson Mandela preso em RobenIsland desde 1962, é o símbolo da continua e indestrutível revolução da África doSul. Na prisão estão também vários niríúlhares de outros militantes do ANC queapós o julgamento do tribunal tiveram o mesmo destino. A campanha tem tidoapoio da imprensa em língua inglesa, dirigida para leitores brancos e negros, damaior parte das Igrejas, e recentemente ganhou apoio do Partido de ReformaProgressista, oposição oficial no seio do Parlamento racista. Assim, o director da«Fundação da Africa do Sul», um consórcio de interesses capitalistas, para daruma boa imagem daAfrica do Sul no exterior apelou pela libertação de Mandela. 0 ConselhoRepresentativo dos Estudantes da Universidade de Witwatesrand, depois de umentusiástico apelo numa reunião de Nelsonmassas dirigida p e la filha de Mandela, Zinzi, distribuiu uni do- para negoecumento contendo a história e o líderes da programa do ANC e apelando pelaPor outr libertação de Mandela. Mas pa- a lbertaç rece evidente que a maior sur-grande apc presa está em dois eminentes da comuni jornais africanders pró-governa- veteranos mentais terem lançado um ape- mais joven lo para o regimedo «apartheid» fles», dosTEMPO N., so -pág. 40MandeZa: a campanha pela sua libertaçdo ganha cada vez maisforça na Africa do Sul

iar com os verdadeiros tes, dos funcionários dentro população negra, fora doaparelho do «aparthEo lado, a campanha pe- Por outras palavras, a camps ão de Mandela tem umpublicada em colunas de jori io de todas as facções representa a unidade de toUdade negra, desde os comunidade negra em torno da luta aos membros maradical exigência, adquir s da «Black conscious- um verdadeiro carácter deoperários aos estudan- sição contra o «apartheid».ou ,14». mhaiais, [aa düIndo opO-

Porque é que esta campanha se elevou e ganhou eco rápidamente?- Nos últimosanos, organizações anti-apartheids de qualquer canto do mundo e indivíduoscorajosos na Africa do Sul apelaram pela libertação de Mandela e outros presospolíticos. porém não encontraram eco. Devemos notar bem o seguinte: a presentecampanha não é unicamente para a libertação de Mandela não é simplesmente porum gesto caritativo e humanitário que se faz tal apelo. Os prisioneiros em RobenIsland, quando fizeram uma petição e exposição para a Cruz Vermelha, exigiramsempre uma libertação incondicional para os lideres do povo injustamenteaprisionados. O que se exig. agora é a libertação de Mandela e de todos os seuscamaradas, isto é, os verdadeiros liíderes do povo.Duas coisas aconteceram sobre a tomada radical desta posição que penetrouprofundamente na sociedade branca, a nível interno e externo. A nível interno, é aintensa actividade dos guerrilheiros do ANC, por um lado, e a agitação dosoperários, por outro. Guerrilheiros atacaram postos policiais no Soweto e nonordeste do Transvaal e enfrentam o inimígo com tenacidade. Uns lutam até àmorte quando se vêem cercados pelo inimigo nos arredores do Soweto. SolomonMahlanga foi levado à forca dizendo que a sua morte «regaria as árvores da futurageração». James Mange, sob sentença judicial neste momento, desafiou ojulgamento que durou semanas, cantando canções de liberdade. Finalmente, ocerco do Banco de Silverton em Pretória, levado a efeito pelos guerrilheiros doANC, deu um grande impulso na consciência revolucionária... Vinte mil pessoasassistiram ao enterro (funeral) apresentando pêsames ao ANC. Saudaram aquelaorganização cantando canções do ANC e exigindo a libertação de Mandela. Foium grande choque para os brancos ao verem que os negros olhavam para osguerrilheiros como heróis e não como terroristas. Numa sondagem à opiniãopública

- .. .-~,OPERAÇÃOFIASCO',e Estados Unidos falham aventura miltar no frãoA falhada operação americana de salvamento dos reféns da embaixada dos EUAem Teerão foi não so um desastre :militar mas, sobretudo, um estrondoso erropolítico. O prestígio de Carter saiu profundamente comprometido da operação queembaraçou os seus parceiros europeus da OTAN.

O artigo que a se9uir publicamos foi extraído do jornal português ,,0 Jornal», etem interesse pelos pormenores que dá do falbanço daquela aventura belicistaamericana:Carterr o prestígio comprometido mesmo entre os amigos dos EUASegundo, as informações parcelares fornecädas pelo próprio Pentágýono, aoperação, cujo nome de código se desconhece, destinada a obter a libertação dameia cente de reféns que se encontravam na Embaixada ocupada dos EUA emTeerão, foi desencadeada pelo general David Jones, Chefe do Estado-Maiorinterarmas das forças armadas norte-americanas, às 22 horas de quinta-feira, apartir da sala de comandos ultra-secretos do Pentágono. Para além dos própriosenvolvidos, apenas o presidente Carter tinha conhecimento dela.Do porta-aviões «Nimitz», nave-' gando nas águas do golfo de Omã partiam duashoras depois oito helicópteros-gigantes «Sikorsky», destinados a transportar osreféns no regresso. Estes atingiram o 'primeiro objectivo, Posht Badam - pequenalocalidade situada numa região desértica a cerca de 300 quilómetros a sUdoestede Teerão - cerca de três horas depois. Posht Badam,, a aproxima-damente 800 quilómetros em linha recta do local onde se en-' contrava o porta-aviões «Nimitz», era o local :de «rendez-vous», o ponto de encontro marcadoentre os helicópteros e o resto do «comando».Quando os «Sikorsky» ali chegaram já Se encontravam no local seis aviões detransporte «Hercules'C130» (aparelhos muito divulgados entre as forças armadasocidentais e que a Força Aérea Portuguesa também possui) transportando 90homens rigorosamente seleccionados, pertencentes aos quatro ramos das forçasarmadas dos EUA. Segundo o Pentágono, todos eram voluntários.Mas antes aínda que os helicópteros chegassem ao ponto de encontro, a operaçãocomeçara já a transformar-se em tragicomédia. Com efeito, uma avaria técnicaprovocada por uma tempestade de areia fizeram um dos «helis» cair pouco depoisde ter alcançado a costa iraniana. Outro teve de fazer meia volta e regressar à pon-te do «Nimitz», devido ao mau funcionamento dos seus instrumentos de bordo.Portanto, apenas seis «helis» aterraram em Posht Badam, local de encontro comos «Hercules». Um deles levava a bordo a tripulação do que se despenhara, e queescapara toda com vida do sinistro. Não ficaram por aqui, contudo, os azares comos helicópteros. Sempre ségundo os elementos fornecidos pelo próprio Pentágono,quando os seis estavam pousados na areia, o piloto de um deles detectou umaavaria num dos circuitos hidráulicos. A6sim, apenas cinco helicópterospermaneciam operacionais. (E apetecia já perguntar: por quanto tempo?...).A muitos milhares de quilómetros de distância, nos arredores de Washington, noedifício do Pentágono, reinava uma compreensível consternação. Claro que ogeneral Jones não contava com tal sucessão de fracassos. Agarrou num telefonedirecto e ultra-secreto e, sob tensão, telefonouTEMPO N., 5021 -.. pág. 42

a Carter. Estava previsto que se o «comando» não pudesse dispor de pelo menosseis helicópteros, a operação teria de ser anulada. O presidente, a ver a suareeleição comprometida, concordou que era preciso anular a operação antes queela desse demasiado nas vistas.

PERGUNTAS SEM RESPOSTAMas os azares dos americanos não iam ficar por aqui, a operação daria mesmo(muito, muitíssimo) nas vistas. Na região desértica de Posht Badam, não muitolonge da cidade de Tabas, os homens do «comando» americano aprisionaram os53 passageiros de um autocarro de carreiras interurbanas do Irão, testemunhas dapresença mais que suspeita de aviões militares estrangeiros no local.De súbito chega a contra-ordem de Washington. Havia que anular o «raid». Ooficial que dirige o «comando» ordena a retirada. A escuridão é total. Naprecipitação da retirada, um «Hercules C-130» chocou frontalmente com um doshelicópteros. Explosões, labaredas. Oito mortos e cinco feridos entre os homensdo «comando», segundo a versão americana. Nove mortos se aten:dermos aonúmero de corpos carbonizados exibidos posteriormente pelos iranianos. Osferidos foram embarcados a toda a pressa num dos restantes «Hercules», queimediatamente levanta voo para destino desconhecido, deixando no solo os«Sikorsky» ainda intactos.A operação falhara clamorosamente. Um «raid» do mesmo tipo do que osisraelitas haviam lançado em Entebe ou os alemães federais em Mogadiscio forafalhado pelos americanos. O que dá azo às maiores especuiações. Porquê? Como?Será que aquela que passa por ser a maior potência militar do mundo não dispõe,afinal, de verdadeira operacionalidade? Como se compreende que uma operaçãotão minuciosamente planeada, ultra-secreta, em queapenas o presidente estava no «segredo dos deuses», tivesse falhado de maneiratão irrisória, com avarias técnicas em três dos oito helicópteros destacados (eporque não mais de oito, como justamente, perguntou depois o senador Byrd?) euma colisão frontal entre dois aparelhos?O «ayatollah» Khomeiny foi peremptório. Na sua veemente condenação daoperação, congratulou-se (como todo o Povo iraniano) pelo falhanço do «raid»,fra-casso esse que atribui à «intervenção divina».Os corpos dos americanos mortos no «raid» abortado foram expostos em Teerão,na embaixada dos EUA, ocupada há seis meses, como se sabe, por um grupo-dejovens militantes já mundialmente conhecido pela designação de «estudantesislâmicos». Esta exibição dos corpos representa, segundo acusam os EUA, um«novo cúmulo de depravação moral»b.Um c~vo c~nado junto ao helicóptero americano abatido. Os iranianos exi.biram-no diante da emba dttMPO N.* I1 -pag. 4

Embaixada dos EUA em Teerão. um alvo demOs reféns norte-americanos da embaixada, cuja libertação foi o mó bil do <raid»fracassado, foram, entretanto, e na sequência do clamoroso falhanço Militar,transferidos para outros pontos do Irão, o que dificultará - ou impossibilitará - arealização de uma nova operação deste tipo. O jornal egípcio «AI Akhbar» prevê,de qualquer modo, a uma nova operação bélica norte-americana para resgatar osreféns. <,A partir do momento em que é utilizada a força militar, o seu usq podeser ampliado à maiores proporções», escreve em editorial. Argumenta ainda o

editorialista do influente órgão daquele país aliado dos Estados Unidos na zona doMédio Oriente que, após o falhanço do «raid», «o prestígio dos EUA está emcausa» e isso pode forçar o lançamento de qualquer outra operação militar numfuturo muito próximo.REELEIÇAO DE CARTERCOMPROMETIDAJimmy Carter, que vê seriamente comprometida a sua reeleição para a CasaBranca em Novembro próximo, declarou publicamente, após a falhada operação,que não estava arrependido pelo desencadear da mesma, mas esta declaração foigeralmente interpretada como um mero jogo de palavras.Por seu lado, os líderes europeus, que receberam a princípio com uma certa friezaa notícia da operação militar americana no Irão (sobre cujo lançamento nãotinham sido consultados) e do seu fracasso, decidiram posteriormente declarar-seao lado do presidente Carter e dos EUA. O programa de sanções económicascontra o Irão, decidido na terça-feira da passada semana após um período deintensas pressSesas ambições- beUclsta4 americanasdos Estados Unidos, não será, ao que tudo indica, posto de parte, não obstanteessas sanções terem sido decididas como alternativa a uma operação bélica norte-americana e na crença de que os EUA não «jogariam com um pau de dois bicos».O falhanço do «raid» veio pôr ainda mais em evidência o facto de aAdministração norte-americana ter faltado à sua palavra, ao dar o dito por nãodito, desencadeando a operação militar quando possuía já a garantia de que osaliados europeus colaborariam no boicote económico ao Irão. O Egipto tambémreafirmou a sua solidariedade para com os EUA. Israel, por seu turno, lamentou omalogro da operação, tendo o ex-p r 1 m e i r o-ministro Yitzhak Rabin queautorizou o «raid» relâmpago israelita a Entebbe, em 1976'- criticado oplaneamento da operação americana de resgate dos reféns de Teerão,TEMPO N.° 501 - pág. 44

sobretudo no tocante à previsão de- situações alternativas de retirada.Dentro dos EUA, o lançamento de um «raid» deste tipo era, geralmente, vistocom bons olhos, mas o falhanço estrondoso da tentativa da semana passada isolouCarter. Contudo, tanto o seu concorrente à nomeação presidencial pelo PartidoDemocrático, Edward Kennedy, como o provável candidato republicano àseleições, Ronald Reagan, tiveram palavras de relativa simpatia para com o actualpresidente e para com a decisão por ele tomada de ordenar a operação militar. Porsua vez, o antigo presidente Richard Nixon reiterou o seu apoio à decisão deCartér de empregar a força militar para libertar os reféns de Teerão e frisou que,em seu entender, a força deveria voltal a ser usada «caso se torne necessário».A URSS, como é natural, criticou em termos violentos o que classificou de«política aventureirista» da Administração norte-americana em relação aoproblema iraniano.Por outro lado, é voz corrente na América que os soviéticos têm algo a ver com ofracasso do «raid». Assim, una versão posta a correr nas primeiras horas após adivulLyacão do falhanco dava a

entender que as dificuldades técnicas encontradas pelos americanos teriam a suaorigem em interferências sonoras que teriam impossibilitado a coordenação. porrádio da operação. Essas interferências partiriam de território soviético. O jornallondrino «Observer» vai, porém, mais longe, ao pôr a hipótese de ocancel@inento da operação, decidido a certa altura por Carter, se ter ficado adever não a falhas técnicas, mas a pressões soviéticas sobre os centros de decisãonorte-americanos.A DEMISSÃO DE CRYUS VANCEPara já, a consequência Imediata de maior vulto do <raid» fracassado terá sido ademissão do secretário de Estado norte-americano, Cyrus Vance. A decisão deVance deve-se ao facto de Carter ter ignorado o seu conselho de não ordenar amalograda expedição. A saida de Vance adensou, como é óbvio, a atmosfera decrise em que vive a Administração Carter. Funcionários governamentaisdeclararam em Washipgton que Vance não fora, porém, o úico membro doConselho de Segurança Nacional - que inclui também o secretário da DefesaHarold Brown e o conselheiro so-bre segurança nacional, Zbigniew Brzezinsky - a opor-se ao desencadear daoperação. Carter terá, assim, jogado tudo por tudo, fazendo figas para que o<raid» tivesse um êxito espectacular. Não teve, no entanto, nem sequer um êxito.relativo, saldando-se por rotundo fracasso de que a totalidade das consequênciasé ainda imprevisível.Cyrus Vance, de 63 anos, considerado um especialista em crises, fora encarregadodiversas vezes pela Administração americana de dirigir operações consideradasdifíceis. Considerado um moderado nas decisões que toma, este hábil econceituado diplomata anunciara já a intenção de se demitir da secretaria deEstado a partir de Janeiro próximo-mesmo que Carter fosse reeleito para apresidência.Juntamente com Vance, outros altos responsáveis a ele ligados demitiram-se dosrespectivos cargos. Entre eles encontra-se o porta-voz do Departamento, HoddingCarter, o secretário de Estado-adjunto para os Direitos Humanos, Patt Derian,mulher de Hodding Carter, o subsecretário Matteew Ninetz, o secretário-adjuntoRichard Holbrook e o secretário-adjunto, Richard Moose.Depois de Warren. Christopher (conhecido nos meios políticos norte-americanospor <o Vance de Vance») ter desempenhado interinamente, durante um dia, ocargo de secretário de Estado, foi escolhido para aquelas funções, a títulopermanente, o conhecido senador democrático pelo Estado do Maine EdmondMuskie.Este político de 66 anos foi o companheiro de lista, como candidato à vice-presidência, de Hubert Humphrey, nas eleições presidenciais de 1968 e nãoconseguiu ser nomeado candidato pelo Partido Democrático 's eleições de 1972,apesar de as sondagens â opinião pública o apresentarem como favorito.Muskie é senador desde 1959, depois de ter cumprido um mandato comogovernador do Estado Maine. É actualmente presidenteTEMPO : 501 - pág. 45

Aquuo que pareca um mero acw "e e po, a tornar-se numa das mais qeite

foto, estudantes iranianos que monida Comissão de Orçamento do Senado e membro da Comissão de NegóciosEstrangeiros.O PLANO INICIALQue teria acontecido se a operação norte-americana não tivesse esbarrado comuma série de Imponderáveis? As autoridades dos EUA não o revelaram, mas ojornal «Daily News», de Nova Iorque, sem referir fontes, revela que o «raid»previa que a embaixada fosse atingida antes do pôr-do-sol, cortadas as linhastelefónicas e eléctricas e sujeitos os estudantes islâmicos à acção de gases.O esquadrão transportaria depois os reféns de helicóptero. O plano implicava 90«comandos» apoiados por uma «quinta coluna» de Iranianos, que deveriamchegar à embaixada em veículos mi-litares iranianos após terem pas sado o dia anterior escondidos.Após o corte de linhas telefónicas e eléctricas, seria colocado um engenhoexplosivo para abrir um buraco num muro a fim de permitir a entrada de camiões.Sempre segundo o «Daily News», cada «comando» dispunha de uma máscaraantigás e uma pistola de calibre 22, de cano comprido e silenciador.Enquanto o grupo principal atacava a embaixada, um grupo menor invadiria oMinistério dos Negócios Estrangeiros, onde se encontravam três reféns norte-americanos,Caso o combate fosse violento na embaixada, os reféns seriam levados para umcampo de futebol nas Imediações, para serem depois metidos nos helicõpteros. Osreféns, os comandos e os ira-nianos aliados se ri a m depois transportados para uma segunda pista aérea, a<Deserto Dois». Ali seriam transferidos para os aviões «C-130» e, com coberturade outros aparelhos vindos de porta-aviões nas Imediações, transportados para«local seguro».Por outro lado, parece ter sido já solucionada a disputa sobre o destino dos restosmortais dos americanos carbonizados durante a tentativa frustrada de salvamentodos reféns em Teerão. FOi decidido confiar ao arcebispo católico grego HilarionCapucci a devolução aos EUA dos oito cadáveres, actualmente depositados nodepartamento de medicina legal iraniano.Inicialmente, o presidente Bani-Sadr afirmou que os cadáveres seriam devolvidossem pré-condições, mas optou por entregá4os a representantes de Igrejas e daCruz Vermelha, depois de militantes terem desmentido as suas declarações. Maistarde, anunciou que, fora pedido ao arcebispo que se encarregasse do caso.BaniúSadr reagiu prontamente a um apelo do ayatollah» Khomeiny para que«sejam, mostrados ao mundo os alegados crimes que os Estados Unidos <aindaestão a cometer» no Irão.Assim, o presidente Iraniano anunciou que seriam convidados representantes daCEE, Japão, movimentos sindicais e partidos políticos para discutirem einvestigarem <a agressão norte-americana contra o Irão». O Irão decidiu, ainda,convocar uma reunião de emergência do Movimento dos países Não-Alinhados econvidar um representante das Nações Unidas para ir a Teerão.aTEMPO W. 501 - pág. 46

m ....................N.* SOl .. píg. 46

NoticiáriUGANDA: ÁFRICA DO SUL:REGRESSO DE MILTON OBOTE GREVE ESTUDANTIL,Depois de 9 anos de exílio na Tanzania,1 o ex-Pre sidente do Uganda MiltonObote, resolveu regressar ao Uganda a convite do Partido Congresso do Povo doUganda (CPU). Obote' dirigiu este partido antes da independência até à altura emque foi derrub1 o por um golpe de 'estado dirifido pelo deposto Idi Amin Dada.Obote, cujo regresso está previsto para. dia 27 deste mês, criticou a actualpolítica económica tomada por, Godfrey Binaisa, actual Chefe de Estado, segundoa qual o Uganda se en-contra a depender essencialmente do apoio estrangeiro. Na sua opinião, o Ugandadevia tomar o princípio de contar com as suas próprias forças e restaurar apequena indústria no país.Entretanto, o General Oyite Ojok foi demitido do cargo de Chefe de Estado-Maiorugandês e posto como embaixador na Argélia. Ojok é tido como partidário deMílton Obote. A decisão de Binaisa criou já distúrbios nos círculos políticos emilitares do Uganda, o que fez com que forças militares da F.N.L.U., emobediência a Ojok, ocupassem pontos estratégicos da'tapital nomeadamente aRádio de Kampala, em protesto contra a demissão de Ojok. Uma comissão militarcontrola agora o país.~ .Notícias de última hora dizem que o Presidente' Binaisafoi suspenso das suas funções e colocado com residência fixa.TEMPO N. 501 - p g . 47o africanoO Governo de Pretória foi fortemente abalado por uma onda de greve estudantilverificada em diversoos estabelecimentos escolares. A greve teve como objectivoatingr o ponto mais sensível do sistema, :educacional da Africa do Sul: adiscriminação racial no ensino.Segundo as úli estatísticas ço sector do ensino, Odólaressã gastas por cadacriança branca enquanto para cada :riança negra se despendem apenas 23.Cerca de 100 mi- esstudantes negros, mestiços e indianos, apoiados pelos seusprofessores, encarregados de educação eo rganígações progressistas puseram em cãsa' mais uma vez a política odienta ý desumanada. Africa do Sul. O Governo daPretória ficou aturdido com a 'situação, pois a greve dos escolares coincidiu como começo da aplicaçã6O de um plano oficial que previa uma parti cipaçãolimitada dos e tudaniý não brancos em órgãos consultivos do Governo. Estasituação, que abrandou nestes últimos dias devido às ýpromessas de Pieter Botha,,Primeiro-Mi nistro do Governo do «apartheid», em satisfazer às reivindicaçõesdos estudantes, provocou dezenas de prisões pela polícia da Africa do Sul, dasquais sw. pode salientar ýa de Zweleme Scsulu, redactor-chefe do jornal «TheSunday Post» e Presidente da União dos Escritores de Cor.CHADE:AINDA A GUERRA -CIVIL

Os combates entre, as força; do Presidente Oweddey e o Ministro da Defesa,Hissene, Habré continuam a assolar a cidade de N'djamena.A Organização de Unidade Africana (OUA) decidiu enviar uma força tampão de2.000 homens para fazer face à situação que dura há várias semanas.Em consequência disto, vários habitantes da cidade se refugiaram no. interior dopaís e muito outros atravessaram a fronteira e se refugiaram na República dosCamar-ões.Se no prazo de seis meses a força da O.U.A. não conseguir pôr cobro ao conflitorecorrer-se-á à Organização das Nações Unidas (ONU).Até ao momento permanece o equilíbrio entre as duas partes beligerantes.AFRICAQUE AJUDA DA FRANÇA?A Fraça 'apresentou-se como .,advogado,, çde África na Cimeira de NicemFrança. sta cimpeira contou co' a participação de alguns Chefes de Estadoafricanos. Estes< mosíra:am-se duvidoso ri. a posição assumida pela Franca'nóue concerne à resolução dos problemas económicos da Africa, «N oesperávamos-soluções em Nice para resolver os nossos hr lemas» afirmou Jean- aptiste~Bagaza, presidente do Burundi no final d~a cimeira.DEstaing disse qu e , líari aaos países industrializados do Ocídente i' para seguirem o exemplo francês naincrementação dos programas de ajuda à Africa.CIMEIRA DE LAGOS '.Teve lugar em Lagos, capital da. " República Federativa da Nigéria, a 14.aSessão Extraordinária do Conselho de Ministros da Organização de UnidadeAfricana com vista a umaanálise mais profunda da situação económica dos países africanos. , Na, sessão,salientou-se a política de alguns Chefes de Estado afric nos que admitem que osgrandes' mo opdlistas ocidentais a explorem até' à raiz os seus recursos naturais .1;Segundo o dr.. Alex Ekweme, Vie-Presidente da Nigéria, na abertura da sessão, os países africanos .póssuemconsideráveis recursos naturais mas a sua situação economica coón-' tinua numnível muito baixo Em Africa, os monopólios capitalistas ss :-. mam lucrosenquanto os africanos somam perdas. A dita «ajud i imperialista à indúStria'afri'cana não pssa de mais uma manobra neocobloní1l.Ninguém é capaz de ajudar a Africa se a Afric for incapaz de se ajudar a .si,própria, afirmaram os. ministros no fial da sessao.

Ihra oúdGENSA foto mostra-nos Robert Mugabe, Primeiro-Ministro do Zimbabwe. ao lado deClaude Cheysson. comissário para o desenvolvimento da Comunidade EconómicaEuropeia (CEE). Como já foi noticiado o Zimbabwe aderiu à Convenção de Lomée os seus produtos terão uma quota es. pecial quando colocados no mercadoeuropeu da CEE.

Entretanto,, após uma visita à Inglaterra na semana passada Mugabe anunciou queaquele país está disposto a aumentar a sua ajuda económica ao novo páís africanoO conflito chadiano tem provocado inúmeras vitimas inocentes e causado umfluxo de refugiados que se afastam das zonas de combate por qualquer meio.Na foto vemos fugitivos em rudimentares embarcações no rio Chari em direcçãoaos Camarões onde milhares de chadianos se tám refugiadoNos últimos meses uma onde grevista tem assolado daquele país tem vindo acrescer desde que tomou pc Das últimas greves podemos registar.a da Petrogal, aLina sectores de vida portuguesa. A insatisfação dos trbalhadores o governo de SãCarneiro. Correios e a dos Transportes (foto à direito)TÊMPO N.' 501 - pág. 48

Aquando da questão dos refugiados cuban a atitude pssumida por aqueles quepretenina embaixada-n deixar o paísavana, milhares de patriotas manifestaram-se contra nenta um pormenor de umadessas manifestações-O Papa João Paulo II fez recentemente uma dig Estadosafricanos. João Paulo 11visitou oZaire, Ce Alto Volta e Costa do Marfim, dialogando com os tivosEstados.' O teor das conversações não foi e sa-se que foram abordados temas depolítica interidos contactos.As manobras do chefe do executivo da Casa Branca perante a políticainternacional frustram de dia para dia. No passado dia 21 de Março, Carter actualPresidente dos Estados Unidos, falou para cerca de 150 atletas estadunidensesnuma tentativa de boicote aos Jogos 0limpicos de Moscovo, sob pretexto dainvasão da União Spviética ao Afeganistão. Apesar de ter lançado um apeloipternwcional nesse sentido. a voz de Carter não teve eco em diversos países,A foto foi tirada no momento em que Carter falava para os desportistas.TEMPO N.' 501 - pág. 49

dos leitoresCOMPORTAMENTO INDISCIPLINADO DA EQUIPA MOÇAMBICANA NOZIMBABWEA Federação Moçambicana de Futebol aplicou 60 e 20 dias de suspentsão ànaioria dos jogadores da selecção que participou no torneiro de FutebolInterafricano por ocasião da Independência doZiímbabwe. O motivo alegado nessa suspensão é muito vago. Pois bem, nósleitores e desportistas em geral temos ouvido uns rumores sobre e'ssa atitude'incorrecta' de: alguns jogadores, que a ser verdade, os 60 e 20 dias vêm encobrir aextrema gravidade dsse acto de desrespeito por duas Independêneias conquistadascom luta, sangue e sacrifício: as Independências da República do Zimbabwe e daRepública Popular de Moçambique. Se'há de facto erro gves que se apuremresponsabilidades e as respectivas sanções. Dizer que se trata de alguns dosnossos melhores. jogadores actuais estarem implicados, isso não será alegação,.

será encobrimento. Este caso tem de ficar bem claro para não haver especulações.Ou houve delito político gravíssimo, ou não houve, e quem pode responder são osresponsáveis da ý delegação desportiva que foi ao Zimbabwe. Actos destes nãodevem ser repetidos nunca mais, pois elementos duma selecção Ioçambicana .defutebol representam o Desporto de Moçambique e levavam o abraço fraternal aosdesportistas e povo em geral do Zimtabwe, nessa data de alegria e satisfação pelaIndependênciaý conquistada.Ora esse abraço fraterno poderá ter sido um abraço falso se de facto houve essasatitudes incorrectas que -todos os leitores moçambicanos e não só, têm o direitode saber concretamente o que se passou.em Salisbúria em Abril de 1980 nosfestejos da Independência da República do Zimbabwe. Repetimos, se houveatitudes incorrectas, que atitu-des foram essas? Que é segredo idos «deuses» de Olimpo? Será para poupar Ú,esses jogadores em causa, atendendo à sua qualidade futebolística? Então quandose é «bom jogador» de futebol muito conhecido deve ser poupado, mesmo quecometa crimes?Não esqueçamos que a Ofensiva desencadeada .por sua Excia. o Sr. Presidente daRepública contra a irliscipina, negligência, desleixo, incompetência, em Fe:vereiro do corrente ano, é dirigida a todos Os sectores, e este sector ,desportivonão deve estar isento, que bem precisa de purificação. Se o nosso futebol vai ficarmais pobre? Não! Até é capaz de ficar rico, pois se de facto esses elementos nãosabem comportar-se como cidadãos não alienados e honrarem o seu país, então onosso futebol ficará mais purificado. Disso não temos dúvidas.Uma coisa é,certa, algo houve. Só lamentamos o mau exemplo muitas vezes dadopelos jogadores seniores, jiuliores e juvenis, que são o futuro do nosso desportoneste, caso na modalidade de futebol.João FanisseN.R. - Este caso tambémchegou ao ,nossa conhecimento e conforme pudemos apurar junto da~DEFD, aFederação Moçambicana de Futebol já actuou castigando ý os jogadoresenvolvidos, em ýpenas diversas conforme a gravidade dos casos. Fomosigualmente informados que o caso não ficou por aí tendo seguido' p a as estruturascompetetites.: ,"Esperamos que se venha adar conhecimento público do sucedido qujando for a altura própria.TEMPO N. 501 - pág. 50AS JOVENSNÃO ESCREVEMVivo nesta província do Niassa, num Centro Educacional de Massangula, ondeestou engajado na vida estudantil.,Tal como-o título demonstra, quero dar uma contribuição.Eu tenho lido as cartas dos leitores da revista «Tempo» mas verifico uma coisa,sobreQUANDO ÉQUE HAVEMOSDE TER AGUANO BAIRRO

CHAMANCULONA CÉLULA «J»? "Quando é que a Electricidade de Moçambique pens ' em fornecer água ao bairrode Chamanculo na Célula «J» ou bairro Victor Gordon?Escrevo, esta carta, para a revista «Tempo» para expor as dificuldades que osmoradores do bairro acima citado têm vindo a deparar no que respeita à falta deágua neste mesmo bairro. Desde o mês de Setembro do ano passado, nuncativemos água, a população do bairro tem andado distâncias enormes com latas àcabeça à procura de água para se abastecer e que não sabemos porque razão nãosomos fornecidos com este precioso liquido!Sabendo que as mesmas casas onde habitamos para corresponder àsrecomendações do Governo e da Medicina Preventiva precisamo de água, aspróprias pessoas para andarem limpas precisam deste mesmo líquido, mas aElectricidade de Moçambique nega categoricamente em nos fornecer água.Desde há bastante tempQ que não temos água, nem imaginem como cheiram ascasas de banho, residimos porque enfim não te-

tudo dos problemas da juventude, que só vêm cartas dos jovens do sexomasculino, e as jovens do sexo feminino não escrevem, porquê?Portanto, eu a6o, que com a contribuição, sugestão e opinião também deveriamdirigir cartas, isto nos permitirá uma troca de experiências.Temos estudantes das escolas primárias, e secundária,, fun-mos onde ir viver para descansarmos desta triste situação. Vimos, tambén, que aElectricidade de Moçambique, nEýJa pode-nosdizer que há falta de água, porquequando lhes apetece fornece-nos água, principalmente quando se aproxima o fimdo mês abre-se uma ou duas vezes por mês para os contadores pclerem contar 2ou 3 metros cúbicos e, passados alguns dias então aparecem para virem tirarleituras.Feito este trabalho, pronto ficamos novamente sem água.Agora pergunto, qual é a falha dos moradores, se algum dia deixarem de pa1ar oconsumo forneciclo -erá que a Electricidade de Moçambique, não vê esteproblema? - Será isso que se chama falta de quadros?-Será insuficiência dasbombas? -Penno que não, porque nos dias em que entendem em nos fornecerágua, sempre temos.Lembro-me doutra vez aquando da visita do senhor' Ministro do Plano, Marcelinodos Santos; uma responsável da O.M.M. expôs esse problema da falta da água queafecta este bairro e seus moradores, mas a Electricidade de Moçambique aindanão se pronunciou sobre o caso. Vimos também que esta estrutura responsávelpelo abastecimento deste liquido não se preocupa com os moradores deste bairro.Eles pagam a água que nuncacion4rias e camponesas mas nem uma delas, quer demonstrar em nome da mulherMoçambicana.Paulo Joãio MussaEstudante da Escola Secundáriade Dassangulo - NiassaN.R. - Subscrevemos inteiramente a opinião do leitor. Ape-

mesmo problema, o mais depressa possível.João de Deus Naite MaputoN.R. - Em, elação ao assunto que o leitor nos coloca nesta carta, consultámos aElectricidade de Moçambique que se pronunciou com os seguintesesclarecimentos:1 - Os graves problemas deágua que afectam a cidado de Maputo, como já fora esclarecido em váriasocasiões a população através dos Órgãos de difusão de massas, devem-sefundamentalmente a que o consumo actual da cidade é perto do duplo dacapacidade de produção da Estação de Tratamento e Elevação do Umbelúzi. Comefeito, o sistema de abastecimento do água da cidade foi dimensionado para umaPopulação muito inferior à actual, pelo qual apesar dos muitos esforços daElectricidade de Moçambique, resulta absolutamente impossivel atenderadequadamente aos consumidores.2 - Neste momento sob adirecção do Ministério das Obras Públicas e Habitação, está a executar-se 0chamado piano a curto prazo de Maputo doa-

SNACK-BAR COLMEIA: Alguns trabalhadores não respeitam os clientesFoi no dia 24 de Fevereiro que presenciei uma autêntica falta de respeito dealguns dos trabalhadores, pois, quase que todos os que servem à.9 mesas seencontrayam bêbados; não tinham princípios nem modos de se ,dirigirem a umcliente, e o cúmulo era, que eram servidos pelos seus antigos clientes e amigoscom cerveja, que bebiam ali dentro daquela saleta de refeições à vista dos muitosrestantes de clientes!... A arrogância demonstrada perante o clienteAPIE DE NAMPULAO problema da distribuição de casas da/pela APIE de NampuIa agrava-se quasedia apósdia.Não obstante ter sido regulamentado o método a aplicar na distribuição das casase ter havido reuniões de sensibilização, as deficiências ainda subsistem naquelesServiços.O documento que regulamentou a distribuição das casas foi muito claro emestabelecer prior:dades. Há, além de muitas outras, duas categorias de prioridade adestacar:ý cooperantes e transferidos doutras provincias ou distritos. Dentrodestas há também que estabelecer valores de prior lade, devendo, assim, atender-se em primeiro lugar quem chiegou primeiro, depois quem em segundo, emterceiro, e por ai adiante. No entanto, apesar de todo este mecanismo tendente aminimizar a situação, até hoje ainda se verificam multas anomalias, algumas dasuais passo a citar:-1 - Uma vez a pessoa inserita na lista das atribuiçèes de casas, é mandada voltarali passado algum tempo, para saber do resultado.2 - Chegado o dia marcado, o indivíduo dirige-se àqueles Serviços. Uma vez ali,qualquer dos trabalhadores daquela Secção pergunta-lhe o que pretende. Este, aoresponder, mostra-era nítida e quando se aproximassem ao mesmo a pergunta era s e m p r e àspera -- QUE QUÊR? - sem que com isto antes entregassem a ementa da casa o que

deduzo não existir, o que é impossível dizer pois, aquela sala é de refeições esendo assim a entrada do cliente é de saber que quer comer... Vi no mesmo dia,pelos meus olhos, dois trabalhadores, que discutiam pela presença de um clienteque acabara de chegar mas que portanto foi infor--lhe o cartão, que lhe foi entregue no acto da inscrição. Depois de visto, o talsenhor diz-lhe imediatamente e num tom um tanto quanto pesaroso: «Não temoscasas; tem de aguardar; venha sempre aqui saber.... !»3 - Tclo cheio de boa fé, o homenzinho ou a mulherzinfiha lá vai uma, dtuas,três.... vezes sem fim, mas sempre em vão. Os outros motivos que ostrabalhadores daqueles serviços alegam quando alguém quer falar com o senhorchefe, são que «O chefe está muito ocupado; o chefe saiu; o chefe está numareunião; o chefe.....Os chefes dos serviços donde o individuo vem, depois de devidamente autorizado,começam a duvidar dele, pois já lá vai uma semana que diariamente ele pede parair à APIE sem nenhum resultado. Não produziu, perdeu tempo de graça, voltaaborrecido.... Quando calha o chefe estar e ter tempo para atender as pessoas, nãose obedece na integra à lei da prioridade. Pessoas que se encontram na bichadesde a abertura dos Serviços muitas das yezes são preteridas, dando-seprioridade a um determinado senhor que acaba de chegar, o qual vaidireitinú'ýkoiio, Gabinete do chefe. O trabalhador que o convidou e c'nduziuàquele gabinete não se "dá 'à maçada de dar explicação do procedimento àspessoas ali presentes e primeiras a chegar. Sim, umamado por um deles que já náo 1 havia refrescos para acompanhar o almoço,quando afinal o outro tinha quase uma caixa deste produto escondido numa dasgavetas do armário que existe na mesma sala, como pretexto de que queria levaros mesmos para sua casa porque tinha comprado... e como todos os clientesestavam atentos ao espectáculo, aqueles entenderam que deviam tirar da gavetaum refresco para servirem o cliente que paciente estava olhando todo, o processoda disputa dos 'dois empregados.2. Ninguémliga àqueles trabalhadores, pois parte mesmo doexplicação, por quanto pode suceder que haja motivos ponderosos para uma taltomada de atitude.4-Uns são atendidos directa, mente pelo chefe, a outros só se lhes pergunta a suapreocupação para, depois, ir transmitir resumidamente ao chefe, muitas vezes,talvez, em termos 'distorcidos, não tanto, portanto, como iria expor o próprio oseu caso com todos Os detalhes.5 - Certos indivíduos, transferidos doutras províncias ou distritos, conseguem tercasa antes daqueles que ainda estão na bicha a aguardar a sua vez, tambémtransferidos doutras localidades.Situações que eu não chego a compreender! Cunhas? Nepotismo? Favoritismo? -Como há dias referiu em Maputo Sua Excelência o Sen!hor Presidente daRepública. Entretanto, enquanto se cometem estas irregularidades, injustiças, hásituações muito graves a merecer solução imediata em determinadas familias.6 - Há um caso dum indivíduo, casado e com muitos filhos, que veio dum distritopara exercer as suas actividades profissionais na cidade de Nampula, onde foi

colocado. Logo que chegou, foi imediatamente ã APIE para pedir alojamento.Apreciado o seu caso, foi inscrito na lista de prioridwdes e foi-lhe dis-TEMPO N.' 501 - pã9g 52

tribuído o respectivo cartão. Depois, disseram-lhe que voltasse dali volvida umasemana. Chegado, o dia, ele lá foi. Perguntado sobre o que queria, ek exibiu ocartão. «Não temos ainda casas; venha sempre aqui saber ... »,, foi a respostadada. O indi-víduo, todo cheio de boa fé, lá foi irfio sempre, semana após semana,até hoje! O homenzinho ainda não tem casa; anda por aí aos tombos, como umbandido, pendurado como um morcego; longe da mulher e dos filhos! Vai fazer jáum'ano e ainda não lhe deram casa. A família ainda se encontra naquele distrito àespera que o homem arranje casa. Expôs minuciosamente o caso aos chefes, masaté aqui nada fizeram para solucionar o problema. A esposa dele é trabalhadora daFunção Pública, nomeadamente da Educação e Cultura. Tem filhos que passarampara classes que não se dão naquele distrito. Assim,há uma necessidade imperiosa deles virem para junto do seu mar.'do e pai, o quese torna impraticável dada a circunstância da falta de casas.O mesmo afirma ter conhecimento de certos Indivíiduos moçambicanos quevieram doutros distritos e províncias muito depois dele mas que volvido apenaspouco tempo já 'tinham casa. As circunstâncias em que se encontravam eramidênticas às dele. E esta!? Atendendo aque me pareceu ser os próprios chefes que constantemente falam a línguaChangana é por isso que ao se sentar numa das me, sas alguém vem e diz:, «YABAVA, ULAVA YINI?» (Pai o quê quequer?) chamam todos os nomew quequerem e acham', ou é BAVA .(pai) MUZAYA (sobrinho) KOKWANE (avô)entre muitos e sem utilizarem de. cortesia para com os clientes. Falar portuguêsdeve ser obrigatório para todos os serviços, que aliás já o é, mas que muitoscontinuam a não ligar e o cú-quanto aqui foi considerado, pergunto:1 - Será, realmente, que não há casas vagas?2 - Como não pode haver se se consegue beneficiar uns'em prejuizo doutros,atitude esta flagrantemente injusta (!)?3 - O chefe do sector de distribuição de casas estario sempre ocupado noutrastarefas, a ponto de não poder atender convenientemente as pessoas, não poderiaser dispetisado dessa tarefa, atribuindo-a a um outro que iria atender única eexclusivamente os casos da atribuição ,las casas? Eu penso que écontraproducente atribuir tantas tarefas a um só indivíduo porque acaba por naoexecutar nenhuma de modo satisfatório. Até porque o resultado disso está à vista.Já se fez referência disso lá atrás. Que acham, caros leitores?Espero não ter ofendido nem prejudicado ninguém com o que acabei de apontar.Resolvem-se melhor e depressa os-problemas quando forem apreciados emconjunto, porque sempre é verdade que «a união faz a força». Era tãosimplesmente este o-meu fito: dar uma pequera contribuição na solução do tão momentoo problema.i. costaNampula

TEMPO N. 501 - pág. 53mulo ali onde a tarefa deles é prestarem serviço ao público. Esta situação foivivida no Snack-Bar Colmeia, embora se possa dizer que em vários sectores deprodUção ainda se manifesta esta atitude de certos trabalhadores. Numa análisepolitica é tribalismo que reina, é divisionismo, misturado também com o racismo,pois só quando é branco é que tomam a inciativa de falar o português. Eles estãoconvictos de que todo o moçambicano do Rovuma ao Maputo só falaCHANGANA? Não... Eles sabem de que não.Abel J. VilanculosAOS LEITORES Temos verificado que há com fre. quincla falhas na idntimf aodos leitores que nos escrevem cartas. Solicitamos assim que a identificação sojacompleta, mencionando além do Bilhete do Identidade (número, data e arquivo), olocal de t~lho a função que nele se desempenha, e o local do residência bemreferenciado. As cartas quo não satisfaçam estes requisito. não poderão serpublicados. Por outro lado, deve compreender-se que se os órgãos de informaçãoestão sueito~s a sanções legais quando dão informn falsas ou erradas, en.ganando assim a opinião pública. também os leitores correm Iguais riscos quandoapresentam dadosincorrectos eu faleiam a sua identifiacão. E ao mesmo tempo colocam ainfonmação em posição de não poder exercer a sua função com honestidade. Paraestes aspectoes imortantes chamamos a atenç o conscienciosa dos leitores.Esclarecemos ainda os leitoro 'que nos escrevem cartas, do que damos a maiorimportãncia às cri. ticas que apontam deficiências, insuficiências, irregularidadesde serviços desvios de comportamento político e social de pessoas em qualquersituação que lhes surja. Mas interessa que seja apontado também o que depositivo e louvável se verifique e as situações erradas, que têm do ser corrigidas.Pois is constituirá estimulo para es cidadãos e trabalhador6s mais conscientes eexemplo para aqueles que se desviam ou não assumem dovidamente as suasobrlgaiões nas relaões servicos-público e entré cidadãos.AO LEITOR ANTÓNIO JAIMENHARHI- A sua carta denunciando uma possível infiltração nas estruturas do PoderPopular, foi enviada às estruturas superiores competenes que procederão a urnainvestigação do problema. 'AO LEITOR ANTÓNIO A. BAETA CATIROBEIRAA sua carta denunciando situaçõesanormais nas estruturas da comercialização daBeira, foi canalizada às estruturas superiores competentes que procederão a umainvestigação do problema.

ALGUNSASPECTOSDONOSSOFUTEBOLEntrevista com um técnico soviético que esteve em Moçambique

Esteve recentemente no nosso País, Lukehinov Nicòlak, dest o técnico de futebolda unjo Soviétia, doutorado em Edu~ Física e Desportos e professor efectivoda modalidade no Instituto de Educaçio Física e Despor tos em LeinegradL. Nicla deslocou-se ao nosso Pais a c01vite das estruturas máximas do desportomoçmblcano pa, num espaço de 30 dias, orientar um curso de treinadores.Nele _participaram alguns treinadores da 1 dlvisío, treinadores da 11 divisão, deequipas militares e de trabalhadores e ainda treinadores das equipas de juniores ejuvenis.Aquele técnico teve também oportunidade de assistir a encontros nacionais einternacionais o que lhe permitiu ter uma vis~o, ainda que necessariamentesuperficial, da evolução daquela modalidade no nosso País.São essas impressões que ficam registadas ma.enfrevista que se segue.TEMPO - Poderíamos talvez começar por falar das condiçãos do treino. O que énecessário fazer nos treinos?LUKCHINOV NICOLAI -- Para se ter uma boa equipa é necessário tercondições. É preciso possuir bons executantes que saibam realizar um jogocolectivamente, que cumpram as tarefas dadas pelo treinador. Ora, isso consegue-se exactamente nos treinos.O principal é a preparação devida dos atletas. Dar aos jogadores força, agilidade,velocidade, porque o futebol sem corrida, é como uma arma sem balas. Vimos,por exemplo, o jogo do Costa do Sol com o Bilima do Zaire e muitos atletaspareciam não ter treinado.Uma equipa deve ter perspectivas definidas para quatro anos pelo menos,observando-se constantemente o seu desenvolvimento, Não se pode sómente dartreinos. É necessário que se recolham as opiniões dos jogadores para a análise dotrabalho e ter boas relações com eles. É preciso ter jogadores disciplinadosjogadores confiantes nassuas capacidades e forças e, por outro lado, jogadores com inteira confiança noseu treinador. Isto são também coisas que são conseguidas nos treinos.«T» -'E quanto ao aspecto do apoio técnico que uma equipa precisa?L.N. - Uma equipa precisa de apoio quer nos treinos quer em competição. A partemais importante é o regime. de treino, a alimentação e o descanso sem o qual umatleta não poderá ter rendimento, embora se esforce por isso. Os atletas devemsaber sempre porque é que são treinados.,T,, - Um outro ponto importante diz respeito aos vícios que muitas vezes osjogadores possuem e que prejudicam a sua capacidade física. Que acha?L.N. - Esse é um aspecto bastante perigoso pará aqueles que querem ter sucessosno desporto. Um atleta ou jogador que queira fazer carreira em qualquermodalidade deve ter os cigarros e as bebidas alcoólicas como seus inimigos. Oálcool, o cigarro e as noites perdidas diminuemTEMPO N.' 501 - Pág. 54 -

muito a capacidade e o rendimento dum desportista. Muitas vezes é odesconhecimento das implicações que são trazidas por estes hábitos que levam osdesportistas a não terem este tipo de cuidados pondo, assim, em causa osresultados do seu treinamento. * 1

É ao treinador que cabe um papel decisivo na prevenção e correcção desteshábitos conhecendo em profundidade cada um dos seus jogadores.«T» - Gostaríamos que fizesse agora referência a alguns aspectos técnicos donosso futebol...L.N. - Observei que os moçambicanos possuem boas capacidades para a práticado futebol.O erro mais importante que notei foi a falta de organização nas defensivas e nasofensivas. Ao receberem a bola os jogadores parecem não saber o que fazer delanão sabendo também tirar a bola ao adversário. Se o conseguem, não fazem opasse com eficiência tendo a única preocupação de rematar sendo este remate, namaior parte das vezes, dirigido para os lados da baliza.Estas deficiências foram salientes no jogo.do Costa do Sol com o Bilima do Zaire.Elas deveram-se ao facto de os defesas, logo que recebiam a bola, a chutarem paraa frente não tendo a preocupação de a passar aos jogadores da linha média a fimde estes organizarem o jogo e alimentarem a linha dianteira.É por esta razão que o jogo para os médios se torna muitas vezes difícil, pois elespara cumprirem a sua função têm que ir, primeiro, buscar a bola.«T» - Quais foram outras falhas que notou?L.N. Noto que quando as equipas estão na ofensiva, os defesas não avançam. Nocaso do jogo com o Bilima, quando o Costa do Sol Ia para o ataque, dois dosatacantes da equipa zairota ficavam na linha divisória do meio campo não sendocobertos pelos jogadores da equipa moçambicana. Neste caso, quando*a equipaadversária coloca dois atacantes na linha de meio campo, dois defesas devemcobrir os. jogadores adversários um deles ficando recuado e o outro a apoiar alinha média.Outra falha que notei é a do mau aproveitamento dos extremos, sendo apreocupação centrada em executar o jogo pelo meio do terreno, facilitando assimo trabalho da outra equipa.-T» - Um dos aspectos importantes do jogo do futeboi 6 o do jogador saber ijogarsem bola,. A este respeito, o que reparou no nosso futebol?L.N. - Esse é um dos principais' segredos do futebol. Quando um jogador sabe«jogar sem bola, isso permite libertar-se do elemento que o cobre e ficardevidamente desmarcado. Os atletas sem bola devem criar situações quedificultem o esquema de jogo da equipa adversária ficando ao mesmo tempo emboas condições para receberem os passes dos seus colegas.«T» - E quanto aos remates?L.N. - O que acontece é que em muitos casos os jogadores não sabem preparar osremat.s pois fazem-no de qualquer lugar onde têm a bola. Verifica-se que osremates são feitos sem que a jogador analise Se está perto ou não da baliza seexistem ou não condições para o fazer.UT» - Sabemos que assistiu aos encontros que a equipa portuguesa nosBELENENSESi efectuou entre nós. Pode analisar esses jogos?L.N. - Quando o Desportivo jogou com o Belenenses, a equipa moçambicanacometeu muitas falhas nos passes. Na primeira parte, o Desportivo executou 47passes mal feitos e o Belenenses 40. Na segunda parte a correspondência foi de 33para 29. Como se pode ver, o Desportivo desperdiçou maior número de passes em

benefício da equipa sua adversária. Uma equipa joga bem quando faz bons passesque preparem o remate para o golo. O Desportivo, no primeiro tempo executou 6remates dos quais três foram à baliza e um foi golo. O Belenenses executou 13remates, dos quais 6 foram à baliza e 4 foram golos. Daqui se deduz que oBelenenses está melhor preparado para os remates que o Desportivo.Em relação ao Costa do Sol/Belenenses: Durante os 90 minutos de jogo, o Costado Sol fez 102 passes, mal feitos e o Belenenses 71. Em remates, o Costa do So;executou 15 dos quais 5 foram à baliza e 1 foi golo. O Belenenses fez 12 rematesdos quais 3 'foram à baliza e dois foram golo.,Eu tirei estes dados para, em conjunto com os treinadores, fazer as análises aosjogos. Não, tem interesse dizer que se jogou bem sem se fazer a análise das falhascometidas. Sabemos inclusive que, na Europa, os jogos são filmados para melhorse poderem analisar com .os próprios jogadores.Entrevista conduzidà por.Almiro CondeTEMPO N.' 501 - pág. 55

Divulgação ecológicaF 1 - Gu6C^o coswi do COlSQdaPubi os hoje mais um artigo de divulgaw série que nos vem sendo fornecidapelo Ministério através do seu Programa de Divulgação. O autor espécies delagartos da cidade, embora, como 9 muito mais numerosas as espéces destesrépteis nosso País.Devemos elucidar que o gt a que neste tra agama das árvores é aquele a que onosso povo c Sallentamo-lô porque ' ala-g'a é extremamente mado entre nós, quern4 cidade quer no campo, po das as idades, em e~al por criaças e adolesce ravimcom o seu andàr e gestOs gradciosos. Por é tio cantado pelos poetasmôçambicanos que otii tivo de encantamento nas suas brincadeiras de iOs lagartos são répteis terrestres. Os répteis formam um grupo muito antigo deanimais. Foram e tênm sido parte da fauna terrestre durante milhões ,de anos. Jáhavia répteis muito antes da evolução dos mamíferos e até do próprio Homem.Ainda existem hoje, mas são muito mais pequenos do que os antigos répteis. NoJardim do Museu de História Natural estão reconstituidos modelos em massa dosantigos répteis. Quanto aos: actuais répteis, existem os crocodilos, tartaru-gas. cágados, lagartos e cqo(as. Alguns destes são vistos frequentemente dentro dacidade.Há 6 espécies de lagartos-2 espécies de agani, 2 esýécies de lagartos pequenos, 1espécie de gueco eý 1 de camaleão.F9cZ-Cai~LagartosTErJIPO N.' 50i - pág* 56cidade.âo ecológica dasda Agricultura refere-se a seissabe, sejam que existem no

balho se chamahama gala-gala. popular e estir pessoas de tomtes que se maisso, o gala-galaveram como moNeste artigo, descreveremos cadauma dessas espéçies que vivem na cidade, no que se refere ao seu ciclo de vida,hábitos alimentares, e ecologia.T'dos os lagartos pertencem à ordem Sauria ou Lacertilia.Descrição individual:1comum dctA4ricsi orien'oI

L--qarto'k!radoco um.Quando aulto, este lagarto pode podendo ter manchas, listraatingir unm coi40rimento total de cerca sais ou longitudinais com ibade 21,5cm. ( ndo 11.5cm. o com- ras.primento da cauo). Estes animais são O corpo tem uma lítra b geralmentepequenos, to bem definida: a superfic0 seu habitat consiste de jardins, é branca, a qual pode ser taencontrado-se normalmente entre os lorida de azul ou verde.capins; pode também ser encontrado Este animal é muito activGueco comum das cas (v. fig. 1 )- É um membro da família Gekkonidae etem o nome científico Humidactylusmabovia. Este animal é originário da índia Ocidental e provavelmente foiintroduzido em Moçambique. É todavia um animal muito comum, coabitandocom o próprio homem. t frequentemente visto a correr pelas paredes ou ao longodo tecto. Refugia-se durante o dia atrás dos móveis, nos buracos das paredes,cortinados, etc. Mede 10,9 centímetros de comprimento total (com a cauda). Acauda é bastante comprida, podendo medir cerca de 6,3 cm. A cor é muitovariável, podendo ser castanho-amarelado pálido, arenoso ou com manchasescuras acastanhadas.Move-sé muito depressa, tal como a maioria dos lagartos; possui pés acolchoados,os quais utiliza para se fixar na parede ou no tecto.É de alimentação insectívora (moscas, baratas, aranhas, escaravelhos, percevejos,etc.) " Os ovos são postos nas fendas. Algumas fêmeas depositam os seus ovosno mesmo lugar, podendo assim juntar-se cerca de 50 a 60 ovos.Lagarto listrado comum (v. fig. 3)- Este lagarto é nativo no nosso País. Pertence à família Scincidae e é conhecidocientificamente por Mabuya Striatà.nas paredes exterioes das casas..Tem hábitos diurnos e quando perturbado corre velozmente através da moita devegetação, passando em cima das pedras, escondendo-se em fendas das paredesou subindo troncos das árvores.Gosta de descansars ob a luz do sol, mesmo nas horas de muito calor.A cor é muito variável, podendo ser acinzentado, verde-azeitona, castanhoclaro ecastanho-escuro. Normalmente tem duas ou três listras ao longo do corpo.

Alimenta-se principalmente de insectos (besouros, formigas, louva-a-deus,térmites), podendo também comer pequenos invertebrados, matéria vegetal e, porvezes, carne putrefacta.As crias nascem normalmente no fim do verão. Os ovos são incubados dentro docorpo da fên<a -ca são animais ovovivíparos. Nascem 5 a 10 crias em cadaninhada, :/Lagarto vargdo comm (v. fig. 4) Trata-se de um segqdo membro da famíliaScincidae, que existe em Moçambique. É concci '_cd cientificamente por MÍbuyavaria. É muito comum nos jardins da cidade.Os adultos têm um"' mprimento de 16,8 cm. As fêmeas úý mais compridas que osmachos. IA, caçuda pode atingir um comprimento de 10,7 cmý. em relação aocomprimento total.É um animal de várias cores, dai o ser conhecido por lagarto variegado. Apresentaas cores verde-azeitona, cas tanho-acinzentado a cor de chocolate.Stranverrces curance'hiuiie inferior mbém coo. uer navegetação, quer nas pedras dos jardins.Alimenta-se de insectos (como be. souros, gafanhotos, louva-a-deus, baratas,térmites) e de aranhas, centopeias e outros pequenos invertebrados.Tal como a outra espécie já mencionada anteriormente, trata-se dum animalovovivlparo. As crias nascem no verão, sendo o número variável ontre A e 12crias em cada ninhada,Agama. espinhoso (V. fig. 5) - Este pequeno lagarto é da farnS Agamidae econhecido cientificamente por Agama am.ta. É nativo em Moçambique.É de coloração variável: amarelada ou acinzentada ou vermelha acastanhada. Temmanchas e listras de cor preta no corpo. A superfície inferior pode ser branca acreme. Pode atingir uni comprimento total de 20 cm. (com' uma cauda medindo12,5cm. de comprimento).-Os que são vistos nas machambas normalmente são mais pequenos. O seualimento preferido consiste de formigas, podendo contudo comer tambémbesouros, gafanhotos, témites e outros insectos.eposita 10 a 14 ovos no início do verão. Estes ovos são enterrados na terrapelafêmea. Este agema normalmente vive no solo em lugares expostos ao sol. Quandoé perturbado, corre velozmente com a cabeça e cauda levantadas.Agame das árvore* (v. fig. 6) Este lagarto é também um membro daTEMPO N.: 501 - págý 67

Lagartos dacidadefamília Agamidae. O seu nome científico é Agoma atricollis. Trata-se dum réptilmaior que o agama espinhoso. Mede 37 cm. de comprimento. A cabeça éachatada com faces alargadas.Os machos frequentemente apresentam cor viva e variável - o corpo é decoloração azul-esverdeada e a cabeça pode ter as seguintes cores: azul claro everde cobra. As fêmeas são menores e coloridas de verde-azeitona.Esta espécie de agama vive nas árvores e não é vista com facilidade.

Alimenta-se de formigas, lagartas, besouros e outros insectos. Há muitas pessoasque se assustam desnecessariamente por o considerarem um animal venenoso, oque não é verdade.Camaleão comum da Africa Oriental (v. fig. 2) - Há 80 espécies de camaleõesconhecidas. A maior parte delas existe em Madagáscar. A espécie comum noMaputo é o o camaleãomFr;-4- Lc_,arro vot-ieg, o comumTEMPO N.° 501 - pág. 58comum da Africa Oriental. Tem o nome científico Chamadeo dilepis.Este lagarto é bem conhecido pela facilidade com que pode mudar a cor da pele emover os olhos independentemente.A cor mais comum é verde com manchas brancas em cima do ombro e na partelateral do tórax. Pode mudar de cor a ponto de se assemelhar com o meioambiente, o que é uma forma de camuflagem. Verifica-se isso quando o animalestá excitado ou amedrontado.Tem patas e uma cauda preênsil, especialmente adaptadas para se segurar emramos de árvores. Quando assustado ou ameaçado, incha o corpo, estende agarganta, abre a boca mostrando assim uma cavidade cor de laranja muito clara,emite um som específico e cospe em seguida. A cor da pele torna-se mais escura,-

- ,FI9 5- A cru ,espinhosoF1 /\ama~ç daw5 OrITOrQornando uma coloração quase preta. D animal é agressivo quando pertur>ado.A sua alimentação coniste de ura |rande yariedfade de pequenos aninais, emparticu lar de insectos, cara'ois, aranhas, centopeias e mil-pés. rem uma línguamuitocomprida (15 a W cm. de comprimento), cuja ponta é .egajosa. Logo queavista uma vítima, iproxima-se dela silenciosamente e ca)tura.a com a ajuda dalíngua. A fêmea deposita 30 a 40 ovos em :ada ninhada no fim do verão. Os ovosão postos numa cavidade de 15 a ! cm. de profundidade. Os primeiros VOs sãocobertos de areia, havendo n seguida uma segunda deposição n cima da primeira eque também écoberta de areia. Este processo continua até ao fim da deposição. Os o vos sãoincubados por período de 6 a 9 meses. São as próprias crias que escavam parasaírem da areia, dispersando-se em seguida. "Como considerar estes lagartosTais animais, como os agamas das árvores e os camaleões, são muito malconhecidos. Há uma mistura de receio e superstição em relação a eles. Fazem-semuitas narrativas sobre estes lagartos, em particular sobre os camaleões, a maiorparte das quais produz medo à população.To'das estas espécies de lagartos são inofensivos ao homem. Pelo con-trário, são muito úteis ao homem porque se alimentam de. muitos insectos que noscausam prejuízos.

Há muitas pesso", prtiularmente as crianças, que atiram pedras aos camaleões eagamas das árvore. Muitos desses animais são mortos inutilmente. Este hábito écruel e contra o espírito de conservação da natureza. Estes lagartos da cidadeconstituem um recurso vivo de muito valor: a Secção de Conservação da FaunaBravia do Ministério da Agricultura preoçcupa-se com a protecção de todas as es.pécies de animais bravios, incluindo os lagartos da cidade.Erlc CaultonTEMPO N.^ 501 - pág. 59

"QUE ESTA EXPERIÊNCIA DÊ MAIS FLORES"Director Nacional de Cultura na recepçãoaos artistas portuguesesNo Restaurante-Boite Sanzala realizou-se no. dia 13 à noite uma recepçãooferecidapela Direcção Nocional de Cultura à delegação de artistas portuguesesque está de 'visita a Moçambique.Esse encontro informal ao qual estiveram presentes o Director do. Gabinete daPresidência, Luís Bernardo Honwana, e o Director Nacional de Cultura, SalomãoManhiça, foi marcado pela camaradagem que transparecia da parte dos visitantese dos convidados.«Que esta experiência dê mais flores, mais frutos», disse o Director Nacional deCultura ao usar da palavrapara saudar a delegação artística e referindo-se à presença daqueles artistas emMoçambique. Logo apósvo encontro actuaram alguns artstas. iva loto o grupo aaVidreiraas palavras de Salomão Manhiça usou da palavra Fernando Tordo e Ary dosSantos disse um poema que soubemos ter sido criado durante a digressão emQuelimane.A recepção foi também uma ocasião de intercâmbio cultural pois actuaramconhecidos artistas moçambicanos como Fernando Luís, Santana Afonso, Yana eainda o conjunto de- makwayela da Vidreira.Como não poderia deixar de ser os membros da delegação cultural portuguesaparticiparam activamente neste sarau tendo interpre-tado alguns dos seus números.Entretanto no dia 14 os artistas portugueses exibiram-se no Teatro Gil Vicente emMapoto. Recordamos que esta delegação actuou na Beira, Quelimane eNampula tendo sido em Quelimane, segundo nos informou um elemento daDNC, onde encontraram o público mais caloroso.Finalmente está previsto um encontro cultural. nas instalações da OrganizaçãoNacional de Jornalistas para sexta-feira dia 16 pelas 18 horas. Nesse encontrotambém serão declamados poemas de autores moçambicanos.eTEMPO N' 50 - pág. 60Momento em que o Director Nacional de Cultura usava da palavra

POESIA,

Disciplina, ;Camarada NamoradoQuando acabar de mastigar meu puirri e sentir meu estômago rir com todoscientes de alegria vou corrercomo gazela no mato, grande com todo fôlego de rinoceronte. p'ra beijinharminha namorada emesmo na boca dela, uma boca de lábios ardentes que esqueceram a virgindadenuma qualquer gaveta feita com tábuas de caixote que trouxe bombas para matarmeu povo. E quando o calor subir na minha carapinha e minhas mãos ganharem,muitos nervos... vou ouvir ela na minha orelha dizer com voz organizadaDISCIPLINA. camarada namorado.Mw~prra(Inédito) 7/78PUIRRI: feijão silvestre. abundante no norte e muito usado para fazer matapa..Calaram metralhas, canhões, bazucas, Tombou para sempre no chão morno Aprole heroica, buscando o retomo Da Pátria a nós criados, mainatos, cucas.No chão fértil brota o pão para o forno. Há no ar cheiro queimado de perucas Emini-saias de mulheres malucas Expulsas da orgia, roubo, suborno.Ânsia do poder, corrupção, cobiça. Mais cruzes erguidas nos cemitérios Dos que,ébrios, embalaram a preguiça.E a Ofensiva vai, desvendando mistérios. Desmascarando toda a canganhiça Oostais perecidos cidadãos sérioslCisar Matavl. (Inédito) Março 80TEMPO N., 501 -pàg. 61

,,cotemomentoNaquele momento desejei ser escritor. Um grande escritor. Só urna dessas pessoasque dispõem dum vocabulário rico e são dotadas de capacidade para usá-lo emtoda a sua gama de combinações possíveis, e assim obterem a expressão maisadequada ao que se proponham èxteriorizar, poderia fixar aquele momento.A figura do rapaz, de tão dramática, afigurava-se grotesca. Como o choro, aquelechoro convulsivo que chega a confundir-se com o riso hlare.Sobre o corpo, uma camisa esfarrapada. E uns calções a desfazerem.se em tiras.Tinha os pés disformes. Como os pés que nunca andaram calçados. Casavam-se ochão de cimento, quente àquela hora, como se a ele estivessem grudados.O: escritor não veria mais nada. Só aquele momento. Mas o escritor, o grandeescritor, não é apenas o homem de vocabulário e frases. É também o homem deimaginação, de fantasia.As pernas estavam ligeiramente oblíquas. O rapaz tinha músculo. Era ummúsculo. Por todo o corpo es,tavam à vista as proeminéncias, irregulares ebruscas. do tecido muscular.Isto já seria matéria bastante para o artista da palavra: pés descalços e disformes,roupa esfarrapada, músculo.«Era uma vez um rapaz cuja força começou a ser aproveitada ainda ele mal seequilibrava. Um rapaz a quem pouco foi permitido brincar, que quase não teve

com que brincar. Aos três anos já ajudava os. pais. la à fonte encher pequenaslatas de água e à procura de lenha para o lume.*Este poderia ser para o escritor, um dos principios da história. Com outro estilo,está bem de ver, porque eu não sou um escritor.As coxas do rapaz estavam em posição quase horizontal, pouco faltando paraformarem, com as pernas, ângulos rectos.O escritor poderia prosseguir*A família do rapaz vivia miseravelmente. Vivi do trabalho do respectivo chefe,que recebia 750$00 por mós na repartição onde era servente, dum pouco deamendoim e de meia dúzia de maçarocas que tirayam dum bocadito de terreno àvolta da palhota. Para a renda desta: 100$00. Para o resto: 650S00. O resto era osustento e vestuário para ý pessoas: a avó materna e um tio velho do rapaz, opai,,a mãe, e dois irmãosimais novos. De casa para o trabalho e vice-versa,embora a distancia fosse enorme, o pai, para poupar, tinha de andar a pé.Nalguns fins-de-semana (depois de receber), nos dias de anos e do culto aos seusmortos, compravam-se umas bebidas, a que se juntava as de fabfico próprio,preparavam-se uns petiscos. Vinha a família. Tocava-se tambor, xilofone, outrosinstrumentos.' Cantava-se. Puxava.ae da sua fumaça. O que ia encurtar os 650$00,que já pouco eram para o estritamente necessário..Isto, partindodo princípio, talvez errado, que o escritor não consideraria asbebidas, o rancho melhorado e as fumaças como estritamente necessários.O tronco do rapaz, as oxas e as pernas, vistos de perfil, formavam quase umdesses sinais vistos pelas estradas (curva perigosa, salvo erro). A pele via-se porentre os buracos da camisa. Era ondulada, por altura das costelas, e seca. Pareciaseca, embora estivesse encharcada de suor.«Os pais do rapaz - continuaria, talvez, o escritor passavam fome, sobretudo àmedida que te aproximava o dia do salário, e não podiam evitar que o resto dafamília a passasse também. As vezes o pai pedia vinte, trinta ou cinquentaescudos emprestados aos seus supériores, na repartição, mas nem sempreencontrava quem se dispusesse a fazer o jeito. Evocavam até os regulamentos.Na palhota, uma' mesa e dois bancos, toscos, três cabides de arame pendurados notecto e duas estreitas. Era tudo.Entretanto o rapaz..,.Mas aqui já o escritor o teria baptizado, com certeza. Que nome lhe daria? Umnome... Que os nomes mais usados? Penso que isso seria uma preócupação doescritor. Nomes bíblicos.., O escritor já teria reparado que os nomes bíblicos sãomais usados. José... Não, Josés há muitos. Nomes vulgares não devem terinteresse. Jesus... Talvez Jesus. Não, também não. Há muitos nomes bíblicos masnão há-nenhum Jesus. Mateus... Mateus seria um bom nomeuO Mateus iacrescendo. la aumentando a sua força. Consequentemente, o tamanh das latas deágua e a distância para ir à procura de lenha para a fogueira.,Os braços do Mateus (já agora, também lhe chamarei Mateus) estavamlevantados, quase fazendo ângulos rectos com os antebraços.Músculo e pele. Músculo, pele e ossos. Eu já vi qualquer imagem assim, naquelaposição. Onde?..... No cinema? Cinema - cartazes de cinema... Gorila... Umgorila em cartazes de cinema. EXactamente.

«Aos sete ahos o Mateús fj. entregue a uKtLeuropeu que precisava dum rapaz-para lhe cuidar dos meninos. para ir ao pão, logo pela manhãzinha, e ao leite. Tábem, patrão». E, o troco de 75$00, que o pais ou amãe iriam buscar todos osmeses, lá foi o Mateus, que continuou a dormir em cima duma esteira e aalimentar-se de farinha. De farinha ó de amendoim. «É o comer deles, e nãoquerem outro. - dizia o patrão do Mateus..Seria assim que o escritor continuaria?O que mais impressionava era a cara do Mateus. Cara? Seria aquilo a cara dumapessoa? Era. lá isso era. Se o resto do corpo era duma pessoa, a cara também nãopodia deixar de o ser. Teria olhos? Nariz? Boca? Não se via. Via-se uma coisa.Era o níedo, o terror. E ouvia-se uns roncos. Será o termo próprio? Talvezgemidos, ou grunhidos, ficasse melhor. Mas oTEMPO N." 501, - pág. 6ý,

- ,- Ma,.-4 -,escritor depressa acharia o termo mais expressvo. Assim como a inventiva paracontinuar a história«Mas o Mateus não foi só para vigiar os meninos, ir ao pão eao leite. Passado pouco tempo os patrões passaram a ryiandá-Io pôr cera no chãoe a pgxar-lhe o lustrocom m e,ede um coco, assim como a lavar algumas peças deroupa. «Ê para ires aprendendo. É para. teu bem.» E ele foi' aprendendo. Mais istohoje; mais aquilo, amanhã. Aos 12 anos fazia já o serviço da casa, menos cuidardos meninos. Para isso viera uma rapariga, também a ganhar 75$00 por mês. OMateus, verdade seja dita, fora entretanto aumentado para 100$00. E semprecomendo «o comer deles. Não querem outro"».Nada nos garante, contudo, que seria efectivamente este o prosseguimento que oescritor daria à vida 4io Mateus. Poderia optar por fazer dele um menino nos,-,tálgico, e então escrever, por exemplo:«Nos primeiros dias o Mateus foi bem tratado pelo !o senhor branco que o tinhaido arrancar à sua palhota7. A senhora mostrava-se igualmente afectuosa e osmeninos seus amigos. Estava contente, o Mateus. Não passou, todavia, muitotempo sem que na sua alma, na alma do mufana Mateus, do negrinho Mateus,começasse a infiltrar-se a nostalgia do seu ambiente, as saudades dos pais e dosirmãos. Os patrões notaram que o Mateus descuidava a sua vigilância.Repreenderam-no, mas sem resultado, porque o negro, o menino negro, continuoua ser apanhado em falta. Os filhos dos patrões afastavam-sè muito. E o Mateusnão os via.Era preciso metê-lo na linha. Então que era aquilo!? Estavam a pagar para lhestomarem conta dos filhos e tinham eles de-fazê-lo? A primeira bofetada caiu.Deu-lha a' senhora. Caiu a segunda, mais forte. Deu-lha o patrão. E depois,murros e pontapés.. Da senhora. Do patrão. Dos- meninos. Resultado: o Mateusfugiu. Foi para os seus, Papai la dar chaia. Mateus sabia: Mas papaié papal.Mateus fugiu..O mais certo, bem vistas as coisas, um grande escritor, não seguisse nenhumdestes caminhos, que não tivesse tão pouco começado a história.

Ao lado do Mateus na sombra, estava um vulto. O Mateus estava enquadrado pelaclaridade que, através duma porta aberta, invadia uma parte do compartimento.Parei. O vulto, na sombra, foi adquirindo formas. Umasca as; uma camisa. Calçase camisa de uniforme.Uma coisa a mexer-se. Um braço. A coisa a mexer-se eraum braço. Uma voz: «Dizes ou não dizes?. Uma coisa a mexer-se. Era um braço.A mexer para baixo e para cima. Um som. Pam!, Uma voz: «Onde é que está oanel? Foste tu que roubaste o anel!. Um som. Pami Uma coisa a mexer-se. Era umbraço. E uma coisa zUarrada pela extremidade com a extremidade do braço:«Dizes ou não dizes!?.O vulto estava virado para o lado do Mateus. Jesus..... Jesus é que devia ser. Masnão há nenhum Jesus. O vulto tinha as pernas abertas. Uma adiante, outra atrás.Como quem vai desferir uma carga de baioneta. Um braço :em cima. Um tronco aoscilar. Um braço em baixo. Um som. Pari Uma voz: «O que é que fizeste aoanel?,Vieram-me à ideia todos os domadores de feras que ew já vira nas mais afamadascompanhias ae circo. O domador. E o gorila. O domador de gorilas.Aquele momento. Só um escritor. Um escritor de mérito'(não iriam acusá-lo deneo-realista, de comprometido.?' E depois, - um escritor não poderia debruçar-seàpenas sobre aquele momento. Tinha de iaventar uma história. Mas. aquelemomento nem precisava de história. Quem nos diz que o escritor, depois e umabela história, não falhava èm transmitir ao leitor a emoção daquele momento?Um poeta... Talvez um poeta. Os poetas têmo dom de dizer muito em poucaspalavras. Estou a lembrar-me:«Catedraisdescomunais"Mr pas.,. * .. .- papaias.bispos >arcebisposcardeaisemiríades de outros mais'bebendo comendo .bem comendobem passeandoe as ovelhas de consolo precisadasconsolandocom, seus ,dotes celéstiaistantos ais .tantos ais. (1)o que não está dito em tão poucos versos1...Pernas, coxas e tronco. Um sinal das estradas parecido Fm um Z, O Mateuspareceu um Z se não fossem os braçose a cabeça.Umdpoeta, também não. Não há palavras que sejam capamsde nos dar -aquelequadro. Quadro..- pintura. Achei. Um pintor, só um génio da pintura. - .Na pintura estava talvez a única linguagem com a eloqüuêhia bastante paraperpetuar o gorila. o gorila e o domidor. O domador de gorilas. E para abalar atranquilidade dos domadores. Pintar os gorilas e põ-os em cãýk dos domadores

Por cima da-mesa. De maneira que & domadores, e os empresái- dos domadoresslhes dessem com os olhos quando estivessem a atafu- lhat o estômago. E por cimada cabeceira., Para verem os úbrírilas antes de adormecerem.Naturalmente, eram.Guilherme AfonsoRevisto - 1974(1l De -autor desconhecido da segunda metade doséculo XXTEMPO N." 501 - pág. 63

r1 ras cruada paava cruada -*aara rPROBLEMA N.' 39HORIZONTAIS - 1 - Nome do militante mais anti go da FRELIMO. 2 - Uniãode muitas pessoas que seguem a mesma política. 3 - Em partes iguais (FARM);pouco sonoro; nota musical. 4*- Estrutura nacional da mulher na RPM (sigla);que não está estragado; modo particular de se exprimir (invert.) 5 - Espécie degrande gato de África; um dos movimentos que originaram a fusão da FRELIMO.6 - Atraiçoar (invert.); forma. 7 - Tomem muito quente; que não sofreu lesão(invert.) 8 - Corda com que uma embarcação reboca outra; aperta. 9 - Outra vez;nome de mulher; movimonto que luta contra o racismo, opressão e ultra-explo-ração da maioria do Povo sul-africano (sigla). 10 Duas vogais diferentes; omesmo que charrua; duas vogais seguidas. 11 - Aquele que dirige o Povomoçambicano na sociedade nova através de uma acção de transformação radicaldas estruturas económicas e seciais.VERTICAIS - 1 - Nome do dirigente máximo da Revolução Moçambicana; quetem as qualidades convenientes. 2 - Perdão geral concedido pelo Chefe-de-Estado.3 - Assembleia Popular (sigla); o pôr do sol (plural). 4 - Batráquios anuros;medidas de uma superfície; aparência. 5--Que ainda não tiveram preparação;símbolo químico de túlio; unidade do medida agrária. 6 - Planeta; o mesmo queanual. 7-Versado; c rpe sólido para triturar; partida (invert.) 8 --Formado verboir; espécie de corsa corpulenta da América; gran-Passageiro: -, Sr. Chefe ras4.guei as calças num prego do comboio e exijo uma reparaço.Chefe: - Lastimo imenso, mas isso vai ser difícil, pois as agulhas da estaçãoagora estão todas ocupadas.Artur B. Augusto Nampulade massa (invert.) 9 - Laço apertado; pequena mala.' 1O - Construtor do novoMoçambique da unidade nacional. 11 - Determinai lugar certo; organIzaçãoimperialista que actua contra a liberdade e independênciados Povos.O empresário: - Você cada vez está a trabalhar pior! Se isto continua, façolhe omesmo que aos rebuçados.O actor: - O quê, cóme-me?a empresário: - Não! Tiro-lhe o papel!Inácio João Macona Moatize

(Colaboração de Pinto Monteiroj,3LPALAVRAS CRUZADASSOLUÇÃODO PROBLEMA N.0 3W 1 234 56 78911112 2 gl IC.1u avia3791011 A12 -GI 2TEMPO N.° 501 -pág. 64m

F '4TEMPO, CRTiLI0 D~E VEt.JtA PE ESPACO. AGroRA ANUtJCIAR NÅ -TEMPOLE~STAAO ALCAN'cE: bLDI TOPO. ýaros-sø PAA p rf' SL I C iADEtJAO SE EN'TEjJDE: COMO VM JLNNJ-STIM:NTo PARA OSTER rýANDES Luc.go5 ~ E.A.AARAN TiA IA P TRISUICAO 1P050 ODUVTOS P Et-D f V.4 PRODUC.Å0'Ac>-SE R v i co, Do*l p o v.C>-SE p-Vi C:C> vo-ýC>o v C:Pu LjýAOg vu~.a&p

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