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V Encontro Nacional da Anppas 4 a 7 de outubro de 2010 Florianópolis - SC – Brasil _______________________________________________________ Políticas de Adaptação às Mudanças Climáticas como fator propulsor ao Desenvolvimento Sustentável Arnoldo Santos de Lima Geógrafo, Mestrando do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília [email protected] Fernanda Goulart Duarte Cientista da Educação, Mestranda do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília [email protected] Resumo As questões relacionadas ao desequilíbrio ambiental e às críticas ao padrão vigente de desenvolvimento acentuaram-se, em especial, nas últimas décadas, principalmente em função dos graves impactos decorrentes das mudanças climáticas. Essa discussão foi determinante para o redirecionamento de ações e políticas públicas locais, nacionais e internacionais. Contudo, tal processo não se refletiu em uma alteração substancial da crise ambiental e dos desequilíbrios socioeconômicos. No Brasil, em virtude de sérios problemas e desajustes de ordem econômica, social, política e administrativa ainda há dificuldades em efetivar uma agenda pública de caráter socioambiental, com medidas concretas voltadas ao alcance do desenvolvimento sustentável. A iminência dos riscos e vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais trazidas pelos extremos climáticos tem realçado a discussão a respeito de políticas de adaptação. Nessa perspectiva, neste artigo pretendeu-se analisar o potencial que as políticas de adaptação têm em se configurar como um elemento propulsor ao desenvolvimento sustentável. Concluiu-se que, em virtude dos riscos decorrentes das mudanças climáticas e das respectivas vulnerabilidades socioambientais, somadas, ainda, ao clamor da sociedade, as políticas de adaptação apresentam potencial para estabelecer um novo marco na perspectiva da sustentabilidade. Isto se deve, especialmente, ao fato de as políticas de adaptação incorporarem, entre seus objetivos, os princípios e dimensões da sustentabilidade. Assim sendo, realçam a necessidade de garantir as necessidades humanas básicas e a preservação do meio-ambiente. Palavras-chave: mudanças climáticas, políticas de adaptação, vulnerabilidades, desenvolvimento sustentável.

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V Encontro Nacional da Anppas 4 a 7 de outubro de 2010 Florianópolis - SC – Brasil _______________________________________________________

Políticas de Adaptação às Mudanças Climáticas como fator propulsor

ao Desenvolvimento Sustentável

Arnoldo Santos de Lima

Geógrafo, Mestrando do Centro de Desenvolvimento Sustentável da

Universidade de Brasília

[email protected]

Fernanda Goulart Duarte

Cientista da Educação, Mestranda do Centro de Desenvolvimento Sustentável da

Universidade de Brasília

[email protected]

Resumo

As questões relacionadas ao desequilíbrio ambiental e às críticas ao padrão vigente de desenvolvimento acentuaram-se, em especial, nas últimas décadas, principalmente em função dos graves impactos decorrentes das mudanças climáticas. Essa discussão foi determinante para o redirecionamento de ações e políticas públicas locais, nacionais e internacionais. Contudo, tal processo não se refletiu em uma alteração substancial da crise ambiental e dos desequilíbrios socioeconômicos. No Brasil, em virtude de sérios problemas e desajustes de ordem econômica, social, política e administrativa ainda há dificuldades em efetivar uma agenda pública de caráter socioambiental, com medidas concretas voltadas ao alcance do desenvolvimento sustentável. A iminência dos riscos e vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais trazidas pelos extremos climáticos tem realçado a discussão a respeito de políticas de adaptação. Nessa perspectiva, neste artigo pretendeu-se analisar o potencial que as políticas de adaptação têm em se configurar como um elemento propulsor ao desenvolvimento sustentável. Concluiu-se que, em virtude dos riscos decorrentes das mudanças climáticas e das respectivas vulnerabilidades socioambientais, somadas, ainda, ao clamor da sociedade, as políticas de adaptação apresentam potencial para estabelecer um novo marco na perspectiva da sustentabilidade. Isto se deve, especialmente, ao fato de as políticas de adaptação incorporarem, entre seus objetivos, os princípios e dimensões da sustentabilidade. Assim sendo, realçam a necessidade de garantir as necessidades humanas básicas e a preservação do meio-ambiente. Palavras-chave: mudanças climáticas, políticas de adaptação, vulnerabilidades, desenvolvimento sustentável.

Introdução

Organismos e instituições internacionais têm se empenhado nas últimas décadas em alcançar um

denominador comum para estabelecer uma redução das elevadas emissões de gases de efeito

estufa (GEE). Trata-se de uma tentativa de instituir metas concretas de mitigação, processo que

ainda se encontra em plena discussão e que se destaca, principalmente, em função das

divergências existentes entre os países, em especial no campo político e econômico.

Todavia, admitindo os iminentes impactos nos sistemas produtivos, sociais e ambientais,

decorrentes da intensidade das mudanças climáticas, a implementação de políticas de adaptação

que preparem e qualifiquem a sociedade, além de proteger os sistemas naturais, são

extremamente necessárias e independem do debate em curso.

As políticas de adaptação podem ser entendidas como ações com forte potencial para atenuar os

impactos das mudanças climáticas seja nos sistemas naturais, seja nos sistemas sociais. Dessa

forma, o debate gira em torno de temas como as alterações no consumo, na produção industrial,

na geração/distribuição de energia e na agricultura, bem como, na necessidade de manutenção e

proteção das unidades de conservação, áreas florestais e mananciais.

Historicamente, essa discussão tem início durante a Convenção do Clima, realizada na

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) ou Rio-92.

Nessa ocasião, foi realizada a leitura do primeiro relatório do Painel Intergovernamental de

Mudanças Climáticas, Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). O IPCC, criado em

1988, advertia aos signatários presentes sobre a urgente necessidade de se estabelecer um

acordo internacional com o objetivo de reduzir os níveis de emissões de GEE. Dois anos após,

grande parte dos países pertencentes à Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou, com a

Conferência das Partes (COP-1), realizada em Bahamas, a instauração da Convenção-Quadro

das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC). O objetivo principal era constituir um

acordo entre os países das Nações Unidas, estabelecendo responsabilidades comuns e

diferenciadas, para redução de emissões de GEE.

Entretanto, foi somente no ano de 1995, por razão do segundo relatório do IPCC, Second

Assessment Report (SAR-95), é que as discussões incorporaram aspectos inovadores, trazendo

para o debate a necessidade da elaboração de políticas de adaptação. Apesar disso, as

observações do SAR-95, relacionadas a políticas adaptativas, não foram suficientes para

despertar maior atenção dos líderes mundiais presentes em Kyoto, durante a terceira Conferência

das Partes (COP-3), em 1997.

No terceiro relatório do IPCC, divulgado no ano de 2001, os conceitos de adaptação e

vulnerabilidade voltaram a ser tratados e mereceram maior destaque, como fatores de suma

importância frente às mudanças climáticas e o processo de desenvolvimento. Nessa ocasião, o

então intitulado Grupo de Trabalho II realizou esforços para relacionar as políticas de adaptação

ao desenvolvimento sustentável. Ou seja, a necessidade de incorporar à questão ambiental,

aspectos políticos, econômicos e sociais, no sentido de melhorar a eficiência do planejamento e

aprimorar a gestão frente aos desafios das mudanças climáticas.1

Quadro 1 – Breve cronologia da discussão a respeito das mudanças climáticas

Fonte: Adaptado de IPCC (FAR, 2007), UNFCCC (2007)

Mais recentemente, no ano de 2007, ocasião do quarto relatório do IPCC, Fourth Assessment

Report (FAR-07), o Grupo de Trabalho III fez uma avaliação dos impactos das mudanças

climáticas nos ecossistemas e de seus reflexos sobre a sociedade. O relatório chamou atenção

para a fragilidade em áreas como: saúde, habitação, agricultura (produção e segurança alimentar)

e recursos hídricos, além de fornecer uma atualizada compreensão sobre a vulnerabilidade dos

ambientes humanos e naturais e da urgente necessidade em se adotar políticas de adaptação.

Esse argumento ganhou força, uma vez que, paralelamente, foram divulgados no FAR-07

cenários climáticos futuros. Em um desses cenários, destacado como o mais provável, ou seja,

sem intervenções expressivas das atuais emissões de GEE, ou “business as usual”, a projeção

estima que haverá uma significativa alteração no comportamento climático. Um dos impactos do

aumento dos extremos climáticos apontados refere-se à brusca alteração dos padrões térmicos e

pluviométricos, ou seja, constantes registros de ondas de calor intenso, secas prolongadas e

incêndios florestais, ou situações de tempestades severas, inundações, enxurradas e

deslizamentos de terra. Esses processos desencadeariam choques e resultariam em milhares de

desabrigados, migração de refugiados ambientais, colapso na segurança alimentar,

desabastecimento hídrico, choques na geração de energia e a propagação de doenças.

O FAR-07 destacou que apesar da humanidade possuir um longo histórico de adaptação frente

aos obstáculos naturais, esta é uma situação delicada, visto a intensidade e a velocidade das 1 Consulta realizada no site: http://www1.ipcc.ch/ipccreports/tar/wg2

atuais alterações climáticas; situação que desafia e fragiliza a sociedade, tornando-a

extremamente vulnerável, em especial, as imensas populações estabelecidas nos países

subdesenvolvidos.

O “Relatório Stern” chegou à conclusão semelhante: as mudanças climáticas ameaçam os

requisitos humanos básicos, como: acesso à água potável, escala da produção de alimentos,

habitação, saúde e meio ambiente. O Relatório também enfatiza que as mudanças climáticas são

uma ameaça ainda maior aos países subdesenvolvidos e destaca a importância das metas de

redução da pobreza e desigualdade social nessas regiões. Adicionalmente, Stern (2006) estima

que seria necessário algo em torno de 1% do valor do PIB mundial para viabilizar ações diretas de

mitigação e adaptação. Este trabalho conclui que a omissão poderá provocar prejuízos de escala

muitas vezes superior ao custo de ações e programas de precaução e adaptação que podem ser

efetivamente implementados.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, o IPCC tem destacado que se pode planejar, executar

e desenvolver programas e ações de baixo custo, ou com excelente relação de custo-benefício,

ao se implementar políticas de adaptação.

Nesse sentido, as medidas de adaptação devem ser prioritariamente planejadas e eficientemente

implantadas, no intuito de preparar a sociedade e proteger os ecossistemas que lhe dão base.

Mais do que isso, elas devem ser vistas como novas oportunidades de práticas de

desenvolvimento, possibilitadoras de acesso a um novo paradigma, propulsoras ao

desenvolvimento sustentável.

Mudanças climáticas e a percepção de um novo paradigma: o Desenvolvimento

Sustentável

As questões correlacionadas ao desequilíbrio do meio ambiente e à s críticas ao padrão vigente

de desenvolvimento acentuaram-se, em especial, nas últimas décadas, principalmente pela

perspectiva dos graves impactos decorrentes das mudanças climáticas. A necessidade de

repensar os padrões de consumo e a produção industrial disseminou-se pelos diferentes níveis da

sociedade, e, em virtude dessa discussão, assistiu-se uma crescente popularização dos debates

sobre o atual padrão de desenvolvimento, promovido especialmente pelos principais meios de

comunicação e pela sociedade civil organizada.

O emprego do termo desenvolvimento sustentável foi originalmente utilizado pela União

Internacional para a Conservação da Natureza (UINC) em um documento síntese de trabalho

elaborado no ano de 1980. O conceito evoluiu do termo Ecodesenvolvimento, cunhado por

Maurice Strong, no ano de 1972, em Estocolmo, e posteriormente aprofundado por Ignacy Sachs

ao longo das décadas seguintes. Na Conferência de Otawa, em 1986, o conceito de

desenvolvimento sustentável foi descrito como uma nova forma de planejamento e gestão,

centrado na integração eficiente entre a conservação dos recursos naturais e a prosperidade

socioeconômica.

Sachs (1993; 2000), ao longo das décadas seguintes, apresentou as cinco dimensões da

sustentabilidade necessárias ao se planejar o desenvolvimento: justiça social, prosperidade

econômica, racionalidade ecológica, manejamento espacial e contemporização cultural.

Dessa forma, os debates sobre a perspectiva da sustentabilidade que ocorriam intensamente no

escopo da produção teórico-científica, propagaram-se aos demais setores da sociedade,

sobretudo a partir da Rio-92 (FREY, 2001), ligados a um dos principais assuntos em pauta: as

mudanças climáticas.

Nessa perspectiva, a Rio-92 realizou-se sob forte influência das discussões em torno das

dimensões da sustentabilidade, tendo como um de seus pilares, as mudanças climáticas. Esse

evento consolidou-se como um importante marco na reflexão sobre a relação da questão

ambiental com o bem estar humano e a economia. Como conseqüência, os debates sobre a

perspectiva da sustentabilidade, permearam o estabelecimento de acordos internacionais para

implementação de políticas socioambientais e na necessidade de repensar os padrões de

produção e consumo global.

Alguns fóruns foram realizados e documentos de extrema importância foram produzidos durante a

Rio-92, entre eles: a Convenção da biodiversidade, a Declaração do Rio e a Agenda 21. Todavia,

é na Convenção do Clima, que o recém criado IPCC ganhou destaque ao divulgar o conteúdo de

seu primeiro relatório, publicado em 1990. Nesse documento, pesquisadores de vários países,

vinculados a World Meteorological Organization (WMO), advertiram os membros das Nações

Unidas sobre a urgente necessidade de ser firmado um tratado internacional, com vistas à

redução das emissões de GEEs e poluentes. Seus autores enfatizavam que os níveis cada vez

mais elevados de concentração de gases na atmosfera conduziriam à inevitáveis aumentos da

temperatura média global, com reflexos diretos no abastecimento hídrico e alimentar. Além disso,

as mudanças climáticas provocariam um desequilíbrio generalizado dos ecossistemas e o colapso

de cadeias alimentares marinhas e terrestres.

A perspectiva de se encontrar um ponto em comum entre as nações, no sentido de buscar uma

solução para as mudanças climáticas e os riscos a elas relacionados, culminou com o Protocolo

de Kyoto, em 1997, ratificado pela ONU como Tratado Internacional, a partir de 2005, sem,

contudo, ter alcançado consenso e grande aplicabilidade. Embora, como resultado positivo, esse

processo tenha desencadeado uma maior visibilidade e reflexão sobre os padrões insustentáveis

de desenvolvimento.

A contenda inicialmente atrelada apenas ao problema das emissões, com ênfase ambiental, foi

muito além, ao paulatinamente relacionar a gravidade das emissões de GEE com o modelo de

produção de energia, de produção agrícola, de uso e ocupação do solo, de consumo e de justiça

social.

A Cúpula da Terra ou Rio-92 marcou, também, avanços no processo de elaboração e implantação

de políticas ambientais no Brasil. O país ainda não contava com uma estrutura que pudesse

responder a envergadura dos desafios propostos pela Agenda 21. O Ministério do Meio Ambiente,

foi criado no mesmo ano da Cúpula, em novembro de 1992, com “a missão de promover a adoção

de princípios e estratégias para o conhecimento, a proteção e a recuperação do meio ambiente, o

uso sustentável dos recursos naturais, a valorização dos serviços ambientais e a inserção do

desenvolvimento sustentável” (MMA, 2009).

Dessa forma, a visibilidade das questões relacionadas ao desequilíbrio ambiental, promoveram

gradualmente o surgimento de políticas locais, regionais, nacionais e internacionais norteadas

pelas dimensões da sustentabilidade. As graves perspectivas anunciadas pelas mudanças

climáticas influenciaram a construção de uma agenda pública de caráter socioambiental, seja na

esfera nacional quanto internacional. Entretanto, divergências políticas e econômicas de diversas

ordens acabaram por fragilizar a instauração de medidas e ações concretas voltadas ao

desenvolvimento sustentável.

Políticas de adaptação: planejamento frente aos iminentes impactos climáticos

O processo de adaptação normalmente ocorre quando existem alterações nos meio físicos,

ecológicos e sociais. De maneira geral, os processos adaptativos podem ser divididos em:

preventivos, quando antecipam os impactos de uma modificação, ou reativos quando as

modificações são compulsórias, ou seja, inevitáveis, em um dado sistema já perturbado ou

alterado.

Um bom exemplo é a adaptação biológica, um processo normalmente correlacionado a um tipo de

ação reativa. Indivíduos, sociedades ou mesmo nichos ecológicos estão sujeitos a adaptar-se a

modificações no meio-ambiente ao longo do tempo. Em contrapartida, algumas medidas de

adaptação podem ser implementadas intencionalmente, caracterizando-se como ações e medidas

planejadas.

Dessa forma, as Políticas de Adaptação devem ser entendidas como ações possíveis,

preventivas, antecipatórias e planejadas, para enfrentar e atenuar os fortes impactos das

mudanças climáticas. Ainda nesse sentido, devem proteger os sistemas naturais, mas também

preparar e modificar os sistemas humanos, por meio, especialmente, da modificação de padrões

socioeconômicos. Dessa forma, devem discutir alterações no consumo, na indústria, na

geração/distribuição de energia, na agricultura, forma de uso e ocupação do solo, na manutenção

e proteção às unidades de conservação, áreas florestais e mananciais.

Segundo Marengo et. al (2007), adaptação é um processo de ajuste nos sistemas naturais ou

humanos em resposta a atual ou esperada mudança climática ou seus efeitos. Ela regula danos

ou possibilita oportunidades beneficiais. Ainda segundo os autores, elas podem ser descritas da

seguinte maneira:

Quadro 2 – Caracterização das Políticas adaptativas

Fonte: Elaborado a partir de Marengo et. al (2007).

Nesse sentido, a CQNUMC, o IPCC, assim como pesquisadores brasileiros do Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), frequentemente

têm realçado as políticas de adaptação, como medidas e iniciativas de prevenção e atenuação

frente aos iminentes riscos e vulnerabilidades trazidas pelas mudanças climáticas.

Mesmo assim, durante a COP-15, realizada em Copenhague no ano de 2009, o foco nas

discussões a respeito das metas de mitigação praticamente eclipsou a urgente necessidade da

adoção de políticas de adaptação, relegando-as a um segundo plano nas esferas de discussão e

de decisão. A COP-15 revelou inúmeras divergências e sérios entraves políticos e econômicos,

dificultando um acordo pós-Kyoto entre as partes ou nações signatárias. Vale destacar que

mesmo com a proximidade do fim da vigência do Tratado de Kyoto, previsto para 2012, ainda não

há um consenso entre as nações sobre as metas de mitigação a serem pré-estabelecidas.

Indiferente às questões políticas, grandes catástrofes naturais, nos últimos anos, têm sido

registradas em um número cada vez mais expressivo e constante. Elas ocorrem principalmente

ligadas aos fenômenos e condições meteorológicas, climatológicas e hidrológicas. Tempestades

torrenciais, temperaturas extremas, inundações, deslizamentos de solo, secas severas e

incêndios florestais, estão trazendo resultados desastrosos à economia e à população de diversos

países.

Mapa 1 – Mapa-múndi das catástrofes naturais em 2009

Fonte: Münchener Rückversicherungs-Gessellschaft, Geo Risks Research, NatCatSERVICE

O mapa acima registra as catástrofes naturais no ano de 2009. É interessante observar, que as

catástrofes geofísicas, não correlacionáveis às mudanças climáticas, a despeito da severidade e

choques que promovem, em número de eventos registrados, são consideravelmente menos

impactantes, em escala global, do que aqueles correlacionáveis aos extremos climáticos.

Essa observação é preocupante visto os choques e os riscos exponenciais desses impactos

observados ao longo da última década, conforme destacado pela NatCatService, um dos

principais bancos de informações de acidentes e desastres naturais do planeta.

Nesse sentido, as políticas de adaptação devem ser consideradas como medidas imperativas,

prioritárias e não secundárias na formulação de políticas públicas, planejamento e estratégias de

desenvolvimento, voltadas para redução das vulnerabilidades socioeconômicas, epidemiológicas

e climatológicas.

Vulnerabilidade: choques e riscos exponenciais

Conforme Cardona (2007), vulnerabilidade é o resultado de um conjunto de fatores e processos

múltiplos que, agindo sobre sistemas dinâmicos e complexos, tem a capacidade de fragilizar um

determinado ecossistema. Para tanto, o autor elenca alguns aspectos: a susceptibilidade física ou

natural, as fragilidades socioeconômicas e a baixa resiliência – capacidade de resposta ou

recuperação – como os principais quesitos para medir o grau de vulnerabilidade em ecossistemas

humanos e naturais.

Para o IPCC (2001) a vulnerabilidade às alterações climáticas refere-se, especificamente à

propensão dos sistemas humanos e ecológicos, de sofrer danos socioeconômicos e ambientais e

de suas capacidades de responder às pressões impostas pelos efeitos das alterações climáticas.

Segundo Vos. et al (2008), o grau de vulnerabilidade decorrente das ameaças climáticas e as

sérias conseqüências que os perigos naturais transportam é desastrosamente maior nos países

subdesenvolvidos.

Dessa forma, a despeito das vulnerabilidades apresentarem-se em praticamente todas as regiões

do planeta, inclusive em nações desenvolvidas, de acordo com esses autores, o agravamento das

vulnerabilidades geralmente está vinculado ao grau de pobreza, à dificuldade de informação e à

falta de infra-estrutura básica. Assim sendo, as fragilidades frente às alterações climáticas se

potencializam exponencialmente nos países mais pobres. Baseados nesse argumento, esses

autores ressaltam que a lenta recuperação dessas comunidades aumenta a exposição aos

perigos naturais.

Nesta perspectiva, desencadeia-se um círculo vicioso, uma retroalimentação, entre choques e

vulnerabilidade, como mostrado na Figura 1.

Figura 1 – Retroalimentação: Choques e Vulnerabilidade.

Fonte: dos autores.

Isso significa: na medida em que, os países subdesenvolvidos sofrem com os choques

relacionados aos extremos climáticos, suas vulnerabilidades sociais, econômicas e ambientais

aumentam geometricamente.

No Brasil alguns fatores elevam a vulnerabilidade de muitas regiões e suas respectivas

populações. A despeito de uma economia pujante e de uma razoável amplitude de recursos

tecnológicos, o país tem graves problemas de infra-estrutura e sua população é marcada pelo alto

índice de desigualdade social e pobreza, fatores que o tornam consideravelmente vulnerável.

Partindo desse pressuposto, um estudo realizado pelo Núcleo de Assuntos Estratégicos da

Presidência da República (NAE, 2005) demonstrou que o Nordeste é a região do país mais

vulnerável às mudanças climáticas, sendo que os mais ameaçados nessa área são os agricultores

pobres de subsistência. De acordo com o relatório, as vulnerabilidades às mudanças climáticas no

Brasil estão ligadas a impactos na saúde humana, na agricultura, nas florestas, nas zonas

costeiras, na biodiversidade, nos recursos hídricos e na geração de energia hidroelétrica.

Segundo Marengo (2008), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), é fundamental de

subsidiar políticas de adaptação para a região.

Marengo (2008) destaca que a elevação da temperatura projetada para os próximos anos pode

provocar no semi-árido brasileiro um processo de aridização e desertificação intensa. A

conseqüência, segundo esse cenário, será a total degradação do bioma Caatinga e a inviabilidade

da agricultura de sequeiro. Tal processo causaria uma explosão migratória de refugiados

ambientais e agravaria o déficit alimentar e hídrico nas grandes cidades do Nordeste. O autor

sugere que sejam implementadas políticas de adaptação direcionadas à educação ambiental e ao

zoneamento agroecológico para preservação e manutenção das nascentes e do solo.

Nobre (2001), também do INPE, tem destacado a baixa capacidade de adaptação e a grande

vulnerabilidade do Brasil frente às mudanças climáticas; salientando que a fragilidade não se

refere apenas aos ecossistemas, mas também, à sociedade, à economia, às atividades agrícolas

e ao setor energético. Ele utiliza dados climatológicos para compor gráficos de prováveis cenários

de escassez e abundância hídrica, aplicados para regiões distintas do país. Nobre (2001) afirma,

por exemplo, que o desmatamento e aumento de temperatura na América do Sul podem provocar

um processo de “savanização” da floresta amazônica. Ele ressalta a necessidade da elaboração

de estratégias e de tecnologias voltadas para a adaptação, assim como de medidas que

obtenham proveito das mudanças climáticas, fortalecendo o desenvolvimento de novas

tecnologias para a agricultura familiar.

Ainda nessa linha, Pellegrino, Assad e Marinz (2007), em trabalho sobre mudanças climáticas

globais e agricultura no Brasil, analisaram as retroalimentações entre as mudanças climáticas

globais e a agricultura no país. Os autores traçaram prováveis cenários climáticos futuros

destacando a necessidade de rediscutir o modelo de desenvolvimento agrícola. De acordo com

artigo publicado pela Revista Multiciência, os pesquisadores estimaram por meio de modelos

agrometeorológicos, que o aumento de apenas 1ºC na temperatura levaria a uma quebra de safra

no valor de 375 milhões de dólares, somente para o café, nos principais estados produtores. Além

disso, o estudo contemplou outros aspectos, como o aumento da incidência de pragas e doenças

no sistema produtivo agrícola.

Entretanto, não são apenas as populações das regiões rurais do país que estão sujeitas às graves

conseqüências das mudanças climáticas e que necessitam de políticas de adaptação para

superar os impactos previstos. O alto número de condomínios, loteamentos irregulares, bairros

periféricos e favelas dispostos sob encostas íngremes, ao longo do leito de rios e córregos

provoca no país, ano após ano, durante o período de chuvas, deslizamentos e inundações com

sérias conseqüências socioeconômicas.

Vale ainda destacar que boa parte dos grandes aglomerados populacionais brasileiros estão

situados nos primeiros sessenta quilômetros da planície costeira. Assim sendo, muitas dessas

localidades com o aumento da intensidade e freqüência de tempestades e extremos climáticos,

somadas à redução das áreas de mangues, contentoras naturais dos processos erosivos, e o

aumento gradual das linhas de marés, são passíveis de sofrer sérios prejuízos materiais e

imateriais. A vulnerabilidade dessas regiões está ligada ao provável aumento de sucessivas

inundações costeiras, ameaçando moradias, comércio, prejudicando a eficiência do setor

portuário e mesmo causando intrusões salinas nos mananciais costeiros, comprometendo a

qualidade e a quantidade de água, com graves reflexos no abastecimento e nas condições

sanitárias (MUEHE e NEVES, 1995).

Um importante levantamento sobre as vulnerabilidades no país foi recentemente realizado pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). A pesquisa

desenvolvida por meio do Programa de Mudanças Ambientais Globais e Saúde (PMAGS) e, em

parceria com a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO),

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Centro de Previsão do Tempo e Estudos

Climáticos (CPTEC) analisou, entre um dos seus objetivos específicos, a vulnerabilidade sócio-

ambiental da população brasileira quando submetida a eventos climáticos extremos.

Mais precisamente esse estudo considerou três dimensões de vulnerabilidade: a socioeconômica,

a epidemiológica e a climatológica. A intenção, por meio desses indicadores, era de estabelecer

um índice de vulnerabilidade geral para cada unidade da federação no Brasil.

Quadro 3 – índices de vulnerabilidade socioeconômica, epidemiológica, climatológica e geral das

unidades federativas brasileiras.

Fonte: MCT/FIOCRUZ/PMAGS/ABRASCO.

Dessa forma, o índice de vulnerabilidade socioeconômica foi estimado, levando em consideração

a densidade demográfica, o grau de urbanização, o número de pessoas por domicílio, grau de

pobreza (renda), grau de escolaridade, abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de

lixo, taxa de mortalidade infantil, esperança de vida ao nascer e assistência médica.

Mapas 2 – Índices de vulnerabilidade nos Estados brasileiros

Fonte: MCT/FIOCRUZ/PMAGS/ABRASCO.

Para o índice de vulnerabilidade epidemiológica foram aferidos, por exemplo, a incidência de

doenças como: cólera, dengue, malária, leptospirose e hantavirose.

O índice de vulnerabilidade climatológica, por sua vez, foi definido por meio de interpolações das

séries históricas pluviométricas obtidas no INPE e no INMET nos últimos quarenta e dois anos.

Nesse último caso, a intenção era estimar as médias de chuvas nos estados e a incidência de

meses com precipitações muito acima ou muito abaixo do padrão.

Esse enfoque seguiu a metodologia utilizada por Raizona e Marengo (2007), no qual os modelos

analíticos devem ser complexos, analisando e discutindo os diferentes aspectos da

vulnerabilidade frente às mudanças climáticas, interpolando fatores sociais e biofísicos.

De uma maneira geral, as análises destacam a considerável vulnerabilidade no país e a

inexistência de uma política concisa de adaptação para preparar as populações de áreas e

regiões que correm maior risco. Está constatação realça a necessidade de elaboração de ações

de planejamento frente aos graves reflexos das mudanças climáticas, especialmente na saúde,

agricultura e habitação.

Políticas de adaptação: oportunidade real para o desenvolvimento sustentável?

Como visto, os avanços na perspectiva da sustentabilidade extravasaram o escopo teórico-

científico para influenciar a sociedade, definir acordos internacionais, bem como, estabelecer

princípios básicos para criação de instrumentos legais em políticas socioambientais. Entretanto,

tal processo não se refletiu em uma alteração substancial da crise ambiental e dos desequilíbrios

socioeconômicos.

Em contraponto, considerando os iminentes riscos trazidos com as mudanças climáticas e as

respectivas vulnerabilidades humanas e naturais, e somadas ainda, ao clamor da sociedade, as

políticas de adaptação configuram-se como ações com grande potencial para propulsionar ao

desenvolvimento sustentável.

O que parece - instigando aqui um debate, também propósito deste trabalho - é que a iminência

da mudança do paradigma do desenvolvimento, tão debatida e almejada, será imposta pelas

circunstâncias – naturais e climáticas – e não conquistada, por uma mudança de valores, como

aspirada por muitos estudiosos como Morin (2000), Buarque (2008)2 e Cavalcante (2008)3.

Nesse sentido, a iminência dos impactos advindos das mudanças climáticas realça a discussão

sobre a importância da implementação de políticas de adaptação, apresentando-se como um

possível marco na perspectiva do alcance ao desenvolvimento sustentável.

Isto se deve, especialmente, devido ao fato das políticas de adaptação terem entre seus objetivos,

a redução da vulnerabilidade de populações e de países carentes, por meio da garantia de acesso

as necessidades humanas básicas e, especialmente, a procedimentos coligados a conservação

ambiental. Tais medidas pressupõem a conjugação da preservação dos ecossistemas naturais,

mas também a garantia do direito a alimentação, saúde, moradia e empregos ameaçados pela

grave perspectiva dos choques desencadeados pelos extremos climáticos.

Paavolaa e Adgera (2006) realçam que as políticas de adaptação, devem reforçar diretrizes de

justiça social, entre as quais, a responsabilidade dos países desenvolvidos em fornecer

assistência técnica e financeira aos países mais vulneráveis, além de permitir seu acesso à

participação justa no planejamento e nas tomadas de decisões.

A United Nations Environment Programme (UNEP) exalta que mecanismos internacionais de

compensações financeiras, previstos nas políticas de adaptação, poderiam, por exemplo, abrir

novas oportunidades para empregos no setor florestal, estimulando países a fazer manejo florestal

e defenderem suas unidades de conservação, criando dessa forma, milhares de postos ligados a

formação técnica, educação ambiental, conservação e gerenciamento de recursos naturais. Abre-

se também, por meio dessa perspectiva, a possibilidade de implementação de modelos produtivos

2 Palestra proferida no Centro de Desenvolvimento Sustentável/CDS da Universidade de Brasília/UNB, 2008. 3 Palestra proferida no Centro de Desenvolvimento Sustentável/CDS da Universidade de Brasília/UNB, 2008.

agroflorestais menos intensivos e impactantes, respeitando as Áreas de Proteção Permanente

(APP) e as Reservas Legais (RL).

No Brasil, a aplicação da agroecologia, os sistemas integrados de produção de alimentos e

energia, o aproveitamento racional dos recursos costeiros e estuários, conciliados com a

implementação de um Zoneamento-Ecológico e Econômico (ZEE) eficiente possibilitariam

aumentar o grau de adaptação e reduziriam a vulnerabilidade nas áreas mais suscetíveis aos

riscos e choques, gerando igualmente a abertura de postos de trabalho ligados a formação de

produtores, técnicos e pesquisadores.

A UNEP destaca, ainda nesse sentido, a possibilidade da geração de inúmeras atividades nos

setores primário, secundário e terciário, abrangendo, por exemplo, vagas na agricultura,

manufatura, produção de energia, pesquisa e formação. Nesse sentido, a UNEP ressalta que os

“empregos verdes”, ou greenjobs, são mecanismos fundamentais nas políticas de adaptação. Ou

seja, postos de trabalho ligados a proteção e pesquisa em ecossistemas, entre eles: a produção

de energia renovável, a reciclagem de materiais, a proteção de mananciais, a implementação e a

manutenção de unidades de conservação. Atividades estratégicas de alta eficiência, baseadas em

uma economia descarbonizada, minimizando ou evitando totalmente a geração de todas as

formas de desperdício e poluição.

Dessa maneira, as políticas de adaptação apresentam condições de propulsionar inúmeras ações

conjugadas, em escala mundial, que teriam por objetivo adaptar a sociedade e proteger o meio

ambiente, especialmente nos países mais pobres, minimizando os severos impactos

socioeconômicos decorrentes dos extremos climáticos.

Especificamente nas áreas urbanas as políticas de adaptação teriam a possibilidade de atenuar

os prejuízos e evitar os choques ocasionados principalmente pelos deslizamentos, inundações e

surtos epidemiológicos agravados pelos extremos climáticos. Assim, elas podem apresentar-se

como oportunidades viáveis para estimular projetos de infra-estrutura social básica, novamente

com reflexos na abertura de empregos e ocupações diretas e indiretas, como por exemplo, na

área de educação, saúde e construção civil.

O documento: Stern Review on the Economics of Climate Change, publicado em 2006,

encomendado pelo governo Inglês ao economista Nicholas Stern, professor titular da London

School of Economics and Political Science (LSE), destacou que seria necessário algo em torno de

1% do valor do PIB mundial para viabilizar ações diretas em mitigação e em adaptação. Stern

(2006) destaca que a omissão poderá provocar prejuízos de escala muitas vezes superior ao

custo de ações e programas de precaução e adaptação que poderiam ser efetivamente

implementados criando oportunidades e benefícios.

O autor do relatório e sua equipe concluiram que as políticas de adaptação têm potencial para

apresentar novas oportunidades, manter e estimular o crescimento econômico, podendo inclusive

criar um ambiente favorável para construção de novos padrões de desenvolvimento.

Considerações finais

As políticas de adaptação ainda ocupam uma posição coadjuvante nas questões pertinentes às

mudanças climáticas. No Brasil, por exemplo, mesmo com a realização de estudos, compondo

modelos e cenários climáticos futuros e apontando as graves vulnerabilidades no país, as políticas

de adaptação ainda encontram-se em estado incipiente.

Entretanto, a iminência de novos choques e impactos advindos dos extremos climáticos tornam as

políticas de adaptação, mecanismos indispensáveis no planejamento e na gestão. Na medida em

que aumentar o clamor da sociedade, espera-se que essas ações sejam planejadas e

implantadas, no intuito de proteger e preparar as populações mais vulneráveis, mas também de

resguardar os ecossistemas que lhe dão base.

Nesse sentido, as políticas de adaptação frente às mudanças climáticas apresentam-se como

uma oportunidade real de se implementar medidas direcionadas ao desenvolvimento sustentável.

Essa convicção baseia-se no fato de haver uma forte sinergia entre as diretrizes estabelecidas

pelas políticas adaptativas e os princípios e dimensões da sustentabilidade.

Há uma perspectiva, claramente evidenciada nas políticas de adaptação, no sentido de gerar

prosperidade socioeconômica, por meio da criação de novas oportunidades de empreendimentos

e empregos, baseados indissociavelmente na preservação do meio ambiente e dos recursos

naturais. Tal característica faz com que as políticas de adaptação, no intuito de reduzir os riscos e

as vulnerabilidades, acabem por estimular a modificação dos paradigmas vigentes, podendo

tornar-se, dentro desse contexto exposto, em um marco determinante rumo ao desenvolvimento

sustentável.

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