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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS MARÍLIA DE AQUINO ARAÚJO LETRAMENTO LITERÁRIO: muitos desafios, vários caminhos Montes Claros/MG Novembro/2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

MARÍLIA DE AQUINO ARAÚJO

LETRAMENTO LITERÁRIO: muitos desafios, vários caminhos

Montes Claros/MG

Novembro/2016

Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge

A658l

Araújo, Marília de Aquino.

Letramento literário [manuscrito]: muitos desafios, vários caminhos / Marília

de Aquino Araújo. – Montes Claros, 2016.

165 f.: il.

Bibliografia: f. 98-101.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros -

Unimontes, Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Letras/

Profletras, 2016.

Orientadora: Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Dionísio Santos.

1. Letramento literário. 2. Sequência básica. 3. Formação leitora. I. Santos,

Rita de Cássia Silva Dionísio. II. Universidade Estadual de Montes Claros. III.

Título. IV. Título: Muitos desafios, vários caminhos.

A Deus, fonte do amor maior,

que me concedeu a vida, a esperança e

a graça de chegar aqui.

AGRADECIMENTOS

Agradecer é reconhecer que você não esteve sozinho...

Ao meu porto seguro, minha mãe, que certamente sem o seu amor incondicional, dedicação e

fé não conseguiria realizar os meus sonhos.

Ao meu pai, que, mesmo distante, se faz presente em meu coração. Seus ensinamentos são

fonte de inspiração em minha vida.

Ao meu irmão, amigo certo das horas mais incertas, o apoio e o carinho imensuráveis.

Aos amigos, Vicente e Fábio, que foram os mensageiros da boa-nova, anjos que me

conduziram a iniciar este caminho.

Aos primos-amigos, Celso Barbosa Júnior e Élder Barbosa, que compartilharam o mesmo

sonho. A vocês minha eterna gratidão pelo carinho.

Aos meus padrinhos, Marília Rita e Celso Barbosa, pelo amor, cuidado e apoio.

Às amigas mais que amigas, irmãs de coração, Isabel Cristina, Édna Duarte, Fabrícia Costa,

Gêisa Marçal de Lourêdo, Juliana Osório e Solange Alencar.

Ao grande amigo, Antônio Azevedo, que insistiu em partir... deixando a saudade e a certeza

do quanto me admirava e desejava o meu sucesso. Saudade eterna.

Aos demais amigos, família permitida por Deus, e outras pessoas especiais que

compartilharam comigo direta ou indiretamente esta caminhada.

Aos professores do Mestrado, o conhecimento.

À minha orientadora, Rita de Cássia Dionísio, que generosamente não desistiu de mim e até

mesmo nas inúmeras vezes que desanimei e desacreditei que não poderia conseguir me fez

viver intensamente as palavras de Shakespeare, quando diz que podemos ir muito além do

imaginável.

Aos colegas da turma do mestrado, em especial Adriana Mendes, uma irmã de coração, e

Cláudia Otoni, inúmeras vezes um cuidado materno, agradeço por caminharmos juntas e

dividirmos as preocupações, as dificuldades e as alegrias.

À direção, Marilúcia Gomes Mattos e Valéria Azevedo, colegas e alunos do 9º Ano I da

Escola Estadual Cônego Clemente Laurens, que colaboraram na minha pesquisa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo

indispensável apoio financeiro nesta pesquisa.

Não por último, mas acima de tudo, Deus, Pai Misericordioso, Senhor que rege a minha vida,

e Maria Santíssima, que intercede junto ao Pai os meus pedidos.

―E que talvez, para inventar a própria vida,

seja preciso a matéria-prima;

é preciso ter sonhado para poder sonhar e criar.‖

(Vicent Jouve)

RESUMO

As relações entre a leitura e a literatura no contexto escolar têm sido objeto de constantes

reflexões. Nessas discussões, observamos que a leitura e a literatura acabam por sofrer, em

determinadas situações didáticas, uma abordagem mecânica, na qual o artificialismo se revela

de modo recorrente por meio de exercícios isolados, limitando a análise do texto literário às

informações didáticas (autor, biografia, periodização literária ou características estruturais do

gênero) ou ao uso como pretexto para se estudar conteúdos gramaticais, sem que o aluno

perceba a literatura como uma ação que se constitui histórica e culturalmente, associando-se à

consciência crítica do mundo e do contexto histórico-social. Nessa perspectiva, é fundamental

desenvolver, na escola, o letramento literário, compreendendo práticas e eventos sociais que

envolvem a interação leitor e escritor, produzindo o exercício socializado da leitura de textos

literários. Diante disso, esta pesquisa propõe discussão sobre o trabalho com o texto literário

no Ensino Fundamental II, em especial, 9º Ano de uma escola de rede pública de Minas

Gerais. Em um cenário escolar em que estudantes têm pouco interesse pela leitura literária,

tornou-se fundamental desenvolvermos esta pesquisa, hipotetizando que a abordagem da

literatura nas séries finais do Ensino Fundamental pode proporcionar aos alunos

oportunidades singulares de letramento literário. Para tanto, norteamo-nos pela proposta da

sequência básica de Cosson (2012), com o objetivo geral de promover o letramento literário

na escola, para, especificamente, valorizar a leitura como elemento essencial na formação da

cidadania, envolver os alunos nas propostas e representar uma oportunidade de acesso ao

mundo da literatura. No decorrer da aplicação das atividades da sequência básica, percebemos

que os alunos se envolveram na apreciação estética e crítica do texto literário, podendo

afirma, de acordo com os comentários e reações dos alunos, que essa pesquisa trouxe uma

contribuição significativa na formação leitora e a consequentemente ampliação do letramento

literário. Dessa forma, acreditamos que encontramos um caminho, entre vários, para

transformar um cenário de desinteresse pela literatura em um contexto de valorização do texto

literário, despertando a subjetividade do aluno e enriquecendo a sua perspectiva de vida.

Palavras-chave: Letramento Literário. Sequência Básica. Formação Leitora.

ABSTRACT

The relationship between reading and literature in the school context has been the object of

constant reflection. In these discussions, it is observed that reading and literature end up

suffering, in certain teaching situations, a mechanical approach, in which the artificiality

reveals itself recursively through isolated exercises, limiting the analysis of literary text to

didactic information (author, biography, literary periodization or structural characteristics of

the genre) or to the use as an excuse to study grammatical content without the student

perceiving literature as an action that is historical and culturally constructed, associating the

critical awareness of the world and sociohistorical context. In this perspective, it is crucial to

develop, at school, literary literacy, including practices and social events involving reader and

writer interaction, producing the socialized exercise of reading literary texts. Thus, this

research proposes discussion on working with the literary text in the Elementary Education II,

in particular, with students of the 9th year of a public school in Minas Gerais. In a school

setting in which students have little interest in literary reading, it has become fundamental to

develop this research hypothesizing that the approach to literature in the final grades of

elementary school can provide students with unique opportunities of literary literacy.

Therefore, guided by the proposal of the basic sequence of Cosson (2012), with the overall

goal of promoting literary literacy in school, to specifically value the literary reading as an

essential element in the formation of citizenship, to involve students in proposed activities and

to represent an opportunity to access the world of literature. During the application of the

activities of the basic sequence, we realized that students were involved in the aesthetic and

critical literary text appreciation, so we can affirm that, according to the comments and

reactions of the students, this research has brought a significant contribution in reading

education and the consequent expansion of literary literacy. Thus, we believe that we found a

way, among many, to turn scenery of disinterest in literature in a context of literary text

appreciation, raising the subjectivity of students and enriching their perspective of life.

Keywords: Literary Literacy. Basic Sequence. Reading Education.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Vista da Cidade ............................................................................................ 18

Figura 2 Prainha ......................................................................................................... 20

Figura 3 Lapa Pintada ................................................................................................ 20

Figura 4 Pesquisa-ação ............................................................................................... 43

Figura 5 Invasão Poética ............................................................................................ 55

Figura 6 Invasão Poética ............................................................................................ 55

Figura 7 Visita ao Asilo Nossa Senhora da Conceição .............................................. 56

Figura 8 As caixas e os materiais para o Varal ―Laços de Amizade‖ ...................... 70

Figura 9 Alunos realizando atividades do Módulo 1 ................................................. 70

Figura 10 Alunos comentando sobre as palavras escolhidas ....................................... 71

Figura 11 ―Varal Laços de Amizade/Amor‖ ................................................................ 71

Figura 12 Alunos confeccionando o ―Varal Laços de Amizade/Amor‖ ...................... 72

Figura 13 Varal Biográfico de Clarice Lispector – A .................................................. 74

Figura 14 Varal Biográfico de Clarice Lispector – B .................................................. 75

Figura 15 Varal Biográfico de Clarice Lispector – C .................................................. 75

Gráfico 1 Rendimento dos Alunos no 1º Bimestre................................................... 24

Gráfico 2 Resultado da Questão 6 do Questionário .................................................. 58

Gráfico 3 Resultado da Questão 7do Questionário .................................................. 59

Gráfico 4 Resultado da Questão 9 do Questionário .................................................. 60

Gráfico 5 Resultado da Questão 1 da Enquete .......................................................... 61

Gráfico 6 Resultado da Questão 4 da Enquete .......................................................... 62

Gráfico 7 Resultado da Questão 5 da Enquete .......................................................... 62

Gráfico 8 Resultado da Questão 8 da Enquete .......................................................... 64

Gráfico 9 Resultado da Questão 9 da Enquete .......................................................... 64

Gráfico 10 Resultado da Questão 11 da Enquete ........................................................ 65

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .........................................................................................................

12

1. CONTEXTO DA PESQUISA.................................................................................. 16

1.1 Jequitaí e sua história............................................................................................ 18

1.2 A escola................................................................................................................... 21

1.3 O público-alvo........................................................................................................

23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 25

2.1 Letramento, leitura e literatura......................................................................... 26

2.2 O letramento literário ......................................................................................... 30

2.2.1 Gêneros literários: conto e poema ...................................................................... 35

2.3 Literatura e ensino................................................................................................. 37

2.3.1 A sequência básica.................................................................................................

39

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 41

3.1 A pesquisa-ação ...................................................................................................... 42

3.2 Proposta de Intervenção: Sequência Básica ........................................................

44

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 57

4.1 Fase de levantamento de dados............................................................................. 58

4.2 Fase de intervenção................................................................................................

69

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................

91

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................

97

ANEXOS....................................................................................................................... 102

INTRODUÇÃO

13

A literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a

personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza,

nos liberta do caos e portanto nos humaniza.

Antonio Candido, em O direito à literatura (1995).

As relações entre a leitura e a literatura no contexto escolar têm sido objeto de

constantes reflexões. Nessas discussões, evidenciamos o papel da escola de formar leitores

críticos e autônomos, concebendo a leitura como ato de posicionamento político diante do

mundo.

Por outro lado, observamos que a leitura e a literatura acabam por sofrer, em

determinadas situações didáticas, uma abordagem mecânica, na qual o artificialismo se revela

de modo recorrente por meio de exercícios isolados, limitando a análise do texto literário às

informações didáticas (autor, biografia, periodização literária ou características estruturais do

gênero) ou ao uso como pretexto para se estudar conteúdos gramaticais.

O aluno, consequentemente, não percebe a literatura como uma ação que se constitui

histórica e culturalmente, associando-se à consciência crítica do mundo e do contexto

histórico-social, mostrando-se, por isso, pouco ou nada interessado e envolvido com o texto

literário.

Dessa forma, o texto literário acaba por assumir um papel periférico nessa realidade.

Por extensão, na prática, o ensino de literatura no Ensino Fundamental não tem alcançado os

objetivos propostos pelos programas escolares – entre outros, o desenvolvimento de

habilidades leitoras dos alunos ─ e tem-se limitado a promover a apropriação de um discurso

didático sobre a literatura, produzido e representado, em primeira instância, pelo professor e,

em segunda instância, por diferentes agentes: pelo livro didático, pelas referências

historiográficas disponíveis para consulta de professores, por alguns sites da internet.

É necessário compreender que a literatura possui a função de metamorfosear ―sua

materialidade em palavras revestida de cores, odores, sabores e formas intensamente

humanas‖ (COSSON, 2012, p. 17). Sim, por meio das palavras construímos a nossa cultura, a

história. Ler é um ato social e é por meio das linguagens e da leitura que interagimos com o

outro e com o mundo.

Nessa perspectiva, é fundamental desenvolver, na escola, o letramento literário,

compreendendo práticas e eventos sociais que envolvem a interação leitor e escritor,

produzindo o exercício socializado da leitura de textos literários. Todavia, ao contrário dos

outros letramentos, o letramento literário tem uma relação diferenciada com a escrita e, por

consequência, é um tipo de letramento singular. Em primeiro lugar, é diferente porque a

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literatura ocupa um lugar único em relação à linguagem. Depois, o letramento pelos textos

literários proporciona um modo privilegiado de inserção no mundo da escrita, posto que

conduza ao domínio da palavra a partir dela mesma. Por isso, a escola deve oportunizar aos

alunos momentos prazerosos de leitura, pela sua importância e não pela obrigatoriedade.

Diante disso, surgiu a proposta de investigação intitulada ―Letramento Literário:

muitos desafios, vários caminhos‖, que propõe discussão sobre o trabalho com o texto

literário no Ensino Fundamental II, em especial, com os alunos do 9º Ano I da Escola

Estadual Cônego Clemente Laurens, situada em Jequitaí – Minas Gerais.

Em um cenário escolar em que os estudantes têm pouco interesse pela leitura literária,

problema verificado em análise de questionários aplicados ao público-alvo desta pesquisa e de

informações obtidas por meio de entrevistas realizadas com as professoras de apoio na

biblioteca. Destacamos que os questionários aplicados na turma, instrumento de coleta de

dados adequado para essa pesquisa, permitiu delimitar o nosso problema e conhecer o perfil

leitor dos nossos discentes.

Tornando-se, assim, fundamental desenvolvermos esta pesquisa, hipotetizando que a

abordagem da literatura a partir da sequência básica de Cosson (2012), nas séries finais do

Ensino Fundamental, pode proporcionar aos alunos oportunidades singulares de letramento

literário.

Foi imprescindível, após delimitarmos a hipótese, definirmos o objetivo geral,

promover o letramento literário na escola, para, especificamente, valorizar a leitura literária

como elemento essencial na formação da cidadania, envolver os alunos nas atividades

propostas e representar uma oportunidade de acesso ao mundo da literatura.

Ao atender o anseio dos discentes quanto aos gêneros e à temática, recorremos a

clássicos da literatura, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e

Vinicius de Moraes. De Clarice Lispector selecionamos um conto ―Uma amizade sincera‖,

em que são revelados os paradoxos das relações humanas. No que tange à poesia, escolhemos

―Soneto do amigo‖ de Vinicius de Moraes, que retrata uma amizade que resiste às

adversidades. Da literatura machadiana apontamos ―A cartomante‖ que aborda as

peculiaridades dos relacionamentos, em especial, nesse conto o triângulo amoroso envolvendo

grandes amigos. De acordo com a proposta da sequência de Cosson (2012), essa estratégia

metodológica se subdivide em quatro módulos: motivação, introdução, leitura e interpretação.

A partir disso, organizamos a nossa pesquisa-ação dessa maneira atrelando a cada módulo

uma ficha de comentário para conhecer melhor a opinião, anseios, críticas e sugestões dos

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discentes. Assim, a análise desses dados foi fundamental para garantir o êxito da nossa

pesquisa.

Para tanto, tivemos como aporte teórico para essa pesquisa-ação autores como Antoine

Compagnon (2009), Marisa Lajolo (1986), Ângela Kleiman (1998), Paulo Freire (2005),

Regina Zilberman (2009), Antonio Candido (1972), Rolland Barthes (2006), Vicent Jouve

(2010), Mikail Bakhtin (1997), Umberto Eco (2003), entre outros.

Com base nisso, estruturamos nosso texto nesta seção introdutória, em ―Contexto da

Pesquisa‖, quando descrevemos o contexto de realização da pesquisa, em ―Fundamentação

Teórica‖, quando discutimos os pressupostos teóricos que embasaram o trabalho, em

―Procedimentos Metodológicos‖, quando detalhamos os procedimentos utilizados no

desenvolvimento do estudo, e, finalmente, apresentamos as ―Considerações Finais‖, as

―Referências‖ e os ―Anexos‖......................................................................................................

I

CONTEXTO DA PESQUISA

17

―Ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever‖

Joaquim Mattoso Câmara Jr., em Manual de expressão oral e escrita (1978).

O homem tem necessidade de se expressar, registrar suas impressões, desejos, sonhos

e se representar por meio através da linguagem. Linguagem que permite compreender desde

um aconchego materno, um olhar carinhoso, um abraço apertado, um gesto de um bebê que

acena para os seus pais. Isso comprova que já chegamos à escola com certo nível de leitura.

Tentamos compreender os vários sinais, símbolos, gestos, cores que nos circundam. Somos

solicitados a todo o momento a escrever e a ler, pois, segundo Ingedore Vilhaça Koch em Ler

e escrever: estratégias de produção textual (2015, p. 31), ―seja porque somos constantemente

solicitados a produzir textos escritos (bilhete, e-mail, listas de compras, etc.), seja porque

somos solicitados a ler textos escritos em diversas situações do dia-a-dia (placas, letreiros,

anúncios, embalagens, e-mail, etc.)‖.

No entanto, reconhecemos grandes dificuldades que os alunos apresentam em ler e em

escrever. Compreendemos que essas habilidades não são restritas ao espaço escolar, pois

extrapolam os muros da escola, devido à necessidade de que temos de interagir no meio

social, uma vez que a leitura e escrita estão presente em todo lugar. Assim, o indivíduo que

apresenta proficiência nessas habilidades pode estar mais bem preparado para o exercício da

cidadania.

Diante disso, reconhecemos o direito de todos os cidadãos à escola, ao saber e às

apreciações estéticas, porque o literário é capaz de sensibilizar, transformar e expandir a

percepção de si, do outro e do mundo, contribuindo, assim, para um ser cidadão mais efetivo.

É, assim, nesse lócus que o indivíduo desenvolverá habilidades para ler e registrar melhor o

mundo, pois ler e escrever são práticas sociais.

Cabe, dessa forma, conhecer quem são os protagonistas do ambiente escolar, o

contexto em que atuam, as práticas de leitura e de escrita de que participam. Por isso,

apresentamos, nesta seção, o contexto da pesquisa: a cidade em que os alunos moram, a

escola em que estudam e, finalmente, o público-alvo deste trabalho.

18

1.1 Jequitaí e sua história

O nome ‗Jequitaí‘ revela um pouco de sua história e desperta a curiosidade daqueles

que o leem ou ouvem. De origem indígena, apresenta a seguinte etimologia: ‗Jequi‘ significa

‗balaio‘, ‗ita‘ indica ‗no meio das pedras‘ e ‗hy‘ expressa ‗dentro do rio‘. Aquele que

desconhece as belezas naturais de Jequitaí já se entusiasma ao conhecer o rio que corta a

cidade.

O município, localizado no norte de Minas Gerais, foi criado em 1872 – fase do ciclo

da mineração – e depois ganhou destaque pelas suas pedras preciosas, sobretudo os

diamantes, que seduziam garimpeiros de todas as regiões. Dessa forma, surgiram vários

nomes de ruas dessa cidade, como, por exemplo, Rua Diamantina. Em 1948 foi elevado à

categoria de cidade pela Lei n º 336 de 27 de dezembro. Na Figura 1, abaixo, apresentamos a

cidade:

Figura 1 – Vista da Cidade

Fonte: Mecanismo de Busca do Google (2016)

1.

1Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=jequitai&biw=1366&bih=613&source=lnms &t

bm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwje-OrgzMjPAhUFkZAKHb7iAIUQ_AUICCgD. Acesso em: 15 de

junho de 2016.

19

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015)2, essa

cidade apresenta uma área da unidade territorial de 1268,443 km²com uma população

residente de 8.005 habitantes. Os municípios limítrofes são Várzea da Palma, Claro dos

Poções, Francisco Dumont, São João da Lagoa e Lagoa dos Patos, estando distante de Montes

Claros 100 km e da capital, Belo Horizonte, 414 km.

Jequitaí tem como distritos Barrocão, que tem como uma das festas tradicionais a de

‗Santa Cruz‘, de caráter religioso, que é realizada no dia 02 de maio e atrai visitantes que

moram nas cidades vizinhas, e Água Espraiada, que, por estar mais próximo da sede, possui

bares frequentados aos finais de semana pelos moradores da cidade. Destacam-se, ainda, a

‗Festa de São Sebastião‘ (20/01) e ‗Festa do Bom Jesus‘ (02/08), com novenas e missas,

sempre organizadas com barraquinhas e shows com artistas locais e, geralmente, da cidade de

Montes Claros.

O setor econômico da cidade é regido pela pecuária, aproximadamente 80%, e outra

parte pelo funcionalismo público (estadual e municipal) e privado. No artesanato, podemos

citar Dona Geni, reconhecida carinhosamente assim, que tem o talento e a sensibilidade de

explorar a beleza natural das folhas, galhos e cabaças em verdadeiras obras de arte que

encantam jequitaienses e visitantes. Há também outras senhoras, como Ana Maura Barbosa

Santos, Rosali Duarte, Cleusa Vieira, que se dedicam a produzir e disseminar esse legado por

meio através de aulas particulares de pintura, bordados e outros tipos de artesanato.

O município tem, como pontos turísticos, belas paisagens que encantam moradores e

turistas: Curral de Pedras, Lapa Pintada, Cataratas do Sítio, Biquinha, Véu das Noivas,

Prainha e Paredão, proporcionando momentos de lazer, descanso e diversão. As figuras que

seguem apresentam dois desses pontos turísticos:

2 Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=313560. Acesso em: 15 de junho de

2016.

20

Figura 2 – Prainha

Fonte: Mecanismo de Busca do Google (2016)

3.

Figura 3 – Lapa Pintada

Fonte: Mecanismo de Busca do Google (2016)

4.

3 Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=pontos+turisticos+de+jequitai+mg&source=nms&t bm=

isch&as=X&ved=0ahUKEwjGh9H60MjPAhWGfZAKHRlzBy8Q_AUICigD&biw=1366&bih=613. Acesso em:

15 de junho de 2016. 4 Disponível em: https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=

lapa%20pintada%20de%20jequita%C3%AD. Acesso em: 15 de junho de 2016.

21

A Lapa Pintada é reconhecida como Patrimônio Arqueológico do Norte de Minas

Gerais, situando-se a 2,6 km do centro da cidade. É um paredão de aproximadamente 18

metros de altura, às margens do Rio Jequitaí, afluente do Rio São Francisco. Nesse paredão há

grafismos e registros rupestres que despertam a curiosidade e reflexão sobre os primeiros

habitantes dessa região. No entanto, por falta de conscientização e de uma mobilização

efetiva, o vandalismo já compromete essa riqueza histórica.

As praças também oportunizam momentos de lazer e socialização, como a Praça do

Cristo Redentor, local onde os amigos se encontram para distrair e onde há as lanchonetes e

bares mais frequentados nos finais de semana.

É nesse cenário em que se inseriu o nosso estudo, realizado na Escola Estadual

Cônego Clemente Laurens, tema da seção seguinte.

1.2 A escola

A Escola Estadual Cônego Clemente Laurens, localizada na Avenida Estados Unidos,

nº 940, bairro Novo Horizonte, integra a Rede Estadual de Ensino, atendendo ao Ensino

Fundamental I e II. Essa escola foi criada pelo Decreto nº 26.854, de 12 de março de 1987.

Sua instalação deu-se aos 14 dias do mês de maio de 1987, com o nome de Escola Estadual da

Praça Daniel da Fonseca. Com a publicação do Decreto nº 27.992, de 11 de março de 1988,

passou a denominar-se Escola Estadual Cônego Clemente Laurens, denominação essa

unanimemente escolhida pela comunidade escolar em homenagem ao antigo vigário de

Jequitaí, o Cônego Clemente Laurens, que trabalhou incansavelmente durante 35 anos em

prol do desenvolvimento da cidade.

A instituição escolar iniciou suas atividades dividindo o espaço físico com a Escola

Municipal Herodíades da Fonseca. Como a escola cresceu em número de alunos, surgiu a

necessidade de mais salas de aula. Assim, passou a funcionar, também, na creche Casulo

Pingo de Gente, em dois turnos. Depois, sua sede passou a funcionar no Centro Comunitário,

nas salas do Salão Paroquial Cônego Clemente Laurens, localizado na Rua João Batista da

Fonseca, nº 95, e, também, no Almoxarifado Municipal, ficando, assim, dividida em três

prédios, cujos espaços eram pequenos e desconfortáveis, até fevereiro de 1997, quando passou

a funcionar em prédio próprio, no atual endereço.

22

A escola atende a mais de 400 alunos, em 16 turmas distribuídas no Ciclo Inicial de

Alfabetização, com três fases, Ciclo Complementar de Alfabetização, com duas fases, 6º ao 9º

Ano do Ensino Fundamental, Educação Integral e Educação de Jovens e Adultos.

Vale ressaltar que é a única escola do município que oferece o projeto de Educação

Integral aos alunos das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental. Nesse projeto há duas

professoras de Língua Portuguesa para atender aos dois níveis de ensino. A professora das

séries iniciais segue seu planejamento segundo as orientações e apoio da s supervisoras. A

outra professora que atende os alunos das séries finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano)

tem como orientação acompanhá-los nos trabalhos extraclasses e desenvolver atividades com

o mesmo foco da professora do ensino regular, mas através de atividades lúdicas inovadoras.

Essa proposta segue os mesmos parâmetros para os outros professores.

Para esse projeto de Educação Integral há uma coordenadora que acompanha o

planejamento semanal, orienta e organiza os portfólios elaborados pelos professores e planeja

passeios pela cidade, com parcerias com voluntários, e a Montes Claros. Esse passeio é o que

mais interessa às crianças e aos adolescentes, pois têm a oportunidade de conhecerem

shopping, ir ao cinema e ao parque.

A instituição possui boa estrutura física, salas amplas, forradas, com janelas grandes e

ventiladores, sendo de fácil acesso. Já foi apontada pela Superintendência Regional de

Pirapora como ―Escola Referência‖. Há rampa na entrada para facilitar o acesso de pessoas

com necessidades especiais, salas com portas largas, corredores com escada e sem escada,

mesas com cadeiras novas, sala de apoio, com recursos para atender os alunos especiais,

havendo, para essa função, 3 professoras de apoio, duas no turno matutino e uma no turno

vespertino. Possui, ainda, uma grande quadra de esportes, com cobertura e arquibancadas nas

laterais, onde a professora de Educação Física desenvolve constantemente torneios de futebol,

vôlei e outras modalidades a pedido dos alunos. Em eventos essa quadra é ornamentada e

organizada para comportar a realização de palestras, reuniões com a comunidade escolar,

auditórios e quadrilha, eventos esses que envolvem todos os funcionários, alunos e amigos da

escola.

A gestão da escola é composta por duas vices e uma diretora, que colaboram e

participam dos eventos idealizados pelos professores, procurando fornecer o material exigido

desde que seja solicitado com antecedência e dentro do planejamento semanal ou do projeto

do evento. Há apenas uma supervisora para atender toda a escola, atendendo às professoras

das séries iniciais nos horários em que a turma está com a professora de Educação Física,

acompanhando as professoras e se certificando de que os planos de aula estão sendo

23

executados conforme o planejamento semanal. Para melhor atender aos professores das séries

finais do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos, o acompanhamento

acontece toda segunda-feira às 17h na escola. Ela fornece a ficha de planejamento semanal e

acompanha o desenvolvimento das atividades, sendo também responsável por organizar e

agendar os recursos midiáticos para os professores com a finalidade de acompanhar e manter

a organização dos horários, tendo em vista que há apenas um projetor multimídia, uma

televisão e notebook – recursos disponíveis a todos os professores.

No corpo docente há três professoras de Língua Portuguesa, duas de Matemática, uma

de Ciências, uma de Geografia, uma de Língua Inglesa, uma de Artes, dois de História, dois

de Educação Física e um de Ensino Religioso. As professoras de Língua Portuguesa também

se interessam por projetos e procuram desenvolvê-los enquanto os demais colegas também

participam, porém, de forma mais indireta. Entretanto, percebe-se, na escola, a ideia de que

todas as atividades sobre leitura e produção de texto devem ser de responsabilidade dos

professores de Língua Portuguesa, quando é necessário compreender que o desenvolvimento

dessas competências é de responsabilidade de todos os professores.

É nesse contexto que estudam os alunos do 9º Ano I, participantes desta pesquisa,

cujos perfis abordamos no próximo tópico.

1.3 O público-alvo

Desenvolvemos nossa pesquisa com alunos do 9º Ano I, do turno matutino, turma

composta por 14 meninas e 11 meninos, todos novatos, com idade entre 14 e 15

correspondente ao esperado para o nível de ensino, e residentes na sede do município. Esses

alunos, que apresentam um nível de frequência muito bom, estão inseridos no mundo virtual,

por meio dos celulares. São alunos que cumprem as atividades em sala, embora não

demonstrem muito interesse pela leitura.

De acordo com os relatos e comentários, através de conversas informais com a turma,

verificamos que mais de 90% dos alunos são colegas desde o pré-escolar e, praticamente,

vizinhos, pois a maioria mora no entorno da escola. O nível sócio econômico da turma é

baixo, pois mais de 85% dos alunos da turma recebem benefício do Governo Federal. Os pais

da maioria da turma são presentes, participativos e compreensivos. Os alunos gostam de

conversar e poucos são aqueles que se negam em fazer as atividades na sala.

24

Em relação à disciplina de Língua Portuguesa, os alunos apresentam certa dificuldade,

tendo em vista os resultados da avaliação do 1º Bimestre – muitas vezes os resultados se

comprometem diante do desinteresse em continuar as atividades em casa. Essa constatação é

ilustrada abaixo, através do gráfico que apresenta como legenda os conceitos: ótimo, muito

bom, regular e ruim.

Gráfico 1 – Rendimento dos Alunos no 1º Bimestre

Fonte: Caderneta do 9º Ano 1 – Escola Estadual Cônego Clemente Laurens (2016).

Analisamos esse gráfico e percebemos que os alunos, de modo geral, apresentam um

nível recomendável para o 9º Ano, pois mais de 50% da turma atingiu a média, considerando

que os dados foram baseados nas notas do 1º Bimestre deste ano, tendo vista, ainda, que há

alunos que conseguiram uma nota muito satisfatória. Por outro lado, compreendemos ser

importante rever estratégias de ensino da leitura, em especial da leitura literária. Para tanto,

foi necessário nos embasarmos teoricamente, cujos fundamentos discutimos a seguir.

20%

12%

48%

20%

Ótimo

Muito Bom

Regular

Ruim

II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

26

Nesta seção, discorremos sobre os pressupostos teóricos que embasaram a pesquisa,

discutimos as relações entre letramento, leitura e literatura, com o objetivo de analisar o

ensino do texto literário em sala de aula.

2.1 Letramento, leitura e literatura

―Que novo fato, ou nova ideia, ou nova maneira de compreender a presença da escrita

no mundo social trouxe a necessidade desta nova palavra, Letramento?‖

Magda Soares, em Letramento: um tema em três gêneros (2003)

Etimologicamente, a palavra letramento é uma tradução para o português que

apresenta a seguinte constituição: littera + cy, em que littera, de origem latina, corresponde à

letra acrescida do elemento sufixal cy, que indica qualidade, condição, estado e, assim,

literate é classificado como adjetivo, pois atribui à característica daquele que corresponde

adequadamente às intensas demandas sociais.

Ao analisar, então, a palavra, para muitos emerge como uma nova denominação que

corresponde à tecnologia no ato do saber ler e escrever, constituindo um processo complexo

para desenvolver essas habilidades nas práticas sociais.Para Magda Soares, no artigo O que é

letramento? (2003, p.3), ―Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um

contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno‖. Para a

autora, letrar não é decodificar símbolos, ou apenas assinar, extrapola essas ações haja vista

que o indivíduo saiba responder às exigências que demandam do o contexto social no qual

está inserido, seja na escola, na rua, em casa, no banco, nos mais diversos lugares, enfim, nas

diversas situações sociais.

Por isso que Soares (2003) sugere o termo letramentos, no plural, para demarcar os

vários tipos de letramento, como o letramento digital, por exemplo, que está presente nos

caixas eletrônicos, nas aulas de informática da escola, nos supermercados, no manuseio dos

celulares mais modernos, apontando, assim, o letramento como um fenômeno social.

Sabemos que temos muitas crianças, para não dizer adultos, letrados,mas não

alfabetizados, indicando que há uma grande diferença entre saber o código linguístico e ter

habilidade para usá-lo. Segundo as diretrizes para o ensino da disciplina na Rede Estadual, o

Currículo Básico Comum – Português – Ensino Fundamental e Médio (MINAS GERAIS,

2007, p. 13), em ―relação a essas duas competências, é preciso lembrar que não basta que o

aluno seja capaz de decodificar e codificar textos escritos‖, sendo fundamental que o aluno

27

―atinja um nível de letramento que o capacite a compreender e produzir, com autonomia,

diferentes gêneros de textos, com distintos objetivos e motivações‖.

Para avaliar o nível de letramento, não se considera a presença das competências de

escrever ou ler (o índice de alfabetização), mas também se avalia o desempenho dessas

pessoas no que tange ao uso da escrita e da leitura em suas respectivas práticas sociais.

Segundo Maria Helena Toledo Costa de Barros, em A mediação da leitura na biblioteca

(2006, p.18), ―[...] somos todos leitores, em maior ou menor medida. Até mesmo leitores que

não sabem ou que sabem ou que não podem ler o alfabeto; leitores do mundo, todos‖.

Cada um já traz consigo uma leitura do mundo, através das várias linguagens, pois é

esse ato, no primeiro momento individual e, logo, coletivo, que faz o homem compreender o

mundo e situá-lo de forma dinâmica. Mas é necessário sistematizar esse ato de ler, ampliando

as competências leitoras, de forma a contribuir para o letramento crítico. Assim, para formar

leitores, temos que partir do meio social para que o aluno possa ler, compreender e interpretar

os vários textos que circulam na escola e fora dela.

Nesse ensejo, mencionamos que a leitura é imprescindível para o desvelamento do

conhecer o mundo, o mundo da magia das palavras, do encantamento, da fantasia e da

imaginação. Paulo Freire, no livro Pedagogia da Esperança (2003), afirma que ler um texto é

algo sério, não um passeio silencioso sobre as palavras sem senti-las, sem conhecê-las e

absorver o que elas têm para nos oferecer, mas possibilitar a leitura das palavras e do mundo.

Por meio dessa palavra é que refutamos ideias, comungamos, compartilhamos e

expomos. Ao colocarmos a importância da palavra, temos que mencionar Roger Chartier, em

A aventura do livro – do leitor ao navegador (2009, p. 77), que afirma que ―A leitura é sempre

apropriação, invenção, produção de significados‖. Conforme o autor, tomamos posse do

conhecimento que a literatura promove, conhecemos culturas, histórias, estórias, crenças, o

ficcional, enfim, inumeráveis os tipos de conhecimento, além da fruição, do prazer que só será

encontrado no texto literário, conhecimentos esses que colaboram para a formação humana.

Nessa perspectiva, mencionamos Ezequiel Teodoro da Silva, na obra O ato de ler:

fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura (2002, p.45), que postula que

―Ler é, em última instância, não só uma ponte para a tomada de consciência, mas também um

modo de existir no qual o indivíduo compreende e interpreta a expressão registrada pela

escrita e passa a compreender-se no mundo‖. Essas palavras apontam que o indivíduo no ato

de ler demonstra suas características individuais e sociais, porque está sujeito às convenções

do meio social, então, o ato de ler tem em vista o ser/a leitura/o mundo, tríade que aponta que

a leitura é também um modo de existir.

28

Nesse sentido, em complementação, Angela Kleiman, no livro Oficinas de leitura:

teoria e prática(2002), define a leitura como um processo que se entrelaça os níveis de

conhecimento do leitor: o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento

de mundo. A leitura, assim, é uma interação, uma ação social.

Partindo dessa premissa, é importante salientar sobre os valores que são intrínsecos ao

ser humano, sua cultura, sua história, suas experiências que constituem a nossa formação

humana. Assim, direcionamos as nossas considerações à cidadania, uma vez que a leitura é o

caminho para essa condição humana. No entanto, nos deparamos com alunos que não

dominam as competências de leitura e de escrita e, mais, raro é aquele que tem consciência do

seu valor e, talvez, raro da sua importância na vida social.

É indiscutível que a leitura é um estímulo à imaginação porque impulsiona a

criatividade do ser, é fonte de crescimento intelectual e, consequentemente, da personalidade.

A leitura é caminho para a construção da autonomia e da conquista da cidadania. Não

podemos, ainda, nos esquecer da contribuição da leitura para a sensibilização e a fruição,

contribuindo para formação estética, o que relaciona a leitura à literatura.

A palavra literatura formou-se da palavra latina littera, letra ou caráter da escritura,

traduzindo a arte que se refere às letras, nomeando, em sentido mais amplo, qualquer obra

escrita. Assim, literatura é uma arte, a arte da palavra. Por meio dela, podemos revelar vários

mundos e o mundo daquele que a usa como tecnologia para registrar seus pensamentos, uma

forma de expressão, de esclarecer ou criticar os comportamentos humanos. Segundo Antoine

Compagnon (2009, p. 66), no livro Literatura para quê, traduzido por Laura Taddei Brandini,

―A literatura é um exercício de pensamento; a leitura, uma experimentação dos possíveis

[...]‖. Assim, a literatura não é apenas um procedimento cognitivo ou afetivo, mas trata-se da

manifestação e, consequentemente, posicionamento do indivíduo, uma ação cultural e

historicamente constituída.

Diante dessa realidade, Rildo Cosson, no livro Letramento literário: teoria e

prática(2012), propõe a discussão sobre a literatura e a educação. O teórico discute que nas

séries iniciais os alunos leem, mas não permanecem com esse hábito nas séries finais do

Ensino Fundamental e, consequentemente, no Ensino Médio. Esse apontamento retrata a

realidade constatada na turma do 9º Ano I. Sendo assim, escolhemos a estratégia

metodológica de Cosson (2012), a sequência básica, para desenvolver a nossa pesquisa-ação,

o que será mais bem detalhado no subtópico 3.3.1. Diante do relato do teórico de suas

experiências em sala de aula, concluímos que essa estratégia pode possibilitar o letramento

literário. De acordo com Cosson (2012, p.13), ―trataremos da necessidade de um método para

29

se trabalhar a literatura na escola, compreendendo que todo o processo educativo precisa ser

organizado para atingir seus objetivos‖.

É necessário, por outro lado, compreender o imensurável o valor da literatura. Para

tanto, esclarecemos que, ao educar para a vida, a literatura nos ensina a viver. Segundo

Umberto Eco, em seu ensaio Sobre algumas funções da literatura (2003, p. 21), ―quando nos

colocamos frente a um conto que, para sua própria constituição, não pode ser modificado,

aprendemos a encarar as impossibilidades da vida, as leis imutáveis que, apesar de nos encher

de tensão, expectativas, nos ensinam mais do que a viver, nos ensinam...‖.

Cosson (2014, p. 49-50), por sua vez, em Círculos de leitura e letramento literário,

afirma que

Com tanta variedade, a literatura não só pode atender a demandas muito

específicas de leitura como também permite ao leitor calibrar sua leitura de

acordo com a capacidade de compreensão, sem que ele perca seu interesse

pelo texto, pois uma temática ou registro textual apresenta uma série de

gradações de dificuldade em suas realizações concretas, havendo obras mais

e menos elaboradas dentro de um mesmo tipo de texto (COSSON, 2014, p.

49-50).

Nesse sentido, Antonio Candido (1972, p.805), em seu texto A literatura e a

Formação do Homem, defende que talvez ―os contos populares, as historietas ilustradas, os

romances policiais ou de capa –e – espadas, as fitas de cinema, atuem tanto quanto a escola e

a família na formação de uma criança e de um adolescente‖. Compreender as contribuições do

texto literário para a formação do indivíduo torna oportuno que discutamos o letramento

literário, tema da próxima seção.

30

2.2 O letramento literário

―O letramento literário é bem mais do que uma habilidade pronta e acabada de ler

textos literários, pois requer uma atualização permanente do leitor em relação ao

universo literário. Também não é apenas um saber que se adquire sobre a literatura ou

os textos literários, mas sim uma experiência de dar sentido ao mundo por meio de

palavras que falam de palavras, transcendendo os limites de tempo e espaço.‖

Renata Junqueira e Rildo Cosson, em Letramento Literário: uma proposta

para a sala de aula (2012)

A expressão letramento literário é composta de dois vocábulos, (i) letramento e (ii)

literário, que advém do latim litterariu. De acordo com o dicionário Michaelis (2009),

literário significa: adjetivo (lat. litterariu). 1. Que diz respeito a letras ou à literatura. 2. Que

tem valor aceitável na literatura. 3. Relativo, em geral, a qualquer espécie de cultura

relacionada com a arte da palavra: Progressos literários. Mundo l.: conjunto daqueles que

cultivam as letras.

Nessa perspectiva, letramento literário pode ser definido como um conjunto de

práticas e eventos sociais que envolvem a interação leitor e escritor, produzindo o exercício

socializado na escola por meio da leitura de textos literários, sejam estes canônicos ou não.

Assim, a finalidade primordial é a construção e reconstrução dos significados em relação ao

texto literário lido dentro ou fora da sala de aula.

Nesse sentido, o texto literário não deve ser observado simplesmente como uma

estrutura textual (aspecto simbólico), pois sinaliza para a construção de novos caminhos

acerca da interpretação de mundo vivenciado por ambos, escritor e leitor, protagonistas

envolvidos no processo de aprendizagem.

Para Graça Paulino e Rildo Cosson, em Letramento Literário: teoria e prática (2009),

o processo de letramento literário deve envolver aspectos que conciliem os diversos textos

literários circundantes nas esferas sociais, apropriando da informação e transformando-a em

conhecimento. Esse fenômeno é o processo de apropriação da literatura como enquanto

construção literária de sentidos. A partir dessa interatividade, a leitura se configura como uma

ligação privilegiada com o real, pois engloba o convívio com a linguagem e com o exercício

de interpretação, sociabilizando leitor/texto/intertexto. O último é a tradução da experiência

da leitura de outros textos.

Assim, o termo letramento, aplicado à literatura, guarda a ideia de um leitor que não

apenas ―decifre‖ a obra, mas também percebe as leituras realizadas como um aspecto

31

essencial à sua formação. Segundo Renata Junqueira e Rildo Cosson, em Letramento

Literário: uma proposta para a sala de aula (2012, p. 102), o letramento literário

[...]é diferente dos outros tipos de letramento porque a literatura ocupa um

lugar único em relação à linguagem, ou seja, cabe à literatura tornar o mundo

compreensível transformando a sua materialidade em palavras de cores,

odores, sabores e formas intensamente humanas. Depois, o letramento feito

com textos literários proporciona um modo privilegiado de inserção no

mundo da escrita, posto que conduz ao domínio da palavra a partir dela

mesma. Finalmente, o letramento literário precisa da escola para se

concretizar, isto é, ele demanda um processo educativo específico que a

mera prática de leitura de textos literários não consegue sozinha efetivar

(COSSON, 2012, p. 102).

Entretanto, as relações entre leitura e literatura nem sempre são analisadas, reavaliadas

e praticadas como deveriam no contexto escolar. A leitura literária, como atividade atrelada à

consciência crítica do mundo, do contexto histórico-social em que o aluno está inserido, ainda

é uma prática que precisa ser mais efetivada no espaço escolar. Na escola, muitas vezes a

leitura não é priorizada, devido ao tempo destinado a essa atividade, haja vista que a troca de

experiências, as discussões sobre os textos e a valorização das interpretações dos alunos

tornam-se atividades relegadas a um segundo plano.

Diversos estudos já foram realizados, visando investigar as inter-relações entre a

leitura e a literatura no contexto escolar. Parece-nos que não há uma sintonia entre esses dois

tipos de discursos, na medida em que se observa um descompasso entre as práticas de leitura

que circulam na escola e as discussões sobre leitura recorrentes fora do espaço escolar.

Contudo, essas discussões teóricas geralmente perdem-se na prática de sala de aula, havendo

mais desarmonia do que conexões entre leitura, literatura e escola.

A esse respeito, para Regina Zilberman, em A leitura na escola (1986, p. 20), temos:

Modelo do desvelamento do mundo, a leitura encontra na literatura

eventualmente seu recipiente imprescindível. Preservar estas relações é dar

sentido a elas. E, se a escola não pode absorvê-las por inteiro, igualmente

não pode ser o lugar onde elas se rompem em definitivo, sob a pena de

arriscar sua missão e prejudicar, irremediavelmente, o ser humano a quem

diz servir (ZILBERMAN, 1986, p. 20).

Assim, nas palavras da autora, a leitura e literatura na escola, infelizmente, se rompem

a partir de um trabalho artificial, uma vez que, não formam alunos leitores, críticos, capazes

de assumir um posicionamento diante do mundo.

Nesse momento, é pertinente mencionar o processo de leitura organizado por Paulo

Freire em A importância do ato de ler: em três artigos que se completem (2005, p.21), pois o

32

―ato de ler‖ busca a percepção crítica, a interpretação e a ―reescrita‖ do lido pelo indivíduo.

Tal abordagem nos mostra que não há espaços para autoritarismo quanto ao processo de

leitura, devendo, por outro lado, compreender a sua complexidade. De acordo com os estudos

de Steven Fisher, em seu livro História da Leitura (2006), o desenvolvimento da leitura

demonstra as várias formas de concretizar esse ato por meio de diversas manifestações

humanas, como em pedras, ossos, cascas de árvores, muros, monumentos e outros.

Se ler é um processo complexo, cabe um trabalho que possa promover e incentivar a

leitura no cotidiano. Primeiramente, o professor deve ser exemplo de leitor, demonstrando o

seu contato com os textos e a forma como esse processo atua e modifica a vivência dos

indivíduos, compreendendo que a leitura literária proporciona o contato com experiências

humanas, as quais, talvez, de outra forma, não pudessem ser vividas. Sentimentos, valores,

contradições, crenças, conquistas, fracassos, amores são alguns dos ingredientes oferecidos

nas páginas de um bom livro e que podem enriquecer nossa percepção sobre o mundo, sobre o

ser humano, sobre nós mesmos.

Muito além de uma tarefa escolar a ser cumprida, a leitura literária promove a relação

com a arte, caracterizando-se como um processo criador e libertador. Isso acontece porque, ao

lermos, há espaço para colocarmos sentidos diferentes dos originais, aceitando, duvidando,

estranhando, confirmando, transformando o que foi lido.

Torna-se, dessa forma, importante compreender a leitura literária, conforme Vicent

Jouve apresenta em entrevista à Leitura em Revista (2010, p. 1):

A singularidade da leitura literária se deve, em minha opinião, a duas

características principais. Trata de um objeto de linguagem que é também

uma obra de arte. Enquanto realidade verbal, o texto literário é um objeto

semiótico que tem um sentido e pede para ser interpretado. Não é o caso de

todos os objetos de arte: um jardim ou um objeto decorativo não são feitos

para significar (mesmo que expressem indiretamente certa quantidade de

coisas). Enquanto obra de arte, o texto literário requer uma atenção de ordem

estética: pede para ser avaliado do ponto de vista de suas qualidades formais,

do prazer que fornece e das emoções que suscita (JOUVE, 2010, p. 1).

Ao refletirmos sobre a singularidade da leitura literária, segundo Jouve (2010),

compreendemos que há uma singularidade, ela existe porque é, ao mesmo tempo, um objeto

de linguagem e uma obra de arte, que permite apreciar e (re)interpretar e que, por isso,

provoca o indivíduo a expressar suas emoções. Com essa reflexão retomamos Antoine

Compagnon, Literatura para quê? (2009, p. 64) que afirma: ―A literatura desconcerta,

incomoda, desorienta, desnorteia mais que os discursos filosófico, sociológico ou psicológico

porque faz apelo às emoções e à empatia‖.

33

Trata-se de um poder de sensibilizar e provocar sentimentos, sensações e emoções que

são experiências que em outros discursos seriam inatingíveis, pois só na literatura que a ficção

alcança o impossível. Não que ela apresente verdades absolutas, únicas, mas permite-nos

compreendermos e compreendermos os outros, as nossas relações, comportamentos, a nossa

história.

Nessa perspectiva, é interessante discutir as funções do literário, conforme

Candido(1972). Destacamos a―função humanizadora da leitura literária‖, considerada a

terceira função, pois engendra melhor com a nossa proposta.A primeira função seria a

psicológica. Para o crítico, ao produzir e fruir uma obra literária, o homem responde a uma

necessidade universal de criar um mundo ficcional. A segunda função é formativa. Nesse

sentido,

[...] a literatura pode formar; mas formar não segundo a pedagogia oficial,

que costuma vê-la pedagogicamente como um veículo da tríade famosa – o

Verdadeiro, o Bom, o Belo, definidos, conforme os interesses dos grupos

dominantes, para reforço da sua concepção de vida. Longe de ser um

apêndice de instrução moral e cívica, ele age com o impacto indiscriminado

da própria vida e educa como ela, - com altos e baixos, luzes e sombras. Ela

não corrompe nem edifica, portanto, mas, trazendo livremente em si o que

chamamos o bem e o mal, humaniza no sentido profundo, porque faz viver.

(CANDIDO, 1972, p. 805).

Já a terceira função, postulada pelo autor, manifesta o social. Nessa ótica, a literatura,

como prática social, milita para a formação do homem, promovendo não somente o seu

desenvolvimento intelectual, como também equilíbrio psicológico e maior integração com o

meio em que está inserido. Permite ao leitor ter acesso a um universo pouco difundido em

nossa sociedade, o da sensibilidade, da imaginação e da estética.

Reiteramos que a literatura tem como principal função a humanização do ser,

entendida como:

[...] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos

essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa

disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de

penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da

complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura

desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais

compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante.

(CANDIDO, 1995, p. 249).

Nessa discussão, é importante compreendermos que o termo função passa por uma

crise, pois as pessoas a entendem, nesse contexto, como estrutura. Nessa prática, prendem-se

34

à literatura apenas por sua estrutura. Sendo assim, Candido (1995) até questiona se há uma

incompatibilidade metodológica entre o estudo da estrutura e da função. Para isso, é mostrado

que o estudo da função da obra literária ultrapassa seus limites estruturais, isto é, seus

elementos de organização, levando aos valores e às intenções que a obra representa para o

público leitor.

Cabe, para tanto, considerarmos o que nos teoriza Italo Calvino, em Por que ler os

clássicos (2007, p. 10), quando menciona o impacto causado no leitor jovem e mais maduro

após lido uma obra clássica:

De fato, as leituras da juventude podem ser pouco profícuas pela

impaciência, distração, inexperiência das instruções para o uso,

inexperiência da vida. Podem ser (talvez ao mesmo tempo) fomativas no

sentido de que dão uma forma às experiências futuras, fornecendo modelos,

recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escalas de

valores, paradigmas de beleza: todas, coisas que continuam a valer mesmo

que nos recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude. Relendo o

livro na idade madura, acontece reencontrar aqueles constantes que já fazem

parte de nossos mecanismos e cuja origem havíamos esquecido (CALVINO,

2007, p. 10).

Acrescenta o autor afirmando que

Só nos resta inventar para cada um de nós uma biblioteca ideal de nossos

clássicos; e diria que ela deveria incluir uma metade de livros que já lemos e

que contaram para nós, e outra de livros que pretendemos ler e pressupomos

possam vir a contar. Separando uma seção a ser preenchida pelas surpresas,

as descobertas ocasionais (CALVINO, 2007, p. 16).

Logo, expandindo a literatura como força humanizadora, não fechada como sistema

de obras, de modo a se constituir como algo que exprime o homem e depois atua na própria

formação dele. Assim, como observa o autor, é a partir da humanização que nos tornarmos

mais conscientes, da nossa fragilidade, pois essa função permite uma visão ampla do mundo,

um olhar diferente para si e para outro.

Para tanto, selecionamos os gêneros literários conto e poema para explorar essa visão

ampla do mundo, que abordamos a seguir.

35

2.2.1 Gêneros literários: conto e poema

―A riqueza e a variedade de gêneros do discurso são infinitas, pois a variedade virtual

da atividade humana é inesgotável e cada esfera dessa atividade comporta um

repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida

que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa.‖

Mikhail Bakhtin, em Estética da criação verbal (1997)

Percebemos, através dos dados obtidos pela aplicação do Questionário – Enquete, que

analisamos em ―5 ANÁLISE DOS RESULTADOS‖, a necessidade de trabalhar os gêneros

conto e poema. Assim, avistamos mais um desafio em trabalhar o gênero poético nessa turma,

pois os alunos refutaram o gênero, ou melhor, se mostraram distantes do texto poético. Desse

modo, citamos Ivete Walty, em Teoria da literatura na escola (1994, p. 85), que afirma ―O

estudante sente-se extremamente distante do texto poético, que é para ele um enigma, um alvo

inatingível‖.

A esse respeito, o poeta Carlos Drummond de Andrade, citado por Lygia Morrone

Averbuck, em Leitura em crise na escola (1988), apresenta um retrato que ainda persiste em

nossa realidade escolar em relação ao trabalho com o texto poético:

A escola enche o menino de matemática, de geografia, de linguagem, sem,

via de regra, fazê-lo através da poesia da matemática, da geografia, da

linguagem. A escola não repara em seu ser poético, não o atende em sua

capacidade de viver poeticamente o conhecimento e o mundo [...]. O que eu

pediria à escola, se não me faltassem luzes pedagógicas, era considerar a

poesia como primeira visão direta das coisas, e depois como veículo de

informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico,

lúdico, intuitivo e criativo, que se identifica basicamente com a sensibilidade

poética (DRUMMOND apud AVERBUCK, 1988, p. 66-67).

Nas palavras drummondianas, percebemos que a poesia está em toda parte, porém para

isso deve existir a sensibilidade poética que o professor deve ter para, concomitantemente,

sensibilizar o seu aluno, pois para Maria Antonieta Antunes Cunha, em Literatura Infantil:

Teoria e prática, (1986, p. 95), se ele, o professor, ―[...] não se sensibilizar com o poema,

dificilmente ele conseguirá emocionar seus alunos [...]‖.

Nessa perspectiva, decidimos quebrar o tabu escolar que coloca certo obstáculo em

relação ao trabalho com poema. Conscientes desse desafio, vimos que diante dos inúmeros

gêneros possíveis recorremos a esse que é repleto de subjetividade, embora complexo, mas

aquele que desperta o ser para extrapolar limites.

36

Retomamos Walty (1994, p. 92), para propor uma reflexão sobre a importância desse

gênero e, imprescindível, reaproximar o aluno da poesia: ―A experiência de se ler poesia

informalmente, pelo simples prazer da leitura, seja em espaços fechados (salas de aula,

bibliotecas), seja em espaços abertos (jardins, praças, à sombra de árvores), revelou-se

eficaz‖.

Concernente à palavra "conto", sua origem vem do grego kontos; do latim contu. De

acordo com Márcia Mendonça, em Diversidade textual: os gêneros na sala de aula (2007, p.

78), esse gênero ―é uma narrativa ficcional sintética, em que as ações acontecem em um

espaço delimitado e em um tempo curto, tem número reduzido de personagens e focaliza num

conflito único, de desfecho revelador ou impactante‖.

Ainda sobre as características desse gênero podemos citar Cândida Vilares Gancho,

em Como analisar narrativas (2002, p. 8), que menciona:

O conto é um tipo de narrativa tradicional, isto é, já adotado por muitos

autores nos séculos XVI e XVII, como Cervantes e Voltaire, mas que hoje é

muito apreciado por autores e leitores, ainda que tenha adquirido

características diferentes, por exemplo, deixar de lado a intenção moralizante

e adotar o fantástico ou o psicológico para elaborar o enredo (GANCHO,

2002, p.8).

No que se refere ao gênero conto, Márcia Mendonça, em Análise Linguística:

refletindo sobre o que há de especial nos gêneros (2007, p. 78), afirma que ―como qualquer

gênero literário, a expressão subjetiva, a explicitação de um ponto de vista ou olhar pessoal e

o efeito estético são propósitos centrais do conto‖.

Esse gênero foi uma opção da turma 9º Ano I e percebemos que poderíamos atender as

expectativas dos nossos alunos porque se trata de um gênero que explora a expressão

subjetiva uma vez que essa característica se aproxima do outro gênero proposto.

Considerando a proposta de trabalho com esse gênero, podemos validar essa afirmação a

partir de Walty (1994, p. 93), pois para a autora ―Surgem as oficinas de criação, com espaço

para a produção de textos e sua troca entre os diversos produtores. Resgata-se assim para a

esfera da poesia e da sala de aula o prazer e o jogo‖.

Trabalhar os gêneros em sala de aula nos leva a compreender que, conforme Roxane

Rojo, em A concepção do leitor e produtor nos PCNs: ―Ler é melhor que estudar‖ (2002, p.

39):

37

Quando se fala de tomar os gêneros, e não meramente os textos ou os tipos

de texto, como objeto de ensino, fala-se de constituir um sujeito capaz de

atividades de linguagem que envolvem tanto capacidades linguísticas ou

linguístico-discursivas, como capacidades propriamente discursivas,

relacionadas à apreciação valorativa da situação comunicativa e como,

também, capacidades de ação em contexto. Fala-se de um outro modo de se

produzir e compreender/ler textos na sala de aula (ROJO, 2002, p.39).

Desse modo, o nosso objetivo é possibilitar o sujeito a se posicionar com propriedade

na elaboração e compreensão dos seus discursos correspondente as situações comunicativas.

Não adianta citar as características do gênero sem se ater às situações de interação, sem

considerar as especificidades, a estrutura, a finalidade, o modo de dizer e para quem dizer, as

intenções comunicativas, considerando, ainda, o processo de escolarização do gênero.

Diante disso, é fundamental refletirmos sobre como abordar a literatura em sala de

aula, discutindo, assim, seu ensino, o que fazemos a seguir.

2.3 Literatura e ensino

―A tradição escolar do ensino da literatura não conseguiu acompanhar essas e outras

mudanças, perdendo-se no caminho da história.‖

Rildo Cosson, em O espaço da literatura na sala de aula (2014)

A partir de equívocos de diferentes naturezas, a literatura foi perdendo seu espaço na

sala de aula, mas não sumindo em definitivo da escola. Ela permanece ora como estratégia

para estudos linguísticos, ora os textos são oferecidos para base de resumos, fichas de leitura

ou qualquer outra atividade que descarte o valor estético e a singularidade discursiva e textual

do literário.

Assim, nas séries iniciais é objeto de atividade para o treinamento da escrita, nas séries

finais para pretexto de análises linguísticas e, no Ensino Médio, periodização da literatura,

com foco nos estilos de época. Nessa perspectiva, o texto assume um caráter utilitarista,

pedagógico, não literário, sendo, assim, necessário rever a forma de se abordá-lo em sala de

aula, de modo a observar que, conforme Marisa Lajolo, em Leitura em crise na escola: as

alternativas do professor (1986, p. 69): ―É a propósito da literatura que a importância do

sentido do texto se manifesta em toda a sua plenitude. É essa plenitude de sentido o começo, o

meio e o fim de qualquer trabalho com o texto‖.

38

Dessa forma, o objetivo da educação literária é, em primeiro lugar, a formação

humana por meio através da linguagem. Isso implica dizer que, por meio através da literatura,

o homem entra em contato com a sua cultura, com o repertório histórico de seu povo, por

exemplo. Em segundo momento, propicia a reflexão sobre textos literários. Esse confronto

permite compreender as diversidades sociais e culturais. Em seguida, a literatura, em seu nível

mais profundo, expõe suas infinitas possibilidades de estruturar e reestruturar os recursos da

linguagem a serviço da atividade comunicativa do discurso.

Nesse contexto, cabe percebemos, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais

(BRASIL, 1998), que o foco deve ser ampliar o domínio ativo do discurso nas diversas

situações comunicativas, sobretudo nas instâncias públicas de uso da linguagem, de modo a

possibilitar sua inserção efetiva no mundo da leitura e da escrita, ampliando suas

possibilidades de participação social no exercício da cidadania, em um processo de educação

estética em que o sujeito, a partir das suas leituras literárias, seja criador e/ou leitor da arte.

Para que se atenda a essa expectativa, é fundamental, de acordo com os PCN

(BRASIL, 1998), que a escola exerça seu papel de forma profícua, devendo, para isso,

organizar um conjunto de atividades que, progressivamente, possibilitem ao aluno:

Utilizar a linguagem na escuta e produção de textos orais e na leitura e produção de

textos escritos de modo a atender a múltiplas demandas sociais, responder a diferentes

propósitos comunicativos e expressivos, e considerar as diversas situações

comunicativas;

Reconhecer e valorizar a linguagem de seu grupo social como instrumento

adequado e eficiente na comunicação cotidiana, na elaboração artística e mesmo nas

interações com pessoas de outros grupos sociais que se expressem por meio de outras

variedades.

No desenvolvimento dessas atividades, é necessário compreender que

O tratamento do texto literário oral ou escrito envolve o exercício de

reconhecimento de singularidades e propriedades que matizam um tipo

particular de uso da linguagem. É possível afastar uma série de equívocos

que costumam estar presentes na escola em relação aos textos literários, ou

seja, tomá-los como pretexto para o tratamento de questões outras (valores

morais, tópicos gramaticais) que não aquelas que contribuem para a

formação de leitores capazes de reconhecer as sutilezas, as particularidades,

os sentidos, a extensão e a profundidade das construções literárias (BRASIL,

1998, p. 27).

39

Dessa forma, cabe desenvolver, em sala de aula, um trabalho com o texto literário que

considere as suas características peculiares de representação e a sua intenção estética. Um

trabalho dessa natureza é proposto por Cosson (2012), que sugere uma abordagem do texto

literário no Ensino Fundamental por meio de uma sequência básica, que discutimos na seção

seguinte.

2.3.1 A sequência básica

Recorremos à estratégia de Rildo Cosson proposta no livro Letramento literário:

teoria e prática (2012) para a fundamentação do nosso projeto de intervenção, baseado, assim,

no método da sequência básica. Essa estratégia é organizada em quatro etapas: a motivação, a

introdução, a leitura e a interpretação. A motivação consiste na preparação do aluno para que

ele ―entre‖ no texto. Essa etapa se dá de forma lúdica, com uma temática relacionada ao texto

literário que será lido e tem como objetivo principal incitar a leitura proposta. Cosson (2012)

orienta que essa etapa seja desenvolvida apenas em uma aula para não perder o foco e a

atividade proposta seja lúdica para maior envolvimento da turma. Essa característica não

compromete o caráter literário, podendo ser uma dinâmica que estabeleça uma relação com o

texto, mas isso não impõe que seja uma regra, embora seja mais usual.

Outra questão é sobre a influência que a motivação pode causar nos leitores, ou seja,

direcionar opiniões, interpretações e expectativas do leitor, porém o professor deve se

preocupar se há uma influência positiva, tendo em vista que somos expostos a diversas

situações e influenciados por elas. Cabe ao professor, na condição de mediador, planejar e

desenvolver as atividades considerando o cuidado necessário para o bom desenvolvimento

dessa etapa.

Depois, temos a introdução. Nela é feita a apresentação do autor e da obra.

Percebemos que se trata de outra etapa que exige certas orientações, conforme Cosson

(2012). Para apresentação do autor é desnecessária uma biografia extensa, pois nesse

momento é uma aproximação do leitor com o seu objeto de leitura. Assim, é viável apresentar

algumas informações básicas sobre o autor, ou uma foto, por meio de uma conversa informal

para verificar se o aluno já apresenta conhecimento, mesmo que seja pouco, mas é de suma

importância que esse momento seja realizado.

Posteriormente a essa etapa, temos a apresentação da obra, momento em que se deve

introduzir a obra e permitir que os alunos conheçam, toquem e reconheçam toda a estrutura

40

física. Também é interessante instigar os alunos a fazer inferências sobre o texto, levantar

hipóteses, comentários, enfim, despertar a curiosidade do leitor. Para conduzir a discussão,

temos elementos que são abordados nessa etapa, como, por exemplo, os elementos

paratextuais (capa, epígrafes, notas explicativas, etc.).

Em seguida, procede-se à leitura do texto. Nesse momento há, ou melhor, exige-se o

acompanhamento do professor. Paralelo à leitura, podem ser realizados os intervalos, nos

quais há a possibilidade de aferição da leitura, assim como solução de alguma das

dificuldades relacionadas à compreensão de vocabulário ou mesmo de partes do texto. Tal

sugestão é de fundamental importância para que o aluno não perca o interesse ao longo da

leitura.

A última etapa, de acordo o autor, é a interpretação. Nessa etapa ocorre a construção

do sentido do texto. Construir seu sentido, por meio de inferências, da experiência literária.

Há a interpretação interior, que, conforme Cosson (2012 p. 65), se trata do momento ―que

acompanha a decifração, palavra por palavra, página por página, capítulo por capítulo, e tem

apreensão global da obra que realizamos logo após terminar a leitura‖.

Já o momento de interpretação exterior é o compartilhamento dessa experiência

literária, sendo possível, nesse processo, a concretização da interpretação como ato de

construção de sentido. Para Cosson (2012, p.65), ―o mundo externo é a concretização, a

materialização da interpretação como a construção de sentido em uma determinada

comunidade‖. Nesse momento, há o registro, que pode ser uma atividade menor, atividades

desenvolvidas na sala, ou, um evento maior, como uma feira de literatura ou festival literário.

O registro da interpretação permite a realização de várias atividades, sendo o que delimita

essa etapa é o objeto literário, ou seja, o texto escolhido.

A partir, então, desses pressupostos, é que nos baseamos para a realização dos

procedimentos metodológicos, que descrevemos na próxima seção. .................................

III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

42

Nesta seção, detalhamos os procedimentos que nortearam a pesquisa, analisando o tipo

de pesquisa desenvolvido e apresentando os instrumentos utilizados nas fases de

levantamento de dados e de intervenção.

3.1 A pesquisa-ação

―[...] significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas

para questões propostas, utilizando métodos científicos.‖

Eva Maria Lakatos, em Metodologia do trabalho científico (1992)

O desenvolvimento de uma pesquisa requer a articulação entre pressupostos teóricos e

procedimentos metodológicos. Segundo João Bosco Medeiros, no livro Redação científica: a

prática de fichamentos, resumos, resenhas (2014, p. 29), é, ―portanto, a ciência um campo de

conhecimentos com técnicas especializadas de verificação, interpretação e inferência da

realidade. A ciência compreende a teoria, a análise e a política‖. Isso denota o que é a

importância do conhecimento sistematizado através de técnicas especializadas para distinguir,

no fenômeno pesquisado, a aparência da sua essência, diante do fato que não há verdades

absolutas, o que, facilmente, permite o dogmatismo que diverge com a acepção do verbete

―pesquisa‖.

Segundo Maria Lélia da Silva Torquato Costa, no livro Metodologia do projeto

técnico (2010, p. 24):

[...] o ato de conhecer, através da filosofia, da ciência e da pesquisa, centra-

se na percepção do mundo vivido como uma atitude natural, procurando

apreender a totalidade das sensações, da cognição, de representações

simbólicas com os OUTROS, através de suas emoções, sonhos, desejos,

imagens. Sendo assim, o SER e o MUNDO passam a ser um conjunto

dotado de significados, e não uma mera soma de partes (COSTA, 2010, p.

24).

Podemos, assim, perceber a importância dos procedimentos metodológicos no

desenvolvimento de uma pesquisa, procurando compreender o fenômeno a partir de múltiplas

interpretações, procurando a sistematização de ideias e ações e pressupondo a observação, a

análise e a comparação.

Diante disso, desenvolvemos um estudo orientado pela pesquisa-ação, na compreensão

da necessária aproximação entre pesquisador e pesquisado, partilhando sentimentos e

emoções e se envolvendo mutuamente no desenvolvimento das ações, para que as estruturas

43

se tornem significativas, tendo por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do

mundo social, por meio da interpretação do nosso dia a dia.

Conforme Michel Thiollent (1985, p. 14), em Metodologia de Pesquisa-Ação,

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social que é concebida e realizada em

estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema

coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da

situação da realidade a ser investigada estão envolvidos de modo

cooperativo e participativo (THIOLLENT, 1985, p.14).

Ao consultar um breve histórico do termo pesquisa-ação, encontramos o psicólogo

alemão Kurt Lewin (1890-1947). Ao utilizar essa pesquisa no campo de conhecimento

sociológico tendo vista um sujeito agente na sua pesquisa, esta envereda para outros campos

do conhecimento, por exemplo, da educação. Esse instrumento é ideal para uma pesquisa

relacionada à prática. Nesse viés, é totalmente adequada para o nosso contexto escolar, onde

constam os elementos essenciais: pessoas, tarefas e procedimentos.

Segundo Michel Elliot, em Metodologia de Pesquisa (1997, p. 17), a pesquisa-ação

pode ser assim compreendida:

Figura 4 – Pesquisa-Ação

Fonte: Elliot (1997, p. 17).

Assim, a etapa da pesquisa-ação pressupõe, primeiramente, diagnosticar a situação

problema, depois elaborar estratégias a fim de se preparar para desenvolver a pesquisa de

forma efetiva, em seguida ampliar e compreender para elaborar a etapa para promover uma

situação prática. Com isso, por meio dos espirais de reflexão, a priori, teremos a ação em

44

busca de ação, idealizando e planejando novas práticas educativas para atender a demanda

que escola possa apresentar.

Diante do exposto, fazemos menção à heterogeneidade dos resultados desse tipo de

instrumento, uma vez que todo conhecimento cientifico é dependente do contexto histórico e

dos fenômenos analisados e observados. Para tanto, foi necessário compreender as

características da pesquisa-ação. A primeira característica envolve o objeto, que são as ações

humanas. Outra característica é o objetivo de diagnosticar um problema específico, que, no

caso de nossa proposta, tratou-se da leitura literária no 9º Ano I, em que o professor foi, ao

mesmo tempo, pesquisador, desenvolvendo a pesquisa juntamente com seus alunos,

almejando contribuir para a ampliação do letramento literário na escola.

Dessa forma, constituiu-se numa proposta metodológica que visou ao processo de

aprendizagem, exigindo uma participação efetiva dos sujeitos envolvidos. Tornou-se, pois,

fundamental que o pesquisador se apropriasse de um aparato de métodos e técnicas para

desenvolver efetivamente sua pesquisa, pensando na sua aplicabilidade, orientando-se por

diagnosticar a situação problema, elaborar estratégias a fim de se preparar para desenvolver a

pesquisa de forma efetiva e ampliar, compreender e elaborar a etapa para promover uma

situação prática. Para tanto, aplicamos um questionário e uma enquete aos alunos do 9º Ano I

e desenvolvemos uma entrevista com as bibliotecárias da escola.

Diante disso, elaboramos proposta de intervenção, que descrevemos na próxima seção.

3.2 Proposta de Intervenção: Sequência Básica

Pautamos nossa proposta no método da sequência básica proposta por Rildo Cosson,

no livro Letramento Literário: teoria e prática (2012). Julgamos oportuno desenvolver

atividades que pudessem contribuir para o desenvolvimento ou para a ampliação das práticas

de letramento literário dos alunos do 9º Ano I, da Escola Estadual Cônego Clemente Laurens.

Assim, tornou-se importante, como tentativa de proporcionar uma mudança nesse panorama

do ensino da literatura, elaborar uma proposta de intervenção que pudesse inserir os alunos

em práticas de letramento literário, oferecendo a eles o contato com uma diversidade de textos

literários.

Diante disso, estruramos nossa proposta a partir da sequência básica sugerida por

Cosson (2012). Essa sequência apresenta quatro etapas, conforme discutimos na seção ―3.3.1

45

A sequência básica‖: motivação, introdução, leitura e interpretação. De acordo com esses

pressupostos, elaboramos uma proposta que teve como objetivo geral contribuir para a

ampliação do letramento literário dos alunos e, em decorrência, almejou especificamente:

a) Ampliar a competência leitora e escritora dos discentes a partir do texto literário;

b) Promover a leitura crítica;

c) Confrontar interpretações de textos sobre um mesmo tema, por meio da

intertextualidade.

Essa nossa proposta foi assim estruturada:

SEQUÊNCIA BÁSICA: RELACIONAMENTOS

Módulo I – Motivação

Ação: Mobilização.

Objetivo: Preparar os alunos para a leitura do texto a fim de motivá-los e envolvê-los para

participar das atividades propostas.

Data: 26/09/2016.

Duração: 1 aula de 50 min.

Recursos:

3 caixas;

90 fichas com palavras que caracterizam a amizade (30 palavras em cada caixa);

Datashow;

Vídeo da música ‗Mesma luz‘, interpretada pelas amigas Cláudia Leitte e Caroline

Celico;

Varal;

25 fitas de cetim coloridas;

Canetinhas.

O módulo foi desenvolvido considerando os seguintes momentos:

1º momento: Propomos que a turma se subdividisse em 3 equipes. A ―Dinâmica do

Amor‖ foi detalhada para a turma. Essa dinâmica teve o objetivo de conhecer os

46

valoresatribuídos pelos alunos do 9º Ano I ao sentimento amor e seus tipos. Cada equipe

recebeu uma caixa e procurou palavras que sintetizassem o significado de amor, colocando-as

no chão. Após o tempo estipulado de 15 minutos, cada equipe apontou as suas palavras, leu e

comentou. Para evitar desorganização, cada equipe teve a oportunidade de ler, justificar a

escolha e complementar a definição de amor a partir das palavras que não estavam na caixa.

2º momento: Exibimos o vídeo da música ―Mesma luz‖5,interpretada por Cláudia

Leitte e Caroline Celico, com duração de 3:52 min. A escolha dessa música justificou-se pela

interpréte principal, Cláudia Leitte, ser admirada pela maioria da turma. A música tem como

temática a amizade, usando os recursos poéticos para demonstar com mais ênfase esse

sentimento, o que pode visualizado no Anexo IV. Depois da apresentação, foi disponibilizado

tempo de 5 min para que os alunos comentassem sobre o vídeo de modo geral, orientando-se

pelas seguintes perguntas que fizemos a eles:

a) Você já conhecia a música ou o vídeo?

b) Você gostou do vídeo? Por quê?

c) Qual a relação entre o título ―Mesma luz‖ e o conteúdo da música? O que esse

título pode representar ou significar?

d) O cenário foi organizado com base na música? Explique.

e) O que chamou sua atenção no vídeo? Por quê?

f) Há palavras apontadas na dinâmica que estão presentes na música? Quais?

g) Esse vídeo fez você se lembrar de alguém? Quem? Por quê?

3º momento: Para finalizar, entregamos fotos que havíamos pedido aos alunos em aula

anterior à aplicação da sequência. Essas fotos eram dos alunos com seu melhor amigo ou

familiares ou namorados(as). Cada aluno recolheu a sua foto. Orientamos, então, os alunos a

escreverem uma mensagem no verso da foto destinada àquele de que gosta muito, e

informamos que essas fotos seriam expostas no ―Varal Laços de Amizade/Amor‖, durante o

―Festival Literário‖.

5Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hiY6FdEj9GY. Acesso em: 17 de setembro de 2016.

47

Módulo II – Introdução

Ação: Apresentação de escritores.

Objetivo: Instigar os alunos para a leitura por meio das imagens dos escritores e respectivas

biografias.

Data: 27/09/2016.

Duração: 2 aulas de 50 min.

Recursos:

Datashow;

Slides;

30 fichas coloridas;

Canetinhas;

25 folhas;

Quadro negro;

Giz colorido;

Biografia xerocada;

30 pregadores;

Cordão.

O módulo foi desenvolvido considerando os seguintes momentos:

1º momento: Iniciamos o módulo com uma conversa informal sobre os escritores

Clarice Lispector e Vinícius de Moraes, utilizando-se das seguintes perguntas:

a) Você sabe informar algum dado biográfico sobre esses autores?

b) Você já leu algum texto de Clarice Lispector?

c) Conhece algum poema ou música de Vinicius de Moraes?

d) Qual foi a temática abordada nos textos?

2º momento: Apresentamos imagens de Clarice Lispector, capas do livro ―Felicidade

Clandestina‖ e imagem de Vinicius de Moraes, pontuando informações apresentadas pelos

alunos sobre a autora e o poeta. A seguir a foto da autora e as capas das edições do livro

Felicidade Clandestina que foram utilizadas para a elaboração dos slides.

49

A seguir a foto do poeta Vinicius de Moraes utilizada:

50

Feita a apresentação de slides com as imagens, provocamos os alunos para uma

discussão, por meio das questões:

a) Você conhece esses autores?

b) Já leu algum texto de Clarice Lispector ou de Vinicius de Moares?

c) Qual a relação entre as imagens dos escritores? O que representam?

3º momento: Apresentamos a imagem de Vinicius de Moraes, pontuando informações

apresentadas pelos alunos sobre o poeta. Feita a apresentação de slides com as imagens,

provocamos os alunos para uma discussão, por meio das questões:

a) O que você sabe sobre Vinicius de Moraes?

b) Conhece uma de suas músicas ou poema?

Nas questões, em Anexo VII, temos: Depois de analisar a capa dos livros de Clarice

Lispector e de Vinicius de Moraes, explique:

a) O que os títulos indicam ou significam?

b) Que temática provavelmente os textos abordam?

c) Que possível relação entre imagem e título pode ser estabelecida?

d) Que recursos foram utlizados nas imagens nas capas? Qual a intenção desses

recursos?

4º momento: Desenvolvemos a dinâmica da ―Tempestade de Ideias‖ sobre os gêneros

conto e poema. Cada aluno recebeu uma folha para registrar, em poucas palavras, o que

compreendeu sobre esses gêneros. Depois, essas folhas foram recolhidas, sendo anotadas no

quadro da sala de aula as colocações feitas pelos alunos. Em seguida, a turma foi orientada

para pesquisar a biografia de Clarice Lispector e Vinícius de Moraes, sendo dividida para ir à

biblioteca. Para finalizar esse módulo, confeccionamos um ―Varal Biográfico de Clarice

Lispector e de Vinícius de Moraes‖, em que cada equipe registrou as informações e imagens

em fichas que foram afixadas no varal.

51

Módulo III – Leitura

Ação: Leitura de contos e poemas.

Objetivos: Propor a leitura literária do conto ―Uma amizade sincera‖, de Clarice Lispector, e

do poema ―Soneto do amigo‖, de Vinícius de Moraes‖; Reconhecer as características dos

gêneros conto e poema; Promover a reflexão sobre os tipos de relacionamento.

Data: 28/09/2016.

Duração: 4 aulas de 50 min.

Recursos:

25 cópias do conto―Uma amizade sincera‖;

25 cópias do poema ―Soneto do amigo‖;

Caderno de Literatura dos alunos.

1º momento: Primeiramente, apresentamos o título do conto ―Uma amizade sincera‖ e

do poema ―Soneto do amigo‖ e lançamos as seguintes perguntas:

a) Você acha que o título já apresenta o tema?

b) De qual ou quais pessoas você se lembrou ao ouvir a palavra amizade?

2º momento: Entregamos aos alunos o conto ―Uma amizade sincera‖, de Clarice

Lispector, Anexo X, e o poema ―Soneto do amigo‖, de Vinicius de Moraes, Anexo XII, para

leitura, que foi realizada em duas etapas:

Leitura de reconhecimento, individual e silenciosa;

Leitura expressiva: do conto, por meio de um jogral, e do poema, pela

professsora.

3º momento: Discutimos os textos e os alunos foram questionados:

a) O que você achou do conto ―Uma amizade sincera‖?

b) Você acredita que existe amizade sincera?

c) Há verso/versos com que você se identifica no poema?

d) Defina uma amizade sincera.

52

e) Quais os sentimentos implícitos pelo eu lírico no poema?

f) Qual a frase do conto que sintetiza o poema?

Intervalo – I

Ação: Leitura intertextual.

Objetivo: Estabelecer relações entre os textos; Inferir informações com base nos textos.

Data: 29/09/2016.

Duração: 2 aulas de 50 min.

Recursos:

25 cópias do conto ―A cartomante‖ de Machado de Assis;

25 cópias do poema ―Quadrilha‖, de Carlos Drummond de Andrade;

Caderno Individual de Literatura;

Caneta.

Momento: Cada aluno recebeu uma cópia do conto ―A cartomante‖, Anexo XIV, e do

poema ―Quadrilha‖, Anexo XVI, para realizar a leitura em casa. Os alunos foram orientados a

ler e registrar, em casa, no Caderno de Literatura, as impressões, ideias, dúvidas, expectativas,

opiniões sobre o texto. Na aula posterior, houve apresentação das anotações feitas. Para

iniciar, lançamos as perguntas:

Conto ―A cartomante‖

a) Há uma relação de amizade no texto. Qual a diferença entre essa relação de

amizade no conto e no poema?

b) Considerando o contexto histórico do conto ―A cartomante‖, qual é a visão da nossa

sociedade sobre a traição cometida pela mulher?

c) O que você acha sobre a violência doméstica (agressões verbais e físicas) cometidas

contra a mulher?

Poema ―Quadrilha‖

a) Já conhecia o poema?

b) Qual a semelhança com o conto ―A cartomante‖?

c) Quais os versos do poema de que mais gostou? Por quê?

53

Módulo IV – Interpretação: Festival Literário

Ações: Produção de poema e apresentação; Culminância da sequência básica.

Objetivos: Produzir poemas com base na temática do relacionamento; Compartilhar as

experiências literárias; Proporcionar momento literário na escola e na comunidade.

Data da produção do poema: 30/09/2016.

Data da culminância: 07/10/2016.

Duração: 4 aulas de 50 min.

Recursos:

Cartazes;

Cola;

Tesouras;

Música;

Fita adesiva;

Painel ―Laços de amizade‖.

Segundo Cosson (2012), a interpretação ocorre em dois momentos: o primeiro para

interiorizar o texto; e o segundo para externalizar a apropriação do que foi lido,

compartilhando com outras pessoas a fim de formar uma comunidade de leitores. Sendo

assim, os alunos do 9º Ano I foram instigados a expressar suas ideias e impressões ao longo

da sequência básica em relação aos textos literários lidos. Depois dessa análise, eles foram

incentivados a produzir poemas. Nesse instante, ao escreverem, já iam compartilhando as

produções com os colegas antes mesmo de finalizá-las, pedindo opiniões e esclarecendo

dúvidas. Acompanhamos o processo de produção atendendo a todos aqueles que nos

procuravam para orientação. Após a produção, em Anexo XVIII, os textos foram recolhidos

para revisão, digitação e posteriomente exposição durante a ―I Mostra Poética‖, durante o

―Festival Literário‖, que, além dessa etapa, englobou ―Invasão Poética‖ e ―Visita ao Asilo‖.

Essa mostra foi realizada nas dependências da Escola Estadual Cônego Clemente

Laurens, no dia 04/10/2016. Os primeiros horários foram destinados para organizar o

ambiente, tarefa executada pelos alunos e professora. Foram colocados os varais utilizados no

Módulo 1 – Motivação: ―Varal Biográfico de Clarice Lispector‖ e o ―Varal Laços de

Amizade/Amor‖ com as fotos dos alunos e seus melhores amigos. As fichas da dinâmica

foram usadas nos cartazes a título de informação e ornamentação. Os poemas produzidos

pelos alunos foram afixados no painel ―Laços de Amizade/Amor‖, gentilmente confeccionado

54

pela professora em uso da biblioteca. Organizado o ambiente, todos se prepararam para

receber os convidados e iniciar o festival.

Após organizada a sala, iniciamos a ―I Mostra Póetica‖ com a fala da professora

comentando sobre a importância desse evento, antecipadamente, agradecendo a todos os

alunos envolvidos e visitantes. Para iniciar foram destacados os varais na sala, depois o foco

foi para a ‗I Mostra Poética‘, em seguida, a Informante Lit06, aluna do 9º Ano I, fez a leitura

da biografia de Clarice Lispector. O momento poético ficou por conta dos alunos, Informante

Lit24 e Informante Lit07, alunos do 9º Ano I; depois dessa apresentação, tivemos, como

convidado, o poeta da terra, Neto, que declamou o seu poema ―Meu amigo‖. No outro

momento, o videoclipe ―Meus melhores amigos‖.

Para finalizar a ―I Mostra Poética‖, também como convidados especiais, tivemos a

participação das alunas do 1º Ano I, de outra escola da cidade, e de Kenedy Rodrigues sempre

disposto em colaborar em eventos musicais, para cantar a música ―Amigos pela fé‖. Eles

foram convidados para cantar nesse evento por todos da cidade conhecerem o talento artístico

que eles têm. Fernanda Luiza e Stella Virgínia são integrantes do coral da Igreja Católica da

cidade e Kennedy está envolvido em apresentações em outras cidades vizinhas com alguns

amigos.

Depois da realização da mostra, os alunos do 9º Ano I foram, em 07/10/2016, ao Asilo

Nossa Senhora da Conceição para compartilhar as produções poéticas com os idosos. No

percurso da escola até o asilo, realizamos a ―Invasão Poética‖, com a distribuição de poemas

elaborados pelos alunos. Entregávamos aos passantes, aos comerciantes, aos motoristas, nas

caixinhas de correspondências, debaixo das portas, nos para-brisas dos veículos. É importante

destacar a surpresa daqueles que foram abordados para receber o poema. Foi uma atividade

diferente na cidade e prazerosa para todos os envolvidos, alunos do 9º ano I e professora.

Apresentamos, das diferentes etapas de desenvolvimento da sequência básica com os

alunos do 9º ano I, registro fotográfico:

55

Figura 5 – Invasão Poética

Fonte: Acervo da Autora (2016).

Figura 6 – Invasão Poética

Fonte: Acervo da Autora (2016).

56

Figura 7 – Visita ao Asilo Nossa Senhora da Conceição

Fonte: Acervo da Autora (2016).

Todos os idosos receberam os poemas dos alunos e ouviram suas declamações. Após

esse momento poético, ocorreu uma conversa agradável com os anfitriões. Os alunos

demonstraram interesse e muito respeito pelos idosos e também pela atividade proposta. Ao

final,preencheram a ―Ficha de Avaliação‖.

IV

ANÁLISES DOS RESULTADOS

58

Nesta seção, analisamos os resultados obtidos na fase de levantamento de dados e na fase de

intervenção. Assim, primeiramente discutimos resultados de aplicação de enquete,

questionário e de realização de entrevista com bibliotecárias da escola, enquanto que, no

segundo momento desta seção, refletimos sobre a aplicação da sequência básica.

4.1 Fase de levantamento de dados

Para definir o nosso Projeto de Intervenção, aplicamos no dia 16/09/2016, um

questionário aos 21 alunos sobre a Prática de Leitura, em Anexo II, com 10 questões

objetivas, mas com opção de registrar comentários ou justificativas.

Após esse questionário que direcionou a nossa pesquisa, percebemos a necessidade de

elaborar um Projeto de Intervenção para ampliar o hábito de leitura. Destacaremos algumas

questões do Questionário – Prática de Leitura, em Anexo II, que colaboraram para a

delimitação da proposta do projeto de intervenção.

Assim, destacamos a Questão 6, ―Gosta de ler?‖, a maioria dos alunos marcou a

opção SIM. Ilustramos esse resultado a partir do gráfico:

Gráfico 2 – Resultado da Questão 6 do Questionário

Fonte: Pesquisa da Autora (2016).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Sim Não Às vezes, sente

facilidade em

compreender, outras

vezes, não

6 - Gosta de ler?

59

Em relação à questão, ―6. Gosta de ler‖, 14 alunos apontaram que ―Sim‖, 2 alunos

informaram que ―Não‖ e 3 alunos ―Às vezes sente facilidade em compreender, outras vezes

não‖. Esse resultado reforça a necessidade de promover o letramento literário a partir de

atividades, utilizando a sequência básica, uma das estratégias metodológicas de Cosson

(2012).

Ainda para ratificar a Questão 6 e com intuito de conhecer melhor o perfil leitor,

perguntamos aos alunos, ―7. Quantos livros você lê por ano?‖, apontamos o resultado através

do gráfico abaixo:

Gráfico 3 – Resultado da Questão 7 – Questionário

Fonte: Pesquisa da Autora (2016).

Observamos que, infelizmente, 6 alunos leem apenas 1 livro, 2 assumiram que não

leem, 4 alunos afirmaram que só leem por indicação, ou seja, se não há indicação não

realizaram uma leitura desinteressada, 8 alunos afirmaram que leem 2 livros e desses 4

revelaram que leem 3 livros e apenas 2 registraram que leem mais de 3 livros.

Dessa forma temos como resultado: 1 livro – 6 alunos leem; 2 livros – 4 alunos; 3

livros – 4 alunos; mais de 3 livros – 2 alunos; só os indicados na escola – 4 alunos; não leem –

2 alunos. Infelizmente, o resultado denuncia a necessidade de desenvolver um trabalho mais

profícuo. Esse dado não parece ser diferente dos anos anteriores referentes a essa turma, pois,

ao conversarmos com a professora em uso da biblioteca, verificamos que essa realidade foi a

mesma dos anos anteriores.

0

1

2

3

4

5

6

1 livro 2 livros 3 livros mais de 3

livros

só os

indicados

na escola

não leio

7 - Quantos livros você lê por ano?

60

Ao elaborarmos esse questionário, identificamos que os alunos não apresentam hábito

de leitura, e poderão chegar ao Ensino Médio com esse grave problema. Também é sabido

que esses alunos visitam a biblioteca da escola raramente e não buscam livros para a leitura

em casa.

Assim, ao analisarmos a Questão 9, confirmamos o comentário do aluno, Informante

Lit17, que não frequenta a biblioteca. A seguir o gráfico:

Gráfico 4 – Resultado da Questão 9 do Questionário

Fonte: Pesquisa da Autora (2016).

Na última questão, ―10. Quando visita a biblioteca da sua escola?‖, mais de 90% dos

alunos marcaram a opção letra C ―é para assistir aos filmes e/ou slides, pois a sua biblioteca

também é um espaço para essas situações‖. Para essa situação pode estar contribuindo

negativamente o fato de a biblioteca funcionar ainda como sala de vídeo.

Em seguida, elaboramos uma enquete, em Anexo III, para delimitar melhor essa

proposta. Aplicamos essa enquete no dia 26/08/2016, na sala de aula. 22 alunos colaboraram

para a etapa dessa pesquisa, respondendo às onze questões, considerando que cinco são

questões abertas e seis, objetivas. Nosso interesse foi permitir ao aluno registrar seus

apontamentos.

Percebemos que os alunos demonstraram interesse em participar do projeto a partir

dessa enquete. Dessa forma, apresentamos na primeira questão, ―O que chama sua atenção?‖,

para abordar os tipos de gêneros. De acordo com os dados sobre o gênero que chama mais

0

5

10

15

Sempre Às vezes Só quando solicitado

por algum professor

9 - Com que frequência você visita a biblioteca da sua escola?

61

atenção, temos: romance – 8 alunos; poema – 1 aluno; crônica – 6 alunos; e contos – 10

alunos. Essas informações estão de acordo com o gráfico abaixo:

Gráfico 5 – Resultado da Questão 1 da Enquete

Fonte: Pesquisa da Autora (2016).

Assim, selecionamos o gênero literário ―conto‖ para os alunos do 9º Ano I devido ser

o escolhido.

Na Questão 2, perguntamos ―Qual o livro você leu e gostou tanto que repetiu a

leitura?‖. Mais de 80% registraram HQs (História em Quadrinhos) Turma da Mônica e

Naruto. Em relação aos outros 20%, temos: 5% não registraram e 15% citaram Branca de

Neve e A menina do pijama listrado.

Na Questão 3, ―Qual o livro gostaria de presente?‖, a maioria dos alunos repetiu o

nome livro da questão anterior e os demais disseram ― nada em mente‖.

Na Questão 4 mencionamos o que é necessário em um bom livro. Mais de 12 alunos

marcaram aventura, 6 alunos suspense, 3 alunos marcaram a opção drama e 4 alunos

escolheram casos policiais e amor. A seguir, o gráfico para ilustrar esse resultado:

0

2

4

6

8

10

12

Romance Poema Crônica Conto

1 - O que mais chama sua atenção?

62

Gráfico 6 – Resultado da Questão 4 da Enquete

Fonte: Pesquisa da Autora (2016).

Por meio da Questão 5, ―Agora marque abaixo os temas que despertam seu interesse:‖,

delimitamos a temática do Projeto, ou melhor, dos nossos textos, veja: a) namoro: 7; b)

família: 12 ; c) amizade: 14; d) drogas: 4; e) meio ambiente: 14; f) saúde: 12; h) violência

contra mulher: 4; i) esporte: 10; j) preconceitos: 6; k) política: 1; l) religião: 2. Vejamos o

gráfico que ilustra essas informações:

Gráfico 7– Resultado da Questão 5 da Enquete

Fonte: Pesquisa da Autora (2016).

0

2

4

6

8

10

12

14

Suspense Drama Casos

Policiais

Aventura Amor

4 - Para você, um bom livro apresenta:

0

5

10

15

5 - Agora marque abaixo os temas que despertam seu interesse:

63

Entre as onze opções apresentadas, as temáticas mais selecionadas foram ―amizade‖ e

o ―meio ambiente‖. Como há os projetos de meio ambiente desenvolvidos pelas professoras

de Geografia, optamos por delimitar a temática do projeto, selecionando a ―amizade‖, por se

tratar de um tema amplo, pois envereda para as relações humanas, nas quais podemos abordar

valores e comportamentos.

Nesse viés, definimos como tópico de abordagem em sala o texto do grande escritor o

Machado de Assis, que aborda o comportamento humano e suas relações com traços

enigmáticos que causa no leitor curiosidade, surpresa e reflexão. Dele, nós escolhemos o

conto ―A cartomante‖, pois além de uma amizade antiga, há um triângulo amoroso que coloca

em prova o valor dessa amizade. Em uma história sem final feliz, o autor propõe uma análise

psicológica das relações humanas e o lado pessimista da vida e do ser humano, o que sugere

uma adesão emocional ao texto e instiga o leitor a uma postura reflexiva em relação à obra

literária.

Em relação à Questão 6, ―Há mais algum tema que não foi mencionado, mas que

deseja acrescentar? ( ) sim. Cite:__________________ ( ) não‖, apenas 9 alunos marcaram

a primeira opção e citaram: drogas, 5 alunos; política, 1 aluno; meio ambiente, 1 aluno;

violência, 2 alunos. Os outros escolheram a segunda opção.

Já Questão 7, ―Qual o tema que já foi muito comentado nas aulas, na escola ou até

mesmo na mídia, e, por isso, você não gostaria de desenvolver nenhum trabalho sobre ele?‖,

os alunos não responderam.

Constatamos que os nossos alunos gostam muito de peça teatral, pois, na Questão 8,

―Há alguma atividade que você deseja incluir no próximo ―Projeto de Leitura da Escola?‖,

notamos que a peça teatral é uma atividade que envolve mais de 80% dos nossos alunos. Em

seguida, o concurso musical e leitura dramatizada.Vimos que poucos demonstraram interesse

por declamação de poema, pequeno vídeo e concurso de poesia. Abaixo o gráfico que

representa os nossos resultados:

64

Gráfico 8 – Resultado da Questão 8 da Enquete

Fonte: Pesquisa da Autora (2016).

Com base na Questão 8, perguntamos na Questão 9 sobre gênero musical/ritmo,

obtendo o resultado:

Gráfico 9 – Resultado da Questão 9 da Enquete

Fonte: Pesquisa da Autora (2016).

Ao abordar os gêneros musicais constatamos que o sertanejo, ao lado do funk, é o

favorito, pois na Questão 10 perguntamos também ―Qual o grupo musical ou banda que você

mais curte?‖ e obtivemos como resposta o sertanejo.

0

5

10

15

8 - Há alguma atividade que você deseja incluir no próximo

"Projeto de Leitura da Escola"?

0

1

2

3

4

5

6

7

forró hip hop samba funk outros

9 - Na questão anterior, mencionamos "Concurso Musical". Qual

gênero musical/ritmo é o seu preferido?

65

Para finalizar o questionário, elaboramos a seguinte questão: ―11. O que acha quando

o professor oferece uma sessão cine nas aulas?‖ Constatamos que todos os alunos gostam,

apreciam esse tipo de atividade. Vejamos o gráfico que representa esse resultado:

Gráfico 10 – Resultado da Questão 11 da Enquete

Fonte:

Pesquisa da Autora (2016).

Com essa atividade percebemos que os nossos alunos ficaram curiosos ao perceber

que sua opinião era importante, notamos que o envolvimento nessa etapa foi efetivo, pois

todos os alunos responderam às questões. Desse modo, vimos o quanto é importante

oportunizar ao aluno uma interação com os planejamentos e propostas para o ensino, seja de

qualquer disciplina. Não basta apenas ele saber a importância da aula, do conteúdo, mas

também, da sua importância nesse processo de interação, conforme José Carlos Libâneo, em

Didática (1994, p. 250):

O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também

ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a

expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As

respostas e opiniões mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às

dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem, também,

para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades (LIBÂNEO, 1994,

p. 250).

Com essa interação entre professor e aluno surge a possibilidade de o discente

construir seu próprio conhecimento, refletir e o professor de agir, direcionar seu trabalho.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Gosta muito Gosta Não gosta desse tipo

de atividade

11 - O que acha quando o professor oferece uma sessão "cine"

nas aulas?

66

Após essa etapa, nós realizamos uma entrevista despadronizada, dia 22/08/2016, uma

conversa inicialmente e, depois, a entrevista, com as professoras que trabalham na biblioteca e

constatamos que as duas funcionárias têm pouco tempo de trabalho nesse espaço, embora,

exerçam há tempos a função de professoras. O perfil delas é semelhante, haja vista que as

duas têm experiência no trabalho com crianças/adolescentes especiais. Para melhor

esclarecimento, denominaremos as entrevistadas como Informante A e a outra como

Informante B.

Apresentaremos a análise dos resultados da entrevista estruturada, em Anexo I,

realizada dia 23/08/2016, na biblioteca da Escola Cônego Clemente Laurens.

Elas possuem pós-graduação e cursos na área de educação especial. A Informante A

trabalha há 8 meses na biblioteca da escola e o motivo de estar na biblioteca ―é a falta de

opção‖, assim ela justifica quando questionada por quais razões escolheu trabalhar na

biblioteca. Já a Informante B não quis responder a essa questão.

Ao serem questionadas sobre as principais tarefas executadas, na Questão 3, em

Anexo I, tivemos como resposta da Informante A: ―aula de reforço, organização da biblioteca,

projetos, cartazes das datas comemorativas, empréstimos de livros e incentivo à leitura‖. A

Informante B respondeu: ―faço recuperação de alunos na área de Língua Portuguesa,

trabalhando com texto, livros literários, histórias em quadrinhos, organizar a biblioteca,

catalogar livros‖.

Na Questão 4, ―Como você descreve o espaço físico da biblioteca?‖, foi abordada a

descrição do espaço físico da escola. A Informante A afirmou: ―pequeno mais muito

organizado, arejado e de fácil acesso‖. A afirmação da Informante B apontou que: ―é o espaço

que não é muito adequado, pois às vezes surgem transtornos devido ela ser usado para outras

atividades‖ 6.

Abordamos também a opção de gêneros mais escolhidos pelos alunos, na Questão 5

que aborda: ―Quais os gêneros mais escolhidos pelos alunos desta instituição?‖, a Informante

A apontou ―historia em quadrinhos‖ e a Informante B disse que ―contos, livros literários,

histórias infantis e religiosos‖. A resposta da Informante B vai ao encontro da escolha dos

alunos, na questão 01 da Enquete, em Anexo III, que escolheram o conto.

6As falas foram transcritas ipsis litteris.

67

Em seguida, a Questão 6, ―Você lê livros literários com frequência?‖, a Informante A

informou que ―no momento que tenho tempo suficiente.‖, enquanto a Informante B apontou

―nem sempre‖.

Para a Questão 7, temos: ―Você acha que os Projetos de Leitura desenvolvidos pelos

professores de Língua Portuguesa, supervisoras e gestoras poderiam ser modificados em

algum aspecto? Qual (is)?‖. A resposta da Informante A foi sucinta ―não‖, ao passo que a

Informante B afirmou ―expor mais para toda comunidade escolar o que é feito pelo projeto de

leitura‖.

Para a antepenúltima questão, ―8. Qual a sua contribuição para executar o trabalho de

incentivo e promoção de leitura?‖, a resposta da Informante A, apresenta ―De 30 em 30 dias

faço alguma representação e sorteando livros os alunos que mais leram livros durante o mês.‖,

ao passo que a outra informante afirmou que ―estou sempre convidados alunos a visitar a

biblioteca no final da aula‖.

Foi imprescindível questioná-las sobre as ações dos professores no que refere à prática

de leitura, Questão 9, em Anexo III, ―Quais ações os professores podem executar para motivar

a leitura?‖.

Vejamos a opinião da Informante A: ―Dando vários trabalhos envolvendo histórias

para reconto (usando os livros literários) incentivando a ser bons leitores‖.

Já a Informante B disse: ―Promover momentos nas aulas de português com aulas sobre

contos, histórias lidas, teatros com histórias que eles leram, criar histórias em quadrinhos

expor na sala, etc.‖

Assim, ao analisarmos a Questão 9, sobre a frequência à biblioteca da escola,

confirmamos o comentário do Informante Lit01: marcou a opção ―sempre‖, 2 alunos; 10

alunos marcaram a opção ―às vezes‖, 08 alunos marcaram a opção ―só quando solicitado por

algum professor‖.

Diante do exposto, indagamos sobre a frequência, dos alunos do 9º Ano I à biblioteca

da escola. Ao responder essa questão, o Informante Lit17 disse ―que não se lembra da última

vez que foi à biblioteca para buscar um livro‖.

Para a questão número 10, ―Há ações dos professores da disciplina para motivar a

prática de leitura?‖, as informantes apresentaram respostas opostas: a Informante A afirma

essa prática e a Informante B a nega.

7Os alunos serão identificados como Informante Lit e um número aleatório, de forma a manter o anonimato,

conforme Termo de Assentimento assinado.

68

Ao analisar os dados coletados, segundo as entrevistas e o questionário Prática de

Leitura, compreendemos melhor o funcionamento da biblioteca da escola, conhecemos

melhor o perfil dos alunos e, principalmente, identificamos o desinteresse dos nossos alunos

pela leitura literária.

Também notamos que a escolha pelo gênero literário ―conto‖ foi quase unânime; em

contrapartida, o gênero ―poema‖ foi o único que causou desinteresse nos alunos. Por isso,

contemplamos os dois gêneros: o primeiro pela aceitação dos alunos e o outro por ser mais

um desafio na Projeto de Intervenção, para promover o letramento literário e o a valorização

da poesia.

Escolhemos, ainda, como forma de ampliar a abordagem dos textos literários, o conto

―Uma amizade sincera‖, de Clarice Lispector e os poemas ―Soneto do amigo‖ de Vinicius de

Moraes e ―Quadrilha‖ de Carlos Drummond de Andrade.

―Uma amizade sincera‖ de Clarice Lispector foi extraído do livro ―Felicidade

Clandestina‖, que reúne 25 contos da autora, publicado em 1971. A escolha justifica-se pela

temática ser valorizada a partir dos maus momentos que uma relação de amizade passa ao

longo da convivência, da intimidade e do sentimento afetivo. Nessa escolha, a intenção era

causar surpresa, certo estranhamento em refletir sobre as facetas que existem em uma relação

humana, em destaque a amizade. Por outro lado, temos as próprias características da escritora,

sua tendência intimista e as aflições do ser humano.

Ao falar sobre amizade em poesia, selecionamos ―Soneto do amigo‖, de Vinicius de

Moraes, grande nome na arte que enveredou para a música, cinema, teatro e, sua primeira

vocação, a poesia. Poeta que sabe brincar com as palavras e se apropriar do encantamento que

cada uma carrega para despertar as mais variadas emoções.

Outro texto selecionado foi ―Quadrilha‖ de Carlos Drummond de Andrade, por

apresentar de forma cômica os desencontros nas relações amorosas.

Justificamos, assim, as escolhas dos textos diante a discussão sobre a temática e os

gêneros selecionados para a elaboração do Projeto de Intervenção, cujo desenvolvimento

detalhamos na seção que se segue.

69

4.2 Fase de intervenção

Aplicamos, entre os dias (26/09/2016 a 07/10/2016), o Projeto de Intervenção,

delineado a partir da sequência básica proposta por Cosson (2012), constituindo-se, assim, em

quatro módulos: motivação, introdução, leitura e interpretação.

O Módulo I ocorreu no dia 26/09/2016 com a participação de 22 alunos. Nesse

módulo, propomos um momento lúdico para a iniciação à leitura literária. Ao analisarmos o

questionário para identificar o perfil literário dos alunos, identificamos que eles gostariam de

trabalhar com textos literários sobre a amizade. Considerando que essa temática abrange

valores e sentimentos, em destaque o amor, procuramos organizar uma ―Dinâmica do amor‖.

Nessa dinâmica, além de aproximar o aluno, dos textos literários a serem trabalhados em

módulos posteriores, é um meio de conhecer melhor os alunos em relação aos tipos de

sentimentos e valores que atribuem à amizade.

A turma foi subdividida em três grupos que receberam três caixas com fichas com

palavras relacionadas à amizade, tanto no aspecto positivo, quanto ao aspecto negativo. Após

os grupos serem posicionados na sala, foi estipulado o tempo de 15 minutos para escolherem

as palavras. Feito isso, cada integrante do grupo teve a oportunidade de ler a palavra e

justificar o porquê da escolha. Todos os alunos participaram e acharam que a dinâmica

retratou bem os sentimentos sobre a amizade. Citamos algumas falas dos nossos informantes

para comprovar a participação e opinião sobre a dinâmica:

Informante Lit5: ―Peguei a palavra carinho. Ela resume o que é uma grande

amizade.‖

Informante Lit2: ―Podia ter mais dinâmica amanhã.‖

Informante Lit18: ―Amizade é amor.‖

Como registro desse momento dos módulos, apresentamos as figuras abaixo:

70

Figura 8 – As caixas e os pregadores para o Varal ―Laços de Amizade/Amor‖

Fonte: Acervo da Autora (2016).

Figura 9 – Alunos realizando atividades do Módulo 1

Fonte: Acervo da Autora (2016).

71

Figura 10 – Alunos comentando sobre as palavras escolhidas

Fonte: Acervo da Autora (2016).

Após a dinâmica, organizamos um varal que intitulamos como ―Varal Laços de

Amizade/Amor‖. Em aula anterior, fora pedido a turma que trouxesse fotos com os melhores

amigos para organizarmos o varal na sala de aula. Registramos a elaboração desse varal:

Figura 11 – ―Varal Laços de Amizade/Amor‖

Fonte: Acervo da Autora (2016).

72

Figura 12 – Alunos confeccionando o ―Varal Laços de Amizade/Amor‖

Fonte: Acervo da Autora (2016)

Os alunos participaram da atividade e demonstraram interesse, como podemos

comprovar na ficha de comentário, em Anexo VI, podemos comprovar, além do registro

fotográfico, pelos comentários feitos em fichas entregues a ele, dos quais podemos citar:

Informante Lit10: ―Eu gostei muito da dinâmica e do Varal ―Laços de amor‖,

porque foi uma linda homenagem com as fotos dos melhores amigos. Isso tudo

demonstrou o amor, o carinho, a sinceridade, a confiança que sempre deve

existir em uma verdadeira amizade‖;

Informante Lit12: ―Eu gostei, pois foi uma aula diferente que todos

participaram e também nós podemos conhecer melhor a opinião dos outros

alunos‖;

Informante Lit20: ―Gostei bastante, está sendo interessante trabalhar esse

projeto‖.

Para finalizar o módulo, passamos o videoclipe de Cláudia Leitte e Carol Celico, que

cantam a música ―Mesma luz‖8. A escolha da música deveu-se ao fato de os alunos

demonstrarem simpatia pela cantora Cláudia Leitte e também pela temática da música ser a

amizade. Depois de assistir ao videoclipe, tecemos comentários sobre a apresentação das

cantoras, a música e a temática. Para esse momento nos orientamos pelas questões da

8Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hiY6FdEj9GY. Acesso em: 17 de setembro de 2016.

73

atividade de Motivação, em Anexo V. São questões simples e subjetivas como podemos notar

nos seguintes exemplos:

Questão 1, letras:

a. Você já conhecia a música ou o vídeo?

b. Você gostou do vídeo? Por quê?

c. O que chamou sua atenção no vídeo? Por quê?

A música Mesma Luz também encantou os alunos. A Informante Lit9 registrou:

―Eu gostei da musica Mesma Luz porque ela se considera um grande laço de

amor e sinceridade pois o nosso trabalho é sobre a amizade de um amigo para o

outro e o tema é ―Laços de amor‖ e nos estamos fazendo um varal com as fotos

nossas com melhores amigos e eu estou gostando muito desse nosso trabalho

graça a Marília Professora de Português e aos diretores‖.

O Informante Lit4 fez um comentário que abrangeu todas as ações do Módulo I,

vejamos:

―Eu estou gostando muito do jeito que as aulas da professora Marília estão

acontecendo com dinâmicas, bate-papo, vídeos etc. Ontem 26/09/2016 tivemos

uma dinâmica muito boa sobre a amizade. Gostei bastante, espero que continue

assim.‖

Para finalizar, entregamos fotos que havíamos pedido aos alunos em aula anterior à

aplicação da sequência. Essas fotos eram dos alunos com seu melhor amigo ou familiares ou

namorados(as). Cada aluno recolheu a sua foto. Orientamos, então, os alunos a escreverem

uma mensagem no verso da foto destinada àquele de que gosta muito, e informamos que essas

fotos seriam expostas no ―Varal Laços de Amizade/Amor‖, durante o ―Festival Literário‖.

No segundo módulo, Introdução, realizado dia 27/09/2016, que permitiu apresentação

do autor e da obra. Nesse módulo tivemos a participação de 23 alunos. No 1º momento,

iniciamos o módulo com uma conversa informal sobre os escritores Clarice Lispector e

Vinícius de Moraes, utilizando-se das seguintes perguntas:

a) Você sabe informar algum dado biográfico sobre esses autores?

b) Você já leu algum texto de Clarice Lispector?

c) Conhece algum poema ou música de Vinicius de Moraes?

74

d) Qual foi a temática abordada nos textos?

Depois desse momento, os alunos assistiram aos slides com imagens da escritora

Clarice Lispector e algumas capas das edições do livro ―Felicidade Clandestina‖. Feita a

apresentação de slides com as imagens, provocamos os alunos para uma discussão, por meio

das questões:

a) Você conhece esses autores?

b) Já leu algum texto de Clarice Lispector ou de Vinicius de Moares?

c) Qual a relação entre as imagens dos escritores? O que representam?

Após essa discussão, foram oferecidas informações e imagens sobre a escritora para

organizarmos o ―Varal biográfico de Clarice Lispector‖.

Figura 13 – Varal Biográfico de Clarice Lispector – A

Fonte: Acervo da Autora (2016).

Esse varal foi montado na sala e ficou exposto para apreciação da turma, nessa

atividade todos se envolveram de acordo com as suas habilidades e, assim, todos participaram

efetivamente. Em seguida, a turma foi orientada para pesquisar a biografia de Clarice

Lispector e Vinícius de Moraes, sendo dividida para ir à biblioteca. Para finalizar esse

módulo, confeccionamos um ―Varal Biográfico de Clarice Lispector e de Vinícius de

75

Moraes‖, em que cada equipe registrou as informações e imagens em fichas que foram

afixadas no varal .

A seguir, mostramos o registro desse momento:

Figura 14 – Varal Biográfico de Clarice Lispector – B

Fonte: Acervo da Autora (2016).

Figura 15 – Varal Biográfico de Clarice Lispector – C

Fonte: Acervo da Autora (2016).

76

4º momento: Desenvolvemos a dinâmica da ―Tempestade de Ideias‖ sobre os gêneros

conto e poema. Cada aluno recebeu uma folha para registrar, em poucas palavras, o que

compreendeu sobre esses gêneros. Depois, essas folhas foram recolhidas, sendo anotadas no

quadro da sala de aula as colocações feitas pelos alunos.

A atividade teve o seguinte comando ―Comente o que você sabe sobre os gêneros

‗conto‘ e ‗poema‘.‖ (Anexo VIII). Nesse momento, escrevemos a atividade no quadro negro:

Tempestade de ideias.

Após o comando, os alunos começaram a discutir sobre os gêneros antes de registrar.

Devido à empolgação dos alunos foi permitida essa conversa informal sem a interferência do

professor. O objetivo não era apresentar conceitos prontos, engessados, dos quais os alunos

apenas o recebessem de forma abstrata sem reflexão, sem pensar no seu uso como falante da

língua, sem apreender o sentido, as características e finalidades de cada um.

Todos os alunos registraram o seu conceito sobre os gêneros e, assim, foram

orientados a lê-los em voz alta enquanto a professora registrava os conceitos, ou até mesmo

palavras que descreviam/aproximavam dele.

Nessa etapa, os alunos ficaram eufóricos, pois todos desejavam ler os conceitos

elaborados. Notamos o quanto é importante dar autonomia aos discentes, estimulando a

participação e o protagonismo deles.

Analisada as respostas da ficha, destacamos que o interesse dos alunos na atividade foi

satisfatório, notamos que os alunos demonstraram certa habilidade ao que se refere aos

gêneros. É certo que alguns só acertaram a tipologia do conto, narração, no entanto,

comprovamos que os alunos já tinham certa proficiência dos gêneros.

Constatamos que, quanto à estrutura do poema, todos fizeram referência aos versos, às

estrofes e às rimas. Vejamos os comentários de alguns alunos:

Informante Lit10: ―Poema: É um texto que contém rimas, seus versos tem que

ser um debaixo do outro‖;

Informante Lit20: ―Poema: É um texto que muitas vezes é escrito para relatar

um grande amor vivido, é escrito em versos‖;

Informante Lit6: ―Poema: Pra mim poema é cheia de estrofes e versos e que

pode ser feito como poema canção‖;

Informante Lit9: ―Conto: É texto narrativo, fictício que aborda vários temas.

77

Agora, vejamos alguns comentários dos nossos alunos sobre a temática e estrutura do

conto:

Informante Lit10: ―Conto: É uma historia, que pode ser fictícia que contém

personagens imaginários‖.

O Informante Lit6: ―conto é um texto narrativo que não apresenta fatos reais,

no caso ficção, e apresenta vários temas, tem a primeira pessoa. O poema é um

texto que é organizado em estrofes que também retrata vários fatos e também

contém rimas‖.

O Informante Lit9: ―Conto: É pra mim conto e tipo daqueles conto de fadas ou

conto que podemos inventar‖.

No terceiro módulo, intitulado Leitura, dia 28/09/2016, com a participação de 25

alunos, procedemos à leitura do conto ―Uma amizade sincera‖, em Anexo X, de Clarice

Lispector, e o poema ―Soneto do amigo‖ de Vinicius de Moraes, em Anexo XII.

Primeiramente, apresentamos o título do conto ―Uma amizade sincera‖ e do poema

―Soneto do amigo‖ e lançamos as seguintes perguntas:

a) Você acha que o título já apresenta o tema?

b) De qual ou quais pessoas você se lembrou ao ouvir a palavra amizade?

Ao verificar o título, os alunos começam a levantar hipóteses sobre o conto, como

podemos observar pelos comentários:

Informante Lit01: ―Esperava uma amizade entre dois amigos inseparáveis e

que gostem das mesmas coisas, inclusive futebol‖;

Informante Lit20: ―Esperava um final feliz‖.

Após esse levantamento de hipóteses, houve há a leitura pela professora. Essa

estratégia foi é utilizada para que a leitura fosse de forma mais expressiva.

2º momento: Entregamos aos alunos o conto ―Uma amizade sincera‖, de Clarice

Lispector, Anexo X, e o poema ―Soneto do amigo‖, de Vinicius de Moraes, anexo XII, para

leitura, que foi realizada em duas etapas:

Leitura de reconhecimento, individual e silenciosa;

78

Leitura expressiva: do conto, por meio de um jogral, e do poema, pela

professsora.

O soneto foi declamado pela professora. Depois de lido por alguns alunos que se

interessam pela leitura oral, ocorreu uma discussão. Analisamos a temática, a estrutura, a

rima, as características do soneto, as figuras de linguagem, ou seja, a linguagem poética.

Em relação ao conto, os alunos se surpreenderam com o final do texto devido ao ar de

ironia que circula na fala do narrador ―... Cederia a alma? Mas afinal de contas quem queria

ceder a alma? Ora essa. [...]‖. A Informante Lit20 afirmou ―Gostei muito do texto da Clarice

Lispector, surpreendeu, pelo título eu esperava um texto normal, mas foi diferente‖.

Em seguida, os alunos preencheram um formulário com questões, em anexo XI –

Atividade de Leitura - que incitam a uma reflexão sobre o texto e, posteriormente, a uma

produção como conta a última questão: Agora é a sua vez! Que outro final você daria para

esse conto?

Na ficha de comentário a Informante Lit7 disse: ―O texto é muito bonito e é um dos

assuntos que mais gosto de comentar porque é bom, às vezes, as pessoas dizem ser sinceras

com seus amigos, mas na verdade estão sendo falsas, perceber o valor de uma grande

amizade‖.

Para o Intervalo I, selecionamos o conto ―A cartomante‖, de Machado de Assis, em

anexo XIV. O conto foi entregue a cada aluno para ler em casa e registrar as impressões que o

texto lhe causou.

No dia seguinte, 29/09, desenvolvemos o Intervalo I. A sala foi organizada em círculo

e os alunos começaram a apresentar seus registros e tecer comentários sobre o texto. Os

alunos chegaram e começaram a conversar sobre o texto. Com a finalidade de aproveitar a

oportunidade, pedimos para ler os comentários que registraram no Caderno de Literatura em

casa. A leitura foi circular, todos os presentes leram um parágrafo do conto. Após a leitura

houve uma encenação improvisada.

Para uma análise do conto, foi proposta uma atividade com questões, em Anexo XV,

que instigaram os alunos a compreenderem o enredo do conto, o título, a postura dos

personagens e o relacionamento humano.

Preocupados em garantir uma maior discussão sobre o conto, orientamos os alunos a

realizar a atividade em dupla, para estabelecer a intertextualidade entre os textos ―A

cartomante‖ de Machado de Assis, Anexo XIV, e do poema ―Quadrilha‖, Anexo XVI, para

79

realizar a leitura em casa. Os alunos foram orientados a ler e registrar, em casa, no Caderno de

Literatura, as impressões, ideias, dúvidas, expectativas, opiniões sobre o texto.

Entregamos a Atividade – A cartomante, em Anexo XV, para oportunizar uma

discussão sobre o texto, com duas questões. A Questão 1, a partir do comando ―Depois da

leitura ―A cartomante‖, de Machado de Assis, responda‖, tinha quatro letras, que

apresentamos com as respostas dos alunos:

a) Qual é a relação entre o título e o enredo do conto? A personagem ―Cartomante‖

assume um valor simbólico?

Informante Lit13: ―Sim. Pois esta presente no desenrolar da história‖;

Informante Lit2: ―O título cita a persoagem que aparace no enredo. Sim.‖.

b) Como a amizade é retratada no conto?

Informante Lit6: ―No começo é uma amizade perfeita, mas depois de uma

traição se torna em uma tragédia‖;

Informante Lit2: ―É semelhante com a vida real, uma amizade falsa. Muita

traição‖;

Informante Lit18: ―Bonita no início mais feia no final‖;

Informante Lit20: ―A amizade de Vilela e Camilo que depois se tornou uma

traição‖.

c) O narrador avalia o comportamento entre Rita e Camilo? Justifique.

Informante Lit Lit.12: ―que Camilo era ingênuo, já Rita era uma serpente,

sempre o seduzia‖.

d) Esse tipo de relação é socialmente valorizado?

Informante Lit13: ―Não, pois as pessoas não apóiam a traição‖;

Informante Lit20: ―Não, a sociedade discrimina, aponta, difama totalmente

quem pratica um ato de traição‖.

80

A Questão 2, com o comando ―Em uma leitura comparativa entre os contos ‗Uma

amizade sincera‘ e ‗A cartomante‘, responda‖, tinha duas letras, que reproduzimos com as

respostas dos alunos:

a) O enredo de ―A cartomante‖ segue uma sequência linear como em ―Uma amizade

sincera‖?

Informante Lit18: ―Não. O desenrolar da história é diferente‖;

Informante Lit20: ―É uma sequência diferente‖;

b) Tanto em ―A Cartomante‖ quanto em ―Uma amizade sincera‖, há relações de

amizade. Em que elas se assemelham ou se diferenciam? Explique sua resposta.

Informante Lit4: ―Uma amizade sincera‖, há relações de amizade‖;

Informante Lit16: ―Elas se assemelham porque fala da mesma coisa, uma

amizade, e se diferenciam em uma coisa: em ―Uma amizade sincera‖ é uma

amizade de velhos amigos e em ―A cartomante‖ é um triângulo amoroso e uma

traição entre amigos‖;

Informante Lit20: ―A semelhança e que no conto a Cartomante e Uma amizade

sincera ouve uma amizade desde a infância. Diferença é que o conto a

Cartomante ouve uma traição na amizade e no outro conto os amigos tiveram

um afastamento‖.

Verificamos que os alunos compreenderam a temática do texto e, principalmente,

compartilharam seu conhecimento sobre o conto. Para promover essa ação, nós estivemos

acompanhando as leituras e discussões, assumindo o papel de mediador na atividade proposta.

É válido citar Cosson (2012, p. 48), ao apresentar as três perspectivas metodológicas, entre

essas, destacamos a segunda perspectiva que é a técnica do andaime: ―Trata-se de dividir com

o aluno e, em alguns casos, transferir para ele a edificação do conhecimento. Ao professor,

cabe atuar como um andaime, sustentando as atividades a serem desenvolvidas de maneira

autônoma pelos alunos‖. Nessa perspectiva, o professor tem que permitir ao aluno a própria

construção do seu conhecimento, mas acompanhando o aluno nesse processo de

aprendizagem.

Discutido o texto ―A cartomante‖, foi entregue a ficha de comentários. Os alunos

mencionaram:

81

Informante Lit012: ―o texto é bem interessante apesar de o conto ser antigo, os

acontecimentos do texto são atuais, acontece muito esse tipo de triângulo

amoroso‖;

Informante Lit15: ―Eu achei interessante, pois aborda fatos que acontece muito

nos dias de hoje e que muitas pessoas ao descobrir que foi traído faz como

Vilela, tira a vida de um ser achando que é a melhor forma de acabar com

isso‖.

Para encerrar essa etapa, propomos o texto ―Quadrilha‖, de Carlos Drummond de

Andrade, em anexo XVI. Os alunos, Informantes Lit6 e Lit16, leram silenciosamente o poema

e depois leram para a turma. Logo, os alunos estabeleceram relação com o conto machadiano

e apontaram o desencontro amoroso no poema, porém com finais diversos. A atividade sobre

o poema ―Quadrilha‖, em anexo XVII, para esse texto abordamos os aspectos: temático, texto

e intertexto.

A atividade apresenta duas questões: uma que contempla apenas o poema ―Quadrilha‖

e a outra que estabelece a relação intertextual entre os textos anteriormente estudados, ―Uma

amizade sincera‖, ―A cartomante‖ e o ―Soneto do amigo‖.

Em relação à Questão 1, em Anexo XVII – Atividade sobre o poema ‗Quadrilha‘,

orientamos os alunos a responderem: ―a) O que seria, para você, um desencontro amoroso?;

b) Sabemos que quadrilha é uma dança folclórica organizada em pares. Diante disso, qual

poderia ser uma relação entre o título e os versos do poema?‖.

Em relação à letra a), obtivemos como resposta:

Informante Lit16: ―é a pessoa gosta de outra pessoa e essa não gosta dela mais

de outro‖.

Sobre a letra b), houve respostas como:

Informante Lit16: ―Que o poema fala em pares e a quadrilha só pode ser

dançada em pares‖.

Em seguida a questão número 1, letra c, ―Que crítica podemos apreender por meio do

poema?‖, o Informante Lit4 certamente encontrou dificuldade e não respondeu. No entanto, a

Informante Lit6 respondeu:

82

―O poema ele foi escrito há anos e podemos dizer que tem o mesmo problemas

nos dias de hoje o amor não correspondente‖.

Na Questão 2, propusemos a análise dos textos até aqui estudados: ―Uma amizade

sincera‖, ―A cartomante‖, ―Soneto do amigo‖ e ―Quadrilha‖. Em relação à letra ―a) Como os

desencontros são retratados nos contos e nos poemas? Há relação entre eles? São da mesma

natureza?‖, a reposta da Informante Lit6 foi minuciosa:

―Amizade sincera separação, Soneto do amigo sempre irá reencontrar. A

cartomante teve traição. Quadrilha amor não correspondido. Sim‖.

A Informante Lit4 abordou apenas os contos e disse:

―Os contos começa com uma grande amizade, e termina com um fim triste.

Sim.‖

Acerca da letra ―b) Diante da leitura dos textos, qual a sua percepção sobre o

comportamento humano?‖, obtivemos respostas:

Informante Lit6: ―Que o ser humano é frágil...‖;

Informante Lit12: ―É um comportamento imprevisível‖;

Informante Lit7: ―O ser humano faz as coisas sem pensar direito, trai, vão pra

longe, não pensa que sertas atitudes pode magoar outras pessoas‖;

Informante Lit21: ―Muito estranho, pois não sabemos entender os nossos

sentimentos‖.

Percebemos que Informante Lit7 analisou as situações descritas nos textos com

sensibilidade. Para ilustrar ainda a segunda questão dessa atividade, letra b, em Anexo XVII,

temos: ―Diante da leitura dos textos, qual a sua percepção sobre o comportamento humano?‖,

para qual o Informante Lit22 apontou que:

―O ser humano é muito imprevisível, complicam muito as coisas.‖

Através dessa resposta, é explícito que a aluna compreendeu o texto e formou sua

opinião a partir dos conflitos apresentados no poema. É válido salientar que os alunos

83

apresentaram suas opiniões e a todo o momento estabeleciam uma análise intertextual com os

textos lidos.

Na última questão dessa atividade, ―O que você considera uma verdadeira relação de

amizade ou de amor?‖, houve a seguinte resposta:

Informante Lit2: ―É quando você sente um certo sentimento pela pessoa e é

correspondido‖.

Verificamos que o aluno conseguiu sintetizar a sua opinião com uma frase clara e

objetiva. Dessa forma, podemos verificar que ele compreendeu a temática abordada nos

textos, refletiu e emitiu sua conclusão.

A escolha dos textos com a proposição de atividades teve o objetivo de promover a

leitura, a discussão e a reflexão, que instigaram os alunos a um envolvimento e a uma

interação com os textos e os colegas.

Por último, o módulo Interpretação, que, para Cosson (2012), é dividido em dois

momentos: um interior e o outro exterior. O momento interior é o mais íntimo, pessoal, mas

acima de tudo, ―é a interpretação feita com o que somos no momento da leitura‖ (COSSON,

2012, p. 65). Retomamos essa citação para reforçar a importância desse momento no ato da

leitura.

Segundo Cosson (2012), a interpretação ocorre em dois momentos: o primeiro para

interiorizar o texto; e o segundo para externalizar a apropriação do que foi lido,

compartilhando com outras pessoas a fim de formar uma comunidade de leitores. Sendo

assim, os alunos do 9º Ano I foram instigados a expressar suas ideias e impressões ao longo

da sequência básica em relação aos textos literários lidos.

Nessa etapa, foi sugerida aos alunos a produção de um poema com a temática

relacionamento, em anexo XVIII, ―Com base na temática sobre relacionamento dos textos

estudados nos módulos, produza um poema. Defina o tipo de relacionamento que deseja

contemplar: amizade ou amor. Pense na estrutura de um poema: versos, estrofes, rima (ou

não). Se achar conveniente, explore a linguagem visual para ilustrar o seu texto. Use e abuse

da sua criatividade.‖ O comando da proposta deixa claro que o aluno está livre para delimitar

a temática e a produzir o poema, com criatividade. Também foi mencionado que a produção

poética seria exposta no mural e alguns escolhidos para declamação.

Essa produção poética foi realizada por 20 alunos, sendo dispostas no Anexo XXIV.

Citamos como exemplo:

84

Amor

(Informante Lit5)

O amor muitas vezes se

Torna uma dor ou

Seria o inverso?

O amor é algo intransferível

Mas só de está com ele

O momento se torna inesquecível.

O amor que nos faz voar

Um sentimento mais puro que o ar

Eu quero alguém para amar.

Amizade

(Informante Lit10)

Amizade é como um jardim

De flores com cheiro de amor.

Amizade não é só diversão

É também ter um ombro

Na hora da decepção.

O amigo é um ser estimável

Onde se reflete como espelho

O seu eu.

Amigos de alma, de imaginação

Amigos de fé... de coração

Amizade

(Informante Lit4)

A amizade que eu quero

Ou a que espero

Será muito legal

Sairemos à noite para o carnaval.

Nossa amizade não será de cão e gato

Juntos iremos andar

Sem direção

85

Quem sabe até o infinito...

A amizade que eu quero,

Será de bons amigos.

A amizade é uma coisa

Que não podemos ver

Apenas podemos compreender.

A amizade de verdade

É de 1 em 1 milhão

O amigo de verdade sempre

Estará no meu coração.

A amizade

(Informante Lit1)

Para ter uma amizade

Precisa de ter sinceridade

De ter honestidade

E também felicidade

A amizade é tão importante

Que não podemos ficar sem

E quem tem

Diz ―amém!‖

A amizade é bela

E o amor também

E não se esqueça da alegria

Que sinto por você também.

Ao analisarmos os textos dos alunos do 9º ano I, refletimos as palavras de Roland

Barthes, em O prazer do texto, uma leitura dos desejos, funções e possibilidades do texto,

(2006, p. 19 -20):

Se aceito julgar um texto segundo o prazer, não posso ser levado a dizer: este

é bom, aquele é mau. Não há quadro de honra, não há crítica, pois esta

implica sempre um objetivo tático, um uso social e muitas vezes uma

cobertura imaginária. Não posso dosar, imaginar que o texto seja perfectível,

que está pronto a entrar num jogo de predicados normativos: é demasiado

isto, não é bastante aquilo; o texto (o mesmo sucede com a voz que canta) só

pode me arrancar este juízo, de modo algum adjetivo: é isso! E mais ainda: é

isso para mim! (BARTHES, 2006, p. 19-20).

Nas palavras de Barthes (2006), não podemos apontar adjetivos a um texto no que se

refere ao prazer que ele proporciona, a fim de querer rotulá-lo, qualificá-lo.

86

Desse modo, definimos organizar um ―Festival Literário‖, em Anexo XXI, com o

objetivo de compartilhar as experiências adquiridas no decorrer das atividades da sequência

básica e envolver mais leitores que nessa última etapa é crucial. Essa mostra foi realizada nas

dependências da Escola Estadual Cônego Clemente Laurens, no dia 04/10/2016. Os primeiros

horários foram destinados para organizar o ambiente, tarefa executada pelos alunos e

professora. Foram colocados os varais utilizados no Módulo 1 – Motivação: ―Varal

Biográfico de Clarice Lispector‖ e o ―Varal Laços de Amizade/Amor‖ com as fotos dos

alunos e seus melhores amigos. As fichas da dinâmica foram usadas nos cartazes a título de

informação e ornamentação. Os poemas produzidos pelos alunos foram afixados no painel

―Laços de Amizade/Amor‖, gentilmente confeccionado pela professora em uso da biblioteca.

Organizado o ambiente, todos se prepararam para receber os convidados e iniciar o festival.

Depois da realização da mostra, os alunos do 9º Ano I foram, em 07/10/2016, ao Asilo

Nossa Senhora da Conceição, em Jequitaí, para compartilhar as produções poéticas com os

idosos. No percurso da escola até o asilo, realizamos a ―Invasão Poética‖, com a distribuição

de poemas elaborados pelos alunos. Entregávamos aos passantes, aos comerciantes, aos

motoristas, nas caixinhas de correspondências, debaixo das portas, nos para-brisas dos

veículos. É importante destacar a surpresa daqueles que foram abordados para receber o

poema. Foi uma atividade diferente na cidade e prazerosa para todos os envolvidos.

Tudo ocorreu como o planejado, pois os alunos aparentemente não ficaram

intimidados em entregar os poemas a todos que encontrávamos e nas caixas de

correspondências, debaixo das portas, nos veículos, nos comércios. A entrega dos poemas

aconteceu com muita seriedade, mas sem perder a alegria e leveza características típicas da

idade. Um dos nossos objetivos, chamar a atenção da ―cidade‖ por causa da poesia, foi

alcançado, devido à turma de estudantes uniformizados em horário atípico instigou a

curiosidade de todos.

Já na Avenida Estados Unidos, um aluno, ao avistar o veículo da Polícia Militar,

acenou para o Sargento pedindo que parasse. Percebemos que isso causou certa curiosidade

no Sargento, no entanto, ele parou e aluno disse: ―Pare, por favor, Invasão Poética, um poema

para o senhor‖. Essa atitude provocou em todos, até mesmo no Sargento, risos, e foi, no

mínimo, uma atitude inusitada e cômica por se tratar de uma autoridade da qual geralmente

eles demonstram certo medo.

Continuamos a ―Invasão Poética‖ até chegar ao asilo. Lá, a maioria dos alunos revelou

que não o conhecia. Desse modo, percebemos que isso foi ponto positivo referente à proposta.

Fomos muito bem recepcionados pela cuidadora dos idosos. Ela fez questão de apresentar as

87

dependências do recinto e, concomitantemente, os idosos que estavam à vontade nas áreas e

jardim do asilo demonstraram muita alegria ao nos ver e nos abraçaram.

Em seguida, começou a distribuição dos poemas pelos alunos. De fato, invadimos as

dependências do asilo, para agradá-los e orientados pelo responsável, Juarez Oliveira.

Entregamos também pipoca a cada um idoso, no total, 47 instalados nesse local.

A duração da visita foi de aproximadamente uma hora, de poesia, conversa e atos de

amizade, pois muitas dessas pessoas não têm familiares, de forma que a família ―adotada‖ são

os funcionários e os demais moradores. Então, ao receber uma vista ficam felizes e

agradecidos, o que também sensibilizou os nossos alunos.

Muitos dos idosos pediram para que os alunos repetissem a leitura, e um, em especial,

por tratar a cuidadora de sua ―namorada‖, após ouvir a leitura de um poema que abordava a

temática sobre ―amor‖, ofereceu esse a ela. Os nossos alunos ficaram emocionados com essa

situação.

Devido o horário ser próximo do almoço deles, invadimos a cantina para entregar aos

funcionários o poema. Agradeceram e elogiaram a iniciativa. No recinto havia mais de cinco

funcionários e todos elogiaram a proposta e se envolveram declamando os poemas, tecendo

comentários e muitos relembraram o seu tempo de escola.

Nesses detalhes que percebemos todas as reflexões discutidas na nossa fundamentação

teórica, vimos o papel humanizador da literatura, nas palavras de Antonio Candido (1995),

sua função social, em especial, a estratégia metodológica de Cosson (2012), escolhida que de

fato propôs o letramento literário.

Ao sairmos do asilo nos acomodamos na rua, ou melhor, ao lado do local para

preenchermos a Ficha de Avaliação da Proposta de Intervenção – Sequência Básica, em

Anexo XXIII. Tivemos a participação para o preenchimento da ficha de 20 alunos, apenas 1

aluno não quis opinar sobre sua avaliação referente às atividades.

Os 19 alunos consideraram as atividades muito interessantes. Essa afirmação está é

baseada nos comentários da Ficha de Avaliação da Proposta de Intervenção, em Anexo XXIII,

que constatamos. Nessa primeira questão, ―Qual sua avaliação sobre as atividades

desenvolvidas‖, sugere uma justificativa, como os exemplos a seguir:

Informante Lit12: ―As atividades são interessantes pois são feitas para você

dar a sua opinião. Você pode demonstrar o seu jeito de pensar‖;

Informante Lit6: ―gostei muito, aprendir também e foi uma atividade que

podemos expressar sentimentos entre amigos‖;

88

Informante Lit5: ―Foi demais‖.

Ao ler esse comentário, recorremos ao texto Ler deveria ser proibido, da Guiomar de

Gramont (2009)9, que revela:

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos

outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o

individual e público,o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos,

porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de

compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida

(GRAMONT, 2009).

O texto da autora apresenta ironicamente os vários motivos que torna a ―leitura

proibida‖, afirmando claramente do poder incontrolável que a torna perigosa. A opinião da

Informante Lit10 sobre a sequência de atividade foi:

―Porque são várias atividades diferentes desenvolvidas.‖

Assim, como prova de interesse temos as palavras da Informante Lit21:

―Sim, gostei muito estudamos diversos poemas e contos gostei muito poderia

ter mais desses.‖

Reiteramos a importância da Ficha de Avaliação da Proposta de Intervenção para

descobrirmos o olhar dos nossos discentes sobre as atividades e o reflexo delas na vida e na

sociedade. Diante disso, citamos os comentários para ilustrar a questão 4, ―O que você pôde

aprender com a sequência de atividades‖ :

Informante Lit04: ―Eu aprendi que o poema é desvalorizado pela população‖;

Informante Lit01: ―Que a leitura é muito importante para nós e os amigos

também‖.

Com os comentários dos alunos percebemos o quanto foi prazeroso:

9 Disponível em: http://linguagensproducaodetexto.blogspot.com.br/2011/09/ler-devia-ser-proibido.html. Acesso

em: 2 de outubro de 2016.

89

Informante Lit17: ―Eu achei a Invasão Poética muito interessante para

compartilhar com os colegas. Foi legal tipo de brincadeira. A melhor parte foi

quando eu parei a rapinha da polícia todo mundo ficou de boca aberta. Quando

nós foi no asilo foi bom também tiramos fotos‖.

A meninice com seus encantos estava presente em todos os módulos do nosso projeto.

A Informante Lit20 comentou sobre a importância da leitura:

―Achei bem interessante a Invasão Poética, assim podemos atingir mais

pessoas com nosso gosto pela leitura‖.

Alguns expressaram a sua timidez em sair às ruas:

Informante Lit4: ―Eu gostei. Nós saímos da escola e fomos em direção ao

Asilo, saímos colocamos os poemas nas caixas de correio das pessoas. Eu

fiquei com um pouco de vergonha. Foi bom enquanto durou‖.

Como mencionamos, anteriormente, havia alunos que não conheciam o asilo. Vejamos

o comentário da Informante Lit1:

―Eu gostei porque eu nunca tinha ido no asilo. Nós fomos a pé e no caminho

nós entregamos poemas. Colocamos nas cachas de coreio, nos retrovisor.

Quando chegamos no asilo nós fomos muito bem recebidos‖.

A Informante Lit14 expressou a sua satisfação em alegrar os idosos:

―(...) gostei de ter ido pois podemos levar um pouco de alegria a eles e mostrar

o que estamos estudando. Foi a primeira vez que fomos fazer esse tipo de

trabalho e gostei muito da experiência‖.

Nos comentários tivemos um pouco de descrição do asilo e dos idosos. Conforme a

Informante Lit21:

―Eu gostei muito da visita do asilo porque eu nunca tinha ido achei muito lindo

o lugar cheio de rosas flores as pessoas de La são muito compreencivas

amigáveis e educados, os idosos também foram muito carinhosos e gentis

distribuímos pipocas e poemas para eles.oque eu mais gostei foi o soriso em

cada rosto deles é uma paz que agente sente ...o que é legal é a fisionomia das

pessoas de receber os poemas...é muito lindo o lugar você se desliga do mundo

90

das maudades das coisas erradas foi muito bom. Obrigada Marilia pela

oportunidade‖.

A sinceridade foi explícita na Ficha de Comentário do Informante Lit5:

―Eu gostei do passeio ao asilo por que quando estávamos indo entregamos

poemas com lindas mensagens e quando chegamos la no asilo fomos bem

recebidos e entregamos varias mensagens e eles ficaram muito felizes com a

nossa visita‖.

Os nossos alunos destacaram a receptividade no Asilo Nossa Senhora da Conceição:

―Informante Lit22: ―gostei da recepção pois são pessoas atenciosas e

educadas.‖.

Concluímos que o trabalho com a poesia se faz necessário no âmbito escolar, pois,

segundo Ivete Walty, em Teoria da literatura na escola (1944, p. 93), ―Assim é que não é de

se surpreender que, depois de atividades como essas, ele possa se perceber como fazedor de

texto‖ (grifo da autora). .

CONSIDERAÇÕES FINAIS

92

―A literatura nos ensina a melhor sentir, e como nossos sentidos não têm

limites, ela jamais conclui, mas fica aberta (...)‖

Antoine Compagnon, em Literatura para quê? (2009, p. 66)

Ao constatarmos que os alunos do 9º Ano I de uma escola pública do estado de Minas

Gerais não possuíam hábito de leitura literária, decidimos pautar esse problema na nossa

pesquisa com o objetivo de promover o letramento literário. Essa afirmação foi pautada a

princípio em um conhecimento empírico e comprovada a partir da aplicação de questionário

sobre a prática de leitura e desenvolvimento de enquete, instrumentos de coleta de dados que

permitiram obter informações imprescindíveis e minuciosas para delimitar a temática e o

gênero para o Projeto de Intervenção.

Esse projeto foi elaborado com a preocupação de mudar a realidade desses discentes,

pois almejamos ter despertado o gosto literário, de forma que os alunos não se limitassem em

apenas conhecer o mundo literário, mas fazer parte dele. Diante disso, a nossa pretensão não

era apenas um resultado positivo ao término da pesquisa, mas uma transformação na vida dos

nossos discentes.

Para tanto, a sensibilidade e a mediação do professor foi necessária para o

desenvolvimento do projeto, com o intuito de romper com barreiras diante da leitura literária.

Então, ao verificar que o gênero literário tem o poder de envolver o ser de forma mais íntima,

provocando sensações, emoções, reflexões, e, por outro lado, o desinteresse acerca da

literatura, resultado da análise do questionário, talvez pelo aluno não conhecer a importância e

o poder desse gênero, sentimos desafiados para esse tipo de trabalho.

É sabido que a resistência poderia existir de forma geral da turma ou por parte de

alguns, mas pensamos que a temática escolhida para abordar esse gênero poderia instigá-los e,

consequentemente, despertar as emoções e sentimentos dos quais o gênero poético se

encarrega de materializar através das suas especificidades e abrir as portas para as

possibilidades... dos sonhos...do encantamento.

Assim, a temática ―amizade‖ despertou os nossos alunos para a discussão, reflexão,

homenagens e declarações nas elaborações dos seus textos poéticos. Contudo, não podemos

nos esquecer de mencionar que, além da escolha dos gêneros e da temática, a seleção dos

textos foi e é de grande importância para o trabalho literário.

Assim, selecionamos alguns clássicos para oportunizar aos nossos alunos a

experiência literária: ―Uma amizade sincera‖, de Clarice Lispector, ―Soneto do amigo‖, de

Vinicius de Moraes, ―A cartomante‖, de Machado de Assis, e ―Quadrilha‖, de Carlos

93

Drummond de Andrade. Do gênero musical definimos Cláudia Leitte e Carol Celico, com a

música ―Mesma Luz‖.

Todos os textos foram entrelaçados pela temática ―amizade‖, que nesse projeto

optamos por trabalhar no seu sentido amplo. Além disso, há nos textos a presença do afeto, do

carinho, dos sentimentos que estão presente nos relacionamentos: na amizade propriamente

dita, nas paixões avassaladoras, no amor e por que não nos desencontros amorosos.

Diante disso, selecionamos a proposta da sequência básica de Cosson (2012) para ser a

nossa estratégia metodológica. Nesse sentido, compreendemos que a partir dessa sequência

foi possível, especificamente, valorizar a leitura literária como elemento essencial na

formação da cidadania, envolver os alunos nas atividades propostas e representar uma

oportunidade de acesso ao mundo da literatura.

Segundo essa estratégia metodológica, subdividimos o nosso projeto de intervenção

em IV módulos e a denominamos: Sequência Básica: Relacionamentos. Os módulos ou

etapas, assim chamadas por Cosson (2012), temos: motivação, introdução, leitura e

interpretação.

No Módulo I, Motivação, desenvolvemos uma dinâmica como mobilização. É sabido

o quanto os adolescentes gostam de atividades lúdicas, então, realizamos a ―Dinâmica do

Amor‖. Os alunos se surpreenderam com o vídeo, pois não o conheciam e demonstraram

gosto pela dinâmica, pois a atividade lúdica os fascina.

As fichas de comentários foram distribuídas para a turma para coletarmos informações

sobre o módulo. Nesse aspecto, concluímos que foi um dos pontos principais para o

direcionamento da pesquisa.

No Módulo II, Introdução, iniciamos com uma conversa informal sobre os escritores

Clarice Lispector e Vinicius de Moraes. Em seguida, apresentamos slides com imagens dos

escritores e das capas dos seus respectivos livros. Para finalizar esse módulo, desenvolvemos

a dinâmica da ―Tempestade de ideias‖ sobre os gêneros conto e poema.

Essa dinâmica nos possibilitou identificar as habilidades dos nossos alunos em relação

aos gêneros citados. Essa ―brincadeira‖ aconteceu de forma leve sem imposição ou cobrança

que inúmeras vezes ocorrem nos momentos de atividade.

O Módulo III, Leitura, propôs a leitura do conto ―Uma amizade sincera‖ de Clarice

Lispector, e do poema ―Soneto do amigo‖, de Vinicius de Moraes. Após uma leitura

expressiva do texto, foram propostas algumas questões a título de reflexão e também de

estrutura dos textos, a partir das características dos gêneros. Esse módulo foi muito interativo,

94

contando com a participação de todos os alunos, apontando, ainda, para a importância do

planejamento.

Em seguida, desenvolvemos o Intervalo, que teve o objetivo de estabelecer relações

entre os textos e inferir informações com base nos textos. Trabalhamos os textos ―A

cartomante‖, de Machado de Assis, e o poema ―Quadrilha‖ de Carlos Drummond de Andrade.

Os alunos, após ler os textos e serem questionados, registraram no Caderno de Literatura suas

impressões sobre os textos. Foi perceptível o nível de maturidade dos alunos ao tratar sobre

os problemas passionais que assombram a nossa sociedade e, concomitantemente, se

divertiram com a forma cômica com que Drummond aborda os desencontros amorosos.

O Módulo IV, Interpretação, foi a culminância da sequência básica, com o Festival

Literário. Nessa etapa, o objetivo foi produzir poemas explorando a temática, relacionamentos

e, principalmente, compartilhar as experiências literárias proporcionando um momento

literário na escola e na comunidade.

Interessante foram os comentários dos alunos, como, por exemplo:

―A professora Marília que nos ajudou a conseguir saber o que a gente temos

(sic) em nós mesmos pois não precisamos ser um poeta para fazer um poema

ou um conto‖ (Informante Lit9).

Esse comentário demonstra a sensibilidade da aluna além de instigá-la a escrita e

segurança para expor seu pensamento e seu texto. Também ressaltamos o comentário do

Informante Lit 12:

―O trabalho foi ótimo nós ganhamos novos conhecimentos‖.

Essas palavras, além de validar a nossa pesquisa, nos deixam felizes por descobrir que

um dos nossos objetivos foi alcançado com excelência, pois se torna gratificante mudar ou,

quiçá, melhorar a vida dos nossos discentes através do mundo mágico das palavras.

O Festival Literário foi o momento de exposição e partilha na escola com a

participação de todos os alunos do 9º Ano I, com apoio da supervisão e direção da escola.

Contamos, ainda, com a colaboração de alunos da outra escola, integrantes do coral da Igreja

Católica, para realizar o momento musical e encantar a todos com a música ―Amigos pela fé‖

e a ―I Mostra Poética‖ com as produções poéticas da turma.

Notamos a importância atribuída pelos alunos aos poemas, ao momento da leitura, às

análises, às brincadeiras ―respeitosas‖. Aqueles que revelaram suas paixões, ou até mesmo

95

aproveitaram para declarações e homenagens, como podemos citar fragmentos de alguns

poemas dos nossos alunos:

O amor que sinto por você

(Informante Lit9)

(...) ―Quero o seu coração,

Como as ondas são do mar

Sentir os seus braços a me lançar

E nós dois se realizar. (...) ‖

Amizade

(Informante Lit6)

―... Companheiro

Para todas as horas

De janeiro a janeiro

Em qualquer estação

Dentro do meu coração...‖

Amizades e Amores

(Informante Lit2)

―... Queria ser poeta,

Mas poeta não posso ser.

Poeta pensa muito

E eu só penso em você...‖

Nesses últimos versos temos o título que retoma a temática da sequência básica

―Relacionamentos‖ e explora a metalinguagem através da tentativa de explicar o porquê do eu

lírico não ser um poeta. Nos versos do poema anterior, notamos o quanto as rimas externas

são exploradas para entoar o texto e o uso das palavras que conotam puro sentimento como a

palavra ―coração‖, lócus dos inúmeros sentimentos e sensações que podemos ter.Enfim, com

esses versos identificamos que os alunos compreenderam a proposta, seguiram as orientações

e se envolveram para realizá-las.

O encerramento do ―Festival Literário‖ foi com a ―Invasão Poética‖ na cidade de

Jequitaí – MG, quando os alunos do 9º Ano I invadiram a comunidade com sua poesia, nas

avenidas principais, a praça até o Asilo Nossa Senhora da Conceição. Os alunos saíram

munidos com várias cópias dos seus poemas e entregavam aos passantes, colocavam nas

caixinhas dos correios, nos para-brisas dos carros, enfim, a ordem era espalhar poesia.

Foi uma atividade fascinante, porque dessa vez não era anúncios, propagandas,

abaixo-assinado, pedido... era poesia. Eram pessoas compartilhando suas experiências e,

96

implicitamente, fazendo um convite para participar dessa nova comunidade... comunidade de

leitores.

A sociedade deu uma resposta imediata, pois foi excelente a receptividade dos

cidadãos que foram ―aliciados‖ na entrega dos poemas. Temos, ainda, que contar que um

vendedor ambulante, após receber um poema e lê-lo,nos procurou para dizer, emocionado,

que aquelas palavras resumiam o momento que estava vivendo e que ficou muito feliz com ―o

presente‖.

Ainda relatando os episódios, temos que registrar o momento mágico que foi a visita

ao asilo, pois muitos alunos, jequitaienses, não conheciam. Foi uma surpresa grata ouvir esse

comentário e perceber a seriedade dos alunos no tratamento dos idosos. Entregaram os

poemas, conversaram, declamaram poesia e se sensibilizaram com os nossos velhinhos.

Temos a certeza que as poucas horas no asilo fizeram a diferença na vida dos nossos discentes

como também da dos nossos idosos. Até os funcionários da instituição se envolveram com a

proposta e compartilharam conosco esse momento poético, parabenizando-nos pela iniciativa

inovadora.

Nesse sentido, compreendemos que a partir da sequência básica foi possível elaborar

atividades com o objetivo geral de promover o letramento literário na escola, para,

especificamente, valorizar a leitura literária como elemento essencial na formação da

cidadania, envolver os alunos nas atividades propostas e representar uma oportunidade de

acesso ao mundo da literatura.

No decorrer da aplicação das atividades, percebemos que os alunos se envolveram na

apreciação estética e crítica do texto literário, podendo afirmar, de acordo aos comentários e

reações dos alunos, que essa pesquisa trouxe uma contribuição significativa na formação

leitora e a consequente ampliação do letramento literário.

Dessa forma, acreditamos que encontramos um caminho, entre vários, para

transformar um cenário de desinteresse pela literatura em um contexto de valorização do texto

literário, despertando a subjetividade do aluno e enriquecendo a sua perspectiva de vida.

REFERÊNCIAS

98

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Ano I, nº 02, julho de 2001.

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www.jornaldepoesia.jor.br//drumm.3.htm. Acesso em: 21 de setembro de 2016.

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em: 21 de setembro de 2016.

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Helena T.C. de; BORTOLIN, Sueli; SILVA, Rovilson José da. Leitura: mediação e

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CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. Trad. Nilson Moulim. São Paulo: Companhia das

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Paulo: Duas Cidades, 1995, p. 249.

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com literatura. São Paulo: Atual, 2005.

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Oficial do Estado de São Paulo: Editora Unesp, 2009, p. 77.

COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009, p. 66.

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2012.

99

COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2014, p. 49-

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COSTA, Maria Lélia da Silva Torquato. Metodologia do projeto técnico. Manaus: CETAM,

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

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KOCH, Ingedore Vilhaça. Ler e escrever: estratégias de produção textual, 2015, p. 31.

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LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Editora Ática,

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LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa

bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos. São Paulo: Atlas, 1992.

LEITTE, Claudia; CELICO, Carol. Mesma luz. Disponível em:

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100

LEITURA EM REVISTA. Entrevista com Vicent Jouve, autor de A leitura. Tradução de

Brigitte Hervot. Cátedra UNESCO de Leitura, PUC – Rio, n.1, out. 2010, p. 1.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez Editora, 1994.

LISPECTOR, CLARICE. Uma amizade sincera. Disponível em: http://www.contioutra.com/

uma-amizade-sincera-um-conto-de-clarice-lispector/#ixzz4KdIAc93k. Acesso em: 10 de

setembro de 2016.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas.

São Paulo: Atlas, 2014.

MEIRELLES, Elisa. Literatura, muito prazer. Revista Nova Escola. Disponível em:

https://acervonovaescola.org.br/língua-portuguesa/pratica-pedagogica/literatura-muito-prazer.

Acesso em: 27 de janeiro de 2016.

MENDONÇA, Márcia. Análise Linguística: refletindo sobre o que há de especial nos gêneros.

In: SANTOS, Carmi Ferraz; MENDONÇA, Márcia; CAVALCANTI, Marianne C. B. (Orgs.).

Diversidade textual: os gêneros na sala de aula. 1 ed.. , 1 reimp. Belo Horizonte: Autêntica,

2007, p. 78.

MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2009.

MOISÉS, Massaud. Análise literária. São Paulo: Cultrix, 2007, p. 44.

MORAES, Vinicius de. Soneto do Amigo. Disponível em:

https://pensador.uol.com.br/soneto_da_amizade_vinicius_de_moraes. Acesso em: 21 de

setembro de 2016.

PAULINO, Graça; COSSON, Rildo. Letramento literário: para viver a literatura dentro e fora

da escola. In: RÖSING, Tânia M.K; ZILBERNAM, Regina (Org.). Escola e leitura: velha

crise, novas alternativas. São Paulo: Global, 2009.

PAULINO, Graça; WALTY, Ivete (Orgs.). Teoria da literatura na escola: atualização para

professores de I e II graus. Belo Horizonte: Ed. Lê, 1994. p. 85-93.

ROJO, Roxane. A concepção do leitor e produtor nos PCNs: ―Ler é melhor que estudar‖. In:

FREITAS, Maria Teresa; Costa, Sérgio Roberto. Leitura e escrita na formação de

professores. Juiz de Fora: UFJF/ Musa Editora, 2002, p. 39.

SILVA, Ezequiel Teodoro da. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova

pedagogia da leitura. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2002, p. 45.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

SOARES, Magda. O que é letramento? Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p. 3.

THIOLLENT, Michel. Metodologia de Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 1985, p. 14.

101

ZILBERMAN, Regina. A leitura na escola. In: ZILBERMAN, Regina. Leitura em crise na

escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

ZILBERMAN, Regina. Que literatura para a escola? Que escola para a literatura? Revista do

Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade de Passo Fundo, v.5, n.1, jan/ jun. de

1986, p. 9-20.

ZILBERMAN, Regina A escola e a leitura de literatura. In: RÖSING, Tânia M. K.;

ZILBERNAM, Regina (Org.). Escola e leitura:velha crise, novas alternativas. São Paulo:

Global.

ANEXOS

103

Nesta seção, organizamos os instrumentos de análise de dados, os textos e as atividades

utilizados no Projeto de Intervenção. Denominaremos como Anexos I, II e III para os

instrumentos de análise de dados e a sequência para os demais textos e as atividades que

foram elaboradas e aplicadas no Projeto de Intervenção.

104

ANEXO I – Entrevista

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

ENTREVISTA COM O PROFESSOR QUE ATUA NA BIBLIOTECA

Nome:__________________________________________________________________

Titulação:_______________________________________________________________

Turno:__________________________________________________________________

Data:___________________________________________________________________

Caro colega,

Na tentativa de obter bons resultados no meu Projeto de Intervenção, solicito sua

compreensão e participação. Dessa forma, por gentileza, responda às questões abaixo com

muita sinceridade.

1. Há quanto tempo você trabalha na biblioteca desta escola?

_________________________________________________________________________

2. Quais as razões para que você tenha feito essa escolha?

_________________________________________________________________________

3. Quais são as principais tarefas executadas por você aqui?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

4. Como você descreve o espaço físico da biblioteca?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

5. Quais os gêneros mais escolhidos pelos alunos desta instituição?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

105

6. Você lê livros literários com qual frequência?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

7. Você acha que os Projetos de Leitura desenvolvidos pelos professores de Língua

Portuguesa, supervisoras e gestoras poderiam ser modificados em algum aspecto? Qual

(is)?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

8. Qual a sua contribuição para executar o trabalho de incentivo e promoção de leitura?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

9. Quais ações os professores podem executar para motivar a leitura?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

10. Há ações dos professores das disciplinas para motivar a prática de leitura?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

Agradeço a sua colaboração,

Marília de Aquino Araújo

106

ANEXO II – Questionário

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

QUESTIONÁRIO – PRÁTICA DE LEITURA

ESCOLA ESTADUAL CÔNEGO CLEMENTE LAURENS

Público alvo: Alunos do 9º ano 1 Turno: Matutino

Querido aluno (a),

Gostaria que respondesse às questões abaixo com muita sinceridade e atenção. Desejo

conhecê-lo um pouco mais como leitor a partir das respostas apresentadas.

I. Identificação

Nome do (a) aluno (a):________________________________________________________

Sexo:______________

Idade:_____________

II. Questionário

1. Onde você aprendeu a ler?

a. ( ) escola

b. ( ) em casa

c. ( ) outros. Cite:_________________________________________________________

2. Você tem algum livro? ( ) sim ( ) não

Em caso afirmativo, cite o livro ou o nome do autor:

_______________________________________________________________________

3. Qual o livro que marcou a sua vida?

_______________________________________________________________________

4. O que chama mais sua atenção em um livro?

a. ( ) capa b. ( ) título da obra c. ( ) quantidade de páginas

d. ( ) imagens no interior do livro

5. Qual tipo de leitura chama sua atenção?

a. ( ) informativa

b. ( ) feminina

c. ( ) esportiva

d. ( ) humorística

e. ( ) erótica

f. ( ) literária

g. ( ) outros______________________________________________________________

107

6. Gosta de ler?

a. ( ) sim

b. ( ) não

c. ( ) às vezes, sente facilidade em compreender, outras vezes, não.

Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

7. Quantos livros você lê por ano?

a. ( ) 1 livro

b. ( ) 2 livros

c. ( ) 3 livros

d. ( ) mais de 3 livros

e. ( ) só os indicados na escola

f. ( ) não leio

8. Quando um professor pede a leitura de um livro, você o lê na íntegra/completo?

a.( ) sim

b. ( ) às vezes

c. ( ) não

d. ( ) pesquisa na internet resumos e comentários sobre o livro

9. Com que frequência você visita a biblioteca da sua escola?

a. ( ) sempre

b. ( ) às vezes

c. ( ) só quando solicitado por algum professor

10. Quando visita a biblioteca, é para:

a. ( ) escolher livremente um livro

b. ( ) buscar um livro indicado pelo professor

c. ( ) assistir aos filmes e/ou slides, pois a sua biblioteca também é um espaço para essas

situações.

108

ANEXO III – Enquete

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Enquete

Nome:______________________________________________________________

Série:_______________________________________________________________

Escola Estadual Cônego Clemente Laurens

Disciplina: Língua Portuguesa

Professora: Marília Araújo

Querido (a) aluno (a),

Este questionário tem como objetivo explorar as suas preferências quanto a tipos de

textos e livros, tanto para o objetivo escolar quanto para lazer. Seja sincero ao responder as

questões abaixo.

01. O que chama mais sua atenção?

( ) romance

( ) poema

( ) crônica

( ) conto

02. Qual livro você leu e gostou tanto que repetiu a leitura?

______________________________________________________________________

03. Qual o livro gostaria de receber de presente?

______________________________________________________________________

04. Para você, um bom livro apresenta:

( ) suspense

( ) drama

( ) casos policiais

( ) aventura

( ) amor

05. Agora marque abaixo os temas que despertam seu interesse:

( ) namoro

( ) família

( ) amizade

( ) drogas

( ) meio ambiente

( ) saúde

109

( ) violência contra a mulher

( ) esporte

( ) preconceitos

( ) política

( ) religião

06. Há mais algum tema que não foi mencionado, mas que deseja acrescentar?

( ) sim. Cite:__________________________________________________________

( ) não.

07. Qual tema já foi muito comentado nas aulas, na escola ou até mesmo na mídia, e, por

isso, você não gostaria de desenvolver nenhum trabalho sobre ele?

______________________________________________________________________

08. Há alguma atividade que você deseja incluir no próximo ―Projeto de Leitura da Escola‖?

( ) peça teatral

( ) pequeno vídeo

( ) declamação de poema

( ) leitura dramatizada

( ) paródia

( ) concurso musical

( ) concurso de poesia

( ) outros. Quais?_______________________________________________________

09. Na questão anterior, mencionamos ―concurso musical‖. Qual gênero musical/ritmo é o

seu preferido?

( ) forró

( ) hip hop

( ) samba

( ) funk

( ) outros_____________________________________________________________

10. Qual grupo musical ou banda que você mais curte?

______________________________________________________________________

11. O que acha quando o professor oferece uma sessão ―cine‖ nas aulas?

( ) gosta muito

( ) gosta

( ) não gosta desse tipo de atividade

Obrigada pela sua colaboração!

―Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem

todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é

a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em

todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.‖

Willian Shakespeare

110

ANEXO IV – Música

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

MÚSICA: MESMA LUZ de Claudia Leitte e Carol Celico

(Carol Celico)

Foi assim, que um dia sozinho eu te vi

Coração que falou ao meu, sem imaginar

Te encontrei, te encontrei

(Claudia Leitte)

Você tem, uma luz, um reflexo de Deus

Sua voz, alegria e canção

Amizade sincera é assim, é assim

REFRÃO (Carol Celico)

Comigo você pode contar e também confiar

Qualquer dia e hora, em qualquer lugar

(Claudia Leitte)

Você pra mim é mais que um irmão

Aliança de fé, amizade que é fruto

Do sonho de Deus

(Claudia Leitte)

Foi assim, que um dia sozinho eu te vi

Coração que falou ao meu, sem imaginar

Te encontrei, te encontrei

(Carol Celico)

Você tem, uma luz, um reflexo de Deus

Sua voz, alegria e canção

Amizade sincera é assim, é assim

REFRÃO (3X)

111

ANEXO V – Atividade de Motivação

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Doutora Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens - Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Data: _____/_____/2016

Módulo I – Motivação

Tema: Amizade

Aluno (a):______________________________________________________________

Atividade

01. Depois da apresentação do vídeo da música ―Mesma luz‖ 10

, de Cláudia Leitte e Caroline

Celico, responda:

a) Você já conhecia a música ou o vídeo?

b) Você gostou do vídeo? Por quê?

c) Qual a relação entre o título ―Mesma luz‖ e o conteúdo da música? O que esse título

pode representar ou significar?

d) O cenário foi organizado com base na música? Explique.

e) O que chamou sua atenção no vídeo? Por quê?

f) Há palavras apontadas na dinâmica que estão presentes na música? Quais?

g) Esse vídeo fez você se lembrar de alguém? Quem? Por quê?

10

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hiY6FdEj9GY. Acesso em: 17 de setembro de 2016.

112

ANEXO VI – Ficha de Comentário

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento Literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens – Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Módulo I – Motivação – Tema: Amizade Data: _____/_____/2016

Aluno (a):______________________________________________________________

Ficha de Comentário

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

113

ANEXO VII – Atividade de Introdução

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Doutora Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens - Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Data: _____/_____/2016

Módulo II – Introdução

Atividade

Aluno (a): ______________________________________________________________

01. Apresentação dos escritores

Após visualizar os slides sobre os escritores Clarice Lispector e Vinicius de Moraes,

responda:

a) Você conhece esses autores?

b) Já leu algum texto de Clarice Lispector ou de Vinicius de Moares?Qual foi a temática

abordada no texto?

c) Qual a relação entre as imagens dos escritores? O que representam?

02. Apresentação das obras

Depois de analisar a capa dos livros de Clarice Lispector e de Vinicius de Moraes, explique:

a) O que os títulos indicam ou significam?

b) Que temática provavelmente os textos abordam?

c) Que possível relação entre imagem e título pode ser estabelecida?

d) Que recursos foram utlizados nas imagens nas capas? Qual a intenção desses recursos?

114

ANEXO VIII – Tempestade de ideias

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Doutora Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens - Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Data: _____/ 09/2016

Módulo II – Introdução

Atividade

Aluno (a):_____________________________________________________________

03. Tempestade de ideias

Comente o que você sabe sobre os gêneros ―conto‖ e ―poema‖, em poucas palavras.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

115

ANEXO IX – Ficha de Comentário

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento Literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens – Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Módulo II – Tema: Introdução Data: _____/_____/2016

Aluno (a):______________________________________________________________

Ficha de Comentário

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

116

ANEXO X – Conto ―Uma amizade sincera‖

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Doutora Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens - Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Data: _____/ 09/2016

Módulo III - Leitura

Atividade

Aluno (a): ______________________________________________________________

01. Leitura do conto ―Uma amizade sincera‖ de Clarice Lispector.

Texto : Conto “ Uma amizade sincera” de Clarice Lispector11

Não é que fôssemos amigos de longa data. Conhecemo-nos apenas no último ano da

escola. Desde esse momento estávamos juntos a qualquer hora. Há tanto tempo precisávamos

de um amigo que nada havia que não confiássemos um ao outro. Chegamos a um ponto de

amizade que não podíamos mais guardar um pensamento: um telefonava logo ao outro,

marcando encontro imediato. Depois da conversa, sentíamo-nos tão contentes como se nos

tivéssemos presenteado a nós mesmos. Esse estado de comunicação contínua chegou a tal

exaltação que, no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição

um assunto. Só que o assunto havia de ser grave, pois em qualquer um não caberia a

veemência de uma sinceridade pela primeira vez experimentada.

Já nesse tempo apareceram os primeiros sinais de perturbação entre nós. Às vezes um

telefonava, encontrávamo-nos, e nada tínhamos a nos dizer. Éramos muito jovens e não

sabíamos ficar calados. De início, quando começou a faltar assunto, tentamos comentar as

pessoas. Mas bem sabíamos que já estávamos adulterando o núcleo da amizade. Tentar falar

sobre nossas mútuas namoradas também estava fora de cogitação, pois um homem não falava

de seus amores. Experimentávamos ficar calados – mas tornávamo-nos inquietos logo depois

de nos separarmos.

11

Disponível em: http://www.contioutra.com/uma-amizade-sincera-um-conto-de-clarice-lispector/#ixzz4KdIAc93k

Acesso em: 10 de setembro de 2016. .

117

Minha solidão, na volta de tais encontros, era grande e árida. Cheguei a ler livros apenas

para poder falar deles. Mas uma amizade sincera queria a sinceridade mais pura. À procura

desta, eu começava a me sentir vazio. Nossos encontros eram cada vez mais decepcionantes.

Minha sincera pobreza revelava-se aos poucos. Também ele, eu sabia, chegara ao

impasse de si mesmo. Foi quando, tendo minha família se mudado para São Paulo, e ele

morando sozinho, pois sua família era do Piauí, foi quando o convidei a morar em nosso

apartamento, que ficara sob a minha guarda. Que rebuliço de alma. Radiantes, arrumávamos

nossos livros e discos, preparávamos um ambiente perfeito para a amizade. Depois de tudo

pronto – eis-nos dentro de casa, de braços abanando, mudos, cheios apenas de amizade.

Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é matéria de salvação.

Mas todos os problemas já tinham sido tocados, todas as possibilidades estudadas.

Tínhamos apenas essa coisa que havíamos procurado sedentos até então e enfim encontrado:

uma amizade sincera. Único modo sabia, e com que amargor sabia, de sair da solidão que um

espírito tem no corpo.

Mas como se nos revelava sintética a amizade. Como se quiséssemos espalhar em longo

discurso um truísmo que uma palavra esgotaria. Nossa amizade era tão insolúvel como a soma

de dois números: inútil querer desenvolver para mais de um momento a certeza de que dois e

três são cinco. Tentamos organizar algumas farras no apartamento, mas não só os vizinhos

reclamaram como não adiantou.

Se ao menos pudéssemos prestar favores um ao outro. Mas nem havia oportunidade,

nem acreditávamos em provas de uma amizade que delas não precisava. O mais que podíamos

fazer era o que fazíamos: saber que éramos amigos. O que não bastava para encher os dias,

sobretudo as longas férias. Data dessas férias o começo da verdadeira aflição.

Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sinceridade, ele passou a ser uma acusação

de minha pobreza. Além do mais, a solidão de um ao lado do outro, ouvindo música ou lendo,

era muito maior do que quando estávamos sozinhos. E, mais que maior incômoda. Não havia

paz. Indo depois cada um para seu quarto, com alívio nem nos olhávamos.

É verdade que houve uma pausa no curso das coisas, uma trégua que nos deu mais

esperanças do que em realidade caberia. Foi quando meu amigo teve uma pequena questão

com a Prefeitura. Não é que fosse grave, mas nós a tornamos para melhor usá-la. Porque então

já tínhamos caído na facilidade de prestar favores. Andei entusiasmado pelos escritórios de

conhecidos de minha família, arranjando pistolões para meu amigo. E quando começou a fase

de selar papéis, corri por toda a cidade – posso dizer em consciência que não houve firma que

se reconhecesse sem ser através de minha mão.

Nessa época encontrávamo-nos de noite em casa, exaustos e animados: contávamos as

façanhas do dia, planejávamos os ataques seguintes. Não aprofundávamos muito que estava

sucedendo, bastava que tudo isso tivesse o cunho da amizade. Pensei compreender por que os

noivos se presenteiam, por que o marido faz questão de dar conforto à esposa, e esta prepara-

lhe afanada o alimento, por que a mãe exagera nos cuidados ao filho. Foi, aliás, nesse período

que, com algum sacrifício, dei um pequeno broche de ouro àquela que é hoje minha mulher.

Só muito depois eu ia compreender que estar também é dar.

Encerrada a questão com a Prefeitura – seja dito de passagem, com vitória nossa –

continuamos um ao lado do outro, sem encontrar aquela palavra que cederia a alma. Cederia a

alma? Mas afinal de contas quem queria ceder a alma? Ora essa.

118

Afinal o que queríamos? Nada. Estávamos fatigados, desiludidos.

A pretexto de férias com minha família separamo-nos. Aliás, ele também ia ao Piauí.

Um aperto de mão comovido foi o nosso adeus no aeroporto. Sabíamos que não nos veríamos

mais, senão por acaso. Mais que isso: que não queríamos nos rever. E sabíamos também que

éramos amigos. Amigos sinceros.

119

ANEXO XI – Atividade de Leitura

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Doutora Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens - Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Data: _____/ 09/2016

Módulo III – Leitura

Aluno (a): ______________________________________________________________

Atividade

01. Depois de ler o conto ―Uma amizade sincera‖, responda às seguintes questões:

a) Você acredita que existe amizade sincera? Por quê?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b) Quais são os aspectos do texto que o caracterizam como um conto?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

c) O que seria uma ―amizade sincera‖, no início da narrativa?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

d) O narrador afirma que ―Mas uma amizade sincera queria a sinceridade mais pura‖.

Esse jogo entre ―sincera‖ e ―sinceridade‖ cria qual efeito de sentido? Em outras

palavras, qual seria a intenção do narrador ao fazer esse jogo?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

120

e) Em certa parte do conto, o narrador aponta que estavam ―mudos, cheios apenas de

amizade‖. O que esse trecho revela em relação à amizade entre os dois?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

f) Há ironia por parte do narrador ao falar sobre a amizade? Justifique.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

g) No último parágrafo, temos: ―Um aperto de mão comovido foi o nosso adeus no

aeroporto. Sabíamos que não nos veríamos mais, senão por acaso. Mais que isso: que

não queríamos nos rever. E sabíamos também que éramos amigos. Amigos sinceros.‖

O que seria, agora, uma amizade sincera?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

h) Agora é a sua vez! Que outro final você daria para esse conto?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

121

ANEXO XII – Soneto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Doutora Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens - Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Data: _____/ 09/2016

Módulo III - Leitura

Aluno (a): ______________________________________________________________

02. Leitura expressiva do poema de Vinicius de Moraes “Soneto do Amigo”

Soneto do Amigo12

Enfim, depois de tanto erro passado

Tantas retaliações, tanto perigo

Eis que ressurge noutro o velho amigo

Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado

Com olhos que contêm o olhar antigo

Sempre comigo um pouco atribulado

E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano

Sabendo se mover e comover

E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica

Que só se vai ao ver outro nascer

E o espelho de minha alma multiplica.

12

Disponível em: https://pensador.uol.com.br/soneto_da_amizade_vinicius_de_moraes. Acesso em: 21 de

setembro de 2016.

122

ANEXO XIII – Atividade sobre o Soneto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento Literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens – Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Módulo III – Leitura Data: _____/_____/2016

Aluno (a):______________________________________________________________

Atividade

01. Depois de ler o poema ―Soneto do Amigo‖, responda às seguintes questões:

a) Que aspectos caracterizam o texto como um poema (soneto)?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b) No verso ―Sabendo se mover e comover‖, há um jogo com a linguagem?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

c) Em ―E o espelho de minha alma multiplica‖, que imagem da amizade é construída?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

02. A amizade é tema tanto do conto quanto no poema. Em uma leitura comparativa,

responda:

a) Em ―Eis que ressurge noutro o velho amigo/ Nunca perdido, sempre reencontrado‖, o

eu-lírico aponta algo sobre a amizade que também ocorreu em ―Uma amizade

sincera‖. O que seria?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b) A amizade é retratada da mesma forma nos dois textos? Explique.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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ANEXO XIV – Conto ―A Cartomante‖

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa: ―Letramento literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Doutora Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens - Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Data: _____/ 09/2016

Atividade 1: Intervalo

Aluno (a): ______________________________________________________________

Atividade

01. Leitura do conto ―A cartomante‖ de Machado de Assis.

A Cartomante

HAMLET observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa

filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de

novembro de 1869, quando este ria dela,por ter ido à véspera consultar uma cartomante; a

diferença é que o fazia por outras palavras.

— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela

adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou

a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela

continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que

você me esquecesse, mas que não era verdade...

— Errou! Interrompeu Camilo, rindo.

— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você

sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...

Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito,

que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso,quando tivesse algum receio, a melhor

cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por

essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...

124

— Qual saber! Tive muita cautela, ao entrar na casa.

— Onde é a casa?

— Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa;

eu não sou maluca.

Camilo riu outra vez:

— Tu crês deveras nessas cousas? Perguntou-lhe.

Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita

cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é

que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranquila e

satisfeita.

Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele,

em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe

lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa

vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos

os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo

não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento:

limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a

incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.

Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo,

não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais

que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga

Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das

Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha,

olhando de passagem para a casa da cartomante.

Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens.

Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de

magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo

médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um

emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma

dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo

arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.

— É o senhor? Exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é

seu amigo, falava sempre do senhor.

Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras.

125

Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas

do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa.

Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e

seis.

Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto

Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os

óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem

experiência, nem intuição.

Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de

Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou

do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o

faria melhor.

Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar

as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era

mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para

incorporá-lo em si próprio. Líamos mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo

ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser

agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de

Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as

mãos frias, as atitudes insólitas.Um dia, fazendo ele ano recebeu de Vilela uma rica bengala

de presente e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que

ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras

vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça,

em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de

Apolo.

Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.

Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se

acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o

veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo

sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou

que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando

folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades,

quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as

mesmas.

126

Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chama vai moral e pérfido,

e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas,

começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu

que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências

prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um

pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos

dura à aleivosia do ato.

Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-

la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo.Vimos que a cartomante restituiu-lhe

a confiança, e que o rapaz repreendeu-apor ter feito o que fez. Correram ainda algumas

semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não

podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de

Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento:

— a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e

pródigo.

Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela,

e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.

— Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com as das cartas que lá

aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...

Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio,

falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso

deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode

ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer

depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se,

sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso

de necessidade, e separaram-se com lágrimas.

No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já,

já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua,

advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava

matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou

todas essas cousas com a notícia da véspera.

— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no

papel.

127

Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada ela crimosa, Vilela

indignado, pegando da pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o

para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso

repugnava-lhe a ideia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia

achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à

rua, e a ideia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma

denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela

conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas

com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.

Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam

decoradas, diante dos olhos, fixas, ou então, — o que era ainda pior, — eram-lhe murmuradas

ao ouvido, com a própria voz de Vilela."Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem

demora." Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já,

para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto

imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou

a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse nada perdia, e a precaução era

útil. Logo depois rejeitava a ideia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção

do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.

"Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim..."Mas o mesmo trote do

cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo.

Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar, a rua estava atravancada com

uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de

cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante,

a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu

as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente

da rua.Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.

Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande,

extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as

velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar à primeira travessa, e ir

por outro caminho: ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa...

Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe,

muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no

cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros

concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:

128

— Anda! Agora! Empurra! Vá! Vá!

Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras

cousas: mas a voz do marido sussurrava-lhe a orelhas as palavras da carta: "Vem, já, já..." E

ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e

entrar. Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... Pensou rapidamente no inexplicável

de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários: e a mesma

frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que

sonha a filosofia...‖ Que perdia ele, se...?Deu por si na calçada, ao pé da porta: disse ao

cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os

degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não, viu nem sentiu nada. Trepou e

bateu. Não aparecendo ninguém, teve ideia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-

lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma

mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao

sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha,

mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes

sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.

A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, comas costas para

a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma

gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava,

rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de

quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três

cartas sobre a mesa, e disse-lhe:

— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...

Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.

— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...

— A mim e a ela, explicou vivamente ele.

A cartomante não sorriu: disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas

e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem,

transpuseram os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os

olhos nela curiosos e ansiosos.

— As cartas dizem-me...

Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não

tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo.

Não obstante, era indispensável muita cautela: ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor

129

que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu

as cartas e fechou-as na gaveta.

— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da

mesa e apertando a da cartomante. Esta se levantou, rindo.

— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...

E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a

mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava

um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando

duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha

um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.

— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar

buscar?

— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.

Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O

preço usual era dois mil-réis.

— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá,

vá, tranquilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu... A cartomante tinha já guardado a

nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela

embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga,

tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava

livre. Entrou e seguiu a trote largo. Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam

outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que

chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e

familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e

que fizera mal em demorar-se tanto; podia será algum negócio grave e gravíssimo.

— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.

E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que

formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta

com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara

o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o

resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas

crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro.

Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras

secas e afirmativas, a exortação: — Vá,vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a

130

barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com

os antigos,uma fé nova e vivaz.

A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora

e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos

para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do

futuro, longo, longo, interminável.

Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e

entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a

porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.

— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?

Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma

saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o

canapé, estava Rita morta e ensanguentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de

revólver, estirou-o morto no chão.

FIM

Fonte: ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. V. II.

Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro

http://www.bibvirt.futuro.usp.brA Escola do Futuro da Universidade de São Paulo Permitido

o uso apenas para fins educacionais.

131

ANEXO XV – Atividade – A cartomante

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Pesquisa: ―Letramento literário: muitos desafios, vários caminhos‖

Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia Silva Dionísio Santos

Local: Escola Estadual Cônego Clemente Laurens – Jequitaí/MG

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora: Marília de Aquino Araújo

Módulo III – Leitura – Intervalo 1 Data: _____/_____/2016

Aluno (a): ______________________________________________________________

Atividade

01. Depois da leitura do conto ―A cartomante‖, de Machado de Assis, responda:

a)Qual é a relação entre o título e o enredo do conto? A personagem ―Cartomante‖ assume

um valor simbólico?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b)Como a amizade é retratada no conto?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

c) O narrador avalia o comportamento entre Rita e Camilo?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

d) Esse tipo de relação é socialmente valorizado?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

02. Em uma leitura comparativa entre os contos ―Uma amizade sincera‖ e ―A cartomante‖,

responda:

a) O enredo de ―A cartomante‖ segue uma sequência linear como em ―Uma amizade

sincera‖?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

132

b) Tanto em ―A Cartomante‖ quanto em ―Uma amizade sincera‖, há relações de amizade. Em

que elas se assemalham ou se diferenciam? Explique sua resposta.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

133

ANEXO XVI – Poema ―Quadrilha‖

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Data: _____/ 09/2016

Atividade 3: Intervalo

Aluno (a): ______________________________________________________________

Quadrilha13

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o

convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto

Fernandes

que não tinha entrado na história.

13

Disponível em: www.jornaldepoesia.jor.br//drumm.3.htm . Acesso em: 21 de setembro de 2016.

134

ANEXO XVII – Atividade sobre o poema ―Quadrilha‖

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Data: _____/ 09/2016

Módulo 3: Intervalo

Aluno (a): ______________________________________________________________

Atividade

01. Após a leitura do poema ―Quadrilha‖, responda às questões:

e) O que seria, para você, um desencontro amoroso?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

f) Sabemos que quadrilha é uma dança folclórica organizada em pares. Diante disso, qual

poderia ser uma relação entre o título e os versos do poema?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

g) Que crítica podemos apreender por meio do poema?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

02. Depois da leitura dos contos ―Uma amizade sincera‖ e ―A cartomante‖ e dos poemas ―Soneto

do amigo‖ e ―Quadrilha‖, faça as questões:

a) Como os desencontros são retratados nos contos e nos poemas? Há relação entre eles?

São da mesma natureza?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b) Diante da leitura dos textos, qual sua percepção sobre o comportamento humano?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

135

c) O que você considera uma verdadeira relação de amizade ou de amor?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

136

ANEXO XVIII – Interpretação

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Data: _____/ 09/2016

Módulo: IV – Interpretação

Aluno (a): ______________________________________________________________

Atividade

01. Como base na temática sobre relacioanamento dos textos estudados nos módulos, produza

um poema. Defina o tipo de relacionamento que deseja contemplar: amizade ou amor. Pense

na estrutura de um poema: versos, estrofes, rima (ou não). Se achar conveniente, explore a

linguagem visual para ilustrar o seu texto. Use e abuse da sua criatividade.

_________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

137

ANEXO XIX – Ficha de Comentário

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Data: _____/ 09/2016

Módulo: IV – Interpretação

Aluno (a): ______________________________________________________________

Ficha de Comentários

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

Agradeço sua colaboração!!!

Abraço,

Profª Marília.

138

ANEXO XX – Invasão Poética

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Módulo IV – Invasão Poética Data: _____/_____/2016

Aluno (a): ______________________________________________________________

Ficha de Comentário

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

139

ANEXO XXI – Programação do Festival Literário

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“LetramentoLiterário:Muitos

Desafios,Vários Caminhos”

Festival Literário

04/10/2016

PROGRAMAÇÃO

Abertura: Marília de Aquino Araújo

Apresentações

Exposição do ―Varal Laços de Amor‖ e do ―Varal

Biográfico de Clarice Lispector‖;

I Mostra Poética;

Apresentação da biografia de Clarice Lispector;

140

―Soneto do amigo‖ declamado por Vítor, Isabela, Fábio e

Thaís, alunos do 9º ano 1;

Participação de Netinho, (poeta de Jequitaí), declamando o

poema ―Meu amigo‖ de sua autoria;

Hora da Homenagem ―Meus melhores amigos‖

videoclip;

Momento Musical – participação: Fernanda, Stella

(alunas da Escola Estadual Professor Luciano) e

Kennedy; Música ―Amigos pela fé‖.

07/10/2016

Invasão Poética na cidade e Visita ao Asilo Nossa

Senhora da Conceição.

141

ANEXO XXII – Lista de Presença do Festival Literário

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Módulo IV – Festival Literário Data: _____/_____/2016

Lista de Presença

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

142

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50

51

52

53

54

55

56

57

58

59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

80

81

82

83

84

85

86

87

88

143

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

100

144

ANEXO XXIII – Ficha de Avaliação da Proposta de Intervenção

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Avaliação da Sequência Básica Data: _____/_____/2016

Aluno (a): ______________________________________________________________

Ficha de Avaliação da Proposta de Intervenção

Sequência Básica

Caro(a) aluno(a), chegou o seu momento de avaliar as atividades realizadas. Sua opinião é

muito importante! Sinta-se à vontade para criticar!

Agradecida,

Profª. Marília

01. Qual sua avaliação sobre as atividades desenvolvidas?

a. ( ) Muito interessantes.

b. ( ) Interessantes.

c. ( ) Pouco interessantes.

d. ( ) Nada interessantes.

e. ( ) Prefiro não opinar.

Gostaria de justificar?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

02. Você considera que as atividades:

a. ( ) contribuíram para aprender sobre os gêneros conto e poema.

b. ( ) estimularam a leitura e a escrita.

c. ( ) despertaram o prazer ou a vontade em ler um texto literário.

d. ( ) possibilitaram aprender sobre os escritores estudados.

e. ( ) não foram significativas para minha aprendizagem.

f. ( ) não representaram momentos de leitura e de escrita.

g. ( ) não podem ser avaliadas.

h. ( ) _____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

145

03. Gostou de alguma atividade em especial? Explique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

04. O que você pôde aprender com a sequência de atividades?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

05. Gostaria de fazer algum comentário?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

146

ANEXO XXIV – Poemas produzidos pelos alunos

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Escola Estadual Cônego Clemente Laurens

Alunos: 9º ano 1 Data: 04/10/2016

Informante (Lit13)

Sem temer

Ouvi dizer nesse mundo

Tudo tem seu tempo e sua razão

Mas, então, me explica

Por que seu beijo

me deixa sem razão?

Nesse mundo louco eu aprendi a viver

Nessa brincadeira de viver e morrer

O importante é amar

Sem temer.

147

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MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Informante (Lit09)

O amor que sinto por você

O amor é tão belo

Que não consigo esquecer

E você é mais belo do que

O nosso amanhecer.

Se o amor acabasse

Não teria mais você

Pois você completou em tudo

o meu mundo.

A gente se completa com amor,

E eu me completo com o teu sorriso

E a gente vai viver de amor e carinho.

Quero viver de amor e de harmonia

Com você do meu lado dizendo

Tudo com alegria.

148

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Informante (Lit16)

O amor

O amor é tão bonito

Quando pode ser compreendido.

Ele tem que ser dado e recebido

Com o coração não abatido.

O amor nos faz flutuar pelo espaço

Ficamos leve como uma folha

Que o vento pode nos carregar

Para onde o nosso pensamento

nos levar.

O amor é tão significativo

Entre a mulher e o marido

Que gerar um fruto do amor

Que um dia pode ser colhido.

149

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Informante (Lit17)

Amizades e Amores

Queria ser poeta,

Mas poeta não posso ser.

Poeta pensa muito

E eu só penso em você.

Meu amor, você é a minha felicidade

Mas está se tornando apenas uma saudade.

A amizade tem segredos

E os segredos irei conhecer

Com os meus amigos vou amanhecer

Para descobrir e viver

Feliz.

150

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Informante (Lit14)

Tempestade de amor

Tempestade de momentos

É você no meu pensamento

Não consigo explicar,

Quero uma noite pra poder sonhar.

Quero o seu coração,

Como as ondas são do mar

Sentir os seus braços a me laçar

E nós dois se realizar.

Quero seu sorriso para me contagiar

Quero você para me completar

Viver nós dois na areia do mar.

151

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Informante (Lit24)

A amizade

O amor é uma coisa

Linda de viver

Pois um ama o outro

Não deixamos de viver

Todos que desejam o amor

Pode conviver com a alegria de alguém

O amor pode aparecer

O amor é sinceridade

Nela não pode ter maldade

A amizade é difícil de achar

mas quando você acha

só precisa cultivar

152

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Informante (Lit20)

O amor

O amor, ah, o amor! É mais que um sentimento

É calor que passa de um tormento

Amor é o sentimento que está no ar

É mais puro que as ondas do mar

Você só precisa ter a quem amar

O que eu sou sem amor?

Nada...

É aí que me vem uma saudade

Que dentro do meu peito arde

Meu amor foi embora pra outra cidade

153

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Informante (Lit06)

Amizade

Não é irmão de sangue

Mas te considero um

Tantos momentos

Altos entendimentos

Amigos não de hoje

Mas de tempos atrás

É carinho que cresce cada vez mais

Não se explica jamais

Companheiro

Para todas as horas

De janeiro a janeiro

Em qualquer estação

Dentro do meu coração

154

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Informante (Lit10)

Amizade

Amizade é como um jardim

De flores com cheiro de amor.

Amizade não é só diversão

É também ter um ombro

Na hora da decepção.

O amigo é um ser estimável

Onde se reflete como espelho

O seu eu.

Amigos de alma, de imaginação

Amigos de fé... de coração

O velho amigo nunca te deixa perdido

Sempre com seu olhar antigo

Sempre vai está contigo.

155

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Informante (Lit04)

Amizade

A amizade que eu quero

Ou a que espero

Será muito legal

Sairemos à noite para o carnaval.

Nossa amizade não será de cão e gato

Juntos iremos andar

Sem direção

Quem sabe até o infinito...

A amizade que eu quero,

Será de bons amigos.

A amizade é uma coisa

Que não podemos ver

Apenas podemos compreender.

A amizade de verdade

É de 1 em 1 milhão

O amigo de verdade sempre

Estará no meu coração.

156

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Informante (Lit01)

A amizade

Para ter uma amizade

Precisa de ter sinceridade

De ter honestidade

E também felicidade

A amizade é tão importante

Que não podemos ficar sem

E quem tem

Diz ―amém!‖

A amizade é bela

E o amor também

E não se esqueça da alegria

Que sinto por você também.

157

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Informante (Lit25)

A jovem apaixonada

Uma menina se apaixonou, por

um jovem cantor.

O jovem cantor

Nem para ela olhou.

Ela arrasada ficou,

E o coração dela se desmanchou.

Uma moça jovem

E apaixonada

Sem um namorado estava.

Sem amor e paixão,

Acabou morrendo de

solidão.

158

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Informante (Lit19)

Amizade

A amizade é muito interessante, mas sem

Amor não se torna importante.

Às vezes, a gente erra, mas a gente é Ser

Humano... como não errar?

A amizade é um presente,

Principalmente, na idade do adolescente.

A amizade é tudo até

Na hora do estudo.

Amizade é felicidade de viver, crer e compreender tem que ter respeito

E cumpri com os direitos.

Falsidade, mentira não se transforma em alegria,

Sem amor, sem respeito

A amizade não tem jeito.

159

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Informante (Lit7)

Amizade

A amizade é linda

Linda como as rosas

Com ela nos sentimos protegida

É vida

A amizade é verdadeira

Tem que ser do coração

Porque só pode sair da

Boca

As palavras de coração

Ela tem que ser sincera

Para viver na intensidade

Porque uma amizade inteira

Tem que existir de verdade.

O segredo de uma boa amizade

É você saber vivê-la com alegria

Para que você possa conviver com harmonia.

160

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Informante (Lit012)

Os efeitos do amor

Uma inspiração em um sentimento bobo

Mas por amor ficamos loucos

Cada sentimento é uma razão, mas

Por trás de tudo isso alguém que

Mexe com seu coração

Um olhar, um desejo

Ofereço um sorriso

para ganhar um beijo.

161

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Informante (Lit05)

Amor

O amor muitas vezes se

Torna uma dor ou

Seria o inverso?

O amor é algo intransferível

Mas só de está com ele

O momento se torna inesquecível.

O amor que nos faz voar

Um sentimento mais puro que o ar

Eu quero alguém para amar.

162

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Informante (Lit17)

Amizade

A amizade é igual

Para nós

O ideal

A amizade é legal

Para nós

É igual

A amizade é bonita

Deve ser infinita

163

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Informante (Lit03)

Mais que amor

Não sei como te falar

Nem sei como te dizer

Mais o amor que eu sinto por você

Não para de crescer.

Você me faz bem

Faz eu te amar

Quero está com você até o

meu amor passar.

Não tem tamanho o que eu

Sinto por você

Você é tudo

É a minha razão de

Viver.

164

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Informante (Lit22)

Amizade

Amizade é alegria e emoção

Junte-se com seus amigos

E se divirta de montão

A amizade é sinceridade

E acima de tudo lealdade

Não a nada melhor que a verdade

165

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Informante (Lit15)

Amor não tem ferida

Mas sim alegria

Amor tem riqueza

Amizade

Clareza.

O coração é grande

O amor sem ter fim.