Trabalho de Licenciatura (Expressões Rituais e Simbólicas na Pré e Proto-História)

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Universidade de Coimbra Faculdade de Letras Arqueologia e História 2012/2013 Deposições em meios húmidos na Idade do Bronze Disciplina: Expressões Rituais e Simbólicas na Pré e Proto-História Docente: Raquel Maria Rosa Vilaça Aluno: Rui Miguel das Neves Santo Email: [email protected]

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Universidade de Coimbra

Faculdade de Letras

Arqueologia e História

2012/2013

Deposições em meios húmidos na Idade do Bronze

Disciplina: Expressões Rituais e Simbólicas na Pré e Proto-História

Docente: Raquel Maria Rosa Vilaça

Aluno: Rui Miguel das Neves Santo

Email: [email protected]

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Introdução

No âmbito da disciplina de Expressões Rituais e Simbólicas na Pré e Proto-

História escolhi realizar um pequeno trabalho sobre as deposições em meio aquático.

Esta escolha vem um pouco ao encontro da vontade de querer saber, de que forma é que

o humano interage com a água e vice-versa, obviamente poderíamos falar muito sobre

esta problemática, no entanto, e tendo em conta a disciplina irei centrar-me mais na

questão das deposições e das suas razões, tendo sempre em consideração que elas eram

feitas por pessoas que habitavam e se movimentavam no território.

O presente trabalho foi dividido em três partes essenciais para a compreensão e

início do estudo sobre os depósitos em meios húmidos, não aprofundei demasiado a

temática no sentido em que optei por não colocar as diferentes concepções de vários

autores, mas apenas uma ideia que de forma geral vai de encontro aos trabalhos que

estão a ser produzidos actualmente. Dividi-o em três partes, sendo que a primeira e a

segunda se ocupam da definição de depósito em meio húmido, no entanto diferem de

uma para a outra porque ao paço que a primeira se ocupa da real definição, a segunda

parte tem como objectivo apresentar os vários tipos de depósito e as suas possíveis

razões. Na terceira e última parte apresento alguns casos de estudo.

O que são depósitos em meios húmidos?

O conceito de depósito não é muito consensual: tanto poderíamos falar de um

espaço próprio, fisicamente, semelhante a uma fossa ou silo mas com uma utilização

completamente diferente; ou simplesmente o acto de depositar algo num espaço menos

circunscrito. A deposição de artefactos independentemente da sua intenção é transversal

no tempo. Parte-se do princípio que o depósito teria uma intenção específica, desde a

demarcação territorial até ao ritual funerário tudo é especulado.

Sabemos que todo o animal independentemente do espaço ou tempo, para

sobreviver tem de consumir água. A sua importância obriga grupos de animais a

deslocarem-se durante vários quilómetros para matarem a sede, as comunidades

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humanas tentam quase sempre instalar-se o mais perto possível deste recurso, pois, além

do papel fundamental que representa para a sobrevivência física, ela também é

necessária para o cultivo e pode ter um papel de delimitação do território. A escassez e a

contaminação da água teriam efeitos devastadores numa comunidade, por essa razão era

necessário fazer uma escolha apropriada e geri-la o melhor possível. Muitos autores

interpretam-na como símbolo de regeneração, fertilidade, pureza e ao mesmo tempo tem

uma conotação ritual.

Falar de depósitos em meios aquáticos é mais complicado do que aquilo que se

possa pensar á partida. Uma vez que muitos achados são classificados como aquáticos

quando na verdade no momento da descoberta nem sequer estão na água, e pode

acontecer estarem bastante longe. Assim sendo, opta-se por falar nos depósitos em

meios húmidos. Esta alteração na nomenclatura advém do facto de o território estar em

constante alteração, o que pode fazer com que um artefacto que foi depositado no centro

de um rio, hoje esteja na sua margem ou o inverso.

De uma forma geral as deposições em meio terrestre entram em contraste com as

deposições em meio húmido, os primeiros são interpretados como depósitos profanos e

os segundos como depósitos sagrados (Vilaça, 2007, 47), mas esta não é uma

interpretação rígida, porque podem existir depósitos terrestres com intenção sagrada ou

depósitos em meio aquático com uma intenção meramente profana. No entanto a

irrecuperabilidade dos objectos é o principal factor de distinção.

Não esquecendo o facto, que as redes hidrográficas vão sofrendo alterações ao

longo do tempo, as conclusões tiradas sobre um local são com base naquilo que se

analisa á época da escavação. Ora assim sendo, importa referir outros sítios que se

inserem no estudo dos meios aquáticos mas que na realidade não se encontram dentro

de água. Estamos a falar dos “depósitos de margem” e dos “depósitos á beira-mar”,

sobre os quais me debruçarei mais no próximo tópico:

1. Nos “depósitos de margem” o artefacto pode estar depositado numa zona

seca, mas devido á subida do caudal das águas, pode ficar dentro da área

inundada. Mas aquilo que se vai ter em conta na hora de fazer um estudo

sobre a escavação, é o contexto arqueológico em que as peças se

encontravam. A maioria dos artefactos depositados são machados existindo

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em menor quantidade locais com armas, como exemplo: a espada de

Cacilhas e o conjunto de Solveira (Montalegre).

2. Os “depósitos de beira-mar”, também são depósitos de fronteira entre o

molhado e o seco. Mas neste caso a sua proximidade é ao mar e não ao rio.

Em Pontevedra, no sítio da Samieira foram encontrados 170 machados a

cerca de 45m do mar.

Considerações e Interpretações

O contexto em que um sítio é encontrado é fundamental para o percebermos,

mas ao mesmo tempo é necessário tentar recriar o próprio sítio ao longo dos tempos e

perceber a sua evolução ao longo dos milénios.

A deposição de artefactos em meios aquáticos certamente será transversal a toda

a história humana, basta por exemplo pensarmos no caso de Coimbra, actualmente,

onde os estudantes todos os anos colocam carros de compras no Rio Mondego. Na

Idade do Bronze, e tendo em conta aquilo que já foi encontrado até agora, a maioria dos

artefactos depositados seriam utensílios, maioritariamente machados, e algumas armas.

A dualidade existente entre os depósitos terrestres e os depósitos aquáticos leva-

nos a tentar perceber que tipos de factores poderiam ditar esta diferenciação no local de

deposição. A compreensão desta diferença por enquanto só pode ser especulada, e é o

que farei mais adiante.

Antes de tentarmos perceber as razões é preciso identificar algumas

transformações. No caso dos “depósitos de margem”, é consensual, que o sítio onde os

encontramos hoje em dia (em muitos casos) não seria o mesmo que na altura em que foi

depositado, ou seja, os artefactos podem ter sido depositados no centro de um rio mas

devido a processos variados, e completamente alheios ao Homem, os artefactos

poderiam ter acabado por ficar na margem. Margem que em alguns casos ainda é

alagada, em época de cheias, ou por outro lado poderá estar a vários metros do leito do

rio actual. Quanto aos “depósitos de beira-mar” a situação é em tudo idêntica aquilo

que acontece nos rios, uma vez que o mar também é influenciado por factores externos

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que vão alterando a sua zona de afectação no terreno, ou seja, se hoje o mar está a uma

determinada distância da costa à mil anos poderia estar cinquenta metros mais para

diante ou para atrás. Mas se recuarmos mais mil anos as oscilações do mar tornam-se

maiores, quer com isto dizer que é difícil definir uma área de “beira-mar”, se por

exemplo encontrarmos um machado de bronze a 500 metros da costa iremos dizer que é

uma deposição ligada ao rio, ou irá ser interpretado como achado isolado sem uma

razão aparente, sendo o descuido do seu proprietário a própria razão. Obviamente estas

conclusões dependem do sítio estudado, se for num local com grande propensão a

inundar e com características de baía certamente será interpretado como “depósito de

beira-mar”, mas se estas características não forem tão evidentes torna-se mais difícil

perceber o achado.

Outro tipo de deposições que devemos considerar, e que se inserem nas

anteriores, é os artefactos colocados nas fendas das rochas. Este tipo de deposição

mostra uma clara intenção da pessoa ou comunidade em colocar naquele local o

artefacto, uma vez que eles estariam limitados aos espaços que tivessem aquelas

características, já referi anteriormente o caso de Viana do Castelo.

Resta agora falar sobre algumas das interpretações mais frequentes para perceber

estes locais:

1. Oferendas a determinadas divindades relacionadas com a água, com o

objectivo de pedir ou agradecer algo;

2. Poderiam estar em locais de passagem habitual, como cruzamentos ou locais

de passagem a vau. Sítios relacionados com um certo misticismo, aventura,

perigo ou como locais de transição entre o mundo dos vivos e dos mortos, as

oferendas poderiam ser concedidas por habitantes da região ou por meros

viajantes. No caso dos romanos as deposições eram feitas aos Lares Viales, e

um dos objectivos seria valorizar as vias de comunicação;

3. A água também poderia ser vista como zona de fronteira, entre a área

habitada e o espaço desconhecido, e os artefactos poderiam ter como

objectivo delimitar essa fronteira;

4. Poderiam ser deposições relacionadas com rituais funerários, com o

objectivo de louvar um marinheiro ou um pescador. Mas esta poderá ser uma

conclusão controversa, devido ao tipo de materiais encontrados;

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5. Depósitos relacionados com trocas comerciais, esta conclusão tem como

base a descoberta de um conjunto de machados ainda com cone de fundição,

o que indica que não foram utilizados.

Outras interpretações podiam ser feitas sobre este tipo de deposições, mas estas

parecem-me ser as mais expressivas.

No entanto ao ler o livro de Ana M. Bettencourt, surgiu-me uma nova ideia que

não encontrei expressa em nenhum lado. É certo que as comunidades humanas viveriam

num determinado território e tinham de o percorrer, tanto para o explorar, como para o

experienciar. Uma forma de experienciar o território poderia passar por fazer gravuras e

pinturas rupestres na margem dos rios, mas será que elas não poderiam estar

relacionadas com algum tipo de deposições feitas no centro, ou na própria margem dos

rios junto às pinturas/gravuras. Arqueologicamente é difícil relacionar estes dois

factores, mas esta relação poderia dar um cunho mais comunitário á arte que teria como

objectivo homenagear determinada pessoa, desenhando-a e depositando um material

relacionado com a vida ou profissão do defunto.

Alguns exemplos

Os exemplos a ser apresentados de seguida são apenas uma pequena amostra de

todo o leque existente, têm a particularidade de terem sido todos encontrados por leigos

da arqueologia que depois os forneceram a alguém mais capacitado, quero com isto

dizer que não foram realizadas as devidas escavações, nem tão pouco se conhece o

“verdadeiro” sítio da deposição, aspectos que poderiam ajudar a perceber melhor os

locais e a retirar conclusões. Importa referir que um local seja ele qual for, tem uma

envolvência específica e boas conclusões só podem ser conseguidas tendo esse aspecto

em conta, nem sempre é possível ter esse tipo de informação quando estudamos estes

depósitos. Neste tópico não pretendo retirar conclusões específicas sobre os exemplos,

mas sim apresenta-los e questioná-los.

Na margem direita do rio Ceira, junto á foz do rio Arouce foram descobertos em

Barca (Lousã) um machado de talão [Fig. 1] e dois anéis. O mau estado de conservação

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de todo o espólio não permitiu identificar uma possível nervura central no machado, que

tem 21 cm de comprimento. Exaltar o facto de estar entre rios num possível local de

passagem (Vilaça, 2012). O facto de neste local terem sido encontrados objectos de

adorno pode levar-nos a pensar que existiria aqui uma deposição com um sentido mais

individual, ou seja, estes anéis poderiam ter sido pertença de alguém que falecera á

pouco tempo. Por outro lado o aparecimento do machado, e tendo em conta que ele é o

objecto mais banal nestas deposições dá-nos uma ideia completamente contrária à que

acabei de expor, assim sendo, poderia ter um significado mais comunitário ligado á

produção agrícola e às boas colheitas.

Quando se procedia á abertura de um rego para aí instalar um caminho em Vale

Branquinho (Castelo Branco), surgiu um machado de apêndices laterais possivelmente

da Idade do Bronze final [Fig. 2]. Relativamente próximo do local da descoberta mas a

uma cota altimétrica mais baixa, encontramos o local onde a ribeira do Seixo desagua

no rio Tripeiro, que por sua vez é um afluente do Ponsul. Além desta descoberta,

prospecções posteriores revelaram um cista (com uma cronologia anterior) num sítio

conhecido como Risca do Cuco, e também um possível local de habitat denominado

Cabeço dos Queijos ou Vale das Casinhas (Vilaça e Gabriel, 1999). A identificação de

um possível local de habitat contemporâneo e próximo da deposição, vai de encontro

aquilo que referi anteriormente, deixando antever que existiria uma circulação constante

de pessoas naquela área e portanto a deposição poderia ser feita num local específico

que já era conhecido das pessoas locais.

Por outro lado a existência de uma cista mesmo sendo de épocas mais recuadas,

certamente seria conhecida dos indígenas, isto leva-me a fazer uma questão: será que o

facto de depositarem artefactos ali tão perto estaria relacionado com estes

“monumentos”, como forma de louvar a memória de quem ali estava? Ou será que a

zona onde a cista e o depósito se encontram pertence a uma zona sagrada onde uma

procura mais atenta irá revelar novos locais de culto? Já para não falar que o sítio onde

foi depositado o machado está relativamente mais alto que o caudal do rio, que tipo de

significado pode isto ter, a que cota estaria o rio na época da deposição?

Em Solveira (Montalegre) foram descobertos quatro artefactos: um machado de

talão, com duplo anel, de 24 cm de comprimento; duas pontas de lança com cerca de

14,5 cm de comprimento cada; e um instrumento com uma forma parecida á de um

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garfo [Fig. 3]. O seu local de descoberta foi em Vale Travesso, estava a 1,30 metros de

profundidade e a 6 metros de distância “ […] e na margem direita de um regato que

corta de Sul para Norte o Vale Travesso e se vai depois lançar no rio da Assureira, que

corre de Poente para Nascente a Sul de Solveira.” (Costa, 1963, p.121), entre o local do

achado e o regato foi identificado um pequeno rego subterrâneo coberto com lajes

líticas. Neste local assistimos a uma riqueza de artefactos que dificulta qualquer tipo de

conclusão, em primeiro lugar acho que se deveria apurar se existiu algum e ritual de

comensalidade, assumindo que aquele garfo poderia ter um uso ligado á alimentação,

mas isto são conclusões impossíveis de tirar neste momento, restando-nos apenas a

especulação. Quero salientar também o facto de existir um rego com lajes por cima, a

sua colocação implicaria uma de duas coisas, ou não existiria um grande caudal e era

possível colocar as lajes de forma estruturada e possivelmente durante algum ritual, ou

então se o regato afinal não era assim tão pequeno de que forma é que foram ali

colocadas, aparentemente com uma certa ordem? Raquel Vilaça pergunta “Que caudal

teria o regato há cerca de 3000 anos?” (Vilaça, 2007, p.50),

O último sítio a ser apresentado é proveniente da zona do Alqueva e fica na

margem direita do rio Guadiana, tem a particularidade de ter sido depositado numa

fenda da rocha. Aqui foi encontrada uma ponta de lança tipo alvado, e dois contos de

lança [Fig. 4]. Na margem do lado esquerdo existia o castro dos Ratinhos (Cardoso et

alli, 1992). Na minha opinião o facto de um depósito ser colocado numa fenda da rocha,

demonstra um conhecimento prévio do sítio, ao invés de ter sido depositado poderá ter

sido guardado e posteriormente esquecido, o objectivo poderia ser simplesmente

esconder. Na realidade podia tal como todos os outros exemplos anteriores, no entanto

em termos práticos é mais fácil encontrar algo num buraco de uma rocha do que no

chão. Contudo a abundância de deposições em fendas da rocha, mostra que era uma

prática comum e dificilmente todos quereriam esconder temporariamente.

De uma forma mais geral é de ressalvar o facto de serem todos depósitos de

margem, e os três primeiros casos aqui apresentados têm em comum o facto de terem

sido encontrados em locais relativamente próximos ao desagúe de canais de água, com

certeza esta semelhança não é apenas coincidência e portanto acho que podemos

assumir esta proximidade como algo ritual.

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Conclusão

Apesar de o tema abordado ser bastante complexo e estar intimamente ligado a

uma esfera mais pessoal e possivelmente da área do sagrado, dificulta o nossa

interpretação porque não existem outros indícios no local que nos possam dar mais

informação, assim sendo é imperativo tentar conjugar o máximo de factores possíveis e

perceber como é que se processavam estas deposições.

Concluo dizendo que apesar da enorme dificuldade de retirar conclusões, mais

ainda, no caso de um estudante que não possui a bagagem necessária, este tipo de

trabalhos revela-se de extrema importância para nos fazer pensar e relacionar todos os

dados que nos são transmitidos.

Bibliografia

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Huelva en el mundo del Bronce Final Europeo. Madrid: Universidad Complutense. 250

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Anexos

Figura 1 – Machado da Barca (Lousã) (Vilaça, 2007)

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Fig. 3 – Depósito da Solveira (Montalegre) (Vilaça, 2007).

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