república federativa do brasil - diário acional

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DIÁRIO ACIONAL SEÇÃO I ANO XXXVI - N9 010 CAPITAL FEDERAL QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 1981 CÂMARA DOS DEPUTADOS SUMÁRIO I- ATA DA 9' SESSÃO DA 3' SESSÃO LEGISLATIVA DA 46' LEGISLATURA EM 17 DE MARÇO DE 1981. I- Abertura da Sessão li - Leitura e assinatura da ata da sessão anterior III - Leitura do Expediente PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Do Sr. Ralph Biasi e outros. OFIcIO - N9s 30 e 31/81, do Sr. Hugo Mardini, Vice-Líder do Partido De- mocrático Social; e - N9 21181-LID/PP, do Sr. Thales Ramalho, Líder do Partido Po- pular, encaminhando a indicação de Vice-Líderes do referido Partido. MENSAGENS Mensagem n' 70, de 1981 (do Poder Executivo) - Submete à consi- deração do Congresso Nacional o texto do Acordo no Campo da Proprie- dade Industrial entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Francesa, concluído em Paris, a 29 de janeiro de 1981. Mensagem nv 1, de 1981 (do Poder Executivo) - Submete à conside- ração do Congresso Nacional o texto do Acordo sobre Cooperação Eco- nômica e Industrial entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Portuguesa, concluído em Lisboa, a 3 de feverei- ro de 1981. PROJETOS A IMPRIMIR Projeto de Lei n" 973-A, de 1979(do SI. Paulo Lustosa) -Estabelece a gratuidade na obtenção de documentos e determina outras providências; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucio- nalidade e injuridicidade, contra os votos dos Srs. Antonio Mariz e Pi- menta da Veiga. Projeto de Lei n' 1.446-A, de 1979 (do Sr. Walter de Prá) - Declara que a negativa de licença, da Casa Legislativa, para o prosseguimento de ação penal contra qualquer de seus membros importa em extinção da pu- nibilidade; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela constitucionalidade, juridicidade, técnica legislativa e, no mérito, pela re- jeição. Projeto de Lei n" I.991-A, de 1979 (Do Sr. Nilson Gibson) - Cria a Junta de Conciliação e Julgamento de Belo Jardim, no Estado de Pernam- buco e determina outras providências; tendo parecer: da Comissão de Constitirição e Justiça, pela inconstitucionalidade. Projeto de Lei n" 2.038-A, de 1979 (do Sr. Alcides Franciscato) - Con- cede estímulo aos adquirentes de veículos movidos a álcool destinados ao serviço urbano de táxis, e determina outras providências; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade. Projeto de Lei n' 2.236-A, de 1979 (Do Sr. Odacir Klein) - Dispõe sobre a expedição, em duplicata, dos documentos de identificação pessoal, e dá outras providências; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade, contra o voto do Sr. Antonio Mariz. Projeto de Lei n" 2.269-A, de 1979(do Sr. Fêu Rosa) - Dispõe sobre a estatização do sistema nacional de seguros a cargo do SIMPAS e dá ou- tras providências; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade e rejeição por falta de técnica legislativa. contra o voto do Sr.Antonio Mariz. Projeto de Lei n 9 2.899-A, de 1980 (do Sr. Carlos Santos) - Dispõe sobre isenção de direitos autorais nas obras literárias e musicais para defi- cientes físicos e mentais e dá outras providências; tendo parecer: da Co- missão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade, injuridicida- de e, no -mêrito, pela rejeição. Projeto de Lei nv3.168-A, de 1980(do Sr. Lúcio Cioni) - Cria o Ser- viço Nacional de Aprendizagem do Transporte Rodoviário; tendo pare- cor: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade. Projeto de Lei n' 3.373-A, de 1980(Do Sr. Pedro Faria) - Institui o Fundo de Recuperação Econômica do Norte do Estado do Rio de Janei- ro; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitu- cionalidade. . Projeto de Lei n 9 3.478-A, de 1980 (do SI. Edson Vidiga1)- Isenta os proventos de aposentadoria do Imposto de Renda; tendo parecer: da Co- missão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade. I PROJETOS APRESENTIADOS Projeto de Resolução nv 198, de 1981(doi Sr. Carlos Santos) - Dis- põe sobre a publicação e distribuição, pela dos Deputados, das Encíclicas Papais que menciona, e dá outra providências. Projeto de Lei nv4.266, de 1981 (do Sr. Pe xoto Filho) - Estabelece a participação dos Municípios nas receitas arrecadadas de postos de pedá- gio federais, na forma que especifica. I Projeto de Lei n' 4.267. de 1981 (do Sr. Lustosa) - Estabelece limite de encargos financeiros nos empréstimos e financiamentos concedi" dos a Estados e Municípios. Projeto de Lei nv 4.270, de 1981 (do SI. Nilson Gibson) -Introduz modificações no sistema de progressão funcional dos funcionários abran- gidos pela Lei nv 5.645, de 10 de dezembro de 1970 e Decreto-lei n Q 1.445, de 13 de fevereiro de 1976. Projeto de Lei nv4.271, de 1981 (do Sr. Pacheco Chaves) -Introduz alteração na Consolidação das Leis do Trabalho, para o fim de reduzir a cinco anos o tempo de.serviço necessário à obtenção da estabilidade pelo trabalhador rural.

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

DIÁRIO ACIONAL

SEÇÃO I

ANO XXXVI - N9 010 CAPITAL FEDERAL QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 1981

CÂMARA DOS DEPUTADOS

SUMÁRIOI - ATA DA 9' SESSÃO DA 3' SESSÃO LEGISLATIVA DA 46'

LEGISLATURA EM 17 DE MARÇO DE 1981.

I - Abertura da Sessãoli - Leitura e assinatura da ata da sessão anteriorIII - Leitura do Expediente

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃODo Sr. Ralph Biasi e outros.

OFIcIO- N9s 30 e 31/81, do Sr. Hugo Mardini, Vice-Líder do Partido De­

mocrático Social; e- N9 21181-LID/PP, do Sr. Thales Ramalho, Líder do Partido Po­

pular, encaminhando a indicação de Vice-Líderes do referido Partido.

MENSAGENSMensagem n' 70, de 1981 (do Poder Executivo) - Submete à consi­

deração do Congresso Nacional o texto do Acordo no Campo da Proprie­dade Industrial entre o Governo da República Federativa do Brasil e oGoverno da República Francesa, concluído em Paris, a 29 de janeiro de1981.

Mensagem nv 1, de 1981 (do Poder Executivo) - Submete à conside­ração do Congresso Nacional o texto do Acordo sobre Cooperação Eco­nômica e Industrial entre o Governo da República Federativa do Brasil eo Governo da República Portuguesa, concluído em Lisboa, a 3 de feverei­ro de 1981.

PROJETOS A IMPRIMIRProjeto de Lei n" 973-A, de 1979(do SI. Paulo Lustosa) -Estabelece

a gratuidade na obtenção de documentos e determina outras providências;tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucio­nalidade e injuridicidade, contra os votos dos Srs. Antonio Mariz e Pi­menta da Veiga.

Projeto de Lei n' 1.446-A, de 1979 (do Sr. Walter de Prá) - Declaraque a negativa de licença, da Casa Legislativa, para o prosseguimento deação penal contra qualquer de seus membros importa em extinção da pu­nibilidade; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pelaconstitucionalidade, juridicidade, técnica legislativa e, no mérito, pela re­jeição.

Projeto de Lei n" I.991-A, de 1979 (Do Sr. Nilson Gibson) - Cria aJunta de Conciliação e Julgamento de Belo Jardim, no Estado de Pernam­buco e determina outras providências; tendo parecer: da Comissão deConstitirição e Justiça, pela inconstitucionalidade.

Projeto de Lei n" 2.038-A,de 1979 (do Sr. Alcides Franciscato) - Con­cede estímulo aos adquirentes de veículos movidos a álcool destinados aoserviço urbano de táxis, e determina outras providências; tendo parecer:da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade.

Projeto de Lei n' 2.236-A, de 1979 (Do Sr. Odacir Klein) - Dispõesobre a expedição, em duplicata, dos documentos de identificação pessoal,e dá outras providências; tendo parecer: da Comissão de Constituição eJustiça, pela inconstitucionalidade, contra o voto do Sr. Antonio Mariz.

Projeto de Lei n" 2.269-A, de 1979(do Sr. Fêu Rosa) - Dispõe sobrea estatização do sistema nacional de seguros a cargo do SIMPAS e dá ou­tras providências; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça,pela inconstitucionalidade e rejeição por falta de técnica legislativa. contrao voto do Sr.Antonio Mariz.

Projeto de Lei n9 2.899-A, de 1980 (do Sr. Carlos Santos) - Dispõesobre isenção de direitos autorais nas obras literárias e musicais para defi­cientes físicos e mentais e dá outras providências; tendo parecer: da Co­missão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade, injuridicida­de e, no -mêrito, pela rejeição.

Projeto de Lei nv3.168-A, de 1980(do Sr. Lúcio Cioni) - Cria o Ser­viço Nacional de Aprendizagem do Transporte Rodoviário; tendo pare­cor: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade.

Projeto de Lei n' 3.373-A, de 1980(Do Sr. Pedro Faria) - Institui oFundo de Recuperação Econômica do Norte do Estado do Rio de Janei­ro; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitu-cionalidade. .

Projeto de Lei n9 3.478-A, de 1980(do SI. Edson Vidiga1)- Isenta osproventos de aposentadoria do Imposto de Renda; tendo parecer: da Co­missão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade.

I

PROJETOS APRESENTIADOSProjeto de Resolução nv 198, de 1981(doi Sr. Carlos Santos) - Dis­

põe sobre a publicação e distribuição, pela ~âmara dos Deputados, dasEncíclicas Papais que menciona, e dá outra providências.

Projeto de Lei nv4.266, de 1981 (do Sr. Pe xoto Filho) - Estabelece aparticipação dos Municípios nas receitas arrecadadas de postos de pedá-gio federais, na forma que especifica. I

Projeto de Lei n' 4.267. de 1981 (do Sr. P~ulo Lustosa) - Estabelecelimite de encargos financeiros nos empréstimos e financiamentos concedi"dos a Estados e Municípios.

Projeto de Lei nv 4.270, de 1981 (do SI. Nilson Gibson) -Introduzmodificações no sistema de progressão funcional dos funcionários abran­gidos pela Lei nv5.645, de 10 de dezembro de 1970 e Decreto-lei nQ 1.445,de 13 de fevereiro de 1976.

Projeto de Lei nv4.271, de 1981 (do Sr. Pacheco Chaves) -Introduzalteração na Consolidação das Leis do Trabalho, para o fim de reduzir acinco anos o tempo de.serviço necessário à obtenção da estabilidade pelotrabalhador rural.

666 Quarta-feira 18 DIÁRIO no CONGRI:SSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

IV - Pequeno Expediente

SIQUEIRA CAMPOS - Instalação de campus avançado da Univer­sidade Federal de Goiás em Araguaína.

PAULO STUDART - Segundo aniversário do Governo VirgílioTávora, Ceará.

HÉLIO DUQUE - Exclusão do Instituto Agronômico do Paranádo plano de distribuição de recursos do Fundo de Desenvolvimento dasPesquisas com o Trigo.

BRABO DE CARVALHO - Administração Alacid Nunes, Pará,STOESSEL DOURADO - Reivindicações da Polícia Militar da

Bahia. Federalização das Polícias Militares.ROMULO GALVÃO - Segundo aniversário do Governo Antônio

Carlos Magalhães, Bahia.HEITOR ALENCAR FURTADO - Momento salvadorenho.ERNANI SATYRO - Octagêsimo aniversário do ex-Senador Arge­

miro de Figueiredo.JOSÉ BRUNO - Implantação de rede de ônibus elétricos entre Vol­

ta Redonda e Barra Mansa, Estado do Rio de Janeiro.PEDRO IVO - Dia Nacional de Protesto dos Médicos.OUVIR GABARDO - Desativação do tráfego ferroviário entre

Ourinhos e Maringá, Paraná.JOSÉ COSTA - Política indigenista brasileira.PINHEIRO MACHADO - Inauguração de estação de rádio FM

no Piauí.ADHEMAR SANTILLO - Greve da Polícia Militar baiana.LUDGERO RAULINO - Necrológio do industrial Carlos Henri­

que de Aragão.FRANCISCO PINTO - Reivindicações da Polícia Militar da Bahia.ROSEMBURGO ROMANO - lnteriorização da Medicina. Remu­

neração da classe médica.OCTACILIO QUEIROZ _ Previdência Social Rural.HUGO NAPOLEÃO - Necrológio do Deputado Joaquim Couti-

n~ .

CRISTINA TAVARES ,- O Projeto D'água Baixinha-Riacho doUmbuzeiro, Pernambuco.

JOÃQ ALBER)"O - Segundo aniversário do Governo João Castelo,Maranhão.

PIMENTA·DA VEIGA- Lançamento das cédulas de cinco mil cru-zeiros.

VASCO NETO - Cinqüentenário do "Jornal dos Sports".DARCY POZZA - Proteção à produção nacional de maçãs.MARCELLO CERQUEIRA - Greve dos professores da PUC do

Rio de Janeiro.FLORIM COUTINHO - Representação política do Dist~ito Fede­

ral.ADHEMAR GHISI - Centenário de Criciúma, Santa Catarina.ISRAEL DIAS-NOVAES - Relações financeiras da Santa Casa de

Misericórdia de Avarê, São Paulo, com o INAMPS.CAIO POMPEU - Regras do jogo eleitoral.ISAAC NEWTON - Instalação do Banco do Brasil em Colorado do

Oeste, Rondônia.RUBEN FIGUEIRÓ - Implantação do trecho rodoviário Três

Lagoas-Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Liberação de recursos paraduplicação da linha de transmissão Jupiá-Campo Grande, no Estado. Te­xas para financiamentos agrícolas.

NILSON GIBSON - Eleição do jornalista Joazil Barros para a pre­sidência da Associação de Imprensa de Pernambuco.

JORGE UEQUED - Aumento do preço do leite.EVANDRO AYRES DE MOURA - Correção de enquadramento

de servidores do 30 Distrito do DNER, Fortaleza, Ceará.FERNANDO COELHO - Repercussões no Nordeste dos cortes no

orçamento da CHESF.JERONIMO SANTANA - Política partidária em Rondônia. Ad­

ministração municipal de Ariquemes.WALTER DE PRÃ -t-r- Concurso promovido pela ADESG sobre

"Violência e Segurança Nacional".CELSO PEÇANHA - Exigência, pelo Espírito Santo, de adicional

para a circulação de produtos derivados de farinha de trigo procedentes deoutros Estados.

WALDIR WALTER- Diálogo Oposição-Governo. Reforma doEstatuto dos Estrangeiros.

OSVALDO MELO - Atividades do Centro Rural Universitário deTreinamento e Ação Comunitária da Universidade Federal do Pará,

ROBERTO FREIRE - Violência policial no combate à criminalida-de.

MAURICIO FRUET - Credenciamento de cooperativas agrope­cuárias para realização de perícias do PROAGRO.

ALBÉRICO CORDEIRO - Necrológio do Deputado JoaquimCoutinho.

DASO COIMBRA - Fiscalização dos preços.PEDRO GERALDO COSTA - Aposentadoria dos ruralistas.MILTON BRANDÃO - Homenagem à memória dos Deputados

Wilmar Guimarães e Joaquim Coutinho.PEIXOTO FILHO - Saneamento básico da Vila São José, Duque

de Caxias, Estado do Rio de Janeiro.DARC1LIO AYRES - Alocação de recursos para a Previdência So­

cial.AIRON RIOS - Discurso do orador durante lançamento do livro de

crônicas "Um Humanista na Imprensa Pernambucana", de autoria dojornalista Carlos Rios.

JOSÉ CAMARGO - Pronunciamento do Governador Paulo SalimMaluf no Primeiro Encontro Estadual do Partido Democrático Social.

ALEXANDRE MACHADO - Crédito rural.PEDRO COLLIN - Construção do trecho rodoviário Itajaí­

Palhoça, Santa Catarina.HENRIQUE EDUARDO ALVES - Sonegação de Imposto de

Renda por profissionais liberais. Dívida ativa da União.PACHECO CHAVES - Instalação de sub agências dó Banco do

Brasil nos distritos das cidades com mais de 100 mil habitantes.

V - Grande Expediente

JERONIMO SANTANA - Administração do Território Federal deRondônia.

ANTONIO PONTES - Administração do Território Federal doAmapá.

VI - Ordem do Dia

ÁLVARO DIAS - Comunicação, como Líder, sobre manifesto deestudantes das escolas particulares de ensino superior do Distrito Federala propósito do aumento das anuidades escolares.

MAGNUS GUIMARÃES - Comunicação, como Líder, sobre asuspensão das atividades dos Diretórios Acadêmicos do CEUB; Carta emque os órgãos estudantis do estabelecimento manifestam-se contrários aoaumento das anuidades escolares.

AIRTON SOARES - Comunicação, como Líder, sobre a solidarie­dade do PT aos estudantes do CEUB na campanha contra o aumento dasanuidades. Declaração da Direção Nacional da Central Sindical Alemã arespeito da condenação de sindicalistas brasileiros pela Justiça Militar.

CARLOS SANT'ANNA - Comunicação, como Líder, sobre a gre­ve da Polícia Militar do Estado da Bahia.

EDISON KHAIR - Comunicação, como Líder, sobre a solidarieda­de do PMDB às reivindicações salariais das Polícias Militares dos Estadosdo Rio de Janeiro e Bahia.

NEY FERREIRA - Comunicação, como Líder, sobre 'a manu­tenção do princípio da autoridade no Estado da Bahia durante episódiosgerados pelas reivindicações salariais da Polícia Militar.

ODACIR KLEIN (Como Líder.) - Democracia e Assembléia Na­cional Constituinte.

CANTlorO SAMPAIO (Como Líder. Retirado pelo orador para re­visão.) - Convocação da Assembléia Nacional Constituinte. DiálogoPolítico.

MAGNUS GUIMARÃES (Como Líder) - Reformulação da políti­ca governamental.

DARCY PASSOS - Discussão do Projeto de Lei n9 122-A/79.Projeto de Decreto Legislativo n9 67-A, de 1980, -que aprova o texto

do Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre o Governo daRepública Federativa do Brasil e o Governo da República Argentina, fir­mado em Buenos Aires a 17 de maio de 1980. (Da Comissão de RelaçõesExteriores.) - Aprovado. .

Projeto de Lei nv 84-A, de 1979, que regulamenta as profissões de vi­gilante, vigia e guarda-noturno e dá outras providências. (Do Sr. OctávioTorrecilla.) - Requerida audiência da Comissão de Segurança Nacional.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL(Seção I) Quarta-feira 18 667

Projeto de Lcinv 122-A, de 1979, que revoga o art. 472 da CLT, quedispõe sobre o afastamento do empregado em virtude das exigências doServiço Militar. (Do Sr. Horácio Ortiz.) Adiada a votação por cinco ses­sões.

Projeto de Lei n~ 169-A, de 1979, que fixa prazo para emissão de pa­recer a contas dos Prefeitos Municipais. (Do Sr. Christóvam Chiaradia.)- Rejeitado. .

Projeto de Lei n? 209-A, de 1979, que dispõe sobre o controle dosníveis de poluição da água e do ar em áreas de concentração industrial.(Do Sr. Ulysses Guimarães.) - Emendado; volta às Comissões.

Projeto de Resolução n~ 136, de 1980, que altera o § 2Q do art. 3QdaResolução n?30, de 31 de outubro de 1972 (Regimento Interno), estabele-

Avisos

CAMARA DOS DEPUTADOS

SECRETARIA GERAL DA MESA

Relação dos Deputados Inscritos no Grande Expediente

Março/1981

DA.TA DIA DA SEMANA NOME

18 Quarta-feira Florim CoutinhoBrabo de Carvalho

19 Quinta-feira Mendonça NetoHildérico Oliveira

20 Sexta-feira Wa'ter SilvaJosé Frejat

23 Segunda-feira. Antônio AmaralSebastião Rodrigues Jr.

24 Terça~feira Nabor JúniorAudálio Dantas

cendo formalidade para a posse dos suplentes durante ~ recesso do con~gresso Nacional. (Da 'Mesa.) _ Aprovado. 1- I

VII - Designação da Ordem do Dia

VIII - Encerramento

2 - MESA (Relação dos membros)

3 - LIDERES ~ VICE-LIDERES DE PARTIDOS (Relação do!'membros)

4 - COMISSÕES (Relação dos membros das Comissões Permanen­tes, Especiais, Mistas e dc Inquérito).

DATA DIA DA SEMANA NOME

25 Quarta-feira Airton Sandovaloetacílío Queiroz

26 . Quinta-feira Nivaldo KrügerHélio Duque

27 Sexta-feira Waldir WalterPaulo Marques

30 Segunda-feira Jorge ViannaHeitor Alencar Furtado

31 Terça,:-feira Nilson GibsonArtenir Werner

INSCRIÇõES AU'roMATICAS PARA O MtS DE ABRffi,NOSn:RMOS DA RESOLUÇAO N.o 37, DE 1979

DATA DIA DA SEMANA NOME

1.0 Quarta-feira Siqueira CamposFued Dib

ATA DA 9' SESSÃOEM 17 DE MARÇO DE 1981

PRESmBNCIA DOS SRS.:NELSON MARCHEZAN, PRESIDENTE;

FREITAS· NOBRE, 2'1-VICE~PRESIDENTE;

CARLOS WILSON, 2'1-SECRETÁRIO;SIMÃO SESSIM, SUPLENTp DE SECRETÁRIO;.e

JACKSON BARRETO, SUPLENTE DE SECRETÁRIO.

I - Às 13:30 horas comparecem os Senhores:

Nelson MarchezanHaroldo SanfordFreitas NobreFurtado LeiteCarlos WilsonJosé CamargoPaes de AndradeSimão SessimJoel FerreiraLúcia ViveirosJackson Barreto

Acre

Aluízio Bezerra - PMDB; Nabor Júnior - PMOB; Nosser Almeida­PDS; Wildy Vianna - POSo

Amazonas

Rafael Fàraco - PDS; Ubaldino Meirelles - PDS.

Pará

Antônio Amaral - PDS; Brabo de Carvalho - PTB; Jorge Arbage ­PDS; Osvaldo Melo - PDS.

Maranhão

Edison Lobão - PDS; Edson Vidigal - PP; Epitácio Cafeteira ­PMOB; Freitas Diniz - PT; José Ribamar Machado - PDS; Marão Filho-PDS. .

Piauí

Hugo Napoleão - PDS; Ludgero Raulino - PDS; Paulo Ferraz ­PDS; Pinheiro Machado - PP.

Ceará

Cesário Barreto - PDS; Cláudio Philomeno - PDS; Evandro Ayres deMoura - PDS; Gomes da Silva - PDS; Leorne Belém - POS; ManoelGonçalves - PDS; Marcelo Unhares -'-- PDS; Ossian Araripe - PDS.

Rio Grande do Norte

Djalma Marinho - PDS; João Faustino - PDS; Vingt Rosado - PDS.

Marçode 1981DIÁRIO DO CONGRES30 NACIONAL (Seção J)----------------------------------------

668 Quarta-feira 18

Paraíba

Carneiro Arnaud - PP; Ernani Satyro - PDS; Marcondes Gadelha ­PMDB; Octacílio Queiroz - PMDB.

Pernambuco

Airon Rios - PDS; Augusto Lucena - PDS; Cristina Tavares ­PMDB; Fernando Coelho - PMDB; Fernando Lyra - P.MDB; InocêncioOliveira - PDS; Marcus Cunha - PMDB; Nilson Gibson - PDS; ThalesRamalho - PP.

Alagoas

Albérico Cordeiro - PDS; José Costa - PMDB; Mendonça Neto ­PMDB; Murilo Mendes - PMDB.

Sergipe

Celso Carvalho - PP; Raymundo Diniz - PD8; Tertuliano Azevedo-P~ .

Bahia

Afrísio Vieira Lima - PDS; Ângelo Magalhães - PDS; CarlosSant'Anna - PP; Djalrna Bessa - PDS; Francisco Benjamin - PDS; Hilde­rico Oliveira - PMDB; João Alves - PDS; Manoel Novaes - PDS; NeyFerreira - PDS; Odulfo Dorningues - PDS; Prisco Viana - PDS; RômuloGalvão - PDS.

Espírito Santo

Christiano Dias Lopes - PDS; Mário Moreira - PMDB; Walter de Prá- PDS.

Rio de Janeiro

Alcir Pimenta - PP; Álvaro Valle - PDS; Celso Peçanha - PMDB;Darcílio Ayres - PDS; Daso Coimbra - PP; Florim Coutinho; Jorge Cury- PTB; José Bruno - PP; José Frejat - PDT; Lázaro Carvalho - PP; LéoSimões - PDS; Leônidas Sampaio - Pp; Lygia Lessa Bastos - pDS; Már­cio Macedo - PP; Oswaldo Lima - PP; Paulo Rattes - PMDB; Paulo Tor­res - PP; Pêricles Gonçalves - PP; Rubem Dourado - PP; Saramago Pi­nheiro - PDS; Walter Silva - PMDB.

Minas Gerais

Antônio Dias - PDS; Bento Gonçalves - PP; Bonifácio de Andrada­PDS; Carlos Cotta - PP; Castejon Branco - PDS; Darío Tavares - PDS;Fued Dib - PMDB; Homero Santos - PDS; Jairo Magalhães - pDS; Jua­rez Batista - PP; Luiz Leal- PP; Magalhães Pinto - PP; Navarro VieiraFilho - PDS; Nogueira de Rezende - PDS; Paulino Cícero de Vasconcellos- PDS; Ronan Tito - PMDB; Rosemburgo Romano - PP; TelêmacoPompei - PDS; Vicente Guabiroba - PDS.

São Paulo

Adalberto Camargo - PDS; Airton Sandoval - PMDB; Airton Soares- PT; Athiê Coury - PDS; Caio Pompeu - PP; Cantídio Sampaio - pDS;Cardoso Alves - PMDB; Del Bosco Amaral - PMDB; Erasmo Dias ­PDS; Israel Dias-Novaes - PMDB; João Cunha - PT; Mário Hato ­PMDB; Pacheco Chaves - PMDB; Pedro Geraldo Costa - PDS; Ruy Côdo- PMDB; Ulysses Guimarães - PMDB.

Goiás

Adhemar Santillo - PMDi3; Anísio de Souza - PDS; Brasilio Caiado- PDS; Fernando Cunha - PMDB; lram Saraiva - PMDB; Iturival Nasci­mento - PMDB; José Freire - PMDB; Siqueira Campos - PDS.-

Mato Grosso

Louremberg Nunes Rocha - PP; Milton Figueiredo - PP.

Mato Grosso do Sul

Leite Schimidt - PP; Ruben Figueiró - PP; Ubaldo Barêm - PDS.

Paraná

Alípio Carvalho - PDS; Ary Kffuri - PDS; Euclides Scalco - PMDB;Heitor Alencar Furtado - PMDB; Hélio Duque - PMDB; Maurício Fruet- PMDB; Nivaldo Krüger - PMDB; Olivir Gabardo - PMDB; OsvaldoMacedo - PMDB; Sebastião Rodrigues Júnior - PMDB; Walber Guima­rãcs"":" PP; Waldmir Belinati - PDS.

Santa Catarina

Arnaldo Schmitt -PP; Artenir Werner - PDS; Ernesto de Marco ­PMDB; João Linhares - PP; Juarez Furtado - PMDB; Nelson Morro­PDS; Pedro Ivo - PMOB,

Rio Grande do Sul'

Alcebíades de Oliveira - PDS; Alceu Collares - PDT; Aldo Fagundes- PMDB; Carlos Santos - PMDB; Eloar Guazelli - pMDB; Eloy Lenzi _PDT; Getúlio Dias - PDT; Jairo Brum - PMDB; João Gilberto - PMDB;Magnus Guimarães - PDT; Odacir Klein - PMDB; Pedro Germano _PDS; Waldir Walter - PMDB.

Amapá

Antônio Pontes - PDS;. Paulo Guerra '-'-- PDS.

Rondônia

Isaac Newton - PDS; Jerônimo Santana - PMDB.

Roraima

Hélio Campos - POSo

O SR. PRESfDENTE (Freitas Nobre) - A lista de presença acusa ocomparecimento de 183 Senhores Deputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

n - O SR. JACKSON BARRETO, Suplente de Secretário, servindocomo 2~-Sccretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente a qual ésem observações, assinada. ' ,

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Passa-se à leitura do expedien-te.

O SR. FURTADO LEITE. l~-Secretárjo, procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUlÇÀO

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUiÇÃO N~ , de 1979

Altera a redação do art. 164 da ConstItuição Federal.As mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. nos termos do

art. 49 da Constituição, promulgam a seguinte emenda Constitucional:

Artigo único. O art. 164 da Constituição Federal passa a vigorar com aseguinte redação:

"Art. 164. A União, mediante lei complementar, poderá, para arealização de serviços comuns, estabelecer regiões metropolitanas.constituídas por municípios que, independentemente de sua vincu­lação administrativa, façam parte da mesma comunidade sócio­econômica, respeitada a vontade dos municípios."

Justificação

A presente Proposta de Emenda à Constituição cuida de. tão-somente,acrescenta, ao texto vigente do art. 164 a expressão:

"respeitada a vontade dos municípios".O q.uese pretende é que. mantida a possibilidade de a União estabelecer

regiões metropolitanas, visando à realização de serviços com uns, isso se façasem violéncia contra a vontade ou a autonomia municipal. Muitas vezes omunicípio, por razões ligadas ao seu interesse peculiar, não deseja integrar aregião metropolitana e tal vontade deve serrespeitada pela União, sob penade ser arrastada a autonomia a que se refere o art. 15 da Constituição Fede­ral.

DEPUTADOS: Ralph Biasi - Milton Brandão'- Jairo Brurn - JoacilPereira - Celso Carvalho - Flávio Marcílio - Josê Bruno - M~rio Stamm- Pedro Geraldo Costa - Ary Kffuri - João Alves - Cláudio Strassburger- Marcelo Linhares - Leorne Belém - Vivaldo Frota - Marcondes Gade-lha - Flávio Chaves - João Arruda - Adhemar Ghisi - Ruy Silva - Vile­la de Magalhães - Baldaci Filho - Figueiredo Correia -Carlos Wilson - -.Paulo Marques - Chistóvam Chiaradia - Alcebíades de Oliveíra - Fran­cisco Libardoni - Pedro Corrêa - João Carlos de Carli - Carlos Sant'An­na - João Cunhã- - Newton 'Cardoso - Olivir Gabardo - Fued Dib ­Fernando Lyra - Eloar GuazzeUi - Edgard Amorim - Osvaldo Macedo- Heitor Alencar Furtado - Ernesto de Marco - Álvaro Dias - AdhemarGhisi (apoiamento) - Honorato Vianna - José Maria de Carvalho - JoséMendonça Bezerra - JG de Araújo Jorge - Marcello Cerqueira - NavarroVieira Filho - Aurélio Peres - Amílcar de Queiroz - Pedro Germano ­Elquisson Soares - Getúlio Dias - Juarez Furtado - Fernando Coelho­Evaldo Amaral - Antonio Gomes - Paulo Studart - José Ribamar Ma­chado - Daniel Silva - Alberto Goldman - João Faustino - Ricardo Fiú­za - Miro Teixeira - Paulo Lustosa - Roberto Freire - Ernesto Da11'o­glio - Claudino Sales - Euclides Scalco - Wilson Falcão - Aluízio Bezer-

Marco de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NAClONAL (Seçào I) Quarta-feira 18 669

ra - Tidei de Lima - Jorge Cury - Rosemburg Romano - Paulo Borges- Carlos Bezerra - Jorge Uequed - Ruy Côdo - Pimenta da Veiga --'-Ha­roldo Sanford - Francisco Pinto - Freitas Diniz - José Costa - JuarezBatista - Sebastião Andrade - Francisco Rollemberg - Inocêncio Oliveira- Fernando Cunha - .Marcus Cunha - Herbert Levy- Adernar Pereira ­Carlos Nelson - Valter Garcia - Alceu Collares - Renato Azeredo - Oc­távio Torrecilla - Pacheco Chaves - Adalberto Camargo - Iranildo Perei­ra - Octaeílio Almeida - Antônio Russo - Mário Hato - Felippe Penna- Magalhães Pinto - Airton Soares - José Freire - Cristina Cortes ­Horácio Ortiz - José Camargo - Delson Scarano - Brabo de Carvalho­Luiz Baccarini - Cardoso Fregapani - Jorge Ferraz - Alair Ferreira ­Edison Khair - Milton Figueiredo - Carlos Cotta - Sebastião RodriguesJr. - Sérgio Ferrara - Nivaldo Krüger - Magnus Guimarães - NelsonMorro - Amadeu Ceara - Gióia Júnior (apoiamento)"":" Artenir Werner­Antônio Morais - Edison Lobão - Raymundo Urbano - Mário Moreira- Menandro Minahim - Lidovino Fanton - Marcelo Cordeiro - Evan­dro Ayres de Moura (apoiamento) - Ossian Araripe - Rosa Flores - Cris­tina Tavares - Aécio Cunha - Lázaro Carvalho - Jorge Vianna - MárioFrota - Max Mauro - J oel Vivas - Hildérico Oliveira - Hélio Duque­Walber Guimarães - 'Antônio Carlos de Oliveira - Pedro Sampaio - Pe­dro Ivo - Audálio Dantas - Cardoso Alves - Eloy Lenzi - Júlio Costami­lan - José Frejat - José Carlos Vasconcellos - Octacílio Queiróz - JoãoAlberto - Stoessel Dourado - João Gilberto - Jackson Barreto - AirtonSandoval - Francisco Leão - Iram Saraiva - Roque Aras - Carlos Alber­to (apoiamento) - Maurício Fruet - Jorge Gama.

SENADORES: Gilvan Rocha - Evandro Carreira - Itamar Franeo­Mauro Benevides - Paulo Brossard - Orestes Quêrcia - Evelásio Vieira­José Richa - Murilo Badaró - Alberto Silva - Mendes Canale - DirceuCardoso - Humberto Lucena - Franco Montoro - Lomanto Jr. - JoséLins - Bernardino Vianna - Eunice Michiles - Moacyr Dana - HelvídioNunes - Pedro Pedrossian - Raimundo Parente - Vicento Vuolo - JorgeKalurne - José Guiomard - Henrique de La Rocque,

OFICIOS

'Do SI'. Vice-Líder do PDS, nos seguintes termos:Brasília, 16 de março de 1981.

Ofício n' 30/81

Senhor Presidente:

Tenho a honra de indicar a Vossa Excelência o nome do Senhor Deputa:do Jorge Arbage para substituir o Senhor Deputado Alcides Franciscato naComissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar atos irregulares prati­cados por órgãos da administração direta e indireta da União.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os meus pro­testos de consideração e.estima. - Hugo Mardini, Vice-Líder do PDS.

XXXDo SI'. Vice-Líder do PDS, nos seguintes termos:

Brasília, 16 de março de 1981.or. n' 31/81

Senhor Presidente:

Tenho a honra de indicar a Vossa Excelência o nome do Senhor Deputa­do Djalma Bessa para substituir o Senhor Deputado Darcilio Ayres na Co­missão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar atos irregulares pratica­dos por órgãos da administração direta c indireta da União.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os meus pro­testos de consideração e estima. - Hugo Mardini, Vice-Líder do PDS.

XXXDo Sr. Líder do PP, nos seguintes termos:

Brasília, 21 de março de 1981..or, nQ 21/81-LlD/PP

Senhor Presidente:

Tenho a honra de indicar a Vossa Excelência, nos termos do que dispõeo art. 8', § IQ, do Regimento Interno, os Senhores Deputados Herbert Levy,Antônio Mariz, Carlos Cotta, Carlos Sant'Anna, João Linhares, LourembergNunes Rocha e Walber Guimarães para compor o quadro dos Vice-Lideresdo Partido Popular.

Valho-me da oportunidade para renovar a Vossa Excelência meus pro­testos da mais alta estima e' distinta consideração. - Thales Ramalho. Líderdo Partido Popular.

MENSAGEMN'm.DE1~1

IDo Poder Executivo)

Submete àennsíderaçãr, ido Congresso Nacional o tex­to do Acordo no Campo da Propriedade Industrial entreo Governo da Repúblíea 'Federativa do Brasil e o Governoda República Francesa, concluído em Paris a 29 de ja-neirode 19S1. '

(As Comissões de Relações Exteriores, de Constitui­ção e Justiça e de Economia, Indústria, e Comércío.i

Exeelentissimos Senhores Membros do Congresso Nacional:De conformidade com o disposto no art. 44, inciso I, da Cons­

tituição F-ederal, tenho a honra de submeter à elevada considera­ção de Vossas Excelências, acompanhado de Exposícão de Moti­vos do Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, o textodo Acordo no Campo da Propriedade Industrial entre o Governoda República Federativa do Brasil e o Governo da RepúblicaFrancesa, concluído em Paris, a 29 de janeiro de 1981.

Brasília, 16 de março de 1981. - João Figueiredo.EXPOSIÇAO DE MOTIVOS N.o DCTECIDAI/DE-I/6.7/64D.4 (B46)

(F37), DE 6 DE MARÇO DE 1981, DO SENHOR MINISTRO DEESTADO DAS RETJAÇÕES EXTERIORES

A Sua Excelência o SenhorJoão Baptista de Oliveira Figueiredo,Presidente da R-epública.

Senhor Presidente,

Tenho a honra de referir-me ao Acordo no Campo da Pro­priedade Industrial, entre o Brasil e a França, recentemente fir­mado por ocasião d:a visita de Vossa Excelência àquele país.

2. Este novo instrumento, resultado de cuidadosa negocia­ção, possíbíütará a cooperação bIateral no domínio da proprie­dade industrial. principalmente através das seguintes formas:

- informação recíproca sobre ·a evolução das 'legislações;

- troca regular de informações d,;,sponiv'ôis sobre v'olaçõesem matéria de patentes de invenção, de desenhos ou modelos in­dustriais, de marcas, de indicações de procedência e, em parti­cular. de dados sobre contratações, bem como sobre os litígios deordem privada que possam surgir notadamente por ocasião decontratos relacêonados com a propriedade íridustríal entre empre­sas ou organismos brasileiros e franceses:

- intercâmbio de técnicos e peritos:

- realização de estudos e projetos conjuntos;

- desenvolvimento de recur-sos humanos em proma.na s deespecialização ou estágios;

- realizacão de conferências. cursos e semínaréos.

3, A cooperação prevista no aludido instrumento ~-erá obje­to de um programa elaborado de comum acordo entre o InstitutoNacional de Propriedade Industrial da Secretaria de TecnologiaIndustrial (STI/INPIl e o Instituto Nacional de Propnieéi'acce In­dustrial da França (INPI).

4. A vista do exposto. permito-m-e, encarecer a Vossa Exce­lência a conveniência de o Governo brasileiro ratificar o presenteAcordo, sendo para tanto necessária 'a prévia autorizacão do Con­gresso Nacíonal, na forma do art. 44, inciso I, da ConstituiçãoFederal,

5. Nessas condições, tenho a honra de submeter projeto deMensagem ao Congresso Nacional para quo Vossa Excelência, se'assim houver por bem, encaminhe o texto do anexo Acordo àconsideração do Poder Legislativo.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência,Senhor Presidente, os protestos do meu mais profundo respeito.- R. S. Guerreiro.

ACORDO NO CAIvIPO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL ENTREO GOVERNO DA REPúBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E OGOVERNO DA REPúBLICA FRANCE8A

O Governo da República Federativa do Brasil e o Governoda República Francesa,

CONSIDERANDO seu desejo de incentivar a cooperação indus­trial. com base no Acordo de Cooperncáo Técnica e Científica de16 de janeiro de 1967 e no Acordo de Cooperação Tecnológica In­dustrial de 5 de outubro de 1973,

CONSIDERANDO a necessidade de instituir entre os dois paí­ses uma cooperação que v,ise desenvolver condicões mais favorá­veis à proteção reciproca e à exploração dos direitos ele proprie-

670 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGREESO NACIOI\AL (Seção I) Março de 1981

(Do Poder Executivo)

MENSAGEM N~ 71, DE 1981

dusbrial entre Brasil e Portugal, assinado em Lisboa, a 3 de feve­reiro doe 1981, pelo Ministro dos Negócíos Estrangeiros de Portugal,Senhor André Pereira Gonçalves, e por mim, por ocasião da visitade Vossa Excelência àquele país.

2. O mencíonado Acordo visa a intensificar ·a cooperaçãoeconômica entre os dois países, mantendo a COmissão EconômicaLUSO-Brasileira, criada pelo Acordo ''''i'; Comércio de 1966, comoórgão de consulta e coordenação.

3. Permito-me encarecer a Vosaa Excelência a conveniênciade o Governo bra.sileiro ratificar o presente Acordo, sendo paratanto neeessária a prévia autorização do Cong·resso Nacional, con­forme os termos do artigo 44, inciso I, da Constituição Federal,

4. Nessas condições, tenho a honra de submeter projeto demensagem 'ao Congresso Nacional, para que Vossa Excelência, seassim houver por hem, encaminhe o texto do anexo Acordo àconsideração do poder Legislativo.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exeeiência,Senhor Presidente, os protestos do meu mais profundo respeito.- Saraiva Guerreiro.

Artigo X ~

Cada uma das Partes Contratantes notificará à outra o cum­primento das formalidades requeridas, por seu l~do, pa~a a entra­da em vigor do pres-ente Acordo, o qual entrara em vagor no diado recebimento da última notificação.

Qualquer das Partes Contratantes pode denunciar o presenteAcordo, mediante um aviso prévio de no mínimo seis meses.

Feito 'em Paris, aos 30 dias do mês de janeiro de 1981, emdots exemplares originais, nas línguas portuguesa e franc-esa, osdois textos fazendo igualmente fê.

Pelo Governo da República Federativa do Brasil: Ramiro Sa­raiva Guerreiro.

Pelo Governo da República Francesa: Jean François-Poncet.

Submete à consideração do CQngresso Nacional otexto do Acordo sobre Cooperação Econômica e Industrialentre o Governo da República Federativa do Brasil e oGoverno da República Portuguesa" concluído cm Lisboa,a 3 de fevereiro de 1981.

(Às Comissões de Relações Exteriores. de Constituição eJustiça e de Economia, Indústria e Comérein.i

Excelentissimos Senhores Membras do oongrasso Nacional:

Em conformidade com o disposto no artigo 41, inciso I, daConstituição Federal. tenho a honra de submeter à elevada con­sideração de Vossas Excelóncias, acompanhado de Exposição deMotivos ·::;0 Senh{)T Ministro de Estado das Relacôes Exteriores,o texto dá Acordo sobre Cooperaçâo Econômica e Indusbrial entreo ooverno da Re"Júbliza PI,dClJ!iVJ do Brasll e o Govel'n) (1:1República Portuguesa, concluído em Lisboa, a 3 de revcreíro de 1981.

Brasília 16 de março de 1931. - João Figueiredo.

EXPOSIÇãO DE MOTIVOS N.o DE-I/DAII79/800IB46J (F42J, DE9 DE MARCO DE 1981, DO S:E~mOR MINISTRO DE ESTADODAS RELAÇÕES EXTERIORES.

A Sua ExceléncJa o Senhor.João Baptista de Oliveira Figueiredo,Presidente da República.

Senhor Presidente.Tenho a honra de submeter à alta conslderacúo de Vossa

Excelência o texto do Acordo sobre Cooperação Econômica e In-

ACORDO ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVADO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA PORTUGUESASOBRE ·COOPERAÇAO ECONôMICA E INDUSTRIAL

O Governà da República Federativa do Brasil e o Ocvernuda República Por-tugu-esa,

Desejosos de fortalecer os tradicionais laços de amizade queunem seus países, e de Intensíncar a cooperação econômica e

Artigo IXAo término de sua missão, as especialistas submeterão à

STI/INPI e ao INPI um relatório de suas atividades no país re­ceptor.

Artigo rr1. Os dois Governos promoverão a cooperação no campo da

propriedade industrial através das moda1idades seguintes, entreoutras:

a) informação recíproca sobre a evolução das legislações;b) troca regular de informações disponíveis sobre víolacões

em matéria de patentes de .invenção, de desenhos ou modelosindustriais, de marcas, de indicações de procedência e, em par­ticular, de dados sobre contratações bem como sobre os litígiosde ordem privada que possam surgir notadamtnte por ocasião decontratos r-elacionados com a propri-edade ,industrial entre em­presas ou organismos brasileiros e franc-eses;

c) intercâmbio de técnicos e peritos (doravante denominados"especialistas") ;

d) realização de estudos -e projetos conjuntos;

e) desenvolvimento de recursos humanos em programas deespecialização ou estágios;

f) realização doe conferências, cursos e seminários.

2. A STI/INPI e o INPI manter-se-ão a par das medidas to­madas com vistas à eessacão das víolacões referidas no item 1.alínea b) , do presente Artigo. .

Artigo IO Governo brasileiro designa, para os fins da apltcaçào do

presente Acordo, a Secretaria de Tecnologia Industrial, do Minis­tério da Indústria e do Comércio, por intermédio do Instituto Na-.cional da Propriedade Industrial rSTI/INPIl.

O Governo francês designa, para os fins da aplicação do pre­sente Acordo, o Instituto Nacional da Proprêedada Industrial daFranca (INPI).

dade industrial relativos às invenções, desenhos e modelos indus­tríaís, marcas e indicações de procedência,

CONVIERAM no seguinte:

Artigo lU

A cooperação prevista no Artigo II será objeto de um pro­grama 'acordado de comum acordo entre a STI/INPI e o INPI.

Artigo IV

A 8TI/INPI e o INPI submeterão os programas mencionadosr;o Artigo III à aprovação dos dois Gcverrtos, através do ComitéF'ranco-Bras'Ieiro de Cooperação Tecnológica Industrial previstono Art'go V do Acordo de Cooperação Tecnológica Industrial. Oreferido Comitê poderá efletuar recomendações com relação àimplementação das atividades decorrentes do presente Acordo.

Artigo V

As pessoas, empresas ou organismos brasileiros e francesesque sejam partes em um litígio de ordem privada relativo a pro-

prdedade industrial e que não tenham podido chegar diretamentea uma solução amigável desse litígio, terão a faCuldade de recor­rer a uma comissão de conciliação composta de peritos designa­dos, de comum acordo, pela STIIINPI e pelo INPI. Esta conr'ssâopoderá fazer recomendações às partes em questão,

As partes em um litíglio de ordem privada que desejarem r,e­correr a essa forma de conciliação deverão dirigir-se aos diri­gentes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial de seupaís.

Artigo VIA ínstltuícão do país de onigem dev-erá submeter à aprova­

ção .prévía da instituição do país receptor os nomes e currículosdos especialistas enviados em missão.

Artigo VII1. As duas Partes Contratantes financiarão as despesas de

transporte de seus espeD\alistas, cabendo ao país anfitrião o pa­gamento das dtárias ou complementação correspondentes ao pe­ríodo da permanêncía dos especialistas em seu território.

2. O valor das diárias ou das complementações para os és­pecialistas vísítantes será definido e revtsado anualmente, me­diant€ mútuo entendimento entre os órgãos responsáveis.

3. A instituição do pais rec-eptor custeará as despesas relati­vas às viagens internas dos espec.ialistas, que forem considera-das de interesse para o desenvolvimento dos programas em exe­cução.

Artigo VIIIOs espectalístas vísítantes não poderão dedicar-se, no pais

receptor, a quaisquer outras atividades remun-eradas Ou alheias asuas funções sem prévía autorização das autorãdades competentes,

Março de 1981 OlARia DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-felra 18 671

Industrial em base de igualdade, visando ao benefício mútuo deambos os países,

Acordaram no seguinte:

Art~go I

As Partes Contratantes encorajarão e procurarão 'desenvolvermutuamente' a cooperação econômica e industrial entre institui­ções, organizações e empresas interessadas nos respectivos países,

Artigo fi

As formas, modalidades e condíções para cooperação dentrodo quadro deste Acordo serão negociadas e acordadas pelas insti­tuições, orgamzações e empresas interessadas, com base nas leise demais atos normativos dos respectivos países, e poderão incidir,entre outros, sobre as seguintes atívídades:

1) realização conjunta de estudos e projetos de desenvolvi­mento industrial, agrícola ~ou de outros setores;

21 construção de novas instalações industriais ou ampliaçãoe rnodernízncão das existentes, e reahzação conjunta de projetosde exploração, aproveitamento e valorização de recursos naturaise da transformação de matérias-primas;

3) constituição de sociedades mistas, respeitando a legislaçãoãos dois países, de produção, comerclalízação e financiamento,especialmente sob a forma de "[otnt-ventures'':

41 conclusão de acordos ínterbancários e concessão de con­dições de créditos preferenciais, tendo em conta a legislação vi­gente nos dois países e os respectivos compromissos internacio­nais, com vistas a facilitar a implementação das ações previstasno presente Acordo; ,

5) promoção, no ãmbito de acordos especítícos, das açõesadequadas para facilitar e desenvolver o tráfego marítimo e aéreoentre os dois países:

6) participação em feiras, exposicoes e atividades similaresque se realizem nos dois países:

7) colaboração entre os organismos oficiais competentes emmatéria de turismo, com o objetivo de promover e intensificaras correntes turístícas entre os dois países; e

81 colaboração com vistas ao desenvolvimento de relaçõesentre empresas para a realização de estudos de viabilidade.

Artigo I.lI

As Partes Contratantes procurarão facilitar, na medida dopossível, as formalidades relacionadas com a preparacào, contra­tacão e implementação da cooperação dentro do quadro desteAcordo.

Artigo IV

A Comissão Económica Luso-Brasileira, criada pelo Acordo deComércio, assinado em Lisboa, a 7 de setembro de 1966, sem pre­juizo de sua competência original, manter-se-á como órgão deconsulta oe coordenação para os assuntos decorrentes do presenteAcordo, enquanto este for válido.

Artigo V

1. A Comíssão Econômica Luso-Brasileira reunir-se-á, alter­nadamente em Brasília e Lisboa, sempre que os dois Governosjulguem necessário.

2, Nos casos em que se revelem urgentes e sempre que asduas Partes considerem oportuno, os projetos e as ações a realizarno quadro de colaboração reciproca poderão ser apreciados atravésdos canais. diplomáticos.

Artigo VI '

1. As Partes Contratantes notificar-se-ão por via diploma­tica, do cumprimento das formalidades constitucionais exigidaspor ambos os países para a entrada em vigor deste Acordo. O Acor­do entrará em vigor 30 t trínta : dias após a data da última dessasnotificações.

2, O presente Acordo terá vigência por um período indeter­minado. Qualquer das Partes Contratantes poderá notificar à

outra, por via diplomática, sua decisão de dsnuncíá-Io. Neste casoa denúncia surtirá efeito seis meses a contar da data de recebi~menta da notificação,

Em fé do quê, os abaixo assinados, devidamente autorizadospara esse .fim, assinaram o presente Acordo, .

Feito em Lisboa, aos 3 dias do mês do fevereiro de 1981 emdois exemplares originais, 110 idioma português, sendo os 'doistextos igualmente autênticos.

Pelo Governo da República Federativa do Brasil: Ramiro Sa­raiva Guerreiro. - Pelo Governo da República Portuguesa: AndréGonçalves Pereira.

PROJETO DE LEI N~ 973-A, DE 1979(Do Sr. Paulo Lustosa)

Estabelece a gratuidade na obtenção de documentos, e determinaoutras providências; tendo parecer: da Comissão de Constituição eJustiça. pela inconstitucionalidade e injuridicidade. contra os votosdos 81'S. Antonio Mariz e Pimenta da Veiga.-

(Projeto de Lei N~ 973, de 1979, a que se refere o parecer.)

"O Congresso Nacional decreta:Art. 1~ Às pessoas físicas com rendimentos mensais inferiores a dois sa­

lários mínimos, fica assegurada a gratuidade na obtenção de quaisquer docu­mentos públicos ou privados.

Parágrafo único, Incluem-se entre os documentos referidos no caput des­te artigo, todo o material, inclusive fotográfico, necessário à obtenção daque­les documentos.

Art. 2~ Os ônus financeiros que as empresas e demais entidades priva­das tiverem corrra expedição dos documentos previstos no artigo anterior po­derão ser deduzidos, na declaração anual de imposto de renda-na proporçãode 50% (cinqüenta por cento) de seu montante.

Art. 3~ Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,Art. 4" Revogam-se as disposições em contrário,

Justificação

De ordem eminentemente social é o intuito deste projeto de lei.2. Na verdade, com muita freqüência, aqueles que percebem baixa ren­

da familiar ficam impedidos de exercer algum direito seu, por não dipor dosmeios financeiros para o custeio da expedição de documentos necessários aoexercício desse direito.

3, Embora pareça insignificante para os que possuam renda mais eleva­da, o pagamento, por exemplo, de uma certidão ou de uma procuração empública forma representa, para aqueloutros de menor renda, a carência de ne­cessidade primária à familia.

4. Procuramos, no projeto de lei, compensar a atividade privada, pelonão pagamento dos serviços prestados, autorizando-a a deduzir até 50% domontante da receita que deixou de auferir, do imposto sobre a renda devidoao final do exercício financeiro,

Assim, por representar um justa aspiração daqueles que não possuemrendimentos suficientes para destinar algum numerário à extração de docu­mentos necessários à vida civil, esperamos o apoio do Congresso Nacional aesta iniciativa, mediante a aprovação do presente projeto de lei.

Sala das, de de 1979, - Paulo Lustosa.

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUiÇÃO E JUSTIÇAI - Relatório

Através do projeto em epigrafe, o ilustre Deputado Paulo Lustosa sub­mete à apreciação dos seus pares, com vistas à transformação em lei, propo­sição que assegura às pessoas físicas de baixa renda e gratuidade na obtençãode quaisquer documentos públicos ou privados.

2. Além dos documentos a serem fornecidos gratuitamente às pessoascom rendimentos mensais inferiores a dois salários mínimos, inclui todo omaterial, inclusive fotográfico, que seja acessório do principal.

3, A fim de evitar maiores transtornos na praticabilidade do manda­mento imperativo, faculta, no artigo 2~ do projeto, que os ônus financeirosque as empresas e demais entidades privadas sofrerem com a expedição dosdocumentos sejam deduzidos, na declaração anual de imposto de renda, naproporção do 50% (cinqüenta por cento) de seu montante.

4. Argúi, em abono de sua proposição, que os assalaríados de baixarenda, com muita freqüência, ficam Impedidos de exercer algum direito seu,por não disporem "dos meios financeiros para o custeio da expedição de do­cumentos necessários ao exercício desse direito", E comenta: "embora pareçainsignificante para os que possuam renda mais elevada, o pagamento, porexemplo, de uma certidão ou de uma procuração em pública form'a represen­ta, para aqueloutros de menor renda, a carência de necessidade primária àfamília".

5. A nrãtêria foi distribuída a esta Comissão, eis que, nos termos regi­mentais do art. 28, §4~, cabe a este órgão técnico manifestar-se quanto à cons­titucionalidade. juridicidade, técnica legislativa e mérito da proposição, em

672 Quarta-feira t8 DIÁRtO DO CONGRESSO l\ACIONAL (Seção I) Março de 1981

razão de seu conteúdo, competindo, outrossim, também à douta Comissão deFinanças o exame de mérito.

6. A matéria versada no projeto não é tão simples como pode parecerao exame superficial. Tem implicações e repercussões as mais variadas, noscampos do direito constitucional, comercial, civil, administrativo e tributário,que, in límine, desaconselham qualquer argumento jurídico favorável, apesardo intuito eminentemente social da proposição.

7. O projeto é, a nosso ver, inconstitucional e injurídico, por cercearprincípios basilares do regime capitalista e democrático em que vivemos, no­tadamente os atinentes à autonomia da vontade nos contratos e à libre inicia­tiva das atividades econômicas, cujo objetivo perseguido é o lucro. Vem apropósito desse nosso entendimento, a observação de Vicente Ráo, in "AtoJurídico", Editora Maz Limonad, 1961, pág, 44:

"Através dos atos jurídicos, os agentes disciplinam os seus inte­resses (morais ou materias), atuando sua vontade autônoma. A au­tonomia da vontade, por assim se exercer e desenvolver, na ordemprivada, autonomia privada também se denomina. O negócio jurídi­co, como um dos meios para a auto-regulamentação dos própriosinteresses e meio de atuação da vontade na esfera jurídica do agente,é instrumento mais qualificado da autonomia privada, reconhecidapelo direito. Nos atos unilaterais, como nos bilaterais, os agentes oupartes ditam e podem ditar, dentro dos acenados limites, as regras aque se hão de su bordinar as relações a que dão vida."

8. A proposição, não hâ como negar, tem o feitio de intervenção do Es­ta,do nos contratos, privilégio que lhe é dado pela Constituição no que diz res­peito à ordem econômica e social, esta última, para proteger, em determina­das relações, a parte economicamente mais fraca, o que não é o caso do proje­to, pois se a ordem econômica contemporânea criou ou acentuou situações dedesigualdade condenadas pela justiça .distributiva, por prejudiciais aoequilíhrio social, cumpre ao Governo prover ações de melhoria e ajustamentoda redistribuição de rendas, e não conceder gratuidade na aquisição de bens eserviços aos mais carentes em detrimento das classes produtoras de bens e ser­viço. A contrario sensu, deixaria o negócio jurídico de ser um ato de vontadepara ser um ato sob coação legal, toda vez que se tivesse que aplicar o noveldispositivo legal proposto, sub examine.

9. Preceitua De Plácido e Silva, no seu magistério, In Vocabulário Jurí­dico, pág. 896, que a palavra jurídico é derivada do latirn jurldieus, de jus (di­rei to) e dicere (dizer). entendendo-se na significação em que é tida, como tudoo que é regular, que é legal, que é conforme do Direito. Desse modo, a quali­dade de jurídico evidencia a de justo e legal, porque mostra estar dentro dajustiça e da ordem jurídica.

JO. Dentro do retro conceito de jurídico, o projeto é injurídico, porquecontraria os mandamentos da liberdade de iniciativa privada e da valorizaçãodo trabalho e sua remuneração. Não se pode conceber, dentro da ordem jurí­dica imperante no País, a existência de lei que repudie aqueles princípios eque obrigue o contratante, produtor de bens ou serviços, a avençar contraria­mente aos seus interesses e a seus objetivos precípuos.

11. Ocorre, ademais, que o Projeto, na forma como está redigido, con­traria a melhor técnica de elaboração legislativa, a aqual, no caso, indica quese deve legislar a medida preconizada mediante a inserção, na lei alteranda,da modificação do direito que ela deve abrigar no seu próprio corpo. A formade legislar eleita é inconveniente não só porque permite engano na localizaçãodo direito legislado, Por não encontrado no diploma básico que o deveriaconter, mas também porque contribui para a multiplicação do acervo legisla­tivo em vigor, com todas as conseqüências negativas notoriamente conheci­das que de tal circunstância decorrem, a complicar a atividade de aplicadorese intérpretes da lei. Quando recorre à redução de 50% (cinqüenta por cento)do montante do valor ideal da prestação de serviço ou aquisição de bem, jáconfere o projeto um prejuízo. de 50% (cinqüenta por cento) nas operações daatividade privada. Quando faculta a dedução daquele valor na declaração doimposto de renda (seria a título de despesa operacional ou de redução do im­posto?), esquece a quase impraticabilidade do projetado e a geração de simu­lação de fornecimento de bens e serviços a título gratuito que a medida ense­jaria. Note-se que, na legislação do IPI, do lCM e do Imposto sobre Serviços,a venda a título gratuito não escapa à tributação, tendo.em vista o caráter ob­jetivo e de imposição indireta desses tributos, dos quais nem as pessoas jurídi­cas de direito são imunes.

12. Pelas razões expostas. não podemos ser favoráveis à tramitação doprojeto de lei sub examine.

11 - Voto do Relator

Votamos pela inconstitucionalid;de, injuridicidade e falta de razoáveltécnica legislativa do Projeto de Lei nv 973. de 1979. Sub censura.

Sala da Comissão. 3 de dezembro de 1980. - Gomes da Silva, Relator.

lU - Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição e Justiça, em reunião de sua Turma "B",opinou. contra os votos dos Srs, Antônio Mariz e Pimenta da Veiga, pela in­constitucionalidade e injuridicidade do Projeto n9 973/79, nos termos do pa­recer do Relator.

Estiveram presente os Senhores Deputados: Ernani Satyro - Presidente,Gomes da Silva - Relator Afrisio Vieira Lima, Altair Chagas, Antônio Ma­riz, Brabo de Carvalho, Christiano Dias Lopes, Djalma Marinho, FranciscoBenjamim, Jairo Magalhães, Joacil Pereira, Jorge Arbage, Lázaro de Carva­lho, Nelson Morro, Paulo Pimentel e Pimenta da Veiga.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980- Ernani Satyro, Presidente­Gomes da Silva, Relator.

PROJETO DE LEI No 1.446-A, DE 1979(Do SI. Walter de Prá)

Declara que a negativa de licença, da Casa Legislativa, para oprosseguimento de ação penal contra qualquer de seus membros Im­porta extinção da punibilidade; tendo parecer: da Comlssân de Cons­tituíção e Justiça, pela constitucionalidade, juridicidade, técnica legis­lativa e, no mérito, pela rejeição.

(Projeto de Lei nv 1.446, de 1979, a que se refere o parecer.)

O Congresso Nacional decreta:Art. 19 O art. 108 do Decreto-lei n9 2.848, de 7 de dezembro de 1940 ­

Código Penal-, passa a vigorar acrescido da seguinte disposição, numeradacomo seu item X, assim redigida:

"Art. 108.·' .X - pela negativa de licença, da Casa Legislativa, para o pros­

seguimento de ação penal contra qualquer de seus membros."

Art. 20 A presente lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 30 Revogam-se as disposições em contrário.

J ustiflcaçãoA vigente Constituição Federal, em seu art. 32, é de meridiana clareza ao

declarar:"Art. 32. Os Deputados c Senadores são invioláveis no

exercício do mandato, por suas opiniões. palavras e votos, salvo noscasos de crime contra a Segurança Naciorral.

§ 19 Desde a expedição do diploma até a inauguração da legis­latura seguinte. os membros do Congresso Nacional não poderãoser presos, salvo flagrante de crime inafiançável, nem processadoscriminalmente, sem prévia licença de sua Câmara." (Grifei.)

Esta redação restabeleceu o princípio clássico de que a Casa Legislativadeverá se pronunciar sobre a necessária licença para que um de seus membrospossa ser processado.

Mais do que um privilégio pessoal, trata-se de uma prerrogativa do pró­prio Parlamento e, assim, somente ele pode autorizar, ou não, a marcha doprocesso Criminal.

Em mais de uma oportunidade, e ainda recentemente, assistimos a pedi­dos da mais alta Corte de Justiça do País para prosseguimento de ação penalcontra Deputados. E a Câmara, em pronunciamentos que não deixaram dú­vidas quanto à sua intenção, houve por bem negar essas licenças.

Surpreendeu-se toda a Nação por farto e insuspeito noticiário de queaquela Corte de Justiça estaria deliberando que, em tais hipóteses, o processonão estaria findo e, sim, sobrestado, até o término do mandato do parlamen­tar, se e quando. para então o feito criminal prosseguir.

Não desejo tccer considerações sobre esse gesto, quando nada desairoso.Surpreendo-me. porém, que aqueles Juízes, conhecedores maiores da Lei eque a Constituição os define como de reputação ilibada e notável saber jurídi­co. deixem-se levar a tal caminho.

Para que não pairem dúvidas sobre a decisão soberana do Parlamento,apresento o presente Projeto de Lei que inclui expressa disposição a respeitodos efeitos da negativa de licença para processar Deputado ou Senador.

Sala das Sessões. - Walter de Prá.

LEGISLAÇ'iO CITADA. ANEXADA PELA COORDENAÇÃODAS COMlSSÕES PERMANENTES

DECRETO-LEI N0 2.848. DE 7 DE DEZEMBRO DE 1941

CÚDIGO PENAL

. , ·TiTlii.ü' viIi' .Da Extinção da Punibilidade

Art. 108. Extingue-se a punibilidade:

Março de1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçâu I) Quarta-feira 18 673

x - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo................... , .

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA

I - RelatórioDe autoria do nobre Deputado Wa1ter de Prâ, o presente projeto de lei

acrescenta ao art. 108 do Código Penal o seguinte inciso:

"X - peja negativa de licença, da Casa Legislativa, para oprosseguimento de ação penal contra qualquer de seus membros."

O art. 108 do Estatuto Penal traz o elenco das causas que propiciam a ex­tinção da punibilidade, como a morte do agente, a anistia, a graça ou indulto,a prescrição, etc.

O que o presente projeto de lei pretende é erigir como causa da extinçãoda punibilidade a negativa de licença do Parlamento para o processo de qual­quer de seus membros.

Ao justificar a proposição, argumenta o ilustre Parlamentar:"Em mais de uma oportunidade, e ainda recentemente, assisti­

mos a pedidos da mais alta Corte de Justiça do País para prossegui­mento de ação penal contra Deputados. E a Câmara, em pronuncia­mentos que não deixaram dúvidas quanto à. sua intenção, houve por.bem negar essas licenças.

Surpreendeu-se toda a Nação por farto e insuspeito noticiáriode que aquela Corte de Justiça estaria deliberando que, em tais hi­póteses, o processo estaria findo e, sim, sobrestado, até o término domandato do parlamentar, se e quando, para então o feito criminalprosseguir.

Não desejo tecer considerações sobre esse gesto, quando nadadesairoso. Surpreendo-me, porém, que aqueles Juízes, conhecedoresmaiores da Lei, e que a Constituição os define como de reputaçãoilibada e notável saber jurídico, deixem-se levar a tal caminho.

Para que não pairem dúvidas sobre a decisão soberana do Par­lamento, apresento o presente Projeto de Lei que inclui expressa dis­posição a respeito dos efeitos da negativa de licença para processarDeputado ou Senador."

Caso aprovada a proposição, em sendo negada a licença para o processode qualquer membro do Parlamento, estaria extinta a punibilidade de qual­quer delito praticado, pois o Estado renunciaria ao direito de punir.

Como assinala o então Ministro Francisco Campos, na Exposição deMotivos ao Código Penal:

"O que se extingue, antes de tudo, nos casos enumerados noart. 108 do projeto, é o próprio direito de punir por parte do Es-ta­do ... Dá-se, como diz Maggiore, uma renúncia, uma abdicação,uma derilição do direito de punir do Estado."

Os processualistas costumam distinguir as causas da extinção da punibi­lidade em naturais e políticas. Como exemplo das causas naturais, são citadasa morte do agente, a coisa julgada, o perdão da parte ofendida.

As causas políticas da extinção da punibilidade decorrem de circunstân­cias estranhas à natureza da ação penal. Dentre estas estariam a anistia e a

prescrição.

A negativa de licença do Parlamento para o processo de seus membros,como causa extintiva da punibilidade, viria ampliar o elenco das causas polí­ticas.

A este Órgão compete opinar não somente sobre o mérito da matéria,mas também examiná-Ia sob o tríplice aspecto de sua constitucionalidade. ju­ridicidade e técnica legislativa.

Não vislumbramos qualquer óbice de natureza constitucional, jurídicaou de técnica legislativa para a aprovação do presente projeto de lei.

Entretanto. quanto ao mérito, merece a proposição um exame mais acu­rado.

A imunidade de que trata a Lei Maior, instituídanão como um privilégiopessoal. mas como uma prerrogativa do próprio Parlamento, deve acompa­nhar o Congressista enquanto perdurar o seu mandato. Ante um pedido de li­cença para o processo de um de seus membros, o Congresso, através de qual­quer de suas Casas, comporta-se como um autêntico juiz, concedendo-o ounegando-o, com suporte em convicções jurídicas ou políticas.

Não vejo como se possa erigir em causa de extinção da punibilidade umanegativa de licença para o respectivo processo. Enquanto dura o mandato,poderá inclusive ocorrer o lapso prescricional, quando ocorrerá a extinção dapunibilidade pela prescrição. .

Negada li licença para o processo, fica sobrestado o mesmo, de acordocom o entendimento jío Excelso Pretório, que nos parece incensuráve1.

[[ - Voto do RelatorAnte o exposto, embora não encontrando óbice de natureza constitucio­

nal, jurídica ou de técnica legislativa, opinamos pela rejeição do presente pro­jeto de lei, quanto ao mérito.

Sala da Comissão, 27 de outubro de 1979. - Afríslo Vieira Lima,III - Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição e Justiça, em reunião de sua Turma "A",opinou, unanimemente, pela constitucionalidade, juridicídade, boa técnica le­gislativa e, no mérito, pela rejeição do Projeto n~ 1.446/79,nos termos do pa..recer do Relator.

Estiveram presentes os Senhores Deputados: Gomes da Silva, Vice­Presidente, no exercício da Presidência; Afrísio Vieira Lima, Relator; Adhe..mar Santillo, Cristiano Dias Lopes, Elquisson Soares, Jairo Magalhães, Lá ..zaro de Carvalho, Nelson Morro, Osvaldo Melo, Paulo Pimentel, TarcísioDelgado e Theodorico Ferraço,

Sala da Comissão, 27 de novembro de 1980. - Gomes da Silva, Vice..Presidente, no exercício da Presidência - Afrísio Vieira Lima, Relator.

PROJETO DE LEI N~ 1.991-A, DE 1979(Do Sr. Nilson Gibson)

Cria ajunta de Conciliação e Julgamento de Belo Jardim, no Es­tado de Pernambuco, e determina outras providências; tendo parecer:da Comissão de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade.

(Projeto de Lei nv 1.991, de 1979, a que se refere o parecer.)

O Congresso N acional decreta:Art. l~ É autorizada a criação, na 6' Região da Justiça do Trabalho, de

uma Junta de Conciliação e Julgamento, na cidade de Belo Jardim, no Estadode Pernambuco.

Art. 2~ Fica assim definida a área de jurisdição da Junta de Belo Jardim:o respectivo Município e os de Sanharó, Tacaimbó, São Caitano, São Bentodo Una, Cachoeirinha e Brejo da Madre Deus.

Art. 3~ Fica autorizada a criação, na Justiça do Trabalho, na 6' Região,de um cargo de Juiz do Trabalho, Presidente da Junta; duas funções de Vo­gal; de um cargo em comissão de Diretor de Secretaria; de um cargo de Técni­co Judiciário; de um cargo de Oficial de Justiça e Avaliador; de dois cargos deAuxiliar Judiciário e de dois de Atendente Judiciário.

Parágrafo único. Para cada exercente de função de Vogal, criada pelapresente lei, haverá um Suplente.

Art. 4~ As despesas com a execução da presente lei serão atendidas comdotações orçamentárias da Justiça do Trabalho.

Art. 59 A presente lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 69 Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

O presente projeto de lei tem em vista tornar efetiva uma antiga reivindi­cação da cidade de Belo Jardim, no agreste do Estado de Pernambuco: ter asua Junta de Conciliação e Julgamento.

Preliminarmente, cumpre que se esclareça não ser esta proposição mera­mente autorizativa. É que, conforme todos sabemos, são assim, atendidasaquelas que dispõem sobre decisões que não necessitam de texto legal paraque sejam efetivadas. No caso presente. todavia, é imprescindível que uma leicrie a Junta de Conciliação e Julgamento e crie os cargos. Apenas a imple­mentação dependerá da existência de dotações orçamentárias suficientes.

Município de grande vitalidade econômica, Belo Jardim desenvolve suasatividades nos setores da indústria, do comércio e da agropecuária com inten­sidade característica das zonas pioneiras. rápidas de expansão. Servida pelaRFFSA a rodovia estadual federal e boas estradas municipais, favorecidaspela afluência de empresários ativos, dispostos a progredir pelo trabalho, seusaspectos revelam oespirito evoluído de sua gente e permitem descortinar-seum futuro de prosperidade e riqueza. O parque industrial de Belo Jardim é re­presentado por cerca de 300 estabelecimentos, onde se destacam os de trans­formação. industrialização da carne, doce, óleos vegetais, rações, etc. O nú­mero de pessoas ligadas às atividades industriais somam mais de 15.000. Ocomércio é bem desenvolvido, registrando-se a existência de mais de 1.000 es­tabelecimentos. A população é atendida pela existência de cerca de 700 esta­belecimentos de prestação de serviços, 12 agências bancárias, inclusive, CaixaEconômica. O comércio e a prestação de serviços fornecem emprego a quase10.000 pessoas.

Diante do exposto, pode-se visualizar o potencial econômico, social ecultural de Belo Jardim que fixa esta cidade como o Pólo de Desenvolvimentodo Agreste de Pernambuco.

A criação e instalação da Junta de Conciliação e Julgamento insere-se,perfeitamente. na trajetória brilhante de Belo Jardim-PE.

674 Quarta-feira 18 mARIO DO CONGRES:;o NACIONAL (Seção I) Marçode 1981

Estou certo de que os nobres colegas emprestarão o seu apoio decisivopara que a presente proposição possa ser transformada em lei.

Sala das Sessões, 2 de outubro de 1979. - Nilson Gibson.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE, ANEXADA PELA COORDENAÇÃODAS COMISSÕES PERMANENTES

LEI NQ 5.630, DE 2 DE DEZEMBRO DE 1970Estabelece normas para a criação de órgãos de prlmciralnstâncla

na Justiça do Trabalho, e dá outras providências.

O Presidente da República,Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

Lei:Art. 19 A criação de Junta de Conciliação e Julgamento está condiciona­

da à existência, na base territorial prevista para sua jurisdição, de mais de 12mil empregados e o ajuizamento, durante três anos consecutivos, de, pelo me­nos, duzentas e quarenta reclamações anuais.

§ IQ Nas áreas de jurisdição onde já existam Juntas, só serão criados no­vos órgãos quando a freqüência de reclamações, no período previsto neste ar­tigo, exceder, seguidamente, a mil e quinhentos processos anuais.

§ 29 A jurisdição das Juntas só poderá ser estendida aos municípios oudistritos situados num raio máximo de sessenta quilômetros, desde que osmeios dc condução para a respectiva sede sejam diários e regulares.

§ 3QPara efeito do que dispõe este artigo, as Juntas de Conciliação e Jul­gamento e os Juízes de Direito investidos da administração da Justiça do Tra­balho encaminharão, mensalmente, ao Tribunal Superior do Trabalho, naforma das instruções por este expedidas, boletins estatísticos do movimentojudiciário-trabalhista.

Art. 2Q As propostas de criação de novas Juntas serão encaminhadas àPresidência do Tribunal Superior do Trabalho, que se pronunciará sobre asua necessidade, de acordo -corn os critérios adotados nesta Lei.

Parágrafo único. Os órgãos responsáveis pelos serviços estatísticos for­necerão ao Tribunal Superior do Trabalho, sempre que solicitados, os dadosnecessários à instrução das propostas de criação de Juntas de Conciliação eJulgamento.

Art. 39 O disposto no § 2Q do artigo IQ não se aplica às Juntas de Conci­liação e Julgamento já criadas na data de início da vigência desta Lei.

Art. 49 Esta Lei entrará em vigor na data dc sua publicação, revogadas asdisposições em contrário.

Brasília, 2 de dezembro de 1970; 149Qda Independência e 82Qda Repúbli­ca. - EMfuo G. M1tDICI - Alfredo Buzaid.

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUiÇÃO E JUSTIÇA

I - Relatório

O ilustre Deputado Nilson Gibson propõe à aprovação do CongressoNacional o projeto acima identificado, cujo objetivo ê criar uma Junta-deConciliação e Julgamento na cidade de Belo Jardim, em Pernambuco.

Alega o nobre proponente:

"Município de grande vitalidade econômica, Belo Jardim desenvol­ve suas atividades nos setores da indústria, do comércio e da agrope­cuária com a intensidade característica das zonas pioneiras, rápidasde expansão. Servida pela RFFSA a rodovia estadual federal e boasestradas municipais. favorecidas pela afluência de empresários ati­vos, dispostos a progredir pelo trabalho, seus aspectos revelam oespírito evoluído de sua gente e permitem descortinar-se um futurode prosperidade e riqueza. O parque industrial de Belo Jardim é re­presentado por cerca de 300 estabelecimentos, onde se destacam osde transformação, industrialização da carne, doce, óleos vegetais,rações, ate. O número de pessoas ligadas às atividades industriaissomam mais de 15.000; O comércio é bem desenvolvido,registrando-se a existência de mais de 1.000 estabelecimentos. A po­pulação é atendida pela existência de cerca de 700 estabelecimentosde prestação de serviços, 12 agências bancárias, inclusive, CaixaEconômica. O comércio c a prestação de serviços fornecem empregoa quase 10.000 pessoas."

Sob o aspecto da constitucionalidade a proposição não é viável, uma vezque infringe dispositivos da Lei Maior. Tanto o art. 115,Il, quanto o 56 (inft­ne) estabelecem competência ao Poder Judiciário para tomar tal iniciativa.

Os titulares do poder de iniciativa das leis são discriminados expressa-mente pela Constituição. In verbis:

"Art. 56. A iniciativa das leis cabe a qualquer membro ou comissãoda Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, ao Presidente daRepública e aos Tribunais Federais com jurisdição em todo o terri­tório nacional." (O grifo ê nosso.)

Ocorre, entretanto, que nem todos têm o poder de iniciativa de leis sobrequalquer matéria. A Constituição traça regras de competência a respeito doassunto, e reserva a determinado titular competência exclusiva para dar inícioao processo legislativo sobre matérias que especifica.

Assim, compete aos Tribunais, dentre outras iniciativas, "organizar seusserviços auxiliares, provendo-lhes os cargos, na forma da lei; propor ao PoderLegislativo a criação ou a extinção de cargos e a fixação dos respectivos ven­cimentos". (art. 115, lI).

Conforme se depreende do dispositivo em tela, a iniciativa do projeto emexame - a de se criar uma junta de conciliação e julgamento - deverá serproposta pelo Poder Judiciário ao Poder Legislativo. •

É o nosso parecer.Sub censura.

JJ - Vorodo Relator

Em face do exposto manifestamo-nos pela inconstitucionalidade do Pro­jeto de Lei nv 1.991, de 1979, de autoria do nobre Deputado Nilson Gibson.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Gomes da Silva.

Hl - Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição e Justiça, em Reunião de sua Turma "B",. opinou, unanimemente pela inconstitucionalidade do Projeto n9 1.991/79,

nos termos do parecer do Relator. .Estiveram presentes os Senhores Deputados: Ernany Satyro - Presiden­

te, Gomes da Silva - Relator, Afrísio Vieira Lima, Altair Chagas, AntonioMariz, Brabo de Carvalho,Christiano Dias Lopes, Djalma Marinho, Fran­cisco Benjamim, Jairo Magalhães, Joacil Pereira, Jorge Arbage, Lázaro deCarvalho, Nelson Morro, Paulo Pimentel e Pimenta da Veiga.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Ernanl Satyrn, Presidente- Gomes da Silva, Relator.

PROJETO DE LEI NQ 2.038-A, DE 1979(Do Sr. Alcides Franciscato)

Concede estimulo aos adquirentes de veículos movidos a álcooldestinados ao serviço urbano de táxis, e determina outras provídên­cias; tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela in­constitucionalidade.

(Projeto de Lei nv ·2.038, de 1979, tendo anexado o de n?3.551/80. a que se refere o parecer.)

O Congresso Nacional decreta:

Art. IQOs veículos movidos a álcool que se destinarem ao serviço de táxidos centros urbanos serão vendidos a preços especiais para os motoristas au­tônomos e para as empresas legalmente constituídas, de conformidade com asdisposições desta lei.

Art. 2Q OS motoristas autônomos poderão beneficiar-se dos preços espe-ciais previstos nesta lei, desde que:

I - estejam cadastrados como motoristas autônomos;

TI - estejam filiados ao sindicato da classe;

III - estejam em dia com o pagamento das obrigações previdenciárias etributos inerentes ao exercício da profissão.

Art. 3Q OS veículos movidos a álcool adquiridos não poderão ser aliena­dos por um período mínimo de dois anos, a contar da data de aquisição.

Art. 4QA exigência constante do artigo anterior extinguir-se-á após o tér­mino do prazo estabelecido ou, em qualquer tempo, nos seguintes casos:

1- acidente que torne o veículo inadequado para o serviço de táxi, com­provado por laudo têcnico pericial exarado pela autoridade competente;

JI - por doença do proprietário que o torne incapaz para o exercício daprofissão, comprovada por laudo médico;

III - por falecimento do proprietário.Art. 59 O motorista autônomo não poderá usufruir dos benefícios desta

lei para aquisição de outro veículo, antes de decorrido o prazo estipulado noart. 39 , mesmo ocorrendo o previsto no inciso I do artigo anterior.

Art. 6QAs empresas de táxi para se beneficiarem desta lei, deverão satis-fazer às seguintes exigências:

I - apresentar "Termo de Permissão";II - estar filiado às suas associações de classe;UI - exibir prova de quitação dos impostos devidos.Art. 7QA alienação do veículo adquirido por empresa de táxi só poderá

ser efetuada decorridos dois anos de sua aquisição ou, em qualquer tempo,nos seguintes casos:

I - acidente que torne o veículo impróprio para o serviço de táxi, com­provado por laudo técnico pericial exarado pela autoridade competente;

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 675

I - por dissolução da sociedade;Hl - por cassação do "Termo de Permissão".Art. 89A alienação do veículo, nos casos enumerados nos itens dos arti­

gos 49 e '79 , somente poderá ser feita a sindicato ou associações de classe demotoristas e empresários de táxis, sempre por preço inferior ao de sua aqui­sição, para cessão, sem lucro, aos respectivos associados.

Art. 99 As vendas serão realizadas pelos revendedores autorizados dasrespectivas fábricas, após exame da documentação enumerada nos artigos 29e 69

§ 19 A documentação exigida será anexada à proposta de aquisição, emcópia xerográfica autenticada, em três vias, destinadas ao revendedor e duasao fabricante.

§ 29 O desconto concedido corresponderá à soma dos impostos que inci­direm sobre o produto final e sua comercialização, respeitados os lucros per­mitidos em lei.

§ 39 Os fabricantes e revendedores ressarcir-se-ão dos descontos concedi­dos, mediante a apresentação dos documentos recebidos do adquirente, quelhes serão creditados ao saldarem seus compromissos tributârios.

Art. 10. A não observância, por qualquer das partes, das prescrições des­ta lei, implicará perda do benefício para o adquirente e na multa de CrS10.000,00 (dez mil cruzeiros), reajustável com base ria variação nominal daObrigação Reajustável do Tesouro Nacional, para o revendedor que, em casode reincidência terá cassado seu alvará de funcionamento.

Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.

J:ustifleação

A importação de 83% para complementar nossas necessidades de pe­tróleo revela uma grave vulnerabilidade em nosso setor energético, porquan­to 36% da energia primária que consumimos dependem de fontes externas,enquanto 76% de nossos sistemas de transporte dependem do petróleo impor­tado.

Para vencer tal desafio será necessário profundo esforço nacional capazde utilizando nossas potencialidades minimizar essa dependência. Uma dasalternativas válidas encontra-se na agilização da política nacional do álcoolcombustível, obtido de fonte perene, totalmente produzido em território na­cional, com matéria-prima, tecnologia e equipamentos nacionais, sem exigirmotores de natureza diversa dos fabricados correntemente no País.

As montadoras de veículos já estão em condições de produzir, em série,motores movidos exclusivamente a álcool. Já existem postos de abastecimen­to com bombas de álcool hidratado, sendo necessária apenas a ampliaçãodesse abastecimento por todo o território nacional, não somente nos centrosurbanos como também nas rodovias federais.

Procuramos estimular aqueles que executam o serviço urbano de táxis,para que estes consumam exclusivamente álcool combustível, através da con­cessão de benefícios fiscais.

Dentre os serviços de utilidade pública existentes em nossos grandes cen­tros urbanos, avulta o prestado pelos táxis. Serviço desgastante, tanto para amáquina como para o motorista, não se lhes dá a devida compensação.

O trânsito das grandes cidades atingiu situação caótica, com variadosproblemas - ausência de locais para estacionamento, produtividade mínima,velocidade, em determinados horários, não chega a 5 kmIhora.

Nesse cenário, sobressai o heroísmo do motorista de táxi que enfrenta,de forma incansável, todas as vicissitudes.

Para o motorista amortizar o financiamento do veículo, de custo proibi­tivo, pagar a licença, juros, correção monetária, combustível, óleo, reparos,leis sociais etc., além do sustento próprio e da família, é empresa que só podeser levada adiante por ato de heroísmo.

O presente projeto de lei também pretente, em parte, sensibilizar o poderpúblico, sobre a urgente necessidade de ser concedido algum incentivo àque­les que operam esse mister.

A estrutura de nosso trânsito, em todas as partes, apresenta falhas gri­tantes - ausência de uma engenharia de tráfego sistêmica, planejamento ur­bano inadequado, inexistência de uma filosofia de trânsito. Já não falamosdos acidentes, da morte que o ronda a cada instante, dos assaltos, tão comunsem nossos dias, mas da clarividência que o poder público deve utilizar paraestimular esse indispensável serviço.

Com a integração dos meios de transporte urbano, o táxi perdeu grandeparte de sua clientela, e se acha sujeito ainda aos insuportáveis e constantesaumentos de gasolina. Utilizando álcool como combustível, a preço inferiorao da gasolina, o táxi, por certo, além de ser beneficiado vai trazer nova di­mensão ao Plano Nacional do Álcool.

Estamos, assim, reconhecendo o estado calamitoso do transporte de pas­sageiros por meio 'de táxi, que se configura prejudicial até para o nosso descn-

volvimento turístico. A proposição estabelece medida realista e eficaz, visan­do a gradativa substituição de gasolina pelo álcool, maior conforto aosusuários, e mais segurança com a utilização de veículos que não ultrapassemdois anos no serviço.

Na atual fase econômica, de inflação ascendente, redução dos meios depagamento, aumento da taxa de juros de redesconto e liberação dos juros dasfinanceiras, tornou-se assaz difícil a renovação do veículo.

Esta proposição vem de encontro às diretrizes governamentais - incen­tivo ao uso do álcool combustível, segurança de trânsito, aumento da pro­dução de veículos, pela renovação constante dos mesmos para o serviço de tá­xis, é, enfim, o reconhecimento justo e humano das necessidades coletivas.

O projeto, em seu art. 29 , estabelece condições para a concessão de be­nefícios, objetivando identificar o motorista nos órgãos de trânsito, facilitan­do, assim, a aplicação de penalidades para as infrações cometidas; fortalece osindicato da classe, para melhor disciplina, orientação, comportamento notrânsito e arrecadação tributária mais eficaz; os artigos 39 e 59 coíbem o usoindevido do benefício preconizado, estipulando o prazo de dois anos, com otempo útil do veículo em serviço, objetivando também a segurança; os artigos79 e 89 estabelecem precauções idênticas para as empresas, objetivando querecebam de suas associações de classe coordenação e orientação imprescindí­veis ao completo serviço, empresarial que exercitam; o artigo 99 vincula fabri­cantes e revendedoras com as obrigações dos adquirentes, evitando operaçõesespúrias, prejudiciais ao erário, além de assegurar o livre comércio das mes­mas com os lucros permissíveis, estipula o meio de ressarcimento dos descon­tos concedidos, abrindo novo mercado para os veículos produzidos no País;finalmente, o art. 10 prevê penalidades que descaracterizam imagem paterna­lista ou demagógica, elevando o conceito das acertadas medidas governamen­tais.

Esta a proposição que, devidamente analisada pelos nossos eminentespares, terá a devida apreciação, porquanto vem de encontro às necessidadesgerais.

Sala das Sessões, de de 1979. - Alcides Francíscato.

PROJETO DE LEI N9 3,551, DE 1980(Do Sr. Joel Lima)

Concede isenção de taxa e tarifa que menciona a proprietários de .veículos movidos a álcool hidratado, e dá outras providências,

(Anexe-se ao Projeto de Lei n9 2.038, de 1979, nos termos doart. 71 do Regimento Interno.)

O Congresso Nacional decreta:Art. 19 É concedida isenção total, pelo prazo de 5 (cinco) anos, da Taxa

Rodoviária Única e Tarifa de Pedágio a veículos de fabricação nacional mo­vido a álcool hidratado, desde que não possuam potência superior a 46 HP.

Art. 29O Conselho Nacional de Trânsito, à vista do que dispõe esta lei,baixará as instruções normativas necessárias à sua execução no prazo de 60(sessenta) dias contados da data de sua publicação.

Art. 39 Esta Lei será regulamentada pelo Poder Executivo, ouvido o Mi­nistério dos Transportes, no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data desua publicação.

Art. 49 Esta Lei entra em vigor na data em que é publicada.Art. 59 Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

O presente Projeto de Lei tem por objetivo conceder isenção da TaxaRodoviária Única (TRU) e da tarifa cobrada nos postos de pedágio a veícu­los que, tendo sido fabricados no Brasil, sejam movidos a álcool hidratado,desde que não possuam capacidade de potência superior a 46 HP.

Trata-se, inegavelmente, de proposição do maior interesse para a econo­mia nacional, tendo em vista o seu caráter estimulador do uso do álcool hi­dratado como combustível propulsor, além de, incentivando a agricultura ca­navieira, promover oferta maior de mão-de-obra a nível dos trabalhadoresmais humildes.

Este Projeto, porém, não generaliza a isenção, tornando-o, sob certoponto de vista, injusto, eis que determina como condições essenciais para asua concessão que os veículos sejam de fabricação nacional- o que protege aindústria brasileira - e que não tenham potência superior a 46 HP, o queconfigura o atendimento do interesse social.

Sem pretender termos achado um ovo de Colombo, somos levados a de­clarar, porém, que esta nossa proposição bem poderá constituir-se numa dasmais importantes colaborações já oferecidas para a superação de grande par­te das nossas dificuldades de Balanço de Pagamentos.

Isto porque, ao determinar que a isenção que se pretende conceder so­mente será reconhecida aos veículos que, movidos a álcool - incluindo, por-

676 Quarta-feira 18 DlÃRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Scçâo I) Março de 1981

tanto motonetas, motocicletas e outros veículos menores -, tenham potêncianunca superior a 46 HP, equivalente, portanto, à capacidade do conhecido"Fusca Besouro", ou seja, o Volkswagen 1.300, estará contribuindo para quetambém esse combustível seja economizado.

Tal economia possibilitará-s- aí sim! - a exportação do excedente, a fimde que o País possa amealhar os dólares tão necessários à liquidação de suacrescente dívida externa, recobrando assim, a soberania brasileira que já sesente ameaçada pelo volume dessas dívidas.

Acreditamos, por isso, que este Projeto terá rápida tramitação no Con­gresso Nacional, a fim de que, transformado em lei, possa produzir os efeitosenunciados na presente justificativa.

Sala das Sessões, 2 de setembro de 1980. - Joel Lima.

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇAI - Relat6rio

Ambos os projetos anexados - o de n9 2.038/79, do Sr. Alcides Francis­cato - PDS/SP e o de n9 3.551/80 do Sr. Joel Lima/Rl - pretendem incen­tivar o uso do veículo movido a álcool através de vantagens auferidas pelaisenção de tributos.

O Projeto 'do Deputado Alcides Franciscato intenta a venda de veículosa ácool para proprietários individuais ou frotas de táxi a preço mais baixo,porque com isenção dos impostos que pesam sobre o "produto final e sua co­riercialização" (art. 99§ 29 do projeto) cujo valor seria ressarcido ao fabrican­te comprovada a venda para serviço de táxi (art. 99 § 39) .

O Projeto do Deputado Joel Lima isenta por cinco anos da Taxa Rodo­viária Única e da Taxa de Pedágio os veículos movidos a álcool que não pos­suam potência superior a 46 HP.

O Projeto n9 2.038/79, do Sr. Alcides Franciscato, constitui-se numa co­laboração importante para o equacionamento de nossos problemas de com­bustíveis. Dispõe toda uma sistemática para a venda de veículos a álcool paraos serviços de táxi e estatui normas prudentes para que não sejam desviadospara outras finalidades. Uma solução possível, a nível de mérito.

Esta, todavia, não é a atribuição de nossa Comissão que devemanifestar-se apenas sobre os aspectos preliminares do conhecimento da ma­téria. O mérito está atribuído às Comissões de Transportes e de Economia,Indústria e Comércio.

Ê o relatório.

11 - Voto do Relator

Em ambos os projetos voltamos à questão fundamental de inquirir sobreo que é a matéria financeira no entendimento constitucional. .

Temos afirmado um pensamento de interpretar o mais restritamente anorma constitucional que veda a iniciativa parlamentar de projetos de lei que"disponham sobre matêria financeira" (art. 57 inciso I da Constituição). Paranós "matéria financeira" é aquela que incide diretamente sobre o Orçamentoda União, isto é, ou lhe aumenta a despesa ou lhe diminui a asrecadação.

Nessa interpretação mais liberal e mais restrita da. norma constitucional,as presentes matérias são inconstitucionais: elas diminuem a arrecadação daUnião a partir do momento em que estatuem isenção de impostos ou taxas.

fi certo que matéria "tributária", lato sensu, não deve ser vedada à inicia­tiva parlamentar por não se compreender no significado de "matéria financei..ra". Todavia, quando uma iniciativa diminui a arrecadação, a Constituiçãoreserva a iniciativa do Presidente da República.

Muitos projetos têm, neste campo, excelente mérito e mereceriam serconsiderados. É o caso do projeto 2:038, que se torna uma sugestão oportunajogada, infelizmente, no vácuo porque eivada de inconstitucionalidade para

.ser considerado como projeto de lei e destinada apenas a veiculação do temasem grandes possibilidades de ser apreciado pela administração.

Inconstitucionais. Ê o nosso voto.Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - João Gilberto, Relator

III - Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição e Justiça, em Reunião de sua Turma "B",opinou, unanimemente, pela inconstitucionalidade do Projeto de Lei nv2.038/79 (Anexo o Projeto n9 3.551/80), nos termos do parecer do Relator.

Estiveram presentes os Senhores Deputados: Ernani Satyro - Presiden­te, João Gilberto - Relator; Afrisio Vieira Lima, Antonio Mariz, Brabo deCarvalho, Francisco Benjamim, Gomes da Silva, Jairo.Magalhães, Joacil Pe­reira, Jorge Arbage, Lázaro Carvalho, Nelson Morro, Nilson Gibson, PaulcPimentel.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Ernani Satyro, Presidente- João Gilberto, Relator.

PROJETO DE LEI N9 2.236-A, DE 1979(Do Sr. Odacir Klein)

Dispõe sobre a expedição, em duplicata, dos documentos de iden­tificação pessoal, e dá outras providências; tendo parecer: da Comis­são de Constituição e Justiça, pela inconstitucionalidade, contra ovoto do Sr. Antonio Mariz.

'(Projeto de Lei nv 2.236, de 1979, a que se refere o parecer.)

O Congresso Nacional decreta:Art. 19 Os documentos expedidos por órgãos oficiais, visando à identi­

ficação de pessoas, serão emitidos em 2 (duas) vias, ambas entregues, no mes­mo ato, ao requerente.

§ 19 Ficam excluídas da exigência de duplicata os documentos de iden­tificação pessoal sujeitos a apreensão pela autoridade pública.

§ 29 Serão igualmente expedidos em via única o título de eleitor e ou­tros documentos, cuja emissão em duplicata possa ensejar ao portador a prá­tica de fraude.

Art. 29 As fotografias de todos os documentos de identificação pessoal,expedidos por órgão oficial, terão tamanho e formato padronizados em todoo território nacional, ressalvadas as exceções decorrentes de acordos interna­cionais firmados pelo Governo brasileiro.

Art. 39 O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 90 (no­venta) dias, contados da sua publicação.

Art. 49 Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.Art. 59 Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

O complexo emaranhado de problemas que o homem moderno é compe­lido a enfrentar cotidianamente em sua vida comunitária resulta, sem dúvida,do próprio progresso alcançado pela humanidade.

Entre nós, e apesar do anunciado trabalho de desburocratização desen­volvido pelo Governo, há um aspecto dessa problemática que assume, não ra­ro, proporções insuportáveis: ° número excessivo de documentos pessoaisimpostos ao cidadão comum cada um dos quais com finalidades específicas etodos de difícil obtenção.

Por incrível ou paradoxal que possa parecer, todos esses documentos sãoabsolutamente indispensáveis ao desempenho normal de atividades ordi­nárias, o que implica em tê-los sempre à mão, geralmente reunidos em uma sócarteira, a fim de evitar aborrecimentos e uma gama múltipla de vicissitudes edificuldades.

De resto, a circunstância de que o homem simples do povo deve portá­los simultaneamente, porque sua exigência em repartições públicas e outrosórgãos é sempre pluralística, significa que a perda de um acarretará necessa­riamente o extravio de todos. Se isso ocorrer - fato, aliás, corriqueiro navida atribulada do cidadão brasileiro - a pessoa que os perder- ficará impos­sibilitada, ao menos temporariamente, de exercer qualquer tipo de atividadeou transação, na expectativa por vezes exasperante de obter a segunda via dosdocumentos extraviados.

Ora, para prevenir esse tipo de problema, parece-me mais racional a ex­pedição desses documentos em duas vias, entregues ao interessado no mesmoato, para que uma delas (no caso, a via original) seja reservada ao uso imedia­to, ao passo que a duplicata somente será utilizada em caso de perda da pri­meira via.

Ê verdade que alguns desses documentos, por sua própria destinação,não comportam a expedição de duas vias. Essa hipótese, por sinal, está pre­vista no parágrafo primeiro e segundo do artigo primeiro da presente propo­sição. Tais peculiaridades impedem a adoção da regra geral por razões óbviase que, por isso mesmo, dispensam maiores considerações.

Por outro lado, o projeto sugere a padronização das medidas e do forma­to das fotografias usualmente afixadas aos documentos de identificação, ten­do em vista tornar mais simples e menos onerosa a sua obtenção.

Tam bêm para essa medida de cunho genérico, a proposição ressalva umasituação excepcional, qúal seja, a resultante do cumprimento de convençõesinternacionais celebradas pelo Governo brasileiro.

Assim, levadas na devida conta todas essas razões de ordem prática, quepodcm ser atendidas sem o menor arranhão às normas de segurança, tanto do

. Estado como dos cidadãos, suponho dar, com o presente projeto, uma mo­desta contribuição à indispensável simplificação da dinâmica social, tornan­do menos complexas as exigências impostas, hoje, ao homem simples do po­vo.

Sala das Sessões, 30 de outubro de 1979. - Odacir Klein.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 677

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA

I - Relatório

Com o presente projeto de lei, pretende o nobre par estabelecer a obriga­toriedade de expedição, em duplicata, dos documentos de identificação indi­vidual.

Justifica o projeto, dizendo que

"A circunstância de que o homem simples do povo deve portá-lossimultaneamente, porque. sua exigência em repartições públicas eoutros órgãos é sempre pluralística, significa que a perda de umacarretará necessariamente o extravio de todos. Se isso 'ocorrer ­fato, aliás, corriqueiro na vida atribulada do cidadão brasileiro - apessoa que os perder ficará impossibilitada, ao menos temporaria­mente, de exercer qualquer tipo de atividade ou transação, na expec­tativa por vezes exasperante de obter a segunda via dos documentosextraviados.Ora, para prevenir esse tipo de problema, parece-me mais racional aexpedição desses documentos em duas vias, entregues ao interessa­do no mesmo ato, para que uma delas (no caso, a via original) sejareservada ao uso imediato, ao passo que a duplicata somente seráutilizada em caso de perda da primeira via."

11 - Voto do relator

Pelo Art. 28, § 49, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados,compete a esta Comissão a análise do projeto nos seus aspectos da constitu­cionalidade, juridicidade e da técnica legislativa. E, pelo mesmo artigo e pará-grafo, alínea "a", compete, ainda, a análise do mérito. .

Em nenhum dos itens do Art. 89, da Constituição Federal, está contem­plada a competência da União para legislar sobre a identificação civil. Assim,pela competência supletiva, cabe aos Estados-membros legislar sobre a ma­téria, organizando os serviços de identificação civil da maneira que melhoratender às necessidades e conveniências locais.

Manoel Gonçalves. Ferreira Filho ensina que "competência supletiva é aque supre a ausência de normas federais sobre determinada matéria. Esse é osentido primeiro e constitucional da expressão". (Comentários à Consti­tuição Brasileira; 19 vol., pâg. 110, Saraiva, 1972). Assim, não constando ex­pressamente do texto constitucional federal a competência da União para le­gislar sobre a identificação civil, a competência supletiva dos Estados­membros se afirma, não podendo, então, a União intrometer-se nessa compe­tência.

A nossa própria tradição confirma o nosso posicionamento. Estudo rea­lizado em julho de 1979, pela Assessoria Legislativa desta Casa no Centro deDocumentação e Informação da Câmara, leva à certeza de que não existe le­gislação, a nível federal, regulando a validade das cédulas de identidade, emi­tidas por órgão estadual, em todo o território nacional. Isso confirma, aindamais, a tese de que aos Estados-membros compete a legislação sobre os ser­viços de identificação civil. Eis o motivo porque se nos afigura inconstitucio­nal o projeto apresentado à análise.

Contudo, mesmo que não levássemos em consideração os argumentosaté agora apresentados, convém realçar a grande inconveniência'do projeto.

Na revista Arquivos da Polícia CMI. órgão publicitário da Secretaria deSegurança Pública do Estado de São Paulo, (vol. XXVII, I" semestre de 1976)há um estudo de um Delegado de Polícia, segundo o qual o movimento de ex-:pedição de documentos atingiu, naquele estado, cifra superior a dois milhões,em 1975, distribuídos como segue:

Atestado de antecedentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.179.929;Cédula de identificação (objeto do presente projeto) 1.046.625;Folhas de antecedentes " " .. . . . . 56.621Essascifras que ocorreram.vamos repetir, em 1975, demonstram, por si

só, a inconveniência total do projeto. Devemos contudo, acrescentar, comoafirma o mesmo articulista, que o número de pessoas identificadas naqueleEstado aumenta em 11,828% ao ano. Se fôssemos, então, aprovar o projetoem estudo, aquele número de identificação ocorrido em 1975, atualizado peloíndice anual de crescimento apresentado, estaria duplicado. Isso viria causarum tal tumulto nos serviços de identificação, que se tornaria verdadeiramentecalamitosa a situação desses órgãos. E aqui, devemos lembrar, só considera­mos o Estado de São Paulo, não sendo cogitados o Estadodo Rio de Janeiroc outros Estados com movimento de identificação civil tambêrn muito signifi­cativo.

Por todo o exposto, consideramos o projeto, não só inconstitucional,mas também contrário aos interesses dos Estados-membros e aos interessesda própria coletividade.

Somos, pois, por sua rejeição.Sala da Comissão, 4 de novembro de 1980. - Afrísio Vieira Lima.

111 - Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição e Justiça, em reunião de sua Turma "B",opinou, contra o voto' do Sr. Antônio Mariz, pela inconstitucionalidade doProjeto n9 2.236/79, nos termos do parecer do Relator.'

Estiveram presentes os senhores Deputados: Ernani Satyro - Presiden­te; Afrísio Vieira Lima - Relator; Antônio Mariz, Brabo de Carvalho,Christiano Dias Lopes, Djalrna Marinho, Francisco Benjamim, Gomes daSilva, Jairo Magalhães, Joacil Pereira, Jorge Arbage, Lázaro de Carvalho,Nelson Morro, Nilson Gibson e Paulo Pimentel.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Ernani Satyro, Presidente- Afrísio Vieira lima, Relator.

PROJETO DE LEI N9 2.269-A, DE 1979(Do Sr. Feu Rosa)

Dispõe sobre a estatização do sistema nacional de seguros a cargodo SINPAS e dá outras providências; tendo parecer: da Comissão deConstituição e Justiça, pela inconstitucionalidade e rejeição por faltade técnica legislativa, contra o voto do Sr. Antônio Mariz.

(Projeto de Lei n" 2.269, de 1979, a que se refere o parecer.)

O Congresso Nacional decreta:

Art. 19 Os artigos 19, 29, 39, 49, 8", 11, 32 incisos VI e IX, 43,44,48,49,52,53,70,71, 125, 128, do Decreto-lei n" 73, de 21 de novembro de 1966, pas­sam a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. I 9 Todas as operações de seguros realizadas no País ficarãosubordinadas às disposições do presente Decreto-lei.Art. 29 As operações de seguro realizadas no País passam a sermonopólio estatal, ficando a cargo, exclusivamente, do lAPAS,como entidade seguradora.Art. 39 Consideram-se operações de seguro os seguros de coisas,pessoas, bens, responsabilidades, obrigações, direitos e garantias.Art. 49' Integra-se nas operações de seguros os sistemas co-seguro,resseguro, e retroccssão.""Art. 89 Fica instituído o Sistema Nacional de Seguros, reguladopelo presente Decreto-lei e constituído:a) do Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP;h) do Instituto de Resseguros do Brasil;c) dos corretores habilitados.""Art. 11. Quando o.seguro for contratado na forma estabelecida

- no artigo anterior, a boa fé do lAPAS, em sua aceitação, constituipresunção juris tantum." .."Art. 32 .

VI - Delimitar o capital do IRB, com a periodicidade mínima dedois anos, determinando a forma de sua subscrição e realização.

IX - Conhecer dos recursos de decisão do IRB, nos casos especifi­cados neste Decreto-lei.""Art. 43. O capital do IRB será de Cr$ 7.000.000.000,00 (sete bi­lhões de cruzeiros), divididos em 700.000 (setecentos mil) ações novalor Unitário de CrS 10.000,00 (dez mil cruzeiros), pertencentes nasua totalidade às entidades federais da. Previdência Social.§ 29 As ações do IBR que poderão ser substituídas por títulos ecautelas múltiplas não se prestarão a garantias.Art. 44.' .]- .

a) .h) aceitar o resseguro, co-seguro e retrocessão."

"Art: 38. . .. Parágrafo único. Para substituir o Presidente do IRB em seus im­

pedimentos, haverá um Vice-Presidente, nomeado pelo Presidenteda República, depois de efetuada a escolha pelo CNSP.Art. 49. O Conselho Técnico do IRB será composto de seismembros, denominados conselheiros, nomeados por livre escolhado Presidente da República.""Art. 52. Não poderão ser membros efetivos ou suplentes doConselho Técnico do IRB os parentes consangüíneos até o segundograu, cunhado, sogro ou genro do Presidente, dos membros efetivosou suplentes do aludido Conselho.Art. 53. O IRB terá um Consélho Fiscal, composto de três repre­sentantes do lAPAS, cada um com o respectivo suplente.Parágrafo único. Os membros do Conselho Fiscal serão nomea­dos livremente pelo Presidente da República, observadas as res-

Marçode1981DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (SeçãoI)---------------------------- ---------------------------678 Quarta-feira 18

trições do artigo 52, e tomarão posse perante o Ministro da Indús­tria e do Comércio.""Art. 70. O IRB constituirá reserva, fundos e provisões neces­sárias à sua estabilidade econômico-financeira, não podendo as re­servas técnicas ser inferior às determinadas pelo CNSP.Art. 71. .Parágrafo único. . .••••••••••••••••••••••• •• ••••• ••••••• •••••••• '0.0 ••••••••

d) até cinqüenta por cento para a União Federal, destinados ao Mi­nistério da Saúde para combater as endemias.""Art. 125. É vedado aos corretores e seus prepostos, aos sócios ediretores de empresas de corretagem aceitar ou exercer empregos dePessoa Jurídica de Direito Público.""Art. 128. . .Parágrafo único. As penalidades serão aplicadas pelo IRB, emprocesso regular, devendo fi este órgão serem recolhidas as penali­dades constantes de pecúnia."

Art. 29 Ficam revogados os seguintes artigos do Decreto-lei nv73, de 21de novembro de 1966:

"Art. 59; incisos UI, IV e V.Arts. 23 a 26.Art. 29.Art. 30.Art. 32, incisos IH, V, X e XI.Art. 33, inciso VII.Art. 33, § 39Arts. 3~ a 40.Art. 44, incisos e, h.Art. 49, §§ 19 e 29Arts. 59 a 63.Art. 69.Arts. 72 a 78.Art. 80.Arts. 82 a II I.Arts. 113 a 121.Art. 139."

Art. 39 Nos artigos seguintes, leia-se lAPAS em lugar do termo Socie-dade Seguradora: .

"Art. 11, caput,Art. 1I, §§ 29 e 39Art. 45, caput.Art. 65.Art. 67.ArI. 68, §§ 19, 29, 49 e 59Art. 71, parágrafo único, inciso c.Art. 122.Arts. 126 e 127.Art. 130.Art. 133."

Art. 49 Nos artigos seguintes, leia-se IRB em lugar do termo SUSEP:

"Art. 123, §§ 19 e 39ArI. 127.Art. 138."

Art. 59 O Orçamento da União para o exercício financeiro de 1980con­signará dotação para desapropriação do capital das Companhias Segurado­ras.

Art. 69 Esta lei entrará em vigor no dia 19 de janeiro de 1980.Art. 79O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no prazo de 120

(cento e vinte) dias de sua entrada em vigor.Art. 89 Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

O negócio de seguros no Brasil está a merecer uma profunda reforma, demodo a permitir uma adequação à realidade econômica e social do País e cor­rigir as distorções e abusos que vêm se verificando.

A forma mais racional para proceder-se a essa modificação é a estati­zação das operações de seguros.

Na verdade, esse ramo de atividades é um dos mais rendosos que se co­nhece; haja vista pelas companhias seguradoras.

No entanto, na maior parte das vezes, procuram elas, a fim de maximizarseus lucros e minimizar custos, reduzir ou retardar ou mesmo se omitir no pa­gamento das indenizações cabíveis.

Tal procedimento além de imoral, prejudica os segurados que tem de re­correr à justiça para fazer valer seus direitos, e prejudica a justiça pela entradae conseqüente acúmulo de pedidos, ações e processos que poderiam ser resol­vidos facilmente se existisse um mínimo de boa vontade das seguradoras.

A incoerência gritante é que as seguradoras são garantidas pelo PoderPúblico, que lhes presta, além do mais, orientação operacional.

Deste modo, justifica-se o monopólio das atividades de seguro pelaUnião, motivo que nos animou a apresentar o presente projeto que, acredita­mos, terá a melhor acolhida por parte dos nobres Deputados.

Saia das Sessões, 6 de novembro de 1979. - Feu Rosa.

LEGISLAÇÃO CITADA, ANEXA.DA PELA COORDENAÇÃODAS COMISSÕES PERMANENTES

DECRETO-LEI N9 73, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1966

Dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, regula asoperações de seguros e resseguros e dá outras provídências.

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art.29 do Ato Complementar nv 23, de 20 de outubro de 1966, decreta:

CAPITULO I

Introdução

Art. 19 Todas as operações de seguros privados realizados no País fica­rão subordinadas às disposições do presente Decreto-lei.

Art. 29 O controle do Estado se exercerá pelos órgãos instituídos nesteDecreto-lei, no interesse dos segurados e benefícios dos contratos de seguros.

Art. 39 Consideram-se operações de seguros privados os seguros de coi­sas, pessoas, bens, responsabilidades, obrigações, direitos e garantias.

Parágrafo único. Ficam excluídos das disposições deste Decreto-lei osseguros do ámbito da Previdência Social, regidos pela legislação especial per­tinente.

Art. 49 Integra-se nas operações de seguros privados o sistema de co­seguro, resseguro e retrocessão, por forma a pulverizar os riscos e fortaleceras relações econômicas do mercado.

ArI. 59 A política de seguros privados objetivará:I - promover a expansão do mercado de seguros e propiciar condições

operacionais necessárias para sua integração no processo econômico e socialdo País;

H - evitar evasão de divisas, pelo equilíbrio do balanço dos resultadosdo intercâmbio de negócios com o exterior;

111 - firmar o princípio da reciprocidade em operações de seguro, con­dicionando a autorização para o funcionamento de empresas e firmas estran­geiras à igualdade de condições no País de origem;

IV - promover o aperfeiçoamento das Sociedades Seguradoras;V - preservar a liquidez e a solvência das Sociedades Seguradoras;VI - coordenar a política de seguros com a política de investimentos do

Governo Federal, observados os créditos estabelecidos para as políticas mo­netária, creditícia e fiscal.

ArI. 69 A colocação de seguros e resseguros no exterior será limitadaaos riscos que não encontrem cobertura no País ou que não convenham aosinteresses nacionais.

CAPITULO H

Do Sistema Nacíonal de Seguros

Art. 79 Compete privativamente ao Governo Federal formular a políti­ca de seguros privados, legislar sobre suas normas gerais e fiscalizar as ope­rações no mercado nacional.

Art. 89 Fica instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados, regula-do pelo presente Decreto-lei e constituído:

a) do Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP;b) da Superintendência de Seguros Privados - SUSEP;c) do Instituto de Resseguros do Brasil - IRB;d) das Sociedades autorizadas a operar em seguros privados;e) dos corretores habilitados.

CAPITULO UI

Disposições Especíais aplicáveis ao sistema

ArI. 99 Os seguros serão contratados mediante propostas assinadaspelo segurado, seu representante legal ou por corretor habilitado, com emis­são das respectivas apólices, ressalvado o disposto no artigo seguinte.

Ar!. 10. É autorizada a contratação de seguros por simples emissão debilhete de seguro, mediante solicitação verbal do interessado.

§ IQ O CNSP regulamentará os casos previstos neste artigo, padroni­zando as cláusulas e os impressos necessários.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 679

§ 20 Não se aplicam a tais seguros as disposições do art. 1.433 do Códi­go CiviL

Art. 1I. Quando o seguro for contratado na forma estabelecida no arti­go anterior, a boa fé da Sociedade Seguradora, em sua aceitação, constituipresunção "juris tantum".

§ lo Sobrevindo o sinistro, a prova da ocorrência do risco coberto peloseguro e a justificação de seu valor competirão ao segurado ou beneficiário.

§ 29 Será lícito à Sociedade Seguradora argüir a existência decircuns­tâncias relativas ao objeto ou interesse segurado cujo conhecimento prévio in­fluiria na sua aceitação ou na taxa de seguro, para exonerar-se de sinistro.Nessa hipótese, competirá ao segurado ou beneficiário provar que a Socieda­de teve ciência prévia da circunstância argüida,

§ 39 A violação ou inobservância, pelo segurado, seu preposto ou bene­ficiário, de qualquer das condições estabelecidas para a contratação de segu­ros na forma do disposto no art. 10 exonera a Sociedade Seguradora da res­ponsabilidade assumida.

§ 40 É vedada a realização de mais de um seguro cobrindo o mesmó ob­jeto ou interesse, desde que qualquer deles seja contratado mediante a emis­são de simples certificado, salvo nos casos de seguros de pessoas.

Art. 12. A obrigação do pagamento do prêmio pelo seguradovigerá apartir do dia previsto na apólice ou bilhete de seguro, ficando suspensa a co­bertura do seguro até o pagamento do prêmio e demais encargos.

Parágrafo único. Qualquer indenização decorrente do contrato de se­guros dependerá de prova de pagamento do prêmio devido, antes da ocorrên­cia do sinistro.

Art. 13. As apólices não poderão conter cláusula que permita rescisãounilateral dos contratos de seguro ou por qualquer modo subtraia sua eficá­cia e validade além das situações previstas em lei.

Art. 14. Fica autorizada a contratação de seguros com a cláusula decorreção monetária para capitais e valores, observada a equivalência atuarialdos compromissos futuros assumidos pelas partes contratantes, na forma dasinstruções do Conselho Nacional de Seguros Privados.

Art. 15. A critério do CNSP, o Governo Federal poderá assumir riscoscatastróficos e excepcionais por intermédio do IRB, desde que interessem àeconomia e. segurança do País.

Parágrafo único. O Banco Nacional da Habitação poderá assumir osriscos decorrentes das operações do Sistema Financeiro de Habitação quenão encontrem cobertura no mercado nacional, a taxas e condições compatí­veis com as necessidades do Sistema Financeiro de Habitação.

Art. 16. É criado o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural, com a finali­dade de garantir a estabilidade dessas operações e atender à cobertura suple­mentar dos riscos de catástrofe.

Parágrafo único. O Fundo será administrado pelo IRB e seus recursosaplicados segundo o estabelecido pelo CNSP.

Art. 17. O Fundo de Estabilidade do Seguro Rural será constituído:a) dos excedentes do máximo admissível tecnicamente como lucro nas

operações de seguros de crédito rural, seus resseguros e suas retrocessões, se­gundo os limites fixados pelo CNSP;

b) dos recursos previstos no art. 23 deste Decreto-lei;c) por dotações orçamentárias anuais, durante dez anos, a partir do pre­

sente Decreto-lei ou mediante o crédito especial necessário para cobrir a defi­ciência operacional do exercício anterior.

Art. 18. As instituições financeiras do Sistema Nacional de CréditoRural enumeradas no art. 79 da Lei nO 4.829, de 5 de novembro de 1965, queconcederem financiamento à agricultura e à pecuária, promoverão os contra­tos de financiamento e de seguro rural concomitante e automaticamente.

§ (9 O seguro obedecerá às normas e limites fixados pelo CNSP, sendoobrigatório o financiamento dos prêmios pelas instituições de que trata esteartigo.

§ 20 O seguro obrigatório ficará limitado ao valor do financiamento,sendo constituída a instituição financiadora como beneficiária até a concor­rência do seu crédito.

Art. 19. As operações de Seguro Rural gozam' de isenção tributária ir­restrita de quaisquer impostos ou tributos federais. .

Art. 20. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, são obrigatórios osseguros de:

a) danos pessoais a passageiros de aeronaves comerciais;b) responsabilidade civil dos proprietários de veículos automotores de

vias terrestre, fluvial, lacustre e marítima, de aeronaves e dos transportadoresem geral;

c) responsabilidade civil do construtor de imóveis em zonas urbanas pordanos a pessoas ou coisas;

d) bens dados em garantia de empréstimos ou financiamentos de insti­tuições financeiras públicas; .

e) garantia do cumprimento das obrigações do incorporador e constru-tor de imóveis; .

f) garantia do pagamento a cargo de mutuário da construção civil, inclu­sive obrigação imobiliária; .

g) edifícios divididos em unidades autônomas;h) incêndio e transporte de bens pertencentes a pessoas jurídicas, situa­

dos no País ou nele transportados;i) crédito rural;j) crédito à exportação, quando julgado conveniente pelo CNSP, ouvido

o Conselho Nacional do Comércio Exterior.

Art. 21. Nos casos de seguros legalmente obrigatórios, o estipulanteequipara-se ao segurado para os efeitos de contratação e manutenção do se­guro.

§ 19 Para os efeitos deste Decreto-lei, estipulante é a pessoa que contra­ta seguro por conta de terceiros, podendo acumular a condição de benefi­ciário.

§ 29 Nos seguros facultativos o estipulante é mandatário dos segurados.§ 39 O CNSP estabelecerá os direitos e obrigações do estipulante, quan­

do for o caso, na regulamentação de cada ramo ou modalidade de seguro.§ 40 O não recolhimento dos prêmios recebidos de segurados, nos pra­

zos devidos, sujeita o estipulante à multa, imposta pela SUSEP, de importân­cia igual ao dobro do valor dos prêmios por ele retidos, sem prejuízo da açãopenal que couber.

Art.-22. As instituições financeiras públicas não poderão realizar ope­rações ativas de crédito com as pessoas jurídicas e firmas individuais que nãotenham em dia os seguros obrigatórios por lei, salvo mediante aplicação daparcela de crédito, que for concedido, no pagamento dos prêmios em atraso.

Parágrafo único. Para participar de concorrências abertas pelo PoderPúblico, é indispensável comprovar o pagamento dos seguros legalmenteobrigatórios.

Art. 23. Os seguros dos bens, direitos, créditos e serviços dos órgãos doPoder Público da administração direta e indireta, bem como os de bens deterceiros que garantam operações dos ditos órgãos, serão contratados direta­mente com a Sociedade Seguradora nacional que for escolhida mediante sor­teio.

§ lo Nos casos de seguros não-tarifados, a escolha da Sociedade Segu­radora será feita por concorrência pública.

§ 20 Para os sorteios e concorrências públicas, o IRB determinará,anualmente, as faixas de cobertura. do mercado nacional para cada ramo oumodalidade de seguro, fixando o limite de aceitação das Sociedades Segura­doras conforme as respectivas situações econômico-financeiras e o índice deresseguro que comportarem.

§ 39 As Sociedades Seguradoras, as responsáveis pelos seguros previs­tos neste artigo, recolherão ao IRB as comissões de corretagem admitidaspelo CNSP, para crédito do Fundo de Estabilidade do Seguro Rural.

Art. 24 Poderão operar em seguros privados apenas Sociedades Anóni­mas ou Cooperativas, devidamente autorizadas.

Parágrafo único, A~ Sociedades Cooperativas operarão unicamente emseguros agrícolas, de saúde e de acidentes do trabalho,

Art. 25 As ações das Sociedades Seguradoras serão sempre nornina­tivas,

Art. 26 As Sociedades Seguradoras não estão sujeitas a falência, nempoderão impetrar concordata. _.

Art. 27 Serão processadas pela forma executada as ações de cobrançados prêmios dos contratos de seguro.

Art. 28 A partir da vigência deste Decreto-lei, a aplicação das reservastécnicas das Sociedades Seguradoras será feita conforme as diretrizes do Con­selho Monetário Nacional.

Art. 29 Os investimentos compulsórios das Sociedades Seguradorasobedecerão a critérios que garantam remuneração adequada, segurança e li-quidez. .

Parágrafo único. Nos caso de seguros contratados com a cláusula, decorreção monetária é obrigatório o investimento das respectivas reservas nascondições estabelecidas neste artigo.

Art. 30 As Sociedades Seguradoras não poderão conceder aos segura­dos comissões ou bonificações de qualquer espécie, nem vantagens especiaisque importem dispensa ou redução de prêmio.

Art. 31 É assegurada ampla defesa em qualquer processo instauradopor infração ao presente Decreto-lei, sendo nulas as decisões proferidas cominobservância deste preceito.

680 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NAClONAL(Scção I) Marçode 198i

CAPITULO IV

Do Conselho Nacional de Seguros Privados

Art. 32 É criado o Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSPao qual compete privativamente: '

I - fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados;II - regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização

dos que exercerem atividades subordinadas a este Decreto-lei bem como aaplicação das penalidades previstas; ,

III - estipular índices e demais condições técnicas sobre tarifas, investi­mentos e outras relações patrimoniais a serem observadas pelas SociedadesSeguradoras;

IV - fixar as características gerais dos contratos de seguros;V - fixar normas gerais de contabilidade e estatística a serem observa­

das pelas Sociedades Seguradoras;VI - delimitar o capital do IRB e das Sociedades Seguradoras com a

periodicidade mínima de dois anos, determinando a forma de sua subscriçãoe realização;

VII - estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro'VIII - disciplinar as operações de co-seguro, nas hipóteses em que o

IRB não aceite resseguro do risco ou quando se tornar conveniente promovermelhor distribuição direta dos negócios pelo mercado;

.IX - conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do IRB, nos casosespecificados neste Decreto-lei;

.X - aplicar às Sociedades Seguradoras estrangeiras autorizadas a fun­cionar no País as mesmas vedações ou restrições equivalentes às que vigora­rem nos países da matriz, em relação às Sociedades Seguradoras brasileirasali instaladas ou que neles desejem estabelecer-se;

XI- prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras,como fixação dos limites legais e técnicos das operações de seguro'

XII - disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de corretor;XIII - corrigir os valores monetários expressos neste Decreto-lei, de

acordo com os índices do Conselho Nacional de Economia'XIV - decidir sobre sua própria organização elaborando o respectivo

Regimento Interno;XV - regular a organização, a composição e o funcionamento de suas

Comissões Consultivas;XVI - regular a instalação e o funcionamento das Bolsas de Seguro.Art. 33 O CNSP compor-se-á dos seguintes membros:I - Ministro da Indústria e do Comércio, que será seu presidente;II - Ministro da Fazenda ou seu representante;III - Ministro do Planejamento e da Coordenação Econômica ou seu

representante;IV - Ministro da Saúde ou seu representante;V - Ministro do Trabalho e Previdência Social ou seu representante;VI - Ministro da Agricultura ou seu representante;VII - Superintendente da Superintendência de Seguros Privados;VIII - Presidente do Instituto de Resseguros do Brasil;IX .. um representante do Conselho Federal de Medicina;X - três representantes da iniciativa privada nomeados pelo Presidente

da República, mediante escolha dentre brasileiros dotados das qualificaçõespessoais necessárias, com mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos, etrês suplentes, igualmente nomeados por igual prazo de 2 (dois) anos.

§ 19 O CNSP deliberará por maioria de votos, com "quorum" mínimode seis membros, desde que presentes quatro dos primeiros enumerados nesteartigo, cabendo ao Presidente também o voto de qualidade.

§ 29 Em suas tattas ou impedimentos, o Presidente será substituído pe­los Ministros de Estado integrantes do CNSP, na ordem estabelecida nesteartigo.

S39 A SUSEP proverá os serviços da Secretaria do CNSP, sob o con­trole deste.

Art. 34 Com audiência obrigatória nas deliberações relativas às respec­tivas finalidades específicas, funcionarão junto ao CNSP as seguintes Comis­sões Consultivas:

I - de Saúde;II - do Trabalho;III - de Transporte;IV - Mobiliária e de Habitação;V - Rural;VI - Aeronáutica;VII - de Crêdito;VIII - de Corretores.§ 19 O CNSP'poderá criar outras Comissões Consultivas, desde que

ocorra justificada necessidade.

§ 29 A organização, a composição e o funcionamento das ComissõesConsultivas serão regulados pelo CNSP, cabendo ao seu Presidente designaros representantes que as integrarão, mediante indicação das entidades partici­pantes delas,

CAPITULO V

Da Superintendência de Seguros Privados

SEÇÃO I. Art. 35 Fica criada a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP),

entidade autárquica, jurisdicionada ao Ministério da Indústria e do Comér­cio, dotada de personalidade jurídica de Direito Público, com autonomia ad­ministrativa e financeira.

Parágrafo único. A sede da SUSEP será na cidade do Rio de Janeiro, Es­tado da Guanabara, até que o Poder Executivo a fixe, em definitivo, emBrasília.

Art. 36 Compete à SUSEP, na qualidade de executora da políticatraçada pelo CNSP, como órgão fiscalizador da constituição, organização,funcionamento c operações das Sociedades Seguradoras:

a) processar os pedidos de autorização, para constituição, organização,funcionamento, fusão, encampação, grupamento, transferência de controleacionário e reforma dos Estatutos das Sociedades Seguradoras, opinar sobreos mesmos e encaminhá-los ao CNSP;

b) baixar instruções e expedir circulares relativas à regulamentação dasoperações de seguro, de acordo com as diretrizes do CNSP'

c) fixar condições de apólices, planos de operações e tarifas a serem utili­zadas obrigatoriamente pelo mercado segurador nacional;

d) aprovar os limites de operações das Sociedades Seguradoras de con­formidade com o critério fixado pelo CNSP;

e) examinar e aprovar as condições de coberturas especiais, bem comofixar as taxas aplicáveis;

f) autorizar a movimentação e liberação dos bens e valores obrigatoria­mente inscritos em garantia das reservas técnicas e do capital vinculado;

g) fiscalizar a execução das normas gerais de contabilidade e estatísticafixadas pelo CNSP para as Sociedades Seguradoras;

h) fiscalizar as operações das Sociedades Seguradoras, inclusive o exa­to cumprimento deste Decreto-lei, de outras leis pertinentes, disposições re­gulamentares em geral, resoluções do CNSP e aplicar as penalidade cabíveis;

i) proceder à liquidação das Sociedades Seguradoras que tiverem cas­sada a autorização para funcionar no País;

j) organizar seus serviços, elaborar e executar seu orçamento.

SEÇÃO II

Da Administração da SUSEP

Art. 37 A administração da SUSEP será exercida por um Superinten­dente, nomeado pelo Presidente da República, mediante indicação do Minis­tro da Indústria c do Comércio, que terá as suas atribuições definidas no Re­gulamento deste Decreto-lei e seus vencimentos fixados em Portaria do mes­mo Ministro.

Parágrafo único. A organização interna da SUSEP constará de seu Regi­mento, que será aprovado pelo CNSP.

SEçAo IIIArt. 38 Os cargos da SUSEP somente poderão ser preenchidos median­

te concurso público de provas, ou de provas e títulos, salvo os da direção e oscasos de contratação, por prazo determinado, de prestação de serviços técni­cos ou de natureza especializada.

Parágrafo único. O pessoal da SUSEP reger-se-à pela Legislação Traba­lhista e os seus níveis serâo fixados pelo Superintendente, com observância domercado de trabalho, ouvido o CNSP.

SEÇÃO IV

Dos Recursos Financeiros

Art. 39 Do produto da arrecadação do imposto sobre operações finan­ceiras a que se refere a Lei nO 5.143, de 20 de outubro de 1966, será destacadaa parcela necessária ao custeio das atividades da SUSEP.

Art. 40 Constituem ainda recursos da SUSEP:I - o produto das multas aplicadas pela SUSEP;II - dotação orçamentária específica ou créditos especias;111 - juros de depósitos bancários;IV - a participação que lhe for atribuída pelo CNSP no fundo previsto

no art. 16;V - outras receitas ou valores adventícios, resultantes de suas ativida­

des.

Quarta-feira 18 681DIÁRIO DO CONGRESSO NACIO~AL>(Seçào I)Março de:..-l:..::9.:8~1 _

CAPITULO VI

Do Instituto de Resseguros do Brasil

SEÇÃO I

Da Natureza .Iurfdlca, Finalidade, Constituição e Competência

Art. 41 O IRB é uma sociedade de economia mista, dotada de persona­lidade jurídica própria de Direito Privado e gozando de autonomia adminis­trativa e financeira.

Parágrafo único. O IRB será representado em juízo ou fora dele por seuPresidente e responderá no foro comum.

Art. 42 O IRB tem a finalidade de regular o co-seguro, o resseguro e aretrocessão, bem como promover o desenvolvimento das operações de segu­ro, segundo as diretrizes do CNSP.

Art.43 O capital do IRB será de NCrS 7.000.000,00 (sete milhões decruzeiros novos) divididos em 700.000 (setecentas mil) ações no valor unitáriode NCrS 10,00 (dez cruzeiros novos), das quais 50% (cinqüenta por cento) depropriedade das entidades federais de previdência social (acionistas clase"A") e as restantes 50% (cinqüenta por cento) das Sociedades Seguradoras (a­cionistas classe "B").

§ IQ O IRB pode aumentar seu capital alertando o número de ações ouo valor unitário delas, inclusive pela incorporação da correção monetãrla doseu ativo imobilizado, mediante proposta do Conselho Técnico e aprovaçãodo Ministro da Indústria e do Comércio.

§ 2Q As ações do IRB, que poderão ser substituídas por títulos c caute­las múltiplas, não se prestarão a garantia, exceto as de classe "B". que consti­tuirão caução permanente de garantia, em favor do IRB, das operações dasSociedades Seguradoras. ~ .

§ 3Q A transferência de ações poderá ocorrer entre acionistas da mesmaclasse, dependendo de prévia autorização do Conselho Técnico do IRB, aoqual incumbirá fixar o ágio para atender à valorização das reservas, fundos eprovisões do Instituto.

Art. 44 Compete ao IRB:I - na qualidade de órgão regulador de co-seguro, resseguro e retroces­

são:. a) elaborar e expedir normas reguladoras de co-seguro, resseguro e re-

trocessão:

b) aceitar o resseguro obrigatório e facultativo, do País ou do exterior;c) reter o resseguro aceito, na totalidade ou em parte;d) promover a colocação, no exterior, de seguro, cuja aceitação não

convenha aos interesses do País ou que nele não encontre cobertura;e) impor penalidade às Sociedades Seguradoras por infrações cometi­

das na qualidade de co-seguradores, resseguradas ou retrocessionárias;f) organizar e administrar consórcios, recebendo inclusive cessão inte-

graI de seguros: .

g) proceder à liquidação de sinistros, de conformidade com os critériostraçados pelas normas de cada ramo de seguro;

h) distribuir pelas Sociedades a parte dos resseguros que não retiver e.colocar no exterior às responsabilidades excedentes da capacidade do merca­do segurador interno, ou aqueles cuja cobertura fora do País convenha aosinteresses nacionais;

i) representar as retrocessionárias nas liquidações de sinistros amigá-veis ou judiciais; . .

j) promover o pleno aproveitamento da capacidade do mercado nacio-nal de seguros.

. II - na qualidade de promotor do desenvolvimento das operações de se­guro, dentre outras atividades:

a) organizar cursos para a formação e aperfeiçoamento de técnicos emseguro;

b) promover congressos, conferências, reuniões, simpósios e deles par­ticipar;

c) incentivar a criação e o desenvolvimento de associações técnico­cienlíricas;

d)organizar plantas cadastrais, registro de embarcações e aeronaves, vis-toriadores e corretores;

e) compilar, processar e divulgar dados estatísticos;f)publicar revistas especializadas e outras obras de natureza técnica.Are 45 Caberá ao IRB a administração das Bolsas de Seguro, destina-

das a promover a colocação, no País ou no exterior, de seguros e ressegurosespeciais que não encontrem cobertura normal nas Sociedades Seguradorasparticipantes do mercado nacional.

Parágrafo único. As Bolsas de Seguro poderão ser criadas nas Capitaisdos Estados, por ato 'do CNSP, mediante proposta do IRB.

SEÇÃO II

Da Administração e do Conselho Fiscal

Art. 46 A administração do IRB compreenderá:I - a Presidência;TI - o Conselho Técnico - CT;

111 - o Conselho Fiscal - CF;Art. 47. Os estatutos fixarão a competência e as atribuições do Presi­

dente e do Conselho Técnico.Art. 48. O Presidente será nomeado pelo Presidente daRepública e to­

mará posse perante o Ministro da Indústria e do Comércio.Parágrafo único. Para substituir o Presidente do IRB em seus impedi­

mentos, haverá um Vice-Presidente, escolhido pelo Presidente da República,dentre os Conselheiros que representem os acionistas da classe "A".

Art. 49. O Conselho Técnico do IRB será composto de seis membros,denominados Conselheiros, dos quais três nomeados por livre escolha do Pre­sidente da República, como representantes dos acionistas da classe "A", etrês eleitos pelos acionistas da classe "B", dentre brasileiros que exerçam car­gos de direção ou técnicos na administração das Sociedades Seguradoras.

§ 19 Cada Sociedade Seguradora terá direito a um voto.§ 2Q OS Conselheiros representantes dos acionistas da classe "B" terão

mandato de dois anos.§ 3Q OS membros do Conselho Técnico tomarão posse perante o Presi­

dente do IRB.Art. 50. O Presidente e os Conselheiros não contraem obrigação pes­

soal, individual ou solidária pelos atos praticados no exercício dos respectivoscargos, mas são responsáveis pela negligência, falta de exação, culpa ou dolocom que desempenharem suas funções.

Art. 51. Os Estatutos disporão sobre os vencimentos e as gratificaçõesdo Presidente e Membros do Conselho Técnico, regulando também aseleições, a posse e a substituição dos Conselheiros.

Art. 52. Não poderão ser membros efetivos ou suplentes do ConselhoTécnico do IRE:

a) parentes consangüineos até o segundo grau, cunhado, sogro ou genrodo Presidente, dos membros efetivos ou suplentes do aludido Conselho;

b) administradores, gerentes ou quaisquer servidores de Sociedade Segu­radora de que faça parte algum outro membro efetivo ou suplente dos Conse­lhos Técnico ou Fiscal.

Art. 53. O IRB terã um Conselho Fiscal - CF, composto de dois re­presentantes dos acionistas da classe"A" e um representante dos da classe"B" cada um com o respectivo suplente.

§ 19 O provimento dos cargos do CF obedecerá à sistemática estabeleci­da no art. 49, vigendo restrições idênticas às do art. 52, ambos deste Decreto­lei.

§ 2Q OS membros do CF tomarão posse perante o Ministro da Indústriae do Comércio.

Art. 54. Os estatutos fixarão a competência do CF e a remuneração deseus membros.

SEÇÃO IIIDo Pessoal

Art. 55. Os serviços do IRB serão executados por pessoal admitido me­diante concurso público de provas ou de provas e títulos, cabendo aos Estatu­tos regular suas condições de realização, bem como os direitos, vantangens edeveres dos servidores, inclusive as punições aplicáveis.

§ IQ A nomeação para cargo em comissão será feita pelo Presidente, de-pois de aprovada sua criação pelo Conselho Técnico. .

§ 29 É permitida a contratação de pessoal destinado a funções técnicasespecializadas ou para serviços auxiliares de manutenção, transporte, higienee limpeza. '

§ 3. Ficam assegurados aos servidores do IRB os direitos decorrentesde normas legais em vigor, no que digam respeito à participação nos lucros,aposentadoria, enquadramento sindical, estabilidade e aplicação da legis­lação do trabalho.

§ 49 Os vencimentos dos servidores do IRB constarão de quadro apro­vado pelo Conselho Técnico, mediante proposta do Presidente.

SEÇÃO IVDas Operações

Art. 56. O IRB opera em qualquer tipo de resseguro ou de rctroccssão,segundo as normas aprovadas pelo Conselho Técnico e dentro das diretrizestraçadas pelo CNSP, que regulamentará a realização dos seguros previstos noart. 20 do Capítulo III deste Decreto-lei.

Art. 57. As operações do IRB têm a garantia de seu capital e reservas e,subsidiariamente, a da União.

682 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRI:SSO NACIONAL (Seção I) iVlnrçode IQ81

Art. 58. A aceitação de resseguro pelo IRB é obrigatória, em princípio,para as responsabilidades originárias c para riscos acessórios.

Art. 59. O IRB poderá organizar e dirigir consórcios, inclusive delesparticipar, sendo considerado ressegurador e ficando as Sociedades Segura­doras, nesse caso, como retrocessíonárias.

Art. 60. É obrigatória a aceitação da retrocessão do IRB pelas Socieda­des Seguradoras autorizadas a operar no País.

§ 19 A circustância de não operarem em seguro, no ramo e modalidadeda retrocessão, não exime as Sociedades Seguradoras das obrigações estabele­cidas neste artigo.

§ 29 Na distribuição das retrocessões, o IRB levará em conta o volumee o resultado dos resseguros recebidos, bem como a orientação técnica e a si­tuação econômico-financeira.das Sociedades Seguradoras.

Art. 61. O IRB poderá efetuar adiantamentos às Sociedades Segurado­ras, por conta de recuperação de indenizações provenientes de sinistro.

§ 19 No caso de receberem adiantamento, as Sociedades Seguradoras fi­carão obrigadas a aplicá-lo na liquidação dentro de 30 dias. Constitui crimede apropriação indébita a falta de utilização dos adiantamentos recebidos, naforma e no prazo previsto neste parágrafo.

§ 29 Os diretores e administradores das Sociedades Seguradoras res­pondem, civil e criminalmente, pela inobservância do disposto no parágrafoanterior.

Art. 62. As Sociedades Seguradoras ficam obrigadas a constituir e amanter um Fundo.'ó\irGargntia de Retrocessões - FGR - destinado a res­ponder subsidiariamente pelas responsabilidades decorrentes das retro cessõesdo IRB.

§ 19 O FGR será considerado, para todos os efeitos, como reserva téc­nica.

§ 29 O FGR será constituído pela tranferência anual de percentuais doslucros líquidos apurados pelas Sociedades Seguradoras, da forma e nas con­dições estabelecidas pelo CNSP, que poderá determinar a trasferência para oFGR da parte ou da totalidade dos saldos auferidos pelas Sociedades Segura­doras, na condição de retrocessionârias do IRB.

§ 39 O CNSP fixará o montante do FGR a ser recolhido ao IRB, sobreo qual este abonará juros, podendo efetuar a compensação dos seus créditosnos casos de liquidação das Sociedades Seguradoras.

Art. 63. Todas as informações e demais esclarecimentos necessários àsoperações do IRB serão obrigatoriamente fornecidas pelas autoridades e pe­las Sociedades Seguradoras a que forem solicitados.

Art. 64. Para a realização da política de seguros estabelecida peloCNSP,. o Ministério da Fazenda e os órgãos do Sistema Financeiro Nacionalprestarão ao IRB a colaboração necessária e lhe proporcionarão os meiospara a efetivação de suas operações no exterior.

SEÇÃO VDas Liquidações de Sinistro

Art. 65. Nos casos de liquidação de sinistros, as normas e decisões doIRB obrigam as Sociedades Seguradoras.

Art. 66. As liquidações extrajudiciais só obrigarão o IRB quando elehouver homologado o acordo relativo à indenização e autorizado previa­mente seu pagamento, ressalvadas as exceções de cada ramo.

Art. 67. O IRB responderá perante as Sociedades Seguradoras diretasna proporção da responsabilidade ressegurada, inclusive na parte correspon­dente às despesas de liquidação, ficando com direito regressivo contra as re­trocessionárias, para delas reaver a quota que lhes couber no sinistro.

Art. 68. O IRB será considerado litisconsorte necessário nas ações deseguro, sempre que tiver responsabilidade no pedido.

§ 19 A Sociedade Seguradora deverá declarar, na contestação, se o IRBparticipa na soma reclamada. Sendo o caso, o juiz mandará citar o Instituto emanterá sobrestado o andamento do feito até a efetivação da medida proces­sual.

§ 29 O IRB não responderá no foro em que for demandada a SociedadeSeguradora.

§ 39 O IRB não responde diretamente perante os segurados pelo mon­tante assumido em resseguro.

§ 49 Nas ações executivàs de seguro e nas execuções de sentença, não te­rá eficácia a penhora feita antes da citação da Sociedade Seguradora e doIRB.

§ 59 Nas louvações de peritos, caberá ao IRB a indicação, se não hou­ver acordo com as Sociedades Seguradoras.

§ 69 As sentenças proferidas com inobservância do disposto no presenteartigo serão nulas.

Art. 69. As Sociedades Seguradoras retroccssionârias acompanharão asorte do IRB, que as representará nas liquidações amigáveis ou judicias de si­nistros.

SEÇÃO VIDo Balanço e Distribuição de Lucros

Art. 70. O IRB constituirá resevas, fundos e provisões necessárias à suaestabilidade econômico-financeira, não podendo as reservas técnicas ser infe­riores as determinads pelo CNSP para as Sociedades Seguradoras.

Parágrafo único. As reservas, fundos e provisões, constituídas peloIRB na forma deste artigo, não se consideram como lucros, para efeitos fis­cais.

Art. 71. Depois de constituídas as reservas técnicas e feitas as neces­sárias amortizações e depreciações, os lucros líquidos do IRB serão distribuí­dos da seguinte forma:

a) o montante determinado pelo C-r para um fundo de reserva suplemen­tar, soma essa que, até o fundo atingir o valor igual ao do capital, deverá ser,no mínimo, de vinte por cento;

b) o montante necessário para distribuir um djvidende, não sll~~rior adez por cento do capital realizado e reservas patrimoniais do IRB, conformedeliberação do CT;

c) o montante necessário para gratificação aos Conselheiros, ao Presi­dente e aos demais membros da administração e servidores.

Parágrafo único. O saldo que se apurar será distribuído da seguinteforma:

a) o montante para fundos especiais, inclusive para difusão e aperfeiçoa­mcnto técnico do seguro, a critério do CT;

b) até vinte e cinco por cento às Instituições de Previdência Social, pro­porcionalmente às respectivas participações nas ações da classe"A";

c) até vinte e cinco por cento a serem distribuídos pela Sociedade Segura­dora, na proporção do resultado das operações que tenham efetuado com oIRB: ..

d) até vinte e cinco por cento para a União Federal, destinados ao Minis­tério da Saúde, para o combate às endemias.

CAPfTULO VIIDas Sociedades Seguradoras

SEÇÃO ILegislação Aplicável

Art. 72. As Sociedades Seguradoras serão reguladas pela legislação ge­ral no que lhes for aplicável e, em especial, pelas dispogições do pr.ÇsenteDecreto-lei. parágrafo único. Aplicam-se às sociedades seguradoras o dis­posto no art. 25 da Lei n9 4.595, de 31 de dezembro de 1964, com a redaçãoque lhe' dá o art. 19 desta Lei.

Art. 73. As Sociedades Seguradoras não poderão explorar qualqueroutro ramo de comércio ou indústria.

SEÇÃO IIDa Autorização para Funcionamento

Art. 74. A autorização para funcionamento será concedida através dePortaria do Ministro da Indústria e do Comércio, mediante requerimento fir­mado pelos incorporadores, dirigido ao CNSP e apresentado por intermédioda SUSEP.

Art. 75. Concedida a autorização para funcionamento, a Sociedade te­rá o prazo de noventa dias para comprovar, perante a SUSEP, o cumprimen­to de todas formalidades legais ou exigências feitas no ato da autorização.

Art. 76. Feita a comprovação referida no artigo anterior, será expedidaa carta-patente pelo Ministro da Indústria e do Comércio.

Art. 77. As alterações dos Estatutos das Sociedades Seguradoras de­penderão de prévia autorização do Ministro da Indústria e do Comércio, ou­vidos a SUSEP e o CNSP.

SEÇÃO III

Das Operações das Sociedades Seguradoras

Art. 78. As Sociedades Seguradoras só poderão operar em segurospara os quais tenham a necessária autorização, segundo os planos, tarifas enormas aprovadas pelo CNSP.

Art. 79. É vedado às Sociedades Seguradoras reter responsabilidadescujo valor ultrapasse os limites, fixados pela SUSEP, de acordo com as nor­mas aprovadas pelo CNSP e que levarão em conta:

a) a situação econômico-financeira das Sociedades Seguradoras;b) as condições técnicas das respectivas carteiras;c) o resultado de suas operações com o IRB.§ 19 As Sociedades Seguradoras são obrigadas a ressegurar no IRB as

responsabilidades excedentes de seu limite técnico em cada ramo de ope­rações e, em caso de co-seguro, a quota que for fixada pelo CNSP.

§ 29 Não haverá cobertura de resseguro para as responsabilidades assu­midas pelas Sociedades Seguradoras em desacordo com as normas e ins­truções em vigor.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAl. (Seção I) Quarta-feira 18 683

Art. 80. As operações de co-seguro obedecerão a critérios fixados peloCNSP, quanto à obrigatoriedade e normas técnicas.

Art. 81. A colocação de seguro e resseguro no estrangeiro será feita ex­clusivamente por intermédio do IRB.

Parágrafo único. As reservas de garantia correspondentes aos seguros eresseguros efetuados no exterior ficarão integralmente retidas no País.

Art. 82. As Sociedades Seguradoras só poderão aceitar resseguros me­diante prévia e expressa autorização do IRB.

Art. 83. As apólices, certificados e bilhetes de seguro mencionarão aresponsabilidade máxima da Sociedade Seguradora, expressa em moeda na­cional para cobertura dos riscos neles descritos e caracterizados.

Art. 84. Para garantia de todas as suas obrigações, as Sociedades Segu- 'radoras constituirão reservas técnicas, fundos especiais e provisões, de con­formidade com os critérios fixados pelo CNSP, além das reservas e fundos de­terminados em leis especiais.

Art. 85. Os bens garantidores das reservas técnicas, fundos e previsõesserão registrados na SUSEP e não poderão ser alienados, prometidos alienarou de qualquer forma gravados sem sua prévia e expressa autorização, sendonulas, de pleno direito. as alienações realizadas ou os gravames constituídoscom violação deste artigo.

Parágrafo único. Quando a garantia recair em bem imóvel, será obri­gatoriamente inscrita no competente Cartório do Registro Geral de Imóveis,mediante simples requerimento firmado pela Sociedade Seguradora e pelaSUSEP.

Art. 86. Os segurados e beneficiários que sejam credores por indeni­zação ajustada ou por ajustar têm privilégio especial sobre reservas técnicas,fundos especiais ou provisões garantidoras das operações de seguro, cabendoao IRB o mesmo privilégio '1PÓS o pagamento aos segurados e beneficiários.

Art. 87. As Sociedades Seguradoras não poderão distribuir lucros ouquaisquer fundos correspondentes às reservas patrimoniais, desde que essadistribuição possa prejudicar o investimento obrigatório do capital e reserva,de conformidade com os critérios estabelecidos neste Decreto-lei.

Art. 88. As Sociedades Seguradoras obedecerão às normas e instruçõesda SUSEP e do IRB sobre operações de seguro, co-seguro, resseguro e retro­cessão, bem como lhes fornecerão dados e informações atinentes a quaisqueraspectos de suas ~tividades.

Parágrafo único. Os inspetores e funcionários credenciados da SUSEPe do IRB terão livre acesso às Sociedades Seguradoras, delas podendo requi­sitar e apreender livros, notas técnicas e documentos, caracterizando-se comoembaraço à fiscalização sujeito às penas previstas neste Decreto-lei, qualquerdificuldades oposta aos objetivos deste artigo.

CAPITULO VIIDo Regime Especial de Físcalízação

Art. 89. Em caso de insuficiência de cobertura das reservas técnicas oude má situação econômico-financeira da Sociedade Seguradora, a critério daSUSEP, poderá esta, além de outras providências cabíveis, inclusive fiscali­zação especial, nomear, por tempo indeterminado, as expensas da SociedadeSeguradora, um diretor-fiscal com as atribuições e vantagens que lhe foremindicadas pelo CNSP.

§ I" Sempre que julgar necessário ou conveniente a defesa dos interes­ses dos segurados, a SUSEP verificará, nas indenizações o fiel cumprimentodo contrato, inclusive a exatidão do cálculo da reserva técnica e se as causasprotelatórias do pagamento, porventura existentes, decorrem de dificuldadeseconômico-financeiras da empresa.

§ 2Q Comprovada a viabilidade de recuperação econômico-financeirada sociedade, o IRB poderá conceder-lhe tratamento técnico e financeiro ex-

•cepcional, de modo a propiciar aquela recuperação.Art. 90. Não surtindo efeito as medidas especiais ou a intervenção, a

SUSEP encaminhará ao CNSP proposta de cassação da autorização parafuncionamento da Sociedade Seguradora.

Art. 91. O descumprimento de qualquer determinação do direito-liscalpor diretores. administradores, gerentes, fiscais ou funcionários da SociedadeSeguradora em regime especial de fiscalização acarretará o afastamento doinfrator, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

Art. 92. Os administradores das Sociedades Seguradoras ficarão sus­pensos do exercício de suas funções desde que instaurado processo-crime poratos ou fatos relativos à respectiva gestão, perdendo imediatamente seu man­dato na hipótese de condenação.

Art. 92. Cassada a autorização de uma Sociedade Seguradora parafuncionar. a alienação ou gravame de qualquer de seus bens dependerá de au­torização da SUSEP, que, para salvaguarda dessa inalienabilidade, terá pode­res para controlar o movimento de contas bancárias e promover o levanta­mento do respectivo ônus junto às autoridades ou registros públicos.

CAPITULO IX

Da Liquidação das Sociedades Seguradoras

Art. 94. A cassação das operações das Sociedades Seguradoras poderáser:

a) voluntária, por deliberação dos sócios em Assembléia Geral;b) compulsória, por ato do Ministro da Indústria e do Comércio. nos

termos deste Decreto-lei.Art. 95. Nos casos de cessação voluntária das operações, os diretores

requererão ao Ministro da Indústria e do Comércio o cancelamento da auto­rização para funcionamento da Sociedade Seguradora, no prazo de cinco diasda respectiva Assembléia Geral.

Parágrafo único. Devidamente instruído,o requerimento será encami­nhado por intermédio da SUSEP, que opinará sobre a cessação deliberada.

Art. 96. Além dos casos previstos neste Decreto-lei ou em outras leis,ocorrerá a cessação compulsória das operações da Sociedade Seguradoraque:

a) praticar atos nocivos à política de seguros determinada p~lo CNSP;h) não formar as reservas, fundos e provisões a que esteja obrigada ou

deixar de aplicá-Ias pela forma prescrita neste Decreto-lei;c) acumular obrigações vultosas devidas ao IRB, ajuízo do Ministro da

Indústria e do Comércio;d) configurar a insolvência ';coJm\nico-fjnanceira.Art. 97. A liquidacão v\,i rt~',ia c" .npulsória das Sociedades Segu-

radoras será processada pela. St·M_P.Art. 98. O A Ó cassaç-c será publicado no "Diário Oficial" da

União, produzindo imediatamente os seguintes efeitos:

a) suspensão das ações e execuções judiciais, executadas as que tivereminício anteriormente, quando intentadas por credores com privilégio sobredeterminados bens da Sociedade Seguradora;

h) vencimento de todas as obrigações civis ou comerciais da SociedadeSeguradora liquidanda, incluídas as cláusulas penais dos contratos;

I:) suspensão da incidência de juros ainda que estipulados, se a massa li­quidanda nào bastar para o pagamento do principal;

d) cancelamento dos poderes de todos os órgãos de administração daSociedade liquidanda.

§ 19 Durante a liquidação, fica interrompida a prescrição extintiva con­tra ou a favor da massa liquidanda.

§ 29 Quando a sociedade tiver credores por salários ou indenizaçõestraba \histas, também ficarão suspensas as ações e execuções a que se refere aparte final da alínea "a" deste artigo.

§ 39 Poderá ser argüida em qualquer fase processual, inclusive quantoàs questões trabalhistas, a nulidade dos despachos ou decisões que contravê­nham o disposto na alínea "a" deste artigo ou em seu § 2Q Nos processos su­jeitos à suspensão, caberá à sociedade liquidanda, para realização do ativo,requerer o levantamento de penhoras, arrestos e quaisquer outras medidas deapreensão ou reserva de bens, sem prejuízo do estatuído adiante no parágrafoúnico do artigo 103.

§ 4" A massa liquidanda não estará obrigada a reajustamentos salariassobrevindo durante a liquidação, nem responderá pelo pagamento de multas,custas, honorários e demais despesas feitas pelos credores em interesse pró­prio, assim como não se aplicará correção monetária aos créditos pela moraresultante de-liquidação.

Art. 99 Além dos poderes gerais de administração, a SUSEP ficará in­vestida de poderes especiais para representar a Sociedade Seguradora Iiqui­danda, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, podendo:

a) propor e contestar ações, inclusive para integralização de capital pelosacionistas;

b ) nomear e demitir funcionários;c) fixar os vencimentos de funcionários;d) outorgar ou revogar mandatos;e) transigir;f) vender valores móveis e bens imóveis.Art. 100 Dentro de 90 (noventa) dias da cassação para funcionamento,

a SUSEP levantará o balanço do ativo e do passivo da Sociedade Seguradoraliquidanda e organizará:

a) o arrolamento pormenorizado dos bens do ativo, com as 'respectivasavaliações, especificando os garantidores das reservas técnicas ou do capital;

b) a lista dos credores por dívida de indenização de sinistro, capital ga­rantidor de reservas técnicas ou restituição de prêmios, com a indicação dasrespectivas importâncias;

c) a relação dos créditos da Fazenda Pública, da Previdência Social e doIRB;

684 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção 1)--------------------,--------

Março de 1981

d) a relação dos demais credores, com indicação das importâncias e pro­cedências dos crêditos, hem como sua classificação de acordo com a legis­lação de falências.

Parágrafo único. O IRB compensará seu crêdito com o valor das açõesefetivamente realizadas pela Sociedade Seguradora liquidanda, acrescido doágio, pagando-lhe o saldo, se houver, e procedendo à transferência como pre­visto no art. 43, § 39

Art. 10L Os interessados poderão impugnar o quadro geral de credo­res, mas decairão desse direito senão o exercerem no prazo de quinze dias.

Art. 102. A SUSEP examinará as impugnações e fará publicar no"Diário Oficial" da União sua decisão, dela notificando os recorrentes porvia postal, sob AR.

Parágrafo único. Da decisão da SUSEP caberá recurso para o Ministroda Indústria c do Comércio, ou prazo de quinze dias.

Art. 103. Depois da decisão relativa a seus crêditos ou aos créditos.contra os quais tenham reclamado, os credores não incluídos nas relações aque se refere o art. 100, os delas excluídos, os incluídos sem os privilégios aque se julguem com direito, inclusive por atribuição de importância anterior àreclamada, poderão prosseguir na ação já iniciada ou propor a que lhes com­petir.

Parágrafo único, Até que sejam julgadas as ações, a SUSEP reservaráquota proporcional do ativo para garantia dos credores de que trata este arti­go.

Art. 104. A SUSEP promoverá a realização do' ativo e efetuará o paga­mento dos credores pelo crédito apurado e aprovado no prazo de seis meses,observados os respectivos privilégios e classificação, de acordo com a quotaapurada em rateio.

ArL 105. Ultimada a liquidação e levantado o balanço final, será omesmo submetido à aprovação do Ministêrio da Indústria e do Comércio,com relatório da SUSEP. .

Art. 106. A SUSEP terá direito à comissão de cinco por cento sobre oativo apurado nos trabalhos de liquidação, competindo ao Superintendentearbitrar a gratificação a ser paga aos inspetores e funcionários encarregadosde executá-los.

Art. 107. Nos casos omissos, são aplicáveis as disposições da legislaçãode falências, desde que não contrariem as disposições do presente Decreto-lei.

Parágrafo único. N os casos de cessão parcial, restrita às operações de umramo, serão observadas as disposições deste Capítulo, na parte aplicável.

CAPITULO X

Do Regime Repressivo

Art. 108. As infrações aos dispositivos deste Decreto-lei sujeitam as So­ciedades Seguradoras, seus diretores, administradores, gerentes e fiscais às se­guintes penalidades, sem prejuízo de outras estabelecidas na legislação vigen­te:

f- advertência;Il - multa pecuniária;III - suspensão do exercício do cargo;IV - inabilitação temporária ou permanente para o exercício de cargo

de direção, nas Sociedades Seguradoras ou no IRB.V - suspensão da autorização em cada ramo isolado;VI - perda parcial ou total da recuperação de resseguro;vrr - suspensão de cobertura automática;vrrr - suspensão de retrocessão;IX - cassação de carta-patente.Art. 109. Os diretores, administradores, parentes e fiscais das Socieda­

des Seguradoras responderão solidariamente com a mesma pelos prejuízoscausados a terceiros, inclusive aos seus acionistas, em conseqüência do des­cumprimento de leis, normas e instruções referentes às operações de seguro.co-seguro, resseguro ou retrocessão, e, em especial, pela falta de constituiçàodas reservas obrigatórias.

Art. 110. Constitui crime contra a economia popular, punível de acor­do com a legislação respectiva, a ação ou omissão, pessoal ou coletiva, de quedecorra a insuficiência das reservas e de sua cobertura, vinculadas à garantiudas obrigações das Sociedades Seguradoras.

Art. 111. Serão aplicadas multas de atê CrS 50.000,00 (cinqüenta milcruzeiros) as Sociedades Seguradoras que:

a) infligirem disposições das normas e instruções baixadas pejo CNSP.pela SUSEP ou pelo IRB, nos casos em que não estejam previstas outras pe­nalidades;

. b) retiverem quotas de responsabilidade fora de seus limites de retenção;e) alienarem ou onerarem bens em desacordo com este Decreto-lei;d) não mantiverem os registros aprovados pela SUSEP, de acordo com 'J

presente Decreto-lei:

e) transgredirem a proibição do art. 28 deste Decreto-lei;f) deixarem de fornecer informações ao IRB na forma prevista no art. 63

deste Decreto-lei;g) fizerem declarações ou dissimulações fraudelentas nos relatórios, ba­

lanços, contas e documentos apresentados, requisitados ou apreendidos pelaSUSEP ou pelo IRB;

h) diretamente ou por interposta pessoa, realizarem ou se propuseremrealizar, através de anúncios ou prospectos, contratos de seguro ou ressegurode qualquer natureza que interessem a pessoas e coisas existentes no País, sema necessária carta-patente ou antes da aprovação dos respectivos planos, ta­belas, modelos de 'propostas, de apólice e de bilhetes de seguro;

i) divulgarem prospectos, publicarem anúncios, expedirem circulares oufizerem outras publicações que contenham afirmações ou informações con­trárias às leis, seus Estatutos e planos, ou que possam induzir a1guêm em errosobre a verdadeira importância das orações, bem como sobre o alcance da fis­calização a que estiverem obrigadas.

Art. 112. Será aplicada multa de até CrS 20.000,00 (vinte mil cruzeiros)às pessoas que deixarem de realizar os seguros legalmente obrigatórios, semprejuízo de outras sanções legais.

Art. 113. As pessoas físicas ou jurídicas que realizarem operações deseguro, co-seguro ou resseguro sem a devida autorização no País ou no exte­rior, ficam sujeitas à pena de multa igual ao valor da importância segurada ouressegurada.

Art. 114. À suspensão do exercício do cargo e a inabilitação para a di­reção ou gerência de Sociedades Seguradoras caberão quando houver reinci­dência nas transgressões previstas nas letras "d", "r', e "h" do art. 111.

Art. 115. A suspensão de autorização para operar em determinadoramo de seguro será aplicada quando verificada má condução técnica ou fi­nanceira dos respectivos negócios.

Art. 116. A perda parcial ou total da recuperação e a suspensão da co­bertura automática e das retrocessões caberão nos seguintes casos:

a) incapacidade técnica na condução dos negócios da Sociedade Segura-dora;

b) liquidação de sinistro sem autorização do IRB;e) contratação de seguro em desacordo com as normas da SUSEP;d) falta de liquidação dos débitos de operações com o IRB por mais de

sessenta dias;e) omissão do IRB como litisconsorte necessário nos casos em que este

tiver responsabilidade no pedido;f) falta de aplicação dos adiantamentos concedidos pelo IRB, na forma e

nO' prazo previsto no art. 61, § 1~, deste Decreto-lei;g) reincidência na proibição do art. 79 deste Decreto-lei;h) reincidência na proibição do art. 111, letra "a", deste Decreto-lei.Art. 117. A cassação da carta-patente se fará nas hipóteses de infrigên-

cia dos arts. 81 e 82, nos casos previstos no art. 96 ou de reincidência na proi­bição estabelecida nas letras "c" e "i" do art. 111, todos do presente Decreto­lei.

Art. 118. As infrações serão apuradas mediante processo administrati­vo que tenha por base o auto, a representação ou ridenúcia positivando fatosirregulares, e o CNSP disporá sobre as respectivas instaurações, recursos eseus efeitos, instâncias, prazos, perempção e outros 'atos processualísticos.

Art. 119. As multas aplicadas de conformidade com o disposto nesteCapítulo e seguinte serão recolhidas aos cofres da SUSEP.

Art. 120. Os valores monetários das penalidades previstas nos artigosprecedentes ficam sujeitos à correção monetária pelo CNSP.

Art. 121. Provada qualquer infração penal, a SUSEP remeterá cópiado processo ao Ministério Público para fins de direito.

CAPITULO XI

Dos Corretores de Seguros

Art. 122. O corretor de seguros, pessoa física ou jurídica, é o interme­diário legalmente autorizado a angariar e promover contratos de seguro entreas Sociedades Seguradoras e as pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.

Art. 123. O exercício da profissão de corretor de seguros depende deprévia habilitação e registro.

§ 19 A habilitação será feita perante a SUSEP, mediante prova de capa­cidade técnico-profissional, na forma das intruçôes baixadas pelo CNSP.

§ 29 ,O corretor de seguros poderá ter prepostos de sua livre escolha. edesignará, dentre eles, I) que o substituirá.

S:l9 OS corretores e prepostos serão registrados na SUSEP, com obe­diência aos requisitos estabelecidos pelo CNSP.

Art. 124. As comissões de corretagem só poderão ser pagas a corretorde seguros devidamente habilitado.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 685

Art. 125. E vedado aos corretores e seus prepostos:a) aceitar ou exercer emprego de pessoa jurídica de direito público; .b) manter relação de emprego ou de direção com Sociedade Seguradora.Parágrafo único. Os impedimentos deste artigo aplicam-se também aos

sócios e diretores de empresas de corretagem.Art. 126. O corretor de seguros responderá civilmente perante os segu­

rados e as Sociedades Seguradoras pelos prejuízos que causar, por omissão,imperícia ou negligência no exercício da profissão.

Art. 127. Caberá responsabilidade profissional, perante a SUSEP, aocorretor que deixar de cumprir as leis regulamentos e resoluções em vigor, ouque der causa dolosa ou culposa a prejuízos às Sociedades Seguradoras ouaos segurados.

Art. 128. O corretor de seguros estará sujeito às penalidades seguintes:a) multab) suspensão temporária do exercício da profissão;e) cancelamento do registro.Parágrafo único. As penalidades serão aplicadas pela SUSEP, em pro­

cesso regular, na forma. prevista no art. 119 deste Decreto-lei.CAPITULO XII

Disposições Gerais e Transitórias

SEÇÃO IDo Seguro-Saúde

Art. 129. Fica instituído o Seguro-Saúde para dar cobertura aos riscosde assistência médica e hospitar.

Art. 130. A garantia do Seguro-Saúde consistirá no pagamento em di­nheiro. efetuado pela Sociedade Seguradora, li pessoa física ou jurídica pres-tante da assistência médico-hospitalar ao segurado. -

§ I ~ A cobertura do Seguro-Saúde ficará sujeita ao regime de franquia.de acordo com os critérios fixados peloCNSP.

§ 2~ A livre escolha do médico e do hospital é condição obrigatória noscontratos referidos no artigo anterior.

Art. 131. Para os efeitos do art. 130 deste Decreto-lei, o CNSP estabe­lecerá tabelas de honorários médico-hospitalares e fixará percentuais de par­ticipação obrigatória dos segurados nos sinistros.

§ I ~ Na elaboração das tabelas, o CNSP observará a média regionaldos honorários e a renda médica dos pacientes. incluindo a possibilidade daampliação voluntária da cobertura pelo acréscimo do prêmio.

§ 29 Na fixação das percentagens de participação. o CNSP levará emconta os índices salariais dos segurados e seus encargos familiares.

A rt. 132. O pagamento das despesas cobertas pelo Seguro-Saúde de­penderá de apresentação da documentação mêdico-hospitar que possibilite aidentificação do sinistro.

Art. 133. É vedado às Sociedades Seguradoras acumular assistência fi­nanceira com assistência médico-hospitalar.

Art. 134. As sociedades civis ou comerciais que, na data deste Decreto­lei, tenham vendido títulos. contratos, garantias de saúde, segurança de saú­de, benefícios de saúde, títulos de saúde ou seguros sob qualquer outra deno­minação para atendimento médico, farmacêutico e hospitalar integral ou par­cial, ficam proibidas de efetuar novas transações do mesmo gênero, ressalvo odisposto no art. 135.

§ 1· As Sociedades civis e comerciais que se enquadrem no dispostoneste artigo poderão continuar prestando os serviços nele referidos exclusiva­mente às pessoas físicas ou jurídicas com as quais os tenham ajustado antesda promulgação deste Decreto-lei, facultada opção bilateral pelo regime doSeguro-Saúde.

§ 29 No caso da opção prevista no parágrafo anterior, as pessoas jurídi­cas prestantes da assistência médica, farmacêutica e hospitalar, ora regulada,ficarão responsáveis pela contribuição do Seguro-Saúde devida pelas pessoasfísicas optantes.

§ 3~ Ficam excluídas das obrigações previstas neste artigo as Socieda­des Beneficentes que estiverem em funcionamento na data da promulgaçãodeste Decreto-lei, as quais poderão preferir o regime do Seguro-Saúde aqualquer tempo. .

Art. 135. As entidades organizadas sem objetivo de lucro, por profis­sionais médicos e paramédicos ou por estabelecimentos hospitalares, visandoa institucionalizar suas atividades para a prática da medicina social e para amelhoria das condições técnicas e econômicas dos serviços assistenciais, isola­damente ou em regime de associação, poderão operar sistemas próprios depré-pagamento de serviços médicos e/ou hospitalares, sujeitas ao que dispu­ser a Regulamentação deste Decreto-lei, às resoluções do CNSP e à fiscali­-ação dos órgãos competentes.

SEÇÃO IlArt. 136. Fica extinto o Departamento Nacional de Seguros Privados e

Capitalização (DNSPC), da Secretaria do Comércio, do Ministério da lndús-

tria e do Comércio, cujo acervo e documentação passarão para a Superinten­dência de Seguros Privados (SUSEP).

§ I~ Até que entre em funcionamento a SUSEP, as atribuições a ela.confcridas pelo presente Decreto-lei continuarão a ser desenpenhadas peloDNSPe.

§ 2~ Fica extinto, no Quadro de Pessoal do Ministério da Indústria e doComércio, o cargo em comissão de Diretor-Geral do Departamento Nacionalde Seguros Privados e Capitalização, símbolo 2-e.

§ 3~ Serão considerados extintos, no Quadro de Pessoal do Ministérioda Indústria e do Comércio, a partir da criação dos cargos correspondentesnos quadros da SUSEP. os 8 (oito) cargos em comissão do Delegado Regio­nal. de Seguros. símbolo S-C.

Art. 137. Os funcionários atualmente em exercício do DNSPC conti­nuarão a integrar o Quadro de Pessoal do Ministério da Indústria e do Co­mércio.

Art. 138. Poderá a SUSEP requisitar servidores da administraçãopública federal, centralizada e descentralizada, sem prejuízo dos vencimentose vantagens relativos aos cargos que ocuparem.

Art. 139. Os servidores requisitados antes da aprovação, pelo CNSP,do Quadro de Pessoal da SUSEP, poderão nele ser aproveitados, desde queconsultados os interesses da autarquia e dos servidores.

Parágrafo único. O aproveitamento de que trata este artigo implica naaceitação do regime de pessoal da SUSEP devendo ser contado o tempo deserviço, no órgão de origem, para todos os efeitos legais.

Art. 140. As dotações consignadas no Orçamento da União, para oexercício de 1967, à conta do DNSPC, serão transferidas para a SUSEP, ex­cluídas as relativas às despesas decorrentes de vencimentos e vantagens dePessoal Permanente.

Art. 141. Fica dissolvida a Companhia Nacional de Seguro Agrícola,competindo ao Ministério da Agricultura promover sua liquidação e aprovei­tamento de seu pessoal.

Art. 142. Ficam incorporados ao Fundo de Estabilidade do SeguroRural:

a) o Fundo de Estabilidade do Seguro Agrário, a que se refere o art. 3~

da Lei nv 2.168. de 11 de janeiro de 1954;b) o Fundo de Estabilização previsto no art. 39 da Lei n~ 4.430, de 20 de

outubro de 1964.Art. 143. Os órgãos do Poder Público que operam em seguros privados

enquadrarão suas atividades ao regime deste Decreto-lei no prazo de cento eoitenta dias, ficando autorizados a constituir a necessária Sociedade Anômi­ma ou Cooperativa.

§ 19 As Associações de Classe, de Beneficência e de Socorros Mútuos eos Montepios que instituem pensões ou pecúlios, atualmente em funciona­mento, ficam excluídos do regime estabelecido neste Decreto-lei, facultado aoCNSP mandar fiscalizá-los se e quando julgar conveniente.

§ 2~ As Sociedades Seguradoras entrangeiras que operam no País,adaptarão suas organizações às novas exigências legais. no prazo deste artigoe nas condições determinadas pelo CNSP.

Art. 144. O CNSP proporá ao Poder Executivo, no prazo de cento e oi­tenta dias, as normas de regulamentação dos seguros obrigatórios previstosno irt. 20 deste Decreto-lei.

Art. 145. Até a instalação do CNSP e da SUSEP, será mantida ajuris-'dição c a competência do DNSPC, conservadas em vigor as disposições legaise regulamentares, inclusive as baixadas pelo IRB, no que forem cabíveis.

Art. 146. O Poder Executivo fica autorizado a abrir o crédito especialde NCr$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros novos), no exercício de 1967,destinado à instalação do CNSP e da SUSEP.

Art. 147. Revogado.Art. 148. As resoluções do Conselho Nacional de Seguros Privados

vigorarão imedinntamente e serão publicadas no Diário Oficial da União.Art. 149. O Poder Executivo regulamentará este Decreto-lei no prazo

de 120 (cento c vinte) dias, vigendo idêntico prazo para a aprovação dos Esta­tutos do IRB.

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA

I - Relatório

O presente projeto propõe alterações a diversos dispositivos do Decreto­lei n9 73, de 21 de novembro de 1966 (Dispõe sobre o sistema nacional de se­guros privados), com o objetivo central de estatizar os seguros privados.

Em seus artigos 19 a 4~, o projeto propõe alterações que visam a compar­tilhar o texto do decreto-lei acima referido com os objetivos perseguidos peloautor. Assim, propõe-se a supressão de expressões com seguro privado, socie­dade seguradora e SUSEP.

686 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Nessa parte da proposição, assume especial relevância para nossa análisea proposta contida no art. 29, em que o autor estabelece que as operações deseguro realizadas no País passarão a ser monopólio estatal, desenvolvido peloInstituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social(lAPAS).

De acordo com a atual estrutura do SINPAS, o lAPAS é a entidade comincumbência de arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições e demais recur­sos destinados à Previdência Socia!. Assim, a medída alvitrada pelo autor doprojeto provocaria alterações na organização do SINPAS, modificando suaestrutura e cometendo, ao lAPAS, atribuições estranhas à sua competência,com ofensa, pois, à Constituição Federal quando diz:

"Art. 8 I Compete privativamente ao Presidente da República:

v - dispor sobre a estruturação, atribuições e funcionamento dosórgãos da administração federal;

Outro aspecto da proposição que nos convoca a atenção relaciona-secom o conteúdo do art. 59 que dispõe que o orçamento da União, para oexercício financeiro de 1980, consignará dotação para desapropriação do ca­pital das companhias segura-doras privadas. Além da impropriedade contidana prefixação da data, a esta altura já ultrapassada, o dispositivo retromen­cionado também contraria a Carta Magna que sentencia:

"Art. 65 É da competência do Poder Executivo a iniciativa dasleis orçamentárias e das que abram créditos, fixem vencimentos evantagens dos servidores públicos, concedem subvenção ou auxílioou, de qualquer modo, autorizem, criem ou aumentem a despesapública."

No artigo 69, o autor volta a prefixar data desta vez a de 19de janeiro de1980, para o inicio da vigência da lei consectária do presente projeto.

No art. 29, o autor novamente incorre em defeitos de técnica legislativa,quando, querendo suprimir, apenas, alguns incisos e parágrafos, acaba porpropor a erradicação de todos os artigos continentes dos dispositivos visados.

11~ Voto do Relator

Ante o exposto, opinamos pela rejeição do Projeto de Lei n9 2.269/79,que ostenta defeitos de técnica legislativa e aspectos flagrantemente incostitu­cionais,

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Gomes da Silva. Relator.

UI - Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição é Justiça, em reunião de sua Turma "B'\opinou, contra o voto dd Sr. Antônio Mariz, pela incostitucionalidade e, re­jeição, por falta de técnica legislativa do Projeto 2.269/80, nos termos do pa­recer do Relator.

Estiveram presentes os Senhores Deputados: Ernani Satyro - Presiden­te, Gomes da Silva - Relator, Afrísio Vieira Lima, Altair Chagas, AntônicMariz, Brabo de Carvalho, Christiano Dias Lopes, Djalma Marinho, Fran..cisco Benjamim, Jairo Magalhães, Joacil Pereira, Jorge Arbage, Lázaro deCarvalho. Nelson Morro, Paulo Pimentel e Pimenta da Veiga.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Ernaoi 8atyro, Presidente- Gomes da Silva, Relator.

PROJETO DE tEI N9 2.899-A, DE 1980(Do Sr. Carlos Santos)

Dispõe sobre inseção de direitos autorais nas obras literárias f

musicais para deficientes flsíeos e mentais, e dá outras providências ~

tendo parecer: da Comissão de Constituição e Justiça, Pela lnconsti­tuelonalídade, injuridicidade e, no mérito, pela rejeição.

(Projeto de Lei nv 2.899, de 1980, a que se refere o parecer)

Ü Congresso Nacional decreta:

Art. 19 Os direitos autorais instituídos pela Lei nv 5.988/73 não incidi­rão sobre obras literárias e musicais já editadas quando a sua reprodução, porqualquer meio, destinar-se a deficientes físicos ou mentais e não tenha finali­da de ou vantagem comercial direta ou indireta.

Parágrafo único. A utilização das obras literárias ou musicais para osfins exclusivo do que dispõe este artigo independe de anuência do seu autor.

Art. 29 O Ministério da Educação e Cultura, ouvido o Conselho Nacio­nal de Direito Autoral, regulamentará esta lei no prazo de 60 (sessenta) diasde sua publicação.

Art. 39 Esta Lei entra em vigor na data em que é publicada.Art. 49 Revogam-se as disposições em contrário, especialmente as

constantes da Lei nv 5.988/73.

Justificação

São incomensuráveis os benefícios que advirão para os deficientes físicosou mentais, da isenção dos direitos autorais instituídos pela Lei n9 5.988/73sobre obras literárias ou musicais já editadas.

Tal isenção avulta de importância quando se sabe que a incidência da ce­gueira nos países desenvolvidos é de cerca de 500 pessoas sobre cada parcelade 100 mil habitantes; e de que nos demais países é de cerca de mil pessoaspara cada parcela de 100. mil habitantes.

No caso dos países subdesenvolvidos, cerca de 250 mil crianças ficam ce­gas, anualmente, devido à desnutrição.

Calcula-se que no Brasil existam, hoje, cerca de 30 milhões de deficientesfísicos ou mentais, os quais genericamente, são classificados de "excepcio­nais",

Na conceituação, sempre citada, de Helena Antipoff, o termo excepcio­nal é interpretado de maneira a incluir os seguintes tipos: "os mentalmentedeficientes; todas as pessoas fisicamente prejudicadas; as emocionalmente de­sajustadas; os superdotados; enfim, todos aqueles, que requerem conside­ração especial, no lar, na escola e na sociedade".

O objetivo visado na presente proposição se reveste de razões humani­tárias e, se alcançado, terá grande repercussão no campo social,

Presentemente, registram-se em inúmeros países movimentos legislativosgenerosos.iprocurando amenizar o desequilíbrio em desfavor dos que são fisi­camente e mentalmente excepcionais.

Além dos Estados Unidos, que são pioneiros nessa preocupação, Portu-gal inscreve em sua Constituição o seguinte artigo:

"Os cidadãos, físico ou mentalmente deficientes gozam plenamentedos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Consti­tuição, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles paraos quais se encontrem incapacitados."

Outro artigo da Constituição portuguesa estabelece:

"O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção ede tratamento, reabilítação e intregação dos deficientes, a desenvol­ver uma pedagogia que sensibilize a sociedade para com eles e a as­sumir o encargo da efetiva realização dos seus direitos, sem prejuízodos direitos e deveres dos pais e tutores."

Nos Estados Unidos, um dos mais importantes objetivos da Bibliotecado Congresso é produzir edições Braile e gravações de trabalhos de leiturapara uso exclusivo dos cegos e incapacitados físicos. A legislação norte­americana estabelece um sistema de licença voluntária a ser vinculado ao re­gistro do direito do autor.

A mesma legislação permite à Biblioteca do Congresso "reproduzir umtrabalho pelo sistema Braile ou por similares tácteis, ou pela fixação da leitu­ra do trabalho numa gravação, ou ambos, e para distribuir as cópias resultan­tes e gravações unicamente para uso de cegos e incapacitados físico·s".

Também a legislação japonesa encontrou solução para o problema: nãosó considera legítima toda reprodução em Braile de um trabalho já tornadopúblico, como ainda autoriza as livrarias Braile a gravar com destino a cegos,trabalhos já tornados públicos.

O art. 103 da legislação social da União Soviética dispõe:

"Art. 103. Da utilização de uma obra sem anuência dl~';utor e sempagamento dos direitos autorais.Admite-se sem aanuência do autor e sem o pagamento dos direitosautorais, impreterivelmente, com a indicação do nome do autor,cuja obra foi citada, assim como a obra utiliza. Edição de obraspublicadas em pontos e alto-relevo (Braile) para cegos."

A conclusão, portanto, é de que não pode ser invocada discrepânciaquando à imprescindibilidade de medidas de natureza legislativa, que repre­sentem amparo aos deficientes visuais, auditivos e outros, no que diz respeitoao campo específico do direito do autor e direitos conexos.

Da mesma forma corno todas as legislações consagram determinadasrestrições, relativamente ao uso pessoal e para fins de instrução de trabalho jápublicados, torna-se necessários a autorização legislativa para a reproduçãoem Braile, sem finalidade ou vantagem comercial, de obras literárias, científi­cas ou musicais, já divulgadas, em caracteres em relevo bem como registrossonoros, para uso exclusivo de cegos e surdos-mudos.

Entendemos que o autor de obra literária, científica ou musical, antes desentir-se atingido em seus direitos e interesses comerciais com a isenção oraintentada, há de sentir-se útil à sociedade, por ver um seu trabalho, de formatão generosa e humanitária, ser utilizada para fins tão nobres e alevantados.

Da mesma forma como diversos autores musicais se apresentam, gracio­samente, em espetáculos artísticos de benemerência ou mesmo nos que te-

Quarta-feira 18 687'Marçode 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Secão I)------------------~ ~-----------------

nham fundo político, é admissível e até mesmo louvável que suas obras, sempagamento dos direitos autorais e direitos conexos, possam minorar o sofri­mento de uma ponderável parcela de nossa população, cuja condição física emental requer atenção especial da sociedade.

Finalmente, acreditamos que qualquer pessoa de formação moral ade­quada jamais poderá recusar a sua colaboração ao bem estar social, psíquicoe cultural desses milhares de desafortunados a quem a sorte já lhes nega umadas mais belas condições da vida, que é justamente a de poder contemplar anatureza.

Sala das Sessões, 30 de abril de 1980. - Carlos Santos.

LEGISLAÇÃO CITADA. ANEXADA PELA COORDENAÇÃODAS COMISSÕES PERMANENTES .

LEI N9 5.988: DE 14 DE DEZEMBRO DE 1973

Reg~la os direitos autorais, e dá outras providências,

O Presidente da República,Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

lei:

TITuLO I

Disposições preliminares

Art. 19 Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta de­nominação, os direitos de autor e direitos que lhe são conexos.

§ 19 Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção dosacordos, convenções e tratados ratificados pelo' Brasil.

§ 29 Os apátridas equiparam-se para os efeitos desta Lei, aos nacionais

do país em que tenham domicílio. . '"Art. 29 Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens mo-

veis.Art. 39 Interpretam-se restritivamente os negócios jurídiocs sobre direi-.

tos autorais.Art. 49 Para os efeitos desta lei, considera-se:I - publicação - a comunicação da obra ao público, por qualquer for­

ma ou processo;II - transmissão ou emissão - a difusão-por meio de ondas radioelétri­

cas, de sons, ou de sons c imagens;'IH - retransmissão - a emissão, simultânea ou posterior, da transmis­

são de uma empresa de radiodifusão por outra;. IV -, reprodução - a cópia de obra literária, científica ou artística bem

como de fonograma;V - contrafação - a reprodução não autorizada;VI- obra:a) em colaboraçãci - quand.o é produzida em comum, por dois ou mais

autores; .

b) anônima ~ quando não se indica o nome do autor, por sua determi­nação, ou por ser desconhecido;

c) pseudônirna - quando o autor se oculta sob nome suposto que lhenão possibilita a identificação;

d) inédita - a que não haja' sido objeto de publicação;e) póstuma '- a.que se publique após a morte do autor;f) originária - a criação primígena;g) derivada - a que, constituindo criação autônoma, resulta da adap­

tação de obra originária;VII --'- fonograma - a fixação, exclusivamente sonora, em suporte mate­

.rtal;VIII - videofonograma - a fixação de imagem e som em suporte mate­

rial;

IX - editor - a pessoa física ou jurídica que adquire o direito exclusivode reproducãcgráfioa da obra;

X - produtor:a) 'fonográfico ou videofonográfico -a pessoa física ou jurídica que,

pela primeira vez, produz o fonograma ou o videofonograma;b) cinematográfico - a pessoa física ou jurídica que assume a iniciativa,

a coordenação e a responsabilidade da feitura da obra de projeção em tela;XI - empresa de radiodifusão - a empresa de rádio ou de televisão, ou

meio análogo, que trasmite com a utilização ou não, de fio, programas aopúblico;

XII - artista - o autor, locutor, narrador, declamador, cantor, bailari­no, músico, ou outro qualquer intérprete, ou executante de obra literáriaartística ou científica.

Art. 59 Não caem no domínio da União, do EStado, do Distrito Fede­ralou dos Municípios, as obras simplesmente por eles subvencionadas.

Parágrafo único. Pertencem a União, aos Estados, ao Distrito Federalou aos Municípios, os manuscritos de seus arquivos. bibliotecas ou repar­tições.

TITULO II

Das obras intelectuais

CAPITULO I

Das obras intelectuais protegidas

Art. 6~ São obras intelectuais as criações do espírito, de qualquer modoexteriorizadas, tais como:

I - os livros, brochuras, folhetos, cartas-missivas e outros escritos;II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natu­

reza;III - as obras dramáticas e dramático-musicais;IV - as obras coreográficas e pantornínicas, cuja execução cênica se fixe

por escrito ou por outra qualquer forma;V - as composições musicais, tenham, ou não, letra;VI - as obras cinematográficas e as produzidas por qualquer processo

análogo ao da cinematografia;VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo

análogo ao da fotografia, desde que, pela escolha de seu objeto e pelas con­dições de sua execução, possam ser consideradas criação artística;

VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, e litografia;IX - as ilustrações, cartas geográficas c outras obras da mesma naturc-

za;

X - os projetos. esboços e obras plásticas concernentes à geografia, to­pografia, engenharia, arquitetura, cenografia e ciência;

XI - as obras de arte aplicado, desde que seu valor artístico possadissociar-se do caráter industrial do objeto a que estiverem sobrepostas;

XII - as adaptações. traduções e outras transformações de obras origi­nárias, desde que; previamente autorizadas e não lhes causando dano, seapresentarem como criação intelectual nova.

Art. 7~ Protegem-se como ob. as intelectuais independentes, sem prejuí­zo dos direitos dos autores das partes que as constituem, as coletâneas oucompilações, como seletas, compêndios, antologias, enciclopédias, dicio­nários, jornais, revistas, coletâneas de textos legais, de despachos, de decisõesou de pareceres administrativos, parlamentares ou judiciais, desde que, peloscritérios de seleção e organização, constituam criação intelectual.

Parágrafo único. Cada autor conserva, neste caso, o seu direito sobre asua produção, e poderá reproduzi-la em separado.

Art. 89 É titular de direitos de autor, quem adapta traduz, arranja ouorquestra obra caída no domínio público todavia não pode, quem assim age,opor-se a outra adaptação, arranjo, orquestração ou tradução, salvo se forcópia da sua.

Art. 9° A cópia de obra de arte plástica feita pelo próprio autor é asse­gurada a mesma proteção de que goza o original.

Art. 10. A proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e.inconfundível com o de obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente poroutro autor.

Parágrafo único. O título de publicações periódicas, inclusive jornais é. protegido até um ano após a saída de seu último número, salvo se foramanuais, caso em que esse prazo elevará a dois anos. .

Art. 11. As disposições desta lei não se aplicam aos textos de tratadosou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atosoficiais.

CAPITuLO II

Da autoria das obras intelectuais

Art. 12. Para identificar-se como autor, poderá o criador da obra inte­lectual usar de seu nome civil, completo, ou abreviado até por suas iniciais, depseudônimo ou de qualquer sinal convencional.

Art. 13. Considera-se autor da obra intelectual, não havendo prova em. contrário, aquele que, por uma das modalidades de identificação referidas no

artigo anterior, tiver, em conformidade com o uso, indicada ou anunciadaessa qualidade na sua utilização.

Parágrafo único. Na falta de indicação ou anúncio, presume-se autorda obra intelectual, aquele que a tiver utilizado publicamente.

Art. 14. A autoria da obra em colaboração é atribuída aquele ou àque­les colaboradores em cujo nome, pseudônimo ou sinal convencional for utili­zada.

Parágrafo único. Não se considera colaborador quem simplesmenteauxiliou o autor na produção da obra intelectual, revertendo-a, atualizando-

688 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

a, bem como fiscalizando ou dirigindo sua edição ou sua apresentação peloteatro, cinema, fotografia ou radiodifusão sonora ou audiovisual.

Art. 15. Quando se tratar de obra realizada por diferentes pessoas, masorganizada por empresa singular ou coletiva e em seu nome utlizada, a estacaberá sua autoria.

Art. 16. São co-autores da obra cinematográfica o autor do assunto ouargumento literário, musical ou lítero-musical, o diretor e o produtor.

Parágrafo único. Consideram-se co-autores de desenhos animados osque criam os desenhos utilizados na obra cinematográfica.

CAPITULO III

Do registro das obras intelectuais

Art. 17. Para segurança de seus direitos, o autor da obra intelectual po­derá registrá-Ia, conforme sua natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola deMúsica; na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro,no Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia,Arquitetura e Agronomia. .

§ 19 Se a obra for de natureza que comporte registro em mais de umdesses órgãos, deverá ser registrada naquela com que tiver maior afinidade.

§ 29 O Poder Executivo, mediante Decreto, poderá, a qualquer temporeorganizar os serviços de registro, conferindo a outros Órgãos as atribuiçõesa que se refere este artigo.

§ 39 Não se enquadrando a obra nas entidades nomeadas neste artigo, oregistro poderá ser feito no Conselho Nacional de Direito Autoral.

Art. 18. As dúvidas que se levantarem quando do registro serão subme­tidos, pelo Órgão que o está processando, a decisão do Conselho Nacional deDireito Autoral.

Art. 19. O registro da obra intelectual e seu respectivo traslado serãogratuitos.

Art. 20. Salvo prova em contrário, é autor aquele em cujo nome foi re­gistrada a obra intelectual, ou conste do pedido de licenciamento para a obrade engenharia ou arquitetura.

TITULO IH

Dos direitos do autor

CAPITULO I

Disposições preliminares

Art. 21. O autor é titular de direitos morais e patrimoniais sobre a obraintelectual que produziu.

Art. 22. Não pode exercer direitos autorais o titular cuja obra foi reti­rada de circulação em virtude de sentença judicial irrecorrível.

Parágrafo único. Poderá entretanto, o autor reivindicar os lucros even­tualmente auferidos com a exploração de sua obra, enquanto a mesma esteveem circulação. . '

Art. 23. Salvo convençao em contrário, os co-autores da obra intelec­tual exercerão, de comum acordo, seus direitos.

Parágrafo único. Em caso de divergência, decidirá o Conselho Nacio­nal de Direito Autoral, a requerimento de qualquer deles.

Art. 24. Se a contribuição de cada co-autor pertencer a gênero diverso,qualquer deles poderá explorá-Ia separadamente, desde que não haja prejuízopara a utilização econômica da obra comum.

CAPITULO 11

Dos direitos morais do autor

Art. 25. São direitos morais do autor:[ - o de de reivindicar, a qualquer tempo, a paternidade da obra;11 - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou

anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;III - o de conservá-la inédita;IV - o de assegurar-lhe a integridade, opondo-se a quaisquer modifi­

cações, ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-lo, ouatingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;'

V - o de modificá-la, antes ou depois de utilizada;VI - o de retirá-la de'ciruclação ou de lhe suspender qualquer forma de

utilização já autorizada.'§ 19 Por morte do autor, transmitem.se a seus herdeiros os direitos a

que se referem os incisos [ a IV deste artigo.§ 29 Compete ao Estado, que a exercerá através do Conselho Nacional

de Direito Autoral, a defesa da integridade e genuidade da obra caída emdominio público.

§ 39 Nos casos dos incisos V e VI deste artigo, ressalvam-se as indeni­zações a terceiros, quando couberem.

Art. 26. Cabe exclusivamente ao diretor o exercício dos direitos moraissobre a obra cinematográfica; mas ele só poderá impedir a utilização da pelí­cula após sentença judicial passada em julgado.

Art. 27. Se o dono da construção executada segundo projeto arquitetô­nico por ele aprovado, nela introduzir alterações durante sua execução ouapós a conclusão sem o consentimento do autor do projeto poderá este repu­diar apaternidade da concepção da obra modificada não sendo lícito ao pro­prietário a partir de então c em proveito próprio dá-la como concebida peloautor do projeto inicial.

Art. 28. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.

CAPITULO III

Dós direitos patrimoniais do autor e de sua duração

Art. 29. Cabe ao autor o direito de utilizar, fruir e dispor de obra lite­rária, artística ou científica, bem como o de autorizar sua utilização oufruição por terceiros, no todo ou em parte.

Art, 30.. Depende de autorização do autor de obra literária, artística oucientífica, qualquer forma de sua utilização, assim como:

I - a edição;li - a tradução para qualquer idioma;111 - a adaptação ou inclusão em fonograma ou película cinematográfi-

ca;IV - a comunicação ao público, direta ou indireta, por qualquer forma

ou processo, como:a) execução, representação, recitação ou declamação;b) radiodifusão sonora ou audiovisual;c) emprego de alto-falantes, de telefonia com fio ou sem ele, ou de apa­

relhos análogos;d) videofonografia.Parágrafo único. Se essa fixação for autorizada, sua execução pública,

por qualquer meio, só se poderá fazer com a permissão prévia, para cada vez,do titular dos direitos patrimoniais de autor.

Art. 31. Quando uma obra, feita em colaboração não for divisível, ne­nhum dos colaboradores, sob pena de responder por perdas e danos, poderá,sem consentimento dos demais, publicá-la, ou autorizar-lhe a publicação, sal-vo na coleção de suas obras completas. '

§ [9 Se divergirem os colaboradores, decidirá a maioria, e, na falta des­ta, o Conselho nacional de Direito Autoral a requerimento de qualquer deles.

§ 29 Ao colaborador dissidente, porém, fica assegurado o direito de nãocontribuir para as despesas da publicação, renunciando a sua parte nos lu­cros, bem como o de vedar que se inscreva o seu nome na obra.

§ 39 Cada colaborador pode, entretanto, individualmente, sem aquies­cência dos outros, registrar a obra e defender os próprios direitos contra ter­ceiros.

Art. 32., Ninguém pode reproduzir obra, que não pertença ao domíniopúblico, a pretexto de anotá-Ia, comentá-Ia, ou melhorá-la, sem permissão doautor.

Parágrafo único. Podem, porém, publicar-se, em separado, os comen­tários ou anotações.

Art. 33. As cartas-missivas não podem ser publicadas sem permissãodo autor, mas podem ser juntadas como documento, em autos oficiais.

Art. 34. Quando o autor, em virtude de revisão, tiver dado à obra ver­são definitiva, não poderão seus sucessores reproduzir versões anteriores.

Art. 35. As diversas formas de utilização da obra intelectual são inde­pendentes entre si.

Art. 36. Se a obra intelectual for produzida em cumprimento a deverfuncional ou a contrato de trabalho ou de prestação de serviços, os direitosdo autor, salvo convenção em contrário, pertencerão aambas as partes, con­forme for estabelecido pelo Conselho Nacional·de Direito do Autor.

§ 19 O autor terá direito de reunir em livro, ou em suas obras comple­tas, a obra encomendada" após um ano da primeira publicação.

§ 2" O autor recobrará os direitos patrimoniais sobre a obra encami­nhada, se esta não for publicada dentro de um ano após a entrega dos origi­nais, recebidos sem ressalvas por quem a encomendou.

Art. 37. Salvo convenção em contrário, no contrato de produção, osdireitos patrimonais sobre obra cinematográfica pertencem ao seu produtor.

Art. 38. A aquisição do original de uma obra, ou de exemplar de seuinstrumento ou veículo material de utilização não confere ao adquirente qual­quer dos direitos patrimoniais do autor.

Art. 39. O autor. que alienar obra de arte ou manuscrito, sendo origi­nais ou direitos patrimoniais sobre obra intelectual, tem direito irrenunciávele inalienável a participar na mais-valia que a eles advierem, em benefício dovendedor, quando novamente alienados.

Marto de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACiONAL (Seção I) Quarta-feira 18 689

§ 19 < Essa participação será de vinte por cento sobre o aumento de preçoobtido em cada alienação; em face da imediatamente anterior.

§ 29 Não se aplica o disposto neste artigo quando o aumento do preçoresultar apenas da desvalorização da moeda, ou quando o preço alcançadofoi inferior li cinco vezes o valor do maior salário mínimo vigente no País.

Art. 40. Os direitos patrimoniais do autor, excetuados os rendimentosresultantes de sua exploração, não se comunicam, salvo se o contrário dispu­ser o pacto antenupcial.

Art. 41. Em se tratando de obra anônima ou pseudônima, caberá aquem publicá-la o exercício dos direitos patrimoniais do autor.

Parágrafo único. Se, porém, o autor se der a conhecer, assumirá ele oexercício desses direitos, ressalvados porém, os adquiridos por terceiros.

Art. 42. Os direitos patrimoniais do autor perduram por toda sua vida.§ 19 Os filhos, os pais, ou o cônjuge gozarão vitaliciamente dos direitos

patrimoniais do autor que se lhes forem transmitidos por sucessão causa mor­tis.

§ 29 Os demais sucessores do autor gozarão dos direitos patrimoniaisque este lhes transmitir pelo período de sessenta anos, a contar de 19 de janei­ro do ano subseqüente ao de seu falecimento.

§ 39 Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que aludem osparágrafos precedcn tes.

Art. 43. Quando a obra intelectual, realizada em colaboração, for indi­visível; o prazo de proteção prevista nos §§19e 29do artigo anterior contar-se­á da morte do último dos colaboradores sobreviventes.

Parágrafo único. Acrescer-se-ão aos dos sobreviventes os direitos deautor do colaborador que falecer sem sucessores.

Art. 44. Será de sessenta anos o prazo de proteção aos direitos patri­moniais sobre obras anônimas ou pseudônimas, contado de 19de janeiro doano imediatamente posterior .ao da primeira publicação.

Parágrafo único. Se, porém, o autor, antes do decurso desse prazo, seder a conhecer, aplicar-se-á o disposto no art. 42 e seus parágrafos.

Art. 45. Também de sessenta anos será o prazo de proteção aos direitospatrimoniais sobre obras cinematográficas, fonográficas, fotográficas e dearte aplicada, a contar de 19 de janeiro do ano subseqüente ao de sua conclu­são.

Art. 46. Protegem-se por 15 anos a contar, respectivamente, da publi­cação ou da reedição, as obras encomendadas pela União e pelos Estados,Municípios e Distrito Federal.

Art. 47. Para os efeitos desta lei, consideram-se sucessores do autorseus herdeiros até o segundo grau, na linha reta ou colateral, bem como ocônjuge, os legatários e cessionários.

Art. 48. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de pro-teção aos direitos partimoniais, pertencem ao domínio público:

I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores;11 - as de autor desconhecido, transmitidas pela tradição oral;III - as publicadas em países que não participem de tratados a que te­

nha aderido o Brasil, e que não confiram aos autores de obras aqui publica­das o mesmo tratamento que dispensam aos autores sob sua jurisdição.

CAPfTULO IV "

Das limitações aos direitos do autor

Art. 49. Não constitui ofensa aos direitos do autor:I - A reprodução:a) de trechos de obras já publicadas, ou ainda que integral, de peque­

nas composições alheias no contexto de obra maior, desde que esta apresentecaráter científico, didático ou religioso, e haja a indicação da origem e donome do autor;

b) na imprensa diária ou 'periódiéa, de notícia ou de artigo informativo,sem caráter literário, publicados em diários ou periódicos, com a menção donome do autor, se assinados e da publicação de onde foram transcritos;

c) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniõespúblicas de qualquer natureza; ,

d) no corpo de um escrito, de obras de arte, que sirvam, como acessóriopara explicar o texto, mencionados o nome do-autor e a fonte de que provie­ram;

e) de obras de arte existentes em logradouros públicos;f) de retratos, ou de outra forma de representação da efígie, feitos sob en­

comenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado nãohavendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros.

11 - A reprodução, em um só exemplar, de qualquer obra, contanto quenão se destine à utilização com intuito de lucro; ,

111 - A citação, em livros, jornais ou revistas, de passagens de qualquerobra, para fins de estudo, crítica ou polêmica;

IV .:..- O apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles aquem elas se dirigem, vedada, porém, sua publicação, integral ou parcial, semautorização expressa de quem as. ministrou;

V - A execução de fonogramas e transmissões de rádio ou televisão emestabelecimentos comerciais, para demonstração à clientela;

VI - A representação teatral e a execução musical, quando realizadasno recesso familiar ou para fins exclusivamente didáticos, nos locais de ensi­no, não havendo, em qualquer caso, intuito de lucro;

VII - A utilização de obras intelectuais quando indispensáveis à provajudiciária ou administrativa.

Art. 50. São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeirasreproduções da obra originária, nem lhe implicarem descrêdito,

Art. 51. É licita' a reprodução de fotografia em obras científicas ou di­dáticas, com a indicação do nome do autor, e mediante o pagamento á este deretribuição equitativa, a ser fixada pelo COnselho Nacional do Direito Auto­ral.

CAPITULO V

Da cessão dos direitos do autorArt. 52. Os direitos do autor podem ser, total ou parcialmente, cedidos

a terceiros por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, pes­soalmente ou por meio de representante Com poderes especiais.

Parágrafo único. Se a transmissão for total, nela se compreendem to­dos os direitos do autor, salvo os de natureza personalíssima, como o de in­troduzir modificações na obra, e os expressamente excluídos por lei.

Art. 53. A cessão total ou parcial dos direitos do autor, que se farásempre por escrito, presume-se onerosa.

§ 19 Para valer perante terceiros, deverá a cessão ser averbada à mar­gem do registro a que se refere o artigo 17.

§ 29 Constarão do instrumento do negócio jurídico, especificamente,quais os direitos objeto de cessão, as condições de seu exercício quanto aotempo e ao lugar, e, se for a título oneroso, quanto ao preço ou retribuição.

Art. 54. A cessão dos direitos do autor sobre obras futuras será permi­tida se abranger, no máximo, o período de cinco anos.

Parágrafo único. Se o período estipulado forindeterminado, ou supe­rior a cinco anos, a tanto ele se reduzirá, diminuindo-se, se for o caso, na de­vida proporção, a remuneração estipulada:

Art. 55. Até prova em contrário, presume-se que os colaboradoresomitidos na divulgação ali publicação da obra cederam seus direitos àquelesem cujo nome foi ela publicada.

Art. 56. A tradição de negativo, ou de meio de reprodução análogo, in­duz à presunção de que foram cedidos os direitos do autor sobre a fotografia.

TITULO IV

Da utilização de obras intelectuais

CAPITULO 1

Da edição

Art. 57. Mediante contrato de edição, o editor, obrigando-se a repro­duzir mecanicamente e a divulgar a obra literária, artística, ou científica, queo autor lhe confia, adquire o direito exclusivo a publicá-la, e explorá-Ia.

Art. 58. Pelo mesmo contrato pode o autor obrigar-se à feitura de 'obraliterária, artística, ou científica, em cuja publicação e divulgação se empenhao editor.

§ 19 Não havendo termo fixado para a entrega da obra, entende-se queo autor pode entregá-Ia quando lhe convier; mas o editor pode fixar-lhe pra­zo, com a cominação de rescindir o contrato.

§ 29 Se o autor falecer antes de concluída a obra, ou lhe for impossívellevá-Ia a cabo, poderá o editor considerar resolvido o contrato, ainda que en­tregue parte considerável da obra, a menos que, sendo ela autônoma, se dis­puser a editá-la, mediante pagamento de retribuição proporcional, ou se con­sentindo os herdeiros, mandar terminá-Ia por outrem, indicando esse fato naedição.

§ 39 É vedada a publicação, se o autor manifestou a vontade de sópublicá-Ia por inteiro, ou se assim o decidem seus herdeiros..'

Art. 59. Entende-se que o contrato versa apenas sobre uma edição, senão houver cláusula expressa em contrário. .

Art. 60. Se, no contrato, ou ao tempo do contrato, o autor não tiverpelo seu trabalho, estipulado retribuição, será esta arbritrada pelo ConselhoNacional do Direito Autoral.

Art. 61. ,No silêncio do contrato, considera-se que cada edição se cons­titui de dois mil exemplares.

690 Quarta-feira ts DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seç,jo I) Março de t98t

Art. 62. Se os originais foram entregues em desacordo com o ajustado,e o editor não os recusar nos trinta dias seguintes ao do recebimento, têm-sepor aceitas as alterações introduzidas pelo autor.

Art. 63. Ao editor compete fixar o preço de venda, sem, todavia, poderelevá-lo a ponto que embarace a circulação da obra.

Art. 64. A menos que os direitos patrimoniais do autor tenham sidoadquiridos pelo editor, numerar-se-ão todos os exemplares de cada edição.

Parágrafo único. Considera-se contrafação, sujeitando-se o editor aopagamento de perdas e danos, qualquer repetição do número, bem comoexemplar não numerado, ou que apresente número que exceda a edição con­tratada.

Art. 65. Quaisquer que sejam as condições do contrato, o editor é obri­gado a facultar ao autor o exame da escrituração na parte que Ihecorrespon­de, bem como a informá-lo sobre o estado da edição.

Art. 66. Se a retribuiçãodo autor ficar dependendo do êxito da venda,será obrigado o editor 'a lhe prestar contas semestralmente.

Art. 67. O editor não pode fazer abreviações, adições ou modificaçõesna obra, sem permissão do autor.

Art. 68. Resolve-se o contrato de edição, se, a partir do momento emque foi celebrado, decorrerem três anos sem que o editor publique a obra.

Art. 69. Enquanto não se esgotarem as edições que tiver direito o edi­tor, não poderá o autor dispor de sua obra.

Parágrafo único. Na vigência do contrato de edição, assiste ao editor odireito de exigir que se retire de circulação edição da mesma obra feita poroutrem.

Art. 70. Se, esgotada a última edição, o editor, com direito a outra, anão publicar, poderá o autor intimá-lo judicialmente a que o faça em certoprazo, sob pena de perder aquele direito, além de responder pelos danos.

Art. 71. Tem direito o autor afazer, nas edições sucessivas de suasobras, as emendas e alterações que bem lhe parecer, mas se elas impuseremgastos extraordinários ao editor, a este caberá indenização.

Parágrafo único. O editor poderá opor-se às alterações que lhe prejudi­quem os interesses, ofendam a reputação, ou aumentem a responsabilidade.

Art. 72. Se, em virtude de sua natureza, for necessário a atualização daobra em novas edições o editor, negando-se o autor a fazê-la, dela poderá en­carregar outrem, mencionando o fato na edição.

CAPITULO II

Da representação e execução

Art. 73. Sem autorização do autor, não poderão ser transmitidos pelorádio, serviço de alto-falantes, televisão ou outros meios análogos, represen­tados ou executados em espetáculos públicos e audições públicas, que visem alucro direto ou indireto, drama, tragédia, comédia, composição musical, comletra ou sem 'ela, ou obra de caráter assemelhado.

§ 19 Consideram-se espetáculos públicos e audições públicas, para osefeitos legais, as representações ou execuções em locais ou estabelecimentos,como teatros, cinemas, salões de baile ou concerto, boates, bares, clubes dequalquer natureza, lojas comerciais e industriais, estádios, circos, restauran­tes, hotéis, meios de transporte de passageiros terrestre, marítimo, fluvial ouaéreo, ou onde quer que se representem, executem, recitem interpretem' outransmitam obras intelectuais, com a participação de artistas remunerados,ou mediante quaisquer processos fonomecânicos, eletrônicos ou audiovi­suais.

§ 29 Ao requerer a aprovação do espetáculo ou da transmissão, o em­presário deverá apresentar à autoridade policial, observando o disposto na le­gislação cm vigor, o programa, acompanhado da autorização do autor, intér­prete ou executante e do produtor de programas, bem como do recibo de re­colhimento em agência bancária ou postal, ou ainda documento equivalenteem forma autorizada pelo Conselho Nacional de Direito Autoral, a favor doEscritório Central de Arrecadação e Distribuição, de que trata o art. 115, dovalor, dos direitos autorais das obras programadas.

§ 39 Quando se trata de representação teatral o recolhimento será feitono dia seguinte ao da representação, à vista da freqüência ao espetáculo.

Art. 74. Se não foi fixado prazo para a representação ou execução,pode o autor, observados os usos locais, assiná-lo ao empresário.

Art. 75. Ao autor assiste o direito de opor-se a representação ou exe­cução que não esteja suficientemente ensaiada, bem como o dc fiscalizar o es­petáculo, por si ou por delegado seu, tendo, para isso, livre acesso, durante asrepresentações ou execução, ao local onde se realizam.

Art. 76. O autor da obra não pode alterar-lhe a substáncia, sem acordocom o empresário que a faz representar.

Ar!. 77. Sem licença do autor, não pode o ernprêsario comunicar o ma­nuscrito da obra a pessoa estranha à representação, ou execução.

Art. 78. Salvo se abandonarem a empresa, não podem os principais in­térpretes e os diretores de orquestra ou coro, escolhidos de comum acordopelo autor e pelo empresário, ser substituído por ordem deste, sem que aqueleconsinta.

Art. 79. É impenhorável a parte do produto dos espetáculos reservadaao autor e aos artistas.

CAPITULO III

Da utilização de obra de arte plásticaArt. 80. Salvo convenção em contrário, o autor de obra de arte plásti­

ca, ao alienar o objeto em que ela se materializa, transmite ao adquirente o di­reito de reproduzi-la, ou de expô-la ao público.

Art. 8J. A autorização para reproduzir obra de arte plástica, por qual­quer processo, deve constar do documento, e se presume onerosa.

CAPITULO IVDa utilização de obra fotográfica

Art. 82. O autor de obra fotográfica tem direito a reproduzi-la,difundi-la e colocá-la à venda observadas as restrições à exposição repro­dução e venda de retratos, e sem prejuízo dos direitos do autor sobre a obrareproduzida.i se de antes figurativas.

§ 19 A fotografia, quando divulgada, indicará de forma legível o nomedo seu autor.

§ 29 É vedada a reprodução de obra fotográfica que não esteja em abso­luta consonância com o original, salvo prévia autorização do autor.

CAPITULO V

Da Utilização de FonogramaArt. 83. Vetado.

CAPITULO VI

Da Utilização de Obra CinematográficaArt. 84. A autorização do autor de obra intelectual para sua produção

cinematográfica implica, salvo disposição em contrário, licença para a utili­zação econômica da película.

§ 19 A exclusividade da autorização depende de cláusula expressa, ecessa dez anos após a celebração do contrato, ressalvado ao produtor da obracinematográfica o direito de continuar a exibi-la.

§ 29. A autorização de que trata este artigo aplicam-se, no que couber,às normas relativas ao contrato de edição.

Art. 85. O contrato de produção cinematográfica deve estabelecer:I - a remuneração devida pelo produtor aos demais co-autores da obra

e aos artistas intérpretes ou executantes, bem como o tempo, lugar e forma depagamento;

II - o prazo de conclusão da obra;

111 - a responsabilidade do produtor para 'com os demais co-autores,artistas intérpretes ou executantes, no caso de co-produção da obra cinemato­gráfica.

Art. 86. Se, no decurso da produção da obra cinematográfica, um dosseus colaboradores, por qualquer motivo, interromper, temporária ou defini­tivamente, sua participação, não perderá os direitos que lhe cabem quanto àparte já executada, mas não poderá opor-se a que esta seja utilizada na obra,nem a que outrem o substitua na sua conclusão.

Art. 87. Além da remuneração estipulada, têm os demais co-autores daobra cinematográfica o direito de receber do produtor cinco por cento paraserem entre eles repartidos, dos rendimentos da utilização econômica da pelí­cula que excederem ao décuplo do valor do custo bruto da produção.

Parágrafo único. Para esse fim, obriga-se o produtor a prestar contasanualmente aos demais co-autores.

Art. 88. Não havendo disposição em contrário, poderão os co-autoresde obra cinematográfica utilizar-se, em gênero diverso, da parte que constituasua contribuição pessoal.

Parágrafo único. Se o produtor não concluir a obra cinematográfica noprazo ajustado, ou não a fizer projetar dentro em três anos a contar de suaconclusão, a utilização a que se refere este artigo será livre.

Art. 89. Os direitos autorais relativos a obras musicais, Iítero-musicaise fonogramas, incluidos em filmes, serão devidos a seus titulares ou estabele­cimentos a que alude o § 19 do art. 73, ou pelas emissoras de televisão que osexibirem. .

Art. 90. A exposição, difusão ou exibição de fotografias ou filmes deoperações cirúrgicas dependem da autorização do cirurgião e da pessoa ope­rada. Se esta for falecida, da de seu cônjuge ou herdeiros.

Art. 91. As disposições deste capítulo são aplicáveis às obras produzi­das por qualquer processo análogo à cinematografia.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 691

CAPITULO VII

Da Utilização da Obra Publicada em Diários ou PeriódicosArt. 92. O direito de utilização econômica dos escritos publicados pela

imprensa, diária ou periódica, com exceção dos assinados ou que apresentemsinal de reserva, pertence aoeditor.

Parágrafo único. A cessão de artigos assinados, para publicação emdiários ou periódicos, não produz efeito, salvo convenção em contrário, alémdo prazo de vinte dias, a contar de sua publicação, findo o qual recobra o au­tor em toda a plenitude o seu direito.

CAPITULO VIII

Da Utilização de Obras Pertencentes ao Domínio PúblicoArt.93. A utilização, por qualquer forma ou processo que não seja li­

vre, das obras intelectuais pertencentes ao domínio público depende de auto­rização do Conselho Nacional de Direito Autora!.

Parágrafo único. Se a utilização visar a lucro, deverá ser recolhida aoConselho Nacional de Direito Autoral importância correspondente a cin­qüenta por cento da que caberia ao autor da obra, salvo se se destinar a finsdidáticos, caso em que essa percentagem se reduzirá a dez por cento.

TITULO V

Dos Direitos Conexos

CAPItU,LO I

, Disposição preliminarArt. 94. As normas relativas aos direitos do autor aplicam-se, no que

couber, aos direitos que lhe são conexos.CAPITULO 11

Dos Direitos dos Artistas Intérpretes ou Executantes,e dos Produtores de Fonogramas

Art. 95. Ao artista, herdeiro ou sucessor, a título oneroso ou gratuito,cabe o direito de impedir a gravação, reprodução, transmissão ou retransmis­'são, por empresa de radiodifusão, ou utilização por qualquer forma de comu­nicação ao público, de suas interpretações ou execuções, para as quais não te­nha dado seu prévio e expresso consentimento.

Parágrafo único. Quando na interpretação ou execução participaremvários artistas, seus direitos serão exercidos pelo diretor do conjunto.

Art. 96. As empresas de radiodifusão poderão realizar fixações de in­terpretação ou execução de artistas que as tenham permitido para utilizaçãoem determinado número de emissões, facultada sua conservação em arquivopúblico.

Art. 97. Em qualquer divulgação, devidamente autorizada, de interpre­tação ou execução, será obrigatoriamente mencionado o nome ou o pseudô­nimo do artista.

Art. 98.' Tem o produtor de fonogramas o direito de autorizar ouproibir-lhes a reprodução, direta ou indireta, a transmissão e a retransmissãopor empresa de radiodifusão, bem como a execução pública a realizar-se porqualquer meio.

CAPITULO III

Dos Direitos das Empresas de RadlodifusioArt. 99. Cabe às empresas de radiodifusão autorizar ou proibir a re-.

transmissão, fixação e reprodução de suas emissões, bem como a comuni­cação ao público, pela televisão, em locais de freqüência coletiva, com entra­da paga, de suas transmissões.

CAPITULO IV

Do Direito de ArenaArt. 100. À entidade a que esteja vinculado o atleta, pertence o direito

de autorizar, ou proibir. a fixação, transmissão ou retransmissão, por quais­quer meios ou processos de espetáculo desportivo público, com entrada paga.

Parágrafo único. Salvo convenção em contrário, vinte por cento dopreço da autorização serão distribuídos, em partes iguais, aos atletas partici­pantes do espetáculo.

Art. 101. O disposto no artigo anterior não se aplica à fixação de partesdo espetáculo, cuja duração, no conjunto, não exceda a três minutos para finsexclusivamente informativos, na imprensa, cinema ou televisão.

CAPITULO V

Da Duração dos Direitos ConexosArt. 102. É de sessenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos,

contado a partir de lq de janeiro do ano subseqüente à fixação, para os fono­gramas;' à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão; e arealização do espetáculo, para os demais casos.

TITULO VI

Das Associações de Titulares de Direitos do Autore dos que lhes são conexos

Art. 103. Para o exercício e defesa de seus direitos, podem os titularesde direitos autorais associar-se, sem intuito de lucro.

§ Iq É vedado pertencer a mais de uma associação da mesma natureza.§ 29 Os estrangeiros domiciliados no exterior, poderão outorgar procu­

ração a uma dessas associações, mas lhes é defesa a qualidade de associado.Art. 104. Com o ato de filiação, as associações se tornam mandatários

de seus associados para a prática de todos os atos necessários à defesa judicialou extrajudicial de seus direitos autorais, bem como .para sua cobrança.

Parágrafo único. Sem prejuízo desse mandato, os titulares de direitosautorais poderão praticar pessoalmente os atos referidos neste artigo.

Art. 105. Para funcionarem no País, as associações de q.ue trata estetítulo necessitam de autorização prévia do Conselho Nacional de Direito Au­toral.

Parágrafo único. As associações com sede no exterior iar-se-ão repre­sentar, no País, por associações nacionais constituídas na forma prevista nes­ta Lei.

Art. 106. O estatuto da associação conterá:I - a denominação, os fins c a sede da associação;11 - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;111 - os direitos e deveres dos associados;IV - as fontes de recursos para sua manutenção;V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e

administrativos;- VI - os requisitos para 'alterar as disposições estatutárias, e para dissol-

ver a associação.

Art. 107. São órgãos da associação:I - a Assembléía-Geral;11 - a Diretoria;III - o Conselho Fiscal.Art. 108. A Assembléia-Geral, órgão supremo da associação, reunir­

se-á ordinariamente pelo menos uma vez por ano, e, extraordinariamente,tantas quantas necessárias, mediante convocação da Diretoria, ou do Conse­lho Fiscal, publicada, uma vez, no DiárioOficial, e, duas, em jornal de grandecirculação no local de sua sede, com antecedência mínima de oito dias.

§ 19 A Assembléia-Geral se instalará, em primeira convocação, com apresença, pelo menos, de associados que representem cinqüenta por cento dosvotos, e em segunda, com qualquer número.

§ 29 Por solicitação de um terço dos associados, o Conselho Nacionalde Direito Autoral designará um representante para acompanhar e fiscalizaros trabalhos da Assembléia-Geral.

§ 39 As deliberações serão tomadas por maioria dos votos representa­dos pelos presentes; tratando-se de alteração estatutária, o quorum mínimoserá a maioria absoluta do quadro associativo.

§ 49 É defeso voto por procuração. Pode o associado, todavia, votarpor carta, na forma estabelecida em regulamento.

§ 59 O associado terá direito a um voto; o estatuto poderá entretantoatribuir a cada associado até vinte votos, observado o critério estabelecidopelo Conselho Nacional de Direito Autoral.

Art. 109. A Diretoria será constituída de sete membros, e o ConselhoFiscal de três efetivos, com três suplentes.

Art.llO. Dois membros da Diretoria e um membro efetivo do Conse­lho Fiscal serão, obrigatoriamente, os associados que encabeçarem a chapaque, na eleição, houver alcançado o segundo lugar.

Art. 111. Os mandatos dos membros da Diretoria e do Conselho Fiscalserão de dois anos, sendo vedada a reeleição de qualquer deles, por mais dedois períodos consecutivos.

Art. 112. Os membros da Diretoria e os do Conselho Fiscal não pode­, rão perceber remuneração mensal superior, respectivamente a 10 e a 3 sa­lários mínimos da Região onde a associação, tiver sua sede.

Art. 113. A escrituração das associações obedecerá às normas da con­tabilidade comercial, autenticados seus livros pelo Conselho Nacional de Di­reito Autoral.

Art. 114. As associações estão obrigadas, em relação ao Conselho Na­cional de Direito Autoral, a:

I - informá-lo, de imediato, de qualquer alteração no estatuto na di­reção e nos órgãos de representação e fiscalização, bem como na relação deassociados ou representados, e suas obras;

II.- e~caminhar-lhecópia dos convênios celebrados com associações es­trangeiras, informando-o das alterações realizadas;

692 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGR ESSO NAC'IONAL (Seção I) Março de 1981

IH - apresentar-lhe, até trinta de março de cada ano, com relação aoano anterior:

a) relatório de suas atividades;b) cópia autêntica do balanço;c) relação das quantias distribuídas a seus associados ou representantes,

e das despesas efetuadas;IV - prestar-lhe as informações que solicitar, bem como exibir-lhe seus

livros e documentos.

Art. 115. As associações organizarão, dentro do prazo e consoante asnormas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Direito Autoral, um Escri­tório Central de Arrecadação e Distribuição dos direitos relativos à execuçãopública, inclusive através da radiodifusão e da exibição cinematográfica, dascomposições _musicais ali lítero-rnusicais e de fonogramas.

§ 19 O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição que não tem fi­nalidade de lucro, Tege-se por estatuto aprovado pelo Conselho Nacional deDireito Autoral.

§ 29 Bimensalmente o Escritório Central de Arrecadação e Distribuiçãoencaminhará ao Conselho Nacional de Direito Autoral relatório de suas ati­vidades e balancete, observadas as normas que este fixar.

§ 39 Aplicam-se ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição,no que couber, os artigos 113 c 114:

TTTULO VII

Do Conselho Nacional de Direito AutoralArt. 116. O Consclho Nacional dc Direito Autoral é o órgão de fiscali­

zação, consulta e assistência, no que diz respeito a direitos do autor e direitosque lhes são conexos.

Art. I 17. Ao Conselho, além de outras atribuições que o Poder Execu­tivo, mediante decreto, poderá outorgar-lhe, incumbe:

I -·determInar, orientar, coordenar e fiscalizar as 'providências neces­sárias à exata aplicação das leis, tratados e convenções internacionais ratifica­dos pelo Brasil, sobre dircitos do autor e direito que lhes são conexos;

TI - autorizar o funcionamento, no País, de associações de que trata otítulo antecedente. desde que observadas as exigências legais e as que forempor ele estabelecidas; e, a seu critério, cassar-lhes a autorização, após, nomini mo, três intervenções, na forma do inciso seguinte;

IH - fiscalizar essas associações e o Escritório Central de Arrecadação eDistribuição a que se refere o art. J15, podendo neles intervir quando des­cumprirem suas determinações ou disposições legais, ou lesarem, de qualquermodo, os interesses dos associados;

IV - fixar normas para a unificação dos preços e sistemas de cobrança edistribuição de direitos autorais;

V - funcionar, como árbitro, em questões que versem sobre direitos au­torais, entre autores, intérpretes ou executantes, e suas associações, tanto en­tre si, quanto entre uns e outras;

VI - gerir o Fundo de Direito Autoral, aplicando-lhe os recursos segun­do as normas que estabelecer, deduzidos, para a manutenção do Conselho,no máximo, vinte por cento anualmente;

VII - manifestar-se sobre a conveniência de alteração de normas de di­reito autoral, na ordem interna ou internacional, bem como sobre problemasa ele concernentes;

VIII - manifestar-se sobre os pedidos de licenças compulsórias previs­tas em Tratados e Convenções Internacionais.

Parágrafo único. O Conselho Nacional de Direito Autoral organizaráe manterá um Centro Brasileiro de Informações sobre Direitos Autorais.

Art. 118. A autoridade policial encarregada da censura de espetáculoou transmissões pelo rádio ou televisão, encaminhará, ao Conselho Nacionalde Direito Autoral, cópias das programações, autorizações c recibos de depó­sito a ela apresentados em conformidade com o § 29 do artigo 73, e a legis­lação vigente,

Art. 119. O Fundo de Direito Autoral tem por finalidade:I - estimular a criação de obras intelectuais, inclusive mediante insti­

tuição de prêmios e de bolsas de estudo e de pesquisa;H - auxiliar órgãos de assistência social das associações e sindicatos de

autores, intérpretes ou executantes;III - publicar obras de autores novos, mediante contrato com órgãos

públicos ou editora privada.IV - custear as despesas do Conselho Nacional de Direito Autoral;V - custear o funcionamento do Museu do Conselho Nacional de Direi­

to Autoral.Art. 120. Integrarão o Fundo de Direito Autoral:I - o produto da autorização para a utilização de obras pertencentes ao

domínio público;

H - doações de pessoas físicas ou jurídicas nacionais ou estrangeiras;III - o produto das multas impostas pelo Conselho Nacional de Direito

Autoral:IV - as quantias que, distribuídas pelo Escritório Central de Arreca­

dação e Distribuição às associações, não forem reelamadas por seus associa­dos, decorrido o prazo de cinco anos;

V - recursos oriundos de outras fontes.

TITULO VIII

Das Sanções à Violação dos Direitos do Autore Direitos que lhes são Conexos

CAPITULO I

Disposição PreliminarArt. 121. As sanções civis de que trata o capítulo seguinte se aplicam

sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

CAPITULO II

Das Sanções Civis e AdministrativasArt. 122. Quem imprimir obra literária, artística ou científica, sem au­

torização do autor, perderá para este os exemplares que se apreenderem, epagar-lhe-á o restante da edição ao preço por que foi vendido, ·ou for avalia­do.

Parágrafo único. Não se conhecendo o número de exemplares queconstituem a edição fraudulenta, pagará o transgressor o valor de dois milexemplares, além dos apreendidos.

Art. 123. O autor, cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divul­gada ou de qualquer forma utilizada, poderá, tanto que o saiba, requerer aapreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação ou uti­lização da obra, sem prejuízo do direito à indenização de perdas e danos.

Art. 124. Quem vender, ou expuser à venda, obra reproduzida comfraude, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dosartigos precedentes: e. se a reprodução tiver sido feita no estrangeiro, respon­derão, como contrafatores, o importador e o distribuidor.

Art. 125. Aplica-se o disposto nos artigos 122 e 123 às transmissões, re­transmissões, reproduções ou publicações, realizadas, sem autorização, porquaisquer meios ou processos, de execuções, interpretações, emissões e fono­gramas protegidos.

Art. 126. Quem, na utilização, por qualquer meio ou processo, de obraintelectual, deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o .nome, pseudônimoou sinal convencional do autor, intérprete ou executante, além de responderpor danos morais, está obrigado a divulgar-lhe a identidade:

a) em se tratando de empresa de radiodifusão, no mesmo horário em quetiver ocorrido a infração, por 3 (três) dias consecutivos;

b) em se tratando de publicação gráfica ou fonográfica, mediante inclu­são de errata nos exemplares ainda não distribuídos, sem prejuízo de comuni­cação, com destaque, por três vezes consecutivas, em jornal de grande circu­lação. do domicílio do autor, do editor ou do produtor;

c) em se tratando de outra forma de utilização, pela comunicação atravésda imprensa, na forma a que se refere a alínea anterior.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica a programas so­noros, exclusivamente musicais, sem qualquer forma de locução ou propa­ganda comercial.

Art. 127. O titular dos direitos patrimoniais de autor ou conexos poderequerer à autoridade policial competente a interdição da representação, exe­cução, transmissão ou retransmissão de obra intelectual, inclusive fonogra­ma, sem autorização devida, bem como a apreensão, para a garantia de seusdireitos, da receita bruta.

Parágrafo único. A interdição perdurará até que o infrator exiba a au­torização.

Art. 128. Pela violação de direitos autorais nas representações ou exe­cuções realizadas nos locais ou estabelecimentos a que alude o § \9 do artigo73, seus proprietários, diretores, gerentes, empresários e arrendatários res­pondem solidariamente com os organizadores dos espetáculos.

Art. 129. Os artistas não poderão alterar, suprimir ou acrescentar, nasrepresentações ou execuções, palavras, frases ou cenas sem autorização, porescrito, do autor, sob pena de serem multados, em um salário mínimo da Re­gião, se a infração se repetir depois que o autor notificar, por escrito, o artistae o empresário de sua proibição ao acréscimo, à supressão ou alteração verifi­cados.

§ 1. A multa de que trata este artigo será aplicada pela autoridade quehouver licenciado o espetáculo, e será recolhida ao Conselho Nacional de Di­reito Autoral.

§ 29 Pelo pagamento da multa a que se refere o parágrafo anterior, res­pondem solidariamente o artista c o empresário do espetáculo.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 693

§ 39 No caso de reincidência, poderá o autor cassar a autorização dadapara a representação ou execução.

Art. 130. A requerimento do titular dos direitos autorais, a autoridadepolicial competente, no caso de infração do disposto nos §§ 29e 39do art. 73,determinará a suspensão do espetáculo por vinte e quatro horas, da primeiravez, c por quarenta e oito horas, em cada reincidência.

CAPITULO UI

Da PrescriçãoArt. 131. Prescreve em cinco anos a ação civil por ofensa a direitos pa­

trimoniais do autor ou conexos, contado o prazo da data em que se deu a vio­lação.

TITULO IX

Disposições Finais e Transitórias. Art. 132. O Poder Executivo, mediante decreto, organizará o Conselho

Nacional de Direito Autoral.Art. 133. Dentro em cento e vinte dias, a partir da data da instalação

do Conselho Nacional de Direito Autoral, as associações de titulares de direi­tos autorais c conexos atualmente existente se adaptarão às exigências destaLei.

Art. 134. Esta Lei entrará em vigor a 19dejaneiro de 1974, ressalvada alegislação especial que com ela for compatível.

Brasília, 14 de dezembro de 1973; 1529 da Independência e 859 da Re­pública. - EMILIO G. MÉDICI - Jarbas G. Passarinho - Júlio Barata.

pARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA

I - Relatório

Da lavra do ilustre Deputado Carlos Santos o projeto de lei em exameobjetiva isentar dos direitos autorais instituídos pela Lei n95.988, de 1973, asobras literárias e musicais já editadas, quando a sua reprodução, por qual­quer meio, destinar-se a deficientes físicos ou mentais e não tenha finalidadeou vantagem comercial direta ou indireta. Por conseguinte, segundo acres­centa o parágrafo único do artigo comentado, a utilização das obras mencio­nadas independerá de anuência do seu autor.

Após referir-se ao elevado índice de excepcionalidade que afeta as popu­lações do Terceiro Mundo, particularniente do Brasil, onde se calcula existamcerca de trinta milhões de deficientes físicos e mentais, tendo por origem ge­ralmente a desnutrição, o nobre autor da proposição transcreve a legislaçãode numerosos países onde idêntico benefício já foi instituído. E arremata como seguinte comentário: "Entendemos que o autor de obra literária, científicaou musical, antes de sentir-se atingido em seus direitos e interesses comerciaiscom a isenção ora intentada, há de sentir-se útil à sociedade, por ver um seutrabalho, de forma tão generosa e humanitária, ser utilizado para fins tãonobres c alevantados".

De fato, a preocupação com a integração do excepcional só recentemen­te assumiu, em nosso País, caráter normativo com o aditamento à Lei Maiorda Emenda Constitucional n9 12, que assegura aos deficientes "melhoria desua condição social e econômica", fundamento da política assistencial que sedeseja implantar e consolidar.

A utilização das obras literárias ou musicais, sem anuência do seu autor,para utilização dos deficientes físicos c mentais, embora sem finalidade co­mercial, conforme propõe o ilustre Deputado Carlos Santos no seu projeto delei, colide frontalmente com o art. 153, § 35 da Constituição Federal em vigor,o qual assim dispõe:

"Art. 153.§ 25. Aos autores de obras literárias, artísticas e científicas perten­ce o direito exclusivo de utiliza-Ias. Esse direito é transmissível porherança, pelo tempo que a lei fixll;r."

Pelo disposto, o autor dá obra especificada no texto constitucional tem odireito exclusivo de utilizá-la, dependendo a reprodução de sua anuência. Eesta depende, evidentemente, do fator vontade.

Como se trata de direito personalíssimo, a exploração de obra literária,científica ou artística é transmissível por herança, "mas ao contrário do queocorre relativamente â propriedade material" - como bem observa ManoelGonçalves Ferreira Filho em seus "Comentários à Constituição Federal" ­"o direito autoral, nesse caso, só perdura por um prazo fixado na lei".

Por infringir dispositivo constitucional destinado a assegurar um dos di­reitos inerentes à natureza humana - o direito à propriedade - no caso dapropriedade imaterial, o projeto se nos afigura também injurídico,

No que se refere à estrutura formal, nada temos a opor. A proposiçãoatende aos princípios da elaboração legislativa em vigor.

Como a proposição versa sobre "garantias constitucionais", isto é, defe­sas postas pela Constituição para garantia dos direitos fundamentais do ho-

rnem, compete a esta Comissão avaliar-lhe também o mérito, conforme deter­mina o art. 28, § 49, alínea b do Regimento Interno.

Neste particular, não obstante o elevado alcance social contido na pre­posição, somos contrário a sua aprovação, visto como a defesa dos princípiosque norteiam a segurança social se sobrepõe 1Is normas de assistência social.

O acolhimento do presente projeto de lei certamente beneficiaria os ex­cepcionais como indivíduos deficientes, pois lhe seriam proporcionados ins­trumentos recomendáveis à melhoria de sua condição social, mas,' em contra­partida, estariam privados - como de resto toda a sociedade brasileira - degarantia mais ampla: a proteção de seus direitos enquanto cidadãos.

11 - Voto do Relator

Pelo disposto, manifestamo-nos pela inconstitucionalidade, injuridicida­de, boa técnica legislativa e, no mérito, pela rejeição do Projeto de Lei n92.899, de 1980.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Gomes da Silva, Relator.

III :....... Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição e Justiça, em reunião de sua Turma "B",opinou, unanimemente, pela inconstitucionalidade, injuridicidade e, no méri­to, pela rejeição-do Projeto n9 2.899/80, nos termos do parecer do Relator.

Estiveram presentes os Senhores Deputados: - Ernani Satyro - Presi­dente, Gomes da Silva - Relator, Afrísio Vieira Lima, Antônio Dias, Antô­nio Mariz, Brabo de Carvalho, Djalma Marinho, Francisco Benjamim, JairoMagalhães, Joacil Pereira, Jorge Arbage, Lázaro de Carvalho, Nelson Mor­ro, Osvaldo Melo e Paulo Pimentel.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Ernaní Satyro, Presidente- Gomes da Silva, Relator.

PROJETO DE LEI N9 3.168-A, DE 1980

(DO SR. LÚCIO CIONI)

Cria o Serviço Nacional de Apredizagem do Transporte Rodo­viário; tendo parecer: da Comissão de Constituição e .Iustlça, pela in­constitucionalidade.

(PROJETO DE LEI N9. 3.168, de 1980, a que se refere o pare­cer)

O Congresso Nacional decreta:Art. IÇ É criado o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Ro­

doviário _ SENAT.Art. 29 Compete ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Rodoviário organizar e administrar, em todo o País, escola de aprendizagempara os trabalhadores em transportes rodoviários.

Parágrafo único. Deverão as escolas de aprendizagem, que se organiza­rem, oferecer recursos de especialização c capacitação profissional, visandoao aprimoramento profissional dos trabalhadores nas empresas de transporterodoviário.

Art. 39O Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Rodoviárioserá organizado e dirigido pela Confederação Nacional de Transportes Ter­restres.

Art. 49 As contribuições devidas pelas empresas de transporte rodoviárioe que vinham sendo recolhidas em favor do Serviço Nacional de Aprendiza­gem Industrial, serão doravante recolhidas, nas mesmas.taxas e forma, a fa­vor do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Rodoviário - SE­NAT.

§ 19 As contribuições a que se refere este artigo destinam-se a custear amontagem e funcionamento das escolas de aprendizagem para os trabalhado­res em transpotes rodoviários.

§ 29O produto da arrecadação. feita em cada região do País, deduzida aquota necessária às despesas de caráter geral, será aplicada na mesma região.

Art. 59Aplicam-se ao Serviço Nacional de Aprendizagem do TransporteRodoviário as disposições legais referentes ao Serviço Nacional de Aprendi­zagem Industrial que forem conflitantes com esta lei.

Art. 6~' O Poder Executivo baixará o necessário regulamento a esta lei noprazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de sua promulgação.

Art. 79Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revo­gadas as disposições em contrário.

J ustlflcacãoO Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - antes, Serviço Na-

. cional de Aprendizagem dos lndustriários, mas sempre SENAl - (criadopelo Decreto-lei nQ 4.0~8, de 22 dc janeiro de 1'942), teve ampliado o âmbitode sua atuação através do Decreto-lei n9 4.936, de 7 de novembro de 1942,passando :1 abranger também, a partir daí, a aprendizagem para os trabalha­dores dos tran sportes,

694 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRl:SSO NACIONÁL (Seçào I) Marçn de 1981

Entretanto, pela inconciliável diferença existe entre as atividades indus­triais propriamente ditas e as do transporte rodoviário, cujos trabalhadoresnunca foram e jamaisserão "industriários", a ampliação.decorrente do referi­do Decreto-lei nv 4.936/42 também jamais logrou alcançar quanto a estes úl­timos, os resultados positivos esperados pelo legislador.

Em verdade, se a eficácia do dito Serviço Nacional de Aprendizagem In­dustrial - SEi-<AI - é indiscutível quanto à faixa de trabalhadores das in­dústrias, merecendo a entidade o respeito e a admiração de todo o País pelomuito que tem realizado no setor da aprendizagem, aperfeiçoamento e espe­cialização de industriários, outro tanto não se pode afirmar em se tratanto detrabalhadores em transportes eis que esses figuram, como uma espécie de cor­po estranho na estrutura da instituição, a encargá-la indevidamente e atédesvirtuá-la em seus objetivos peculiares mais importantes.

Prova dessa inadequação é que, inobstante a existência de uma potencialaprendizagem a trabalhadores em transportes, a cargo do SENAI e por de­corrência do mencionado Decreto-lei n? 4.936/42, tem havido um aumentocrescente c assutador de acidentes nas estradas de todo o País, o que vale poruma determinação inequívoca de deficiência de preparação profissional.

O nosso projeto visa corrigir as distorções atualmente resultantes da le­gislação mencionada, criando, para os trabalhadores em transportes, desde omotorista até os que se dedicam a atividades correlatas ou simplesmente deapoio indispensável ao setor, um serviço nacional de aprendizagem peculiar àatividade.

Não interfere a proposição com qualquer das vedações expressas do art.57, da Constituição Federal, nem mesmo com o seu inciso II visto que acriação e funcionamento da instituição (SENAT) assim como de suas escolasde aprendizagem, indepcnde do erário público, competindo a respectiva ma­nutenção, tal como ocorre com o SENAI e com o SENAC, às empresas pri­vadas vinculadas à atividade específica. Ademais empresas de transporte ro­doviário já estão obrigadas a contribuir para o SENAI, determinando o pro­jeto que tal contribuição, apenas se transfira da dita instituição para o oracriado Serviço Nacional de Aprendizagem de Transporte Rodoviário.

Essa transferência de contribuições, se por um lado, implica em reduçãoda receita do. SENAI, por outro não lhe acarreta qualquer prejuízo, vistocomo simultaneamente, desencarga-o - ao SENAI -da obrigatoriedade deinstalar e manter cursos de aprendizagem a trabalhadores em transporte ro­doviário.

Sala das Sessões, - Lúcio Cionl.

LEGISLAÇJO PERTINENTE, ANEXADA PELA COORDENAÇJODAS COMISSÕES PERMANENTES

DECRETO-LEI N? 4.048, DE 22 DE JANEIRO DE 1942.

Cria o Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários (SE­NAI).

Art. 1" Fica criado o Serviço Nacional de Aprendizagem dos lndus­triários.

Art. 2" Compete ao Serviço Nacional de Aprendizagem dos Indus­triários, organizar e administrar em todo o País, escolas de aprendizagempara industriários.

Parágrafo único. Deverão as escolas de aprendizagem, que se organiza­rem, ministrar ensino de continuação, e de aperfeiçoamento e especialização,para trabalhadores industriários não sujeitos à aprendizagem.

Art. 3\' O Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários, será or­ganizado e dirigido pela Confederação Nacional da Indústria.

Art. 4~ Serão os estabelecimentos industriais das modalidades de indús­trias enquadradas na Confederação Nacional da Indústria obrigados ao pa­gamento de uma contribuição mensal para montagem e custeio das escolas deaprendizagem.

§ 1" A contribuição referida neste artigo será de dois mil réis, por ope­rário e por mês.

§ 2" A arrecadação da contribuição de que trata este artigo será feita peloInstituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriãrios, sendo o produto pos­to à disposição do Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários.

§ 39 O produto da arrecadação feita em cada região do País, deduzida aquota necessária às despesas de caráter geral, será na mesma região aplicado.

Art. 5" Estarão isentos da contribuição referida no artigo anterior os es­tabelecimentos que, por sua própria conta, mantiverem aprendizagem consi­derada pelo Serviço N acionaI de Aprendizagem dos Insutriários sob o pontode vista da montagem, da constituição do corpo docente e do regime escolar,adequada aos seus fins.

Art. 69 A contribuição dos estabelecimentos que tiverem mais de qui­nhentos operários será acrescida de vinte por cento.

Parágrafo único. O Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriáriosaplicará o produto da contribuição adicional referida neste artigo, em benefí­cio do ensino nesses mesmos estabelecimentos, quer criando bolsas de estudoa serem concedidas a operários, diplomados ou habilitados, e de excepcionalvalor, para aperfeiçoamento ou especialização profissional, quer promoven­do montagem de laboratórios que possam melhorar as suas condições técni­cas e pedagógicas.

Art. 79Os serviços de caráter educativo organizados e dirigidos pelo Ser­viço Nacional de Aprendizagem dos Industriários serão insentos de impostosfederais.

Parágrafo único. Serão decretadas isenções estaduais e municipais embeneficio dos serviços de que trata o presente artigo.

Art. 89 A organização do Serviço Nacional de Aprendizagem dos Indus­triários constará de seu regimento, que será mediante projeto apresentado aoMinistro da Educação pela Confederação Nacional da Indústria, aprovadopor Decreto do Presidente da República.

Art. 99 A contribuição, de que trata o art. 49 deste Decreto-lei, começaráa ser cobrada, no corrente ano, a partir de 19 de abril.

Art. 10 Este Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação.Art. I I Ficam revogadas as disposições anteriores, relativas à matéria

do presente Decreto-lei.

DECRETO-LEI N9 4.936, DE 7 DE NOVEMBRO DE 1942

Amplia o âmbito de ação do Serviço Nacional de Aprendizagemdos Industrhírios, e dá outras providências.

Art. 19O Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários (SENAI),criado pelo Decreto-lei n94.048, de 22 de janeiro de 194,2, passa a denominar­se Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

Art. 29O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial deverá organizare administrar escolas de aprendizagem não somente para trabalhadores in­dustriários, mas também para trabalhadores dos transportes, das comuni­cações e da pesca.

Parágrafo único. Todas as escolas de aprendizagem ministrarão ensinode continuação e de aperfeiçoamento e especialização.

Art. 39 A obrigação decorrente do disposto nos arts. 49 e 69 do Decreto­lei n94.048, de 22 de janeiro de 1942, se estende às empresas de transportes, decomunicações e de pesca, e é exigível a partir de 19 de janeiro de 1943.

§ 19A arrecadação das contribuições, a que ficam obrigadas essas ernpre­sas, será feita pelos institutos de previdência ou caixas de aposentadorias epensões a que elas estiverem filiadas, pondo-se o produto à disposição do Ser­viço Nacional de Aprendizagem Industrial.

§ 29 Vigorará, com relação ao ensino industrial das empresas de trans­portes de comunicações e de pesca, o disposto no § 39 do art. 4Q do Decreto-leinQ 4.048, de 22 de janeiro de 1942.

Art. 49 O preceito do art. 50 do Decreto-lei nv 4.048, de 22 de janeiro de1942, se aplica às empresas de transportes, de comunicações e de pesca.

Art. 59 A isenção de que trata o art. 59do Decreto-lei n9 4.048, de 22 dejaneiro de 1942, dependerá, em cada caso, da realização de acordo celebradoentre o estabelecimento industrial interessado e o Serviço Nacional de Apren­dizagem Industrial. Do termo desse acordo constarão, circunstanciadamente,as obrigações atribuídas ao estabelecimento industrial relativamente à orga­nização e funcionamento da sua escola ou sistema de escolas de aprendiza­gem, e cuja inobservância importe rescisão.

Art. 69 Os estabelecimentos industriais, enquadrados na ConfederaçãoNacional da Indústria, mas não filiados ao Instituto de Aposentadoria e Pen­sões dos Industriários, recolherão as contribuições devidas na forma dos arti­gos 49e 6~ do Decreto-lei n9 4.048, de 22 de janeiro de 1942, por meio das cai­xas de aposentadoria e pensões a que estiverem filiados.

Art. 79 Aplicam-se ir.! empresas de transportes, de cornunicaçõese de pes­ca as disposições do Decreto-lei nQ 4.481, de '16 de julho de 1942.

Art. 89 As atribuições conferidas ao Instituto de Aposentadoria e Pen­sões dos Industriários pelo Decreto-lei nQ4.481, de 16 de julho de 1942, cabe­rão, quanto aos estabelecimentos industriais que não lhe sejam filiados, aocompetente instituto de previdência ou caixas de aposentadoria e pensões.

Art. 99 Este Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação.Art. 10 Ficam revogadas as disposições em contrário.

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA

I - Relatório

Através do Projeto de Lei n9 3.168, de 1980, pretende o nobre DeputadoLucio Cioni criar o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Rodo­viário - SENAT. com a finalidade de organizar e administrar, em todo oPaís, escolas de aprendizagem para os trabalhadores em transportes rodo­viários.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONALiSeçào I) Quarta-feira 18 695

2. Na justificação, acentua o autor que o Serviço Nacional de Aprendi­zagem Industrial - antes, Serviço Nacional dos Industriários - SENAI,teve ampliado o âmbito de sua atuação através do Decreto-lei n94.936, de 7de novembro de 1942, passando a abranger, também, a aprendizagem para ostrabalhadores dos transportes, o que, pela inconciliável diferença existenteentre as atividades industriais propriamente ditas e as do transporte rodo­viários, não poderia dar os resultados positivos esperados pelo legislador.

3. Por conseguinte, a proposição, fundamentalmente, redireciona osrecursos financeiros das contribuições do SENAI devidas pelas empresas detransporte rodoviário, que passariam a ser recolhidas, nas mesmas taxas eforma, a favor do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Rodo­viário.

4. Nos termos do art. 28, § 49, do Regimento Interno da Câmara dosDeputados, esta Comissão deverá, no caso presente, expender pronuncia­mento quanto aos aspectos da constitucionalidade, juridicidade e técnica le­gislativa e mérito da proposição em causa.

5. No que concerne à constitucionalidade do projeto, três aspectos de­verão ser examinados: a competência legislativa, a iniciativa legal e a consti­tucionalidade stricto sensu. assim entendida a sua conformidade com o textoconstitucional e com os princípios que dele defluem.

6. Em relação à competência legislativa, conquanto disponha-o art. 81,item V, competir privativamente ao Presidente da República dispor sobre aestruturação e atribuições dos órgãos da administração federal, trata-se a es­pécie, da criação de órgão paraestatal e com deferimento, ao Poder Executi­vo, de dispor-sobre sua estruturação e atribuições, sendo-lhe aplicável, por­tanto, o disposto no art. 43, que diz caber ao Congresso Nacional, com asanção do Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de compe­tência da União.

7. Já no que diz respeito à iniciativa da proposição, ela conflita frontal­mente com o preceito contido no ar. 57,n, da Magna Carta, que reserva àcompetência exclusiva do Presidente da República a iniciativa de leis que au­mentem a despesa pública. Ora, a criação de um novo órgão certamente queresultará no aumento da despesa pública, pela sua instrumentação, com re­cursos materiais, humanos e financeiros, a que fica obrigado o Poder Público.Diante dessa pré-exclusão à iniciativa parlamentar, o projetado tem vícios in­sanáveis.

li - Voto do Relator

Manifestamo-nos pela inconstitucionalidade do Projeto de Lei n93.168,de 1980, em que pese aos seus fundamentados objetivos.

Sala da Comissão, 4 de novembro de 1980 - Afrísio VIeira Lima, Relator.

HI - Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição e Justiça, em reunião de sua Turma "B",opinou, unanimemente, pela inconstitucionalidade do Projeto nv 3.168/80,nos termos do parecer do Relator.

Estiveram presentes os senhores Deputados: Ernani Satyro - Presiden­te, Afrísio Vieira Lima - Relator, Antônio Mariz, Brabo de Carvalho,Christiano Dias Lopes, Djalma Marinho, Francisco Benjamin, Gomes da Sil­va, Jairo Magalhães. Joacil Pereira, Jorge Arbage, Lázaro de Carvalho, Nel­son Morro. Nilson Gibson e Paulo Pimentel.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980 - Ernani Satyro, Presidente- Afrísio Vieira Lima, Relator.

PROJETO DE LEI N9 3.373-A, DE 1980(Do Sr. Pedro Faria)

Institui o Fundo de Recuperação Econômica do Norte do Estadodo Rio de Janeiro; tendo parecer: da Comissào de Constituição eJus­

tiça pela inconstitucionalidade.(PROJETO DE LEI N9 3.373, de 1980, a que se refere o parecer)O Congresso Nacional decreta:Art. 19 Fica instituído o Fundo de Recuperação Econômica do Norte do

Estado do Rio de Janeiro - FUNORJ.Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se Norte do Es-

tado do Rio de Janeiro a região composta pelos Municípios de:I - Bom Jesus de Itabapoana;11 - Cambuci;111 - Campos:IV - Conceição dc Macabu;V - Itaocara;VI - Itaperuna;VII - Laje de Muriaê;VIII - Macaê;IX - Miracerna;X - Natividade;

XI - Porciúncula;XII - Santo Antônio de Pádua;XJIJ São Fidelis, eXIV - São João da Barra.Art. 29 O FUNORJ é constituído de:

I - dotações governamentais de origem federal ou estadual;IJ - auxílios subvenções e doações de entidades públicas ou privadas

nacionais ou estrangeiras;In - recursos provindos do Grupo Executivo de Racionalização da Ca­

feicultura;IV - recursos provenientes de incentivos de qualquer espécie, instituí­

dos pelo governo estadual, e, V - rendimentos próprios.

Parágrafo único. A União contribuirá, ainda, para o FUNORJ com 5%(cinco por cento) por barril de petróleo produzido na Plataforma Continentaldo Norte do Estado do Rio de Janeiro.

Art. 39 O FUNORJ tem por principal finalidade a prestação de assistên­cia financeira aos empreendimentos industriais e agropecuários localizadosno Norte Fluminense.

Parágrafo único. A assistência financeira de que trata este artigo seráprestada sob a forma de participação societária ou de operações de crédito.

Art. 49 As pessoas jurídicas domiciliadas no Norte do Estdado do Rio deJaneiro poderão optar pela aplicação no FUNORJ até 5% (cinco por cento)do Imposto de Renda devido, a partir do exercício de 198L

§ 19A opção de que trata este artigo deverá ser indicada na declaração derenda do exercício correspondente.

§ 29A opção poderá ser usada até ao exercício financeiro de 1984, inclu­sive.

Art. 59 Fica instituído o Grupo Executivo para a Recuperação do Nortedo Estado do Rio de Janeiro - GENORJ. .

§19Compete ao GENORJ a administração e disciplinamento dos recur­sos e incentivos previstos nesta lei.

§29O GENORJ é órgão vinculado à Fundação Norte Fluminense de De­senvolvimento Regional - FUNDENOR.

Art. 69 O Poder Executivo regulamentará a aplicação dos recursos pre­vistos nesta lei, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados da publicaçãodesta lei.

Art. 79 Acrescente-se ao parágrafo único do art. 19, do Decreto-lei n9

1.376, de 12 de dezembro de 1979, como alínea "i", os recursos previstos nes­ta lei.

Art. 89 Esta Lei entrará em vigor na data. de sua publicação.Art. 99 Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

O projeto de lei que ora estamos apresentando visa ao amparo de umadas regiões mais carentes, não só do Estado do Rio de Janeiro, mas também,podemos afirmar, do País.

Com seus Municípios falidos ou quase falidos, o Norte Fluminense vê-sepreso a uma economia ainda bem rudimentar e fragmentada, onde os grandesempreendimentos não surgem, e nem sequer se planejam.

O Município de Campos, por exemplo, antes florescente pela sua pro­dução de açúcar, hoje vem encontrando dificuldades imensas, com suas usi­nas produtoras em franca decadência.

Outros, como o de Santo Antônio de Pádua, com suas fontes hidromine­rais conhecidas em todo mundo, tem-nas subexploradas. O mesmo ocorrecom o de São Fidelis, em que de priscas eras existe um mausoléu do que seriauma usina de destilação de álcool à base de mandioca.

Enquanto isso, como afirmamos, essa região fluminense padece de pe­núria de recursos econômicos capazes de fazê-la entrar no concerto do desen­volvimento econômico nacional, tão decantado pela Administração PúblicaFederal.

O projeto que estamos apresentando, visa, pois, a dar mais alento aoNorte do Estado do Rio de Janeiro, região já tão sofrida, através da criaçãode um Fundo de Recuperação Econômica, nos moldes do criado peloDecreto-lei n9 880, de 18 de setembro de 1969, queinstituiu o Fundo de Recu­peração Econômica do Estado do Espírito Santo. Na realidade, nada mais édo que uma extensão dos benefícios já previstos no referido Decreto-lei n9

880, de 1969. 'É certo que o que pretendemos, com o projeto, vem, inclusive, ao encon­

tro das aspirações do Governo Federal, já que, a par de ter criado a Fun­dação Norte Fluminense de Desenvolvimento Regional, celebrou convênio,com essa entidade, através do Ministério do Interior, em data de 23 de abrilde 1976 (Diário Oficial da União de 26-5-76), tendo por finalidade a elabo-

696 Quarta-fclra 18 DIÁRIO DO CONGREESO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

ração de estudos e pesquisas sobre a situação da agropecuária e da agroindús­tria da região comternplada pelo projeto.

Ainda mais recentemente, em 12de maio de 1978,outro convênio foi ce­lebrado, agora tendo como participantes, além da Fundação, o Departamen­to Nacional de Obras de Saneamento e a Secretaria de Estado da Agriculturae Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro. A finalidade de tal convêniofoi a elaboração de estudos, pesquisas, projetos e execução de obras e pres­tação de serviços, visando a recuperação e valorização de terras das várzeasdo Narte Fluminense, a fim de desenvolver, por outro lado, a sua agricultura.

Vemos, pois, a necessidade, diremos melhor, a grande necessidade deapoio econômico ao Norte do Estado do Rio de Janeiro.

Diante de todo o exposto, confiamos que o Congresso Nacional dará oefetivo apoio ao projeto que estamos apresentando, aprovando-o, porque sóassim estará satisfazendo o anseio de toda a população de uma das regiões ca­rentes de nossa Pátria.

Sala das Sessões, de de 1980 - Pedro Faria.

LEGISLAÇÃO CITADA, ANEXADA PELA COORDENAÇÃODAS COMISSÕES PERMANENTES

DECRETO-LEI N9 1.376, DE 12 DE DEZEMBRO DE 1974Dispõesóbre a criação de Fundosde Investimento, altera a Legislaçãodo Imposto sobre a Renda relativa a incentivosfiscais, e dá outras pro­vidências.

O Presidente da República, no uso de atribuição que lhe confere o artigo55, item 11, da Constituição, decreta:

Art. 19 As parcelas dedutíveis do Imposto sobre a Renda devido pelas.pessoas jurídicas, relativas a incentivos fiscais e as destinadas a aplicações es­pecíficas, serão recolhidas e aplicadas de acordo com as disposições desteDecreto-lei.

Parágrafo único. As parcelas referidas neste artigo são as de que tratam:a) o artigo 18 da Lei n94.239, de 27 de junho de 1963,alterado pelo arti­

go 15 daLei nv 4.869, de 19 de dezembro de 1965 (SUDENE);h) o artigo 19,alínea "b", do Decreto-lei n9756, de 11 de agosto de 1969

(SUDAM);c) o artigo 81 do Decreto-lei n9 221, de 28 de fevereiro de 1967,alterado

pelo artigo 19 do Decreto-lei nv 1.217, de 9 de maio de 1972 (SUDEPE);d) o artigo 19 do Decreto-lei n9 1.134,de 16de novembro de 1970,com a

alteração introduzida pelo artigo 4Q do Decreto-lei n9 1.307, de i6 de janeirode 1974(IBDF); .

e) o artigo 49 do Decreto-lei n9 1.191, de 27 de outubro de 1971(EMBRATUR);

f) o artigo 79 do Decreto-lei n~ 770, de 19 de agosto de 1969(EMBRAER);

g) o artigo 49,§ )9,do Decreto-lei nO 880, de 18de setembro de 1969,revi­gorado pelo Decreto-lei n9 1.345, de 19 de setembro de 1974 (GERES);

h) os artigos 19 e 29do Decreto-lei n9 1.124, de 8 de setembro de 1970,re­vigorados pelo Decreto-lei n9 1.274, de 30 de maio de 1973 (MOBRAL).

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTlTUIÇÃO E JUSTlÇA

I - RelatórioNo projeto de lei identificado em epígrafe, o Deputado Pedro Faria pre­

tende instituir o Fundo de Recuperação Econômica do Norte do Estado doRio de Janeiro - FUNORJ que se destina a prestar assistência financeira aempreendimentos industriais e .agropecuâríos da região e será constituídodentre outros de: dotações governamentais, auxílios, subvenções e doações deentidades públicas ou privadas, recursos provenientes do Grupo Executivo deRacionalização da Cafeicultura, rendimentos próprios, contribuições porparte da União com 5% por barril de petróleo produzido na Plataforma Con­tinental do Norte do Estado do Rio de Janeiro.

2. O autor intenta criar também, em seu art. 59o Grupo Executivo paraRecuperação do Norte do Estado do Rio de Janeiro - GENORJ que temcomo competência administrar e disciplinar os recuros e incentivos previstosnesta lei.

3. O projeto, segundo o ilustre autor da proposição, visa amparar umadas regiões mais carentes do País.

4. E acrescenta em sua justificação: "Com seus Municípios falidos ouquase falidos, o Norte Fluminense vê-sepreso a uma economia ainda bem ru­dimentar e fragmentada, onde os grandes empreendimentos não surgem, enem sequer se planejam."

5. Nos termos das normas "internas corporis", a competência destaComissão esgota-se na apreciação da constitucionalidade, juridicidade e têc-

nica legislativa da proposição eis que o exame do mérito caberá às doutas Co­missões de Interior e de Economia, Indústria e Comércio.

6. No que tange à constitucionalidade, cabe o exame da competêncialegislativa da União, o poder de iniciativa e a conformidade do texto com aLei Maior. .

7. A competência da União é indubitável; entretanto, no que diz respei­to ao poder de iniciativa, o art. 57, item r e item II "in fine", de nossa CartaMagna, é explicito ao determinar a competência exclusiva do Presidente daRepública a iniciativa das leis que disponham sobre matéria financeira e au­mentem a despesa pública.

8. Inquestionavclrnente, o projeto pretende regular matéria de naturezafinanceira e que implica em aumento de despesa pública.

9. Em assim sendo, configurada está a inconstitucionalidade da presen­te proposição, pelo que desnecessário se revela seu exame, no que diz respeitoà juridicidade c à técnica legislativa.

II - Voto do RelatorDiante do exposto, malgrado os elevados propósitos do Autor, votamos

pela inconstitucionalidade do presente Projeto de lei.Sala da Comissão, 4 de novembro de 1980.- Afrísio Vieira Lima, Rela-

toro

rII - Parecer da ComissãoA Comissão de Constituição e Justiça, em reunião de sua Turma "B",

opinou, unanimemente, pela inconstitucionalidade do Projeto n9 3.373/80"nos termos do parecer do Relator.

Estiveram presentes os Senhores Deputados: Ernani Satyro - Presiden­te, Afrísio Vieira Lima - Relator, Antônio Mariz, Brabo de Carvalho,Christiano Dias Lopes, Djalma Marinho, Francisco Bejamin, Gomes da Silova, Jairo Magalhães, Joacil Pereira, Jorge Arbage, Lázaro de Carvalho, Nel­sou Morro, Nilson Gilbson e Paulo Pimentel.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Ernani Satyro, Presidente- Afrísio Vieira Lima, Relator.

PROJETO DE LEI Nº 3.478-A, DE 1980

(Do Sr. Edson Vidigal)

Isenta os proventosde aposentadoria do Imposto de Renda; tendoparecer: da Comissão de Constituição e Justiça, pela ínconstltucinna­Iidade.

(Projeto de Lei n9 3.478, de 1980, a que se refere o parecer.)

O Congresso Nacional decreta:Art.Tv Os proventos de inatividade pagos em decorrência de aposenta­

doria são isentos do Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer nature­za, não estando igualmente sujeitos à tributação desse imposto na fonte paga­dora.

Art. 29 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 39 Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

É notória a gravidade da situação dos aposentados na atual conjunturaeconômica que o País atravessa, já que essa classe de indivíduos é bem maisprejudicada do que as demais, na medida em que, a par da progressiva erosãosalarial, fruto do processo inflacionário, é ela ainda atingida por outra via,qual seja a progressiva defasagem entre os índices de reajustes salariais conce­didos aos trabalhadores em atividade e os concedidos aos inativos.

Diante de tal quadro, torna-se um imperativo o minimizar, por outrosmeios, a flagrante injustiça que pesa sobre essa coletividade de cidadãos quedurante longos anos constituiu a força de trabalho do País.

Outro objetivo não se pretende, ao apresentarmos o presente projeto delei.

Ante o inequívoco alcance social da medida proposta, estamos certos decontar, para sua aprovação, com o apoio dos ilustres membros das duas Ca­sas do Congresso Nacional.

Sala das Sessões, de de 1980. - Edson Vidigal.

PARECER DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA

I - Relatório

De autoria do Sr. Edson Vidigal - PP, Maranhão - o projeto de lei n93.478/80 visa isentar os proventos dos inativos da tributação do imposto derenda. inclusive a tributação na fonte pagadora.

O projeto de lei traz ao debate matéria de alto interesse social e que noseu conteúdo de mérito deve ter apoio declarado nosso.

Março de 1981 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL (Seçâo 1) Quarta-feira 18 697

No entanto, no âmbito desta Comissãd cabe apenas a manifestaçãosobre as questões preliminares de conhecimento. O mérito é deferido às Co­missões de Economia, Industria e Comércio e de Finanças.

É o relatório.

II - Voto do Relator

Diz a Constituição:

"Art. 57. É da competência exclusiva do Presidente da Repúblicaa iniciativa das leis que:I - disponham sobre matéria financeira;"

É bastante controverso o siginificado da expressão "matéria financeira".Pessoalmente nos alinhamos a considerá-la como apenas capaz de diminuir aarrecadação da União_ou aumentar suas despesas orçamentárias. É uma in­terpretação que procura não ir aos limites imprecisos de considerar "matériafinanceira" tudo o que diga respeito às finanças públicas, ônus de órgãos deadministração indireta e tantas outras.:

Mesmo nessa interpretação que busca ser o mais limitada possível, é dese considerar que "isentar impostos" ocasiona óbvia diminuição da arreca­dação orçamentária da União.

Por isto, aplaudindo o conteúdo social da proposta, defendendo-a nomérito e acreditando que seu Ilustre Autor presta grande serviço à Nação,trazendo o assunto ao debate, temos de nos render à clara restrição constitu­cional e opinar pela inconstitucionalidade do projeto por alcançar a arreca­dação da União e incidir nas limitações constitucionais à iniciativa parlamen­tar das leis.

Pela inconstitucionalidade.Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - João Gilberto, Relator.

III - Parecer da Comissão

A Comissão de Constituição e Justiça, em reunião de sua Turma "B",opinou, unanimemente, pela inconstitucionalidade do Projeto de Lei nQ

3.478, nos termos do parecer do Relator.Estiveram presentes os Senhores Deputados: Ernani Satyro - Presiden­

te, João Gilberto - Relator, Afrísio Vieira Lima, Antônio Mariz, Brabo deCarvalho, Djalma Marinho, Francisco Benjamin, Gomes da Silva, Jairo Ma­galhães, Joacil Pereira, Jorge Arbage, Lázaro Carvalho, Nelson Morro, Nil­son Gibson, Osvaldo Melo e Paulo Pimentel.

Sala da Comissão, 3 de dezembro de 1980. - Ernani Satyro, Presidente- João Gilberto, Relator.

PROJETO DE RESOLUÇÃO NQ 198, DE 1981

IDo Sr. Carlos Santos)

Dispõe sobre a publicação e distríbuíçâo, pela Câmarados Deputados, das Encíclicas Papais que menciona, e dáoutras providências.

(Ã Mesa.)Faço saber que a Câmara dos Deputados aprovou e eu promulgo

a seguinte Resolução:Art. 10 A 'Câmara dos Deputados promoverá a Impr essãc, no

primeiro semestre do ano 'em curso, de' cem mil axemplarvs de umopúsculo contendo o texto integral das Encíclicas Papais RE!RUMNOVARUM. de Leão XIII e QUADRAGÉSIMO ANNO. de .:>io XI.

Art. 20 A distribuição dos exemplares de que trata o artigoanterior. deverá ser feita a nível nacional.

Art.30 Esta Resolução entrará em vigor na data da sau publi­cação.

Art. 40 Revogam-se as disposições em contrário.

Justifieação

Rememorando dois magistrais documenttos pontifícios de altae reconhecida transcendência social. humana e cristã, a data de15 de março em curso assinalará o nonagésimo arüversárto daREHUM NOVARUM de Leão XIII e o cinquentenário da QUA-DRAGÉSIMO ANNO, de Pio XI. .

Marcos de ressonância profunda no evoluir das conquistar denatureza social no Brasil e no mundo. numa exttaord~nária e per­manente oportunidade. as duas Enciclicas traçando normas segu-ras e inspiradas a luz do Evangelho, bt:sca~n alca~çar a instaura­cão de uma ordem cristã fundada 11a justíça social. regulando avida comum de patrões e empregados, oferecendo a tera,p~uticaprlrnordial para a dignificação do Trabalho ,e humamzaçao doCapital.

A exemplo da Arquidiocese do Rio de Janeiro e de outros re­cantos do País, que 'registrarão esta data como um evento de ex­traordinária significação religiosa e social, não poderá a CâmaraFed,eral'- a mais alta expressão política do pensamento do sentire das aspirações do povo brasileiro - permanecer alheiá a passa­gem d·e tão expressiva eteméride.

Sem nenhum resquício de inovação. a íníeíaítva já teve prece­dente no exercício de 1966/67, na gestão do deputado João BatistaRamos, então Presidente desta Casa, que mandou editar e ampla- 'mente distribuir várias Encíclicas Papais de alto cunho social.

Nada mais justo, portanto, que a Câmara dos Deputados seassocie as manifestações referidas e promova a reedição e distri­buição a nivel nacional de duas Encíclicas cujos ensínamentoscristãos, sociais e doutrinários continuam vivos e atuais na cons­ciência dos povos e que desta iniciativa bem se possa. expressar osalutar intento de contribuição para melhorar a harmonia. nas re­lações econômicas e sociais da Nação Brasileira.

Sala das Sessões. 11 de março de 19'81. - Carlos Santos.

PROJETO DE LEI N9 4.266, DE 1981(Do Sr. Peixoto Filho)

Estabelece a participação dos Municípios nas receitas arrecada­das de postos de pedágio federais, na forma que especlflca,

(Ãs Comissões de Constituição e Justiça, de Transportes e deFinanças.)

O Congresso Nacional decreta:Art. 19 Os Municípios participam, com o limite mínimo de 20% (vinte

por cento), das receitas arrecadadas de postos de pedágio federais, localiza­dos em seu território.

Parágrafo único, Quando o posto de pedágio federal estiver localizadona divisa de dois municípios, cada um participará com o mínimo de 10% (dezpor cento) das receitas arrecadadas.

Art. 29 Outros aspectos indispensáveis à execução da presente lei, serãodisciplinados por regulamento pr6prio, baixado pelo Poder Executivo, ouvi­do o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, no prazo de 90 (no­venta) dias, a contar de sua publicação.

Art. 39 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 49 Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

Há uma instituição que está a caminho da falência: o Município.Eficiente no início, a tributação não acompanhou a evolução da Econo­

mia, acumulando distorções nos últimos treze anos de vigência.Hoje, alguns de seus mecanismos são apontados como responsáveis pela

"sangria" que canaliza para a União a maior parte do que arrecadam (75%),restando para os Estados (20%)e Municípios (5%), o suficiente apenas para ocusteio da máquina administrativa.

Já não sobram recursos para investimentos em novas obras públicas.Está desaparecendo uma das formas mais dinâmicas de promover a dis­

tribuição de renda, ampliação do mercado de trabalho, do poder aquisitivo edo mercado interno.

Havendo fortalecimento das finanças municipais, haverá também maiorcapacidade de investimento a nível local, incrementando as transações comer­ciais de diversas regiões e abrindo novas áreas de negócio e consumo

A centralização de recursos e de decisões prejudica a administração e ocomércio: até uma pequena obra, numa cidade do Interior, precisa ser feitapor uma empreiteira de porte internacional, porque as decisões estão nos es­calões federais.

Revertendo-se uma arrecadação maior para os Municípios, o comércioregional será reativado. .

O Governo da União faz uma política econômico-financeira centralista,onde o Município é o gigante de pés de barro.

Quanto ao pedágio federal observamos a seguinte situação.Ele é cobrado'nas rodovias: Dutra, Osório - Porto Alegre (FREE WAY),

Rio-Teresópolis e Rio-Petr6polis e na Ponte Rio-Niter6i.Em 1979, o DNER arrecadou nas cinco estradas servidas por postos de

pedágio, pouco mais de CrS 1,5 bilhão, enquanto o orçamento do órgão paraeste ano ultrapassa a casa dos Cr$ 50 bilhões.

Na Ponte Rio-Niterói, por exemplo, os gastos com manutenção toma­ram 16% dos Cr$ 675 milhões arrecadados em 79, na Via Dutra, 26%dos CrS640 milhões foram aplicados na estrada; na Porto Alegre-Os6rio, 27% dosCr$ 63 milhões couberam avia; na Rio-Petrópolis, 19%dos Cr$ 66 milhõesforam aplicados em manutenção. percentual idêntico ao destinado dos Cr$ 60milhões arrecadados na Rio-Teres6polis.

698 Quarta-feira 18 DIÁRIO DOCONGRFSSO NACIONAL (Seção 1) Março de 1981

Pelos números, se constata a baixa participação das despesas com manu­tenção nos gastos globais do DNER.

Eis um ponto crucial: certas autoridades entendem que as despesas dasrodovias-principalmente no que se refere à manutenção - devem ser supor­tadas pelos usuários, como se estes não estivessem já pagando a Taxa Rodo­viária Única - TRU.

Além disso os donos de veículosjá pagam o Imposto Único sobre Lubri­ficantes e Combustíveis Líquidos e Gasosos - rULCLG - quando compramgasolina, o qual tem uma parte destinada à conservação das estradas.

Por outro lado, os pedágios concorrem para o esvaziamento econômicodos municípios onde estão localizados, especialmente aqueles que têm o turis­mo como fonte de receita.

Com o objetivo de colaborar para o fortalecimento das finanças munici­pais, apresentamos à elevada consideração do Congresso Nacional o presenteprojeto de lei, certo de que a esta iniciativa não faltará a compreensão de nos­sos nobres pares para a solução de tão relevante problema.

Sala das Sessões, 6 de março de 1981 - Peixoto Filho.

PROJETO DE LEI N0 4.267, DE 1981(Do Sr. Paulo Lustosa)

Estabelece limite de encargos financeiros nos empréstimos e fi·nanciamentos concedidos a Estadose Municípios.

(Às Comissões de Constituição e Justiça, de Economia, Indús­tria e Comércio e de Finanças.)

O Congresso Nacional decreta:Art. 19 As operações de empréstimos ou financiamentos que os Esta­

dos c Municípios venham a realizar com instituições financeiras sob o contro­le do governo federal, ou com os agentes que recebam repasses dessas insti­tuições, não poderão ser gravadas 'com encargos financeiros superiores aosprevistos nesta Lei.

Parágrafo único. Os encargos financeiros de que trata este artigoconstituir-se-ão, afora o Imposto sobre Operações Financeiras, unicamentede:

a) juros - cuja taxa não poderá superar a menor das taxas cobradas en­tre as diversas linhas de crédito com que opere a instituição financeira;

b correção monetária - não excedente a 20% (vinte por cento) da taxade variação anual do valor das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional(ORTNs). '

Art. 2Q A renovacão de operação de crédito ou financiamento realizadoanteriormente à data do início da vigência desta lei processar-se-á de confor­midade com as regras do artigo anterior.

Art. 39 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 49 Revogam-se as disposições em cohtrário.

J usrlflcsção

Parece nào haver dúvida quanto ao fato de que as dificuldades financei­-ras experimentadas pelas nossas unidades federadas e pelas nossas comunasestão intimamente associadas ao atual sistema de discriminação de rendas,sancionado através da Reforma Tributária de 1967. Por ela, o poder impositi­vo adquiriu configuração assimétrica, em que a União congloba a parcelamais importante dos tributos, engendrando um quadro caracterizado pelocrescente debilitamento das finanças estaduais e municipais e, de efeito, pelaextrema dependência das 1ransfcrências federais. E a prova mais patente detal estado de coisas reside na constatação de que em 1967, ano da implan­tação da reforma, a receita tributária dos Estados correspondia a 93% da re-'ceita tributária da União, enquanto eml976 essa relação cai para 43%. Já astransferências federais. que, em 1967, representavam 17% da receita tributáriados Estados, elevam-se, em 1976. para 29% da mesma receita (in Revista de Fi­nanças Públicas (SEFMF), nv 333, jan/mar/78, pág. 53).

2. Como podemos observar, não é sem razão que a quase totalidadedos Estados e Municípios brasileiros carecem de disponibilidades financeiraspara atender às mínimas necessidades rotineiras, sendo que, em muitos casos,o produto da arrecadação proveniente das fontes próprias de receita, nãocobre, sequer, as despesas com pessoal. Por isso, vêem-se na contingéncia delevantar empréstimos junto a instituições financeiras para fazer face aos en-

, cargos que são chamados a suportar. Tais cmprêstimos, a despeito de aloca­dos a programas que visam ao atendimento de necessidades coletivas, resul­tam extremamente onerosos, posto que gravados com altíssimos juros, alémde correção monetária plena. A imposição de encargos da espécie, e ao nívelem que se pratica. afigura-se-nos iníqua, posto que age como fator de agudi­zação da crise financeira que marca as nossas entidades políticas menores.Nesse contexto cabe associar referida prática ao fato de que a iniciativa priva-

da, cujas atividades se assentam no princípio da geração de lucros, se vem be­neficiando com linhas de crédito, operadas por instituições financeiras ofi­ciais, altamente subsidiadas, inclusive com correção monetária pré-fixada, emcertos casos, para patentear que a política vigente desfigura o princípio se­gundo o qual o interesse coletivo tem prevalência ao particular.

3. Atento aos aspectos até aqui, alinhados, embora convicto de não es­tar oferecendo resposta para todas aquelas dificuldades, o que somente seráalcançado mediante reforma de maior profundidade no nosso sistema de dis­criminação de rendas, inclusive a nível de gestão financeira dos Estados eMunicípios, vimos de submeter à elevada apreciação desta Casa o presenteprojeto de lei: Por ele procuramos enfatizar o princípio da conveniêqcia socialque norteia.a aplicação dos recursos financeiros captados por Estados e Mu­nicípios junto a instituições financeiras oficiais, através de operações de crédi­to ou financiamento, c como tal merece tratamento, se não diferenciado, pelomenos ao nível de magnanimidade dispensado aos setores produtivos da eco­nomia nacional, atrelados à iniciativa particular. Assim é que cuidamos de es­tabelecer na nossa proposta, ainda que sem o caráter de fixidez, limite para osencargos que são impostos àqueles entes, resultantes das operações em lide,consubstanciado em juros não superiores à menor taxa cobrada pela insti­tuição financeira, entre as diversas linhas de crédito com que opere, e, ainda,correção monetária pré-fixada em 20% (vinte por cento) da taxa de variaçãoanual do valor das ORTNs. A primeira medida assume o caráter sugeridopelo fato de não haver uma taxa de juros única com a qual opere determinadainstituição financeira mas uma taxa para cada linha de crédito ou financia­mento. enquanto a segunda compatibiliza-se com a linha de incentivo preco­nizada no Decreto-lei nv 1.531. de 1977, que, no seu art. 39, limita em 20%(vinte porcento) a correção monetária nos financiamentos para execução doprograma de apoio à capitalização da empresa privada nacional.

4. Finalmente, em atendimento à coerência, a proposta contempla pre­ceito no sentido de subordinar as eventuais renovações de operação de crédi­tos ou financiamento, realizado anteriormente à data do início da vigênciadas regras propugnadas na presente iniciativa, ao procedimento nela previsto.

É a justificação.Sala das Sessões. de de 1981. - Paulo Lustosa,

LEGISLAÇlo CITADA PELO AUTOR

DECRE;TO-LEI N~ 1.531, DE 30 DE MARÇO DE 1967

Concede incentivo a financiamento para a execução do programade apoio à capitalizaçâo da empresa privada nacional, e dá outras pro­vidências.

Art. 39 O incentivo mencionado no artigo 19 consistirá em limitar a20% (vinte por cento) a correção monetária incidente, dentro do mesmoexercício financeiro, sobre os saldos devedores dos contratos.

PRO.IEIO DE LEI N9 4.270, DE 1981(Do Sr. Nilson Gibson)

Introduz modificações no sistema de progressão funcional dosfuncionários abrangidos pela LeinQ 5.645, de 10 de dezembro de 1970e Decreto-lei n? 1.445, de 13 de fevereirn de 1976.

(Às Comissões deConstituição e Justiça, de Serviço Público ede Financas.)

O Conp-esso Nacional decreta:Art. 19 Os servidores incluídos no Plano de Classificação de Cargos a

que alude a Lei nv 5.645. de 10 de dezembro de 197(Je Decreto-lei n9 1.445. de13 de fevereiro de 1976, impedidos de obter promoção vertical, por inexistên­cia de vagas na classe superior, permanecerão na última referência da classe,percebendo as vantagens a que teriam direito se fossem efetivamente promo­vidos.

Art. 29 O Poder Executi 10 regulamentará o disposto nesta lei dentro de60 (sessenta) dias.

Art. 3~ Esta lei entra em vigor na data de sua publicação,Art. 49 Revogam-se as disposições em contrário.

JustificaçãoO regulamento baixado com o Decreto n? 84.669/80, revalidou o sistema

de progressão pelo sistema de antiguidade e mérito, rompendo com o sistemasubjetivo introduzido pela Administração anterior.

Apesar da justiça e oportunidade da modificação, não previu o Decretouma situação que ocorre na prática e que ê preciso corrigir: face ao efetivo e­xistente nas classes superiores, tornou-se praticamente obsoleta a aplicaçãodo instituto da progressão, pela inexistência de vagas.

Março de 1981 OlARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 699

Por estas razões é imperioso que se faça modífieações que permitam a a-plicação prática. da nova sistemática de progressão adotada,

São as razões que justificam a apresentação do presente projeto.Sala das Sessões, 9 de março de 1981. - Nilson Gibson.

LEGISLAÇÃO CIT4DA, ANEXADA PELA COORDENAÇÃODAS COMISSÕES PERMANENTES

DECRETO N9 84.669, DE 29 DE ABRIL DE 1980Regulamenta o instituto da progressão funcionai a que se referem

a Lei n95.645, de 10 de dezembro de 1970,e o Decreto-lei n91.445, de13 de fevereiro de 1976, e dá outras providências.

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o arti­go 81, item UI, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos artigos 69e13 da Lei n9 5.645, de 10 de dezembro de 1970, e no artigo 79do Decreto-lei n9

1.445, de 13 de fevereiro de 1976, decreta:

CAPITULO I

Das Disposições GeraisArt. (9 Aos servidores incluídos no Plano de Classificação de Cargos,

instituído pela Lei nv 5.645, de 10 de dezembro de 1970, aplicar-se-á o institu­to da progressão funcional, observadas as normas constantes deste Regula­mento.

Art. 29 A progressão funcional consiste na mudança do servidor da re­ferência em que se encontra para a imediatamente superior.

CAPITULO IV

Da Progressão FuncionalArt. 19. Os atos de efetivação da progressão funcional, observado o

cumprimento dos correspondentes interstícios, deverão ser publicados até oúltimo dia de julho e de janeiro, vigorando seus efeitos a partir, respectiva­mente, de setembro e março.............................. ~ ................. ...................

Art. 23. Para efeito da progressão-vertical, a estrutura das categoriasfuncionais, com vistas à fixação de lotação das respectivas classes, será consti­tuída da seguinte forma:

I - Nas Categorias compostas de 3 (três) classes:Classe Especial - 10% (dez por cento);Classe.B - 35% (trinta e cinco por cento); eClasse A - 55% (cinqüenta e cinco por cento).

H - Nas Categorias compostas de 4 (quatro) classes:Classe Especial - 10% (dez por cento);Classe C - 20% (vinte por cento);Classe B - 30% (trinta por cento); eClasse A - 40% (quarenta por cento).

III - Nas Categorias compostas de 5 (cinco) classes:Classe Especial - 5% (cinco por cento);Classe D - 10% (dez por cento);Classe C - 15% (quinze por cento);Classe B - 30% (trinta por cento); eClasse A - 40% tquarenta por cento).

IV - Nas Categorias do Grupo-Pesquisa Científica e Tecnológica:Classe Especial - 5% (cinco por cento);Pesquisador - 10% (dez por cento);Pesquisador Associado B - 15% (quinze por cento);PesquisadorAssociado A - 20% (vinte por cento);Pesquisador Assistente B - 20% (vinte por cento);Pesquisador Assistente A - 30% (trinta por cento).

V - Nas Categorias do Grupo Artesanato:Classe Especial - 5% (cinco por cento);Mestre - 10% (dez por cento);Contramestre - 15% (quinze por cento);Artífice Especializado - 30% (trinta por cento); eArtífice - 40% (quarenta por cento).

VI - Nas Categorias funcionais que não possuem classe especial;Classe C - 20% (vinte por cento);Classe B - 30% (trinta por cento); eClasse A - 50% (cinqüenta por cento).

§ 19 Os percentuais especificados neste artigo incidirão sobre a lotaçãoglobal fixada para a categoria funcional, considerando-se, para esse efeito,englobados o Quadro e a Tabela Permanentes de cada Ministério, Órgão in­tegrante da Presidência da República, Órgão Autônomo ou Autarquia Fede­ral.

§ 29 O cálculo dos percentuais estabelecidos neste artigo começarão,sempre, pela classe inicial, seguindo-se as demais e desprezando-se as frações,que, somadas, serão acrescidas à lotação de classe inicial.

§ 39 Nos casos em que a lotação global da categoria for insuficientepara compor a lotação das respectivas classes, na forma prevista neste artigo,os correspondentes percentuais serão considerados como limites máximos.

DECRETO-LEI N9 1.445 DE 13 DE FEVEREIRO DE 1976

Reajusta os vencimentos e salários dos servidores civis do PoderExecutivo. dos membros da Magistratura e do Tribunal de Contas daUnião, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o artigo55, item Il l, da Constituição, decreta:

Art. Iº Os atuais valores de vencimento, salário, provento e pensão dopessoal civil, ativo e inativo, do pessoal civil docente e coadjuvante do magis­tério do Exército e dos pensionistas, decorrentes da aplicação do Decreto-leinv 1.348, de 24 de outubro de 1974, serão reajustados em 30% (trinta porcen­to), excetuados os casos previstos nos artigos 29, 39, 49, 59, 89, 99 e 17 destedecreto-lei.

§ 50 A reestruturação do Grupo-Direção e Assessoramento Superiorese a classificação, na respectiva escala de Níveis, dos cargos em comissões oufunções de confiança que o integrarão far-se-ão por decreto do Poder Execu­tivo, na forma autorizada pelo artigo 79 da Lei n9 5.645, de 1970.••• , •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••.•••••••••••• 0.0

Art. 49 As gratificações correspondentes às funções integrantes doGrupo - Direção e Assistência Intermediárias, código DAI.lIO, serão rea­justadas nos valores estabelecidos no Anexo II deste decreto-lei, observado odisposto no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. A soma da Gratificação por Encargo de Direção ouAssistência Intermediária com a retribuição do servidor, designado para exer­cer a correspondente função, não poderá ultrapassar o valor da estabelecidapara o respectivo cargo ou emprego, acrescida de 20% (vinte por cento) do'vencimento ou salário fixado para o Nível I do Grupo-Direção e Assessora­mento Superiores.

Art. 59 A partir de 19de março de i976, será aplicada aos servidores ematividade, incluídos no Plano de Classificação de Cargos instituído pela Lei n9

5.645, de 1970, a IX Faixa Gradual correspondente ao Nível da classe que ti­ver abrangido o respectivo cargo ou emprego, como valor constante da Ta­bela "B" anexa ao Decreto-lei nv 1.348, de 1974, reajustado em 30% (trintapor cento).

Parágrafo único. Em relação aos Grupos Defesa Aêrea e Controle doTráfego Aéreo, Segurança e Informação e Planejamento, os valores de venci­mento ou salário fixados, respectivamente, pelos Decretos-leis nvs 1.392, de19 de fevereiro de 1975, e 1.400, de 22 de abril de 1975, e pela Lei n9 6.257, de29 de outubro de 1975, serão reajustados em 30% (trinta por cento).

Art. 69 A escala de vencimento e salários dos cargos efetivos e empre­gos permanentes dos servidores em atividade, incluídos nos Grupos de Cate­gorias Funcionais compreendidos no Plano de Classificação de Cargos, será aconstante do Anexo lU deste decreto-lei.

§ 19 As Referências, especificadas na escala de que trata este artigo, in­dicarão os valores de vencimento ou salário estabelecidos para cada classedas diversas Categorias Funcionais, na forma do Anexo IV deste decreto-lei.

§ 29 Na implantação da escala prevista neste artigo, será aplicada aoservidor a Referência de valor de vencimento ou salário igual ao que lhe cou­bcr em decorrência do reajustamento concedido pelo artigo 59deste decreto­lei.

§ 39 Se não existir, na escala constante do Anexo IH, Referência com ovalor de vencimento ou salário indicado no parágrafo anterior, será aplicadaao servidor a Referência que, dentro da classe a que pertencer o respectivocargo ou emprego, na forma estabelecida no Anexo IV deste decreto-lei, con­signar o vencimento ou salário de valor superior mais próximo do que resul­tar do reajustamento concedido pelo artigo 59, e seu parágrafo único, deste.decreto-lei.

Art. 79 Os critérios e requisitos para a movimentação do servidor, deuma para outra Referência dc vencimento ou salário, serão estabelecidos noregulamento da Progressão Funcional, previsto no artigo 69 da Lei n9 5.645,de 1970.

Parágrafo único. As referências que ultrapassarem o valor de venci­mento ou salário, estabelecido para a Classe final ou única de cada CategoriaFuncional, corresponderão à Classe Especial, a que somente poderão atingir

700 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Secãu I) Março de 1981

servidores em número não superior a 10% (dez por cento) da lotação globalda Categoria, segundo critério a ser estabelecido em regulamento.

ANEXO III

(Artigo 6' do Decreto-lei n' 1.44$, de 13 de fevereiro de 1970)ESCALA DE VENCI­MENTOS E SALÁRIOS E RESPECTIVAS REFERENCIAS DOS CARGOS EFE­TIVOS E EMPREGOS PERMANENTES INCLUIDOS NO PLANO DE CLASSI­FICAÇÃO DE CARGOS DE QUE TRATA A LEI N' 5.645, DE 10 DE DE­ZEMBRO DE 1970.

Valorinensal Valormensal Valormensalde vencimento Referências devencimento Referências de vencimento Referência.ousalário-CrS ousalário ousalário

13.313,00 57 3.745,00. 31 1.053,00 512.678,00 56 3.565,00 30 1.003,00 412.075,00 55 3.395,00 29 956,00 311.501,00 54 3.233,00. 28 911,00 210.953,00 53 3.078,00 27 863,00 110.432,00 52 2.932,00 269.934,00 51 2.792,00 259.461,00 50 2.659,00 249.011,00 49 2.532,00 238.582,00 48 2.412,00 228.173,00 47 2.297,00 217.783,00 46 2.187,00 207.412,00 45 2.083,00 197.060.00 44 1.985,00 186.723,00 43 1.891,00 176.403,00 42 1.801,00 166.098,00 41 1.716,00 155.607,00 40 1.634,00 145.531,00 39 1.556,00 135.267,00 38 1.482,00 125.018,00 37 1.411,00 114.779,00 36 1.345,00 104.551,00 35 1.281,00 94.335,00 34 1.219,00 84.128,00 33 1.160,00 73.932,00 32 1.106,00 6

LEI N' 5.645, DE lO DE DEZEMBRO DE 1970

Estabelece diretrizes para a classificação de cargos do ServiçoCivil da União e das autarquias federais, e dá outras providências.

O Presidente da RepúblicaFaço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

Lei:

Art. I' A classificação de cargos do Serviço Civil da União e das autar­quias federais obedecerá às diretrizes estabelecidas na presente lei.

Art. 4' Outros Grupos, com características próprias, diferenciadas dosrelacionados no artigo anterior, poderão ser estabelecidos ou desmembradosdaqueles, se o justificarem as necessidades da Administração, me.diante atodo Poder Executivo.

Art. 5' Cada Grupo terá sua própria escala de nível, a ser aprovadapelo Poder Executivo, atendendo, primordialmente, aos seguintes "fatores:

I - Importância da atividade para o desenvolvimento nacional.II - Complexidade e responsabilidade das atribuições exercidas; elU - Qualificações requeridas para o desempenho das atribuições.Parágrafo único. Não haverá correspondência entre os níveis dos di-

versos Grupos, para nenhum efeito.

Art. 6' A ascensão e a progressão funcionais obedecerão a critérios se­letivos, a serem estabelecidos pelo Poder Executivo, associados a um sistemade treinamento e qualificação destinado a assegurar a permanente atuali­zação e elevação do nível de eficiência do funcionalismo.

Art. 7' O Poder Executivo elaborará e expedirá o novo Plano de Classi­ficação de Cargos, total ou parcialmente, mediante decreto, observadas asdisposições desta lei.

LEGISLAÇÀO PERTINENTE, ANEXADA PELA COORDENAÇÃODAS COMISSÕES PERMANENTES

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

TtTULO IDa Organização Nacional

CAPtTULO IDisposições Preliminares

Art. 19 O Brasil é uma República Federativa, constituída sob o regimerepresentativo, pela união índossolúvel dos Estados, do Distrito Federal edos Territórios.

§ 19 Todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido.

CAPITULO VIIDo Podcr Executivo

SEÇÃO VIIIDos Funcionários Públicos

Art. 109. Lei federal, de iniciativa exelusiva do Presidente da Repúbli­ca, respeitado o disposto no artigo 97 e seu § 19e no § 29do artigo 108, defini­rá:

I - o regime jurídico dos servidores públicos da União, do Distrito Fe­deral e dos Territórios;

II - a forma e as condições de provimento dos cargos públicos; eIII - as condições para aquisição de estabilidade.

PROJETO DE LEI N9 4.271, DE 1981(Do Sr. Pacheco Chaves)

Introduz alteração na Consolidação das leis do Trabalho, para ofim de reduzir a cinco anos o tempo de serviço necessário à obtençãoda estabilidade pelo trabalhador rural.

(Às Comissões de Constituição e Justiça, de Trabalho e Legis­lação Social e de Finanças,)

O Congresso Nacional decreta:Art. I' É acrescentado ao art. 492 da Consolidação das Leis do Traba-

lho o seguinte § 29, com numeração do parágrafo único para I':

"Ar1. 492. . '" .§ 19 •••••••••••••••••• " ••••••••••••••••••••••••••••••••

§ 2' Tratando-se de trabalhador rural, o tempo de serviço neces­sário à obtenção da estabilidade é de cinco anos."

Art. 29 Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.Art. 39 Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

A Lei n' 5.889, de 8 de junho de 1973, ao determinar que as relações detrabalho rural ficavam também, a partir de sua vigência, reguladas pela Con­solidação das Leis do Trabalho e outros diplomas disciplinadores do trabalhono meio urbano, praticamente igualou os direitos trabalhistas dos rurícolasaos dos das cidades. .

Considerou, porém, referida lei, que o trabalho no campo reveste-se decertas peculiaridades que não podiam ser desconhecidas em sua regulamen­tação legal. Tanto que o disse expressamente no parágrafo único do art. 19ecuidou de estabelecer certas regras de aplicação restrita ao trabalhador rural.Tal é o caso, por exemplo, do art. 2' e do art. 3', onde se fixam as definiçõesde trabalhador e de empregador rural para efeito de atuação da legislação tra­balhista, bem corno do art. 10, onde se estabelece critério prescritivo de direi­tos bem diferente do previsto na CLT (art. 11).

Entretanto, omitiu-se a Lei nv 5.889, de 8 de junho de 1973, de estabele­cer um prazo aquisitivo de estabilidade menor para o trabalhador rural, pro-

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 701

vidência que se nos afigura indispensável, em face do caráter muito mais des­gastante do trabalho desenvolvido na "roça":

Tal ê a medida que aqui propomos, em atenção a reivindicação do Sindi­cato dos Trabalhadores Rurais de Presidente Epitácio.

Sala das Sessões, 9 de março de 1981. - Pacheco Chaves.

LEGISLAÇÃO CITADA, ANEXADA PELA COORDENAÇÃODAS COMISSOES PERMANENTES

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO(Aprovada pelo Decreto-lei n9 5.452, de 19 de maio de 1943)

TITULO IVDo Contrato Individual do Trabalho

CAPITULO VIIDa Estabilidade

Art. 492. O empregado que contar mais de dez anos de serviço na mes­ma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou cir­cunstância, de força maior, devidamente comprovadas.

Parágrafo único. Considera-se como de serviço todo o tempo em que oempregado esteja à disposição do empregador.

•••••••••••••••••••••••• " ••••••• ~ •• I I •••••

Art. 494. O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso desuas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito emque se verifique a procedência da acusação.

Parágrafo único. A suspensão, no caso deste artigo, perdurará até a de­cisão final do processo.

Art. 495. Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo em­pregado, fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe ossalários a que teria direito no periodo da suspensão.

Art. 496. Quando a reintegração do empregado estável for desaconse­lhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmen­te quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá con­verter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte.

Art. 497. Extinguindo-se a empresa, sem a ocorrência de motivo deforça maior, ao empregado estável despedido é garantida a indenização porrescisão do contrato por prazo indeterminado, paga em dobro.

Art. 498. Em caso de fechamento do estabelecimento, filial ou agênciaou supressão necessária de atividade, sem ocorrência de motivo de forçamaior, é assegurado aos empregados estáveis, que ali exerçam suas funções, odireito à indenização, na forma do artigo anterior.

Art. 500. O pedido de demissão do empregado estável s6 será válidoquando feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não o houver, pe­rante autoridade local competente do Ministério do Trabalho e PrevidênciaSocial ou da Justiça do Trabalho.

....................................................... , .o SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Está finda a leitura do expe­

diente.IV - Passa-se ao Pequeno ExpedienteTem a palavra o Sr. Siqueira Campos.

, O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDS-GO. Prnnuncla.o-segulnte discurso.)- Sr. Presidente, Srs, Deputados, por dois dias, estive em Araguaína, acom­panhando os trabalhos de visita e inspeção feitos pela Comissão da Pró­Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Goiás àquela importante ciodade do Norte Goiano, tendo em vista a próxima instalação, ali, do CampusAvançado da UFG.

A Comissão, chefiada pela Pró-Reitora Maria do RosáríoCassímiro, es­tava integrada dos Professores Ronaldo Zica, Paulo César e Oliveira, que,durante três dias, ocuparam-se exclusivamente da implantação da Extensãoda UFG em Araguaína, onde mantiveram contactos com o Dr. João Batistade Castro Neto, Juiz de Direito, Dr. César Belmino, Promotor Público, oPrefeito Joaquim Quinta, o Presidente da Câmara Municipal, Vereador Rai­mundo Lira, com os Vereadores João Alves Batista, Josealdo Teixeira, Nil­mar Coelho e Arnon Leal, com os membros da Comissão Pró-Instalação daUFG em Araguaína, chefiada pelo Dr. Máximo da Costa Soares e integradapelos Professores Nivaldo'Ribeiro e João Leite e Jornalista Wagner Primo Fi­gueiredo, autoridades municipais, estaduais e federais, líderes classistas, diri­gentes de lojas maçônicas e .de clubes de serviço, professores, estudantes egrande massa popular, que, interessada, acorreu à convocação da liderançaem todas as fases dos trabalhos da Comissão da UFG em Araguaína,

Sabendo da importância da presença da Universidade em solo nortense,atuei no sentido da interiorização da UFG, com o que, além de beneficiar oNorte de Goiás, abria-se perspectivas para todo o interior goiano e, dado quc

a campanha vem tendo nível nacional e é em geral relativa à interíorização daUniversidade, beneficia todo o interior brasileiro.

A campanha, na qual se engajaram ilustres colegas de vários Estados,vem tendo enorme êxito. Em Goiás, graças à presença do Magnífico ReitorJosé Cruciano de Araújo, da UFG, e da querida e competente educadora Ma­ria do Rosário Cassimiro à frente da Pró-Reitoria de Extensão daquela Uni­versidade Federal de Goiás, foi que vimos de conseguir realizar o sonho aca­lentado durante toda esta década de levar a Universidade a todos os recantosdo Estado, integrando a UFG com o povo, derrubando as paredes encastela­doras de uns poucos privilegiados que vinham dominando e servindo-se daUniversidade.

Tão logo contactei com o Reitor José Cruciano de Araújo e com a Pró­Reitora Maria Cassimiro, pude constatar sua plena disposição de dotar Ara­guaína de um Campus da UFG, obrigando os cursos recomendados pela rea­lidade nortense, suas carências, vocação, anseios e perspectivas.

Foi fácil, muito fácil levar à Araguaína a Comissão da Pró-Reitoria deExtensão já mencionada, tal a disposição da Professora Cassimiro e dos seuscompanheiros de trabalho.

A implantação do Campus;tarefa árdua e difícil, não terá obstáculos ca­pazes de a impedir, porquanto igual determinação e entusiasmo foi encontra­do no povo e nas autoridades de Araguaína pelos ilustres professores daUFG que visitaram a bela Capital do futuro Estado do Tocantins.

A minha iniciativa, que agora vem encontrando "autores" os mais diver­sos, encontrou' total apoio no meio da comunidade. Ninguém se perturbacom as manchetes mentirosas que atribuem a políticos ultrapassados a inicia­tiva e os esforços para levar o Campus Avançado da UFG à Araguaína, por­que todos sabem que foi este deputado que teve a idéia, esforçou-se e está àfrente de tal empreendimento. Além do mais, todos sabem, também, que ospolíticos superados, que vêm sendo terríveis sanguessugas, de Araguaína e doNorte de Goiás são omissos e indiferentes quando se trata de empreendimen­to que beneficia o povo sem lhes ensejar grossos rendimentos.

De fato, para a instalação do Campus Avançado da UFG, em Araguaí­na, necessário se faz o empenho de todos os membros da comunidade, das au­toridades municipais, dos dirigentes da UFG e deste deputado, que não medi­rá esforços em prol de tão relevante objetivo.

Agora, que está escolhido o terreno para construção do Campus, com to­das as instalações necessárias aos vários cursos que, a partir de 1982, estarãofuncionando em Araguaína e que a Comissão Pró-Instalação da UFG já co­meça a arrecadar fundos para as obras, renascem as esperanças do povo deAraguaína,

Com a Universidade em seu seio, o Norte de Goiás deixará de ser depen­dente, fraco e pobre. Passaremos, já a partir de 1982, a formar nossos técni­cos, nossos doutores, comandantes de uma nova e épica jornada pelo desen­volvimento regional.

Guardo, como relíquia histórica, a cópia do oficio que enderecei aoMagnífico Reitor José Cruciano de Araújo, em 11 de setembro de 1980, noProcesso n9 0122 I9/80-UFG, que ele motivou, e do Oficio n9 01683, conten­do a resposta da Reitoria da UFG.

E guardo estes documentos, Sr. Presidente, não somente como prova deautoria desse empreendimento e que' destrói as matérias pagas que os políti­cos ultrapassados publicaram nos jornais, rádio e televisão, mas sobretudocomo documentos que irão fazer parte do Museu da futura Universidade Fe­deral do Estado do Tocantins, da qual o Campus da UFG de Araguaína éembrião.

Apesar de sempre ver atribuidos os meus trabalhos aos políticos oportu­nistas de Araguaína e de Goiás em geral, continuo atuando em favor do de­senvolvimento do meu Estado e bem-estar de sua nobre população.

Estou certo de que - façam a propaganda mentirosa que fizerem - nin­guêrn enganará o povo nortense.

Concluo este pronunciamento agradecendo a Magnífica Pró-ReitoraMaria do Rosário Cassirniro e sua equipe os esforços despendidos em favorda instalação da UFG em Araguaína e aplaudindo o apoio e entusiasmo comque a comunidade, povoe autoridades araguainenses, recebeu nossos hóspe­des ilustres e apoiou o seu trabalho.

Era o que tinha a dizcr, Sr. Presidente,

O SR. PAULO STUDART (PDS - CE. Pronuncia o seguinte dlscurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Transcorreu, no dia de ontem, a data aniversária do 29ano do Governo do Cel. Virgílio Távora, no Estado d~ Ceará.

A data é significativamente grata a todos os cearenses, em particular,para nós, parlamentares federais, que acompanhamos muito de perto o es­forço inaudito do Governador e sua equipe de trabalho, que procura, por to­dos os meios ao seu alcance, retirar o Ceará de um subdesenvolvimento his­tórico e torná-lo num estado perfeitamente viável.

702 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

o Ceará enfrenta, há três anos, uma fase das mais difíceis de sua vida,pois se abateu sobre o Nordeste; de modo geral e, no Ceará, em particular,uma seca inclemente e devastadora, cujas conseqüências funestas se fazemsentir em todos os setores produtivos do Estado, principalmente sobre a agri­cultura c a pecuária.

Para felicidade do Ceará e de sua gente, temos um homem de têmpera deVirgílio Távora à frente dos destinos do Estado, que, conhecendo profunda­mente a sua problemática, gozando do mais alto conceito em todos os setoresdo Governo Federal, possuído de uma vontade férrea e uma capacidade detrabalho invulgar, procura minimizar os efeitos catastróficos da seca, e, ain­da, realizar uma obra administrativa de vulto.

Essa obra administrativa se traduz na realização de cerca de 1500 (mil equinhentas) obras no interior do Estado, nos mais diversos setores, tais como:unidades escolares (novas e restauradas); postos de saúde e hospitais; centrosde educação rural; energia elétrica, em particular, levando a energia rural ao

, mais longínquo povoado ou fazenda; realizando o milagre das telecomuni­cações, e, em convênio com a Telecearâ, procura fazer com que todos os mu­nicípios do Estado disponham de litações telefônicas, e, em alguns, conseguiudotá-los de centrais telefônicas que permitem o DDD e o DDI, tais como:Itapipoca, Quixadá, Quixeramobim, Maranguape, Crato, Juazeiro e tantosoutros. .

Reconhecendo que o problema crucial do Ceará, era e é, basicamente, aágua, cquacionóu devidamente o mesmo e, com recursos próprios e atravésda ajuda insuperável de órgãos e projetos federais, tais como: Polo Nordeste,o Projeto Sertanejo, a SUDENE, DNOCS e DNOS, tem procurado minorara escassez do precioso líquido em todo o extenso território do Estado, sobre­tudo pela açudagem e poços.

Conhecendo e sabendo das dificuldades cíclicas que sofrem a agriculturae a pecuária em nosso Estado, ocasionadas sobretudo pela ecologia e pelo cli­ma, procura o Governador Virgilio Távora, desde longo tempo, criar e estru­turar um Centro Industrial, em nossa Capital - Fortaleza, através de umPólo Metal - Mecânico, levando cerca de uma dezena de empresas do sul doPaís, para ali se instalarem o que se vem concretizando a passos largos para asatisfação de todos àqueles que acreditam no desenvolvimento de nossa terra.

Tem, ainda, procurado o Gov. Virgílio Távora, desenvolver e ampliar arede rodoviária estadual, melhor acoplando-a à rede nacional de estradas derodagem, isto, através do DAER e de convênios estabelecidos com o DNER.Entre outras, acaba de inaugurar os primeiros 25 km da CE - 184, que liga acidade de Iguatu a Campo Sales, estrada asfáltica de 154 km de extensão,toda ela já contratada, e em fase de execução, do mais alto significado para aRegião Sul do Estado, pois beneficia com o seu traçado a cerca de oito mu­nicípios.

Igualmente, foram inaugurados, ontem, com a presença do Ministro Eli­seu Resende, dos Transportes, o trecho da BR-020, que liga Fortaleza a Pi­cos, no Piauí, e que daí demanda Brasília; assim como o belo trecho da Rodo­via BR - 116, ligando Fortaleza a Messejana, cartão de visita de nossa Capi­tal, para àqueles que provenientes do sul do País, por via rodoviária, chegama Fortaleza.

Ao homenagearmos o segundo ano da administração Virgílio Távora àfrente dos destinos do Ceará, cometeriámos grave injustiça, se deixássemos denos congratular com a I. dama do Estado, D. Luíza Távora, que exerce a Pre­sidência da Fundação do Serviço Social do Estado e que realiza uma obra deassistência social sem paralelo à população mais pobre e carente de Fortaleza.Contando com mais de cinqüenta anos de idade e, conhecendo todo o Brasil egrande parte do mundo, posso dizer, a bem verdade, que jamais vi ou conheciobra mais bonita, mais idealista e mais meritória. Como todos sabem, a nossaCapital Fortaleza se constitui hoje na quinta cidade mais populosa do Brasil,com cerca de um milhão e meio de habitantes. Grande parte dessa populaçãovem do interior do Estado, num êxodo rural sem precedentes, e se localiza naperiferia da cidade, originando-se as célebres favelas. São quase uma centenaas existentes em Fortaleza. Pois bem, o principal trabalho realizado pelaFUNSEC, sob a esclarecida supervisão de D. Luíza Távora, é exatamentenessas favelas, onde as necessidades são incomensuráveis e onde ela e sua de­dicada equipe, diuturnamente, procuram minorá-Ias.

Registrando nos Anais da Câmara dos Deputados a transcorrência dosegundoaniversário do Governo Virgílio Távora e, dizendo em largas e su­cintas pinceladas o muito que procurou realizar em benefício de nossa terra ede nossa gente, desejei prestar minhas homenagens e o meu reconhecimento,através de um voto muito sincero de apreço e congratulações.

Era o que tinha a dizer.

Durante o discurso do Sr. Paulo Studart, o Sr. Freitas Nobre, 2p­Vice-Presidente, deixa a cadeira da presidência. que é ocupada peloSr. Jackson Barreto, Suplente de Secretário.

O SR. PRESIDENTE (Jackson Barreto) - Tem a palavra o Sr. HélioDuque.

O SR. Hl<:UO DUQUE (PMDB - PRo Pronuncia o seguinte dlseurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, mais um crime contra o Brasil é cometidopela burocracia estatal: o Fundo de Desenvolvimento das Pesquisas com Tri­go, que recebe 0,4% sobre o valor apurado para o trigo industrial ou a semen­te, a título de apoio à pesquisa, assistência técnica e orientação, ao invés dedestinar aqueles recursos para os centros científicos do próprio Estado quefazem pesquisa, vem encaminhando para as Organizações Centrais de Coope­rativas.

O Banco do Brasil, através a CTRIN (Comissão do Trigo Nacional),vem destinando aqueles recursos, no Estado do Paraná, à OCEPAR, que é aOrganização das Cooperativas do Estado do Paraná. 'Enquanto isso o IA­PAR, Instituto Agronômico do Paraná, desenvolve atualmente o mais impor­tante projeto de pesquisa tritícola do País, iniciado, há cerca de 8 anos, compesquisadores a nível de Ph. D e Ms, ressente-se da falta de recursos para acontinuidade do seu trabalho. Hoje o IAPAR lia seu "Programa Multidisci­plinar de Pesquisa do Programa de Trigo", tendo a liderá-lo os Ph. Ds, Y.R.Mehta e Mílton Alcover, de reputação internacional, abarca desde tecnologiade sementes, melhoramento de variedades, controle de doenças, controle inte­grado de pragas, fertilidade do solo, processo de cultivo até agroclimatologia,O trabalho estende-se por todo o Estado e começa a oferecer respostas impor­tantes para a economia brasileira. No ano de 1980. o plantio de trigo atingiu aárea de 1,5 milhão de hectares.

Acrescente-se que o IAPAR, na qualidade de entidade pública responsá­vel pela pesquisa agrícola governamental, tem dado mostras de sua capacida­de técnica e administrativa, o que é uma garantia do bom gerenciamento queseria dado àqueles recursos, no suporte de projetos de pesquisas estratégicoscom trigo-no Estado do Paraná. Disso decorre ser fundamental a viabilizaçãoparticipatória do IAPAR no financiamento de pesquisa promovido peloFDPT.

Nesse sentido, no dia 25 de setembro de 1980, o IAPAR, através o seu di­retor presidente Raul Juliatto, encaminhava oficio ao Presidente do Banco doBrasil, Sr. Osvaldo Colin, em que em certo trecho destacava:

"Sabemos que a CTRIN do Banco do Brasil é o órgão encarregadode controlar a comercialização do trigo no Brasil e, dentro dessa ta­refa, promove o recolhimento de uma taxa de 0,4% sobre o valor doproduto destinada ao Fundo de Desenvolvimento das Pesquisascom Trigo. Dessa forma, conhecendo o interesse histórico que oBanco do Brasil manifesta à agricultura e à sua evolução tecnológi­ca, consideramos legítimo pleitear a destinação ao IAPAR de recur­sos FDPT para o financiamento da pesquisa com trigo desenvolvidapor esta instituição."

No dia 20 de outubro, o Secretário Reinhold Stephanes, da Agricultura,encaminhava expediente ao Ministério da Agricultura, no qual destacava:"No momento apresenta-se como viável a destinação dos recursos arrecada­dos no Paraná pelo FDPT, no todo ou em parte, à entidade estadual de pes­quisa de forma a manter e ampliar sua programação na citada cultura". Nodia 3 de novembro de 1980, era o Presidente da EMBRAPA, o Sr. Eliseu Ro­berto de Andrade Alves, que afirmava, em ofício encaminhado ao Ministroda Agricultura: "Julgo de extrema importância que V. Ex. interfira objetiva­mente junto à Presidência do Banco do Brasil, de modo que a fundação Insti­tuto Agronômico do Paraná seja atendida no seu pleito, uma vez que tal or­ganismo desenvolve um programa de pesquisa muito bom e, por esta razão,merece todo o amparo das autoridades federais".

A deselegância do Banco do Brasil, através da sua presidência, foi de talordem que somente, no dia 5 de fevereiro de 1981, pelo Ofício 81/179, res­pondia, com atraso de 5 meses, ao IAPAR. E o pior, por oficio assinado peloSr. Paulo Maurício Guimarães de Andrade, Chefe de Gabinete Substituto.Nele confirmava toda a distorção que vem ocorrendo com os recursos oriun­dos do Fundo de Desenvolvimento da Pesquisa do Trigo. Na sua resposta,em nome da Presidência do Banco do Brasil, afirmava o "Chefe de GabineteSubstituto": "Assim, V. S' deve dirigir-se à Organização das Cooperativas doEstado do Paraná, OCEPAR, entidade autorizada a administrar o percentualdestinado ao fundo em questão, solicitando, na oportunidade, a transferênciade partes das contribuições espontâneas efetuadas pelos produtores indepen­dentes de trigo".

Ora, o Governo João Figueiredo deve, pelos seus setores imbuídos, defato, de responsabilidade, avocar essa questão. Já que ela diz respeito direta-

Març~ de 1981 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL (Seção l) Quarta-feira 18 703

mente aos interesses nacionais, na medida em que uma instituição de pesquisaoficial do peso técnico do IAPAR não pode paralisar um trabalho sério, por­que meia dúzia de burocratas incompetentes encastelam-se nas suas torres­de-marfim e traçam na planilha projetos que conflitam com a realidade.

Não se trata de uma política partidária. Trata-se de uma efetiva defesade um programa de interesse nacional, mas que, infelizmente, não entende as­sim alguns setores do Banco do Brasil, começando pela sua presidência. Háde se indagar nessa hora: quantos pesquisadores, com nível de Ph. D ou M .S.,tem hoje a OCEPAR, no Paraná, trabalhando com trigo? Ou será que nãotem nenhum? Já o IAPAR tem um corpo técnico, com formação científica noexterior, englobando 26 técnicos pesquisadores num programa que abrangetodo o 'Estado do Paraná. .

Por isso mesmo não podem a CTRIN e o Banco do Brasil manipular osrecursos oriundos de 0,4% sobre o valor apurado para o trigo industrial oupara semente, alocados no Fundo de Desenvolvimento das Pesquisas de Tri­go, desviando-os das suas reais finalidades.' Tais recursos, no Estado do Para­ná, só podem ter uma destinação: encaminba-Ios para o lAPAR, única insti-,tuição que faz pesquisa com valor científico e integrada com os reais interes­ses nacionais.

O SR. BRABO DE CARVALHO (PTB - PA. Pronuncia o seguinte dis­curso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, no dia lI passado, o Sr. DeputadoNélio Lobato, por enquanto ligado à bancada do Partido Popular, nesta Ca­sa, pretendeu criticar o atual Governo do Pará, dirigindo um dos seus costu­meiros ataques ao Governador Alacid Nunes; pelo único crime de, com rarodesassombro, ter apontado alguns erros no tratamento que a União vem dis­pensando, a exemplo do que faz com o Nordeste, ao Norte, as duas regiõesmais pobres deste País.

Ao sabor do ódio - cujas origens aqui explicarei-procurou o deputadoapontar o Governador Alacid Nunescomo contestador de toda a política daunião no meu Estado, chegando mesmo a propor a medida drástica da inter­venção federal, legal e moralmente impraticável. Valeu-se S. Ex' da mensa­gem encaminhada pelo Executivo à Assembléia Legislativa do Pará, no pri­meiro dia de março, para dar vazão a esse incontrolável ódio. Mas o fez mal.Se leu realmente a mensagem, da qual extraiu alguns trechos, não assimilou oque nela está contido.

É verdade que faz ela restrições ao tratamento dispensado pelo PoderFederal ao Pará, como, de resto, aos demais Estados do Norte e do Nordeste.Mas isso não deve soar como estranho aos nossos ouvidos. Aqui mesmo, nes­ta Casa, tal tratamento já foi analisado, criticado sobejamente e, em algunscasos, até mesmo alterado.

Ainda em fins do ano passado, o ilustre Senador Jarbas Passarinho, noSenado que hoje preside, teve oportunidade, naquela outra Casa do Congres­so, de fazer referência '!O assunto, o que chegou a causar certa perplexibilida­de, dada à sua condição, à época, de líder do Governo.

Encerrando análise fundamentada das dificuldades por que passam as .regiões menos assistidas - em uma das quais está o Pará - disse então o Se­nador Passarinho, amigo e modelo do Deputado Nélio Lobato:

"Aqui encerro, Sr. Presidente, esta manifestação que pretendia serapenas um registro, e acabou sendo um desabafo, e encerro conven­cido de que me cabe, ainda, no resto de meu mandato, sobretudoapoiado se for, como estou sendo pelos meus companheiros do Se­nado, fazer alguma coisa em proveito verdadeiramente, concreta­mente, da diminuição dos grandes desníveis intra-regionais nestePaís."

Em sua Mensagem ao Poder Legislativo de meu Estado o que procurouo Governador Alacid Nunes foi mostrar que realmente o Pará, como o Ama­zonas e o Acre, está sendo penalizado pela União, em razão de distorções napolítica fiscal; de dificuldades na obtenção de créditos; da inexistência de umaconveniente política florestal, elaborada por homens da região; da exploraçãodos recursos minerais beneficiando sobremaneira a União, entre outros fato­res apontados. O que há de novidade nisso, tantas vezes já dito e repetido nes­te Plenário, no Senado, nas Comissões Técnicas do Congresso, na imprensa?Talvez soe estranho aos ouvidos do Deputado Nélio Lobato, cujas preocu­pações estão voltadas para a freqüente troca de legendas em que se está espe­cializando!. ..

Dizer que somente agora esse tratamento injusto da União para com oPará preocupa o Governador Alacid Nunes é, no mínimo, uma irresponsabi­lidade. Muito dos senhores aqui presentes testemunharam o trabalho por eledesenvolvido quando presidia a Comissão da Amazônia nesta Casa. Alguns oacompanharam em viagem pelo extremo Norte, de onde trazia as preocu­pações de todos os setores de atividade para transmiti-Ias a esta Casa e, da­qui, ao poder Executivo. Os arquivos da Câmara testemunham esse trabalho

e basta que o Deputado Nélio Lobato os consulte para se certificar da levian­dade que está cometendo!...

E desde a primeiro instante deste segundo período administrativo, o Go­vernador Alacid Nunes vem manifestando suas apreensões. Aqui mesmo, aofalar, em setembro de 1979, no Simpósio da Amazônia, ele o fez, com objeti­vidade e clareza. Se o Deputado Nélio Lobato não tomou conhecimento, oproblema é dclc! Se oGoverno federal não levou em conta, nada mais justoque o Governador insista e até mesmo com mais veemência!

Mas o que parece interessar ao Deputado Nélio Lobato é apenas a críti­ca fácil,' a agressão, a ofensa.

S. Ex' critica o Governador por desempenhar um mandato conferido emeleições indiretas, como de resto todos os demais governadores, inclusive umligado ao Partido Popular. Mas esquece de dizer, pois não lhe convém, que oSr. Alacid Nunes já passou pelo teste das eleições diretas e se saiu muito bem,por sinal bem melhor que o próprio Sr. Nélio Lobato. Foi eleito Governadorem 1965,com nítida e expressiva consagração popular. Em 1974- depois deficar três anos afastado de qualquer função pública - Alacid Nunes foi trazi­do para esta Casa com quase 100 mil votos, a maior votação já registrada atéhoje em pleito semelhante, no Pará. E várias vezes a votação que nos impõehoje a presença do Sr. Nêlio Lobato! ...

Mas isso o Deputado Nêlio Lobato não perdoa, a popularidade incon­teste de Alacid Nunes. Como não perdoa a capacidade administrativa do Go­vernador do Pará, reconhecida mesmo por muitos de seus adversários políti­cos, enquanto até hoje em Belém se lamenta a desastrada passagem do Sr.Nélio Lobato pela prefeitura da Capital paraense!... Como também não per­doa o fato de ter sido o próprio Sr. Nélio Lobato, proibido, no primeiro Go­verno de Alacid Nunes, de desembarcar seu gado para abater em Belém, porse recusar a pagar o imposto devido. Isso mesmo, o hoje acusador foi penali­zado pela Secretaria de Finanças em ato formal e público, por recusar a pagarimposto. E isso ele não pode perdoar]. ...

Mas o que causa perplexidade é a posição do Sr. Nélio Lobato, quandoprega abertamente, nesta Casa, intervenção federal no Pará e pede ao Gover­no federal que encontre "um outro Francisco Campos", revelando uma estra­nha saudade ao autor de tantas medidas excepcionais que marcaram a vidadeste País nos últimos anos!. ..

Eu gostaria de saber se quando fala assim o Sr. Nélio Lobato o faz emnome, ou com o apoio de seu partido, em cujo programa não me parece exis­tir agressão à autonomia dos Estados, nem o elogio da legislação excepcio­nal! ...

A mim me parece mesmo é que o Sr. Nélio Lobato não está muito à von­tade no seu atual partido. Ele já pertenceu à ARENA, deixou-a quando lhenegaram o Governo indireto que hoje ele condena, ingressou no MDB,deixou-o depois e agora passa um tempo no Partido Popular.

Mas seu último pronunciamento nesta Casa é prenúncio de mais umatransferência, agora para o Partido Democrático Social, com o qual revelaafinidades cada vez maiores.

Saiba"porém, o Deputado Nélio Lobato, e saibam também seus mento­res, parceiros. e seguidores - saibam todos, finalmente - que o GovernadorAlacid Nunes não se afastará, por um momento que seja, do caminho que es­colheu: o de governar o Pará com abnegação e com seriedade, até o fim de seumandato.

E que, assim, terá ao seu lado, como o tem agora, o povo do Pará e oapoio e a admiração de todos os homens sérios deste País.

O SR. STOESSEL DOURADO (PDS - BA. Pronuncia o seguinte dis­curso) - Sr. Presidente, Deputados, conheço a Política Militar do meu Esta­do e posso, mesmo, dizer que acompanhei a sua progressão, não só porque,nos misteres davida pública, não é dado alhearmo-nos dos fatos que interes­sam, de perto, à comunidade, mas, sobretudo, porque assisti, na minha pró­pria casa, a vida de tantas lutas e sacrifícios de um velho servidor que, muitasvezes, já oficial superior, viu-se obrigado a permanecer de pé nos estribos dosbondes para, isentando-se do pagamento da passagem - tal era essa a licençaconcedida aos militares fardados'- permitir a educação do filho, no colégioque lhe parecia melhor.

Da minha casa e no espectro do tempo, alongo a minha visão, então,para dirigi-la a um campo mais amplo, onde se projeta a própria família poli­ciai militar por inteiro, toda ela reflexo de privações e dificuldades, que nãoobstante e sem favor, jamais foram suficiente motivo para que a Corporaçãodeixasse de atender a sua destinação maior de prestar fidelidade ao Estado,assegurando paz e tranquilidade à população.

E não foram poucas as vezes em que a Polícia Militar da Bahia foi cha­mada a servir ao País, além dos limites do Estado, em tantos episódios nosquais escreveu verdadeiras páginas de heroísmo, demonstrando que esse pro­fissional de carreira que, aliás, mais de perto convive com a sociedade, suas

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chagas e seu problemas cruciantes, sabe ser, quando necessário, o aguerridodefensor da legalidade constitucional e da ordem constituída.

Por ter como legítimas estas palavras, cumpro o dever de cidadão e de re­presentante do povo baiano, nesta Casa, para em princípio afirmar, sem re­ceio de contestações, que a Polícia Militar da Bahia é uma Corporação quecultiva a disciplina como regra básica e cujos serviços prestados à comunida­de poem-na a salvo de quaisquer interpretações malévolas, quanto aos episó­dios transcorridos recentemente.

Esperei, Sr. Presidente, alguns dias para, repostas as águas no seu cursonormal, tecer algumas considerações em torno de tão momentoso assunto.

Não pretendia fosse eu, justamente eu, conhecedor da sua problemática,que na área parlamentar acrescentasse uma palavra a mais que pudesse signi­ficar insuflação à desobediência, ou estímulo à rebeldia.

Isso não importa, entretanto, findo o período dito ostensivo da greve,terçarmos loas ao tratamento dispensado há muito tempo à Polícia Militar daBahia, por tantos insensíveis governos. Desequipada, desprestigiada, mal re­munerada, vive essa Corporação um drama existencial dos mais graves, tendoque expor sob sol causticante ou sob chuva impiedosa, a sua gente a uma sor­te de perigos que variam desde a exposição da própria vida no combate desi­gual ao crime, cada vez mais organizado e complexo, à faina de cada dia ­esta mais perigosa, porque sem quartéis - em que o estropiado e faminto sol­dado precisa superar-se a si mesmo, para, esquecendo os próprios dramas,humanos e existenciais, oferecer à sociedade a paz necessári,a para que elapossa viver e prosperar.

O contra-senso gritante - esse é o quadro que se esboça - entre acriança faminta, o filho analfabeto, o lar sem casa e a necessidade permanentede oferecer postura e dignidade no seu trabalho, fazem com que repudiemos,por injusta e até desumana, a machista decisão que impediu o diálogo do go­vernante com os seus governados, sob o jocoso argumento de que significariaindisciplina, ou quebra do intocável princípio de autoridade.

Napoleão, menos ensimesmado desse trono de papel, visitava as trin­cheiras no mais rigoroso dos invernos, para exaltar a valentia dos seus solda­dos e, comungando com eles das asperezas da luta, exortar-lhes o cumpri­mento do dever.

E, por isso, antes de ser chefe, foi líder.Se, agora, as trincheiras fossem visitadas, antes mesmo dos lamentáveis

episódios que ceifaram duas preciosas vidas - uma, definitivamente, a do jo­vem tenente Valmir Alcantara, a outra ainda agonizante, do não menos jo­vem tenente João Mário talvez que o Chefe tirasse as traves dos seus olhos,para ver as suas tropas em ruínas, minadas sobretudo pela descrença que lhesinvade a alma e lhes quebranta a fé.

A Polícia Militar serve toda a Nação, sendo, como é, nos diversos esta­dos da Federação, a força mantenedora da ordem pública e preservadora dapaz social. Além do mais, é força auxiliar do Exército, para cumprir comotantas vezes o fizeram, a missão constitucional de defesa do País e das nossasInstituições.

Os seus oficiais, a quase totalidade deles na Bahia portadores de diplo­mas de nível superior, as praças de uma maneira geral, precisam do mínimode dignidade funcional para o exercício do seu mister, não sendo justo - em­bora se reconheça a ilegalidade da greve - que os oficiais percebam menosque um simples soldado das Forças Armadas e que seus praças não consigam,sequer, inscrever-se nos programas habitacionais mais humildes, pela incapa­cidade de comprovação da renda familiar.

Por isso, blateramos a insensibilidade dos que, desconhecendo essa reali­dade palpável, preferem a intoleráncia como norma de procedimento admi­nistrativo, certos de que a sua insensatez, por mais execrável, é protegida pelalei.

O corpo do Tenente, Srs. Deputados, baixou à sepultura sob o cânticopatriótico do hino da Polícia Militar.

Enquanto isso, as tropas federais policiavam a cidade, transformada deuma hora para outra em verdadeira praça de guerra.

O fato é grave e merece meditação, descabendo agora os radicalismos,ou a intolerância travestida de poder. O endurecimento da questão, só pelosabor de exibir a arrogante postura de quem, escudado na força, e só assimnão aceita o diálogo nem quer mediadores, não revela, afinal, a coragem dosheróis, mas a fragilidades dos tiranos.

Desta maneira e como o problema continua, tal que grande chaga aindasem cicatriz, enxergo este episódio como a oportuna temporis, para que sefaça, afinal, uma revisão de métodos e critérios, sem os quais a sociedade es­taria fatalmente desprotegida.

É que, se no correr dos tempos não cansa o embate das ondas no roche­do, essa circunstância não impede que nele se marquem os traços nítidos daerosão. E tal como na rocha, se também no campo social a erosão é fatal, omelhor caminho para se preservar os organismos policiais militares dos efei-

tos desses desgaste inevitável seria federalizâ-los, submetendo-os a um únicoregime jurídico, para, afinal, não só brindá-los com um sistema de remune­ração mais justo e uniforme, como para assegurar à sociedade e o País o climade equilíbrio e segurança de que a intransigência baiana foi incapaz de discer­nir.

A federalização das Polícias Militares, portanto, sobre ser um ato decautela c prudência é, sem dúvida, a medida que atende aos imperativos dejustiça que marcam e caracterizam a administração federal, sobre ser uma re­comendável atitude, que eximindo as Polícias de certas falidas e intransigen­tes administrações, atende melhor aos ditâmes de segurança nacional.

Nesse ínterim, a 'Polícia Militar da Bahia voltou aos seus quartéis, às as­perezas do dia-a-dia. Que o seu gesto de humildade e grandeza sirva, tantoquanto aquela vida inutilmente sacrificada, de compreensão e exemplo.

O SR. RÚMULO GALVÃO (PDS - DA. Pronuncia o seguinte discur­so.) - Sr. Presidente e Srs, Deputados, "a política será, sempre, a ciência e aarte de servir ao povo, e o Governo - dimensão operacional da política - sóterá eficácia se exercido em função do interesse popular". São palavras, aquireproduzidas mais no seu sentido do que na sua expressão literal, que se inse­

·rem no preâmbulo da mensagem que o Governador Antônio Carlos Maga­lhães dirigiu à Assembléia Legislativa da Bahia, na prestação de contas dosdois primeiros anos de sua administração.

Vale a citação para definir o perfil de um governante, cuja maior carac­terística é um profundo e acendrado amor à sua gente e à sua terra. Vocacio­nado para as lides políticas desde os bancos acadêmicos, tem buscado o poder- sem o qual seria inócua a atividade partidária - para realizar. E sabe utili­zar o ímpeto do seu temperamento, no mundo altamente competitivo da polí­tica, para criar as condições que possam converter em realidade o seu com­promisso social. Amado e combatido, atributos corolários à personalidade dequem é firme na tomada de decisões e na escolha decidida de prioridades, nin­guém pode licitamente negar a Antônio Carlos Magalhães um apaixonado in­teresse pelo bem-estar do seu povo e uma denodada e constante ação peloprogresso de sua terra. Tendo emprestado colaboração das mais valiosas aodesen~olvimcnto da Bahia, volta-se gradativamente para a defesa dos interes­ses do Nordeste como um todo, de que a Bahia, geográfica e sociologicamen­te é o ponto inicial, convencido, como estamos todos nós, de que só a pressãodas lideranças políticas conseguirá erigir a redenção social do Nordeste emprioridade nacional, mesmo que contrariasse, e não o faz, os cânones e bali­zamentos do planejamento nacional global.

Com efeito, na condição de Governador da Bahia, Antônio Carlos Ma­galhães tem-se pronunciado reiteradamente, em todos os foros, por uma novapolítica que faça justiça à região do Nordeste, que representa cerca de20% doterritório nacional c onde vivem mais de 35 milhões de brasileiros, a maioriaem regime de pobreza absoluta.

Nestes dois anos de seu segundo mandato à frente do Governo baiano, jáse achando estruturado economicamente o Estado como uma das unidadesindustriais da Nação, cumpria, sem embargo da continuidade desse esforço,voltar as vistas para objetivos mais sociais, de criação de mais riquezas alémdos limites da região metropolitana de Salvador, com o objetivo de diminuira defasagem do desenvolvimento entre as regiões mais ricas e mais pobres danossa terra.

Nada mais apropriado para o cumprimento desse objetivo do que a prio­ridade concedida à agricultura, em um válido esforço para ocupar produtiva­mente os imensos espaços do território baiano e operar o aumento e a diversi­ficação da produção de alimentos. Só para exemplificar, ontem, no seu pri­meiro Governo, processava-se a integração do Extremo-Sul, que economica­mente mais pertencia aos estados vizinhos, e hoje, em sua segunda adminis­tração, desenvolve-se o trabalho de Ocupação Econômica do Oeste da Bahia,na região além-São Francisco, onde se oferecem as mais promissoras con­dições para as atividades agrícolas. Para viabilizá-Ias economicamente, o Go­verno promove maciços investimentos em infra-estrutura de transportes,energia elétrica e comunicações, além das ações no âmbito do saneamento bá­sico, educação e saúde. A fim de tornar irreversível o trabalho de redençãoeconômica do Centro-Oeste, a administração estadual adotou a política deregionalização orçamentária - que oxalá fosse cumprida pelo Governo fede­ral em relação ao Nordeste - comprometendo 10% do orçamento de capitaldo Estado. Outros pólos acham-se em execução com idênticos objetivos, aexemplo do de Ribeira do Pombal, congregando 16 municípios da regiãomais seca do Estado, mas que se poderá transformar em um grande celeiroprodutivo, bem como a implantação da cidade hortigranjeira nas vizinhançasda região metropolitana de Salvador.

Nessa preocupação com a alimentação popular, insere-se, em destacadaposição, a instituição da cesta do povo, um programa que visa a amenizar ocusto de vida, nesses tempos de exacerbada inflação, colocando à disposição

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da população mais carente, predominantemente situada no quarto estrato,gêneros alimentícios básicos a preços módicos. Tal programa já é responsávelpelo abastecimento de cerca de 10%da população a que se serve, fornecendogêneros alimentícios a preços inferiores em cerca de 30%aos preços de merca­do.

Mas, Sr. Presidente e Srs, Deputados, essa política de incremento da pro­dução agrícola, ajudada por outras providências como a produção de semen­tes selecionadas e a regularização fundiária de centenas de pequenas proprie­dades, haveria de ser acoplada aos trabalhos de eletrificação rural, hoje perfa­zendo, entre os concluídos e em execução, um total de 4.986 km de Iinhas­tronco e beneficiando cerca de 4.636 propriedades rurais. O trabalho de.ele­trificação rural é apenas parte de um programa mais amplo que já concluiu aeletrificação de 17 sedes municipais e de 124 distritos e povoados, com a im­plantação quase concluída de 3.786 km de novas linhas de distribuição deenergia elétrica ..

Outro ponto de apoio - o das comunicações terrestres - registra a rea­lização de 1.005 km de estradas vicinais, dentro de uma programação queprevê a conclusão de 2.865 km de novas estradas pavimentadas, beneficiandomais de uma centena de municípios baianos. -

A obra do Governo no provimento de estrutura social desdobra-se no vi­goroso esforço de saneamento básico, que se dimensiona para prover o abas­tecimento de água potável a todas sedes municipais, além de inúmeras comu­nidades de médio porte rural. Ao fornecimento de água associa-se o trabalhoda rede básica de saúde, níediante a construção e articulação de postos e cen­tros de saúde, disseminados por todos os municipios 'baianos.

Sr. Presidente, a todo processo de desenvolvimento material haverá deestar associado o esforço pelo aprimoramento da educação e da cultura, me­diante a ampliação das oportunidades educacionais e da valorização do pro­fessor, o agente maior da educação. Nesses dois primeiros anos, o atual Go­verno emprestou singular e extraordinária contribuição à consecução dessesobjetivos, ampliando a rede escolar do antigo ensino primário em 915 salas eimplantando, na área do 29 grau, sete escolas agrotécnicas·no interior do Es­tado. AI6m disso, tendo dado origem à Universidade de Feira de Santana, noprimeiro Governo, Antônio Carlos Magalhães ampliou, neste seu segundoGoverno, a oferta de ensino superior à população estudantil do interior, me­diante a criação da Universidade do Sudoeste, em Vitória da Conquista, alémdas Faculdades isoladas de Santo Antônio de Jesus e Vitória da Conquista. Oprofessorado foi objeto de aumentos diferenciados que variaram entre 236 e286%,em cumprimento a disposição governamental de elevar gradativamenteo perfil social do docente, em termos de crescentes melhorias nas condiçõesde trabalho e remuneração. O acervo cultural do nosso Estado, fator alta­mente determinante na transformação de Salvador em pólo turístico nacio­nal, e que já fora tão revitalizado com a anterior transformação do Pelouri­nho, foi agora contemplado com a recuperação dos belos conjuntos arquite­tônicos do Solar do Ferrão e da Quinta do Tanque. A instalação do MuseuAbelardo Rodrigues e a criação do Pólo Cinematográfico são outros exem­plos de incentivo ao cultivo e à produção da cultura.

A Justiça foi -reaparelhada e teve substancialmente melhoradas as suascondições de funcionamento, com a construção de novas sedes para os seusserviços, admissão de magistrados e melhoria da remuneração.

Na área da renovação urbana e de melhoria dos equipamentos comuni­tários, Sr. Presidente, merece destaque a recuperação dos Alagados, o maiorprojeto social de desenvolvimento integrado, bem como a constru.çã?, pelaUrbis de centenas de unidades habitacionais, com o objetivo de eliminar asfavelase propiciar condições saudáveis de moradia para a população de baixarenda.

Em articulação com a dinâmica gestão do Prefeito da Capital, o trans­porte de massas acaba de ganhar nova via - o Plano inclinado da Calçada­e deve começar em breve a construção do projeto de trens urbanos.

Todo esse trabalho, Sr. Presidente, é respaldado por um eficiente sistemade organização e planejamento e viabilização graças a um processo de cap­tação e aplicação de recursos da maior eficiência, em que se associa à açãodos órgãos fazendários o trabalho de sustentação e apoio do DESENBAN­CO e do BANEB.

Graças a uma administração das mais competentes e inovadoras, o Ban­co do Estado da Bahia teve, nestes dois últimos anos, desempenho que lhe ou­torga a lisonjeira colocação entre os 15 primeiros bancos oficiais e privadosdo País. Suas operações têm experimentado extraordinário crescimento, emintensidade e em extensão, já dispondo de 126 agências em funcionamento,com mais de 36 a serem brevemente inauguradas. Como o grupo financeiro éum dos maiores conglomerados do País, acrescentando às atividades ban­cárias propriamente ditas as funções da BANEB Corretora, da BANEB Dis- .tribuidora de Títulos e Valores Mobiliários e da BANEB Crédito Imobiliário.

Pelas suas dimensões e pelo elevado descortino de sua direção, capacita-se,assim, para assistir aOS diversos setores produtivos da economia baiana, des­de o miniprodutor rural até as grandes indústrias do Pólo Petroquímico deCamaçari e do Centro Industrial de Aratu.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, são esses alguns aspectos dos dois pri­meiros anos do Governo Antônio Carlos Magalhães, que deixo aqui registra-dos como preito de justiça. .-

O SR. HEITOR DE ALENCAR FURTADO (PMDB - PRo Pronunciao seguinte dlscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, a Guerra Civil Salva­dorenha ceifa, diariamente, a vida de trinta pessoas. E essa tragédia há maisde um ano não sofre interrupção.

Sendo verdadeira a previsão do comandante dos assessores militares dosEstados Unidos enviados a EI Salvador, "a Guerra Civil será longa e difícil".

As cifras, porém, não retratam vivamente as pesadas conseqüências quesofre a população em virtude da indiscriminada violência. "Crianças de todasas idades nuas, magras, fracas, doentes, amontoadas em refúgios precários,são a mais real das denúncias da situação em que se encontra EI Salvador,essa pequena mas superpovoada nação centro-americana" - comenta OscarMartinez para o "Jornal da Tarde". No Posto de Socorro de La Bermuda, emcondições precaríssimas, amontoam-se cerca de duas mil pessoas desalojadasde regiões rurais onde os combates estão mais acirrados. Além de não existi­rem condições dignas de vida em postos como aquele, o clima de tensão au­menta, cada vez mais, pois as forças governamentais podem, novamente, de­salojar as famílias que lá se encontram por acreditarna suspeita da existênciade focos guerrilheiros em seu interior.

Um professor salvadorenho de Direito Constitucional nos dizia outrodia: "Ou o Governo massacra de uma vez por todas com o povo ou o povoaniquila o Governo".

A Junta de Governo presidida por José Napoleon Duarte está isoladapoliticamente. Não conta com apoio popular. Perdeu o apoio das oligar­quias, representadas por 14 famílias. Porém, conta, ainda, com as forças mili­tares, mesmo assim divididas, e tendo sofrido várias e importantes deserções.E, também, com o apoio do capital estrangeiro, mais especificamente dos Es­tados Unidos. E por Estados Unidos compreenda-se Governo Reagan, por­que o próprio povo norte-americano, através de inúmeras manifestações po­pulares, vem protestando contra a ajuda militar que o novo governo vem ofe­recendo à Junta governativa de ÉI Salvador. No dia 12do corrente mês, mi­lhares de pessoas, tendo à frente o Prêmio Nobel de Biologia, George Wald,manifestaram-se na Universidade de Harvard com cartazes que diziam: "che­ga de derramamento de sangue em EI Salvador" e "chega de genocídio emnosso nome". .

Todos os partidos de oposição uniram-se, formando a Frente Democrá­tica Revolucionária - FDR, - que conduz a luta com o apoio do povo eatravés de seu braço armado, a Frente Farabundo Marti de Libertação Na­cional - FFMLN.

Não há dúvida de que está na desumana estrutura econômica, que subju­ga os salvadorenhos e privilegia as quatorze famílias "donas" da Repúblicade EI Salvador, a causa principal desta luta de libertação. São mais de um sé­culo de exploração desmedida. Não cuidaram dos interesses do povo, cuida­ram dos seus, mesmo que para isso fosse preciso haver miséria, fome e agoraguerra.

.A Junta de Governo comete e, muitas vezes as acoberta, atrocidades in­contáveis contra a população em sua ânsia de exterminar com a luta do povo.

Os Estados Unidos, por sua vez, e numa atitude contraditória, não hesi­tam em praticar uma intervenção direta em EI Salvador. Repudiaram a inter­venção soviética no Afeganistão e agora intervêm em EI Salvador. Já se en­contram lá mais de cinqüenta assessores militares norte-americanos, além dêvinte e cinco mÚhões de dólares aplicados em armas modernas e equipamen­tos logísticos, podendo atingir, brevemente, até duzentos e cinqüenta milhõesde dólares.

Com a crescente intervenção dos Estados Unidos em EI Salvador, osamericanos voltam seus pensamentos para a triste e trágica aventura no Viet­nã. "Foi com helicópteros de transporte de tropas a primeira intervenção di­reta dos Estados Unidos no Vietnã, em dezembro de 1961. Como hoje são le­vadas tropas salvadorenhas, há vinte anos eram levadas tropas vietnamitas".(Newton Carlos - "Folha de São Paulo").

Neste instante, de extrema gravidade para toda a América Latina, o Go­verno brasileiro precisa demonstrar sua solidariedade ao povo salvadorenho.Não só repudiando a intervenção americana em EI Salvador, mas também to­mando a firme decisão de romper relações com ajunta dc Governo e, ao mes­mo tempo, prestar ajuda humanitária àquele sofrido povo.

Os partidos políticos, as entidades democráticas, as igrejas, os movimen­tos populares, enfim, todos que lutam pela construção de um regime demo-

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crátíco aqui no Brasil devem contribuir para a formação de novos "comitêsde solidariedade ao povo de El Salvador".

Registramos, neste momento, nos anais desta Casa nossa solidariedade àluta de libertação do povo salvadorenho e, também, nossa exigência de que oGoverno brasileiro assuma a posição que lhe cabe nesta hora difícil, demons­trando seu propalado desejo de lutar intransigentemente pelos destinos de­mocrãtcos da América Latina.

O SR. ERNANI SÃTYRO (PDS - PB. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, Srs. Deputados, não pude estar presente à sessão do dia 9 do cor­rente mês, quando alguns de nossos colegas registraram o aniversário natalí­cio do eminente paraibano Argemíro de Figueiredo.

Argemiro de Figueiredo completou 80 anos de idade, na sua quase totali­dade de serviços prestados ao nosso Estado e ao País. Advogado brilhante,empolgou o Fórum Paraíba da durante muitos anos. Foi um Governadorque, ainda muito moço, reralizou grande administração com os parcos recur­sos de que dispunha o Estado naquele tempo, quando não eram abundantes,como hoje, as ajudas do Governo Federal. Foi Deputado Federal Constituin­te, membro da grande Comissão que elaborou a Constituição de 1946, tendonesse órgão destacada atuação. Posteriormente, Senador pela Paraíba, conti­nuou a prestar os mesmos serviços com sua cultura, sua inteligência, sua dedi­cação ao bem público e sua dignidade pessoal. Hoje, afastado das lides políti­cas e parlamentares, é um exemplo vivo do que a Paraíba de melhor pôde ofe­recer ao Brasil. Ê o grande cidadão, o chefe de família, o amigo, o grande pa­raibano Argemiro de Figueiredo, que reverencio, neste momento, pela passa­gem dos seus 80 anos de vida.

O SR. ross BRUNO (PP - RJ.Pronuncia o seguinte discurso) - SI.Presidente, Srs. Deputados. Com este nosso pronunciamento, desejamos le­var ao conhecimento do Exmo. Sr. Ministro dos Transportes a necessidade eimportância da implantação de uma rede de ônibus elétricos, através da Em­presa Brasileira de Transporetes Urbanos, ligando os Municípios fluminensesde Volta Redonda e Barra Mansa, área densamente industrializada, contan­do com mais de 80.000 operários, em sua grande maioria metalúrgicos.

No estágio atual em que se encontram os Municípios de Volta Redondae Barra Mansa, de urbanização acelerada e de desenvolvimento físico hori­zontal, reclama-se, com urgência, uma nova e imediata implantação de umserviço de transporte coletivo, capaz de atender, a curto e médio prazo, o des­congestionamento do trânsito, melhorando, consequentemente, o transportede massa, hoje em completo desalinho.

Nenhum serviço poderá ser aplicado em termos econômicos, se não con­tarmos com alicerces básicos que propiciem a instalação de meios de trans­portes. E para isso, esta região é propicia ao se apresentar com poucos aci­dentes geográficos, ruas largas e dimensões alongadas em seus trajetos.

Existem dois eixos básicos. Vejamos suas caraterfsticas e dimensões: omaior eixo está constituído entre os Bairros São Luiz, em Volta Redonda eSaudade, em Barra Mansa, com extensão aproximada de 20 km, sendo seuparalelo entre os Bairros de São Luiz, citado, e Vila Nova, em Barra Mansa,cuja distância cobre valores aproximados de 20 km. Nos dois trajetos estare­mos servindo os bairros extremos dos dois municípios enfocados, sem falarnos eixos transversais, também de grande interesse para 'a exploração detransporte de massa.

Citemos, como oportuno, cinco aspctos de interesse capacitador doevento:

19- Economia de combustível;29 - Racionalização do tráfego;39 - Eliminação de concorrência em transporte de massa;49 - Maior conforto para os usuários.59 - Transporte mais rápido e menos oneroso.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, ao analisarmos as afirmações dos espe­cialistas em assuntos de petróleo, veremos preconizado para a humanidade,um horizonte negro em seus próximos dias.

Transporte e energia formam uma mesma realidade e a energia elétricavem sendo o substituto mais aceitável para acionar os nossos meios de trans­porte.

Segundo os técnicos e especialistas no asssunto, dentro dos próximos dezanos, o consumo do petróleo alcançará o seu mais alto índice;n que equivalea dizer que a extração e a distribuição atingirão limites possíveis de utilização,passando, então, para a diminuição do consumo pela extinção do produto.

Assim é que, somos forçados a mover uma campanha pela redução noconsumo do petróleo, aumentando nossas atenções para a utilização de veí­culos movidos a eletricidade, na consideração de' que as restrições no forneci­mento de petróleo, farão com que o produto e seus derivados atinjam preçosproibitivos.

Muitas das investidas feitas para diminuição do uso do automóvel parti­cular vem fracassando, por falta de ação conjunta dos poderes constituídos eda iniciativa privada. A implantação de ônibus elétricos dará disciplina aotráfego por motivo de simples ordenações dos carros e poderá, ainda oferecera possibilidade de um centro de controle, com orientação de fluxo dos mes­mos.

Sr. Presidente, se implantado esse serviço, veremos que o público deixaráde ser disputado, passando a ser servido sem as agressões competitivas decompanhias diversas, onde o passageiro nem sempre recebe o tratamento de­sejado c o conforto motivador do uso do .transporte, capaz de substituir a uti­lização dos carros particulares, que vêm a cada dia superlotando nossas ruase calçadas.

A indústria brasileira vem produzindo esses tipos de veiculos com quali­dades internacionais, dotados não só de conforto, mas, principalmente, demáquinas e controles do mais avançado aprimoramento técnico e, aindamais, com capacidade de suprir todas as necessidades do nosso mercado.

Poderão ser usadas em nossas linhas, carros de tamanho convencional de36 lugares, equipados com motor de 150 hp/600 volts, controle de aceleraçãoe frenagem comandados eletronicamente, garantindo carga elétrica controla­da, freio a ar, direção hidráulica, luz de emergência para as interrupções dealimentação elétrica, sistema de ventilação, música ambiente, sistema de co­municação com a central, propaganda comercial etc.

Sr. Presidente, fazemos anexar a este pronunciamento um "croquis" daárea de que se trata, onde aparecem os eixos inicialmente citados, envolventesdo complexo industrial da Companhia Siderúrgica Nacional.

Como conclusão, além das razões expostas, há que se assinalar o elevadocrescimento da população que possibilitará demanda constante e, ainda, aexistência de sistema de alimentação elétrica com grande confiabilidade, cominfra-estrutura de alimentadoras básicas já instaladas.

Confiamos na ação do Exmv Sr. Ministro dos Transportes junto à EB­TU, em atendimento aos justos reclamos da população, em sua maioria ope­rária, desta região sul-fluminense.

Era o que queríamos dizer.

O SR. PEDRO IVO (PMDB - se. Pronuncia o seguinte discurso.)­SI. Presidente, Srs.Deputados. Até alguns anos atrás, seria inacreditável a ir­rupção de'uma greve de médicos, ao lado da paralisação de outras categoriasprofissionais mais diretamente ligadas à produção de bens e serviços. Em ou­tros 'tempos, a profissão médica trazia o selo de função privilegiada e liberal,nascida em berço de ouro devido aos encargos financeiros do seu custo acadê­mico. E, por natureza, desabrochava nos cuidados de família bem situadassocialmente, tornando-se a carreira médica uma profissão de "status" dosbem-nascidos.

Nesse passado, a ninguém ocorreria que, nos dias de hoje, a nobre pro­fissão do médico haveria de passar por uma corrosão sócio-econômica e insti­tucional, quase tão decaída no mercado de trabalho pelas mesmas adversida­des que há dezenas de anos levam ao confronto trabalhadores, empregadorese o Estado. O primeiro sinal dos tempos desse confronto, entre a profissãomédica e o Estado, é a própria classe - despida de auréola e "status" -­intitular-se trabalhadores juntamente com os metalúrgicos, professores, agri­cultores e outras profissões.

Essa decadência por que passa a categoria médica e, por extensão, a me­dicina como instituição liberal, revela todas as distorções que vêm transfor­mando a própria face do Estado político em que vivemos, distanciado da"saudosa" filosofia do "deixar fazer e acontecer". Máxima esta bem de acor­do com as leis do mercado e do individualismo no pleno exercício de seus pri­vilégios. Hoje, o Estado é o patrão todo-poderoso, intervindo a bel-prazer noplanejamento social, político e econômico global do País. E -- desgraçada­mente -- modelando o indivíduo com a pior de suas matrizes sociais: oconformismo diante de suas instâncias centralizadoras e, portanto, antidemo­cráticas.

Sr. Presidente, Srs. Deputados. O Brasil de nossos dias, na verdade, estáenfermo política e economicamente, pois toda sua populção ativa vive impre­cando o Estado por melhores condições de vida. Isso tanto no aspecto da se­gurança do cidadão como liberdade política e sobrevivência material, comono sentido de consolidar as entidades e instituições que garantam o exercícioprofissional. E nada mais sintomático desse anseio democrático do que umacategoria, antes detentora de mística relação entre a vida e a morte, perfilhar­se com outras categorias reclamando direitos inalienáveis de sobrevivência ecidadania: salário mínimo profissional, direito de greve, sindicalização, acrés­cimo por insalubridade e, -- mais importante .:...- melhores condiçõespara atender a população necessitada de seus cuidados.

Esse clamor tem fundamento não somente na calamitosa situação do Sis­tema Nacional de Saúde, mas reflete o grau de negligência e incapacidade a

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que chegou o Estado autoritário a respeito da legítima segurança devida aseus profissionais, hoje por ele empregados na quase totalidade de 80 por cen­to. Dizemos que o Estado é negligente e incapaz porque opera a PrevidênciaSocial com recursos oriundos da contribuição de trabalhadores, sem entre­tanto lhes garantir saúde e bem-estar. Além disso, cruza os braços diante docolapso iminente de todo o sistema de saúde, já bastante caótico e desumanocon: as populações carentes, contribuintes ou não do sistema.

Sr. Presidente, Srs. Deputados. Nossa presença nesta tribuna é por soli­dariedade com o Dia Nacional do Projeto da Medicina brasileira, a maisnova vítima entre tantas outras categorias que lutam por seus direitos desobrevivência e dignidade profissional. Protestamos contra a sonegação nãosomente de seus direitos, mas também das populações necessitadas de seuspréstimos técnicos e profissionais. .

A denúncia das associações e sindicatos médicos é de que existem, ocio­sos, mais de 30 mil profissionais, transformados em reserva de mão-de-obradas redes particulares de hospitais vinculados ao Inarnps e às empresas de me­dicina de grupo. Médicos que percebem salários de fome -- conforme de­núncias -- e-submetidos a essa praga do desemprego que se chama rotativi­dade modalidade empresarial que avilta a remuneração justa e leva a insegu­rança e inquietação para dentro das famílias de milhões de brasileiros.

Oxalá as autoridades do País e, particularmente, as ligadas à PrevidênciaSocial e Saúde, assumam seu dever de cautela e sabedoria política, pois osmovimentos sociais crescem a olhos vistos, paralisando setores de fundamen­tal importância como o serviço médico e a produção de outros bens, não ape­nas daqueles relevantes ao bem-estar material, mas da própria segurança daN.. .

Era o que tinha a dizer.

O SR. OUVIR GABARDO(PMDB - PRo Sem revisão do orador.) ­Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Governo anunciou, com muita ênfase, queiria passar, agora, a uma política energética diferente daquela traçada no pas­sado prestigiando o transporte ferroviário, como alternativa efetiva para eco­nomizar petróleo, produto de que o País é tão carente, Lamentavelmente,como todas as medidas contraditórias neste País, esta também é uma afir­mação que não tem base na realidade. Queremos denunciar, neste instante,com o nosso veemente protesto, a atitude da Rede Ferroviária Federal sus­pendendo o trem de passageiros que fazia o trecho Orinhos-Maringá, umadas regiões mais densamente povoadas deste País e do Paraná, especialmenteo norte daquela região, deixando desamparada grande parte da populaçãomais pobre que réalmente se utilizava daquele meio de transporte. Ora, Sr.Presidente. aí está' a contradição, a política contraditória reinante neste País.Ao mesmo tempo em que o Governo diz que.dará ênfase a esse setor, os f~tos

desmentem as suas afirmativas. Diz-se que se retirou o trem de passageirosdaquele trecho, porque havia déficit. Na realidade, o que existe é uma incom­petência administrativa, nos últimos 50 anos, em relação à Rede Ferroviária.E nestes 20 anos, um abandono total das ferrovias, que foram deixadas a suaprópria sorte. Não bouve reforma do seu equipamento, e, por isso, elas setransformaram num péssimo meio de transporte. No entanto, Sr. Presidente,não se concebe que, exatamente nesse momento se retire o único trem de pas­sageiros que vinha servindo à vasta região de Orurinhos a Maringá, sob opretexto de que se estava diminuindo os prejuízos da Rede Ferroviária Fede­ral. Sr. Presidente, queremos neste instante dizer que os argumentos, pormaiores que sejam, não justificam tal medida. É, realmente, urna política, re­pito, contraditória e nociva aos interesses do povo, pricipalmente das cama­das mais humildes. Há poucos dias a Associação Comercial de Londrina, eoutros órgãos de classe da região protestaram contra a anunciada supressãodaqueletrem. Entretanto, no dia 11, exatamente no dia previsto, a R.F.F.selT\maior explicação desativava essa linha.

Assim. Sr. Presidente, associamo-nos aos protestos de toda a populaçãodo norte do Paraná, principalmente dos mais humildes, dos mais pobres, queeram os que se utilizavam daquele trem. Queremos também solidarizar-noscom a Associação Comercial de Londrina, com todas as entidades de classes.que já manifestaram a sua estranheza diante da atitude da Rede FerroviáriaFederal, e dizer-lhes que estamos apelando para o Sr. Ministro dos Transpor­tes e para o Presidente da R.F.F., no sentido de que realmente passem da pa­lavra à ação, restabelecendo a linha Ourinhos-Maringá, pois assim não esta­rão realizando uma política contraditória aos interesses das classes mais ne­cessitadas deste País.

O SR . .JOSÉ COSTA (PMDB - AL. Sem revisão do orador.) - Sr. Pre­sidente. Srs. Deputados, há poucos dias fui procurado em meu gabinete porcinco estudantes índios trazidos para Brasília pela Fundação Nacional doIndio com o objetivo de aqui receberem educação de base e' serem progressi­vamente integrados' na comunidade nacional. Entretanto, estão eles, agora,

ameaçados de ser compulsoriamente transferidos para cidades próximas desuas aldeias, onde continuariam os seus estudos.

Ocorre que um deles, Mariano Justino Marcos, índio Terena da Aldeiade Taunay, em Aquídauana, Mato Grosso do Sul, conseguiu a duras penastornar-se piloto comercial, com o curso de vôo por instrumento, na Acade- .mia da Força Aérea Brasileira, em Pirassununga, e, mais, ainda, cursando oquinto período de Administração na Faculdade Católica de Ciências Sociaisde Brasília. Esse índio seria transferido, também compulsoriamente, parauma cidade próxima à sua aldeia, o que equivale dizer, impedido de continuaros seus estudos e também impedido - porque vem sendo discriminado pelaFUNAI, órgão que, em nome do Estado, exerce a tutela especial, por nãoquerer .ernancipar-se - de exercer a sua profissão de aeronauta. E por quenão quer emancipar-se? Não quer emancipar-se porque a política da Fun­dação é a de não permitir tenham acesso à terra aqueles índios que sejam con­siderados integrados ou se emancipem. '

SI. Presidente, Srs. Deputados, chega às minhas mãos a InstruçãoTécnico-Administrativa nv 12, de 1981, baixada pelo Coronel Ivan ZanoniHausen, Diretor-Geral de Planejamento Comunitário da FUNAI, designan­do uma comissão de três funcionários, com pouca vivência dos problemasindígenas, para o seguinte, no prazo de dez dias:

"Sem justificar ou explicar, defina o que é índio integrado, índio emvias de integração c índio não-integrado e, bem assim, dirima dúvi­das existentes na Lei nv 6.001" - Estado do lndio a respeito dosconceitos de tutela c J; ''1tt'"g:_._o.''

Isso significo! . Presidente, Srs. Deputados, que, através desse expe-diente, a Fundação Nacional do Indio pretende dizer que aquele que for con­siderado índio integrado não mais terá assistência daquele órgão, não maisterá assistência do Estado, não terá mais acesso à terra por ele habitada,ficar do-lhe proibido o usufruto dos bens e utilidades eventualmente lá exis­tentes, ao passo que os outros continuarão a receber. uma precária ajuda doórgão tutelar do índio brasileiro.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, já é hora de, nesta Casa, se tomar provi­dências quanto 11 política indigenista de caráter marcadamente genocida quevem sendo desenvolvida pela Fundação Nacional do Índio, já que o Governobrasileiro, já que o Sr. Presidente da República faz ouvidos de mercador aoclamor público nacional e internacional que contra ela verbera. Assim, hápouco, essa política foi condenada pelo IV Tribunal Russes, que se reuniu naHolanda, como condenada foi por vozes autorizadas de entidades como oCIMI c Associação Brasileira dos Antropólogos.

De minha parte, Sr. Presidente, quero trazer minha parcela' de contri­buição e desinteressadamente, porque índio não dá voto; quem dá muitos vo­tos são as empresas multinacionais e os grandes empresários nacionais c es­trangeiros, que estão ocupando, ilegal e indevidamente, as reservas indígenas.

Desejo, Sr. Presidente, através de pedidos de informação-e, eventualmen­te, de uma CPI, propor à Casa que examine essa política discriminatória daFUNAI, examine a concessão de certidões a grupos brasileiros e alienígenasque lhes possibilitam arrendar terras de índios ou adquiri-Ias através de pro­cesso de compra e venda, por contratos manifestamente nulos. Quero, enfim,que esta Casa analise, em profundidade, as diretrizes que vêm sendo seguidaspela Fundação Nacional do Indio, em nome do Estado brasileiro.

O SR. PINHEIRO MACHADO (PP - PI. Pronuncia o seguinte discur­so.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, a formação de uma opinião pública in­dependente c esclarecida é uma das metas do moderno conceito de Democra­cia. Com efeito, não pode haver democracia verdadeira sem as manifestaçõesperiódicas dessa opinião pública, seja no âmbito nacional, regional ou muni­cipal, isenta sempre de influências e pressões, sejam elas de ordem material oumoral, quando não da ostensiva força bruta. E para que essa opinião se mani­feste sempre de modo lúcido mister se faz que lhe sejam oferecidas as infor­mações isentas e claras pelos meios de comunicação de massa, estes, livres eindependentes: o jornal, o rádio e a televisão, que são, por excelência, os veí­culos sobre os quais pesa, nos dias atuais, a importante e vital responsabilida­de de informar.

Essas considerações me vêem à mente no momento em que a EmpresaJornalística o Dia, de Teresina, sob a dinâmica orientação do seu fundadorOtávio Miranda, inaugura a primeira estação de rádio FM em meu Estado,dando ao nosso povo mais uma condição não apenas de progresso e lazer,pela audição de boa música, mas sobretudo pela oportunidade de levar a to­dos a cultura e os conhecimentos que urna radiodifusora pode proporcionarao seu variado público ouvinte. ,

O meu Estado se ressentia da falta de uma estação FM. A Empresa Jor­nalistica O Dia soube com objetividade, persistência e reconhecida dedicaçãoinstalar essa pioneira difusora despertando agora o interesse dos demais ór­gãos de comunicação para empreendimentos semelhantes.

708 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) MarçodeI981

Antigo homem de rádio-jornalismo, não posso deixar de ver com satis­fação o progresso da imprensa falada em meu Estado, ocasião em que mecongratuo com os meus conterrâneos por mais esse passo na senda do pro­gresso de nossas comunicações.

. Ao empresário e homem de visão Otávio Miranda as nossas felicitaçõespela significativa vitória e os nossos votos para que venha a completar a suatríade de moderno jornalismo: o jornal, o rádio, a televisão, sempre voltadapara os mais altos interesses do Estado, como tem feito até hoje.

O SR. ADHEMAR SANTILLO (PMDB - GO. Pronuncia o seguintedlseurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, A discussão que setenta travarpara saber se a greve da policia militar baiana é ou não legal é irracional eprópria daqueles que neste últimos 17 anos de obscurantismo se habituaram aentender como legal não as leis emanadas da vontade popular, mas sim tudoaquilo que é gerado pelo governo arbitrário.

Argumentar nesta hora que todos os militares da policia baiana podemser enquadrados na' Lei de Segurança Nacional, presos e dispensados de suasfunções por desrespeito às leis, é desconhecer a gravidade do acontecimento edar aos policiais o mesmo tratamento que o Governo tem dado aos trabalha­dores e que até momento não resolveu seus problemas de subsistência.

A questão não é saber se a lei permite ou não que os policiais militarespossam reivindicar melhoria salarial através de greve. O que se precisa saber ése o que pedem é justo ou não. Ninguém discute este aspecto. Todos são unâ­nimes em afirmar que o salário dos policiais está defasado e que não tem au­mentado na mesma proporção da inflação e é inferior ao índice do custo devida.São pagos para manterem a segurança, mas ninguém garante segurançaalguma quando a fome e a miséria rondam o seu lar. Ninguém, nem mesmo apolícia militar, tem tranqüilidade para o exercício da sua missão com a fomedesesperando seus familiares e cobradores executando suas dívidas.

Só mesmo em último recurso a polícia militar da Bahia entrou em greve.Falou mais alto o drama do chefe de família que o leal cumpridor de ordensdo regime opressor nestes 17 anos. As dificuldades financeiras fizeram comque aqueles que até agora vinham sendo usados como capitão-do-mato na re­pressão e prisão de trabalhadores que reivindicam o mínimo necessário parasua sobrevivência, se igulassern aos assalariados em todos os seus sofrimentose pudessem constatar que miséria não é caso de policia, assim como greve dospoliciais não se resolve com prisões e aplicação da Lei de Segurança Nacio­nal.

Quando as leis são desrespeitadas porque estão superadas e são injustas,não se deve exigir que sejam cumpridas de qualquer forma e punir os que asdesrespeitam por uma lei mais forte, mesmo que essa seja entendida como dedefesa do interesse da segurança nacional, pois a segurança da Nação não secontrói com aplicação de leis injustas e violentas; mas sim ouvindo o clamorsocial, respeitando os direitos humanos, promovendo tranformações nas es­truturas arcaicas e comprometidas que aí estão e redemocratizando o País.

Prisão não enche panela e aplicação de Lei Segurança não paga dívida deninguém. Discutir se a greve dos policiais e, por extensão, as que tambémameaçam deflagrar os trabalhadores, são legais ou não é, no mínimo, de­monstração de despreparo dos que assim procedem. A greve é justa e as rei­vindicações dos grevistas, muito mais. O que se deve fazer com urgência éatender ao aumento salarial reclamado pela classe e promover em seguida areformulação em toda legislação que até hoje tem sido usada contra os traba­lhadores com o uso sistemático da polícia e contra a qual hoje se levanta aprópria polícia. Ou o Governo convoca o povo para democraticamente cola­borar na construção de um novo País onde haja menos desigualdade, maisrespeito aos direitos humanos c uma verdadeira prática da justiça social, ou,caso contrário, não há lei, por mais arbitrária que seja, que possa evitar a re­volta do verdadeiro exército formado pelos homens, mulheres c crianças debarriga vazia e roncando clamando por alimentos. A fome está demonstran­do que a lealdade da policia aos detentores do poder tem iimite. Não quere­mos o caos e muito menos a guerra civil. Queremos um novo pacto social aser criado com a realização de uma Assembléia Nacional Constituinte, livre esoberana. Enquanto esta não chega para pôr fim às leis do arbítrio, a prudên­cia indica que não se deve castigar ainda mais os desesperados policiais mili­tares baianos, mas sim ouvir e atender suas justas e necessárias reivindi­cações.

O SR. LUDGERO RAULINO (PDS - PI. Pronuncia o seguinte discur­so.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, O Piauí cobriu-se de luto com (I faleci­mento do Industrial Carlos Henrique de Aragão, ocorrido no dia 6 de Marçopróximo passado.

Nascido em São Luís, Maranhão, a 4 de Abril de 1908, Carlos HenriqueAragão era filho de Joaquim Franklin de Serra Aragão e Teodomira FreitasAragão. Casou-se em primeiras núpcias com Calíope Andrade Aragão, decujo matrimônio teve os seguintes filhos: Afonso Celso Andrade Aragão, ca­sado com D. Lúcia; Maria Teresa Aragão de Oliveira, casada com o Coronel

Luiz Gonzaga de Oliveira; Camélia Aragão Barbosa, casada com o Empre­sário Roberto Barbosa; Joaquim Carlos Andrade Aragão, casado com Fran­cisca Aragão, e Rosa Maria Aragão, já falecida.

Carlos Aragão veio para Teresina em 1937,corno Gerente das Lojas Ria­nil, que projetou como a mais importante Loja de tecidos da Capital. Desen­volveu também grande atividade pública e social, tendo-se destacado comoPresidente da Associação Comercial do Piauí, vogal dos empregados na Jus­tiça do Trabalho, Presidente do Rotary Club de Teresina, Presidente do RiverAtlético Club, Diretor da Legião Brasileira de Assistência e Grão Mestre daMaçonaria.

Teve como última atividade a de Presidente da Empresa Carlos Henri­que Aragão Indústria e Comércio LTDA - fabricante da coca-cola, guaranáYork e água mineral York - que implantou e dinamizou, juntamente comseus filhos e genros, permitindo-lhe desfrutar invejável conceito como produ­tor de refrigerantes c água mineral na Capital piauiense.

Cavalheiro de fino trato, Carlos Henrique Aragão fez grande ciclo deamizades no comércio, na indústria e no Setor de Assistência Social, tendopor isso deixado imensa lacuna no seio da Sociedade Teresinense.

Lembro-me do nosso último encontro, já aqui em Brasília, quando, aba­lado pelo precoce falecimento de sua inesquecível Calíope, procurou o acon­chego de sua filha, Maria Teresa, para amenizar a terrível saudade que lhedeixara a esposa morta.

Carlos Aragão tinha problemas cardíacos e por isto procurou-me comoMédico e amigo, para o último conselho.

Voltando ao Piauí, não pude mais abraçá-lo, mesmo depois da morte,porque no dia do seu falecimento encontrava-me ausente de Teresina.

Carlos Henrique Aragão casou-se em segunda núpcias com D. EdilvaAragão.

Era o que tinha a dizer.O SR. FRANCISCO PINTO (PMDB - BA. Pronuncia o seguinte dis­

curso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, A morte inseriu-se criminosamenteem um projeto de vida e de esperanças da Polícia Militar do Estado da Bahia.Ao reivindicar meios para viver, tombou o morto o ten, Valmir Alcántara, egravemente ferido o ten. João Mário de Almeida.

Quando aquela corporação, por três dias, paralisou pacificamente suasatividades, queria alertar as autoridades insensíveis para o seu drama, suasdores e sua terríveis dificuldades. De nada adiantaram as solicitações, os pe­didos, os memoriais, os papéis, enfim. Do alto de sua indiferença, o Governa­dor do Estado, Sr. Antônio Carlos Magalhães, a tudo assistiu impassivelmen­te, contemplando do Palácio a miséria alheia. A P.M. baiana não empunhouarmas para 'pressionar ou derrubar governos: Acabou, isto sim, vítima das ar­mas que não manejou e que foram empunhadas por integrantes de outra cor­poração militar.

É incrível, Sr. Presidente, como os homens do Poder são insensíveis e in­gratos. Procuram, hoje, convencer a opinião pública de que oficiais e praçasda PolíCia Militar baiana são "insubordinados", "indisciplinados" e até des­leais. Desta mesma Polícia, porém, e destes mesmos homens, se serviram,anos a fio, para reprimir movimentos populares, submetendo-os ao cumpri­mento de ordens absurdas na utilização da prática da violência para susten­tação de governantes desgovernados no seu desvario, na sua megalomania ena sua insensatez.

o'Governo cometeu vários crimes na Bahia. O primeiro, quando injuriaa corporação acusando-a de indisciplinada, quando é por disciplina e por ex­cessiva fidelidade às ordens que recebe que ela, às vezes, se desgasta perante asociedade.

Nós mesmo da Oposição temos sido vítimas da repressão <la própriaPolícia, ora no Rio de Janeiro, ora em Pernambuco, em São Paulo ou naBahia, quando impedem, cumprindo ordens, nossas manifestações políticas.Isto não nos impede de fazer justiça quando são vítimas da estupidez e dabrutalidade oficial.

O Governo comete outro crime quando quer matar de fome os mesmoshomens dos quais se serve para reprimir tantos outros movimentos de reivin­dicacãosalariais por este País afora. Quem aparece, no entanto, invariavel­mente, perante a 'opinião pública, como carrasco e algoz, é sempre a PolíciaMilitar.

Finalmente o Governo comete ainda um outro crime quando cria a cizâ­nia c provoca o ressentimento, a aversão e a animosidade entre corporaçõesmilitares, atirando umas contra as outras, e permitindo que fuzileiros navaisarmados de mctralhadorasfuzrlem oficiais da Polícia que não empunhavamas mesmas armas.

As Forças Armadas e a Polícia Militar são parcelas institucionalizada­mente armadas de uma nação. Seus integrantes são seres humanos. Emboraaltamente hierarquizados, disciplinados e com uma formação de certo modo

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I),

Quarta-feira 18 709

fetichista da autoridade, não podem ser transformados em robôs, sem siso esem senso. Eles têm necessidades primárias. Têm família e filhos para criar.Têm fome e sede. Sofrem as suas próprias dores e as dores do mundo. Nãotêm, portanto, o governante o direito de espezinhá-los, mas o dever de ouví­los. Não pode um governador de Estado, que se jacta de ter poderes invisíveisnas Forças Armadas, se utilizar de seu auto decantado prestígio para imporsua vontade soberana, ao preço do desapreço e da animosidade entre as pró­prias forças militares.

Paradoxalmente, Sr. Presidente, no Brasil de hoje, a Polícia Militar ê

uma instituição desprotegida, Faz violências contra operários, camponeses,estudantes c políticos e ê desprotegida. É exaltada e acarinhada apenas peloGoverno quando baixa o pau no povo, mas não tem força, nem meios de rei­vindicar salários para comer, para se fortalecer, a fim de continuar cumprin­do as ordens loucas dos detetares do Poder. Um industrial ou um motoristacuida de suas máquinas ou do seu carro para que produzam e funcionembem. O fazendeiro engorda o seu boi para aumentar o seu lucro. O vaqueirotrata bem do seu cavalo para que este lhe sirva melhor. O caçador nutre e zelao seu cachorro para que ele possa dar combate à caça. Os chefes guerreirosquerem fuzis e metralhadoras lubrificadas e azeitadas para não falharem nahora da batalha. E o homem, Sr. Presidente? O homem que se dane? O ope­rário e o camponês que morram de fome? O soldado que se vire? Que se vireporque na Bahia um soldado ganha cerca de 6.000,00 cruzeiros mensais. Umtenente 14.580,00 cruzeiros, um capitão Cr$ 16. 850,00 e um coronel Cr$23.000,00, vencimentos dos mais baixos do País em um Estado rico. O Gover­no confessa que soldo infame não é privilêgio da Polícia da Bahia. E por quenão resolve o problema globalmente? Os delegados da Polícia Civil, escrivãose funcionários estaduais percebem vencimentos torpes. A Justiça não funcio­na porque ninguém quer ser juiz em um Estado que os desprestigia, mas quefaz orgia de recursos públicos com publicidade.

A Polícia Militar, hoje, é uma instituição sem defensores. Não tem mi­nistros militares na República, nem Secretários nos governos estaduais. Nãosão patrões que têm órgãos de classe para defendê-lo e imprensa para ajudá­los. O Secretário de Segurança Pública não é escolhido dentro dos scus qua­dros. Seu comandante, por lei, tem que ser de outra corporação militar. Essacorporação, portanto, Sr. Presidente, não é uma instituição. É um orfanato,Não é uma Força Militar. É uma Escola de Menores, com tutores c curadorespor todos os lados.

Enfim, Sr. Presidente, não tenho procuração da Polícia para defendê-lose os apóio sem que me peçam. A mim basta a justeza de suas pretensões hoje.pouco importando que amanhã o Governo lhes ordene que usem da violênciacontra nós e nossos companheiros.

É de ressaltar, porém, que à exceção do lastimável episódio que provo­cou a morte dos jovens oficiais, houve um reencontro cordial da populaçãocom o Exército. Este não foi às ruas para reprimi-Ia, mas para protegê-la. Éde se esperar, portanto, que no encaminhamento da apuração dos fatos leve­se em conta a legitimidade das razões que levaram a Polícia a parar. Afinal.esperar pela boa vontade do Governador, esperar pelo futuro é o mesmo quedizer que no futuro estaremos todos mortos.

Não consigo ajustar-me aos vocacionados para ditadores, cujo conceitode autoridade transcende os limites do tolerável entre seres humanos, parasituar-se no campo da submissão, da subserviência e da obediência cega.Aquela obediência que se inseria no 49compromisso jurado por todos aquelesque ingressavam na Ordem dos Jesuítas: "Obedecerei como um cadáver,"Mas um militar que se respeita, Sr. Presidente não pode ser um cadáver. Umcadáver do Governador.

O SR. ROSEMBURGO ROMANO (PP - MG. Pronuncia o seguintediscurso. - Sr. Presidente, Srs. Deputados, as manchetes de domingo últimoanunciavam que o Governo vai estimular a interiorização da Medicina, pre­miando com atê sessenta por cento de gratificação os médicos mais 'atuantes.Tal notícia veio dourar a pílula de uma advertência: ante as ameaças de greveda classe, endurece a posição governamental no sentido de não atender as rei­vindicações dos servidores rnêdicos estatutários, no sentido de ser-lhes atri­buída a gratificação natalina correspondente a um salário, paga aos vincula"dos ao regime da CLT, negando-lhes, ademais, os reajustes semestrais.

Mas duas exigências da classe seriam atendidas: gratificação de vinte ecinco por cento, a título de insalubridade, e de vinte por cento, de nível supe­,rior, repelida, porém, a proposta da redução da jornada para quatro horas,com as mesmas vantagens dos outros profissionais de nível superior.

Enquanto isso, a Associação Médica de Minas Gerais, em recente comu­nicado à classe, relatou o que tem ocorrido, nas suas tentativas de diálogo'om as autoridades previdenciárias brasileiras, "visando a obter melhorescondições de trabalho e de remuneração para os médicos".

Salienta a circular que há um ano foram realizadas Assembléias nas dife­rentes regionais da Associação e na Capital, para estudo das reivindicações,

em fevereiro do ano passado, englobado "Alerta dos Médicos Mineiros". De­pois disso, manteve a AMMG diversas audiências com o Ministro da Previ­dência Social e a direção do INAMPS, dando-lhes "conhecimento da si­tuação por que passa a associação médica e os médicos brasileiros".

Assinala o comunicado:

"Preocupados com a ausência de uma maior sensibilidade porparte das autoridades previdenciárias a Associação Médica de Mi­nas Gerais, a Associação Médica Fluminense e a Associação Médi­ca do Rio Grande do Sul, além do Presidente em exercício da Asso­ciação Médica Brasileira, Dr. José de Laurentys Medeiros, em novaaudiência com o Ministro da Previdência e Assistência Social, Dr.Jair Soares, em outubro de 1980, reafirmaram as.aspirações e preo­cupações dos médicos brasileiros."

Sem nenhuma resposta, considerando completada a fase de conver­sações, uma reunião extraordinária da Assembléia de Delegados da Asso­ciação Médica Brasileira, reunida em São Paulo, no dia 28 de janeiro desteano, decidiu promover uma paralisação administrativa a partir do dia 16 docorrente, considerado Dia Nacional da Advertência.

Assinala o comunicado:

"Nesta data os médicos comparecerão aos seus serviços, mas nãopreencherão as estatísticas, nem fornecerão nenhum tipo de atesta­do, com exceção do de óbito."

Como se vê, a decisão da classe não envolveu a recusa de socorro, mas,pura e simplesmente, uma paralisação burocrática, perfeitamente atendidosos interesses dos pacientes.

A advertência prossegue até 11 de abril, quando outra Assembléia Ex­traordinária dos Delegados da Associaçãos Mêdica Brasileira, recebendo su­gestões de todo o País, decidirá sobre a tomada de medidas mais enérgicas.

Prossegue o comunicado:

"A paralisação inicialmente apenas das atividades médico­administrativas tem o objetivo de conscientizar a população sobreas reais condições dos médicos e da medicina brasileira, mostrandoa esta mesma população que a Categoria Médica tenta obter suasreivindicações, procurando não lesar a tão já sofrida população bra­sileira. Mas, ao mesmo tempo, devemos conscientizar a populaçãojá coberta pela Previdência Social de que quarenta milhões ainda es­tão sem assistência médica."

Assinala o comunicado que, mantido o atendimento de urgência durantea greve, não morreram mais brasileiros do que as vítimas de doenças curáveis,entre os quarenta milhões sem assistência médica.

São as seguintes as reivindicações da classe médica:I. Piso salarial para médico não inferior a dez salários mínimos para

cada quatro horas de trabalho em semanas de 20 horas;2. Nível inicial para um médico do serviço federal na referência 25, na

classificação estabelecida pelo Decreto-lei n9 1.820, de 11 de dezembro de1980, para regime de quatro horas diárias de trabalho; .

3. Inclusão, na remuneração do médico, de todas as vantagens e benefí­cios existentes na legislação; ,

4. Uniformização da remuneração mínima para todas as atividadesmédicas em entidades públicas e privadas;

5. Extensão dessas medidas a todos os inativos;6. Melhoria das condições de trabalho dos médicos;7. Adoção de tabela única de honorários profissionais para convênios,

sugerindo-se como referência a da Associação Médica de Brasília, não poden­do o seu coeficiente ser menor do que a Unidade utilizada pela PrevidênciaSocial;

8. Retorno da Unidade de Serviço ao seu valor inicial, definido como1% da média dos salários mínimos regionais;

9. Reajuste da unidade de serviço, considerando-se as variações do cus­to de vida e a correção monetária;

10. Não aceitação de manobras para redução nas tabelas dos valorescorrespondentes aos atos mêdicos;

lI. Acesso à assistência médica de todá população.Analisando essas reivindicações, o Governo rejeitaa extinção da jornada

de seis horas de trabalho, por não existir similar no serviço público, para onível universitário. Entende o Governo que esse regime especial, que permitea acumulação de cargos e proventos, só beneficia os que, em 16 de fevereirode 1976, ocupavam cargos e empregos de médicos e preferiram manter a si­tuação funcional.

Quanto ü gratificação de atividade, salienta o Governo que ela é hojepercebida também pelos médicos, integralmente, desde que cumpram jornadade oito horas, eq uivalendo a cinqüenta por cento, no caso de jornada inferior.

710 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

Informa, ainda, a explicação oficiosa do Ministério da Previdência So­cial que a gratificação por trabalho com raios X e substâncias radioativasjá éregulada pelo Decreto nv 84.106, que enumera as categorias funcionais comdireito a ela, incluídos os mé.dicos.

De referência à extensão dos benefícios dos ativos aos inativos, esclareceo informe ministerial que os pensionistas, através de instrução normativa e osinativos, por lei em vigor,já as recebem, desde julho de 1979. Quanto aos rea­justes semestrais e 139salário, salienta o Governo que o atendimento às rei­vindicações dos médicos vai depender das disponibilidades de Caixa do Te­souro, o que equivale a dizer que fica para as calendas gregas.

No que tange ao piso de dez salários mínimos, saem as autoridades pelatangente, dizendo que a imposição de valores constituiria ingerência no meca­nismo democrático de livre negociação entre as partes.

A desculpa não colhe, em se tratando da Previdência Social, que não é"uma parte qualquer", mas instrumento do Governo, com previsões orça­mentárias na Lei de Meios da União, vivendo de arrecadações parafiscais, decunho obrigatório.

Outra escusa inaceitável é a de "que a reivindicação dos médicos requerum estudo global, não podendo ser considerada isoladamente por uma cate­goria funcional".

O argumento envolveu um grosseiro sofisma, à guiza de obediência aoprincípio da isonomia legal. Se o servidor é médico, esta especialização nãotem qualquer similitude com a do advogado - procurador, assessor, assis­tente jurídico - no serviço público. Tanto isso é verdade que a legislação emvigor lhes reconhece "gratificação de atividade", além de compensação sala­rial pelo risco no trabalho com raios X e substâncias radioativas.

Um médico, do Ministério da Saúde, que vá fazer trabalhos ou pesquisasem regiões malarígenas ou sujeitas a outras endemias rurais de fácil contágio,corre riscos não assumidos por um funcionário universitário que trabalha emgabinete com ar condicionado.

Finalmente, alega o Governo que a lei federal não pode fixar saláriosabrangentes de servidores de Estados e Municípios, sem ofensa à autonomiadessas entidades.

O primeiro equívoco está no esquecimento da letra "c" do item XVII, doart. 89 da Constituição, incluída na Carta, pela Emenda Constitucional nv 7,de 1977, a faculdade de baixar a União normas gerais "de defesa e proteçãoda saúde".

Portanto uma lei federal pode disciplinar o pagamento a funcionários fe­derais, estaduais e municipais, mêdicos, por exemplo, de adicionais destina­dos a possibilitar-lhes melhor defesa e proteção da saúde.

Além do que, mesmo havendo impedimento constitucional, preservadorda autonomia municipal e estadual, a União poderia, perfeitamente, daroexemplo, atendendo às reivindicações da classe médica, quanto aos seusmembros servidores públicos federais. .

Em todo o caso, a mobilização dos médicos já conseguiu alguma coisa: agratificação de nível superior no valor de vinte por cento; e a gratificação devinte e cinco por cento, a título de insalubridade. .

Se, de um lado, temos que lamentar a intransigência do Governo, no re­ferente ao atendimento às demais reivindicações da classe médica no serviçopúblico, não nos resta senão louvar as anunciadas providências tendentes àinteriorização do profissional da medicina, pagando-se mais aos que fiquemafastados dos grandes centros. .

Gostaríamos, no entanto, de saber o que se considera um grande centro.Se o Rio de Janeiro é uma grande Capital, tem uma população favelada demais de um milhão de habitantes, carente de assistência médico-sanitárias.Caxias fica muito próxima desse grande centro, no entanto suas condições desalubridade são muito piores do que em Boa Vista, capital de Roraima, pe­qucnissimo centro urbano.

Então, teria direito aos sessenta por cento de gratificação o médico deum distrito de Boa Vista, na Amazônia, e não a teria o de Caxias, ou Nilópo­lis, ou São João do Meriti, cidades a menos de cem quilômetros do segundocentro urbano do País?

Também não se esclarece. se os sessenta por cento decorrem de gratifi­cação a jornada de quatro, seis ou oito horas de trabalho; se sofre a exigênciada dedicação exclusiva ou do tempo integral.

A classe médica aguarda não somente melhores esclarecimentos sobreesse plano de interiorização da Medicina, com a melhoria salarial dos médi­cos interioranos, mas, também, uma justificação mais clara das negativas àsreivindicações apresentadas. .

Por que somente vinte e cinco por cento, em atendimento a insalubrida-de?

Por que apenas vinte por cento, por nivel superior?Haverá condicionamentos de desempenho horário, num e noutro caso?

Não estão muito bem esclarecidas as intenções governamentais, muitomenos quais os instrumentos legais que as tornarão exigíveis.

De qualquer modo, queremos oferecer nossa inteira solidariedade à As­sociação Médica de Minas Gerais e a toda a classe médica, vinculada ao ser­viço público, pela CLT ou pelo Estatuto do Funcionalismo, oferecendo-nospara porta-voz das suas reivindicações nesta tribuna do Parlamento.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. OCTACluo QUEIROZ (PMDB - PB. Pronuncia o segulnte dls­cnrso.) - Sr. Presidente, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais dos municí­pios paraibanos de Mai, Arara, Belém, Duas Estradas, Caiçara, ·Cuitegi, Caa­porã Pitirnbú Alhandra, Serra Redonda, Mojeiro e trabalhadores rurais deConde, Pirpirltuba, Salgado de São Félix, Itabaiana e Itatuba e dos pescado­res , todos da Paraíba, dirigiram, em data recente, significativo memorial aoSrs, Presidente da República, Ministro da Previdência Social e outras autori­dades, executivas ou parlamentares, no qual apresentam várias reivindi­cações, constantes do 39Congresso Nacional de Trabalhadores Rurais, reali....zado em Brasília em maio de 1979 e por todo eles pleiteadas.

A seguir, passo a ler o texto do mesmo documento, para que conste tam­bém dos nossos trabalhos legislativos como valiosa contribuição da classetrabalhadora rural da Paraíba à elaboração da nova Lei Complementar daProvidência Social, cujo ante-Projeto está tramitando no Congresso Nacio­nal.

Ê o seguinte:"Nós, Abaixo Assinados Reivindicamos Modificação Ao Novo Projeto

Da Previdência Social Rural. .Nós, agricultores do Estado da Paraíba, tomamos conhecimento do

novo Projeto da Lei Complementar da Previdência Social Rural; que está emtramitação para ser aprovado pelo Congresso Nacional, em março de 1981., Para nós, agricultores, o citado Projeto não está, de forma alguma, deacordo com as nossas reivindicações feitas no 39 Congresso de TrabalhadoresRurais, realizado em Brasília em maio de 1979.

Entre as reivindicações feitas no citado Congresso Nacional, podemoscitar:

Aposentadoria para o homem do campo aos 55 (cinqüenta e cinco) anosde idade e para a mulher aos 50 (cinqüenta) anos de idade; pagamento ime­diato do acidente de trabalho; auxílio funeral etc.

Estranhamos, ao tomarmos conhecimento do conteúdo do novo Projetoque está para ser aprovado pelo Congresso Nacional, com diferença do pedi­do do 39 Congresso Nacional acima citado.

Consideramos um abusurdo e uma falta de conhecimento da realidaderural dos nossos legisladores- ao elaborar um Projeto Previdênciario para ocampo sem levar em consideração as diferenças reais e legais do homem docampo em relação dos operários da cidade. Eque o Governo atendeu o nossopedido de aposentadoria aos 55 anos, respectivamente para homem e mulher,porém igualando as obrigações do rurícola ao do operário, junto ao Õrgão dePrevidência Social, isto' é, obrigando o trabalhador rural com seus filhosmaiores e esposa a pagar 8% (oito por cento) do Salário Mínimo Regional.

O legislador autor do Projeto citado esqueceu que o trabalhador rural jápaga Previdência Social, forma indireta quando contribui com 2,5 (doisvírgula cinco) por cento sobre o valor da produção. Além disto, entendemosque todo imposto pago ao Estado vem da produção do campo, por exemplo:produção de algodão, abacaxi, cana-de-açúcar, feijão, milho, arroz etc., o quedetermina a arrecadação do LeM. (Imposto de Circulação de Mercadorias).Sem os produtos do campo jamais existiram os produtos industrializados e,conseqüentemente, não existiria o I.P.L (Imposto de Produtos Industrializa­dos), Jlue tem como contribuinte de fato o consumidor, que na maioria do Es­tado da Paraíba é o agricultor.

Ainda temos pesadas obrigações tributárias, como sejam:Imposto Territorial Rural, que é pago pelos pequenos proprietários (tra­

balhador rural autônomo),Taxa de Cadastro, que é paga pelo agricultor que tem menos de um mó­

dulo de terra e a Contribuição Sindical.Nós, trabalhadores rurais, em reunião, propomos as seguintes reivindi­

cações para modificar o novo Projeto da Previdência Social.I - Que sejam retirados os 8% (oito por cento) da contribuição sobre o

Salário Mínimo.2 - Que seja concedida a aposentadoria ao trabalhador rural, ao com­

pletar 55 anos de idade para o homem c 50 anos de idade para a mulher, nascondições atuais.

3 - Que o valor da aposentadoria não seja inferior ao Salário MínimoRegional.

4 - Que sejam incluídos esposa e filhos menores nos seguros de acidentede trabalho.

Marçode1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL(Seção I) Quarta-feira 18 711

5 - Que sejam concedidos todos os outros beneíícios no INPS ao traba­lhador rural."

Sr. Presidente, além das reivindicações dos presidentes e demais compo­nentes das diretorias daqueles sindicatos rurais, propondo alterações ao refe­rido ante-Projeto de Lei, será enviado às autoridades competentes da Re­pública um abaixo-assinado, com milhares de assinaturas, sobre as mesmasreivindicações trabalhistas.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PDS - PI. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, Srs. Deputados, profundamente constrangido e realmente sensibi­lizado, recebia a notícia do falecimento do Deputado Joaquim Coutinho. In­felizmente, ontem, não me foi possível acorrer à sessão para prestar-lhe mi­nha derradeira homenagem. Gostaria de traduzir que Joaquim Coutinho, ho­mem ativo e combativo, foi um expoente nesta Casa, a partir do momento emque, humanista, fez-se homem de sólida cultura. Falava línguas com per­feição: italiano, como um italiano; francês, como um francês. A todos agra­dava e encantava. Na Comissão de Relações Exteriores, quando tive a honrade ser seu Vice-Presidente, em 1976, acompanhei a fundo seu trabalho deaproximação com a Casa de Rio Branco. .

Desta maneira, gostaria de frisar duas frases de Joaquim Coutinho, quebem significam sua atuação dentro desta Casa. A primeira, quando me pediraum aparte, no momento em que, na última legislatura, falava eu sobre incen­tivos fiscais. Disse ele: "Permita-me um aparte, que será uma breve incursãouma luz de lamparina diante do sol que surge na aurora boreal". A segunda,quando discursava o Deputado Carlos Santos sobre o problema do meneir.Declarou ele: "Não mais direi não, na hora de dizer sim; não mais direi sim,na hora de dizer não. Doravante, farei o que ditar a minha própria consciên­cia."

Que Deus se encarregue de levar à morada eterna a alma do nosso bomamigo.

A SRA. CRISTINA TAVARES (PMDB - PE. Pronuncia o seguinte dis­curso.) - Sr. Presidente, Sras, e Srs. Deputados, quando a situação social al­cança um grau de tensão insuportável, como ocorre agora no Nordeste, asautoridades governamentais se apressam a armare um carnaval publicitáriopara dar a ilusão de uma solidariedade que de fato inexiste.

O que ocorre - pelo contrário - é o interesse político em manter a re­gião em permanente estado de pobreza e dependência, como fórmula de man­ter os currais eleitorais que têm assegurado a maioria parlamentar ao Partidodo Governo.

O que ocorre no Nordeste é de tamanha desfaçatez, que não cabe dúvidaquanto ao caráter prerverso e cruel do Regime vigente.

Os organismos governamentais se atropelam em iniciativas paralelas e,não poucas vezes, a ação de um programa anula a do outro.

Enquanto o Sr. Ministro do Interior anuncia planos mirabolantes .­como a ligação dos rios Tocantins e São Francisco - medidas mais simplessão desprezadas.

Desejo registrar Sr. Presidente, um trabalho de base, feito pelas Comuni­dades de Baixinha e Riacho do Umbuzeiro, no Município de Paranatama,Estado de Pernambuco.

Por sua singeleza, este episódio, que deixo registrado nos anais da Câma­ra dos Deputados, é a resposta mais eloquente à desfaçatez governamental.

Para registrar o evento, foi co-celebrada missa pelo bispo de Garanhuns,Dom Tiago Postman e o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara,em 18 de Janeiro. O sermão de Dom Hélder Câmara, narra o episódio de quetrata este pronunciamento, e ao qual dedicamos todo o respeito e admiração:

SERMÃO DE DOM HÉLDER CÃMARA, ARCEBISPO DEOLINDA E REéIFE

O Projeto D'Água Baixinha - Riacho do Umbuzeiro, no municípiode Paranatama, PernambucoA Seca vinha apertando no ano de 1979.Dois evangelizadores (Ma­noel Leitão e Luis Agostinho), meditavam sobre as conseqüências.pastos arrasados, os bois magros vindo buscar em carros de boi apreciosa água de Lagoa Velha a muitos quilômetros de distância.Vezes de precisar trocar de bois no caminho de volta. A travessia pe­rigosa de pista asfaltada que punha sobressalto no coração das mãesquando os filhos puxavam o carro atrás de água. Manoel Leitão ti­nha dias de contar mais de setecentos carros, poeira e chiado soltosno mundo. Manoel e Luis concluiram que Deus queria alguma coisadeles referente a tudo isso. Pensaram em puxar a água para o outrolado do asfalto. Foram conseguindo adesões nas reuniões do Evan­gelho. E muitas mangações também. Uma adesão importante foi ade João Leonel que é pedreiro. João se tornou o técnico do projeto.(Ele mora em uma comunidade que não será beneficiada pela água).

o primeiro dinheiro foi da FASE. Compraram material e iniciarama obra no mês de maio. Através do Sindicato, encaminharam ofícioao Prefeito pedindo autorização para começar. Ficou sem resposta.Novo ofício, dois meses depois, foi enviado. Teve a mesma sorte.Então, com a licença por escrito dos proprietários dos sítios poronde passariam a encanação, iniciaram o trabalho.Cada segunda-feira era dia de mutirão. O número de trabalhadoresvariava de cincoenta a 200. Ao meio-dia comiam alguma coisa de­baixo e uma árvore, muitas vezes rapadura com farinha e prosse­guiam o trabalho. O desnível em todo o trajeto foi medido com umamangueira. O topógrafo' prometido por um político até hoje nãochegou. O trabalho avançou sem intervenção de engenheiro, nem deautoridades constituídas.Tratava-se de conduzir a água da vertente de Lagoa Velha, nas ime­diações de Paranatama, para o Riacho de Umbuzeiro a uma distân­cia que beira os cinco quilômetros em reta. Distribuir alguns tan­ques no caminbo. Colocar um motor para vencer a distância a 500metros acima do nível da cacimba. A maior altitude é de onze me­tros.Orçamento de oitocentos mil cruzeiros. O povo, desfalcado pela se­ca, tinha a mão-de-obra e alguns trocados. Mas o CRS, OXFAM eoutros amigos vieram em auxílio e o trabalho não parou.

Primeira etapa, por gravidade foi concluída e inaugurada em se­tembro do ano passado (cerca de 1.600 metros). A segunda com omotor e um tanque receptor (500 metros), foi concluída a quinze denovembro. A terceira, toda em gravidade (2.700 metros), foi con­cluída a 30 de dezembro. Para acelerar' a inauguração deram parafazer dois mutirões por semana.Um dos impasses mais fortes foi a travessia da BR. O engenheiro doDNER que foi olhar o local, tudo prometeu. Garantiu, que tão logoos canos alcançassem a estrada, o DNER vinha cortar. Mas quandoo grupo chegou a esse ponto, as coisas haviam mudado. Era precisoum trado para furar a BR por baixo da pista, sem mexer no asfalto.E esse trado o DNERnão dispunha, a turma se virasse. Foram in­formados de um trado em Campina Grande, nas mãos do irmão Ur­bano. Foram atrás e trouxeram.Novamente o DNER pôs dificuldades. A paciência de Manoel era

- grande. Falou para o doutor engenheiro que no próximo sábadochegariam mais de cem homens com determinação de furar a pista eque ele, Manoel, nada podia contra cem homens; responsabilizava oengenheiro pelo que acontecesse.No dia seguinte chegava a autorização pelas mãos de Cristina Tava­res.Havia mais de duzentas pessoas na perfuração da pista. Faixas.Policia Rodoviária. Uma festa que era uma revelação de poder.Entre os usuários houve quem não engrenasse na caminhada doprojeto, chegando a atr.asar os serviços, depredando o tanque cons­truído na cacimba. Mais tarde se chegaram, contritos, com seu en­xadeco em mãos para também trabalhar.N o dia seis de janeiro houve o teste para ver se a água na verdadechegava até o tanque do Riacho do Umbuzeiro. Avisados pelo rá­dio, muitos chegaram curiosos. Havia uma dúzia de foguetões paraavisar aos que não estavam se o resultado fosse positivo e tambémuma grade de vinho doce para comemorar.A água chegou forte, em jatos, despedindo o ar dos canos, A felici­dade que se espalhou nos rostos e pelo corpo todo se manifestou emgritos, palmas, cantos, agitação de bandeirinhas.Um velhinho que até aquela hora ficara fiel à sua descrença, nãodesfitava da água e depois foi se reconciliar com os enfrentantes doprojeto. Pediu perdão- e acrescentou: a água chegou porque foi con­cedido por Deus."

O SR. JOÃO ALBERTO (PDS - MA. Pronuncia o seguinte díscurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, a 15 de março, o Governo João Castelo, noMaranhão, completou o primeiro biênio. Inúmeras realizações assinalam operíodo. Passa o estado por transformações radicais, e o surto de progressoenche de vivas esperanças o povo maranhense. As realizações totalizam 1.065obras: SOl concluídas, 261 em andamento, 216 reformas, recuperações e am­pliações terminadas, e 87 em fase de conclusão.

Em mensagem à assemblêia legislativa, por ocasião da reabertura dóstrabalhos. longo o relato do governador sobre as suas atividades. Destaca osetor de pessoal onde considera marcante a ação do executivo. Refere-se aossubstanciais aumentos para a classe dos funcionários públicos. Ele afirma que

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a política de pessoal proporciona elevações reais de vencimentos. Pois as ma­jorações não se limitam apenas a reparar os efeitos da inflação.

< Em 22 meses, os sucessivos aumentos não encontram paralelos nas ante­riores administrações. A magistratura com aumento de 366,3 por cento, omagistério, o pessoal administrativo e as pensões beneficiadas, respectiva­mente, com 603 por cento, 451,2 por cento e até 818,8 por cento.

PROBLEMA FUNDIÃRIO

No setor agrário, importantes realizações marcam a administração deJoão Castelo em 1980. Criam-se as cartas de anuência, para pequenos e mê­dias lavradores, que lhes possibilitam financiamentos e garantia da proprie­dade, e a comissão estadual da terra CETER, encarregada da solução de con­flitos entre posseiros e grileiros.

O Governador anula registros de títulos ilegais e fraudulentos de pro­priedades, no total de 1 milhão e 500 mil hectares expropriados ao Estado, emface de proposta da Procuradoria da Justiça.

A PRODUÇÃO

Quadro dos mais animadores o da produção, em flagrante contraste COIn

o da situação anterior à investidura de João Castelo no Executivo. Alinha-seuma série de fatos segundo os quais o Maranhão caminha a passos firmespara a completa redenção econômica e financeira. Liderança do setor pri­mário sobre o sistema de produção, A participação atinge o maior percentualquanto à renda interna. A área em cultivo, o triplo da do Nordeste e a sétimano País. Crescimento físico de 10por cento superior ao do exercício passado.

Invejável posição a do arroz: plantação em altas proporções de capitali­zação e produtividade. Em 1980,40 por cento a mais relativamente a 1979, ousejam, 86,4 por cento da produção de todo o Nordeste.

Igualmente, eleva-se o crescimento dos setores secundário e terciário.Sobre o primário, cerca de 15 por cento na majoração do consumo industrialde energia elétrica. Em 30 por cento, o crescimento do consumo de cimento eduplicada a arrecadação do IPI. Sobem a 37 por cento as exportações para omercado de cabotagem. O ICM apresenta também duplicação de índice per­centual.

SITUAÇÃO FINANCEIRA

Mostra-se bastante otimista o Governador quanto à conjuntura finan­ceira do Estado, que não permite o mínimo confronto com as condições doMaranhão antes da atual gestão.

Nos três últimos anos, o orçamento varia de Cr$ 6,5 bilhões, em 1979, eCr$ 12,9 bilhões, no ano de 1980, para Cr$ 29,2 bilhões, em 1981. De 35 porcento a diferença de 1979 para 1981, o que supera, naquele período, a taxa in­flacionária.

Em 1980, apreciável a situação da receita própria do Estado (lCM e ou­tras rendas), sobrepuja em 53 por cento a previsão. Arrecada-se o dobro de1979 e quatro vezes mais da contribuição de 1978. Em 1979, quadruplicaçãodo que se recolhe em 1979.

RACIONALIZAÇÃO DA DESPESA

Nesses 24 meses de atividades, João Castelo racionaliza a despesa públi­ca para contenção das despesas correntes, em benefício das de capital. Issocontribui para a efetivação de recursos que se destinam à ampliação da infra­estrutura econômica e social, com a nova política financeira, o investimentoem programas e projetos de relevância. Graças a essa política, o Governomantém rigorosamente em dia os compromissos financeiros e o pagamentodos fornecedores e do funcionalismo.

Do saneamento das finanças, as condições para obtenção de emprésti­mos, não somente internos, mas, também, externos, a fim de acionamentodos grandes programas e projetos do avançado plano de governo do meu Es­tado.

No orçamento de capital, funcionam dois importantes projetos: o FundoEstadual de Desenvolvimento (FEST) e o Programa de Desenvolvimento Re­gional do Maranhão (PRODEM). Ambos canalizam recursos para o finan­ciamento da irifra-estrutura econômico-social. Para o FEST, consigna-se CrS1,6 bilhão, para o PRODEM, Cr$ 4,2 bilhões.

REALIZAÇOES

Do conjunto de realizações, destacam-se o Programa "BOM PREÇO",que beneficia 86 municípios e 200 mil famílias, em dia, com a venda, a preçosreduzidos, de produtos básicos de alimentação. A estrada Santa Luzia!Açai­lândia, a rodovia Transmaranhão, para ligação do Maranhão de Norte a Sul:a Cidade Operária, constante de 7.500 casas, em primeira etapa; o PROMO..RAR, que substitui as palafitas, em áreas periféricas da cidade, por habi­tações higiênicas; a 3' ponte sobre o rio Anil para o desafogo do tráfego dEiCapital.

ITALUIS

Considera-se o projeto ITALUIS o mais significativo da obra governa­mental. Com a sua concretização, resolve-se o angustiante problema da faltad'água da Capital maranhense. Acha-se ele em definitiva fase de implantaçãocom o assentamento de tubos de ferro dúctil, numa extensão de 20 quilôme­tros.

O Governador João Castelo esteve presente à solenidade de assentamen­to dos tubos, ocasião em que garante o completo funcionamento do grandio­so projeto, antes do término do seu Governo.

O bombeamento vem do rio ltapecuru, a 75 quilômetros de São Luís. Deinício, em 1982, o ITALUIS abastece a Capital com 160 mil metros cúbicosde água tratada. Depois, atende ao.Complexo Industrial de Carajás.

Quanto à aplicação de recursos, o Projeto ITALUIS absorve, em 1980,mais de Cr$ 2,2 bilhões. Para este ano, a previsão é de Cr$ 2.3 bilhões, alémde repasse do Banco Nacional da Habitação, no total de CrS 1,9 bilhão. Coma implantação do projeto, grandes empresas já se movimentam para compo­sição do Distrito Industrial de São Luís. Tal ocorre com a ALCOAAluminium-Alumina do Brasil S.A. que investe, maciçamente, na melhoriado gigantesco sistema de abastecimento d'água da Capital do Estado.

Otimismo, coragem, firmeza, nenhuma dessas qualidades faltam a Cas­telo. Ornam-lhe ainda a personalidade uma ilimitada vontade de realização eo desejo de fazer o melhor. Criticas, agressões, insultos, nada disso o esmore­ce ou lhe reduz o ânimo. Ao contrário, redobra-lhe o ímpeto realizador eaviva-lhe o entusiasmo, e infunde a convicção de que nada o afastará dasgrandes metas governamentais.

Em sua preocupante tarefa, o Chefe do Executivo Maranhense observa oextraordinário resultado das modernas técnicas de sua política administrati­va, neste segundo ano de Governo, pois, em todos os setores, sucedem-segrandes iniciativas, grandes obras, grandes realizações.

O SR. PIMENTA DA VEIGA (PMDB-MG. Pronuncia o seguinte dís­curso.) - Sr. Presidente, Srs, Deputados, tomamos conhecimento, pela im­prensa, do próximo lançamento das notas de cinco mil cruzeiros. Soubemos,também, que estas cédulas terão estampadas no anverso a efígie do GeneralCastelo Branco e no verso um quadro comemorativo do golpe militar de 64.

As homenagens, por si só ridículas pelo que representam de autopro­moção e de culto à personalidade, bem revelam a falta de sensibilidade destegrupo que ainda se equilibra no poder, fazendo com que as conseqüênciasmaléficas do modelo econômico-social implantado pós 64 se prolonguem atéos dias presentes.

Já não basta a farsa publicidade paga pelos cofres públicos e veiculadapelas emissoras de rádio e televisão, pelos jornais e revistas. Agora usam até amoeda nacional como de propaganda Político Partidário.

As estampas, usualmente, adotadas nas moedas dos países democráticose avançados distinguem vultos e fatos históricos, que já estejam fora da cenapolítica c do debate diário:

Mas, no Brasil, os continuadores do golpe burocrata-militar de 64, quetanta tristeza trouxe ao País, resolvem impor a todos os brasileiros o manu­seio da moeda nacional enfeitada com figuras e fatos que a grande maioria re­pudia. Mas até isto poderia não tocar a gélida indiferença daqueles que seapossaram despoticamente do governo. Talvez até estivesse nos cálculos e nosplanos do Executivo impor mais este constrangimento aos contribuintes.

O que, certamente, estes despreparados governantes não mediram bemfoi a fria ironia que representa a homenagem ao golpe de 64 estampada emuma cédula de cinco mil cruzeiros. Todos se lembram que este movimentomilitar, em 'seus primórdios, anunciou como primado de suas metas o efetivocontrole da inflação. E agora, dentro da incoerência e da insensatez que mar-

< cam todos os atos administrativos destas quase duas décadas de arbítrio e in­competência, 'vem este regime espúrio e se auto-homenageia com as coloridasestampas da nota de cinco mil.

Esqueceram-se de que o móvel da descabida homenagem é a próprio ne­gação do que, com tanto alarde, prometeram; é a próprioa confissão do fra­casso.

A inflação, batendo todos os recordes, supera a cento e vinte por centonos últimos doze messes, e exige a emissão de notas de valor cada vez maior.Não fosse este descontrolado processo inflacionário desnecessário seria o sur­gimento da cédula de cinco mil.

Mal comparando, poderíamos dizer que este ato se assemelha ao daqueledelinqüente que falsificasse uma certidão de bons antecedentes no verso dafolha onde fora lavrada sua sentença condenatória.

Resta, porém, um consolo ao governo: o salário mínimo já pode ser pagocom apenas uma nota, o que facilita bastante a contabilidade das multinacio­nais, suas grandes aliadas.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 713

o SR. VASCO NETO (PDS-BA. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr.Presidente, Srs. Deputados, transcorreu na quinta-feira passada o cinqüente­nário do "Jornal dos Sports". Registro hoje o evento, por me parecer dignode ser lembrado nesta Casa. Meio século de prestação de serviços à nossa mo­cidade, na divulgação dos seus feitos esportivos.

É notória a atenção que todos os povos; através dos tempos, deram àsatividades esportivas como meio eficiente de aprimoramento da eugenia dasraças. As Olimpíadas Gregas marcaram época na História dos povos. AsOlimpíadas dos tempos atuais, repetem as glórias da Antiqüidade Clássica. Oesporte é um grande elo na formação da corrente da fraternidade universal.

Registrem-se os magnílicoscadernos publicados aos domingos: "OMundo Azul" e "Educação J. S." Em '''0 Mundo Azul" a figura do CristoEterno é lembrada com carinho e respeito. "Educação JS" é de excelentenível pelo gabarito dos assuntos desenvolvidos e da aguda análise de proble­mas educacionais,

O "Jornal dos Sports", hoje é parte intregrante da vida do País, mercê desua estrutura editorial e do excelente corpo de colaboradores, entre os quaisestá o veterano Ãlvaro Nascimento (Zé de São Januário).

Cito o seu nome corno figura representativa de todo o corpo de redaçãodo J. S. como seu decano. Felicito a Sr' Cacilda Fernandes de Souza, bemcomo o conjunto que tão bem conduz os destinos de J. S. e marco, com esteregistro, a gratidão do povo ao seu Jornal dos Sports..- Era o que tinha a dizer.

O SR. DARCY POZZA ( PDS - RS. Pronuncia o seguinte discurso.)­Sr. Presidente, Srs. Deputados, anualmente o Brasil consome centenas de to­neladas de maçãs, o que torna um dos maiores importadores do mundo. Háalguns anos atrás estes dados não seriam sequer contestados, diante de inexis­tência na época de uma pornicultura brasileira, mais avançada, na prática.Atualmente, porém, diante do entusiasmo e da capacidade do pornicultor,aliado a novas técnicas e a uma seleção de variedades, a pomícultura ganhouênfase, principalmente em determinadas regiões do sul, cujo clima é propícioao cultivo da macieira e à produção de maçãs.

No Rio Grande do Sul, as regiões dos Municípios de Veranópolis, LagoaVermelha, Nova Prata, Vacaria, Bom Jesus e municípios vizinhos, são hojegrandes produtores de maçã nacional, cujas safras praticamente podem su­prir o abastecimento interno na época da colheita, podendo inclusive a im­portação ser dispensada em proteção ao produtor nacional. Entretanto Sr ..Presidente, o que se verifica são medidas tomadas exatamente em contrárioaos interesses dos produtores locais, pois atualmente, além de liberadas, no­vas importações foram autorizadas pelas autoridades competentes, desagra­dando aos produtores, e principalmente prejudicando a economia nacional,pela perda de preciosas divisas.

Tais procedimentos, além de não animar os investidores do setor,caracteriza-se por um terrível contra-senso, visto que o Ministério da Agricul­tura, através do IBDF, tem estimulado o plantio de macieiras a tal ponto queo tem revelado como uma das prioridades na sua política de incentivos à fru­ticultura e ao reflorestamento, tanto que, estimulados pelo governo, os pro­dutorcs têm aumentado anualmente as áreas de cultivo, prevendo-se num fu­turo próximo um aumento notável na produção-de maçãs.

Há de se destacar, ainda, 'que os investidores no setor estão sendo am­pliados, podendo-se crer que brevemente vastos "pomares", racionalmentecultivados e com nma política definida dos produtores, organizados em asso­ciações de classe, poderão com uma maior produtividade e através das varie­dades de maçãs já existentes, conhecidas e reconhecidas pelo seu sabor e pela

'sua qualidade nutritiva, não apenas concorrer com o produto importado,mas principalmente abastecer omercado brasileiro e eliminar gastos desne­cessários.

Não podendo silenciar diante desta incoerência que de um lado incentivae do outro desestimula, solicito e apelo ao Ministério da Indústria e do Co­mércio e às autoridades responsáveis, para que seja revisada a política de im­portação de maçãs, não permitindo novas entradas do produto, especialmen­te no decorrer da nossa colheita, a fim de não prejudicar os produtores nacio­nais, conforme vem ocorrendo atualmente.

Era o que tinha a dizer.

O SR. MARCELLO CERQUEIRA (PMDn - RJ. Pronuncia o seguintedlscurso.) - Sr. Presidente, Srrs e Srs. Deputados, venho à tribuna paruapoiar integralmente os professores da Pontifícia Universidade Católica doRio de Janeiro, e para manifestar a solidariedade do PMDB do meu Estadopara com suas justas reivindicações.

Os professores da PUC denunciam a crise na universidade brasileira, afalta de verbas para a educação e a manutenção do autoritarismo na estrutura

universitária em nota publicada no Boletim da ADPUC, de 11 de março, nosseguintes termos:

"A Universidade brasileira está em crise. Não apenas escas­seiam cada vez mais as verbas para a educação, como também o au­toritarismo permanece na estrutura universitária.

As demissões de professores têm sido constantes em nossas es­colas públicas e privadas. A concentração de poderes nos organis­mos da cúpulada Universidade é uma das manifestações mais evi­dentes do arbítrio, com sérias implicações na definição de uma polí­tica acadêmica e científica. Os departamentos, que representam aprópria razão de ser da Universidade, não têm autonomia. A gestãofinanceira é exclusiva da Reitoria e de sua administração, sem queos membros da comunidade universitária tenham o mínimo de aces­so à participação nas deliberações e só são apresentadas explicaçõesquando professores, estudantes e funcionários respondem crítica eorganizadamente ao desbaratamento das verbas disponíveis, aoarbítrio e ao esvaziamento acadêmico da Universidade, como nocaso das recentes demissões de professores na PUC/RJ.

Já demonstramos nossa disposição para a luta, comparecendoem massa às manifestações e assembléias convocadas no período deférias. Esta luta torna irreversível a decisão de greve, embora assimnão o desejássemos. Pelo contrário, empreendemos esforços no sen­tido de resolver temporariamente a crise financeira sem que nenhu­ma demissão fosse necessária, esforços esses que foram rechaçadospela Reitoria. Mais ainda: constatamos que a verdadeira motivaçãodas demissões dos professores foi de ordem político-ideológica.

Nossa resposta é a greve pela readmissão dos professores demi­tidos à revelia dos departamentos. Para isso, torna-se fundamentalnossa organização, combatividade e participação nos eventos pro­gramados para todo o período de greve.

Pela readmissão dos professores.Por uma Universidade democrática, com autonomia departa­

mental.Pela participação de todos os segmentos da Universidade nos

seus destinos."

Os professores apontam a concentração de poderes nos organismos dacúpula da universidade como uma das "manifestações mais evidentes do arbí­trio, com sérias implicações na definição de uma politica acadêmica e científi­ca". Reclamam os professores contra a falta de autonomia dos Departamen­tos, que "representam a própria razão de ser da Universidade". E se opõem àexclusiva gestão financeira da universidade pela Reitoria, que não reconhecea cidadania universitária para os demais membros da comunidade: professo­res, estudantes e funcionários.

Afirmam os professores que estão dispostos a participar de uma soluçãoimediata para a crise, para resolvê-Ia temporariamente, sem necessidade denenhuma demissão.

Os professores da PUC, Srs. Deputados, estão em greve pela readmissãode professores demitidos à revelia dos Departamentos.

O Conselho Universitário da PUC, que tomou conhecimento das reivin­dicações dos professores, nada concedeu e, lamentavelmente, ontem, o Reitorda PUC não compareceu ao encontro com a Comissão de Professores desig­nada em Assembléia, que diferentemente do que foi veiculado pela imprensa,foi extremamente representativa e democrática.

Enquanto comunico à Casa a grave.crise da PUC, estão os professoresdaquela Universidade em Assembléia para deliberar sobre os rumos do movi­mento. Estaremos atentos ao desdobramento daquela questão naquela uni­versidade e sempre reiterando a solidariedade do PMDB aos seus professores.

O SR. FLORIM COUTINHO (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte dis­curso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados; por que o brasiliense não vota?Qual a causa de tão flagrante discriminação? Por que motivos os que vivemno Distrito Federal não podem, à semelhança do que ocorre no resto do País,escolher seus representantes à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal?O que justifica não ter a Capital Federal um administrador e um corpo legis­lativo eleitos diretamente pelo povo? A resposta a estas perguntas interessadiretamente a uma comunidade que, de acordo com o recente. recenseamento,já soma cerca de um milhão e duzentos mil habitantes. Uma comunidade decidadãos brasileiros que, como qualquer outra, se defronta no dia-a-dia comsérios problemas de sobrevivência. Uma comunidade que trabalha e tambêmpaga impostos. E que, naturalmente, não se conforma com a discriminaçãode que é vítima.

O argumento dos que são contrários ao direito de voto para a populaçãobrasiliense, além de na essência antidemocrático, é hipócrita e falso. Alega-se

714 Quarta-feira 18 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 198i

que como sede da administração federal, Brasília não deve ser palco deeleições. Aqui não se deve travar disputas, não é indicado que se faça o debateem torno de idéias e de programas políticos. Ou seja, para o bem, a tranqüili­dade e segurança nacionais, os que moram na Capital são proibidos de exer­cer o sagrado direito de optar, de escolher, de se fazer representar - exercíciobase de qualquer regime democrático.

Eleição nenhuma abala a tranqüilidade e a s~gurança nacionais, mesmoporque uma c outra dependem diretamente da tranqüilidade e da segurançado próprio povo. E o povo de Brasília está intranqüilo justamente porque nãotem quem o represente. Os brasilienses não têm nem mantêm qualquer víncu­lo com seus dirigentes.

O Congresso Nacional tem uma dívida para com os moradores do Dis­trito Federal, Em tempo algum da história republicana brasileira, a não sernos momentos em que o obscurantismo tomou conta de toda a Nação, estive­ram os cidadãos da Capital privados de representação política. É precisolembrar, inclusive, que após a transferência da sede do Governo Federal, foiatribuído ao Congresso Nacional a fixação da data do primeiro pleito naNova Capital. Pleito esse que por circunstâncias várias nunca se realizou. Foidurante a votação da Constituição de 1967 que se consumou a aberração.Cumpre agora, sem mais delongas, consertar o mal feito. Esperamos, todosos milhares de brasilienses, que se faça justiça, que se acabe de uma vez portodas com a clamorosa discriminação de que somos vítimas.

o SR. ADHEMAR GHISI (PDS - Se. Pronuncia o seguinte díscurso.)- Sr. Presidente, Srs, Deputados, o ano de 1980, para ó Município de Criciú­ma, foi um ano de festa, por marcar o Centenário da Colonização daquelaimportante cidade catarinense. Em 5 de janeiro, assinalando o início das co­memorações, teve lugar a vigília do Centenário, na qual, juntamente com se­restas, eventos em maternidades, repicar de sinos e espocar de foguetes, sire­nes e buzinas anunciaram que a comunidade criciumense entrava em seu se­gundo século de existência.

Durante aquele ano, inúmeros eventos foram promovidos pela Comis­são Central dos Festejos, brilhantemente presidida por Dino Gorini, secun­dado por uma valorosa equipe composta de 23 eminentes criciumenses, aqual soube conferir às festividades o brilho necessário.

Suas tarefas na organização dos diversos eventos, ao longo de 365 dias,lograram captar os sentimentos cívicos da população, deixando indelévelmarca na vida da cidade. Procurou-se congraçar sentimentos populares e sen­timentos de Governo, já que também a população administrativa abrigou emseu íntimo a alegria, o júbilo, a satisfação de ver aquele chão crescer e progre­dir. Nessa fração de tempo, entre outras altas autoridades, recebeu a CapitalEstadual do Azulejo, como também é conhecido o Município de Criciúma, asvisitas do eminente Presidente João Baptista Figueiredo e dos Ministros deEstado César Cals, Jair Soares, Waldir Arcoverde, Mário David Andreazza,Camilo Penna e Danilo Venturini.

É possível, Srs. Deputados, que, mais que o próprio povo, tenham as au­toridades municipais fixado uma nova face da cidade, aquela que mostra umaCriciúma consolidada, que, de boa semente, de planta miúda e lisa (conformeo étimo), evoluiu para o estágio de árvore madura, frutificando prodigamentenas realizações de sua laboriosa população.

Após a primeira centena de anos, percebemos de forma clara que a inte­ração das cinco etnias que a formaram - negros, lusos, alemães, italianos epoloneses - logrou moldar um novo brasileiro, um brasileiro que reúne hojeas melhores qualidades de cada um de seus elementos ancestralmente forma­dores.

Se Criciúma transformou-se de pequeno e modesto vilarejo em vibrantecentro de mineração, produção e comércio, deve-o fundamentalmente à tena­cidade de seu povo, ao denodo dos criciumenses, a seu amor ao trabalho, àverdadeira teimosia em construir para as gerações futuras mais que uma cida­de: um lar acolhedor.

Nascido em 'Tubarão, desde muito tempo sinto-me ligado filialmente àterra de Criciúma. Primeiramente através de laços de família, dado que lánasceram minha esposa e nossos filhos; em segundo lugar, pelo fato de terexercido dois mandatos junto à Assembléia Legislativa do Estado, empe­nhando meus melhores esforços em defesa da região carbonífera; e, aindamais, porque as responsabilidades das quatro legislaturas consecutivas nestaCâmara Federal me têm obrigado a maior esforço em prol do desenvolvimen­to catarinense, dos Municipios banigas-verdes.

Essa responsabilidade perante o eleitorado de toda uma Unidade da Fe­deração obriga-me a aprofundar os conhecimentos sobre a importante cidadede Criciúma - o que poderia até mesmo ser motivação dispensável, dado ointeresse que por ela nutro há longos anos e que me faz procurar a cada diamaiores informações sobre sua situação e as necessidades que apresenta.

Assim, com esse duplo interesse - motivado pela afetividade e por deverde ofício - posso afirmar com orgulho que realmente conheço essa terra ­justamente conhecida por Capital Nacional do Carvão - sua realidade apa­rente, suas potencialidades, as características de seus sistemas produtivos e aspeculiaridades de sua gente.

Essa atração, esse apego que sinto pelo Município me fez comemorar seucentenário com os olhos e o ânimo de quem presencia o aniversário de um fa­miliar, de um ente querido. Eainda mais querido por ter-me acolhido legal­mente como filho daquela terra, dado que, em 1979, fui honrado com a con­cessão do título de Cidadão Criciumense Honorário.

Dessa forma, se criciumense de afeto já era, passei a sê-lo de razão e dedireito, o que me trouxe redobrada alegria.

Poucas cidades, seguramente, podem ostentar em seu hino estrofe tãoverdadeira:

"Criciúma, outrora tu fostea semente modesta e feliz.Hoje és capital do trabalhoe orgulho de nosso País."

Com certeza poucos cidadãos brasileiros podem orgulhar-se tanto de seuchão quanto o criciumense de hoje, zeloso de seu passado, dedicado ao pre­sente e confiante no radioso futuro de sua comunidade.

A realidade criciumense de hoje faz antever glorioso porvir, já que o pre­sente, resultado do amor e do devotamento daqueles que nos antecederam eque em lição de civismo demonstraram a viabilidade da convivência de etniasdiversas, encontra-se à nossa frente mostrando sua pujança. .

Ao longo de 1980 foram homenageados os grupos mais significativos dacomunidade, sendo lembrados os costumes e o folclore dos negros, alemães,poloneses, italianos e portugueses, além de registrarem-se eventos ligados àsatividades produtivas da região, com natural destaque à extração de carvão eà fabricação de azulejos.

As festas religiosas, que todos os anos são acompanhadas com entusias­mo e devoção, no ano do Centenário vestiram-se de novo brilho, reconhecen­do a população as bênçãos que o céu enviou à cidade" propiciando-lhe pro­gresso e desenvolvimento.

Realizaram-se os festejos de São Casemiro, de São José, padroeiro da ci­dade, a magnífica procissão de Corpus Christi, a festa de Santo Agostinho eade Santa Bárbara, além de uma especial comemoração litúrgica no dia deSanta Catarina, 25 de novembro. Em todas essas comemorações, ficou paten­te a fé e o respeito dos habitantes pelas tradições religiosas, acolhidas com de­voção juntamente a seus mais caros costumes. O progresso material e socialnão distanciou o criciumense de seus objetos de devoção, sendo significativasua participação na vida religiosa da cidade.

Como não se poderia deixar de fazer, homenageou-se a comunidade rni­neria, responsável direta pelo desenvolvimento de Criciúma. Através dos tri­butos prestados à padroeira da classe profissional, Santa Bárbara, e da Festado Carvão, procurou a população da cidade congraçar-se com aqueles verda­deiros heróis que transformaram seu dia-a-dia no enfrentar os perigos da mi­neração da importante matéria-prima. Produtores diretos da riqueza catari­nense e responsáveis indiretos pela siderurgia nacional, sabem eles que emcada folha-de-flandres, ein cada chapa de aço, em cada peça forjada, em cadavergalhão, em cada bobina laminada nas nossas grandes usinas encontra-sepresente seu trabalho, sua participação.

. Hão de perdoar os nobres Colegas o orgulho e a imodéstia com que merefiro ao carvão catarinense; creio estarem já acostumados a sentir o entusias­mo de cada barriga-verde que toca no assunto. Descobertas durante a primei­ra Grande Guerra, as jazidas carboníferas do Estado representam quase cin­co bilhões de toneladas, e a produção do Estado,' hoje, perfaz 70% da pro­dução nacional. Suas excelentes propriedades físico-químicas permitem a co­queificação para utilização como redutor em processos siderúrgicos, ao con­trário dos carvões do Rio Grande e do Paraná que, não sendo coqueificáveis,prestam-se basicamente à geração de vapor.

Cedo foram pesquisadas amostras do mineral catarinense, e a consta­tação de suas características siderúrgicas foi fator preponderante quando dadecisão de se edificar a usina de Volta Redonda. Provou-se desde logo que asqualidades aglutinantes do carvão de Santa Catarina, combinadas com as ca­racterísticas próprias do carvão importado, melhoram o rendimento do co­que, aumentando sua resistência flsica e possibilitando ao Brasil apresentarum coke rate (consumo específico médio de caque) bastante aproximado à­

quele obtido pela fantasticamente desenvolvida siderurgia japonesa; o Brasilapresenta o consumo de 600kg de coque por tonelada de gusa, ao passo que oJapão ostenta, orgulhoso, o índice do 560kg por tonelada.

Somente este fato já serve de lastro a nosso entusiasmo, mas sentimo-locrescer mais e mais à medida que se revela o carvão um dos mais importantes

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACiONAL (Seção I) Quarta-feira 18 715

substitutos do petróleo. As reservas carboníferas brasileiras somam cerca de21 bilhões de toneladas e as quantidades produzidas já vêm contribuindopara que diminuamos nossa dependência de óleo importado, conforme pres­crevem as diretrizes da política energética do Governo e, mais especificamen­te, os objetivos do Plano de Aproveitamento Energético do Carvão Nacional.

Nesse contexto ganha cada vez mais importância o carvão de Santa Ca­tarina, o trabalho que seus mineiros efetuam a céu aberto ou nas galerias sub­terrâneas, de onde é transportada a matéria-prima da carboquímica, os redu­tores siderúrgicos e os carvões destinados à geração de energia.

Se até hoje a cidade de Criciúma deveu seu progresso ao aproveitamentodo carvão, pode-se prever que o incremento da atividade extrativa acelerará ocrescimento do Município.

Esta, a minha fé; esta, a minha esperança. E ainda mais porque a vitali­dade de Criciúma não se esteia somente na atividade carbonífera, mas sobreum conjunto de atividades produtivas que garantem seu desenvolvimentoeconômico.

A tecnologia da fabricação cerâmica - e são famosos os azulejos produ­zidos no Município - vem dando saltos qualitativosde grande significação,possibilitando a obtenção de um produto final de soberbas características ecomparável aos melhores azulejos que se pode encontrar no mercado.

, Ademais, como o progresso gera progresso, o saber gera saber, a riquezagera riqueza, externo minha inabalável confiança no futuro de Criciúma, umfuturo brilhante, que levará nova feição ao sul barriga-verde, conferindo-lhe'os contornos de novo pólo industrial, aliando a cidade a Tubarão em ativida-

.de econômicas afins e complementares, resultando em concretos benefíciosestendidos à economia do Estado e do País.

Diante do memorial do Centenário, inaugurado em 5 de janeiro último erepresentando o final dos festejos, sentimos o orgulho de participar da vidada cidade. Ao elevarmos nossos olhos para a magnífica obra de concreto eaço, símbolo da tenacidade da gente de Criciúma, elevamos também nossasalmas que, em palavras ou silenciosamente, oram em ação de graças:

"Senhor, chegou a hora, neste ano cem de Criciúma, de agradecer.Olhamos para a terrae agradecemos pela riqueza do solo.Olhamos para os frutose agradecemos pela fertilidade da terra.Olhamospara a cidadee agradecemos aos que semearam o seu crescimento.Olhamos para os homens, Senhor, .e agradecemos a nossos antepassados,por sua coragem deimigrarpela perseverança no meio de tantas dificuldades,pelo amor com que semearam as sementes dodesenvolvimento, da fé e do amor.

» Olhamos, Senhor, para os homense agradecemos o termos sido tecidos como alemães,italianos, poloneses, negros e lusos.Olhamos para os homense agradecemos pelas sementes e pelos frutosdas indústrias, do comércio e das minas de carvão.Olhamos para o verde dos campos e das colinase agradecemos pela esperança de sermos um povomaisunido e mais fraterno.

Olhamos para este monumento, Senhor,e reconhecemos que do fundo da terra brotouum novo temposomando e integrando o seu trabalho cinco etnias,que extraíram a energia que as impulsionoupara a frente e para cimaetapa após etapa.

Do fundo da terra brotou um dia o frutoque um dia se fez maduro e chegou, Senhor, o ano cem;com a agricultura, o carvão e a indústria.Olhamos para dentro de nós, Senhor,

e agradecemos pelas muitas sementescom as quais enriqueceste cada criciumense.Agradecemos por ter dado a semente bons frutos.Abençoa nossa terra, Senhor,torna-a mais fértil e fecunda,Abençoa nossos campos, os governos e governados,abençoa nossa gente.Amém."

O SR. ISRAEL DlAS-NOVAES (PMDB - SP. Pronuncia o seguintedíseurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, soou de há muito a hora de de­nunciar o desacerto geral que marca a ação previdenciária no País. Sua inope­rância, sua vesguíce administrativa, seu desapreço pelos profissionais que oservem, seu gigantismo trôpego, tudo isso faz do INAMPS um malogro doporte dos outros que assinalam e definem este Governo. Recorde-se que oINPS, com estrondo, encetou uma campanha de execução de débitos consa­grados ao longo de suas atividades; com isso, provocou colapsos em empresasacostumadas à inadimplência, à retenção ilegal de bens dos trabalhadores,mas logo mais deteve-se e nem se conhece ao certo a situação dos dêbitos edos devedores.

Mas o INAMPS é também conhecido pela canhestrice contábil e admi­nistrativa, sempre exercitada a dano de fornecedores e hospitais credencia­dos.

Ainda agora, somos informados de que a Santa Casa de Misericórdia deAvarê, às voltas, como a generalidade de instituições do gênero, com a im­pontualidade e asovinice do INAMPS, sofre as conseqüências do seu descasoburocrático. Vem ela, há tempos, sofrendo descontos superiores a 300 milcruzeiros mensais, nos seus recebimentos do INAMPS, correspondentes a umadiantamento de 2 milhões de cruzeiros que efetivamente solicitou, mas quenão recebeu! Exasperada com o descompasso entre as suas próprias despesase a receita, a Santa Casa de Avarê, a 30 de abril de 1979, dirigia-se ao Diretor­Superintendente do INAMPS paulista, pedindo adiantamento naquela módi­ca quantia, e que seria descontado nos meses subseqüentes. De pronto, oINAMPS providenciou o desconto nos seus pagamentos, cobrando-os comexemplar eficiência; apenas, esqueceu-se de remeter o emprêstimo, e assim odesconto passou a configurar mera extorsão, implacavelmente mensal. DesdeJaneiro de 80 que a Santa Casa de Avarê amortiza dívida que afinal não con­traiu, e com juros: até dezembro, com juros e correção, já havia recolhido cer­ca de 2.300 mil cruzeiros aos ávidos cofres do INAMPS. De nada adiantaramprotestos e reclamações, pedidos a advertências: todos os meses vinham ospagamentos descontados, enquanto o empréstimo sequer se anunciava,

Há pouco, finalmente, o diretor clínico da entidade interiorana obteve,do diretor financeiro do INAMPS, o reconhecimento do engano e promessade pronto reparo, o que não se cumpriu: este mês, em lugar dos dois milhões,chegou novamente o desconto.

Não sei como vai agir, doravante, a pobre Santa Casa de Avaré, que as­siste sem ser assistida por ninguém. Ao contrário, vem sendo lesada. OINAMPS precisa, no instante em que afinal cair em si, repor os recebimentosindevidos. Mas que o faça à maneira que ele próprio usa, isto é, com juros ecorreção monetária. Que devolva tudo corrigido e acrescentado. Do con­trário, estará mais uma vez saqueando uma instituição que há decênios só sevem empenhando em amparar e socorrer.

Citamos este caso, Sr. Presidente, como simples exemplo, pois ê fácil ad­mitir a proliferação de outros, semelhantes, por todo o País.

O SR. CAIO POMPEU (PP - SP. Pronuncia o seguinte díscurso.) ­Sr. Presidente, Srs, Deputados:

"Impacientamo-nos às vezes ante o peso de nossas obrigações, a comple­xidade de decisões, a agonia da escolha. Mas não há para nós nem confortonem segurança na evasão, não há. solução na abdicação, não há alívio na ir­responsabilidade."

Estas palavras fazem parte do legado do Presidente John FitzgeraldKennedy à humanidade, e devem servir de bússula à cada um de nós nestesprimeiros passos da legislatura de 1981. Principalmente quando no cenáriopolítico nacional algumas reformas estão à vista. Refiro-me, Sr. Presidente­e este é o ponto fundamental do uso desta tribuna - à possibilidade das mu­danças nas "regras do jogo eleitoral".

Vivemos momentos difíceis para a nacionalidade. A Nação testemunhaurna das piores crises econômicas da nossa história, com um surto inflacio­nário superior a 110% no período de ,1980. Estamos num verdadeiro "Labi­rinto de Creta", sem a presença de qualquer Teseu com o fio de Ariadne paraachar a saída.

Também não vejo, nos homens que enfeixam o poder, qualquer um queesteja tomado daquele espírito de Timon, de Atenas, a lutar contra a miséria eas dívidas.

Nosso Poder Legislativo tem seu fundamento de validade no voto livre econsciente, Nosso poder exsurge do princípio da representatividade, quintes­sência do regime democrático, roda mestra da liberdade.

Não sei de onde vem a legitimidade do poder daqueles poucos que, enca­sulados nos laboratórios do Executivo Central, fazem da vida nacional urnapipeta para experiências duvidosas, mas que têm inconfessadamente um úni­co objetivo: a mantença do poder. No movediço caminho destes quatro lus­tros revolucionários, várias causas foram hasteadas por porta-estandartes a

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rogo de filosofia. Vivemos a maior parte desses anos com a ideologia da "se­gurança e desenvolvimento", inspiração do Presidente Castello Branco.

Retomamos o caminho depois com a musa do "desenvolvimento" quenos desembocou num falso milagre econômico. Nestes últimos anos, com a"Espada de Dâmocles" da crise do Golfo Pêrsico, vimos hasteada a bandeirada "não-recessão" e, como pano de fundo, a decantada "abertura política"com juramento presidencial.

O povo brasileiro vive hoje como se estivesse numa quitanda cheia defrutas naturais e dão-lhe, apenas, uma laranja de cera para comer...

à maioria da população tudo falta, os bolsos estão vazios.Basta se ter olhos para enxergar o quadro da realidade brasileira, mesmo

a olhos míopes. No entanto, as prioridades continuam invertidas, de cabeçapara baixo. Ao invés do esgoto nas periferias das cidades, a usina atômica!Ao invés do pão, Itaipu! Ao invés da saúde, a Ferrovia do Aço! Ao invés dacultura, os "Jaris" da vida! Ao invés dapunição aos corruptos, a impunida­de! Ao invés do apupo, a condecoração!

Sr. Presidente, a preocupação deste Deputado refere-se às manobras an­dróides voltadas à legislação eleitora!.

Os epítetos são conhecidos: "voto proporcional", "voto distrital propor­cional", "voto distrital", "voto vinculado", "não-coligação partidária" etc, avestirem com roupagem sofismática as velhas intenções da não-rotatividade àchegada ao poder.

Que eles subestimem a inteligência política brasileira, que elesconsiderem-na servie da força centrípeta do Poder Central, podemos até en­tender, mas qué a classe política se curve, indefinidamente, pela história afo­ra, a esse jugo, acho incompreensível, c entendo ser um desrespeito à notáveltradição política brasileira, e também a todos os sacrifícios e heroísmos que avida pública nos tem oferecido há séculos.

Ferir o princípio da representatividade ao tentar com instrumental fala­cioso coarctar o voto livre, direto, consciente, que é o andaime do edifíciopolítico democrático, aliás, preconizado na Constituição Federal, é um ver­dadeiro atentado de lesa-pátria.

Acredito que tal questão, por sua magnitude, deva ter um trato supra­partidário, pois refere-se às raízes que sustentam o Poder Legislativo, a quetodos servimos, e devemos lealdade irrestrita.

Além de transmitir minha preocupação, Sr. Presidente, concito meuscompanheiros, não só os do Partido Popular, mas todos os companheirosdesta Casa, para que mergulhem, com fôlego de alpinistas, no exame e estudodo tema dessas reformas na legislação eleitoral, que poderão vir de repente:corno ehuva de verão. Mesmo porque ternos compromissos históricos, antesde tudo com o Poder Legislativo, e não podemos traí-lo. O fluxo da vontadepopular há que ser livre, sem barreiras, sem subterfúgios, há que ser conscien­te, há que ser desvinculado. Assim atingiremos o verdadeiro aprimoramentodemocrático, e estaremos buscando a liberdade, pois para conservá-la é preci­so usá-la.

Finalizando, Sr. Presidente, volto às palavras do jovem estadista Kenne­dy, que sem dúvida se incorporou à história política americana como umgrande reformador, à semelhança de Lincoln e Roosevelt: "Mas não há paranós nem conforto nem segurança na evasão, não há solução na abdicação,não há alívio na irresponsabilidade". '

Era o que tinha a dizer Sr. Presidente.

O SR. ISAAC NEWTON (PDS - RO. Pronuncia o seguinte díscurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Colorado do Oeste é um dos mais próspe­ros Municípios recém-criados do Território Federal de Rondônia, com popu­lação de 60 mil habitantes.

Quase totalidade dessa população localiza-se em área rural, e em cada la­vrador ou em cada homem do campo com quem venhamos a nos defrontar,logo identificamos uma esperança ou uma aspiração de construir as bases daeconomia agrícola do Território de Rondônia, brevemente Estado.

Ao ocupar a Tribuna desta Casa do Congresso, como representante dopovo de minha terra, permita-me tecer considerações fundamentais sobre Co­lorado do Oeste como um novo pólo de civilização que se verticaliza na imen­sidade de uma geografia tropical, oferecendo-nos as perspectivas lúcidas deque é chegada a hora histórica do Brasil Continental.

Considero, por isso, oportuna a ocasião para formular ardoroso apeloao Sr. Oswaldo Colin, operoso Presidente do Banco do Brasil, no sentido deque mande instalar urgentemente uma agência dessa Instituição creditícia ofi­ciaI na cidade de Colorado do Oeste.

A instalação de uma sucursal do famoso Banco do Brasil, como ora pe­dimos, permitirá que os valentes agricultores daquela região pioneira possamdedicar mais tempo ao seu trabalho, sem a necessidade de deslocar-se por ca­minhos difíceis, em especial na estação chuvosa, para receber os créditos naAgência de Vilhena, distante 150 Km, em média. Esse deslocamento acarretagrandes despesas que comprometem o orçamento de produção, além de rou-

~tarço de 1981

bar ao agricultor tempo valioso, que ele não pode desperdiçar sem prejuízopara sua agricultura, prejuízo que se reflete, pois também na agricultura deRondônia e na brasileira, da qual somos parte significativa.

Já bem se vé o esforço desenvolvido pelos Srs. Delfim Netto e ErnaneGalvêas - Ministérios do Planejamento e da Fazenda - que preconizam adesaceleração da espiral inflacionária, contando seja possível a contenção doprocesso de aviltamento da moeda com a conseqüênte conquista de divisaspara o Tesouro da União.

A política monetária do Governo, mesmo que pareça polêmica para osanalistas menos esclarecidos, está situada num plano tático, e só os técnicos ehomens públicos perfeitamente abalizados poderão interpretá-la como urnaverdadeira filosofia de reestruturação do quadro econômico-financeiro doPaís, assegurando-se liquidez às programações estabelecidas pela classe em­

'presaria!.Rondônia encontra-se vivendo o ciclo de sua infância sócio-econômica,

Depreende-se desta forma que a presença do Banco do Brasil em Coloradodo Oeste constituirá uma vitória inocultável para uma população bandciran­tista, que, com obstinação e patriotismo, trata de instalar estruturas produti­vas capazes de promover o estabelecimento de uma renda per capita que a to­dos dignifique e assegure condições plenas de subsistência.

Manifesto-me, assim, agradecido ao Presidente do Banco do Brasil peloacolhimento que logo dispensar ao meu apelo, por que falo em nome de umacomunidade que espera de S. Ex' o atendimento rápido a este pleito, talo seucaráter de significação e oportunidade econômica e social.

Era o que tinha a dizer.

O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (PP - MS. Pronuncia o seguinte díscurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados. Meu estado, Mato Grosso do Sul, vive mo­mentos de grande aflição.

Com a economia baseada na agropecuária, é evidente que as medidas go­vernamentais - todas de desestímulo a esse importante setor primário - têmprovocado desequilíbrio em todas as atividades produtivas do Estado, e sobreelas aqui já me referi em pronunciamentos feitos nos primeiros dias desta Ses­são Legislativa.

Mais alguns fatos se somam a essa situação: a eminência da falta de ener­gia elétrica, por geração hídrica, e o não-cumprimento, pelo Govern'o Fede­ral, de alguns compromissos solenemente proclamados pelo Sr. PresidenteJoão Figueiredo, e a extensão de juros diferenciais para Mato Grosso do Sul:

Sobre estes três assuntos que, para os sul-mata-grossense, são de grandeimportância, a Bancada Federal do PP que é integrada pelos Senadores Sal­danha Derzi, José Fragelli e Mendes Canalle, pelo Deputado Leite Schimidt epor este que ocupa a Tribuna - enviou ao Presidente da República, às véspe­ras da viagem de S. Ex' ao Estado - fato que ocorreu a 12 de fevereiro próxi­mo passado - dois telegramas, telex, que aqui reproduzo, não só para queconstem dos Anais desta Casa, mas sobretudo para dizer à Nação que, nadaobstante alertado, o Sr. Presidente - ou seus Ministros das áreas competen­tes - (se S. Ex' a eles transmitiu alguma instruçãomenhumaprovidência to­mou, pelo menos de caráter público, para que a palavra empenhada fossecumprida, no caso da BR-262 - Três Lagoas/Campo Grande, ou para aten­dimento do problema energético do Estado, bem como da extensão de jurosdiferenciados idênticos aos que beneficiam as regiões Norte e Nordeste doPaís.

Sr. Presidente, Srs. Deputados. As proclamações do Sr. Presidente daRepública e de seus "áulicos" - principalmente nesta Casa - são.constantesno sentido de abertura democrática e prestígio do Poder Legislativo.

E evidente que não desacredito desses nobres propósitos, mas gostariaque eles fossem mais evidentes, maximé quando uma Bancada Majoritária dePartido Nacional, em um Estado, faz um alerta e uma reivindicação - asduas justas por sinal - ao Presidente da República.

Creio que para valerem os propósitos, é importante que haja ação.Infelizmente - pelos fatos aqui citados - tal ainda não ocorreu.

Eis os telex: "Exrnv Sr. Presidente João Figueredo - Palácio do Pla­nalto : Na primeira visita de Vossência a Mato Grosso do Sul vg nodia li de outubro 1979vg quando da realização do V encontro doCentro-Oeste vg em Três Lagoas vg em discurso na Sessão inaugu­raI do conclave prometeu a implantação de BR-262 vg no trechoTrês Lagoas/Campo Grande vg iniciando os trabalhos a partir de1980 pt 1980 expirou-se et o Orçamento do Ministério dos Trans­portes para 1981 nada consagra nem para a elaboração de projetosde estudos pt Tememos vg por tais razões vg que a palavra de Vos­sência vg feita perante o esperançoso povo de Três Lagoas vg nãovenha a ser cumprida mercê da displicência ou omissão de seus auxi­liares Ministeriais pt para isto então e lembrando que o povo nãopode ser iludido vg esperamos CJ.lle Vossência vg na visita que fará a

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NAC.I0NAL (Seção I) Quarta-feira 18 717

este Estado no próximo dia 12 vg reafirme seu compromisso com opovo sul-mato-grossense no tocante à implantação imediata da BR­262 vg trecho Três Lagoas - Campo Grande pt","A redução - pela ELETROBRÃS dos recursos financeiros para aduplicação da linha de tranmissão Jupiá/Campo Grande irah den­tro em breve trazer sérios prejuízos à economia do Estado vg hojetão vergastada com as drásticas medidas do Governo no tocante àagricultura e à pecuária com elevação das taxas de juros para finan­ciamentos agrícolas e a pressão política feita pelos órgãos controla­dores do abastecimento para aviltamento dos peças a nível do pro­dutor rural pt Esse quadro que traz tantas incertezas para o futurodeste jovem Estado vg leva-nos lembrar ah Vossa Excelência quan­do se prepara para aqui estar próximo dia 12 vg premente necessida­de de restabelecer os recursos para duplicação da linha de transmis­sãoJupiá/Campo Grande vg bem como determinar a extensão paraMato Grosso do Sul das mesmas taxas de juros para financiamentosagrícolas que beneficiam os Estados incluídos na área da SUDAMet SUDENE pt Com a expectativa dessas medidas aguarda a visitaVossa Excelência o bravo povo sul-mato-grossense pt SDS. Senado­res Saldanha Derzi - PP /MS vg José Fragelli - PP /MS vg Men­des Canale PP /MS Deputados Leite Schimidt et Ruben Figueirópt",

É o meu dizer, Sr. Presidente.

O SR. NILSON GIBSON (PDS - PE. Pronuncia o seguinte discurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, em pleito concorrido e sem tumulto ecom uma maciça votação, o jornalista Joezil Barros foi conduzido, no dia 13p. passado, a Presidente da Associação da Imprensa de Pernambuco, obtendo445 votos contra 103 do oposicionista, ex-Deputado Federal,. Andrade LimaFilho.A eleição foi iniciada às 8:ooh e encerrada as 17:00, tendo 556 associados. OSenador Aderbal Jurema presidiu o pleito, que transcorreu sem anormalida­de, tendo proclamado Joezil Barros presidente da AIP, como eleita a chapapor este encabeçada.

A candidatura do jornalista Joezil Barros nasceu do congraçamento dasmais expressivas forças eleitorais do jornalismo pernambucano, que vêm ven­cendo eleições na A.I.P. e no Sindicato dos Jornalistas, desde 1967. O líderJoezil Barros, trabalha há mais de 25 anosno "Diário de Pernambuco", de­pois de ter passado pelo "Jornal Pequeno", Rádio Clube de Pernambuco eRádio Olinda. Sempre mereceu a confiança dos companheiros, tanto que foipor duas vezes Presidente do respectivo Sindicato, uma vez da Federação Na­cional dos Jornalistas, .aqui em Brasília e em numerosas outras ocasiões,membro da diretoria da própria A.I.P., para a qual foi agora eleito.

Na Federação Nacional dos Jornalistas adquiriu a sede própria, criouSindicatos em quatros Estados, entre outras coisas. No Sindicato dos Jorna­listas de Pernambuco, além de promover sua maior identificação com a classee a comunidade, adquiriu sua sede própria, um terreno na praia, criando ain­da o serviço de assistencia médica, ainda existente hoje e também adquiriu ca­sas para seus associados, no IPSEP, além de grande número de bolsas de estu­dos para os filhos de jornalistas; É mister salientar que nessa época o Depar­tamento Jurídico do órgão de classe era dirigido pelo orador, que teve grandeatividade perante a Justiça do Trabalho, em defesa da classe, "emfaceda si­tuação difícil por que atravessa o "Jornal do Cornmêrcio", retendo os sa­lários dos seus empregados durante longo período.

Concluo, Sr. Presidente, registrando que mais uma vez a classe jornalísti­ca de Pernambuco mostrou que sabe escolher. E o resultado esmagador não'deixa dúvida de qualquer espécie. Como Presidente eleito da A.I.P., JoezilBarros volta a reafirmar seu compromisso inicial de que a mesma dinâmicaque caracterizou sua atuação nos ógãos de classe de 19e 29 Grau, Sindicatodos Jornalistas de Pernambuco e Federação Nacional dos Jornalistas, vaicontinuar no mandato de três (3) anos, que se inicia a 27 do corrente.

Parabéns jornalista Joezil Barros e demais membros componentes danova diretoria da A.I.P.. Muito sucesso.

Era o que tinha a dizer.

O SR. JORGE UEQUED (PMDB -·RS. Pronuncia o seguinte discur­so.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, setores do Governo passaram a admi­tir um novo grande aumento no preço do litro de leite, que passaria de Cr$28,00 para Cr$ 36,00, a partir de 16 de abril. A medida virá prejudicar, nova­mente, os brasileiros que vivem de salário, pois, enquanto os salários perma­necerão fixos, o leite terá um novo aumento de 33%.

Imediatamente, setores do Governo e da indústria afirmam que, para be­neficiar os consumidores, colocarão no mercado à venda sacos plásticos commeio litro de leite, devidamente autorizados pelo Governo.

A medida é o atestado do fracasso da política econômica e do empobre­cimento dos brasileiros, que, não tendo poder aquisitivo para comprar, vêem­se obrigados a adquirir apenas meio litro de leite.

Em outubro de 1974, quando, em programa de televisão, pelo horáriogratuito, denunciei que. após um dia de trabalho, um trabalhador recebiaapenas o suficiente para comprar quatro litros de leite ao dia, para sua ali­mentação e de sua família, e com isso eu demonstrava uma situação caótica.Hoje, um trabalhador recebe apenas para comprar 3,3 litros de leite por umdia inteiro de trabalho, para suá alimentação e de sua família. Mas o que émais grave, a partir do dia 16de abril, os trabalhadores receberão apenas,

"para alimentação, após um dia de trabalho, 2,5 litros de leite. Bo atestado damiséria nacional, do fracasso da política econômica de Delfim e do desrespei­to do Governo para com os trabalhadores.

Ninguém- tem o direito de assistir em silêncio a este massacre contra osque vivem de salário. O Governo tem obrigação de garantir alimentaçãomínima, decente, aos brasileiros. Uma política econômica como a atual ape­nas massacra os que vivem de salário. Permite-se abusivamente o aumento depão, leite, carne, passagem de ônibus, mas o salário dos trabalhadores nãoacompanha o mesmo ritmo. Então, com o resultado do mesmo trabalho,compram-se menos alimentos. Enquanto isso, o Governo facilita os privilé­gios de alguns grupos em detrimento da grande maioria dos brasileiros.

O próximo aumento do leite é um acinte à pobreza, é uma ofensa aos quevivem de salário, é um desrespeito às crianças, é aumentar a mortalidade in­fantil e a desnutrição. O Governo tem o dever de evitar que isto recaia sobreos brasileiros. A concessão do aumento' é um absurdo e mais um ato de in­competência governamental.

O SR. EVANDRO AYRES DE MOURA (PDS - CE. Pronuncia o se­guinte díscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, ocupo hoje a Tribuna doCongresso para levar ao Sr. Ministro dos Transportes, Engenheiro Eliseu Re­sende, ao Diretor do DNER, Engenheiro David Elkind, e ao Dr. José CarlosSoares Freire, do DASP, um apelo em benefício de milhares de servidores doDNER, que se julgam prejudicados pelo incorreto enquadramento dos Agen­tes Administrativos, cuja estrutura foi alterada pelo Decreto n9 77.104, de 3­3-76.

O pedido está aprovado em decisão do Tribunal Federal de Recursos,em caso semelhante (Recurso Ordinário 3.7l5-PR), acolhendo razões jurídi­cas incontestáveis.

O DASP, por seu lado, já iniciou a corrigenda do erro protocolado, porinterpretação errônea, Submeteu recentemente ao Sr. Presidente da Repúbli­ca correção da posição de servidores enquadrados na classe inicial de Agen­tes Administrativos, o mesmo já tendo acontecido com os quadros idênticosdos Ministérios do Exército e da Aeronáutica, nas Exposições de Motivoslia, de 28-8-80 e de 14-1-81.

É justo, é de bom alvitre que, para a própria imagem do Governo juntoaos seus servidores, imagem essa que vem sendo feita pelo seu atual Diretor,Dr. José Carlos Soares Freire, sejam essas correções realizadas adrninistrati­vamente, evitando-se os pleitos na Justiça, com ganho de causa final para osseus funcionários.

É o apelo que faço. É o pedido de seus dedicados servidores, que, rece­bendo um salário baixíssimo, nesse momento de vida cara e de dificuldades,vêem lhes ser sonegada parte de seus vencimentos, por um erro da burocra­cia, organizadora das reclassificações demoradas: que seja paga, aos reque­rentes, funcionários do DNER do 39 Distrito sediado em Fortaleza, a dife­rença de salários que lhes é devida desde 1-3-1976, com base no Decreto nv77.104, de 3-3-76.

O SR. FERNANDO COELHO (PMDB - PE. Pronuncia o seguinte dís­eurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, há poucos dias, o Deputado Her­bert Levy demonstrou desta tribuna, sem qualquer contestação, o grave erroque vem sendo cometido pelo Governo ao privilegiar os investimentos noPrograma de Energia Nuclear, quando as potencialidades do País e os custossensivelmente mais reduzidos aconselham seja dada prioridade à produção da

, energia hidroelêtrica, O tratamento especial assegurado à construção das usi­nas de Itaipu e de Tucuruí não absolvem a ELETROBRÃS do sacrifício queestá impondo ao povo brasileiro com os pesados encargos do custeio daqueleprograma, através do desvio de recursos que deveriam ser aplicados em ou­tras obras iniciadas, em andamento ou projetadas, cuja tecnologia domina­mos, que não oferecem riscos indesejáveis e que, no setor energético, atende­riam às necessidades do nosso desenvolvimento pelo menos até o ano 2000

A política oficial nessa área, todavia, revela ainda outro aspecto profun­damente condenável, evidenciando mais uma gritante e agressiva discrimi­nação contra o Nordeste. Enquanto o orçamento de Itaipu foi elevado de 58bilhões de cruzeiros, em 1980, para 120 bilhões, em 1981, a Companhia Hi­droelêtrica de São Francisco sofreu um corte de 55% no seu orçamento global

718 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçâo I) Março de 1981

para o corrente exercício, o que acarretará o comprometimento .dos serviçoscomplementares das Usinas de Paulo Afonso IV e Sobradinho, a paralisaçãodas obras da Usina de Itaparica e o adiamento da implantação da Usina deXingó, com o desemprego iminente de milhares de trabalhadores da empre­sa e de fornecedores de serviços dependentes da CHESF, além do conseqüen­te sacrifício dos mais importantes projetos de desenvolvimento regional, peloestrangulamento da oferta de energia no Nordeste.

Em decorrência desse corte, o cronograma de operação comercial dasduas últimas máquinas de Sobradinho já está comprometido. A operação daUnidade 5 da Usina Paulo Afonso IV, que deveria funcionar em dezembropróximo, será adiada no mínimo por um ano, se a CHESF puder dispor dosrecursos necessários, enquanto a Unidade 6, que iria operar em agosto de1982, só em 1983 entrará em operação. A obra de Itaparica - indispensávelpara o atendimento normal do mercado da CHESF a partir de 1983 - serátotalmente paralisada. Mais uma vez serão também adiadas as obras com­plementares de Moxotó e de Funil. Os estudos de viabilidade e o projeto bási­co de Xíngó, programados para este ano, não poderão ser realizados. Todasas obras em linhas de transmissão, exceto as que se encontram em final deconstrução, terão de ser paralisadas, afora outras de importância também es­sencial, para que o problema não assuma características de crise dentro embreve.

Esse quadro, Sr. Presidente, decorrente da redução do orçamento daCHESF de CrS 53 bilhões para CrS 23 bilhões 996 milhões; não apenas com­promete as perspectivas do desenvolvimento econômico regional, eliminandoas condições mínimas de confiabilidade quanto ao fornecimento de energiaelétrica nos próximos anos ou submetendo o Nordeste à dependência da ener­gia a ser gerada pela ELETRONORTE, a custos necessariamente mais eleva­dos. Afeta, de logo, mais de dois mil servidores da empresa na iminência dedemissão, além de empreiteiros e milhares de nordestinos das populações ri­beirinhas às barragens, que há mais de cinco anos sofrem as incertezas e asangústias dos processos de desapropriação das terras em que vivem e traba­lham, sem qualquer segurança quanto à relocalizaçãoe quanto aos seus pró­prios destinos.

Tudo isso ocorre, Sr. Presidente, quando a retórica oficial continua a re­petir que o Nordeste é a principal prioridade do Governo. Quando a seca,que mais uma vez assola a região, semeia o seu cortejo de miséria, clamandopor soluções definitivas, sempre prometidas e sempre adiadas.

O Nordeste não pode mais suportar esse tratamento e essa discriminaçãoinjustificável. Não aceitamos continuar vivendo ao sabor da boa vontade doPoder Central, que nos tira tudo e nos devolve quase nada. Queremos apenaso que é nosso por direito e que nos vem sendo subtraído, há muito tempo.

Itaipu está sendo construída para atender à demanda das grandes empre­sas do Centro-Sul. A implantação da multinacional ALCOA em São Luíspode alterar até a definição das áreas de concessão das empresas de energiaelétrica em nosso País. Quando serão ouvidas e pesadas as reivindicações dosnordestinos, que representam um terço da população deste País?

O SR. JERÔNIMO SANTANA (PMDB - RD. Pronuncia o seguintedlscurso.) - .Sr, Presidente, Srs, Deputados, o PMDB tem se preocupadocom os oportunistas de todas os matizes que procuram se filiar ao partidoapenas para se venderem, alguns até e preço barato, para o Governo.

O mercado político eleitoral está aberto e o comprador exclusivo temsido o PDS, ora comprando a adesão de elementos das oposições, ora pres­sionando por todos os meios para que os integrantes do PMDB, no caso; sedesfiliem do partido. Em Rondônia hoje é onde o método da pressão e dacompra dos elementos do PMDB está sendo posto em prática.

Compraram a adesão do Sr. Claudionor Roriz, que era do MDB, em li­Paraná, embora com atuação política duvidosa, porque, na condição de inte­grante de um partido de oposição que combate a grilagem de terras, o SI.Claudionor Roriz seuniu ao Grupo Calama, que sempre colocou jagunçoscontra os posseiros naquele Município.

Embora ligado ao Grupo Calama, o Sr. Claudionor dizia-se da opo­siçào, talvez para se vender caro, fazendo jogo duplo. Na campanha eleitoralde 1978, ausentou-se do Territôrio, indo fazer a campanha eleitoral de candi­datos da ARENA no Ceará.

Retornando e já bastante desgastado no meio rural devido ao seu envol­vimento com os grileiros em Jí-Paraná, ingressou no PDS c permanece atéhoje dizendo que é da oposição para iludir os colonos menos avisados no in­terior.

O oportunismo também surgiu em Ariquemes, onde compraram a bai­xos preços os Srs. Abel Soares e Adelino Moreira. Aliás, esses dois elementos,dando lições de oportunismo, nunca foram do PMDB. Ao nosso partido sefiliaram porque no PDS estavam no anonimato. Precisavam resolver seus

problemas de financiamentos agrícolas. O Governo correu e ofereceu o quepediam, o suficiente para abandonarem a oposição.

Precavenha-se o PDS: os elementos que estão sendo comprados, hoje,podem se vender amanhã para outro partido que oferecer preços superioresaos seus. O ideal desses oportunistas não vai além de seus negócios pessoais.

- De um lado, a compra dos oportunistas não deixa de ser um bem parao PMDB, porque o partido vai ficando livre de oportunistas, picaretas e trai­dores; o bando podre vai saindo; de outro, quando não conseguem compraros elementos do PMDB por serem homens de bem, desencadeiam sobre elestremenda perseguição c pressão. É o que se passa hoje em Pimenta Bueno,onde se exerce violenta pressão, para que companheiros deixem de lado asatividades partidárias no âmbito de seus Municípios.

A pressão é de caráter bancário e fundiário. Ameaçam não conceder fi­nanciamentos para os elementos do PMDB, e de fato não concedem mesmo;anunaciam nos jornais, como em Ariquemes, que só o PDS arranja financia­mentos agrícolas, numa chantagem sem precedentes; só o PDS pode fazer es­tradas, e assim por diante.

Em Ariquemes, por exemplo, é propalado por todos os cantosque oBanco do Brasil tem uma lista negra na sua gerência, e a ordem é não conce­der financiamentos aos elementos filiados ao PMDB. E a propagação de ter­ror num Município agrícola, em que todos dependem de financiamentos ban­cários. É a coação como meio de arranjar eleitores. Essa coação nada mais re­presenta do que o desespero do Governo.

Na Prefeitura também existe uma lista negra, onde os elementos doPMDB, além de não conseguirem lotes, ainda são humilhados. Essa é a polí­tica dos Coronéis de Rondônia.

Comprovando nossas denúncias, transcrevo memorial que recebo doPMDB de Pimenta Bueno, dando conta da pressão existente contra nossopartido naquele Município, bem assim, dos desmandos na Prefeitura, IN­eRA c delegacia de Polícia, verbis:

"Pimenta Bueno - RO, 17 de fevereiro de 1981.Exm9Sr.

Deputado Jerônimo SantanaBrasília - DFSenhor Deputado, a Prefeitura, Delegacia de Polícia, INCRA ePolícia Militar se tornaram os donos absolutos deste Município,não para manterem a ordem, o respeito, a lei e a justiça, nem tam­pouco para darem o direito e a razão a quem as tem. Agem idênticoa essas histórias narradas em livrinhos de Bang-bang, onde, no ve­lho oeste, os xerifes, os prefeitos, os juízes, eram subornados porrancheiros e chefes de quadrilhas, para ficarem omissos e não inter­virem em seus planos e seus negócios de má fé.O Prefeito Vicente Homem Sobrinho, em sua dinastia, coloca-secorno um legítimo ditador. O Delegado de Polícia, Dr. Euclides, porestar envolvido em grilagem de terras, não reconhece o direito dosposseiros. O INCRA, na pessoa de seu chefe neste Município, Sr.Paulo Roberto Ventura Brandão, que também responde pela Presi­dência do Diretório Municipal do PDS de Pimenta Bueno, faz pres­são aos filiados do PMDB, juntamente com o Prefeito, para se desfi­liarem desse partido e passarem para o PDS, a fim de que possamreceber a documentação de suas terras. Soldados da Polícia Militaragem como os cangaceiros de Lampião, desrespeitando famílias eespancando pessoas inocentes, prendendo-as sem justificativa, tudoisso num verdadeiro vendaval de desrespeito e afronta ao povo des­ta comunidade.Não podemos ficar de braços cruzados. Não podemos ficar caladosdiante de tanta sujeira e mazelas.O agrônomo Germano de tal, funcionário do lNCRA, estuprouuma criança de 10anos, fato que causou repúdio da população des­ta cidade, por este crime ter ficado, como muitos outros ocorridosneste Município, no rol da impunidade.O Delegado de Polícia chegou aqui pobre; hoje é proprietário deuma chácara, sítio, gado e está envolvido com área de terra irregularno setor Parccis, nas proximidades da Kapa-O, Por este motivo nãodeu razão aos posseiros, foi contra o Padre João, fazendo pressãoaos posseiros para que estes confirmassem que teria sido o PadreJoão o incentivador da invasão da Fazenda São Felipe. Por este mo­tivo não procurem fazer justiça no caso do estuprador da criança; aocontrário, de acordo com o chefe do INCRA de Pimenta Bueno, fa­cilitou a fuga deste brutamonte.Os pressionados do PMDB por Vicente Homem Sobrinho e o Presi­dente do PDS em Pimenta Bueno foram ANTONIO DE ÂNGE­LO, ANTONIO TEIXEIRA e GERALDO MAGELA SOBRI-

Março de 1981 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAl. (Seção I) Quarta-feira 18 719

NHO, os dois primeiros para se filiarem no PDS em troca da docu­mentação de suas terras; ao. terceiro e último, por ser proprietáriodos prédios onde funciona a Secretaria de Finanças e a SEM EC,alugados pela Prefeitura, se não se filiasse no PDS seriam rescindi­dos os contratos dos aluguéis dos referidos prédios.O PM conhecido por Carvalho espancou violentamente o Sr. Antô­nio Balduíno, que, envergonhado e humilhado, teve que voltar paraSão Paulo, de onde veio. A justiça em Pimenta Bueno está escondi­da; a lei não se faz presente, as razões e os direitos só existem paraquem está no PDS e os crimes não são apurados.Continuam as irregularidades na distribuição de lotes urbanos. Asnegociatas feitas por funcionários estão sendo constantes. APrefei­tura exige de quem requer lotes, o prazo de 120 para constituir; nofim deste prazo, os lotes passarão novamente para o domínio d.aPrefeitura, mas para os funcionários da própria Prefeitura estes cn­térios não são válidos, nem as exigências são cumpridas. Existemfuncionários que pegaram lotes e não construíram no prazo estipu­lado e continuam com os lotes em seu domínio, embora tenha o pra­zo se esgotado, e acima de tudo posto a venda.A corrupção campeia pelos corredores do palácio Barão de Mel­gaço, em Pimenta Bueno. Apesar de ser um palácio, seus agregadosnão preservaram o mínimo respeito, a ordem, a confiança, a limpe­za e sobretudo a honestidade, transformando-o num verdadeiro ni­nho de ratos e covil de corruptos.O responsável por todos esses desmandos é o Governo do Territórioque tudo ouve e vê e mantém no cargo um Prefeito que tanto temsido denunciado e criticado pelo povo desta cidade.É preciso que estas mazelas sejam denunci~das ao M~nistr~ d~ Jus­tiça pois os elementos que temos para avaliar nossa sttuaçao e van­tagem à atuação do Prefeito em sua mafiosa e corrompida adminis­tração. - Alberto da Costa Leite."

Era o que tinha a dizer.

O SR. WALTER DE PRÃ (PDS - ES. Pronuncia o seguinte dlseurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, A violência tem sido uma das característi­cas marcantes dos dias atuais. Nas cidades estabeleceu-se um clima de quasepânico, e a população anda temerosa. O organismo policial, infelizmente, nãotem atuado a contento e demonstrou ser ineficaz para restabelecer, a curtoprazo, o clima de tranqüilidade que todos nós desejamos.

Ao contrário do que poderia parecer a pessoas menos avisadas, não setrata de um problema meramente local, verificável tão-somente no territóriobrasileiro. A violência urbana é comum a todas as grandes metrópoles, de­vendo por isso mesmo ser encarada cientificamente. Só assim poderemos ter acerteza de que serão encontrados caminhos adequados e seguros para a suasuperação.

A Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra-ADESG,em boa hora fez realizar um concurso nacional que recolheu monografiassobre o tema "Violência e Segurança Nacional." Vieram contribuições detodo o território nacional, que foram julgadas por uma Comissão de ilustresbrasileiros, composta pelo Acadêmico Austregésilo de Atayde, pelo MinistroAlmirante Waldemar de Figueiredo Costa, Marechal-do-Ar João Mendes daSilva, Embaixador Ãlvaro Teixeira Soares, General Dácia Vassimon de Si­queira, Desembargador Hamilton de Moraes e Barros e Juiz de Direito JoséLisboa da Gama Malcher.

Procedeu-se ao julgamento das monografias apresentadas, tendo colhidoo primeiro lugar o trabalho oferecido pelo Dr. Antônio Carlos Pacheco e Síl..va, restando, em segunda, colocação a obra enviada pelo Grupo de Trabalhode Londrina, no Paraná, integrado pelos Professores Ãlvaro Cláudio Amo­rim Brochado, Aurora Aparecida Fernandes, Dalva Rausch, Heber SoaresVargas, Muniz Gazal e Vitória Constantino. .

Desejo, desta elevada tribuna parlamentar, deixar os meus elogios aospremiados, aos demais concorrentes e, em especial, ao Prof. Álvaro Teixeirade Assumpção, Presidente da ADESG. Uma vez mais a ADESG cumpre odever de esclarecer, alertar e contribuir para que o povo brasileiro se capaciteda necessidade de enfrentar a espiral da violência, que, realmente, é impres­sionantc. Assim agindo, está a ADESG contribuindo para fortalecer a segu­rança nacional.

Sr. Presidente, as teses vencedores estão publicadas na revista "Segu­rança e Desenvolvimento", editada pela ADESG. Recomendo a sua leitura atodos os nobres colegas pois, na realidade, são peças de grande valia. Encami­nho à Mesa um exemplar da mencionada revista, solicitando a especialatenção de V. Ex' para que ela seja devidamente encaminhada ao Centro de'Documentação e Informação de nossa Casa Legislativa. Outrossim, esclareço

que o Prof, Álvaro Teixeira de Assumpção pediu-me que declarasse que terágrande prazer em remeter, a quem o solicitar, um exemplar da revista.

Srs. Deputados, acreditamos que a violência será superada. O vermelhodo sangue das vítimas será substituído pelo verde e amarelo da segurança na­cional. Temos a certeza de que o Governo garantirá, como sempre o fez, anossa tranqüilidade e a paz social.

Era o que tinha a dizer.O SR. CELSO PEÇANHA (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte dlscar­

so.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, chega-me de S. Fidelis, florescenteMunicípio do norte fluminense, correspondência que me merece atenção pelomotivo que expõe e pelo espírito progressista do seu autor.

Trata-se do relato de abuso do poder, de arbitrariedade no setor tribu­tário. O Estado do Espírito Santo está cobrando imposto de toda mercadoriaque entra no seu território sem examinar se na prática não constitui bitribu­tação. O assunto nos é retratado pelo Sr. Benedito da Silva Gomes, diretor daSilva Gomes Industria e Comércio Alimentício, fabricante dos deliciosos do­ces sob a denominação de Produtos Passarinho, com sede em S. Fidelis, tãofamosos no Estado do Rio de Janeiro e em maís de seis Estados brasileiros.

Solidário com os argumentos apresentados pejo s-. Benedito da SilvaGomes, lanço o meu protesto desta tribuna, esperando providências governa­mentais e leio a carta:

"São Fidêlis, 04 de março de 1981Exm9 SenhorDeputado Federal Dr. Celso PeçanhaCâmara dos Deputados70000 Brasília DF

Prezado Companheiro,Assunto: Nossa luta contra abuso de poder exercido pelo vizinhoEstado do, Espírito Santo.Como comprovante, passo às suas mãos cópias de nossas reivindi­cações junto às autoridades estatuais, e também comprobatórias dataxação efetuada que julgamos arbitrária, pois cremos não existiramparo legal em nenhuma lei que confira direitos à incidência nacobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias, após a pri­meira operação mercantil efetuada pela indústria produtora - nos­so caso - que só recolherá os tributos ao Estado de origem.O confisco de que somos vítimas é mais gravoso do que o efetuadona Idade Média pelos senhores feudais. Naquela época só perdia oindivíduo isoladamente, mas, hoje, acarretará na certa maior de­semprego em uma pobre e sofrida região de nosso Estado, já inferio­rizada pelos incentivos fiscais concedidos ao Estado do EspíritoSanto.Sendo V. Ex' nosso lídimo representante na Câmara Federal, desejoque de vossa tribuna aborde o assunto e debata-o com o ardor quelhe é peculiar.Sem outro particular, envio-lhe efusivos votos de saúde e retumban­te sucessos político e familiar.Atenciosamente, o correligionário, Benedito da Silva Gomes.

Remetente: SILVA GOMES IND. E ·COM. ALIMENTICIOEndereço: C. Postal 165 - São Fidêlis - RJ.CEP 28.400."

Eis a exposição que o diretor dos Produtos Passarinho fez ao Secretáriode Indústria, Comércio e Turismo do Estado do Rio de Janeiro:

São Fidêlis, 26 de fevereiro de 1981.Ilustríssimo SenhorSecretário de Estado de Indústria, Comércio e Turismo do Estadodo Rio de JaneiroRio de Janeiro - RJ.Senhor Secretário,A bitributação praticada pelo Estado do Espírito Santo sobre a en­trada em seu território dos produtos derivados do trigo fere o pro­pósito do Dec.-Iei 406, de proteger e preservar o mercado internopara o comércio interestadual.O adicional do ICM exigido por aquele Estado é um imposto confis­catório que se atrita com os direitos e garantias constitucionais dapropriedade e o exercício de atividade lícita.Trata-se, portanto, de um ato de força, cujo efeito protecionista cer­ceia a liberdade necessária ao desenvolvimento de nosso mercadointerno.Urge, então, que se faça alguma coisa para acabar com inconcebívele irracional medida que só visa a locupletar a arrecadação de um Es­tado que vive à sombra de incentivos fiscais, e cuja ganância bitribu­tativa poderá se estender a outros produtos.

no Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRE~SO NACIONAL (Seção 1) Março de 1981

Compete, então, às autoridades de nosso Estado uma tomada deposição contra tal arbitrariedade, para que o mercado dos Estadosdesta região seja regido pela competitividade e não por artifícios fis­cais que, se não forem sanados, ocasionarão perda de arrecadaçãopara nosso Estado, bem como o desemprego, já que seremos força-dos a reduzir nossa produção. .Atenciosamente, - SILVA GOMES IND. COM. ALIMENTlCIO- Benedito da Silva Gomes, Dir. Executivo. -

Junto também, Sr. Presidente, para elucidar mais a matéria da carta diri-gida ao Inspetor Regional da Fazenda Estadual em Campos:

São Fidêlis - RJ, 16 de junho de 1977.Ofício 02/77.Assunto: Encaminha documentos

Senhor Inspetor.

De acordo com o quê ficou combinado em virtude da comunicaçãofeita por esta empresa através de seu titular ao Exmv Secretário daFazenda Estadual, por ocasião da visita feita recentemente a Cam­pos, vimos encaminhar à V. SI os documentos comprobatórios dopagamento do ICM adicional exigido pelo Estado do Espirito Santopara a circulação de mercadorias derivadas. da farinha de trigo pro­cedentes do Estado do Rio e de outros Estados ao que tudo indica,para cuja cobrança o referido Estado se ampara no Decreto n9

636/72.Por oportuno, vimos afirmar mais uma vez que, conforme relata­mos em correspondências endereçadas à FUNDENOR e ao Sindi­cato da Indústria de massas Alimentícias de Niterói, o Estado doEspírito Santo, assim procedendo, prejudica sensivelmente a circu­lação de mercadorias de nosso Estado, pois os comerciantes daqueleEstado alegam que a "antecipação do rCM" paga pelo remetentenos Postos Fiscais de divisa oneram o custo dos produtos e, se qui­sermos vender, somos forçados a diminuir ao máximo nossospreços.Sem mais, certos de que as necessárias providências serão tomadasno sentido de eliminar tais entraves, firmamo-nos

Cordialmente."

Sr. Presidente, estas medidas devem ser denunciadas e com batidas paraevitar que surja o desânimo no seio dos homens que produzem riqueza nestePaís. A cobrança do ICM, como foi procedido, é bitributação e fere aosprincípios do Direito Tributário. Cabe às autoridades fluminenses agirem emdefesa dos industriais do nosso Estado e não cruzarem os braços. Já citei odecréscimo da produção do Estado do Rio de Janeiro desta tribuna e agoraassisto, sem saber de providências, a esta arbitrariedade que me é denunciadapor um coestaduano trabalhador, símbolo de esforço e de vitória no setor in­dustrial, de honestidade e de espírito progressista, fídelense que se bate comardor pela sua terra.

o SR. WALDIR W ALTER (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte dlseur­so.) - Sr. Presidente, Srs, Deputados, apesar da confiança e da admiraçãoque tenho em relação aos homens que atualmente dirigem os partidos de opo­sição, particularmente no que se refere à alta direção do meu Partido, nãoposso esconder as preocupações que me assaltam diante do que es~á sendoconsiderado como um início de negociações entre Oposições e Governo. Es­sas supostas negociações, que estão ganhando grande destaque nos noti-

. ciários, ganharam dimensão maior a partir do encontro que os, DeputadosUlysses Guimarães e Marcello Cerqueira tiveram com o Ministro da Justiça,Ibrahim Abi-Ackel, bem como das notícias de que outros dirigentes parti­dários oposicionistas também se preparam para conversar com o Governosobre os mesmos temas.

Não é meu propósito, ao abordar este assunto em Plenário, censurar osilustres companheiros já mencionados, cuja luta incansável contra o arbítrio,nestes últimos dezessete anos, serviu de inspiração a milhões de compatriotashoje engajados ativamente no processo de isolamento progressivo do grupo .que ainda detém o poder, O que me parece oportuno, diante de um fato polí­tico cujas repercussões causarão natural impacto na opinião pública, ~ regis­trar perante a Nação, serena efrancamente, uma opinião sobre esse palpitan­te assunto.

Gostaria de lembrar, antes de tudo, o processo utilizado pelo Governopara transformar em lei, tal qual fora elaborado pelo Ministério da Justiça eOrganismos de Segurança, o projeto instituindo o novo Estatuto dos Estran­geiros. Quando de sua tramitação e discussão no Congresso Nacional, foi to­talo menosprezo do Governo em relação aos protestos que se fizeram ouvirem toda a comunidade nacional, especialmente por parte das Oposições, da

Igreja Católica e, segundo foi divulgado, até de Sua Santidade o Papa. O de­curso de prazo, instituto que o Governo tanto preza, fez com que o projetofosse considerado aprovado sem o voto dos representantes do povo.

O que não se pode desconhecer é que, graças à excepcional ínstitucionali­dade existente, à qual se somou o profundo desejo do Sistema de ter uma es­pécie de AI-S para aplicar aos estrangeiros considerados "nocivos aos interes­ses nacionais" segundo o arbítrio dele próprio, o Governo tem hoje exata­mente a lei que desejava. Não obstante os clamores nacionais, os organismosde repressão sentiram, afinal, a euforia de poder usar, a partir de então, uminstrumento digno do próprio regime como um todo. A expulsão do PadreVitor Miracapil]o, logo após a entrada da lei em vigor, serviu, apesar dos pe­sares, para mostrar à Nação e ao Mundo qual era o significado do novo di­ploma e quais eram as intenções do Governo ao aplicá-lo.

Hoje, como as pressões em torno da lei foram além do previsto pelosteóricos do Regime, o Governo precisa fazer de conta que vai alterá-lo subs­tancialmente. E para executar essa tarefa no melhor estilo golberiano, nadamelhor do que tentar envolver as oposições. No meu entender, a cumplicida­de oposicionista é o que o Governo busca a todo custo, quando se acha emgestação mais um instrumento destinado a manter uma legislação discricio­nária e incompatível com qualquer regime democrático. Não é difícil antever,amanhã ou depois, os porta-vozes oficiais enchendo o peito para dizer que oprojeto elaborado pelo Executivo contou também com a participação daOposição. Certamente, então, teremos que explicar, durante alguns meses,que não tivemos nenhuma influência no período embrionário do texto a serdebatido nesta Casa e no Senado Federal, Até para utilizar novamente o de­curso de prazo, o Governo e seus porta-vozes no Congresso encontrarão umpretexto a mais. É por essas razões que vejo nas conversações ora em cursoexpedientes meramente táticos do Regime, quando sua cobertura parlamen­tar já não oferece a mesma segurança de outros tempos.

Temos um projeto abrangente sobre o problema dos estrangeiros emnossõ Pais, resultante de acurados estudos do ilustre Deputado Marcello Cer­queira, o que significa dizer que ao lado das críticas temos também uma pro­posta. E é na defesa desse projeto, a meu ver, que .devemos concentrar nossoesforço. O Governo, que tanto nos acusa de não apresentarmos soluções,tem, se quiser, um projeto nosso a examinar e discutir aqui no Parlamento,através dos integrantes do seu Partido. Não somos assessores do MinistroAbi-Ackel nem tampouco responsáveis por um dos grandes absurdos cometi­dos neste País chamado Estatuto dos Estrangeiros. E não devemos, em hipó­tese.alguma, aceitar o papel de co-partícipes das pseudomodificações que oGoverno vem anunciando.

Negociações, diálogo, são elementos inerentes à vida democrática, oca­sião em que se desdobram em clima de mútua confiança, com interlocutoressérios e que tenham um passado digno de inspirar garantia e segurança a res­peito do que dizem no presente. A sucessão de casuísmos, inclusive os maisdeslavados como o "Pacote de Abril", todos eles constituindo marca registra­da dos homens que golpearam as instituições democráticas em 1964, não lhesconfere a indispensável credibilidade para negociar, nas ante-salas palacia­nas, com uma Oposição sofrida e compromissada com o povo.

Tanto isso é verdade que todos os jornais anunciam conversações so­mente em.torno de casuísmos. Fala-se, por exemplo, na Lei dos Estrangeiros,nas prerrogativas que deverão ser castradas e na reforma eleitoral. Não sefala - e aí está o aspecto mais grave para a Oposição - na revogação da Leide Segurança Nacional, que continua vitimando até parlamentares, na liber­dade sindical, no direito de greve e principalmente na Constituinte. Fala-se,tão-somente, nas leis que sabidamente serão editadas para prejudicar a Opo­sição e manter a sobrevivência das instituições autoritárias.

Temos um foro onde se realiza, sob o testemunho de toda a Nação, odiálogo legítimo, o diálogo constitucional. É aqui que os Ministros do Gover­no, inclusive o Sr. Abi-Ackel, devem comparecer para explicar os projetos desua responsabilidade.

Esse é, embora de forma sucinta, o meu ponto de vista.

O SR. OSVALDO MELO (PDS - PA. Pronuncia o seguinte dlscurso.)'- Sr. Presidente, Srs. Deputados, associando-me integral e definidamente aoesforço das ações educativas que objetivam ampliar e assegurar o aperfeiçoa­mento de recursos humanos e tecnológicos para o meio rural, o CRUTAC­Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária da Univer­sidade Federal do Pará, vem assumindo notável destaque no conjunto das ati­vidades ora desenvolvidas no País.

Em perfeita sintonia com a filosofia operacional preconizada pelo Minis­tério da Educação e Cultura, no que concerne ao Programa de Integração dasUniversidades nas Comunidades, o CRUTAC integra-se, com justeza e fideli­dade, à sistemática extensionista rural, colocando em ação uma série de pro­postas devidamente revistas e aprovadas pela Coordenadoria do Programa de

Março de 1981 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 721

Extensão da Pró-Reitoria de Assuntos de Extensão e de Natureza Estudantil,à qual se encontra hierarquicamente subordinado.

. Contando com um proficiente corpo docente em número de 29 professo­res dos diversos Cursos e Departamentos da Universidade Federal do Pará, oCRUTAC desenvolveu satisfatoriamente, no ano de 1980, uma extensa pro­gramação, cujas atividades, segundo os termos do Relatório difundido, fo­ram resultantes, a saber: "da consolidação de fundamentos filosóficos e técni­cos que integram o processo da ação comunitária, bem como a sistematizaçãodo treinamento de universitários de diferentes especialidades; da definição denovas frentes de trabalho e encerramento das atividades extensionistas emárea onde o processo estava se desenvolvendo; e ainda, da execução de doisSubprojetos Departamentais e oito Extradepartamentais".

As atividades então desenvolvidas objetivaram o treinamento de 209 uni­versitários, integrantes de 23 diferentes cursos da UFPa, também de diversosDepartamentos, contando, inclusive, com alunos da FCAP e da Escola Supe­rior de Educação Física do Pará.

A ação do CRUTAC junto à Comunidade desenvolveu-se em cincoáreas geográficas que compreendem os Municípios de Ponta das Pedras, Vi­gia, Curuçá, Castanhal e Abaetúba/Barbacena. Em cada um deles, o CRU·TAC realizou um eficiente trabalho comunitário, integrando ao seu pessoaldocente, discente e de apoio todo o corpo vivo da sociedade local, ou seja, asautoridades, os educadores, as ordens religiosas, os jovens, as mães, os clubesde serviço, as entidades ou órgãos atuantes nas áreas.

Válido ressaltar que no Município de Ponta das Pedras o CRUTAC darácontinuidade em 1981 aos cinco importantes subprojetos, a saber: o Centrode Treinamento Comunitário de Recursos Humanos, o Atendimento Nutri­cional à Comunidade, os Exames Laboratórios, Análise Clínica e EducaçãoSanitária, com implantação de um pequeno depósito, Hidrogeologia e aBiblioteca da Comunidade.

A execução dos programas contou com a colaboração da SUDAM, doMEC e do FNDE da área do POLAMAZONIA, através do repasse de recur­sos financeiros.

O estratégico apoio logístico compreendeu os setores de transporteaéreo, marítimo e terrestre, de alimentação, de habitação e serviço de secreta-ria e apoio administrativo. .

Visando assim à apreensão direta das deficiências e das aspirações dascomunidades em que atuam, consegue o CRUTAC, Sr. Presidente, promoverfi ação conjunta entre docentes, discentes e a população local, numa reali­zação das mais meritórias no campo da Educação. Parabéns à Pró-Reitoriadc Assuntos de Extensão e de Natureza Estudantil e ao seu valoroso instru­mento de execução, o Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Co­munitária, pelo dignificante trabalho que vêm desenvolvendo, exemplo vivo evalioso do quanto são capazes a união de esforços e a integração dos diversossetores comunitários na busca comum pelo desenvolvimento.

o SR. ROBERTO FREIRE (PMDB - PE. Pronuncia o seguinte discur­so.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o estado da classe dominante brasileiratem historicamente no autoritarismo uma das suas características mais mar­cante. Em todos os setores e campos de relacionamento com a sociedade civilo Estado é sempre onipresente, impondo, regulando e determinando a exis­tência das instituições e organismos sociais e inclusive com subjugação e sub­missão da própria cidadania aos seus desígnios.

Esse traço marcante e característico sempre esteve presente em nossa his­tória, mas, a bem da verdade, devemos reconhecer que houve uma exacer­bação após 1964, não simplesmente autoritária, mas, em alguns aspectos emomentos, totalitária.

A tutela que o Estado exerce opressivamente sobre "a sociedade civil che­ga a níveis tão fortes de dominação que torna difícil a constestação de tal rea­lidade pelo óbvio condicionamento cultural, e somente alguns poucos seg­mentos e setores oposicionistas conseguem visualizar o autoritarismo e a dese opor de forma global.

Essa é a realidade, e não é por outra coisa que; dentre os objetivos políti­cos das forças oposicionistas nesse País, um tem prioridade quase que absolu­ta: a democratização do aparelho estatal.

Com a aproximação dos pleitos diretos de 1982 para governos estaduais,onde estarão em jogo restritos e limitados poderes, é verdade, mas de qual­quer forma parcela de Poder ao alcance oposicionista, esse objetivo de demo­cratização se coloca na ordem do dia para análise e alternativa programática.

O regime tem ainda seus monstros sagrados e seus setores privativos e se­cretos e sua imensa parcela de poder inatingíveis pela Oposição. Denecessárioaqui exemplificar, pois a imprensa todos os dias expõe essa ainda crua e infe­liz realidade.

Mas tem o regime campos de ação e setores de atividade onde seu Podernão é nem será mais incontrastável, e o poder democrático vem e irá disputar

. a hegemonia. Se isso não é o bastante, é entretanto um avanço que precisa serfeito e consolidado.

Um dos setores do aparelho estatal onde será possível o exercício de he­gemonia democrática e, diríamos, onde se faz extremamente necessária essahegemonia é o aparelho policial.

A violência institucionalizada do aparelho policial no combate e repres­são à criminalidade e marginalidade social é brutal e desrespeitadora dosmais comezinhos direitos da cidadania. Essa constatação de respeito pela ins­tituição policial confunde não raro com as ramificações da criminalidade e dobanditismo e coloca no descrédito aqueles bons, honestos e competentes fun­cionários da instituição tão essencial à segurança dos cidadãos e da socieda­de.

Um fato ocorrido em Pernambuco, na sua Capital, Recife, no último dia3 de fevereiro, é a demonstração trágica e maior de tudo que afirmamos; ne­cessariamente teremos, como responsabilidade fundamental, que coibir e im­pedir 'sua repetição quando do Governo democrático de 1982. É sobre essefato que queremos falar.

Em 3 de fevereiro próximo passado, um cidadão brasileiro de nomeMarcelo da Cunha e Souza Amorim foi preso em l1agrande delito - furto degasolina - por umaguarnição da Polícia da Aeronáutica. Até esse momento,tudo correto e justo. Ocorre que, ao invés de entregar o cidadão à autoridadecompetente para lavrar o flagrante e tomar as demais providências legais ecabíveis, a Patrulha o levou para um próprio militar-quartel da Aeronáuticalocalizado atrás do Aeroporto Guararapes, c de lá foi chamado o DelegadoJosé Casely, o qual, conjuntamente com outros agentes da polícia civil e sol­dados à paisana, passaram a interrogá-lo e torturá-lo com requintes de per­versidade. Somente dia 17, ou seja, 14 dias após a prisão e depois de percorrervárias delegacias de polícia, talvez despistando a busca familiar, foi o Sr.Marcelo da Cunha e Souza Amorim solto.

As sevícias foram tantas e tão profundas que, apesar do tempo decorri­do, ainda no dia 20 do mesmo mês o Instituto de Medicina Legal, a mando daJuíza da Auditoria Militar da 7' Região, Drs Iara Dani, constatou em laudoas queimaduras, derrames, espancamentos, cortes no órgão genital etc.

É importante aqui ressaltar o papel da Auditoria Militar na tomada deprovidências, tão logo teve conhecimento do fato através de denúncia da Co­missão de Justiça e Paz da Arquidiosece de Recife e Olinda, da Comissão deDireitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil- Seção de Pernam­buco - ambos porta-vozes do drama individual e familiar vivido e narradopela irmã da vítima, advogada Andréa Cunha Fonseca. É de se ressaltar o pa­pel da Juíza Iara Dani e, ao mesmo tempo, é de se repudiar a atitude do Se­cretário de Segurança Pública de Pernambuco, que, com anterioridade, teveconhecimento do fato e a quem de direito foi solicitada guia para o Institutode Medicina Legal - órgão de sua Secretaria - e quem, abusiva e irrespon­savelmente, se negou a ordenar o laudo e tomar as medidas posteriores cabí­veis.

Devemos resssltar não apenas a Auditoria Militar, sua Juíza e seu Procu­rador, que, conhecendo o fato, instaurou de imediato o inquérito para apurartudo o que ocorreu. Devemos, assim, proceder e ao mesmo tempo repudiar aatitude do Governo de Pernambuco e de seu Secretário de Segurança, que seomitira - e assim continuam - na apuração dos abusos de funcionários es­taduais, inelusive do próprio Secretário.

São esses os fatos. Os envolvidos precisam ter suas responsabilidades de..finidas. A denúncia que ora levamos ao conhecimento desta Casa está estri­bada em depoimento do cidadão Marcelo da Cunha e Souza Amorim perantea Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE, presidida pelo ilustre brasilei­ro Dr. Osvaldo Lima Filho, e Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese deOlinda e Recife, presidida pelo ilustre advogado Dr, Pedro Eurico de Barros,e ainda por corajosas e ilustrativas reportagens da imprensa pernambucana,especialmente do Diário de Pernambuco.

A denúncia é sumamente grave. Urge sua apuração.As autoridades militares judiciais e inclusive os da 2' COMAR já toma­

ram as providências necessárias.Cabe ao Governo de Pernambuco se pronunciar.Nós, da Oposição, estamos hoje cobrando providências, mas estejam

certos que desde já estamos-nos preparando para quando o governo demo­crático chegar, e aí fatos como esse serão rigorosamente apurados e punidosos seus responsáveis.

O SR. MAunrcro FRUET (PMDB-PR. Pronuncia o seguinte dlseurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o movimento cooperativista, de capital im­portância para a agropecuária nacional, tem experimentado apreciável desen­volvimento no Estado do Paraná, com a atuação eficiente e dinâmica das so­ciedades cooperativas que congregam agricultores e pecuaristas em todo oterritório estadual.

722 Quarta-feira 18 DIÁRIO no CONGREESO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

Pois bem, consoante nos informou a Organização das Cooperativas doEstado do Paraná,_o sistema cooperativista agropecuário paranaense dispõe,atualmente, de mais de trezentos engenheiros-agrônomos, tendo, por conse­guinte, plenas condições de efetuar perícias em lavouras amparadas peloPROAGRO.

Ocorre, no entanto, que empresas estranhas ao sistema cooperativistatêm sido credenciadas para a realização de tais perícias, enquanto que as coo­perativas agropecuárias foram excluídas dessa importante' atividade.

Insurgindo-se contra essa marginalização desarrazoada, as cooperativasagropecuárias, através da Organização das Cooperativas do Estado do Para­ná, dirigiram-se, em 9 de julho de 1980, ao setor competente do Banco Cen­trai do Brasil, pleiteando a inclusão daquelas entidades entre as-credenciadaspara a realização de perícias. -

. Poucos dias depois, em 25 de julho, o Departamento de Crédito Ruraldo Banco Central informou, por telex, à entidade que congrega as cooperati­vas agropecuárias paranaenses, que havia sido autorizado o credenciamentosolicitado.

Inexplicavelmente, todavia, o mesmo Banco Central, em novembro domesmo ano, informou que a matéria ainda se encontrava em estudos e que aautorização não havia sido concedida, situação que perdura até o momento.

É de assinalar-se, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que esse procedimentodas autoridades responsáveis vem provocando prejuízos de monta ao sistemacooperativista agropecuário do Paraná, não se justificando tanta demora naautorização do credenciamento solicitado, causando perplexidade tal atitude,particularmente em face da autorização inicialmente concedida e depois can­celada.

Nesta conformidade e atendendo ao pedido que consideramos justíssi­mo, formulado pela Organização das Cooperativas do Estado do Paraná, so­licitamos ao Banco Central do Brasil que abrevie a solução para o caso, auto­rizando o credenciamento das cooperativas agropecuárias para a realizaçãode perícias em operações amparadas pelo PROAGRO.

O SR. ALBtRICO CORDEIRO (PDS-AL. Pronuncia o seguinte discur­so.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, a morte do Deputado Joaquim Couti­nho deixa uma lacuna, eu quase diria impreenchível, na política e na inteli­gência nacionais. Conheci-o de perto em Recife e, depois, aqui no Congresso,nos meus tempos de aprendiz de jornalista político, Admirável sob todos osaspectos, era um vencedor que gostava de viver por viver. Éramos amigos esua morte chocou a todos nós, os seus amigos e admiradores do Estado deAlagoas, onde há ramificações de sua família na atividade empresarial, todoseles homens do batente e do sucesso.

Mas ninguém melhor, Sr. PresidenteeSrs. Deputados, do que o jornalis­ta Garibaldi Sá, em sua coluna política de hoje, no "Jornal do Comércio," doRecife, para retratar, com fidelidade, a figura de Joaquim Coutinho. Pelaexatidão dos conceitos e pela justiça do tributo que este jornalista presta aoparlamentar morto em Recife, é que peço licença à Casa para ler o artigo dehoje de Garibaldi Sá, no "Jornal do Comércio," fazendo minhas e dos ala­goanos as suas. palavras.

Eis o artigo:

"POLlTICA & pOLlTICOS"

Garibaldi Sá

JOAQUIM COUTINHO CORREA DE OLIVEIRA, falecido aos45 anos, foi chefe de gabinete de Moura Cavalcante no Governo doAmapá, secretário particular, chefe da Casa Civil e secretário de Es­tado no Governo Paulo Guerra, adido cultural do Brasil na Tunísia,exerceu um mandato de deputado estadual e conquistou três de de­putado federal.Isso tudo representa apenas a moldura e assinala a trajetória ascen­dente de um homem talentoso e com reconhecida vocação política.O seu conteúdo real era a vida pública, pois tinha a estatura e a pos­tura de um homem público.A sua grandeza humana e a dimensão intelectual ajudaram-no a su­perar as próprias vicissitudes e estiveram presentes no infortúnio,quando um acidente, além de privá-lo das duas pernas, marcou depadecimentos os últimos meses da sua existência.Se, mais das vezes, o temperamento irrequieto o levava ao inconfor­mismo diante da imobilização imposta, acrescida de outros sofri­mentos não apenas físicos, também se impôs o culto da nobreza doestoicismo.Entre irredente e estóico parece ter tido a instintiva visão do fimpróximo, mas preservando intacta a lucidez, a acuidade política e oseu gosto por uma visão universal das coisas.

O Político

Coube a Paulo Guerra descobrir e reconhecer sempre à sua emboca­dura para a militância política, traduzida na observação muitas ve­zes repetidas ao redator destas notas: - Joaquim tem faro politico.E tinha mesmo. o ex-governador gostava de ouví-Io, costumava aus­cultar o seu pensamento, lastimando que a acuidade reconhecida,por não ser correspondida na mesma proporção pelo equilíbrioemocional não fosse suficiente para fazê-lo chegar a governador.Tinha o dom da análise realista de situações e pessoas e era realmen­te um tom formulador. Sabia propor soluções e indicar caminhos.Embora pessedista na origem e de certa forma no estilo de atuaçãopolitica, diferenciava-se do modelo clássico do pessedismo por tersabido dosar o realismo com uma noção idealista dos pr~blemas.Aliava a esperteza local ao descortino nacional.

O Artesão

Joaquim Coutinho gostava de autodenominar-se de artesão políti­co, como forma de assinalar a sua habilidade na tessitura da sua as­censão de deputado estadual e federal e nas sucessivas reeleições.Como o jornalista tivesse criado a designação de "cavalo de Átila"para os políticos bissextos que, assim como o cavalo da lenda, quefazia morrer o capim onde pisava, nunca repetem votações nos mes­mos municípios, ele sempre se excluía dessa espécie.E tinha sobejas razões para isso. Recorrendo sempre ao dito shakes­peareano de ser a vida um fenômeno local, tinha compreensão nãoapenas para os 'problemas municipais mas também paciência e umtoque fraterno no trato com liderança municipais.Criava dedicações pois sabia corresponder fidelidade com fidelida­de. Tinha orgulho à constância das suas bases municipais, cujas rei­vindicações nunca deixava de encaminhar, cujos pedidos procuravaatender, não deixando correspondência sem resposta e que visitavacom reconhecida e orgulhosa regularidade. Dele pode ser dito quesoube ser um bom artesão nesse mister, pela dosagem da visão doplano nacional com os pés fincados nas realidades municipais.O desafio pelo fato de exercer mandatos em tempos de pouca valori­zação das Casas legislativas, e a dispersividade resultante do acúmu­lo de atividades, contribuíram com certeza para que a sua ação par­lamentar não atingisse a altitude que dele se esperava e que tinhacondições de atingir. Mas, abstraindo-se essa omissão quanto aosímpetos tribunícios que se costuma tornar inerentes ao bom desem­penho de um mandato, não foi um deputado da vida comum, queabriga os medíocres, os omissos e não apenas os desmotivados.Caso não tivesse conquistado destaque, graças, principalmente, aobrilho da sua inteligência, não teria ocupado por duas vezes o se­gundo cargo em importância na Câmara Federal, a Presidência daComissão de Relações Exteriores. Nessa qualidade, chegou a com­por comitivas do Presidente da República em viagens ao Japão e àFrança. Mesmo não sendo assíduo ao microfone, nunca esteve au:sente do noticiário político, na decorrência dos seus méritos de for­mulador que enxergava além das distâncias normais.Bacharel como muitos de sua geração, não chegou a ser advogado,de vez que a sua vocação buscou outras formas de afirmação. Poratavismo de antepassados paternos e maternos e também pela for­mação pessoal, era um telúrico. Podia parecer dispersivo até mesmona atuação parlamentar, mas nunca nas suas atividades de pecuaris­ta e agricultor. Nesse particular, era quase que surpreendentementeracional e organizado, sabia lucrar e se realizava no trabalho da ter­ra c principalmente em criar gado.

A curiosidade intelectual foi uma constante que, despontando logocedo, lhe fez companhia na adversidade. Notabilizava-se e desperta­vaadmiração corno um homem que sabia conversar com brilho csimpatia, sem cansar interlocutores em bate-papos que varavam ho­ras. Era incomum a sua facilidade de aprender línguas, que logo do-minava fluentemente. .

Temperamental e afável. Finamente educado e destabanado. Che­gado aos assomos mas sem cultivar ódios. Agressivo e fraternal. Suamelhor e maior marca humana era um profundo sentimento de fra­ternidade, traduzido no culto das amizades e na dedicação aos ami­gos. O feitio de diplomata refletia-se no trato pessoal, atencioso e re­finado.

Para um amigo pessoal, a quem a solidão da cadeira-de-rodas ligoumais ainda, que não tinha ódios mas desencontros com as pessoas, ojornalista não abre espaço apenas para o luto e o pesar mas sobretu-

Março de 1981 DIÁRCO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção l) Quarta-feira 18 723

do para o tributo. F~i um homem bom, um bom amigo e um ho­mem público da melhor estirpe,"

Era o que tinha a dizer.

O SR. DASO COIMBRA (PP - RJ. Pronuncia o seguinte diseurso.) Sr.Presidente, Srs, Deputados, é preciso que haja uma fiscalização mais rigorosadas autoridades federais no setor de alimentação. As padarias, mercearias esupermercados continuam remarcando diariamente os produtos consumidospela população, sem que a SUNAB e outros órgãos fiscalizadores tomemquaisquer providências.

As panificadoras do Rio de Janeiro estão vendendo pãezinhos com pesoinferior à tabela, não respeitam o preço fixado para os refrigerantes em garra­fas e aumentam semanalmente o preço dos queijos e da manteiga.

Nos supermercados o preço dos enlatados é majorado constantemente,com a maior desfaçatez.

Ou o Governo toma enérgicas providências nesse setor, ou a inflaçãocontinuará a atingir indiscriminadamente a todos os brasíleiros.

O SR. PEDRO GERALDO COSTA (PDS - SP. Sem revisão do ora­dor.) - SI. Presidente, quero, neste meu rápido pronunciamento, fazer mi­nhas as palavras do ilustre e vigílante Vereador de Adamantina, Pedro Alba­no Bachega, publicadas no jornalFolha de S. Paulo, de 15 de marçode 1981,em que pede à Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista que soliciteao Presidente da República e ao Ministério da Previdência Social o reajusta­mento da aposentadoria dos ruralistas. Como podem viver estes trabalhado­res recebendo apenas Cr$ 2.965,00, se representam o sustento da Nação':'

Nesta rápida manifestação, queremos ser um humilde eco das palavrasdo nobre vereador.

Devido a importância da matéria, voltaremos a esta tribuna, bem comoencaminharemos o nosso pronunciamento ao ilustre e operoso Ministro daPrevidência, Dr. Jair Soares, apelando para o seu boníssimo e sensivel co­ração para que ponha a sua reconhecida inteligência em defesa do sacrificadohomem da terra, antes que ele morra com este doloroso lamento: "ninguémpensou em mim".

O SR. MILTON BRANDÃO (PDS - PI. Pronuncia o seguinte dlseur­so.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, estava ausente do plenário quando foisubmetido à apreciação da Casa requerimento de. suspensão dos trabalhos,em virtude do desaparecimento do nobre Deputado Wílmar Guimarães,ocorrido no dia 14 de janeiro do corrente ano.

Fomos seu companheiro em várias legislaturas e com ele sempre manti­vemos convivência agradável e cordial. O representante goiano, de tempera­mento e atitudes reservadas, exerceu seus mandatos com espírito público,sempre desenvolvendo o melhor das suas atividades em favor da região. Afei­to à política partidária, oferecendo incondicional apoio e solidariedade aosseus correligionários e amigos, foi sempre fiel aos princípios que defendeucom coragem e altivez.

Integrante da Assembléia Legislativa do Estado e Deputado Constituin­te em 1946, reeleito na Legislatura seguinte, a partir de 1959,.como DeputadoFederal, participou de todos os trabalhos desta augusta Casa, onde se desta­cou pela apresentação de trabalhos visando, sobretudo, à solução dos proble­mas nacionais e, em especial, do operário das cidades e do campo. Combati­vo, corajoso, sobressaía no combate às ditaduras e na luta pelas liberdadesdemocráticas.

Sr. Presidente, expressamos nossas homenagens à memória do prantea­do extinto, compartilhando do sentimento que atingiu o grande povo goiano,ao mesmo tempo em que estendemos à digna família enlutada, sua virtuosaesposa e diletos filhos, irmãos e todos integrantes de sua ilustre estirpe, nossassentidas condolências.

Sr. Presidente, desejamos também homenagear a memória do ilustre De­putado Joaquim Coutinho, da representação pernambucana, falecido semanapassada, e, por certo, um dos mais valorosos e destacados representantes daregião nordestina. Detentor de grande experiência, adquirida no exercício demuitos cargos executivos e mandatos legislativos, possuía, ademais, sólidosconhecimentos, que alicerçavam sua invulgar cultura e abrílhantavam suaprivilegiada inteligência, reconhecida por todos os seus pares. Do exercício daatividade parlamentar e do seu elevado espírito público deram testemunhoseus coestaduanos, que, melhor do que nós, o conheceram, admiraram e comele conviveram durante muitos anos. Bacharel em Direito dos mais compe­tentes, possuidor de vasta vivência profissional, ocupou, com desvelo, impor­tantes cargos públicos e integrou diversas comissões executivas.

Em 1966 foi eleito para a Assembléia Legislativa e, posteriormente, exer­ceu três mandatos consecutivos de Deputado Federal. Nesta Casa integrouimportantes comissões permanentes e especiais, tendo-se destacado comoPresidente da Comissão de Relações Exteriores, quando teve oportunidade

de apresentar a seus colegas outras facetas de sua marcante personalidade.Mo exercício dessa função bem demonstrou a sua vocação de diplomata, fa­vorecida pela sua condição de parlamentar experiente e portador de vasta cul­tura.

Joaquim Coutinho era um poliglota e, com facilidade, dialogava emmais de três idiomas.

Vítima de um desastre automobilístico em Boa Viagem, no Estado dePernambuco, durante meses esteve internado em hospitais de Londres, na In­glaterra. Após várias intervenções cirúrgicas regressou ao Brasil, tendo sidorecebido com indisfarçâvel alegria por colegas e amigos. Posteriormente vol­tou a participar dos trabalhos parlamentares, e todos nós manifestávamos aocaro amigo a nossa satisfação pelo seu restabelecimento. Entretanto, quandoesperávamos que ele estivesse recuperado, após algumas crises que abalaramo seu estado de saúde, veio a falecer.

Sr. Presidente, compartilhamos do sentimento do povo pernambucano,dos seus amigos, dos membros da sua ilustre familía, e nesta singela homena..gern deixamos consignada nossa imorredoura saudade de nosso caro e ines..quecivel colega Deputado Joaquim Coutinho.

O SR. PEIXOTO FILHO (PP - RJ. Pronuncia o seguinte discurso.)­Sr. Presidente, Srs. Deputados, em 23 de junho do ano próximo passado re­queri a convocação do Ministro da Saúde para prestar esclarecimento sobre aexecução do Plano Nacional de Saúde, estatística divulgada pela OrganizaçãoMundial da Saúde e problemas de saneamento básico da Víla São José.

Agora, de forma atenciosa, o ilustre Ministro Waldyr Mendes Arcoverdeencaminha-me por intermédio do Presidente Nelson Marchezan as infor­mações que solicitara, agasalhadas no expediente que passo a ler, para queconstem dos Anais da Câmara dos Deputados:

"CGM N9 1.121 Em 24 de novembro de 1980

Exmo, Sr.Deputado Nelson MarchezanLíder do GovernoCâmara dos DeputadosBrasília - DF

Senhor Deputado:Através do Requerimento nv 85; de 1980, solicitou o Exmo. Sr. De­putado Peixoto Filho a convocação do Ministro da Saúde a fim deprestar informações sobre a execução do Plano Nacional de Saúde e'a estatística divulgada pela Organização Mundial da Saúde, bemcomo sobre problemas de saúde existentes na Vila São José, no Mu­nicípio de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro.Sobre o primeiro daqueles assuntos jâ teve o Titular da Pasta daSaúde a honra de prestar informações à Câmara dos Deputados,quando, em data de 23 de abril do ano em curso, atendendo à con­vocação solicitada pelos Exmos. Srs. Deputados João Cunha, Car­los Chiarelli e Inocêncio Oliveira, através dos Requerimentos nss 67,68 e 69/80, respectivamente, compareceu ao plenário dessa egrégiaCasa do Congresso Nacional.Em complementação àquelas informações, no que se refere, especl­ficamente, à indagação constante do item Ill do citado Requerimen­to, apraz-me encaminhar a V. Exr, em anexo, os esclarecimentosprestados pelos órgãos técnicos deste Ministério sobre a situaçãodas doenças ali referidas.Em relação à Vila São José, em Duque de Caxias, RJ, a Coordena­doria Regional de Saúde do Sudeste, deste Ministério, prestou as in­formações que, igualmente, tenho a honra de encaminhar a V. Ex.,por onde se verifica serem justificadas as preocupações do nobreDeputado Peixoto Filho, quanto à situação sanitária daquele con­junto habitacional.O Ministério da Saúde, através da Delegacia Federal de Saúde noEstado do Rio de Janeiro, está mantendo entendimentos com a Se­cretaria Estadual de Saúde, para estudo e adoção das providênciasnecessárias à solução dos problemas apontados.Tendo em vista as informações acima, que rogo a V. Ext, se o julgarconveniente, a gentileza de trasmítir aoExmo, Sr. Deputado Peixo­to Filho, permito-me consultar o eminente Líder sobre a' possibili­dade de ser o Ministro da Saúde dispensado, nesta oportunidade, denovo comparecimento ao plenário da Câmara dos Deputados. Nãoobstante o privilégio em que se constituiria esse novo encontro comos ilustres membros dessa Casa, não se me afiguraria justo ocuparprecioso tempo dos trabalhos parlamentares para falar, basicamen­te, sobre tema já amplamente exposto edebatido, por ocasião daprimeira convocação.

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Permanecendo à disposição de V. Ex' e do nobre Deputado P~ixotoFilho para quaisquer outras informações que forem necessárias,valho-me da oportunidade para renovaras expressões de meu altoapreço e distinta consideração. - Waldyr Mendes Arcoverde."

"INFORME

Senhor Superintendente:Quanto às afirmações constantes do Requerimento n~ 85, de 1980,do Exmo. Sr. Deputado Peixoto Filho, de que segundo a OMS ha­veria no Brasil 12 milhões de esquistossomóticos, 14 milhões dedoentes de Chagas e 900 mil doentes de malária, este Departamentoesclarece que desconhece qualquer publicação daquela instituiçãointernacional que contenha aqueles dados.

Seria muito importante que o Exmo, Sr. Deputado informasse a re­ferência bibliográfica, para que nós pudéssemos consultá-Ia e to­marmos as providências pertinentes, caso aquelas cifras tenhamsido realmente publicados, pois, na verdade, não correspondem àrealidade. Para nós é muito estranho que a OMS as tivesse publica­do, pois as informações de que ela dispõe são enviadas pelas autori­dades sanitárias dos países e o Ministério da Saúde não informou àOMS aquelas cifras.Anexamos informações mais detalhadas sobre os dados que dispo­mos, prestadas pelas respectivas Divisões de Malária, Chagas e Es­quistossomose.

Resumidamente foram confirmados, em 1979, 144.215 casos de ma­lária no Brasil, sendo mais de 94% na Região Amazônica, em áreasde grande fluxo migratório.Os dados disponíveis sobre infecção chagásica e não doença chagá­sica, pois a maioria dos infectados não são doentes, revelam queexistiriam no País 4 milhões de pessoas infectadas. Entretanto, estáem fase final o inquérito nacional de prevalência chagásica, com cer­ca de 1.600.000 amostras de sangue colhidas. Este inquérito fornece­rá dados mais precisos.

Quanto a pessoas portadoras de esquistossomose, sem considerar asjá tratadas pelo programa, baseados no inquérito coproscópico ini­ciai realizado pela SUCAM na área endêmica do Nordeste (do Cea­rá a Sergipe) e nos dados mais antigos de PeJlon e Teixeira em ou­tras áreas ainda não pesquisadas pela SUCAM, estima-se que hajacerca de 5 milhões de portadores de esquistossomose.Brasília - DF, 2 de outubro de 1980. - Dr, Pedro Luiz Taull,Diretor-Geral DECEN."

"MINISTÉRIO DA SAÚDECOORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE DO SVDESTE

A Vila São José, em Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro, foiconstituída a partir de 1958, inicialmente com 350 pequenas casas dealvenaria, com auxílio do Ministério da Saúde e da Fundação Brasi­leira de Assistência, para abrigar os flagelados resultantes da en­chente na Vila Ideal, naquele Município, havida naquele ano.Esse conjunto de moradias construído em terreno cedido pelo entãoDeputado Tenório Cavalcanti, com o correr do tempo foi se arn­pliando e se transformou em Fundação, tendo como responsável eadministrador aquele ex-Deputado. Hoje, conta com mais de 1.000habitações, que abrigam um população de aproximadamente 15.000habitantes.

A Vila São José é dotada de uma escola particular com 4.000 alu­nos, comércio, um posto de saúde, rede de água e luz. Não contacom uma rede de esgoto e as águas servidas são lançadas em canale­tas que não têm o devido escoamento em virtude de se tratar de lo­cal de baixada e da execução, na periferia, de aterros e construçõesde ruas em níveis mais elevados. Essa situação traz em conseqüênciaa obstrução das referidas canaletas que ocasiona, já agora, épocafora da estação das chuvas, o alagamento de trechos pelas águas ser­vidas, constituindo, provavelmente, focos de contaminação dedoenças, resultantes da inexistência, deficiência ou mesmo inade­quação de obras de infra-estrutura de saneamento básico.Apesar do precário estado da infra-estrutura básica de saneamentoexistente, observa-se que durante o corrente ano, no I~ semestrte, deum total de 1.249 notificações compulsórias de enfermidades, oCentro de Saúde de Duque de Caxias registrou apenas 2 casos de he­patite infecciosa, provientes de residentes na Vila São José.De acordo com o Plano Operativo da Secretaria de Saúde do Estadodo Rio de Janeiro estima o referido órgão em 2,7 bilhões os recursos

a serem alocados e disponíveis pela Secretaria para aplicação noexercício.Prevê ainda a implantação de 6 postos de saúde e reforma em Cen­tros de Saúde, não especificando o local de implementação dasobras. O Ministério da Saúde, por meio do Convênio Único, destinaao Estado do Rio de Janeiro 82 milhões de cruzeiros que serão apli­cados pelo órgão estadual de saúde.Do exposto, é evidente que torna-se necessária a execução de obrasde saneamento básico nesse conjunto habitacional, cabendo confor­me a Lei n~ 6.229, ao órgão de saúde estadual executar as referidasobras, conforme a escala de prioridade definida pelo Governo doEstado, cabendo ao Ministério da Saúde prestar o -auxflio financeirode modo complementar, viabilizando a programação local.Quanto ao fornecimento de luz, foi constatado que, realmente, osmoradores pagam uma taxa que variade Cr$ 400,00 a CrS 1.000,00.- Dr, Joaquim de CastroFilho, Coordenador Regional de Saúde doSudeste."

Tudo isso considerado, impõe-se-me o dever de dizer, afinal, que os es­clarecimentos prestados pelo Ministro da Saúde, além de satisfatórios, de­monstram uma sadia identificação de propósitos entre as autoridades do Po­der Executivo e o Congresso Nacional.

Já não é preciso dizer mais nada para justificar minha presença nesta tri­buna, certo de que voltarei a ocupá-Ia sempre que se torne necessária, princi­palmente para abordar os problemas de saúde que devem ser solucionadosprioritariamente, como de direito e justiça.

Era o que tinha a dizer.

O SR. DARClLIO AYRES (PDS - RJ. Pronuncia o seguinte díseurso.)_ Sr. Presidente, Srs. Deputados, tomamos conhecimento, quase que diaria­mente, através do noticiário dos jornais, da situação aflitiva por que passa aPrevidência Social em nosso País, no tocante a sua receita, incapaz de supor­tar os ônus das suas obrigações para com os seus contribuintes.

Nunca é demais lembrar que a Previdência Social foi criada para prestartão-somente apoio de previdência, como bem nos informa a sua nomenclatu­ra inicial, passando, com o correr dos anos, a oferecer também assistênciamédica e hospitalar aos seus associados e ainda a estender a sua ação a inú­meros outros beneficios. Hoje, poucos são os brasileiros que não são agasa­lhados com o manto protetor do Ministério da Previdência.

Não vamos deter-nos nas múltiplas facetas desse grave problema, por se­rem de uma clareza meridiana as razõespelas quais a Previdência Social atra­vessa a insuportável crise financeira a que nos referimos.

Só a coragem do Sr. Ministro Jair Soares possibilitou que todos os brasi­leiros responsáveis passassem a se sensibilizar por esse grave problema. S.Ex', aberto ao diálogo, dinâmico em suas ações, tem buscado incansavelmen­te uma solução para os problemas da Pasta que tão brilhantemente dirige,sem criar crises, mas com uma responsabilidade pouco comum, porque vemenfrentando publicamente, sem medo, todas as dificuldades que encontra,mostrando à Nação, sem meias verdades, o que de fato pode acontecer com aPrevidência Social em nosso País, dentro de pouco tempo, se alguma provi­dência concreta não for tomada a curto prazo.

Estamos, Sr. Presidente, solidários com o Ministro Jair Soares, que vemdando à Previdência Social a dimensão que ela deve ter, sempre preocupadocom o atendimento aos seus segurados, sem tiradas demagógicas, num traba­lho incansável. Por isso, fazemos desta tribuna um veemente apelo ao Sr. Mi­nistro Delfim Netto, do Planejamento, para que assegure, tempestivamente,recursos financeiros ao seu colega de Governo, nesta hora difícil que atraves­sa a Previdência Social.

O Sr. Presidente da República, sempre atento, haverá de determinar es­tudos para que o Ministério do Planejamento viabilize recursos em favor daAssistência Social em nosso País. Temos certeza, Sr. Presidente, que o proble­ma será solucionado, como de resto todos os demais têm merecido a melhoratenção por parte do Presidente João Figueiredo, e não seria este, de tamanhamagnitude, que ficaria sem solução.

O SR. AIRON RIOS (PDS - PE. Pronuncia o seguinte díscurso.) - Sr.Presidente, Srs, Deputados, passo a ler, para constar dos Anais da Câmarados Deputados, o discurso por mim proferido, em nome da família Rios, noAuditório da Associação de Imprensa de Pernambuco, aos 15 de janeiro doano corrente, por ocasião do lançamento do livro de crônicas "Um Humanis­ta na Imprensa Pernambucana". da autoria do meu pai, o saudoso parlamen­tar, tribuno, advogado e jornalista, Carlos Rios.

"Senhor Governador Marco Maciel, Senhor Vice-Governador Ro­berto Magalhães Melo, Senhor Presidente do Tribunal de Justiça doEstado Pedro Malta, Senhor Presidente da AIP, Sócrates Times de

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Carvalho, Senhores Parlamentares e demais autoridades, minhasSenhoras e meus Senhores:Carlos Rios trabalhou e escreveu para jornais desde a meninice até oprelúdio da sua morte. Morte que estupidamente se antecipou emvida tão exuberante. Viveu e morreu praticamente, como vários ou­tros jornalistas de boa fama intelectual, debruçado sobre as mesastoscas das modestas salas de imprensa dos destacados jornais dePernambuco.O meu pai sentia-se como Um vendedor de ilusões no crediário dasforças. do espírito. Mas; a exemplo dos melhores profissionais dosperiódicos pernambucanos, os seus mais importantes trabalhos per­manecem no trágico anonimato do grave silêncio dos anais sem no­mes da nossa vida de imprensa. Os artigos de fundo, os sueltos, oseditoriais, tantas vezes obras-primas da literatura nacional, publica­dos sem identificação dos seus autores, continuamnos arquivos dasem-memória dos diários e periódicos.A firma-se que o estilo é o homem e, assim, através do véu de Saíam­bô, muitas vezes elites afortunadas consagram com justiça os Álva­ro Lins, Caio Pereira, Osório Borba, Silvino Lopes, Aníbal Fernan­des, José de Sá, Costa Porto, Esmaragdo Marroquim, Mauro Mata;Gilberto Osório, Gilberto Freire, Nilo Pereira, Sócrates Times deCarvalho, Andrade Lima Filho, Orlando Parahym, Paulo Caval­canti, Carlos Luiz de Andrade, entre tantos outros, na mais líricadas compensações de que vive o homem de imprensa.Pois bem, se não fora a criatividade do jornalista Sócrates Times deCarvalho, o excelente e versátil presidente da AIP, instituindo o PIa­no Editorial, em verdade, em verdade vos digo que desses extraordi­nários homens de jornais ficariam apenas as recordações esparsasda memória que perece após esgaçar-se pela força inelutável do tem­po.

Agora pode-se dizer que a imprensa da nossa Província criou a gale­ria dos seus imortais. E esse trabalho consagra a meritória passagemdo jornalista de talento, e quase sempre panfletário, Sócrates Timesde Carvalho, pela presidência da Associação da Imprensa de Per­nambuco.Houve época, minhas Senhoras e Senhores; em que Sócrates pareciaescrever com estiletes incandescentes, abrindo a carne dos despudo­rados, demagogos, ladrões do erário público e mistifica dores da opi­nião pública nacional. Nele permanecem intactas as'virtudes do jor­nalista honrado que teve a superioridade profissional de editar aobra dos seus colegas que, deste modo, atravessaram o pontilhão damemória nacional.

Cabe agradavelmente registrar que a família de Carlos Rios sente-sehonrada diante da feliz escolha do consagrado escritor, historiadore jornalista pernambucano Costa Porto para prefaciar o livro decrônicas do seu antigo colega do batente. A versatilidade intelectualdo extraordinârio homem público brasileiro que desfilou pelos maisaltos cargos públicos da República e honrou o Parlamento nacionalconferiu a esta edição uma importância que todos proclamam emuito nos orgulha.Senhor Presidente e Senhores jornalistas pernambucanos, o meu paipensava como Rui Barbosa ao considerar que "de todas as liberda­des, é a de imprensa a mais necessária e a mais conspícua. Nào se su..prime essa liberdade senão para ocultar a ausência das demais, e es..tabelecer em torno dos governos ruins o crepúsculo favorável à co..modidade dos tiranos".De fato, acrescentamos, a base da democracia é a liberdade. A imoprensa não sobrevive nem atinge aos seus superiores objetivos sem aliberdade. O regime político sem liberdade é uma concessão doPríncipe que amesquinha a todos, concessionários e concedentes.Enquanto isto, a imprensa sem liberdade é o pasquim da autocraciaque se manifesta por faces múltiplas. Maisplural do que a figura mi­tológica de Juno.A exemplo de Nabuco de Araújo, "no fundo do seu espírito há duascorrentes distintas: uma, a mais forte, no sentido das novas aspi­rações de liberdade; outra, a mais profunda, no sentido da tradiçãodo direitô".Em sua vida pública, no exercício de mandatos parlamentares ou nojornalismo, jamais foi flagrado em adulação aos regimes triunfan­tes, vitoriosos, ou ao poder, no clímax do seu fastígio.Cultivou a coragem, que foi tema para livro do Presidente Kennedy,como uma etiqueta do homem honrado, independente e compro­missado com as superiores causas da comunidade pernambucana ,~

suas respeitáveis instituições públicas e privadas. Por isto sofreuexílio interno e recebeu intimações da tirania policial alugada.É exemplo histórico e marcante a sua luta para manter de pé as co­lunas tradicionais da maçonaria de Pernambuco, expondo-se aosataques da histeria clerical, de clérigos e padres que pareciam aindaíncensados pela fumaça das fogueiras medievais da Inquisição e dodesvario de Torquemadas, que assava os indiciados do Santo Ofí­cio. Símbolo da mais repugnante intolerância.A cidade do Recife, na década dos trinta, e sua cidade natal Palma­res foram inundadas por panfletos anônimos, urdidos pela idiossin­crasia de terceira classe, que covardemente investiam contra ele, aquem chamavam de anticristo e subversivo, porque se negava a serum papa-hóstias e pugnava pela liberdade de livre reunião,Em verdade, como Voltaire, nunca freqüentou templos religiosos eapenas se cumprimentavam respeitosamente. Porém, ele não conce­bia o homem sem Deus. E ainda na mesma senda do notável escritorsatírico, manteve o melhor relacionamento com pessoas de quemdiscordava frontalmente: ditadores, aduladores e até estelionatáriosda opinião pública brasileira.Para os seus filhos e sua família, ajustam-se muito bem os versos deCastro Alves, pois nele "borbulhava o gênio". Genialidade sedentade amor, justiça social, paz, liberdade c cultura, porque "na escolhada cultura o homem empenha o seu destino" - segundo João PauloII aos intelectuais brasileiros.Nem mesmo a adversidade que lhe impôs a doença de Parkinson,que se abateu sobre vida tão exuberante e promissora, conseguiu en­clausurar seu espírito ou custodiar-lhe a consciência, apesar de en­gastados em sua carcaça física como que manietados por correntesde ferro no topo da vida, tal qual o Prometeu da era cristã. E ele po­deria considerar-se batido e nostalgicamente recitar os versos dovate baiano de Curralinho:"Eu sei que vou morrer ...dentro em meu peitoum mal terrível me devora a vida.Sou o cipreste, qu'inda mesmo florido,sombra de morte no ramal encerra!"Se~tado em uma cadeira dias, meses e anos, adinâmico, a face rígidacomo uma tábua, por lhe faltarem as inflexões musculares, com "osolhos que querem olhar alegres e olham tão triste", como diria Ma­nuel Bandeira, ele ditava artigos para a imprensa até três dias antesdo coração parar. Artigos que saíam do seu cérebro privilegiado epassavam pelo corredor da boca que se transformara em um funil,obliterado por trombas candentes da sua implacável e miseráveldoença. As palavras caíam como de um conta-gotas. A minha sau­dosa mãe Alba Falcão Rios, e os seus filhos recolhiam aquelas pe­pitas, corno garimpeiros que pescam ouro, que não se confundem'com as do rnealheiro de Agripa.A compressão da sua inteligência e do seu espírito era mais forte doque as barragens orgânicas da sua inusitada fisiologia mutilada. Ti­nha a força da Cachoeira de Sete Quedas e da Foz do Iguaçu juntas.A robustez de Sansão e a impulsividade de Davi.Certa vez, coube-me dar-lhe um banho no banheiro de nossa casaalugada em uma rua nas proximidades da Encruzilhada. Dos seusolhos corriam mais água do que da ducha que o molhava. "Pareciaa criança que, banhada em pranto, procura o brinco que levou-lhe orio", dos românticos versos de Casimiro de Abreu. Recordo-me en­tão - e somente Deus o sabe e ajudou-me - que reagi dizendo-lheque apenas retribuía os banhos que ele me dera na minha menini­ce...Os amigos desertaram da casa que sempre estivera plena de gente fa­lante. Muitos se recusaram a admiti-lo inerme, apenas respirando ecuspindo palavras que teciam jornais. Ele teria que ser também umfilósofo sem cirencus, "Um surdo na universal indiferença", dos ad­miráveis versos de Bilac sobre Beethoven. E manter "o orgulho deser grande na desgraça". Mesmo recitando para o seu interior: "ou­tros terão um lar, quem saiba amor, paz, um amigo. A inteira, negrae fria solidão está comigo", da autoria de Fernando Pessoa.Sabemos que ele lia muitos clássicos, neo-clássicos e modemistas.Em Schopenhauer deteve-se diante da advertência: "a vida é umatarefa que devemos desempenhar laboriosamente. E o mundo é o in­ferno, c os homens dividem-se em almas atormentadas e em diabosatormentadores". E ainda do mesmo filósofo pessimista: "Quãolonga é a noite do tempo sem limites. comparada com o curto sonho

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da vida. A morte é o gênio inspirador, a musa da Filosofia... Sem elater-sê-ia dificilmente filosofado."Todavia, manteve-se sempre ameno, forte e humano diante da ad­versidade injusta e cruel. Nunca o vi imprecar ou contaminar e en­volver os outros na aflição da sua tragédia. E por isto não atendeuao poeta lusitano Fernando Pessoa quando, quase em desabafo,cantava:"Hoje, neste ócio incerto,sem prazer nem razão,como a um túmulo abertofecho meu coração."Entretanto, como escreveu Augusto Frederico Schmidt:"Ninguém desejou mais a companhia dos seus semelhantes,ninguém teve mais necessidade do calor amigo,do apoio, do aplauso, da solidariedade humana.No entanto - sua vida se consumiu na solidão, no desamparo e naindiferença.A amargura não fermentou na sua alma,o ressentimento não dominou jamais a sua visão simples das coisas,ele era da raça dos heróis obscuros."Finalmente, Senhoras e Senhores, para registrar os vinte e cincoanos de sua transfiguração, tem a palavra o poeta mineiro de Itabi­ra, Carlos Drummond de Andrade, que, assim, falará pela famíliaRios - filhos, genros, noras, irmãs, sobrinhos, cunhados, netos ebisnetos - e pela sua companheira, que fez tudo para estar hojeaqui também, a grande dama pernambucana, professora e autodi­data, Alba Falcão Rios:"Teu aniversário, no escuro,não se comemora.Em verdade paraste de fazer anos.Não envelheces. O último retratovale para sempre. És um homem cansado,mas fiel: carteira de identidade.Tua imobilidade é perfeita. Embora a chuva,o desconforto deste chão. Mas sempre amasteo duro, o relento, a falta. O frio sente-seem mim, que te visito. Em ti, a calma.Guardavas talvez o amorem tripla cerca de espinhos.Já não precisas guardá-lo.No escuro em que fazes anos,no escuro,é permitido sorrir."Senhoras e Senhores, "aquela saudade eterna que pouco dura" dosversos do extraordinário poeta Fernando Pessoa, para nós, dafamilia Rios, eternizou-se."

o SR. .rose CAMARGO (PDS - SP. Pronuncia o seguinte dlseurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, é imperativo ressaltar o papel fundamentalque a classe política exerce no desenvolvimento fraterno de todas as socieda­des' do mundo.

A interação entre as diversas correntes políticas, que têm representativi­dade em nosso País, tornou-se maior com a determinação do Presidente JoãoBaptista de Oliveira Figueiredo "em fazer do Brasil uma democracia", ini­ciando em seu Governo a abertura política, tão esperada pelo povo brasileiro.

Com o ressurgimento do pluripartidarismo, novos líderes, novas idéias,novos valores surgirão. Essa renovação política é profundamente salutar parao futuro do Brasil. Seus reflexos já se fazem sentir no comportamento social,político e econômico da sociedade brasileira. É essa a argamassa da conscien­tização política que solidifica as bases de uma nação respeitável, disposta adar o melhor de si para seus filhos e se firmar no conceito dos povos civiliza­dos.

Sem a classe política é impossível governar; por isso, é imperativo ressal­tar o papel fundamental da classe política no contexto social de um país emdesenvolvimento, como o Brasil. São múltiplos os empecilhos que afligemnosso povo neste momento. Mesmo assim, honro-me de pertencer à classedos políticos, que sempre estiveram de mangas arregaçadas para trabalhar cajudar a construir nosso País. Nossa permanente preocupação é com o aten­dimento das justas reivindicações populares. Entendemos que governar é amaneira permanente e constante de lutar pela redenção da dignidade do ho­mem.

Sr. Presidente, Srs, Deputados, democrata, de origem oposicionista, des­de a implantação do pluripartidarismo em nosso País me filiei ao Partido De­mocrático Social, pelo Estado de São Paulo. Nosso trabalho ali continua fir-

me como antes, em benefício do povo. Fruto de uma amizade de 16 anos,nosso trabalho se fortificou ao nos identificarmos com o Governador PauloSalim Maluf na árdua, mas cornpensadora luta pela causa democrática.

Nele vemos o reflexo e o símbolo de uma geração promissora de repre­sentantes políticos, dispostos a continuarem lutando pela dignidade da causapública. O nome do governante paulista, neste sentido, já se pontifica comoum dos expoentes máximos de tenacidade, capacidade e inteligência de quenosso País dispõe.

Para que todos os honrados membros desta Casa e a opinião pública doPaís conheçam algumas linhas básicas que norteiam o ideário e o comporta­mento político do Governador Paulo Salim Maluf, passarei a ler, para cons­tar nos Anais da Câmara dos Deputados,' seu pronunciamento realizado noPrimeiro Encontro Estadual do Partido Democrático Social, no ParqueAnhembi, em São Paulo, no dia 18 de outubro de 1980, sob o título: "Demo­cracia é Justiça Social".

"Companheiros do PDSOs partidos políticos devem ser os pregadores da consciência cívicados povos. Nesta fase histórica de abertura política, cabe ao PartidoDemocrático Social - PDS, a responsabilidade de dar respaldopolítico ao Governo do eminente Presidente João Figueiredo, nasua inabalável decisão de restauração democrática. E ainda, junto àconsciência política da N ação, desempenhar funções de verdadeiroguia da nacionalidade e das instituições em que ela repousa.Nossas tarefas são tarefas de todos os dias e de todas as horas, por­que a Democracia consiste num exercício cotidiano, uma partici­pação permanente, que se auto-aperfeiçoa na medida em que sabe­mos incorporá-la ao nosso modo de vida.

Aqui é imperativo ressaltar o papel fundamental da classe política.Vindo do coração do povo, ouve suas necessidades, interpreta seussentimentos e se torna; assim, o elo entre a Nação e o Governo.Eu me honro de pertencer à classe política, porque posso afirmar,categoricamente, que sem a classe política é impossível governar.Múltiplas são as dificuldades que nos afligem na hora histórica queestamos vivendo. A conjuntura internacional, o empenho protecio­nista em que se esmeram os países mais avançados, assim como ostermos do comércio mundial, criam discriminação contra as naçõesem via de desenvolvimento.

Mas esta situação não impedirá a determinação dos povos que dese­jam ser protagonistas do próprio destino.Internamente, os desequilíbrios sociais e os desequilíbrios econômi­cos inter-regionais, a disparidade entre o desenvolvimento doCentro-Sul e o do Norte-Nordeste surgem como implacáveis desa­fios aos governantes, que sentem a necessidade imperativa de pro­mover o desenvolvimento de forma equilibrada e homogênea. OBrasil deve ser um só Brasil.Todos estamos de acordo em que é preciso remover os desníveis derenda, ampliando o mercado de trabalho, lutando sempre pela me­lhor qualidade de vida do povo brasileiro.

São Paulo progrediu pelas mãos abençoadas pelo trabalho de todosque aqui nasceram ou para aqui vieram. Milhões de imigrantes es­trangeiros e de migrantes brasileiros deram e continuam dando seuconcurso ao nosso progresso. Graças a Deus, são inumeráveis osnortistas, nordestinos c irmãos de todos os Estados dentro da nossacomunidade. fi. uma dívida que temos de saldar.Companheiros do Partido Democrático Social:Democracia é o nome contemporâneo da justiça social. Ela implicaigualdade de oportunidade e eqüidade na distribuição dos frutos dodesenvolvimento social.Nessa perspectiva, definimos o desenvolvimento não como simplescrescimento econômico e expansão do Produto Interno Bruto, mascomo promoção do homem.Para acionarmos, porém, essa promoção, precisamos conferir prio­ridade absoluta à política de educação, saúde, habitação e emprego.Da execução simultânea e não isolada dessas políticas depende aelevação do nível de qualidade de vida, patamar da promoção socialdo homem.Precisamos reconhecer que sem deferirmos ao homem o direito departicipação política, a sua promoção social ficará incompleta, poisimportará na redução das franquias da cidadania. Estas são essen­ciais ao aprimoramento da cordialidade humana e à elevação dossentimentos de solidariedade entre as pessoas.

Mllrço de 1981 DiÁRiO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçiio I) Quarta·feira 18 727

É inerente à ação política a aspiração ao poder. Mas o poder deveser encarado pelos homens nele investidos como um encargo, um sa­cerdócio.O poder é um compromisso com a sociedade, impondo o dever deatendimento das justas aspirações coletivas, a fim de que se concre­tize o ideal do bem comum.Nesse sentido, a política é a ciência de Governo, através da qual seharmonizam os interesses da sociedade civil e do Estado.N as sociedades democráticas, o dever do Estado é promover açãorealizadora, tanto no campo específico de suas atribuições diretas,como nos atos de cooperação com a livre empresa, visando à contí­nua ampliação da riqueza física e cultural da sociedade:O Estado tem sempre uma dívida social para com os cidadãos. Masessa dívida é, também, da sociedade civil.A co-participação na quitação desse débito social impõe aos gover­nos e aos organismos da sociedade responsabilidades e tarefas quetêm de ser executadas sob a égide do mesmo espírito cívico.Se tudo deixarmos por conta do Estado, a sociedade terminará porse anular pela auto-renúncia às suas responsabilidades.O homem não vive apenas de bens materiais. O homem precisa tersegurança de poder viver ao abrigo das necessidades imediatas.Mas, se for destituído de sua espiritualidade, ele não poderá percor­rer o caminho de todas as suas possibilidades. Esta foi uma daslições que Sua Santidade, o Papa João Paulo lI, nos deu sobre a dig­nidade humana.Toda política de promoção humana, portanto, só se completa compolíticas eulturais destinadas a dignificar o homem.Entendemos, pois, que o Estado deve combater os fatores que ge­ram a carência material. E deve também assumir a luta contra as ca­rências que provocam o empobrecimento espiritual do homem e dasociedade em que vive.Define a Cultura como instrumento primordial dessa luta.H umanizar a vida em todas as suas dimensões é, para nós, a razãode ser dos governos.Este é o grande princípio que norteia a ação dos homens públicosaqui presentes, congregados pelo programa do Partido Democráti­co Social.Proclamo, portanto, que Governar é uma luta permanente pela re­denção do homem.Companheiros:Há duas categorias de políticos: os que trabalham e os que só vêemdefeito no trabalho dos outros.Nós arregaçamos as mangas para construir. Eles se ocupam em ata­car, para tentar, em vão, diminuir a obra do Governo. A esse exercí­cio rancoroso de quem nada faz, oporemos sempre, com renovadovigor, o trabalho. O ódio combateremos com o amor. Nossa causa éo Povo.rdentifico no programa de nosso Partido as aspirações e os ideais detodos os brasileiros. Por essa razão, estou certo de que o PartidoDemocrático Social cumprirá sua missão na luta pará fazermos doBrasil uma das maiores nações do mundo, sob o signo da fraternida­de.Este encontro oferece-nos a oportunidade de reafirmar os grandesideais de nosso partido, que constituem, também, os horizontes cívi­cos de Sào Paulo.De olhos postos no futuro, saibamos dar as mãos, unidos e confian­tes, na semeadura de nossos ideais. Amanhã, teremos a radiosa co­lheita dos frutos que só a Democracia coloca à disposição da Huma-nidade." .

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O S,R. ALEXANDRE MACHADO (PDS - RS. Pronuncia o seguintedíscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Governo fala em adotar medi­das de socorro à nossa pecuária. "Dele apenas temos recebido o mais ínaceitá­vel e inacreditável tratamento: O Imposto Territorial Rural com cerca dequatro mil por cento de acréscimo; aumento dos juros para financiamentosrurais de dezoito para cinqüenta por cento, em alguns casos acima de sessentae cinco por cento; corte total do crédito à'pecuária. A atual política para ocampo não me parece de aperto ou destruição para o setor, mas demonstra atotal cegueira e incapacidade de quem a pratica. Os resultados de tal políticafar-se-ão sentir em pouco tempo, e a destruição de um setor econômico que seprocurava recuperar chega a ser objeto de verdadeiro crime, que agora se pra..tica contra uma área econômica que parecia ser importante para a Nação.Pelo menos o Presidente Figueiredo, em memorável discurso pronunciado

neste mesmo Plenário, afirmava que daria prioridade à Pecuária. Imaginemse não desse.

O Governo não falou a verdade em termos de financiamentos, nem mes­mo com nossas Cooperativas de Li'.r Na hora de entregar-lhes o dinheiro acurto prazo e altos juros para pagamento aos produtores, não cumpriu nadado que foi estabelecido. e as nossas Cooperativas de Lã do Rio Grande do Sultêm de efetuar as mais absurdas transações para fazer face à sua abertura fi­nanceira, propiciada pelo próprio Governo. Sabemos todos que a nossa lã es­tá toda colocada, quer no mercado interno, quer no externo, a preços com­pensadores. bastando que para talo Governo tenha apenas os olhos de quemenxerga enão a cegueira de quem não quer ver. Se o Governo Federal, atra­vés do Ministério do Planejamento, age assim; no que respeita àolã de nossoEstado, toda ela colocada a preços compensadores, bem podemos aferir oque ele faria quando o produto tivesse de ser subsidiado ou ajudado para quepudesse ser razoavelmente comercializado.

Entendo que a recessão imposta através de toda a rede bancária nacionalde reaplicação de apenas quarenta e cinco por cento sobre os valores aplica.dos no ano anterior, tudo entendido dentro de um cômputo inflacionário acento e dez por cento, faz com que toda a pequena e média empresa nacionaltenha de falir por falta do numerário mínimo com que fazer face a seus com­promissos, uma vez que não dispõe - e o Governo sabe - e nunca dispôs decapital de giro. Daí resulta o desemprego nas maiores empresas nacionais,onde o reajuste semestral' não pode ser cumprido, fazendo com que os sa-

, lários nominais sobrem, grandes para muito pouca gente, enquanto que osdesempregados são precisamente os mais qualificáveis e mais bem remunerá­veis na triste e dolorosa realidade do "quanto pior, melhor".

Este é o País que infelizmente estamos vendo, mediante o exame que fa­zemos todos os dias, baseado em sua mais preciosa realidade.

O SR. PEDRO COLUN (PDS - Se. Pronuncia o seguinte dlscurso.)­Sr. Presidente, Srs, Deputados, previu o Plano Nacional de Viação, baixadopela Lei nv 5.917, de 1973, duplicação do trecho catarinense da BR-lüI, emetapas sucessivas, de sorte a resolver, progressivamente, no tempo, oestran­gulamento do tráfego rodoviário entre as fronteiras do Rio Grande do Sul eParaná. caso não fossem, desde logo, tomadas as medidas de planejamento, .estudo, projeto e construção, para complementação .da meta até 1.984.

Ocorre, Sr. Presidente, ter recebido do Dr. Bernardo Wolfgang Werner,atual dirigente da Federação das Indústrias de Santa Catarina, veemente ape­lo para integrar-me na atual luta reivindicatória pela retomada do .plano ori­~inal, como tema básico para o desenvolvimento do Estado.

Convém esclarecer que, subdividindo-se o trecho entre as fronteiras dosEstados do Rio Grande do Sul e Paraná, no território catarinense encontra-seo segmento compreendido entre os entroncamentos da BR.282 (Palhoça) e aBR-470 (Navegantcs), com projeto de duplicação em elaboração. Porém, osegmepto entre a BR-470 (Navegantes) e a divisa do Paraná depende de pro­jeto para o qual não há recursos consignados. O mesmo ocorre entre o seg­mcntoBR-282 (Palhoça) e Tubarão.

Escoando-se por Santa Catarina o tráfego internacional do Cone Sul doContinente, notadamente o realizado entre o Brasil, Argentina e Uruguai, éfácil justificar sua importância como fator de integração econômica.

Por igual, dia a dia cresce o tráfego de veículos brasileiros, hoje na faixa'diária de 10 (dez) mil unidades.

A BR·lOl é a espinha dorsal da economia catarinense. servindo às miocrorrcgiõcs de Joinvillc, Blumenau, Crisciúma, Florianópolis, ltajaí e Tuba­rão. As 600 maiores empresas do Estado, com 150 mil empregados, funcio­nam na área em tela.

As obras constantes do Plano Rodoviário Nacional, em 1973, já seriamexecutadas entre 1975 e 1984. Como todas as datas estão vencidas, lanço umveemente apelo ao Ministro Eliseu Resende e ao Diretor-Geral do DNER,para que se faça um cronograma físico-financeiro, reformulado com novosprazos e alocação de recursos, compreendendo todas as despesas de levanta­mento, projeto, indenizações e obras, para que não escoe o resto deste séculosem a conclusão do proposto programa. Agora, Sr. Presidente, temos mais dedez anos de atraso. Porém, é urgente um impulso no sentido do início do seg­mento Itajaí-i-Palhoca, sob pena de grave frustração para a economia de meuEstado.

O SR. HENRIQUE EDUARDO ALVES (PP - RN. Pronuncia o se­guinte díscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, numa espécie de operação"pente fino", a Divisão do Imposto de Renda, do Ministério da Fazenda,pela Secretaria competente. distribuiu a dezenas de milhares de profissionaisliberais - dentistas, médicos, psicólogos e até advogados - avisos para o pa­gamento, com juros e correção monetária, de impostos que vinham sendo so­negados a partir do exercício de 1978.

728 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRE~;SO NACIONAL (Seção I)----------------------

Março de 1981

Os sonegadores, agiam com o máximo de segurança, informados pelosseus clientes, funcionários daquela Divisão, de que bastaria a declaração domaior recibo dado, visto como a repartição não dispunha de instrumentospara Icvantar a contribuição real devida, Esqueciam-se de que a "máquinaburra", chamada computador, manejada pelo SERPRO, podia 'separar as fi­chas dos clientes, para a devida comparação com a daqueles profissionais.

Corno "cesteiro que faz um cesto, faz um cento", os multados podem ~s­perar, com segurança, notificações relativas a 1979e 1980,se é que não reinci­diram na sonegação em 1981.

Por outro lado, a Procuradoria Geral da Fazenda promoveu um levanta­mcnto dos débitos fiscais inscritos na dívida ativa da União nos últimos dezanos e constatou que cerca de 56 por cento do valor global originário dessesdébitos referem-se a São Paulo. Nada a admirar, pois trata-se do maior con­tribuinte fiscal da União. Por isso os paulistas deixaram de pagar 11,5bilhõesdos 20,5 bilhões devidos em todo o País, valor que, corrigido monetariamen­te, com juros e encargos legais de vinte por cento, se eleva a nada menos decem bilhões decruzeiros, contra 60 bilhões verificados em 1979, num cresci­mento superior ã 60% em um ano.

Aos que se queixam de rigorismo fiscal, reponde o Sr. Cid HeráclitoQueiroz que. os mecanismos de cobrança da dívida ativa da União -legal­mente imprescritível, ao contrário da dívida passiva, que prescreve em cincoanos - são os mais brandos possíveis, enquanto mais de 74%dos contribuin­tes, no ano passado, deixaram de cumprir suas obrigações tributárias, en­quanto os promotores públicos estaduais, sobrecarregados de serviço, nãotêm condições para efetuar essa cobrança executiva, atribuição do seu mister.

Se a União é credora de alguns bilhões de cruzeiros, sempre foi urna de­vedora relapsa. Foi justamente essa relápsia quem a inspirou na primeira re­forma da Previdência Social, quando, de um golpe, "arquivou" seus débitospara com os Institutos, reduzindo, cm seguida, para a quarta parte (cerca dedois por cento) a contribuição federal para o caixaprevidenciário (patrões eempregados continuaram pagando oito por cento cada classe) e, hoje, admi­nistra ditatorialmente o FGTS, para sustendo do BNH e milhares de emprei­teiros do Sistema Habitacional.

O certo é que, segundo os últimos levantamentos, as dívidas vencidas doGoverno para com o setor privado se elevam a cento e quarenta bilhões decruzeiros, devendo-se considerar que o levantamento feito pela Secretaria dasEmpresas Estatais só se refere a 85% das mesmas.

Promete o Governo quitar essas dívidas até o final de abril, sendo que,até agora, o DNER pagou apenas seis bilhões de um débito de quarenta bi­lhões de cruzeiros, enquanto a ELETROBRÃS pagou vinte bilhões, a SU­NAMAM 14 bilhões, e a NUCLEBRÂS três bilhões de cruzeiros.

Há recomendações expressas do COE, aprovadas pelo Presidente da Re­pública, no sentido de que o passivo das empresas estatais, este ano, não exce­da o seu valor corrigido do ano passado, inadmitido o crescimento dessasdívidas em termos reais.

Controlável - c inexeqüível, praticamente, a dívida passiva - ninguémpode controlar o crescimento da dívida ativa, que nem sempre decorrerá derelapsia do contribuinte, mas, por vezes, de incapacidade financeira, decor­rente de uma conjuntura das mais difíceis, com uma inflação galopante e ocrescimento geométrico da conta do petróleo.

Os horizontes deste ano não se apresentam, assim, promissores, não tan­to pelo débito crescente da União, como pelas reduzidas possibilidades decobrança da sua dívida ativa. Isso sem contar o seu débito internacional e odesequilíbrio no balanço ele pagamentos.

O SR. PACHECO CHAVES (PMDB - SP. Pronuncia o seguinte dls­curso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o sistema creditício demonstra,mais uma vez, este ano, sua importáncia como catalisador da produção,quando, apesar de limitados os recursos do Governo para incentivo a lavou­ra, seu desempenho deverá superar o do ano passado, apesar de algumas in­tempéries nas várias regiões produtoras.

Forçoso reconhecer, no entanto, que a eficiência desse insumo será mui­to maior, desde quc mais ampla a rede de agências dos estabelecimentos ofi­ciais de crédito, com suas carteiras de fomcnto à agricultura e à pecuária.

Hoje dificilmente haverá uma cidade de mais de cinqüenta mil habitantesque não conte com uma agência do Banco do Brasil. Prometeu, no ano passa­do. esse estabelecimento oficial de crédito instalar mais três centenas delas,informando-se, mais recentemente, que esse número seria reduzido para cen­to e quarenta, pouco mais de um terço do planejado. Alega-se, para essa re­dução, a carência de pessoal e o crescimento dos dispêndios que, a nosso ver,seriam compensados pela ampliação do sistema creditício, promovendomaior velocidade na circulação c crescimento. do desempenho produtivo.

Se a instalação de novas agências pode ser dispendiosa, a instalação desubagência será muito mais econômica, dinamizando o setor creditício.

Nas cidades de população superiora cem mil habitantes, as agências doBaneo do Brasil dificilmente conseguem prestar aos correntistas um serviço àaltura das tradições desse estabelecimento de crédito, principalmcnte no quetange ao pagamento de benefícios previdenciários, formando-se incômodasfilas nos guichês e atropelando os demais correntistas, em alguns dias do mês.É que a concentração urbana sempre se segue, atualmente, o surgimento desubúrbios, arrabaldes e até favelas, nem sempre servidos por uma eficienterede de transportes. Mas, mesmo no caso em que existe razoável escoamentoviário urbano, cada dia mais caro é o preço dos transportes, como decorrêniada difícil conjuntura que atravessamos, no que tange aos preços dos com­bustíveis.

Daí por que a instalação de subagências do Banco do Brasil, nos distritosdas cidades de mais de cem mil habitantes, viria atender a um justo reclamodessas populações suburbanas e periféricas, marginalizadas pela deficiênciade transportes.

N o máximo cinco funcionários seria suficentes para atendimento às ne­cessidades de uma sub agência bancária de movimento razoável, que serviria,ademais, para o treinamento eficaz do pessoal para funções de maior respon­sabilidade.

Esperamos que o Presidente do Banco do Brasil atenda a esse apelo, emnome de centenas de milhares de correntistas desse estabelecimento oficial decrédito, que penam as dificuldades da vida suburbana.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

V - O SR. PRESIDENTE (Jackson Barreto) - Passa-se ao GrandeExpediente.

Tem a palavra o Sr. Jerônimo Santana.

O SR. JERÔNIMO SANTANA (PMDB - RO. Pronuncia o seguintediscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, formulo um apelo à CPI da cor­rupção, nesta Casa, para que proceda a uma severa investigação, uma devas­sa mesmo, na administração do Território Federal de Rondônia.

Através de inúmeras denúncias nesta Casa, trouxemos os fatos que com­provam ser hoje o Território de Rondônia a unidade administrativa federalcm que mais corrupçào e mordomias tem ocorrido em sua administração. Hácorrupção por todos os lados.

O Governo federal baixou decreto visando a acabar com as mordomiasno Distrito Federal e se esqueceu por completo das mordomias nos Terri­tórios, quando essas unidades são da administração diretamente ligada à Pre­sidência da República.

Em Rondônia instalou-se uma verdadeira indústria de alugueres de casaspara técnicos do Governo, sem qualquer controle.

Uma verdadeira indústria de reformas de prédios públicos consome mi­lhões de cruzeiros. Como exemplo poderemos mencionar pelo menos a vigêsi­ma reforma do Hospital São José de Porto Velho.

O conjunto Cujubírn, em nossa Capital, é a prova das mordomias emRondônia. Secretários do Território alugam suas casas para ir residir em ca­sas fornecidas a eles pelo Governo, alugadas por preços exorbitantes.

O Governo federal até hoje se esqueceu de controlar as mordomias dosTerritórios. tudo continua livre e àvontade, Onde mais se abusam das mor­domias não é no Distrito Federal, mas, sim, nos territórios e, com relevo, emRondônia.

Os escândalos dos gastos, com as reformas da casa oficial do Governa­dor, quando ainda em 1978essa residência foi reformada pelo Governo Gue­des, prova o desprezo que os Coronéis de Rondônia têm pelos dinheirospúblicos.

Os escândalos dos gastos do Governo de Rondônia com viagens, passa­gens aéreas e horas de helicópteros comportam uma investigação rigorosa.

Os gastos com a nulidade do Governo Itinerante são assombrosos.Os gastos com publicidade feitos pelo Governo de Rondônia é algo de

fabuloso.Gastos com a construção de um campo de pouso em Jaru, logo em segui­

da interditado por se localizar junto a uma torre da EMBRATEL. Imprudên­cia daqueles que localizaram tão mal esse campo de pouso.

Empreitadas da construção de estradas e campos de pouso sem concor­rência, como ocorre na região de Ariquernes;

Escândalo da construção da estrada Vilhena/Colorado, onde se gasta­ram milhões e até hoje essa estrada não funciona;

_ Contratos escandalosos com empresas de publicidade para mentirem

ao povo;A corrupção em Rondônia funciona cm nível territorial e, em nível mu­

nicipal, num sistema sístole e diástole.O Governo do Território convive e alimenta a corrupção nos municí­

pios, quando transfere recursos para essas unidades sem o mínimo controle.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 729

A grande corrupção de Rondônia vem funcionando à base dos subsídi.ostransferidos pelo Território aos municípios se~ ~âmaras de .ver:adores ~na­

dos pela anomalia da Lei n9 6.448/77. Essa lei criou os Mumcí~l?s de Vllh:­na Pimenta Bueno, Cacoal, Ji-Paraná e Ariquemes c não permitiu que se 11­zessem eleições para as Câmaras municipais. Esses municípios foram instala­dos em caráter provisório com Prefeitos nomeados, legislando por Decretos efazendo a seu bel-prazer seus orçamentos. Esse mecanismo vem incentivandouma grande corrupção nesses municípios, que funcionarão, de 1975 a 82, semqualquer fiscalização externa a nível local. . I

Trata-se de uma corrupção incentivada por uma Lei Federal. Esse é ofato mais grave. . .

Pelo art. 48 da Lei n9 6.448/77, os municípios criados por ele seriam ins­taladosapós a eleição das Câmaras de Vereadores. Essa eleição não ocorreu

-ainda, e o ano passado, quando esperávamos a realização do pleito, Ocorreu aprorrogação dos mandatos municipais.

Municípios sem Câmaras de Vereadores, os Prefeitos ficaram com po?e­res ahsolutos, conforme o art. 49 daquela lei, sendo que o § 39 deste artigomanda os prefeitos prestarem contas perante um Conselho Territorial.

O que é o Conselho Territorial em Rondônia? .Ê uma entidade criada pelo Decreto-lei n9 411 de 1969, composta de seis

membros, todos nomeados pelo Governo. .O Conselho Territorial em nosso Território é composto por membros m·

tegrantes do próprio Secretariado do Território, como os .Srs. José Renat?Uchôa e Eudes Lustosa. José Renato é Secretário do Planejamento do Terri­tório e acumula as funções de Presidente do Conselbo Territorial.

A corrupção avalizada por esse Conselho Territorial .envolve o Min~~­

tério do Interior, que se fez representar no Conselho por d<:ls ele~e~tos. Saoeles Dinaldo Bizarro dos Santos e Roberto da Costa e Silva Púglia.

Nunca se viu qualquer ato de' fiscalização deste Conselho no âmbito. daadministração territorial. Suas reuniões são feitas às portas fechadas. A Im­prensa não tem acesso. .

A corrupção domina o Território e seus municípios e o Conselho Te:fI'torial vai aprovando tudo em reuniões secretas. Ultimamente as C~nvocaçoesdeste órgão têm omitido o nome do Secretário José Renato e mencionam ape­nas cinco nomes. Essas convocações nunca anunciam a pauta sobre a qual oConselho irá deliberar.

Acha-se, pois, abrigado dentro da administração do Território todo ummecanismo de corrupção, administração essa que é estranha e fechada à so­ciedade sobre a qual é erigida... •

As administrações dos territórios são às mais fechadas ao povo que scconhece no País. Ninguém da comunidade é ouvido sobre programa de traba­lho, plano de Governo ou sobre o estabelecimento de ~ri~r~dade ~a .ação.deGoverno. É o maior autoritarismo que se conhece na história administrativac política do País. O autoritarismo gera a corrupção.

Municípios que não foram sequer instalados, privados de eleger seus pre­feitos e câmaras, estão manipulando milhões de cruzeiros repassados pelo ter­ritório ou por órgãos federais que de maneira nenhuma fiscaliza a corretaaplicação destes recursos. Os recursos são desviados para a.constr~ção até declubes de festas como ocorreu em Vilhena. Os recursos tem servido para oenriquecimento' ilícito dos Prefeitos, como Renato Coutinho, Vicente Ho­mem Sobrinho e Francisco Salles. _

A corrupção, como disse, campeia solta em todos os Muni~ípios de ~o.n.

dônia. Ela é uma decorrência natural da corrupção quedomina a adminis­tração territorial, denunciada inúmeras vezes nesta Casa e sem q~alquer pro­vidência moralizadora por parte do Governo federal, que nomeia os Gover­nadores dos territórios.

A CORRUPÇÃO EM .TI-PARANÁ

Em diversas oportunidades focalizei nesta Casa o envolvimento do Pre­feito de Ji-Paraná num processo de corrupção que "ia desde o apoio à especu­lação imobiliária, com loteamentos clandestinos, até os desvios e favoreci­mentos às irregularidades no Projeto Mutirão, com os alugueres de tratorespara abrir estradas.

O inusitado da corrupção em Rondônia é que quem vai apurá-la é o mes­mo Governo responsável por todos os desvios, inclusive a nomeação de pre­feitos sabidamente corruptos antes de ocuparem os respectivos cargos. O casode Ji-Paraná é típico. O Governador do Território ficou sabendo, antes denomear o Sr. Assis Canuto para o cargo de Prefeito, de seu passado pelo IN·CRA. O Governador agora, depois dos escândalos que a imprensa noticiouem 18 de fevereiro último, tem a obrigação de agüentar o Sr. Canuto na pre­feitura daquela cidade.

O Governador é o responsável direto pelo que se passa hoje em Ji­Paraná em matéria de escândalo e corrupção. O Governador não pode nemmandar apurar os fatos, ~orque está envolvido e obrigado a defender o seu

protegido na Prefeitura. O povo de Ji-Paraná não foi ouvido na nomeaçãodeste prefeito. O Governo agora tem de agüentar os prejuízos políticos devi­do à desmoralização da administração municipal.

Haja corrupção ... Agora o próprio grupo de prefeitos estão' lavando aroupa suja no meio da rua, em disputa com outras facções que pret~n~em ocargo do prefeito. O PDS em Rondônia é um partido que pode dar lições deunião.

Os fatos escandalosos em Ji-Paraná que envolve o grupo doatual prefei­to foram objeto das publicações no jornal Alto Madeira, edições de 18 e 19 defevereiro último. '

Ouço o brilhante Deputado Isaac Newton.

O Sr. IsaacNcwton - Muito obrigado pela oportunidade de apartear V.Ex' Tentei acompanhá-lo no rol de corrupções que cita, e, para acatar o cri­tério adotado por V. Ex', teremos de riscar do "mapa o próprio Território,porque V. Ex' fala em corrupção, uma após outra. Não é um decálogo mas odiscurso de V. Ex' parece ter uns 100 itens, todos iniciados pela palavra cor­rupção. V. Ex' inverte o ônus da prova, porque a prova negativa, como di­zem, é diabólica; provar o que existe é difícil; provar o que não existe é im­possível. Então, se o Governador Jorge Teixeira fosse tomar o tempo da ad­ministração para contrapor argumentos ao que V. Ex' expõe, ele não fariaoutra coisa, a não ser debater com V. Ex' Por exemplo, V. Ex' fala aqui dosmunicípios que não têm Câmara. Mas isto não implica corrupção no Terri­tório. A prorrogação dos mandatos dos prefeitos e dos vereadores resultou delei aprovada por este Congresso, com a participação de V. Ex' Então, não háeleição no município, mas não é por culpa do Governador. Um detalhe im­portante: as contas dos territórios são aprovadas pelo Tribunal de Contas daUnião. O Território não tem Tribunal de Contas, porque é Território. Não éuma figura que satisfaça todos, mas o fato é que o Território foi criado paradesenvolver uma área isolada e difícil. Graças ao trabalho dos governos queV. Ex' critica, do presente e do passado, brevemente passaremos.à condiçãode Estado. Teremos autonomia e, portanto, condições de administrar muitomelhor aquela unidade. Quanto às nomeações, elas são integrantes da pró­pria estrutura da administração do Território. V. Ex' não pode acusar, a nívellocal, de corrupção quando o Governador nomeia aqueles elementos de suaconfiança. O povo não vota no processo, mas esta é uma condição comum atodos os territórios. Não é o caso específico de Rondônia. Quanto a visitar oslocais de helicóptero - V. Ex' sabe que Rondônia é uma área grande, pionei­ra, de difícil acesso. Os recursos que lá chegam, da União, não são suficientespara dar condição de tráfego, especialmente nessa época de inverno. O gover­nador. sensível aos problemas sociais, sensível aos problemas que afligem oshabitantes, vai visitá-los. O acesso às comunidades pela floresta exige um he­licóptero, não há outro meio possível. Então, é uma preocupação do Gover­nador Jorge Teixeira visitá-las. Se ele ficasse ensimesmado em seu palácio, nasua casa reformada, como diz V. Ex', estaria alheio ao sofrimento. do povo.

Mas ele vai lá, arriscando-se em veículos que não oferecem, às vezes, a segu­rança desejada. Quanto ao problema de aluguéis das casas para os técnicos,V. Ex' há de convir em que Rondônia não tem uma universidade. Rondôniatraz técnicos de fora. Rondônia tem que oferecer o que a administração nãopode, dado os níveis de remuneração que ela tem. Então, nenhum técnico, denível superior, nenhum elemento de cultura média, que possa dar uma contri­buição razoável, vai para Rondônia para ganhar 50 mil. Então, o Governa­dor tem que oferecer casa para atrair esse técnico. Do contrário, ele terá quetrabalhar sozinho.

V. Ex' também há de convir em que os aluguéis são altos, justamenteporque não há oferta imobiliária. Ê um problema de terra que vem de longadata. O município não tem terra. Não há título definitivo. Ninguém podeconstruir. O Banco Nacional de Habitação, a Caixa Econômica, ninguémconstrói, ou poucos constroem ali. Então, há uma lei de mercado muito sim­ples. Se a demanda é maior do que a oferta, os preços vão lá para cima. Quecondições teria um técnico de morar em Rondônia pagando 40 mil, 50 mil dealuguel, se a estrutura de Governo não permite que se lhe pague um saláriorazoável? Então, são estas as minhas considerações. Eu não teria condiçõesde analisar agora tudo isso aí. Eu o farei depois com mais vagar. Acredito queestas denúncias veiculadas por V. Ex' são baseadas em pontos de vista pes­soais e sem amparo nos fatos, na realidade.

o SR. JERÔNIMO SANTANA - Deputado Isaac Newton, sei que V.Ex' tem pensamento de democrata. Tanto concorda conosco quejá aporesen­tou um projeto de lei nesta Casa, um projeto de emenda à Constituição, pro­pondo eleição direta para os prefeitos dos territórios. Acho uma medida váli­da e positiva, porque esse mar de lama que hoje corre nos territórios é decor­rência do sistema de nomeação. Não há aprimoramento na vida política do

Março de 1981OtÁRIO DO CONGRES:,O NACIONAL (Seção I)------------------------ ----------------------,-------730 Quarta-feira 18

Território. Injunções as mais misteriosas são utilizadas na nomeação de umprefeito. Como V. Ex' sabe, nós votamos contra a prorrogação de mandatos.Nosso partido se afirmou e combateu essa tese.

O problema dos aluguéis de casas para técnicos do Governo é um escân­dalo. Tenho provas aqui - e isto foi dito no meu pronunciamento - de queSecretários do Território que têm casas próprias, em Porto Velho, alugaram­nas para morar em casas fornecidas pelo Governo do Território, Eu poderiamencionar nomes. São abusos do Governo que estão à vista.

Ao longo do meu pronunciamento, V. Ex' vai analisar o que eu citocomo corrupção no Território e que está nos jornais, jornais que têm altoscontratos de publicidade com o próprio Governo, mas que tiveram de publi­car o escândalo de Ji-Paraná, que menciono no meu discurso. Tenho eonheci­mento do fato através de notícias de jornais. Não tenho mais informaçõesporque o Governo as sonega da Oposição.

Prossigo lendo o noticiário sobre Ji-Paranâ:As manchetes e respectivas matérias anunciavam:

"INCE:NDIO CRIMINOSO FOI PARA QUEIMAR DOCU­MENTOS - ESTOURO DE II MILHÕES NA EXPO-FEIRADE H-PARANÁ"

O Delegado Walderedo Paiva está sendo esperado hoje nesta cida­de, para dar continuidade ao inquérito que apura irregularidades fi­nanceiras na Associação Rural, no tocante à prestação de contas daEXPO-FEIRA,havendo suspeitas de que o incêndio ocorrido na"Comercial Fonseca", em dezembro do ano passado, teve como fi­nalidade queimar documentos que se encontravam em poder doproprietário da firma, o comerciante Alcides Fonseca, tesoureiro daAssociação e que denunciou a Polícia já ter sido ameaçado de mor­te, porque insistiu na prestação de contas. A Polícia já concluiu queo incêndio foi criminoso, e um dos' suspeitos é o próprio Chefe deGabinete da Prefeitura, Sr. Ney Campos Goes, também Vice­Presidente da Associação Rural, cujo Presidente é o Prefeito AssisCanuto, que, juntamente com outras pessoas, já prestou depoimen­to no inquérito policial. O estouro na associação envolveria um to­tal de 115 milhões de cruzeiros, sendo 8,5 que foram repassados peloGoverno do Território e que - segundo o Tesoureiro Alcides Fon­seca - não deram entrada na Contabilidade da entidade; I milhãoproveniente do sorteio de um carro (que não teve a autorização daReceita Federal) e mais 2 milhões que teriam sido arrecadados coma cobrança de ingressos para a EXPO-FEIRA, à razão de Cr$ 50,00por pessoa."

E concluída a matéria-denúncia depois de incriminar o Chefe do Gabine­te do Prefeito, Sr. Ney Campos Goes, reportando-se às acusações feitas porAlcides Fonseca.

Concluía o jornal:

"As acusações feitas pelo tesoureiro da Associação Rural que nocaso é o próprio Alcides Fonseca, são muítas, por exemplo:- Os Cr$ 8.500.000,00 repassados pelo Governo do Território paraa construção do Parque de Exposição não deram entrada naquelaentidade, sendo manipulados pelo próprio Prefeito Assis Canuto;- Alcides tentou por várias vezes uma reunião com a diretoria daAssociação Rural para que houvesse uma prestação de contas e porisso chegou até a ser ameaçado de morte;- Ney Gocs se defende acusando Alcides Fonseca."

Os jornais que publicaram o escândalo da Associação Rural tiveram suacirculaçãoevitada pelo Prefeito de Ji-Paraná, denúncia publicada em 21-2-8 J.

Alcides Fonseca negou-se a ir à sede da EXPO-FEIRA, para a prestaçãode contas, sob o motivo de falta de segurança. Disse ele: "É um local ermo há10 quilômetros da cidade". Propôs uma reunião pública para tal finalidadeno auditório da prefeitura com a presença da imprensa, e o jornal do dia22-2-81 noticiava:

O Sr. Antônio Morimoto - Permite V. Ex' um aparte?

O SR. .JERÔNIMO SANTANA - Ouço o nobre Deputado AntônioMorimoto.

O Sr. Antônio Morimoto - Deputado Jerônimo Santana, V. Ex' sabe oalto apreço que tenho por V. Ex', lutador, trabalhador dinâmico que honra oseu 'mandato e cumpre suas obrigações, mas não posso concordar com asconsiderações que V. Ex' está fazendo sobre os territórios, especialmente o deRondônia. Não sendo de Rondônia, mas conhecendo razoavelmente aquelepedaço do solo brasileiro - pois o conheço há cerca de 15 anos, na condiçãode empresário, procurando integrar-me no processo de desenvolvimento eco­nômico e levar um pouco de experiência do Sul para o desenvolvimento da-

quela área pioneira - não posso concordar com V. Ex', que está fazendoacusações genéricas.

O SR. .JERÔNIMO SANTANA - As denúncias que transcrevo aqui es­tão nos jornais.

O Sr. Antônio Morimoto - V. Ex' está falando de maneira bastante ge­nérica, aliás corno vem fazendo já há algum tempo, especialmente com re­lação à atual administração do Território de Rondônia.

O SR . .JERÔNIMO SANTANA - Estou citando nomes.

O Sr. Antônio Morimoto - Já tive oportunidade de responder, atravésdesta tribuna, às suas acusações genéricas e não posso concordar com elas,porque V. Ex' sabe o progresso que o Território de Rondônia tem tido nessesúltimos anos, especialmente neste Governo. Em verdade, isto acontece graçasao dinamismo do seu povo, mas também - por que não reconhecer e fazerjustiça? - graças àqueles como o Governador Jorge Teixeira e sua equipe,quem tem honradamente cumprido com sua missão.

O SR . .JERÔNIMO SANTANA - O Governo mais corrupto que jáhouve em Rondônia.

O Sr. Antônio Morímoto - De modo que não posso concordar com V.Ex' Quero, da tribuna da Câmara Federal, prestar uma homenagem ao Go­verno do Território de Rondônia, na pessoa do seu Governador, assim comoao seu Secretariado, que, apesar das críticas destrutivas e infundadas de V.Ex', está transformando Rondônia em grande celeiro do Brasil e,' em breve,Estado de Rondônia ...

O SR. JERÔNIMO SANTANA - V. Ex' presta homenagem a um Go­verno corrupto.

O Sr. Antônio Morimoto - ... e tem procurado cumprir a sua missão àaltura das suas responsabilidades e com muita honradez.

O Sr. Walber Guimarães - Permite-me V. Ex' um aparte?

O SR . .JERÔNIMO SANTANA -Ouço V. Ex'

O Sr. Walber Guimarães - Nobre Deputado, há seis anos acompanho aseriedade com que V. Ex' se conduz nesta Casa, sempre trazendo denúnciasda mais alta repercussão nacional pelo descalabro em que se encontram osterritórios federais, principalmente pela inexistência de um órgão fiscalizadorda Administração Pública. Sugiro, portanto, a V. Ex', como Relator da CPIque vai examinar casos de corrupção - embora esta seja restrita a dez casos- que apresente essas denúncias à Comissão, porque faço questão deexaminá-Ias, a fim de que aquela CPI, pelo seu aspecto moralizador, tambémchegue aos Territórios Federais.

O SR. JERÔNIMO SANTANA - Agradecemos ao eminente Deputa­do Walbcr Guimarães o apoio às nossas denúncias e esperamos que a CPI dacorrupção chegue realmente aos Territórios, principalmente ao de Rondônia.

Prossigo, Sr. Presidente. Como eu lia, 'a notícia dizia assim:

"ARROMBARAM A ASSOCIAÇÃO RURAL E CANUTONÃO PRESTOU CONTAS

Depois de divulgar uma nota paga em três jornais de Porto Ve­lho, em que se acusava o tesoureiro da Associação Rural, AlcidesFonseca, o Prefeito Assis Canuto acabou decepcionando: na noitede sexta-feira, ele convocou uma reunião com a diretoria da Asso­ciação para a prestação de contas da exposição realizada em julhodo ano passado, mas acabou desculpando-se e arranjando mais umculpado para o cancelamento do acerto.

Segundo alguns diretores - a Imprensa e populares foramproibidos por Canuto de assistir à reunião - não houve a tão espe­rada prestação de contas, porque alguém arrombou a sede da Asso­ciação e roubou todos os documentos. E fato que causou mais estra­nheza foi não ter havido qualquer registro desse assalto na delegaciade polícia local.

Canuto também não mostrou qualquer documento que com­provasse haver feito prestação de contas da verba de 9,2 milhões decruzeiros recebida do Governo, alegando já haver cumprido comisso para com a Secretaria de Fazenda do Território.

No final da reunião, ficou decidido que o Conselho Fiscal daAssociação deverá ser acionado para verificar as contas da entidaderelativas ao parque de exposição, mas a desculpa do arrombamentoda sede acabou causando novos boatos entre a população."

O Prefeito Assis Canuto fez publicar nota na Imprensa de Porto Velhoem 19-2-81, cujo conteúdo a ninguém convence. Esse é o resultado das esco­lhas dos prefeitos nomeados nos Territórios, escolha feita por um homem, só,em que ninguém do município é ouvido pll;raessa escolha. São esses os efeitos

Março de J98J DIÁRIO-no CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta·feira 18 731

da falta de eleições para prefeitos e governadores dos Territórios. O maior 'protetor do Prefeito de Ji-Paraná é o seu colega Governador "biônico", queantes de o nomear soube de seu passado no INCRA. Agora esse Governadorestá na obrigação de manter o Sr. Assis Canuto no cargo, bem assim o Sr.Ney de Campos Goes,

É possível que o inquérito policial de que fala os jornais desapareça eaqueles que denunciaram acabem presos e perseguidos...

O Governador não deve contas a ninguém do Território. Os prefeitossão absolutos e não devem contar com ninguém em seus municipios.

O resultado é irem presos os que ousam gritar ou discordar...A preocupação do Governo de Rondônia hoje não é bem a adminis­

tração do Território, Só pensam em fazer política e campanha eleitoral forade época, É muito interessante que o Governo prossiga em sua campanhaeleitoral com os seus prefeitos... .

A corrupção tomou conta do Território de Rondônia e a cada vez maisse enraíza na administração daquele Território. Trata-se de uma corrupção anível territorial, municipal e ainda nos órgãos de outros Ministérios com ju­risdição na área como INCRA, DFA, EMBRAPA, ASTER e vai por aí afo­ra ...

As causas desta corrupção são suficientemente conhecidas. Os territóriosestão isentos de qualquer fiscalização financeira, tanto interna como externa-\mente. " ,

A ausência de um Tribunal dc Contas e de uma Assembléia Legislativa éj

o fomento à corrupção; 'I

- ausência de uma elaboração orçamentária pelo legislativo;- ausência de prestação de contas do Governador perante o povo e pe-

rante o Poder Legislativo;- ausência de responsabilidades dos Governadores fixadas em Lei. Os

Governadores são irresponsáveis perante a lei atual;- escamoteação do conhecimento público dos recursos recebidos pelos

Territórios. Publicam-se apenas extratos dos convênios dos territórios comsuas unidades administrativas.' Os convênios entre os territórios e os órgãosde Brasília não sãopublicados. Quem sabe hoje quais os recursos transferidosaos Territórios pelo Governo Federal? Somente seus governos superfechados.

Esses governos. como disse, são irresponsáveis perante a população. Al­gum esclarecimento que por acaso prestam ou fazem por questão de cons­ciência e não por obrigação legal. Esses esclarecimentos são feitos sempre emtom propagandístico e não em termos corretos e sérios.

O absolutismo do Governo do Terrítório êum fato a ponto de inibir ofuncionamento do judiciário com isenção, poder que ali é emprestado, por­quanto do Distrito Federal - absolutismo cada vez mais acentuado dianteda ausência de um Poder Legislativo a nível regional,

O fato gravíssimo de os territórios não possuírem Assembléias Legislati­vas, nos obriga a mais uma vez abordar aqui assuntos peculiares à adminis­tração do Território de Rondônia.

A nossa atuação é supletiva de uma Assembléia que não existe para fis­calizar a administração territorial e elaborar leis que o desenvolvimento daUnidade tanto reclama, elaborar o seu orçamento que ali é feito sem nenhu­ma participação da comunidade. Apenas quem conhece os orçamentos dosTerritórios são alguns poucos tecnocratas do Ministérío do Interior e de suaspseudas-Secretarias de Finanças. A nossa presença visa a suprir, ainda a nívellegislativo, uma representação no Senado Federal, pois dele os territórios sãoexcluídos, e o que é mais grave, estamos suprindo a ausência de Câmaras deVereadores nos municípios que no Território foram criados e estão funcio­nando sem Câmaras.

, A população, a nível regional, vítima da corrupção e da arbitrariedade,não tem a quem recorrer, não existe um poder isento no território para apu­rar a corrupção e OS desmandos. As arbitrariedades, quando levadas ao judi­ciário, os juízes' são inibidos de julgar por pressão do Executivo, que a tudohipertrofia e interfere. Os poucos vereadores que se animam a denunciar acorrupção são ameaçados, perseguidos e pressionados.

Nestas condições, o Território de Rondônia hoje foi transformado noterritório da mordomia e da corrupção, num festival macabro de empreiteirose Governo, tudo financiado sem o mínimo respeito ao povo e as leis do País.

As mordomias em Rondônia foram denunciadas por nós inúmeras vezessem qualquer desmentido por parte do Governo territorial. As mordomias depublicidade. reformas de prédios, horas de helicópteros, escândalos do Proje­to Mutirão, alugueres de casas para técnicos, reforma de residências oficiais,táxis-aéreos, viagens, diárias, o escândalo do Governo - Grupo Andrade­Gutiérrez., Agora surge novo escândalo com a implantação da CODARON, esta'vai incentivar ainda mais os escândalos fundiários:

_ escândalo dos alugueres das horas de tratores e hospitais;

- escândalos nas aquisições de medicamentos pela Secretaria de Saúde.A corrupção a nível territorial tem igual correspondência, e, aliás, muito

mais grave, a nível municipal.Os desvios dos dinheiros repassados pelo Território aos municípios en­

volve o Governo do Território e cada prefeito beneficiado.Os escândalos estão surgindo agora em Rondônia, mesmo os jornais sen­

do todos subsidiados pelo Governo. Esses jornais são obrigados a publicar osescândalos devido ao fenômeno da implosão do PDS -...:. grupos desejam aqueda dos prefeitos para ocupar os seus lugares, em mais uma nomeação.

A corrupção dos prefeitos nomeados em Rondônia é muito grande, feitaà base das verbas repassadas pelo Território aos municípios através de convê­nios que não sofrem qualquer fiscalização. Os municípios têm baixa arreca­dação, mas são altamente subsidiados com recursos advindos do Terrítório.

O mecanismo da corrupção na área municipal envolve o Secretariado doTerritório, todo o seu Governo e o grupo dos prefeitos. Essa corrupção é in­centivada pela total ausência de uma fiscalização extrema na administraçãoterritorial. A corrupção é tanta que sempre corre boatos de substituição dosprefeitos. Esses boatos foram propagados em Guajarâ-Mirim durante o mêsde janeiro e fevereiro último. Em janeiro os jornais noticiaram a substituiçãodos prefeitos, logo desmentida pelo Presidente do PDS. Estão todos envolvi­dos numa ampla corrupção - Prefeitos e Governo de Rondônia. Ninguém'pode acusar ninguém. Estabeleceu o ciclo completo da corrupção.

O Governo de Rondônia hoje não tem qualquer autoridade para abrirum inquérito administrativo visando a ",Jurar a corrupção nas prefeituras,cujos prefeitos são "líderes" do PDS e por ele mesmo nomeados. Em nomeda solidez do PDS os prefeitos se tornaram "intocáveis".

Reuniões e mais reuniões são feitas pelo governador e prefeitos, tentan­do descobrir uma fórmula mágica de ganhar eleições, desviando recursos enada fazendo em cada município.

"Como ganhar eleições não trabalhando", esse deve ser o tema das ver­dadeiras assembléias de Bizâncio realizadas às portas fechadas entre governa­dor, secretários e prefeitos em Rondónia.

O negócio é não dizer onde foi o dinheiro e ainda obrigar o povo a votarneles...

O festival de obras suntuárias prossegue. Festas e mais festas, banquetese mais hanquetes. O Governador, não tendo o que inaugurar em Guajará­Mirim, anunciou que inaugurou um caminhão da COBAL para vender arti­gos a população. Os artigos no caminhão estão do mesmo preço do comércio.O caminhão da COBAL é já bastante usado e se fez publicidade dizendo queo Governador inaugurou o caminhão... Aonde chegamos...

É o festival de inauguração de realizações de outros Ministérios. Fazem­se festas para inaugurar não obras do Governo do Território, mas, sim, deoutros Ministérios, tais como TELERON, entrega de papéis do INCRA,Postos da CaBAL e assim por diante.

Faremos uma breve análise das administrações municipais em Rondô­nia, onde os Prefeitos são nomeados, mostrando que só estão fazendo muitapropaganda e mentindo ao povo. Esta é a lamentável constatação que fiz noúltimo recesso. os desvios dos recursos predomina.

GUAJAR÷MIRIM

O Prefeito chegou a anunciar, segundo os jornais, que os preços iam bai­xar - isso virou piada na cidade...

Visitei a cidade em fevereiro último e procurei uma obra da prefeitura enão foi encontrada... A cidade alagada, com os bairros abandonados, entre­gue ao lamaçal. Setenta por cento da cidade não tem nem água e nem esgotos.

, Não existe programaçàp para atender tais necessidades. O bairro de Taman­daré está quas~ todo sym luz.

O prefeito funcioná como capataz de obras, que hoje são feitas com cin­co anos de atraso, com recursos do Território - casos da reforma do hospitale do matadouro. As estradas nas colônias são ainda aquelas feitas ou recupe­radas por Rigornero Afra.

O asfaltamento da I;idade foi paralisado, bem assim a estrada do aero­porto. Prometeu-se o asfaltamento da Av. Constituição para o ano passado,'nada feito. A área urbaria continua sem solução. Até hoje, não foi transferidapara o domínio do Município.

- O mercado de ~eixe abandonado;. - O Bairro do Triângulo está abandonado e sob ameaça de despejo.

O Municipio de Gur.jará-Mirim foi abandonado pelo Governo do Terri­tório, a começar pelas pêssimas condições da estrada que o liga à Capital. Oprefeito alega falta de rebursos. A prefeitura foi transformada em órgão parasubsidiar o desemprego.1

Não se conhece umlprograma voltado para a implantação da pecuária,projetos para a cultura cio café e cacau; não se fala na implantação de umaMiniusina hidrelétrica prra solucionar o crônico problema energético.

732 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRES:50 NACIONAL (Seção I) Março de 1981

A colônia do YATA prossegue abandonada no que diz respeito ao apoioe fomento aos produtores, As poucas máquinas da SEAC foram retiradaspelo Governo. Não se fala em patrulhas mecanizadas para apoiar os agricul­tores. O que existe é o remernbramento das parcelas com a propagação do la­tifúndio na área. Isso vem ocorrendo pelo desestímulo aos produtores rurais.Falta de financiamentos e pressão fiscal. A Secretaria de Agricultura é a gran­de ausente no Município. Mais grave ainda é o abandono do Vale do Guapo­ré e dos produtores de Costa Marques.

- Onde estão 'as obras do Prefeito de Guajará?O prefeito confessa que nada vem fazendo em benefício da comunidade,

conforme se depreende de seu relato publicado no jornal O Imparcial, ediçãode 22-2-81.

- Qual'o Plano de Governo e o Programa de Trabalho do Prefeito? ­Não se conhece.

- Que fim levou um seminário que fizeram na cídade em fevereiro últi­mo? - Quais as suas conclusões? Não foram sequer publicadas... O semi­nário ficou só na mordomia dos Técnicos do Governo?

- Quais os benefícios da mordomia do Governo Itinerante para.Guajará-Mirim?

Limparam o matagal do núcleo abandonado do Yata e reativaram urnemáquina de arroz que foi abandonada pelo próprio Governo há mais de seisanos. Essa são as grandes obras do prefeito? .

Pelo abandono do Governo, há mais de 15 anos, fechando a estrada doferro, o YATA se despovoou... Essa é a realidade da agricultura em Guajarâ­Mirim.

Em situação mais difícil se encontra o Projeto Sidney Girão pela falta di;abertura de estradas transversais. O Projeto foi abandonado pelo INCRA, e aPrefeitura, que não cuida nem da urbanização da cidade. assumiu o ônus deabrir estradas no setor Sidney Girão. O resultado éo abandono em que se en­contra-aquele setor produtivo do município. Esta é a realidade nua e crua deGuajará-Mirim, onde falta água, esgoto, rede de luz, escolas, hospital e estra­das, e o prefeito se dá ao luxo de construir um ginásio esportivo coberto..

A prefeitura prossegue administrando problemas... As soluções aindanão chegaram... O que há em Guajará-Mirim é um excesso de propagandasem obras. Estão mentindo demais ào povo...

PORTO VELHO

A Capital do Território tem um prefeito importado de Manaus, que reenvolveu com a especulação imobiliária, quando sobressaiu escândalo doBairro Nova Porto Velho. Escândalo da compra de terras devolutas paraconstrução de casas populares. A operação inverno, em cima da qual se feztanta publicidade, caiu no rídiculo. Há dois anos, falou-se em Porto Velhoque ninguém iria dormir com o barulho de tantas máquinas trabalhando NI

Capital. Prometeram que a cidade não iria ter mais poeira...Hoje a cidade está abandonada com lama, buracos e matagal.A área urbana, objeto dos escândalos da especulação imobiliária, insta­

lado no próprio gabinete do Prefeito. Basta relembrar o Projeto enviado pelaPrefeitura à Câmara de Vereadores visando às terras do Município...

A maior burocracia eernpreguismo do Brasil se acham instalados naPrefeitura de Porto Velho. Existem técnicos demais e os problemas não têmsolução.

A administração dos problemas permanece com a favelizaçãoda cidade.A prefeitura envolvida com a especulação imobiliária não promove lote a­mentos para atender aos milhares de famílias de baixa renda que existe, hoje,nas periferias da nossa Capital. Saúde e educação são o grande desafio doMunicípio. A falta dágua e saneamento, a falta de rede elétrica nos bairros oempreguismo na EMDUR, o envolvimento do Governo - Prefeito com ogrupo - Andrade Gutierrez completam o quadro da corrupção e escândalosna área municipal de Porto Velho. Obras suntuárias como praças, ginásio deesporte coberto são a preocupação do prefeito. Os vereadores que têm cora­gem de denunciar sofrem as ameaças de processo criminal.

O Governo abandonou a Capital em busca de votos no interior, alegan­do que Porto Velho é tradicional colégio oposicionista...

Prometeu até transferir a Capital, este ano, para Ouro Preto, o que éuma flagrante ilegalidade.

O povo da Capital é independente quanto ao pensar e quanto ao voto, eisso incomoda o Coronel Governador. ..

Porto Velho hoje é o espelho do desgoverno de Rondônia. Ea prova daspromessas não cumpridas... ,

- As casas populares não saem;- O asfaltamento não se verifica;- A área urbana se transformou em grilagem e especulação imobiliéria

com o apoio da prefeitura;- O abastecimento d'água não beneficia nem 40% da cidade;

- De esgotos e saneamento não se fala;- O grupo Andrade Gutierrez e EMDUR foram transformados numa

segunda prefeitura;- FUNDACENTRO cobra dos alunos as mensalidades mais caras do

Brasil, apesar de ser uma Fundação municipal de ensino recebendo verbas daPrefeitura e Território.

ARIQUEMES

Este Município ocupa o 29 lugar em corrupção, hoje, em Rondônia, dis­putando com Pimenta Bueno e Ji-Paraná. Foi sede do Projeto Mentirão. APrefeitura recebeu Cr$ 42.000.000,00, em 1980, para fazer estradas vicinais.Até hoje, não se sabe o destino destas verbas. Com elas não se comprarammaquinários e caçambas para o Município. Os recursos foram gastos pagan­do o escândalo do aluguel de tratores por hora. Essas horas de tratores nuncaforam controladas. Aqueles que alugaram os tratores e o Prefeito estão ricos.O Projeto Mentirão consistiu em os colonos construírem as estradas e o Go­verno aparecer para colocar nelas as suas "placas" mentirosas.

A cidade de Ariquemes, graças à grande corrupção reinante na Prefeitu­ra, se transformou num grande escândalo com a especulação 'e picaretagemimobiliária na sua área urbana, como se verifica no setor 111, escândalo esse jádenunciado inúmeras vezes nesta tribuna, sem desmentido.

Os setores II e IV permanecem abandonados sem abertura de ruas, comausência de obras de urbanização, saneamento, luz e água. Ariquemes é a Ca­pital da lama, poeira e malária. É também 11 Capital da corrupção administra­tiva na Prefeitura e Secretaria de Saúde.

Os desmandos na prefeitura chegaram a tal ponto que esta tem mais de30 veículos para carregar funcionários. Uma prefeitura de uma área rural, enão se preocupam em adquerir tratores, basculantes e pás carregadeiras paraabrir ruas e estradas nas colônias. Tratores não podem ser adquiridos, pois épreciso manter a indústria dos alugueres de tratores por hora para abrir estra­das nas colônias. Alugar tratores é o mais econômico para um município quese diz sem arrecadação e com exigüidade de recursos para a solução de umainfinidade de problemas?

Falando na sessão do dia 10 do corrente mês, mencionei a série de escân­dalos que envolve hoje a administração de Ariquemes. O Prefeito Sanes foisubstituído, em janeiro último, e ninguém ficou sabendo os motivos destasubstituição, ·tudo em família. O Sebastião Mesquita, de Jaru, foi substituídotambém, os motivos de tal substituição não foram publicados.

A corrupção nos Municípios de Rondônia todos eles com prefeitos no­meados, não é objeto de inquérito. Quando se faz uma sindicância internanão se dá conhecimento a ninguém.

- Qual o rombo verificado na Prefeitura de Àriquemes?O ex-Prefeito Francisco Sal1es, depois de exonerado, disse que tinha fa­

zendas. Ontem ele era apenas um técnico agrícola a serviço do INCRA, hojeum próspero fazendeiro com cafezais e cacauais. O ex-prefeito ameaçou irpara um partido de Oposição e logo voltou a ser assediado pelo Governo compromessas de novo emprego e até uma viagem ao Japão ele ganhou. Podemfazer tudo. Quem sabe os motivos da queda do prefeito é apenas o Governo ...

O rumor do rombo de Cr$ 10.000.000,00 na Prefeitura ficou apenas porconta da opinião pública, mas esta nunca foi levada em conta na Rondôniada corrupção. Ariquemes hoje não é só a Capital da malária mas também acapital da corrupção administrativa na sua Prefeitura. É triste, mas é verdade.

A saúde não se encontra nos planos da prefeitura de Ariquernes. O di­nheiro é gasto apenas nas negociatas dos alugueres de tratores. Eum municí­pio órfão de Câmara de Vereadores. O povo não é consultado sobre a couve­niência desta ou daquela obra. Não se estabelecem prioridade na adminis­tração. Faltam hospitais, escolas, estradas, urbanização, saneamento básico,mas a demagogia oficial promove a construção de um ginásio esportivo co­berto...

CACOAL

OSI. Adhemar Romano, membro do PDS no Município, ofereceu de­núncia contra o prefeito e que foi mencionada pelos jornais da Capital emedições de 14-1·8 J. O Governo, que nomeou o prefeito, não abriu inquérito,preferiu a acomodação da uma sindicância feita também por um órgão sob ocontrole do Governo - a sua ProcuradoriaJurídica, não se apuraram os fa­tos conforme as provas. Só foram coletadas as provas em defesa do prefeito.

As conclusões desta sindicância antes de sua realização já eram sabidas- inocentar o prefeito nomeado e ameaçar com o processo aquele que teve acoragem de denunciar. _~

Não deu outra coisa. Os jornais de 06/02/81 publicaram extensa ma- .téria paga pelo prefeito daquela cidade se autoproclamando inocente. O pre­feito é denunciado e ele mesmo se auto-intitula inocente. Tudo em casa...

Março de 1981 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL \Se~ão I) Quarta-fei~a 18 733

Qual é a isenção de órgão do Governo para apurar a corrupção destemesmo Governo? - Esse é realmente o ciclo vicioso da corrupção em Ron­dônia. Os corruptos estão mandando, e aqueles que são contra essa cor­rupção correm o risco de irem para a cadeia. A corrupção em Rondônia érealmente muito poderosa... e cada dia é mais prestigiada em nome da U nida­de do PDS ...

PIMENTA BUENO

Segundo sua população, Pimenta Bueno é a capital da corrupção na BR- 364, depois de Ji-Paranâ,

O Governo do Território é o responsável direto pelos desmandos que sepassam em Pimenta Bueno. Deles temos tomado conhecimento' através deinúmeras denúncias, e nunca se tomou qualquer providência. Nunca determi­nou a instauração de qualquer inquérito.

Os desmandos e a corrupção nas áreas urbanas prosseguem em PimentaBueno. As perseguições do prefeito aos seus adversários são cada vez maisacentuadas;

As denúncias que são feitas contra a administração nesta Casa nunca fo­ram respondidas;

O Prefeito não se defendeu das denúncias que o Vereador João Dias fezda sua administração, ao contrário apenas fez ameaçar o Vereador com pro­cesso e pistoleiros.

A corrupção na Prefeitura de Pimenta Bueno é notória e pública. Ê umacorrupção feita em parceria com a representação do INCRA local. Bastaconstatar que os colonos que não conseguiram ponto na seleção para obte­rem lotes do INCRA têm sido objeto de proposta para que comprem terrasde Zeferino Fuzari. Essas terras de Fuzari são devolutas e estão sendo grila­das com a participação do INCRA em Pimenta Bueno que ali é dirigido pelogrupo do Prefeito Paulo Brandão, que é o Presidente do PDS local. No IN­CRA; não há lotes para os colonos, mas o próprio INCRA indica aos colo­nos fazendo uma corretagem das terras do grupo Fuzari.

.Pimenta Bueno não tem uma Câmara de Vereadores para fiscalizar a ad­ministração e representar a população a nível local. Talvez, se ali houvesseuma Câmara, o Prefeito teria sido objeto de um rigoroso inquérito. O Prefei­to, sem Câmara de Vereadores, está imune de qualquer fiscalização, daí osabusos de toda natureza.

O Governo do Território é responsável pelo mar de lama que sufoca Pi­menta Bueno.

Entre as inúmeras denúncias que são feitas sobre os desmandos em Pi­menta Bueno, destaco essa que recebo de Alberto Leite, Presidente do PMDBno municipio, que leio para o conhecimento da Casa e da Nação:

"Pimenta Bueno, 06 de dezembro de 1980

Exrnv Sr.Deputado Jerônimo SantanaBrasília - DF

Senhor Deputado:Mais uma vez dirijo-me a V. Ex', com a finalidade de comunicar-lheos fatos ocorridos nesse município no que diz respeito ao envolvi­mento da administração corrompinda da dupla Teixeira-Vicente.

Os fatos são indesejáveis e de grande proporção nesse município,entre eles se enquadram o abuso do poder, corrupção, massacre,opressão, as injustiças e as irregularidades, tudo isso principalmentecontra as camadas humildes de nossa população.

É oportuno o esclarecimento de alguns casos:- Valdir Roberto, funcionário de confiança do Prefeito VicenteHomem Sobrinho, está usando o maquinário da Prefeitura na cons­trução de uma estrada de 20 quilômetros para sua fazenda, que selocaliza nas proximidades da jazida de calcário na região do rioMelgaço.O Prefeito Vicente Homem Sobrinho, abordado pelo seu porta-voze espião-secreto, Sr. Balateiro, para cientificá-Iodos comentáriosque estariam acontecendo em todos os recantos da cidade sobre aconstrução dessa estrada, respondeu: "Quem estiver achando ruimque vá falar comigo na Prefeitura. Mandei construir essa estradaporque Valdir merece".Enquanto Valdir tem o privilégio de ganhar do Prefeito todo maqui­nário da Prefeitura para construir uma estrada de 20 quilômetrospara sua fazenda, centenas de colonos tiveram que partir para o mu­tirão ..Enquanto Isidoro teve o direito de usar o maquinário da Prefeiturapara abrir uma estrada para sua fazenda, os colonos das linhas 17,21 e 24 no Abaitará vivem sofrendo pela falta dessas estradas.

Enquanto centenas de colonos estão ameaçados de terem seus lotesde cem hectares subdivididos em parcelas de 50 hectares, RenatoCoutinho dos Santos, ex-Prefeito de Vilhena, grila 36 mil hectaresde terras na região do Rio Branco no Município de Guajará-Mirim.Enquanto centenas de colonos, que pretendiam lotes e se submete­ram a seleção do INCRA, foram desclassificados sob a alegação deque não obtiveram pontos suficientes que lhes garantisse o direitode receberem um lote de terras de 50 hectares, Waldemar Fuzari, Jo­sé Fuzari, Zcferino Fuzari, Cesar Lovo, Isidoro, José Teixeira Al­ves, Balateiro, Renato Coutinho dos Santos, Martins Krauser, Vi­cente Homem Sobrinho (Prefeito), Esmacl Borgem Sobrinho (Ge­rente do Bradesco em Jiparaná) e muitos outros que possuíram epossuem fazendas, tiveram o direito de se apossarem de áreas de ter­ras enormes, que vão de dois mil a 36 mil hectares, sem se submete­rem a qualquer formalidade do INCRA; pois tudo foi feito de co­rnumacordo com o chefe desse órgão. Todos eles grilaram essasáreas de terras com a finalidade de vendê-Ias e o produto da vendareverterem em seus comércios ou em suas fazendas, como muitosdesses já fizeram, dentre eles, José Teixeira Alves que grila terras evende desde 1975, quando de parceria com Isais Pereira Guimarães,na época Executor do Projeto-Corumbiara,

A área grilada por Isidoro já foi negociada. A grilada por José Fu­zari também já foi vendida em sociedade com Esmael, do BRA­DESCO; Valdemar Fuzari está procurando comprador para suaárea grilada. Todas essas áreas são de dois mil hectares e estão sen­do vendidas a mais de 1 milhão de cruzeiros cada.

O Sr. Paulo Yokota, Presidente do INCRA, em sua entrevista a im­prensa no dia primeiro de agosto de 1980, anunciou: "Grileiro naCadeia". Duvidamos que esses de Pimenta Bueno sejam responsabi­lizados, pois trata-se de grileiros patenteados e acima de tudo inte­grantes e filiados ao Partido do Governo, muitos deles membros doDiretório Municipal do PDS em Pimenta Bueno.

Enquanto esses se beneficiam com essas imensas áreas de terras,centenas de pais de famílias vivem enfrentando as burocracias e oscritérios do INCRA. com intenção de arranjarem um pedaço de ter­ras para cultivar e da mesma tirar o sustento de suas famílias.

O Município de Pimenta Bueno, segundo o censo de 1980, foi classi­ficado no sétimo lugar, o último no Territóio em população e desen­volvimento, e será classificado no oitavo, nono e no décimo lugar senão houver uma mudança, se não houver uma política administrati­va conscenciosa c mais ampla.

Sabíamos que Pimenta Bueno seria o município menos desenvolvi­do e o mais mal administrado de todo o Território de Rondônia.Administração restrita e mafiosa do incompetente e corrupto Prefei­to Vicente Homem Sobrinho, não teria condições de levar esse mu­nicípio a um nível razoável de desenvolvimento.

Um município em que o orçamento da receita para o exercício doano que se finda foi de 32 milhões de cruzeiros, sem contar com asreceitas que não foram figuradas no orçamento, sem contar tambémcom os recursos obtidos através de convênios. Dos recursos queconstam da receita orçamentária do Município, não foram investi­dos em nenhuma construção de caráter municipal que justifiqueaplicação desses recursos.

O Prefeito de Pimenta Bueno não construiu estradas, não construiuhospitais, não construiu escolas, não construiu estação rodoviária,não construiu pontes, não construiu o ginásio de esportes, não cons­truiu o matadouro municipal, não contruiu a rede de água e esgotose não cascalhou a estrada de calcário.

No momento o Município de Pimenta Bueno se encontra nas se­guintes condições: as estradas vicinaís que foram construídas hádois anos estão se acabando; a repetidora de televisão não funciona;a iluminação pública não existe; as ruas esburacadas; o mercadomunicipal cercado de água poluída; pontes caídas; não existe DDDe nem DDI; a comarca não foi implantada, somente uma agênciabancária.As escolas rurais do município em sua maioria foram construídaspelos pais dos alunos, como a escola Arumani, escola Oswaldo Pia­na'! Escola Alto Igarapé Félix Fleury, Escola Santa Rita, Escola doKm - 16, Escola Gleba Tatu, Escola Kapa 40, Escola Flávio Dal­tre, Escola Herrnínio Vieira e as escolas Riozinho e Rio Vermelhono setor Rio do Ouro. .

734 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRES50 NACIONAL (Seção I) Março ~e 1981

Essas escolas estão. formando diretorias constituídas pelos pais dosalunos para angariarem recursos para suas manutenções.Enquanto não forem erradicadas as discriminações, as perseguições,as injustiças, o abuso do poder e a corrupção, jamais esse municlpioalcançará resultados estatísticos satisfatórios.Enquanto for mantido um prefeito que visa unicamente seus interes­ses, não haverá município desenvolvido.Enquanto existir um Governo que vai para a televisão dizer que vaiacabar eom a Oposição de qualquer jeito, e que mantém na Prefeitu­ra um Prefeito que usa o maquinário da Prefeitura para abrir estra­das para a sua fazenda, não haverá município desenvolvido.Enquanto existir um Prefeito que retirou da Escola Sandoval Meirao grupo-gerador e levou para iluminar sua fazenda, não pode seresse município desenvolvido.

Enquanto existir Governo Itinerante que se instala nesse municípiopara fazer promessas mentirosas sem realizações, não haverá desen­volvimento.Talvez nos chamem de repetitivos, mas o importante ê que a verda­de precisa ser dita e divulgada.Consideramos repetitivo a grilagem de terras por comerciantes e fa­zendeiros.

Consideramos repetitivo o abuso do poder e as discriminações feitaspelo Prefeito de Pimenta Bueno contra os que não compactuamcom seu tipo de jogo. Repetitivo é o uso do maquinário da Prefeitu­ra nas construções de estradas para as fazendas do funcionários doprimeiro escalão da Prefeitura. Consideramos repetitivas, as menti­ras do Governador todas as vezes que vêm a PimentaBueno, comeaquela do ano passado, que construiria uma ponte sobre o rio Pi­mente Bueno dentro do prazo de 120dias. Repetitivo é a má distri­buição de lotes urbanos, sendo que nesse setor predominam as irre­gularidades. Consideramos repetitivo a exploração que a duplaTeixeira-Vicente tem feito à população desse município.

A população tem sido explorada constantemente pelo Prefeito r:Governador. Tem sido explorada no alto preço dos impostos, nopreço do alvará de licença, na travessia da balsa, na entrada do par­que de exposições que promoveram feira agropecuária e cobraramcinqüenta cruzeiros de cada pessoa durante 4 dias; no Projeto Muti­rão, nas construções de escolas rurais, no alto preço do ITR queneste ano muitos estão pagando 600, 700 e até 1000 por cento maiscaro que no ano passado; nas multas arbitrárias aplicadas aos co­merciantes inadvertidos por fiscais incompetentes.Todos esses fatos levaram na realidade o município de Pimenta Bue­no a um desequilíbrio total, lhe proporcionando a colocação de 79lugar do Território.

O censo realizado este ano pelo IBGE encontrou nesse municípiopouco mais de 30 mil habitantes. Segundo a estimativa do Prefeito,em suas constantes afirmações, a população do Municipio de Pt­menta Bueno, em 1979,já era de 74,5 mil habitantes e que se coloca­va como um dos mais prósperos e desenvolvidos da BR - 364.Acontece que muitos já não acreditam mais no que eles falam,chamam-nos de fasificadores da verdade irnbuidores da opiniãopública.

O representante do PDS e defensor do Governo de Rondônia naCâmara dos Deputados, obteve votos em Pimenta Bueno, votos depessoas que hoje estão sofrendo o peso das injustiças, do massacre,das irregularidades, das persiguiçõese do abuso do poder que o Pre­feito impôs aos seus indefesos seguidores, demonstrando todaviasua baixeza, sua incompetência e sua covardia em usar do poder I:do cargo para vingar-se com toda sua ira daqueles que não lhe aju­daram na grande causa do desrespeito para corrupção das eleiçõ esde 1978.Senhor Deputado, necessitamos enfim do apoio de V. Ex', a fim deque possamos acabar com esse ninho de desbaratar a rataiada. -­Alberto da Costa Leite."

VILHENA

O jornal O Correio do Sul tem denunciado constantemente os desman­dos em Vilhena. Em sua edição de 6-12-80 - tratou da atuação das CentraisElétricas na cidade.

A atuação da CERON em Vilhena é bem o retrato do atual Governo doTerritório. O mesmo problema de desmandos na CERON vem existindo (em

Guajará-Mirim, Ariquernes; Cacoal, Pimenta Bueno e mesmo da Capital,

f3. oportuna a transcrição das denúncias do Correio do Sul:

"CERON: RECOMEÇA A POUCA·VERGONHAO elefante escuro da CERON vive descansado e sem fornecer a e­nergia elétrica para Vilhena, conforme é sua missão.Mais uma vez o vilhenense estará privado da energia elétrica forne­cida pela CERON. Desta feita não é por defeito em seus equipa­mentos, mas, sim, pela falta de óleo combustível.Outra vez cai por terra os planos de nossas autoridades governa­mentais, que, quando aqui estiveram, Governador e Secretários,juntamente com o Prefeito Arnaldo Lopes, disseram ao povo de Vi­lhena que não faltaria óleo combustível, principalmente para o setorenergético da cidade. Agora vemos com tristeza e decepção que,mais uma vez, o povo foi iludido com algo que não poderia ser cum­prido, devido a problemas que não estão em nosso conhecimento,mas que existem. 'A partir de quarta-feira última, a energia elétrica, em Vilhena, so­mente será fornecida das 15 horas até às 23 horas, ficando assim,durante todo o dia, sem luz e sem força, continuando o problemajunto aos comerciantes e à própria população, que se verá privadade algo muito essencial. Os comerciantes que não poderão ter emseus congeladores artigos perecíveis e a população porque não po­derá adquirir estes artigos nem deixar alimentos em suas geladeiraspara conservação.Ainda há bem poucos dias tivemos uma reunião entre -o PrefeitoMunicipal Arnaldo Lopes Martins, Aldemiro Lorenzine e a comu­nidade, quando este último apresentou uma solução que irá acabarem definitivo com o problema de energia elétrica em Vilhena. Po­rém, este projeto ainda está para ser entregue ao Município para es­tudos, e sua execução ainda levará muito tempo. E, neste espaço detempo, não se encontra outra solução. Quando não é o motor comproblemas, apresenta-se a falta de óleo combustível, e não ficam sa­bendo as causas da falta deste óleo. Simplesmente uma nota emitidapela Televisão Rondónia diz do racionamento da energia .elêrrica,porém as explicações para o povo não vieram acompanhadas danota divulgada.Somente planos e mais planos a cada vez que o Governador aquivem e sempre coadjuvado por seus assessores e o Prefeito Munici­pai, sempre trazendo soluções que não passam de programações,prometendo tudo que falta ao Município, e nada de concreto sendorealizado. Com isso o povo vai sofrendo as conseqüências destes es­tudos. Agora que o motor grande da CERON entrou em funciona­mento, depois de uma paralisação de quase dois meses, falta óleo

, combustível e com isso a revolta da população é geral, pois sem e­nergia elétrica nada se pode fazer. São indústrias que aqui se queremestabelecer, que no futuro estarão contribuindo para a grandeza e oprogresso do Município e que estão indo para outras cidades: ou doTerritório, ou ainda do Estado de Mato Grosso, onde não se apre­sente este problema; ou ainda muitas famílias que aqui possuemsuas lojas ou seus comércios, que, por pequenos que sejam, sempretrazem divisas ao Município e que também estão deixando a cidadeem busca de locais onde não falte energia elétrica. Enfim o progres­so, o tão decantado progresso, ainda estâ longe de chegar 11 Vilhena,se este problema persistir.É inconcebível que falte 61eocombustível para a CERON, pois mui­tos planos para que ele não falte já foram estudados. Somente quenenhum, ao que tudo indica, teve resultado. Pode bem ser possívelque esta falta de óleo, e, conseqüentemente, o racionamento sejamapenas temporários. Porém, se a BR-364 ou as distribuidoras deóleo não tiverem condições de fornecer, poderemos ficar sem ener­gia elétrica até o fim do inverno, isto é, até a BR-364 estar em con­dições de tráfego normal ou as distribuidoras forneçam o necessáriopara a manutenção dos motores em funcionamento.Ainda a bem poucos dias, o Prefeito Municipal recebia um radio­grama, em resposta a uma sua solicitação ao General Jaime Miran­da Mariath, o qual dizia que o restabelecimento do fornecimento deóleo combustível para Vilhena seria feito através da PETROBRÁSde Mato Grosso e diretamente de Cuiabá. Porém, dez dias depoisdeste radiograma, os problemas surgem de uma maneira vertigino­sa, faltando óleo para a CERON funcionar seus motores em Viíhe­na. Perguntamos às nossas autoridades: quando virão em definitivoas soluções para os nossos problemas mais urgentes? Por que, se apreocupação do Governo é a energia elétrica, agora falta o óleocombustível, para o funcionamento do já precário motor instalado

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 735

em Vílhena? Quanto tempo ainda levaremos sofrendo as agruras dafalta de luz em nossas casas e estabelecimentos comerciais? São per­guntas que o povo está fazendo neste momento e que não encon­tram respostas. O povo espera estas respostas de nosso governante,porque os responsáveis pelo conforto e o bem-estar da populaçãosão os que regem os destinos do Território e do Município de Vilhe­na. Portanto, respostas concretas e soluções dos problemas em defi­nitivo são o que o povo espera de nossas autoridades governamen-tais." .

Transformou-se em escândalo a construção de um clube de festas, o de­nominado Clube Municipal. É, ao que parece, clube para o Prefeito oferecerfestas. Temos agora em Vilhena uma administração festiva.

O mesmo jornal, na edição de 6-12~80, noticiou uma tremenda briga noClube Municipal, envolvendo vários Delegados de Polícia, briga por embria­guez. Falou-se 'num inquérito rigoroso sobre essa briga. Hoje, ao que parece,tudo já caiu no esquecimento.

O dono do jornal O Correio do Sul, Sr. Vitório Abrão, por denunciar ecriticar a administração municipal, sofre violenta pressão e perseguição porparte do Prefeito de Vilhena, sendo inclusive detido ilegalmente naquela cida­de, conforme denunciou em seu jornal na edição de 07.02.81. O Editorial doO Correio do Sul, em 7-2-81, aborda os aspectos da perseguição que sofre oproprietário daquele órgão de imprensa:

"AO ME PERSEGUIR, O POS COLOCA O POVO AO MEULADOOs todo-poderosos coronéis do Governo de Rondônia, ao iniciarema perseguição contra a minha pessoa, porque saí do PDS e fui para olado do povo, estão fazendo campanha a meu favor. Com efeito, so­mente agora senti o quanto o partido do Governo está desmoraliza­do em Rondônia, principalmente em Vilhena, pois a romaria degente que foi a minha casa, para me apoiar, é algo que envaidece eao mesmo tempo emociona.Quero aproveitar este meu comentário político, para dizer ao povode minhacidade, que estarei sempre ao lado de vocês, e não ao ladodos coronéis. E, se nada me acontecer, até 1982, mostraremos quemé que tem mais força nas urnas. Até lá, no entanto, vamos ter quesuportar de tudo. Por isso, fiz um seguro de vida.Conversando com gente enfronhada no Governo de Rondônia, fica­mos sabendo que a maioria dos funcionários públicos de nível supe- 'rior não pretende votar no Partido do Teixeírão, pois este pessoalque o CeI. Guedes trouxe, com muito sacrifício, durante seu gover­no, está insatisfeito, pois deixaram de ter a ajuda de que necessitampara compensar as diferenças de salário entre o Sul do País, de ondevieram, e os agora pagos aqui, pelo Governo.Porém, se as coisas estão assim dentro do próprio Governo, ondeainda imperam as mordomias, não é dificil imaginar como está sen­do encarado o Governo nas ruas, pelo povo, que vê o CeI. Arnaldocolocando viaturas da Prefeitura para satisfazer seus caprichos eperseguir inocentes. Quer dizer: viaturas e gasolina do povo, paracarregar objetos penhorados irregularmente pelo Banco do Brasil.Ou, ainda, imaginar o que o povo sente, quando vê o Cel. Arnaldoconstruir clubes, para poder acomodar as "bonecas" e "bonecos"que traz do Rio de Janeiro, para levar de Vilhena o dinheiro do po­vo. Como se sabe, quem não comprar mesa, já sabe: ou é excluídoda lista de fornecedores da Prefeitura, ou algo de pior acontece!Cel. Arnaldo, o Senhor não acha que, ao invés de pedir verba dos ci­dadãos de Vilhena, para construir o APAE, poderia ceder, ou me­lhor, transformar o seu Clube Municipal na escola de excepcionais?É uma idéia. Aí sim, o Senhor estaria mostrando serviço e não pe­dindo para a população de Vílhenaconstruir boates e hotéis em nos-.sa cidade.Vilhena, Rondônia, o Brasil, enfim, o povo precisa é de comida! Porque o Senhor não permite que o povo possa utilizar o pó das serrá­rias e adubar a terra? Por que não briga com o fantasma do Bancodo Brasil para financiar lavouras nos campos de Vilhena? Por quenão pede para se colocar um gerente dinâmico na agência deste Ban­co, pois o atual o povo já não engole? Por que não faz o INCRA re­solver todos os problemas fundiários ao redor da cidade? Enfim, e­xistem coisas mais urgentes a fazer, que construir clubes e contratarrepórteres corruptos para escrever coisas que não existem, mentiro­sas ...Para encerrar, pedimos ao Sr. Prefeito que nos responda, para quepossamos informar ao povo, de onde saiu, afinal, a verba para seconstruir Clube Municipal."

É preciso denunciar mais uma vez que o clima de pressão e perseguiçãofoi instaurado em todo o Território de Rondônia. É irrespirável o clima depressão e perseguição em Ariquemes, Pimenta Bueno, Cacoal, Guajarâ­Mirim, Ji-Paraná, Jaru e Ouro Preto.

A perseguição do Prefeito de Vilhena é denunciada pelos médicos doDistrito do Colorado, proprietários ali do Hospital das Clínicas.

A pressão e a perseguição se fazem sentir como verdadeira coação nas lo­calidades mais afastadas, como Cerejeiras, Cabixi e Colorado Oeste.

Verdadeiras coações' se fazem ali contra os moradores que manifestaremlivremente o seu pensamento. A coação é feita por causa de lotes urbanos oulotes rurais, numa baixeza sem precedentes.

Os administradores distritais são os patrulheiros do pensamento e prefe­rências políticas dos eleitores. Não há liberdade para os moradores destas lo­calidades, a coação é total. O povo é vigiado pelos agentes dos prefeitos queatuam mais na condição de delegados para policiarem os eleitores.

CONCLUSOES E-SUGESTÕES

Este é o retrato, sem retoques, da situação hoje no Território de Rondô­nia.

A corrupção dominando os municípios, desviando os recursos que paraeles são encaminhados. Municípios pobres em arrecadação que não sobrevi­vem sem os subsídios que vêm de fora. Municípios que foram transformadosem agências para o desemprego, talo empreguismo que cada prefeito man­tém nestas prefeituras.

É possível, como em Guajará-Mirim, que a arrecadação do municípionão dê para pagar os 450 funcionários, e isso para uma cidade que apresentacerda de 30.000 habitantes. O ernprcguismo em Ariquemes, Ji-Paraná, Ca­coal, Pimenta Bueno e Vilhena são uma realidade. Um empreguismo total­mente ocioso, tudo pago pelo contribuinte, pelo povo que não vê obras e rea­lizações. O Governo do Território, não tendo obras suas para inaugurar ouprometer ao povo, fica a prometer como suas as obras de outros Ministérios,como o asfaltamento da BR-364 - obra federal, e a construção da Usina de 'Samue1, também uma obra federal.

Promove festas para inaugurar o sistema DDD da TELERON, obra doMinistério das Comunicações.

Onde estão as obras do Governo de Rondônia?Onde estão as obras provindas dos recursos arrecadados no Território?Onde estão as obras provindas dos recursos advindos dos diversos con-

vênios?O Goveno de Rondônia não tem até hoje um plano ou um programa de

trabalho. Confessou que agora só ia fazer política, essa é a sua meta númeroum. Política não tem sido feita. Uma politicagem baixa e rasteira é a especia­lidade deste Governo, prometendo tudo e fazendo apenas uma propagandamentirosa. Mentira predomina hoje em Rondônia. Ela faz parte da moti­vação publicitária. Há que mentir ao povo; há que encobrir a realidade; háque prometer e não cumprir, esse ê o lema do atual Governo do Território.

O descrédito deste Goveno é tamanho que o seu Presidente do PDS che­ga no interior e diz que agora esse Partido está na Oposição. Dá razão ao po­vo, dizendo que, de fato, esse Coronel deve ir embora, pois não está fazendonada.

O Presidente do PDS, que foi emprestado da Oposição, está dizendo issopor convicção, ou apenas fazendo cenas de comum acordo com o CoronelGovernador?

O Governo do Território já tentou simular várias campanhas de opo­sição, como aquelas feitas em Ariquemes sobre os empréstimos retidos para oplantio de cacau e, ultimamente, 'sobre as pesquisas de minério-nas áreas decolonização.

O Sr. Isaac Newton - Permite um aparte?

O SR. JERÔNIMO SANTANA - Trata-se de um Governo-POS, quenão tem sequer a coragem de ser ele mesmo. Governo é Governo. Oposição éOposição. Em rondônia o Governo perdeu a coragem de se declarar um dele­gado do Governo Federal e, lá no mato, longe da imprensa, longe de seuschefes de Brasília, o PDS-Governo vem dando uma de Oposição, sem cora­gem e sem meios de justificar seu arsenal de mentiras e promessas. Tudo feitoem laboratórios para iludir o sentimento de um povo sofrido. É mais umamentira do Governo dizer ao povo que é da Oposição.

É fácil mentir, ê fácil andar prometendo. É fácil viajar fazendo campa­nha eleitoral em aviões do povo, com gasolina e pilotos pagos pelos cofrespúblicos e ainda ganhando diárias, Toda campanha do POS em Rondônia éfeita em aviões oficiais, táxis-aéreos ou helicópteros, custeados pelas verbaspúblicas.

Até o Presidente do PDS tem mordomias para chegar ao interior e men­tir ao povo, dizendo que esse Partido é de Oposição no Território... Usam a

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mordomia do Governo para se dizerem de Oposição. Onde chegamosl!l A­liás, esse tipo de campanha foi realizada pela ARENA em 1978, quando com­binaram em atacar o INCRA para ganharem os votos dos colonos revolta­dos. Só atacaram o INCRA lá no mato. Aqui em Brasília chegaram elogian­do e ganhando terras - caso do Sr. Odacir Soares, por exemplo.

O Sr. Isaac Newton - Permite um aparte?

O SR. JERÔNIMO SANTANA - Sr. Presidente, ao Território deRondônia foram encaminhados em 1980 cerca de 4,5 bilhões de cruzeiros.Pala 1981 prometem o envio de cerca de 8,5 bilhões de cruzeiros.

Esse Território, hoje, não tem um plano de governo, nem um programade trabalho.

O Poder Legislativo não foi chamado a elaborar um Orçamento paraesse Território, para que em lei fossem fixadas as receitas e as despesas destaUnidade.

O Governo local, extravasando competência, vem legislando em matériaorçamentária, numa balbúrdia sem precedentes, onde os dinheiros públicosvêm sendo pulverizados em campanhas publicitárias desnecessárias, obrassuntuárias, empreguismo, mordomias, com a ausência de qualquer fiscali­zação externa.

Nestas condições, o único poder para o qual nos resta apelar, pois que e­leito pelo povo, é este Poder Legislativo.

Nestas condições, com os fatos aqui denunciados, formulamos apelo àCPI da Corrupção nesta Casa, para que investigue a atual administração doTerritório Federal de Rondônia. Ao mesmo tempo se faz urgente um exameno mecanismo orçamentário dos Territórios Federais, que vêm dando mar­gem a todo esse mar de corrupção que domina hoje os Territórios Federais.

Ê preciso que o Congresso Nacional exerca seus poderes de fiscalizaçãoexterna sobre os Territórios. .

O Sr. Isaac Newton - Permite um aparte?

O SR. JERÔNIMO SANTANA - Pois não.

O SR. PRESIDENTE (Carlos Wilson) - O tempo de S. Ex' já se esgo­tou. Não são mais permitidos apartes.

O SR. JERÔNIMO SANTANA - Era o que tinha a dizer. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Jenônimo Santana. o Sr. Jackson Barreto. SUeplente do Secretário. deixa a cadeira dapresidência. que é ocupadapeta Sr.Carlos Wílson, 2P-Secretário.

O SR. PRESIDENTE (Carlos Wilson) - Tem a palavra o Sr. AntônioPontes,

O SR. ANTÔNIO PONTES (PDS - AP. Sem revlsãodo erador.) - SI".Presidente, Srs. Deputados, dois anos de lutas, dois anos de ci..safios ao Presi­dente Figueiredo. Os problemas brasileiros postos à sua mesa l'lram encara­dos com firmeza e patriotismo, sobretudo com a coragem de que-n assumiupublicamente o compromisso de devolver ao povo brasileiro a faculdade de.,livre e soberanamente, decidir os seus destinos, com a normalização demo­crática do nosso País.

Presidente João Figueiredo, receba por nosso intermédio as congratu­lações e o reconhecimento do povo amapaense por esses dois anos à testa dosdestinos do País, cuja ação profícua, de norte a sul, o povo reconhece.

Não poderia, Sr. Presidente, ao assumir esta tribuna, antes de entrar nomérito de nosso pronunciamento, deixar de tecer estas considerações iniciais,sobretudo porque iremos analisar também a ação do Governador do Amap.i,que também estará completando dois anos de administração.

Os dados que apresentaremos no bojo deste pronunciamento não teriamsido alcançados, não fosse o apoio decisivo do Governo Federal, através dosórgãos federais, ao Comandante Anibal Barcelos, de um lado, e particular­mente ao.Ministêrio do Interior, dirigido pelo incansável Ministro Mário An­dreazza, que jamais faltou e tenho certeza jamais faltará com seu apoio paraque o Território possa, a curto prazo, alcançar a maior aspiração de todosnós, que é a sua ascensão à condição de Estado.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, quando, no ano passado, ocupamos estaTribuna para fazer um balanço das atividades do Governo Anibal Barcelos,estávamos convencidos, já àquela altura, do grandioso destino que estava re­servado ao Território Federal do Amapá no plano nacional.

Hoje, quando novos e decisivos passos foram dados pela Administraç.iodo Governador Anibal Barcelos no sentido de alcançar a autonomia políticado nosso Território, trazemos a esta Casa a reafirrnação da nossa irrestritaconfiança no futuro do Amapá e no atingimento do seu objetivo maior.

Os arnapaenses estão convencidos da necessidade de providências queanulem o atual isolamento do Território, causado pela falta de infta-cstrunraem transporte fluvial numa região onde o rio é o único meio de comunicaçãopara a população mais humilde.

Sabemos que as autoridades federais estão atentas aos problemas maisurgentes do nosso Território, onde se constrói um porto próprio para impedirdeterminados tipos de evasão de receita, canalizada para as Docas do Pará.Como se sabe, o Território do Amapá foi desmembrado, há 37 anos, do Esta­do do Pará, que até hoje continua exercendo importante influência sobre onosso Território, principalmente em determinados setores.

Sr. Presidente, é de justiça ressaltar que o desenvolvimento alcançauopelo nosso Território em 24 meses de administração do Governador AnibalBarcelos fez com que Sua Excelência se tornasse credor da estima, da admi­ração e do respeito do povo arnapaense,

O Sr. AntQnio Morimoto - Deputado Antônio Pontes, V. Ex' honra o'seu mandato e o povo dinâmico do Território do Amapá. Hoje a Câmara viveos Territórios Federais brasileiros. Há pouco, o Deputado Jerônimo Santanatecia considerações sobre Rondônia, e V. Ex. agora fala sobre o Amapá, Ter­ritório que representa. Mas que diferença de posicionamento! Enquanto o co­lega Santana tecia considerações generalizadas sobre corrupção, fazendocríticas destrutivas, V. Ex' fala sobre o seu Território, fazendo críticas cons­trutivas, muito bem colocadas, falando do apoio que o Governo Federal vemdando, do trabalho que o Governador Barcellos está desenvolvendo e do es­forço que V. Ex', Deputado Antônio Pontes, aqui na Câmarae junto aos Mi­nistérios, especialmente ao Ministério do interior, vem desenvolvendo no sen­tido de efetivar a grande aspiração do Território do Amapá, qual seja, a suaautonomia política. Quero cumprimentar V. Ex', assim como o Governadordo seu Território, o Governador Barcellos, e tenho a certeza de que tem breveV. Ex' vai conseguir que o Amapá tenha autonomia política, transformando­se em mais uma unidade da Federação brasileira. Receba pois a minha felici­tação e os meus cumprimentos. O povo do Território do Amapá está de para­béns, porque,' tenho certeza, dentro em breve verá concretizada a sua maioraspiração, a de ver o Território transformado em mais uma unidade da Fede­ração br.asilcira.

O SR. ANTÔNIO PONTES - Deputado Antônio Morimoto, agra­deço sensibilizado o honrado aparte deV. Ex' e devo dizer que espero, numfuturo não muito distante, que o nobre Deputado Jerônimo Santana, brilhan­te companheiro da bancada de Rondônia, faça justiça ao Governo Federal eao esforço que vem sendo desenvolvido pelo Coronel Teixeira, Governadordaquele Território, no sentido de atender à preocupação, ao desejo e à lutapermanente de S. Ex' nesta Casa pela transformação do Território de Rondó­nia em Estado.

O Sr. Brabo de Carvalho - Deputado Antônio Pontes, querocongratular-me com V. Ex' e com o povo do Amapá pela exceção que O Go­verno Federal faz ao povo amapacnse, porque, nos pronunciamentos que setêm feito nesta Casa e no Senado Federal, inclusive através da palavra do ex­Líder do Governo e atual Presidente do Senado, Senador Jarbas Passarinho,a Amazônia tem sido uma região marginalizada por todos os Governos, nãoapenas pelo atual, mas pelo do passado e o de hoje. E aqui tenho um testemu­nho. Recebemos hoje da Assembléia Legislativa do meu Estado o Oficio nv1.993, de 19 de setembro de 1980. Trata-se de uma proposição, em forma derequerimento, do Deputado Sérgio Sampaio, subscrita por quase a unanimi­dade dos Deputados daquela Assembléia e inclusive destaco os seguintes no­mes: América Brasil, Aroldo Tavares, Ronaldo Passarinho, Zen o Veloso,atual Líder do PDS; Milton Peres, irmão do Vice-Governador e GeraldoMartins. São seis Deputados que constituem o grupo do Senador Jarbas Pas­sarinho. Diz o requerimento: "Dizíamos ontem da decepção que sofremosdiante da triste realidade quando constatamos que o projeto a ser implantadona Vila do Conde se nos apresenta negativo. Se por um lado deu-nos sofri­mento pelo tempo decorrido e pelo dinheiro despendido, por outro serviu deexemplo, operando o milagre de despertar a nossa consciência para a luta emprol dos nossos direitos e dos nossos interesses. Diz-se que o sentimento deum povo só desperta com sofrimento e dor e foi preciso que nós, paraenses,sentíssemos na própria carne o esbulho e a inépcia para que nos conscienti­zássemos de que chegou a hora de dizermos "basta:' e, unidos, partirmospara a luta em defesa do que nos pertence". Deputado Antônio Pontes;vários pronunciamentos foram feitos nesta Casa, inclusive por V. Ex', e bemassim no Senado Federal, todos eles com um sentimento de revolta e não degratidão à marginalização da Amazônia em relação ao progresso do resto doBrasil. Nordeste e Amazônia, hoje, são áreas desconhecidas, tanto que aquilembramos velha frase já tão conhecida: "Amazônia também é Brasil", masaté hoje isto não tem pesado na consciência do Governo da União, que tudonos tem negado, tirando da Amazônia o que realmente nos pertence, amatéria-prima, a nossa riqueza, dando-nos apenas esmolas. Realmente, o quetem ido para a Amazônia são apenas esmolas em comparação ao muito quetemos dado à Pátria. Deputado Antônio Pontes, o Amapá tem tido mais sorote, pelo menos é o que se vê no pronunciamento de V. Ex' Os demais Estados

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da Amazônia e os Territórios têm sofrido na própria carne essa ação de esO'quecimento com que os governos têm se posicionado em relação ao seu de­senvolvimento e ao do próprio Nordeste.

O SR. ANTÔNIO PONTES - Eu gostaria de responder ao DeputadoBrabo de Carvalho, mas antes ouço, com prazer, o nobre Deputado Walterde Prá.

O Sr. Walter dePrá - Ilustre Deputado Antônio Pontes, parabenizo V.Ex' pelo pronunciamento que faz. Registra V. Ex' os dois anos de Governodo Território, futuro Estado sentinela do Norte do País. Suas riquezas, nãoapenas do mar, mas do minério, da pecuária, fazem com que nós, brasileiros,respeitemos e admiremos a bravura dos homens do Amapá, simbolizados,neste momento, por V. Ex' Merece todo nosso aplauso a luta, dedicação eamor com que estes brasileiros do Norte, numa trincheira, e em sentinela,protegem o nosso Território e fiscalizam o andamento do processo da paz edo desenvolvimento. Deputado Antônio Pontes, em política, nunca se podedizer: desta água não beberei. Nas transformações a que a História nos sujei­ta, criticamos hoje e elogiamos amanhã, ou vice-versa. A posição que V. Ex'tem assumido nesta Casa merece de todos nós não apenas a admiração, mas onosso respeito. Faço este registro para que nos anais possa constar a minhamais singela e pura homenagem a V. Ex', bravo companheiro que representao povo do Amapá. Parabéns a V. EX' pelo seu pronunciamento.

O Sr. Jorge Uequed - Aprendi a conhecer o Território do Amapá atra­vés de V. Ex'; um dos mais bravos homens da Oposição naquela região, eque, nesta Casa, denunciou a corrupção e o malbaratamento dos recursospúblicos pelos interventores daquela área. Tenho gravado, desde os primeirosmomentos em que aqui cheguei, os pronunciamentos de V. Ex' e do Deputa­do Jerônimo Santana, eleitos pela Oposição, por aqueles que não aceitam atutela e a corrupção, que não aceitam o elogio fácil, em detrimento dos inte­resses do povo. Vejo que, hoje, o discurso de V. Ex' é outro. É o discurso doelogio; é o discurso da palavra à autoridade; é o discurso daquilo que contra­diz o que V. Ex' semeou nesta Casa. Não acredito que isso tenha sido modifi­cado pela posição de V. Ex', ontem pertencente à Oposição e hoje ao Partidodo Governo. Posso até crer que tudo mudou no Território de V. Ex', depoisque fez a nova opção partidária. No entanto, reservo-me a dizer-lhe que asnotícias que de lá temos não são pintadas como um mar de rosas. São as mes­mas noticias de corrupção, de malbaratamento dos recursos públicos. Volta­'rei a ler os discursos de V. Ex', proferidos durante 6 anos aqui nesta Casa,porque creio que o comportamento político de V. Ex' é determinado pela suaconsciência, pelo respeito que deve ter pelos seus eleitores, pelos que lhe con­cederam o mandato e a representação política. A assinatura da ficha do PDSnão pode ter mudado a consciência de V. Ex', nem a orientação no senti' dadefesa dos interesses do Território. Creio que o elogio fácil não está atento àsexigências da área. O ilustre Ministro de hoje é o mesmo que tinha abandona­do a região ontem; os dois anos de desgoverno hoje são do mesmo Governa­dor nomeado interventor para a região, contra a vontade daqueles a quem V.Ex' bradava aqui tão bem - o que ainda tenho gravado na memória- da­queles a quem foi esbulhado o direito de escolher seu governante. Não acredi­to. Nego-me a crer. Mas o discurso fácil não deve ser produto da nova vincu­lação partidária. Quero até crer que tudo mudou no Território de V. Ex', que,ao contrário do resto do Brasil, vive num mar de rosas, de onde a corrupçãofoi banida, onde os interesses de grupos não mais existem, e seus administra­dores trabalham para benefício do povo e, não, de meia dúzia de grileiros e deprivilegiados. Chego a crer que as emissoras de rádio daquela região estejamsendo concedidas a pessoas que têm méritos e condições e, não; por apazigua­mento político, não por concessões políticas. Voltarei a reler os discursos an­teriores de V. Ex', para confrontá-los com o de hoje.

O SR. ANTÔNIO PONTES - Nobre Deputado, devo dizer a V. Ex'que minha consciência não mudou e jamais mudará. A minha opção parti­dária não modifica a minha dignidade parlamentar. Reafirmo os pronuncia­mentos que fiz no passado, porque, àquela altura, quando desempenhava omeu mandato no Congresso Nacional pela legenda da Oposição, sempre tiveoportunidade de, com altivez e grandeza, caracterísitcas da minha pessoa,abordar problemas dos nossos Territórios, mais especificamente do Amapá.E, se hoje volto a esta tribuna, ingressando numa nova legenda partidária,não foi, absolutamente, porque minha consciência se subtraiu, mas por con­fiar na capacidade realizadora do homem que assumiu o comando e o destinoda nossa Pátria e se propôs a fazê-lo 'realmente voltado para os interesses dopovo brasileiro (palmas). Por isso, nobre Deputado, não barganhei ao ingres­sar no PDS, jamais barganharei; a minha atitude permanecerá indeclinável.Entrei no partido porque acreditei no Chefe do Governo, que jurou fazer des­te País uma democracia, pregação de todos os brasileiros. Se hoje, Deputado,venho a esta tribuna tecer elogios, ou reconhecer no quadro de análises a ad­ministração que está no Amapá, é porque vejo também, no atual Governador

do Amapá, alguém cuja meta é dirigir, de forma honesta e honrada, o nossoTerritório. Se porventura falhas houver, vamos também analisá-las e procu-

, rar corrigi-las dentro de uma nova ótica. Mas fique certo de que jamais mu­darei minha dignidade. Não será a legenda partidária que me fará trair a mi­nha consciência ou modificará meu caráter parlamentar. (Muito bem! Pal­mas.)

O Sr. Paulo Guerra - Nobre Deputado Antônio Pontes, gostaria de me­recer o aparte.

O SR. ANTONIO PONTES - Com muita honra, Deputado PauloGuerra.

O Sr. Paulo Guerra - Deputado Antônio Pontes, o Amapá, nesta hora,é objeto do pronunciamento de V. Ex' Como representante daquele Terri­tório, quero, nesta oportunidade, dizer que acredito piamente na orientaçãodo Governo Federal a fim de viabilizar o progresso e o desenvolvimento doAmapá. Todavia, aprendi nos livros de filosofia um dilema, que diz: "Se falaso que êjusto, os homens te odiarão; se falas o que é injusto, os deuses te odia­rão; se falas o que é justo ou injusto, os homens e os deuses te odiarão". Prefi­ro o ônus de talvez ser mais tarde julgado, porém jamais julgado pela omis­são, jamais julgado por tergiversar em todos os meus pontos de vista. Indubi­tavelmente, reiteradas vezes repeli a dinâmica de trabalho do eminente Minis­tro Mário Andreazza, mas hoje, reconhecendo seu esforço, não posso, poroutro lado, deixar de considerar que, quando mais um Governo doAmapácompleta dois anos de administração, o .momento me parece muito maispropício para uma pausa, para uma reflexão sobre as condições institucionaisda vida dos territórios federais. Acredito que, se sobejamente busca o Gover­no implementar projetos naquela região, mais importante é que o GovernoFederal entenda que a premissa é verdadeira, isto é, que os territórios comotal, estão no fim da linha, que eles deverão ter capacidade de autogestão. Ne­cessariamente, eles terão que ver brotar de seus filhos aquele interesse, aqueleidealismo de autodeterminar-se, para que, dentro desse quadro, possamos~ealmente valorizar o homem do Amapá, de Rondônia e de Roraima. Querodizer a V. Ex', neste momento, que, antes de apressar-me em tecer elogios auma administração, preocupo-me muito mais com o povo que.nos legou omandato e que, por certo, espera de nós uma resposta concreta, a de conti­nuarmos a lutar pela redenção do Amapá, pela sua institucionalização, paraque tenhamos uma Assembléia Legislativa, a fim de que tenhamos os instru­mentos que nos possam levar à salvaguarda dos mais altos' interesses de nossopovo e de nossa terra. De qualquer sorte, quando faço esta reflexão, quero di­zer a V. Ex' que, juntos, temos perseguido os mesmos ideiais - a transfor­mação do Território em Estado. E, se outra razão maior e mais justificávelnão há, para mim existe a das eleições diretas para Governador do Amapá. SeDeus quiser, teremos um amapaense governando nossa terra.

O SR. ANTONIO PONTES - Agradeço ao Deputado PauloGuerra oaparte e devo dizer que esse ideal todos nós perseguimos, e acredito que embreve concretizaremos esse sonho, há longos anos acalentado pelo povo doAmapá, de Rondônia, de Roraima e - quem sabe? - de outros Estados quepoderão surgir. Grato a V. Ex' pelas colocações feitas, fruto da sua consciên­cia.

O Sr. Isaac Newton - Permite-me V. Ex' um aparte?

O SR. ANTÓNIO PONTES - Com muita honra, Deputado IsaacNewton.

O Sr. Isaac Newton - Deputado Antônio Pontes, o tempo urge e euqueria apenas congratular-me com V. Ex' pelo seu pronunciamento de hoje éparabenizá-lo por ter visão lateral, o que falta muito aos nossos colegas. Es­tou irmanado com V. Ex' nesta luta, que é nossa, é dos territórios. Além domais, há muita incompreensão nesta Casa, li faltam-nos instrumentos para lu­tarmos em prol da consecução do nossos objetivos. Não tive oportunidade,por exemplo, de hoje - ouvindo baldões e acusações infundadas dos Deputa­dos de Oposição que representam nosso Territórie ao governador Jorge Tei­xeira - acrescentar que os jornais nem sempre merecem confiança; nem opróprio Diário do Congresso - porque publica um fato mencionado pelo De­putado Jerônimo Santana referente a Paulo Xavier, em Guajará-Mirim, to­talmente infundado. Vamos prosseguir-nesta luta, acima de partidos, irmana­dos pelo interesse das populações que nos cabe representar aqui nesta Casa.Agradeço aos colegas Deputados Vasco Neto e Milton Brandão a õportuní­dade que me deram de inserir este aparte no discurso de V. ExJ FeJicito-o pormais este brilhante pronunciamento que faz nesta Casa.

O SR. ANTONIO PONTES - Agradeço a V. Ex'Ouço o nobre Deputado Hélio Campos, com muito prazer.

O Sr. Hélio Campos - Nobre Deputado Antônio Pontes, é por dever quevenho a este microfone. Quando põem em dúvida a sua consciência e a sua

738 Quarta-felra 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Secão 1) Março de 1981

grandeza, não poderia deixar de trazer fatos e, não digo ilusões, mas sem opoder de convicção que se pode dar a estas horas. V. Ex' foi protagonista devários discursos de Oposição, duros, regidos conforme sua consciência manodava, mas também soube, naquela ocasião, quando era Oposição, elogiaraqueles que mereciam, embora fossem do Governo. Venho aqui como teste­munha, corno favorecido desse ato público de V. Ex', pois naquela época meelogiava como governador do Território de Roraima, sem me conhecer, semter falado comigo. V. Ex' é realmente este homem que sempre admiramos naOposição, pelas suas posições e convicções, principalmente pela sua grandezaem tratar os problemas do nosso País e, em particular, do Amapá, Queira V.Ex' receber, nesta hora, meu testemunho da sua grandeza e do respeito quetodos temos por V. Ex' nesta Casa e que sempre teremos, porque V. Ex' bemo merece. Muito obrigado.

O SR. ANTONIO PONTES - Deputado Hélio Campos, quando mereportava, em pronunciamentos, à administração de V. Ex' no Território deRoraima, não era para tecer elogios fáceis, mas para fazer o reconhecimentopúblico pelas grandes obras que V. Ex' vinha realizando, e realizou de fato,no Governo do Território de Roraima. Por conseguinte, foi justiça o que pro­feri nesta tribuna ao me referir a V. Ex' como Governador.

O Sr. Simão Sessin - Permita-me V. Ex' um aparte. Ao parabeni­zar V. Ex' pelo excelente pronunciamento que traz a esta Casa reportando-seà bela administração que vem fazendo o Governador Aníbal Barcelos no Ter­ritório do Amapá, gostaríamos de nele inserir os nossos aplausos. Nós, que ti­vemos o privilégio de com ele trabalhar na administração Faria Lima, no Riode Janeiro - ele na EMOP (Empresa de Obras Públicas) e nós na FUN­DREM - não fomos surpreendidos pela excelente administração que vemrealizando à frente do Território do Amapá. Portanto, parabenizo V. Ex' elhe peço que insira no seu discurso esse nosso aplauso à administração doGovernador Aníbal Barcelos.

O SR. ANTÔNIO PONTES - Agradeço a V. Ex' o aparte.

O Sr. Milton Brandão - Permita-me, nobre Deputado? Ê com satisfaçãoque também me congratulo com V. Ex' quando destaca o segundo ano de ad­ministração do Governador Aníbal Barcelos. V. Ex', com sua manifestaçãosincera, entusiástica, com suas palavras brilhantes comenta, muito bem, c'que se passou nesses dois anos de governo no Território do Amapá. Assim,formulo os melhores votos no sentido de que o Território do Amapá, que co'nheço desde os tempos de Janary Gentil Nunes e meu saudoso colega Coara'cy Nunes que desenvolveu pelas suas riquezas, seus minérios, pela força e he..roísmo do seu povo, continue progredindo, compartilhando com as outrasunidades da Federação pela grandeza do Brasil. Neste instante falo em mel;nome e também, com muita honra, representando o ilustre colega Vasco Ne­to, que dirige a V. Ex' as mesmas congratulações pela notável administraçãodo Governo do Território do Amapá.

O Sr. Vasco Neto - E felicito-o, mais ainda, pela resposta ao aparte doDeputado Jorge Uequed do que pelo discurso. V. Ex' colocou em sua fala oque é ser democrata.

O SR. ANTÔNIO PONTES - Sr. Presidente, terminarei pedindo escu­sas aos colegas que me apartearam, pois, em face da exigüidade do tempo nãopude com eles traçar um diálogo mais longo, mas franco e mais aberto. Mas,de qualquer sorte, fica o meu reconhecimento e o respeito à consciência decada um colocada nos apartes ao meu pronunciamento.

E esta afirmação não se baseia apenas em palavras, mas em fatos que es­tão à vista de todos: além da atuação firme e dedicada do Governador AníbalBarcelos, conta o Amapá com o apoio decisivo e sempre presente do MinistroMário Andreazza, do Interior, obedecendo às diretrizes formuladas pelo Pro­sidente João Figueiredo.

Assim, por exemplo, nós podemos informar a esta Casa que se encon­tram em fase de conclusão as obras da rodovia BR-156, ligando Jary-­Macapá-Oiapoque, faltando apenas um trecho de menos de 14 quilômetro"Tal estrada é tida como a espinha dorsal no sistema rodoviário do Território,por constituir-se na ligação de Macapâ a Ferreira Gomes, com acesso a PortoGrande e à Hidrelétrica do Coaracy Nunes.

Para que se tenha uma idéia da importáncia dessa rodovia para o Ama­pá, basta revelar que o custo total dos trechos a serem concluídos ascende aumbilhão e quinhentos milhões de cruzeiros, enquanto o orçamento anual doTerritório é da ordem de dois bilhões de cruzeiros.

Há cerca de três meses o Governo do Território firmou convênio paramelhorar o acesso ao Distrito Industrial, através do asfaltamento de um tre­cho da Rodovia Macapá-Santana, incluindo uma balsa sobre o Rio Matapi,envolvendo investimentos com recursos próprios da ordem de onze milhõesde cruzeiros.

A relevância do Distrito Industrial pode ser medida pelo fato de que neleserão instaladas duas grandes indústrias de processamento de pescado; uma'indústria de construção naval; uma fábrica de dormentes ferroviários; duasfábricas de gelo; uma fábrica de cerâmica; uma indústria de tacos para a cons­trução civil; uma fábrica de refrigerantes; e uma fábrica de oxigênio.

No setor fluvial, estão em andamento as obras de construção do Portode Macapá; ampliação e melhoramento do Trapiche de Macapá; construçãode duas embarcações com capacidade total para 760 passageiros, a serem uti­lizadas na rota Macapá-Belém-Macapá; duas embarcações mistas com ca­pacidade total para 230 passageiros, para as rotas Macapá-Oiapoque­Macapá e Macapá-Rios do Sul-Macapá; uma embarcação de balsas; qua­tro balsas para transporte de carga; uma embarcação para transporte de ga­do; uma embarcação para transporte de combustível e mais seis embarcaçõesde apoio.

Entre outras realizações importantes no período de 24 meses do Gover-no Anibal Barcelos, cumpre ressaltar as seguintes:

- construção de praças de lazer e de esporte;- abertura de ruas;- construção de 300 casas no bairro Nova Esperança, para abrigar

famílias que moravam em precárias condições na Baixada do Elesbão;- aterro de quadras residenciais no Bairro Central;- obras de urbanização na localidade de Perpétuo Socorro (mais conhe-

cido como Igarapé das Mulheres);- aumento substancial na capacidade da rede de iluminação elétrica e

• aumento da oferta da água potável;- iluminação elétrica na Colônia de Matapi; no Mazagão; no Mazagão

Velho; na Vila do Carvão; no Abacate da Pedreira; no Igarapé do Lago; noCuriaú; no Tartarugalzinho e no Itaubal;

- construção de três módulos esportivos em Santana, Mazagão e Oia-poque;

- construção do Centro Civico;- ampliação, reforma, modernização e construção de várias escolas;- construção de inúmeros subpostos de saúde;- construção de centros comunitários;- organização da Casa do Artesão, representando a criação de centenas

de empregos;- construção da Casa do Produtor;- obras de urbanização na Vila de Porto Grande;- recuperação e modernização do Museu Ângelo Moreira da Costa Li-

ma;- reativação das Colônias Agrícolas;- apoio às federações esportivas;- recuperação de várias estradas vicinais, fundamentais para o escoa-

mento da produção agropecuária do Território;- prosseguimento das obras de construção do Grande Hotel de Maca-

pá;- prosseguimento das obras de recuperação do Forte de São José;- construção de um muro de arrimo na Cidade de Oiapoque;- conclusão das obras de um hotel no Oiapoque;-ligações domiciliares de esgoto sanitário nas sedes de municípios inte-

rioranos;- instalação de bicas públicas de água na Cidade de Macapá;- construção de escolas, postos de saúde e delegacia policial na localida-

de de Beiradinha;- recuperação de prédios públicos no Beiradão;-,- construção do Abrigo São José, de amparo à velhice;- construção de centros sociais urbanos;- organização de centros de recuperação de menores;- melhoramento nas condições de funcionamento nas olarias dos mu-

nicípios de Mazagão, Amapá e Calçoene;- reforma e adaptação de prédios hospitalares em Macapá;- construção de 25 mil metros quadrados de calçadas na Cidade de Ma-

capá;- reforma e ampliação do Estádio Municipal Glicério de Souza Mar-

ques;- construção de um abatedouro de aves;- construção de um canil na Cidade de Macapá;Devem ser ressaltados, ainda, os trabalhos de ampliação do Ambula­

tório de Saúde Pública. bem assim a reforma e ampliação do ConservatórioAmapaénse de Música, além da construção de um armazém de rações na Fa­zendinha.

Encontram-se em fase de licitação as seguintes obras:- uma unidade hospitalar em Santana;- uma colônia agricola penal na estrada que liga Macapá a Santana;

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção 1) Quarta-feira 18 739

- construção de um moderno Palácio da Justiça, onde funcionará oFórum da Cidade;

Entre as medidas de natureza institucional, cabe destacar a aprovação delei modificando a estrutura dos territórios faderais no setor administrativo,possibilitando a modernização da máquina governamental. Esta providênciafoi complementada com a edição de decreto, no mês de janeiro de 1980, dis­pondo sobre a Estrutura Básica de Administração do Território do Amapá.

Outras iniciativas de natureza legal que cabe destacar:- decreto dispondo sobre o Grupo de Serviços de Portaria, Limpezá e

Conservação do Serviço Civil do Amapá;- decreto organizando o Grupo Outras Atividades de Nível Médio e

Artesanato;- decreto dispondo sobre o Grupo Polícia Civil do Território;- lei sobre o Estatuto dos Policiais Militares do Territ6rio do Amapá;- decreto dispondo sobre o Grupo Magistério do Serviço Civil do Ama-

pá;- lei autorizando o Governo do Território do Amapá a constituir um

Fundo de Financiamento para àgua e esgotos, com cláusula de empréstimojunto ao Banco Nacional de Habitação;

- projeto de lei complementar dispondo sobre a criação dos Terri­tórios Federais, em tramitação nesta Casa;

- decreto-lei incluindo o Território do Amapá como participante nosRecursos de Reserva do Fundo de Participação dos Estados;

- projeto de lei autorizando a criação da CODEASA - Compainha deDesenvolvimento do Território do Amapá, o qual se encontra na Presidênciada República;

- projeto de lei autorizando a constituição da Companhia de Nave­gação do Amapá (CENAVA), o qual se encontra na Secretaria de Planeja­mento da Presidéncia da República;

- projeto de lei criando o Conselho de Justificação da Polícia Militar;- projeto de lei criando o Conselho de Disciplina da Polícia Militar;-lei em vigor desde IQ de março de 1980, dispondo sobre a nova Orga-

nização Judiciária do Território do Amapá.É preciso ressaltar o fato, Sr. Presidente, de que o Território Federal do

Amapá inicia, de forma efetiva, uma fase de desfrutamento de certos benefí­cios, especialmente no que diz respeito à descoberta e exploração de suas pró­prias potencialidades.

Chega a ser notável o desenvolvimento obtido pelo Territ6rio no setoreducacional, existindo, hoje, mais de 50 míl estudantes no Município de Ma­capá: o ensino, sobre ser inteiramente gratuito, apresenta, segundo relatóriosoficiais, um nível altamente satisfatório.

Outro setor vital para o desenvolvimento do Território, o da saúde, dis­põe de uma infra-estrutura das mais modernas, sendo de destacar que a redehospitalar apresenta uma aparelhagem e um instrumental adequadamenteinstalados.

Nós, Sr. Presidente, que desde a nossa chegada nesta Casa sempre de­monstramos uma inequívoca esperança nos destinos do Amapá, estamos hojeainda mais convencidos do seu futuro radiante, graças à criação de modernaestrutura administrativa e judiciária, enquanto caminha, a passos largos, parao estabelecimento de uma atualizada infra-estrutura nos demais setores.

Por tudo isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, reafirmamos hoje, destaTribuna, a-nossa fé inabalável de que no Governo do Presidente João Figuei­redo o Território do Amapá será transformado em Estado.

E afirmamos isso com base não s6 no apoio presidencial mas tambémnas inegáveis potencialidades do Território no firme comando do Governa­dor Anibal Barcelos e na solidariedade que o Amapá tem recebido do Minis­tro Mário Andreazza, do Interor, para a consecução do seu objetivo maior.

Durante o discurso do Sr. Antônio Pontes, o Sr. Carlos Wilson,29-Secretário, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.Simão Sessim, Suplente de Secretário.

. Durante o discurso do Sr. Antônio Pontes, o Sr. Simão Sessim,Suplente de Secretário, deixa a cadeira da presidência. que é ocupadapelo Sr. Freitas Nobre, 29-Vice-Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Está findo o tempo destinadoao Expediente.

Vai-se passar à Ordem do Dia.Comparecem mais os Srs.r

Acre

Amilcar de Queiroz - PDS; Geraldo. Fleming - PMDB.

Amazonas

Josué de Souza - PDS; Mário Frota - PMDB; Vivaldo Frota - PDS.

Pará·

Jader Barbalho - PMDB; João Menezes - PP; Manoel Ribeiro ­PDS; Nélío Lobato - PP.

Maranhão

João Alberto - PDS; Luiz Rocha - PDS; Nagib Haickel - PDS;Temístocles Teixeira; Victor Trovão - PDS. '

Piauí

Carlos Augusto - PP; Correia Lima - PDSj Joel Ribeiro - PDS; Mil­ton Brandão._ PDS.

Ceará

Adauto Bezerra - PDSj Antônio Morais - PP; Claudino Sales - PDS;Figueiredo Correia - PMDB; Flávio Marcílío - PDS; Iranildo Pereira­PMDB; Mauro Sampaio - PDS; Paulo Lustosa - PDS; Paulo Studart ­PDS.

Rio Grande do Norte

Antônio Florêncio - PDS; Carlos Alberto - PDS; Henrique EduardoAlves - PP; Pedro Lucena - PP; Wanderley Mariz - PDS.

Paraíba

Ademar Pereira - PDS; Álvaro Gaudêncio - PDS; Antônio Gomes­PDS; Antônio Mariz - PP; Arnaldo Lafayette - PMDB; Joaci! Pereira ­PDS; Wílson Braga - PDS.

. Pernambuco

Geraldo Guedes - PDS; João Carlos de Carli - PDS; Joaquim Guerra- PDS; José Carlos Vasconcelos - PMDB; José Mendonça Bezerra ­PDS; Josias Leite - PDS; Oswaldo Coelho - PDS; Pedro Corrêa - PDS;Ricardo Fiuza - PDS; Roberto Freire - PMDB; Sérgio Mutilo - PDT.

Alagoas

Antônio Ferreira - PDSj Geraldo Bulhões.

Sergipe

Adroaldo Campos - PDS; Francisco Rollemberg -' PDS.

Bahia

Elquisson Soares - PMDB; Fernando Magalhães - PDSj FranciscoPinto - PMDB; Henrique Brito - PDSj Honorato Vianna~ PDS; HorácioMatos - PDS; Jorge Vianna - PMDB; José Amorim - PDS; José Penedo- PDS; Leur Lomanto - PDS; Marcelo Cordeiro - PMDB; MenandroMinahim - PDS; Raymundo Urbano - PMDB; Rogério Rego - PDS;Roque Aras - PMDB; Ruy Bacelar - PDS; Stoessel Dourado - PDS;Ubaldo Dantas -. l'P; Vasco Neto - PDS; Wilson Falcão - PDS.

Espírito Santo

Feu Rosa - PDS; Luiz Baptista - PP; Max Mauro - PMDB; Theodo­rico Ferraço - PDS.

Rio de Janeiro

Alair Ferreira - PDS; -Cêlio Borja - PDS; Daniel Silva - PP; Déliodos Santos - PMDB; Edison Khair - PMDB; Felippe Penna - PMDB;Hydekel Freitas - PDS; Joel Lima - PP; Joel Vivas -'PP; JG de AraújoJorge - PDT; Jorge Gama - PMDB; Jorge Moura - PP; José Maria deCarvalho - PMQB; José Maurício - PDT; José Torres - PDS; Mac Do­well Leite de Castro - PP; Marcello Cerqueira - PMDB; Marcelo Medeiros- PP; Miro Teixeira - PP; Modesto da Silveira - PMDB;'Osmar Leitão­PDS; Pedro Faria - PPj Peixoto Filho - PP; Rubem Medina - PDS.

Minas Gerais

Aécio Cunha - PDS; Altair Chagas - PDS; Batista Miranda - PDS;Bias Fortes - PDS; Christóvam Chiaradia - PDS; Delson Scarano - PDS;Edgard Arnorím - PMDB; Edilson Lamartine Mendes - PDS; GenivalTourinho - PDT; Hélio Garcia - PP; Humberto Souto - PDS; João Her­culino - PMDB; Jorge Ferraz - PP; Jorge Vargas - PPj José Carlos Fa­gundes - PDSj Júnia Marise - PMDB; Leopoldo Bessone -'- PP; Luiz Bac­carini - PPj Melo Freire "- PP; Moacir Lopes - PDS; Newton Cardoso­PP; Pimenta da Veiga - PMD B; Raul Bernardo - PDS; Renato Azeredo ­PP; Sérgio Ferrara - PP; Tarcísio Delgado - PMDB.

São Paulo

Adhemar de Barros Filho - PDS; Alcides Francíscato.- PDS; AlbertoGoldman - PMDB; Antônio Morimoto - PDS; Antônio Russo - PMDB;Antônio Zacharias - PDS; Audálío Dantas - PMDB; Aurélio Peres ­PMDB; Baldacci Filho; Benedito Marcílío - PT; Bezerra de Melo - PDS;

740 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

Cardoso de Almeida - PDS; Carlos Nelson - PMDB; Darcy Passos ­PMDB; Diogo Nomura - PDS; Flávio Chaves - PMDB; Francisco Leão- PDS; Gióia Júnior - PDS; Henrique Turner - PDS; Herbert Levy - PP;Horácio Ortiz - PMDB; Jayro Maltoni - PDS; João Arruda - PDS; JorgePaulo - PDS; José de Castro Coimbra - PDS; Maluly Netto - PDS; NatalGale - PDS; Octacílio Almeida - PMDB; Octávio Torrecilla - PDS; Pe­dro Carolo - PDS; Ralph Biasi - PMDB; Roberto Carvalho - PDS; RuySilva - PDS; Salvador Julianelli - PDS; Samir Achôa - PMDB; Tidei deLima - PMDB; Valter Garcia - PMDB.

Goiás

Francisco Castro - PMDB; Guido Arantes - PDS; Hélio Levy ­PDS; Paulo Borges - PMDB; Rezende Monteiro - PDS.

Mato Grosso

Bento Lobo - PP; Carlos Bezerra - PMDB; Corrêa da Costa - PDS;Cristino Cortes - PDS; Gilson de Barros - PMDB; Júlio Campos - PDS.

Mato Grosso do Sul

Antônio Carlos de Oliveira - PT; João Câmara - PMDB; Walter deCastro.

Paraná

Adolpho Franco - PDS; Adriano Valente - PDS; Ãlvaro Dias ­PMDB; Amadeu Geara - PMDB; Antônio Annibelli - PMDB; AntônioMazurek - PDS; Antônio Ueno - PDS; Aroldo Moletta - PDS; Borges daSilveira - PP; Braga Ramos - PDS; Ernesto Dall'Oglio - PMDB; Igo Los­so - PDS; halo Conti - PDS; Lúcio Cioni; Mário Stamm - PP; NortonMacedo - PDS; Paulo Marques ~ PMDB; Paulo Pimentel - PDS; PedroSampaio - PP; Roberto Galvani - PDS; Vilela de Magalhães - PTB.

Santa Catarina

Adhemar Ghisi - PDS; Angelino Rosa - PDS; Evaldo Amaral ­PDS; Francisco Libardoni - PMDB; Luiz Cechinel - PT; Mendes de Melo- PP; Pedro Collin - PDS; Victor Fontana - PDS; Walmor de Luca­PMDB.

Rio Grande do Sul

Aluizio Paraguassu - PDT; Ary Alcântara - PDS; Cardoso Fregapani- PMDB; Carlos Chiarelli - PDS; Cláudio Strassburger - PDS; DarcyPozza - PDS; Emídio Perondi - PDS; Fernando Gonçalves - PDS; HugoMardini - PDS; Jorge Uequed - PMDB; Júlio Costamilan - PMDB; Li­dovino Fanton - PDT; Rosa Flores - PMDB; Telmo Kirst - PDS; Túli«Barcellos - PDS; Victor Faccioni - PDS.

VI - ORDEM DO DIA

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - A lista de presença acusa ccomparecimento de 257 Srs, Deputados.

Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar poderãofazê-lo.

O SR. OSWALDO LIMA - Projeto de lei que acrescenta dispositivo aoart. 8~ da Lei n~ 5.107, de 13 de setembro de 1966 (Fundo de Garantia doTempo de Serviço).

- Projeto de lei que modifica os parágrafos 19s, respectivamente, da Lein9.5.842, de 6 lIe dezembro de 1972, e do art. 1I da Lei nv 1.060, de 5 de feve­reiro de 1950, fixando nova forma de prática do estágio forense e dispondosobre honorários devidos aos estagiários.

O SR. INOcENCIO OLIVEIRA - Projeto de lei que concede mora­tória aos mutuários do Programa de Crédito Educativo.

O SR. ROSEMBURGO ROMANO - Projeto de lei que dispõe sobre oexercício de profissão no território nacional por portadores de diplomas denível superior obtidos no exterior.

O SR. CELSO PEÇANHA - Requerimento para que seja incluído naOrdem do dia o Projeto de Lei n9 l.702-A, de 1979.

O SR. RUBEN FIGUEIRÚ - Projeto de lei que permite o ingresso r'emaiores de 13 anos em bailes carnavalescos noturnos.

O SR. ARTENIR WERNER - Projeto de lei que dispõe sobre a ren­quisição da qualidade de segurado da previdência social urbana.

O SR. PAULO MARQUES - Projeto de lei que acrescenta parágrafosao art. 19 da Lei n~ 6.515, de 26 dc dezembro de 1977.

O SR. DARIO TAVARES - Projeto de Lei que torna obrigatória a en­campação, pelo Governo Federal, de hosdpitais filantrópicos que concordemcom a transferência de seu patrimônio para a União.

O SR. MAURrCIO FRUET - Requerimento de consignação nosAnais da Casa de voto de pesar pejo falecimento de João Baptista Siqueira,agricultor, no Município de Almirante Tamandarê, Estado do Paraná.

O SR. NILSON GIBSON - Projeto de lei que dá nova redação ao art.2~ da Lei n~ 6.592, de 1978.

O SR. LÉO SIMOES - projeto de lei complementar que introduz alte­ração na Lei Complementar n9 li, de 25 de maio de 1971 (PRORURAL), naparte concernente ao benefício de auxílio-funeral.

O SR. MAC DOWELL LEITE DE CASTRO - Projeto de lei comple­mentar que acrescenta dispositivo à Lei Complementar n9 11, tle 25 de maiode 1971, que instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural(PRORURAL).

O SR. ADHEMAR GHISI - Projeto de lei que fixa valor mínimo paraa bolsa de estudo instituída pelo Serviço Especial de Bolsas de Estudo (PE­BE).

O SR. LEOPOLDO BESSONE - Projeto de lei que isenta de correçãomonetária os financiamentos para aquisição de casa própria, nas condiçõesque especifica.

O SR. PRESfDENTE (Freitas Nobre) - Há sobre a mesa e vou subme­ter a votos a seguinte redação final:

PROJETO DE LEI N~ 78-B, DE 1979

Introduz modificações na Lei n9 605, de 5 de janeiro de 1949, que"dispõe sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento de sa­lário nos dias feriados civis e religiosos".

O Congresso Nacional decreta:Art. [9 As alíneas a e b do art. 79 da Lei n~ 605, de 5 de janeiro de 1949,

passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 79 ............•.•••••.••.•..•.•..•.......•.......•

ai para os que trabalham por dia, semana, quinzena ou mês, à deum dia de serviço, computadas nas horas extraordinárias habitual­mente prestadas;b) para os que trabalham por hora, à de sua jornada normal de tra­balho, computadas as horas extraordinárias habitualmente presta­das;"

Art. 29 Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.Art. 39 Revogam-se as disposições em contrário.Comissão de Redação, 16 de março de 1981. - Iranildo Pereira, Presi­

dente - Airon Rios, Relator - Djalma Dessa - Furtado Leite.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Os Srs. que a aprovam quei-ram permanecer como estão. (Pausa.)

Aprovada.Vai ao Senado Federal.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Nos termos do artigo 86, § 3~,

do Regimento Interno, convoco a Câmara dos Depoutados para uma SessãoExtraordinária Matutina, amanhã, às 9 horas, destinada a trabalho das Co­missões.

O Sr. Álvaro Dias - Sr. Presidente, peço a palavra para uma comuni­cação, como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Tem a palavra o nobre Depu­tado.

O SR. ÁLVARO DIAS (PMDB - PRo Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, Srs, Deputados, a Liderança do PMDB manifesta inteira solida­riedade aos estudantes de Brasília na luta que travam contra o aumento abu­sivo das anuidades, em razão da política educacional adotada pelo Governo.

Este registro, fazemos também em nome do PP, por solicitação de suaLiderança. .

Leio, a propósito, Manifesto dos estudantes das escolas particulares deensino superior do Distrito Federal:

"Os estudantes das escolas particulares de ensino superior do Distri­to Federal levam ao conhecimento de toda a comunidade, atravésdeste manifesto, o impasse que ora vivem devido aos aumentos abu­sivos das anuidades de suas escolas, ditados pela política educacio­nal do Governo.Embora estas instituições de ensino sejam, por lei, sociedades semfins lucrativos - daí não haver nenhum acesso aos seus registroscontábeis por qualquer instância de fiscalização, exceto por aquelassituadas dentro da mesma esfera de deliberação - conseguem assimmesmo, numa estratégia cuja intenção não escapa mesmo aos mais

Quarta-feira 18 741Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)'---~--------~----

ingênuos, aumentar o valor de um crédito em até 200% no período 'de um ano. Os mecanismos que lhes garantem este abuso são possí­veis graças ao apadrinhamento do MEC e do CFE, órgãos que de­veriam ter a cultura e o estudante como principais objetivos, masque preferem tutelar estas instituições em detrimento do ensino vol­tado para os interesses da população.Assim, deixam claro seu objetivo de pMatizar o ensino e, conse­qüentemente, elitizá-lo, quando é função do Estado garantir o ensi­no público e gratuito em todos os níveis para todos os segmentos dasociedade.Os estudantes' das universidades particulares pagam por um ensinodeficiente e obtuso, cujo preço de cada crédito é determinado de ma-neira obscura e não justificada. . .As entidades representativas dos estudantes e, mesmo as instituiçõesde ensino, estão cientes dasdesistências e dos problemas econômi­cos dos alunos' causados pelos aumentos excessivos das mensalida-des. "Sucede que para as instituições de ensino é preferível guardar silên­cio, porquanto dispõem ainda de uma procura maior que a sua ofer­ta de vagas.Caracterizado o rebaixamento do ensino à categoria de mercadoriageradora de lucros e a cumplicidade e omissão dos órgãos responsá­veis pelo ensino, decidimos mobilizar-nos em torno da deliberaçãovotada no XXXII Congresso da UNE, qual seja, aceitar um únicoaumento anual, cujo índice será decidido pela comunidade universi­tária, democraticamente.Desta forma, os signatários deste documento conclamam a todos osestudantes, bem como aos demais setores da sociedade e à popu­lação em geral no sentido de se unirem e apoiarem este movimentocontra os aumentos abusivos das anuidades escolares a que estamossendo submetidos nós estudantes. - DCE/UDF - DA FADI/­CEUB - DA FAFFE/CEUB - DA FACECAC/CEUB - DACat6Iica/DF." , -

Sr. Presidente, Srs. Deputados, esta a manifestação de solidariedade daOposição, que repudia a política educacional elitista adota~a pelo Governo,própria de um autoritarismo que é anticultura, que não deseja um povo escla­recido e lúcido.

O Sr. Magnas Gui~arães - Sr. Presidente, peço a palavra para uma co­municação, como Líder.

O SR, PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Tem a palavra o nobre Depu­tado.

O SR, MAGNVS GUIMARÃES (PDT - RS. Sem revisão do urador.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Conselho Superior do Centro de EnsinoUnificado de Brasília - CEUB - apresentando diversos considerando naResolução nQ 2, de 16 de março, resolve:

"Primeiro, suspender por 21 dias, a partir de 17 de março de 1981,as atividades dos Diretórios Acadêmicos da Faculdade de Direito,de Filosofia, de Comunicação, de Economia, de Administração e deContabilidade; segundo, determinar, como conseqüência, o fecha­mento de sua sede no campusuniversitário, bem como aparalisaçãode suas atividades no período mencionado; terceiro, determinar atodas as autoridades constituídas do CEUB a identificação de qual­quer pessoa, estudante ou não; que tente de qualquer maneira per­turbar a paz, a ordem, a disciplina ou a continuidade dos trabalhosdidáticos e educacionais, quer por comício ou movimento de incita­mento, quer distribuindo, quer afixando faixas, quer percorrendosalas de aula e nelas distribuindo avisos, quer tentando promoverincitamento à greve ao boicote. Assindo: Presidente Alberto Peres."

E é ele mesmo, o Presidente do CEUB, quem comunica ao Presidente doDiretório Acadêmico de todas as faculdades que, para os devidos fins, as ati­vidades dos diretórios estão suspensas por 21 dias a partir do dia 17de marçode 1981.

Esta é a proposta quanto à política de abertura preconizada pelo Gover­no e espelha exatamente o reflexo dos 16 anos de autoritarismo e de ditaduraem nosso País.

Este parecer do conselho do CEUB só faltou considerar e resolver a proi­bição de que neste País se estude, pois quanto ao mais o estudante já estáproibido. Se não, vejamos. A alegação da mensagem do Presidente do CEUaaos estudantes, diz o seguinte:

"De setembro para março o aumento salarial obrigatório ê de 90%.Nosso balanço do ano passado fechou em vermelho, acusando entre

suas rubricas de despesas duas de alarmante grandeza: 70% de gas­tos com pessoal, 12%com despesas financeiras; restaram 18%para amanutenção, reposição, investimento."

O que o Presidente não disse aos alunos, Sr. Presidente e Srs. Deputados,no que tange aos 70% de gastos de pessoal, é quanto atinge o valor de despe­sas com as mordomias c os altos salários dos dirigentes daquela instituição.

E, mais, não está explicado quanto ganham os professores e nem os 12%com despesas financeiras. Isto significa, pelo próprio documento oficial doCEUB, que este colégio está-se utilizando dos recursos de empresas financei­ras, pagando juros extorsivos e correção monetária e, pior, repassando tudoisso para os estudantes. Aí estão o descalabro e a incompetência administrati­va.

Sr. Presidente, para concluir, procedo à leitura do inteiro teor da Cartaao Congresso Nacional e à População, enviada pelos estudantes daquela uni­versidade, e que espelha exatamente o que está ocorrendo no CEUB.

"CARTA AO CONGRESSO NACIONAL E À POPULAÇÃO

A partir do 29 semestre de 1979,começaram os aumentos semestraisdeterminados pelo MEC e a utilização constante dos Processos deCorreção de Defasagem, onde as Instituições de Ensino pleiteiammais aumento e, ao mesmo tempo, concedidos pelo CFE de forma aconstituírem aumentos exorbitantes no valor do crédito.Ocorre que no 29semestre de 1980o CEUB conseguiu um aumentoreferente ao dito Processo de Correção de Defasagem no índice de51,67%e com o aumento liberado pelo MEC de 39,4%para o 19 se­mestre de 1981, o valor dos créditos aumentou em mais de UO%,visto que no semestre anterior o valor do crédito era de Cr$ 639,75 eagora é de Cr$ 1.352,60, além do repasse referente ao 29 semestre de1980 que nos é cobrado no valor de Cr$ 330,55, vezes o número decréditos feitos por cada aluno no semestre anterior.Com isso, o abalo no orçamento de todos os estudantes foi gritante,gerando descontentamento em todos.Sendo portanto de responsabilidade das Diretorias Executivas dosDAs encaminharem as discussões e as reivindicações justas dos estu­dantes. Trabalho este desenvolvido no sentido de procurar a Di­reção do CEva através das vias ordinárias para dialogar sobre talquestão que tão aflige os estudantes nos foi impossibilitado, confor­me documentos anexos, subscritos pela Direção do, CEUa.

Desta feita, os estudantes resolveram em duas Assembléias-Geraisprevistas nos Estatutos dos DAs que foram convocadas para o dia24 de fevereiro do corrente, nas quais os estudantes decidiram poraclamação unânime, boicotarem as mensalidades a fim de que oCEUB se sensibilizasse com a situação periclitante em que nos en­contramos, pois reivindicamos apenas 39,4%de aumento, isto é, so­mente o índice determinado pelo MEC para todas as Escolas Parti­culares de Ensino Superior, a qual é também a reinvindicação leva­da pela União Nacional dos Estudantes e não mais de 110%comopretende o CEua.

Após a deliberação das Assembléias, foi-se encaminhado o boicot~:

o qual teve a adesão de mais de 80%dos estudantes e com o qual jaconseguimos vitória parcial, pois o repasse referente ao 29 semest~e

de 1980foi eliminado pelo CEUB, o que configura a força do movi­mento, apesar da referida Instituição ter considerado tal rebai~a­

mento como concessão e não como negociação. Porém, o CEUB 10­

transigente em manter os 51,67% no valor do crédito, em nada re­move o problema, visto que é sobre o valor do crédito que incide osaumentos, mantendo, assim a preocupação constante dos estudan­tes, face a perspectiva que o próprio MEC nos impõe de sofrerm.osoutro aumento no 29 semestre de 1981, aumento este que repudia­mos visto o ônus exorbitante e inaceitável que trará aos estudantes.Em vista da não acéitarão do nosso movimento como legitimo, oCEUa procura casuisticamente proclamá-lo de ilegal conforme do­cumentos anexos.Considerando a firmeza dos estudantes e da responsabilidade dosDAs em decorrência de sua legitimidade pelo voto livre, universal edemocrático que nos foi confiada pelos estudantes, a Direção doCEUB tem usado de todos os meios de repressão que vão desde oostensivo policiamento no campus. passando por ilegal repreensãopor escrito dos DAs, instauração de Inquéritos Administrativoscontra membros dos mesmos, tolhimento do direito de entrarmosem salas de aula para mantermo-nos em-contacto com os estudan­tes, censura da divulgação do movimento através de cartazes, pan­fletos e notas, até a grotesca e descabida atitude de desrespeito ao li-

Março de 1981742 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSJ NACIOf\;AL (Seção I),--------------------

vre exercício da Representação Estudantil, com a determinação dasuspensão das atividades dos DAs por 21 dias e o conseqüente fe­chamento de suas sedes.Diante do exposto, conclamamos os senhores representantes dopovo e a população em geral, a endossarem a nossa luta, pois a mes­ma é reflexo de toda uma realidade nacional.Saudações democráticas!Brasília, 17 de março de 1981DA-FADI - DA-FAFFE - DA-FACf:CAC"

O Sr. Airton Soares (Líder do PT) - Sr. Presidente, peço a palavra parauma comunicação.

O SR. PRESlDENTE (Freitas Nobre) - Tem a palavra o nobre Depu­tado.

O SR. AIRTON SOARES (PT - SP. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, a nossa inteira solidariedade aos estudantes do CEUB. Aliás, jános colocamos à disposição para quaisquer providências que venham a to­mar. Mas o que nos traz à tribuna, Sr. Presidente, é a declaração que nos che­ga da Central Sindical Alemã sobre a sentença proferida por Tribunal Militarcontra Luís Inácio da Silva, o Lula, Presidente do Partido dos Trabalhadores,e outros sindicalistas brasileiros.

"O DGB (Central Sindical Alemã) exige liberdade para os colegasbrasileiros.

Declaração da Direção Nacional do DGB sobre a sentença profe­rida por Tribunal Militar contra Luís Inácio da Silva (Lula) e outrossindicalistas brasileiros.

Ê com grande consternação que a Direção Nacional do DGB(Central Sindical Alemã) tomou conhecimento das sentenças devários anos de prisão proferidas por um tribunal militar de São Pau­lo contra 1i sindicalistas, entre os quais o conhecido lider metalúrgi­co Luís Inácio da Silva - o Lula.

Tanto a fundamentação da acusação contra estes sindicalistas,quanto o procedimento processual em si e o seu resultado não cor­respondem aos mais elementares principios de um estado de direito.

Os acusados tão-somente exercitaram um direito humano fun­damental, qual seja o da liberdade de associação e o direito de greve.Submeter a sua atuação a processo em tribunal militar contradizfrontalmente as regras básicas de uma sociedade livre e democráti­ca, tal qual a concebemos e sempre defenderemos de forma inarre­dável.

O encaminhamento do processo e a proclamação da sentençana ausência dos acusados e a própria forma com a qual o tribunalimpediu a presença de setores da opinião pública evocam procedi­mentos próprios a urna guerra civil, deixando claro que a liberali­zação política que vem sendo proclamada há algum tempo pelo go- ,verno brasileiro não está valendo para os trabalhadores e suas orga-nizações. ..

Nós nos declaramos inteiramente solidários com a luta dos sin­dicalistas brasileiros pelos seus direitos fundamentais. O DOBacompanhou atentamente o encaminhamento do julgamento e o seuresultado. Também acompanharemos de perto a reabertura do pro­cesso em segunda instância. Caso ali se mantenha a atual sentença,o governo brasileiro deverá arcar com o protesto enérgico do movi­mento sindical e uma séria perda de confiabilidade junto à opiniãopública internacional.

O DGB deverá empregar todos os meios à sua disposição paradenunciar as violações dos direitos sindicais no Brasil,empenhando-se pela absolvição e liberdade de Lula e seus compa­nheiros. Conseqüentemente, esperamos que o Presidente da Re­pública Federal da Alemanha e o nosso governo federal se empe­nhem neste sentido junto ao Presidente da República do Brasil, du ..rante a sua próxima visita à Alemanha.Bonn, 11 de março de i981."

O Sr. Carlos Sant'Ana - Sr. Presidente, peço a palavra para uma cornu­nicação, corno Lider.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Tem a palavra o nobre Depu­tado.

O SR. CARLOS SANT'ANA (PP - BA. Sem revisão do orador.) -­Sr. Presidente, Srs, Deputados, vive a Bahia instantes inusitados. A tão antigr.quanto briosa corporação da Polícia Militar, declarou-se há dias em greve.Pela primeira vez, na história daquela antiga e heróica corporação, tal fatoacontece. Mas o que importa registrar neste momento, Sr. Presidente, Srs.

Deputados, são as circunstâncias que levaram a corporação àquela situaçãodramática, que hoje toda a terra baiana vive e sofre: os baixos salários, ascondições de trabalho inóspitas e ruins, as reiteradas reivindicações nuncaouvidas, sequer dialogadas.

Tudo isto gerou aquele clima que levou à situação em que neste momen­to o Estado todo se encontra.

É de tal ordem a situação que o Comandante da VI Região Militar assu­rniu- por determinação do Ministério do Exército, o comando da Polícia Mi­litar, que sempre foi, por tradição e pela Constituição, tanto da Nação quan­to do Estado, exercido pelo Governo do Estado. Neste instante, o comandoda Polícia Militar está sob o controle direto do Comandante da Região. A si­tuação que se gerou pela utilização das Forças Armadas no policiamento dacidade e do Estado, em face das circunstâncias que levaram a Policia Militar àgreve, determinou um choque entre as próprias corporações, o que resultouem tiroteio, de onde sobrevieram a morte de um oficial da Polícia Militar, oTenente Valdernir Alcântara, e o ferimento grave de um outro jovem oficial,ainda hospitalizado na Cidade de Salvador.

. Este é o clima de insatisfação e de insegurança que leva o Governo domeu Estado a pretender enquadrar 12.500 homens na Lei de Segurança Na­cional, Quando esta lei é invocada conta 12.500 homens, insto significa que asituação do Estado é que é de insegurança.

Lembro-me de que recentemente o mesmo clima ocorreu quando o Go­vernador do Estado se conflitou com os Srs, Desembargadores e com o Sr.Presidente do Tribunal de Justiça, insatisfação e conflito que quase determi­nam idêntica solidariedade da Ordem dos Advogados do Brasil, provocandoquase uma parada do Poder Judiciário, só assim não acontecendo graças àboa vontade, ao bom senso e ao discernimento que os magistrados tiveram denão mais prosseguir naquele entrevero que levaria o Estado a uma situaçãodramática.

A Bahia, Sr. Presidente, está sob intervenção federal, uma vez que o co­mando da Polícia Militar está hoje entregue ao Comandante da Região.

Não quero nem posso discutir os problemas da greve da Polícia Militarno meu Estado, mas o que desejo salientar é o clima sob o qual se registramepisódios que permitem que greves como essa possam ocorrer. Temos ouvidoa palavra do Presidente da República, palavra repetida pelos Líderes nestaCasa e no Senado, de que o momento é de diálogo; que Governo e Oposiçãodevem dialogar; que o diálogo é o caminho que deve levar à boa solução dosgrandes problemas. Então vem a indagação que teria salvo - quem sabe? ­a vida de um jovem tenente da Polícia Militar- por que não houve o diálo­go? Por que o diálogo não ocorreu, se ele teria impedido a greve? Por que arelutância em dialogar? Por que a intemperança de manter-se fora do diálogo,diálogo que - estou certo - em tendo havido, teria impedido a situação dra­mática em que se encontra o Estado da Bahia?

Sr. Presidente, ao concluir, o meu desejo não é nem poderia ser de acirrarânimos. Quero o bom entendimento entre a Polícia Militar e o Governo domeu Estado, ainda que este seja de partido a que não sou filiado.,Mas é preci­so, para isso. que haja bom senso por parte de ambos. Bom senso do Governoestadual em atender aos apelos do Governo Federal, no sentido de que gover­nar é ter bom senso, capacidade de diálogo, discernimento, tolerância e,sobretudo, compreender e perdoar. (Palmas.)

O Sr. Edison Khair - Sr. Presidente, peço a palavra para uma comuni­cação, como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Tem a palavra o nobre Depu­tado.

O SR. EDISON KHAIR (PMDB - RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, pedi a palavra apenas para emprestar a nossa solidariedade aosoficiais da Policia Militar da Bahia e, em rápidas pinceladas, ressaltar a SI­

tuação de um soldado que ganha apenas cerca de seis mil cruzeiros,

Não será através de punições, que já se estendem de forma vingativa atéo Rio de Janeiro, onde já foi também punido o capitão da Polícia MilitarPaulo Ramos, que se resolverá essa situação. Em nome da Liderança doPMDB nos solidarizamos com os oficiais da PM de todo o Brasil, particular­mente com os da Bahia e do Rio de Janeiro. (Palmas.)

O Sr. Ney Ferreira - Sr. Presidente, peço a palavra para urna comuni-cação. .

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Tem a palavra o nobre Depu­tado.

O SR. NEY FERREIRA (PDS - BA. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, o que surpreende é que na crise surgida na Polícia Militar daBahia, por um problema salarial, os que se credenciaram a defender essa mes­ma corporação sejam os seus algozes de ontem, aqueles que viveram sempre a

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 743

denegri-Ia, pretendendo hoje, como salvadores da pátria, como defensores in­timoratos, cantar loas em prosa e verso à greve de uma instituição militar.

Sr. Presidente, estou muito à vontade. Oficial da reserva não remuneradada Polícia Militar, quero dizer que entendo, que reconheço que o problemasalarial da PM é difícil, como difícil é o problema salarial de todas as classesobreiras deste País.

Mas, Sr. Presidente, neste momento, o Governo do Estado da Bahiamantém com rara dignidade, coragem e altivez o princípio da autoridade, e omantém porque mister se faz que esse princípio da autoridade seja mantido,porque se ao contrário fosse essas mesmas vozes estariam aqui a dizer: "Não,o Governador da Bahia transigiu porque era uma força armada, transigiuporque era uma força de que ele dispunha contra outras que se colocam emgreve, ou ao repúdio da lei e contra a autoridade constituída".

O Governo da Bahia em instante algum se negou ao diálogo. Sou teste­munha e dou testemunho porque participei do diálogo com o governador, oComandante da Polícia Militar do Estado e os oficiais. Mas o que não pode oGoverno da Bahia é transigir com o princípio maior da autoridade constituí­da, com o respeito à hierarquia e à disciplina. E estou muito à vontade porquetenho certeza de que a greve já terminou, essa greve foi absorvida, emboradesgraçadamente tenha havido um incidente a enodoá-la, a trágica morte deum tenente da Polícia Militar, episódio rigorosamente alheio à vontade dosque participavam da greve e também do Governo do Estado.

E agora o que nós vemos? Os algozes de ontem e de hoje, aqueles que ja­mais a pouparam e que sempre usaram adjetivos os mais pejorativos contra aPolícia Militar da Bahia vêm hoje, carregando o cadáver ainda insepulto deum jovem tenente, vítima de uma tragédia que nós todos lamentamos, fazerexploração demagógica desse episódio. Daqui a pouco eles estarão dizendo oque diziam ontem da Polícia Militar, qualifieando-a de uma força constituídapor elementos que só querem, como os Torquemadas de antigamente, impe­dir a livre manifestação dos que ora propõem a greve.

A Polícia Militar da Bahia, ao contrário, possui uma tradição de 156anos de bravura e disciplina, e não seríamos nós quem, nesta hora, batería­mos palmas àqueles jovens, moços inexperientes, que, inadvertidamente, es­colheram o caminho errado da greve impossível, de uma greve anormal paradefender suas justas reivindicações salariais.

O Governo da Bahia está à altura de suas tradições, tanto que o Gover­nador Antônio Carlos Magalhães tem sido um dos maiores amigos da PolíciaMilitar do Estado. Vale ressaltar que três Governadores trataram de maneiramuito carinhosa aquela corporação: o ex-Governador General Juracy Mon­tenegro Magalhães, no passado, com todas as suas realizações, com todo oseu trabalho em prol da instituição; o ex-Senador e ex-Governador AntônioBalbino, que lhe deu dimensão e marcou uma intervenção da PM no coman­do Graça Lessa,e o atual Governador Antônio Carlos Magalhães, que nãopoderia abrir mão do princípio da autoridade porque, no dia em que a autori­dade for postergada, teremos o descaminho das greves despropositadas, dasgreves que levarão o País ao caos, exatamente o que muitos querem, os quehoje defendem a Polícia Militar, de maneira a contribuir para a desgraça e odesrespeito à lei constituída.

Sr. Presidente, em tempo oportuno e em nome do Governo do Estado daBahia, trarei um relato fiel, justo e decisivo dessa greve, que teve apenas umlado triste e deplorável, a morte do jovem tenente, sem embargo da palavraedificante e segura do Governador, que mantém, sob qualquer aspecto, o.princípio da autoridade e do respeito.

Temos a dizer apenas que a crise da Polícia Militar da Bahia é um episó­dio passadiço. A história de respeito à autoridade sempre foi mantida. Nãoseria o Governo do Sr. Antônio Carlos Magalhães que transigiria com a faltade hierarquia, com a indisciplina e com a quebra das tradições gloriosas da­quela corporação militar.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Vai-se passar à votação da ma­téria que está sobre a Mesa e a constante da Ordem do Dia.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) -

Discussão única do Projeto de Decreto Legislativo nv 67-A. de1980,.que aprova o texto do Acordo de Coopera~ão Científi~a eTecnológica entre o Governo da República Federativa d? Brasile oGoverno da República Argentina, firmado em Buenos.AI.re.,:: a 17 demaio de 1980' tendo pareceres: da Comissão de Constituição e J us­tiça, pela con~titucionalidade,juridicidade e técni~a legislativa; e,?aComissão de Ciência e Tecnologia, pela aprovaçao. - (Da ComIS­são de Relação Exteriores) - Relatórios: Srs, Sebastião RodriguesJúnior, Afrísio Vieira Lima e Haroldo Sanford.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Não havendo oradoresinseri­tos, declaro encerrada _a discussão.

Vai-se passar à votação da matéria.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Vou submeter a votos oPROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N9 67-A, DE 1980

O Congresso Nacional decreta:Art. 19 É aprovado o texto do Acordo de Cooperação Científica e Tec­

nológica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo daRepública Argentina, firmado em Buenos Aires a 17 de maio de 1980.

Art. 29 Este Decreto Legislativo entra em vigor na data da sua publi­cação.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre)- Os Srs. que o aprovam queirampermanecer como estão. (Pausa.)

Aprovado.Vai à Redação Final.

ACORDO DE COOPERAÇÃO CIENTIFICA E TECNOLÚGICAENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO

BRASIL E A REPÚBLICADA ARGENTINA

O Governo da República Federativa do Brasil e o governo da RepúblicaArgentina,

Considerando que o Convênio de Intercâmbio Cultural assinado no Riode Janeiro, a 25 de janeiro de 1968, entre os dois Governos, invoca o desejo deincrementar o intercâmbio científico entre ambos os países, tornando cadavez mais firme a tradicional amizade que os une,

Reconhecendo o papel crescente e vital da ciência e tecnologia neste con­texto,

Reconhecendo, igualmente, a importância atingida pelas atividadescientíficas e tecnológicas, particularmente na área acadêmica, em ambos ospaíses, e

Desejosos, por outro lado, de levá-las a nível adequado às relações ge-rais,

Concordaram no seguinte:Artigo I

Os dois Governos promoverão a cooperação, no domínio científico etecnológico, entre os dois países, principalmente através das seguintes for­mas:

a) encontros de natureza variada para discussão e troca de informaçõessobre aspectos relacionados com a ciência e a tecnologia;

b) intercâmbio de professores, cientistas, técnicos, pesquisadores e peri­tos (doravante denominados especialistas);

c) troca de informações cientistas e tecnológicas c publicação de docu-mentação; -

d) execução conjunta ou coordenada de programas e projetos de pesqui­sa científica e de desenvolvimento tecnológico, aplicação e aperfeiçoamentode tecnologias existentes e/ou desenvolvimento de novas tecnologias;

e) criação, operação e/ou utilização de instalações científicas e técnicas,centros de ensaio e/ou de produção experimental.

Artigo 11

A cooperação se realizará nas áreas da ciência e tecnologia sobre as quaisambos os Governos venham a concordar através de Ajustes Complementaresconcertados por via diplomática.

Artigo IH

O alcance da difusão da informação oriunda dos programas e projetosde cooperação será determinado nos. Ajustes Complementares mencionadosno Artigo Il,

Artigo IV

1. Os gastos com envio de especialistas deum país a outro, para os finsdo presente Acordo, serão, em princípio, cobertos pelo Governo que envia,cabendo ao Governo receptor atender aos gastos de estada, manutenção, as­sistência médica e transporte local, sempre que não se estabeleçam outrosprocedimentos nos Ajustes Complementares acordados conforme o ArtigolI.

2. A contribuição governamental aos programas e projetos de coope­ração, inclusive os gastos com o intercâmbio e fornecimento de bens, equipa­mentos, materiais e serviços de assessoramento ou consultoria será efetuadana forma prevista nos Ajustes Complementares a que se refere o Artigo II.

Artigo V

I. Ambos os Governos concederão aos especialistas que se desloquemde um país a outro, em decorrência dos Ajustes Complementares previstos noArtigo II, hem como aos membros de sua família imediata:

a) visto oficial grátis, que assegurará residência pelo prazo previsto noAjuste Complementar respectivo;

744 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSC' NACIONAL (Seção I) Março de 1981

b) isenção de impostos e demais gravames para a importação de seu mo­biliário c objetos de uso pessoal, destinados à primeira instalação;

c) idêntica isenção quando da reexportação dos referidos bens.2. Ambos os Governos isentarão, igualmente, de todos os impostos e

demais gravames a importação e/ou exportação de bens, equipamentos e ma­teriais enviados de um país a outro em decorrência da implementação dosAjustes Complementares previstos no Artigo Il.

Artigo VI

I. As entidades e instituições de pesquisa científica e tecnológias, inclu­sive as de natureza acadêmica, 'de ambos os países, tanto públicas quanto pri­vadas poderão celebrar convênios interinstitucionais destinados a facilitar arealização de ações de cooperação recíproca.

2. Os dois Governos deverão ser informados da conclusão dos referi­dos convênios interinstitucionais, bem como do andamento das atividades decooperação neles previstas.

Artigo VII

Ambos Governos, de conformidade com suas legislações respectivas,promoverão <l; participação de entidades e instituições privadas de caráter em­presarial dos dois países na execução de programas e projetos de cooperaçõesprevistas no presente Acordo.

Artigo VIII

1. Para atingir os objetos do presente Acordo, os dois Governos con­cordam em criar uma Comissão Mista de Ciência e Tecnologia, que terá porfunção:

a) considerar os temas da política científica e tecnologia vinculados àimplementação do presente Acordo;

b) examinar as atividades decorrentes do presente Acordo; ec) fazer recomendações a ambos os Governos com relação à implemen­

tação e aperfeiçoamento do presente Acordo, inclusive dos seus programas eprojetos.

2. A Comissão Mista se reunirá pelo menos uma vez por ano, alterna­damente no Brasil e na Argentina, de preferência concomitantemente com areunião da Comissão Especial Brasileiro-Argentina de Coordenação (CE­BAC), e estará integrada por representantes de ambos os Governos.

Artigo IX

Os dois Governos concordam com o imediato estabelecimento de simpó­sios anuais, integrados por especialistas dos dois países, para discussão detema de interesse comum no campo da ciência e da tecnologia. O resultadodesses encontros serão levados à apreciação da Comissão Mista.

Artigo X

Os dois Governos designarão, em seus respectivos países, as entidadese/ou instituições encarregadas de coordenar as ações de caráter governamen­tal, inclusive as de crédito e financiamento de programs e projetos que, na or­dem interna, se fizeram necessárias para os fins do presente Acordo.

Artigo XI

Nos intervalos entre as reuniões da Comissão Mista, os contatos entre osdois Governos, no quadro do presente Acordo, serão assegurados pela via di­plomática.

Artigo XII1. O presente Acordo entrará em vigor na data da troca dos instrumen­

tos de ratificação, que será realizada em Brasília, e terá uma vigência inicialde cinco anos, prorrogável automáticamente por períodos iguais e sucessivos.

2. O presente Acordo poderá ser denunciado por qualquer das Partes,mediante notificação por via diplomática. A denúncia surtirá efeito um anoapós a data do recebimento da notificação respectiva.

3. A denúncia do presente Acordo não afetará o desenvolvimento dosAjustes complementares nem dos convênios intcrinstitucionais que se ce­lebrem de conformidade com o disposto nos Artigos Ilc VI, respectivamente.

4. O presente Acordo será aplicado provisoriamente, a partir da datade sua assinatura, no limite de competência das autoridades responsáveis porsua implementação.

Feito em Buenos Aires, aos dezessete dias do mês de maio de 1980, emdois exemplares originais, nas línguas portuguesa e espanhola, sendo ambosos textos igualmente autênticos.

Pelo Governo da República Federativa do Brasil: Ramiro Saraiva Guer­reiro.

Pelo Governo da República Argentina: Carlos W. Pastor.

O SR. PRESIDENTE (Freitas Nobre) - Concedo a palavra ao Sr. Oda­cir Klein, Líder do Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

O SR. ODACIR KLEIN (PMDB - RS. Como Llder. Pronuncia o se-::guinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Líderes dos diversos Partidos com as­sento na Câmara dos Deputados; Sr. Deputado Ulysses Guimarães, Presi­dente do PMDB; Sr. Senador Marcos Freire, Líder da Bancada do PMDB nóSenado Federal; senhores representantes dos quatro partidos de oposição doParaguai, que celebraram um pacto conjunto para lutar pela redemocrati­zação daquele pais (palmas) e que se encontram neste. plenário.

Srs. Deputados, a dependência do Brasil ao capital estrangeiro aumenta,a dívida externa cresce, nossas exportações vão sendo absorvidas no paga­mento de juros e amortização dos débitos, as reservas cambiais diminuem, asriquezas minerais são entregues às multinacionais, e o PMDB vem à tribunada Câmara dos Deputados para falar em democracia e dizer da necessidadede convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. (Palmas.)

O desemprego aumenta, o poder aquisitivo do trabalhador diminui, osíndices inflacionários crescem assustadoramente, e o PMDB vem à tribuna daCâmara dos Deputados para clamar por democracia e dizer que ê necessárioo reencontro do Estado com a Nação através da convocação de uma As­sembléia Nacional Constituinte.

A violência urbana cresce, a insegurança dos cidadãos ê cada vez maior,o homem é jogado do campo para a periferia das grandes cidades, enquanto apropriedade das terras se vai concentrando nas mãos de poucos, e o PMDBfala em democracia e Constituinte.

O ensino é uma mercadoria cara, o Governo preocupa-se não com a saú­de dos cidadãos, mas apenas com a doença; a mortalidade infantil ê das maisacentuadas do mundo, e o PMDB quer democracia e diz que o meio paraalcançá-la é a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte.

Poderá parecer que, diante da desnacionalização da economia, da im­plantação dos projetos jaris, da falta de terras para o pequeno agricultor bra­sileiro, da perda do poder aquisitivo do trabalhador, do aumento do desem­prego e do número de menores abandonados, da falta de uma política corretapara o setor agrícola, do aumento da insegurança dos cidadãos e da violênciaurbana, é um luxo falar em democracia e um academicismo defender a convo­cação de uma Assembléia Nacional Constituinte.

Pode até parecer que o papel da Oposição é ajudar os detentores do po­der na administração da grande crise sócio-econômica em que o Brasil se en­contra mergulhado.

N a verdade, no entanto, outra: é a nossa tarefa.A nós não cabe a função de subgerente dos tecnocratas, ajudando a ad­

ministrar a crise causada pelo autoritarismo.Cabe, isto sim, denunciar suas origens e defender a mudança desta estru­

tura de poder que endividou o Brasil e empobreceu a grande maioria dos bra­sileiros.

O povo foi afastado do processo decisório, e a administração de nossa e­conomia, entregue a tecnocratas descomprometidos com a grande maioria dapopulação.

E os tecnocratas, por comprometimento com minorias ou por incompe­tência, mas cheios de poderes conferidos pelo modelo político autoritário,foram-nos levando à situação em que nos encontramos.

Editam "pacotes" de medidas econômicas, dizendo que assim combatemo aumento da inflação e o crescimento da dívida externa. A inflação aumentae a dívida cresce mais. Aí revogam as medidas anteriores, editando novos"pacotes" em sentido contrário. Ora a correção monetária ê prefixada comoforma de combate à inflação, ora, para o mesmo efeito, os juros são libera­dos.

No entanto, os brasileiros, que nada podem fazer, vão sendo transforma­dos em cobaias dos laboratórios da tecnocracia, que faz o que quer, pelos po­deres que a legislação excepcional lhe confere.

Os detentores do poder legislam por decretos-leis inemendâveis, cabendoao Congresso Nacional apenas rejeitá-los ou aprová-los. Com tal instrumen­to, vão alterando, como desejam, a todo momento, a legislação tributária na­cional.

Contam a seu favor com o instituto de decurso de prazo, através do qualimpõem à Nação leis não aprovadas no Congresso Nacional.

Vão os poderes conferidos à área do Executivo tão longe, que o Presi­dente do Banco Central tem autorização para selecionar os produtos tributá­veis com impostos de importação e exportação por simples Portaria, poden­do, ainda, aumentar ou diminuir alíquotas. Enquanto isto ocorre, projetos deleis de iniciativa de parlamentares, visando a retirar tais poderes, são conside­rados inconstitucionais sob o argumento de que versam sobre matérias que,para apreciação legislativa, dependem de acionamento pelo Executivo, quetem competência exclusiva para tanto.

Tão acostumados estão os detentores do poder a tomar, irresponsavel­mente, medidas para a área econômica, sem necessidade de consulta a nin-

Março de 1981 DIÁ.RIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção 1) Quarta-feira 18 745

-guêm, que possivelmente ririam se a Oposição se oferecesse para ajudar naadministração da crise.

Por isto, preocupando-nos com a grave situação sócio-econômica emque nos encontramos, vimos falar em democracia e Assembléia NacionalConstituinte.

Poderão dizer: mas não é democrático o regime que confere uma tribunaao parlamentar que fala e que foi eleito por um partido político?

Democrático é o regime que permite a participação dó povo, com liber­dade, no processo decisório, para que possa participar, com eqüidade, dos-frutos do trabalho. _

No Brasil, o povo não participa do processo decisório, e os frutos do tra­balho são mal distribuídos.

O brasileiro somente pode votar em quem não decide. Os que decidemnão têm compromissos com o povo.. N o regime democrático, o sindicato deve ter liberdade. No Brasil, os sin-dicatos estão atrelados ao Estado, e alguns deles sob intervenção.

A democracia exige liberdade de imprensa, bem corno imunidade parla­mentar e inviolabilidade do mandato. No Brasil, a liberdade de imprensa é jo­gada contra a imunidade e a inviolabilidade. O jornalista Walter Fontoura,do Jornal<ia Brasil, foi condenado, e o jornalista Boris Casoy, da Folhade S.Paulo. está sendo processado porque os jornais que dirigem publicaram afir­mações de um parlamentar que não foi processado porque a Câmara dos De­putados, na defesa da inviolabilidade do mandato, negou licença para queisto ocorresse. Na "democracia brasileira", no momento em que tal licençafoi negada, a responsabilidade criminal passou para os dirigentes de jornaisque apenas desejaram bem informar.

Os Deputados João Cunha c Genival Tourinho estão sendo processadospor críticas e afirmações feitas no exercício do mandato parlamentar. Líderessindicais estão enquadrados na Lei de Segurança Nacional. Um padre estran­geiro foi expulso porque denunciou a miséria a que está submetida a grandemaioria do povo. Enquanto isto ocorre, as empresas estrangeiras recebem in­centivos fiscais para se instalarem no Brasil, o que faz recordar a denúncia doPadre Vieira, de que se perdia o Brasil porque alguns não vinham aqui parabuscar nosso bem, mas os nossos bens. A denúncia serve para hoje, atualiza­da. Os que desejam o bem dos brasileiros são expulsos, os que vêm buscar osbens recebem incentivos fiscais.

Enquanto isto ocorre, o Governo diz que promove um processo de aber­tura política e condiciona seu prosseguimento a um diálogo com a Oposição.

Antes de iniciar qualquer diálogo, é preciso examinar o que desejam osinterlocutores.

Os detentores do poder querem mantê-lo e visam a promover mudançasque garantam a não alternância nos postos de decisão. A Oposição quer a de­volução do poder à Nação, pois entende que o modelo autoritário causouprejuízos incalculáveis. .

Sabemos que a Nação está exausta e não quer mais continuar como mas­sa de manobra. Conhecemos a insatisfação do povo.

Vemos O' nordestino, sem mantimentos, invadindo armazéns paraconsegui-los, enquanto um cidadão americano tem mais terras em nosso ter­ritório do que a extensão individual de mais de dez Estados de sua pátria na­tal.

Assistimos à total t:aÍtade garantia de preço justo para o pequeno produ­tor brasileiro. Vemos o trabalhador sem condições de manter sua família.

No dia-a-dia, constatamos que aumenta a insegurança dos cidadãos, emnome de um falso conceito de segurança nacional.

Hoje, por força do modelo polltico autoritário que entregou aos tecno­cratas a direção da economia, os brasileiros, sem farda ou fardados, que nãoparticipem do grupo dirigente nem são seus favorecidos, vivem em sobressal­tos. Têm seus salários ou vencimentos absorvidos pela inflação galopante.Pagam caríssimo pela educação pará seus filhos. Apertam, cada vez mais, ocinto, porque é difícil o equilíbrio do orçamento doméstico. Estão sujeitos, aqualquer momento, a assaltos ou atos de violência que resultam do desempre­go, da falta de creches, do salário baixo, enfim, do modelo econômico con­centracionista.

A Oposição sabe que tal situação pode resultar em aumento da violênciae no desespero do povo que, se não mais acreditar na solução do impasse peloprocesso político, pode buscar outras vias e mergulhar o Brasil numa luta deirmãos contra irmãos.

. Abominamos a violência. Queremos a mudança pelo úiiico processo de-fensável: o político. .

Entendemos que ficou provado que o modelo autoritário somente cau­sou malefícios ao Brasil e aos brasileiros.

Queremos o regime democrático para o povo decidir sobre o modeloeconômico.

Concordamos com o Presidente Ulysses Guimarães, quando diz: "A de­mocracia não é subprodutor da economia."

E queremos alcançar a democracia pela via polltica, pois qualquer outrasomente causaria maior mal do que o já existente.

Por desejarmos trilhar tal caminho é que não desejamos co-administrar acontinuação do modelo vigente. •

O Governo, no entanto, convida-nos à co-administração.Diz que somente haverá abertura política se a Oposição estiver disposta

ao diálogo.Não somos intolerantes nem tememos que, conversando com quem quer

que seja, nossas posições sejam modificadas. O que não desejamos, no entan­to, é participar de um diálogo condicionado, sob a ameaça de que pequenosavanços na legislação excepcional estão sujeitos à nossa concordância prévia.Entendemos que nenhuma matéria pode ser submetida ao Congresso Nacio­nal com prévio compromisso de que não seja emendada, discutida e que nãoreceba a colaboração dos parlamentares visando a sua melhoria, aprovaçãoou rejeição. (Palmas.)

Concedo, com prazer, o aparte ao nobre Líder do Partido Popular, De­putado Herbert Levy.

O Sr. Herbert Levy - Nobre Líder do PMDB, nós, do Partido Popular,acompanhamos a exposição de V. Ex' com espírito de total solidariedade.Não podemos ocultar que os acontecimentos que ocorreram na eleição daPresidência desta Casa revelaram o uso de instrumentos do poder para o ob­jetivo de impedir que a nossa Casa ganhasse autonomia. Vemos esses instru­mentos usados da forma mais exorbitante. E quando fala que somos convida­dos ao diálogo, quero pedir-lhe permissão para inserir um fato no discurso deV. Ex' Na CPI dos Juros foi deliberado, por unanimidade, que seriam convo­cados quatro depoentes: pela ordem, o Ministro do Planejamento, em primei-oro lugar, o responsável pela política econômica; o Ministro da Fazenda; oPresidente do Banco Central e o Presidente do Banco do Brasil. A Comissãoconfirmou que o primeiro depoente, depois de amanhã, seria o Ministro doPlanejamento, Sr. Delfim Netto. Hoje, chega-nos uma comunicação, à reveliada Comissão, que não se reuniu: quem vai depor é o Ministro Galvêas; o Mi­nistro Delfim Netto não vem depor. Quer dizer, esse diálogo que deveríamoster, com a maior seriedade, com o responsável pela política econômica, nãovai efetivar-se, porque o Ministro do Planejamento alega que vai viajar. Aviagem ê anunciada pelos jornais para 3 de abril; o depoimento vai ser depoisde amanhã. Quer dizer, temos uma ditadura no plano econômico, com efeito,da maior gravidade. V. Ex' apontou alguns deles. E não conseguimos dialo­gar com os responsáveis. Este é o diálogo que nos propõem. (Palmas.)

O SR. ODACIR KLEIN - Agradeço-lhe, nobre Líder do Partido Popu- .lar, a solidaried~de e o oportuno aparte, que enriquecem nosso primeiro pro­nunciamento na tribuna da Câmara dos Deputados no exercíco da Liderançado PMDB.

Prossigo, Sr. Presidente. No caso do Estatuto dos Estrangeiros, por e­xemplo, o Ministro da Justiça, reconhecendo que o texto em vigor é ruim, dizdesejar melhorá-lo. No entanto, informa a imprensa que S. Ex' condiciona aremessa do novo projeto à prévia aceitação pelas lideranças oposicionistas noCongresso Nacional, evitando, assim, maior discussão.

Ora, é bom que lembremos que o Ministro tem a lei que desejou ter, por­que é de sua autoria o projeto que passou, no Congresso Nacional, por decur­so de prazo, pela ausência da bancada majoritária.

E o texto atual é antidemocrático. Tanto que enseja ocasião para que.odetentor do Prêmio Nobel da Paz, por defender os direitos da pessoa huma-na, 'aqui, seja -ameaçado de expulsão. .

No entanto, para melhorar um pouco, quer o representante do Executi­vo a conivência da Oposição para o restante do que está em vigor.

A Oposição pretende discutir amplamente a matéria. Tem o seu projeto.Quer vê-lo discutido nas diversas Comissões do Congresso Nacional, rece­bendo emendas, para ser, finalmente, apreciado em plenário.

Gostaríamos é que os líderes do Governo nas duas Casas do CongressoNacional ou o Presidente de seu partido tivessem autonomia para desenvol­ver conversações a nível parlamentar, para chegarmos, não só no caso do Es­tatuto dos Estrangeiros, mas em todas as matérias, à aprovação do que resul­tasse da vontade dos representantes do povo.

Concedo o aparte ao Líder Alceu Collares.

O Sr. Alceu Collares - Eminente Líder Odacir Klein, creia V. Ex' quefazemos esta intervenção desejando transmitir, do fundo da nossa alma, a in­tenção, o desejo, a aspiração de que todos possamos entender-noscompreender-nos, tolerar-nos nos nossos acertos e nos nossos erros. Nestahora, em nome do maior partido de Oposição assoma V. Ex' à tribuna e fazum apelo, que nem precisaria existir - é obrigação das oposições no sentido

746 Quarta-feira 18 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

de nos entendermos. Mas, mesmo assim e por isto mesmo, o PDT compareceaqui também para demonstrar o seu desejo de uma profunda solidariedade,para que tenhamos possibilidade de conviver fraternalmente, buscando, evi­dentemente, a unidade das oposições na pluralidade dos partido políticos e a­centuando, necessariamente,' que daqui para diante nós outros vamos trilharp nosso caminho, o de todos.os partidos de Oposição, certamente procurandoocupar os respectivos espaços políticos, mas que nos una a todos a intençãoprofunda de eliminar o regime ditatorial que ainda está a governar este País.Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. ODACIR KIJEIN - Agradeço o aparte a V. Ex', que poderáconstatar, no prosseguimento deste discurso, que exatamente esta é a posiçãoque defendemos.

SI. Presidente, Srs. Deputados, muitas vezes, agir denunciando as ma­nobras que visam apenas à manutenção da atual estrutura de poder resultaem receber a acusação de radicalismo ou de intolerância.

Sabemos, porém, que temos uma missão por, cumprir, e esta é exatamen­te lutar pela redemocratização para que, com a participação do povo nas de­cisões, tenhamos um modelo econômico para o povo.

Buscando atingir tal objetivo, jamais poderemos ser agradáveis aos quequerem a manutenção do status quo.

Diz o poeta ao caminheiro que não há caminhos prontos, mas que se fa-zem os caminhos ao caminhar.' .

Faremos o caminho da redemocratização caminhando e temos agora umexemplo flagrante e atual de que vale a pena ousar.

Hã pouco menos. de um ano o Governo determinava a rejeição da pro­posta de emenda constitucional restabelecendo as prerrogativas do Congres­so Nacional. Como um protesto contra tal forma de agir, surgiu a candidatu­ra Djalma Marinho à Presidência da Câmara dos Deputados. Com ela,acentuou-se o debate em torno da necessidade de valorização do Poder Legis­lativo. O Deputado Djalrna Marinho, a quem rendemos nossa homenagem,foi derrotado nas urnas, mas vitorioso em seus objetivos, pois hoje o próprioPresidente da República que determinou a rejeição da volta das prerrogativasdo Legislativo fala na necessidade de um Congresso Nacional forte, e o Presi­dente da Câmara dos Deputados, que na época liderou a rejeição, fala na pos­sibilidade de virem a ser agora aprovadas e admite a extinção da figura anti­democrática do decurso de prazo para a aprovação de projetos.

Fica, assim, demonstrado que, apesar de todos os contratempos, valeu apena ousar, e o Deputado Djalma Marinho, mesmo não sendo eleito, deve es­tar gratificado, lembrando o poeta quando afirmava: "Vale sempre a pena, sea alma não for pequena."

Devemos, no interesse do Brasil e dos brasileiros, continuar ousando,para, pela via política, devolvermos à Nação o direito de decidir sobre seusdestinos.

Queremos contribuir para que o povo possa organizar-se e, com liberda­de, possa clamar pelo pão.

Estaremos ao lado dos movimento; que visem à defesa dos interesses po­pulares. E estaremos não infiltrados, mas solidários. Não desejando tutelar,mas contribuir para a liberdade de organização.

Buscaremos no povo a inspiração para a nossa prática parlamentar.Aos companheiros dos demais partidos oposicionistas, desejamos dizer

que o PMDB, contrariamente do que muitos afirmam, não quer ser o condu­tor da Oposição. Embora numericamente seja o partido de maior represen­tação parlamentar, quer ser apenas um de seus integrantes. E oferece-se parauma caminhada conjunta com todos os partidos que desejem obstaculizar oobjetivo dos detentores do poder, que é mantê-lo com a realização de eleiçõesartificiais, onde, com menos votos do que a Oposição, possa, o partido doGoverno, ter maioria de eleitos.

Se queremos devolver o poder ao povo, tirando-o das mãos da tecnocra­cia, unamo-nos todos. Lutemos pela democratização das leis que versamsobre o processo eleitoral e a vida partidária. Procuremos evitar a aprovaçãode possíveis projetos de objetivos casuísticos. Caminhemos juntos para queum dia, com um pluripartidarismo realmente democrático, cada um de nós, i­soladamente ou em coligações, possa defender suas teses programáticas compossibilidades de aplicá-Ias no exercício do poder conferido pelo povo.

De nossa parte, reafirmamos, não há o objetivo de conduzir o conjuntooposicionista. Há, isto sim, o desejo de uma caminhada conjunta na busca daredemocratização, que, propiciando a reorganização política do País, poderáalterar profundamente este modelo econômico desnacionalizante e concen­tracionista.

Convido-os, também, para, juntos, sermos vozes de nossos irmãos oposi­cionistas de outros países da América Latina, que, por viverem em negras di­taduras, não têm voz.

Vivemos num regime autoritário, mas temos, embora limitadamente,uma faixa legal de atuação, que nossos irmãos de outros países não têm. E nomomento que vemos o imperialismo capitalista manifestando objetivos de co­laboração para o fortalecimento dos regimes opressores e repressivos, aumen­ta nossa responsabilidade.

Devemos falar pelos que não podem fazê-lo em nosso Continente. Nossapreocupação não pode ser exclusiva com os problemas internos, embora se­jam muitos, porque a democracia deve ser exercida universalmente, e os direi­tos da pessoa humana também são universais e sua defesa não deve encontrarfronteiras.

Desejamos, também, neste discurso primeiro no exercício da Liderançada bancada do PMDB, dizer que não discriminamos nossos irmãos pelo usoda gravata, da batina, do macacão ou da farda. Entendemos que a grandemaioria dos não fardados é patriota, como patriota é a maioria dos fardados.No entanto, infelizmente, no regime autoritário, uns e outros assistem a umapequena minoria contribuindo para a desnacionalização das nossas-riquezase para o empobrecimento das camadas majoritárias da população.

Finalizando, desejamos expressar um agradecimento ao nosso anteces­sor, o extraordinário Deputado Freitas Nobre, que conduziu a bancada parti­dária na Câmara dos Deputados, em seu primeiro ano de atividade, com sere­nidade e desasombro. É uma grande responsabilidade substituí-lo. Seu gran­de espírito público, no entanto, há de servir-nos de inspiração para a luta que,sabemos, será árdua.

Ao Presidente Ulysses Guimarães, em nome da bancada do PMDB naCâmara dos deputados, o reconhecimento pela forma patriótica como vemconduzindo o .partido.

Aos colegas, Deputados não só do PMDB, mas dos demais partidos daOposição e também do partido do Governo, lembro que temos uma tarefapor cumprir: Evitar que o povo, desacreditando do processo político e nãosuportando mais o agravamento da atual situação econômica e social, venhabuscar caminhos que não desejamos.

É nossa responsabilidade demonstrar que a via politica é a única saídapara o impasse.

Já vivemos tempos mais duros. Para chegarmos ao ponto em que nos en­contramos os caminhos foram abertos com os sacrificios de cassações demandatos, suspensões de direitos políticos, censura, exílios, banimentos, pri­sões arbitrárias, torturas e até mortes,

É preciso prosseguir a caminhada com a coragem dos estudantes que le­gitimaram a existência da UNE ou dos trabalhadores que superaram, na prá­tica, dispositivos da draconiana Lei de Greve.

Nossa luta deve ser para chegarmos, com liberdade, a uma sociedade jus-ta.

Para chegarmos a ela, somente há um caminho: A convocação de umaAssembléia Nacional Constituinte livre, soberana e democrática, precedidada revogação de todo o entulho restante do autoritarismo.

Através dela, promoveremos o reencontro do Estado com a Nação e,com a reorganização política, buscaremos o modelo econômico que, por pro­duto da vontade da maioria, há de ensejar o pão para todos e o uso das rique­zas do Brasil para os brasileiros.

A tarefa é árdua. Exige sacrifícios e gera muitas incompreensões.Haveremos, porém, os democratas todos, de cumpri-la, estejamos no

partido que estivermos.Se queremos a conciliação, busquemos o grande diálogo nacional. Lute­

mos pela convocação da Assembléia Nacional Constituinte.Ela virá, livre, soberana e democrática, por exigência do povo, com seus

clamores. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Odacir Klein, o Sr. Freitas Nobre, 2p­Vice-Presidente, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada peloSr. Nelson Marchezan, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Concedo a palavra ao Sr.Ca,ntídio Sampaio, Líder do Partido Democrático Social.

O SR. CANTIDlO SAMPAIO PRONUNCIA DISCURSOQUE, ENTREGUE À REVISÃO DO ORADOR, SERÁ PUBLI­CADO POSTERIORMENTE.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Concedo a palavra ao SI.Magnus Guimarães, na qualidade de Líder do Partido Democrático Traba­lhista.

O SR. MAGNUS GUIMARÃES (PDT - RS. Como Líder. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, assiste este Plenário, nesta tar­de, à palavra das Lideranças da Oposição e ao Governo. O nobre Líder Oda­cir Klein, do PMDB, resumiu todas as reivindicações populares na instalaçãode uma Assembléia Nacional Constituinte, com a solidariedade dos demais

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção i) Quarta-feira 18 747

partidos da Oposição, a fim de que possa a Nação encontrar o caminho desua legitimidade.

O PDS, partido de sustentação do Governo,.nesta Casa, responde que aAssembléia Nacional Constituinte não é o eaminho, mas insiste em dizer quese dispõe ao diálogo com as Oposições e a Nação brasileira. Entretanto, odiálogo que pretendem o Governo e seus porta-vozes é o mesmo da raposadentro do galinheiro. Há que existir no País toda a liberdade, como a liberda­de para a raposa comer as galinhas.

Concordamos em participar de um diálogo, mas não desse apresentadopelo Governo. Queremos um diálogo em que a sociedade brasileira se possafazer representar participando da vida política, social e econômica do País.

Recusamo-nos a seguir cegamente a pauta de assuntos prefixada peloGoverno no seu calendário. O grande problema das Oposições sempre foieste de se atrelar à temática proposta e definida pelo Governo. Temos o e­xemplo desta tarde, em que, ao invés de falarmos mais em pão, discutimosproblemas de ordem institucional que visam a tirar o Governo do abismo emque se meteu, para dividir conosco as responsabilidades pelo caos econômico,pela desordem educacional, pelo descalabro administrativo e pela incompe­tência.

Foi nesta tarde também que vimos que tipo de diálogo pretendem os ho­mens do Governo.

Estudantes do Centro Universitário de Brasília vieram a esta Casa e comdocumentos oficiais provaram que seus centros acadêmicos foram fechados.Este o diálogo proposto pelo Governo.

O Governo quer entendimento com os agricultores, mas não lhes dá ajusta remuneração pelo suor dos seus rostos e pelo que produzem. Este odiálogo proposto pelo Governo.

Os dirigentes partidários da Oposição são convidados, um a um, na ten­tativa insólita e açodada de conseguir a cumplicidade dos partidos de opo­sição neste pretenso projeto de abertura. Este o diálogo proposto pelo Gover­no.

Todos os meses são permitidos aumentos abusivos, por exemplo, da in­dústria automobilística, que repassa seus desastres administrativos ao consu­midor, enquanto subsidia os automóveis de fabricação nacional no mercadoestrangeiro. Este o diálogo proposto pelo Governo.

Os orizicultores de Mato Grosso mal conseguem 600 cruzeiros por sacade arroz, enquanto o custo da produção atinge o valor impressionante de1.400 cruzeiros. Este o diálogo proposto pelo Governo, e diálogo dessa espé­cie nós nos recusamos a aceitar, pois é o governo que define o que deve serdiscutido. Se o propósito do Governo é chamar ao Ministério da Justiça diri­gentes partidários, com um propósito de discussão de política partidária, quediscuta com os Presidentes Nacionais dos partidos. Se o propósito do Minis­tério da Justiça e do Governo for discutir problemas de ordem legislativa,como é o caso do Estatuto dos Estrangeiros, então esta é a Casa competentepara a discussão desse tema, mesmo porque, Sr. Presidente, Srs. Parlamenta­res, ou nos valorizamos como órgão legítimo, oriundo da vontade popular ­e aqui se discutem as questões populares - ou estaremos transferindo essaresponsabilidade do povo ao Governo.

O Sr. Stoessel Dourado - V. Ex' é contra o diálogo?O SR. MAGNUS GUIMARÃES - Pedem diálogo para resolver o

problema dos estrangeiros, mas, algumas semanas atrás, humilhantementeconvocaram o Prêmio Nobel da Paz, o argentino Esquivel, para, praticamen­te de joelhos, dar explicações ao Governo. Isto é diálogo, quando se sabe queesta é uma nação de imigrantes, irmãos que para cá vieram, de dezenas depaíses, formar a coletividade brasileira?

Não é lícito nem legítimo às oposições continuarem insistindo em abor­dar temas propostos pelo Sistema. Todos nós sabemos que este foi o ano deeleições para a Presidência da Mesa. Agora estamos discutindo o Estatutodos Estrangeiros. Vamos discutir as prerrogativas do 'Congresso e, posterior­mente, no segundo semestre, iremos discutir a legislação eleitoral. Enquantoisto a saúde é deficitária, assim como água, luz, casa, alimentação, escola. Hápoucos dias estive em Cuiabá. Existe lá uma enorme avenida, com mais de100 postes de iluminação, em direção ao palácio. Ao lado dessa avenida, qua­tro favelas, quase 50 mil favelados sem água, sem luz, sem esgoto, sem opor­tunidade, sem emprego e sem escolas. f: claro que a tática do Polanalto é esta:vamos discutir só o sexo dos anjos, vamos permanecer em elucubrações men­tais e projetos mirabolantes, mas nunca falaremos de feijão com arroz. Achoaté muito interessante que alguns ainda riem da miséria do povo. Faz lembrara hiena, que, mesmo se alimentando das próprias fezes, dá risada. Este Paístem tecnocratas militares que riem da miséria do povo. O Governo continuaescancarando as portas e rompendo as cercas do território brasileiro para asempresas multinacionais. Ê este o diálogo. O nosso operário é o mais malpago do mundo, o que beneficia dirigentes nacionais e estrangeiros. Mordo-

mias, concentração da renda - é este o diálogo. O rico está cada vez maisrico e o pobre cada vez mais pobre. É este o diálogo. O diálogo deve existirneste País com uma condição, desde que o Governo permaneça nos seus pos­tos de comando, no seu autoritarismo. Não devemos ter ilusões, nobres Par­lamentares, pois este Governo que aí está, que tudo pode e nada faz pelo po­vo, vai perpetuar-se ainda por mais algum tempo neste País. Enfim, diálogo éo confronto entre a realidade brutal que cerca o povo brasileiro e.a imagemsofisticada apresentada pela televisãso, uma terrível inversão de valores.

Quem deve ditar a temática sobre a realidade nacional, quem deve levan­tar os problemas para discussão é o Congresso, não o Executivo, de sorte queo encaminhamento das questões deve ser feito por nós, não pelos executivos.Ê inadmissível que, diante dos graves problemas que afligem o povo - a ab­soluta falta de preço justo para os produtores, preços abusivos de anuidadesescolares, salários aviltantes e humilhantes, milhares de Muriicípios brasilei­ros sem água, sem esgoto, milhões de brasileiros passando fome, vítimas damiséria e doenças - o Congresso aceite o jogo do sistema e continue divor­ciado da realidade nacional.

Pois bem, se o diálogo é a nível de posição político-partidária; e se estãochamando dirigentes partidários, como chamaram Ulysses Guimarães, doPMDB, e Tancredo Neves, do PP, por que não mencionam uma conversa,mesmo à distância, com Leonel de Moura Brizola? Por que não mencionamuma conversa, pelo menos à distância, com Luís Inácio da Silva, o Lula? Va­mos meditar sobre isso, nobres Parlamentares, e já veremos que existe em an­damento uma proposta política elitista, defensora, aberta e escandalosamen­te, da classe dominante, dos privilégios. Ê chegada a hora de colocar as ques­tões nos devidos lugares. Todos nós somos bons para falar e encher a boca depovo, falar em diálogo e mais outras tantas coisas que dizem respeito à demo­cracia. Eu nunca ouvi alguém, neste País, dizer que a maior riqueza nossa sãoos brasileiros, é o ser humano, em todas as suas potencialidades. Não somosinferiores a ninguém. O que tem faltado é oportunidade para que os brasilei­ros, bem alimentados, bem vestidos, com saúde, com emprego, possamdesenvolver-se nas suas aptidões e desenvolver este País. Muito jâfoi ditonesta Casa e em vários comícios sobre o grande Estado japonês. Um amon­toado de ilhas vulcânicas, que não.produz uma úncia gota de petróleo, quenão possui carvão, cento e dez milhões de japoneses num território que é aquarta parte do meu Estado natal, o Rio Grande do Sul. No entanto o japo­nês oferece ao mundo o milagre da transformação da matéria-prima. Não sequeixa de que há problema de petróleo na ordem econômica internacional,mas está competindo em igualdade de condições, no mercado dos EstadosUnidos da América do Norte, na indústria automobilística. Compete com asgrandes nações européias na transformação de matérias-prima e na industria­lização de produtos. O Japão, que perdeu a Segunda Guerra Mundial em1945. Citamos também a Itália, a legendária e histórica Itália, que tambémperdeu a guerra em 45 e, hoje, da mesma forma como o Japão, empresta di­nheiro ao Brasil. E a Alemanha? O que não vamos dizer da Alemanha, agrande Alemanha, promotora de duas guerras mundiais, arrasada, riscada domapa e dividida geograficamente? Empresta dinheiro para nós - nós, quevencemos a guerra em 1945. Da condição de vencedores, passamos agora apedintes, a mendigos internacionais, batendo às portas de bancos em buscade migalhas; de algum favor. Só hoje precisamos de cerca de 20 bilhões dedólares para satisfazer a cobiça dos juros e o serviço da dívida externa. Com20 bilhões de dólares o que não se faria neste País para dar de comer a milha­res de crianças que passam fome e convivem com a miséria'! Antes, em outrostempos - e falou-se aqui em Getúlio Vargas - também se pedia dinheiroemprestado, mas para investir em educação, para construir escolas, para im­plantar a realidade que é hoje a PETROBRÁS, a ELETROBRÁS, a UsinaSiderúrgica de Volta Redonda, estradas, enfim, um grande plano de desen­volvimento. Hoje buscam-se dólares, para reformar "papagaios", a nível in­ternacional. O País, no caos econômico-financeiro em que se encontra, estáem insolvência, a um passo da falência total.

Entendemos que deve ganhar bem quem produz, quem planta,arriscando-se, por causa das intempéries, e quem trabalha, e não quem nego­cia com papéis, os verdadeiros agiotas no Brasil, ou seja, os bancos e os ban­queiros, que se transformaram em sócios leoninos dos produtos brasileiros.

Esta é outra brutal realidade. Todos sabemos, pela experiência que pos­suímos como viajantes é peregrinos da política por aí afora, que quem tempropriedade e busca socorro, incentivo ou financiamento junto aos bancos,acaba entregando tudo o que tem, até o aval da própria mulher. Enquanto is­so, os donos de bancos e os financistas, que não precisam olhar para cimapara saber se o tempo está bom, se a safra vai ser boa ou não, com simples pa­péis e canetaços vão enchendo os bolsos e vão sacrificando, cada vez mais,milhões e milhões de brasileiros.

O verdadeiro Congresso é aquele que luta pelos interesses do povo, masluta com base em realidades concretas. E qual é a realidade concreta do nosso

748 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

País? f: a fome. Milhões de brasileiros não estão comendo como deveriam co­mer. Eu até gostaria de saber, Sr. Presidente Srs, Parlamentares, qual seria onosso ânimo de trabalho, qual a nossa disposição de luta se ganhássemos oque ganha um trabalhador, um operário de fábrica, se só pudéssemos comercarne duas ou três vezes por semana ou por mês, se não tivéssemos o mínimoindispensável para sobreviver. Gostaria de saber se ainda teríamos condiçõesde estar aqui a discursar desta forma. Às vezes é bom nos colocarmos no lu­gar daqueles que sofrem, para conhecer o drama e as dificuldades por quepassam. Não é possível assistir a tudo isso sem nada fazer! Crescente endivi­

-damento externo, e uma,dívida interna da qual ninguém fala. Por que não uti­lizar esse dinheiro para-resolver os problemas sociais e econômicos do País?

Não é possível permanecer-se calado quando alguns representantes doPDS, demagogicamente, levantam sua voz para pedir a cabeça de DelfimNetto quando o problema não é o Delfim, não são os homens, é a estrutura, éo modelo, que não presta, que está errado. É preciso que comecemos a dizeras coisas como elas devem ser ditas, como elas, aliás, vêm sendo ditas pelonosso povo, só que ainda não estamos em sintonia com os clamores popula­res, pela mania que temos de transformar as coisas em economia, de torná-lassofisticadas, de complicá-Ias a tal ponto que até nós seremos capazes, agora,se embarcarmos no "canto da sereia" do Governo, de pedir a bênção ao Mi­nistro da Justiça e, mais um passo, também a bênção ao Palácio do Planalto.

Dou o aparte a V. Ex', nobre Líder Jorge Arbage.

O Sr. Jorge Arbage - Eminente Deputado Magnus Guimarães, eu exal­to e respeito a tônica da veemência que V. Ex' imprime ao pronunciamentoque faz, sobretudo por reconhecer o seu alto sentimento patriótico, quandoaborda assuntos de importância para a União. Realmente esta Nação vivemomentos bastante dificeis no curso da sua História. Ainda hoje à tarde aCasa ouviu dois magníficos discursos feitos poelos Líderes da Oposição e doGoverno. Num deles procurou escamotear o sentido da realidade brasileira.Mas indagamos, nobre Deputado Magnus Guimarâes; teremos nós con­dições de solucionar os problemas deste País, os mais graves problemas daatualidade, se nos limitarmos apenas às palavras retóricas, ao jogo de pala­vras, sem partir para uma tomada de posição que, fi nosso ver, só será possí­vel e viável realmente, através do diálogo? Temos que dialogar, Governo eOposição. Temos que nos sentar à mesma mesa, Deputado Magnus Guima­rães, se é que pretendemos usar de sinceridade para extirpar os males que nosafligem. O Governo do Presidente Figueiredo, desde o seu limiar, há doisanos, abriu uma perspectiva para o entendimento coma Oposição e com to-:dos os segmentos da sociedade brasileira. O Presidente da República que as­sumiu a 15 de março de 1979 não pretendeu, em nenhum momento, ufanar-sede poder, sozinho, resolver os problemas magnos deste País. Estendeu asmãos, fez um chamamento histórico e patriótico...

O SR. MAGNUS GUIMARÃES - Para nós também ele estendeu amão, tirando a sigla.

O Sr. Jorge Arbage - ... e esperou o momento propício para que asforças vivas deste País, entre as quais se incluem as oposições brasileiras, seharmonizassem dentro dos princípios básicos do entendimento e do diálogo.

Acompanhamos a análise que V. Ex' faz. Ela é séria. Ela é realista. Masvamos ponderar que, nesta hora difícil, a Nação reclama de todos nós, repre­sentantes do povo ou não, de todos que têm participação na vida pública des­te País, uma ação efetiva eobjetiva, a fim de que possamos unir os nossosideários e pensamentos e.juntos, tomar uma decisão corajosa, para encontraro caminho da redenção, pois a Pátria realmente espera que cada um saibacumprir o seu dever.

O SR. MAGNUS GUIMARÃES - Nobre Deputado Jorge Arbage, émuito estranho que, após dezesseis anos, durante os quais este regime teve a"faca e o queijo" na mão, deixando a Nação como nós a encontramos; é mui­to estranho, repito, que, depois de tanto tempo, o Governo queira conversar,como se não soubesse que, para resolver os problemas econômicos do País,basta apenas impedir o acesso, cada vez mais livre e brutal, das multinacio­nais às nossas riquezas; como se o Governo não soubesse, sem 'precisar dialo­gar conosco, que deve garantir um justo preço àqueles que produzem e nãofavorecer as empresas estrangeiras, que ganham dinheiro nas costas dos ope­rários; como se o Governo não soubesse que o pior tipo de inflação é o da fal­ta de dinheiro, pois só os banqueiros e os financistas o possuem. Alguns delesse reuniram em Brasília - cerca de 10 ou 12 - e resolveram aumentar os ju­ros, tornando-os livres. Mas quando há qualquer reivindicação de classe pro­dutora, coloca-se a polícia na rua com metralhadora para impedir passeatas,orá de produtores de porco, ora de produtores de soja, ora sobre confiscocambial. Então, Sr. Deputado, é muita ingenuidade nossa aceitarmos esse"canto de sereia" do Governo e irmos também nos amancebar a essa desor­dem e estrepolia social que campeia no País.

Devemos exigir que seja ouvida a Nação. A posição do nosso partido, oPartido Democrático Trabalhista, não é a de súplica, nem de aceitação dasmigalhas do regime, mas a de exigir urgentemente melhores condições de vidapara o nosso povo, porque, se não for feito assim, mais um ano passará e to­dos os discursos dos dirigentes partidários serão absorvidos apenas pela te­mâtica desejada pelo Palácio do Planalto e pelos esquemas interesseiros decandidaturás. Em conseqüência, o caldo da inquietação popular poderá cres­cer em mais violência e determinação. E o pior poderá acontecer: uma trans­formação social, sem o concurso da classe política e sem condutores, para quese possa controlar e direcionar o País. Concedo o aparte ao Deputado EloyLenzi.

O Sr. Eloy Lenzi - Deputado Magnus Guimarães, só queria dizer-lheque os banqueiros internacionais estiveram no Brasil no ano passado e já con­seguiram de parte do Governo brasileiro a liberação dos juros para os ban­cos. O juro está lá no alto. Só faltaria, agora, que conseguissem também amodificação da lei salarial. Aliás, a imprensa já vem sustentando a opinião devários empresários, especialmente de São Paulo, reivindicando a modificaçãoda lei salarial. Isto é, querem cancelar o reajustamento semestral, a pedido debanqueiros internacionais. Só desejava não perder a oportunidade que V. Ex'me deu de fazer esta colocação. Muito obrigado.

o SR. MAGNUS GUIMARÃES - Agradeço ao nobre Deputado EloyLenzi. Para concluir, Sr. Presidente, Srs, Deputados, Constituinte para opovo é feijão e arroz. Preço Justo para o porco e justo para produtores.Quando o produto está na mão de quem produz não vale nada, mas nas mãosdos grandes tudo vale. Fim das mordomias - inclusive parlamentares e Po­der Executivo.

O luxo, a ostentação, o requinte e a sofisticação agridem a consciêncianacional.

_ Fechamento das portas para as multinacionais; porque desde a desco­berta vêm praticando a sangria nacional, investindo onde não é preciso e por­que são fontes geradoras de dependência.

_ Corte dos incentivos fiscais; porque somente favorecem as grandes, empresas nacionais e estrangeiras.

- Congelamento dos serviços da dívida externa; porque a nossamatéria-prima nada vale, e o que importamos custa os olhos da cara.

_ Fim dos novos modelos e marcas de todos os tipos de produtos, (con­sumísmo.)

- Melhores fretes para os motoristas; os que conduzem a riqueza nadaganham, e os que preenchem papel tudo ganham.

- Redução dos 4.000 medicamentos para \.000; (responsáveis pelo em­buchamento do povo.)

- Medicina Preventiva e não curativa; fim da máfia branca e hospitalare laboratorial.

- Reforma Agrária e Urbana; terra para quem tem tradição agrícola, ecasa para quem precisa (liquidar com o BNH). ,

- Reforma Educacional (humanista e não tecnicista dirigida). Acabarcom o MOBRAL, cursinhos e cursos pós-graduação).

Tenho dito.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) -

Discussão única do Projeto de Lei nv84-A, de 1979, que regula­menta as profissões de vigilante, vigia e guarda-noturno, e dá outrasprovidências; tendo pareceres: da Comissão de Constituição e Jus­tiça, pela constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa; e,das Comissões de Trabalho e Legislação Social e de Finanças, pelaaprovação. - (Do Sr. Octávio Torrecilla) - Relatores: Srs. JoacilPereira, Del Bosco Amaral e Athiê Coury.

O SR. PRESlDENTE (Nelson Marchezan) - Há sobre a mesa e vousubmeter a votos o seguinte

REQUERIMENTO

Senhor Presidente,Requeiro a V. Ex', nos termos do Regimento Interno, a audiência da Co­

missão de Segurança Nacional para o projeto de lei nQ 84-A, de 1979, que re­gulamenta as profissões de vigilante, vigia e guarda-noturno, e dá outras pro­vidências.

Sala das Sessões, 17 de março de 1981. - Erasmo Dias.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Os Srs. que o aprovamqueiram permanecer como estão. (Pausa.)

Aprovado.Em conseqüência, o projeto sai da Ordem do Dia.

Março de' 1981 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 749

o SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan)-Discussão única do Projeto de Lei n9 122-A, de 1979, que revo­

ga o art. 472 da CLT, que dispõe sobre o afastamento do empregadoem virtude das exigências do Serviço Militar; tendo pareceres: daComissão de Constituição e Justiça, pela constitucionalidade, juri-

, dicidade e técnica legislativa; e, das Comissões de Trabalho e Legis­lação Social e de Finanças, pela aprovação. (Do Sr. HorácioOrtíz)- Relatores: Srs. Ernani Satyro, Arnaldo Lafayette e Odacir Klein.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marehezan) - Tem a palavra o Sr. DarcyPassos, para discutir o projeto.

O SR. DARCY PASSOS (PMDB - SP. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, Srs. Deputados, o projeto de lei do nobre Deputado Horácio Or­tiz, meu coestaduano, companheiro de partido, causou-me profunda estra­nheza.

Com efeito, sob o fundamento de que a legislação que assegura a garan­tia de emprego aos convocados para a prestação do serviço militar, ou àque­les que o prestem voluntariamente, não é cumprida pelas empresas, havendouma retração no mercado de trabalho para a faixa de idade protegida pela lei,S. Ex' defende a revogação dos arts. 472 da CLT e 60 da lei do Serviço Mili­tal'.

A matéria recebeu pareceres favoráveis. O Deputado Odacir Klein, hojeLíder do meu partido, emitiu parecer, na Comissão de Finanças, favorável àaprovação da matéria, tendo em vista o aspecto financeiro, mas sustentouque a Comissão do Trabalho e Legislação Social, exatamente por equívoco,opinara contra os interesses dos trabalhadores.

Na verdade, se uma lei não é cumpridà, esta Casa deveria reforçá-la comas sanções cabíveis, tão crescentes quanto mais descumprida fosse a lei,sobretudo uma desta natureza. Parece-me, então - e pareceu ao Líder domeu Partido, Deputado Odacir Klein, Relator da matéria na Comissão de Fi­nanças - que realmente a Comissão do Trabalho e Legislação Social opinoucontra os interesses dos trabalhadores, fundamentando seu parecer com umaargumentação que, se admitida nesta Casa, seria perigosa: porque as empre­gadas gestantes não conseguem emprego, suprima-se a garantia das gestantes;porque os menores têm seu mercado de trabalho reduzido, suprima-se a ga­rantia do trabalho do menor. Então, nos 17 anos da noite autoritária em quevivemos, cada vez que uma garantia fosse violada - e tantas vezes o são ­ela seria suprimida.

Ora, ao que parece, razões trabalhistas poderiam ser apresentadas contraa aprovação deste projeto. Em primeiro lugar, diria, o caráter tutelar da legis­lação trabalhista. Todos os autores que invocam, estudam e aprofundam aLegislação Trabalhista realçam seu caráter tutelar. Aqui, a qualificação "ca­ráter tutelar" fica algo frio. Eu preferiria invocar as recomendações da Confe­rência dePuebla, que fala em opção preferencial pelos pobres, aqueles margí-.nalizados do processo econômico pela iniqüidade do regime, que são tutela­dos pela lei. everdade que a lei tem as suas conotações, as suas opções políti­cas e de caráter econômico. Mas não creio que esta Casa deva aprovar umprojeto que reduz as garantias dos trabalhadores. Não me sinto com a cons­ciência tranqüila para, numa passagem efêmera por esta Casa, dar um votosequer que reduza as garantias de algum trabalhador. Que razões econômicasvejo para que este projeto seja rejeitado? Tenho todo respeito pelo compa­nheiro, o nobre Deputado Horácio Ortiz. A sustentação de S. Ex' seria o fatode que a lei, estabelecendo garantias, restringe o mercado de trabalho para oscidadãos que estão completando ou em vias de completar a idade para a pres­tação do serviço militar. Sabemos que, em nosso Pais, quase metade da popu­lação não ganha o salário minimo. Apesar disto e malgrado a crise econômicaque vai lançando ao desemprego, ostensivo ou disfarçado, grande e crescentequantidade da nossa população não deveríamos revogar a legislação que as­segura o salário minimo ao trabalhador. A lei do salário minimo também édescumprida, mas nem por isto deve ser revogada. E mais .do que isto: des­cumprida que seja a lei do salário mínimo, nem por isto o mercado de traba­lho se amplia. O desemprego e o subemprego é que se ampliam.

Finalmente, vejo que este projeto deveria ser rejeitado e por algumas ra­zões mais relevantes, que são as de natureza política. Não vim aqui discutirestritamente as características trabalhistas do texto, nem mesmo suas razõeseconômicas, que estão a desaconselhar a aprovação do projeto.

Politicamente, parece-me que essa função nos tempos que correm, aindamais cabe a esta Casa, ou pelo menos a parte dela, que desejo seja substanciale que gostaria que fosse majoritária.

As garantias trabalhistas são as únicas que conseguem assegurar a con­dição de trabalho e, através do trabalho e da remuneração, a condição devida da imensa população brasileira. Esta condição está tão deteriorada, queos economistas já começaram aabandonar a sua linguagem tecnocrâtica e aqualificar o seu discurso. Já se fala' em modelo perverso. Não se trata apenas

do modelo econômico que relaciona variáveis. Fala-se em modelo perverso,eufemismo da tecnocracia que, no fundo, esconde um modelo inócuo e injus­to, que privilegia alguns contra os demais, alguns poucos, eada vez mais pou­cos, contra a grande maioria. Digo mesmo que esse modelo econômico, ape­sar dos livros que tantos autores, economistas e cientistas políticos fizeram arespeito, tem uma síntese que está na frase evangélica: ao que tem, ser-Ihe-ádado; ao que não tem, ser-lhe-á tirado.

Com este projeto, tiraríamos ainda um pouco daqueles que já não têmquase nada. Mais ainda: as garantias do trabalho se encontram sobretudo noplano da organização, que vai fazendo com que elas cresçam mediante a me­lhora da condição de vida e a participação da classe trabalhadora. Ouso dizerque este projeto seria uma escaramuça, um retrocesso que impede o avançodaquilo que seria o modelo sindical democrático.

Creio que este projeto de lei.que o nobre Deputado Horácio Ortiz apre­sentou, preocupado com a violação da lei, não deveria ser aprovado', dado ocaráter normativo do Direito. O direito não está a serviço de alguns podero­sos, cada vez menores no seu número. Na época em que vivemos, esta Casadeveria rejeitá-lo, como também qualquer providência que não acentue queas garantias trabalhistas ou sindicais são pré-condição da Constituição, numregime verdadeiramente democrático.

Honra-me o aparte do nobre Deputado Israel Dias-Novaes,

O Sr. Israel Dias-Novaes - Deputado Darcy Passos, na verdade,abalancei-me a interromper o jorro do seu raciocínio, neste instante, parasaudá-lo. V. Ex' se manifesta na tribuna desta Casa como se fosse um vetera­no parlamentar. Mas relato aos numerosos companheiros aqui presentes que,se V. Ex' é novo como Deputado, é antigo e veterano nas lides judiciárias deSão Paulo. V. Ex' foi um dos grandes elementos do Ministério Público do Es­tado de São Paulo e do País, atê que, por força mesmo dessa circunstância,isto é, de ser capaz, de ser eficiente e de ser honrado, foi apanhado pela foicecruel das punições revolucionárias. Então, V. Ex' estréia como um novo De­putado, mas como um veterano Iidaddr brasileiro das boas causas. De sorteque, no instante em que eu o apresento ao Plenário, faço-o com o maior júbi­lo por várias razões, e duas delas relevantes: a primeira, a de ser coestaduanode V. Ex'; e a segunda, a de ser seu correligionário. Poderia acrescentar aindauma terceira, e esta, a meu ver, relevantíssima para mim, a de ser amigo pes­soal de V. Ex'. Mas quero dizer que toda a argumentação de V. Ex' impres­siona profundamente. V. Ex' está analisando verticalmente uma proposta delei nascida de bons intuitos, que tais são os intuitos gerais do Deputado Horá­cio Ortiz. Agora V. Ex' demonstra que o bom propósito de S. Ex', na verda­de; se fundava na expressão que lhe deu. Então, quem sabe, Deputado DarcyPassos, se o melhor caminho não seria adiarmos a votação desta matéria? Enesse sentido vou dirigir-me à Mesa para pedir o adiamento da discussão des­ta matéria, com a aquiescência de V. Ex', a quem continuo rendendo as mi­nhas mais calorosas homenagens e as minhas sentidas boas-vindas.

O SR. DARCY PASSOS - O nobre Deputado Israel Dias-Novaes mevê com os olhos do seu coração, que tem o tamanho das suas palavras. Eu,que sou novo nesta Casa, acolho a sugestão do nobre Deputado Israel Dias­Novaes com toda a satisfação, mesmo porque, sendo correligionário, coesta­duano e amigo do Deputado Horácio Ortiz, estar aqui a criticar o seu proje­to, sem a presença de S. Ex', realmente me colocou em posição delicada, tan­to que consultei alguns colegas de bancada, e mesmo o Líder, para saber sepoderia fazê-lo.

Tenho absoluta certeza de que, se o nobre Deputado Horácio Ortiz er­rou, Presidente de Sindicato que é, o terá feito com a melhor das intenções.Dirigente sindical, Presidente do Sindicato dos Engenheiros do meu Estado,gostaríamos de tê-lo aqui. Tenho a impressão de que não me convencerá comsua argumentação. mas gostaríamos de deixar claro que, mais do que um tex­to pequeno, quase irrelevante, da Consolidação das Leis do Trabalho, o seuprojeto ameaça direitos da classe trabalhadora. E reagirei toda vez que direi­tos da classe trabalhadora estiverem ameaçados. Creio que S. Ex' também re­conheceria o fato e talvez aqui, inclusive, sustentasse a mesma posição que es­tou defendendo.

A cada passo, nesta passagem rápida pela Casa, parece-me que estamosaqui discutindo que democracia queremos. Talvez há quem diga que não setrata de redemocratizar. Talvez se trate de democratizar, de criar a democra­cia. Não li possível a relativa, racionalizada, mas se trata de criar 'uma demo­cracia que. por ser absoluta, crescente, é infinita e que, por melhor que sejahoje, poderá ser melhor amanhã.

Entendo que nós, a cada momento, devemos ecoar o que se passa lá fora:o povo lutando para constituir a.democracia das maiorias contra a democra­cia escrita das minorias, que tem apenas sua origem na democracia grega,com 1% da população democrata.iporque 99% era de escravos. (Multo bem!Palmas.)

750 Quarta-feira 18 DlÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

o SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Não havendo mais orado­res inscritos, declaro encerrada a discussão.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Morchezan) - Há sobre a mesa e vousubmeter a votos o seguinte

REQUERIMENTO

Sr, Presidente,Nos termos regimentais, requeiro a V. Ex' o adiamento da votação do

Projeto n9 122-Af79, por 5 Sessões.S. Sessões, 17-3-81. - Israel Días-Novaes,

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Os Srs. que o aprovamqueiram permanecer como estão. (Pausa.)

Aprovado.Em conseqüência, o projeto sai da Ordem do Dia.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marehezan) -

Discussão única do Projeto de Lei n9 169-A, de 1979, que fixaprazo para emissão de parecer a contas dos Prefeitos Municipais;tendo pareceres da Comissão de Constituição e Justiça pela consti­tucionalidade, juridicidade e técnica legislativa, com Substitutivo,com voto em separado do Sr. Roque Aras; e, da Comissão de Fisca­lização Financeira e Tomada de Contas, pela aprovação. - (Do Sr.Christóvam Chiaradia) - Relatores: Srs. Nilson Gibson e MarcelloCerqueira.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marehezan) - Não havendo oradoresinscritos, declaro encerrada a discussão.

Vai-ee passar à votação da matéria.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marehezan) - A Comissão de Consti­tuição e Justiça, ao apreciar o projeto, ofereceu ao mesmo e vou submeter avotos o seguinte.

SUBSTITUTIVO

O Congresso Nacional decreta:Art. 19 O julgamento das contas do Prefeito Municipal, no que eoncer­

ne à gestão financeira e patrimonial, será feito à vista de parecer prévio quesobre elas emitir o Tribunal de Contas do Estado ou o organismo estadual in­cumbido de auxiliar a Câmara deVereadores no exercício do controle exter­no.

Parágrafo único. O parecer técnico deverá ser expedido no prazo deum ano, contado da data em que a prestação anual de contas, instruída comas demonstrações contábeis a ela inerentes, for entregue ao Tribunal de Con­tas do Estado ou ao organismo estadual incumbido de opinar sobre ela.

Art. 29 Se a prestação de contas do Prefeito Municipal estiver insufi­cientemente instruída e não for completada em noventa dias contados do co­nhecimento da diligência, o Tribunal de Contas do Estado, ou o organismoincumbido de seu exame, emitirá o parecer técnico segundo os elementos con­tidos no processo e ressalvará como carentes de prestação de contas as quan­tias correspondentes à diligência desatendida.

Art. 39 Se estiver completa a prestação de contas e o Tribunal de Con­tas do Estado, ou o organismo incumbido de auxiliar no controle externo,não emitir seu parecer técnico no prazo fixado, a Câmara de 'vereadores po­derá supri-lo com parecer de contador independente dos Poderes Municipaise registrado no Conselho Regional de Contabilidade da respectiva região.

§ 19 Com vistas à contratação de contador habilitado, o orçamento domunicípio preverá verba adequada, à disposição da Mesa da Câmara de Ve­readores.

§ 29 Contratado contador no mercado, a Câmara de Vereadores daráconhecimento do fato ao Tribunal de Contas do Estado ou ao organismo es­tadual competente para o exame das contas, remetendo-lhe junto cópia doinstrumento contratual.

Art. 49 A auditoria das contas do Prefeito Municipal será efetuada pre­ferencialmente in loco.

Art. 59 O parecer técnico sobre as contas do Prefeito Municipal far-se-áacompanhar de relatório circunstanciado, com especificação dos registros,documentos e bens examinados, destaque das irregularidades substanciais eformais apuradas e sugestão de providências.

Art. 69 O Tribunal de Contas do Estado, ou o organismo incumbido doexame das contas municipais, representará ao Ministério Público sobre os va­lores não esclarecidos c demais crimes de responsabilidade apurados nas au­ditorias efetuadas.

Art. 79 O parecer técnico do Tribunal de Contas do Estado ou do orga­nismo incumbido de emiti-lo, ou do contador independente, só poderá ser re­jeitado pelo voto de dois terços dos vereadores e com base em fundamentaçãoescrita da comissão de tomada de contas.

Art. 89 É vedada a aprovação e a rejeição de contas pelo transcurso deprazo.

Art. 99 Relativamente às contas pendentes de parecer, na data desta lei,os prazos para emissão do parecer prévio ou para atendimento de diligênciacontar-se-ão do início de sua vigência.

Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marehezan) - Os Srs. que o aprovamqueiram permanecer como estão. (Pausa.)

Rejeitado.Vai ao Arquivo.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marehezan) - Vou submeter a votos o

PROJETO N9 169-A, DE 1979O Congresso Nacional decreta:Art. 19 Os Tribunais de Contas dos Estados ou órgãos equivalentes e­

mitirão parecer prévio, no prazo de 90 (noventa) dias, às contas apresentadasanualmente pelos prefeitos municipais.

§ 19 Decorrido o prazo deste artigo sem o pronunciamento do compe­tente Tribunal de Contas ou do órgão equivalente, considerar-se-á emitidoparecer favorável.

§ 29 O disposto neste artigo se aplica inclusive às contas já apresentadasaté a data de entrada em vigor desta lei.

§ 39 Para os casos previstos no parágrafo precedente, o prazo deste arti-go conta-se a partir da data em que esta lei entrar em vigor.

Art. 29 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 39 Revogam-se as disposições em contrário.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Os Srs. que o aprovamqueiram permanecer como estão. (Pausa.)

Rejeitado.Vai ao Arquivo.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) -Discussão única do Projeto de Lei n9 209-A, de 1979, que dis­

põe sobre o controle dos níveis de poluição da água e do ar em áreasde concentração industrial; tendo pareceres: da Comissão de Cons­tituição e Justiça, pela constitucionalidade, juridicidade e técnica le­gislativa; e, das Comissões do Interior e de Ciência e Tecnologia,pela aprovação. (Do Sr. Ulysses Guimarães) - Relatores: Srs, Pau­lo Pimentel, Theodorico Ferraço e Jorge Uequed.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Não havendo oradoresinscritos, declaro encerrada a discussão.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Tendo sido oferecida umaemenda ao Projeto n9 209-A de 1979, em discussão única, volta o mesmo àsComissões de Constituição e Justiça, do Interior e de Ciência e Tecnologia.

EMENDA

Dê-se ao projeto a seguinte redação:

"Dispõe sobre o controle dos níveis de poluição da água, do ar,do solo e das águas interiores e costeiras em áreas de concentração in­dustrial.

O Congresso Nacional decreta:Art. 19 A fim de prevenir ou corrigir os inconvenientes da poluição da

água, do ar, do solo e das águas interiores e costeiras, que afete centros urba­nos ou áreas naturaiscríticas, serão submetidos à interferência dos órgãos fe­derais competentes, especialmente da Secretaria Especial do Meio Ambiente- SEMA, respeitada a autonomia estadual e municipal e apoiando-se naação de órgãos regionais específicos, as áreas de concentração industrial,principalmente as situadas em:

I) regiões metropolitanas;2) municípios com concentrações industriais significativas;3) bacias hidrográficas críticas.Art. 29 Tendo em vista o controle dos níveis de poluição da água, do ar,

do solo e das águas interiores e costeiras, e considerados os parâmetros am­bientais e os locais utilizados por estabelecimentos industriais, as áreas deconcentração industrial são classificadas em:

I - não saturadas;Il - em vias de saturação;111 - saturadas.Parágrafo único. O grau de saturação será aferido e fixado em função

da área disponível para uso industrial, da infra-estrutura existente, bem comodos padrões e normas ambientais fixados pela SEMA e pelos Estados e Mu­nicípios, no limite das respectivas competências.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 751

Art. 39 As áreas de concentração industrial serão, permanentemente,controladas de maneira que os efeitos poluidores dos estabelecimentos indus­triais estejam nos níveis de poluição aceitáveis pelo órgãos competentes, con­forme dispuser o regulamento desta Lei.

Art. 49 Os estabelecimentos industriais ou empresas que fazem a apli­cação maciça de produtos industriais tóxicos deverão controlar sua ação po­luidora.

Art. 59 Fica criado o Sistema Nacional de Licenciamento de AtividadesPoluidoras, a ser coordenado e fiscalizado pela SEMA.

Art. 69 Os órgãos e entidades gestores de incentivos governamentais ebancos oficiais condicionarão a concessão de incentivos, financiamento e par­ticipação societária às indústrias, à apresentação da licença de que trata estaLei.

Parágrafo único. Os projetos destinados a relocalização de indústrias ea reduzir a poluição ambiental, em especial aqueles em zonas saturadas, terãocondições especiais de financiamento, a serem definidos pelos órgãos compe­tentes.

Art. 79 Fica proibido o desmatamento, terraplanagem, escavação, per­furação e a agressão paisagística ocasionados eventualmente pela instalaçãoou ampliação de estabelecimentos industriais, de mineração ou empresas,sem prévia autorização dos órgãos competentes.

Art. 89 Em todas as áreas de concentração industrial a SEMA, em arti­culação com os órgãos ou entidades estaduais e municipais, zelará pela severarestrição de elementos nocivos, emissões, aplicações, radiações, resíduos, de­jeçõestóxicas ou nocivas no ar, na água, no solo e nas águas interiores ou cos­teiras.

Art. 99 Serão estabelecidos ou ampliados mecanismos de apoio às ativi­dades de vigilância, informação e proteção do patrimônio ambiental local, e­xercidas pelos conselhos municipais de defesa do meio ambiente.

Art. 10. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 90 (no­venta) dias.

Art. lI. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadasas disposições em contrário.

Sala das Sessões, 17 de março de 1981. - Darcfllo Ayres.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan)

Segunda discussão do Projeto de Resolução n9 136, de 1980,que altera o § 29 do art. 39da Resolução nv 30, de 31 de outubro de1972 (Regimento Interno), estabelecendo formalidade para a possedos suplentes durante o recesso do Congresso Nacional. - (Da Me­sa.) - Relator Sr. Renato Azeredo (2~ sessão).

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Não havendo oradoresinscritos, declaro encerrada a discussão.

Vai-se passar à votação da matéria.

O SR. PRESIDENTE (Nelson· Marchezan) - Vou submeter a votos o

PROJETO DE RESOLUÇÃO N9 136, DE 1980

A Câmara dos Deputados resolve:Art. 19 O § 29 do art. 39 da Resolução n9 30, de 31 de outubro de 1972

(Regimento Interno), passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 39 .

§ 29 O compromisso de que trata o parágrafo anterior será presta­do também em sessão e junto à Presidência da Mesa, pelos Deputa­dos empossados posteriormente, salvo durante o recesso do Con­gresso Nacional, caso em que se dará perante o Presidente da Cârna­ra."

Art. 29 Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.Art. 39 Ficam revogadas as disposições em contrário.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) -;- Os Srs, que o aprovamqueiram permanecer como estão: (Pausa.)

Aprovado.Vai à promulgação.

O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Nada mais havendo a tra­tar, vou levantar a sessão.·

Deixam de comparecer os Senhores:

Pará

Sebastião Andrade - PDS.

Maranhão

Vieira da Silva - PDS.

Alagoas

Divaldo Suruagy - PDS.

Espírito Santo

Gerson Camata - PMDB.

Rio de Janeiro

Modesto da Silveira - PMDB.

Minas Gerais

Hugo Rodrigues da Cunha - PDS; Sílvio Abreu Jr, - PP.

Goiás

Genésio de Barros - PMDB.

Paraná

Hermes Macedo - PDS.

Rio' Grande do Sul

Harry Sauer - PMDB.

Roraima

Júlio Martins - PDS.

VII - O SR. PRESIDENTE (Nelson Marchezan) - Levanto a sessãodesignando para amanhã a seguinte

ORDEM DO DIA

TRAMITAÇÃO

EM URGÊNCIA

Discussão

1

PROJETO DE LEI N.o 2.977-A, DE 1980

Discussão única do Projeto de Lei n.O 2.977-A, de 1980, quesuprime a letra b do art. 39, da Lei n.o 3.807, de 26 de agosto de1960, que dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência Social; tendopareceres: da Comissão de Constituição e Justiça, pela constitu­cíonaíldade, juridicidade e técnica legislativa; e, das Comissões deTrabalho e Legislação Social e de Finanças, pela aprovação. - (DoSr. Jorge Cury) - Relatores: Srs. Lázaro Carvalho, Joel Vivas eAthiê Coury.

PRIORIDADE

Votação

2

REQUERIMENTO N.o 104, DE 1980

Votação do Requerimento n.o 1C4. de 1930, que solicita: seja con­vocado o Sr. Ministro do Interior a fim de prestar esclarecimentossobre os Créditos de emergência para fazerem face à Seca do Nor­deste. - (Da Sra. Cristina Tavares).

3

REQUERJlMENTO N.o 115. DE 1980

Votação do Requerimento n.O 115, de 1980. que solícíta sejaconvocado o Sr. Ministro do Interior 3; fim de prestar esclareci-

GRANDE ExPEDIENTE

Oradores:

1 - Florim Coutinho

2 - Brabo de Carvalho

752 Quarta-feira 18 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

mentes sobre o aproveitamento das cheias do São Francisco nairrigação de regiões semi-áridas do Nordeste. - (Do Sr. Adhemarde Barros Filho).

4

REQUERIMENT? N.o 124, DE 1981

Votação do Requerimento n.O 124, de 1981, que solicita sejaconvocado o Sr. Ministro do Interior a fim de prestar esclareci­mentos sobre as ações do Governo no combate à seca no Nordeste.- (Do Sr. Marcondes Gadelha).

ORDINARIA

Discussão

5

PROJETO DE LEI N.o 1.325-A, DE 1979

Discussão única do projeto de Lei n.O 1. 325-A, de 1979, queinclui ligação rodoviária na Relação Descritiva das Rúdovias da,Sistema Rodoviário Federal do Plano Nacional de Viação instituídopela Lei n.> 5,917, de 10 de setembro de 1973; tendo pareceres: da,Comissão de Constituição e Justiça, pela constitucionalidade, ju­r.tdic1dade e técnica legislativa; e da Comissão de Transportes,pela aprovação. - (Do Sr. Ruben Figueiró) - Rela:tores: Srs. Joa­cil Pereira e Gilson de Barros.

6

PROJETO DE LEI N.o 83-A, DE 1979

Discussão ~nica do Projeto de Lei n. O 83-A, de 1979, que in­troduz alteraçoes na Consolidação das Leis do Trabalho, aprovadapelo Decreto-lei n,v 5.452, de 1.0 de maio de 1943; tendo pareceres:da Comissão de Constituição e Justiça, pela: constitucionalidadejuridicidade e técnica legislativa; e da Comissão de Trabalho E'

Legislação Social, pela aprovação, - (Do Sr. Adhemar Ghisi) _Relatores: Srs. Jorge Uequed e Nilson Gibson.

7

PROJETO DE LEI N.o 273-A, DE 1979

Discussão única do Projeto de Lei n.o 273-A, de 1979, que ins­titui o tombamento do sitio urbano constituido pela La:pa e Encost8.de Santa Tereza, na cidade do Rio de Janeiro, e dá outras provi..dências; tendo parecer-es: da Comissão de Constituição e Justiça,pela constitucionalidade, [urídícídade e técnica íegíslatíva, comemenda; da Comissão de Educação e cultura, pela aprovação; c,da Comissão de Finanças, pela aprovação, com adoção da emendada Comissão de Constituição e Justiça. - (Da, S1'3.. I.(vgia LessaBastos) _ Relatores: Srs. Luiz cecnínel, Darcílio Ayres e Jos,§

Torres,

8

PROJETO DE LEI N.o 276-A, DE 1979

Discussão única do Projeto de Lei n.> 276-A, de 1979, queacrescenta alínea: ao "caput" do art. 513 da Consolidação das Leísdo Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei n.v 5.452, de 1.0 de maiode 1943; tendo pareceres: da Comissão de Constituição e Justip"pela constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa; e, da,Comissão de Tra:balho e Legislação Social, pela aprovação. - (DoSr. Henrique Eduardo Alves) - Relatores: Srs. Roque Aras e An­rélio Peres.

9

PROJETO DE LEI N.o 1, 909-A, DE 1979

Segunda discussão do Projeto de Lei n,? 1.909-A, de 1979, queacrescenta parágrafo ao art. 129 do Código Penal, instituído peloDeereto-Ieí n.o 2.848, de 7 de dezembro de 1940; tendo pareeer,

da Comissão de Constituição e Justiça, pela constitucionalidade,[uridícídade e técnica Iegislatíve. - (Do Sr. José de Castro Coim­bra) - Relator: Sr. Paulo Pimentel.

Avisos

CAMARA DOS DEPUTADOS

SECRETARIA-GERAL DA MESA

Relação dos Deputados Inscritos no Grande Expediente

Março/19S1

DATA DIA DA SEMANA NOME

18 Quarta-feira Florim CoutinhoBrabo de Carvalho

19 Quinta-feira Mendonça NetoHildérlco Oliveira

20 Sexta-feira Wa'ter SilvaJosé Freja:t

23 Segunda-feira Antônio AmaralS·ebastião Rodrigues Jr.

24 Terça-feira Na:bor JúniorAudálio Dantas

25 Quarta-feira Airton SandovalOctacilio Queiroz

26 Quinta-feira Nivaldo KrügerHélio Duque

27 Sexta-feira Waldir WalterPaulo Marques

30 Segunda-feira Jorge ViannaHeitor Alencar Furtado

31 Terça-feira Nilson GibsonArtenir Werner

INSCRIÇõES AUTOMATICAS PARA O ~S DE ABRILNOS TEThMOS DA RESOLUÇÃO N.o 37, DE 1979 '

DATA DIA DA SEMANA NOME

1.0 Quarta-feira Siqueira CamposFued Dib

CPI

CPI - CHEIAS DO SAO FRANCISCO

Reunião: 19-3-81

Hora: 10:00 h.

Pauta: Comparccimento do Dr, João Paulo de Aguiar - Chefede Obras de Sobradinho - CHESF

xxx

Reunião: 26-3-81

Hora: 10:00 h.

Pauta: Comparecimento do Dr. Eunápio Peltíer de Queiróz ­Diretor de Obras da: CHESF.

CPI - JUROS

Reunião: 19-3-81

Hora: 10:(){) horas

Pauta: Comparecimento do Sr. Ministro da Fazenda, Dr. Er­nane Galvêas.

Quarta-feira 18 753Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRISSO NACIONAL (Seção I)----------------~

CONGRESSO NACIONAL

1

PROPOSTA DE EMENDA A OONSTlTUIÇAO N.o 82/80

"Altera a redacão do § 12 do art. 153 da Constituição Federal,para fim de instituir a prisão cautelar." Autor: Deputado JorgeArbage

Comissão Mista

Presidente: Senador Nelson CarneiroVice-Presidente: Senador Passos PôrtoRelator: Deputado Natal Gale

Prazo

Até dia 22-3-81 - no Congresso Nacional.

PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇAO N.o 89/80

"Inst.itui a Justiça Agrária." Autor: Deputado Jorge Arbage.

Comissão MistaPresidente: Deputado Jorge MouraVice-Presidente: Deputado Gomes da. SilvaRelator: Senador Helvídio Nunes

PrazoAté dia 29-3-81 - no Congresso Nacional.

3

PROPOSTA DE EI\1Ei'IDA A CONSTITULÇAo N.090/80"Altera a redação do § 3.° do art. 1.0 da Constituição Federal."

(Os Estados, o DF, os Territórios, os Municípios poderão ter sím­bolos próprtos.) Autor: Deputado Antônio Morimoto.

Oomíssão Mista

Presidente: Senador Adalberto SenaVice-Presidente: Senador Jorge KalumeRelator: Deputado Antônio ·Pontes

PrazeAté dia 29-3-81 - no Congresso Nacional.

4

PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇAO N.o 92/80

"Altera a redação do "caput" do art. 29 da Constituicão Fe­deral." (Alteração do período de recesso do .Oongresso.) - Autor:Deputado Gomes da Silva.

Comissão MistaPresidente: Deputado Harry BauerVice-Presidente: Deputado' José Mendonça BezerraRelator: senador Passos POrto

Prazo

Até dia 5-4-81 - no Congresso NacionaL

5

PIl,{)POSTA DE EMENDA A CONSTI'rUIÇAO N.o 93/80

"Acrescenta dispositivo ao art. 197 da Constituição Federal."(S/ direitos p/ deficientes rísícoa.) Autor: Deputado IrsnUdo Pe­reira

Oomíssâe Mis1<1

Presidellw: Deputado Thales RaJ:lalJ1.JVice-Presidente: Senador Almir PintoRelator: Deputado Inocêncio Oliveira

PrazoAté dia 5-4-81 - no Congresso Nacional.

6

PROPOSTA.DE EMENDA A COl'l"STITUIÇAO N.o 94/80

"Altera e acrescenta dispositivos na Constituição Fe<ieral, parao fim de tornar regra o ensino gratuito a cargo do Poder Público."Autor: Deputado Osvaldo Macedo.

Comissão Mista

Presidente: Deputado Alcir PimentaVice-Presidente: Deputado Jorge ArbageRelator: Senador Jntahy Magalhães

Prazo

Até dia 12-4-81 - no Congresso Naciona1.

7'

PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇAO N.o 95/80

"Altera a redação dos §§ 3.° e 4.° do art. 39 da ConstituiçãoFederal." (Maior representatívídade na Câmara, das populaçõesdos tenitórios.) Autor: Deputado Odacir Soares.

Comissão Mista

Presidente: senadorAüaíberto senaVice-Presidente: Senador Jorge KalumeRelator: Deputado Júlio Martins

Prazo

Até dia 19-4-81 - no Congresso Nacional.

8

PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇAO N.o 96/80

"Acrescenta § 8.° ao art. 32 da Constituição Federal." (S/imu­nidades parlamentares.) Autor: Deputado Adhemar de BarrosFilho.

Comissão Mista

Presidente: Senador Nelson oarneíroVice-Presidente: Senador Bernardino VianaRelator: Deputado Afrisio Vieira Lima

Prazo

Até dia 10-5-81 - P'razo no Congresso Nacional.

9

PROPOSTA DE ~MENDA A CONSTITUIÇAO N.o 97180

"Dá nova redação aos arts. 101 e 102 e ao item XIX do art. 165da Constituição Federal." (S/aposentadoria.) Autor: Senador Nel­son Carneiro.

Comissão Mista

Presidente: Deputado Melo FreireVice-Presidente: Deputado Afrísio Vieira LimaRelator: Senador Jutahy Magalhães

PralOO

Até dia 26-4-81-- no Congresso Nacional.

10

PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇãO N.o 98/80

"Acrescenta dispositivos à Constituição Federal, determinandoa realização de Plebiscito para a Instalação de Usina Nuclear noTerritório Naciona1." Autor: Deputado Jorge Uequed.

Comissão Mista

Presidente: Deputado Pedro FariaVice-Presidente: Deputado Darcílio AyresRelator: Senador Bernardino Viana

Prazo

Até dia 18-3-81 - Apresentação do parecer, pela Comissão;

Até dia 17-5-81 - Prazo no Congresso Nacional.

754 Quarta.feira 18

11

PROPOSTA DE EMENDA A OONSTITUIÇAO N.o 99/80

"Dá nova redação ao item VI, do art. 13, da ConstituiçãoFed-eral." (Autor: Deputado Brabo de Oarvalho.)

Comissão Mista

Presid ente : Senador Leite ChavesVice-Presidente: Soenador Raimundo ParenteRela~or: Deputado Afrii31o"Vieira Lima

Prazo

Até dia 25-3.81 - Apresentação do parecer, pela Comissão;

Até dia 24-5-81 - Prazo no Congresso Nacional.

12

PROPOSTA DE DELEGAÇAO LEGISLATIVA N.O 4179

"Propõe delegação de poderes ao Presidente da República paraelaboração de lei, criando o Ministério da Produção Animal, edeterminando outras providências." Autor: Deputado Ruben Fi­gueiró.

Comissão Mista

Presidente: Deputado Cardoso FregapaníVice-Presidente: Deputado Genésio de BarrosRelator: Senador Affonso Camargo

13

PROPOSTA DE DELEGAÇAO LECnSL.\TIVA N° 5!7!J

"Propõe delegação de poderes ao Presidente da República paraelaboração de lei, dispondo sobre o desdobramento do Ministériodas Minas e Energia, em Ministério das Minas e Ministério deEnergia," Autor: Deputado Horácio Ort.tz.

Comissão Mlsta

Presidente: Senador Henrique SantilloVice-Presidente: Senador Alberto SilvaRelator: Deputado Carlos Sant'Anna

14PROPOSTAS DE DELEGAÇAO LEGISLATIVA N.o, 6, 7 E 8/79

"Propõe delegação de poderes ao Presidente da República. paraelaboração de lei, dispondo sobre a criação do Ministério da Mu­lher e da Criança." Autores: Deputada Lúcia Viveiros, senedorLázaro Barboza e Deputada Júnia Marise, respectivamente.

Comissão Mista

Presidente: Deputada Júnia MariseVice-Presidente: Deputado Leur LomantoRelator: Senador Almir Pinto

15

PROPOSTA DE DELEGAÇÃO LEGISLATIVA N.o 1/80

'P'I'Ol're ;lplN:8e~o di' poderes ao Presiderrtn da República.criando um parque alcoolquímleo no litoral do Estado do Piauí."Aut.or : r.,.,put.ado CarJo.' AUp'u:;to

Comissão Mi:<ta

Pl'esirlent,e: Senador Agenor ManaVice-Pre.,idente: Senador Luiz CavalcarurRelator: Deputado Osmar Leitão

16PROPOSTA DE DELEGAÇÃO LEGlJSLATIVA N.o 2/80

, "Propõe delegação de poderes ao Presidente da República paraelaboração de lei criando o Instituto Nacional do Babaçu, e deter­minando outras providências." Autor: Deputado João Alberto.

Comissão Mista

<'residente: Deputado Gilson de Barros'JIce-Presidente: Deputado João Carlos de CarliRelator: Senador Raimundo Parente

Março de 1981

17

PROPOSTA DE DELEG&ÇÃO LEGISLATIVA N.o 3/80

'Propõe delegação de poderes ao Presidente da República paracríação do Ministério do Desenvolviment.o do Nordeste, e dá outrasnrovidêncías." Autor: Deputado Sérgio MUl'ilo.

Comissão Mista

Presidente: Senador Marcos FreireVice-Presidente: Senador Bernardino VianaRelator: Deputado Nelson Morro

18

PROPOSTAS DE DELEGAÇãO LEGISLATIVA N.OS 4, 5/80 E 7/60

"Propõem delegação de poderes ao Presidente da Repúblicapara elaboração de Lei, dispondo sobre a criação do Ministério daAmazônia." Autores: Deputados Lúcia Viveiros, Vival.d,o Frota, eSenador Jutahy Magalhães,

Comissão Mista

Presidente: Deputado Nélío LobatoVice-Presidente: Deputado Antônio FerreiraRelator: Senador Almir Pinto

19

PROPOSTA Di"; DELEGAÇÃO LEGlSL.'\.TlVA N.O 6/80

"Pro;16e à"!legac,'o de poderes ao senhor Presidente da Repú­blica para a elaboração de lei dispondo sobre a r-eestruturação dosMinlsl.8l'ios da Saúde e da Previdência e Assistência Social." Autor:Deputado Carlos Sant'Anna.

Comissão Mista

Presidente: Senador Adalberto SenaVice-Presidente: Senador Almir PintoRelator: Deputado Túlio Barcellos

20

MENSAGEM N.o 141/80-0N

"Submete à deliberação do Congresso Nacional o texto doDecreto-lei n.O 1.8C7, de 6 de outubro de 19.90, que "acrescentaparágrafo ao art. 2.° do Decreto-lei n.> 61, de 21 de novembro de1966, que alterou a legislação relativa ao Imposto único sobreLubrificantes e Combustíveis Líquídos e Gasosos, e dá outras pro­vidências." Autor: Poder Executivo. (Mens. n.v 418/80.)

Comissão Mista

Presidente: Senador Jutahy MagalhãesVice-Presidente: Senador Passos PôrtoRelator: D-eputado Athíê Coury

Prazo

Até dia 21-3-81 - no Congresso Nacional.

21

l\1ENSAGEM N.o 142/S{)-CN

"Submete à deliberação do Congresso. Nacional o texto doDecreta-lei n.o 1. 808, de 6 de outubro de 1980, que "concede isençãodo Imposto sobre Produtos Industríalízados ao equipamento quemenciona, e dá outras providências." Autor: Poder Executivo.(Mens. n,v 419/S0.)

Comissão Mista

Presidente: Deputado Baramago PinheiroVi0e-Presidente: Deputado Antonio GomesRelator: Senador João Lúcio

Prazo

Até dia 21-3-81 - no Congresso Nacional.

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção l) Quarta-feira 18755

22

:MENSAGEM N.o 143/80-CN

"Submete à deliberação do Congresso Nacional o texto duDecreto-lei n.v 1_.309, de 7 de outubro de 1980, que "institui o Sis­tema de Protecào ao Programa Nuclear Brasileiro e dá outrasprovidências." Autor: Podei' Executivo. (Mens, n.v 426/80.)

Comissão Mista

Presidente: Senador Almir PintoVice-Presidente: Senador Jorge KalumeRelator: Deputado Genésio de Barros

Prazo

Até dia 28-3-81 - no Congresso Nacional.

23 -­

:rvrENSAGEM N.o 146/30-0N

"Submete à deliberação do Congresso Nacional o texto doDecreto-lei n.O 1.310, de 23 de outubro de 1930, que "dispõe sobrea construcão de usinas nucleoelétricas." Autor: Poder Ex·ecutivo.(Mensagem n.v 456/30.)

Comissão Mista

Presidente: Deputado Léo SimõesVke-Presidente: Deputado Antônio ZachariasRelator: Senador Moacyr Dalla

Prazo

Até dia 18-4-81 -- no Congresso Nacional.

24

MÉNSAGEM N.o 147/80-0N

"Submete à deliberação do Congresso Nacional o texto doDecreto-lei n.o 1.311, de 27 de outubro de 1980, que "dispõe sobreo tratamento tributário das operações de arrendamento mercantile dá outras providências." Autor: Poder Executivo. (Mensagemn.O 461/80.) .

Comissão Mista

Presidente: Senador Raimundo ParenteVice-Presidente: Senador HugQ RamosRelator: Deputado Odacir Soares

Prazo

.Hé dia. IH-4-81 - no Congresso Nacional.

25

'MENSAGEM N.o 148/80-GN

''SllbmcLe à deJlberação do Congresso Nacional o texto doDecreto-lei n.v 1.812, de 11 de novembro de 1930. que "dispõe sobrerecursos da União, estranhos ao Fundo Fed-eral de Eletrificação edá outras providências." Autor: Poder Executivo. (Mensagem n.o458/80.l

Comissão Mista

Presidente: Deputado Honorato ViannaVice-Presidente: Deputado Claudino SalesRelator: Senador José Lins

Prazo

Até dia 18·.4-81 _.~ no Congresso Nacional.

26

MEINSiAGEM N.o 149/80

"Submete à deliberação do Congresso Nacional o texto doDecreto-lei n.O 1.813, de 24 de novembro de 1930, que "instituiregime especial de incentivos para os empreendimentos integrantesdo Programa Grande Carajás e dá outras providências." Autor:Poder Executivo. (Mens, n.o 546/80,)

Comíssão Mista

presidente: Senador Aloysio OhavesVice-Presidente: Senador Jorge KalumeRelator: Deputado Jorge Arbage

Prazo

Até c1ia 25-4-81 - no Congresso Nacion.al.

VIII - Levanta-se a sessão às 18 horas e 20 minutos.

AVISO

PROJETO r;.L~ LEI N9 4.264, DE 1981

Emendr o','redúa em plenário

Acrescente-se ao art. 26, do Projeto de Lei nQ 4.264, de 1981,Mensagemnv64/81, do Poder Executivo, que dispõe sobre o Serviço de Assistência Reli­giosa nas Forças Armadas, o seguinte parágrafo:

"§ 39 Os capelães militares que estiverem na inatividade remunera­da, como Capitão ou Capitão Tenente Capelão e que tenham com­pletado, no posto, antes de sua reforma, 25 anos, sem promoção, se­rão promovidos a partir da vigência desta lei, ao posto de tenentecoronel capelão ou capitão de Fragata Capelão, .se pertencente aoExército, Aeronáutica ou Marinha."

Justificação

O Poder Executivo, atendendo Exposição de Motivos do Estado Maiordas Forças Armadas, redime-se de uma injustiça que vinha sendo praticadacontra os titulares, nos diversos credos religiosos, integrantes do corpo de ofi­ciais capelães. Regulariza inclusive a situação daqueles que vinham, sob regi­me de contrato, renovável de três em três anos.

Ocorre que dos antigos ocupantes do quadro de capelães. inclusive da é·poca da guerra, houve por falta de regulamentação, casos de injustiça queprecisam ser agora corrigidos.

É que, um número mui reduzido de capelães, ao que sabemos, não exce­dente de três (3), admitidos como capitão capelão, permaneceram nesse pos­to, durante 25 anos consecutivos até a passagem para a reserva, sem qualquerpromoção, apesar do "alto conteúdo moral, dos concretos benefícios à disci­plina, ao respeito à hierarquia, à noção de responsabilidade e, até mesmo, àdisposição para o sacrifício, virtudes cuja importância para os militares nin­guém desconhece" (Exp. de Motivos 682- FA - 12) trazidos pelo exercíciodo ministério religioso junto à tropa.

Com o reparo que a emenda pretende, o Legislativo e o Executivo, esteao sancionar o Pojeto de Lei transformando-a em Lei, prestarão àqueles ca­pelães uma homenagem justa pelo muito que fizeram com seus ensinamentospela Pátria e pelas Forças Armadas, educando cidadãos, muitos vindos comoconvocados para a caserna, sem os ensinamentos que passaram a receber,pois em sua infância, por falta de recursos de seus pais, não tiveram a sorte defreqüentar os bancos escolares.

Por isso, ternos certeza de que esta Casa acolherá a Emenda que ora a·presento, incorporando-a ao Projeto de Lei n? 4.264/81.

Sala das Sessões, 16 de março de 1981. - Evandro Ayres de Moura.

Março de 1981756 Quarta-feira 18 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)---------------------------- -----------------------------

MESA LIDERANÇASPresidente:Nelson Marcnezan - PDS

1.°_Vice-Presidente:Haroldo Sanford - PDS

2.°_ Vice-Presidente:Freitas Nobre - PMDB

l.°-Secretário:Furtado Leite - PDS

2.0 -Secret ário:Carlos Wilson - PP

3.0 -Secret ário :José Camargo - PDS

4.0 -Secret ário:Paes de Andrade - PMDB

SUPLENTES

Simão Sessim - m,s 'Joe1 Ferreira - PDSLúcia Viveiros - PPJackson Barreto - PMDB

l?DSLider:

Vice-Lideres:

PMDBLIder:

Vice-Uderes:

PP

LIder:

Vice-Líderes:

PDTLíder:

Vice-Líder:

PT

Lider:

Vice-Lider

PTBLíder:

Vire-Líder:

DEPARTAMENTO DE COMISSOES

SuplentesPDS

Diretor: Jolimar Corrêa Pinto

Local: Anexo II - Telefones: 224-'lJl48 e213-6278 - Ramal 6278

Coorden~o de' Comissões PermanentesDiretora: Silvia Barroso Martins

Local: Anexo II -Telefones: 224-5179 ePreto 213 - Ramais 6285 e 6289

Francisco BenjaminJairo MagalhãesJ oacU PereiraNatal GaleNelson MorroOswaldo MeloPaulo PimentelTheodorico Ferraço3 vagos

Roberto GalvanlVieira da SilvaVago

Paulo PimentelRômulo 'Galvi\.oTehno KirstVago

PMDB

João GilbertoMarcello Cerqueira

PP

Suplentes

PDS

Audálio DantasCristina Tavares

Antonio AmaralGi6ia JúniorJorge PauloPedro Geraldo Costa

PMDBFreitas NobreIsrael Dias-Novaea

Fernando LyraGerson Camata

Alair FerreiraAntonio ZachariasJoão ArrudaManoel Ribeiro

Agassiz Ahneida

4) COMISSÃO DE CONSTrTUIÇAO E JUSTIÇAPresidente: Ernani Satyro - POO

Vice-PreSidente: Gomes da Silva - PDSVice-Presidente: Mendonça Neto - PMDB

DtuIares

PDS

PP

3) COMISSÃO DE COMUNKAÇAOPresidente: Milton Figueiredo - PP

Vice-Presidente: Samir Achoa - PMDBVice-Presidente: Alcebfades de Oliveirll.-PDS

Titulares

PDS

Lúcia ViveirosREUNIóES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 6 - Ramal 6304

e 6300seCretária: lole Lazzarini

Afrísio Vieira LimaAltair ChagasAntonio DiasAntônio' MorimotoBonifácio de Andradaonnstíano Dias

LopesClaudino Sales

I Djalma BessaDjalma Marinho

P'PPedro LucenaUbaldo DantasWalber Guimarães

PDT

P:M:DBMario Hato,Pimenta da VeigaRonan TitoSantilli Sobrinho

SUl!l!entesPJDS

Pedro Geraldo da CostaVingt Rosado2 vagas

Carlos WilsonJorge VargasLouremberg Nunes

Rocha

Getúlio Dias

PP

]'DTPedro Faria

Vago

I'T

RE1:r:NIOES

Quartas e quíntas-feíras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - S!>1:il. n.O 11 - R. 6293

e 6294secretário: José Salomão Jacobina Aires

pvmBCristina Tavares Octacllio Queiroz

PP

Felipe Penna Herbert Levy

RElnNTOES

QuartM e quíntas-ret-as, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 3 - Ramal 62911secretário: IvlUl. Roql~' Alves

Haroldo \SanfordMoacyr LopesNelson Morro

2) COMISSÃO DE CIENlelA E TECNOLOGIA

Adhemar 8antilloErnesto de MarcoGeraldo FlemingIsrael Dias-NovaesLevy Dias

Presidente: Edson Vidigal - PPVice-Presidente: Mário Frota - PMDBVice-Presidente: Antônio Flerêncio - POO

Tilu1a.resPDS

Hugo Mardini Walter de PráJosé Penedo 3 vagas

P,MDB

Fernando Cunha Mário Moreira'Jorge Uequect

Henrique BritoHlUnberto SoutoJúlio MartinsStoessel DouradoEvaldo AmaralVago

Juarez BatistaMendes de Melo

PMDB

Iturival NascimentoMarcus CunhaNivaldo KrügerPacheco ChavesPaulo Rattes

PP

PDT

COMISSOES PERMANENTES1) COMISSÃO DE AGRICULTURA E POUTICA

RURALPresidente: Carlo! Bezerra - PMDB

Vice-Presidente: Melo Freire - PPVice-Presidente: Saramago Pinheiro - PDS

TitularesPDS

João Carlos de CarIlJoaquim GuerraJosé AmorimJúlio CamposLuiz RochaPedro Germanosebastião AndradeTelêmaco PompeiVictor Fontana

Albérico CordeiroAntonio GomesAntonio MazurekAroldo Moletta 'Cardoso de AlmeidaCorrêa da CostaDelson ScaranoEdilson Lamartine

MendesEmUio PerondiHugo Rodrigues

da Cunha

Cardoso AlvesDel Bosco AmaralErnesto DaU'OglioFrancisco LibardoniGerson Camata

Eloy Lenzi

Alberto HoffmannAlexandre MachadoAntonio DiasAntonio UenoCorreia LimaWildy ViannaFrancisco Leão

Airton ReisArnaldo SchmittCelso Carvalho

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 757

Presidente: Ralph Biasi - PMDBVice-Presidente: Pedro Sampaio - PPVice-Presidente: Cláudio Strassburger - PDS

Titulares

PDS

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 17 - Ramal 6306Secretária: Maria Inilta Pessoa César

5) COMISSAO DE ECONOMIA, INDCiSTRIA ECOMERCIO

Suplentes

PDS

6) COMISSAO DE EDUCAÇA0 E CULTURA

Humberto SoutoJorge ArbageNosser AlmeidaRafael FaracoTelmo KirstVasco Neto

PDT

Sebastião AndradeVictor Fontana4 vagas

PP

Silvio Abreu Junior

PT

PDT

PMDB

Ruy Côdo

pp

Luiz Baccarlni

PT

PMDB

Mauricio FruetPaulo Marques

PMDB

Ronan TitoUlysses GuimarãesWalter Silva •

PP

Marcelo Medeiros

Suplentes

PDS

Hélio Garcia

Hildérico OliveiraOlívír Gabardo

Alceu Collares

Angelo MagalhãesAntônio PontesOdacir SoaresPedro Carolo

João Cunha

Celso CarvalhoPedro Faria

Antônio RussoJader BarbalhoJoão Herculino

Antônio Carlos deOliveira

João MenezesMelo Freire

REUNIõES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 15 - Ramal 6325secretário: Walter Gouvêa Costa

8) COMI55AO DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRAE TOMADA DE CONTAS

Presidente: Josias Leite - PDSVice-Presidente :Vice-Presidente: Peixoto Filho _.pp

Titulares

PDS

JlUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 hora.Local: Anexo 11 - Sala 16 - Ramal '7151

e 6322(Direto 226-8117)

Secretário: Ruy Ornar Prudêncio da Silva

Suplentes

PMDB

Helio Duque 'Nivaldo KrügerJairo Brum Paulo BorgesJorge Uequed Rosa FloresJosé Carlos Vasconcelos

PP

Mendes de MeloMilton Figueiredo

PDTVago

PT

Vago

Airton SandovalErnesto de MarcoIranildo Pereira

Adhemar de BarrosFilho

Amilcar QueirozAngelino RosaCastejon BrancoClaudio PhilomenoFurtado Leite

Alceu ooüares

Daso CoimbraMárcio Macedo

PPMac Dowell Leite de

Castro• Pinheiro Machado

PDT

:PPCarlos Sant'AnnaDaniel Silva

PDT

PMDBPacheco ChavesSebastião Rodrigues

Júnior

SuplentesPDS

Edilson LamartineMendes

Honorato ViannaNagib HaickelRogério RegoVictor Trovão2 vagas

Airon RiosAlbérico CordeiroAntonio MazurekBatista MirandaCardoso de AlmeidaDíogo NomuraDivaldo Suruagy

Presidente: Braga Ramos - PDSVice-Presidente: Darcilio Ayres - PDSVice-Presidente: Luís Cechlnel - PT

TitularesPDS

Leur LomantoLygia Lessa BastosRômulo GalvãoSalvador JulianelliVago

PMDBMurilo MendesPaulo Marques

.Raymundo Urbano

Alberto GoldmanEuclides SCalcoFlávio ChavesHarry Sauer

Arnaldo SchmittJuarez Batista

Aécio CunhaAlvaro ValleAnísio de Souza'Bezerra de MeloJosé Torres

Lldovino Fanton

Airon RiosAthiê CouryChristovam ChiaradiaFernando MagalhãesHonorato Vianna

Jader BarbalhoJoão HerculinoJosé Maria de

Carvalho

Alcir PimentaCaio Pompeu

vagoSuplentes

PDSiBonifácio de Andrada ossían AraripeHydeckel Freitas Pedro GennanoJairo Magalhães Rafael FaracoJoão Faustino Simão SessimNorton Macedo Vieira da SilvaNosser Almeida Vago

PMDBJackson BarretoMário MoreiraOctacílio Almeida

lE'PJosé BrunoRosemburgo Romano

PDT

REUNIOESQuartas e quintas-feiras, às 10 :00 horasLocal: Anexo II - Sala 4 - Ramal 6314Secretária: Delzuite Macedo de Avelar Villll8

Boas

Magnus GuimarãesREUNIOES

Quartas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 9 - (224-0769r

Ramal 6318Secretária: Marta Clélia OrricoTasmânia Maria de Brito Guerra - respondendo

7) COMISSÃO DE FINANÇASPresidente: Jorge Vargas - PP

Vice-Presidente: Alberto Goldman - PMDBVice-Presidente: Leorne Belém - PDS

TitularesPDS

José Carlos FagundesJosé Mendonça BezerraMarão FilhoVicente Guabiroba

Alvaro DiasCelso PeçanhaIram Saraiva

Airton ReisDaso Coimbra

PT

PP

Lázaro CarvalhoLuiz LealMiro TeixeiraPéricles Gonçalves

I:'DT

PMDB

Marcello cerqueiraOsvaldo MacedoPimenta da VeigaTarcísio Delgado

José Mendonça BezerraMaluly NettoNilson GibsonNey FerreiraOSmar LeitãoPedro CollinRaimundo DinizRicardo FiuzaVagoVagoVago

PMDB

Oswaldo LimaRoberto FreireValter GarciaWaldir WalterWalter Silva

PP

Marcelo MedeirosMárcio MacedoRubem DouradoSérgío Ferrara

PDT

PT

João ArrudaJosé CamargoLUiz VasconcellosManoel GonçalvesPaulo LustosaRicardo FiuzaRubem Medina

PMDBMarcondes GadelhaOdacir Kleinvago

PP

PDT

PT

Silvio Abreu Júnior

João Cunha

Antônio MarizJorge MouraLouremberg Nunes

Rocha

AdMma;r SantilIoAntônio RussoElquisson SoaresHarry SauerJoão Gilberto

Amadeu GearaCardoso AlvesDélio dos SantosEdgard AmorimJosé CostaJuarez Furtado

Adhemar de BarrosFilho

Cantídio SampaioCarlos ChiarelliCélio BorjaDarcilio AyresFeu RosaGeraldo GuedesHugo NapoleãoIgo LossoJorge Arbage

Luiz Cechinel

Sérgio Murilo

Caio PompeuCarlos WilsonHenrique Eduardo

Alves

Lidovino Fanton

Aldo FagundesFernando CoelhoHélio Duque

Antônio Carlos deOliveira

Getúlio Dias

Felippe Penna

Adolpho FrancoCesário BarretoEvaldo AmaralEvandro Ayres de

MouraIgo LossoJoão Alberto

758 Quarta-feira 18 nnsro no CONGRES30 NACIONAL (Seção [) Muço de 1981

9) COMISSÃO DO INTERIOR

Presidente: Inocêncio Oliveira - PDSVice-Presidente: Julio Martins - PDSVice-Presidente: Newton Cardoso - PP

Titulares

PDS

P:'IIlDB

Carlos Nelson Mário FrotaHeitor Alencar Furtado Ralph BiasiJerôn4no Santana Tidei de Lima

PPAntônio Morais Leônidas sampaioNewton Cardoso

LeUr LomantoPaulo StudartRaul BernardoRoberto 'GalvanlSiqueira CamposTheodorico FerraçoVasco Neto9 vagas

PDTMagnusGuimarli.ell

PT

Suplentes

PDS

Airton Soares

Anisio de SouzaAugusto LucenaCláudio PhilomenoErnani satyroFernando MagalhãesGnido ArantesHermes MacedoJosé OamargoLeorne Belém

Lidovino Fanton]?P

Jorge Ferraz

PT

Nélio LobatoRubem Dourado

Freitas Díniz,

José CamargoLeorne BelémNatal Gale

Milton BrandãoNagib HaickelOdacir BoaresOswaldo CoelhoPaulo FerrazPaulo GuerraVictor TrovãoVingt RosadoWanderley Mariz2 vagas

Adauto Bezerra.Adroaldo CamposAlexandre MachadoAngelo MagalhãesCorreia. Limaorístíno CortesEdison LobãoHenrique BritoJosué de Souza.Manoel Novaes

10) COMISSAO DE MINAS E ENERGIA

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horlUlLocal: Anexo II - Sala 8 - Ramal 6333Secretário: Edson Nogueira da Gama.

Presidente: Genésio de Barros - PDSVice-Presidente: AntOnio Zacharias - msVice-PreSidente: Fued Dib - PMDB

Titulares

PDS

Suplentes

PDS

Manoel Gonçalves20 vagas

PMDB

Iturival NascimentoJorge Gama.Julio CostamuanNabor JúniorOsvaldo Macedo

Menandro Minah1mNavarro Vieira PIlhoPedro CorreaWilllon Falcio

PP

Ubaldo Dantu

Miro TeixeiraPedro SampaioVago

PMDB

Marcus CunhaPaulo RattesSamir Achoa.Ulysses Guimarães2 vagas

PP

PMDBMário Hato

Suplentea

POO

Getúlio DiasPDT

JG de Araújo Jo~e

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: - Anexo II - Sala 7 - Ramal llM7Secretária: Edna Medeiros Barreto

Leônidas SampaioPedro Lucena.

Euclides ScalcoJorge Vianna.

A.demar PereiraJosé de Castro

CoimbraLudgero RaulinoMauro sampaio

Darríel SilvaHélio Garcia'Jorge MouraLãzaro de Carvalho

Athiê CouryBraga RamosCastejon BrancoFrancisco Rollemberg

pp

Borges da Silveira CarlOll CottaCarneiro Arnaud Joel VivlUl

PDTJosé Frejat

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 h9l"llllLocal: Anexo II - Sala 10 - Ramal 113D2

e 6350Secretária: Iná Fernandes Costa

13) COMISSAO DE SAODE

Presidente: Max Mauro - PMDBVice-Presidente: Dario Tavares - PDSVice-Presidente: Rollemburgo Romano - pp

Titulares

PDS

Inocêncio Olivelr ..João AlvesSalvador Julianel1iWaldmir BelinaUVago

PMDB

Ernesto Dall'Oglio Marcondea Gadelha2 vagas

Eiqulsson SoaresFrancisco PintoHildérioo OliveiraIsrael Dias-NovaesJosé Freire

FP

Mac DoweIl Leite deCastro

Magalhães Pinto

Figueiredo CorrêaJoão LinharesJoão MenezesLeopoldo Besson

Presidente: Rogério Rego - PDBVice-Presidente: Pinheiro Machado - PPVice-Presidente: N.ogue:ira de Rezende - PDS

Titularei

l?])S

ítalo ContlJoaquim CoutinhoJosé Ribamar MachadoMarcelo Llnhare!INorton MacedoPedro CollinRaymundo DinizRoberto carvalhoRuy Silvastoessel DouradoUbaldo BaremWaldmir BelinaU

r:MDB

Roque ArlUlsebastião Rodrigues

JúniorWaldir WalterRosa. FIoresvago

Adalberto CamargoAdriano ValenteAntonio UenoAr!! AlcântaraBatista MirandaBias FortesCélio BorjaDiogo NomuraFeu Rosa "Geraldo GuedesHenrique TurnerHugo Napoleão

Snplmtea

]'00

Cantidio Sampaio Hugo NapoleãoClaudino Sales Prisco Viana

P'.MDB

Ulysses Gulmarll.ell Vagopp

REt''NIOESQuartas e quintas-feiras, às 10:00 horuLocal: Anexo II - Sr,la 7 - Ramal 6333secretária: AllIa Felie/co Tobias

11) COMISSAO DE REDAÇAOPresidente: Iranildo Pereira ~ PMDB

Vice-Presidente: DIlBO Coimbra - PPVice-Presidente: Airon Rios - PD8

'ritularesP])S

Djalma Bessa. Furtado LeiteVago

P:M:DB

REUNIOESQuartas e lluintlUl-feil'u. às 10:00 horBIILocal: Anexo n - H -- R. 6~, 6340 e 634.1Secretária: Laura Per::tlla Parisi

12) COMISS10 Dl RELI\ÇÕES EXTElIORB

Alcir PImenta

José Frejat

Mnrilo Mendes

PDT

Aluizio BezerraArnaldo LafayetteCardoso PregapaniCarlos santosIram saraivaJairo BrumJúnia Marise

José BrunoLucia ViveirosWalber Guimarães

PP

PDT

PT

PPTertuliano AzevedoVagoVago

PDT

Horácio MatosJoão FaustinoLéo SimõesPrisco VianaSiqueira Campoo

PMDB

Marcelo CordeiroMauricio FruetOswaldo Lima

PMDB

José FreireModesto da SilveiraOctacilio QueirozPedro IvoRoberto Freire

Alvaro DiasHorácio Ortiz

Arnaldo Lafayette

Bento GonçalvesLeopoldo BessoneNélio Lobato

José Frejat

Antonio FerreiraCantidio SampaioDivaldo SuruagyGuído Arantes

Corrêa da CostaLudgero Raulino

Freitas Dnliz

Carlos NelsonDélio dos SantosJackson BarretoJerônimo SantanaJosé Carlos Vascon-

celos

Carlos WilsonHenrique Eduardo

AlvesHerbert Levy

Aluizio BezerraArnaldo LafayetteAurélio PeresCardoso FregapaniCarlos BezerraIranildo Pereira

Março de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 18 759

14) COMISSAO DE SEGURANÇA NACIONAL

15) COMIS,SAO DE SERViÇO P(iBLICO

Presidente: Juarez Furtado - PMDBVIce-Presidente: HeItor Alencar Furtado -

REUNIOES

Quartll.S-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo TI - Sala 12 - Ramal 6363Secretário: Hélio Alves Ribeiro

Milton BrandãoRaymundo DinizVasco Neto

Leur LomantoOswaldo coelhó

Elquisson Soares

PP

rertullano Azevedo

PDT

José Maria de CarvalhoOdacir KleinRuy Côdo2 Vagas

PP

Luiz LealNélio Lobato

PDT

PMDB

PMDB

SUPLENTESPDS

Arrísío Vieira LimaAngelo Maga.lhâesAntônio DiasHumberto Souto

Albérico CordeiroHenrique BritoHonorato Vianna

Carlos Wilson

José Frejat

Juarez Batista Leopoldo Bessone

PDT

pp

Diretor: Abeguar Machado MasseraLocal: Anexo II - 'I'el.: 226-2912 (díretor­

Ramal 6401

Seção de Comissões Especiais

Chefe: Stella Prata da Silva LopesLocal: Anexo TI - Tel: 223-8289

(direto) Ramais 6408 e 6409

seção de Comissões Parlamentaresde Inquéllito

Chefe: Lucy Stumpf Alves de SouzaLocal: Anexo TI - Tel.: 223-7289 (direto)

Ramal 6403

1) COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQutRrroDESTINADA A INVESTIGAR AS CAUSAS EE CONSEQü~NCIAS DAS CHEIAS DO RIO SÃOFRANCISCO

RESOLUÇAO N.o 28/80(Prazo: 6-11-80 a 24-8-81)

Presidente: Adroaldo Campos - PDSVice-Presidente: Prisco Viana - l'DS

Relator: José Carlos Vasconcelos­PMDB

TITULARESPDS

COORDENAÇÃO DE COMISSOESTEMPORÁRIAS

Genival Tourinho

RfElUNIÔES

Local: Plenário das CPIs - Anexo TISecretária: Márcia de Andrade PereiraAnexo III - Ramal 6413 - Subsolo

PMDB

Edgard Amorim Ronan TitoJackson Barreto

REUNIõES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo TI - Sala 5 - R. 6370. 6373 e 637.Secretário: Carlos Brasil de Araújo

Eloy Lenzi

Airton Soares

Francisco LibardoniGilson de BarrosHorácio Ortiz

Carlos Sant'Anna,João Línhares

I Cristina Tavares

Joel RibeiroManoel RibeiroRezende MonteiroRaul BernardoRuy BacelarSimão,8essim

PDT

PP

José Carlos FagundesJulio CamposLygia Lessa BastosNatal GaleRezende Monteiro2 vagas

Joel VivasTertuIíano Azevedo

Júlio Costamilan2 Vagas

JE'T

PDT

Fernando CunhaMax MauroTarcisio Delgado

PPJorge FerrazUbaldo Dantas

PDT

PMOBOctacílío de AlmeidaPaulo BorgesTidei de LimaValter Garcia

F'PSérgio Ferrara

PMDB

Maluly NettoOctávio TorrecíllaPedro CaroloTúlio BarcelosUbaldino MeirelesVivaldo Frota

PlIJ:DB

SuplentesPDS

14 vagas

SuplentesPDS

Bento GonçalvesJoel Lima

Aluizio Paraguassu

Léo Simões

AuréIío PeresFernando LyraGeraldo FlemingNabor Júnior

Alair FerreIraAlcides FranciscatoDarcy Pozzll.Francisco LeãoHélio LevyHermes Mll.cedoJayrD Maltonl

Antônio MarizJoel Lima

Genival Tourinho

Audálio DantasDel Bosco AmaralEloar Guazzelli

Antonio GomesAroldo MolettaBezerra de MeloFurtado LeiteGióia JúniorJayro MaltoniJoacil Pereira

Benedito Marcílío

Borges da SilveiraCarneiro Arnaud

Edgard AmorimFlávio ChavesJosé Costa

Magnus Guimarães

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo TI - Sala 15' - Ramal 6367Secretário: Agassis Nylander Brito

Presidente: Ni1.!lon Gibson - PDSVice-Presidente: Osmar Leitão - PDSVice-Presidente: Amadeu Geara - PMDB

TitularesPDS

16) COMISSAO DE TRABALHO E LEGISLAÇAOSOCIAL

17) COMISSAO DE TRANSPORTESPresidente: Hydekel Freitas - PDS

Vice-Presidente:Vice-Presidente: Antônio Morais ,- PP

TitularesPDS

Adhemar GhisiAlvaro GaudêncíoArtenir WernerCarlos ChiarelliFrancisco RollembergJoão Alves

3 vagas

PP

Péricles Gonçalves

PDT

PDT

PMOB

Jorge GamaEpitácio Cafeteira

PP

PPPeIxoto Filho

PDT

PMDB

Pedro Ivo

PP

Vago

Ney FerreiraOdulfo DomínguesPaulo Studart

Suplentes

PDS

Djalma MarinhoHorácio MatosOsvaldo MeloPaulo Ferraz

PMDB

Pedro Ivo2 vagas

PMDB

Suplentes

PDS

Túlio BarcelosVicente GuabirobaWalter de PráVago

Erasmo Dias - PDSJoel Ferreira - PDSCelso Peçanha - PMDB

Tltuiarell

ros

PMDBVIce-Presidente: Fernando Gonçalves - PDS

Titulares

PDS

Wildy Vianna3 vagas

Adauto BezerraAdernar PereiraArY AlcântaraClaudlno Sales

Sérgio Morilo

Vago

Agassiz Almeida

José MauricIo

Carlos SantosFernando CoelhoFreitas Nobre

Luiz BaccariniEdson Vidigal

Genival Tourinho

Modesto da Silveira

AUgusto LucenaMoacyr Lopesossían Ararlpe

FrancIsco PintoGUson de Barros

Eloar Guazzelli

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo TI - Sala 13 - Ramais 6355 e

6358Secretário: Walter Flores Figueira

ítalo ContiMilton Brandãooctavío TorrecillaPaulo GuerraTelêmaco Pompei

PresidenteVice-PresidenteVice-Presidente

Carlos CottaPàulo Torres

Alipio CarvalhoAntonio PontesHaroldo SanfordHélio Campos

760 Quarta-feira 18 DIÁRIO no CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1981

Genival Tourinho

PP

PDT

Walber Gu1marães

Mário Frota

Jairo MagalháesJorge ArbageRicardo Fiuza

PP

Juarez Batista

PP

pDT

PDT

PMDB

PMDBOctacllío Almeida

SuplentesPDS

Arnaldo Schmltt

Carlos Sant'Anna

José Mauricio

Airton SandovalMendonça Neto

Dareilio A:y.roesEdison LobãoHugo MardiniHugo Napoleão

Hélio Duque

Magnus Guimarães

REUNIOES

Quartas-feiras, às 9 :30 horas

Local: Anexo II - Sala das CpIs

Ramais 6405 - 6407 - 6403

Secretário: Sebastião Augusto Machado

Antônio Mor1motoAfrisio Vieira LimaIgo Losso

PMDB

Prazo 4-12··80 a 24-9-81

Presidente: Olaudino Sales - PDS

Vice-Presidente: Victo:!' Fontana - PDS

Relator: Walber Guímarães - pp

Relator Substituto: Adihemar Santillo _ PMDE

TitularesI"D8

José AmorimNatal Gale

Ramais: 6404 - 6405 - 5406 - 6413

Secretária: rrene MarJa.rida Ferreira Groba

3) COMISSAO PARLAMENTAR DE liQUCRrrODESTilADA A APURAR ATOS DE CORRU'·ÇAO PRATICADOS POR 6RGAOS DA ADMJ.NIS~ÇAODmuAE~EETADAUN~O

Requerimento n.o 110, de 1980

(CPIl

pp

Mac ncwen Leite deCastro

Reuniões: Quintas-feirl.'l., às 10 horas

Local: Anexo II - Plenário das oPIs

Leopoldo Bessone

Hélio Duque

Fernando Coelho

SUlllenfe8POO

J0I!é TorresLéo SimõesNelaon MorroRicardO Fiuza

Fernando MagalhãesHonorato ViannaJooé Carlos Fagundes

2) COMISSAO PARLAMENTAft DE INQUSfurODESTINADA A INVESTIGAR AS CAUSAS DASELEVADAS TAXAS DE JUROS NOS DIVERSOSSETORES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

RESOLUÇAO N.o 34/80

Prazo: 27-11-80 a 18-9.81Presidente: Adhemar Ghisi - PDS

Vice-~esldente: Igo !.osso - PDSRelator: Edson Vidigal - pp

Relator Substituto - Herbert Levy - PPTitulares

POS'

AdolphO Franco Paulo LustosaBonifácio de AndradaGuido ArantesJosé Mendonça Bezerra

PMDB

Adhemar Santlllo Sebastião Rodrigues JúniorAlberto Goldman

EDIÇÃO DE HOJE: 96 PÁGINAS PREÇO DESTE EXEMPLAR: Cr$ 10,00 "."'