Quilombos de Juazeiro: enfrentamentos e perspectivas a partir de uma abordagem fotoetnográfica

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Quilombos de Juazeiro: enfrentamentos e perspectivas a partir de uma abordagem fotoetnográfica 1 Márcia Guena dos Santos Universidade do Estado da Bahia Docente RESUMO Este artigo tem como objetivo traçar um perfil do processo incipiente de certificação de sete comunidades negras rurais quilombolas de Juazeiro (BA), de acordo com os parâmetros estabelecidos pela legislação em vigor, a partir de um conjunto de discussões e resultados obtidos na pesquisa “Pefil Fotoetonográfico das Populações Quilombolas do submédio São Francisco: identidades em movimento”. Tendo como principal referencial metodológico a fotoetnografia, esta pesquisa tem desenvolvido um banco de dados virtual, utilizando também outras linguagens da comunicação como vídeos e entrevistas gravadas, sobre essas comunidades tradicionais, com resultados concretos sobre sete delas, os quais têm mostrado a ausência de políticas públicas nessas comunidades e de processos concretos que levem à certificação desses territórios, muitos dos quais tem um história de ocupação quilombola de mais de 200 anos, com a preservação de traços importantes da cultura afrodescendente. Palavras chave: Quilombos, Juazeiro, certificação quilombola, fotoetnografia Introdução O projeto “Pefil fotoetnográfico das populações quilombolas do submédio São Francisco: identidades em movimento” percebe a importância de localizar e dar 1 Trabalho apresentado no III Encontro de Comunicação do Vale do São Francisco (ECOVALE), no eixo de Fotografia, Música, Cinema e Vídeo. 1

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Quilombos de Juazeiro: enfrentamentos e perspectivas a

partir de uma abordagem fotoetnográfica1

Márcia Guena dos Santos

Universidade do Estado da Bahia

Docente

RESUMO

Este artigo tem como objetivo traçar um perfil do processoincipiente de certificação de sete comunidades negrasrurais quilombolas de Juazeiro (BA), de acordo com osparâmetros estabelecidos pela legislação em vigor, a partirde um conjunto de discussões e resultados obtidos napesquisa “Pefil Fotoetonográfico das Populações Quilombolasdo submédio São Francisco: identidades em movimento”. Tendocomo principal referencial metodológico a fotoetnografia,esta pesquisa tem desenvolvido um banco de dados virtual,utilizando também outras linguagens da comunicação comovídeos e entrevistas gravadas, sobre essas comunidadestradicionais, com resultados concretos sobre sete delas, osquais têm mostrado a ausência de políticas públicas nessascomunidades e de processos concretos que levem àcertificação desses territórios, muitos dos quais tem umhistória de ocupação quilombola de mais de 200 anos, com apreservação de traços importantes da culturaafrodescendente. Palavras chave: Quilombos, Juazeiro, certificação

quilombola, fotoetnografia

Introdução

O projeto “Pefil fotoetnográfico das populaçõesquilombolas do submédio São Francisco: identidades emmovimento” percebe a importância de localizar e dar

1 Trabalho apresentado no III Encontro de Comunicação do Vale do São Francisco(ECOVALE), no eixo de Fotografia, Música, Cinema e Vídeo.

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visibilidade as comunidades negras rurais quilombolas,identificadas através de imagens e de suas histórias, para,em seguida, traçar relações com as construções identitáriasna região, mostrando a força e a pujança dessas culturas,marcantes na região.

No projeto de pesquisa temos trabalhado, desde 2011,com a seguinte perspectiva de que a herança cultural daspopulações afrodescendentes na região do submédio SãoFrancisco, especialmente entre as cidades de Juazeiro (BA)e Petrolina (PE), pode ser percebida de várias formas, comoem todo o Brasil: as expressões da linguagem, a composiçãofenotípica da população, a comida, a religião etc. Noentanto, se percebe de forma incipiente a ligaçãoidentitária da população como um todo com os elementos quecompõe a cultura afrodescendente, como forma de construçãocontínua da identidades de sujeitos que carregam essaorigem e de atuação política cidadã. Dessa forma, a chamadacultura “afro” muitas vezes é folclorizada, apesar de fazerparte do dia-a-dia, e é percebida pelo senso comum comoinerente apenas aos espaços fundadores da mesma, como osquilombos, sendo lembrada apenas nas datas festivas, como o13 de maio ou o 20 de novembro. Essa observação preliminarencerra uma contradição, pois a presença dos povos deorigem africana nessa região é marcante.

A área que a pesquisa abrange corresponde ao submédioSão Francisco, que engloba cidades nos estados da Bahia ePernambuco, “estendendo-se de Remanso até a cidade de PauloAfonso (BA), e incluindo as sub-bacias dos rios Pajeú,Tourão e Vargem, além da sub-bacia do rio Moxotó, últimoafluente da margem esquerda”. (CODEVASF, 2009). Pelascidades de Remanso, Sobradinho, Juazeiro, Curaça (1) ePaulo Afonso, na Bahia; Petrolina (2), Santa Maria da Boa

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Vista (3), Ouricuri, Belém do São Francisco, Floresta (2),Petrolândia (1) e Serra Talhada, em Pernambuco.. Nesteperímetro, segundo a Fundação Palmares (2013), existem,pelo menos 9 comunidades certificadas e mais 17 semcertificação, representando, portanto, uma herança culturalinestimável para a região.

Muitas dessas comunidades têm sua cultura confinada emseus locais de origem. Inicialmente a condição demarginalidade das populações africanas ou de origemafricanas saídas da escravidão, condição que se perpetuouao longo do século XX; e segundo os conflitos de terra,marcantes na região, nos quais essas populações continuamsendo empurradas de seus locais de origem.

Segundo a Fundação Cultural Palmares2 De acordo comdados de 2013 da Fundação Palmares, existem 2.197comunidades reconhecidas oficialmente pelo Estadobrasileiro como comunidades quilombolas; sendo que 2.040comunidades foram certificadas pela Fundação CulturalPalmares, sendo que 63% delas estão no Nordeste. Porémapenas 207 comunidades foram tituladas pelo INCRA, pois

2 A Fundação Cultural Palmares foi criada em 1988 com a finalidade de promover,preservar e preservar a cultura afro-brasileiras. Uma das funções mais importantes daPalmares foi de fato a formalização das comunidades quilombolas e, segundo o site dainstituição tem a função de “ assessorá-las juridicamente e desenvolver projetos,programas e políticas públicas de acesso à cidadania”. FUNDAÇÃO PALMARES, 2012.Disponível em: http://www.palmares.gov.br/quem-e-quem/. Acessado em 10 de junho de 2012.

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essa questão envolve as seculares lutas pela posse da terrano país e as comunidades devem enfrentar os difíceistrâmites exigidos pelo Estado para titulação da terra.Assim, existem 1.229 processos abertos para titulação.

Em Pernambuco, entre 2004 e 2013 foram 108certificações e na Bahia, no mesmo período foram 470. EmJuazeiro, de acordo com a Fundação Palmares não existenenhuma comunidade certificada; em Petrolina, existem duas.No município vizinho a Juazeiro, em Senhor do Bonfim há 16comunidades quilombolas certificadas, certamente emconsequência de um trabalho de articulação já existente naregião em torno do quilombo de Tijuassu, uma das primeirascomunidades certificadas naquela cidade, em 20053.

Em Juazeiro existem 14 comunidades quilombolas, deacordo com levantamento do Ministério do Desenvolvimento, enenhuma delas é certificada pela Fundação CulturalPalmares, órgão governamental responsável por esse trâmiteburocrático. Na cidade vizinha de Senhor do Bonfim, são 16comunidades já certificadas e com um nível de articulaçãobastante expressivo, que tem garantido conquistas cidadãs.De acordo com os primeiros acercamentos realizados em nossapesquisa, algumas dessas comunidades estão em fase deetnogêse, recuperando a sua memória a fim de garantir,entre outras coisas, os direitos estabelecidos pelo estado.Outras, apesar de registradas nos órgãos do governofederal, não se reconhecem como quilombolas e nuncapensaram em qualquer vinculação dessa natureza.

Apesar disso, percebemos nas entrevistas realizadascom os moradores mais velhos, que a ocupação dessas áreas,em Juazeiro, data mais de 200 anos. Pessoas com mais de 80anos relatam histórias de seus avós ou bisavós e suas

3 Ibidem.

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formas de relação com a terra, que no passavanecessariamente pela ocupação de uma área muito maior doque a que vivem hoje e com acesso à água, diga-se, ao rio.Ou seja, há uma memória afrodescendente, ou negra4, comopassaremos a chamar partir de agora, com relatos intensosda ocupação negra, de origem africana na região, que deveser considerada no estabelecimento de qualquer políticapública.

Assim, diante desse panorama genérico, pretendemosnesse artigo, apresentar os primeiros resultados dapesquisa “Pefil fotoetnográfico das populações quilombolasdo submédio São Francisco: identidades em movimento”,articulando-o com a questão da certificação do território eposterior titulação da terra. O artigo será organizado daseguinte maneira: definições de quilombos, a metodologiautilizada e a discussão da certificação em cada uma dascomunidades.

Definições de quilombosAntes de prosseguir, é bastante importante definir o

que são comunidades quilombolas, já que esse conceitosofreu importantes mudanças, em função de inflexõespolíticas e ideológicas sofridas pela discussão. Adefinição que utilizamos de quilombos nesse artigo ébastante recente e foi emprestada da antropologia, comoconseqüência de uma ampla discussão que teve à frente aAssociação Brasileira de Antropologia (ABA) erepresentantes de comunidades quilombolas e outros setoresinteressados na questão. Assim, em 1994 a Fundação Palmarespromove em Brasília, entre os dias 25 e 27 de outubro, umseminário que culmina na elaboração de um significado para

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comunidades quilombolas, o qual foi absorvido pelo artigo685.

Está expressa na terminologia “comunidades negrasrurais quilombolas”, territórios onde vivem as populaçõesquilombolas de origem africana, conceito que incorpora as“terras de santo”, “terras de preto”, “mucambos” equilombos6. Esses territórios não são fruto apenas da fugade escravos no período escravocrata, com a conseqüenteformação de um grupo de resistência ao sistema de então,eles representam formas diferenciadas de ocupação da terra,decorrentes de laços de consangüinidade, familiaridade,religiosidade entre outros:

Nesse sentido, é a passagem da condição deescravo para a de camponês livre quecaracteriza esses agrupamentos,independentemente da estratégia utilizadapelo movimento de resistência. Assim, alémda fuga com ocupação de terras livres –estratégia já amplamente difundida pormateriais didáticos – o recebimento deterras como pagamento por serviçosprestados ao Estado, como heranças,doações, compras ou mesmo permanência emterras privadas cujos proprietários nãodeixaram sucessores, também constituírammeios recorrentes de formação dessascomunidades7.

5 O´Dwyer, Eliane Cantarino. Terras de Quilombo no Brasil: direitos territoriais em construção. 6 Ibidem.7 ANDRADE E TRECANNNI, 2000, p. 602, apud CHASIN, Ana Carolina da Matta. 20 Anos de Regularização Fundiária de Territórios Quilombolas: um balanço da implementação do direito à terra estabelecido pela Constituição Federal de 1988. Revista Política Hoje, Vol. 158 18, n. 2, 2009, p.160.

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Essa definição se encaixa perfeitamente nas áreasdelimitadas pela pesquisa, pois muitas comunidades foramfruto de ocupações por populações de origem africana, semque ali tivesse sido registrado algum episódio de luta. Asfamílias continuaram habitando os terrenos, perdendo, namaioria das vezes, espaço para latifundiários ou empresasagrícolas8. É o que temos visto nas visitas às comunidadesquilombolas.

No que diz respeito à ocupação do espaço, O´Dwyerdefine muito bem:

No que diz respeito à territorialidadedesses grupos, a ocupação da terra não éfeita em termos de lotes individuais,predominando seu uso comum. A utilizaçãodessas áreas obedece a sazonalização dasatividades, sejam agrícolas, extrativistasou outras, caracterizando diferentes formasde uso e ocupação dos elementos essenciaisao ecossistema, que tomam por base laços deparentesco e vizinhança, assentados emrelações de solidariedade e reciprocidade9.

Os órgãos governamentais utilizam a denominação“Comunidades remanescentes de quilombo”, as quais definemcomo grupos étnico-raciais segundo critérios deautoatribuição, com trajetória histórica própria, dotadosde relações territoriais específicas, com presunção deancestralidade negra relacionada com a resistência àopressão histórica sofrida” de acordo com o estabelecidopelo Decreto 4.887/200310.Sem negar a definição acima, a8 É importante salientar que há uma vasta bibliografia que trata dos quilombos e a questão da posse da terra que não será explorada nesse artigo. 9 O´Dwyer, Op. Cit. 10 SECRETARIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL – SEPIR. Programa Brasil Quilombola. Diagnóstico de Ações Realizadas. Julho de 2012, p. 12.

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Fundação Palmares enfatiza que “Quilombolas sãodescendentes de africanos escravizados que mantêm tradiçõesculturais, de subsistência e religiosas ao longo dosséculos”11.Marcos legais para certificação de comunidades quilombolas

O marco legal para as populações quilombolas começa aser instituído a partir da constituição de 1988, queestabelece no Artigo 68 o seguinte:

Artigo 68 - Direito à propriedade dasterras de comunidades remanescentes dequilombos. Aos remanescentes dascomunidades dos quilombos que estejamocupando suas terras é reconhecida àpropriedade definitiva, devendo o Estadoemitir-lhes os títulos respectivos.”

Porém, o estabelecimento desse marco legal não foisuficiente para certificação e titulação das comunidadesquilombolas. Impedimentos de diversas ordens tem sidocolocados para que a lei se cumpra e são muito maiores paraa titulação das terras do que para a certificação, poisenvolve o domínio da terra por grandes grupos ligados aagroindústria ou por latifundiários. Inicialmente o grandedebate se deu em torno do reconhecimento das comunidadesquilombolas e de como se daria esse processo, o que levou aexigência de elaboração de relatório antropológicos deidentificação territorial12.

Disponível em: http://www.seppir.gov.br/destaques/diagnostico-pbq-agosto. Acessado em: 04 de agosto de 2013. 11 FUNDAÇÃO PALMARES. Disponível em: http://www.palmares.gov.br.

12 O´Dwyer, Op. Cit.

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Inicialmente esse relatório poderia ser elaborado porum antropólogo indicado pela comunidade, porém agora orelatório deve ser feito por um profissional dessa área,indicado pelo INCRA, o que tem atrasado e dificultado osprocesso de titulação.

Com relação à certificação, o processo é mais simplese é feito pela Fundação Palmares, basta que a comunidade seautointitule como quilombola e siga os procedimentosexigidos pelo órgão.

Assim, o queremos destacar é que, do ponto de vista doEstado há um marco legal, com vários impedimentos práticos,mas que está estabelecido. Abaixo segue uma relação deinstrumentos legais que tem sido levados em conta noestabelecimento de direitos, além do artigo 68:

Convenção 169 da OIT (Dec. 5051/2004) – Direito àautodeterminação de Povos e comunidades Tradicionais;Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003 – Trata daregularização fundiária de terras dequilombos e define asresponsabilidades dos órgãos governamentais; Decreto nº6040, de 7 de fevereiro de 2007 – Institui a PolíticaNacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos eComunidades Tradicionais; Decreto nº 6.261, de 20 denovembro de 2007 – Dispõe sobre a gestão integrada para odesenvolvimento da Agenda Social Quilombola no âmbito doPrograma Brasil Quilombola; Portaria Fundação CulturalPalmares nº 98, de 26 de novembro de 2007 – Institui oCadastro Geral de Remanescentes das Comunidades dosQuilombos da Fundação Cultural Palmares, tambémautodenominadas Terras de Preto, Comunidades Negras,Mocambos, Quilombos, entre outras denominações congêneres;Instrução Normativa INCRA nº 57, de 20 de outubro de 2009 –Regulamenta o procedimento para identificação,

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reconhecimento, delimitação, demarcação, desintrusão,titulação e registro das terras ocupadas por remanescentesdas comunidades dos quilombos; Lei 10.639- 2003 sancionadapelo Presidente Lula que torna obrigatório o ensino deHistória e da cultura Africana e Afro-brasileira, umaeducação que respeita e garante uma educação multicultural.Sancionada desde 2003, está longe de ser aplicadaefetivamente nas escolas brasileiras; A resolução de Nº 8,de 20 de novembro de 2012, aborda as Diretrizes Nacionaispara a Educação Escolar Quilombola na educação Básica, efundamenta-se na: Memória coletiva; Línguas reminiscentes;Praticas culturais; Tecnologias e formas de produção dotrabalho; Acervos e repertórios orais; Festejos, usos,tradições e demais elencos que formam o patrimônio culturaldas comunidades quilombolas de todo o país;Territorialidade.

Em 2004, o governo federal lançou o Programa BrasilQuilombola, com o objetivo de “consolidar os marcos dapolítica de Estado para as áreas quilombolas”13, compostopor 11 ministérios e gerido pela Secretaria de Políticas dePromoção da Igualdade Racial (Seppir). O programa trabalhacom quatro eixos: acesso à terra; infraestrutura equalidade de vida; inclusão produtiva e desenvolvimentolocal; e o último, é “direitos e cidadania”, cujo texto dizo seguinte:

Fomento de iniciativas de garantia dedireitos promovidas por diferentes órgãospúblicos e organizações da sociedade civil,estimulando a participação ativa dosrepresentantes quilombolas nos espaçoscoletivos de controle e participação

13 SEPPIR. Disponível em: http://www.seppir.gov.br/comunidades-tradicionais/programa-brasil-quilombola. Acessado em 4 de agosto de 2013.

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social, como os conselhos e fóruns locais enacionais de políticas públicas, de modo apromover o acesso das comunidades aoconjunto das ações definidas pelo governo eseu envolvimento no monitoramento daquelasque são implementadas em cada municípioonde houver comunidades remanescentes dequilombos14.

Assim, percebe-se que desde a constituição de 1988 ogoverno brasileiro vem construindo um marco legal que temestabelecido políticas de ações afirmativas voltadas para apopulação negra, como conseqüência de uma forte pressão dediversas vertentes dos movimentos negros. Porém, muitascomunidades quilombolas desconhecem essas leis e,principalmente, a forma de acessá-las. Essa é uma realidadevivida por uma parte das comunidades visitadas pelapesquisa. Ser quilombola, reconhecer o seu passado e suamemória atrelada a ocupação das terras por descendentes deafricanos não é um processo natural em uma sociedade quenão conhece a sua história e seus direitos e onde apresença do Estado é mínima ou nula. Assim, ser quilombolatorna-se também um privilégio para aqueles que conseguemaceder a esse aparato legal e construir uma memória nosmarcos exigidos pela Lei.

Deve-se ressaltar que a maioria dos grupos visitados éformada por comunidades em fase de auto reconhecimento ouapenas mencionadas nos órgãos oficiais como quilombolas,sem o estabelecimento de qualquer marco identitário e legalconcretos. Porém isso não minimiza o problema, ao contrárioaponta para uma forte ausência do Estado em áreasreconhecidas por ele mesmo como quilombola, mas sem

14 SEPPIR. Idem.

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qualquer tipo de política que permita a essas populações,há muito alijadas de direitos básicos, ter acesso a eles,ou pelo menos aceder ao conhecimento de que possuemdireitos15.

MetodologiaPara a construção do banco de dados da pesquisa temos

utilizado uma metodologia central que é a fotoetnografia,porém trabalhamos com varias outras metodologias daantropologia e da comunicação: o caderno de campo comoferramenta da construção etnográfica, e a gravação deentrevistas semi abertas em áudio e vídeo com o objetivo deregistrar a memória dos moradores mais velhos dacomunidade. Esses são capazes de abordar vários aspectos doser quilombola, que passa pela territorialidade e pelamemória social do grupo, elementos indispensáveis para osprocessos de certificação.

A linguagem fotográfica com que trabalhamos pensa acomunicação visual na sua dimensão pós-estruturalista,liberta do positivismo dos primeiros trabalhos, enquantopossibilidade em si, possibilidade da construção de outroponto de vista, tendo a imagem como representação dosvários discursos presentes no processo de organização damemória de uma comunidade que busca responder a um marcolegal estabelecido pelo estado e pelas próprias demandas dogrupo, com suas diversas interações com organizaçõesexternas. O trabalho fotoetnográfico além dessa dimensãointrínseca da representação da imagem, também carregaconsigo a representação do olhar do fotógrafo, o qual pode

15 SANTOS, Márcia e SANTOS, Ceres. Escolas em comunidades negras ruraisquilombolas de Juazeiro: uma aproximação dentro da educação contextualizada.Artigo submetido ao III WORKSHOP NACIONAL EM EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA PARA ACONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO BRASILEIRO II COLOQUIO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO VALE DO SÃOFRANCISCO, setembro de 2013. Territórios e Interculturalidade na Perspectiva daEducação Contextualizada

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ser mais ou menos estrangeiro, mas sempre estrangeiro. Tudoirá depender do grau de interação com a comunidade. Assim,tentamos construir uma pesquisa participante com afinalidade de reduzir as distâncias entre os doisdiscursos. Para isso, uma das principais estratégias é aconstrução de oficinas, nas quais os moradores representamaspectos que lhe interessam de seu território e do grupo.Tudo isso pode ser dito em uma frase de Berger (1999): “Sóvemos aquilo que olhamos. Olhar é um ato de escolha”. Eesta escolha pode ficar a critério do grupo e não dofotógrafo, provocando uma qualidade maior na construção doperfil fotoetnográfico.

Segundo Ribeiro (2005) a antropologia visual oucomunicação visual está centrada em três objetivosprincipais: a utilização das tecnologias de som e da imagemna realização do trabalho de campo (...);a construção dediscurso ou narrativas visuais (o uso das tecnologias naapresentação dos resultados da pesquisa – nos museus, noensino, na comunicação com o grande público – naestruturação da narrativa fílmica, ou de multimídia ehipermídia, e em sua realização) (...); a análise dosprodutos visuais” (RIBEIRO, 2005). Assim, pensando nosmarcos estabelecidos por Ribeiro, estamos trabalhando comdois dos objetivos listados, pois utilizamos as tecnologiasdo som e da imagem para a construção de narrativas baseadasna memória e nas imagens dos sujeitos e de seusterritórios.

Assim, trabalhamos na perspectiva metodológica deAchutti (2004), quando em seu artigo, "Caderno de campodigital - antopologia e novas mídias" estabelece um lugarprivilegiado para a fotografia, capaz de constituir umdiscurso em si, mas que também trabalha em interação com as

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outras linguagens. O lugar privilegiado da fotografia estáno fato de poder construir planos variados da realidade(geral, médio e fechado), os quais contam aspectosdistintos da mesma cena. Por exemplo, no caso de uma casa eseus moradores fotografados em planos diferentes: sabemosonde fica a casa na comunidade; sabemos dos afazeres dealguém próximo a essa casa e também podemos saber, deperto, sobre a vida das pessoas que ali habitam. Planosdistintos provocam conhecimentos distintos da mesma cena.

Assim, reconhecendo na fotografia o seu aspectohíbrido, enquanto documento e expressão, como conceituaRouillé (2010), associada à sua possibilidade etnográfica,ou fotoetnográfica, temos realizado perfis das comunidadesvisitadas, dos seus territórios e seus sujeitos, capazes deintegrar possíveis processos de certificação. Nascomunidades até agora visitadas, não existe qualquer tipode sistematização da memória local, o que representa maisum elemento na construção dessa dimensão imagética dosgrupos em questão.

Perfil fotoetnográfico e contribuições para umapossível certificação16

A pesquisa realizou o perfil fotoetnográfico de oitocomunidades quilombolas na cidade de Juazeiro: Barrinha daConceição, Rodeadouro, Alagadiço, Pau Preto, Barrinha doCambão, Junco, Quipá e Curral Novo). Em apenas duas delasBarrinha do Camba e Barrinha da Conceição, a comunidade jáse mobilizou no sentido de buscar o reconhecimento comocomunidade quilombola. Nas demais, apesar de constarem dalista do Ministério do Desenvolvimento, nunca houve uma

16 Parte das informações desse tópico foram extraídas do blog da pesquisa “Pefil Fotoetonográfico das Populações Quilombolas do submédio São Francisco: identidades em movimento”, www.quilombosesertoes.blogspot.com

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mobilização efetiva para a conquista de um marco legal.Porém, nas entrevistas realizadas com os moradores maisvelhos, a memória de uma herança afrodescendente estápresente, seja na história de constituição do território ounas manifestações culturais. Vamos a seguir traçar umligeiro perfil de cada comunidade visitada.

Na estrada que sai de Juazeiro rumo ao Rodeador, umlugarejo que abriga uma ilha paradisíaca de mesmo nome ebastante turística, localizada a 13 quilômetros do centrode Juazeiro, há uma pequena estrada de barro, antes doRodeador que leva, por 2 quilômetros de a Barrinha daConceição. Um lugarejo, às margens do Rio São Francisco,onde vivem cerca de 10 famílias, aproximadamente 60pessoas, herdeiras de descendentes de africanos recémsaídos do sistema escravocrata, que fugiram da Guerra deCanudos (1896-1897). O nome do local é uma homenagem aNossa Senhora da Conceição, cuja festa acontece nacomunidade no dia 29 de novembro a 08 de dezembro. Nacomunidade não há escola, posto de saúde ou água potável,apesar de ser uma das mais ativas de Juazeiro e que temlutado por seus direitos. A formação escolar é feita emcomunidades vizinhas, a despeito da precariedade dotransporte.

O perfil fotoetnográfico realizado pela pesquisa emBarrinha da Conceição traçou o tamanho do território, o quepode colaborar no sentido da demarcação da área quilombola,o perfil da família mais antiga e a festa da padroeiralocal. Nas imagens abaixo estão Dona Roberta, quem preservaa memória local,. Logo em seguida uma imagem do rio SãoFrancisco e da festa da padroeira local

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A Comunidade Quilombola Alagadiço fica a cerca de 20quilômetros do centro de Juazeiro, após o Rodeador. Comcerca de 30 famílias, a fonte de renda principal era aagricultura familiar e a pecuária, no entanto muitasfamílias venderam suas terras, muitas localizadas àsmargens do Rio São Francisco. As instalações da escolaestão lá mas há muitos anos está parada. Não há posto desaúde e o transporte é precário. Em momentos diferentes acomunidade se mobilizou pela garantia de seus direitos,inclusive a posse da terra, porém a discussão quilombolanunca foi pauta efetiva, apesar do grande interesse. Hoje acomunidade tenta se mobilizar, através da universidade,para garantir esse direito, já que há um grupo atuante,liderado por Dona Vinô, que se considera quilombola.

O perfil fotoetnográfico estabeleceu os limites doterritório, cercado por propriedades, fotografou asfamílias mais velhas e, foi possível realizar uma oficinade fotografia, onde os participantes registraram aspectosde interesse do grupo. Na sequencia de imagens estão DonaVino, uma casa da localidade e uma propriedade que cerca o

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local.

Pau Preto é uma comunidade localizada a cerca de 15quilômetros do centro da cidade de Juazeiro, após o Junco,na área conhecida como Salitre, onde moram cerca de 60famílias de origem quilombola, quase todos parentes. Aescola no local também está desativada o que gera odeslocamento das crianças para outros locais e não há postode saúde. Os jovens tem saído do local em busca de trabalhoe de melhores condições de vida. A memória das herançasquilombolas é viva e presente, porém não tem se convertidoem ações concretas. Na sequencia de imagens, seu AntonioGomes, um dos moradores mais velhos que nos acompanhou emuma visita pela comunidade, o leito seco do Rio Salitre euma vista panorâmica da comunidade. Aí também foi possíveldelimitar o tamanho da comunidade, antes banhada pelo rioSalitre, com uma história de trabalho agrícola comunitárioe de folguedos ao redor do rio.

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Barrinha do Cambão é uma comunidade ribeirinha,localizada a aproximadamente 5 quilômetros do centro dacidade de Juazeiro. O povoado conta com cerca de 350moradores, tem nas atividades pesqueiras e agrícolas asprincipais formas de sobrevivência. A comunidade conta comuma creche que atende crianças até seis anos, depois dessaidade os pequenos vão estudar no Projeto Mandacaru, a trêsquilômetros de distância. A discussão quilombola é presentena comunidade e, no início dos anos 90, iniciaram umintenso debate que gerou um plebiscito e parte dosmoradores foi contra a busca de identificação quilombola eposterior certificação do território. Hoje a discussão estásendo retomada, com mais adesões. O território foi cindidoao meio por um projeto dos projeto de irrigação da Codevasfe entrecortada por propriedades privadas, de área jáapropriadas ou vendidas pelos herdeiros quilombolas. Operfil fotoetnográfico entrevistou Pedro e a esposa, quetrabalharam para a certificação e identificou a áreaocupada pela comunidade: o canal de irrigação do ProjetoMandacaru, Pedro e a esposa, moradores responsáveis peloplebiscito para o reconhecimento como comunidade quilombolae uma visão de uma área privada dentro do território antesocupado pelos quilombolas.

Curral Novo, localizada a cerca de 20 quilômetros do

centro de Juazeiro, consta na lista da Fundação Palmarescomo comunidade quilombola, assim como muitas outraslocalizadas às margens do Rio São Francisco. Uma comunidade

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predominantemente negra, que inicialmente vivia às margensdo riacho que banha a localidade, com o mesmo nome do RioSalitre. A enchente de 1960 e a constante perda de terrasos deslocou para onde estão hoje. Uma populaçãopredominantemente negra, com uma história deaproximadamente 150 anos de ocupação. A escola municipallocal atende as primeiras séries do ensino fundamental devárias outras comunidades vizinhas, preservando valoresligados a memória quilombola. O nome Escola MunicipalMiguel Ângelo de Souza é uma homenagem ao seu fundador, umhomem negro que deixou muitos parentes na localidade. Essaé uma das duas comunidades visitadas em que a escola temprocurado resgatar a memória local, trabalhando com algunselementos das diretrizes para educação quilombola.

O pefil fotoetnográfico delimitou o espaço dacomunidade, constatando que proprietários particularescompraram as principais áreas que davam acesso ao rio epassaram a constituir projetos de agronegócio, empregando apopulação quilombola, que abandonou o cultivo desubsistência. Abaixo uma vista aérea da comunidade e aescola.

O Quipá está a 20 quilômetros do centro de Juazeiro.Nascida às margens do rio São Francisco, recebe o mesmonome de um cactáceo muito comum no local. Embora tenha sidoclassificada pelo Ministério de Desenvolvimento comoquilombola, não se reconhece como tal, restando apenas umamemória quilombola vaga que pôde ser apurada em entrevista

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com os moradores mais velhos. A comunidade foi deslocada doseu lugar de origem após a instalação de uma companhia defrutas, ainda em funcionamento, que alegou a propriedade daterra, e deslocada para uma área vizinha, bastantereduzida. Porém alguns problemas se repetem: falta desaneamento básico e coleta de lixo. Cerca de 300 pessoasvivem na localidade, distribuídas entre aproximadamente 60ou 70 famílias. A pesca constitui-se na principal fonte derenda dos moradores da comunidade.  A escola municipallocal, assim como em Curral Novo, tem procurado valorizarelementos da memória quilombola local e abriu espaço parauma intervenção mais prolongada do projeto de pesquisa, coma realização de debates e oficinas.

Através do perfil fotoetnográfico podemos delimitar oterritório e registrar os moradores mais velhos que detêm amemória quilombola. Abaixo uma vista panorâmica da chegadaà comunidade, seu José Domingos, um dos moradores maisvelhos e um dos acessos livre ao rio.

Na comunidade do Junco, a cerca de 90 quilômetros docentro de Juazeiro, cerca de 40 famílias constituem acomunidade, quase todos parentes, porém não há qualquermenção a uma memória quilombola. No passado existia engenhode cana no local e resta uma história relacionada a um murode pedra construído por “escravos”. A escola municipal estáem funcionamento e tenta trabalhar com alguns elementos dacultura negra, mas desvinculado de uma memória quilombola.

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O perfil estabeleceu a extensão do território e registrou ahistória de um dos moradores mais velhos, seu Antônio.Abaixo a sequencia mostra seu Antonio no muro de pedraconstruído pelos africanos escravizados, como contou ele, orio salitre antes da seca e uma vista panorâmica dacomunidade.

Considerações finais

A pesquisa “Pefil Fotoetonográfico das PopulaçõesQuilombolas do submédio São Francisco: identidades emmovimento” traçou o perfil de sete comunidades apontadascomo quilombolas pelo Ministério do Desenvolvimento, emJuazeiro e nenhuma delas com certificação emitida pelaFundação Palmares, órgão do governo responsável por esseprocesso.

Através da construção de perfis fotoetnográficos,ancorados em outras linguagens da comunicação, como vídeose entrevistas, conseguimos realizar a construção de umbanco de dados inicial contendo a extensão dessesterritórios e suas principais lideranças. Ainda quetenhamos tentando evitar o olhar estrangeiro através dapromoção de oficinas de fotografia para os moradores, namaioria das visitas as imagens foram realizadas pelo grupo,o que ainda aponta para uma representação centralizada em

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nosso ponto de vista. Só conseguimos realizar as oficinasem duas comunidades.

Os perfis fotoetnográficos apontam para áreasdesprovidas de aparelhos públicos, como escolas, postos desaúde, asfaltamento ou saneamento básico. As cercas depropriedades privadas nessas áreas quilombolas indicamtambém a perda histórica do território e o afastamento dorio, como principal fonte articuladora da comunidade, noque diz respeito à subsistência e a realização deatividades culturais aglutinadoras.

Os moradores mais velhos estão representados nasimagens coletadas, geralmente em suas casas. Em geralreceberam bem os entrevistadores e não se opuseram àconstrução das imagens. Como pode ser visto ao longo desseartigo, são pessoas negras, que contam a história daocupação do território. Todo o material utilizado naconstrução desse banco de dados está sendo sistematizado eserá entregue a cada comunidade, com o objetivo decontribuir nos processos de certificação daquelascomunidades que assim o desejarem. A entrega será feita aomorador mais antigo e ao líder comunitário. Em algumascomunidades percebemos que esse material contribuirá naconstrução do processo de certificação. Em outras poderáapenas constituir a memória local, o que também éimportante dentro do processo de construção identitária.

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