Proposta de Tradução Namárië

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IEL Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Universidade Estadual de Campinas Maria Eugênia Arantes Gonçalves, 147222 O POEMA NAMÁRIË E A TRADUÇÃO DE UMA LÍNGUA INVENTADA Campinas, 2013

Transcript of Proposta de Tradução Namárië

IEL – Instituto de Estudos da Linguagem

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

Maria Eugênia Arantes Gonçalves, 147222

O POEMA NAMÁRIË E A TRADUÇÃO DE UMA LÍNGUA INVENTADA

Campinas, 2013

IEL – Instituto de Estudos da Linguagem

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

Maria Eugênia Arantes Gonçalves, 147222

TRABALHO DE INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO

Trabalho Final para conclusão de nota da disciplina LA 840 –

Introdução aos Estudos da Tradução, sob a orientação da

professora Viviane Veras.

Campinas, 2013

APRESENTAÇÃO

A proposta a que este trabalho corresponde era a de elaboração ou análise de uma tradução, entre idiomas, gêneros

ou mídias, com base em todas as discussões e leituras feitas durante o período letivo. A escolha do texto a ser trabalhado foi

bastante difícil, e diversos gêneros e autores foram cogitados. Refletindo a cerca da cultura e da mentalidade por trás de cada

idioma de uma tradução, optei pelo poema Namárië, de John Ronald Reuel Tolkien, pois, nascido de uma língua planejada,

oferece um contexto especial de trabalho para o tradutor.

Namárië, ou O Lamento de Galadriel em Lórien, aparece na segunda parte de O Senhor Dos Anéis, dentro do

primeiro volume publicado, As Duas Torres, recitado pela personagem Galadriel quando da partida da Comitiva do Anel. Ainda que

não falados naturalmente por um povo real, as variações do élfico, Quenya e Sindarin, criadas por Tolkien são bastante estudadas

por fãs ou linguistas interessados nesse tipo de idioma. É o maior poema escrito em élfico pelo escritor, e refere-se amplamente

aos lugares e seres superiores do universo por ele criado, sendo bastante simbólico para os leitores.

Elaborar uma tradução exige não apenas conhecimento da língua, como da cultura a ela relacionada. Sabe-se que as

línguas planejadas são também chamadas artificiais por alguns, devido à sua origem a partir da elaboração consciente por uma

pessoa ou um grupo delas, e não a partir do desenvolvimento por trocas e contato dentro de uma sociedade estabelecida. De

modo simples, pode-se dizer que uma língua planejada é uma língua “não materna” para nenhum povo. Mas se essas línguas não

têm uma “personalidade” natural, traduzi-las também exigirá que se observe e perceba até que ponto elas podem estar apoiadas

no idioma falado por seu inventor em suas estruturas e expressões. Outro aspecto a ser considerado é o de que essas línguas, em

geral, apresentam palavras compostas com significados específicos, mas, raramente, expressões idiomáticas, o que faz de sua

tradução, em um primeiro momento, mecânica e literal.

Outras dificuldades, ou benefícios, são encontrados e discutidos ao longo do trabalho, na medida em que aparecem.

Há comparações de suas traduções a partir do inglês, língua-materna do autor, além de uma tradução própria. Colocam-se ao

longo do processo, também, breves apontamentos quanto aos modelos de tradução como definidos por Heloisa Barbosa em seu

“Procedimentos Técnicos da Tradução”i, principalmente do tipo literal e do palavra-por-palavra, e ao tratamento de textos em

idiomas não naturais; assim como discussões a cerca das perdas e ganhos de cada método.

MÉTODO

Procedimento e Estratégias

O trabalho foi dividido em uma seção de “Percurso de Tradução” e outra de “Observações e Análises”. A primeira é

composta por uma sequência de quadros onde são apresentadas as etapas da tradução, a começar por um modelo palavra-por-

palavra, seguido da versão final - uma releitura da anterior com adaptações e “acomodações” sintáticas e estruturais de acordo

com a língua de chegada. É uma sessão disposta apenas em tabelas, com versos enumerados de modo a facilitar a visualização

das correspondências entre eles para os paralelos e comparações posteriores.

A seção de “Observações e Análises” é a sessão de discussão e apontamento das escolhas nas situações em que

adaptações e modificações foram necessárias a fim de produzir um texto que soe natural no outro idioma. É interessante na

medida em que as traduções foram feitas sem consulta prévia às oficiais – em inglês ou português -, a fim de tornar a variação de

interpretações mais evidente.

A tradução desenvolvida no trabalho se trata de uma transposição do élfico para o inglês, devido ao maior número de

glossários, gramáticas e referências nesse idioma, que é materno para o autor. Essa tradução autoral não visa à substituição dos

trabalhos já feitos, publicados ou não, sobre o poema, mas a observar as mencionadas ambiguidades e as situações em que um

texto depende completamente da interpretação e criatividade do autor. Havia a ideia inicial de elaborar duas grandes seções no

trabalho, sendo a segunda a tradução de Namárië para o português. Apesar de concluída, discutir os aspectos de ambas as

traduções detalhadamente extrapolaria não apenas o espaço físico como a proposta do trabalho. Optei, portanto, por manter

apenas a discussão a respeito do inglês, por haver maior embasamento. A tradução para o português, ainda que não comentada,

está disponível nos apêndices.

Nenhuma das traduções se esforça na manutenção da métrica do poema original. O poema não apresenta rimas, o

que elimina uma exigência e faz com que em uma tradução sem respeito à métrica haja um tipo a menos de perda. Além disso,

observa-se que nenhuma das traduções, inclusive as oficiais, prioriza essa métrica, tendo sido inseridas nos livros em prosa, e não

em verso. Tomei a liberdade, portanto, de desconsiderá-la.

As traduções basearam-se todas, principalmente, no glossário e explicações do livro The Languages of Tolkien’s

Middle-Earth, de Ruth S. Noel, por ser um dos únicos trabalhos completos de fácil acesso, e nos glossários presentes nos próprios

livros de Tolkien. Além da tradução do poema para o português, os Apêndices trazem o glossário utilizado em sua tradução, assim

como uma sugestão etimológica a cerca de seu título, Namárië.

A LÍNGUA E O AUTOR

John Ronald Reuel Tolkien nasceu em Bloemfontein, na África do Sul, e mudou-se com sua família aos três anos de

idade, para a Inglaterra. Tendo iniciado estudos nas línguas clássicas em casa, com a mãe, foi também admitido como aluno na

Honour School of English Language and Literature, na Oxford University, dedicando-se à literature inglesa e, mais profundamente,

à filologia. Retornou a Oxford University como professor e ocupou a cadeira de Professor de Língua e Literatura Inglesas até sua

aposentadoria. Além de ter estudado 17 idiomas e a literatura inglesa, Tolkien também escreveu poemas, contos e obras mais

extensas desde a juventude, quando também começou a criar códigos e linguagens por entretenimento.

Das cerca de dez ou doze línguas que inventou, parte delas presente em sua obra mais reconhecida, O Senhor dos

Anéis, como o Khuzdul, o Orc e a Língua Negra. Tolkien alegava que cada língua contém a “personalidade” do povo que a fala, de

modo que, em geral, essas línguas possuem, cada uma, uma gramática e um vocabulário que seguem diferentes sistemas, sons e

caracteres e alfabetos especiais. No entanto, ainda assim a maioria permaneceu na forma de vocabulários limitados e pouco

funcionais. De todos, as duas variações do élfico, Sindarin e Quenya, foram os idiomas a que Tolkien mais se dedicou e que mais

desenvolveu, permitindo a criação de poemas, canções e composições mais extensas.

Dentro de sua obra, os dois idiomas élficos estão relacionados à separação dos elfos a caminho da terra dos Valar,

Valinor, logo no início do mundo, pouco depois de os elfos “nascerem”. Aqueles elfos que chegaram a Valinor, Elfos da Luz,

falavam o Quenya, ou Alto-Élfico. O próprio alto élfico ocorreu em três dialetos, Vanyarin, Noldorin e Telerin, relativos às três

grandes famílias dos elfos. Os que ficaram na Terra Média e abriram mão de morar com os Valar, os Elfos Cinzentos, tiveram sua

língua distanciada da dos outros que partiram, diferenciada pela ruptura do convívio com os outros. Originiando o Sindarin (sindar

= grey ones).

Tolkien completou sua primeira compilação lexical do Quenya em 1915, aos 23 anos, mas o idioma, como os outros,

passou por constantes revisões, razão pela qual as histórias mais antigas e não editadas por ele apresentam desvios

consideráveis em relação aos trechos em élfico dos livros publicados, já mais de uma década depois. E mesmo após as

publicações, Tolkien continuou modificando-a. Por esse motivo, não existe um vocabulário completo das línguas élficas, pois elas

sempre apresentarão contradições e variações internas. Cada texto élfico, portanto, apresenta regras gerais e estruturais

semelhantes, mas deve ser analisado sob a luz do vocabulário e das partículas (prefixos e sufixos, por exemplo) determinadas no

momento em que tenha sido escrito.

O Quenya, segundo o escritor, é uma língua baseada no latim, e com sonoridade inspirada no idioma grego e no

finlandês.

Throughout his life, Tolkien continued to refine the High-Elven tongue, that according to his son Christopher

was "language as he wanted it, the language of his heart" (from the TV program J.R.R. Tolkien - A Portrait by Landseer

Productions). In one of his letters, Tolkien himself wrote: "The archaic language of lore is meant to be a kind of 'Elven-latin', and

by transcribing it into a spelling closely resembling that of Latin...the similarity to Latin has been increased ocularly. Actually it

might be said to be composed on a Latin basis with two other (main) ingredients that happen to give me 'phonaesthetic'

pleasure: Finnish and Greek. It is however less consonantal than any of the three. This language is High-elven or in its own

terms Quenya (Elvish)" (Letters:176). Quenya was the ultimate experiment in euphony and phonaesthetics, and according to

the taste of many, it was a glorious success. The grammatical structure, involving a large number of cases and other inflections,

is clearly inspired by Latin and Finnish. (Ardalambion)

PROJETO TRADUTÓRIO

1. O POEMA

Namárië, AltariellonainiëLóriendessë

Ai! Laurië lantar lassi súrinen,

Yéni únótimë ve rámar aldaron!

Yéni ve lintë yuldar avánier

mi oromardi lissë-miruvóreva

Andúnë pella, Vardo tellumar

Nu luini yassen tintilar i eleni

Ómaryo airetári-lírinen.

Sí man i yulma nin enquantuva?

Na sí Tintallë Varda Oiolossëo

Ve fanyar máryat Elentári ortanë

Ar ilyë tiër undulávë lumbulë

Ar sindanóriello caita mornië

i falmalinnar imbë met, ar hísië

untúpa Calaciryo míri oialë.

Sí vanwa ná, Rómello vanwa, Valimar!

Namárië! Nai hiruvalyë Valimar!

Nai elyë hiruva! Namárië!

2. PERCURSO DE TRADUÇÃO I: Élfico → Inglês

Quadro 1. Tradução: Palavra por palavra

1. Namárië, Altariello nainië Lóriendessë

Farewell, radiant-wrath-maiden lament Lórien-in 3.

4. Ai! Laurië lantar lassi súrinen,

Alas! Golden(s) fall(s) leaves winds-in,

5. Yéni únótimë ve rámar aldaron!

Years uncountable(s) as wings of trees!

6. Yéni ve lintë yuldar avánier

Years as swift draughts have(s) passed away

7. mi oromardi lissë-miruvóreva

In the “high homes” sweet-“nectar of”

8. Andúnë pella, Vardo tellumar

West “beyond borders of”, Varda's domes

9. Nu luini yassen tintilar i eleni

Under blue wich-in(s) twinkle(s) the stars

10. Ómaryo airetári-lírinen.

Her voice “holy-queen”-”song in” 11.

12. Sí man i yulma nin enquantuva?

Now who the cup for me will refill? 13.

14. An sí Tintallë Varda Oiolossëo

Is now "twinkler" Varda from Everwhite

15. Ve fanyar máryat Elentári ortanë

As clouds her-hands Star Queen lifted up

16. Ar ilyë tier undulávë lumbulë

And all(s) roads “down licked”“heavy shadow”

17. Ar sindanóriello caita mornië

And “gray lands from” lies darkness

18. i falmalinnar imbë met, ar hísië

The “foaming waves many upon” between us (two),

and mist 19. Untúpa Calaciryo míri oialë.

Down-roof Calacirya of jewels everlasting

20. Sí vanwa ná, Rómello vanwa, Valimar!

Now lost is, East-from lost, Valimar! 21.

22. Namárië! Nai hiruvalyë Valimar!

Farewell! “Be it that” will find thou Valimar!

23. Nai elyë hiruva! Namárië!

“Be it that”“even thou” will find! Farewell!

Quadro 2. Tradução Final

1. Farewell, Galadriel Lament in Lórien

2. 3. Alas! Golden leaves fall in the wind

4. Long years uncountable as the wings of trees!

5. Long years have passed away as swift draughts

6. Of the sweet nectar in the high homes

7. Beyond the West, under the blue domes of Varda

8. In wich twinkle the stars

9. In the song of her holy queen’s voice.

10. 11. Who now will refill the cup for me?

12. 13. For now, the Twinkler, Varda, from Everwhite,

14. Has lifted her Stars Queen hands as clouds

15. And the roads are all drowned in heavy shadows

16. And from the gray lands lies darkness

17. Upon the foaming waves between us two, and mist

18. Roofs forever the jewels of Calacirya

19. Now lost, lost from East, is Valimar!

20. 21. Farewell! Shall you be the one to find Valimar!

22. Shall even you be the one to find it! Farewell!

Quadro 3. TraduçãoOficial

1. Farewell, Galadriel’s Lament in Lórien

2. 3. Ah! Like gold fall the leaves in the wind,

4. Long years numberless as the wings of trees!

5. The long years have passed like swift draughts

6. Of the sweet mead in lofty halls

7. Beyond the West beneath the blue vaults of Varda

8. Wherein the stars tremble

9. In the song of her voice, holy and queenly.

10. 11. Who now shall refill the cup for me?

12. 13. For now, the Kindler, Varda, the Queen of the Stars,

14. From Mount Everwhite has uplifted her hands like

clouds, 15. And all the paths are drowned deep in shadow;

16. And out of a grey country darkness lies

17. On the foaming waves between us, and mist

18. Covers the jewels of Calacirya for ever.

19. Now lost, lost to those from the East is Valimar!

Sse 20. 21. Farewell! Maybe thou shalt find Valimar.

22. Maybe even thou shalt find it. Farewell!

3. OBSERVAÇÕES E ESCOLHAS I

Nota-se, já em uma primeira comparação entre a tradução proposta e a tradução oficial do poema Namárië

para o inglês, que não basta inverter preposições para a ordem comum do inglês ou agrupar os adjetivos que disserem

respeito ao mesmo termo para apreender o que o autor intentava ao escrevê-lo. Analisaremos os contrastes na medida em

que ocorrem, tentando evitar a análise dos fenômenos quando repetidas.

O primeiro item interessante é o próprio título. Apesar de ser oficialmente nomeado Namárië, o poema é

também conhecido como Altariello nainië Lóriendessë, que, literalmente, significa O Lamento da Reluzente Donzela

Coroada em Lórien. Galadriel, quem recita o poema no livro, é a Senhora de Lórien a quem remete o sintagma “reluzente

donzela dourada”. Por que, então, não manter a tradução literal, se em nada comprometeria a compreensão do título?

Nesse caso, mantive a tradução por equivalência, ou seja, Reluzente Donzela Coroada por Galadriel, pela razão de que o

poema popularizou-se sob esse nome, e, apesar de tudo, não se deve, ao traduzir, desconsiderar aquilo que já está dito ou

consagrado, porque passa a reter a identidade do texto. Não havendo alterações de sentido ou incompreensões pela

mudança, não houve tampouco motivos para contrariar o título já aceito entre os leitores.

Cabe já aqui uma nota sobre algumas ideias expressas, no élfico, por sufixos e por preposições no inglês.

Temos Lori(e)ndessë composto por Lórien e –esse, sendo Lórien um lugar e –essë um sufixo que indica lugar. Uma

tradução palavra-por-palavra não pode abarcar cada radical ou partícula dentro de um vocábulo, e, se o pudesse, geraria

períodos fragmentados. Em inglês, raras vezes se encontra o “in” posposto e, no português, é impensável que o “em” deixe

sua posição preposta. No entanto, encontramos winds-in (súrinen), song-in (lírinen), wich-in (yassen), além de casos com

outras preposições: o “de”, cujo complemento vem sempre antes do núcleo a que se refere, por exemplo: High Home-

sweet-néctar- of (oromardilissë-miruvóreva) ou East-from (Rómello). E também com “sobre”: “foaming-waves-many-upon”

(falmalinnar).

Em seguida, no primeiro verso, nos deparamos com um caso de ambiguidade em laurië: “as gold” ou “golden”?

O glossário de Noel traz: “laurië: Golden. Golden in light or color rather than metallic gold”. Entendemos com isso ser laurië,

então, um adjetivo de algo que se pareça com ouro. Os leitores de Tolkien sabem que a Lórien também chamam Floresta

Douradaii, e que suas árvores, os mallorn, têm folhas douradas que caem no outono. Portanto, levando em conta a que o

verso se refere, o mais natural é seus tradutores entendam laurië como uma qualificação de lassi, “leaves”. No entanto, a

versão inglesa de Tolkien não emprega “golden”, mas “likegold”. Assim, apesar de o cenário de Lórien favorecer a ideia de

“folhas douradas”, Tolkien desejava expressar que, em sua queda, as folhas assemelhavam-se ao ouro – uma diferença

sutil de significados.

Os próximos dois versos, 2 e 3, têm um problema de fácil resolução. Vimos yéni traduzido por “long years” é,

na realidade, um tipo de termo “intraduzível”, ou seja, sem correspondente na língua de chegada. Para os elfos, yéni

significa ano, mas os anos élficos são mais longos do que os anos do calendário comum, equivalendo a144 destes. Sem

meios de manter o ritmo de um poema acrescentando informações tão compridas e sem um equivalente no inglês, Tolkien

traduz “ano élfico” por “long year”, sendo essa uma sugestão de parte dos próprios glossários.

Uma palavra interessante é miruvor, hidromel. No élfico, sua raiz é míri, jóias, e é traduzida literalmente como

néctar, No entanto, a versão de Tolkien a introduz como “mead”. Há aqui um exemplo do espaço de criação do tradutor.

“Hidromel” pode atuar como uma espécie de extensão de “néctar” ou “bebida nobre” (por sua raiz, joia), mas sabemos que

os sinônimos não são perfeitos, e podemos escolher justamente aquele que mais se afasta da ideia primeira do autor. Ainda

que possam ser relacionados, os temos néctar e hidromel são consideravelmente distantes, e o tradutor que propõe uma

equivalência menos obvia do que outras deve estar pronto para assumi-la assim.

O último verso da primeira estrofe, 10, é bastante confuso para falantes de outras línguas, habituados a outras

estruturas oracionais. Tem-se: omaryo airetári-lírinen. O sufixo –o, em omaryo, deixa claro que se diz algo de sua voz, mas

a união de vários termos em airetári-lírinen gera muitas possibilidades. O hífen que une os dois termos apenas nos permite

supor que “holy” e “queenly” são características de “song”, o que se mostra correto de acordo com Tolkien. Mas

percebemos, também, em sua tradução, que ele se viu impossibilitado de manter a união e o sequenciamento dos termos,

algo possível em ambas as línguas, mas que não soa natural sem o conectivo.

Na terceira estrofe aparecem as primeiras menções a nomes de lugares. O único nome próprio citado até

então fora Varda, que, sendo um nome pessoal, não foi traduzido. Por outro lado, os nomes dos lugares são todos

passados para o inglês. Em geral, nomes próprios podem ser mantidos na língua de origem, exceto quando são formados

em jogos de palavras ou combinações que interfiram na compreensão da história – nesses casos, costuma-se buscar um

termo que permita uma equivalência de sentidos para a narrativa e de usos ao longo do texto (RÓNAI, 1981). Tolkien

elaborou listas de equivalências de nomes próprios em vários idiomas, o que libera seu tradutor de correr alguns riscos.

Considerando, também, que os nomes próprios são usados em toda a obra tanto em sua língua de origem (no contexto)

quanto em inglês (Língua Comum, no contexto)- veja Everwhite, por Oiolossë ou Light-Cleft, por Calacirya -, traduzi-los, no

poema, torna-se muito pouco polêmico e perfeitamente aceitável e coerente.

O par de versos que abre essa estrofe, 12 e 13, repete a confusão pela ordem dos termos vista anteriormente.

Além de enumerar três nomes ou formas de tratamento, Tolkien insere um advérbio de lugar entre eles:

An sí Tintallë Varda Oiolossëo

Ve fanyar máryat Elentári ortanë

O que ele traduz por “For now, the Kindler, Varda the Queen of the Stars,/from Mount Everwhite has uplifted

her hands like clouds” seria, em tradução literal, “For now, the Kindler, Varda from Mount Everwhite as clouds her hands the

Queen of the Stars uplifted”. É uma estrutura possível, mas pouco comum e de difícil entendimento. Assim, em sua

tradução, “the Queen of the Stars” é colocada entre os nomes de Varda, quando, no poema élfico, aparece distante dos

outros dois e no fim do verso seguinte ao deles. O mesmo se dá com “Mount Everwhite”, cuja colocação nos versos élficos

sugere ser Varda “from Mount Everwhite”, e obscurecendo a intenção do autor de que “the hands” esteja ligado a este lugar.

Não fosse a existência de uma tradução do próprio Tolkien, dificilmente poderíamos apontar um sentido com certeza.

Há uma grande quebra de expectativa na comparação da tradução oficial com a tradução palavra-por-palavra

do verso 16. O sufixo para “deep”, büle, está em união com “dusk”, löme, mas não diz respeito a este vocábulo (como

adjetivo), como se espera dessa união. Pelo contrário, age como advérbio de “drown”, undulávë. Esse é um caso diferente

daquele que vimos no verso 9, pois “in” funcionará sempre como preposição, enquanto “deep” não tem uma função única.

Além disso, no verso 9, “in” referia-se a “song”, termo ao qual estava unido, o que não ocorre em “undulávë lumbüle” e faz

desse verso, possivelmente, um grande alvo de equívocos de tradução, como foi o caso.

O último ponto de discussão a ser considerado aqui está nos dois últimos versos, em que proponho “Shall you

be the one to find Valimar! Shall even you be the one to find it” ao que o original diz “Maybe thou shalt find Valimar! Maybe

even thou shalt find it.” Esse item da tradução resultou da generalização de um aspecto verbal no glossário utilizado, que

descreve –i como sufixo de subjuntivo (nai = na: ser + -i). O modal shall pode conferir sentidos diferentes à sentença, com

função de expressar possibilidades ou esperança, por exemplo. Tolkien expressou possibilidade onde a tradução aqui

proposta expressou esperança (desejo), de modo que a má delimitação de possibilidades levou a um erro que conclui o

poema com uma mensagem muito distinta da originalmente esperada pelo autor.

CONCLUSÃO

A tradução interlingual não se resume à mera correspondência de palavras entre dois ou mais idiomas, e é

possível afirma-lo mesmo quando em se lidando com línguas planejadas. A primeira etapa da tradução apresentada foi uma

versão palavra-por-palavra, de modo que começamos reconhecendo a força do que afirma Paulo Rónai quando escreve

que nenhuma palavra tem sentido em isolamento. O primeiro resultado nos mostra que a manutenção de aspectos formais

como a ordem dos elementos pode fazer de um texto ininteligível. No entanto, apenas o conhecimento do léxico não faz um

tradutor.

As traduções são ainda mais difíceis quando percebemos que os idiomas não se sobrepõem, ou seja, não

basta encontrar um correspondente entre aqueles com que se trabalha, muitas vezes é necessário cria-lo, pois muitos

sentidos se aproximam sem nunca se equivalerem. É quando ecos da mensagem de Rónai voltam a nos rondar: a tradução

é uma atividade de seleção e de reflexão, e não puramente lógica. Novamente, não basta criar correspondências, a

criatividade é crucial na busca por elementos que, não sendo correspondentes perfeitos, sejam capazes de resgatar os

sentidos e as sensações que o tradutor perceber no texto. Por esse motivo, ele também argumenta que “há certos trechos

que precisam de tradução mais livre que outros”, pois que obedecer à literalidade não é garantia de qualidade e clareza,

afinal, são línguas, mas também são cenários e modos de pensar diferentes.

Sobre os contextos, experimentamos aqui que nem sempre considerar o contexto da obra trará respostas

exatas, como no caso das “folhas douradas” do primeiro verso. Nesse caso, a multiplicidade de interpretações nasce do

conhecimento da obra, e não da ignorância a seu respeito, de modo que o conteúdo ou os aspectos externos à obra podem

orientar sua produção, mas deve-se ter em mente que jamais serão determinantes.

Há que se ter consciência, também, da presença do subjetivo do tradutor, além da do autor. Vimos, no poema

Namárië, que a ordenação distinta da frase em relação ao inglês levou a mim, como tradutora, ao encontro de

“recombinações” variadas daquela que o próprio autor escolheu. Com isso se pode entender que não há onisciência para o

tradutor, como não há para o leitor, que é o que é, antes de tudo, o tradutor. Nesse papel, ele aprende a sentir e perceber

uma obra literária de modos particulares que envolvem a sua própria relação com a leitura. Não é coerente, e tampouco

justo, esperar que se traduzam “as intenções do autor” a partir de textos escritos, porque somente o autor as conhece.

Por outro lado, pode-se apreender, a partir desse desafio de lidar com uma língua planejada, que esses

idiomas apresentam a grande vantagem de poucas ou nenhumas expressões idiomáticas ou termos que atuem polissêmica

ou figuradamente, afinal, sendo planejadas, acredito poder dizer serem também, até certo ponto, precisas. Nesse caso,

mostrou-se importante a familiaridade com o inglês, antes de com o próprio Quenya, e não por ser essa a língua de

chegada, mas como língua de saída. Sendo o inglês o idioma natural de Tolkien, e aquele no qual escreveu, por muitas

vezes, mesmo nas tentativas de tradução para o português, o conhecimento do inglês funcionou como orientação, tornando

mais fácil apreender o que seria a ordem “natural” dos termos nas frases e como estas se poderiam reorganizar de modo a

abranger um sentido coerente quando pensadas em comparação com sua forma no inglês.

Como rapidamente se aprende no meio da Tradução, haverá sempre perdas e ganhos. O trabalho de tradução

é minuncioso, exige atenção aos detalhes e criatividade. É muito importante o domínio dos temas e contextos, mesmo além

do da língua. Em se tratando de línguas não naturais, com as quais o contato diário é muitas vezes menor do que com

outros idiomas, este processo será em boa parte mecânico, pois é difícil apreender a “mentalidade” de uma língua criada, no

caso, de uma única “mente”, e acaba-se partindo do literal - por segurança. Há a dificuldade dupla de compreender até que

ponto aquela estrutura inventada se identifica com a natural de seu autor, e jamais perder atenção a isso. Por outro lado há

vantagens, como o fato de, muitas vezes, a literalidade bastar na construção da equivalência dos termos isolados, e a

segurança “contra” as armadilhas das metáforas, figuras de linguagem ou polissemias. No fim das contas, uma tradução é,

antes de tudo, uma aventura e um desafio.

APÊNDICES

1. GlossárioQuenya-English-Português

A coluna correspondente ao Inglês traz o significado dos radicais que formam cada vocábulo élfico. Apenas

nos casos em que o sentido do mesmo extrapolar a mera união dos radicais é que coloquei, no início, entre parênteses, a

tradução correspondente à palavra inteira. Na coluna do Português estão apenas as correspondências, pois considero que

as explicações morfológicas já estão dadas na coluna anterior.Ao final do glossário, há um pequeno bloco isolado. Este

bloco diz respeito aos nomes próprios e traz, além do significado do nome e de seu correspondente em Português (2), um

pequeno apontamento do contexto em que se inserem na obra.

Os radicais componentes são apresentados na ordem em que aparecem. Os sufixos e prefixos aparecem

como X- ou X-, respectivamente, com a ideia por eles introduzida (tempo verbal, número ou pessoa, por exemplo) em

seguida.

Quadro4. Glossário

QUENYA ENGLISH PORTUGUÊS

Ai Alas Ai de mim!

Airetárii aire: holy; tari:queen Rainha divina

Aldaron alda: tree; -r: plural; -on: possessive Das árvores

Altariello (Galadriel) alata: radiance; rig: twine, wreath; -el: maiden Galadriel, Dama-coroada

Andúnë West Oeste

Ar and; E

Avánië avan: to pass (away); -n: plural; -e:past Passaram

Caita to lay Deitar, estender

Eleni elen:star; -i: plural Estrelas

Elentári elen: star; tári: queen Rainha das Estrelas

Elyë Eventhou (mesmo) tu

Enquantuva enquant: to refil; -uva: future Encherá

Falmalinnar falma: crested wave; linnar: “waves-many-upon” Sobre as ondasespumantes

Fanyar cloud; -ar: plural Nuvens

Hiruva, Hiruvalië hir: to find; -uva: future; -yë: you (thou) Tuencontrarás

Hísië Mist Névoa

I The O,a, os, as

Ilye All Todos

Imbë Between Entre

Lantar lant: to fall Cair

Lassi las: leaf; -i: plural Folhas

Laurië laurë: gold; laurië: golden Douradas (como ouro)

Lintë Swift Veloz

Lírinen lin: to sing; -en: in Cantar (em)

Luini Blue Azul

Lumbulë (heavy shadow) löme: dusk; büle: deep Sombrasprofundas

Man Who Quem

Máryat ma: hand; -r: plural; t: dual (duas) mãos

Met us (two) Nós (dois)

Mi in the Em

Míri mir: jewel; -i: plural Jóias

Miruvóreva mire: jewel; miruvor: néctar; -eva: of Nectar, licor

Mornië mor: dark; mornië: darkness Escuridão

Na na: to be; -a: 3 singular É

Nai na: to be; -i: subjunctive Seja

Nainië Lament Lamento

Namárië Farewell Adeus

Nin for me Para mim

Nu Under Sob

Oialë (everlasting) oio: ever Duradouro, parasempre

Omaryo oma: voice; -ry: her; -o:possessive (da) vozdela

Oromardi oro: high; mar: home, dwell; -i:plural Nobres casas

Ortanë lifted up Elevados

Pella (beyond the borders) pel: encircle (além) bordas

Rámar rama: wing; -r: plural Asas

Rómello rómen: east; ello: from, of Do Leste

Si Now Agora

Sindanóriello sinda: gray; nor: land; -i: plural; -ello: from, of Das terrascinzentas

Súrinen sûl: Wind; -en: in No vento

Tellumar telluma: dome, -r: plural Domos, abóbadas

Tiër Roads Estradas

Tintallë (cause to sparkle) tin: spark; tintil: twinkle (fazer) cintilar

Tintilar tin: spark; tintil: twinkle; -r: plural Cintilar

Undulávë undu: down; lave: licked Mergulhado

Unótime u: not; not: count; -imë: -able Incontável

Untúpa nu (ndu): do; thond: roof Cobrir

Vanwa Lost Perdido

Ve As (assim) como

Yassen wich-in Emque

Yéni yén: Elven year (144 mortal years); -i: plural Eras (3)

Yuldar yulda: draught; -r: plural Goles, sorvos

Yulma Cup Taça

Calaciryo (Light-Cleft) cal: light; cir: cleft; -o: possessive Fenda da Luz

Lóriën Lor: golden (Sindarin); in: of the Lórien

Lóri(e)ndessë (in Lórien) Lórien: Lórien; -esse: in (locative) (em) Lórien

Oiolossëo (Everwhite) oio: ever; losse: snow-white; -o: possessive Semprebranco

Valimar (The Dwelling of Valar) val: vala; -i: plural; mar: home, dwell Valimar

Varda, Vardo Varda, -o: possessive Varda, (de) Varda

2. Home is Past: Uma Ideia Quanto ao Título

Apesar de ser reconhecido como Farewell, o título do poema de Galadriel é mencionado sem tradução entre os

leitores, como, apenas, Namárië.

Como percebemos ao longo do processo tradutório do Quenya para o inglês, a maioria dos vocábulos desse

idioma é composta por aglutinação, ou seja, pela união de raízes que contemplem seu significado. A partir disso, essa

seção do apêndice traz apenas uma possível explicação para o termo Namárië. Não é confirmada em obras do próprio

Tolkien e nem nos sites e livros consultados sobre o tema, cabendo, portanto, como mera hipótese e curiosidade.

Segundo minha sugestão, assim como Farewell origina-se possivelmente de “fare well”, Namárië deve consistir

em uma união de elementos que transmitam um ideário de despedida. Assim, fragmentando a palavra, isolei Na + Mar + -ië.

Sabemos ser n(a)iii o infinitivo do verbo Ser quenya, e ser (i)ë um sufixo temporal, indicando o tempo passado nos verbos.

Resta-nos apenas a partícula mar, e, como encontrado no glossário aqui fornecido, significa casa, ou mais

precisamente lar. Entendemos, então, o “adeus” em Quenya como “o lar é passado”, com a possível ideia de algo que se

perde.

É interessante notar que essa interpretação seria perfeitamente compatível com a visão que os elfos têm a

respeito do tempo. Como descrito em O Silmarillion, os elfos, sendo imortais, se cansam da vida em terras mortais, e

lamentam por tudo aquilo que veem se perder, porque sua vida imortal abrange muitas vidas – e mortes – dos seres e

coisas que os rodeiam. Assim, é interessante traçar um paralelo entre “o lar é passado” e o mundo, a que esse povo assiste

constantemente se distanciar do que foi, um dia, seu “lar” (TOLKIEN, CARPENTER, 2006; TOLKIEN,.)

3. Namárië, o Lamento de Galadriel em Lórieniv

Quadro 5. Proposta de Tradução

1. Adeus, o Lamento de Galadriel em Lórien

2.

3. Ai! Que as folhas douradas caem ao vento,

4. Longos anos, incontáveis como as asas das árvores!

5. Longos anos, passados como breves goles

6. Do doce licor dos Altos Salões

7. Além do Oeste, sob as abóbadas azuis de Varda

8. Onde cintilam estrelas

9. Na canção divina e majestosa de sua voz.

10.

11. Quem, agora, me encherá a taça?

12.

13. Pois agora, a Acendedora, Varda do Sempre Branco,

14. A Rainha das Estrelas, ergueu como nuvens as suas mãos

15. E os caminhos todos jazem sob pesadas sombras

16. E das terras cinzentas as trevas se espalham

17. Por sobre a espuma das ondas entre nós, e a névoa

18. Cobre as jóias em Calacirya eternamente.

19. Perdida, agora, perdida para o Leste está Valimar!

20.

21. Adeus! Que seja tu a encontrar Valimar!

22. Seja mesmo tu quem a encontre. Adeus!

Quadro6. TraduçãoOficial

1. ---

2.

3. Ai, como ouro caem as folhas ao vento,

4. Longos anos inumeráveis como as asas das árvores!

5. Os longos anos se passaram como goles rápidos

6. Do doce hidromel em salões altos

7. Além do Oeste, sob as abóbadas azuis de Varda

8. Onde as estrelas tremem

9. Na canção de sua voz, de santa e rainha.

10.

11. Quem agora há de encher-me a taça outra vez?

12.

13. Pois agora a Inflamadora, Varda, a Rainha das Estrelas

14. Do Monte Semprebranco ergueu suas mãos como

nuvens, 15. E todos os caminhos mergulharam fundo nas trevas

16. E de uma terra cinzenta a escuridão se deita

17. Sobre as ondas espumantes entre nós, e a névoa

18. Cobre as jóias de Calacirya para sempre.

19. Agora perdida, perdida para aqueles do Leste, está

Valimar! 20.

21. Adeus! Talvez hajas de encontrar Valimar!

22. Talvez tu mesmo hajas de encontra-la. Adeus!

REFERÊNCIAS

Ardalambion, of the Tongues of Arda, the Invented World of J.R.R.Tolkien:Namárië<http://folk.uib.no/hnohf/namarie.htm>

BARBOSA, Heloísa Gonçalves. Procedimentos Técnicos de Tradução. Pontes Editores, 1990.

Language Creation Society <http://conlang.org/>

NOEL, Ruth S. The Languages of Tolkiens Middle-Earth.Boston: HoughtonMifflin, 1980

RÓNAI, Paulo. A Tradução Vivida. Editora Nova Fronteira, 1981.

TOLKIEN, J.R.R., CARPENTER, Humprey. As Cartas de J.R.R.Tolkien. Arte e Letra, 2006.

TOLKIEN, J.R.R. [tradução Lenita Maria Rímoli Esteves, Almiro Pisetta]. O Senhor dos Anéis, primeira parte: A Sociedade do Anel.

São Paulo: Martins Fontes, 1994

TOLKIEN, J.R.R. O Silmarillion, 5ª edição. Martins Fontes, 2011.

TOLKIEN, J.R.R. The Lord of The Rings. New York, NY: Ballantine, 1965.

Tolkien Gateway: <http://www.tolkiengateway.net/wiki/Nam%C3%A1ri%C3%AB>

NOTAS i BARBOSA, Heloísa Gonçalves. Procedimentos Técnicos de Tradução. Pontes Editores, 1990.

ii A floresta de Lórien, ou Lothlórien, é tratada por diferentes nomes por Tolkien, e quase todos fazem referência a termos como

“ouro” ou“dourado”, como Lórinand, Vale do Ouro, ou Laurelindórenan, Vale do Ouro Cantante. Em idioma ent, por exemplo, o

nome da floresta corresponderia a Laurelindórenanlindelorendormalinornélionornemalin, que quer dizer “o vale onde as árvores em

luzes douradas cantam, uma terra de música e sonhos, há árvores douradas ali, é uma terra de árvores douradas”.

iii O radical do verbo é somente n, mas diz-se na quando mencionado sob a forma do infinitivo.

iv Adotei o título já popularizado para a tradução, mantendo, também, o termo Namárië não traduzido.