Processamento auditivo em crianças com e sem distúrbio de aprendizagem

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VERA LÚCIA GARCIA PROCESSAMENTO AUDITIVO EM CRIANÇAS COM E SEM DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Doutor em Ciências dos Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico. São Paulo 2001

Transcript of Processamento auditivo em crianças com e sem distúrbio de aprendizagem

VERA LÚCIA GARCIA

PROCESSAMENTO AUDITIVO EM CRIANÇAS COM E

SEM DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Doutor em Ciências dos Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico.

São Paulo

2001

VERA LÚCIA GARCIA

PROCESSAMENTO AUDITIVO EM CRIANÇAS COM E

SEM DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Doutor em Ciências dos Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico.

São Paulo

2001

Garcia, Vera Lúcia Processamento auditivo em crianças com e sem distúrbio de aprendizagem. / Vera Lúcia Garcia. - - São Paulo, 2001. xxii, 298p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico. Título em inglês: Auditory processing in children with and without learning disabilities. 1. Aprendizagem. 2. Percepção auditiva.

COORDENADOR:

Prof.a Dr.a ALDA CHRISTINA L. DE CARVALHO BORGES

Professor Adjunto da Disciplina de Distúrbios da Audição do

Departamento de Otorrinolaringologia - Distúrbios da

Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo -

Escola Paulista de Medicina.

ORIENTADOR:

Prof. Dr. YOTAKA FUKUDA

Professor Associado, Livre-Docente da Disciplina de

Otorrinolaringologia do Departamento de Otorrinolaringologia -

Distúrbios da Comunicação Humana da Universidade Federal de

São Paulo - Escola Paulista de Medicina.

CO-ORIENTADOR:

Prof.a Dr.a LILIANE DESGUALDO PEREIRA

Professor Adjunto da Disciplina de Distúrbios da Audição do

Departamento de Otorrinolaringologia - Distúrbios da

Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo -

Escola Paulista de Medicina.

Pode-se viver no mundo uma vida magnífica,

quando se sabe trabalhar e amar;

trabalhar pelo que se ama

e amar aquilo em que se trabalha.

(Tolstói)

DEDICATÓRIA

À DEUS,

Que me guiou rumo ao crescimento pessoal e

profissional.

Aos meus pais, JAMIL e IRENE,

Por todo amor e dedicação, hoje e sempre.

Por me incentivarem e apoiarem em todos os

meus pequenos e grandes sonhos.

Ao FELIPE, meu filho,

Por seu amor mais puro, sua alegria contagiante e

sua espontaneidade desconcertante.

Por toda a sua sensibilidade e apoio, expressos em

palavras e ações de encorajamento, durante a

execução deste trabalho.

Ao CLAUDIO, meu marido,

Por seu amor, apoio, paciência e colaboração.

Por suas preciosas sugestões.

Por compartilhar todos os momentos da minha

vida.

Ao Prof. Dr. Yotaka Fukuda e Prof.a Dr.a Liliane

Desgualdo Pereira por terem partilhado de toda

esta jornada e pelo muito que contribuíram à

minha formação profissional.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Yotaka Fukuda, pela dedicação na orientação

deste trabalho, pela sua amizade, pelo seu apoio na realização dos meus

objetivos e incentivo durante toda a minha formação profissional.

À Prof.a Dr.a Liliane Desgualdo Pereira, por sua dedicação na

co-orientação deste trabalho, por seu exemplo profissional, por sua

amizade, sua disponibilidade e generosidade em dividir toda sua

experiência na área do processamento auditivo.

À Prof.a Dr.a Alda Cristina Lopes de Carvalho Borges por seu

incentivo, disponibilidade e amizade sempre presentes.

Aos professores do curso de Pós-Graduação em Distúrbios da

Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo - Escola

Paulista de Medicina, pelo exemplo profissional, por sua amizade, e

incentivo à minha formação profissional.

Às Sra. Roseli e Sra. Célia Pellegrini Tonin, funcionárias da

Disciplina de Distúrbios da Comunicação Humana, por toda colaboração e

disponibilidade.

Ao Dr. Herculano Dias Bastos, Secretário da Saúde da

Prefeitura Municipal de Botucatu, pela autorização e suporte técnico para

realização deste trabalho.

Aos membros do Programa de Saúde Escolar de Botucatu,

particularmente à coordenadora do programa Dr.a Eliana Goldfarb Cyrino,

do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UNESP -

câmpus de Botucatu, às fonoaudiólogas Maria Edite Cassetari

Monteferrante e Sandra Maria Elias Megid e à médica Dr.a Telma Lemos

por todo apoio e amizade na realização deste trabalho.

Aos amigos da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de

Botucatu, em especial ao Dr. Jaime Olbriel Neto, assessor da Secretaria da

Saúde, Sra. Cleusa Maria Tavares Barriquelo, Sra. Vilma Bressan Frieza

de Andrade, Iara Cristina der Souza Albano Cavalari e Ioni Fátima

Mathias, funcionárias da Secretaria de Saúde, pelo carinho e atenção com

que me receberam.

À Sra. Beatriz de Oliveira Souza, diretora da Escola Estadual

Prof. Martinho Nogueira, Sra. Ana Rosa Fernandes Soares, vice-diretora da

Escola Estadual Prof. Martinho Nogueira, Mirna Magnuson e Ester Porto

Pereira, coordenadoras pedagógicas da Escola Estadual Prof. Martinho

Nogueira, pela autorização para a realização deste trabalho, por toda ajuda

e dedicação para com os alunos.

Às professoras da Escola Estadual Prof. Martinho Nogueira

por toda ajuda na realização deste trabalho e disponibilidade.

Ao Sr. Edson Aparecido Martins, coordenador pedagógico da

Escola Estadual Prof. José Pedretti Neto, pela autorização e ajuda na

testagem dos indivíduos na fase final deste trabalho.

À Prof.a Creuza Vitalino, Andréa Bueno Benito e Regina B.

Mondelli pela realização das avaliações psicológicas deste estudo.

À Universidade do Sagrado Coração pelo afastamento

concedido.

Aos professores da Dalhousie University, particularmente à

coordenadora do curso Dr.a Joy Armson e aos professores Dr.a Elizabeth

Kay-Raining Bird, Dr.a Christine Santilli, Dr. George T. Mencher e Dr.

Dennis P. Phillips, pelo carinho com que me receberam, pela atenção

dispensada e pelo muito que puderam contribuir para minha formação

profissional.

Ao Prof. Marcos T. Maeda pelo cuidadoso tratamento

estatístico dos dados.

À Prof.a Ms. Léa Sílvia Braga de Castro Sá pela criteriosa

revisão sintática e ortográfica.

À Sra. Meire, bibliotecária da Universidade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho” - UNESP – câmpus de Botucatu, pela cuidadosa

revisão das referências bibliográficas.

À Prof.a Ms. Valéria Biondo pela versão do resumo para o

inglês.

À Prof.a Dr.a Maria Francisca Colella dos Santos, Prof.a Dr.a

Dione Cusin Lamônica e Adriana Rosa Lima Mancuso pelo material

cedido.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico - CNPq pela bolsa de estudos concedida.

Aos amigos do curso de pós-graduação por partilharmos o

mesmo caminho científico.

Aos amigos da Universidade do Sagrado Coração por todo

apoio e incentivo.

Aos meus alunos da Universidade do Sagrado Coração por

entenderem que o aprendizado é uma troca onde todos crescem.

Aos meus familiares e amigos por todo amor, incentivo e

apoio mesmo a distância, indispensável à execução deste trabalho.

À amiga Maria Edite Cassetari Monteferrante por sua amizade

sincera, sua meiguice e seu jeito especial de transformar as coisas difíceis

em simples.

À Eliana Goldfarb Cyrino e Antônio P. Cyrino por sua

amizade e incentivo à minha carreira profissional.

Às fonoaudiólogas Karin Zazo Ortiz, Marisa Sacaloski, e à

psicóloga Ana Lúcia Teixeira de Souza pelo carinho e amizade.

À indispensável colaboração e carinho de todas as crianças e

suas famílias que participaram desta pesquisa.

O MEU MUITO OBRIGADA.

LISTA DAS PRINCIPAIS ABREVIATURAS

cm - centímetros

dB - decibel

Hz - Hertz

ms - milissegundos

NA - nível de audição

NS - nível de sensação

NPS - nível de pressão sonora

SRT – limiar de recepção da fala

ÍNDICE

Pág.

1. INTRODUÇÃO......................................................................

1

2. LITERATURA........................................................................

8

3. MATERIAL E MÉTODO..................................................

62

4. RESULTADOS.......................................................................

.

82

5. DISCUSSÃO ......................................................................

163

6. CONCLUSÕES.......................................................................

261

7. RESUMO.................................................................................

265

8. SUMMARY.............................................................................

268

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................

271

10. FONTES CONSULTADAS..................................................

297

ANEXOS

INTRODUÇÃO

Introdução

2

A avaliação audiológica do sistema auditivo central é

relativamente recente, e data de meados da década de cinqüenta, com a

publicação do trabalho de BOCCA, CALEARO & CASSINARI (1954). Os

primeiros trabalhos relacionados com processamento auditivo central

enfocaram principalmente o topodiagnóstico de lesões em adultos e foram

classicamente denominados como pertencentes a uma abordagem médica,

que tinha como objetivo realizar o diagnóstico diferencial de patologias do

sistema auditivo central. O aumento da sofisticação radiológica e de

procedimentos de obtenção e análise de imagem, resultaram em uma

mudança no foco da pesquisa nessa área que, atualmente, procura

estabelecer correlações entre o processamento auditivo central e os

distúrbios de linguagem e aprendizagem (KEITH, 1996). No Brasil, os

estudos se iniciaram em meados da década de 80 com a tradução e proposta

do teste de Escuta Dicótica de Dissílabos Alternados - SSW - para o

português por BORGES (1986).

Nos Estados Unidos, uma falta de consenso sobre como definir

o processamento auditivo central levou a American Speech-Language-

Hearing Association (ASHA) a convidar pesquisadores da área, a

estabelecer diretrizes sobre o assunto em março de 1995. Através desse

estudo, concluiu-se que o processamento auditivo central consiste de

mecanismos e processos responsáveis pelos seguintes fenômenos

Introdução

3

comportamentais: localização e lateralização sonora; discriminação

auditiva; reconhecimento de padrões auditivos; aspectos temporais da

audição, que incluem resolução temporal, mascaramento temporal,

integração temporal e ordenação temporal; performance auditiva na

presença de sinais acústicos competitivos; e performance auditiva na

presença de sinais acústicos degradados (ASHA, 1995, 1996). Esses

mecanismos e processos podem ser avaliados utilizando-se estímulos

verbais e não-verbais. Em consonância com essa recomendação, considera-

se uma alteração do processamento auditivo central, qualquer deficiência

em um ou mais dos comportamentos elencados.

No Brasil, PEREIRA (1997b) destacou que o termo

processamento auditivo central deve ser utilizado para referir-se à serie de

processos que envolvem predominantemente as estruturas do sistema

nervoso central: vias auditivas e córtex. A autora considerou a desordem do

processamento auditivo central como sendo um distúrbio da audição no

qual há um impedimento da habilidade de analisar e/ou interpretar padrões

sonoros (PEREIRA, 1993a, 1997a, 1997b).

Muitos mecanismos e processos neuro-cognitivos estão

envolvidos em tarefas de reconhecimento e discriminação auditiva. Alguns

estão especificamente relacionados aos estímulos acústicos, enquanto

outros, não estão, como, por exemplo, o processo de atenção e de

Introdução

4

representação da linguagem a longo prazo. Estes processos e mecanismos

são próprios do indivíduo que os ativa ao receber estímulos externos por

diferentes vias sensoriais. O termo processamento auditivo central refere-se

particularmente à ativação destes processos e mecanismos que estão

envolvidos apenas no processamento de informações auditivas, recebidas

via sentido da audição.

Em uma conferência sobre diagnóstico do processamento

auditivo em crianças em idade escolar (JERGER & MUSIEK, 2000),

propôs-se a substituição do termo desordem do processamento auditivo

central, para desordem do processamento auditivo, uma vez que evitaria a

denominação anatômica, e enfatizaria a interação de distúrbios nos níveis

periférico e central. Segundo o relato dessa conferência, o termo desordem

do processamento auditivo pode ser amplamente definido como um déficit

no processamento da informação, que é específica da modalidade auditiva.

Neste trabalho, a alteração dos processos e mecanismos envolvendo o

processamento da informação auditiva, foram denominados de desordem

do processamento auditivo, acatando a recomendação proposta.

É de consenso que a desordem do processamento auditivo

pode estar associada a dificuldades de recepção auditiva; compreensão da

fala; desenvolvimento da linguagem e aprendizagem (JERGER &

MUSIEK, 2000). A aquisição da linguagem oral depende do

Introdução

5

processamento da informação acústica e, qualquer que seja o mecanismo

central envolvido, ele deve permitir à criança aprender a linguagem oral.

Isto requer o processamento auditivo da linguagem oral recebida.

Evidências de tal correlação puderam ser estabelecidas com os estudos

realizados por Paula Tallal, desde a década de 70, em crianças com

distúrbio linguagem que apresentaram dificuldade em processamento

temporal de estímulos auditivos (TALLAL & PIERCY, 1973).

A associação entre processamento da informação auditiva e

aprendizagem já foi levantada por alguns autores, que utilizaram diferentes

provas para avaliação do processamento auditivo (STUBBLEFIELD &

YOUNG, 1975; WILLEFORD, 1976, 1980; McCROSKEY & KIDDER,

1980; WELSH, WELSH & HEALY, 1980, 1996; JERGER, MARTIN &

JERGER, 1987; BREEDIN, MARTIN & JERGER, 1989; ALMEIDA,

LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT, 1990). Entretanto, há necessidade

de outros estudos, a partir desta abordagem de medidas específicas do

processamento auditivo, uma vez que permanecem perguntas não

respondidas. Uma delas diz respeito a se a desordem do processamento

auditivo é suficiente para causar um distúrbio de aprendizagem, ou se pode

existir o distúrbio de aprendizagem sem envolvimento do processamento

auditivo.

Introdução

6

Com base no exposto acima, há necessidade de se estudar a

performance em testes do processamento auditivo, de diferentes grupos

clínicos. Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo estudar, a partir

de medidas comportamentais, os mecanismos e processos envolvidos no

processamento auditivo de crianças com e sem distúrbio de aprendizagem.

Para atingir este objetivo, foram avaliados 60 indivíduos, 36 do sexo

masculino e 24 do sexo feminino, com faixa etária variando entre nove

anos e cinco meses a 11 anos e 10 meses, a partir das provas de localização

sonora, memória seqüencial para sons não-verbais, memória seqüencial

para sons verbais, Teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala, Teste

Dicótico de Dígitos e Teste de Fusão Auditiva. Foram, então, constituídos

dois grupos. O Grupo-Controle, ou também denominado Grupo I, foi

constituído por 40 indivíduos, 20 do sexo masculino e 20 do sexo feminino,

com idade entre nove anos e seis meses e 10 anos e 11 meses. Com o

estudo do Grupo I, objetivou-se descrever e analisar as respostas obtidas

em termos de número/porcentagem de acertos, assim como, realizar o

estudo das variáveis sexo, orelha testada e freqüência testada. O Grupo com

queixa de alteração de aprendizagem, ou também denominado de Grupo II,

foi constituído por 20 indivíduos, 16 do sexo masculino e quatro do sexo

feminino, com idades variando entre nove anos e cinco meses e 11 anos e

10 meses. Com o estudo do Grupo II, objetivou-se descrever e analisar as

Introdução

7

respostas obtidas em termos de número/porcentagem de acertos, assim

como realizar o estudo das variáveis sexo, orelha testada e freqüência

testada. Finalmente, objetivou-se analisar, de forma comparativa, os

Grupos I e II, buscando avaliar a aplicabilidade e a qualidade das respostas

em cada teste empregado.

LITERATURA

Literatura

9

Neste capítulo, optou-se por incluir os trabalhos relacionados

aos assuntos considerados neste estudo, seguindo-se uma ordem

cronológica de apresentação.

BROADBENT (1954) foi o primeiro pesquisador a propor a

utilização de estímulos dicóticos, ou seja, a apresentação simultânea de

estímulos diferentes um em cada orelha. O autor realizou dois

experimentos: um com sentenças e outro com dígitos. No experimento com

dígitos, ele avaliou 24 indivíduos, com idade de no máximo 31 anos e

ressaltou que o intervalo de apresentação dos estímulos pode ser um fator

importante na identificação dos mesmos.

HIRSH (1959) comparou a percepção da seqüência temporal

de vários tipos de sons entre si: tons, clicks e ruídos de acordo com

algumas variáveis, como duração, freqüência e o próprio tipo de som. Em

um experimento o autor apresentou os estímulos dioticamente, com

intervalos variados entre os sons e expressos em milissegundos. O autor

concluiu que o ouvinte podia perceber a presença de dois sons ao invés de

um, quando existia um pequeno intervalo de tempo entre eles, de cerca de

dois milissegundos. Observou, também, que havia necessidade de um

Literatura

10

intervalo de cerca de 17 milissegundos ou mais para que fosse possível a

percepção da ordem em que os estímulos se apresentavam.

KIMURA (1961a) adaptou a proposta de BROADBENT

(1954) e avaliou 71 pacientes adultos com foco epilético em várias áreas do

cérebro: temporal direito, temporal esquerdo, frontal e subcortical. Em 51

casos foi realizada uma cirurgia unilateral para retirada de tecido cerebral

lesado. A autora utilizou 32 itens de seis dígitos cada, sendo que, para cada

par de dígitos, foi apresentado um dígito à orelha direita e um dígito à

orelha esquerda simultaneamente. O indivíduo testado deveria repetir os

três pares de dígitos ouvidos. Nos casos de lesão do lobo temporal

observou prejuízo em ambas as orelhas. Nos casos de cirurgia temporal

unilateral observou prejuízo na orelha contralateral à lesão. A autora

discutiu que esses resultados sugerem que a via contralateral é mais

numerosa que a via ipsilateral e que os lobos temporais direito e esquerdo

participam na recepção dos estímulos auditivos, mas o lobo temporal

esquerdo é particularmente mais importante na percepção de estímulos

verbais, principalmente na modalidade auditiva.

KIMURA (1961b) testou 120 indivíduos com epilepsia,

apresentando alteração em várias áreas do cérebro: lobo temporal esquerdo,

Literatura

11

lobo temporal direito, lobo temporal direito e esquerdo, frontal e

subcortical; sendo 107 indivíduos com dominância hemisférica direita e 13

indivíduos com dominância hemisférica esquerda. Testou também 13

indivíduos normais destros. O procedimento utilizado consistiu de 32 pares

de dígitos com três pares de dígitos apresentados simultaneamente. Os

resultados demonstraram que os estímulos que chegam à orelha

contralateral ao hemisfério dominante são mais facilmente reconhecidos do

que os estímulos que chegam à orelha ipsilateral, confirmando que as vias

contralaterais são mais numerosas do que as vias ipsilaterais, e que o lobo

temporal dominante é mais importante do que o não-dominante na

percepção da fala.

KIMURA (1963) avaliou 120 crianças destras, 56 do sexo

masculino e 64 do sexo feminino, com idades entre quatro e nove anos, a

partir de uma tarefa dicótica com dígitos. A autora encontrou uma

vantagem da orelha direita na tarefa proposta, sendo essa assimetria

perceptual maior em idades mais precoces. Os indivíduos do sexo

masculino, aos quatro anos, apresentaram uma vantagem maior na orelha

direita do que os indivíduos do sexo feminino, embora não estatisticamente

significante. Na população total, a autora encontrou um desempenho

inferior nos indivíduos do sexo masculino na idade de cinco e seis anos,

Literatura

12

estatisticamente significante, não encontrado acima dessa idade. A autora

sugeriu que a dominância cerebral para a fala seja estabelecida aos quatro

anos, ou mais cedo.

DIRKS (1964) avaliou 24 indivíduos com audição normal, seis

homens e dezoito mulheres com idades entre 15 e 19 anos, todos destros, a

partir das tarefas como: responder para palavras filtradas (“PB words”)

apresentadas simultaneamente em ambas as orelhas; repetir apenas as

palavras filtradas apresentadas à orelha direita ou à orelha esquerda e

ignorar a palavra competitiva; repetir as palavras filtradas que apareciam de

forma monoaural na orelha direita ou orelha esquerda e repetir todos os

dígitos apresentados simultaneamente nas orelhas, tal qual o proposto por

KIMURA (1963). Os resultados, para a apresentação simultânea de dígitos

e palavras, demonstraram uma diferença estatisticamente significante entre

o desempenho obtido à orelha direita e esquerda, sendo que à orelha direita,

orelha contralateral ao hemisfério cerebral dominante para a fala,

identificou-se mais palavras do que à orelha esquerda.

KIMURA (1967) discutiu vários aspectos relacionados à

diferença funcional observada entre os lobos temporais direito e esquerdo,

baseados nos achados encontrados em pesquisas prévias utilizando o teste

Literatura

13

Dicótico de Dígitos. Descreveu que os estímulos verbais são processados

no hemisfério esquerdo, enquanto que os estímulos não-verbais são

processados primariamente no hemisfério direito. Discutiu que, porque

cada orelha tem uma maior representação neural no hemisfério

contralateral, o predomínio da hemisfério esquerdo para a fala se reflete na

maior identificação de palavras que chegam à orelha direita, enquanto que

o predomínio do hemisfério direito na percepção de padrões entonacionais

é refletida pela maior identificação de melodias, que chegam à orelha

esquerda.

MISCIK, SMITH, HAMM, DEFFENBACHER & BROWN

(1972) avaliaram, 32 indivíduos em um experimento e nove indivíduos em

outro experimento, para verificar a influência da duração do estímulo e do

intervalo entre o estímulo, a partir de tarefas de repetição de dígitos, cujas

características acústicas foram manipuladas. Os autores encontraram que

quanto maior é a duração e maior o intervalo entre os dígitos, melhor é a

retenção dos mesmos. Os autores relataram que o armazenamento de

seqüências auditivas é uma função combinada da duração dos estímulos,

intervalo entre os estímulos e técnicas de codificação do indivíduo usadas

para processar a resposta a ser dada.

Literatura

14

BEVING & EBLEN (1973) avaliaram 30 crianças de quatro a

oito anos de idade, com audição normal, sem antecedentes de alteração de

fala e linguagem e inteligência normal, a partir de pares de sílabas sem

sentido. As crianças com idade média de quatro anos e sete meses

apresentaram melhor desempenho na tarefa de repetição, enquanto que as

crianças com média de idade de seis anos e sete meses e oito anos e seis

meses apresentaram melhor desempenho na tarefa de discriminação de

pares de palavras iguais ou diferentes. Os autores concluíram, desta forma,

que as crianças mais novas são inaptas para fazerem julgamentos

cognitivos sobre “igual” e “diferente”, embora elas sejam capazes de

discriminar auditivamente tão bem quanto as crianças mais velhas,

sugerindo que, nas provas de avaliação, fossem eliminadas as interferências

cognitivas.

HECOX (1975) apud SLOAN (1991) estudou o

desenvolvimento de estruturas corticais auditivas e seus achados indicaram

que as primeiras fibras do lobo temporal a se maturarem são as fibras de

projeção primária provenientes de estruturas subcorticais. A mielinização

dessas fibras é escassa ao nascimento e é completada aos quatro anos de

idade. Já a mielinização das fibras intra-corticais continua até a

adolescência.

Literatura

15

MILLS (1975) fez uma revisão de literatura abordando o tema

a criança e o ruído. O autor enfatizou que a exposição da criança a níveis

de ruído urbano por longos períodos e/ou durante os períodos críticos de

desenvolvimento pode ter conseqüências prejudiciais à discriminação

auditiva e habilidades de leitura.

TALLAL (1976) avaliou 72 indivíduos normais, com idade de

quatro anos e seis meses até a idade adulta, divididos em seis grupos. Os

grupos foram divididos segundo a idade (quatro anos e seis meses, cinco

anos e seis meses, seis anos e seis meses, sete anos e seis meses, oito anos e

seis meses e indivíduos adultos) e foram constituídos de 12 indivíduos, seis

do sexo masculino e seis do sexo feminino. Foi empregada uma tarefa com

intervalos interpulso de 428ms para treino e séries com menores intervalo

interpulso (305, 150, 60, 30, 15 e 8ms) e maiores intervalos interpulso

(947, 1466, 3023, 3543 e 4062ms) para serem discriminados. Avaliou,

também, 12 indivíduos, nove do sexo masculino e três do sexo feminino,

com idades entre seis anos e nove meses e nove anos e três meses, com

diagnóstico de disfasia (distúrbio de linguagem). A análise dos resultados

demonstrou uma diferença estatisticamente significante entre crianças

disfásicas e crianças normais quando os intervalos interpulso foram

menores que 305ms. Seus achados também demonstraram que, para que

Literatura

16

uma tarefa de ordenação temporal pudesse ser realizada pelas crianças

disfásicas, foram necessários maiores períodos para a informação ser

processada.

PINHEIRO (1977) avaliou 14 indivíduos com distúrbio de

aprendizagem, 11 do sexo masculino e três do sexo feminino, com idades

entre seis e 16 anos, a partir dos testes de percepção de fala alternada, fusão

biaural, fala filtrada, sentenças competitivas, sentenças simultâneas, SSW e

padrão de freqüência. A autora encontrou que as respostas obtidas à orelha

esquerda, de forma geral, foram reduzidas. Os resultados demonstraram

uma diferença significante entre a orelha direita e orelha esquerda nos

testes de fusão biaural, SSW, sentenças competitivas e sentenças

simultâneas. Os achados foram discutidos a partir da disfunção inter-

hemisférica, além de enfatizado que o padrão de respostas dos indivíduos

com distúrbio de aprendizagem foi semelhante.

BAKKER, HOEFKENS & VLUGT (1979) avaliaram 65

indivíduos, 29 do sexo masculino e 26 do sexo feminino, com idade média

de seis anos na primeira testagem, sete anos na segunda testagem, oito anos

na terceira testagem e 11 anos na quarta testagem, a partir de uma tarefa

dicótica com 24 itens de quatro pares de dígitos. Os autores não

Literatura

17

encontraram diferenças de resposta significantes entre os indivíduos do

sexo masculino e sexo feminino nas diferentes testagens realizadas e

encontraram uma vantagem das respostas obtidas à orelha direita em todas

as idades.

GEFFEN & WALE (1979) avaliaram 32 crianças, com idade

entre sete e nove anos, a partir de tarefas dicóticas com dígitos (110 itens

de três pares de dígitos) de dificuldade variável. Os resultados

demonstraram um maior número de acertos na orelha direita do que na

orelha esquerda. Não houve diferença entre o desempenho dos indivíduos

do sexo masculino e sexo feminino. Os autores discutiram que, com menor

velocidade de apresentação do estímulo, a vantagem da orelha direita

permaneceu constante em função da idade e, em velocidades de

apresentação maiores, a vantagem da orelha direita diminuiu.

RAMPP (1980) descreveu as habilidades do processamento

auditivo, suas correlações com a linguagem e aprendizagem e seus

distúrbios. Relatou a alta incidência de distúrbios do processamento

auditivo em crianças, com maior ocorrência no sexo masculino do que no

sexo feminino, sendo aproximadamente de oito meninos para uma menina.

Literatura

18

TALLAL (1980a) descreveu que crianças portadoras de

distúrbios de aprendizagem apresentam alterações de natureza sintática,

semântica ou conceitual, mais fáceis de serem identificadas do que aquelas

de nível lingüístico mais superior ou falhas cognitivas.

TALLAL (1980b) avaliou 20 crianças com dificuldade de

leitura, 16 indivíduos do sexo masculino e quatro indivíduos do sexo

feminino, com idades entre oito e 12 anos e comparou os resultados obtidos

neste estudo com o resultado obtido em indivíduos normais a partir do teste

que denominou de teste de Repetição (constituído por provas de

associação, seqüência, percepção rápida de mudanças de interpulsos e

discriminação) com estímulos não-verbais e provas de leitura de palavras

sem sentido. Os indivíduos apresentaram diferenças de performance

significantes quando foram avaliados na tarefa de percepção de mudanças

rápidas de estímulo, com o grupo de crianças com dificuldade de leitura

apresentando maior número de erros. A habilidade de leitura de palavras

sem sentido apresentou uma alta correlação entre o número de erros

realizados na tarefa de percepção de mudanças rápidas no estímulo. A

autora hipotetizou que as dificuldades de leitura estariam correlacionadas à

disfunção perceptual auditiva básica e afetaria a habilidade para aprender a

usar habilidades de consciência fonológica adequadamente.

Literatura

19

DAVIS & McCROSKEY (1980) avaliaram 135 indivíduos

normais entre três e 12 anos de idade. As crianças foram divididas em nove

grupos de 12 indivíduos cada um, segundo a idade. Foi aplicada a versão

original do AFT-R (WAFT). A análise dos dados mostrou uma diferença

significante entre os grupos, indicando que houve uma progressão de

acertos à medida que a idade aumentou, sendo que as crianças

apresentaram limiares de fusão auditiva mais curtos à medida que a idade

aumentou. A partir dos nove anos os limiares de fusão auditiva foram

semelhantes. Os indivíduos do sexo masculino e feminino apresentaram

diferenças entre os limiares de fusão auditiva, sendo que o limiar de fusão

auditiva dos indivíduos do sexo masculino foi menor que o dos indivíduos

do sexo feminino. O limiar de fusão auditiva não apresentou diferença

significante entre as freqüências testadas.

McCROSKEY & KIDDER (1980) estudaram 135 crianças

com idades entre sete e nove anos. As crianças foram agrupadas em três

grupos de 45 indivíduos: grupo de crianças normais (23 do sexo masculino

e 22 do sexo feminino), grupo de crianças com dificuldades de leitura (25

do sexo masculino e 20 do sexo feminino) e grupo de crianças com

dificuldade de aprendizagem (32 do sexo masculino e 13 do sexo

feminino). Foi aplicada a versão original do AFT-R (WAFT). Foram

Literatura

20

encontradas diferenças estatisticamente significantes entre o grupo de

crianças normais e os outros dois grupos. Não houve diferença

estatisticamente significante entre o grupo de crianças com dificuldade de

leitura e o de distúrbio de aprendizagem. O limiar médio de fusão auditiva

para o grupo de crianças normais, entre nove e 10 anos, foi de 7,5ms com

desvio-padrão de 3,09ms. O limiar médio de fusão auditiva para o grupo de

crianças com dificuldade de leitura, entre nove e 10 anos, foi de 11,7ms

com desvio-padrão de 9,18ms. O limiar médio de fusão auditiva para o

grupo de crianças com distúrbio de aprendizagem, entre nove e 10 anos, foi

de 12,2ms com desvio-padrão de 7,49ms. O limiar de fusão auditiva foi

afetado pela variável freqüência, apenas no grupo de crianças com distúrbio

de aprendizagem, sendo que as freqüências de 250 e 4000 Hz apresentaram

limiares maiores de forma significante neste grupo. Os autores sugeriram

que o WAFT fosse usado na bateria de testes de diagnóstico do

processamento auditivo em crianças com distúrbio de aprendizagem.

BADDELEY (1981) hipotetizou que a função principal da

memória de trabalho é transferir informações de armazenagem de curto

prazo para a de longo prazo e facilitar o raciocínio verbal e a compreensão.

O autor acredita que, durante o desempenho de uma tarefa, a memória de

Literatura

21

trabalho relaciona-se ao papel de armazenamento temporário no

processamento de informações.

KEITH (1981) conceituou a habilidade de figura-fundo como

a capacidade do indivíduo de identificar a mensagem primária na presença

de sons competitivos.

JERGER, JERGER & LEWIS (1981) descreveram a

performance do teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala (‘Pediatric

Speech Intelligibility Test’) com sentenças denominadas de formato I e

formato II em 24 crianças, 14 do sexo masculino e 10 do sexo feminino,

com idades entre três anos e quatro meses e nove anos. Foram observadas

diferenças significantes de performance quando avaliadas as respostas das

crianças com as sentenças de formato I e II. A performance dos indivíduos

também variou em função da idade cronológica e da habilidade de

compreensão da linguagem, não sendo afetada quando analisada a variável

sexo.

KRAFT (1981) avaliou oitenta indivíduos do sexo masculino

destros, com idades entre seis e 12 anos a partir de tarefas dicóticas com

dígitos, sílabas e sons ambientais. O teste Dicótico de Dígitos foi

Literatura

22

constituído por 30 itens com um par de dígitos para treino, 15 itens com

dois pares de dígitos e 10 itens com três pares de dígitos, a partir de uma

tarefa de integração biaural, ou seja, os indivíduos deveriam repetir todos

os dígitos ouvidos à orelha direita e à orelha esquerda. Os resultados

obtidos demonstraram que as crianças de 10 e 12 anos tiveram um

desempenho melhor que as crianças de seis e oito anos nos três testes

aplicados. Foi observada uma vantagem da orelha direita para dígitos e

sílabas, sendo analisada como representativa da superioridade do

hemisfério esquerdo para processar estímulos lingüísticos na maioria dos

indivíduos destros. Essa vantagem da orelha direita foi mais acentuada nos

indivíduos de seis a oito anos de idade.

KOOMAR & CERMAK (1981) avaliaram 60 indivíduos, 30

indivíduos normais e 30 indivíduos com distúrbio de aprendizagem, com

idades entre sete e 10 anos, a partir do teste Dicótico de Dígitos, constituído

de 20 séries de três pares de dígitos. Os resultados obtidos indicaram que

ambos os grupos apresentaram vantagem da orelha direita e que os

indivíduos com distúrbio de aprendizagem apresentaram desempenho

muito mais baixo que os indivíduos normais com relação ao número total

de acertos e acertos à orelha esquerda.

Literatura

23

KRAFT (1982) avaliou 96 crianças, 48 indivíduos com idade

média de sete anos e 48 indivíduos com idade média de 11 anos, sendo que

cada grupo apresentava 24 indivíduos do sexo masculino e 24 do sexo

feminino. Os indivíduos foram submetidos a tarefas dicóticas com dígitos e

sons ambientais. O teste Dicótico de Dígitos foi aplicado com 15 itens de

dois pares e 10 itens de dois pares a partir de uma tarefa de integração

biaural. O desempenho dos indivíduos do sexo masculino foi de 23,77 itens

corretos (79,23%), o desempenho dos indivíduos do sexo feminino foi de

24,8 itens corretos (82,67%) e o desempenho da população total foi de

24,29 itens corretos (80,97 %). O autor verificou uma vantagem da orelha

direita para estímulos verbais que não aumentou em relação à idade dos

sujeitos avaliados. No teste Dicótico de Dígitos, os indivíduos do sexo

feminino apresentaram um desempenho melhor que os indivíduos do sexo

masculino e, em geral, o desempenho dos indivíduos melhorou com a

idade.

MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) avaliaram 22

crianças, 12 do sexo masculino e 10 do sexo feminino, com idades entre

oito e 10 anos com queixa de dificuldades acadêmicas, sendo algumas

(número não informado) diagnosticadas como portadoras de distúrbio de

aprendizagem e que haviam apresentado uma performance inadequada em

Literatura

24

testes perceptuais auditivos na avaliação de linguagem. Foi aplicada uma

bateria de sete testes, entre os quais o teste Dicótico de Dígitos, constituído

de 20 itens de dois pares. Foi considerada, para a análise dos resultados, a

abordagem de passar/falhar no teste. O resultado considerado normal para

crianças de oito anos de idade foi de uma porcentagem média de 83% para

a orelha direita e 74% para a orelha esquerda. O resultado considerado

normal para crianças de nove anos de idade foi de uma porcentagem média

de 84% para a orelha direita e 79% para a orelha esquerda. O resultado

considerado normal para crianças de 10 anos de idade foi de uma

porcentagem média de 91% para a orelha direita e 84% para a orelha

esquerda. Das crianças testadas, levando em consideração o critério de

passar/falhar, 63,6% dos indivíduos falharam no teste Dicótico de Dígitos.

Na análise realizada com o teste Dicótico de Dígitos a partir dos escores da

orelha direita e esquerda, sete crianças apresentaram alteração à orelha

esquerda, quatro apresentaram alteração na orelha direita e três

apresentaram alteração em ambas as orelhas. Os autores relataram que, em

todos os testes, os indivíduos apresentaram uma vantagem da orelha direita

(ou um déficit da orelha esquerda), sendo os dados discutidos como

correlacionados à ineficiência de transferência da informação auditiva do

hemisfério direito para o hemisfério esquerdo. Tendo em vista a bateria

Literatura

25

utilizada, o teste Dicótico de Dígitos foi considerado com um teste

adequado para identificar a disfunção auditiva central.

SIDTIS (1982) investigou padrões de assimetria perceptual

para a fala e estímulos tonais complexos através de tarefa dicótica, em 28

indivíduos destros. Embora 70 a 75% dos sujeitos apresentassem vantagem

da orelha direita para a fala e vantagem da orelha esquerda para tons,

menos da metade dos sujeitos apresentou o padrão esperado nas duas

tarefas. O autor argumentou que a superioridade da resposta auditiva

contralateral durante a estimulação dicótica é apenas apropriada para

aproximadamente metade da população de destros. Para a outra metade,

assimetrias subcorticais importantes e/ou a falta de vantagem contralateral

parecem estar presentes. Relatou também que bases atencionais poderiam

interferir no padrão de assimetria.

BUTLER (1983) correlacionou a atenção seletiva aos

processos de atender a alguma atividade mental em detrimento de outras.

JERGER, JERGER & ABRAMS (1983) sintetizaram, neste

artigo, quinze anos de pesquisas relacionadas ao PSI, realizadas com

crianças normais de três a seis anos de idade. Descreveram o PSI a partir de

Literatura

26

palavras e sentenças na população normal e quatro casos com lesão do

sistema nervoso central para validação do instrumento. Os autores, a partir

da análise dos dados, concluíram ser o PSI um instrumento válido para a

identificação da desordem do processamento auditivo central.

JERGER & JERGER (1983) descreveram sete casos de

indivíduos com lesão do sistema nervoso central confirmada cirúrgica ou

radiologicamente, que foram submetidos à avaliação audiológica básica,

PSI e audiometria de tronco cerebral. A partir dos resultados encontrados,

os autores discutiram que resultados alterados no PSI-MCI (mensagem

competitiva ipsilateral) foram consistentes com alteração do sistema

nervoso central, particularmente do tronco cerebral.

MUSIEK (1983a) descreveu em detalhes o teste Dicótico de

Dígitos, constituído pelos dígitos de um a 10, com exceção do número sete,

apresentados aos pares, um para cada orelha simultaneamente. A

intensidade de apresentação dos estímulos foi de 50 dB acima do SRT,

sendo apresentados 20 pares de dois dígitos. A tarefa a ser executada pelos

indivíduos foi uma tarefa de integração biaural, sendo os indivíduos

orientados a repetir todos os números ouvidos. O teste foi aplicado em 45

indivíduos normais, com idades entre 19 e 35 anos sendo que o grupo

Literatura

27

apresentou uma média de 97,8% de acertos para a orelha direita e 96,5% de

acertos para a orelha esquerda. O teste Dicótico de Dígitos também foi

aplicado em 21 indivíduos, com idade média de 42 anos e três meses, com

lesão cerebral confirmada neurológica, neurocirúrgica e/ou

radiologicamente. O critério de normalidade estabelecido foi de 90% de

acertos para indivíduos audiologicamente normais. Referiu que nove dos

indivíduos com lesão cortical apresentaram alteração na orelha

homolateral, provavelmente relacionado a algum comprometimento da via

auditiva do corpo caloso. O autor concluiu que o teste Dicótico de Dígitos,

da forma aplicada, foi sensível para avaliar a disfunção auditiva central, em

lesões hemisféricas como em lesões de tronco encefálico, mas não foi

possível diferenciá-las através do teste.

MUSIEK, GOLLEGLY & BARAN (1984) descreveram

quatro casos de indivíduos com alteração de aprendizagem e um grupo de

16 indivíduos com distúrbio de aprendizagem, com idades entre sete anos e

sete meses e 13 anos e três meses (idade média de nove anos). Foram

aplicados os testes de fusão biaural, sentenças competitivas, SSW, teste

Dicótico de Dígitos e Padrão de Freqüência. Os resultados do grupo com

alteração de aprendizagem indicaram um nítido déficit na orelha esquerda

nos testes dicóticos, performance reduzida no teste de Padrão de

Literatura

28

Freqüência e desempenho normal no teste de fusão biaural, demonstrando

segundo os autores um padrão de desconexão inter-hemisférica,

provavelmente devido a um atraso na mielinização do corpo caloso.

POHL, GRUBMÜLLER & GRUBMÜLLER (1984)

estudaram 210 indivíduos destros, entre quatro e 10 anos, sendo 105 do

sexo masculino e 105 do sexo feminino, a partir de tarefas dicóticas verbais

em língua alemã com o objetivo de investigar o desenvolvimento da

assimetria perceptual entre as orelhas. Os autores descreveram um declínio

na vantagem da orelha direita, decorrente da melhora da performance das

respostas dos indivíduos à orelha esquerda. Descreveram que a vantagem

da orelha direita observada em tarefas dicóticas devem estar relacionadas à

imaturidade funcional do corpo caloso em crianças mais jovens. Os autores

discutiram que a melhora da performance da orelha esquerda reflete o

aumento da velocidade de condução das vias auditivas no corpo caloso

devido às mudanças maturacionais na mielinização das fibras do sistema.

PICKLES (1985) discorreu sobre a fisiologia do sistema

auditivo central e, particularmente, o córtex auditivo, concluindo que este

parece ter a função de analisar sons complexos, inibir respostas motoras

inapropriadas, discriminar padrões temporais, além de ser necessário para

Literatura

29

tarefas auditivas mais difíceis. Relatou sobre a organização tonotópica do

sistema auditivo e que a informação auditiva recebida por uma orelha é

transmitida para o lobo temporal contralateral. Enfatizou a importância da

atenção seletiva no desempenho dos testes.

PHILLIPS & BRUGGE (1985) discutiram os mecanismos e

processos de localização sonora a partir das pesquisas realizadas na área de

neurofisiologia. Referiram que nos processos de diferença de intensidade

interaural, relacionados à localização sonora, há interferência das variáveis

tamanho da cabeça, freqüência do som e distância do som.

PINHEIRO & MUSIEK (1985) descreveram a ordenação

temporal como uma das mais básicas e importantes funções do sistema

nervoso central. Relataram que o tipo, o número, a duração de cada um dos

estímulos e a velocidade de apresentação dos mesmos interferem em

tarefas de ordenação temporal.

MUSIEK & PINHEIRO (1985) afirmaram que a vantagem da

orelha direita, observada em tarefas auditivas dicóticas, está relacionada ao

processamento lingüístico da informação realizado no hemisfério cerebral

esquerdo.

Literatura

30

BOOTHROYD (1986) identificou alguns componentes da

percepção auditiva como: detecção, sensação, discriminação, localização,

reconhecimento, compreensão, atenção e memória. Descreveu a

localização sonora como a habilidade de saber o local de origem do som e a

memória como o processo que permite estocar, arquivar as informações,

para poder recuperá-las quando houver necessidade. No que se refere à

atenção seletiva, o autor definiu-a como os processos que capacitam o

indivíduo a monitorar um determinado estímulo auditivo significativo,

mesmo quando a atenção primária deve-se a outra modalidade sensorial,

além de capacitar também o indivíduo a reagir a um determinado estímulo

auditivo significativo e ignorar o ruído de fundo.

JERGER (1987) descreveu os critérios de avaliação do PSI nas

etapas com mensagem competitiva contralateral e ipsilateral. Também

avaliou 21 crianças com lesões do sistema nervoso central, com idades

entre três e oito anos, utilizando o teste PSI. Os resultados demonstraram

uma alta sensibilidade e especificidade do teste. Os resultados do PSI

foram consistentes com: resultado anormal em crianças com lesões em

áreas do cérebro importantes para a função auditiva; normal em crianças

com lesões em áreas anatomicamente distantes do núcleo auditivo e vias

auditivas (lesões do sistema nervoso central ‘não auditivas’).

Literatura

31

JERGER, MARTIN & JERGER (1987) estudaram o caso de

um indivíduo do sexo masculino com idade de 11 anos e cinco meses com

distúrbio de aprendizagem, a partir de medidas comportamentais (provas

para medir os processos semânticos, sintáticos e fonético-fonológicos),

eletrofisiológicas (audiometria de tronco cerebral, potenciais de média e

longa latência) e eletroacústicas (reflexo acústico) e os resultados obtidos

indicaram que os certas habilidades auditivas são fundamentais para a

aquisição de linguagem e aprendizagem, respaldando os modelos auditivo-

perceptuais em oposição aos modelos lingüístico-cognitivos, para explicar

os distúrbios de aprendizagem.

BARKLEY (1988) definiu a atenção como um construto

multidimensional que se refere a uma variedade de relações entre o

estímulo ambiental ou tarefas e respostas comportamentais.

ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988) apresentaram o

teste PSI na versão em língua portuguesa. Foram discutidos os

procedimentos de elaboração do teste e validação dos resultados.

BREEDIN, MARTIN & JERGER (1989) relataram o caso de

um indivíduo portador de distúrbio de aprendizagem, do sexo masculino,

Literatura

32

com idade de 14 anos e 11 meses, a partir de tarefas de denominação,

discriminação, correspondência de figuras e palavras, detecção de sílabas

sem sentido, teste SSW, teste CES, teste de padrão de freqüência e de um

experimento com sons verbais e não-verbais no silêncio e no ruído. Os

resultados indicaram uma dificuldade específica de extração da informação

acústica na presença de ruído, quando o estímulo acústico era de curta

duração.

WIGHTMAN, ALLEN, DOLAN, KISTLER & JAMIESON

(1989) avaliaram 20 crianças, oito do sexo masculino e 12 do sexo

feminino, com idades entre três e sete anos, e cinco adultos, um do sexo

masculino e quatro do sexo feminino, com idades entre 20 e 30 anos, a

partir de uma tarefa envolvendo a habilidade de fusão auditiva. Os

indivíduos foram solicitados a identificar a presença de um intervalo

interpulso, em estímulos auditivos centrados nas freqüências de 400 e 2000

Hz. Os autores encontraram que, na freqüência de 400 Hz, os limiares de

fusão auditiva das crianças foram maiores que os limiares dos adultos,

sendo que os indivíduos de três anos de idade apresentaram os maiores

limiares de fusão auditiva. O limiar de fusão auditiva na freqüência de 2000

Hz foi menor que o limiar na freqüência de 400 Hz, e mostrou um efeito

similar à freqüência de 400 Hz relacionado à variável idade.

Literatura

33

MUSIEK, GOLLEGLY, LAMB & LAMB (1990) discutiram

sobre a necessidade de realização de triagem para a disfunção do

processamento auditivo central em crianças, pois acreditam que a

prevalência e a incidência desse tipo de distúrbio seja alta. Relataram que a

maioria das crianças com distúrbio de aprendizagem apresenta disfunção

auditiva central, sugerindo a realização da triagem na população escolar.

ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT (1990)

realizaram dois experimentos com o teste PSI. No primeiro experimento

avaliaram 22 crianças normais, 10 do sexo masculino e 12 do sexo

feminino, com idade entre cinco e oito anos incompletos e 22 crianças com

queixa de desatenção e portadoras de distúrbio do aprendizado,

caracterizado por dificuldades de escrita, leitura e fala. O PSI foi aplicado

em campo livre, através de caixas acústicas. Os autores observaram que

68% das crianças com distúrbio do aprendizado apresentaram menor

reconhecimento de sentenças em relação ao grupo de crianças normais. No

segundo experimento, os autores avaliaram 12 crianças normais, nove do

sexo masculino e três do sexo feminino, com faixa etária entre cinco e sete

anos incompletos e sete crianças com distúrbio do aprendizado, com faixa

etária entre cinco e sete anos incompletos. O PSI também foi aplicado em

campo livre, através de caixas acústicas. Os autores observaram que 85,0%

Literatura

34

das crianças com alteração do aprendizado apresentaram porcentagem de

reconhecimento de sentenças menor que o grupo de crianças normais.

Consideraram o PSI como um instrumento adequado para a avaliação do

processamento auditivo central em crianças.

O NATIONAL JOINT COMMITTEE ON LEARNING

DISABILITIES (1991), dos Estados Unidos, definiu o distúrbio de

aprendizagem e discutiu questões relacionadas ao termo. A definição do

termo distúrbio de aprendizagem foi baseada em um critério de exclusão de

outros comprometimentos como, por exemplo, déficit sensorial, atraso

cognitivo e distúrbio emocional severo.

MIDDELEBROOKS & GREEN (1991) descreveram

mecanismos de localização sonora, no plano horizontal e vertical, e os

processos de localização sonora em um plano bidimensional e em

movimento. Discutiram a participação do pavilhão auricular na localização

vertical.

SLOAN (1991) relatou que, crianças com alteração do

processamento auditivo, muitas vezes precisam de um maior número de

itens para o aprendizado de uma tarefa e cometem mais erros durante esse

Literatura

35

processo de aprendizagem. Sugeriu que, para facilitar o que chamou de

aprendizado perceptual, se deveria tornar mais audíveis as características

acústicas relevantes da fala.

MORTON & SIEGEL (1991) investigaram a performance de

20 crianças diagnosticadas como portadoras de dificuldade de compreensão

na leitura (grupo I) e 20 crianças diagnosticadas como portadoras de

dificuldade de compreensão na leitura e de reconhecimento de palavras

(grupo II ) em tarefa dicótica através do Teste Consoante-Vogal e Dicótico

de Dígitos (32 itens de quatro pares) e compararam o desempenho dessas

crianças com 40 crianças normais. Os autores encontraram uma

performance reduzida do grupo I e II, quando analisadas as respostas

obtidas à orelha esquerda e concluíram que há uma participação reduzida

do hemisfério direito nos indivíduos do grupo II.

MUSIEK, GOLLEGLY, KIBBE & VERKEST-LENZ (1991)

avaliaram 32 pacientes, com idade entre 13 e 73 anos, com lesão do

sistema nervoso central confirmada neurológica, neurocirúrgica e/ou

radiologicamente, a partir do teste Dicótico de Dígitos. Os autores

relataram que o teste apresentou uma boa sensitividade para a patologia

Literatura

36

no sistema nervoso central. Sugeriram o uso do teste Dicótico de Dígitos

como instrumento de triagem para o processamento auditivo.

PINTO (1991) estudou o teste de atenção seletiva, Dicótico

Consoante-Vogal, em 60 indivíduos normais, 30 do sexo masculino e 30 do

sexo feminino, com faixa etária entre 19 e 25 anos de idade. Encontrou

80% de respostas corretas às orelhas direita e esquerda, nas etapas de

atenção livre, atenção à direita e atenção à esquerda, nos indivíduos do

sexo masculino e feminino, sendo que na etapa de atenção livre houve um

predomínio de respostas à orelha direita. Na etapa de atenção livre também

foram encontradas diferenças significantes entre as respostas da população

masculina e feminina, ou seja, os indivíduos do sexo masculino

apresentaram maior vantagem da orelha direita que os indivíduos do sexo

feminino.

GUYTON (1993) descreveu os mecanismos neurais de

localização sonora e acredita que os processos de diferença de tempo

interaural são mais eficientes que os mecanismos de diferença de

intensidade interaural. Descreveu também os processos de memória,

classificando-os como memória imediata, memória de curto prazo e

memória de longo prazo.

Literatura

37

PEREIRA (1993a) conceituou processamento auditivo e suas

etapas e propôs um instrumento de triagem para a identificação de

alterações do processamento auditivo composta pelas provas de localização

sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial

para sons verbais. Descreveu os resultados de seu trabalho com 137

crianças saudáveis, ou seja, sem evidência de problemas de audição,

atenção, percepção espacial, comunicação oral e escrita nas provas de

localização sonora e memória seqüencial para sons não-verbais com faixa

etária de cinco a doze anos de idade, e com 97 crianças saudáveis, com

faixa etária de cinco a sete anos de idade na prova de memória seqüencial

para sons verbais. Na prova de localização sonora encontrou que 90% dos

indivíduos acertaram quatro de cinco posições testadas, sendo que todas os

indivíduos acertaram a posição à direita e à esquerda. Na prova de memória

seqüencial para sons não-verbais encontrou que 89% dos indivíduos

apresentaram dois acertos em três seqüências. Na prova de memória

seqüencial para sons verbais encontrou que 89% dos indivíduos

apresentaram dois acertos em três seqüências. Descreveu também um

estudo com 33 crianças, com idades entre seis e treze anos com história de

fracasso escolar, 21 crianças sem evidência de alteração neurológica e 11

crianças com epilepsia. Nestes indivíduos, foi aplicada a triagem do

processamento auditivo, PSI-MCC e MCI e teste Dicótico Consoante-

Literatura

38

Vogal. Todas as crianças com fracasso escolar sem evidência de alteração

neurológica, apresentaram pelo menos um teste alterado, sendo que o teste

Dicótico Consoante-Vogal (94%), PSI-MCI (64%), memória seqüencial

para sons não-verbais (40%), memória seqüencial para sons verbais (18%),

localização sonora (32%) e PSI-MCC (5%), em ordem decrescente, foram

os mais sensíveis à desordem do processamento auditivo.

PEREIRA (1993b) investigou o efeito do ruído branco

contínuo ipsilateral competitivo na inteligibilidade de palavras

monossilábicas. Avaliou 80 indivíduos, com faixa etária de 17 a 30 anos,

audiologicamente normais, através de uma lista de 25 palavras gravadas

segundo proposta de PEN & MANGABEIRA-ALBERNAZ (1973)

apresentadas a um nível fixo de intensidade de 40 dB NS em referência à

média dos limiares de tom puro nas freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz.

Essas palavras foram mixadas a um ruído branco e apresentadas nas

relações fala/ruído -25, -15, -5 e +5 dB. Os resultados permitiram, à autora,

concluir que o ruído branco interferiu na inteligibilidade de palavras

monossilábicas, ocorrendo maior interferência quanto maior o nível de

intensidade do ruído em relação ao nível de fala apresentado. A análise

estatística revelou que houve diferenças significantes no que se refere ao

lado da orelha, relacionadas à ordem de testagem, ou seja, houve um

Literatura

39

aumento de respostas corretas quando o teste foi realizado à segunda orelha

testada, provavelmente segundo a autora, decorrente de aprendizagem. A

autora também concluiu que as relações fala/ruído -5 e +5 dB

demonstraram ser de maior aplicabilidade clínica.

ZANCHETTA (1993) avaliou 54 crianças, com idade média

de sete anos, sem e com evidência de desvios de fala, linguagem e audição,

a partir do instrumento de triagem do processamento auditivo proposto por

PEREIRA (1993a). Em quinze crianças sem qualquer evidência de desvios

de fala, linguagem e audição, observou 100% de respostas corretas nas

provas de localização sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e

verbais.

TREHUB (1993) conceituou a tarefa de fusão auditiva como a

percepção de dois estímulos sucessivos percebidos como um único som.

MERZENICH, SCHREINER, JENKINS & WANG (1993)

descreveram que é possível que um déficit de processamento temporal

primário possa resultar em uma forma de privação auditiva, que altera as

conexões através do sistema auditivo, com efeitos em cascata para outros

níveis de processamento da informação. Os autores acreditam que, causas

Literatura

40

de déficits de processamento temporal, possam ser provenientes de uma ou

mais condições como: herança de sistemas de aprendizagem defeituosos

dos pais, geração incompleta de representações mentais da informação

fonética como resultado de problemas como a otite média, que interfere na

clareza do sinal acústico e emprego de estratégias de aprendizagem que

envolvem uso limitado da informação temporal disponível no estímulo.

TALLAL, MILLER & FITCH (1993) descreveram que a

disfunção em níveis superiores de processamento da fala, necessária para o

desenvolvimento da linguagem e desenvolvimento da leitura, pode resultar

em dificuldades no processamento da informação sensorial básica que entra

no sistema nervoso em uma rápida sucessão de tempo (em milissegundos).

Os autores acreditam que as crianças com distúrbio de linguagem e

aprendizagem, devido ao déficit no processamento temporal auditivo, são

inábeis para estabelecer uma representação fonêmica estável e invariante,

sendo que as criança nunca se tornam proeficientes em tarefas de

consciência fonêmica, sugerindo que déficits fonológicos auditivos

temporais são suficientes para interromper o desenvolvimento adequado da

leitura e escrita. Os autores descreveram que a fala é preferencialmente

processada no hemisfério cerebral esquerdo, mas acreditam que este

hemisfério seja especializado para processar a informação que muda

Literatura

41

rapidamente na dimensão temporal e não seja especializado para o

processamento da fala em si. Hipotetizaram que o hemisfério esquerdo tem

mecanismos especializados que permitem que a informação sensorial, na

faixa dos milissegundos, seja mais eficientemente processada do que no

hemisfério direito, sendo o hemisfério esquerdo especializado para a

informação que muda rapidamente na dimensão temporal, processos esses

responsáveis pela vantagem da orelha direita encontrada em tarefas

dicóticas em testes verbais.

TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994) aplicaram

as provas de memória seqüencial para sons não-verbais e memória

seqüencial para sons verbais em 216 indivíduos, 106 do sexo masculino e

110 do sexo feminino, com idades entre cinco e doze anos de idade. Os

resultados demonstraram não existir diferenças significantes em relação à

variável sexo. As autoras encontraram 72,32% de acerto nas três

seqüências avaliadas na prova de memória seqüencial para sons não-

verbais e 96,3% de acerto nas três seqüências avaliadas na prova de

memória seqüencial para sons verbais.

KALIL (1994) avaliou 12 crianças normais com idades entre

cinco e 10 anos através do PSI. Os resultados obtidos com mensagem

Literatura

42

competitiva contralateral na orelha direita e orelha esquerda na relação

fala/ruído 0 dB e na orelha direita na relação fala/ruído -40 dB foram de

100% (desvio padrão = 0) de acertos; na orelha esquerda na relação

fala/ruído -40 dB, os resultados obtidos foram de 99,17% (desvio-padrão =

2,89). Os resultados obtidos com mensagem competitiva ipsilateral na

orelha direita na relação fala/ruído 0 dB foram de 91,67% (desvio-padrão =

8,35) e na relação fala/ruído -10 dB foram de 84,17% (desvio-padrão =

15,05). Os resultados obtidos com mensagem competitiva ipsilateral na

orelha esquerda na relação fala/ruído 0 dB foram de 95,83% (desvio-padrão

= 5,15) e na relação fala/ruído -10 dB foram de 82,5% (desvio-padrão =

12,15).

MUSIEK, BARAN & PINHEIRO (1994) relataram que o

corpo caloso, as vias subcorticais e as áreas de associação auditivas do

cérebro completam o processo de mielinização ao redor da adolescência.

Afirmaram que o hemisfério esquerdo é dominante para os processos como

a fala e a linguagem, seqüência e os aspectos analíticos e concretos. O

hemisfério direito é dominante para a percepção da música, das relações

espaciais e dos aspectos gestálticos e abstratos. Na audição dicótica, os

estímulos apresentados na orelha esquerda seguem para o hemisfério

direito e devem cruzar o corpo caloso para atingir o hemisfério esquerdo

Literatura

43

onde serão analisados. Descreveram, que em testes dicóticos, se há

ocorrência de um déficit na orelha direita, há envolvimento do córtex

cerebral esquerdo e não há envolvimento das fibras do corpo caloso. Se há

ocorrência de um déficit na orelha esquerda em tarefas dicóticas, o corpo

caloso pode estar envolvido, mas este achado pode significar também um

envolvimento do hemisfério direito. Os autores acreditam, que se há um

déficit na orelha esquerda e não há alteração em tarefas monoaurais de

baixa redundância, o envolvimento do sistema inter-hemisférico é

provável. Em havendo déficit em tarefa monoaural de baixa redundância,

provavelmente o hemisfério direito também está envolvido. Se há

ocorrência de um déficit bilateral (orelha direita e esquerda), há

envolvimento em regiões mais profundas do hemisfério esquerdo,

incluindo as fibras do corpo caloso e do córtex. Comentaram que o teste

Dicótico de Dígitos é um teste fácil e com boa sensibilidade, e não deve

apenas compor a bateria de procedimentos para avaliar o processamento

auditivo, mas também pode ser usado como instrumento de triagem.

Especificamente em crianças com distúrbio de aprendizagem, relataram

como desempenhos comuns aos indivíduos em tarefas dicóticas, déficits à

orelha esquerda, déficits bilaterais e, por último, baixos escores na orelha

direita.

Literatura

44

NJIOKIKTJIEN, SONNEVILLE & VAAL (1994) estudaram

os aspectos morfológicos do corpo caloso em 110 indivíduos portadores de

distúrbio de aprendizagem, com idade entre dois anos e cinco meses e 14

anos, através de imagem de ressonância magnética. Compararam os

resultados obtidos com os resultados de 42 indivíduos normais, 22 do sexo

masculino e 20 do sexo feminino, com idades entre zero e 20 anos. Entre os

indivíduos com distúrbio de aprendizagem, os autores estudaram um grupo

de 39 crianças, 27 do sexo masculino e 12 do sexo feminino,

diagnosticadas como disfásicas na infância e portadoras de distúrbio de

aprendizagem na idade escolar e, neste grupo, encontraram anormalidades

como redução do tamanho do corpo caloso em 11% dos indivíduos e

aumento do corpo caloso em 16% dos indivíduos. Os autores sugeriram

que as disfunções hemisféricas, geralmente presentes nestas crianças,

podem estar relacionadas a uma conexão anormal através do corpo caloso,

que acreditam influenciar nos mecanismos que estabelecem a dominância

cerebral.

No DSM - IV - Manual de diagnóstico e estatístico de

transtornos mentais (1995) foram descritas as características diagnósticas

do distúrbio de aprendizagem e seus subtipos (transtorno de leitura,

transtorno da matemática, transtorno da expressão escrita e transtorno de

Literatura

45

aprendizagem sem outra especificação). No transtorno específico de leitura

foi descrita uma freqüência de ocorrência maior no sexo masculino, em

torno de 60 a 80% da população com esse tipo de diagnóstico.

KEITH (1995) relatou que entre oito e 12 milhões de crianças

nos Estados Unidos apresentam distúrbio de aprendizagem e muitas destas

crianças apresentam distúrbio do processamento auditivo central. Discutiu

que as diferentes abordagens empregadas para o distúrbio do

processamento auditivo central afetam os estudos de prevalência, embora

se possa supor que ela seja alta.

KELLY (1995) relatou que as pesquisas têm proporcionado

mínima informação em relação a diferenças relacionadas ao sexo em

crianças com disfunção do processamento auditivo, sendo no entanto

descrita maior incidência no sexo masculino. Discutiu que, uma vez que o

corpo caloso difere em tamanho e forma no sexo masculino e sexo

feminino, diferenças de processamento auditivo são possíveis e merecem

consideração.

ASHA (1995, 1996) divulgou um documento elaborado por

pesquisadores com formação na área de processamento auditivo, no qual

Literatura

46

foram definidos termos como processamento auditivo e desordem do

processamento auditivo. No documento, o termo desordem do

processamento auditivo refere-se a prejuízos observados em um ou mais

comportamentos auditivos, entre eles: localização e lateralização sonora;

discriminação auditiva; reconhecimento de padrões auditivos; aspectos

temporais da audição, que incluem resolução temporal, mascaramento

temporal, integração temporal e ordenação temporal; performance auditiva

na presença de sinais acústicos competitivos; e performance auditiva na

presença de sinais acústicos degradados.

SCHOCHAT & CARVALLO (1995) apresentaram os achados

de habilidades envolvidas no processamento auditivo de indivíduos

portadores de distúrbio de aprendizagem e indivíduos adultos. Os sete

indivíduos, do sexo masculino, com faixa etária de sete e catorze anos,

portadores de distúrbio de aprendizagem, foram avaliados através de

provas de memória seqüencial para sons instrumentais e verbais,

localização sonora, P.S.I. ou S.S.I. ipsilateral (relação fala/ruído -20, -10 e

0 dB). Os indivíduos apresentaram alteração nas provas de seqüência de

sons instrumentais (14,28%), localização sonora (57,14%), seqüência de

sons verbais na orelha direita (71,43%) e na orelha esquerda (85,72%) e

P.S.I e S.S.I. (85,70%). Os indivíduos adultos, no teste de reconhecimento

Literatura

47

de monossílabos com ruído, apresentaram desempenho melhor na segunda

orelha testada do que na primeira orelha testada na condição mais difícil do

teste (f/r +10 dB), demonstrando, segundo as autoras, que existiu uma

aprendizagem na situação de testagem. Na relação f/r +20 dB não houve

diferenças entre a primeira e segunda orelha testada, sendo que as autoras

acreditam que, na condição +20 dB, os sujeitos usaram mais pistas

acústicas e, na condição +10 dB, usaram mais habilidades do

processamento auditivo envolvidas na tarefa (fechamento e figura-fundo

auditiva) e menos a audibilidade.

ORTIZ (1995) avaliou 80 indivíduos destros, 40 do sexo

masculino e 40 do sexo feminino, através do Teste Dicótico Consoante-

Vogal (CV) proposto por PINTO (1991) e do Teste Dicótico Não-Verbal

(NV) proposto por ORTIZ, SACALOSKY, PEREIRA & VILANOVA

(1995), em três etapas de atenção: atenção livre, atenção forçada para a

direita e atenção forçada para a esquerda. A autora não encontrou

diferenças estatisticamente significantes relacionadas à variável sexo.

Analisando a população total, os indivíduos apresentaram um índice de

reconhecimento no Teste Dicótico CV maior nas etapas de atenção livre e

atenção à direita, o que indicou serem essas tarefas mais fáceis para os

indivíduos do que a atenção livre à esquerda. Discutiu esses achados a

Literatura

48

partir da hipótese de que o hemisfério cerebral esquerdo estaria melhor

capacitado para reconhecer e processar estímulos lingüísticos. No Teste

Dicótico NV, os indivíduos apresentaram índice de reconhecimento

semelhante nas três etapas do teste, o que, segundo a autora, pode ser

decorrente dos estímulos utilizados no teste. No que se refere ao índice de

predomínio na atenção livre no Teste Dicótico CV, os indivíduos usaram

mais a orelha direita, o que também ocorreu no Teste Dicótico NV, sendo

este último resultado não esperado, segundo a literatura especializada, uma

vez que se hipotetizava um predomínio da orelha esquerda nesta tarefa.

TEDESCO (1995) avaliou 152 crianças destras, 83 do sexo

masculino e 69 do sexo feminino, com faixa etária entre sete e doze anos de

idade, através do Teste Dicótico Consoante-Vogal, proposto por PINTO

(1991), utilizando um gravador modelo SMZ - 95 GRADIENTE, adaptado

a um fone TDH 39. As crianças selecionadas haviam sido submetidas à

otoscopia e triagem audiológica, segundo o proposto pela ASHA (1985).

Os estímulos foram apresentados numa intensidade de 79,5 dB NPS, em

três etapas de atenção: atenção livre, atenção forçada para a direita e

atenção forçada para a esquerda. A autora concluiu que as crianças de sete

anos, do sexo masculino e feminino, não possuem a habilidade em dirigir a

atenção para as orelhas direita e esquerda quando submetidas ao Teste

Literatura

49

Dicótico Consoante-Vogal. Já as crianças de oito a doze anos, do sexo

masculino e feminino, apresentaram uma assimetria perceptual, ou seja,

uma vantagem da orelha direita, e também demonstraram alguma

habilidade para dirigir a atenção para as orelhas direita e esquerda.

PHILLIPS (1995) analisou vários eventos do processo auditivo

da informação e discutiu o processamento temporal. Descreveu três

fenômenos temporais auditivos básicos, a percepção do ‘pitch’ que provém

da periodicidade do sinal; a segregação temporal e a qualidade espacial do

percepto auditivo que provêm das diferenças de tempo interaurais. O autor

acredita que é possível que comprometimentos lingüísticos ou cognitivos

possam ser resultantes de problemas perceptuais mais primários.

ROTTA & GUARDIOLA (1996) definiram a aprendizagem a

partir de um ponto de vista neuropsicológico, caracterizando-a como um

processo que ocorre no sistema nervoso central, no qual se produz

mudanças mais ou menos permanentes, que se traduzem por uma

modificação funcional ou de conduta, permitindo uma melhor adaptação do

indivíduo ao meio, como resposta a uma ação ambiental.

Literatura

50

GERBER (1996) discorreu sobre as tendências históricas dos

distúrbios de aprendizagem e descreveu pesquisas na área, comprovando o

relacionamento entre os distúrbios de linguagem e o fracasso escolar,

enfatizando o papel dos fonoaudiólogos na avaliação e tratamento dos

distúrbios de aprendizagem. A autora também descreveu as dimensões da

atenção, entre elas: estado de alerta, atenção seletiva, atenção dividida,

atenção focalizada, vigilância e conjunto preparatório.

BEAR, CONNORS & PARADISO (1996) descreveram os

mecanismos de localização sonora no plano vertical e no plano horizontal.

Consideraram os mecanismos de diferença de tempo interaural e diferença

de intensidade interaural como responsáveis pela localização no plano

horizontal. Consideraram as pistas espaciais fornecidas pelo pavilhão

auricular responsáveis pela localização vertical.

DAMÁSIO (1996) definiu memória de trabalho como sendo a

capacidade de reter informação durante um período de muitos segundos e

de a manipular mentalmente.

PEREIRA (1996) relatou que a habilidade envolvida nas

tarefas de fala com ruído é a de fechamento e a habilidade envolvida

Literatura

51

quando se utiliza estímulo competitivo, como por exemplo, voz de uma

pessoa, é a figura-fundo. A autora citou a motivação e interesse como

variáveis relacionadas ao ouvinte que podem interferir nos resultados

obtidos na testagem do processamento auditivo.

RYALLS (1996) sintetizou os achados encontrados em

estudos com escuta dicótica e analisou os modelos explicativos dos

resultados obtidos neste tipo de condição em função de estudos

neurofisiológicos.

BELLIS (1996) apresentou um estudo detalhado da

neuroanatomia e neurofisologia do sistema auditivo. Enfatizou que o

processamento de estímulos verbais dicoticamente requer uma adequada

comunicação inter-hemisférica via o corpo caloso, como também adequada

integridade funcional dos lobos temporais. Acredita que à medida que a

criança fica mais velha e a mielinização do corpo caloso é completada, a

transferência da informação melhora e escores da orelha esquerda podem

ficar próximos aos do adulto, refletindo em diferenças de performance em

função da idade que devem ser levadas em conta na avaliação do

processamento auditivo. Descreveu procedimentos para a avaliação do

processamento auditivo e as bases teóricas para interpretação dos mesmos.

Literatura

52

No que se refere ao teste Dicótico de Dígitos, descreveu os valores

normativos, com 20 itens de dois pares de dígitos cada, sendo aos nove

anos 80% de acerto à orelha direita e 75% de acerto à orelha esquerda; aos

10 anos 85% de acerto à orelha direita e 78% de acerto à orelha esquerda; e

aos 11 anos 90% de acerto à orelha direita e 90% de acerto à orelha

esquerda.

McCROSKEY & KEITH (1996) apresentaram o teste de

Fusão Auditiva - Auditory Fusion Test Revised (AFT-R), suas formas de

aplicação e análise dos resultados. Para indivíduos na faixa etária de oito a

50 anos encontraram um limiar de fusão auditiva em média de 8ms

(desvio-padrão = 3), com ponto de corte para dois desvios-padrão de 20ms.

Os autores relataram que não encontraram diferença significante entre os

limiares de fusão auditiva encontrados nas freqüências 250, 500, 1000,

2000 e 4000 Hz.

CRUZ & PEREIRA (1996) avaliaram 24 crianças, de ambos

os sexos, com idades entre oito e 12 anos, com queixa de fracasso escolar,

matriculadas na 2a série do 1o grau, a partir do instrumento de triagem do

processamento auditivo proposto por PEREIRA (1993a). As autoras

encontraram 54,16% de crianças com alteração do processamento auditivo

Literatura

53

nessa população, sendo que 41,67% apresentaram alteração na prova de

localização sonora e 16,66% apresentaram alteração nas provas de

memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial para sons

verbais, respectivamente.

RIBAUPIERRE (1997) descreveu que, na maioria dos

indivíduos, o hemisfério esquerdo é especializado na análise, percepção e

produção da linguagem e o hemisfério direito está mais envolvido na

percepção da duração, intensidade, timbre, entonação e melodia.

CHERMAK & MUSIEK (1997) discorreram sobre a anatomia

e neurofisiologia do sistema auditivo e discutiram as implicações do

processo maturação do sistema auditivo no processo de diagnóstico e

reabilitação dos indivíduos com desordem do processamento auditivo

central. Descreveram também testes comportamentais para o diagnóstico da

disfunção auditiva central. Segundo os autores, a tarefa de escuta dicótica é

sensível a desordens do processamento auditivo central.

PEREIRA (1997a) sugeriu os procedimentos a serem

realizados em cada faixa etária para avaliação do processamento auditivo e

descreveu, em detalhes, os procedimentos para a realização das provas de

Literatura

54

localização sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e memória

seqüencial para sons verbais. Especificamente relacionada à prova de

localização sonora, sugeriu que na posição à frente e atrás fossem evitadas

as posições 0 e 180 graus azimute, respectivamente, uma vez que o

indivíduo com audição biaural normal poderá responder que a fonte sonora

está localizada acima da cabeça, o que deverá ser considerado como

resposta correta. A autora encontrou 52% de concordância entre a triagem

do processamento auditivo central e outros testes especiais utilizados na

avaliação do processamento auditivo, considerando o instrumento proposto

adequado para fins de triagem.

PEREIRA (1997b) definiu processamento auditivo central

como um termo utilizado para referir-se à serie de processos que envolvem

predominantemente as estruturas do sistema nervoso central: vias auditivas

e córtex. A autora considerou a desordem do processamento auditivo

central como sendo um distúrbio da audição no qual há um impedimento da

habilidade de analisar e/ou interpretar padrões sonoros. A autora descreveu

o uso clínico dos testes especiais para avaliação do processamento auditivo

e sugeriu o uso do PSI – MCI nas relações fala/ruído 0, - 10 e –15 dB.

Literatura

55

ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA (1997) apresentaram o

histórico e as especificações para aplicação e análise do PSI em português.

Descreveram que o processo envolvido no PSI é a atenção seletiva. Em

uma amostra de 20 indivíduos, 10 do sexo masculino e 10 do sexo

feminino, com média de idade de seis anos, encontraram que os indivíduos

no PSI-MCC na orelha direita na relação fala/ruído 0 dB e -10 dB e na

orelha esquerda na relação fala/ruído 0 dB apresentaram 99,5% de acertos e

no PSI-MCC na orelha esquerda na relação fala/ruído -40 dB apresentaram

100% de acertos. Os indivíduos no PSI-MCI na orelha direita na relação

fala/ruído 0 dB apresentaram 89,5% de acertos e na relação fala/ruído -10

dB apresentaram 73% de acertos. Os indivíduos no PSI-MCI na orelha

esquerda na relação fala/ruído 0 dB apresentaram 93% de acertos e na

relação fala/ruído -10 dB apresentaram 74,5% de acertos.

SANTOS & PEREIRA (1997) apresentaram o histórico e as

especificações para aplicação e análise do teste Dicótico de Dígitos em

português. As autoras afirmaram que os indivíduos, na realização do teste,

devem reconhecer os estímulos apresentados dicoticamente e repeti-los, o

que indica uma boa habilidade para agrupar componentes do sinal acústico

em figura-fundo e identificá-los verbalmente. Sugeriram uma porcentagem

Literatura

56

de acertos maior ou igual a 90% como ponto de corte para o Teste Dicótico

de Dígitos.

SINGER, HURLEY & PREECE (1998) avaliaram 91 crianças

normais, 71 do sexo masculino e 20 do sexo feminino, e 147 crianças com

distúrbios de aprendizagem , 101 do sexo masculino e 46 do sexo feminino,

com faixa etária entre sete e 13 anos de idade, a partir de uma bateria de

testes que incluiu Dicótico de Dígitos com 20 itens de dois pares. Os

autores descreveram os limiares médios obtidos à orelha direita e orelha

esquerda e os respectivos desvios-padrão em cada faixa etária avaliada nos

grupos estudados.

MEDWETSKY (1998) descreveu o modelo relacionado à

memória proposto por MASSARO (1975). Neste modelo, a partir dos

estímulos auditivos, características acústicas são decodificadas e

transformadas em uma memória que denominou de ecóica. Em seguida os

perceptos acústicos são comparados à memória de longo prazo, sendo o

último estágio relacionado à memória de trabalho. O autor salientou a

interferência da resolução temporal nos processos de memória ecóica e

definiu a resolução temporal como o mínimo intervalo de tempo necessário

para segregar estímulos acústicos.

Literatura

57

PEREIRA & CAVADAS (1998) conceituaram o

processamento auditivo central e suas etapas. Discutiram os testes especiais

para avaliação do processamento auditivo descrevendo os testes dióticos

como aqueles que não avaliam as orelhas separadamente, não são utilizados

fones e os estímulos podem ser utilizados à viva voz. Consideraram os

testes de localização sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e

memória seqüencial para sons verbais como testes dióticos, indicando estas

provas como adequadas para triagem da disfunção auditiva central.

SANTOS (1998) analisou o desempenho de indivíduos

normais no teste Dicótico de Dígitos, a partir das variáveis sexo, faixa

etária e lado da orelha. Avaliou 140 indivíduos, 60 do sexo masculino e 80

do sexo feminino, nas faixas etárias de cinco a seis anos e 11 meses (Grupo

A); 11 a 12 anos e 11 meses (Grupo B) e 18 a 25 anos e 11 meses (Grupo

C). A análise dos dados, na etapa do teste de integração biaural, não

demonstrou diferenças significantes entre os indivíduos do sexo masculino

e feminino, nos três grupos estudados. A autora verificou vantagem de

respostas obtidas à orelha direita na etapa de integração biaural nos Grupos

A e C. Na etapa de integração biaural, obteve uma faixa de erros de 0 a

26% à orelha direita e de 0 a 32% à orelha esquerda, correspondendo a

possibilidade de erro de até 20 dígitos à orelha direita e 25 dígitos à orelha

Literatura

58

esquerda no Grupo A. Obteve uma faixa de erros que variou de 0 a 7% nas

respostas obtidas às orelhas direita e esquerda, correspondendo a

possibilidade de errar até cinco dígitos por orelha nos Grupos B e C.

Considerou o teste de fácil realização, podendo ser aplicado em indivíduos

a partir dos cinco anos de idade.

PHILLIPS (1999) considerou que a sensibilidade auditiva

temporal pode ser avaliada através de provas que dimensionam a resolução

temporal.

GUIMARÃES (1999) avaliou 26 indivíduos, 19 do sexo

masculino e sete do sexo feminino, na faixa etária de oito a 12 anos,

portadores de distúrbio de aprendizagem. Os resultados obtidos

demonstraram que 100% dos indivíduos apresentaram alteração do

processamento auditivo. Nos diferentes testes aplicados foram encontradas

as seguintes porcentagens de alteração: 19% no teste de fala com ruído;

27% no teste de localização sonora; 31% no teste de fala filtrada; 31% no

CES; 42% no PSI; 42% no teste Dicótico de Dígitos; 62% no teste de

memória seqüencial para sons não-verbais; 69% no teste de memória

seqüencial para sons verbais.

Literatura

59

FENIMAN, KEITH & CUNNINGHAM (1999) avaliaram 17

crianças diagnosticadas com distúrbio de aprendizagem relacionados à

linguagem, 11 do sexo masculino e seis do sexo feminino, com idades entre

seis e 10 anos. Encontraram limiares de fusão auditiva de 4,5ms a 13ms

(média 8,3ms e desvio-padrão 2,1ms), sendo que os autores discutiram a

possibilidade de que as crianças avaliadas não tivessem um distúrbio de

linguagem extenso, consistente com problemas de processamento temporal.

NICO, BARREIRA, BIANCHINI, GONÇALVES,

CHINAITE & MELO (2000) realizaram um levantamento dos indivíduos

avaliados na Associação Brasileira de Dislexia no período de janeiro de

1998 a julho de 2000. De 468 casos avaliados, 372 foram considerados

como disléxicos, entre estes 297 crianças. A porcentagem de crianças

diagnosticadas no sexo masculino foi de 78,45% e, no sexo feminino, de

21,55%.

JERGER & MUSIEK (2000), em uma conferência sobre

diagnóstico do processamento auditivo em crianças em idade escolar,

descreveram o termo desordem do processamento auditivo como um déficit

no processamento da informação, que é específica da modalidade auditiva.

Discutiram que variáveis como motivação, atenção e cooperação podem

Literatura

60

interferir na testagem do processamento auditivo. O teste Dicótico de

Dígitos e um teste de ‘gap detection’ foram sugeridos como instrumentos

de triagem do processamento auditivo.

MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000) avaliaram 18

crianças normais, 11 do sexo masculino e sete do sexo feminino, e 10

crianças com distúrbio de leitura e escrita, seis do sexo masculino e quatro

do sexo masculino, entre sete e 10 anos de idade, através do AFT-R. A

análise dos dados obtidos revelaram significante diferença de desempenho

no AFT-R entre os grupos estudados, com maiores limiares de fusão

auditiva para o grupo de crianças com distúrbio de leitura e escrita. O

limiar médio de fusão auditiva para o grupo de crianças normais foi de

5,0ms (desvio-padrão = 2,4ms). O limiar médio de fusão auditiva para 3

crianças do grupo com distúrbio de leitura e escrita, submetidas ao subteste

2, do AFT-R foi de 5,1ms (desvio-padrão = 3,7ms). O limiar médio de

fusão auditiva para sete crianças do grupo de crianças com distúrbio de

leitura e escrita, submetidas ao subteste 3, do AFT-R foi de 89,5ms

(desvio-padrão = 64,9ms). Os autores relataram que os limiares de fusão

auditiva foram inferiores aos obtidos por McCROSKEY & KEITH (1996)

e acreditam que a alteração perceptual auditiva encontrada no teste AFT-R

Literatura

61

pode justificar a presença de problemas de leitura e escrita na população

estudada.

MATERIAL E MÉTODO

Material e Método

63

O presente estudo foi realizado na área de Fonoaudiologia da

Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Botucatu, junto ao

Programa de Saúde Escolar da Prefeitura Municipal de Botucatu e

Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da

Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP - câmpus de

Botucatu.

Trezentas e setenta e nove crianças foram convidadas a

participar do trabalho, através da carta de informação e termo de

consentimento (Anexo 1), além da orientação fornecida pela escola pelo

coordenador pedagógico e/ou fonoaudiólogo. Foram agendadas, para

avaliação, duzentas e cinqüenta e seis crianças, sendo que, destas crianças

avaliadas, foram selecionados 60 indivíduos.

Foram avaliados 60 indivíduos, 36 do sexo masculino e 24 do

sexo feminino, com faixa etária variando entre nove anos e cinco meses a

11 anos e 10 meses, matriculados na 3 a e 4a séries do 1o grau, de uma

escola pública do município de Botucatu (SP). Foram, então, constituídos

dois grupos. O Grupo-Controle, ou também denominado Grupo I, foi

constituído por 40 indivíduos, 20 do sexo masculino e 20 do sexo

feminino, com idades variando entre nove anos e seis meses e 10 anos e 11

meses, com diagnóstico de manifestação - também denominado de

Material e Método

64

diagnóstico funcional - de ausência de distúrbio do aprendizado do código

gráfico. O Grupo com queixa escolar de alteração na aprendizagem, ou

também denominado de Grupo II, foi constituído por 20 indivíduos, 16 do

sexo masculino e quatro do sexo feminino, com idades variando entre nove

anos e cinco meses e 11 anos e 10 meses, com diagnóstico de

manifestação, de distúrbio do aprendizado do código gráfico.

Os indivíduos do Grupo I foram selecionados, considerando-se

os seguintes critérios:

1 - indivíduo de nacionalidade brasileira, cuja língua é o português falado

no Brasil;

2 - ausência de queixa familiar na história clínica, relativa à audição,

desenvolvimento e aprendizagem, além de dados de desenvolvimento

global normais e ausência de antecedentes de doença congênita, otológica

e neurológica, identificados através de entrevista com a família (Anexo 2)

e análise de questionário aplicado no Programa de Saúde Escolar

(CYRINO, 1994);

3 - ausência de sinais evidentes de enfermidade neurológica, identificados

através da avaliação clínica, que incluiu o exame neurológico tradicional

(LEFÈVRE, 1980; DIAMENT & CYPEL, 1996), realizada por um

profissional médico;

Material e Método

65

4 - ausência de sinais evidentes de enfermidade otológica, identificados

através de otoscopia, realizada por um profissional médico;

5 - ausência de perda auditiva confirmada através de avaliação audiológica

básica, que consistiu de audiometria tonal liminar, logoaudiometria e

medidas de imitância acústica, realizada por fonoaudiólogo;

6 - ausência de queixa escolar, segundo o professor e coordenador

pedagógico da escola em que as crianças estavam matriculadas;

7 - ausência de alteração da linguagem oral articulada avaliada através da

conversa espontânea e álbum articulatório, realizada por fonoaudiólogo;

8 - ausência de alteração da linguagem escrita, avaliada através da ditado e

análise dos cadernos e produção de textos escritos pelos alunos, realizada

por fonoaudiólogo.

Os indivíduos do Grupo II foram selecionados, considerando-

se os seguintes critérios:

1 - indivíduo de nacionalidade brasileira, cuja língua é o português falado

no Brasil;

2 - ausência de queixa familiar na história clínica, relativa ao

desenvolvimento neurológico, além de dados de desenvolvimento

neurológico normais e ausência de antecedentes de doença congênita e

neurológica, identificados através de entrevista com a família (Anexo 2) e

Material e Método

66

análise de questionário aplicado no Programa de Saúde Escolar (CYRINO,

1994);

3 - ausência de sinais evidentes de enfermidade neurológica, identificados

através da avaliação clínica, que incluiu o exame neurológico tradicional

(LEFÈVRE, 1980; DIAMENT & CYPEL, 1996), realizada por um

profissional médico;

4 - ausência de sinais evidentes de redução da idade mental, identificados

através da aplicação da Escala de Inteligência Weschsler - WISC - para

crianças (WECHSLER, 1964), aplicada por psicólogo;

5 - ausência de sinais evidentes de enfermidade otológica, identificados

através de otoscopia realizada por um profissional médico;

6 - ausência de perda auditiva confirmada através de avaliação audiológica

básica, que consistiu de audiometria tonal liminar, logoaudiometria e

medidas de imitância acústica, realizada por fonoaudiólogo;

7 - presença de queixa escolar relacionada à aprendizagem,

particularmente do código gráfico, segundo o professor e coordenador

pedagógico da escola em que as crianças estavam matriculadas;

8 - ausência de alteração da produção fono-articulatória atual, avaliada

através da conversa espontânea e álbum articulatório, realizada por

fonoaudiólogo;

Material e Método

67

9 - presença de alteração da linguagem escrita avaliada através da leitura,

ditado e análise dos cadernos e produção de textos escritos pelos alunos, ou

seja, níveis de produção gráfica e aprendizado, incompatíveis ao nível de

escolaridade do aluno, realizado por fonoaudiólogo.

Sendo assim, os grupos caracterizam-se por:

- GRUPO I: grupo sem evidências de alteração neurológica, de baixo risco

para alterações relacionadas ao desenvolvimento, audição, linguagem e

aprendizagem;

- Grupo II: grupo sem evidências de alteração neurológica, e com

evidências de alteração de aprendizagem, particularmente do aprendizado

do código gráfico.

A audiometria tonal liminar, o limiar de recepção da fala

(SRT), o índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF), a

timpanometria e a pesquisa dos limiares do reflexo acústico do músculo

estapédio foram estabelecidos nos moldes propostos por MANGABEIRA-

ALBERNAZ, MANGABEIRA-ALBERNAZ, MANGABEIRA-

ALBERNAZ & MANGABEIRA-ALBERNAZ FILHO (1981).

O critério de limiar de audibilidade normal utilizado foi a

presença de níveis de audição inferiores a 20 dB NA (padrão ANSI, 1969)

em todas as freqüências sonoras avaliadas, 250, 500, 1000, 2000, 3000,

Material e Método

68

4000, 6000 e 8000 Hz, baseado em DAVIS & SILVERMAN (1970),

AZEVEDO, IÓRIO, PEREIRA, GUILHERME & VIEIRA (1983) e

NORTHERN & DOWNS (1994).

O critério normal para o Índice de Reconhecimento de Fala,

realizado com gravação - faixa 2 do CD-room volume 1 (PEREIRA &

SCHOCHAT, 1997) - foi considerado normal entre 88 e 100%, segundo os

critérios propostos por PEREIRA, GENTILE, OSTERNE, BORGES &

FUKUDA (1992) e PEREIRA (1993b).

As medidas da timpanometria e pesquisa dos limiares do

reflexo acústico do músculo estapédio utilizadas como normal seguiram os

padrões de JERGER (1970), IÓRIO, PEREIRA, AZEVEDO,

GUILHERME & VIEIRA (1983) e PEREIRA & VIEIRA (1986), ou seja,

curva timpanométrica tipo A - pico de pressão atmosférica de 0 da Pa e

volume equivalente de 0,3 a 1,3ml - e reflexos acústicos presentes, cerca

de 70 a 90 dB acima do limiar de audibilidade na freqüência sonora

avaliada.

Os resultados da avaliação audiológica básica foram anotados

em protocolo específico (Anexo 3).

Material e Método

69

O álbum articulatório aplicado, para análise da produção fono-

articulatória, foi o proposto por GARCIA (1995) e a temática da conversa

espontânea variou para cada criança.

O ditado aplicado para análise da escrita foi o proposto por

ZORZI (1998).

A bateria do processamento auditivo consistiu de:

1 - triagem proposta por PEREIRA (1993a, 1997a) e revisada por

TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994);

2 - Pediatric Speech Intelligibility Test, denominado neste estudo de Teste

Pediátrico de Inteligibilidade de Fala, ou resumidamente de PSI, proposto

originalmente por JERGER, LEWIS, HAWKINS & JERGER (1980) e

JERGER, JERGER & ABRAMS (1983) e adaptado ao português brasileiro

por ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988) e revisto por ZILIOTTO,

KALIL & ALMEIDA (1997);

3 - Teste Dicótico de Dígitos (DD), proposto inicialmente por KIMURA

(1961a). Adotou-se a versão de MUSIEK (1983a), adaptada ao português

brasileiro por SANTOS & PEREIRA (1997);

4 - Auditory Fusion Test - Revised, denominado neste estudo de Teste de

Fusão auditiva, ou simplesmente de AFT-R, proposto por McCROSKEY &

KEITH (1996).

Material e Método

70

A triagem proposta por PEREIRA (1993a, 1997a) consiste das

provas de localização sonora (LS), memória seqüencial para sons não-

verbais (MSNV), ou também denominada de sons instrumentais, e

memória seqüencial para sons verbais (MSV). Na prova de localização

sonora as crianças foram instruídas a identificar cinco direções: à direita, à

esquerda, à frente, acima e atrás da cabeça. Na prova de memória

seqüencial para sons instrumentais e sons verbais, as crianças foram

instruídas a identificar três seqüências de sons apontando instrumentos

sonoros ou repetindo sílabas. Na prova de localização sonora foi

considerado acerto apontar a direção correta estímulo. Na prova de

memória seqüencial para sons instrumentais e sons verbais foi considerado

acerto quando a criança reproduziu corretamente a seqüência apresentada.

As respostas foram anotadas em protocolo específico, adaptado de

PEREIRA (1997a) (Anexo 3).

O PSI consiste na identificação de sentenças com mensagem

competitiva contralateral (MCC) e mensagem competitiva ipsilateral

(MCI), em cabina acústica. As figuras do teste (ZILIOTTO, KALIL &

ALMEIDA, 1997) foram apresentadas às crianças para reconhecimento e,

só então, as crianças foram instruídas a prestar atenção e apontar as figuras

correspondentes à sentença ouvida (Quadro 1), desprezando a mensagem

Material e Método

71

competitiva (história). A intensidade de apresentação do sinal de fala foi

de 40 dB NS, com referência à média dos limiares auditivos tonais nas

freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. Inicialmente o teste foi aplicado na

presença de mensagem competitiva contralateral: na orelha direita numa

relação fala/ruído 0 dB1 e -40 dB e após na orelha esquerda nas mesmas

relações de fala/ruído. Numa segunda etapa, o teste foi aplicado com

mensagem competitiva ipsilateral: na orelha direita nas relações fala/ruído

0 dB, -10 dB e -15 dB, e após na orelha esquerda nas mesmas relações de

fala/ruído.

Embora o PSI, originalmente, seja indicado para aplicação em

crianças de até sete anos (JERGER, LEWIS, HAWKINS & JERGER,

1980; ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA, 1997), optou-se por aplicar o

teste em toda a população, uma vez que o teste Synthetic Sentences

Identification – Teste de Identificação de Sentenças Sintéticas - (SSI)

(SPEAKS & JERGER, 1965; ALMEIDA & CAETANO, 1988; KALIL,

ZILIOTTO & ALMEIDA, 1997), que seria o teste indicado para essa faixa

etária, envolve o domínio do código gráfico e as crianças do Grupo II

apresentam dificuldades com o aprendizado desse código.

1 A relação fala/ruído expressa a razão da intensidade da fala pela intensidade do ruído e, portanto, é um número que não tem unidade (NÁBELEK & NÁBELEK, 1989). No entanto, o uso da forma fala/ruído em “dB” é amplamente usada na literatura especializada, e poderá, portanto, ser utilizada no decorrer do texto.

Material e Método

72

Os resultados do PSI foram anotados em protocolo específico,

adaptado de ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988) e ZILIOTTO,

KALIL & ALMEIDA (1997) (Anexo 3), sendo anotadas as porcentagens

de acerto no teste em cada uma das condições propostas em cada uma das

orelhas e relações fala/ruído. Cada item, em cada uma das condições,

corresponde a 10% de acerto.

O teste PSI é apresentado na faixa 4 do CD-room volume 1 -

(PEREIRA & SCHOCHAT, 1997). Na faixa número 1, do mesmo CD-

room, foi colocado um tom de 1000 Hz na intensidade de 60 dB que serviu

de referência para a calibração.

Quadro 1 - Sentenças elaboradas para o PSI - adaptação ao português

brasileiro realizada por ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988).

1.Mostre o rato pintando um ovo. 2. Mostre o gato escovando os dentes. 3. Mostre o cavalo comendo a maçã.

4. Mostre o rato pondo o sapato. 5. Mostre o gato penteando o cabelo.

6 . Mostre o gato tomando leite. 7. Mostre o rato lendo o livro. 8. Mostre o cavalo correndo.

9. Mostre o gato comendo sanduíche. 10. Mostre o rato jogando futebol.

Material e Método

73

O teste de Dicótico de Dígitos foi realizado a partir da tarefa

de integração biaural (SANTOS & PEREIRA, 1997; SANTOS, 1998). As

crianças foram instruídas a ouvir dois pares de dígitos, sendo apresentados

um par de cada vez, com um dígito em cada orelha, e a repetir, após ouvir

todo o item, os quatro números ouvidos, independentemente da ordem de

apresentação dos mesmos. Foram dados cinco itens de exemplo, e, após a

criança ter compreendido a tarefa a ser executada, iniciou-se o teste

propriamente dito. Após a apresentação de 20 itens, os fones foram

invertidos, para evitar qualquer diferença de calibração entre os fones,

sendo apresentados um total de 160 dígitos.

O teste Dicótico de Dígitos foi apresentado a uma intensidade

de 50 dB NS em relação à média dos limiares auditivos tonais nas

freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz.

Considerou-se resposta correta a repetição dos quatro dígitos

apresentados por item. Quando ocorreu algum erro, este foi assinalado

como omissão (círculo) ou substituição (traço) no dígito correspondente.

Foi contabilizado o número de acertos e calculada a porcentagem de

acertos para cada uma das orelhas. Cada acerto, em cada uma das orelhas,

corresponde a 1,25% de acerto.

Material e Método

74

Os resultados do teste Dicótico de Dígitos foram anotados em

protocolo específico (Anexo 3), adaptado do protocolo proposto por

SANTOS & PEREIRA (1997).

O teste Dicótico de Dígitos é apresentado na faixa 3 do CD-

room volume 2 (PEREIRA & SCHOCHAT, 1997). Na faixa número 1, do

mesmo CD room, foi colocado um tom de 1000 Hz na intensidade de 60

dB que serviu de referência para a calibração.

O teste Auditory Fusion Test - Revised é apresentado

dioticamente2, ou seja, são apresentados, simultaneamente, os mesmos

estímulos à orelha esquerda e orelha direita via fone, em cabina acústica,

quando em condição biaural; e é apresentado monoticamente, ou seja, são

apresentados estímulos apenas à orelha direita ou à orelha esquerda via

fone, em cabina acústica, quando em condição monoaural.

São apresentados tons puros nas freqüências de 250, 500,

1000, 2000 e 4000 Hz, com um breve intervalo de tempo entre os pares de

tons e a criança deve dizer se ouviu um ou dois tons, dizendo “um” ou

“dois”, ou mostrando um ou dois dedos.

2 Segundo PEREIRA & CAVADAS (1998), o termo diótico tem sido empregado para designar estimulação biaural em campo livre; no entanto, está sendo utilizado, neste estudo, para apresentação de estímulos idênticos em cabina acústica e com fones, tal qual o proposto por McCROSKEY & KEITH (1996), preservando a designação original dos autores do teste.

Material e Método

75

A avaliação só foi realizada após ter sido averiguado se a

criança tinha o conceito de um e dois e a criança foi orientada a dizer se

estava ouvindo um ou dois tons puros como descrito acima.

O teste é composto por três subtestes:

- Subteste 1: triagem e prática: tem como objetivo investigar qual dos dois

outros subtestes serão utilizados para pesquisar o limiar de fusão auditiva.

Contém 18 pares de tons com intervalo interpulso de 0 a 300ms. Se o par

de tom for percebido como dois tons, duas vezes consecutivamente até

60ms inclusive, aplica-se o subteste 2; se, no entanto, o tom for percebido

como dois, acima de 60ms, aplica-se o subteste 3. O Subteste 1 não será

discutido nos resultados, uma vez que seu objetivo é apenas o de

estabelecer a escolha de qual subteste será utilizado, o Subteste 2 ou o

Subteste 3;

- Subteste 2, ou AFT-R padrão: Aplicado quando, no subteste 1, foi

encontrado um limiar de fusão auditiva inferior a 60ms. Contém cinco

seqüências com 18 pares de tons por freqüência. As freqüências são 250,

500, 1000, 2000 e 4000 Hz, aplicadas na seguinte ordem: 500, 1000, 4000,

250, 2000, 500 Hz, sendo que a primeira freqüência de 500 Hz é utilizada

como prática e não é incluída na análise do teste. Nove pares são

ascendentes, com intervalo-interpulso de 0 a 40ms, com incrementos de

Material e Método

76

5ms por par; e nove pares são descendentes, com intervalo-interpulso de 40

a 0ms, com decréscimo de 5ms por par;

- Subteste 3, ou AFT-R expandido: Aplicado quando, no subteste 1, foi

encontrado um limiar de fusão auditiva superior a 60ms. Contém três

seqüências com 18 pares de tons por freqüência. As freqüências são 250,

1000 e 4000 Hz, aplicadas na seguinte ordem: 1000, 4000 e 250 Hz. Nove

pares são ascendentes (intervalo-interpulso de 40 a 300ms, com

incrementos de 10 a 100ms) e nove pares são descendentes (intervalo-

interpulso de 200 a 30ms, com decréscimos de 100 a 10ms).

Para cada freqüência, calculou-se o limiar de fusão auditiva

através do momento ascendente e descendente. Na série ascendente, é o

momento em que o par de tom deixa de ser percebido como um tom, ou

seja, o último som percebido como um, após dois tons terem sido

percebidos como dois. Na série descendente, é o momento em que os tons

deixam de ser percebidos como dois e passam a ser percebidos como um.

A média do momento ascendente e descendente, naquela freqüência, é o

limiar de fusão auditiva da freqüência avaliada. O limiar de fusão auditiva

é a média dos pontos de fusão auditiva ascendente e descendente para cada

freqüência avaliada no subteste 2 ou 3.

O teste é apresentado a 50 dB NS nas freqüências testadas.

Material e Método

77

O teste foi aplicado integralmente na condição biaural, nas

freqüências 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, quando aplicado o Subteste 2

e 1000, 4000 e 250 Hz, quando aplicado o Subteste 3. Após o AFT-R foi

aplicado na condição monoaural, na orelha direita e na orelha esquerda,

nas freqüências de 1000 e 4000 Hz.

O teste AFT-R é o apresentado da faixa 2 a faixa 11 do CD-

room (McCROSKEY & KEITH, 1996). A faixa 2 corresponde ao subteste

triagem e prática; as faixas 3 a 8 correspondem ao subteste 2 (freqüências

500, 1000, 4000, 250, 2000 e 500 Hz); as faixas 9 a 11 correspondem ao

subteste 3 (freqüências 1000, 4000 e 250). Na faixa número 1, do mesmo

CD-room, foi colocado um tom de 1000 Hz na intensidade de 60 dB que

serviu de referência para a calibração.

Os resultados do AFT-R foram anotados em protocolo

específico (Anexo 3), adaptado do protocolo proposto por McCROSKEY

& KEITH (1996).

Os testes foram aplicados em todos os indivíduos na seguinte

seqüência: localização sonora, memória seqüencial para sons

instrumentais, memória seqüencial para sons verbais, PSI com mensagem

competitiva contralateral, PSI com mensagem competitiva ipsilateral, teste

Material e Método

78

Dicótico de Dígitos, AFT-R na condição biaural e AFT-R na condição

monoaural.

Na triagem do processamento auditivo utilizou-se a campânula

vertical de cinco guizos para a prova de localização sonora em cinco

direções.

Para a prova de memória seqüencial de sons não-verbais

utilizou-se a campânula vertical de cinco guizos, o agogô duplo médio, o

sino e o coco.

Para a prova de memória seqüencial verbal utilizou-se as

sílabas “pa”, “ta” e “ca”.

Os equipamentos usados para realização da audiometria tonal

liminar foram audiômetro MIDMATE 622, da MADSEN ELETRONICS,

fone TDH - 39P e coxim MX - 41 AR, ambos calibrados no PADRÃO

ANSI-89. As freqüências sonoras testadas foram 250, 500, 1000, 2000,

3000, 4000, 6000 e 8000 Hz. O dial de intensidade do tom variou numa

faixa de - 10 dB a 125 dB, em níveis de 5 dB.

A timpanometria e a pesquisa do reflexo acústico do músculo

estapédio foram realizadas através de equipamento AZ7R da

INTERACOUSTICS, com tom de sonda de 220 Hz. As freqüências

sonoras testadas na pesquisa do reflexo acústico foram 500, 1000, 2000 e

Material e Método

79

4000 Hz. O dial de intensidade apontava em dB NA os limiares do reflexo

acústico medido (referência 0 dB NA - PADRÃO ANSI - 69) e variaram

numa faixa de 10 a 110 dB NA para a freqüência de 500 Hz e 10 a 120 dB

NA para as demais freqüências.

O equipamento utilizado para realizar o PSI, Dicótico de

Dígitos e AFT-R, em cabina acústica, foi o audiômetro MIDMATE 622

com fone TDH - 39P e coxim MX - 41 AR. O audiômetro foi acoplado a

um CD Compact player D-171 da SONY.

Inicialmente, foi estabelecido o número de respostas corretas

nos diferentes testes, em cada uma de suas etapas, para o Grupo I e Grupo

II. Foram calculados, desta forma, os índices de acerto nas provas de

localização sonora, memória seqüencial para sons instrumentais e memória

seqüencial para sons verbais; as porcentagens de acerto para cada uma das

condições do PSI (MCC e MCI) nas diferentes relações fala/ruído; as

porcentagens de acerto do Dicótico de Dígitos na orelha direita e orelha

esquerda; os limiares de fusão auditiva, na condição biaural, em cada uma

das freqüências avaliadas do Subteste 2 ou Subteste 3 e o limiar de fusão

auditiva total; e os limiares de fusão auditiva, na condição monoaural à

orelha direita e à orelha esquerda nas freqüências de 1000 e 4000 Hz. Os

Material e Método

80

resultados individuais do Grupo I e Grupo II, em cada um dos testes

aplicados, encontram-se no Anexo 4.

Foi realizado estudo do Grupo I, no qual foram estabelecidas

as médias, medianas, modas, desvios-padrão e limites inferiores e limites

superiores de acertos observados para os indivíduos do sexo masculino e

sexo feminino em cada uma das provas realizadas, assim como os critérios

de corte para dois desvios-padrão em relação à média e P90.

Posteriormente, foi realizado, através da análise estatística, estudo que

procurou estabelecer eventuais associações com as variáveis sexo, orelha

testada (orelha direita e orelha esquerda) e freqüência testada.

Em seguida, foi feita a comparação do Grupo I e Grupo II nas

diferentes provas realizadas.

MÉTODO ESTATÍSTICO

Para a análise estatística foram aplicados os seguintes testes:

1 - Teste t - independente (GLANTZ, 1997) com a finalidade de comparar

os resultados obtidos pelos indivíduos do sexo masculino e feminino, em

relação aos índices de acertos e erros nas provas de localização sonora e

memória seqüencial para sons não-verbais e sons verbais, porcentagens de

Material e Método

81

acerto do PSI e Dicótico de Dígitos, AFT-R, para cada orelha

separadamente; comparar os Grupo I e Grupo II nos diferentes testes

aplicados.

2 - Teste t-pareado (GLANTZ, 1997) com a finalidade de comparar as

respostas dos indivíduos quando os estímulos foram apresentados via fones

às orelhas direita e esquerda no PSI, Dicótico de Dígitos e AFT-R, na

condição monoaural e para comparar as freqüências do AFT-R, na

condição monoaural.

3 - Análise de Variância com medidas repetidas - ANOVA (GLANTZ,

1997) para comparar as freqüências do AFT-R, na condição biaural.

4 - Teste Qui-quadrado (SIEGEL, 1975) para comparar as respostas

observadas, considerando as freqüências pré-estabelecidas, do AFT-R no

Grupo I e Grupo II a partir dos critérios de corte estabelecidos.

Em todos os testes estatísticos fixou-se em 0,05 ou 5% (p ≤

0,05) o nível de significância, assinalando-se com um asterisco os valores

significantes.

RESULTADOS

Resultados

83

Apresenta-se, neste capítulo, os resultados obtidos na

avaliação do Grupo I e do Grupo II, em uma população de 60 indivíduos,

36 do sexo masculino e 24 do sexo feminino, com faixa etária variando

entre nove anos e cinco meses a 11 anos e 10 meses, matriculados na 3 a e

4a séries do 1o grau. No Grupo I foram avaliados 40 indivíduos, 20 do sexo

masculino e 20 do sexo feminino, com idades variando entre nove anos e

seis meses e 10 anos e 11 meses, com baixo risco para alterações de

desenvolvimento, audição, linguagem e aprendizagem e com diagnóstico

de manifestação de ausência de alteração do aprendizado do código gráfico.

No Grupo II foram avaliados 20 indivíduos, 16 do sexo masculino e quatro

do sexo feminino, com idades variando entre nove anos e cinco meses e 11

anos e 10 meses, sem evidências de alteração neurológica e com

diagnóstico de manifestação de alterações do aprendizado do código

gráfico.

Antes de iniciar a apresentação dos resultados propriamente

ditos, julga-se necessária a apresentação de algumas considerações gerais

que deverão facilitar a compreensão do presente estudo. Assim, subdividiu-

se este capítulo em três partes: PARTE A, PARTE B e PARTE C.

A PARTE A consiste do estudo das respostas nas provas

auditivas (testes) obtidas pelos indivíduos do Grupo I. Para cada teste, foi

feita análise levando-se em conta as variáveis sexo, orelha testada e

Resultados

84

freqüência testada. Estas duas últimas, apenas nos testes em que a

comparação se aplicou. Foi realizado, também, o estudo dos pontos de

corte estabelecidos para efeito deste estudo.

Para a apresentação dos resultados por prova auditiva levou-se

em consideração a seguinte ordem de apresentação:

1 - Localização Sonora

2 - Memória Seqüencial para sons não-verbais

3 - Memória Seqüencial para sons verbais

4 - PSI

4.1 - Mensagem Competitiva Contralateral (tarefa dicótica) -

PSI-MCC

4.2 - Mensagem Competitiva Ipsilateral (tarefa monótica) -

PSI-MCI

5 - Teste Dicótico de Dígitos

6 - AFT-R

6.1 - Condição biaural

6.2 - Condição Monoaural

A PARTE B consiste da apresentação do estudo das respostas

às provas auditivas (testes) obtidas pelos indivíduos do Grupo II. Não foi

possível realizar o estudo quanto à variável sexo, uma vez que o grupo II é

constituído de 16 indivíduos do sexo masculino e quatro indivíduos do sexo

Resultados

85

feminino. A análise estatística foi orientada a partir dos resultados da

variável sexo no Grupo I. Foi realizada análise quanto às variáveis orelha

testada e freqüência testada, apenas nos testes em que a comparação se

aplicou.

Na PARTE C, organizou-se os resultados obtidos de maneira a

apresentar o estudo comparativo das respostas às provas auditivas (testes)

obtidas pelos indivíduos dos Grupos I e II.

Em todas as partes deste capítulo procurou-se uniformizar a

apresentação dos resultados, seguindo-se a ordem de apresentação das

provas auditivas (testes) descrita anteriormente.

Resultados

86

PARTE A – Estudo das respostas obtidas nas diferentes provas

auditivas (testes) pelos indivíduos do Grupo I, ou seja, grupo com

baixo risco para alterações de desenvolvimento, audição, linguagem e

aprendizagem

a) Estudo das respostas, levando-se em conta as variáveis sexo, orelha

testada e freqüência testada

Com base nos resultados de cada indivíduo, demonstrados no

Anexo 4, realizaram-se os cálculos dos valores médios - média, mediana,

moda e desvio-padrão – separadamente para os indivíduos do sexo

masculino e feminino, assim como descreveram-se os limites superiores e

limites inferiores de acertos obtidos nas diferentes provas auditivas. Na

parte inferior de cada uma das tabelas descreveu-se o resultado do teste

estatístico pertinente para cada estudo de cada uma das variáveis sexo,

orelha e freqüência preestabelecida de acordo com o teste aplicado.

Apresenta-se estes valores para as provas auditivas de localização

sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial

para sons verbais, na Tabela 1; para a prova PSI-MCC nas diferentes

condições de testagem, na Tabela 2; para a prova PSI-MCI nas diferentes

condições de testagem, na Tabela 3; para o Teste Dicótico de Dígitos na

Resultados

87

Tabela 4; para o teste AFT-R na condição biaural, na Tabela 5 e ilustrou-se

os valores no Gráfico 1; para o AFT-R na condição monoaural, na Tabela

6.

Resultados

88

Tabela 1- Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos desvios-

padrão) e limiares superiores e inferiores de número de acertos,

estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo

masculino (M) e feminino (F), nas provas de Localização Sonora (LS),

Memória Seqüencial para Sons Não-verbais (MSNV) e Memória

Seqüencial para Sons Verbais (MSV).

Indivíduos Valores LS MSNV MSV

Média 4,80 2,55 2,95

Mediana 5,00 3,00 3,00

Sexo Moda 5,00 3,00 3,00

Masculino Desvio-Padrão 0,41 0,51 0,22

Limite Superior 5,00 3,00 3,00

Limite Inferior 4,00 2,00 2,00

Média 4,75 2,45 3,00

Mediana 5,00 2,00 3,00

Sexo Moda 5,00 2,00 3,00

Feminino Desvio-Padrão 0,44 0,51 0,00

Limite Superior 5,00 3,00 3,00

Limite Inferior 4,00 2,00 3,00

Teste t -independente

(M X F)

0,714 0,539 0,324

Resultados

89

Tabela 2 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acertos,

estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo

masculino (M) e feminino (F), no PSI - Etapa com Mensagem Competitiva

Contralateral (PSI-MCC), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB e -40 dB, na

orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE).

Indivíduos Valores OD f/r = 0

OD f/r = -40

OE f/r = 0

OE f/r = -40

Média 100,00 99,50 100,00 100,00

Mediana 100,00 100,00 100,00 100,00

Sexo Moda 100,00 100,00 100,00 100,00

Masculino Desvio-Padrão 0,00 2,24 0,00 0,00

Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00

Limite Inferior 100,00 90,00 100,00 100,00

Média 100,00 100,00 100,00 100,00

Mediana 100,00 100,00 100,00 100,00

Sexo Moda 100,00 100,00 100,00 100,00

Feminino Desvio-Padrão 0,00 0,00 0,00 0,00

Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00

Limite Inferior 100,00 100,00 100,00 100,00

Total Média 100,00 99,75 100,00 100,00

Desvio-Padrão 0,00 1,58 0,00 0,00

Teste t - independente

(M X F)

NA 0,324 NA NA

Teste t - pareado

(OD X OE)

NA 0,323

Legenda: NA = não se aplica

Resultados

90

Verificou-se que não houve diferença estatisticamente

significante quanto à análise da variável sexo, na orelha direita, na relação

fala/ruído -40 dB. No PSI-MCC na relação fala/ruído 0 dB à orelha direita

e na relação fala/ruído 0 dB e -40 dB à orelha esquerda, os indivíduos

apresentaram respostas com valor de 100% muito freqüentes, o que não

permitiu a aplicação de teste estatístico por falta de variabilidade.

Da mesma forma, quando realizada a análise estatística que

permitiu a comparação dos indivíduos avaliados à orelha direita e esquerda,

não houve diferença estatística significante à orelha direita e esquerda na

relação fala/ruído 0 dB. Na relação fala/ruído -40 dB os indivíduos

apresentaram respostas com valor 100% muito freqüente, o que

inviabilizou a aplicação de teste estatístico.

Resultados

91

Tabela 3 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acertos,

estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo

masculino (M) e sexo feminino (F), no PSI - Etapa com Mensagem

Competitiva Ispilateral (PSI-MCI), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB, -10

dB e -15 dB, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).

Indivíduos Valores OD

f/r = 0

OD

f/r = -10

OD

f/r = -15

OE

f/r = 0

OE

f/r = -10

OE

f/r = -15

Média 98,50 97,50 89,50 100,00 98,50 93,50

Mediana 100,00 100,00 90,00 100,00 100,00 95,00

Sexo Moda 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Masculino Desvio-Padrão 3,66 4,44 12,34 0,00 3,66 7,45

Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Limite Inferior 90,00 90,00 60,00 100,00 90,00 80,00

Média 99,50 99,00 83,00 99,50 99,50 92,50

Mediana 100,00 100,00 80,00 100,00 100,00 95,00

Sexo Moda 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Feminino Desvio-Padrão 2,24 3,08 13,41 2,24 2,24 8,51

Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Limite Inferior 90,00 90,00 60,00 90,00 90,00 80,00

Total Média 99,00 98,25 86,25 99,75 99,00 93,00

Desvio-Padrão 3,04 3,85 13,14 1,58 3,04 7,91

Teste t - independente

(M X F)

0,305 0,223 0,119 0,330 0,305 0,695

Teste t - pareado

OD X OE

0,183 0,323 0,002*

Resultados

92

Tabela 4 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acertos,

estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo

masculino (M) e sexo feminino (F), no Teste Dicótico de Dígitos (DD), à

orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).

Indivíduos Valores DD OD DD OE

Média 98,88 98,50

Mediana 98,75 98,75

Sexo Moda 100,00 100,00

Masculino Desvio-Padrão 1,14 1,65

Limite Superior 100,00 100,00

Limite Inferior 96,25 96,25

Média 97,75 98,25

Mediana 98,13 98,75

Sexo Moda 98,75 98,75

Feminino Desvio-Padrão 1,26 1,64

Limite Superior 98,75 100,00

Limite Inferior 95,00 95,00

Teste t - independente

(M X F)

0,005* 0,634

Teste t - pareado OD X OE (masculino)

0,343

Teste t - pareado OD X OE (feminino)

0,134

Resultados

93

Tabela 5 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores dos limiares de fusão

auditiva (ms), estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos

indivíduos do sexo masculino (M) e sexo feminino (F), no Teste AFT-R, na

condição biaural.

Indivíduos Valores 250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 4000 Hz AFT-R Total

Média 6,85 8,28 5,35 5,10 5,88 6,29

Mediana 6,75 6,00 5,00 5,00 5,00 6,30

Sexo Moda 5,00 2,50 6,00 5,00 5,00 6,40

Masculino Desvio-Padrão 4,79 6,14 4,22 2,14 2,83 3,08

Limite Superior 12,50 20,00 20,00 10,00 11,00 15,00

Limite Inferior 0,00 1,00 0,00 2,00 2,00 2,00

Média 8,00 9,18 6,75 5,93 5,35 6,54

Mediana 7,50 5,50 5,50 5,00 5,00 6,20

Sexo Moda 2,50 2,50 5,00 5,00 5,00 2,10

Feminino Desvio-Padrão 6,88 8,00 4,33 4,24 4,78 4,12

Limite Superior 17,50 22,50 12,50 15,00 1,00 15,20

Limite Inferior 0,00 0,00 0,00 0,00 20,00 1,70

Total Média 7,43 8,73 6,05 5,51 5,61 6,08

Desvio-Padrão 5,88 7,06 4,28 3,34 3,34 3,39

Teste t - independente

(M X F)

0,543 0,692 0,307 0,442 0,675 0,832

ANOVA F = 0,0001*

250 = 500 > 1000 = 2000 = 4000 Hz

Resultados

94

Gráfico 1: Valores médios(média e um desvio-padrão), para os indivíduos

do sexo masculino e feminino, no Teste AFT-R, na condição biaural, nas

freqüências 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz.

Grupo I

0

10

20

30

40

250 500 1000 2000 4000 (Hz)

AF

T-R

Bia

ura

l (m

s)

Média

+/- um Desvio-Padrão

Resultados

95

Tabela 6 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores dos limiares de fusão

auditiva (ms), estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos

indivíduos do sexo masculino (M) e sexo feminino (F), no Teste AFT-R, na

condição monoaural, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).

Indivíduos Valores OD

1000 Hz

OE

1000 Hz

OD

4000 Hz

OE

4000 Hz

Média 6,15 5,38 4,65 5,23

Mediana 5,00 5,00 5,00 5,00

Sexo Moda 5,00 5,00 5,00 3,50

Masculino Desvio-Padrão 3,45 2,35 2,08 2,53

Limite Superior 12,50 10,00 10,00 10,00

Limite Inferior 0,00 1,00 1,00 1,00

Média 4,78 8,45 6,55 7,10

Mediana 3,50 6,00 5,00 6,75

Sexo Moda 1,00 15,00 2,00 1,00

Feminino Desvio-Padrão 3,86 6,49 4,82 5,49

Limite Superior 12,50 20,00 17,50 17,50

Limite Inferior 1,00 0,00 1,00 1,00

Total Média 5,46 6,91 5,60 6,16

Desvio-Padrão 3,68 5,06 3,79 4,33

Teste t - independente (M

X F)

0,242 0,058 0,114 0,177

Teste t - pareado

OD X OE

0,067 0,268

Teste t-pareado

1000 x 4000 OD

0,834

Teste t-pareado

1000 x 4000 OE

0,225

1000 = 4000 Orelha Direita

1000 = 4000 Orelha Esquerda

Resultados

96

b) Estudo dos pontos de corte estabelecidos para as diferentes provas

auditivas com base nas respostas dos indivíduos do Grupo I.

Na Tabela 7, são apresentados os pontos de corte

estabelecidos, considerando-se mais ou menos dois desvios-padrão além da

média, também denominado P95, e o P90, ou também denominado P10,

para cada uma das provas aplicadas. Foram respeitadas as diferenças

estatisticamente significantes encontradas e descritas anteriormente.

Quando se verificou que não houve diferença entre as respostas dos

indivíduos do sexo masculino e feminino na prova estudada, a análise foi

realizada levando-se em conta a população total.

Resultados

97

Tabela 7: Valores médios (média, desvio-padrão, menos/mais dois desvios-padrão além

da média), nas provas aplicadas. Pontos de corte para Percentil 95 (P95) e Percentil 90

(P90). Provas Média Desvio-

Padrão Média - dois

desvios-padrão P95 P90

LS 4,78 0,42 3,94 4,00 4,00

MSNV 2,50 0,51 1,48 2,00 2,00

MSV 2,97 0,16 2,65 3,00 3,00

PSI MCC OD f/r = 0 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00

PSI MCC OD f/r = -40 99,75 1,58 96,59 90,00 100,00

PSI MCC OE f/r = 0 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00

PSI MCC OE f/r = -40 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00

PSI MCI OD f/r = 0 99,00 3,04 92,92 90,00 90,00

PSI MCI OD f/r = -10 98,25 3,85 90,55 90,00 90,00

PSI MCI OD f/r = -15 86,25 13,14 59,97 60,00 70,00

PSI MCI OE f/r = 0 99,75 1,58 96,59 90,00 100,00

PSI MCI OE f/r = -10 99,00 3,04 92,92 90,00 90,00

PSI MCI OE f/r = -15 93,00 7,91 77,18 70,00 80,00

DD OD Masculino 98,88 1,14 96,60 96,60 97,50

DD OD Feminino 97,75 1,26 95,23 95,23 95,13

DD OE 98,38 1,63 95,12 95,12 95,12

Provas Média Desvio-Padrão

Média + dois desvios-padrão

P95 P90

AFT-R (B) 250 Hz 7,43 5,88 19,19 19,19 15,00

AFT-R (B) 500 Hz 8,73 7,06 22,85 22,85 20,00

AFT-R (B) 1000 Hz 6,05 4,28 14,61 14,61 12,50

AFT-R (B) 2000 Hz 5,51 3,34 12,19 12,19 10,90

AFT-R (B) 4000 Hz 5,61 3,88 13,37 13,37 10,90

AFT-T (B) Total 6,41 3,59 13,59 13,59 13,08

AFT- R (M) OD 1000 Hz 5,46 3,68 12,82 12,82 10,90

AFT-R (M) OE 1000 Hz 6,91 5,06 17,03 17,03 15,00

AFT-R (M) OD 4000 Hz 5,60 3,79 13,18 13,18 12,25

AFT-R (M) OE 4000 Hz 6,16 4,33 14,82 14,82 14,60

Legenda: OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; f/r = relação fala/ruído; AFT-R (B) = AFT-R na condição biaural; AFT-R (M) = AFT-R na condição monoaural;

Resultados

98

PARTE B – Estudo das respostas obtidas nas diferentes provas

auditivas pelos indivíduos do Grupo II, ou seja, com evidências de

alteração de aprendizagem, particularmente do aprendizado do código

gráfico.

Com base nos resultados de cada indivíduo, demonstrados no

Anexo 4, realizaram-se os cálculos dos valores médios - média, mediana,

moda e desvio-padrão – separadamente para os indivíduos do sexo

masculino e feminino, assim como descreveram-se os limites superiores e

limites inferiores de acerto obtidos nas diferentes provas auditivas. Na parte

inferior de cada uma das tabelas, descreveu-se o resultado do teste

estatístico pertinente para cada estudo de cada uma das variáveis sexo,

orelha e freqüência preestabelecida de acordo com o teste aplicado.

Apresenta-se estes valores para as provas auditivas de localização

sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial

para sons verbais, na Tabela 8; para a prova PSI-MCC nas diferentes

condições de testagem, na Tabela 9; para a prova PSI-MCI nas diferentes

condições de testagem, na Tabela 10; para o Teste Dicótico de Dígitos, na

Tabela 11; para o Teste AFT-R na condição biaural, na Tabela 12 e

ilustrou-se os valores no Gráfico 2; para o AFT-R na condição monoaural,

na Tabela 13.

Resultados

99

Tabela 8 - Valores médios (média, mediana, moda e desvio-padrão) e

limites superiores e inferiores de número de acerto, nas provas de

Localização Sonora (LS); Memória Seqüencial para sons não-verbais

(MSNV) e Memória Seqüencial para sons verbais (MSV).

Valores LS MSNV MSV Média 4,70 2,10 2,55

Mediana 5,00 2,00 3,00 Moda 5,00 2,00 3,00

Desvio-Padrão 0,47 0,79 0,61 Limite Superior 5,00 3,00 3,00 Limite Inferior 4,00 0,00 1,00

Resultados

100

Tabela 9 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acerto,

no PSI - Etapa com Mensagem Competitiva Contralateral (PSI-MCC), nas

relações de fala/ruído (f/r) 0 dB e -40 dB, na orelha direita (OD) e orelha

esquerda (OE).

Valores OD f/r = 0

OE f/r = 0

OD f/r = -40

OE f/r = -40

Média 100,00 99,50 100,00 100,00 Mediana 100,00 100,00 100,00 100,00

Moda 100,00 100,00 100,00 100,00 Desvio-Padrão 0,00 2,24 0,00 0,00 Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00 Limite Inferior 100,00 90,00 100,00 100,00

Teste t - pareado (OD X OE)

0,330 NA

Legenda: NA = não se aplica

Verificou-se que não houve diferença estatisticamente

significante entre a orelha direita e a orelha esquerda no teste PSI-MCC, na

relação fala/ruído 0 dB. No PSI-MCC na relação fala/ruído -40 dB à orelha

direita e na relação fala/ruído 0 dB e -40 dB à orelha esquerda, os

indivíduos apresentaram respostas com valor de 100% muito freqüentes, o

que não permitiu a aplicação de teste estatístico por falta de variabilidade.

Resultados

101

Tabela 10 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e limites inferiores de porcentagem de

acerto, no PSI - Etapa com Mensagem Competitiva Ispilateral (PSI-MCI),

nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB, -10 dB e -15 dB, à orelha direita (OD)

e à orelha esquerda (OE).

Valores OD

f/r = 0

OE

f/r = 0

OD

f/r = -10

OE

f/r = -10

OD

f/r = -15

OE

f/r = -15

Média 94,50 98,50 93,50 97,50 82,50 92,50

Mediana 100,00 100,00 100,00 100,00 90,00 90,00 Moda 100,00 100,00 100,00 100,00 90,00 100,00

Desvio-Padrão 6,86 3,66 9,88 5,50 13,33 7,86 Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Limite Inferior 80,00 90,00 70,00 80,00 50,00 80,00

Teste t - pareado

OD X OE

0,042* 0,104 0,008*

Resultados

102

Tabela 11 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acerto,

estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo

masculino* (M), no Teste Dicótico de Dígitos (DD), à orelha direita (OD) e

à orelha esquerda (OE).

Valores OD OE

Média 93,20 89,84 Mediana 92,50 88,75

Moda 91,25 86,25 Desvio-Padrão 3,87 5,22 Limite Superior 100,00 98,75 Limite Inferior 87,50 82,50

Teste t - pareado OD X OE (masculino)

0,004*

* Não foi realizada análise estatística das repostas obtidas pelos indivíduos

do sexo feminino devido ao número reduzido da amostra (quatro

indivíduos).

Houve diferença estatisticamente significante entre o

desempenho dos indivíduos do Grupo II, no Teste Dicótico de Dígitos,

sendo que se verificou desempenho inferior quando o estímulo foi enviado

via orelha esquerda.

Resultados

103

Tabela 12 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores dos limiares de fusão

auditiva (ms), no Teste AFT-R, na condição biaural.

Valores 250 Hz 1000 Hz 4000 Hz

Média 63,83 54,85 54,35

Mediana 46,25 31,25 37,50

Moda 0,00 5,00 5,00

Desvio-Padrão 64,42 58,34 57,50

Limite Superior 200,00 185,00 200,00

Limite Inferior 0,00 1,00 0,00

ANOVA 0,4477

250 = 1000 = 4000 Hz

No Grupo II, 10 indivíduos (50%) realizaram o subteste 2 e

outros 10 indivíduos (50%) realizaram o subteste 3, sendo os valores

apresentados representativos dos dois subtestes.

Resultados

104

Gráfico 2 - Valores médios (média e um desvio-padrão), para os indivíduos

do sexo masculino e feminino, no Teste AFT-R, na condição biaural, nas

freqüências 250, 1000 e 4000 Hz.

Grupo II

0

50

100

150

200

250

300

250 1000 4000 (Hz)

AF

T-R

Bia

ura

l (m

s)

Média

+/- um Desvio-Padrão

Resultados

105

Tabela 13 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos

desvios-padrão) e limites superiores e inferiores dos limiares de fusão

auditiva (ms), no Teste AFT-R, na condição monoaural, à orelha direita

(OD) e à orelha esquerda (OE).

Valores OD 1000 Hz

OE 1000 Hz

OD 4000 Hz

OE 4000 Hz

Média 54,28 55,48 64,83 58,25 Mediana 18,75 21,25 40,00 36,25

Moda 145 145,00 200,00 3,50 Desvio-Padrão 61,14 63,64 71,97 63,30 Limite Superior 185,00 200,00 200,00 200,00 Limite Inferior 2,00 0,00 0,00 0,00

Teste t - pareado OD X OE

0,880 0,100

Teste t-pareado 1000 X 4000 OD

0,418

Teste t-pareado 1000 X 4000 OE

0,745

1000 = 4000 Orelha Direita

1000 = 4000 Orelha Esquerda

Resultados

106

PARTE C – Estudo comparativo entre as respostas obtidas às

diferentes provas auditivas pelos indivíduos do Grupo I e Grupo II

Antes da apresentação da comparação das respostas aos testes

aplicados, optou-se por comparar as faixas etárias dos dois grupos.

Apresenta-se, na Tabela 14, os valores médios - médias e desvios-padrão -

das idades, em meses, dos indivíduos do Grupo I e do Grupo II e o

resultado do teste estatístico t-independente, realizado para comparar as

idades.

Resultados

107

Tabela 14 - Valores médios - médias e desvios-padrão - das idades (meses),

dos indivíduos do Grupo I e Grupo II.

Indivíduos Valores Idade (meses) Grupo I Média 121,78

Desvio-Padrão 3,61

Grupo II Média 122,50

Desvio-Padrão 4,80

Teste t - independente (Grupo I X Grupo II)

0,555

Não houve diferença estatisticamente significante entre as

idades do Grupo I e do Grupo II.

Apresenta-se, na Tabela 15 e Gráfico 3, a comparação de

desempenho entre o Grupo I e o Grupo II nas provas de localização sonora,

memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial para sons

verbais e o resultado do teste estatístico t-independente, realizado para

comparação do Grupo I e Grupo II.

Resultados

108

Tabela 15 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de

número de acerto, no Grupo I e no Grupo II, nas provas de Localização

Sonora (LS); Memória Seqüencial para Sons Não-verbais (MSNV) e

Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV).

Grupo Valores LS MSNV MSV Grupo I Média 4,78 2,50 2,97

Desvio-Padrão 0,42 0,51 0,16

Grupo II Média 4,70 2,10 2,55

Desvio-Padrão 0,47 0,79 0,61

Teste t - independente (Grupo I X Grupo II)

0,535 0,020* <0,001*

Resultados

109

Gráfico 3 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de

número de acerto, no Grupo I e no Grupo II, nas provas de Localização

Sonora (LS); Memória Seqüencial para sons não-verbais (MSNV) e

Memória Seqüencial para sons verbais (MSV).

0

1

2

3

4

5

LS MSNV MSV

mer

o d

e ac

erto

s

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II

Resultados

110

Apresenta-se, na Tabela 16 e Gráfico 4, a comparação de

desempenho entre o Grupo I e o Grupo II, no Teste PSI com mensagem

competitiva contralateral (MCC), o resultado do teste estatístico t-

independente, realizado para comparar o desempenho dos indivíduos do

Grupo I e Grupo II, à orelha direita e à orelha esquerda, nas relações de

fala/ruído 0 e -40 dB.

Resultados

111

Tabela 16 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de

porcentagem de acerto, no Grupo I e no Grupo II, no PSI - mensagem

competitiva contralateral (PSI-MCC), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB e

- 40 dB, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).

Grupo Valores OD f/r = 0

OD f/r = -40

OE f/r = 0

OE f/r = -40

Grupo I Média 100,00 99,75 100,00 100,00

Desvio-Padrão 0,00 1,58 0,00 0,00

Grupo II Média 100,00 100,00 99,50 100,00

Desvio-Padrão 0,00 0,00 2,24 0,00

Teste t - independente

(Grupo I X Grupo II)

NA 0,484 0,330 NA

Legenda: NA = não se aplica

Não existiu diferença estatisticamente significante entre o

Grupo I e o Grupo II. No PSI-MCC na relação fala/ruído 0 dB à orelha

direita. Na relação fala/ruído -40 à orelha esquerda, os indivíduos

apresentaram respostas com valor de 100% muito freqüentes, o que não

permitiu a aplicação de teste estatístico por falta de variabilidade.

Resultados

112

Gráfico 4 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de

porcentagem de acerto, no Grupo I e no Grupo II, no PSI - mensagem

competitiva contralateral (PSI-MCC), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 e -

40 dB, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).

0

20

40

60

80

100

0 -40 0 -40 ORELHA DIREITA ORELHA ESQUERDA

Po

rcen

tag

em d

e ac

erto

sP

SI

- M

CC

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo IMédia +/- um Desvio-PadrãoGrupo II

Resultados

113

Apresenta-se, na Tabela 17 e Gráfico 5, a comparação de

desempenho entre o Grupo I e o Grupo II, no Teste PSI com mensagem

competitiva ipsilateral (MCI), o resultado do teste estatístico t-

independente, realizado para comparar o desempenho dos indivíduos do

Grupo I e Grupo II, à orelha direita e à orelha esquerda, nas relações de

fala/ruído 0 -10 e -15 dB.

Resultados

114

Tabela 17 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) das

porcentagens de acerto, no Grupo I e Grupo II, no PSI - mensagem

competitiva ipsilateral (PSI-MCI), nas relações de fala/ruído (f/r) 0, -10 e -

15 dB, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).

Grupo Valores OD

f/r = 0

OD

f/r = -10

OD

f/r = -15

OE

f/r = 0

OE

f/r= -10

OE

f/r = -15

Grupo I Média 99,00 98,25 86,25 99,75 99,00 93,00

Desvio-Padrão 3,04 3,85 13,14 1,58 3,04 7,91

Grupo II Média 94,50 93,50 82,50 98,5 97,50 92,50

Desvio-Padrão 6,86 9,88 13,33 3,66 5,50 7,86

Teste t - independente (Grupo I X Grupo II)

0,010* 0,050* 0,304 0,158 0,267 0,818

Houve uma diferença estatisticamente significante entre o

Grupo I e o Grupo II à orelha direita, nas relações de fala/ruído 0 e -10 dB,

sendo que o Grupo II apresentou uma porcentagem menor de acertos em

relação ao Grupo I. Não houve uma diferença estatisticamente significante

entre o Grupo I e o Grupo II à orelha direita na relação fala/ruído -15 dB.

Não houve uma diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o

Grupo II à orelha esquerda nas relações fala/ ruído 0, -10 e -15 dB.

Resultados

115

Gráfico 5 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) das

porcentagens de acerto, no Grupo I e Grupo II, no PSI - mensagem

competitiva ipsilateral (PSI-MCI), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB, - 10

dB e - 15 dB, à orelha direita e à orelha esquerda.

Apresenta-se na Tabela 18, e Gráfico 6, a comparação de

desempenho entre o Grupo I e o Grupo II, no Teste Dicótico de Dígitos, o

resultado do teste estatístico t-independente, realizado para comparar o

0

20

40

60

80

100

0 - 10 -15 0 -10 -15 ORELHA DIREITA ORELHA ESQUERDA

Po

rce

nta

ge

m d

e a

ce

rto

sP

SI -

MC

I

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II

Resultados

116

desempenho dos indivíduos do Grupo I e Grupo II, à orelha direita e à

orelha esquerda. Manteve-se a separação por sexo no Teste Dicótico de

Dígitos na orelha direita, uma vez que a análise estatística revelou

diferença entre os indivíduos do sexo masculino e o sexo feminino no

Grupo I. Foi realizada apenas a comparação do Teste Dicótico de Dígitos

entre o Grupo I e o Grupo II nos indivíduos do sexo masculino à orelha

direita, devido ao número restrito de indivíduos do sexo feminino no Grupo

II - quatro indivíduos - o que inviabilizou a análise estatística.

Resultados

117

Tabela 18 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de

porcentagem de acerto, no Grupo I e Grupo II, no Teste Dicótico de Dígitos

(DD), à orelha direita (OD) no sexo masculino e à orelha esquerda (OE) na

população total.

Grupo Valores DD OD Sexo Masculino

DD OE População total

Grupo I Média 98,88 98,38 Desvio-padrão 1,14 1,63

Grupo II Média 93,20 90,44 Desvio-padrão 3,87 5,12

Teste t - independente

(Grupo I X Grupo II) <0,001* <0,001*

Legenda: < = menor

Houve uma diferença estatisticamente significante entre o

Grupo I e o Grupo II à orelha direita no sexo masculino e na orelha

esquerda na população total. Os indivíduos do Grupo II apresentaram uma

menor porcentagem de reconhecimento de dígitos que o Grupo I.

Resultados

118

Gráfico 6 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de

porcentagem de acerto, no Grupo I e Grupo II, no Teste Dicótico de Dígitos

(DD), à orelha direita (OD) no sexo masculino e à orelha esquerda (OE) na

população total.

0

20

40

60

80

100

DD OD masculino DD OE total

Po

rcen

tag

em d

e ac

erto

sD

icó

tico

de

Díg

ito

s

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II

Resultados

119

Apresenta-se, na Tabela 19 e Gráfico 7, os valores médios -

média e desvio-padrão - dos limiares de fusão auditiva, calculados em

milissegundos, no Grupo I e no Grupo II, e o resultado do teste estatístico t-

independente, realizado para comparar os indivíduos do Grupo I e Grupo II

no Teste AFT-R, na condição biaural. A comparação entre os indivíduos do

Grupo I e do Grupo II, neste teste, só pôde ser efetuada nas freqüências de

250, 1000, 4000 Hz e no AFT-R total. No Grupo I, todos os indivíduos

realizaram o subteste 2, que tem intervalos de tempo de 0 a 40ms e é

composto das freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. No Grupo II,

10 indivíduos realizaram o subteste 2 e 10 indivíduos realizaram o subteste

3, que tem intervalos de tempo de 40 a 300ms e é composto das freqüências

de 250, 1000, e 4000 Hz. Uma vez que as freqüências de 250, 1000 e 4000

Hz foram avaliadas em todos os indivíduos, tanto no subteste 2 como no

subteste 3, e as freqüências 500 e 2000 Hz foram avaliadas apenas nos

indivíduos submetidos ao subteste 2, optou-se por realizar a análise

estatística nas freqüências 250, 1000 e 4000 Hz comuns aos dois subtestes

e realizadas por todos os indivíduos do Grupo I e Grupo II.

Resultados

120

Tabela 19 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) dos

limiares de fusão auditiva (ms) no Grupo I e no Grupo II no Teste AFR-T,

na condição biaural.

Grupo Valores 250 Hz 1000 Hz 4000 Hz AFT-R Total

Grupo I Média 7,43 6,05 5,61 6,41

Desvio-Padrão 5,88 4,28 3,88 3,59

Grupo II Média 63,83 54,85 54,35 58,00

Desvio-Padrão 64,42 58,34 57,50 55,90

Teste t -

independente

(Grupo I X Grupo II)

0,001* 0,001* 0,001* 0,001*

Houve uma diferença estatisticamente significante entre o

Grupo I e o Grupo II, sendo que o Grupo II apresentou limiares de fusão

auditiva maiores que o Grupo I. No Grupo II, 10 indivíduos (50%)

realizaram o subteste 2 e outros 10 indivíduos (50%) realizaram o subteste

3. No Grupo I, todos os indivíduos realizaram o subteste 2 e nenhum

indivíduo realizou o subteste 3.

Resultados

121

Gráfico 7 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) dos

limiares de fusão auditiva (ms), no Grupo I e no Grupo II, no Teste AFR-T,

na condição biaural.

0

50

100

150

200

250

300

250 1000 4000 Total (Hz)

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

AF

T-R

Bia

ura

l (m

s)

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II

Resultados

122

Apresenta-se, na Tabela 20 e Gráfico 8, os valores médios -

média e desvio-padrão - dos limiares de fusão auditiva, calculados em

milissegundos, no Grupo I e no Grupo II, e o resultado do teste estatístico t-

independente, realizado para comparar os indivíduos do Grupo I e Grupo II

no Teste AFT-R, na condição monoaural, nas freqüências testadas 1000 e

4000 Hz.

Resultados

123

Tabela 20 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) dos

limiares de fusão auditiva (ms), no Grupo I e no Grupo II, no Teste AFR-T,

na condição monoaural.

Grupo Valores OD

1000 Hz

OE

1000 Hz

OD

4000 Hz

OE

4000 Hz

Grupo I Média 5,46 6,91 5,60 6,16

Desvio-Padrão 3,68 5,06 3,79 4,33

Grupo II Média 54,28 55,48 64,83 58,25

Desvio-Padrão 61,14 63,64 71,97 63,30

Teste t independente (Grupo I X Grupo II)

0,002* 0,003* 0,002* 0,002*

Houve uma diferença estatisticamente significante entre o

Grupo I e o Grupo II, sendo que o Grupo II apresentou limiares de fusão

auditiva maiores que o Grupo I. No Grupo II, 10 indivíduos (50%)

realizaram o subteste 2 e outros 10 indivíduos (50%) realizaram o subteste

3. No Grupo I, todos os indivíduos realizaram o subteste 2.

Resultados

124

Gráfico 8 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) dos

limiares de fusão auditiva (ms), no Grupo I e no Grupo II, no Teste AFR-T,

na condição monoaural, à orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE), nas

freqüências de 1000 e 4000 Hz.

0

50

100

150

200

250

300

OD 1000 OE 1000 OD 4000 OD 4000 (Hz)

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

AF

T-R

Mo

no

aura

l (m

s) Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I

Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II

Resultados

125

Procedeu-se a comparação do Grupo I e Grupo II a partir dos

critérios de corte estabelecidos. Optou-se, para este estudo, utilizar o P90,

para fins de comparação do Grupo I e Grupo II. Foi estabelecido o P90

como referência, com o objetivo de se verificar se os dados apresentavam

significância.

Apresenta-se, na Tabela 21, a distribuição dos indivíduos do

Grupo I e do Grupo II a partir do ponto de corte P90, em termos de número

e porcentagem, separando-se aqueles considerados com desempenho

adequado (A), daqueles considerados com desempenho inadequado (I).

Apresenta-se, nos Gráficos 9 a 14, ilustrações destes valores. Além disso,

mostra-se, na Tabela 21, os resultados do teste estatístico Qui-Quadrado

aplicado.

No AFT-R, a comparação entre os indivíduos do Grupo I e do

Grupo II, só pôde ser efetuada nas freqüências de 250, 1000, 4000 Hz e no

AFT-R total, comuns aos dois subtestes e realizadas por todos os

indivíduos do Grupo I e Grupo II.

Resultados

126

Tabela 21: Número (N) e Porcentagem (%) de indivíduos estabelecidos como adequados e inadequados, a

partir do ponto de corte P90, no Grupo I e Grupo II, nas diferentes provas aplicadas. Adequado X GRUPO I GRUPO II

Provas Inadequado N % N % X2 RESULTADO LS Adequado 40 100,0 20 100,0 0,00 Não significante

Inadequado 0 0,0 0 0,0 MSNV Adequado 40 100,0 17 85,0 6,32 * Significante

Inadequado 0 0,0 3 15,0 MSV Adequado 39 97,5 12 60,0 14,71 * Significante

Inadequado 1 2,5 8 40,0 PSI MCC

Adequado 40 100,0 20 100,0 0,00 Não significante OD f/r = 0 Inadequado 0 0,0 0 0,0

OD f/r= -40 Adequado 39 97,5 20 100,0 0,51 Não significante Inadequado 1 2,5 0 0,0

OE f/r = 0 Adequado 40 100,0 19 95,0 2,03 Não significante Inadequado 0 0,0 1 5,0

OE f/ = -40 Adequado 40 100,0 20 100,0 0,00 Não significante Inadequado 0 0,0 0 0,0

PSI MCI OD f/r = 0 Adequado 40 100,0 18 90,0 4,14 * Significante

Inadequado 0 0,0 2 10,0 OD f/r = -10 Adequado 40 100,0 15 75,0 10,91 * Significante

Inadequado 0 0,0 5 25,0 OD f/r = -15 Adequado 37 92,5 19 95,0 0,13 Não significante

Inadequado 3 7,5 1 5,0 OE f/r = 0 Adequado 39 97,5 17 85,0 3,35 Não significante

Inadequado 1 2,5 3 15,0 OE f/r = -10 Adequado 40 100,0 19 95,0 2,03 Não significante

Inadequado 0 0,0 1 5,0 OE f/r = -15 Adequado 40 100,0 20 100,0 0,00 Não significante

Inadequado 0 0,0 0 0,0 DD

DD OD Adequado 19 95,0 3 18,8 21,75 * Significante Masculino Inadequado 1 5,0 13 81,3

DD OE Adequado 36 90,0 4 20,0 29,40 * Significante Inadequado 4 10,0 16 80,0

AFT-R (B) 250 Hz Adequado 38 95,0 8 40,0 22,55 * Significante

Inadequado 2 5,0 12 60,0 1000 Hz Adequado 38 95,0 10 50,0 16,88 * Significante

Inadequado 2 5,0 10 50,0 4000 Hz Adequado 36 90,0 8 40,0 17,05 * Significante

Inadequado 4 10,0 12 60,0 Total Adequado 36 90,0 9 45,0 14,40 * Significante

Inadequado 4 10,0 11 55,0 AFT-R (M) OD 1000 Hz Adequado 36 90,0 8 40,0 17,05 * Significante

Inadequado 4 10,0 12 60,0 OE 1000 Hz Adequado 39 97,5 10 50,0 20,09 * Significante

Inadequado 1 2,5 10 50,0 OD 4000 Hz Adequado 36 90,0 7 35,0 19,86 * Significante

Inadequado 4 10,0 13 65,0 OE 4000 Hz Adequado 36 90,0 8 40,0 17,04 * Significante

Inadequado 4 10,0 12 60,0

Legenda: N = número de indivíduos; % = porcentagem de indivíduos; f/r = relação fala/ruído;

AFT-R (B) = AFT-R na condição biaural; AFT-R (M) = AFT-R na condição monoaural; OD =

orelha direita; OE = orelha esquerda

Resultados

127

Não houve associação estatisticamente significante entre

desempenho inadequado e as provas de localização sonora, PSI com

mensagem competitiva contralateral (MCC), PSI com mensagem

competitiva ipsilateral (MCI) à orelha esquerda nas relações fala/ruído 0, -

10 e -15 dB e à orelha direita na relação fala/ruído -15 dB.

Houve associação estatisticamente significante entre

desempenho inadequado e as provas de memória seqüencial para sons não-

verbais, memória seqüencial para sons verbais, PSI com mensagem

competitiva ispilateral nas condições 0 e -10 dB, no teste Dicótico de

Dígitos à orelha direita no sexo masculino e à orelha esquerda na

população total, no AFT-R na condição biaural - em todas as freqüências

avaliadas e no AFT-R total - e no AFT-R na condição monoaural, para a

orelha direita e orelha esquerda nas freqüências testadas - 1000 e 4000 Hz.

No AFT- R, uma vez agrupados, os indivíduos que realizaram

o subteste 2 e o subteste 3 produziram uma grande variabilidade de

resposta na condição biaural (Tabelas 12 e 19 e Gráfico 7), como também

na condição monoaural (Tabela 13 e 20 e Gráfico 8). Desta forma, optou-se

por realizar a análise comparativa do teste AFT-R na condição biaural e

monoaural, separando-se os indivíduos submetidos ao subteste 2 (10

indivíduos) e ao subteste 3 (10 indivíduos). Apresenta-se, na Tabela 22, a

distribuição dos indivíduos do Grupo I e do Grupo II que realizaram o

Resultados

128

subteste 2, e dos indivíduos do Grupo I e do Grupo II que realizaram o

subteste 3, a partir do ponto de corte P90, em termos de número e

porcentagem, e os resultados do teste estatístico Qui-Quadrado aplicado,

para comparação dos grupos.

NO AFT- R na condição biaural, nos indivíduos que

realizaram o subteste 2 foi realizada a comparação das respostas nas

freqüências 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, pois os indivíduos do Grupo I

e do Grupo II – Subteste 2 foram avaliados em todas as freqüências. No

subteste 3 foi realizada a comparação apenas entre as freqüências 250,

1000 e 4000 Hz, pois, no subteste 3, não são testadas as freqüências 500 e

1000 Hz.

Apresenta-se, nos Gráficos 15 e 16, a porcentagem de

indivíduos estabelecidos como adequados e inadequados, a partir do ponto

de corte P90, no Grupo I, Grupo II - Subteste 2 e Grupo II - Subteste 3, na

condição biaural.

Apresenta-se, nos Gráficos 15 e 16, a porcentagem de

indivíduos estabelecidos como adequados e inadequados, a partir do ponto

de corte P90, no Grupo I, Grupo II - Subteste 2 e Grupo II - Subteste 3, na

condição monoaural.

Resultados

129

Apresenta-se nos Gráficos 19 a 39, a distribuição das respostas

dos indivíduos testados no Grupo II, a partir do ponto de corte estabelecido

para as diferentes provas aplicadas.

Resultados

130

Tabela 22 - Número (N) e Porcentagem (%) de indivíduos estabelecidos

como adequados e inadequados, no AFT-R, condição biaural, a partir do

ponto de corte P90, nos Grupo I, Grupo II - subteste 2 e Grupo II - subteste

3. AFT-R Adequado GRUPO I GRUPO II – Subteste 2 Biaural Inadequado N % N % X2 RESULTADO 250 Hz Adequado 38 95,0 8 80,0 2,45 Não Significante

Inadequado 2 5,0 2 20,0 500 Hz Adequado 38 95,0 10 100,0 0,52 Não Significante

Inadequado 2 5,0 0 0,0 1000 Hz Adequado 38 95,0 10 100,0 0,52 Não Significante

Inadequado 2 5,0 0 0,0 2000 Hz Adequado 36 90,0 9 90,0 0,00 Não Significante

Inadequado 4 10,0 1 10,0 4000 Hz Adequado 36 90,0 8 80,0 0,76 Não Significante

Inadequado 4 10,0 2 20,0 Total Adequado 36 90,0 9 90,0 0,00 Não Significante

Inadequado 4 10,0 1 10,0 AFT-R Adequado GRUPO I GRUPO II – Subteste 3 Biaural Inadequado N % N % X2 RESULTADO 250 Hz Adequado 38 95,0 0 0,0 39,58 * Significante

Inadequado 2 5,0 10 100,0 1000 Hz Adequado 38 95,0 0 0,0 39,58 * Significante

Inadequado 2 5,0 10 100,0 4000 Hz Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante

Inadequado 4 10,0 10 100,0 Total Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante

Inadequado 4 10,0 10 100,0 AFT-R Adequado GRUPO I GRUPO II – Subteste 2

Monoaural Inadequado N % N % X2 RESULTADO OD 1000 Hz Adequado 36 90,0 8 80,0 0,76 Não Significante

Inadequado 4 10,0 2 20,0 OE 1000 Hz Adequado 39 97,5 10 100,0 0,26 Não Significante

Inadequado 1 2,5 0 0,0 OD 4000 Hz Adequado 36 90,0 7 70,0 2,66 Não Significante

Inadequado 4 10,0 3 30,0 OE 4000 Hz Adequado 36 90,0 8 80,0 0,76 Não Significante

Inadequado 4 10,0 2 20,0 AFT-R Adequado GRUPO I GRUPO II – Subteste 3

Monoaural Inadequado N % N % X2 RESULTADO OD 1000 Hz Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante

Inadequado 4 10,0 10 100,0 OE 1000 Hz Adequado 39 97,5 0 0,0 44,32 * Significante

Inadequado 1 2,5 10 100,0 OD 4000 Hz Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante

Inadequado 4 10,0 10 100,0 OE 4000 Hz Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante

Inadequado 4 10,0 10 100,0

Legenda: N = número de indivíduos; % = porcentagem de indivíduos; OD = orelha direita; OE =

orelha esquerda

Resultados

131

Não houve associação estatisticamente significante entre as

respostas dos indivíduos do Grupo I e as respostas dos indivíduos que

realizaram o subteste 2 no Grupo II, na condição biaural e monoaural.

Houve associação estatisticamente significante entre as

respostas dos indivíduos do Grupo I e dos que realizaram o subteste 3 no

Grupo II, na condição biaural e monoaural.

Resultados

132

Gráfico 9 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, nas provas de

Localização Sonora (LS), Memória Seqüencial para Sons Não-verbais

(MSNV) e Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

LS MSNV MSV LS MSNV MSV GRUPO I GRUPO II

Po

rcen

tag

em

Inadequado

Adequado

Resultados

133

Gráfico 10 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no PSI -

Mensagem Competitiva Contralateral (MCC), à orelha direita (OD) e

orelha esquerda (OE), nas relações fala/ruído 0 e -40 dB.

Grupo I Grupo II

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

OD OD OE OE OD OD OE OE 0 -40 0 -40 0 -40 0 -40

Po

rcen

tag

em Inadequado

Adequado

Resultados

134

Gráfico 11 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no PSI -

Mensagem Competitiva Ipsilateral (MCI), na orelha direita (OD) e orelha

esquerda (OE), nas relações fala/ruído 0, -10 e -15 dB.

Grupo I Grupo II

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

OD OD OD OE OE OE OD OD OD OE OE OE 0 -10 -15 0 -10 -15 0 -10 -15 0 -10 -15

Po

rcen

tag

em

Inadequado

Adequado

Resultados

135

Gráfico 12 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no Teste Dicótico

de Dígitos, na orelha direita no sexo masculino (OD M) e na orelha

esquerda na população total (OE T).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

OD M OE T OD M OE T

GRUPO I GRUPO II

Po

rcen

tag

em

Inadequado

Adequado

Resultados

136

Gráfico 13 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no AFT- R, na

condição biaural, nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz e

AFT-R Total.

Grupo I Grupo II

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

250 500 1000 2000 4000 Total 250 1000 4000 Total

Po

rcen

tag

em Inadequado

Adequado

Resultados

137

Gráfico 14 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no AFT- R, na

condição monoaural, à orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE), nas

freqüências 1000 (1K) e 4000 (4K) Hz.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

OD 1K OE 1K OD 4K OD 4K OD 1K OE 1K OD 4K OD 4K

GRUPO I GRUPO II

Po

rcen

tag

em

Inadequado

Adequado

Resultados

138

Gráfico 15 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II - Subteste 2, no

AFT- R, na condição biaural, nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e

4000 Hz e AFT-R Total.

Grupo I Grupo II - Subteste 2

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

250 500 1000 2000 4000 Total 250 500 1000 2000 4000 Total

Po

rcen

tag

em Inadequado

Adequado

Resultados

139

Gráfico 16 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II - Subteste 3, no

AFT- R, na condição biaural, nas freqüências de 250, 1000 e 4000 Hz e

AFT-R Total.

Grupo I Grupo II - Subteste 3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

250 1000 4000 Total 250 1000 4000 Total

Po

rcen

tag

em

Inadequado

Adequado

Resultados

140

Gráfico 17 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II - Subteste 2, no

AFT- R, na condição monoaural, nas freqüências 1000 (1K) e 4000 (4k)

Hz, à orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

OD1K OE1K OD4K OD4K OD1K OE1K OD4K OD4K GRUPO I GRUPO II - SUBTESTE 2

Po

rcen

tag

em

Inadequado

Adequado

Resultados

141

Gráfico 18 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo

ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II - Subteste 3, no

AFT- R, na condição monoaural, nas freqüências 1000 (1K) e 4000 (4k)

Hz, à orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

OD1K OE1K OD4K OD4K OD1K OE1K OD4K OD4K GRUPO I GRUPO II - SUBTESTE 3

Po

rcen

tag

em

Inadequado

Adequado

Resultados

142

Gráfico 19 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, na prova de

Localização Sonora (LS) em relação do ponto de corte estabelecido para a

prova (P90 - 4 acertos).

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

mer

o d

e ac

erto

s -

Lo

caliz

ação

So

no

ra

Resultados

143

Gráfico 20 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, na prova de

Memória Seqüencial para Sons Não-verbais (MSNV) em relação do ponto

de corte estabelecido para a prova (P90 - 2 acertos).

0

1

2

3

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

mer

o d

e ac

erto

s -

MS

NV

Resultados

144

Gráfico 21 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, na prova de

Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV) em relação do ponto de

corte estabelecido para a prova (P90 - 3 acertos).

0

1

2

3

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

mer

o d

e ac

erto

s -

MS

V

Resultados

145

Gráfico 22 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCC na

relação fala/ruído* (f/r) 0 dB na orelha direita (OD) e -40 dB na orelha

direita e orelha esquerda (OE), em relação do ponto de corte estabelecido

para a prova (P90 - 100% acertos).

* Uma vez que os valores obtidos nas diferentes condições do teste foram

iguais, optou-se por representá-las em um único gráfico.

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

PS

I - M

CC

O

D f

/r =

0 d

B O

D/O

E -

40

dB

Resultados

146

Gráfico 23 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCC na

relação fala/ruído (f/r) 0 dB na orelha esquerda (OE), em relação do ponto

de corte estabelecido para a prova (P90 - 100% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

PS

I - M

CC

OE

f/r

= 0

dB

Resultados

147

Gráfico 24 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na

relação fala/ruído (f/r) 0 dB na orelha direita (OD), em relação do ponto de

corte estabelecido para a prova (P90 - 90% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

PS

I - M

CI

OD

f/r

= 0

dB

Resultados

148

Gráfico 25 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na

relação fala/ruído (f/r) -10 dB na orelha direita (OD), em relação do ponto

de corte estabelecido para a prova (P90 - 90% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

PS

I - M

CI

OD

f/r

= -

10 d

B

Resultados

149

Gráfico 26 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na

relação fala/ruído (f/r) -15 dB na orelha direita (OD), em relação do ponto

de corte estabelecido para a prova (P90 - 70% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

PS

I - M

CI

OD

f/r

= -

15 d

B

Resultados

150

Gráfico 27 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na

relação fala/ruído (f/r) 0 dB na orelha esquerda (OE), em relação do ponto

de corte estabelecido para a prova (P90 - 100% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

PS

I - M

CI

OE

f/r

= 0

dB

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

PS

I - M

CI

OE

f/r

= 0

dB

Resultados

151

Gráfico 28 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na

relação fala/ruído (f/r) -10 dB na orelha esquerda (OE), em relação do

ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 90% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% a

cert

os

- P

SI -

MC

I O

E f

/r =

-10

dB

Resultados

152

Gráfico 29 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na

relação fala/ruído (f/r) -15 dB na orelha esquerda (OE), em relação do

ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 80% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

PS

I - M

CI

OE

f/r

= -

15 d

B

Resultados

153

Gráfico 30 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste

Dicótico de Dígitos (DD) na orelha direita (OD) no sexo masculino, em

relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 97,5% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Indivíduos Grupo II

% d

e ac

erto

s -

DD

OD

Sex

o M

ascu

lino

Resultados

154

Gráfico 31 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste

Dicótico de Dígitos (DD) na orelha esquerda (OE) na população total, em

relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 95,12% acertos).

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

mer

o d

e ac

erto

s -

DD

OE

Po

pu

laçã

o T

ota

l

Resultados

155

Gráfico 32 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, na freqüência de 250 Hz, em

relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 15ms).

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

(ms)

A

FT

- R

bia

ura

l 250

Hz

Resultados

156

Gráfico 33 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, na freqüência de 1000 Hz,

em relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 12,5ms).

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

(ms)

A

FT

- R

bia

ura

l 100

0 H

z

Resultados

157

Gráfico 34 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, na freqüência de 4000 Hz,

em relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 10,9ms).

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

(ms)

A

FT

- R

bia

ura

l 400

0 H

z

Resultados

158

Gráfico 35 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, na média total das

freqüências testadas, em relação do ponto de corte estabelecido para a

prova (P90 - 13,08ms).

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

(ms)

A

FT

- R

bia

ura

l to

tal

Resultados

159

Gráfico 36 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição monoaural, na orelha direita (OD),

na freqüência de 1000 Hz, em relação do ponto de corte estabelecido para a

prova (P90 - 10,90ms).

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

(ms)

A

FT

- R

mo

no

aura

l OD

100

0 H

z

Resultados

160

Gráfico 37 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição monoaural, na orelha esquerda (OE),

na freqüência de 1000 Hz, em relação do ponto de corte estabelecido para a

prova (P90 - 15ms).

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

(ms)

A

FT

- R

mo

no

aura

l OE

100

0 H

z

Resultados

161

Gráfico 38 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição monoaural, na orelha direita (OD),

na freqüência de 4000 Hz, em relação do ponto de corte estabelecido para a

prova (P90 - 12,25ms).

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

(ms)

A

FT

- R

mo

no

aura

l OD

400

0 H

z

Resultados

162

Gráfico 39 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição monoaural, na orelha esquerda (OE),

na freqüência de 4000 Hz, em relação do ponto de corte estabelecido para a

prova (P90 - 14,6ms).

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Indivíduos Grupo II

Lim

iar

de

Fu

são

Au

dit

iva

(ms)

A

FT

- R

mo

no

aura

l OE

400

0 H

z

DISCUSSÃO

Discussão

164

Neste capítulo, pretende-se analisar criticamente os resultados

obtidos, como também compará-los àqueles encontrados na literatura

especializada, no sentido de atingir o objetivo deste trabalho, que é estudar,

a partir de medidas comportamentais, os mecanismos e processos

envolvidos no processamento auditivo de crianças com e sem distúrbio de

aprendizagem. Para tal, foram avaliados 60 indivíduos, 36 do sexo

masculino e 24 do sexo feminino, com faixa etária variando entre nove

anos e cinco meses a 11 anos e 10 meses, matriculados na 3 a e 4a séries do

1o grau, de uma escola pública do município de Botucatu (SP). Foram,

então, constituídos dois grupos. O Grupo I foi constituído por 40

indivíduos, 20 do sexo masculino e 20 do sexo feminino, com idades

variando entre nove anos e seis meses e 10 anos e 11 meses, com

diagnóstico de manifestação de ausência de alterações do aprendizado do

código gráfico. O Grupo II foi constituído por 20 indivíduos, 16 do sexo

masculino e quatro do sexo feminino, com idades variando entre nove anos

e cinco meses e 11 anos e 10 meses, com diagnóstico de manifestação, de

alterações do aprendizado do código gráfico.

Antes da discussão propriamente dita, considera-se importante

esclarecer alguns termos e conceitos que foram aceitos como referência

para este trabalho, descritos a seguir.

Discussão

165

a) Considerações relacionadas à formação dos grupos

A aprendizagem pode ser definida como um processo que

ocorre no sistema nervoso central, no qual se produzem mudanças mais ou

menos permanentes, que se traduzem por uma modificação funcional ou de

conduta, permitindo uma melhor adaptação do indivíduo ao meio, como

resposta a uma ação ambiental. Neste sentido, a aprendizagem é um

processo de aquisição que, na infância, junto com a maturidade, constituem

dois processos fundamentais para o desenvolvimento; implica na

modificação do sistema nervoso; geralmente se produz por ação de um

estímulo que habitualmente é extrínseco (experiência), embora possa ser

intrínseco; é um processo adaptativo, já que o indivíduo pode modificar-se

frente às alterações de seu ambiente a fim de ter uma resposta mais

adequada; e não é separado da memória. A memória é essencial em todos

os processos de aprendizagem e de adaptação. A aquisição de um hábito

novo requer a possibilidade de comparar aquilo que é percebido com aquilo

que já é conhecido (ROTTA & GUARDIOLA, 1996).

Existe uma falta de consenso sobre a identificação do distúrbio

de aprendizagem. Em parte, isto se deve à complexidade do fenômeno

estudado, demonstrada pela ausência de uma variável única identificada

como fonte primária dos distúrbios de aprendizagem (GERBER, 1996). No

Discussão

166

entanto, é de consenso que, em todas as definições de distúrbio de

aprendizagem propostas, há descrição de alterações em um ou mais

processos relacionados à linguagem (RAMPP, 1980). Segundo o National

Joint Committee on Learning Disabilities (NJCLD) dos Estados Unidos, o

termo distúrbio de aprendizagem é uma expressão geral que se refere a um

grupo heterogêneo de distúrbios, que se manifestam por dificuldades

significativas na aquisição e no uso da compreensão oral, fala, leitura,

escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estes distúrbios são

intrínsecos ao indivíduo, supostamente devido a uma disfunção do sistema

nervoso central, e podem ocorrer ao longo da vida. Problemas de

comportamento de auto-regulação, percepção social e interação social

podem coexistir com distúrbios de aprendizagem, mas não se constituem

por si só em distúrbios de aprendizagem. Embora distúrbios de

aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições

incapacitantes (por exemplo, prejuízo sensorial, retardo mental e distúrbio

emocional grave) ou com influências extrínsecas (como diferenças

culturais e instrução insuficiente ou inadequada), eles não são decorrentes

destas condições ou influências (NATIONAL JOINT COMMITTEE ON

LEARNING DISABILITIES, 1991).

Segundo as características descritas no DSM - IV - Manual de

diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (1995), os transtornos da

Discussão

167

aprendizagem se caracterizam por desempenho substancialmente abaixo do

esperado para a idade, escolarização e nível de inteligência nas áreas de

leitura, expressão escrita e matemática.

Neste estudo, os critérios para a formação dos grupos I e II

nortearam-se pela definição proposta pelo NATIONAL JOINT

COMMITTEE ON LEARNING DISABILITIES (1991) e DSM - IV -

Manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (1995). Desta

forma, baseado em um critério de exclusão de outras causas que pudessem

estar relacionadas à alteração de aprendizagem, foram selecionados

indivíduos sem alterações congênitas, neurológicas, sensoriais e cognitivas

para composição dos grupos. A ausência de outros comprometimentos, a

presença de queixa escolar relacionada à aprendizagem, particularmente do

código gráfico e a presença de alteração da linguagem escrita, ou seja,

níveis de produção gráfica e aprendizado, incompatíveis ao nível de

escolaridade do aluno, caracterizaram basicamente os indivíduos do Grupo

II.

Estimativas da prevalência dos distúrbios de aprendizagem na

população em geral variam de 2 a 10%. Segundo dados do DSM - IV, 60 a

80% dos indivíduos que apresentam dislexia - um tipo específico de

distúrbio de aprendizagem relacionado à leitura - são do sexo masculino.

No Brasil, de 297 crianças diagnosticadas como disléxicas a partir de

Discussão

168

avaliação multidisciplinar, 78,45% eram do sexo masculino e 21,55% do

sexo feminino (NICO, BARREIRA, BIANCHINI, GONÇALVES,

CHINAITE & MELO, 2000). No presente estudo, no Grupo II, 16

indivíduos (80%) são do sexo masculino e quatro indivíduos (20%) são do

sexo feminino, dados semelhantes aos que foram encontrados na literatura.

RAMPP (1980), KEITH (1995), KELLY (1995) e MUSIEK,

GOLLEGLY, LAMB & LAMB (1990) relataram que muitas crianças com

dificuldades de aprendizagem apresentam distúrbio do processamento

auditivo, sendo a maior prevalência no sexo masculino, com estimativa de

oito meninos para uma menina (RAMPP, 1980).

Quanto às idades dos indivíduos que constituíram os grupos,

foi realizada a análise estatística comparando as faixas etárias dos Grupos I

e II (Tabela 14). A média de idade do Grupo I correspondeu a 121,78

meses e do Grupo II 122,50 meses. A análise estatística mostrou não existir

diferenças significantes entre estes valores. Tomou-se o cuidado de realizar

esta análise, uma vez que grupos com idades diferentes encontram-se em

fases diferentes de desenvolvimento global, inclusive no que se refere ao

processo neuromaturacional (BELLIS, 1996), impossibilitando a

comparação adequada de desempenho dos indivíduos.

Segundo CHERMAK & MUSIEK (1997), a mielinização do

cérebro ocorre em diferentes taxas, para diferentes regiões. Segundo os

Discussão

169

autores, os tratos do tronco cerebral completam a mielinização antes das

regiões subcorticais do cérebro. Em humanos, a audiometria de tronco

cerebral indica valores de mielinização semelhantes aos do adulto por volta

dos dois anos de idade; entretanto, medidas de média, longa latência e P300

não atingem características semelhantes as do adulto antes da pré-

adolescência/ adolescência (MUSIEK, BARAN & PINHEIRO, 1994;

CHERMAK & MUISEK, 1997). HECOX (1975) apud SLOAN (1991)

estudou o desenvolvimento de estruturas corticais auditivas e seus achados

indicaram que as primeiras fibras do lobo temporal a se maturarem são as

fibras de projeção primária provenientes de estruturas subcorticais. A

mielinização dessas fibras é escassa ao nascimento e é completada aos

quatro anos de idade. Já a mielinização das fibras intra-corticais continua

até a adolescência, o que, provavelmente, implica diferenças de

performance em função da idade.

Discussão

170

b) Considerações relacionadas às provas empregadas na avaliação do

processamento auditivo

Prova de localização sonora

A localização sonora é a habilidade de saber o local de origem

do som (BOOTHROYD, 1986; PEREIRA, 1993a; PEREIRA &

CAVADAS, 1998).

Os mecanismos relacionados à localização sonora sugerem que

são usados diferentes processos para localização de sons no plano

horizontal e no plano vertical. A localização horizontal requer a

comparação dos sons que alcançam as duas orelhas, enquanto que a

localização vertical não requer.

Para a localização horizontal, um dos mecanismos utilizados é

o de diferença de tempo interaural e é um mecanismo utilizado

preferencialmente para freqüências de 20 a 2000 Hz. Por exemplo, se a

distância entre as orelhas é 20cm, um som não-contínuo, vindo da direita,

perpendicular à cabeça, vai alcançar a orelha esquerda 0,6ms depois de

alcançar a orelha direita (BEAR, CONNORS & PARADISO, 1996). Desta

forma, o som detectado por neurônios especializados do tronco cerebral vai

propiciar que seja localizada a fonte sonora.

Discussão

171

Um outro mecanismo utilizado para a localização horizontal é

a diferença de intensidade interaural. Uma diferença de intensidade

interaural existe entre as duas orelhas porque a cabeça produz uma região

de sombra do som, e é um processo utilizado preferencialmente para sons

de 2000 a 20000 Hz (BEAR, CONNORS & PARADISO, 1996). Segundo

PHILLIPS & BRUGGE (1985), o processo de diferença de intensidade

interaural depende do tamanho da cabeça, da freqüência do som e da

distância do som. Por exemplo, um som posicionado do lado direito de um

indivíduo, recebido pela orelha esquerda, será ouvido numa intensidade

menor do que a fonte sonora; um som vindo de uma posição à frente

alcançará as duas orelhas na mesma intensidade e, em posições

intermediárias, alcançará as orelhas com diferenças intermediárias de

intensidade. Neurônios sensitivos a diferenças de intensidade podem usar

essa informação para localizar os sons. Juntos, esses dois processos

constituem a dupla teoria de localização sonora (BEAR, CONNORS &

PARADISO, 1996).

GUYTON (1993) considerou os mecanismos de diferença de

tempo interaural mais eficientes que os mecanismos de diferença de

intensidade interaural, por não dependerem de outras variáveis, como as

elencadas por PHILLIPS & BRUGGE (1985).

Discussão

172

A localização sonora no plano vertical depende basicamente

da orelha externa, particularmente do pavilhão auricular, que produz pistas

espaciais importantes para a localização sonora. A orelha externa produz

reflexões do som dentro das circunvoluções do pavilhão auricular e a

demora entre os sons sem reflexão e os sons refletidos pela orelha externa

permite que a localização vertical seja realizada (MIDDELEBROOKS &

GREEN, 1991; BEAR, CONNORS & PARADISO, 1996).

Na prova de localização sonora foi utilizada uma campânula

vertical de cinco guizos, com um som com faixa de freqüência de

aproximadamente 1600 a 8000 Hz e pico de máxima intensidade de 76 dB

NPS ao redor da freqüência de 4000 Hz. As crianças foram solicitadas a

identificar cinco direções: à direita, à esquerda, à frente, atrás e acima da

cabeça. Na posição à frente e atrás foram evitadas as posições 0° graus e

180° azimute, respectivamente, uma vez que o indivíduo com audição

biaural normal poderá responder que a fonte sonora está localizada acima

da cabeça, o que, segundo PEREIRA (1997a), deve ser considerado como

resposta correta.

Baseado na literatura descrita, nas direções à direita, à

esquerda, à frente e atrás, espera-se que os processos de localização

horizontal sejam responsáveis pela resolução da tarefa proposta, e, na

direção acima, os processos de localização vertical.

Discussão

173

Prova de memória seqüencial para sons verbais e não-verbais

A memória é o processo que permite estocar, arquivar as

informações, para poder recuperá-las quando houver necessidade

(BOOTHROYD, 1986; PEREIRA, 1993a; PEREIRA & CAVADAS,

1998).

MEDWETSKY (1998) descreveu o modelo relacionado à

memória de processamento de informação proposto por MASSARO

(1975). A partir de um estímulo auditivo, traços como intensidade,

freqüência e tempo são extraídos do estímulo auditivo e acredita-se que

haja um armazenamento acústico pré-perceptual, geralmente designado

como memória ecóica. Essa memória é importante, pois permite ao ouvinte

continuar a processar a informação do sinal sem a sua existência física.

Essa memória é combinada e transformada em uma memória auditiva

sintetizada. Esse estágio permite ao indivíduo caracterizar o estímulo a

partir de suas características espaciais, entonação e intensidade. O próximo

estágio envolve um padrão de reconhecimento. Os perceptos auditivos em

combinação com as características acústicas são comparados a padrões

arquivados na memória a longo prazo. O último estágio é a memória a

curto prazo, também conhecida, segundo o autor, como memória de

trabalho. A memória a curto prazo é limitada, enquanto que a memória a

Discussão

174

longo prazo não é. Fatores como audibilidade dos traços acústicos,

resolução temporal, resolução de freqüências, intensidade e fase em que os

estímulos alcançam as orelhas interferem na memória ecóica. Já a

familiaridade com o estímulo, o esquema de organização da informação,

repetição e seqüência são os fatores que interferem na memória a curto

prazo.

Para GUYTON (1993), a memória pode ser dividida em:

memória imediata, memória a curto prazo e memória a longo prazo. A

memória imediata pode ser exemplificada pela capacidade de

memorização, por poucos segundos ou minutos de números, mas que só

dura enquanto a pessoa continuar a pensar nesses estímulos. A memória a

curto prazo pode durar vários minutos ou semanas, mas acaba por ser

perdida, a não ser que os traços de memória se tornem mais permanentes. A

memória a longo prazo resulta de modificações estruturais nas sinapses,

que estimulam ou suprimem a condução de sinais.

DAMÁSIO (1996) definiu memória de trabalho, a qual

consiste na capacidade de reter informação durante um período de muitos

segundos e de a manipular mentalmente. Para BADDELEY (1981), a

memória de trabalho é considerada mais consistente que a memória de

curto prazo e mais efêmera que a memória de longo prazo. Sua função

principal é transferir informações de armazenagem de curto prazo para a de

Discussão

175

longo prazo e facilitar o raciocínio verbal e a compreensão. Para o autor,

durante o desempenho de uma tarefa, a memória de trabalho refere-se ao

papel de armazenamento temporário no processamento de informações.

PINHEIRO & MUSIEK (1985) descreveram a importância da

ordenação ou seqüência temporal como uma das mais básicas funções do

sistema auditivo central. Relataram que o tipo, o número, a duração de cada

um dos estímulos e a velocidade de apresentação dos mesmos interferem

em tarefas de ordenação temporal. MISCIK, SMITH, HAMM,

DEFFENBACHER & BROWN (1972) relataram que o armazenamento de

seqüências auditivas é uma função combinada da duração dos estímulos,

intervalo entre os estímulos e técnicas de codificação do indivíduo, usadas

para processar a resposta a ser dada.

Na prova de memória seqüencial para sons instrumentais e

sons verbais, as crianças foram instruídas a identificar três seqüências de

sons - quatro itens para sons instrumentais e três itens para sons verbais -

apontando instrumentos sonoros ou repetindo sílabas. Desta forma, supõe-

se que, com esta tarefa, os processos de memória de curto prazo, segundo

MEDWETSKY (1998), ou de memória imediata segundo GUYTON

(1993), sejam ativados, exigindo-se, na tarefa, além da memorização dos

itens os processos de seqüencialização dos mesmos. Neste trabalho,

denominou-se de memória de trabalho ao processo de memorização de

Discussão

176

itens e manipulação dos mesmos (BADDELEY, 1981; DAMASIO, 1996),

processos envolvidos nas tarefas propostas.

Teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala – PSI

Segundo BARKLEY (1988), a atenção é um construto

multidimensional que se refere a uma variedade de relações entre o

estímulo ambiental ou tarefas e respostas comportamentais. GERBER

(1996) acredita que existam algumas dimensões da atenção que são de

consenso nas pesquisas na área como: estado de alerta, atenção seletiva,

atenção dividida, atenção focada, vigilância e conjunto preparatório.

Para BUTLER (1983), a atenção seletiva implica em atender a

alguma atividade mental em detrimento de outras. Neste caso, um ou mais

estímulos produzem as informações relevantes, como em tarefas com

mensagens competitivas, em que o indivíduo é solicitado a ouvir uma

informação e ignorar as demais, ou seja, deverá focar sua atenção no

estímulo solicitado, e, portanto, deverá recuperar somente uma das

informações. A atenção seletiva pode ser utilizada também na escuta

dicótica, em etapa de integração biaural, quando ambos os estímulos

deverão ser recuperados pelo indivíduo.

A atenção seletiva capacita o indivíduo a monitorar um

determinado estímulo auditivo significativo, mesmo quando a atenção

Discussão

177

primária deva-se à outra modalidade sensorial. Capacita também a reagir a

um determinado estímulo auditivo significativo e ignorar o ruído de fundo

(BOOTHROYD, 1986; PEREIRA, 1993a; PEREIRA & CAVADAS,

1998).

Relacionado ao processo de atenção seletiva, existe a

habilidade de figura-fundo, que é a capacidade do indivíduo de identificar a

mensagem primária na presença de sons competitivos (KEITH, 1981).

No Teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala - PSI - o

processo envolvido é atenção seletiva (ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA,

1997). Desta forma, processo (atenção seletiva) e habilidade (figura-fundo)

podem ser eventualmente considerados sinônimos. Além disso, a tarefa

envolvida no teste, ou seja, o trabalho que o indivíduo deverá fazer para

solucionar o problema de identificar separadamente as informações que

foram apresentadas sobrepostas e simultâneas, pode ser denominada de

dicótica ou monótica, levando-se em conta o alcance de cada informação

por uma (monoaural) ou ambas orelhas (biaural). A etapa do teste PSI que

consiste na identificação de sentenças com mensagem competitiva

contralateral (MCC), o trabalho que o indivíduo deve realizar, é

denominado de tarefa dicótica. E, a etapa com mensagem competitiva

ipsilateral (MCI) é denominada de tarefa monótica. No PSI – MCC, o

indivíduo deve realizar uma tarefa dicótica de separação biaural, ou seja,

Discussão

178

por meio do processo de atenção seletiva separar as informações

apresentadas biauralmente, e para isso utilizará de sua habilidade auditiva

de figura-fundo. No PSI-MCI, o indivíduo deve realizar uma tarefa

monótica, ou seja, por meio do processo de atenção seletiva, separar as

informações apresentadas monoauralmente, e para isso utilizará de sua

habilidade auditiva de figura-fundo. Estas informações são apresentadas

sobrepostas e simultâneas na mesma orelha e são informações de baixa

redundância.

Para evitar problemas de reconhecimento e de associação do

estímulo auditivo ao estímulo visual, as figuras do teste foram apresentadas

às crianças para reconhecimento, e só então, depois de assegurado o

reconhecimento, foi iniciado o teste.

Teste Dicótico de Dígitos

O procedimento de escuta dicótica foi desenvolvido primeiro

por BROADBENT (1954), que usou dígitos. A técnica dicótica foi, então,

desenvolvida por KIMURA (1961a), que também ofereceu uma explicação

neurológica para o efeito dicótico. Atualmente, sua explicação é ainda a

mais aceita. A explicação para a superioridade da orelha direita, no teste

Dicótico de Dígitos, é que a orelha direita tem conexões diretas com o

Discussão

179

hemisfério esquerdo, enquanto que a orelha esquerda se conecta com o

hemisfério esquerdo através de vias que passam pelo hemisfério direito

para só então cruzarem para o hemisfério esquerdo via o corpo caloso. Uma

vez que o hemisfério esquerdo é aquele em que os sons da fala são

presumivelmente analisados, os sons da orelha direita teriam a vantagem de

ter melhor acesso a estes centros da fala (KIMURA, 1961a, 1961b, 1967;

MUSIEK & PINHEIRO, 1985; RYALLS, 1996).

No teste Dicótico de Dígitos, dois estímulos diferentes são

apresentados simultaneamente, um em cada orelha. Nos testes de escuta

dicótica, na etapa de integração biaural, os indivíduos devem ouvir dois

pares de dígitos, sendo apresentados um par de cada vez, com um dígito em

cada orelha, e a repetir, após ouvir todo o item, os quatro números ouvidos,

independentemente da ordem de apresentação dos mesmos. Devem

reconhecer os estímulos apresentados dicoticamente e repeti-los, o que

indica uma boa habilidade para agrupar componentes do sinal acústico em

figura-fundo e identificá-los verbalmente (SANTOS & PEREIRA, 1997).

Na tarefa dicótica também está envolvido o processo de atenção seletiva

(PICKLES, 1985), uma vez que o indivíduo deve ouvir pares de dígitos,

apresentados simultaneamente e diferentes, um a cada lado da orelha. E,

além disso, outro mecanismo envolvido nessa tarefa é o de memória de

trabalho.

Discussão

180

Teste de Fusão Auditiva - AFT-R

Resolução temporal diz respeito à ação realizada por um

indivíduo ao identificar dois eventos acústicos pela menor pista de

intervalo de tempo de silêncio entre eles (MEDWETSKY, 1998). A

resolução temporal, ou a detecção de intervalos de tempo, a habilidade de

processar rapidamente estímulos variáveis, ou simplesmente denominado

gap-detection, podem ser medidas. PHILLIPS (1999) considerou que, no

processo de avaliação da resolução temporal, pode ser medida a

sensibilidade auditiva temporal. Em uma tarefa de resolução temporal,

utilizando, por exemplo, tons puros, o ouvinte deve detectar a presença de

um intervalo temporal em um evento acústico. E, quanto menor o intervalo

de tempo detectado, melhor a resolução temporal do indivíduo. A

habilidade relacionada à tarefa de detecção de intervalos de tempo é a fusão

auditiva, ou seja, a identificação de um evento acústico como um único

som a partir da apresentação de dois estímulos (TREHUB, 1993).

O teste de fusão auditiva usado neste trabalho, proposto por

McCROSKEY & KEITH (1996), teve, por base, trabalhos anteriores de

McCROSKEY. Por volta de 1975, McCROSKEY começou a pesquisar

sobre diversos aspectos do processamento auditivo, particularmente de

Discussão

181

aspectos temporais da audição. A partir de seus estudos, ele elaborou o

Wichita Auditory Fusion Test - WAFT, ou Teste de Fusão Auditiva

Wichita. Com a crescente importância da avaliação dos aspectos temporais

da audição (ASHA, 1995, 1996), o WAFT foi revisto e apresentado como

AFT-R, para uso clínico (McCROSKEY & KEITH, 1996).

No teste de Fusão Auditiva - AFT-R, utilizado neste trabalho,

são apresentados tons puros nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e

4000 Hz, com um breve intervalo de tempo entre os pares de tons e a

criança foi solicitada a dizer se ouviu um ou dois tons, dizendo “um” ou

“dois” ou mostrando um ou dois dedos. A avaliação só foi realizada após

ter sido averiguado se a criança tinha o conceito de um e dois. Com isso

acredita-se ter reduzido a possibilidade de erros por dificuldade de entender

o conceito envolvido na tarefa. Sendo assim, procurou-se realizar o teste

com os cuidados já descritos por BEVING & EBLEN (1973).

Para expor a análise dos resultados, subdividiu-se este capítulo

em três partes:

PARTE A - Comentários sobre as respostas obtidas nas

diferentes provas auditivas realizados pelos indivíduos do Grupo I, ou com

baixo risco de alteração de desenvolvimento, audição, linguagem e

aprendizagem.

Discussão

182

PARTE B - Comentários sobre as respostas obtidas nas

diferentes provas auditivas realizados pelos indivíduos do Grupo II, ou

evidências de alteração de aprendizagem.

PARTE C – Comentários sobre o estudo comparativo das

respostas obtidas nas diferentes provas auditivas pelos indivíduos dos

Grupos I e II.

Discussão

183

PARTE A – Comentários sobre as respostas obtidas nas diferentes provas

auditivas realizados pelos indivíduos do Grupo I ou com baixo risco de

alteração de desenvolvimento, audição, linguagem e aprendizagem.

Foram estabelecidos os valores médios - média, mediana,

moda e desvio-padrão - assim como, os limites superiores e limites

inferiores, para cada uma das provas aplicadas no Grupo I (Tabelas 1 a 6).

Os resultados analisados estatisticamente mostraram que não

existiram diferenças significantes entre as respostas dos indivíduos deste

grupo, nas provas de localização sonora, memória seqüencial para sons

não-verbais e memória seqüencial para sons verbais, para os indivíduos do

sexo masculino e feminino (Tabela 1).

TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994) não

encontraram diferenças estatisticamente significantes entre o sexo

masculino e o sexo feminino, quando estudaram as repostas de 216

escolares, entre cinco e 11 anos de idade, de escolas públicas e particulares

da região de Santa Maria (RS), nas provas de memória seqüencial para sons

não-verbais e memória seqüencial para sons verbais.

Discussão

184

Os resultados deste estudo foram semelhantes aos de

TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994), quando estudada a

variável sexo.

Os resultados analisados estatisticamente mostraram que não

existiram diferenças significantes entre as respostas dos indivíduos do sexo

masculino e feminino no teste PSI-MCC, nas relações fala/ruído 0 e -40 dB

(Tabela 2) e teste PSI-MCI, na relações fala/ruído 0, -10 e -15 dB (Tabela

3).

JERGER, JERGER & LEWIS (1981) não encontraram

diferença estatisticamente significante entre os indivíduos do sexo

masculino e do sexo feminino, quando realizaram o estudo para

padronização do teste PSI. Os autores avaliaram 24 crianças, 14 do sexo

masculino e 10 do sexo feminino, com idades entre três anos e quatro

meses a nove anos e não encontraram diferenças de performance

relacionadas à variável sexo.

Embora a idade da população estudada neste trabalho tenha

sido superior à da população estudada por JERGER, JERGER & LEWIS

(1981), os resultados, deste estudo, complementam e confirmam a ausência

de interferência da variável sexo, nas respostas dos indivíduos avaliados a

partir do teste PSI.

Discussão

185

Verificou-se não existir diferença estatisticamente significante

entre as respostas dos indivíduos do sexo masculino e feminino no Teste

Dicótico de Dígitos à orelha esquerda (Tabela 4). Houve diferença

estatisticamente significante entre os indivíduos do sexo masculino e do

sexo feminino no Teste Dicótico de Dígitos à orelha direita (Tabela 4),

sendo que a população do sexo masculino apresentou respostas

significantemente maiores.

Considerando-se os trabalhos descritos na literatura

especializada, verificou-se que a variável sexo não foi analisada em vários

estudos realizados com crianças utilizando-se o teste Dicótico de Dígitos.

KRAFT (1981) estudou indivíduos destros apenas do sexo masculino. Nos

estudos de KIMURA (1963), com o Teste Dicótico de Dígitos, foram

encontradas diferenças entre a população do sexo masculino e feminino nas

idades de cinco e seis anos, sendo que os indivíduos do sexo masculino

apresentaram respostas significantemente menores. Os indivíduos testados

na faixa etária de sete, oito e nove anos não apresentaram diferenças,

quando estudada a variável sexo. KRAFT (1982) também encontrou

diferenças entre a população do sexo masculino e feminino nas idades de

sete e 11 anos, sendo que os indivíduos do sexo masculino apresentaram

respostas significantemente menores.

Discussão

186

BAKKER, HOEFKENS & VLUGT (1979) não encontraram

diferenças significantes entre as respostas dos indivíduos do sexo

masculino e sexo feminino, avaliados por quatro vezes aos seis, sete, oito e

11 anos de idade e testados a partir de uma tarefa dicótica com 24 itens de

quatro pares de dígitos. Da mesma forma, GEFFEN & WALE (1979) não

encontraram diferenças entre o desempenho dos indivíduos do sexo

masculino e sexo feminino, quando avaliaram 32 crianças, com idade entre

sete e nove anos, a partir de tarefas dicóticas com dígitos com dificuldade

variável. SANTOS (1998), no Brasil, não encontrou diferença

estatisticamente significante entre o sexo masculino e o sexo feminino na

tarefa de integração biaural em crianças de cinco a seis anos e 11 e 12 anos.

Os resultados deste estudo foram diferentes dos encontrados

por KIMURA (1963) e KRAFT (1982), uma vez que, neste estudo, o

desempenho dos indivíduos do sexo masculino foi melhor que o

desempenho dos indivíduos do sexo feminino. Da mesma forma, os dados

obtidos neste estudo divergem dos achados de BAKKER, HOEFKENS &

VLUGT (1979), GEFFEN & WALE (1979) e SANTOS (1998), que não

encontraram diferenças nos grupos estudados, quando analisada a variável

sexo.

Observou-se não haver diferença estatisticamente significante

entre as respostas dos indivíduos do sexo masculino e feminino no AFT-R

Discussão

187

na condição biaural (Tabela 5) e AFT-R, na condição monoaural (Tabela

6).

DAVIS & McCROSKEY (1980) encontraram diferenças

significantes entre os indivíduos do sexo masculino e feminino, a partir de

um estudo de 135 crianças com idades entre três e 12 anos, como a versão

original do AFT- R (WAFT), procedimento este, aplicado nos indivíduos

testados na condição biaural (diótica). Uma vez que, a partir da análise

estatística dos dados obtidos, houve uma associação entre a variável sexo e

a variável idade, os autores discutiram que as diferenças encontradas

estariam relacionadas aos indivíduos da faixa etária correspondente a 5

anos de idade e discutiram que as diferenças encontradas estariam

relacionadas à amostra populacional.

Os resultados deste estudo diferiram dos de DAVIS &

McCROSKEY (1980), quando os autores estudaram apenas a variável

sexo, uma vez que neste estudo não foram encontradas diferenças

significantes entre as respostas dos indivíduos do sexo masculino e

feminino. Quando os autores realizaram a análise da associação da variável

sexo à variável idade, a associação ocorreu apenas na faixa etária de 5 anos,

sendo que em outras idades a associação não ocorreu. Desta forma, os

resultados deste estudo foram semelhantes ao de DAVIS & McCROSKEY

(1980), quando comparada a variável sexo na faixa etária de 9 e 10 anos.

Discussão

188

Observou-se não existir diferença estatisticamente significante

entre o desempenho dos indivíduos à orelha direita e à orelha esquerda no

PSI-MCC nas relações fala/ruído 0 e -40 dB (Tabela 2) e no PSI-MCI nas

relações fala/ruído 0 e -10 dB (Tabela 3). Houve diferença estatisticamente

significante entre os resultados obtidos à orelha direita e orelha esquerda na

relação fala/ruído -15 dB (Tabela 3), sendo que as respostas dos indivíduos

avaliados à orelha direita - primeira orelha testada - nesta relação

fala/ruído, foram menores que as respostas à orelha esquerda - segunda

orelha testada - na mesma relação fala/ruído.

PEREIRA (1993b) e SCHOCHAT & CARVALLO (1995), em

tarefa monótica de reconhecimento de fala com ruído, encontraram um

desempenho melhor à segunda orelha testada na condição de escuta com

ruído, decorrente, segundo as autoras, provavelmente de aprendizagem da

situação de testagem.

Embora a habilidade utilizada para o processamento da fala no

ruído seja a de fechamento (PEREIRA, 1993a, 1997a), e no PSI-MCC e

MCI a habilidade necessária seja a de figura-fundo, ambos testes requerem

dos indivíduos avaliados o uso dos processos de atenção seletiva e de

aprendizagem da tarefa. Sendo assim, neste estudo, a aprendizagem da

situação de testagem parece ter favorecido o melhor desempenho dos

Discussão

189

indivíduos à segunda orelha testada (orelha esquerda) do que à primeira

orelha testada (orelha direita).

No teste Dicótico de Dígitos, verificou-se que não houve

diferença estatisticamente significante entre as respostas observadas

quando o estímulo foi apresentado via orelha direita e orelha esquerda,

tanto na população do sexo masculino como do sexo feminino (Tabela 4).

Embora a vantagem da orelha direita, ou seja, um número

significante maior de acertos na orelha direita do que na orelha esquerda,

no teste Dicótico de Dígitos, tenha sido amplamente descrita na literatura

em crianças a partir dos seis anos (KIMURA, 1963; BAKKER,

HOEFKENS & VLUGT, 1979; KRAFT, 1981; KOOMAR & CHERMAK,

1981; KRAFT, 1982; SANTOS, 1998), ou em estudos que estudaram

tarefas dicóticos em diferentes idades e através de procedimentos diversos

(KIMURA, 1961b; DIRKS, 1964; PINTO 1991; TEDESCO, 1995;

ORTIZ, 1995), não foram encontradas diferenças entre o desempenho dos

indivíduos à orelha direita e esquerda neste estudo.

SIDTIS (1982) investigou padrões de assimetria perceptual

para a fala e estímulos tonais complexos através de tarefa dicótica, em 28

indivíduos destros, 14 do sexo masculino e 14 do sexo feminino. Embora

70 a 75% dos indivíduos apresentassem vantagem da orelha direita para a

fala e vantagem da orelha esquerda para tons, menos da metade dos

Discussão

190

indivíduos apresentou o padrão esperado nas duas tarefas. O autor

argumentou que a superioridade da resposta auditiva contralateral durante a

estimulação dicótica é apenas apropriada para aproximadamente metade da

população de destros. Para a outra metade, assimetrias subcorticais

importantes e/ou a falta de vantagem contralateral parecem estar presentes.

Relatou também que bases atencionais poderiam interferir no padrão de

assimetria.

SANTOS (1998) observou diferença estatisticamente

significante entre as respostas observadas quando o estímulo foi

apresentado via orelha direita e orelha esquerda nos indivíduos com idade

de cinco a seis anos, havendo um número menor de erros à orelha direita.

Nos indivíduos com faixa etária de 11 a 12 anos, os estímulos apresentados

via orelha direita também tiveram uma porcentagem menor de erros, mas

as diferenças encontradas não foram significantes.

Os resultados encontrados neste estudo foram semelhantes aos

de SANTOS (1998), quando analisados os resultados obtidos em

indivíduos entre 11 e 12 anos de idade.

POHL, GRUBMÜLLER & GRUBMÜLLER (1984)

estudaram 210 indivíduos destros, entre quatro e 10 anos, a partir de tarefas

dicóticas verbais em língua alemã, com o objetivo de investigar o

desenvolvimento da assimetria perceptual entre as orelhas. Os autores

Discussão

191

descreveram um declínio na vantagem da orelha direita, decorrente da

melhora da performance das respostas dos indivíduos à orelha esquerda.

Descreveram que a vantagem da orelha direita observada em tarefas

dicóticas deve estar relacionada à imaturidade funcional do corpo caloso

em crianças mais jovens. Os autores discutiram que a melhora da

performance da orelha esquerda reflete o aumento da velocidade de

condução das vias auditivas no corpo caloso devido às mudanças

maturacionais na mielinização das fibras do sistema.

MUSIEK (1983a) descreveu uma pequena diferença entre a

performance dos indivíduos adultos à orelha direita e esquerda no teste

Dicótico de Dígitos, embora tenha relatado que a vantagem da orelha

direita seja encontrada quando solicitada uma tarefa mais difícil de ser

realizada.

No teste AFT-R, na condição monoaural, observou-se que não

houve diferença estatisticamente significante entre as respostas levando-se

em conta a orelha em que o estímulo foi apresentado, orelha direita e orelha

esquerda, nas freqüências testadas de 1000 e 4000 Hz (Tabela 6).

Os dados deste trabalho não puderam ser comparados com

dados da literatura porque a testagem do AFT-R na condição monoaural, na

população estudada por McCROSKEY & KEITH (1996) não foi realizada,

embora tenha sido sugerida a sua realização pelos autores. Outros estudos

Discussão

192

compilados da literatura (McCROSKEY & KIDDER, 1980; MOURA,

FENIMAN & LAURIS, 2000) também não fizeram referência à utilização

do AFT-R na condição monoaural.

No AFT-R, na condição biaural, através de comparações

múltiplas (Tabela 5), observou-se que as freqüências de 250 e 500 Hz

apresentaram resultados semelhantes e menores que as demais freqüências

- 1000, 2000 e 4000 Hz. Estas freqüências, por sua vez, apresentaram

resultados semelhantes (Gráfico 1).

McCROSKEY & KIDDER (1980), DAVIS & McCROSKEY

(1980) e McCROSKEY & KEITH (1996), em seus estudos, relataram que

não encontraram diferença significante entre os limiares de fusão auditiva

nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Segundo os autores,

não há efeito relacionado à freqüência nos limiares de fusão auditiva em

indivíduos com sistemas auditivos normais.

WIGHTMAN, ALLEN, DOLAN, KISTLER & JAMIESON

(1989) avaliaram 20 crianças, com idades entre três e sete anos, e cinco

adultos, com idades entre 20 e 30 anos, a partir de uma tarefa envolvendo a

habilidade de fusão auditiva. Os indivíduos foram solicitados a identificar a

presença de um intervalo interpulso, em estímulos auditivos centrados nas

freqüências de 400 e 2000 Hz. Os autores encontraram que, na freqüência

de 400 Hz, os limiares de fusão auditiva das crianças foram maiores que os

Discussão

193

limiares dos adultos, sendo que os indivíduos de três anos de idade

apresentaram os maiores limiares de fusão auditiva. Os limiares de fusão

auditiva na freqüência de 2000 Hz foi menor que o limiar na freqüência de

400 Hz, e mostrou um efeito similar à freqüência de 400 Hz relacionado à

variável idade.

Os dados deste estudo diferem dos dados encontrados por

McCROSKEY & KIDDER (1980), DAVIS & McCROSKEY (1980) e

McCROSKEY & KEITH (1996), uma vez que as freqüências altas

apresentaram limiar de fusão auditiva significantemente maior que as

demais freqüências. Os resultados deste estudo foram semelhantes aos

encontrados por WIGHTMAN, ALLEN, DOLAN, KISTLER &

JAMIESON (1989) em um procedimento de avaliação da resolução

temporal, uma vez que foram encontradas diferenças entre as freqüências

altas e baixas.

Uma vez que os indivíduos apresentaram resultados

semelhantes nas freqüências de 250 e 500 Hz e nas freqüências de 1000,

2000 e 4000 Hz, acredita-se que, para uso clínico, o AFT-R, na condição

biaural, possa ser utilizado nas freqüências de 250, 1000 e 4000 Hz no

subteste 2, ou seja, as mesmas freqüências que são testadas no subteste 3, o

que tornaria o teste mais rápido em termos de aplicação clínica e não

haveria prejuízo em termos da análise dos resultados.

Discussão

194

No AFT-R, na condição monoaural, através da comparação

entre as freqüências 1000 e 4000 Hz à orelha direita e à orelha esquerda

(Tabela 6), observou-se que as freqüências testadas apresentaram

resultados semelhantes.

Não foram encontrados na literatura, estudos que

comparassem as freqüências do AFT-R na condição monoaural.

McCROSKEY & KIDDER (1980), DAVIS & McCROSKEY (1980) e

McCROSKEY & KEITH (1996), em seus estudos com o AFT-R na

condição biaural, relataram que não encontraram diferença significante

entre os limiares de fusão auditiva nas freqüências testadas, que incluíram

1000 e 4000 Hz. WIGHTMAN, ALLEN, DOLAN, KISTLER &

JAMIESON (1989) encontram diferenças entre as freqüências de 400 e

2000 Hz em um procedimento de avaliação do limiar de fusão auditiva em

crianças. No presente estudo, também não foi encontrada diferença

significante, na condição biaural, entre as freqüências 1000 e 4000 Hz,

embora tenha sido encontrada diferença entre as freqüências baixas (250 e

500 Hz) e as freqüências altas (1000, 2000 e 4000 Hz).

Uma vez que foram avaliadas apenas as freqüências 1000 e

4000 Hz na condição monoaural e não foi avaliada nenhuma freqüência

baixa (250 e 500 Hz), sugere-se que este tipo de estudo seja realizado em

trabalhos futuros.

Discussão

195

Os resultados obtidos quanto aos pontos de corte (Tabela 7)

para mais ou menos dois desvios-padrão além da média e P90 estão dentro

dos limites encontrados na literatura. Os resultados de estudos compilados

da literatura na população normal, nas diferentes provas aplicadas, são

apresentados nos Quadros 2 a 7. Não foram descritos resultados

comparativos relacionados ao AFT-R, na condição monoaural, pois não

foram encontrados, na literatura, trabalhos relacionados ao teste nesta

condição.

Apresenta-se, no Quadro 2, uma síntese dos dados publicados

por PEREIRA (1993a) e ZANCHETTA (1993), relacionados à prova de

localização sonora.

Discussão

196

Quadro 2 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de

Localização Sonora (LS), em indivíduos normais.

Autor Ano Número Sexo Idade

(anos) Ponto de

Corte % N

PEREIRA 1993a 137 M e F 5 a 12 90,00 4/5

ZANCHETTA 1993 15 M e F 7 100,00 5/5

PRESENTE ESTUDO

2001 40 20 M 20 F

9 a 10 90,00 4/5

Legenda: % = Porcentagem de indivíduos incluídos no ponto de corte N = número de acertos estabelecido pelo ponte de corte

M = masculino F = feminino

A análise dos resultados obtidos demonstrou que os resultados

encontrados foram semelhantes aos de PEREIRA (1993a), que utilizou o

mesmo ponto de corte para avaliar 137 crianças com idades entre cinco e

12 anos. Os resultados obtidos foram inferiores aos de ZANCHETTA

(1993), que utilizou um ponto de corte superior ao estabelecido para este

estudo, em crianças normais com idade média de sete anos.

Apresenta-se, no Quadro 3, uma síntese dos dados publicados

por PEREIRA (1993a), ZANCHETTA (1993) e TONIOLO, ROSSI,

BORGES & PEREIRA (1994), relacionados à prova de memória

seqüencial para sons não-verbais.

Discussão

197

Quadro 3 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de

Memória Seqüencial para Sons não-verbais (MSNV), em indivíduos

normais.

Autor Ano Número Sexo Idade

(anos) Ponto de

Corte % N

PEREIRA 1993a 137 M e F 5 a 12 89,00 2/3 (3 itens)

PEREIRA 1993a 15 M e F 9 a 25 90,00 2/3

(4 itens)

ZANCHETTA 1993 15 M e F 7 100,00 3/3 (3 Itens)

TONIOLO e

col. 1994 216 M e F 5 a 10 72,32 3/3

(4 itens > 6 anos)

PRESENTE ESTUDO

2001 40 20 M 20 F

9 a 10 90,00 2/3 (4 itens)

Legenda: % = Porcentagem de indivíduos incluídos no ponto de corte N = número de acertos estabelecido pelo ponte de corte

M = masculino F = feminino > = maior

A análise dos resultados obtidos demonstrou que os resultados

encontrados foram semelhantes aos de PEREIRA (1993a), quando estudou

indivíduos com idades entre cinco e 12 anos e entre nove e 25 anos Os

resultados deste estudo foram inferiores aos de ZANCHETTA (1993), que

obteve, em crianças com idade média de sete anos, 100% de acerto nas três

seqüências testadas. Os resultados deste estudo também foram inferiores

aos estabelecidos por TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994).

Discussão

198

As autoras encontraram, em crianças de cinco a 10 anos de idade, a

incidência de 72,32% de indivíduos que acertaram as três seqüências

testadas. Neste estudo, a incidência encontrada para o acerto de três

seqüências foi de 45%, sendo, desta forma, o ponto de corte estabelecido

para 90% da população em dois acertos em três seqüências.

Apresenta-se, no Quadro 4, uma síntese dos dados publicados

por PEREIRA (1993a), ZANCHETTA (1993) e TONIOLO, ROSSI,

BORGES & PEREIRA (1994), relacionados à prova de memória

seqüencial verbal.

Discussão

199

Quadro 4 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de

Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV), em indivíduos normais.

Autor Ano Número Sexo Idade

(anos) Ponto de

Corte % N

PEREIRA 1993a 97 M e F 5 a 7 89,00 2/3

ZANCHETTA 1993 15 M e F 7 100,00 3/3

TONIOLO e col.

1994 216 M e F 5 a 10 96,30 3/3

PRESENTE

ESTUDO 2001 40 20 M

20 F 9 a 10 90,00 3/3

Legenda: % = Porcentagem de indivíduos incluídos no ponto de corte N = número de acertos estabelecido pelo ponte de corte

M = masculino F = feminino

A análise dos resultados obtidos demonstrou que os resultados

encontrados foram semelhantes aos de ZANCHETTA (1993), que avaliou

crianças na faixa etária de sete anos e TONIOLO, ROSSI, BORGES &

PEREIRA (1994), que avaliaram crianças entre cinco e 10 anos de idade.

Os resultados deste estudo foram superiores aos de PEREIRA (1993a), que

encontrou 89% de indivíduos que acertam duas em três seqüências,

avaliando indivíduos de cinco a sete anos de idade.

Apresenta-se, no Quadro 5, uma síntese dos dados publicados

por JERGER (1987), ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988), KALIL

(1994) e ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA (1997), relacionados ao PSI-

MCC e MCI.

Discussão

200

Quadro 5 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste PSI

com Mensagem Competitiva Contralateral (MCC) e Mensagem

Competitiva Ipsilateral (MCI), em indivíduos normais. Autor Ano Número Sexo Idade Condição f/r (%)

JERGER 1987 40 M e F 3 a 6 MCC

MCI

0 = 100,00 -20 = 70,00 (formato I) -20 = 90,00(formato II)

+ 10 = 100,00

0 = 80,00

ALMEIDA e col.

1988 - - 10 a 15 MCC

MCI

0 = 100,00 - 20 = 100,00 - 40 = 99,40

0 = 90,00

-10 = 80,00 -20 = 50,00

(= SSI)

KALIL 1994 12 M e F 5 a 10 MCC

MCI

OD/OE 0 = 100,00 OD - 40 = 100,00 OE -40 = 99,17

OD 0 = 91,67 -10 = 84,17

OE 0 = 95,83 -10 = 82,50

ZILIOTTO e

col. 1997 20 10 M

10 F 6 MCC

MCI

OD 0 = 99,50 - 40 = 99,50

OE 0 = 99,50 -40 = 100,00

OD 0 = 89,50 -10 = 73,00

OE 0 = 93,00 -10 = 74,50

PRESENTE

ESTUDO 2001 40 20 M

20 F 9 a 10 MCC

MCI

OD/OE 0 = 100,00 0D/OE -40 = 100,00

OD 0 = 90,00 -10 = 90,00 -15 = 70,00

OE 0 = 100,00 -10 = 90,00 -15 = 80,00

Legenda: f/r = relação fala/ruído; (%) porcentagem de acerto; M = masculino; F = feminino; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda.

Discussão

201

A análise dos resultados obtidos no PSI-MCC demonstrou que

os resultados encontrados foram semelhantes aos propostos por JERGER

(1987) para a língua inglesa, na relação fala/ruído 0 dB. Na relação

fala/ruído -40 dB, não há equivalência de condição de testagem, sendo na

língua inglesa utilizada a relação fala/ruído -20 dB com dois tipos de frases

(formato I e II).

A análise dos dados obtidos para o PSI-MCC, em português,

nas relações fala/ruído 0 e –40 dB, à orelha direita e orelha esquerda,

demonstrou resultados semelhantes aos de ALMEIDA, CAMPOS &

ALMEIDA (1988), KALIL (1994) e ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA

(1997).

A análise dos resultados obtidos no PSI-MCI demonstrou que

os resultados encontrados, na relação fala/ruído 0 dB, foram superiores

(orelha direita 90% e orelha esquerda 100%) aos encontrados na língua

inglesa (80%) por JERGER (1987).

A análise dos dados obtidos para o PSI-MCI, em português, na

relação fala/ruído 0 dB, na orelha direita e esquerda, demonstrou resultados

semelhantes aos de ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988), KALIL

(1994) e ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA (1997). A análise dos dados

obtidos para o PSI-MCI, em português, na relação fala/ruído -10 dB, na

orelha direita (90%) e orelha esquerda (90%), demonstrou resultados

Discussão

202

superiores aos de ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988) - 80% -,

KALIL (1994) - orelha direita 84,17% e orelha esquerda 82,5% - e

ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA (1997) - orelha direita 73% e orelha

esquerda 74,5%.

Não foram encontrados na literatura trabalhos relatando o uso

do PSI – MCI na relação fala/ruído –15 dB, embora o uso clínico desta

relação fala/ruído tenha sido sugerida por PEREIRA (1997b).

JERGER, JERGER & LEWIS (1981) descreveram a

influência, no PSI, de diferenças relacionadas à idade cronológica e

linguagem receptiva. Neste estudo, a idade dos indivíduos testados esteve

entre nove e 10 anos, enquanto que os 12 indivíduos testados por KALIL

(1994) tinham entre cinco e 12 anos, e no estudo de ZILIOTTO, KALIL &

ALMEIDA (1997), a média de idade foi de seis anos, demonstrando,

provavelmente, que, com maior idade em média, os indivíduos

apresentaram maior facilidade de execução da tarefa proposta.

Apresenta-se, no Quadro 6, uma síntese dos dados publicados

por KIMURA (1963), KOOMAR & CERMAK (1981), KRAFT (1981),

KRAFT (1982), BELLIS (1996), SINGER, HURLEY & PREECE (1998) e

SANTOS (1998), relacionados ao teste Dicótico de Dígitos.

Discussão

203

Quadro 6 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste Dicótico de

Dígitos (DD), na tarefa de integração biaural, em indivíduos normais.

Autor Ano N Sexo Procedimento Idade % de Acertos Vantagem OD

KIMURA 1963 23

23

10 M 13 F 11 M 12 F

20 itens 3 pares 8

9

MASCULINO OD=91,67 OE = 83,67

FEMININO OD = 91,17 OE = 81,5

MASCULINO OD=92,50 OE = 81,17

FEMININO OD = 91,83 OE =87,33

SIM

KOOMAR &

CERMAK 1981 30 23 M

7 F 20 itens 3 pares 7 a 10 OD = 77,83

OE = 71,17 SIM

KRAFT 1981 40

40 M 15 itens 2 pares

e 10 itens 3 pares

6 a 8 10 a 12

89,00 74,15

SIM

KRAFT 1982 96 48 M

48 F 15 itens 2 pares

e 10 itens 3 pares

7 e 11

7 11

TOTAL

M 79,23 F 82,67 79,23 86,43 80,97

SIM SIM

BELLIS 1996 - - 20 Itens 2 pares 9

10

11

OD = 80,00 OE = 75,00 OD = 85,00

OE = 78 OD = 90,00 OE = 88,00

-

SINGER e col. 1998 91 71 M

20 F 20 Itens 2 pares 9

10

11 a 13

OD = 92,53 OE = 91,41 OD =93,17 OE = 92,28 OD = 96,00 OE = 95,65

-

SANTOS 1998 30

30

15 M 15 F 15 M 15 F

20 itens 2 pares 5 a 6

11 a 12

OD = 74,00 OE = 68,00

OD = 93,00 OE = 93,00

SIM

NÃO

PRESENTE

ESTUDO 2001 40 20 F

20 M 20 itens 2 pares 9 a 10 OD Masculino

= 97,50 OD Feminino

= 95,13 OE Total = 95,12

NÃO

Legenda: N -= número de indivíduos; % = porcentagem de acertos; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; M = masculino; F = feminino.

Discussão

204

A análise dos valores médios de acertos no teste Dicótico de

Dígitos demonstrou que os resultados encontrados foram superiores aos

encontrados na literatura, relatados nos trabalhos de KIMURA (1963) e

KOOMAR & CERMAK (1981), embora estes autores tenham utilizado um

maior número de pares de itens para avaliação com o teste Dicótico de

Dígitos. Os resultados foram superiores também aos relatados nos trabalhos

de KRAFT (1981), KRAFT (1982), BELLIS (1996) e SANTOS (1998). Os

resultados encontrados foram superiores aos encontrados por SINGER,

HURLEY & PREECE (1998) nas idades entre nove e 10 anos e

semelhantes aos encontrados entre 11 e 13 anos.

Apresenta-se, no Quadro 7, uma síntese dos dados publicados

por McCROSKEY & KIDDER (1980), McCROSKEY & KEITH (1996) e

MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000), relacionados ao AFT-R.

Discussão

205

Quadro 7 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste de

Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, em indivíduos normais.

Autor Ano Número Sexo Idade Média (ms) Desvio-

Padrão Ponto de

Corte % N

McCROSKEY & KIDDER

1980 45 23 M 22 F

7 a 10 7,5 (9 anos) 3,09 -

McCROSKEY

& KEITH 1996 448 M e F 3 a 9 8 (9, 10 e

11 anos) 3 95,00 20

MOURA e col. 2000 18 11 M

7 F 7 a 10 5,0 2,4 -

PRESENTE

ESTUDO 2001 40 20 M

20 F 9 a 10 6,41 3,59 90,00 13,08

(95,00 = 13, 59) Legenda: % = porcentagem de indivíduos incluídos no ponto de corte N = valor do Limiar de Fusão Auditiva no ponto de corte M = masculino

F = feminino ms = milissegundos

A análise dos resultados obtidos no AFT-R, na condição

biaural, demonstrou que os resultados encontrados foram inferiores aos

propostos por McCROSKEY & KEITH (1996), obtidos em indivíduos

falantes da língua inglesa. MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000)

alertaram para o fato de os limiares de fusão auditiva, em português, serem

menores do que os obtidos no teste original.

Acredita-se que este achado possa estar relacionado às

diferenças de estimulação recebidas pelos indivíduos testados durante o

período de desenvolvimento da linguagem oral nas línguas de origem e

conseqüente formação de um padrão neural de decodificação e acesso à

Discussão

206

informação acústica diferentes. As características acústicas e prosódicas da

língua inglesa e portuguesa são diferentes em vários aspectos e os

processos de resolução temporal exigidos para a decodificação fonêmica

podem ser diferentes em função das demandas exigidas pela língua,

denotando um maior ou menor limiar de fusão auditiva.

HIRSH (1959) estudou o efeito dos intervalos interpulsos na

percepção da ordenação temporal e determinou que, com um intervalo

interpulso de 2ms, o ouvinte normal pode perceber dois sons ao invés de

um só; no entanto, o intervalo interpulso deve ser de aproximadamente

17ms para o ouvinte normal poder identificar a ordem de uma seqüência de

dois sons. O autor afirmou que, nos casos em que o ouvinte necessitou mais

do que 20ms para identificar a ordem do estímulo, deveria se pesquisar a

possibilidade de desordem do processamento auditivo central.

Discussão

207

PARTE B - Comentários sobre as respostas obtidas nas diferentes

provas auditivas realizados pelos indivíduos do Grupo II, ou com

evidências de alteração de aprendizagem, particularmente do

aprendizado do código gráfico.

Foram estabelecidos os valores médios - média, mediana,

moda e desvio-padrão - assim como os limites superiores e limites

inferiores, para cada uma das provas aplicadas no Grupo II (Tabelas 8 a

13).

Não foi possível realizar o estudo quanto à variável sexo, uma

vez que o grupo II é constituído de 16 indivíduos do sexo masculino e

quatro indivíduos do sexo feminino. A análise estatística foi orientada a

partir dos resultados da variável sexo no Grupo I.

Observou-se que não houve diferença estatisticamente

significante entre os resultados obtidos à orelha direita e orelha esquerda no

teste PSI-MCC, na relação fala/ruído 0 e -40 dB (Tabela 9). Não houve

diferença estatisticamente significante entre o desempenho dos indivíduos à

orelha direita e à orelha esquerda no PSI-MCI na relação fala/ruído -10 dB

(Tabela 10). Houve diferença estatisticamente significante entre a orelha

direita e orelha esquerda no PSI-MCI na relação fala/ruído 0 e -15 dB

(Tabela 10), sendo que as respostas dos indivíduos avaliados à orelha

Discussão

208

direita foram menores do que as respostas à orelha esquerda. A orelha

direita foi a primeira orelha a ser avaliada e a orelha esquerda foi a segunda

orelha a ser avaliada em cada uma das relações fala/ruído.

Assim como no Grupo I, parece que o fator aprendizagem

levantado por PEREIRA (1993b) e SCHOCHAT & CARVALLO (1995),

em tarefa monótica de reconhecimento de fala com ruído, também está

presente nos resultados obtidos no Grupo II. No entanto, uma ressalva

deve ser feita: no Grupo I, apenas na relação -15 dB, ou seja, uma relação

de fala/ruído de escuta difícil, houve uma diferença entre a orelha direita e

a orelha esquerda, sendo que a orelha direita apresentou um número

menor de erros. No Grupo II, além da relação fala/ruído -15 dB, também

houve uma diferença entre a orelha direita e orelha esquerda na relação

fala/ruído 0 dB, ou seja, em uma condição de escuta levemente distorcida,

o que sugere que os indivíduos do Grupo II, nessa tarefa, necessitaram de

maior número de itens e/ou pistas acústicas para o processamento da

informação auditiva, mesmo em condições de escuta mais favoráveis.

A diferença de performance entre a orelha direita e a orelha

esquerda na relação fala/ruído 0 dB deve ser observada e levada em

consideração na avaliação de crianças com distúrbio de aprendizagem,

uma vez que esse tipo de resposta é exclusiva do Grupo II e parece

caracterizar as estratégias perceptuais auditivas empregadas neste tipo de

Discussão

209

tarefa por esse grupo de crianças, podendo nortear de forma mais precisa

o processo de reabilitação.

SLOAN (1991) salientou que crianças com alteração do

processamento auditivo, muitas vezes precisam de um maior número de

itens para o aprendizado da tarefa e cometem mais erros durante esse

processo de aprendizagem. Sugeriu que, para facilitar o que chamou de

aprendizado perceptual, deveria se tornar mais audível as características

acústicas mais relevantes da fala.

No teste Dicótico de Dígitos, houve diferença estatisticamente

significante entre o desempenho dos indivíduos do Grupo II, à orelha

direita e à orelha esquerda, no sexo masculino (Tabela 11), sendo que os

indivíduos apresentam desempenho superior à orelha direita (ou inferior à

orelha esquerda).

A análise dos dados, levando-se em conta a vantagem da

orelha direita no teste Dicótico de Dígitos, pode ser explicada pela teoria

estrutural proposta por KIMURA (1961a, 1961b, 1967) e pelos achados de

PINHEIRO (1977) e MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) que

estudaram crianças com alteração de aprendizagem.

Para MUSIEK & PINHEIRO (1985), a vantagem da orelha

direita observada em tarefas auditivas está relacionada ao processamento

lingüístico da informação realizado no hemisfério cerebral esquerdo,

Discussão

210

evidenciado, segundo RYALLS (1996) por achados em pacientes lesados

cerebrais e em estudos eletrofisiológicos, como a tomografia de emissão de

pósitrons. Nesse sentido, se a informação auditiva recebida por uma orelha

é transmitida para o lobo temporal contralateral (PICKLES, 1985), a

informação recebida pela orelha esquerda pode ter chegado principalmente

ao hemisfério direito necessitando de tratamento de outras áreas de

processamento da informação (PEREIRA, 1993b). Portanto, na escuta

dicótica, a informação auditiva verbal, proveniente da orelha esquerda,

segue contralateralmente para o lobo temporal direito e, via o corpo caloso,

atinge o hemisfério cerebral esquerdo, que é responsável pela análise,

percepção e produção da linguagem (MUSIEK, BARAN & PINHEIRO,

1994; RIPAUPIERRE, 1997), enquanto que o hemisfério direito está

relacionado à percepção da duração, intensidade, timbre, entonação e

melodia (MUSIEK, BARAN & PINHEIRO, 1994; RIPAUPIERRE, 1997).

Da mesma forma, o estímulo verbal apresentado na orelha direita é

projetado diretamente ao hemisfério esquerdo, sendo processado de forma

rápida e precisa.

GEFFEN & WALE (1979) referiram que a vantagem da orelha

direita aumenta em função da dificuldade da tarefa. Descreveram que, com

menor velocidade de apresentação do estímulo, a vantagem da orelha

Discussão

211

direita permaneceu constante em função da idade e, em velocidades de

apresentação maiores, a vantagem da orelha direita diminuiu.

TALLAL, MILLER & FITCH (1993) acreditam que o

hemisfério esquerdo seja especializado para processar a informação que

muda rapidamente na dimensão temporal e não seja especializado para o

processamento da fala em si. Descreveram um estudo realizado pelos

mesmos, que demonstrou que com estímulos de fala, nos quais as

transições das formantes foram aumentadas em duração, a vantagem da

orelha direita foi reduzida significantemente.

MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) avaliaram 22

crianças com dificuldades acadêmicas, entre oito e 10 anos de idade, a

partir de uma bateria composta por sete testes de avaliação do

processamento auditivo, que incluiu o teste Dicótico de Dígitos. Os autores

descreveram que encontraram um consistente déficit na orelha esquerda.

Da mesma forma, PINHEIRO (1977) encontrou uma vantagem da orelha

direita (ou déficit da orelha esquerda) em uma população de 14 indivíduos,

11 do sexo masculino e três do sexo feminino, com idade entre seis e 16

anos. Os autores relacionaram a vantagem da orelha direita à alteração de

transferência de informação do hemisfério direito para o hemisfério

esquerdo via o corpo caloso.

Discussão

212

Uma vez que a comparação do Grupo I e Grupo II será

realizada na Parte C deste estudo, a análise dos resultados obtidos na

comparação entre orelha direita e orelha esquerda será retomada, associada

ao número de indivíduos adequados e inadequados em cada grupo.

No AFT-R, na condição monoaural (Tabela 13), não houve

diferença estatisticamente significante entre a orelha direita e a orelha

esquerda nas freqüências testadas - 1000 e 4000 Hz. Não foi realizada a

testagem do AFT-R na condição monoaural, na população normal estudada

por McCROSKEY & KEITH (1996), embora tenha sido sugerida a sua

realização pelos autores. Como citado anteriormente, outros estudos

compilados da literatura (McCROSKEY & KIDDER, 1980; MOURA,

FENIMAN & LAURIS, 2000) também não fizeram referência à utilização

do AFT-R na condição monoaural.

No AFT-R, na condição biaural (Tabela 12 e Gráfico 2), não

houve diferença estatisticamente significante entre as freqüências

comparadas 250, 1000 e 4000 Hz, dados semelhantes aos de

McCROSKEY & KEITH (1996), obtidos em indivíduos normais, embora

diferentes dos encontrados no Grupo I deste estudo.

McCROSKEY & KIDDER (1980) relataram diferenças nos

limiares de fusão auditiva em função das freqüências testadas em crianças

com distúrbio de aprendizagem. Encontraram diferenças nas freqüências de

Discussão

213

250 e 4000 Hz, sendo que estas freqüências apresentaram limiares de fusão

auditiva maiores que as freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. Essas

diferenças entre freqüências não foram encontradas em crianças com

desempenho normal e crianças com dificuldade específica de leitura.

Os resultados deste estudo foram diferentes dos de

McCROSKEY & KIDDER (1980), uma vez que não foram encontradas

variações de desempenho quanto às freqüências estudadas no grupo de

crianças com distúrbio de aprendizagem. Deve-se ressaltar que a

comparação, realizada neste estudo, envolveu apenas as freqüências 250,

1000 e 4000 Hz, pois optou-se por comparar as freqüências realizadas por

todos os indivíduos do Grupo II.

No AFT-R, na condição monoaural, através da comparação

entre as freqüências 1000 e 4000 Hz à orelha direita e à orelha esquerda

(Tabela 13), observou-se que as freqüências testadas apresentaram

resultados semelhantes.

Não foram encontrados, na literatura, estudos que

comparassem as freqüências do AFT-R na condição monoaural.

McCROSKEY & KIDDER (1980) relataram diferenças nos limiares de

fusão auditiva em função das freqüências testadas em crianças com

distúrbio de aprendizagem, na aplicação do AFT-R na condição biaural.

Encontraram diferenças nas freqüências de 250 e 4000 Hz, sendo que, para

Discussão

214

estas freqüências, os indivíduos apresentaram limiares de fusão auditiva

maiores que para as freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. No presente

estudo, também não foi encontrada diferença estatisticamente significante,

na condição monoaural, entre os desempenhos dos indivíduos para as

freqüências 1000 e 4000 Hz no Grupo I.

No AFT-R na condição monoaural, não foram encontradas

diferenças entre as respostas obtidas à orelha direita e à orelha esquerda

(Tabela 13), da mesma forma não foram encontradas diferenças entre os

resultados das freqüências de 1000 e 4000 Hz tanto na orelha direita quanto

na orelha esquerda (Tabela 13). Os resultados obtidos na condição

monoaural do AFT-R foram semelhantes aos encontrados, na condição

biaural, no Grupo II. Desta forma sugere-se a utilização do AFT-R na

condição monoaural em pesquisa, visto a falta de outras contribuições já

obtidas na condição biaural.

Os resultados de estudos compilados da literatura na

população com distúrbio de aprendizagem, nas diferentes provas aplicadas,

são apresentados nos Quadros 8 a 13. Não foram descritos resultados

comparativos relacionados ao AFT-R, na condição monoaural, pois não

foram encontrados, na literatura, trabalhos relacionados ao teste nesta

condição.

Discussão

215

Apresenta-se, no Quadro 8, uma síntese dos dados publicados

por PEREIRA (1993a), SCHOCHAT & CARVALHO (1995), CRUZ &

PEREIRA (1996) e GUIMARÃES (1999), relacionados à prova de

localização sonora aplicada em indivíduos com distúrbio de aprendizagem.

Discussão

216

Quadro 8 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de

Localização Sonora (LS), em indivíduos com distúrbio de aprendizagem.

Autor Ano Características Número Sexo Idade

(anos) N (%)

Inadequados Ponto de

Corte PEREIRA 1993a Sem alteração

neurológica com fracasso escolar

21 M e F 6 a 13 (x = 9)

33,00 4/5

SCHOCHAT

& CARVALLO

1995 Distúrbio de aprendizagem

7 M 7 a 14 57,86 5/5

CRUZ &

PEREIRA 1996 Queixa de

dificuldade aprendizagem

24 M e F 8 a 12 41,67 4/5

GUIMARÃES 1999 Distúrbio de

aprendizagem com audição

normal ou perda leve

26 19 M 7 F

8 a 12 27,00 4/5

PRESENTE

ESTUDO 2001 Distúrbio de

aprendizagem 20 16 M

4 F 9 a 11 0,00 4/5

Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração na prova de LS M = masculino F = feminino x = média

PEREIRA (1993a), observou em seu estudo com crianças com

história de fracasso escolar com idades entre seis e 13 anos de idade, 33%

de alteração da prova de localização sonora. SCHOCHAT & CARVALLO

(1995) encontraram, em indivíduos com alteração de aprendizagem,

57,14% de alteração na prova de localização sonora. CRUZ & PEREIRA

(1996) observaram, em crianças com queixa de dificuldade de

aprendizagem, 41,67% de alteração na prova de localização sonora.

Discussão

217

GUIMARÃES (1999) encontrou, em crianças com distúrbio de

aprendizagem, 27% de alteração da localização sonora, embora três

crianças (11,1%) com inadequação na prova de localização sonora

apresentassem alteração da audição periférica.

O ponte de corte utilizado neste estudo foi de quatro acertos

em cinco itens, semelhante aos de PEREIRA (1993a), CRUZ & PEREIRA

(1996) e GUIMARÃES (1999). SCHOCHAT & CARVALLO (1995)

utilizaram um ponto de corte de 100% de acerto e encontraram a maior

porcentagem de indivíduos alterados.

Os dados, obtidos no presente estudo, divergem dos dados

encontrados na literatura, uma vez que não foram encontradas alterações no

Grupo II na prova de localização sonora.

Apresenta-se, no Quadro 9, uma síntese dos dados publicados

por PEREIRA (1993a), SCHOCHAT & CARVALLO (1995), CRUZ &

PEREIRA (1996) e GUIMARÃES (1999), relacionados à prova de

memória seqüencial para sons não-verbais aplicada em indivíduos com

distúrbio de aprendizagem.

Discussão

218

Quadro 9 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de

Memória Seqüencial para Sons Não-verbais (MSNV), em indivíduos com

distúrbio de aprendizagem.

Autor Ano Características Número Sexo Idade N (%)

Inadequados Ponto de

Corte PEREIRA 1993a Sem alteração

neurológica com fracasso escolar

21 M e F 6 a 13 (x = 9)

40,00 2/3 (3 itens)

SCHOCHAT

& CARVALLO

1995 Distúrbio de aprendizagem

7 M 7 a 14 14,28 3/3

CRUZ &

PEREIRA 1996 Queixa de

dificuldade aprendizagem

24 M e F 8 a 12 16,66 2/3 (4 itens)

GUIMARÃES 1999 Distúrbio de

aprendizagem com audição

normal ou perda leve

26 19 M 7 F

8 a 12 62,00 2/3 (4 itens)

PRESENTE

ESTUDO 2001 Distúrbio de

Aprendizagem 20 16 M

4 F 9 a 11 15,00 2/3

(4 itens) Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração na prova de MSNV

M = masculino F = feminino x = média

PEREIRA (1993a) observou, em seu estudo de crianças com

história de fracasso, escolar com idades entre seis e 13 anos de idade, 40%

de alteração da prova de memória seqüencial para sons não-verbais.

SCHOCHAT & CARVALLO (1995) encontraram, em indivíduos com

alteração de aprendizagem, 14,28% de alteração na prova de memória

Discussão

219

seqüencial para sons não-verbais. CRUZ & PEREIRA (1996) observaram,

em crianças com queixa de dificuldade de aprendizagem, 16,66% de

alteração na prova de memória seqüencial para sons não-verbais.

GUIMARÃES (1999) encontrou, em crianças com distúrbio de

aprendizagem, 62% de alteração da memória seqüencial para sons não-

verbais.

Os resultados obtidos neste estudo foram semelhantes aos de

CRUZ & PEREIRA (1996) e inferiores aos de PEREIRA (1993a) e

GUIMARÃES (1999). Embora numericamente os resultados deste estudo

tenham sido semelhantes aos de SCHOCHAT & CARVALLO (1995), as

autoras utilizaram um ponto de corte de 100% de acerto. A partir desse

critério, os resultados deste estudo seriam de 70% de alteração, superiores

aos encontrados pelas autoras.

Apresenta-se, no Quadro 10, uma síntese dos dados publicados

por PEREIRA (1993a), SCHOCHAT & CARVALLO (1995), CRUZ &

PEREIRA (1996) e GUIMARÃES (1999), relacionados à prova de

memória seqüencial para sons verbais, aplicada em indivíduos com

distúrbio de aprendizagem.

Discussão

220

Quadro 10 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de

Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV), em indivíduos com

distúrbio de aprendizagem.

Autor Ano Características Número Sexo Idade N (%)

Inadequados Ponto de

Corte PEREIRA 1993a Sem alteração

neurológica com fracasso escolar

21 M e F 6 a 13 (x = 9)

18,00 2/3

SCHOCHAT

& CARVALLO

1995 Distúrbio de aprendizagem

7 M 7 a 14 OD 71,43 OE 85,72

3/3

CRUZ &

PEREIRA 1996 Queixa de

dificuldade aprendizagem

24 M e F 8 a 12 16,66 2/3

GUIMARÃES 1999 Distúrbio de

aprendizagem com audição

normal ou perda leve

26 19 M 7 F

8 a 12 69,00 2/3

PRESENTE

ESTUDO 2001 Distúrbio de

aprendizagem 20 16 M

4 F 9 a 11 40,00 3/3

Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração na prova de MSV M = masculino F = feminino x = média

PEREIRA (1993a) observou, em seu estudo de crianças com

história de fracasso escolar, com idades entre seis e 13 anos de idade, 18%

de alteração da prova de memória seqüencial para sons verbais.

SCHOCHAT & CARVALLO (1995) encontraram, em indivíduos com

alteração de aprendizagem, 71,43% de alteração à orelha direita e 85,72%

Discussão

221

de alteração à orelha esquerda na prova de memória seqüencial para sons

verbais. CRUZ & PEREIRA (1996) observaram, em crianças com queixa

de dificuldade de aprendizagem, 16,66% de alteração na prova de memória

seqüencial para sons verbais. GUIMARÃES (1999) encontrou, em crianças

com distúrbio de aprendizagem, 69% de alteração da memória seqüencial

para sons verbais.

Os dados obtidos neste estudo são superiores aos obtidos por

PEREIRA (1993a) e CRUZ & PEREIRA (1996) e inferiores aos

encontrados por GUIMARÃES (1999) que utilizaram como ponto de corte

dois acertos em três seqüências avaliadas, enquanto que, neste trabalho, foi

utilizado o ponto de corte de três acertos em três seqüências. Se fosse

utilizado o índice de acerto utilizado nos trabalhos descritos apenas 5% do

Grupo II, apresentaria alteração, dados inferiores aos achados da literatura.

Os resultados obtidos neste trabalho são inferiores aos obtidos

por SCHOCHAT & CARVALLO (1995), que utilizaram o critério de três

acertos em três seqüências para análise dos resultados.

Apresenta-se, no Quadro 11, uma síntese dos dados publicados

por ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT (1990), PEREIRA

(1993a), SCHOCHAT & CARVALLO (1995) e GUIMARÃES (1999),

relacionados ao teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala (PSI) nas

condições de testagem com mensagem competitiva contralateral (MCC) e

Discussão

222

mensagem competitiva ipsilateral (MCI), aplicado em indivíduos com

distúrbio de aprendizagem.

Discussão

223

Quadro 11 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste PSI

com Mensagem Competitiva Contralateral (MCC) e Mensagem

Competitiva Ipsilateral (MCI), em indivíduos com distúrbio de

aprendizagem.

Autor Ano Características Número Sexo Idade N (%) Inadequados

Condição

ALMEIDA e col.

1990 Distúrbio do aprendizado

22 10 M 12 F

5 a 7 68,00 Em campo livre

ALMEIDA e

col. 1990 Distúrbio do

aprendizado 7 M e F 5 a 7 85,00 Em campo

livre

PEREIRA 1993a Sem alteração neurológica com fracasso escolar

21 M e F 6 a 13 (x = 9)

5,00 MCC

PEREIRA 1993a Sem alteração

neurológica com fracasso escolar

21 M e F 6 a 13 (x = 9)

64,00 MCI

SCHOCHAT

& CARVALLO

1995 Distúrbio de aprendizagem

7 M 7 a 14 85,70 MCI

GUIMARÃES 1999 Distúrbio de

aprendizagem com audição

normal ou perda leve

26 19 M 7 F

8 a 12 42,00 Análise global do

teste

PRESENTE

ESTUDO 2001 Distúrbio de

aprendizagem 20 16 M

4 F 9 a 11 OD 0 = 0,00

- 40 = 0,00 OE 0 = 5,00 -40 = 0,00

MCC

PRESENTE

ESTUDO 2001 Distúrbio de

aprendizagem 20 16 M

4 F 9 a 11 OD 0 = 10,00

-10 = 25,00 -15 = 5,00

OE 0 = 15,00 -10 = 5,00 -15 = 0,00

MCI

Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração no teste PSI; M = masculino; F = feminino; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; x = média.

Discussão

224

PEREIRA (1993a), em crianças com história de fracasso

escolar, sem antecedente neurológico, com idades entre seis e 13 anos,

encontrou 5% de alteração no PSI-MCC, dados similares aos encontrados

neste estudo, embora a autora tenha utilizado um ponto de corte de 90% de

acerto e, neste estudo, o ponto de corte tenha sido 100% para todas as

etapas do PSI-MCC. Se o critério fosse de 90%, nenhum indivíduo do

Grupo II seria considerado como com desempenho inadequado.

PEREIRA (1993a) observou, em seu estudo de crianças com

história de fracasso escolar, com idades entre seis e 13 anos de idade, 64%

de alteração no PSI-MCC. SCHOCHAT & CARVALLO (1995)

encontraram, em indivíduos com alteração de aprendizagem, 85,7% de

alteração no PSI-MCC.

Os resultados deste estudo foram inferiores aos obtidos por

PEREIRA (1993a) e SCHOCHAT & CARVALLO (1995) em seus

estudos.

ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT (1990)

descreveram os resultados do PSI, aplicado em campo livre, em sete

crianças de cinco a sete anos de idade, todas portadoras de distúrbios do

aprendizado. Relataram que seis (85%) crianças apresentaram porcentagem

menor de reconhecimento em relação a crianças do grupo-controle,

considerando o PSI como eficiente para o diagnóstico diferencial.

Discussão

225

GUIMARÃES (1999) encontrou 42% de alteração no PSI em crianças com

alteração de aprendizagem, sendo que não especificou em que condição do

teste - com mensagem competitiva contralateral ou mensagem competitiva

ipsilateral - foram encontradas as alterações.

Os valores obtidos no presente estudo foram inferiores aos

encontrados por ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT

(1990) e GUIMARÃES (1999).

Apresenta-se, no Quadro 12, uma síntese dos dados publicados

por MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982), SINGER, HURLEY &

PREECE (1998) e GUIMARÃES (1999), relacionados ao teste Dicótico de

Dígitos aplicado em indivíduos com distúrbio de aprendizagem.

Discussão

226

Quadro 12 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste

Dicótico de Dígitos, em indivíduos com distúrbio de aprendizagem.

Autor Ano Características Procedimento Número Sexo Idade N (%)

Inadequados MUSIEK e col. 1982 Dificuldades

acadêmicas que podem incluir o

distúrbio de aprendizagem

20 itens 2 pares 22 12 M 10 F

8 a 10 63,30

GUIMARÃES 1999 Distúrbio de

aprendizagem com audição

normal ou perda leve

20 itens 2 pares 26 19 M 7 F

8 a 12 42,00

PRESENTE

ESTUDO 2001 Distúrbio de

aprendizagem 20 itens 2 pares 20 16 M

4 F 9 a 11 OD Masculino

= 81,30 OE Total = 80,00

Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração no teste DD M = masculino F = feminino

MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) observaram, em

seu estudo com crianças com dificuldades acadêmicas, algumas delas com

diagnóstico de distúrbio de aprendizagem, com idades entre oito e 10 anos

de idade, 63,3% de alteração no teste Dicótico de Dígitos. GUIMARÃES

(1999) encontrou, em indivíduos com diagnóstico de distúrbio de

aprendizagem, com idades entre oito e 12 anos, 42% de alteração no teste

Dicótico de Dígitos.

Os resultados obtidos neste estudo foram superiores aos

obtidos por MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) e GUIMARÃES

Discussão

227

(1999). Vale ressaltar que ponto de corte utilizado por MUSIEK,

GEURKINK & KIETEL (1982) foi de 84% à orelha direita e 79% à orelha

esquerda aos nove anos e 91% à orelha direita e 84% à orelha esquerda aos

10 anos. GUIMARÃES (1999) não especificou os critérios utilizados para

classificação dos sujeitos com o critério denominado, pela autora, de

passou/falhou no teste.

Se fosse utilizado o índice de acerto de 90% (MUSIEK, 1983a;

SANTOS & PEREIRA, 1997) para as orelhas direita e esquerda, três

indivíduos do sexo masculino (18,75%) apresentariam alteração à orelha

direita e 10 indivíduos da população total - sexo masculino e sexo feminino

- (50%) apresentariam alteração à orelha esquerda.

SINGER, HURLEY & PREECE (1998) avaliaram 147

crianças com distúrbio de aprendizagem, 101 do sexo masculino e 46 do

sexo feminino, com idade entre sete e 13 anos. Os autores aplicaram o teste

Dicótico de Dígitos na versão proposta por MUSIEK (1983a). Nos

indivíduos com nove anos de idade encontraram 83,04% de acerto em

média (desvio-padrão = 15,02) à orelha direita e 78,13% (desvio-padrão =

16) à orelha esquerda. Nos indivíduos com 10 anos de idade encontraram

87,29% de acerto em média (desvio-padrão = 12,45) à orelha direita e

77,96% (desvio-padrão = 17,57) à orelha esquerda. Nos indivíduos entre 11

Discussão

228

e 13 anos de idade encontraram 88% de acerto em média (desvio-padrão =

12,53) à orelha direita e 87,75% (desvio-padrão = 9,47) à orelha esquerda.

Os resultados, do presente estudo, foram superiores aos de

SINGER, HURLEY & PREECE (1998), assim como apresentaram menor

variabilidade na população estudada.

Apresenta-se no Quadro 13 uma síntese dos dados publicados

por McCROSKEY & KIDDER (1980), FENIMAN, KEITH &

CUNNINGHAM (1999) e MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000),

relacionados ao AFT-R na condição biaural, aplicado em indivíduos com

distúrbio de aprendizagem.

Discussão

229

Quadro 13 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste de

Fusão Auditiva (AFT-R) na condição biaural, em indivíduos com distúrbio

de aprendizagem.

Autor Ano Características Número Sexo Idade Média

(ms) Desvio-Padrão

N (%) Inadequados

McCROSKEY & KIDDER

1980 Distúrbio de aprendizagem

45 32 M 13 F

7 a 9 12,2 (9 anos) (WAFT)

7,49 -

McCROSKEY

& KIDDER 1980 Distúrbio de

específico de leitura

45 25 M 20 F

7 a 9 11,7 (9 anos) (WAFT)

9,18 -

FENIMAN e

col. 1999 Distúrbio de

aprendizagem/ linguagem

17 11 M 6 F

6 a 10 (x = 8,2)

8,3 2,1 0

MOURA e col. 2000 Distúrbio de

leitura e escrita 10 6 M

4 F 7 a 10 Subteste 2 (3)

= 5,1 Subteste 3 (7)

= 89,5

Subteste 2 (3) = 3,7

Subteste 3 (7) = 64,9

70,00 (Subteste 2 = 0,00

Subteste 3 = 70,00)

PRESENTE

ESTUDO 2001 Distúrbio de

aprendizagem 20 16 M

4 F 9 a 11 Subteste 2 (10)

= 7,16 Subteste 3 (10)

= 108,83

Subteste 2 (10) = 5,12

Subteste 3 (10) = 28,78

50 (Subteste 2 = 0,00

Subteste 3 = 100,00)

Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração no teste AFT-R na condição biaural ms = milissegundos M = masculino F = feminino x = média

McCROSKEY & KIDDER (1980) estudaram 135 crianças

com idades entre sete e nove anos. As crianças foram agrupadas em três

grupos: grupo de crianças normais, grupo de crianças com dificuldades de

leitura e grupo de crianças com dificuldade de aprendizagem. Foi aplicada

a versão original do AFT-R (WAFT). Foram encontradas diferenças

estatisticamente significantes entre o grupo de crianças normais e os outros

Discussão

230

dois grupos. Não houve diferença estatisticamente significante entre o

grupo de crianças com dificuldade de leitura e o com distúrbio de

aprendizagem.

FENIMAN, KEITH & CUNNINGHAM (1999) encontraram

limiares de fusão auditiva de 4,5ms a 13ms em crianças diagnosticadas

com distúrbio de aprendizagem relacionados à linguagem, sendo que os

autores discutiram a possibilidade de que as crianças avaliadas não

tivessem um distúrbio de linguagem extenso consistente com problemas de

processamento temporal.

MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000), no Brasil,

estudaram crianças diagnosticadas como portadoras de distúrbio de leitura

e escrita e os dados obtidos revelaram significante alteração no

desempenho do AFT-R nestas crianças. Os autores acreditam que a

alteração perceptual auditiva encontrada no teste AFT-R pode justificar a

presença de problemas de leitura e escrita na população estudada.

Analisando a literatura pesquisada, os achados deste estudo

foram semelhantes aos de McCROSKEY & KIDDER (1980) e MOURA,

FENIMAN & LAURIS (2000), quando estudado o Grupo II como um todo

(Tabela 12). Quando analisados os resultados do Grupo II subteste 2

(Tabela 22), o desempenho dos indivíduos testados foi semelhante ao da

população total de FENIMAN, KEITH & CUNNINGHAM (1999) e da

Discussão

231

população que realizou o subteste 2 no trabalho de MOURA, FENIMAN &

LAURIS (2000). Quando analisados os resultados do Grupo II subteste 3

(Tabela 22), o desempenho dos indivíduos testados foi semelhante ao da

população que realizou o subteste 3 no trabalho de MOURA, FENIMAN &

LAURIS (2000).

Discussão

232

PARTE C – Comentários sobre o estudo comparativo das respostas

obtidas nas diferentes provas auditivas pelos indivíduos dos Grupos I e

II.

Na prova de localização sonora não houve diferença

estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II (Tabela 15 e

Gráfico 3). Segundo o ponto de corte - P90 - estabelecido para este estudo

(Tabela 7), nenhum indivíduo do Grupo I ou do Grupo II (Gráfico 19)

apresentou alteração na prova de localização sonora (Tabela 21 e Gráfico

9). Os resultados de estudos compilados da literatura na população normal

e com distúrbio de aprendizagem, na prova de localização sonora, são

apresentados nos Quadros 2 e 8, respectivamente.

Neste estudo, a prova de localização sonora não foi adequada

para diferenciar os dois grupos estudados, não havendo uma associação

entre os resultados obtidos na prova de localização sonora e o grupo com

evidências de alteração de aprendizagem.

Neste trabalho, a partir da concepção teórica descrita

anteriormente pode-se supor que os processos envolvidos na tarefa de

localização sonora estejam adequados, no Grupo I e Grupo II.

Na prova de memória seqüencial para sons não-verbais, houve

diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II (Tabela

Discussão

233

15 e Gráfico 3). A partir do ponto de corte estabelecido para este estudo

(Tabela 7), nenhum indivíduo do Grupo I foi considerado como inadequado

e 15% (3 indivíduos) dos indivíduos do Grupo II (Gráfico 20) apresentaram

alteração na prova de memória seqüencial para sons não-verbais (Tabela 21

e Gráfico 9). Os resultados de estudos compilados da literatura na

população normal e com distúrbio de aprendizagem, na prova de memória

seqüencial para sons não-verbais, são apresentados nos Quadros 3 e 9,

respectivamente.

Neste estudo, a prova de memória seqüencial para sons não-

verbais foi adequada para diferenciar os dois grupos estudados, havendo

uma associação entre os resultados obtidos na prova de memória seqüencial

para sons não-verbais e o grupo com evidências de alteração de

aprendizagem.

Na prova de memória seqüencial para sons verbais, houve

diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II (Tabela

15 e Gráfico 3). A partir do ponto de corte estabelecido para este estudo

(Tabela 7), 2,5% (um indivíduo) do Grupo I foram considerados como

inadequado e 40% (oito indivíduos) do Grupo II (Gráfico 21) apresentaram

alteração na prova de memória seqüencial para sons verbais (Tabela 21 e

Gráfico 9). Os resultados de estudos compilados da literatura na população

Discussão

234

normal e com distúrbio de aprendizagem, na prova de memória seqüencial

para sons verbais, são apresentados nos Quadros 4 e 10, respectivamente.

Neste estudo, a prova de memória seqüencial para sons verbais

foi adequada para diferenciar os dois grupos estudados, havendo uma

associação entre os resultados obtidos na prova de memória seqüencial para

sons verbais e o grupo com distúrbio de aprendizagem. Deve-se ressaltar

que a prova de memória seqüencial só foi efetiva para fins de identificação

de diferenças do Grupo I e II, quando foi utilizado o critério de três acertos

em três seqüências, mostrando-se pouco efetiva quando analisados os

resultados a partir de dois acertos em três seqüências. Sugere-se que o

critério de adequação/inadequação na prova seja revisto para uso clínico,

sugerindo-se o critério de três acertos em três seqüências avaliadas.

Neste trabalho, a partir da concepção teórica descrita

anteriormente, pode-se depreender que os indivíduos do Grupo II

apresentaram dificuldade relacionada à memória de trabalho avaliada

através das provas de memória seqüencial para sons não-verbais e memória

seqüencial para sons verbais. O processo de memorização de itens e

manipulação dos mesmos (BADDELEY, 1981; DAMÁSIO, 1996), nesta

tarefa, particularmente na ordenação temporal dos itens, mostrou-se desta

forma inadequado.

Discussão

235

A memória é essencial em todos processos de aprendizagem,

uma vez que, para o aprendizado, há a necessidade de se comparar o

estímulo percebido com o conhecimento adquirido. Esse tipo de demanda é

permanente nas atividades de vida diária e particularmente no meio escolar.

A memorização de um menor número de itens, ou a inversão

dos mesmos, recebidos, por exemplo, através da fala, desencadearão

processos inadequados de resposta às demandas feita ao indivíduo,

demonstrando a importância da avaliação e ajuste destes processos na

reabilitação de indivíduos com distúrbio de aprendizagem.

No teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala com mensagem

competitiva contralateral (PSI-MCC), não houve diferença estatisticamente

significante entre o Grupo I e o Grupo II (Tabela 16 e Gráfico 4). A partir

do ponto de corte estabelecido para este estudo (Tabela 7), 2,5% (um

indivíduo) do Grupo I foram considerados como inadequados na orelha

direita na relação fala/ruído -40 dB e 5% (um indivíduo) do Grupo II

(Gráfico 23) foram considerados como inadequados na orelha esquerda na

relação fala/ruído 0 dB (Tabela 21 e Gráfico 10). Os resultados de estudos

compilados da literatura na população normal e com distúrbio de

aprendizagem, no PSI-MCC, são apresentados nos Quadros 5 e 11,

respectivamente.

Discussão

236

Neste estudo, o teste PSI-MCC não foi adequado para

diferenciar os dois grupos estudados, não havendo uma associação entre os

resultados obtidos na prova de localização sonora e o grupo com distúrbio

de aprendizagem.

No PSI com mensagem competitiva ipsilateral - PSI-MCI -,

houve diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II

na orelha direita nas relações fala/ruído 0 e -10 dB (Tabela 17 e Gráfico 5).

Não houve diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o

Grupo II na orelha direita na relação fala/ruído -15 dB e na orelha esquerda

nas relações fala/ ruído 0, -10 e -15 dB (Tabela 17 e Gráfico 5). A partir do

ponto de corte estabelecido para este estudo (Tabela 7), à orelha direita na

relação fala/ruído 0 dB, nenhum indivíduo apresentou alteração no Grupo I

e 10% (dois indivíduos) do Grupo II (Gráfico 24) apresentaram alteração

(Tabela 21 e Gráfico 11). À orelha direita na relação fala/ruído -10 dB,

nenhum indivíduo apresentou alteração no Grupo I e 25% (cinco

indivíduos) do Grupo II (Gráfico 25) apresentaram alteração (Tabela 21 e

Gráfico 11). À orelha direita na relação fala/ruído -15 dB, 7,5% (três

indivíduos) apresentaram alteração no Grupo I e 5% (1 indivíduo) do

Grupo II (Gráfico 26) apresentaram alteração (Tabela 21 e Gráfico 11). À

orelha esquerda na relação fala/ruído 0 dB, 2,5% (um indivíduo)

apresentaram alteração no Grupo I e 15% (três indivíduos) do Grupo II

Discussão

237

(Gráfico 27) apresentaram alteração (Tabela 21 e Gráfico 11). À orelha

esquerda na relação fala/ruído -10 dB, nenhum indivíduo apresentou

alteração no Grupo I e 2,5% (um indivíduo) do Grupo II (Gráfico 28)

apresentaram alteração no Grupo II (Tabela 21 e Gráfico 11). À orelha

esquerda na relação fala/ruído -15 dB nenhum indivíduo apresentou

alteração no Grupo I ou no Grupo II (Gráfico 29) (Tabela 21 e Gráfico 11).

Os resultados de estudos compilados da literatura na população normal e

com distúrbio de aprendizagem, no PSI-MCI, são apresentados nos

Quadros 5 e 11, respectivamente.

No Grupo I, três indivíduos apresentaram dificuldade na

relação fala/ruído -15 dB na orelha direita. Como foi discutido

anteriormente, o fator aprendizagem da situação de testagem parece ser o

fator interferente nos resultados obtidos neste estudo (PEREIRA 1993b;

SCHOCHAT & CARVALLO, 1995), uma vez que a orelha esquerda -

segunda orelha testada - a porcentagem de acerto foi maior (entre 90 e

100%).

Um único indivíduo do Grupo II apresentou resultados

inadequados nas três condições do teste à orelha direita. Segundo JERGER

& JERGER (1983) e JERGER (1987), resultados alterados na condição de

mensagem competitiva ipsilateral foram interpretados como compatíveis de

desordem auditiva central, principalmente a nível de tronco encefálico.

Discussão

238

Neste estudo, o teste PSI-MCI não foi adequado para

diferenciar os dois grupos estudados, na orelha direita na relação fala/ruído

-15 dB e na orelha esquerda nas relações fala ruído 0, -10 e -15 dB, não

havendo uma associação entre os resultados obtidos no PSI-MCI e o grupo

com distúrbio de aprendizagem. O teste PSI-MCI foi adequado para

diferenciar os dois grupos estudados, na orelha direita na relação fala/ruído

0 e -10 dB, havendo uma associação entre os resultados obtidos no PSI-

MCI e o grupo com distúrbio de aprendizagem.

Embora JERGER, JERGER & ABRAMS (1983) e

ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT (1990) tenham

considerado o PSI eficiente para o diagnóstico da alteração em crianças até

sete anos de idade, neste estudo, em que a idade avaliada foi de nove a 11

anos, isso pode ser afirmado apenas na etapa de mensagem competitiva

ipsilateral e em algumas relações fala/ruído (0 e -10 dB).

As respostas dos indivíduos, analisadas na relação fala/ruído -

15 dB e obtidas via orelha direita e via orelha esquerda, não demonstraram

diferenças significantes entre os dois grupos. Desta forma, para que a

avaliação do processamento auditivo seja mais rápida e eficiente, sugere-se

o abandono da testagem dos indivíduos nesta condição, em indivíduos

desta faixa etária.

Discussão

239

Atenção especial às respostas dos indivíduos à primeira orelha

testada (orelha direita) deve ser dada na análise dos resultados, uma vez

que as diferenças de performance encontradas entre os grupos referem-se à

orelha direita, nas relações fala/ruído 0 e - 10 dB.

Nos indivíduos considerados como alterados no Grupo II, a

partir da concepção teórica adotada para este estudo, a habilidade de figura-

fundo está prejudicada, sendo que a ineficiência desta habilidade no

ambiente escolar, que geralmente é ruidoso, pode estar relacionada a

algumas dificuldades enfrentadas pela criança. A impossibilidade de

interpretação de ordens no ruído pode repercutir em dificuldades de

assimilação do conteúdo ensinado, particularmente se houver dificuldade

de memória associada. Os processos de atenção seletiva nestes indivíduos

estão comprometidos na presença de outros estímulos auditivos, sendo

difícil para a criança, por exemplo, entender o que diz o professor, além do

estresse promovido pela situação de ruído, conforme assinalara MILLS

(1975). Esses sintomas geralmente levam a comportamentos de distração

ou alterações comportamentais pouco entendidos no ambiente escolar.

No teste Dicótico de Dígitos, na orelha direita no sexo

masculino e na orelha esquerda na população do sexo masculino e sexo

feminino (total), houve diferença estatisticamente significante entre o

Grupo I e o Grupo II (Tabela 18 e Gráfico 6). Não foi realizada a

Discussão

240

comparação entre o Grupo I e II, no sexo feminino, à orelha direita, pois no

Grupo II há apenas quatro indivíduos do sexo feminino o que inviabilizou a

análise estatística. A partir do ponto de corte estabelecido para este estudo

(Tabela 7), no teste Dicótico de Dígitos à orelha direita no sexo masculino,

2,5% (um indivíduo) do Grupo I e 81,3% (13 indivíduos) do Grupo II

(Gráfico 30) foram considerados como inadequados neste teste (Tabela 21

e Gráfico 12). No teste Dicótico de Dígitos à orelha esquerda na população

total, 10% (quatro indivíduos - um do sexo masculino e três do sexo

feminino) do Grupo I e 80 % (16 indivíduos - 12 do sexo masculino e

quatro do sexo feminino) do Grupo II (Gráfico 31) foram considerados com

alteração neste teste (Tabela 21 e Gráfico 12). Os resultados de estudos

compilados da literatura na população normal e com distúrbio de

aprendizagem, no Teste Dicótico de Dígitos, são apresentados nos Quadros

6 e 12, respectivamente.

Neste estudo, o teste Dicótico de Dígitos foi adequado para

diferenciar os dois grupos estudados, havendo uma associação entre os

resultados obtidos no teste Dicótico de Dígitos à orelha direita no sexo

masculino e à orelha esquerda na população total e o grupo com distúrbio

de aprendizagem. Deve-se ressaltar que o teste Dicótico de Dígitos foi mais

efetivo para fins de identificação de diferenças entre os Grupos I e II,

quando foi utilizado o critério de corte próximo a 95% para a população de

Discussão

241

ambos os sexos, mostrando-se menos efetivo quando analisados os

resultados a partir de 90% de acertos como sugerido por MUSIEK (1983a)

e SANTOS & PEREIRA (1997). Sugere-se que o critério de

adequação/inadequação na prova seja revisto para uso clínico, sugerindo-se

o critério de 95% de acertos como de adequação no teste.

No Grupo II, no sexo masculino, quando comparada a orelha

direita e orelha esquerda (Tabela 11), verificou-se que houve diferença

estatisticamente significante entre as respostas observadas, com

desempenho inferior quando o estímulo foi enviado via a orelha esquerda.

A partir do ponto de corte estabelecido para este estudo (Tabela 7), 11

indivíduos (68,75%) do sexo masculino apresentaram alteração à orelha

direita e orelha esquerda, sendo que destes, 10 apresentaram resultados

inferiores à orelha esquerda. Dois indivíduos (12,5%) apresentaram

alteração apenas à orelha esquerda.

MUSIEK, BARAN & PINHEIRO (1994) relataram, como

desempenhos comuns aos indivíduos com distúrbios de aprendizagem,

déficits na orelha esquerda em tarefas dicóticas, especialmente aquelas de

natureza altamente lingüística, déficits bilaterais e baixos escores na orelha

direita, em ordem decrescente de incidência.

Discussão

242

Os achados deste estudo revelaram um padrão de déficit

bilateral, seguido de déficit apenas na orelha esquerda, condizente aos

achados de MUSIEK, BARAN & PINHEIRO (1994).

Segundo MUSIEK, BARAN & PINHEIRO (1994), se há

ocorrência de um déficit bilateral nas orelhas em tarefas dicóticas, há

envolvimento em regiões mais profundas do hemisfério esquerdo,

incluindo as fibras do corpo caloso e do córtex. Se há ocorrência de um

déficit na orelha esquerda em tarefas dicóticas, o corpo caloso pode estar

envolvido, mas este achado pode significar também um envolvimento do

hemisfério direito. Os autores citados acreditam que, se há um déficit na

orelha esquerda e não há alteração em tarefas monoaurais de baixa

redundância, o envolvimento do sistema inter-hemisférico é provável. Em

havendo déficit em tarefa monoaural de baixa redundância, provavelmente

o hemisfério direito também está envolvido. Se há ocorrência de um déficit

na orelha direita há envolvimento do córtex cerebral esquerdo e não há

envolvimento das fibras do corpo caloso.

BELLIS (1996) discutiu que o processamento de estímulos

verbais dicoticamente requer uma adequada comunicação inter-hemisférica

via o corpo caloso, como também adequada integridade funcional dos lobos

temporais. Para a autora, reduzida performance do indivíduo para estímulos

apresentados à orelha esquerda nas tarefas dicóticas verbais pode refletir

Discussão

243

uma diminuição da habilidade do corpo caloso de transferir a informação

do hemisfério direito para o hemisfério esquerdo. À medida que a criança

fica mais velha e a mielinização do corpo caloso é completada, a

transferência da informação melhora e escores da orelha esquerda podem

ficar próximos do adulto (MUSIEK, GOLLEGLY & BARAN, 1984). No

entanto, crianças com anormalidades desenvolvimentais do cérebro, ou

seja, anormalidades anatômicas mínimas relacionadas às áreas auditivas e

de linguagem, poderão não apresentar melhora da performance nos testes

com o passar da idade (MUSIEK, GOLLEGLY, LAMB & LAMB, 1990).

NJIOKIKTJIEN, SONNEVILLE & VAAL (1994) estudaram

os aspectos morfológicos do corpo caloso de indivíduos portadores de

distúrbio de aprendizagem, com idade entre dois anos e cinco meses e 14

anos, através de imagem de ressonância magnética. Compararam os

resultados obtidos com os resultados de indivíduos normais, com idades

entre zero e 20 anos. Estudaram um grupo de 39 crianças, 27 do sexo

masculino e 12 do sexo feminino, diagnosticadas como disfásicas na

infância e portadoras de distúrbio de aprendizagem na idade escolar e,

neste grupo encontraram anormalidades como redução do tamanho do

corpo caloso em 11% dos indivíduos e aumento do corpo caloso em 16%

dos indivíduos. Os autores sugeriram que as disfunções hemisféricas,

geralmente presentes nestas crianças, podem estar relacionadas a uma

Discussão

244

conexão anormal através do corpo caloso, que acreditam influenciar nos

mecanismos que estabelecem a dominância cerebral.

PINHEIRO (1977) avaliou crianças com distúrbio de

aprendizagem e descreveu que, embora a orelha direita e esquerda tenham

demonstrado um padrão semelhante de resposta nos diferentes testes

aplicados (percepção de fala alternada, fusão biaural, fala filtrada,

sentenças competitivas, sentenças simultâneas, SSW e padrão de

freqüência), a orelha esquerda apresentou uma performance inferior em

relação à orelha direita, sugerindo uma disfunção inter-hemisférica.

MORTON & SIEGEL (1991) investigaram a performance de

20 crianças diagnosticadas como com dificuldade de compreensão na

leitura (grupo I) e 20 crianças diagnosticadas como com dificuldade de

compreensão na leitura e de reconhecimento de palavras (grupo II ) em

tarefa dicótica através do Teste Consoante-Vogal e Dicótico de Dígitos (32

itens quatro pares) e compararam o desempenho dessas crianças com 40

crianças normais. Os autores encontraram um performance reduzida do

grupo I e II, quando analisadas as respostas obtidas à orelha esquerda e

concluíram que há uma participação reduzida do hemisfério direito nos

indivíduos do Grupo II.

Neste trabalho, a partir da concepção teórica descrita

anteriormente pode-se supor que os indivíduos do Grupo II apresentaram

Discussão

245

dificuldade relacionada à tarefa de integração biaural. Geralmente, crianças

com dificuldades perceptuais auditivas dessa natureza vão ter uma

performance adequada no processamento do estímulo que chegar ao lado

hemisférico com melhor desempenho, mas terão dificuldade quando o lado

hemisférico for aquele com pior desempenho.

Nos casos estudados, um padrão de déficit bilateral foi

encontrado, o que impede o adequado desempenho desses sujeitos em

qualquer situação de comunicação, principalmente se o ruído estiver

associado e altas demandas dos processos de memória forem exigidas. Os

processos de atenção seletiva nestes indivíduos estão comprometidos,

necessitando de estimulação sistemática da via auditiva.

No AFT-R na condição biaural, houve diferença

estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II nas freqüências

testadas e no AFT-R total (Tabela 19 e Gráfico 7). A partir do ponto de

corte estabelecido para este estudo (Tabela 7), na freqüência de 250 Hz, 5%

(dois indivíduos) do Grupo I e 60% (12 indivíduos) do Grupo II (Gráfico

32) foram considerados inadequados (Tabela 21 e Gráfico 13). Na

freqüência de 1000 Hz, 5% (dois indivíduos) do Grupo I e 50% (10

indivíduos) do Grupo II (Gráfico 33) foram considerados inadequados

(Tabela 21 e Gráfico 13). Na freqüência de 4000 Hz, 10% (quatro

indivíduos) do Grupo I e 60% (12 indivíduos) do Grupo II (Gráfico 34)

Discussão

246

foram considerados inadequados (Tabela 21 e Gráfico 13). No AFT-R

total, 10% (quatro indivíduos) do Grupo I e 55% (11 indivíduos) do Grupo

II (Gráfico 35) foram considerados inadequados (Tabela 21 e Gráfico 13).

Os resultados de estudos compilados da literatura na população normal e

com distúrbio de aprendizagem, no AFT-R na condição biaural, são

apresentados nos Quadros 7 e 13.

Quando agrupados, os indivíduos que realizaram o subteste 2 e

o subteste 3 no Grupo II na condição biaural, produziram uma grande

variabilidade de resposta (Tabela 12 e 19, Gráfico 7). Optou-se por realizar

a análise comparativa do AFT-R na condição biaural, separando-se o

Grupo II em indivíduos que realizaram o subteste 2 (Grupo II - subteste 2)

e indivíduos que realizaram o subteste 3 (Grupo II - subteste 3).

No AFT-R na condição biaural, não houve diferença

estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II - subteste 2 nas

freqüências testadas e no AFT-R total (Tabela 22 e Gráfico 15). Houve

diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II -

subteste 3 nas freqüências testadas e no AFT-R total (Tabela 22 e Gráfico

16). Esses resultados demonstram, claramente, que os indivíduos do Grupo

II - subteste 2 apresentaram respostas semelhantes ao Grupo I e os

indivíduos do Grupo II - subteste 3 apresentaram 100% de alteração de

respostas em todas as freqüências.

Discussão

247

Neste estudo, o teste AFT-R, na condição biaural, foi

adequado para diferenciar os dois grupos estudados em todas as

freqüências testadas e no AFT-R total, havendo uma associação entre os

resultados obtidos no AFT-R condição biaural e o grupo com distúrbio de

aprendizagem.

JERGER, MARTIN & JERGER (1987) estudaram um caso do

sexo masculino com idade de onze anos e cinco meses com distúrbio de

aprendizagem, a partir de medidas comportamentais, eletrofisiológicas e

eletroacústicas e acreditam que certas habilidades auditivas são

fundamentais para a aquisição de linguagem e aprendizagem. BREEDIN,

MARTIN & JERGER (1989), em outro estudo, descreveram um caso com

distúrbio de aprendizagem, do sexo masculino, com idade de 14 anos e 11

meses, e os resultados indicaram uma dificuldade específica de extração da

informação acústica na presença de ruído, quando o estímulo acústico era

de curta duração.

Os resultados deste estudo demonstraram que os indivíduos do

Grupo II - subteste 3 apresentaram desempenho inadequado para estímulos

com intervalo de tempo de curta duração.

TALLAL (1976) demonstrou uma diferença estatisticamente

significante entre crianças denominadas disfásicas (com distúrbio de

linguagem) e crianças normais, quando os intervalos interpulso foram

Discussão

248

menores que 305ms. Seus achados também demonstraram que para que

uma tarefa de ordenação temporal pudesse ser realizada pelas crianças

disfásicas foram necessários maiores períodos para a informação ser

processada. TALLAL (1980a) também descreveu que crianças portadoras

de distúrbios de aprendizagem apresentam alterações de natureza sintática,

semântica ou conceitual, mais fáceis de serem identificadas do que aquelas

de nível lingüístico mais superior ou falhas cognitivas. Para TALLAL

(1980b) e PHILLIPS (1995), é possível que comprometimentos lingüísticos

ou cognitivos possam ser resultantes de problemas perceptuais mais

primários.

Para MERZENICH, SCHREINER, JENKINS & WANG

(1993), é possível que um déficit de processamento temporal primário

possa resultar em uma forma de privação auditiva, que altere as conexões

através do sistema auditivo, com efeitos em cascata para outros níveis de

processamento da informação. TALLAL, MILLER & FITCH (1993)

sugeriram que crianças com distúrbio de linguagem e aprendizagem,

devido ao seu déficit básico no processamento da informação auditiva, não

são hábeis para estabelecer uma conexão estável e invariante de

representações fonêmicas, tendo dificuldades na consciência fonêmica.

Desta forma, déficits temporais resultariam em subseqüente quebra do

desenvolvimento normal de um sistema fonológico eficiente, e este déficit

Discussão

249

de processamento fonológico resultaria em subseqüente falha para falar e

escrever normalmente. Em 1980, TALLAL já havia hipotetizado, que as

dificuldades de leitura estariam correlacionadas à disfunção perceptual

auditiva básica e afetariam a habilidade para aprender a usar habilidades de

consciência fonológica adequadamente (TALLAL, 1980b).

MERZENICH, SCHREINER, JENKINS & WANG (1993)

propuseram causas de déficits de processamento temporal, relatando que

elas podem ser provenientes de uma ou mais condições como: herança de

sistemas de aprendizagem defeituosos de seus pais, geração incompleta de

representações mentais da informação fonética como resultado de

problemas como a otite média, que interfere na clareza do sinal acústico e

emprego de estratégias de aprendizagem que envolvem uso limitado da

informação temporal disponível no estímulo.

No AFT-R, na condição monoaural, houve diferença

estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II nas freqüências

testadas 1000 e 4000 Hz (Tabela 20 e Gráfico 8). A partir do ponto de corte

estabelecido para este estudo (Tabela 7), na freqüência de 1000 Hz, à

orelha direita, 10% (quatro indivíduos) do Grupo I e 60% (12 indivíduos)

do Grupo II (Gráfico 36) foram considerados inadequados (Tabela 21 e

Gráfico 14). Na freqüência de 1000 Hz, à orelha esquerda, 2,5% (um

indivíduo) do Grupo I e 50% (10 indivíduos) do Grupo II (Gráfico 37)

Discussão

250

foram considerados inadequados (Tabela 21 e Gráfico 14). Na freqüência

de 4000 Hz, à orelha direita, 10% (quatro indivíduos) do Grupo I e 65%

(13 indivíduos) do Grupo II (Gráfico 38) foram considerados inadequados

(Tabela 21 e Gráfico 14). Na freqüência de 4000 Hz, à orelha esquerda,

10% (quatro indivíduos) do Grupo I e 60% (12 indivíduos) do Grupo II

(Gráfico 39) foram considerados inadequados (Tabela 21 e Figura 14).

Quando agrupados, os indivíduos que realizaram o subteste 2 e

o subteste 3 no Grupo II na condição monoaural, produziram uma grande

variabilidade de resposta (Tabela 13 e 20, Gráfico 8). Optou-se por realizar

a análise comparativa do AFT-R na condição biaural, separando-se o

Grupo II em indivíduos que realizaram o subteste 2 (Grupo II - subteste 2)

e indivíduos que realizaram o subteste 3 (Grupo II - subteste 3).

No AFT-R na condição monoaural, não houve diferença

estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II - subteste 2 nas

freqüências testadas (Tabela 22 e Gráfico 17). Houve diferença

estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II - subteste 3 nas

freqüências testadas (Tabela 22 e Gráfico 18). Esses resultados

demonstram, claramente, tal qual na condição biaural, que os indivíduos do

Grupo II - subteste 2 apresentaram respostas semelhantes ao Grupo I e os

indivíduos do Grupo II - subteste 3 apresentaram 100% de alteração de

respostas em todas as freqüências.

Discussão

251

Neste estudo, o teste AFT-R, na condição monoaural, foi

adequado para diferenciar os dois grupos estudados nas freqüências

testadas, havendo uma associação entre os resultados obtidos no AFT-R

condição monoaural e o grupo com distúrbio de aprendizagem.

Neste trabalho, a partir da concepção teórica descrita

anteriormente, pode-se supor que os indivíduos do Grupo II - subteste 3,

na condição biaural e monoaural, apresentaram dificuldade relacionada à

habilidade de fusão auditiva. Os processos relacionados à resolução

temporal encontram-se alterados nestes sujeitos, impedindo a

decodificação adequada dos estímulos acústicos.

A pergunta do porquê alguns indivíduos do Grupo II

apresentaram nitididamente alteração no teste (Subteste 3) e outros não

apresentaram alteração (Subteste 2), ainda deve ser respondida em estudos

futuros. Neste estudo, as crianças normais e com distúrbio de

aprendizagem não apresentaram diferenças quanto à história pré e

perinatal, ou quanto a aspectos da história clínica. Três indivíduos que

realizaram o Subteste 3 e um indivíduo que realizou o Subteste 2

apresentaram antecedentes de otite média nos dois primeiros anos de vida.

Cinco indivíduos que realizaram o Subteste 3 apresentaram antecedente

de alguma alteração de fala e/ou linguagem durante o seu

desenvolvimento e dois indivíduos que realizaram o Subteste 2

Discussão

252

apresentaram alteração de fala ou linguagem durante o seu

desenvolvimento. Talvez esses fatores possam contribuir para que, em

estudos futuros, essas e outras questões possam ser investigadas.

No Grupo I, considerando-se o ponto de corte utilizado para

este estudo, verificou-se que as alterações encontradas constituem

provavelmente nos erros possíveis de serem cometidos ao serem utilizados

os cortes aqui estabelecidos. Sendo assim, a porcentagem de indivíduos

com desempenho adequado do Grupo I pode representar a especificidade

do teste, ou seja, a probabilidade do indivíduo sem risco para dificuldades

auditivas ser considerado como tendo adequação da habilidade auditiva

avaliada pelo teste usado.

No Grupo II houve uma distribuição homogênea dos

resultados dos indivíduos nas provas de localização sonora, memória

seqüencial para sons verbais, memória seqüencial para sons não-verbais,

PSI-MCC, PSI-MCI e teste Dicótico de Dígitos. No AFT-R, a distribuição

dos limiares de fusão auditiva se deu de forma que os indivíduos alterados

apresentaram limiares geralmente muito acima dos indicados pelo ponto de

corte.

No Grupo II, os indivíduos apresentaram alterações em várias

provas: um indivíduo não apresentou alteração em nenhuma prova; quatro

indivíduos apresentaram alteração em uma prova; sete indivíduos

Discussão

253

apresentaram alteração em duas provas; quatro indivíduos apresentaram

alteração em três provas e quatro indivíduos apresentaram alteração em

quatro provas. Sendo assim, as provas auditivas utilizadas apontaram

dificuldades auditivas em indivíduos com evidência de alteração de

aprendizagem, particularmente do aprendizado do código gráfico,

demonstrando a importância da avaliação do processamento auditivo neste

tipo de distúrbio.

As provas que distinguiram mais claramente os dois grupos

foram o teste de Dicótico de Dígitos, o teste de Fusão Auditiva (AFT-R) na

condição biaural e monoaural, o teste de Memória Seqüencial para Sons

Verbais, o teste de Inteligibilidade de Fala com Mensagem Competitiva

Ipsilateral (PSI-MCI) e a Memória Seqüencial para Sons não-verbais.

Para alguns autores, o teste Dicótico de Dígitos tem se

mostrado um procedimento importante para testar a integridade de

transferência inter-hemisférica auditiva (MUSIEK, 1983a; MUSIEK,

GOLLEGLY, KIBBE & VERKEST-LENZ, 1991; MUSIEK, BARAN &

PINHEIRO, 1994), mostrando-se efetivo para diferenciar o Grupo I e

Grupo II. McCROSKEY & KIDDER (1980) sugeriram a utilização do

AFT-R no diagnóstico do processamento auditivo. PEREIRA (1997a)

discutiu a concordância entre a triagem do processamento auditivo e testes

audiológicos do processamento auditivo, considerando o instrumento

Discussão

254

proposto adequado para fins de triagem. JERGER & MUSIEK (2000)

sugeriram que uma triagem para o processamento auditivo deveria incluir o

teste Dicótico de Dígitos e um teste de ‘gap detection’, processos e

mecanismos comprovados neste estudo como importantes na identificação

da alteração do processamento auditivo.

Com base nos achados deste estudo, recomenda-se a utilização

dos testes Dicótico de Dígitos e AFT-R como instrumento de triagem, além

de integrante da bateria de avaliação do processamento auditivo,

procurando selecionar aqueles indivíduos que poderão vir a apresentar

dificuldade de aprendizado do código gráfico e encaminhá-los para um

programa de desenvolvimento de habilidades auditivas visando à

prevenção de futuros problemas de aprendizagem relacionados ao

processamento auditivo.

Sugere-se que os critérios propostos para o teste Dicótico de

Dígitos e memória seqüencial verbal sejam revistos para melhor aplicação

clínica. Acredita-se que os critérios estabelecidos para este estudo possam

ser recomendados para uso clínico, sendo 95% para o teste Dicótico de

Dígitos e três acertos em três seqüências propostas para a prova de

memória seqüencial verbal com três sílabas.

Discussão

255

Sintetizando os achados deste trabalho:

Tendo-se por base este estudo, acredita-se que a síntese abaixo

possa refletir os pontos marcantes encontrados.

Nos indivíduos do Grupo I, existiram diferenças

estatisticamente significantes no teste Dicótico de Dígitos na orelha direita

relacionada à variável sexo, sendo que os indivíduos do sexo masculino

apresentaram melhor desempenho. Existiram também diferenças

significantes entre o desempenho dos indivíduos à orelha direita e orelha

esquerda no PSI-MCI na relação fala/ruído -15 dB, sendo que as respostas

à orelha direita foram menores que à orelha esquerda.

No AFT-R, na condição biaural, no Grupo I, houve uma

diferença significante entre as respostas dos indivíduos nas diferentes

freqüências testadas, sendo que as respostas obtidas em 250 e 500 Hz

apresentaram resultados semelhantes e menores que as respostas obtidas

em 1000, 2000 e 4000 Hz, que também foram semelhantes.

No Grupo II, existiram diferenças significantes entre o

desempenho dos indivíduos à orelha direita e orelha esquerda no PSI-MCI

na relação fala/ruído 0 e -15 dB, sendo que as respostas à orelha direita

foram menores que à orelha esquerda. Existiram também diferenças

estatisticamente significantes entre os resultados do teste Dicótico de

Discussão

256

Dígitos no sexo masculino, obtidos à orelha direita e orelha esquerda,

sendo os resultados obtidos à orelha direita superiores aos obtidos à orelha

esquerda.

Os testes de localização sonora, PSI-MCC, PSI-MCI na orelha

direita na relação fala/ruído -15 dB e orelha esquerda nas relações

fala/ruído 0, -10 e -15 dB, não foram adequados para diferenciar o Grupo I

e o Grupo II. Os testes de memória seqüencial para sons não-verbais,

memória seqüencial para sons verbais, PSI-MCI na orelha direita na

relação fala/ruído 0 e -10 dB, Dicótico de Dígitos e AFT-R na condição

biaural e monoaural foram adequados para diferenciar o Grupo I e o Grupo

II. Os testes mais efetivos para diferenciar os dois grupos foram o teste

Dicótico de Dígitos e AFT-R.

No Grupo II foram encontrados 95% de indivíduos com

alteração em uma ou mais provas que avaliam o sistema auditivo,

demonstrando a importância da avaliação do processamento auditivo nos

distúrbios de aprendizagem.

Os achados deste estudo à luz, da fundamentação teórica

elencada, levantaram várias hipóteses explicativas que estão descritas a

seguir.

Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças

quanto ao fator sexo, encontradas no teste Dicótico de Dígitos no Grupo I à

Discussão

257

orelha direita, possam estar associadas a fatores relacionados à constituição

física (KELLY, 1995), atenção, motivação (PEREIRA, 1996; JERGER &

MUSIEK, 2000) ou à maturidade neurológica que necessitarão ser

investigados em trabalhos futuros.

Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças

quanto ao desempenho dos indivíduos à orelha direita e orelha esquerda na

relação fala ruído -15 dB no teste PSI-MCI no Grupo I, sejam decorrentes

do processo de aprendizagem da tarefa, uma vez que as respostas dos

indivíduos à orelha direita - primeira orelha testada - foi inferior às

respostas obtidas à orelha esquerda - segunda orelha testada.

Acredita-se, como hipótese explicativa, que a semelhança de

desempenho entre a orelha direita e orelha esquerda, encontradas no teste

Dicótico de Dígitos no Grupo I, possa estar associada a fatores

relacionados ao próprio teste, uma vez que o teste Dicótico de Dígitos é o

que apresenta as menores demandas lingüísticas (BELLIS, 1996), ao

adequado uso dos processos de atenção seletiva, a fatores maturacionais e

relacionados à especialização hemisférica.

Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças entre

as freqüências testadas no AFT-R na condição biaural sejam decorrentes

das características espectrais dos estímulos empregados, assim como dos

Discussão

258

processos de transmissão da informação acústica na via auditiva, embora

estudos relacionados a este aspecto devam ser desenvolvidos.

Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças

quanto ao desempenho dos indivíduos à orelha direita e orelha esquerda na

relação fala/ruído 0 e -15 dB no teste PSI-MCI, no Grupo II, sejam

decorrentes do processo de aprendizagem da tarefa, uma vez que as

respostas dos indivíduos à orelha direita - primeira orelha testada - foi

inferior às respostas obtidas à orelha esquerda - segunda orelha testada,

assim como relacionadas ao aprendizado perceptual da tarefa uma vez que

os indivíduos apresentaram maior número de acertos numa relação

fala/ruído mesmo em condições de escuta mais favorável (relação

fala/ruído 0 dB).

Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças de

desempenho entre a orelha direita e orelha esquerda, encontradas no teste

Dicótico de Dígitos no Grupo II, possam estar associadas ao uso dos

processos de atenção seletiva, a fatores maturacionais e relacionados à

especialização hemisférica.

Os teste de memória seqüencial não-verbal, memória

seqüencial verbal, PSI-MCI na orelha direita na relação fala/ruído 0 e -10

dB, Dicótico de Dígitos, AFT-R na condição biural e monoaural, foram

adequados para diferenciar os Grupo I e II. Os testes de localização sonora,

Discussão

259

PSI-MCC e PSI-MCI na orelha direita relação fala/ruído -15 e orelha

esquerda nas relações fala/ruído 0, -10 e -15 dB, não foram adequados para

diferenciar os Grupos I e II. Acredita-se que os critérios de corte, proposto

para o presente estudo, possam ser utilizados para uso clínico, para maior

especificidade nos testes, sugerindo-se o ponto de corte de 95% para o teste

Dicótico de Dígitos e três acertos em três seqüências para o teste de

memória seqüencial verbal.

Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças de

performance entre os indivíduos que realizaram o Subteste 2 e Subteste 3

do AFT-R, na condição biaural e monoural, são decorrentes dos diferentes

processos de extração da informação acústica, realizados a partir da

resolução temporal. Além disso, fatores como motivação, atenção seletiva,

fadiga, embora cuidadosamente monitorados durante a aplicação do exame,

podem interferir na tarefa.

Os testes que se mostraram mais eficientes para diferenciar o

Grupo I e o Grupo II foram o AFT-R e o Teste Dicótico de Dígitos, desde

que empregados os critérios de corte do presente estudo.

Baseando-se nos achados deste estudo e nos trabalhos

compilados da literatura, acredita-se que um modelo de orientação

lingüística, no qual fatores conceituais são a base para o distúrbio de

aprendizagem e o indivíduo é visto como tendo um problema de

Discussão

260

comportamentos representacionais ou simbólicos, mais do que um

problema perceptual, não se aplica ao Grupo II, uma vez que foram

encontrados 95% de indivíduos com alteração em uma ou mais provas que

avaliam o sistema auditivo. Acredita-se que um modelo que não vê os

déficits cognitivos e lingüísticos como primários, mas secundários aos

problemas perceptuais mais básicos, é a base da explicação dos achados

deste estudo. Neste modelo de processamento da informação, as

habilidades auditivas são fundamentais para a aquisição da linguagem e

aprendizagem, ou seja, problemas nos processos perceptuais mais básicos

resultam em comprometimentos dos processos lingüísticos e/ou cognitivos.

CONCLUSÕES

Conclusões

262

Em relação aos resultados obtidos a partir da avaliação de 40

indivíduos com baixo risco de alteração de desenvolvimento, audição,

linguagem e aprendizagem (Grupo I) e 20 indivíduos com evidências de

alteração de aprendizagem, particularmente do código gráfico (Grupo II), a

partir dos teste de localização sonora, memória seqüencial para sons não-

verbais, memória seqüencial para sons verbais, PSI-MCC, PSI-MCI,

Dicótico de Dígitos e AFT-R na condição biaural e monoaural, observou-se

que:

1 - Existiram diferenças significantes entre as respostas dos indivíduos do

sexo masculino e feminino, no Teste Dicótico de Dígitos à orelha direita,

no Grupo I, sendo o desempenho dos indivíduos do sexo masculino

superior ao desempenho dos indivíduos do sexo feminino.

2 - Existiram diferenças estatisticamente significantes entre os resultados

do PSI-MCI obtidos à orelha direita e orelha esquerda na relação fala/ruído

-15 dB no Grupo I, sendo os resultados obtidos à orelha direita inferiores

aos obtidos à orelha esquerda.

3 - No AFT-R na condição biaural, observou-se diferenças significantes

entre as respostas dos indivíduos do Grupo I, nas diferentes freqüências

Conclusões

263

testadas, sendo que as respostas obtidas em 250 e 500 Hz apresentaram

resultados semelhantes e menores que as respostas obtidas em 1000, 2000 e

4000 Hz, também semelhantes entre si.

4 - Existiram diferenças estatisticamente significantes entre os resultados

do PSI-MCI obtidos à orelha direita e orelha esquerda na relação fala/ruído

0 e -15 dB no Grupo II, sendo os resultados obtidos à orelha direita

inferiores aos obtidos à orelha esquerda.

5 - Existiram diferenças estatisticamente significantes entre os resultados

do teste Dicótico de Dígitos no sexo masculino no Grupo II, obtidos à

orelha direita e orelha esquerda, sendo os resultados obtidos à orelha direita

superiores aos obtidos à orelha esquerda.

6 - Os testes de localização sonora, PSI-MCC, PSI-MCI na orelha direita

na relação fala/ruído -15 dB e orelha esquerda nas relações fala/ruído 0, -10

e -15 dB não foram adequados para diferenciar o Grupo I e o Grupo II.

7 - Os testes de memória seqüencial para sons não-verbais, memória

seqüencial para sons verbais, PSI-MCI na orelha direita na relação

fala/ruído 0 e -10 dB, Dicótico de Dígitos e AFT-R na condição biaural e

Conclusões

264

monoaural foram adequados para diferenciar o Grupo I e o Grupo II. Os

testes mais efetivos para diferenciar os dois grupos foram o teste Dicótico

de Dígitos e o AFT-R.

RESUMO

Resumo

266

O objetivo do presente estudo foi estudar, a partir de medidas

comportamentais, os mecanismos e processos envolvidos no

processamento auditivo de crianças sem e com distúrbio de aprendizagem,

denominados de Grupo I e Grupo II, respectivamente.

O Grupo I foi constituído por 40 indivíduos, 20 do sexo

masculino e 20 do sexo feminino, com idades variando entre nove anos e

seis meses e 10 anos e 11 meses, com diagnóstico de baixo risco para

alterações do desenvolvimento, audição, linguagem e aprendizagem. O

Grupo II foi constituído por 20 indivíduos, 16 do sexo masculino e quatro

do sexo feminino, com idades variando entre nove anos e cinco meses e 11

anos e 10 meses, com evidências de alteração de aprendizagem,

particularmente do código gráfico.

Os indivíduos foram submetidos às provas de localização

sonora, memória seqüencial para sons não-verbais, memória seqüencial

para sons verbais, teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala (PSI), teste

Dicótico de Dígitos e teste de Fusão auditiva (AFT-R) na condição biaural

e monoaural.

Os testes de localização sonora, PSI-MCC, PSI-MCI na orelha

direita na relação fala/ruído -15 dB e orelha esquerda nas relações

fala/ruído 0, -10 e -15 dB não foram adequados para diferenciar o Grupo I e

o Grupo II. Os testes de memória seqüencial para sons não-verbais,

Resumo

267

memória seqüencial para sons verbais, PSI-MCI na orelha direita na

relação fala/ruído 0 e -10 dB, Dicótico de Dígitos e AFT-R na condição

biaural e monoaural foram adequados para diferenciar o Grupo I e o Grupo

II. Os testes mais efetivos para diferenciar os dois grupos foram o teste

Dicótico de Dígitos e o AFT-R.

De forma geral, as respostas obtidas no Grupo II foram

homogêneas e revelaram um déficit bilateral no teste Dicótico de Dígitos e

aumento dos limiares de fusão auditiva.

No Grupo II, foram encontrados 95% de indivíduos com

alteração em uma ou mais provas que avaliam o sistema auditivo,

demonstrando a importância da avaliação do processamento auditivo nos

distúrbios de aprendizagem.

Tendo por base o presente estudo, recomenda-se a utilização

dos testes Dicótico de Dígitos e o AFT-R como instrumentos de triagem

para avaliar o processamento auditivo de indivíduos em idade escolar.

SUMMARY

Summary

269

The objective of this study was to examine, based on

behavioral measures, the mechanisms and processes involved in the

auditory processing of children with and without learning disabilities.

Sixty individuals divided into Group I and Group II were

evaluated. Group I was constituted by forty individuals – twenty males and

twenty females – aging nine years and six months to ten years and eleven

months, who presented low risk of alterations in the development of

hearing, language and learning. Group II was constituted by twenty

individuals – sixteen males and four females – aging nine years and five

months to eleven years and ten months, who presented learning disabilities.

The individuals were submitted to auditory localization, non-

sequential memory for verbal sounds, sequential memory for verbal

sounds, Pediatric Speech Intelligibility Test (PSI), Dichotic Digits Test,

and Auditory Fusion Test Revised (AFT-R) both in monoaural and binaural

condition.

The auditory localization, PSI - CCM (contralateral competing

message), PSI – ICM (ispilateral competing message) of the right ear in the

speech/noise ratio -15 dB and of the left ear in the speech/noise ratios 0 dB,

-10 dB and -15 dB were not appropriate to differentiate Group I and Group

II. Sequential memory for non-verbal sounds, sequential memory for verbal

sounds, PSI – ICM of the right ear in the speech/noise ratio 0 and -10 dB,

Summary

270

Dichotic Digits Test and AFT-R both in monaural and binaural condition

were appropriate to differentiate Group I and Group II. Dichotic Digits

Test and AFT-R were found to be the most effective tests to differentiate

both groups.

In general, the responses obtained in Group II were

homogeneous, revealing a bilateral deficit in the Dichotic Digits Tests and

increased auditory fusion thresholds.

In Group II, 95% of the individuals were found to have low

performance in one or more tests that assessed the auditory system,

demonstrating the importance to evaluate the auditory processing in

learning disabilities children.

Based on the present study, Dichotic Digits Test and AFT-R

are recommended as tools to evaluate and screening the auditory

processing of school age individuals.

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WORLD MEDICAL PERIODICALS. New York, World Medical

Association, 1968.

ANEXOS

Anexos

ii

ANEXO 1

Carta de Informação, Termo de Consentimento e Parecer com Conselho de

Ética da UNIFESP-EPM.

Anexos

iii

CARTA DE INFORMAÇÃO

Botucatu, março de 1998.

Senhores Pais,

Estamos solicitando sua autorização para realização de avaliação

audiológica completa em seu (sua) filho (a) e observação fonoaudiológica.

Por que estamos solicitando sua autorização? Qual o objetivo dessa

avaliação?

Esta avaliação faz parte de uma pesquisa desenvolvida por mim,

Vera Lúcia Garcia, que sou Fonoaudióloga, doutoranda da Universidade

Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina e Prof.a da

Universidade do Sagrado Coração (Bauru - SP) e tem o apoio da Secretaria

Municipal de Saúde de Botucatu e da diretoria da Escola Estadual de 1o

Grau Prof. Martinho Nogueira.

Este trabalho tem por objetivo verificar como funciona a audição de

crianças frente a algumas provas. Para tanto será avaliada a audição do (a)

seu (sua) filho (a), ou seja, quanto a criança escuta e como a sua audição

funciona.

No que consistem essas avaliações?

Anexos

iv

O questionário, a ser feito com aos pais ou responsável no dia da

avaliação auditiva, consiste de perguntas relativas ao desenvolvimento

global da criança, aprendizado escolar, linguagem e audição. Com a

criança, será realizada otoscopia, ou seja, será visualizado o ouvido da

criança com o otoscópio que é um aparelho que emite uma luz para poder

ver o ouvido da criança. Com essa avaliação será possível verificar se seu

(sua) filho (a) pode realizar a avaliação auditiva, pois, por exemplo, rolha

de cerúmen impede a execução da avaliação auditiva. Para realização da

audiometria a criança deverá colocar fones de ouvido (como de ‘walkman’)

e levantar a mão toda vez que ouvir um som. Esse exame tem o objetivo de

saber o quanto a criança escuta. Depois ela realizará a impedanciometria

que é um exame que tem um fone de um lado e uma borrachinha a ser

colocada na entrada do outro ouvido da criança. Essa avaliação terá o

objetivo de saber como a orelha média funciona. As crianças que tiverem

alteração nessa avaliação não realizarão os demais procedimentos, pois os

resultados na presença de alteração não são adequados. No caso de a

criança escutar bem, serão feitas as outras provas para verificar se a criança

entende o que ouve. A criança realizará o PSI, dígitos dicóticos e AFT-R

que consistem em: apontar figuras, repetir números e dizer se ouviu um ou

dois sons. Por último a criança deverá memorizar sons de instrumentos

musicais e sílabas e localizar de onde vem o som, provas que também

Anexos

v

avaliam como a criança processa os sons ouvidos. A observação

fonoaudiológica consiste em verificar como a criança se comunica através

da fala e escrita e será feita a partir da conversa espontânea durante a

avaliação e por observação individual da criança e do material escolar,

realizada nas dependências da escola. No caso específico de crianças com

queixas de dificuldade de aprendizagem, serão solicitadas avaliações

médica e psicológica, a serem agendadas com a família.

Onde e como serão marcadas essas avaliações?

Será enviado pela escola, com antecedência, o dia e a hora da

avaliação do (a) seu (sua) filho (a), em horário alternado ao período de aula

e de acordo com a disponibilidade da família. Você deverá comparecer à

Secretaria de Saúde de Botucatu para realizar a avaliação (Rua Moraes de

Barros, 307). A criança deverá comparecer acompanhada de um

responsável, para quem será informado o resultado da avaliação e

orientado, caso necessário.

Essa avaliação machuca a criança?

NÃO. Nenhuma das fases da avaliação prejudica a criança. Ao

contrário, a avaliação permite que sejam diagnosticadas alterações e que

Anexos

vi

estas sejam tratadas, o que com certeza permitirá à criança um melhor

desempenho escolar e uma melhor saúde em geral.

Essa avaliação é paga?

NÃO. É absolutamente GRATUITA.

A escola vai conhecer o resultado das avaliações?

Sim, os pais e professores vão ser informados quanto ao resultados

das avaliações e orientações específicas para as necessidades de cada

criança serão fornecidas aos pais e professores. No caso de alguma criança

ter algum problema, ela será encaminhada para o Programa de Saúde

Escolar desenvolvido no Município de Botucatu.

Todas as informações utilizadas no trabalho serão confidenciais, ou

seja, não identificarão as crianças. Desde já agradeço a sua colaboração e

estou à disposição para esclarecer qualquer dúvida que não tenha sido

esclarecida com estas informações.

Anexos

vii

TERMO DE CONSENTIMENTO

Tendo sido satisfatoriamente informado sobre o estudo “Provas para

Avaliação do Processamento Auditivo Central em escolares”, realizado

sobre a responsabilidade da Prof.a Vera Lúcia Garcia, concordo em

participar do mesmo. Estou também ciente que a Prof.a Vera Lúcia estará

disponível para responder quaisquer perguntas e de que posso retirar este

meu consentimento a qualquer tempo, sem quaisquer prejuízos. Caso não

me sinta atendido, poderei entrar em contato com o Chefe do Departamento

da Disciplina de Distúrbios da Audição da Universidade Federal de São

Paulo - Escola Paulista de Medicina.

Eu, _________________________________, autorizo a avaliação

audiológica do (a) meu (minha) filho (a)

________________________________________.

Botucatu, ___/___/___

Assinatura

Endereço para Contato:

___________________________________________________

Telefone: ____________________

Anexos

viii