Processamento auditivo em crianças com e sem distúrbio de aprendizagem
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VERA LÚCIA GARCIA
PROCESSAMENTO AUDITIVO EM CRIANÇAS COM E
SEM DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Doutor em Ciências dos Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico.
São Paulo
2001
VERA LÚCIA GARCIA
PROCESSAMENTO AUDITIVO EM CRIANÇAS COM E
SEM DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Doutor em Ciências dos Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico.
São Paulo
2001
Garcia, Vera Lúcia Processamento auditivo em crianças com e sem distúrbio de aprendizagem. / Vera Lúcia Garcia. - - São Paulo, 2001. xxii, 298p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico. Título em inglês: Auditory processing in children with and without learning disabilities. 1. Aprendizagem. 2. Percepção auditiva.
COORDENADOR:
Prof.a Dr.a ALDA CHRISTINA L. DE CARVALHO BORGES
Professor Adjunto da Disciplina de Distúrbios da Audição do
Departamento de Otorrinolaringologia - Distúrbios da
Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo -
Escola Paulista de Medicina.
ORIENTADOR:
Prof. Dr. YOTAKA FUKUDA
Professor Associado, Livre-Docente da Disciplina de
Otorrinolaringologia do Departamento de Otorrinolaringologia -
Distúrbios da Comunicação Humana da Universidade Federal de
São Paulo - Escola Paulista de Medicina.
CO-ORIENTADOR:
Prof.a Dr.a LILIANE DESGUALDO PEREIRA
Professor Adjunto da Disciplina de Distúrbios da Audição do
Departamento de Otorrinolaringologia - Distúrbios da
Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo -
Escola Paulista de Medicina.
Pode-se viver no mundo uma vida magnífica,
quando se sabe trabalhar e amar;
trabalhar pelo que se ama
e amar aquilo em que se trabalha.
(Tolstói)
À DEUS,
Que me guiou rumo ao crescimento pessoal e
profissional.
Aos meus pais, JAMIL e IRENE,
Por todo amor e dedicação, hoje e sempre.
Por me incentivarem e apoiarem em todos os
meus pequenos e grandes sonhos.
Ao FELIPE, meu filho,
Por seu amor mais puro, sua alegria contagiante e
sua espontaneidade desconcertante.
Por toda a sua sensibilidade e apoio, expressos em
palavras e ações de encorajamento, durante a
execução deste trabalho.
Ao CLAUDIO, meu marido,
Por seu amor, apoio, paciência e colaboração.
Por suas preciosas sugestões.
Por compartilhar todos os momentos da minha
vida.
Ao Prof. Dr. Yotaka Fukuda e Prof.a Dr.a Liliane
Desgualdo Pereira por terem partilhado de toda
esta jornada e pelo muito que contribuíram à
minha formação profissional.
Ao Prof. Dr. Yotaka Fukuda, pela dedicação na orientação
deste trabalho, pela sua amizade, pelo seu apoio na realização dos meus
objetivos e incentivo durante toda a minha formação profissional.
À Prof.a Dr.a Liliane Desgualdo Pereira, por sua dedicação na
co-orientação deste trabalho, por seu exemplo profissional, por sua
amizade, sua disponibilidade e generosidade em dividir toda sua
experiência na área do processamento auditivo.
À Prof.a Dr.a Alda Cristina Lopes de Carvalho Borges por seu
incentivo, disponibilidade e amizade sempre presentes.
Aos professores do curso de Pós-Graduação em Distúrbios da
Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo - Escola
Paulista de Medicina, pelo exemplo profissional, por sua amizade, e
incentivo à minha formação profissional.
Às Sra. Roseli e Sra. Célia Pellegrini Tonin, funcionárias da
Disciplina de Distúrbios da Comunicação Humana, por toda colaboração e
disponibilidade.
Ao Dr. Herculano Dias Bastos, Secretário da Saúde da
Prefeitura Municipal de Botucatu, pela autorização e suporte técnico para
realização deste trabalho.
Aos membros do Programa de Saúde Escolar de Botucatu,
particularmente à coordenadora do programa Dr.a Eliana Goldfarb Cyrino,
do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UNESP -
câmpus de Botucatu, às fonoaudiólogas Maria Edite Cassetari
Monteferrante e Sandra Maria Elias Megid e à médica Dr.a Telma Lemos
por todo apoio e amizade na realização deste trabalho.
Aos amigos da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de
Botucatu, em especial ao Dr. Jaime Olbriel Neto, assessor da Secretaria da
Saúde, Sra. Cleusa Maria Tavares Barriquelo, Sra. Vilma Bressan Frieza
de Andrade, Iara Cristina der Souza Albano Cavalari e Ioni Fátima
Mathias, funcionárias da Secretaria de Saúde, pelo carinho e atenção com
que me receberam.
À Sra. Beatriz de Oliveira Souza, diretora da Escola Estadual
Prof. Martinho Nogueira, Sra. Ana Rosa Fernandes Soares, vice-diretora da
Escola Estadual Prof. Martinho Nogueira, Mirna Magnuson e Ester Porto
Pereira, coordenadoras pedagógicas da Escola Estadual Prof. Martinho
Nogueira, pela autorização para a realização deste trabalho, por toda ajuda
e dedicação para com os alunos.
Às professoras da Escola Estadual Prof. Martinho Nogueira
por toda ajuda na realização deste trabalho e disponibilidade.
Ao Sr. Edson Aparecido Martins, coordenador pedagógico da
Escola Estadual Prof. José Pedretti Neto, pela autorização e ajuda na
testagem dos indivíduos na fase final deste trabalho.
À Prof.a Creuza Vitalino, Andréa Bueno Benito e Regina B.
Mondelli pela realização das avaliações psicológicas deste estudo.
À Universidade do Sagrado Coração pelo afastamento
concedido.
Aos professores da Dalhousie University, particularmente à
coordenadora do curso Dr.a Joy Armson e aos professores Dr.a Elizabeth
Kay-Raining Bird, Dr.a Christine Santilli, Dr. George T. Mencher e Dr.
Dennis P. Phillips, pelo carinho com que me receberam, pela atenção
dispensada e pelo muito que puderam contribuir para minha formação
profissional.
Ao Prof. Marcos T. Maeda pelo cuidadoso tratamento
estatístico dos dados.
À Prof.a Ms. Léa Sílvia Braga de Castro Sá pela criteriosa
revisão sintática e ortográfica.
À Sra. Meire, bibliotecária da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” - UNESP – câmpus de Botucatu, pela cuidadosa
revisão das referências bibliográficas.
À Prof.a Ms. Valéria Biondo pela versão do resumo para o
inglês.
À Prof.a Dr.a Maria Francisca Colella dos Santos, Prof.a Dr.a
Dione Cusin Lamônica e Adriana Rosa Lima Mancuso pelo material
cedido.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico - CNPq pela bolsa de estudos concedida.
Aos amigos do curso de pós-graduação por partilharmos o
mesmo caminho científico.
Aos amigos da Universidade do Sagrado Coração por todo
apoio e incentivo.
Aos meus alunos da Universidade do Sagrado Coração por
entenderem que o aprendizado é uma troca onde todos crescem.
Aos meus familiares e amigos por todo amor, incentivo e
apoio mesmo a distância, indispensável à execução deste trabalho.
À amiga Maria Edite Cassetari Monteferrante por sua amizade
sincera, sua meiguice e seu jeito especial de transformar as coisas difíceis
em simples.
À Eliana Goldfarb Cyrino e Antônio P. Cyrino por sua
amizade e incentivo à minha carreira profissional.
Às fonoaudiólogas Karin Zazo Ortiz, Marisa Sacaloski, e à
psicóloga Ana Lúcia Teixeira de Souza pelo carinho e amizade.
À indispensável colaboração e carinho de todas as crianças e
suas famílias que participaram desta pesquisa.
O MEU MUITO OBRIGADA.
LISTA DAS PRINCIPAIS ABREVIATURAS
cm - centímetros
dB - decibel
Hz - Hertz
ms - milissegundos
NA - nível de audição
NS - nível de sensação
NPS - nível de pressão sonora
SRT – limiar de recepção da fala
ÍNDICE
Pág.
1. INTRODUÇÃO......................................................................
1
2. LITERATURA........................................................................
8
3. MATERIAL E MÉTODO..................................................
62
4. RESULTADOS.......................................................................
.
82
5. DISCUSSÃO ......................................................................
163
6. CONCLUSÕES.......................................................................
261
7. RESUMO.................................................................................
265
8. SUMMARY.............................................................................
268
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................
271
10. FONTES CONSULTADAS..................................................
297
ANEXOS
Introdução
2
A avaliação audiológica do sistema auditivo central é
relativamente recente, e data de meados da década de cinqüenta, com a
publicação do trabalho de BOCCA, CALEARO & CASSINARI (1954). Os
primeiros trabalhos relacionados com processamento auditivo central
enfocaram principalmente o topodiagnóstico de lesões em adultos e foram
classicamente denominados como pertencentes a uma abordagem médica,
que tinha como objetivo realizar o diagnóstico diferencial de patologias do
sistema auditivo central. O aumento da sofisticação radiológica e de
procedimentos de obtenção e análise de imagem, resultaram em uma
mudança no foco da pesquisa nessa área que, atualmente, procura
estabelecer correlações entre o processamento auditivo central e os
distúrbios de linguagem e aprendizagem (KEITH, 1996). No Brasil, os
estudos se iniciaram em meados da década de 80 com a tradução e proposta
do teste de Escuta Dicótica de Dissílabos Alternados - SSW - para o
português por BORGES (1986).
Nos Estados Unidos, uma falta de consenso sobre como definir
o processamento auditivo central levou a American Speech-Language-
Hearing Association (ASHA) a convidar pesquisadores da área, a
estabelecer diretrizes sobre o assunto em março de 1995. Através desse
estudo, concluiu-se que o processamento auditivo central consiste de
mecanismos e processos responsáveis pelos seguintes fenômenos
Introdução
3
comportamentais: localização e lateralização sonora; discriminação
auditiva; reconhecimento de padrões auditivos; aspectos temporais da
audição, que incluem resolução temporal, mascaramento temporal,
integração temporal e ordenação temporal; performance auditiva na
presença de sinais acústicos competitivos; e performance auditiva na
presença de sinais acústicos degradados (ASHA, 1995, 1996). Esses
mecanismos e processos podem ser avaliados utilizando-se estímulos
verbais e não-verbais. Em consonância com essa recomendação, considera-
se uma alteração do processamento auditivo central, qualquer deficiência
em um ou mais dos comportamentos elencados.
No Brasil, PEREIRA (1997b) destacou que o termo
processamento auditivo central deve ser utilizado para referir-se à serie de
processos que envolvem predominantemente as estruturas do sistema
nervoso central: vias auditivas e córtex. A autora considerou a desordem do
processamento auditivo central como sendo um distúrbio da audição no
qual há um impedimento da habilidade de analisar e/ou interpretar padrões
sonoros (PEREIRA, 1993a, 1997a, 1997b).
Muitos mecanismos e processos neuro-cognitivos estão
envolvidos em tarefas de reconhecimento e discriminação auditiva. Alguns
estão especificamente relacionados aos estímulos acústicos, enquanto
outros, não estão, como, por exemplo, o processo de atenção e de
Introdução
4
representação da linguagem a longo prazo. Estes processos e mecanismos
são próprios do indivíduo que os ativa ao receber estímulos externos por
diferentes vias sensoriais. O termo processamento auditivo central refere-se
particularmente à ativação destes processos e mecanismos que estão
envolvidos apenas no processamento de informações auditivas, recebidas
via sentido da audição.
Em uma conferência sobre diagnóstico do processamento
auditivo em crianças em idade escolar (JERGER & MUSIEK, 2000),
propôs-se a substituição do termo desordem do processamento auditivo
central, para desordem do processamento auditivo, uma vez que evitaria a
denominação anatômica, e enfatizaria a interação de distúrbios nos níveis
periférico e central. Segundo o relato dessa conferência, o termo desordem
do processamento auditivo pode ser amplamente definido como um déficit
no processamento da informação, que é específica da modalidade auditiva.
Neste trabalho, a alteração dos processos e mecanismos envolvendo o
processamento da informação auditiva, foram denominados de desordem
do processamento auditivo, acatando a recomendação proposta.
É de consenso que a desordem do processamento auditivo
pode estar associada a dificuldades de recepção auditiva; compreensão da
fala; desenvolvimento da linguagem e aprendizagem (JERGER &
MUSIEK, 2000). A aquisição da linguagem oral depende do
Introdução
5
processamento da informação acústica e, qualquer que seja o mecanismo
central envolvido, ele deve permitir à criança aprender a linguagem oral.
Isto requer o processamento auditivo da linguagem oral recebida.
Evidências de tal correlação puderam ser estabelecidas com os estudos
realizados por Paula Tallal, desde a década de 70, em crianças com
distúrbio linguagem que apresentaram dificuldade em processamento
temporal de estímulos auditivos (TALLAL & PIERCY, 1973).
A associação entre processamento da informação auditiva e
aprendizagem já foi levantada por alguns autores, que utilizaram diferentes
provas para avaliação do processamento auditivo (STUBBLEFIELD &
YOUNG, 1975; WILLEFORD, 1976, 1980; McCROSKEY & KIDDER,
1980; WELSH, WELSH & HEALY, 1980, 1996; JERGER, MARTIN &
JERGER, 1987; BREEDIN, MARTIN & JERGER, 1989; ALMEIDA,
LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT, 1990). Entretanto, há necessidade
de outros estudos, a partir desta abordagem de medidas específicas do
processamento auditivo, uma vez que permanecem perguntas não
respondidas. Uma delas diz respeito a se a desordem do processamento
auditivo é suficiente para causar um distúrbio de aprendizagem, ou se pode
existir o distúrbio de aprendizagem sem envolvimento do processamento
auditivo.
Introdução
6
Com base no exposto acima, há necessidade de se estudar a
performance em testes do processamento auditivo, de diferentes grupos
clínicos. Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo estudar, a partir
de medidas comportamentais, os mecanismos e processos envolvidos no
processamento auditivo de crianças com e sem distúrbio de aprendizagem.
Para atingir este objetivo, foram avaliados 60 indivíduos, 36 do sexo
masculino e 24 do sexo feminino, com faixa etária variando entre nove
anos e cinco meses a 11 anos e 10 meses, a partir das provas de localização
sonora, memória seqüencial para sons não-verbais, memória seqüencial
para sons verbais, Teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala, Teste
Dicótico de Dígitos e Teste de Fusão Auditiva. Foram, então, constituídos
dois grupos. O Grupo-Controle, ou também denominado Grupo I, foi
constituído por 40 indivíduos, 20 do sexo masculino e 20 do sexo feminino,
com idade entre nove anos e seis meses e 10 anos e 11 meses. Com o
estudo do Grupo I, objetivou-se descrever e analisar as respostas obtidas
em termos de número/porcentagem de acertos, assim como, realizar o
estudo das variáveis sexo, orelha testada e freqüência testada. O Grupo com
queixa de alteração de aprendizagem, ou também denominado de Grupo II,
foi constituído por 20 indivíduos, 16 do sexo masculino e quatro do sexo
feminino, com idades variando entre nove anos e cinco meses e 11 anos e
10 meses. Com o estudo do Grupo II, objetivou-se descrever e analisar as
Introdução
7
respostas obtidas em termos de número/porcentagem de acertos, assim
como realizar o estudo das variáveis sexo, orelha testada e freqüência
testada. Finalmente, objetivou-se analisar, de forma comparativa, os
Grupos I e II, buscando avaliar a aplicabilidade e a qualidade das respostas
em cada teste empregado.
Literatura
9
Neste capítulo, optou-se por incluir os trabalhos relacionados
aos assuntos considerados neste estudo, seguindo-se uma ordem
cronológica de apresentação.
BROADBENT (1954) foi o primeiro pesquisador a propor a
utilização de estímulos dicóticos, ou seja, a apresentação simultânea de
estímulos diferentes um em cada orelha. O autor realizou dois
experimentos: um com sentenças e outro com dígitos. No experimento com
dígitos, ele avaliou 24 indivíduos, com idade de no máximo 31 anos e
ressaltou que o intervalo de apresentação dos estímulos pode ser um fator
importante na identificação dos mesmos.
HIRSH (1959) comparou a percepção da seqüência temporal
de vários tipos de sons entre si: tons, clicks e ruídos de acordo com
algumas variáveis, como duração, freqüência e o próprio tipo de som. Em
um experimento o autor apresentou os estímulos dioticamente, com
intervalos variados entre os sons e expressos em milissegundos. O autor
concluiu que o ouvinte podia perceber a presença de dois sons ao invés de
um, quando existia um pequeno intervalo de tempo entre eles, de cerca de
dois milissegundos. Observou, também, que havia necessidade de um
Literatura
10
intervalo de cerca de 17 milissegundos ou mais para que fosse possível a
percepção da ordem em que os estímulos se apresentavam.
KIMURA (1961a) adaptou a proposta de BROADBENT
(1954) e avaliou 71 pacientes adultos com foco epilético em várias áreas do
cérebro: temporal direito, temporal esquerdo, frontal e subcortical. Em 51
casos foi realizada uma cirurgia unilateral para retirada de tecido cerebral
lesado. A autora utilizou 32 itens de seis dígitos cada, sendo que, para cada
par de dígitos, foi apresentado um dígito à orelha direita e um dígito à
orelha esquerda simultaneamente. O indivíduo testado deveria repetir os
três pares de dígitos ouvidos. Nos casos de lesão do lobo temporal
observou prejuízo em ambas as orelhas. Nos casos de cirurgia temporal
unilateral observou prejuízo na orelha contralateral à lesão. A autora
discutiu que esses resultados sugerem que a via contralateral é mais
numerosa que a via ipsilateral e que os lobos temporais direito e esquerdo
participam na recepção dos estímulos auditivos, mas o lobo temporal
esquerdo é particularmente mais importante na percepção de estímulos
verbais, principalmente na modalidade auditiva.
KIMURA (1961b) testou 120 indivíduos com epilepsia,
apresentando alteração em várias áreas do cérebro: lobo temporal esquerdo,
Literatura
11
lobo temporal direito, lobo temporal direito e esquerdo, frontal e
subcortical; sendo 107 indivíduos com dominância hemisférica direita e 13
indivíduos com dominância hemisférica esquerda. Testou também 13
indivíduos normais destros. O procedimento utilizado consistiu de 32 pares
de dígitos com três pares de dígitos apresentados simultaneamente. Os
resultados demonstraram que os estímulos que chegam à orelha
contralateral ao hemisfério dominante são mais facilmente reconhecidos do
que os estímulos que chegam à orelha ipsilateral, confirmando que as vias
contralaterais são mais numerosas do que as vias ipsilaterais, e que o lobo
temporal dominante é mais importante do que o não-dominante na
percepção da fala.
KIMURA (1963) avaliou 120 crianças destras, 56 do sexo
masculino e 64 do sexo feminino, com idades entre quatro e nove anos, a
partir de uma tarefa dicótica com dígitos. A autora encontrou uma
vantagem da orelha direita na tarefa proposta, sendo essa assimetria
perceptual maior em idades mais precoces. Os indivíduos do sexo
masculino, aos quatro anos, apresentaram uma vantagem maior na orelha
direita do que os indivíduos do sexo feminino, embora não estatisticamente
significante. Na população total, a autora encontrou um desempenho
inferior nos indivíduos do sexo masculino na idade de cinco e seis anos,
Literatura
12
estatisticamente significante, não encontrado acima dessa idade. A autora
sugeriu que a dominância cerebral para a fala seja estabelecida aos quatro
anos, ou mais cedo.
DIRKS (1964) avaliou 24 indivíduos com audição normal, seis
homens e dezoito mulheres com idades entre 15 e 19 anos, todos destros, a
partir das tarefas como: responder para palavras filtradas (“PB words”)
apresentadas simultaneamente em ambas as orelhas; repetir apenas as
palavras filtradas apresentadas à orelha direita ou à orelha esquerda e
ignorar a palavra competitiva; repetir as palavras filtradas que apareciam de
forma monoaural na orelha direita ou orelha esquerda e repetir todos os
dígitos apresentados simultaneamente nas orelhas, tal qual o proposto por
KIMURA (1963). Os resultados, para a apresentação simultânea de dígitos
e palavras, demonstraram uma diferença estatisticamente significante entre
o desempenho obtido à orelha direita e esquerda, sendo que à orelha direita,
orelha contralateral ao hemisfério cerebral dominante para a fala,
identificou-se mais palavras do que à orelha esquerda.
KIMURA (1967) discutiu vários aspectos relacionados à
diferença funcional observada entre os lobos temporais direito e esquerdo,
baseados nos achados encontrados em pesquisas prévias utilizando o teste
Literatura
13
Dicótico de Dígitos. Descreveu que os estímulos verbais são processados
no hemisfério esquerdo, enquanto que os estímulos não-verbais são
processados primariamente no hemisfério direito. Discutiu que, porque
cada orelha tem uma maior representação neural no hemisfério
contralateral, o predomínio da hemisfério esquerdo para a fala se reflete na
maior identificação de palavras que chegam à orelha direita, enquanto que
o predomínio do hemisfério direito na percepção de padrões entonacionais
é refletida pela maior identificação de melodias, que chegam à orelha
esquerda.
MISCIK, SMITH, HAMM, DEFFENBACHER & BROWN
(1972) avaliaram, 32 indivíduos em um experimento e nove indivíduos em
outro experimento, para verificar a influência da duração do estímulo e do
intervalo entre o estímulo, a partir de tarefas de repetição de dígitos, cujas
características acústicas foram manipuladas. Os autores encontraram que
quanto maior é a duração e maior o intervalo entre os dígitos, melhor é a
retenção dos mesmos. Os autores relataram que o armazenamento de
seqüências auditivas é uma função combinada da duração dos estímulos,
intervalo entre os estímulos e técnicas de codificação do indivíduo usadas
para processar a resposta a ser dada.
Literatura
14
BEVING & EBLEN (1973) avaliaram 30 crianças de quatro a
oito anos de idade, com audição normal, sem antecedentes de alteração de
fala e linguagem e inteligência normal, a partir de pares de sílabas sem
sentido. As crianças com idade média de quatro anos e sete meses
apresentaram melhor desempenho na tarefa de repetição, enquanto que as
crianças com média de idade de seis anos e sete meses e oito anos e seis
meses apresentaram melhor desempenho na tarefa de discriminação de
pares de palavras iguais ou diferentes. Os autores concluíram, desta forma,
que as crianças mais novas são inaptas para fazerem julgamentos
cognitivos sobre “igual” e “diferente”, embora elas sejam capazes de
discriminar auditivamente tão bem quanto as crianças mais velhas,
sugerindo que, nas provas de avaliação, fossem eliminadas as interferências
cognitivas.
HECOX (1975) apud SLOAN (1991) estudou o
desenvolvimento de estruturas corticais auditivas e seus achados indicaram
que as primeiras fibras do lobo temporal a se maturarem são as fibras de
projeção primária provenientes de estruturas subcorticais. A mielinização
dessas fibras é escassa ao nascimento e é completada aos quatro anos de
idade. Já a mielinização das fibras intra-corticais continua até a
adolescência.
Literatura
15
MILLS (1975) fez uma revisão de literatura abordando o tema
a criança e o ruído. O autor enfatizou que a exposição da criança a níveis
de ruído urbano por longos períodos e/ou durante os períodos críticos de
desenvolvimento pode ter conseqüências prejudiciais à discriminação
auditiva e habilidades de leitura.
TALLAL (1976) avaliou 72 indivíduos normais, com idade de
quatro anos e seis meses até a idade adulta, divididos em seis grupos. Os
grupos foram divididos segundo a idade (quatro anos e seis meses, cinco
anos e seis meses, seis anos e seis meses, sete anos e seis meses, oito anos e
seis meses e indivíduos adultos) e foram constituídos de 12 indivíduos, seis
do sexo masculino e seis do sexo feminino. Foi empregada uma tarefa com
intervalos interpulso de 428ms para treino e séries com menores intervalo
interpulso (305, 150, 60, 30, 15 e 8ms) e maiores intervalos interpulso
(947, 1466, 3023, 3543 e 4062ms) para serem discriminados. Avaliou,
também, 12 indivíduos, nove do sexo masculino e três do sexo feminino,
com idades entre seis anos e nove meses e nove anos e três meses, com
diagnóstico de disfasia (distúrbio de linguagem). A análise dos resultados
demonstrou uma diferença estatisticamente significante entre crianças
disfásicas e crianças normais quando os intervalos interpulso foram
menores que 305ms. Seus achados também demonstraram que, para que
Literatura
16
uma tarefa de ordenação temporal pudesse ser realizada pelas crianças
disfásicas, foram necessários maiores períodos para a informação ser
processada.
PINHEIRO (1977) avaliou 14 indivíduos com distúrbio de
aprendizagem, 11 do sexo masculino e três do sexo feminino, com idades
entre seis e 16 anos, a partir dos testes de percepção de fala alternada, fusão
biaural, fala filtrada, sentenças competitivas, sentenças simultâneas, SSW e
padrão de freqüência. A autora encontrou que as respostas obtidas à orelha
esquerda, de forma geral, foram reduzidas. Os resultados demonstraram
uma diferença significante entre a orelha direita e orelha esquerda nos
testes de fusão biaural, SSW, sentenças competitivas e sentenças
simultâneas. Os achados foram discutidos a partir da disfunção inter-
hemisférica, além de enfatizado que o padrão de respostas dos indivíduos
com distúrbio de aprendizagem foi semelhante.
BAKKER, HOEFKENS & VLUGT (1979) avaliaram 65
indivíduos, 29 do sexo masculino e 26 do sexo feminino, com idade média
de seis anos na primeira testagem, sete anos na segunda testagem, oito anos
na terceira testagem e 11 anos na quarta testagem, a partir de uma tarefa
dicótica com 24 itens de quatro pares de dígitos. Os autores não
Literatura
17
encontraram diferenças de resposta significantes entre os indivíduos do
sexo masculino e sexo feminino nas diferentes testagens realizadas e
encontraram uma vantagem das respostas obtidas à orelha direita em todas
as idades.
GEFFEN & WALE (1979) avaliaram 32 crianças, com idade
entre sete e nove anos, a partir de tarefas dicóticas com dígitos (110 itens
de três pares de dígitos) de dificuldade variável. Os resultados
demonstraram um maior número de acertos na orelha direita do que na
orelha esquerda. Não houve diferença entre o desempenho dos indivíduos
do sexo masculino e sexo feminino. Os autores discutiram que, com menor
velocidade de apresentação do estímulo, a vantagem da orelha direita
permaneceu constante em função da idade e, em velocidades de
apresentação maiores, a vantagem da orelha direita diminuiu.
RAMPP (1980) descreveu as habilidades do processamento
auditivo, suas correlações com a linguagem e aprendizagem e seus
distúrbios. Relatou a alta incidência de distúrbios do processamento
auditivo em crianças, com maior ocorrência no sexo masculino do que no
sexo feminino, sendo aproximadamente de oito meninos para uma menina.
Literatura
18
TALLAL (1980a) descreveu que crianças portadoras de
distúrbios de aprendizagem apresentam alterações de natureza sintática,
semântica ou conceitual, mais fáceis de serem identificadas do que aquelas
de nível lingüístico mais superior ou falhas cognitivas.
TALLAL (1980b) avaliou 20 crianças com dificuldade de
leitura, 16 indivíduos do sexo masculino e quatro indivíduos do sexo
feminino, com idades entre oito e 12 anos e comparou os resultados obtidos
neste estudo com o resultado obtido em indivíduos normais a partir do teste
que denominou de teste de Repetição (constituído por provas de
associação, seqüência, percepção rápida de mudanças de interpulsos e
discriminação) com estímulos não-verbais e provas de leitura de palavras
sem sentido. Os indivíduos apresentaram diferenças de performance
significantes quando foram avaliados na tarefa de percepção de mudanças
rápidas de estímulo, com o grupo de crianças com dificuldade de leitura
apresentando maior número de erros. A habilidade de leitura de palavras
sem sentido apresentou uma alta correlação entre o número de erros
realizados na tarefa de percepção de mudanças rápidas no estímulo. A
autora hipotetizou que as dificuldades de leitura estariam correlacionadas à
disfunção perceptual auditiva básica e afetaria a habilidade para aprender a
usar habilidades de consciência fonológica adequadamente.
Literatura
19
DAVIS & McCROSKEY (1980) avaliaram 135 indivíduos
normais entre três e 12 anos de idade. As crianças foram divididas em nove
grupos de 12 indivíduos cada um, segundo a idade. Foi aplicada a versão
original do AFT-R (WAFT). A análise dos dados mostrou uma diferença
significante entre os grupos, indicando que houve uma progressão de
acertos à medida que a idade aumentou, sendo que as crianças
apresentaram limiares de fusão auditiva mais curtos à medida que a idade
aumentou. A partir dos nove anos os limiares de fusão auditiva foram
semelhantes. Os indivíduos do sexo masculino e feminino apresentaram
diferenças entre os limiares de fusão auditiva, sendo que o limiar de fusão
auditiva dos indivíduos do sexo masculino foi menor que o dos indivíduos
do sexo feminino. O limiar de fusão auditiva não apresentou diferença
significante entre as freqüências testadas.
McCROSKEY & KIDDER (1980) estudaram 135 crianças
com idades entre sete e nove anos. As crianças foram agrupadas em três
grupos de 45 indivíduos: grupo de crianças normais (23 do sexo masculino
e 22 do sexo feminino), grupo de crianças com dificuldades de leitura (25
do sexo masculino e 20 do sexo feminino) e grupo de crianças com
dificuldade de aprendizagem (32 do sexo masculino e 13 do sexo
feminino). Foi aplicada a versão original do AFT-R (WAFT). Foram
Literatura
20
encontradas diferenças estatisticamente significantes entre o grupo de
crianças normais e os outros dois grupos. Não houve diferença
estatisticamente significante entre o grupo de crianças com dificuldade de
leitura e o de distúrbio de aprendizagem. O limiar médio de fusão auditiva
para o grupo de crianças normais, entre nove e 10 anos, foi de 7,5ms com
desvio-padrão de 3,09ms. O limiar médio de fusão auditiva para o grupo de
crianças com dificuldade de leitura, entre nove e 10 anos, foi de 11,7ms
com desvio-padrão de 9,18ms. O limiar médio de fusão auditiva para o
grupo de crianças com distúrbio de aprendizagem, entre nove e 10 anos, foi
de 12,2ms com desvio-padrão de 7,49ms. O limiar de fusão auditiva foi
afetado pela variável freqüência, apenas no grupo de crianças com distúrbio
de aprendizagem, sendo que as freqüências de 250 e 4000 Hz apresentaram
limiares maiores de forma significante neste grupo. Os autores sugeriram
que o WAFT fosse usado na bateria de testes de diagnóstico do
processamento auditivo em crianças com distúrbio de aprendizagem.
BADDELEY (1981) hipotetizou que a função principal da
memória de trabalho é transferir informações de armazenagem de curto
prazo para a de longo prazo e facilitar o raciocínio verbal e a compreensão.
O autor acredita que, durante o desempenho de uma tarefa, a memória de
Literatura
21
trabalho relaciona-se ao papel de armazenamento temporário no
processamento de informações.
KEITH (1981) conceituou a habilidade de figura-fundo como
a capacidade do indivíduo de identificar a mensagem primária na presença
de sons competitivos.
JERGER, JERGER & LEWIS (1981) descreveram a
performance do teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala (‘Pediatric
Speech Intelligibility Test’) com sentenças denominadas de formato I e
formato II em 24 crianças, 14 do sexo masculino e 10 do sexo feminino,
com idades entre três anos e quatro meses e nove anos. Foram observadas
diferenças significantes de performance quando avaliadas as respostas das
crianças com as sentenças de formato I e II. A performance dos indivíduos
também variou em função da idade cronológica e da habilidade de
compreensão da linguagem, não sendo afetada quando analisada a variável
sexo.
KRAFT (1981) avaliou oitenta indivíduos do sexo masculino
destros, com idades entre seis e 12 anos a partir de tarefas dicóticas com
dígitos, sílabas e sons ambientais. O teste Dicótico de Dígitos foi
Literatura
22
constituído por 30 itens com um par de dígitos para treino, 15 itens com
dois pares de dígitos e 10 itens com três pares de dígitos, a partir de uma
tarefa de integração biaural, ou seja, os indivíduos deveriam repetir todos
os dígitos ouvidos à orelha direita e à orelha esquerda. Os resultados
obtidos demonstraram que as crianças de 10 e 12 anos tiveram um
desempenho melhor que as crianças de seis e oito anos nos três testes
aplicados. Foi observada uma vantagem da orelha direita para dígitos e
sílabas, sendo analisada como representativa da superioridade do
hemisfério esquerdo para processar estímulos lingüísticos na maioria dos
indivíduos destros. Essa vantagem da orelha direita foi mais acentuada nos
indivíduos de seis a oito anos de idade.
KOOMAR & CERMAK (1981) avaliaram 60 indivíduos, 30
indivíduos normais e 30 indivíduos com distúrbio de aprendizagem, com
idades entre sete e 10 anos, a partir do teste Dicótico de Dígitos, constituído
de 20 séries de três pares de dígitos. Os resultados obtidos indicaram que
ambos os grupos apresentaram vantagem da orelha direita e que os
indivíduos com distúrbio de aprendizagem apresentaram desempenho
muito mais baixo que os indivíduos normais com relação ao número total
de acertos e acertos à orelha esquerda.
Literatura
23
KRAFT (1982) avaliou 96 crianças, 48 indivíduos com idade
média de sete anos e 48 indivíduos com idade média de 11 anos, sendo que
cada grupo apresentava 24 indivíduos do sexo masculino e 24 do sexo
feminino. Os indivíduos foram submetidos a tarefas dicóticas com dígitos e
sons ambientais. O teste Dicótico de Dígitos foi aplicado com 15 itens de
dois pares e 10 itens de dois pares a partir de uma tarefa de integração
biaural. O desempenho dos indivíduos do sexo masculino foi de 23,77 itens
corretos (79,23%), o desempenho dos indivíduos do sexo feminino foi de
24,8 itens corretos (82,67%) e o desempenho da população total foi de
24,29 itens corretos (80,97 %). O autor verificou uma vantagem da orelha
direita para estímulos verbais que não aumentou em relação à idade dos
sujeitos avaliados. No teste Dicótico de Dígitos, os indivíduos do sexo
feminino apresentaram um desempenho melhor que os indivíduos do sexo
masculino e, em geral, o desempenho dos indivíduos melhorou com a
idade.
MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) avaliaram 22
crianças, 12 do sexo masculino e 10 do sexo feminino, com idades entre
oito e 10 anos com queixa de dificuldades acadêmicas, sendo algumas
(número não informado) diagnosticadas como portadoras de distúrbio de
aprendizagem e que haviam apresentado uma performance inadequada em
Literatura
24
testes perceptuais auditivos na avaliação de linguagem. Foi aplicada uma
bateria de sete testes, entre os quais o teste Dicótico de Dígitos, constituído
de 20 itens de dois pares. Foi considerada, para a análise dos resultados, a
abordagem de passar/falhar no teste. O resultado considerado normal para
crianças de oito anos de idade foi de uma porcentagem média de 83% para
a orelha direita e 74% para a orelha esquerda. O resultado considerado
normal para crianças de nove anos de idade foi de uma porcentagem média
de 84% para a orelha direita e 79% para a orelha esquerda. O resultado
considerado normal para crianças de 10 anos de idade foi de uma
porcentagem média de 91% para a orelha direita e 84% para a orelha
esquerda. Das crianças testadas, levando em consideração o critério de
passar/falhar, 63,6% dos indivíduos falharam no teste Dicótico de Dígitos.
Na análise realizada com o teste Dicótico de Dígitos a partir dos escores da
orelha direita e esquerda, sete crianças apresentaram alteração à orelha
esquerda, quatro apresentaram alteração na orelha direita e três
apresentaram alteração em ambas as orelhas. Os autores relataram que, em
todos os testes, os indivíduos apresentaram uma vantagem da orelha direita
(ou um déficit da orelha esquerda), sendo os dados discutidos como
correlacionados à ineficiência de transferência da informação auditiva do
hemisfério direito para o hemisfério esquerdo. Tendo em vista a bateria
Literatura
25
utilizada, o teste Dicótico de Dígitos foi considerado com um teste
adequado para identificar a disfunção auditiva central.
SIDTIS (1982) investigou padrões de assimetria perceptual
para a fala e estímulos tonais complexos através de tarefa dicótica, em 28
indivíduos destros. Embora 70 a 75% dos sujeitos apresentassem vantagem
da orelha direita para a fala e vantagem da orelha esquerda para tons,
menos da metade dos sujeitos apresentou o padrão esperado nas duas
tarefas. O autor argumentou que a superioridade da resposta auditiva
contralateral durante a estimulação dicótica é apenas apropriada para
aproximadamente metade da população de destros. Para a outra metade,
assimetrias subcorticais importantes e/ou a falta de vantagem contralateral
parecem estar presentes. Relatou também que bases atencionais poderiam
interferir no padrão de assimetria.
BUTLER (1983) correlacionou a atenção seletiva aos
processos de atender a alguma atividade mental em detrimento de outras.
JERGER, JERGER & ABRAMS (1983) sintetizaram, neste
artigo, quinze anos de pesquisas relacionadas ao PSI, realizadas com
crianças normais de três a seis anos de idade. Descreveram o PSI a partir de
Literatura
26
palavras e sentenças na população normal e quatro casos com lesão do
sistema nervoso central para validação do instrumento. Os autores, a partir
da análise dos dados, concluíram ser o PSI um instrumento válido para a
identificação da desordem do processamento auditivo central.
JERGER & JERGER (1983) descreveram sete casos de
indivíduos com lesão do sistema nervoso central confirmada cirúrgica ou
radiologicamente, que foram submetidos à avaliação audiológica básica,
PSI e audiometria de tronco cerebral. A partir dos resultados encontrados,
os autores discutiram que resultados alterados no PSI-MCI (mensagem
competitiva ipsilateral) foram consistentes com alteração do sistema
nervoso central, particularmente do tronco cerebral.
MUSIEK (1983a) descreveu em detalhes o teste Dicótico de
Dígitos, constituído pelos dígitos de um a 10, com exceção do número sete,
apresentados aos pares, um para cada orelha simultaneamente. A
intensidade de apresentação dos estímulos foi de 50 dB acima do SRT,
sendo apresentados 20 pares de dois dígitos. A tarefa a ser executada pelos
indivíduos foi uma tarefa de integração biaural, sendo os indivíduos
orientados a repetir todos os números ouvidos. O teste foi aplicado em 45
indivíduos normais, com idades entre 19 e 35 anos sendo que o grupo
Literatura
27
apresentou uma média de 97,8% de acertos para a orelha direita e 96,5% de
acertos para a orelha esquerda. O teste Dicótico de Dígitos também foi
aplicado em 21 indivíduos, com idade média de 42 anos e três meses, com
lesão cerebral confirmada neurológica, neurocirúrgica e/ou
radiologicamente. O critério de normalidade estabelecido foi de 90% de
acertos para indivíduos audiologicamente normais. Referiu que nove dos
indivíduos com lesão cortical apresentaram alteração na orelha
homolateral, provavelmente relacionado a algum comprometimento da via
auditiva do corpo caloso. O autor concluiu que o teste Dicótico de Dígitos,
da forma aplicada, foi sensível para avaliar a disfunção auditiva central, em
lesões hemisféricas como em lesões de tronco encefálico, mas não foi
possível diferenciá-las através do teste.
MUSIEK, GOLLEGLY & BARAN (1984) descreveram
quatro casos de indivíduos com alteração de aprendizagem e um grupo de
16 indivíduos com distúrbio de aprendizagem, com idades entre sete anos e
sete meses e 13 anos e três meses (idade média de nove anos). Foram
aplicados os testes de fusão biaural, sentenças competitivas, SSW, teste
Dicótico de Dígitos e Padrão de Freqüência. Os resultados do grupo com
alteração de aprendizagem indicaram um nítido déficit na orelha esquerda
nos testes dicóticos, performance reduzida no teste de Padrão de
Literatura
28
Freqüência e desempenho normal no teste de fusão biaural, demonstrando
segundo os autores um padrão de desconexão inter-hemisférica,
provavelmente devido a um atraso na mielinização do corpo caloso.
POHL, GRUBMÜLLER & GRUBMÜLLER (1984)
estudaram 210 indivíduos destros, entre quatro e 10 anos, sendo 105 do
sexo masculino e 105 do sexo feminino, a partir de tarefas dicóticas verbais
em língua alemã com o objetivo de investigar o desenvolvimento da
assimetria perceptual entre as orelhas. Os autores descreveram um declínio
na vantagem da orelha direita, decorrente da melhora da performance das
respostas dos indivíduos à orelha esquerda. Descreveram que a vantagem
da orelha direita observada em tarefas dicóticas devem estar relacionadas à
imaturidade funcional do corpo caloso em crianças mais jovens. Os autores
discutiram que a melhora da performance da orelha esquerda reflete o
aumento da velocidade de condução das vias auditivas no corpo caloso
devido às mudanças maturacionais na mielinização das fibras do sistema.
PICKLES (1985) discorreu sobre a fisiologia do sistema
auditivo central e, particularmente, o córtex auditivo, concluindo que este
parece ter a função de analisar sons complexos, inibir respostas motoras
inapropriadas, discriminar padrões temporais, além de ser necessário para
Literatura
29
tarefas auditivas mais difíceis. Relatou sobre a organização tonotópica do
sistema auditivo e que a informação auditiva recebida por uma orelha é
transmitida para o lobo temporal contralateral. Enfatizou a importância da
atenção seletiva no desempenho dos testes.
PHILLIPS & BRUGGE (1985) discutiram os mecanismos e
processos de localização sonora a partir das pesquisas realizadas na área de
neurofisiologia. Referiram que nos processos de diferença de intensidade
interaural, relacionados à localização sonora, há interferência das variáveis
tamanho da cabeça, freqüência do som e distância do som.
PINHEIRO & MUSIEK (1985) descreveram a ordenação
temporal como uma das mais básicas e importantes funções do sistema
nervoso central. Relataram que o tipo, o número, a duração de cada um dos
estímulos e a velocidade de apresentação dos mesmos interferem em
tarefas de ordenação temporal.
MUSIEK & PINHEIRO (1985) afirmaram que a vantagem da
orelha direita, observada em tarefas auditivas dicóticas, está relacionada ao
processamento lingüístico da informação realizado no hemisfério cerebral
esquerdo.
Literatura
30
BOOTHROYD (1986) identificou alguns componentes da
percepção auditiva como: detecção, sensação, discriminação, localização,
reconhecimento, compreensão, atenção e memória. Descreveu a
localização sonora como a habilidade de saber o local de origem do som e a
memória como o processo que permite estocar, arquivar as informações,
para poder recuperá-las quando houver necessidade. No que se refere à
atenção seletiva, o autor definiu-a como os processos que capacitam o
indivíduo a monitorar um determinado estímulo auditivo significativo,
mesmo quando a atenção primária deve-se a outra modalidade sensorial,
além de capacitar também o indivíduo a reagir a um determinado estímulo
auditivo significativo e ignorar o ruído de fundo.
JERGER (1987) descreveu os critérios de avaliação do PSI nas
etapas com mensagem competitiva contralateral e ipsilateral. Também
avaliou 21 crianças com lesões do sistema nervoso central, com idades
entre três e oito anos, utilizando o teste PSI. Os resultados demonstraram
uma alta sensibilidade e especificidade do teste. Os resultados do PSI
foram consistentes com: resultado anormal em crianças com lesões em
áreas do cérebro importantes para a função auditiva; normal em crianças
com lesões em áreas anatomicamente distantes do núcleo auditivo e vias
auditivas (lesões do sistema nervoso central ‘não auditivas’).
Literatura
31
JERGER, MARTIN & JERGER (1987) estudaram o caso de
um indivíduo do sexo masculino com idade de 11 anos e cinco meses com
distúrbio de aprendizagem, a partir de medidas comportamentais (provas
para medir os processos semânticos, sintáticos e fonético-fonológicos),
eletrofisiológicas (audiometria de tronco cerebral, potenciais de média e
longa latência) e eletroacústicas (reflexo acústico) e os resultados obtidos
indicaram que os certas habilidades auditivas são fundamentais para a
aquisição de linguagem e aprendizagem, respaldando os modelos auditivo-
perceptuais em oposição aos modelos lingüístico-cognitivos, para explicar
os distúrbios de aprendizagem.
BARKLEY (1988) definiu a atenção como um construto
multidimensional que se refere a uma variedade de relações entre o
estímulo ambiental ou tarefas e respostas comportamentais.
ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988) apresentaram o
teste PSI na versão em língua portuguesa. Foram discutidos os
procedimentos de elaboração do teste e validação dos resultados.
BREEDIN, MARTIN & JERGER (1989) relataram o caso de
um indivíduo portador de distúrbio de aprendizagem, do sexo masculino,
Literatura
32
com idade de 14 anos e 11 meses, a partir de tarefas de denominação,
discriminação, correspondência de figuras e palavras, detecção de sílabas
sem sentido, teste SSW, teste CES, teste de padrão de freqüência e de um
experimento com sons verbais e não-verbais no silêncio e no ruído. Os
resultados indicaram uma dificuldade específica de extração da informação
acústica na presença de ruído, quando o estímulo acústico era de curta
duração.
WIGHTMAN, ALLEN, DOLAN, KISTLER & JAMIESON
(1989) avaliaram 20 crianças, oito do sexo masculino e 12 do sexo
feminino, com idades entre três e sete anos, e cinco adultos, um do sexo
masculino e quatro do sexo feminino, com idades entre 20 e 30 anos, a
partir de uma tarefa envolvendo a habilidade de fusão auditiva. Os
indivíduos foram solicitados a identificar a presença de um intervalo
interpulso, em estímulos auditivos centrados nas freqüências de 400 e 2000
Hz. Os autores encontraram que, na freqüência de 400 Hz, os limiares de
fusão auditiva das crianças foram maiores que os limiares dos adultos,
sendo que os indivíduos de três anos de idade apresentaram os maiores
limiares de fusão auditiva. O limiar de fusão auditiva na freqüência de 2000
Hz foi menor que o limiar na freqüência de 400 Hz, e mostrou um efeito
similar à freqüência de 400 Hz relacionado à variável idade.
Literatura
33
MUSIEK, GOLLEGLY, LAMB & LAMB (1990) discutiram
sobre a necessidade de realização de triagem para a disfunção do
processamento auditivo central em crianças, pois acreditam que a
prevalência e a incidência desse tipo de distúrbio seja alta. Relataram que a
maioria das crianças com distúrbio de aprendizagem apresenta disfunção
auditiva central, sugerindo a realização da triagem na população escolar.
ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT (1990)
realizaram dois experimentos com o teste PSI. No primeiro experimento
avaliaram 22 crianças normais, 10 do sexo masculino e 12 do sexo
feminino, com idade entre cinco e oito anos incompletos e 22 crianças com
queixa de desatenção e portadoras de distúrbio do aprendizado,
caracterizado por dificuldades de escrita, leitura e fala. O PSI foi aplicado
em campo livre, através de caixas acústicas. Os autores observaram que
68% das crianças com distúrbio do aprendizado apresentaram menor
reconhecimento de sentenças em relação ao grupo de crianças normais. No
segundo experimento, os autores avaliaram 12 crianças normais, nove do
sexo masculino e três do sexo feminino, com faixa etária entre cinco e sete
anos incompletos e sete crianças com distúrbio do aprendizado, com faixa
etária entre cinco e sete anos incompletos. O PSI também foi aplicado em
campo livre, através de caixas acústicas. Os autores observaram que 85,0%
Literatura
34
das crianças com alteração do aprendizado apresentaram porcentagem de
reconhecimento de sentenças menor que o grupo de crianças normais.
Consideraram o PSI como um instrumento adequado para a avaliação do
processamento auditivo central em crianças.
O NATIONAL JOINT COMMITTEE ON LEARNING
DISABILITIES (1991), dos Estados Unidos, definiu o distúrbio de
aprendizagem e discutiu questões relacionadas ao termo. A definição do
termo distúrbio de aprendizagem foi baseada em um critério de exclusão de
outros comprometimentos como, por exemplo, déficit sensorial, atraso
cognitivo e distúrbio emocional severo.
MIDDELEBROOKS & GREEN (1991) descreveram
mecanismos de localização sonora, no plano horizontal e vertical, e os
processos de localização sonora em um plano bidimensional e em
movimento. Discutiram a participação do pavilhão auricular na localização
vertical.
SLOAN (1991) relatou que, crianças com alteração do
processamento auditivo, muitas vezes precisam de um maior número de
itens para o aprendizado de uma tarefa e cometem mais erros durante esse
Literatura
35
processo de aprendizagem. Sugeriu que, para facilitar o que chamou de
aprendizado perceptual, se deveria tornar mais audíveis as características
acústicas relevantes da fala.
MORTON & SIEGEL (1991) investigaram a performance de
20 crianças diagnosticadas como portadoras de dificuldade de compreensão
na leitura (grupo I) e 20 crianças diagnosticadas como portadoras de
dificuldade de compreensão na leitura e de reconhecimento de palavras
(grupo II ) em tarefa dicótica através do Teste Consoante-Vogal e Dicótico
de Dígitos (32 itens de quatro pares) e compararam o desempenho dessas
crianças com 40 crianças normais. Os autores encontraram uma
performance reduzida do grupo I e II, quando analisadas as respostas
obtidas à orelha esquerda e concluíram que há uma participação reduzida
do hemisfério direito nos indivíduos do grupo II.
MUSIEK, GOLLEGLY, KIBBE & VERKEST-LENZ (1991)
avaliaram 32 pacientes, com idade entre 13 e 73 anos, com lesão do
sistema nervoso central confirmada neurológica, neurocirúrgica e/ou
radiologicamente, a partir do teste Dicótico de Dígitos. Os autores
relataram que o teste apresentou uma boa sensitividade para a patologia
Literatura
36
no sistema nervoso central. Sugeriram o uso do teste Dicótico de Dígitos
como instrumento de triagem para o processamento auditivo.
PINTO (1991) estudou o teste de atenção seletiva, Dicótico
Consoante-Vogal, em 60 indivíduos normais, 30 do sexo masculino e 30 do
sexo feminino, com faixa etária entre 19 e 25 anos de idade. Encontrou
80% de respostas corretas às orelhas direita e esquerda, nas etapas de
atenção livre, atenção à direita e atenção à esquerda, nos indivíduos do
sexo masculino e feminino, sendo que na etapa de atenção livre houve um
predomínio de respostas à orelha direita. Na etapa de atenção livre também
foram encontradas diferenças significantes entre as respostas da população
masculina e feminina, ou seja, os indivíduos do sexo masculino
apresentaram maior vantagem da orelha direita que os indivíduos do sexo
feminino.
GUYTON (1993) descreveu os mecanismos neurais de
localização sonora e acredita que os processos de diferença de tempo
interaural são mais eficientes que os mecanismos de diferença de
intensidade interaural. Descreveu também os processos de memória,
classificando-os como memória imediata, memória de curto prazo e
memória de longo prazo.
Literatura
37
PEREIRA (1993a) conceituou processamento auditivo e suas
etapas e propôs um instrumento de triagem para a identificação de
alterações do processamento auditivo composta pelas provas de localização
sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial
para sons verbais. Descreveu os resultados de seu trabalho com 137
crianças saudáveis, ou seja, sem evidência de problemas de audição,
atenção, percepção espacial, comunicação oral e escrita nas provas de
localização sonora e memória seqüencial para sons não-verbais com faixa
etária de cinco a doze anos de idade, e com 97 crianças saudáveis, com
faixa etária de cinco a sete anos de idade na prova de memória seqüencial
para sons verbais. Na prova de localização sonora encontrou que 90% dos
indivíduos acertaram quatro de cinco posições testadas, sendo que todas os
indivíduos acertaram a posição à direita e à esquerda. Na prova de memória
seqüencial para sons não-verbais encontrou que 89% dos indivíduos
apresentaram dois acertos em três seqüências. Na prova de memória
seqüencial para sons verbais encontrou que 89% dos indivíduos
apresentaram dois acertos em três seqüências. Descreveu também um
estudo com 33 crianças, com idades entre seis e treze anos com história de
fracasso escolar, 21 crianças sem evidência de alteração neurológica e 11
crianças com epilepsia. Nestes indivíduos, foi aplicada a triagem do
processamento auditivo, PSI-MCC e MCI e teste Dicótico Consoante-
Literatura
38
Vogal. Todas as crianças com fracasso escolar sem evidência de alteração
neurológica, apresentaram pelo menos um teste alterado, sendo que o teste
Dicótico Consoante-Vogal (94%), PSI-MCI (64%), memória seqüencial
para sons não-verbais (40%), memória seqüencial para sons verbais (18%),
localização sonora (32%) e PSI-MCC (5%), em ordem decrescente, foram
os mais sensíveis à desordem do processamento auditivo.
PEREIRA (1993b) investigou o efeito do ruído branco
contínuo ipsilateral competitivo na inteligibilidade de palavras
monossilábicas. Avaliou 80 indivíduos, com faixa etária de 17 a 30 anos,
audiologicamente normais, através de uma lista de 25 palavras gravadas
segundo proposta de PEN & MANGABEIRA-ALBERNAZ (1973)
apresentadas a um nível fixo de intensidade de 40 dB NS em referência à
média dos limiares de tom puro nas freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz.
Essas palavras foram mixadas a um ruído branco e apresentadas nas
relações fala/ruído -25, -15, -5 e +5 dB. Os resultados permitiram, à autora,
concluir que o ruído branco interferiu na inteligibilidade de palavras
monossilábicas, ocorrendo maior interferência quanto maior o nível de
intensidade do ruído em relação ao nível de fala apresentado. A análise
estatística revelou que houve diferenças significantes no que se refere ao
lado da orelha, relacionadas à ordem de testagem, ou seja, houve um
Literatura
39
aumento de respostas corretas quando o teste foi realizado à segunda orelha
testada, provavelmente segundo a autora, decorrente de aprendizagem. A
autora também concluiu que as relações fala/ruído -5 e +5 dB
demonstraram ser de maior aplicabilidade clínica.
ZANCHETTA (1993) avaliou 54 crianças, com idade média
de sete anos, sem e com evidência de desvios de fala, linguagem e audição,
a partir do instrumento de triagem do processamento auditivo proposto por
PEREIRA (1993a). Em quinze crianças sem qualquer evidência de desvios
de fala, linguagem e audição, observou 100% de respostas corretas nas
provas de localização sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e
verbais.
TREHUB (1993) conceituou a tarefa de fusão auditiva como a
percepção de dois estímulos sucessivos percebidos como um único som.
MERZENICH, SCHREINER, JENKINS & WANG (1993)
descreveram que é possível que um déficit de processamento temporal
primário possa resultar em uma forma de privação auditiva, que altera as
conexões através do sistema auditivo, com efeitos em cascata para outros
níveis de processamento da informação. Os autores acreditam que, causas
Literatura
40
de déficits de processamento temporal, possam ser provenientes de uma ou
mais condições como: herança de sistemas de aprendizagem defeituosos
dos pais, geração incompleta de representações mentais da informação
fonética como resultado de problemas como a otite média, que interfere na
clareza do sinal acústico e emprego de estratégias de aprendizagem que
envolvem uso limitado da informação temporal disponível no estímulo.
TALLAL, MILLER & FITCH (1993) descreveram que a
disfunção em níveis superiores de processamento da fala, necessária para o
desenvolvimento da linguagem e desenvolvimento da leitura, pode resultar
em dificuldades no processamento da informação sensorial básica que entra
no sistema nervoso em uma rápida sucessão de tempo (em milissegundos).
Os autores acreditam que as crianças com distúrbio de linguagem e
aprendizagem, devido ao déficit no processamento temporal auditivo, são
inábeis para estabelecer uma representação fonêmica estável e invariante,
sendo que as criança nunca se tornam proeficientes em tarefas de
consciência fonêmica, sugerindo que déficits fonológicos auditivos
temporais são suficientes para interromper o desenvolvimento adequado da
leitura e escrita. Os autores descreveram que a fala é preferencialmente
processada no hemisfério cerebral esquerdo, mas acreditam que este
hemisfério seja especializado para processar a informação que muda
Literatura
41
rapidamente na dimensão temporal e não seja especializado para o
processamento da fala em si. Hipotetizaram que o hemisfério esquerdo tem
mecanismos especializados que permitem que a informação sensorial, na
faixa dos milissegundos, seja mais eficientemente processada do que no
hemisfério direito, sendo o hemisfério esquerdo especializado para a
informação que muda rapidamente na dimensão temporal, processos esses
responsáveis pela vantagem da orelha direita encontrada em tarefas
dicóticas em testes verbais.
TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994) aplicaram
as provas de memória seqüencial para sons não-verbais e memória
seqüencial para sons verbais em 216 indivíduos, 106 do sexo masculino e
110 do sexo feminino, com idades entre cinco e doze anos de idade. Os
resultados demonstraram não existir diferenças significantes em relação à
variável sexo. As autoras encontraram 72,32% de acerto nas três
seqüências avaliadas na prova de memória seqüencial para sons não-
verbais e 96,3% de acerto nas três seqüências avaliadas na prova de
memória seqüencial para sons verbais.
KALIL (1994) avaliou 12 crianças normais com idades entre
cinco e 10 anos através do PSI. Os resultados obtidos com mensagem
Literatura
42
competitiva contralateral na orelha direita e orelha esquerda na relação
fala/ruído 0 dB e na orelha direita na relação fala/ruído -40 dB foram de
100% (desvio padrão = 0) de acertos; na orelha esquerda na relação
fala/ruído -40 dB, os resultados obtidos foram de 99,17% (desvio-padrão =
2,89). Os resultados obtidos com mensagem competitiva ipsilateral na
orelha direita na relação fala/ruído 0 dB foram de 91,67% (desvio-padrão =
8,35) e na relação fala/ruído -10 dB foram de 84,17% (desvio-padrão =
15,05). Os resultados obtidos com mensagem competitiva ipsilateral na
orelha esquerda na relação fala/ruído 0 dB foram de 95,83% (desvio-padrão
= 5,15) e na relação fala/ruído -10 dB foram de 82,5% (desvio-padrão =
12,15).
MUSIEK, BARAN & PINHEIRO (1994) relataram que o
corpo caloso, as vias subcorticais e as áreas de associação auditivas do
cérebro completam o processo de mielinização ao redor da adolescência.
Afirmaram que o hemisfério esquerdo é dominante para os processos como
a fala e a linguagem, seqüência e os aspectos analíticos e concretos. O
hemisfério direito é dominante para a percepção da música, das relações
espaciais e dos aspectos gestálticos e abstratos. Na audição dicótica, os
estímulos apresentados na orelha esquerda seguem para o hemisfério
direito e devem cruzar o corpo caloso para atingir o hemisfério esquerdo
Literatura
43
onde serão analisados. Descreveram, que em testes dicóticos, se há
ocorrência de um déficit na orelha direita, há envolvimento do córtex
cerebral esquerdo e não há envolvimento das fibras do corpo caloso. Se há
ocorrência de um déficit na orelha esquerda em tarefas dicóticas, o corpo
caloso pode estar envolvido, mas este achado pode significar também um
envolvimento do hemisfério direito. Os autores acreditam, que se há um
déficit na orelha esquerda e não há alteração em tarefas monoaurais de
baixa redundância, o envolvimento do sistema inter-hemisférico é
provável. Em havendo déficit em tarefa monoaural de baixa redundância,
provavelmente o hemisfério direito também está envolvido. Se há
ocorrência de um déficit bilateral (orelha direita e esquerda), há
envolvimento em regiões mais profundas do hemisfério esquerdo,
incluindo as fibras do corpo caloso e do córtex. Comentaram que o teste
Dicótico de Dígitos é um teste fácil e com boa sensibilidade, e não deve
apenas compor a bateria de procedimentos para avaliar o processamento
auditivo, mas também pode ser usado como instrumento de triagem.
Especificamente em crianças com distúrbio de aprendizagem, relataram
como desempenhos comuns aos indivíduos em tarefas dicóticas, déficits à
orelha esquerda, déficits bilaterais e, por último, baixos escores na orelha
direita.
Literatura
44
NJIOKIKTJIEN, SONNEVILLE & VAAL (1994) estudaram
os aspectos morfológicos do corpo caloso em 110 indivíduos portadores de
distúrbio de aprendizagem, com idade entre dois anos e cinco meses e 14
anos, através de imagem de ressonância magnética. Compararam os
resultados obtidos com os resultados de 42 indivíduos normais, 22 do sexo
masculino e 20 do sexo feminino, com idades entre zero e 20 anos. Entre os
indivíduos com distúrbio de aprendizagem, os autores estudaram um grupo
de 39 crianças, 27 do sexo masculino e 12 do sexo feminino,
diagnosticadas como disfásicas na infância e portadoras de distúrbio de
aprendizagem na idade escolar e, neste grupo, encontraram anormalidades
como redução do tamanho do corpo caloso em 11% dos indivíduos e
aumento do corpo caloso em 16% dos indivíduos. Os autores sugeriram
que as disfunções hemisféricas, geralmente presentes nestas crianças,
podem estar relacionadas a uma conexão anormal através do corpo caloso,
que acreditam influenciar nos mecanismos que estabelecem a dominância
cerebral.
No DSM - IV - Manual de diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (1995) foram descritas as características diagnósticas
do distúrbio de aprendizagem e seus subtipos (transtorno de leitura,
transtorno da matemática, transtorno da expressão escrita e transtorno de
Literatura
45
aprendizagem sem outra especificação). No transtorno específico de leitura
foi descrita uma freqüência de ocorrência maior no sexo masculino, em
torno de 60 a 80% da população com esse tipo de diagnóstico.
KEITH (1995) relatou que entre oito e 12 milhões de crianças
nos Estados Unidos apresentam distúrbio de aprendizagem e muitas destas
crianças apresentam distúrbio do processamento auditivo central. Discutiu
que as diferentes abordagens empregadas para o distúrbio do
processamento auditivo central afetam os estudos de prevalência, embora
se possa supor que ela seja alta.
KELLY (1995) relatou que as pesquisas têm proporcionado
mínima informação em relação a diferenças relacionadas ao sexo em
crianças com disfunção do processamento auditivo, sendo no entanto
descrita maior incidência no sexo masculino. Discutiu que, uma vez que o
corpo caloso difere em tamanho e forma no sexo masculino e sexo
feminino, diferenças de processamento auditivo são possíveis e merecem
consideração.
ASHA (1995, 1996) divulgou um documento elaborado por
pesquisadores com formação na área de processamento auditivo, no qual
Literatura
46
foram definidos termos como processamento auditivo e desordem do
processamento auditivo. No documento, o termo desordem do
processamento auditivo refere-se a prejuízos observados em um ou mais
comportamentos auditivos, entre eles: localização e lateralização sonora;
discriminação auditiva; reconhecimento de padrões auditivos; aspectos
temporais da audição, que incluem resolução temporal, mascaramento
temporal, integração temporal e ordenação temporal; performance auditiva
na presença de sinais acústicos competitivos; e performance auditiva na
presença de sinais acústicos degradados.
SCHOCHAT & CARVALLO (1995) apresentaram os achados
de habilidades envolvidas no processamento auditivo de indivíduos
portadores de distúrbio de aprendizagem e indivíduos adultos. Os sete
indivíduos, do sexo masculino, com faixa etária de sete e catorze anos,
portadores de distúrbio de aprendizagem, foram avaliados através de
provas de memória seqüencial para sons instrumentais e verbais,
localização sonora, P.S.I. ou S.S.I. ipsilateral (relação fala/ruído -20, -10 e
0 dB). Os indivíduos apresentaram alteração nas provas de seqüência de
sons instrumentais (14,28%), localização sonora (57,14%), seqüência de
sons verbais na orelha direita (71,43%) e na orelha esquerda (85,72%) e
P.S.I e S.S.I. (85,70%). Os indivíduos adultos, no teste de reconhecimento
Literatura
47
de monossílabos com ruído, apresentaram desempenho melhor na segunda
orelha testada do que na primeira orelha testada na condição mais difícil do
teste (f/r +10 dB), demonstrando, segundo as autoras, que existiu uma
aprendizagem na situação de testagem. Na relação f/r +20 dB não houve
diferenças entre a primeira e segunda orelha testada, sendo que as autoras
acreditam que, na condição +20 dB, os sujeitos usaram mais pistas
acústicas e, na condição +10 dB, usaram mais habilidades do
processamento auditivo envolvidas na tarefa (fechamento e figura-fundo
auditiva) e menos a audibilidade.
ORTIZ (1995) avaliou 80 indivíduos destros, 40 do sexo
masculino e 40 do sexo feminino, através do Teste Dicótico Consoante-
Vogal (CV) proposto por PINTO (1991) e do Teste Dicótico Não-Verbal
(NV) proposto por ORTIZ, SACALOSKY, PEREIRA & VILANOVA
(1995), em três etapas de atenção: atenção livre, atenção forçada para a
direita e atenção forçada para a esquerda. A autora não encontrou
diferenças estatisticamente significantes relacionadas à variável sexo.
Analisando a população total, os indivíduos apresentaram um índice de
reconhecimento no Teste Dicótico CV maior nas etapas de atenção livre e
atenção à direita, o que indicou serem essas tarefas mais fáceis para os
indivíduos do que a atenção livre à esquerda. Discutiu esses achados a
Literatura
48
partir da hipótese de que o hemisfério cerebral esquerdo estaria melhor
capacitado para reconhecer e processar estímulos lingüísticos. No Teste
Dicótico NV, os indivíduos apresentaram índice de reconhecimento
semelhante nas três etapas do teste, o que, segundo a autora, pode ser
decorrente dos estímulos utilizados no teste. No que se refere ao índice de
predomínio na atenção livre no Teste Dicótico CV, os indivíduos usaram
mais a orelha direita, o que também ocorreu no Teste Dicótico NV, sendo
este último resultado não esperado, segundo a literatura especializada, uma
vez que se hipotetizava um predomínio da orelha esquerda nesta tarefa.
TEDESCO (1995) avaliou 152 crianças destras, 83 do sexo
masculino e 69 do sexo feminino, com faixa etária entre sete e doze anos de
idade, através do Teste Dicótico Consoante-Vogal, proposto por PINTO
(1991), utilizando um gravador modelo SMZ - 95 GRADIENTE, adaptado
a um fone TDH 39. As crianças selecionadas haviam sido submetidas à
otoscopia e triagem audiológica, segundo o proposto pela ASHA (1985).
Os estímulos foram apresentados numa intensidade de 79,5 dB NPS, em
três etapas de atenção: atenção livre, atenção forçada para a direita e
atenção forçada para a esquerda. A autora concluiu que as crianças de sete
anos, do sexo masculino e feminino, não possuem a habilidade em dirigir a
atenção para as orelhas direita e esquerda quando submetidas ao Teste
Literatura
49
Dicótico Consoante-Vogal. Já as crianças de oito a doze anos, do sexo
masculino e feminino, apresentaram uma assimetria perceptual, ou seja,
uma vantagem da orelha direita, e também demonstraram alguma
habilidade para dirigir a atenção para as orelhas direita e esquerda.
PHILLIPS (1995) analisou vários eventos do processo auditivo
da informação e discutiu o processamento temporal. Descreveu três
fenômenos temporais auditivos básicos, a percepção do ‘pitch’ que provém
da periodicidade do sinal; a segregação temporal e a qualidade espacial do
percepto auditivo que provêm das diferenças de tempo interaurais. O autor
acredita que é possível que comprometimentos lingüísticos ou cognitivos
possam ser resultantes de problemas perceptuais mais primários.
ROTTA & GUARDIOLA (1996) definiram a aprendizagem a
partir de um ponto de vista neuropsicológico, caracterizando-a como um
processo que ocorre no sistema nervoso central, no qual se produz
mudanças mais ou menos permanentes, que se traduzem por uma
modificação funcional ou de conduta, permitindo uma melhor adaptação do
indivíduo ao meio, como resposta a uma ação ambiental.
Literatura
50
GERBER (1996) discorreu sobre as tendências históricas dos
distúrbios de aprendizagem e descreveu pesquisas na área, comprovando o
relacionamento entre os distúrbios de linguagem e o fracasso escolar,
enfatizando o papel dos fonoaudiólogos na avaliação e tratamento dos
distúrbios de aprendizagem. A autora também descreveu as dimensões da
atenção, entre elas: estado de alerta, atenção seletiva, atenção dividida,
atenção focalizada, vigilância e conjunto preparatório.
BEAR, CONNORS & PARADISO (1996) descreveram os
mecanismos de localização sonora no plano vertical e no plano horizontal.
Consideraram os mecanismos de diferença de tempo interaural e diferença
de intensidade interaural como responsáveis pela localização no plano
horizontal. Consideraram as pistas espaciais fornecidas pelo pavilhão
auricular responsáveis pela localização vertical.
DAMÁSIO (1996) definiu memória de trabalho como sendo a
capacidade de reter informação durante um período de muitos segundos e
de a manipular mentalmente.
PEREIRA (1996) relatou que a habilidade envolvida nas
tarefas de fala com ruído é a de fechamento e a habilidade envolvida
Literatura
51
quando se utiliza estímulo competitivo, como por exemplo, voz de uma
pessoa, é a figura-fundo. A autora citou a motivação e interesse como
variáveis relacionadas ao ouvinte que podem interferir nos resultados
obtidos na testagem do processamento auditivo.
RYALLS (1996) sintetizou os achados encontrados em
estudos com escuta dicótica e analisou os modelos explicativos dos
resultados obtidos neste tipo de condição em função de estudos
neurofisiológicos.
BELLIS (1996) apresentou um estudo detalhado da
neuroanatomia e neurofisologia do sistema auditivo. Enfatizou que o
processamento de estímulos verbais dicoticamente requer uma adequada
comunicação inter-hemisférica via o corpo caloso, como também adequada
integridade funcional dos lobos temporais. Acredita que à medida que a
criança fica mais velha e a mielinização do corpo caloso é completada, a
transferência da informação melhora e escores da orelha esquerda podem
ficar próximos aos do adulto, refletindo em diferenças de performance em
função da idade que devem ser levadas em conta na avaliação do
processamento auditivo. Descreveu procedimentos para a avaliação do
processamento auditivo e as bases teóricas para interpretação dos mesmos.
Literatura
52
No que se refere ao teste Dicótico de Dígitos, descreveu os valores
normativos, com 20 itens de dois pares de dígitos cada, sendo aos nove
anos 80% de acerto à orelha direita e 75% de acerto à orelha esquerda; aos
10 anos 85% de acerto à orelha direita e 78% de acerto à orelha esquerda; e
aos 11 anos 90% de acerto à orelha direita e 90% de acerto à orelha
esquerda.
McCROSKEY & KEITH (1996) apresentaram o teste de
Fusão Auditiva - Auditory Fusion Test Revised (AFT-R), suas formas de
aplicação e análise dos resultados. Para indivíduos na faixa etária de oito a
50 anos encontraram um limiar de fusão auditiva em média de 8ms
(desvio-padrão = 3), com ponto de corte para dois desvios-padrão de 20ms.
Os autores relataram que não encontraram diferença significante entre os
limiares de fusão auditiva encontrados nas freqüências 250, 500, 1000,
2000 e 4000 Hz.
CRUZ & PEREIRA (1996) avaliaram 24 crianças, de ambos
os sexos, com idades entre oito e 12 anos, com queixa de fracasso escolar,
matriculadas na 2a série do 1o grau, a partir do instrumento de triagem do
processamento auditivo proposto por PEREIRA (1993a). As autoras
encontraram 54,16% de crianças com alteração do processamento auditivo
Literatura
53
nessa população, sendo que 41,67% apresentaram alteração na prova de
localização sonora e 16,66% apresentaram alteração nas provas de
memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial para sons
verbais, respectivamente.
RIBAUPIERRE (1997) descreveu que, na maioria dos
indivíduos, o hemisfério esquerdo é especializado na análise, percepção e
produção da linguagem e o hemisfério direito está mais envolvido na
percepção da duração, intensidade, timbre, entonação e melodia.
CHERMAK & MUSIEK (1997) discorreram sobre a anatomia
e neurofisiologia do sistema auditivo e discutiram as implicações do
processo maturação do sistema auditivo no processo de diagnóstico e
reabilitação dos indivíduos com desordem do processamento auditivo
central. Descreveram também testes comportamentais para o diagnóstico da
disfunção auditiva central. Segundo os autores, a tarefa de escuta dicótica é
sensível a desordens do processamento auditivo central.
PEREIRA (1997a) sugeriu os procedimentos a serem
realizados em cada faixa etária para avaliação do processamento auditivo e
descreveu, em detalhes, os procedimentos para a realização das provas de
Literatura
54
localização sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e memória
seqüencial para sons verbais. Especificamente relacionada à prova de
localização sonora, sugeriu que na posição à frente e atrás fossem evitadas
as posições 0 e 180 graus azimute, respectivamente, uma vez que o
indivíduo com audição biaural normal poderá responder que a fonte sonora
está localizada acima da cabeça, o que deverá ser considerado como
resposta correta. A autora encontrou 52% de concordância entre a triagem
do processamento auditivo central e outros testes especiais utilizados na
avaliação do processamento auditivo, considerando o instrumento proposto
adequado para fins de triagem.
PEREIRA (1997b) definiu processamento auditivo central
como um termo utilizado para referir-se à serie de processos que envolvem
predominantemente as estruturas do sistema nervoso central: vias auditivas
e córtex. A autora considerou a desordem do processamento auditivo
central como sendo um distúrbio da audição no qual há um impedimento da
habilidade de analisar e/ou interpretar padrões sonoros. A autora descreveu
o uso clínico dos testes especiais para avaliação do processamento auditivo
e sugeriu o uso do PSI – MCI nas relações fala/ruído 0, - 10 e –15 dB.
Literatura
55
ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA (1997) apresentaram o
histórico e as especificações para aplicação e análise do PSI em português.
Descreveram que o processo envolvido no PSI é a atenção seletiva. Em
uma amostra de 20 indivíduos, 10 do sexo masculino e 10 do sexo
feminino, com média de idade de seis anos, encontraram que os indivíduos
no PSI-MCC na orelha direita na relação fala/ruído 0 dB e -10 dB e na
orelha esquerda na relação fala/ruído 0 dB apresentaram 99,5% de acertos e
no PSI-MCC na orelha esquerda na relação fala/ruído -40 dB apresentaram
100% de acertos. Os indivíduos no PSI-MCI na orelha direita na relação
fala/ruído 0 dB apresentaram 89,5% de acertos e na relação fala/ruído -10
dB apresentaram 73% de acertos. Os indivíduos no PSI-MCI na orelha
esquerda na relação fala/ruído 0 dB apresentaram 93% de acertos e na
relação fala/ruído -10 dB apresentaram 74,5% de acertos.
SANTOS & PEREIRA (1997) apresentaram o histórico e as
especificações para aplicação e análise do teste Dicótico de Dígitos em
português. As autoras afirmaram que os indivíduos, na realização do teste,
devem reconhecer os estímulos apresentados dicoticamente e repeti-los, o
que indica uma boa habilidade para agrupar componentes do sinal acústico
em figura-fundo e identificá-los verbalmente. Sugeriram uma porcentagem
Literatura
56
de acertos maior ou igual a 90% como ponto de corte para o Teste Dicótico
de Dígitos.
SINGER, HURLEY & PREECE (1998) avaliaram 91 crianças
normais, 71 do sexo masculino e 20 do sexo feminino, e 147 crianças com
distúrbios de aprendizagem , 101 do sexo masculino e 46 do sexo feminino,
com faixa etária entre sete e 13 anos de idade, a partir de uma bateria de
testes que incluiu Dicótico de Dígitos com 20 itens de dois pares. Os
autores descreveram os limiares médios obtidos à orelha direita e orelha
esquerda e os respectivos desvios-padrão em cada faixa etária avaliada nos
grupos estudados.
MEDWETSKY (1998) descreveu o modelo relacionado à
memória proposto por MASSARO (1975). Neste modelo, a partir dos
estímulos auditivos, características acústicas são decodificadas e
transformadas em uma memória que denominou de ecóica. Em seguida os
perceptos acústicos são comparados à memória de longo prazo, sendo o
último estágio relacionado à memória de trabalho. O autor salientou a
interferência da resolução temporal nos processos de memória ecóica e
definiu a resolução temporal como o mínimo intervalo de tempo necessário
para segregar estímulos acústicos.
Literatura
57
PEREIRA & CAVADAS (1998) conceituaram o
processamento auditivo central e suas etapas. Discutiram os testes especiais
para avaliação do processamento auditivo descrevendo os testes dióticos
como aqueles que não avaliam as orelhas separadamente, não são utilizados
fones e os estímulos podem ser utilizados à viva voz. Consideraram os
testes de localização sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e
memória seqüencial para sons verbais como testes dióticos, indicando estas
provas como adequadas para triagem da disfunção auditiva central.
SANTOS (1998) analisou o desempenho de indivíduos
normais no teste Dicótico de Dígitos, a partir das variáveis sexo, faixa
etária e lado da orelha. Avaliou 140 indivíduos, 60 do sexo masculino e 80
do sexo feminino, nas faixas etárias de cinco a seis anos e 11 meses (Grupo
A); 11 a 12 anos e 11 meses (Grupo B) e 18 a 25 anos e 11 meses (Grupo
C). A análise dos dados, na etapa do teste de integração biaural, não
demonstrou diferenças significantes entre os indivíduos do sexo masculino
e feminino, nos três grupos estudados. A autora verificou vantagem de
respostas obtidas à orelha direita na etapa de integração biaural nos Grupos
A e C. Na etapa de integração biaural, obteve uma faixa de erros de 0 a
26% à orelha direita e de 0 a 32% à orelha esquerda, correspondendo a
possibilidade de erro de até 20 dígitos à orelha direita e 25 dígitos à orelha
Literatura
58
esquerda no Grupo A. Obteve uma faixa de erros que variou de 0 a 7% nas
respostas obtidas às orelhas direita e esquerda, correspondendo a
possibilidade de errar até cinco dígitos por orelha nos Grupos B e C.
Considerou o teste de fácil realização, podendo ser aplicado em indivíduos
a partir dos cinco anos de idade.
PHILLIPS (1999) considerou que a sensibilidade auditiva
temporal pode ser avaliada através de provas que dimensionam a resolução
temporal.
GUIMARÃES (1999) avaliou 26 indivíduos, 19 do sexo
masculino e sete do sexo feminino, na faixa etária de oito a 12 anos,
portadores de distúrbio de aprendizagem. Os resultados obtidos
demonstraram que 100% dos indivíduos apresentaram alteração do
processamento auditivo. Nos diferentes testes aplicados foram encontradas
as seguintes porcentagens de alteração: 19% no teste de fala com ruído;
27% no teste de localização sonora; 31% no teste de fala filtrada; 31% no
CES; 42% no PSI; 42% no teste Dicótico de Dígitos; 62% no teste de
memória seqüencial para sons não-verbais; 69% no teste de memória
seqüencial para sons verbais.
Literatura
59
FENIMAN, KEITH & CUNNINGHAM (1999) avaliaram 17
crianças diagnosticadas com distúrbio de aprendizagem relacionados à
linguagem, 11 do sexo masculino e seis do sexo feminino, com idades entre
seis e 10 anos. Encontraram limiares de fusão auditiva de 4,5ms a 13ms
(média 8,3ms e desvio-padrão 2,1ms), sendo que os autores discutiram a
possibilidade de que as crianças avaliadas não tivessem um distúrbio de
linguagem extenso, consistente com problemas de processamento temporal.
NICO, BARREIRA, BIANCHINI, GONÇALVES,
CHINAITE & MELO (2000) realizaram um levantamento dos indivíduos
avaliados na Associação Brasileira de Dislexia no período de janeiro de
1998 a julho de 2000. De 468 casos avaliados, 372 foram considerados
como disléxicos, entre estes 297 crianças. A porcentagem de crianças
diagnosticadas no sexo masculino foi de 78,45% e, no sexo feminino, de
21,55%.
JERGER & MUSIEK (2000), em uma conferência sobre
diagnóstico do processamento auditivo em crianças em idade escolar,
descreveram o termo desordem do processamento auditivo como um déficit
no processamento da informação, que é específica da modalidade auditiva.
Discutiram que variáveis como motivação, atenção e cooperação podem
Literatura
60
interferir na testagem do processamento auditivo. O teste Dicótico de
Dígitos e um teste de ‘gap detection’ foram sugeridos como instrumentos
de triagem do processamento auditivo.
MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000) avaliaram 18
crianças normais, 11 do sexo masculino e sete do sexo feminino, e 10
crianças com distúrbio de leitura e escrita, seis do sexo masculino e quatro
do sexo masculino, entre sete e 10 anos de idade, através do AFT-R. A
análise dos dados obtidos revelaram significante diferença de desempenho
no AFT-R entre os grupos estudados, com maiores limiares de fusão
auditiva para o grupo de crianças com distúrbio de leitura e escrita. O
limiar médio de fusão auditiva para o grupo de crianças normais foi de
5,0ms (desvio-padrão = 2,4ms). O limiar médio de fusão auditiva para 3
crianças do grupo com distúrbio de leitura e escrita, submetidas ao subteste
2, do AFT-R foi de 5,1ms (desvio-padrão = 3,7ms). O limiar médio de
fusão auditiva para sete crianças do grupo de crianças com distúrbio de
leitura e escrita, submetidas ao subteste 3, do AFT-R foi de 89,5ms
(desvio-padrão = 64,9ms). Os autores relataram que os limiares de fusão
auditiva foram inferiores aos obtidos por McCROSKEY & KEITH (1996)
e acreditam que a alteração perceptual auditiva encontrada no teste AFT-R
Material e Método
63
O presente estudo foi realizado na área de Fonoaudiologia da
Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Botucatu, junto ao
Programa de Saúde Escolar da Prefeitura Municipal de Botucatu e
Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da
Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP - câmpus de
Botucatu.
Trezentas e setenta e nove crianças foram convidadas a
participar do trabalho, através da carta de informação e termo de
consentimento (Anexo 1), além da orientação fornecida pela escola pelo
coordenador pedagógico e/ou fonoaudiólogo. Foram agendadas, para
avaliação, duzentas e cinqüenta e seis crianças, sendo que, destas crianças
avaliadas, foram selecionados 60 indivíduos.
Foram avaliados 60 indivíduos, 36 do sexo masculino e 24 do
sexo feminino, com faixa etária variando entre nove anos e cinco meses a
11 anos e 10 meses, matriculados na 3 a e 4a séries do 1o grau, de uma
escola pública do município de Botucatu (SP). Foram, então, constituídos
dois grupos. O Grupo-Controle, ou também denominado Grupo I, foi
constituído por 40 indivíduos, 20 do sexo masculino e 20 do sexo
feminino, com idades variando entre nove anos e seis meses e 10 anos e 11
meses, com diagnóstico de manifestação - também denominado de
Material e Método
64
diagnóstico funcional - de ausência de distúrbio do aprendizado do código
gráfico. O Grupo com queixa escolar de alteração na aprendizagem, ou
também denominado de Grupo II, foi constituído por 20 indivíduos, 16 do
sexo masculino e quatro do sexo feminino, com idades variando entre nove
anos e cinco meses e 11 anos e 10 meses, com diagnóstico de
manifestação, de distúrbio do aprendizado do código gráfico.
Os indivíduos do Grupo I foram selecionados, considerando-se
os seguintes critérios:
1 - indivíduo de nacionalidade brasileira, cuja língua é o português falado
no Brasil;
2 - ausência de queixa familiar na história clínica, relativa à audição,
desenvolvimento e aprendizagem, além de dados de desenvolvimento
global normais e ausência de antecedentes de doença congênita, otológica
e neurológica, identificados através de entrevista com a família (Anexo 2)
e análise de questionário aplicado no Programa de Saúde Escolar
(CYRINO, 1994);
3 - ausência de sinais evidentes de enfermidade neurológica, identificados
através da avaliação clínica, que incluiu o exame neurológico tradicional
(LEFÈVRE, 1980; DIAMENT & CYPEL, 1996), realizada por um
profissional médico;
Material e Método
65
4 - ausência de sinais evidentes de enfermidade otológica, identificados
através de otoscopia, realizada por um profissional médico;
5 - ausência de perda auditiva confirmada através de avaliação audiológica
básica, que consistiu de audiometria tonal liminar, logoaudiometria e
medidas de imitância acústica, realizada por fonoaudiólogo;
6 - ausência de queixa escolar, segundo o professor e coordenador
pedagógico da escola em que as crianças estavam matriculadas;
7 - ausência de alteração da linguagem oral articulada avaliada através da
conversa espontânea e álbum articulatório, realizada por fonoaudiólogo;
8 - ausência de alteração da linguagem escrita, avaliada através da ditado e
análise dos cadernos e produção de textos escritos pelos alunos, realizada
por fonoaudiólogo.
Os indivíduos do Grupo II foram selecionados, considerando-
se os seguintes critérios:
1 - indivíduo de nacionalidade brasileira, cuja língua é o português falado
no Brasil;
2 - ausência de queixa familiar na história clínica, relativa ao
desenvolvimento neurológico, além de dados de desenvolvimento
neurológico normais e ausência de antecedentes de doença congênita e
neurológica, identificados através de entrevista com a família (Anexo 2) e
Material e Método
66
análise de questionário aplicado no Programa de Saúde Escolar (CYRINO,
1994);
3 - ausência de sinais evidentes de enfermidade neurológica, identificados
através da avaliação clínica, que incluiu o exame neurológico tradicional
(LEFÈVRE, 1980; DIAMENT & CYPEL, 1996), realizada por um
profissional médico;
4 - ausência de sinais evidentes de redução da idade mental, identificados
através da aplicação da Escala de Inteligência Weschsler - WISC - para
crianças (WECHSLER, 1964), aplicada por psicólogo;
5 - ausência de sinais evidentes de enfermidade otológica, identificados
através de otoscopia realizada por um profissional médico;
6 - ausência de perda auditiva confirmada através de avaliação audiológica
básica, que consistiu de audiometria tonal liminar, logoaudiometria e
medidas de imitância acústica, realizada por fonoaudiólogo;
7 - presença de queixa escolar relacionada à aprendizagem,
particularmente do código gráfico, segundo o professor e coordenador
pedagógico da escola em que as crianças estavam matriculadas;
8 - ausência de alteração da produção fono-articulatória atual, avaliada
através da conversa espontânea e álbum articulatório, realizada por
fonoaudiólogo;
Material e Método
67
9 - presença de alteração da linguagem escrita avaliada através da leitura,
ditado e análise dos cadernos e produção de textos escritos pelos alunos, ou
seja, níveis de produção gráfica e aprendizado, incompatíveis ao nível de
escolaridade do aluno, realizado por fonoaudiólogo.
Sendo assim, os grupos caracterizam-se por:
- GRUPO I: grupo sem evidências de alteração neurológica, de baixo risco
para alterações relacionadas ao desenvolvimento, audição, linguagem e
aprendizagem;
- Grupo II: grupo sem evidências de alteração neurológica, e com
evidências de alteração de aprendizagem, particularmente do aprendizado
do código gráfico.
A audiometria tonal liminar, o limiar de recepção da fala
(SRT), o índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF), a
timpanometria e a pesquisa dos limiares do reflexo acústico do músculo
estapédio foram estabelecidos nos moldes propostos por MANGABEIRA-
ALBERNAZ, MANGABEIRA-ALBERNAZ, MANGABEIRA-
ALBERNAZ & MANGABEIRA-ALBERNAZ FILHO (1981).
O critério de limiar de audibilidade normal utilizado foi a
presença de níveis de audição inferiores a 20 dB NA (padrão ANSI, 1969)
em todas as freqüências sonoras avaliadas, 250, 500, 1000, 2000, 3000,
Material e Método
68
4000, 6000 e 8000 Hz, baseado em DAVIS & SILVERMAN (1970),
AZEVEDO, IÓRIO, PEREIRA, GUILHERME & VIEIRA (1983) e
NORTHERN & DOWNS (1994).
O critério normal para o Índice de Reconhecimento de Fala,
realizado com gravação - faixa 2 do CD-room volume 1 (PEREIRA &
SCHOCHAT, 1997) - foi considerado normal entre 88 e 100%, segundo os
critérios propostos por PEREIRA, GENTILE, OSTERNE, BORGES &
FUKUDA (1992) e PEREIRA (1993b).
As medidas da timpanometria e pesquisa dos limiares do
reflexo acústico do músculo estapédio utilizadas como normal seguiram os
padrões de JERGER (1970), IÓRIO, PEREIRA, AZEVEDO,
GUILHERME & VIEIRA (1983) e PEREIRA & VIEIRA (1986), ou seja,
curva timpanométrica tipo A - pico de pressão atmosférica de 0 da Pa e
volume equivalente de 0,3 a 1,3ml - e reflexos acústicos presentes, cerca
de 70 a 90 dB acima do limiar de audibilidade na freqüência sonora
avaliada.
Os resultados da avaliação audiológica básica foram anotados
em protocolo específico (Anexo 3).
Material e Método
69
O álbum articulatório aplicado, para análise da produção fono-
articulatória, foi o proposto por GARCIA (1995) e a temática da conversa
espontânea variou para cada criança.
O ditado aplicado para análise da escrita foi o proposto por
ZORZI (1998).
A bateria do processamento auditivo consistiu de:
1 - triagem proposta por PEREIRA (1993a, 1997a) e revisada por
TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994);
2 - Pediatric Speech Intelligibility Test, denominado neste estudo de Teste
Pediátrico de Inteligibilidade de Fala, ou resumidamente de PSI, proposto
originalmente por JERGER, LEWIS, HAWKINS & JERGER (1980) e
JERGER, JERGER & ABRAMS (1983) e adaptado ao português brasileiro
por ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988) e revisto por ZILIOTTO,
KALIL & ALMEIDA (1997);
3 - Teste Dicótico de Dígitos (DD), proposto inicialmente por KIMURA
(1961a). Adotou-se a versão de MUSIEK (1983a), adaptada ao português
brasileiro por SANTOS & PEREIRA (1997);
4 - Auditory Fusion Test - Revised, denominado neste estudo de Teste de
Fusão auditiva, ou simplesmente de AFT-R, proposto por McCROSKEY &
KEITH (1996).
Material e Método
70
A triagem proposta por PEREIRA (1993a, 1997a) consiste das
provas de localização sonora (LS), memória seqüencial para sons não-
verbais (MSNV), ou também denominada de sons instrumentais, e
memória seqüencial para sons verbais (MSV). Na prova de localização
sonora as crianças foram instruídas a identificar cinco direções: à direita, à
esquerda, à frente, acima e atrás da cabeça. Na prova de memória
seqüencial para sons instrumentais e sons verbais, as crianças foram
instruídas a identificar três seqüências de sons apontando instrumentos
sonoros ou repetindo sílabas. Na prova de localização sonora foi
considerado acerto apontar a direção correta estímulo. Na prova de
memória seqüencial para sons instrumentais e sons verbais foi considerado
acerto quando a criança reproduziu corretamente a seqüência apresentada.
As respostas foram anotadas em protocolo específico, adaptado de
PEREIRA (1997a) (Anexo 3).
O PSI consiste na identificação de sentenças com mensagem
competitiva contralateral (MCC) e mensagem competitiva ipsilateral
(MCI), em cabina acústica. As figuras do teste (ZILIOTTO, KALIL &
ALMEIDA, 1997) foram apresentadas às crianças para reconhecimento e,
só então, as crianças foram instruídas a prestar atenção e apontar as figuras
correspondentes à sentença ouvida (Quadro 1), desprezando a mensagem
Material e Método
71
competitiva (história). A intensidade de apresentação do sinal de fala foi
de 40 dB NS, com referência à média dos limiares auditivos tonais nas
freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. Inicialmente o teste foi aplicado na
presença de mensagem competitiva contralateral: na orelha direita numa
relação fala/ruído 0 dB1 e -40 dB e após na orelha esquerda nas mesmas
relações de fala/ruído. Numa segunda etapa, o teste foi aplicado com
mensagem competitiva ipsilateral: na orelha direita nas relações fala/ruído
0 dB, -10 dB e -15 dB, e após na orelha esquerda nas mesmas relações de
fala/ruído.
Embora o PSI, originalmente, seja indicado para aplicação em
crianças de até sete anos (JERGER, LEWIS, HAWKINS & JERGER,
1980; ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA, 1997), optou-se por aplicar o
teste em toda a população, uma vez que o teste Synthetic Sentences
Identification – Teste de Identificação de Sentenças Sintéticas - (SSI)
(SPEAKS & JERGER, 1965; ALMEIDA & CAETANO, 1988; KALIL,
ZILIOTTO & ALMEIDA, 1997), que seria o teste indicado para essa faixa
etária, envolve o domínio do código gráfico e as crianças do Grupo II
apresentam dificuldades com o aprendizado desse código.
1 A relação fala/ruído expressa a razão da intensidade da fala pela intensidade do ruído e, portanto, é um número que não tem unidade (NÁBELEK & NÁBELEK, 1989). No entanto, o uso da forma fala/ruído em “dB” é amplamente usada na literatura especializada, e poderá, portanto, ser utilizada no decorrer do texto.
Material e Método
72
Os resultados do PSI foram anotados em protocolo específico,
adaptado de ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988) e ZILIOTTO,
KALIL & ALMEIDA (1997) (Anexo 3), sendo anotadas as porcentagens
de acerto no teste em cada uma das condições propostas em cada uma das
orelhas e relações fala/ruído. Cada item, em cada uma das condições,
corresponde a 10% de acerto.
O teste PSI é apresentado na faixa 4 do CD-room volume 1 -
(PEREIRA & SCHOCHAT, 1997). Na faixa número 1, do mesmo CD-
room, foi colocado um tom de 1000 Hz na intensidade de 60 dB que serviu
de referência para a calibração.
Quadro 1 - Sentenças elaboradas para o PSI - adaptação ao português
brasileiro realizada por ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988).
1.Mostre o rato pintando um ovo. 2. Mostre o gato escovando os dentes. 3. Mostre o cavalo comendo a maçã.
4. Mostre o rato pondo o sapato. 5. Mostre o gato penteando o cabelo.
6 . Mostre o gato tomando leite. 7. Mostre o rato lendo o livro. 8. Mostre o cavalo correndo.
9. Mostre o gato comendo sanduíche. 10. Mostre o rato jogando futebol.
Material e Método
73
O teste de Dicótico de Dígitos foi realizado a partir da tarefa
de integração biaural (SANTOS & PEREIRA, 1997; SANTOS, 1998). As
crianças foram instruídas a ouvir dois pares de dígitos, sendo apresentados
um par de cada vez, com um dígito em cada orelha, e a repetir, após ouvir
todo o item, os quatro números ouvidos, independentemente da ordem de
apresentação dos mesmos. Foram dados cinco itens de exemplo, e, após a
criança ter compreendido a tarefa a ser executada, iniciou-se o teste
propriamente dito. Após a apresentação de 20 itens, os fones foram
invertidos, para evitar qualquer diferença de calibração entre os fones,
sendo apresentados um total de 160 dígitos.
O teste Dicótico de Dígitos foi apresentado a uma intensidade
de 50 dB NS em relação à média dos limiares auditivos tonais nas
freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz.
Considerou-se resposta correta a repetição dos quatro dígitos
apresentados por item. Quando ocorreu algum erro, este foi assinalado
como omissão (círculo) ou substituição (traço) no dígito correspondente.
Foi contabilizado o número de acertos e calculada a porcentagem de
acertos para cada uma das orelhas. Cada acerto, em cada uma das orelhas,
corresponde a 1,25% de acerto.
Material e Método
74
Os resultados do teste Dicótico de Dígitos foram anotados em
protocolo específico (Anexo 3), adaptado do protocolo proposto por
SANTOS & PEREIRA (1997).
O teste Dicótico de Dígitos é apresentado na faixa 3 do CD-
room volume 2 (PEREIRA & SCHOCHAT, 1997). Na faixa número 1, do
mesmo CD room, foi colocado um tom de 1000 Hz na intensidade de 60
dB que serviu de referência para a calibração.
O teste Auditory Fusion Test - Revised é apresentado
dioticamente2, ou seja, são apresentados, simultaneamente, os mesmos
estímulos à orelha esquerda e orelha direita via fone, em cabina acústica,
quando em condição biaural; e é apresentado monoticamente, ou seja, são
apresentados estímulos apenas à orelha direita ou à orelha esquerda via
fone, em cabina acústica, quando em condição monoaural.
São apresentados tons puros nas freqüências de 250, 500,
1000, 2000 e 4000 Hz, com um breve intervalo de tempo entre os pares de
tons e a criança deve dizer se ouviu um ou dois tons, dizendo “um” ou
“dois”, ou mostrando um ou dois dedos.
2 Segundo PEREIRA & CAVADAS (1998), o termo diótico tem sido empregado para designar estimulação biaural em campo livre; no entanto, está sendo utilizado, neste estudo, para apresentação de estímulos idênticos em cabina acústica e com fones, tal qual o proposto por McCROSKEY & KEITH (1996), preservando a designação original dos autores do teste.
Material e Método
75
A avaliação só foi realizada após ter sido averiguado se a
criança tinha o conceito de um e dois e a criança foi orientada a dizer se
estava ouvindo um ou dois tons puros como descrito acima.
O teste é composto por três subtestes:
- Subteste 1: triagem e prática: tem como objetivo investigar qual dos dois
outros subtestes serão utilizados para pesquisar o limiar de fusão auditiva.
Contém 18 pares de tons com intervalo interpulso de 0 a 300ms. Se o par
de tom for percebido como dois tons, duas vezes consecutivamente até
60ms inclusive, aplica-se o subteste 2; se, no entanto, o tom for percebido
como dois, acima de 60ms, aplica-se o subteste 3. O Subteste 1 não será
discutido nos resultados, uma vez que seu objetivo é apenas o de
estabelecer a escolha de qual subteste será utilizado, o Subteste 2 ou o
Subteste 3;
- Subteste 2, ou AFT-R padrão: Aplicado quando, no subteste 1, foi
encontrado um limiar de fusão auditiva inferior a 60ms. Contém cinco
seqüências com 18 pares de tons por freqüência. As freqüências são 250,
500, 1000, 2000 e 4000 Hz, aplicadas na seguinte ordem: 500, 1000, 4000,
250, 2000, 500 Hz, sendo que a primeira freqüência de 500 Hz é utilizada
como prática e não é incluída na análise do teste. Nove pares são
ascendentes, com intervalo-interpulso de 0 a 40ms, com incrementos de
Material e Método
76
5ms por par; e nove pares são descendentes, com intervalo-interpulso de 40
a 0ms, com decréscimo de 5ms por par;
- Subteste 3, ou AFT-R expandido: Aplicado quando, no subteste 1, foi
encontrado um limiar de fusão auditiva superior a 60ms. Contém três
seqüências com 18 pares de tons por freqüência. As freqüências são 250,
1000 e 4000 Hz, aplicadas na seguinte ordem: 1000, 4000 e 250 Hz. Nove
pares são ascendentes (intervalo-interpulso de 40 a 300ms, com
incrementos de 10 a 100ms) e nove pares são descendentes (intervalo-
interpulso de 200 a 30ms, com decréscimos de 100 a 10ms).
Para cada freqüência, calculou-se o limiar de fusão auditiva
através do momento ascendente e descendente. Na série ascendente, é o
momento em que o par de tom deixa de ser percebido como um tom, ou
seja, o último som percebido como um, após dois tons terem sido
percebidos como dois. Na série descendente, é o momento em que os tons
deixam de ser percebidos como dois e passam a ser percebidos como um.
A média do momento ascendente e descendente, naquela freqüência, é o
limiar de fusão auditiva da freqüência avaliada. O limiar de fusão auditiva
é a média dos pontos de fusão auditiva ascendente e descendente para cada
freqüência avaliada no subteste 2 ou 3.
O teste é apresentado a 50 dB NS nas freqüências testadas.
Material e Método
77
O teste foi aplicado integralmente na condição biaural, nas
freqüências 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, quando aplicado o Subteste 2
e 1000, 4000 e 250 Hz, quando aplicado o Subteste 3. Após o AFT-R foi
aplicado na condição monoaural, na orelha direita e na orelha esquerda,
nas freqüências de 1000 e 4000 Hz.
O teste AFT-R é o apresentado da faixa 2 a faixa 11 do CD-
room (McCROSKEY & KEITH, 1996). A faixa 2 corresponde ao subteste
triagem e prática; as faixas 3 a 8 correspondem ao subteste 2 (freqüências
500, 1000, 4000, 250, 2000 e 500 Hz); as faixas 9 a 11 correspondem ao
subteste 3 (freqüências 1000, 4000 e 250). Na faixa número 1, do mesmo
CD-room, foi colocado um tom de 1000 Hz na intensidade de 60 dB que
serviu de referência para a calibração.
Os resultados do AFT-R foram anotados em protocolo
específico (Anexo 3), adaptado do protocolo proposto por McCROSKEY
& KEITH (1996).
Os testes foram aplicados em todos os indivíduos na seguinte
seqüência: localização sonora, memória seqüencial para sons
instrumentais, memória seqüencial para sons verbais, PSI com mensagem
competitiva contralateral, PSI com mensagem competitiva ipsilateral, teste
Material e Método
78
Dicótico de Dígitos, AFT-R na condição biaural e AFT-R na condição
monoaural.
Na triagem do processamento auditivo utilizou-se a campânula
vertical de cinco guizos para a prova de localização sonora em cinco
direções.
Para a prova de memória seqüencial de sons não-verbais
utilizou-se a campânula vertical de cinco guizos, o agogô duplo médio, o
sino e o coco.
Para a prova de memória seqüencial verbal utilizou-se as
sílabas “pa”, “ta” e “ca”.
Os equipamentos usados para realização da audiometria tonal
liminar foram audiômetro MIDMATE 622, da MADSEN ELETRONICS,
fone TDH - 39P e coxim MX - 41 AR, ambos calibrados no PADRÃO
ANSI-89. As freqüências sonoras testadas foram 250, 500, 1000, 2000,
3000, 4000, 6000 e 8000 Hz. O dial de intensidade do tom variou numa
faixa de - 10 dB a 125 dB, em níveis de 5 dB.
A timpanometria e a pesquisa do reflexo acústico do músculo
estapédio foram realizadas através de equipamento AZ7R da
INTERACOUSTICS, com tom de sonda de 220 Hz. As freqüências
sonoras testadas na pesquisa do reflexo acústico foram 500, 1000, 2000 e
Material e Método
79
4000 Hz. O dial de intensidade apontava em dB NA os limiares do reflexo
acústico medido (referência 0 dB NA - PADRÃO ANSI - 69) e variaram
numa faixa de 10 a 110 dB NA para a freqüência de 500 Hz e 10 a 120 dB
NA para as demais freqüências.
O equipamento utilizado para realizar o PSI, Dicótico de
Dígitos e AFT-R, em cabina acústica, foi o audiômetro MIDMATE 622
com fone TDH - 39P e coxim MX - 41 AR. O audiômetro foi acoplado a
um CD Compact player D-171 da SONY.
Inicialmente, foi estabelecido o número de respostas corretas
nos diferentes testes, em cada uma de suas etapas, para o Grupo I e Grupo
II. Foram calculados, desta forma, os índices de acerto nas provas de
localização sonora, memória seqüencial para sons instrumentais e memória
seqüencial para sons verbais; as porcentagens de acerto para cada uma das
condições do PSI (MCC e MCI) nas diferentes relações fala/ruído; as
porcentagens de acerto do Dicótico de Dígitos na orelha direita e orelha
esquerda; os limiares de fusão auditiva, na condição biaural, em cada uma
das freqüências avaliadas do Subteste 2 ou Subteste 3 e o limiar de fusão
auditiva total; e os limiares de fusão auditiva, na condição monoaural à
orelha direita e à orelha esquerda nas freqüências de 1000 e 4000 Hz. Os
Material e Método
80
resultados individuais do Grupo I e Grupo II, em cada um dos testes
aplicados, encontram-se no Anexo 4.
Foi realizado estudo do Grupo I, no qual foram estabelecidas
as médias, medianas, modas, desvios-padrão e limites inferiores e limites
superiores de acertos observados para os indivíduos do sexo masculino e
sexo feminino em cada uma das provas realizadas, assim como os critérios
de corte para dois desvios-padrão em relação à média e P90.
Posteriormente, foi realizado, através da análise estatística, estudo que
procurou estabelecer eventuais associações com as variáveis sexo, orelha
testada (orelha direita e orelha esquerda) e freqüência testada.
Em seguida, foi feita a comparação do Grupo I e Grupo II nas
diferentes provas realizadas.
MÉTODO ESTATÍSTICO
Para a análise estatística foram aplicados os seguintes testes:
1 - Teste t - independente (GLANTZ, 1997) com a finalidade de comparar
os resultados obtidos pelos indivíduos do sexo masculino e feminino, em
relação aos índices de acertos e erros nas provas de localização sonora e
memória seqüencial para sons não-verbais e sons verbais, porcentagens de
Material e Método
81
acerto do PSI e Dicótico de Dígitos, AFT-R, para cada orelha
separadamente; comparar os Grupo I e Grupo II nos diferentes testes
aplicados.
2 - Teste t-pareado (GLANTZ, 1997) com a finalidade de comparar as
respostas dos indivíduos quando os estímulos foram apresentados via fones
às orelhas direita e esquerda no PSI, Dicótico de Dígitos e AFT-R, na
condição monoaural e para comparar as freqüências do AFT-R, na
condição monoaural.
3 - Análise de Variância com medidas repetidas - ANOVA (GLANTZ,
1997) para comparar as freqüências do AFT-R, na condição biaural.
4 - Teste Qui-quadrado (SIEGEL, 1975) para comparar as respostas
observadas, considerando as freqüências pré-estabelecidas, do AFT-R no
Grupo I e Grupo II a partir dos critérios de corte estabelecidos.
Em todos os testes estatísticos fixou-se em 0,05 ou 5% (p ≤
0,05) o nível de significância, assinalando-se com um asterisco os valores
significantes.
Resultados
83
Apresenta-se, neste capítulo, os resultados obtidos na
avaliação do Grupo I e do Grupo II, em uma população de 60 indivíduos,
36 do sexo masculino e 24 do sexo feminino, com faixa etária variando
entre nove anos e cinco meses a 11 anos e 10 meses, matriculados na 3 a e
4a séries do 1o grau. No Grupo I foram avaliados 40 indivíduos, 20 do sexo
masculino e 20 do sexo feminino, com idades variando entre nove anos e
seis meses e 10 anos e 11 meses, com baixo risco para alterações de
desenvolvimento, audição, linguagem e aprendizagem e com diagnóstico
de manifestação de ausência de alteração do aprendizado do código gráfico.
No Grupo II foram avaliados 20 indivíduos, 16 do sexo masculino e quatro
do sexo feminino, com idades variando entre nove anos e cinco meses e 11
anos e 10 meses, sem evidências de alteração neurológica e com
diagnóstico de manifestação de alterações do aprendizado do código
gráfico.
Antes de iniciar a apresentação dos resultados propriamente
ditos, julga-se necessária a apresentação de algumas considerações gerais
que deverão facilitar a compreensão do presente estudo. Assim, subdividiu-
se este capítulo em três partes: PARTE A, PARTE B e PARTE C.
A PARTE A consiste do estudo das respostas nas provas
auditivas (testes) obtidas pelos indivíduos do Grupo I. Para cada teste, foi
feita análise levando-se em conta as variáveis sexo, orelha testada e
Resultados
84
freqüência testada. Estas duas últimas, apenas nos testes em que a
comparação se aplicou. Foi realizado, também, o estudo dos pontos de
corte estabelecidos para efeito deste estudo.
Para a apresentação dos resultados por prova auditiva levou-se
em consideração a seguinte ordem de apresentação:
1 - Localização Sonora
2 - Memória Seqüencial para sons não-verbais
3 - Memória Seqüencial para sons verbais
4 - PSI
4.1 - Mensagem Competitiva Contralateral (tarefa dicótica) -
PSI-MCC
4.2 - Mensagem Competitiva Ipsilateral (tarefa monótica) -
PSI-MCI
5 - Teste Dicótico de Dígitos
6 - AFT-R
6.1 - Condição biaural
6.2 - Condição Monoaural
A PARTE B consiste da apresentação do estudo das respostas
às provas auditivas (testes) obtidas pelos indivíduos do Grupo II. Não foi
possível realizar o estudo quanto à variável sexo, uma vez que o grupo II é
constituído de 16 indivíduos do sexo masculino e quatro indivíduos do sexo
Resultados
85
feminino. A análise estatística foi orientada a partir dos resultados da
variável sexo no Grupo I. Foi realizada análise quanto às variáveis orelha
testada e freqüência testada, apenas nos testes em que a comparação se
aplicou.
Na PARTE C, organizou-se os resultados obtidos de maneira a
apresentar o estudo comparativo das respostas às provas auditivas (testes)
obtidas pelos indivíduos dos Grupos I e II.
Em todas as partes deste capítulo procurou-se uniformizar a
apresentação dos resultados, seguindo-se a ordem de apresentação das
provas auditivas (testes) descrita anteriormente.
Resultados
86
PARTE A – Estudo das respostas obtidas nas diferentes provas
auditivas (testes) pelos indivíduos do Grupo I, ou seja, grupo com
baixo risco para alterações de desenvolvimento, audição, linguagem e
aprendizagem
a) Estudo das respostas, levando-se em conta as variáveis sexo, orelha
testada e freqüência testada
Com base nos resultados de cada indivíduo, demonstrados no
Anexo 4, realizaram-se os cálculos dos valores médios - média, mediana,
moda e desvio-padrão – separadamente para os indivíduos do sexo
masculino e feminino, assim como descreveram-se os limites superiores e
limites inferiores de acertos obtidos nas diferentes provas auditivas. Na
parte inferior de cada uma das tabelas descreveu-se o resultado do teste
estatístico pertinente para cada estudo de cada uma das variáveis sexo,
orelha e freqüência preestabelecida de acordo com o teste aplicado.
Apresenta-se estes valores para as provas auditivas de localização
sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial
para sons verbais, na Tabela 1; para a prova PSI-MCC nas diferentes
condições de testagem, na Tabela 2; para a prova PSI-MCI nas diferentes
condições de testagem, na Tabela 3; para o Teste Dicótico de Dígitos na
Resultados
87
Tabela 4; para o teste AFT-R na condição biaural, na Tabela 5 e ilustrou-se
os valores no Gráfico 1; para o AFT-R na condição monoaural, na Tabela
6.
Resultados
88
Tabela 1- Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos desvios-
padrão) e limiares superiores e inferiores de número de acertos,
estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo
masculino (M) e feminino (F), nas provas de Localização Sonora (LS),
Memória Seqüencial para Sons Não-verbais (MSNV) e Memória
Seqüencial para Sons Verbais (MSV).
Indivíduos Valores LS MSNV MSV
Média 4,80 2,55 2,95
Mediana 5,00 3,00 3,00
Sexo Moda 5,00 3,00 3,00
Masculino Desvio-Padrão 0,41 0,51 0,22
Limite Superior 5,00 3,00 3,00
Limite Inferior 4,00 2,00 2,00
Média 4,75 2,45 3,00
Mediana 5,00 2,00 3,00
Sexo Moda 5,00 2,00 3,00
Feminino Desvio-Padrão 0,44 0,51 0,00
Limite Superior 5,00 3,00 3,00
Limite Inferior 4,00 2,00 3,00
Teste t -independente
(M X F)
0,714 0,539 0,324
Resultados
89
Tabela 2 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acertos,
estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo
masculino (M) e feminino (F), no PSI - Etapa com Mensagem Competitiva
Contralateral (PSI-MCC), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB e -40 dB, na
orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE).
Indivíduos Valores OD f/r = 0
OD f/r = -40
OE f/r = 0
OE f/r = -40
Média 100,00 99,50 100,00 100,00
Mediana 100,00 100,00 100,00 100,00
Sexo Moda 100,00 100,00 100,00 100,00
Masculino Desvio-Padrão 0,00 2,24 0,00 0,00
Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00
Limite Inferior 100,00 90,00 100,00 100,00
Média 100,00 100,00 100,00 100,00
Mediana 100,00 100,00 100,00 100,00
Sexo Moda 100,00 100,00 100,00 100,00
Feminino Desvio-Padrão 0,00 0,00 0,00 0,00
Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00
Limite Inferior 100,00 100,00 100,00 100,00
Total Média 100,00 99,75 100,00 100,00
Desvio-Padrão 0,00 1,58 0,00 0,00
Teste t - independente
(M X F)
NA 0,324 NA NA
Teste t - pareado
(OD X OE)
NA 0,323
Legenda: NA = não se aplica
Resultados
90
Verificou-se que não houve diferença estatisticamente
significante quanto à análise da variável sexo, na orelha direita, na relação
fala/ruído -40 dB. No PSI-MCC na relação fala/ruído 0 dB à orelha direita
e na relação fala/ruído 0 dB e -40 dB à orelha esquerda, os indivíduos
apresentaram respostas com valor de 100% muito freqüentes, o que não
permitiu a aplicação de teste estatístico por falta de variabilidade.
Da mesma forma, quando realizada a análise estatística que
permitiu a comparação dos indivíduos avaliados à orelha direita e esquerda,
não houve diferença estatística significante à orelha direita e esquerda na
relação fala/ruído 0 dB. Na relação fala/ruído -40 dB os indivíduos
apresentaram respostas com valor 100% muito freqüente, o que
inviabilizou a aplicação de teste estatístico.
Resultados
91
Tabela 3 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acertos,
estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo
masculino (M) e sexo feminino (F), no PSI - Etapa com Mensagem
Competitiva Ispilateral (PSI-MCI), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB, -10
dB e -15 dB, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).
Indivíduos Valores OD
f/r = 0
OD
f/r = -10
OD
f/r = -15
OE
f/r = 0
OE
f/r = -10
OE
f/r = -15
Média 98,50 97,50 89,50 100,00 98,50 93,50
Mediana 100,00 100,00 90,00 100,00 100,00 95,00
Sexo Moda 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Masculino Desvio-Padrão 3,66 4,44 12,34 0,00 3,66 7,45
Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Limite Inferior 90,00 90,00 60,00 100,00 90,00 80,00
Média 99,50 99,00 83,00 99,50 99,50 92,50
Mediana 100,00 100,00 80,00 100,00 100,00 95,00
Sexo Moda 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Feminino Desvio-Padrão 2,24 3,08 13,41 2,24 2,24 8,51
Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Limite Inferior 90,00 90,00 60,00 90,00 90,00 80,00
Total Média 99,00 98,25 86,25 99,75 99,00 93,00
Desvio-Padrão 3,04 3,85 13,14 1,58 3,04 7,91
Teste t - independente
(M X F)
0,305 0,223 0,119 0,330 0,305 0,695
Teste t - pareado
OD X OE
0,183 0,323 0,002*
Resultados
92
Tabela 4 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acertos,
estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo
masculino (M) e sexo feminino (F), no Teste Dicótico de Dígitos (DD), à
orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).
Indivíduos Valores DD OD DD OE
Média 98,88 98,50
Mediana 98,75 98,75
Sexo Moda 100,00 100,00
Masculino Desvio-Padrão 1,14 1,65
Limite Superior 100,00 100,00
Limite Inferior 96,25 96,25
Média 97,75 98,25
Mediana 98,13 98,75
Sexo Moda 98,75 98,75
Feminino Desvio-Padrão 1,26 1,64
Limite Superior 98,75 100,00
Limite Inferior 95,00 95,00
Teste t - independente
(M X F)
0,005* 0,634
Teste t - pareado OD X OE (masculino)
0,343
Teste t - pareado OD X OE (feminino)
0,134
Resultados
93
Tabela 5 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores dos limiares de fusão
auditiva (ms), estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos
indivíduos do sexo masculino (M) e sexo feminino (F), no Teste AFT-R, na
condição biaural.
Indivíduos Valores 250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 4000 Hz AFT-R Total
Média 6,85 8,28 5,35 5,10 5,88 6,29
Mediana 6,75 6,00 5,00 5,00 5,00 6,30
Sexo Moda 5,00 2,50 6,00 5,00 5,00 6,40
Masculino Desvio-Padrão 4,79 6,14 4,22 2,14 2,83 3,08
Limite Superior 12,50 20,00 20,00 10,00 11,00 15,00
Limite Inferior 0,00 1,00 0,00 2,00 2,00 2,00
Média 8,00 9,18 6,75 5,93 5,35 6,54
Mediana 7,50 5,50 5,50 5,00 5,00 6,20
Sexo Moda 2,50 2,50 5,00 5,00 5,00 2,10
Feminino Desvio-Padrão 6,88 8,00 4,33 4,24 4,78 4,12
Limite Superior 17,50 22,50 12,50 15,00 1,00 15,20
Limite Inferior 0,00 0,00 0,00 0,00 20,00 1,70
Total Média 7,43 8,73 6,05 5,51 5,61 6,08
Desvio-Padrão 5,88 7,06 4,28 3,34 3,34 3,39
Teste t - independente
(M X F)
0,543 0,692 0,307 0,442 0,675 0,832
ANOVA F = 0,0001*
250 = 500 > 1000 = 2000 = 4000 Hz
Resultados
94
Gráfico 1: Valores médios(média e um desvio-padrão), para os indivíduos
do sexo masculino e feminino, no Teste AFT-R, na condição biaural, nas
freqüências 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz.
Grupo I
0
10
20
30
40
250 500 1000 2000 4000 (Hz)
AF
T-R
Bia
ura
l (m
s)
Média
+/- um Desvio-Padrão
Resultados
95
Tabela 6 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores dos limiares de fusão
auditiva (ms), estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos
indivíduos do sexo masculino (M) e sexo feminino (F), no Teste AFT-R, na
condição monoaural, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).
Indivíduos Valores OD
1000 Hz
OE
1000 Hz
OD
4000 Hz
OE
4000 Hz
Média 6,15 5,38 4,65 5,23
Mediana 5,00 5,00 5,00 5,00
Sexo Moda 5,00 5,00 5,00 3,50
Masculino Desvio-Padrão 3,45 2,35 2,08 2,53
Limite Superior 12,50 10,00 10,00 10,00
Limite Inferior 0,00 1,00 1,00 1,00
Média 4,78 8,45 6,55 7,10
Mediana 3,50 6,00 5,00 6,75
Sexo Moda 1,00 15,00 2,00 1,00
Feminino Desvio-Padrão 3,86 6,49 4,82 5,49
Limite Superior 12,50 20,00 17,50 17,50
Limite Inferior 1,00 0,00 1,00 1,00
Total Média 5,46 6,91 5,60 6,16
Desvio-Padrão 3,68 5,06 3,79 4,33
Teste t - independente (M
X F)
0,242 0,058 0,114 0,177
Teste t - pareado
OD X OE
0,067 0,268
Teste t-pareado
1000 x 4000 OD
0,834
Teste t-pareado
1000 x 4000 OE
0,225
1000 = 4000 Orelha Direita
1000 = 4000 Orelha Esquerda
Resultados
96
b) Estudo dos pontos de corte estabelecidos para as diferentes provas
auditivas com base nas respostas dos indivíduos do Grupo I.
Na Tabela 7, são apresentados os pontos de corte
estabelecidos, considerando-se mais ou menos dois desvios-padrão além da
média, também denominado P95, e o P90, ou também denominado P10,
para cada uma das provas aplicadas. Foram respeitadas as diferenças
estatisticamente significantes encontradas e descritas anteriormente.
Quando se verificou que não houve diferença entre as respostas dos
indivíduos do sexo masculino e feminino na prova estudada, a análise foi
realizada levando-se em conta a população total.
Resultados
97
Tabela 7: Valores médios (média, desvio-padrão, menos/mais dois desvios-padrão além
da média), nas provas aplicadas. Pontos de corte para Percentil 95 (P95) e Percentil 90
(P90). Provas Média Desvio-
Padrão Média - dois
desvios-padrão P95 P90
LS 4,78 0,42 3,94 4,00 4,00
MSNV 2,50 0,51 1,48 2,00 2,00
MSV 2,97 0,16 2,65 3,00 3,00
PSI MCC OD f/r = 0 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00
PSI MCC OD f/r = -40 99,75 1,58 96,59 90,00 100,00
PSI MCC OE f/r = 0 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00
PSI MCC OE f/r = -40 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00
PSI MCI OD f/r = 0 99,00 3,04 92,92 90,00 90,00
PSI MCI OD f/r = -10 98,25 3,85 90,55 90,00 90,00
PSI MCI OD f/r = -15 86,25 13,14 59,97 60,00 70,00
PSI MCI OE f/r = 0 99,75 1,58 96,59 90,00 100,00
PSI MCI OE f/r = -10 99,00 3,04 92,92 90,00 90,00
PSI MCI OE f/r = -15 93,00 7,91 77,18 70,00 80,00
DD OD Masculino 98,88 1,14 96,60 96,60 97,50
DD OD Feminino 97,75 1,26 95,23 95,23 95,13
DD OE 98,38 1,63 95,12 95,12 95,12
Provas Média Desvio-Padrão
Média + dois desvios-padrão
P95 P90
AFT-R (B) 250 Hz 7,43 5,88 19,19 19,19 15,00
AFT-R (B) 500 Hz 8,73 7,06 22,85 22,85 20,00
AFT-R (B) 1000 Hz 6,05 4,28 14,61 14,61 12,50
AFT-R (B) 2000 Hz 5,51 3,34 12,19 12,19 10,90
AFT-R (B) 4000 Hz 5,61 3,88 13,37 13,37 10,90
AFT-T (B) Total 6,41 3,59 13,59 13,59 13,08
AFT- R (M) OD 1000 Hz 5,46 3,68 12,82 12,82 10,90
AFT-R (M) OE 1000 Hz 6,91 5,06 17,03 17,03 15,00
AFT-R (M) OD 4000 Hz 5,60 3,79 13,18 13,18 12,25
AFT-R (M) OE 4000 Hz 6,16 4,33 14,82 14,82 14,60
Legenda: OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; f/r = relação fala/ruído; AFT-R (B) = AFT-R na condição biaural; AFT-R (M) = AFT-R na condição monoaural;
Resultados
98
PARTE B – Estudo das respostas obtidas nas diferentes provas
auditivas pelos indivíduos do Grupo II, ou seja, com evidências de
alteração de aprendizagem, particularmente do aprendizado do código
gráfico.
Com base nos resultados de cada indivíduo, demonstrados no
Anexo 4, realizaram-se os cálculos dos valores médios - média, mediana,
moda e desvio-padrão – separadamente para os indivíduos do sexo
masculino e feminino, assim como descreveram-se os limites superiores e
limites inferiores de acerto obtidos nas diferentes provas auditivas. Na parte
inferior de cada uma das tabelas, descreveu-se o resultado do teste
estatístico pertinente para cada estudo de cada uma das variáveis sexo,
orelha e freqüência preestabelecida de acordo com o teste aplicado.
Apresenta-se estes valores para as provas auditivas de localização
sonora, memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial
para sons verbais, na Tabela 8; para a prova PSI-MCC nas diferentes
condições de testagem, na Tabela 9; para a prova PSI-MCI nas diferentes
condições de testagem, na Tabela 10; para o Teste Dicótico de Dígitos, na
Tabela 11; para o Teste AFT-R na condição biaural, na Tabela 12 e
ilustrou-se os valores no Gráfico 2; para o AFT-R na condição monoaural,
na Tabela 13.
Resultados
99
Tabela 8 - Valores médios (média, mediana, moda e desvio-padrão) e
limites superiores e inferiores de número de acerto, nas provas de
Localização Sonora (LS); Memória Seqüencial para sons não-verbais
(MSNV) e Memória Seqüencial para sons verbais (MSV).
Valores LS MSNV MSV Média 4,70 2,10 2,55
Mediana 5,00 2,00 3,00 Moda 5,00 2,00 3,00
Desvio-Padrão 0,47 0,79 0,61 Limite Superior 5,00 3,00 3,00 Limite Inferior 4,00 0,00 1,00
Resultados
100
Tabela 9 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acerto,
no PSI - Etapa com Mensagem Competitiva Contralateral (PSI-MCC), nas
relações de fala/ruído (f/r) 0 dB e -40 dB, na orelha direita (OD) e orelha
esquerda (OE).
Valores OD f/r = 0
OE f/r = 0
OD f/r = -40
OE f/r = -40
Média 100,00 99,50 100,00 100,00 Mediana 100,00 100,00 100,00 100,00
Moda 100,00 100,00 100,00 100,00 Desvio-Padrão 0,00 2,24 0,00 0,00 Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00 Limite Inferior 100,00 90,00 100,00 100,00
Teste t - pareado (OD X OE)
0,330 NA
Legenda: NA = não se aplica
Verificou-se que não houve diferença estatisticamente
significante entre a orelha direita e a orelha esquerda no teste PSI-MCC, na
relação fala/ruído 0 dB. No PSI-MCC na relação fala/ruído -40 dB à orelha
direita e na relação fala/ruído 0 dB e -40 dB à orelha esquerda, os
indivíduos apresentaram respostas com valor de 100% muito freqüentes, o
que não permitiu a aplicação de teste estatístico por falta de variabilidade.
Resultados
101
Tabela 10 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e limites inferiores de porcentagem de
acerto, no PSI - Etapa com Mensagem Competitiva Ispilateral (PSI-MCI),
nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB, -10 dB e -15 dB, à orelha direita (OD)
e à orelha esquerda (OE).
Valores OD
f/r = 0
OE
f/r = 0
OD
f/r = -10
OE
f/r = -10
OD
f/r = -15
OE
f/r = -15
Média 94,50 98,50 93,50 97,50 82,50 92,50
Mediana 100,00 100,00 100,00 100,00 90,00 90,00 Moda 100,00 100,00 100,00 100,00 90,00 100,00
Desvio-Padrão 6,86 3,66 9,88 5,50 13,33 7,86 Limite Superior 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Limite Inferior 80,00 90,00 70,00 80,00 50,00 80,00
Teste t - pareado
OD X OE
0,042* 0,104 0,008*
Resultados
102
Tabela 11 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores de porcentagem de acerto,
estabelecidos com base nas respostas obtidas pelos indivíduos do sexo
masculino* (M), no Teste Dicótico de Dígitos (DD), à orelha direita (OD) e
à orelha esquerda (OE).
Valores OD OE
Média 93,20 89,84 Mediana 92,50 88,75
Moda 91,25 86,25 Desvio-Padrão 3,87 5,22 Limite Superior 100,00 98,75 Limite Inferior 87,50 82,50
Teste t - pareado OD X OE (masculino)
0,004*
* Não foi realizada análise estatística das repostas obtidas pelos indivíduos
do sexo feminino devido ao número reduzido da amostra (quatro
indivíduos).
Houve diferença estatisticamente significante entre o
desempenho dos indivíduos do Grupo II, no Teste Dicótico de Dígitos,
sendo que se verificou desempenho inferior quando o estímulo foi enviado
via orelha esquerda.
Resultados
103
Tabela 12 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores dos limiares de fusão
auditiva (ms), no Teste AFT-R, na condição biaural.
Valores 250 Hz 1000 Hz 4000 Hz
Média 63,83 54,85 54,35
Mediana 46,25 31,25 37,50
Moda 0,00 5,00 5,00
Desvio-Padrão 64,42 58,34 57,50
Limite Superior 200,00 185,00 200,00
Limite Inferior 0,00 1,00 0,00
ANOVA 0,4477
250 = 1000 = 4000 Hz
No Grupo II, 10 indivíduos (50%) realizaram o subteste 2 e
outros 10 indivíduos (50%) realizaram o subteste 3, sendo os valores
apresentados representativos dos dois subtestes.
Resultados
104
Gráfico 2 - Valores médios (média e um desvio-padrão), para os indivíduos
do sexo masculino e feminino, no Teste AFT-R, na condição biaural, nas
freqüências 250, 1000 e 4000 Hz.
Grupo II
0
50
100
150
200
250
300
250 1000 4000 (Hz)
AF
T-R
Bia
ura
l (m
s)
Média
+/- um Desvio-Padrão
Resultados
105
Tabela 13 - Valores médios (médias, medianas, modas e respectivos
desvios-padrão) e limites superiores e inferiores dos limiares de fusão
auditiva (ms), no Teste AFT-R, na condição monoaural, à orelha direita
(OD) e à orelha esquerda (OE).
Valores OD 1000 Hz
OE 1000 Hz
OD 4000 Hz
OE 4000 Hz
Média 54,28 55,48 64,83 58,25 Mediana 18,75 21,25 40,00 36,25
Moda 145 145,00 200,00 3,50 Desvio-Padrão 61,14 63,64 71,97 63,30 Limite Superior 185,00 200,00 200,00 200,00 Limite Inferior 2,00 0,00 0,00 0,00
Teste t - pareado OD X OE
0,880 0,100
Teste t-pareado 1000 X 4000 OD
0,418
Teste t-pareado 1000 X 4000 OE
0,745
1000 = 4000 Orelha Direita
1000 = 4000 Orelha Esquerda
Resultados
106
PARTE C – Estudo comparativo entre as respostas obtidas às
diferentes provas auditivas pelos indivíduos do Grupo I e Grupo II
Antes da apresentação da comparação das respostas aos testes
aplicados, optou-se por comparar as faixas etárias dos dois grupos.
Apresenta-se, na Tabela 14, os valores médios - médias e desvios-padrão -
das idades, em meses, dos indivíduos do Grupo I e do Grupo II e o
resultado do teste estatístico t-independente, realizado para comparar as
idades.
Resultados
107
Tabela 14 - Valores médios - médias e desvios-padrão - das idades (meses),
dos indivíduos do Grupo I e Grupo II.
Indivíduos Valores Idade (meses) Grupo I Média 121,78
Desvio-Padrão 3,61
Grupo II Média 122,50
Desvio-Padrão 4,80
Teste t - independente (Grupo I X Grupo II)
0,555
Não houve diferença estatisticamente significante entre as
idades do Grupo I e do Grupo II.
Apresenta-se, na Tabela 15 e Gráfico 3, a comparação de
desempenho entre o Grupo I e o Grupo II nas provas de localização sonora,
memória seqüencial para sons não-verbais e memória seqüencial para sons
verbais e o resultado do teste estatístico t-independente, realizado para
comparação do Grupo I e Grupo II.
Resultados
108
Tabela 15 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de
número de acerto, no Grupo I e no Grupo II, nas provas de Localização
Sonora (LS); Memória Seqüencial para Sons Não-verbais (MSNV) e
Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV).
Grupo Valores LS MSNV MSV Grupo I Média 4,78 2,50 2,97
Desvio-Padrão 0,42 0,51 0,16
Grupo II Média 4,70 2,10 2,55
Desvio-Padrão 0,47 0,79 0,61
Teste t - independente (Grupo I X Grupo II)
0,535 0,020* <0,001*
Resultados
109
Gráfico 3 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de
número de acerto, no Grupo I e no Grupo II, nas provas de Localização
Sonora (LS); Memória Seqüencial para sons não-verbais (MSNV) e
Memória Seqüencial para sons verbais (MSV).
0
1
2
3
4
5
LS MSNV MSV
Nú
mer
o d
e ac
erto
s
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II
Resultados
110
Apresenta-se, na Tabela 16 e Gráfico 4, a comparação de
desempenho entre o Grupo I e o Grupo II, no Teste PSI com mensagem
competitiva contralateral (MCC), o resultado do teste estatístico t-
independente, realizado para comparar o desempenho dos indivíduos do
Grupo I e Grupo II, à orelha direita e à orelha esquerda, nas relações de
fala/ruído 0 e -40 dB.
Resultados
111
Tabela 16 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de
porcentagem de acerto, no Grupo I e no Grupo II, no PSI - mensagem
competitiva contralateral (PSI-MCC), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB e
- 40 dB, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).
Grupo Valores OD f/r = 0
OD f/r = -40
OE f/r = 0
OE f/r = -40
Grupo I Média 100,00 99,75 100,00 100,00
Desvio-Padrão 0,00 1,58 0,00 0,00
Grupo II Média 100,00 100,00 99,50 100,00
Desvio-Padrão 0,00 0,00 2,24 0,00
Teste t - independente
(Grupo I X Grupo II)
NA 0,484 0,330 NA
Legenda: NA = não se aplica
Não existiu diferença estatisticamente significante entre o
Grupo I e o Grupo II. No PSI-MCC na relação fala/ruído 0 dB à orelha
direita. Na relação fala/ruído -40 à orelha esquerda, os indivíduos
apresentaram respostas com valor de 100% muito freqüentes, o que não
permitiu a aplicação de teste estatístico por falta de variabilidade.
Resultados
112
Gráfico 4 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de
porcentagem de acerto, no Grupo I e no Grupo II, no PSI - mensagem
competitiva contralateral (PSI-MCC), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 e -
40 dB, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).
0
20
40
60
80
100
0 -40 0 -40 ORELHA DIREITA ORELHA ESQUERDA
Po
rcen
tag
em d
e ac
erto
sP
SI
- M
CC
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo IMédia +/- um Desvio-PadrãoGrupo II
Resultados
113
Apresenta-se, na Tabela 17 e Gráfico 5, a comparação de
desempenho entre o Grupo I e o Grupo II, no Teste PSI com mensagem
competitiva ipsilateral (MCI), o resultado do teste estatístico t-
independente, realizado para comparar o desempenho dos indivíduos do
Grupo I e Grupo II, à orelha direita e à orelha esquerda, nas relações de
fala/ruído 0 -10 e -15 dB.
Resultados
114
Tabela 17 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) das
porcentagens de acerto, no Grupo I e Grupo II, no PSI - mensagem
competitiva ipsilateral (PSI-MCI), nas relações de fala/ruído (f/r) 0, -10 e -
15 dB, à orelha direita (OD) e à orelha esquerda (OE).
Grupo Valores OD
f/r = 0
OD
f/r = -10
OD
f/r = -15
OE
f/r = 0
OE
f/r= -10
OE
f/r = -15
Grupo I Média 99,00 98,25 86,25 99,75 99,00 93,00
Desvio-Padrão 3,04 3,85 13,14 1,58 3,04 7,91
Grupo II Média 94,50 93,50 82,50 98,5 97,50 92,50
Desvio-Padrão 6,86 9,88 13,33 3,66 5,50 7,86
Teste t - independente (Grupo I X Grupo II)
0,010* 0,050* 0,304 0,158 0,267 0,818
Houve uma diferença estatisticamente significante entre o
Grupo I e o Grupo II à orelha direita, nas relações de fala/ruído 0 e -10 dB,
sendo que o Grupo II apresentou uma porcentagem menor de acertos em
relação ao Grupo I. Não houve uma diferença estatisticamente significante
entre o Grupo I e o Grupo II à orelha direita na relação fala/ruído -15 dB.
Não houve uma diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o
Grupo II à orelha esquerda nas relações fala/ ruído 0, -10 e -15 dB.
Resultados
115
Gráfico 5 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) das
porcentagens de acerto, no Grupo I e Grupo II, no PSI - mensagem
competitiva ipsilateral (PSI-MCI), nas relações de fala/ruído (f/r) 0 dB, - 10
dB e - 15 dB, à orelha direita e à orelha esquerda.
Apresenta-se na Tabela 18, e Gráfico 6, a comparação de
desempenho entre o Grupo I e o Grupo II, no Teste Dicótico de Dígitos, o
resultado do teste estatístico t-independente, realizado para comparar o
0
20
40
60
80
100
0 - 10 -15 0 -10 -15 ORELHA DIREITA ORELHA ESQUERDA
Po
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ge
m d
e a
ce
rto
sP
SI -
MC
I
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II
Resultados
116
desempenho dos indivíduos do Grupo I e Grupo II, à orelha direita e à
orelha esquerda. Manteve-se a separação por sexo no Teste Dicótico de
Dígitos na orelha direita, uma vez que a análise estatística revelou
diferença entre os indivíduos do sexo masculino e o sexo feminino no
Grupo I. Foi realizada apenas a comparação do Teste Dicótico de Dígitos
entre o Grupo I e o Grupo II nos indivíduos do sexo masculino à orelha
direita, devido ao número restrito de indivíduos do sexo feminino no Grupo
II - quatro indivíduos - o que inviabilizou a análise estatística.
Resultados
117
Tabela 18 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de
porcentagem de acerto, no Grupo I e Grupo II, no Teste Dicótico de Dígitos
(DD), à orelha direita (OD) no sexo masculino e à orelha esquerda (OE) na
população total.
Grupo Valores DD OD Sexo Masculino
DD OE População total
Grupo I Média 98,88 98,38 Desvio-padrão 1,14 1,63
Grupo II Média 93,20 90,44 Desvio-padrão 3,87 5,12
Teste t - independente
(Grupo I X Grupo II) <0,001* <0,001*
Legenda: < = menor
Houve uma diferença estatisticamente significante entre o
Grupo I e o Grupo II à orelha direita no sexo masculino e na orelha
esquerda na população total. Os indivíduos do Grupo II apresentaram uma
menor porcentagem de reconhecimento de dígitos que o Grupo I.
Resultados
118
Gráfico 6 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) de
porcentagem de acerto, no Grupo I e Grupo II, no Teste Dicótico de Dígitos
(DD), à orelha direita (OD) no sexo masculino e à orelha esquerda (OE) na
população total.
0
20
40
60
80
100
DD OD masculino DD OE total
Po
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em d
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sD
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tico
de
Díg
ito
s
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II
Resultados
119
Apresenta-se, na Tabela 19 e Gráfico 7, os valores médios -
média e desvio-padrão - dos limiares de fusão auditiva, calculados em
milissegundos, no Grupo I e no Grupo II, e o resultado do teste estatístico t-
independente, realizado para comparar os indivíduos do Grupo I e Grupo II
no Teste AFT-R, na condição biaural. A comparação entre os indivíduos do
Grupo I e do Grupo II, neste teste, só pôde ser efetuada nas freqüências de
250, 1000, 4000 Hz e no AFT-R total. No Grupo I, todos os indivíduos
realizaram o subteste 2, que tem intervalos de tempo de 0 a 40ms e é
composto das freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. No Grupo II,
10 indivíduos realizaram o subteste 2 e 10 indivíduos realizaram o subteste
3, que tem intervalos de tempo de 40 a 300ms e é composto das freqüências
de 250, 1000, e 4000 Hz. Uma vez que as freqüências de 250, 1000 e 4000
Hz foram avaliadas em todos os indivíduos, tanto no subteste 2 como no
subteste 3, e as freqüências 500 e 2000 Hz foram avaliadas apenas nos
indivíduos submetidos ao subteste 2, optou-se por realizar a análise
estatística nas freqüências 250, 1000 e 4000 Hz comuns aos dois subtestes
e realizadas por todos os indivíduos do Grupo I e Grupo II.
Resultados
120
Tabela 19 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) dos
limiares de fusão auditiva (ms) no Grupo I e no Grupo II no Teste AFR-T,
na condição biaural.
Grupo Valores 250 Hz 1000 Hz 4000 Hz AFT-R Total
Grupo I Média 7,43 6,05 5,61 6,41
Desvio-Padrão 5,88 4,28 3,88 3,59
Grupo II Média 63,83 54,85 54,35 58,00
Desvio-Padrão 64,42 58,34 57,50 55,90
Teste t -
independente
(Grupo I X Grupo II)
0,001* 0,001* 0,001* 0,001*
Houve uma diferença estatisticamente significante entre o
Grupo I e o Grupo II, sendo que o Grupo II apresentou limiares de fusão
auditiva maiores que o Grupo I. No Grupo II, 10 indivíduos (50%)
realizaram o subteste 2 e outros 10 indivíduos (50%) realizaram o subteste
3. No Grupo I, todos os indivíduos realizaram o subteste 2 e nenhum
indivíduo realizou o subteste 3.
Resultados
121
Gráfico 7 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) dos
limiares de fusão auditiva (ms), no Grupo I e no Grupo II, no Teste AFR-T,
na condição biaural.
0
50
100
150
200
250
300
250 1000 4000 Total (Hz)
Lim
iar
de
Fu
são
Au
dit
iva
AF
T-R
Bia
ura
l (m
s)
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II
Resultados
122
Apresenta-se, na Tabela 20 e Gráfico 8, os valores médios -
média e desvio-padrão - dos limiares de fusão auditiva, calculados em
milissegundos, no Grupo I e no Grupo II, e o resultado do teste estatístico t-
independente, realizado para comparar os indivíduos do Grupo I e Grupo II
no Teste AFT-R, na condição monoaural, nas freqüências testadas 1000 e
4000 Hz.
Resultados
123
Tabela 20 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) dos
limiares de fusão auditiva (ms), no Grupo I e no Grupo II, no Teste AFR-T,
na condição monoaural.
Grupo Valores OD
1000 Hz
OE
1000 Hz
OD
4000 Hz
OE
4000 Hz
Grupo I Média 5,46 6,91 5,60 6,16
Desvio-Padrão 3,68 5,06 3,79 4,33
Grupo II Média 54,28 55,48 64,83 58,25
Desvio-Padrão 61,14 63,64 71,97 63,30
Teste t independente (Grupo I X Grupo II)
0,002* 0,003* 0,002* 0,002*
Houve uma diferença estatisticamente significante entre o
Grupo I e o Grupo II, sendo que o Grupo II apresentou limiares de fusão
auditiva maiores que o Grupo I. No Grupo II, 10 indivíduos (50%)
realizaram o subteste 2 e outros 10 indivíduos (50%) realizaram o subteste
3. No Grupo I, todos os indivíduos realizaram o subteste 2.
Resultados
124
Gráfico 8 - Valores médios (médias e respectivos desvios-padrão) dos
limiares de fusão auditiva (ms), no Grupo I e no Grupo II, no Teste AFR-T,
na condição monoaural, à orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE), nas
freqüências de 1000 e 4000 Hz.
0
50
100
150
200
250
300
OD 1000 OE 1000 OD 4000 OD 4000 (Hz)
Lim
iar
de
Fu
são
Au
dit
iva
AF
T-R
Mo
no
aura
l (m
s) Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo I
Média +/- um Desvio-PadrãoGrupo II
Resultados
125
Procedeu-se a comparação do Grupo I e Grupo II a partir dos
critérios de corte estabelecidos. Optou-se, para este estudo, utilizar o P90,
para fins de comparação do Grupo I e Grupo II. Foi estabelecido o P90
como referência, com o objetivo de se verificar se os dados apresentavam
significância.
Apresenta-se, na Tabela 21, a distribuição dos indivíduos do
Grupo I e do Grupo II a partir do ponto de corte P90, em termos de número
e porcentagem, separando-se aqueles considerados com desempenho
adequado (A), daqueles considerados com desempenho inadequado (I).
Apresenta-se, nos Gráficos 9 a 14, ilustrações destes valores. Além disso,
mostra-se, na Tabela 21, os resultados do teste estatístico Qui-Quadrado
aplicado.
No AFT-R, a comparação entre os indivíduos do Grupo I e do
Grupo II, só pôde ser efetuada nas freqüências de 250, 1000, 4000 Hz e no
AFT-R total, comuns aos dois subtestes e realizadas por todos os
indivíduos do Grupo I e Grupo II.
Resultados
126
Tabela 21: Número (N) e Porcentagem (%) de indivíduos estabelecidos como adequados e inadequados, a
partir do ponto de corte P90, no Grupo I e Grupo II, nas diferentes provas aplicadas. Adequado X GRUPO I GRUPO II
Provas Inadequado N % N % X2 RESULTADO LS Adequado 40 100,0 20 100,0 0,00 Não significante
Inadequado 0 0,0 0 0,0 MSNV Adequado 40 100,0 17 85,0 6,32 * Significante
Inadequado 0 0,0 3 15,0 MSV Adequado 39 97,5 12 60,0 14,71 * Significante
Inadequado 1 2,5 8 40,0 PSI MCC
Adequado 40 100,0 20 100,0 0,00 Não significante OD f/r = 0 Inadequado 0 0,0 0 0,0
OD f/r= -40 Adequado 39 97,5 20 100,0 0,51 Não significante Inadequado 1 2,5 0 0,0
OE f/r = 0 Adequado 40 100,0 19 95,0 2,03 Não significante Inadequado 0 0,0 1 5,0
OE f/ = -40 Adequado 40 100,0 20 100,0 0,00 Não significante Inadequado 0 0,0 0 0,0
PSI MCI OD f/r = 0 Adequado 40 100,0 18 90,0 4,14 * Significante
Inadequado 0 0,0 2 10,0 OD f/r = -10 Adequado 40 100,0 15 75,0 10,91 * Significante
Inadequado 0 0,0 5 25,0 OD f/r = -15 Adequado 37 92,5 19 95,0 0,13 Não significante
Inadequado 3 7,5 1 5,0 OE f/r = 0 Adequado 39 97,5 17 85,0 3,35 Não significante
Inadequado 1 2,5 3 15,0 OE f/r = -10 Adequado 40 100,0 19 95,0 2,03 Não significante
Inadequado 0 0,0 1 5,0 OE f/r = -15 Adequado 40 100,0 20 100,0 0,00 Não significante
Inadequado 0 0,0 0 0,0 DD
DD OD Adequado 19 95,0 3 18,8 21,75 * Significante Masculino Inadequado 1 5,0 13 81,3
DD OE Adequado 36 90,0 4 20,0 29,40 * Significante Inadequado 4 10,0 16 80,0
AFT-R (B) 250 Hz Adequado 38 95,0 8 40,0 22,55 * Significante
Inadequado 2 5,0 12 60,0 1000 Hz Adequado 38 95,0 10 50,0 16,88 * Significante
Inadequado 2 5,0 10 50,0 4000 Hz Adequado 36 90,0 8 40,0 17,05 * Significante
Inadequado 4 10,0 12 60,0 Total Adequado 36 90,0 9 45,0 14,40 * Significante
Inadequado 4 10,0 11 55,0 AFT-R (M) OD 1000 Hz Adequado 36 90,0 8 40,0 17,05 * Significante
Inadequado 4 10,0 12 60,0 OE 1000 Hz Adequado 39 97,5 10 50,0 20,09 * Significante
Inadequado 1 2,5 10 50,0 OD 4000 Hz Adequado 36 90,0 7 35,0 19,86 * Significante
Inadequado 4 10,0 13 65,0 OE 4000 Hz Adequado 36 90,0 8 40,0 17,04 * Significante
Inadequado 4 10,0 12 60,0
Legenda: N = número de indivíduos; % = porcentagem de indivíduos; f/r = relação fala/ruído;
AFT-R (B) = AFT-R na condição biaural; AFT-R (M) = AFT-R na condição monoaural; OD =
orelha direita; OE = orelha esquerda
Resultados
127
Não houve associação estatisticamente significante entre
desempenho inadequado e as provas de localização sonora, PSI com
mensagem competitiva contralateral (MCC), PSI com mensagem
competitiva ipsilateral (MCI) à orelha esquerda nas relações fala/ruído 0, -
10 e -15 dB e à orelha direita na relação fala/ruído -15 dB.
Houve associação estatisticamente significante entre
desempenho inadequado e as provas de memória seqüencial para sons não-
verbais, memória seqüencial para sons verbais, PSI com mensagem
competitiva ispilateral nas condições 0 e -10 dB, no teste Dicótico de
Dígitos à orelha direita no sexo masculino e à orelha esquerda na
população total, no AFT-R na condição biaural - em todas as freqüências
avaliadas e no AFT-R total - e no AFT-R na condição monoaural, para a
orelha direita e orelha esquerda nas freqüências testadas - 1000 e 4000 Hz.
No AFT- R, uma vez agrupados, os indivíduos que realizaram
o subteste 2 e o subteste 3 produziram uma grande variabilidade de
resposta na condição biaural (Tabelas 12 e 19 e Gráfico 7), como também
na condição monoaural (Tabela 13 e 20 e Gráfico 8). Desta forma, optou-se
por realizar a análise comparativa do teste AFT-R na condição biaural e
monoaural, separando-se os indivíduos submetidos ao subteste 2 (10
indivíduos) e ao subteste 3 (10 indivíduos). Apresenta-se, na Tabela 22, a
distribuição dos indivíduos do Grupo I e do Grupo II que realizaram o
Resultados
128
subteste 2, e dos indivíduos do Grupo I e do Grupo II que realizaram o
subteste 3, a partir do ponto de corte P90, em termos de número e
porcentagem, e os resultados do teste estatístico Qui-Quadrado aplicado,
para comparação dos grupos.
NO AFT- R na condição biaural, nos indivíduos que
realizaram o subteste 2 foi realizada a comparação das respostas nas
freqüências 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, pois os indivíduos do Grupo I
e do Grupo II – Subteste 2 foram avaliados em todas as freqüências. No
subteste 3 foi realizada a comparação apenas entre as freqüências 250,
1000 e 4000 Hz, pois, no subteste 3, não são testadas as freqüências 500 e
1000 Hz.
Apresenta-se, nos Gráficos 15 e 16, a porcentagem de
indivíduos estabelecidos como adequados e inadequados, a partir do ponto
de corte P90, no Grupo I, Grupo II - Subteste 2 e Grupo II - Subteste 3, na
condição biaural.
Apresenta-se, nos Gráficos 15 e 16, a porcentagem de
indivíduos estabelecidos como adequados e inadequados, a partir do ponto
de corte P90, no Grupo I, Grupo II - Subteste 2 e Grupo II - Subteste 3, na
condição monoaural.
Resultados
129
Apresenta-se nos Gráficos 19 a 39, a distribuição das respostas
dos indivíduos testados no Grupo II, a partir do ponto de corte estabelecido
para as diferentes provas aplicadas.
Resultados
130
Tabela 22 - Número (N) e Porcentagem (%) de indivíduos estabelecidos
como adequados e inadequados, no AFT-R, condição biaural, a partir do
ponto de corte P90, nos Grupo I, Grupo II - subteste 2 e Grupo II - subteste
3. AFT-R Adequado GRUPO I GRUPO II – Subteste 2 Biaural Inadequado N % N % X2 RESULTADO 250 Hz Adequado 38 95,0 8 80,0 2,45 Não Significante
Inadequado 2 5,0 2 20,0 500 Hz Adequado 38 95,0 10 100,0 0,52 Não Significante
Inadequado 2 5,0 0 0,0 1000 Hz Adequado 38 95,0 10 100,0 0,52 Não Significante
Inadequado 2 5,0 0 0,0 2000 Hz Adequado 36 90,0 9 90,0 0,00 Não Significante
Inadequado 4 10,0 1 10,0 4000 Hz Adequado 36 90,0 8 80,0 0,76 Não Significante
Inadequado 4 10,0 2 20,0 Total Adequado 36 90,0 9 90,0 0,00 Não Significante
Inadequado 4 10,0 1 10,0 AFT-R Adequado GRUPO I GRUPO II – Subteste 3 Biaural Inadequado N % N % X2 RESULTADO 250 Hz Adequado 38 95,0 0 0,0 39,58 * Significante
Inadequado 2 5,0 10 100,0 1000 Hz Adequado 38 95,0 0 0,0 39,58 * Significante
Inadequado 2 5,0 10 100,0 4000 Hz Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante
Inadequado 4 10,0 10 100,0 Total Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante
Inadequado 4 10,0 10 100,0 AFT-R Adequado GRUPO I GRUPO II – Subteste 2
Monoaural Inadequado N % N % X2 RESULTADO OD 1000 Hz Adequado 36 90,0 8 80,0 0,76 Não Significante
Inadequado 4 10,0 2 20,0 OE 1000 Hz Adequado 39 97,5 10 100,0 0,26 Não Significante
Inadequado 1 2,5 0 0,0 OD 4000 Hz Adequado 36 90,0 7 70,0 2,66 Não Significante
Inadequado 4 10,0 3 30,0 OE 4000 Hz Adequado 36 90,0 8 80,0 0,76 Não Significante
Inadequado 4 10,0 2 20,0 AFT-R Adequado GRUPO I GRUPO II – Subteste 3
Monoaural Inadequado N % N % X2 RESULTADO OD 1000 Hz Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante
Inadequado 4 10,0 10 100,0 OE 1000 Hz Adequado 39 97,5 0 0,0 44,32 * Significante
Inadequado 1 2,5 10 100,0 OD 4000 Hz Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante
Inadequado 4 10,0 10 100,0 OE 4000 Hz Adequado 36 90,0 0 0,0 32,14 * Significante
Inadequado 4 10,0 10 100,0
Legenda: N = número de indivíduos; % = porcentagem de indivíduos; OD = orelha direita; OE =
orelha esquerda
Resultados
131
Não houve associação estatisticamente significante entre as
respostas dos indivíduos do Grupo I e as respostas dos indivíduos que
realizaram o subteste 2 no Grupo II, na condição biaural e monoaural.
Houve associação estatisticamente significante entre as
respostas dos indivíduos do Grupo I e dos que realizaram o subteste 3 no
Grupo II, na condição biaural e monoaural.
Resultados
132
Gráfico 9 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, nas provas de
Localização Sonora (LS), Memória Seqüencial para Sons Não-verbais
(MSNV) e Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
LS MSNV MSV LS MSNV MSV GRUPO I GRUPO II
Po
rcen
tag
em
Inadequado
Adequado
Resultados
133
Gráfico 10 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no PSI -
Mensagem Competitiva Contralateral (MCC), à orelha direita (OD) e
orelha esquerda (OE), nas relações fala/ruído 0 e -40 dB.
Grupo I Grupo II
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
OD OD OE OE OD OD OE OE 0 -40 0 -40 0 -40 0 -40
Po
rcen
tag
em Inadequado
Adequado
Resultados
134
Gráfico 11 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no PSI -
Mensagem Competitiva Ipsilateral (MCI), na orelha direita (OD) e orelha
esquerda (OE), nas relações fala/ruído 0, -10 e -15 dB.
Grupo I Grupo II
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
OD OD OD OE OE OE OD OD OD OE OE OE 0 -10 -15 0 -10 -15 0 -10 -15 0 -10 -15
Po
rcen
tag
em
Inadequado
Adequado
Resultados
135
Gráfico 12 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no Teste Dicótico
de Dígitos, na orelha direita no sexo masculino (OD M) e na orelha
esquerda na população total (OE T).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
OD M OE T OD M OE T
GRUPO I GRUPO II
Po
rcen
tag
em
Inadequado
Adequado
Resultados
136
Gráfico 13 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no AFT- R, na
condição biaural, nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz e
AFT-R Total.
Grupo I Grupo II
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
250 500 1000 2000 4000 Total 250 1000 4000 Total
Po
rcen
tag
em Inadequado
Adequado
Resultados
137
Gráfico 14 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II, no AFT- R, na
condição monoaural, à orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE), nas
freqüências 1000 (1K) e 4000 (4K) Hz.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
OD 1K OE 1K OD 4K OD 4K OD 1K OE 1K OD 4K OD 4K
GRUPO I GRUPO II
Po
rcen
tag
em
Inadequado
Adequado
Resultados
138
Gráfico 15 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II - Subteste 2, no
AFT- R, na condição biaural, nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e
4000 Hz e AFT-R Total.
Grupo I Grupo II - Subteste 2
0
10
20
30
40
50
60
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100
250 500 1000 2000 4000 Total 250 500 1000 2000 4000 Total
Po
rcen
tag
em Inadequado
Adequado
Resultados
139
Gráfico 16 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II - Subteste 3, no
AFT- R, na condição biaural, nas freqüências de 250, 1000 e 4000 Hz e
AFT-R Total.
Grupo I Grupo II - Subteste 3
0
10
20
30
40
50
60
70
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90
100
250 1000 4000 Total 250 1000 4000 Total
Po
rcen
tag
em
Inadequado
Adequado
Resultados
140
Gráfico 17 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II - Subteste 2, no
AFT- R, na condição monoaural, nas freqüências 1000 (1K) e 4000 (4k)
Hz, à orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE).
0
10
20
30
40
50
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70
80
90
100
OD1K OE1K OD4K OD4K OD1K OE1K OD4K OD4K GRUPO I GRUPO II - SUBTESTE 2
Po
rcen
tag
em
Inadequado
Adequado
Resultados
141
Gráfico 18 - Porcentagem de indivíduos adequados e inadequados, segundo
ponto de corte estabelecido (P90), no Grupo I e Grupo II - Subteste 3, no
AFT- R, na condição monoaural, nas freqüências 1000 (1K) e 4000 (4k)
Hz, à orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
OD1K OE1K OD4K OD4K OD1K OE1K OD4K OD4K GRUPO I GRUPO II - SUBTESTE 3
Po
rcen
tag
em
Inadequado
Adequado
Resultados
142
Gráfico 19 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, na prova de
Localização Sonora (LS) em relação do ponto de corte estabelecido para a
prova (P90 - 4 acertos).
0
1
2
3
4
5
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Nú
mer
o d
e ac
erto
s -
Lo
caliz
ação
So
no
ra
Resultados
143
Gráfico 20 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, na prova de
Memória Seqüencial para Sons Não-verbais (MSNV) em relação do ponto
de corte estabelecido para a prova (P90 - 2 acertos).
0
1
2
3
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Nú
mer
o d
e ac
erto
s -
MS
NV
Resultados
144
Gráfico 21 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, na prova de
Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV) em relação do ponto de
corte estabelecido para a prova (P90 - 3 acertos).
0
1
2
3
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Nú
mer
o d
e ac
erto
s -
MS
V
Resultados
145
Gráfico 22 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCC na
relação fala/ruído* (f/r) 0 dB na orelha direita (OD) e -40 dB na orelha
direita e orelha esquerda (OE), em relação do ponto de corte estabelecido
para a prova (P90 - 100% acertos).
* Uma vez que os valores obtidos nas diferentes condições do teste foram
iguais, optou-se por representá-las em um único gráfico.
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
PS
I - M
CC
O
D f
/r =
0 d
B O
D/O
E -
40
dB
Resultados
146
Gráfico 23 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCC na
relação fala/ruído (f/r) 0 dB na orelha esquerda (OE), em relação do ponto
de corte estabelecido para a prova (P90 - 100% acertos).
0
20
40
60
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
PS
I - M
CC
OE
f/r
= 0
dB
Resultados
147
Gráfico 24 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na
relação fala/ruído (f/r) 0 dB na orelha direita (OD), em relação do ponto de
corte estabelecido para a prova (P90 - 90% acertos).
0
20
40
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80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
PS
I - M
CI
OD
f/r
= 0
dB
Resultados
148
Gráfico 25 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na
relação fala/ruído (f/r) -10 dB na orelha direita (OD), em relação do ponto
de corte estabelecido para a prova (P90 - 90% acertos).
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
PS
I - M
CI
OD
f/r
= -
10 d
B
Resultados
149
Gráfico 26 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na
relação fala/ruído (f/r) -15 dB na orelha direita (OD), em relação do ponto
de corte estabelecido para a prova (P90 - 70% acertos).
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
PS
I - M
CI
OD
f/r
= -
15 d
B
Resultados
150
Gráfico 27 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na
relação fala/ruído (f/r) 0 dB na orelha esquerda (OE), em relação do ponto
de corte estabelecido para a prova (P90 - 100% acertos).
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
PS
I - M
CI
OE
f/r
= 0
dB
0
20
40
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80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
PS
I - M
CI
OE
f/r
= 0
dB
Resultados
151
Gráfico 28 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na
relação fala/ruído (f/r) -10 dB na orelha esquerda (OE), em relação do
ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 90% acertos).
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% a
cert
os
- P
SI -
MC
I O
E f
/r =
-10
dB
Resultados
152
Gráfico 29 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no PSI-MCI na
relação fala/ruído (f/r) -15 dB na orelha esquerda (OE), em relação do
ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 80% acertos).
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
PS
I - M
CI
OE
f/r
= -
15 d
B
Resultados
153
Gráfico 30 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste
Dicótico de Dígitos (DD) na orelha direita (OD) no sexo masculino, em
relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 97,5% acertos).
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Indivíduos Grupo II
% d
e ac
erto
s -
DD
OD
Sex
o M
ascu
lino
Resultados
154
Gráfico 31 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste
Dicótico de Dígitos (DD) na orelha esquerda (OE) na população total, em
relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 95,12% acertos).
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Nú
mer
o d
e ac
erto
s -
DD
OE
Po
pu
laçã
o T
ota
l
Resultados
155
Gráfico 32 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, na freqüência de 250 Hz, em
relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 15ms).
0
50
100
150
200
250
300
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Lim
iar
de
Fu
são
Au
dit
iva
(ms)
A
FT
- R
bia
ura
l 250
Hz
Resultados
156
Gráfico 33 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, na freqüência de 1000 Hz,
em relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 12,5ms).
0
50
100
150
200
250
300
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Lim
iar
de
Fu
são
Au
dit
iva
(ms)
A
FT
- R
bia
ura
l 100
0 H
z
Resultados
157
Gráfico 34 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, na freqüência de 4000 Hz,
em relação do ponto de corte estabelecido para a prova (P90 - 10,9ms).
0
50
100
150
200
250
300
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Lim
iar
de
Fu
são
Au
dit
iva
(ms)
A
FT
- R
bia
ura
l 400
0 H
z
Resultados
158
Gráfico 35 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, na média total das
freqüências testadas, em relação do ponto de corte estabelecido para a
prova (P90 - 13,08ms).
0
50
100
150
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Lim
iar
de
Fu
são
Au
dit
iva
(ms)
A
FT
- R
bia
ura
l to
tal
Resultados
159
Gráfico 36 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição monoaural, na orelha direita (OD),
na freqüência de 1000 Hz, em relação do ponto de corte estabelecido para a
prova (P90 - 10,90ms).
0
50
100
150
200
250
300
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Lim
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Fu
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Au
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iva
(ms)
A
FT
- R
mo
no
aura
l OD
100
0 H
z
Resultados
160
Gráfico 37 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição monoaural, na orelha esquerda (OE),
na freqüência de 1000 Hz, em relação do ponto de corte estabelecido para a
prova (P90 - 15ms).
0
50
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250
300
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
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Fu
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A
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mo
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l OE
100
0 H
z
Resultados
161
Gráfico 38 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição monoaural, na orelha direita (OD),
na freqüência de 4000 Hz, em relação do ponto de corte estabelecido para a
prova (P90 - 12,25ms).
0
50
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150
200
250
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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
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Fu
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iva
(ms)
A
FT
- R
mo
no
aura
l OD
400
0 H
z
Resultados
162
Gráfico 39 - Valores obtidos pelos indivíduos do Grupo II, no teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição monoaural, na orelha esquerda (OE),
na freqüência de 4000 Hz, em relação do ponto de corte estabelecido para a
prova (P90 - 14,6ms).
0
50
100
150
200
250
300
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Indivíduos Grupo II
Lim
iar
de
Fu
são
Au
dit
iva
(ms)
A
FT
- R
mo
no
aura
l OE
400
0 H
z
Discussão
164
Neste capítulo, pretende-se analisar criticamente os resultados
obtidos, como também compará-los àqueles encontrados na literatura
especializada, no sentido de atingir o objetivo deste trabalho, que é estudar,
a partir de medidas comportamentais, os mecanismos e processos
envolvidos no processamento auditivo de crianças com e sem distúrbio de
aprendizagem. Para tal, foram avaliados 60 indivíduos, 36 do sexo
masculino e 24 do sexo feminino, com faixa etária variando entre nove
anos e cinco meses a 11 anos e 10 meses, matriculados na 3 a e 4a séries do
1o grau, de uma escola pública do município de Botucatu (SP). Foram,
então, constituídos dois grupos. O Grupo I foi constituído por 40
indivíduos, 20 do sexo masculino e 20 do sexo feminino, com idades
variando entre nove anos e seis meses e 10 anos e 11 meses, com
diagnóstico de manifestação de ausência de alterações do aprendizado do
código gráfico. O Grupo II foi constituído por 20 indivíduos, 16 do sexo
masculino e quatro do sexo feminino, com idades variando entre nove anos
e cinco meses e 11 anos e 10 meses, com diagnóstico de manifestação, de
alterações do aprendizado do código gráfico.
Antes da discussão propriamente dita, considera-se importante
esclarecer alguns termos e conceitos que foram aceitos como referência
para este trabalho, descritos a seguir.
Discussão
165
a) Considerações relacionadas à formação dos grupos
A aprendizagem pode ser definida como um processo que
ocorre no sistema nervoso central, no qual se produzem mudanças mais ou
menos permanentes, que se traduzem por uma modificação funcional ou de
conduta, permitindo uma melhor adaptação do indivíduo ao meio, como
resposta a uma ação ambiental. Neste sentido, a aprendizagem é um
processo de aquisição que, na infância, junto com a maturidade, constituem
dois processos fundamentais para o desenvolvimento; implica na
modificação do sistema nervoso; geralmente se produz por ação de um
estímulo que habitualmente é extrínseco (experiência), embora possa ser
intrínseco; é um processo adaptativo, já que o indivíduo pode modificar-se
frente às alterações de seu ambiente a fim de ter uma resposta mais
adequada; e não é separado da memória. A memória é essencial em todos
os processos de aprendizagem e de adaptação. A aquisição de um hábito
novo requer a possibilidade de comparar aquilo que é percebido com aquilo
que já é conhecido (ROTTA & GUARDIOLA, 1996).
Existe uma falta de consenso sobre a identificação do distúrbio
de aprendizagem. Em parte, isto se deve à complexidade do fenômeno
estudado, demonstrada pela ausência de uma variável única identificada
como fonte primária dos distúrbios de aprendizagem (GERBER, 1996). No
Discussão
166
entanto, é de consenso que, em todas as definições de distúrbio de
aprendizagem propostas, há descrição de alterações em um ou mais
processos relacionados à linguagem (RAMPP, 1980). Segundo o National
Joint Committee on Learning Disabilities (NJCLD) dos Estados Unidos, o
termo distúrbio de aprendizagem é uma expressão geral que se refere a um
grupo heterogêneo de distúrbios, que se manifestam por dificuldades
significativas na aquisição e no uso da compreensão oral, fala, leitura,
escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estes distúrbios são
intrínsecos ao indivíduo, supostamente devido a uma disfunção do sistema
nervoso central, e podem ocorrer ao longo da vida. Problemas de
comportamento de auto-regulação, percepção social e interação social
podem coexistir com distúrbios de aprendizagem, mas não se constituem
por si só em distúrbios de aprendizagem. Embora distúrbios de
aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições
incapacitantes (por exemplo, prejuízo sensorial, retardo mental e distúrbio
emocional grave) ou com influências extrínsecas (como diferenças
culturais e instrução insuficiente ou inadequada), eles não são decorrentes
destas condições ou influências (NATIONAL JOINT COMMITTEE ON
LEARNING DISABILITIES, 1991).
Segundo as características descritas no DSM - IV - Manual de
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (1995), os transtornos da
Discussão
167
aprendizagem se caracterizam por desempenho substancialmente abaixo do
esperado para a idade, escolarização e nível de inteligência nas áreas de
leitura, expressão escrita e matemática.
Neste estudo, os critérios para a formação dos grupos I e II
nortearam-se pela definição proposta pelo NATIONAL JOINT
COMMITTEE ON LEARNING DISABILITIES (1991) e DSM - IV -
Manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (1995). Desta
forma, baseado em um critério de exclusão de outras causas que pudessem
estar relacionadas à alteração de aprendizagem, foram selecionados
indivíduos sem alterações congênitas, neurológicas, sensoriais e cognitivas
para composição dos grupos. A ausência de outros comprometimentos, a
presença de queixa escolar relacionada à aprendizagem, particularmente do
código gráfico e a presença de alteração da linguagem escrita, ou seja,
níveis de produção gráfica e aprendizado, incompatíveis ao nível de
escolaridade do aluno, caracterizaram basicamente os indivíduos do Grupo
II.
Estimativas da prevalência dos distúrbios de aprendizagem na
população em geral variam de 2 a 10%. Segundo dados do DSM - IV, 60 a
80% dos indivíduos que apresentam dislexia - um tipo específico de
distúrbio de aprendizagem relacionado à leitura - são do sexo masculino.
No Brasil, de 297 crianças diagnosticadas como disléxicas a partir de
Discussão
168
avaliação multidisciplinar, 78,45% eram do sexo masculino e 21,55% do
sexo feminino (NICO, BARREIRA, BIANCHINI, GONÇALVES,
CHINAITE & MELO, 2000). No presente estudo, no Grupo II, 16
indivíduos (80%) são do sexo masculino e quatro indivíduos (20%) são do
sexo feminino, dados semelhantes aos que foram encontrados na literatura.
RAMPP (1980), KEITH (1995), KELLY (1995) e MUSIEK,
GOLLEGLY, LAMB & LAMB (1990) relataram que muitas crianças com
dificuldades de aprendizagem apresentam distúrbio do processamento
auditivo, sendo a maior prevalência no sexo masculino, com estimativa de
oito meninos para uma menina (RAMPP, 1980).
Quanto às idades dos indivíduos que constituíram os grupos,
foi realizada a análise estatística comparando as faixas etárias dos Grupos I
e II (Tabela 14). A média de idade do Grupo I correspondeu a 121,78
meses e do Grupo II 122,50 meses. A análise estatística mostrou não existir
diferenças significantes entre estes valores. Tomou-se o cuidado de realizar
esta análise, uma vez que grupos com idades diferentes encontram-se em
fases diferentes de desenvolvimento global, inclusive no que se refere ao
processo neuromaturacional (BELLIS, 1996), impossibilitando a
comparação adequada de desempenho dos indivíduos.
Segundo CHERMAK & MUSIEK (1997), a mielinização do
cérebro ocorre em diferentes taxas, para diferentes regiões. Segundo os
Discussão
169
autores, os tratos do tronco cerebral completam a mielinização antes das
regiões subcorticais do cérebro. Em humanos, a audiometria de tronco
cerebral indica valores de mielinização semelhantes aos do adulto por volta
dos dois anos de idade; entretanto, medidas de média, longa latência e P300
não atingem características semelhantes as do adulto antes da pré-
adolescência/ adolescência (MUSIEK, BARAN & PINHEIRO, 1994;
CHERMAK & MUISEK, 1997). HECOX (1975) apud SLOAN (1991)
estudou o desenvolvimento de estruturas corticais auditivas e seus achados
indicaram que as primeiras fibras do lobo temporal a se maturarem são as
fibras de projeção primária provenientes de estruturas subcorticais. A
mielinização dessas fibras é escassa ao nascimento e é completada aos
quatro anos de idade. Já a mielinização das fibras intra-corticais continua
até a adolescência, o que, provavelmente, implica diferenças de
performance em função da idade.
Discussão
170
b) Considerações relacionadas às provas empregadas na avaliação do
processamento auditivo
Prova de localização sonora
A localização sonora é a habilidade de saber o local de origem
do som (BOOTHROYD, 1986; PEREIRA, 1993a; PEREIRA &
CAVADAS, 1998).
Os mecanismos relacionados à localização sonora sugerem que
são usados diferentes processos para localização de sons no plano
horizontal e no plano vertical. A localização horizontal requer a
comparação dos sons que alcançam as duas orelhas, enquanto que a
localização vertical não requer.
Para a localização horizontal, um dos mecanismos utilizados é
o de diferença de tempo interaural e é um mecanismo utilizado
preferencialmente para freqüências de 20 a 2000 Hz. Por exemplo, se a
distância entre as orelhas é 20cm, um som não-contínuo, vindo da direita,
perpendicular à cabeça, vai alcançar a orelha esquerda 0,6ms depois de
alcançar a orelha direita (BEAR, CONNORS & PARADISO, 1996). Desta
forma, o som detectado por neurônios especializados do tronco cerebral vai
propiciar que seja localizada a fonte sonora.
Discussão
171
Um outro mecanismo utilizado para a localização horizontal é
a diferença de intensidade interaural. Uma diferença de intensidade
interaural existe entre as duas orelhas porque a cabeça produz uma região
de sombra do som, e é um processo utilizado preferencialmente para sons
de 2000 a 20000 Hz (BEAR, CONNORS & PARADISO, 1996). Segundo
PHILLIPS & BRUGGE (1985), o processo de diferença de intensidade
interaural depende do tamanho da cabeça, da freqüência do som e da
distância do som. Por exemplo, um som posicionado do lado direito de um
indivíduo, recebido pela orelha esquerda, será ouvido numa intensidade
menor do que a fonte sonora; um som vindo de uma posição à frente
alcançará as duas orelhas na mesma intensidade e, em posições
intermediárias, alcançará as orelhas com diferenças intermediárias de
intensidade. Neurônios sensitivos a diferenças de intensidade podem usar
essa informação para localizar os sons. Juntos, esses dois processos
constituem a dupla teoria de localização sonora (BEAR, CONNORS &
PARADISO, 1996).
GUYTON (1993) considerou os mecanismos de diferença de
tempo interaural mais eficientes que os mecanismos de diferença de
intensidade interaural, por não dependerem de outras variáveis, como as
elencadas por PHILLIPS & BRUGGE (1985).
Discussão
172
A localização sonora no plano vertical depende basicamente
da orelha externa, particularmente do pavilhão auricular, que produz pistas
espaciais importantes para a localização sonora. A orelha externa produz
reflexões do som dentro das circunvoluções do pavilhão auricular e a
demora entre os sons sem reflexão e os sons refletidos pela orelha externa
permite que a localização vertical seja realizada (MIDDELEBROOKS &
GREEN, 1991; BEAR, CONNORS & PARADISO, 1996).
Na prova de localização sonora foi utilizada uma campânula
vertical de cinco guizos, com um som com faixa de freqüência de
aproximadamente 1600 a 8000 Hz e pico de máxima intensidade de 76 dB
NPS ao redor da freqüência de 4000 Hz. As crianças foram solicitadas a
identificar cinco direções: à direita, à esquerda, à frente, atrás e acima da
cabeça. Na posição à frente e atrás foram evitadas as posições 0° graus e
180° azimute, respectivamente, uma vez que o indivíduo com audição
biaural normal poderá responder que a fonte sonora está localizada acima
da cabeça, o que, segundo PEREIRA (1997a), deve ser considerado como
resposta correta.
Baseado na literatura descrita, nas direções à direita, à
esquerda, à frente e atrás, espera-se que os processos de localização
horizontal sejam responsáveis pela resolução da tarefa proposta, e, na
direção acima, os processos de localização vertical.
Discussão
173
Prova de memória seqüencial para sons verbais e não-verbais
A memória é o processo que permite estocar, arquivar as
informações, para poder recuperá-las quando houver necessidade
(BOOTHROYD, 1986; PEREIRA, 1993a; PEREIRA & CAVADAS,
1998).
MEDWETSKY (1998) descreveu o modelo relacionado à
memória de processamento de informação proposto por MASSARO
(1975). A partir de um estímulo auditivo, traços como intensidade,
freqüência e tempo são extraídos do estímulo auditivo e acredita-se que
haja um armazenamento acústico pré-perceptual, geralmente designado
como memória ecóica. Essa memória é importante, pois permite ao ouvinte
continuar a processar a informação do sinal sem a sua existência física.
Essa memória é combinada e transformada em uma memória auditiva
sintetizada. Esse estágio permite ao indivíduo caracterizar o estímulo a
partir de suas características espaciais, entonação e intensidade. O próximo
estágio envolve um padrão de reconhecimento. Os perceptos auditivos em
combinação com as características acústicas são comparados a padrões
arquivados na memória a longo prazo. O último estágio é a memória a
curto prazo, também conhecida, segundo o autor, como memória de
trabalho. A memória a curto prazo é limitada, enquanto que a memória a
Discussão
174
longo prazo não é. Fatores como audibilidade dos traços acústicos,
resolução temporal, resolução de freqüências, intensidade e fase em que os
estímulos alcançam as orelhas interferem na memória ecóica. Já a
familiaridade com o estímulo, o esquema de organização da informação,
repetição e seqüência são os fatores que interferem na memória a curto
prazo.
Para GUYTON (1993), a memória pode ser dividida em:
memória imediata, memória a curto prazo e memória a longo prazo. A
memória imediata pode ser exemplificada pela capacidade de
memorização, por poucos segundos ou minutos de números, mas que só
dura enquanto a pessoa continuar a pensar nesses estímulos. A memória a
curto prazo pode durar vários minutos ou semanas, mas acaba por ser
perdida, a não ser que os traços de memória se tornem mais permanentes. A
memória a longo prazo resulta de modificações estruturais nas sinapses,
que estimulam ou suprimem a condução de sinais.
DAMÁSIO (1996) definiu memória de trabalho, a qual
consiste na capacidade de reter informação durante um período de muitos
segundos e de a manipular mentalmente. Para BADDELEY (1981), a
memória de trabalho é considerada mais consistente que a memória de
curto prazo e mais efêmera que a memória de longo prazo. Sua função
principal é transferir informações de armazenagem de curto prazo para a de
Discussão
175
longo prazo e facilitar o raciocínio verbal e a compreensão. Para o autor,
durante o desempenho de uma tarefa, a memória de trabalho refere-se ao
papel de armazenamento temporário no processamento de informações.
PINHEIRO & MUSIEK (1985) descreveram a importância da
ordenação ou seqüência temporal como uma das mais básicas funções do
sistema auditivo central. Relataram que o tipo, o número, a duração de cada
um dos estímulos e a velocidade de apresentação dos mesmos interferem
em tarefas de ordenação temporal. MISCIK, SMITH, HAMM,
DEFFENBACHER & BROWN (1972) relataram que o armazenamento de
seqüências auditivas é uma função combinada da duração dos estímulos,
intervalo entre os estímulos e técnicas de codificação do indivíduo, usadas
para processar a resposta a ser dada.
Na prova de memória seqüencial para sons instrumentais e
sons verbais, as crianças foram instruídas a identificar três seqüências de
sons - quatro itens para sons instrumentais e três itens para sons verbais -
apontando instrumentos sonoros ou repetindo sílabas. Desta forma, supõe-
se que, com esta tarefa, os processos de memória de curto prazo, segundo
MEDWETSKY (1998), ou de memória imediata segundo GUYTON
(1993), sejam ativados, exigindo-se, na tarefa, além da memorização dos
itens os processos de seqüencialização dos mesmos. Neste trabalho,
denominou-se de memória de trabalho ao processo de memorização de
Discussão
176
itens e manipulação dos mesmos (BADDELEY, 1981; DAMASIO, 1996),
processos envolvidos nas tarefas propostas.
Teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala – PSI
Segundo BARKLEY (1988), a atenção é um construto
multidimensional que se refere a uma variedade de relações entre o
estímulo ambiental ou tarefas e respostas comportamentais. GERBER
(1996) acredita que existam algumas dimensões da atenção que são de
consenso nas pesquisas na área como: estado de alerta, atenção seletiva,
atenção dividida, atenção focada, vigilância e conjunto preparatório.
Para BUTLER (1983), a atenção seletiva implica em atender a
alguma atividade mental em detrimento de outras. Neste caso, um ou mais
estímulos produzem as informações relevantes, como em tarefas com
mensagens competitivas, em que o indivíduo é solicitado a ouvir uma
informação e ignorar as demais, ou seja, deverá focar sua atenção no
estímulo solicitado, e, portanto, deverá recuperar somente uma das
informações. A atenção seletiva pode ser utilizada também na escuta
dicótica, em etapa de integração biaural, quando ambos os estímulos
deverão ser recuperados pelo indivíduo.
A atenção seletiva capacita o indivíduo a monitorar um
determinado estímulo auditivo significativo, mesmo quando a atenção
Discussão
177
primária deva-se à outra modalidade sensorial. Capacita também a reagir a
um determinado estímulo auditivo significativo e ignorar o ruído de fundo
(BOOTHROYD, 1986; PEREIRA, 1993a; PEREIRA & CAVADAS,
1998).
Relacionado ao processo de atenção seletiva, existe a
habilidade de figura-fundo, que é a capacidade do indivíduo de identificar a
mensagem primária na presença de sons competitivos (KEITH, 1981).
No Teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala - PSI - o
processo envolvido é atenção seletiva (ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA,
1997). Desta forma, processo (atenção seletiva) e habilidade (figura-fundo)
podem ser eventualmente considerados sinônimos. Além disso, a tarefa
envolvida no teste, ou seja, o trabalho que o indivíduo deverá fazer para
solucionar o problema de identificar separadamente as informações que
foram apresentadas sobrepostas e simultâneas, pode ser denominada de
dicótica ou monótica, levando-se em conta o alcance de cada informação
por uma (monoaural) ou ambas orelhas (biaural). A etapa do teste PSI que
consiste na identificação de sentenças com mensagem competitiva
contralateral (MCC), o trabalho que o indivíduo deve realizar, é
denominado de tarefa dicótica. E, a etapa com mensagem competitiva
ipsilateral (MCI) é denominada de tarefa monótica. No PSI – MCC, o
indivíduo deve realizar uma tarefa dicótica de separação biaural, ou seja,
Discussão
178
por meio do processo de atenção seletiva separar as informações
apresentadas biauralmente, e para isso utilizará de sua habilidade auditiva
de figura-fundo. No PSI-MCI, o indivíduo deve realizar uma tarefa
monótica, ou seja, por meio do processo de atenção seletiva, separar as
informações apresentadas monoauralmente, e para isso utilizará de sua
habilidade auditiva de figura-fundo. Estas informações são apresentadas
sobrepostas e simultâneas na mesma orelha e são informações de baixa
redundância.
Para evitar problemas de reconhecimento e de associação do
estímulo auditivo ao estímulo visual, as figuras do teste foram apresentadas
às crianças para reconhecimento, e só então, depois de assegurado o
reconhecimento, foi iniciado o teste.
Teste Dicótico de Dígitos
O procedimento de escuta dicótica foi desenvolvido primeiro
por BROADBENT (1954), que usou dígitos. A técnica dicótica foi, então,
desenvolvida por KIMURA (1961a), que também ofereceu uma explicação
neurológica para o efeito dicótico. Atualmente, sua explicação é ainda a
mais aceita. A explicação para a superioridade da orelha direita, no teste
Dicótico de Dígitos, é que a orelha direita tem conexões diretas com o
Discussão
179
hemisfério esquerdo, enquanto que a orelha esquerda se conecta com o
hemisfério esquerdo através de vias que passam pelo hemisfério direito
para só então cruzarem para o hemisfério esquerdo via o corpo caloso. Uma
vez que o hemisfério esquerdo é aquele em que os sons da fala são
presumivelmente analisados, os sons da orelha direita teriam a vantagem de
ter melhor acesso a estes centros da fala (KIMURA, 1961a, 1961b, 1967;
MUSIEK & PINHEIRO, 1985; RYALLS, 1996).
No teste Dicótico de Dígitos, dois estímulos diferentes são
apresentados simultaneamente, um em cada orelha. Nos testes de escuta
dicótica, na etapa de integração biaural, os indivíduos devem ouvir dois
pares de dígitos, sendo apresentados um par de cada vez, com um dígito em
cada orelha, e a repetir, após ouvir todo o item, os quatro números ouvidos,
independentemente da ordem de apresentação dos mesmos. Devem
reconhecer os estímulos apresentados dicoticamente e repeti-los, o que
indica uma boa habilidade para agrupar componentes do sinal acústico em
figura-fundo e identificá-los verbalmente (SANTOS & PEREIRA, 1997).
Na tarefa dicótica também está envolvido o processo de atenção seletiva
(PICKLES, 1985), uma vez que o indivíduo deve ouvir pares de dígitos,
apresentados simultaneamente e diferentes, um a cada lado da orelha. E,
além disso, outro mecanismo envolvido nessa tarefa é o de memória de
trabalho.
Discussão
180
Teste de Fusão Auditiva - AFT-R
Resolução temporal diz respeito à ação realizada por um
indivíduo ao identificar dois eventos acústicos pela menor pista de
intervalo de tempo de silêncio entre eles (MEDWETSKY, 1998). A
resolução temporal, ou a detecção de intervalos de tempo, a habilidade de
processar rapidamente estímulos variáveis, ou simplesmente denominado
gap-detection, podem ser medidas. PHILLIPS (1999) considerou que, no
processo de avaliação da resolução temporal, pode ser medida a
sensibilidade auditiva temporal. Em uma tarefa de resolução temporal,
utilizando, por exemplo, tons puros, o ouvinte deve detectar a presença de
um intervalo temporal em um evento acústico. E, quanto menor o intervalo
de tempo detectado, melhor a resolução temporal do indivíduo. A
habilidade relacionada à tarefa de detecção de intervalos de tempo é a fusão
auditiva, ou seja, a identificação de um evento acústico como um único
som a partir da apresentação de dois estímulos (TREHUB, 1993).
O teste de fusão auditiva usado neste trabalho, proposto por
McCROSKEY & KEITH (1996), teve, por base, trabalhos anteriores de
McCROSKEY. Por volta de 1975, McCROSKEY começou a pesquisar
sobre diversos aspectos do processamento auditivo, particularmente de
Discussão
181
aspectos temporais da audição. A partir de seus estudos, ele elaborou o
Wichita Auditory Fusion Test - WAFT, ou Teste de Fusão Auditiva
Wichita. Com a crescente importância da avaliação dos aspectos temporais
da audição (ASHA, 1995, 1996), o WAFT foi revisto e apresentado como
AFT-R, para uso clínico (McCROSKEY & KEITH, 1996).
No teste de Fusão Auditiva - AFT-R, utilizado neste trabalho,
são apresentados tons puros nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e
4000 Hz, com um breve intervalo de tempo entre os pares de tons e a
criança foi solicitada a dizer se ouviu um ou dois tons, dizendo “um” ou
“dois” ou mostrando um ou dois dedos. A avaliação só foi realizada após
ter sido averiguado se a criança tinha o conceito de um e dois. Com isso
acredita-se ter reduzido a possibilidade de erros por dificuldade de entender
o conceito envolvido na tarefa. Sendo assim, procurou-se realizar o teste
com os cuidados já descritos por BEVING & EBLEN (1973).
Para expor a análise dos resultados, subdividiu-se este capítulo
em três partes:
PARTE A - Comentários sobre as respostas obtidas nas
diferentes provas auditivas realizados pelos indivíduos do Grupo I, ou com
baixo risco de alteração de desenvolvimento, audição, linguagem e
aprendizagem.
Discussão
182
PARTE B - Comentários sobre as respostas obtidas nas
diferentes provas auditivas realizados pelos indivíduos do Grupo II, ou
evidências de alteração de aprendizagem.
PARTE C – Comentários sobre o estudo comparativo das
respostas obtidas nas diferentes provas auditivas pelos indivíduos dos
Grupos I e II.
Discussão
183
PARTE A – Comentários sobre as respostas obtidas nas diferentes provas
auditivas realizados pelos indivíduos do Grupo I ou com baixo risco de
alteração de desenvolvimento, audição, linguagem e aprendizagem.
Foram estabelecidos os valores médios - média, mediana,
moda e desvio-padrão - assim como, os limites superiores e limites
inferiores, para cada uma das provas aplicadas no Grupo I (Tabelas 1 a 6).
Os resultados analisados estatisticamente mostraram que não
existiram diferenças significantes entre as respostas dos indivíduos deste
grupo, nas provas de localização sonora, memória seqüencial para sons
não-verbais e memória seqüencial para sons verbais, para os indivíduos do
sexo masculino e feminino (Tabela 1).
TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994) não
encontraram diferenças estatisticamente significantes entre o sexo
masculino e o sexo feminino, quando estudaram as repostas de 216
escolares, entre cinco e 11 anos de idade, de escolas públicas e particulares
da região de Santa Maria (RS), nas provas de memória seqüencial para sons
não-verbais e memória seqüencial para sons verbais.
Discussão
184
Os resultados deste estudo foram semelhantes aos de
TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994), quando estudada a
variável sexo.
Os resultados analisados estatisticamente mostraram que não
existiram diferenças significantes entre as respostas dos indivíduos do sexo
masculino e feminino no teste PSI-MCC, nas relações fala/ruído 0 e -40 dB
(Tabela 2) e teste PSI-MCI, na relações fala/ruído 0, -10 e -15 dB (Tabela
3).
JERGER, JERGER & LEWIS (1981) não encontraram
diferença estatisticamente significante entre os indivíduos do sexo
masculino e do sexo feminino, quando realizaram o estudo para
padronização do teste PSI. Os autores avaliaram 24 crianças, 14 do sexo
masculino e 10 do sexo feminino, com idades entre três anos e quatro
meses a nove anos e não encontraram diferenças de performance
relacionadas à variável sexo.
Embora a idade da população estudada neste trabalho tenha
sido superior à da população estudada por JERGER, JERGER & LEWIS
(1981), os resultados, deste estudo, complementam e confirmam a ausência
de interferência da variável sexo, nas respostas dos indivíduos avaliados a
partir do teste PSI.
Discussão
185
Verificou-se não existir diferença estatisticamente significante
entre as respostas dos indivíduos do sexo masculino e feminino no Teste
Dicótico de Dígitos à orelha esquerda (Tabela 4). Houve diferença
estatisticamente significante entre os indivíduos do sexo masculino e do
sexo feminino no Teste Dicótico de Dígitos à orelha direita (Tabela 4),
sendo que a população do sexo masculino apresentou respostas
significantemente maiores.
Considerando-se os trabalhos descritos na literatura
especializada, verificou-se que a variável sexo não foi analisada em vários
estudos realizados com crianças utilizando-se o teste Dicótico de Dígitos.
KRAFT (1981) estudou indivíduos destros apenas do sexo masculino. Nos
estudos de KIMURA (1963), com o Teste Dicótico de Dígitos, foram
encontradas diferenças entre a população do sexo masculino e feminino nas
idades de cinco e seis anos, sendo que os indivíduos do sexo masculino
apresentaram respostas significantemente menores. Os indivíduos testados
na faixa etária de sete, oito e nove anos não apresentaram diferenças,
quando estudada a variável sexo. KRAFT (1982) também encontrou
diferenças entre a população do sexo masculino e feminino nas idades de
sete e 11 anos, sendo que os indivíduos do sexo masculino apresentaram
respostas significantemente menores.
Discussão
186
BAKKER, HOEFKENS & VLUGT (1979) não encontraram
diferenças significantes entre as respostas dos indivíduos do sexo
masculino e sexo feminino, avaliados por quatro vezes aos seis, sete, oito e
11 anos de idade e testados a partir de uma tarefa dicótica com 24 itens de
quatro pares de dígitos. Da mesma forma, GEFFEN & WALE (1979) não
encontraram diferenças entre o desempenho dos indivíduos do sexo
masculino e sexo feminino, quando avaliaram 32 crianças, com idade entre
sete e nove anos, a partir de tarefas dicóticas com dígitos com dificuldade
variável. SANTOS (1998), no Brasil, não encontrou diferença
estatisticamente significante entre o sexo masculino e o sexo feminino na
tarefa de integração biaural em crianças de cinco a seis anos e 11 e 12 anos.
Os resultados deste estudo foram diferentes dos encontrados
por KIMURA (1963) e KRAFT (1982), uma vez que, neste estudo, o
desempenho dos indivíduos do sexo masculino foi melhor que o
desempenho dos indivíduos do sexo feminino. Da mesma forma, os dados
obtidos neste estudo divergem dos achados de BAKKER, HOEFKENS &
VLUGT (1979), GEFFEN & WALE (1979) e SANTOS (1998), que não
encontraram diferenças nos grupos estudados, quando analisada a variável
sexo.
Observou-se não haver diferença estatisticamente significante
entre as respostas dos indivíduos do sexo masculino e feminino no AFT-R
Discussão
187
na condição biaural (Tabela 5) e AFT-R, na condição monoaural (Tabela
6).
DAVIS & McCROSKEY (1980) encontraram diferenças
significantes entre os indivíduos do sexo masculino e feminino, a partir de
um estudo de 135 crianças com idades entre três e 12 anos, como a versão
original do AFT- R (WAFT), procedimento este, aplicado nos indivíduos
testados na condição biaural (diótica). Uma vez que, a partir da análise
estatística dos dados obtidos, houve uma associação entre a variável sexo e
a variável idade, os autores discutiram que as diferenças encontradas
estariam relacionadas aos indivíduos da faixa etária correspondente a 5
anos de idade e discutiram que as diferenças encontradas estariam
relacionadas à amostra populacional.
Os resultados deste estudo diferiram dos de DAVIS &
McCROSKEY (1980), quando os autores estudaram apenas a variável
sexo, uma vez que neste estudo não foram encontradas diferenças
significantes entre as respostas dos indivíduos do sexo masculino e
feminino. Quando os autores realizaram a análise da associação da variável
sexo à variável idade, a associação ocorreu apenas na faixa etária de 5 anos,
sendo que em outras idades a associação não ocorreu. Desta forma, os
resultados deste estudo foram semelhantes ao de DAVIS & McCROSKEY
(1980), quando comparada a variável sexo na faixa etária de 9 e 10 anos.
Discussão
188
Observou-se não existir diferença estatisticamente significante
entre o desempenho dos indivíduos à orelha direita e à orelha esquerda no
PSI-MCC nas relações fala/ruído 0 e -40 dB (Tabela 2) e no PSI-MCI nas
relações fala/ruído 0 e -10 dB (Tabela 3). Houve diferença estatisticamente
significante entre os resultados obtidos à orelha direita e orelha esquerda na
relação fala/ruído -15 dB (Tabela 3), sendo que as respostas dos indivíduos
avaliados à orelha direita - primeira orelha testada - nesta relação
fala/ruído, foram menores que as respostas à orelha esquerda - segunda
orelha testada - na mesma relação fala/ruído.
PEREIRA (1993b) e SCHOCHAT & CARVALLO (1995), em
tarefa monótica de reconhecimento de fala com ruído, encontraram um
desempenho melhor à segunda orelha testada na condição de escuta com
ruído, decorrente, segundo as autoras, provavelmente de aprendizagem da
situação de testagem.
Embora a habilidade utilizada para o processamento da fala no
ruído seja a de fechamento (PEREIRA, 1993a, 1997a), e no PSI-MCC e
MCI a habilidade necessária seja a de figura-fundo, ambos testes requerem
dos indivíduos avaliados o uso dos processos de atenção seletiva e de
aprendizagem da tarefa. Sendo assim, neste estudo, a aprendizagem da
situação de testagem parece ter favorecido o melhor desempenho dos
Discussão
189
indivíduos à segunda orelha testada (orelha esquerda) do que à primeira
orelha testada (orelha direita).
No teste Dicótico de Dígitos, verificou-se que não houve
diferença estatisticamente significante entre as respostas observadas
quando o estímulo foi apresentado via orelha direita e orelha esquerda,
tanto na população do sexo masculino como do sexo feminino (Tabela 4).
Embora a vantagem da orelha direita, ou seja, um número
significante maior de acertos na orelha direita do que na orelha esquerda,
no teste Dicótico de Dígitos, tenha sido amplamente descrita na literatura
em crianças a partir dos seis anos (KIMURA, 1963; BAKKER,
HOEFKENS & VLUGT, 1979; KRAFT, 1981; KOOMAR & CHERMAK,
1981; KRAFT, 1982; SANTOS, 1998), ou em estudos que estudaram
tarefas dicóticos em diferentes idades e através de procedimentos diversos
(KIMURA, 1961b; DIRKS, 1964; PINTO 1991; TEDESCO, 1995;
ORTIZ, 1995), não foram encontradas diferenças entre o desempenho dos
indivíduos à orelha direita e esquerda neste estudo.
SIDTIS (1982) investigou padrões de assimetria perceptual
para a fala e estímulos tonais complexos através de tarefa dicótica, em 28
indivíduos destros, 14 do sexo masculino e 14 do sexo feminino. Embora
70 a 75% dos indivíduos apresentassem vantagem da orelha direita para a
fala e vantagem da orelha esquerda para tons, menos da metade dos
Discussão
190
indivíduos apresentou o padrão esperado nas duas tarefas. O autor
argumentou que a superioridade da resposta auditiva contralateral durante a
estimulação dicótica é apenas apropriada para aproximadamente metade da
população de destros. Para a outra metade, assimetrias subcorticais
importantes e/ou a falta de vantagem contralateral parecem estar presentes.
Relatou também que bases atencionais poderiam interferir no padrão de
assimetria.
SANTOS (1998) observou diferença estatisticamente
significante entre as respostas observadas quando o estímulo foi
apresentado via orelha direita e orelha esquerda nos indivíduos com idade
de cinco a seis anos, havendo um número menor de erros à orelha direita.
Nos indivíduos com faixa etária de 11 a 12 anos, os estímulos apresentados
via orelha direita também tiveram uma porcentagem menor de erros, mas
as diferenças encontradas não foram significantes.
Os resultados encontrados neste estudo foram semelhantes aos
de SANTOS (1998), quando analisados os resultados obtidos em
indivíduos entre 11 e 12 anos de idade.
POHL, GRUBMÜLLER & GRUBMÜLLER (1984)
estudaram 210 indivíduos destros, entre quatro e 10 anos, a partir de tarefas
dicóticas verbais em língua alemã, com o objetivo de investigar o
desenvolvimento da assimetria perceptual entre as orelhas. Os autores
Discussão
191
descreveram um declínio na vantagem da orelha direita, decorrente da
melhora da performance das respostas dos indivíduos à orelha esquerda.
Descreveram que a vantagem da orelha direita observada em tarefas
dicóticas deve estar relacionada à imaturidade funcional do corpo caloso
em crianças mais jovens. Os autores discutiram que a melhora da
performance da orelha esquerda reflete o aumento da velocidade de
condução das vias auditivas no corpo caloso devido às mudanças
maturacionais na mielinização das fibras do sistema.
MUSIEK (1983a) descreveu uma pequena diferença entre a
performance dos indivíduos adultos à orelha direita e esquerda no teste
Dicótico de Dígitos, embora tenha relatado que a vantagem da orelha
direita seja encontrada quando solicitada uma tarefa mais difícil de ser
realizada.
No teste AFT-R, na condição monoaural, observou-se que não
houve diferença estatisticamente significante entre as respostas levando-se
em conta a orelha em que o estímulo foi apresentado, orelha direita e orelha
esquerda, nas freqüências testadas de 1000 e 4000 Hz (Tabela 6).
Os dados deste trabalho não puderam ser comparados com
dados da literatura porque a testagem do AFT-R na condição monoaural, na
população estudada por McCROSKEY & KEITH (1996) não foi realizada,
embora tenha sido sugerida a sua realização pelos autores. Outros estudos
Discussão
192
compilados da literatura (McCROSKEY & KIDDER, 1980; MOURA,
FENIMAN & LAURIS, 2000) também não fizeram referência à utilização
do AFT-R na condição monoaural.
No AFT-R, na condição biaural, através de comparações
múltiplas (Tabela 5), observou-se que as freqüências de 250 e 500 Hz
apresentaram resultados semelhantes e menores que as demais freqüências
- 1000, 2000 e 4000 Hz. Estas freqüências, por sua vez, apresentaram
resultados semelhantes (Gráfico 1).
McCROSKEY & KIDDER (1980), DAVIS & McCROSKEY
(1980) e McCROSKEY & KEITH (1996), em seus estudos, relataram que
não encontraram diferença significante entre os limiares de fusão auditiva
nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Segundo os autores,
não há efeito relacionado à freqüência nos limiares de fusão auditiva em
indivíduos com sistemas auditivos normais.
WIGHTMAN, ALLEN, DOLAN, KISTLER & JAMIESON
(1989) avaliaram 20 crianças, com idades entre três e sete anos, e cinco
adultos, com idades entre 20 e 30 anos, a partir de uma tarefa envolvendo a
habilidade de fusão auditiva. Os indivíduos foram solicitados a identificar a
presença de um intervalo interpulso, em estímulos auditivos centrados nas
freqüências de 400 e 2000 Hz. Os autores encontraram que, na freqüência
de 400 Hz, os limiares de fusão auditiva das crianças foram maiores que os
Discussão
193
limiares dos adultos, sendo que os indivíduos de três anos de idade
apresentaram os maiores limiares de fusão auditiva. Os limiares de fusão
auditiva na freqüência de 2000 Hz foi menor que o limiar na freqüência de
400 Hz, e mostrou um efeito similar à freqüência de 400 Hz relacionado à
variável idade.
Os dados deste estudo diferem dos dados encontrados por
McCROSKEY & KIDDER (1980), DAVIS & McCROSKEY (1980) e
McCROSKEY & KEITH (1996), uma vez que as freqüências altas
apresentaram limiar de fusão auditiva significantemente maior que as
demais freqüências. Os resultados deste estudo foram semelhantes aos
encontrados por WIGHTMAN, ALLEN, DOLAN, KISTLER &
JAMIESON (1989) em um procedimento de avaliação da resolução
temporal, uma vez que foram encontradas diferenças entre as freqüências
altas e baixas.
Uma vez que os indivíduos apresentaram resultados
semelhantes nas freqüências de 250 e 500 Hz e nas freqüências de 1000,
2000 e 4000 Hz, acredita-se que, para uso clínico, o AFT-R, na condição
biaural, possa ser utilizado nas freqüências de 250, 1000 e 4000 Hz no
subteste 2, ou seja, as mesmas freqüências que são testadas no subteste 3, o
que tornaria o teste mais rápido em termos de aplicação clínica e não
haveria prejuízo em termos da análise dos resultados.
Discussão
194
No AFT-R, na condição monoaural, através da comparação
entre as freqüências 1000 e 4000 Hz à orelha direita e à orelha esquerda
(Tabela 6), observou-se que as freqüências testadas apresentaram
resultados semelhantes.
Não foram encontrados na literatura, estudos que
comparassem as freqüências do AFT-R na condição monoaural.
McCROSKEY & KIDDER (1980), DAVIS & McCROSKEY (1980) e
McCROSKEY & KEITH (1996), em seus estudos com o AFT-R na
condição biaural, relataram que não encontraram diferença significante
entre os limiares de fusão auditiva nas freqüências testadas, que incluíram
1000 e 4000 Hz. WIGHTMAN, ALLEN, DOLAN, KISTLER &
JAMIESON (1989) encontram diferenças entre as freqüências de 400 e
2000 Hz em um procedimento de avaliação do limiar de fusão auditiva em
crianças. No presente estudo, também não foi encontrada diferença
significante, na condição biaural, entre as freqüências 1000 e 4000 Hz,
embora tenha sido encontrada diferença entre as freqüências baixas (250 e
500 Hz) e as freqüências altas (1000, 2000 e 4000 Hz).
Uma vez que foram avaliadas apenas as freqüências 1000 e
4000 Hz na condição monoaural e não foi avaliada nenhuma freqüência
baixa (250 e 500 Hz), sugere-se que este tipo de estudo seja realizado em
trabalhos futuros.
Discussão
195
Os resultados obtidos quanto aos pontos de corte (Tabela 7)
para mais ou menos dois desvios-padrão além da média e P90 estão dentro
dos limites encontrados na literatura. Os resultados de estudos compilados
da literatura na população normal, nas diferentes provas aplicadas, são
apresentados nos Quadros 2 a 7. Não foram descritos resultados
comparativos relacionados ao AFT-R, na condição monoaural, pois não
foram encontrados, na literatura, trabalhos relacionados ao teste nesta
condição.
Apresenta-se, no Quadro 2, uma síntese dos dados publicados
por PEREIRA (1993a) e ZANCHETTA (1993), relacionados à prova de
localização sonora.
Discussão
196
Quadro 2 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de
Localização Sonora (LS), em indivíduos normais.
Autor Ano Número Sexo Idade
(anos) Ponto de
Corte % N
PEREIRA 1993a 137 M e F 5 a 12 90,00 4/5
ZANCHETTA 1993 15 M e F 7 100,00 5/5
PRESENTE ESTUDO
2001 40 20 M 20 F
9 a 10 90,00 4/5
Legenda: % = Porcentagem de indivíduos incluídos no ponto de corte N = número de acertos estabelecido pelo ponte de corte
M = masculino F = feminino
A análise dos resultados obtidos demonstrou que os resultados
encontrados foram semelhantes aos de PEREIRA (1993a), que utilizou o
mesmo ponto de corte para avaliar 137 crianças com idades entre cinco e
12 anos. Os resultados obtidos foram inferiores aos de ZANCHETTA
(1993), que utilizou um ponto de corte superior ao estabelecido para este
estudo, em crianças normais com idade média de sete anos.
Apresenta-se, no Quadro 3, uma síntese dos dados publicados
por PEREIRA (1993a), ZANCHETTA (1993) e TONIOLO, ROSSI,
BORGES & PEREIRA (1994), relacionados à prova de memória
seqüencial para sons não-verbais.
Discussão
197
Quadro 3 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de
Memória Seqüencial para Sons não-verbais (MSNV), em indivíduos
normais.
Autor Ano Número Sexo Idade
(anos) Ponto de
Corte % N
PEREIRA 1993a 137 M e F 5 a 12 89,00 2/3 (3 itens)
PEREIRA 1993a 15 M e F 9 a 25 90,00 2/3
(4 itens)
ZANCHETTA 1993 15 M e F 7 100,00 3/3 (3 Itens)
TONIOLO e
col. 1994 216 M e F 5 a 10 72,32 3/3
(4 itens > 6 anos)
PRESENTE ESTUDO
2001 40 20 M 20 F
9 a 10 90,00 2/3 (4 itens)
Legenda: % = Porcentagem de indivíduos incluídos no ponto de corte N = número de acertos estabelecido pelo ponte de corte
M = masculino F = feminino > = maior
A análise dos resultados obtidos demonstrou que os resultados
encontrados foram semelhantes aos de PEREIRA (1993a), quando estudou
indivíduos com idades entre cinco e 12 anos e entre nove e 25 anos Os
resultados deste estudo foram inferiores aos de ZANCHETTA (1993), que
obteve, em crianças com idade média de sete anos, 100% de acerto nas três
seqüências testadas. Os resultados deste estudo também foram inferiores
aos estabelecidos por TONIOLO, ROSSI, BORGES & PEREIRA (1994).
Discussão
198
As autoras encontraram, em crianças de cinco a 10 anos de idade, a
incidência de 72,32% de indivíduos que acertaram as três seqüências
testadas. Neste estudo, a incidência encontrada para o acerto de três
seqüências foi de 45%, sendo, desta forma, o ponto de corte estabelecido
para 90% da população em dois acertos em três seqüências.
Apresenta-se, no Quadro 4, uma síntese dos dados publicados
por PEREIRA (1993a), ZANCHETTA (1993) e TONIOLO, ROSSI,
BORGES & PEREIRA (1994), relacionados à prova de memória
seqüencial verbal.
Discussão
199
Quadro 4 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de
Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV), em indivíduos normais.
Autor Ano Número Sexo Idade
(anos) Ponto de
Corte % N
PEREIRA 1993a 97 M e F 5 a 7 89,00 2/3
ZANCHETTA 1993 15 M e F 7 100,00 3/3
TONIOLO e col.
1994 216 M e F 5 a 10 96,30 3/3
PRESENTE
ESTUDO 2001 40 20 M
20 F 9 a 10 90,00 3/3
Legenda: % = Porcentagem de indivíduos incluídos no ponto de corte N = número de acertos estabelecido pelo ponte de corte
M = masculino F = feminino
A análise dos resultados obtidos demonstrou que os resultados
encontrados foram semelhantes aos de ZANCHETTA (1993), que avaliou
crianças na faixa etária de sete anos e TONIOLO, ROSSI, BORGES &
PEREIRA (1994), que avaliaram crianças entre cinco e 10 anos de idade.
Os resultados deste estudo foram superiores aos de PEREIRA (1993a), que
encontrou 89% de indivíduos que acertam duas em três seqüências,
avaliando indivíduos de cinco a sete anos de idade.
Apresenta-se, no Quadro 5, uma síntese dos dados publicados
por JERGER (1987), ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988), KALIL
(1994) e ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA (1997), relacionados ao PSI-
MCC e MCI.
Discussão
200
Quadro 5 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste PSI
com Mensagem Competitiva Contralateral (MCC) e Mensagem
Competitiva Ipsilateral (MCI), em indivíduos normais. Autor Ano Número Sexo Idade Condição f/r (%)
JERGER 1987 40 M e F 3 a 6 MCC
MCI
0 = 100,00 -20 = 70,00 (formato I) -20 = 90,00(formato II)
+ 10 = 100,00
0 = 80,00
ALMEIDA e col.
1988 - - 10 a 15 MCC
MCI
0 = 100,00 - 20 = 100,00 - 40 = 99,40
0 = 90,00
-10 = 80,00 -20 = 50,00
(= SSI)
KALIL 1994 12 M e F 5 a 10 MCC
MCI
OD/OE 0 = 100,00 OD - 40 = 100,00 OE -40 = 99,17
OD 0 = 91,67 -10 = 84,17
OE 0 = 95,83 -10 = 82,50
ZILIOTTO e
col. 1997 20 10 M
10 F 6 MCC
MCI
OD 0 = 99,50 - 40 = 99,50
OE 0 = 99,50 -40 = 100,00
OD 0 = 89,50 -10 = 73,00
OE 0 = 93,00 -10 = 74,50
PRESENTE
ESTUDO 2001 40 20 M
20 F 9 a 10 MCC
MCI
OD/OE 0 = 100,00 0D/OE -40 = 100,00
OD 0 = 90,00 -10 = 90,00 -15 = 70,00
OE 0 = 100,00 -10 = 90,00 -15 = 80,00
Legenda: f/r = relação fala/ruído; (%) porcentagem de acerto; M = masculino; F = feminino; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda.
Discussão
201
A análise dos resultados obtidos no PSI-MCC demonstrou que
os resultados encontrados foram semelhantes aos propostos por JERGER
(1987) para a língua inglesa, na relação fala/ruído 0 dB. Na relação
fala/ruído -40 dB, não há equivalência de condição de testagem, sendo na
língua inglesa utilizada a relação fala/ruído -20 dB com dois tipos de frases
(formato I e II).
A análise dos dados obtidos para o PSI-MCC, em português,
nas relações fala/ruído 0 e –40 dB, à orelha direita e orelha esquerda,
demonstrou resultados semelhantes aos de ALMEIDA, CAMPOS &
ALMEIDA (1988), KALIL (1994) e ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA
(1997).
A análise dos resultados obtidos no PSI-MCI demonstrou que
os resultados encontrados, na relação fala/ruído 0 dB, foram superiores
(orelha direita 90% e orelha esquerda 100%) aos encontrados na língua
inglesa (80%) por JERGER (1987).
A análise dos dados obtidos para o PSI-MCI, em português, na
relação fala/ruído 0 dB, na orelha direita e esquerda, demonstrou resultados
semelhantes aos de ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988), KALIL
(1994) e ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA (1997). A análise dos dados
obtidos para o PSI-MCI, em português, na relação fala/ruído -10 dB, na
orelha direita (90%) e orelha esquerda (90%), demonstrou resultados
Discussão
202
superiores aos de ALMEIDA, CAMPOS & ALMEIDA (1988) - 80% -,
KALIL (1994) - orelha direita 84,17% e orelha esquerda 82,5% - e
ZILIOTTO, KALIL & ALMEIDA (1997) - orelha direita 73% e orelha
esquerda 74,5%.
Não foram encontrados na literatura trabalhos relatando o uso
do PSI – MCI na relação fala/ruído –15 dB, embora o uso clínico desta
relação fala/ruído tenha sido sugerida por PEREIRA (1997b).
JERGER, JERGER & LEWIS (1981) descreveram a
influência, no PSI, de diferenças relacionadas à idade cronológica e
linguagem receptiva. Neste estudo, a idade dos indivíduos testados esteve
entre nove e 10 anos, enquanto que os 12 indivíduos testados por KALIL
(1994) tinham entre cinco e 12 anos, e no estudo de ZILIOTTO, KALIL &
ALMEIDA (1997), a média de idade foi de seis anos, demonstrando,
provavelmente, que, com maior idade em média, os indivíduos
apresentaram maior facilidade de execução da tarefa proposta.
Apresenta-se, no Quadro 6, uma síntese dos dados publicados
por KIMURA (1963), KOOMAR & CERMAK (1981), KRAFT (1981),
KRAFT (1982), BELLIS (1996), SINGER, HURLEY & PREECE (1998) e
SANTOS (1998), relacionados ao teste Dicótico de Dígitos.
Discussão
203
Quadro 6 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste Dicótico de
Dígitos (DD), na tarefa de integração biaural, em indivíduos normais.
Autor Ano N Sexo Procedimento Idade % de Acertos Vantagem OD
KIMURA 1963 23
23
10 M 13 F 11 M 12 F
20 itens 3 pares 8
9
MASCULINO OD=91,67 OE = 83,67
FEMININO OD = 91,17 OE = 81,5
MASCULINO OD=92,50 OE = 81,17
FEMININO OD = 91,83 OE =87,33
SIM
KOOMAR &
CERMAK 1981 30 23 M
7 F 20 itens 3 pares 7 a 10 OD = 77,83
OE = 71,17 SIM
KRAFT 1981 40
40 M 15 itens 2 pares
e 10 itens 3 pares
6 a 8 10 a 12
89,00 74,15
SIM
KRAFT 1982 96 48 M
48 F 15 itens 2 pares
e 10 itens 3 pares
7 e 11
7 11
TOTAL
M 79,23 F 82,67 79,23 86,43 80,97
SIM SIM
BELLIS 1996 - - 20 Itens 2 pares 9
10
11
OD = 80,00 OE = 75,00 OD = 85,00
OE = 78 OD = 90,00 OE = 88,00
-
SINGER e col. 1998 91 71 M
20 F 20 Itens 2 pares 9
10
11 a 13
OD = 92,53 OE = 91,41 OD =93,17 OE = 92,28 OD = 96,00 OE = 95,65
-
SANTOS 1998 30
30
15 M 15 F 15 M 15 F
20 itens 2 pares 5 a 6
11 a 12
OD = 74,00 OE = 68,00
OD = 93,00 OE = 93,00
SIM
NÃO
PRESENTE
ESTUDO 2001 40 20 F
20 M 20 itens 2 pares 9 a 10 OD Masculino
= 97,50 OD Feminino
= 95,13 OE Total = 95,12
NÃO
Legenda: N -= número de indivíduos; % = porcentagem de acertos; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; M = masculino; F = feminino.
Discussão
204
A análise dos valores médios de acertos no teste Dicótico de
Dígitos demonstrou que os resultados encontrados foram superiores aos
encontrados na literatura, relatados nos trabalhos de KIMURA (1963) e
KOOMAR & CERMAK (1981), embora estes autores tenham utilizado um
maior número de pares de itens para avaliação com o teste Dicótico de
Dígitos. Os resultados foram superiores também aos relatados nos trabalhos
de KRAFT (1981), KRAFT (1982), BELLIS (1996) e SANTOS (1998). Os
resultados encontrados foram superiores aos encontrados por SINGER,
HURLEY & PREECE (1998) nas idades entre nove e 10 anos e
semelhantes aos encontrados entre 11 e 13 anos.
Apresenta-se, no Quadro 7, uma síntese dos dados publicados
por McCROSKEY & KIDDER (1980), McCROSKEY & KEITH (1996) e
MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000), relacionados ao AFT-R.
Discussão
205
Quadro 7 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste de
Fusão Auditiva (AFT-R), na condição biaural, em indivíduos normais.
Autor Ano Número Sexo Idade Média (ms) Desvio-
Padrão Ponto de
Corte % N
McCROSKEY & KIDDER
1980 45 23 M 22 F
7 a 10 7,5 (9 anos) 3,09 -
McCROSKEY
& KEITH 1996 448 M e F 3 a 9 8 (9, 10 e
11 anos) 3 95,00 20
MOURA e col. 2000 18 11 M
7 F 7 a 10 5,0 2,4 -
PRESENTE
ESTUDO 2001 40 20 M
20 F 9 a 10 6,41 3,59 90,00 13,08
(95,00 = 13, 59) Legenda: % = porcentagem de indivíduos incluídos no ponto de corte N = valor do Limiar de Fusão Auditiva no ponto de corte M = masculino
F = feminino ms = milissegundos
A análise dos resultados obtidos no AFT-R, na condição
biaural, demonstrou que os resultados encontrados foram inferiores aos
propostos por McCROSKEY & KEITH (1996), obtidos em indivíduos
falantes da língua inglesa. MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000)
alertaram para o fato de os limiares de fusão auditiva, em português, serem
menores do que os obtidos no teste original.
Acredita-se que este achado possa estar relacionado às
diferenças de estimulação recebidas pelos indivíduos testados durante o
período de desenvolvimento da linguagem oral nas línguas de origem e
conseqüente formação de um padrão neural de decodificação e acesso à
Discussão
206
informação acústica diferentes. As características acústicas e prosódicas da
língua inglesa e portuguesa são diferentes em vários aspectos e os
processos de resolução temporal exigidos para a decodificação fonêmica
podem ser diferentes em função das demandas exigidas pela língua,
denotando um maior ou menor limiar de fusão auditiva.
HIRSH (1959) estudou o efeito dos intervalos interpulsos na
percepção da ordenação temporal e determinou que, com um intervalo
interpulso de 2ms, o ouvinte normal pode perceber dois sons ao invés de
um só; no entanto, o intervalo interpulso deve ser de aproximadamente
17ms para o ouvinte normal poder identificar a ordem de uma seqüência de
dois sons. O autor afirmou que, nos casos em que o ouvinte necessitou mais
do que 20ms para identificar a ordem do estímulo, deveria se pesquisar a
possibilidade de desordem do processamento auditivo central.
Discussão
207
PARTE B - Comentários sobre as respostas obtidas nas diferentes
provas auditivas realizados pelos indivíduos do Grupo II, ou com
evidências de alteração de aprendizagem, particularmente do
aprendizado do código gráfico.
Foram estabelecidos os valores médios - média, mediana,
moda e desvio-padrão - assim como os limites superiores e limites
inferiores, para cada uma das provas aplicadas no Grupo II (Tabelas 8 a
13).
Não foi possível realizar o estudo quanto à variável sexo, uma
vez que o grupo II é constituído de 16 indivíduos do sexo masculino e
quatro indivíduos do sexo feminino. A análise estatística foi orientada a
partir dos resultados da variável sexo no Grupo I.
Observou-se que não houve diferença estatisticamente
significante entre os resultados obtidos à orelha direita e orelha esquerda no
teste PSI-MCC, na relação fala/ruído 0 e -40 dB (Tabela 9). Não houve
diferença estatisticamente significante entre o desempenho dos indivíduos à
orelha direita e à orelha esquerda no PSI-MCI na relação fala/ruído -10 dB
(Tabela 10). Houve diferença estatisticamente significante entre a orelha
direita e orelha esquerda no PSI-MCI na relação fala/ruído 0 e -15 dB
(Tabela 10), sendo que as respostas dos indivíduos avaliados à orelha
Discussão
208
direita foram menores do que as respostas à orelha esquerda. A orelha
direita foi a primeira orelha a ser avaliada e a orelha esquerda foi a segunda
orelha a ser avaliada em cada uma das relações fala/ruído.
Assim como no Grupo I, parece que o fator aprendizagem
levantado por PEREIRA (1993b) e SCHOCHAT & CARVALLO (1995),
em tarefa monótica de reconhecimento de fala com ruído, também está
presente nos resultados obtidos no Grupo II. No entanto, uma ressalva
deve ser feita: no Grupo I, apenas na relação -15 dB, ou seja, uma relação
de fala/ruído de escuta difícil, houve uma diferença entre a orelha direita e
a orelha esquerda, sendo que a orelha direita apresentou um número
menor de erros. No Grupo II, além da relação fala/ruído -15 dB, também
houve uma diferença entre a orelha direita e orelha esquerda na relação
fala/ruído 0 dB, ou seja, em uma condição de escuta levemente distorcida,
o que sugere que os indivíduos do Grupo II, nessa tarefa, necessitaram de
maior número de itens e/ou pistas acústicas para o processamento da
informação auditiva, mesmo em condições de escuta mais favoráveis.
A diferença de performance entre a orelha direita e a orelha
esquerda na relação fala/ruído 0 dB deve ser observada e levada em
consideração na avaliação de crianças com distúrbio de aprendizagem,
uma vez que esse tipo de resposta é exclusiva do Grupo II e parece
caracterizar as estratégias perceptuais auditivas empregadas neste tipo de
Discussão
209
tarefa por esse grupo de crianças, podendo nortear de forma mais precisa
o processo de reabilitação.
SLOAN (1991) salientou que crianças com alteração do
processamento auditivo, muitas vezes precisam de um maior número de
itens para o aprendizado da tarefa e cometem mais erros durante esse
processo de aprendizagem. Sugeriu que, para facilitar o que chamou de
aprendizado perceptual, deveria se tornar mais audível as características
acústicas mais relevantes da fala.
No teste Dicótico de Dígitos, houve diferença estatisticamente
significante entre o desempenho dos indivíduos do Grupo II, à orelha
direita e à orelha esquerda, no sexo masculino (Tabela 11), sendo que os
indivíduos apresentam desempenho superior à orelha direita (ou inferior à
orelha esquerda).
A análise dos dados, levando-se em conta a vantagem da
orelha direita no teste Dicótico de Dígitos, pode ser explicada pela teoria
estrutural proposta por KIMURA (1961a, 1961b, 1967) e pelos achados de
PINHEIRO (1977) e MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) que
estudaram crianças com alteração de aprendizagem.
Para MUSIEK & PINHEIRO (1985), a vantagem da orelha
direita observada em tarefas auditivas está relacionada ao processamento
lingüístico da informação realizado no hemisfério cerebral esquerdo,
Discussão
210
evidenciado, segundo RYALLS (1996) por achados em pacientes lesados
cerebrais e em estudos eletrofisiológicos, como a tomografia de emissão de
pósitrons. Nesse sentido, se a informação auditiva recebida por uma orelha
é transmitida para o lobo temporal contralateral (PICKLES, 1985), a
informação recebida pela orelha esquerda pode ter chegado principalmente
ao hemisfério direito necessitando de tratamento de outras áreas de
processamento da informação (PEREIRA, 1993b). Portanto, na escuta
dicótica, a informação auditiva verbal, proveniente da orelha esquerda,
segue contralateralmente para o lobo temporal direito e, via o corpo caloso,
atinge o hemisfério cerebral esquerdo, que é responsável pela análise,
percepção e produção da linguagem (MUSIEK, BARAN & PINHEIRO,
1994; RIPAUPIERRE, 1997), enquanto que o hemisfério direito está
relacionado à percepção da duração, intensidade, timbre, entonação e
melodia (MUSIEK, BARAN & PINHEIRO, 1994; RIPAUPIERRE, 1997).
Da mesma forma, o estímulo verbal apresentado na orelha direita é
projetado diretamente ao hemisfério esquerdo, sendo processado de forma
rápida e precisa.
GEFFEN & WALE (1979) referiram que a vantagem da orelha
direita aumenta em função da dificuldade da tarefa. Descreveram que, com
menor velocidade de apresentação do estímulo, a vantagem da orelha
Discussão
211
direita permaneceu constante em função da idade e, em velocidades de
apresentação maiores, a vantagem da orelha direita diminuiu.
TALLAL, MILLER & FITCH (1993) acreditam que o
hemisfério esquerdo seja especializado para processar a informação que
muda rapidamente na dimensão temporal e não seja especializado para o
processamento da fala em si. Descreveram um estudo realizado pelos
mesmos, que demonstrou que com estímulos de fala, nos quais as
transições das formantes foram aumentadas em duração, a vantagem da
orelha direita foi reduzida significantemente.
MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) avaliaram 22
crianças com dificuldades acadêmicas, entre oito e 10 anos de idade, a
partir de uma bateria composta por sete testes de avaliação do
processamento auditivo, que incluiu o teste Dicótico de Dígitos. Os autores
descreveram que encontraram um consistente déficit na orelha esquerda.
Da mesma forma, PINHEIRO (1977) encontrou uma vantagem da orelha
direita (ou déficit da orelha esquerda) em uma população de 14 indivíduos,
11 do sexo masculino e três do sexo feminino, com idade entre seis e 16
anos. Os autores relacionaram a vantagem da orelha direita à alteração de
transferência de informação do hemisfério direito para o hemisfério
esquerdo via o corpo caloso.
Discussão
212
Uma vez que a comparação do Grupo I e Grupo II será
realizada na Parte C deste estudo, a análise dos resultados obtidos na
comparação entre orelha direita e orelha esquerda será retomada, associada
ao número de indivíduos adequados e inadequados em cada grupo.
No AFT-R, na condição monoaural (Tabela 13), não houve
diferença estatisticamente significante entre a orelha direita e a orelha
esquerda nas freqüências testadas - 1000 e 4000 Hz. Não foi realizada a
testagem do AFT-R na condição monoaural, na população normal estudada
por McCROSKEY & KEITH (1996), embora tenha sido sugerida a sua
realização pelos autores. Como citado anteriormente, outros estudos
compilados da literatura (McCROSKEY & KIDDER, 1980; MOURA,
FENIMAN & LAURIS, 2000) também não fizeram referência à utilização
do AFT-R na condição monoaural.
No AFT-R, na condição biaural (Tabela 12 e Gráfico 2), não
houve diferença estatisticamente significante entre as freqüências
comparadas 250, 1000 e 4000 Hz, dados semelhantes aos de
McCROSKEY & KEITH (1996), obtidos em indivíduos normais, embora
diferentes dos encontrados no Grupo I deste estudo.
McCROSKEY & KIDDER (1980) relataram diferenças nos
limiares de fusão auditiva em função das freqüências testadas em crianças
com distúrbio de aprendizagem. Encontraram diferenças nas freqüências de
Discussão
213
250 e 4000 Hz, sendo que estas freqüências apresentaram limiares de fusão
auditiva maiores que as freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. Essas
diferenças entre freqüências não foram encontradas em crianças com
desempenho normal e crianças com dificuldade específica de leitura.
Os resultados deste estudo foram diferentes dos de
McCROSKEY & KIDDER (1980), uma vez que não foram encontradas
variações de desempenho quanto às freqüências estudadas no grupo de
crianças com distúrbio de aprendizagem. Deve-se ressaltar que a
comparação, realizada neste estudo, envolveu apenas as freqüências 250,
1000 e 4000 Hz, pois optou-se por comparar as freqüências realizadas por
todos os indivíduos do Grupo II.
No AFT-R, na condição monoaural, através da comparação
entre as freqüências 1000 e 4000 Hz à orelha direita e à orelha esquerda
(Tabela 13), observou-se que as freqüências testadas apresentaram
resultados semelhantes.
Não foram encontrados, na literatura, estudos que
comparassem as freqüências do AFT-R na condição monoaural.
McCROSKEY & KIDDER (1980) relataram diferenças nos limiares de
fusão auditiva em função das freqüências testadas em crianças com
distúrbio de aprendizagem, na aplicação do AFT-R na condição biaural.
Encontraram diferenças nas freqüências de 250 e 4000 Hz, sendo que, para
Discussão
214
estas freqüências, os indivíduos apresentaram limiares de fusão auditiva
maiores que para as freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. No presente
estudo, também não foi encontrada diferença estatisticamente significante,
na condição monoaural, entre os desempenhos dos indivíduos para as
freqüências 1000 e 4000 Hz no Grupo I.
No AFT-R na condição monoaural, não foram encontradas
diferenças entre as respostas obtidas à orelha direita e à orelha esquerda
(Tabela 13), da mesma forma não foram encontradas diferenças entre os
resultados das freqüências de 1000 e 4000 Hz tanto na orelha direita quanto
na orelha esquerda (Tabela 13). Os resultados obtidos na condição
monoaural do AFT-R foram semelhantes aos encontrados, na condição
biaural, no Grupo II. Desta forma sugere-se a utilização do AFT-R na
condição monoaural em pesquisa, visto a falta de outras contribuições já
obtidas na condição biaural.
Os resultados de estudos compilados da literatura na
população com distúrbio de aprendizagem, nas diferentes provas aplicadas,
são apresentados nos Quadros 8 a 13. Não foram descritos resultados
comparativos relacionados ao AFT-R, na condição monoaural, pois não
foram encontrados, na literatura, trabalhos relacionados ao teste nesta
condição.
Discussão
215
Apresenta-se, no Quadro 8, uma síntese dos dados publicados
por PEREIRA (1993a), SCHOCHAT & CARVALHO (1995), CRUZ &
PEREIRA (1996) e GUIMARÃES (1999), relacionados à prova de
localização sonora aplicada em indivíduos com distúrbio de aprendizagem.
Discussão
216
Quadro 8 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de
Localização Sonora (LS), em indivíduos com distúrbio de aprendizagem.
Autor Ano Características Número Sexo Idade
(anos) N (%)
Inadequados Ponto de
Corte PEREIRA 1993a Sem alteração
neurológica com fracasso escolar
21 M e F 6 a 13 (x = 9)
33,00 4/5
SCHOCHAT
& CARVALLO
1995 Distúrbio de aprendizagem
7 M 7 a 14 57,86 5/5
CRUZ &
PEREIRA 1996 Queixa de
dificuldade aprendizagem
24 M e F 8 a 12 41,67 4/5
GUIMARÃES 1999 Distúrbio de
aprendizagem com audição
normal ou perda leve
26 19 M 7 F
8 a 12 27,00 4/5
PRESENTE
ESTUDO 2001 Distúrbio de
aprendizagem 20 16 M
4 F 9 a 11 0,00 4/5
Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração na prova de LS M = masculino F = feminino x = média
PEREIRA (1993a), observou em seu estudo com crianças com
história de fracasso escolar com idades entre seis e 13 anos de idade, 33%
de alteração da prova de localização sonora. SCHOCHAT & CARVALLO
(1995) encontraram, em indivíduos com alteração de aprendizagem,
57,14% de alteração na prova de localização sonora. CRUZ & PEREIRA
(1996) observaram, em crianças com queixa de dificuldade de
aprendizagem, 41,67% de alteração na prova de localização sonora.
Discussão
217
GUIMARÃES (1999) encontrou, em crianças com distúrbio de
aprendizagem, 27% de alteração da localização sonora, embora três
crianças (11,1%) com inadequação na prova de localização sonora
apresentassem alteração da audição periférica.
O ponte de corte utilizado neste estudo foi de quatro acertos
em cinco itens, semelhante aos de PEREIRA (1993a), CRUZ & PEREIRA
(1996) e GUIMARÃES (1999). SCHOCHAT & CARVALLO (1995)
utilizaram um ponto de corte de 100% de acerto e encontraram a maior
porcentagem de indivíduos alterados.
Os dados, obtidos no presente estudo, divergem dos dados
encontrados na literatura, uma vez que não foram encontradas alterações no
Grupo II na prova de localização sonora.
Apresenta-se, no Quadro 9, uma síntese dos dados publicados
por PEREIRA (1993a), SCHOCHAT & CARVALLO (1995), CRUZ &
PEREIRA (1996) e GUIMARÃES (1999), relacionados à prova de
memória seqüencial para sons não-verbais aplicada em indivíduos com
distúrbio de aprendizagem.
Discussão
218
Quadro 9 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de
Memória Seqüencial para Sons Não-verbais (MSNV), em indivíduos com
distúrbio de aprendizagem.
Autor Ano Características Número Sexo Idade N (%)
Inadequados Ponto de
Corte PEREIRA 1993a Sem alteração
neurológica com fracasso escolar
21 M e F 6 a 13 (x = 9)
40,00 2/3 (3 itens)
SCHOCHAT
& CARVALLO
1995 Distúrbio de aprendizagem
7 M 7 a 14 14,28 3/3
CRUZ &
PEREIRA 1996 Queixa de
dificuldade aprendizagem
24 M e F 8 a 12 16,66 2/3 (4 itens)
GUIMARÃES 1999 Distúrbio de
aprendizagem com audição
normal ou perda leve
26 19 M 7 F
8 a 12 62,00 2/3 (4 itens)
PRESENTE
ESTUDO 2001 Distúrbio de
Aprendizagem 20 16 M
4 F 9 a 11 15,00 2/3
(4 itens) Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração na prova de MSNV
M = masculino F = feminino x = média
PEREIRA (1993a) observou, em seu estudo de crianças com
história de fracasso, escolar com idades entre seis e 13 anos de idade, 40%
de alteração da prova de memória seqüencial para sons não-verbais.
SCHOCHAT & CARVALLO (1995) encontraram, em indivíduos com
alteração de aprendizagem, 14,28% de alteração na prova de memória
Discussão
219
seqüencial para sons não-verbais. CRUZ & PEREIRA (1996) observaram,
em crianças com queixa de dificuldade de aprendizagem, 16,66% de
alteração na prova de memória seqüencial para sons não-verbais.
GUIMARÃES (1999) encontrou, em crianças com distúrbio de
aprendizagem, 62% de alteração da memória seqüencial para sons não-
verbais.
Os resultados obtidos neste estudo foram semelhantes aos de
CRUZ & PEREIRA (1996) e inferiores aos de PEREIRA (1993a) e
GUIMARÃES (1999). Embora numericamente os resultados deste estudo
tenham sido semelhantes aos de SCHOCHAT & CARVALLO (1995), as
autoras utilizaram um ponto de corte de 100% de acerto. A partir desse
critério, os resultados deste estudo seriam de 70% de alteração, superiores
aos encontrados pelas autoras.
Apresenta-se, no Quadro 10, uma síntese dos dados publicados
por PEREIRA (1993a), SCHOCHAT & CARVALLO (1995), CRUZ &
PEREIRA (1996) e GUIMARÃES (1999), relacionados à prova de
memória seqüencial para sons verbais, aplicada em indivíduos com
distúrbio de aprendizagem.
Discussão
220
Quadro 10 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com a prova de
Memória Seqüencial para Sons Verbais (MSV), em indivíduos com
distúrbio de aprendizagem.
Autor Ano Características Número Sexo Idade N (%)
Inadequados Ponto de
Corte PEREIRA 1993a Sem alteração
neurológica com fracasso escolar
21 M e F 6 a 13 (x = 9)
18,00 2/3
SCHOCHAT
& CARVALLO
1995 Distúrbio de aprendizagem
7 M 7 a 14 OD 71,43 OE 85,72
3/3
CRUZ &
PEREIRA 1996 Queixa de
dificuldade aprendizagem
24 M e F 8 a 12 16,66 2/3
GUIMARÃES 1999 Distúrbio de
aprendizagem com audição
normal ou perda leve
26 19 M 7 F
8 a 12 69,00 2/3
PRESENTE
ESTUDO 2001 Distúrbio de
aprendizagem 20 16 M
4 F 9 a 11 40,00 3/3
Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração na prova de MSV M = masculino F = feminino x = média
PEREIRA (1993a) observou, em seu estudo de crianças com
história de fracasso escolar, com idades entre seis e 13 anos de idade, 18%
de alteração da prova de memória seqüencial para sons verbais.
SCHOCHAT & CARVALLO (1995) encontraram, em indivíduos com
alteração de aprendizagem, 71,43% de alteração à orelha direita e 85,72%
Discussão
221
de alteração à orelha esquerda na prova de memória seqüencial para sons
verbais. CRUZ & PEREIRA (1996) observaram, em crianças com queixa
de dificuldade de aprendizagem, 16,66% de alteração na prova de memória
seqüencial para sons verbais. GUIMARÃES (1999) encontrou, em crianças
com distúrbio de aprendizagem, 69% de alteração da memória seqüencial
para sons verbais.
Os dados obtidos neste estudo são superiores aos obtidos por
PEREIRA (1993a) e CRUZ & PEREIRA (1996) e inferiores aos
encontrados por GUIMARÃES (1999) que utilizaram como ponto de corte
dois acertos em três seqüências avaliadas, enquanto que, neste trabalho, foi
utilizado o ponto de corte de três acertos em três seqüências. Se fosse
utilizado o índice de acerto utilizado nos trabalhos descritos apenas 5% do
Grupo II, apresentaria alteração, dados inferiores aos achados da literatura.
Os resultados obtidos neste trabalho são inferiores aos obtidos
por SCHOCHAT & CARVALLO (1995), que utilizaram o critério de três
acertos em três seqüências para análise dos resultados.
Apresenta-se, no Quadro 11, uma síntese dos dados publicados
por ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT (1990), PEREIRA
(1993a), SCHOCHAT & CARVALLO (1995) e GUIMARÃES (1999),
relacionados ao teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala (PSI) nas
condições de testagem com mensagem competitiva contralateral (MCC) e
Discussão
222
mensagem competitiva ipsilateral (MCI), aplicado em indivíduos com
distúrbio de aprendizagem.
Discussão
223
Quadro 11 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste PSI
com Mensagem Competitiva Contralateral (MCC) e Mensagem
Competitiva Ipsilateral (MCI), em indivíduos com distúrbio de
aprendizagem.
Autor Ano Características Número Sexo Idade N (%) Inadequados
Condição
ALMEIDA e col.
1990 Distúrbio do aprendizado
22 10 M 12 F
5 a 7 68,00 Em campo livre
ALMEIDA e
col. 1990 Distúrbio do
aprendizado 7 M e F 5 a 7 85,00 Em campo
livre
PEREIRA 1993a Sem alteração neurológica com fracasso escolar
21 M e F 6 a 13 (x = 9)
5,00 MCC
PEREIRA 1993a Sem alteração
neurológica com fracasso escolar
21 M e F 6 a 13 (x = 9)
64,00 MCI
SCHOCHAT
& CARVALLO
1995 Distúrbio de aprendizagem
7 M 7 a 14 85,70 MCI
GUIMARÃES 1999 Distúrbio de
aprendizagem com audição
normal ou perda leve
26 19 M 7 F
8 a 12 42,00 Análise global do
teste
PRESENTE
ESTUDO 2001 Distúrbio de
aprendizagem 20 16 M
4 F 9 a 11 OD 0 = 0,00
- 40 = 0,00 OE 0 = 5,00 -40 = 0,00
MCC
PRESENTE
ESTUDO 2001 Distúrbio de
aprendizagem 20 16 M
4 F 9 a 11 OD 0 = 10,00
-10 = 25,00 -15 = 5,00
OE 0 = 15,00 -10 = 5,00 -15 = 0,00
MCI
Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração no teste PSI; M = masculino; F = feminino; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; x = média.
Discussão
224
PEREIRA (1993a), em crianças com história de fracasso
escolar, sem antecedente neurológico, com idades entre seis e 13 anos,
encontrou 5% de alteração no PSI-MCC, dados similares aos encontrados
neste estudo, embora a autora tenha utilizado um ponto de corte de 90% de
acerto e, neste estudo, o ponto de corte tenha sido 100% para todas as
etapas do PSI-MCC. Se o critério fosse de 90%, nenhum indivíduo do
Grupo II seria considerado como com desempenho inadequado.
PEREIRA (1993a) observou, em seu estudo de crianças com
história de fracasso escolar, com idades entre seis e 13 anos de idade, 64%
de alteração no PSI-MCC. SCHOCHAT & CARVALLO (1995)
encontraram, em indivíduos com alteração de aprendizagem, 85,7% de
alteração no PSI-MCC.
Os resultados deste estudo foram inferiores aos obtidos por
PEREIRA (1993a) e SCHOCHAT & CARVALLO (1995) em seus
estudos.
ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT (1990)
descreveram os resultados do PSI, aplicado em campo livre, em sete
crianças de cinco a sete anos de idade, todas portadoras de distúrbios do
aprendizado. Relataram que seis (85%) crianças apresentaram porcentagem
menor de reconhecimento em relação a crianças do grupo-controle,
considerando o PSI como eficiente para o diagnóstico diferencial.
Discussão
225
GUIMARÃES (1999) encontrou 42% de alteração no PSI em crianças com
alteração de aprendizagem, sendo que não especificou em que condição do
teste - com mensagem competitiva contralateral ou mensagem competitiva
ipsilateral - foram encontradas as alterações.
Os valores obtidos no presente estudo foram inferiores aos
encontrados por ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT
(1990) e GUIMARÃES (1999).
Apresenta-se, no Quadro 12, uma síntese dos dados publicados
por MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982), SINGER, HURLEY &
PREECE (1998) e GUIMARÃES (1999), relacionados ao teste Dicótico de
Dígitos aplicado em indivíduos com distúrbio de aprendizagem.
Discussão
226
Quadro 12 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste
Dicótico de Dígitos, em indivíduos com distúrbio de aprendizagem.
Autor Ano Características Procedimento Número Sexo Idade N (%)
Inadequados MUSIEK e col. 1982 Dificuldades
acadêmicas que podem incluir o
distúrbio de aprendizagem
20 itens 2 pares 22 12 M 10 F
8 a 10 63,30
GUIMARÃES 1999 Distúrbio de
aprendizagem com audição
normal ou perda leve
20 itens 2 pares 26 19 M 7 F
8 a 12 42,00
PRESENTE
ESTUDO 2001 Distúrbio de
aprendizagem 20 itens 2 pares 20 16 M
4 F 9 a 11 OD Masculino
= 81,30 OE Total = 80,00
Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração no teste DD M = masculino F = feminino
MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) observaram, em
seu estudo com crianças com dificuldades acadêmicas, algumas delas com
diagnóstico de distúrbio de aprendizagem, com idades entre oito e 10 anos
de idade, 63,3% de alteração no teste Dicótico de Dígitos. GUIMARÃES
(1999) encontrou, em indivíduos com diagnóstico de distúrbio de
aprendizagem, com idades entre oito e 12 anos, 42% de alteração no teste
Dicótico de Dígitos.
Os resultados obtidos neste estudo foram superiores aos
obtidos por MUSIEK, GEURKINK & KIETEL (1982) e GUIMARÃES
Discussão
227
(1999). Vale ressaltar que ponto de corte utilizado por MUSIEK,
GEURKINK & KIETEL (1982) foi de 84% à orelha direita e 79% à orelha
esquerda aos nove anos e 91% à orelha direita e 84% à orelha esquerda aos
10 anos. GUIMARÃES (1999) não especificou os critérios utilizados para
classificação dos sujeitos com o critério denominado, pela autora, de
passou/falhou no teste.
Se fosse utilizado o índice de acerto de 90% (MUSIEK, 1983a;
SANTOS & PEREIRA, 1997) para as orelhas direita e esquerda, três
indivíduos do sexo masculino (18,75%) apresentariam alteração à orelha
direita e 10 indivíduos da população total - sexo masculino e sexo feminino
- (50%) apresentariam alteração à orelha esquerda.
SINGER, HURLEY & PREECE (1998) avaliaram 147
crianças com distúrbio de aprendizagem, 101 do sexo masculino e 46 do
sexo feminino, com idade entre sete e 13 anos. Os autores aplicaram o teste
Dicótico de Dígitos na versão proposta por MUSIEK (1983a). Nos
indivíduos com nove anos de idade encontraram 83,04% de acerto em
média (desvio-padrão = 15,02) à orelha direita e 78,13% (desvio-padrão =
16) à orelha esquerda. Nos indivíduos com 10 anos de idade encontraram
87,29% de acerto em média (desvio-padrão = 12,45) à orelha direita e
77,96% (desvio-padrão = 17,57) à orelha esquerda. Nos indivíduos entre 11
Discussão
228
e 13 anos de idade encontraram 88% de acerto em média (desvio-padrão =
12,53) à orelha direita e 87,75% (desvio-padrão = 9,47) à orelha esquerda.
Os resultados, do presente estudo, foram superiores aos de
SINGER, HURLEY & PREECE (1998), assim como apresentaram menor
variabilidade na população estudada.
Apresenta-se no Quadro 13 uma síntese dos dados publicados
por McCROSKEY & KIDDER (1980), FENIMAN, KEITH &
CUNNINGHAM (1999) e MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000),
relacionados ao AFT-R na condição biaural, aplicado em indivíduos com
distúrbio de aprendizagem.
Discussão
229
Quadro 13 - Pontos de corte obtidos em estudos realizados com o teste de
Fusão Auditiva (AFT-R) na condição biaural, em indivíduos com distúrbio
de aprendizagem.
Autor Ano Características Número Sexo Idade Média
(ms) Desvio-Padrão
N (%) Inadequados
McCROSKEY & KIDDER
1980 Distúrbio de aprendizagem
45 32 M 13 F
7 a 9 12,2 (9 anos) (WAFT)
7,49 -
McCROSKEY
& KIDDER 1980 Distúrbio de
específico de leitura
45 25 M 20 F
7 a 9 11,7 (9 anos) (WAFT)
9,18 -
FENIMAN e
col. 1999 Distúrbio de
aprendizagem/ linguagem
17 11 M 6 F
6 a 10 (x = 8,2)
8,3 2,1 0
MOURA e col. 2000 Distúrbio de
leitura e escrita 10 6 M
4 F 7 a 10 Subteste 2 (3)
= 5,1 Subteste 3 (7)
= 89,5
Subteste 2 (3) = 3,7
Subteste 3 (7) = 64,9
70,00 (Subteste 2 = 0,00
Subteste 3 = 70,00)
PRESENTE
ESTUDO 2001 Distúrbio de
aprendizagem 20 16 M
4 F 9 a 11 Subteste 2 (10)
= 7,16 Subteste 3 (10)
= 108,83
Subteste 2 (10) = 5,12
Subteste 3 (10) = 28,78
50 (Subteste 2 = 0,00
Subteste 3 = 100,00)
Legenda: N (%) = porcentagem de indivíduos com alteração no teste AFT-R na condição biaural ms = milissegundos M = masculino F = feminino x = média
McCROSKEY & KIDDER (1980) estudaram 135 crianças
com idades entre sete e nove anos. As crianças foram agrupadas em três
grupos: grupo de crianças normais, grupo de crianças com dificuldades de
leitura e grupo de crianças com dificuldade de aprendizagem. Foi aplicada
a versão original do AFT-R (WAFT). Foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes entre o grupo de crianças normais e os outros
Discussão
230
dois grupos. Não houve diferença estatisticamente significante entre o
grupo de crianças com dificuldade de leitura e o com distúrbio de
aprendizagem.
FENIMAN, KEITH & CUNNINGHAM (1999) encontraram
limiares de fusão auditiva de 4,5ms a 13ms em crianças diagnosticadas
com distúrbio de aprendizagem relacionados à linguagem, sendo que os
autores discutiram a possibilidade de que as crianças avaliadas não
tivessem um distúrbio de linguagem extenso consistente com problemas de
processamento temporal.
MOURA, FENIMAN & LAURIS (2000), no Brasil,
estudaram crianças diagnosticadas como portadoras de distúrbio de leitura
e escrita e os dados obtidos revelaram significante alteração no
desempenho do AFT-R nestas crianças. Os autores acreditam que a
alteração perceptual auditiva encontrada no teste AFT-R pode justificar a
presença de problemas de leitura e escrita na população estudada.
Analisando a literatura pesquisada, os achados deste estudo
foram semelhantes aos de McCROSKEY & KIDDER (1980) e MOURA,
FENIMAN & LAURIS (2000), quando estudado o Grupo II como um todo
(Tabela 12). Quando analisados os resultados do Grupo II subteste 2
(Tabela 22), o desempenho dos indivíduos testados foi semelhante ao da
população total de FENIMAN, KEITH & CUNNINGHAM (1999) e da
Discussão
231
população que realizou o subteste 2 no trabalho de MOURA, FENIMAN &
LAURIS (2000). Quando analisados os resultados do Grupo II subteste 3
(Tabela 22), o desempenho dos indivíduos testados foi semelhante ao da
população que realizou o subteste 3 no trabalho de MOURA, FENIMAN &
LAURIS (2000).
Discussão
232
PARTE C – Comentários sobre o estudo comparativo das respostas
obtidas nas diferentes provas auditivas pelos indivíduos dos Grupos I e
II.
Na prova de localização sonora não houve diferença
estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II (Tabela 15 e
Gráfico 3). Segundo o ponto de corte - P90 - estabelecido para este estudo
(Tabela 7), nenhum indivíduo do Grupo I ou do Grupo II (Gráfico 19)
apresentou alteração na prova de localização sonora (Tabela 21 e Gráfico
9). Os resultados de estudos compilados da literatura na população normal
e com distúrbio de aprendizagem, na prova de localização sonora, são
apresentados nos Quadros 2 e 8, respectivamente.
Neste estudo, a prova de localização sonora não foi adequada
para diferenciar os dois grupos estudados, não havendo uma associação
entre os resultados obtidos na prova de localização sonora e o grupo com
evidências de alteração de aprendizagem.
Neste trabalho, a partir da concepção teórica descrita
anteriormente pode-se supor que os processos envolvidos na tarefa de
localização sonora estejam adequados, no Grupo I e Grupo II.
Na prova de memória seqüencial para sons não-verbais, houve
diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II (Tabela
Discussão
233
15 e Gráfico 3). A partir do ponto de corte estabelecido para este estudo
(Tabela 7), nenhum indivíduo do Grupo I foi considerado como inadequado
e 15% (3 indivíduos) dos indivíduos do Grupo II (Gráfico 20) apresentaram
alteração na prova de memória seqüencial para sons não-verbais (Tabela 21
e Gráfico 9). Os resultados de estudos compilados da literatura na
população normal e com distúrbio de aprendizagem, na prova de memória
seqüencial para sons não-verbais, são apresentados nos Quadros 3 e 9,
respectivamente.
Neste estudo, a prova de memória seqüencial para sons não-
verbais foi adequada para diferenciar os dois grupos estudados, havendo
uma associação entre os resultados obtidos na prova de memória seqüencial
para sons não-verbais e o grupo com evidências de alteração de
aprendizagem.
Na prova de memória seqüencial para sons verbais, houve
diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II (Tabela
15 e Gráfico 3). A partir do ponto de corte estabelecido para este estudo
(Tabela 7), 2,5% (um indivíduo) do Grupo I foram considerados como
inadequado e 40% (oito indivíduos) do Grupo II (Gráfico 21) apresentaram
alteração na prova de memória seqüencial para sons verbais (Tabela 21 e
Gráfico 9). Os resultados de estudos compilados da literatura na população
Discussão
234
normal e com distúrbio de aprendizagem, na prova de memória seqüencial
para sons verbais, são apresentados nos Quadros 4 e 10, respectivamente.
Neste estudo, a prova de memória seqüencial para sons verbais
foi adequada para diferenciar os dois grupos estudados, havendo uma
associação entre os resultados obtidos na prova de memória seqüencial para
sons verbais e o grupo com distúrbio de aprendizagem. Deve-se ressaltar
que a prova de memória seqüencial só foi efetiva para fins de identificação
de diferenças do Grupo I e II, quando foi utilizado o critério de três acertos
em três seqüências, mostrando-se pouco efetiva quando analisados os
resultados a partir de dois acertos em três seqüências. Sugere-se que o
critério de adequação/inadequação na prova seja revisto para uso clínico,
sugerindo-se o critério de três acertos em três seqüências avaliadas.
Neste trabalho, a partir da concepção teórica descrita
anteriormente, pode-se depreender que os indivíduos do Grupo II
apresentaram dificuldade relacionada à memória de trabalho avaliada
através das provas de memória seqüencial para sons não-verbais e memória
seqüencial para sons verbais. O processo de memorização de itens e
manipulação dos mesmos (BADDELEY, 1981; DAMÁSIO, 1996), nesta
tarefa, particularmente na ordenação temporal dos itens, mostrou-se desta
forma inadequado.
Discussão
235
A memória é essencial em todos processos de aprendizagem,
uma vez que, para o aprendizado, há a necessidade de se comparar o
estímulo percebido com o conhecimento adquirido. Esse tipo de demanda é
permanente nas atividades de vida diária e particularmente no meio escolar.
A memorização de um menor número de itens, ou a inversão
dos mesmos, recebidos, por exemplo, através da fala, desencadearão
processos inadequados de resposta às demandas feita ao indivíduo,
demonstrando a importância da avaliação e ajuste destes processos na
reabilitação de indivíduos com distúrbio de aprendizagem.
No teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala com mensagem
competitiva contralateral (PSI-MCC), não houve diferença estatisticamente
significante entre o Grupo I e o Grupo II (Tabela 16 e Gráfico 4). A partir
do ponto de corte estabelecido para este estudo (Tabela 7), 2,5% (um
indivíduo) do Grupo I foram considerados como inadequados na orelha
direita na relação fala/ruído -40 dB e 5% (um indivíduo) do Grupo II
(Gráfico 23) foram considerados como inadequados na orelha esquerda na
relação fala/ruído 0 dB (Tabela 21 e Gráfico 10). Os resultados de estudos
compilados da literatura na população normal e com distúrbio de
aprendizagem, no PSI-MCC, são apresentados nos Quadros 5 e 11,
respectivamente.
Discussão
236
Neste estudo, o teste PSI-MCC não foi adequado para
diferenciar os dois grupos estudados, não havendo uma associação entre os
resultados obtidos na prova de localização sonora e o grupo com distúrbio
de aprendizagem.
No PSI com mensagem competitiva ipsilateral - PSI-MCI -,
houve diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II
na orelha direita nas relações fala/ruído 0 e -10 dB (Tabela 17 e Gráfico 5).
Não houve diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o
Grupo II na orelha direita na relação fala/ruído -15 dB e na orelha esquerda
nas relações fala/ ruído 0, -10 e -15 dB (Tabela 17 e Gráfico 5). A partir do
ponto de corte estabelecido para este estudo (Tabela 7), à orelha direita na
relação fala/ruído 0 dB, nenhum indivíduo apresentou alteração no Grupo I
e 10% (dois indivíduos) do Grupo II (Gráfico 24) apresentaram alteração
(Tabela 21 e Gráfico 11). À orelha direita na relação fala/ruído -10 dB,
nenhum indivíduo apresentou alteração no Grupo I e 25% (cinco
indivíduos) do Grupo II (Gráfico 25) apresentaram alteração (Tabela 21 e
Gráfico 11). À orelha direita na relação fala/ruído -15 dB, 7,5% (três
indivíduos) apresentaram alteração no Grupo I e 5% (1 indivíduo) do
Grupo II (Gráfico 26) apresentaram alteração (Tabela 21 e Gráfico 11). À
orelha esquerda na relação fala/ruído 0 dB, 2,5% (um indivíduo)
apresentaram alteração no Grupo I e 15% (três indivíduos) do Grupo II
Discussão
237
(Gráfico 27) apresentaram alteração (Tabela 21 e Gráfico 11). À orelha
esquerda na relação fala/ruído -10 dB, nenhum indivíduo apresentou
alteração no Grupo I e 2,5% (um indivíduo) do Grupo II (Gráfico 28)
apresentaram alteração no Grupo II (Tabela 21 e Gráfico 11). À orelha
esquerda na relação fala/ruído -15 dB nenhum indivíduo apresentou
alteração no Grupo I ou no Grupo II (Gráfico 29) (Tabela 21 e Gráfico 11).
Os resultados de estudos compilados da literatura na população normal e
com distúrbio de aprendizagem, no PSI-MCI, são apresentados nos
Quadros 5 e 11, respectivamente.
No Grupo I, três indivíduos apresentaram dificuldade na
relação fala/ruído -15 dB na orelha direita. Como foi discutido
anteriormente, o fator aprendizagem da situação de testagem parece ser o
fator interferente nos resultados obtidos neste estudo (PEREIRA 1993b;
SCHOCHAT & CARVALLO, 1995), uma vez que a orelha esquerda -
segunda orelha testada - a porcentagem de acerto foi maior (entre 90 e
100%).
Um único indivíduo do Grupo II apresentou resultados
inadequados nas três condições do teste à orelha direita. Segundo JERGER
& JERGER (1983) e JERGER (1987), resultados alterados na condição de
mensagem competitiva ipsilateral foram interpretados como compatíveis de
desordem auditiva central, principalmente a nível de tronco encefálico.
Discussão
238
Neste estudo, o teste PSI-MCI não foi adequado para
diferenciar os dois grupos estudados, na orelha direita na relação fala/ruído
-15 dB e na orelha esquerda nas relações fala ruído 0, -10 e -15 dB, não
havendo uma associação entre os resultados obtidos no PSI-MCI e o grupo
com distúrbio de aprendizagem. O teste PSI-MCI foi adequado para
diferenciar os dois grupos estudados, na orelha direita na relação fala/ruído
0 e -10 dB, havendo uma associação entre os resultados obtidos no PSI-
MCI e o grupo com distúrbio de aprendizagem.
Embora JERGER, JERGER & ABRAMS (1983) e
ALMEIDA, LOURENÇO, CAETANO & DUPRAT (1990) tenham
considerado o PSI eficiente para o diagnóstico da alteração em crianças até
sete anos de idade, neste estudo, em que a idade avaliada foi de nove a 11
anos, isso pode ser afirmado apenas na etapa de mensagem competitiva
ipsilateral e em algumas relações fala/ruído (0 e -10 dB).
As respostas dos indivíduos, analisadas na relação fala/ruído -
15 dB e obtidas via orelha direita e via orelha esquerda, não demonstraram
diferenças significantes entre os dois grupos. Desta forma, para que a
avaliação do processamento auditivo seja mais rápida e eficiente, sugere-se
o abandono da testagem dos indivíduos nesta condição, em indivíduos
desta faixa etária.
Discussão
239
Atenção especial às respostas dos indivíduos à primeira orelha
testada (orelha direita) deve ser dada na análise dos resultados, uma vez
que as diferenças de performance encontradas entre os grupos referem-se à
orelha direita, nas relações fala/ruído 0 e - 10 dB.
Nos indivíduos considerados como alterados no Grupo II, a
partir da concepção teórica adotada para este estudo, a habilidade de figura-
fundo está prejudicada, sendo que a ineficiência desta habilidade no
ambiente escolar, que geralmente é ruidoso, pode estar relacionada a
algumas dificuldades enfrentadas pela criança. A impossibilidade de
interpretação de ordens no ruído pode repercutir em dificuldades de
assimilação do conteúdo ensinado, particularmente se houver dificuldade
de memória associada. Os processos de atenção seletiva nestes indivíduos
estão comprometidos na presença de outros estímulos auditivos, sendo
difícil para a criança, por exemplo, entender o que diz o professor, além do
estresse promovido pela situação de ruído, conforme assinalara MILLS
(1975). Esses sintomas geralmente levam a comportamentos de distração
ou alterações comportamentais pouco entendidos no ambiente escolar.
No teste Dicótico de Dígitos, na orelha direita no sexo
masculino e na orelha esquerda na população do sexo masculino e sexo
feminino (total), houve diferença estatisticamente significante entre o
Grupo I e o Grupo II (Tabela 18 e Gráfico 6). Não foi realizada a
Discussão
240
comparação entre o Grupo I e II, no sexo feminino, à orelha direita, pois no
Grupo II há apenas quatro indivíduos do sexo feminino o que inviabilizou a
análise estatística. A partir do ponto de corte estabelecido para este estudo
(Tabela 7), no teste Dicótico de Dígitos à orelha direita no sexo masculino,
2,5% (um indivíduo) do Grupo I e 81,3% (13 indivíduos) do Grupo II
(Gráfico 30) foram considerados como inadequados neste teste (Tabela 21
e Gráfico 12). No teste Dicótico de Dígitos à orelha esquerda na população
total, 10% (quatro indivíduos - um do sexo masculino e três do sexo
feminino) do Grupo I e 80 % (16 indivíduos - 12 do sexo masculino e
quatro do sexo feminino) do Grupo II (Gráfico 31) foram considerados com
alteração neste teste (Tabela 21 e Gráfico 12). Os resultados de estudos
compilados da literatura na população normal e com distúrbio de
aprendizagem, no Teste Dicótico de Dígitos, são apresentados nos Quadros
6 e 12, respectivamente.
Neste estudo, o teste Dicótico de Dígitos foi adequado para
diferenciar os dois grupos estudados, havendo uma associação entre os
resultados obtidos no teste Dicótico de Dígitos à orelha direita no sexo
masculino e à orelha esquerda na população total e o grupo com distúrbio
de aprendizagem. Deve-se ressaltar que o teste Dicótico de Dígitos foi mais
efetivo para fins de identificação de diferenças entre os Grupos I e II,
quando foi utilizado o critério de corte próximo a 95% para a população de
Discussão
241
ambos os sexos, mostrando-se menos efetivo quando analisados os
resultados a partir de 90% de acertos como sugerido por MUSIEK (1983a)
e SANTOS & PEREIRA (1997). Sugere-se que o critério de
adequação/inadequação na prova seja revisto para uso clínico, sugerindo-se
o critério de 95% de acertos como de adequação no teste.
No Grupo II, no sexo masculino, quando comparada a orelha
direita e orelha esquerda (Tabela 11), verificou-se que houve diferença
estatisticamente significante entre as respostas observadas, com
desempenho inferior quando o estímulo foi enviado via a orelha esquerda.
A partir do ponto de corte estabelecido para este estudo (Tabela 7), 11
indivíduos (68,75%) do sexo masculino apresentaram alteração à orelha
direita e orelha esquerda, sendo que destes, 10 apresentaram resultados
inferiores à orelha esquerda. Dois indivíduos (12,5%) apresentaram
alteração apenas à orelha esquerda.
MUSIEK, BARAN & PINHEIRO (1994) relataram, como
desempenhos comuns aos indivíduos com distúrbios de aprendizagem,
déficits na orelha esquerda em tarefas dicóticas, especialmente aquelas de
natureza altamente lingüística, déficits bilaterais e baixos escores na orelha
direita, em ordem decrescente de incidência.
Discussão
242
Os achados deste estudo revelaram um padrão de déficit
bilateral, seguido de déficit apenas na orelha esquerda, condizente aos
achados de MUSIEK, BARAN & PINHEIRO (1994).
Segundo MUSIEK, BARAN & PINHEIRO (1994), se há
ocorrência de um déficit bilateral nas orelhas em tarefas dicóticas, há
envolvimento em regiões mais profundas do hemisfério esquerdo,
incluindo as fibras do corpo caloso e do córtex. Se há ocorrência de um
déficit na orelha esquerda em tarefas dicóticas, o corpo caloso pode estar
envolvido, mas este achado pode significar também um envolvimento do
hemisfério direito. Os autores citados acreditam que, se há um déficit na
orelha esquerda e não há alteração em tarefas monoaurais de baixa
redundância, o envolvimento do sistema inter-hemisférico é provável. Em
havendo déficit em tarefa monoaural de baixa redundância, provavelmente
o hemisfério direito também está envolvido. Se há ocorrência de um déficit
na orelha direita há envolvimento do córtex cerebral esquerdo e não há
envolvimento das fibras do corpo caloso.
BELLIS (1996) discutiu que o processamento de estímulos
verbais dicoticamente requer uma adequada comunicação inter-hemisférica
via o corpo caloso, como também adequada integridade funcional dos lobos
temporais. Para a autora, reduzida performance do indivíduo para estímulos
apresentados à orelha esquerda nas tarefas dicóticas verbais pode refletir
Discussão
243
uma diminuição da habilidade do corpo caloso de transferir a informação
do hemisfério direito para o hemisfério esquerdo. À medida que a criança
fica mais velha e a mielinização do corpo caloso é completada, a
transferência da informação melhora e escores da orelha esquerda podem
ficar próximos do adulto (MUSIEK, GOLLEGLY & BARAN, 1984). No
entanto, crianças com anormalidades desenvolvimentais do cérebro, ou
seja, anormalidades anatômicas mínimas relacionadas às áreas auditivas e
de linguagem, poderão não apresentar melhora da performance nos testes
com o passar da idade (MUSIEK, GOLLEGLY, LAMB & LAMB, 1990).
NJIOKIKTJIEN, SONNEVILLE & VAAL (1994) estudaram
os aspectos morfológicos do corpo caloso de indivíduos portadores de
distúrbio de aprendizagem, com idade entre dois anos e cinco meses e 14
anos, através de imagem de ressonância magnética. Compararam os
resultados obtidos com os resultados de indivíduos normais, com idades
entre zero e 20 anos. Estudaram um grupo de 39 crianças, 27 do sexo
masculino e 12 do sexo feminino, diagnosticadas como disfásicas na
infância e portadoras de distúrbio de aprendizagem na idade escolar e,
neste grupo encontraram anormalidades como redução do tamanho do
corpo caloso em 11% dos indivíduos e aumento do corpo caloso em 16%
dos indivíduos. Os autores sugeriram que as disfunções hemisféricas,
geralmente presentes nestas crianças, podem estar relacionadas a uma
Discussão
244
conexão anormal através do corpo caloso, que acreditam influenciar nos
mecanismos que estabelecem a dominância cerebral.
PINHEIRO (1977) avaliou crianças com distúrbio de
aprendizagem e descreveu que, embora a orelha direita e esquerda tenham
demonstrado um padrão semelhante de resposta nos diferentes testes
aplicados (percepção de fala alternada, fusão biaural, fala filtrada,
sentenças competitivas, sentenças simultâneas, SSW e padrão de
freqüência), a orelha esquerda apresentou uma performance inferior em
relação à orelha direita, sugerindo uma disfunção inter-hemisférica.
MORTON & SIEGEL (1991) investigaram a performance de
20 crianças diagnosticadas como com dificuldade de compreensão na
leitura (grupo I) e 20 crianças diagnosticadas como com dificuldade de
compreensão na leitura e de reconhecimento de palavras (grupo II ) em
tarefa dicótica através do Teste Consoante-Vogal e Dicótico de Dígitos (32
itens quatro pares) e compararam o desempenho dessas crianças com 40
crianças normais. Os autores encontraram um performance reduzida do
grupo I e II, quando analisadas as respostas obtidas à orelha esquerda e
concluíram que há uma participação reduzida do hemisfério direito nos
indivíduos do Grupo II.
Neste trabalho, a partir da concepção teórica descrita
anteriormente pode-se supor que os indivíduos do Grupo II apresentaram
Discussão
245
dificuldade relacionada à tarefa de integração biaural. Geralmente, crianças
com dificuldades perceptuais auditivas dessa natureza vão ter uma
performance adequada no processamento do estímulo que chegar ao lado
hemisférico com melhor desempenho, mas terão dificuldade quando o lado
hemisférico for aquele com pior desempenho.
Nos casos estudados, um padrão de déficit bilateral foi
encontrado, o que impede o adequado desempenho desses sujeitos em
qualquer situação de comunicação, principalmente se o ruído estiver
associado e altas demandas dos processos de memória forem exigidas. Os
processos de atenção seletiva nestes indivíduos estão comprometidos,
necessitando de estimulação sistemática da via auditiva.
No AFT-R na condição biaural, houve diferença
estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II nas freqüências
testadas e no AFT-R total (Tabela 19 e Gráfico 7). A partir do ponto de
corte estabelecido para este estudo (Tabela 7), na freqüência de 250 Hz, 5%
(dois indivíduos) do Grupo I e 60% (12 indivíduos) do Grupo II (Gráfico
32) foram considerados inadequados (Tabela 21 e Gráfico 13). Na
freqüência de 1000 Hz, 5% (dois indivíduos) do Grupo I e 50% (10
indivíduos) do Grupo II (Gráfico 33) foram considerados inadequados
(Tabela 21 e Gráfico 13). Na freqüência de 4000 Hz, 10% (quatro
indivíduos) do Grupo I e 60% (12 indivíduos) do Grupo II (Gráfico 34)
Discussão
246
foram considerados inadequados (Tabela 21 e Gráfico 13). No AFT-R
total, 10% (quatro indivíduos) do Grupo I e 55% (11 indivíduos) do Grupo
II (Gráfico 35) foram considerados inadequados (Tabela 21 e Gráfico 13).
Os resultados de estudos compilados da literatura na população normal e
com distúrbio de aprendizagem, no AFT-R na condição biaural, são
apresentados nos Quadros 7 e 13.
Quando agrupados, os indivíduos que realizaram o subteste 2 e
o subteste 3 no Grupo II na condição biaural, produziram uma grande
variabilidade de resposta (Tabela 12 e 19, Gráfico 7). Optou-se por realizar
a análise comparativa do AFT-R na condição biaural, separando-se o
Grupo II em indivíduos que realizaram o subteste 2 (Grupo II - subteste 2)
e indivíduos que realizaram o subteste 3 (Grupo II - subteste 3).
No AFT-R na condição biaural, não houve diferença
estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II - subteste 2 nas
freqüências testadas e no AFT-R total (Tabela 22 e Gráfico 15). Houve
diferença estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II -
subteste 3 nas freqüências testadas e no AFT-R total (Tabela 22 e Gráfico
16). Esses resultados demonstram, claramente, que os indivíduos do Grupo
II - subteste 2 apresentaram respostas semelhantes ao Grupo I e os
indivíduos do Grupo II - subteste 3 apresentaram 100% de alteração de
respostas em todas as freqüências.
Discussão
247
Neste estudo, o teste AFT-R, na condição biaural, foi
adequado para diferenciar os dois grupos estudados em todas as
freqüências testadas e no AFT-R total, havendo uma associação entre os
resultados obtidos no AFT-R condição biaural e o grupo com distúrbio de
aprendizagem.
JERGER, MARTIN & JERGER (1987) estudaram um caso do
sexo masculino com idade de onze anos e cinco meses com distúrbio de
aprendizagem, a partir de medidas comportamentais, eletrofisiológicas e
eletroacústicas e acreditam que certas habilidades auditivas são
fundamentais para a aquisição de linguagem e aprendizagem. BREEDIN,
MARTIN & JERGER (1989), em outro estudo, descreveram um caso com
distúrbio de aprendizagem, do sexo masculino, com idade de 14 anos e 11
meses, e os resultados indicaram uma dificuldade específica de extração da
informação acústica na presença de ruído, quando o estímulo acústico era
de curta duração.
Os resultados deste estudo demonstraram que os indivíduos do
Grupo II - subteste 3 apresentaram desempenho inadequado para estímulos
com intervalo de tempo de curta duração.
TALLAL (1976) demonstrou uma diferença estatisticamente
significante entre crianças denominadas disfásicas (com distúrbio de
linguagem) e crianças normais, quando os intervalos interpulso foram
Discussão
248
menores que 305ms. Seus achados também demonstraram que para que
uma tarefa de ordenação temporal pudesse ser realizada pelas crianças
disfásicas foram necessários maiores períodos para a informação ser
processada. TALLAL (1980a) também descreveu que crianças portadoras
de distúrbios de aprendizagem apresentam alterações de natureza sintática,
semântica ou conceitual, mais fáceis de serem identificadas do que aquelas
de nível lingüístico mais superior ou falhas cognitivas. Para TALLAL
(1980b) e PHILLIPS (1995), é possível que comprometimentos lingüísticos
ou cognitivos possam ser resultantes de problemas perceptuais mais
primários.
Para MERZENICH, SCHREINER, JENKINS & WANG
(1993), é possível que um déficit de processamento temporal primário
possa resultar em uma forma de privação auditiva, que altere as conexões
através do sistema auditivo, com efeitos em cascata para outros níveis de
processamento da informação. TALLAL, MILLER & FITCH (1993)
sugeriram que crianças com distúrbio de linguagem e aprendizagem,
devido ao seu déficit básico no processamento da informação auditiva, não
são hábeis para estabelecer uma conexão estável e invariante de
representações fonêmicas, tendo dificuldades na consciência fonêmica.
Desta forma, déficits temporais resultariam em subseqüente quebra do
desenvolvimento normal de um sistema fonológico eficiente, e este déficit
Discussão
249
de processamento fonológico resultaria em subseqüente falha para falar e
escrever normalmente. Em 1980, TALLAL já havia hipotetizado, que as
dificuldades de leitura estariam correlacionadas à disfunção perceptual
auditiva básica e afetariam a habilidade para aprender a usar habilidades de
consciência fonológica adequadamente (TALLAL, 1980b).
MERZENICH, SCHREINER, JENKINS & WANG (1993)
propuseram causas de déficits de processamento temporal, relatando que
elas podem ser provenientes de uma ou mais condições como: herança de
sistemas de aprendizagem defeituosos de seus pais, geração incompleta de
representações mentais da informação fonética como resultado de
problemas como a otite média, que interfere na clareza do sinal acústico e
emprego de estratégias de aprendizagem que envolvem uso limitado da
informação temporal disponível no estímulo.
No AFT-R, na condição monoaural, houve diferença
estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II nas freqüências
testadas 1000 e 4000 Hz (Tabela 20 e Gráfico 8). A partir do ponto de corte
estabelecido para este estudo (Tabela 7), na freqüência de 1000 Hz, à
orelha direita, 10% (quatro indivíduos) do Grupo I e 60% (12 indivíduos)
do Grupo II (Gráfico 36) foram considerados inadequados (Tabela 21 e
Gráfico 14). Na freqüência de 1000 Hz, à orelha esquerda, 2,5% (um
indivíduo) do Grupo I e 50% (10 indivíduos) do Grupo II (Gráfico 37)
Discussão
250
foram considerados inadequados (Tabela 21 e Gráfico 14). Na freqüência
de 4000 Hz, à orelha direita, 10% (quatro indivíduos) do Grupo I e 65%
(13 indivíduos) do Grupo II (Gráfico 38) foram considerados inadequados
(Tabela 21 e Gráfico 14). Na freqüência de 4000 Hz, à orelha esquerda,
10% (quatro indivíduos) do Grupo I e 60% (12 indivíduos) do Grupo II
(Gráfico 39) foram considerados inadequados (Tabela 21 e Figura 14).
Quando agrupados, os indivíduos que realizaram o subteste 2 e
o subteste 3 no Grupo II na condição monoaural, produziram uma grande
variabilidade de resposta (Tabela 13 e 20, Gráfico 8). Optou-se por realizar
a análise comparativa do AFT-R na condição biaural, separando-se o
Grupo II em indivíduos que realizaram o subteste 2 (Grupo II - subteste 2)
e indivíduos que realizaram o subteste 3 (Grupo II - subteste 3).
No AFT-R na condição monoaural, não houve diferença
estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II - subteste 2 nas
freqüências testadas (Tabela 22 e Gráfico 17). Houve diferença
estatisticamente significante entre o Grupo I e o Grupo II - subteste 3 nas
freqüências testadas (Tabela 22 e Gráfico 18). Esses resultados
demonstram, claramente, tal qual na condição biaural, que os indivíduos do
Grupo II - subteste 2 apresentaram respostas semelhantes ao Grupo I e os
indivíduos do Grupo II - subteste 3 apresentaram 100% de alteração de
respostas em todas as freqüências.
Discussão
251
Neste estudo, o teste AFT-R, na condição monoaural, foi
adequado para diferenciar os dois grupos estudados nas freqüências
testadas, havendo uma associação entre os resultados obtidos no AFT-R
condição monoaural e o grupo com distúrbio de aprendizagem.
Neste trabalho, a partir da concepção teórica descrita
anteriormente, pode-se supor que os indivíduos do Grupo II - subteste 3,
na condição biaural e monoaural, apresentaram dificuldade relacionada à
habilidade de fusão auditiva. Os processos relacionados à resolução
temporal encontram-se alterados nestes sujeitos, impedindo a
decodificação adequada dos estímulos acústicos.
A pergunta do porquê alguns indivíduos do Grupo II
apresentaram nitididamente alteração no teste (Subteste 3) e outros não
apresentaram alteração (Subteste 2), ainda deve ser respondida em estudos
futuros. Neste estudo, as crianças normais e com distúrbio de
aprendizagem não apresentaram diferenças quanto à história pré e
perinatal, ou quanto a aspectos da história clínica. Três indivíduos que
realizaram o Subteste 3 e um indivíduo que realizou o Subteste 2
apresentaram antecedentes de otite média nos dois primeiros anos de vida.
Cinco indivíduos que realizaram o Subteste 3 apresentaram antecedente
de alguma alteração de fala e/ou linguagem durante o seu
desenvolvimento e dois indivíduos que realizaram o Subteste 2
Discussão
252
apresentaram alteração de fala ou linguagem durante o seu
desenvolvimento. Talvez esses fatores possam contribuir para que, em
estudos futuros, essas e outras questões possam ser investigadas.
No Grupo I, considerando-se o ponto de corte utilizado para
este estudo, verificou-se que as alterações encontradas constituem
provavelmente nos erros possíveis de serem cometidos ao serem utilizados
os cortes aqui estabelecidos. Sendo assim, a porcentagem de indivíduos
com desempenho adequado do Grupo I pode representar a especificidade
do teste, ou seja, a probabilidade do indivíduo sem risco para dificuldades
auditivas ser considerado como tendo adequação da habilidade auditiva
avaliada pelo teste usado.
No Grupo II houve uma distribuição homogênea dos
resultados dos indivíduos nas provas de localização sonora, memória
seqüencial para sons verbais, memória seqüencial para sons não-verbais,
PSI-MCC, PSI-MCI e teste Dicótico de Dígitos. No AFT-R, a distribuição
dos limiares de fusão auditiva se deu de forma que os indivíduos alterados
apresentaram limiares geralmente muito acima dos indicados pelo ponto de
corte.
No Grupo II, os indivíduos apresentaram alterações em várias
provas: um indivíduo não apresentou alteração em nenhuma prova; quatro
indivíduos apresentaram alteração em uma prova; sete indivíduos
Discussão
253
apresentaram alteração em duas provas; quatro indivíduos apresentaram
alteração em três provas e quatro indivíduos apresentaram alteração em
quatro provas. Sendo assim, as provas auditivas utilizadas apontaram
dificuldades auditivas em indivíduos com evidência de alteração de
aprendizagem, particularmente do aprendizado do código gráfico,
demonstrando a importância da avaliação do processamento auditivo neste
tipo de distúrbio.
As provas que distinguiram mais claramente os dois grupos
foram o teste de Dicótico de Dígitos, o teste de Fusão Auditiva (AFT-R) na
condição biaural e monoaural, o teste de Memória Seqüencial para Sons
Verbais, o teste de Inteligibilidade de Fala com Mensagem Competitiva
Ipsilateral (PSI-MCI) e a Memória Seqüencial para Sons não-verbais.
Para alguns autores, o teste Dicótico de Dígitos tem se
mostrado um procedimento importante para testar a integridade de
transferência inter-hemisférica auditiva (MUSIEK, 1983a; MUSIEK,
GOLLEGLY, KIBBE & VERKEST-LENZ, 1991; MUSIEK, BARAN &
PINHEIRO, 1994), mostrando-se efetivo para diferenciar o Grupo I e
Grupo II. McCROSKEY & KIDDER (1980) sugeriram a utilização do
AFT-R no diagnóstico do processamento auditivo. PEREIRA (1997a)
discutiu a concordância entre a triagem do processamento auditivo e testes
audiológicos do processamento auditivo, considerando o instrumento
Discussão
254
proposto adequado para fins de triagem. JERGER & MUSIEK (2000)
sugeriram que uma triagem para o processamento auditivo deveria incluir o
teste Dicótico de Dígitos e um teste de ‘gap detection’, processos e
mecanismos comprovados neste estudo como importantes na identificação
da alteração do processamento auditivo.
Com base nos achados deste estudo, recomenda-se a utilização
dos testes Dicótico de Dígitos e AFT-R como instrumento de triagem, além
de integrante da bateria de avaliação do processamento auditivo,
procurando selecionar aqueles indivíduos que poderão vir a apresentar
dificuldade de aprendizado do código gráfico e encaminhá-los para um
programa de desenvolvimento de habilidades auditivas visando à
prevenção de futuros problemas de aprendizagem relacionados ao
processamento auditivo.
Sugere-se que os critérios propostos para o teste Dicótico de
Dígitos e memória seqüencial verbal sejam revistos para melhor aplicação
clínica. Acredita-se que os critérios estabelecidos para este estudo possam
ser recomendados para uso clínico, sendo 95% para o teste Dicótico de
Dígitos e três acertos em três seqüências propostas para a prova de
memória seqüencial verbal com três sílabas.
Discussão
255
Sintetizando os achados deste trabalho:
Tendo-se por base este estudo, acredita-se que a síntese abaixo
possa refletir os pontos marcantes encontrados.
Nos indivíduos do Grupo I, existiram diferenças
estatisticamente significantes no teste Dicótico de Dígitos na orelha direita
relacionada à variável sexo, sendo que os indivíduos do sexo masculino
apresentaram melhor desempenho. Existiram também diferenças
significantes entre o desempenho dos indivíduos à orelha direita e orelha
esquerda no PSI-MCI na relação fala/ruído -15 dB, sendo que as respostas
à orelha direita foram menores que à orelha esquerda.
No AFT-R, na condição biaural, no Grupo I, houve uma
diferença significante entre as respostas dos indivíduos nas diferentes
freqüências testadas, sendo que as respostas obtidas em 250 e 500 Hz
apresentaram resultados semelhantes e menores que as respostas obtidas
em 1000, 2000 e 4000 Hz, que também foram semelhantes.
No Grupo II, existiram diferenças significantes entre o
desempenho dos indivíduos à orelha direita e orelha esquerda no PSI-MCI
na relação fala/ruído 0 e -15 dB, sendo que as respostas à orelha direita
foram menores que à orelha esquerda. Existiram também diferenças
estatisticamente significantes entre os resultados do teste Dicótico de
Discussão
256
Dígitos no sexo masculino, obtidos à orelha direita e orelha esquerda,
sendo os resultados obtidos à orelha direita superiores aos obtidos à orelha
esquerda.
Os testes de localização sonora, PSI-MCC, PSI-MCI na orelha
direita na relação fala/ruído -15 dB e orelha esquerda nas relações
fala/ruído 0, -10 e -15 dB, não foram adequados para diferenciar o Grupo I
e o Grupo II. Os testes de memória seqüencial para sons não-verbais,
memória seqüencial para sons verbais, PSI-MCI na orelha direita na
relação fala/ruído 0 e -10 dB, Dicótico de Dígitos e AFT-R na condição
biaural e monoaural foram adequados para diferenciar o Grupo I e o Grupo
II. Os testes mais efetivos para diferenciar os dois grupos foram o teste
Dicótico de Dígitos e AFT-R.
No Grupo II foram encontrados 95% de indivíduos com
alteração em uma ou mais provas que avaliam o sistema auditivo,
demonstrando a importância da avaliação do processamento auditivo nos
distúrbios de aprendizagem.
Os achados deste estudo à luz, da fundamentação teórica
elencada, levantaram várias hipóteses explicativas que estão descritas a
seguir.
Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças
quanto ao fator sexo, encontradas no teste Dicótico de Dígitos no Grupo I à
Discussão
257
orelha direita, possam estar associadas a fatores relacionados à constituição
física (KELLY, 1995), atenção, motivação (PEREIRA, 1996; JERGER &
MUSIEK, 2000) ou à maturidade neurológica que necessitarão ser
investigados em trabalhos futuros.
Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças
quanto ao desempenho dos indivíduos à orelha direita e orelha esquerda na
relação fala ruído -15 dB no teste PSI-MCI no Grupo I, sejam decorrentes
do processo de aprendizagem da tarefa, uma vez que as respostas dos
indivíduos à orelha direita - primeira orelha testada - foi inferior às
respostas obtidas à orelha esquerda - segunda orelha testada.
Acredita-se, como hipótese explicativa, que a semelhança de
desempenho entre a orelha direita e orelha esquerda, encontradas no teste
Dicótico de Dígitos no Grupo I, possa estar associada a fatores
relacionados ao próprio teste, uma vez que o teste Dicótico de Dígitos é o
que apresenta as menores demandas lingüísticas (BELLIS, 1996), ao
adequado uso dos processos de atenção seletiva, a fatores maturacionais e
relacionados à especialização hemisférica.
Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças entre
as freqüências testadas no AFT-R na condição biaural sejam decorrentes
das características espectrais dos estímulos empregados, assim como dos
Discussão
258
processos de transmissão da informação acústica na via auditiva, embora
estudos relacionados a este aspecto devam ser desenvolvidos.
Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças
quanto ao desempenho dos indivíduos à orelha direita e orelha esquerda na
relação fala/ruído 0 e -15 dB no teste PSI-MCI, no Grupo II, sejam
decorrentes do processo de aprendizagem da tarefa, uma vez que as
respostas dos indivíduos à orelha direita - primeira orelha testada - foi
inferior às respostas obtidas à orelha esquerda - segunda orelha testada,
assim como relacionadas ao aprendizado perceptual da tarefa uma vez que
os indivíduos apresentaram maior número de acertos numa relação
fala/ruído mesmo em condições de escuta mais favorável (relação
fala/ruído 0 dB).
Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças de
desempenho entre a orelha direita e orelha esquerda, encontradas no teste
Dicótico de Dígitos no Grupo II, possam estar associadas ao uso dos
processos de atenção seletiva, a fatores maturacionais e relacionados à
especialização hemisférica.
Os teste de memória seqüencial não-verbal, memória
seqüencial verbal, PSI-MCI na orelha direita na relação fala/ruído 0 e -10
dB, Dicótico de Dígitos, AFT-R na condição biural e monoaural, foram
adequados para diferenciar os Grupo I e II. Os testes de localização sonora,
Discussão
259
PSI-MCC e PSI-MCI na orelha direita relação fala/ruído -15 e orelha
esquerda nas relações fala/ruído 0, -10 e -15 dB, não foram adequados para
diferenciar os Grupos I e II. Acredita-se que os critérios de corte, proposto
para o presente estudo, possam ser utilizados para uso clínico, para maior
especificidade nos testes, sugerindo-se o ponto de corte de 95% para o teste
Dicótico de Dígitos e três acertos em três seqüências para o teste de
memória seqüencial verbal.
Acredita-se, como hipótese explicativa, que as diferenças de
performance entre os indivíduos que realizaram o Subteste 2 e Subteste 3
do AFT-R, na condição biaural e monoural, são decorrentes dos diferentes
processos de extração da informação acústica, realizados a partir da
resolução temporal. Além disso, fatores como motivação, atenção seletiva,
fadiga, embora cuidadosamente monitorados durante a aplicação do exame,
podem interferir na tarefa.
Os testes que se mostraram mais eficientes para diferenciar o
Grupo I e o Grupo II foram o AFT-R e o Teste Dicótico de Dígitos, desde
que empregados os critérios de corte do presente estudo.
Baseando-se nos achados deste estudo e nos trabalhos
compilados da literatura, acredita-se que um modelo de orientação
lingüística, no qual fatores conceituais são a base para o distúrbio de
aprendizagem e o indivíduo é visto como tendo um problema de
Discussão
260
comportamentos representacionais ou simbólicos, mais do que um
problema perceptual, não se aplica ao Grupo II, uma vez que foram
encontrados 95% de indivíduos com alteração em uma ou mais provas que
avaliam o sistema auditivo. Acredita-se que um modelo que não vê os
déficits cognitivos e lingüísticos como primários, mas secundários aos
problemas perceptuais mais básicos, é a base da explicação dos achados
deste estudo. Neste modelo de processamento da informação, as
habilidades auditivas são fundamentais para a aquisição da linguagem e
aprendizagem, ou seja, problemas nos processos perceptuais mais básicos
resultam em comprometimentos dos processos lingüísticos e/ou cognitivos.
Conclusões
262
Em relação aos resultados obtidos a partir da avaliação de 40
indivíduos com baixo risco de alteração de desenvolvimento, audição,
linguagem e aprendizagem (Grupo I) e 20 indivíduos com evidências de
alteração de aprendizagem, particularmente do código gráfico (Grupo II), a
partir dos teste de localização sonora, memória seqüencial para sons não-
verbais, memória seqüencial para sons verbais, PSI-MCC, PSI-MCI,
Dicótico de Dígitos e AFT-R na condição biaural e monoaural, observou-se
que:
1 - Existiram diferenças significantes entre as respostas dos indivíduos do
sexo masculino e feminino, no Teste Dicótico de Dígitos à orelha direita,
no Grupo I, sendo o desempenho dos indivíduos do sexo masculino
superior ao desempenho dos indivíduos do sexo feminino.
2 - Existiram diferenças estatisticamente significantes entre os resultados
do PSI-MCI obtidos à orelha direita e orelha esquerda na relação fala/ruído
-15 dB no Grupo I, sendo os resultados obtidos à orelha direita inferiores
aos obtidos à orelha esquerda.
3 - No AFT-R na condição biaural, observou-se diferenças significantes
entre as respostas dos indivíduos do Grupo I, nas diferentes freqüências
Conclusões
263
testadas, sendo que as respostas obtidas em 250 e 500 Hz apresentaram
resultados semelhantes e menores que as respostas obtidas em 1000, 2000 e
4000 Hz, também semelhantes entre si.
4 - Existiram diferenças estatisticamente significantes entre os resultados
do PSI-MCI obtidos à orelha direita e orelha esquerda na relação fala/ruído
0 e -15 dB no Grupo II, sendo os resultados obtidos à orelha direita
inferiores aos obtidos à orelha esquerda.
5 - Existiram diferenças estatisticamente significantes entre os resultados
do teste Dicótico de Dígitos no sexo masculino no Grupo II, obtidos à
orelha direita e orelha esquerda, sendo os resultados obtidos à orelha direita
superiores aos obtidos à orelha esquerda.
6 - Os testes de localização sonora, PSI-MCC, PSI-MCI na orelha direita
na relação fala/ruído -15 dB e orelha esquerda nas relações fala/ruído 0, -10
e -15 dB não foram adequados para diferenciar o Grupo I e o Grupo II.
7 - Os testes de memória seqüencial para sons não-verbais, memória
seqüencial para sons verbais, PSI-MCI na orelha direita na relação
fala/ruído 0 e -10 dB, Dicótico de Dígitos e AFT-R na condição biaural e
Conclusões
264
monoaural foram adequados para diferenciar o Grupo I e o Grupo II. Os
testes mais efetivos para diferenciar os dois grupos foram o teste Dicótico
de Dígitos e o AFT-R.
Resumo
266
O objetivo do presente estudo foi estudar, a partir de medidas
comportamentais, os mecanismos e processos envolvidos no
processamento auditivo de crianças sem e com distúrbio de aprendizagem,
denominados de Grupo I e Grupo II, respectivamente.
O Grupo I foi constituído por 40 indivíduos, 20 do sexo
masculino e 20 do sexo feminino, com idades variando entre nove anos e
seis meses e 10 anos e 11 meses, com diagnóstico de baixo risco para
alterações do desenvolvimento, audição, linguagem e aprendizagem. O
Grupo II foi constituído por 20 indivíduos, 16 do sexo masculino e quatro
do sexo feminino, com idades variando entre nove anos e cinco meses e 11
anos e 10 meses, com evidências de alteração de aprendizagem,
particularmente do código gráfico.
Os indivíduos foram submetidos às provas de localização
sonora, memória seqüencial para sons não-verbais, memória seqüencial
para sons verbais, teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala (PSI), teste
Dicótico de Dígitos e teste de Fusão auditiva (AFT-R) na condição biaural
e monoaural.
Os testes de localização sonora, PSI-MCC, PSI-MCI na orelha
direita na relação fala/ruído -15 dB e orelha esquerda nas relações
fala/ruído 0, -10 e -15 dB não foram adequados para diferenciar o Grupo I e
o Grupo II. Os testes de memória seqüencial para sons não-verbais,
Resumo
267
memória seqüencial para sons verbais, PSI-MCI na orelha direita na
relação fala/ruído 0 e -10 dB, Dicótico de Dígitos e AFT-R na condição
biaural e monoaural foram adequados para diferenciar o Grupo I e o Grupo
II. Os testes mais efetivos para diferenciar os dois grupos foram o teste
Dicótico de Dígitos e o AFT-R.
De forma geral, as respostas obtidas no Grupo II foram
homogêneas e revelaram um déficit bilateral no teste Dicótico de Dígitos e
aumento dos limiares de fusão auditiva.
No Grupo II, foram encontrados 95% de indivíduos com
alteração em uma ou mais provas que avaliam o sistema auditivo,
demonstrando a importância da avaliação do processamento auditivo nos
distúrbios de aprendizagem.
Tendo por base o presente estudo, recomenda-se a utilização
dos testes Dicótico de Dígitos e o AFT-R como instrumentos de triagem
para avaliar o processamento auditivo de indivíduos em idade escolar.
Summary
269
The objective of this study was to examine, based on
behavioral measures, the mechanisms and processes involved in the
auditory processing of children with and without learning disabilities.
Sixty individuals divided into Group I and Group II were
evaluated. Group I was constituted by forty individuals – twenty males and
twenty females – aging nine years and six months to ten years and eleven
months, who presented low risk of alterations in the development of
hearing, language and learning. Group II was constituted by twenty
individuals – sixteen males and four females – aging nine years and five
months to eleven years and ten months, who presented learning disabilities.
The individuals were submitted to auditory localization, non-
sequential memory for verbal sounds, sequential memory for verbal
sounds, Pediatric Speech Intelligibility Test (PSI), Dichotic Digits Test,
and Auditory Fusion Test Revised (AFT-R) both in monoaural and binaural
condition.
The auditory localization, PSI - CCM (contralateral competing
message), PSI – ICM (ispilateral competing message) of the right ear in the
speech/noise ratio -15 dB and of the left ear in the speech/noise ratios 0 dB,
-10 dB and -15 dB were not appropriate to differentiate Group I and Group
II. Sequential memory for non-verbal sounds, sequential memory for verbal
sounds, PSI – ICM of the right ear in the speech/noise ratio 0 and -10 dB,
Summary
270
Dichotic Digits Test and AFT-R both in monaural and binaural condition
were appropriate to differentiate Group I and Group II. Dichotic Digits
Test and AFT-R were found to be the most effective tests to differentiate
both groups.
In general, the responses obtained in Group II were
homogeneous, revealing a bilateral deficit in the Dichotic Digits Tests and
increased auditory fusion thresholds.
In Group II, 95% of the individuals were found to have low
performance in one or more tests that assessed the auditory system,
demonstrating the importance to evaluate the auditory processing in
learning disabilities children.
Based on the present study, Dichotic Digits Test and AFT-R
are recommended as tools to evaluate and screening the auditory
processing of school age individuals.
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monografias e teses. São Paulo, Lovise, 1995.
WORLD MEDICAL PERIODICALS. New York, World Medical
Association, 1968.
Anexos
ii
ANEXO 1
Carta de Informação, Termo de Consentimento e Parecer com Conselho de
Ética da UNIFESP-EPM.
Anexos
iii
CARTA DE INFORMAÇÃO
Botucatu, março de 1998.
Senhores Pais,
Estamos solicitando sua autorização para realização de avaliação
audiológica completa em seu (sua) filho (a) e observação fonoaudiológica.
Por que estamos solicitando sua autorização? Qual o objetivo dessa
avaliação?
Esta avaliação faz parte de uma pesquisa desenvolvida por mim,
Vera Lúcia Garcia, que sou Fonoaudióloga, doutoranda da Universidade
Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina e Prof.a da
Universidade do Sagrado Coração (Bauru - SP) e tem o apoio da Secretaria
Municipal de Saúde de Botucatu e da diretoria da Escola Estadual de 1o
Grau Prof. Martinho Nogueira.
Este trabalho tem por objetivo verificar como funciona a audição de
crianças frente a algumas provas. Para tanto será avaliada a audição do (a)
seu (sua) filho (a), ou seja, quanto a criança escuta e como a sua audição
funciona.
No que consistem essas avaliações?
Anexos
iv
O questionário, a ser feito com aos pais ou responsável no dia da
avaliação auditiva, consiste de perguntas relativas ao desenvolvimento
global da criança, aprendizado escolar, linguagem e audição. Com a
criança, será realizada otoscopia, ou seja, será visualizado o ouvido da
criança com o otoscópio que é um aparelho que emite uma luz para poder
ver o ouvido da criança. Com essa avaliação será possível verificar se seu
(sua) filho (a) pode realizar a avaliação auditiva, pois, por exemplo, rolha
de cerúmen impede a execução da avaliação auditiva. Para realização da
audiometria a criança deverá colocar fones de ouvido (como de ‘walkman’)
e levantar a mão toda vez que ouvir um som. Esse exame tem o objetivo de
saber o quanto a criança escuta. Depois ela realizará a impedanciometria
que é um exame que tem um fone de um lado e uma borrachinha a ser
colocada na entrada do outro ouvido da criança. Essa avaliação terá o
objetivo de saber como a orelha média funciona. As crianças que tiverem
alteração nessa avaliação não realizarão os demais procedimentos, pois os
resultados na presença de alteração não são adequados. No caso de a
criança escutar bem, serão feitas as outras provas para verificar se a criança
entende o que ouve. A criança realizará o PSI, dígitos dicóticos e AFT-R
que consistem em: apontar figuras, repetir números e dizer se ouviu um ou
dois sons. Por último a criança deverá memorizar sons de instrumentos
musicais e sílabas e localizar de onde vem o som, provas que também
Anexos
v
avaliam como a criança processa os sons ouvidos. A observação
fonoaudiológica consiste em verificar como a criança se comunica através
da fala e escrita e será feita a partir da conversa espontânea durante a
avaliação e por observação individual da criança e do material escolar,
realizada nas dependências da escola. No caso específico de crianças com
queixas de dificuldade de aprendizagem, serão solicitadas avaliações
médica e psicológica, a serem agendadas com a família.
Onde e como serão marcadas essas avaliações?
Será enviado pela escola, com antecedência, o dia e a hora da
avaliação do (a) seu (sua) filho (a), em horário alternado ao período de aula
e de acordo com a disponibilidade da família. Você deverá comparecer à
Secretaria de Saúde de Botucatu para realizar a avaliação (Rua Moraes de
Barros, 307). A criança deverá comparecer acompanhada de um
responsável, para quem será informado o resultado da avaliação e
orientado, caso necessário.
Essa avaliação machuca a criança?
NÃO. Nenhuma das fases da avaliação prejudica a criança. Ao
contrário, a avaliação permite que sejam diagnosticadas alterações e que
Anexos
vi
estas sejam tratadas, o que com certeza permitirá à criança um melhor
desempenho escolar e uma melhor saúde em geral.
Essa avaliação é paga?
NÃO. É absolutamente GRATUITA.
A escola vai conhecer o resultado das avaliações?
Sim, os pais e professores vão ser informados quanto ao resultados
das avaliações e orientações específicas para as necessidades de cada
criança serão fornecidas aos pais e professores. No caso de alguma criança
ter algum problema, ela será encaminhada para o Programa de Saúde
Escolar desenvolvido no Município de Botucatu.
Todas as informações utilizadas no trabalho serão confidenciais, ou
seja, não identificarão as crianças. Desde já agradeço a sua colaboração e
estou à disposição para esclarecer qualquer dúvida que não tenha sido
esclarecida com estas informações.
Anexos
vii
TERMO DE CONSENTIMENTO
Tendo sido satisfatoriamente informado sobre o estudo “Provas para
Avaliação do Processamento Auditivo Central em escolares”, realizado
sobre a responsabilidade da Prof.a Vera Lúcia Garcia, concordo em
participar do mesmo. Estou também ciente que a Prof.a Vera Lúcia estará
disponível para responder quaisquer perguntas e de que posso retirar este
meu consentimento a qualquer tempo, sem quaisquer prejuízos. Caso não
me sinta atendido, poderei entrar em contato com o Chefe do Departamento
da Disciplina de Distúrbios da Audição da Universidade Federal de São
Paulo - Escola Paulista de Medicina.
Eu, _________________________________, autorizo a avaliação
audiológica do (a) meu (minha) filho (a)
________________________________________.
Botucatu, ___/___/___
Assinatura
Endereço para Contato:
___________________________________________________
Telefone: ____________________