Plante sem correr riscos - Cocamar

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Émuito importante, emqualquer início de sa-fra, que todas as má-quinas envolvidas na

produção agrícola estejampreparadas para o trabalho,lembra a equipe de Segurançada Cocamar. Além de evitaratrasos, quebras e prejuízosfinanceiros, uma boa revisãoem todo maquinário evita co-locar em risco a segurançados trabalhadores.

Os produtores sabem disso,mas toda equipe técnica daCocamar, em todo período de

colheita e início de safra, sem-pre reforça junto ao produtorsobre a necessidade de estaratento aos principais itenspara trabalhar seguro.

ACOPLAMENTO AO TRATOR -Toda vez que a plantadeira foracoplada ao trator, deve semanobrar o mesmo em mar-cha lenta e certificar-se deque não há pessoas próximas,além do operador. Antes deiniciar o trabalho certifique-setambém de que a plantadeiraestá devidamente acoplada aotrator. Não corra o risco da

mesma se soltar durante aoperação.

OPERAÇÃO - O operador deveráser habilitado tanto para con-dução como para manobras eacoplamentos de máquinas eimplementos. Somente ele de-ve estar na direção. Não há es-paço para outras pessoas namáquina. Pessoas em cima domaquinário, em local indevido,podem sofrer quedas e atrope-lamentos. Não permitia quepessoas estranhas ao trabalhoacompanhem o trator ou aplantadeira.

MANUTENÇÃO - Serviços co-mo regulagens, manutenção,lubrificação e abastecimentonão devem ser feitos com amáquina em movimento.Tenha atenção redobrada nomomento da manutenção enão deixe de utilizar seusEPI’s (luvas, óculos, e ou-tros).

AMBIENTE DE TRABALHO - Éimprescindível que o traba-lhador mantenha sua atençãonão apenas na atividade queestá realizando, mas tambémnos riscos do ambiente. O

ideal é que, antes de desem-penhar qualquer atividade, apessoa analise quais são assituações que podem trazeralgum tipo de risco.

ENERGIA ELÉTRICA - Máqui-nas e implementos agrícolassão estruturas de grandeporte: cuidado com a redeelétrica.

DESNÍVEL - Não deixe de ob-servar o solo em que estátrabalhando. Grandes desní-veis podem levar a tomba-mentos.

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SEGURANÇA

Cuidados na manutenção e operação do maquinário evitam quebrase prejuízos, além de garantir a segurança dos trabalhadores

Plante sem correr riscos

Divanir Higino,presidente da Cocamar

ACocamar está com-pletando 55 anos emum momento muitoespecial de sua his-

tória, fruto de um cresci-mento sustentável e plane-jado, em que está atenta aoportunidades para expan-são regional, aumento departicipação de mercado eentrada em novos negócios.

Ao longo de pouco mais demeio século de atividade, acooperativa escreveu umatrajetória de ousadia, inova-ção e conquistas regionaisque trouxeram mais quali-dade de vida aos coope-rados e suas famílias - osquais, graças à prática dacooperação, se sentemmais seguros e confiantes -, além de fortalecer a eco-nomia dos municípios ondeatua.

São muitos os desafios a su-perar para que a Cocamar e asua gente continuem cres-cendo e trilhando um ca-minho promissor. O primeirodeles é fortalecer ainda maisa participação de cada pro-dutor na cooperativa, lem-brando que a justificativapara a existência da mesmaé transferir resultados e con-hecimentos que possibilitemao cooperado ser melhor re-munerado em seus negócios.

Sem dúvida, este objetivovem sendo alcançado, umavez que 80% dos nossoscooperados são de pequenoporte, categoria que, aexemplo do que acontece emoutras cooperativas, so-mente consegue viabilizar-se e prosperar por meio daunião de forças. É absoluta-mente impensável, hoje emdia, que os produtores vivama mesma realidade traba-lhando de maneira indivi-

dual, cada um por si, sempoder contar com o guarda-chuvas do cooperativismo.

Esta reflexão é importanteno momento em que, ao co-memorar 55 anos, a Coca-mar se depara com os desa-fios naturais de um mercado

cada vez mais concorrido eseletivo, no qual os peque-nos somente terão futuro seestiverem unidos e engaja-dos.

Prestamos nosso reconheci-mento a todos os coopera-dos e a seus familiares par-

ticipativos, que investem nosistema e têm consciênciade que a organização coope-rativista é a sua maior con-quista. Cooperar é promovero bem e, afinal, como res-salta o nosso lema, coope-rado e cooperativa crescemjuntos.

PALAVRA DO PRESIDENTE

Cocamar e cooperado celebram 55 anos de uma história de conquistas

É impensável que os produtores vivam a mesma realidade

trabalhando de maneira individual, cada um por si, sem

poder contar com o guarda-chuva do cooperativismo.

A atuação da cooperativa assegura não apenas mais segurança nosnegócios, mas melhor qualidade de vida às famílias de seus cooperados

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Caprichoso, o produtorde café Antonio Fa-chini, morador emSão Jorge do Patrocí-

nio, na região de Umuarama,possui uma das lavouras maisprodutivas do noroeste para-naense. O resultado que eleconsegue na cafeicultura,mesmo sendo em uma pe-quena área, é semelhante ousuperior ao que produtores de

soja obtêm em propriedadesmuito maiores, no norte doEstado.

Cooperado antigo na região,sua estratégia é fazer tudobem feito e contar com umaorientação técnica especiali-zada. O fazer bem feito refletea sua natureza como agricul-tor dedicado. A orientaçãotécnica, além dos insumos,

ele busca onde tem con-fiança: a unidade da Cocamarna vizinha Altônia, para a qualdestina toda a produção.“Temos uma história com acooperativa”, diz.

CONQUISTAS - É gente comoFachini que ajuda a fazer daCocamar uma das maiorescooperativas brasileiras. Eleestá entre os seus 14 mil as-

sociados, a maior parte pro-dutora de grãos (soja, milho etrigo), mas há também os quecultivam pomares de laranjae lavouras de café. Nos últi-mos 55 anos, a organizaçãoexibiu uma trajetória de con-quistas que se revertem embenefício dos próprios produ-tores.

A Cocamar tem recebido os

mais expressivos volumes desoja e milho de todos os tem-pos, sendo também a maiorquantidade já entregue peloscooperados. Seu parque in-dustrial processou 923 mil to-neladas de soja no ano pas-sado e prevê atingir 1 milhãoem 2018. Programas inovado-res e sustentáveis incenti-vados pela cooperativa, co-mo a integração

Com números recordistas, cooperativa busca superar-se a cada ano econciliar o seu crescimento à melhoria da qualidade de vida dos cooperados

No melhor momento de sua história

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lavoura-pecuária-floresta (ILPF), avançam demaneira a explorar o grandepotencial existente com oaproveitamento de pastos de-gradados.

UM SALTO -Nos últimos quatroanos (2014-2017), período emque adotou um modelo de ges-tão profissional, os númerosda Cocamar deram um salto. Ofaturamento saiu de R$ 2,8 bi-lhões para R$ 3,9 bilhões, acapacidade de armazenagemsubiu de 1,0 milhão para 1,5milhão de toneladas, houve ex-pansão no recebimento de so-ja, milho e café, a quantidadede cooperados evoluiu de 12mil para 14 mil e o fornecimen-to de insumos agropecuáriosavançou de R$ 695 milhõespara R$ 1,1 bilhão.

Ainda entre 2014 e 2017, a Co-camar realizou investimentosda ordem de R$ 580 milhões,destinados a construções,aquisições, ampliações e me-lhorias de estruturas, paraatender suas demandas re-gionais e aprimorar o atendi-mento prestado aos coope-rados.

CRESCIMENTO - No ano pas-sado, em que o Produto In-terno Bruto (PIB) do país foide 1%, a cooperativa cresceu9,5% sobre 2016, batendorecordes de recebimento desoja, milho e fornecimentode insumos agropecuários.

Ela expandiu sua atuaçãopara outras regiões, incluin-do Estados vizinhos, ingres-sou em novos negócios

como a concessão de máqui-nas agrícolas John Deere,postos de abastecimento eprodução de sementes, semperder de vista o objetivo dechegar ao ano de 2020 fatu-rando R$ 6 bilhões, o dobroem relação a 2015, quandodefiniu o planejamento es-tratégico.

O presidente Divanir Higinoexplica que o crescimentonão é uma opção, mas umaexigência imposta pelos de-safios dos novos tempos, efinaliza: “a Cocamar perse-gue firmemente o objetivo decrescer, mas sempre conci-liando essa busca pela am-pliação dos horizontes a umamelhoria constante da quali-dade dos serviços prestadosaos produtores”.

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A Cocamar perseguefirmemente o objetivode crescer, massempre conciliandoessa busca pelaampliação doshorizontes a umamelhoria constanteda qualidade dosserviços prestadosaos produtores

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55 fatos que resgatam a memória da cooperativa

Passaram-se 55 anos da reunião com produtores de café, organizada pelo Banco do Brasilem sua agência, para fundar a cooperativa, no dia 27 de março de 1963. A iniciativa faziaparte de uma ação coordenada pelo governo federal para tentar organizar o setor produtivo.Como os preços do produto estavam deprimidos em razão das grandes safras, a instituiçãoprocurava meios de viabilizar o setor e conseguir receber o que os cafeicultores lhe deviam

CAOS - A fundação de grande número de cooperativas decafeicultores no Paraná e no país, no início da década de 1960,resultou de medidas colocadas em prática pelo governo fe-deral para ajustar a enorme produção de café, no qual o Brasilera e ainda é líder mundial, a um novo panorama internacio-nal. A crise da superoferta assolava o setor e os preços haviamdespencado. A Cooperativa de Cafeicultores de Maringá Ltda.(Cocamar) nasceu em meio a esse caos.

O REMANESCENTE - O primeiro presidente da Coca-mar, o industrial carioca do ramo de uniformes para o exército,Arthur Braga Rodrigues Pires, aceitou o cargo, mas como nãoparava na cidade, o mandatário era o vice-presidente AloysioGomes Carneiro, engenheiro agrônomo e fazendeiro de MinasGerais, dono de propriedade na região, que pilotava o próprioavião. Ambos são falecidos. O único remanescente da primeiradiretoria, que dirigiu a cooperativa entre 1963 e 1965, é o pri-meiro diretor-secretário, Benedito Lara, o seu Neno, que tem86 anos e vive em Bauru (SP).

O IMPULSO - Quem organizou toda a papelada para afundação da Cocamar foi o advogado Caetano Agrário BeltranCervantes, que era genro do cooperado número 2, JoaquimRomero Fontes, um entusiasta do cooperativismo. Para ga-rantir que a cooperativa fosse fundada, Fontes convocou pa-rentes agricultores para comparecerem à reunião de fundação.Ele adquiriu o maior número de quotas-partes e, não bastasse,cedeu gratuitamente as instalações de sua máquina de café,na rua Caramuru, para ser a sede provisória. Só podia darcerto.

O INVENTOR – Entre os 46 agricultores que assinarama ata de fundação estava o inventor Divino Bortolotto. Paraque o leitor se situe, Bortolotto foi quem idealizou o semáforode ciclo visual. Como santo de casa não faz milagre, poucagente botava fé quando, nos anos 1980, o primeiro exemplarfoi instalado, a título de experiência, na esquina da rua Joubertde Carvalho com a rodoviária, em Maringá. O tempo passou eatualmente o semáforo é encontrado em inúmeras cidadesbrasileiras, substituindo com vantagem o modelo tradicional.

A PRIMAZIA - Carlos Eduardo Bueno Netto também foium dos principais incentivadores da fundação da Cocamar etrabalhou muito para isso. Ao preparar as fichas cadastrais,pensou bem e chamou o pai, Odwaldo Bueno Netto, para quese tornasse o cooperado número 1. Odwaldo mereceu a pri-mazia, pois era também empolgado pelo cooperativismo e, até

o fim da sua vida, visitava a entidade, dizendo-se sempre or-gulhoso por ter sido o seu primeiro cooperado.

O PRIMEIRO TIME – Denizart Mazalli Teske foi o pri-meiro colaborador, contratado para organizar o escritório. Eleteve como auxiliares, na fase inicial de funcionamento da coo-perativa, Dorival Teixeira de Castro. Almerindo de Paulo Car-valho e Eduardo Hase, o “Japonês”. Denizart tinha 35 anosquando foi admitido e era descrito pelo diretor Benedito Laracomo um homem fino, educado e conciliador.

Joaquim Romero Fontesem sua máquina, na

rua Caramuru, que foia primeira sede

da Cocamar

Com a cafeicultura em crise, cooperativa era a solução

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AS CATADEIRAS - Dezenas de mulheres eram contra-tadas para fazer a catação manual de grãos de café em estei-ras, onde o produto ia passando. As “catadeiras” separavamos grãos das impurezas e o serviço precisava ser rápido, poiso café já era ensacado e embarcado.

QUE É ISSO? - Naqueles primeiros tempos do escritório,usava-se o mimeógrafo para reproduzir cópias. Se por acasoalguém datilografasse uma palavra ou letra incorreta na ma-triz, aplicava esmalte de unha para apagar o erro. Depois éque apareceu um tal stencil a álcool, mais prático que o mi-meógrafo. São coisas que escapam do entendimento da ge-ração atual, mas era o que havia de recursos no início dadécada de 1960.

SEDE PRÓPRIA - Não demorou mais do que algunsmeses para que a cooperativa se transferisse da máquina ce-dida gentilmente por Joaquim Romero Fontes, para uma sedeprópria na avenida Prudente de Moraes. Havia lá um armazéme, no seu interior, uma máquina de beneficiamento de café.Benedito Lara se recorda: “Era um local barulhento. Além dapoeira que vinha da rua, tinha a poeira das máquinas. Quandofazia muito calor, era difícil de aguentar”.

O PRIMEIRO LOTE - Ainda em 1965, prevendo mudar-se no futuro para uma área mais ampla, fora da cidade, a co-operativa acerta a compra de uma pequena chácara de café,de 3,5 alqueires, que pertencia ao produtor Eduardo Ribeiro.Foi o primeiro lote comprado onde hoje é o Parque Industrial.Ali seria erguido, em 1971, o primeiro armazém graneleiro comfundo em “V”.

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Catadeiras, mimeógrafo e um escritório poeirentoCOCAMAR 55 ANOS

As “catadeiras” de café: serviço precisava ser rápido

A primeira sedeprópria, na avenidaPrudente de Moraes

SOB NOVA DIREÇÃO - No final de 1965, assumeuma nova diretoria, liderada pelo presidente José CassianoGomes dos Reis Júnior, na presidência, tendo como diretor-gerente Constâncio Pereira Dias e como diretor-secretário,Edmundo Pereira Canto. Daquele conselho de administração,o único remanescente é o médico aposentado Aloysio LimaBastos, um dos primeiros ortopedistas de Maringá. Bastosse recorda que a cooperativa vivia uma situação muito difícile havia até mesmo o risco de fechar as portas.

APOIOS IMPORTANTES - Logo depois de assumiro comando, Cassiano saiu em busca de apoio. Reuniu-secom uma das pessoas mais influentes da cidade: o bispoDom Jaime Luiz Coelho. Na época, a Mitra Diocesana possuíauma fazenda de 40 alqueires de café em Marialva. José Cas-siano pediu apoio ao bispo, que era seu amigo, e a Mitra seassociou à cooperativa. Depois, conseguiu a adesão da Com-panhia Melhoramentos Norte do Paraná. Isto conferia cre-dibilidade à cooperativa.

O EMPRÉSTIMO - O presidente do Banco Nacionalde Crédito Cooperativo (BNCC), José Pires de Almeida, par-ticipou da Assembleia Geral Ordinária de 1967 e pediu paraser esquecida a ideia de liquidar a cooperativa, como algunsassociados cogitavam. Em seguida, Pires conseguiu umareunião da diretoria com o ministro da Fazenda, RobertoCampos, que concedeu um empréstimo salvador.

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Cassiano e Constâncio, uma dupla afinada COCAMAR 55 ANOS

José Cassiano Gomesdos Reis Júnior, presidente,

Constâncio Pereira Dias,diretor-gerente, e José

Pires de Almeida,presidente do BNCC, que

entrou em ação parasalvar a cooperativa

A SOLUÇÃO - Ainda em 1967, surge um caminho querepresentaria a saída da crise: investir no beneficiamentode algodão. Mas, como poderia uma cooperativa sem recur-sos realizar investimentos? O presidente do BNCC, JoséPires de Almeida, fez um “papagaio” para que os dirigentespudessem adquirir uma máquina usada, tarefa que coubeao funcionário Primo Celeste Artioli.

NOVOS TEMPOS - O ano de 1968 termina com muitootimismo, possibilitado pela rentabilidade trazida pela velhamáquina. E a Cocamar estabelece uma novidade no mercadodo algodão: o preço do dia, afixado em um quadro negro, nasede. Em 1969, o otimismo é ainda maior, confirmando queo caminho da recuperação havia sido descoberto. O fatura-mento com a máquina permitiu quitar todos os débitos comos associados.

MAIS UMA - Na nova fase, inaugurada com a máquinade beneficiar algodão, a Cocamar não deixa de operar como café, apenas procura dividir as atenções. Mas já investena compra de uma segunda máquina usada, fortalecendo-se ainda mais no segmento.

Com a máquina usada, a volta por cima

SOJA? - Em 1971, o ministro da Agricultura, Luis Fer-nando Cirne Lima, vem a Maringá participar da inauguraçãoda segunda máquina de algodão. O ministro elogia a inicia-tiva, mas faz um alerta: era preciso pensar também na soja– e logo. O receio de Cirne Lima era que a soja, assim queentrasse no Paraná, caísse nas mãos das empresas multi-nacionais e aí as cooperativas estariam privadas de uma ex-traordinária base de sustentação.

FORAM EM FRENTE - Meio assustados com o de-safio, os dirigentes vão ao Rio Grande do Sul conhecer coo-perativas que atuam no recebimento de soja. Lá, entram emcontato com o engenheiro civil Fernando Craidy, idealizadordos armazéns graneleiros com fundo em “V”. Assim, em1972, a Cocamar inaugurava em Maringá, o seu primeiro ar-mazém, para 30 mil toneladas.

O ministro vem e lança um desafio: apostar na sojaInauguração da máquina de algodão contou com a presença de várias autoridades

Obras do primeiro armazém graneleiro, em Maringá, para30 mil toneladas. Parecia uma obra faraônica, mas acooperativa precisou construir outros quatro, nosanos seguintes, para dar conta do recebimento de soja

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SOJA - Nesse mesmo ano de 1972, é admitidona cooperativa, em uma função na área operacional, LuizLourenço, futuro diretor e presidente. Ele havia feito carreirana empresa Volkart Irmãos e lembra que o novo armazémgraneleiro, construído inicialmente para comportar trigo,acabou ficando cheio de soja.

PRIMEIRA - Ainda em 1972, a primeira mulher a seradmitida para o quadro de colaboradores da cooperativa éRosa Maria Marques de Souza.

CONSTÂNCIO - Convidado pelo ministro Cirne Lima,o presidente da Cocamar, José Cassiano Gomes dos ReisJúnior, deixa o cargo em 1972 para assumir a presidênciada Companhia Brasileira de Armazéns (Cibrazem) em Bra-sília. A direção da Cocamar passa para Constâncio PereiraDias.

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Foi o primeiro armazém graneleirocom fundo em “V” do Paraná

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DIVERSIFICANDO - Entrando na linha de recebi-mento de soja, começa efetivamente a diversificação na Co-camar. Do café para o algodão, para a soja e daí em diante,atuando com trigo, cereais e outros produtos cultivadospelos associados.

ABERTO - Entre 1973 e 1974, a Cocamar começa a de-butar no mercado de exportação de soja. Até então, as in-formações sobre isso eram guardadas a sete chaves pelasmultinacionais. Quando a cooperativa começou a dar trans-parência a esse mercado, houve uma espécie de democra-tização da informação.

GEADA NEGRA - No ano de 1975, o Paraná é atin-gido pela maior geada do século, que dizimou as lavourasde café. Este fato representou uma mudança na economiade muitas regiões, que passaram a investir em culturastemporárias, como a soja, livrando-se da dependência docafé.

NOVIDADES - A área técnica da cooperativa foi estru-turada em 1975, tendo o engenheiro agrônomo José As-sumpção Filho como o seu primeiro gerente. No anoseguinte, começa a funcionar o setor de autopeças, comer-cializando itens como óleos lubrificantes, peças, pneus eacessórios para máquinas.

ENTREPOSTOS - Outra novidade foi o projeto de ex-pansão regional, com a abertura das primeiras unidades,começando por Paiçandu, Floresta, Doutor Camargo, SãoJorge do Ivaí e Jussara. Para atender a demanda dos pro-dutores de soja, foi preciso construir armazéns graneleirosnessas quatro últimas cidades.

CULTURA DE POBRE - A região ganhou, também, es-truturas para o beneficiamento de algodão. Para João da CostaPatrão, que foi gerente geral da cooperativa, a cotoniculturateve um papel dos mais importantes em termos econômicose sociais, no Paraná. “Mas era uma cultura de pobre”, lembra,pois demandava muita mão de obra , quantidade nem sempredisponível, além de os trabalhadores não serem preparados,o que depreciava a qualidade do produto.

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Muitas novidades na década de 1970

Café, grãos ealgodão eramrecebidos pelacooperativa,

beneficiando grandenúmero de produtores

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Equipe de funcionários em 1977, dentre os quais já trabalhavam na cooperativa: Luiz Lourenço (atual presidente do Conselho de Administração),Divanir Higino (presidente-Executivo), Reynaldo Costa (responsável pelo acervo histórico), Lourenço Gonçalves (prestador de

serviços da Unidade Maringá) e Maria Ester Marques Brito (colaboradora da Associação Cocamar)

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A INDÚSTRIA - Em 1978, quando colocou em fase ex-perimental uma unidade de processamento de soja, a Coca-mar se tornou a primeira cooperativa do Paraná a investirna industrialização do produto. O funcionamento da mesmase daria, a todo vapor, a partir de 1979.

BIOMASSA - Logo após investir na indústria, o sustoprovocado pela crise do petróleo levou a cooperativa a com-prar algumas fazendas na região noroeste do Paraná, emsolo arenoso, para implantar projetos de reflorestamentocom eucalipto. Ao mesmo tempo, passou a incentivar coo-perados para que fizessem o mesmo.

INCORPORANDO - Em 1979, ao absorver a coopera-tiva Coopérola, de cafeicultores, a Cocamar amplia sua áreade atuação, chegando a novos municípios, na região deUmuarama. Três anos mais tarde, incorpora também a Coo-perativa de Cafeicultores de Paranavaí.

EXPANSÃO INDUSTRIAL - No final de 1980, maisdepressa do que havia previsto, a Cocamar se vê obrigada aampliar a capacidade de processamento de sua fábrica, de1.100 para 1,600 toneladas/dia. A indústria ia tão bem quea cooperativa decidiu apostar na expansão de seu parqueindustrial, instalando uma segunda unidade de processa-mento de caroço de algodão.

FIOS DE ALGODÃO - Um esforço desencadeado emvárias frentes para derrubar uma proibição federal e implan-tar em Maringá a primeira fiação de algodão de uma coope-rativa, surtira efeito. Em 1981, é instalada a indústria,mesmo ano em que são adquiridos equipamentos para a im-plantação de uma refinaria de óleo. A cooperativa partiu semdemora para o envasamento do óleo.

NA SEDA - A Cocamar ingressa no segmento da indus-trialização de casulos de seda, produzindo fios. Entretanto,revelou-se um projeto de grande complexidade para a coope-rativa, na avaliação de Luiz Lourenço. Um dos problemas éque em vez de os próprios proprietários de terras dedicarem-se à atividade, acabaram contratando meeiros, o que não deucerto, pois os ganhos foram diluídos.

Começa a industrialização

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Detalhe do parque industrial em 1979, quando a fábrica de óleoscomeçou a funcionar a todo vapor

E em meados dos anos 1980,já com várias outras indústrias

BIODIESEL – Para dar aproveitamento a uma borra re-sultante do refino do óleo de caroço de algodão, a Cocamartem uma ideia arrojada: por que não aproveitá-la como ma-téria-prima para a produção de biodiesel? No início da dé-cada de 1980, ninguém falava em biodiesel no país. Aunidade piloto, instalada no parque industrial, mereceu des-taque nacional. Entre 1983 e 1985, vários caminhões roda-ram centenas de milhares de quilômetros utilizando essecombustível, com resultados satisfatórios.

A VEZ DA LARANJA - No ano de 1984, é lançado oprojeto Laranja. Nessa época, o Instituto Agronômico do Pa-raná (Iapar) apresentou um trabalho inédito de autoria dopesquisador Rui Pereira Leite, que foi fundamental para aspretensões do Estado de investir na atividade. Leite demons-trava ser possível implantar e manter pomares comerciaisde laranja, mesmo sob a convivência com doenças preocu-pantes como o cancro cítrico, que podiam ser controladaspor meio de um manejo adequado.

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A citricultura foi introduzida em meados da décadade 1980 como alternativa para a região noroeste

OSWALDO - O diretor-secretário Oswaldo de MoraesCorrêa sucede a Constâncio Pereira Dias na presidência daCocamar. Sua diretoria era composta por Reynaldo RehderFerreira, Paulo Trisóglio do Nascimento, Edilberto JoséAlves, Luiz Lourenço, Anníbal Bianchini da Rocha e João Be-zerra da Silva.

JUBILEU – Em 1988, nas festividades comemorativasaos 25 anos, é prestada homenagem a um grupo de asso-ciados pioneiros, formado por Odwaldo Bueno Netto, Joa-quim Romero Fontes, Luiz Alfredo, Ivaldo Borges Horta,Irineu Pozzobon, Ermelindo Bolfer, Anatalino Boeira deSouza, Carlos Eduardo Bueno Netto, José Armando Ribas,Josué Moraes e Orlando Alves Cyrino.

LUIZ - Dezembro de 1989: Luiz Lourenço vence eleiçãodireta para a presidência da Cocamar, dando início a umanova etapa na história da cooperativa. A sua diretoria eraformada por Edilberto José Alves (vice-presidente) e JoãoCardnes Marques (diretor-secretário).

TERCEIRIZAÇÃO – Era dado início em 1991 a um pro-cesso para terceirizar serviços na cooperativa, desvincu-lando-a de atividades que não estavam ligadas ao seuobjetivo-fim. Entre os primeiros setores a entrar nesse novo

formato de trabalho estavam as áreas de transportes, zela-doria, gráfica, restaurante industrial e outros.

CAFÉ ADENSADO - A Cocamar é a primeira coope-rativa do Brasil a divulgar o sistema de adensamento e su-peradensamento de café. E, sem perda de tempo, pleiteavarecursos junto a autoridades, em março de 1992, para via-bilizar o plantio de pequenas áreas de café com esse sis-tema em sua região.

A VEZ DA CANOLA – Oleaginosa bastante cultivadana Argentina e outros países da América do Norte, até então,a canola despontava como uma interessante novidade parao período de inverno de 1992 na região da Cocamar. A coo-perativa importou sementes, incentivou entre os coopera-dos, recebeu as safras e partiu para a sua industrialização– sendo o primeiro óleo de canola produzido em territórionacional.

NA CANA - Depois de absorver a estrutura da coope-rativa de produtores de cana Coamto, em São Tomé, a Co-camar partia firme para plantio de canaviais que seriamcolhidos a partir de maio de 1993. A destilaria, parada hádois anos, foi reformulada para produzir 30 milhões de li-tros de álcool.

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Mudanças no comando

Assembleia GeralOrdinária de 1989que elegeu LuizLourenço paraa presidência

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OSMAR - Em 2002, como reconhecimento ao seu apoio,a Cocamar convida o senador Osmar Dias para plantar umaárvore na Avenida Constâncio Pereira Dias – homenagem re-servada pela cooperativa a seus benfeitores. Dias teve papeldecisivo nas negociações que levaram a cooperativa a su-perar suas dificuldades.

VÕLEI - Ainda em 1992, o time de vôlei da AssociaçãoCocamar, comandado pelo técnico Valdemar Umbelino daSilva, o Dema, passa a disputar a Superliga Nacional, su-perlotando em suas partidas o ginásio de esportes ChicoNeto.

EMBALAGEM - Sempre inovadora, a Cocamar investeno envasamento de óleos pelo sistema PVC, até então iné-dito no Brasil, aposentado as antiquadas embalagens emlata.

FÁBRICA - A Cocamar inaugura em 1994 o primeiromódulo de sua fábrica de sucos concentrados. A unidadehavia sido construída pela cooperativa e seus parceirospara absorver a produção de laranja da região noroeste pa-ranaense.

RECOOP - Atravessando um período de dificuldadeseconômicas ao longo da década de 1990, a Cocamar conse-gue, enfim, enxergar uma luz no fim do túnel com a ediçãode um decreto em 1998, do governo federal, instituindo oPrograma de Revitalização de Cooperativas Agropecuárias(Recoop), que restabeleceu o equilíbrio financeiro das or-ganizações cooperativistas que fossem viáveis.

O vôlei faz história

Cena do ginásio de esporteslotado para ver jogo da

Cocamar, pela Superligade Vôlei, em 1992, abaixo,

o inédito sistema deenvase de óleo emPVC biorientado

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INTEGRAÇÃO – Um programa de arrendamento deterras com pastos degradados para reforma com soja, ini-ciado pela prefeitura de Umuarama, em 1997, se revela asolução tão esperada para um problema grave da região no-roeste: o empobrecimento econômico causado pelas exten-sas pastagens improdutivas. O programa de integraçãolavoura-pecuária (ILP) contou, desde o seu início, com oapoio da Cocamar.

NOVAS INDÚSTRIAS - Com a presença de autori-dades, a cooperativa inaugura um novo conjunto industriale passa a oferecer ao mercado uma série de produtos pron-tos para consumo: sucos e néctares de frutas, bebidas abase de soja, catchup, mostarda e maioneses.

BRAQUIÁRIA – Em 2007, seguindo orientação da Em-brapa, a Cocamar começa a difundir o consórcio milho ecapim braquiária entre os seus cooperados. A prática con-tribui para a sustentabilidade da lavoura, recuperando a fer-tilidade do solo e produzindo palha para o plantio direto dalavoura no verão.

Integração lavoura-pecuáriacomeça a mudar o noroeste

A soja começou a ser cultivada nos solos arenosos da regiãonoroeste, reformando áreas de pastos degradados

EXPANSÃO - Em 2010, a Cocamar ingressa de umavez em 24 municípios do norte do Paraná, prestando aten-dimento aos produtores da cooperativa Corol, que entraraem dificuldades. Nos anos seguintes, seria realizada ex-pansão, também, para o oeste de São Paulo e o leste doMato Grosso do Sul. Nova Andradina (MS), se tornaria a uni-dade campeã de recebimento de grãos.

LOGÍSTICA – A Cocamar passou por uma reformula-ção em seus projetos logísticos entre 2010 e 2011 com aimplantação do projeto PDL (Plano Diretor Logístico). Asmudanças prepararam a cooperativa para a conquista demelhores resultados e uma estrutura competitiva.

CRESCER - O planejamento estratégico da coopera-tiva, estabelecido em 2015, definiu chegar a 2020 com umfaturamento de R$ 6 bilhões. Mais do que nunca crescer é

um objetivo a ser alcançado para que a organização se man-tenha competitiva.

GESTÃO - Com a assessoria do Rabobank e investindona sua perenidade, a Cocamar promove uma reestruturaçãoadministrativa e profissionaliza a estrutura de gestão. LuizLourenço vai para a presidência do Conselho de Adminis-tração e as funções executivas são exercidas por DivanirHigino (presidente) e José Cícero Aderaldo (vice-presi-dente).

SUCESSO - O Grupo Cocamar termina o ano de 2017como o melhor de sua história: faturamento 9,5% maior emcomparação ao ano anterior e recordes, também, nos rece-bimentos de soja e milho e fornecimento de insumos. Chegasólida, com grande prestígio e a imagem de inovadora nomoderno agronegócio brasileiro, aos seus 55 anos.

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COCAMAR 55 ANOS

A Cocamar chegasólida e com muitoprestígio aos seus

55 anos

Expandir para continuar crescendo

COCAMAR 55 ANOS

Ahistória da Cocamarfoi escrita por pro-dutores que acredi-taram no cooperati-

vismo e trabalharam duropara chegar aonde chega-ram. Nesta trajetória, contarcom o apoio da cooperativafoi fundamental, destacam.Juntos, têm escrito o futuronão só de suas propriedadesrurais e da cooperativa, mastambém da região onde vi-vem. E os exemplos são mui-tos.

João Delorenzo Filho, 84anos, é cooperado da Coca-mar em Maringá desde 1968e se orgulha da “potência”que a cooperativa se tornou.“É uma cooperativa que dáassistência técnica a todosos produtores, traz novastecnologias, dá segurança erespalda a economia da re-gião”, diz.

INTEGRAÇÃO - Ele se mudoupara Maringá há cerca de 60anos e apesar de não termais terras por aqui, conti-nuou como cooperado, fa-zendo suas compras aqui emorando na cidade. Atual-mente trabalha com pecuá-ria, no Mato Grosso do Sul, ecafé, em Minas Gerais.

Delorenzo conta que temposatrás teve a oportunidade deconhecer o trabalho que éencampado pela Cocamarcom a integração lavourapecuária e floresta (ILPF) egostou muito. “É um negó-cio que funciona. Vou fazer

lá nas minhas terras”, pla-neja.

DESDE O INÍCIO - O produtorAristides Miquelin, 82 anos,cooperado em Doutor Ca-margo desde 1977, acom-panhou a história da Coca-mar praticamente desde oinício. Além de agricultor,era vendedor de insumosagrícolas e vivia viajando portodos os cantos. Já na dé-cada de 1960, passando porMaringá, ouviu falar daquelacooperativa que se formavae conheceu o trabalho.Muito antes de ser coope-rado, já tinha um relaciona-

mento com o pessoal da Co-camar e sempre passava emsua sede. Inclusive, na fotofeita com os primeiros fun-cionários da cooperativa,que faz parte do acervo his-tórico da Cocamar, o fuscaazul estacionado logo atrásdo grupo era de Aristides,que estava lá naquele mo-mento.

SEM DÚVIDA - Por isso,quando foi aberta a unidadeem Doutor Camargo, foi umdos primeiros a cooperar.“Não tive dúvida. Até hoje,meu soja todo é entregue nacooperativa. Aqui eu sou

sempre bem atendido”, afir-ma. Pequeno produtor, já en-frentou muitas dificulda-des e sabe como é impor-tante contar com uma coo-perativa.

A família, que era de Assis,São Paulo, se mudou para oParaná em 1946, para plan-tar café, quando ele tinha 10anos. Passaram por Londri-na, Jandaia do Sul, Maringáe Ivatuba. Mas foi em DoutorCamargo, há pouco mais de40 anos, que Aristides con-seguiu comprar seu primeiropedaço de terra e se estabe-lecer.

Uma história escrita por muitas mãosCooperados pioneiros contam sua saga que se confunde com a da Cocamar

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Detalhe de AssembleiaGeral da Cocamar,na década de 1980,no Ginásio ChicoNeto, em Maringá

Como pequeno produtor desoja e milho, o cooperadoJosé Iakestest, 76 anos, dePaiçandu, sabe da importân-cia de ter uma cooperativapor perto. “É a forma de ter-mos voz e melhores condi-ções de negócios, além desegurança. Deixo toda minhaprodução depositada na Co-camar e fico tranquilo. Émais seguro deixar na coo-perativa do que no banco,onde já teve época que o di-nheiro foi confiscado, alémda desvalorização do di-nheiro, nos períodos de in-flação alta, quando era mui-to melhor guardar a soja naCocamar do que vender e vero dinheiro sumir”.

NA ATIVA - Iakestest coo-perou em 1976, ainda emMaringá, transferindo-sedepois para Paiçandu. É ele

ainda quem cuida da la-voura e quando conversoucom o Jornal da Cocamarestava plantando milhocom uma matraca, refa-zendo um bico da lavouraque acabou falhando quan-

do passou com a plantadei-ra. Com orgulho ele diz queestudou os filhos e con-quistou tudo que tem como trabalho no campo.

O produtor é natural de Lon-

drina. Mudou-se em 1948para Maringá e em 1956 paraPaiçandu, onde se estabele-ceu. Boa parte da vida tra-balhou com o café, masdesde 1972 a soja ganhouespaço e ficou.

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COCAMAR 55 ANOS

Importância de ter uma cooperativa por perto

Pioneiro no município de Flo-resta, o cooperado PauloNestor Tonietti, 76 anos, na-tural de Minas Gerais, tinhanove anos quando a famíliase mudou para Floresta, de-pois de passar por CornélioProcópio, onde chegou em1946, e Cambé.

Paulo, que cooperou na Co-camar em 1974, chegou aderrubar mata nestas andan-ças e teve que formar muitocafé até que a família com-prasse seu primeiro lote deterra em Floresta. Ele sabemuito bem também a dificul-dade que é não ter uma coo-perativa por perto e viu muita

gente perder tudo da noitepara o dia.

SEGURANÇA - “Mas sempretivemos confiança de entre-gar tudo na Cocamar, mesmono período em que a coope-rativa passou por dificulda-des”, afirma ressaltando asua importância para o pe-queno produtor na hora daassistência técnica, de trazernovas tecnologias e de regu-lar o mercado de insumos eda produção. Paulo ainda to-ca sua propriedade e tem nosfilhos, Valdir e Luiz, que tam-bém são cooperados, a ga-rantia de sucessão na ativi-dade.

Confiança na Cocamar

Iakestest: maisseguro deixarna cooperativaque no banco

Família Tonietti, cooperados desde 1974

Jor na l d e S er v i ço Co camar | 3 1

Logo que a unidade abriu emJussara, Orlando Nalin, 74anos, foi um dos primeiros acooperar, em 1975. Ele játinha ido um pouco antes aMaringá para cooperar, pen-sando em entregar o café.Mas aí veio a geada e quei-mou tudo. Mesmo assim,quando na sequência abrirama unidade, fez questão deestar entre os primeiros.

O produtor conheceu bem asdificuldades enfrentadas noinício, quando muitos produ-tores entregavam toda suaprodução para empresas queanoiteciam, mas não ama-nheciam, desaparecendo comtoda a produção. “Na coope-

rativa, o povo comentava queera mais seguro, por issocooperei. É uma questão desegurança”, ressalta.

SERTÃO - Paulista de Catan-duva, Orlando veio para o Pa-raná com a família que seinstalou primeiro em Cambé,onde ficaram por dois anos,passaram por Maringá eMandaguaçu, sempre traba-lhando como porcenteiros,mas se fixaram de vez emJussara, no início da décadade 1950, onde compraram asprimeiras terras da família.“Isso aqui era um sertão da-nado. Tinha mato para todolado”. Hoje, o produtor viveda produção de soja e milho.

COCAMAR 55 ANOS

Um dos primeiros em Jussara

Nalin: “uma questão de segurança”

COCAMAR 55 ANOS

Morador antigo de São Jorgedo Ivaí, o cooperado Hermí-nio Gomes, 76 anos, chegouao município em 1963 e naépoca a floresta já tinhadado espaço ao cafezal, queia até perder de vista. Eletrabalhou muito tempo como café e gostava muito dacultura, mas, aí veio a do-ença, as geadas não davamtrégua e com o preço embaixa, acabou optando porerradicar tudo e plantar sojae milho.

MELHOR COISA - Cooperado

desde 1987, diz que foi amelhor coisa que fez. “NaCocamar a gente se sente emcasa. O pessoal é como sefosse da família”, afirma. Aoque sua esposa, dona Pal-mira, integrante do núcleofeminino de São Jorge do Ivaíemenda: “Sou Cocamar enão mudo”.

Atualmente, são os filhosque tocam a propriedade ecuidam dos negócios. Osnei,Osleandro e Osmar tambémsão cooperados e trabalhamtodos juntos.

Filhos continuam parceria

Família Gomes trabalha unida

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Nos últimos dez anos,a soja avançou comintensidade pelo in-terior do cerrado

brasileiro, pelos pampas ar-gentinos e pelo coração dosEstados Unidos. Mas o trunfodessa commodity tem vindoda Ásia, mais precisamenteda China: as importações dopaís triplicaram ao longo deuma década, para um totalestimado em quase 100 mi-lhões de toneladas em 2018.Os embarques aumentarammesmo em um período de os-cilação na demanda chinesapor commodities industriaiscomo o minério de ferro e ocobre.

EXPANSÃO - Os números daexpansão da soja são impres-sionantes, sobretudo nos Es-tados Unidos e no Brasil,respectivamente o primeiro eo segundo maiores produtoresmundiais. Em apenas cincosafras, de 2013/14 para 2017/18, os agricultores norte-americanos expandiram aárea cultivada em 17,4%, de30,858 milhões para 36,228milhões de hectares. Nessamesma fração de tempo, ossojicultores brasileiros fize-ram a área plantada aumen-tar 16,3%, de 30,100 mi-lhões para 35,000 milhõesde hectares. Os dados são doForeign Agricultural

Service/USDA, divulgados emfevereiro/2018.

Juntos, Estados Unidos e Bra-sil incorporaram nada menosque 10,27 milhões de hecta-res com lavouras de soja emcinco anos. Para que o leitorpossa ter entender melhor, ovice-presidente de Negóciosda Cocamar, José Cícero Ade-raldo, lembra que isto repre-senta duas vezes a área cul-tivada com soja pelo Paraná,o segundo maior produtornacional, depois do MatoGrosso.

CONSISTENTE - Mas se o le-vantamento se estender parauma década, de 2007/08 a2017/18, período em que aChina triplicou suas importa-ções do grão, o avanço da ole-aginosa fica ainda mais vi-sível e impactante, dandomostras de que a incorpora-ção de áreas pela oleaginosatem sido contínua e consis-tente. No período, a expansãoda soja nos Estados Unidos,Brasil e Argentina (os trêsprincipais produtores, pela or-dem) somou, respectivamen-te, 10,262 milhões de hecta-res, 13,700 milhões de hecta-res e 10,153 milhões de hec-tares. Juntando tudo, são 34,1milhões de hectares acresci-dos com soja em apenas dezanos, o que, espantosamente,

é quase toda a área plantadano Brasil (35,000 milhões) epraticamente sete vezes a su-perfície cultivada com o grãona safra 2017/18 pelo Paraná.

AINDA MAIOR - Detalhe: esseaumento poderia ter sido ain-da maior não fosse pela taxa-ção imposta nos últimos anospelo governo argentino aosseus produtores, o que levoua um desestímulo e conse-quente decréscimo na áreaplantada no país vizinho. Nasúltimas cinco safras, a áreacultivada na Argentina caiu3,6%, de 19,4 milhões de hec-tares em 2013/14, para 18,7milhões na atual temporada2017/18, que está sendo afe-tada pela forte estiagem. Au-toridades argentinas avaliamque a projeção de safra po-

derá diminuir de 57 milhõesde toneladas na safra de 2017para algo próximo a 40 mi-lhões de toneladas na atualsafra.

O vice-presidente da Cocamarcomenta que o apetite chinêspor soja é o que está estimu-lando essa expansão nos paí-ses produtores. No caso doBrasil, as exportações nacio-nais da oleaginosa, que eramde apenas 2 milhões de tone-ladas no ciclo 1997/98, salta-ram para 68,1 milhões detoneladas em 2017, das quais53,7 milhões embarcadas pa-ra o país asiático (76% dototal), conforme dados daAbiove (Associação Brasileirada Indústria de Óleo Vegetal).O crescimento é persistente ese acentuou ainda mais nos

últimos anos, lembrando queem 2014 o volume total nãopassou de 45,6 milhões de to-neladas, de cujo montante32,6 milhões seguiram para oparceiro chinês.

GUERRA - Com a guerra co-mercial que acaba de ser de-flagrada pelo governo DonaldTrump, sobretaxando as im-portações norte-americanasde aço em 25% e afrontandoos chineses, principais produ-tores mundiais da commodity,especialistas de mercadoavaliam que uma forma de re-taliação do país asiático po-derá ser a redução das im-portações de soja dos EstadosUnidos, direcionando-as aindamais para a América do Sul, oque beneficiaria diretamenteo Brasil.

Expansão da soja impressiona pela rapidez e a grandiosidadeDe uma década para cá, área incorporada pela oleaginosa na soma dos três principaispaíses produtores equivale praticamente ao total cultivado na safra 2017/18 pelo Brasil

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MERCADO

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Em plena safra de sojano Brasil, os preços daoleaginosa reagem emudam o cenário pre-

visto para o ano-safra2017/18. A quebra de safra naArgentina, que vem se mos-trando ser maior do que o es-perado inicialmente, é o prin-cipal fator que tem impul-sionado os preços praticadosna Bolsa de Chicago, segundoo gerente de Negócios Grãosda Cocamar, Anderson Berto-lleti.

ALTA - Se antes a consultoriaAgroconsult trabalhava coma previsão de preços futurosna Bolsa de Chicago (CBOT)ao redor de US$ 9,50/bushelna média do ciclo 2017/18,agora a perspectiva é de pre-ço médio de US$ 10,30 porbushel, ante US$ 9,90/bu-shel em 2016/17. "Hoje a ex-pectativa é de aperto naoferta de soja e preços emelevação. E esses preços nãosão momentâneos, são re-flexo de uma mudança no ce-

nário de oferta e demanda",disse o sócio-analista daAgroconsult Marcos Rubin,em publicação recente emBroadcast.

Para Bertolleti, o pro-dutor de soja temuma boa perspectivade remuneração parao ano. E ressaltou queé importante parcelar asvendas ao longo do ano ebuscar fazer uma boa média,em vez de esperar

Quebra da safra na Argentina, devido à seca prolongada, mudaperspectiva de preço do grão e melhora rentabilidade do produtor brasileiro

COTAÇÃO

Reviravolta no mercado de soja

Jorna l de Ser v iço C ocamar | 35

os preços atingi-rem o pico desejado, que podenão chegar, perdendo boasoportunidades de negócios.

PRODUÇÃO - A Agroconsultprojeta que a produção globaldiminua em 10 milhões de to-neladas ante o volume colhidono ciclo anterior, principal-mente por causa da quebra naArgentina, enquanto a deman-da global deve aumentar em18 milhões de toneladas, pu-xada pela China e outros im-portadores. "Por mais queexista estoque guardado, é umdescompasso grande".

O gerente de Negócios Grãosda Cocamar comenta que a ex-pectativa inicial era de que oaumento na produção brasi-

leira de soja compensasse aquebra argentina, mas a longaestiagem no país vizinho só seagravou e as chuvas ocorridastêm sido menores do que o es-perado, tornando a seca atualuma das mais severas emmuitos anos.

QUEBRA - Em fevereiro, a esti-mativa do Departamento deAgricultura dos Estados Unidos(USDA) era de que seriam pro-duzidos 54 milhões de tonela-das de soja na Argentina eagora se fala em 47 milhões,mas o mercado já trabalha comum número ainda menor, entre42 milhões a 44 milhões de to-neladas. “Isso foi combustívelsuficiente para alavancar asaltas nos preços na Bolsa deChicago”, diz Bertolleti.

Ele cita que em meados de ja-neiro, a cotação da soja naBolsa de Chicago para o con-trato de maio estava cotada aUS$ 9,60/bu (bushel) e o preçode balcão R$ 61,50 a saca. Jáno início de março bateu US$10,80/bu e a soja atingiu R$70,00 a saca ao produtor, altade mais de 13,8% em plenacolheita.

COLHEITA - A previsão doUSDA da safra brasileira pas-sou de 110 milhões de tone-ladas de soja em janeiro para113 milhões em março (pre-visão semelhante a da Conab– Companhia Nacional deAbastecimento), mas o ge-rente da Cocamar acreditaque a produção poderá serainda maior.

A Agroconsult trabalha coma estimativa de 117,5 mi-lhões de toneladas. "O quese tem visto no campo sãoresultados muito consisten-tes de produtividade, salvopequenas exceções", apon-tou Rubin. Segundo ele, aúnica área com problema dequebra de safra é o sul doRio Grande do Sul, as demaisregiões têm apenas ques-tões pontuais. Ele ressaltouque o patamar de produtivi-dade a ser alcançado é mui-to semelhante ao do anopassado. "Quando você vaipara o campo, você vê pro-dutores colhendo muitobem. Eles mudaram padrãotecnológico nos últimosanos, e estão colhendo re-sultados nessa safra”.

EXPORTAÇÃO - Para o ana-lista da Agroconsult, a sojado Brasil é que vai suprir omercado de exportação. "Omercado vai se abastecer ba-sicamente com soja brasi-leira ao longo dos próximosmeses". Na sua avaliação,um dos fatores que evitaramaltas maiores foi exatamenteas vendas de produtores bra-sileiros, que ganharam forçanas últimas semanas, acom-panhando a elevação das co-tações.

Na região, os cooperados daCocamar aproveitaram as al-tas nos preços e aumentaramo percentual vendido, saltandode 8% em meados de janeiropara mais de 30% no início demarço.

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SAFRA 2017/18

Cocamar deve receber1,3 milhão detoneladas

Exatamente às 18h05do dia 14/3, a Coca-mar ultrapassou amarca de 1 milhão de

toneladas de soja recebidasna soma de todas as suasunidades, avançando no ob-jetivo de chegar ao recordede 1,3 milhão de toneladasnesta safra 2017/18. No anopassado, a cooperativa regis-trou a entrega de 1,1 milhãode toneladas, a maior quan-tidade em sua história.

“A colheita neste ano foi bas-tante concentrada, entrandomuita soja ao mesmo tem-po”, explica o coordenadoroperacional de produto, De-rick Ruzon. Segundo ele, operíodo de maior intensidadefoi do dia 22 de fevereiro a 7de março, quando as entre-gas diárias ficaram acima de50 mil toneladas, começandoa diminuir a partir de então.

RECORDE - O recorde, lem-bra o coordenador, foi bati-do no dia 14. Consideran-do apenas as unidades ope-racionais localizadas na re-gião de atuação tradicio-nal da cooperativa, polariza-

das por Maringá, Cianorte,São Jorge do Ivaí, Parana-vaí e Umuarama, o recebi-mento de soja havia che-gado a 607 mil toneladas,contra as 606 mil do total doano passado.

A unidade com maior previ-são de recebimento é a deNova Andradina (MS), com 80mil toneladas.

PRODUTIVIDADE - Por causados problemas climáticosenfrentados durante o cicloda lavoura, como estiagem ebaixas temperaturas na faseinicial, e chuvas em excessona reta final de desenvolvi-mento, a produtividade aca-bou sendo mais prejudicadana região norte, centralizadapor Londrina.

No geral, a média tem se si-tuado ao redor de 3.150 quilospor hectare (127/alqueire),contra 3.200 quilos/hectare(129/alqueire) do ano anterior,conforme informações daárea técnica.

No Paraná, os municípiosque mais se destacam emprodutividade média atéagora são Rolândia (3.618quilos/hectare), Paiçandu(3.556), Ourizona (3.470),Japurá (3.450) e Arapongas(3.447).

Produtividade está sendo levemente inferior a da safra passada

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Média de 151 sacas

Os contratempos climáticos no iníciodesta safra preocuparam o cooperadoSebastião Pitarelli, de Maringá. As pri-meiras áreas colhidas sofreram com oexcesso de chuva e a falta de luminosi-dade, resultando em uma produtividadeinferior ao esperado, em média 135 a 140sacas de soja.

Mas Sebastião ainda conseguiu fechar oano com uma média de 151 sacas poralqueire. Devido à boa tecnologia ado-tada em toda a área e o cuidado com aterra o ano todo, fazendo consórcio demilho e braquiária, adubação correta ecompostagem, nas áreas plantadas maistarde colheu uma média de 173 sacaspor alqueire.

A colheita neste ano foi bastante concentrada,entrando muita sojaao mesmo tempo”.

Derick Ruzon

RALLY

Integração lavoura-pecuáriafaz a diferença em São Jerônimo

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Investindo no programa deintegração lavoura-pe-cuária (ILP) em São Jerô-nimo da Serra, a 100

quilômetros de Londrina, aprodutora Etiane Caldas Go-mes Kuster está conseguindoresultados acima da médiaregional.

Adquiridas há décadas peloseu pai, Eloy Gomes, econo-mista conhecido do coopera-tivismo paranaense por terchefiado durante muito tempoa Comissão de Compras doTrigo Nacional (Ctrin), ligadoao Banco do Brasil, as terrasda família exibem um histó-rico de pioneirismo e van-guarda na região.

MÃE E FILHA - O agronegóciose tornou o projeto de vida daprodutora há alguns anos,após a perda do marido. Ad-vogada e residente em Curi-tiba, ela decidiu dedicar-seintegralmente à atividade quesempre acompanhou de perto,

com o apoio da filha Illana,também formada em direito,que a ajuda na gestão daspropriedades, e do seu ge-rente, o técnico agrícola An-dré Oliveira.

O pai, de 87 anos, já não par-ticipa diretamente, mas, napecuária, elas contam com aassessoria do médico-veteri-nário Luis Henrique AguileraTurrissi, da unidade local daCocamar.

SUPERPRECOCE – As proprie-dades são especializadas nociclo completo (cria, recria eengorda), fruto de cruzamentoindustrial de nelore e angus.Os animais terminam o ciclosuperprecoce aos 18 meses,oferecendo uma carne maciae saborosa, com a qualidadedesejada pelo mercado.

PIONEIRA - Cultivada para areforma dos pastos, a soja al-cançou a média de 140 sacaspor alqueire (57,8/hectare) na

safra colhida no ano passado.A família foi uma das pionei-ras nessa prática, mantendo-a desde 1991. Para a tempo-

rada atual, a expectativa deEtiane é superar os números,uma vez que a lavoura foi bemservida de umidade e apre-

senta desenvolvimento nor-mal. A produtora possui quasetodos os maquinários e só ter-ceiriza a colheita.

VISITA - A equipe do Rally Co-camar Bayer e Spraytec deProdutividade esteve em SãoJerônimo da Serra no dia 2 demarço. Na região, o ciclo dasoja é normalmente mais tar-dio: grande parte da lavouraestava ainda entrando na retafinal de maturação.

O Rally é patrocinado pelaFord, Sancor Seguros e Uni-campo, com o apoio do Co-mitê Estratégico Soja Brasil(Cesb).

Nas áreas de pastagens refor-madas pela integração lavoura-pecuária (ILP), de 162 alqueires(392 hectares), são mantidascerca de 900 cabeças, o que dáuma média de lotação dos pas-tos de 5,5 cabeças por alqueire(2,3/hectare), mais do que o do-bro da média paranaense de 2,4cabeças por alqueire ou 1/hec-tare. “Com boa oferta de ali-mento a pasto, estamos con-

seguindo trazer mais animaispara engordar”, comenta Etia-ne, explicando que atualmentetrabalha apenas com fêmeas.Em 2017, 120 novilhas forammantidas nos pastos entremaio a novembro, entrandocom 220 quilos de peso médiobruto e saindo com cerca de320 quilos cada uma – regis-trando ganho de 670 gramas pordia.

IATF - Além da integração, a pe-cuária está sendo incrementadacom a incorporação de tecnolo-gias mais modernas para repro-dução, como a IATF (Insemi-nação artificial em tempo fixo),desenvolvida para suprir asdeficiências da inseminação ar-tificial tradicional. Em novem-bro, 40 fêmeas foram insemi-nadas, alcançando índice de61% de prenhez, outras 40 em

dezembro e as restantes em ja-neiro.

O próximo passo de Etiane e dafilha Illana, a partir de 2019, éinvestir no piqueteamento dealgumas áreas e não mais des-cartar os animais machos, fa-zendo com eles as crias e a re-crias. Atualmente, os bezerrossão desmamados e comerciali-zados aos oito meses de vida.

A produtora Etiane Caldas Gomes Kuster dedica-se integralmente à gestão dos negócios

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Rally Cocamar Bayer e Spraytecde Produtividade foi conhecer apropriedade comandada porEtiane Caldas Gomes Kuster

Mais animais na engorda

O médico-veterinário LuisTurrissi, da Cocamar, des-taca a receptividade da pro-dutora Etiane em relação àsrecomendações apresenta-das pela cooperativa. “Nos-so objetivo é contribuir paradesenvolver cada vez maisas atividades e possibilitarque os produtores ganhemmais dinheiro com os seusnegócios”, afirma.

Para ela, o apoio da Coca-mar tem sido decisivo tantona pecuária quanto na la-voura. Toda a sua produçãode grãos é entregue na co-operativa. “Somos uma fa-mília com tradição coope-rativista”, ressalta.

Etiane lembra que a inte-gração lavoura-pecuária,sistema no qual é acom-panhada pela Cocamar, di-versifica e dinamiza asfontes de renda, equili-brando as finanças da pro-priedade. Outro benefício épossibilitar a precocidadena terminação dos animais,ou seja, o ciclo terminamais rápido e o fluxo decaixa é maior.

“Nosso desafio é continuarampliando a capacidadeanimal nos pastos e, aomesmo tempo, aumentar aprodutividade da lavoura”,diz a produtora.

Para isso, além participar,sempre que possível, deeventos técnicos promovi-dos pela cooperativa, comodias de campo e palestras,ela costuma se manter in-formada por meio da leiturade publicações especializa-das.

O pai Eloy Gomes é, na opiniãoda filha Etiane, um visionário,o qual soube enxergar a pers-pectiva de que o investimentoem terras naquela região va-leria a pena. Segundo ela,cada alqueire custava o equi-valente a 1 mil dólares (cercade 3,2 mil reais pela cotaçãoatual), quando o pai resolveu

comprar. Hoje, as terras maisfracas das propriedades valemao menos 85 mil.

Inicialmente, o objetivo eraapenas a pecuária de corte,mas Gomes insistiu que a fa-mília deveria preocupar-secom a diversificação dos ne-gócios e foram plantados 5,5

mil pés de laranja. “Ele estavacerto: a receita com a laranjaajuda a diluir os nossos cus-tos”, afirma a produtora. Porfim, em algumas áreas de re-levo mais acidentado, impró-prias para a pecuária e a agri-cultura, formaram-se flores-tas de eucaliptos, que ofere-cem outra renda adicional.

Jor na l d e Se r v iço C ocama r | 41

Apoio da Cocamar é decisivo

Gomes, um visionárioNa lavoura de soja, expectativa de alta produtividade

A família foi pioneira no cultivo de sojapara a reforma dos pastos, em 1991

A equipe do Rally com a produtora, técnicos e profissionais da unidade local da cooperativa

Dia de campo ILPF em Iporã

42 | J or na l d e S er v iço Co cama r

RALLY

O presidente doConselho deAdministração daCocamar, Luiz Lourenço,fez a abertura do Diade Campo realizado nodia 21/3 na Unidade deDifusão de Tecnologiasda cooperativa em Iporã.O evento teve o apoio da Embrapa, Iapar e Emater.

Detalhes do Dia de Campo que reuniu cerca de 200 participantes,entre pecuaristas, produtores, dirigentes e técnicos da cooperativae das instituições parceiras, entre outros convidados

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Jo rnal d e S er v i ço C ocamar | 43

No período de 27 de fevereiro a 1º de março,João Dantas acompanhou a equipe do RallyCocamar de Produtividade em visita a pro-dutores de Apucarana, Arapongas, Guairaçá,Amaporã, São Jorge do Ivaí , Floraí e Flo-resta.

Em todos esses lugares, ele dialogou comprodutores e técnicos da cooperativa e,

usando um equipamento chamado penetrô-metro, avaliou o nível de compactação dosolo.

Segundo ele, depois de tudo o que viu, a con-clusão é que os produtores de todas as re-giões visitadas realizam um bom trabalho,mas ainda há um potencial a ser exploradopara o aumento da produtividade.

Na região da Cocamar

Dialogando com produtores em São Jorge do Ivaí

RALLY

Cooperativatrouxe maissegurançaaos negóciose aosprodutoresrurais dooeste paulista

Para cooperados, Cocamar fortalece o agro regional

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A partir da esquerda: a agrônoma Letícia, o produtor Nei, o gerente Gustavo e a agrônoma da Spraytec, Tassiane

Apresença da Cocamarcom estruturas deatendimento no oestepaulista está contri-

buindo para fortalecer o agro-negócio regional e trazer maissegurança a quem produz.

Essa afirmativa resume a opi-nião de vários produtores ouvi-dos nos municípios de Cruzá-lia, Palmital e a região de Pre-sidente Prudente. A coopera-tiva possui estruturas para re-cebimento de grãos em Iepê,Cruzália, Maracaí e Palmital euma nova estará sendo aberta,em breve, em Mirante do Para-napanema. Conta, também,com uma unidade especiali-zada na comercialização de in-sumos agropecuários em Pre-sidente Prudente e um escritó-rio para aquisição de café emPiraju.

CONFIANÇA, SEGURANÇA E VA-LORIZAÇÃO - Em Cruzália, quefica a 48 quilômetros de Assis,a tradicional família Mielke,descendente de alemães e nomunicípio desde 1936, é produ-tora de soja e milho. Seu Alvinoe a esposa dele, dona Ruth,assim como o filho Ricardo e asua esposa, Denise, foram osprimeiros a ingressarem comocooperados quando a coopera-tiva instalou-se na cidade, nofinal de 2016.

“A presença de uma coopera-tiva forte, como a Cocamar, é

muito bem-vinda”, afirma Ri-cardo, dizendo que a família sesente “mais confiante, segurae valorizada” em seus negó-cios.

RETORNO - Os Mielke sãoorientados nas lavouras pelaengenheira agrônoma LetíciaFerreira, da unidade local daCocamar, e contam com apresteza do gerente Gustavoda Silva Ferreira, sempreatento a atender suas deman-das, “para que a família tenhao maior retorno possível emsuas atividades”.

Ricardo e o pai já adotam o

consórcio milho e braquiária –prática incentivada há anos,com sucesso, pela Cocamar noParaná - como estratégia paraa reestruturação do solo e, en-tre outros benefícios, a produ-ção de cobertura de palha paraos meses quentes.

FORTALECIMENTO - O trabalhoda agrônoma já fez diferença napropriedade de Nei Rodriguesda Silva, também produtor degrãos em Cruzália. Uma man-cha de solo com produtividademais baixa foi corrigida com aorientação da profissional. Neicomeça a introduzir, também,o cultivo da braquiária. Paraele, a chegada da Cocamar“fortalece a região, pois a coo-perativa trabalha para que osprodutores se desenvolvam emseus negócios”.

PALMITAL - Se o modelo decooperativismo implementadopela Cocamar já começa a pro-duzir resultados em Cruzália,onde uma centena de produto-

res faz parte do seu quadro decooperados, a receptividade dacooperativa tem sido aindamaior em Palmital, a 25 quilô-metros de Assis. No município,que é importante produtor de

grãos, e onde a unidade foiinaugurada no começo de2016, o número de cooperadosjá chega a 350, entre proprie-tários de áreas grandes, mé-dias e pequenas.

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Seu Alvino e o filho Ricardo: eles foram osprimeiros a se associarem à cooperativa

em Cruzália e se dizem “mais confiantes”

O produtor Emilio, de Palmital, com o pai e o tio: “A Cocamar deu um novo gás à atividade”

A Cocamar sacudiua concorrência, o quebeneficiou toda a região”.

César Fadel

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SACUDIU - Culti-vando 21,7 hectares com soja emilho, Danielson Gaspar Fer-nandes afirma que a presençada Cocamar “trouxe um novoânimo aos produtores, que sesentem, agora, melhor assisti-dos”. Para César Fadel, cuja fa-mília trabalha com sistema deirrigação por pivô central, dedi-cando-se ao cultivo de soja, mi-lho, feijão e mandioca, “a Co-camar sacudiu a concorrência,o que beneficiou toda a região”.Fadel elogiou ainda a forma detrabalho da cooperativa, “que sepreocupa com o desenvolvimen-to dos cooperados”, e informouque pretende implantar o pro-grama de integração lavoura-pecuária (ILP) preconizado pelaCocamar.

Reconhecida pelo pioneirismoem plantio direto, que adotouem 1982, a família Tronco tam-bém expressa sua satisfaçãocom a Cocamar. Segundo Emí-lio César Tronco, que é técnicoagrícola e desde os 18 anostrabalha ao lado do pai Emílioe do tio Cláudio, “a cooperativadeu um novo gás à atividade e

os produtores contam comuma opção segura e confiávelpara fazer os seus negócios”.

APOIO - Dois engenheiros agrô-nomos, Rafael Maximiano Goese Wellinton Aparecido Martins,prestam serviços na unidadeda cooperativa, que tem no co-mando o gerente Paulo AndréCâmara. A equipe oferece su-porte ao trabalho de produtoresinteressados em adotar as me-lhores tecnologias, como é ocaso de Bruno Garcia Moreira,que cultiva 60 hectares de soja.Ele faz meiose de cana e sojaem Palmital e diz ver a Coca-mar “como uma grande opor-tunidade para o agronegócio daregião dar um salto de quali-dade”.

SATISFAÇÃO - No município deSanto Anastácio, a 35 quilô-metros de Presidente Pruden-te, a família Sardette, produ-tora de grãos, gado de corte etomate rasteiro, entre outrositens, direcionou praticamentetodos os seus negócios para aCocamar. Segundo AdemirSardette, um dos quatro ir-

mãos sócios na propriedade,toda a aquisição de fertilizan-tes, corretivos e portfólio ve-terinário, entre outros produ-tos, é feita na unidade de Pre-sidente Prudente.

Da mesma forma, eles entre-gam suas colheitas de soja emilho na estrutura operacionalda cooperativa em Iepê, dis-tante mais de 100 quilômetros.“Para nós, a Cocamar é sinô-nimo de segurança e tranquili-dade.” Ademir acrescenta queessa relação com a Cocamarvai ficar ainda melhor, num fu-turo breve, com a abertura daestrutura de recebimento degrãos em Mirante do Paranapa-nema. A distância para entre-gar as safras vai cair para20km. “Estamos muito conten-tes”, completa Ademir.

A família é assistida pelo en-genheiro agrônomo Diogo Ro-jas, da unidade da Cocamar emPresidente Prudente, que temcomo gerente Roverson Flach.

(Agradecimentos à engenheiraagrônoma Tassiane Anghinoni,da Spraytec, pelo apoio téc-nico)

RALLY

Bruno e o agrônomoRafael, em Palmital.Segundo o produtor,a Cocamar é “uma

grande oportunidadepara o agronegócioda região dar um

salto de qualidade”.

Ademir: fidelidade à cooperativa

Baixe o aplicativo QR-Code e aponte para ocódigo acima para ver mais imagens e vídeosda visita do Rally em São Jerônimo da Serra, napropriedade da produtora Etiane Caldas Gomes

Kuster, do Dia de Campo ILPF em Iporã, e da visitado especialista em solos, João Dantas,

na região da Cocamar.

CULTURA DE INVERNO

Cocamar propõe projeto paramelhorar rentabilidade do trigo

Acultura do trigoocupa uma áreasignificativa na re-gião de atuação da

Cocamar. A projeção para asafra 2018 é de aproxima-damente 90 mil hectares aserem semeados. No entor-no de Londrina, que abrangea região de Apucarana e osmunicípios mais em direçãoao norte pioneiro (Santa Ce-

cília do Pavão, São Jerôni-mo da Serra, São Sebastiãoda Amoreira e outros), o ce-real é uma das únicas alter-nativas de cultivo com ap-tidão climática e valor co-mercial.

Nas últimas cinco safras, aprodutividade média ficouabaixo de 3.000 kg/ha. Alémdo pouco incentivo de preços

aplicados pelo governo, ocusto de produção tem fi-cado muito próximo da re-ceita obtida com a comer-cialização do cereal, o quemuitas vezes desmotiva oprodutor a fazer investimen-tos nesta cultura.

LEAN SIX SIGMA - Em razãodesse cenário, a cooperativadecidiu desenvolver um pro-

jeto de Lean Six Sigma paraa melhoria da rentabilidadedo trigo. A metodologia operacom a otimização de proces-sos e desenvolvimento deferramentas que auxiliam emmelhores resultados para asoperações.

O projeto já teve início em2017, atuando na identifica-ção de possíveis alternati-

vas para agregar valor àcultura. A partir de estudose pesquisas, identificaram-se cultivares que produzemgrãos com maior possibili-dade de valor comercial.Neste caso, foi definido queo trigo com qualidade indus-trial branqueador é a melhoropção de cultivo e rentabili-dade na região da coopera-tiva.

Trabalho já começou em 2017 e o objetivo é fomentar neste ano cultivarescom qualidade industrial branqueador e melhorador, recebendo de formasegregada e oferecendo um valor adicional aos produtores

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O produtor da foto éo Vinícius Cortinove,

de Apucarana

PILOTO - Na safra2017 foi iniciado um projetopiloto nas unidades de Apu-carana e Arapongas com oobjetivo de receber de formasegregada a cultivar Marfimque apresenta as caracterís-ticas mencionadas. Como re-sultado dessa operação, acooperativa comercializou oproduto agregando um valoradicional de 7% sobre o pre-ço médio do trigo pão, sendoeste “plus” concedido aosprodutores participantes doprojeto.

Considerando o histórico deprodutividade e comerciali-zação da cultura, os lucrosobtidos têm ficado em tornode 5%. Com o benefício apartir da segregação, foi pos-sível aumentar a rentabili-dade em até 150%.

SEGUNDA GERAÇÃO - Para a

safra de inverno 2018 o pro-jeto entra em sua segundageração. Neste novo modelo,a equipe fomentou parceriascom as empresas detentorasdas cultivares visando co-nhecer novos materiais. Aofinal, uma parceria foi firma-da com a Biotrigo, que possuiem seu portfólio a cultivarNoble. Tal material apresen-ta as características de trigobranqueador e melhoradoraliado ao alto teto produtivoe tolerância às principaisdoenças.

SEGREGAÇÃO - Um dos pila-res para o sucesso deste pro-jeto é receber o trigo Nobleem silos e moegas separadasde outras cultivares. A inicia-tiva será conduzida em SãoSebastião da Amoreira, mu-nicípio que atende os requi-sitos de área semeada e es-trutura operacional para asegregação. Nesta região,outras unidades da Cocamartambém serão beneficiadas,caso de Congonhinhas, SantaCecília do Pavão, São Jerô-nimo da Serra e Assaí.

A expectativada cooperativa évalidar o modelo em2018 para ser feito emuma escala maior nos próxi-mos anos, retornando o“plus” aos cooperados parti-cipantes do projeto e contri-buindo ainda mais para a via-bilidade da cultura em outrasregiões.

EQUIPE - A equipe do pro-jeto de Lean Seis Sigma éformada pelos colabora-dores: Rafael Furlanetto

(coordenador técnico), La-rissa Tomaz (analista deprocessos), José Lopes(coordenador de Operaçõescom Produtos), Luis Fer-nando (gerente comercial),Cayo Lujan (analista de pro-cessos) e Vanessa Urataki(estagiária de Lean SixSigma).

CULTURA DE INVERNO

Jo rnal d e S er v i ço Co camar | 5 1

Reunião da equipe do Lean Six Sigma com o gerente técnico da cooperativa, Renato Watanabe

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DESTAQUE

ExpoLondrina sediao Fórum do Agronegócio

Com a participação dopresidente do Conselhode Administração daCocamar, Luiz Louren-

ço, a Sociedade Rural do Paranáe a MMarchiori promovem du-rante a ExpoLondrina 2018, pelosegundo ano consecutivo, oFórum do Agronegócio, que temcomo tema O Protagonismo doAgro Brasileiro no Mundo.

OBJETIVOS - O evento de

abrangência nacional aconte-cerá no dia 9 de abril, das 13hàs 19h, com os seguintes ob-jetivos: Consolidar as basespara o fortalecimento da Mar-ca Agro Brasil para o Mundo,estimulando a presença dacadeia produtiva de forma in-tegrada; aproximar e agregardiferentes regiões, conside-rando a diversidade brasilei-ra, incentivando o fortaleci-mento do Mercosul e refle-

tindo sobre as políticas fis-cais do Brasil e países vizi-nhos visando ao desenvol-vimento de toda a região, eampliar os relacionamentosnacionais e internacionaispara agregar valor na cadeiado agronegócio.

A ExpoLondrina será realizadade 5 a 15 de abril no Parque In-ternacional de Exposições Go-vernador Ney Braga.

Evento de âmbito nacional acontecerá nodia 9, com a presença de várias lideranças

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Cocamar marca presença em exposiçõesO calendário de participação da Cocamar em exposições agro-pecuárias começou a todo vapor, em março, com a ExpoPara-navaí, realizada no período de 2 a 11, e a ExpoUmuarama, de 8a 18. No estande, onde é intensificado o relacionamento comos cooperados e os produtores em geral, formado por pecua-ristas e agricultores, foi apresentada a linha de insumos agro-pecuários em condições especiais de negociação.

Em Paranavaí (foto esquerda), o espaço foi compartilhado coma Cocamar Máquinas, concessionário John Deere. O bom mo-

mento do agronegócio favorece a realização de negócios, coma finalização da colheita de uma safra de soja com preços emalta e, ao mesmo tempo, as perspectivas bem mais animadoraspara a pecuária, do que em 2017, tornando propícia a realizaçãode investimentos na propriedade.

Depois de Paranavaí e Umuarama, a Cocamar volta suas aten-ções para a participação em outras duas importantes exposi-ções agropecuárias: a ExpoLondrina, de 5 a 15 de abril, e aExpoingá, de 3 a 13 de maio.

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Até recentemente, Eli-sângela Tezolin, filhado cooperado DirceuTezolin e da coope-

rada Cecília Tezolin, de Ma-ringá, fazia parte da estatís-tica das jovens mulheres quenão se envolviam com a ativi-dade dos pais. Moravam napropriedade rural, mas focousua atenção nos estudos e emajudar com o serviço de casa.Só mesmo quando apuravamuito o serviço é que levava otrator ou o caminhão para aroça e só.

MUDANÇA - Com a morte doirmão Leandro, há três anos,que ajudava Dirceu em tudo, opai ficou com dificuldades dedar conta do serviço. Aí, Eli-sângela passou a fazer umacoisa aqui, outra ali, e foi seenvolvendo cada vez mais.Hoje acompanha de perto todoo trabalho e tem se interes-sado cada vez mais pela ativi-dade da família que planta 12alqueires de soja e milho.

“Eu estava acomodada, por-que tinha o meu irmão quefazia. Aí eu percebi o quanto éimportante saber como cuidarde tudo que temos. Agora,acompanho meu pai em tudo:no plantio, manejo, colheita,na comercialização, dias decampo, negociação nos ban-cos. Tento que estar por dentrode tudo”, afirma Elisângela.

EXEMPLO - Além de ajudar o

pai em todas as atividades,tem aprendido até mesmo afazer a manutenção das má-quinas. “Sigo o exemplo damãe, que desde solteira, sem-pre trabalhou na roça”, acres-centa.

Como forma de diversificaras atividades, Elisângela eTezolin iniciaram também aprodução de mudas de orquí-deas. No início, era apenasum hobby, mas tomaramgosto pela atividade e viramque poderia transformartambém em uma fonte derenda.

ORQUÍDEA - Com duas estu-fas de orquídeas e um berçá-rio, a família tem mais de trêsmil mudas de 300 variedades,sem contar as fixadas nas ár-

vores. Mas toda vez que en-contram alguma variedadediferente, compram. Por en-quanto, a multiplicação dasmudas por semente é feitasomente nas horas vagas,

entre um manejo ou outro daslavouras. Mas eles estão ca-talogando tudo, para ter umcontrole melhor, para entãoplanejar como tornar o hobbyrentável.

MULHER

Mudando as estatísticasNos últimos anos, Elisângela Tezolin passou a participarde todas as atividades no campo junto com os pais

Com o pai, Dirceu,no orquidário e na

colheita

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Com a presença decooperadas, esposase filhas de coopera-dos da Cocamar foi

realizado dia 13/3, no Centrode Eventos do Parque Inter-nacional de Exposições Fran-cisco Feio Ribeiro, a nonaedição do evento em homena-gem às produtoras rurais,marcando o Dia Internacionalda Mulher, comemorado em 8de março. A promoção é daSociedade Rural de Maringá(SRM) em parceria com o Sin-

dicato Rural de Maringá e ascooperativas Cocamar e Inte-grada.

Ao todo foram cerca de 420participantes e lideranças di-retamente ligadas ao agrone-gócio regional. Na abertura, apresidente da SRM, Maria Ira-clézia de Araújo, falou sobre aimportância das parcerias nasrealizações e da missão e des-afios enfrentados pelas mu-lheres, que precisam ter leve-za de espírito para

COMEMORAÇÃO

Produtoras rurais são homenageadasCooperadas, esposas e filhas de cooperados da Cocamar marcarampresença no evento que contou com cerca de 420 participantes

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Jo rna l d e S er v i ço C ocamar | 5 7

vencer o seu dia adia. E ressaltou que as produ-toras rurais têm se mostradogestoras competentes, tra-balhadoras motivadas, tran-sitando entre o campo e acidade com a mesma facili-dade que harmonizam car-reira e família.

PESQUISA - Representando aCocamar, o vice-presidente,José Cícero Aderaldo, o Zico,destacou a pesquisa da Asso-ciação Brasileira de Marke-ting Rural e Agronegócio(ABMRA), que mostra quenos últimos cinco anos tripli-cou a presença feminina nocampo em cargos de coman-do, e que isso tem a ver como avanço tecnológico ocor-rido. Disse que as filhas deagricultores também têmsido educadas para trabalharlado a lado com os pais, eque elas estão encontrandoespaço não só nas pequenasáreas rurais, mas em proprie-

dades de todo tamanho, con-tribuindo para reduzir a idademédia do produtor rural.

Lembrando as vitórias con-quistadas pelo agronegócio,com as mudanças na lei tra-balhista e com o novo CódigoFlorestal, o presidente doSindicato Rural de Maringá,José Antonio Borghi, ressal-tou as responsabilidades queacompanham essas conquis-tas. O evento contou comuma performance artística

com danças do grupo TamiresMaia e palestra com a psicó-loga e mestre em ciênciashumanas da Unicesumar,Hélen Guzmann, que falousobre “Felicidade – construaa sua”. Teve ainda coquetel eentrega de brindes.

PARTICIPAÇÃO - A Cocamarincentiva a participação fe-minina no dia a dia da pro-priedade, nos negócios dacooperativa e nos eventos dosetor. Em média 15% do qua-

dro de associados - formadopor 14 mil integrantes – sãoprodutoras, entre esposas,cooperadas e filhas, cujas fa-mílias se dedicam ao cultivode soja, milho e trigo, café,laranja, pecuária de corte eoutras atividades. Mais de600 delas fazem parte de 30núcleos femininos mantidospela Cocamar em diversasregiões, onde discutem te-mas como gestão, sucessão,participação cooperativista,entre outros.

Representando aCocamar, o

vice-presidente,José Cícero Aderaldo

falou na abertura

Parte das cooperadas, esposas e filhasde cooperados da Cocamar queparticiparam do encontro

COOPERADOS

Famílias recebem asreportagens com a sua história

Durante o período de reuniõespré-assembleia realizadas pelaCocamar, dirigentes aproveitarampara manter contato com famíliasque tiveram suas históriasrelatadas pelo Jornal Cocamar.As reportagens foram colocadasem quadros de vidro e entreguescomo um presente da cooperativa.

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IBIPORÃ – A família Zampar teve sua trajetória de pioneirismo descrita pelojornal. A entrega foi feita a seus representantes pelos superintendentesArquimedes Alexandrino e Osmar Liberado, o gerente Washington Ono e colaboradores.

Jo rna l d e S er v i ço C ocamar | 59

ALVORADA DO SUL –Participante dodesbravamento da região,as famílias Katsu e KouTakahashi também foramhomenageadas, recebendoa visita do presidente doConselho de Administração,Luiz Lourenço, dointegrante do Conselhode Administração, JoséRogério Volpato, dovice-presidente-executivoJosé Cícero Aderaldo,do gerente deCooperativismo e NovosNegócios, Nilton CésarMartins, e do gerenteda unidade local,Anderson Valério de Moura.

PITANGUEIRAS –Os Trevizolli contribuírampara o desenvolvimentoda região e tiveram asua historia relatadapelo Jornal Cocamar.O quadro foi entreguepelos superintendentesArquimedes Alexandrinoe Osmar Liberato e agerente da unidade,Fátima Coati da Costa.

APUCARANA –Com seu histórico depioneira na região,a família Bertasso

recebeu o quadro dasmãos dos superintendentes

Arquimedes Alexandrino,Osmar Liberato e Alair

Zago, e do gerenteda unidade , Eleutério

Roncato Neto.

Um estudo de georre-ferenciamento reali-zado da EmbrapaTerritorial, publicado

no mês de fevereiro desteano, revela com todos os nú-meros: o Estado do Paranádetém com florestas preser-

vadas uma extensão que cor-responde a 20,4% de seu ter-ritório. O índice é o resultadoda soma das áreas de preser-vação permanente (APP) empropriedades rurais, unidadesde conservação e terras indí-genas.

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

No Paraná, 27,9% das florestasestão em imóveis rurais

Percentual é considerado altoe até surpreendente para umEstado que é o segundo maiorprodutor nacional de alimentos

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PRESERVADO - Noentanto, se forem considera-das apenas as áreas dos imó-veis rurais, o percentual sobepara 27,9%. Considerandoque o Paraná é o segundomaior produtor de alimentosdo país, isto reforça a tese de-fendida por algumas institui-ções representativas do agro-negócio, de que os produto-res, mesmo cultivando amaior parte das terras no Es-tado, têm preservado a cober-tura florestal em grau atémesmo acima do que estabe-lece a lei.

A análise foi coordenada porEvaristo Eduardo de Miranda,com o apoio dos pesquisado-res Carlos Alberto de Carva-lho, Paulo Roberto RodriguesMartinho e Osvaldo TadatomoOshiro, da Embrapa Territorialsediada em Campinas (SP).Segundo a equipe, o traba-lho de geoprocessamento le-vou cerca de dois meses, poisforam verificados os dados

em mais de 370 mil imóveisrurais cadastrados no Paraná.

SICAR - Os dados levam emconta o Cadastro AmbientalRural (CAR) instituído peloCódigo Florestal, conforme aLei 12.651 de 25 de maio de2012. Em janeiro de 2017, aEmbrapa efetuou o downloaddos arquivos do Sistema deCadastro Ambiental Rural(SICAR), que abrange os ca-dastros lançados pelos pro-prietários rurais entre 2014 e2016.

O Paraná possui uma área ter-ritorial total de 19,979 mi-lhões de hectares e, segundoo estudo, 14,801 milhões sãode imóveis rurais inscritos noCAR até 2016. O levantamentose baseia, também, para efei-tos comparativos, nas infor-mações do Censo Agrope-cuário de 2006, o último a serfeito.

COBERTURA - Desse Censo,

um total de 13,490 milhões dehectares teria migrado para oSICAR em 2016, perfazendo3,686 milhões de hectares devegetação preservada emimóveis rurais. Adicionandooutros 358,4 mil hectares deestimativa de área que aindanão teria migrado, a cobertura

com florestas em imóveis ru-rais no Estado seria de 4,044milhões de hectares, 27,9%do total do território para-naense, 7,9% a mais do queos 20% de áreas de vegetaçãopreservada determinados pe-lo Código Florestal para obioma Mata Atlântica.

Jor nal d e S er v i ço Co camar | 6 1

• Código Florestal: Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, dispõesobre a proteção da vegetação nativa.

• Lei do Código Florestal criou o Cadastro Ambiental Rural(CAR) em 2012.

• De 2012 a 2014, o Sistema Florestal Brasileiro (SFB/MMA)organizou o Sistema SICAR (Sistema de Cadastro Ambiental Rural).

• De 2014 a 2016, os agricultores se cadastraram.

• Em dezembro de 2016, havia cerca de 4 milhões de produtorese 400 milhões de hectares no SICAR.

• Em janeiro de 2017, a Embrapa realizou o download dosarquivos do SICAR.

PASSO A PASSO 19,9milhões de

hectares é totalda área territorial

paranaense

4milhões dehectares sãodestinados àpreservação davegetação nativaem imóveis rurais

Produtores, têmpreservado mais

do que estabelecea lei

Para o pesquisador Carlos Al-berto Carvalho, que integra aequipe da Embrapa Territo-rial, o estudo traz números edados científicos que de-monstram: “os agricultorescontribuem de forma expres-

siva com a preservação domeio ambiente”. “A pesquisamostra que a agricultura estáalinhada com a questão am-biental”, enfatiza.

CAR - O pesquisador res-

salta que os dados do CARdizem respeito à intençãodos agricultores com rela-ção à preservação. Essetrabalho, explica ele, é de-claratório: o produtor rural,ao fazer o Cadastramento

Ambiental Rural, informouonde vai ser sua reservalegal, ou a área de preser-vação permanente, onde eletem vegetação excedente,e se comprometeu admi-nistrativamente e juridica-

mente a preservar e man-tê-las.

“É um ato declaratório, nãoquer dizer que tudo está co-berto de vegetação, massignifica que os

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

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Agricultura e ambiente alinhados

proprietários ru-rais se comprometeram aisso e serão monitoradospelas instituições fiscaliza-doras.”

PRECISÃO - Conforme o téc-nico da Embrapa, no Brasil, opercentual de áreas dentrode propriedades agrícolasdedicadas à preservação é de20%, o que equivale a 160milhões de hectares. “Com

as ferramentas de georrefe-renciamento e inteligênciaterritorial nós podemos loca-lizar, por município, e indicaronde estão os produtores ru-rais que têm mais áreas des-tinadas à preservação, en-contrar os que têm menos,estabelecer contatos e utili-zar os mecanismos de com-pensação”, explica.

“Todas essas informações

expressas em mapas e nú-meros, nos trazem um emba-samento para propor polí-ticas públicas, estabele-cer parcerias e ampliar o de-talhamento dos dados, mos-trando a interconexão doslocais de preservação e mo-tivando outros estudos,por exemplo, sobre o movi-mento e deslocamento dafauna nessas áreas”, fina-liza.

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Em comparação com os de-mais Estados do Sul, o Pa-raná lidera absoluto com40,3% de participação emárea total destinada à pre-servação da vegetação nativanos imóveis rurais do CARmigrados ao SICAR em 2016.O Rio Grande do Sul vem aseguir, com 35,7%, e SantaCatarina possui 24,1%. Na

média dos três Estados, opercentual de áreas com flo-restas preservadas é de25,4%.

Com 339 municípios, o Pa-raná é subdividido em 39 mi-crorregiões. Pelo CensoAgropecuário de 2006, havia371 mil imóveis rurais comtotal de 15,391 milhões de

hectares. Em 2017, estavaminscritos no Sistema Cadas-tro Ambiental Rural (SICAR)382.8 mil imóveis, com14,555 milhões de hectares,73% da área territorial do Es-tado.

PRESERVADO - De acordocom a análise da EmbrapaTerritorial, a área destinada

à preservação da vegetaçãonativa nos imóveis do CARera de 4,056 milhões dehectares, o correspondentea 27,9% da área dos imóveisrurais e 20,4% do Estado.No Paraná, há também 619,5mil hectares de vegetaçãoprotegida em unidades deconservação e terras indíge-nas.

Paraná lidera na Região Sul

370mil é o

número depropriedades

rurais cadastradasno Paraná

Os agricultores contribuemde forma expressiva coma preservação do meioambiente”

Carlos Alberto Carvalho, pesquisadorda Embrapa Territorial

Em todo o Brasil, no mês deoutubro de 2017, estavamcadastrados 4,474 milhõesde propriedades rurais.Comparando com o CensoAgropecuário de 2006, queindicava a existência de

5,175 milhões de proprieda-des no país, aquele númerorepresentava 86% do total.Na Região Sul, havia 1,006milhão de propriedades em2006, mas, no ano passado,já estavam cadastradas

1,204 milhão, ultrapassandoem 20% a quantidade exis-tente há 11 anos, o que re-vela um acelerado processode fragmentação.

CENSO - Somando a área detodos os estabelecimentosagropecuários do país em2006, conforme o CensoAgropecuário, contava-se333,6 milhões de hectares,contra 418,7 milhões noano passado, registrandouma expansão de 25%.

Na contramão desse cres-cimento, houve uma redu-ção de 3% na Região Sul,que passou de 41,7 milhõesde hectares em 2006, para40,4 milhões em 2017.

Em fragmentação

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PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

4,4milhões de

propriedades ruraisestavam cadastradas,em todo o Brasil,no mês de outubro

de 2017

ASicredi União PR/SPrealizou no dia 15 demarço, em Maringá, a32a Assembleia Geral

Ordinária. Todos os 122 coor-denadores de núcleo partici-param do evento, que fecha ociclo de prestação de contasde 2017 da instituição finan-ceira cooperativa, reunindo,no total, mais de 300 pessoasna sede da Acema.

Antes da AGO, a Sicredi Uniãohavia promovido 76 assem-bleias de núcleos, uma paracada agência, para apresen-tação de resultados e delibe-ração de temas como a di-visão dos resultados (sobras).Essas assembleias tiveram aparticipação de mais de 36mil pessoas, o que corres-ponde a 22% dos associa-dos.

Na AGO foram apresentadosos pareceres da auditoria daErnst & Young e do ConselhoFiscal. O presidente da Si-credi, Wellington Ferreira,contou que foi a primeira vezque nas 76 assembleias denúcleos não houve nenhumvoto contrário, ou seja, aprestação de contas, plano deexpansão, destinação de re-cursos do Fates e outros as-suntos foram aprovados porunanimidade.

Ferreira anunciou que Limeiraserá sede da cooperativa naregião centro-leste paulista(cujas obras iniciam em bre-ve) e também a inauguraçãoda agência Cafeara, sendoesta última num modelo denegócio inédito: será em doiscontainers instalados napraça da cidade. Também jáestá pronto o projeto da agên-cia de Jaguapitã e em fase definalização o projeto arquite-tônico da nova sede em Ma-ringá.

Jo rnal d e S er v i ço C ocamar | 6 5

Com AGO, Sicredi conclui prestação de contas de 2017

COOPERATIVA DE CRÉDITO

De janeiro a março deste ano, 76 assembleias de núcleos reuniram mais de 36 mil pessoas dasagências norte e noroeste do Paraná e centro-leste paulista; evento geral ratifica deliberações

Nas 76 assembleias de nú-cleos foram apresentadosos números de 2017. Acooperativa ganhou maisde 30 mil associados emum ano, saltando de134.302 para 164.919. Osativos totais subiram de R$2,68 bilhões para R$ 3,28bilhões, o que significacrescimento de 22,2%. Jáos recursos totais foram

ampliados, entre 2016 e2017, de R$ 1,93 bilhãopara R$ 2,36 bilhões, o querepresenta um acréscimode 22,7%.

O resultado (sobras) ultra-passou R$ 54 milhões, sen-do que mais de R$ 20,1 mi-lhões são destinados aosassociados. Deste valor, R$15,8 milhões referem-se à

remuneração do capital so-cial e R$ 4,3 milhões dedistribuição de sobras feitade forma proporcional aosnegócios com a coopera-tiva. Aliás, o capital socialfoi remunerado em 10%,que é acima do rendimentoda poupança mais Taxa Re-ferencial (TR) do ano pas-sado e bem acima da infla-ção, de quase 3%.

Resultados de 2017

Mais de 300 pessoas participaram na sede da Acema

Para muita gente, o pe-queno sítio do coope-rado Adelino Sola, emSão Jorge do Ivaí é

apenas mais um sítio, mas pa-ra ele, é o seu pequeno paraísoonde planta de tudo e gosta deestar durante todo o dia me-xendo na terra. “Sempre temalgo para fazer”. Até recente-mente, Adelino morava na pro-priedade, mas a falta de segu-rança no campo o forçou a semudar para a cidade.

“Morando no sítio era maisfácil. Dava para diversificarainda mais o plantio de subsis-tência, fazia linguiça e econo-mizava mais. Agora ficou umpouco mais difícil de cuidar detudo, mas vamos levando”, diz.

ATIVIDADES - Apesar da maiordificuldade, Adelino ainda in-veste em várias atividades nosseis hectares que possui. Trêshectares e meio são ocupadoscom soja e milho produzindouma média de 66 sacas porhectare ou 160 sacas por al-queire de soja e 91 sacas porhectare ou 220 sacas por al-queire de milho segunda safra.

Como a propriedade é peque-

na, investir em várias ativida-des é a forma de sobreviver.“Diversificando, o que ganhocom a soja e o milho dá para ti-rar praticamente livre”, afirma.

DINHEIRO RÁPIDO - Na pro-priedade tem mais mil pés decafé, planta mandioca, feijão,banana, ervilha, quiabo e umahorta diversificada com várioslegumes e verduras, além decriar galinha poedeira, frangoe porco, tudo para consumo ecomercialização do exceden-te. Se Adelino tem uma conta

para pagar é só dar uma voltapela propriedade e outra nacidade para vender o que en-contrar em produção. “Sem-pre tem algo para vender efazer dinheiro rápido”, co-

menta. “Entrego em restau-rantes e também nas casas.Já tenho clientes fixos. Dápara cobrir os gastos com asdespesas de casa e o que en-tra mais é lucro”.

Pequeno, mas diversificadoO cooperado Adelino Sola, em São Jorge do Ivaí, fez de seu sítioseu paraíso, investindo em várias atividades para ser sustentável

Jor nal d e S er v i ço Co camar | 6 7

PROPRIEDADE

Café é umadas boas opções

de renda

6 8 | J or na l d e S er v i ço Co camar

Trator John Deere faz 100 anos Um dos grandes ícones da agricultura mundial, o trator JohnDeere, comemorou 100 anos dia 14 de março. O Waterloo Boy,primeiro modelo da companhia, iniciou, em 1918, a era das má-quinas que mudariam a forma de o agricultor lidar com a terra,revolucionando o campo em todo o mundo. A história é acom-panhada de muita inovação, tecnologia, investimentos e, prin-cipalmente, de pessoas que acreditaram na importância e nopoder da agricultura. Hoje, com diversos modelos para atenderdemandas variadas, a John Deere traz ao campo o que existede mais inovador, atendendo as necessidades do produtor.

SPRAYTEC - Dirigentes da Spraytec Fertilizantes da Argentina fizeram visita no dia 8 demarço à Cocamar em Maringá, acompanhados de Luiz Gustavo Lapi, supervisor regionalde vendas, e Caio Rozada, assistente técnico de vendas da Spraytec sediada em Maringá(PR), tradicional parceira da cooperativa. Na Cocamar, onde conheceram a Unidade Ma-ringá, eles foram recepcionados pelo gerente José Claudemir Menegon e pelo engenheiroagrônomo Wendel Justino Rodrigues. Após esse contato, eles se deslocaram para pro-priedades rurais no município em companhia, também, de Luiz Parmezani, da Ford CenterMaringá. A Spraytec é uma das patrocinadoras do Rally Cocamar de Produtividade. Inte-graram o grupo: Mariano Meineri (gerente comercial), Pablo Lafuente (gerente de mar-keting), Matias Retamal (supervisor) e os profissionais da área técnica comercial RicardoMartini, José Arregui, Carlos Olivari, Lucas Gomez, Ruben Netcoff, Eduardo Laca, EmilioCastellanos, José Aguaya, Juan Epinoza, Juan Miqueri, Julio Saiach e Noelia Gonzales.

Engenheiro mecânicode formação profissio-nal, o cooperado emPalmital (SP), Petter

Zanotti, que tem propriedadeem Candido Mota (SP), sem-pre viveu na cidade e traba-lhava na indústria de aviação.Sua ligação com o campo, en-tretanto, falou mais forte. Hácinco anos mudou da indús-tria para o agronegócio.

INÍCIO - Com um histórico dequatro gerações de agriculto-res, Petter não podia negar asraízes que o ligam à agricul-tura. As idas ao sítio do avôJoão Moraes Filho, o Zico, nasférias, deixaram a marca emesmo escolhendo inicial-mente outra profissão, quan-do chamado a assumir a pro-priedade da mãe, não se ne-gou e acabou gostando.

O produtor deixou de atuar di-retamente na indústria pas-sando a trabalhar como peritoem consultorias e se lançouno desafio de assumir a ges-tão da propriedade. “Era tudomuito novo. Não foi nada fácil.Tive que buscar parcerias einformações sobre tudo e aífoi fundamental contar tam-bém com o apoio da família”,afirmou.

EXPERIÊNCIA - Conforme foiganhando experiência, foi setornando mais independente,mas ainda gosta de trocarideias com a família e com aequipe técnica da Cocamar.

“Sempre aprendemos algonovo”, disse.

Atualmente cultiva 165 hec-tares de soja e milho e há trêsanos começou a consorciar omilho com a braquiária, vi-sando formar cobertura dosolo. “O resultado é formidá-vel. Muda totalmente a estru-tura do solo, aumenta a mas-sa de raiz, a cobertura e a ma-téria orgânica, além de redu-zir o estresse hídrico, a resis-tência e a erosão do solo. Abraquiária traz variabilidadeao sistema, descompactandoo solo. É uma das melhorespráticas de descompacta-

ção”, ressaltou Petter.

BRAQUIÁRIA - O produtor co-meçou fazendo uma área pe-quena de braquiária apósassistir uma palestra sobre oconsórcio e ver a necessidadeno campo. E já no primeiroano sentiu os efeitos positivosda adoção da técnica. Houveuma estiagem severa no ve-rão e uma queda expressivana produtividade de soja daregião. “Áreas próximas pro-duziram uma média de 50 a 60sacas de soja por alqueire (20a 25 sacas por hectare) e nósproduzimos 90 sacas por al-queire (38sc/ha)”. A conse-

quência natural foi ampliar oplantio de braquiária paratoda a área cultivada.

Por entender as vantagens docooperativismo, Petter coope-rou com a Cocamar logo na

abertura da unidade na re-gião. “A Cocamar tem histó-rico positivo e sólido de atua-ção e traz vantagens para oprodutor balizando os preçosde insumos e de comerciali-zação da safra” finalizou.

De volta às raízesDepois de trabalhar boa parte da vida na indústria de aviação, o cooperado PetterZanotti, de Palmital (SP), descobriu no agronegócio uma nova paixão

Jornal d e S er v i ço Co camar | 7 1

HISTÓRIA

Produtor tradicionalde soja e milho, An-tonio Ribeiro de Sou-za, de Cianorte, plan-

tava oito alqueires e meiopróprios com a cultura e ar-rendava uma grande área pa-ra poder fechar as contas,ganhando com o volume deprodução. Mas cada ano fi-cava mais difícil encontraráreas boas e com um valor derenda viável. Foi aí que deci-diu investir na diversificaçãoda propriedade e se concen-trar em sua pró-

AGROINDUSTRIA

Soja com peixe para aumentar a rendaAlém de diversificar, cooperado Antonio de Souza, de Cianorte, agregouvalor à produção com a filetagem e comercialização do peixe

72 | J or na l d e Se r v iço Cocama r

Alex, Vanessa, Antônio e a neta: família trabalha unida

pria área, parandocom os arrendamentos.

Buscando aproveitar umaárea quebrada e alagada, queestava perdida, há 20 anos eletinha montado oito represascom 18 mil metros quadradosde lâmina de água onde fazrecria e engorda de tilápia. Aprincípio a criação era maispara consumo e eventual-mente comercializava o exce-dente. Quando aumentou aprodução, chegou a trabalharcom parceiros, mas não deumuito certo. Foi aí que decidiupriorizar.

AGREGAR VALOR - Há cincoanos, buscando agregar valora produção e ter uma opçãode renda extra, construiu umaestrutura com 110 metrosquadrados que serve comoabatedouro e agroindústriarural, montando uma linha deprodução para limpeza, fileta-gem e embalagem. Com essaestrutura é possível abater 2mil peixes por dia, mas porenquanto o trabalho de des-pesca e abate é feito uma vezna semana ou a cada 10 dias,tirando uma média de 450 kgde peixe por vez. “Conformefor abrindo mercado, a ideia éir ampliando a produção”, dizAntonio.

A tilápia é a principal cria-ção, leva sete meses paraatingir o tamanho ideal e éabatida com 600 a 700 gra-mas, rendendo de 200 a 300gramas de filé. Como emcada represa há peixe em umestágio de desenvolvimento,sempre tem peixe para for-necer. A entrega é feita se-manalmente nos mercados elanchonetes e há os clientescertos que sempre vêm bus-car no sítio.

APROVEITAMENTO - Em média33% do peso do peixe setransformam em filé. “Por en-quanto, não temos comoaproveitar totalmente as car-caças e a pele, porque o vo-lume é pequeno e não com-pensa o investimento. Então,mais para dar uma destinaçãocorreta, torramos e mistura-mos com a ração para os pei-xes, acrescentando milho,farelo de soja, de trigo e dearroz. A maior parte da ração,entretanto, é comprada extru-sada, própria para alimentaras tilápias e que resultamnuma perda menor.

A família também cria pacu,que come de tudo, aprovei-tando o resto dos insumosque as tilápias não conso-mem, e a carpa capim e carpacabeçuda, que se alimentamprincipalmente das plantas ealgas que surgem nos tan-ques, deixando-os limpos.

TRABALHO - No dia a dia decuidado da propriedade tra-balham três pessoas, Antonio,

o genro Alex e um diarista.Quando é tempo de despescae filetagem, aí a filha Vanessae a esposa Luzia vêm ajudar econtratam mais umas 10pessoas em média, entre vi-zinhos e amigos, para ajudarna despesca e limpeza.

Antonio diz que o peixe acabadando mais renda que soja,mas também muito trabalhoe uso de boa tecnologia. “Se

der algum problema como do-ença ou falta de oxigênio,morre tudo. Tem que ficar emcima o tempo todo, cuidandotambém com os predadores.Se não fica atento, a hora quevê o estrago já está feito”, co-menta o produtor que colocauma média de oito peixes pormetro quadrado. A meta échegar a 15 peixes por metroquadrado ou mais, nível quedemanda alta tecnologia.

Jor nal d e S er v i ço Co camar | 7 3

Com a agroindústriarural, produtorbusca expandri

mercado eprodução

Leitor assíduo do JornalCocamar há muitosanos, Odair Scarafiz,cooperado em Maringá,

mas que possui propriedadeem Santa Fé, não perde umaedição. Mesmo morando longe,quando chega a época quesabe que o jornal já está dispo-nível na unidade, ele dá um pu-linho lá só para pegar o seuexemplar.

“Gosto muito de ler as repor-

tagens, a gente aprende muitoe se mantêm informado sobretudo que acontece na Cocamare no setor como um todo. O jor-nal é muito bom”, diz o produ-tor.

ORIENTAÇÕES - Ele conta quejá aproveitou muitas orienta-ções técnicas e novas tecnolo-gias que viu retratado no jor-nal, para colocar em prática napropriedade, buscando maisinformações com os técnicos

que o acompanham. “Nemsempre eu consigo ir aos diasde campo”, lamenta, por issousa o jornal como fonte de in-formação.

BONS RESULTADOS - Quando aequipe do jornal conversoucom Odair, ele estava finali-zando o plantio de milho se-gunda safra. E comemorava osresultados da safra de verão.“Colhi uma média de 162 sa-cas de soja por alqueire. Es-

te ano deu tudo certo”, afir-ma.

Por conta da demora na che-gada das chuvas em outubro,acabou plantando mais tarde equando veio a chuvarada, a la-

voura estava num período queprecisava de chuva. Tambémcredita os bons resultados aboa estruturação do solo e astecnologias usadas. Nos últi-mos anos tem plantado bra-quiária para formar cobertura.

ALMANAQUE

Scarafiz, colecionador do Jornal CocamarMesmo morando longe, quando chega a época quesabe que o jornal já está disponível na unidade, eledá um pulinho lá só para pegar o seu exemplar

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Apesar de nunca terplantado soja comer-cialmente, Antonio Ga-lhardane, pioneiro de

Nova Esperança, sempre diziaque nas terras da família davasoja e Oscar, o filho, não enten-dia como. Já tinha feito cálcu-los inúmeras vezes e por maisque desejasse plantar soja, nãoconseguia fechar as contas.“Não dava para arriscar”. O tioJoão, irmão de Antonio, tam-bém sabia que dava soja porquejá tinham plantado uma vez nalinha do café, em 1968, commatraca e colhido muita soja nofacão. Mas o solo arenoso nãoajudava e eles não queriam cor-rer riscos.

Antonio morreu em 2006, de in-farto, sem ver a soja se expan-dir por suas terras, mas em2010, Oscar conseguiu realizaro sonho. Nesta época plantava

mandioca e buscava uma opçãopara melhorar o solo. Foi aí quena Cocamar orientaram a plan-tar soja. O que a princípio pare-cia ser um absurdo, com a tec-nologia correta, mostrou não sóser possível, como ser a melhoropção para manter o solo es-truturado.

BRAQUIÁRIA - Plantou milhetoe aveia no inverno, depois en-trou com a soja, em plantio di-reto, colhendo 100 sacas. Hoje,a rotação é feita com a braquiá-ria plantada solteira em boaparte da propriedade no invernoe em uma parcela, plantammilho segunda safra, semprealternando o local. Em médiaproduzem de 130 a 140 sacasde soja por alqueire.

Os primeiros 15 alqueires desoja foram plantados numapropriedade de 20 alqueires

comprada em 1966. Era a terramais fraca de uma fazendaenorme de café. O sítio foi com-prado no fio do bigode, como sefazia antigamente. Fredericodeu um caminhão de entrada eo restante, ficou acertado quepagaria quando pudesse. Masem um ano pagou o restante.Em pouco tempo a soja se ex-pandiu para a maior parte daspropriedades e dos arrenda-mentos de Oscar e de Apare-cido, filho de João.

DIVERSIFICAÇÃO - Na décadade 1970, a família plantouamendoim e algodão. João foio primeiro da região a arriscarcom meio alqueire e muita gen-

te tirou sarro dele, mas quandoas maças abriram e deram umaboa renda, outros plantaramseguindo o exemplo. Na épocase aprendia com os erros unsdos outros, experimentando.Não tinha assistência técnica eas facilidades de informação dehoje em dia.

Até na década de 1980 aindahavia algumas parcelas de caféna propriedade. Depois foi erra-dicado. Anos mais tarde voltounum novo modelo, mas não du-rou muito por falta de mão deobra. Ainda na década de 1980foi a vez de tentar a sorte como bicho da seda. Por 20 anos foiuma das principais atividades,

mas foi acabando e hoje aindatem um barracão para mantera mão de obra na fazenda, queajuda com o plantio da soja.

MANDIOCA - A mandioca tam-bém fez história. Oscar e Apa-recido arrendavam terras paraplantar mandioca em socieda-de por 12 anos, entre as déca-das de 1990 e 2000 e dessa for-ma fizeram seu pé de meiacomprando o primeiro sítio.Logo depois, o pai de Oscarmorreu e o de Aparecido pas-sou as terras para ele e a so-ciedade dos primos terminou,mas ambos continuam plan-tando parte com mandioca atéhoje.

FAMÍLIA DO CAMPO

Plantar soja era sonho dos GalhardaneO solo arenoso de Nova Esperançadificultava o plantio. Com as novastecnologias e o uso da braquiária,a família encontrou a solução

A relação da família Galhar-dane com o Paraná, inicioucom os avós dos cooperadosOscar e Aparecido. Foi Frede-rico e o irmão Ricieri, nas via-gens que faziam com ocaminhão, que conheceram asterras paranaenses e viramnela a oportunidade de cres-cer. Mesmo contrariados, osbisavós, Ana e João, que eramitalianos, acabaram vindo com

os filhos, de Marília para NovaEsperança em 1951, assimcomo outros familiares e atéamigos e vizinhos. Na época,as terras eram compradas aperder de vista. Começaram apagar em 1949 e terminaramem 1956.

GENEALOGIA - Frederico e Vir-ginia tiveram três filhos: An-tonio (falecido), João e Leo-

nildo (que foi para outra re-gião), 10 netos, nove bisnetose dois tataranetos. Antonio eMaria Aparecida, que ainda éviva, tiveram três filhos, dosquais Oscar seguiu os passosdo pai. E já tem no filho, Eduar-do, formado em Agronomia, oseu sucessor, além da filha,Loriana, que estuda. João, ca-sado com Lorita, teve três fi-lhos e Aparecido é que segue

seus passos auxiliando-o emtudo. Aparecido e a esposa Tâ-nia vêm ensinando os filhos,

Vinicius e Tainara, que aindaestudam, o que aprenderamcom os pais.

O início de tudo

Jornal d e S er v i ço Co camar | 7 5

Oscar e Eduardo (em pé), João, Aparecido, Tânia e Lorita: união e muito trabalho

Frederico e Ricieri com o antigo caminhão

A família Galhardane foi a única na região a ter um ca-minhão por um bom tempo, por isso todos recorriam aeles para levar o povo para o enterro, missa, procissão,jogos e tudo mais. Onde Frederico passava, ia dando ca-rona para quem estava no caminho.

Para ir de Nova Esperança, na época chamada de Cape-linha, até Mandaguaçu, para fazer compras, levava-seum dia inteiro. E quem ia de ônibus, normalmente navolta deixava os sacos com as compras escondidos de-baixo de um pé de café, ali por perto da estrada, e vinhano dia seguinte com a carroça buscar.

A família sempre foi devota deNossa Senhora Aparecida ecreditam a ela dois milagresocorridos. No primeiro, Lorita,grávida de sete meses de Apa-recido, estava tirando o leite davaca quando caiu com o baldede leite sobre ela. Oscar, comtrês anos então, que estava aolado com a canequinha paratomar o leite, viu tudo e foicorrendo chamar ajuda.

Carregaram ela de cadeirinha,nos braços, da mangueira atéo caminhão e correram para ohospital em Maringá. Além dequebrar a perna, entrou emtrabalho de parto. Ficou trêsdias com dores, quando o mé-dico decidiu fazer a cesariana.Além de nascer prematuro, obebe estava com hemorragia,entre a vida e a morte.

PROMESSAS - Enquanto João

corria na farmácia comprar ummedicamento que a criançaprecisava e não tinha no hos-pital, toda a família rezava fa-zendo promessas de todo tipoa Nossa Senhora. Quando sesalvou, o bebe recebeu o nomede Aparecido, Lorita teve queassistir uma missa inteira comuma vela na mão e anos maistarde, todos foram a Aparecidado Norte (SP) agradecer.

Depois foi a vez de Maria Apa-recida sofrer um AVC (acidentevascular cerebral) e ficar entrea vida e a morte. Aí um empre-gado antigo, que sabia que afamília era devota da santa egostava muito da mãe deOscar, para que ela melho-rasse, fez a promessa de com-prar uma imagem da santa ecolocar na entrada da fazenda,que já tem o nome da santa.

Devoção e milagres

A eletricidade já havia chegado ao sítio, mas Antonio diziaque não sobrava dinheiro para comprar uma geladeira. Can-sados de esperar, Maria e os três filhos decidiram dar umamãozinha. Eles propuseram que em vez de o pai pagar paraalguém ralear o milho e colher as espigas na mão, eles exe-cutariam o serviço e com o dinheiro comprariam a geladeira.Na época, as plantadeiras não eram tão eficientes e a famílianão possuía colheitadeira.

Já a primeira TV da família foi comprada pelo tio João, paraassistir a Copa Mundial de Futebol de 1974. A família e vizi-nhos se amontoavam na sala para assistir aos jogos, assimcomo o programa do Sílvio Santos e as novelas. Não perdiamum capítulo. Tinha gente que ficava pendurado na janela, dis-putando espaço.

Na Copa anterior, em 1970, a maratona em dias de jogos haviasido bastante complicada. Eles largavam mais cedo o tra-balho, a tempo de só tomar um banho e debandar para a ci-dade, onde um pessoal já possuía televisão. O caminhão dafamília ia lotado. Era uma festa só.

Um fato que marcou a históriada família foi a morte do irmãomais novo de Oscar, Amarildo,com 11 anos, em 1985, em umacidente na rodovia. Ele tinhaido jogar bola no sítio do avôe como estava demorando avoltar, a mãe pediu a um dosempregados que fosse buscá-lo de bicicleta.

Quando voltavam, já estavaescuro e um carro passoumuito perto da bicicleta noacostamento. Amarildo caiu ebateu a cabeça. Mesmo nãoestando com nenhum machu-cado, levaram-no ao hospitalem Nova Esperança. O mé-dico olhou e disse que nãotinha nada, mas o deixou emobservação.

NO CAMINHO - Um poucomais tarde, começou a passarmal. Colocaram-no em umaambulância, mas não deutempo de chegar a Maringá.Com a batida tinha se for-mado coágulos no cérebro.Foi um período bastante difí-

cil para a família. Oscar, quena época estava fora estu-dando para ser técnico agrí-cola, quase fechou o curso,mas os pais insistiram queterminasse. Ele abriu mão,entretanto, do estágio queplanejara nos Estados Unidos.

Perda do irmão marcou

Transporte

Maria, Antonio e Aparecido: promessa cumprida

A família em foto antiga, antes do acidente

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As primeiras

A família sempre tinha pãofresco, porco na banha ou lin-guiça fresca. O responsável davez por assar pão distribuíapara todos os demais e quandoum matava porco, a criançadajá sabia que ia ter que levar aspanelinhas com os derivadosprontos para toda a família.

Porco e galinha eles sempretinham à mesa, mas carne deboi era coisa rara e cara: só napáscoa e no Natal. Assim co-mo refrigerante, cujas garra-finhas eram furadas com umprego e sugadas lentamentepela criançada para durar bas-tante.

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FAMÍLIA DO CAMPO

RECEITA

Macarrãode domingo, com história,

é ainda melhor

78 | J or na l d e Se r v iço Cocama r

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De uma família de ori-gem germânica, GeniBock é técnica agrí-cola e produtora ru-

ral em Altônia, noroeste doestado. Casada com o cafei-cultor Luiz Carlos de Faria, deremota descendência portu-guesa. Luiz e Geni completa-ram 25 anos de casados noinício de 2017 e têm dois fi-lhos. No Sítio Faria, é mantidoo moderno sistema de cafémecanizado.

Segundo Geni, a receita domacarrão caseiro está na fa-mília há pelo menos um sé-culo, sendo preservado emsua forma original, com ovoscaipiras. Preparar alimen-tos, enfim, foi sempre algoque, para Geni, é prazeroso eremete à sua história. Ecompleta: “Quem ama co-zinhar, transmite esse amorpara a comida”.

MACARRÃO CASEIROCOM FRANGO CAIPIRA

INGREDIENTES

• 1 frango caipira empedaços pequenos

• sal e pimenta

• óleo ou banha parafritar

• 2 cebolas grandespicadas

• 4 tomates picados • massa de tomate echeiro verde a gosto

• 8 ovos caipiras• farinha de trigo(veja explicação abaixo)

PREPARO DO FRANGO

Coloque o frango temperadocom sal e pimenta e o óleonuma panela, deixando re-fogar até pegar uma cor.Acrescente a cebola, o to-mate, a massa de tomate e,por último, o cheiro verde.

O MACARRÃO

• Misture os 8 ovos batidos

e a farinha de trigo até dar oponto de abrir a massa, es-ticando e deixando-a secarem cima da mesa. Está pron-ta. Agora é só cortar comuma faca ou máquina no ta-manho que desejar. Para fi-nalizar, coloque em água fer-vendo, com sal. Em algunsminutos, o macarrão estará“al dente”.

Geni Bock de Faria eo esposo Luiz Carlos,

de Altônia (PR) :receita está nafamília há pelo

menos um século

União deculturasdiferentesresultou emuma famíliaque gosta depreservar osseus hábitose a celebraro melhor daculinária

Por muito tempo, ocasal Shoiti Ito eKimie trabalhou paraos outros, cuidando

de lavouras de café na regiãode Nova Esperança. Eles tive-ram um filho e sete filhas,entre elas Akiko Teresa ItoKumassaka, moradora emSão Jorge do Ivaí. Foram tem-pos difíceis, mas a famíliaconseguiu ter os seus pró-prios negócios.

Cultivava horta para venderprodutos em feiras, mantinhacriação de suínos e, maistarde, estabeleceu-se comuma casa comercial em Nova

Esperança, o Bar e ComércioTokyo. Em casa, comiam ha-bitualmente arroz japonês emissô, uma pasta produzidacom a soja que semeavamnas ruas do café. Só muitotempo depois os brasileirosconheceriam essa tal de soja,hoje o carro-chefe do agrone-gócio nacional.

A alimentação deles, comoda maioria das famílias deorigem japonesa, era muitosaudável, sem gordura, comshoyo (molho de soja), muitogengibre, pepino, cebolinhajaponesa e verduras, além depratos tradicionais da cozinha

oriental, como peixes, yaki-soba, sashimi, sushi, oni-shimi e outros. Akiko casou-se há 27 anos com YoshioBento Kumassaka e eles têmtrês filhos.

Sua família não deixou per-der-se a tradição culinária eprepara iguarias que agra-dam a todos, como a coste-linha de porco ao gengibre emolho de soja, os tradicio-nais e sempre apreciadossushi e yakisoba e, mais re-centemente, o temaki, umenrolado em forma de cone,em que cada pessoa, à me-sa, prepara o seu, conformeo recheio de suapreferência.

RECEITA

A deliciosaculinária oriental Costumes gastronômicos trazidos pelos antepassados deAkiko Kumassaka, de São Jorge do Ivaí, sobreviveram às gerações

Alimentação saudávele que agrada a

toda família

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TEMAKI DE SALMÃO

INGREDIENTES

• 500g de filé de salmão fresco ou o recheio desua preferência

• 1 maço de cebolinha • folhas de nori (algajaponesa)

• 1 tubinho de wasabi (raiz forte), mas, se preferir, também pode ser gengibre

• cream cheese• molho de soja (shoyu) • 4 xícaras (chá) de arrozpara culinária oriental

• 4 xícaras (chá) de água• 1 colher (chá) desakê seco.

TEMPERO PARA O ARROZ

• 1 xícara (chá de vinagrede arroz

• 1 colher rasa (sopa) de sal• 1 xícara (chá) de açúcar.

Levar ao fogo até derreter oaçúcar (sem deixar ferver).

PREPARO

• Corte o filé de salmão emcubos pequenos, adicione acebolinha (já lavada e pica-da) e reserve na geladeiraenquanto prepara os outrosingredientes.

• Lave o arroz e deixe cozi-nhar na água (não precisa fri-tar e nem temperar), até ficarcom uma consistência maisamolecida. Reserve e deixeesfriar.

• Com uma tesoura, corte asfolhas de algas ao meio, demodo que fiquem em formade retângulo.

MONTAGEM DO CONE

1) Comece colocando a alga(que está retangular) emforma horizontal.

2) Com a mão limpa e mo-lhada, pegue um punhado dearroz e espalhe na alga.

3) Passe o cream cheese emcima do arroz, acrescente osalmão picado e a cebolinhapicada por cima.

ENROLANDO O CONE

Primeiramente, lembre-se dedeixar livres as margens daalga, sem recheio algum,para que possa ser enroladae ficar em formato de cone.Recheie a gosto. Ao final,molhe os dedos com água epasse ao redor do cone paraele ficar colado.

Misture em um recipientepequeno o molho shoyu aowasabi, cuidando para nãoficar muito picante. Tem-pere seu cone como prefe-rir.

DICA

Pode-se acrescentar ao re-cheio: manga, kani em cubin-hos, folhas de alface, tiras depepino, cenoura picada,atum, ovos, e até doces comogoiabada, morango etc.

A produtora com a família e o pessoal da Cocamar

RECEITA

Tudo pode acontecernuma pescaria. E nãohá nada pior do que vertoda a programação ir

por água abaixo por causa defalta de planejamento. Alémde conhecimento, técnica euma dose de sorte, o pescadoresportivo precisa planejar pa-ra que a pescaria não acabeem frustração. Além dos cui-dados normais com a segu-rança e a provisão do equi-pamento adequado e da iscacorreta, uma boa fisgada sóacontece quando são observa-dos alguns detalhes importan-tes para o sucesso de sua pes-caria.

Atente para a escolha do local(lago, rio ou mar), da pousada,do guia de pesca, da embarca-

ção que irão utilizar e princi-palmente da época certa. Sãodetalhes importantes que de-mandam atenção e variamconforme as espécies que sedeseja fisgar. E não esqueçaque a Licença de Pesca deveestar em dia.

TRALHA - Informe-se sobre oshábitos dos peixes desejadose defina qual o equipamentonecessário, fazendo uma boarevisão de tudo para não levartralha em excesso. Na maioriadas vezes, a embarcação é pe-quena e você acaba ficandosem espaço para pescar. Epior, acaba atrapalhando osoutros companheiros.

É fundamental consultar ascondições climáticas da re-

gião, prevenindo saídas arris-cadas. Defina o destino e otipo de pesca mais adequadoàs condições que irá encon-trar. Observe as quedas acen-tuadas no barômetro, pois in-dicam entrada de mau tempo.Nuvens escuras no horizontenormalmente anunciam che-gada de tempestade. Tomemuito cuidado e fique de olhonelas.

CHUVA - Se não tiver como es-capar da chuva, principalmen-te com tormentas elétricas,não use varas de grafite. Omaterial utilizado na sua fabri-cação é um excelente condu-tor elétrico e a sua vara depesca pode se transformar emum para-raios colocando emrisco a vida de todos.

Cuidado na escolha das rou-pas, optando por peças leves,claras e com mangas compri-das, que são as ideais para osdias quentes e locais commuitos insetos. Faça uso damáscara de proteção solar(buff) e não esqueça seu bonéou chapéu, óculos polarizados,protetor solar e repelente.

Agora para enfrentar climasinstáveis, não esqueça a capade chuva, sapatos impermeá-veis e sacos plásticos paraembalar objetos que devampermanecer secos como celu-lar, câmeras fotográficas, do-cumentos e outros.

SEGURANÇA - Pescaria é parase divertir, por isso não exa-gere no consumo de bebidas

alcoólicas, principalmente sefor pescar em alto mar. Para ocomandante da embarcaçãoou a pessoa que estiver pilo-tando, o consumo é expressa-mente proibido.

Se sofrer de enjoo no mar, pre-vina-se tomando o medica-mento indicado para o proble-ma antecipadamente e tenhasempre em mãos algum de re-serva. Também não esque-ça os medicamentos de usoeventual e um kit de primeirossocorros, itens que são de ex-trema importância.

Atento a segurança, não nave-gue em uma embarcação semo equipamento obrigatório desalvatagem. A segurança deveestar em primeiro lugar.

PESCARIA

Planejar para não dar “pipoco”Não há nada pior do que uma pescaria frustrada por causa de imprevistos ou mau planejamento

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