O USO DE CÓDIGOS QR COMO FERRAMENTA DE APOIO A INFORMAÇÃO TURÍSTICA

22
O USO DE CÓDIGOS QR COMO FERRAMENTA DE APOIO A INFORMAÇÃO TURÍSTICA Resumo: A utilização da tecnologia de informação e comunicação vem ganhando importante relevância na indústria do Turismo. Primeiro, devido à necessidade de transmissão e incorporação de informações Turísticas para fins de planejamento e gestão sobre destinos, atrativos, serviços e equipamentos turísticos. Segundo, por sua capacidade de disseminar informações aos visitantes das localidades, subsidiando o processo decisório, focalizando serviços turísticos, e fornecendo dados sobre destinos e atrativos. O objetivo deste artigo é descrever as oportunidades e desafios à implantação dos códigos de resposta rápida na cidade do Rio de Janeiro. Igualmente, pretende- se analisar por meio uma pesquisa qualitativa, seu uso como ferramenta de comunicação entre visitantes e a cidade. Palavras-chave: Informação Turística, QR Codes, Marketing.

Transcript of O USO DE CÓDIGOS QR COMO FERRAMENTA DE APOIO A INFORMAÇÃO TURÍSTICA

O USO DE CÓDIGOS QR COMO FERRAMENTA DE APOIO A INFORMAÇÃO TURÍSTICA

Resumo: A utilização da tecnologia de informação e comunicação vem

ganhando importante relevância na indústria do Turismo. Primeiro, devido à

necessidade de transmissão e incorporação de informações Turísticas para fins

de planejamento e gestão sobre destinos, atrativos, serviços e equipamentos

turísticos. Segundo, por sua capacidade de disseminar informações aos

visitantes das localidades, subsidiando o processo decisório, focalizando

serviços turísticos, e fornecendo dados sobre destinos e atrativos. O objetivo

deste artigo é descrever as oportunidades e desafios à implantação dos

códigos de resposta rápida na cidade do Rio de Janeiro. Igualmente, pretende-

se analisar por meio uma pesquisa qualitativa, seu uso como ferramenta de

comunicação entre visitantes e a cidade.

Palavras-chave: Informação Turística, QR Codes, Marketing.

1. INTRODUÇÃO

A utilização da tecnologia de informação e comunicação vem ganhando

importante relevância na indústria do Turismo. Primeiro, devido à necessidade

de transmissão e incorporação de informações Turísticas para fins de

planejamento e gestão sobre destinos, atrativos, serviços e equipamentos

turísticos. Segundo, por sua capacidade de disseminar informações aos

visitantes das localidades, subsidiando o processo decisório, focalizando

serviços turísticos, e fornecendo dados sobre destinos e atrativos.

Historicamente, o Turismo apresenta vinculo com o uso das tecnologias

de informação e comunicação. Inicialmente, percebido através do uso dos

Sistemas de Distribuição Global (GDS) que representaram o primeiro diálogo

entre as disciplinas. Posteriormente, a incorporação das Tecnologias de

Informação e Comunicação (TIC’s) no turismo transformou os sistemas de

distribuição, a oferta de produtos e serviços, bem como influenciou as suas

estratégias relacionadas ao crescimento e competitividade e formas de fazer

negócios (O’CONNOR, 2005).

Com a internet, empresas ligadas ao fenômeno iniciaram a divulgação

dos seus produtos e serviços por meio das redes telemáticas, compra de

tickets aéreos, reservas em hotéis, aluguel de automóveis e informações sobre

os destinos. Seguindo, esta linha pode-se citar pesquisa realizada pela Google

à Netpop Research em 2009, onde 89% dos consumidores brasileiros de

produtos e serviços turísticos utilizam-se da internet ao menos uma vez para

comprar.

Entretanto, não é apenas no processo de oferta e planejamento das

viagens que a internet e as novas tecnologias de informação têm sido

exploradas. A tecnologia mudou o perfil do viajante. Para Buhalis (2004)

vivemos tempos de um viajante cada vez mais conectado. Viajantes estão

diariamente conectados as mídias sociais, divulgando suas experiências

através de dispositivos móveis, por meio de fotos, frases, símbolos e utilizando

de aplicativos de celular e redes de wifi e telefonia ampliando a experiência

turística.

Em contrapartida, governos e fornecedores intensificaram ações e de

forma a proporcionar uma maior interatividade e feedback entre

visitante/cidade, potencializando a capacidade de escolha por produtos e

serviços turísticos. No entanto, poucas são as ações que perquirem integrar os

Sistemas de Informação Turísticas e visitantes nas cidades.

Emergentes são as possibilidades de serviços de informação turística

por meio dos dispositivos móveis. Entretanto, um projeto em particular vem

ganhando relevância e destacando-se com o objetivo de fornecer informações

turísticas associando-as ao uso de tecnologias moveis com objetivo de

preencher esta lacuna, que esta sendo preenchida pelo uso de uma inovação

tecnológica chamada QR Codes (Quick Response).

Utilizado em outros países, no Brasil ainda é pouco conhecido. No

entanto, a cidade do Rio de Janeiro já lançou o projeto QRIO, que utiliza

códigos de resposta rápida, como ferramenta de disseminação da informação

turística. Os Codes tem obtido relativo sucesso por sua capacidade de

interação entre visitantes e serviços localizados nas cidades, bem como,

auxiliando aos fornecedores de produtos e serviços na promoção de

informações de qualidade, aumentando o processo de feedback entre gestores

do sistema e usuários, reduzindo as incertezas dos viajantes nos destinos.

O objetivo deste artigo é descrever as oportunidades e desafios à

implantação dos códigos de resposta rápida na cidade do Rio de Janeiro.

Igualmente, pretende-se analisar por meio uma pesquisa qualitativa, seu uso

como ferramenta de comunicação entre visitantes e a cidade.

1.1. INFORMAÇÕES TURÍSTICAS Observa-se um renovado interesse sobre Informação no contexto do Turismo.

Pesquisas recentes preconizam a organização, gestão e disseminação da

informação turística, por meio de sistemas de codificação, transmissão e

organização dos dados. Informações turísticas podem ser conceituadas como

conjunto de dados acerca dos atrativos, equipamentos e serviços disponíveis

em determinadas localidades, com a finalidade de servir de suporte para ações

politicas, técnicas, de planejamento, de incentivo a novos negócios (MTur,

2007).

Para Beni (1998), a informação é elemento essencial ao planejamento da

atividade turística, tendo como principal finalidade manter atualizados todos os

envolvidos com o mercado, auxiliando na análise das tendências e elaboração

de cenários que possibilitem identificar a demanda desejada.

“[...] Consolidar um sistema de informações turísticas que

possibilite monitorar os impactos sociais, econômicos e

ambientais da atividade, facilitando a tomada de decisões

no setor e promovendo a utilização da tecnologia da

informação como indutora de competitividade” (MTur,

2007, p.16).

Entretanto, para além da informação estratégica, é necessário tratar da

informação turística de “uso”, aquela insumo à tomada de decisão do viajante

durante a experiência turística. Fato é, que viajantes promovem suas incursões

considerando informações coletadas pela internet, com outros indivíduos e com

players que atuam no mercado. Diante das características do produto turístico,

informações fidedignas são fundamentais a prospecção dos serviços

(COOPER et al., 1998).

No ato de planejar, indivíduos tendem a realizar pesquisa extensa de

informações, porque as características do produto turístico demanda certa

investigação prévia, e este comportamento credita-se a reduzir riscos e

incertezas (CHUNG & BUHALIS, 2008). A informação turística deve fluir, ser

rápida, precisa, reduzir as incertezas entre clientes e fornecedores

(O'CONNOR, 2001). Representando um dos principais fatores que influenciam

a escolha de destino e dinamizam negócios realizados no local, estão as fontes

de informação de turismo. Percebe-se a existência de ambientes comerciais e

sociais cuja a informação é relevante para sua sobrevivência comercial (MILL

& MORRISON, 2002). No momento em que a informação adquire um caráter

de negócio, onde qualquer valor é pago por sua disseminação, essas passam a

receber atributos comerciais. Poucas informações são completamente neutras,

Para Money & Crotts (2003) a internet pode ser considerada uma fonte neutra

de informações , levando em consideração sua finalidade e características.

Utilizar sistemas informatizados para disseminação da informação turística,

pode preencher a lacuna referente a informação turística de” uso”, reduzindo

as incertezas dos viajantes sobre destinos e atrativos turísticos, bem como,

expandido mecanismos capazes de enriquecer sua experiência. Porém,

apesar do desenvolvimento de aplicativos e uso da tecnologia, fornecedores e

consumidores de produtos turísticos ainda coletam e transmitem informações

de forma direta. Seja por meio de métodos tradicionais de disseminação

(mapas, panfletos, guias) ou em fontes informais confiáveis (familiares ,

amigos), informações que auxiliem o processo decisório e maximizem a

experiência turística (HOLLOWAY & ROBINSON, 1995).

1.2. TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NO TURISMO Tecnologia da Informação é definida como todos os mecanismos e tecnologias

de comunicação utilizados para aquisição, processamento, análise,

armazenamento, consulta, disseminação e uso de informação de forma

computadorizada (BUCZYNSKI e MENDES 2007). O avanço da TI vem

provocando mudanças significativas em diversos setores da indústria turística.

Para Pizzaro (2005) são significativas as mudanças provenientes do uso das

TIC’s associando promoção de novos serviços, flexibilidade do produto turístico

e a criação de vantagens competitivas pelo uso de hardware, software, dados,

informação e conhecimento.

Porém, a utilização de sistemas informatizados/automatizados na indústria do

turismo não representa um fato novo. Desde o fim da segunda grande guerra

empresas investiram na criação dos primeiros sistemas automatizados GDS

(Sistemas de Distribuição Global) e CRS (Sistemas de Reserva por

computador). A criação dessas bases de dados possibilitou o crescimento da

oferta dos produtos e serviços turísticos, bem como reduziu o tempo para

realização das atividades em agencias e companhias aéreas. .

Antes do desenvolvimento de sistemas

computadorizados, fazer a reserva de uma passagem

aérea era um processo complexo. As companhias

publicavam de tempos em tempos, seus horários e suas

tarifas em brochuras, que eram então distribuídas aos

agentes de viagem. Se um cliente quisesse reservar um

voo de, digamos Paris a Berlim, o agente de viagem tinha

de identificar quais as companhias aéreas que voavam na

rota desejada e examinar cada um de seus horários para

ver se elas tinham um voo que atendesse às

necessidades do cliente. (O'CONNOR, 2001, p.19)

Entretanto, sistemas de distribuição estão sendo substituídos gradativamente

pela internet, que é hoje um sistema de pesquisa de destinos turísticos por

excelência, particularmente quando se trata de mercados mais significativos.

(O’CONNOR, 2005; BUHALIS, 2002; PIZZARO, 2005). Organizações ligadas

ao turismo, em tempo necessitaram adaptar seus recursos, bem como seus

produtos e serviços por meio de mecanismos mais eficazes de

acompanhamento às variações do mercado.

Outra possibilidade proveniente do uso da tecnologia de informação é a

capacidade de dinamizar a competição local. Para O’Brien (2004), as TIC’s

possibilitaram criar novos canais de comercialização reduzindo intermediários e

explorar novos mercados consumidores dos produtos e serviços. Para Buhalis

(2005), as TIC’s possibilitam menor influência dos intermediários (agentes,

operadores) no processo de escolha dos visitantes por destinos.

Entretanto, ao que tange aos destinos turísticos, poucos são os que utilizam-

se das TIC’s para divulgação de informações acerca de suas localidades.

Apesar de sites, mapas e outras formas de divulgação de informações mais

tradicionais, raros são os destinos que utilizam formas dinâmicas e inovadoras

para suporte da decisão dos seus visitantes nos destinos.

Em busca de preencher esta lacuna, a cidade do Rio de Janeiro iniciou

processo de divulgação de serviços de informação turística associando a

tecnologia móvel e a internet por meio de plataformas de celular.

Nos dias atuais, a presença de um viajante cada vez mais conectado, abre

oportunidades para a aplicação de mecanismos com intuito de marketing e

redução das incertezas informacionais nos destinos. Igualmente, ao pensar em

viajante cada vez mais conectado, com o máximo de informações possíveis, a

utilização dos dispositivos móveis podem emergir como uma estratégia a ser

utilizada pelos destinos para auxiliar os viajantes em sua experiência turística

(BUHALIS & LAW, 2008).

Novos aplicativos (softwares) associados à internet podem enriquecer a

experiência turística no destino. A utilização de aplicativos e sistemas

operacionais em plataforma podem vir a mitigar os problemas informacionais

presentes nos grandes centros, bem como, expandir a experiência turística

associando dados relevantes coligando real e o virtual.

1.3. QR CODES Associar a tecnologia móvel e a experiência turística é um desafio aos

diferentes grupos. Qr Codes são códigos em 2-D capazes de armazenar

informações que podem ser visualizadas através de aplicativos instalados em

celulares com câmera fotográfica e acesso à internet. O Qr code é uma

evolução do código de barras criado há 19 anos no Japão com a função de

manter o controle sobre as peças da linha de montagem da empresa

automobilística Denso-Wave. Sua capacidade de armazenamento de dados é

de: -Numérica- Max. 7.089 caracteres, - alfa numérica - Max. 4.296 caracteres,

- Binário (8 bits) - Max. 2.953 bytes, -Kanji/Kana - Max. 1.817 caracteres1.

Caso apareça alguma restrição de dados dos códigos, isso pode ser facilmente

suplantado pela criação de links direcionados a internet. Por outro lado,

projetos de sobreposição de dados vêm sendo implementados com o objetivo

de aumentar a capacidade de armazenamento de dados dos códigos em

formato off-line. A sobreposição de dados, permite duplicar, triplicar, ou

quadriplicar a capacidade de armazenamento, uma vez que em apenas um Qr

code, existem outros códigos diferentes. Essa inovação possibilitou criar

códigos mais atraentes, investir no seu apelo visual, utilizando-se cores e

imagens diferenciadas.

Figura 1: QR Code artigo

Fonte: Elaboração nossa

Parta Buhalis (1998) o principal objetivo dos Qr codes no turismo é fornecer

informações precisas e atemporais, de forma relevante aos consumidores de

1 Entrevista realizada em 2012 pelo Jornal de Noticias com o primeiro-ministro de Portugal Sr. Passos Coelho. Disponível em http://www.jn.pt/

produtos e serviços turísticos. Além disso, torna-las de fácil acesso, permitindo

maior dinamismo e interação entre o viajante e destinos.

Para além do seu uso inicial na indústria automobilística, diversas tem sido as

empresas e governos que vêm utilizando os códigos para atender as

demandas informacionais de seus consumidores. Instituições associadas à

indústria do turismo, já usam constante o código como estratégia para

Marketing, e divulgação de informações aos visitantes, aprimorando a estadia

do visitante em suas localidades por meio de informações ricas, melhorando a

sua experiência.

A interatividade proporcionada pelos códigos entre visitantes e atrativos

complementa a experiência turística. Nos Estados Unidos, informações

acerca de um passeio a pé no River Walk na cidade de Santo Antônio,

ampliam a experiência, ao integrar conteúdos adicionais, como fotos e áudio

aos visitantes, bem como, a história da localidade, seus principais pontos e

atrativos turísticos (VISIT SANT ANTONIO, 2013).

Figura 2: QR Code River Walk Santo Antonio

Fonte: travel2dot0, 2013

O central Park de Nova Iorque integrou tecnologia móvel à experiência de seus

visitantes. O projeto World Park posicionou o Central Park como o moderno

parque temático urbano ao criar um museu ao ar livre móvel. No fim de semana

do Arbor Day 2010, mais de 1.800 visitantes usaram seus celulares para

localizarem–se pelo uso de Parkodes. Estes são códigos QR semelhantes a

uma árvore digital, onde cada um dos códigos revelou conteúdo significativo

acerca dos segredos, arte, história, cultura pop, ciência e localização via mapa

(WORLD PARK, 2010).

Figura 3: QR Code Park Code

Fonte: World Park, 2013

Introduzir novos elementos criados virtualmente em um ambiente físico real,

unindo visitantes e atrativos por meio de informações de um áudio, um texto,

vídeo ou imagem, expõe as possibilidades de QR Codes à experiência

turística. O uso de tecnológicas como câmeras, smartphones e wifi, dos quais

grande parte da população já tem acesso e utiliza, possibilita disseminar

conteúdos adicionais aos visitantes e informações relevantes.

1.4. QR CODE RIO DE JANEIRO

O Projeto de Lei Nº 1578/2012, teve por finalidade criar a o sistema QR CODE

de informações, Turísticas, Culturais e Ambientais no Município do Rio de

Janeiro, onde nos locais de interesse de informação dos munícipes e turistas,

será afixado em base de fácil acesso, painel com código, possuindo toda

informação sobre aquele espaço ou lugar, contendo a sua história e

importância (CVRJ, 2012).

Para tanto, o decreto determina que obrigatoriamente os códigos devam

encontrar-se nos idiomas Português, Inglês, Espanhol, Francês, Japonês e

Alemão, bem como, a critério dos Órgãos Turísticos e Culturais poderão ser

acrescentadas outras línguas. O Projeto pretende contribuir com à informação

e cultura na cidade acerca dos espaços públicos, museus, bibliotecas, casas

de cultura, teatros, etc. (CVRJ, 2012).

O Projeto Qr Code (QRio) no Rio de Janeiro pretende oferecer o maior número

de informações turísticas, bem como expandir a sua marca aos visitantes.

Baseado em projeto de Portugal, a cidade apresenta seu primeiro QRio, com

finalidade turística em pedras portuguesas na praia do Arpoador, que

incorpora informações acerca do local com o objetivo de fornecer informações

turísticas com o advento dos megaeventos Copas das Confederações,

Jornada Mundial da Juventude Cristã em 2013, Copa do Mundo de Futebol

2014 e Jogos Olímpicos de 2016.

O projeto pretende incorporar informações a 30 monumentos públicos

localizados na cidade, onde visitantes obterão informações por meio de

celulares smartphones dotados de câmera e acesso a internet.

2. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Incialmente, a pesquisa consistiu em um levantamento bibliográfico

acerca do tema, com objetivo de fornecer referencial teórico capaz de orientar

a discussão acerca da problemática informacional ao que tange acesso às

informações turísticas. O levantamento foi efetivado por meio de documentos,

artigos, reportagens e companhas publicitárias, em vista o incipiente

referencial.

Este trabalho optou por uma pesquisa aplicada, qualitativa, descritiva

(GIL, 1999): a) aplicada: pois está dirigida a especificamente a análise das

fontes de informação turística, b) qualitativa: pois entende o projeto como uma

politica que se desdobra à participação social c) descritiva: buscará descrever a

realidade informacional acerca do uso da ferramenta na cidade do Rio de

Janeiro.

A proposta parte do entendimento da internet tanto como local, quanto

instrumento de pesquisa (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011, p. 17), pois

consiste no ambiente onde se encontram dados disponibilizados, bem como é

uma das ferramentas para pesquisa bibliográfica.

Percurso Metodológico

Vantagens e Desafios ao uso de Qr Code’s no Projeto QRio

A análise pretende descrever as principais características da ferramenta

como instrumento de informação turística. Desta forma, a partir de uma matriz

Swot, optou-se por identificar as principais funcionalidades e fragilidades.

Foram elencadas quatro categorias, sendo que duas relacionadas às

funcionalidades e as demais analisam o seu uso enquanto elemento de

informação turística na cidade do Rio de Janeiro. Ao tratar de um decreto Lei,

entende-se este como politica que objetiva regular os aspectos informacionais

acerca dos atrativos turísticos da cidade. Assim, enquanto ferramenta que

objetiva informar aos seus usuários acerca das caraterísticas, história, cultura e

meio ambiente, pretende-se alinhar outras percepções as ações necessárias à

sua implantação.

Quando da efetivação de qualquer ferramenta que trabalhe aspectos

informacionais de forma virtual faz-se necessário dispor de uma infraestrutura

básica capaz de suportar a transferência de dados que promovam a interação

entre visitantes/cidade/atrativos.

Corroborando com o explicitado acima, a primeira categoria que for

analisada foi Aplicabilidade tendo sido precedida pelas demais categorias, a

saber: Infraestrutura da Ferramenta, Facilitadores e Restrições Técnicas. A

aplicabilidade da ferramenta pretende expor as oportunidades acerca do uso

dos códigos na cidade como elemento de informação turística expandindo suas

caraterísticas aos demais players. Os facilitadores espera explorar o uso da

ferramenta, estabelecendo comparação entre o referencial a realidade acerca

da funcionalidade do QR RIO. A ultima categoria, Restrições Técnicas abordou

aspectos relacionados à funcionalidade da ferramenta, entorno no local, bem

como a estratégia adotada para uso de códigos QR no Arpoador.

3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS

A etapa referente à análise das categorias percorreu aspectos que foram

evidenciados através do levantamento bibliográfico permitindo elaboração de

quadro. Decorrente deste procedimento foi construído o quadro de análise

onde as quatro categorias Aplicabilidade, Infraestrutura da Ferramenta,

Facilitadores e Restrições Técnicas deram origem a aspectos a ele

relacionados que influenciam de forma direta na condução dos códigos, em

especial, na sua eficiência.

No quadro abaixo, é possível visualizar as interações entre as categorias

swot e as atribuídas por meio do levantamento bibliográfico.

Figura 4: Quadro de análise

Fonte: Elaboração nossa

Aplicabilidade: Um universo de possibilidades Nessa categoria emergiram questionamentos que perpassam por situações

que envolvem o real aproveitamento das oportunidades e aplicabilidade dos

códigos como sistemas que valorizem as Informações e a cidade. Igualmente,

entende-se que ele ainda poderá incorporar outras funcionalidades com futuros

desdobramentos.

Oportunidades

Aplicabilidade

Ameaças

Infraestrutura

Facilitadores

Pontos Fortes

Restrições Técnicas

Pontos Fracos

As Subcategorias foram elencadas com objetivo de explorar as Potencialidades

e Oportunidades advindas da utilização dos códigos. Seguindo os elementos

descritos no projeto Lei e com base no levantamento bibliográfico, emergiram

subcategorias que permitiram analisar as propriedades do recurso como

elemento de apoio a Roteirização, Catalogação e Registro de atrativos,

Feedback do usuário, Marketing Turístico. Por exemplo, ao item apoio a

Roteirização, a proposta dos códigos é tornar a cidade mais conectada ao

visitante e de forma interativa, dispor às informações relevantes que promovam

sua autonomia fortalecendo a capacidade de escolha dos atrativos a serem

visitados. Neste item, a análise do QR RIO, demonstrou ineficiente, devido a

este não interagir com outros atrativos turísticos da cidade, ou reportar a

informações publicas uteis e relevantes.

No tangente a Catalogação e Registro de atrativos a iniciativa é positiva tendo

em vista que ainda é incipiente o processo de registro dos atrativos turísticos

por meio dos órgãos públicos. Embora a sua finalidade seja de promover

informações, o uso dos códigos pode vir a suplantar a deficiência informacional

turística da cidade. O projeto necessariamente impele a execução de

levantamento histórico e informacional acerca dos monumentos e atrativos

presentes na cidade.

No que tange a relação entre usuário e a cidade, ou seja, Feedback, o código

não tem elemento de coleta de impressões da experiência dos visitantes. Neste

sentido, oportunidades de aprendizado e conhecimento, bem como,

possibilidades de melhoria dos atrativos e da ferramenta são desperdiçadas.

Essa não observância do campo na plataforma QR RIO impossibilita um

dialogo entre as partes, sendo necessário incorporar este elemento, permitindo

que a cidade obtenha informações relevantes acerca dos seus visitantes e

atrativos.

Ao alinhar a cidade a outros grandes centros que se utilizam de códigos, o QR

RIO proporciona à cidade do Rio de Janeiro maior visibilidade. Entretanto, do

ponto de vista pratico, o código utilizado ainda apresenta limitações. O visitante

não possui informações básicas acerca da cidade, bem como, não disponibiliza

espaço para que outros estejam associados à urbe, permitindo expandir o

nome da metrópole através de Players que podem ser nacionais ou

internacionais divulgando serviços, informações utilitárias, modais de

transportes.

Infraestrutura: Desafios a considerar Nessa categoria estão elencados alguns obstáculos à boa implantação dos

QR’s. Aspectos relacionados à Falta de infraestrutura de rede wifi pública

representam impeditivos a implementação da ferramenta.

Esse item nos parece primordial dentro do contexto até agora analisado, pois

mister promover acesso público gratuito às informações por meio do decreto.

Para tanto, cabe observar que a capacidade de alocação de dados nos códigos

em modo off-line é reduzida, sendo necessário apoio e sincronização por meio

da Internet. Neste sentido, a inexistência de rede pública de wifi, bem como, os

altos custos de telefonia móvel, são impeditivos importantes a serem

considerados.

Outro elemento destacado foi relacionado à manutenção e baixa capacidade

das redes de dados brasileiras. Ao utilizar o código, o tempo de resposta foi um

impeditivo para sua utilização. O usuário, ou seja, o visitante em questão corre

o risco de desistir da ferramenta tendo em vista a demora do tempo de

resposta. Essa análise vai ao encontro do estudo realizado pelo Google

Analytics, onde o tempo médio de resposta da internet no Brasil gira em torno

de 12 segundos.

No tangente à localização e manutenção dos QR’s sua utilização em pedra

portuguesa não representa um impeditivo importante. Porém, a falta de

manutenção e a localização geográfica, implicam no não reconhecimento do

código por câmeras de celular. Exemplificando: um código em pedra

portuguesa localizado ao lado de uma praia, onde verifica-se a presença de

areia branca, dificilmente será lido. Igualmente, a necessidade de manutenção

constante com o design das pedras e aspectos relacionados à limpeza urbana

são impeditivos.

Facilitadores: Otimizando a experiência turística A ferramenta propicia vinculação de informação em diferentes suportes (áudio,

vídeo, texto, imagem). Porém, o site QR RIO utiliza-se apenas de informações

básicas via texto e fotos para informar ao visitante acerca do atrativo. Expandir

a experiência turística por meio de novas fontes de informações é uma

possibilidade real não explorada pelo uso dimensionado do código.

Corroborando com a afirmativa, visitantes utilizam-se das redes sociais para

intensificar a sua experiência nas localidades. O código, em um sentido mais

amplo pode ampliar a interação entre visitantes e a cidade. No entanto, de

encontro ao decreto-lei, a ferramenta não apresenta todos os idiomas

elencados no projeto.

Considerado uma ferramenta de baixo custo, tendo em vista a disponibilidade

de criação destes códigos de forma livre por meio da internet e auxílio de

programas de leitura para celulares o uso de QR codes no Brasil pode

representar uma forma rápida de alinhar conteúdos e informações relevantes

através da internet, tendo em vista, que o país é um dos maiores detentores de

usuários de smartphones2 no mundo com possibilidades de expansão.

Sobre as funcionalidades, o site destino apresenta mapa para localização, mas

as informações atualizadas, cerne da discussão e suas fontes não estão

disponíveis para simples conferência.

Restrições Técnicas: itens a considerar Itens devem ser considerados quando da implantação de códigos Qr. Atender à

esses requisitos é extremamente importante para o funcionamento e

disponibilidade de informações.

Necessariamente, tratamos de plataformas celulares e os sites que

disponibilizam informações devem atender à esta configuração. No caso do QR

2 Divulgada pela web, em pesquisa realizada pelo Ipsos Media CT, com apoio do Google, da Mobile Marketing Association e do Interactive Advertising Bureau, constatou que 14% dos brasileiros adquiriram um smartphone. Esse dado quantitativo equivale a 27 milhões de usuários valor superior a Alemanha e França. (Fonte: http://www.meioemensagem.com.br)

RIO o site é apresentado em formato tradicional. Sites para celular reduzem o

tempo de carregamento de mensagens, bem como podem ser atualizados mais

rápido.

São necessários endereços curtos (links) para disseminar as informações. No

site QR RIO, esse item não foi esquecido. Endereços curtos são carregados

facilmente em plataformas móveis.

Outro elemento que pode representar risco é a localização e o tamanho dos

códigos. Códigos pequenos necessitam de câmeras com maior resolução.

Igualmente, códigos devem ser disponibilizados em locais visíveis e ao alcance

de todos. Locais de difícil acesso e baixa capacidade ergonômica

impossibilitam o uso e desperdiçam o esforço de criação dos códigos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de QR Codes ainda representa uma iniciativa embrionária para a

cidade do Rio de Janeiro, no entanto, medidas legais foram tomadas o que

alavancou a necessidade de novos investimentos nessa tecnologia objetivando

subsidiar aos visitantes informações turísticas atualizadas. A utilização do

código nas cidades com a finalidade de efetivar a disseminação de informação

apresenta oportunidades e desafios a serem suplantados. No caso do QRIO é

necessário refino das informações veiculadas, maximizar as possibilidades de

interação com os usuários potencializando a experiência turística bem como

ajustes à forma e infraestrutura.

Investimentos que perpassem pela adoção de sistemas públicos de

internet e melhoria das redes de transmissão de dados via telefonia celular são

indispensáveis para o sucesso dessa iniciativa. Outrossim, associar os códigos

à sistemas virtuais, tais como redes sociais, representam oportunidade de

divulgação dos atrativos da cidade.

Elaborar QR’s estáticos como o sistema da cidade do Rio de Janeiro

limita as possibilidades de aprendizado e feedback tão necessários ao

aprimoramento das informações e qualidade dos serviços turísticos da cidade.

O momento requer cuidados. Cuidados para com a imagem da cidade,

para com os serviços a serem apresentados, de forma a superar as

idealizações e anseios dos visitantes. Neste artigo objetivou-se descrever as

potencialidades e os riscos da utilização de QR Codes como ferramenta

informacional de apoio a decisão bem como de redução de incertezas aos

usuários/visitantes.

Por fim, em seu estagio atual, o projeto não atende as expectativas

encontradas em outros QR’s internacionais. Contudo, acredita-se que ao

investigar o seu uso enquanto ferramenta informacional foi possível verificar os

desvios. Desvios que deverão ser revistos e passarão a integrar novamente a

plataforma de maneira a subsidiar o correto acesso à informação turística

desejada.

Associar a tecnologia à informação e ao turismo representam desafios a

serem suplantados. Itens tais como roteirização, marketing e realidade

aumentada podem fazer parte de estudos futuros que venham alinhar o uso de

códigos QR’s à experiência dos visitantes.

5. REFERENCIAIS

BENI, Mário. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Senac, 1998.

BOATENG, Richard, et al. E-commerce and socio-economic development: conceptualizing the link. Internet Research. Vol. 18 No. 5, 2008 pp. 562-594.

BUCZYNSKI, Rita De Cássia Jácome; MENDES, Geyse Helena Costa Santos.

Tecnologia da informação e os canais de distribuição do turismo: uma

reflexão sobre o tema. Observatório de Inovação do Turismo - EBAPE, vol. I –

n.4,2007.

Buhalis, Dimitrios (1998) Strategic use of information technologies in the tourism industry Tourism Management, 19 (5). pp. 409-421. ISSN 02615177

BUHALIS D. Etourism - Strategic and Tactical impacts of Information Communication Technologies for Tourism. Revista Turismo e

Desenvolvimento, nº1, Janeiro, Aveiro.2004.

BUHALIS, D., COSTA, C., (eds), 2005, Tourism Business Frontiers Forthcoming Butterworth Heinemann

BRASIL. Ministério do Turismo - MTUR e Fundação Instituto de Pesquisas

Econômicas - FIPE, Estudo da Demanda Turística Internacional. Disponível

em: <http://www.turismo.gov.br/dadosefatos>. Acesso em: jun/2011

CHUNG, Jin Young, BUHALIS, D. Information needs in online social networks, Information Technology and Tourism, Vol.10(4), pp.267-282.

2008

Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. PROJETO DE LEI Nº 1578/2012.

www.camara.rj.gov.br

COOPER, C. et al. Turismo princípios e práticas. Porto Alegre: Bookman,

2002.

DINIZ, Eduardo Henrique. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES.

Relatório de pesquisa nº 18/2000.

EMPRESA DE TURISMO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO S.A. Guia do Rio Oficial. Disponível em: <www.rioguiaoficial.com.br/> Acesso em:

maio/2011.

FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. Métodos de pesquisa para a internet. Porto Alegre: Sulina, 2011. 239 p.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São

Paulo: Atlas, 1999.

HOLLOWAY, J.C., ROBINSON, C. 1995. Marketing for Tourism. 3.ed.London: Longman.

KOSAKA, Vitor Kendi Lida. Distribuição On-line de Informações e Serviços Turísticos para o Segmento de Viajantes Independentes no Brasil – o caso

da WHL.TRAVEL. Instituto de Geociências da UFMG. Belo Horizonte, 2009

LAW, R., LEUNG, R., BUHALIS, D., Information Technology Applications in Hospitality and Tourism: A Review of Publications from 2005 to 2007, Journal

of Travel & Tourism Marketing, Vol.26(5), pp.599-623. 2009

MARTINS, Carlos Frederico Gomes. Utilização da Internet pelo Consumidor Final do Turismo e as Perspectivas para o Futuro da Atividade. In: BAHL,

Miguel, MARTINS, Rosilene Conceição Rocha, MARTINS, Sérgio Fernandes

.O Turismo como Força Transformadora do Mundo Contemporâneo. Belo

Horizonte: Roca, 2005

MONEY, B, CROTTS J. “The Effect of Uncertainty Avoidance on Information Search, Planning, and Purchases of International Travel Vacations.” Tourism Management, 24 (1): 191-202. (2003).

MORGADO, Maurício Gerbaudo. Comportamento do consumidor online: perfil, uso da Internet e atitudes. São Paulo: FGV-EAESP, 2003. 159 p.

(Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-graduação da FGV-EAESP,

Área de Concentração: Mercadologia).

O´BRIEN, James A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da internet. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

O'CONNOR P. Distribuição Da Informação Eletrônica em Turismo e Hotelaria. Bookman, 2001.

OLIVEIRA, Denize Cristina. Análise de Conteúdo Temático Categorial: Uma

Proposta de Sistematização. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2008 out/dez

OTAVIANI LONGHINI, Fernanda; POGGI E BORGES, Marta. A influência da internet no mercado turístico: um estudo de caso nas agências de viagens

de Piracicaba (SP) e região. Caderno Virtual de Turismo, vol. 5, núm. 3, 2005,

pp. 1-8. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

PIZARRO, José Miguel. A influência das novas tecnologias no processo de distribuição turística. Dissertação (Mestre em Gestão e Desenvolvimento em

Turismo). Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial,

Universidade de Aveiro, Portugal.1998.

PEREIRA, Sérgio Silva. E-Commerce: Entenda o que é Compra Coletiva e

Clube de Compra. Canal E-commerce, Oficina da Net. Publicado em: 1 de

novembro de 2010. Disponível em: < http://travel2dot0.com/marketing/8-tips-

for-a-great-qr-campaign/> Acesso em: março/2013.

Thompson, Troy 8 Tips for a Great QR Code Campaign. Travel2.0. Disponível

em: <www.oficinadanet.com.br> Acesso em: maio/2011.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2000.

ZEVALLOS JR, Ruben. A História da Internet. 2009. Disponível em:

<http://www.artigonal.com/ti-artigos/a-historia-da-internet-737117.html> Acesso

em: set/2011