O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL: DESENVOLVIMENTO DO DESEMPREGO E DA

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¹ Universidade Federal de Pernambuco UFPE Campus Caruaru; E-mail: [email protected] O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL: DESENVOLVIMENTO DO DESEMPREGO E DA INFORMALIDADE. RESUMO O presente trabalho busca discutir o processo que modernizou o sistema de produção agrícola no Brasil, no ultimo quarto do século XX. Nessa abordagem veremos o surgimento dos complexos agroindustriais (CAIs), sendo este o responsável pelo enfraquecimento do potencial de criação de vagar de emprego no setor rural, como também pela elevação da acumulação de capital e concentração de terra, e consequentemente da renda no meio rural (o que causou fortes impactos ao mundo do trabalho no campo), gerando o êxodo rural, desemprego no campo e (mais ainda nos centros urbanos), aumentando, assim, a informalidade nas relações de trabalho na economia. PALAVRA-CHAVE Economia brasileira; Êxodo no campo; Desemprego; Informalidade. ABSTRACT This paper discusses the process that modernized the agricultural production system in Brazil in the last quarter of the 20th century. In this approach we will see the emergence of agro-industrial complex (AIC), which may be responsible for the weakening of the potential for creating employment roam the rural sector but also by the increase of capital accumulation and concentration of land, so consequentimente of rising incomes in the middle Rural (that caused severe shocks to the labor market in the field), generating rural exodus, unemployment in rural (and urban centers) with the aftermath is increasing informality in labor relations in the economy. KEY WORDS Keywords: Brazilian economy, rural exodus, unemployment, informality. Economia Mundial e Brasileira Ao longo dos últimos cem anos, ocorreram diversas transformações no mundo contemporâneo, principalmente no seguimento da sociedade que chamamos de “Sociedade Capitalista”. Devido às modificações estruturais no próprio sistema capitalista na linda de produção, estas transformações afetaram diretamente sobre o nível do produto e do emprego, que consequentemente pode causou problemas de maior gravidade para todo o conjunto da economia. Estas crises econômicas ocorridas no mundo todo, ao decorrer do século XX, fez com que o problema do desemprego se tornasse uma questão a ser

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¹ Universidade Federal de Pernambuco – UFPE – Campus Caruaru; E-mail: [email protected]

O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO

BRASIL: DESENVOLVIMENTO DO DESEMPREGO E DA

INFORMALIDADE.

RESUMO

O presente trabalho busca discutir o processo que modernizou o sistema de produção agrícola no Brasil, no ultimo quarto do século XX. Nessa abordagem veremos o surgimento dos complexos agroindustriais (CAIs), sendo este o responsável pelo enfraquecimento do potencial de criação de vagar de emprego no setor rural, como também pela elevação da acumulação de capital e concentração de terra, e consequentemente da renda no meio rural (o que causou fortes impactos ao mundo do trabalho no campo), gerando o êxodo rural, desemprego no campo e (mais ainda nos centros urbanos), aumentando, assim, a informalidade nas relações de trabalho na economia.

PALAVRA-CHAVE

Economia brasileira; Êxodo no campo; Desemprego; Informalidade.

ABSTRACT

This paper discusses the process that modernized the agricultural production system in Brazil in the last quarter of the 20th century. In this approach we will see the emergence of agro-industrial complex (AIC), which may be responsible for the weakening of the potential for creating employment roam the rural sector but also by the increase of capital accumulation and concentration of land, so consequentimente of rising incomes in the middle Rural (that caused severe shocks to the labor market in the field), generating rural exodus, unemployment in rural (and urban centers) with the aftermath is increasing informality in labor relations in the economy.

KEY WORDS Keywords: Brazilian economy, rural exodus, unemployment, informality.

Economia Mundial e Brasileira

Ao longo dos últimos cem anos, ocorreram diversas transformações no

mundo contemporâneo, principalmente no seguimento da sociedade que chamamos

de “Sociedade Capitalista”. Devido às modificações estruturais no próprio sistema

capitalista na linda de produção, estas transformações afetaram diretamente sobre o

nível do produto e do emprego, que consequentemente pode causou problemas de

maior gravidade para todo o conjunto da economia.

Estas crises econômicas ocorridas no mundo todo, ao decorrer do século

XX, fez com que o problema do desemprego se tornasse uma questão a ser

resolvida não somente pelos países diretamente afetados pela crise, mas também

por outros, que indiretamente contribui para a expansão deste problema estrutural

relacionado à economia e a produção, e assim consequentemente, no caso, do

desemprego que compõe formação estrutural e econômica da sociedade nacional e

internacional. Em outras palavras, o problema da crise econômica e do desemprego

de uma determinada economia afeta outras, por elas serem economicamente, de

certo ponto de vista, interligadas umas as outras. O que existe de fato é uma

espécie de dependência estrutural e econômica entre os países desenvolvidos e em

desenvolvimento, que fazem ao mesmo tempo parte do sistema de economia

globalizada.

No caso do Brasil, em relação ao mundo do trabalho, podemos perceber que

alguns desses efeitos negativos e danosos à economia ocorreram internamente

durante o processo de estagnação economia nas ultimas décadas.

Depois dos anos que aconteceu a II guerra mundial (1945-1972), em relação

à economia, foi introduzido no sistema brasileiro de produção de bens o programa

do PSI (Processo de Substituição de Importação), onde houve um aumentou

significativo da geração de cargos de empregos - devido ao crescimento do

processo de produção interna -, ao mesmo tempo em que no Brasil o mercado de

trabalho tornou-se muito mais heterogêneo.

Na década de 1980, a economia brasileira passou por uma duradoura crise

econômica, que deteriorou grande parte desse sistema econômico. Neste momento,

foi possível observar que houve um crescimento, embora bastante lento do emprego

formal e consequentemente, um aumento mais considerável do seguimento do

trabalho informal nas relações trabalhistas, que de certa forma, causou fortes

prejuízos ao mercado de trabalho na economia do Brasil.

I. Agricultura Brasileira.

No ultimo quarto do século XX, o sistema de produção agrícola no mundo

inteiro passou por diversas modificações importantes em sua estrutura de produtiva.

No entanto, não foi muito diferente no caso do Brasil, pois este novo sistema de

produção agrícola desenvolveu os mesmos mecanismos para aumentar a

produtividade de alimentos produzidos no campo.

Em relação ao mercado de trabalho na agricultura dentro da economia

brasileira, constatamos que esse processo, também atingiu diretamente o setor

agrícola, com o surgimento dos complexos agroindustriais (CAIs), sendo este um

tipo de setor autônomo de produção em grande escala dentro do sistema de

econômico de produção de alimentos.

Esse tipo de produção possibilita um alto grau de acumulação capital e

concentração de terra e, consequentemente, de renda no meio rural, causando

fortes impactos ao mundo do trabalho agrícola. Pois, ao mesmo tempo em que

cresce a produção de alimentos, este sistema produtivo agroindustrial tende a

massificar e padronizar a produção agroalimentar.

O grande problema desse processo agroindustrial, é que à medida que o

tempo vai passando, o setor econômico da agricultura vai perdendo seu potencial de

criação de vagar de emprego no seu próprio mercado de trabalhos. Isso devido

crescimento lento, mas gradativo da transferência de parte dos trabalhadores rurais

para o novo seguimento produtivo incorporado ao sistema agroindustrial.

Podemos observar que a modernização da agricultura na produção e na

economia agrária no Brasil ao longo do processo de intensificação do sistema

produtivo agroindustrial, tem causado mudanças em sua base técnica, na

transformação da produção artesanal do próprio agricultor, à base da enxada, em

outras maneiras mais avançadas de produzir em grande escala. Segundo afirma

Lauro Mattei:

A partir de uma forte intervenção estatal, via politicas publicas, a base

técnica da produção foi rapidamente alterada, através da introdução de

maquinas e equipamentos agrícolas, de adubos e produtos químicos e de

variedade de sementes melhoradas. (1998), pg.23.

No entanto, também podemos observar na tabela 1 abaixo, o exemplo da

grande importância do setor agropecuário na economia brasileira nas décadas de

1980 a 1990, no que se trata da geração e elevação do crescimento do PIB (Produto

Interno Bruto). Pois, este setor econômico apresenta melhores taxas de crescimento

do que o setor industrial nos períodos referentes aos anos de 1980, 1985 e 1987.

TABELA 1: Taxa real de variação do Produto Interno Bruto (PIB) (%a.a.) Brasil 1980-1990

ANO TOTAL INDÚSTRIA AGROPECUÁRIA

1980 9,1 9,1 9,6

1981 -4,4 -8,8 8,0

1982 0,6 0,0 -0,5

1983 -3,4 -5,8 -0,6

1984 5,3 6,6 3,4

1985 8,0 8,3 10,0

1986 7,5 11,8 -8,5

1987 3,6 1,1 14,9

1988 -0,1 -2,6 0,6

1989 3,2 3,0 2,5

1990 -4,0 -8,9 -4,4 FONTE: Graziano da Silva, 1993.

Apesar de tudo isso, o poder decisão no que e como produzir passou a se

concentra não mais nos pequenos e médios produtores agrícolas, mas passou a ser

tarefa de inteira competência dos grandes produtores agroindústrias, que da mesma

forma também decidem a quantidade de trabalhadores irão usar na produção.

Isto significa que, devido ao objetivo por parte dos donos dos CAIs, a

produção deverá ser realizada com o mínimo de custos possível, o que por sua vez

causa uma diminuição de demanda por mão-de-obra e uma maior elevação de

tecnologias com uso de maquinas apropriadas para a produção agrícola, gerando

assim, mais desemprego no mundo rural.

Segundo os autores Andrade Gonçalves e Tomaz Jr.: ”O avanço da

tecnologia no processo produtivo industrial permite o aumento da produtividade com

a diminuição da utilização quantitativa da força de trabalho, mas este não é um

processo que caminha para a libertação do trabalhador, tornando-se, ao contrário,

uma situação desesperadora para os novos desempregados, que na sociedade

fundada na exploração do trabalho se apresentam inviáveis economicamente”.

(FCT/UNESP/Presidente Prudente – SP/Brasil)

As mudanças na dinâmica no setor agrícola no Brasil, desde cedo tem sido

percebido no sentido em que a agroindústria passa a ter o poder e controle sobre o

trabalho dos agricultores e moradores do campo, onde estes passam a ser apenas

respectivamente empregados domésticos dos grandes produtores e donos dos

meios de produção agrícola. Isto devido ao processo econômico agroindustrial, pois

os agricultores que antes produziam por conta própria gerava sua renda, mas agora

são empregados a domicilio e dependentes da limitada demanda por trabalho

originado desse sistema, que consequentemente também provoca um forte aumento

da informalidade das relações de trabalho no meio rural.

Além do mais, muitas famílias de agricultores passam a imigrar para outras

atividades, que nem sempre estão ligadas as produções agrícolas, pois um grande

número de pessoas é forçado, economicamente, a possuir empregos em outras

propriedades próximas com diferentes tipos de atividades em cada propriedade.

Nesta circunstancia, podemos encontrar o ponto de partida do aumento da

informalidade no meio rural ou a maior parcela para o crescimento da informalidade

das relações de trabalho.

A modernização na agricultura no Brasil proporcionou nos últimos anos,

além do aumento do desemprego e da informalização das relações de trabalho,

mudanças significativas na evolução do emprego agrícola, como também

transformações na composição da mão-de-obra gerando diferentes categorias de

trabalhadores no meio rural.

II. Êxodo Rural.

O processo de modernização da produção agrícola no Brasil propôs aos

trabalhadores rurais modificações em suas estruturas de relação de trabalho, como

também fez com que o nível de renda no campo diminuísse em parte devido pela

concentração de áreas de cultivo e a queda na geração de emprego no setor devido

à substituição de trabalhadores por maquinas no sistema de produção agroindustrial,

o que chamamos de desemprego estrutural – processo produtivo que substitui a

vaga do trabalhador por máquinas ou processo produtivo mais moderno.

Por sua vez, uma parcela significativa dos trabalhadores rurais e camponês

que lutavam para permanecer morando e trabalhando no campo, sentiram a

necessidade de buscar novos meios que possa lhes proporcionar melhores

condições de sobrevivência, têm optado pela imigração do campo para cidade.

A imigração da força de trabalho do campo ruma à cidade, causado pelas

adversidades econômicas e financeiras encontradas no setor rural, tem feito como

que estes trabalhadores busquem novos empregos que possam lhes dá meios de

sobrevivência. Do ponto de vista geográfico, pode ser considerado o principal

determinante do aumento da informalidade das relações trabalho urbano.

Em suma, o crescimento do número de pessoas nos centros urbanos de

vários países em processo de industrialização - devido principalmente à

concentração de renda e das terras nas mãos de grupos de latifúndios-, fez como

que estes trabalhadores viessem em busca de meios para assegurar a sua

sobrevivência nas cidades, já que se tornará impossível no campo. Segundo

Oliveira:

O movimento de êxodo rural no Brasil resultou de uma transformação econômica, social e produtiva que marcou a passagem de uma economia estritamente agrária para um modelo econômico em que a indústria passa a ter papel de destaque, marcando a ascensão da burguesia industrial, e que mais de que uma derrota da aristocrática agrária foi na verdade um pacto de classes que as mantiveram no poder. (1988)

Segundo Dedecca e Baltar (1997), a elevação do crescimento demográfico

nos centros urbanos é decorrente da expressiva capacidade de geração de postos

de trabalho que estes centros urbanos possuem comparado com o campo, e que o

sistema industrial possui o poder de desmanchar as formas tradicionais de produção

agrícola.

III. Desemprego.

Muitos dos trabalhadores recém-chegados a cidade enfrentam diversas

dificuldade até conseguirem encontrar emprego que possam lhes proporcionar

estabilidade econômica e financeira. Mas, essa tarefa não é muito fácil, devido ao

aumento das forças de trabalho disponível no mercado.

Antes de serem empregados nas indústrias, fabricas e nos setores de

serviço em geral, aqueles que não possuem experiências técnicas e educacionais -

que são exigidos para ocupar os postos de trabalho existentes-, não consegue

encontrar empregos, pois são considerados incapazes e não aproveitáveis. Estes

trabalhadores teriam que encontrar ocupações que lhe garantissem alguma renda

para que estes pudessem permanecer na cidade e não voltar mais para campo.

Aqueles trabalhadores que se encontram em condições extremamente

inadequadas, são pressionados a conviver socialmente encurralados entre os

movimentos de produção capitalista especificamente ligado ao sistema econômico

intensamente exploratório da força de trabalho. Esse tipo de produção exploratório

acaba por fim, reproduzindo em seu próprio dinamismo ônus aos trabalhadores.

Segundo afirma Antunes:

O alargamento das diversas formas de trabalho precário permite colocar em questão as teses que apontam para a supressão, ou mesmo eliminação da classe trabalhadora na era do capital mundanizado e tecnicamente avançado, pois, concomitantemente a diminuição dos postos de trabalho gerada pelo emprego de novas tecnologias na produção, há um crescente aumento do trabalho precário. (1999)

Sendo assim, as consequências decorrentes da sustentação e reprodução

de todo esse sistema cria sua própria armadilha, ao gerar problemas

socioeconômico e cultural não somente aos trabalhadores, mas também ao sistema

econômico em longo prazo, assim como: aumento da pobreza, elevação do

desemprego voluntário, queda do consumo, criação de favelas etc.

No entanto, o aumento da força de trabalho nos centros urbanos pressionam

os salários dos que já estão empregados para baixo, devida a grande oferta são de

mão-de-obra e bem maior do que a demanda. E isso faz com que infelizmente o

baixo nível de renda venha a dificultar ainda mais a situação dos novos imigrantes

urbanos. Podemos dizer que, o surgimento do setor informal ganha bastante força

nos centros urbanos devido a este processo imigratório.

A situação se torna mais difícil para aqueles trabalhadores vindos do campo,

com pouca e sem nenhuma qualificação exigida no mercado de trabalho encontrado

no centro urbano. Segundo Andrade Gonçalves e Tomaz Jr., diz que: “O referencial

teórico utilizado até o começo dos anos 80 apresentava o setor informal como

campo de atuação dos trabalhadores desqualificados, e das empresas de baixo

capital e produtividade, situação que sofrerá novas mudanças a partir da

reestruturação econômica do capitalismo no âmbito mundial, sendo as novas formas

de utilização do trabalho no capitalismo um dos determinantes que irá

“heterogeneizar” ainda mais os trabalhadores e as unidades econômicas assim

classificadas”.

IV. Informalidade e Exploração da força de Trabalho.

A informalidade no mercado de trabalho tem um papel importante no que se

refere à atividade econômica de geração de renda aos trabalhadores

desqualificados que se encontra em situação de pobreza decorrente do desemprego

na economia. Em geral, a atividade econômica gerando pelo trabalho informal age

com um tipo de regulador que pode proporcionar renda aos indivíduos que não

possuem capacidade produtiva adequada para exercer funções no mercado de

trabalho formal - sejam eles vindos do campo ou não, como mostra este trabalho.

Diante disso, a informalidade atende ao movimento social oposto a dinâmica

compreendida pela sociedade do capitalista. As relações sociais de diversas classes

tem gerado uma forte complexidade em suas maneiras de relacionamento uma com

as outras, e isso faz com que o meio urbano cada vez mais adquira funções

inovadoras, porém não suficientemente desenvolvida, de trabalhadores que passam

a diversificar ainda mais as ocupações de trabalho, assim como: catadores de papal,

vendedor ambulante, camelô, empregados domésticos, prestadores de serviços

gerais etc. De acordo com os estudos do IBGE:

"Nesta acepção o setor informal, estaria ocupando „as franjas do mercado‟ os espaços ainda não preenchidos ou já abandonados pela produção capitalista, concentrando-se, em última análise, nas atividades que inibem um processo sistemático de acumulação do capital." (1990: 05)

O setor informal compõe os elementos de manutenção da realidade determinada pelo processo que tende a parti da dinâmica das atividades que distancia as condições trabalhistas formais no mercado de trabalho na economia. Por isso, o processo de informalização das relações de trabalho age como “abrigo” aos trabalhadores que não tem muita qualificação ou formação que possibilite concorrer no mercado de trabalho as melhores vagas disponíveis e que geralmente tem uma melhor remuneração, aumentando a possibilidade de receber uma renda maior por parte desses trabalhadores.

Em varias economias do mundo todo - incluindo também, quase todas as

grandes cidades-, tem passado por essa experiência de ter em sua composição

socioeconômica, o mercado de trabalho informal. Não somente devido a grandes

quantidades de pessoas trabalhando abertamente nas ruas e praças, como em

outros lugares, que de ser forma, não são percebidos diretamente. Além do mais,

não precisamos ir muito longe para encontrar outros tipos de sistema ou processo

produtivo informal. Diversas empresas - que são até mesmo algumas delas - de

grande porte, encontram-se em sua composição informalidade de relação de

trabalho. Muitas delas são consideradas socialmente produtivamente formais,

transformam parte dos seus processos produtivos formais em informais, sempre com

o objetivo de diminuir os custos de produção, que é uma demanda essencial para o

sistema de produção e reprodução capitalista.

Neste processo parcialmente informal, muitos dos seus trabalhadores não

estão periodicamente legalizados perante a Lei Trabalhista, o que faz com estes

trabalhadores não desfrutem dos seus direitos assegurados pela Lei. E isso tem

causado um ardente processo de conflitos e contradições nos movimentos sociais

ligados aos trabalhadores, por meio do processo de organização social contrários a

estas praticas ilegais que são geradoras de exploração e expropriação da

produtividade do trabalhador.

Apesar disso, a informalidade também está presente nos grandes shoppings

das grandes e medias cidades - pois algumas empresas sem condições de assumir

com todos os encargos não assinam a carteira de trabalho de seus funcionários.

Outros fatos relacionados à informalidade encontram-se também no caso das

empregadas domésticas, professores particulares, músicos, taxistas, etc.

Pelo que se parece, o trabalho informal se tornou à solução que vários

trabalhadores que se encontravam em situação de desempregados - voluntaria ou

involuntário- para adquirir algum tipo de renda. No entanto, não podemos deixar de

destacar que para estas pessoas é extremamente importante assegurar proteção

trabalhista nos empregos legitimamente legalizados.

Por fim, de acordo com as circunstâncias apresentadas anteriormente, a

informalidade no mercado de trabalho, acaba escondendo o quadro real do emprego

e da produção na economia, não somente no Brasil como em outros grandes países,

que contem estas características do sistema econômico capitalista globalizado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As crises econômicas nos últimos cem anos no mundo provocaram diversos

problemas nas estruturas sociais relacionada ao novo sistema capitalista de

mercado de trabalho e principalmente no nível de emprego e produto. Tais

problemas que afetaram o emprego e a produção estão conjunturalmente

relacionados a diversos sistemas de economia mundial. Isto ocorre porque, os

sistemas econômicos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento estão

completamente dependentes uns dos outros, o que chamamos de “sistema

econômico globalizado”.

No entanto, a economia globalizada pode produzir em diversos lugares ao

mesmo tempo circunstâncias parecidas sobre o reflexo que corresponde ao

desemprego e a informalidade no mercado de trabalho nestas economias. No caso

do Brasil, isso não seria diferente, pois podemos encontrar um grande exemplo

desse sistema em nossas relações com o mercado de trabalho, por volta do período

que corresponde às décadas de 1960 e 1970, em que foi criado o Programa de

Substituição de bens Importados (PSI), pela Comissão Econômica para a América

Latina e o Caribe (CEPAL).

Em relação ao sistema agrário, o novo sistema de produção de alimentos no

meio rural passou a substituir os antigos sistemas de produção agrícolas e cedeu

espaço para o sistema de produção em grande escala, mais conhecido como

“complexos agroindústrias”. No entanto, esse tipo de produção trás consigo

alterações para o mercado de trabalho no mundo rural e consequentemente

modifica as relações de emprego e geração de renda para os moradores do campo,

que por sua vez procurou novos meios de sobrevivência nos grandes centros

urbanos, decorrente da deterioração das suas terras, juntamente com a

concentração de terras nas mãos das grandes empresas agroindústrias e também

pelas péssimas condições de viva que o campo passa a lhes oferecer.

CONCLUSÃO

Com a modernização das técnicas de produção onde foi possível aumentar

a eficiência da produtividade de alimentos e a quantidade de capital acumulado,

também provocou, em parte, problemas socioeconômicos ao grupo de trabalhadores

rurais, que cultivavam em suas terras pequenas lavouras com técnicas antigas de

produção, mas que lhes permitiam ainda continuar morando no campo, graças a

esse sistema econômico milenar.

No entanto, a produção dos complexos agroindústrias de produção de

alimentos, promoveu a substituição do trabalho do homem nas lavouras por

maquinas, gerando o desemprego estrutural. O mercado de trabalho no meio rural

ao poucos foi perdendo seu grande potencia, não somente de gerar emprego como

também de propor a seus moradores renda que possibilitasse melhores condições

de vida no campo. A consequência disso tudo é que as cidades agora passam a

receber um grande numero de famílias imigrantes vindas do campo, o que gera uma

superlotação nos centros urbanos de pessoas com pouca preparação ou instrução,

para concorrer com as vagas de emprego oferecido pelo mercado de trabalho

nesses setores da economia. Essa superlotação de pessoas, em sua maioria de

desempregados, buscam novos fontes e trabalhos para adquirir algum tipo de renda,

e assim permanecer morando nos centros urbanos, mesmo que seja em situações

de desconforto, social devida à própria circunstancia financeiras que o sistema do

mercado de trabalho capitalista lhes oferece.

Com isso, boas partes destes trabalhadores encontram no seguimento de

informalidade das relações um meio de escape para geração de renda, Já que

muitos deles são (de certa forma) desqualificados para ocuparem algumas das

melhores vagas de emprego, em que é exigido um alto grau de conhecimento e

técnicas por causa dos novos avanços tecnológicos decorrente desse processo de

modernização na economia e consequentemente nos postos de trabalhos de modo

geral.

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