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Saúde e Doença Mental: Um caso a se pensarby Kalinalima on 6 de abril de 2011 in A Clínica no Campo Psi

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Introdução: A doença mental é um mau funcionamento das atividades psíquicas, sendo esta, portanto própria ao individuo, porém que pode serinfluenciada de alguma maneira pelo meio em que este se insere, bem como pelas circunstâncias emocional ou social as quais este se

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encontra submetido. "A psiquiatria clássica considera os sintomas do distúrbio mental como sinal de um distúrbio orgânico. Isto é, doençamental é igual à doença cerebral. Sua origem é endógena, dentro do organismo, e refere­se a alguma lesão de natureza anatômica ou distúrbiofisiológico cerebral" (livro Psicologias. ANA M. BAHIA BOCK. Pág. 464) sob as perspectivas psicológicas e da psiquiatria social Bock destaca,que para a primeira as doenças mentais definem­se a partir do grau de perturbação da personalidade, isto é, do grau de desvio do que éconsiderada como comportamento padrão ou como personalidade normal. Neste caso, as psicoses são consideradas como distúrbios dapersonalidade total, envolvendo o aspecto afetivo, de pensamento, de percepção de si e do mundo. Para a segunda, a doença mental é umaconstrução da sociedade, isto é, que a doença mental não existe em si, mas é uma idéia construída, uma representação para dar conta dediferenciar, isolar determinada ordem de fenômeno que questiona a universalidade da razão. Nessa perspectiva "a doença só tem realidade evalor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal" (Michel Foucault. Doença mental e Psicologia. p. 71).

É importante destacar a evolução que se analisa a respeito do tema. Sob uma breve perspectiva histórica é observável que e principio aquestão da saúde mental, no período do renascimento, por exemplo, eram raras as internações entre os doentes mentis em hospitais, e quandoestas ocorriam estes pacientes recebiam o mesmo tratamento dispensado aos demais doentes, com sangrias, purgações, ventosas. Nosséculos XVII e XVIII, a designação de louco não dependia de uma ciência médica. Era atribuída à percepção de instituições como a igreja, ajustiça e a família que tinham com relação ao indivíduo e os critérios referiam­se à transgressão da lei e da moralidade. É no inicio damodernidade que se inicia reflexões médicas e filosóficas as quais situavam a loucura como algo que ocorria no interior do próprio homem epassam a ser construídos espaços para separarem os loucos dos demais pacientes, e o medico se estabelece como autoridade máxima pararesolver os assuntos ligados a esse mal, e uma de suas atribuições seria a recuperação deste louco, a partir da medicação, com autoridadeque lhe era conferida, mais tarde desencadeia a psiquiatria, como sendo uma especialidade designada a esse tipo de tratamento.

As contribuições de Freud com relação ao tema referem­se à psicanálise, para a qual nos indivíduos "normais" e nos "anormais" existem asmesmas estruturas de personalidade e de conteúdos, que, se mais, ou menos, "ativadas", são responsáveis pelos distúrbios no indivíduo. Alemdo que é a partir da Psiquiatria clássica que ele define os quadros clínicos.

As implicações que um titulo de louco pode acarretar a vida de um individuo são inúmeras, Isso pode significar não passar pela seleção de umemprego, perder o pátrio poder sobre os filhos, ser internado em um hospital psiquiátrico, sem falar no preconceito sofrido por esses indivíduos,todos esses eventos podem piorar ainda mais o estado mental desses sujeitos. Nesse sentido é importante destacar a responsabilidadeatribuída aos profissionais incumbidos de realizarem esse diagnóstico, e a importância de se questionar a real situação do paciente antes deassinar qualquer sentença que virá definir de uma vez por todas sua vida. Com relação a isso Bock diz que "o médico ou o psicólogo, comocidadão e representante de uma cultura e de uma sociedade, acaba por patologizar aspectos do comportamento que se caracterizam muitomais como transgressões de condutas morais (sexuais, por exemplo) que não são considerados desvios em outros momentos históricos ou

em outras sociedades: isso demonstra a relatividade do conceito de normal.", ou seja, o individuo considerado anormal dentro de umadeterminada sociedade ou em um determinado tempo histórico podem não ser assim considerados em outro momento ou circunstância,realçando a necessidade de relativizar as diferenças históricas e socioculturais na determinação da conduta de uma pessoa.

É importante ressaltar os distúrbios de comportamentos, com relação aos aspectos biológicos, psicológicos, mas também socais,contemplandoassim o homem em sua totalidade. À medida que pensar saúde mental implica pensar na cura, que ocorre por meio do uso de uma base teóricabem como com a utilização de medicamentos; remete – nos também a pensar em prevenção, a qual implica sempre ações localizadas no meiosocial.

1. O que é a doença mental?

Doenças mentais são distúrbios graves que causam alterações biológicas no cérebro e são debilitantes em diferentes graus. Uma tendênciaem se julgar à sanidade da pessoa, de acordo com seu comportamento, de acordo com sua adequação às conveniências sócio­culturais como,por exemplo, a obediência aos familiares, o sucesso no sistema de produção, a postura sexual, etc. A Psiquiatria clássica considera ossintomas como sinal de um distúrbio orgânico. Isto é, doença mental é igual à doença cerebral. Sua origem é endógena, dentro do organismo, erefere­se a alguma lesão de natureza anatômica ou distúrbio fisiológico cerebral. Fala­se, mesmo, na química da loucura, e inúmeras pesquisasnesse sentido estão em andamento. Nessa abordagem, algum distúrbio ou anomalia da estrutura ou funcionamento cerebral leva a distúrbios docomportamento, da afetividade, do pensamento etc.

2. Perspectivas históricas:

Durante séculos as pessoas com sofrimento mental foram afastadas do resto da sociedade, algumas vezes encarcerados em condiçõesprecárias, sem direito a se manifestarem na condução da sua vida. Na Idade Média os deficientes mentais eram abrigados nas igrejas outinham a função de bobos da corte. Havia até a crença de que deficientes mentais eram seres diabólicos que mereciam ser castigados. Doséculo XVI ao XIX eram isoladas em asilos, conventos e albergues. Surgem aqui algumas instituições fechadas sem tratamento especializadonem programas educacionais. No final da Idade Média até a Idade Moderna houve uma mudança radical desses conceitos e o doente mentalpassou a ser visto como um possuído pelo demônio, dessa forma o tratamento antes humanitário foi mudado para espancamentos, privação dealimentos, tortura generalizada e indiscriminada, aprisionamento dos doentes para que estes se livrassem dessa possessão. No século XVII já

existiam hospitais para os excluídos socialmente, grupo constituído pelos doentes mentais, criminosos, mendigos, inválidos, portadores dedoenças venéreas e libertinos. Embora a loucura tivesse passado do campo mitológico para o âmbito médico, ainda a medicina não tinhaelementos para defini­la. Surgiu, no século XVIII, Phillippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, que teve o mérito de libertar os doentesmentais das correntes. Os asilos foram substituídos, então, pelos manicômios, estes somente destinados aos doentes mentais.Desenvolveram­se com isso várias experiências e formas de tratamento nos hospitais La Bicêtre e Salpêtrière que se difundiram da Françapara o resto da Europa.

No início do século XIX, a loucura tinha causa moral e social; isto é, sua função estava voltada para a normatização do louco, agora concebidocomo capaz de se recuperar, utilizavam­se medidas físicas e higiênicas como duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangriascomo forma de repressão aos ataques de loucura. Inicia­se a medicalização. A cura da doença mental – o novo estatuto da loucura – ocorreriaa partir de uma liberdade vigiada e no isolamento. Estava preparado o caminho para o surgimento da psiquiatria.

Atualmente tenta­se desconstruir os estigmas que cercam a questão da saúde mental, com a Reforma Psiquiátrica que pretende estabelecerum novo estatuto social para o doente mental, que lhe garanta cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade.

A reforma psiquiátrica pretende modificar o sistema de tratamento clínico da doença mental, eliminando gradualmente a internação como formade exclusão social. Este modelo seria substituído por uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial, visando a integração da pessoaque sofre de transtornos mentais à comunidade. A rede territorial de serviços proposta na pela Reforma Psiquiátrica inclui centros de atençãopsicossocial (CAPS), centros de convivência e cultura assistidos, cooperativas de trabalho protegido (economia solidária), oficinas de geraçãode renda e residências terapêuticas, descentralizando e territorializando o atendimento em saúde, conforme previsto na Lei Federal que institui oSistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Esta rede substituiria o modelo arcaico dos manicômios do Brasil. À reforma psiquiátrica adesativação gradual dos manicômios, para que aqueles que sofrem de transtornos mentais possam conviver livremente na sociedade. Ocorreque muitos deles sequer têm nome conhecido, documentos, familiares, dificultando a reinserção social. Também não possuem acesso aosbenefícios sociais oferecidos pelo Estado, como a aposentadoria e auxílio­doença.

3. Abordagem psiquiátrica:

A Psiquiatria clássica considera os sintomas como sinal de um distúrbio orgânico. Isto é, doença mental é igual a doença cerebral. Sua origemé endógena, dentro do organismo, e refere­se a alguma lesão de natureza anatômica ou distúrbio fisiológico cerebral. Fala­se, mesmo, naquímica da loucura, e inúmeras pesquisas nesse sentido estão em andamento. Nessa abordagem, algum distúrbio ou anomalia da estrutura ou

funcionamento cerebral leva Nessa abordagem da doença, os quadros patológicos são exaustivamente descritos no sentido de quais distúrbiospodem apresentar. Por exemplo, a psicastenia é caracterizada por esgotamento nervoso, com traços de fadiga mental, impotência diante doesforço, inserção difícil no real, cefaléias, distúrbios gastrointestinais, inquietude, tristeza. E, finalmente, se a doença mental é simplesmenteuma doença orgânica, ela será tratada cora medicamentos e produtos químicos. Ao lado da medicação, devemos lembrar que ainda sãousados os eletro choques, os choques insulínicos e, em casos mais graves, o internamento psiquiátrico, para uma administração controlada eintensiva de medicamentos, distúrbios do comportamento, da afetividade, do pensamento etc.

Para a Psicanálise, o que distingue o normal do anormal é uma questão de[pg.350] grau e não de natureza, isto é, nos indivíduos "normais" enos "anormais" existem as mesmas estruturas de personalidade e de conteúdos, que, se mais, ou menos, "ativadas", são responsáveis pelosdistúrbios no indivíduo. Essas são as estruturas neuróticas e psicóticas. Freud tomou a terminologia da Psiquiatria clássica do século 19 edefiniu os quadros clínicos em: Neurose­ toda a psicopatologia leve, onde a pessoa tem a noção (mesmo que vaga) de seu problema. Ele temcontato com a realidade, porém há manifestações psicossomáticas, que são notadas por este, e que servem de aviso para a pessoa procurarum tratamento psicológico, ou psiquiátrico. Todas as formas de manifestação da neurose têm sua origem na vida infantil, mesmo quando semanifestam mais tarde, desencadeadas por vivências, situações conflitivas etc. Nos dois últimos tipos Apresentados, a neurose estáassociada a conflitos infantis de ordem sexual. E PSICOSE: se caracteriza por uma intensa fuga da realidade. É como a FILOSOFIA e as arteschamam a loucura, propriamente dita. Pode ser classificada de três formas: pela manifestação (ESQUIZOFRENIA: tem como aspectosprincipais a fuga da realidade, as manias de perseguição, as alucinações, entre outros. Têm ainda subdivisões, que são a esquizofreniaparanóide, a esquizofrenia desorganizada (ou hebefrênica), a esquizofrenia simples, a catatonia ou a esquizofrenia indiferenciada;TRANSTORNO DE AFETO BIPOLAR: tem por característica picos muito grande de humor, em pouco espaço de tempo; DEPRESSÃO (oudistimia ou disforia), e pro lado da mania (euforia ou eutimia). Por estes dois aspectos também conhecemos este transtorno como psicosemaníaco­depressiva. O doente sofre de mudanças de humor constantes, sendo perigoso e gastador em fases maníacas, e retraído, podendose suicidar, no estado depressivo); pelo aspecto neurofisiológico (Funcional: age apenas no funcionamento do aparelho psíquico, em suasligações. Orgânica: tem como característica mudanças ocorridas na química do cérebro, ou em mudanças fisiológicas e estruturais); pelaintensidade (agressividade e impulsividade do doente em: Aguda: também chamada de fase de surto; é quando o doente se torna violento,impulsivo e fora da realidade e Crônica: é a fase de relaxamento do doente, onde ele está fora da realidade).

3.1­ Abordagem psicológica:

A abordagem psicológica encara os sintomas e, portanto, a doença mental, como desorganização da personalidade. A doença instala­se na

personalidade e leva a uma alteração de sua estrutura ou a um desvio progressivo em seu desenvolvimento. Dessa forma, as doenças mentaisdefinem­se a partir do grau de perturbação da personalidade, isto é, do grau de desvio do que é considerado como comportamento padrão oucomo personalidade normal. Neste caso, as psicoses são consideradas como distúrbios da personalidade total, envolvendo o aspecto afetivo,de pensamento, de percepção de si e do mundo.

4. Construção social da doença mental:

O conceito de normal e patológico é extremamente relativo. Do ponto de vistacultural, o que na sociedade é considerado normal, adequado, aceito ou mesmovalorizado em outra sociedade ou em outro momento histórico pode ser consideradoanormal, desviante ou patológico. A questão da normalidade acaba por desvelar o poderque a ciência tem de, a partir do diagnóstico fornecido por um especialista, formular odestino de um indivíduo rotulado. Esse poder atribuído à ciência e aos profissionaisdeve ser questionado, na medida em que se baseia num conjunto de conhecimentosbastante polêmicos e incompletos. Além do que, o médico ou o psicólogo, como cidadãoe representante de uma cultura e de uma sociedade, acaba por patologizar aspectos docomportamento que se caracterizam muito mais como transgressões de condutasmorais (sexuais, por exemplo) que não são considerados desvios em outros momentoshistóricos ou em outras sociedades: isso demonstra a relatividade do conceito denormal.

Nos últimos anos, este modelo redutor, de quem vê a doença, o órgão edesvaloriza as ramificações pessoais, familiares, sociais e culturais foi sendocontestado fazendo emergir um modelo holístico (biopsicossocial) em que os sintomassão importantes em si mesmo, em que a doença é vista como pertencente a umapessoa que é parte integrante de um sistema de unidades organizadashierarquicamente, do átomo à célula, do órgão ao sistema, do corpo ao indivíduo, doindivíduo à família; da cultura ao universo, unidas por um sistema de regulação.Nestaperspectiva, a saúde e doença são também vistos como processos dinâmicos, emevolução constante, e explicados por uma multicausalidade em que para além dasvariáveis biológicas individuais, entram igualmente as socioculturais, fato que sublinha a

construção social da doença.

Segundo David Ingleby (1982), a expressão "construção social das doenças" visa descrever uma interação particular entre fatoressociais, culturais – atitudes, crenças, relações sociais, ideias e as descobertas científicas que permitem a definição e/ou transformação dossignificados atribuídos às doenças. No dizer deste autor, afirmar que a doença mental é socialmente construída não equivale a dizer que adoença não existe; não significa negar a realidade dos sintomas ou do sofrimento das pessoas; significa antes que, ao explicar o sofrimento, aocolocar a doença num plano discursivo, o médico ou outros técnicos de saúde podem influenciar a evolução dos sintomas.

Vários outros autores tratam dessa questão e apontam elementos que nos faz repensar, a questão da saúde mental, nessa perspectiva, aexemplo: Eisenberg (1988) definiu quatro teses principais, no seu argumento sobre a construção social das doenças mentais: 1 – Todos osconceitos científicos são invenções da imaginação; o seu sucesso, que resulta de uma introdução da ordem no caos das aparências, permiteque os confundamos facilmente com a realidade que pretendem retratar. 2 – As ciências humanas são reguladas por um paradoxo, na medidaem que aquilo que acreditam ser verdade, em relação ao comportamento humano, influencia os comportamentos que pretendem explicar. 3 – Atrajetória das doenças é influenciada pelas crenças dos doentes e dos médicos, face à sua evolução e prognóstico. 4 – Os profissionais desaúde, tal como os doentes, são influenciados por papéis que são também socialmente construídos.

Para Quartilho (2001), as concepções de saúde e de doença constituem variáveis socialmente determinadas, que são uma parte da cultura dospovos. O Homem aprende e incorpora conhecimentos, habilidades e experiências sobre a saúde, a doença, a forma de se auto­cuidar/tratar,através de mensagens emitidas pelas mais diversas fontes: tradições, experiências pessoais ou de outrem, dos profissionais de saúde, dosmeios de comunicação, mensagens que incorporam não só a nível individual, mas também coletivamente, na família, grupo social, comunidadeonde vive e se relaciona.

Nessa medida, sendo a saúde, a doença e a cura construídas social e culturalmente, estas entidades não só variam de sociedade parasociedade, como dentro de uma mesma sociedade encontramos distintas interpretações e diferentes comportamentos face às entidadesreferidas. Estas entidades evoluem ao longo do processo de socialização, sendo resultado da iteração dos indivíduos/sociedade, de acordocom os sistemas de pensamento dos grupos. A evolução social diz­nos que o reconhecimento da doença (e a sua gravidade) é influenciado poraspectos situacionais, que incluem, por exemplo, os acontecimentos de vida. Os sintomas de doença uma vez instalados no indivíduoproporcionam uma série de alterações no seu ambiente social. No caso da doença mental, o indivíduo transforma­se num elemento passivo,estigmatizado ou abandonado pelos familiares. Assim, o ambiente social interfere com os sintomas e estes por seu lado influenciam o ambientesocial.

Nessa medida o conceito da normalidade é extremamente relativo, Do ponto de vista cultural, o que na sociedade é considerado normal,adequado, aceito ou mesmo valorizado em outra sociedade ou em outro momento histórico pode ser considerado anormal, desviante oupatológico. Essa questão acaba por desvelar o poder que a ciência tem de, a partir do diagnóstico fornecido por um especialista, formular odestino de um indivíduo rotulado. Isto pode significar não passar por uma seleção de emprego, perder o pátrio poder sobre os filhos, serinternado em um hospital psiquiátrico e, a partir disto, ter como identidade fundamental a de louco. poder atribuído à ciência e a seusprofissionais deve ser questionado na medida em que se baseia num conjunto de conhecimentos bastante polêmicos e incompletos. Além doque, o médico ou psicólogo, como cidadão e representante de uma cultura e de uma sociedade, acabam por patologicizar aspectos docomportamento que se caracterizam muito mais como transgressões de condutas morais (sexuais, por exemplo) que não são consideradosdesvios em outros momentos históricos ou em outras sociedades: isto demonstra a relatividade do conceito de normal.

Diante dos preconceitos no que se refere ao tratamento do doente mental, seja no que se refere, ao tratamento médico ou social, na medida emque as pessoas passam a olhar de maneira a excluir o individuo que recebe esse diagnostico, ale do que as estruturas físicas que abrigam osdoentes mentais não favorecerem nenhuma segurança ou estabilidade para esse individuo, mas que pelo contrario pode até piorar o seuestado, Goffman (1961), em ‘Manicômios, Prisões e Conventos', a partir de uma análise micros sociológica do Manicômio, revelam parte dadinâmica do Hospital Psiquiátrico, enquanto Instituição Total, onde há toda uma estrutura organizacional, que tem por objetivo o controle, aalienação e separação do indivíduo internado da vida social. Todo este processo de isolamento e controle, nomeado pelo autor de ‘Mortificaçãodo Eu', promove uma espécie de desaculturamento, devido à distância das rotinas e transformações culturais ocorridas no mundo externo,gerando dependência da instituição e medo de reinserir­se no convívio social. A prisão/isolamento, assim como as técnicas de controle, passado aspecto físico para o simbólico, causando verdadeiras mutilações no ser, algumas delas irreversíveis.

É desenvolvida, a Reforma Psiquiátrica que pretende construir um novo estatuto social para o doente mental, que lhe garanta cidadania, orespeito a seus direitos e sua individualidade. Que garante uma maior integridade à vida do doente mental é nessa medida que nasce umapreocupação por parte dos estudiosos nessa área, sobretudo, para com os pacientes dos manicômios. E passa a ser cobrado, iniciativasgovernamentais na intervenção desses males. O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), em saúde mental, é um destes espaçosestratégicos da reforma e a rede básica de saúde, principalmente a saúde da família, é vista como "o lugar privilegiado de construção de umanova lógica de atendimento e de relação com os transtornos mentais". Recomenda­se a equipe interdisciplinar do CAPS realizar "apoio matricialàs equipes da atenção básica, isto é, fornece­lhes orientação e supervisão, atender conjuntamente situações mais complexas, realizar visitasdomiciliares acompanhadas das equipes da atenção básica, atender casos complexos por solicitação da atenção básica.

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