NATUREZA JURÍDICA DOS EFEITOS DA DECISÃO DO STF NO JULGAMENTO DO MÉRITO NO RECURSO...
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NATUREZA JURÍDICA DOS EFEITOS DA DECISÃO DO STF NO JULGAMENTO
DO MÉRITO NOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS COM REPERCUSSÃO GERAL
(É possível falar em eficácia vinculante? É admissível a
reclamação contra o desrespeito do precedente paradigma
fixado?)
Sandra Maria Mafra
Especialista em Direito Constitucional
Sumário: 1. Introdução; 2. Recurso Extraordinário e
Repercussão Geral; 3. O Efeito Vinculante consolidado; 4.
Limites objetivos e subjetivos do efeito vinculante; 5. Da
Reclamação; 6. Conclusão; 7. Referencia Bibliográfica.
Palavras chave: Efeito Vinculante, Instituto, Recurso
Extraordinário, Repercussão Geral, Supremo Tribunal Federal,
Súmula Vinculante.
1. Introdução
Foram necessários mais de uma década de tramitação para a
EC n.45/2004 fazer significativas e importantes mudanças em
nosso sistema normativo processual, o que convencionou chamar
de a Reforma do Judiciário, com característica de
transformação do procedimento legislativo, responsável pela
1
modificação da redação de alguns dispositivos, inserindo
outros tantos, forçando a regulamentação de novas normas, com
isso aproximando uma interpretação diferenciada dos
ordenamentos já existentes, não somente na legislação
constitucional, mas naquelas de ordem infraconstitucional.
A inserção do §3° no art. 102 da CF/1988, uma dessas
modificações trazidas pela EC n.45, criou o requisito da
repercussão geral das questões constitucionais discutidas,
para a apreciação do recurso extraordinário, competência do
Supremo Tribunal Federal, este novo artifício criado com a
intenção de diminuir a intensa demanda que adentra a Corte
Suprema. O §2° do mesmo artigo acrescido, disciplina que, a
eficácia erga omnes e o efeito vinculante, responsabiliza
agente público da administração direta e indireta, na esfera
federal, estadual e municipal, que descumprir o determinado no
julgado.
Outra modificação foi delimitada pela Lei 11.418/2006 que
introduz o art. 543A, 543B e 543C ao Código de Processo Civil,
servindo para sobrestar recursos com idêntica controvérsia até
o julgamento do mérito.
A pesquisa, inicialmente, antes do tema propriamente dito
e no intuito de facilitar a compreensão, responderá vários
questionamentos, aclarando conceitos dos institutos
mencionados e delimitando o conhecimento da natureza jurídica
dos efeitos da decisão do STF no julgamento do mérito nos
recursos extraordinários, aqueles com repercussão geral e da
possibilidade de se falar em eficácia vinculante.
2
Posteriormente a pesquisa se deterá na indagação acerca da
admissibilidade da reclamação contra o desrespeito do
precedente paradigma fixado, trazendo para a investigação
legislações pertinentes, a produção jurisprudencial do Supremo
Tribunal Federal, a doutrina da mais alta qualidade, a opinião
de renomados juristas, visando demonstrar aspectos
interpretativos adotados pela Corte Suprema.
2. Recurso Extraordinário e Repercussão Geral
O recurso extraordinário entrou no ordenamento jurídico
pátrio através da Constituição de 1934, permanecendo em todas
as Constituições subseqüentes e tendo o Supremo Tribunal
Federal como Suprema Corte do Poder Judiciário, apenas
modificando a competência para o julgamento dos recursos em
geral. O que não foi diferente com a Carta Política de 1988,
que manteve o recurso extraordinário para julgamento de causas
que envolvessem violação ao direito federal e para violação de
atos normativos em confronto com a Constituição Federal, é
remédio constitucional de competência do STF, cabível em
decisão de juízo monocrático ou colegiado, em processos de
única e última instancia. Com a criação do Supremo Tribunal de
Justiça, que se deu com a Constituição Federal de 1988, a
competência das causas à violação da legislação federal
ordinária passou a ser revista pelo então criado recurso
especial por esse órgão1.
1 CORTÊS, Oscar Mendes Paixão. Recurso Extraordinário: Origem eDesenvolvimento no Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Forence, 2005 pp 187- 198.
3
A criação do STJ pelo legislador constituinte de 1988,
a transferência de algumas das competências e na tentativa
de reduzir o enorme volume de trabalho no Supremo Tribunal
Federal não foi suficiente, houve nos últimos anos um
aumento significativo de processos destinados a Corte
Suprema, uma manobra frustrada de diminuir o número de
recurso extraordinário que por “óbvio, trata-se de providência
idealizada com o propósito de descongestionar o STF,
coadunando-se com a pretensão de fortalecimento da excelência
das funções jurídicas e políticas do órgão de cúpula do
judiciário nacional”.2
Neste sentido Miguel Reale Jr. Apresenta a seguinte
síntese:
“A intensa litigiosidade surgida após a promulgação daConstituição de 1988, que se revelou ultrapassada paraatender à demanda decorrente da constitucionalização dediversos novos direitos, aliada ao maior acesso aoJudiciário. Essas circunstâncias e o próprio crescimentoeconômico do país aumentaram a já existente crise demoralidade do Judiciário, fazendo nascer junto aosjurisdicionados a importância ainda maior da celeridadeda prestação jurisdicional3.
2 KOZIKOSKI, Sandro Marcelo. A repercussão Geral das QuestõesConstitucionais e o Juízo de admissibilidade do Recurso Extraordinário. InWambier, Tereza Arruda Alvim et al Reforma do Judiciario: PrimeirasReflexões sobre a Emenda Constitucional n. 45/2004, São Paulo: Revista dosTribunais, 2005 pp 744.3 REALE JR., Miquel. Valores Fundamentais da Reforma do Judiciário. Revistado Advogado. São Paulo. 2004. Apud KOZIKOSKI, Sandro Marcelo. A repercussãoGeral das Questões Constitucionais e o Juízo de admissibilidade do RecursoExtraordinário. In Wambier, Tereza Arruda Alvim et al Reforma doJudiciario: Primeiras Reflexões sobre a Emenda Constitucional n. 45/2004,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005 pp 744.
4
São muitas as observações de estudiosos e doutrinadores,
mas cabe destacar o entendimento de CRISTIANE OLIVEIRA PETER
DA SILVA, assevera:
“É mais do que chegada a hora de o Supremo Tribunaldesvencilhar-se do recurso extraordinário, que teve suainegável importância histórica e vinculação estreita arelevantíssima para o desenvolvimento e crescimento dopróprio tribunal, e porque não dizer do ordenamentojurídico constitucional brasileiro, mas que hoje serveapenas para a chicana processual e retardamento daprestação jurisdicional, tendo em vista que se limita aservir de quarta instância e tomar o tempo dos ministroscomo questões repetidas, e assim afastá-los cada vezmais da missão que lhe foi constitucionalmentedestinadas: interpretar as normas constitucionais e daro tom da hermenêutica constitucional para a atividadedos demais tribunais”.4
Ao longo da historia muitos foram os dispositivos
jurídicos criados para dirimir ou pelo menos minimizar a já
instalada excessiva demanda jurisdicional do STF, passando
pelo aumento de seus Ministros5, a argüição de relevância6 que
4 SILVA, Christine Oliveira Peter da. Hermenêutica de Direitos Fundamentais:uma proposta constitucionalmente adequada. Brasília: Brasília Jurídica,20055 “Considerando-se que a chamada ‘crise do Supremo’ data do início doséculo, quando, naturalmente, o número de recursos extraordinários eraínfimo, se comparado o que ocorre hoje, não é difícil concluir que a causadessa crise deve ser outra que não o número – efetivamente reduzido – deMinistros. Não cremos que o encilhamento de processos no STF se resolveriase o número de Ministros voltasse a ser de dezessete, como no Império: seisMinistros a mais , por cento, não resolveriam a sobrecarga. MANCUSO,Rodolfo de Camargo. Recurso Extraordinário e Recurso Especial. 4. Ed. SãoPaulo: RT, 1996. Recursos no Processo Civil, v.3.p.52.6 “No Brasil, antes da instituição da repercussão geral como requisito deadmissibilidade do recurso extraordinário (Emenda Constitucional 45 de2004; art. 102, § 3º, da CF), experimentamos o requisito da argüição derelevância da questão afirmada para o seu conhecimento em sedeextraordinária (art. 119, III, a e d c/c § 1º, da CF 1967, alterada pelaEmenda Constitucional 01 de 1969 c/c arts. 325, I a XI, e 327, § 1º, doRISTF, com a redação dada pela Emenda Regimental 2 de 1985). Nada obstantetenham a mesma função de “filtragem recursal”, a argüição de relevância de
5
no passado recebia a apreciação do STF e nos dias de hoje é
competência do STJ, que não cabe agora priorizar cada um
desses institutos, preferimos nos ater a mencionar, não sendo,
portanto, objeto desta pesquisa.
Depois de todo percalço, necessário se fazia criar um
instrumento que diminuísse a enxurrada de RE no STF, com a
Emenda Constitucional 45 de 08.12.2004, que depois de mais de
uma década tramitando no Congresso Nacional veio fazendo
grandes modificações e acabou sendo chamado de Reforma do
Judiciário, inseriu o §3° no art. 102 da Constituição Federal
de 1988, in verbis: Art. 102 “Compete ao Supremo Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da constituição, cabendo-lhe:
[...] §3° No recurso extraordinário o recorrente deverá
demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais
discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal
examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela
manifestação de dois terços de seus membros”, este dispositivo
criou a repercussão geral, requisito indispensável para
admissibilidade do RE perante o STF, devendo conter real
relevância e importância,
outrora e a repercussão geral não se confundem. A começar pelo desiderato:enquanto a argüição de relevância funcionava como um instituto que visava apossibilitar o conhecimento deste ou daquele recurso extraordinário a prioriincabível, funcionando como um instituto com característica centralinclusiva, a repercussão geral visa a excluir do conhecimento do SupremoTribunal Federal controvérsias que assim não se caracterizam. Os própriosconceitos de repercussão geral e argüição de relevância não se confundem.Enquanto este está focado fundamentalmente no conceito de “relevância”,aquele exige, para além da relevância da controvérsia constitucional, atranscendência da questão debatida”. MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO,Daniel. Repercussão geral no recurso extraordinário. São Paulo: Editora Revista dosTribunais, 2007, p. 30-31.
6
Oportuno dizer que a repercussão geral foi capaz de fazer
a separação entre o “joio e do trigo”7, o joio é uma planta que
se parece em tudo com o trigo, somente na colheita se percebe
a diferença, o joio não tem fruto, simbolizando com perfeição
o RE sem o instituto da repercussão recusado pela manifestação
de dois terços dos membros do STF. Após a criação da
repercussão geral pela EC n. 45/2004 a Lei n° 11.418 de 2006
regulamentou o dispositivo constitucional supracitado e
acrescentou ao Código de Processo Civil no capítulo que
corresponde ao RE e ao REsp para o STF e STJ, o art. 543-A, in
verbis:
Art. 543-A O Supremo Tribunal Federal, em decisão
irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando
a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão
geral, nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.418,
de 2006). § 1° Para efeito da repercussão geral, será
considerada a existência, ou não, de questões relevantes do
ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que
ultrapassem os interesses subjetivos da causa. § 2° O
recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para
apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência
da repercussão geral. § 3° Haverá repercussão geral sempre que
o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou
jurisprudência dominante do Tribunal. § 4° Se a Turma decidir
pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4
(quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao
7 Expressão de domínio público usado na Bíblia Sagrada por Jesus Cristo nolivro de São Mateus Bíblia Sagrada. Ed. Almeida Revisada e Corrigida. CPAD.Cap. 13 Versículo. 24-30.
7
Plenário. § 5° Negada a existência da repercussão geral, a
decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica,
que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese,
tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal. § 6º O Relator poderá admitir, na análise da
repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por
procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal. § 7° A Súmula da decisão sobre a
repercussão geral constará de ata, que será publicada no
Diário Oficial e valerá como acórdão.
E o art. 543-B in verbis: Art. 543-B. Quando houver
multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica
controvérsia, a análise da repercussão geral será processada
nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal,
observado o disposto neste artigo. §1° Caberá ao Tribunal de
origem selecionar um ou mais recursos representativos da
controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal,
sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da
Corte.
§ 2 ° Negada a existência de repercussão geral, os recursos
sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos.§
3° Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos
sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de
Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los
prejudicados ou retratar-se. § 4° Mantida a decisão e admitido
o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos do
Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão
contrário à orientação firmada. § 5° O Regimento Interno do
8
Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos
Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da
repercussão geral.
Também alterou o Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal através da primeira emenda ligada a repercussão geral,
Emenda Regimental n. 21, de 30 de abril de 2007, modificando a
redação dos art. 13, inciso V, letra c, e art. 21 parágrafo
1°, e arts 322 a 329, revogando o parágrafo 5° do art. 321,
mediante a qual a Repercussão Geral deve estar adequada à
letra da lei, assim todo RE que adentrar ao STF deverá passar
pelo crivo de dois terços de seus membros, (oito votos de
onze), recebendo a negativa, o não reconhecimento de
repercussão geral no RE.8
A verificação preliminar formal da repercussão geral é de
competência concorrente do Tribunal Regional Federal, Tribunal
de Justiça, da Turma Recursal e do Supremo Tribunal Federal,
já pacificado pela jurisprudência do STF, mas o reconhecimento
e a presunção legal da repercussão geral, isto é a análise
final compete exclusivamente ao STF9.
Nos termos do acórdão:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DEINSTRUMENTO. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE.DECISÃO CONFIRMADA EM SEDE DE AGRAVO DE INSTRUMENTO QUEHOMOLOGOU OS CÁLCULOS APRESENTADOS PELOS EXPROPRIADOSDETERMINANDO A EXPEDIÇÃO DE NOVO OFÍCIO REQUISITÓRIO.AUSÊNCIA DE PRELIMINAR FORMAL E FUNDAMENTADA DEREPERCUSSÃO GERAL. ARTIGO 543-A, § 2º, DO CÓDIGO DEPROCESSO CIVIL C.C. ART. 327, § 1º, DO RISTF. DECISÃO
8MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. Repercussão geral no recursoextraordinário. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 30-31.9 MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. Repercussão geral no recursoextraordinário. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.
9
QUE SE MANTÉM POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. Arepercussão geral é requisito de admissibilidade doapelo extremo, por isso que o recurso extraordinário éinadmissível quando não apresentar preliminar formal detranscendência geral ou quando esta não forsuficientemente fundamentada. (Questão de Ordem no AI n.664.567, Relator o Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ de6.9.07). 2. A jurisprudência do Supremo fixouentendimento no sentido de ser necessário que orecorrente demonstre a existência de repercussão geralnos termos previstos em lei, conforme assentado nojulgamento da Questão de Ordem no AI n. 664.567, Relatoro Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 6.9.07, II. Recursoextraordinário: repercussão geral: juízo deadmissibilidade: competência. 1 . Inclui-se no âmbito dojuízo de admissibilidade – seja na origem, seja noSupremo Tribunal – verificar se o recorrente, empreliminar do recurso extraordinário, desenvolveufundamentação especificamente voltada para ademonstração, no caso concreto, da existência derepercussão geral (C.Pr.Civil, art. 543-A, § 2º; RISTF,art. 327). 2. Cuida-se de requisito formal, ônus dorecorrente, que, se dele não se desincumbir, impede aanálise da efetiva existência da repercussão geral, estasim sujeita à apreciação exclusiva do Supremo TribunalFederal (Art. 543-A, § 2º). 3. Agravo Regimentaldesprovido. (AI 767825 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX,Primeira Turma, julgado em 10/04/201210.
O texto constitucional exclui todas as questões que não
esteja imbuída de repercussão geral, devendo trazer em seu
bojo questão econômica social e política, que atinja um número
expressivo de pessoas, sobre assunto impactante ou muito
controvertido, não deixa de ser uma forma de admissibilidade,
diante disso entende-se que todas as outras questões que não
estiverem dotadas desses atributos, estarão excluídas da
possibilidade de reconhecimento de RE.11
10 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/pesquisarProcesso.asp
11 ARRUDA, Alvim. A EC n. 45 e o Instituto da Repercussão Geral. in Wambier,Tereza Arruda Alvim (coor) et al Reforma do Judiciário: Primeiras Reflexõessobre a Emenda Constitucional n. 45/2004, São Paulo: Revista dos Tribunais,
10
Importante destacar que ao buscar-se o significado da
repercussão geral nota-se tratar de conceito vago e
indeterminado significando que são idéias indefiníveis, não
deve mesmo ser propriamente conceituado, mas apenas referidos,
não há como deixá-lo estático de forma plena da lei posta.
Essa é a opinião de parte da doutrina pesquisada.12
3. O Efeito Vinculante consolidado
Em meio às divergências das decisões tomadas no controle
difuso e no controle concentrado de constitucionalidade, pela
necessidade da inserção de mecanismos jurídicos que visasse
contornar o problema, a EC n. 3, de 17/03/1993 acrescentou o §
2° ao art.102 da CF/88, criou ação para declarar a
constitucionalidade das leis, essa manobra jurídica trouxe
resultados com o intuito de harmonizar a jurisprudência
constitucional, mas o instituto não foi somente a ADC criada,
foi também o efeito vinculante, “utilizado para lograr essa
uniformização preservando a hierarquia entre as instâncias do
Poder Judiciário” 13.
Através da EC n. 45 o § 2° ao art.102 da CF/88 recebeu
nova redação, in verbis: “As decisões definitivas de mérito
proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
2005 pp 72-75.12 Op Cite ALVIM, J. E. Carreira. Alguns Aspectos dos Recursos Extraordinário eEspecial na Reforma do Judiciário (EC n. 45/2004). Op.Cite.MEDINA, José Miguel Garcia. WAMBIER, Luiz Rodrigues. WAMBIER, Teresa ArrudaAlvim. Repercussão Geral e Súmula Vinculante: Relevantes Novidades Trazidaspela EC. N. 45/2004. Op.Cite.13 SCAFF, Fernando Facury. MAUÉS, Antonio G. Moreira. A TrajetóriaBrasileira em Busca do Efeito Vinculante. Reforma do Juciciário. Op.Cite.
11
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal”.
Antes esse parágrafo tratava apenas dos efeitos das
decisões da ADC, com a nova redação dada pela EC n. 45/2004,
inclui a análise a ADI que terão o mesmo efeito da ADC, que
estavam expressos apenas em normas infraconstitucionais. A ADC
tem como objetivo declarar lei ou ato normativo federal,
retirando a controvérsia de constitucionalidade, “não obstante
partir de então a jurisprudência do STF passou a conferi-lo
também às Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI), em
razão do caráter dúplice (ambivalente) destas ações, com a
edição da Lei 9. 868 em 10/11/1999, o efeito vinculante foi
estendido expressamente à ADI”. 14
“Trata-se de uma ação diretamente oposta a ADIn, que,por sua vez, pretende ver uma lei ou um ato normativafederal ou estadual declarados inconstitucionais, Adecisão de mérito prolatada nessas ações terá efeitoerga omnes, ou seja, poderá ser oponível, contra todos,indo além das partes envolvidas no processo o quedecorre, logicamente, da forma de controle da qual fazparte: concentrado e abstrato. Por meio desse tipo defiscalização, busca-se a proteção de um interessepúblico de defesa do texto constitucional, que,portanto, pertence a todos”.15
14 NOVELINO, Marcelo. Efeito Vinculante nas decisões do Supremo TribunaFederal. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/8769/o-efeito-vinculante-nas-decisoes-do-supremo-tribunal-federal#ixzz35zWegBJK> Acesso em29/06/201415 CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Interpretada. MACHADO, Costa. Organizador. FERRAZ,Anna Cândida da Cunha. Coordenadora. Manole. CROSARA, Daniela de Melo. ettal. Ed. 4. 2013. P.
12
A ADI e a ADC são reguladas pela Lei 9.868/1999 e a ADPF,
pela Lei 9.882/1999, ambas regem o controle concentrado,
objetivo ou abstrato, inserto no controle de
constitucionalidade através da EC n. 16/1965, busca obter a
constitucionalidade ou inconstitucionalidade das leis ou ato
normativo por via de ação direta em um único tribunal, isto é
no STF. Essas Ações têm eficácia vinculante, nesse sentido o
parágrafo único do art. 28 da lei 9.868/1999 indica que “a
declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, à
interpretação conforme a constituição e à declaração parcial
de inconstitucionalidade sem redução de texto tem eficácia
contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do
Poder Judiciário e à Administração Pública, federal, estadual
e municipal”.
O surgimento do efeito vinculante se dá com a edição do
Acórdão que profere a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade e, após o transito em julgado no prazo
de 10 dias é publicado em seção especial no Diário Oficial a
parte dispositiva do Acórdão pelo STF, a partir de então dar-
se ao feito vinculante caráter obrigatório e força de lei16.
A ADPF, prevista no original parágrafo único do art. 102
da CF/88, não existia nenhum outro dispositivo no ordenamento
com semelhança, sendo objeto de interpretação por parte de
alguns autores como uma autorização constitucional onde
qualquer pessoa poderia criar uma ação em defesa de seus
direitos constitucionais e recorrer a Corte Suprema, com a
regulamentação do instituto viu-se que os legitimados para a16 Op. Cite. p. 744.
13
propositura da ADPF são os mesmo da ADIn e essa interpretação
perdeu sentido, já que o seu objeto é (art.1°da Lei 9.
882/1999) “evitar ou reparar lesão a preceito fundamental
resultante de ato do Poder Público” e no seu parágrafo único,
I “quando for relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluídos os anteriores à Constituição17.
Entretanto o efeito vinculante se estende às decisões do
Supremo, através das leis supracitadas levou a OAB ajuizar
ação direta de inconstitucionalidade contra ambas. Na
reclamação n. 1.880 em 07/11/2002, o STF decidiu por oito
votos a três em questão de ordem proposta pelo relator, à
constitucionalidade do art. 28, parágrafo único da Lei
9.868/1999, reconhecendo o efeito vinculante de suas decisões
em ADIn.
Neste sentido os termos da ementa18: “Na assentada de 7.11.2002, no julgamento do AgravoRegimental na Reclamação n. 1.880/SP, Relator o MinistroMaurício Corrêa, o Plenário do Supremo Tribunal Federaldecidiu: “EMENTA: QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADE. JULGAMENTO DE MÉRITO. PARÁGRAFOÚNICO DO ARTIGO 28 DA LEI 9868/99: CONSTITUCIONALIDADE.EFICÁCIA VINCULANTE DA DECISÃO. REFLEXOS. RECLAMAÇÃO.LEGITIMIDADE ATIVA. “Para efeito de controle abstrato deconstitucionalidade da lei ou ato normativo, hásimilitude substancial de objetos nas açõesdeclaratórias de constitucionalidade e direta deinconstitucionalidade. Enquanto a primeira destina-se aaferição positiva de constitucionalidade, a segunda trazpretensão negativa. Espécie de fiscalização objetivaque, em ambas, traduzem manifestação definitiva dotribunal quanto à conformação da norma com aConstituição Federal. A eficácia vinculante da ação
17 Op. Cite. p. 237.18Disponível em<www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoTexto.asp?
id=2628416>14
declaratória de constitucionalidade, fixada pelo § 2º doartigo 102 da Carta da República, não se distingue, emessência, dos efeitos das decisões de mérito proferidasnas ações diretas de inconstitucionalidade”
Portanto o efeito vinculante tem o condão de proteger a
segurança jurídica, proporciona igualdade e estabilidade às
decisões judiciais, produzindo maior equilíbrio e eficácia as
decisões da Corte Suprema.
4. Elementos objetivos e subjetivos do efeito vinculante
O art. 102, § 2° da Constituição Federal e o art. 28,
parágrafo único, da Lei 9.868/99, os dois institutos
estabelecem que as ações declaratórias de constitucionalidade
e as ações diretas de inconstitucionalidade têm eficácia erga
omnes (força de lei), produz efeitos indiscutivelmente
processuais, perde, portanto, a possibilidade de rediscussão
pelo STF em nova demanda e o efeito vinculante abrange uma
espécie de obrigação por parte dos demais órgãos do Poder
Judiciário e da Administração Pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, diz respeito não só a
parte dispositiva no controle de constitucionalidade, mas
entra no ponto que justifica a decisão, na fundamentação do
julgado, sendo, portanto adaptado por analogia, para os
fundamentos ou motivos determinantes, como disciplina GILMAR15
FERREIRA MENDES, são institutos afins, diferentes entre si, mas
que se complementam:
Além de conferir eficácia erga omnes às decisõesproferidas pelo Supremo Tribunal Federal em sede decontrole de constitucionalidade, a presente proposta deemenda constitucional introduz no direito brasileiro oconceito de efeito vinculante em relação aos órgãos eagentes públicos. Trata-se de instituto jurídicodesenvolvido no Direito processual alemão, que tem porobjetivo outorgar maior eficácia às decisões proferidaspor aquela Corte Constitucional, assegurando forçavinculante não apenas à parte dispositiva da decisão,mas também aos chamados fundamentos ou motivosdeterminantes (tragende Gründe) 19.
Os fundamentos ou motivos determinantes, conteúdo
essencial ou eficácia transcendente são expressões usadas pelo
STF que identificam a parte dispositiva da decisão, significa
dizer que os fundamentos que determinam ratio decidendi são
essenciais a conclusão proferida na decisão judicial. O
professor LUIZ GUILHERME MARINONI nos explica a diferença
entre os institutos aplicados pelo STF.
O Supremo Tribunal Federal fala em motivos oufundamentos determinantes, em conteúdo em eficáciatranscendente. As expressões “motivos ou fundamentosdeterminantes e “conteúdo essencial” se referem àdecisão. Querem expressar os fundamentos que determinamou são essenciais à conclusão judicial. A eficáciatranscendente é aquela que transcende ao caso,interferindo sobre os demais casos, embora não tratandoda mesma norma, configuram igual questão constitucional,
19MENDES, Gilmar Ferreira. O efeito vinculante das decisões do SupremoTribunal Federal nos processos de controle abstrato de normas. Disponívelem<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_04/efeito_vinculante.htm.> acesso em 09/07/2014.
16
a ser solucionada mediante a aplicação dos mesmosfundamentos ou motivos que determinaram a decisão20.
Portanto no limite objetivo o efeito vinculante abrange os
órgãos do poder judiciário e a administração pública direta e
indireta, na esfera, federal, estadual e municipal, que não
fazem parte do processo de controle, sendo que a decisão sai
desse limite objetivo e transpassa o dispositivo com a mesma
fundamentação de normas de igual teor, esta é a teoria da
fundamentação transcendente. Já no limite subjetivo a coisa
julgada ultrapassa as próprias partes, e é essa ampliação que
enseja o uso da reclamação conforme consta no art. 102, I da
Carta Magna, Conforme disciplina GILMAR FERREIRA MENDES:
Esse efeito vinculante em relação a órgãos ouautoridades que não integram de alguma forma o processosomente parece fazer sentido se se admitir que eleatinja não apenas a questão submetida ao Tribunal e porele decidida, mas também outras questões de idênticoconteúdo (gleiche Rechtsfrage). Por isso mediante avinculação de órgãos, pessoas ou autoridades estranhasao processo, evita-se que, surgindo a mesma questãojurídica, sejam instaurados novos processos desse tipo(outras partes, outro pedido, mas idêntica questãojurídica). Opera-se, pois, uma ampliação do efeitovinculante, no plano subjetivo, para além dos limites dacoisa julgada21.
O desrespeito à decisão transitado em julgado com eficácia
vinculante autoriza o uso da reclamação constitucional contra
decisão divergente, que poderá ser proposta por todos aqueles20 MARINONE, Luiz Guilherme. Efeitos das decisões de constitucionalidade ede inconstitucionalidade no Direito Brasileiro. Disponível em<http://icjp.pt/sites/default/files/media/1140-2472.pdf.> Acesso em09/07/2014.21Op. Cite.
17
que forem atingidos, ao entendimento firmado pelo STF, em
julgamento de RE.22
5. Da Reclamação
A reclamação constitucional é um instrumento jurídico
processual, prevista na Carta Constitucional de 1988, é uma
proteção contra decisões arbitrárias dos órgãos do judiciário
e da administração pública, preserva a competência dos
tribunais superiores, garante a observância da competência e
supremacia das decisões. Inserida no art. 102, inciso I,
“processar e julgar, originariamente: e na alínea L, “a
reclamação para preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões”, no art. 105 “Compete ao Supremo
Tribunal de Justiça: inciso I processar e julgar,
originariamente: alínea f a reclamação para a preservação de
sua competência e garantia da autoridade de suas decisões,
também tem previsão na Lei n. 8.038/1990 e na Lei n.
11.417/2006 e no Regimento interno do STF e do STJ.
Com a EC n.45/2004, foi inserido o art. 103 A §3° que
dispõe “do ato administrativo ou decisão judicial que
22 NOVELINO, Marcelo. Efeito Vinculante nas decisões do Supremo TribunaFederal. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/8769/o-efeito-vinculante-nas-decisoes-do-supremo-tribunal-federal#ixzz35zWegBJK> Acesso em07/07/2014
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contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
procedente, anulará ato administrativo ou cassará a decisão
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com
ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso”. Desde então,
destaca-se a importância da reclamação, com funções vitais
para o funcionamento e existência do sistema, com a nova
finalidade dada pela EC n. 45/2004, impôs respeito à
operacionalidade e eficácia da súmula vinculante, que depende
da operacionalidade e eficácia da reclamação, para assegurar a
atuação dos órgãos de cúpula do Poder Judiciário23.
A reclamação é medida judicial cabível oriunda de
construção jurisprudencial do STF, disciplinada inicialmente
pelo regime interno do Supremo, nas palavras de LEONARDO LINS
MORATO: “A reclamação não tem cabimento para impor o
cumprimento de jurisprudência, ainda que se trate de
jurisprudência dominante, ou de súmula sem efeito vinculante,
mesmo emitida pelo STF”. Para o ajuizamento da ação, o
reclamante deve fazer parte do processo, com decisão
desrespeitada pela autoridade reclamada e tenha sido atingido
juridicamente pelos efeitos.24
Neste sentido conforme a Rcl 14.367:
Segundo a orientação firmada pelo Supremo TribunalFederal, são legitimados à propositura de reclamação
23MORATO, Leonardo Lins. Reclamação e a sua Finalidade para Impor Respeito àSúmula Vinculante. . in Wambier, Tereza Arruda Alvim (coor) et al Reformado Judiciário: Primeiras Reflexões sobre a Emenda Constitucional n.45/2004, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005 pp 397 ss.24 Op. Cite.
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constitucional todos aqueles que sejam prejudicados poratos contrários às decisões que possuam eficáciavinculante e geral (erga omnes). [...]. a reclamação nãoé instrumento de uniformização ou garantia da aplicaçãode jurisprudência (cf. Rcl 1.665-AgR, rel. min. MarcoAurélio, Pleno, DJ 17.06.2005; Rcl 1.639-AgR, rel. min.Octavio Gallotti, Pleno, DJ 24.11.2000; Rcl 1.880-AgR,rel. min. Maurício Corrêa, Pleno, DJ 19.03.2004).[...],os reclamantes não foram partes nos processosmencionados, nos quais teriam sido firmados osprecedentes tidos por violados. Portanto, na linhajurisprudencial desta Corte, é evidente a ilegitimidadeativa dos reclamantes. Ademais, esta Corte já decidiu,reiteradamente, que não cabe reclamação quandoutilizada, como no caso, “para fazer prevalecer àjurisprudência desta Suprema Corte ou para impor-lhe aobservância, em situações nas quais os julgamentos doTribunal não se revistam de eficácia vinculante [...].Portanto, não basta para o cabimento da reclamaçãoargumentar que a questão controvertida seja contrária àjurisprudência do STF (cf. Rcl 726-AgR, rel. min. IlmarGalvão, Pleno, DJ 17.04.1998). sa linha, a ementatranscrita a seguir, proferida em precedente de minharelatoria (Rcl 6.135-AgR, rel. min. Joaquim Barbosa,Pleno, DJ 19.02.2009): CONSTITUCIONAL. RECLAMAÇÃO.ALEGADA VIOLAÇÃO DA AUTORIDADE DE ORIENTAÇÃOJURISPRUDENCIAL SUMULADA. SÚMULA DA JURISPRUDÊNCIADOMINANTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NÃO CABIMENTO.DECISÃO QUE NEGA SEGUIMENTO À RECLAMAÇÃO (ART. 161, PAR.ÚN., DO RISTF). AGRAVO REGIMENTAL. A reclamaçãoconstitucional (art. 102, I, l da Constituição) não émeio de uniformização de jurisprudência. Tampouco servecomo sucedâneo de recurso ou medida judicialeventualmente cabível para reformar decisão judicial.Não cabe reclamação constitucional por alegada violaçãode entendimento jurisprudencial, independentemente deele estar consolidado na Súmula da JurisprudênciaDominante do Supremo Tribunal Federal ("SúmulaTradicional"). Hipótese na qual a orientação sumuladatida por ofendida não era vinculante, nos termos do art.103-A, § 3º da Constituição. Agravo regimentalconhecido, mas ao qual se nega provimento 25.
Se o julgamento da reclamação for procedente poderá ser
arbitrado uma tutela mandamental, a Suprema Corte determinará
25 <http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2623487>20
que a autoridade reclamada obriga-se no “cumprimento da
decisão desacatada, ou a respeito da norma de competência
desrespeitada, ou a aplicação adequada, ou a inaplicação da
súmula vinculante dependendo do caso submetido em questão”.
Todas as medidas para a completa obediência da decisão por
parte da autoridade reclamada serão tomadas para que se
alcance o fim almejado26.
O julgamento de procedência da reclamação terá como efeito
a cassação da decisão ou a anulação de um ato administrativo,
o Supremo “determinará que outra seja proferida com ou sem
aplicação da súmula, conforme o caso”. A decisão tem uma
“eficácia dobrada que além de ser eficaz para si mesma, torna
eficaz também um provimento jurisdicional anterior” (art.
103A, §3° CF). “Em todos os casos, os prejudicados poderão
reivindicar por meio das vias próprias, a reparação dos danos
que por ventura tenham sofrido, em decorrência do desrespeito
da súmula vinculante”. Após julgado o desrespeito a uma súmula
vinculante, o Supremo entender necessária a sua aplicação,
determinará e emissão de um ato ou de uma decisão por parte da
autoridade reclamada, conforme a súmula, mas se não for caso
de aplicação, “pode o supremo determinar que outro ato ou
outra súmula sejam emanados da autoridade reclamada, sem a
aplicação da súmula vinculante discutida na questão”27.
6. Conclusão
26Op.Cite. 27 Op. Cite.
21
Ao término desse estudo observa-se que foram criados
diversos mecanismos para minimizar a demanda dos trabalhos
na Suprema Corte, o que muitos autores convencionaram chamar
de “crise do judiciário”, alguns foram instintos enquanto
outros permanecem até os dias de hoje, todos com a precípua
finalidade de garantir a razoável duração do processo,
promovendo a necessária celeridade, dessa forma respondendo
aos anseios da sociedade.
Para responder aos questionamentos propostos foi
necessário se ater a alguns desses mecanismos com maior
afinco, como a repercussão geral, servindo como filtro de
admissibilidade do Recurso Extraordinário, trazendo a
apreciação do STF somente questões de relevo social.
A pergunta feita no titulo da possibilidade de se falar
em eficácia vinculante, a resposta é sim, o efeito
vinculante inserido no ordenamento jurídico brasileiro a
partir da EC n.45/2004, visa construir o precedente com o
foco também na celeridade processual, vinculando decisões
judiciais. Os questionamentos com relação aos fundamentos ou
motivos determinantes, na aceitação pelo STF, verificou-se
indefinição com relação às jurisprudências, existindo forte
divergência neste sentido entre os ministros.
Certamente este trabalho elaborado de maneira bastante
reduzida não expressou todo o alcance que tão rico e
fascinante assunto deveria expressar, mas na certeza que
todos os questionamentos foram respondidos.
22
7. Referencias Bibliográficas
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