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ra na mesma largura do

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Omega é um precioso presente que

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ques-

tão de bom-gôsto, mais vale presen-

tear bem do que

muito - e com

um Omega você consegue ambas as

coisas. Cada vez mais, em todo o

mundo, vai se afirmando a idéia de

que um Omega é bem mais que um

bonito relógio. O nome Omega dis-

tingue, hoje, o que

é de grande cias-

se - traduz a satisfação de oferecer,

a alegria de ganhar. É um régio

presente, constantemente recordan-

do a ternura de quem o ofereceu ...

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a quem você deseja

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os direitos reservados. / Impressa em oficinas próprias e

nas da S.A I.B. — Soe Anônima Impressora Brasileira, S P

As opiniões dos artigos assinados nâo sào necessàriamente

as da revista, podendo até mesmo ser contrárias a estas

UMA PUBLICAÇÃO DA EDITÔRA ABRIL - ANO III - NÚMERO 33 - DEZEMBRO 1908

O rosto de Lufs Carlos Prestes J6 nfio 6 o mes-

Capa mo. Suas id6ias e seus m6todos, por6m, nfio mu-

daram nada. Desenho de Carlos Alberto Lozza.

- ¦ 00 E*te 6 o camarada Prestes — Paulo Patarra des-

tXClUSIVO 38 ceu aos subterrfineos do PC para ouvir, pela

primeira vez desde 1964, Luis Carlos Prestes.

O júri é soberano — Sete pessoas se reúnem

Documento 63 para decidir os destinos de um ser humano, Ouem

julga estará à altura de tamanha responsabilidade?

O pequeno prêmio — Contrastando com o luxo e

C0StUITI6S 80 OS prêmios do Jóquei Clube, as corridas de trote em

São Paulo vivem das pobres ilusões dos humildes.

62 chances de não morrer nem sofrer — Na luta

Medicina 99 contra a morte e a dor, implantes e transplantes

chegam a criar um nôvo ser, o homem recomposto.

Internacional

Guerra e paz no kibutz — Jovens de todo o mun-

116 do chegam a Israel para trabalhar nas fazendas

coletivas e revolucionar a educação tradicional.

Multos carros para esta vaga — As fdbrlcas

Progresso 136 de autom6veis agora sfio s6 quatro, mas produ-

zem dezessete modelos. Como escolher entre dies?

Agonla e queda de Salazar — Odylo Costa, filho

Depoimento 148 viveu os dias dramdtlcos em que Portugal teve

de substituir o homem que governava h£ 40 anos.

O que 6 o mar — Os mistSrlos guardados pelo mar

Ensaio 164 s§o decifrados pelos versos de Chico Buarque

de Hollanda e pelas fotos de David Drew Zingg.

O troplcallsmo 6 nosso, viu? — O mais discuti-

MA c'° movlmento artfstlco desde o aparecimento da

bossa-nova agora sauda o povo e pede passagem.

Acontece que 6le 6 balano — Mas essa 6 apenas

pprfji 4 Q0 uma das muitas razSes para explicar Caetano Ve-

rer™ loso e seu camlnho em nossa jovem musica popular.

Ciência

Êles não estão brincando — Um grupo de profes-

202 sôres descobriu uma forma alegre de ensinar Físl-

ca. Êles vivem numa cidade do interior paulista.

A revolução dos bichos — Sátira de George

Conto 219 Orwell aos primeiros tempos da Revolução Russa.

Uma crítica a todos os tipos de autoritarismo.

Naitu eaquerdaa o Braall confla — Os planoa

Esoorte 236 de reconquista da Copa do Mundo, no M6xico, In-

cluem trfis canhotos: G6rson, Rivelino e Tostfio.

Gueixas, adeus — Pouco a pouco, as tradlQfies

Mulher 246 do Japfio vfio cedendo ao progresso. At6 quando a

gueixa resistird como sfmbolo da mulher oriental?

Tiragem desta edição: 445 000 exemplares

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Há mais de um ano a Ford vem tes-tando exaustivamente os veículos

da Linha Willys, a fim de compro-var a sua qualidade.

Aqui no Brasil e em Detroit, téc-

nicos especializados da Engenha-ria Ford analisaram cada um doscomponentes dos veículos Willys.E depois, o seu todo.

O resultado disso foram 405modificações que acrescentaram à

qualidade Willys a qualidade in-

ternacional Ford. Aquela mesma

qualidade responsável pelo êxito

que os carros Ford vêm obtendonos centros automobilísticos mais

avançados do mundo.

Isto, traduzido em benefícios para você, significa melhor fun-

cionamento. Menor custo de manutenção.

Por exemplo:

Melhor sistema de freios — Os veículos da Linha Willys 69 pos-suem, agora, tambores e lonas de freio iguais aos do Gálaxie.

Quer dizer: o tambor é maior e mais grosso do que os normal-

mente produzidos, evitando que haja aquecimento excessivo

nos freios; e a lona possui melhor coeficiente de fricção, redu-

zindo, assim, a possibilidade de freagem desigual.

Melhor vedação — Agora, os veículos Willys vêm com vedação

de borracha nas janelas — muito mais duráveis e melhores que

a vedação comum de feltro. Além disso, a vedação de borracha

ajusta-se melhor à janela, evitando a vibração e o barulho.

Novos limpadores de pára-brisa — Os limpadores de pára-brisa

dos veículos Willys 69 são iguais aos do Gálaxie. Isto significa

melhor limpeza, maior área de varredura, borracha com maior

duração, melhor acabamento.Novos amortecedores — Mais duráveis, mais resistentes, muito

mais macios.

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Estauma delas.

Novo diâmetro no eixo traseiro —

Os eixos traseiros da Linha Willys69 são reforçados em virtude do

aumento do diâmetro do tubo. Émaior capacidade de carga, melhor

rigidez, mais durabilidade.

Motor com novos mancais — OAero-Willys 69 tem mancais iguais

aos do Itamaraty. O resultado disso

é maior precisão no funcionamen-*T to, maior folga entre as partes mó-

Çm veis, funcionamento mais silencio-

^* so, menor desgaste, manutenção

da pressão do óleo por um períodomais longo.

Motor reforçado — Evita a possi-bílidade de vazamento de óleo.

Transmissão com nova vedação — Possibilitando aperfeiçoa-mento na engrenagem sincronizada.

Embreagem aperfeiçoada — Permitindo a diminuição do esforçodo pedal e um funcionamento mais rápido do mecanismo*de de-sembreio.

Diferencial auto-blocante — É mais estabilidade. Mais segurança.Menor desgaste dos pneus.Silêncio — Os veículos da Linha Willys 69 são mais silenciosos.Você não ouve nenhum barulho. Nenhum.

Estes são apenas exemplos das vantagens que você obterá

das 405 inovações introduzidas pela Engenharia Ford, na Linha

Willys 69. Há outras, muitas outras.

Por que tantas vantagens?

Para que a Ford pudesse introduzir a modificação n."406.

Que é precisamente o Oval, a marca Ford. A prova de que a

qualidade Willys foi definitivamente comprovada.

A mesma marca que lhe permitirá chamar, daqui para frente,

os veículos Willys de Itamaraty Ford, Aero-Willys Ford, Pick-up"Jeep"

Ford e "Jeep"

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sônicos B-2707 voarão a 2900 km horários. Nós nãovivemos no futuro. Estamos simplesmente atualizados.

***%\%*m*mÊmanos servindo o Brasil

r

NOTA DA

REDAÇÃO

HOME

PARA HOMEM

A

partir dêste número, Paulo Patarra

(que estêve em REALIDADE des-

de o dia em que

ela começou a ser pia-

nejada e da qual

foi redator-chefe, de-

pois diretor da Redação) deixa a revista

e passa

a dirigir o setor de novas publi-

cações da Abril Cultural.

A despedida de Paulo Patarra está na

página 38. Uma entrevista

que parecia

impossível, dado o segrêdo que

cerca os

movimentos do entrevistado: o líder co-

munista Luís Carlos Prestes. Ao publicar

êsse trabalho, REALIDADE não visa

apenas ao

"furo"

jornalístico, nem mos-

trar as peripécias

vividas pelo

repórter

para localizar e ouvir um homem mis-

terioso. Trata-se de um documento im-

portante sôbre os comunistas, essa seita

subterrânea marcada por

tantas incóg-

nitas e tantos dogmas, hoje como sempre

ditados por

Moscou. Uma seita que per-

manece viva, fiel à sua vocação totali-

tária e obstinadamente empenhada, pe-

los tortuosos caminhos da ilegalidade,

em tomar o poder

no Brasil, diretamen-

te, se possível, por

intermédio de prepos-

tos, se necessário.

As palavras

de Prestes a Paulo Pa-

tarra devem ser entendidas como uma

advertência aos ingênuos, aos que

acre-

ditam numa democratização do comu-

nismo de obediência russa. Basta consi-

derar os aplausos do chefe vermelho bra-

sileiro à intervenção soviética na Tche-

coslováquia para

medir a impermeabili-

dade do PCB aos mais elementares prin-

cípios de liberdade e de independência

dos povos.

Destaque a sua

personalidade

com as fragrâncias

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no homem?

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A distinção?

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personalidade?

O espírito?

Segundo as mulheres,

a personalidade

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resumo de

tudo...

homem*..

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As controvérsias do sexo

Sr. Diretor: Meus parabéns pela reporta-gem "Sexo sem Medo". Estou de plenoacordo com Dona Sabá Gervásio, aquelaque diz, na sua reportagem: "Nunca faleem educação sexual. Fale somente em edu-cação, num sentido amplo. Porque educa-ção deve abranger tudo".

Regina LealSão Paulo — SP

Sr. Diretor: Para ser sincera, devo dizerque a reportagem sobre o ensino das coisassexuais na escola quase atinge as raias dapornografia. Assim, sim, que se põe malíciana cabeça das crianças desde o pré-primário.

Maria Aparecida MagalhãesRecife — PE

Sr. Diretor: Nunca tive educação sexual enem por isso sou infeliz. Quero que meusfilhos sejam educados como eu fui, paraque sejam felizes como sou.

Antônio José SérvuloRio de Janeiro — GB

Sr. Diretor: Genial, genial, a reportagem"Sexo Sem Medo". Se todo mundo tivessea educação que as crianças daquelas esco-Ias têm, haveria menos problemas. Por fa-vor, continue sua campanha (que tambémconsidero minha) por um Brasil mais inte-ligente.

Suzana PrestoRio de Janeiro — GB

com dois trabalhos, ambos magníficos. Oúltimo artigo, então, "Quem não Tem suaMania", está simplesmente genial. Sou cea-rense e, como tal, portador de uma incurá-vel mania, o bairrismo. Pude observar queas duas melhores edições de REALIDADEforam exatamente as que tiveram em suaspáginas o humor sadio e maravilhoso desseilustre conterrâneo.

Wellington Alves de SouzaRecife — PE

De padres e celibato

Sr. Diretor: Em pleno século XX, onde aciência, a tecnologia, o pensamento humano,o erotismo pelo infinito, pelo além, peloincognoscível imperam sobre a Terra: ondeos governos sofrem opressão pelos erros es-truturais de seus ascendentes, dos operários,estudantes e da massa generalizada; ondea Igreja sofre pressão pelos leigos, pelospróprios clérigos, pelos protestantes, pelosoposicionistas e demais seitas, é estéril eprejudicial uma reportagem como a quea vossa revista acabou de lançar, sobre reli-gião. Existem mil problemas, além do ce-libato, a serem solucionados. Afinal, ondeestá o princípio filosófico dessa revista:amontoar problemas, angustiando a huma-nidade, ou apresentar bússola de solução?

Henoque Veríssimo de AmorimArapiraca — AL

Sr. Diretor: Aquela tal de Dona Cinira,orientadora educacional do Ginásio Pluri-curricular não sabe o mal que está fazendo!Não posso entender como os pais deixamque aquelas crianças tenham orientaçãosexual em classes mistas. Ainda bem quemoro muito longe deste absurdo.

Celso W. FerreiraFortaleza — CE

Cada um com sua mania

Sr. Diretor: Ê um desperdício gastar cincoou seis páginas com reportagem como"Quem não Tem sua Mania" e "Este Ame-ricano Vai à Guerra", enquanto muitosacontecimentos da crise atual deixam deser publicados. Edi Ventura

Florianópolis — SC

Sr. Diretor: Gostei muito da reportagemque Chico Anísio escreveu, "Quem nãoTem sua Mania", principalmente no ^trechoem que dizia que os gaúchos têm a "mania

de dizer que são super-homens, mais ho-mens que os outros". Ê certo, eles dizemque no Rio Grande do Sul só tem "homens .Bem, eis o consolo de um paranaense: nós,nesse caso, somos mais felizes, pois aquié dividido: a população é metade compostade homens c a outra metade de mulheres. .

Antônio Carlos SpejorimBftO Johó do» Pinhais PR

Sr. Dil «tor: Chico Anísio apenas contribuiu

Sr. Diretor: Li com muita atenção o artigosobre o celibato e fiquei entusiasmado por-que o número de padres que se casam crês-ce dia a dia. Não se pode subtrair do ho-mem um direito natural, que lhe é inerente,que nasce consigo mesmo desde a primeiraformação de célula-máter da vida humana.Não entendo como a Igreja Católica Ro-mana prega o casamento como sacramentoe exime seus chefes religiosos desse mesmosacramento.

Virgílio de SenaPresidente Prudente — SP

Sr. Diretor: Aprovo e recomendo o celibatovoluntário, isto é, a abstenção sexual espon-tânea. Reprovo e condeno o celibato com-pulsório, porque é contra a natureza e oEvangelho, e é fonte de grandes males, fí-sicos e morais. O celibato sacerdotal obri-gatório foi decretado pela Igreja não pre-cipuamente por motivos espirituais, mas porconsiderações políticas e financeiras. O pa-dre sem família é um instrumento maisdócil e manejável nas mãos da hierarquiaeclesiástica do que o homem casado e paide família. Além disso, quando um sacer-dote celibatário morre, não raro, deixa suafortuna para a Igreja, ao passo que os bensmateriais do cidadão casado passam paraseus herdeiros. Convém não esquecer queo direito canônico da Igreja Romana nãoconsidera excomungado nenhum sacerdoteque viva com mulher ou mulheres; exco-mungado é somente o padre que, como diza lei eclesiástica, "atentar matrimônio civil",isto é, o padre que deixa num cartório odocumento por escrito de seu casamento.

HlBERTO ROHDENRecife p^

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SerraMeqra • Serrana/J^^P-^p.' Jj^LStr\io^o^l^y^ ^>jvi i'i***jÍk]2flÍS3n| H|b« raiara ^m&\.' t Jt*J&5^^ ^FÊtElXm^ *.' *\ V^i^fl

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A Umbanda e seus mistériosSr. Diretor: Acabo de ler REALIDADE,na qual encontrei a reportagem "Uma FéMisteriosa: Umbanda" e. homem que sou.inteiramente dedicado à Umbanda, não po-deria deixar passar esta oportunidade paravir cumprimentar o autor da reportagempela forma sincera com que descreveu amesma. No entanto, venho discordar dastotós publicadas, pois, em sua maioria, nãocondizem com nosso ritual. Isto porém éexplicável, tendo em vista a grande confu-são ainda reinante entre Umbanda, Can-domblé, Quimbanda e outros rituais deri-vados dos cultos afro-brasileiros.

Adyllon de Oliveira FreitasDiretor Presidente

Federação Umbandista doVale do Paraíba

Guaratinpruetá SP

Sr. Diretor: Desejo enviar meu maior aplau-so pela reportagem feita por esta concei-tuada revista sobre a Umbanda e seus mis-térios. Somente uma revista de liderançacomo REALIDADE tem a coragem deabordar um assunto tão real como a Um-banda.

Íris da C. Godoy PresidenteGrupo Espírita de Umbanda

"Doze Apóstolos"Porta Alegre RS

O Brasil já conhece Cruzeiro

Sr. Diretor: Há três meses estive em Cru-zeiro do Sul, integrando o projeto RondonII. A reportagem honesta, leal, inteligente,simples, objetiva, cheia de humanidade mos-tra um repórter na acepção da palavra (hojesão poucos). Que possa o Brasil contar comtrabalhos honestos e inteligentes como êstede Eurico Andrade e seu companheiro, emelhores condições terá na hercúlea tarefade manter brasileira a Amazônia.

CÉLio S. MoreiraPiracicaba SP

Sr. Diretor: Admirador e leitor de REA-LI DADE desde seu início, felicito-os pelamagnífica reportagem sobre Cruzeiro doSul. É graças a estas reportagens que ficamos nossos governantes alertados da infiltra-ção estrangeira quc poderá surgir com adeficiência de estradas, escolas e saúde pú-blica naquele fim *Ao Brasil.

BDOAI Stein OliveiraSanta Ross — RS

O problema das crianças, ainda

Sr. Diretor: Há anos, a APAE instituiuum conctiiso abo to aos estudantes das es-colas normais c institutos de educação ofi-ciais, visando a premiar o melhor trabalhosôbrè ¦ criança excepcional. O que é maisinteressante grande parte dos trabalhos fa-zia mtnçlO. como bibliografia, à reportagemda RI Al IDADF Se tal fato não nos sur-preendeu dada .» alta qualidade daquelareportagem, sentimo nos no dever de ates-

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de todos nós, em prol da criança excepcio-

nal deficiente mental.

Percílio de Oliveira — Presidente

Associação de Pais e Amigos

dos Excepcionais

São Paulo — SP

As dúvidas sôbre o racismo

Sr. Diretor: A reportagem "Eu

Vivi o Ra-

cismo nos EUA" não foi sòmente sensacio-

nal e maravilhosa como também serviu para

nos mostrar o drama que lá se passa. Esta

reportagem tirou muitas dúvidas e escla-

receu certos pontos em minha mente. Ago-

ra, pergunto: como será o fim do racismo,

dessa guerra entre pretos e brancos? O que

fará o presidente dos EUA para sanar êsse

terrível perigo que os ameaça?

Sblàudiano Cacri Filho

Monte Aprazível — SP

Com conhecimento de causa

Sr. Diretor: Li com grande interêsse a re-

portagem

"Um País Está com Mêdo", sôbre

a Bolívia, onde estive em 1966/67, como

estudante. Os autores demonstraram conhe-

cer sobejamente a atual política boliviana.

Sem dúvida, é mais uma das grandes reali-

zações de REALIDADE.

José Cunha

Juiz de Fora — MG

O jogo da natureza

Sr. Diretor: Como professôres que somos

do Departamento de Biologia Geral da Fa-

culdade de Filosofia, Ciências e Letras da

Universidade de São Paulo não poderíamos

deixar de fazer um comentário sôbre o ar-

tigo "O

Jôgo Espantoso da Natureza", do

Sr. Michel Cecílio. O artigo, que poderia

ter sido muito interessante, apresenta uma

série de erros básicos: 1) onde o autor

ouviu falar que o espermatozoide se divide?,

2) o conceito de cromatina sexual dado no

artigo é absurdo; 3) o quarto parágrafo da

página 75 está horrendo, além de conter

erros graves, dá a idéia de que os 46 cro-

mossomos do homem foram descobertos

antes de 1915; 4) as células sexuais reúnem-

se na fertilização, e não na fecundação,

como está afirmado; 5) casamento de ervi-

lhas?; 6) relação entre ervilhas e genes?;

7) não há nenhum mistério ou surpresa no

fato de nascerem crianças de olhos azuis

de pais de olhos castanhos. Nenhum de nós

conhece o Sr. Michel Cecílio. Parece-nos

que êle errou profundamente por

nao ter

procurado a fonte certa. Aliás, o artigo nao

dá fonte de consulta.

Doijtôres: Renato Basile, Hamilton Targa,

Antônio Cestari, André Luiz Perondini,

Luiz Edmundo Magalhães, Luiz Carlos » -

mões, Sílvio Toledo Filho, Edson P. dos

Santos, João Morgante

São Paulo — SP

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/4 reportagem mencionada, como outras

publicadas em REALIDADE, não foi diri-

gida a médicos, biólogos ou outros especia-

listas, mas sim ao grande público. Isto

justifica a substituição de têrmos técnicos,

conceitos definidos com rigor científico, por

uma linguagem acessível ao leitor comum;

ao leigo, enfim. Daí a possibilidade de se-

nões como alguns dos apontados pelos sig-

natários da carta, que leram a matéria com

olhos de especialistas, naturalmente preocu-

pados com a exatidão científica da exposi-

ção feita na reportagem. Essa preocupação

levou à localização de um equívoco de que

nos penitenciamos: afirmação, errada, de

que o espermatozóide se divide (textualmen-

te, na página 75: *'Cada

célula sexual mas-

culina — espermatozóide — divide-se...").

A evidência de que foi um equívoco de

redação é dada pela consulta à página 73,

onde se fala com acêrto das "células

se-

xuais masculinas e femininas, também cha-

madas gametas". Em outros pontos, os auto-

res da carta foram por demais rigorosos

em seus reparos, e rigor não é sinônimo

de justiça. O item 3 fala de ''erros

graves",

mas devemos repisar que foi realmente por

volta de 1915 que os cientistas chegaram à

conclusão de que o cromossomo não pare-

ce uma fita contínua, e sim deve ser con-

siderado como um "colar

de contas". A

fertilização, citada no item 4 é o têrmo

técnico consignado por C. Pavan e A. Brito

da Cunha em Elementos de Genética {pá-

gina 181), mas no Dicionário de Ciências

Médicas Dorland o têrmo fecundação é ci-

tado como resultado da união do esperma-

tozóide e do óvulo. Entre o público a que

se dirige a revista, fecundação é expressão

bem mais conhecida do que fertilização.

O casamento de ervilhas referido no item 5

é válido numa matéria de divulgação cien-

tífica. A palavra casamento foi usada como

recurso de redação para enriquecer a lin-

guagem, depois da repetição, várias vêzes,

das palavras união e cruzamento. No item

7, por exemplo, o especialista não verá real-

mente mistério e surprêsa, mas a reação

da gente comum do povo não é assim tão

fria. Num casal de olhos castanhos, em que

marido e mulher ignorem as sutilezas da

genética, o nascimento de um filho com

olhos azuis nem sempre é recebido com

naturalidade. Quanto ao autor do artigo,

Michel Cecílio não é médico, biólogo, nem

geneticista, mas sim jornalista. Se não foram

citadas as fontes por êle consultadas, isto

se deve ao fato de REALIDADE não ser

uma publicação científica. Mas esclarece-

mos, neste caso, que as obras consultadas

foram: Um Pouco Sobre a Célula, de Re-

nato Basile (que aliás é o primeiro signa-

tário da carta); Genética Médica, de Newton

Freire Maia e Ademar Freire Maia; Here-

ditariedade Humana, de P. H. Saldanha;

Genética Humana, de Clodowaldo Pavan e

A. Brito da Cunha; e A Célula, da Biblio-

teca Científica Life. De qualquer forma,

agradecemos, e muito, a colaboração dos

professores da USP: afinal, só não erra

quem não faz. fim

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Ninguém tem contato mais íntimo com os móveis da casa

do que a senhora. Afinal, quem cuida deles

todos os dias tirando o pó, arrumando as camas, escolhendo

acessórios para que fiquem mais belos ainda?

Quando eles têm a qualidade de Móveis Cimo, merecem

tudo isso. Porque durante toda a construção foram

tratados carinhosamente. Temos a coragem de dizer que os

homens que fazem os Móveis Cimo têm mais amor por eles

que a senhora! Desde a escolha das madeiras, ate os

últimos retoques de acabamento, tudo é bom gosto e carinho.

Por isso, quando escolher móveis, nunca deixe por menos*,

escolha a qualidade Cimo.

Modelo 6220

-ò** MÓVEIS CIMOMatriz: Caixa Postal, 13 - Av. Sâo José, 770

CURITIBA - PARANÁ

O CONSELHO SUPERIOR DAS CAIXAS ECONÔMICAS INFORMA:

Caixa Federal tem 520agências para melhoratendimento

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At tete» - Os representantes das Caixas Fede-rais de todo o País apresentaram estas teses,todas elas aprovadas:1 - Reorganização das Caixas Econômicas Fede-rais. 2 - Operações ativas: Financiamento deBens de Consumo ; Crédito Pessoal; CréditoProfissional e Crédito Rural. 3 - PublicidadeInstitucional das Caixas Econômicas Federais.4 - Publicidade como Instrumento de Captaçãode Depósitos. 5 - Reforma Administrativa. 6 -Uniformidade de cobrança de taxas e emolu-mentos por parte das Caixas Econômicas Fe-derais. 7 - Necessidade de atualização de conhe-cimento e adoção de novas técnicas, nas CaixasEconômicas Federais. 8 - Operações Passivas:Adoção de métodos e processos de estímulo aopessoal das Agências de depósitos. 9 - Captaçãode recursos em substituição àqueles originaisdo Setor Público. 10 - Depósitos Judiciais.11 - Manutenção dos depósitos de entidadespúblicas, mediante convênio. 12 - Recepção eaplicação do Fundo Nacional de desenvolvimentoda Educação. 13 - Financiamento à EducaçãoEscolar. 14 - Introdução do Sistema de chequesde viagem nas Caixas Econômicas Federais.15 - Extensão da Conta Movimento para as de-mais congêneres federais. 16 - Extensão daResolução 31/66 do Banco Central relativo aodepósito com correção monetária. 17 - Tomadade posição quanto à extinção do cheque nasCaixas Econ. Federais. 18 - Operações Passivas:Financiamento junto ao Banco Nacional deHabitação. 19 - Conveniência da Criação de umaAssessoria de Planejamento e Organização.20 - Criação do Fundo de Garantia e Reserva.Outras teses, também aprovadas, foram absor-vidas por estas, pois tratavam de assuntos cor-relatos.

A PUBLICIDADE - Uma das preocupações dosconvencionais foi instituir um plano único depublicidade de âmbito nacional, para divulgaçãodas operações da Caixa Federal. O assunto foiobjeto das teses 3 e 4. Ao discutir a elaboraçãode um plano publicitário, a Caixa visou a ençon-trar uma fórmula para aumentar os depósitose fixar melhor a sua imagem junto ao público.Há necessidade de uniformizar o apelo a serusado por todas as Caixas Federais, que não obs-tante enquadradas no Sistema Financeiro na-cional, não estão em condições de concorrerem igualdade de condições com os bancos, por-que existem restrições às suas atividades. Enecessário partir para uma competição agressivaem busca de recursos. O apelo deve mostrar asvantagens da Caixa: a rentabilidade do capitale a prestação de melhores serviços.O ponto principal das teses apresentadas peloCONSUPER e pela Caixa Econômica Federalde Minas Gerais considerava que, para asseguraro êxito na coleta de depósitos, não basta ins-tituir atrativos, é indispensável divulgá-los con-venientemente. É preciso partir para uma publi-cidade operante e agressiva, uma divulgaçãoampla e objetiva, incluindo prestação de contasao público.Ficou decidido que logotipos, símbolos e "slo-

gana" fixação de imagem e difusão geral deserviços serão uniformes e determinados peloCONSUPER, mas agenciamento e execução depublicidade, quando regional, serão da compe-tência das Caixas Federais, isoladamente.

FUNDO DE GARANTIA E RESERVA - AsCaixas Econômicas Federais possuem 520 agôn-cias sendo a segunda maior rede coletora dedepósitos do País (só perde para o Banco do

Reunidos em Belo Horizonte, de 22 a 25 de outubro, cinqüenta etrês convencionais aprovaram vinte e três teses, que visam a me-lhorar os serviços das Caixas Econômicas Federais de todo o Brasile suas relações com o público. O encontro foi presidido pelo Sr.Oswaldo Pierucetti, presidente do Conselho Superior das CaixasEconômicas Federais.

Brasil). Entretanto, funcionando como unidadesestanques, deixam de usufruir as vantagens deprestação de serviços que uma rode como essapoderia conseguir. Havendo integração poderãooperar com Ordens de Pagamento, Ordens deCrédito, Cheques de Viagem, Cheques Compen-sados, Cheques Visados para pagamento emoutras praças, e Cartão de Crédito. Para mudaressa situação, o Sr. Oswaldo Pierucetti apre-sentou uma tese propondo a criação de um Fundode Garantia e Reserva. As Caixas Federais seintegrarão, de acordo com a tese, através deum convênio padrão, no qual serão previstos osdireitos e as responsabilidades de cada uma. OFundo terá por finalidade compensar os valorestransferidos de uma para outra Caixa Federalsob qualquer modalidade de operações; assegu-rar o suprimento de recursos para atendimentoa prazo reduzido das deficiências financeiras;promover junto ao Banco Central, e outras fon-tes, os entendimentos necessários à obtençãode recursos extraordinários, e transitórios, paraatendimento das deficiências da Caixa que ul-trapassem as possibilidades dos seus recursospróprios.Os recursos para a implantação do Fundo seriamproporcionados por diferentes fontes além doFEDOCEF: contribuição das unidades (propor-cional ao volume de depósitos), taxas e comis-soes com prestação de serviços e transferênciade valores para terceiros; renda de juros e taxasincidentes sobre os saldos devedores de cadaCaixa Federal. O Fundo ae Garantia e Reservaserá administrado pelo CONSUPER (ConselhoSuperior das Caixas Econômicas Federais). Seusresultados líquidos, apurados no final de cadaexercício, serão distribuídos entre as unidadesque participarem do convênio, na proporção desua contribuição para o Fundo.

OUTRAS DECISÕESO cheque continuará a ser usado pelas Caixas,a despeito de se ter cogitado de sua proibição.As Caixas Federais serão reorganizadas, visandoa dinamizar o trabalho.O uso da Conta Movimento será extendido atodos os Estados (isso já vinha sendo feitopela Caixa da Guanabara e Rio Grande do Sul).Foi criado o Depósito Natalidade.As Caixas Federais poderão realizar convênioscom entidades públicas, desde que os depósitosnão constituam verbas orçamentárias da União.Será pedida a revogação dos artigos 3.° e 4.° daLei 4.248 de 30/7/63, para que os DepósitosJudiciais continuem sendo feitos nas CaixasFederais. Além de todas essas resoluções, osconvencionais decidiram instituir um prêmio aser dado aos funcionários por produtividade epelo aumento, dos depósitos.

PARTICIPANTESALAGOASPresidente: Leone de Souza Cavalcanti - As-sessor: Jonas Calheiros de Araújo - ChefeLoteria: Geraldo Tenório ZagalloAMAZONASVice Presidente: Waldemar Andrade.BAHIAPresidente: Tu lio Oscar da Costa Chagas - ChefeLoteria: Aroldo P. de CarvalhoBRASÍLIAPresidente: Thales José de Campos - ChefeLoteria - José Gentil Porto.CEARÁDiretor: José Francisco DuvalESPÍRITO SANTOPresidente: Walfredo Zamprogno - Chefe Lo-teria: José Anchieta L. Sobreira

ESTADO DO RIODiretor: Francisco Ribas - Procurador: VascoRodrigues da Costa - Chefe Loteria: UlranyAndrade CostaGOIÁSPresidente: Thirso Corrêa Rosa - Chefe Loteria:Carlos Antônio GordoMARANHÃOPresidente: Fausto de Jesus Prazeres - Pro-curador: José Vera Cruz SantanaMATO GROSSOPresidente: Ennio Carlos Souza Vieira - ChefeLoteria: Pedro Reis CostaPARANÁPresidente: Adeodato Arnaldo Volpi - ChefeLoteria: Oswaldo CachenskiPERNAMBUCOPresidente: Marechal Manoel dos Santos - Pro-curador Geral: Marcos Augusto de Sá PereiraFreire - Consultor Técnico: Aloísio AndradePereira - Chefe Loteria: Paulo de AleidaQueirozPARÁPresidente: Aluísio Lins de Vasconcelos ChavesChefe Loteria: Hugo Dias FrancoPARAÍBAPresidente: Cláudio de Paiva Leite - Assessor:Hermano Farias - Chefe Loteria: Maria deLourdes MororohPIAUÍPresidente: Balthazar MelloRIO DE JANEIRO - GBVice Presidente: Cláudio Medeiros - Assessor;Ivan Vasconcelos - Assessor: Leo Serejo Pintode Abreu - Chefe Loteria: Carlos Matias CostaRIO GRANDE DO NORTEVice Presidente: João Bianor Bezerra - Pro-curador: Túlio Fernandes de Oliveira - Con-tador: Manoel Newton Siminea - Chefe Loteria:Pedro Martins MendesRIO GRANDE DO SULPresidente: Kanitar Camboim Martins - ChefeGabinete: Sérgio Medeiros Ilha Moreira - Pro-curador Geral: Plínio Azevedo - Sub-Procura-dor: Ari Stefen - Consultor Técnico: AntônioCarlos Mariani Mansur - Chefe Loteria: JoãoFranco S. FerreiraSANTA CATARINAPresidente: Heriberto Hülse - Chefe Loteria:El mo Leal CoelhoSÃO PAULOPresidente: Paulo Salim Maluf - ProcuradorGeral: Ayres Martins Torres - Gerente Geral:Francisco Roberto - Chefe Loteria: GeraldoLuiz Ferraz de NegreirosMINAS GERAISPresidente: José Rezende Ribeiro - Vice Pre-sidente: Jeronymo Machado - Diretor: Cons-tantino Dutra Amara! - Procurador Gera!: JoséChagas Horta - Diretor Geral: José AraújoChefe Loteria: Francisco Levenhagen Pereira

CONSELHO SUPERIOR

Presidente: Oswaldo Pieruccetti - Vice Presi-dente. Ivan Bichara Sobreira - Diretor Geral:Carlos Edmundo Amalio da Silva Filho - Pro-curador Geral: João Dunshee de Abranches -Chefe Consultoria Técnica: Idelmar TarquínioBittencourt - Chefe Gabinete: Ivo Solano Car-neiro da Cunha - 2.° Vice Presidente: Ma-rechal Augusto Maggessi - Conselheiro: Juarezde Souza Carmo - Conselheiro: José do Nas-cimento Guedes - Chefe do Serviço-de Atas:Maria Ribeiro

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O Brasil foi invadido êsteano pela mania do cartaz e háquem veja nisso um sinal dostempos. Os estudiosos da cul-tura de massas acreditam queo prestígio rapidamente conse-guido pelo cartaz entre nossosjovens prova até que ponto es-tamos por dentro do que cha-mam civilização da imagem eque é cada vez mais "vertigi-

nosa" a necessidade de consu-mir mensagens ou símbolosvisuais.

O cartaz aproxima RobertoCarlos e Che Guevara, associapublicidade comercial, propa-ganda política e criação artísti-ca, soma pintura e artes gráfi-cas. Seja qual fôr seu estilo —

psicodélico, art-nouveau, op oupop — e seja qual fôr seu con-teúdo — crítico, humorístico ousimplesmente promocional —,o cartaz é um meio de comu-nicação eficiente e adequado àépoca moderna: custa pouco eatinge logo.

A economia começa na pró-pria forma telegráfica de suamensagem: uma figura, poucaspalavras ou nenhuma. Repro-duzido e distribuído por todaa parte, o cartaz é um veículoinstantâneo de divulgação. Emmaio último, enquanto os es-tudantes franceses enfrentavama polícia no Quartier Latin, osturistas compravam nas iivra-rias do mesmo bairro as lem-brancas do movimento rebelde:cartazes produzidos horas an-tes pelos universitários.

Os americanos inventaramuma expressão para dar ao car-taz um lugar de importância naordem das coisas: pôsterpower. Já que se falava empoder negro e poder jovem, ocartaz ficou equiparado, pelomenos em matéria de nome,

SEGUE

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Em eiui/fuer fJlíto, o car/^z é um meio de comunicação eficiente e às vezes belo

21

ROTEIRO

aos grandes acontecimentos da

atualidade. Só não se sabe

exatamente o alcance dêsse

poder.

Um cartaz de Toulouse-Lau-

trec mostrando La Goulue, a \

bailarina do Moulin Rouge,

teve o poder de simbolizar tôda

a belle époque, fêz de seu au-

tor um dos nomes mais conhe-

cidos da história da arte e

atraiu o interêsse dos especia-

listas por aquêle gênero

de ex-

pressão. Hoje, na Polônia, exis-

te um museu onde só entra

cartaz: tem cêrca de 35 mil. Na

Suíça, o cartaz é o quadro de

rua, exposto com finalidades

educativas em pontos estratégi-

cos das cidades, dentro de

stands especiais. Nesses dois

países, cartaz é arte para

todos

os efeitos, se bem que uma arte

autônoma, com leis próprias.

Mas o cartaz que os adoles-

centes brasileiros compram em

livrarias, butiques e até em

bancas de jornais tem um signi-

ficado estético e cultural dife-

rente, que rompe com aquela

tradição européia. Ao contrá-

rio dos affiches de Lautrec, o

cartaz americano (porque se

difundiu principalmente nos

Estados Unidos) não é tratado

como uma espécie de irmão

mais moço da pintura, nem é

concebido para ter vida longa.

Comparado aos poloneses, suí-

ços ou alemães, é um "anticar-

taz", como diz o Professor

Décio Pignatari:

Os americanos acabaram

com a nobreza do cartaz. Do-

bram-no e o remetem por ma-

la direta aos mais diversos cen-

tros de interesses e consumo,

para que êstes o difundam co-

mo melhor entenderem. A do-

bra sem cerimônias e a técni-

ca deliberadamente precária di-

zem ao comprador que o car-

taz não deve durar mais que

o acontecimento ou persona-

gem que registra.

Assim, o cartaz é uma ex-

tensão de algo que já aconte-

ceu. Por si só, não institui na-

da de novo. Não cria ídolos,

mas "é

o modo mais fácil de

levar um ídolo para casa". Na

opinião do compositor e publi-

citário José Carlos Capinam:

O pôster está na moda

porque a cultura de elite en-

trou em crise. Hoje em dia,

quando milhões de pessoas que-

rem participar de tudo que

se

faz em todos os campos e que

pode ser consumido ràpidamen-

te, o cartaz tornou-se um ins-

trumento — comercial e cul-

tural ao mesmo tempo — dêsse

processo. Êle não conta uma

história nova, mas repete na j

sua linguagem própria uma

história sabida. Um cartaz de

Guevara não forma novos mi-

litantes; vem a reboque de uma

figura e de um fato.

Mas êsse desejo de partici-

pação, a que o cartaz em par-

te atende, pode significar a

existência de problemas não

resolvidos. Pelo menos é o que j

acha o arquiteto paulista Sér-

gio Ferro, estudioso da comu-

nicação visual:

— Em épocas conturbadas

como a nossa, as pessoas bus-

cam compensações psicológi-

cas para a insegurança e a hos-

tilidade do ambiente. Os sim-

bolos — como o cartaz

— pas-

sam então a ter uma importân-

cia extraordinária. Ê como se

fôssem mágicos: esperam-se dê-

les as verdades orientadoras,

as escapatórias às dificuldades

da existência. Tornam-se, assim,

uma esperança utópica de dias

melhores.

A ser válida essa análise, a

moda do cartaz não desaparece-

rá tão cedo, embora —

como

escreveu um crítico de arte do

Rio — o cartaz mesmo só dure,

"como os ídolos, o instante de

um suspiro".

Cinema

Os moços

estão

inibidos

Houve um tempo em que os

adolescentes escreviam poemas

ou tinham um conto escondido

na gaveta. Depois, com a ex-

plosão dos filmes de Gláuber

Rocha e Nélson Pereira dos

Santos, adotaram a teoria de

que mais vale "uma

câmara na

mão e uma idéia na cabeça"

que muitos manuscritos à es-

pera de um editor. E a litera- i

tura brasileira começou a per-

der talentos para o cinema.

Filmar tornou-se a nova pa-

lavra de ordem: a despeito de

todas as dificuldades materiais

— falta de filme virgem, es- |

cassez de equipamentos para

revelação, sonorização e mon-

tagem —, os amadores saíram

às ruas e produziram nos últi-

mos quatro anos perto

de tre-

zentos curta-metragens, geral-

mente documentários e peque-

nas histórias, com algumas

idéias na cabeça e um olho no

Festival JB-Mesbla, promovido

anualmente no Rio.

O IV Festival, realizado há

um mês, deu uma amostra de

quem são e do que pensam

os

nossos aprendizes de cineasta.

Dos 28 finalistas — onze ca-

riocas, seis mineiros, quatro

paulistas, dois goianos, um flu-

minense, um baiano, um gaú-

cho, um catarinense e um per-

nambucano —, vinte pelo me-

nos são estudantes, com uma

média de idade de 24 anos. Nos

extremos, um garoto de treze,

Bruno Barreto, e um senhor de

48, Aron Feldman.

ê uma gente preocupada

com o que se passa

no Brasil

nos dias de hoje. Mais precisa-

mente, os cineastas amadores,

oriundos das classes médias

urbanas e ligados às universi-

dades, situam seus filmes nesses

cenários. As condições de vida

do homem do campo — tema

predileto dos filmes da primei-

ra fase do Cinema Nôvo —

cedem lugar agora aos proble-

mas sociais e políticos vividos

nas cidades: a violência nas

ruas, as inquietações e frustra-

ções dos jovens. segue

Amador filma onde pode: hasta uma câmara e uma idéia.

22

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Sao Pau.o: ******** Um Cmitto %^^t fT^^'^-'^ fZ «*, . S-,vador: M„cdorald. Fone «OOO

ROTEIRO

Os problemas estudantis, por

exemplo, apareceram a todo

momento nos filmes do Festival

— o que revela uma tendência

clara: os amadores parecem

cada vez mais inclinados a usar

suas câmaras como um instru-

mento de participação aqui e

agora. Mesmo quando a agita-

ção dos estudantes não consti-

tuía o assunto principal, entrava

de passagem, como se os auto-

res quisessem advertir: "Não

pensem que esquecemos disso".

A preocupação com a atuali-

dade social não exclui, porém,

um interesse pelo indivíduo,

por seus conflitos íntimos,

traumas de infância, a questão

do sexo e do amor. A julgar

pelo que se viu no Festival, tais

problemas estão muito presen-

tes entre os jovens. Não é de

estranhar que isso aconteça:

pelo próprio fato de serem

amadores — ou seja, por ainda

não dependerem das exigências

de uma indústria cinematográ

fica —, eles podem fazer cine-

ma antes de tudo como uma

tentativa de auto-expressão. sem

pensar em bilheteria. Da mes-

ma forma como desejam parti-

cipar do que se passa à sua

volta, filmando o momento pre-

I sente, tomam a si própriosI como assunto, como alguém

que se confessa em 16 ou

35 mm. E Freud ocupa o que

a política não absorve inteira-

mente.

Tanta atenção ao assunto,

porém, está prejudicando a in-

ventividade artística dos moços.

Nesse sentido, os críticos

acusam o cinema amador de

falta de imaginação. Analisan-

do o Festival, Ely Azeredo es-

creveu no Jornal do Brasil: "Os

filmes ficaram muito aquém da

expectativa". Ti te de Lemos co

menta para REALIDADE:"Num

festival pobre dc belas

imagens, com muitos filmes

acadêmicos e inibidos, os novos

cineastas trouxeram lições já

sabidas e já transmitidas — por

mestres mais competentes e ex

perimentados. Os jovens têm

uma rara capacidade de levar

a sério o mundo e a si mes-

mos. Entretanto, isto é ainda

pouco, muito pouco, para

quem pretende dizer alguma

coisa com um filme".

Literatura

Qirem tem

medo do

Lobo Mau?

O Lobo Mau, Cinderela, o

Pequeno Polegar, Branca de

Neve, o Gato de Botas, a Bela

Adormecida, Barba Azul, João

e Maria estão sendo acusados

de meter medo em milhares de

crianças e transmitir-lhes va-

lôres ultrapassados. Educado-

res e psicólogos pedem para

eles a pena máxima que pode

sofrer um personagem de fie-

ção: o esquecimento.

O processo das histórias in-

fantis começou na Inglaterra

há vinte anos, quando as esco-

Ias maternais de lá baniram o

conto de Chapèuzinho Verme-

lho por ser "cruel

e falso", e

chega agora até nós: a Escola

Pequeno Príncipe, de São

Paulo, lançou uma campanha

contra os contos de fadas.

Sílvia Bresser Pereira, dire-

tora da Pequeno Príncipe, ar-

gumenta que os contos de fa-

das prejudicam a formação das

crianças e sua capacidade de

entender o mundo. Diz que os

personagens dessas histórias ca-

racterizam-se pela passividadee pelo conformismo e que, nos

enredos, os problemas sempre

se resolvem de maneira mági

ca, pela intervenção de fadas,

príncipes, bruxas, duendes, etc.

Além disso, tais histórias

apresentam uma imagem nega-

tiva do trabalho: Branca de Ne-

ve e Cinderela são condenadas

pelas respectivas madrastas a

trabalhar. A madrasta é cruel

por natureza; quem é belo é

bom, quem é feio é mau, inve-

joso e vingativo; o infeliz é po

bre e a riqueza é o remédio pa-

ra todas as desgraças.

No entanto, as crianças gos-tam. Não se cansam de ouvir

histórias carregadas de angus-

tia e de personagens assusta-

dores que cometem toda sorte

de crimes. Por quê? Uma psi-

cóloga paulista, Maria da Pe-

nha Pompeu de Toledo — de

pois de analisar dez desses con-

SEGUE

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^K*L*\ BHr- ¦ ___L_J__f_^^^^%___^__i ^__l ^^^ sWmÊ '^*^_r_______\W5_\___9*m*, t-bl'* ._fl __P/ __________ ^IH __^__^-__. ^^.____r** __^V7fl__l ^Bjfl RjfS* m-ú-W-ú

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IB - -K^-í*;-'.*** H* -***-\ 'r'-"***mm**m*\. 9\

\ IH PL^flEB

5lÍ-.-.V*'Para os educadoras, as crianças são as vítimas das investidas do Lobo Man

24

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« A

| a- «,** ^ Y ,

4*4- **><

r I#* * « -

IV

Diante de uma mesa atraente,

é 1 )eiii provável que

você nao

se lembre da Rliodia. Alas se

os pratos

iorem tao saudáveis

quanto atraentes, então voeê

deve pensar na Rhodia. Sabe

o prejuízo

(jue a íebre ai tosa

daria ao Brasil em 1()(>/ ? '

bilhões de cruzeiros velhos.

Sabe quem evitou grande par-

te deste prejuízo ? A Rhodia.

Fabricando vacinas para to-

dos os tipos de doenças desde

1946, a Rhodia tem contribuí-

fl»rr. * t

F vi. #¦ ,

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->v-.

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¦ ^jp^|^^^HHnK9iHyp.;

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'

do decisivamente para a saúde

do rebanho bovino do País.

A Rhodia fabrica medicamen-

tos também para a avicultura,

a suinocultura. l'oi ela quem

produziu pela primeira vez,

em escala industrial, a vacina

cristal violeta de Penha e

O'Ápice, para conter um surto

que ameaçava o rebanho sin-

no. Em 1()57), foi ela (piem aju-

dou a salvar a avicultura de

Minas, S. Paulo e hst. do Rio,

fabricando também em escala

industrial a vacina contra a do-

ença de Ne\\ castle. Pioneira na

iabric açào de produtos veteri-

nários, a Rhodia mantém uma

e(|inpe de veterinários cpie per-

corre todo o Pais so para dar

orientações técnicas aos lazen-

deiros e criadores. h continua

pesquisando em seus laborato-

nos de Pauhnia e Santo An-

d ré para

descobrir novas va-

cirías, novos medicamentos.

Agora você sabe porque êste

é um anúncio da Rhodia.

>5-

' ¦

Br

^r Er fl* Ik

r %f* f $ is ¦ ]¦'. '"* OS® M? m

A

^

RHODIA

.SO ANOS CRFSCENDO

COM O BRASIL

?

?

ROTEIRO

tos —, acha que

as crianças

nêles encontram defesa e com-

pensações para seus conflitos

inconscientes. O menino que se

torna rei, a menina que vira

rainha constituem uma satis-

fação simbólica para tôda

criança que deseja destronar o

progenitor do mesmo sexo (o

complexo de Êdipo, de Freud).

O menino abandonado, que

acha uma varinha de condão

com a qual descobrirá a mãe

liberta, momentâneamente, a

criança da angústia de viver e

lhe devolve a segurança per-

dida.

Outros estudiosos, como o

francês Alfred Brauner, prefe-

rem fundamentar suas críticas

aos contos infantis em análises

históricas. Brauner mostra que

até o século XVII as fantasias

que se contavam para

as crian-

ças européias refletiam a preo-

cupação dos pais em ensinar

aos filhos a submissão à ordem

estabelecida. Portanto, serviam

muito mais aos interêsses dos

adultos que à satisfação das

crianças.

Em 1697, Perrault publica

os Contos da Mãe Gansa: Cin-

derela, Bela Adormecida, Cha-

pèuzinho Vermelho, Pequeno

Polegar, Barba Azul e o Gato

de Botas. Segundo Brauner,

muitas dessas histórias — reco-

Ihidas da tradição oral do po-

vo — eram disfarçados instru-

mentos de critica à classe do-

minante, deixando transparecer

as ambições políticas dos gru-

pos urbanos: comerciantes, ar-

tesãos e camadas populares. Os

contos revelam posições comba-

tivas, mas também um certo

complexo de inferioridade e um

sentimento de inveja diante de

reis, príncipes e nobres. De to-

do modo, não eram original-

mente histórias infantis.

Divertir crianças também não

era a intenção dos irmãos

Grimm. Jacob, filólogo, e

Wilhelm, arqueólogo, pesquisa-

ram o folclore germânico em

busca de contos populares. Ao

publicá-los, por volta de 1812.

os autores queriam elevar o

moral do país, então oprimi-

do por Napoleão.

Brauner resume sua opinião:

"Os contos de fadas são obras

de grande valor como docu-

mentos de uma época; nunca,

porém, deveriam cair em mãos

de crianças, onde ficam total-

mente deslocados. Oferecer à

infância êsses tesouros carre-

gados de problemas

do passa-

do e contados de uma maneira

também envelhecida é um ab-

surdo pedagógico".

A educadora argentina Do-

ra Pastoriza de Etchebarne

afirma por sua vez que

os cor»-

tos de Perrault foram escritos

para moralizar e advertir mais

que para entreter as crianças.

Por isso, "abordam

exagerada-

mente o tema do castigo". Mui-

tas dessas histórias foram mo-

dificadas através dos tempos,

para atenuar sua violência.

Hoje em dia, o Lôbo não devo-

ra Chapèuzinho, João e Maria

não são expulsos de casa, a so-

gra da Bela Adormecida não

tenta comer os netos, nem mor-

re num poço cheio de serpen-

tes.

Em compensação, Barba

Azul continua matando suas

mulheres por mera curiosidade,

o Ogre ainda come suas sete

filhinhas em vez do Pequeno

Polegar. E em Alice no País

das Maravilhas, de Lewis Car-

roll, a rainha insiste em jogar

xadrez com pessoas vivas e

manda decapitar as peças ven-

cidas.

Os inimigos das histórias

tradicionais não são contra o

suspense e a fantasia. Esta é

necessária para alimentar a

imaginação é a criatividade in-

SEGUE

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0

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ROTEIRO

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Hm

G-1.004

f

fantil. Mas o suspense não deve

chegar ao ponto de apavorar e

a fantasia não pode iludir: as

fadas não resolvem tudo.

As professoras da Pequeno

Príncipe têm uma receita para

substituir os contos tradicio-

nais: inventar histórias que,

mantendo o clima de suspense,

não exagerem perigos e casti-

gos, que nunca abordem situa-

ções envolvendo conflitos afe-

tivos: nada de abandonos, re-

jeições e vinganças; que

não

proponham soluções mágicas

para os problemas; que

se pas-

sem nos tempos atuais, no Bra-

sil e em outras partes do

mundo.

Monteiro Lobato, um best-

seller permanente,

"é o melhor

que temos", diz Sílvia Bresser

Pereira. A única restrição que

se pode fazer às suas histórias

é que tendem ao extremo opos-

to dos contos moralizantes: no

Sítio do Pica-Pau Amarelo, as

crianças fazem o que bem en-

tendem, sem autoridade nem

disciplina. Mas os educadores

cada vez mais preferem essa li-

berdade aos jantares macabros

do Lôbo Mau.

Ctenda

As regras

do jôgo

de falar

Um dia, na década de 20,

Benjamin Whorf, perito de uma

companhia americana de se-

guros, foi investigar um incên-

dio ocorrido numa fábrica. Êle

descobriu que a causa tinha

sido uma palavra: os emprega-

dos jogavam pontas de cigar-

ros perto de tambores com o

rótulo vazio. Eram tambores

vazios de gasolina mas cheios

de gases combustíveis. Os em-

pregados sabiam disso, mas não

podiam resistir à sugestão de

que vazio significa inofensivo,

neutro. Estavam condicionados

pela linguagem.

Êsse incidente ajudou Ben-

jamin Whorf a desenvolver a

teoria segundo a qual a visão

de mundo e a própria ação dos

membros de uma dada cultura

dependem das características

da língua que falam. Vinte anos

depois, o antropólogo francês

Claude Lévi-Strauss, influen-

ciado pelo lingüista russo Ro-

man Jakobson, viu que podia

estudar as relações de parentes-

co entre os indígenas brasileiros

aplicando às suas regras —

quem pode, ou não, casar com

quem — um método parecido

ao que se usa no estudo das

regras de linguagem.

Durante muito tempo, essas

teses só interessavam a um pe-

queno grupo de entendidos

os lingüistas —, cuja preo-

cupação era definida pelo gran-

de público apenas como uma

maneira sofisticada, pedante e

enfadonha de tratar de ques-

tões gramaticais, literárias e

quando muito

— da lingua-

gem do dia-a-dia. Mesmo ho-

je, quando tanto se fala no es-

truturalismo de Lévi-Strauss,

não é comum saber que a lin-

güística estuda o conjunto es-

truturado de regras que tornam

possível a comunicação hu-

mana.

Quando falamos ou escreve-

mos, fazemos infinitas esco-

lhas entre letras, palavras e suas

combinações. Escolhemos, po-

rém, não segundo a nossa von-

tade. Quem manda é um con-

junto habitualmente desconhe-

cido de convenções e normas

sociais: as regras do jôgo das

palavras, que não se confun-

dem com as regras puramen-

te gramaticais. E os lingüistas

pretendem ser os jogadores

ca-

pazes de decifrar tais normas,

relacionando-as com os valo-

res culturais dos povos.

Ê um trabalho rigoroso e

altamente especializado, que

envolve até computadores e

estatística; por isso se diz

que a lingüística é a mais

refinada entre as ciências

humanas. Mas seus resultados

aparecem numa série de apli-

cações práticas, algumas de ex-

trema importância. Por exem-

pio, a lingüística ajudou os

americanos a descobrirem o que

chamaram o código operado-

nal do Politburo: dissecando a

estrutura de linguagem dos do-

SEGUE

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(Stat^fodr

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Shnrlock Holmes

eoeasodo

melhor whisky

" -

Elementar, meu caro Watson: o melhor whisky

é o que

tem o melhor

"blending". E eu apenas descobri

que GLEN BLAIR é o

que tem o melhor

"blending". Lògicamente, é também o melhor whisky"

o melhor

"blending"

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21

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[UD SIM!]IMPORTADOS[mo \

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& VÔOS

Você é capazdc dizer os

nomes dessespersonagens?

^§3/

d 2).

Tentou? Fácil, não? Esses personagens de WaltDisney povoaram a sua infância... e a de mi-lhões de outras crianças, em todo o mundo.

Como você, os seus filhos também gostamdesses personagens. Eles representam momentosde alegria, através de historinhas sempre interes-santes, educativas e saudáveis.

Você os encontra simpáticos e coloridos comosempre, nas revistas Pato Donald, Mickey e ZéCarioca—revistas da Editora AbriL•oDTAopni jossajojrf f íppjtd 'i jsituwp ipjj i stui 'hv

©1965, WALT DISNEY PRODUCTIONS

ROTEIRO

cumentos oficiais do PartidcComunista da União Soviética,sentiram-se capacitados a com-preender e — até certo ponto

a prever o comportamentodiplomático dos russos e seusaliados em situações de crise.Dizem até que esse códigoorientou os representantes dosEUA nas conferências de pazna Coréia. Ê muito possívelque os americanos estejam re-correndo de novo à lingüísticapara conhecer as intenções dosnorte-vietnamitas nas atuaisconversações de Paris.

Alguns lingüistas acreditamaté que se possa estudar a his-tória de toda uma época ana-Usando o raio de ação de cer-tas palavras-chave. Partindodo princípio de que as pala-vras, sozinhas, não têm valor,pois dependem do contextoem que se encontram, eles bus-cam em documentos do pas-sado a explicação de certosfatos históricos. Quer dizer, des-crevem uma sociedade atravésde seu vocabulário. Assim, umlingüista demonstrou que, naFrança, após a revolução de1830, os conceitos fundamen-tais — em torno dos quais seestruturava a linguagem —eram individualisme e organisa-tion e que o termo bourgeoisprevalecia sobre prolétaire e ar-tiste.

A lingüística contribui ain-da para resolver problemasneuropsiquiátricos: o ProfessorRoman Jakobson (que há pou-cos meses visitou o Brasil), aoestudar as deficiências de fa-la — afasias — que impedemalgumas pessoas de se lembrarde certas áreas da linguagem,mostrou que elas se dão emsentido inverso da formaçãoda linguagem infantil e que serelacionam com determinadosmodos de expressão da falacotidiana e da poesia, como ametáfora.

E há quem deseje compreen-der certos fenômenos sociaisdo nosso tempo usando os ins-trumentos fornecidos pela lin-güística: é o caso do francêsRoland Barthes, autor de nu-merosos trabalhos na área daTeoria da Informação, interes-sado em encontrar o sistema deregras responsável por algoque afeta a todos nós —a moda.

Artes»*\

Esses bonscartõesde Natal

A arte ajuda a melhorar avida de milhões de crianças em117 países onde a UNICEF —Fundo das Nações Unidas paraa Infância — desenvolve pro-gramas de assistência. Cercade setenta artistas de váriospaíses, incluindo o Brasil,desenharam cartões de Na-tal e calendários para 1969,cuja venda permitirá à UNI-CEF arrecadar 3 000 000 dedólares — 10 por cento do to-tal de recursos que a entidaderecebe dos diversos governos.

Artistas famosos como JiriTrnka e Donald Hamilton Fra-ser doaram trabalhos à UNI-CEF para serem reproduzidosem cartões de Natal. Jiri, otcheco de 56 anos conhecidono mundo inteiro por seus fil-mes de fantoches e desenhosanimados, criou O Rei — opersonagem sábio e justo detantos contos infantis. O in-glês Donald Fraser, paisagistacélebre, desenhou Torres deCatedral.

A brasileira Zoravia Bettiol— Primeiro Prêmio de Gravu-ra na Bienal de Salvador em1967 — produziu a litografiaVendedor de Balões: ummenino com seus balões, flu-tuando contra um fundo defolhas em movimento.

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Teatro

Uma obra-prima:

Galileu Galilei

Muita ambição e pouco dinheiro

são uma constante em nosso lea-

tro. Para não perder os 35 000 000

velhos, concedidos da verba de 1968

pela Comissão Estadual de Teatro

de São Paulo, o grupo Oficina pre-

cisou concretizar até o fim do ano

uma velha ambição: é por isso que

estréia agora Galileu Galilei, a obra-

prima de Bertolt Brecht.

Acontece que nem êsse dinheiro

bastaria para montar uma peça com

sessenta personagens. O diretor José

Celso Martinez Corrêa (Roda Viva,

O Rei da Vela) resolveu o proble-

ma cortando 42. Não é a primeira

vez que isto acontece: o público

brasileiro viu Marat-Sade, de Peter

Weiss, com 32 personagens. Fal-

tavam mais de cinqüenta.

Um mês antes da estréia, José

Celso ainda não havia encontrado

ator para o papel-título, mas con-

fiava num conselho do falecido

Brecht: "A

causa das representa-

ções estereotipadas e sem vida não é

o pouco tempo de ensaio. Se um

ator convencional tiver mais tem-

po, nem por isso interpretará me-

lhor". Em busca de um ator não-

convencional, achou, no Paraná,

Cláudio Corrêa e Castro, diretor, êle

também, do Teatro Guaíra. Como

ator, Cláudio trabalhou ultimamente

em O Homem do Princípio ao Fim,

de Millôr Fernandes.

Cláudio é Galileu sem deixar de

ser êle mesmo, para que o especta-

dor não se envolva emocionalmente

nem se identifique com o persona-

gem. Aqui reaparece a teoria com

a qual Brecht revolucionou o teatro

moderno: o distanciamento. A pia-

téia deve sentir menos, pensar mais

e — sobretudo — concluir por si

própria. Por isso, também Galileu

não é apresentado como herói nem

covarde, mas como um homem em

contradição. Um discípulo o acusa:

"Maldito país que não tem heróis".

Êle responde: "Maldito

país que

precisa de heróis". Mas, logo adian-

te, se contradiz: "Um

homem que

não sabe a verdade é um idiota, mas

o que sabe e a transforma em men-

tira é um criminoso".

Brecht escreveu duas versões de

Galileu Galilei. Na primeira, de

1938 e nunca encenada, a condena-

ção do sábio italiano que ousou afir-

mar há quinhentos anos que "a

Ter-

ra se move", relacionava-se com a

perseguição aos cientistas na Alemã-

nha de Hitler. Na segunda, que

estreou nos EUA em 1947, dirigida

pelo próprio Brecht, o tema de fun-

do é a responsabilidade do homem

de ciência perante a humanidade,

depois da bomba atômica. Daí, o

centro da peça é o povo, não Gali-

leu. E o importante é o que êle fêz

ou deixou de fazer para o povo.

A vida de Galileu é contada em

quadros, desde o momento em que

prova a rotação da Terra em tôrno

do Sol até anos após sua retratação

no Tribunal do Santo Ofício. A li-

gação entre os quadros é dada pelas

canções do alemão Hans Seiler, me-

nos nas cenas do carnevale floren-

tino do século XVI, transformado

por José Celso em carnaval brasilei-

ro do século XX: as teorias de Ga-

lileu servem de enrêdo para o des-

file de uma escola de samba, com

música de Caetano Velloso, Gilber-

to Gil e arranjos do maestro Ro-

gério Duprat.

O quadro carnavalesco faz expio-

dir os sentimentos inibidos pelo tex-

to racional e que a cenografia de

Joel de Carvalho ajuda a formar,

como nuvens antes da tempestade:

no plano superior do palco, o papa

e os cardeais, no meio Galileu, no

fôsso da orquestra o côro — a

hierarquia da sociedade e um uni-

verso repressivo; na platéia, sôbre

a cabeça dos espectadores, um gran-

de Sol.

Dizem que o Galileu de Brecht é

autobiográfico. De fato, o dramatur-

go alemão, nascido em 1898 e morto

em 1956, enfrentou várias formas de

opressão: nazismo, macartismo e

stalinismo. Viveu os últimos anos

na Alemanha Oriental, mas teve

poucas peças montadas na URSS.

Sua segunda mulher, Helen Weigel,

ainda viva, é comunista declarada.

Êle, porém, negou ser comunista. E.

a despeito de todas as acusações que

sofreu, manteve-se fiel ao que Gali-

leu, no banco dos réus, disse da

Terra:

— Apesar de tudo, se move.

Edy Lima

Filmes

Um crime a frio e

um bandido no caos

No dia 15 de novembro de 195s>

uma família inteira da cidadezinha

americana de Holcomb morreu nas

mãos de dois ladrões, Richard Hic-

kock e Perry Smith. O crime tornou-

se conhecido no mundo inteiro gra-

ças ao escritor Truman Capote, que.

após conviver meses a tio com os

assassinos na penitenciária de Kan-

sas, publicou seu romance-reporta-

gem A Sangue Frio.

Ao adaptá-lo para o cinema, o

diretor Richard Brooks precisou con-

vencer Capote de que muitos trechos

do livro deveriam ser cortados ou

resumidos, a menos que o filme

durasse nove horas. Ficou com duas

e a própria condensação deu-lhe um

ritmo ágil, que jamais cansa. Nas

imagens e nos diálogos. Brooks con-

seguiu ser fiel ao escritor — e tam-

bém a si próprio. Pois, em sua lon-

ga carreira cinematográfica, êsse

americano de 56 anos nunca esque-

ceu o jornalista agressivo que foi.

Atraído por temas polêmicos — sem

embora tratá-los com profundida-

de —, Brooks fêz de seus filmes

uma sucessão de rounds como uma

luta de boxe. segue

!

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O

ROTEIRO

Aparentemente, A Sangue trio é

uma fita chocante — e só. No en-

tanto, ela possui uma dimensão

maior — dada pelo romance

— que

vai além do mero episódio para che-

gar ao psicológico e ao social, ao

drama e à análise crítica. Memória,

imaginação e realidade se confun-

dem na figura do assassino Perry

— o anti-herói por excelência —,

cujo universo íntimo é admirável-

mente devassado. No fim, a recons-

tituição do homicídio resume todo

o impacto dêsse modêlo de filme,

que se afasta, com inteligência, da

história puramente policial.

Bem diferente é o clima de violên-

cia e sátira, espontaneidade e cere-

bralismo que caracteriza O Bandido

da Luz Vermelha. Não se sabe se

o diretor Rogério Sganzerla, 2'i

anos, popularizou um filme intelec-

tual ou intelectualizou um filme po-

pular. Rogério levantou tôda a ficha

de João Acácio Pereira da Costa, o

"Luz Vermelha", acusado de dezoi-

to assaltos e dois crimes de morte

em São Paulo, que responde a 150

processos na Justiça. Mas o perso-

nagem real serviu apenas de remoto

pretexto para uma narração radiofô-

nica a duas vozes — a dramatização

de ocorrências policiais é tradição

no rádio brasileiro —

que as ima-

gens ilustram numa mistura anárqui-

ca de faroeste, musical, chanchada

e até ficção científica com discos

voadores e tudo. O Bandido da Luz

Vermelha não expõe fatos lógica-

mente encadeados, mas despeja uma

torrente de idéias. Exemplo: o ban-

dido é transformado na fita em galã

de bolero, com chapéu texano e

calça hlppy florida. Como num

quadro de Salvador Dali, a reali-

dade — transfigurada pela livre fan-

tasia — não explica o personagem.

Êle deve apenas servir de símbolo

para o que o diretor julga ser o bra-

sileiro típico da grande cidade: um

cafajeste poético.

O Bandido da Luz Vermelha ri-

diculariza a civilização do bem-estar

e faz um discurso selvagem sôbre o

destino dos países subdesenvolvidos

O filme goza a si próprio, analisa

a si próprio e destrói a si próprio.

Resultado: uma das fitas mais ori-

ginais do ano.

Maurício Rittner

Livros

m

China: ontem,

hoje e amanhã

gaFl SAWYER S

Quando a Revolução Cultural chi-

rtesa estourou nas manchetes do

mundo inteiro, não havia nas livra-

rias brasileiras um só livro em por-

tuguês sôbre a China atual. A única

tradução feita na época, Os Pensa-

mentos do Presidente Mao, nada

esclarecia: sôitas no tempo e no es-

paço, as míni-citações de Mao Tsé-

tung não ajudavam o leitor a ter

uma idéia do que se passava no

outro lado do globo.

Êste ano, a situação melhorou.

Quatro livros nos oferecem um qua-

dro mais ou menos satisfatório da

questão chinesa. Na biografia de

Stuart Schram, Mao Tsé-tung (Bi-

büoteca Universal Popular), a China

é estudada em função dos 75 anos

de vida do seu chefe. Schram, pio-

fessor americano de 44 anos, espt

cialista em URSS e China, tenta an.

lisar objetivamente os fatos do "Ia

birinto chinês", embora não escon

da — como biógrafo — uma cert

simpatia pelo homem Mao. Tam

bém não esconde a principal fonte

de informações sôbre a vida dêsse

homem: um livro do jornalista ame-

ricano Edgar Snow, Red Star Over

Asia, de 1937.

Schram, porém, não se limita a

citar Mao via Snow. Os dados bio-

gráficos aparecem contra o pano de

fundo sócio-econômico: dos anos

de formação do comunismo chinês

até o conflito com a URSS e a Re-

volução Cultural.

Se Stuart Schram vê a China co-

mo um americano descomprometido,

Roger Garaudy. membro do PC

francês, vê a China como um^ "pro-

blema". Em O Problema Chinês (Za-

har), Garaudy, sempre fiel à linha

de Moscou, pergunta: "Por

que a

revolução chinesa, depois de ter

despertado as mais formidáveis es-

peranças, inspira hoje tanta angus-

tia?" E, para provar que "o

modêlo

chinês de construção do socialismo

se afasta fundamentalmente do hu-

manismo marxista", êle confunde as

idéias de Trótski e de Mao, coisa

pouco recomendável num filósofo. .

Querendo medi-la por cifras e pa-

drões econômicos, Garaudy fala da

Revolução Cultural sem entender

seu significado.

Han Suyin, em China no Ano

2001 (Zahar), apresenta o lado chi-

nês — e maoísta — da questão. A

ensaísta e romancista, nascida em

Pequim e residente em Londres,

observa o presente da China dos

mais diversos ângulos^ agricultura,

indústria, população, ciência, educa-

ção, etc. E limita-se a concluir que

serão imensas as transformações nos

próximos trinta ou quarenta anos:

"O ano 2001 começou hoje na

China".

O otimismo da escritora está bem

longe do estado de espírito de Mao

em 1921, quando êle e outros c>nze

fundaram em Xangai o PC chinês.

Mao escrevia: "Aquêle

que resolver

o problema da terra conquistará os

camponeses; aquêle que conquistar

os camponeses conquistará a Chi-

na". A história dessa conquista e

a luta de Mao para impor o seu

marxismo "à

maneira chinesa" é

agora contada pelo jornalista bra-

sileiro Roberto Muggiati em Mao

e a China (Gráfica Record Editora).

Para Muggiati, a revolução co-

meça bem antes de Mao nascer, em

1840, quando os inglêses impõem

pelos canhões a abertura dos poi-

tos chineses ao comércio. Quase co-

mo um romance, Mao e a China

descreve rebeliões sangrentas, a que-

da do Império e o caos da Repú-

blica, as campanhas anticomunistas

de Chiang Kai-shek, a guerra contra

o Japão e a vitória de Mao, a di-

vergência com a URSS e a Revolu-

ção Cultural. A narração se apóia

na análise das motivações culturais

e sócio-econômicas que explicam os

fatos da movimentada história chi-

nesa. E mostra como esta se con-

funde com a rica personalidade de

Mao Tsé-tung, mudando à medida

que muda o pensamento político do

chefe. Nos últimos capítulos, Mao

e a China diz o que pretendem os

"guardas vermelhos" e discute sua

influência nos movimentos dos "jo-

vens enraivecidos" do mundo inteiro.

FIM

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Eis

porque

a Kosmos

tanto se entusiasma

com o Plano

Nacional da Habitação

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Nos 2 últimos anosy a Kosmos transformou

2JOOO inquilinos em proprietários.

A Kosmos é uma das emprésas

credenciadas pelo BNH.

E, provável mente, é a que mais sé

identifica com o espirito do programa

habitacional.

Já em 1937, a Kosmos se lançou em

projetos isolados, construindo e financiando

em 18 anos, a Vila Kosmos, a Vila

Guanabara, a Vila Igaretá e outras.

A Kosmos entregou tôdas as 5.000 casas

prometidas, mas comô nào havia correção

-monetária, nem incentivos do govêrno,

nào pôde, sòzinha, dar continuidade ao seu

programa de casa própria.

É claro que quando surgiu um órgdo

atuante, que regulamentou e canalizou

recursos para a construção de casas

populares, a Kosmos aderiu com o maior

entusiasmo. Com a experiência das realizações

anteriores, a Kosmos compreendeu,

em tôda a extensão, os objetivos do BNH.

O que o BNH fêz e faz pelo

nosso País,

n£o pode ser medido em números.

Os números nào contam a alegria com

que um inquilino se torna proprietário.

Se vocô imaginar o alcance social que

isso representa, você entende o

entusiasmo da Kosmos.

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carro subiu uma ladeira e foi parando. O ho-mem magro, de chapéu e cachecol, tinha fi-cado em silêncio as últimas duas ou três horas.

Êle fumava muito, o que me permitiu observá-lo umpouco, enquanto acendia seus cigarros, que sem-pre me oferecia. Impossível ver-lhe o rosto: está-vamos na parte de trás do veículo — talvez umaperua Ford, inteiramente fechada — que tinha umaabertura, entre a cabina e o interior, coberta poruma cortina escura que deixava passar o ar, masquase nenhuma claridade. Com o carro parado, ohomem me disse apenas para fechar os olhos, aomesmo tempo que — sem que eu esperasse — jo-gou a luz de uma lanterna no meu rosto. Obedeci,a luz era muito forte, enquanto ouvia abrirem aporta.

"Via" tudo avermelhado, através das pálpe-bras fechadas e iluminadas pela lanterna. Meus cál-culos estavam atrapalhados: poderia jurar que eradia, mas sentia que já anoitecera, ou — pelo me-

nos — tínhamos entrado em uma garagem. Levan-tei-me do colchão e saí do carro amparado poralguém, andei uns vinte passos, subi três degraus,dei mais uns passos, uma porta se fechou atrás demim. Aí, uma voz desconhecida avisou que eu po-dia abrir os olhos. A sala — uma sala de jantarcomum, com mesa, quatro cadeiras e cristaleira— ligava-se a uma saleta, com um sofá e duaspoltronas, mais uma estante de livros. O lugar eraescuro, com duas janelas, protegidas por grossascortinas. A única iluminação vinha da porta aber-ta da cozinha, que estava com a luz acesa. Nosofá, bem no meio do sofá, havia alguém sentado.Quando olhei para lá, o homem do sofá ficou depé: cerca de 1 metro e 65 centímetros, magro, ros-to fino de traços pouco visíveis a uns quatro metrosde distância. Ao meu lado, alguém que eu aindanão vira, corpulento e baixo, me disse com um le-ve sotaque nordestino, falando baixo e pausado:

ESTE E 0 CAMARADA PRESTESReportagem de Paulo Patarra

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Um homem sem

rosto está sentado

imóvel, no sofá

0

homem do sofá pareceu sorrir, fêz um gesto que era

quase uma continência e disse simplesmente:

— Muito prazer.

Ao som do "muito

prazer" (nem tive tempo de responder),

uma cadeira era arrastada e o baixinho corpulento me fazia

sentar a uma meia dúzia de passos do entrevistado. Íamos

começar a mais estranha entrevista da curta história de

REALIDADE. E precisava ter certeza de que o entrevistado

era, realmente, o entrevistado. Comecei a perguntar uma por-

ção de coisas ao mesmo tempo. Do sofá, a voz veio calma:

— Queria lhe fazer uma proposta: que tal tomarmos um

café, descansarmos meia hora (o senhor viajou tanto...) e

voltarmos a conversar logo mais?

A voz do homem era a voz de Luís Carlos Prestes. Podiam

ter mudado o seu rosto (depois, tive a certeza de que muda-

ram); os últimos quatro anos de vida ilegal talvez tivessem até

modificado o seu jeito de pensar. Mas uma coisa, naquele

instante, ficou clara: ainda não haviam trocado a voz de Pres-

tes. O homem da saleta era o secretário-geral do PCB, o mais

antigo e o mais forte dos grupos esquerdistas do Brasil.

À sugestão de Prestes, tomarmos café, seguiu-se o desapa-

recimento do homem baixo e forte. Até que êle voltasse, uns

cinco minutos depois, o silêncio foi total. Ou a casa tinha

revestimento anti-ruído ou estávamos em algum bairro resi-

dencial (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, eu não sei), ou

ainda — em alguma pequena cidade, quem sabe numa fazenda.

Naqueles cinco minutos — a sala não tinha relógio e eu,

muitas horas antes, deixara o meu em casa, obedecendo a

acordo que fizera —, Prestes, quase imóvel, lia um livro,

enquanto eu punha um filme colorido na máquina russa que

levara, na tentativa de "impressionar" o entrevistado e seus

amigos. Ao mesmo tempo, pensava no que perguntar primeiro

àquele homem de setenta anos, o mais famoso dos comunistas

das Américas (sem contar os cubanos), cuja vida era conhe-

cida, pelo menos para os que vivem atrás de todas as cortinas

(de ferro ou de bambu), graças ao livro de Jorge Amado, O

Cavaleiro da Esperança, traduzido em dezenas de línguas, com

milhões e milhões de exemplares vendidos. Prestes me diria,

depois, que o livro de Jorge Amado não contém inverdades,

mas é muito romanceado.

Quando o café chegou, em xícaras grandes, Prestes deu

apenas três ou quatro goles, lá no sofá.

Nem de dia, nem de noite

Àquela altura, já estava desconfiado de que não me deixa-

riam chegar perto do chefe do comunismo no Brasil. Assim,

enquanto tentava organizar minhas perguntas, observava o

homem da saleta: dera seus goles no café e voltara à leitura.

Podia vê-lo, mas não seria capaz de descrever seu rosto. A

luz que vinha da lâmpada da cozinha nem me permitia saber,

ainda, se era dia ou noite. Enquanto recolhia a minha xícara,

o homem de sotaque nordestino fêz um sinal para que o

seguisse: fomos para a cozinha, onde uma lâmpada fraca mos-

trava um fogão, geladeira velha, armário e uma poltrona de

couro. No lugar da janela, um cobertor grosso deixava passar

a luz do sol. O olhar do homem — tinha um rosto magro,

apesar da corpulência — era uma indicação: deveria aproveitar

a poltrona. Ali fiquei a meia hora que Luís Carlos Prestes

achou que eu precisava. Estava quase cochilando, quando o

leve cutucão me fêz levantar e voltar para a sala, ao lado dos

meus papéis, longe de Prestes. Este não tinha mais o livro,

olhava-me como a dizer que comigo estava a palavra...

Gostaria que o senhor me dissesse como está, hoje, o

Partido Comunista.

Aquele homem velho — no PC, Prestes é chamado de

"o Velho" — ficou um instante calado, depois apontou para

um pacote de razoável tamanho, na poltrona ao seu lado.

Aqui o senhor tem uma coleção dos últimos documentos

do nosso Partido e também uma coleção da Voz Operária,

órgão oficial do PCB. Sôbre política, não vou lhe dizer nada,

em caráter pessoal. Minha posição é a posição do meu Partido,

claramente exposta no material que o senhor vai levar consigo.

Agora, se me dá licença, queria lhe dizer por que estamos

aqui, por que concordei em conversar consigo, deixando claro

que o senhor pode me perguntar o que quiser sôbre o que

quiser. Só não responderei se achar que os nossos documentos

já falam por si e que, portanto, o que neles está escrito res-

ponde à pergunta. O senhor sabe.. .

Prestes fala baixo, quase sem sotaque de gaúcho, que às

vezes aparece apenas no ch, um pouco chiado.

— Pessoalmente, achava ser inútil qualquer entrevista, com

qualquer jornalista. Mas o Comitê Central resolveu que devia

receber um repórter de um grande órgão de imprensa. E aqui

estamos. Não temos como impedir que o senhor resolva mudar

o que conversarmos. Mas para o País, como um todo, interessa

saber o que pensa e está fazendo o Partido Comunista Brasi-

leiro. Os companheiros de Partido com quem discuti o assunto

são de opinião que, mesmo para a direita mais radical, é inte-

ressante conhecer a posição verdadeira dos comunistas. É por

isso que o trouxemos até aqui.

De repente, uma visita

Em fins de agosto, o jornal carioca Ultima Hora publicou

uma nota em que afirmava que REALIDADE estava prepa-

rando uma reportagem sôbre o PCB. Era verdade. Como é

verdade que há mais de um ano — onde quer que estivessem

os repórteres da revista tinham uma recomendação: espa-

lhar que estávamos interessados em entrevistar Luís Carlos

Prestes.

Alguns dias depois da nota publicada no Rio, a campainha

do meu apartamento, em São Paulo, tocou pelas 10 da noite:

— Gostaria de conversar com o senhor. É coisa desinteresse

da sua revista. mwm

40

I*

O QUE AFINAL QUEREM OS COMUNISTAS BRASILEIROS?

Um livrinho de oitenta páginas,

com a capa reproduzida abaixo,

em tamanho natural, datado dc

dezembro de 1967. resume o que

propõem hoje os comunistas

brasileiros: é a Resolução Poli-

tica, aprovada no sexto con-

gresso do PCB. A primeira parte

trata da situação internacional,"comemora"

o qüinquagésimo

aniversário da Revo ução Russa,

afirma que, "na

época contempo-

rânea, a direção principal do de-

senvolvimento histórico é deter-

minada pelo sistema socialista

mundial e pelas forças que lu-

tam contra o imperia ismo e

pela transformação socialista da

sociedade". Mais adiante, o livri-

nho garante que "nos

países ca-

pitalistas mais adiantados, o mo-

vimento operário trava grandes

batalhas de classe contra os mo-

nopólios", embora não cite qual-

quer exemplo dessas batalhas, fi-

cando efri generalidades do tipo"na

Espanha cresce a tendência

à unidade das forças democrá-

ticas contra a ditadura fran-

quista".

A posição dita progressista de

parte do clero é, também, ex-

pressamente comentada pelos co-

munistas brasileiros: "Reveste-se

de grande significação a posição

assumida pela Igreja Católica, em

cujo seio poderosas correntes

colocam-se em consonância com

as forças que lutam pela paz.

pela democracia e contra a es-

poliação capitalista, e tomam

posição favorável à aspiração

dos povos à independência e ao

socialismo". Em re'ação aos

EUA, admitem: "Continua

cres-

cendo o potencial econômico e

militar dos principais países capi-

talistas, notadamente dos Estados

Unidos", para dizer que, "entre-

tanto, é como fera acuada, em re-

cuo histórico, que o imperialismo

luta encarniçadamente para opor

resistência às forças da revolu-

ção". A seguir, o livrinho fa.a

bem dos vietcongs e mal de Is-

rael, reclama das "provocações"

contra Cuba, "denuncia"

os gol-

pes militares e protesta contra a"nuc

earização da Alemanha Fc-

deral". O primeiro capítulo é

pacifista: "O

esforço perseveran-

te pela unidade de tôdas as fôr-

ças contrárias à guerra mundial

é a tarefa primordial de todos

os comunistas".

Confissão:

um salto industrial

No segundo capítulo da Reso-

lução Política, o PCB cuida da

"situação econômica e social do

Brasil", para dizer que. "entre

1948 e os dias atuais, a produ-

ção industrial multiplicou-se por

quatro, enquanto o produto in-

terno bruto cresceu de 2,6 vêzes

e o número de habitantes aumen-

tou em 60%". Mas acrescenta,

páginas depois: "Êsse

desenvol-

vimento (...) pouco alterou

a posição relativamente inferior

do Brasil no conjunto das na-

ções". Segue-se uma análise

econômica do País, mostrando

que houve progresso, mas que"baixou

o salário real da classe

operária". Nas páginas 28 e 29,

os comunistas tentam envolver

a burguesia: "Com

a industria'i-

zação, ampliou-se o setor da bur-

guesia cujos interêsses estão li-

gados ao desenvolvimento autô-

nomo do País", e concluem que

o mesmo "luta

para controlar

o mercado interno e se choca

com a ação do imperialismo",

já que tal grupo industrial tem

"interêsse pela ampliação do

mercado consumidor", o que

o levaria "a

apoiar a luta pela

reforma agrária. Formou-se e

ampliou-se, assim, um setor bur-

guês que se liga ao movimento

nacionalista e democrático".

Idéia fixa:

contra os EUA

O terceiro capítulo examina"a

mudança do regime político".

As primeiras páginas tentam

provar que o País vive em "re-

gime ditatorial". Depois, por pá-

ginas e páginas, o livro volta à

análise econômica, falando de

imperialismo, latifúndio impro-

dutivo, burguesia nacional (que

seria contra a presença no

Brasil de emprêsas estrangeiras)

e do empobrecimento das cama-

das médias e dos trabalhadores

brasileiros, "3

milhões de operá-

rios urbanos e 5 milhões de as-

salariados agríco'as".

Mais adiante, sempre numa

linguagem dogmática e cheia de

lugares-comuns, os comunistas

asseguram que a "revolução

bra-

sileira, em sua presente etapa,

deverá liquidar os dois obstá-

culos históricos que se opõem

ao progresso da nação: o do-

mínio imperia'ista e o monopó-

lio da terra". E acrescentam: "A

direção do golpe principal está

voltada contra o imperialismo,

particularmente o americano".

Depois, ameaçam: "A

burguesia

entreguista será liquidada como

fôrça social, juntamente com os

outros inimigos da revolução".

Para isso, confessam ter "o

apoio

e a solidariedade do sistema so-

cialista" e que — conquistado o

poder — a

"revolução nacional e

democrática assegurará a comple-

ta libertação econômica e políti-

ca do País", sendo êsse apenas

um primeiro passo. Pois "a

ra-

pidez com que se processará a

passagem para a etapa socialista

dependerá da fôrça e da capaci-

dade de luta do núcleo fundamen-

tal das forças revolucionárias".

E o que devem fazer os co-

munistas para conseguir o que

querem?"Na

situação atual", diz o li-

vrinho. "nossa

principal tarefa

consiste em mobilizar, unir e or-

ganizar a classe operária e de-

mais forças patrióticas e demo-

cráticas para a luta contra o re-

gime ditatorial, pela sua derrota

e a conquista das liberdades de-

mocráticas".

Objetivo:

uma "frente

única**

Em suas últimas páginas, a

Resolução Política do PCB pro-

põe um programa a ser discuti-

do com o que classifica como"vários

setores da frente antidi-

tatorial". E cita o seguinte: "re-

vogação da_ Constituição de

1967", "restabelecimento

dos

direitos trabahistas violados ou

revogados pelo regime autoritá-

rio", "libertação

dos presos po-

líticos e anistia geral", "convo-

cação de uma assembléia cons-

tituinte (...), a fim de e'aborar

uma Constituição democrática","eleições

diretas", "livre

organi-

zação e funcionamento dos par-

tidos políticos, inclusive do PC","adoção

de uma política de

desenvolvimento independente da

economia nacional", "defesa

das

riquezas do País, da indústria

nacional, das emprêsas estatais

e da Amazônia". Enfim, prome-

tem tudo para todos, embora

nenhum regime comunista tenha

— jamais

— permitido outros

partidos ou realizado eleições

livres, além de eliminar seus ini-

migos políticos.

No mesmo tom, novos pontos

são juntados aos primeiros e

propostos como necessários à

formação de uma "frente

única":

"abolição do arrocho salarial",

"medidas parciais de reforma

agrária", "política

externa de

afirmação da soberania nacio-

nal", "defesa

da autodetermina-

ção dos povos".

Como o livrinho é anterior à

invasão da Tchecos'ováquia, não

precisou explicar o que os co-

munistas entendem como auto-

determinação. Em setembro últi-

mo, entretanto, em outro livri-

nho, o PCB justificou, defendeu

e aplaudiu o ataque soviético

à Tchecoslováquia.

Finalmente, garante a Resolu-

ção decidida no sexto congresso

do PCB, realizado em fins do

ano passado: "A

oposição e o

combate crescentes ao regime di-

tatorial tornarão ainda mais re-

duzida a sua base social e po-

lítica (...) As fôrças democrá-

ticas (para os comunistas, o PC

é uma "fôrça

democrática"),

através da ação, poderão con-

quistar a legalidade de fato,

obrigar a maioria reacionária a

recuar, e derrotá-la". Mas adver-

te que "a

ditadura poderá im-

por ao povo o caminho da insur-

reição armada ou da guerra ci-

reição armada ou da guerra

civil" e que o PC deve "pre

tualidade". Como fazer a "pre-

paração", nem uma palavra.

A escuridão,

dentro da máquina dos

comunistas

Antes que pudesse dizer ao jovem de rosto inexpressivo que

me procurasse na redação, êle acrescentou:

Se REALIDADE quer mesmo escrever sôbre o Partido

Comunista, acho que o senhor precisa me ouvir.

Fiz o jovem entrar e — mentindo

— adiantei que a matéria

já estava pronta, que era um apanhado da história e dos obje-

tivos atuais dos comunistas brasileiros.

A voz do jovem era impessoal, seu rosto tinha uma barba

rala, de alguns dias.

O que posso

lhe oferecer são todos os documentos mais

recentes publicados pelo Partido. E o faço, apenas para que

REALIDADE não publique inverdades a respeito do Partido,

o que, me parece,

não é jornalismo

sério.

Resolvi blefar:

Já temos os documentos comunistas. Vamos apenas

resumi-los e transcrevê-los. Agora, se há por parte dos comu-

nistas uma verdadeira vontade de não esconder o que pensam,

diga a êles que o que queremos mesmo é entrevistar Luís

Carlos Prestes, onde quer que êle esteja. Até na Rússia.

O môço perguntou então se tínhamos as resoluções do sexto

congresso do PC, se conhecíamos o estatuto do Partido, se

havíamos lido o jornal Voz Operária.

O meu sim ainda era blefe.

E o que o senhor acha? *

Não concordo. Luta armada, guerrilha no campo ou

terrorismo urbano são crimes contra o Brasil.

O rapaz me interrompeu:

Queria lhe dizer duas coisas: um: em tese, concordo

consigo; dois: essa colocação política não é a do Partido.

Meu amigo —

continuei —, temos arquivados diversos

panfletos que pregam exatamente isso que acabo de lhe dizer.

E os senhores vão publicá-los como documentos do

Partido?

Claro! A não ser que tenhamos prova de que não são

do PCB. A não ser que o próprio Luís Carlos Préstes nos diga

o contrário.

O jovem perguntou como me encontrar nos próximos dias e

foi-se embora.

A "Operação

Pena Boto"

Uma semana depois, quem me procurou foi um cidadão

de uns 35 anos, risonho, rosto redondo, bem vestido e sim-

pático. Parecia o encarregado de

"relações

públicas'' de uma

grande emprêsa. Era hábil e direto:

Tenho uma proposta que deve interessá-lo: o senhor

pode deixar São Paulo por uns dias, para fazer uma entrevista?

Depende de quem vou entrevistar

— respondi.

É uma boa entrevista, acho que o senhor sabe do que

estou falando. Digamos que é o Almirante Pena Boto. Se

estiver de acordo, podemos nos encontrar amanhã cedo, às

6 horas, na calçada do seu prédio. Leve máquina fotográfica,

papel, máquina de escrever. Só queremos do senhor o com-

promisso de não contar a ninguém o que

vai fazer, deixar o

relógio em casa e seguir nossas instruções.

Estávamos na noite de 18 de setembro.

Na manhã seguinte, ainda meio no escuro, desci para a

rua, sem máquina de escrever, e vi alguém na esquina. Cami-

nhei para lá: era o homem de algumas horas antes, que me

segurou por um braço e — depois de

"bom dia" de quem tinha

dormido dez horas — disse:

Vá andando em frente, sem olhar para os lados.

Assim fiz, até que um Volkswagen claro parou do nosso

lado. A ordem veio tranqüila mas sêca:

Agora entre, feche os olhos e sente, sem deitar de lado,

como se estivesse bêbado ou doente. A primeira etapa do

nosso caminho é curta.

O perigo é a polícia

Brasileiro que tem menos de quarenta anos e, de algum

modo, conviveu com os comunistas ou anticomunistas sabe que

Luís Carlos Prestes não é o senhor Prestes. Luís Carlos Prestes

pede adjetivos fortes antes do seu nome: é camarada, buro-

crata, cavaleiro da esperança, stalinista, revisionista, herói do

povo ou carreirista (afinal, desde 1945 Prestes é o

"dono"

do PCB).

Mas chamei-o mesmo de senhor.

O senhor acha que o PC vai bem?

Prestes responde com segurança, embora dê a impressão

de que pensa muito no que vai dizer.

Tivemos uma grande derrota em abril de 1964. Mas

uma derrota não significa perder a guerra. Cometemos erros,

está claro, mas só não erra quem não age. Posso lhe dizer

o seguinte: nosso Partido está organizado, hoje, nacionalmente.

Somos o único partido que escapou ao golpe militar de 1964.

E quantos adeptos tem o Partido Comunista, onde estão

atuando?

O Partido Comunista Brasileiro tem 46 anos. Nesse

tempo todo, cometemos erros e acertos. Em relação aos acertos,

aprendemos que a segurança (para os comunistas, "segurança"

é a capacidade de escapar da polícia) é fundamental. Em 1958,

quando pude voltar à legalidade, depois de onze anos, todo

jornalista que me entrevistava queria saber como fôra a minha

vida clandestina. Então, como agora, não vou contar. São

segredos do Partido. Não vou dizer quantos somos, nem onde

estamos. Só posso afirmar que

hoje, apesar da derrota de

1964, o Partido Comunista Brasileiro está de nôvo organizado,

e que esta organização —

apesar da repressão policial —

aumentai e se consolida. (Em 1945, êles eram 200 mil; hoje,

pode-se pensar em uns 20 mil membros ativos, dentro do PCB.)

O que eu vivera nas últimas trinta ou quarenta horas mos-

trava que, pelo menos como organização formal, aquela gente

era eficiente. Depois do Volkswagen onde entrei de olhos

fechados, quase de madrugada, acabei

— uns quarenta minu-

tos depois — numa casa, aparentemente nos arredores de São

SEGVE

42

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A FAMfLIA Oez sao os filhos de Luis Carlos Prestes. A mais garin, o primelro

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o de concentragao da Alemanha nazista, das sete crian?as da foto, a familia Prestes tem mais I

poucos meses antes que

sua mae — Olga Benario dois filhos: Paulo, 17 anos, e Pedro, 18. Todos, me- I

Prestes fosse executada. A senhora da foto, Ma- nos o cagula, estao estudando em escolas publicas I

ria 38 anos, natural de Itajuba, Minas Gerais, e e sabem que o pai

60 lider do PCB. I

seounda muiher de LCP; as sete crianpas da foto: Dona Maria nao da entrevistas. Sua vida ligou-se I

I Antonio Joao, 14 anos; Rosa (no fundo, a direita), a de Prestes enquanto este fugia da policia, entre H

1 13- Ermelinda (a de cabelos castanho-escuros), 11; 1948 e 1949. Sdmente dez anos depots a imprensa I

Luis Carlos (rosto magro, olhos claros), 9; Mariana come?aria a divulgar o fato. A REALIDADE, a mulher I

fde amarelo) 7- Zcia (lourinha, olhos azul-esverdea- de Prestes disse apenas uma frase: Tenho muito I

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tes oue o pai ainda nao conhece (nasceu a 7 de midade) e, sendo uma pessoa simples e sem cultu- I

iulho de 1964) e cujo nome e 0 resultado de uma ra, nunca imagine! que pudesse ser sua compa-

promessa do proprio

Luis Carlos Prestes a Yuri Ga- nheira. Apesar de tudo, sou uma mulher muito feliz I

43 I

FOTO DE FRANCISCO NELSON

A FAMÍLIA

PRESTES

Dez são os filhos de Luís Carlos Prestes. A mais

velha Anita, 32 anos, vive fora do Brasil e nasceu

num campo de concentração da Alemanha nazista,

poucos meses antes que

sua mãe — Olga Benário

Prestes — fosse executada. A senhora da foto, Ma-

ria, 38 anos, natural de Itajubá, Minas Gerais, é a

segunda mulher de LCP; as sete crianças da foto:

Antônio João, 14 anos; Rosa (no fundo, à direita),

13; Ermelinda (a de cabelos castanho-escuros),^ 11;

Luís Carlos (rosto magro, olhos claros), 9; Mariana

(de amarelo), 7; Zoia (lourinha, olhos azul-esverdea-

dos), 6 anos. O menino no colo da mãe é Yuri Pres-

tes, que o pai ainda não conhece (nasceu a 7 de

julho de 1964) e cujo nome é o resultado de uma

promessa do próprio

Luís Carlos Prestes a Yuri Ga-

garin, o primeiro

astronauta soviético, feita em Mos-

cou, quando sua mulher ainda estava grávida.

Além

das sete crianças da foto, a família Prestes tem mais

dois filhos: Paulo, 17 anos, e Pedro, 18. Todos, me-

nos o caçula, estão estudando em escolas públicas

e sabem que o pai é o líder do PCB.

Dona Maria não dá entrevistas. Sua vida ligou-se

à de Prestes enquanto êste fugia da polícia, entre

1948 e 1949. Somente dez anos depois a imprensa

começaria a divulgar o fato. A REALIDADE, a mulher

de Prestes disse apenas uma frase:

"Tenho muito

orgulho do Velho (ela o trata assim, mesmo na inti-

midade) e, sendo uma pessoa simples e sem cultu-

ra, nunca imaginei que pudesse ser sua compa-

nheira. Apesar de tudo, sou uma mulher muito felizM.

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LCP CONTINUAÇÃO

Êle gosta de falar,tem sempre

uma idéia a defender

Paulo, onde o "relações-públicas" me pôs num quarto pequenoe sem janelas, deu-me jornais e uma garrafa de água mineral,enquanto trancava a porta e avisava que não sabia bem quandocontinuaríamos viagem. Espiei os jornais, fumei muito, bebia água e acabei dormindo. Acho que bastante. Quem me açor-dou — estava escuro no quartinho — foi o homem de cache-col. chapéu e isqueiro a gás. Êle me deu um copo de leitefrio, pão com manteiga, um café e uma ordem interrogativa:

— Vamos?

A cegueira, por escolha

Saí do quarto sem janelas, de olhos vendados. O cidadãode cachecol — muito gentilmente — disse-me que a vendaera uma arma não contra mim, mas sim contra quem pudesseobrigar-me a falar. Ainda delicadamente, o homem apertouum pano preto, enrolado diversas vezes sobre meu rosto, levan-dome até um carro (estou certo de que era um Aero-Willys),pedindo-me — antes de me livrar do pano preto — que fin-gisse domir. Era dia claro, de sol, e, depois de algumas voltas,o automóvel entrou numa estrada asfaltada. A viagem duroude cinco a sete horas, é difícil precisar. Ficar de olhos fecha-dos durante tanto tempo é de um desconforto doloroso. Tãodiferente se torna a relação entre a gente e o mundo, que meu"anjo da guarda" (de cachecol) pegou-me a mão e colocou-ana alça do Aero, pois a cada curva eu perdia o equilíbrio.Naquelas horas, com grandes intervalos, conversamos sobrejornais e revistas, sobre cinema e televisão. A velocidade eragrande e, numa das vezes em que não consegui ficar de olhosfechados, vi que a estrada era de pista simples. Quando o carroparou e me disseram para abrir os olhos, já era quase noite,estávamos num acostamento. No banco da frente estavam duaspessoas, que já percebera horas antes. Não sei por que mepareceu que a estrada era a São Paulo—Belo Horizonte. Foisó ali, procurando algum ponto de referência, que ouvi a vozdo acompanhante do motorista, falando sem olhar para mim.

Vamos lhe pedir mais um sacrifício: daqui a pouco,paramos, descansamos, sempre dentro da nossa combinação.De acordo?

De acordo — respondi.Então, deixe o companheiro lhe vendar de novo os olhos.

Um homem só

Queria saber como seria a revolução comunista no Brasil.O homem sentado no sofá, naquela casa não sei onde, não

foge da conversa, tem prazer em defender seus pontos devista. Prestes gosta de falar:

Não sabemos como vai ser a revolução brasileira, nemtemos uma proposta de como fazer a nossa revolução. Vouexplicar melhor: o PC espanhol, por exemplo, há cinco anos,diz que a greve geral é um caminho: possível, embora nao

seja o único, para derrubar o Governo de Franco. Nós, comu-nistas brasileiros, não chegamos ainda a esse tipo de colocaçãopolítica. (Prestes fala sempre "nós", desde que se trate dequestão política ou ideológica.)

E a vida ilegal?Desculpe, mas já lhe disse que não posso falar sobre isso.

Agora, estou lendo o livro de Dom Helder Câmara. ..Mas ouvi dizer que o senhor pode sair do Brasil com

licença do Governo. ..Em fevereiro deste ano, estive em Budapeste, na Hungria,

representando o Partido num congresso comunista internacio-nal. Como saí e como voltei, o Governo não ficou sabendo,e é evidente que não posso lhe contar como tudo aconteceu.Mas que estive na Europa não é novidade: alguns jornaisbrasileiros noticiaram o fato, transcreveram um resumo deminhas declarações, que no mundo comunista tiveram amplarepercussão.

Prestes tem muitos filhos, ensaio uma pergunta nesse sen-tido.

Minha vida particular é o de menos. Ninguém pode lheproibir de procurar minha companheira e meus filhos. Elesvivem em São Paulo e procurá-los ou não é decisão sua. Só

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V X Gr*ndeOutubro

A imprensa clandestina do PC: além da Voz Operária,órgão oficial e mensal do Partido, dezenas de outraspublicações são distribuídas, em diversos formatos.

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BANKON, RONALDO ESPER & A MULHER

O QUE VALE E A ETIQUETA QAN-LON

PRIMAVERA VERÃO 1968

RONALDO ESPER APRESENTA

DOIS MODELOS DA SUA COLECÀO BAN-LON R

« i b propaganda

1

LCP CONTINUAÇÃO

O "Velho"

nunca ergue a voz, as

mãos não tremem

quero que lembre, desculpe, que eu não estou aqui como pai

de família. Estou falando como secretário-geral do Partido

Comunista Brasileiro.

Enquanto fala, o seu tom de voz nunca se altera, as mãos

de Prestes descansam sôbre as pernas. De repente, aquele

homem de setenta anos levanta a mão direita, une os dedos

e pergunta:O senhor sabe? Eu não conheço o meu último filho.

Apesar do gesto, a frase não é uma queixa, simplesmente

encerra o assunto.

Um santo na parede«

E o que o senhor acha dos padres e bispos brasileiros

acusados de serem esquerdistas?

Se o próprio papa reconhece que o capitalismo não é

saída para os povos subdesenvolvidos, uma vez que aumenta

cada vez mais a distância que os separa dos países ricos, não

fico surpreso com as posições de nosso clero progressista. Nós,

os comunistas, apoiamos a luta de todos que desejam um

futuro melhor para o Brasil. Estamos prontos, portanto, a

apoiar esse setor da Igreja Católica, mesmo porque não nos

consideramos os donos únicos da verdade, embora tenhamos

algumas posições bem claras a respeito de como deveria ser

um novo Governo no Brasil. O poder político precisa estar

interessado realmente no futuro do País. E tal poder, por uma

questão de coerência, deve contar com a presença da classe

operária, a classe que produz as riquezas. Isso tudo não signi-

fica que pretendemos um Governo socialista para já. Só se

pode pensar em construir o socialismo quando o proletariado

ganha a liderança, a hegemonia dentro do Governo. Não sei

se os padres que defendem posições mais avançadas pensam

assim.

Prestes faz uma pausa, enquanto eu me lembrava dos santos

nas paredes da "fazenda".

Depois que o Aero-Willys parou no acostamento e me disse-

ram que íamos descansar um pouco, logo mais, pedindo que

de novo deixasse que me pusessem o pano preto no rosto,

rodamos mais uns poucos minutos pelo asfalto, dobramos à

esquerda numa estrada de terra e — uns sessenta minutos

depois — paramos. A lanterna reapareceu, acesa no meu

rosto, e me ajudaram a entrar numa casa. Lá dentro pude

abrir os olhos: era uma velha mas bem conservada casa de

fazenda (pelo menos, parecia uma casa assim), com cômodos

bem grandes. Estive na sala — onde a "Santa Ceia" ficava

por cima de uma mesa de jantar — e num dos quartos, onde

— depois de comer um prato de arroz, feijão e carne — fiquei

tentando espiar pelas frestas da janela, trancada por dentro

com um cadeado, sob o olhar de um "Santo Antônio, Menino

Jesus ao colo", dependurado na parede. A seguir, deitei-me

e dormi, até que o homem do cachecol me chamou para tomar-

mos a penia fechada que nos levaria até Prestes. Não sei

quanto dormi, mas ao sair da casa vi que ainda era noite.

Como o senhor definiria os padres de esquerda?Como

patriotas, a quem respeito.

Percebo que Luís Carlos Prestes se relaxa e está sorrindo:

O Marechal Lott, tão anticomunista e tão católico, deve

estar perturbado com as novas posições da Igreja.. .

Os senhores continuam achando que o apoio dos comu-

nistas a Lott, contra Jânio, na eleição de 1960, foi correto?

Sim. E a própria renúncia de Jânio, que deu início a

tudo isso que aí está, prova o nosso acerto político. Mas Lott

era um candidato muito difícil, pelas suas posições sectárias,

de um anticomunismo primário. Mas, como era e é um patriota,

o Partido lutou para elegê-lo. (Os homens da ex-UDN que

apoiaram Jânio tinham então uma acusação contra os extintos

PSD e PTB: haviam "comprado", com dinheiro, o PCB.)

E o apoio a Juscelino? Os comunistas votaram nele?

Também, então, quando trabalhamos muito por Jusce-

lino, a sua candidatura era a melhor. Depois, durante o seu

Governo, não deixamos de denunciar a penetração imperia-

lista por êle favorecida e estimulada.

O homem baixo e nordestino interrompeu a entrevista para

avisar que a refeição estava pronta e convidou-me a acompa-

|.min.,,.ni«..iW.ii.. ¦..'¦¦¦ •»•*.* i_tmn*,m»m' <m* *,*»<» <• *<<<*>

VI CooffeffO de

ISyÉi^í*? Cepwiníito Dctnleii*

p|§|àtutod©

nista Brasileiro*'' ~

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.'" ->' HEBE.-»" -.'¦¦.'-.*- ¦

DezembrcDezembro — 1967

Há um ano, o PC publicou seu estatu-

to, aprovado no VI Congresso. Nas

35 páginas do livrinho (veja a fo-

to), estão definidas as obrigações e

direitos dos comunistas brasileiros.

47

*

r

SeYquer

um bom whisky,

escolha

qualquer

destes

quatro.

Muita gente vai preferir

os três detrás.

Afinal, seus fabricantes são escoceses, têm

experiência secular...

Mas Drury's também é feito de acordo com

a tradição escocesa.

Com 30 tipos diferentes de

malt-whisky escocês, destilado

de cereal envelhecido em

tonéis de carvalho, etc.

Por isso, se V. não compra

whisky por causa do rótulo,

escolha indiferentemente

qualquer dêsses quatro.

Sairá satisfeito.

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Na hora da foto,

um acordo:

entregar o filme

nhá-lo até a cozinha. Lá. sentado na poltrona velha, encontrei

o rosto risonho do cidadão que dera início àquilo tudo. Era

o "relações-públicas":

Como é, mestre, tudo bem? Que tal lhe parece

o

"Velho"?

Que não parece nada velho — respondi.

Depois, perguntei como poderia fotografar Prestes, se nem

seu rosto me deixavam ver direito.

Um retrato, de perfil

Você pode fotografar, mas só de perfil e com uma con-

dição: deixar o filme com a gente, pois não podemos correr

o risco de a sua revista publicar uma foto que nos obrigaria

a tomar mais cuidado ainda para proteger o

"Velho". Acho

que já lhe ficou claro que o rosto de Prestes está diferente.

Sabe, tem gente que o conheceu bem, antes de 1964, e que

cruzando com êle, por acaso, não o reconheceu. Voltando à

fotografia: mandamos revelar o seu filme e fazemos chegar a

você os negativos que não mostrem direito o rosto do homem.

Concordei, não tinha saída. Em seguida, disse-lhe que

naquela escuridão era impossível usar o filme colorido que

tinha na máquina.

Você trouxe filme normal, não colorido?

Sim.

Então, por

favor, fotografe com filme normal. Nós não

temos, com certeza, possibilidades de revelar filme colorido.

Depois do almoço, na cozinha, consegui convencer o homem

de que, mesmo operando um filme sensível, não poderia fazer

nada de bom na escuridão em que estávamos. Pedi que êle

abrisse as cortinas da sala, disse que sabia que

era dia, mos-

trando o cobertor na janela da cozinha, iluminado pelo sol.

O homem prometeu discutir o assunto e me levou a um quarto

pequeno, que dava para

a sala, dizendo que ali ficasse.

De um dos cantos da sala saía uma escada, a casa era um

sobrado, Prestes devia estar lá em cima.

Quando o homem voltou, foi logo explicando que era im-

possível mexer nas cortinas da sala, mas que

haviam retirado

o cobertor da janela da cozinha, onde Prestes estava à nossa

espera.

Para lá fomos. Sentado perto da mesa, com a luz do vitrô

a iluminar a parte visível do seu rosto

— ele estava de perfil

—, Prestes permaneceu imóvel, lendo, enquanto eu batia 35

fotos, tôdas do mesmo ângulo, precisamente o indicado pelo

homem risonho.

Um guerrilheiro aposentado

Quando acabei o rôlo, fui conduzido de volta ao quartinho,

onde tirei o filme da máquina e o entreguei. Na manhã de

29 de setembro, encontraria um envelope debaixo de minha

porta: nêle, os negativos liberados, todos muito parecidos,

mostrando menos que o perfil

de Prestes.

Militares americanos, há algum tempo, percorreram o ca-

minho da Coluna Prestes (uma marcha de mais de 24 000

quilômetros, feita a pé ou a cavalo, realizada durante 647

dias — a partir de 1925

—, por cêrca de mil homens, que

dispararam 350 mil tiros, derrotando e escapando de 100 mil

soldados do Presidente Artur Bernardes), para chegar à con-

clusão de que aquilo fôra uma obra-prima de guerra de guer-

rilhas. Um escritor brasileiro, Hélio Silva, tem em seu poder

uma carta do General Mark Clark dizendo exatamente isso.

O senhor acha que o PC pode tomar o poder através

de uma luta de guerrilhas?

Estávamos de nôvo como no início da entrevista, Prestes

sentado no sofá.

Se o senhor se refere ao Brasil, nossa opinião é de que

não existem agora, na situação atual, condições para uma

luta dêsse tipo. Isso não significa, porém, que sejamos contra

a luta armada. Na Resolução Política do quinto congresso

de nosso Partido, afirmamos, expressamente, que devemos

nos preparar e preparar

as massas para a eventualidade de

uma luta armada. O que não julgamos

acertado (Prestes fala

baixo e pausadamente, as palavras parecem um discurso de-

corado, mas o tom é de conversa) é que um pequeno grupo

de pessoas possa fazer uma revolução. Revolução é sempre

obra dos povos, das massas de milhões, como dizia Lênin.

(LCP não cita exemplos. Mas a História o desmente: "Revo-

lução" sempre foi obra de uma minoria, que consegue levantar

um povo.)

Prestes desencosta do sofá, anima-se: se<;ue

¦ M H

Assim era Luís Carlos Prestes antes de abril de 1964.

49

LCP I ONTINUAÇÀO

Quando o assunto é

guerrilha, dois

olhos brilham na sala

?

— Veja, por exemplo, o caso de Guevara. Um grande re-

volucionário sacrificado porque se equivocou na avaliação da

situação boliviana. Como conquistar o poder, derrotar o Go-

vêrno e suas tropas com duas dúzias de homens, sem dúvida

corajosos, mas que sequer conheciam o terreno onde opera-

vam? Guerrilha só é possível quando se conta com o apoio

da população onde se luta, quando se conhece o terreno e

quando se tem efetivos suficientes. Em nosso País, não acre-

ditamos que, hoje, possa ter êxito ou possa contribuir para o

avanço do processo revolucionário a criação dos chamados"focos

guerrilheiros". Isso só serviria como pretexto para

novas medidas de repressão.

Vê-se que o assunto apaixona o chefe dos comunistas bra-

sileiros. Seus olhos brilham mais na sala fechada:

Há quarenta anos, comandei a marcha de uma coluna

pelo Brasil inteiro, sem que as tropas do Governo pudessem

nos dizimar, como queriam. Mas acontece que o nosso obje-

tivo era simplesmente atrair sobre nós a atenção do Governo

e de seus soldados, enquanto outros revolucionários, nas capi-

tais, dariam o golpe capaz de derrubar Artur Bernardes. Nada

disso aconteceu, acabamos entrando na Bolívia e desfazendo

a coluna.A coluna foi um erro?

Não diria isso, porque não renego o meu passado. A

coluna foi, objetivamente, uma luta contra o regime dominan-

te, embora os tenentes de 1922/24 nada entendessem de poli-

tica e ignorassem as leis do desenvolvimento social, as leis

que regem a luta de classes. (Prestes repete Marx com a se-

gurança de um pregador citando texto sagrado.)

E continua:Mas a coluna serviu — pelo menos para mim —

para

conhecer o nosso País de verdade, miserável, pobre e triste,

que vive longe do litoral. Estávamos, então, querendo apenas

trocar os homens no poder, sem mexer nas estruturas do

Governo. A coluna me levou ao marxismo.

Prestes pensa um instante, volta ao presente:Mesmo assim, mesmo já tendo feito uma guerra de guer-

rilhas, não concordo com as teses vitoriosas na conferência da

OLAS, realizada em Havana, em 1967. (Prestes está dizendo,

sem afirmar categoricamente, que é contra a política proposta

por rideí: fazer da América Latina um enorme Vietnam.)

O PCB é contra Cuba?

De forma alguma. Embora possam existir discrepâncias

entre nós e os camaradas cubanos a respeito dos caminhos

mais prováveis da revolução em nosso continente, colocamos

sempre acima de tudo a defesa da Revolução Cubana e a

nossa solidariedade ao Governo revolucionário de Cuba.

E os grupos de esquerda, que pregam a luta armada

aqui no Brasil?

Existem nesses agrupamentos verdadeiros revoluciona-

rios e patriotas. Pensamos, porém, que estão equivocados ao

supor que pregando a luta armada, como única e exclusiva

forma de luta, conseguirão, nas condições atuais, unir e orga-

PRESTES: 46 ANOS

DE MUITA CONSPIRAÇÃO

Prestes nasceu em PortoAlegre, a 3 de janeiro de

1898, filho de militar e de

professora primária, Leocá-

dia Prestes, que quarentaanos mais tarde conseguiria

tirar a neta Anita de um

campo de concentração na-

zista. LCP entrou para o

Colégio Militar aos onze

anos, seu pai morrera poucomais de um ano antes, ter-

minando seus estudos na Es-

cola Miitar do Realengo,Rio. em 1920, de onde saiu

como tenente-de-engenharia,

para construir ramais da Es-

trada de Ferro Central doBrasil. Em 1922, emborativesse conspirado para der-rubar o Governo, não podeparticipar da luta, pois otifo o atacara. Mesmo as-sim. com a derrota dos re-beldes, LCP é transferido

para o Rio Grande do Sul enomeado fiscal da construçãode quartéis. Nessa missão de-nuncia a corrupção existen-te, sem resu'tado, sendo de-mitido e encarregado nova-mente da construção de fer-rovias no mesmo Estado.Em 1924, LCP pede demis-são do Exército para me-lhor, de novo, poder cons-

pirar contra o Governo. Opedido não é aceito. A 5de ju'ho trocas paulistas selevantam, sob a chefia deIsidoro Dias Lopes e Mi-guel Costa, contra o Presi-dente Artur Bernardes. Osrebeldes dispõem de 6 mil ho-mens e são cercados por 30mil, retirando-se para o sul.A 29 de outubro LCP, ain-da capitão, atira-se à lutacom o Batalhão Ferroviáriode Santo Ângelo. Lança ma-nifesto assegurando ao povo"...

a ordem, o respeito à

propriedade e à família". De-cide marchar para o norte,ao encontro do grosso da re-volta. De vitória em vitória,

promovido a coronel, atingeFoz do Iguaçu. Em abril de1925, aos 27 anos, inicia a

grande jornada da ColunaMiguel Costa-Prestes ou Co-luna Fantasma que em 2 anos

percorreu 25 mil quilômetrosde Brasil, atacando, recuan-do, surgindo e desaparecendo

na execução de uma tática

que consagrou LCP no con-

ceito dos companheiros e dos

adversários, pois o chefe no-

minai da Coluna, Miguel

Costa, era adepto dos com-

bates decisivos. Nessa mar-

cha que cobriu Mato Grosso,

Goiás, Minas Gerais, Mara-

nhão, Piauí, Ceará, Rio

Grande do Norte, Pernambu-

co, Bahia, novamente Goiás

de onde, ao fim de quasedois anos de luta, emigrou,

penetrando na Bolívia, a 3 de

fevereiro de 1927. Nessa mar-

cha nasceu o mito do "Cava-

leiro da Esperança". LCP tra-

balha primeiro na Bolívia, de-

pois na Argentina. Ao mesmo

tempo que entra em contato

com a literatura marxista pen-sa numa

"revolução só de

revolucionários". Por isso não

aceita o comando militar do

movimento que levaria Getú-

lio ao poder, em 1930, e pu-blica um manifesto radical,

que obriga seus amigos a dele

se afastarem. Depois, LCP se-

gue para a Rússia, onde tra-

balha e estuda, ingressando

no PCB graças a uma ordem

de Moscou, desde que os

comunistas brasileiros temiam

que o "prestismo" dominasse

totalmente o Partido. Em

1935, LCP chefia a Intentona

Comunista, um golpe arma-

do contra Getulio. Derrota-

do, é preso e condenado a

48 anos de cadeia. Com o

fim da guerra, em 1945, a

anistia liberta Prestes. Comosecretário-geral do PC é elei-to senador, tendo seu man-

dato (assim como os dos

demais parlamentares comu-nista<- do Brasil inteiro) cas-

sado em 1947. O PCB vol-

tava à vida clandestina e nela

permaneceu Prestes até 1958,

quando, enfrentando a possi-bilidade de ser preso, volta

à vida púbMca, sempre comosecretário-geral do PC. Coma Revolução de Março de1964. novamente fora da lei,desaparece nos labirintos davida clandestina. Hoje, 46

anos depois do movimentofracassado de 1922, LCP

ainda está em algum lugardeste País conspirando contrao Governo e contra o regime.

50

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CHEGA

crianças

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LCP CONTINUAÇÃO

Motivo do orgulho:

dizem que o PCB

é cópia do PC russo

nizar os trabalhadores, ganhá-los para a luta revolucionária.E os estudantes, também são muito radicais?Entre eles existem os que defendem posições ultra es-

querdistas e que, justamente por isso, se isolam das massas e

dificultam a unidade do movimento estudantil. Mas a maioria

tende a seguir a orientação tática que defendemos, embora,

em sua maior parte, esses jovens não sejam membros de nosso

Partido.

Quanto mais rico, melhor

Achei que era a hora de falar da invasão da Tchecoslo-

váquia.O setíhor concorda com a ocupação militar da Tche-

coslováquia?

Prestes nem vacila, estava esperando a pergunta:A ação das tropas do Pacto de Varsóvia se tornou uma

necessidade, a fim de defender o socialismo, seriamente amea-

çado. Na verdade, o Governo e o PC da Tchecoslovaquia

haviam perdido o controle da situação. Os elementos hostis ao

socialismo, apoiados pelos revanchistas da Alemanha Ociden-

tal, levantavam-se contra as conquistas revolucionárias do

povo tcheco, o que constituía uma ameaça a todo o campo so-

cialista, à segurança européia e à própria paz mundial. A

construção do socialismo é uma luta, e a última coisa a mudar

no homem é a sua cabeça. Vinte anos de socialismo na

Tchecoslovaquia não significam que os inimigos do socialismo

a ê!e tivessem aderido e que não usariam as armas que pu-dessem para destruí-lo.

Dizem que o PCB é uma cópia do PC da URSS e quesegue estritamente as diretrizes de Moscou...

Fico orgulhoso, se o senhor me diz que somos cópia

do Partido que fêz a primeira revolução proletária da História.

Mas nem isso é verdade, nem devemos obediência à URSS.E o aburguesamento da vida soviética?Quanto mais rica fôr a URSS e seu povo, melhor para

a revolução mundial.E a questão da liberdade, dentro da Rússia?Ê assunto do povo soviético, não do Partido Comunista

Brasileiro.O PCB está com Moscou, contra a China?

Prestes demora mais do que costuma para responder:No fundo, o problema da China se explica pela sua

própria história, pelas condições em que se desenvolveu a

revolução no país. A China, não se pode esquecer, era um

país de camponeses.. Só com a vitória da revolução começou a

se desenvolver uma classe operária. Na verdade, os camaradas

chineses defendem teses que não podem ser aceitas pelo mo-

vimento operário mundial. Veja, por exemplo, o problema da

luta contra a guerra mundial: uma ocasião, numa das últimas

reuniões internacionais a que assisti, o representante chinês

falava de guerra atômica, admitindo que a perda de milhões

de vidas era um preço justo para a revolução mundial, quando

foi aparteado pelo delegado do Luxemburgo, que disse apenas

que aquela não podia ser a sua posição. "Meu

país desapare-

ceria", encerrou êle. Mas, respondendo diretamente à sua

pergunta: não é que estamos com Moscou e contra a China.

Simplesmente discordamos das teses dos camaradas chineses.

O que ó um comunista

O homem baixo e magro do sofá foi condenado, depois da

Revolução de Março de 1964, a catorze anos de prisão, além

de ter seus direitos políticos cassados por dez anos. Assim,

somente em 1978 — quando Prestes vai completar oitenta

anos — poderá voltar a fazer legalmente política. Pergun-

to-lhe o que acha disso:Sou um político, não um adivinho. E, como político,

pesando a correlação de forças dentro do Brasil e no mundo,

considero a possibilidade de que seus cálculos estejam errados.

O senhor já pensou que também os militares são brasileiros?

Que os militares se originam das camadas médias da popula-

ção e que, portanto, podem ver como estão as coisas?

Prestes silencia e sorri de leve.Uma vez, em 1937, fui condenado a 48 anos de prisão.

Saí da cadeia nove anos depois...E a ação militar dos comunistas em 1935, contra Getúlio?Cometemos alguns erros, mas fomos capazes de mostrar

o perigo que o Brasil corria, com Getúlio nos levando para o

fascismo.Como é ser comunista, para o senhor?É ser jovem sempre, é saber que o avanço das ciências

está do nosso lado, que às vezes a gente precisa apoiar hoje

o inimigo de ontem, como fiz com Getúlio, em 1945 e 1950,

apesar de êle ter entregue minha companheira grávida aosnazistas, sabendo que acabariam por matá-la. Ser comunista

é saber que a nossa luta é a luta das massas, que a nós cabeapenas conduzi-las ao poder.

As últimas frases Prestes disse de pé, mas sem levantar avoz. Depois caminhou para mim, dizendo que precisava ir-se.Enquanto Prestes se aproximava, fecharam a porta da cozinhae foi no escuro que êle me estendeu a mão:

Gostei de conversar com um jornalista que não é doPartido. Há quatro anos e meio que não o fazia — e, rápido,subiu a escada, desapareceu.

Da cozinha veio o homem do cachecol, agora sem cachecol,o encarregado de transportes da complicada "Operação

PenaBoto". Trazia uma bandeja com um bule de leite, outra decafé, pão e manteiga. Comi, e partimos na mesma perua em

que havíamos chegado. Já era noite. E o pacote de livros e

jornais que me deram serviu de travesseiro, sobre o colchãoonde deitei e dormi, acordando diversas vezes. Por fim, ocarro parou quase na porta do meu prédio e o homem docachecol levou-me até o elevador, evitando que eu visse ocarro direito. Eram quase 5 horas da manhã do dia 21. Tinhaficado dentro da máquina comunista exatamente três dias.

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LCP CONTINUAÇÃO

BRASIL: A LONGA HISTÓRIA DO PARTIDO COMUNISTA

p

Astrogildo Pereira, jornalista;Abílio de Nequete, barbeiro;

Cristiano Cordeiro, funcionário

público; Hermogênio Si.va. ele-

tricista; Joào da Costa Pimenta,

gráfico; Joaquim Barbosa, ope-

rário; José Elias da Silva,

funcionário; Luís Peres. opera-

rio vassoureiro; e Manuel Cen-

don, alfaiate, reuniram-se no dia

25 de março de 1922, na cidade

do Rio de Janeiro. Realizaram

um congresso e fundaram uma

sociedade civil: o Partido Comu-

nista, seção brasileira da Inter-

nacional Comunista. O "Diário

Oficial" de 7 de abril de 1922

publicou o registro e os estatu-

tos de uma sociedade civil, quetinha por fim:

"promover o en-

tendimento, a ação internacional

dos trabalhadores, a organização

política do proletariado em par-tido de classe, para a conquista

do poder e conseqüente transfor-

mação política e econômica da

sociedade capita'ista em socieda-

de comunista". Abílio de Nequete— o barbeiro — foi eleito se-

cretário-geral do PC.

Primeiras prisões — A partir de

1894, operários brasileiros já co-

meçavam a ser presos por ten-

tar* a comemoração do 1.° de

Maio. No dia 20 de abril de

1906, no Rio, um congresso

operário nacional cria a Con-

federação Operária Brasileira,

sob inspiração anarco-sindica-

lista, que dominou o movi-

mento operário até 1920. Em

1907, ainda no Rio de Janeiro,

houve a primeira manifestação

pública comemorativa do 1.° de

Maio. Outras manifestações ope-

rárias se seguiram, culminando

com movimentos grevistas em

1917/20, sob orientação da COB,

de grandes proporções. São Pau-

lo, em 1917/18, assistiu a uma

greve geral da qual participaram,praticamente, todas as categorias

profissionais. O comércio fechou

as portas, os transportes para-ram. Os comitês de greve toma-ram conta da cidade durantetrinta dias. Os chefes do movi-mento foram presos e os estran-

geiros expu'sos do País.A legalidade do Partido Co-

munista pouco durou no Brasil:fundado a 25 de março, comsede na Praça da República,n.° 40, no Rio de Janeiro, édeclarado ilegal no dia 5 de ju-lho, quando foi decretado estadode sítio no País. Os comunistas

propunham-se a divu'gar o "ver-

dadeiro significado da Revolu-

ção Soviética, o socialismo cien-tífico e o fundamento ideológicodo movimento operário". A li-nha política dos comunistas, nosanos de 1922/24, via como ta-refa a implantação imediata da"ditadura do proletariado" noBrasil, seguindo o modê'o so-viético Em 1925, nos dias 16,17, 18 de maio, eles faziam osegundo congresso. U número demilitantes chegava a quinhentose novas organizações haviam sidocriadas na Bahia, Espírito Santoe Minas Gerais. O congresso es-tudou a situação política nacio-nal e internacional, reformou osestatutos, adaptando-os ao mo-dêlo elaborado por Moscou atra-vés do Comintern, reestruturouos diversos órgãos, determinou aorganização da Juventude Co-munista e qua'ificou o movimen-to sindical, segundo suas tendên-cias. em anarquista, reformistae comunista. Nesta etapa, o PC

abandonou a palavra de ordem

de "ditadura do proletariado",

como tarefa imediata. Procurou

popularizar as realizações da

União Soviética e defendeu o

movimento nacional-libertadordos países coloniais e dependen-

tes. Mesmo sofrendo restrições

policiais, os comunistas partici-

pavam da política. Em 1928 ele-

geram dois vereadores: OtávioBrandão, intelectual, e Minervi-

no de Oliveira, marmorista.

Terceiro congresso — Realizou-

se de 29 de dezembro de 1928 a 4

de janeiro de 1929, na sede da fe-

deração operária de Niterói. Te-

ses e resoluções adotadas: luta

contra o imperialismo, trabalho

nos sindicatos, questão campone-

sa, luta contra o fascismo, orga-

nização do Partido.A linha política do PC não

mudou, no fundamental, até

meados de 1929. Depois come-

çou a seguir uma orientação

mais esquerdista, que, em 1930/

34, chega à palavra de ordem

da "Revolução Socialista ime-

diata". E o PC lançou até um

candidato à Presidência: Miner-vino de Oliveira. Resultado: Jú-

lio Prestes, 1 100 000 votos; Ge-túlio Vargas, 737 000. A votação

de Minervino de Oliveira foiinexpressiva. Quando derruba-ram Washington Luís para levarGetúMo Vargas ao Catete, o PCabsteve-se de tomar parte, Iimi-tando-se a criticar o episódiocomo o entrechoque dos interes-ses ingleses e americanos. LuísCarlos Prestes adotou idênticaatitude. Começavam, então, suasligações com os comunistas. Maso

"namoro" era mais velho: em

1927, Astrogildo Pereira, o en-tão secretário-geral do PC, levoua LCP, na Bo.ívia, algumasobras marxistas.

Prestes versus PC — A ColunaPrestes, que iniciou sua marchaem 1924, saindo da cidade deSanto Ângelo, no Rio Grande,representava as aspirações daclasse média. Possuía um idealliberal-democrático e reinvindica-va a revogação da lei de impren-

sa, voto secreto, unidade e decô-ro da Justiça, estabelecimento doimpério das leis. Prestes, símbo-lo destas aspirações, era o ho-mem indicado para conquistaro povo para a Aliança Li-beral, que tinha Vargas comocandidato. Seu nome foi muitousado, mas sua adesão não foiconseguida nem para a chefiamilitar do movimento. Mas, senão aderiu à Aliança Liberal,Prestes também se recusou a sercandidato pelo Partido Comunis-ta. Considerava o programa doPC (nacionalização da terra e

divisão dos latifúndios, naciona-

lização das empresas industriais

e bancárias imperialistas, aboli-

ção das dívidas externas, liber-

dade de imprensa e organização,

direito de greve, legalidade parao PCB, jornada de trabalho de

oito horas, aumento de salários,

melhores condições para os tra-

balhadores) muito extremista.Fêz uma contraproposta: voto

secreto, alfabetização, justiça, li-

herdade de imprensa e organi-zação, melhoria para os opera-

rios. O PC e Prestes não chega-

ram então a um acordo.

Getulio no Catete — Venceu

a AMança Liberal, pondo mili-tarmente Getulio no poder. O

Partido Comunista quase desa-

pareceu. Em maio de 1930, após

as eleições, Prestes toma uma

posição de crítica, lançando o

chamado "Manifesto de Maio".

Neste manifesto êle se dirige ao"sofrido

proletariado brasileiro eaos trabalhadores do campo",endossando as reivindicações quevinham sendo feitas pelo PC.Cinco anos depois, a Internacio-nal Comunista, controlada pelaRússia, dá a diretriz: que se for-mem frentes populares de es-

querda. E no Brasil nasce aAliança Nacional Libertadora —

ANL — por iniciativa dos co-munistas. Em cerimônia realiza-da no Teatro João Caetano

(Rio), Carlos Lacerda lança onome de Prestes como presiden-te de honra da ANL. Poucosmeses de duração legal teve aAliança. Desenvolveu em todo oPaís uma campanha agitacionis-ta que penetrou amplamente nascamadas médias, entre estudan-tes, escritores e uma parte daoficialidade das Forças Arma-das. A 24 de novembro de 1935a ANL desencadeia uma insur-reição armada que, a princípio,circunscreveu-se a Natal e Re-cife. No dia 27 de novembro su-blevaram-se, no Rio, o 3.° Regi-mento de Infantaria e a Escolade Aviação MiMtar. Em poucosdias o movimento foi dominado,os principais chefes do PC pre-sos. Baixas na luta: dezenovemortos, 167 feridos. Os comu-nistas mataram seus inimigos asangue frio.

Depois, a ditadura — A 10de novembro de 1937 Getulioinaugurou o Estado Novo. Du-rante a última ditadura, até1945, o funcionamento do PCfoi precário. Restaram apenas

pequenas organizações dispersas

pe'o País. A derrota da Ale-manha em 1945, o restabeleci-mento da democracia no Brasil,a anistia dos presos políticos, a

queda do Estado Novo, vieram

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?' ^mWaa%mãtam flfli B_fe. L^Com Getulio Varqas (1945), quando o PC era legal.

com a legalização do PCB. Foi

uma época de crescimento parao PC. Dominava os sindicatos,

dirigia associações culturais e

orientava movimentos de opinião

pública. Prestes, aconselhado poralguns para assumir a liderança

do movimento, indicou o nome

do engenheiro Yedo Fiúza paraa Presidência da República. Mas

seria preciso o apoio de Getulio.

que — por fim — ficou com Eu-

rico Gaspar Dutra. Yedo Fiúza

recebeu 600 mil votos, 10% da

votação geral. O PC chegou a

possuir cerca de 200 mil mem-

bros.

Um partido ilegal — Em 1947,

o PC voltava à ilegalidade. Os

parlamentares comunistas tive-

ram seus mandatos cassados.

Desta época em diante, o PCB

agiu de dupla forma: üegalmen-

te, barganha votos com os par-tidos legais, envia militantes paraestudar na URSS, promove cur-

sos de capacitação política; le-

galmente, edita jornais e revis-

tas, promove conferências e

campanhas. Chega a postos ele-

tivos através de outros partidos.O 4.° Congresso do Partido

Comunista, em 1954, adotou uma

linha po'ítica mais moderada,

em relação ao manifesto de 1.°

de agosto de 1950. Este manifes-

to, assinado por Luís Carlos

Prestes, em nome do Comitê Na-

cional do PC, pregava a insur-

reição armada. O programa de

1954 estabeleceu a palavra dc

ordem da derrubada do Govêr-no de Getulio,

"representante

dos interesses imperialistas e la-

tifundiários". Logo depois morreGetulio e Juscelino é eleito Pre-

sidente com o apoio comunista.

1955/1964, a euforia — A

partir de 1956 as teses do PC jácomeçam a ser contestadas. Emsetembro de 1956, contra a von-

tade do Comitê Central, por ini-ciativa de diretores e redatoresdos jornais comunistas

"Voz

Operária" (semanário) e "lm-

prensa Popular" (diário), abriu-se o debate em torno das quês-toes levantadas com o relatóriode Kruschev condenando o sta-linismo. O debate acabou por di-vidir o Partido. O 5.° Congressodo PC, em 1960, não modificou,no fundamental, a posição doPartido. Situação nacional: "A

exploração imperialista e lati-fundiária entrava o processo dedesenvolvimento do País. Os ca-minhos da revolução brasileirahão de ser pacíficos". Em 1961,o PC coloca-se ao lado do Go-vêrno de Jânio Quadros, emborativesse apoiado Lott, por sua

política de reatamento de rela-

ções com os países socialistas,iniciam campanha para a lega-lização do Partido. No dia 3 dejaneiro de 1964 Prestes vai à te-levisão: "Para se fazer uma re-volução não é necessário que se-ja feita por comunistas". A 31de março de 1964 João Goularté derrubado e o PCB — nova-mente na legalidade — é sacudi-do por lutas internas. Surgiramentão novos grupos, que tentamenfrentar e bater o velho PCde Luís Carlos Prestes. Entreeles estão os que preferem, nolugar de obedecer a Moscou, se-guir os caminhos que começamem Havana ou Pequim, ambospropondo, hoje (em todas assuas subdivisões), so'ucões maisdrásticas que as difundidas porPrestes e seus companheiros.

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Prestes,

uma figura

muito polêmica

Anjo

ou demônio? Patriota ou

aventureiro vendido a Mos-

cou. Os contemporâneos de Pres-

tes se dividem ao julgá-lo:

Dom Agnelo Rossi, cardeal de

São Paulo: "Há

um aspecto navida de Luís Carlos Prestes quesempre me chamou a atenção:

sua capacidade de aparecer e, so-bretudo, de desaparecer da cenanos momentos cruciais para oscomunistas no Brasil. Fico pen-sando nele como um líder bem

teleguiado".

Marechal Cordeiro de Farias:"Conheci Luís Carlos Prestes em1912, aluno do Colégio Militardo Rio de Janeiro. Êle de umaturma anterior à minha. Maistarde, fomos contemporâneos naEscola Militar do Realengo. Dei-xou um lastro de dignidade nosdois estabelecimentos de ensino.Grandemente estudioso, ótimocompanheiro, aparentemente cir-cunspecto. Lutando com grandesdificuldades materiais em seu lar,órfão de pai, era filho e irmãoexemplar. Mais tarde (1924), fo-mos companheiros na Coluna In-victa, onde tinha posição privile-giada. Queridíssimo e respeitado.Franzino, era porém de uma in-crível resistência física. Sem alar-des, era de uma maravilhosa efria coragem. Nessa época, eraum homem aberto, de espíritolargo, sem idéias preconcebi-das, marcadamente anticomunis-ta. Deixamos juntos a Bolívia,em meados de 1928. Êle, para aArgentina, via Paraguai, ondese inicia sua evolução para o co-munismo. Nós, seus antigos com-

panheiros, comandantes dos des-tacamentos da Coluna, tudo fize-mos contra essa sua nova orien-tação. Porém, em vão. Ideològi-camente, nos separamos. Em1935, combati o levante que, sobsua liderança, havia dominado oentão 3.° Regimento de Infanta-ria, na Praia Vermelha, Rio. Naocasião de meu retorno da Euro-

pa, combatente da FEB, em1945, recebi sua visita. Era umPrestes diferente, sectário, semaquela flexibilidade de pensamen-to que lhe era característica. Daíem diante, tivemos apenas encon-tros casuais e frios. Vivemos emmundos diferentes. Mas mesmoassim eu o respeito, pela clarezade suas atitudes, sem o embuça-

mento dos aproveitadores. Neste

particular é o mesmo Prestes

de nossa mocidade. Inteiramenteafastados um do outro, dispostoa combatê-lo ideologicamente en-

quanto forças tiver, do meu ínti-

mo, porém, nunca poderão desa-

parecer os laços fraternais quenos uniram nos sonhos da juven-tude".

Senador Filinto Muller, atual lí-der do Governo no Senado e res-

ponsável pela prisão de LCP, em1936:

"Prestes? Um homem in-

teiramente divorciado da realida-de brasileira. Colocando os inte-rêsses russo-soviéticos acima dosda própria pátria, fracassou e fra-cassará sempre".

Sobral Pinto, advogado de LCP:"Raramente

encontrei, no decur-so dc minha vida movimentada,alguém que, como esse chefe co-munista, revelasse tanta e tama-nha convicção. Convivemos, inin-terruptamente, de 1937 a 1947.Freqüentei-o na desgraça e notriunfo. Nunca variou, nem va-cilou quanto ao ideal que espo-sou com ardor. Renunciou a posi-ções, prazeres e comodidades, pa-ra ver se implantava o comunis-mo em sua pátria. Para isso, en-frentou perigos e arriscou a vida.Só lhe recuso o nobre título deherói porque adoto a filosofia deSanto Tomás de Aquino, que pro-clama

'pois que a força é uma

virtude, e que a virtude deve pen-der sempre para o bem, ela fará,então, que o homem se exponhaà morte a fim de obter um bem'.Ora, Luís Carlos Prestes quer or-

ganizar, na sua e na minha pátria,uma sociedade construída sobrea negação afrontosa de Deus,opondo-se, desta forma, ao cris-tianismo que faz de Deus o ali-cerce da sociedade humana. Não

posso, assim, deixar de lamentar

que tanta energia, fibra, renúnciae sacrifício sejam postos não aoserviço de um bem, mas ao ser-viço de um mal, sinistro e som-brio, como é o ateísmo".

Barreto Pinto, ex-deputado fede-ral: "Prestes,

na Constituinte

(em 1946), disse que, se hou ves-se uma guerra entre o Brasil e aRússia, ficaria com a Rússia. Foiaí que começou o movimento pa-ra fechar o Partido Comunista.Fui autor do projeto nesse senti-

SEGUE

Em tudo queproduzimos está presenteo nosso gostopela perfeição.

Fazemos assim há

quatorze anos no Brasil*

E-t-VJiHS^áíSBSjp-,

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E o fazemos com muito pra-

zer. É quase uma obstinação em

nosso trabalho. Um costume que

herdamos da Alemanha, juntamen-te com a qualidade de sua técnica.

Somamos tudo isso à criatividade

dos engenheiros, técnicos e ope-

rários nacionais. E de 1954 para cá

tornamo-nos uma pujante indústria.

De nossas linhas de monta-

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de partida, dínamos, velas, alter-

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Mas não nos limitamos às

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Um homem

morto

ainda em vida?

do, que depois o Congresso apro-

vou. Prestes foi contemporâneo

dos homens que estão no poder.

Mas hoje não há clima para co-

munismo no Brasil. Há apenas

descontentamentos. Por isso, Pres-

tes é um homem morto em vida."

Alzira do Amaral Peixpto, filha

de Getúlio Vargas: 4

Só vi Pres-

tes uma vez, ràpidamente. Nunca

tive contato com êle. Vários ami-

gos de Prestes tinham dêle as

impressões mais disparatadas.

Mas meu pai o conheceu por

muitos anos e dizia ser êle

um homem feito mais para cons-

truir do que para destruir. En-

tre todas as opiniões, fico com a

de meu pai".

Marechal Juarez Távora: "Pres-

tes foi, talvez, o cadete de maior

capacidade intelectual entre quan-

tos transitaram, em todos os tem-

pos, pela velha Escola Militar do

Realengo. Ainda jovem o capi-

tão de Engenharia, revelou ex-

cepcionais qualidades de chefia,

ao assumir, em novembro de

1924, o comando das tropas su-

blevadas contra Artur Bernardes.

Como chefe do estado-maior

da Coluna Miguel Costa-Prestes,

consolidou aquelas qualidades de

liderança militar, em dois anos

de lutas incessantes. Saturou-se,

então, das trágicas realidades só-

cio-econômicas de dezenas de mi-

lhões de brasileiros. Surgiu daí,

talvez, seu ceticismo sobre a efi-

ciência global do regime capita-

lista para resolver o problema

sócio-econômico das massas sub-

desenvolvidas. Foi alvo, quando

da Coluna, de uma admiração

extensa e profunda do povo bra-

sileiro, sobretudo de sua mocida-

de, sendo justamente cognomina-

do de "O

Cavaleiro da Esperan-

ça". Recusou-se a participar da

Revolução de 1930, que qualifi-

cava de burguesa e reacionária,

declarando-se, em seguida, mar-

xista. Cinco anos depois, tentou,

sob sua plena responsabilidade, a

chamada Intentona Comunista.

Pagou por ela, durante o Esta-

do Nôvo, em provações de tôda

espécie. Seus companheiros revo-

lucionários da década dos 20 la-

mentaram profundamente o dissí-

dio por êle aberto, nos pródro-

mos da Revolução de 1930. Mas,

na verdade, teria sido muito mais

penoso, para todos, se, ocultan-

do então suas novas convicções

marxistas, houvesse chefiado —

como quase certamente lhe ca-

beria — a parte militar do movi-

mento. E após a vitória dêste,

tentasse impor ao País, com o

pêso do seu prestígio pessoal,

uma ditadura de tipo comunista.

A última vez que tive oportuni-

dade de falar-lhe foi em 1945,

na residência do Brigadeiro

Eduardo Gomes, onde fôra para

uma troca de idéias, à margem

da eleição presidencial daquele

ano. Pareceu-me estranhamente

dogmático e refratário às argu-

mentações de um diálogo franco,

como desejávamos. Mas respeito

a firmeza de suas convicções, e

admiro a bravura estóica com

que tem sabido sofrer por elas".

Jorge Amado, autor de O Cava-

leiro da Esperança: "Mesmo

seus

adversários mais virulentos não

poderão retirar a Prestes as qua-

lidades indiscutíveis de patriotis-

mo, de decência, de desprendi-

mento, de coragem, de fidelida-

de às suas idéias, de amor ao po-

vo. Mesmo os que-dêle mais dis-

cordem e mais o combatam, nem

mesmo êsses poderão honesta-

mente negar ser Prestes figura de

grandeza real, indiscutível e de-

finitiva. Quanto a mim, honro-

me em ser seu amigo e admira-

dor. Ligam-me a Prestes o amor

ao Brasil, a seu povo e ao sócia-

lismo".

Plínio Corrêa de Oliveira, presi-

dente da Sociedade Tradição, Fa-

mília e Propriedade: 4

Prestes mo-

delou sua figura e sua legenda

segundo circunstâncias que não

existem mais. O Partido Comu-

nista esperava a vitória, funda-

mentalmente, atraindo, pela per-

suasão, grandes porções da socie-

dade ocidental. Contava vencer

pelas eleições ou pelo menos por

um golpe de Estado, cujos frutos

o apoio de uma forte maioria

tornaria duráveis. Mas as mas-

sas se revelam cada vez menos

politizáveis e, portanto, cada vez

mais refratárias à combustão

marxista. O PC não consegue

ganhar nenhuma eleição, nem

vencer em qualquer golpe de

Estado, a não ser com o apoio

externo da URSS. Por motivos

que ignoro — táticos ou, mais

provàvelmente, de temperamento

— Prestes se recusou a abando-

nar o papel de 'herói'

e adotar

uma atitude aparentemente con-

ciliatória, capaz de engodar os

adversários e assim melhor servir,

hoje, à causa comunista. Por isso.

parece-me aposentado, graças ao

implacável utilitarismo dos diri-

gentes comunistas." fim

a

a

ra

ra ra

lar

oeorriéo \

Jx uitui cmtKú

ttaeccu

amtôka...

MOTORADIO é música para

o Natal.*

¦\ V

1. RADIO P/ÔNIBUS 3 FX.

Duplo controle p

microfone e radio.

2. AUTO-RADIO 3 FX.

Transistorizado.

3. AUTO-RÁDIO

PUSH-BUTTON 6 FX.

Teclado p/

mudança automá-

tica de estações.

Totalmente transistorizado.

4. ANTENAS P/ AUTOS

Tipo chave. Reco-

Ihimento total.

5. TOCA-DISCO PORTÁTIL

Caixa de madeira

revestida de napa.

6. RADIO DE MESA 3 FX.

Pilha e Luz.

7 RÁDIO PORTÁTIL 3 FX.

3 pilhas

tipo lanterna.

Mi—MP

9

motQ

TRADICAO EM SCXO

O Governo

2

Abreu Sodr§

poderia

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ter

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rack) aqui.

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E é isso que estamos fazendo. Quer ver? Sao Paulo ^IV^ ^71 IIV4I IIV^j

levou 84 anos para ter 2.500.000 quilowatts. fl^ _r>flflr%Jfl-rcrijflri.J"lxx

Nos próximos 10 anos vai ter 3 vezes mais. ©STQ ODIICOI ÍOO

Só para você ter uma idéia, 1^ ^^ ^^

Desenvolvimento, do qual nós |^C^|,\p |#OV/vJ«v/ VV|U \J

do Banco do Estado de J»

^Jsrn por »P Para começarenergia elétrica um bilhão e meio mm I^J^N ^N| l^l^^l \/AT

•de cruzeiros velhos por dia. IUUU KJXJ 11 Vl Yv«Li

São 8 hidrelétricas que estão sendo tocadas. Um total de 5.200.000 kw. E só d*as

delas, Ilha Solteira (cujas obras se iniciaram no Governo Abreu Sodré) e Jupiò,

formam o maior conjunto hidrelétrico do mundo ocidental. E quando isto estiver terminado,

teremos criado condições para duplicar a capacidade industrial no Estado. Isto

significará, pelo menos, mais 1,5 milhão de novos empregos, mais conforto e mais progresso.

Nós, do Banco do Estado de São Paulo, estamos orgulhosos disso. Temos muito

a ver com essas obras. É que empreendimentos dessa natureza têm de ser garantidos

por avais públicos. E estes só podem ser concedidos por um Banco do Governo.

Por isso somos avalistas da CEESP, de todas essas hidrelétricas que o Governo

está construindo, da TV Educativa, do Metrô. Mas vamos mais longe ainda.

Vamos garantir esse 1,5 milhão de novos empregos. Porque estaremos

financiando, graças aos depósitos do Governo do Estado de São Paulo e de

850.000 depositantes do nosso Banco, as indústrias que aqui se implantarão.

Percebeu agora porque vale a pena se começar tudo outra vez?

BANCO DO ESTADO DE SÃO PAUIO SA- DOBROU EM UM ANO E CONTINUA CRESCENDO •

PLANO DE INTEGRAÇÃO I DESENVOLVIMENTO-GOVERNO ABREU SODRÉ

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^^^flflfll^_________fl ^^^9 ^^^^^^^^^^fl

Vinte e um são os chamados, sete os escolhidos.

No tribunal, cinco homens e duas mulheres en-

contram-se pela primeira vez. Desse momento em

diante formam o Conselho de Jurados. A eles ca-

berá absolver ou condenar um ser humano. Nem

mesmo o juiz poderá interferir na decisão final.

0 JURI tSOBERBO

Texto de Domingos Meireles Fotos de Adhemar Veneziano

63

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O promotor

cumpre

sua tarefa. Nas

palavras, nos

gestos,

na veemência, a

necessidade de

convencer cinco

homens e duas

mulheres: aquela

ré tem que

ser

condenada. Marlene

não merece perdão.

Maria morreu

e ninguém

se importou

Não

julgueis para que não sejais

julgados, pois com o critério

com que julgardes sereis julga-

dos e com a medida com que tiverdes

medido vos medirão também. Por que

vês tu o argueiro no olho do teu irmão

e não reparas na trave que está no teu

próprio ôlho? Hipócrita, tira primeiro

a trave do teu ôlho e então verás cia-

ramente para tirar o argueiro do ôlho

do teu irmão.

Mateus VII, 1-5

Naquela manhã de segunda-feira,

Juracyr acordou cedo. Tinha coisas

importantes a resolver. Primeiro, levou

as crianças ao colégio. Comprara há

pouco um Impala último tipo, os fi-

lhos adoravam ir à escola de carro

nôvo. Depois, deu um pulo

à repar-

tição, quase

vazia ainda. Chefe da Di-

visão de Manutenção e Compras do

Instituto de Resseguros do Brasil, Ju-

racyr Bagno fazia questão

de dar bom

exemplo. Um dia antes — como todos

os domingos —

passara a manhã na

igreja. Êle é presidente administrativo

da Igreja Metodista de Copacabana.

Agora, estava à disposição da Justiça.

Fôra chamado com vinte outras pes-

soas e poderá ser sorteado com seis

delas para

formar o Conselho de Ju-

rados. Participar do júri não é expe-

riência nova para

Juracyr: já atuou em

mais de dez sessões. Mas o nervosismo

que sente é igual ao da

primeira vez.

Por isso, torce para não ser sorteado.

A caminho do tribunal, as palavras do

Evangelho voltam-lhe a todo instante:

Não julgueis para que não sejais jul-

gados.

Angústia de uns,

atenção de todos

Juracyr está olhando a estatueta de

bronze na mesa do juiz.

Já a viu tan-

tas vêzes, os olhos a procuram

sem ele

mesmo perceber. Juracyr ocupa a ca-

deira número 6 do Conselho de Jura-

dos: fôra sorteado. Procura imaginar

como se sentem os outros. Na cadeira

número 1, Maria Clarice da Silva,

funcionária pública e estudante de Di-

reito. É a primeira

vez que

atua. Está

com os nervos à flor da pele.

A seu

lado, Orlando Bottini Rodrigues, ba-

charel que já participou de doze

jul-

gamentos. Ao contrário de Elza Shul-

quer de Azevedo, a estudante de lite-

ratura francesa, na cadeira número 3:

nunca havia assistido sequer a uma

sessão do Tribunal do Júri. Suas mãos

estão úmidas, geladas,

inquietas. Má-

rio Gomes Pereira, funcionário da Te-

lefônica, também está tenso: é a se-

gunda vez

que faz

parte do

júri. O

mais calmo de todos foi sorteado ime-

diatamente antes de Juracyr, por

isso

ocupa a cadeira número 5. Nome: José

Narciso. Profissão: bancário. Experiên-

cia como jurado:

longa, de oito anos.

À esquerda de Juracyr, o último mem-

bro do júri,

o delegado fiscal Ivan do

Espírito Santo Cardoso, aparentemen-

te tranqüilo.

A voz do juiz

faz Juracyr piscar.

O juiz

acabou de pôr os óculos, corrige

a posição

do microfone pendurado

ao

pescoço. Começa o interrogatório da

ré. Juracyr está atento.

Marlene:

estréia e medalhinha

"O corpo da

prostituta Maria de tal

foi encontrado ontem, nu da cintura

para cima, atrás do 6.° Distrito Poli-

ciai, próximo ao Largo da Misericór-

dia. A polícia

atribuiu o crime ao

Estrangulados da Lapa, mas o perito

Nobre constatou ferimentos contusos

na cabeça e abdome da morta, afas-

tando essa hipótese. Os detetives Mo-

reno e Filipe iniciaram diligências pa-

ra localizar três mulheres que foram

vistas bebendo cachaça em companhia

da vítima, horas antes do crime."

A notícia, magra, perdera-se entre

as linhas dos jornais

de domingo,

7 de outubro de 1962. O crime não

tivera repercussão alguma. Era dia de

eleições. O povo estava nas ruas esco-

lhendo 409 deputados federais, 45 se-

nadores e 11 governadores

de Estado.

Foi há cinco anos e meio, Marlene

faz as contas mentalmente. Marlene

Francisca Soares, de pé

no banco dos

réus, entre dois policiais, responde às

perguntas do

juiz. Os braços estão

quietos ao longo do uniforme bem en-

gomado. Ela trabalha na lavanderia da

Penitenciária de Bangu e traz na gola

da blusa a estréia verde, prova

de bom

comportamento. No peito, prêsa por

um alfinête de fralda, a medalhinha de

São Judas Tadeu. Marlene aparenta

bem mais que seus 26 anos.

O juiz está completando o interro-

gatório, o escrivão datilografa tudo

sem tirar os olhos do papel, o

promo-

tor encara, um a um, os jurados.

Êle

é severo, mas não parece. O rosto re-

dondo, as costeletas aparadas com es-

mêro, lembram mais a figura impo-

nente de um cantor do passado

do que

a de um rigoroso acusador.

O interrogatório terminou. Depois

de breve pausa, o

juiz lê as

partes

principais do

processo. Um defeito na

aparelhagem de som do tribunal torna

as palavras

ainda mais distantes e im-

pessoais. O juiz

enquadra o crime à

luz do Código Penal. Por fim, cônsul-

ta o relógio, volta-se para

os jurados

e acrescenta, formal:

A ré,

portanto, é acusada de

homicídio doloso. Vamos dar início

aos debates. Com a palavra, o Sr. Pro-

motor Público.

"O

júri

não tem sexo"

Os olhos de Juracyr seguem o mo-

vimento da mão direita do promotor

pelos cabelos em desalinho. Êle fala

pausadamente, como se ditasse uma

carta, mas há indignação na voz. A

leitura do libelo acusatório dura mi-

nuto e meio. Enquanto o promotor

enxuga o suor da testa com um lenço

de cambraia, o oficial de justiça,

como

um contra-regra eficiente, entrega-lhe

o processo. Êle apanha o volume es-

farrapado e caminha em direção ao

júri. Coloca os autos sobre a tribuna

das testemunhas, cruza os braços. Sua

expressão é serena.

Há jurados que

vejo hoje pela

primeira vez. Costumo sempre lem-

brar, nestas ocasiões, que êste tribunal

tem uma tradição de justiça. Quando

uma mulher mata por amor, o

júri

compreende o drama da ré. E a absol-

ve. Mas, hoje, esta tradição não poderá

continuar. O crime foi torpe.

Bruscamente, o promotor

se cala.

Faz parte

do estilo manter os jurados

em suspense.

Passa a folhear o processo à

pro-

cura de expressões cruas. O depoimen-

to das outras duas implicadas, Nilse

Mendonça e Vera Lúcia de Jesus, tam-

bém prostitutas, parece

melindrar a

sensibilidade do júri.

O promotor in-

siste:

Que me perdoem os senhores

juizes. Mas não encontrei palavras pa-

ra descrever o que aconteceu durante

aquela noite obscena. O que os senho-

res ouviram, elas mesmas contaram na

delegacia. Faz parte dos autos. O júri

não tem sexo. Tem é que ver e sentir

intimamente êste processo. «eguí

65

Os tapetes tambémdeveriam ser vendidos

pelo avesso.

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Marlene era

ciumenta,

bebia muito

JÚRI Juracyr e seus colegas ficam então

continuação sabendo que, segundo a

polícia, o cri-

me ocorrera numa atmosfera mórbida

e que Marlene, ciumenta de Maria,

assassinou-a, auxiliada por

Nilse e

Vera Lúcia. Cada uma delas dizia-se

inocente e acusava as outras. Nilse e

Vera Lúcia já

foram julgadas.

Agora

é a vez de Marlene.

No meio dos jurados,

as palavras

cruéis do promotor explodem feito

granadas. Elza, a estudante novata,

não pára

de ajeitar os óculos. Elza

está pensando em Rousseau.

E Rousseau,

como julgaria?

No segundo ano do curso de litera-

tura da Aliança Francesa os alunos

estudam a vida e a obra dos escritores

do século XVIII, como Jean-Jacques

Rousseau: "O

homem é bom; a socie-

dade é que o corrompe". Se Rousseau

estivesse aqui, pensa Elza, êle absol-

veria aquela mulher. Por um momen-

to, a estudante esquece o promotor,

olha Marlene, sentada do outro lado,

cabeça baixa, uniforme engomado, fita

vermelha no cabelo, unhas pintadas,

meias pretas arrastão. Marlene é pros-

tituta da Praça XV, do Rio. As pros-

titutas da Praça XV são mulheres a

quem o álcool e a pobreza já

rouba-

ram qualquer atrativo. A bebida pa-

rece ser seu único meio de revolta

inconsciente contra a sociedade. Várias

vêzes Elza cruzou com elas. Eram

quase mendigas. Rousseau tinha razão.

Elza não pode fugir às palavras

in-

cisivas do promotor.

A bebida, senhores, alimentava

aquela libido depravada. A garrafa

passava de mão em mão. Surgiu a

briga. Marlene chamou Maria de ve-

lha safada". Veio a primeira pedrada.

A segunda. Pedaços de asfalto. ..

Pedaços de asfalto manchados de

sangue e com vestígios de cabelos fo-

ram encontrados junto da vítima. O

promotor quer simbolizar no instru-

mento do crime todo o primitivismo

da ré.

Maria foi massacrada. Não sei

até onde vai o remorso de Marlene.

Mas o perdão

evangélico somente foi

feito para

as criaturas de bem, aquelas

que pecam num impulso

passional.

As imagens

chocantes

O drama de Juracyr aumenta. Como

se estivesse impressa diante de si, a

passagem bíblica de Mateus não o

deixa. Não julgueis... Sem querer,

Juracyr examina a fisionomia grave

do

juiz. Nota-lhe o bigode fino, acompa-

nhando o contorno dos lábios, o ca-

belo cortado rente. Mas o promotor

já está lançando nova cartada.

Excelência, gostaria que

fôsse

providenciada a tela. Desejo

projetar

as fotos tiradas pela perícia.

O oficial de justiça

testa o aparelho

para a

projeção. Põe uma nota de 5

cruzeiros novos sob a máquina e re-

gula o foco. A efígie de

"Tiradentes

ante o Carrasco" surge nítida na tela.

As luzes se apagam. O oficial de jus-

tiça guarda

a nota no bolso, aperta

um botão. Aparece a primeira

foto,

pálida e rasgada na

ponta. O

promotor

continua:

— Observem, por

favor. Aqui mo-

rava Maria. Foi nesta casa de papelão

que ocorreu a tragédia. Esta cena é

chocante mas expressiva. Notem bem

o estado em que a vítima foi encon-

trada. Eu mesmo me emociono ao ver

estas fotos. O crime foi abjeto, torpe,

obsceno...

Um defeito no aparelho interrompe

a projeção.

As luzes voltam. O pro-

motor resolve exibir as fotos pessoal-

mente. Aproxima-se do último jurado

e abre o processo.

A foto amarelecida

é do corpo de Maria de tal, nua da

cintura para cima, os

pés descalços. O

delegado fiscal Ivan do Espírito Santo

Cardoso recua na cadeira, como se o

SEGUE

I /iuB¦ / m

*rl 1—

O advogado, dramático, apela aos sentimentos dos jurados.

67

Quando dizemos

que

Brasilit é o

que

há de melhor em cimento-amianto

apenas esperamos de você

esta reação:

Porque os produtos

Brasilit são sempre especificados,

quando a obra é de responsabilidade. Quando não se

desejam dores de cabeça futuras, com tubulações que

vazam, exigindo custosos reparos, multas contratuais, ou

até indenizações. Os tubos e outros produtos

Brasilit,

de legítimo cimento-amianto, concreto e PVC, trazem

todos uma vantagem insuperável, seja para

o instalador,

seja para

o utilizador: a garantia

de qualidade

Brasilit,

que se apóia no rigoroso contrôle de

qualidade. O que

quer dizer: desempenho

perfeito,extrema durabilidade.

Há 30 anos vimos firmando a qualidade

Brasilit em obras

públicas. Por

que não

preferir o melhor?

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6 fábricas e 16 agências em todo o Brasil

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Dr. Rodolfo,

promotor:só o castigo.

JÚRI promotor o apresentasse ao própriocontinuação cadáver.

Duas horas antes Ivan almoçou com

dois banqueiros no Country Club.

Agora, sente-se desconfortável, nau-

seado. O promotor não estava exage-

rando: um crime obsceno, torpe.

Quando o pai de Ivan era prefeitono Rio, raramente ocorriam crimes

assim. Agora, a própria polícia talvez

tivesse sua parcela de culpa na morte

de Maria de tal. Ivan raciocina e re-

corda. O crime aconteceu atrás do an-

tigo 6.° Distrito Policial e ninguém

ouviu os gritos da vítima. Que diferen-

ça dos tempos do General Dulcídio

do Espírito Santo Cardoso. Então, a

polícia agia com o máximo rigor. Ha-

via batidas noite e dia. A Praça XV

era um brinco. Prostitutas e marginais

não tinham vez. Ivan ouve o choro de

Marlene. É um choro de quem se diz

inocente. Logo, porém, o sétimo ju-

rado se tranqüiliza: afinal, existem tes-

temunhas que escutaram a confissão

da ré. Marlene, Nilse e Vera Lúcia,

todas haviam participado de um mas-

sacre.

"Como mente

este homem!"

A acusação está chegando ao fim.

O promotor queima os últimos car-

tuchos:Senhores, a defesa vos dirá que

as três negam o crime e que por este

motivo não poderemos julgá-las. Fa-

lará em erros judiciários e certamente

dirá, em altos brados, "lembrem-se dos

irmãos Naves!" A seguir, senhores,

desfiará um rosário de exemplos de

caderno e de catecismo. Devemos, por-

tanto, acreditar na inocência de Mar-

Iene e absolvê-la.

Pausa teatral. O promotor volta-se

para a ré, faz ironia:

Senhores jurados, sou levado ate

a acreditar que Maria suicidou-se a

pedradas num momento de grande

alucinação. . .

Na bancada do júri, a tensão e tre-

menda. Marlene mastiga a ponta de

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0 juiz não julga. No fim, manda cumprir a vontade do júri.

um lenço, sem tirar os olhos do chão.

As palavras do promotor percorrem o

plenário. O jurado Juracyr quase adi-

vinha a frase seguinte:— Não vou terminar pedindo aos

senhores juizes a bravura de uma con-

denação. A condenação de hoje não

significa uma bravura, mas uma obri-

gação. Os senhores aqui representam

a nossa sociedade e têm o dever, não

só jurídico, mas também moral de

repudiar este crime.

Marlene trinca os dentes, crava as

unhas no braço e murmura:

— Meu Deus, como mente este

homem. ..

A jurada Maria Clarice da Siiva não

ouve o desabafo contido, mas percebe

o gesto de revolta. Até então, estivera

analisando o caso do ponto de vista

puramente processual. Afinal de con-

tas, era estudante de Direito. Esque-

cera, entretanto, que em qualquer área

do comportamento humano o conceito

de "anormalidade" só pode ser com-

preendido dentro do contexto em que

se situa. Teria Marlene consciência de

que aquela "abjeção" é prática anor-

SEGUE

69

Narciso faz

piadas:

é

hora do café.

mal e repudiada por

uma sociedade

da qual

ela nunca fêz parte

e que

hoje

a julga

e condena? A promotoria pro-

curou ferir a sensibilidade dos jurados

lembrando a todo instante que

o crime

ocorrera em meio a uma orgia de pros-

titutas-mendigas. E de certa forma al-

cançou o que queria.

O fato de pros-

titutas-mendigas serem também anor-

mais escandalizara parte do

júri.

O tempo da acusação se esgota. O

promotor gesticula, dá o tiro de mise-

ricórdia:

Senhores jurados,

é fácil julgar

êste processo porque já

existem duas

sentenças anteriores sôbre o mesmo

crime. Nilse Mendonça Lins foi con-

denada a quinze

anos, Vera Lúcia de

Jesus, a treze. A sentença condenató-

ria é, assim, a única que

se apresenta

como solução para

êste caso. Repre-

sentará a repulsa da sociedade ante

um crime praticado

com torpeza. A

pena deve ser a de homicídio qualifi-

cado. Era o que

tinha a lhes dizer.

Apanha o processo e caminha

para

sua tribuna. O juiz

se levanta, aperta

um botão sob a mesa, ouve-se a cam-

painha. Todos ficam de

pé. A voz do

juiz, metálica,

quase surda, determina:

A escolta pode

retirar a acusa-

da. A sessão é suspensa por quinze

minutos.

Na outra sala,

as risadas

Os jurados

também saem, pela

or-

dem em que

foram sorteados. Na sala

a êles reservada, José Narciso, o ban-

cário, procura amenizar o ambiente.

Enquanto são distribuídas xícaras e

colheres para o café, Narciso conta

piadas. Veterano de tribunais, sabe

que nos intervalos de

julgamento os

jurados devem falar de tudo, menos do

julgamento. Narciso está contando a

última anedota política, que

ouviu no

gabinete da Gerência da Dívida Pú-

blica do Banco Central, onde trabalha.

O advogado Orlando Bottini ri a não

mais poder.

Narciso é o dono da festa.

O processo

não chegou a lhe pro-

vocar dramas de consciência. Narciso

é um jurado que

se habituou a seguir

a letra da lei. A leitura dos autos bas-

tou para que

formasse opinião sôbre

o que

acontecera com aquelas mulhe-

res. As fotografias exibidas pelo pro-

motor apenas consolidaram o juízo

anterior: o crime fôra repugnante.

Sempre defendera a prostituição como

"um mal necessário". Mas aquelas

três! Dormiam embaixo de pontes,

viviam embriagadas, eram quase

men-

digas. Por isso, aconteceu a tragédia.

E a participação de Marlene era mais

que evidente. Tão evidente quanto

suas

tendências anormais.

Na sala do tribunal, quatro

estudan-

tes de Direito conversam em voz bai-

xa. Estão sentados na segunda fila da

platéia. Um pouco mais atrás, um

advogado discute o julgamento com

dois amigos. Êle vê falhas no processo

todo, diz que

os jurados

— sob o cho-

que dos aspectos morais do crime —

provàvelmente se descuidarão de cer-

tos detalhes. No seu entender, nem era

Marlene que

estava sendo julgada,

mas

as circunstâncias do assassinato. O que

estava em causa era um atentado à

moral. O advogado ia mais longe: a

instituição do júri precisaria

ser aper-

feiçoada e amoldada às aspirações dos

grupos menos favorecidos. O

júri ja-

mais se compunha de pessoas que

se

identificassem emocional e social-

mente com os réus, daí o número

imenso de condenações.

O oficial de justiça entra no

plená-

rio equilibrando três copos de água

mineral numa bandeja. Daqui a cinco

minutos a sessão vai recomeçar.

A advertência

por escrito

Com a

palavra, o doutor

patro-

no da acusada.

O advogado Eckel Sérvio levanta-se

e cumpre o ritual. Saúda o juiz,

apa-

nha o processo e dirige-se à bancada

do Conselho de Jurados. O júri

acom-

panha seus

passos.

Acabastes de ouvir o inteligente

e ardoroso representante da sociedade.

Tenho certeza que agora mais difícil

se torna ainda a defesa de Marlene.

Prostituta, mendiga, preta,

feia. Pode-

se enxergar nela toda sorte de mal-

dades e perversões. Até

por eugenia

a condenaríamos.

Ao lado do juiz,

o promotor sorri,

olhar triunfante. Na cadeira número 4,

o jurado

Mário Gomes Pereira está

descontraído. De repente, descobre

uma inscrição, a tinta de esferográfica,

no fêltro verde do balcão: "Jurado!

Condene ou absolva, mas jamais

es- JORI

cravize sua consciência. Ass. Serafim, continuação

1967". Mário volta a se angustiar, co-

mo no início da sessão.

O julgamento

de Marlene era seu

batismo de fogo. Mas o caso não se

mostrou tão difícil como imaginara.

Marlene é uma delinqüente. Quando

ela entrou, escoltada, Mário sentiu-se

constrangido: julgar

uma mulher é

sempre desagradável. Depois, com a

leitura dos autos, foi-se acalmando. A

ré era culpada, além do mais o crime

não fôra praticado por

motivo nobre,

relevante. O advogado de defesa pa-

recia ter um senso agudo para

o me-

lodrama. Suas insinuações não o atin-

giam. Como justificar

o crime? Mar-

Iene, Nilse e Vera Lúcia bebiam o

tempo todo; sob o efeito do álcool

assassinaram Maria de tal.

O sentido

do crucifixo

O advogado limpa a voz com um

pigarro e continua:

Senhores juizes, é tão fácil con-

denar Marlene Francisca Soares que

êste modesto defensor não se atreve

a pedir

a absolvição.

O promotor bebe um

gole de água,

anota as palavras do outro numa fô-

lha. E continua a ouvir, vigilante:

As únicas testemunhas do crime

não são presenciais, mas a acusação

delas se utilizou para pedir

a conde-

nação da ré. Elas são também prosti-

tutas, como Marlene. Mas o que

intri-

ga é o seu desaparecimento. Quando

a polícia precisou

dos depoimentos,

foram tomados ràpidamente. Mas no

momento em que

foram convocadas

para depor em juízo,

à frente de um

magistrado, desapareceram com a mes-

ma facilidade com que

surgiram no

processo.

O advogado fala ao mesmo tempo

em que procura

analisar o efeito de

suas palavras sôbre o

júri.

A seu favor, senhores

jurados,

só existe uma voz: a sua própria. E

será que

alguém tem ainda coragem

de ouvir seus protestos de inocência?

Não creio. Por isso não ouso pedir

sua absolvição. E com a níesma hones-

tidade reclamo que

Marlene seja jul-

gada, mas não condenada

pura e sim-

plesmente. Seria preciso muita frieza

para condenar sem compaixão esta

mulher.

Agora, o último trunfo. O advoga-

do olha para

o crucifixo de mármore,

na parede atrás do juiz, e o aponta,

dramático:

Não a

julgueis como

julgaram

RBCUfC

70

De água só ninguém pode viver

nem os seus cabelos

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JÜRI CONTINUACÀO

Dr. Eckel,

advogado:

é injusto!

a Cristo. Se o crucifixo foi introduzido

nas salas dos tribunais é para que

os

senhores tenham sempre presente

as

conseqüências de um julgamento

in-

justo e desumano. Jurados, eu lhes

peço apenas Justiça!

44 Estamos diante

de uma farsa!"

Os membros do júri preparam-se

para deixar o

plenário, rumo à sala

secreta onde votarão a sentença. Mas

o juiz,

após consultar o promotor

em

voz baixa, anuncia, seco:

O Sr. Promotor Público deseja

a réplica.

O advogado pede que

a sessão seja

suspensa. Alega mal-estar.

Negado o pedido. Concedo a

suspensão, após a réplica.

Vermelho, quase

apoplético, o pro-

motor volta à carga:

Senhores juizes,

absolver Mar-

Iene seria um absurdo. Uma injustiça

para com Nilse e Vera Lúcia,

já con-

denadas por este tribunal. As três

participaram do mesmo crime. Se Mar-

Iene for absolvida, o que

dirão Nilse

e Vera Lúcia?

O advogado de defesa aparteia, dedo

em riste:

Protesto, Sr. Juiz. Se o

júri deve

apenas condenar para

não deixar mal

os dois outros julgamentos, estamos

então diante de uma farsa!

O promotor, irônico, volta-se

para

o público. Sorri:

Ora vejam... O nobre advo-

gado de defesa ainda há

pouco sen-

tia-se mal e já

aparteia, plenamente

recuperado...

O advogado dá o troco na mesma

moeda:

Excelência, até mesmo um mo-

ribundo reagiria diante de tamanha

injustiça!

Indignado, retira-se do plenário.

A acusação termina:

A sentença condenatória é a

única que se aplica a êste caso. A

pena é de homicídio qualificado.

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JÚRI CONTINUAÇÃO

O

júri

está

jantando

ali mesmo

O juiz

consulta o relógio, levanta-se,

ergue a cabeça e anuncia:

— A sessão está suspensa por qua-

renta minutos.

Salada, refrêsco e doce:

é o Jantar

Na sala contígua, o jantar

está ser-

vido. Salada de verão, refrêsco de

maracujá e doce de coco. Os jurados

sentam-se ao redor da mesa de fór-

mica. A sala é ampla e relativamente

confortável. Sete poltronas, dois ba-

nheiros completos, duas geladeiras,

fogão a gás.

Do outro lado, a sala

secreta. Sete cadeiras forradas com

pano ordinário, a mesa do

juiz, um

crucifixo e um cabide. Orlando Bot-

tini, o jurado

número 2, termina a re-

feição e vai à janela.

Lá fora, na Praça

XV, quase

não há movimento. É noite

fechada. Seis anos atrás, Marlene,

Nilse e Vera Lúcia andavam por ali

à procura

de mendigos e marinheiros

bêbedos.

Assistente jurídico

do Estado, Or-

lando era um homem sem grandes

conflitos. Também êle tinha opinião

firmada sôbre o crime. Fêz um julga-

mento técnico, baseado nos autos. O

laudo cadavérico, por exemplo, reve-

Iara a violência: esfacelamento do crâ-

nio, costelas partidas.

Um crime bár-

baro. O processo

era digno de uma

peça de Plínio Marcos. Tôda a escória

da sociedade. Que pena a sessão ter-

minar tão tarde. Poderia estar em casa,

bebericando um uísque. Antes de ir

ao tribunal, Orlando comprara dois

livros, O Desafio Americano e um ro-

teiro histórico-sentimental da cidade de

Belém. Poderia estar lendo agora.

A disputa

dos velhos amigos

O oficial de justiça interrompe

seus

pensamentos: a sessão vai recomeçar.

No plenário,

ao lado da tribuna das

testemunhas, promotor

e advogado

conversam como velhos amigos.

8ECUK

$

m

Í A Declaração

dos Direitos

do Homem reza:

<rlòdos

os homens nascem livres e iguais...

... e devem agir em relação uns aos outros com

espífito de fiãernidade?

Crefisul concorda

Mas Crefisul sabe que,

apesar da igualdade,

nem todos os homens

têm as mesmas oportu-

nidades na vida.

0 Banco Crefisul de In-

vestimento S.A. age no

mercado de capitais ten-

tando suavizar arestas e

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aplicado, cada so- E

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dam que

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fraternidade existe em

qualquer dia do ano

e não somente em

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ciais. Crefisul tem

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JÚRI continuação

O

juiz

a sentença

e tudo acaba

— Eckel, minha réplica foi uma

homeiiagem à sua brilhante defesa.

Notei que você procurou

desqualificar

o crime, sem negar a autoria. Pedi a

réplica porque se perco

êste processo

para você a turma vai logo dizer:

"Viu

como o aluno passou o mestre para

trás?"

Em 1959, o promotor Rodolfo Ave-

na era Defensor Publico e o Dr. Eckel

Sérvio seu estagiário no II Tribunal

do Júri. Por outro lado, o brio profis-

sional estava em jôgo: dos 420 julga-

mentos de que participou, o promotor

Avena só perdeu 8. O processo

Mar-

Iene não deixaria de fazer parte de

sua galeria de troféus.

O juiz e os jurados

estão de volta.

A defesa mobiliza-se pela última vez.

Ê a tréplica.

— Estamos próximos do fim. Mar-

Iene se diz inocente e eu acredito.

Afirma que não participou

do mas-

sacre e nem o assistiu. Mas as tres se

acusam mutuamente. Nunca se saberá

a verdade. Como defesa dos nossos

valores sociais, sua condenação é mui-

to pouco.

Senhores, o destino desta

pobre mulher está em vossas mãos.

E a sentença,

por fim

Uma hora é o tempo que o Conse-

lho de Sentença leva para decidir a

sorte de Marlene. Agora, estão todos

de volta. À frente do juiz, Temis, sim-

bolo da Justiça, empunha a espada.

Mas a estatueta de bronze está muti-

lada. A balança, que representa o equi-

líbrio nos julgamentos, quebrou-se faz

dois meses.

O juiz

lê a sentença. A voz é seca,

metálica.

Face ao exposto, fixo a pena-

base da ré em treze anos de reclusão.

Custas e taxas judiciárias na forma da

Jei. Publique-se, registre-se e intime-se.

Anote-se e comunique-se.

Apóia a ponta dos dedos na mesa.

Está encerrada a sessão. KIM

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dizer

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Não exageremos. .. „ .0 BEG não ch^i>-òpr_an-e_-te,a ástóbüirflâmulas e bandeiras aos torcecto-es da Gua_~abara •••

Mas, tem concorrido para quc as flâmulas

c bandeiras dos clubes sc multipliquem.

Atestando a afluência entusiasmada, e rada vez

maior, dos torcedores cari<x*as ao

Maracanã. Estádio construído e mantido,

graças ao auxílio financeiro do BEG. E assim,

colaborando estreitamente com o Governo

e com as entidades especializadas, que o BEG

participa ativamente nas grandes realizações

esportivas da Guanabara. Acrescente a esse

serviço o financiamento aos empreiteiros que

construíram campos e quadras no Aterro. Os

empréstimos à indústria, comércio e

agricultura. O pagamento ao funcionalismo.

O processamento eletrônico de cobranças,

descontos e contas-correntes. A garantia e a

comodidade do Cheque Verde. E note que são só

alguns fatores do crescimento do BEG hoje,

um dos maiores Bancos do país. Com o mais

avançado sistema de comunicações da América

do Sul integrando, através de telefonia, telex e

rádio, as suas 39 Agências na Guanabara. São

Paulo, Minas e E. do Rio. Conhece algum outro

Banco que ofereça tanto a V. e ao seu Estado?

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w ^¦^¦P* ^HBHKv»-„i<PRf*- - J^pr ^ --I.- "Jf^.v-i^

^*$1

Pouca gente

sabe o que

são corridas

de trote ou que

elas existem.

Mas em São Paulo há um hipódromo só de

trote, o único no Brasil.

Com seus jóqueis

sobre carruagens

leves, as aranhas,

a Sociedade Paulista de Trote abre

seus portões

e guichês

de

apostas e mantém suas luzes acesas

três noites por

semana.

ÉIum espetáculo em que

todos, os que

correm e os que

apostam, perseguem

80

IU

ru [U

ii

Texto de João Antônio

Fotos de George Love

81

Uma senha define os donos do

jogo: "eles". São odiados.

9

Para

Caculé e Elcino,

isso do abandono em

que está o trote de

Vila Guilherme tanto faz, não

está dizendo nada. Os dois

têm ponto no Anhangabaú,

vivem do volante. Querem

botar passageiro para dentro

e fazer lotação.

Sexta-feira. O horário co-

mercial se esgotou, a hora é

do rush. O Vale do Anhanga-

baú está entupido de carros,

apinhado de gente. As filas,

enormes, dobram esquina, de-

sembocam nos ônibus cheios.

Os que não vão de ônibus es-

tão aferrados na disputa de

um lugar no lotação. A fila

do Vila Guilherme dá duas

voltas no quarteirão.Trote!

Um mulato de blusão de

couro mais dois meninos, to-

mando conta dos carros quechegam, chamam passageiros.Os três atiçam, não param.Abrem os braços, largam gí-rias, convidam o povo pas-sante:

Olhe aí, patrão! Vai

pro trote! Lotação pra Vila

Guilherme? Quem vai? Tro-

te!

Os braços apontam o carro.Trote!

Elcino e Caculé, motoristas

chegados rápido, mal têm

tempo de passar do ponto-morto para a primeira. Os

passageiros, de pronto uns

dez-onze, brigam por uma va-

ga no carro, se acotovelam.

Há ensaios de rusgas e dis-

cussões — só os mais esper-

tos têm vez. Àquela hora, é

chegar e sair. Nem se tem

tempo de tirar a mão do vo-

lante. É engatar e partir.Perto, um ônibus azul e

branco, com a placa "Vila

Guilherme" lá na fachada,

vai apanhando gente diversa:

os menos aquinhoados, os quetêm menos pressa, os que não

vão jogar, moradores dos

bairros que voltam para casa.

Porque ônibus, então, é lerdo

na fila de carros no Anhan-

gabaú. Não chega ao trote

para quem pretende alcançar

o primeiro páreo.

As marcas da decadência

O ônibus pára junto aos

portões de entrada. O táxi

avança um pouco mais, deixa

o apostador lá dentro. Os

portões são descorados, es-

verdeados, baixos. Lá no al-

to, a fachada da Sociedade

Paulista de Trote mostraria à

noite, se fosse iluminada, o

símbolo com a aranha, o jó-

quei e o cavalo. Mas são ima-

gens apenas visíveis à luz do

dia. Assim, de fora, o hipó-

dromo parece um circo de in-

terior, mambembe, fuleiro,

assistência reduzida à metade

ou a um terço.

Vila Guilherme se plantanão longe do centro da cida-

de, margem direita do rio

Tietê, como quem toma o ca-

minho da Via Dutra, rumo

ao Rio de Janeiro. «Ali paraos lados de Vila Maria, Par-

que Edu Chaves e outras vi-

Ias menores ou mais longín-

quas, menos conhecidas. Às

retinas vividas em jogo e es-

porte o trote pode lembrar

certas rinhas de galo. Num

conjunto já velho e encardido

pelo tempo e pelo desleixo,

expõe apostadores e gente do

povo-povo, vizinhando a po-breza. Mistura certa faixa de

marginais sem eira nem beira

e modestos funcionários. Mas

sua força, sua fama, é como

reduto de jogo dos motoris-

tas de praça.Para quem vai pela primei-

ra vez é só um hipódromo

decadente. Falta um muro à

direita de quem entra, a ilu-

minaç.o é precária, as árvo-

res definham ao abandono.

Um nada diante de Cidade

Jardim, em São Paulo, ou da

Gávea, no Rio, as fortalezas

das corridas de galope. O pú-blico, na maioria, é formado

por gente mal-ajambrada, ino-

fensiva dentro do hipódromo— não se sabe o que dizer

de suas vidas lá fora. Um e

outro funcionário público de

paletó e gravata fora de mo-

da. O resto veste simples, es-

porte — ou apenas veste

mal.

Nas terças e quintas-feiras,a assistência é minguada. Às

sextas, porque os sábados são

dias de folga, o movimento

dos portões aumentava, nas

reuniões noturnas havia ani-

mação razoável. Então, faz

pouco tempo, os homens da

Associação Paulista de Trote

tentaram uma nova fórmula.

Trote também aos sábados,

enfrentando a concorrência

do galope de Cidade Jardim.

A primeira dessas noturnas

rendeu bem, deixou a espe-

rança de que a fórmula p*>-

gará.Nessas sextas-feiras gordas,

o p.ssoal vai aparecendo ce-

do, antes do primeiro páreo,

que corre às oito horas. Al-

guns vêm de táxi, mas a

maioria é de donos de carros

que vêm jogar. Um ou outro

automóvel particular; o resto,

táxis. Pelo menos metade dos

pátios internos fica tomada

de automóveis. Corrido o pri-meiro páreo, os atrasados,

mais raros, vão entrando pin-

gadamente, a 100 cruzeiros

antigos.Cem cruzas.

O porteiro apanha o di-

nheiro pela janela do carro, a

mão de Elcino fica tambori-

lando na capota, esperando

troco.

À entrada, depois do gui-chê de ingressos, um tipo gor-do, cego, óculos escuros, sen-

tado, entrega os programasdas corridas aos apostadores.

O vendedor de ingressos res-

munga contra o calor, o com-

prador corta rente:Deixa de onda! Nin-

guém nunca *tá

contente. On-tem vocês botavam a bôca no

mundo porque estava cho-

vendo.

Elcino reclama o troco.

Caculé, atrás dele, está buzi-

nando, querendo passagem,abre os braços, mostra os

passageiros:Como é que é, ô meu?

Eu tenho de cuidar deste povoaqui.

No chão do hipódromo res-

tam poças de água da chuva

da véspera. Há grilos e sapos

na lagoa próxima, o fartum

do lixo toma todos os cantos

do prado. A Prefeitura está

aterrando a lagoa nos fundos— com lixo. Os primeirosinsetos da primavera, mari-

posas e mosquitos, roçam às

centenas as lâmpadas da ilu-

minação pobre do trote.

Um apostador passa fazen-

do careta para um conhecido.

Desdenha da qualidade dos

cavalos.Aqui só tem matungo

nos primeiros páreos.O conhecido responde com

raiva, num misto de otimis-

mo, revolta, desejo de des-

forra:

Que matungo, que na-

da, meu faixa. Hoje nós va-

mos é beliscar eles.

Como no turfe, para os

apostadores de trote o prono-me eles é uma espécie de

código, sinal de referência aos

donos do hipódromo, os quebancam o jogo. Estes são de-

testados. O eles sai com uma

inflexão de raiva, quase ódio.

A cada nova reunião renasce

a esperança de ganhar. Os

apostadores se iludem com a

crença de que, nesse dia, vão

quebrar eles* beliscar eles.

morder eles* comer eles poruma perna, desbancar eles,

estraçalhar eles, como anun-

ciam em sua linguagem.

Elcino e Caculé encostam

os carros, recebem o cruzeiro

novo de cada passageiro, des-

ligam os motores. Um con-

vida: nona

82

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Os

guichês

vendem esperanças.

A

pista

oferece desencanto.

TROTE CONTINUAÇÃO

— Como é, vamos chegar

para uma cerveja?

O outro responde com um

risinho canalha brincando no

canto da bôca. E desce do

automóvel com o programa

das corridas na mão.

Impaciência de perder

O calor aumenta o fartum

do lixo, as moscas estão numa

agitação irritante. O boteco

está vendendo muita cerveja,

churrasco, uma ou outra pin-

ga, conhaque

— é êsse o seu

estoque.

A sirena, depois do canter

para o primeiro páreo,

está

avisando que as apostas vão

começar. Corta o silêncio na

bôca da noite, apressa os

apostadores. Sob a luz elétri-

ca, as placas

indicam: Acu-

muladas — Placê

— Apostas

Antecipadas, Páreo-a-Pâreo.

No chão de cimento gasto,

o mato cresce entre um qua-

drilátero e outro.

Em dias de trote, Caculé

e Elcino acabam jogando, e

não por

acaso. A lotação até

Vila Guilherme, a cerveja, a

espiadinha num páreo

ou ou-

tro, tudo funciona como justi-

ficativa.

Agora os dois já se enfiam

num grupo de motoristas de

praça.

— Como é, compadre,

qual é a boa pra

hoje?

Catam palpites, ouvem os

tipos conhecidos, estudam o

programa, olham a

pedra dos

rateios e acabam fazendo o

jôgo — um

jogo miúdo, como

os que

se fazem no trote. Ja-

mais a pule ultrapassa 5 ou

10 cruzeiros novos. Pouco,

mas na continuação do páreo-

a-páreo as apostas vão longe.

São nove páreos por

noite.

SEGUE

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Findo o

páreo,

as imprecações:

"Mas

isto aqui é um assalto."

TROTE CONTINUAÇÃO

O microfone anuncia que

a Sociedade Paulista de Trote

adotará um nôvo sistema.

Corridas às têrças, quintas

e

sábados. A assistência ouve

impaciente, quer

é a corrida

daquele dia. O alto-falante

volta a rasgar na noite e dá

o primeiro

dilema do progra-

ma: ôlho mecânico para

o se-

gundo lugar. A expectativa

desce sôbre os apostadores. O

ponteiro dos relógios arrasta

os segundos. A esp?ra é pesa-

da. Finalmente, a sirena con-

firma. Embora tenha rompido

várias vezes, o número seis,

Jacarta, é o ganhador.

Elcino e Caculé — um

contente, outro desenxabido,

perdedor. Um rasga as pules

que comprou, outro corre

pa-

ra receber o prêmio no

gui-

chê pagador. Caculé, despei-

tado:

Cuidado, meu compa-

nheiro. Entrada de leão, saí-

da de cão.

A fúria da torcida

Defronte à pista

de areia,

encostados à cêrca de arame,

os que perdem xingam os

jó-

queis que competiram, jogam

pragas:

O galope

é que

é bom!

Isto aqui não serve.

Voam xingos, palavrões,

desafios infamantes à hones-

tidade dos jóqueis:

Puxador, 'tá

puxando,

'tá enganando!

As mãos estalam:

Dá-lhe!

A mão sobe, o indicador

bate no médio, o estalo fica

no ar. É apostador, de nôvo,

torcendo.

ô José, põe pra frente,

José!

Corrido o páreo, a palavra

ladrão comparece na mesma

bôca que há menos de meio

minuto aclamava. Os que ago-

ra esmurram o ar, com deses-

pêro, há pouco

estalavam de-

dos, no velho gesto dos que

torcem. Incentivavam o jó-

quei:

Dá-lhe, Basílio! Vamos!

Dá-lhe!

Agora, as pragas partem

como uma denúncia pública,

uma danação:

Isto aqui é um assalto.

É o maior roubo da história.

Perdem, ganham, perdem.

A raiva dos que perderam,

a

alegria dos que ganharam,

os

sentimentos duram pouco.

vem um nôvo canter, novos

cavalos são mostrados, uma

esperança ou uma dúvida so-

pram de nôvo. As luzes da

pista se apagam, o

pessoal vai

saindo para

olhar a pedra.

Vai jogar

o jôgo,

um jogo

de

apostas baixas — o turfe dos

pobres. As arquibancadas

maltratadas têm bancos de

madeira, tão sujos que nin-

guém se senta nêles. Em

geral

se fica de pé.

Há um ou outro grupinho,

três-quatro apostadores que

jogam com menor intensida-

de, mais contidos e que sabem

parar, ou se esforçam para

fazê-lo, entretendo-se com

conversas e andanças pelos

pátios do hipódromo. Cons-

cientes ou não, êles parecem

pressentir que o

pátio acalma;

a atmosfera, debaixo da luz

elétrica, é tranqüila, enchar-

cada do misticismo das lâm-

padas. As luzes do pátio

afas-

tam o apostador da pista, não

deixam entrever que lá de-

baixo dos refletores há deses-

pêro de quem

assiste, torce

e aposta.

"Êles, sempre êles"

O canter é uma espécie de

trailer, aperitivo que o hipó-

dromo dá aos apostadores.

Uma prévia, amostra dos ca-

valos que correrão no

próxi-

mo páreo

e uma oportunidade

de escolha antes da corrida.

é feito entre um páreo e ou-

tro, após os resultados do

placar. Os cavalos correm iso-

SEGUE

jnyossiyel

para

detergentes?

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Pegue uma roupa com as man-

chas mais difíceis ou uma ca-

misa com o colarinho e os

punhos bem encardidos e jogue

no môlho de Bio Presto.

Eis. visto no microscópio, como

trabalham as enzimas de Bio

Presto: já no môlho. retiram a

sujeira, fio a fio. dissolvendo e

liquidando-a completamente.

Êste é o resultado I Bio Presto

eliminou tôda a sujeira e as

manchas impossíveis I Agora

basta uma esfregadfnha para

soltar o restinho de sujeira que

acaso tenha sobrado.

Na hora do resultado, a pedraestampa a alegria de poucosTROTE CONTINUAÇÃO

ladamente, um por vez. Épossível vê-los melhor. É pos-sível também ver, de perto,como alguns jóqueis do trotede Vila Guilherme são gordos,ridículos nas aranhas, ondedirigem os animais, pernasabertas, apoiadas no estribodos varais.

O alto-falante continuaapregoando novidades.

— Não há nenhum jorfaitno hipódromo de Vila Gui-lherme. Até o momento nãohá nenhuma troca de monta-ria esta noite.

Acima de todos os guichêshá placas. Algumas paraanunciar duas modalidadestípicas, exclusivas de VilaGuilherme: Bi-Vence e Bi-Dupla, apostas especiais quepodem ser feitas em dois ca-valos vencedores e em duasduplas vencedoras.

Caculé e Elcino, os moto-ristas, estão envolvidos, su-midos na massa que joga. Aolargo das apostas, condensam-se homens, mulheres, até ca-chorros. A conversa tambémvai quente ao pé do botequim.Um velho magro, paletóamarfanhado e boina escuraà cabeça, fala sozinho; nin-guém ouve os seus casos. Nasua charla de trotista, faz umarecordação amarga dos jó-queis antigos:

J. Alves, Pierre, Virgí-lio. Aquela gente é que sabiamontar.

Fala com desesperança,ninguém liga. Logo há umadiscussão entre dois homensque estão encostados ao bal-cão do bar.

Olhe aqui. Eu já 'to

invocado, 'to perdendo gra-na. Cuidado comigo, se cubra.Acho melhor você tomar con-ta da sua vida.

Um sujeito passa defrontea um guichê de apostas, dáum pontapé num cachorroque se aninhara ali e cochi-lava- UA

Nas rodas, de comum, nâ

muita lamentação. Um tipogordo levanta dúvidas sôbrea lisura do páreo:

Mas isso é um assalto.A Comissão de Corridas vaiter de fazer uma sindicância.É demais. Eles fazem o quebem entendem.

Caculé cutuca Elcino, falabaixo, gozando:

Faz meia hora que oprimo aí 4tá chiando.

A porta que fala

Uma, duas, apenas seismulheres no hipódromo. Trêsserviçais da cozinha do res-taurante, a encarregada dobanheiro de senhoras. Vendotrote, apenas duas.

Elcino e Caculé tocam paraos lados do mietório. Caculé,mais espevitado, não perdeuma oportunidade de se di-vertir. Agora, olha demoradopara as inscrições feitas nolado de dentro da porta dosanitário. Os banheiros sãoamplos mas antigos e, claro,cheiram a amônia. Como emqualquer sanitário público, aporta interna é rabiscada decoisas espirituosas ou licen-ciosas, marcadas a lápis ouesferográficas.

Ali há mais que isto. Asinscrições refletem frustraçõesdescarregadas em momentosde crise: além de xingamentosa políticos locais, cruzes suas-ticas, mulheres nuas, há auto-grafos e auto-exaltação (Tiãoé o maior), escárnio (A ten-son apostadores o carioca li-xeiro iá vendeu o fogon parajogar no trote), denúncia (Notrote só dá dedo-duro), sus-peita contra a honestidade daSociedade {JLeia esta o Me-neghetti aqui é uma jreirinha).Tudo assim com falhas depontuação e de ortografia.Algumas soam como uma es-pécie de vitória sôbre o vício,apelo de quem se arrependeua tempo: Eu jui trouxa até areunião passada. E esta, xin-

SEGUE

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Depois do fracasso, a conversa

cheia de lero no restaurante

TROTE CONTINUAÇÃO

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a v iiWV^^^Bfcia^ ,r <iiBMli^^MW

gando todo aquêle mundo,

como uma espécie de defini-

çfto: Tudo quanto é trotista

é um otário.

No ar, raiva • frustração

Lá no largo das apostas, já

faz meses, a pedra

de marca-

ção de resultados caiu e não

mais foi recolocada no local

próprio, no alto, a uns 3 me-

tros do chão, bem à vista do

público. Carcomida,

gasta, ra-

chada em alguns pontos,

es-

branquiçada em outros, foi

encostada a uma parede sob

abrigo, quase

ao rés do chão,

não estivesse apoiada num

banco de uns 30 centímetros

de altura.

O restaurante, também pre-

cário, embora grande,

só não

fica apenasmente às môscas

porque abriga uns

poucos pri-

vilegiados, melhor vestidos,

ou um e outro ganhador

nas

apostas de páreo-a-páreo

aos

quais o bom senso mandou

jantar. São tipos com conver-

sa cheia de gíria

e muita lo-

rota. lero. Contam vantagens

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Dê-lhe um carro

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PLATINÊ

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ECI

Mais um

páreo,

mais desespêro

Na solidão, o desejo de forra.

TROTE CONTINUAÇÃO

e mentiras sem a preocupação

de saber quem

os ouve. Mis-

turam-se ali motoristas de

praça e malandros ligados à

área da prostituição, polícias

e marginais — a freqüência

tradicional dêsses lugares de

jôgo.

Até para

comer o jogador

é aturdido, nervoso, preocu-

pado. Não saboreia a comida

ou a bebida — sofre as duas.

Está entretido com o alto-fa-

lante e tudo o mais lá na

pista de corrida. No ar há

insetos, raivas e frustrações.

Caculé, umbigo encostado

ao balcão, conta ao dono do

restaurante o caso de um par*

ceirinho, perdedor

inveterado,

um "prensador

de primeira

que trabalhou oito anos numa

firma importante e depois jo-

gou tôda a indenização, 12

milhões, no trote'*. Êle, não.

Não é trouxa. Se perde,

apenas 1 cruzeiro nôvo aos

donos do trote. Pelo tom*

também Caculé está indigna*

do porque perdeu.

O restaurante é pobre,

com

dois-três pratos

italianos,

ovos, bifes, fritas, contrafilés.

As variações são pequenas.

Enquanto comem, os fregue-

ses contam casos terríveis,

quase todos com a

presença

de algum grande perdedor ou

com a história de alguma

grande acumulada

que furou

no último cavalo. Se premia-

da, deixaria rico o ganhador.

Mal termina de contar uma

tragédia ou uma fábula, o

narrador corre ao guichê

do

hipódromo para jogar.

Prossegue a malandragem

falada com sotaque italiano.

Casos escabrosos, adultera-

ções vergonhosas, dopings.

Às vézes a charla se exagera.

O parceiro que

ouve corta

sem cerimônia a besteira:

— Cala essa bôca, ô meu.

Você não se lembra nem do

dia em que nasceu.

Vila Guilherme vai acen-

tuando os seus ares de rinha,

pela repetição dos tipos au-

tênticos, rústicos, povo-povo.

Elcino e Caculé estão outra

vez metidos num grupinho de

motoristas de praça que tro-

cam palpites.

p| Mais um

páreo é corrido,

debaixo de xingamentos do

^público:Ladrão do meu dinhei-

fo! Vai pra

cocheira com essa

onça! Puxador sem-vergonha,

já secou o meu cavalo!

Os incentivos atirados aos

jóqueis, os olhos

pedindo, vão

num crescendo:

Dá-lhe, Cido! Barbada!

Dá-lhe, Cidão!

As caras são as mesmas de

uma reunião para outra. E

quase todos os

que estão em

Vila Guilherme jogam,

inclu-

tive balconistas, garçons,

ser-

*içais. Iniciado um páreo,

êles

correm para

as beiradas da

pista, no lugar da assistência,

para ver as duas voltas com o

total de 1520 metros. Um

percurso que um

perdedor de-

Uniu num^momento em que

estava fulo:

As voltas são duas que

6 para engambelar mais os

otários.

O chão vai-se salpicando

de acumuladas e pules rasga-

das, amassadas, perdidas. Um

tipo afobado pede a Elcino,

em tom nervoso, rápido:

Me dá um cigarro.

Elcino olha de soslaio. A

princípio, pensa em mandá-lo

às favas. Afinal, não é paren-

te nem de sua lavadeira, co-

mo se diz na linguagem am-

biente. Mas acaba estalando

a bôca, meneando a cabeça,

dando o cigarro.

Da tensão ao desespêro

Mais um páreo correu. No-

vas cabeças baixas, descoro-

çoadas, deixam a pista da

corrida para

o largo das apos-

tas.

Quase no final da noite,

nas proximidades dos últimos

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"Jogador

é um bicho

trouxa. Paga

para

ver."

TROTE continuação

páreos, sopra um vento de

desespêro em Vila Guilherme.

As caras diante da pedra

dos

resultados são enrugadas, ba-

tidas de sacrifício. O senti-

mento de perda

é comum;

ninguém está ganhando.

E as

camisas fora das calças, mais

do que

um reflexo do calor

ou sinal de esportividade, são

o desespêro.

Os nervos crescem a partir

do sexto páreo.

Os apostado-

res ficam andando de um la-

do para

outro do hipódromo;

se param, inquietos, alguns

falam sòzinhos defronte à pe-

dra das marcações. De raro

em raro algo foge ao clima

da jogatina,

a tensão se des-

contrai por pouco

tempo. Um

rapazola cutuca o outro:

Ué, novidade!

Ê que passam,

calças com-

pridas, duas môças novinhas,

chegadas há pouco.

Mas a

maioria não vê garôtas.

Ago-

ra, quando

se fala é para

agre-

dir. Até a linguagem vai per-

dendo as estribeiras:

Ê... Quer moleza? Vai

morder água!

De repente, um vozeirão

toma conta do largo das apos-

tas. É um apostador, tipo

alto, forte, óculos, rádio de

pilha debaixo do braço. Fa-

moso pelos

escândalos que

dá, em voz alta, após perder,

procura alguém para

brigar:

Vagabundo!

Como sempre, perdeu,

be-

beu — perdeu a linha. Esco-

lhe um para

amolar. E come-

ça, sem quê

nem pra quê,

ofendendo:

Não te conheço. Não

sou da tua família.

Elcino e Caculé desguiam,

não querem

explicação, já

co-

nhecem o tipo. Caculé reco-

menda:

Vamos se mandar,

que

o nosso amigo ali é um sarro.

O que que

êle quer?

Anular

o páreo?

Eu, hem?

Trote também é lugar de

encostar solidão. O baguncei-

ro continua, o vozeirão envol-

ve tudo, cresce:

4TÔ cansado de aturar

trouxa na minha vida. Eu du-

vido que

aqui tenha alguém

mais malandro do que

eu.

Acabei de perder

uma nota

de 700 contos. E daí? Viu,

cambada de pé

de chinelo! Se

eu perco é porque sou malan-

dro pra

ter, pra ganhar

outro.

O indicador corre no ar,

pára, aponta, fixa um tipo

qualquer:

Você é fajuto, seu pi-

lantra! E eu já

estou cansado

de ler em diploma de faju-

teiro.

Está correndo o último pá-

reo. Caculé e Elcino também

perderam na reunião,

já es-

tão nos volantes de seus car-

ros, esperando passageiros

para a volta ao centro da ci-

dade.

Lá na pista,

os cavalos, le-

vando as aranhas e os jóqueis,

vão terminando a primeira

volta. Há gente

se encostando

ao arame da pista, olhos aten-

tos, uns firmes, outros não

aceitando o que

vêem. Uns

fulos de raiva, outros espe-

rando o melhor lia segunda

volta da pista.

Todos tensos.

O bagunceiro do vozeirão

não foi ver o páreo

correr.

Debruçado no balcão do bar,

bebe mais, ergue o braço co-

mo se quisesse esmurrar a

pedra de resultado. Por um

momento parece querer bri-

gar com tudo:

Jogador é um bicho

trouxa. Jogador tem sempre

de ser trouxa. É um otário

que paga para ver! fim

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Ar condicionado, transmissão automática, teto de vinil,luxuoso estofamento, pedais supensos, motor de

190 HP-èstes detalhes e muitos outros estão nodesafio brasileiro aos carros importados: Ford LTD.

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BéIÉ' 'A

As modernas técnicas

de transplantes e

implantes asseguram

ao homem mais

62 CHHNGiS

DENA0

mm

NEMSOHKR

Texto de Michel Cecilio

e Léo Gilson Ribeiro

Ilustrações de Minoru Naruto

De

repente, há cêrca de um ano, a ficção

científica parecia ter explodido nos jor-

nais do mundo inteiro com a manchete

sensacional: na África do Sul, o coração

de um morto fôra enxertado num homem

vivo e êste estava passando bem, de cora-

ção nôvo em fôlha.

O homem comum — o João da Silva, ao

Brasil, o John Smith, dos Estados Unidos,

o Jean Dubois, da França — começou a

ver nos anúncios luminosos dos grandes

jornais um nome desconhecido girando

nas

notícias fosforescentes: o Dr. Christian Bar-

nard fôra o cirurgião responsável por aque-

le verdadeiro

"milagre" da ciência.

Uma palavra nova

— transplante — en-

trou para o vocabulário de todos os dias e

surgiu como uma esperança nova para os

milhões de cardíacos do mundo inteiro. Vi-

das preciosas ceifadas pelo

enfarte co-

mo a do escritor brasileiro Guimarães Ro-

sa seriam agora prolongadas pela medi-

cina moderna. E o rosto sorridente do Dr.

Barnard tornou-se tão conhecido do gran-

de público quanto o de Pelé no Brasi! ou

do General De Gaulle na Europa. sKcrr

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Os McGregors brasileiros,licenciados da McGregorOoniger Ine dos E. U. A.,criaram para V. a COLEÇÃONATAL MODA,vibrante, colorida, supermoderna, prá frente,Smmtodõr<!sddeiàlhe.. A ROUPA ESPORTI VA MAIS FAMOSADOMUNDO

Par isso...

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MEDICINA

CONTINUAÇÃO

Cabelo ainda

não é rotina

O coração, que significa para todos os povos a

sede da vida, da bondade, do amor. dava real-

mente uma prova científica de generosidade e de

sobrevivência, retirado do corpo de um mulato

morto recentemente e transplantado para o orga-

nismo de um branco idoso, o dentista Dr. Blai-

berg. O doador entregava ao receptor — louro de

olhos azuis — uma lição de fraternidade humana

acima da política racial do apartheid da África do

Sul. Para os médicos, aquela operação revelava

o trabalho anônimo de uma legião de cientistas

que,

"ho silêncio dos laboratórios brancos, con-

quistavam nova vitória naquela luta árdua e diá-

ria — prolongar a vida do homem.

Em julho de 1966, REALIDADE n.° 4 já tinha

divulgado um estudo médico da substituição de

dezessete partes do corpo humano afetadas pela

doença, pela paralisia ou pela mutilação. Apenas

dois anos e meio depois, êsse número subira para

62 órgãos e componentes menores que podem ser

trocados — desde os cabelos até o coração e o

pâncreas.

Anteriormente, era conhecido só o implante (ou

prótese), que é a substituição total ou parcial de

um órgão por peças artificiais, como a dentadura

comum que toma o lugar dos dentes queridos que

os anos não trazem mais. No caso nôvo do trans-

plante, porém, a substituição se faz com tecidos

vivos, tirados da própria pessoa: é o autotrans-

plante, comum por exemplo quando se extrai pe-

le das nádegas ou das coxas para completar par-

tes do braço, das pernas ou do rosto destruídas

por queimaduras. Mas há também o caso do trans-

plante entre dois sêres, que pode ser o homotrans-

plante (do grego, homo, igual), quando o doador

e o receptor são da mesma espécie animal, ou o

heterotransplante (hetero, diferente), quando se

efetua entre espécies diferentes, como o homem e

um animal (macaco, porco, boi, etc.).

Apesar do gráfico nervoso dos transplantes mo-

dernos, que mostram as primeiras derrotas ao lado

das primeiras vitórias, a linha é claramente as-

cendente. À medida que a ciência moderna se pro-

põe a empreender a descoberta do microcosmo do

organismo humano, a par do macrocosmo da Lua

e das galáxias, o futuro parece otimista e êsse fu-

turo significa nada menos que a saúde permanen-

te, a saúde como rotina. Da cabeça aos pés.

1.° Grupo — Cabelos e Supercíllos

Os carecas tradicionalmente escondem seu com-

plexo de inferioridade apelando até para a música

popular, como a marchinha carioca que afirma,

"é dos carecas que elas gostam

mais . Mas isso é

uma mentira que o crânio lustroso de um calvo

comprova dia a dia. As perucas há muitas déca-

das deixaram de ser apetrecho exclusivo do arse-

nal de sedução feminina e disfarçam muita calví-

cie masculina envergonhada por êsse globo afora.

Sansão, na Bíblia, não perdeu sua força gigantesca

quando Dalila cortou-lhe a vasta cabeleira? Atual-

mente, Sansão simplesmente faria fila numa clini-

ca de reimplantação de cabelos. Pois, contornan-

do-se alguns problemas de rejeição, hoje em dia

até os cabelos, plantando, dão. Não dão ainda

com muita abundância, é verdade, mas as perspec-

tivas são róseas para os carecas que vêm próximo

o dia em que deixarão de colocar em lugar bem

visível a careca lustrosa de Yul Brinner ou a ci-

tação batidíssima de Schopenhauer, que os Bea-

ties desmentiram: "Cuidado

com os cabelos com-

pridos: debaixo dêles geralmente

estão idéias cur-

tas!" Já o transplante dos supercílios é rotineiro,

pois utiliza material do próprio beneficiário, tor-

nando-se portanto simples e seguro.

Ossos do crânio — A caixa craniana e um ver-

dadeiro cofre do cérebro humano, protegendo suas

SFXil-K

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MEDICINA

CONTINUAÇÃO

Esperança

para

quem

vê mal

funções vitais e delicadíssimas. Antigamente, qual-

quer lesão dessa carapaça era fatal. Atualmente,

os ossos do crânio, danificados por acidente ou

pancada, podem ser substituídos imediatamente

por moldes resistentes, feitos de acrílico, ou por

ossos retirados de doadores falecidos. Só para a

membrana que recobre internamente o crânio —

chamada dura-máter — ainda não existe reposi-

ção artificial (materiais metálicos, acrílico, etc.),

sendo indispensável o transplante de membranas

retiradas de cad&veres.

Olhos — Os olhos, diz a sabedoria popular, são

as janelas da alma. Quando alguém não quer ver

o óbvio, diz-se que o pior cego é o que não quer

ver. Para a medicina moderna, os defeitos da vi-

são vão recuando cada vez mais suas áreas, pois

a visão é o sentido que possibilita o maior núme-

ro de transplantes no ser humano. Num futuro

nada longínquo, salvo casos especiais, só será ce-

go quem, por absurdo, quiser sê-lo. As pálpebras,

a conjuntiva, a esclerótica, a córnea e, em fase

experimental, a retina podem, tôdas, ser substituí-

das com bons resultados. No entanto, só para as

pálpebras e a conjuntiva é colhido material do

próprio beneficiário (autotransplante); os demais

exigem o homotransplante. Assim que nota algum

defeito ou alteração, o cirurgião reconstrói as pál-

pebras inteiramente, enxertando fragmentos de

pele extraídos da zona epidérmica próxima aos

olhos. No caso da conjuntivite, por exemplo, a re-

paração se faz por meio da mucosa retirada de

outra parte do corpo. No Brasil, já é comum a

substituição do 4

branco do ôlho", nome popular

que se dá à esclerótica. Ainda mais fácil é o trans-

plante da córnea, essa espécie de vidro de reló-

gio abaulado que cobre a pupila, pois a córnea

não tem vasos sangüíneos, tornando a intervenção

rápida e sem qualquer problema de rejeição. Já o

transplante da retina é muito mais problemático,

cercado de numerosas incógnitas. Ligada ao pró-

prio nervo óptico, a retina — uma verdadeira

"câmara" da televisão orgânica

—, para ser subs-

tituída com sucesso, teria de ser religada perfeita-

mente ao nervo óptico, transmissor de imagens ao

cérebro, uma dificuldade que até agora tem tor-

nado difícil a operação.

2.° Grupo — Ouvido

Sentido da comunicação com o mundo exterior

— desde a "explosão"

de um avião a jato deco-

lando, até uma fuga de Bach —, a audição altera

a própria psique do homem. Os surdos tornam-se

irascíveis, tristonhos. envoltos num mundo silen-

cioso, de movimentos lentos ou bruscos, já que

não possuem a dimensão sonora de sua relação

com o próximo e com o mundo que os circunda.

Daí a extrema importância da recomposição dos

ossinhos que compõem o ouvido médio; bigorna,

martelo e estribo. São êles que desempenham as

funções de um microfone ao contrário, isto é: um

microfone que captasse sons de fora para dentro,

transmitindo as ondas sonoras até o tímpano, que

as transforma em vibrações. Os transplantes dês-

ses ossinhos são feitos com material alheio, mas o

estribo, em inúmeros casos, pode ser substituído

por uma pequena peça de metal.

Orelhas Para as orelhas, tanto os transplan-

tes quanto os reimplantes ainda não alcançaram

um bom nível de segurança. Mesmo quando se

reimplanta imediatamente uma orelha decepada

(castigo impôsto até há pouco aos ladrões em al-

guns países árabes), a circulação sangüínea que

irriga essa espécie de concha acústica externa^ do

ouvido não se refaz com facilidade. E por êsse

motivo que os transplantes de indivíduo para m-

divíduo assinalam um índice alto de rejeição. As

pessoas que, por um defeito de nascença (ou con-

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DO OUVIDO

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Coty é capaz de fazer

o mais tímido dos

homens dizer coisas

proibidas no ouvido

de uma mulher.

Coty é para

tôda

mulher que

ama a vida,

que é terrivelmente

feminina e gosta

de si mesma.

O Natal está aí.

Perto de você há sempre

um homem ou uma mulher.

Dê Cofy aos que

você gosta.

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MEDICINACONTINUAÇÃO

Abaixo

todas

as dentaduras

gênito, na terminologia médica), nào possuem pa-vilhão auditivo, valem sc do recurso do implante

de uma orelha de plástico, de aparência idêntica a

uma orelha normal. De modo geral, contudo, pre-fere-se reconstruir o órgão mutuado utilizando

cartilagens e fragmentos de pele retirados do pró-

prio beneficiário.Nariz — O nariz tem desempenhado um papel

importante na História e na Literatura. Cyrano de

Bergerac, o homem de nariz descomunal do tea-tro romântico francês, amou escondido detrás de

uma árvore a linda Roxane, envergonhado de

apresentar-se diretamente diante dela. Cleópatra, a

mulher fatal do Nilo, se tivesse o nariz menos

longo, teria sido perfeita como beleza feminina.

Mesmo assim, conseguiu seduzir Marco Antônio

e estremecer os alicerces de Roma como uma sub-

versiva da Antigüidade. Hoje em dia, Cleópatra

seria cliente de algum especialista famoso, como

milhares de outras mulheres (e homens) que se

submetem à cirurgia plástica. Quando a correção

do nariz se faz não só por motivos estéticos mas

por desastre ou mutilação, os reparos são análo-

gos aos da orelha, isto é, utilizando fragmentos

de tecido do próprio paciente. Esse apêndice abe-

Ihudo, que muitas vezes se mete onde não é cha-

mado, é composto de duas delicadas lâminas ós-

seas, na parte superior, e por uma cartilagem mo-

le e flexível, na inferior, o que dá ao nariz uma

mobilidade que os comediantes sabem usar plena-mente, torcendo-o, cheirando o ar para des-

cobrir traços de uma infidelidade amorosa, etc.

Atualmente, muita gente afoita anda por aí com

nariz de borracha, ou melhor, de suástico, uma

borracha silicosa que imita com perfeição a car-

tilagem verdadeira, flexível e porosa.

Dentes — As próteses dentárias (dentaduras,

pontes, pivôs) nunca resolveram perfeitamente o

problema da perda dos dentes naturais. O pacien-te, além de sentir uma inferioridade e um temor

constante de que as próteses caiam, tem seu pa-ladar reduzido e, no caso das dentaduras, sofre

atrozmente na fase inicial de adaptação das ger.-

givas aos dentes artificiais. Por essas desvantagens,

os cientistas ultimamente têm pesquisado uma téc-

nica de transplante bucal sem esses inconvenien-

tes. O processo moderno é o de implantar dentes

perfeitos, extraídos de pessoas vivas ou de cada-veres. encaixando-os diretamente nos alvéolos. Os

resultados têm sido excelentes, tanto do ponto de

vista funcional quanto estético.Maxilares — Até os maxilares — especialmente

o inferior, único osso móvel da cabeça, para a fa-

la e a mastigação — são hoje em dia substituíveis.

Usualmente, aproveita-se material obtido de doa-

dor, mas recentemente surgiram peças de metal ou

de cerésium, um novo metal cerâmico resistente

e que tem sido aprovado cada vez mais pela ci-

rurgia contemporânea.ParaÜróides — Apesar de estarem próximas da

tiróide e terem nome semelhante, qualquer seme-

lhança entre as paratiróides e a glândula tiróide

será mera coincidência. As paratiróides regulam

a manutenção dos níveis normais de cálcio e fós-

foro no sangue, função vital para evitar a desçaI-

cificação ou amolecimento dos ossos e para man-

ter a vitalidade, o tônus vital do indivíduo. Mui-

tas vezes, devido a seu tamanho minúsculo, as pa-ratiróides são extraídas inadvertidamente pelo ci-

rurgião. Se reimplantadas imediatamente e estive-

rem perfeitas, nada ocorrerá. No caso de estarem

danificadas, porém, essa regulagem dos níveis de

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Mas, assim como as costelas, o úmero — o osso

que vai do ombro ao coto.vêlo — também é pie-

namente transplantável, seja com emprégo de pe

ças retiradas de cadáveres, seja de peças artifi-

ciais.

Selo* — Tanto os seios quanto os mamilos e

suas auréolas podem ser restaurados ou reconsti-

tu idos pela cirurgia moderna. Para os seios, reco-

menda-se o implante sempre que houver atrofia

(que o povo chama de "peito

chato como tábua")

ou extirpação cirúrgica quando a mulher teve cân-

cer no seio. As lesões das auréolas e dos mamilos

sâo reparadas com fragmentos de pele da própria

receptora. Os enxertos plásticos têm um lado ma-

licioso também. Enxertados no peito e recobertos

com tecidos, adquirem um aspecto cem por cento

natural, como demonstra ostensivamente Coccinel-

le, o homem que, depois de se transformar cirür-

gicamente em mulher, exibe em cassinos do mun-

do inteiro sua plástica feminina dotada de seios

capitosos.

Diafragma — Situado na "bôca

do estômago",

o diafragma é um músculo que auxilia os movi-

mentos de respiração. Sua troca é possível, mas

são raros os casos de substituição do diafragma.

exceto em vítimas de acidentes automobilísticos,

uma das causas mais freqüentes da danificação

dêsse músculo. O diafragma é decisivo para o "fô-

lego" das cantoras líricas, pois sem êles elas não

poderiam manter durante minutos uma nota alta

sustentada no momento crucial de uma ópera como

La Traviata. E, embora as robustas heroínas de

Verdi e Puccini morram em cena de tuberculose,

na vida real ainda não se deu o caso de ruptura

do diafragma de uma Maria Callas ou de uma

Renata Tebaldi. segue

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MEDICINA

CONTINUACÀO

0 Brasil

reimplanta

braços

cálcio e fósforo passa a ser desempenhada por re-

médios, pois ainda não se faz o transplante das

paratiróides.

Larlnge e traquéia — Tempos atrás, a atriz Eli-

zabeth Taylor ficou sufocada e, levada ao hospi-

tal de emergência em Londres, logo uma notícia

assustadora causava arrepios de mêdo em seus

milhões de fãs: Elizabeth Taylor tinha sofrido

uma traqueotomia. Detrás dêsse nome imponente

esconde-se, porém, uma intervenção comuníssima

na medicina: já que o doente não pode utilizar a

laringe, devido a uma obstrução, faz-se um

corte na parte inferior da garganta, nela se inse-

rindo um tubo que substitui a laringe temporária-

mente na passagem do ar. As más línguas dizem

que Elizabeth Taylor ganhou o prêmio de me-

lhor atriz da Academia de Hollywood não por

sua interpretação, mas graças ao bloqueio de sua

laringe. Seja como fôr, são viáveis os transplan-

tes de laringe e traquéia, com a utilização do

doador. Poderão ser usadas, também, peças de

plástico para substituir ambas as partes em cará-

ter permanente.

3.° Grupo — Pulmões

Os pulmões se têm revelado dos órgãos mais

tenazmente resistentes ao transplante. Dos nove

transplantes tentados em vários países, nenhum

deu certo, havendo um caso em que o receptor

conseguiu sobreviver dezoito dias.

Ossos e costelas — A medicina consegue hoje

substituir por transplante tôdas as 24 costelas do

organismo humano, mas infelizmente sem delas

extrair Claudias Cardinales ou Ursulas Andress,

como Eva que foi extraída da costela de Adão.

107

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MEDICINA

CONTINUAÇÃO

0 coração

no futuro será

de

plástico

Membros — Há poucos meses, o Rio Grande

do Sul monopolizou as manchetes dos jornais e

as telas de televisão de todo o Brasil. É que uma

equipe médica de Pôrto Alegre tinha repetido uma

operação realizada anteriormente nos Estados Uni-

dos, reimplantando o braço decepado de um ope-

rário da estrada de ferro. De forma crescente, a

ortopedia moderna recorre a êsse auxílio em vez

de mãos, pernas e braços mecânicos, que além de

antiestéticos inibem psicològicamente seus possui-

dores. No caso específico dos dedos da mão, con-

tudo, a substituição se faz por reconstrução ou

por autotransplanteMJm dedo importante como o

indicador ou o polegar — os únicos que dão ao

homem a capacidade òe agarrar objetos, usando-os

como uma pinça — é~refeitò sacrificando-se outro

relativamente menos importante, como o mínimo

ou o anular.

4.° Qrupo — Coração

Conforme provam as estatísticas mundiais, as

duas moléstias que mais destroem vidas são, nas

regiões industrializadas (tanto dos países desenvol-

vidos quanto dos subdesenvolvidos), os ataques

cardíacos e o câncer. Talvez produto do ritmo fre-

nético do mundo moderno, com revoluções inces-

santes em todos os setores — satélites no espaço,

astronaves que se aproximam da Lua, impérios co-

loniais que ruem, a pílula que liberta a mulher da

maternidade indesejada, a míni-saia, etc. —, o

ataque do coração é conhecido na Alemanha co-

mo a Manageriurank-heit, a doença dos diri-

gentes de grandes emprésas industriais. Embora

predomine como causa mortk de homens que ar-

cam com responsabilidades de milhões de -dólares,

marcos, francos, libras — cruzeiros também —, o

ataque cardíaco ataca indiscriminadamente favela-

dos e milionários, escritores e pacatas donas de

casa. Nos últimos anos, todos os esforços dos cien-

tistas se concentravam na substituição do coração

doente: ou por um coração alheio, retirado de

um cadáver, ou por um órgão sintético. As pri-

meiras tentativas nesse sentido foram feitas com

corações de macacos. Mas êsses heterotransplan-

tes não deram bons resultados até agora, "ê

cedo

ainda", adverte o Dr. Barnard, "só

daqui a uns

vinte anos lies serão satisfatórios sob o ponto de

vista clínico". (Numa recente estada no Brasil,

concedendo uma entrevista à televisão, o cirurgião

sul-africano indicou também como possibilidade

de cura do câncer o transplante do órgão lesado

e a rejeição, pelo organismo sadio, das células

cancerosas como corpo estranho.)

Tampouco os corações artificiais até agora ela-

borados pela técnica mais avançada dos Estados

Unidos, da Grã-Bretanha, da Alemanha, têm sur-

tido bom efeito, embora se julgue que no fundo a

solução ideal será o órgão artificial, feito com si-

lástico, ou outro material sintético.

Ao estarrecer a humanidade, em 1967, realizan-

do o primeiro transplante da História, o Dr. Chris-

tian Barnard revelou-se sumamente modesto, afir-

mando que era meramente um '

filho espiritual do

Professor M. E. Schumway". Quem era êsse pro-

fessor desconhecido do grande público? Para a

classe médica internacional, era um jovem médi-

co americano que aos 44 anos de idade já desen-

volvera tôda uma técnica operatória que lhe va-

lera o título de "pai

dos transplantes cardíacos".

O Brasil também contribuiu com uma inovação

no campo da operação do coração bastante elo-

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MEDICINA

contini'açAo

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Vive-se mesmo

sem estômago

giada pelo próprio Dr. Barnard em visita ao Dr.

Euríclides Zerbini, do Hospital das Clínicas de

São Paulo. Ao passo que em tôdas as interven-

ções anteriores, inclusive na do Hospital Grotte

Schur, da Cidade do Cabo, era de praxe congelar

o coração do doador, o transplante do boiadeiro

João Ferreira da Cunha, realizado em maio déste

ano, foi efetuado com o órgão mantido a uma

temperatura normal por meios artificiais de labo-

ratório. Por ocasião do segundo transplante car-

díaco levado a cabo em nosso País, o dom que o

Dr. Barnard classificou de "engenhosidade

brasi-

leira" fêz-se sentir novamente, submetendo o re-

ceptor, Ugo Orlandi, comerciante em São Paulo,

a um tratamento prévio contra a rejeição, basea-

do no sôro antilinfocitário. As fotografias de jor-

nais e revistas mostram Ugo Orlandi, completa-

mente recuperado, voltando sorridente para sua

casa, levando no colo sua filhinha de quatro anos

de idade, depois da alta médica.

Esôfago — A perda do esôfago não acarreta

sérios inconvenientes para a sobrevivência da pes-

soa, porque êsse tubo de 25 centímetros de com-

primento que liga a faringe ao estômago pode ser

substituído pelo estômago, por trechos do intesti-

no grosso ou do intestino delgado, através de uma

delicada intervenção cirúrgica que ainda acarreta

sérios riscos.

Pele — Um dos transplantes mais antigos é o

da pele, que segundo se crê era praticado no an-

tigo Egito e que a partir da II Guerra Mundial

passou a ser corriqueiro. No entanto, os enxer-

tos de pele ainda não apresentam um índice abso-

luto de êxito, como se comprova no caso de quei-

maduras que exigem transplante de pele. É que

na pele a natureza concentrou quase todos os ti-

pos de antígenos, ou seja, as substâncias químicas

responsáveis pela rejeição. Apesar disso, o cirur-

gião Francisco Pinheiro, do Hospital da Policlí-

nica de Fortaleza, realizou recentemente o trans-

plante de 60 por cento da pele de Raimundo de

Andrade para o corpo de sua filha Arani, grave-

mente queimada em acidente caseiro. Tanto o

doador quanto a receptora estão em bom estado

de saúde.

Medula espinhal — Um dos tabus da cirurgia

ruiu como um castelo de areia no ano passado,

quando o Dr. Manuel Krimberg, do Rio Grande

do Sul, efetuou com êxito o primeiro transplante

mundial da medula espinhal, fato que repercutiu

grandemente no exterior. O paciente, Valter Pe-

rez dos Santos, tinha ficado paralítico por ter sido

baleado na coluna vertebral. Mas, assim que os

exames radiológicos demonstraram que o centro

das fibras nervosas não tinha sido atingido, deci-

diu-se operar. A primeira intervenção consistiu em

colocar um fragmento do nervo ciático do pró-

prio paciente na parte lesada da medula. Poste-

riormente, retirou-se de um doador uma parte

igual de tiervo ciático, transplantada para substi-

tuir o segmento tirado de Valter. Êste, segundo os

mais recentes boletins médicos, já recuperou o mo-

vimento das pernas e pouco a pouco, por meio de

exercícios, seus membros estão superando a atro-

fia acarretada pela paralisação temporária.

Artérias — No campo complexo da cirurgia

cardíaca, além dos transplantes do órgão em si,

tornam-se cada vez mais freqüentes as substitui-

ções de partes do coração ou segmentos do apa-

relho circulatório (próximos ou distantes dêle).

Dessa forma, trechos lesados da artéria aorta po-

dem ser repostos por tubos plásticos ou por frag-

mentos retirados de um doador. A aorta é uma

artéria essencial para a vida, pois é ela que leva

sangue para quase tôdas as partes do organismo.

Em sentido inverso, as artérias coronárias irrigam

o coração com os elementos nutritivos que captam

do sangue. Foi justamente a insuficiência funcio-

nal das coronárias de Philip Blaiberg que indica-

bicou e

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MEDICINA

CONTINUAÇÃO

No futuro,

um novo homem

transplante cardíaco que da África do Sul ganhou

o mundo em 1968. Geralmente, basta substituir o

conduto imperfeito por meio de artefatos de piás-

tico ou de fragmentos da artéria mamária do pró-

prio doente.

Válvulas — Os transplantes de válvulas têm

dado resultados bastante auspiciosos nos últimos

anos. Há pour no Hospital Municipal da cidade

de Poznam, na Polônia, cirurgiões implantaram

uma válvula cardíaca de vitela no coração de

uma menina de catorze anos. O Dr. Zibgniev

Lorkiexcs, chefe da equipe responsável pela ope-

ração, atestou que as válvulas do coração de ani-

mal são aceitas mais ràpidamente pelo corpo hu-

mano do que as de material plástico. Além dessa

válvula vacum, emprega-se como doador de vál-

vula cardíaca o porco, que já tinha contribuído

para o correspondente espírito de muitos antipá-

ticos. Para os mais resistentes a ter um compo-

nente de porco no organismo, experimenta-se já

em ampla escala o transplante feito com válvulas

aórtica ou mitral de teflon, um plástico especial

que tem como característica reduzir ao mínimo os

problemas da rejeição, espantalho de todos os

transplantes.

5.° Grupo — Fígado

Já os antigos gregos diziam que o fígado é o

regulador da alma, pois dêle dependia o tempe-

ramento colérico (de colê, bile) ou melancólico

(de melans, negro e colê: ou seja, de fígado ruim

ou negro). Na realidade, o fígado é um gigantes-

co laboratório que realiza cêrca de 5 mil funções

bioquímicas. Nessa multiplicidade de tarefas vitais,

como eliminar as toxinas ou venenos do organis-

mo contidas nos alimentos e na bebida (notada-

mente no álcool), reside a dificuldade até agora

não superada de se substituir o fígado humano.

Não obstante, no decurso dos últimos cinco anos,

registraram-se cêrca de trinta transplantes de figa-

do e, segundo o último levantamento efetuado

pela American Medicai Association em setembro

dêste ano, quinze pacientes continuavam vivos.

Estômago — Nos casos de câncer gástrico, tor-

na-se muitas vêzes indispensável a retirada total

do estômago. De forma um tanto precária, as fun-

ções dêste órgão 'ruminante"

por excelência pas-

sam a ser desempenhadas pelo intestino "elevado"

em seu lugar. Os transtornos para o paciente são

muitos, principalmente o de ter que reduzir suas

refeições a uma quantidade mínima a ser ingerida

várias vêzes por dia. Apesar do avanço promissor

de certas experiências mais arrojadas, os trans-

plantes totais de estômago ainda não são viáveis

no estágio atual da cirurgia.

Baço — "Estou

com uma pontada do lado es-

querdo" é uma afirmação que invariàvelmente

obtém como resposta de leigos e de médicos:"Deve

ser o baço". Essa glândula sangüínea situa-

da na parte superior esquerda da cavidade abdo-

minai é uma quase Esfinge em têrmos de decifra-

ção médica. Uma incógnita para o transplante: do

baço só se sabe, com certeza, que desintegra os

glóbulos vermelhos a serem aproveitados pelo fí-

gado. Embora os transplantes de baço sejam teóri-

ca e até mesmo pràticamente exeqüíveis, há pou-

cas pesquisas em tôrno dessa possibilidade.

Pâncreas — Em maio de 1968 — o ano recor-

de de transplantes no mundo —, o Bulletín Mé-

dical Belge, órgão oficial da classe médica da

Bélgica, ressaltava a importância capital, para o

ram como única saída para sua sobrevivência o

avanço da cirurgia latino-americana, do primeiro

transplante de pâncreas (terceiro do mundo) que

se fêz no Rio de Janeiro. Além de demonstrar

que é perfeitamente possível o transplante dêsse

órgão, assinalou que a experiência carioca veio

abrir um caminho nôvo para a solução do diabetes,

que se sabe deriva de uma disfunção do pâncreas,

que passa a 'permitir"

uma quantidade anormal

de açúcar na circulação sangüínea. Com o trans-

plante de um pâncreas sadio, o diabético poderá

tornar-se são. O paciente brasileiro, Arari Charbel

Rios, antes da operação já chegava a tomar insu-

lina (que combate o excesso de açúcar no fluxo

sangüíneo) de três em três horas, para não entrar

em coma. Hoje, quase seis meses mais tarde, dis-

pensou completamente a medicação e se encontra

em ótimo estado de saúde.

No caso desta intervenção levada a cabo pelo

Dr. Edson Teixeira, a técnica usada constitui em

enxertar, ao lado do pâncreas doente, o pâncreas

sadio de um doador. Essa duplicação de pâncreas

repete-se na duplicidade de funções do próprio

pâncreas: produzir suco pancreático (agente diges-

tivo lançado no intestino) e regular o metabolis-

mo (do grego, metabolê, troca ou transformação)

dos açúcares. No pâncreas enxertado manteve-se

sòmente a regulagem da produção de insulina,

enquanto a glândula natural continuou secretando

apenas sucos digestivos.

Aparelho urinário — Tôdas as partes do apa-

relho urinário — rins, ureteres, bexiga e uretra

— podem ser substituídos, utilizando-se material

proveniente do doador vivo ou morto (para a

troca de rins), bem como trechos do intestino dei-

gado do próprio paciente, para substituição das

demais partes.

Os rins são as "vedetes"

dos transplantes. Como

órgãos que mais segurança oferecem nos trans-

plantes, suas possibilidades de êxito chegam a 95

por cento, segundo cálculos de clínicas médicas

especializadas dos Estados Unidos. Um cômputo

em escala mundial terminado no ano passado re-

gistrou um total de 1 750 transplantes de rins sem

um único caso de morte para o doador. Em vá-

rios pacientes processou-se até um quarto trans-

plante consecutivo, pois logo que surge qualquer

complicação com o rim transplantado procede-se

à sua remoção e substituição imediata, mantendo-

se a vida do receptor por meio de um rim artifi-

ciai. A urina produzida pelos rins com resíduos

retirados do sangue e dissolvidos em água é leva-

da pelos dois ureteres até a bexiga. Tanto esta

quanto os dois ureteres podem ser retirados par-

ciai ou totalmente, mediante substituição por tre-

chos do intestino delgado do próprio doente. A

urina armazenada na bexiga é expelida pela ure-

tra, sendo êstes canais também substituíveis me-

diante fragmentos de tecidos do próprio paciente.

Trompas e ovários — Os transplantes das

trompas -e

ovários são o reverso da pílula anti-

concepcional, pois, uma vez superada a fase atual,

poderão tornar fecunda uma mulher até então

estéril. De fato, as funções reprodutoras femini-

nas podem ser desempenhadas por uma só trom-

pa ou um só ovário. A única ressalva é que essas

substituições se façam com órgãos ou condutos

de uma doadora que, viva ou morta, não tenha

ultrapassado a idade de 35 anos, para evitar o

processo de declínio da fertilidade feminina, que

se inicia a partir dessa idade.

6.° Grupo — Intestinos

A função em si do intestino delgado já com-

prova seu papel imprescindível no organismo do

ser humano: êle extrai dos alimentos a parte apro-

veitável e a lança na corrente sangüínea. Dos

três únicos transplantes dêsse órgão vital já leva-

dos a cabo no mundo, um é brasileiro e os dois

restantes são americanos. A tentativa brasileira,

realizada em São Paulo, apresentou, segundo re-

conhecimento objetivo dos próprios cirurgiões

americanos, os melhores resultados, pois o pacien-

te sobreviveu dez dias, enquanto os doentes nos

Estados Unidos sobreviveram apenas doze horas.

Quando se produz uma lesão pequena no in-

testino grosso ou quando suas deficiências são

localizáveis num ponto pequeno, basta encurtar

êsse tubo de alguns metros de extensão. Contudo,

quando as lesões são mais amplas, a solução é o

transplante com material originado de doador.

Bacia — Como ocorre com os demais casos, os

problemas de rejeição dos ossos ilíacos que com-

põem a bacia pélvica são mínimos, sendo pie-

namente possível o transplante sempre que hou-

ver necessidade.

Vagina — Nos casos — raros — de agenesia,

ou seja, ausência congênita da vagina, reconstrói-

se êsse conduto com moldes de pele retirados da

própria paciente.

Músculos esfriados — Chamam-se músculos es-

triados os que desempenham funções motoras, de

movimento, no organismo. Devido a uma caracte-

rística que alguns médicos chamam de "atávica",

só se podem fazer transplantes levando em conta

que êsses músculos, mesmo quando colocados em

outros locais do corpo do mesmo indivíduo que

os recebe continuam reagindo da forma anterior

à sua transplantação: um músculo do ombro, su-

ponhamos, enxertado na mão manterá suas ca-

racterísticas de músculo do ombro. Essas substi-

tuições só são possíveis utilizando-se "moldes"

re-

tirados do próprio beneficiário.

Articulações — As articulações ou "juntas",

co-

mo são conhecidas popularmente, funcionam como

amortecedores entre os ossos, como algodão em

meio a duas superfícies duras. A substituição das

articulações é feita mediante implantação de pinos

de metal fixados sòlidamente no interior dos ossos.

Fêmur e tíbia — Os dois ossos mais longos do

corpo, o fêmur e a tíbia, há mais de trinta anos

têm sido substituídos por peças metálicas dotadas

de dobradiças muito resistentes e com encaixes

cimentados nas articulações dos ossos vizinhos.

Tendões — Já os tendões, que reduzem a liga-

ção entre um músculo e um osso, permitindo

assim uma movimentação rápida e eficiente, são

substituíveis por peças artificiais de silástico que,

graças à sua flexibilidade e eficiência, vêm sendo

empregadas em larga escala.

Pernas e pés — Como no caso da retina, o

reimplante ou transplante de pernas e pés enfrenta

ainda dificuldades imensas devidas à complexida-

de da ligação entre êsses membros e o resto do

corpo. No entanto, como os membros artificiais

até agora não têm dado resultados estética ou

funcionalmente satisfatórios, a pesquisa em tôrno

a um futuro transplante de pés e pernas é intensa

e não deve estar longe o dia em que êle será

plenamente exeqüível.

Ao todo, portanto, 62 órgãos e partes diferen-

tes do corpo humano já podem ser substituídos

com sucesso que varia do insatisfatório ao exce-

lente. O futuro apresenta-se promissor: qualquer

órgão danificado, uma vez superados os proble-

mas de rejeição, poderá ser trocado por outro

novinho em fôlha.

A ficção científica americana já se antecipou

em vários casos, pelo menos em teoria, à ciência

e à genética modernas. Um dos livros mais apa-

vorantes dêsse gênero surgiu agora como best-

seller de emoção e terror nos Estados Unidos.

The Immortals, de James Gunn (edição Bantam,

livro de bôlso) — ainda sem tradução no Brasil

—, prevê um sinistro mercado negro internacio-

nal... de órgãos humanos. Criminosos, milioná-

rios, cientistas caçam pessoas jovens e sadias para

apoderar-se de todos os órgãos de seu corpo,

exceto o cérebro, que é jogado fora. A ciência

verdadeira, nos Estados Unidos, rebate com ex-

periências muito mais confortadoras do que a

ficção mórbida e afoita dos best-sellers comerciais:

no futuro — assegura — haverá bancos de órgãos

e a pesquisa em torno das peças artificiais de

plástico, metal, etc., faz prever sua utilização ma-

ciça, de preferência a órgãos retirados de doado-

res vivos ou mortos. fim

112

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Eles abandonaram seus cursos, deixaram

seus países,

mudaram seus valores, adotaram

uma nova língua. Vieram construir

o lar nacional judeu.

Em Bror Chail —

fazenda

coletiva israelense —,

nosso

repórter Eurico Andrade

presenciou

o

resultado da fusão do jeitinho

brasileiro com

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KIBUTZ continuacAu

A presença da guerra no kibutz: o parque infantil

tem um abrigo antiaéreo. A educação difunde noções

coletivistas às crianças em tudo, até mesmo nos

atos mais simples. Um mímico, Elias, treinou em

Paris para divertir as crianças — e os adultos.

Na chegada, emoção

Claude,

garotinho francês dc seis anos, nào entendeumuito bem quando o pai lhe comunicou que iriammorar num kibutz. O seu pai, arquiteto judeu que

morava em Paris, conheceu Israel, gostou da vida coletivado kibutz, interessou a esposa — e a família chegou nokibutz de Bror Chail numa sexta-feira à tarde, outubropassado. Nem o menino nem seus pais entendiam perfei-tamente as particularidades do kibutz. Viver sem dinheiro,em regime de total igualdade, o trabalho ter o mesmo valorqualquer que seja a profissão, as crianças dormirem emsuas próprias casas à parte — isso tudo representa umamudança brusca demais no destino de qualquer pessoa,para que seja compreendido sem uma longa vivência. Len-do muito, falando com amigos que moravam lá, visitando,ainda assim havia muita expectativa em toda a família.

Pai, mãe e filho estavam emocionados quando o carrodeixou a estrada principal cercada de eucaliptos, dobrouà esquerda, passou sob a placa e subiu a estradinha. Doslados, a terra ressequida, as colinas da fronteira de Gazaaparecendo, trazendo para perto a imagem da guerra, ovento quente do Mediterrâneo que sopra para o sul, acaminho do deserto do Neguev tão próximo.

Apartamento, metrô, escritório, dinheiro, patrão, banco,obrigações financeiras, compras, clube, cozinha, emprega-da — isso tudo ficou para trás. Mais 1 quilômetro, naúltima curva da estrada, começará uma nova vida. Extre-mamente prática e funcional, utópica ao mesmo tempo.Uma espécie de comunismo dos profetas, de Cristo eMarx — como os chaverim kibutzim (companheiros doskibutzim), as pessoas que lá moram, costumam dizer. Umautopia que ganha prêmios de produtividade na Califórnia.

Suavemente, a estradinha sobe a colina: atrás ficou afábrica. Adiante, vê-se a caixa-d'água camuflada entre ár-vores, o silo, as primeiras casas. Para os lados, a terra énua, calcinada, sob um sol violento, ocre. Os canos de irri-gação só voltarão a funcionar quando se preparar o solopara a nova colheita. Por enquanto, a terra descansa, masparece morta: nesse solo, não há vegetação, só história:aqui nasceu Sansão, por aqui passaram os exércitos romã-nos, árabes, turcos — os vitoriosos, os derrotados. Hámenos de dois anos lutou-se aqui, na Guerra dos Seis Dias.Êste solo já viu quase tantas guerras quanto colheitas.

Claude, o garotinho francês, não tira os olhos das vacas,que ruminam à sombra do monte de feno. Mas não per-gunta nada. O carro vence com facilidade o resto da subi-da. É um veículo novo, que passa desde já a pertencerao kibutz — o sexto da frota de automóveis — porqueaqui não há propriedade privada.

O verde, os abrigos, os amigos

A paisagem se transforma bruscamente: a terra agora éescura, tem vida. Está coberta por um gramado impecável,que dezenas de bicos de irrigação mantêm verde: 15 hee-tares de jardins bem cuidados, flores, árvores. No meiodo parque ergue-se a "cidade" — mais de duzentas casas,com terraços, jardins individuais: o edifício central da co-munidade — onde funcionam o refeitório, o salão deassembléia geral, o clube, o salão de música, a biblioteca,o centro telefônico, o correio, o Centro Cultural OswaldoAranha — êste é um kibutz fundado por jovens que saíramdo Brasil, ligados ao movimento sionista. A cidade temforma circular: no meio estão as casas das crianças, cer-cadas de abrigos antiaéreos e parquinhos de diversões. Emvolta, as casas. Pela calma do ambiente, não se imaginaque vivam aqui seiscentas pessoas.

A família de Claude foi recebida pelo arquiteto VitorioCorinaldi, judeu brasileiro, formado na Faculdade de Ar-

SEGUE

119

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Personagens indispensáveis à vida do kibutz: a môça

bonita que apanha a comida das crianças na cozinha

Central; Dove Samir, o líder político; o rapaz

que cuida da caixa postal.

A maioria das cartas traz

notícias dos parentes cjue ficaram no Brasil.

Armas no casamento

quitctura e Urbanismo dc São Paulo, residente aqui há

mais de quinze anos.

Só houve tempo de visitar o casal Sagüi, êle também

arquiteto, amigo desde Paris. Era preciso arrumar-se, pois

era um dia de festa em Bror Chail. Comemora-se a Festa

das Águas, uma tradição do povo judeu que se transfor-

mou no encerramento do ano agrícola, com exposição

dos diversos setores, prestação de contas, espetáculos tea-

trais. Além disso, hoje realiza-se o casamento de três casais

do kibutz. A piscina

está ornamentada com painéis de

plástico, holofotes, alto-falantes, veio um conjunto de Tela-

vive, o jantar

será servido ao ar livre, no gramado

ilumi-

nado. Há visitantes, convidados, soldados e "soldadas"

com

suas metralhadoras e roupas de campanha: os noivos aca-

baram recentemente o serviço militar.

As pessoas já retornaram do trabalho

— que

acaba às

4 da tarde, depois de uma jornada

de oito horas — e

agora apanham os filhos nas casas das crianças e se pre-

param para a festa,

passeiam ou jogam

futebol, uma das

tradições brasileiras de que o pessoal

de Bror Chail não

se afasta.

Claude, depois de ver o casamento, já fêz amizade com

os filhos de Vitório. Não sabe o hebraico, mas encontrou

outras formas de comunicação: corre, grita, se faz enten-

der. Tudo indica que, dentro de poucos

meses, êle domi-

nará a língua da terra melhor do que

os pais.

A espôsa

de Vitório, que é professora,

lembra que, no ano

passado,

uma senhora emigrada há poucos meses entrou na sua

classe em pranto:

Ajude-me, por favor. Meu filho só fala hebraico,

não consigo entendê-lo, não aprendi nada ainda.

Êste kibutz de hoje, tão colorido e cheio de histórias,

nada tem a ver com a dureza dos primeiros tempos.

Mas os princípios ideológicos

— dizem — continuam os

mesmos.

Da Rússia ao mar da Galilóia

O primeiro kibutz foi fundado em 1909 por judeus que

escaparam dos pogrotv.s russos de 1905, para

recriar o

Estado judeu sob a influência do socialismo. Alguns dos

fundadores eram marxistas-leninistas, outros social-demo-

cratas, todos influenciados pelas tendências políticas que

agitavam a Rússia. Chegados à Palestina para se unir ao

movimento sionista, foram cuidar de uma granja

compra-

da pelo fundo judaico

à margem do rio Jordão, no mar

da Galiléia, que Jesus Cristo atravessou a

pé._ Degânia,

essa granja, estava falida porque

os judeus

não tinham

experiência agrícola. As perseguições de 2 mil anos

proi-

biram-nos de se fixar na agricultura, e em muitos países

da Europa, desde a Idade Média, era proibida ao

judeu a

posse da terra. Para criar sua nação, os sionistas pioneiros

— intelectuais de mentalidade urbana — criaram a mis-

tica da terra, do retorno ao solo, da satisfação pelo traba-

lho manual. Decidiram então estabelecer uma comunidade

agrícola onde se abolisse a propriedade privada, o uso

do dinheiro, a mão-de-obra assalariada. Dariam idênticos

direitos ao homem e à mulher, e o trabalho seria valoriza-

do ern si mesmo, não havendo qualquer distinção entre

profissões e tarefas. Os lucros seriam repartidos por

igual

e todos teriam iguais direitos, mesmos podêres e idênticas

responsabilidades.

Os judeus expulsos da Europa pelo

nazismo encontra-

ram no kibutz o clima de justiça que procuravam, a idéia

propagou-se, o movimento sionista começou a treinar jo-

vens em vários países para fundarem novos kibutzim

quando chegassem a Israel. SEGUE

121

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O caminho de Israel

passou por

Taubate

KIBUTZ O Bror Chail, orientado pelo movimento sionista brasi-

continuação leiro, começou a funcionar a partir

de uma fazenda que

a

colônia comprou entre Rio e São Paulo, e onde os jovens

estudantes que abandonavam seus cursos pela

vida em

Israel aprendiam as noções primárias de agricultura.

O primeiro — e durante muito tempo o único

— japo-

nês que chegou a Israel, Senda, foi o

professor dos bra-

sileiros em Taubaté. Seguiu com êles para Israel, lutou na

guerra da independência, plantou

verduras até poucos

anos

atrás. Atualmente, é o secretário da Embaixada do Japão

em Telavive.

Hoje, a experiência de Degânia está reproduzida com

sucesso em cerca de 280 kibutzim, que abrigam mais de

85 mil pessoas, perto de 4

por cento da

população do país.

São os responsáveis pela revolução agrícola, participam

do

esquema de segurança do país, possuem sete dos 21 minis-

tros de Estado, influenciam os partidos políticos,

desen-

volvem a indústria, são pioneiros de um sistema educacio-

nal que o mundo todo olha com interêsse. Não fôsse a

guerra, estariam mais adiantados ainda.

As três revoluções

Dove Samir foi um daqueles rapazes que largaram o

curso no meio para aderir à idéia de ir fundar o Estado

de Israel. Já fêz de tudo no kibutz. Hoje, largou os cargos

de dirigente em nível nacional do movimento kibutziano,

retornou à universidade, quando voltar poderá

ser

deputado, talvez ministro. Seus amigos vão ainda mais

longe — chegará a

primeiro-ministro de Israel. Dove tem

idéias bastante claras sôbre o movimento:

— O kibutz sofre neste momento a sua terceira grande

revolução, mas continua fiel ao pensamento dos seus fun-

dadores. Na primeira fase, era necessário criar a mística

da terra, fixar no solo duro das fronteiras os intelectuais

ou refugiados que vinham das grandes

cidades. Tanto do

ponto de vista econômico

— alimentar os que chegavam

>t como político — criar os núcleos de povoamento

do

futuro Estado —, como militar

— garantir

as posições

conquistadas —, a primeira

revolução completou-se com

êxito. A . . .

Léa Samir, esposa de Dove, professora primaria nos pri-

meiros tempos, psicóloga e técnica pedagógica

agora,

explica as origens da educação do kibutz:

Nos primeiros

tempos, a necessidade de dar igualdade

de direitos à mulher, a mística do retôrno à terra e a

extrema necessidade de mão-de-obra levaram as mulheres

do kibutz a disputar aos homens tôdas as tarefas: arar,

dar guarda, lutar. Muitas vêzes a mulher, enquanto em-

purrava o arado, sentia vontade de amamentar seu filho,

mas tinha vergonha de falar nisso, como se seus sentimen-

tos maternos fossem uma traição pequeno-burguesa ao mo-

vimento. Nessa fase, a escolha da educação coletiva foi

menos do que uma teoria: era uma necessidade prática.

Não havia condições nos barracões de madeira, nas trin-

cheiras e nos plantios para se cuidar de crianças. Daí sur-

giu a idéia da educação coletiva: pôr

todos os meninos e

meninas numa só casa, onde uma única mulher toma con-

ta de tudo. , .

A partir daí, a prática

foi orientando a teoria: hoje

mantém-se o mesmo sistema, mas nunca se pensou em

suprimir os laços entre pais e filhos. Pelo contrário, iibe-

rados dos cuidados técnicos — alimentar, botar para

dor-

mir, ensinar a vestir-se, a limpar-se, responsabilizar-se por

tud0 , os pais têm com os filhos relações muito mais

puras carinhosas, uma convivência mais amorosa, impôs-

sível no sistema tradicional. As crianças aqui passam qua-

SEGUE

D|

mm || |

Benjamim é o

pintor do

kibutz. Nasceu

em Niterói.

Carmela toca

violino e dá

concertos para

a comunidade.

Ela é casada

com Sagüi, um

arquiteto. No

kibutz, todos

trabalham.

123

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— o feminino em calçasRUA WISARD, 320 - CAIXA POSTAL, 11120 - SAo PAULO

A

primeira

lição de Claude foi a

guerra

KIBUTZ tro ou cinco horas, no mínimo, com seus pais. Em

que

continuação cidade do mundo isso é possível? E os técnicos que

cuidam

das crianças podem educá-las com melhores resultados.

A segunda revolução

Passada a primeira

fase, com a criação de Israel em

1948 — é Dove quem

conta —, o kibutz foi forçado a em-

preender outra revolução: o movimento desordenado de

imigração, fazendo dobrar e, logo, triplicar a população,

exigiu da agricultura um esforço extremo para alimentar o

país. O comportamento do kibutz não

poderia ser místico

— nem a agricultura clássica. Começou então a revolução

tecnológica: economizar mão-de-obra (inclusive para a

guerra da independência), aumentar a

produtividade de

qualquer maneira, elevar o nível cultural para

tornar pos-

sível a absorção das novas técnicas: adubos químicos, cul-

tivo experimental, conhecimento do mercado. Hoje, o

kibutz realiza uma agricultura avançada, o mesmo nível

da Califórnia ou de qualquer

lugar desenvolvido; sua pe-

cuária é igual à da Holanda — a mais adiantada do mun-

do. Supre hoje as necessidades de alimentação do país

e

exporta muito — uma boa parcela

dos 2 bilhões de dóla-

res anuais obtidos no comércio externo de Israel.

A atual revolução do kibutz é industrializar-se, sem per-

der suas características. A mecanização total da lavoura

liberou mão-de-obra e tornou possíveis maiores gastos

com

a educação. A atual geração já pode retornar à universi-

dacje —

paga — e escolher carreiras fora da agricultura,

fora das necessidades econômicas até, mas é preciso que o

kibutz se aparelhe para receber de volta os jovens que

saí-

ram para estudar eletrônica, por

exemplo. Do contrário, o

kibutz se esvaziará. O fundamental é evitar — com o de-

senvolvimento industrial — mão-de-obra assalariada nas

fábricas.

A guerra no primeiro

dia

No seu primeiro dia de aula, Claude chegou à escola e

ficou impressionado com aquela casinha pequena ao lado

do parque. Era o abrigo antiaéreo, primeiro

contato do me-

nino com a guerra.

Manifestou sua reação imediatamente

quando a professora

deu-lhe papel e tinta e deixou-o à

vontade. Seu primeiro quadro: homens de espadas enor-

mes e índios de filme de cowboy. Seus novos colegas riram

muito. Para êles, a guerra é um assunto bastante claro, e

seus desenhos não mostram coisas românticas como es-

padas e índios. São Mirages descarregando bombas, tan-

ques camuflados reproduzidos com todos os detalhes, Migs

ameaçadores. Mesmo os meninos da idade de Claude sa-

bem que guerra é negócio serio, que

matou cinco rapazes

do kibutz. Êles recebem lições, aprendem a reconhecer mi-

nas, para não apanharem alguma que

encontrem no chão.

A guerra

é uma rotina. A defesa faz parte do currículo.

Uma casa sem cinzeiro

A classe de Claude funciona na sala principal de uma

casa onde moram treze crianças de ambos os sexos. São

205 garotos no kibuiz e têm suas próprias

casas. Com de-

coração infantil, cadeiras menores, pratos mais delicados.

Não há um único cinzeiro pelas salas. Os moradores não

reclamam. _ .

A primeira casa é a dos recém-nascidos. Quando a mae

volta da maternidade, fica sem trabalhar seis semanas, e

uma encarregada de bebês, com curso de puericultura,

man-

tém-se à sua disposição o tempo todo. Cuida do bebe, de

SEGU t

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k a

A economia do

kibutz é bem

diversificada.

O trabalho ali

mobiliza tanto

o instrumento

simples da

agricultura

como a

máquina

pesada da

indústria. A

economia

está em

permanente

expansão.

A educação vem do berço: tudo é coletivo.

¦

sua roupa, orienta em tudo. Durante os cinco meses se-guintes, a mãe só trabalha quatro horas por dia, passandoo resto do tempo com o filho. A primeira e a última refei-ção de cada dia, até o fim do primeiro ano de vida dascrianças, são dadas pelas mães. No dia de folga da encar-regada, elas dão um plantão na casa onde estiver seu filho.

Já nessa idade, o bebê se submete às normas do com-

portamento coletivo: seu berço fica próximo a outros trêsou quatro, o horário de refeição é igual para todos, ospasseios, banho, tudo é coletivo. A encarregada da casa— que recebe orientação constante dos técnicos no assun-to — é ajudada por moças de catorze a dezoito anos, quetrabalham em horários que não prejudicam a escola.

Aos dois anos, a criança já vai para o peniquinho namesma hora que as outras, guarda sua toalha após o ba-nho, deixa o chinelo no lugar exato. Aos três, escolhe sua

própria roupa, veste-se sozinha, deixa a roupa suja nosaco que vai para a lavanderia coletiva; aos cinco, seisanos, prepara a salada do seu almoço; aos dez, lava a pró-pria louça. Aos doze anos, começa o trabalho "externo":

ajuda na colheita de laranja, serve no refeitório coletivo —

pois as pequenas cozinhas de cada casa só servem paraum jantar íntimo quando o casal tem algum motivo, po-dendo então preparar bolos e tortas. Os ingredientes ne-cessários vêm da despensa coletiva.

A partir dos quatro anos, as crianças jantam com os paisno refeitório. Aos catorze, almoçam também, já então porconta própria. Aos quinze, ganham casas particulares paratrês, sob a supervisão de um encarregado. Mas aí já têmliberdade para ir sozinhos à cidade, vão dormir à horaque quiserem, são independentes — sem exageros. Aosdezoito anos, rapazes e moças vão para o Exército. Salvoos portadores de defeitos físicos, que mesmo assim tentamescondê-los dos médicos para serem aceitos. Retornam trêsanos depois, adultos. Ou não retornam: os soldados saídosdos kibutzim são os mais famosos de Israel, pois, na últimaguerra, 25 por cento das baixas foram de kibutzim, es-tando 4 por cento da população mobilizada.

Ê o tipo de vida — dizem todos em Israel — que osfaz melhores soldados: vão com um nível cultural bastantebom, quase todos concluíram o científico, têm capacidadede comando, são solidários e voluntários.

No cemitério de Bror Chail, eles têm cinco túmulos. Oprimeiro dos que morreram foi Isaquinho, dezoito anos.Na guerra do Sinai, em 1955, silenciou um ninho de me-tralhadoras, morrendo para seu grupo avançar. Sua últimafrase, o polegar para cima:

Venham. O caminho foi limpo.

Não são robôs

A educação coletiva não cria robôs. liana, mãe de doisfilhos, especialista de educação do kibutz, afirma:

Não pretendemos criar homens diferentes, nem es-tamos fazendo experiências teóricas com nossos filhos.Queremos educá-los para um tipo de vida que escolhemose estamos implantando. Educá-los para que tenham inde-pendência e autoconfiança, para que escolham formas maispuras de vida, mais justas e progressistas. Nossas escolas,nossa educação não se isolam do resto da vida. Há umaintegração total com a maneira de viver no kibutz. Aqui,não ensinamos o menino a decorar lições, mas a pensar, aviver, a saber por que trabalhar, por que viver. Nossaeducação é profundamente humana. Os educadores cum-prem ao mesmo tempo uma tarefa social. Educar os jo-vens é uma responsabilidade de toda a comunidade, e nãoapenas dos pais.

126

A prioridade que o kibutz concede à educação está na KIBUTZ

quantidade de pessoas que trabalham no setor: há cinqüen- continuaçãota elementos trabalhando na agricultura e mais de cin-

qüenta na educação, sem contar os professores da escolaregional. Os encarregados da educação, inicialmente, nãotinham grande capacidade técnica: umas poucas pessoasorientavam o trabalho das demais, que sabiam tanto quantoo comum das mães. Houve uma preocupação de interes-sar as mulheres para encararem o serviço com as criançascomo uma carreira, como possibilidade de realização pro-fissional. Há cursos, conferências, seminários, um cons-tante aperfeiçoamento do quadro de educadores. Léa, Ila-na, Marion são técnicos de educação de alto nível — mi-nistram conferências em Telavive, recebem do kibutz meios

para acompanhar o que acontece no setor em todos os

países. A estante de Léa — em cinco idiomas — dá um

quadro atualizado da psicologia infantil, dos métodos maismodernos de educação em todo o mundo. Embora ela eas demais pessoas do kibutz frisem sempre:

Aqui, não seguimos métodos de ninguém. O funda-mental em educação é ter consciência do que queremosser, do que queremos fazer de nossas vidas. As experiên-cias dos outros podem abrir-nos soluções técnicas, capaci-tar-nos para uma melhor orientação. Mas a prática é queorienta a teoria: educamos para a vida socializada,coletivista.

Marion conta que durante a Guerra dos Seis Dias umaeducadora americana que visitava o kibutz ficou chocadacom o sofrimento das crianças nos abrigos antiaéreos.Protestou:

Vocês não estão vendo isso? Por que não evacuamas crianças?

Evacuai para onde? À frente, a 8 quilômetros, fica a

fronteira inimiga. Atrás, a poucos quilômetros, fica o mar.Temos que permanecer aqui. Só temos esta escolha. Nossassoluções têm que levar isso em conta.

É tudo "nosso"

O sentido coletivista na educação kibutziana provocou,certa vez, um exagero. Às 4 da tarde, quando os pais fo-ram apanhar o filho na casa-escola, o menino queixou-se:

Mamãe, nossa barriga tá doendo.Isso é contado como piada em Bror Chail, mas simbo-

liza a vida em grupo. Desde os primeiros dias de vida, acriança tem uma convivência social que a diferencia dasque são educadas individualmente. Não adianta o filho dodiretor da fábrica pedir dinheiro ao pai: êle não terá. (Osadultos do kibutz recebem uma verba pessoal equivalentea 150 cruzeiros novos por ano, para as despesas pessoaisnão programadas — todas as despesas previstas são pagaspelo kibutz, essa verba é quase um símbolo de liberdaceindividual.) A roupa do filho do jardineiro é igual à dofilho do arquiteto. As casas dos pais são iguais, os móveistêm o mesmo valor. Suas camisas podem ser escolhidaspelas mães, mas são fornecidas pelo kibutz, em quantida-des iguais para todos. E ficam guardadas num grandearmário coletivo, como as botas para a chuva, os brinque-dos, tudo. As relações das crianças com os pais não en-volvem questões financeiras: o menino sabe que nãoadianta fazer manha para ganhar uma bolsa nova. Ela seráfornecida segundo as necessidades.

Quando a criança sai do primeiro ano, vai de ônibuspara a escola regional, construída pelos onze kibutzimpara suas quinhentas crianças em idade escolar. Do se-gundo ano até o científico, estudam juntas. Ê uma escolabem aparelhada, com mais de sessenta professores, especia-

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Ninguém pensa em Mustang, só em Miragelistas em fonoterapia, psicologia em educação de retarda-dos, com classes especiais para os atrasados e os supera-diantados — há uma classe para dois alunos que se desta-caram em matemática. Sem notas — para evitar a com-petição —, mas com estímulos individuais que contamdesde a qualidade do trabalho até o esforço pessoal: ficarmais tempo estudando conta ponto mesmo que haja errono trabalho. Os livros são coletivos, fornecidos no começodo ano e devolvidos no fim das aulas. A criança não osrasga porque tem uma responsabilidade social. As aulassão orientadas para o interesse dos alunos. Quando todosos kibutzim estão exportando laranjas, os professores têmmais facilidade de explicar o comércio, ou mesmo a fun-ção da clorofila. Há laboratórios de física, química, cursosde educação sexual — que incluem uso de anticoncepcio-nais para evitar os casos de mães solteiras — aulas deeconomia doméstica para as moças, e de mecânica para osrapazes.

O "kibutz" satisfaz a vontade

Mas a vida assim não é monótona, Alfred?Alfred é um rapaz de dezoito anos incompletos, está

concluindo seu curso secundário para ir para o Exército.Não. Eu tenho liberdade para fazer o que quiser.

A vida dos meus amigos da cidade é muito mais monótonae sem sentido. Imagine que no domingo um amigo meunão pôde ir para o teatro com a namorada porque nãotinha dinheiro. Isso é ridículo.

Mas nunca deu vontade de largar tudo e começaroutra vida fora?

Eu creio que, em qualquer situação, as pessoas sen-tem isso. Mas, quando a gente pensa, faz um balanço, vêque gostaria de levar para a outra vida muita coisa quesó existe no kibutz. Acabo ficando.

Você não tem vontade de ter um carro, porexemplo?

Dá vontade de dirigir um carro, de possuir, não,pois o kibutz me satisfaz a vontade.

No momento que o jovem, do kibutz ou não, enfrentaaquelas indagações da juventude, sente necessidade de seafirmar, deixar-se levar pela aventura, aí entra o Exército.O jovem do kibutz não se sente frustrado por não possuirum Mustang, quando êle gosta de velocidade, porque oExército lhe oferece um Mirage. Como todo mundo serveno Exército, e por um tempo longo — três anos —, o ser-viço militar é uma passagem para a vida adulta, umaprocura de caminhos, de profissão, de maneira de viver.Em última análise, uma válvula. Quando êle retorna à vidacivil, casando ou não, entrando ou não na universidade,já teve chance de escolher o que queria. E a grande maio-ria dos jovens do kibutz retorna para a mesma vida apóso serviço militar. Na maioria das vezes, trazendo a noiva.

Essa independência do jovem do kibutz inclui sua vidasexual. Pode morar com sua noiva o tempo que quiser,o fato de casar ou não nunca é questionado pela coletivi-dade, embora o kibutz, sendo uma espécie de aldeia, pu-desse forçar um comportamento moral tradicionalista.

A profissão ó indiferente

Claude dizia que iria ser arquiteto, mas aqui certamentese esquecerá disso. As crianças do kibutz não têm a menorurgência na escolha das profissões. O que todos os meni-nos e meninas sabem com bastante clareza é que vãoservir ao Exército. Vão lutar.

— E se a guerra acabar, Alfred? Se o serviço militar

deixar de ser obrigatório, se fôr conseguida a paz com os KIBUTZárabes? continuação

Ai será ótimo. Mas não adianta pensar nisso, a rea-lidade acaba frustrando qualquer otimismo. É melhor sepreparar para a guerra; quando a paz "surprender" osplanos da gente, será ótimo.

O que você pretende ser? Afinal você já tem dezes-sete anos. . .

Você acha que um sujeito com dezessete anos játem o conhecimento suficiente de vida para fazer uma es-colha? Eu ainda não sei como vai ser a vida no Exército,o que vou aprender nos próximos anos. Melhor deixarpara decidir depois.

Alfred simplesmente pode escolher ser vaqueiro. Aigualdade do valor do trabalho proporciona esses "exage-ros" de romantismo, que na vida do kibutz é uma escolhaprática e funcional. O vaqueiro se realiza profissionalmen-te: o valor do seu trabalho é reconhecido pela comunidadeno mesmo nível do economista, do prefeito. Êle não seafastará do nível cultural médio, porque a pecuária dokibutz tem o grau tecnológico das granjas holandesas: as130 vacas leiteiras do Bror Chail produziram nos últimosdoze meses um total de 850 000 litros de leite, o que re-presenta uma produtividade média de 6 500 litros porvaca. O vaqueiro só consegue isso lendo tudo o que aparecenos Estados Unidos, na Holanda ou na França sobre pe-cuária leiteira. A inseminação artificial exige conhecimen-tos de genética. Êle é um vaqueiro-técnico.

O rapaz também pode decidir ser jardineiro. Leão, irmãodo maestro brasileiro Isaac Karabtchevski, é um homemfeliz: cuida dos 15 hectares de gramados do kibutz, fazexperiências com flores e árvores trazidas de fora, estudaarquitetura paisagística e vai fazer um curso sobre sua es-pecialidade no exterior. O kibutz pagará porque é investi-mento: êle vai-se tornar o Burle Marx de Israel e contri-buirá com a comunidade.

A terra e a água

Chico é tratorista. No dia da Festa das Águas estava felizda vida porque tinha acabado a colheita de algodão nodia anterior e pela manhã fora a Telavive escolher seu ho-rário de aulas na universidade. Chico está no kibutz hámais de quinze anos, é gaúcho, abandonou seus estudosno meio para construir o Estado de Israel. Durante todoesse tempo — está casado, tem dois filhos — foi tratorista.Passou o mês de outubro em cima da colheitadeira de algo-dão, trabalhando duro como qualquer tratorista do mundo.A mecanização permite retirar um homem da agriculturano próximo ano. Chico propôs à Assembléia Geral dokibutz o seu problema: queria voltar a estudar, fazer filo-sofia. A Assembléia discutiu o problema de todos os can-didatos à universidade, havia uns quinze, as previsões fi-nanceiras permitem pagar os estudos de onze membros esteano. Chico foi incluído entre os escolhidos. Até concluiro seu curso, a comunidade o mantém em Telavive, êle vempara casa só nos fins de semana, durante as férias trabalha-rá normalmente, sua família manterá o mesmo padrão,Chico vai realizar-se profissionalmente noutro setor: seráprofessor, conferencista, escritor, político. Durante os anosem que foi tratorista, a vida do kibutz permitiu que Chicoassistisse a vários cursos de semanas ou meses na cidadepróxima, recebesse livros, estudasse a obra de Sartre, Al-thusser, Marcuse. O tratorista Chico — chapéu de pano,sujo de óleo, queimado de sol — tem uma biblioteca exten-sa em sua casa.

No ano que vem, provavelmente será a vez de Bernardo,SEGUE

128

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O átomo é um sonho

o encarregado da irrigação: mesmo sem universidade, sua

vida e a dos outros trabalhadores da irrigação melhoraram

muito êste ano. O kibutz tem uma cota de água, fixada

pela companhia estatal que

tem o monopólio da água no

Estado de Israel. A cota é rígida, seu aproveitamento ra-

cional: mais do que

a terra, é o ponto

de partida para

o

aumento da produção, o

progresso do kibutz, a melhoria

do padrão

de vida coletivo. A irrigação convencional, feita

geralmente de noite para

evitar o desperdício da evapora-

ção, exigia de Bernardo e de outros acordar em horas avan-

çadas para ligar ou desligar os bicos. O kibutz agora com-

prou relógios que

desligam automàticamente quando é

atingida a cota fixada. Os encarregados da irrigação po-

dem dormir mais tranqüilos, não haverá desperdício. E

Beraley Rosemblat, o agrônomo — hoje uma das autori-

dades científicas da região, mas antigo tratorista também

—, pode

utilizar melhor a cota de água para aumentar

as áreas de cultivo.

Os números do kibutz

Êste ano, os 140 hectares de algodão produziram 600

toneladas — é recorde mundial de produtividade. O algo-

dão de Bror Chail é beneficiado numa fábrica construída

pelos onze kibutzim da região. O algodão que Chico co-

lheu na quinta-feira

— 400 quilos em cada dez minutos

foi levado para o centro de beneficiamento e, na se-

gunda-feira, já estava no

pôrto para embarque. Sem inter-

mediários. O algodão foi a lavoura que

rendeu mais —

600 000 000 de cruzeiros novos. A produção de laranjas,

para exportação, rendeu 390 000 000. Trigo, 265 000 000.

Beterraba, 100 000 000. Essa, aliás, é uma cultura antieco-

nômica, que

o Govêrno subsidia por

motivos estratégicos:

o país

não pode

viver sem açúcar num caso de bloqueio.

A criação de galinhas

— o centro regional dos onze

kibutzim possui um matadouro

para aves —

rendeu

420 000 000 de cruzeiros velhos. Cenoura, 220 000 000.

O balanço do kibutz nos últimos doze meses — o ano é

calculado no fim da colheita, em outubro — apontou um

faturamento global de 3 000 040 cruzeiros novos. Foi um

ano bom.

Dove Rosenthal, o planejador econômico de Bror Chail

entrou em Israel muitos anos atrás, refugiado, vindo do

Egito —, anunciou os dados da última safra no dia da Fes-

ta das Águas. Foi bastante otimista e está feliz pela

vitória

da sua campanha de produtividade. Há um ano, lançou o

slogan, pintado nas

paredes, por tôda

parteí +5-5. Houve

alguma gozação, porque mais cinco menos cinco é igual a

zero. Mas êle queria 10: mais cinco

por cento de produti-

vidade, menos cinco por cento de desperdício. Conseguiu.

A área total do kibutz é de 1 200 hectares. A água só

é suficiente para plantar 300 hectares. Outros 300 são

de lavouras extensivas, que dependem da chuva: trigo,

feno, sorgo. A cota de água do kibutz é 1 500 000 metros

cúbicos por ano,

que custam 30 000 000 de cruzeiros ve-

lhos. É preciso aproveitar ao máximo.

O grande sonho do kibutz, e de tôda

gente de Israel, é

a central atômica que pode dessalinizar a água do mar.

Mas o investimento custará uns 400 000 000 de dólares.

Só será construída quando se conseguir a

paz. A paz aqui

tem muito que

ver com água.

A fábrica sem salários

Resta ainda uma fonte de renda do kibutz: a fábrica.

Logo na entrada de Bror Chail há uma moderníssima, de

desidratação de verduras, para exportação. Tôda a

pro-

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Salário é

problema

dução de cenoura do kibutz foi vendida à fábrica. Dos

arredores chegam grandes quantidades

— ela fatura mais

de 1 000 000 de dólares por ano, exportando.

Nahum Fassa, diretor-presidente da fábrica, é um sim-

pies membro do kibutz. Tem as regalias

que seu cargo exi-

ge nos contatos externos, mas seu padrão

de vida é exata-

mente igual ao do velhinho que

serve o café no refeitório.

A fábrica foi planejada

e construída pelo

kibutz, que possui

25 por

cento de suas ações. As restantes estão com com-

panhias estrangeiras e nacionais — do Estado. O principal

problema de Nahum não é de origem econômica: a fábrica

está conseguindo entrar no mercado de Los Angeles — o

que é uma grande

vitória. Já exporta para

mais de doze pai-

ses e começou a ser ampliada para

atender à demanda.

Chega logo aos 2 000 000 de dólares/ano. O problema é o

trabalho assalariado: Nahum e a Assembléia Geral —

que é a direção do kibutz — acham

que isso contraria a

ideologia do movimento, recorreram à distribuição de

lucros com os 170 operários, puseram dois representantes

dêles no Conselho Diretor, mas continuam lutando para

extinguir o trabalho assalariado na fábrica. E há pressão

de muitos membros do kibutz. O caminho encontrado por

Nahum já

está em execução: automação a qualquer eus-

to e emprêgo de gente do kibutz treinada

para trabalhar

com equipamentos eletrônicos. Nos próximos cinco anos

espera anunciar à Assembléia que

o princípio dos

pionei-

ros voltou a ser mantido: "Todo

salário é uma forma de

exploração inaceitável pelo

kibutz". Independentemente

dessa disposição, 28 membros do kibutz são assalariados,

ou recebem remuneração em atividades externas. Dentre

êles estão: Sagüi, um dos três arquitetos, é empregado nu-

ma indústria de pré-fabricados; Carmela, sua esposa,

que

não é assalariada, mas recebe dinheiro de suas atividades

de violinista e professora de música; Peter, que é o

quí-

mico industrial da fábrica; o próprio Nahum, um ator de

teatro que

trabalha numa das melhores companhias de

Telavive e mora no Bror Chail; Elias — o único mímico

de Israel, com curso de dois anos em Paris financiado

pelo kibutz —,

que entrega no caixa todo o

produto de

suas atividades artísticas; Benjamim, pintor com exposi-

ções individuais em vários países.

No sábado há festinhas no kibutz, as conversas

prosseguem tranqüilas no clube, na sala de música, na ca-

sa de madeira que abriga os voluntários de outros

países,

rapazes e moças em férias que procuram o kibutz mais

por aventura. Mas, esta noite, Vitorio, o arquiteto, des-

pede-se do seu colega francês, apanha a metralhadora na

casa de armas e vai dar seu turno de guarda. Hoje, isto

é quase uma rotina,

porque o Exército israelense ocupa

a faixa de Gaza. Mas, antes da Guerra dos Seis Dias, a

guarda era realmente uma atividade militar: o kibutz fica

a poucos quilômetros da fronteira.

Hoje, Vitório é guarda. Outro dia, êle estava na co-

zinha lavando pratos, quando recebeu uma visita. Não

deu tempo nem de tirar o avental. O visitante achou

aquilo meio estranho, mas de qualquer maneira cumpriu

sua tarefa: era o ministro da Habitação, e vinha convidar o

lavador de pratos para dirigir o Departamento de Arqui-

tetura em seu Ministério.

Vitório, um arquiteto com

prêmio em Bienal, pode

ser feliz lavando pratos numa aldeia agrícola, à sombra

da guerra?

Pode. Eu vivo feliz. um

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agreste!

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Família Royal deseja a V e aos seus

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SURPRÊSA

<& DE NATAL

3 pacotes de Pudim

Royal, sabores: cereja,

baunilha e chocolate.

6 xfc .(11/2 litros) de leite.

Prepare cada pudim

com 2 xíc. de leite, de

acôrdo com as

instruções do pacote.

Deixe esfriar, mexendo

de vez em quando para

não ocorrer a formação

de película.

Em recipientes de

vidro: taças, copos

BÓLO ALELUIA

3/4 xíc. (160 g) manteiga

1/3 xíc. (220 g) açúcar

3 ovos (180 g)

1/2 xíc. (300 g) farinha

de trigo

2 colh. (chá) de Fermento

em Pó-Royal.

1/2 colh. (chá) de sal.

1/2 colh. (chá) de

noz-moscada ralada.

1 colh.(chá) canelaempó.

colh.(sopa)cacauempó.

1/3 xícara de rum ou

vinho do Pôrto.

xíc. (350 g) frutas

cristalizadas picadas.

1 xícara-de passas (170 g).

1 xíc. (120 g) nozes

içadas.

ata a manteiga e o

açúcar em creme. Junte

os ovos um de cada vez,

batendo bem. Acrescente

os ingredientes secos

seneirados juntos e o

íquido. Misture bem.3olvilhe

as frutas, passas

e nozes com farinha de

trigo e junte-as à massa,

misturando

cuidadosamente.

Coloque em fôrma

desmontável (25 cm)

forrada com papel

impermeável untado.

Asse em forno bem

moderado,

por 1 1/2

horas.

Cubra

com glacê

branco

e enfeite

com

cerejas.

gelar. Desenforme,

enfeite com as frutas

restantes e sirva com

calda de caramelo.

JÓIA DE NATAL

pacotes de Flan Royal.

xícaras de leite.

xícara de frutas

cristalizadas picadas.

colh. (sopa) de licor

de cacau.

Prepare o Flan, de acôrdo

com as instruções do

pacote. Adicione 1/2 xíc.

de frutas cristalizadas

e o licor. A mistura

endurece ao esfriar.

Coloque em fôrma bem

caramelada e leve para

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Feliz Natal e próspero Ano Novo

ou pirex, arrume-os emcamadas.Enfeite com cremechantilly e sirva.

Royalpo para pudim

^^^^^i ] | 5 SflK __r^1 ^Ci; MOSAICO ROYAL

4 pacotes de GelatinaRoyal, sabores: morangolimão, laranja e abacaxi.41/2 xíc. água fervente.1/2 xícara de açúcar.1 lata de creme de leite.Prepare cada gelatina(morango, limão, laranja)com 1 xíc. de água.Corte-as em cubinhos.Dissolva a gelatina deabacaxi na água restante.Misture bem os demaisingredientes. Deixe esfriar.Arrume alguns cubinhos

em fôrma ligeiramenteuntada e cubra-os coma gelatina. Deixe gelar.Acrescente a mistura eos cubinhos restantes.Desenforme e sirva.

Royal

è^MANJAR DO CÉU2 pacotes de ManjarRoyal.4 xícaras (1 litro) de leite.1 xícara de uva-passasem sementes.

Misture o conteúdodos pacotes de manjare o leite. Leve ao fogobrando, mexendosempre. Acrescente aspassas e deixe ferverpor 5 minutos.Coloque em fôrma,previamente molhada

e deixe gelar.Desenforme e sirvacom ameixas pretas emcalda e cerejas.

PELO NATAL ENO ANO NOVOVÁ DE ROYALQUE VAIMELHOR

F@RFLEISCHMANN

ROYAL

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O Editor Técnico de Oualro Rodas, Expedito Ma-

razzi, revela o que

nào se vè no Salao do Auto-

móvel. Há<uma corrida entre as fabricas para

con-

quistar o consumidor, cada vez mais sofisticado.

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Jucá Chaves confirma:

Abbey, o whisky

CARROS CONTINUAÇÃO

Na luta

pelo

mercado, só

quatro

fábricas sobraram

O

Sr. João da Silva foi visitar o Salão do Automóvel

logo no dia da inauguração. Percorreu todos os

stands, olhou e namorou todos os carros. Ao chegar

em casa, quando a mulher lhe perguntou se, afinal,

tinha escolhido o nôvo carro da família, êle teve de negar:

— Tem tanta coisa nova, minha filha, tanta coisa diferente,

que eu não sei se é melhor pensar bem ou escolher depressa.

A reação do Sr. João da Silva é bem a síntese da perplexi-

dade do mercado brasileiro, diante da ofensiva que as fá-

bricas desfecham para conquistá-lo. Até poucos meses atrás,

o comprador tinha à escolha quatro ou cinco modelos, com-

preendidos bàsicamente em três faixas. Agora, pode ter os seus

caprichos, pois as fábricas se dispõem a satisfazê-los. O fre-

guês brasileiro se tornou tão importante como o de fora. Ê

preciso tentá-lo, adulá-lo, conquistá-lo.

As bossas para essa conquista utilizam a experiência de

Detroit e outros grandes centros da indústria automobilística

mundial, mas não resultam apenas disso. As fábricas bra-

sileiras já produziram mais de 1 milhão de veículos e, pela

própria experiência, sabem avaliar o gosto, o interêsse e o

poder de compra do consumidor. E fazem tudo para influen-

ciá-lo, levá-lo a comprar o carro x, e não o carro y. A me-

lhor prova disso: o comprador do próximo ano terá de op-

tar entre dezessete modelos — o que

não será fácil, se êle

não tiver uma idéia precisa do que pretende num automóvel.

No Salão do Automóvel, o Sr. João da Silva não encon-

trou velhos conhecidos, como o Gordini e o DKW, que

acabaram mesmo. Mas em compensação viu carros de todos

os tipos, de todos os tamanhos e de todos os preços, desde

o sedã Volkswagen tão familiar, o mais barato do mercado,

até os imponentes Galaxies da Ford, os de preços mais

altos. O Sr. João saiu tonto da mostra. Disse à mulher:

— Sabe de uma coisa? O melhor é você ir lá comigo.

Longe mas não muito

O interêsse do Sr. João da Silva pelo Salão do Automóvel

cresceu de intensidade nos últimos meses, quando êle começou

a receber os apelos de vendas das fábricas. Ao passar por

um ponto central de sua cidade, foi atraído por imensos

cartazes que anunciavam o nôvo Chevrolet Opala. Lá esta-

vam figuras muito conhecidas, o Rivelino do Corinthians, a

Tônia Carrero do teatro e da televisão e o Jair Rodrigues

de tantos festivais de música, a proclamar que o Chevrolet

Opala "é

sensacional". A mensagem veio ao encontro de seu

desejo: há muito êle pensava num carro nôvo, e maior.

Muitos meses antes, o Sr. João da Silva já

estava com suas

preocupações voltadas para

os novos carros. Nos jornais e

nas revistas, especializadas ou não, êle notou que havia sem-

pre uma caça de furos, notícias novinhas acêrca dos lança-

mentos programados pelas fábricas de automóveis. As fotos

tremidas ou tiradas de ângulos desfavoráveis só faziam agu-

çar mais e mais sua curiosidade. E de vez em quando alguém

soprava em seu ouvido: "É

êste o novo carro da fabrica tal .

Tudo parecia longínquo, a impressão era a de que

faltava

ainda muito tempo para que os novos carros chegassem. En-

quanto isso, o Sr. João comentava com os amigos qual

seria o

melhor, o mais econômico, o mais rápido, qual compraria.

De repente, no Salão do Automóvel, êle encontrou os car-

ros que já vieram e os que

estão por vir já. Foi um choque.

Não esperava ter de fazer uma escolha tão imediata.

As fábricas, faça-se um parêntese, agora não são tantas co-

mo há alguns anos. No início do segundo decênio da in-

dústria automobilística, grandes transformações se opera-

ram no setor. Na virada, ficaram apenas as quatro grandes:

a Volkswagen, a Ford, a General Motors e a Chrysler. Foi

uma evolução até certo ponto esperada e natural, sob o

efeito de uma espécie de lei de sobrevivência dos mais aptos.

A Willys, em verdade, foi uma exceção a essa lei. Ela

foi absorvida pela Fortf por causa da transação internacio-

nal entre a emprêsa americana e o Grupo Kaiser. Como de-

corréncia do negócio, a Ford do Brasil absorveu a Willys

do Brasil. Do ponto de vista do mercado, a mudança não teve

grande influência. Enquanto foi presidente da Willys, Wil-

liam Max Pearce teve o discernimento de prever o futuro do

mercado brasileiro. E resolveu entrar de corpo e alma no

Projeto M, carro médio de baixo preço para atacar o Volks,

de cima para baixo. Quando chegou, a Ford reconheceu que

o carro, já pronto, era bom, tão bom — ou talvez melhor

— quanto o afamado Ford Cortina. O Projeto M não foi des-

prezado: apenas se transformou no Ford Corcel.

As fábricas que restavam tiveram de atentar ainda para as

exigências do consumidor. Por exemplo: uma modificação

dos padrões, ditada por um fenômeno. Depois de pràticamen-

te banidos nos primeiros anos da indústria nacional, os carros

estrangeiros, importados, começaram a voltar. Era o sintoma

de que o comprador brasileiro queria

novidades. Estava mais

sofisticado. Mesmo sem querer admitir, passou a conhecei

os automóveis, avaliar seu desempenho, compará-lo. é cada

vez maior o número dos que sabem que a velocidade indi-

cada pelo velocímetro não é real. Os 100 quilômetros por

hora lá mostrados geralmente são um pouco menos.

Um fator doméstico foi também considerado pelas fábricas.

A garotada passou a influir mais do que nunca na compra

que o pai faz, especialmente quando

se trata de automóvel.

O pai não quer comprar um carro que

o filho possa classi-

ficar de "quadrado".

Por extensão, também êle poderia ser

considerado "quadrado"

pelo filho.

Que carro comprar?

Por êsses e outros motivos, a indústria automobilística faz

um esforço permanente para se atualizar. No Salão do Auto-

móvel, mesmo sem ter chegado a uma escolha, o Sr. João

da Silva concluiu com uma ponta de vaidade que aquêles

carros, os nossos carros, não fariam feio — muito feio,

pelo menos —

em qualquer salão de automóveis do mundo.

O primeiro cuidado do Sr. João da Silva, ao escolher o

carro que vai comprar, é fazer uma lista de prioridades.

— Ah! Isto é fácil.

Parece fácil, mas não é. Muita gente vive jurando que

não

se importa que o seu carro não corra,

"afinal, carro é um

instrumento de trabalho", "a

velocidade máxima permitida

é só 80 por hora", etc. No entanto, êsse mesmo cidadão

acaba multado por excesso de velocidade quando pilota —

êste é o têrmo — o carro mais possante que pôde comprar.

Existe também o cidadão que manda envenenar o motor,

instala freios a disco, rebaixa a suspensão, guia sempre de

luvas, lê tudo quanto é revista ou coluna especializada em

automóveis, e depois não é capaz de fazer uma curva sequer

próxima ao limite de aderência. E o tipo que gosta de apa-

recer e diz que

"dinheiro foi feito para gastar", mas quer

logo vender o seu Esplanada quando descobre que êle está

gastando 1 litro de gasolina em 4

quilômetros. E o tipo que

considera a economia como "o

mais importante dos fatores",

mas faz no carro adaptações que terminam por

aumentar o

consumo de gasolina.

Em sua lista de prioridades, o Sr. João da Silva, que não

é nenhum desses tipos, levará em conta outros fatores. Se

a família é composta por êle, a mulher e dois ou três filhos,

precisa de um carro em que possa

instalar todo o seu pessoal.

Se a família gosta de viajar, passar fins de semana fora, o

carro deve ser confortável o suficiente para fazer longas^ via-

gens; exigir pouca manutenção; possuir

reserva de potência

suficiente para ultrapassagens seguras, etc. Além disso, pre-

cisa ter estabilidade, manobrabilidade absoluta, freios ultra-

eficientes, dimensões externas reduzidas e internas amplas. ^

À base dessas prioridades, poderá fixar-se em dois ou três

modelos. Entre êsses, a decisão final dependerá de preço, con-

dições de pagamento, prazo de entrega, garantia,

etc. Além

da opinião do garoto, que não quer

"um carro quadrado".

Na disputa do mercado, as fábricas serão tentadas a fazer

SEGUE

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m.,-M.,< «xcluiivotidli Ha43 ¦. TF.-- r ,. M-UX.

CARROS CONTINUAÇÃO

Um conselho: não dê

ouvidos aos boatos.

uma comparação direta entre os produtos concorrentes, a

exemplo do que acontece nos Estados Unidos e na Europa.

No lançamento oficial do Corcel, a Ford-Willys já demons-

trou que poderá adotar êsse tipo de publicidade, pois fêz então

uma alusão direta ao Volkswagen. Em breve, todas as fábricas

talvez sigam o mesmo caminho. O Sr. João da Silva não deve

assustar-se com isso: cada fábrica passará a agir como fiscal

das outras, e quem ganhará com isso será o consumidor.

O importante é não dar ouvidos a certo tipo de boatos,

porque em tempo de guerra boato é como terra. Êles surgem

não se sabe como, mas se disseminam com rapidez. Quem

conhece um pouco da breve história da indústria automobi-

lística do Brasil sabe como um boato ganha foros de verdade

e corre mundo. Os exemplos são inúmeros. Dizia-se que o

Aero-Willys fundia se "fosse

apertado na estrada". Que os

freios do DKW "acabavam

na descida da serra". Que o Volks-

wagen 1964 tinha "o

motor e o diferencial defeituosos".

Que o Simca era "o

Belo Antônio". Chegava-se a afirmar:

Olha, o carro x só é bom em ano ímpar. Em ano par,

nem de graça!

Como manda a tradição, já começaram a circular boatos

sôbre o Corcel, o primeiro dos carros novos a ser lançado.

O cidadão chega solene e diz muito sério:

Fulano, você sabe que o Corcel, se fôr mantido por mais

de meia hora a 60 quilômetros por hora, em estrada ruim.

desmorona a suspensão dianteira?

Ou esta:

Pois é, suspenderam a produção do Corcel. O motor

estava saindo com defeito. Eu sei porque tenho um primo que

trabalha lá.

Quem conta um conto aumenta um ponto. Uma simples

informação é passada adiante deturpada. A respeito do Volks-

wagen 1600, há cidadão bem informado que jura que o carro

"vai deixar de ser produzido", porque a Volks da Alemanha

teria encontrado uma série de defeitos no protótipo. O ci-

dadão ignora que um protótipo é submetido a testes precisa-

mente para que sejam apurados seus defeitos. Se êles não

existissem, não haveria necessidade dos testes.

O Sr. João da Silva tem de se imunizar contra boatos dêsse

e de outros tipos. Porque poderão afastá-lo do carro que seria

o melhor para êle e para a sua família.

Mudar ou não mudar

O Sr. João da Silva está preocupado em saber se o nôvo

carro é tão bom ou melhor que o seu automóvel usado. Ao

comprar o nôvo, êle terá de vender o carro que possui. Então,

precisa calcular bem o que o seu carro pode oferecer-lhe, sa-

ber como está a sua conservação mecânica, apurar o preço

que êle pode alcançar na revenda.

wSe êle adquiriu recentemente um Aero-Willys, não é ne-

gócio comprar já um Corcel, apenas pelo prazer de mudar.

Se quiser um carro menor, êle pode comprar o Corcel, mas

quando o seu Aero-Willys tiver rodado uma quilometragem

suficientemente elevada para compensar a sua depreciação.

Nem deve incorrer no equívoco de ficar pensando que o

carro x deixará de ser fabricado, porque apareceu um nôvo

padrão, como ocorreu com o Gordini. Um problema que deve

levar o Sr. João da Silva a refletir: o que aconteceria se os

10 milhões de compradores dos carros fabricados cada ano

nos Estados Unidos deixassem de comprar os modelos

~1969,

por saberem que já em 1970 êles estarão obsoletos?

No caso da Chrysler do Brasil, já foi anunciado oficial-

mente o nôvo carro que deverá estar à venda em 1970, o

Dodge Dart, adaptado às condições brasileiras. Seria o caso

de ninguém mais comprar automóveis Regente, Esplanada e

GTX, só porque em 1970 a mesma fábrica lançará um nôvo

modêlo? A maioria dos compradores não raciocina assim, não

se guia por essas conjeturas, tanto que

o Esplanada e o Re-

gente têm batido recordes de venda.

O Sr. João da Silva precisa saber que

os próprios consumi-

SEGUE

oferta

só para pessoas

inteligentes

As Escolas Internacionais, fundadas em 1891

nos Estados Unidos, com o nome de

International Correspondence Schools (ICS),

criaram o sistema de ensino por

correspondência. Operando em 43 países,

empregam mais de 2 mil pessoas para

atender às necessidades de seus alunos.

Mais de 9 milhões de estudantes já se

matricularam nas Escolas Internacionais.

Nos últimos anos, entre os inventores que

anualmente recebem, nos Estados Unidos, a

medalha outorgada pela Associação Nacional

dos Fabricantes, daquêle pais, 59 eram

ex-alunos das Escolas Internacionais.

As Escolas Internacionais mantém convênios

com 6.900 das principais organizações

norte-americanas e com 14 grandes

e médias emprêsas brasileiras, que pagam,

total ou parcialmente, o custo de qualquer

curso seguido pelos seus empregados

nas Escolas Internacionais.

Mais de 600 universidades e colégios

norte-americanos e europeus usam textos

técnicos das Escolas Internacionais

como fonte de ensinamento e consulta.

Êsses textos são preparados pelos mais

destacados técnicos das Américas,

temos

mais de 100

cursos

diferentes!

expressamente para estudo nos países locais.

0 Instituto das Forças Armadas dos Estados

Unidos adotou os textos das Escolas

Internacionais para suas aulas, usando

êsses livros na quase totalidade dos cursos

que ministra. Mais de 100 mil fuzileiros

navais norte-americanos matricularam-se nas

Escolas Internacionais e cérca de 1 milhão

de funcionários norte americanos estudaram

nas Escolas Internacionais nos últimos

30 anos. Mais de 300 mil veteranos de

guerra tiveram seu estudo pago pelo

govérno dos Estados Unidos.

Entre os antigos alunos das Escolas

Internacionais contam-se cento e nove

presidentes de grandes emprêsas, milhares

de administradores e gerentes e centenas de

milhares de empregados que ocupam

Bosiçáo

de confiança, com alto salário.

iois estudantes das Escolas Internacionais

aperfeiçoaram o motor de aviação Liberty;

o primeiro Yankee Clipper que voou sôbre o

Pacifico, levava em sua tripulação cinco

estudantes das Escolas Internacionais;

um ex-aluno das Escolas Internacionais

desenhou e aperfeiçoou o fuzil Garand,

da infantaria norte-americana.

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cAnico a Matemática ? Desenho a Constr. da Máquinas ? Refrigeração ? Perito Mecânico ?

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as causas da queda

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nutrição do bulbo capilar. Essa

gordura provoca a queda dos

Ibelos.

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para uma fácil absorção do

tratamento e favorece a circulação,

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glândulas sebáceas. O cabelo se torna

fácil de pentear e não embaraça.

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equilíbrio dos aminoácldos e

proteínas do cabelo, estimulando

seu crescimento. Os cabelos

crescem sadios e resistentes.

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Normaliza a função das glândulas sebáceas

e evita moléstias do couro cabeludo.

ATENÇÃO • Depois de lavar a eabe*a, manecer na cabeça, para homens, por, ENDOTEN é o resultado de anos de pes-aplique o ronteúdo do frasco semanal no mínimo dois dias. Para o cabelo femi- quisas nos Laboratórios Helene Curtisdiretamente ao couro cabeludo, fazendo nino, o tempo entre uma

"mise-rn-plis" de Chicago, U.S.A. — à venda em farmá-

ligeira massagem. O produto deve per- e outra (aproximadamente uma semana), das, drogarias, cabeleireiros e barbeiros.

-fyufjki-um produto

ntasi

Na hora de mudar,

pense

duas vêzes

dores contribuem para a defesa do mercado. Se houver pro-

cura suficiente, a Chrysler do Brasil continuará a produzir

o Esplanada e o Regente, assim como a Ford-Willys prosse-

guirá a fabricação do Aero-Willys e do Itamaraty. A fábrica

só deixa de produzir um carro se há retração do mercado.

E o Sr. João da Silva não deve torcer contra o carro x,

desejar o fim de sua fabricação: quanto mais opções houver

no mercado, tanto melhor para o comprador. Então, tem de

tratar de escolher o seu carro. Para isso, deve saber o que

oferecem as diversas fábricas.

O"suspenso" da Ford

O problema da fusão da Willys e da Ford ainda não foi de

todo resolvido. Há gerentes exercendo o mesmo cargo, sem

saber quem ficará, ou para onde ir. Mas as mudanças mais

importantes já aconteceram, e a Ford-Willys tem agora uma

excelente retaguarda para entrar com agressividade no mer-

cado do próximo ano.

Seu modêlo Corcel, por exemplo, criou sus pense no mer-

cado. A fábrica soube sustentá-Jo durante meses, com gene-

rosos gastos de publicidade. Quando o Corcel saiu, a impres-

são correspondeu à expectativa: é um carro atualíssimo, com

muito conforto, por um preço razoável (30% mais que um

Volks). Sua resistência suporta qualquer problema, mesmo

com o mais relaxado dos motoristas.

O Aero-Willys e Itamaraty são carros bem conhecidos. Dêles

se pode dizer apenas que os modelos 1967/68 estão mecâni

camente muito bons. Num teste a que foi submetido nas peri-

gosas curvas do autódromo internacional do Rio de Janeiro,

um Aero-Willys manteve a velocidade média de 85 quilômetros

por hora, por nove dias seguidos.

O Galaxie tem uma grande novidade: o motor mais potente.

Foi uma mudança chegada quase tarde, pois o carro tinha

uma suspensão excelente e uma resistência bastante boa, mas

corria "pouco".

O máximo que rendeu em testes particulares

foi 155 quilômetros por hora —

o que não basta para quem

deu NCrS 26 000,00 por êle. O novo motor aumentou de 272

para 292 polegadas cúbicas, chegando aos 190 cavalos de po-

tência e aos 185 quilômetros por hora. A aceleração também

melhorou.

Outro modêlo Galaxie —

o LTD, mais luxuoso — é o carro

mais caro do Brasil (cêrca de NCr$ 30 000,00). Tem inova-

ções importantes, como capota revestida, bancos individuais

na frente, alavanca de câmbio no assoalho, melhor acaba-

mento. Tanto o LTD quanto o Galaxie comum trarão outra

novidade no ano que vem: a transmissão automática (para

quem quiser, apenas), que não existe até hoje em nenhum

carro nacional.

A assunção do Opala

A GM anunciou oficialmente o lançamento do seu novo

carro há três anos numa reunião com jornalistas e publi-

citários, mas manteve segrêdo de suas características e do

nome, Opala, que acabou

"imposto"

pela imprensa especiali-

zada. Promete ser a grande arma da General Motors para

entrar no mercado de automóveis brasileiros. Seus planejado-

res parecem perguntar, agora:

— Quem comprará um Aero, Itamaraty, Regente ou Es-

planada, por 17 a 21 milhões antigos, se o Opala custa menos?

A pergunta deve estar tirando o sono de alguns diretores

da Ford, e da Chrysler também. Entre outras razões, porque

o Corcel poderá sofrer influência de "cima"

— isto é, muitos

compradores pensarão se não vale a pena dar mais NCrS

2 000,00 e comprar logo um Opala.

Para chegar ao Opala, os diretores da General Motors tive-

ram de enfrentar uma apatia de dez anos, nos quais os en-

genheiros de sua fábrica em São Caetano do Sul se acostu-

maram à rotina, pois a GM só fabricava caminhões, que

mudavam muito pouco a cada ano. O mistério em torno do

SEGUE

0

*on ne sHmprovise

pas

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Como se salva a

imagem de um carro

projeto e a oportunidade de entrar no grande mercado de

carros médios do Brasil provocaram uma transformação na

própria fábrica: agora, os gerentes da GM orgulham-se de

afirmar que estão funcionando "em

tempo de Opala".

O Opala deverá ser bom, apesar do estilo americanizado da

suspensão, macia demais. Isso pode ser perigoso para um mo-

dêlo de seis cilindros, capaz de chegar aos 170 quilômetros

por hora, com seus 125 cavalos. Deverá ter bom acabamento

e preço relativamente barato — entre NCr$ 15 000,00, o

modelo standard, e NCr$ 19 000,00, o de luxo, ambos com

quatro ou seis cilindros. Uma garantia para o êxito de venda:

o nome Chevrolet. A fábrica explorou esse capital da marca:

anunciou o "Chevrolet

Opala".

O herdeiro do Volks

Nas largas instalações da Via Anchieta, como na fábrica

principal, em Wolfsburg, Alemanha, o problema da Volks-

wagen é recuperar o tempo perdido — um tempo longo de

mais dissipado na comemoração do grande sucesso de três

décadas atrás. Quando Ferdinand Porsche terminou o primeiro

projeto do Volks, em 1934, êle era mesmo revolucionário. Mas

os diretores alemães resolveram confiar inteiramente no prin-cípio de que

"no que é bom não se deve mexer", e permitiram

que os outros carros fossem corrigindo seus erros. Anos atrás,

os carros Volkswagen caíram de vendagem, e os diretores se

alarmaram. Criaram às pressas o Volks 1500, mas os euro-

peus o recusaram: as vendas continuaram caindo. O modelo

parecia demais com o tradicional "besouro"

e tinha falhas

graves, segundo alguns testadores.

O modelo 411 — lançado agora na Alemanha —, criado

nesse clima de preocupação, não tem mais as barras de torção.

Traz de volta a suspensão dianteira tipo McPherson, seme-

lhante à do Simca.

O modelo 1600, que o Sr. João da Silva viu no Salão,

poderá fazer sucesso no Brasil, seguindo o seda tra-

dicional e o 1300. Os- brasileiros poderão achá-lo parecidodemais com o modelo 1300 e continuar a preferir este, mais

barato. Mas poderão também considerar que com êle "está

resolvido o problema de espaço" e transformá-lo no grandeherdeiro do êxito do

"irmão menor". De qualquer forma, o

1600 estará espremido pelo 1300 e pelo Corcel, por baixo,

e pelo Opala, pouco acima.

A tática da Chrysler

Esta usou uma tática diferente. Primeiro, era preciso investir todo o prestígio internacional da fábrica em defesa dosmodelos Esplanada e Regente, para compensar a imagem nemsempre aceita que herdaram dos carros Simca. Depois, era

preciso sustentar, dentro do possível — o que aliás foi con-

seguido —, o nível de venda desses dois modelos, até o apa-recimento dos carros de passeio Dart, anunciados para o co-mêço de 1970.

Os diretores da Chrysler estão seguindo esses princípiosdesde que compraram a Simca. Sentem dificuldades em vistadas rígidas instruções gerais partidas de seus superiores deDetroit, mas já conseguiram separar bastante o Regente e oEsplanada de suas origens, a ponto de torná-los muito pro-curados. Em março próximo, a Chrysler lançará os caminhõesDodge com um enorme motor de oito cilindros em V — omesmo que usará no ano seguinte nos modelos Dart.

Como na Ford-Willys, também na Chrysler houve problemasadministrativos com a fusão das empresas. A situação criadanela foi diferente: seus diretores demitiram e indenizaram todoo pessoal, por ocasião da compra. Depois que assumiram, con-trataram gente demais para substituir o antigo pessoal — o

que até hoje parece dar dor de cabeça aos chefes de setores.

Mas o Sr. João da SiWa não deve ligar para isso: atinai,êle está à procura de um carro, e não de problemas. fim

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V

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Suo o I .I' i. í >ní 7 o i^i avagões!

\ c 1.1 .IN músu .is :

Ni a 11 à Garota de Ipanema Ela e

Gari oi a ( hão de I:.strélas Que

i esr Inste \ enize (^uero ipie vá

1 udo pr»»

Interno - Around -t-t+e World

Ma \ u I ardi. t na - M u Iri pl

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de 1 .ara Muhelle i muitas outras

ian<,ões tnaravi lhosas. O pu\o

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Sua músua mesqui > 1 \ t I foi cantada

por v e ele durante uni oi ande i ar

naval-' Pois a Abril ( ultural 1 In ofe

rei i" (i 1 .P i oni sik essos de i arnavais

passados ate hXv ()m,a, neste vo-

I u me ./e Pi i e11 a Pelo I detone Na

Puvu.ua Pierro ApaixouaJu Ma

mãe eu (^iu ri) Jar dmen a t ieneral

da Handa \1 asi a ra \epi a , e t antas

< uit ras ijue i: 1 liguem e -kjuei. e ( ) preio

)-

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Como adido cultural em Portugal

durante dois anos, Odylo

Costa, filho, conheceu de perto

Antônio de Oliveira Salazar,

senhor todo-poderoso

do país

de 1927 a 1968.

Agora, como enviado especial de

REALIDADE, voltou a Lisboa e

testemunhou os dias da

146

Salazar

acabou de reinar. A palavrafinal, praticamente uma sentença

cassando os poderes do homem

que governou Portugal durante

quarenta anos, quem a dá é um medi-

co, o Dr. Vasconcelios Marques, num

quarto do Hospital da Cruz Vermelha,

em Lisboa.

O cirurgião não tem — é fato conhe-

cido — qualquer simpatia pelo regime

comandado com mão de ferro por esse

velho de 79 anos que agora depende

de seus cuidados profissionais. Mas vai

tratá-lo com todo o devotamento. Quan-

do o médico lhe comunica que é ne-

cessaria autorização expressa para a in-

tervenção, Salazar apressa-se a dá-la. O

Dr. Marques interrompe-lhe o gesto:— Não. Vossa Excelência, com os sin-

tomas que apresenta e em face do re-

sultado dos exames clínicos, não pode

mais ser considerado em condições paraisso. A assinatura não deve ser sua.

Era o começo do fim. O velho chefe

se curva. Assinam o documento o Pre-

sidente Américo Thomaz e o Minis-

tro Motta da Veiga. Resta a Salazar a

luta contra a morte. O poder já não

está em suas mãos.

Naquele dia, em Lisboa, um reina-

do chegava ao fim. Antes de Salazar,

só dois reis — Afonso Henriques e Dom

João V — governaram Portugal duran-

te tão largo tempo.

Não se estranhe a comparação de

Antônio de Oliveira Salazar com os

reis. A Manoel Gonçalves Cerejeira, seu

companheiro de república em Coimbra

e hoje Cardeal Patriarca (resignatário)de Lisboa, teria dito, ainda rapaz:

Sinto que nasci para primeiro-mi-nistro de um rei absoluto.

Primeiro-ministro, quase um rei, êle

o foi com sua forte vontade. E só a

doença o impediu de ser até a morte.Considere como é passageira a

glória dos homens — diz-me um por-

tuguês eminente que tem visitado Sa-

lazar no hospital. O senhor de Portu-

gal durante quase meio século agora

jaz inerte, desacordado. Uma cânula na

garganta, para respirar; uma cânuta no

estômago, para receber alimento; cânu-

Ias nas veias das pernas, para o plasma,e um aparelho de respiração artificial

mantendo artificialmente a vida.

Esse estado de agonia, com alternati-

vas de melhora, dura muitos e mui-

tos dias. Tudo começou com uma

queda: Salazar costumava sentar-se com

todo o peso do corpo — uma imposi-

ção da velhice ou, quem sabe, um há-

bito antigo e teimoso. Num dia de se-

tembro, o presidente do Conselho de

Ministros deixou-se cair pesadamente

na sua cadeira de lona, que veio abai-

xo. Ao que parece, não houve desde logo

conseqüências maiores dessa queda.Chamado, o Professor Eduardo Coelho,

há longos anos médico de Salazar e

experiente não só do coração de seu

cliente mais importante, como de nu-

merosos outros — eu próprio bati porvezes à sua porta

—, recomendou que o

avisassem de qualquer anormalidade.

Esses sintomas, quase despercebidos,

apareceram pouco depois: em reunião

do Conselho de Ministros, Salazar per-

guntou pelo ministro da Economia.

Como os presentes se entreolhassem e

lembrassem que êle se encontrava em

viagem, Salazar corrigiu:— Já sei... já sei...

Para Dona Maria de Jesus, sua go-vernanta, êle se queixa de forte e per-sistente dor de cabeça. O exame mé-

dico revela a existência de um hema-

toma no cérebro. Uma junta médica

decide pela necessidade de intervenção

cirúrgica, convoca-se o Dr. Vasconcel-

los Marques. Os sintomas desaparecem

em dois dias. Salazar se recupera ràpi-

damente e fala sobre a doença como

coisa do passado. Chega a provar o

seu arroz de frango ao molho pardoe o seu vinho do Dão, o mais suave e

saboroso de terras portuguesas, vindo

de seu vale natal. E rebela-se até con-

tra as imposições do tratamento, ao ter

de entregar o braço para mais uma

injeção. Uma das senhoras presentes(havia sempre um carinhoso círculo fe-

minino em torno dele) diz-lhe, em tom

de censura afetuosa:Agora, senhor presidente, agora

mandam os médicos. . .

E êle, rápido, com autoridade:Os médicos que eu escolhi. . .

No dia 16, inesperadamente, sobre-

vém uma hemorragia no hemisfério ce-

rebral direito, em conseqüência da ru-

tura de uma artéria. Esse acidente vas-

cular nada tem a ver com o hematoma

removido. Podia acontecer a qualquertempo. Agora a lesão é mais grave. Nova

e imediata operação não o livra da pa-ralisia e do estado de coma, mas lhe

prolonga a vida, embora sob as formas

mais vegetativas.

A vida na antecâmara

Chego a Lisboa três dias depois, a

19. Não há sinal de crise nas ruas. As

lojas fazem o seu comércio, os táxis

são disputados, os velhos bondes — aqui

eles são chamados elétricos — sobem

modorrentos as ladeiras do Bairro Alto.

À noite, longe do centro, permanecemacesas as luzes do sexto piso

— é como

se diz aqui — do Hospital da Cruz

Vermelha. Na antecâmara do quarto n.°

68 há vida em agitação: conversam

grandes figuras do regime, ministros,

embaixadores, homens de empresa, che-

fes militares, senhoras da sociedade.

Faz-se política. Lá dentro, um homem— um homem só — luta contra a morte.

Duas vezes por dia, às 13 e às 20

horas, um boletim médico anuncia, com

minúcia, pressão, pulso e prognóstico.

149

Com tanta gente quevai viajar nessas férias.vai

ser difícil v. escolher o ônibus

Mas tomara que v. tenha

a sorte de ir num monobloco.PBBBBW MWFlhMÊMtt ^M Wk « *% H ' I JRff /f

J L jj u Sfc Ja^Pm &,BB| BBBJ Bfl BBBBBBBBBBBBBBBbw-*» ^BkBj ^B^ -J «BK ^%

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¦¦^¦¦*ftti^^^^^^^^B B^Bl ^Bi«*Bfl Bk- ^^^

BB^^B^BJ BP^'^a s

Vai ser sorte mesmo.

Afinal, os dias de trabalho sâo tantos e

os de descanso tão poucos, que todo o mun-

do^vai querer aproveitá-los.

Este é o problema: pode acontecer que

não haja monobloco "Mercedes"

que che-

gue para todo mundo.

Mas se v. tiver sorte de arrumar um lugar-

zinho num monobloco, garantimos que não

vai ser um lugarzinho: as poltronas recliná-

veis do monobloco são

amplas, macias,

lembram até a

poltrona de ver

televisão quev. tem em casa.

Tomara quo

v. v/a/e nosto

monobloco

Mercec/es-Benz.'

Aliás, não são só as poltronas dele que

são macias.

O monobloco inteiro é: êle tem até molas

espirais e amortecedores telescópicos na sus-

pensão, como qualquer automóvel moderno!

Depois, êle é feito numa peça só (isso se

chama estrutura integral) que absorve todas

as vibrações da estrada.

Nos outros ônibus, quem absorve essas vi-

brações é o passageiro.Agora, se você é dos que gostam de via-

jar batendo papo, nada como um monoblo-

co "Mercedes"

para viajar nessas férias.

Êle não tem motor dentro do salão.

A Mercedes-Benz colocou o motor do mo-

nobloco lá atrás, separado por uma divisão

acolchoada com uma camada bem grossade lã de rocha.

E fora do ônibus ficam o calor, o cheiro

do óleo, a fumaça, e o barulho. Por isso a

gente pode dizer que o monobloco é silen-

cioso mesmo.

Tão silencioso que é muito provável v.

ouvir música de alta fidelidade a viagem in-

teira (porque só no monobloco é possívelinstalar toca-fitas. Nos outros ônibus o ba-

rulho seria mais alto que a música).

E olhe: só a Mercedes-Benz fabrica ôni-

bus monobloco na América Latina, mas não

é por isso que só os brasileiros viajam de

monobloco nos feriados. Os venezuelanos,

uruguaios, argentinos, mexicanos, peruanose chilenos também viajam em monobloco

brasileiro, pois a Mercedes-Benz já vendeu

em todos esses países. E já fabricou tantos,

que é muito provável que v. te-

nha a sorte de viajar num deles;

v. vai começar a descansar mais

cedo, desta vez. Votos da Mercê-

des-Benz do Brasil S.A.

CONTINIACAC»

Lá dentro,

o silêncio;

lá fora,

o tumulto

%!

11

sempre reservado. E, como numa tarde

o Dr. Bissaia Barreto, velho amigo de

Salazar, anuncia esperanças de recupera-

ção e as faz acompanhar de expressões

violentas, que os repórteres fixam nos

gravadores, contra os que

estão "ven-

dendo em vida" o presidente, são toma-

das outras providências:

só podem falar

sôbre o estado do paciente o Professor

Eduardo Coelho, o clínico, e o Dr. Vas-

concellos Marques, o cirurgião. Ou me-

Ihor, falem por êles os boletins. O acêrto

da cirurgia praticada e o pessimismo

dos prognósticos são confirmados pelo

Dr. Merritt Houston, famoso cirurgião

americano que operou Eisenhower. Em

documento de próprio punho, distribuído

em fac-símile aos diretores dos jornais,

êle dá a sua opinião: os médicos portu-

guêses agiram rápido e certo.

Enquanto isso, na antecâmara, a vida

é mais tumultuada. Já agora não há

tantas recomendações de silêncio, em-

bora a porta

do doente apenas seja aces-

sível às pessoas mais chegadas da famí-

lia, aos mais íntimos, às principais auto-

ridades. Cruzam-se jornalistas vindos

dos quatro cantos do mundo. E lá em-

baixo, no saguão, a fila dos humildes,

dos velhos correligionários. Êste ou

aquêle personagem se destaca pelo

nome ou pela presença, e logo o fotó-

grafo do Diário de Notícias o guarda

em imagem para o dia seguinte.

Na antecâmara discute-se política sob

formas sutis. Alguns sustentam que, en-

quanto fôr vivo Salazar, não se lhe deve

dar sucessor, outros acham que não há

necessidade de exoneração, mas que se

deve encontrar uma forma de resolver

o problema: sem a formalidade da exo-

neração, o ministro de Estado, Dr.

Motta da Veiga, poderia continuar as-

sinando por Salazar.

Em muitas bôcas anda o nome do

Professor Marcello Caetano. No sábado,

21 de setembro, diz-se que já está con-

vidado e até conversou por uma hora

com o famoso General Kaulza de Arria-

ga, presidente da Junta de Energia

Nuclear. Mas há quem objete que Mar-

cello Caetano é um homem de 1940,

é preciso atender às novas gerações

mi-

litares escolhendo outro, mais môço,

com todos os compromissos do exte-

rior e nenhum compromisso no interior.

E êsse existe, é o ministro dos Negó-

cios Estrangeiros, Franco Nogueira. Mas

na segunda-feira já é certa — a não

ser para alguns dos que apostaram

contra êle — a escolha de Caetano.

Um homem sobe

Agora, os jornalistas rondam a casa

de Marcello Caetano e terminam por

surpreendê-lo entre seus doze netos.

Êste homem que está para subir ao po-

der, que traçou a ordenação do sis-

tema jurídico vigente na lei em que

a representação popular coexiste com o

regime corporativo, contrasta com o soli-

tário Salazar — o Dr. Salazar, como

êle chama — na expansão do convívio

familiar. A foto em que aparece com

seus doze netos grita êsse contraste.

No sexto andar do Hospital da Cruz

Vermelha, ainda se esboçam resistên-

cias. Mas agora todos, gravemente,

concordam que a melhor solução seja

dada pessoalmente pelo presidente da

República, apoiado como está pelos

chefes militares. Concordam também

com o acêrto da escolha de Marcello

Caetano, depois de convocar os médi-

cos para lhe dizerem que

Salazar não

voltaria a si. Todos sabem e comentam

a decisão, na antecâmara de Salazar e

nos corredores do Govêrno. Más embal-

de os jornais procuram divulgar a notí-

cia, embora sob a forma de especula-

ção. Vão e voltam as provas.

Nada

feito. A Censura não permite nem a

insinuação de que se cogita dar suces-

sor a Salazar e que entre os nomes

apontados está o de Marcello Caetano.

A cidade continua calma, vivendo

a sua vida de todos os dias. Pega-se

um táxi, o chofer chora Salazar; pe-

ga-se outro, o chofer desabafa contra.

Conversam as criadas: uma diz que Sa-

lazar "vai

durar muito a sofrer, êle fêz

muita gente sofrer e vai sofrer muito

antes de morrer". Outra teme um fan-

tasma: "Quando

êle'morrer, volto logo

pra aldeia, antes que o comunismo to-

me conta". E, lá no Pôrto, dizem, uma

mulher que vem do campo quer saber

quem é êsse Salazar, de quem

tanto

falam. Explicam-lhe que é o homem que

governa Portugal há quarenta

anos e

agora vai morrer. Ela fica muito triste,

muito triste mesmo.

— Mas agora talvez chamem para o

lugar a Irmã Lúcia, que viu Nossa Se-

nhora de Fátima.

Ainda na manhã de quarta-feira, 25,

há quem duvide de que Salazar seja

exonerado. Ligo para o poeta

Fernan-

do Guedes, admirador de Salazar e

companheiro de trabalho de Marcello

Caetano na Editora Verbo. Êle acha que

de nôvo será adiada a comunicação ofi-

ciai, pois o chefe de Estado não fala à

nação sem o prévio anúncio de suas pa-

lavras. E nem os vespertinos dizem nada.

Mas será hoje. Sabe-se, nas redações

dos jornais, que o presidente

da Repú-

blica teve de interromper três vêzes, ao

gravá-la no vídeo para

retransmissão,

a sua mensagem. Porque três vêzes

chorou, tal é a mágoa funda com que

exonera Salazar.

À noite, a imagem do presidente da

República aparece na tevê. Nota-se que

o Almirante Américo Thomaz está co-

movido. Baixa os olhos para o papel.

Sente-se o esforço que faz, como quem

se obstina contra si mesmo para cum-

prir um dever. E vai a ponto de fazer

um hiato, que o silêncio da noite torna

maior, separando "Marcello

José das

Neves" de "Alves

Caetano", ao proferir

o nome do nôvo presidente do Conse-

lho. Fala com gravidade simples, a

mesma gravidade teimosa com que

re-

sistiu às sugestões para só preencher o

cargo depois da morte de Salazar.

Vejo a cena histórica no aparelho de

televisão de uma casa amiga. As criadas

são convocadas à sala para ouvir o pre-

sidente de seu país. Ninguém lhes disse

SEGUE

151

5

Os direitos dêste anúncio foram doados ao Instituto de Estudos Brasileiros (U. S. P.)

um amigo da família

Um amigo da família está sempre pronto

a servir.

E esta ajuda se divide por

igual entre jovens

ou não, pais

ou filhos.

Êste o nosso modo de trabalhar. Também o nosso modo

de ver o mundo. E de nos vermos a nós próprios.

Com 80 anos

bem vividos, o BCI poderia

ser conservador, voltar-se

apenas para

as velhas amizades. Não faz isso. Tendo apenas um

quinto da idade do nosso

jovem País,

poderia dizer-se

jovem, voltar-se exclusivamente

para os novos amigos. Não faz isso.

O BCI acha que

não se deve separar os homens pela

idade, mas

uni-los pelos

seus valores essenciais. Sérgio (pai

de Chico)

e Chico (filho

de Sérgio) são nossos clientes. Merecem

do BCI um só atendimento: o melhor possível.

jjfrm i»

fònnMrcw

*Jniiustria i»Sãol)aulo

um amigo da família

FUNDADO EM 1889

MATRIZ: RUA 15 DE NOVEMBRO, 289 — SÃO PAULO — 232 AGÊNCIAS EM TODO O PAlS

SALAZAR CONTINUAÇÃO

A censura

continua,

mas anda

depressa

nada. Só esta noite os jornais circularão

com a biografia do nôvo governante.

Mas elas "sabem" —

"Era o que

êle

queria, coitadito!"

"Êle" é Salazar, que já não tem mais

vida, apenas uma chama. Vive artificial-

mente —

para a piedade

dos íntimos.

No dia seguinte, Marcello Caetano é

aclamado quando anuncia, na Assem-

bléia Nacional:

— Acabou o tempo do homem de

gênio, começou a época dos homens

como os outros.

Um homem como os outros

,J.'' i

É a vez de um homem como os

outros governar Portugal. No hospital,

Salazar, o homem solitário e "de

gênio",

continua em sua luta inconsciente pela

vida. Mal a acompanham os jornais:

custava muito caro manter as equipes

alvoroçadas para limitar-se a receber os

boletins oficiais. Uma das emprêsas de

cinema chegou a revezar, nos primeiros

dias, dezesseis homens, atentos ao ins-

tante decisivo, para transmiti-lo às

televisões do mundo. Foi das primei-

ras a desistir.

O mais íntimo colaborador de Sala-

zar, Paulo Rodrigues, que controlava

a imprensa e os demais meios de co-

municação e acumulara ódios pela mão

dura com que o fazia (por fidelidade,

diz-me um amigo; por sadismo, dizem-

me os jornais), deixa o cargo de subsecre-

tário de Estado da Presidência do Con-

selho. Escreve uma carta ao Presiden-

te Américo Thomaz dizendo que, com

Salazar morto, serviria a qualquer um;

com êle vivo, não servirá a ninguém.

E declara a um jornal que goza os

primeiros dias do que

se vai chamar de

degêlo ou liberalização:

"Hoje, só quem

sai do Govêrno é Salazar".

Quarenta anos. A página

acaba de

ser virada. Mas a antecâmara do quar-

to n.° 68 ainda se agita com as visitas

dos ministros que saem, dos ministros

que chegam, do Presidente Américo

Thomaz, do presidente do Conselho,

Marcello Caetano.

Marcello Caetano, o professor de

Lisboa, com doze netos, que relutou

em aceitar a Presidência do Conselho,

é o mesmo que ainda estudante de di-

reito fundou uma revista, Ordem Nova,

marcada pelo individualismo d*i direita.

Antimoderna, antiliberal, antiburguesa,

contra-revolucionária, reacionária, cató-

lica, apostólica e romana; monárquica,

intolerante e intransigente; insolidária

com escritores, jornalistas e quaisquer

profissionais das letras, das artes e da

imprensa.

Hoje, aos 62 anos, reúne em tôrno de

si pràticamente a unanimidade da opi-

nião. Ê lúcido, honesto, sereno. Con-

voca os diretores de jornais de Lisboa

e do Pôrto para dizer-lhes que

o país

está em guerra e por

isso não pode sus-

pender a Censura. Ela será conservada

como arma potencial, para impedir que

as tropas que lutam no Ultramar sejam

apunhaladas pelas costas, pelo

menos

enquanto lá estiverem. Ja é uma aber-

tura: as provas dos jornais

voltam dos

censores em quinze minutos, e não em

muitas horas, como antes; e pràticamen-

te não há cortes. A imprensa, que tanto

esperou por êste dia, está meio atônita,

não sabe até onde deve ir, para não

desajudar o nôvo Govêrno.

Sábado, 28, vou à serra d'Ossa, no

Alentejo, pagar uma velha promessa ao

eminente escritor português Hernani

Cidade, que quer mostrar-me sua ter-

ra natal. De volta, jantamos num res-

taurante regional, em Vendas Novas.

Há muita gente, a televisão está ligada.

Mas é tal o burburinho e a desatenção

com que se ouve o noticiário sôbre o

estado de saúde de Salazar (daí a ins-

tantes, a mensagem de Américo Thomaz

e o discurso de Marcello Caetano, mais

uma vez retransmitidos, são objeto do in-

terêsse geral), que só ao chegar a Lisboa

sei de nova crise. Será a decisiva?

Não. Não é. De nôvo, o velho de

oitenta anos afasta a morte.

Mas a semana se passa — tôda a

gente voltada para

o nôvo Governo.

A cada dia, um homem da oposição me

diz quantas esperanças deposita na cor-

reção e no equilíbrio de Marcello Cae-

tano. "Um

homem como os outros."

Que publica livros, dá aulas, fala com

os estudantes (da sua e de outras tur-

mas, pois sua cadeira é a mais freqüen-

tada por alunos e ouvintes da Faculdade

de Direito), que deixou de ser reitor

quando a polícia

entrou em choque com

os rapazes da universidade.

No Hospital da Cruz Vermelha, Sala-

zar continua melhorando.

Sábado, 5 de outubro, aniversário da

República, pela primeira vez depois da

crise inicial fecham-se tôdas as redações.

Lisboa vive a beleza tranqüila de um

feriado de festa cívica. Não sairão os

vespertinos, amanhã não haverá matu-

tinos. Cessou o plantão aflito que joga-

va os rapazes de jornal madrugada

adentro.

Têrça-feira, dia 8, chega o ministro

das Relações Exteriores do Brasil, Ma-

galhães Pinto, para

uma visita a Sala-

zar. À tarde, às 3 horas, o presidente

do Conselho, em sua casa da Rua

Duarte Pacheco, no Alvalade, abre-me a

porta do gabinete para

uma longa con-

versa. E acaba de me dizer quanto ama

os poetas brasileiros quando

o chamam

ao telefone, primeiro o ministro da Saú-

de, depois o Dr. Vasconcellos Marques.

Salazar entrou, novamente, na sombra.

Mas, ao me dar a notícia, Marcello

Caetano não se precipita:

— O Dr. Salazar tem resistido a

tantas crises que poderá vencer mais

esta.

Parece que não. A pressão

desceu

a 3,5, o pulso sobe a 100. Cai a tem-

peratura. Médicos ouvidos pelos jor-

nais não têm dúvidas: é o fim. Ninguém

pode sobreviver em tais condições. Na

Embaixada do Brasil, à noite, discute-se

um problema delicado: como agirá Ma-

galhães Pinto se sobrevier a morte de

Salazar? Quantos dias durarão as exé-

quias? Deverá o chanceler brasileiro

permanecer em Lisboa? Mas as 3 da

SF.fíUfc

153

STÉREO

Telefunken apresenta os compactosSERENATA eCANTATAdois novos estereofonos

para pequenos ambientes e

pequenos orçamentos.

Estereofono já não é mais mistério. Hoje

você não precisa ser rico para ter um.

Nem tampouco morar num palacete.TELEFUNKEN põe

"CANTATA" e"SERENATA" ao seu alcance. São próprios

para quem tem pequenos espaços e

pequenos orçamentos. Ambos com purezade som que antes era privilégio só de

grandes estereofonos. Isso porque são

fabricados com o mesmo carinho de todos

os Telefunken. São inteiramente

transistorizados e automáticos. Construção

sólida e de alta classe. Ê para durar mesmo.

Móvel de madeira de lei em estilo

moderno. Faz bonito. Não adie seu sonho.

Decida-se já. Por um ou por outro.

Em seguida ponha seu melhor disco.

Prepare-se para uma emoção e tanto.

TELEFUNKENé outra categoria^

.

SALAZAR CONTINl AC AO

Se Maria

falasse...

mas ela só

faz chorar.

IX

-1

I|pP %

jdt $

WLV ''>%**

Li ^ I

madrugada chega a notícia aos jornais:

o Dr. Eduardo Coelho acaba de se re-

tirar do hospital. Salazar venceu a mor-

te outra vez.

Vinte dias depois as melhoras se acen-

tuam tanto, que se anuncia sua volta

para casa. Chega a sentar-se. Logo volta

a prostrar-se, porém, ê quando tôda uma

sucessão de novos acidentes circulató-

rios derrota os médicos. Mas já não é o

chefe do Govêrno, na plenitude dêle,

depois de quarenta anos de mando,

que cede, afinal, nessa luta contra a

morte, ê apenas um homem, que desde

16 de setembro de 1968 não recupera

a lucidez, e em cuja antecâmara cho-

ram os íntimos.

A mulher mais triste

Entre os que permanecem na antecâ-

mara há uma mulher, sempre a chorar,

e que tem muito o que contar, ê Dona

Maria de Jesus Freire, governanta de

Salazar. Ela o acompanha desde os tem-

pos de Coimbra, onde êle fundou

— no

. antigo Convento dos Grilos — com o

então Abade Manoel Gonçalves Cerejei-

ra e o Professor Mário Figueiredo,

hoje presidente da Assembléia Nacional,

uma república para moços estudantes.

Maria já trabalhava para o abade e foi

encarregada de dirigir a casa. Cerejeira

gostava de mudar, Salazar não. Falan-

do daqueles tempos da república instala-

da no Convento dos Grilos, disse Salazar:

Eu não mudava — nunca!

— um

móvel do lugar. Meu companheiro, hoje

cardeal, era, ao contrário, todo êle fan-

tasia. Aproveitava minhas ausências para

tumultuar tudo: a mesa, as cadeiras, os

quadros, e pretendia

ter assim a impres-

são de habitar um apartamento nôvo.

Mas, quando Salazar regressava, a

casa voltava ao ponto de partida.

E

assim, em quinze anos, nada mudou,

até que Salazar trocou a república pelo

Govêrno de Portugal. Num depoimen-

to sôbre o amigo, diz Cerejeira:

Nunca observei tantos contrastes

num ser. Êle aprecia a companhia das

mulheres e sua beleza, mas leva vida

de monge. Nêle se chocam sem

cessar o ceticismo e a flama, o orgu-

lho e a modéstia, a confiança e a des-

confiança, a bondade mais desarmante e

por vêzes a dureza mais inesperada.

A êste tipo de homem, Dona Maria

de Jesus Freire, hoje apenas uma mu-

lher que chora, serviu com extraordiná-

ria dedicação. Acompanhou-o, devota-

da, entregue, patética, tôda a vida. Di-

zia-se que êle mandava em Portugal,

e ela, nêle.

Em 1951, uma jovem jornalista fran-

cesa, Christine Garnier, conseguiu con-

quistar as simpatias de Salazar, a quem

acompanhou durante férias no vilarejo

natal de Vimieiro, defronte a Santa

Comba, no vale do rio Dão. Ouviu-lhe

as confidências:

— Nunca trago comigo carteira ou

dinheiro. Para quê? Nunca escolhi uma

só gravata, um só terno. Não sei quantas

camisas possuo. Desde minha chegada

a Lisboa, Maria tomou conta de tudo.

Ela me libertou de tôda preocupação

material. Conhece meus negócios melhor

do que eu! Vive minha vida, compreen-

de? Sua intuição é tal, que desconfia

dos perigos possíveis muito antes de

que me advirtam. Nem minhas irmãs

tomaram conta de mim a êsse ponto...

Maria não foi apenas a governanta, a

selecionadora de gravata ou a fiscal

atenta dos pratos que se destinavam à

mesa do senhor presidente do Conselho:

era, segundo as palavras do próprio

Sa-

lazar, "uma

espécie de secretária".

— Muitas pessoas — dizia êle

—, não

desejando escrever-me de maneira ofi-

ciai, dirigem suas cartas a Maria. Ela

recebe, assim, um correio considerável.

Ouço-a às vêzes queixar-se:

"Perco

meu tempo a responder a essas cartas

tôdas, quando tenho tanto o que

fazer

em casa", ê por Maria, enfim, que

me

chegam os ruídos do exterior, os boatos

mais secretos e, palavra de honra, até

as críticas.

O homem só

Um homem de pouco aparecer em

público, de raro se mostrar na intimi-

dade. Mesmo em fotografia.

Não se casou, embora haja quem

jure que houve um casamento secre-

to. Se, no futuro, baseado no retrato

com a beca de professor e aliança no

dedo anular esquerdo, exposto em Coim-

bra, alguém afirmar que Antônio de

Oliveira Salazar era casado, se engana:

o corpo e as vestes, no retrato, são do

Professor Marcello Caetano, só a cabeça

é de Salazar. Ê um retrato montado,

graças à cooperação daquele que

viria a

ser o seu sucessor.

Sôbre as mulheres na vida de Salazar

há outro depoimento dêle próprio, no

livro de Christine Garnier, "o

único que

fala a verdade, pois Christine viveu co-

migo". Quando Christine, ao abordá-lo

pela primeira vez, contou-lhe que

de

muitas pessoas ouvira ser-lhe a compa-

nhia das mulheres insuportável, Salazar

rebenta de rir: "São

talvez as que

recusei receber que espalham essa

reputação".

Mais tarde, estabelecida a intimidade,

Christine Garnier soube do sonho da

jDQcidade-d^Salazar. Seu pai fôra feitor

das terras de uma rica família da Beira

Alta. Formando, o môço foi pedir a mão

da menina da casa. Recusaram-na:

"Mas não vê logo..." Não via. Julga-

va que o diploma em Coimbra bastas-

se para elevar o filho do feitor ate a si-

nhá-dona. Permaneceu solteiro? Não o

põem em dúvida, repelindo com indig-

nação o rumor do casamento secreto,

portuguêses eminentes. Mas adotou duas

meninas — Micas e Maria Antônia

ligadas pelo sangue a Dona Maria de

Jesus e por ela trazidas à casa. Na ver-

dade, êsse homem do poder, para quem

o poder era realidade maior, pensava

em ter filhos (poucos), possuir uma mu-

lher fiel, embora sem amor, uma casa

limpa, um jardim perfumado, onde

viver recitando o rosário sem querelas

nem processos. Êsses desejos estão con-

SEGUB

155

I

PEQUENO GUIA PARA

UMA GRANDE VIAGEM

.

Li ***** V^t» *•*/* mataram * o ¦~oo» a*

^./~~~^\ O novo / / v~\^/ _/ /\ ***-»,

[permanente do» tentei posti » Montanha»

j/^*^ *,o'<«t<cadi»si-**o ^XZ /¦—s. >^

' o que mel **/1

I majestosas, coroadas d» neve. pmhw.ro». _______ T_?___! /-_ #** ri-»- «i**-*»»»**"»- _*-*_>,

/ aWtatmm a ,***>» aUmatma ,a\f\****U »l**-***»*¦*> >* *) _^£2________!-_? ¦ ****áf} ' ** K *w•*•• rl° *****J^Ê fUTV -, --,I mmr i ntenor. W _/ '

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I. azul tào a.ul. Moniinha*. cc.ftas Tuco <K»-»ro dr» ' «ur,' o // *^V _***~>^<_2g_L *)

*\^ I^_____________________)J ,UM d'nÇa"**• '.*l«rr*'' A' '",' 1 |DALL/^y*VV~>*

~ P»*1i"h*' esta P "*-»- Fl°85 í

*V_ ^^3_^_^C_--^_S2_^»**"*** fl*"»*''0*1 -*- Europa pensam J-

**-* <Ti*\ Ykrvw Tp»,i*", u*> parque d» fliver /

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" Bwq*i* os Estados Unidoi sào at

t11 fc II A U-oe* a ia f»rweM. a toda hor- acontfV-

\9 1 L__Ç< uma enorme Oklahoma .. \* II I ¦,-„«» riucio* de revólver e a->,aitns A

\ \ ° Astrodome é provavelmente a unica praça

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**j 19 X *f

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1

\ \. de esportes do mundo que é sensacional, ***f\_

Jp »--—^ .—. .-—v r--x /**"¦***/""**\ /_BE__t-P _T^ i^^/^^ í_Nv i^~\ í*-Ã

_ 1 mesmo quando nio hà espetáculo. ^„^ vO\_D \_0 vO \0 \_*_H ÍC_lD vO V_0 xO vD vO

*V ^V ^v é***^mma**u!mA *_-___-E___-C Areias brancas, ceu

^nfrftsurfistas extravagantes...

>. >v ^v V-^^-^P^J^jfl*^ "\. azul,

um so1 de ouro... ¦¦JMfc^B e o maravilhoso Seaquariun-,.^V

^ ^Y g cj£ /_r ^*~" ndas garotas, natura;mente. BBoJfl| O esfusiante portal

^ X_/~*~-,,'T

C_4*^^>_»^ Alem de iates espetaculares, ¦flaÉ^T* k daAmanca!

Hil_SC[_fl_l_^A___3iJ^u\ -—*^*^ J^^"••n-

Olymp.adas do 1960. Olé! V-»* ___^

^***w -_»/^V_L8 sirr,Plef rnortiià como nós conti nua m£#x,''"\^'"*4*' 1

Nr-*fl[Üj*j , ,r paia ia E os super granfinos de ^Pescaria,

Cassinos e

/*V>^Jò*Q --****-~^Je, s*-1 n*m d**0 ° maior pòrt0*iurA* O >V**v yr ^sinal

de que livre do ^UU

t%} 1^ Aí-j ^V «lottjr, mundo.com É*_^M

m!^**--'-*__TT> ^*—^^- "V P'*08) lUPà. k _4

vA_i_^_tf__r*. x*>s. espeta flS-K

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SALAZAR CONTINTACÃO

Governava

seguindo

o exemplo

materno

tidos nos versos de um sonêto de Plan«

tin, que êle tinha emoldurado em sua

sala de trabalho.

Em muitas oportunidades, Salazar

falou da influência exercida por sua

mãe, Dona Maria do Resgate Salazar.

Tinha ela 44 anos quando nasceu o me-

nino Antônio (28 de abril de 1889). Dos

onze aos dezenove anos, êle morará

longe dos pais, no Seminário de Vizeu.

Vai depois para Coimbra. Mas a pre-

sença materna se identifica em cada

momento de sua vida de môço. Com

Dona Maria do Resgate passa, invarià-

velmente, os domingos. Na aldeia, lon-

ge de Coimbra. E, quando a 11 de

junho de 1926 êle aceita voltar a

Lisboa para ser, de nôvo, ministro das

Finanças, é o conselho de sua mãe doen-

te, a cuja cabeceira se encontra, que o

decide. Mais tarde, felicitado pela re-

cuperação econômica do país, responde:

— Aprendi com minha mãe. Adminis-

tro o Estado como uma pensão. Com de-

cisão e economia.

Quando a mãe morreu, ficou ao pé

da cama até a última semana. E diria

depois: segui

0 GOLPE FRACASSADO

O que o Almirante Américo Thomaz

fêz a 27 de setembro de 1968 — desig-

nar um nôvo homem para ocupar o

pôsto de Salazar — já lhe fôra propos-

to, sete anos antes, pelo Ministro da

Defesa, General Botelho Moniz.

Em 1960 há, pela última vez. eleição

direta para presidente da República.

Antigo salazarista exaltado — nunca foi

homem de fazer as coisas sem paixão—, o General Humberto Delgado é o

candidato da oposição e corre Portugal

de ponta a ponta. No Pôrto, segunda

cidade do país, tem uma recepção que

é, por si só, uma revolução. E de volta

a Lisboa, quando lhe perguntam o que

fará, se eleito, a Salazar, responde,

incisivo:

— Demito-o!

Ainda hoje há, entre correligionários

de Delgado, quem afirme que êsse êrro

de tática o liquidou. O certo é que o

regime endureceu, e as urnas apenas

registraram para Humberto Delgado

236 528 votos, contra 758 998 a Américo

Thomaz. A oposição contesta êsses da-

dos oficiais. Mas também não era fácil

encerrar, pelo sufrágio popular, um re-

gime como o de Portugal.

Dai por diante, a eleição passa a ser

indireta. Em 1965, já a oposição não

teve candidato. Américo Thomaz foi

reeleito sem competidor.

A última tentativa séria de ação mi-

litar contra o regime é o golpe de Esta-

do fracassado de 1961, que é aqui con-

tado pela primeira vez em língua por-

tuguêsa: os jornais de Lisboa e do Pôr-

to nem fotografias têm em seus arquivos.

No início da década de 60, Portugal

tem muitas dificuldades no plano exter-

no. Perde, pela fôrça, Goa para a índia;

Henrique Galvão apodera-se do transa-

tlântico Santa Maria (23-1-1961) e has-

teia no mastro principal a bandeira de

outra santa — a "Santa

Liberdade" —

e navega para o Brasil, onde recebe

asilo: a 4 de fevereiro do mesmo ano

são assaltadas a academia militar e a

polícia de Luanda, em Angola, e a 15

de março irrompe a revolta no Noroeste

dêsse território.

Em princípios de abril, o General

Botelho Moniz, ministro da Defesa, es-

creve uma carta a Salazar, da qual são

distribuídas cópias em segrêdo. Acon-

selha uma nova política, externa e inter-

na, em nome dos comandos militares.

No dia 7, o ministro pede a Américo

Thomaz uma audiência urgente. Res-

pondem-lhe que o almirante vai a uma

caçada. Moniz fala diretamente com o

presidente:Mas é urgente. Depois da caça-

da...

Tenho um jantar com personali-

dades cinegéticas.

Então, depois de jantar. Ê mesmo

urgente!

Dá-se o encontro — depois do jan-

tar. Ê mais de meia-noite, a conversa

é cordial, a indicação, muito clara.

Moniz informa que os comandos mili-

tares, montados dia a dia em diligente

articulação, querem dar a Salazar des-

canso compu sório. iniciar conversação

em Angola, transitar pacificamente para

a democracia, numa abertura liberal.

Américo Thomaz ouve com muita

atenção. E opina: na questão externa

acha primeiro necessário resistir, para

com a vitória admitir solução política;

quanto a Salazar, pondera que é ho-

mem de idade, que dedicara tôda a

vida ao serviço público, sacrificara-se

pelo país e por tudo isto era justo

ter com êle as considerações que de-

corriam dos anos e dos trabalhos.

Tranqüilo quanto à eficiência do sis-

tema que armara de ponta a ponta de

Portugal, o Ministro Botelho Moniz des-

pede-se e vai dormir. No dia seguinte,

entre altos escalões e em companhia,

inclusive, do ex-Presidente da República

Marechal Craveiro Lopes, que o foi

buscar à casa, disposto à ação e com

a farda de gala numa pasta, para as

responsabilidades a assumir (estava em

uniforme de campanha), o general-mi-

nistro aguarda a sua hora. Está no edi-

fício do Ministério da Defesa, na Cova

de Moura, decorado de metralhadoras

nos quatro cantos.

Enquanto isso de posse do rádio, da

televisão, da imprensa oficial, da Cen-

sura e demais instrumentos da polícia

(a famosa PIDE — Polícia Internacio-

nal de Defesa do Estado), Salazar de-

mitia o ministro — de cinco em cinco

minutos, a população, sem saber o que

estava acontecendo, ouvia a notícia —,

demitia os comandantes em seus quar-

téis e nos seus barcos, estendia o braço

pelas províncias de aquém e além-mar

e esvaziava a conspiração sem chegar

nem mesmo a prender os conspirado-

res, que foram saindo para casa e em

casa ficaram detidos sob palavra.

Até hoje, os jornais portuguêses não

contaram essa história, para não reve-

lar a presença de Craveiro Lopes, ex-

presidente, num ato ostensivo contra

Salazar. Um amigo de Craveiro garan-

te que a disposição do marechal era de

ir às máximas conseqüências. Só desis-

tiu quando os demais chefes militares

lhe perguntaram o "que

fazer". A res-

posta:— Dêem-me os meios de ação e sa-

berei o que fazer.

Ninguém tinha mais meios de ação.

Eram todos exj ex-presidente, ex-minis-

tros, ex-comandantes.

No Ministério da Defesa, onde ainda

se encontrava, o General Botelho Mo-

niz recebeu duas cartas: de Salazar, bas-

tante cordial, lamentando ter de lhe dis-

pensar os serviços; e a de Américo

Thomaz, bastante sêca, demitindo-o.

E isso encerrava o golpe de Estado.

157

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SALAZAR CONTINUAÇÃO

Professor

subversivo

e deputado

por

um dia

— Acredito que as circunstâncias de-

sempenham papel capital em nossas

vidas. Quanto ao que me concerne, não

teria ficado muito tempo ministro se

minha mãe não tivesse morrido. Ela

não podia viver sem mim, e eu era in-

capaz de trabalhar quando a sentia

inquieta.

Uma tarde no Parlamento

Há um traço do caráter de Salazar

que o marca desde menino: o mesmo

senso de disciplina que o leva a não

permitir o deslocamento de um só mó-

vel na república de Coimbra já no Se-

minário de Vizeu o destaca entre os

colegas. As celas são individuais, mas

abertas dia e noite. Os alunos não têm

o direito de entrar uns pelas portas

dos outros, o regulamento o proíbe.

Mário de Figueiredo recebia frangos

assados, bolos-de-amor, papos-de-anjo.

Convocado pelo amigo, Salazar pedia

primeiro, cerimoniosamente, permissão

ao padre para partilhar daqueles requin-

tes gastronômicos. Mas não passava a

soleira, comia deliciado no corredor, de

pé. A regra escrita antes de tudo.

Sua carreira política na república

parlamentar é freqüentemente esquecida.

Êle fêz parte, logo depois de 1910,

quando ainda estudante, do Centro Aca-

dêmico de Democracia Cristã, mas em

1962 ressalvava que a

palavra não ti-

nha, cinqüenta anos antes, o sentido de

hoje: "A

denominação não era lá muito

feliz, mas prevalecia o acento sôbre a

palavra cristã e não sôbre a palavra

democracia, de que uns eram adeptos,

outros não".

Em 1919, já professor em Coimbra,

Salazar é suspenso juntamente com três

colegas, por suspeita de ação subversiva

monárquica. Abre-se inquérito. Sua de-

fesa — "A

minha resposta" — é por

vêzes insolente: "Não

sabem se sou

monarquista ou não... eu sei muito

bem o que sou, mas não direi".

Três anos mais tarde, aceita candida-

tar-se a deputado nacional, pelo Cen-

tro Católico de Guimarães. Eleito, to-

ma posse a 2 de setembro de 1921.

Mas nesse mesmo dia renuncia e

volta a Coimbra. Ninguém entendeu

direito, naquela tarde, o gesto brusco.

Uma confidência talvez o explique: um

dos homens da maioria, um chefe po-

lítico conservador, que antes ocupara

as mais altas posições, lhe disse: "Nada

podemos fazer. Na França, as eleições

derrotaram os conservadores, ê a hora

das esquerdas". Mais tarde, Salazar li-

garia êsse episódio ao seu desencanto

pela democracia:

Nunca se apagou de minha me-

mória essa triste impressão de um go-

vêrno que

tinha maioria na Câmara e

se sentia moralmente abatido porque,

num país estrangeiro, o resultado das

eleições tomara certo colorido.

Aquele instante de oscilação de âni-

mo no jôgo dos corredores parlamen-

tares tomaria, no espírito do jovem

deputado, sabor de exemplo. E nunca

mais participou, depois daquela tarde,

do Parlamento. Nunca — por outro

lado — subiu à tribuna popular. Sempre

como governante absoluto, no estilo

lúcido e direto a que não faltavam

luminosidade e grandeza.

A natureza não me dotou para os

discursos — dissera em 1909, no Co-

légio da Via Sacra, em Vizeu.

Mas. pôsto em frente do papel, sabia

escrever. "Êle

usa sempre a ordem di-

reta", diziam com admiração.

O Estado forte

Antônio de Oliveira Salazar sem-

pre foi obstinado na defesa de suas

convicções. Dizia: "Não

há Estado forte

onde o Poder Executivo o não é. O

parlamentarismo subordinava o Govêr-

no à tirania da assembléia política, atra-

vés da ditadura irresponsável e tumul-

tuária dos partidos. O Estado corpora-

tivo garante o Estado forte, pela segu-

rança, independência e continuidade da

chefia do Estado e do Govêmo".

Mas mesmo o sistema em que se mis-

turavam a representação popular

— que

escolhia a Assembléia Nacional — e o

regime corporativo — que tinha a Câ-

mara Corporativa como uma espécie de

senado — nunca funcionou de verdade

com Salazar. Marcello Caetano dizia ha-

ver em Portugal uma bicefalia. As duas

cabeças eram o presidente da Repúbli-

ca, que escolhia o presidente do Conse-

lho, e o presidente do Conselho, que

mandava em tudo. Mas êle também se

referia à monocracia do homem de gê-

nio. E os homens de gênio aparecem

esporàdicamente, às vêzes com intervalos

de séculos: a normalidade das instituições

assenta nos homens comuns.

Ainda agora, o nôvo presidente do

Conselho oxigenou o sistema corporativo,

acabando com a exigência de aprova-

ção pelo Ministério das Corporações das

eleições sindicais (o Dr. Vasconcellos

Marques, o cirurgião que operou Sala-

zar, era há sete meses diretor da Ordem

dos Médicos de Lisboa, mas a diretoria

não fôra aprovada por causa de suas

opiniões). E anuncia que vai

proceder a

eleições de verdade para a Assembléia

Nacional, em outubro de 1969. Vai ver

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Tomara que seus pais lhe tenham

dado muitos livros quando V.era criança.

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SALAZAR cnNTiNrAçÃo

Ele jamaisdeixou o

poder. Nem

a passeio.

como funciona, agora, o sistema a quedeu ordenação jurídica.

O sistema foi montado para nãofuncionar — observa o Sr. Afonso Ari-nos de Mello Franco, de passagem porLisboa. — E o paradoxo é que funcio-

nou com a escolha, pelo presidente daRepública, do novo presidente do Conse-lho, sem um grito, sem um tiro.

Aliás, era isso que respondia Salazar,

quando lhe sugeriam que depois deleseria o dilúvio. Sua substituição era coisa

normal, prevista na Constituição. O pre-sidente da República escolheria outro

presidente do Conselho. Problema gra-ve seria o da substituição do próprio pre-sidente da República, porque o corpoeleitoral era mais numeroso...

Uma viagem da metrô

O homem que não gostava de mudaros móveis soube segurar as rédeas do

poder absoluto. Nesse mister, poucas vê-zes saiu de seu palácio de Lisboa. Falta-va-lhe a inquietude da viagem. A nãoser a Santa Comba Dão, só ia ao Forte

de Santo Antônio, em São João do Esto-ril, perto de Lisboa, onde passava asférias de verão e onde foi acidentado.Viagens mais longas contam-se nos de-dos. Em 1924 foi à ilha da Madeira,mas não saiu da capital, Funchal; nomesmo ano foi a Bruxelas, em compa-nhia do futuro Cardeal Cerejeira, paraum congresso católico; e em 1927, umano antes de ser nomeado ministro dasFinanças com amplos poderes para re-formar a economia de Portugal, foi àFrança. Não esqueceu mais essa viagem.

Fala a Christine Garnier:A França, como ela é bela. Fui a

Lourdes. Conheço também Paris, masmuito pouco. Fiquei uns dias apenas. Vi-sitei os museus e admirei os edifícios.Sabe o que fiz na véspera da partida?Tomei o metrô-, sem destino, vi desfilarestações — Barbès-Rechechouart, Art-

et-Métiers, Êtoile... e tive a ilusão de co-nhecer um pouco a capital do espírito.

Depois de 1928, o poder prende Sala-zar a Poiíugal. O mais longe que vai éa Ciudad Rodrigo, na fronteira espanho-

la, e quando muito a Sevilha, para en-

contrar-se com Franco.

Em quarenta anos de poder — êle

dominou o país efetivamente a partirde 1928, quando foi feito Ministro das

Finançar. —, Salazar conservou o mes-

mo sentimento de desconfiança pela im-

prensa. Uma desconfiança que vinha

da adolescência. Certa vez, contava êle,

discutira, no Convento dos Grilos, com

Cerejeira, o valor informativo do jornal.Ao contrário do que fora noticiado, não

saíra de casa, não tomara o trem, não

fora ao lugar citado nas folhas. Mas o

cardeal, bem pensadas as coisas, con-

cluía que sim, que fora, o que valia era

a versão, não o fato.

Pequenos episódios como este quevalor tiveram na formação de Salazar

para animá-lo na pesada mão que fêz

cair sobre os jornais portugueses, obri-

gados, por lei, a fazer constar de cadaexemplar a indicação

"Este número foi

visado pela Censura"?

Shakespeare censurado

Nos últimos anos, a instituição, emsi mesma detestável, se tornara ridícula.

Certamente porque a política do turis-mo visava proteger a indústria hoteleirado Algarve e destacava a sua paisagemensolarada, o calor de suas águas, era— dizem-me — impossível mencionara existência de parques de campismo

perto de Lisboa ou as neves ao sol naserra da Estrela.

Quando Salazar completou 79 anos,esse número foi cortado nos títulos. Umtelegrama sobre o aumento da prostitui-ção na Tchecoslovaquia depois da inva-são russa foi proibido, porque se acenavacom regulamentação da chamada maisvelha profissão do mundo. E, comoantes da invasão os jornais não puderamcontar que a Censura tcheca fora sus-

pensa, não foi fácil noticiar que ela forarestabelecida...

Atenta à malícia das revistas literá-rias, a tesoura desabava sobre o versofinal de um trecho de Shakespeare, tra-duzido por Sophia de Mello BreynerAndersen, a ser publicado no mensárioO Tempo e o Modo, nas comemoraçõescentenárias do poeta, porque pedia,apontando para o fantasma: "Fá-lo

pa-rar, fá-lo parar, Marcello". Só abdican-do dessa possível alusão a MarcelloCaetano a revista pôde circular.

Não havia censura prévia para os li-vros, mas os editores corriam o risco detê-los apreendidos por motivos de ordemmoral ou política. Basta contar que entreos confiscados estava A Guerra dasSalamandras, o famoso romance de fie-ção científica construído como antevi-são de um mundo subjugado por seresdo abismo, pelo tcheco Karel Kapek,antes da guerra de 1914. Ou Os Pastoresda Noite, do nosso Jorge Amado, umdos autores mais populares em Portugal.

Na verdade, Salazar assumia a res-ponsabilidade das restrições impostas àliberdade da cultura.

"Encantador, mas

ainda crê em Jean-Jacques Rousseau".foi o seu comentário sobre Eisenhower.Max Fischer lhe perguntou certa vez:

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O VOLKSWAGEN no BRASIL S A

Tudo o

que

começa bem,termina bem.

Lembra como começou a sua vida

em comum com o Volkswagen?

Êle sempre foi um companheiro

de confiança desde o primeiro

dia.

Nas tarefas fáceis, e naquelas

não tão fáceis.

Pois mesmo quando v, exigia

longas viagens déle, sem parar,

êle

jamais ferveu.

Graças a seu motor refrigerado a ar.

E quando v. andava por

estradas

cheias de água e lama, ele também

não reclamava.

Graças à chapa de aço que

fecha o chassi embaixo,

Êle também nunca quebrou mola

alguma, no meio de um caminho

esburacado.

Porque usa barras de torção,

em vez de molas.

E em troca de tudo isso, êle

nunca exigiu muito.

Sempre se contentou com pouca

gasolina, pouco óleo,

pouca oficina.

Muito bem.

Mas digamos que v. resolveu

vender o seu Volkswagen.

Como serão as coisas nessa hora?

Nós sabemos: tudo vai terminar bem.

Sempre tem gente querendo

pagar um bom

preço para ter tudo

aquilo que v. teve com o seu

Volkswagen. E êsse dinheiro já

é

boa parte

do que

v. precisa

para começar tudo de nôvo.

yfTJV Comprar um Volkswagen

áVA 0

" km, com aquela certeza

^Üfe# | de

que tudo o

que

\tp^ começa bem, termina bem.

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^ béb __t^^ ^r ^ .^^

beethoven:homem esquivo e temperamental.

Gênio trágico e ao mesmo tempa cheiode ternura. Patética terrível e heróica

Grande compositor.

»

Chegou a ser castigado pelo pai porquenlo queria saber de música.

Alguns anos mais tarde, Mozart disse:"tsse menino-Vai longe".

Foi tão longe quant^ Mozart, ou mais.Apaixonado pela República, dedicou a Sin-

fonia Heróica a Napoleão porque Napoleãoprometeu proclamar a República. Napoleãoproclamou o Império. Beethoven compôs aMarcha Fúnebre.

Viveu no meio de fidalgos mas recusou-sea comportar-se como fidalgo. Foi recusado

pelos fidalgos. Beethoven morreu na miséria.Não perca, em todas as bancas, um pouco

da história e da música desse gênio extraor-dinário chamado Ludwig Van Beethoven: Jásaiu o fascículo n.° 2 da série Grandes Com-positores da Música Universal.

Dentro do fascículo, o long-play com a 5.»Sinfonia, a mais célebre de todas.

Corra à banca de jornais mais próxima:não é sempre que a gente pode levar paracasa um gênio por tão pouco dinheiro.

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SALAZAR co NTI.M ACAO

Definição:

nem herói,

nem sábio,nem santo.

Se um editor quisei publicar OCapital, de Marx, a Censura permitirá7

Não!

E acrescenta:Aliás, meu gesto não diminuiria

de um só o número dos que falam delesem o ter lido. Governar é proteger aspessoas contra elas mesmas.

Assisti, faz três anos, a uma discussãoentre brasileiros sobre os motivos porque os portugueses contrários a Salazare que se consideravam maioria não odepunham. Estava presente um casalilustre, que sempre militara, impotente,na oposição. Não lhe era fácil explicarque no sistema das ditaduras modernas,de que o Marquês de Pombal foi o pre-cursor, o Governo só cai por uma rebe-Hão militar, uma guerra estrangeira ouuma conspiração de palácio.

Liberdade muito distante

"Nem herói, nem sábio, nem santo",

Salazar define-se em 1958, ao proclamarcandidato o Almirante Américo Thomaz.Mas conseguira conservar, talvez subcons-cientemente, o paraíso perdido da infân-cia, como visão de um Portugal alheioaos valores da civilização industrial. Êlese horrorizava se lhe dissessem que suapolítica se encontrava, por certas coinci-dências, com o ideal anarquista. AntesPortugal pobre, que Portugal diferente..Ser rico não é ser feliz.

A novidade, a mudança o importuna-vam Conta-se que, ao saber, pelo minis-tro de Ultramar, da descoberta de pe-troleo em Angola, exclamou:

Só me faltava mais esta!Costumava reclamar da sua própria

talta de liberdade, nunca se sentia à von-tade, mesmo para caminhar no parque-— "imaginem

que numerosos vizinhos,alias gentilíssimos, podem me espiar dasjanelas dos arredores".

Mas, numa de suas últimas entrevis-tas, fez uma previsão do tempo neces-sano as nações africanas para o exerci-cio da liberdade:

-— Precisarão quatrocentos, quinhen-tos anos...

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Um poeta - Chico Buarque de Hollanda - e

um fotógrafo - David Drew Zingg - estu-

dam um personagem provocante e desafiador.

Duas visões se integram e procuram explicar

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0QUEE0MAR

Esse

mar perturbadoEsse mar insistente

Batendo nas costas

Da terra, da genteNão sei se é carícia

Ou provocação.

Esse mar, não sei não...

Às vezes pareceUm pequeno vestígio

A primeira lição

O mais próximo indício

De revolução.

165

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No entanto, olhem para mim:

Criado na turbulência do marIncerto, pouco lhe herdei.

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Ajeitei-me

como os peixes,

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E já

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Subir pelas paredes.

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aliás, fogueira.

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aliás,

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senti que

a partida,

enfim, a vida,

estava ganha. FIM

171

ExS^^S^

11

Estilo brasileiro.

O Ford Corcel foi

projetado para o Brasil.

Desenhado no Brasil

por estilistas brasileiros.

Fabricado com matéria

prima e componentes

brasileiros. Testado

insistentemente. Nas ruas.

Nas pistas de corrida.

Nos laboratórios.

Qualidade internacional.

O Ford Corcel tem a

mesma qualidade Ford e

a mesma experiência

internacional que

permitiram a fabricação

do Mustang. Do Mercury

Cougar. Do Cortina.

Do Escort. Todos da

mesma família do

Ford Corcel.

Gostoso de dirigir.

O Ford Corcel tem quatro

marchas sincronizadas

à frente, e uma à ré.

A visibilidade é perfeita.

A direção, muito mais

suave, precisa e

silenciosa, jamais trepida.

Além disso, você não

precisa fazer "correções"

contínuas quando

estiver dirigindo.

Mesmo que a estrada

seja cheia de curvas.

Conforto.

O Ford Corcel foi

desenhado para levar

5 pessoas. A carroceria

é monobloco. O assoalho

não tem aquéle incômodo

túnel encontrado nos

outros carros.

E os assentos, feitos

para você dirigir e viajar

confortàvelmente.

Amplo porta-malas.

No Ford Corcel. o porta-

malas tem um tamanho

quase inacreditável.

São 458 decimetros

cúbicos para você levar

bagagem a vontade.

Em nenhum outro carro

do mesmo porte você

encontra tanto espaço.

Se você compra

pelo que

vê,

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Radiador selado.

Com todas as vantagens

dos sistemas de

refrigeração a água e a ar,

e sem as desvantagens

dos dois. O radiador

selado nunca ferve.

Você está livre do barulho,

do superaquecimento.

do"ar sujo" e da perda de

potência, característicos

da refrigeração a ar.

E só precisa trocar a água

de 2 em 2 anos, ou em

cada 30.000 km.

Cinco mancais.

No Ford Corcel, a árvore

de manivelas está

apoiada em 5 mancais.

Nos carros comuns,

em três. Quer dizer:

o Ford Corcel tem motor

mais equilibrado,

mais silencioso, sem

trepidação, com menor

desgaste de peças.

Traçáo dianteira.

Como quase todos os

carros de concepção

avançada. E tração

dianteira significa mais

estabilidade.

Equilíbrio perfeito:

59% no eixo dianteiro

e 41 % no eixo traseiro

com o motorista e o

tanque cheio de gasolina,

e 52,6% no dianteiro e

47,4% no traseiro,

com carga total.

Maior segurança.

Maior aderência ao solo.

Suspensão,

superdimensionada

A suspensão do Ford

Corcel. de grande

resistência e flexibilidade,

foi planejada, testada e

aprovada especialmente

para todas as condições

de tráfego das ruas e

estradas brasileiras.

Nas rodas dianteiras

do Corcel a suspensão

é independente e

você pode te-las

com freio a disco.

Economia.

O poderoso motor de

68 HP a 5.200 rpm (SAE)

do Ford Corcel faz até 12

quilômetros com um litro

de gasolina. A autonomia

é de 560 quilômetros.

A lubrificação, permanente.

E você só precisa trocar

o óleo do cárter em cada

cinco mil quilômetros

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veja um carro de verdade.

MOTOR DIANTEIRO, 4 TEMPOS. 4 CILINDROS EM LINHA, 68 HP (SAE) A 5 200 rpm. t 289 cm3 DE CILINDRADA RADIADOR DE AGUA COM CIR-

CUITO SELADO CONJUGADO MÁXIMO 9.87 mkçj A 3 200 rpm TAXA DE COMPRESSÃO 7.8 1 SISTEMA ELÉTRICO DE 12 VOLTS DISTÂNCIA EN-

TRE EIXOS 2 44 m COMPRIMENTO TOTAL: 4 40 m. LARGURA TOTAL: 1.61 m ALTURA TOTAL 1.42 m PESO EM ORDEM DE EMBARQUE 888

Kg CAPACIDADES ÓLEO DO MOTOR 2,5 LITROS. TANQUE DE COMBUSTÍVEL 47 LITROS RAIO MÍNIMO DE CURVA 505 m PNEUS 645 x 13 CORCEL

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Pintores e

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Três

anos atrás, quando Roberto

Carlos fêz o Brasil desejar que

tudo mais fôsse para o inferno,

ninguém o levou muito a sério.

Mas era evidente que um ciclo cultural

se estava fechando: o teatro político.

Depois de contar Zumbi, parava de con-

tar dinheiro; o cinema nacional não ca-

bia mais à sombra da Palma de Ouro

do Pagador de Promessas; a chamada

música popular brasileira, em desespêro,

organizou-se numa frente ampla contra

a Jovem Guarda.

— Antes de mais nada, devemos de-

fender o que é nosso. Isso que

estão fa-

zendo não é música brasileira. Ê uma

onda que não vai durar muito. Temos

certeza de que o samba, o nosso ritmo

mais autêntico, vai voltar na voz do

povo!

Isto foi dito três anos atrás, mas pode

ser ouvido ainda hoje. Apenas não se

trata mais da disputa da bossa-nova com

o ié-ié-ié: agora não há mais a frente

ampla, há o CCC — o Comando de Caça

a Caetano. Agora não há mais a Jovem

Guarda, há o tropicalismo.

Por trás dêsse rótulo demasiado rígido

para um movimento que

se recria a ca-

da instante, houve todo um período de

amadurecimento, com a fusão de várias

componentes. Umas mais próximas, ou-

trás mais distantes. Só o tempo poderá

estabelecer o grau de participação

delas

na formação do tropicalismo.

Outros "ismos"

Quando Roberto Carlps mostrou que

viera para ficar, percebeu-se que

os Bea-

tles eram muito mais do que um grupo

de jovens inglêses com uma grande

an-

tipatia pelos barbeiros. As coisas passa-

ram a acontecer com tal rapidez, que

mesmo o comodismo petrificado de cer-

tos ambientes culturais brasileiros come-

çou a ser lentamente abalado.

No Brasil foram os cineastas e pin-

tores os primeiros a assimilarem os no-

vos rumos artísticos que eclodiam ao

mesmo tempo pelo mundo todo. As ex-

posições Opinião, no Rio, e Propostas 66,

em São Paulo, vieram simplesmente con-

firmar a impressão deixada pela Bienal

de 1965. Ligando-se à vanguarda mun-

dial, o artista brasileiro valia-se de toda

a liberdade oferecida pelas colagens,

montagens, equipamentos sonoros e lu-

minosos. Êstes eram os instrumentos

mais adequados para fazer o levantamen-

to da cultura moderna, uma cultura em

que o homem se via cercado por man-

chetes de jornais, anúncios de televisão,

carcaças de automóveis, o branco mais

branco. Afinal, o que era aquilo tudo?

Era algo de nôvo? Sim e não.

Há quase meio século, o futurismo.

S£GL'K

177

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§

Se este Vulcabrás

tivesse marca italiana

tasse o dobro,

iria ainda mais...

0 mundo e engraçado,

Vulcabrás é bopito, macio, impermeável, resistente.

Tanto quanto um bom sapato italiano.

No entanto, há certas pessoas que

deixam de comprá-lo

só porque êle náo tem marca italiana...

e porque custa

"assaz

pouco"

O mundo é engraçado.

• •' W*** "", ™ •<»>-wj«"

vui.cabrAs

CAIXA POSTAL 47 - JU NDIAl - S. P.A

Jt

0 e o0

Uns entendiamtudo eoutros, nada

TROPICALISMO ° dadaísmo e o surrealismo já procura-continuação vam entender o universo da máquina à

luz das novas interpretações reveladaspelos estudos sociais e pela psicanálise.Destas sementes plantadas na Itália, naAlemanha, na França, brotariam frutoshíbridos no Novo Mundo. No Brasiltambém.

Pela dificuldade de um contato maisdireto com os seus resultados, a Semanade Arte Moderna de 1922 tornou-seapenas um vago item no currículo doscolégios. Para o estudante médio ela pa-recia ter sido uma série de banquetesagitados, onde se celebrava a desdita doBispo Sardinha — devorado pelos ín-dios em 1554 — e de onde todo mundosaía falando que nem e milhor. Muitosatribuíam a organização desta espécie defestival a "dois irmãos" — Mário e Os-wald de Andrade — e as novas geraçõesnunca entenderam por que se deveriaminteressar por tal movimento.

— Semana de Arte Moderna não éaquele negócio em que andou metido oGuilherme de Almeida? Deve ser umpapo superfurado!...

A cultura do trópico

Isto foi válido até que, em 1967, oTeatro Oficina levou à cena O Rei daVela, de Oswald de Andrade, com dire-ção de José Celso Martinez Corrêa. Daíem diante, uma porção de gente passa-ria a entender muita coisa; outros a nãoentender mais nada. Primeiro, ficava-sesabendo que, apesar do sobrenome, nãohavia qualquer parentesco entre Oswalde Mário de Andrade. Segundo, desço-bria-se que uma peça escrita em 1933podia inquietar, graças à encenação deJosé Celso, mais que todo teatro "en-

gajado" mais recente.O Rei da Vela é uma crítica cáustica

da estrutura econômica, da vida política,dos costumes e da mentalidade dominan-te em algumas camadas da sociedadebrasileira dos 30. Todo o material tea-trai utilizado por Oswald é colhido emnosso modo de vida, sendo reelaboradocom uma insolência toda particular.José Celso, com imagens vivas, levavaesse espírito até os seus limites: circo,revista da Praça Tiradsntes, programado Chacrinha, chanchada da Atlântida,o espetáculo tinha de tudo. Tratava-sede uma tentativa de captar criticamenteo gosto das grandes massas brasileirase, com êle, o verdadeiro espírito da cul-tura criada no trópico.

Na platéia, um espectador particular-mente deslumbrado: Caetano Veloso,que, uma semana antes, havia compostoTropicália. Nesta música, como no es-petáculo dirigido por José Celso, haviaum ponto em comum: a nova realidade

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CONTINUARÃO

TROPICALISMO Dras*le*ra jogada em contraponto com osvalores tradicionais e consagrados do

gosto popular. Caetano diria depois quedividia sua obra em antes e depois deter visto O Rei da Vela. José Celso, porsua vez, encantou-se com o intercâm-

bio de contribuições que começava a

acontecer:— Veja você: fui violentamente in-

fluenciado pelo filme Terra em Transe,

de Gláuber Rocha. Agora Caetano se

diz influenciado pelo meu espetáculo.

Tenho certeza de que nossa geração vai

começar a criar algo de novo.

Terra em Transe, embora feito em

1966, ainda hoje divide a crítica e o pú-blico. O filme trata da política violenta,

corrupta e contraditória de um país la-

tino-americano imaginário, Eldorado,

onde vigora uma mistura de fascismo mis-

tico, populismo barato e romantismo re-

volucionário. Gláuber Rocha não parou

para se perguntar o que era ou não era

de bom gosto. Entre uma usina hidrelé-

trica e o*luar do sertão, não há dúvida

possível — fica-se com os dois. Assim

é no filme: na fundação de Eldorado,

na primeira missa, um índio defronta-se

com um nobre — vivido por Clovis

Bornay — fantasiado como quem vai

ao baile do Municipal; um interrompe

seu discurso para cair num samba ras-

gado ao som de uma banda de subúrbio.

Aplicava-se, enfim, a fórmula descober-

ta por Oswald de Andrade em 1924 —

ver com os olhos livres.

Se O Rei da Vela abriu para Caetano

Veloso uma nova visão das possibilida-des da arte, para Gilberto Gil houve

outra fonte de confirmação das necessi-

dades de um novo tratamento a ser dado

às mensagens artísticas. E, novamente,

seria uma montagem teatral que apre-

sentaria notáveis pontos de contato e de

reforço às experiências musicais do "gru-

po baiano". Por indicação de um amigo,

Gil fora certo dia a um teatro adaptado

que funcionava numa boate subterrânea

da Rua Augusta. O espetáculo era A

Cantora Careca, de Eugène Ionesco, sob

a direção de Libero Rípoli Filho. Gil,

que já conhecia a peça, estranhou o en-

tusiasmo com que o amigo a recomen-

dará. A montagem, porém, deixava tudo

bem claro, pois Libero valia-se do texto

como um mero pretexto para seus acha-

dos histriônicos. Cortava pedaços, inter-

calava seqüências inteiras de comerciais

de televisão e, ao final, trancava as por-tas do teatro para um debate. Então,

sozinho, representava a peça toda de

novo, explicando cada detalhe. Gilberto

Gil ficou tão surpreso, que só teve uma

pergunta:Como é mesmo o nome da peça?

A Cantora Careca, do autor ro-

meno Eugène Ionesco.Que nada! Só se fôr A Cantora

Careca Contra os Flintstones!

Como vai, vai bem?

Outra referência que não pode faltar

toda vez que se fala de tropicalismo é

Abelardo Barbosa, o Chacrinha. En-

quanto os animadores de programas de

auditório são sempre bem comportados,

vestem-se com aprumo e procuram dis-

ciplinar suas apresentações, Chacrinha

faz exatamente o contrário: é malcriado.

Chacrinha:

Sou o único

autêntico.

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*Ka^í BbBmé Bfl BR^aB^^I

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chama o auditório de "macacada"

e, não

raro, manda-o "para

as profundas do in-

ferno". Veste-se com fantasias espalha-

fatosas, distribui legumes, faz de seu pro-

grama uma desconcertante seqüência de

surpresas. O povo o adora. E os jovensartistas tropicalistas o tomam como a

expressão direta, em estado bruto, da

verdadeira sensibilidade estética do povobrasileiro.

Antes do início de um de seus pro-

gramas é fácil encontrar Chacrinha às

voltas com calouros desesperados, poli-ticos do interior e obscuros conjuntos de

ié-ié-ié que aguardam uma oportunida-

de. Uma multidão de secretários cruza o

palco a todo instante. Ao contrário do

que se pensa, seus programas são sem-

pre muito bem organizados, com todos os

números devidamente cronometrados,

sendo deixada apenas uma certa mar-

gem de tempo para as improvisações.

Chico Buarque de Hollanda, no começo

de sua carreira, só não cantou na Disco-

teca do Chacrinha porque Pedro Pe-

dreiro era demasiado longo.Não dá pra cortar uns esperando,

esperando?Não dava, e Chico deixou de se an-

tecipar a Caetano e Gil.

Quando Chacrinha fala de tropicalis-

mo, faz questão de mostrar seu álbum

de recortes.Veja aí, esse negócio de tropica-

lismo é fofoca. Sou tropicalista há mais

de vinte anos. Desde 1946. Desde o rá-

dio. Veja esta fotografia, eu ainda usava

bigode mas já me vestia do jeito que me

visto hoje. Olhe aqui: eu fantasiado de

índio. De noiva. O que acontece é que,antes, a imprensa me chamava de débil

mental, de maluco, de grosso. Dizia quemeu programa não valia nada. Me cha-

mavam de alienado. Atenção, Seu Ma-

chado, eu disse a-li-e-na-do! E agora?

Agora a imprensa intelectualizada é

obrigada a me aceitar, a reconhecer o

meu valor. Eu sou o Rei do Tro-

picalismo!Chacrinha insiste nesses dois pontos:

o seu orgulho por ter sido o verdadei-

ro inventor do estilo tropicalista e o seu

ressentimento contra os "pseudo-intelec-

tuais" que o atacam, enquanto aplau-

dem Gil e Caetano. Quando lhe pergun-tam qual é a intenção de seus progra-mas, Chacrinha responde apenas quetudo é espontâneo, e em seguida muda

de assunto.Admiro muito o Caetano e o Gil

como cantores e compositores. E Os Mu-

tantes também. Mas eles todos me imi-

tam. Muita gente me imita. Em quasetodas as capitais do Brasil existe pelomenos um falso Chacrinha. Mas não te-

nho ciúmes, não. Não quero exclusivi-

dade. O tropicalismo de Caetano, se não

se comunica com a massa, é porque não

é autêntico. Eu, não. O povo me aceita

porque sou o único autêntico. Há mais

de vinte anos. Aliás, acho que a palavratropicalista vai desaparecer, mas, mes-

mo depois do Caetano partir pra outra,

quando não se falar mais no assunto, eu

continuarei tropicalista. Sempre fui. Hámais de vinte anos.

Uma questão de desordem

Para Chacrinha, como para uma boa

parcela da opinião pública, o tropicalis-

mo é apenas uma maneira de se apresen-

tar. A fantasia faz o tropicalista. As ati-vidades paralelas de Gláuber Rocha,José Celso, Libero Rípoli e outros lheescapam totalmente. A reiaçào entre oartista e o público nunca o preocupou— é que Chacrinha domina o auditório.Este, aliás, é o aspecto de sua atuação

que mais interessa a Rogério Duprat.Maestro, compositor erudito, arranja-dor das músicas do grupo baiano, Ro-

gério Duprat é antes de tudo um inte-lectual vigorosamente comprometido com

a destruição de todos os valores tradi-cionais:

— O que importa, hoje, na música, éo que acontece quando ela é executada.Não queremos mais a tal de Arte. Hoje

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181

Respondahonestamente: vocêmerece um Wallig ?

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S. .Ihb fl

Wallig, q fogão, foi projetadopara aquele tipo dedona-de-casa que adoracozinhar, tem o toque dotempero e sabe aproveitar todosos recursos à mão.Veja só que detalhes tem oWallig Visoramic :Flamatic, que acende instantâneamente cada um dos queimadoressem uso de fósforos, acendedor <tricô, etc. Se o vento apaga a cma, Flamatic reacende na hora.Você nem precisa tomar conhecirLuz no forno, com interruptor e>forno é isolado com lã de vidro: aquececom maior rapidez e nâo esquenta o am-biente. E tem Controle Automático de Tem-peratura. para mantê-la uniforme durante todoo tempo de cozimento.Gaveta assadeira conjugada com o queimadordo forno. Pode ser utilizada ao mesmo tempoque o forno, sem gasto adicional de gás.A grelha integral permite empurrar as panelassem desequilibrá-las 0 tampo bandeja torna mais jrápida a limpeza e impede que caia gordura, leitederramado, fuligem, etc, dentro do fogão.E os roletes ainda facilitam quando é preciso afastar •o fogão para limpar o piso.Wallig criou e aperfeiçoou todos esses detalhes por estarazão: as boas donas-de-casa dão importância às horas passadasna cozinha. Isto é o bastante para você merecer Wallig, o fogão.

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1

ela deixou de ser um objeto do artista

continuação e passou a ser um resultado coletivo.

Todo mundo cria. O que importa é o

happening, o acontecimento. Existem

ordens e ordens. Umas são fardadas, rí-

gidas; outras são do tipo da que impera

nos programas do Chacrinha, por exem-

pio. Assim, no disco Ê Proibido Proibir,

acho que o lado mais importante é aquê-

le gravado ao vivo, com as vaias do pú-

blico e o discurso de Caetano.

Duprat considera a música como algo

já esgotado. Tudo já foi feito,

qualquer

sofisticação melódica, rítmica ou harmô-

nica é inútil.

— Por isso, a música de Gilberto

Gil, Questão de Ordem, desclassificada

no festival, em São Paulo, era proposi-

tadamente antimusical. O que interessava

era o acontecimento. E, se não quiserem

chamar isso de música, então chamem

a polícia...

Gilberto Gil endossa as palavras do

maestro e acrescenta alguns detalhes que

explicam sua nova tendência. Em pri-

meiro lugar, há uma preocupação maior

çm superar os limites impostos a uma

melodia popular

— duração, ritmo, to-

nalidade. Gil procura agora se aproxi-

mar mais das tendências da música ne-

gra internacional. Êste "nôvo-som",

por

$eu .caráter sensorial, físico, explosivo,

parece ter resultado numa espécie de

agressão ao ouvinte.

,r t— Mas a agressão não foi meu obje-

(ivo. Ela resulta do comodismo e da pas-

sividade de quem se sente agredido. O

que. f importa para mim é a liberdade, e

não, me preocupo com o consumo que

ipinha música possa ter. Se tiver, genial;

se não, não importa, estamos aí. Só sei

quç., não devo me submeter ao mêdo

apocalíptico que domina êste País e é a

principal doença da música popular bra-«« * *

sileira.

A rumba do Terceiro Mundo

A liberdade de criação é para José

Carlos Capinam, várias vêzes parceiro de

Gil e Caetano, a base vital do tropica-

lismo. Poeta e letrista consagrado, Ca-

pinam escandalizou a crítica ao usar

pela primeira vez o "portunhol",

o que

vem a ser uma mistura de português

com espanhol:

— Na rumba Soy Loco por ti, Amé-

rica, que fiz de parceria com Gil, senti

mais possibilidades do que ao compor

a letra de Ponteio. Dizem os críticos que

uma rumba não pode ser música brasi-

leira e que não se podem fazer versos

com palavras em castelhano. Seria o caso

de perguntar: e daí? A cultura brasileira,

para mim, não é mais exclusividade re-

gional, é a cultura de todo o Terceiro

Mundo, de tôda a América Latina, de

todos os.:países subdesenvolvidos. Se os

problemas nacionais são os mesmos dos

outros países latinos, temos o direito —

mais até: o dever — de nos expressar

também em espanhol. O tropicalismo nos

dá a liberdade necessária para enfrentar

esse dever. O artista que policia sua

fôrça criadora pretendendo falar a lin-

guagem do povo comete um duplo en-

gano. Primeiro, êle pensa estar falando

a linguagem do povo; segundo, o povo

pensa estar ouvindo através dêle a ver-

dadeira voz da arte.

Capinam

quer

a liberdade

de criação

Capinam reitera outra constante do

tropicalismo, a busca da coisa nova dita

de maneira nova. Isto ficou claro quando

Torquato Neto afirmou que existiam

muitas maneiras de fazer música brasi-

leira, e êle preferia tôdas. Esta flexibi-

lidade é que determinou o envolvimento

de vários conjuntos de música jovem no

movimento. Em quase todos os discos ou

shows tropicalistas são presença constan-

te os Beat Boys e Os Mutantes. Para

êstes, por exemplo, tropicalismo é um

nome prático, que foi encontrado

para

definir um certo tipo de investigação

musical, que se está fazendo atualmente

e no qual várias tendências se entrecru-

zam.

— Ê mais fácil dizer a um repórter a

palavra tropicalismo do que explicar,

com detalhes, o que queremos fazer. Te-

nho a impressão de que a principal ca-

racterística do nosso tropicalismo é a

ironia que introduzimos em tôdas as for-

mas musicais acabadas. Essa ironia as

embeleza. E nós, Mutantes, queremos

fazer uma música, acima de tudo, bela

e alegre.

Nem tudo é da Bahia

A procura, acima de tudo, da beleza

e da alegria, é a constante mais eviden-

te nas músicas de Tomzé, outro mem-

bro do grupo baiano. Especialmente em

suas letras, Tomzé lida com os grandes

mitos criados pela publicidade

— a boa

aparência, o otimismo pela técnica, os

crediários, os preconceitos e a desinfor-

mação. Freqüentemente emprega ditos,

ou mesmo quadrinhas populares, como

base para suas composições. Não se tra-

ta porém de recolher

"desafios" ou ex-

pressões do cangaço:

"Antigamente, um rapaz bem educado

não dizia palavrão

não pedia fiado

e nem cuspia pelo chão".

A irreverência de cantador nordestino

esconde a personalidade de um artista

que se atualiza constantemente com os

mais recentes estudos sobre Comunica-

ção de Massa. Ainda pouco conhecido

do público, Tomzé tem sempre uma

surpresa para os

que travam contato

com êle pela primeira vez:

— Por ser o mais velho, sou o mais

urbano do grupo baiano. Daí eu ser o

mais tranqüilo e, digamos assim, o mais

bem educado. Por exemplo, eu respeito

muito o Chico. Quer dizer, eu tenho que

respeitar. Afinal de contas, êle é meu

avô!

O humor ferino também está presente

nas letras de Torquato Neto, um piauien-

se "naturalizado"

baiano e residente em

São Paulo. Conhecido como o lírico poe-

ta que fêz Pra te Dizer Adeus em par-

ceria com Edu Lôbo, Torquato tem hoje,

talvez, a posição mais radical entre os

letristas brasileiros:

Quando fiz a letra de Louvação,

tinha absoluta certeza do valor de tudo,

de cada coisa. Daí a separação que fiz,

dividindo o mundo em duas metades

bem definidas — louvando o

que bem

merece e deixando o ruim de lado. Hoje,

ja sou capaz de distinguir entre um fato

particular e o processo a que êle perten-

ce. Eu não sou de plantar bananeira em

apartamento, e quando compus Mamãe-

Coragem não fui movido por nenhum

sentimento edipiano. O que me

preocupa-

va era desmitificar um valor estabelecido,

simplesmente porque era estabelecido.

No caso foi a mãe, azar. Podia ter sido

o mito do Diploma, o agel de Doutor,

sei lá. A nós, tropicalistas, não interessa

derrubar o Príncipe e deixar que sobre-

viva o Princípio.

Os meios para os fins

O maior contato entre o tropicalismo

e a Jovem Guarda foi o estabelecido por

Gal Costa, uma garota de 22 anos e in-

térprete oficial do grupo baiano. Sempre

que pode, Gal aparece nos programas de

Roberto Carlos, tendo até defendido uma

composição dêle e de Erasmo Carlos em

recente festival. Suas aparições na televi-

são chamaram logo a atenção para uma

voz afinadíssima e delicada, em contraste

com suas fantasias "cafonas".

Gal re-

cusa-se a aceitar a hipótese de um abis-

mo entre a Jovem Guarda e o tropicalis-

mo. Ao contrário, entende o ié-ié-ié exa-

tamente como uma ponte sem a

qual a

música brasileira ou nunca sairia do Bar-

quinho ou se deteria no "barraco

cuja

porta era sem trinco".

Independente de sua importância

histórica, que é indiscutível, acho o Ro-

berto genial. Não foi sem razão

que o

maestro Duprat colocou na gravação de

Baby, na hora em que a letra diz

"aquela

canção do Roberto", uns acordes de Esta

é a Nossa Canção. Acho essa música tão

bonita, como a Michèle, dos Beatles.

Para mim, o tropicalismo é exatamente

isso, gostar das coisas sem mêdo. Ê por

isso que vou

gravar um "rojão"

de Jack-

son do Pandeiro. Aliás, nesta época de

passeatas, acho o ritmo muito apropria-

do...

Investindo contra uma série de valô-

res considerados intocáveis, infiltrando-se

nas^ estruturas e delas procurando sair

incólumes, é difícil aos tropicalistas fixa-

rem-se por muito tempo num mesmo ca-

nal de tevê, numa mesma cidade. A re-

cusa às concessões fáceis inspirou a mui-

tos críticos uma imagem distorcida que

levam ate o publico. Guilherme Araújo,

que é empresário de Gil, Caetano, Gal,'

Tomzé e dos Mutantes, não esconde o

problema:

Nós precisamos encontrar os meios

adequados para a divulgação das cria-

ções do grupo. Mas há uma nítida re-

sistencia, nas estações de televisão, ao

que é realmente nôvo. Veja, não é um

problema de ser ou não ser comercial.

O apoio que tivemos de Manuel Baren-

bein na produção dos discos dos meninos

foi plenamente recompensado. O

que

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74.053

TROPICALISMO CONTINIAÇÀO

Todos, enfim,

têm confiança

no

que

fazem

existe é a ignorância, o mêdo de ousar.

Por isso acho que prefiro o teatro, onde

tudo o que fazemos vai por nossa conta

e risco. Eu não tenho dúvidas sôbre a

importância do tropicalismo, principal-

mente por tudo que falam contra êle.

Afinal, ninguém dá pontapé em cachorro

morto.

Os críticos agudos

Enquanto a Jovem Guarda foi disse-

cada principalmente por sociólogos e

psicólogos, o tropicalismo atraiu em par-

ticular a atenção dos estudiosos da Teo-

ria da Informação. Os poetas concretis-

tas Augusto de Campos e Décio Pigna-

tari foram e continuam sendo os maio-

res divulgadores da importância do tro-

picalismo. Augusto vê na tropicália uma

continuação do ciclo aberto por João Gil-

berto. Mas —

esclarece — não se trata

de uma continuidade linear:

Êles deglutem, antropofàgicamente,

a informação do mais radical inovador

da bossa-nova. E voltam a pôr em xeque

e em choque tôda a tradição musical bra-

sileira, bossa-nova inclusive, em confron-

to com os novos dados do contexto uni-

versai.

Já o falecido Sérgio Porto nunca mor-

reu de amores pelo tropicalismo, e disso

jamais fêz segrêdo. Quando do lança-

mento do disco Tropicália, em agosto

de 1968, assim o recebeu o criador de

Tia Zulmira:

A palavra tropicália, criada para

dar nome a um movimento que fracassou

de saída, por ser imitativo e sem imagi-

nação, hoje lembra mais vigarice do que

outra coisa.

E concluía:

É uma pena que artistas de talento

como Gil, Caetano, Gal Costa e Torqua-

to Neto estejam metidos nessa besteira,

que o menos exigente dos críticos hones-

tos poderá classificar de subdesenvolvi-

mento musical baiano.

Na mesma página de jornal, comen-

tando o mesmo disco, Ely Halfoun dizia

que tudo era perfeito, a começar pela

capa. Fazia apenas uma ressalva quanto

à inclusão de Coração Materno, mas, no

mais, definia o disco como um documen-

to que deixava bem claro que

"Gil e

Caetano estão no caminho certo da nova

concepção musical e que os camisolões

são indispensáveis em suas apresenta-

ções".

O jornalista Chico de Assis sempre

entendeu o tropicalismo como a mais

rematada pilantragem, um doloroso des-

vio no caminho dos baianos, êsses mes-

mos baianos humildes e simples que co-

nheceu anos atrás. Sua coerência evitou-

lhe o desespêro de alguns adesistas de

primeira hora, como o compositor Nél-

son Motta, que, tentando acompanhar o

movimento, perderam o fôlego:

Com os cinco anos de amizade e

admiração, considero-me com inteira li-

berdade para dizer que Gil, com seus

atuais gritos, consegue, no máximo, cha-

tear. Não agride a sensibilidade ou os

valores, agride fisicamente o ouvido.

Uns pedem mais silêncio, outros menos

colares, outros mais participação. Êste

último é o caso de Geraldo Vandré, ar-

tista que considera o tropicalismo uma

mera tentativa de folclorizar nosso sub-

desenvolvimento. Acha a tropicália pou-

co "participante"

politicamente. A répli-

ca é de Augusto de Campos:

Os que querem a música

partici-

pante, em formas conservadoras, folcló-

ricas, deveriam lembrar-se do que disse

o maior dos poetas participantes de nos-

so tempo, Vladimir Maiakovski: não po-

de haver arte revolucionária sem forma

revolucionária. Não adianta transformar

o Che em clichê.

Um tipo mais recente de interpretação

descobre um curioso paralelo entre o tro-

picalismo e o movimento negro ameri-

cano. Lá, os prêtos procuram voltar aos

padrões da Terra Mãe, organizando-se

em torno de centros de estudos da lín-

gua e da cultura africanas. Os salões es-

pecializados em alisar cabelos vão per-

dendo dia a dia a sua freguesia tradicio-

nal. Os ternos vão deixando lugar para

os vaporosos e coloridos trajes africanos

mesmo que sejam feitos em série. Não

seria isto o que estaria sendo feito aqui

mesmo inconscientemente — pelo tro-

picalismo? Caetano, ao aparecer com a

cabeleira encaracolada, não estaria que-

rendo emancipar um povo de sua preo-

cupação em acompanhar padrões estéti-

cos que o obrigaram a se ver às voltas

com toneladas de brilhantina? Seus ca-

misolões floridos, seu terno de linho

branco, não seriam apenas sugestões de

bom senso para um clima tropical como

o nosso? Será o tropicalismo uma volta

à Terra Mãe, uma proposta de abandono

dos critérios de progresso que até aqui

foram aceitos, passando o Brasil a se

ocupar com seu papel de superpotência

no Terceiro Mundo?

A todo instante o tropicalismo se refaz

e se transforma, deixando sempre um

rasto de interrogações. A agitação dos

críticos que se atiram à tentativa de re-

solver êste enigma contrasta com a tran-

qüilidade dos próprios tropicalistas. Para

êles, a tranqüilidade é resultante da con-

fiança que têm no seu trabalho e que

pode ser resumida numa frase de Ca-

pinam:

De tanto ver triunfar as nulidades,

hei de vencer! KIM

01

Chçgou ao Brasil o primeiro

Bourbon importado -

o legí-

timo whiskey americano. Fòur Roses para

todos. É aquêle

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e cultor. Agora é o teóric^mpr do -J^ iy*$?^ojjitíatismo, procura os caminhos da síntese deicenté Celestino.e dos Beatles. Tudo f '*%*»

isso talvez se explique da maneira mais simpleá^f*.~t*. **St *\(0*^n

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"Vocês

estão

por

fora!"

a sala do grande apartamento ha

um disco estranho rodando na vi-

trola, e nêle não se ouve música,

apenas a voz de desespero de um homem

tentando abafar os gritos de uma multi-

dão enfurecida:

Ê esta a juventude que quer tomar

o poder?!... Vocês estão por fora!...

A mesma voz vem agora do quarto ao

lado, mais próxima, mais branda, sobre-

pondo-se ao som da gravação:

Dedé, desliga isso, minha nêga.. .

Em matéria de velharia, eu prefiro Car-

men Miranda...

Há humor e certeza na frase, como em

tudo que êle faz ou diz, porque êle é

Caetano Veloso, a mais discutida perso-

nalidade musical desde que Roberto Car-

los gravou o Calhambeque. Ainda há

poucos meses, o discurso que interrom-

peu sua apresentação no Festival Inter-

nacional da Canção foi considerado

como o escândalo do ano, o maior im-

pacto dos últimos tempos no meio ar-

tístico nacional, mas êle já o considera

uma "velharia,

peça de museu". É que

já se acostumou a causar impacto, a con-

viver com o escândalo. Afinal, êle é Cae-

tano Veloso.

Horas de rádio, dias de carnaval

O garotinho que, num dia de agosto

de 1942, vinha ao mundo na cidade de

Santo Amaro da Purificação, Bahia, cho-

rava como tôdas as crianças do mundo,

como o haviam feito os seis irmãos que

o antecederam. Nem no dia de seu ba-

tismo se apresentou com maior discrição

ou compostura, comportamentos que se-

riam de se esperar de alguém que aca-

bava de receber um nome pomposo co-

mo o seu: Caetano Emanuel Teles Vian-

na Veloso, um varão a mais numa cida-

de conhecida por sua pobreza e pela qua-

lidade de sua cachaça.

Minha infância seria um tédio para

um psicanalista. Joguei bola, soltei pipa.

fui para

a escola, não gostei da escola.,

tudo como todo mundo.

Hoje, os velhos moradores da cidade

lembram alguns detalhes onde se distin-

guia aquêle garoto magro e cabeçudo

entre a normalidade de todo mundo

Eram as horas que passava grudado ao

rádio, e seu particular interêsse pelos

dias de carnaval.

Bem, aí de fato eu me esbaldava

Não havia na cidade quem não ficasse

curioso em saber que fantasia eu iria

inventar naquele ano. Eu era muito bom

nos disfarces e, às vezes, com uma velha

camisola de minha irmã, um chapéu de

mamãe, a cara toda pintada, ninguém

me reconhecia. A turma da cidade não

conseguia entender como eu podia me

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CAETANO

CONTINUAÇÃO

preocupar tanto com essas, coisas de "ma-

ricas", e no dia seguinte me atracar com

tanto entusiasmo num jôgo de futebol.

A escala da aaeola

Caetano fêz o ginásio e completou o

clássico em sua cidade mesmo. Seus bo-

letins revelam um aluno médio, desta-

cando-se apenas em línguas e composi-

ção. Nas aulas, porém, sentava-se nas úl-

timas carteiras e, quando não estava per-

dido em profundos devaneios, era o que

se costuma chamar de "o

palhaço-da-

classe". Os professôres chegavam a respi-

rar de alívio quando o viam num canto

da sala, rabiscando o caderno a êsmo, o

olhar vago, a atenção muito longe da lis-

ta de capitais da Europa que estava sen-

do ditada i classe. Desenhava muito, lia

demais, gostava de ser notado. Aos de-

zoito anos, tinha as modestas pretensões

da idade: modificar o mundo e ter suces-

so no amor. Queria ser pintor, mas não

um simples pintor a mais. Queria ser

um artista pelo menos maior que Van

Gogh ou Portinari. Acabou seguindo pa-

ra Salvador, para estudar Filosofia.

O ano de 1960 era o pico de um ciclo

de ufanismo que se infiltrara em todos

os poros da consciência nacional. O pró-

prio Malraux já entendia o Brasil como

um produto de exportação, dando-lhe

de graça um novo slogan: "Um

país a ca-

minho de seu grande futuro". A década

de 50 chegava ao fim e lançara uma ge-

ração nascida durante a guerra.

Eu achava importante conhecer as

maquetes de Brasília, o respeito com que

os estrangeiros passavam a reparar em

nossa arte, em nossa cultura. Como êles

se interessavam, passamos a nos levar

mais a sério. A Bossa Nova aparecia

para o Brasil como a máquina a vapor

para a Inglaterra. Era um marco a par-

tir do qual tudo era referenciado. Naque-

le tempo, tudo era Bossa Nova, como si-

nônimo de diferente, de nôvo. Seria o

que hoje chamamos "pra

frente".

Na universidade abandonou seus so-

nhos de se tornar um artista plástico e

passou a se dedicar à tentativa de enten-

der o fenômeno de uma música feita no

Brasil e que incorporava o balanço per-

seguido pelas gerações novas do mundo

inteiro. Nas festinhas promovidas pelo

pessoal da faculdade, as discussões sôbre

a cultura popular, as conversas acalora-

das sôbre Hegel e Lukács, os cochichos

dos namorados, tudo se calava para dar

atenção à voz pequena de um conterrâ-

neo já ilustre — João Gilberto.

Era muito engraçado, pois éramos

uma turma que fôra reconhecer o valor

de Noel a partir

do fato de êle ter sido

universitário de medicina. Nós vibráva-

mos com Bufíuel e nos envergonhávamos

do prazer que nossos patrícios sentiam

ao verem as chanchadas da Atlântida e

os filmes de Mazzaroppi, muito embora

não perdêssemos um só. Gostávamos do

Jazz maldito e de vanguarda e dançáva-

mos ao som de Ray Coniff. Veja bem

que o purismo

nacional era tanto, que se

perdeu a oportunidade de lançar a Bos-

sa Nova como gênero dançante. Foi por

essa época que comecei a tocar violão

e a me preocupar mais com a música.

Eu começava a descobrir um Brasil cul-

Festinha

Festiva

Festival

II

y-EtW> -

J V

Quem gostava

de Caetano, e já

há muito

tempo, era Dedé.

turalmente nôvo, em que o que havia de

mais tradicional podia ser trabalhado da

maneira mais moderna, como acontecera

com Lorca na Espanha, como já o fazia

Guimarães Rosa, por exemplo. Havia

um fato a mais: eu morava na Bahia que

fôra Caymmi, sempre seria candomblé e

folclore, mas ao mesmo tempo já dera

João Gilberto. Me preocupei por muito

tempo com a possibilidade de tratar moti-

vos folclóricos, temas de ciranda de Santo

Amaro, com uma óptica de João Gilber-

to. Na verdade, me preocupei mais em

dar essa idéia aos outros ou em incenti-

var os que já estivessem fazendo isso. Eu

mesmo nunca cheguei a fazê-lo. Naquele

tempo, era muito resguardado.

Mora na filosofia

Só não havia resguardo então em rela-

ção aos convites para comparecer às fes-

tinhas "sem

esquecer o violão". Para que

Caetano tocasse e cantasse, não era pre-

ciso muita insistência. Isso continua até

hoje. Numa roda, é sempre o primeiro

a procurar pelo violão geralmente arre-

batado das mãos de Gilberto Gil, ou-

tro "fominha"

famoso. Ê capaz de can-

tar uma noite inteira, se lhe permitirem.

Em 1964, juntamente com Gil — en-

tão cantor de Jingles e estudante de ad-

ministração de emprêsas —, Tomzé, Per-

na, Pity e outros, Caetano participa dos

recitais que marcaram a inauguração do

Teatro Vila Velha, em Salvador.

A gente fazia lá uma réplica dos

shows do Beco das Garrafas, no Rio, ou

do Teatro Paramount, em São Paulo. Lá

também usávamos como título um tro-

cadilho referente à faculdade que patro-

cinava. Por exemplo, um dêles era "Mo-

ra na Filosofia". Os meios de comunica-

ção, especialmente o disco e as revistas,

unificavam culturalmente paulistas, ca-

riocas e baianos.

Uma figura que despontara como es-

trêla dos tempos do Vila Velha viera ao

Rio em 1965 para substituir Nara Leão

no espetáculo Opinião. Era a caçula da

família Veloso, Maria Bethania. Sua voz

agressiva e sua presença em cena chama-

ram a atenção do público para duas mú-

sicas em particular — Carcará e £ de

Manhã. A primeira era de João do Valle,

aquêle crioulo simpático que aparecia em

cena. A outra era de um tal de Caetano

Veloso, de quem o máximo que se sabia

era ser o irmão de Maria Bethania, a

cantora do Carcará. Por essa fama, mais

seu jeito acanhado e sorridente, Caetano

acabou acompanhando a equipe até São

Paulo. Nesta cidade, resolveu aproveitar

a antiga experiência e musicou Arena

Canta Bahia, participando do espetáculo

também como ator e diretor de cena.

Foi um negócio "superfestivo",

mas, pr'aquêle tempo, eu acho até

muito normal. Eu estava descobrindo

uma cidade, descobrindo uma turma

com o mesmo tipo de inquietação dos

meus -amigos

que deixara na Bahia. Tôda

noite, havia uma reunião no bar em fren-

te ao Teatro de Arena, o Redondo. En-

trei então em contato com Chico Buar-

que, Toquinho, tôda uma turma que,

de

uma forma ou de outra, estava tentando

fazer algo de diferente na música popu-

lar brasileira. Embora já tendêssemos

8EGUK

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Quern gostava

de Caetano, e ji

hi muito

| tempo, era Ped<.

-Mamãe, posso brincar no corredor?-Pergunta pra Marcelina.-Mamáe, estou com sede.-Fale com a Marcelina.-Mamáe, estou com sono.-A Marcelina traz o travesseiro para você

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WffiÊmS -**~ ma. ¦ 'r . ÜSa,_ífl HE_ÜIw8B BHBef. .yy^WW wk fii_^^^|fcfl^_. iA^il R\i*flw!

Bife''fl HbIbBS^ 'ajjffins v*; V*i/S_J_B M

mr ^^^^ flfl

Marcelina, uma das aeromoças do ONE-ELEVEN da Vasp.Marcelina vive no ONE-ELEVEN. Lá é a sua casa.Aliás, desde criança que ela sonhava ser aeromoça. Por isso,

quando você viajar no ONE-ELEVEN, não se acanhe depedir a ela que lhe sirva a todo o instante. Marcelina estálá para isso mesmo. E gosta do que faz. Aliás,

nõo só ela. Mas todas as Marcelinasda VASP. Disponha.

.sr.; ~-v-r-rysr ^fgj-^^í

VIAJE BEAA...VIAJEVASP

"Ninguém

acreditava

na evolução"

CAETANO cada qual para o seu próprio caminho,

continuacão havia um ponto em que concordávamos

perfeitamente: era preciso um aprofun-

damento em nossos recursos técnicos, de

modo que nossa comunicação não ficasse

prejudicada por deficiências ou ignorân-

cias. Chico resolveu estudar mais violão,

Toquinho passou a se interessar mais

pe-

la técnica de composição, e eu me atirei

a ler tudo quanto fôsse poeta, tentando

aproveitar uma poesia já consagrada co-

mo material musical. É que eu achava

uma proeza e um desafio o sucesso de

alta qualidade literária da dupla Baden-

Vinícius. Ainda tinha dúvidas se o povo

aceitaria letras tão avançadas que não

viessem de um poeta já consagrado.

Suzana de Moraes produziu em 1965

o show Pois É, no Rio de Janeiro. Caeta-

no foi chamado a escrever o roteiro jun-

tamente com duas pessoas que seriam,

depois, seus parceiros mais freqüentes,

além de Gilberto Gil — Torquato Neto

e José Carlos Capinam. A grande afini-

dade que depois revelariam em tantas

composições, como Mamãe, Coragem ou

Soy Loco por Ti, América, não aparecia

ainda naquela época:

— O show era em

grande parte sôbre

Vinícius, e cada um de nós tinha uma vi-

são particular do poeta. Nos ensaios, a

gente quase se pegava a socos. Êsse,

aliás, foi um dos tempos mais loucos da

minha vida. O Rio de Janeiro estava fer-

vendo de nôvo. Todo mundo tentava en-

tender o que passara a acontecer de dife-

rente depois de 1964, tentava tomar pé

da situação. A Bossa Nova tinha perdido

seu sentido libertário, partindo para um

tipo de música quase acadêmica, buscan-

do dessa forma sensibilizar o povo que

estava mais preocupado com coisas no-

vas, como os Beatles ou Roberto Carlos,

por exemplo. Então, ninguém se dava

conta de que a evolução não parara, que

Roberto Carlos era o João Gilberto da

Jovem Guarda. Essa, então, era comba-

tida como se fôsse uma praga ou uma

heresia. A meninada procurava arrumar

um sotaque nordestino para lastimar a

falta da reforma agrária. Êles se preocu-

pavam com um detalhe, ao passo que

Roberto Carlos e a juventude em geral já

mandavam tudo para o inferno. Rober-

to derrubou padrões estabelecidos, ofi-

cializando a tendência irreverente do bra-

sileiro em relação à aparência dos cha-

mados homens sérios. Êle vinha para im-

por um gosto livre, conseqüentemente

um uso mais livre.

Um dia, um prêmio

Caetano confessa que então não se

detivera sôbre o fenômeno, apesar das

observações freqüentes de Maria Betha-

SEGUE

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CAETANO

CONTINUAÇÃO

nia: "Quente

é a guitarra elétrica". Em

1965, o que propunha cm um Festival

de Música Popular era ainda o fruto de

suas pesquisas literárias. Não é de se es-

tranhar que sua composição (Jm Dia te-

nha conquistado o prêmio de melhor le-

tra. Uma foto da época mostra-o muito

engravatado e de cabelos rentes à cabe-

ça, recebendo com um sorriso encabula-

do o seu prêmio.

O ano seguinte marcava o definitivo

sucesso de Elis Regina. Ela cantava mú-

sicas de Caetano e Gil, lançando-os em

seu programa. Gil estava em São Paulo,

transferido da Bahia para ser administra-

dor de uma fábrica de sabonetes. Apre-

sentado por Edu Lôbo a Elis, suas apari-

ções no programa

"O Fino..." causa-

ram apreensões na firma onde trabalha-

va. Afinal, não ficava bem um chefe de

seção aparecer na tevê cantando aquelas

coisas "tão

subversivas e incompatíveis

com o espírito da empresa". Recomenda-

ram-lhe que desistisse em favor de sua

carreira tão promissora na fábrica, pois

Gil era um funcionário modêlo. Demi-

tiu-se no mesmo dia, e a necessidade fêz

com que se tornasse o compositor sério

que é até hoje.

— Todo mundo comenta, lembrando

nossas participações em programas

e

shows daquele tempo, a extrema simpli-

cidade com que eu e Gil aparecíamos pe-

rante o público. Na verdade, nada da-

quilo era intencional. Êle passou quatro

meses esperando uma indenização da fir-

ma onde trabalhava, enquanto eu me

agüentava com a cara e a coragem no

Solar da Fossa, no Rio, almoçando na

casa de um, jantando na casa de outro.

Para nós, só existiam duas possibilidades:

ou nós éramos tão bons como pensáva-

mos e acabaríamos por fazer sucesso, ou

nosso fim seria a sopa-dos-pobres tem-

perada com muita frustração.

Mas aconteceu mais um Festival, Gil

foi premiado e Caetano obteve o quinto

lugar. Veloso já era conhecido como um

cantor de voz baixa e letras difíceis, o

irmão de Maria Bethania, a cantora de

Carcará. Além disso, era o compositor de

É de Manhã, Um Dia e Boa Palavra,

amigo de Gilberto Gil, o autor de Louva-

ção.

— Especialmente esta música deu ao

Gil a oportunidade de comandar um pro-

grama de televisão em resposta ao

"O

Fino..." Eu vinha do Rio tôda semana

para fazer o. programa, e já vinha de far-

da, quer dizer, já vinha de smoking. O

programa acabou esvaziando logo, mas

só depois é que a gente entendeu o por-

quê. Nós estávamos tentando alimentar

uma guerra que, se já não estivesse per-

dida há muito tempo, era pelo menos

sem sentido, que era a luta contra a Jo-

vem Guarda e seu principal armamento

— a guitarra elétrica.

A voz do sucesso

O ano de 1966 pode ser tomado como

limite final de um período cultural que

trouxera em seu bôjo o prêmio de Alde-

mir Martins na Bienal de Veneza, a inau-

guração de Brasília, a eclosão de Antô-

nio Carlos Jobim como sucessor —

juntamente com João Gilberto — de Ari

Barroso, como exemplo de música hrasi-

0 Fino

contra a

Jovem Guarda

leira no exterior. Acontecia o histórico e

extremamente controvertido recital no

Carnegie Hall, Carlos Lyra já tocava

com Stan Getz, João já se mandara de-

finitivamente para fora do Brasil. A voz

brasileira de sucesso lá fora era de uma

môça que passara despercebida no País

e que mandava o seu recado em inglês,

Astrud Gilberto.

— Por aqui, havia a maior confusão.

O pessoal que comprava os discos dos

Beatles e dançava Roberto Carlos na

boate, por uma crise de consciência, pen-

sando estar traindo a Pátria, resolveu re-

troceder todo o caminho percorrido pela

Bossa Nova. Diziam que bom mesmo e

autêntico era o "sambão".

No duro mes-

mo, ninguém mais tinha certeza de nada.

Terminado o programa com Gil, comecei

a trabalhar mais assíduamente em São

Paulo, como free-iancer da TV Record.

A turma da Tradicional Família Musical

achava que era uma política da emprê-

sa apresentar eu, Caetano Veloso, pre-

miado em festivais de música popular

brasileira, em programas

ao lado de Ro-

berto Carlos. O que não perdoavam mes-

mo era o fato de eu ser baiano. Achavam

o fim um compositor da estirpe dos

Caymmi e João Gilberto se meter a can-

tar em inglês. E sem sotaque.

A palavra é Alegria, Alegria

Um programa de tevê alcançava os

mais altos índices do IBOPE em 1967.

Chamava-se "Esta

Noite se Improvisa", e

nêle se reclamavam grandes conhecimen-

tos musicais aliados a uma memória bas-

tante rápida. Caetano revelou-se um

campeão de primeira, quase sempre

disputando as finais com Chico Buarque

e Carlos Imperial, curiosamente três ten-

dências da música popular brasileira até

hoje.

— Foi nesse ano que aconteceu o es-

talo. O público começou a reparar em

mim, graças a um detalhe

quase circen-

se, ou seja a facilidade que tenho até

hoje de decorar letras de músicas. De-

pois, passaram a notar meu aspecto piás-

tico — minha magreza e meu cabelo que

finalmente tinha recebido a independên-

cia do pente e da tesoura. O pessoal do

auditório costumava jogar flores e bom-

bons para os seus ídolos. Para mim, joga-

vam pentes aos montes. Comecei a jun-

tar as duas coisas: havia um efeito cir-

cense que era a minha capacidade de

lembrar, a partir de uma palavra, a letra

de velhas melodias de Orlando Silva ou

Carmen Miranda; havia também o efei-

to plástico de minha magreza e minha

cabeleira. Faltava apenas um efeito sono-

ro que realizasse a grande síntese. Eu

degrnhria mip qnanHn

falava Ha Rahia

todo mundo pensava naquela Bahia pin-

tada por Ari Barroso,

"das igrejas tôdas

de ouro". Afinal de contas, eu era baia-

no, sim, mas também um jovem de vinte

e poucos anos morando na cidade mais

cosmopolita do continente, respirando o

ar das fábricas, o universo da tevê, das

histórias em quadrinhos, da propaganda,

e, sobretudo, vivia num lugar que tinha

como fundo musical o som das guitarras

elétricas.

A descoberta disso tudo foi acelerada

pelo conhecimento de outras forças in-

conformadas com o rótulo que lhes atri-

buía o público. O maestro Rogério Du-

piat era catalogado como um músico de

vanguarda formado no Europa; o con-

junto Os Mutantes era apenas um trio

que acompanhava Ronnie Von; os Beat

Boys só se destacavam por serem muito

cabeludos e argentinos; Gilberto Gil ga-

rantia o respeito por ser o autor de Lou-

vação; Caetano Veloso era o baiano da

boa memória, o irmão de Maria Betha-

nia, a cantora do Carcará. O ano de

1967 iria juntá-los todos como iniciado-

res do ciclo de "festivaia"

no Brasil.

— A esquerda festiva encontrou no

Festival de 1967 sua primeira oportuni-

dade de expor seus recalques e precon-

ceitos. Apesar de tudo, cantei com os

Beat Boys Alegria, Alegria e fui classifi-

cado em quarto lugar. Gil cantou Do-

mingo no Parque com Os Mutantes e ga-

nhou o segundo. Rogério Duprat foi con-

siderado o melhor arranjador do Festi-

vai. Foi a glória, mora.

Aparecia a grande opção para a músi-

ca brasileira depois das lutas entre a Bos-

sa Nova e o samba tradicional, da Bos-

sa Nova contra a Jovem Guarda. Todo

mundo discutia se aquêles sons eletrô-

nicos, aquela letra fragmentada podiam

ser considerados como realmente brasi-

leiros.

Os alunos da cadeira de Literatu-

ra da Universidade de São Paulo, após

longo estudo do fenômeno, concluíam

que Alegria, Alegria nada mais era que

"um hino à alienação" onde aparecia

"o fluir da existência transpassando o

caos". Já o Professor Chaim Samuel

Katz comentava a respeito de Caetano:

"Suas letras não podem ser tomadas ao

nível do inconsciente. Êle é o menos alie-

nado de todos".

O escândalo está lançado, e daí em

diante jamais vai deixar de

pontilhar a

carreira do filho de Santo Amaro da Pu-

ríficação. Quando os puristas já estavam

prestes a aceitar sua música como algo

mais do que um jingie da Coca-Cola, êle

volta à carga compondo especialmente

para Ronnie Von, desmistificando a rosa

natural em favor da flor de plástico. Seu

cabelo continuava crescendo, facilitando

o julgamento da crítica perplexa:

"Se êle

tem algum negócio com o zelador, o

problema é dê'e..." O problema era en-

tender Caetano Veloso, êsse baiano su-

postamente ligado a uma linha folclóri-

ca e que cantava com conjuntos de ié-ié-

ié. Êsse quarto colocado em um Festival,

que conseguia, ao mesmo tempo, o

aplauso do grande público e dos estúdio-

sos mais exigentes. Pouca gente ainda se

lembrava dê'e como o rapaz tímido que

viera da Bahia, o irmão de Maria Betha-

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CAETANO CONTINTAÇÀO

"Tudo issomereciauma festa"disputava com Roberto Carlos e ChicoBuarque a preferência do povo. A mas-sa ficava com o Rei da Juventude, osuniversitários se ligavam muito mais aoChico e, afinal, quem gostava de Caeta-no Veloso?

O amor sem paz

Quem gostava de Caetano, e já hámuito tempo, era Dedé, uma loirinha decabelo curto que o conhecia desde quan-do êle vagava pela noite da Bahia, fazen-do serenatas com sua turma. Dedé fôraquase uma irmã de criação de uma meni-na que sempre preferira o violão aos li-vros de estudo — Gal Costa. O namô-ro fôra um seriado de encontros e lon-gas ausências, enquanto êle corria doRio para São Paulo, de São Paulo paraSalvador. É que Caetano, quando viaja,nunca garante a data do regresso. Umavez, foi a Salvador passar o carnaval esó voltou um ano depois. Há muitos anosVeloso conhecia Dedé, mas o público co-nheceu-a de repente, quando correu anotícia de mais um escândalo do baiano:êle ia se casar.

— Eu acabava de, finalmente, reen-contrar a linha de evolução que julgavabrotar da Bossa Nova. Tinha conseguidouma grande certeza em meu trabalhoe, ao mesmo tempo, perdera o medo domeu amor. Tudo isso merecia uma festa.

Foi certamente um estranho tipo defesta. Tratava-se do casamento do Sr.Caetano Emanuel Teles Vianna Velosocom a Srta. Idelzuite Gadelha. Na ver-dade, casavam-se Caetano e Dedé, e foipor isso que a cidade de Salvador fechouo seu comércio, os estudantes abando-naram as escolas, o prefeito de SantoAmaro da Purificação decretou feriado ecolocou oito ônibus à disposição do po-vo.Na igreja totalmente apinhada de jor-nalistas, cabeludos, fãs à beira do des-maio, o padre proclamava a quem qui-sesse ouvir:

Se a noiva vier de míni-saia, eunão realizo a cerimônia!

Dedé chegou com um manto cobrin-do sua míni-saia, poucas flores na mão,muitas pintadas no rosto. O noivo apare-ceu com uma camisa vermelha de golaalta. Alguém observou que, com aqueletraje, a cerimônia não se realizaria. Cae-tano então trocou sua camisa com a deum irmão e se achou mais discreto. Es-tava de abóbora.

O negócio foi tão confuso, que atéhoje eu não tenho certeza se casei defato. Depois, foi todo mundo pra praia,pra comemorar.

Logo em seguida, o casal regressava aSão Paulo. Era assim que Caetano casa-

va. Se a cerimônia fôra longa, sua via-gem de nupcias foi uma das mais rápi-das da história — durou o tempo de virde Salvador a São Paulo. A jato.

Por que deveriam duas pessoas quese amam se isolar totalmente da socieda-de, como >e estivessem cometendo ai-gum pecado?...

Fora do ar

O sucesso com que foi recebido devolta pelo público mostrou que êle estavacerto ao quebrar uma regra básica doshow business, a regra de que um ídolonão pode casar. Sua esposa foi a primei-ra a notar isso.

O charme do Cae parece que crês-ceu. Em todo lugar que a gente ia, eusentia uma grande inveja por mim e umgrande carinho por êle. Se olho gordomatasse, êle agora já era viúvo.

Após o seu regresso, prometeram-lheum programa só dele. Enquanto o pro-grama não chegava, aparecia como con-vidado em outros musicais da televisão,e o tempo ia passando. Caetano tinha fa-ma de preguiçoso, mas, na realidade, eraapenas "desligado". Quando lhe anuncia-vam mais um adiamento da estréia deseu programa, limitava-se a comentarsimplesmente:

Não faz mal, não vou morrer porcausa disso.

Com essa resposta, teria perdido amaioria de seus compromissos, não fossea atenção do empresário e grande amigoGuilherme Araújo.

Caetano até hoje não tem muitanoção de dinheiro. É capaz de convidarum amigo "duro" para jantar e depoisdescobrir que esqueceu a carteira. Seussonhos de compra se limitaram a umautomóvel e uma alta fidelidade. O car-ro podia ser velho, mas a eletrola tinha'que ser a melhor do mundo. Por quês-tão de princípio, não faz shows de cari-dade, mas é incapaz de resistir a umvendedor mais insistente. Nunca o vi dis-cutir um preço ou conferir um troco.

Instalado num grande apartamento daAvenida São Luís, em São Paulo, Caeta-no ficou aguardando a estréia de seu pro-grama. Quando percebeu que os adia-mentos se sucediam, rompeu o contra-to com a emissora. Junto com êle saíaGilberto Gil, companheiro de todas ashoras, e Gal Costa, que era sua cantorafavorita.

— Eu e Gil estávamos fervilhando denovas idéias. Havíamos passado um bomtempo tentando aprender a gramática danova linguagem que usaríamos, e queria-mos testar nossas idéias junto ao públi-co. Trabalhávamos noite adentro, junta-mente com Torquato Neto, Gal, RogérioDuprat e outros. Ao mesmo tempo, man-tínhamos contatos com artistas de outroscampos, como Gláuber Rocha, José Cel-so Martinez, Hélio Oiticica e RubensGerchman. Dessa mistura toda nasceuo Tropicalismo, essa tentativa de superarnosso subdesenvolvimento partindo exa-tamente do elemento "cafona" da nossacultura fundido ao que houvesse de maisavançado industrialmente, como as gui-tarras e as roupas de plástico. Não pos-so negar o que já li, nem posso esqueceronde vivo. seuits

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CAETANO CONTINUAÇÃO

No finalquem tinharazão era êle

A produção musical resultante destapesquisa criou fanáticos entusiastas ouódios mortais. Jamais a indiferença. Amaior reprovação vinha da chamada "es-

querda festiva", que o acusava de far-sante. O povo, porém, cercava-o de cari-nhos. Certa vez, jantando num restauran-te do Guarujá, foi chamado ao telefone.Preocupou-se em atender logo — o queé raro, pois detesta falar ao telefone. Ti-nha curiosidade em saber quem o desço-brira ali, e como. Pouco depois, voltavaà mesa encabulado. Eram as telefonistasdo Guarujá que estavam ligando a todosos restaurantes da ilha, apenas para ou-virem sua voz. Do público não tem quei-xa, mesmo quando o vaiam. Acha quede sua música decorre uma série de po-sições morais, estéticas e políticas, quenão são fáceis de serem aceitas ou mes*mo entendidas, mas não se julga um gê-nio incompreendido.

O grupo tropicalista

— Todas as vezes que divergi de Cae-tano — diz Torquato Neto — e todasas vezes que todo mundo duvidou e sóêle tinha certeza, ao final o que se viufoi o mesmo, êle é que tinha razão.

Os amigos de Veloso acabam por com-por uma espécie de turma que o acom-panha onde quer que se apresente. Tô-das as noites, aparecem em seu aparta-mento — mesmo que Caetano não esteja— para ouvirem novos e velhos discos,para trocar idéias, ou, simplesmentepara jogar pingue-pongue. Mas, quandoêle está na cidade e não está cansado de-mais ou trabalhando em uma nova me-lodia, o dia amanhece e ainda o encon-tra disputando o violão com GilbertoGil, discutindo cinema ou política comTorquato Neto, apreciando as trapaçasde sua mulher Dedé no jogo de biriba.Bebida alcoólica, só vinho e cerveja, na-da de uísque.

Enquanto vai fumando um cigarroatrás do outro, Caetano fala de seus pia-nos e preferências. Adora Chico Buar-que, e não entende porque ninguém acre-dita nisso. Como cantoras, escolhe umtrio — Maria Bethania, Gal Costa e Bil-lie Holiday. Cantor é João Gilberto ouJimmy Hendrix. Os Beatles ainda sãoum exemplo. Chamado de alienado pelaesquerda, de comunista pela direita, re-sume sua posição em um lema — "oexercício da liberdade total". É dentrodesse conceito que se permite aparecertanto num programa do Chacrinha comonuma passeata ao lado de Vladimir Pai-meira. Acima de seu trabalho, só seuamor e sua amizade.

E Deus, Caetano?Deus? Deus está solto. fim

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Texto de Dirceu Soares Fotos de Francisco Nelson

Rapazes

e moças formam

uma roda tomando a sala

inteira. No meio, dois

homens jogam uma estranha

partida de pinque-pongue em

que a bola é uma bolha de sa-

bão e para golpeá-la não é pre-

ciso (e nem é possível) tocá-la

com a raqueta — pois ela se

afasta sozinha. Os dois jogado-

res são professores de Física,

os jovens são alunos, as raque-

tas estão eletrificadas e a bô-

lha de sabão também. O jôgo

é mostrado numa sala do Insti-

tuto de Física de São Carlos, e

com êle os professores pro-

curam provar, de modo prá-

tico, que dois corpos carrega-

dos com a mesma carga elé-

trica se repelem. Em tempo:

para eletrificar a bolha de sa-

bão, o professor a soprou por

um canudo dentro do qual ha-

via um filamento que transmi-

tiu eletricidade à espuma.

É assim que os professores

do Instituto conseguem tirar

dos alunos, já nas primeiras

aulas, o preconceito de que

para se aprender Física é pre-

ciso ter máquinas complicadas,

geralmente estrangeiras. Outra

demonstração prática: um ra-

paz sentado num banco girató-

rio segura um eixo em cuja

extremidade há uma roda de

bicicleta. A roda começa a gi-

rar, êle a leva à cabeça, susten-

tando o eixo verticalmente. De-

pois, êle também começa a gi-

rar, mas no sentido contrário:

está sendo mostrado o princípio

do momento angular, muito

aplicado para se entender desde

átomos até o movimento dos

planêtas e satélites. O mesmo

rapaz faz outra experiência:

dando um impulso no corpo,

começa a rodar em tôrno de

si mesmo e sua velocidade au-

menta ou diminui à medida que

êle encolhe ou estica os braços.

É o mesmo princípio.

Muitas outras aulas práticas

como essas acontecem no Ins-

tituto: um relógio é encostado

num tubo de vidro por onde

passa água. Seu tique-taque se

amplia pela água (é o princípio

de amplificação do som) e vai

soar alto num pandeiro adap-

tado, próximo ao tubo. Um

cano com a boca virada para

baixo, ligado a um compres-

sor, está soprando ar e, na-

turalmente, empurra uma placa

de isopor colocada pouco

adiante dela. Porém, quando

essa mesma placa é colocada

bem próxima à bôca do cano,

ela se equilibra no ar e não cai.

Há também uma lâmpada que

se acende no ar, sem nenhum

fio, assim que se aproxima um

circuito eletrônico.

Tudo isso parece brincadeira,

mas os professores e alunos do

Instituto de Física de São Car-

los não estão brincando. Pro-

curam demonstrar que a ciên-

cia, tão complicada em muitos

livros e escolas, não é tão di-

fícil: é até atraente. A experi-

ência do relógio no tubo com

água, por exemplo, é a forma

de se mostrar que um som, jo-

gado num grande circuito elé-

tricô, é aumentado. O cano so-

prando a placa de isopor mos-

tra o que ocorre com uma asa

de avião, onde a pressão é

maior embaixo do que em ci-

ma. E a lâmpada que se acende

sozinha, na verdade, foi eletri-

ficada só por aproximação: é

o princípio da energia em mo-

vimento (radiação eletromagné-

tica), melhor entendido na pro-

SEGUE

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SAO PAULOSECRETARIA DAS FINANÇAS)

IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZAGUIA DE RECOLHIMENTO

EXERCÍCIO 196.SL.

MODftLO 15

d9 2U/68

OROEM CRESCIN

NOMEMARCELO GIRO MARSAL

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INSCRIÇÃO*SETOR I CÔO.

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GUIA DE RECOLHIMENTO DO

IMPOSTO RETIDO NA FONTE86.627 .use c. o. c.60*855*79a, **.*> • • • • • •• %*** ~ -

INFORMAÇÕES SÔWE A FONTE PAGADORA

MINISTÉRIO DA FAZENDADEPARTAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA

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pri•9

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A Físicanão ébicho-de-sete-cabeças

FÍSICOS PaSaÇão de ondas das transmis-continuação soes radiofônicas.

Esta maneira simples de vera Física já ultrapassou as pare-des da Escola de Engenharia(onde funciona o Instituto). NoColégio Diocesano da cidade,por exemplo, o complicadoraio laser é comparado, numartigo do jornalzinho interno, aum coro:

— É possível compararmoso laser a um coro, onde o re-gente controla perfeitamente asvozes dos cantores, tirando comisso efeitos de conjunto. Seriaum aproveitamento coerentedas vozes de cada um dos indi-víduos. Mas, para ilustrar: umcoral de cem vozes não coe-rente poderia ser substituídopor apenas dez vozes em per-feita coerência — o que inte-lizmente não se pode conseguirna prática.

Pesquisa pura

As aulas, porém, são umapequena parte do trabalho dogrupo de trinta físicos de SãoCarlos — professores ou esta-giários. Seu forte é a pesquisapura (ou básica), feita nos la-boratórios de SemicondutoresMoleculares, Ressonância Mag-nética, Cristalografia de RaiosX, Lasers, Física Teórica deSólidos, Acelerador Linear, Bai-xas Temperaturas, Centro deCôr, Crescimento de Cristais cDefeitos e Propriedades dcTransportes. Nos cursos de En-genharia, estudam na Físicaquatrocentos alunos na partede graduação: mais vinte deFísica Básica fazem pós-gradua-ção, sendo São Carlos um cen-

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Quando a roda de bicicleta estiver sobrea cabeça do rapaz, êle também vai girar.

205

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prático quanto

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quanto prático.

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CONTINUAÇÃO

FÍSICOS tro nac'ona' nesse setor, rece-bendo estudantes de todo oPaís.

£les passam aos poucos dapesquisa básica à aplicada, es-tudando então EletricidadeAtmosférica, Biofísica, Estru-tura dos Alcalóides e Ação deRadiações e Propriedades dosMateriais. No campo da Bio-física, por exemplo, a alunabolsista do curso de pós-gradua-ção Isa Muller, de Piracicaba,está modificando uma válvulaartificial para o coração, numtrabalho feito com o professorSaader, da Faculdade de Me-dicina de Ribeirão Preto. Aválvula é para ser utilizada emtransplantes e nela o sanguenão coagula. Até agora, válvu-Ias desse tipo empregadas nasoperações têm provocado mui-tas vezes a morte do pacientepor trombose.

Trabalho sério

Além dessas atividades, oInstituto de Física de São Car-los é também Centro Multina-cional pela Organização dos Es-tados Americanos (OEA), fa-zendo intercâmbio constantecom o México, Argentina eCanadá — de onde já vierambolsistas, como os de oito uni-versidades dos Estados Unidose outros, alemães ou suíços. To-dos os trabalhos do Institutosão publicados em revistas doexterior — o que o põe ao ladode outros centros importantesda Física mundial. Só de ja-neiro de 1967 para cá forampublicados 29 trabalhos origi-nais. E estas publicações reper-cutem nos meios especializados:

SEGUE

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Nos laboratórios escuros, ascores dos aparelhos sãomais vivas: o raio laser, acampânula para a vaporizaçãodo ouro, a difração da luz.

207

Sabe

qual

é a diferença

entre uma Kombi e um coelho?

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É

que

v. não

precisa de

duas Kombis

para

começar uma frota.

Mas não é só essa diferença.

Coelhos comem muito, a

Kombi Volkswagen não: ela roda mais

quilômetros com menos

gasolina.

E faz 2.500 km com 2,5 litros de óleo.

E ela tem um enorme espaço

interno para poder

transportar até

uma tonelada de carga.

Claro que quem leva mais carga

também fatura mais. Depois, tôda sua

mecânica é Volkswagen, por

isso a

despesa com manutenção vai ser menor

e, lògicamente, o lucro será maior.

Sabe o que

acontece então ?

O lucro que

uma Kombi dá, ajuda v.

a comprar outra.

E com o lucro de duas Kombis, v.

se vê com uma frota de três Kombis,

muito antes do que pensa.

E assim por

diante, até que

um dia

v. tem uma frota com muitas e muitas

Kombis. Claro que,

se v. estivesse

criando coelhos, a esta altura ja

teria

muito mais coelhos do que

Kombis Volkswagen.

Só que

sempre precisaria

de

dois para

começar.

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Um institutoque poderárevolucionarnossa técnica

FÍSICOS <luase diariamente chegam acontinuação São Carlos pedidos de traba-

lhos. São procedentes de mui-tos lugares diferentes, incluindoa Ásia e os países do bloco so-cialista. Os doze físicos de SãoCarlos que tiraram o doutoradojá estiveram nos Estados Uni-dos ou na Europa. É essa umadas razões por que eles são mui-to mais conhecidos fora do quedentro do Brasil. No ano pas-sado, um americano veio tirarseu Ph D (título de PhilosophyDoctor, doutor em Filosofia)em São Carlos, fazendo exata-mente o contrário dos brasilei-ros, que vão graduar-se nos cur-sos americanos. Foi VictorRitz, vindo do Laboratório Na-vai de Pesquisas de Wash-ington. Defendeu tese sobre oestado sólido.

— Nós progrediremos aindamais — diz entusiasmadoEdson Rodrigues, de 39 anos,atual diretor do Instituto. —Agora, a Universidade de SãoPaulo aceitou nossa propostapara a criação do Instituto deFísica, Química e Ciências Ma-teriais. Passaremos então a for-mar, além de físicos, tambémquímicos e engenheiros de umnovo tipo — o de Ciências Ma-teriais, que poderão revolucio-nar a tecnologia brasileira. Asnossas universidades não acom-panharam o desenvolvimento eas necessidades do momento.Com esse novo instituto, pode-remos exatamente nos adaptara essas características. Outragrande oportunidade foi a cria-ção da Universidade Federal deSão Paulo em São Carlos. Onosso grupo de físicos pretendeorientá-la para notfos rumos de

ensino e pesquisa. Pretendemos,para isso, recambiar muitoscientistas brasileiros do exterior.

Todos confiam neles

Puxa, o senhor desculpe;deixei o dinheiro em casa.

Não faz mal, professor,depois o senhor paga.

A cena pode acontecer aqualquer um dos físicos, naslojas de São Carlos. Eles têm aadmiração de todos e, o que éimportante, crédito em qual-quer lugar. Nas ruas, não é pos-sível distinguir um físico dequalquer outro habitante da ci-dade: roupas comuns, nenhumcabelo comprido ou ar superior,nenhuma mania de gênio. Elesparam nas esquinas, conversamnos bares; mesmo nas aulas édifícil distinguir o professor deum aluno. Outra idéia supera-da: a do cientista velho. O maisvelho — Sérgio Mascarenhas,o fundador do grupo — temquarenta anos. O mais moço —instrutor Artêmio Scalabrin —tem 26. Todos, menos o instru-tor Almir Massambani, são ca-sados e a maioria tem seuVolkswagen.

São Carlos está quase nomeio do Estado de São Paulo,a 238 quilômetros da capital.Dos seus 75 mil moradores, 12mil são operários e 15 mil sãoestudantes — desde os cursosprimários até as escolas de En-genharia e Direito. Progrediubastante nos seus 109 anos.Tem hoje a maioria de suasruas asfaltadas e muitas indús-trjas — algumas grandes, comoa Johann Faber, a Climax e aCompanhia Brasileira de Tra-

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Como um radar, êste aparelho registra

por ressonância a estrutura de um sólido.

209

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Para êle,com o seubeijo deNatal

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No interior

trabalha-se

melhor do quena Guanabara

FÍSICOS tores. As publicações turísticas

continuação da Prefeitura dizem que o povoé tão hospitaleiro, que São

Carlos recebeu o apelido de"Cidade Sorriso". Tais folhe-

tos falam das ruas arborizadas,

de sua iluminação a mercúrio,

da Catedral Metropolitana —

com uma bela cúpula octogo-

nal, de alumínio —, mas não

falam dos físicos, que projeta-ram a cidade no exterior.

Esse desconhecimento é an-

tigo, e até hoje a maioria dos

são-carlenses não sabe o que

são ou o que fazem os físicos.

Há doze anos, eles eram vistos

apenas como "professores de

Engenharia": foi quando Sér-

gio Mascarenhas chegou do Rio

de Janeiro, com sua mulher

Ivone, encarregado de dirigir o

Instituto e criar um grupo de

física. Com a chegada de físi-

cos estrangeiros para conferên-

cias ou trabalhos de pesquisa,no entanto, a cidade começou

a descobrir que algo novo es-

tava acontecendo por ali. E,

como prêmio de reconhecimen-

to, o Professor Sérgio recebeu

da Câmara dos Vereadores o

título de cidadão honorário.

Sérgio Mascarenhas é um ho-

mem magro e fala muito quan-do o assunto lhe interessa. Fí-

sica, por exemplo. Êle tem a

melhor casa, entre os físicos do

grupo: os outros vivem em ca-

sas alugadas. Sérgio comprou

primeiro o terreno de 90 me-

tros de frente, fora do centro

da cidade. Fêz então a casa

com dois pavimentos, simples

mas confortável, com gramadona frente e muros altos. Assim,

êle se isola ainda mais.— Vim para São Carlos em

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1956, exatamente porque via

no sossego de uma cidade do

interior, longe da política de

corredor das universidades das

capitais, a chance de trabalhar

mais e melhor.

A pesquisa em paz

Êle se formou na Faculdade

Nacional de Filosofia do Rio

em 1953 — num tempo em

que pouca gente se dedicava à

Física — e foi ser professor na

Universidade Católica. Uma

vez criado o Instituto de São

Carlos, Sérgio foi indicado por

seu professor, Armando Tava-

res, para dirigir o ensino e a

pesquisa da nova escola.— Uma prova de que numa

cidade do interior pode-se tra-

balhar mais é que o Professor

Tavares continua no Rio, quase

como estava, lutando sempre

contra as estruturas da Univer-

sidade para poder fazer algu-

ma coisa.

Ivone, sua mulher, trabalha

também no Instituto, na parte

de Cristalografia. Eles têm qua-

tro filhos, o mais velho com

treze anos e o mais novo com

trinta dias. Gostando muito de

música, tocando flauta e vio-

lão, Sérgio acompanha o filho

maior, que toca clarineta. Os

dois participam muitas vezes

dos grupos de estudantes que

vão cantar e ouvir música na

fazenda de Dona Aida Holna-

gel, perto da cidade. Dona Aida

toca órgão e cravo e já con-

vidou gente famosa para con-

certos em sua casa. Ela dá

ZSftZmSEmZ Li9and<> a teoria a ¥aam. os problemas

timto. segue se tornam muito menos complicados.

211

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Completamente

diferente de um

equipo convencional,

o

"Dabi

TsM"é um

equipo sem coluna,

móvel e funcional.

O

gêlo

do

seu uísque

pode

ter

200 volts

FÍSICOS CONTINUAÇÃO

— Logo que cheguei à cida-

de, procurei organizar as pss-

quisas. Se o tísico fica só no

ensino, perde sua principal

fun-

ção, a criatividade. No Brasil,

como em todo país subdesen-

volvido, a criatividade é a gran-

de arma. Eu e minha mulher

conseguimos um pequeno equi-

pamento e, como não podia-

mos abranger grandes áreas,

escolhemos um ramo simples

para pesquisar: a Física do es-

tado sólido (cristais), partindc

de material simples, como c

cloreto de sódio (sal comum).

Sou daqueles que pensam que

é melhor fazer bem uma coisa

do que mal uma porção.

Êles conseguiram assim a

criação de defeitos nos cristais

através de irradiações — siste-

ma hoje muito aplicado na

Astronáutica, pois as fortes ra-

diações do espaço agem sôbre

os sólidos da nave. Sérgio fêz

conferências em várias univer-

sidades americanas — Prince-

ton, Berkeley, Chicago e outras

—, falando dè seus estudos.

Êles desenvolveram também

uma investigação do "efeitc

Costa Ribeiro" — nome dado

a uma descoberta dêsse profes

sor carioca.

— Trata-se da produção

de

potenciais elétricos durante a

solidificação ou vaporização de

certas substâncias — explica

Sérgio. — Por exemplo, o gêlo:

já foram observados potenciais

de 200 volts em massas de uma

pedra de gêlo dessas que pomos

num copo de uísque. O nosso

grupo propõe que êsse efeito

explica a produção de eletri-

cidade atmosférica. Nas nu-

vens, onde se observam poten-

ciais de milhões de volts (os

raios), acontece bàsicamente o

mesmo.

Sôbre o assunto, êle foi con-

vidado por editores alemães

para escrever um capítulo dc

livro Física do Gêlo, que está

sendo preparado. Sérgio deve

viajar para Nova Delhi, na

índia, em janeiro próximo,

para mais conferências. Nc

campo da pesquisa aplicada, c

grupo de São Carlos já tirou,

com trabalhos dêsse tipo, pa-

tente de câmara especial para

raio X, fotoelastímetro automá-

tico e, agora, para os trabalhos

sôbre válvulas cardíacas.

— É verdade que as verbas

no Brasil são pequenas — diz

Sérgio — mas não faltam e nin-

guém pode dizer que não tra-

balha por causa delas. O que

é preciso é acabar com a idéia

de que físico, ou cientista, pre-

cisa ser um gênio. O físico

precisa ser é profissional;

sa-

ber o que pode e o que

não

pode fazer e trabalhar bem, à

altura dos estrangeiros. Só não

se pode investir nos amadores

— êsses que posam de gênio,

fazem o Govêrno investir no

seu trabalho, e depois largam

tudo.

O Instituto de São Carlos

recebe atualmente verbas do

Conselho Nacional de Pesqui-

sa, Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São

Paulo, Ministério da Educação,

Fundação Ford e, no futuro,

Banco Nacional do Desenvolvi-

mento Econômico. Além disso,

a Fundação Fulbright fornece

bolsas a físicos brasileiros nos

Estados Unidos, e envia pro-

fessôres de lá a São Carlos.

Pôquer, problemas

O joguinho está duro, e Mil-

ton está perdendo no pôquer.

Milton Ferreira de Sousa, 37

anos, cabelos quase brancos,

joga na casa de Sérgio. Anda

preocupado, fumando demais,

porque foram cortadas as bôl-

sas de pós-gradúação do pró-

ximo ano. Assim, não virão

mais os alunos, que do Ceará

ao Rio Grande do Sul se inte-

ressam em especializar-se em

São Carlos. Os cortes foram

feitos na CAPES, que até hoje

não pagou verbas atrasadas de-

vidas às universidades. ara; ir».

posicionamento de todo o instrumental

dentro da área normal do trabalho.

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O "Dabi

T&M" não é mera transposição formal de um equipo

convencional. Sem coluna, tem um corpo móvel que

acompanha

o Dentista qualquer que seja sua

posição. Não se trata de um

equipo convencional reformado, e sim, de um equipo de forma

nova, com alta funcionalidade. Sua altura é de 0,942 m, a ideal

do plano

horizontal de trabalho, sem movimentos verticais

desnecessários. Tampos dos corpos fixos e f^

móvel de aço inoxidável, permitem

perfeita desinfecção. Bases também

de aço inoxidável. Evita ferrugem.

Instrumental bem localizado permite am trabalho

com economia de movimentos, possibilitando um

rendimento 3 tlses maior,

Conheça as outras vantagens do

"Dabi T & M" em um dos revendedores

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Esta camisa foi inspirada

em algumas pessoas

que

detestam gastar

dinheiro à toa:

J. Paul Getty, Rockefeller,

Tio Patinhas.

Valisere Tergal.

Camisa inacreditável.

Você lava-e-veste, lava-e-veste

lava-e-veste.

E tao boa. tao bem feita, tao

bem acabada, que

você vai

achar o preço

inacreditável.

Mas acredite.i

Foi acreditando nas coisas

impossíveis que

J. Paul Getty,

Rockefeller e o Tio Patinhas

ficaram milionários.

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Banheiros

reformados

viraram

laboratório

FÍSICOS CONTINUAÇÃO

— Assim não dá; é um ab-

surdo — reclama êle, impedi-

do de concentrar-se no pôquer.

Do grupo, só Sérgio e Edson

Rodrigues são catedráticos, um

em Física e outro em Mecânica

Geral. Ivone Mascarenhas, Mil-

ton de Sousa, Roberto Lôbo,

Guilherme Ferreira e Daltro

Pinatti são doutores. Bohdan

Matvienko, Laércio Freitas,

Milton Campos, Almir Mas-

sambani, Artêmio Scalabrin,

Renê Carvalho, Feliciano Si-

nencio e Vanderlei Sverzuti são

professores instrutores. Há ain-

da o Professor Robert Zimmer-

man, americano do Laborató-

rio Nacional Brookhaven, há

sete anos no Brasil.

Milton é para os amigos Mil-

tão, para não ser confundido

com Miltinho, apelido do Pro-

fessor Milton Campos. Êles

dois, mais outros professores e

instrutores, misturam-se no ve-

lho prédio do Instituto, num

casarão amarelo de dois anda-

res, ex-Casa da Itália. Miltáo

obteve o grau Ph D, já fundou

um grupo de físicos no Ceará,

ensinou em faculdades do Nor-

deste e do Rio. É o coordena-

dor dos cursos de pós-gradua-

ção do Instituto, com vários

trabalhos publicados

no exte-

rior. O Professor Milton Cam-

pos, de 28 anos, especialista

em elétrons, é de São Carlos

mesmo. Tanto êle como Van-

derlei, de trinta anos, só esco-

lheram a Física quando encon-

traram o resto do grupo. Antes

disso, Milton Campos tinha

estudado Matemática em Rio

Claro e Vanderlei se formara

em Engenharia em São Carlos.

No andar térreo do Instituto

estão os laboratórios — alguns

precàriamente instalados, em

banheiros reformados. No fim

dêste ano, depois de oito anos

de espera, êles passarão ao

prédio parcialmente acabado da

Escola de Engenharia, longe

do centro da cidade. No segun-

do andar fica a biblioteca —

sala enorme, com estantes até

o teto, tôdas tomadas. Numa

meSa está Roberto Lôbo, re-

cém-doutorado nos Estados

Unidos. Os livros novos que

trouxe de Chicago estão reti-

dos há seis meses na alfânde-

ga de Santos, sem obter libera-

ção por causa dos atrasos bu-

rocráticos. Roberto tem trinta

anos, é carioca, formado em

Engenharia Eletrônica na Pon-

tifícia Universidade Católica.

Ficou quatro anos especializan-

do-se em teoria em Chicago.

Chefia hoje o grupo teórico de

sólidos da escola. Antes de

viajar casou-se, e levou a mu-

lher consigo. Tem um filho

norte-americano, nascido em

Chicago. Já Bohdan, um ucra-

niano que chegou em 1960 ao

Rio, casou-se no estágio feito

nos Estados Unidos, com uma

môça de Nova York. De lá,

ela veio para São Carlos, e se

acostumou bastante à vida de

cidade pequena.

— Ano que vem iremos a

Pittsburgh, onde Bohdan fará

outro estágio — diz ela.

Não sei se me acostumarei de

nôvo à cidade grande. Aqui é

muito mais tranqüilo, sem

correria.

Físicos, onde?

No Brasil, segundo uma esti-

mativa de Sérgio Mascarenhas,

há apenas uns cem físicos de ní-

vel internacional. Um grupo

demora em média dez anos

para se formar; em todo o

País há dois em São Paulo,

dois no Rio, um em Pôrto Ale-

gre e alguns grupos

menores

em Belo Horizonte, Curitiba,

Fortaleza e Brasília. O de São

Carlos é um dos mais impor-

tantes. Há pouco formou-se na

Bahia um outro, especializado

em Geofísica, ligado aos tra-

balhos da Petrobrás. Mesmo

assim, nossos números são mí-

nimos diante dos americanos:

contra os nossos cem físicos, só

8EGITK

todos os ângulos do salão

vistos por quem

entende de canos

o VI saâodoautomtai

tem tantos lançamentos

importantes que

decidimos fazer a

nossa mais importante

edição especial:

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livros

presente

de amigo

cAmara brasileira do livro

É

preciso

criar

como Pelé

em campo

FÍSICOS CONTINUAÇÃO

o Laboratório Bell tem mil,

com o título de Philosophy

Doctor.

A conclusão de que

"o Bra-

sil precisa de mais físicos" foi

uma das mais importantes da

reunião de julho passado na

Sociedade Brasileira Para o

Progresso da Ciência. De fato,

uns oitocentos cientistas e téc-

nicos de vários setores saíram

do Brasil depois da Revolução

de 1964, por motivos políticos

ou por faltarem condições de

trabalho. A propósito, Roberto

Lobo participou em setembro

último de um encontro do

Govêrno brasileiro com cêrca

de sessenta cientistas em Wash-

ington. O ltamarati pediu ofi-

cialmente a todos — químicos,

físicos ou engenheiros — que

voltassem ao País.

— Na reunião — diz Rober-

to — os cientistas analisaram

seus problemas políticos, sala-

riais, científicos. Notamos, no

fundo, que havia apenas uma

promessa do Govêrno de "es-

tudar o assunto". Mas o Govêr-

no dá atualmente muito mais

dinheiro que antes, para as pes-

quisas. O físico não

precisa

mais dispersar-se em outras ati-

vidades para sobreviver. Traba-

lhamos o tempo integral, que

inclui aulas — mas só para

cursos especializados, dentro

portanto da nossa atividade.

Os salários dos físicos em

São Carlos vão de 1 500 cruzei-

ros novos a 2 500. Nos Estados

Unidos, o mesmo serviço vale

de 1 000 a 3 000 dólares men-

sais, isto é, entre 3 700 e 11 100

cruzeiros novos. Roberto e Sér-

gio acham que os cientistas

voltarão. E dizem por que:

O nacionalismo "verde-

amarelo" parece romântico,

mas quando

se está fora é que

a gente sente. A sensação de

ser estrangeiro é muito ruim.

Nos Estados Unidos, no meio

de tantos especialistas, somos

apenas mais um — uma peça

insignificante numa máquina.

Aqui, não: há mais o que rea-

lizar.

Sérgio empolga-se de novo:

Se num país subdesenvol-

vido houvesse a criatividade

que tem um Pelé na área, sua

condição melhoraria bastante.

O Brasil, a meu ver, já perdeu

o passado e o presente. É pre-

ciso garantir o futuro.

Dá um exemplo:

A nossa reforma universi-

tária, tão falada, não está sen-

do feita pra frente, mas sim-

plesmente consertando erros

passados. Consertar apenas um

êrro pode resultar em outro

êrro, em relação às necessida-

des do futuro do País. Tecno-

logia educacional, por exemplo,

é a meu ver o problema bási-

co e não está sendo suficien-

temente focalizado. Em São

Carlos percebemos que a gran-

de revolução do século XX não

serão os satélites nem a física

nuclear, mas sim a criação de

uma nova tecnologia educacio-

nal, com computadores, televi-

são, fitas magnéticas, filmes e

outros meios.

E continua.

A educação foi redesco-

berta como uma indústria. Nos

grandes centros, chegou-se à

conclusão de que, enquanto

uma indústria de automóveis

ou de geladeiras pode saturar

um mercado, a de ensino não.

Porque, além do aumento na-

tural da população, há o au-

mento das horas de folga, tra-

zido pelo uso das máquinas.

Por isso, os Estados Unidos já

estão trabalhando no ensino

através de computadores eletrô-

nicos. É uma indústria de bi-

lhões de dólares. Nós também

estamos tentando fazer expe-

riências nesse sentido aqui em

São Carlos, usando computado-

res no ensino. Não é uma téc-

nica desumana pelo fato de o

aluno aprender com uma má-

quina. Pelo contrário: há mui-

tos professores no Brasil que

são máquinas muito mais frias

do que os computadores. kim

e

*, JEilii

"ROYAL

LABEL'

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1. Linda Morem. 2. r^hn DunhilL 3. Grrrrrrrrr. 4. Colônia para homem. 5. PistoU de duelo. 6. Paecão. 7.T™s«or dassudo 8. Royal Label Extra.

)|

Convidamos 250 homens de experiência a

escolherem três destas sugestões. Não houve aquele

deixasse Royal Label

Royal Label Extra —

O maltwhisky de Royal Label Extra é envelhecido seis anos na origem,

a mais antiga destilaria da Escócia, 1786. Essa destilaria ji viveu oito reis (e rainhas) da Inglaterra e Escócia.

Nenhum outro whisky tem tanta majestade. (Como é suave!) Em whisky, antigüidade é

gosto.

ai

O (iovernodoPamnácomunica a transformaçãoda Codepar-Companhia deDesenvolvimento Econômico

do Paraná em

BANCO DEDESENVOLVIMENTO

DO PARANÁPrimeira companhia estadualbrasileira de desenvolvimento,a Codepar é também aprimeira a transformar-se emBanco de Desenvolvimento,nos termos da Resolução93 do Banco Central.Este é um acontecimento demáxima importância para oempresariado brasileiro, pois acriação do novo Banco decorre dofato do Governo do Paraná havercompletado a implantação dainfra-estrutura exigida para a

industrialização do Estado: energiaabundante, extensa rede deestradas asfaltadas, avançadosistema de telecomunicações,água sem limites, etc.Até o momento, já foramfinanciados 449 projetos deindustrialização. Em váriosdeles o Paraná contou com acolaboração do GovernoFederal através de suas agênciasfinanceiras - BNDE e!BC/Gerca - e de importantesorganismos financeiros

internacionais. Dispondo do maiorcapital integralizado por entidadesdo seu gênero -NCr$ 120.000.000,00 - eincorporando o grande acervo deexperiência e a equipe originalda Codepar, o Banco deDesenvolvimento do Paraná S.A.surge como o instrumento derealização da grande meta doGovernador Paulo Pimentel: fazerdo Paraná um dos principaisparques industriais daAmérica Latina.

i"Autorizado a suceder a Codepar-

Companhia de Desenvolvimento Econômicodo Paraná, em despacho do Exmo. Sr.

-Presidente do Banco Central de 29-10-68,exarado no processo n.o 934/68, publicado

no B.O.U. de 7-11-68. Carta Patente n» I - 328"

QQ BANCO DEDESENVOLVIMENTODO PARANÁ S.A.

B IB iria hUwcimhrQ.,.27^-*.'mwO«Jifc * Mnn.PB MftAI ¦ Purit^s ! PARAMÁ

JAIR0 ORTIZ GQMES DE OLIVEIRADiretor-Presidente

AGENOR BRÉG0LADiretor-Financeiro

BERNARDO FEDALT0Diretor-Técnico

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REVOLUÇÃO

DOS

BICHOS

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de

GEORGE ORWELL

George Orwell é o pseudônimo com que ficou

conhecido o escritor Eric Arthur

Blair. Nascido em 1903, em Bengala, /m/w, Orwell teve uma juventude agitada

pelas lutas políticas, #«í?

lhe marcariam a obra. Em 1945, então escritor de esquer-

da, Orwell divulgou este conto, em que,

com um humor por vezes amargo, deixa

transparecer o desencanto de militante socialista ante a ascensão do stalinismo.

Nesta fábula, os personagens

Napoleao e Bóla-de-Neve, em luta pelo poder,

podem ser identificados facilmente:

Stálin e Trótski.

Algum tempo depois da publicação de A Revolução dos Bichos, Orwell deixou

registrada sua preocupação pela pessoa humana no livro 1984, um vigoroso painel

em que

mostra como um regime pode sufocar o homem, à custa do terror ou

da mistificação, ou de ambos.

Esta tradução de A Revolução dos Bichos preservou as características que

deram

forma à obra de Orwell, falecido

em 1950. Seu estilo leve e ágil abriga uma

veemente denúncia de todo tipo de totalitarismo e opressão.

ILUSTRAÇÕES DE ÍTALO CENCINI

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219

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GEORGE ORWELL

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Não,

positivamente, não! Se o Sr. Jones, ao trancar o gali-nheiro naquela noite, deixou de verificar as vigias, nãofoi por simples preguiça. Em verdade, estava tão terri-velmente embriagado que já foi uma proeza ter conse-guido atravessar o pátio e chegar até sua casa. Descal-

çou então as botas, tomou um último copo de cerveja na cozinha eatirou-se na cama onde já roncava sua mulher. O Sr. Jones erao proprietário da Granja do Solar.

Tão lago se apagou a luz do quarto, houve um grande alvoroçoem todos os galpões da granja. Correra, durante o dia, o boatode que o velho Major, um porco já premiado em exposições,tivera um sonho muito estranho na noite anterior e desejava con-tá-lo a todos. Haviam combinado encontrar-se no celeiro, assimque Jones se retirasse. O velho Major gozava de tão alto conceitona granja, que todos estavam dispostos a perder uma hora de sonosó para ouvi-lo.

Ao fundo do grande celeiro, sobre uma espécie de estrado, estavao Major refestelado em sua cama de palha, à luz de um lampião.Com doze anos de idade, já bastante corpulento, era ainda umporco de porte majestoso, com um ar sábio e benevolente, a des-peito de suas presas jamais terem sido cortadas. Os outros animaischegavam e punham-se a cômodo, cada qual a seu modo. Os dois *cavalos de tração, Sansão e Quitéria, chegaram juntos, andandolentamente e pousando no chão os enormes cascos peludos, comgrande cuidado para não machucar qualquer animalzinho porven-tura oculto na palha. Quitéria era uma égua volumosa, matronal,enquanto Sansão era um bicho enorme, de quase 1,90 m de altura,e que não tinha lá uma inteligência de primeira ordem, o quecompensava pela tremenda capacidade de trabalho. Depois doscavalos chegaram Maricota, a cabra branca e o burro Benjamim, oanimal mais idoso da fazenda. Raras vezes falava e, quando ofazia, era para dizer, por exemplo, que Deus lhe dera uma caudapara espantar as moscas e que, no entanto, seria mais do seuagrado não ter a cauda nem as moscas. Solitário, nunca ria. Noúltimo instante, Mimosa, a vaidosa e fútil égua branca, entrou,requebrando-se graciosamente e chupando um torrão de açúcarTomou um lugar bem à frente e ficou ondulando a sua crinabranca, chamando atenção para as fitas vermelhas que a adorna-

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«rvam. Finalmente, chegou o gato, que procurou, como sempre, olugar mais morno, enfiando-se entre Sansão e Quitéria; ressonousatisfeito durante toda a fala do Major, sem ouvir uma só palavra.

Todos os animais estavam presentes, exceto Moisés, o corvodomesticado, que dormia fora, num poleiro junto à porta dosfundos. Quando o Major viu todos bem acomodados e aguardandoatentamente, pigarreou e começou:"Camaradas, já ouvistes, por certo, algo a respeito do estranhosonho que tive na noite passada. Entretanto, falarei do sonho maistarde. Antes, tenho outras coisas af dizer. Sei, camaradas, que nãoestarei convosco por muito tempo e, antes de morrer, considerouma obrigação transmitir-vos o que tenho aprendido sobre o mundo.Creio poder afirmar que compreendo a natureza da vida sobreesta terra, tão bem quanto qualquer outro animal. É sobre issoque vos desejo falar."Então, camaradas, qual é a natureza da nossa vida? Enfren-temos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nas-cemos, recebemos o mínimo de alimento necessário para continuarrespirando, e os que podem trabalhar são forçados a fazê-lo atéo último suspiro; no instante em que nossa utilidade acaba, truci-dam-nos cruelmente. Nenhum animal, na Inglaterra, sabe o queé felicidade ou lazer. Animal nenhum, na Inglaterra, é livre. Avida de um animal é feita de miséria e escravidão: essa é a plenaverdade."Será isso, simplesmente, a ordem natural das coisas? Será tãopobre esta nossa terra, que não ofereça condições de vida decenteaos seus habitantes? Nao, camaradas, mil vezes não! O solo daInglaterra é fértil, o clima é bom, ela pode oferecer alimentos emabundância a um número de animais muitíssimo maior. Então,por que permanecemos nesta miséria? Porque todo o produto donosso esforço é roubado pelos seres humanos. Eis aí, camaradas,a resposta a todos os nossos problemas: o Homem. Retire-se dacena o Homem e a causa principal da fome e do excesso de tra-balho desaparecerá para sempre."O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Mes-mo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar,dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com todoo restante. Nosso trabalho amanha o solo, nosso estrume o ferti-

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22C

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

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221

GEORGE ORWELL

liza e, no entanto, nenhum de nós possui mais do que a própria

pele. As vacas, que aqui vejo à minha frente, quantos litros de

leite terão produzido êste ano? E que aconteceu a êsse leite, que

deveria estar alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela gar-

ganta sôfrega dos nossos inimigos. E as galinhas, quantos ovos

puseram êste ano, e quantos se transformaram em pintinhos? Os

restantes foram para o mercado, fazer dinheiro para Jones e seus

homens. E você, Quitéria, diga-me onde estão os quatro potrinhos

que deveriam ser o apoio e o prazer da sua velhice? Foram ven-

didos com a idade de um ano — nunca mais tornará a vê-los.

Como paga pelos seus quatro partos e por todo o seu trabalho

no campo, que recebeu você, além de rações e baias miseráveis?

"Por mim, sou até um felizardo. Estou com doze anos e sou

pai de mais de quatrocentos leitões. Isto é a vida normal de um

porco. Mas, no fim, ninguém escapa ao cutelo. Todos chegare-

mos a êsse horror, as vacas, os porcos, as galinhas, as ovelhas,

todos. Nem mesmo os cavalos e os cachorros escapam a êsse

destino.

"No entanto, basta que nos livremos do Homem para que o

produto de nosso trabalho seja somente nosso. Imediatamente,

poderíamos tornar-nos ricos e livres. Como? Trabalhando dia e

noite, de corpo e alma, para a derrubada do gênero humano. A

Revolução! Esta é a mensagem que eu vos trago, camaradas. Não

sei dizer quando acontecerá essa Revolução, se dentro de uma

semana, ou daqui a um século, mas de uma coisa eu sei: mais

cedo ou mais tarde, a justiça será feita. E, camaradas, jamais

deixai amolecer vossa decisão. Guardai-vos quando disserem que

o Homem e os animais têm interesses comuns. É tudo mentira. í

O Homem não busca interesses que não os seus. Que haja entre

nós, animais, uma perfeita unidade, uma perfeita camaradagem

na luta. Todos os homens são inimigos, todos os animais são

camaradas."

Nesse momento houve uma tremenda confusão. Enquanto o

Major falava, quatro ratos haviam emergido de seus buracos e

estavam sentados nas patinhas de trás, a ouvi-lo. De repente, os

cães notaram suas presenças, e sòmente devido à rapidez com que

sumiram nos buracos foi que os ratos conseguiram escapar com

vida. O Major levantou a pata, pedindo silêncio.

"Camaradas", disse êle,

"eis aí um ponto que precisa ser escla-

recido. As criaturas selvagens, tais como os ratos e os coelhos,

serão nossos amigos ou nossos inimigos? Apresento à assembléia

a seguinte questão: os ratos são camaradas?"

Imediatamente, a votação foi realizada e concluiu-se, por esma-

gadora maioria, que os ratos eram camaradas. Houve apenas quatro

votos contra, dos três cachorros e do gato, mas êste, depois se

descobriu, votara pelos dois lados. O Major prosseguiu:"Repito

apenas: lembrai-vos sempre do vosso dever de inimi-

zade para com o Homem. Qualquer coisa que ande sôbre duas

pernas é inimigo; qualquer coisa que ande sôbre quatro pernas,

ou tenha asas, é amigo. Lembrai-vos, também, de que na luta

contra o Homem não nos devemos assemelhar a êle. Animal

nenhum deve morar em casas, nem dormir em camas, nem usar

roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro,

nem fazer comércio. Todos os hábitos do Homem são vícios. E,

principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais.

Todos os animais são iguais.

"E agora, camaradas, vou contar-vos o sonho que tive na noite

passada. Foi um sonho sôbre como será o mundo quando o Homem

desaparecer. Há anos, quando eu ainda era um leitãozinho, minha

mãe e as outras porcas costumavam cantar uma velha canção

da qual só conheciam a melodia e as três primeiras palavras. Na

minha infância aprendi a melodia, depois a esqueci. Na noite passa-

da, entretanto, ela me voltou à memória. O mais interessante é que

me lembrei também dos versos. Vou mostrar-vos essa canção,

camaradas. Chama-se "Bichos

da Inglaterra."

Era algo entre "Clementine"

e "La

Cucaracha", e seus versos

diziam o seguinte:

Bichos inglêses e irlandeses,

Bichos de todas as partes!

Eis a mensagem de esperança,

No futuro que virá!

Cedo ou tarde virá o dia,

Cairá a tirania

E os campos todos da Inglaterra

Só aos bichos caberão. ,

Lutemos todos por êsse dia,

Mesmo que nos custe a vida!

Cavalos, vacas, perus e gansos.

Liberdade conquistemos!

A música levou os animais à mais extrema excitação. Antes de

o Major chegar ao fim, já haviam começado a cantar por conta

própria. Até os mais estúpidos pegaram a melodia e algumas pala-

vras; os mais espertos, como os porcos e os cachorros, decoraram

a canção em poucos minutos. Então, depois de alguns ensaios

preliminares, tôda a granja atacou "Bichos

da Inglaterra", em

formidável uníssono.

Infelizmente, o alarido acordou Jones, que pulou da cama certo

de que havia uma rapôsa no pátio. Passou a mão na espingarda,

sempre pronta a um canto do quarto, e descarregou-a na escuridão.

O chumbo foi encravar-se na parede do celeiro e a reunião dis-

persou-se num segundo.

Três

noites depois, tranqüilamente, durante o sono, o Ma-

jor faleceu. A enorme família desolada convidou paren-

tes e amigos para acompanharem o féretro, que sairia

do velório da pocilga para o cemitério do fundo do po-

mar. Começava março. Durante os três meses seguin-

ies houve uma intensa atividade secreta. As palavras do Major ha-

viam dado uma perspectiva de vida inteiramente nova aos animais

de maior inteligência da granja. Não sabiam quando teria lugar a

Revolução prevista pelo Major, mas percebiam claramente o devei

de se prepararem para ela. A tarefa de instruir e organizar os

outros recaiu naturalmente sôbre os porcos, reconhecidamente os

mais inteligentes entre os animais. Salientavam-se, entre êles, dois

jovens leitões, Bola-de-Neve e Napoleão, que o Sr. Jones criava

para vender. Napoleão era de aparência ameaçadora, falava pouco,

mas tinha a reputação de possuir grande fôrça de vontade. Bola-de-

Neve era mais ativo, de palavra mais fácil e maior imaginação.

Todos os demais suínos da fazenda eram castrados. Dentre êstes,

o mais conhecido era um porquinho gordo chamado Garganta,

de olhos sempre piscando, movimentos lépidos e voz aguda. Mane-

java a palavra com brilho, e diziam que era capaz de convencer

que o prêto era branco.

Êsses três haviam organizado os ensinamentos do Major num

sistema de pensamento a que deram o nome de Animalismo. Vá-

rias noites por semana, realizavam reuniões secretas no celeiro e

expunham aos outros os princípios do Animalismo. De início, en-

contraram certa apatia e muita estupidez. Alguns animais faziam

perguntas como: "Que

nos importa o que acontecerá depois da

nossa morte?" ou: "Se

essa Revolução vai ocorrer de qualquer

maneira, que diferença faz trabalharmos por ela ou não?", jb os

porcos enfrentavam grandes dificuldades para fazê-los ver que isso

era contrário ao espírito do Animalismo. As perguntas mais estú-

pidas eram sempre as de Mimosa, a égua branca:

Continuará havendo açúcar, depois da Revolução?

Não — respondeu Bola-de-Neve, firmemente. — Não dis-

pomos de meios para obter açúcar nesta fazenda. Além disso,

você não necessita de açúcar. Mas terá tôda a aveia e o feno

que quiser.

E eu ainda poderei usar laços de fita na crina? — perguntou

Mimosa.

Camarada — explicou Bola-de-Neve — essas fitas que você

tanto estima são o distintivo da escravidão. Será que você não

compreende que a liberdade vale mais do que laços de fita?

Mimosa sempre concordava, mas não dava a impressão de estar

muito convencida.

Mais trabalho ainda tiveram os porcos para neutralizar as men-

tiras espalhadas por Moisés, o corvo doméstico. Moisés afirmava

a existência de uma região misteriosa, "Montanha

de Açúcar",

para onde iam os animais após a morte. Segundo dizia, essa

montanha estava situada em algum lugar do céu, pouco acima

das nuvens. Na Montanha de Açúcar, os sete dias da semana

eram domingo, o campo floria o ano inteiro, e cresciam torrões

de açúcar e tortas de linhaça nas sebes. Os animais censuravam

Moisés porque vivia contando histórias e não trabalhava, porém

alguns acreditavam na Montanha de Açúcar.

Os revolucionários mais fiéis ersm os dois cavalos de tração,

222

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

Sansão e Quitéria. Como tinham enorme dificuldade em pensarqualquer coisa por si próprios, aceitaram os porcos como pro-fessôres, absorvendo tudo quanto lhes era dito.

Afinal, a Revolução ocorreu muito mais cedo e mais facilmentedo que se esperava. Jones agora estava em decadência. Desesti-mulado com a perda de dinheiro numa ação judicial, dera parabeber além do recomendável. Seus peões eram vadios e desonestos,o campo estava coberto de erva daninha, os galpões necessitavamde telhas novas, as cercas estavam abandonadas e os animais an-davam mal alimentados.

Junho chegou e o feno estava quase pronto para o corte. Ncdia 23 de junho, um sábado, Jones foi a Willingdon e bebeu tanto,que só regressou ao meio-dia de domingo. Os homens ordenharamas vacas de manhã e saíram para caçar, sem se preocupar com aalimentação dos animais. Ao voltar, Jones desabou no sofá dasala, e assim, ao fim da tarde, os animais ainda não haviam co-mido nada. Já era demais. Uma das vacas rebentou a chifradas aporta do depósito e os bichos avançaram sobre o alimento. Nessemomento, Jones acordou. Num instante, êle e seus homens estavamno depósito com os chicotes na mão, batendo a torto e a direito.De comum acordo, muito embora nada tivesse sido anteriormenteplanejado, os animais lançaram-se sobre os verdugos. Jones e opessoal viram-se de repente chifrados e escoiceados por todos oslados. A súbita revolta de criaturas a quem estavam acostumadosa surrar e maltratar à vontade desconcertou-os. Num segundovoavam pela trilha rumo à estrada principal, com os bichos triun-fantes a persegui-los.

A mulher de Jones espiou pela janela, viu o que acontecia, reu-niu às pressas alguns haveres e escapuliu da granja por outro ca-minho. Atrás dela, Moisés bateu as asas, grasnando ruidosamente.E assim, antes que alguém percebesse o que sucedera, a Revoluçãoestava feita. O Homem fora expulso e a Granja do Solar era dosanimais.

Durante os primeiros cinco minutos, mal puderam acreditar nasorte. Seu primeiro ato foi galopar pelos limites da propriedade,como para verificar se nenhum ser humano ficara escondido:depois, correram de volta para varrer os últimos vestígios doodiado império de Jones. O galpão dos arreios, no fundo dos es-tábulos, foi arrombado; freios, argolas de nariz, correntes de ca-chorro, as cruéis facas com que Jones castrava os porcos e oscordeiros, tudo foi atirado ao fundo do poço. As rédeas, os cabres-tos, os antolhos e os degradantes bornais foram jogados à fogueiraque ardia no pátio. Os bichos pulavam de contentamento ao veremos chicotes em chamas.

Em curto tempo, os bichos destruíram tudo quanto lhes recor-dava Jones. Napoleâo conduziu-os de volta ao depósito de forra-gem e serviu uma ração dupla de cereais para todo mundo, comdois biscoitos para cada cachorro. Depois, cantaram ''Bichos daInglaterra" de cabo a rabo, sete vezes, em seguida, deitaram-se edormiram como nunca.

Acordaram de madrugada, como sempre, e, ao se lembraremdo glorioso acontecimento da véspera, correram para a pastagem.Os animais subiram ao tôoo de uma colina e olharam em volta,à luz clara da manhã. Sim, era deles — tudo quanto enxergavamera deles. Fizeram um circuito de inspeção em toda a granja,vistoriando, com muda admiração, a lavoura, o campo de feno, opomar, a lagoa e o bosque. Era como se, anteriormente, nuncativessem visto aquilo, e mal podiam acreditar: tudo era deles.

Voltaram, então, e pararam silenciosos junto à casa-grande. Eradeles também, mas sentiram um certo receio de entrar. Depoisde alguns instantes, porém, Bola-de-Neve e Napoleâo forçaram aporta, e os animais entraram, em fila, caminhando na ponta dospés, de um aposento para o outro, falando baixinho e olhandocom certa reverê-cia aquele luxo inacreditável. Ali mesmo foiaprovada por unanimidade a resolução de conservar a casa comomuseu. Concordaram em que nenhum animal jamais deveriahabitá-la. _, ._

- Camaradas - disse Bola-de-Neve - sao 6 e 15 e temo?um longo dia pela frente. Iniciaremos hoje a colheita do feno. Masantes há um outro assunto para tratarmos.

Os porcos revelaram que durante os últimos tres meses haviamaprendido a ler e escrever, numa velha cartilha que fora jogada% lixo. Napoleâo mandou buscar lata, de hnta e conAouH» «tfa porteira que dava para a estrada principal. Então, Bola-de-Neveíaue era auem escrevia melhor) pecou o pincel entre as juntasTm?a^gôu o nome GRANJA DO SOLAR do «£*£¦perior e, em seu lugar, escreveu GRANJA DOS BICHO^Botode-Neve e Napoleâo mandaram buscar uma escada e ordenaramque fosse encostada à parede do fundo do nMn.1™*-*^caram que, segundo os estudos que haviam feito, ei a possível

resumir os princípios do Animalismo em Sete Mandamentos, queseriam agora escritos na parede, e constituiriam a lei inalterávelpela qual a Granja dos Bichos deveria reger sua vida a partirdaquele instante, para sempre.

Com alguma dificuldade, Bola-de-Neve subiu na escada e come-çou a trabalhar. Os Mandamentos foram escritos em grandes le-trás brancas que podiam ser lidas a muitos metros de distância:

OS SETE MANDAMENTOS

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas.

é amigo.3. Nenhum animal usará roupas.4. Nenhum animal dormirá em cama.5. Nenhum animal beberá álcool.6. Nenhum animal matará outro animal.7. Todos os animais são iguais.

O conjunto ficou bastante bom e foi lido por Bola-de-Neve paraos demais. Todos balançaram a cabeça, de pleno acordo, e osmais vivos começaram imediatamente a decorar os Mandamentos.

E agora, camaradas — disse Bola-de-Neve — ao campo defeno! É uma questão de honra realizar a colheita em menos tempodo que Jones e seus homens.

Nesse momento, porém, as vacas começaram a mugir. Havia24 horas que não eram ordenhadas e estavam com os úberes quaseestourando. Depois de alguma reflexão, os porcos pediram baldese ordenharam as vacas com relativo êxito. Em breve, obtinhamcinco baldes de leite espumante e cremoso, que muitos bichos olha-ram com considerável interesse.

Que vamos fazer com esse leite? — perguntou alguém.Não se preocupem com o leite, camaradas! — gritou Napo-

leão, postando-se à frente dos baldes. — Nós trataremos desteassunto. A colheita é mais importante. O camarada Bola-de-Neveos conduzirá. Eu seguirei dentro de alguns minutos. Avante, ca-maradas! O feno está à espera.

Os animais marcharam rumo ao campo de feno, para o inícioda colheita, e, à tardinha, quando voltaram, nâo acharam nemvestígio 'do leite.

o s animais trabalharam como gente grande."áste comentário feito pelo gato — considerado

de péssimo gosto — não chegou a turvar a satis-facão geral pelo fim da colheita do feno.

Por vezes, a tarefa foi dura; os implementos des-tinavam-se ao uso de seres humanos e foi um enorme obstáculoo fato de nenhum bicho conseguir utilizar ferramentas que exigis-sem a posição em pé sobre as patas traseiras. Mas os porcos eramtão imaginosos que conseguiam contornar todas as dificuldades.Não trabalhavam, propriamente, mas dirigiam e supervisionavamo trabalho dos outros. Sansão e Quitéria atrelavam-se à ceifadeiraou à grade e andavam pelo campo para lá e para cá, com umporco atrás gritando "Eia, camarada!" ou "A volta, agora, cama-rada!", conforme o caso. Enfim, terminaram a colheita dois diasantes do tempo que Jones e seus empregados normalmente leva-vam. Mas, além disso, foi a maior colheita que jamais se realizaraali. Não houve qualquer desperdício; as galinhas e os patos, comsua vista penetrante, juntaram até o menor talinho. E nenhumanimal na granja roubou sequer uma bocada.

Durante todo aquele verão, o trabalho da granja andou comoum relógio. Os bichos, felizes como nunca. Sem os inúteis para-sitas humanos, sobrava mais para cada um. Havia também maislazer, muito embora os animais fossem inexperientes nisso. Houvemuitas dificuldades, mas os porcos, com a inteligência, e Sansão.com seus músculos fantásticos, venciam tudo. Sansão, que já eratrabalhador no tempo de Jones, agora, valia por três. Houve diasem que todo o trabalho da granja parecia recair sobre seus om-bros poderosos. Fizera um trato com um dos gaios para ser cha-mado, todas as manhãs, meia hora mais cedo que os demais, eempregava esse tempo em tarefas voluntárias no que parecessemais necessário. Sua solução para cada problema, para cada con-tratempo, era "Trabalharei mais ainda", frase que adotara comoseu lema particular. .. 3 „. ,

Cada qual se ocupava de acordo com sua capacidade. Ninguémroubava, ninguém resmungava a respeito das rações. A discórdia,as mordidas, o ciúme, coisas normais nos velhos tempos, tinham

223

GEORGE ORWELL

quase desaparecido. Ninguém se esquivava ao trabalho — ou quaseninguém. É bem verdade que Mimosa não gostava de levantaicedo. E o comportamento do gato era um tanto estranho. Logonotou-se que êle nunca podia ser encontrado quando havia tra-balho por tazer. Apresentava, porém, desculpas tão boas e ros-nava de maneira tão carinhosa, que era impossível não crer emsuas boas intenções. O velho Benjamim, o burro, nada mudaraapós a Revolução. Não se esquivava ao trabalho normal, masnunca era voluntário para extraordinários. Sobre a Revolução eseus resultados, não emitia opinião. Quando lhe perguntavam senão era mais feliz, agora que Jones se havia ido, respondia apenas:"Os burros vivem muito tempo".

Aos domingos, não se trabalhava. A refeição da manhã era umahora mais tarde e, depois dela, havia uma cerimônia que começavacom o hasteamento da bandeira. Bola-de-Neve achara, no depó-sito, uma velha toalha verde e pintara no centro, em branco, umchifre e uma ferradura. O verde, explicava Bola-de-Neve, repre-sentava os verdes campos da Inglaterra, ao passo que o chifre e aferradura simbolizavam a futura República dos Bichos. Após ohasteamento, iam todos ao grande celeiro para uma assembléiageral. Lá planejavam o trabalho da semana seguinte e discutiamas resoluções apresentadas pelos porcos. Os outros animais apren-deram a votar, mas nunca conseguiram imaginar uma resoluçãopor conta própria. Bola-de-Neve e Napoleão eram sempre os maisativos nos debates. Notou-se, porém, que os dois nunca estavamde acôrdo. Mesmo quando se resolveu que o potreiro situado alémdo pomar seria reservado para os animais aposentados, houve umaagitada discussão. A reunião era encerrada sempre com o hino"Bichos da Inglaterra", e a tarde se destinava à recreação.

À noite, os porcos estudavam mecânica, carpintaria e outrasartes necessárias, em livros trazidos da casa-grande. Bola-de-Nevese ocupava também da organização dos outros bichos através dosComitês de Animais. Formou a Liga das Caudas Limpas, para asvacas; o Comitê de Reeducação dos Animais Selvagens (cujo ob-jetivo era domesticar os ratos e os coelhos), o Movimento poruma Lã Mais Branca, e outros mais. Além disso, criou classespara ensinar a ler e escrever. No conjunto, esses projetos foramum fracasso. O gato ingressou no Comitê de Reeducação, e poralgum tempo andou muito ativo. Um dia foi visto, sentado numtelhado, a doutrinar alguns pardais pousados pouco além do seualcance. Dizia-lhes que todos os animais agora eram camaradas equalquer pardal que o desejasse poderia vir pousar na sua mãormas os pardais preferiram ficar de longe.

As classes de alfabetização, ao contrário, tiveram enorme su-cesso. Já no outono quase todos os bichos estavam, uns mais,outros menos, lendo e escrevendo.

Os porcos eram mestres na escrita e na leitura. Benjamim sabialer tão bem quanto os porcos, mas não exercia sua tacutdade. Aoque sabia — costumava dizer —, nada havia que valesse a penaler. Quiteria aprendeu todo o alfabeto, mas não conseguia juntaras letras. Sansão não foi capaz de ir além da letra D. Afinal, de-cidiu co^tentar-se com as cvntrn i*rj«~»*t|rn« '-?""• • ~—?•-«vivaescrevê-las uma ou duas vezes por dia, a fim de refrescar amemória.

Nenhum dos outros animais da granja chegou além da letra A.Notou-se. tim^ém que os mais est')oidos eram incaoa^es de de-corar os Sete Mandamentos. Depois de muito pensar, Bola-de-Nevedeclarou que, ia verda e os Sete Madame tos podiam ser con-densados numa única máxima, que era: "Quatro pernas bom, duaspernas ruim". A princípio, os pássaros fizeram objeção, pois lhesparecia que estavam no caso das duas pernas, porém Bola-de-Neveprovou que tal não acontecia:

— A asa de uma ave, camaradas, é órgão de propulsão e de-veria ser olhada mais como uma perna. O que distingue o Homemé a mão, o instrumento com que perpetra toda a sua maldade.

Os bichos dedicaram-se a decorar a nova máxima, QUATROPFRNAS ROM, DUAS PERNAS RUIM, que foi escrita acimados Sete Mandamentos e com letras bem maiores. Depois que con-seguiram decorá-la, as ovelhas ficavam a balir "Quatro pernasbom, duas pernas ruim! Quatro pernas bom, duas pernas ruim!"durante horas a fio.

Napoleão não tomou interesse algum pelos comitês de Bola-de-Neve. Dizia que a educação dos jovens era mais importante doque qualquer coisa em favor dos adultos. Aconteceu que Lulu eFerrabrás deram cria a nove robustos cachorrinhos. Tão logo foramdesmamados, Napoleão tirou-os de suas mães dizendo que êlepróprio se responsabilizaria por sua educação. Levou-os para umsótão e os manteve em tal reclusão, que o resto da fazenda logose esqueceu de sua existência.

O mistério do leite prontamente se esclareceu. Era misturado à

comida dos porcos. As maçãs estavam amadurecendo e a grama dopomar cobria-se de frutas derrubadas pelo vento. Os bichos tinhamcomo certo que as frutas deveriam ser distribuídas eqüitativamente;certo dia, porém, chegou a ordem para que todas as frutas caídasfossem recolhidas e levadas para consumo dos porcos. Alguns bi-chos resmungaram a respeito, mas foi inútil. Os porcos estavam to-dos de acôrdo sobre esse ponto, até mesmo Bola-de-Neve e Napo-leão. Garganta foi enviado aos outros, para dar explicações.

— Camaradas! — gritou. — Não imaginais, suponho, que nós,os porcos, fazemos isso por espírito de egoísmo e privilégio. Mui-tos de nós até nem gostam de leite e de maçã. Mas está provadopela Ciência, camaradas, que contêm substâncias absolutamentenecessárias à saúde dos porcos. A organização e a direção deslagranja repousa sobre nós. É por vossa causa que bebemos aqueleleite e comemos aquelas maçãs. Sabeis o que sucederia se osporcos falhassem em sua missão? Jones voltaria! Com toda certeza,camaradas — gritou Garganta, quase suplicante — com toda eer-teza, não há dentre vós quem queira a volta de Jones.

Quando o assunto lhes foi posto sob esta luz, os animais nãotiveram mais o que dizer. A importância de manter a boa saúdedos porcos tornou-se óbvia. Foi, portanto, resolvido sem maisdiscussões que o leite e as maçãs caídas (bem como toda a co-lheita de maçãs, quando amadurecessem) seriam reservados paraos porcos.

Pelo

fim do verão, a notícia do que sucedera na Granja dosBichos já se espalhara pelo condado. Todos os dias, Bola-de-Neve e Napoleão enviavam formações de pombos cominstrução de se misturarem aos animais das granjas vizi-nhas, contar-lhes a história da Revolução e ensinar-lhes a

melodia de "Bichos da Inglaterra".Jones passava a maior parte desse tempo na taverna, queixan-

do-se da monstruosa injustiça que sofrerá ao ser expulso de suapropriedade. Os granjeiros eram-lhe simpáticos, mas, no fundo,cada um imaginava alguma forma de tirar vantagem do seu infor-túnio. Uma das granjas adjacentes à dos Bichos era Foxwood. Oproprietário, Sr. Pilkington, era um sujeito indolente, que passavaa maior parte de seu tempo caçando ou pescando. A outra granjavizinha, Pinchfield, era de propriedade do Sr. Frederick, um ho-mem rude e astuto, permanentemente envolvido em barganhasmuito difíceis. Os dois se hostilizavam tanto, que lhes era suma-mente difícil chegar a qualquer acôrdo, mesmo em defesa de seuspróprios interesses.

Todavia, ambos estavam assustados com a Revolução na Granjados Bichos. De início, acharam graça na idéia de bichos gerirempor si próprios um sítio. O caso todo estaria acabado numa quin-zena, diziam. Diziam, também, que os animais da Granja dcSolar (não admitiam o nome Granja dos Bichos) estavam lutandeentre si e não tardariam a definhar até morrerem. Como o tempopassava e os animais evidentemente não definhavam, Frederick ePilkington mudaram de tom e começaram a falar nas terrívei?perversidades que estavam ocorrendo na Granja dos Bichos. Co-mentavam que os animais praticavam o canibalismo, torturavamuns aos outros com ferraduras ao rubro e tinham suas fêmeas emcomum. Esse era o resultado do desrespeito às leis da Natureza,diziam.

Entretanto, ninguém acreditou nessas histórias. Continuavam acircular boatos fantásticos sobre um sítio maravilhoso, de ondehaviam sido expulsos os seres humanos e onde os bichos tomavamconta dos próprios negócios. E durante todo aquele ano uma ondade revolta Dercorreu a região. Sobretudo, a melodia e mesmo aletra de "Bichos da Inglaterra" espalhavam-se com espantosa ra-pidez. Os humanos não podiam conter a raiva ao ouvirem essacanção, embora insistissem em dizer que era simplesmente ridícula.O bicho que fosse apanhado a cantá-la seria chicoteado. Aindaassim, a canção era irreprimível.

No início de outubro, quando o trigo já fora colhido, amon-toado, e em parte até debulhado, uma revoada de pombos chegouem turbilhão e pousou no pátio da Granja dos Bichos, presa degrande excitação: Jones e todo seu pessoal, mais meia dúzia deoutros homens de Foxwood e Pinchfield, haviam penetrado pelaporteira e vinham subindo rumo à fazenda. Todos armados debastões, exceto Jones, que marchava à frente com uma espingardana mão. Era, evidentemente, uma tentativa de recuperar a granja.

Há muito que isso era esperado e os preparativos estavam feitos.Bola-de-Neve, que estudara um velho livro sobre as campanhas

224

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

de Júlio César, estava encarregado das operações defensivas. Rà-

pidamente, deu suas ordens e logo cada animal estava em seu

pôsto.

Quando os homens chegaram perto das casas, Bola-de-Neve

lançou o primeiro ataque. Uma esquadrilha de pombos voou por

cima dos homens e defecou no ar sôbre êles; enquanto os homens

se atrapalhavam com isso, os gansos avançaram, bicando-lhes as

pernas enèrgicamente. Mas isso era apenas uma pequena manobra

tática. Então, Bola-de-Neve lançou sua segunda lir.ha de ataque.

Maricota, Benjamim e as ovelhas, com Bola-de-Neve à frente, arre-

meteram chifrando, mordendo e escoiceando por todos os lados.

Os homens, porém, com os bastões e as grossas botinas, foram

mais fortes; e de repente, a um guincho especial de Bola-de-Neve,

todos os bichos bateram em retirada e fugiram, através do portão,

para dentro do pátio.

Os homens soltaram um brado de triunfo. Viram, tal como ha-

viam imaginado, seus inimigos em fuga, e se lançaram no encalço

desordenadamente. Era justamente o que Bola-de-Neve desejava.

Tão logo êles entraram no pátio, os três cavalos, as três vacas e o

restante dos porcos, que estavam emboscados atrás do estábulo,

apareceram inesperadamente à retaguarda, cortando a saída. Bola-

de-Neve deu o sinal de carga. Êle próprio correu na direção de

Jones. Vendo-o, Jones levantou a arma e atirou. Os projéteis abri-

ram riscos sangrentos no dorso de Bola-de-Neve e uma ovelha

caiu morta. Sem titubear um só instante, Bola-de-Neve lançou os

seus cem quilos contra as pernas de Jones. O homem foi jogado

sôbre um monte de estéreo e a arma voou-lhe das mãos. O espe-

táculo mais terrível, porém, era Sansão, empinado feito um ga-

ranhão e batendo duro com seus cascos forrados. Logo ao primeiro

golpe, atingiu o crânio de um cavalariço de Foxwood, prostrando-o

inerte. Isso fêz com que vários homens largassem os bastões e

tentassem correr. Foram chifrados, batidos, mordidos e atropelados.

Não houve bicho da granja que não tirasse desforra, cada um à

sua moda. Em dado momento, desimpedida a saída, os homens

conseguiram fugir do pátio e correram desabaladamente rumo à

estrada principal. E assim, após uma invasão que parecia fulmi-

nante, retiravam-se pelo mesmo caminho da vinda, com uma mui-

tidão de gansos no seu encalço, bicando-lhes as pernas sem piedade.

Todos os homens haviam partido, menos um. No pátio, Sansão

empurrava com a pata o cavalariço que jazia de bruços na lama,

tentando virá-lo. Mas o rapaz não se movia.

Está morto — disse Sansão penalizado. — Esqueci que es-

tava usando ferraduras. Quem acreditará que não fiz isso de

propósito?

Nada de sentimentalismos, camaradas! —

gritou Bola-de-

Neve, de cujos ferimentos o sangue jorrava. — Guerra é guerra!

Um homem bom é um homem morto!

Os bichos, então, tornaram a reunir-se, tomados da maior exci-

tação, cada qual narrando suas façanhas com a voz mais alta que

conseguia. Uma improvisada cerimônia realizou-se imediatamente.

A bandeira foi hasteada e cantaram "Bichos

da Inglaterra" muitas

vêzes. Depois, a ovelha morta recebeu funerais solenes. Ao pé da

cova, Bola-de-Neve fêz um pequeno discurso, ressaltando o dever

de todos os animais estarem prontos a morrer pela Granja dos

Bichos, se necessário.

Os animais decidiram, por unanimidade, criar uma condecoração

militar, a "Herói

Animal, Primeira Classe', que foi conferida ali

mesmo a Bola-de-Neve e a Sansão. Criaram também a "Herói

Animal, Segunda Classe", conferida pòstumamente à ovelha morta.

Após muita discussão, a refrega foi batizada de Batalha do

Estábulo. A espingarda de Jones foi encontrada na lama e ficou

decidido que a colocariam ao pé do mastro, como sp fôsse uma

peça de artilharia, e dariam uma salva duas vêzes ao ano — uma

no dia 12 de outubro, aniversário da Batalha do Estábulo, e

outra no dia 24 de junho, aniversário da Revolução.

Em

janeiro, o tempo piorou terrivelmente e era impossível

o trabalho no campo. Fôra acertado que os porcos,

sendo manifestamente mais inteligentes do que os outros

animais, decidiriam a política agrícola da granja, embora

suas decisões devessem ser ratificadas pelo voto da maio-

ria. Essa combinação teria funcionado muito bem, não fossem as

disputas entre Bola-de-Neve e Napoleão. Cada um tinha seus segui-

dores e havia debates violentos. Nas reuniões, Bola-de-Neve fre-

qüentemente obtinha a maioria, por seus discursos brilhantes,

porém Napoleão era o melhor nas manobras de bastidor, especial-

mente com as ovelhas. Notou-se que elas mostravam especial

preferência em atacar o "Quatro

pernas bom, duas pernas ruim",

justamente quando Bola-de-Neve chegava a um momento crucial

em seus discursos. Bola-de-Neve encontrara alguns números atra-

sados da revista O Agricultor e o Criador de Gado e andava com

a cabeça cheia de planos. Falava com grande conhecimento sôbre

drenagens, ensilagem, e havia elaborado um complexo esquema

segundo o qual os bichos evacuariam diretamente no campo, em

lugares diferentes cada dia, para economizar o trabalho do trans-

porte de estéreo. Napoleão não criava projetos próprios, mas dizia

com tôda calma que os de Bola-de-Neve não dariam em nada, e

parecia aguardar sua oportunidade. De tôdas as divergências,

porém, nenhuma foi tão séria como a do moinho de vento.

Não muito longe das casas havia uma colina onde, depois de

realizar uma pesquisa no solo, Bola-de-Neve declarou ser o local

ideal para a construção de um moinho de vento que poderia

acionar um dínamo e eletrificar tôda a granja. As baias teriam luz

elétrica e aquecimento no inverno, haveria fôrça para uma serra

circular, para moagem de cereais, para um sistema de ordenha

elétrica. Os animais escutaram boquiabertos Bola-de-Neve fazer

desfilar, ante sua imaginação, as figuras dos aparelhos mais espe-

taculares, máquinas que fariam todo o serviço em seu lugar,

enquanto êles iriam aproveitar a folga pastando ou cultivando

o espírito.

Em poucas semanas, os planos de Bola-de-Neve para o moinho

de vento estavam prontos. Os detalhes mecânicos foram retirados

principalmente de três livros que haviam pertencido ao Sr. Jones.

Bola-de-Neve utilizou como estúdio um galpão, cujo piso era de

madeira lisa, própria para desenhar. Lá permanecia horas a fio.

Gradualmente, os planos se transformaram numa complicada

massa de manivelas e engrenagens, que cobria quase metade do

assoalho e que os outros animais achavam completamente inin-

teligível, mas impressionante. Apenas Napoleão permaneceu desin-

teressado. Havia-se declarado contra o moinho de vento desde o

início. Um dia, entretanto, chegou inesperadamente para examinar

os planos. Caminhou pesadamente em volta do galpão, viu detida-

mente cada detalhe do projeto, farejou-o uma ou duas vêzes.

depois deteve-se a contemplá-lo pelos cantos dos olhos por alguns

instantes; então, inesperadamente, levantou a pata, urinou sôbre

os planos e caminhou para fora sem proferir palavra.

GEORGE ORWELL

A granja estava profundamente dividida com respeito ao moi-

nho de vento. Bola-de Neve não negava que sua construção resul-

taria em uma emprêsa difícil. Más afirmava que tudo poderia ser

feito dentro de um ano. Depois disso — dizia —, os bichos econo-

mizariam tanta energia, que seriam necessários apenas três dias de

trabalho por semana. Napoleão, por outro lado, argumentava que

a grande necessidade do momento era aumentar a produção de

alimentos e que morreriam de fome se perdessem tempo com

moinhos de vento. Os animais dividiram-se em duas facções que

se alinhavam sob os slogans: "Vote

em Bola-de-Neve e por três

dias de trabalho leve" e "Vote

em Napoleão e pelo aumento da

ração".

Além da disputa sôbre o moinho de vento, havia o problema da

defesa da granja. Bem sabiam que poderia haver outra tentativa,

mais reforçada, para retomar a granja e restaurar Jones. Isso era

fatal, pois a notícia da batalha do curral se espalhara pela região e

tornara os animais das granjas vizinhas mais rebeldes do que nunca.

Como sempre, Bola-de-Neve e Napoleão não estavam de acordo.

Segundo Napoleão, o que os animais deveriam fazer era conseguir

armas de fogo e instruir-se no seu emprêgo. Bola-de-Neve achava

que deveriam enviar mais e mais pombos e provocar a rebelião

entre os bichos das outras granjas. O primeiro argumentava que.

se não fossem capazes de se defender, estavam destinados à sub-

missão; o outro alegava que, fomentando revoluções em tôda parte,

não teriam necessidade de se defender. Os animais ouviam Na-

poleão, depois Bola-de-Neve, e não chegavam a uma conclusão.

Por fim, os planos de Bola-de-Neve ficaram prontos. Na reunião

do domingo seguinte deveria ser posta em votação a questão do

moinho de vento. No grande celeiro, Bola-de-Neve levantou-se e,

embora fôsse interrompido de vez em quando pelo balido das

ovelhas, expôs suas razões em favor da construção do moinho.

Depois, levantou-se Napoleão para rebater. Disse calmamente que

o moinho de vento era uma tolice, que não aconselhava ninguém

a votar a favor daquilo. Sentou-se de nôvo; falara durante trinta

segundos, se tanto, e parecia indiferente ao resultado. Ante isso,

Bola-de-Neve pôs-se de pé outra vez, calou a gritos as ovelhas que

começaram a balir de nôvo, e irrompeu num candente apêlo em

favor do moinho de vento. Até então, os bichos estavam divididos

em suas simpatias, mas num instante a eloqüência de Bola-de-Neve

arrastou a todos. Quando parou de falar, não havia dúvidas quanto

ao resultado da votação. Porém, exatamente nesse momento.

Napoleão levantou-se e, dando uma olhadela de viés para Bola-

de-Neve, soltou um guincho estridente que ninguém ouvira antes.

Ouviu-se um terrível alarido lá fora e nove cães enormes, usando

coleiras, entraram latindo no celeiro. Atiraram-se sôbre Bola-de-

Neve, que saltou do lugar onde estava apenas em tempo de esca-

par àquelas prêsas. Num segundo, saiu porta afora com os cães

em seu encalço. Bola-de-Neve corria pelo campo em direção à

estrada, como só um porco sabe correr, mas os cachorros se aproxi-

mavam. De repente, caiu e pareceu que o apanhariam, e um dêles

quase fechou as mandíbulas no rabicho de Bola-de-Neve, que o

recolheu bem na hora. Então, fêz um esforço extremo e, ganhando

algumas polegadas, enfiou-se por um vão da sebe e sumiu.

Logo, os cachorros voltaram latindo. A princípio, ninguém pôde

imaginar de onde tinham vindo aquelas criaturas mas o mistério

logo se aclarou: eram os cachorrinhos que Napoleão havia tomado

às mães e criado secretamente. Agora, eram uns cães enormes e

malencarados como lôbos. Permaneceram junto a Napoleão, e

notou-se que sacudiam a cauda para êle da mesma maneira como

os outros cachorros costumavam fazer para Jones.

Napoleão subiu para o estrado, de onde o Major fizera seu

discurso. Anunciou que daquele momento em diante terminariam

as reuniões dos domingos de manhã. Eram desnecessárias perdas de

tempo. Para o futuro, todos os problemas da granja seriam resol-

vidos por uma comissão de porcos, presidida por êle que depois

comunicaria suas decisões aos demais. Os animais continuariam a

reunir-se aos domingos para saudar a bandeira, cantar "Bichos

da

Inglaterra" e receber as ordens da semana; não haveria debates.

, Alguns porcos, porém, tinham maior flexibilidade de raciocínio.

Quatro porquinhos castrados soltaram altos guinchos de protesto.

Mas os cachorros, junto de Napoleão, soltaram um rosnado fundo

e ameaçador, e os porcos se calaram. Aí, estrondaram as ovelhas

um formidável balido de "Quatro

pernas bom, duas pernas ruim"

que durou cêrca de um quarto de hora. acabando com qualquer

hipótese de discussão.

Mais tarde. Garganta foi mandado percorrer a granja, para

explicar a nova situação.

— Camaradas — disse — tenho certeza de que cada animal

compreende o sacrifício que o Camarada Napoleão faz ao tomar

sôbre seus ombros mais êsse trabalho. Não penseis, camaradas, que

a liderança seja um prazer. Ninguém mais que o Camarada

Napoleão crê firmemente que todos os bichos são iguais, e feliz

seria êle se pudesse deixar-vos tomar decisões, mas, às vêzes, po-

deríeis errar. Suponhamos que tivésseis decidido seguir Bola-

de-Neve com suas miragens de moinho de vento —- logo Bola-de-

Neve que, como sabemos, não passava de um criminoso!

Êle lutou bravamente na Batalha do Estábulo — disse alguém.

Bravura não basta — respondeu Garganta. — A lealdade e

a obediência são mais importantes. E, quanto à Batalha do Está-

bulo, acredito, tempo virá em que verificaremos que o papel de

Bola-de-Neve foi um tanto exagerado. Disciplina, camaradas, disci-

plina férrea! Um passo em falso, e o inimigo estará sôbre nós. Por

certo, camaradas, não quereis Jones de volta, hem?

Uma vez mais, êsse argumento era irrespondível e, se os debates

do domingo podiam trazer essa conseqüência, que cessassem os

debates. Sansão, que já tivera tempo de pensar, expressou o senti-

mento geral:

4 Se é o que diz o Camarada Napoleão, deve estar

certo". E daí por diante adotou a máxima "Napoleão

tem sempre

razão", acrescentando-a ao seu lema particular

"Trabalharei mais

ainda".

Já com o tempo melhor, iniciou-se a arada da primavera. Todos

os domingos, os animais reuniam-se no grande celeiro, para receber

as ordens da semana. A caveira do velho Major fôra desenterrada

e colocada ao pé do mastro, junto à espingarda. Após o hastea-

mento da bandeira, os animais deviam desfilar reverentemente

perante a caveira, antes de entrar no celeiro. Napoleão, com Gar-

ganta e outro porco chamado Mínimo, notável para compor can-

ções e poemas, ocupavam a plataforma, com os nove cachorros

rodeando-os. Napoleão lia as ordens da semana num áspero estilo

militar e, após cantarem uma única vez "Bichos

da Inglaterra",

os animais se dispersavam.

No terceiro domingo após a expulsão de Bola-de-Neve, os bichos

ficaram um tanto surpresos ao ouvirem Napoleão anunciar que o

moinho de vento seria, afinal de contas, construído. Não deu

qualquer explicação sôbre o motivo que o fizera mudar de idéia,

apenas alertando que isso significaria trabalho muito duro; podendo

até ser necessário reduzir as rações. Os planos, entretanto, haviam

sido elaborados até o último detalhe e a construção do moinho

deveria levar dois anos.

Naquela tarde, Garganta explicou aos outros bichos, em parti-

cular, que Napoleão nunca fôrá contra a construção do moinho

de vento. Aliás, a idéia fôra sua desde o início: o plano que Bola-de-

Neve havia desenhado fôra, na realidade, roubado dos arquivos

de Napoleão. Por que, então, perguntou alguém, êle tanto falou

contra o moinho? Aí é que estava a esperteza do Camarada Na-

poleão — replicou Garganta. Ser contra o moinho de vento era

apenas uma manobra para livrar-se da influência perniciosa de

Bola-de-Neve. Agora, o plano podia prosseguir sem distorções. Isso

— disse Garganta — era uma coisa chamada tática. Repetiu inú-

meras vêzes: "Tática,

camaradas, tática!" Os bichos não estavam

muito certos do significado da palavra mas Garganta falava tão

persuasivamente e os três cachorros — que por coincidência esta-

vam com êle — rosnavam tão ameaçadoramente, que aceitaram

a explicação sem mais perguntas.

Por

tôda a primavera e o verão, os bichos enfrentaram

uma semana de sessenta horas de trabalho e, em agôsto,

Napoleão comunicou que trabalhariam também nos do-

mingos à tarde, mas só voluntários. Quem não se ofere-

cesse, apenas teria sua ração diminuída pela metade. Mes-

mo assim, a colheita foi pouco menor, e duas lavouras não foram

plantadas por falta de tempo. Era fácil prever que o inverno seria

bastante duro.

A construção do moinho de vento apresentou dificuldades im-

previstas. Havia na granja uma boa pedreira, porém o problema

que os animais não conseguiram resolver, de início, foi o de

quebrar as pedras do tamanho desejado. Não parecia haver outra

maneira senão com picaretas e alavancas, coisas que nenhum ani-

mal podia usar. Sòmente após semanas de trabalho em vão, foi

que ocorreu a alguém a idéia certa — aproveitar a gravidade. Os

bichos amarravam cordas em tôrno dos blocos enormes que ja-

ziam na base da pedreira e, todos juntos, arrastavam-se com deses-

peradora lentidão até o ponto mais elevado da pedreira, de onde

eram derrubados para se despedaçarem embaixo. O transporte,

depois, era relativamente simples. No fim do verão, já haviam

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

acumulado um bom estoque de pedras e começou a obra sob a

direção dos porcos.

Entretanto, o processo era demorado e laborioso, e nada se teria

feito sem Sansão. Quando a pedra começava a escorregar e os

animais gritavam de desespêro, ao se verem arrastados colina

abaixo, era sempre Sansão que retesava os cabos e continha a

pedra. Vê-lo na faina da subida, palmo a palmo, com a respiração

acelerada, os costados molhados de suor e as pontas dos cascos

cravados no solo, era coisa que enchia a todos de admiração. Seus

dois lemas, 'Trabalharei

mais ainda" e "Napoleão

tem sempre

razão", pareciam-lhe resolver todos os problemas. Pediu a um dos

gaios que o acordasse três quartos de hora mais cedo, pela manhã,

ao invés de meia hora. E, nos momentos de folga, juntava um

monte de pedra britada e puxava-o até o local do moinho de

vento, sem ajuda de ninguém.

Os bichos não passaram muito mal aquêle inverno, apesar da

dureza do trabalho. Se não tinham mais do que no tempo de

Jones, também não tinham menos. A vantagem de só terem a si

próprios para alimentar, sem os cinco parasitas humanos, era tão

grande que compensava bem algumas faltas. E, sob muitos aspec-

tos, havia realmente progresso. Não obstante, à medida que o

verão passava, apareceu alguma escassez, imprevista. Foram-se

esgotando os estoques de produtos que não podiam ser fabricados

na granja. Mais tarde, faltaram também sementes e adubo arti-

ficial, e, naturalmente, a maquinaria para o moinho de vento.

Como obter isso tudo, ninguém conseguia imaginar.

Um domingo de manhã, quando os bichos se reuniram para re-

ceber as ordens, Napoleão anunciou sua nova política. A partir

daquele dia, a Granja dos Bichos passaria a comerciar com as da

vizinhança; naturalmente sem qualquer objetivo de lucro, mas

com o fito único de obter algumas mercadorias urgentemente ne-

cessárias. Acima da ideologia, o moinho de vento, disse. Em con-

seqüência, anunciou a venda de uma grande meda de feno e de

parte da safra de trigo; mais tarde, caso fôsse necessário mais

dinheiro, êste teria de ser obtido com a venda de ovos. As ga-

linhas — disse Napoleão — deveriam agradecer a oportunidade

de oferecer êsse sacrifício, em prol da construção do moinho.

Os animais sentiram novamente uma vaga inquietude. Nunca

realizar quaisquer contatos com sêres humanos, nunca fazer comér-

cio, jamais utilizar dinheiro — não eram estas as primeiras reso-

luções passadas naquela formidável reunião inicial? Todos se

lembravam da aprovação dessas resoluções — ou pelo menos jul-

gavam lembrar-se. Então, Napoleão levantou a pata, ordenando

silêncio, e declarou que não haveria necessidade de qualquer ani-

mal entrar em contato com sêres humanos, coisa que seria da

maior inconveniência. Êle, apenas, enfrentaria a triste tarefa. Um

certo Sr. Whymper, que era procurador em Willingdon, concordara

em atuar como intermediário entre a Granja dos Bichos e o mundo

exterior, e viria à granja tôdas as segundas-feiras pela manhã, a

fim de receber instruções. Napoleão finalizou o discurso com sua

exclamação habitual da "Viva

a Granja dos Bichos! e, apos can-

tarem "Bichos

da Inglaterra" os animais foram dispensados.

Depois, Garganta percorreu a granja para tranqüilizá-los. Asse-

gurou-lhes que uma resolução contra o comércio e o uso de di-

nheiro jamais fôra aprovada; aliás, nem sequer fora apresentada.

Provàvelmente, era apenas outra das mentiras inventadas por Bola-

de-Neve. Alguns bichos ainda permaneciam em duvida, porem Uar-

canta perguntou-lhes astuciosamente:

"Vocês estão certos de que

não sonharam com isso? Existe algum registro dessa resolução.

E, uma vez que realmente não existia registrado nada parecido

com isso, os animais se convenceram de seu engano.

Tôdas as segundas-feiras, o Sr. Whymper visitava a granja, con-

forme o combinado. Os bichos olhavam suas idas e vindas com

um certo receio e evitavam-no tanto quanto possível. Apesar disso,

ver Napoleão, um quadrúpede, dando ordens a Whymper, um ser

de duas patas, era uma visão que em parte os reconciliava com

a nova situação. Os humanos, agora que a Granja dos Bichos

prosperava, odiavam-na mais do que nunca. Não obstante, mesmo

contra vontade, haviam criado um certo respeito pela eficiência

com que os bichos conduziam os seus assuntos. Sintoma disso toi

o fato de começarem a chamar o • sítio definitivamente de Grania

dos Bichos, em vez de Granja db Solar. Mesmo Jones perdera

tôda a esperança de reaver sua granja e fôra viver "outr°1ygar'

Até então, exceto através de Whymper, nenhum contato houvera

entre a Granja dos Bichos e o mundo exterior, mas já circulavam

insistentes boatos de que Napoleão estava por fechar um deasivo

acordo comercial, ora com Pilkington, ora com Frederick, mas

nunca com ambos, simultâneamente.

Foi mais ou menos por essa época que os porcos, de repente.

mudaram-se para a casa-grande. Novamente, os bichos julgaram

lembrar-se de que havia uma resolução contra isso, aprovada nos

primeiro dias, e novamente Garganta conseguia convencê-los do

contrário. Era absolutamente necessário que os porcos — disse êle

— tivessem um lugar calmo onde trabalhar. Além disso, viver

numa casa era mais adequado à dignidade do Líder (nos últimos

tempos, dera para referir-se a Napoleão pelo título de "Líder")

do que viver numa simples pocilga. Mesmo assim, alguns animais

se aborreceram ao ouvir dizer que os porcos não só faziam as

refeições na cozinha e utilizavam a sala como local de recreação,

mas ainda dormiam nas camas. Sansão resolveu o assunto com seu

"Napoleão tem sempre razão", porém Quitéria foi até o fundo do

celeiro e tentou decifrar os Sete Mandamentos que lá estavam

escritos. Sentindo-se incapaz de ler mais do que algumas letras

separadamente, foi chamar Maricota.

Maricota — pediu ela — leia para mim, por favor, o Quarto

Mandamento. Não diz qualquer coisa a respeito de nunca dormir

em camas?

Com alguma dificuldade, Maricota soletrou:

Diz que

"Nenhum animal dormirá em cama com lençóis".

Interessante, Quitéria não se recordava dessa menção a lençóis,

no Quarto Mandamento. Mas, se estava escrito na parede, devia

haver. E Garganta, que por acaso passava nesse momento, com

dois cachorros, colocou todo o assunto na perspectiva adequada.

A lei era contra os lençóis, que são uma invenção humana.

Nós retiramos os lençóis das camas da casa e dormimos entre

cobertores. Vocês não desejariam ver-nos tão cansados que não

pudéssemos cumprir nossa missão, não? Será que alguém quer

Jones de volta?

Os animais tranqüilizaram-no a êsse respeito e não se falou mais

no assunto. E, quando se anunciou, alguns dias depois, que os

porcos passariam a levantar-se, de manhã, uma hora mais tarde

do que os outros bichos, ninguém se queixou disso também.

O outono encontrou os animais cansados, mas felizes. Haviam

tido um ano difícil e os estoques para o inverno não eram lá

muito abundantes, mas o moinho de vento compensava tudo.

Já estava quase pela metade. Após a colheita, houve um período

de bom tempo e os bichos trabalharam mais do que nunca. Nas

horas de folga, os animais passeavam em volta do moinho inaca-

do, maravilhados com o fato de terem sido capazes de construir

algo tão imponente.

Novembro chegou, e foi preciso interromper a construção, pois

o tempo estava úmido demais para a mistura de cimento. Final-

mente, houve uma noite enwjue a tormenta foi tão forte que os

galpões da granja tremeram fl base e várias telhas do celeiro foram

arrancadas. As galinhas acordaram cacarejando aterrorizadas, pois

haviam sonhado, tôdas ao mesmo tempo, com o barulho de um

tiro à distância. Pela manhã deram com o mastro caído no chão.

Mal haviam notado isso, quando soltaram um grito desesperado.

Visão terrível se apresentava aos seus olhos: o moinho de vento

estava em ruínas.

Todos correram para o local. Napoleão, que raras vezes aban-

donava seu passo normal à frente de todos, correu também.^ Sim,

ali estava o moinho, o fruto de todas as suas lutas, reduzido a

um monte de pedras espalhadas pelas redondezas. Impossível falar,

de início; ali ficaram olhando tristemente a desordem das paredes

caídas. Napoleão vagava de um lado para outro, em silêncio, fare-

jando o chão, aqui e ali. Seu rabicho torcia-se e retorcia-se. num

sinal de febril atividade mental. De repente estacou, como se ti-

vesse chegado a uma conclusão.

Camaradas — disse lentamente — sabem quem é o responsa-

vel por isto? Sabem quem foi o inimigo que, na calada da noite,

destruiu nosso moinho de vento? BOLA-DE-NEVE rugiu

violentamente. — Pensando em destruir nossos planos e vingar-se

de sua vergonhosa expulsão, êsse traidor aproveitou-se da escuri-

dão e destruiu nosso trabalho de quase um ano. Camaradas, neste

local e neste momento, pronuncio a sentença de morte para

Bola-de-Neve. Uma "Herói

Animal, Segunda Classe" e meio balde

de maçãs ao animal que lhe fizer justiça. Um balde inteiro a quem

o capturar vivo. ^

Os animais ficaram chocadíssimls ao saberem que alguém, mes-

mo o renegado Bola-de-Neve, fôsâ capaz de uma coisa daquelas.

Subiu ao céu um brado de indignação e cada um pôs-se a pensar

num modo de apanhar Bola-de-Neve, se algum dia ousasse voltar.

Quase ao mesmo tempo, eram descobertas as pegadas de um por-

co perto da colina. Embora marcassem apenas alguns metros, pa-

reciam dirigir-se a um vão da sebe. Napoleão cheirosas profun-

damente e garantiu serem de Bola-de-Neve. Na sua opinião, o

criminoso viera provàvelmente da Granja de Foxwood.

GEORGE ORWELL

Os

bichos sabiam do prazer que teriam os humanos sea construção do moinho não se fizesse a tempo. Porisso, esforçaram-se ao máximo, enfrentando um inverno

pleno de chuvas, nevascas e gelo.Apesar de tudo os humanos recusaram-se a crer que

Bola-de-Neve tivesse destruído a obra: afirmavam que as pa-redes caíram porque eram finas demais. Os animais sabiam nãoser essa a causa. Mas deliberaram desta vez dobrar para 90centímetros a espessura das paredes. Durante longo tempo, a nevetornou impossível fazer qualquer coisa. Algum progresso se con-seguiu depois, no tempo gelado e seco que se seguiu, mas foi umtrabalho cruel, e os animais já não tinham a mesma esperança.Tinham frio e tinham fome.

Em janeiro, a ração de milho foi drasticamente reduzida. Segui-ram-se dias em que os bichos não tiveram senão palha e beterraba

para comer. Era o espectro da fome que surgia.Era imprescindível ocultar esse fato ao restante do mundo. Na-

poleão bem sabia dos maus resultados que poderiam advir, casoa verdadeira situação alimentar da granja fosse conhecida, e resol-veu utilizar o Sr. Whymper para divulgar uma impressão contra-ria. Até então, os animais não tinham tido quase nenhum contatocom Whymper, em suas visitas semanais: agora, entretanto, algunsbichos selecionados, principalmente ovelhas, foram instruídos paracomentarem casualmente, mas de forma bem audível, o fatode terem sido aumentadas as rações. Em complemento, Napo-leão deu ordens para que as tulhas do depósito, que estavam

quase vazias, fossem recheadas de areia até a boca, depois com-

pletadas com cereais e farinha. A um pretexto qualquer, Whymperfoi conduzido através do depósito e pôde dar uma olhadela nastulhas. Foi enganado e continuou a dizer lá fora que, absoluta-mente, não havia falta de alimento na Granja dos Bichos.

Na realidade, porém, no fim de janeiro, tornou-se positiva anecessidade de conseguir mais cereais em algum lugar. Naquelesdias, Napoleão raramente aparecia em público, nem sequer nosdomingos de manhã, preferindo enviar suas ordens por intermédiodo Garganta ou de outro porco.

Uma das mensagens comunicava que Napoleão assinara, porintermédio de Whymper, um contrato de fornecimento de quatro-centos ovos por semana. O preço destes pagaria, em cereais e fa-rinha, o bastante para manter a granja até que chegasse o verãoe as condições do tempo melhorassem.

Ao ouvirem isso, as galinhas responderam com um terrível ca-carejo. Já haviam sido alertadas sôbre essa possibilidade, mas nãopensavam que viesse a tornar-se realidade. Acabavam de se pre-parar para a chocagem da primavera e protestaram, dizendo quelhes tomar os ovos, agora, era um crime. Pela primeira vez, desdea expulsão de Johes, aconteceu algo parecido com uma rebelião.Lideradas por três jovens frangas, as galinhas realizaram umaação visando contrariar os desejos de Napoleão. Seu protesto con-sistia em empoleirar-se nos caibros do telhado e dali pôr os ovos,que viam despedaçar-se no chão. Napoleão agiu rapidamente eimplacavelmente. Cortou a ração das galinhas e estabeleceu a pe-na de morte a todo bicho que fosse apanhado dando a elas qual-quer alimento. Os cachorros fiscalizavam a execução da ordem.As galinhas resistiram por cinco dias, depois capitularam e volta-ram para os ninhos. Nove haviam perecido. Whymper nada ouviusôbre esse caso e os ovos foram entregues pontualmente, todas assemanas. Nessa época, Napoleão andava em termos ligeiramentemelhores com os outros granjeiros. É que havia no pátio várias

pilhas de madeira, feitas dez anos antes, por ocasião da derrubadade um bosque de faias. Como a madeira já estava bem seca.Whymper aconselhara Napoleão a vendê-la, e tanto Pilkingtoncomo Frederick desejavam comprá-la. Napoleão hesitava entre osdois sem decidir-se. Notou-se que, toda vez que parecia ter ehe-

gado a um acordo com Frederick, surgia o boato de que Bola-de-Neve estava escondido em Foxwood, ao passo que, quando seinclinava para Pilkington, Bola-de-Neve deveria estar emPinchfield.

Subitamente, no início da primavera, descobriu-se um fato alar-mante. Bola-de-Neve estava freqüentando a Granja dos Bichossecretamente! Todas as noites, dizia-se, êle se esgueirava nas som-bras e perpetrava um sem-número de maldades. Roubava milho,entornava baldes de leite, quebrava ovos, esmagava os viveiros desementes e roía o córtex das árvores frutíferas. O que aconteciade errado tinha um responsável certo. Uma janela quebrada, umdreno entupido, e alguém com certeza diria que isso era obra deBola-de-Neve. As vacas declararam unanimemente que Bola-de-Neve entrara em suas baias e as havia ordenhado durante o sono.

Os animais andavam aterrorizados. Parecia-lhes que Bola-de-

Neve era uma espécie de entidade invisível, impregnando o ar àsua volta e ameaçando-os com todas as espécies de perigos. Certatarde. Garganta reuniu-os e, com uma expressão alarmada, disse-lhes ter várias notícias para dar.

Camaradas — gritou, fazendo trejeitos nervosos — desço-brimos uma coisa pavorosa. Bola-de-Neve vendeu-se a Frederick,da Granja Pinchfield, que neste mesmo instante está planejandoatacar-nos e tomar nossa granja: Bola-de-Neve será o guia. quandoo ataque começar. Mas isso não é tudo. Nós pensávamos que arebelião de Bola-de-Neve fora causada por sua vaidade e ambição.Sabeis qual foi a verdadeira razão? Bola-de-Neve era aliado deJones desde o início! Foi, o tempo todo, agente de Jones. Tudoisso está comprovado em documentos que deixou e que só agoradescobrimos.

Os bichos ouviam estupefatos. Até Sansão, que raras vezes fi-cava confuso, deitou-se, enfiou as patas dianteiras debaixo do cor-

panzil, fechou os olhos e, com grande esforço, tentou reunir os

pensamentos.Não acredito — disse. Bola-de-Neve lutou bravamente na

Batalha do Estábulo. Isso eu vi com meus próprios olhos. Poisnós até não lhe demos uma

'Herói Animal, Primeira Classe",

logo depois? »Esse foi o nosso erro, camaradas. Pois agora sabemos —

está tudo escrito nos documentos encontrados — que, na realidade,êle tentava conduzir-nos à desgraça.

Mas êle foi ferido — insistiu Sansão. — Todos o vimosensangüentado.

Isso era parte do trato — gritou Garganta. — O tiro deJones pegou apenas de raspão. Eu poderia mostrar isso a vocês,escrito com a letra dele mesmo, se vocês soubessem ler. A com-binação era Bola-de-Neve dar o sinal de retirada no momentocrítico e abandonar o terreno ao inimigo. Lembra-se de que, bemno momento em que Jones e seus homens atingiram o pátio, Bola-de-Neve, de repente, virou-se e fugiu, seguido de muitos animais?E não foi nesse exato momento, quando já nos dominava o pâ-nico e tudo parecia perdido, que o Camarada Napoleão surgiuproferindo o brado de "Morte

à Humanidade!" e cravou os dentesna perna de Jones? Por certo vocês se lembram disso, não é, ca-maradas? — exclamou Garganta, dando pulinhos de um ladopara outro.

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228

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

Bem, agora que Garganta descrevera a cena tão vlvidamente,

parecia não haver mais dúvidas. Sansão, porém, ainda permanecia

um tanto contrafeito!

Não acredito que Bola-de-Neve fôsse um traidor desde o

comêço. O que fêz depois é outra coisa.

Nosso líder, o Camarada Napoleão — disse Garganta, fa-

lando devagar e com firmeza — declarou categoricamente que

Bola-de-Neve era agente de Jones desde o início... sim, desde o

instante mesmo em que imaginamos a Revolução.

Ah, isso é diferente! — replicou Sansão. — Se o Camarada

Napoleão diz, deve ter razão.

Garganta virou-se para ir embora satisfeito, mas ainda acres-

centou, de maneira impressionante:

Alerto a todos os animais desta fazenda para que mantenham

os olhos bem abertos. Temos motivos para pensar que alguns dos

agentes secretos de Bola-de-Neve estão ocultos entre nós neste

memento!

Quatro dias depois, à tardinha, Napoleão mandou que os bichos

se reunissem no pátio. Quando todos haviam comparecido, Na-

poleão emergiu do casarão, com seus nove cachorros fazendo de-

monstrações à sua volta e soltando rosnados que causavam ca-

lafrios nas espinhas de todos.

Napoleão parou e dirigiu um olhar severo à assistência; depois,

deu um guincho estridente. Imediatamente, os cachorros avança-

ram, pegando quatro porcos pelas orelhas e arrastando-os a guin-

char, de dor e terror, até os pés de Napoleão. Para surprêsa de

todos, três cães lançaram-se sôbre Sansão. Êste reagiu com um

pataço que pegou um dos cachorros ainda no ar, jogando-o ao

solo. O cachorro ganiu pedindo compaixão, e os outros fugiram.

Sansão olhou para Napoleão, para saber se devia liquidar o ca-

chorro ou deixá-lo ir. Napoleão pareceu mudar de idéia e rispi-

damente ordenou a Sansão que o soltasse, e êle ergueu a pata.

deixando o cachorro ferido, uivando.

O tumulto amainou. Os quatro porcos esperavam trêmulos, com

a culpa desenhada em cada gesto. Eram os mesmos que haviam

protestado quando Napoleão abolira as reuniões dominicais. Sem

mais demora, confessaram ter realizado contatos secretos com

Bola-de-Neve desde o dia de sua expulsão e haver colaborado com

êle na destruição do moinho de vento: confessaram, ainda, que

também se haviam comprometido com êle a entregar a Granja

dos Bichos a Frederick. Acrescentaram que Bola-de-Neve havia

admitido, na presença deles, ter sido durante muitos anos agente

secreto de Jones. Ao fim da confissão, os cachorros estraçalharam-

lhes a garganta e, com voz terrível, Napoleão perguntou se algum

outro animal tinha qualquer coisa a confessar.

As três galinhas que haviam liderado a tentativa de reação a

respeito dos ovos se aproximaram e declararam que Bola-de-Neve

lhes aparecera em sonho, instigando-as a obedecerem as ordens

de Napoleão. Também foram degoladas. Aí, veio um ganso e con-

fessou ter escondido seis espigas de milho. Uma ovelha confessou

ter urinado no açude — por insistência, disse, de Bola-de-Neve

— e duas outras confessaram ter assassinado um velho bode,

seguidor especialmente devotado de Napoleão. Foram abatidos ali

mesmo. E assim prosseguiu a sessão de confissão e execuções,

até haver um montão de cadáveres aos pés de Napoleão.

Quando tudo acabou, os bichos sobreviventes, com exceção dos

porcos e dos cachorros, retiraram-se furtivamente, trêmulos e

angustiados. Não sabiam o que era mais chocante, se a traição dos

animais que se haviam acumpliciado com Bola-de-Neve, ou se^ a

cruel repressão recém-presenciada. Durante algum tempo, ninguém

falou. Sansão andava, impaciente, de um lado para outro, e profe-

rindo, de vez em quando, um gemido

de estupefação. Finalmente,

disse:

— Não entendo. Nunca pensei que coisas assim pudessem acon-

tecer em nossa granja. Deve ser o resultado de alguma falha nossa.

A solução que vejo é trabalhar mais ainda. Daqui por diante, vou

levantar uma hora mais cedo.

¥ Os bichos se amontoaram em volta de Quitéria, em silêncio. O

outeiro onde estavam dava-lhes uma ampla visão da região. Olhan-

do pela encosta da colina, Quitéria ficou com os olhos cheios

de água. Aquelas cenas de terror e sangue não eram as que previra

naquela noite em que o velho Major, pela primeira vez, os insti-

gara à rebelião. Se ela própria pudesse imaginar o futuro, veria

uma sociedade de animais livres da fome e do chicote, todos iguais,

cada qual trabalhando de acordo com sua capacidade, os mais for-

tes protegendo os mais fracos. Em vez disso — não podia com-

preender por que —, haviam chegado a uma época em que nin-

guém ousava dizer o que pensava, em que os cachorros rosnantes

e malignos perambulavam por tôda parte e a gente era obrigada

a ver camaradas feitos em pedaços após confessarem os crimes

mais horríveis. Não tinha em mente idéias de rebelião ou desobe-

diência. Sabia que, por piores que fossem, as coisas estavam mui-

to melhores do que nos tempos de Jones e que antes de mais

nada era preciso evitar o retorno dos sêres humanos. Acontecesse

o que acontecesse. Por fim, sentindo que assim substituiria as

palavras que não conseguia encontrar, começou a cantar "Bichos

da Inglaterra". Os outros animais, sentados à sua volta, foram

aderindo e cantaram a canção três vêzes — bem na melodia, mas

lenta e tristemente como nunca haviam cantado antes.

Mal haviam terminado de cantar a terceira vez, apareceu Gar-

ganta, seguido de dois cachorros. Anunciou que, por decreto espe-

ciai do Camarada Napoleão, a canção "Bichos

da Inglaterra" tóra

abolida. Daquele momento em diante, era proibido cantá-la.

Por quê?

— exclamou Maricota.

Não há necessidade, camaradas — respondeu Garganta. —

"Bichos da Inglaterra" era a canção da Revolução. Mas a Revo-

lução agora está concluída. A execução dos traidores, hoje à tarde,

foi o ato final. Em "Bichos

da Inglaterra" expressávamos nosso

anseio por uma sociedade melhor, no porvir. Ora, essa sociedade

já foi instituída. Evidentemente, o hino não tem mais valor algum.

Mesmo amedrontados como estavam, alguns animais poderiam

ter protestado, se nesse momento as ovelhas não enveredassem pe-

lo ' Quatro pernas bom, duas pernas ruim", qut durou vários mi-

nutos, pondo fim à discussão.

E, assim, não mais se ouviu "Bichos

da Inglaterra". Em seu

lugar, Mínimo, o poeta, compusera outra canção que começava

dizendo:

Granja dos Bichos,

Granja dos Bichos

Jamais te farão mal!

e isto passou a ser cantado todos os domingos após o hastea-

mento da bandeira. Mas, de certa maneira, nem a letra nem a

música jamais pareceram, aos animais, com as de "Bichos

da In-

glaterra".

Poucos

dias mais tarde, quando já amainara o terror cau-

sado pelas execuções, alguns animais lembraram-se — ou

julgaram lembrar-se — de que o Sexto Mandamento reza-

va: "Nenhum

animal matará outro animal". Quitéria pediu

a Benjamim que lesse o Sexto Mandamento e quando êste,

como sempre, se negou, procurou Maricota. Esta leu-lhe o Sexto

Mandamento: "Nenhum

animal matará outro animal, sem motivo".

De uma ou outra maneira, as duas últimas palavras haviam es-

capado à memória dos bichos. Mas êstes viam agora que o Sexto

Mandamento não fôra violado; sim, pois, evidentemente, havia

boas razões para matar os traidores que se haviam aliado a Bola-

de-Neve.

Durante aquêle ano, os bichos trabalharam ainda mais que no

ano anterior. A reconstrução do moinho de vento, juntamente com

o trabalho normal da granja, era tudo tremendamente laborioso.

Momentos houve em que lhes pareceu que estavam trabalhando

mais do que no tempo de Jones, sem se alimentarem melhor. Nos

domingos de manhã, Garganta, segurando uma comprida fôlha de

papel, lia par^ êles relações de estatísticas comprobatórias de que

a produção de tôdas as classes de gêneros alimentícios aumentara

de 200, 300 ou 500 por cento, conforme o caso. Os bichos não

viam razão para desacreditá-lo, especialmente porque já não con-

seguiam lembrar-se com clareza das exatas condições de antes da

Revolução. Mesmo assim, dias havia em que prefeririam ter me-

nos estatísticas e mais comida.

Tôdas as ordens, agora, eram transmitidas através de Garganta

ou de outro porco. Napoleão não era visto em público mais do

que uma vez cada quinze dias. Anunciou-se também que a espin-

garda seria disparada anualmente na data do aniversário de Na-

poleão, assim como nos outros dois aniversários.

Aliás, já não era "Napoleão"

simplesmente. Referiam-se a êle

de maneira formal, como "nosso

Líder, o Camarada Napoleão",

e os porcos gostavam de inventar para êle títulos tais como Pai

de Todos os Bichos, Terror da Humanidade, Protetor dos Apris-

cos, Amigo dos Pintainhos e assim por diante. Tornara-se usual

atribuir a Napoleão o crédito de todos os êxitos e de todos os

GEORGE ORWELL

golpes de sorte. Ouvia-se, freqüentemente, uma galinha comentar

para outra: "Sob a orientação de nosso Líder, o Camarada Napo-

leão, pus cinco ovos em seis dias"; ou duas vacas, bebendo juntasno açude, exclamarem:

"Graças à liderança do Camarada Napo-

leão, que gosto bom tem esta água!" O sentimento geral da gran-

ja era bem expresso num poema intitulado '

O Camarada Napo-

leão", composto por Mínimo, que era assim:

Protetor da orfandadeFonte da felicidadeSenhor do balde de lavagem! Oh, quanta emoçãoao te ver neste momentonão me contenho e comento:

é como o sol no firmamento.

Camarada Napoleão!

Se um filhote eu já tivesseantes mesmo que pudesseser chamado de leitão

já teria aprendido a ser, eternamente,mais um fiel seguidor, mais um valente.E seu primeiro guincho seria evidente:Camarada Napoleão!

Napoleão aprovou esse poema e mandou escrevê-lo no grandeceleiro, defronte aos Sete Mandamentos. Sobre êle foi colocadoum retrato de Napoleão de perfil.

Enquanto isso, por intermédio de Whymper, Napoleão envolve-ra-se em negociações complicadíssimas com Frederick e Pilking-ton. As pilhas de madeira ainda não estavam vendidas. Dentre osdois, Frederick era o mais interessado e, ao mesmo tempo, cir-culavam renovados boatos de que êle e seus homens estavam pia-nejando atacar a granja e destruir o moinho de vento, por merociúme. Sabia-se que Bola-de-Neve ainda estava oculto na GranjaPinchfield. Quatro cachorros passaram a montar guarda junto àcama do Líder, durante a noite, e um porquinho, de nome Rosito,recebeu a tarefa de provar a comida, para evitar que êle fosseenvenenado.

Breve, foi anunciado que Napoleão acertara vender as pilhasde madeira ao Sr. Pilkington; ia assinar também um acordo regu-lar de comércio entre a Granja dos Bichos e Foxwood. As relaçõesentre Napoleão e Pilkington, embora mantidas apenas por inter-médio de Whymper, eram agora quase amistosas. Os bichos nãoconfiavam em Pilkington, ser humano que era, mas preferiam-noa Frederick, a quem tanto temiam quanto odiavam. Com o pas-sar do verão e estando o moinho de vento perto da conclusão, osboatos de um iminente e traiçoeiro ataque tornavam-se cada vezmais fortes. Frederick — dizia-se — tencionava trazer contra elesvinte homens armados de espingardas e já subornara os magistra-dos e a polícia, de forma que, se conseguissem colocar a mão nasescrituras de propriedade da Granja dos Bichos, não surgisse pro-blema algum. Além disso filtravam-se de Pinchfield terríveis his-tórias a respeito das barbaridades a que Frederick submetia seusanimais. O sangue dos bichos fervia de ódio quando ouviam con-tar o que se fazia contra seus camaradas e, às vezes, alguns pe-diam que lhes fosse permitido sair para atacar Pinchfield, expul-sar os humanos e libertar os bichos. Porém, Garganta aconselha-va-os a evitar essas atitudes violentas e a confiar na estratégia doCamarada Napoleão. Entrementes, crescia o ódio contra Frede-rick. O própiio Napoleão declarara que jamais, em tempo algum,admitiria vender a madeira a este inimigo traiçoeiro da espécie ani-mal. Os pombos que faziam a propaganda da Revolução receberamordens de modificar o slogan "Morte

à Humanidade" para "Morte

a Frederick". Êle era o inimigo público número dois. O númeroum continuava sendo Bola-de-Neve, naturalmente. Deste, cada veztinham-se notícias de novas sabotagens. Os animais ficaram sabendo

que, absolutamente, jamais Bola-de-Neve recebera a comenda de"Herói

Animal, Primeira Classe". Tratava-se de uma lenda criadapelo próprio Bola-de-Neve, que procurava ocultar o fato de tersido — isto sim — duramente censurado após a Batalha do Es-tabulo. Os animais que manifestavam uma certa perplexidade eramconvencidos de sua falta de memória pelos discursos de Garganta,

No outono, após um tremendo e exaustivo esforço — pois acolheita se fizera ao mesmo tempo —, o moinho de vento estavaconcluído. Restava ainda instalar a maquinaria e Whymper an-dava tratando das compras, mas a estrutura já estava pronta. Con-tra todas as dificuldades, a despeito da inexperiência, dos imple-mentos primitivos, da falta de sorte e da perfídia de Bola-de-Neve,a obra estava concluída no exato dia marcado! Além disso, as

paredes tinham agora o dobro da espessura. Exceto explosivos, na-

da poderia colocá-las abaixo. E, quando os animais pensavam nas

modificações que suas vidas sofreriam quando as pás estivessem

girando e os dínamos em ação, ao pensarem em tudo isso, o can-

saco os abandonava e davam gritos de alegria. Napoleão, em pes-

soa, congratulou-se com os animais pelo feito e anunciou que o

moinho se chamaria Moinho Napoleão.

Dois dias mais tarde, os animais foram convidados para uma

reunião especial no celeiro. Napoleão comunicava ter vendido a

madeira a Frederick. No dia seguinte, os caminhões chegariam

para o carregamento. Durante todo o período de aparente amiza-

de com Pilkington, Napoleão na realidade negociara um acordo

secreto com Frederick.Todas as relações com Foxwood foram cortadas e enviadas a

Pilkington mensagens insultuosas. Os pombos receberam ordens

de não pousar mais na Granja Pinchfield e mudar o slogan de"Morte a Frederick" para

'Morte a Pilkington". Ao mesmo tem-

po, Napoleão assegurou a todos que os boatos a respeito da cruel-

dade de Frederick para com os animais eram muito exagerados.

Todos esses boatos eram, provavelmente, coisa de Bola-de-Neve e

seus agentes. Parecia que Bola-de-Neve vivia — e cercado de mui-

to luxo — em Foxwood, sendo, além do mais, pensionista de Pil-

kington há muitos anos.

Os porcos estavam quase em êxtase com a esperteza de Napo-

leão. Fingindo ser amigo de Pilkington, obrigara Frederick a au-

mentar seu preço em 12 libras. Porém, a qualidade superior da

mente de Napoleão — dizia Garganta — estava no fato de não

confiar em ninguém, nem mesmo em Frederick, Este quisera pa-

gar a madeira com uma coisa chamada cheque, que era, ao que

diziam, um pedaço de papel com uma promessa de pagamento es-

crita. Mas Napoleão exigiu o pagamento em notas autênticas de

5 libras, que deveriam ser entregues antes da retirada da madeira.

Frederick já pagara; e a soma era suficiente para comprar a ma-

quinaria do moinho de vento.

Três dias mais tarde, houve um deus-nos-acuda. Whymper, bran-

co como cera, chegou afobado em sua bicicleta, deixou-a caída

no pátio e correu para dentro da casa. Daí a momentos, ouviu-se

um pavoroso rugido de raiva vindo do apartamento de Napoleão.

A notícia espalhou-se pela granja com a rapidez de um raio: as

notas eram falsas! Frederick levara a madeira de graça!

Napoleão imediatamente chamou os animais e com um vozei-

rão de arrepiar proclamou a sentença de morte contra Frederick.

Ao ser capturado, seria queimado vivo. Ao mesmo tempo, avisou

que deveriam esperar pelo pior. Frederick e seus homens poderiam

desencadear a qualquer momento o tão falado ataque. Foram colo-

cadas sentinelas em todos os caminhos que conduziam à granja.

Além disso, quatro pombos manefedos a Foxwood com uma men-

sagem conciliadora que levava as esperanças de restabelecer as

boas relações com Pilkington.

Logo na manhã seguinte sobreveio o ataque. Os animais esta-

vam no desjejum quando as sentinelas chegaram correndo com a

notícia de que Frederick e seus seguidores já haviam atravessado

a porteira. Corajosamente, os bichos saíram ao seu encontro. Eram

quinze homens, com meia dúzia de espingardas, e abriram fogo

tão logo chegaram a 50 metros. Os animais não puderam fazer

frente à saraivada de balas e, a despeito dos esforços de Napoleão

e -.ansão para fazê-los voltar à luta, retrocederam. Muitos já

estavam feridos. Refugiaram-se no casario da granja e ficaram

olhando prudentemente pelos buracos. Toda a pastagem, inclu-

sive o moinho de vento, caíra nas mãos do inimigo. Olhares

ansiosos eram lançados na direção de Foxwood. Se Pilkington

e seus homens os ajudassem, ainda poderiam ganhar a parada.Porém, nesse momento, voltaram os quatro pombos enviados no

dia anterior, um deles trazendo um pedaço de papel da partede Pilkington, apenas duas palavras:

"Bem feito".

Enquanto isso, Frederick e seus homens haviam parado juntoao moinho. Logo, os animais viram surgir um pé-de-cabra e

um malho. Correu um murmúrio de aflição. Iam botar abaixo

o moinho de vento.Impossível — exclamou Napoleão. — As paredes são gros-

sas demais para isso. Nem em uma semana conseguirão. Cora-

gem, camaradas!Benjamim, porém, observava atentamente a atividade dos ho-

mens. Lentamente, com um ar de quem se diverte, meneou o fo-

cinho.Exatamente o que eu supunha — disse êle. — Vocês não

vêem o que eles estão fazendo? Daqui a pouco, vão colocar ex-

plosivos naquele buraco.Aterrorizados, os bichos esperaram. Daí a pouco os homens

230

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

saíram correndo em todas as direções. Ouviu-se, logo após, umestrondo ensurdecedor, e os animais todos, exceto Napoleão, jo-garam-r.e ao chão. Quando se levantaram outra vez, viram ape-nas uma gigantesca nuvem preta que, aos poucos, a brisa dissol-veu. O moinho de vento havia desaparecido!

Aquilo devolveu a coragem aos animais. Sem esperar ordensreuniram-se e, como um só corpo, lançaram-se contra o inimigo.Foi uma batalha horrível, selvagem. Os homens atiraram váriasvezes e, quando os animais os alcançaram, foi aquela pancadaria.Houve quatro animais mortos e quase todo mundo ficou ferido.

Até Napoleão. que dirigia operações da retaguarda, teve a pontado rabicho arranhada por um balim. Mas aos homens não tocoumelhor sorte. Três tiveram as cabeças quebradas pelos golpes de

Sansão; outro, a barriga furada pelo chifre de uma vaca; outro

viu suas calças quase arrancadas por Lulu e Ferrabrás. E, quandoos nove cachorros da guarda pessoal de Napoleão apareceram dc

repente, por trás, latindo, furiosamente, o pânico os dominou. Oshumanos perceberam o perigo de serem cercados. Frederick gri-tou a seus homens que se retirassem enquanto havia passagem.Mas os animais perseguiram-nos até o fundo do campo, aplican-

do-lhes ainda os últimos golpes ao atravessarem a sebe. Lenta-

mente, os animais começaram a voltar para a granja. A vista dos

camaradas mortos, estirados sobre a relva, comoveu alguns até

às lágrimas. E por alguns minutos se detiveram, num triste silên-

cio, no local onde existira o moinho. Sim, êle sumira; fôra-se qua-se todo o seu trabalho, até os alicerces. A força da explosão ar-

remessara as pedras a centenas de metros. Era como se o moinho

jamais houvesse existido.-Ao se aproximarem do sítio, Garganta veio-lhes ao encontro,

sacudindo o rabicho e guinchando de satisfação. E os animais ou-

viram, da direção da granja, o troar solene da espingarda.A troco do que está atirando aquela arma? — perguntou

Sansão.Para celebrar nossa vitória! — exclamou Garganta.Vitória? Que vitória? — gritou Sansão. Tinha os joelhos

sangrando, perdera uma ferradura, rachara o casco e uma dúzia

de chumbinhos haviam-se alojado em sua pata traseira.Você pergunta que vitória, camarada? Mas então não expul-

samos o inimigo do solo sagrado da Granja dos Bichos?Mas eles destruíram o moinho de vento. Nosso trabalho de

dois anos!Que importa? Construiremos outro moinho de vento. Cons-

truiremos meia dúzia de moinhos de vento, se quisermos. E agora

— graças à liderança do Camarada Napoleão — nós ganhamos

este solo centímetro por centímetro!Quer dizer, ganhamos o que já era nosso — retrucou

Sansão.Essa foi a nossa vitória — insistiu Garganta.

Quando os bichos viram tremular a bandeira verde, ouviram

a arma atirar novamente — sete tiros ao todo — e o discurso que

Napoleão fêz, congratulando-se com a atuação deles, pareceu-lhes

que, afinal de contas, haviam obtido realmente uma grande vitória.

Os animais caídos na batalha tiveram funerais solenes. Procla-

mou-se que a batalha se chamaria Batalha do Moinho de Vento

e que Napoleão havia criado nova comenda, a "Ordem da Bandeira

Verde", que conferira a si próprio. Em meio ao regozijo geral, o

assunto das notas de dinheiro foi esquecido.

Foi alguns dias depois que os porcos encontraram, na adega da

casa-grande, uma caixa de uísque. Passara despercebida na época

da ocupação. Naquela noite, chegou da casa o som de uma can-

toria em que, para surpresa de todos, se ouviram trechos de "Bichos

da Inglaterra". Mais ou menos às 9 e meia da noite, Napoleão.

usando um velho chapéu-côco de Jones, foi visto claramente emer-

gir da porta traseira, dar um rápido galope em volta do pátio e

sumir pela porta outra vez. Na manhã seguinte, um silencio pro-

fundo tomara conta da casa. Ao que parecia, nenhum porco estava

de pé. Eram quase 9 horas quando apareceu Garganta, vacilante

e deprimido, com os olhos embaçados, o rabicho mole. Chamou

todo mundo e disse que tinha péssimas notícias para dar. O Cama-

rada Napoleão estava moribundo! ______«_ __,Ouviu-se um grito de lamento. Correu o boato de que Bo*a-^"

Neve afinal conseguira envenenar a comida de Napoleão. As 11,

Garganta saiu de novo para fazer outra proclamação. Como ultimo

ato sobre a terra, o Camarada Napoleão expedira o seguinte

decreto: a ingestão de álcool seria punida com a morte.

Já à noite, Napoleão parecia um pouco melhor e, na manha

seguinte, Garganta pôde anunciar sua franca recuperação. Já a

tarde, Napoleão voltou à atividade e no dia seguinte soube-se que

dera instrução a Whymper para comprar, em Willingdon. alguns

folhetos sobre fermentação e destilação. Uma semana depois.

Napoleão deu ordem que fosse arado o pequeno potreiro atrás do

pomar, anteriormente destinado ao repouso dos animais aposenta-

dos. Logo se soube que Napoleão pretendia semeá-lo com cevada.

Mais ou menos nessa época, aconteceu um incidente que nenhum

dos bichos pôde compreender. Certa noite, à meia-noite mais ou

menos, ouviu-se um ruído de queda no pátio e os animais correram

de suas baias para ver o que sucedera. Onde estavam escritos os

Sete Mandamentos, encontraram uma escada quebrada em dois

pedaços. Garganta, momentaneamente aturdido, jazia estatelado

junto a ela, tendo ao lado uma lanterna, uma broxa e uma lata

de tinta branca, entornada. Os cachorros fizeram imediatamente

um círculo em torno dele e escoltaram-no de volta à casa-grande.

Os bichos não conseguiram fazer sequer idéia do que significava

aquilo, exceto Benjamim, que torceu o focinho com um ar de

compreensão, mas nada disse.

Alguns dias mais tarde, porém, notou-se que havia outro Man-

damento mal recordado pelos animais. Todos pensavam que o

Quinto Mandamento era ' Nenhum animal beberá álcool", mas

haviam esquecido de duas palavras. Na realidade, o Mandamento

dizia: "Nenhum animal beberá álcool em excesso".

Os

ferimentos de Sansão levaram muito tempo para ci-

catrizar, porém o cavalo recusou-se terminantementea aceitar um só dia de dispensa, e fazia o possível pa-ra que ninguém notasse seu sofrimento. Apenas à noi-te, sozinho com Quitéria, permitia que ela o tratasse

com uma infusão de ervas. Jamais deu ouvidos às recomen-

dações para que não trabalhasse tanto. Os pulmões de um cavalo

não são de ferro — repetia Quitéria. Mas para Sansão só havia

um desejo: ver o moinho concluído antes de se aposentar.

De início, quando as leis da Granja dos Bichos foram elabo-

radas, fixara-se a idade de aposentadoria em doze anos para os

cavalos. Até então, nenhum bicho se aposentara, mas ultimamente

o assunto vinha sendo objeto de freqüentes conversas. Como o

potreiro atrás do pomar fora semeado com cevada, dizia-se agora

que um canto da pastagem grande seria cercado e reservado paraos velhos. O 12.° aniversário de Sansão seria no fim do verão do

ano seguinte.

A vida ia dura. O inverno foi tão frio quanto o anterior, e a

quantidade de alimento ainda menor. Novamente, foram reduzidas

todas as rações, exceto as dos porcos e dos cachorros. Uma igual-

dade por demais rígida em matéria de rações, explicou Garganta,

seria contrária ao espírito do Animalismo. Lendo os dados esta-

tísticos em voz aguda e rápida, provou-lhes, com riqueza de deta-

lhes, que eles recebiam mais do que na época de Jones; os animais

acreditavam em cada palavra. Para falar a verdade, tanto Jones

como tudo quanto êle representava já estavam quase apagados de

suas memórias. Mas, sem dúvida, antigamente fora muito pior.Além do mais, naqueles dias eram escravos, ao passo que, agora,

eram livres; e tudo isso, afinal, fazia diferença, conforme Gar-

ganta sempre dizia.

Havia agora muito mais bocas a alimentar. No outono, as quatro

porcas haviam dado cria quase simultaneamente — 31 leitõezinhos

ao todo e, sendo Napoleão o único macho da granja, era fácil

adivinhar sua linhagem. Foi proclamado que, mais tarde, seria

construída uma escola no jardim da casa. Por enquanto, os leitões

seriam instruídos pelo próprio Napoleão e eram aconselhados a

não brincar com os filhotes dos outros animais. Mais ou menos poressa época, estabeleceu-se que, quando um porco e outro animal

se encontrassem numa trilha, o outro animal cederia a passagem

A granja tivera um ano bem sucedido, mas ainda faltava

dinheiro. Fra necessário comprar tijolos, areia e cal para a escola,

e economizar outra vez para a maquinaria do moinho de vento.

Além disso, havia ainda a necessidade de suprir o que não era

produzido na granja. Venderam uma meda de feno e parte da

colheita de batatas, e o contrato de fornecimento de ovos foi au-

mentado para seiscentos por semana. As rações, já reduzidas em

dezembro, sofreram nova redução em fevereiro, e foram proibidosos lampiões nos estábulos, a fim de economizar querosene. Os

porcos, entretanto, ganhavam sempre alguns quilinhos.

Uma tarde, em fins de fevereiro, chegou ao pátio, vindo da

cozinha, um cheiro gostoso e suculento, como nunca os animais

haviam sentido antes. Alguém disse que era cheiro de cevada

cozida. Os bichos ficaram a pensar se não seria algum fervido

231

GEORGE ORWELL

para o jantar. Mas não apareceu fervido nenhum, e no domingo

foi comunicado que toda a cevada passaria a ser reservada para os

porcos. O caminho junto ao pomar já fôra semeado e logo soube-se

que cada porco estava recebendo diariamente meia garrafa de cer-

veja, sendo que Napoleáo recebia meio galão.Mas, se havia grandes agruras, a vida agora tinha muito mais

dignidade. Havia mais canções, mais discursos, mais desfiles.

Napoleáo determinara que uma vez por semana houvesse uma

coisa chamada Manifestação Espontânea, cuja finalidade era come-

morar as lutas e triunfos da Granja dos Bichos. À hora marcada,

os animais deviam abandonar o trabalho e desfilar pelo terreno da

granja, em formação militar. Sansão e Quitéria conduziam sempre

a bandeira verde com o desenho do chifre e da ferradura e a

legenda "Viva

o Camarada Napoleão!" A seguir, havia recitação

de poemas compostos em honra de Napoleão, um discurso de Gar-

ganta dando detalhes dos últimos aumentos na produção de gene-ros e, no momento exato, a espingarda dava um tiro! De modo

geral, os bichos gostavam daquelas celebrações. Achavam confor-

tador serem relembrados de que, afinal, não tinham patrões e todo

o trabalho que enfrentavam era em seu próprio benefício. E assim,

à custa das cantorias dos desfiles, das estatísticas de Garganta, do

estrondo da espingarda e do drapejar da bandeira, conseguiam

esquecer que estavam de barriga vazia, pelo menos a maior partedo tempo.

Em abril, a Granja dos Bichos foi proclamada República e

houve necessidade de escolher um Presidente. Apareceu um só

candidato, Napoleão, que foi eleito por unanimidade. No mesmo

dia, notificou-se a descoberta de novos documentos, que revelavam

mais detalhes sobre a cumplicidade de Bola-de-Neve com Jones.

Após uma ausência de vários anos, Moisés, o corvo, reapareceu

inesperadamente na granja. Continuava o mesmo, não trabalhava

e contava as histórias de sempre a respeito da Montanha de Açu-

car. Chegava a afirmar haver estado lá, num dos seus vôos mais

altos e ter visto os infindos campos de trevo e os bolos de linhaça

e açúcar crescendo nas sebes. Muitos bichos acreditavam. Suas vidas

atualmente eram de fome e de trabalho, raciocinavam; não era

justo que lhes estivesse reservado um mundo melhor, mais além?

Coisa difícil de determinar era a atitude dos porcos, com relação a

Moisés. Eles afirmavam, peremptòriamente, que as histórias sobre

a Montanha de Açúcar não passavam de pura mentira; no entanto,

deixavam-no permanecer na granja, sem trabalhar, e ainda porcima com direito a um copo de cerveja por dia.

Depois que o casco ficou bom, Sansão trabalhou mais violenta-mente do que nunca. Às vezes, tornava-se difícil agüentar as lon-

gas horas sem comer, mas nunca fraquejou. Apenas sua aparênciaestava um pouco modificada; o pêlo já não era tão brilhante eas ancas pareciam haver murchado.

"Sansão vai recuperar-se quan-do crescer o capim da primavera" — diziam os outros — porém,a primavera chegou e Sansão não mudou de aspecto. Por vezes, narampa da pedreira, tinha-se a impressão de que apenas a vontadeo mantinha de pé. Nesses momentos, seus lábios formavam clara-mente as palavras

"Trabalharei mais ainda"; não emitia qualquer

som.Não se importava com o que sucedesse, desde que pudesse

acumular uma boa quantidade de pedras antes de se aposentar.Certa noite, no verão, correu a súbita notícia de que algo

acontecera a Sansão, que havia saído sozinho rumo à pedreira.Metade dos animais da granja correu para a colina do moinho

de vento. Lá estava Sansão, deitado entre os paus da carroça, como pescoço esticado e sem poder sequer levantar a cabeça. Corria-lhe da boca um filête de sangue. Quitéria ajoelhou-se a seu lado.

— Sansão — chamou ela — você está bem?É o meu pulmão — disse êle, quase sem voz. — Não tem

importância. Vocês terminarão o moinho sem mim. Já deixei bas-tante pedra por aí. De qualquer maneira, só me restava um mêsde atividade. Para falar a verdade, tenho estado à espera destahora. E, como Benjamim também está ficando velho, talvez odeixem aposentar-se para me fazer companhia.

Precisamos de socorro imediatamente — gritou Quitéria. —Alguém vá correndo contar a Garganta o que aconteceu.

Só ficaram Quitéria e Benjamim, que se deitou ao lado de San-são e, sem dizer uma palavra, ficou a espantar-lhe as moscas como rabo comprido. Mais ou menos um quarto de hora depois, Gar-ganta apareceu, cheio de simpatia e preocupação. Disse que oCamarada Napoleão tomara conhecimento, abaladíssimo, do mal

que sucedera a um dos trabalhadores mais leais da granja, e jáestava tratando de enviar Sansão para tratar-se no hospital emWillingdon. Os animais não gostaram da idéia de seu camarada irparar nas mãos dos humanos. Entretanto Garganta os convenceu.

facilmente, de que o veterinário poderia tratar do caso muito me-

lhor do que eles. Meia hora mais tarde, quando Sansão ja se rccu-

perara um pouco, conseguiram pô-lo de pé e êle cambaleou de

volta até a sua baia, onde Quitéria e Benjamim lhe haviam prepa-

rado uma boa cama de palha.Durante os dois dias seguintes, Sansão permaneceu na baia. Os

porcos enviaram uma garrafa de remédio côr-de-rosa, encontrado

no armarinho do banheiro, e Quitéria servia-o a Sansão duas vezes

ao dia. A noite, Quitéria permanecia a seu lado, conversando com

êle, enquanto Benjamim afastava as moscas. Sansão afirmava não

estar triste com o acontecido. Caso se recuperasse bem, poderia

viver mais três anos, e já imaginava os dias tranqüilos que passa-

ria no rincão da pastagem. Pretendia dedicar o resto de sua exis-

tência ao aprendizado das 22 letras restantes do alfabeto.

Contudo, Benjamim e Quitéria só podiam estar a seu lado após

as horas de trabalho, e foi durante o dia que o carroção veio

buscá-lo. Os animais estavam na lavoura e ficaram admirados ao

verem Benjamim a galope, vindo das casas da granja, zurrando

feito louco. Era a primeira vez que alguém o via galopar. "De-

pressa, depressa!" gritou. "Venham depressa! Estão levando o

Sansão!" Sem esperar ordens, os animais largaram o trabalho e

correram de volta para as casas. Realmente, lá estava um carroção

fechado, puxado por dois cavalos, como um letreiro no lado e um

homem de chapéu-côco sentado na boléia. A baia de Sansão estava

vazia.Os bichos se apinharam ao redor do carroção. — Até breve.

Sansão! — gritaram. — Até breve!Idiotas! Idiotas! — exclamou Benjamim corcoveando em

volta deles. — Imbecis! Não vêem o que está escrito ali ao lado?

Isso fêz calar os animais e ouviu-se um psss. Maricota come-

çou a soletrar as palavras, mas Benjamim empurrou-a para um

lado e leu em meio a grande silêncio:"Alfredo Simmonds, Matadouro de Cavalos, Fabricante de

Cola, Willingdon. Peles e Farinha de Ossos. Fornece para Canis".

Será que vocês não percebem? Vão levar Sansão para o carniceiro!

Houve um grito de horror. Nesse momento o homem da boléia

estalou o chicote e os cavalos saíram a trote vivo, abandonando o

pátio. Os bichos correram atrás, gritando com todas as forças.

Quitéria abriu caminho até a frente. O carroção tomou velocidade.

Quitéria tentou fazer com que suas pernas grossas galopassem e

conseguiu um trotezinho. "Sansão",

gritou ela, "Sansão!

Sansão!

Sansão!" Nesse exato momento, apareceu na janelinha de trás da

carroça a cara de Sansão.

Os bichos gritavam a um tempo: "Sai

daí. Sansão, sai daí!"Todavia, o carroção tomava velocidade e começava a distanciar-se.Não podiam saber se Sansão havia entendido. Logo depois, entre-tanto, sua cara desapareceu da janela e ouviu-se o barulho da tre-

menda pancadaria de seus cascos no interior do carroção. Êle

tentava livrar-se de qualquer maneira. Mas, aí, sua força o aban-donara; em poucos instantes, o som das batidas diminuiu, e morreu.

A cara de Sansão não reapareceu mais na janela. Alguém pensouem correr à frente e fechar a porteira das cinco barras, mas eratarde demais. Sansão nunca mais foi visto.

Três dias mais tarde, Garganta comunicou o passamento deSansão no hospital veterinário de Willingdon, a despeito de terrecebido todos os cuidados que um cavalo merece.

— Foi a cena mais comovente de minha vida! — disse Gar-

ganta, erguendo a pata e deixando rolar uma lágrima.

A seguir, os modos de Garganta se transformaram. Após ummomento de silêncio, prosseguiu.

Chegara a seu conhecimento — disse — de que um boato idiota e

perverso circulara por ocasião da baixa de Sansão. Alguns ani-mais haviam notado que na carroça que transportou Sansão estavaescrito

"Matadouro de Cavalos", chegando à conclusão de queSansão estava sendo mandado para o carniceiro. Era quase inacre-ditável que um bicho pudesse ser tão estúpido. A explicação eramuito simples. A carroça pertencera, antes, ao carniceiro, depoisfôra comprada pelo cirurgião veterinário, que ainda não apagarao letreiro. Eis como se dera o engano.

Os bichos ficaram imensamente aliviados e, quando Gargantacontinuou dando detalhes sobre a câmara mortuána de Sansão, oextraordinário cuidado que recebeu e os caríssimos remédios queNapoleão mandara comprar, desapareceram suas últimas dúvidas,e a tristeza pelo camarada morto foi mitigada pela certeza de que.pelo menos, morrera feliz.

O próprio Napoleão apareceu no encontro do domingo seguintee pronunciou singela oração em memória de Sansão. Não fôra pos-sível, explicou, trazer de volta os despojos do lamentado cama-

232

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

rada para o enterro, porém dera ordem para que se confeccionasseuma grande coroa com louros do jardim e a enviara para ser colo-cada no túmulo de Sansão. Napoleão finalizou seu discurso relem-brando as duas máximas prediletas de Sansão. "Trabalharei

maisainda" e

"O Camarada Napoleão tem sempre razão", máximas

— disse — que cada animal deveria adotar para si próprio.No dia marcado para o banquete, chegou de Willingdon a car-

roça de um armazém e desembarcou na casa-grande um engra-dado de madeira. Naquela noite, ouviu-se uma alta cantoria se-

guida de algo que parecia uma discussão violenta e que terminoucerca das 11 horas com uma tremenda barulheira de vidros que-brados. No dia seguinte, ninguém se levantou na casa-grande, até0 meio-dia, e correu uma conversa de que os porcos haviam con-seguido, não se sabia de que maneira, dinheiro para adquirir outracaixa de uísque.

Chegou

um tempo que quase ninguém mais se lembravacomo eram as coisas antes da Revolução. A memóriados animais era curta como suas vidas, e assim foramesquecidos os mortos, inclusive Jones, que faleceranum asilo para alcoólatras, anos atrás. Bola-de-Neve era

um nome familiar apenas a uns poucos mais idosos. Quiteria era

já uma égua corpulenta, velha, atacada de catarata, que há doisanos passara da época da aposentadoria. Aliás, a própria idéia daaposentadoria passara da época. Napoleão tinha agora uns 150 qui-los. Garganta mal conseguia manter os olhos abertos, de tão gordo.Somente o velho Benjamim continuava o mesmo, apenas mais

grisalho e, desde a morte de Sansão, mais rabugento.

Agora, existiam muito mais criaturas na granja. Haviam nas-

cido muitos animais, para os quais a Revolução não passava de

uma obscura tradição transmitida verbalmente, e outros que nemsequer tinham ouvido falar de coisa nenhuma a respeito.

A granja prosperava e estava melhor organizada; fora até

aumentada pela compra de dois tratos de terra ao Sr. Pilkington.

O moinho de vento, afinal, fora concluído com êxito e a granja

possuía uma debulhadeira e um elevador de feno próprios, e várias

construções novas se haviam erguido. Whymper comprara uma

charrete. O moinho de vento, entretanto, não era usado para gerarenergia elétrica mas apenas para moer cereais, coisa que dava

bom dinheiro. Os animais ocupavam-se com a construção de outro

moinho de vento; quando este estivesse concluído, dizia-se, se-

riam instalados os dínamos.

De certa maneira, parecia como se a granja se houvesse tornado

rica sem que nenhum animal tivesse enriquecido — exceto, é claro,

os porcos e os cachorros. Talvez isso acontecesse por haver tantos

porcos e. tantos cachorros. Não que esses animais não trabalhassem

à sua moda. Tentando explicar, Garganta dizia que os porcos des-

pendiam diariamente enormes esforços com coisas misteriosas cha-

madas "arquivos", 'relatórios", "minutas" e

"memorandos". Eram

grandes folhas de papel que precisavam ser miúdamente cobertas

com escritas e, logo depois, queimadas no forno. Tudo da mais

alta importância para o bem-estar da granja — dizia Garganta.

Quanto aos outros, sua vida, ao que sabiam, continuava a

mesma. Geralmente, andavam com frio e dormiam com fome. De

vez em quando, os mais idosos rebuscavam a memória e tentavam

determinar se nos primeiros dias da Revolução as coisas haviam

sido melhores ou piores. Nada havia com que estabelecer compa-

rações: não tinham em que se basear, exceto as estatísticas de

Garganta, que invariavelmente provavam estar tudo cada vez me-

lhor. De qualquer maneira, havia muito pouco tempo para essas

especulações.

Mesmo assim, os bichos nunca perdiam a esperança, nem o sen-

timentO de honra pelo privilégio de serem membros da Grania dos

Bichos, que continuava a ser a única, em todo o condado — em

toda a Inglaterra! —, de propriedade dos animais. E, quando ou-

viam o tiro da espingarda e viam a bandeira drapejando no topo do

mastro, seus corações inchavam de orgulho. Nenhum dos antigos

sonhos fora abandonado. A República dos Bichos, que o velho

Major havia previsto, era coisa em que ainda acreditavam. O dia

havia de chegar. Podia ser mais cedo ou mais tarde, talvez nao

acontecesse durante a vida de qualquer dos animais de então, mas

havia de chegar. Talvez fosse verdade que a vida era difícil, mas.

se tinham fome, não era por alimentarem alguns tirânicos seres

humanos; se trabalhavam arduamente, pelo menos trabalhavam em

seu próprio benefício. Nenhuma criatura dentre eles andava sobre

duas pernas. Nenhuma criatura era "dona"

de outra. Todos os bi-chos eram iguais.

Foi numa noite agradável, quando os bichos haviam terminadoseu trabalho e regressavam à granja, que se ouviu, vindo do pátio,um relinchar horripilante. Era a voz de Quiteria. Ela relinchououtra vez e os bichos dispararam a galope para o pátio. Viram,então, o que ela havia visto.

Um porco caminhava sobre as duas patas traseiras.

Sim, era Garganta. Um tanto desajeitado, devido á falta de prá-tica em manter seu apreciável volume naquela posição, mas em

perfeito equilíbrio, passeava pelo pátio. Momentos depois, saiu

pela porta da casa uma comprida coluna de porcos, todos cami-nhando sobre as patas de trás. Um melhor que os outros, um oudois até meio desequilibrados e dando a impressão de que apre-ciariam o apoio de uma bengala, mas todos fizeram a volta ao

pátio bastante bem. Finalmente, houve um alarido dos cachorros,ouviu-se o cocoricó esgarçado do garnisé e emergiu Napoleão.majestosamente, desempdjado, largando olhares arrogantes paraos lados.

Trazia nas mãos um chicote.

Houve um silêncio mortal. Surpresos, aterrorizados, uns juntoaos outros, os bichos olhavam a fila de porcos marchar lenta-mente em redor do pátio. Pareceu-lhes enxergar o mundo de ca-beca para baixo. Então, veio um momento em que pouco impor-

tava o que sucedesse — iriam lançar uma palavra de protesto.Porém, exatamente nesse instante, como se obedecessem a umsinal combinado, as ovelhas, em uníssono, estrondaram num espe-tacular balido:

Quatro pernas bom. duas pernas melhor! Quatro pernas bom.duas pernas melhor! Quatro pernas bom, duas pernas melhor!

Baliram durante cinco minutos sem cessar. E, quando se cala-ram, fôra-se a oportunidade da palavra de protesto, pois os porcosjá haviam voltado para dentro da casa.

Benjamim sentiu um focinho a esfregar-lhe o ombro. Era Qui-teria. Sem dizer palavra, ela o puxou delicadamente pela crina.levando-o até onde estavam escritos os Sete Mandamentos. Du-

rante um ou dois minutos, ficaram olhando a parede alcatroada

com o grande letreiro branco.Mesmo quando era moça, não conseguia ler o que estava

escrito aí — disse ela finalmente. — Mas parece-me, agora, que

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f^m*a*£*^ V%

233

GEORGE ORWELL

>

a parede está meio diferente. Os Sete Mandamentos são os mesmos

de sempre, Benjamim?

Pela primeira vez, Benjamim consentiu em quebrar sua norma,

e leu para ela o que estava escrito na parede. Nada havia, agora,

senão um único Mandamento:

TODOS OS ANIMAIS SAO IGUAIS, MAS ALGUNS SAO

MAIS IGUAIS DO QUE OS OUTROS.

Depois disso, não foi de estranhar que, no dia seguinte, os por-

cos que supervisionavam o trabalho da granja andassem com chi-

cotes nas patas. Não estranharam quando Napoleão foi visto pas-

sear nos jardins da casa com um cachimbo na bôca — não, nem

quando se apresentou vestindo um casaco negro, calças de caçador

e perneiras de couro, enquanto sua porca favorita surgia com o

vestido de sêda que a Sra. Jones usava aos domingos.

Uma semana mais tarde, após o meio-dia, apareceram numero-

sas charretes subindo rumo à granja. Uma representação de gran-

jeiros vizinhos fôra convidada a realizar uma visita de inspeção.

Toda a granja lhes foi mostrada, e êles expressaram grande admi-

ração por tudo quanto viram, especialmente pelo moinho de vento.

Naquela noite, altas risadas e cantorias chegavam da casa, e os

bichos encheram-se de curiosidade. Que estaria acontecendo lá

dentro, agora que, pela primeira vez, se encontravam em têrmos

de igualdade os animais e os sêres humanos? Pensando todos a

mesma coisa, dirigiram-se furtivamente para o jardim da casa.

No porão, titubearam, um tanto temerosos, mas Quitéria deu o

exemplo e entrou, chegando até a janela da sala de jantar. Lá

dentro, em volta de uma mesa, estavam sentados meia dúzia de

granjeiros e meia dúzia de porcos, dentre os mais eminentes, com

Napoleão à cabeceira. Os porcos pareciam perfeitamente à vontade

em suas cadeiras. O grupo estivera jogando cartas, mas havia inter-

rompido o jôgo, evidentemente para os brindes. O Sr. Pilkington,

de Foxwood, levantara-se com o copo na mão. Convidava os pre-

sentes para um brinde, mas, antes, desejava dizer algumas palavras.

Era motivo de grande satisfação para êle — e tinha certeza

de que falava por todos os demais — sentir que o longo período

de desconfianças e desentendimentos chegara ao fim. Tempo hou-

vera — não que êle ou qualquer dos presentes tivesse pensado

dessa maneira —, mas tempo houvera em que os respeitáveis pro-

prietários da Granja dos Bichos haviam sido olhados, não diria

com hostilidade, mas com uma certa apreensão, por seus vizinhos

111

humanos. Mas todas as dúvidas estavam agora dissipadas. Hoje.

êle e seus companheiros haviam inspecionado a Granja dos Bi-

chos com seus próprios olhos, e o que haviam encontrado? Não

apenas métodos dos mais modernos, mas uma ordem e uma dis-

ciplina que podiam servir de exemplo. Julgava poder afirmar que

os animais inferiores da Granja dos Bichos trabalhavam mais e

recebiam menos comida do que quaisquer outros animais do con-

dado. Para falar a verdade, êle e seus companheiros de visita

haviam visto, naquele dia, muita coisa que pretendiam introduzir

imediatamente em suas próprias granjas.

Finalizaria suas palavras — continuou

— assinalando mais uma

vez os sentimentos de amizade que prevaleciam e deviam prevalecer

entre a Granja dos Bichos e seus vizinhos. As lutas e as dificulda-

des de porcos e homens eram uma só. Pois o trabalho não consti-

tuía o mesmo problema em tôda parte? A esta altura, evidenciou-se

que o Sr. Pilkington pretendia soltar para a platéia algum dito

espirituoso, mas por alguns momentos pareceu por demais do-

minado pelo gôzo da própria piada, para poder dizê-la. Depois

de muita sufocação, conseguiu lançá-la: "Se

os senhores têm que

lutar com os seus animais inferiores, nós temos as nossas classes

inferiores". Êste bon mot causou sensação na mesa e o Sr. Pilking-

ton novamente felicitou o govêmo dos porcos pelas baixas ra-

ções, pelas muitas horas de trabalho e pela ausência geral de tole-

rância que observara na Granja dos Bichos.

— Senhores — concluiu o Sr. Pilkington —,

proponho um brin-

de: "À

prosperidade da Granja dos Bichos!"

Houve uma entusiástica saudação e, depois, muitas palmas.

Quando as felicitações acabaram, Napoleão, que se levantara, disse

que iria também proferir algumas palavras.

Também êle — disse — alegrava-se de que o período de de-

sentendimentos tivesse chegado ao fim. Por longo tempo, houvera

rumôres — inventados, acreditava, por um certo inimigo — de que

havia algo de subversivo e mesmo de revolucionário nos pontos

de vista seus e de seus companheiros. Tinham passado por fo-

mentadores da rebelião entre os animais das granjas vizinhas.

Nada podia estar mais longe da verdade! Seu único desejo, agora

como no passado, era viver em paz e gozando de relações normais

com seus vizinhos.

Certas modificações na rotina da granja haviam sido introdu-

zidas com o fito de promover uma confiança ainda maior. Até

aquêle momento, os bichos haviam conservado o hábito imbecil

de se dirigirem uns aos outros pela alcunha de 'Camarada".

Isso

ia acabar. Existira também o costume insólito, cuja origem era

desconhecida, de marchar aos domingos, desfilando frente a uma

caveira de porco. Isso também ia acabar e, aliás, a caveira já fôra

enterrada. Os visitantes, com certeza, teriam observado no poste

a bandeira verde, onde as antigas figuras do chifre e da ferra-

dura haviam sido suprimidas. Daí por diante, seria uma bandeira

puramente verde.

Tinha apenas um reparo — disse — ao excelente discurso, bem

próprio de um bom vizinho, do Sr. Pilkington. O Sr. Pilkington

referira-se o tempo todo à "Granja

dos Bichos". Naturalmente, não

podia saber — mesmo porque Napoleão o estava anunciando, na-

quele instante — que a denominação

"Granja dos Bichos" fôra

abolida. A partir daquele instante, voltaria o seu nome correto e

original, "Granja

do Solar".

— Senhores — concluiu Napoleão —, levantarei o mesmo brinde

mas sob forma diferente. "À

prosperidade da Granja do Solar!''

Houve as mesmas calorosas felicitações de antes e os copos fo-

ram esvaziados. Mas, aos olhos dos bichos que lá fora espiavam,

pareceu que algo de estranho estava acontecendo. Que diabo teria

alterado a cara dos porcos? Os olhos embaçados de Quitéria

iam de uma cara para outra, mas alguma coisa parecia misturá-las

e modificá-las. Então, findos os aplausos, o grupo pegou novamente

nas cartas reencetando o jôgo interrompido, e os animais afasta-

ram-se silenciosamente.

Não haviam, porém, chegado sequer a dez passos quando se

detiveram, ante o vozerio alto que vinha lá de dentro. Voltaram

correndo e tornaram a espiar pela janela. Realmente, era uma

discussão violenta. Gritos, socos na mesa, olhares suspeitosos, fu-

riosas negativas. A origem do caso, ao que parecia, fôra o fato

de Napoleão e o Sr. Pilkington haverem, ao mesmo tempo, jo-

gado um ás de espadas.

Doze vozes gritavam cheias de ódio e eram todas iguais. Não

havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos por-

cos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem,

de um homem para um porco e de um porco para um homem

outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era quem.

FIM

234

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em todas as boas papelarias

é sempre um bom presente!

O caminho da seleção brasileira até a

Copa do Mundo de 1970, no México,

passa pela

esquerda. A seleção ainda não

estabeleceu o seu sistema de

jogo,

nem encontrou a formação ideal, mas uma coisa

é

quase

certa: três canhotos

podem

constituir a espinha dorsal da equipe.

Com Gérson, do Rio, Rivelino, de São Paulo,

e Tostão, de Minas Gerais, o Brasil

pensa em buscar no México o

que perdeu na

Inglaterra em 1966: o título de

campeão mundial de futebol

pela terceira vez.

Texto de Fernando Horácio da Matta

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O canhoto é muito raro, mas igual aos outros

bom, leva jeito, mas só tem

1.' uma perna.

m ai Gérson tinha catorze anos, fazia

u A teste na equipe de juvenis do

Canto do Rio, em Niterói, quando pela pri-

meira vez se irritou com esta restrição. Ri-

velino a ouviu mais ou menos com a mes-

ma idade, na época em que tentava fir-

mar-se como ponta-esquerda do Atlético

Indiano, timezinho de bairro do Brooklin,

São Paulo. Tostão a escutou, ainda muito

menino, nas peladas da Lagoinha, em Belo

Horizonte, quando os grandalhões lhe da-

vam um lugar numa das equipes.

A perna é a esquerda, e os três fazem

com ela o que querem, num campo de fute-

boi. No jôgo mais importante da seleção

brasileira em 1968, contra a da FIFA (está-

dio do Maracanã, Rio, 6 de novembro), foi

da perna esquerda de dois dêsses canhotos

que nasceu a vitória nacional, por 2 a 1.

Rivelino fêz o primeiro gol, aos três minu-

tos, e Tostão marcou o segundo, quando fal-

tava um minuto para acabar a partida. Re-

forçava-se a convicção manifestada desde

a primeira convocação, no comêço do

ano: nesses três canhotos pode-se confiar.

Ser canhoto pode ser uma raridade, mas

jamais um defeito. A medicina ainda não

conseguiu precisar as causas que le-

vam uma criança a usar de preferência a

mão esquerda e, no caso do futebol, a per-

na esquerda. Várias teorias tentam explicar

o fenômeno, tôdas sem comprovação. Os

médicos não costumam dar importância ao

fato. Satisfazem-se em dar uma explicação

genérica. O canhoto é o homem que possui

uma predominância do hemisfério cerebral

direito sôbre o hemisfério cerebral esquer-

do, de forma que as vias sensoriais, quando

se entrecruzam, conduzem motilidade mais

acentuada para os membros esquerdos.

O canhoto não possui interêsse prático

nenhum do ponto de vista médico, diz o

Dr. Lídio de Toledo, traumatologista, médi-

co do Botafogo, bicampeão carioca, e da se-

leção brasileira. O problema do canhoto ge-

ra outra indagação ainda não respondida:

por que os jogadores que usam a perna es-

querda têm chute forte, de violência inco-

mum? E ainda: por que é mais fácil um

jogador que usa a perna direita se tornar

ambidestro do que um canhoto ganhar habi-

lidade e potência na perna direita?

Exatamente por serem poucos, os canho-

tos são mais notados. Na história do fute-

boi brasileiro, estão marcados por apelidos

que se repetem e os identificam: Esquerdi-

nha, Canhotinho, Canhoteiro, Canhoto. O

Dr. Lídio de Toledo não se lembra de ter

visto qualquer estatística a respeito, mas

acredita que a maioria das pessoas é destra.

Êsse fato é absolutamente insignifi-

cante. O canhoto é um homem normal,

igualzinho a qualquer outro.

O pó não é tudo

Aimoré Moreira, técnico da seleção bra-

sileira, também não dá importância à coin-

cidência de três homens do meio-campo da

equipe só chutarem com o pé esquerdo.

Tem ponto de vista firmado:

O importante não é o pé que o jogador

usa, mas a sua movimentação no campo.

Depois da excursão da seleção, no prin-

cípio de 1968, Aimoré considerou aprovada

a experiência com o tripé Gérson-Rivelino-

Tostão, que tanta celeuma provocara, pois

não poucos sustentavam que o time não po-

dia apoiar-se em três pés esquerdos. Gérson

passou a jogar mais atrás, como o vértice

do triângulo, na faixa central do campo.

Sua função era proteger os zagueiros, dar

o primeiro combate ao adversário — ta-

refa fundamental para a armação.

Duvidava-se de que Gérson se submetesse

a êsse estilo de jôgo, êle que no Botafogo

é praticamente o dono do time, além de seu

capitão, comandante deatro das quatro li-

nhas. Gérson, de 27 anos, jogara dentro

das características do meia-armador clás-

sico. Assim como Zizinho, o grande astro

da seleção brasileira de 1950.

Eu tinha grande admiração por Zizi-

nho e pensava que devia jogar assim: ia

buscar a bola no meio de campo e a levava

à frente, para fazer um lançamento ou ten-

tar o chute ao gol. Com o tempo, observei

que o jôgo no meio de campo estava fi-

cando cada vez mais difícil. Havia muita

gente na defesa adversária, o bloqueio au-

mentava. Além disso, surgiram mais joga-

dores à minha frente, quando a bola estava

em poder do outro time.

Com mêdo de ser barrado "por

um me-

nino dos juvenis", Gérson sentiu que tinha

de mudar, adaptando-se às novas condi-

ções. Compreendeu que o futebol moderno

exige mais do que técnica: é preciso fôrça.

Quem não souber carregar o piano e

tocá-lo ao mesmo tempo — diz — não tem

mais vez.

Os lados dos canhotos

Ao começar a carreira, Gérson vestia nor-

malmente a camisa de número 8. Não era

uma questão de simples preferência; na ver-

dade, êle jogava pelo lado direito. Consi-

dera esta faixa do campo mais favorável ao

seu modo de atuar, embora seja canhoto.

Ali, está sempre virado para dentro do

campo, tem ampla visão do jôgo. Na sele-

ção, porém, agora, Gérson joga pelo meio.

Tostão prefere o lado esquerdo. Come-

çou assim, caindo para a esquerda, acha

que rende mais ali. Seu primeiro técnico, o

mineiro Biju, revela que Tostão sempre pro-

duziu mais, vindo com a bola da retaguarda,

pela esquerda. No Cruzeiro, Tostão joga

com a camisa 8, teoricamente reservada a

quem joga pela direita. Orlando Fontani,

treinador do Cruzeiro, não vê contradição.

O número não importa, nem a esca-

lação. A função do jogador em campo é

que define a sua verdadeira posição. Nor-

malmente, Tostão executa a tarefa de abas-

tecer o ataque, acionando os homens de

frente. É perfeito nessa missão. Possui as

qualidades exigidas: inteligência, bom con-

trôle de bola, lançamentos certos.

Na seleção, Tostão não jogou bem atrás,

caiu de rendimento, pois mudara de estilo.

Aimoré justifica a mudança, diz que Tostão

compõe o terceiro homem do meio-campo,

voltando para dar combate e buscar jôgo.

O jogador quer tempo para superar duas

coisas estranhas para êle: ter de combater

e correr pelo lado direito.

Sei que é uma questão de adaptação,

mas qualquer adaptação necessita de tempo.

Não costumo jogar no Cruzeiro comba-

tendo no meio de campo. Há diferença

entre o jogador que volta para buscar a

bola e o que volta para tomar a bola. Eu

volto para buscar a bola.

Tostão prefere o lado esquerdo, mas tem

de jugar na faixa direita na seleção. Rive-

lino, que não escolhe lado para correr no

Corinthians Paulista, na seleção recebeu a

missão de jogar pelo lado esquerdo. Êle

começou como ponta-esquerda, acha que o

fato de ser canhoto só influi quando chega

ao fundo do campo, e assim mesmo em de-

terminadas jogadas.

Como armador, no meio de campo,

não há diferença de perna. Para mim, tanto

faz jogar pela esquerda como pela direita,

ou pelo meio. A gente só pode saber de que

lado atuar com o correr do jôgo. Se o

adversário é forte de um lado, se possui

melhor bloqueio por outro, temos de alter-

nar o sentido das penetrações, procurar a

brecha mais fácil para entrar.

Aimoré não leva em conta, pela necessi-

dade do conjunto, a preferência que os jo-

gadores têm por determinados setores. Para

o time funcionar bem, é preciso coordenar

a movimentação dos jogadores e as posições

básicas que ocupam no campo.

Gérson na direita, Rivelino pelo meio.

Tostão na esquerda. Indagado por que não

faz isto, como os jogadores preferem, Ai-

moré é objetivo:

Escalo o time com onze, e não com os

três. Êles ocupam o lugar e recebem as

funções de acordo com um plano de jôgo

que abrange as onze posições.

Os torcedores frustrados

Se dependesse de uma escolha pessoal,

Gérson não seria do Botafogo, Tostão não

jogaria no Cruzeiro, Rivelino não seria ho-

je o ídolo da torcida do Corinthians. O

destino colocou os três em clubes que não

eram os que êles escolheram de coração.

Magrinho, de cabelo espetado, orelhas

de abano, Rivelino era uma esperança do

Atlético Indiano, clube de Santo Amaro,

perto de sua casa. Paulo Laguna, que dirigia

o time, via o garoto jogando partidas de

futebol de salão, pensava em seu futuro.

Está aí um craque. Ainda vai jogar no

Corinthians.

Roberto Rivelino sonhava o mesmo so-

nho, mas com uma diferença: em vez do

Corinthians, o Palmeiras. O pai, Nicolino

Rivelino, não negava a raça. Bom descen-

dente de italianos, era palmeirense e fazia

questão de que os filhos também o fossem.

Roberto Rivelino chegou a tentar a sorte

no Palmeiras, estimulado por amigos. Vol-

tou desiludido. Era pequeno e magro, disse-

ram-lhe que precisava ganhar corpo para

poder jogar no meio de gente grande.

Em princípio de 1964, precisamente no

dia 1.° de janeiro, Rivelino completou de-

zoito anos. Paulo Laguna achou que não

havia tempo a perder. Pegou um dirigente

do Atlético Indiano, João Serino, e levou

o garoto ao Corinthians. Rivelino. ganhou

logo um lugar na equipe de juvenis, não

como ponta-esquerda, sua posição original,

mas como meia-armador. Em menos de

dez meses, o garoto tinha dois títulos no

Corinthians: vice-campeão de juvenis e, de-

pois de promovido, campeão de aspirantes.

O técnico Osvaldo Brandão, que então

dirigia a equipe principal do Corinthians,

gostava de ver Rivelino jogar. Desde 1958,

quando Gilmar fôra titular absoluto da se-

leção brasileira, o Corinthians não mais ti-

vera um jogador com lugar assegurado nas

listas de convocação da seleção. Sempre

reservado, Brandão apostava em Rivelino:

Êsse vai longe. É do tipo que não

perde lista de convocação.

Em 1965, Roberto Rivelino estreava co-

mo titular do Corinthians. O clube ganhou

um torneio pentagonal no Recife, e êle ga-

nhava um lugar permanente no time. Osval-

do Brandão não se enganara: em 1968,

Rivelino estava na seleção brasileira, con-

vocado para a excursão à Europa, África e

América. A certidão definitiva de seu

valor viria depois, firmada por Pelé. que

o colocou como meia-esquerda na "seleção

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ideal do futebol brasileiro em todos os tem-pos". Rivelino no lugar de Jair da RosaPinto, outro astro da seleção de 1950.

O encontro Rivelino-Corinthians foi im-portante para o jogador e o clube. O timeprecisava de um jogador como êle, um cra-que que entrou e não saiu mais, disputando178 partidas consecutivas. Agora, quandose fala em clube, Rivelino diz que já "foi"palmeirense.

Agora sou corintiano. A convivênciadiária, o contato com os dirigentes e sócios,o ambiente entre os jogadores, o carinhoda torcida, tudo isso me envolveu. Nãoposso ser indiferente ao time em que jogo.

O velho Nicola Rivelino não mudou declube. Continua "palmeirista", mas um pai-meirista de tipo especial:

Sou um torcedor diferente: o únicopalmeirista que torce pelo Corinthians."Cresça e apareça"

No conjunto residencial do IAPI na La-goinha, a poucos minutos do centro de BeloHorizonte, a grande ambição da garotadaera jogar no Inapiário. Havia várias equi-pes no conjunto, cada grupo formava a sua,mas força mesmo era o Inapiário. O pe-queno Eduardo Gonçalves de Andrade já

m*m

Tostão está com avida ordenada,tem um posto degasolina e umaloja de artigosesportivos. Nãopensa, por ora,em se casar.Rivelino, ídolodo Corinthians,tem como únicoluxo um Karmann-Ghia do ano.Quer casar-seantes da Copa.

pensava em jogar pelo Inapiário antes dco time mudar o nome para Saci. Era muitopequeno, mas não se importava nem como tamanho nem com a idade. À margem dogramado, esperava uma vaga que o irmãoCacau poderia arranjar, com a sua autori-dade de um dos melhores jogadores do ti-me, no qual jogava de zagueiro.

Às vezes — relembra Tostão —, euesperava quase o jogo inteiro para poderentrar no finalzinho. Jogava uns poucos mi-nutos mas me sentia realizado, importante.Não ligavam muito para mim porque erabaixo e tinha cara de garoto. Eu me mata-va enfrentando os marmanjos.

Mas havia um lugar onde a sua vagaestava garantida: no futebol de salão, Unsamigos que jogavam no Cruzeiro chama-ram-no, Eduardo foi tentar a sorte lá. Trei-nou, agradou, ficou lá dos doze aos treze jjanos, contentando-se com a quadra de ci- B _.mento, a bola pequena e dura. Pensava, po- * *£.rém, no gramado de espaço amplo, a bola £de couro leve, a bater no chão e subir fácil. 9Como já estava no Cruzeiro, pediu para £treinar entre os juvenis. o

Como é seu nome? — perguntou-lhe gLincoln, treinador dos juvenis, medindo-ocom os olhos. |

Tostão. AAQVt t_.

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KU MICO NACIONAL DO NORTE S. Bum amigo na praça

MATRIZ: Recife - DEPARTAMENTOS: Aracaju, Arcoverde, Atibaia, Belém, Belo Horizonte, Campina Grande, Caruaru, Cubatõo, Curi-tiba, Diadema, Fortaleza, Garanhuns, João Pessoa, Limoeiro, Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador. SantoAndré, Santos, São Luís, São Paulo, Teresina, Timbaúba, Vicente de Carvalho, Vitória e mais 17 agências urbanas.

A profissão abafa o sentimento do torcedorSELEÇÃO

CONTINUAÇÃO

Acertaram em cheio. Tostão. Vocêainda é muito pequeno, vai ter de es-perar, crescer um pouco mais, para vir aquidar os seus chutinhos. Deste lado, futebolé para homem. E homem grande.

Já que o Cruzeiro não queria, restava oAmérica, clube que o pai o ensinara a amar.No América havia um treinador novo, pa-recia um garoto. Biju, o técnico, náo pensouduas vezes. Conhecia Tostão, já o vira coma bola várias vé?es. O próprio Biju desfezas dúvidas do garoto: tamanho não é pro-blema; o que importa é a habilidade, a inte-ligência, a capacidade para organizar aequipe. O garoto, com espanto:

Eu vou jogar?Claro que vai.

Lugar garantido, o garoto projetou-se noAmérica mais do que qualquer outro juve-nil de sua época em qualquer clube mineiro.Tostão, apelido que pegou justamente porseu tamanho, por ser miúdo, crescia emcampo, lutava para provar que dentro deum campo de futebol tamanho nada signi-fica. O Cruzeiro terminou por buscá-lo noAmérica. A simpatia pelo América nãomudou, mas já não é a paixão de antes.

Agora, não me importo muito comisso. Sou profissional, corro e luto peloCruzeiro. Um profissional não pode sepreocupar em torcer. Tem de ganhar.

A fé não muda

O jovem franzino, de pernas finas e cor-po esguio, bate na bola com o pé esquerdo,só com o esquerdo. Desliza leve sobre ogramado úmido, há momentos em quemantém o equilíbrio, na corrida, como umesquiador sobre a neve. A bola o procura,prende-se submissa ao pé canhoto, ao toquesutil e ao mesmo tempo firme. Impressio-na o estilo já definido desse garoto, comseu drible curto e furtivo, o passe precisode efeito, o chute forte, bem calibrado.

Modesto Bria, técnico das divisões infe-riores do Flamengo, sente que aquele me-nino está dificultando um jogo que deveriaser fácil. O time juvenil do Flamengo, em1958, é o melhor do futebol carioca. Nor-malmente, ganharia fácil do juvenil doCanto do Rio, de Niterói. O pequeno meia-armador, consciente de seu talento, exibe-se com indisfarçável superioridade em re-lação a seus companheiros. E torna difícila vitória.

Fim de jogo, Bria sabe o que fazer.Encaminha-se para a porta do vestiário doCanto do Rio, prepara-se para a aborda-gem. Lá vem êle, passos certos. De perto,nota-se a barba cerrada, insuspeitada nomenino que corria em campo. Bria pergun-ta-lhe o nome.

— Eu sou o Gérson.Gérson de Oliveira Nunes tinha dezesse-

te anos quando Bria o descobriu para oFlamengo. Até então, jogara apenas em ti-mes de pelada de São Domingos, bairrode Niterói onde nasceu e sempre morouOs treinadores do Canto do Rio costuma-vam arrebanhar a garotada de São Domin-gos, ali perto, para completar o time De-sinibido e audacioso, até um pouco atrevi-do, Gérson ganhou logo um lugar na equi-pe. Nesse mesmo ano de 1958, êle dispu-tou o campeonato infanto-juvenil pelo Fia-mengo e passou à equipe juvenil. Ganhouos dois títulos e nem passou pelo estágioseguinte, o time de aspirantes: tornou-selogo titular da equipe principal.

O sucesso rápido no clube grande nãoalterou a vida de Gérson. Êle continuoumorando com os pais em Niterói, apesardas brincadeiras dos companheiros, para os

quais parecia "um filhinho de papai". Filhoúnico, tratado com carinho para muitos ex-cessivo, tinha de suportar a mofa dos ve-teranos, nas concentrações, nos treinamen-tos. Respondia sempre, muito voluntarioso:

Moro em Niterói porque gosto. Nãovejo necessidade de sair de lá. Se há algu-ma coisa de que tenho certeza é esta: con-tinuarei vivendo em Niterói, morando emIcaraí. Ali é que me sinto bem.

O Botafogo é o terceiro clube de Gérson,que passou pelo Canto do Rio e pelo Fia-mengo, sempre fiel a uma paixão: o Flu-minense. A maioria dos jogadores adota acamisa que defende, muda mesmo de clube.Gérson não esconde sua afeição. Podemprovocá-lo. A resposta virá sem hesitação:

Tenho minha simpatia pelo Flumi-nense. Não sou desses torcedores fanáticos,que sofrem e brigam quando o time perde.Mas sou tricolor, e isso em nada afeta aminha carreira profissional. Quando nãojogo, quero que o Fluminense vença. Sejogo, faço tudo para vencer o Fluminense.Uma coisa nada tem a ver com outra.

Três homens, três estilos

Em campo, são três estilos diferentes,inclusive nas relações com os companhei-ros. Rivelino raramente grita pedindo a bo-la ou alertando alguém do time para aaproximação do adversário. Tostão, que

não chega a ser tão introvertido quantoRivelino, canta o jogo quando necessário.

Vai, Dirceu!... na frente, só! cercao homem por trás!

A timidez de Rivelino é notada por to-dos. Na última convocação da seleção, ozagueiro Jurandir contava como foi difícilpara Rivelino gravar o «tape de um comer-ciai do Chevrolet Opala:

O Rivelino levou dez horas para con-seguir dizer: "É sensacional!"

Todos riram, menos Rivelino, que, comotodo tímido, não gosta que se brinque comsua timidez. Rivelino fala pouco em casa.no clube, nas concentrações. No campo,corre em silêncio. Mesmo assim, AimoréMoreira designou-o para as funções de ca-pitão do Corinthians. Explicação do técnico:

O líder não precisa falar muito. Temé de falar certo.

Gérson, ao contrário, fala pelos cotove-los, em campo ou fora dele. Fala com oscompanheiros, com os adversários, com ojuiz. Fala tanto, que foi apelidado de"Papagaio". Ao assumir a direção do timedo Botafogo, o técnico Zagalo tratou de en-frentar esse problema. Sabia que Gérsonera a peça mais importante para rearmaro time. Por isso, chamou-o para uma con-versa no saguão do hotel em que o Bota-fogo se hospedou numa excursão a Curitiba.

Você fala demais, Gérson, dentro efora de campo. noui

Gérson joga peloBotafogo do Rio,mas não escondeque seu clube decoração é oFluminense.Dentro do campoé quem manda:canta o jogoaté para o juiz.

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241

Gérson é o que fala mais. É o "Papagaio".

Sei disso. Zagalo, mas é que sou as-sim mesmo. Não vou deixar de falar.

Zagalo fora companheiro de Gérson notime do Botafogo, antes de encerrar suacarreira de jogador. Conhecia o seu tem-

peramento. Resolveu conduzir a conversade forma envolvente.

Você vai continuar falando. Gérson,mas em outros termos.

O técnico explicou que a presença de

Gérson se estava transformando num pesa-delo para os jogadores mais jovens, queentravam em campo apavorados, temendo

cometer o mais insignificante dos erros. Sa-biam que seriam repreendidos severamente

por Gérson, quase sempre com palavras e

expressões ofensivas.Pense bem, Gérson. Nem todos com-

preendem que o seu desejo é que eles acer-

tem e ganhem o jogo. Ao gritar com o«

mais novos, você vai inibi-los, em vez de

incentivá-los.

Zagalo lembrou que, quando os dois jo-

gavam no mesmo time, jamais se irritou

com os gritos que Gérson dava em campo.Eu era um jogador realizado, fora

bicampeão do mundo, nada podia me afe-

tar. Os jovens, entretanto, perdiam o con-

trôle e então não acertavam mais nada.

Gérson continua falando em campo, mas

em termos fraternais. Dentro das quatrolinhas é o técnico do time. Foi essa uma das

maiores mudanças de sua carreira.Também agora eu jogo mais tranqüi-

lo, embora a vontade de vencer seja amesma da época em que comecei.

Primeiro a família_

Os diretores do Botafogo há mais deduas horas conversam com Gérson. Falammuito, êle apenas abana a cabeça. Rivadá-via Correia Méier Filho, o Rivinha, e Djal-ma Nogueira, responsáveis pelo setor defutebol do clube, não conseguem dobrar o

jogador com nenhum argumento. O Bota-fogo começa o ano de 1968 com uma ex-cursão ao México. Uma das cláusulas docontrato exige a presença de todos os joga-dores do clube que pertencem à seleção.Gérson não quer embarcar:

Os senhores me desculpem, entendotudo isso, mas meu motivo para não ir émuito forte. Os senhores sabem, minha es-

posa vai ter bebê e eu quero estar aqui.Depois que a criança nascer, eu viajo.

Para Gérson, a família está em primeirolugar. Não há punição, multa ou ameaça

que o faça abrir mão de um direito, a assis-tencia à família. Sua mulher, Maria Helena,

professora formada, sabe que quanto a isto

pode ficar tranqüila. A primeira filha, quenasceu logo depois do embarque do Bota-fogo, chama-se Patrícia. Quando ela estivercom um ano e meio, em junho de 1969, Ma-ria Helena dará o segundo filho a Gérson.Por isso, quando êle se apresentou à sele-

ção, em outubro último, tratou logo de in-dagar qua! seria o calendário para o anotodo.

A família é muito importante na vidade um profissional. Depois de casado, o jo-gador sempre muda. Dizem que isto influinegativamente na produção de cada um.Não acredito. No meu caso, por exemplo,deu-se o contrário. Eu melhorei.

Rivelino é outro que acha que o jogadorpode ser tão bom solteiro como casado.Não concorda com os que dizem que o ca-samento prejudica a carreira, porque o jo-gador fica com outras preocupações, acaba

perdendo a forma. Êle já decidiu que vaicasar-se com Maísa, uma jovem professora,antes da Copa do Mundo, em 1970.

242

Nas concentrações, Rivelino é um homem

triste. Senta-se numa poltrona, fica longo

tempo pensativo; se não o provocarem,

permanece assim horas e horas. É a saúda-

de do pai, do carinho da mãe, Dona Olan-

da, da companhia dos irmãos, Abílio e

Vilma, dos passeios com a noiva.

Quando não está no Corinthians, treinan-

do ou aguardando a hora do jogo, Rivelino

fica em casa, cuidando de seus passarinhos,ou sai para passear com Maísa. Nas via-

gens ao interior, o que mais o distrai é ver

passarinhos, com olhos de conhecedor. Se

algum o agrada, faz logo negócio. Tem em

casa 26 gaiolas, e êle próprio trata dos pas-sarinhos. Prefere os pintassilgos e os curiós,

mas não rejeita outros. Basta que tenham

plumagem bonita e cantem bastante.

O mal de não casar

Domingo, dia de jogo do Cruzeiro em

Belo Horizonte. Tostão acorda cedo e da

concentração telefona para o pai e os três

irmãos, José Osvaldo, Célio e Carlos Al-

berto, para saber como está o seu pôstode gasolina. Há domingos em que o Pôsto

Tostão, na esquina da Rua Bahia com

Bernardo Guimarães, chega a vender 15 000

litros de gasolina, sem contar o que fatura

em óleo e outros pequenos serviços. São

torcedores do interior que vão a Belo Ho-

rizonte ver Tostão jogar e não deixam de

passar pelo pôsto de seu ídolo.

Para compensar a monotonia das horas

de concentração, Tostão lê. É comum vê-lo

devorar um livro em horas ou dedicar toda

a atenção aos jornais do dia. Não se limi-

ta a pensar no futebol e em seus negócios,

quer saber o que se passa no Brasil e no

mundo. Êle não gosta de falar de política,

porque "sempre

acaba em discussão", mas

não recusa uma ou outra opinião. Diz, porexemplo, que considera Dom Hélder Câ-mara a personalidade mais importante doBrasil no momento.

Um dia, ao entrevistá-lo no vestiário do

Mineirão, um repórter do interior, lendo

perguntas de um questionário, chegou à

formulação solene:Se você fosse presidente da Repúbli-

ca, com plenos poderes, o que faria?Procurava criar condições para que

não houvesse tanta desigualdade. O gran-de problema nosso é que poucos possuemmuito e muitos não possuem nada.

Por ora, Tostão não pensa em casamen-to. Já teve algumas namoradas, mas ne-nhum caso mais sério. Entende que o jo-gador profissional só deve casar-se quandoestiver com a carreira consolidada, sem

problemas de ordem financeira. A direto-ria do Cruzeiro não pensa assim. Depoisde alguns estudos para pesquisar a quedade rendimento do time em determinadas

épocas, sem motivo técnico aparente, che-

gou à raiz do mal: os jogadores jovens,inexperientes e solteiros, são levados a ex-cessos pelo dinheiro e a liberdade.

Orlando Fantoni, o técnico, diz que atese não se aplica a Tostão.

Esse rapaz tem muito senso de res-

ponsabilidade. É incapaz de sair da linha.

Vale mais do que ganha

Excelente, esse Rivelino. Vale o queganha.

Osvaldo Brandão olha com carinho parao jogador, que está sentado, descansando,depois de um jogo. Brandão contempla-oassim, pensa no que disse, retifica a frase:

Vale mais do que ganha.Em relação aos outros jogadores do time.

Rivelino ganha bem. Entre prêmios c orde- SELEÇÃOnado, percebe cerca de 4 000 cruzeiros no- continuaçãovos por mês, além das luvas de cada con-

trato. Êle fêz dois, e no segundo teve de

ser duro para conseguir o que desejava.

Pediu 60 000 cruzeiros novos de luvas, sc

assinava se lhe pagassem isto. Até assinar.

ficou fora do time, teve de parar algum

tempo, ganhou a antipatia da torcida.Não gosto de fazer comparações com

outros jogadores nem medir o que ganho

por aquilo que os demais estão recebendodiz Rivelino. — Faço um preço e, se o

considero justo, exijo que me paguem. Sou

um profissional, tenho de aproveitar porquede nada valerá para mim ter sido um bom

jogador.No próprio Corinthians há um exemplo

de como não deve agir um profissional. É

Baltasar, o antigo Cabecinha de Ouro, ido-

lo da torcida e ex-jogador da seleção na-

eional, nos idos de 50. Baltasar ganhourios de dinheiro no Corinthians. que nada

lhe negava. Suas extravagâncias transfor-

maram-se em lendas: vivia em palacetes.vestia-se com os mais caros alfaiates, tinhabelo Cadillac dourado. Gastava tudo o queganhava, ou até mais. Os anos passaram,o vigor acabou. Os corintianos foram reco-

lher Baltasar nas ruas, onde mendigava.

Hoje, êle é funcionário subalterno do clube.

Rivelino conhece a história de Baltasar.

E não quer ter a mesma sorte. Embora sededique inteiramente ao futebol, tem pro-jetos de terminar seu curso ginasial e von-tade de aprender inglês. Mora com os pais,e seu único luxo é um Karmann-Ghia 1968,azul-marinho, com o qual bateu depois do

jogo em que o Flamengo derrotou o Co-rinthians por 1 a 0, no Morumbi, pelaTaça de Prata. Rivelino tem fama de mão-fechada. Não se ofende:

Podem dizer que não gosto de gastardinheiro, pois não gosto mesmo. Com maisdois contratos, acho que vou ficar tranqüi-lo. Não digo rico, mas com o necessário

para viver bem. Tudo o que ganhei estáaplicado por meu pai, que sabe o que faz.

O velho Nicòla Rivelino vive de rendas.

Do milhão aos milhões

Vê lá se eu dou dinheiro pra meninorespondeu o presidente do América Mi-

neiro em 1963, José Vaz, quando o técni-co Biju lhe pediu para pagar 1 milhão decruzeiros antigos a Tostão, o pequeno meia-esquerda do time juvenil.

Se o senhor não der, êle vai embora.Um

garoto de quinze anos não fazfalta.

Tostão foi mesmo embora, e fêz falta.O industrial Felício Brandi, presidente doCruzeiro, exultou ao saber do rompimentode Tostão com o América. Como o técnicoBiju, êle acreditava no futuro daquele ga-roto. No dia de seu casamento, FelícioBrandi pediu à noiva que o deixasse sair

por uma hora, para resolver "uma

questãourgente", la pagar ao pai de Tostão o mi-lhão e 200 mil cruzeiros antigos que ofe-recera ao garoto, caso êle saísse do Amé-rica. O pai de Tostão insistiu em receberem dinheiro, não aceitava cheque, nada. Fe-iício foi ao banco, retirou o dinheiro, pa-gou e se casou em paz.

Esse dinheiro foi o início da pequenafortuna que Tostão tem hoje. Era o pri-meiro da série de três bons contratos queiria assinar com o Cruzeiro. Para Tostão,o importante não foi o que já ganhou com0 futebol, mas a forma como aplicou odinheiro. Comprou o apartamento em quemora com os pais, conseguiu o pôsto de

SEGUE

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"Não

via a

hora de tomar

meu banho

com o nôvo

Gessi/.'

Todinho nôvo.

A embalagem

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é nôvo.

A espuma

é nova.

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perfume

é nôvo.

Merece um

pullnho

de

alegria.

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Não sou ambicioso, nem vivo pensan-

do em dinheiro, como muitos afirmam.

Apenas estou procurando garantir meu fu-

turo, ao mesmo tempo que dou uma vida

mais confortável à minha família.

Em fevereiro, Tostão pretende fazer o

vestibular para a Faculdade de Ciências

Econômicas. Tem o científico completo,

não quer parar de estudar.

Seu Clovis não brinca

Mesmo depois de casado, Gérson não

deixa de ouvir o pai, Clovis Nunes, que foi

jogador de futebol, e, sem grande fama, se

sagrou campeão carioca pelo América, em

1935. Êle acompanha o filho em tudo, está

presente aos treinos e aos jogos, discute os

contratos.Tenho a obrigação de cuidar do meu

filho. Conheço o futebol, porque joguei, e

sei como é duro vencer nesse meio. Há ar-

madilhas por todos os lados, e os que não

estiverem atentos acabam sucumbindo. Po-

dem falar o que quiserem, mas o Gérson

vai ter o lugar que merece.

Seu Clovis acha que a fase mais difícil

já passou. Teve de defender o filho de tô-

das as formas, até mesmo percorrendo re-

dações de jornais quando achava injusta

alguma crítica ou notícia que pudesse pre-

judicar a carreira do filho. Fadei Fadei,

ex-presidente do Flamengo e que em mar-

ço sonha voltar ao posto, concorrendo às

eleições, afirma que vendeu Gérson ao

Botafogo por culpa de Seu Clovis.

Era impossível o Gérson continuar no

Flamengo. Não por culpa dele, mas porcausa do pai. O homem queria mandar no

filho, depois começou a querer mandar no

time. Por fim, iria acabar querendo man-

dar no clube.

Gérson reage contra esta versão. Seu

problema no Flamengo foi outro, o cho-

que direto com Flávio Costa, então treina-

dor do clube e que a princípio procuravaagradá-lo, até mesmo dando-lhe carona de

carro até a estação das barcas. Na decisão

do campeonato de 1962. contra o Botafo-

go, Flávio escalou Gérson de ponta-esquer-da, para fazer o 4-3-3. Gérson achou quenão daria certo. Além disso, o ponta-direi-ta Joel, que estava jogando bem, teria de

ser barrado.

Na ida para o Maracanã, Joel se sen-

tiu mal no ônibus do clube, pediu parasaltar na Glória e foi para casa. Entrei em

campo com a camisa 11, como ponta-es-

querda recuado. Disse ao técnico que não

conhecia a posição, nem sabia o que fazer

em campo. Nem êle foi capaz de me ex-

plicar. Perdemos feio, de 3 a 0. O Botafogo

fêz todo o jogo pela direita, com o Garrin-

cha impossível. No vestiário, eu já sabia:

o culpado da derrota e da perda do título

era eu.

Aos 21 anos, apesar do empenho da di-

retoria do Flamengo, Gérson recusou ir

para o Milan, que lhe ofereceu um contra-

to fabuloso de 80 milhões de cruzeiros ve-

lhos, através do empresário Pasqualini. Êle

perdeu a oportunidade de se tornar milio-

nário, mas aos 27 anos não tem problemasfinanceiros para viver. Se quisesse, poderiaparar de jogar agora, viver das rendas dosimóveis comprados pelo pai, que administra

seus negócios. Gérson não fala do que tem:— Para falar a verdade, nem eu sei.

Meu pai cuida de tudo, mas não adianta

procurá-lo. Êle também não fala nisso.Certo?

No Botafogo, Gérson é querido pelos

companheiros, técnicos e diretores.

É o mais fácil de se tratar — iii/

o diretor Djalma Nogueira, que conhece

Gérson bem:

É um rapaz de personalidade, que diz

O que sente c que por isso incomoda muita

gente, pois na maioria dos casos está com

a razão.

E o Seu Clovis? Não influi em nada0

Aqui, nunca incomodou ou atrapa-

lhou. Pelo contrário, até nos ajuda quando

precisamos de alguma coisa do Gérson.

Agora, o México

A seleção brasileira chega a Varsóvia.

depois de derrotada pela Alemanha por 2

a 1, no jogo de estréia na Europa. Às vés-

peras de seu segundo jogo em 1968, o am-

biente é tenso. Os membros da delegação

falam aos cochichos, os jogadores sentem

o clima de instabilidade. O técnico Aimoré

Moreira reúne a equipe, faz uma preleção.

Fala da necessidade de alterações radicais

na forma e no sistema de jogo. Rivelino

fica sabendo que será lançado.

Cuidado, Riva, você vai entrar no

fogo — adverte um jornalista.Não faz mal. Um dia, a gente tem

de entrar. Para mim, quanto mais cedo,

melhor — responde Rivelino.

A imprensa ativava a rivalidade Riveli-

no-Gérson, como se os dois disputassem a

mesma camisa. Rivelino olhava Gérson,

mais velho, cabelos escasseando e palavra

solta, e no fundo simpatizava com èle. No

campo, time escalado e pronto para jogar,

Rivelino sentiu-se à vontade. Gérson diri-

giu-se a êle e a Tostão:

Vamos fazer como o homem mandou.

Vocês podem ficar aí na frente, mas têm

de correr para cobrir o meio de campo e

ajudar no combate. No mais, é só ter cal-

ma e vontade.

Rivelino ouviu em silêncio. Pensava:

O Tostão e o Gérson já se conhe-

cem, já jogaram juntos. Eu é que não sei

bem como é. Vamos ver no que dá.

Deu 6 a 3 para a seleção brasileira. Ri-

velino fêz dois gols, saiu tudo como fora

previsto. A partir daquele momento, êle

passara a confiar em Gérson, do qual ou-

vira muito mais, sem saber o que era real

e o que era lenda. A amizade dos dois su-

perou as ondas acerca de quem é o me-

lhor: Gérson ou Rivelino?

Em fins de outubro, Gérson, Rivelino e

Tostão voltaram a se encontrar no Hotel

das Paineiras, no Rio, novamente convoca-

dos pela CBD. Rivelino e Tostão ouvem

Gérson falar sem parar.Parece que êle foi vacinado com agu-

lha de vitrola — diz alguém.

Os três canhotos estão nos planos da

CBD para os jogos contra a Colômbia, a

Venezuela e o Paraguai, em 1969, já pela

classificação para a Copa do Mundo de

1970. Será a primeira Copa de Rivelino, a

segunda de Gérson e Tostão, que participa-

ram da frustrada aventura de 1966, na

Copa do Mundo da Inglaterra. Mais que

para Rivelino e Tostão, que poderão parti-

cipar de outros dois Campeonatos do Mun-

do, a Copa de 1970 é tudo para Gérson, o

mais velho dos três:

O Brasil possui jogadores melhores

que os de todos os outros países. Tem

condições de armar uma seleção invencível

para reconquistar a Copa. Se isto aconte-

cer, eu nada mais quero do futebol.

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a usina de Volta GrandeEla será a 14a usina da

CEMIG. um investimento de JOUmilhões de cruzeiros novos, mo-vimentando recursos nacionais efinanciamentos externos (US$26.6milhões já foram aprovados peloBanco Mundial).

A conclusão da usina deVolta Grande - em 1973 - repre-

UUlHi"sentará mais 400 000kW para Mnas Gerdiò, a certeza unuidade do fornecimento de ener-gia elétrica da CEMIG a muitascidades, milhares de industrias epropriedades rurais

A CEMIG. atualmente, estaconstruindo a usina de Jaguara(também no Rio Grande e com

684 000 kW). mas a necessidader*\ps onornn olótnr*. P impn .3 FUO Ol IV/* M<«->> v^ í O fc* » *<— *-** •*** i ¦ J . *w i i w t-« . »—

Volta Grande será. dentro de 5anos. a forma de atender ás exi-gencias de um sistemaque é hoje o maiorsuporte para odesenvolvimentode Minas Gerais

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Dizem os japoneses de hoje quedepois da guerra duas coisas fi-caram fortes: o "nylon" e*a mulher.A nova civilização, forjada jun-to com um vasto império indus-trial, derruba tabus e*preconcei-tos, rompe a tradição de poesiae de servidão da mulher. É umarevolução — e a ela não escapamnem mesmo aquelas que duranteséculos, milênios foram apresenta-das como símbolo de refinamentodo amor e submissão ao homem.

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m_*m^^m_ —^- *---\ ^***\ ^^ ! %*/.%*¦ _^_^_^_^_^_^_m_^È_\

247

tingimos um de nossos objetivos: es-

tender a um número de lares cada

vez maior o emprego dessa força,

dês.se ajudante do conforto e do

progresso a energia elétrica.

E redobramos então nossos es-

íorços para melhorar e aumentar

ainda mais o abastecimen-

to de eletricidade nas ci-

da d es brasileiras a que

5ervm0S LIGHT

- a serviço do progresso do Brasil

ma»or parte de seu tempo.

E!e faz o serviço de muitas em-

cegadas, custando menos que o sa-

a ri o de uma sc; e traz, ainda, até

s.a casa, nos aparelhos que acio-

ra.c shcw, a música, c cinema, a in-

;orn1 açõo, a cu^ura.

Reduzindo suas horas de tra-

ba ho, ê1 e ine dá mais tempo para

vccè coiciar de si mesma, da família,

das re'ações de amizade, aa comu-

maade em aie vive.

Quando isso acontece, nós a-

(e talvez nem saiba)

é tempo

para

viver

Ma-ma-san pagapara obter

jovens virgens

A

gueixa é a figura feminina doOriente mais carregada de lite-ratura, de história e de lenda. Êa personagem mais antiga e, num

paradoxo, também a mais nova, porquea menos conhecida no Ocidente. É amais falada e, não obstante, aquela daqual menos coisas se disseram. Para osocidentais, ela é um feixe de mitos eequívocos.

Mesmo no Japão, a gueixa parece fa-dada a despertar tantas contradições.Ainda merece profundo respeito, masraramente encontra casamento, porqueparados homens as gueixas de hoje são"mulheres muito baixas", que fariam doamor uma forma de negócio, uma pro-fissão. Ayako, uma gueixa de 23 anos,admite que aceitou presentes e dinheirodos homens com quem esteve, mas pro-testa, com um rubor de indignação, selhe indagam se o fêz por dinheiro:

— Se quer dizer ir para a cama comeles, não. Nunca fui com um homempor dinheiro. Fui só porque gostava.

Ayako começou como todas as outrasgueixas. Bem mocinha, foi cedida pelospais a uma ma-ma-san, como se chamamas diretoras de casas de gueixas. A ma-mãe gueixa tem sob seus' cuidados dequatro a dez jovens. Segundo o costume,ela dá à família uma certa importância— 50 000 ienes, ou 600 cruzeiros novos,no mínimo — em troca da moça. Nestecaso, a mocinha fica presa a ela. Tem defazer tudo o que a ma-ma-san mandar.

Itinerário de uma virgem

Ayako, para fugir a essa obrigação,não quis que os pais recebessem dinhei-ro. Muito bonita, logo agradou à ma-ma-san, que a pediu aos pais. Eles nãoqueriam, mas Ayako sempre sonhara emaprender o que as gueixas fazem: dançar,arranjar flores, decorar a casa, interpre-tar a cefimônia do chá, cantar o nagau-tá. Nem quis terminar os estudos: aosdezessete anos, entrou para a casa de

gueixas. Lá aprendeu tudo isto e mais.Antes de ser gueixa, Ayako foi mai-

ko, denominação que se dá às aprendi-zes. A maiko ceve entrar virgem nacasa de gueixas, onde encontrará o pri-meiro homem. Agora, a maiko mais jo-vem tem dezoito anos, mas antigamentepodia começar com doze. Durante umano, faz o aprendizado, percebendo50 000 a 60 000 ienes por mês (600 a720 cruzeiros novos). No salão, três coi-sas a distinguem da gueixa: o quimono,o penteado e a atividade. Ela não podedistrair os clientes; deve limitar-se a dan-çar. Depois da experiência de amor, tor-na-se gueixa. Aí, então, muda tudo; dequimono, de penteado, de vida.

A iniciação da gueixa depende do re-ferendum das mais velhas: antes de pas-sar de maiko ao grau seguinte, a jovempassa por uma espécie de exame diantedas mais vividas. Se fôr muito bem, po-dera tornar-se gueixa mesmo sendo vir-gem. Em geral, a aprovação se dá por-que a moça já teve o seu primeiro ho-

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-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-EfelKMy^^ '^tiffilli b^t^bmmmmmm^r^^^^^

Numa casa como a Matsubaya passam até 700 homens por noite. Fala-se de amor e negócios

-49

Plara resolver uni grande

negócio,

trés da manM Uunbém e

um bom horário.

CD

i

5

É por

Isso que

os modernos Aero Commanders da

Lkler ficam,dia e noite, à sua disposição.

ftiraiiftjar, basta uni telefonema

-evá direto ao a\1ão.

Para resolver um grande

negócio náo

tem a melhor hora. Tôdas são boas. Náo

é verdade? Por saber disso, nos estamos

sempre à sua espera: tôda hora há urrr

moderno Aero Commander da Líder oron-

tinho para

levá-lo a qualquer lugar.

E V. pode

levar mais gente (o

Aero Commander tem capacidade

para 6 passageiros). Sem nenhuma

taxa extra. Na Líder, o importante

é seu tempo.

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»

n

O rico compra

a maiko e a leva

para

sua casa

GUEIXAS mem- Ela nã° se opõe a isso: sabe

que

continuação para ser uma gueixa de verdade tem de

ser integralmente mulher. Mas uma mu-

Iher altiva, distante, inacessível. Porque

a mulher fácil não é uma gueixa. Pode

ser outra coisa, menos gueixa.

A maiko não é obrigada a ir com um

cliente para se tornar mulher. Pode che-

gar a isso com um amigo, encontrado

fora da casa de gueixas; com um cliente;

com um comprador. Porque as maikos

podem ser vendidas — e há clientes que

chegam a pagar até 1 milhão de ienes

(12 000 cruzeiros novos) por uma jovem

muito bonita. Assim, êle adquire o di-

reito de possuí-la durante longo período

— seis meses, um ano. Vai buscá-la na

casa da ma-ma-san e leva-a. Pode tam-

bém deixá-la na casa de gueixas, mas

com direitos de exclusividade. Ela dança

para êle, arranja as flores, serve-o, faz

tudo o mais que êle possa desejar. É sua

mulher.

Até os vinte anos, Ayako preservou

sua virgindade. Tinha mêdo de estar com

um homem. Um dia, encontrou um es-

tudante americano, bonito, louro, alto.

Gostou muito dele, acedeu em visitá-lo,

deixou-se convencer.

Foi tudo muito bonito — recorda.

Após uns dez encontros, êle voltou

para casa, na Califórnia. Queria termi-

nar os estudos, casar-se. Para Ayako, foi

natural. Não se lamentou, achou justo

que o americano se casasse com uma

mulher da mesma raça. Ela é uma japo-

nêsa dos tempos modernos:

Madame Butterfly, que se consu-

miu à espera de um amor impossível, é

coisa do passado.

Se reencontrasse agora o seu america-

no, Ayako não o amaria. Nem mesmo

o reconheceria.

A gueixa é uma artista

As casas de gueixas são freqüentadas

por homens muito ricos, aquêles que po-

dem desembolsar uma pequena fortuna

— 250 cruzeiros novos —

por duas ho-

ras de prazer. Em geral,

os homens vão

em grupos de cinco a dez, o que

dimi-

nui para 50 ou 30 cruzeiros novos, se-

gundo o caso, o gasto

de cada um. As

gueixas têm um fascínio especial, que

explica por que há tanta afluência às

casas especializadas: as de maior reno-

me podem receber até setecentos clientes

numa noite. segue

^VK^ ¦^MBim? j '

 figura da gueixa é

quase impenetrável

para os ocidentais,

251

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o

presente para

V criar

outros

presentes

dnrante anos e anos

Uma Singer em casa dá asas

à sua imaginação. A costura rende, as idéias

explodem numa festa de cores e formas.

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costurar numa Singer!

Mas, nem sempre você estará costurando.

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351

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...

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3*1>

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1

?

Os homens não

compreendem a

arte da

gueixa

GUEIXAS Nesses encontros, as gueixas

dançam

continuação para os clientes, jantam com êles, ser-

vem-lhes a comida e a bebida com uma

graça tôda própria,

conversam corren-

temente sobre os assuntos mais variados.

Durante anos, elas estudam para serem

cultas, espirituosas, dotadas de um en-

canto que prende os homens. Às vêzes,

deixam que os clientes as acariciem, to-

mem certas liberdades. Os mais rudes

exageram, e não raro a gueixa tem de

chamar a ma-ma-san e o intérprete para

que lhes expliquem que

aquela é uma

casa de gueixas de verdade, e não uma

contrafação, uma casa de mulheres fan-

tasiadas de gueixas e que

oferecem ou-

tros prazeres.

Com o progresso, a fronteira de dife-

renciação de uma casa de gueixas de ver-

dade se torna cada vez mais imprecisa.

É generalizada a crença de que

a gueixa

é uma "mulher

fácil". Ayako sabe que

há muitas mulheres que se passam por

gueixas mas na verdade não sabem can-

tar, nem dançar, nem enticicr o cliente.

Sabem apenas ir para

a cama, diz Ayako.

Ela defende a integridade das gueixas:

A gueixa

autêntica é diferente. Há

gueixas de setenta anos que

são maravi-

lhosas. Falam como um filósofo, tocam

divinamente o chamisen, pintam com

mestria. A verdadeira gueixa é uma ar-

tista. Seu nome significa exatamente isso

na língua japonêsa: gei, arte; sha, pessoa.

Mas os homens não compreendem

isto, principalmente os estrangeiros. Pro-

curam na gueixa algo mais que

uma ar-

tista. Como à procura deve corresponder

uma oferta, multiplicam-se as casas que

lhes proporcionam

"gueixas" ao gôsto

da freguesia. Ayako protesta:

Essas não são gueixas. O que

elas

fazem, embora com certo refinamento

e dissimulação, é exercer uma profissão

muito antiga.

O amor com refinamento

O encontro com a gueixa é um ritual

milenar, que tem muitos elementos de

uma liturgia profana. É um jôgo

de amor

e refinamento sensual, levado ao limite

da exasperação erótica, sem jamais cair

nela Os estrangeiros, sobretudo, ignoram

essas sutilezas. Terminam por achar a

noite com uma gueixa

"muito decepcio-

nante". Afinal, êles procuravam outra

coisa.

Antes da guerra, passava-se a noite

com uma gueixa pela preocupação cul-

tural, o desejo de conhecer os costumes

e a alma do povo do Japão. Agora, as

preocupações são de outra ordem. O

encontro com a gueixa está no programa

by-night — assim mesmo em inglês

das agências turísticas. Não é de estra-

nhar isso num país em que

há dezenas

de clubes especializados em fornecer,

mediante uma taxa irrisória, de 1 000

ienes, uma companheira para o homem

solitário que queira visitar Tóquio à

noite. O clube só impõe uma exigência:

"A

guia e o hóspede não podem tirar os

sapatos enquanto estiverem juntos".

Compreende-se que tenha havido essa

descaracterização, essa desnaturação

do papel das gueixas.

No Japão de pós-

guerra, tudo se transformou. A noite de

Tóquio é a mais excitante não só da

Ásia como talvez do próprio mundo. A

febre sobe de uma porção de barezinhos,

clubes noturnos, repletos de "recepcio-

nistas", e se propaga pelas ruas. Nas cen-

tenas de banhos-turcos trabalham massa-

gistas famosas pela

alta especialização na

arte de oferecer sensações ao freguês,

enquanto lhe dão banho. Em alguns ho-

téis, o freguês recebe o livro de hóspedes

e, com surprêsa, encontra não assinatu-

ras, mas páginas brancas com fotografias

de mulheres e legendas que fazem apêlo

ao sexo: "Esta

môça está aqui, à sua

espera".

Como empurrar um negócio

Nesse Japão de 100 milhões de habi-

tantes e uma indústria que já é a quarta

do mundo, o modernismo está atrope-

lando a tradição. Por isso, a gueixa tem

muito de coisa do passado, tanto quan-

to a Madame Buttcrfly lembrada por

Ayako. E surgem então as "gueixas"

de

nôvo tipo. Ayako é franca:

Sabe? Isso me dá nojo.

Mas Ayako, na casa de ma-ma-san,

não recusa homens. Passa de um para

outro sem sensação de culpa, drama de

consciência.

Para nós, japonêses — explica

o sexo não é pecado. É uma coisa na-

tural. Ê como comer. O que há de pe-

caminoso no instinto? E o amor não

é o mais forte dos instintos?

Ayako, porém, não vai com qualquer

um. Só com aquêle que lhe agrada, lhe

desperta interêsse. É verdade que eia tem

uma situação privilegiada, está numa

.posição diferente, porque seus pais

não

receberam um dote de ma-ma-san. Não

tem obrigação de aceitar qualquer clien-

te, por estar endividada, como ocorre

com a maioria das gueixas.

— É esta a diferença entre mim e

uma mulher comum. Eu escolho o ho-

mem que quero.

No Japão hiperindustrializado de hoje,

as grandes emprêsas são o grande

mer-

cado das casas de gueixas. Certas indús-

trias mandam clientes importantes à ma-

ma-san, para que o faça passar

um fim

de semana no campo. Ma-ma-san esco-

lhe uma môça e a envia para a casa de

campo, à disposição do hóspede. Êle che-

ga, a gueixa

mostra-lhe a paisagem, cha-

mando-lhe a atenção para o lado poé-

tico, deixa-o vestir-se como quiser, aju-

da-o a tomar um banho quente. Cumpre

depois todo o ritual da dança, do canto,

da cerimônia do chá. Em geral, acaba

dormindo com êle.

Muitos negócios são concluídos numa

casa de gueixas. Quando um chefe de

253

imz

'SS9% i

Presunto^adía Tender

Você sabe como é.

Muita carne, só. um nadinha de gordura.

É tenro, tenro: quase

desmancha na boca.

Agora pense

nêle assado. Com calda de abacaxi. Ou de ameixa.

(Dá ou rfão dá um frio na espinha, um vazio no estômago?)

Coma. Afinal João XXIII disse um dia que o bom apetite é um dom divino.

E o papa

é infalível.

a

Os estrangeirosnão sabem

o que virá depois

GUEIXAS indústria quase convenceu outro a fecharcontinuação determinada transação, leva-o à casa de

gueixas para o empurrão final no nego-cio. Ali, no ambiente de euforia e en-cantamento que as gueixas proporcionam,o negócio é consumado. Ayako condenaessa vulgarização das gueixas, mas elaprópria já colaborou para o bom êxitode negociações semelhantes. E se jus-tifica:

— Gosto de economia e sou patriota.Quero contribuir para o progresso demeu país.

A ave rara na casa de chá

Na Antigüidade, as gueixas eram oni-potentes, terminavam no leito do impe-rador, o deus vivo. Governadores, gene-rais, os poderosos queriam tê-las comoamantes, porque eram as mulheres maiseducadas do país. Até a guerra, as guei-xas constituíam um grande fato cultural.E exerciam direitos personalíssimos.Além da escolha, prerrogativa milenar,tinham o direito de exigir dos homensuma virilidade especial. Se aceitava en-contrar-se com um homem, a gueixamandava-lhe uma senhora de idade parasubmetê-lo a um exame de corpo, parater a certeza de que se tratava de um ho-mem excepcional. Era então uma sacer-dotisa do amor. A casa de gueixas eraum templo.

Ayako tem consciência de que agora agueixa é desprovida de vontade, foi mer-cantilizada, é coisa oferecida a um certopreço. Ayako é uma exceção, e ma-ma-san costuma dizer-lhe que pertencemosa uma geração de gueixas ultramoder-nas, por sentir-se bastante independentepara recusar clientes. Esta é a grandevaidade de Ayako. Mas é também o seudesencanto:

— Em breve, não mais será possívelfazer o que eu faço. Marchamos paraum mundo em que a gueixa e a prós-tituta se confundirão. Dentro de poucosanos serão a mesma coisa.

Assim como são raras, agora, as guei-xas que têm exata noção do papel quelhes cabe, são igualmente raros os ho-mens que compreendem que elas nãosão profissionais do amor. O segundohomem com que Ayako esteve era umadessas aves raras. Ele ia sempre à casade gueixas, pedia para ficar com ela. Osdois conversavam, Ayako dançava para

êle, preparava-lhe o chá, êle pagava mui-to bem. Até que certo dia ma-ma-sanchamou-a. Foi direta ao assunto:

Êle é o nosso melhor cliente. Vocêdeve dormir com êle.

Ayako não estava endividada com ma-ma-san, podia recusar o pedido. Mas nãoo fêz: ma-ma-san era muito boa, a recusanão só a aborreceria como também lheprejudicaria o negócio. O japonês eraum homem já de idade madura.

Êle me respeitou como se eu fosseuma menina. Tratou-me como a umafilha. Muito gentil, disse que ficaria mui-to alegre em dar-me um emprego de se-cretária em sua firma. Eu vestia umlindo quimono azul-claro, estava semjeito. Quando pensei em tirar a roupa,êle me impediu com um gesto.

A gueixa também está sujeita a pai-xões. Ayako teve várias. Mas jamaisamou um japonês, um homem de suaraça. Porque no Japão o amor é antesde tudo, e talvez se limite a isso, uminstrumento de procriação. Ela traça operfil dos japoneses com frieza:

Os homens não são apaixonados.Não existe comunicação entre eles e amulher. Tudo se passa de modo mecá-nico, a mulher nunca é satisfeita. Minhamãe, por exemplo, nunca experimentou aventura do amor, nunca teve alegria. Osexo sempre lhe causou medo. De umestrangeiro posso esperar muito mais.

A comédia estrangeira

Os estrangeiros são engraçados quandovão a uma casa de gueixas. Não sabemcomo se comportar. Muitos não falamuma língua que os aproxime da gueixa— o inglês, muito difundido no Japão,que os americanos conquistaram — e têmde fazer um jogo de pantomima. É umacomédia: êle fica zangado, a gueixa nãosabe o porquê. Ela ri, êle também ignoraa razão, o remédio é rir também. E oembaraço dele e dela. Êle ignora as re-gras do jogo, fica nervoso, excitado, inde-ciso; não sabe se irá para a cama ou não.O encontro se desenvolve sempre numaatmosfera ambígua, equívoca.

Dentre os estrangeiros, Ayako prefereos europeus. Os americanos, não. Porsua experiência, chegou à conclusão deque eles se tornam rudes quando bebem:além de rudes, maus. Ayako viveu umcaso assim.

— Certa vez, um milionário do Texasfoi à casa de chá. Tinha mulher e filhosem seu país, mas queria montar um apar-tamento para mim em Tóquio. Achavaromântico ter uma amante no Japão,tomar um avião a jato e ir visitá-la. Erauma forma de orgulho. Dessa maneiraèle se sentiria poderoso.

Ayako recusou. Como outros homens,também o americano não lhe agradava.Ao ouvir o não, o americano começoua dar socos, queria quebrar tudo, a co-meçar pelos móveis. Gritou com Ayako.com ma-ma-san. Estava uma fúria.

— Êle parecia mais espantado quezangado. Soava-lhe como um absurdoque existisse uma mulher — uma gueixa— que não estivesse à venda, que êlenão pudesse comprar.

Um milhão para amar

Uma gueixa percebe por mês 150 000ienes, o que corresponde a mais de 1 000cruzeiros novos. Se fôr excepcional, per-cebe outro tanto em gorjetas e presentes.Suas despesas são também elevadas. Ela éque tem de comprar o quimono, as rou-pas, os perfumes, os cosméticos. Umbom quimono não sai por menos de 500cruzeiros novos. No Japão das surprê-sas, ninguém pode espantar-se com êstefato: as gueixas têm um sindicato que asprotege. Se necessário, elas fazem greve.

Como outras gueixas que um dia terãode se dobrar à nova realidade, Ayakoprepara o espírito para a mudança deestilo, para o dia em que, se continuarna mesma vida, tiver de cobrar um preçopara conceder seus favores a um ho-mem. Não será um preço qualquer.

Se tivesse de fazer um preço, gos-taria de ser paga como as maikos que oshomens importantes compram por seismeses, um ano. Um milhão de ienes.É o meu preço: 1 milhão de ienes. Ummilhão de amor. Um milhão para fazerum homem feliz. .Sei que valho isto.

Ayako fêz economias. Ao todo, teveduzentos clientes. Pensa em ser gueixaapenas por mais um ano. Depois, vaiviajar, gastar o dinheiro, gozar a vida.Talvez um dia retorne a uma casa degueixas, procure a ma-ma-san. Acha di-fícil encontrar casamento, e não sabebem se deseja casar-se. E com razões:

No Japão, o homem casado vaicom as gueixas. Eu não suportaria isso.

255

AGORA TUDO É POSSÍVEL

Yumi,

dezesseis anos. A outra face

da jovem japonêsa que procura

uma afirmação. Ayako quis ser

gueixa, Yumi preferiu tornar-se

modêlo. Em tudo é o oposto de Ayako.

Esta se importa com a sobrevivência de

alguns valores tradicionais, embora os

encare do ângulo de uma geração insub-

missa. Gueixa, sim, mas ciosa de certa

independência, aquêle ar superior de re-

pulsa à milenar sujeição da mulher.

Yumi, não. Ocidentalizou-se — e se

perdeu, ou não se encontrou. Cabelos

repartidos por uma risca, repuxados nas

têmporas; sob a fronte, dois imensos

olhos beat Seu paradigma é Jean Shri-

mpton, o modêlo inglês. Sua moda é a

de Carnaby Street, uma míni-saia tão

curta como Mary Quant jamais ousaria.

Sua divisa:

— Quero viver com sinceridade.

A sinceridade fêz Yumi fugir de casa.

A mãe morreu quando ela estava com

três anos. O pai, um advogado impor-

tante e conservador, opôs-se à realização

de seu plano: quando Yumi revelou que

desejava ser modêlo, aos treze anos, êle

foi irredutível no veto. Um ano depois,

Yumi fugiu de casa. Foi morar com

uma amiga, desenhista de uma casa de

modas. Durante algum tempo, conse-

guiu posar como modêlo para fotogra-

fias de revistas que trazem aquêle sêlo

de tabu: "Só

para homens". Posa se-

minua, só com roupas íntimas. Mas o

hábito tem sua fôrça: às vêzes, posa

mais à vontade.

Duas décadas atrás, era inconcebível

no Japão que uma mocinha fugisse de

casa. Yumi sabe disso:

— Se fosse em outra época, meu pai

me daria uma surra de me deixar morta

e me levaria de volta para casa.

O longo beijo na praia

Aos quinze anos, Yumi conheceu o

amor. Foi passar umas férias na praia,

com duas amigas, e encontrou um ra-

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Japão de hoje: ela é moderna e emancipada, à ocidental.

paz um pouco mais velho» dezenove GUEIXAS

anos. Era um produto dos tempos da continuação

ocupação: meio japonês, meio america-

no, filho de um oficial das tropas de

MacArthur e de uma môça japonêsa. O

rapaz morava nos Estados Unidos, estu-

dava para ser engenheiro. Os dois namo-

raram, uma vez foram para uma barraca

de campanha, sem ninguém por perto.

Yumi sorri, com uma ponta de inocên-

cia ou indiferença, ao contar a história.

Ficamos tanto tempo lá dentro,

que ao sair eu não sabia se era dia ou

se era noite.

A aventura na praia durou apenas êsse

dia. Os dois foram lá apenas para se

beijar. Yumi gostava muito disto,

por-

que êle tinha os lábios macios. Mas fi-

caram muito tempo na barraca. À saída,

Yumi chorou, porque não estava acostu-

tumada com aquilo. Depois, achou que

havia gostado.

Desta vez, pensei, foi amor de ver-

dade.

Desde êsse dia, Yumi nunca mais

chorou.

Eu fiquei com mêdo, rompi com

êle. Na manhã seguinte voltei para casa,

sem sequer avisar minhas amigas. Eu

não sabia que o amor era tão inquie-

tante. Estava impressionada, cheia de

temores, mas ao mesmo tempo, foi en-

graçado, estava contente.

Na escola, Yumi nunca ouvira falar

do que pode acontecer entre um rapaz e

uma môça. Ela e as amigas falavam

muito de beijos, achavam que o beijo

era uma coisa muito importante. Pouco

mais sabiam do amor.

John, êsse namorado, era um tipo

meio gordo, maciço, físico de lutador,

mas era um bonito rapaz. Depois que

voltei para casa, voltei a encontrá-lo, mas

por um motivo prático. Havia esque-

cido dois vestidos em seu carro e que-

ria recuperá-los. Um mês depois en-

contrei-o em Tóquio. Êle é quem me

procurou, foi muito galante ao me falar

pelo telefone: "Senti

falta do seu perfu-

me", disse. Encontrei-o ainda três vêzes.

Soube depois que tinha viajado

para os

Estados Unidos.

Uma forma de viver

Yumi trabalha num bar, à noite. Per-

cebe um salário fixo para fazer os clien-

tes beberem. São 70 000 ienes por mês,

perto de 900 cruzeiros novos. Além dis-

so, há o trabalho como modêlo, que lhe

pode render quase isso. E obtém muito

mais: vestidos, presentes, jóias. Sem ne-

nhuma crise de consciência:

Por que complexo de culpa? Le-

vanto-me ao meio-dia, faço meu traba-

lho de modêlo, à noite vou dançar. Estou

ou não vivendo a minha própria vida?

FIM

256

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^ Eu faço surf, estudo

cibernética, não perco

festival de música

popular, adoro os filmes

do cinema novo, acho

mini-saia o máximo.

E leio Seleções 0

— a revista adulta que

o jovem gosta de ler.

Seleções

*R£adeãDigest

Metade dos leitores de

Seleções tem menos de 29 anos

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"\«!H|!!^.|l J.

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Brasil

pergunta

ESTA ÚLTIMA PAGINA E OE OEBATE. AQUI. RESPONDENDO AOS LEITORES

PERSONALIDADES ENTRAM EM CHOQUE, DISCUTINDO GRANDES PROBLEMAS

A INSTITUIÇÃO DO

JURI

ESTÁ SUPERADA?

SIM

As origens remotas do júri

estão ligadas às

conquistas liberais, e isso criou acêrca dessa

instituição um preconceito que

é a principal

arma utilizada pelos que

a defendem. O acusado, supõe-

se, é julgado pelos

seus pares, por

aquêles que

o conhe-

cem e sabem a verdade sôbre o crime e a pessoa

do

seu autor. Estariam, assim, em condições de realizar

uma justiça exata, em nome dos interêsses sociais

que

representam. Através da decisão do júri,

fala a própria

sociedade. Portanto, nunca haveria êrro nessa decisão,

pois as leis são feitas

pela sociedade e

para a sociedade.

O preconceito histórico explica

por que várias das

Constituições brasileiras fizeram referência ao júri, que

na de 1967 continua consagrado no rol das garantias

da liberdade individual. Essas idéias não têm, entretan-

to, nenhuma coincidência com a realidade, pelo

menos

no Brasil e neste século. Se num passado

longínquo, em

outras plagas,

o júri

constituiu uma saudável forma de

justiça, em nosso meio, na atualidade, apenas vem ser-

vindo para

fazer grassar

a impunidade do mais grave

dos crimes, que

é o homicídio. A vida humana não goza

de garantia

alguma em nosso País, o que

é uma autênti-

ca vergonha. O assassino conta com a impunidade, quase

certa. Ao elaborar-se a Constituição vigente, perdeu-se

ótima oportunidade de acabar com essa instituição su-

perada. Todavia, ela foi mantida para os crimes contra

a vida, numa ocasião em que

até para os crimes de

imprensa deixou de existir. O liberalismo democrático

com que

se enfeita a conservação do júri

é de pura

fa-

chada. Por que

só para

os crimes dolosos contra a vida

êsse liberalismo? Por que

não

o estender aos ladrões, aos es-

telionatários, aos delinqüentes

sexuais, etc.? Chegamos ao

extremo da contradição: se o

agressor fere gravemente a ví-

tima, é julgado pelo juiz sin-

guiar; se mata, assiste-lhe di-

reito ao julgamento

"liberal".

Mas por que

essa diferença?

Quando combato o júri penso

principalmente nos pequenos

centros urbanos do nosso imen-

so território, nos lugares onde

a politicalha se inflitra no con-

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HQ

Basileu Garcia

ADVOGADO

selho de sentença, e na presença

freqüente do jurado

de escasso espírito público,

cujo pronunciamento

é o

reflexo de sentimentos que

nada têm a ver com a idéia

de justiça

e com a necessidade de defesa coletiva contra

o crime. Não ignoro que

a justiça

dos juizes profis-

sionais não é perfeita.

Pode-se, porém,

melhorá-la. Em

relação ao júri,

isso é quase

impossível.

m

E o afirmo com absoluta convicção, em vir-

tude de uma longa experiência profissional.

Há muitos anos venho participando

de jul-

gamentos perante o

júri, na capital e em

quase todo o

interior de São Paulo. Posso afirmar, em razão dêsse

fato, que

essa instituição, em São Paulo, tem apresen-

tado bons resultados. Isso se deve, em grande parte,

ao

cuidado com que

os juizes

de Direito das nossas comer-

cas fazem a lista dos jurados,

formada por pessoas

idô-

neas, ponderadas, de boa formação e

pertencentes a

diferentes classes sociais, o que

lhe dá um caráter de-

mocrático. A eficiência de uma instituição ou de uma

lei depende dos homens incumbidos de sua execução.

No júri, o número dos

jurados que compõem o chamado

conselho de sentença é de sete; suas decisões represen-

tam, o sentimento de todos êles. O julgamento por

um

órgão coletivo, a nosso ver, torna mais difícil um êrro

judiciário do que

o realizado por

um único juiz.

Entre

nós, em razão de um dispositivo constitucional, o júri

julga as mais graves

infrações

penais, isto é, os crimes dolo-

sos contra a vida. Os jurados

muitas vêzes conhecem o réu,

conheceram a vítima e sabem

quais são os antecedentes do

fato delituoso. Como não estão

presos aos textos das leis pe-

nais, podem, em certos casos,

fugir aos seus rigores, para

dar

ao julgamento uma solução

humana, de acordo com a nos-

sa índole e os nossos costumes

e atendendo ao interêsse so-

ciai.

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Jtesi

Dante Delmanto

ADVOGADO

258

Resposta à pergunta da leitora Nazaré Mendes — Rio, GB.

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•*".w AS4 ^;jf*&Vj:-r^

s&g&m

REGENTE '69

- Ainda maii luxuoso e bonito

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r ¦ l^*%%«Ç-l;«:;:: ^\siít}ff»*f»f^ ~ >> .

- //tí^^^^^PI^^ ^^J\*^ViV:V:;:.v.^£ ^PP^^^^^rV^èX \ I «o-5^^

11 ISa^^=s^É8^1i 11 fi

'68 foi o «oo do Chrysler. Esplanada e Regente tornaram

maior aumento 'de

Vendas do país. Os de maior valor

'Wro*

Em '69

a tendência vüi

prosseguir. Porque a Chrysler lança »

sua nova linha com os *afitó£|^'

mais avançados - ESPLANÁfc&E- V '/

REGENTE '69.

A grande surprêse: GTX,

O primeiro GT cie linha éa Brasil.

E a Qualidade Chrysler representada .

pela maior garantia do, Ilrasil; <•

2 ono*ou 36.00Q knJc* V?*^^^O ESPLANADA Wtem agdra

novos frisos, que embelezam amda * *

>

O REGENTE '69

ficou ainda mqís

as inovações internas trouxeram mais

classe ao carro. %

Ambos têm novo sistemd elétrico.

E o GTX... Faixas externas,** *V " V <* ml

grade e alojamento dos;£*•

faróis pintados de preto, conta-gifOs •

câmbio no console de jacarandá,

que tem relógio elétrico e cinzeiro, ^

faróis de milha (opcional),

volante esporte, 4 marchas ò frertte, m

todas sincronizadas. O mais vv

E, por trás de tudo, a Qua..

Chrysler: a garantia ^'^""V*

2 anos ou 36.000 km. Protegendo^

sua tranqüilidade. Garantindo que^4fl<alegria que o ESPLANADA

*69, o

REGENTE '69

ou o GTX lhe dão^^^^^^¦HHWNKTT^e. ~n^

T rl'b W *¦ ¦. -.?$£«* lABwW Y »»• 8wznn3&**

*

bLZ*M:- $m mtBSSSM^%^lv

CHRYSLER

do BRASIL S.A.

i ' * •**/?

Desenho esportivo d o copô, opcional

4-f^i Ti* lifcriT^Tii r >T T^^BlrllWl^^^Wn»a^^rMiWM^BMi ¦Bl¥i»nMTiT^^^^M^» iiiTr t PI)* ^EMH ' "«L t^* * 1 *

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Jamais

surgiu um

cigarro

tão luxuoso

como este...

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Hilton — Sofisticado como você$ f

..^ ^ ^_r ^i/Lrs,''.' •\^;1».;

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Hilton tem o sabor inconfundível

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|| Hilton sabor envôlto em dourado.

além

com

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ISE^yHr^ H

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sua altura!

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