i DEZEMBRO 1968 SALAZAR UMA PUBLICAÇAO DA ...
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DEZEMBRO 1968
SALAZAR
UMA PUBLICAÇAO DA EDITORA ABRIL
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ouro i8k. Inclusive sua OmegaOmega de linhas clássi-
cas, com caixa e pulseira
em ouro 18 k.
Em cada segundo,
um Omeya recordará
todo seu carinho
Pequenino relógio-jóia
com vidro "Saphette",
em ouro 18 k.
"Saphette" com pulsei-
ra na mesma largura do
relógio. Ouro 18 k.
H8P
Outro "Saphette"
em
ouro 18 k. Inclusive sua
original pulseira.
Omega é um precioso presente que
faz feliz a quem o recebe. Em
ques-
tão de bom-gôsto, mais vale presen-
tear bem do que
muito - e com
um Omega você consegue ambas as
coisas. Cada vez mais, em todo o
mundo, vai se afirmando a idéia de
que um Omega é bem mais que um
bonito relógio. O nome Omega dis-
tingue, hoje, o que
é de grande cias-
se - traduz a satisfação de oferecer,
a alegria de ganhar. É um régio
presente, constantemente recordan-
do a ternura de quem o ofereceu ...
Escolha na portentosa Coleção Ome-
ga o relógio exatamente adequado
a quem você deseja
presentear. Mo-
delo clássico ou esportivo. Auto-
matico ou de corda manual. Todo
em ouro 18 k, inclusive com ricas
pulseiras de desenho exclusivo. Fo-
heado a ouro ou em aço inoxidável.
Todos com aquela famosa precisão
que distingue um Omega. E com Cer-
tificado de Garantia do Serviço Mun-
dial Omega, valido em 163 países.
3.080
Assistência Técnica Omega: São
Rua
Paulo, Av. Paulista, 352 - 13 °
dos Andradas, 1629 .
O
OMEGA
3 ° • Rio de Janeiro, Av. Rio Branco, 99 - 7.° • Pôrío Alegre,¦ , ou por todos os Concessionários Autorizados Omega'.
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Editor e Diretor: VICTOR CIVITA
Diretor de Publicações: Roberto Civita
Diretor Editorial: Luís Carta
Diretor, Divisão Revistas:
Domingo Alzugaray
Diretor de Grupo Redacional:
Alessandro Porro
Diretor de Redação, Rio:
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Diretor de Publicidade:
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Redação
Redator Chefe: Milton Coelho
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Editor de Texto: Maurício Azêdo
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Luiz Fernando Mercadante
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Redatores e Repórteres: Déclo Bar,
Dirceu Soares, Eurico Andrade,
João Antônio, José Carlos Maráo,
Lais de Castro, Talvani Guedes
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Edson Calvo Lobo,
Paulo Orlando Lafer de Jesus
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REALIDADE é uma publicação da EditOra Abril Ltda. / Reda-
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Galeria Tljucas, R. Cândido Lopes, 11, 15.° and., cj. 1516 —
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todo o Brasil da Distribuidora Abril Ltda. Preços: exemplar
avulso NCrS 2,00. Assinatura semestral NCrS 12,00. Assina-
tura anual NCrS 24,00. Nenhuma pessoa está credenciada a
angariar assinaturas desta publicação. Se fôr procurado por
alguém, denuncie-o ãs autoridades locais. Números atrasados:
no Rio, Rua República do Líbano, 19; São Paulo. Rua Briga-
delro Toblas, 773. Pelo correio: Caixa Postal 7901. / Todos
os direitos reservados. / Impressa em oficinas próprias e
nas da S.A I.B. — Soe Anônima Impressora Brasileira, S P
As opiniões dos artigos assinados nâo sào necessàriamente
as da revista, podendo até mesmo ser contrárias a estas
UMA PUBLICAÇÃO DA EDITÔRA ABRIL - ANO III - NÚMERO 33 - DEZEMBRO 1908
O rosto de Lufs Carlos Prestes J6 nfio 6 o mes-
Capa mo. Suas id6ias e seus m6todos, por6m, nfio mu-
daram nada. Desenho de Carlos Alberto Lozza.
- ¦ 00 E*te 6 o camarada Prestes — Paulo Patarra des-
tXClUSIVO 38 ceu aos subterrfineos do PC para ouvir, pela
primeira vez desde 1964, Luis Carlos Prestes.
O júri é soberano — Sete pessoas se reúnem
Documento 63 para decidir os destinos de um ser humano, Ouem
julga estará à altura de tamanha responsabilidade?
O pequeno prêmio — Contrastando com o luxo e
C0StUITI6S 80 OS prêmios do Jóquei Clube, as corridas de trote em
São Paulo vivem das pobres ilusões dos humildes.
62 chances de não morrer nem sofrer — Na luta
Medicina 99 contra a morte e a dor, implantes e transplantes
chegam a criar um nôvo ser, o homem recomposto.
Internacional
Guerra e paz no kibutz — Jovens de todo o mun-
116 do chegam a Israel para trabalhar nas fazendas
coletivas e revolucionar a educação tradicional.
Multos carros para esta vaga — As fdbrlcas
Progresso 136 de autom6veis agora sfio s6 quatro, mas produ-
zem dezessete modelos. Como escolher entre dies?
Agonla e queda de Salazar — Odylo Costa, filho
Depoimento 148 viveu os dias dramdtlcos em que Portugal teve
de substituir o homem que governava h£ 40 anos.
O que 6 o mar — Os mistSrlos guardados pelo mar
Ensaio 164 s§o decifrados pelos versos de Chico Buarque
de Hollanda e pelas fotos de David Drew Zingg.
O troplcallsmo 6 nosso, viu? — O mais discuti-
MA c'° movlmento artfstlco desde o aparecimento da
bossa-nova agora sauda o povo e pede passagem.
Acontece que 6le 6 balano — Mas essa 6 apenas
pprfji 4 Q0 uma das muitas razSes para explicar Caetano Ve-
rer™ loso e seu camlnho em nossa jovem musica popular.
Ciência
Êles não estão brincando — Um grupo de profes-
202 sôres descobriu uma forma alegre de ensinar Físl-
ca. Êles vivem numa cidade do interior paulista.
A revolução dos bichos — Sátira de George
Conto 219 Orwell aos primeiros tempos da Revolução Russa.
Uma crítica a todos os tipos de autoritarismo.
Naitu eaquerdaa o Braall confla — Os planoa
Esoorte 236 de reconquista da Copa do Mundo, no M6xico, In-
cluem trfis canhotos: G6rson, Rivelino e Tostfio.
Gueixas, adeus — Pouco a pouco, as tradlQfies
Mulher 246 do Japfio vfio cedendo ao progresso. At6 quando a
gueixa resistird como sfmbolo da mulher oriental?
Tiragem desta edição: 445 000 exemplares
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Há mais de um ano a Ford vem tes-tando exaustivamente os veículos
da Linha Willys, a fim de compro-var a sua qualidade.
Aqui no Brasil e em Detroit, téc-
nicos especializados da Engenha-ria Ford analisaram cada um doscomponentes dos veículos Willys.E depois, o seu todo.
O resultado disso foram 405modificações que acrescentaram à
qualidade Willys a qualidade in-
ternacional Ford. Aquela mesma
qualidade responsável pelo êxito
que os carros Ford vêm obtendonos centros automobilísticos mais
avançados do mundo.
Isto, traduzido em benefícios para você, significa melhor fun-
cionamento. Menor custo de manutenção.
Por exemplo:
Melhor sistema de freios — Os veículos da Linha Willys 69 pos-suem, agora, tambores e lonas de freio iguais aos do Gálaxie.
Quer dizer: o tambor é maior e mais grosso do que os normal-
mente produzidos, evitando que haja aquecimento excessivo
nos freios; e a lona possui melhor coeficiente de fricção, redu-
zindo, assim, a possibilidade de freagem desigual.
Melhor vedação — Agora, os veículos Willys vêm com vedação
de borracha nas janelas — muito mais duráveis e melhores que
a vedação comum de feltro. Além disso, a vedação de borracha
ajusta-se melhor à janela, evitando a vibração e o barulho.
Novos limpadores de pára-brisa — Os limpadores de pára-brisa
dos veículos Willys 69 são iguais aos do Gálaxie. Isto significa
melhor limpeza, maior área de varredura, borracha com maior
duração, melhor acabamento.Novos amortecedores — Mais duráveis, mais resistentes, muito
mais macios.
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Estauma delas.
Novo diâmetro no eixo traseiro —
Os eixos traseiros da Linha Willys69 são reforçados em virtude do
aumento do diâmetro do tubo. Émaior capacidade de carga, melhor
rigidez, mais durabilidade.
Motor com novos mancais — OAero-Willys 69 tem mancais iguais
aos do Itamaraty. O resultado disso
é maior precisão no funcionamen-*T to, maior folga entre as partes mó-
Çm veis, funcionamento mais silencio-
^* so, menor desgaste, manutenção
da pressão do óleo por um períodomais longo.
Motor reforçado — Evita a possi-bílidade de vazamento de óleo.
Transmissão com nova vedação — Possibilitando aperfeiçoa-mento na engrenagem sincronizada.
Embreagem aperfeiçoada — Permitindo a diminuição do esforçodo pedal e um funcionamento mais rápido do mecanismo*de de-sembreio.
Diferencial auto-blocante — É mais estabilidade. Mais segurança.Menor desgaste dos pneus.Silêncio — Os veículos da Linha Willys 69 são mais silenciosos.Você não ouve nenhum barulho. Nenhum.
Estes são apenas exemplos das vantagens que você obterá
das 405 inovações introduzidas pela Engenharia Ford, na Linha
Willys 69. Há outras, muitas outras.
Por que tantas vantagens?
Para que a Ford pudesse introduzir a modificação n."406.
Que é precisamente o Oval, a marca Ford. A prova de que a
qualidade Willys foi definitivamente comprovada.
A mesma marca que lhe permitirá chamar, daqui para frente,
os veículos Willys de Itamaraty Ford, Aero-Willys Ford, Pick-up"Jeep"
Ford e "Jeep"
Ford.
ITAMARATY AERO-WILLYS RURAL PICK-UP JEEP JEEP
Uma poderosa frota dc jatos: 20 Caravclles. 4<elegantes DC-9, 22 quadrircatores DC-8. Uma redemundial, servindo 5 continentes e ligando suas 87 maisimportantes cidades. 5 cargueiros a jato, 70 000 to-neladas transportadas. O mais moderno Centro Au-tomatizado de Carga. Um sistema eletrônico dereservas sem similar: 2 segundos para confirmar a re-serva de um passageiro Alitalia em todo o mundo.Isto é o que somos atualmente. Mas já estamos pre-parados para os anos 70 : os nossos 4 jumbos B-747
¦ ~S __ ^
tfeM</dlftU
sônicos B-2707 voarão a 2900 km horários. Nós nãovivemos no futuro. Estamos simplesmente atualizados.
***%\%*m*mÊmanos servindo o Brasil
r
NOTA DA
REDAÇÃO
HOME
PARA HOMEM
A
partir dêste número, Paulo Patarra
(que estêve em REALIDADE des-
de o dia em que
ela começou a ser pia-
nejada e da qual
foi redator-chefe, de-
pois diretor da Redação) deixa a revista
e passa
a dirigir o setor de novas publi-
cações da Abril Cultural.
A despedida de Paulo Patarra está na
página 38. Uma entrevista
que parecia
impossível, dado o segrêdo que
cerca os
movimentos do entrevistado: o líder co-
munista Luís Carlos Prestes. Ao publicar
êsse trabalho, REALIDADE não visa
apenas ao
"furo"
jornalístico, nem mos-
trar as peripécias
vividas pelo
repórter
para localizar e ouvir um homem mis-
terioso. Trata-se de um documento im-
portante sôbre os comunistas, essa seita
subterrânea marcada por
tantas incóg-
nitas e tantos dogmas, hoje como sempre
ditados por
Moscou. Uma seita que per-
manece viva, fiel à sua vocação totali-
tária e obstinadamente empenhada, pe-
los tortuosos caminhos da ilegalidade,
em tomar o poder
no Brasil, diretamen-
te, se possível, por
intermédio de prepos-
tos, se necessário.
As palavras
de Prestes a Paulo Pa-
tarra devem ser entendidas como uma
advertência aos ingênuos, aos que
acre-
ditam numa democratização do comu-
nismo de obediência russa. Basta consi-
derar os aplausos do chefe vermelho bra-
sileiro à intervenção soviética na Tche-
coslováquia para
medir a impermeabili-
dade do PCB aos mais elementares prin-
cípios de liberdade e de independência
dos povos.
Destaque a sua
personalidade
com as fragrâncias
da linha
HOIVBRE
mm
COLÔNIA HOMBRE
Fragrância que marca
sua personalidade.
I
COLÔNII HOMBRE INTHONV SCOTT
Fragrância de gala, para ocasiões
especiais
COLÔNII
HOMBRE
UVINDI
Fragrância
clássica
para uso
diário.
HOMWI J
^—
Para seu complemento:
LOCiO «Pds BIRBI HOMBRE
Antisséptica e hidratante
As fragrâncias da linha HOMBRE
são produzidas com txclusividadè
para Artez Westerley
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Segundo as mulheres,
a personalidade
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resumo de
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vivemos
revista
REALIDADE
E o culpado é você.
Você lê esta revista, gosta dela, e isto é o
mais importante para nós.
Queremos que você a
prefira sempre,
que goste cada vez mais da maneira como
ela 'informa,
dos seus artigos e reporta-
gens, da sua paginação, da sua impressão.
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Mas vai viver apertada
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As controvérsias do sexo
Sr. Diretor: Meus parabéns pela reporta-gem "Sexo sem Medo". Estou de plenoacordo com Dona Sabá Gervásio, aquelaque diz, na sua reportagem: "Nunca faleem educação sexual. Fale somente em edu-cação, num sentido amplo. Porque educa-ção deve abranger tudo".
Regina LealSão Paulo — SP
Sr. Diretor: Para ser sincera, devo dizerque a reportagem sobre o ensino das coisassexuais na escola quase atinge as raias dapornografia. Assim, sim, que se põe malíciana cabeça das crianças desde o pré-primário.
Maria Aparecida MagalhãesRecife — PE
Sr. Diretor: Nunca tive educação sexual enem por isso sou infeliz. Quero que meusfilhos sejam educados como eu fui, paraque sejam felizes como sou.
Antônio José SérvuloRio de Janeiro — GB
Sr. Diretor: Genial, genial, a reportagem"Sexo Sem Medo". Se todo mundo tivessea educação que as crianças daquelas esco-Ias têm, haveria menos problemas. Por fa-vor, continue sua campanha (que tambémconsidero minha) por um Brasil mais inte-ligente.
Suzana PrestoRio de Janeiro — GB
com dois trabalhos, ambos magníficos. Oúltimo artigo, então, "Quem não Tem suaMania", está simplesmente genial. Sou cea-rense e, como tal, portador de uma incurá-vel mania, o bairrismo. Pude observar queas duas melhores edições de REALIDADEforam exatamente as que tiveram em suaspáginas o humor sadio e maravilhoso desseilustre conterrâneo.
Wellington Alves de SouzaRecife — PE
De padres e celibato
Sr. Diretor: Em pleno século XX, onde aciência, a tecnologia, o pensamento humano,o erotismo pelo infinito, pelo além, peloincognoscível imperam sobre a Terra: ondeos governos sofrem opressão pelos erros es-truturais de seus ascendentes, dos operários,estudantes e da massa generalizada; ondea Igreja sofre pressão pelos leigos, pelospróprios clérigos, pelos protestantes, pelosoposicionistas e demais seitas, é estéril eprejudicial uma reportagem como a quea vossa revista acabou de lançar, sobre reli-gião. Existem mil problemas, além do ce-libato, a serem solucionados. Afinal, ondeestá o princípio filosófico dessa revista:amontoar problemas, angustiando a huma-nidade, ou apresentar bússola de solução?
Henoque Veríssimo de AmorimArapiraca — AL
Sr. Diretor: Aquela tal de Dona Cinira,orientadora educacional do Ginásio Pluri-curricular não sabe o mal que está fazendo!Não posso entender como os pais deixamque aquelas crianças tenham orientaçãosexual em classes mistas. Ainda bem quemoro muito longe deste absurdo.
Celso W. FerreiraFortaleza — CE
Cada um com sua mania
Sr. Diretor: Ê um desperdício gastar cincoou seis páginas com reportagem como"Quem não Tem sua Mania" e "Este Ame-ricano Vai à Guerra", enquanto muitosacontecimentos da crise atual deixam deser publicados. Edi Ventura
Florianópolis — SC
Sr. Diretor: Gostei muito da reportagemque Chico Anísio escreveu, "Quem nãoTem sua Mania", principalmente no ^trechoem que dizia que os gaúchos têm a "mania
de dizer que são super-homens, mais ho-mens que os outros". Ê certo, eles dizemque no Rio Grande do Sul só tem "homens .Bem, eis o consolo de um paranaense: nós,nesse caso, somos mais felizes, pois aquié dividido: a população é metade compostade homens c a outra metade de mulheres. .
Antônio Carlos SpejorimBftO Johó do» Pinhais PR
Sr. Dil «tor: Chico Anísio apenas contribuiu
Sr. Diretor: Li com muita atenção o artigosobre o celibato e fiquei entusiasmado por-que o número de padres que se casam crês-ce dia a dia. Não se pode subtrair do ho-mem um direito natural, que lhe é inerente,que nasce consigo mesmo desde a primeiraformação de célula-máter da vida humana.Não entendo como a Igreja Católica Ro-mana prega o casamento como sacramentoe exime seus chefes religiosos desse mesmosacramento.
Virgílio de SenaPresidente Prudente — SP
Sr. Diretor: Aprovo e recomendo o celibatovoluntário, isto é, a abstenção sexual espon-tânea. Reprovo e condeno o celibato com-pulsório, porque é contra a natureza e oEvangelho, e é fonte de grandes males, fí-sicos e morais. O celibato sacerdotal obri-gatório foi decretado pela Igreja não pre-cipuamente por motivos espirituais, mas porconsiderações políticas e financeiras. O pa-dre sem família é um instrumento maisdócil e manejável nas mãos da hierarquiaeclesiástica do que o homem casado e paide família. Além disso, quando um sacer-dote celibatário morre, não raro, deixa suafortuna para a Igreja, ao passo que os bensmateriais do cidadão casado passam paraseus herdeiros. Convém não esquecer queo direito canônico da Igreja Romana nãoconsidera excomungado nenhum sacerdoteque viva com mulher ou mulheres; exco-mungado é somente o padre que, como diza lei eclesiástica, "atentar matrimônio civil",isto é, o padre que deixa num cartório odocumento por escrito de seu casamento.
HlBERTO ROHDENRecife p^
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•™££\ ^./.p., • Guarantà . Guaraçai • Guararema • Guaratingue
Nova Granada • Nova Itapura • Nuporanga • Ocian-Praia Grande • Orlân
Faria • Penápolis • Pedreira • Peruibe • Pindamonhanggba_» Pereira
Porto Feliz • Porto Ferreira • Potirendaba • Praia GrandeRancharia • Ribeirio Bonito • Ribeirão dos índios • Ribeirio
Santa Cruz das Palmeiras • Santa Cruz do Rio Pardo • SantaSantos • Sio Bento do Sapucal • SSo Carlos • Sào JoSo (
SAo Pedro • SAo Roque • SAo SimAo •Teubaté • Tietê • TupA • TremembéEST. DO RIO DE JANEIRO - Angra do*Cabo Frio • Campos • Cardoso^ *4r*Italva» Itatiaia» Macaé» Mangaratiba «y
Nova Friburgo • Papucaia • Petropolis iSAo Matheus • SAo Pedro D'Aldeia «J^Volta Redonda • SAo JoAo da Barra •£&do Paraíba • ItacurussA • Duas Barras -*
Aimorés • Além Paraíba • Alfenas Sfjm.Araguarl • Arassuaí • Araxá • Arcos ? -J^ . r ¦Belo Horizonte • Belo Vale • B'088^'^,^ ,T ^Sucesso • Botelhos • Brasi liando.-'Cambui • Cambuquira <f>Capinópolis • CapitãoCaratinga • CarlosCássia • CataguasesCentralina • Corint^*»^,Conquista»Curvelo ^»*í?'do Campo • CoCoraçSo de Jesus ....Diamantina» Divinópolittrt»- J
' *^0*
Dom Silverio • Dores oÊ*Mk
Oswaldo Cruz •3arreto • Pinhal
BicasV»*T»>-*airt»
ráíSfef.;Espinosa • Ferros • Formiga • /SDores do Indaiá • Entre
Valadares • Ervalis • Guarani» Giiaih-iInibutana • Itabira • Itaberito • Itajubá
Jequitinhonha • Jcaima • Joio Monlevade • Juiz de Fora • • ^
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Lavras • Leopoldina •_ Liberdade • Luz • Mantena • Machacalis * '[ m y*
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^*evUW^^b3i^3reS'dente Bernardes • Presidente *£yp_sM zfe^n. ^reto • Rinc«ío • Rio Claro • Rio XaX*jJC^^^bJP^M1 do Sul • Santa Izabel • Santa ,i ^fta^^Hfcfi^M tJXgoa Vista • SâoJaâauim da >*4» •; *3
SerraMeqra • Serrana/J^^P-^p.' Jj^LStr\io^o^l^y^ ^>jvi i'i***jÍk]2flÍS3n| H|b« raiara ^m&\.' t Jt*J&5^^ ^FÊtElXm^ *.' *\ V^i^fl
HjdÈtí-.^*u m m- i la^rJlZmtStfaãVsVé tjW**»^2\í.tCm\£&S££
¦ Ví^tófj^'ritmai)-^yC/a ^Jí^S' -->«>¦•? g&f& >B^JaEjHii^
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v/S^K Pacheco
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» o r,,h • Pai*-tini • P«l t..r. DOeste • Palmital • Paraibuna • Paraguassu Paulista • Paulo o
Ditác.o • Presidente Prudente • Presidente Wenceslau • Promissão • Quata *
s Pedras • Salto • Salesopolis • Salto Grande • Sào José das; Laranjeiras *
ita do Passa Quatro • Santa Rosa do V.terbo • Santo Anastácio • Santo Expedito
larra • Sâo José dos Campos • Sâo José do Rio Pardo • Sâo José do Rio Pret,
orocaba • Suzano • Tambau • Tanabi • Taquantinga • Tatui • Terra Roxa •
chòa • Vargem Grande do Sul • Valparaiso • V.radouro • Votuporanga • M irassc
Araruama • Bacaxá • Barra de Juraranâ • Barra Mansa • Cachoeira de Macab
Treira • Casimiro de Abreu • Conceição de Macabú • Cordeiro • Itaperuna «
aricá • Miguel Pereira • Miracema • Natividade de Carangola • Niterói *
aracambi • Resende • Rio Bonito • Santo Eduardo • Sáo Fidelis Iis • Três Rios • Valença • Vassouras • Venda das Pedrr.
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Almenara • Alvinópolis • Andradas • Andrelând• Bambuí • Barbacena • Belo Onen'
Iom Jardim de Minas • Bonnas • Buenopolis • Caetè •
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Chagas • Carvalhos. «ii •* K W; tA* - **> m JKf * *r? " * ,vA~\ãT? & **¦" 477-a **^»»*éP Caxambu •— mm I p tl %*m, mM . jt, T O' « C mm.r. .w^m J#á flV^A ^ _, ..*.*..! ¦ m j^. Tm* j~ *^.m*frk ii. k .v *• ««nn .*w w /m.s.M.x;**mSm Cordisburgo
Congonhaslafaiete •Hi FabricianoDom CavatíCampo •
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loreiinha • hui • maepenaenc.a «irai - «u«r«...« - -u. -y-.-w - w-s—. J Júlio de Castilho • Lageado • Lavras do Sul» Livramento • Marcelino Ramos» Maximiliano de Almeida • Minas de Butiá
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Sul • Sio Boria • São Gabriel • São Leopoldo • São Marcos • Sapiranga • Santana do Livramento • São Fransísco de Paula • Samanduva • Santa Barbara doSul • Santa Cruz do Sul
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cartas
A Umbanda e seus mistériosSr. Diretor: Acabo de ler REALIDADE,na qual encontrei a reportagem "Uma FéMisteriosa: Umbanda" e. homem que sou.inteiramente dedicado à Umbanda, não po-deria deixar passar esta oportunidade paravir cumprimentar o autor da reportagempela forma sincera com que descreveu amesma. No entanto, venho discordar dastotós publicadas, pois, em sua maioria, nãocondizem com nosso ritual. Isto porém éexplicável, tendo em vista a grande confu-são ainda reinante entre Umbanda, Can-domblé, Quimbanda e outros rituais deri-vados dos cultos afro-brasileiros.
Adyllon de Oliveira FreitasDiretor Presidente
Federação Umbandista doVale do Paraíba
Guaratinpruetá SP
Sr. Diretor: Desejo enviar meu maior aplau-so pela reportagem feita por esta concei-tuada revista sobre a Umbanda e seus mis-térios. Somente uma revista de liderançacomo REALIDADE tem a coragem deabordar um assunto tão real como a Um-banda.
Íris da C. Godoy PresidenteGrupo Espírita de Umbanda
"Doze Apóstolos"Porta Alegre RS
O Brasil já conhece Cruzeiro
Sr. Diretor: Há três meses estive em Cru-zeiro do Sul, integrando o projeto RondonII. A reportagem honesta, leal, inteligente,simples, objetiva, cheia de humanidade mos-tra um repórter na acepção da palavra (hojesão poucos). Que possa o Brasil contar comtrabalhos honestos e inteligentes como êstede Eurico Andrade e seu companheiro, emelhores condições terá na hercúlea tarefade manter brasileira a Amazônia.
CÉLio S. MoreiraPiracicaba SP
Sr. Diretor: Admirador e leitor de REA-LI DADE desde seu início, felicito-os pelamagnífica reportagem sobre Cruzeiro doSul. É graças a estas reportagens que ficamos nossos governantes alertados da infiltra-ção estrangeira quc poderá surgir com adeficiência de estradas, escolas e saúde pú-blica naquele fim *Ao Brasil.
BDOAI Stein OliveiraSanta Ross — RS
O problema das crianças, ainda
Sr. Diretor: Há anos, a APAE instituiuum conctiiso abo to aos estudantes das es-colas normais c institutos de educação ofi-ciais, visando a premiar o melhor trabalhosôbrè ¦ criança excepcional. O que é maisinteressante grande parte dos trabalhos fa-zia mtnçlO. como bibliografia, à reportagemda RI Al IDADF Se tal fato não nos sur-preendeu dada .» alta qualidade daquelareportagem, sentimo nos no dever de ates-
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/mm\mr\ - ^im^^^^^^^a^r* ^^^^B^m àW \M 'Mto' W** ^B B\m mt ^^- M^mmMmm^mUmm*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^M m*. w Am mm. m/A mm*. I a\*\a*ma-^ B\
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cartas
tá-lo dc público como reconhecimento pelo
serviço prestado por V.Sas. à luta, que é
de todos nós, em prol da criança excepcio-
nal deficiente mental.
Percílio de Oliveira — Presidente
Associação de Pais e Amigos
dos Excepcionais
São Paulo — SP
As dúvidas sôbre o racismo
Sr. Diretor: A reportagem "Eu
Vivi o Ra-
cismo nos EUA" não foi sòmente sensacio-
nal e maravilhosa como também serviu para
nos mostrar o drama que lá se passa. Esta
reportagem tirou muitas dúvidas e escla-
receu certos pontos em minha mente. Ago-
ra, pergunto: como será o fim do racismo,
dessa guerra entre pretos e brancos? O que
fará o presidente dos EUA para sanar êsse
terrível perigo que os ameaça?
Sblàudiano Cacri Filho
Monte Aprazível — SP
Com conhecimento de causa
Sr. Diretor: Li com grande interêsse a re-
portagem
"Um País Está com Mêdo", sôbre
a Bolívia, onde estive em 1966/67, como
estudante. Os autores demonstraram conhe-
cer sobejamente a atual política boliviana.
Sem dúvida, é mais uma das grandes reali-
zações de REALIDADE.
José Cunha
Juiz de Fora — MG
O jogo da natureza
Sr. Diretor: Como professôres que somos
do Departamento de Biologia Geral da Fa-
culdade de Filosofia, Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo não poderíamos
deixar de fazer um comentário sôbre o ar-
tigo "O
Jôgo Espantoso da Natureza", do
Sr. Michel Cecílio. O artigo, que poderia
ter sido muito interessante, apresenta uma
série de erros básicos: 1) onde o autor
ouviu falar que o espermatozoide se divide?,
2) o conceito de cromatina sexual dado no
artigo é absurdo; 3) o quarto parágrafo da
página 75 está horrendo, além de conter
erros graves, dá a idéia de que os 46 cro-
mossomos do homem foram descobertos
antes de 1915; 4) as células sexuais reúnem-
se na fertilização, e não na fecundação,
como está afirmado; 5) casamento de ervi-
lhas?; 6) relação entre ervilhas e genes?;
7) não há nenhum mistério ou surpresa no
fato de nascerem crianças de olhos azuis
de pais de olhos castanhos. Nenhum de nós
conhece o Sr. Michel Cecílio. Parece-nos
que êle errou profundamente por
nao ter
procurado a fonte certa. Aliás, o artigo nao
dá fonte de consulta.
Doijtôres: Renato Basile, Hamilton Targa,
Antônio Cestari, André Luiz Perondini,
Luiz Edmundo Magalhães, Luiz Carlos » -
mões, Sílvio Toledo Filho, Edson P. dos
Santos, João Morgante
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Sai às 2." feiras NCrS 1.00
/4 reportagem mencionada, como outras
publicadas em REALIDADE, não foi diri-
gida a médicos, biólogos ou outros especia-
listas, mas sim ao grande público. Isto
justifica a substituição de têrmos técnicos,
conceitos definidos com rigor científico, por
uma linguagem acessível ao leitor comum;
ao leigo, enfim. Daí a possibilidade de se-
nões como alguns dos apontados pelos sig-
natários da carta, que leram a matéria com
olhos de especialistas, naturalmente preocu-
pados com a exatidão científica da exposi-
ção feita na reportagem. Essa preocupação
levou à localização de um equívoco de que
nos penitenciamos: afirmação, errada, de
que o espermatozóide se divide (textualmen-
te, na página 75: *'Cada
célula sexual mas-
culina — espermatozóide — divide-se...").
A evidência de que foi um equívoco de
redação é dada pela consulta à página 73,
onde se fala com acêrto das "células
se-
xuais masculinas e femininas, também cha-
madas gametas". Em outros pontos, os auto-
res da carta foram por demais rigorosos
em seus reparos, e rigor não é sinônimo
de justiça. O item 3 fala de ''erros
graves",
mas devemos repisar que foi realmente por
volta de 1915 que os cientistas chegaram à
conclusão de que o cromossomo não pare-
ce uma fita contínua, e sim deve ser con-
siderado como um "colar
de contas". A
fertilização, citada no item 4 é o têrmo
técnico consignado por C. Pavan e A. Brito
da Cunha em Elementos de Genética {pá-
gina 181), mas no Dicionário de Ciências
Médicas Dorland o têrmo fecundação é ci-
tado como resultado da união do esperma-
tozóide e do óvulo. Entre o público a que
se dirige a revista, fecundação é expressão
bem mais conhecida do que fertilização.
O casamento de ervilhas referido no item 5
é válido numa matéria de divulgação cien-
tífica. A palavra casamento foi usada como
recurso de redação para enriquecer a lin-
guagem, depois da repetição, várias vêzes,
das palavras união e cruzamento. No item
7, por exemplo, o especialista não verá real-
mente mistério e surprêsa, mas a reação
da gente comum do povo não é assim tão
fria. Num casal de olhos castanhos, em que
marido e mulher ignorem as sutilezas da
genética, o nascimento de um filho com
olhos azuis nem sempre é recebido com
naturalidade. Quanto ao autor do artigo,
Michel Cecílio não é médico, biólogo, nem
geneticista, mas sim jornalista. Se não foram
citadas as fontes por êle consultadas, isto
se deve ao fato de REALIDADE não ser
uma publicação científica. Mas esclarece-
mos, neste caso, que as obras consultadas
foram: Um Pouco Sobre a Célula, de Re-
nato Basile (que aliás é o primeiro signa-
tário da carta); Genética Médica, de Newton
Freire Maia e Ademar Freire Maia; Here-
ditariedade Humana, de P. H. Saldanha;
Genética Humana, de Clodowaldo Pavan e
A. Brito da Cunha; e A Célula, da Biblio-
teca Científica Life. De qualquer forma,
agradecemos, e muito, a colaboração dos
professores da USP: afinal, só não erra
quem não faz. fim
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11 II .*»•**:•* •¦*-*-»Í_5--r*--* - -------«-»- •<»*->»*>*M**«^t*t-*~^
II Lp*--——
Ninguém tem contato mais íntimo com os móveis da casa
do que a senhora. Afinal, quem cuida deles
todos os dias tirando o pó, arrumando as camas, escolhendo
acessórios para que fiquem mais belos ainda?
Quando eles têm a qualidade de Móveis Cimo, merecem
tudo isso. Porque durante toda a construção foram
tratados carinhosamente. Temos a coragem de dizer que os
homens que fazem os Móveis Cimo têm mais amor por eles
que a senhora! Desde a escolha das madeiras, ate os
últimos retoques de acabamento, tudo é bom gosto e carinho.
Por isso, quando escolher móveis, nunca deixe por menos*,
escolha a qualidade Cimo.
Modelo 6220
-ò** MÓVEIS CIMOMatriz: Caixa Postal, 13 - Av. Sâo José, 770
CURITIBA - PARANÁ
O CONSELHO SUPERIOR DAS CAIXAS ECONÔMICAS INFORMA:
Caixa Federal tem 520agências para melhoratendimento
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At tete» - Os representantes das Caixas Fede-rais de todo o País apresentaram estas teses,todas elas aprovadas:1 - Reorganização das Caixas Econômicas Fede-rais. 2 - Operações ativas: Financiamento deBens de Consumo ; Crédito Pessoal; CréditoProfissional e Crédito Rural. 3 - PublicidadeInstitucional das Caixas Econômicas Federais.4 - Publicidade como Instrumento de Captaçãode Depósitos. 5 - Reforma Administrativa. 6 -Uniformidade de cobrança de taxas e emolu-mentos por parte das Caixas Econômicas Fe-derais. 7 - Necessidade de atualização de conhe-cimento e adoção de novas técnicas, nas CaixasEconômicas Federais. 8 - Operações Passivas:Adoção de métodos e processos de estímulo aopessoal das Agências de depósitos. 9 - Captaçãode recursos em substituição àqueles originaisdo Setor Público. 10 - Depósitos Judiciais.11 - Manutenção dos depósitos de entidadespúblicas, mediante convênio. 12 - Recepção eaplicação do Fundo Nacional de desenvolvimentoda Educação. 13 - Financiamento à EducaçãoEscolar. 14 - Introdução do Sistema de chequesde viagem nas Caixas Econômicas Federais.15 - Extensão da Conta Movimento para as de-mais congêneres federais. 16 - Extensão daResolução 31/66 do Banco Central relativo aodepósito com correção monetária. 17 - Tomadade posição quanto à extinção do cheque nasCaixas Econ. Federais. 18 - Operações Passivas:Financiamento junto ao Banco Nacional deHabitação. 19 - Conveniência da Criação de umaAssessoria de Planejamento e Organização.20 - Criação do Fundo de Garantia e Reserva.Outras teses, também aprovadas, foram absor-vidas por estas, pois tratavam de assuntos cor-relatos.
A PUBLICIDADE - Uma das preocupações dosconvencionais foi instituir um plano único depublicidade de âmbito nacional, para divulgaçãodas operações da Caixa Federal. O assunto foiobjeto das teses 3 e 4. Ao discutir a elaboraçãode um plano publicitário, a Caixa visou a ençon-trar uma fórmula para aumentar os depósitose fixar melhor a sua imagem junto ao público.Há necessidade de uniformizar o apelo a serusado por todas as Caixas Federais, que não obs-tante enquadradas no Sistema Financeiro na-cional, não estão em condições de concorrerem igualdade de condições com os bancos, por-que existem restrições às suas atividades. Enecessário partir para uma competição agressivaem busca de recursos. O apelo deve mostrar asvantagens da Caixa: a rentabilidade do capitale a prestação de melhores serviços.O ponto principal das teses apresentadas peloCONSUPER e pela Caixa Econômica Federalde Minas Gerais considerava que, para asseguraro êxito na coleta de depósitos, não basta ins-tituir atrativos, é indispensável divulgá-los con-venientemente. É preciso partir para uma publi-cidade operante e agressiva, uma divulgaçãoampla e objetiva, incluindo prestação de contasao público.Ficou decidido que logotipos, símbolos e "slo-
gana" fixação de imagem e difusão geral deserviços serão uniformes e determinados peloCONSUPER, mas agenciamento e execução depublicidade, quando regional, serão da compe-tência das Caixas Federais, isoladamente.
FUNDO DE GARANTIA E RESERVA - AsCaixas Econômicas Federais possuem 520 agôn-cias sendo a segunda maior rede coletora dedepósitos do País (só perde para o Banco do
Reunidos em Belo Horizonte, de 22 a 25 de outubro, cinqüenta etrês convencionais aprovaram vinte e três teses, que visam a me-lhorar os serviços das Caixas Econômicas Federais de todo o Brasile suas relações com o público. O encontro foi presidido pelo Sr.Oswaldo Pierucetti, presidente do Conselho Superior das CaixasEconômicas Federais.
Brasil). Entretanto, funcionando como unidadesestanques, deixam de usufruir as vantagens deprestação de serviços que uma rode como essapoderia conseguir. Havendo integração poderãooperar com Ordens de Pagamento, Ordens deCrédito, Cheques de Viagem, Cheques Compen-sados, Cheques Visados para pagamento emoutras praças, e Cartão de Crédito. Para mudaressa situação, o Sr. Oswaldo Pierucetti apre-sentou uma tese propondo a criação de um Fundode Garantia e Reserva. As Caixas Federais seintegrarão, de acordo com a tese, através deum convênio padrão, no qual serão previstos osdireitos e as responsabilidades de cada uma. OFundo terá por finalidade compensar os valorestransferidos de uma para outra Caixa Federalsob qualquer modalidade de operações; assegu-rar o suprimento de recursos para atendimentoa prazo reduzido das deficiências financeiras;promover junto ao Banco Central, e outras fon-tes, os entendimentos necessários à obtençãode recursos extraordinários, e transitórios, paraatendimento das deficiências da Caixa que ul-trapassem as possibilidades dos seus recursospróprios.Os recursos para a implantação do Fundo seriamproporcionados por diferentes fontes além doFEDOCEF: contribuição das unidades (propor-cional ao volume de depósitos), taxas e comis-soes com prestação de serviços e transferênciade valores para terceiros; renda de juros e taxasincidentes sobre os saldos devedores de cadaCaixa Federal. O Fundo ae Garantia e Reservaserá administrado pelo CONSUPER (ConselhoSuperior das Caixas Econômicas Federais). Seusresultados líquidos, apurados no final de cadaexercício, serão distribuídos entre as unidadesque participarem do convênio, na proporção desua contribuição para o Fundo.
OUTRAS DECISÕESO cheque continuará a ser usado pelas Caixas,a despeito de se ter cogitado de sua proibição.As Caixas Federais serão reorganizadas, visandoa dinamizar o trabalho.O uso da Conta Movimento será extendido atodos os Estados (isso já vinha sendo feitopela Caixa da Guanabara e Rio Grande do Sul).Foi criado o Depósito Natalidade.As Caixas Federais poderão realizar convênioscom entidades públicas, desde que os depósitosnão constituam verbas orçamentárias da União.Será pedida a revogação dos artigos 3.° e 4.° daLei 4.248 de 30/7/63, para que os DepósitosJudiciais continuem sendo feitos nas CaixasFederais. Além de todas essas resoluções, osconvencionais decidiram instituir um prêmio aser dado aos funcionários por produtividade epelo aumento, dos depósitos.
PARTICIPANTESALAGOASPresidente: Leone de Souza Cavalcanti - As-sessor: Jonas Calheiros de Araújo - ChefeLoteria: Geraldo Tenório ZagalloAMAZONASVice Presidente: Waldemar Andrade.BAHIAPresidente: Tu lio Oscar da Costa Chagas - ChefeLoteria: Aroldo P. de CarvalhoBRASÍLIAPresidente: Thales José de Campos - ChefeLoteria - José Gentil Porto.CEARÁDiretor: José Francisco DuvalESPÍRITO SANTOPresidente: Walfredo Zamprogno - Chefe Lo-teria: José Anchieta L. Sobreira
ESTADO DO RIODiretor: Francisco Ribas - Procurador: VascoRodrigues da Costa - Chefe Loteria: UlranyAndrade CostaGOIÁSPresidente: Thirso Corrêa Rosa - Chefe Loteria:Carlos Antônio GordoMARANHÃOPresidente: Fausto de Jesus Prazeres - Pro-curador: José Vera Cruz SantanaMATO GROSSOPresidente: Ennio Carlos Souza Vieira - ChefeLoteria: Pedro Reis CostaPARANÁPresidente: Adeodato Arnaldo Volpi - ChefeLoteria: Oswaldo CachenskiPERNAMBUCOPresidente: Marechal Manoel dos Santos - Pro-curador Geral: Marcos Augusto de Sá PereiraFreire - Consultor Técnico: Aloísio AndradePereira - Chefe Loteria: Paulo de AleidaQueirozPARÁPresidente: Aluísio Lins de Vasconcelos ChavesChefe Loteria: Hugo Dias FrancoPARAÍBAPresidente: Cláudio de Paiva Leite - Assessor:Hermano Farias - Chefe Loteria: Maria deLourdes MororohPIAUÍPresidente: Balthazar MelloRIO DE JANEIRO - GBVice Presidente: Cláudio Medeiros - Assessor;Ivan Vasconcelos - Assessor: Leo Serejo Pintode Abreu - Chefe Loteria: Carlos Matias CostaRIO GRANDE DO NORTEVice Presidente: João Bianor Bezerra - Pro-curador: Túlio Fernandes de Oliveira - Con-tador: Manoel Newton Siminea - Chefe Loteria:Pedro Martins MendesRIO GRANDE DO SULPresidente: Kanitar Camboim Martins - ChefeGabinete: Sérgio Medeiros Ilha Moreira - Pro-curador Geral: Plínio Azevedo - Sub-Procura-dor: Ari Stefen - Consultor Técnico: AntônioCarlos Mariani Mansur - Chefe Loteria: JoãoFranco S. FerreiraSANTA CATARINAPresidente: Heriberto Hülse - Chefe Loteria:El mo Leal CoelhoSÃO PAULOPresidente: Paulo Salim Maluf - ProcuradorGeral: Ayres Martins Torres - Gerente Geral:Francisco Roberto - Chefe Loteria: GeraldoLuiz Ferraz de NegreirosMINAS GERAISPresidente: José Rezende Ribeiro - Vice Pre-sidente: Jeronymo Machado - Diretor: Cons-tantino Dutra Amara! - Procurador Gera!: JoséChagas Horta - Diretor Geral: José AraújoChefe Loteria: Francisco Levenhagen Pereira
CONSELHO SUPERIOR
Presidente: Oswaldo Pieruccetti - Vice Presi-dente. Ivan Bichara Sobreira - Diretor Geral:Carlos Edmundo Amalio da Silva Filho - Pro-curador Geral: João Dunshee de Abranches -Chefe Consultoria Técnica: Idelmar TarquínioBittencourt - Chefe Gabinete: Ivo Solano Car-neiro da Cunha - 2.° Vice Presidente: Ma-rechal Augusto Maggessi - Conselheiro: Juarezde Souza Carmo - Conselheiro: José do Nas-cimento Guedes - Chefe do Serviço-de Atas:Maria Ribeiro
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O Brasil foi invadido êsteano pela mania do cartaz e háquem veja nisso um sinal dostempos. Os estudiosos da cul-tura de massas acreditam queo prestígio rapidamente conse-guido pelo cartaz entre nossosjovens prova até que ponto es-tamos por dentro do que cha-mam civilização da imagem eque é cada vez mais "vertigi-
nosa" a necessidade de consu-mir mensagens ou símbolosvisuais.
O cartaz aproxima RobertoCarlos e Che Guevara, associapublicidade comercial, propa-ganda política e criação artísti-ca, soma pintura e artes gráfi-cas. Seja qual fôr seu estilo —
psicodélico, art-nouveau, op oupop — e seja qual fôr seu con-teúdo — crítico, humorístico ousimplesmente promocional —,o cartaz é um meio de comu-nicação eficiente e adequado àépoca moderna: custa pouco eatinge logo.
A economia começa na pró-pria forma telegráfica de suamensagem: uma figura, poucaspalavras ou nenhuma. Repro-duzido e distribuído por todaa parte, o cartaz é um veículoinstantâneo de divulgação. Emmaio último, enquanto os es-tudantes franceses enfrentavama polícia no Quartier Latin, osturistas compravam nas iivra-rias do mesmo bairro as lem-brancas do movimento rebelde:cartazes produzidos horas an-tes pelos universitários.
Os americanos inventaramuma expressão para dar ao car-taz um lugar de importância naordem das coisas: pôsterpower. Já que se falava empoder negro e poder jovem, ocartaz ficou equiparado, pelomenos em matéria de nome,
SEGUE
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Em eiui/fuer fJlíto, o car/^z é um meio de comunicação eficiente e às vezes belo
21
ROTEIRO
aos grandes acontecimentos da
atualidade. Só não se sabe
exatamente o alcance dêsse
poder.
Um cartaz de Toulouse-Lau-
trec mostrando La Goulue, a \
bailarina do Moulin Rouge,
teve o poder de simbolizar tôda
a belle époque, fêz de seu au-
tor um dos nomes mais conhe-
cidos da história da arte e
atraiu o interêsse dos especia-
listas por aquêle gênero
de ex-
pressão. Hoje, na Polônia, exis-
te um museu onde só entra
cartaz: tem cêrca de 35 mil. Na
Suíça, o cartaz é o quadro de
rua, exposto com finalidades
educativas em pontos estratégi-
cos das cidades, dentro de
stands especiais. Nesses dois
países, cartaz é arte para
todos
os efeitos, se bem que uma arte
autônoma, com leis próprias.
Mas o cartaz que os adoles-
•
centes brasileiros compram em
livrarias, butiques e até em
bancas de jornais tem um signi-
ficado estético e cultural dife-
rente, que rompe com aquela
tradição européia. Ao contrá-
rio dos affiches de Lautrec, o
cartaz americano (porque se
difundiu principalmente nos
Estados Unidos) não é tratado
como uma espécie de irmão
mais moço da pintura, nem é
concebido para ter vida longa.
Comparado aos poloneses, suí-
ços ou alemães, é um "anticar-
taz", como diz o Professor
Décio Pignatari:
Os americanos acabaram
com a nobreza do cartaz. Do-
bram-no e o remetem por ma-
la direta aos mais diversos cen-
tros de interesses e consumo,
para que êstes o difundam co-
mo melhor entenderem. A do-
bra sem cerimônias e a técni-
ca deliberadamente precária di-
zem ao comprador que o car-
taz não deve durar mais que
o acontecimento ou persona-
gem que registra.
Assim, o cartaz é uma ex-
tensão de algo que já aconte-
ceu. Por si só, não institui na-
da de novo. Não cria ídolos,
mas "é
o modo mais fácil de
levar um ídolo para casa". Na
opinião do compositor e publi-
citário José Carlos Capinam:
O pôster está na moda
porque a cultura de elite en-
trou em crise. Hoje em dia,
quando milhões de pessoas que-
rem participar de tudo que
se
faz em todos os campos e que
pode ser consumido ràpidamen-
te, o cartaz tornou-se um ins-
trumento — comercial e cul-
tural ao mesmo tempo — dêsse
processo. Êle não conta uma
história nova, mas repete na j
sua linguagem própria uma
história sabida. Um cartaz de
Guevara não forma novos mi-
litantes; vem a reboque de uma
figura e de um fato.
Mas êsse desejo de partici-
pação, a que o cartaz em par-
te atende, pode significar a
existência de problemas não
resolvidos. Pelo menos é o que j
acha o arquiteto paulista Sér-
gio Ferro, estudioso da comu-
nicação visual:
— Em épocas conturbadas
como a nossa, as pessoas bus-
cam compensações psicológi-
cas para a insegurança e a hos-
tilidade do ambiente. Os sim-
bolos — como o cartaz
— pas-
sam então a ter uma importân-
cia extraordinária. Ê como se
fôssem mágicos: esperam-se dê-
les as verdades orientadoras,
as escapatórias às dificuldades
da existência. Tornam-se, assim,
uma esperança utópica de dias
melhores.
A ser válida essa análise, a
moda do cartaz não desaparece-
rá tão cedo, embora —
como
escreveu um crítico de arte do
Rio — o cartaz mesmo só dure,
"como os ídolos, o instante de
um suspiro".
Cinema
Os moços
estão
inibidos
Houve um tempo em que os
adolescentes escreviam poemas
ou tinham um conto escondido
na gaveta. Depois, com a ex-
plosão dos filmes de Gláuber
Rocha e Nélson Pereira dos
Santos, adotaram a teoria de
que mais vale "uma
câmara na
mão e uma idéia na cabeça"
que muitos manuscritos à es-
pera de um editor. E a litera- i
tura brasileira começou a per-
der talentos para o cinema.
Filmar tornou-se a nova pa-
lavra de ordem: a despeito de
todas as dificuldades materiais
— falta de filme virgem, es- |
cassez de equipamentos para
revelação, sonorização e mon-
tagem —, os amadores saíram
às ruas e produziram nos últi-
mos quatro anos perto
de tre-
zentos curta-metragens, geral-
mente documentários e peque-
nas histórias, com algumas
idéias na cabeça e um olho no
Festival JB-Mesbla, promovido
anualmente no Rio.
O IV Festival, realizado há
um mês, deu uma amostra de
quem são e do que pensam
os
nossos aprendizes de cineasta.
Dos 28 finalistas — onze ca-
riocas, seis mineiros, quatro
paulistas, dois goianos, um flu-
minense, um baiano, um gaú-
cho, um catarinense e um per-
nambucano —, vinte pelo me-
nos são estudantes, com uma
média de idade de 24 anos. Nos
extremos, um garoto de treze,
Bruno Barreto, e um senhor de
48, Aron Feldman.
ê uma gente preocupada
com o que se passa
no Brasil
nos dias de hoje. Mais precisa-
mente, os cineastas amadores,
oriundos das classes médias
urbanas e ligados às universi-
dades, situam seus filmes nesses
cenários. As condições de vida
do homem do campo — tema
predileto dos filmes da primei-
ra fase do Cinema Nôvo —
cedem lugar agora aos proble-
mas sociais e políticos vividos
nas cidades: a violência nas
ruas, as inquietações e frustra-
ções dos jovens. segue
Amador filma onde pode: hasta uma câmara e uma idéia.
22
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ACQUA Dl SELVA VICTORNellamaro e fresco profumo dell'acqua di selva Victor una nota moderna e virileche diffonde attorno a voi un'atmosfera di simpatia e di raffinato buon gusto
II
1.^^amvêtmm
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fffff***M**a^B tm** mm** J**m**m_m m v-ra^HMfeBBM&,-a j-*-*"! tm^^^^^n^^^^^ ¦§¦¦¦¦I ^r-rT3*f7lv t*Fsm\\\\ \wAmW - ^.1 I ^^^-^H ^^^^B
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Sao Pau.o: ******** Um Cmitto %^^t fT^^'^-'^ fZ «*, . S-,vador: M„cdorald. Fone «OOO
ROTEIRO
Os problemas estudantis, por
exemplo, apareceram a todo
momento nos filmes do Festival
— o que revela uma tendência
clara: os amadores parecem
cada vez mais inclinados a usar
suas câmaras como um instru-
mento de participação aqui e
agora. Mesmo quando a agita-
ção dos estudantes não consti-
tuía o assunto principal, entrava
de passagem, como se os auto-
res quisessem advertir: "Não
pensem que esquecemos disso".
A preocupação com a atuali-
dade social não exclui, porém,
um interesse pelo indivíduo,
por seus conflitos íntimos,
traumas de infância, a questão
do sexo e do amor. A julgar
pelo que se viu no Festival, tais
problemas estão muito presen-
tes entre os jovens. Não é de
estranhar que isso aconteça:
pelo próprio fato de serem
amadores — ou seja, por ainda
não dependerem das exigências
de uma indústria cinematográ
fica —, eles podem fazer cine-
ma antes de tudo como uma
tentativa de auto-expressão. sem
pensar em bilheteria. Da mes-
ma forma como desejam parti-
cipar do que se passa à sua
volta, filmando o momento pre-
I sente, tomam a si própriosI como assunto, como alguém
que se confessa em 16 ou
35 mm. E Freud ocupa o que
a política não absorve inteira-
mente.
Tanta atenção ao assunto,
porém, está prejudicando a in-
ventividade artística dos moços.
Nesse sentido, os críticos
acusam o cinema amador de
falta de imaginação. Analisan-
do o Festival, Ely Azeredo es-
creveu no Jornal do Brasil: "Os
filmes ficaram muito aquém da
expectativa". Ti te de Lemos co
menta para REALIDADE:"Num
festival pobre dc belas
imagens, com muitos filmes
acadêmicos e inibidos, os novos
cineastas trouxeram lições já
sabidas e já transmitidas — por
mestres mais competentes e ex
perimentados. Os jovens têm
uma rara capacidade de levar
a sério o mundo e a si mes-
mos. Entretanto, isto é ainda
pouco, muito pouco, para
quem pretende dizer alguma
coisa com um filme".
Literatura
Qirem tem
medo do
Lobo Mau?
O Lobo Mau, Cinderela, o
Pequeno Polegar, Branca de
Neve, o Gato de Botas, a Bela
Adormecida, Barba Azul, João
e Maria estão sendo acusados
de meter medo em milhares de
crianças e transmitir-lhes va-
lôres ultrapassados. Educado-
res e psicólogos pedem para
eles a pena máxima que pode
sofrer um personagem de fie-
ção: o esquecimento.
O processo das histórias in-
fantis começou na Inglaterra
há vinte anos, quando as esco-
Ias maternais de lá baniram o
conto de Chapèuzinho Verme-
lho por ser "cruel
e falso", e
chega agora até nós: a Escola
Pequeno Príncipe, de São
Paulo, lançou uma campanha
contra os contos de fadas.
Sílvia Bresser Pereira, dire-
tora da Pequeno Príncipe, ar-
gumenta que os contos de fa-
das prejudicam a formação das
crianças e sua capacidade de
entender o mundo. Diz que os
personagens dessas histórias ca-
racterizam-se pela passividadee pelo conformismo e que, nos
enredos, os problemas sempre
se resolvem de maneira mági
ca, pela intervenção de fadas,
príncipes, bruxas, duendes, etc.
Além disso, tais histórias
apresentam uma imagem nega-
tiva do trabalho: Branca de Ne-
ve e Cinderela são condenadas
pelas respectivas madrastas a
trabalhar. A madrasta é cruel
por natureza; quem é belo é
bom, quem é feio é mau, inve-
joso e vingativo; o infeliz é po
bre e a riqueza é o remédio pa-
ra todas as desgraças.
No entanto, as crianças gos-tam. Não se cansam de ouvir
histórias carregadas de angus-
tia e de personagens assusta-
dores que cometem toda sorte
de crimes. Por quê? Uma psi-
cóloga paulista, Maria da Pe-
nha Pompeu de Toledo — de
pois de analisar dez desses con-
SEGUE
^^^—^ - ***********-mmmm -***m .<*** - ,
^K*L*\ BHr- ¦ ___L_J__f_^^^^%___^__i ^__l ^^^ sWmÊ '^*^_r_______\W5_\___9*m*, t-bl'* ._fl __P/ __________ ^IH __^__^-__. ^^.____r** __^V7fl__l ^Bjfl RjfS* m-ú-W-ú
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-*mW^ |!Httu?;k ;ü* •• .' __JF^ P^, i li l BflflflflflflflflflflflBBE^Sfl
IB - -K^-í*;-'.*** H* -***-\ 'r'-"***mm**m*\. 9\
\ IH PL^flEB
5lÍ-.-.V*'Para os educadoras, as crianças são as vítimas das investidas do Lobo Man
24
{
WJFv * * ~S v
« A
| a- «,** ^ Y ,
4*4- **><
r I#* * « -
IV
Diante de uma mesa atraente,
é 1 )eiii provável que
você nao
se lembre da Rliodia. Alas se
os pratos
iorem tao saudáveis
quanto atraentes, então voeê
deve pensar na Rhodia. Sabe
o prejuízo
(jue a íebre ai tosa
daria ao Brasil em 1()(>/ ? '
bilhões de cruzeiros velhos.
Sabe quem evitou grande par-
te deste prejuízo ? A Rhodia.
Fabricando vacinas para to-
dos os tipos de doenças desde
1946, a Rhodia tem contribuí-
fl»rr. * t
F vi. #¦ ,
1
->v-.
rA« \ . ,
<. í \ *
Hr
¦ ^jp^|^^^HHnK9iHyp.;
i
vyfc A i
'
do decisivamente para a saúde
do rebanho bovino do País.
A Rhodia fabrica medicamen-
tos também para a avicultura,
a suinocultura. l'oi ela quem
produziu pela primeira vez,
em escala industrial, a vacina
cristal violeta de Penha e
O'Ápice, para conter um surto
que ameaçava o rebanho sin-
no. Em 1()57), foi ela (piem aju-
dou a salvar a avicultura de
Minas, S. Paulo e hst. do Rio,
fabricando também em escala
industrial a vacina contra a do-
ença de Ne\\ castle. Pioneira na
iabric açào de produtos veteri-
nários, a Rhodia mantém uma
e(|inpe de veterinários cpie per-
corre todo o Pais so para dar
orientações técnicas aos lazen-
deiros e criadores. h continua
pesquisando em seus laborato-
nos de Pauhnia e Santo An-
d ré para
descobrir novas va-
cirías, novos medicamentos.
Agora você sabe porque êste
é um anúncio da Rhodia.
>5-
' ¦
Br
^r Er fl* Ik
r %f* f $ is ¦ ]¦'. '"* OS® M? m
A
^
RHODIA
.SO ANOS CRFSCENDO
COM O BRASIL
?
?
ROTEIRO
tos —, acha que
as crianças
nêles encontram defesa e com-
pensações para seus conflitos
inconscientes. O menino que se
torna rei, a menina que vira
rainha constituem uma satis-
fação simbólica para tôda
criança que deseja destronar o
progenitor do mesmo sexo (o
complexo de Êdipo, de Freud).
O menino abandonado, que
acha uma varinha de condão
com a qual descobrirá a mãe
liberta, momentâneamente, a
criança da angústia de viver e
lhe devolve a segurança per-
dida.
Outros estudiosos, como o
francês Alfred Brauner, prefe-
rem fundamentar suas críticas
aos contos infantis em análises
históricas. Brauner mostra que
até o século XVII as fantasias
que se contavam para
as crian-
ças européias refletiam a preo-
cupação dos pais em ensinar
aos filhos a submissão à ordem
estabelecida. Portanto, serviam
muito mais aos interêsses dos
adultos que à satisfação das
crianças.
Em 1697, Perrault publica
os Contos da Mãe Gansa: Cin-
derela, Bela Adormecida, Cha-
pèuzinho Vermelho, Pequeno
Polegar, Barba Azul e o Gato
de Botas. Segundo Brauner,
muitas dessas histórias — reco-
Ihidas da tradição oral do po-
vo — eram disfarçados instru-
mentos de critica à classe do-
minante, deixando transparecer
as ambições políticas dos gru-
pos urbanos: comerciantes, ar-
tesãos e camadas populares. Os
contos revelam posições comba-
tivas, mas também um certo
complexo de inferioridade e um
sentimento de inveja diante de
reis, príncipes e nobres. De to-
do modo, não eram original-
mente histórias infantis.
Divertir crianças também não
era a intenção dos irmãos
Grimm. Jacob, filólogo, e
Wilhelm, arqueólogo, pesquisa-
ram o folclore germânico em
busca de contos populares. Ao
publicá-los, por volta de 1812.
os autores queriam elevar o
moral do país, então oprimi-
do por Napoleão.
Brauner resume sua opinião:
"Os contos de fadas são obras
de grande valor como docu-
mentos de uma época; nunca,
porém, deveriam cair em mãos
de crianças, onde ficam total-
mente deslocados. Oferecer à
infância êsses tesouros carre-
gados de problemas
do passa-
do e contados de uma maneira
também envelhecida é um ab-
surdo pedagógico".
A educadora argentina Do-
ra Pastoriza de Etchebarne
afirma por sua vez que
os cor»-
tos de Perrault foram escritos
para moralizar e advertir mais
que para entreter as crianças.
Por isso, "abordam
exagerada-
mente o tema do castigo". Mui-
tas dessas histórias foram mo-
dificadas através dos tempos,
para atenuar sua violência.
Hoje em dia, o Lôbo não devo-
ra Chapèuzinho, João e Maria
não são expulsos de casa, a so-
gra da Bela Adormecida não
tenta comer os netos, nem mor-
re num poço cheio de serpen-
tes.
Em compensação, Barba
Azul continua matando suas
mulheres por mera curiosidade,
o Ogre ainda come suas sete
filhinhas em vez do Pequeno
Polegar. E em Alice no País
das Maravilhas, de Lewis Car-
roll, a rainha insiste em jogar
xadrez com pessoas vivas e
manda decapitar as peças ven-
cidas.
Os inimigos das histórias
tradicionais não são contra o
suspense e a fantasia. Esta é
necessária para alimentar a
imaginação é a criatividade in-
SEGUE
CONFISSOES 1
I APA,X«
flVP
'Wmffl?' A
PAIXOES confessadas I
I revolucionArio 11^% nVmk ^
POR UM GENIO I
I PREDESTINADOjm
IIJ SURREALISTA I
mhoes
DEjWjfl9p| SEGUNDO
vxmWmkmm
DE WILLIAM STYRON Lpjy,
MOVES I
0 maior "best-seller"
not E.U.A. detde 7I
"... E o Vento Levou" *Hum clima tnsdlito do franquoza I
« o i..«» profunda olncortdado, banidaa qualsquor I
L BT ItmltaQ&ea, Salvador Da!!, o Papa do J
IS Vm aurroalitmo, a Louio Pauwele, oditor da I
(W J roviota
"Plaxua", amigoa hi mala da I
H II 15 anoa, convoraaram viriaa tardoa adbre I
f V. at
paixAaa dalianaa. fate llvro t o oapantoso I
raauttado doaaaa convoraao. I
v Uma corajoaa aniliae filoaifica do I
WnB Erotlamo, proaanta I
aa 11
t**" Mala um 11
£»> EMTpRA EXPRESSED ECULTURA s|
Rua Proa. Carlos do Campoa, 332 I
¦f A vanda am tfidaa aa livrariaa a polo Reembfllao Poatal #
CONFISSÕES
APAIXONADAS
DE UM
REVOLUCIONÁRIO
PREDESTINADO
DE WILLIAM STYRON
0 maior "best-aeller"
nos E.U.A. desde
"... E o Vento Levou"
10 meses consecutivos como 1.° lugar
am vendas em 1967/68
PRÊMIO PUUTZER 1968 - Baaeado noa depoimento»-
lf( |,t« o o romanco da primeira t
groa noa E.U.A. Rovolta sangrontado aacardoto Nat Tumor, lata é o romanco da prlmalra a j
única rebelião doa negroa noa E.U.A. Rovolta oangrania /|
Intanclonalmonta minimizada pejoa hiatoriadorea a que
tinha por objativo o extermínio do todoa oa branco».
Uma antaviaio do atual Podor Negro. Uma obra-prima
da lltaratura norto-americana do noaoo tampo.
<5>
Maio um aucaaoo da
EDITÒRR EXPRESSÃO E CULfURI
Rua Prao. Carloa da Campoa, 332
A venda am tôda a aa livrariaa a paio Raombôlao Poatal
PAIXÕES CONFESSADAS
POR UM GÊNIO
SURREALISTA
PAIXÕES
SEGUNDO
MU
WL I | m
MLI .MUVÍELS
<s>
Num clima inaólito da franquaza a
profunda aincaridado, banidaa quaiaquar
llmltaçõea, Salvador Dali, o Papa do
aurraaliamo, a Louia Pauwola, editor da
raviata "Plexua",
amlgoa há mala da
15 anoa, convoraaram váriaa tardoa aôbra
aa paixõaa dalianaa. Êata livro é o oapantoao
raauttado doaaaa converaaa.
Uma corajoaa análiaa filosófica do
Erotiamo, praaanta em tôdaa
aa ativldadoa da Dali.
Mala um auceaao da
EMTÔRA EXPRESSÃO E CULTURA
Rua Proa. Carloa da Campoa, 332
A venda am tôdaa aa livrariaa a pelo Reembôlao Poatal
0
I
Uma das
grandes
novidades
do Salão
do Automóvel
deste ano não é
um automóvel.
É o nôvo TapeStar Rádio,
da Spam, para
ser
encaixado no próprio painel
do carro, e que
além de
funcionar como tocafitas
estereofônico para
4 e 8
pistas, também é rádio.
Pelo preço
do tocafitas, e
um pouquinho
mais, você
instala também o Rádio
Tape Spam no seu carro.
Um rádio-cartucho, que é
inserido no TapeStar Rádio
como um simples cartucho
de fita, e está pronto para
sintonizar qualquer
emissôra
da sua cidade.
Mesmo que
você não tenha
um TapeStar Rádio, se o
tocafitas do seu carro fôr
para 8
pistas, você não
precisa privar-se dessa
novidade: Qualquer oficina
especializada Spam fará
a adaptação do Rádio Tape
Spam para
o seu tocafitas
comum.
Vá ao Salão do Automóvel
e observe no
"stand"
da Spam o nôvo
TapeStar Rádio.
Examine, pergunte,
teste.
Você verá que
há motivos
para o TapeStar Rádio ficar
ao lado das grandes
novidades dêste Salão.
novo
TAPE STARJf
radio
da_/|%ww\—
SOCIEDADE PAULISTA DE ARTEFATOS METALÚRGICOS S.A.
Rua Bueno de Andrade, 769 - Tel«.: 31-2792 • 31-6913 ¦ São Paulo
?
DE IODO O MUNDO
UNI-VOS.
O LTD
E' NOSSO!
ROTEIRO
\<Sfv
Hm
G-1.004
f
fantil. Mas o suspense não deve
chegar ao ponto de apavorar e
a fantasia não pode iludir: as
fadas não resolvem tudo.
As professoras da Pequeno
Príncipe têm uma receita para
substituir os contos tradicio-
nais: inventar histórias que,
mantendo o clima de suspense,
não exagerem perigos e casti-
gos, que nunca abordem situa-
ções envolvendo conflitos afe-
tivos: nada de abandonos, re-
jeições e vinganças; que
não
proponham soluções mágicas
para os problemas; que
se pas-
sem nos tempos atuais, no Bra-
sil e em outras partes do
mundo.
Monteiro Lobato, um best-
seller permanente,
"é o melhor
que temos", diz Sílvia Bresser
Pereira. A única restrição que
se pode fazer às suas histórias
é que tendem ao extremo opos-
to dos contos moralizantes: no
Sítio do Pica-Pau Amarelo, as
crianças fazem o que bem en-
tendem, sem autoridade nem
disciplina. Mas os educadores
cada vez mais preferem essa li-
berdade aos jantares macabros
do Lôbo Mau.
Ctenda
As regras
do jôgo
de falar
Um dia, na década de 20,
Benjamin Whorf, perito de uma
companhia americana de se-
guros, foi investigar um incên-
dio ocorrido numa fábrica. Êle
descobriu que a causa tinha
sido uma palavra: os emprega-
dos jogavam pontas de cigar-
ros perto de tambores com o
rótulo vazio. Eram tambores
vazios de gasolina mas cheios
de gases combustíveis. Os em-
pregados sabiam disso, mas não
podiam resistir à sugestão de
que vazio significa inofensivo,
neutro. Estavam condicionados
pela linguagem.
Êsse incidente ajudou Ben-
jamin Whorf a desenvolver a
teoria segundo a qual a visão
de mundo e a própria ação dos
membros de uma dada cultura
dependem das características
da língua que falam. Vinte anos
depois, o antropólogo francês
Claude Lévi-Strauss, influen-
ciado pelo lingüista russo Ro-
man Jakobson, viu que podia
estudar as relações de parentes-
co entre os indígenas brasileiros
aplicando às suas regras —
quem pode, ou não, casar com
quem — um método parecido
ao que se usa no estudo das
regras de linguagem.
Durante muito tempo, essas
teses só interessavam a um pe-
queno grupo de entendidos
—
os lingüistas —, cuja preo-
cupação era definida pelo gran-
de público apenas como uma
maneira sofisticada, pedante e
enfadonha de tratar de ques-
tões gramaticais, literárias e
—
quando muito
— da lingua-
gem do dia-a-dia. Mesmo ho-
je, quando tanto se fala no es-
truturalismo de Lévi-Strauss,
não é comum saber que a lin-
güística estuda o conjunto es-
truturado de regras que tornam
possível a comunicação hu-
mana.
Quando falamos ou escreve-
mos, fazemos infinitas esco-
lhas entre letras, palavras e suas
combinações. Escolhemos, po-
rém, não segundo a nossa von-
tade. Quem manda é um con-
junto habitualmente desconhe-
cido de convenções e normas
sociais: as regras do jôgo das
palavras, que não se confun-
dem com as regras puramen-
te gramaticais. E os lingüistas
pretendem ser os jogadores
ca-
pazes de decifrar tais normas,
relacionando-as com os valo-
res culturais dos povos.
Ê um trabalho rigoroso e
altamente especializado, que
envolve até computadores e
estatística; por isso se diz
que a lingüística é a mais
refinada entre as ciências
humanas. Mas seus resultados
aparecem numa série de apli-
cações práticas, algumas de ex-
trema importância. Por exem-
pio, a lingüística ajudou os
americanos a descobrirem o que
chamaram o código operado-
nal do Politburo: dissecando a
estrutura de linguagem dos do-
SEGUE
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(Stat^fodr
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Shnrlock Holmes
eoeasodo
melhor whisky
" -
Elementar, meu caro Watson: o melhor whisky
é o que
tem o melhor
"blending". E eu apenas descobri
que GLEN BLAIR é o
que tem o melhor
"blending". Lògicamente, é também o melhor whisky"
o melhor
"blending"
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21
GB2
[UD SIM!]IMPORTADOS[mo \
(________£* I_*J*^. ' I
flfl Er 11 ^u______L___. ____fl
& VÔOS
Você é capazdc dizer os
nomes dessespersonagens?
^§3/
d 2).
Tentou? Fácil, não? Esses personagens de WaltDisney povoaram a sua infância... e a de mi-lhões de outras crianças, em todo o mundo.
Como você, os seus filhos também gostamdesses personagens. Eles representam momentosde alegria, através de historinhas sempre interes-santes, educativas e saudáveis.
Você os encontra simpáticos e coloridos comosempre, nas revistas Pato Donald, Mickey e ZéCarioca—revistas da Editora AbriL•oDTAopni jossajojrf f íppjtd 'i jsituwp ipjj i stui 'hv
©1965, WALT DISNEY PRODUCTIONS
ROTEIRO
cumentos oficiais do PartidcComunista da União Soviética,sentiram-se capacitados a com-preender e — até certo ponto
a prever o comportamentodiplomático dos russos e seusaliados em situações de crise.Dizem até que esse códigoorientou os representantes dosEUA nas conferências de pazna Coréia. Ê muito possívelque os americanos estejam re-correndo de novo à lingüísticapara conhecer as intenções dosnorte-vietnamitas nas atuaisconversações de Paris.
Alguns lingüistas acreditamaté que se possa estudar a his-tória de toda uma época ana-Usando o raio de ação de cer-tas palavras-chave. Partindodo princípio de que as pala-vras, sozinhas, não têm valor,pois dependem do contextoem que se encontram, eles bus-cam em documentos do pas-sado a explicação de certosfatos históricos. Quer dizer, des-crevem uma sociedade atravésde seu vocabulário. Assim, umlingüista demonstrou que, naFrança, após a revolução de1830, os conceitos fundamen-tais — em torno dos quais seestruturava a linguagem —eram individualisme e organisa-tion e que o termo bourgeoisprevalecia sobre prolétaire e ar-tiste.
A lingüística contribui ain-da para resolver problemasneuropsiquiátricos: o ProfessorRoman Jakobson (que há pou-cos meses visitou o Brasil), aoestudar as deficiências de fa-la — afasias — que impedemalgumas pessoas de se lembrarde certas áreas da linguagem,mostrou que elas se dão emsentido inverso da formaçãoda linguagem infantil e que serelacionam com determinadosmodos de expressão da falacotidiana e da poesia, como ametáfora.
E há quem deseje compreen-der certos fenômenos sociaisdo nosso tempo usando os ins-trumentos fornecidos pela lin-güística: é o caso do francêsRoland Barthes, autor de nu-merosos trabalhos na área daTeoria da Informação, interes-sado em encontrar o sistema deregras responsável por algoque afeta a todos nós —a moda.
Artes»*\
Esses bonscartõesde Natal
A arte ajuda a melhorar avida de milhões de crianças em117 países onde a UNICEF —Fundo das Nações Unidas paraa Infância — desenvolve pro-gramas de assistência. Cercade setenta artistas de váriospaíses, incluindo o Brasil,desenharam cartões de Na-tal e calendários para 1969,cuja venda permitirá à UNI-CEF arrecadar 3 000 000 dedólares — 10 por cento do to-tal de recursos que a entidaderecebe dos diversos governos.
Artistas famosos como JiriTrnka e Donald Hamilton Fra-ser doaram trabalhos à UNI-CEF para serem reproduzidosem cartões de Natal. Jiri, otcheco de 56 anos conhecidono mundo inteiro por seus fil-mes de fantoches e desenhosanimados, criou O Rei — opersonagem sábio e justo detantos contos infantis. O in-glês Donald Fraser, paisagistacélebre, desenhou Torres deCatedral.
A brasileira Zoravia Bettiol— Primeiro Prêmio de Gravu-ra na Bienal de Salvador em1967 — produziu a litografiaVendedor de Balões: ummenino com seus balões, flu-tuando contra um fundo defolhas em movimento.
Dez cartões de Natal d«UNICEF custam NCr$ 4 00Podem ser comprados nos se-guintes endereços: Rio de Ja-neiro — Rua México, 3 (so-breloja); São Paulo — RuaNova Barão, 16; Recife — RuaMiguel Couto, 44; Belo Hori-zonte — Avenida Paraná, 393:Porto Alegre — Rua CoronelVicente, 452, 1.° andar; Sal-vador — Rua Newton Prado.30; Curitiba — Rua Conselhei-ro Laurino, 2. segue
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Teatro
Uma obra-prima:
Galileu Galilei
Muita ambição e pouco dinheiro
são uma constante em nosso lea-
tro. Para não perder os 35 000 000
velhos, concedidos da verba de 1968
pela Comissão Estadual de Teatro
de São Paulo, o grupo Oficina pre-
cisou concretizar até o fim do ano
uma velha ambição: é por isso que
estréia agora Galileu Galilei, a obra-
prima de Bertolt Brecht.
Acontece que nem êsse dinheiro
bastaria para montar uma peça com
sessenta personagens. O diretor José
Celso Martinez Corrêa (Roda Viva,
O Rei da Vela) resolveu o proble-
ma cortando 42. Não é a primeira
vez que isto acontece: o público
brasileiro viu Marat-Sade, de Peter
Weiss, com 32 personagens. Fal-
tavam mais de cinqüenta.
Um mês antes da estréia, José
Celso ainda não havia encontrado
ator para o papel-título, mas con-
fiava num conselho do falecido
Brecht: "A
causa das representa-
ções estereotipadas e sem vida não é
o pouco tempo de ensaio. Se um
ator convencional tiver mais tem-
po, nem por isso interpretará me-
lhor". Em busca de um ator não-
convencional, achou, no Paraná,
Cláudio Corrêa e Castro, diretor, êle
também, do Teatro Guaíra. Como
ator, Cláudio trabalhou ultimamente
em O Homem do Princípio ao Fim,
de Millôr Fernandes.
Cláudio é Galileu sem deixar de
ser êle mesmo, para que o especta-
dor não se envolva emocionalmente
nem se identifique com o persona-
gem. Aqui reaparece a teoria com
a qual Brecht revolucionou o teatro
moderno: o distanciamento. A pia-
téia deve sentir menos, pensar mais
e — sobretudo — concluir por si
própria. Por isso, também Galileu
não é apresentado como herói nem
covarde, mas como um homem em
contradição. Um discípulo o acusa:
"Maldito país que não tem heróis".
Êle responde: "Maldito
país que
precisa de heróis". Mas, logo adian-
te, se contradiz: "Um
homem que
não sabe a verdade é um idiota, mas
o que sabe e a transforma em men-
tira é um criminoso".
Brecht escreveu duas versões de
Galileu Galilei. Na primeira, de
1938 e nunca encenada, a condena-
ção do sábio italiano que ousou afir-
mar há quinhentos anos que "a
Ter-
ra se move", relacionava-se com a
perseguição aos cientistas na Alemã-
nha de Hitler. Na segunda, que
estreou nos EUA em 1947, dirigida
pelo próprio Brecht, o tema de fun-
do é a responsabilidade do homem
de ciência perante a humanidade,
depois da bomba atômica. Daí, o
centro da peça é o povo, não Gali-
leu. E o importante é o que êle fêz
ou deixou de fazer para o povo.
A vida de Galileu é contada em
quadros, desde o momento em que
prova a rotação da Terra em tôrno
do Sol até anos após sua retratação
no Tribunal do Santo Ofício. A li-
gação entre os quadros é dada pelas
canções do alemão Hans Seiler, me-
nos nas cenas do carnevale floren-
tino do século XVI, transformado
por José Celso em carnaval brasilei-
ro do século XX: as teorias de Ga-
lileu servem de enrêdo para o des-
file de uma escola de samba, com
música de Caetano Velloso, Gilber-
to Gil e arranjos do maestro Ro-
gério Duprat.
O quadro carnavalesco faz expio-
dir os sentimentos inibidos pelo tex-
to racional e que a cenografia de
Joel de Carvalho ajuda a formar,
como nuvens antes da tempestade:
no plano superior do palco, o papa
e os cardeais, no meio Galileu, no
fôsso da orquestra o côro — a
hierarquia da sociedade e um uni-
verso repressivo; na platéia, sôbre
a cabeça dos espectadores, um gran-
de Sol.
Dizem que o Galileu de Brecht é
autobiográfico. De fato, o dramatur-
go alemão, nascido em 1898 e morto
em 1956, enfrentou várias formas de
opressão: nazismo, macartismo e
stalinismo. Viveu os últimos anos
na Alemanha Oriental, mas teve
poucas peças montadas na URSS.
Sua segunda mulher, Helen Weigel,
ainda viva, é comunista declarada.
Êle, porém, negou ser comunista. E.
a despeito de todas as acusações que
sofreu, manteve-se fiel ao que Gali-
leu, no banco dos réus, disse da
Terra:
— Apesar de tudo, se move.
Edy Lima
Filmes
Um crime a frio e
um bandido no caos
No dia 15 de novembro de 195s>
uma família inteira da cidadezinha
americana de Holcomb morreu nas
mãos de dois ladrões, Richard Hic-
kock e Perry Smith. O crime tornou-
se conhecido no mundo inteiro gra-
ças ao escritor Truman Capote, que.
após conviver meses a tio com os
assassinos na penitenciária de Kan-
sas, publicou seu romance-reporta-
gem A Sangue Frio.
Ao adaptá-lo para o cinema, o
diretor Richard Brooks precisou con-
vencer Capote de que muitos trechos
do livro deveriam ser cortados ou
resumidos, a menos que o filme
durasse nove horas. Ficou com duas
e a própria condensação deu-lhe um
ritmo ágil, que jamais cansa. Nas
imagens e nos diálogos. Brooks con-
seguiu ser fiel ao escritor — e tam-
bém a si próprio. Pois, em sua lon-
ga carreira cinematográfica, êsse
americano de 56 anos nunca esque-
ceu o jornalista agressivo que foi.
Atraído por temas polêmicos — sem
embora tratá-los com profundida-
de —, Brooks fêz de seus filmes
uma sucessão de rounds como uma
luta de boxe. segue
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Vista uma camisa
RAMENZONI.
Tôdas as camisas que
você tem vão ficar
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lugar: é extremamente leve e compacto,
fechando-se como uma elegante valise.
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ROTEIRO
Aparentemente, A Sangue trio é
uma fita chocante — e só. No en-
tanto, ela possui uma dimensão
maior — dada pelo romance
— que
vai além do mero episódio para che-
gar ao psicológico e ao social, ao
drama e à análise crítica. Memória,
imaginação e realidade se confun-
dem na figura do assassino Perry
— o anti-herói por excelência —,
cujo universo íntimo é admirável-
mente devassado. No fim, a recons-
tituição do homicídio resume todo
o impacto dêsse modêlo de filme,
que se afasta, com inteligência, da
história puramente policial.
Bem diferente é o clima de violên-
cia e sátira, espontaneidade e cere-
bralismo que caracteriza O Bandido
da Luz Vermelha. Não se sabe se
o diretor Rogério Sganzerla, 2'i
anos, popularizou um filme intelec-
tual ou intelectualizou um filme po-
pular. Rogério levantou tôda a ficha
de João Acácio Pereira da Costa, o
"Luz Vermelha", acusado de dezoi-
to assaltos e dois crimes de morte
em São Paulo, que responde a 150
processos na Justiça. Mas o perso-
nagem real serviu apenas de remoto
pretexto para uma narração radiofô-
nica a duas vozes — a dramatização
de ocorrências policiais é tradição
no rádio brasileiro —
que as ima-
gens ilustram numa mistura anárqui-
ca de faroeste, musical, chanchada
e até ficção científica com discos
voadores e tudo. O Bandido da Luz
Vermelha não expõe fatos lógica-
mente encadeados, mas despeja uma
torrente de idéias. Exemplo: o ban-
dido é transformado na fita em galã
de bolero, com chapéu texano e
calça hlppy florida. Como num
quadro de Salvador Dali, a reali-
dade — transfigurada pela livre fan-
tasia — não explica o personagem.
Êle deve apenas servir de símbolo
para o que o diretor julga ser o bra-
sileiro típico da grande cidade: um
cafajeste poético.
O Bandido da Luz Vermelha ri-
diculariza a civilização do bem-estar
e faz um discurso selvagem sôbre o
destino dos países subdesenvolvidos
O filme goza a si próprio, analisa
a si próprio e destrói a si próprio.
Resultado: uma das fitas mais ori-
ginais do ano.
Maurício Rittner
Livros
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China: ontem,
hoje e amanhã
gaFl SAWYER S
Quando a Revolução Cultural chi-
rtesa estourou nas manchetes do
mundo inteiro, não havia nas livra-
rias brasileiras um só livro em por-
tuguês sôbre a China atual. A única
tradução feita na época, Os Pensa-
mentos do Presidente Mao, nada
esclarecia: sôitas no tempo e no es-
paço, as míni-citações de Mao Tsé-
tung não ajudavam o leitor a ter
uma idéia do que se passava no
outro lado do globo.
Êste ano, a situação melhorou.
Quatro livros nos oferecem um qua-
dro mais ou menos satisfatório da
questão chinesa. Na biografia de
Stuart Schram, Mao Tsé-tung (Bi-
büoteca Universal Popular), a China
é estudada em função dos 75 anos
de vida do seu chefe. Schram, pio-
fessor americano de 44 anos, espt
cialista em URSS e China, tenta an.
lisar objetivamente os fatos do "Ia
birinto chinês", embora não escon
da — como biógrafo — uma cert
simpatia pelo homem Mao. Tam
bém não esconde a principal fonte
de informações sôbre a vida dêsse
homem: um livro do jornalista ame-
ricano Edgar Snow, Red Star Over
Asia, de 1937.
Schram, porém, não se limita a
citar Mao via Snow. Os dados bio-
gráficos aparecem contra o pano de
fundo sócio-econômico: dos anos
de formação do comunismo chinês
até o conflito com a URSS e a Re-
volução Cultural.
Se Stuart Schram vê a China co-
mo um americano descomprometido,
Roger Garaudy. membro do PC
francês, vê a China como um^ "pro-
blema". Em O Problema Chinês (Za-
har), Garaudy, sempre fiel à linha
de Moscou, pergunta: "Por
que a
revolução chinesa, depois de ter
despertado as mais formidáveis es-
peranças, inspira hoje tanta angus-
tia?" E, para provar que "o
modêlo
chinês de construção do socialismo
se afasta fundamentalmente do hu-
manismo marxista", êle confunde as
idéias de Trótski e de Mao, coisa
pouco recomendável num filósofo. .
Querendo medi-la por cifras e pa-
drões econômicos, Garaudy fala da
Revolução Cultural sem entender
seu significado.
Han Suyin, em China no Ano
2001 (Zahar), apresenta o lado chi-
nês — e maoísta — da questão. A
ensaísta e romancista, nascida em
Pequim e residente em Londres,
observa o presente da China dos
mais diversos ângulos^ agricultura,
indústria, população, ciência, educa-
ção, etc. E limita-se a concluir que
serão imensas as transformações nos
próximos trinta ou quarenta anos:
"O ano 2001 começou hoje na
China".
O otimismo da escritora está bem
longe do estado de espírito de Mao
em 1921, quando êle e outros c>nze
fundaram em Xangai o PC chinês.
Mao escrevia: "Aquêle
que resolver
o problema da terra conquistará os
camponeses; aquêle que conquistar
os camponeses conquistará a Chi-
na". A história dessa conquista e
a luta de Mao para impor o seu
marxismo "à
maneira chinesa" é
agora contada pelo jornalista bra-
sileiro Roberto Muggiati em Mao
e a China (Gráfica Record Editora).
Para Muggiati, a revolução co-
meça bem antes de Mao nascer, em
1840, quando os inglêses impõem
pelos canhões a abertura dos poi-
tos chineses ao comércio. Quase co-
mo um romance, Mao e a China
descreve rebeliões sangrentas, a que-
da do Império e o caos da Repú-
blica, as campanhas anticomunistas
de Chiang Kai-shek, a guerra contra
o Japão e a vitória de Mao, a di-
vergência com a URSS e a Revolu-
ção Cultural. A narração se apóia
na análise das motivações culturais
e sócio-econômicas que explicam os
fatos da movimentada história chi-
nesa. E mostra como esta se con-
funde com a rica personalidade de
Mao Tsé-tung, mudando à medida
que muda o pensamento político do
chefe. Nos últimos capítulos, Mao
e a China diz o que pretendem os
"guardas vermelhos" e discute sua
influência nos movimentos dos "jo-
vens enraivecidos" do mundo inteiro.
FIM
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BOO
Eis
porque
a Kosmos
tanto se entusiasma
com o Plano
Nacional da Habitação
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Nos 2 últimos anosy a Kosmos transformou
2JOOO inquilinos em proprietários.
A Kosmos é uma das emprésas
credenciadas pelo BNH.
E, provável mente, é a que mais sé
identifica com o espirito do programa
habitacional.
Já em 1937, a Kosmos se lançou em
projetos isolados, construindo e financiando
em 18 anos, a Vila Kosmos, a Vila
Guanabara, a Vila Igaretá e outras.
A Kosmos entregou tôdas as 5.000 casas
prometidas, mas comô nào havia correção
-monetária, nem incentivos do govêrno,
nào pôde, sòzinha, dar continuidade ao seu
programa de casa própria.
É claro que quando surgiu um órgdo
atuante, que regulamentou e canalizou
recursos para a construção de casas
populares, a Kosmos aderiu com o maior
entusiasmo. Com a experiência das realizações
anteriores, a Kosmos compreendeu,
em tôda a extensão, os objetivos do BNH.
O que o BNH fêz e faz pelo
nosso País,
n£o pode ser medido em números.
Os números nào contam a alegria com
que um inquilino se torna proprietário.
Se vocô imaginar o alcance social que
isso representa, você entende o
entusiasmo da Kosmos.
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Tel. 2-1255 - DF . Curitiba - Rua VolunHri^da WJrto. 475
^^^"'.and Cx. Postal 229 - Tel. 2.1067
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carro subiu uma ladeira e foi parando. O ho-mem magro, de chapéu e cachecol, tinha fi-cado em silêncio as últimas duas ou três horas.
Êle fumava muito, o que me permitiu observá-lo umpouco, enquanto acendia seus cigarros, que sem-pre me oferecia. Impossível ver-lhe o rosto: está-vamos na parte de trás do veículo — talvez umaperua Ford, inteiramente fechada — que tinha umaabertura, entre a cabina e o interior, coberta poruma cortina escura que deixava passar o ar, masquase nenhuma claridade. Com o carro parado, ohomem me disse apenas para fechar os olhos, aomesmo tempo que — sem que eu esperasse — jo-gou a luz de uma lanterna no meu rosto. Obedeci,a luz era muito forte, enquanto ouvia abrirem aporta.
"Via" tudo avermelhado, através das pálpe-bras fechadas e iluminadas pela lanterna. Meus cál-culos estavam atrapalhados: poderia jurar que eradia, mas sentia que já anoitecera, ou — pelo me-
nos — tínhamos entrado em uma garagem. Levan-tei-me do colchão e saí do carro amparado poralguém, andei uns vinte passos, subi três degraus,dei mais uns passos, uma porta se fechou atrás demim. Aí, uma voz desconhecida avisou que eu po-dia abrir os olhos. A sala — uma sala de jantarcomum, com mesa, quatro cadeiras e cristaleira— ligava-se a uma saleta, com um sofá e duaspoltronas, mais uma estante de livros. O lugar eraescuro, com duas janelas, protegidas por grossascortinas. A única iluminação vinha da porta aber-ta da cozinha, que estava com a luz acesa. Nosofá, bem no meio do sofá, havia alguém sentado.Quando olhei para lá, o homem do sofá ficou depé: cerca de 1 metro e 65 centímetros, magro, ros-to fino de traços pouco visíveis a uns quatro metrosde distância. Ao meu lado, alguém que eu aindanão vira, corpulento e baixo, me disse com um le-ve sotaque nordestino, falando baixo e pausado:
ESTE E 0 CAMARADA PRESTESReportagem de Paulo Patarra
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___________r ^kV^» *-~____*"*^ *-<*^ 4 -i *«S'4u^J^^c9^9"V^Ib
Um homem sem
rosto está sentado
imóvel, no sofá
0
homem do sofá pareceu sorrir, fêz um gesto que era
quase uma continência e disse simplesmente:
— Muito prazer.
Ao som do "muito
prazer" (nem tive tempo de responder),
uma cadeira era arrastada e o baixinho corpulento me fazia
sentar a uma meia dúzia de passos do entrevistado. Íamos
começar a mais estranha entrevista da curta história de
REALIDADE. E precisava ter certeza de que o entrevistado
era, realmente, o entrevistado. Comecei a perguntar uma por-
ção de coisas ao mesmo tempo. Do sofá, a voz veio calma:
— Queria lhe fazer uma proposta: que tal tomarmos um
café, descansarmos meia hora (o senhor viajou tanto...) e
voltarmos a conversar logo mais?
A voz do homem era a voz de Luís Carlos Prestes. Podiam
ter mudado o seu rosto (depois, tive a certeza de que muda-
ram); os últimos quatro anos de vida ilegal talvez tivessem até
modificado o seu jeito de pensar. Mas uma coisa, naquele
instante, ficou clara: ainda não haviam trocado a voz de Pres-
tes. O homem da saleta era o secretário-geral do PCB, o mais
antigo e o mais forte dos grupos esquerdistas do Brasil.
À sugestão de Prestes, tomarmos café, seguiu-se o desapa-
recimento do homem baixo e forte. Até que êle voltasse, uns
cinco minutos depois, o silêncio foi total. Ou a casa tinha
revestimento anti-ruído ou estávamos em algum bairro resi-
dencial (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, eu não sei), ou
ainda — em alguma pequena cidade, quem sabe numa fazenda.
Naqueles cinco minutos — a sala não tinha relógio e eu,
muitas horas antes, deixara o meu em casa, obedecendo a
acordo que fizera —, Prestes, quase imóvel, lia um livro,
enquanto eu punha um filme colorido na máquina russa que
levara, na tentativa de "impressionar" o entrevistado e seus
amigos. Ao mesmo tempo, pensava no que perguntar primeiro
àquele homem de setenta anos, o mais famoso dos comunistas
das Américas (sem contar os cubanos), cuja vida era conhe-
cida, pelo menos para os que vivem atrás de todas as cortinas
(de ferro ou de bambu), graças ao livro de Jorge Amado, O
Cavaleiro da Esperança, traduzido em dezenas de línguas, com
milhões e milhões de exemplares vendidos. Prestes me diria,
depois, que o livro de Jorge Amado não contém inverdades,
mas é muito romanceado.
Quando o café chegou, em xícaras grandes, Prestes deu
apenas três ou quatro goles, lá no sofá.
Nem de dia, nem de noite
Àquela altura, já estava desconfiado de que não me deixa-
riam chegar perto do chefe do comunismo no Brasil. Assim,
enquanto tentava organizar minhas perguntas, observava o
homem da saleta: dera seus goles no café e voltara à leitura.
Podia vê-lo, mas não seria capaz de descrever seu rosto. A
luz que vinha da lâmpada da cozinha nem me permitia saber,
ainda, se era dia ou noite. Enquanto recolhia a minha xícara,
o homem de sotaque nordestino fêz um sinal para que o
seguisse: fomos para a cozinha, onde uma lâmpada fraca mos-
trava um fogão, geladeira velha, armário e uma poltrona de
couro. No lugar da janela, um cobertor grosso deixava passar
a luz do sol. O olhar do homem — tinha um rosto magro,
apesar da corpulência — era uma indicação: deveria aproveitar
a poltrona. Ali fiquei a meia hora que Luís Carlos Prestes
achou que eu precisava. Estava quase cochilando, quando o
leve cutucão me fêz levantar e voltar para a sala, ao lado dos
meus papéis, longe de Prestes. Este não tinha mais o livro,
olhava-me como a dizer que comigo estava a palavra...
Gostaria que o senhor me dissesse como está, hoje, o
Partido Comunista.
Aquele homem velho — no PC, Prestes é chamado de
"o Velho" — ficou um instante calado, depois apontou para
um pacote de razoável tamanho, na poltrona ao seu lado.
Aqui o senhor tem uma coleção dos últimos documentos
do nosso Partido e também uma coleção da Voz Operária,
órgão oficial do PCB. Sôbre política, não vou lhe dizer nada,
em caráter pessoal. Minha posição é a posição do meu Partido,
claramente exposta no material que o senhor vai levar consigo.
Agora, se me dá licença, queria lhe dizer por que estamos
aqui, por que concordei em conversar consigo, deixando claro
que o senhor pode me perguntar o que quiser sôbre o que
quiser. Só não responderei se achar que os nossos documentos
já falam por si e que, portanto, o que neles está escrito res-
ponde à pergunta. O senhor sabe.. .
Prestes fala baixo, quase sem sotaque de gaúcho, que às
vezes aparece apenas no ch, um pouco chiado.
— Pessoalmente, achava ser inútil qualquer entrevista, com
qualquer jornalista. Mas o Comitê Central resolveu que devia
receber um repórter de um grande órgão de imprensa. E aqui
estamos. Não temos como impedir que o senhor resolva mudar
o que conversarmos. Mas para o País, como um todo, interessa
saber o que pensa e está fazendo o Partido Comunista Brasi-
leiro. Os companheiros de Partido com quem discuti o assunto
são de opinião que, mesmo para a direita mais radical, é inte-
ressante conhecer a posição verdadeira dos comunistas. É por
isso que o trouxemos até aqui.
De repente, uma visita
Em fins de agosto, o jornal carioca Ultima Hora publicou
uma nota em que afirmava que REALIDADE estava prepa-
rando uma reportagem sôbre o PCB. Era verdade. Como é
verdade que há mais de um ano — onde quer que estivessem
os repórteres da revista tinham uma recomendação: espa-
lhar que estávamos interessados em entrevistar Luís Carlos
Prestes.
Alguns dias depois da nota publicada no Rio, a campainha
do meu apartamento, em São Paulo, tocou pelas 10 da noite:
— Gostaria de conversar com o senhor. É coisa desinteresse
da sua revista. mwm
40
I*
O QUE AFINAL QUEREM OS COMUNISTAS BRASILEIROS?
Um livrinho de oitenta páginas,
com a capa reproduzida abaixo,
em tamanho natural, datado dc
dezembro de 1967. resume o que
propõem hoje os comunistas
brasileiros: é a Resolução Poli-
tica, aprovada no sexto con-
gresso do PCB. A primeira parte
trata da situação internacional,"comemora"
o qüinquagésimo
aniversário da Revo ução Russa,
afirma que, "na
época contempo-
rânea, a direção principal do de-
senvolvimento histórico é deter-
minada pelo sistema socialista
mundial e pelas forças que lu-
tam contra o imperia ismo e
pela transformação socialista da
sociedade". Mais adiante, o livri-
nho garante que "nos
países ca-
pitalistas mais adiantados, o mo-
vimento operário trava grandes
batalhas de classe contra os mo-
nopólios", embora não cite qual-
quer exemplo dessas batalhas, fi-
cando efri generalidades do tipo"na
Espanha cresce a tendência
à unidade das forças democrá-
ticas contra a ditadura fran-
quista".
A posição dita progressista de
parte do clero é, também, ex-
pressamente comentada pelos co-
munistas brasileiros: "Reveste-se
de grande significação a posição
assumida pela Igreja Católica, em
cujo seio poderosas correntes
colocam-se em consonância com
as forças que lutam pela paz.
pela democracia e contra a es-
poliação capitalista, e tomam
posição favorável à aspiração
dos povos à independência e ao
socialismo". Em re'ação aos
EUA, admitem: "Continua
cres-
cendo o potencial econômico e
militar dos principais países capi-
talistas, notadamente dos Estados
Unidos", para dizer que, "entre-
tanto, é como fera acuada, em re-
cuo histórico, que o imperialismo
luta encarniçadamente para opor
resistência às forças da revolu-
ção". A seguir, o livrinho fa.a
bem dos vietcongs e mal de Is-
rael, reclama das "provocações"
contra Cuba, "denuncia"
os gol-
pes militares e protesta contra a"nuc
earização da Alemanha Fc-
deral". O primeiro capítulo é
pacifista: "O
esforço perseveran-
te pela unidade de tôdas as fôr-
ças contrárias à guerra mundial
é a tarefa primordial de todos
os comunistas".
Confissão:
um salto industrial
No segundo capítulo da Reso-
lução Política, o PCB cuida da
"situação econômica e social do
Brasil", para dizer que. "entre
1948 e os dias atuais, a produ-
ção industrial multiplicou-se por
quatro, enquanto o produto in-
terno bruto cresceu de 2,6 vêzes
e o número de habitantes aumen-
tou em 60%". Mas acrescenta,
páginas depois: "Êsse
desenvol-
vimento (...) pouco alterou
a posição relativamente inferior
do Brasil no conjunto das na-
ções". Segue-se uma análise
econômica do País, mostrando
que houve progresso, mas que"baixou
o salário real da classe
operária". Nas páginas 28 e 29,
os comunistas tentam envolver
a burguesia: "Com
a industria'i-
zação, ampliou-se o setor da bur-
guesia cujos interêsses estão li-
gados ao desenvolvimento autô-
nomo do País", e concluem que
o mesmo "luta
para controlar
o mercado interno e se choca
com a ação do imperialismo",
já que tal grupo industrial tem
"interêsse pela ampliação do
mercado consumidor", o que
o levaria "a
apoiar a luta pela
reforma agrária. Formou-se e
ampliou-se, assim, um setor bur-
guês que se liga ao movimento
nacionalista e democrático".
Idéia fixa:
contra os EUA
O terceiro capítulo examina"a
mudança do regime político".
As primeiras páginas tentam
provar que o País vive em "re-
gime ditatorial". Depois, por pá-
ginas e páginas, o livro volta à
análise econômica, falando de
imperialismo, latifúndio impro-
dutivo, burguesia nacional (que
seria contra a presença no
Brasil de emprêsas estrangeiras)
e do empobrecimento das cama-
das médias e dos trabalhadores
brasileiros, "3
milhões de operá-
rios urbanos e 5 milhões de as-
salariados agríco'as".
Mais adiante, sempre numa
linguagem dogmática e cheia de
lugares-comuns, os comunistas
asseguram que a "revolução
bra-
sileira, em sua presente etapa,
deverá liquidar os dois obstá-
culos históricos que se opõem
ao progresso da nação: o do-
mínio imperia'ista e o monopó-
lio da terra". E acrescentam: "A
direção do golpe principal está
voltada contra o imperialismo,
particularmente o americano".
Depois, ameaçam: "A
burguesia
entreguista será liquidada como
fôrça social, juntamente com os
outros inimigos da revolução".
Para isso, confessam ter "o
apoio
e a solidariedade do sistema so-
cialista" e que — conquistado o
poder — a
"revolução nacional e
democrática assegurará a comple-
ta libertação econômica e políti-
ca do País", sendo êsse apenas
um primeiro passo. Pois "a
ra-
pidez com que se processará a
passagem para a etapa socialista
dependerá da fôrça e da capaci-
dade de luta do núcleo fundamen-
tal das forças revolucionárias".
E o que devem fazer os co-
munistas para conseguir o que
querem?"Na
situação atual", diz o li-
vrinho. "nossa
principal tarefa
consiste em mobilizar, unir e or-
ganizar a classe operária e de-
mais forças patrióticas e demo-
cráticas para a luta contra o re-
gime ditatorial, pela sua derrota
e a conquista das liberdades de-
mocráticas".
Objetivo:
uma "frente
única**
Em suas últimas páginas, a
Resolução Política do PCB pro-
põe um programa a ser discuti-
do com o que classifica como"vários
setores da frente antidi-
tatorial". E cita o seguinte: "re-
vogação da_ Constituição de
1967", "restabelecimento
dos
direitos trabahistas violados ou
revogados pelo regime autoritá-
rio", "libertação
dos presos po-
líticos e anistia geral", "convo-
cação de uma assembléia cons-
tituinte (...), a fim de e'aborar
uma Constituição democrática","eleições
diretas", "livre
organi-
zação e funcionamento dos par-
tidos políticos, inclusive do PC","adoção
de uma política de
desenvolvimento independente da
economia nacional", "defesa
das
riquezas do País, da indústria
nacional, das emprêsas estatais
e da Amazônia". Enfim, prome-
tem tudo para todos, embora
nenhum regime comunista tenha
— jamais
— permitido outros
partidos ou realizado eleições
livres, além de eliminar seus ini-
migos políticos.
No mesmo tom, novos pontos
são juntados aos primeiros e
propostos como necessários à
formação de uma "frente
única":
"abolição do arrocho salarial",
"medidas parciais de reforma
agrária", "política
externa de
afirmação da soberania nacio-
nal", "defesa
da autodetermina-
ção dos povos".
Como o livrinho é anterior à
invasão da Tchecos'ováquia, não
precisou explicar o que os co-
munistas entendem como auto-
determinação. Em setembro últi-
mo, entretanto, em outro livri-
nho, o PCB justificou, defendeu
e aplaudiu o ataque soviético
à Tchecoslováquia.
Finalmente, garante a Resolu-
ção decidida no sexto congresso
do PCB, realizado em fins do
ano passado: "A
oposição e o
combate crescentes ao regime di-
tatorial tornarão ainda mais re-
duzida a sua base social e po-
lítica (...) As fôrças democrá-
ticas (para os comunistas, o PC
é uma "fôrça
democrática"),
através da ação, poderão con-
quistar a legalidade de fato,
obrigar a maioria reacionária a
recuar, e derrotá-la". Mas adver-
te que "a
ditadura poderá im-
por ao povo o caminho da insur-
reição armada ou da guerra ci-
reição armada ou da guerra
civil" e que o PC deve "pre
tualidade". Como fazer a "pre-
paração", nem uma palavra.
A escuridão,
dentro da máquina dos
comunistas
Antes que pudesse dizer ao jovem de rosto inexpressivo que
me procurasse na redação, êle acrescentou:
Se REALIDADE quer mesmo escrever sôbre o Partido
Comunista, acho que o senhor precisa me ouvir.
Fiz o jovem entrar e — mentindo
— adiantei que a matéria
já estava pronta, que era um apanhado da história e dos obje-
tivos atuais dos comunistas brasileiros.
A voz do jovem era impessoal, seu rosto tinha uma barba
rala, de alguns dias.
O que posso
lhe oferecer são todos os documentos mais
recentes publicados pelo Partido. E o faço, apenas para que
REALIDADE não publique inverdades a respeito do Partido,
o que, me parece,
não é jornalismo
sério.
Resolvi blefar:
Já temos os documentos comunistas. Vamos apenas
resumi-los e transcrevê-los. Agora, se há por parte dos comu-
nistas uma verdadeira vontade de não esconder o que pensam,
diga a êles que o que queremos mesmo é entrevistar Luís
Carlos Prestes, onde quer que êle esteja. Até na Rússia.
O môço perguntou então se tínhamos as resoluções do sexto
congresso do PC, se conhecíamos o estatuto do Partido, se
havíamos lido o jornal Voz Operária.
O meu sim ainda era blefe.
E o que o senhor acha? *
Não concordo. Luta armada, guerrilha no campo ou
terrorismo urbano são crimes contra o Brasil.
O rapaz me interrompeu:
Queria lhe dizer duas coisas: um: em tese, concordo
consigo; dois: essa colocação política não é a do Partido.
Meu amigo —
continuei —, temos arquivados diversos
panfletos que pregam exatamente isso que acabo de lhe dizer.
E os senhores vão publicá-los como documentos do
Partido?
Claro! A não ser que tenhamos prova de que não são
do PCB. A não ser que o próprio Luís Carlos Préstes nos diga
o contrário.
O jovem perguntou como me encontrar nos próximos dias e
foi-se embora.
A "Operação
Pena Boto"
Uma semana depois, quem me procurou foi um cidadão
de uns 35 anos, risonho, rosto redondo, bem vestido e sim-
pático. Parecia o encarregado de
"relações
públicas'' de uma
grande emprêsa. Era hábil e direto:
Tenho uma proposta que deve interessá-lo: o senhor
pode deixar São Paulo por uns dias, para fazer uma entrevista?
Depende de quem vou entrevistar
— respondi.
É uma boa entrevista, acho que o senhor sabe do que
estou falando. Digamos que é o Almirante Pena Boto. Se
estiver de acordo, podemos nos encontrar amanhã cedo, às
6 horas, na calçada do seu prédio. Leve máquina fotográfica,
papel, máquina de escrever. Só queremos do senhor o com-
promisso de não contar a ninguém o que
vai fazer, deixar o
relógio em casa e seguir nossas instruções.
Estávamos na noite de 18 de setembro.
Na manhã seguinte, ainda meio no escuro, desci para a
rua, sem máquina de escrever, e vi alguém na esquina. Cami-
nhei para lá: era o homem de algumas horas antes, que me
segurou por um braço e — depois de
"bom dia" de quem tinha
dormido dez horas — disse:
Vá andando em frente, sem olhar para os lados.
Assim fiz, até que um Volkswagen claro parou do nosso
lado. A ordem veio tranqüila mas sêca:
Agora entre, feche os olhos e sente, sem deitar de lado,
como se estivesse bêbado ou doente. A primeira etapa do
nosso caminho é curta.
O perigo é a polícia
Brasileiro que tem menos de quarenta anos e, de algum
modo, conviveu com os comunistas ou anticomunistas sabe que
Luís Carlos Prestes não é o senhor Prestes. Luís Carlos Prestes
pede adjetivos fortes antes do seu nome: é camarada, buro-
crata, cavaleiro da esperança, stalinista, revisionista, herói do
povo ou carreirista (afinal, desde 1945 Prestes é o
"dono"
do PCB).
Mas chamei-o mesmo de senhor.
O senhor acha que o PC vai bem?
Prestes responde com segurança, embora dê a impressão
de que pensa muito no que vai dizer.
Tivemos uma grande derrota em abril de 1964. Mas
uma derrota não significa perder a guerra. Cometemos erros,
está claro, mas só não erra quem não age. Posso lhe dizer
o seguinte: nosso Partido está organizado, hoje, nacionalmente.
Somos o único partido que escapou ao golpe militar de 1964.
E quantos adeptos tem o Partido Comunista, onde estão
atuando?
O Partido Comunista Brasileiro tem 46 anos. Nesse
tempo todo, cometemos erros e acertos. Em relação aos acertos,
aprendemos que a segurança (para os comunistas, "segurança"
é a capacidade de escapar da polícia) é fundamental. Em 1958,
quando pude voltar à legalidade, depois de onze anos, todo
jornalista que me entrevistava queria saber como fôra a minha
vida clandestina. Então, como agora, não vou contar. São
segredos do Partido. Não vou dizer quantos somos, nem onde
estamos. Só posso afirmar que
hoje, apesar da derrota de
1964, o Partido Comunista Brasileiro está de nôvo organizado,
e que esta organização —
apesar da repressão policial —
aumentai e se consolida. (Em 1945, êles eram 200 mil; hoje,
pode-se pensar em uns 20 mil membros ativos, dentro do PCB.)
O que eu vivera nas últimas trinta ou quarenta horas mos-
trava que, pelo menos como organização formal, aquela gente
era eficiente. Depois do Volkswagen onde entrei de olhos
fechados, quase de madrugada, acabei
— uns quarenta minu-
tos depois — numa casa, aparentemente nos arredores de São
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42
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A FAMfLIA Oez sao os filhos de Luis Carlos Prestes. A mais garin, o primelro
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ddcctcc velha Anita, 32 anos, vive fora do Brasil e nasceu cou, quando sua mulher ainda estava gravida.
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poucos meses antes que
sua mae — Olga Benario dois filhos: Paulo, 17 anos, e Pedro, 18. Todos, me- I
Prestes fosse executada. A senhora da foto, Ma- nos o cagula, estao estudando em escolas publicas I
ria 38 anos, natural de Itajuba, Minas Gerais, e e sabem que o pai
60 lider do PCB. I
seounda muiher de LCP; as sete crianpas da foto: Dona Maria nao da entrevistas. Sua vida ligou-se I
I Antonio Joao, 14 anos; Rosa (no fundo, a direita), a de Prestes enquanto este fugia da policia, entre H
1 13- Ermelinda (a de cabelos castanho-escuros), 11; 1948 e 1949. Sdmente dez anos depots a imprensa I
Luis Carlos (rosto magro, olhos claros), 9; Mariana come?aria a divulgar o fato. A REALIDADE, a mulher I
fde amarelo) 7- Zcia (lourinha, olhos azul-esverdea- de Prestes disse apenas uma frase: Tenho muito I
dos) Tanos 0 me^o no colo da mae e Yuri Pres- orgulho do Velho (ela o trata assim mesmo na inti- I
tes oue o pai ainda nao conhece (nasceu a 7 de midade) e, sendo uma pessoa simples e sem cultu- I
iulho de 1964) e cujo nome e 0 resultado de uma ra, nunca imagine! que pudesse ser sua compa-
promessa do proprio
Luis Carlos Prestes a Yuri Ga- nheira. Apesar de tudo, sou uma mulher muito feliz I
43 I
FOTO DE FRANCISCO NELSON
A FAMÍLIA
PRESTES
Dez são os filhos de Luís Carlos Prestes. A mais
velha Anita, 32 anos, vive fora do Brasil e nasceu
num campo de concentração da Alemanha nazista,
poucos meses antes que
sua mãe — Olga Benário
Prestes — fosse executada. A senhora da foto, Ma-
ria, 38 anos, natural de Itajubá, Minas Gerais, é a
segunda mulher de LCP; as sete crianças da foto:
Antônio João, 14 anos; Rosa (no fundo, à direita),
13; Ermelinda (a de cabelos castanho-escuros),^ 11;
Luís Carlos (rosto magro, olhos claros), 9; Mariana
(de amarelo), 7; Zoia (lourinha, olhos azul-esverdea-
dos), 6 anos. O menino no colo da mãe é Yuri Pres-
tes, que o pai ainda não conhece (nasceu a 7 de
julho de 1964) e cujo nome é o resultado de uma
promessa do próprio
Luís Carlos Prestes a Yuri Ga-
garin, o primeiro
astronauta soviético, feita em Mos-
cou, quando sua mulher ainda estava grávida.
Além
das sete crianças da foto, a família Prestes tem mais
dois filhos: Paulo, 17 anos, e Pedro, 18. Todos, me-
nos o caçula, estão estudando em escolas públicas
e sabem que o pai é o líder do PCB.
Dona Maria não dá entrevistas. Sua vida ligou-se
à de Prestes enquanto êste fugia da polícia, entre
1948 e 1949. Somente dez anos depois a imprensa
começaria a divulgar o fato. A REALIDADE, a mulher
de Prestes disse apenas uma frase:
"Tenho muito
orgulho do Velho (ela o trata assim, mesmo na inti-
midade) e, sendo uma pessoa simples e sem cultu-
ra, nunca imaginei que pudesse ser sua compa-
nheira. Apesar de tudo, sou uma mulher muito felizM.
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JMM. MG
Quando você faz o seguro de Res-ponsabilidade Civil da Mi nas-Brasil, está ad-qui rindo tranqüilidade e dando tranqüilidadeaos outros. Com a Minas-Brasil nõo há pro-blemas: ela sabe que existe para proteger —nõo para discutir.
A melhor maneira de ficar livre dequalquer preocupação com seu carro, notocante a acidentes, é colocá-lo sob a pro-
teçõo da Minas-Brasil — que tem força paraprotegê-lo.
A força da Minas-Brasil ó o resultadode uma tradição de seriedade, dos recursosde que dispõe e da sua capacidade de aten-dimento em todos os tipos de seguros. Nocaso dos seguros obrigatórios, a Minas-Brasilacabou com qualquer problema, colocando àsua disposição toda uma equipe só pa ra esse fim.
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LCP CONTINUAÇÃO
Êle gosta de falar,tem sempre
uma idéia a defender
Paulo, onde o "relações-públicas" me pôs num quarto pequenoe sem janelas, deu-me jornais e uma garrafa de água mineral,enquanto trancava a porta e avisava que não sabia bem quandocontinuaríamos viagem. Espiei os jornais, fumei muito, bebia água e acabei dormindo. Acho que bastante. Quem me açor-dou — estava escuro no quartinho — foi o homem de cache-col. chapéu e isqueiro a gás. Êle me deu um copo de leitefrio, pão com manteiga, um café e uma ordem interrogativa:
— Vamos?
A cegueira, por escolha
Saí do quarto sem janelas, de olhos vendados. O cidadãode cachecol — muito gentilmente — disse-me que a vendaera uma arma não contra mim, mas sim contra quem pudesseobrigar-me a falar. Ainda delicadamente, o homem apertouum pano preto, enrolado diversas vezes sobre meu rosto, levan-dome até um carro (estou certo de que era um Aero-Willys),pedindo-me — antes de me livrar do pano preto — que fin-gisse domir. Era dia claro, de sol, e, depois de algumas voltas,o automóvel entrou numa estrada asfaltada. A viagem duroude cinco a sete horas, é difícil precisar. Ficar de olhos fecha-dos durante tanto tempo é de um desconforto doloroso. Tãodiferente se torna a relação entre a gente e o mundo, que meu"anjo da guarda" (de cachecol) pegou-me a mão e colocou-ana alça do Aero, pois a cada curva eu perdia o equilíbrio.Naquelas horas, com grandes intervalos, conversamos sobrejornais e revistas, sobre cinema e televisão. A velocidade eragrande e, numa das vezes em que não consegui ficar de olhosfechados, vi que a estrada era de pista simples. Quando o carroparou e me disseram para abrir os olhos, já era quase noite,estávamos num acostamento. No banco da frente estavam duaspessoas, que já percebera horas antes. Não sei por que mepareceu que a estrada era a São Paulo—Belo Horizonte. Foisó ali, procurando algum ponto de referência, que ouvi a vozdo acompanhante do motorista, falando sem olhar para mim.
Vamos lhe pedir mais um sacrifício: daqui a pouco,paramos, descansamos, sempre dentro da nossa combinação.De acordo?
De acordo — respondi.Então, deixe o companheiro lhe vendar de novo os olhos.
Um homem só
Queria saber como seria a revolução comunista no Brasil.O homem sentado no sofá, naquela casa não sei onde, não
foge da conversa, tem prazer em defender seus pontos devista. Prestes gosta de falar:
Não sabemos como vai ser a revolução brasileira, nemtemos uma proposta de como fazer a nossa revolução. Vouexplicar melhor: o PC espanhol, por exemplo, há cinco anos,diz que a greve geral é um caminho: possível, embora nao
seja o único, para derrubar o Governo de Franco. Nós, comu-nistas brasileiros, não chegamos ainda a esse tipo de colocaçãopolítica. (Prestes fala sempre "nós", desde que se trate dequestão política ou ideológica.)
E a vida ilegal?Desculpe, mas já lhe disse que não posso falar sobre isso.
Agora, estou lendo o livro de Dom Helder Câmara. ..Mas ouvi dizer que o senhor pode sair do Brasil com
licença do Governo. ..Em fevereiro deste ano, estive em Budapeste, na Hungria,
representando o Partido num congresso comunista internacio-nal. Como saí e como voltei, o Governo não ficou sabendo,e é evidente que não posso lhe contar como tudo aconteceu.Mas que estive na Europa não é novidade: alguns jornaisbrasileiros noticiaram o fato, transcreveram um resumo deminhas declarações, que no mundo comunista tiveram amplarepercussão.
Prestes tem muitos filhos, ensaio uma pergunta nesse sen-tido.
Minha vida particular é o de menos. Ninguém pode lheproibir de procurar minha companheira e meus filhos. Elesvivem em São Paulo e procurá-los ou não é decisão sua. Só
n*sr.v*7
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VOIOPERAMA
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V X Gr*ndeOutubro
A imprensa clandestina do PC: além da Voz Operária,órgão oficial e mensal do Partido, dezenas de outraspublicações são distribuídas, em diversos formatos.
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BANKON, RONALDO ESPER & A MULHER
O QUE VALE E A ETIQUETA QAN-LON
PRIMAVERA VERÃO 1968
RONALDO ESPER APRESENTA
DOIS MODELOS DA SUA COLECÀO BAN-LON R
« i b propaganda
1
LCP CONTINUAÇÃO
O "Velho"
nunca ergue a voz, as
mãos não tremem
quero que lembre, desculpe, que eu não estou aqui como pai
de família. Estou falando como secretário-geral do Partido
Comunista Brasileiro.
Enquanto fala, o seu tom de voz nunca se altera, as mãos
de Prestes descansam sôbre as pernas. De repente, aquele
homem de setenta anos levanta a mão direita, une os dedos
e pergunta:O senhor sabe? Eu não conheço o meu último filho.
Apesar do gesto, a frase não é uma queixa, simplesmente
encerra o assunto.
Um santo na parede«
E o que o senhor acha dos padres e bispos brasileiros
acusados de serem esquerdistas?
Se o próprio papa reconhece que o capitalismo não é
saída para os povos subdesenvolvidos, uma vez que aumenta
cada vez mais a distância que os separa dos países ricos, não
fico surpreso com as posições de nosso clero progressista. Nós,
os comunistas, apoiamos a luta de todos que desejam um
futuro melhor para o Brasil. Estamos prontos, portanto, a
apoiar esse setor da Igreja Católica, mesmo porque não nos
consideramos os donos únicos da verdade, embora tenhamos
algumas posições bem claras a respeito de como deveria ser
um novo Governo no Brasil. O poder político precisa estar
interessado realmente no futuro do País. E tal poder, por uma
questão de coerência, deve contar com a presença da classe
operária, a classe que produz as riquezas. Isso tudo não signi-
fica que pretendemos um Governo socialista para já. Só se
pode pensar em construir o socialismo quando o proletariado
ganha a liderança, a hegemonia dentro do Governo. Não sei
se os padres que defendem posições mais avançadas pensam
assim.
Prestes faz uma pausa, enquanto eu me lembrava dos santos
nas paredes da "fazenda".
Depois que o Aero-Willys parou no acostamento e me disse-
ram que íamos descansar um pouco, logo mais, pedindo que
de novo deixasse que me pusessem o pano preto no rosto,
rodamos mais uns poucos minutos pelo asfalto, dobramos à
esquerda numa estrada de terra e — uns sessenta minutos
depois — paramos. A lanterna reapareceu, acesa no meu
rosto, e me ajudaram a entrar numa casa. Lá dentro pude
abrir os olhos: era uma velha mas bem conservada casa de
fazenda (pelo menos, parecia uma casa assim), com cômodos
bem grandes. Estive na sala — onde a "Santa Ceia" ficava
por cima de uma mesa de jantar — e num dos quartos, onde
— depois de comer um prato de arroz, feijão e carne — fiquei
tentando espiar pelas frestas da janela, trancada por dentro
com um cadeado, sob o olhar de um "Santo Antônio, Menino
Jesus ao colo", dependurado na parede. A seguir, deitei-me
e dormi, até que o homem do cachecol me chamou para tomar-
mos a penia fechada que nos levaria até Prestes. Não sei
quanto dormi, mas ao sair da casa vi que ainda era noite.
Como o senhor definiria os padres de esquerda?Como
patriotas, a quem respeito.
Percebo que Luís Carlos Prestes se relaxa e está sorrindo:
O Marechal Lott, tão anticomunista e tão católico, deve
estar perturbado com as novas posições da Igreja.. .
Os senhores continuam achando que o apoio dos comu-
nistas a Lott, contra Jânio, na eleição de 1960, foi correto?
Sim. E a própria renúncia de Jânio, que deu início a
tudo isso que aí está, prova o nosso acerto político. Mas Lott
era um candidato muito difícil, pelas suas posições sectárias,
de um anticomunismo primário. Mas, como era e é um patriota,
o Partido lutou para elegê-lo. (Os homens da ex-UDN que
apoiaram Jânio tinham então uma acusação contra os extintos
PSD e PTB: haviam "comprado", com dinheiro, o PCB.)
E o apoio a Juscelino? Os comunistas votaram nele?
Também, então, quando trabalhamos muito por Jusce-
lino, a sua candidatura era a melhor. Depois, durante o seu
Governo, não deixamos de denunciar a penetração imperia-
lista por êle favorecida e estimulada.
O homem baixo e nordestino interrompeu a entrevista para
avisar que a refeição estava pronta e convidou-me a acompa-
|.min.,,.ni«..iW.ii.. ¦..'¦¦¦ •»•*.* i_tmn*,m»m' <m* *,*»<» <• *<<<*>
VI CooffeffO de
ISyÉi^í*? Cepwiníito Dctnleii*
p|§|àtutod©
nista Brasileiro*'' ~
r —_.*¦ ' *
.'" ->' HEBE.-»" -.'¦¦.'-.*- ¦
DezembrcDezembro — 1967
Há um ano, o PC publicou seu estatu-
to, aprovado no VI Congresso. Nas
35 páginas do livrinho (veja a fo-
to), estão definidas as obrigações e
direitos dos comunistas brasileiros.
47
*
r
SeYquer
um bom whisky,
escolha
qualquer
destes
quatro.
Muita gente vai preferir
os três detrás.
Afinal, seus fabricantes são escoceses, têm
experiência secular...
Mas Drury's também é feito de acordo com
a tradição escocesa.
Com 30 tipos diferentes de
malt-whisky escocês, destilado
de cereal envelhecido em
tonéis de carvalho, etc.
Por isso, se V. não compra
whisky por causa do rótulo,
escolha indiferentemente
qualquer dêsses quatro.
Sairá satisfeito.
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Na hora da foto,
um acordo:
entregar o filme
nhá-lo até a cozinha. Lá. sentado na poltrona velha, encontrei
o rosto risonho do cidadão que dera início àquilo tudo. Era
o "relações-públicas":
Como é, mestre, tudo bem? Que tal lhe parece
o
"Velho"?
Que não parece nada velho — respondi.
Depois, perguntei como poderia fotografar Prestes, se nem
seu rosto me deixavam ver direito.
Um retrato, de perfil
Você pode fotografar, mas só de perfil e com uma con-
dição: deixar o filme com a gente, pois não podemos correr
o risco de a sua revista publicar uma foto que nos obrigaria
a tomar mais cuidado ainda para proteger o
"Velho". Acho
que já lhe ficou claro que o rosto de Prestes está diferente.
Sabe, tem gente que o conheceu bem, antes de 1964, e que
cruzando com êle, por acaso, não o reconheceu. Voltando à
fotografia: mandamos revelar o seu filme e fazemos chegar a
você os negativos que não mostrem direito o rosto do homem.
Concordei, não tinha saída. Em seguida, disse-lhe que
naquela escuridão era impossível usar o filme colorido que
tinha na máquina.
Você trouxe filme normal, não colorido?
Sim.
Então, por
favor, fotografe com filme normal. Nós não
temos, com certeza, possibilidades de revelar filme colorido.
Depois do almoço, na cozinha, consegui convencer o homem
de que, mesmo operando um filme sensível, não poderia fazer
nada de bom na escuridão em que estávamos. Pedi que êle
abrisse as cortinas da sala, disse que sabia que
era dia, mos-
trando o cobertor na janela da cozinha, iluminado pelo sol.
O homem prometeu discutir o assunto e me levou a um quarto
pequeno, que dava para
a sala, dizendo que ali ficasse.
De um dos cantos da sala saía uma escada, a casa era um
sobrado, Prestes devia estar lá em cima.
Quando o homem voltou, foi logo explicando que era im-
possível mexer nas cortinas da sala, mas que
haviam retirado
o cobertor da janela da cozinha, onde Prestes estava à nossa
espera.
Para lá fomos. Sentado perto da mesa, com a luz do vitrô
a iluminar a parte visível do seu rosto
— ele estava de perfil
—, Prestes permaneceu imóvel, lendo, enquanto eu batia 35
fotos, tôdas do mesmo ângulo, precisamente o indicado pelo
homem risonho.
Um guerrilheiro aposentado
Quando acabei o rôlo, fui conduzido de volta ao quartinho,
onde tirei o filme da máquina e o entreguei. Na manhã de
29 de setembro, encontraria um envelope debaixo de minha
porta: nêle, os negativos liberados, todos muito parecidos,
mostrando menos que o perfil
de Prestes.
Militares americanos, há algum tempo, percorreram o ca-
minho da Coluna Prestes (uma marcha de mais de 24 000
quilômetros, feita a pé ou a cavalo, realizada durante 647
dias — a partir de 1925
—, por cêrca de mil homens, que
dispararam 350 mil tiros, derrotando e escapando de 100 mil
soldados do Presidente Artur Bernardes), para chegar à con-
clusão de que aquilo fôra uma obra-prima de guerra de guer-
rilhas. Um escritor brasileiro, Hélio Silva, tem em seu poder
uma carta do General Mark Clark dizendo exatamente isso.
O senhor acha que o PC pode tomar o poder através
de uma luta de guerrilhas?
Estávamos de nôvo como no início da entrevista, Prestes
sentado no sofá.
Se o senhor se refere ao Brasil, nossa opinião é de que
não existem agora, na situação atual, condições para uma
luta dêsse tipo. Isso não significa, porém, que sejamos contra
a luta armada. Na Resolução Política do quinto congresso
de nosso Partido, afirmamos, expressamente, que devemos
nos preparar e preparar
as massas para a eventualidade de
uma luta armada. O que não julgamos
acertado (Prestes fala
baixo e pausadamente, as palavras parecem um discurso de-
corado, mas o tom é de conversa) é que um pequeno grupo
de pessoas possa fazer uma revolução. Revolução é sempre
obra dos povos, das massas de milhões, como dizia Lênin.
(LCP não cita exemplos. Mas a História o desmente: "Revo-
lução" sempre foi obra de uma minoria, que consegue levantar
um povo.)
Prestes desencosta do sofá, anima-se: se<;ue
¦ M H
Assim era Luís Carlos Prestes antes de abril de 1964.
49
LCP I ONTINUAÇÀO
Quando o assunto é
guerrilha, dois
olhos brilham na sala
?
— Veja, por exemplo, o caso de Guevara. Um grande re-
volucionário sacrificado porque se equivocou na avaliação da
situação boliviana. Como conquistar o poder, derrotar o Go-
vêrno e suas tropas com duas dúzias de homens, sem dúvida
corajosos, mas que sequer conheciam o terreno onde opera-
vam? Guerrilha só é possível quando se conta com o apoio
da população onde se luta, quando se conhece o terreno e
quando se tem efetivos suficientes. Em nosso País, não acre-
ditamos que, hoje, possa ter êxito ou possa contribuir para o
avanço do processo revolucionário a criação dos chamados"focos
guerrilheiros". Isso só serviria como pretexto para
novas medidas de repressão.
Vê-se que o assunto apaixona o chefe dos comunistas bra-
sileiros. Seus olhos brilham mais na sala fechada:
Há quarenta anos, comandei a marcha de uma coluna
pelo Brasil inteiro, sem que as tropas do Governo pudessem
nos dizimar, como queriam. Mas acontece que o nosso obje-
tivo era simplesmente atrair sobre nós a atenção do Governo
e de seus soldados, enquanto outros revolucionários, nas capi-
tais, dariam o golpe capaz de derrubar Artur Bernardes. Nada
disso aconteceu, acabamos entrando na Bolívia e desfazendo
a coluna.A coluna foi um erro?
Não diria isso, porque não renego o meu passado. A
coluna foi, objetivamente, uma luta contra o regime dominan-
te, embora os tenentes de 1922/24 nada entendessem de poli-
tica e ignorassem as leis do desenvolvimento social, as leis
que regem a luta de classes. (Prestes repete Marx com a se-
gurança de um pregador citando texto sagrado.)
E continua:Mas a coluna serviu — pelo menos para mim —
para
conhecer o nosso País de verdade, miserável, pobre e triste,
que vive longe do litoral. Estávamos, então, querendo apenas
trocar os homens no poder, sem mexer nas estruturas do
Governo. A coluna me levou ao marxismo.
Prestes pensa um instante, volta ao presente:Mesmo assim, mesmo já tendo feito uma guerra de guer-
rilhas, não concordo com as teses vitoriosas na conferência da
OLAS, realizada em Havana, em 1967. (Prestes está dizendo,
sem afirmar categoricamente, que é contra a política proposta
por rideí: fazer da América Latina um enorme Vietnam.)
O PCB é contra Cuba?
De forma alguma. Embora possam existir discrepâncias
entre nós e os camaradas cubanos a respeito dos caminhos
mais prováveis da revolução em nosso continente, colocamos
sempre acima de tudo a defesa da Revolução Cubana e a
nossa solidariedade ao Governo revolucionário de Cuba.
E os grupos de esquerda, que pregam a luta armada
aqui no Brasil?
Existem nesses agrupamentos verdadeiros revoluciona-
rios e patriotas. Pensamos, porém, que estão equivocados ao
supor que pregando a luta armada, como única e exclusiva
forma de luta, conseguirão, nas condições atuais, unir e orga-
PRESTES: 46 ANOS
DE MUITA CONSPIRAÇÃO
Prestes nasceu em PortoAlegre, a 3 de janeiro de
1898, filho de militar e de
professora primária, Leocá-
dia Prestes, que quarentaanos mais tarde conseguiria
tirar a neta Anita de um
campo de concentração na-
zista. LCP entrou para o
Colégio Militar aos onze
anos, seu pai morrera poucomais de um ano antes, ter-
minando seus estudos na Es-
cola Miitar do Realengo,Rio. em 1920, de onde saiu
como tenente-de-engenharia,
para construir ramais da Es-
trada de Ferro Central doBrasil. Em 1922, emborativesse conspirado para der-rubar o Governo, não podeparticipar da luta, pois otifo o atacara. Mesmo as-sim. com a derrota dos re-beldes, LCP é transferido
para o Rio Grande do Sul enomeado fiscal da construçãode quartéis. Nessa missão de-nuncia a corrupção existen-te, sem resu'tado, sendo de-mitido e encarregado nova-mente da construção de fer-rovias no mesmo Estado.Em 1924, LCP pede demis-são do Exército para me-lhor, de novo, poder cons-
pirar contra o Governo. Opedido não é aceito. A 5de ju'ho trocas paulistas selevantam, sob a chefia deIsidoro Dias Lopes e Mi-guel Costa, contra o Presi-dente Artur Bernardes. Osrebeldes dispõem de 6 mil ho-mens e são cercados por 30mil, retirando-se para o sul.A 29 de outubro LCP, ain-da capitão, atira-se à lutacom o Batalhão Ferroviáriode Santo Ângelo. Lança ma-nifesto assegurando ao povo"...
a ordem, o respeito à
propriedade e à família". De-cide marchar para o norte,ao encontro do grosso da re-volta. De vitória em vitória,
promovido a coronel, atingeFoz do Iguaçu. Em abril de1925, aos 27 anos, inicia a
grande jornada da ColunaMiguel Costa-Prestes ou Co-luna Fantasma que em 2 anos
percorreu 25 mil quilômetrosde Brasil, atacando, recuan-do, surgindo e desaparecendo
na execução de uma tática
que consagrou LCP no con-
ceito dos companheiros e dos
adversários, pois o chefe no-
minai da Coluna, Miguel
Costa, era adepto dos com-
bates decisivos. Nessa mar-
cha que cobriu Mato Grosso,
Goiás, Minas Gerais, Mara-
nhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Pernambu-
co, Bahia, novamente Goiás
de onde, ao fim de quasedois anos de luta, emigrou,
penetrando na Bolívia, a 3 de
fevereiro de 1927. Nessa mar-
cha nasceu o mito do "Cava-
leiro da Esperança". LCP tra-
balha primeiro na Bolívia, de-
pois na Argentina. Ao mesmo
tempo que entra em contato
com a literatura marxista pen-sa numa
"revolução só de
revolucionários". Por isso não
aceita o comando militar do
movimento que levaria Getú-
lio ao poder, em 1930, e pu-blica um manifesto radical,
que obriga seus amigos a dele
se afastarem. Depois, LCP se-
gue para a Rússia, onde tra-
balha e estuda, ingressando
no PCB graças a uma ordem
de Moscou, desde que os
comunistas brasileiros temiam
que o "prestismo" dominasse
totalmente o Partido. Em
1935, LCP chefia a Intentona
Comunista, um golpe arma-
do contra Getulio. Derrota-
do, é preso e condenado a
48 anos de cadeia. Com o
fim da guerra, em 1945, a
anistia liberta Prestes. Comosecretário-geral do PC é elei-to senador, tendo seu man-
dato (assim como os dos
demais parlamentares comu-nista<- do Brasil inteiro) cas-
sado em 1947. O PCB vol-
tava à vida clandestina e nela
permaneceu Prestes até 1958,
quando, enfrentando a possi-bilidade de ser preso, volta
à vida púbMca, sempre comosecretário-geral do PC. Coma Revolução de Março de1964. novamente fora da lei,desaparece nos labirintos davida clandestina. Hoje, 46
anos depois do movimentofracassado de 1922, LCP
ainda está em algum lugardeste País conspirando contrao Governo e contra o regime.
50
LCP CONTINUAÇÃO
Motivo do orgulho:
dizem que o PCB
é cópia do PC russo
nizar os trabalhadores, ganhá-los para a luta revolucionária.E os estudantes, também são muito radicais?Entre eles existem os que defendem posições ultra es-
querdistas e que, justamente por isso, se isolam das massas e
dificultam a unidade do movimento estudantil. Mas a maioria
tende a seguir a orientação tática que defendemos, embora,
em sua maior parte, esses jovens não sejam membros de nosso
Partido.
Quanto mais rico, melhor
Achei que era a hora de falar da invasão da Tchecoslo-
váquia.O setíhor concorda com a ocupação militar da Tche-
coslováquia?
Prestes nem vacila, estava esperando a pergunta:A ação das tropas do Pacto de Varsóvia se tornou uma
necessidade, a fim de defender o socialismo, seriamente amea-
çado. Na verdade, o Governo e o PC da Tchecoslovaquia
haviam perdido o controle da situação. Os elementos hostis ao
socialismo, apoiados pelos revanchistas da Alemanha Ociden-
tal, levantavam-se contra as conquistas revolucionárias do
povo tcheco, o que constituía uma ameaça a todo o campo so-
cialista, à segurança européia e à própria paz mundial. A
construção do socialismo é uma luta, e a última coisa a mudar
no homem é a sua cabeça. Vinte anos de socialismo na
Tchecoslovaquia não significam que os inimigos do socialismo
a ê!e tivessem aderido e que não usariam as armas que pu-dessem para destruí-lo.
Dizem que o PCB é uma cópia do PC da URSS e quesegue estritamente as diretrizes de Moscou...
Fico orgulhoso, se o senhor me diz que somos cópia
do Partido que fêz a primeira revolução proletária da História.
Mas nem isso é verdade, nem devemos obediência à URSS.E o aburguesamento da vida soviética?Quanto mais rica fôr a URSS e seu povo, melhor para
a revolução mundial.E a questão da liberdade, dentro da Rússia?Ê assunto do povo soviético, não do Partido Comunista
Brasileiro.O PCB está com Moscou, contra a China?
Prestes demora mais do que costuma para responder:No fundo, o problema da China se explica pela sua
própria história, pelas condições em que se desenvolveu a
revolução no país. A China, não se pode esquecer, era um
país de camponeses.. Só com a vitória da revolução começou a
se desenvolver uma classe operária. Na verdade, os camaradas
chineses defendem teses que não podem ser aceitas pelo mo-
vimento operário mundial. Veja, por exemplo, o problema da
luta contra a guerra mundial: uma ocasião, numa das últimas
reuniões internacionais a que assisti, o representante chinês
falava de guerra atômica, admitindo que a perda de milhões
de vidas era um preço justo para a revolução mundial, quando
foi aparteado pelo delegado do Luxemburgo, que disse apenas
que aquela não podia ser a sua posição. "Meu
país desapare-
ceria", encerrou êle. Mas, respondendo diretamente à sua
pergunta: não é que estamos com Moscou e contra a China.
Simplesmente discordamos das teses dos camaradas chineses.
O que ó um comunista
O homem baixo e magro do sofá foi condenado, depois da
Revolução de Março de 1964, a catorze anos de prisão, além
de ter seus direitos políticos cassados por dez anos. Assim,
somente em 1978 — quando Prestes vai completar oitenta
anos — poderá voltar a fazer legalmente política. Pergun-
to-lhe o que acha disso:Sou um político, não um adivinho. E, como político,
pesando a correlação de forças dentro do Brasil e no mundo,
considero a possibilidade de que seus cálculos estejam errados.
O senhor já pensou que também os militares são brasileiros?
Que os militares se originam das camadas médias da popula-
ção e que, portanto, podem ver como estão as coisas?
Prestes silencia e sorri de leve.Uma vez, em 1937, fui condenado a 48 anos de prisão.
Saí da cadeia nove anos depois...E a ação militar dos comunistas em 1935, contra Getúlio?Cometemos alguns erros, mas fomos capazes de mostrar
o perigo que o Brasil corria, com Getúlio nos levando para o
fascismo.Como é ser comunista, para o senhor?É ser jovem sempre, é saber que o avanço das ciências
está do nosso lado, que às vezes a gente precisa apoiar hoje
o inimigo de ontem, como fiz com Getúlio, em 1945 e 1950,
apesar de êle ter entregue minha companheira grávida aosnazistas, sabendo que acabariam por matá-la. Ser comunista
é saber que a nossa luta é a luta das massas, que a nós cabeapenas conduzi-las ao poder.
As últimas frases Prestes disse de pé, mas sem levantar avoz. Depois caminhou para mim, dizendo que precisava ir-se.Enquanto Prestes se aproximava, fecharam a porta da cozinhae foi no escuro que êle me estendeu a mão:
Gostei de conversar com um jornalista que não é doPartido. Há quatro anos e meio que não o fazia — e, rápido,subiu a escada, desapareceu.
Da cozinha veio o homem do cachecol, agora sem cachecol,o encarregado de transportes da complicada "Operação
PenaBoto". Trazia uma bandeja com um bule de leite, outra decafé, pão e manteiga. Comi, e partimos na mesma perua em
que havíamos chegado. Já era noite. E o pacote de livros e
jornais que me deram serviu de travesseiro, sobre o colchãoonde deitei e dormi, acordando diversas vezes. Por fim, ocarro parou quase na porta do meu prédio e o homem docachecol levou-me até o elevador, evitando que eu visse ocarro direito. Eram quase 5 horas da manhã do dia 21. Tinhaficado dentro da máquina comunista exatamente três dias.
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LCP CONTINUAÇÃO
BRASIL: A LONGA HISTÓRIA DO PARTIDO COMUNISTA
p
Astrogildo Pereira, jornalista;Abílio de Nequete, barbeiro;
Cristiano Cordeiro, funcionário
público; Hermogênio Si.va. ele-
tricista; Joào da Costa Pimenta,
gráfico; Joaquim Barbosa, ope-
rário; José Elias da Silva,
funcionário; Luís Peres. opera-
rio vassoureiro; e Manuel Cen-
don, alfaiate, reuniram-se no dia
25 de março de 1922, na cidade
do Rio de Janeiro. Realizaram
um congresso e fundaram uma
sociedade civil: o Partido Comu-
nista, seção brasileira da Inter-
nacional Comunista. O "Diário
Oficial" de 7 de abril de 1922
publicou o registro e os estatu-
tos de uma sociedade civil, quetinha por fim:
"promover o en-
tendimento, a ação internacional
dos trabalhadores, a organização
política do proletariado em par-tido de classe, para a conquista
do poder e conseqüente transfor-
mação política e econômica da
sociedade capita'ista em socieda-
de comunista". Abílio de Nequete— o barbeiro — foi eleito se-
cretário-geral do PC.
Primeiras prisões — A partir de
1894, operários brasileiros já co-
meçavam a ser presos por ten-
tar* a comemoração do 1.° de
Maio. No dia 20 de abril de
1906, no Rio, um congresso
operário nacional cria a Con-
federação Operária Brasileira,
sob inspiração anarco-sindica-
lista, que dominou o movi-
mento operário até 1920. Em
1907, ainda no Rio de Janeiro,
houve a primeira manifestação
pública comemorativa do 1.° de
Maio. Outras manifestações ope-
rárias se seguiram, culminando
com movimentos grevistas em
1917/20, sob orientação da COB,
de grandes proporções. São Pau-
lo, em 1917/18, assistiu a uma
greve geral da qual participaram,praticamente, todas as categorias
profissionais. O comércio fechou
as portas, os transportes para-ram. Os comitês de greve toma-ram conta da cidade durantetrinta dias. Os chefes do movi-mento foram presos e os estran-
geiros expu'sos do País.A legalidade do Partido Co-
munista pouco durou no Brasil:fundado a 25 de março, comsede na Praça da República,n.° 40, no Rio de Janeiro, édeclarado ilegal no dia 5 de ju-lho, quando foi decretado estadode sítio no País. Os comunistas
propunham-se a divu'gar o "ver-
dadeiro significado da Revolu-
ção Soviética, o socialismo cien-tífico e o fundamento ideológicodo movimento operário". A li-nha política dos comunistas, nosanos de 1922/24, via como ta-refa a implantação imediata da"ditadura do proletariado" noBrasil, seguindo o modê'o so-viético Em 1925, nos dias 16,17, 18 de maio, eles faziam osegundo congresso. U número demilitantes chegava a quinhentose novas organizações haviam sidocriadas na Bahia, Espírito Santoe Minas Gerais. O congresso es-tudou a situação política nacio-nal e internacional, reformou osestatutos, adaptando-os ao mo-dêlo elaborado por Moscou atra-vés do Comintern, reestruturouos diversos órgãos, determinou aorganização da Juventude Co-munista e qua'ificou o movimen-to sindical, segundo suas tendên-cias. em anarquista, reformistae comunista. Nesta etapa, o PC
abandonou a palavra de ordem
de "ditadura do proletariado",
como tarefa imediata. Procurou
popularizar as realizações da
União Soviética e defendeu o
movimento nacional-libertadordos países coloniais e dependen-
tes. Mesmo sofrendo restrições
policiais, os comunistas partici-
pavam da política. Em 1928 ele-
geram dois vereadores: OtávioBrandão, intelectual, e Minervi-
no de Oliveira, marmorista.
Terceiro congresso — Realizou-
se de 29 de dezembro de 1928 a 4
de janeiro de 1929, na sede da fe-
deração operária de Niterói. Te-
ses e resoluções adotadas: luta
contra o imperialismo, trabalho
nos sindicatos, questão campone-
sa, luta contra o fascismo, orga-
nização do Partido.A linha política do PC não
mudou, no fundamental, até
meados de 1929. Depois come-
çou a seguir uma orientação
mais esquerdista, que, em 1930/
34, chega à palavra de ordem
da "Revolução Socialista ime-
diata". E o PC lançou até um
candidato à Presidência: Miner-vino de Oliveira. Resultado: Jú-
lio Prestes, 1 100 000 votos; Ge-túlio Vargas, 737 000. A votação
de Minervino de Oliveira foiinexpressiva. Quando derruba-ram Washington Luís para levarGetúMo Vargas ao Catete, o PCabsteve-se de tomar parte, Iimi-tando-se a criticar o episódiocomo o entrechoque dos interes-ses ingleses e americanos. LuísCarlos Prestes adotou idênticaatitude. Começavam, então, suasligações com os comunistas. Maso
"namoro" era mais velho: em
1927, Astrogildo Pereira, o en-tão secretário-geral do PC, levoua LCP, na Bo.ívia, algumasobras marxistas.
Prestes versus PC — A ColunaPrestes, que iniciou sua marchaem 1924, saindo da cidade deSanto Ângelo, no Rio Grande,representava as aspirações daclasse média. Possuía um idealliberal-democrático e reinvindica-va a revogação da lei de impren-
sa, voto secreto, unidade e decô-ro da Justiça, estabelecimento doimpério das leis. Prestes, símbo-lo destas aspirações, era o ho-mem indicado para conquistaro povo para a Aliança Li-beral, que tinha Vargas comocandidato. Seu nome foi muitousado, mas sua adesão não foiconseguida nem para a chefiamilitar do movimento. Mas, senão aderiu à Aliança Liberal,Prestes também se recusou a sercandidato pelo Partido Comunis-ta. Considerava o programa doPC (nacionalização da terra e
divisão dos latifúndios, naciona-
lização das empresas industriais
e bancárias imperialistas, aboli-
ção das dívidas externas, liber-
dade de imprensa e organização,
direito de greve, legalidade parao PCB, jornada de trabalho de
oito horas, aumento de salários,
melhores condições para os tra-
balhadores) muito extremista.Fêz uma contraproposta: voto
secreto, alfabetização, justiça, li-
herdade de imprensa e organi-zação, melhoria para os opera-
rios. O PC e Prestes não chega-
ram então a um acordo.
Getulio no Catete — Venceu
a AMança Liberal, pondo mili-tarmente Getulio no poder. O
Partido Comunista quase desa-
pareceu. Em maio de 1930, após
as eleições, Prestes toma uma
posição de crítica, lançando o
chamado "Manifesto de Maio".
Neste manifesto êle se dirige ao"sofrido
proletariado brasileiro eaos trabalhadores do campo",endossando as reivindicações quevinham sendo feitas pelo PC.Cinco anos depois, a Internacio-nal Comunista, controlada pelaRússia, dá a diretriz: que se for-mem frentes populares de es-
querda. E no Brasil nasce aAliança Nacional Libertadora —
ANL — por iniciativa dos co-munistas. Em cerimônia realiza-da no Teatro João Caetano
(Rio), Carlos Lacerda lança onome de Prestes como presiden-te de honra da ANL. Poucosmeses de duração legal teve aAliança. Desenvolveu em todo oPaís uma campanha agitacionis-ta que penetrou amplamente nascamadas médias, entre estudan-tes, escritores e uma parte daoficialidade das Forças Arma-das. A 24 de novembro de 1935a ANL desencadeia uma insur-reição armada que, a princípio,circunscreveu-se a Natal e Re-cife. No dia 27 de novembro su-blevaram-se, no Rio, o 3.° Regi-mento de Infantaria e a Escolade Aviação MiMtar. Em poucosdias o movimento foi dominado,os principais chefes do PC pre-sos. Baixas na luta: dezenovemortos, 167 feridos. Os comu-nistas mataram seus inimigos asangue frio.
Depois, a ditadura — A 10de novembro de 1937 Getulioinaugurou o Estado Novo. Du-rante a última ditadura, até1945, o funcionamento do PCfoi precário. Restaram apenas
pequenas organizações dispersas
pe'o País. A derrota da Ale-manha em 1945, o restabeleci-mento da democracia no Brasil,a anistia dos presos políticos, a
queda do Estado Novo, vieram
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?' ^mWaa%mãtam flfli B_fe. L^Com Getulio Varqas (1945), quando o PC era legal.
com a legalização do PCB. Foi
uma época de crescimento parao PC. Dominava os sindicatos,
dirigia associações culturais e
orientava movimentos de opinião
pública. Prestes, aconselhado poralguns para assumir a liderança
do movimento, indicou o nome
do engenheiro Yedo Fiúza paraa Presidência da República. Mas
seria preciso o apoio de Getulio.
que — por fim — ficou com Eu-
rico Gaspar Dutra. Yedo Fiúza
recebeu 600 mil votos, 10% da
votação geral. O PC chegou a
possuir cerca de 200 mil mem-
bros.
Um partido ilegal — Em 1947,
o PC voltava à ilegalidade. Os
parlamentares comunistas tive-
ram seus mandatos cassados.
Desta época em diante, o PCB
agiu de dupla forma: üegalmen-
te, barganha votos com os par-tidos legais, envia militantes paraestudar na URSS, promove cur-
sos de capacitação política; le-
galmente, edita jornais e revis-
tas, promove conferências e
campanhas. Chega a postos ele-
tivos através de outros partidos.O 4.° Congresso do Partido
Comunista, em 1954, adotou uma
linha po'ítica mais moderada,
em relação ao manifesto de 1.°
de agosto de 1950. Este manifes-
to, assinado por Luís Carlos
Prestes, em nome do Comitê Na-
cional do PC, pregava a insur-
reição armada. O programa de
1954 estabeleceu a palavra dc
ordem da derrubada do Govêr-no de Getulio,
"representante
dos interesses imperialistas e la-
tifundiários". Logo depois morreGetulio e Juscelino é eleito Pre-
sidente com o apoio comunista.
1955/1964, a euforia — A
partir de 1956 as teses do PC jácomeçam a ser contestadas. Emsetembro de 1956, contra a von-
tade do Comitê Central, por ini-ciativa de diretores e redatoresdos jornais comunistas
"Voz
Operária" (semanário) e "lm-
prensa Popular" (diário), abriu-se o debate em torno das quês-toes levantadas com o relatóriode Kruschev condenando o sta-linismo. O debate acabou por di-vidir o Partido. O 5.° Congressodo PC, em 1960, não modificou,no fundamental, a posição doPartido. Situação nacional: "A
exploração imperialista e lati-fundiária entrava o processo dedesenvolvimento do País. Os ca-minhos da revolução brasileirahão de ser pacíficos". Em 1961,o PC coloca-se ao lado do Go-vêrno de Jânio Quadros, emborativesse apoiado Lott, por sua
política de reatamento de rela-
ções com os países socialistas,iniciam campanha para a lega-lização do Partido. No dia 3 dejaneiro de 1964 Prestes vai à te-levisão: "Para se fazer uma re-volução não é necessário que se-ja feita por comunistas". A 31de março de 1964 João Goularté derrubado e o PCB — nova-mente na legalidade — é sacudi-do por lutas internas. Surgiramentão novos grupos, que tentamenfrentar e bater o velho PCde Luís Carlos Prestes. Entreeles estão os que preferem, nolugar de obedecer a Moscou, se-guir os caminhos que começamem Havana ou Pequim, ambospropondo, hoje (em todas assuas subdivisões), so'ucões maisdrásticas que as difundidas porPrestes e seus companheiros.
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Prestes,
uma figura
muito polêmica
Anjo
ou demônio? Patriota ou
aventureiro vendido a Mos-
cou. Os contemporâneos de Pres-
tes se dividem ao julgá-lo:
Dom Agnelo Rossi, cardeal de
São Paulo: "Há
um aspecto navida de Luís Carlos Prestes quesempre me chamou a atenção:
sua capacidade de aparecer e, so-bretudo, de desaparecer da cenanos momentos cruciais para oscomunistas no Brasil. Fico pen-sando nele como um líder bem
teleguiado".
Marechal Cordeiro de Farias:"Conheci Luís Carlos Prestes em1912, aluno do Colégio Militardo Rio de Janeiro. Êle de umaturma anterior à minha. Maistarde, fomos contemporâneos naEscola Militar do Realengo. Dei-xou um lastro de dignidade nosdois estabelecimentos de ensino.Grandemente estudioso, ótimocompanheiro, aparentemente cir-cunspecto. Lutando com grandesdificuldades materiais em seu lar,órfão de pai, era filho e irmãoexemplar. Mais tarde (1924), fo-mos companheiros na Coluna In-victa, onde tinha posição privile-giada. Queridíssimo e respeitado.Franzino, era porém de uma in-crível resistência física. Sem alar-des, era de uma maravilhosa efria coragem. Nessa época, eraum homem aberto, de espíritolargo, sem idéias preconcebi-das, marcadamente anticomunis-ta. Deixamos juntos a Bolívia,em meados de 1928. Êle, para aArgentina, via Paraguai, ondese inicia sua evolução para o co-munismo. Nós, seus antigos com-
panheiros, comandantes dos des-tacamentos da Coluna, tudo fize-mos contra essa sua nova orien-tação. Porém, em vão. Ideològi-camente, nos separamos. Em1935, combati o levante que, sobsua liderança, havia dominado oentão 3.° Regimento de Infanta-ria, na Praia Vermelha, Rio. Naocasião de meu retorno da Euro-
pa, combatente da FEB, em1945, recebi sua visita. Era umPrestes diferente, sectário, semaquela flexibilidade de pensamen-to que lhe era característica. Daíem diante, tivemos apenas encon-tros casuais e frios. Vivemos emmundos diferentes. Mas mesmoassim eu o respeito, pela clarezade suas atitudes, sem o embuça-
mento dos aproveitadores. Neste
particular é o mesmo Prestes
de nossa mocidade. Inteiramenteafastados um do outro, dispostoa combatê-lo ideologicamente en-
quanto forças tiver, do meu ínti-
mo, porém, nunca poderão desa-
parecer os laços fraternais quenos uniram nos sonhos da juven-tude".
Senador Filinto Muller, atual lí-der do Governo no Senado e res-
ponsável pela prisão de LCP, em1936:
"Prestes? Um homem in-
teiramente divorciado da realida-de brasileira. Colocando os inte-rêsses russo-soviéticos acima dosda própria pátria, fracassou e fra-cassará sempre".
Sobral Pinto, advogado de LCP:"Raramente
encontrei, no decur-so dc minha vida movimentada,alguém que, como esse chefe co-munista, revelasse tanta e tama-nha convicção. Convivemos, inin-terruptamente, de 1937 a 1947.Freqüentei-o na desgraça e notriunfo. Nunca variou, nem va-cilou quanto ao ideal que espo-sou com ardor. Renunciou a posi-ções, prazeres e comodidades, pa-ra ver se implantava o comunis-mo em sua pátria. Para isso, en-frentou perigos e arriscou a vida.Só lhe recuso o nobre título deherói porque adoto a filosofia deSanto Tomás de Aquino, que pro-clama
'pois que a força é uma
virtude, e que a virtude deve pen-der sempre para o bem, ela fará,então, que o homem se exponhaà morte a fim de obter um bem'.Ora, Luís Carlos Prestes quer or-
ganizar, na sua e na minha pátria,uma sociedade construída sobrea negação afrontosa de Deus,opondo-se, desta forma, ao cris-tianismo que faz de Deus o ali-cerce da sociedade humana. Não
posso, assim, deixar de lamentar
que tanta energia, fibra, renúnciae sacrifício sejam postos não aoserviço de um bem, mas ao ser-viço de um mal, sinistro e som-brio, como é o ateísmo".
Barreto Pinto, ex-deputado fede-ral: "Prestes,
na Constituinte
(em 1946), disse que, se hou ves-se uma guerra entre o Brasil e aRússia, ficaria com a Rússia. Foiaí que começou o movimento pa-ra fechar o Partido Comunista.Fui autor do projeto nesse senti-
SEGUE
Em tudo queproduzimos está presenteo nosso gostopela perfeição.
Fazemos assim há
quatorze anos no Brasil*
E-t-VJiHS^áíSBSjp-,
00
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4F ____K
E o fazemos com muito pra-
zer. É quase uma obstinação em
nosso trabalho. Um costume que
herdamos da Alemanha, juntamen-te com a qualidade de sua técnica.
Somamos tudo isso à criatividade
dos engenheiros, técnicos e ope-
rários nacionais. E de 1954 para cá
tornamo-nos uma pujante indústria.
De nossas linhas de monta-
gem saem, diariamente, bombas
EM NOSSO "STAND" NO SALÃO
injetoras e ali montadoras, motores
de partida, dínamos, velas, alter-
nadores, buzinas... os mais im-
portantes equipamentos diesel, ele-
tricôs e hidráulicos para veículos
e motores estacionários.
Mas não nos limitamos às
autopeças. Nosso programa de fa-
bricação inclui também produtos
de utilidade na vida cotidiana:
auto-rádios, condicionadores de ar,
aquecedores de água a gás; e
na indústria: ferramentas elétricas,
equipamentos industriais.
500.000 m2 de área, dos
quais 35.000 m*- ocupados em
edificações, 4.300 colaboradores.
Somos a maior indústria de equipa,
mentos para automotores da Amé-
rica Latina. O que nos possibilitacolocar nosso gosto pela perfei-
ção em tudo o que fazemos.
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é sentimental?
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é só falar de cadeiras
Rochedo e êles se
lembram logo de férias.
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alumínio Rochedo
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não enferrujam,
são fáceis de
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gravada
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a sua segurança.
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"Rochedo
alumínio para tôdaa vida
ALCAN ALUMÍNIO DO BRASIL S.A.
Ti War
^ij
Um homem
morto
ainda em vida?
do, que depois o Congresso apro-
vou. Prestes foi contemporâneo
dos homens que estão no poder.
Mas hoje não há clima para co-
munismo no Brasil. Há apenas
descontentamentos. Por isso, Pres-
tes é um homem morto em vida."
Alzira do Amaral Peixpto, filha
de Getúlio Vargas: 4
Só vi Pres-
tes uma vez, ràpidamente. Nunca
tive contato com êle. Vários ami-
gos de Prestes tinham dêle as
impressões mais disparatadas.
Mas meu pai o conheceu por
muitos anos e dizia ser êle
um homem feito mais para cons-
truir do que para destruir. En-
tre todas as opiniões, fico com a
de meu pai".
Marechal Juarez Távora: "Pres-
tes foi, talvez, o cadete de maior
capacidade intelectual entre quan-
tos transitaram, em todos os tem-
pos, pela velha Escola Militar do
Realengo. Ainda jovem o capi-
tão de Engenharia, revelou ex-
cepcionais qualidades de chefia,
ao assumir, em novembro de
1924, o comando das tropas su-
blevadas contra Artur Bernardes.
Como chefe do estado-maior
da Coluna Miguel Costa-Prestes,
consolidou aquelas qualidades de
liderança militar, em dois anos
de lutas incessantes. Saturou-se,
então, das trágicas realidades só-
cio-econômicas de dezenas de mi-
lhões de brasileiros. Surgiu daí,
talvez, seu ceticismo sobre a efi-
ciência global do regime capita-
lista para resolver o problema
sócio-econômico das massas sub-
desenvolvidas. Foi alvo, quando
da Coluna, de uma admiração
extensa e profunda do povo bra-
sileiro, sobretudo de sua mocida-
de, sendo justamente cognomina-
do de "O
Cavaleiro da Esperan-
ça". Recusou-se a participar da
Revolução de 1930, que qualifi-
cava de burguesa e reacionária,
declarando-se, em seguida, mar-
xista. Cinco anos depois, tentou,
sob sua plena responsabilidade, a
chamada Intentona Comunista.
Pagou por ela, durante o Esta-
do Nôvo, em provações de tôda
espécie. Seus companheiros revo-
lucionários da década dos 20 la-
mentaram profundamente o dissí-
dio por êle aberto, nos pródro-
mos da Revolução de 1930. Mas,
na verdade, teria sido muito mais
penoso, para todos, se, ocultan-
do então suas novas convicções
marxistas, houvesse chefiado —
como quase certamente lhe ca-
beria — a parte militar do movi-
mento. E após a vitória dêste,
tentasse impor ao País, com o
pêso do seu prestígio pessoal,
uma ditadura de tipo comunista.
A última vez que tive oportuni-
dade de falar-lhe foi em 1945,
na residência do Brigadeiro
Eduardo Gomes, onde fôra para
uma troca de idéias, à margem
da eleição presidencial daquele
ano. Pareceu-me estranhamente
dogmático e refratário às argu-
mentações de um diálogo franco,
como desejávamos. Mas respeito
a firmeza de suas convicções, e
admiro a bravura estóica com
que tem sabido sofrer por elas".
Jorge Amado, autor de O Cava-
leiro da Esperança: "Mesmo
seus
adversários mais virulentos não
poderão retirar a Prestes as qua-
lidades indiscutíveis de patriotis-
mo, de decência, de desprendi-
mento, de coragem, de fidelida-
de às suas idéias, de amor ao po-
vo. Mesmo os que-dêle mais dis-
cordem e mais o combatam, nem
mesmo êsses poderão honesta-
mente negar ser Prestes figura de
grandeza real, indiscutível e de-
finitiva. Quanto a mim, honro-
me em ser seu amigo e admira-
dor. Ligam-me a Prestes o amor
ao Brasil, a seu povo e ao sócia-
lismo".
Plínio Corrêa de Oliveira, presi-
dente da Sociedade Tradição, Fa-
mília e Propriedade: 4
Prestes mo-
delou sua figura e sua legenda
segundo circunstâncias que não
existem mais. O Partido Comu-
nista esperava a vitória, funda-
mentalmente, atraindo, pela per-
suasão, grandes porções da socie-
dade ocidental. Contava vencer
pelas eleições ou pelo menos por
um golpe de Estado, cujos frutos
o apoio de uma forte maioria
tornaria duráveis. Mas as mas-
sas se revelam cada vez menos
politizáveis e, portanto, cada vez
mais refratárias à combustão
marxista. O PC não consegue
ganhar nenhuma eleição, nem
vencer em qualquer golpe de
Estado, a não ser com o apoio
externo da URSS. Por motivos
que ignoro — táticos ou, mais
provàvelmente, de temperamento
— Prestes se recusou a abando-
nar o papel de 'herói'
e adotar
uma atitude aparentemente con-
ciliatória, capaz de engodar os
adversários e assim melhor servir,
hoje, à causa comunista. Por isso.
parece-me aposentado, graças ao
implacável utilitarismo dos diri-
gentes comunistas." fim
a
a
ra
ra ra
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oeorriéo \
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MOTORADIO é música para
o Natal.*
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1. RADIO P/ÔNIBUS 3 FX.
Duplo controle p
microfone e radio.
2. AUTO-RADIO 3 FX.
Transistorizado.
3. AUTO-RÁDIO
PUSH-BUTTON 6 FX.
Teclado p/
mudança automá-
tica de estações.
Totalmente transistorizado.
4. ANTENAS P/ AUTOS
Tipo chave. Reco-
Ihimento total.
5. TOCA-DISCO PORTÁTIL
Caixa de madeira
revestida de napa.
6. RADIO DE MESA 3 FX.
Pilha e Luz.
7 RÁDIO PORTÁTIL 3 FX.
3 pilhas
tipo lanterna.
Mi—MP
9
motQ
TRADICAO EM SCXO
O Governo
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Abreu Sodr§
poderia
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E é isso que estamos fazendo. Quer ver? Sao Paulo ^IV^ ^71 IIV4I IIV^j
levou 84 anos para ter 2.500.000 quilowatts. fl^ _r>flflr%Jfl-rcrijflri.J"lxx
Nos próximos 10 anos vai ter 3 vezes mais. ©STQ ODIICOI ÍOO
Só para você ter uma idéia, 1^ ^^ ^^
Desenvolvimento, do qual nós |^C^|,\p |#OV/vJ«v/ VV|U \J
do Banco do Estado de J»
^Jsrn por »P Para começarenergia elétrica um bilhão e meio mm I^J^N ^N| l^l^^l \/AT
•de cruzeiros velhos por dia. IUUU KJXJ 11 Vl Yv«Li
São 8 hidrelétricas que estão sendo tocadas. Um total de 5.200.000 kw. E só d*as
delas, Ilha Solteira (cujas obras se iniciaram no Governo Abreu Sodré) e Jupiò,
formam o maior conjunto hidrelétrico do mundo ocidental. E quando isto estiver terminado,
teremos criado condições para duplicar a capacidade industrial no Estado. Isto
significará, pelo menos, mais 1,5 milhão de novos empregos, mais conforto e mais progresso.
Nós, do Banco do Estado de São Paulo, estamos orgulhosos disso. Temos muito
a ver com essas obras. É que empreendimentos dessa natureza têm de ser garantidos
por avais públicos. E estes só podem ser concedidos por um Banco do Governo.
Por isso somos avalistas da CEESP, de todas essas hidrelétricas que o Governo
está construindo, da TV Educativa, do Metrô. Mas vamos mais longe ainda.
Vamos garantir esse 1,5 milhão de novos empregos. Porque estaremos
financiando, graças aos depósitos do Governo do Estado de São Paulo e de
850.000 depositantes do nosso Banco, as indústrias que aqui se implantarão.
Percebeu agora porque vale a pena se começar tudo outra vez?
BANCO DO ESTADO DE SÃO PAUIO SA- DOBROU EM UM ANO E CONTINUA CRESCENDO •
PLANO DE INTEGRAÇÃO I DESENVOLVIMENTO-GOVERNO ABREU SODRÉ
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Vinte e um são os chamados, sete os escolhidos.
No tribunal, cinco homens e duas mulheres en-
contram-se pela primeira vez. Desse momento em
diante formam o Conselho de Jurados. A eles ca-
berá absolver ou condenar um ser humano. Nem
mesmo o juiz poderá interferir na decisão final.
0 JURI tSOBERBO
Texto de Domingos Meireles Fotos de Adhemar Veneziano
63
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O promotor
cumpre
sua tarefa. Nas
palavras, nos
gestos,
na veemência, a
necessidade de
convencer cinco
homens e duas
mulheres: aquela
ré tem que
ser
condenada. Marlene
não merece perdão.
Maria morreu
e ninguém
se importou
Não
julgueis para que não sejais
julgados, pois com o critério
com que julgardes sereis julga-
dos e com a medida com que tiverdes
medido vos medirão também. Por que
vês tu o argueiro no olho do teu irmão
e não reparas na trave que está no teu
próprio ôlho? Hipócrita, tira primeiro
a trave do teu ôlho e então verás cia-
ramente para tirar o argueiro do ôlho
do teu irmão.
Mateus VII, 1-5
Naquela manhã de segunda-feira,
Juracyr acordou cedo. Tinha coisas
importantes a resolver. Primeiro, levou
as crianças ao colégio. Comprara há
pouco um Impala último tipo, os fi-
lhos adoravam ir à escola de carro
nôvo. Depois, deu um pulo
à repar-
tição, quase
vazia ainda. Chefe da Di-
visão de Manutenção e Compras do
Instituto de Resseguros do Brasil, Ju-
racyr Bagno fazia questão
de dar bom
exemplo. Um dia antes — como todos
os domingos —
passara a manhã na
igreja. Êle é presidente administrativo
da Igreja Metodista de Copacabana.
Agora, estava à disposição da Justiça.
Fôra chamado com vinte outras pes-
soas e poderá ser sorteado com seis
delas para
formar o Conselho de Ju-
rados. Participar do júri não é expe-
riência nova para
Juracyr: já atuou em
mais de dez sessões. Mas o nervosismo
que sente é igual ao da
primeira vez.
Por isso, torce para não ser sorteado.
A caminho do tribunal, as palavras do
Evangelho voltam-lhe a todo instante:
Não julgueis para que não sejais jul-
gados.
Angústia de uns,
atenção de todos
Juracyr está olhando a estatueta de
bronze na mesa do juiz.
Já a viu tan-
tas vêzes, os olhos a procuram
sem ele
mesmo perceber. Juracyr ocupa a ca-
deira número 6 do Conselho de Jura-
dos: fôra sorteado. Procura imaginar
como se sentem os outros. Na cadeira
número 1, Maria Clarice da Silva,
funcionária pública e estudante de Di-
reito. É a primeira
vez que
atua. Está
com os nervos à flor da pele.
A seu
lado, Orlando Bottini Rodrigues, ba-
charel que já participou de doze
jul-
gamentos. Ao contrário de Elza Shul-
quer de Azevedo, a estudante de lite-
ratura francesa, na cadeira número 3:
nunca havia assistido sequer a uma
sessão do Tribunal do Júri. Suas mãos
estão úmidas, geladas,
inquietas. Má-
rio Gomes Pereira, funcionário da Te-
lefônica, também está tenso: é a se-
gunda vez
que faz
parte do
júri. O
mais calmo de todos foi sorteado ime-
diatamente antes de Juracyr, por
isso
ocupa a cadeira número 5. Nome: José
Narciso. Profissão: bancário. Experiên-
cia como jurado:
longa, de oito anos.
À esquerda de Juracyr, o último mem-
bro do júri,
o delegado fiscal Ivan do
Espírito Santo Cardoso, aparentemen-
te tranqüilo.
A voz do juiz
faz Juracyr piscar.
O juiz
acabou de pôr os óculos, corrige
a posição
do microfone pendurado
ao
pescoço. Começa o interrogatório da
ré. Juracyr está atento.
Marlene:
estréia e medalhinha
"O corpo da
prostituta Maria de tal
foi encontrado ontem, nu da cintura
para cima, atrás do 6.° Distrito Poli-
ciai, próximo ao Largo da Misericór-
dia. A polícia
atribuiu o crime ao
Estrangulados da Lapa, mas o perito
Nobre constatou ferimentos contusos
na cabeça e abdome da morta, afas-
tando essa hipótese. Os detetives Mo-
reno e Filipe iniciaram diligências pa-
ra localizar três mulheres que foram
vistas bebendo cachaça em companhia
da vítima, horas antes do crime."
A notícia, magra, perdera-se entre
as linhas dos jornais
de domingo,
7 de outubro de 1962. O crime não
tivera repercussão alguma. Era dia de
eleições. O povo estava nas ruas esco-
lhendo 409 deputados federais, 45 se-
nadores e 11 governadores
de Estado.
Foi há cinco anos e meio, Marlene
faz as contas mentalmente. Marlene
Francisca Soares, de pé
no banco dos
réus, entre dois policiais, responde às
perguntas do
juiz. Os braços estão
quietos ao longo do uniforme bem en-
gomado. Ela trabalha na lavanderia da
Penitenciária de Bangu e traz na gola
da blusa a estréia verde, prova
de bom
comportamento. No peito, prêsa por
um alfinête de fralda, a medalhinha de
São Judas Tadeu. Marlene aparenta
bem mais que seus 26 anos.
O juiz está completando o interro-
gatório, o escrivão datilografa tudo
sem tirar os olhos do papel, o
promo-
tor encara, um a um, os jurados.
Êle
é severo, mas não parece. O rosto re-
dondo, as costeletas aparadas com es-
mêro, lembram mais a figura impo-
nente de um cantor do passado
do que
a de um rigoroso acusador.
O interrogatório terminou. Depois
de breve pausa, o
juiz lê as
partes
principais do
processo. Um defeito na
aparelhagem de som do tribunal torna
as palavras
ainda mais distantes e im-
pessoais. O juiz
enquadra o crime à
luz do Código Penal. Por fim, cônsul-
ta o relógio, volta-se para
os jurados
e acrescenta, formal:
A ré,
portanto, é acusada de
homicídio doloso. Vamos dar início
aos debates. Com a palavra, o Sr. Pro-
motor Público.
"O
júri
não tem sexo"
Os olhos de Juracyr seguem o mo-
vimento da mão direita do promotor
pelos cabelos em desalinho. Êle fala
pausadamente, como se ditasse uma
carta, mas há indignação na voz. A
leitura do libelo acusatório dura mi-
nuto e meio. Enquanto o promotor
enxuga o suor da testa com um lenço
de cambraia, o oficial de justiça,
como
um contra-regra eficiente, entrega-lhe
o processo. Êle apanha o volume es-
farrapado e caminha em direção ao
júri. Coloca os autos sobre a tribuna
das testemunhas, cruza os braços. Sua
expressão é serena.
Há jurados que
vejo hoje pela
primeira vez. Costumo sempre lem-
brar, nestas ocasiões, que êste tribunal
tem uma tradição de justiça. Quando
uma mulher mata por amor, o
júri
compreende o drama da ré. E a absol-
ve. Mas, hoje, esta tradição não poderá
continuar. O crime foi torpe.
Bruscamente, o promotor
se cala.
Faz parte
do estilo manter os jurados
em suspense.
Passa a folhear o processo à
pro-
cura de expressões cruas. O depoimen-
to das outras duas implicadas, Nilse
Mendonça e Vera Lúcia de Jesus, tam-
bém prostitutas, parece
melindrar a
sensibilidade do júri.
O promotor in-
siste:
Que me perdoem os senhores
juizes. Mas não encontrei palavras pa-
ra descrever o que aconteceu durante
aquela noite obscena. O que os senho-
res ouviram, elas mesmas contaram na
delegacia. Faz parte dos autos. O júri
não tem sexo. Tem é que ver e sentir
intimamente êste processo. «eguí
65
Os tapetes tambémdeveriam ser vendidos
pelo avesso.
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^ * V
Permita-nos um conselho: compre di-reito. olhando o avesso.
E lá que você pode examinar a verdadeiraatma cio tapete: sua base de trama e ur-dume.
E não é preciso ser especialista em tapetespara ver que um Tabacow tem sempreuma base solidai, bem batida.
Os fios de nylon sào tecidos e amar-rados quase igual a um tapete feito àmao,
As fibras são ancoradas, profundamente.Agora olhe o outro lado do tapete, a-
quêle que arranca um "ohhhhhhhh !!" deadmiração. E pronto.
Na verdade, as pessoas compram mesmoum tapete por causa da beleza.
Mas é sempre bom que elas saibam queestão escolhendo o mais bonitõT"." . e omelhor.
Desculpe a falta de modéstia.
Na foto, Extranylon Tabacow. Esta é a coleção completa: Extraia, NylonpeU Carpete, Tropical Super, Bouclé Atlas, Cruzeiro, Walt Disney, Pérsia, Floral, Luxor,Colonial, Rivoli. Sem contar que ainda fabricamos uma completa linha de veludos para estofamentos e confecções.
tapetes TABACOW «TABKOWm
Exposição e vendas por atacado:Rua 24 de Maio, 35- 19."-cj.1913Fone: 34-0486Caixa Postal 7026- São Paulo
Marlene era
ciumenta,
bebia muito
JÚRI Juracyr e seus colegas ficam então
continuação sabendo que, segundo a
polícia, o cri-
me ocorrera numa atmosfera mórbida
e que Marlene, ciumenta de Maria,
assassinou-a, auxiliada por
Nilse e
Vera Lúcia. Cada uma delas dizia-se
inocente e acusava as outras. Nilse e
Vera Lúcia já
foram julgadas.
Agora
é a vez de Marlene.
No meio dos jurados,
as palavras
cruéis do promotor explodem feito
granadas. Elza, a estudante novata,
não pára
de ajeitar os óculos. Elza
está pensando em Rousseau.
E Rousseau,
como julgaria?
No segundo ano do curso de litera-
tura da Aliança Francesa os alunos
estudam a vida e a obra dos escritores
do século XVIII, como Jean-Jacques
Rousseau: "O
homem é bom; a socie-
dade é que o corrompe". Se Rousseau
estivesse aqui, pensa Elza, êle absol-
veria aquela mulher. Por um momen-
to, a estudante esquece o promotor,
olha Marlene, sentada do outro lado,
cabeça baixa, uniforme engomado, fita
vermelha no cabelo, unhas pintadas,
meias pretas arrastão. Marlene é pros-
tituta da Praça XV, do Rio. As pros-
titutas da Praça XV são mulheres a
quem o álcool e a pobreza já
rouba-
ram qualquer atrativo. A bebida pa-
rece ser seu único meio de revolta
inconsciente contra a sociedade. Várias
vêzes Elza cruzou com elas. Eram
quase mendigas. Rousseau tinha razão.
Elza não pode fugir às palavras
in-
cisivas do promotor.
A bebida, senhores, alimentava
aquela libido depravada. A garrafa
passava de mão em mão. Surgiu a
briga. Marlene chamou Maria de ve-
lha safada". Veio a primeira pedrada.
A segunda. Pedaços de asfalto. ..
Pedaços de asfalto manchados de
sangue e com vestígios de cabelos fo-
ram encontrados junto da vítima. O
promotor quer simbolizar no instru-
mento do crime todo o primitivismo
da ré.
Maria foi massacrada. Não sei
até onde vai o remorso de Marlene.
Mas o perdão
evangélico somente foi
feito para
as criaturas de bem, aquelas
que pecam num impulso
passional.
As imagens
chocantes
O drama de Juracyr aumenta. Como
se estivesse impressa diante de si, a
passagem bíblica de Mateus não o
deixa. Não julgueis... Sem querer,
Juracyr examina a fisionomia grave
do
juiz. Nota-lhe o bigode fino, acompa-
nhando o contorno dos lábios, o ca-
belo cortado rente. Mas o promotor
já está lançando nova cartada.
Excelência, gostaria que
fôsse
providenciada a tela. Desejo
projetar
as fotos tiradas pela perícia.
O oficial de justiça
testa o aparelho
para a
projeção. Põe uma nota de 5
cruzeiros novos sob a máquina e re-
gula o foco. A efígie de
"Tiradentes
ante o Carrasco" surge nítida na tela.
As luzes se apagam. O oficial de jus-
tiça guarda
a nota no bolso, aperta
um botão. Aparece a primeira
foto,
pálida e rasgada na
ponta. O
promotor
continua:
— Observem, por
favor. Aqui mo-
rava Maria. Foi nesta casa de papelão
que ocorreu a tragédia. Esta cena é
chocante mas expressiva. Notem bem
o estado em que a vítima foi encon-
trada. Eu mesmo me emociono ao ver
estas fotos. O crime foi abjeto, torpe,
obsceno...
Um defeito no aparelho interrompe
a projeção.
As luzes voltam. O pro-
motor resolve exibir as fotos pessoal-
mente. Aproxima-se do último jurado
e abre o processo.
A foto amarelecida
é do corpo de Maria de tal, nua da
cintura para cima, os
pés descalços. O
delegado fiscal Ivan do Espírito Santo
Cardoso recua na cadeira, como se o
SEGUE
I /iuB¦ / m
*rl 1—
O advogado, dramático, apela aos sentimentos dos jurados.
67
Quando dizemos
que
Brasilit é o
que
há de melhor em cimento-amianto
apenas esperamos de você
esta reação:
Porque os produtos
Brasilit são sempre especificados,
quando a obra é de responsabilidade. Quando não se
desejam dores de cabeça futuras, com tubulações que
vazam, exigindo custosos reparos, multas contratuais, ou
até indenizações. Os tubos e outros produtos
Brasilit,
de legítimo cimento-amianto, concreto e PVC, trazem
todos uma vantagem insuperável, seja para
o instalador,
seja para
o utilizador: a garantia
de qualidade
Brasilit,
que se apóia no rigoroso contrôle de
qualidade. O que
quer dizer: desempenho
perfeito,extrema durabilidade.
Há 30 anos vimos firmando a qualidade
Brasilit em obras
públicas. Por
que não
preferir o melhor?
10
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S. A. TUBOS BRASILIT
BRASILIT
6 fábricas e 16 agências em todo o Brasil
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B
Dr. Rodolfo,
promotor:só o castigo.
JÚRI promotor o apresentasse ao própriocontinuação cadáver.
Duas horas antes Ivan almoçou com
dois banqueiros no Country Club.
Agora, sente-se desconfortável, nau-
seado. O promotor não estava exage-
rando: um crime obsceno, torpe.
Quando o pai de Ivan era prefeitono Rio, raramente ocorriam crimes
assim. Agora, a própria polícia talvez
tivesse sua parcela de culpa na morte
de Maria de tal. Ivan raciocina e re-
corda. O crime aconteceu atrás do an-
tigo 6.° Distrito Policial e ninguém
ouviu os gritos da vítima. Que diferen-
ça dos tempos do General Dulcídio
do Espírito Santo Cardoso. Então, a
polícia agia com o máximo rigor. Ha-
via batidas noite e dia. A Praça XV
era um brinco. Prostitutas e marginais
não tinham vez. Ivan ouve o choro de
Marlene. É um choro de quem se diz
inocente. Logo, porém, o sétimo ju-
rado se tranqüiliza: afinal, existem tes-
temunhas que escutaram a confissão
da ré. Marlene, Nilse e Vera Lúcia,
todas haviam participado de um mas-
sacre.
"Como mente
este homem!"
A acusação está chegando ao fim.
O promotor queima os últimos car-
tuchos:Senhores, a defesa vos dirá que
as três negam o crime e que por este
motivo não poderemos julgá-las. Fa-
lará em erros judiciários e certamente
dirá, em altos brados, "lembrem-se dos
irmãos Naves!" A seguir, senhores,
desfiará um rosário de exemplos de
caderno e de catecismo. Devemos, por-
tanto, acreditar na inocência de Mar-
Iene e absolvê-la.
Pausa teatral. O promotor volta-se
para a ré, faz ironia:
Senhores jurados, sou levado ate
a acreditar que Maria suicidou-se a
pedradas num momento de grande
alucinação. . .
Na bancada do júri, a tensão e tre-
menda. Marlene mastiga a ponta de
r ^^^ IBB ¦ --td
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0 juiz não julga. No fim, manda cumprir a vontade do júri.
um lenço, sem tirar os olhos do chão.
As palavras do promotor percorrem o
plenário. O jurado Juracyr quase adi-
vinha a frase seguinte:— Não vou terminar pedindo aos
senhores juizes a bravura de uma con-
denação. A condenação de hoje não
significa uma bravura, mas uma obri-
gação. Os senhores aqui representam
a nossa sociedade e têm o dever, não
só jurídico, mas também moral de
repudiar este crime.
Marlene trinca os dentes, crava as
unhas no braço e murmura:
— Meu Deus, como mente este
homem. ..
A jurada Maria Clarice da Siiva não
ouve o desabafo contido, mas percebe
o gesto de revolta. Até então, estivera
analisando o caso do ponto de vista
puramente processual. Afinal de con-
tas, era estudante de Direito. Esque-
cera, entretanto, que em qualquer área
do comportamento humano o conceito
de "anormalidade" só pode ser com-
preendido dentro do contexto em que
se situa. Teria Marlene consciência de
que aquela "abjeção" é prática anor-
SEGUE
69
Narciso faz
piadas:
é
hora do café.
mal e repudiada por
uma sociedade
da qual
ela nunca fêz parte
e que
hoje
a julga
e condena? A promotoria pro-
curou ferir a sensibilidade dos jurados
lembrando a todo instante que
o crime
ocorrera em meio a uma orgia de pros-
titutas-mendigas. E de certa forma al-
cançou o que queria.
O fato de pros-
titutas-mendigas serem também anor-
mais escandalizara parte do
júri.
O tempo da acusação se esgota. O
promotor gesticula, dá o tiro de mise-
ricórdia:
Senhores jurados,
é fácil julgar
êste processo porque já
existem duas
sentenças anteriores sôbre o mesmo
crime. Nilse Mendonça Lins foi con-
denada a quinze
anos, Vera Lúcia de
Jesus, a treze. A sentença condenató-
ria é, assim, a única que
se apresenta
como solução para
êste caso. Repre-
sentará a repulsa da sociedade ante
um crime praticado
com torpeza. A
pena deve ser a de homicídio qualifi-
cado. Era o que
tinha a lhes dizer.
Apanha o processo e caminha
para
sua tribuna. O juiz
se levanta, aperta
um botão sob a mesa, ouve-se a cam-
painha. Todos ficam de
pé. A voz do
juiz, metálica,
quase surda, determina:
A escolta pode
retirar a acusa-
da. A sessão é suspensa por quinze
minutos.
Na outra sala,
as risadas
Os jurados
também saem, pela
or-
dem em que
foram sorteados. Na sala
a êles reservada, José Narciso, o ban-
cário, procura amenizar o ambiente.
Enquanto são distribuídas xícaras e
colheres para o café, Narciso conta
piadas. Veterano de tribunais, sabe
que nos intervalos de
julgamento os
jurados devem falar de tudo, menos do
julgamento. Narciso está contando a
última anedota política, que
ouviu no
gabinete da Gerência da Dívida Pú-
blica do Banco Central, onde trabalha.
O advogado Orlando Bottini ri a não
mais poder.
Narciso é o dono da festa.
O processo
não chegou a lhe pro-
vocar dramas de consciência. Narciso
é um jurado que
se habituou a seguir
a letra da lei. A leitura dos autos bas-
tou para que
formasse opinião sôbre
o que
acontecera com aquelas mulhe-
res. As fotografias exibidas pelo pro-
motor apenas consolidaram o juízo
anterior: o crime fôra repugnante.
Sempre defendera a prostituição como
"um mal necessário". Mas aquelas
três! Dormiam embaixo de pontes,
viviam embriagadas, eram quase
men-
digas. Por isso, aconteceu a tragédia.
E a participação de Marlene era mais
que evidente. Tão evidente quanto
suas
tendências anormais.
Na sala do tribunal, quatro
estudan-
tes de Direito conversam em voz bai-
xa. Estão sentados na segunda fila da
platéia. Um pouco mais atrás, um
advogado discute o julgamento com
dois amigos. Êle vê falhas no processo
todo, diz que
os jurados
— sob o cho-
que dos aspectos morais do crime —
provàvelmente se descuidarão de cer-
tos detalhes. No seu entender, nem era
Marlene que
estava sendo julgada,
mas
as circunstâncias do assassinato. O que
estava em causa era um atentado à
moral. O advogado ia mais longe: a
instituição do júri precisaria
ser aper-
feiçoada e amoldada às aspirações dos
grupos menos favorecidos. O
júri ja-
mais se compunha de pessoas que
se
identificassem emocional e social-
mente com os réus, daí o número
imenso de condenações.
O oficial de justiça entra no
plená-
rio equilibrando três copos de água
mineral numa bandeja. Daqui a cinco
minutos a sessão vai recomeçar.
A advertência
por escrito
Com a
palavra, o doutor
patro-
no da acusada.
O advogado Eckel Sérvio levanta-se
e cumpre o ritual. Saúda o juiz,
apa-
nha o processo e dirige-se à bancada
do Conselho de Jurados. O júri
acom-
panha seus
passos.
Acabastes de ouvir o inteligente
e ardoroso representante da sociedade.
Tenho certeza que agora mais difícil
se torna ainda a defesa de Marlene.
Prostituta, mendiga, preta,
feia. Pode-
se enxergar nela toda sorte de mal-
dades e perversões. Até
por eugenia
a condenaríamos.
Ao lado do juiz,
o promotor sorri,
olhar triunfante. Na cadeira número 4,
o jurado
Mário Gomes Pereira está
descontraído. De repente, descobre
uma inscrição, a tinta de esferográfica,
no fêltro verde do balcão: "Jurado!
Condene ou absolva, mas jamais
es- JORI
cravize sua consciência. Ass. Serafim, continuação
1967". Mário volta a se angustiar, co-
mo no início da sessão.
O julgamento
de Marlene era seu
batismo de fogo. Mas o caso não se
mostrou tão difícil como imaginara.
Marlene é uma delinqüente. Quando
ela entrou, escoltada, Mário sentiu-se
constrangido: julgar
uma mulher é
sempre desagradável. Depois, com a
leitura dos autos, foi-se acalmando. A
ré era culpada, além do mais o crime
não fôra praticado por
motivo nobre,
relevante. O advogado de defesa pa-
recia ter um senso agudo para
o me-
lodrama. Suas insinuações não o atin-
giam. Como justificar
o crime? Mar-
Iene, Nilse e Vera Lúcia bebiam o
tempo todo; sob o efeito do álcool
assassinaram Maria de tal.
O sentido
do crucifixo
O advogado limpa a voz com um
pigarro e continua:
Senhores juizes, é tão fácil con-
denar Marlene Francisca Soares que
êste modesto defensor não se atreve
a pedir
a absolvição.
O promotor bebe um
gole de água,
anota as palavras do outro numa fô-
lha. E continua a ouvir, vigilante:
As únicas testemunhas do crime
não são presenciais, mas a acusação
delas se utilizou para pedir
a conde-
nação da ré. Elas são também prosti-
tutas, como Marlene. Mas o que
intri-
ga é o seu desaparecimento. Quando
a polícia precisou
dos depoimentos,
foram tomados ràpidamente. Mas no
momento em que
foram convocadas
para depor em juízo,
à frente de um
magistrado, desapareceram com a mes-
ma facilidade com que
surgiram no
processo.
O advogado fala ao mesmo tempo
em que procura
analisar o efeito de
suas palavras sôbre o
júri.
A seu favor, senhores
jurados,
só existe uma voz: a sua própria. E
será que
alguém tem ainda coragem
de ouvir seus protestos de inocência?
Não creio. Por isso não ouso pedir
sua absolvição. E com a níesma hones-
tidade reclamo que
Marlene seja jul-
gada, mas não condenada
pura e sim-
plesmente. Seria preciso muita frieza
para condenar sem compaixão esta
mulher.
Agora, o último trunfo. O advoga-
do olha para
o crucifixo de mármore,
na parede atrás do juiz, e o aponta,
dramático:
Não a
julgueis como
julgaram
RBCUfC
70
De água só ninguém pode viver
nem os seus cabelos
^B iBfli __B______£i__. t* * t^sisÊi'*
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um pouco mais. Muito nunca é
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você o recomendará aos seus
amigos com prazer. Como o re-
comendamos a você, agora. E
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JÜRI CONTINUACÀO
Dr. Eckel,
advogado:
é injusto!
a Cristo. Se o crucifixo foi introduzido
nas salas dos tribunais é para que
os
senhores tenham sempre presente
as
conseqüências de um julgamento
in-
justo e desumano. Jurados, eu lhes
peço apenas Justiça!
44 Estamos diante
de uma farsa!"
Os membros do júri preparam-se
para deixar o
plenário, rumo à sala
secreta onde votarão a sentença. Mas
o juiz,
após consultar o promotor
em
voz baixa, anuncia, seco:
O Sr. Promotor Público deseja
a réplica.
O advogado pede que
a sessão seja
suspensa. Alega mal-estar.
Negado o pedido. Concedo a
suspensão, após a réplica.
Vermelho, quase
apoplético, o pro-
motor volta à carga:
Senhores juizes,
absolver Mar-
Iene seria um absurdo. Uma injustiça
para com Nilse e Vera Lúcia,
já con-
denadas por este tribunal. As três
participaram do mesmo crime. Se Mar-
Iene for absolvida, o que
dirão Nilse
e Vera Lúcia?
O advogado de defesa aparteia, dedo
em riste:
Protesto, Sr. Juiz. Se o
júri deve
apenas condenar para
não deixar mal
os dois outros julgamentos, estamos
então diante de uma farsa!
O promotor, irônico, volta-se
para
o público. Sorri:
Ora vejam... O nobre advo-
gado de defesa ainda há
pouco sen-
tia-se mal e já
aparteia, plenamente
recuperado...
O advogado dá o troco na mesma
moeda:
Excelência, até mesmo um mo-
ribundo reagiria diante de tamanha
injustiça!
Indignado, retira-se do plenário.
A acusação termina:
A sentença condenatória é a
única que se aplica a êste caso. A
pena é de homicídio qualificado.
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iiMinir
REF. 31013
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REF. j
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- qualidade • confôrto sempre em moda.
ÉS^si l *.
a
Em!
IB
IB
JÚRI CONTINUAÇÃO
O
júri
está
jantando
ali mesmo
O juiz
consulta o relógio, levanta-se,
ergue a cabeça e anuncia:
— A sessão está suspensa por qua-
renta minutos.
Salada, refrêsco e doce:
é o Jantar
Na sala contígua, o jantar
está ser-
vido. Salada de verão, refrêsco de
maracujá e doce de coco. Os jurados
sentam-se ao redor da mesa de fór-
mica. A sala é ampla e relativamente
confortável. Sete poltronas, dois ba-
nheiros completos, duas geladeiras,
fogão a gás.
Do outro lado, a sala
secreta. Sete cadeiras forradas com
pano ordinário, a mesa do
juiz, um
crucifixo e um cabide. Orlando Bot-
tini, o jurado
número 2, termina a re-
feição e vai à janela.
Lá fora, na Praça
XV, quase
não há movimento. É noite
fechada. Seis anos atrás, Marlene,
Nilse e Vera Lúcia andavam por ali
à procura
de mendigos e marinheiros
bêbedos.
Assistente jurídico
do Estado, Or-
lando era um homem sem grandes
conflitos. Também êle tinha opinião
firmada sôbre o crime. Fêz um julga-
mento técnico, baseado nos autos. O
laudo cadavérico, por exemplo, reve-
Iara a violência: esfacelamento do crâ-
nio, costelas partidas.
Um crime bár-
baro. O processo
era digno de uma
peça de Plínio Marcos. Tôda a escória
da sociedade. Que pena a sessão ter-
minar tão tarde. Poderia estar em casa,
bebericando um uísque. Antes de ir
ao tribunal, Orlando comprara dois
livros, O Desafio Americano e um ro-
teiro histórico-sentimental da cidade de
Belém. Poderia estar lendo agora.
A disputa
dos velhos amigos
O oficial de justiça interrompe
seus
pensamentos: a sessão vai recomeçar.
No plenário,
ao lado da tribuna das
testemunhas, promotor
e advogado
conversam como velhos amigos.
8ECUK
$
m
Í A Declaração
dos Direitos
do Homem reza:
<rlòdos
os homens nascem livres e iguais...
... e devem agir em relação uns aos outros com
espífito de fiãernidade?
Crefisul concorda
Mas Crefisul sabe que,
apesar da igualdade,
nem todos os homens
têm as mesmas oportu-
nidades na vida.
0 Banco Crefisul de In-
vestimento S.A. age no
mercado de capitais ten-
tando suavizar arestas e
aplainar diferenças.
Até agora foi muito bem
sucedido: cada níquel
aplicado, cada so- E
ma despendida em
financiamentos produziu
bons frutos -
ajudou
1
CREFISUL
r
alguém a progredir.
Co-
merciantes, industriais,
empresários, construto-
res -
todos que
recebe-
ram direta ou indireta-
mente a cooperação do
Banco Crefisul de In-
vestimento S.A. concor-
dam que
o espírito de
fraternidade existe em
qualquer dia do ano
e não somente em
_ ocasiões espe-
ciais. Crefisul tem
muito a ver com isso,
acredite.
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JÚRI continuação
O
juiz
lê
a sentença
e tudo acaba
— Eckel, minha réplica foi uma
homeiiagem à sua brilhante defesa.
Notei que você procurou
desqualificar
o crime, sem negar a autoria. Pedi a
réplica porque se perco
êste processo
para você a turma vai logo dizer:
"Viu
como o aluno passou o mestre para
trás?"
Em 1959, o promotor Rodolfo Ave-
na era Defensor Publico e o Dr. Eckel
Sérvio seu estagiário no II Tribunal
do Júri. Por outro lado, o brio profis-
sional estava em jôgo: dos 420 julga-
mentos de que participou, o promotor
Avena só perdeu 8. O processo
Mar-
Iene não deixaria de fazer parte de
sua galeria de troféus.
O juiz e os jurados
estão de volta.
A defesa mobiliza-se pela última vez.
Ê a tréplica.
— Estamos próximos do fim. Mar-
Iene se diz inocente e eu acredito.
Afirma que não participou
do mas-
sacre e nem o assistiu. Mas as tres se
acusam mutuamente. Nunca se saberá
a verdade. Como defesa dos nossos
valores sociais, sua condenação é mui-
to pouco.
Senhores, o destino desta
pobre mulher está em vossas mãos.
E a sentença,
por fim
Uma hora é o tempo que o Conse-
lho de Sentença leva para decidir a
sorte de Marlene. Agora, estão todos
de volta. À frente do juiz, Temis, sim-
bolo da Justiça, empunha a espada.
Mas a estatueta de bronze está muti-
lada. A balança, que representa o equi-
líbrio nos julgamentos, quebrou-se faz
dois meses.
O juiz
lê a sentença. A voz é seca,
metálica.
Face ao exposto, fixo a pena-
base da ré em treze anos de reclusão.
Custas e taxas judiciárias na forma da
Jei. Publique-se, registre-se e intime-se.
Anote-se e comunique-se.
Apóia a ponta dos dedos na mesa.
Está encerrada a sessão. KIM
você
não precisa
dizer
que gosta de
Haydn,
Veiásquez,
Camus
etc.
KH
W'V
jllillfi
ll_M_
discretamente,
V#/ M
já está dizendo
íiüíi^ tudo sôbre a fineza
Se
de sua personalidade
(9
_^*_^v_--fl\__*--A_--l ____! -fl _-_-_-_ ^^,3 _^____*_ 'tS'*** r-UtW'**ammt *4 **-__*- -fll
_k!ní^_^_^i «1-H fll _fl _^_M'^/r_fl l^_^BI _^_^_^_^_^_—__ 'pr^Pim '^______^^R "-***/* __fl
SAV |U wP| t^l '^^ r^'l_&fc''____í_W^w___F » ^ f-mw£am\\
_-_-__^_--*-fr-flr*-.-.fl _________^flj _-_-___. ' ¦'**__i-—F* '^*-c-^_-fl-*jéÉJ-M. Hi
flk^_!*-ir_l ^lj__---_-_-_R_Í ü!^^ ''**ÍfÍ ' ' ¦mW^mmWèi Om\ LafÀ
' ~I _^_M_-*a_l _^_^.~1 _^_^_» _f ,*****»1_fl _ES^_^_b*W _p \ mí-mt -**_¦1 J flvBfl ____.il _^^^^ ' -___¦ -__-_fl-_-l ___2v _n -K/'- '_
RA|^,iVfl flfl Hli -.a #-^_fe_3H ______ $Stt**À** __fc4_r .___¦ _rv_5_l__r -I _-BVI_-u_-i VflJ flfl _k^fl __-_<^__--. r -"«pi _T Sm-' ___r
Mb .3> ffijL lflri-l _^^ **-*•*'Jma\\ *\*\\wÍ-mm\ ___F*/_f <jí___j**-^_bI__ lfl^fl _B_flfl
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küfl-KVí-L ui^-fli wil Bv I _-_.! ___-_-_-fliT-flVf1'«t* ^vA-fl''¦' WBflfcv.|§ '
_____SV.**ikIh>-S_-- '_k'*1B »"•. \fl Ifl ¦R^ nM_»M ^'Tfl, fllfl^Km ______ .PJ^fl
flfr'v**v 'WÍ]^*__K-j**flfl__\i
_B_L_»^~g-. v J^fl
Não exageremos. .. „ .0 BEG não ch^i>-òpr_an-e_-te,a ástóbüirflâmulas e bandeiras aos torcecto-es da Gua_~abara •••
Mas, tem concorrido para quc as flâmulas
c bandeiras dos clubes sc multipliquem.
Atestando a afluência entusiasmada, e rada vez
maior, dos torcedores cari<x*as ao
Maracanã. Estádio construído e mantido,
graças ao auxílio financeiro do BEG. E assim,
colaborando estreitamente com o Governo
e com as entidades especializadas, que o BEG
participa ativamente nas grandes realizações
esportivas da Guanabara. Acrescente a esse
serviço o financiamento aos empreiteiros que
construíram campos e quadras no Aterro. Os
empréstimos à indústria, comércio e
agricultura. O pagamento ao funcionalismo.
O processamento eletrônico de cobranças,
descontos e contas-correntes. A garantia e a
comodidade do Cheque Verde. E note que são só
alguns fatores do crescimento do BEG hoje,
um dos maiores Bancos do país. Com o mais
avançado sistema de comunicações da América
do Sul integrando, através de telefonia, telex e
rádio, as suas 39 Agências na Guanabara. São
Paulo, Minas e E. do Rio. Conhece algum outro
Banco que ofereça tanto a V. e ao seu Estado?
B.
%. Qm*m*^^^^2í^^4m-** *******»~^. ***%
_B _Ec».Q' ('mm ami V' / _t_K******\*wi__ ~m R ~"^>-**_S5_L
^__*i ' • ^^^^tí^_____________P_^_^_____f^*
f
BANCO DO ESTADO DA GUANABARABetas *do R-io jpcwxx o .Bem, do Rio
wvr.---fl _ -. AIUF<4 . c GRANDE • C\RIOCA • CASCAl-LRA • CASTELO • CATETF. • CATUMBI . CENTRAL •
ALFÂNDEGA . B. RIBEIRO . BONSUCESSO . BOTA™.O • »; *™ES *
^ ~JJ
. MADL,Rr.IRA . -_. «, MWVAt . C. NETO . 0O.ACA._ltA . P. DA CRU7, .
m"!".™ .V-VhIoR .'*%£%: -Z*a\*llÜ£ZZ* £S£%2. CBISEO . S. CRISTÓVÃO . T..I-C*. * V. .SABE,. E. AINPA. EM S. PAtEO. , HO-,*»***** . NITEROE
iWm
mljBS^EtL a,
t jK*7 ^^^WB^^^^HBj^KBsT'
WpmS- aHt-
>J',fc!S^^S?^^^^^^^^^^BP'f-:v:t*l^B^*" --
^Kfu< '¦ '^K |H * :*~ ••*•
^Ht* ',.*:. <i^J3&HMB
-A j|gg£»L^ jSgg
w ^¦^¦P* ^HBHKv»-„i<PRf*- - J^pr ^ --I.- "Jf^.v-i^
^*$1
Pouca gente
sabe o que
são corridas
de trote ou que
elas existem.
Mas em São Paulo há um hipódromo só de
trote, o único no Brasil.
Com seus jóqueis
sobre carruagens
leves, as aranhas,
a Sociedade Paulista de Trote abre
seus portões
e guichês
de
apostas e mantém suas luzes acesas
três noites por
semana.
ÉIum espetáculo em que
todos, os que
correm e os que
apostam, perseguem
80
IU
ru [U
ii
Uma senha define os donos do
jogo: "eles". São odiados.
9
Para
Caculé e Elcino,
isso do abandono em
que está o trote de
Vila Guilherme tanto faz, não
está dizendo nada. Os dois
têm ponto no Anhangabaú,
vivem do volante. Querem
botar passageiro para dentro
e fazer lotação.
Sexta-feira. O horário co-
mercial se esgotou, a hora é
do rush. O Vale do Anhanga-
baú está entupido de carros,
apinhado de gente. As filas,
enormes, dobram esquina, de-
sembocam nos ônibus cheios.
Os que não vão de ônibus es-
tão aferrados na disputa de
um lugar no lotação. A fila
do Vila Guilherme dá duas
voltas no quarteirão.Trote!
Um mulato de blusão de
couro mais dois meninos, to-
mando conta dos carros quechegam, chamam passageiros.Os três atiçam, não param.Abrem os braços, largam gí-rias, convidam o povo pas-sante:
Olhe aí, patrão! Vai
pro trote! Lotação pra Vila
Guilherme? Quem vai? Tro-
te!
Os braços apontam o carro.Trote!
Elcino e Caculé, motoristas
chegados rápido, mal têm
tempo de passar do ponto-morto para a primeira. Os
passageiros, de pronto uns
dez-onze, brigam por uma va-
ga no carro, se acotovelam.
Há ensaios de rusgas e dis-
cussões — só os mais esper-
tos têm vez. Àquela hora, é
chegar e sair. Nem se tem
tempo de tirar a mão do vo-
lante. É engatar e partir.Perto, um ônibus azul e
branco, com a placa "Vila
Guilherme" lá na fachada,
vai apanhando gente diversa:
os menos aquinhoados, os quetêm menos pressa, os que não
vão jogar, moradores dos
bairros que voltam para casa.
Porque ônibus, então, é lerdo
na fila de carros no Anhan-
gabaú. Não chega ao trote
para quem pretende alcançar
o primeiro páreo.
As marcas da decadência
O ônibus pára junto aos
portões de entrada. O táxi
avança um pouco mais, deixa
o apostador lá dentro. Os
portões são descorados, es-
verdeados, baixos. Lá no al-
to, a fachada da Sociedade
Paulista de Trote mostraria à
noite, se fosse iluminada, o
símbolo com a aranha, o jó-
quei e o cavalo. Mas são ima-
gens apenas visíveis à luz do
dia. Assim, de fora, o hipó-
dromo parece um circo de in-
terior, mambembe, fuleiro,
assistência reduzida à metade
ou a um terço.
Vila Guilherme se plantanão longe do centro da cida-
de, margem direita do rio
Tietê, como quem toma o ca-
minho da Via Dutra, rumo
ao Rio de Janeiro. «Ali paraos lados de Vila Maria, Par-
que Edu Chaves e outras vi-
Ias menores ou mais longín-
quas, menos conhecidas. Às
retinas vividas em jogo e es-
porte o trote pode lembrar
certas rinhas de galo. Num
conjunto já velho e encardido
pelo tempo e pelo desleixo,
expõe apostadores e gente do
povo-povo, vizinhando a po-breza. Mistura certa faixa de
marginais sem eira nem beira
e modestos funcionários. Mas
sua força, sua fama, é como
reduto de jogo dos motoris-
tas de praça.Para quem vai pela primei-
ra vez é só um hipódromo
decadente. Falta um muro à
direita de quem entra, a ilu-
minaç.o é precária, as árvo-
res definham ao abandono.
Um nada diante de Cidade
Jardim, em São Paulo, ou da
Gávea, no Rio, as fortalezas
das corridas de galope. O pú-blico, na maioria, é formado
por gente mal-ajambrada, ino-
fensiva dentro do hipódromo— não se sabe o que dizer
de suas vidas lá fora. Um e
outro funcionário público de
paletó e gravata fora de mo-
da. O resto veste simples, es-
porte — ou apenas veste
mal.
Nas terças e quintas-feiras,a assistência é minguada. Às
sextas, porque os sábados são
dias de folga, o movimento
dos portões aumentava, nas
reuniões noturnas havia ani-
mação razoável. Então, faz
pouco tempo, os homens da
Associação Paulista de Trote
tentaram uma nova fórmula.
Trote também aos sábados,
enfrentando a concorrência
do galope de Cidade Jardim.
A primeira dessas noturnas
rendeu bem, deixou a espe-
rança de que a fórmula p*>-
gará.Nessas sextas-feiras gordas,
o p.ssoal vai aparecendo ce-
do, antes do primeiro páreo,
que corre às oito horas. Al-
guns vêm de táxi, mas a
maioria é de donos de carros
que vêm jogar. Um ou outro
automóvel particular; o resto,
táxis. Pelo menos metade dos
pátios internos fica tomada
de automóveis. Corrido o pri-meiro páreo, os atrasados,
mais raros, vão entrando pin-
gadamente, a 100 cruzeiros
antigos.Cem cruzas.
O porteiro apanha o di-
nheiro pela janela do carro, a
mão de Elcino fica tambori-
lando na capota, esperando
troco.
À entrada, depois do gui-chê de ingressos, um tipo gor-do, cego, óculos escuros, sen-
tado, entrega os programasdas corridas aos apostadores.
O vendedor de ingressos res-
munga contra o calor, o com-
prador corta rente:Deixa de onda! Nin-
guém nunca *tá
contente. On-tem vocês botavam a bôca no
mundo porque estava cho-
vendo.
Elcino reclama o troco.
Caculé, atrás dele, está buzi-
nando, querendo passagem,abre os braços, mostra os
passageiros:Como é que é, ô meu?
Eu tenho de cuidar deste povoaqui.
No chão do hipódromo res-
tam poças de água da chuva
da véspera. Há grilos e sapos
na lagoa próxima, o fartum
do lixo toma todos os cantos
do prado. A Prefeitura está
aterrando a lagoa nos fundos— com lixo. Os primeirosinsetos da primavera, mari-
posas e mosquitos, roçam às
centenas as lâmpadas da ilu-
minação pobre do trote.
Um apostador passa fazen-
do careta para um conhecido.
Desdenha da qualidade dos
cavalos.Aqui só tem matungo
nos primeiros páreos.O conhecido responde com
raiva, num misto de otimis-
mo, revolta, desejo de des-
forra:
Que matungo, que na-
da, meu faixa. Hoje nós va-
mos é beliscar eles.
Como no turfe, para os
apostadores de trote o prono-me eles é uma espécie de
código, sinal de referência aos
donos do hipódromo, os quebancam o jogo. Estes são de-
testados. O eles sai com uma
inflexão de raiva, quase ódio.
A cada nova reunião renasce
a esperança de ganhar. Os
apostadores se iludem com a
crença de que, nesse dia, vão
quebrar eles* beliscar eles.
morder eles* comer eles poruma perna, desbancar eles,
estraçalhar eles, como anun-
ciam em sua linguagem.
Elcino e Caculé encostam
os carros, recebem o cruzeiro
novo de cada passageiro, des-
ligam os motores. Um con-
vida: nona
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Se v. bebe Granfssomente em d ias
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iWkv tambem vive nos dias que não saoespeciais, nào é verdade? Nós só queremoslembrar qne Círant's tem um sabor aomesmo tempo macio e encorpado, própriodos mais 1 ínosnblcnds"escoceses.Um sabor deliciosamente estimulante.Km qualquer dia do ano.\i se (orem de testa, melhor para você.. *
Grant's.t.HUl t.isl
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i_j i fr * T - * __J E I.w£ *T1 1.^ __L1 ll0___. «L ¦ *-a-mtm PMl M MB 1
Os
guichês
vendem esperanças.
A
pista
oferece desencanto.
TROTE CONTINUAÇÃO
— Como é, vamos chegar
para uma cerveja?
O outro responde com um
risinho canalha brincando no
canto da bôca. E desce do
automóvel com o programa
das corridas na mão.
Impaciência de perder
O calor aumenta o fartum
do lixo, as moscas estão numa
agitação irritante. O boteco
está vendendo muita cerveja,
churrasco, uma ou outra pin-
ga, conhaque
— é êsse o seu
estoque.
A sirena, depois do canter
para o primeiro páreo,
está
avisando que as apostas vão
começar. Corta o silêncio na
bôca da noite, apressa os
apostadores. Sob a luz elétri-
ca, as placas
indicam: Acu-
muladas — Placê
— Apostas
Antecipadas, Páreo-a-Pâreo.
No chão de cimento gasto,
o mato cresce entre um qua-
drilátero e outro.
Em dias de trote, Caculé
e Elcino acabam jogando, e
não por
acaso. A lotação até
Vila Guilherme, a cerveja, a
espiadinha num páreo
ou ou-
tro, tudo funciona como justi-
ficativa.
Agora os dois já se enfiam
num grupo de motoristas de
praça.
— Como é, compadre,
qual é a boa pra
hoje?
Catam palpites, ouvem os
tipos conhecidos, estudam o
programa, olham a
pedra dos
rateios e acabam fazendo o
jôgo — um
jogo miúdo, como
os que
se fazem no trote. Ja-
mais a pule ultrapassa 5 ou
10 cruzeiros novos. Pouco,
mas na continuação do páreo-
a-páreo as apostas vão longe.
São nove páreos por
noite.
SEGUE
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J^^^^Tt,*^<,^,ri,'"'fí''if WWPTJ fafjrjr '¦^^m\W*AvA*\\ J^-***— \_9_l \m*r^_____i:---. ^sm** ^^Bmw mmm S_ "^*" •>••'-**>* «Bk-W-r. ¦«—-— flt-A m\4^tAÜtÀ\mm* . 1 ^Ps^.JK mmW^m9^0*\ ' V.
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A^Íb!./**• •***v-«»***»a----^»-a-.^---^^^l-^l~-_ T --f*W^-^ -f#5**TBRaB««!^tEaW»^^^^l 4 i ^B**ldí.^H^> - màT^m^^*^*^ÍWMm**t\ aéf^sm m -^~ ***** 9M B
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I
Toalhas Gania nao merecem ficar escondidas no banheiroAs novas toalhas Garcia
merecem mesmo sair para a luzdo sol. Com essas cores e
essas padronagens (repare, repare)como elas ficaram bonitas!
ft 100 ANOS ftvHBHV<y U v
EMPRESA INDUSTRIAL GARCIA S. A. -Blumenau - SC
Em cada produto Garcia há 100 anos de tradição.
Findo o
páreo,
as imprecações:
"Mas
isto aqui é um assalto."
TROTE CONTINUAÇÃO
O microfone anuncia que
a Sociedade Paulista de Trote
adotará um nôvo sistema.
Corridas às têrças, quintas
e
sábados. A assistência ouve
impaciente, quer
é a corrida
daquele dia. O alto-falante
volta a rasgar na noite e dá
o primeiro
dilema do progra-
ma: ôlho mecânico para
o se-
gundo lugar. A expectativa
desce sôbre os apostadores. O
ponteiro dos relógios arrasta
os segundos. A esp?ra é pesa-
da. Finalmente, a sirena con-
firma. Embora tenha rompido
várias vezes, o número seis,
Jacarta, é o ganhador.
Elcino e Caculé — um
contente, outro desenxabido,
perdedor. Um rasga as pules
que comprou, outro corre
pa-
ra receber o prêmio no
gui-
chê pagador. Caculé, despei-
tado:
Cuidado, meu compa-
nheiro. Entrada de leão, saí-
da de cão.
A fúria da torcida
Defronte à pista
de areia,
encostados à cêrca de arame,
os que perdem xingam os
jó-
queis que competiram, jogam
pragas:
O galope
é que
é bom!
Isto aqui não serve.
Voam xingos, palavrões,
desafios infamantes à hones-
tidade dos jóqueis:
Puxador, 'tá
puxando,
'tá enganando!
As mãos estalam:
Dá-lhe!
A mão sobe, o indicador
bate no médio, o estalo fica
no ar. É apostador, de nôvo,
torcendo.
ô José, põe pra frente,
José!
Corrido o páreo, a palavra
ladrão comparece na mesma
bôca que há menos de meio
minuto aclamava. Os que ago-
ra esmurram o ar, com deses-
pêro, há pouco
estalavam de-
dos, no velho gesto dos que
torcem. Incentivavam o jó-
quei:
Dá-lhe, Basílio! Vamos!
Dá-lhe!
Agora, as pragas partem
como uma denúncia pública,
uma danação:
Isto aqui é um assalto.
É o maior roubo da história.
Perdem, ganham, perdem.
A raiva dos que perderam,
a
alegria dos que ganharam,
os
sentimentos duram pouco.
Já
vem um nôvo canter, novos
cavalos são mostrados, uma
esperança ou uma dúvida so-
pram de nôvo. As luzes da
pista se apagam, o
pessoal vai
saindo para
olhar a pedra.
Vai jogar
o jôgo,
um jogo
de
apostas baixas — o turfe dos
pobres. As arquibancadas
maltratadas têm bancos de
madeira, tão sujos que nin-
guém se senta nêles. Em
geral
se fica de pé.
Há um ou outro grupinho,
três-quatro apostadores que
jogam com menor intensida-
de, mais contidos e que sabem
parar, ou se esforçam para
fazê-lo, entretendo-se com
conversas e andanças pelos
pátios do hipódromo. Cons-
cientes ou não, êles parecem
pressentir que o
pátio acalma;
a atmosfera, debaixo da luz
elétrica, é tranqüila, enchar-
cada do misticismo das lâm-
padas. As luzes do pátio
afas-
tam o apostador da pista, não
deixam entrever que lá de-
baixo dos refletores há deses-
pêro de quem
assiste, torce
e aposta.
"Êles, sempre êles"
O canter é uma espécie de
trailer, aperitivo que o hipó-
dromo dá aos apostadores.
Uma prévia, amostra dos ca-
valos que correrão no
próxi-
mo páreo
e uma oportunidade
de escolha antes da corrida.
é feito entre um páreo e ou-
tro, após os resultados do
placar. Os cavalos correm iso-
SEGUE
jnyossiyel
para
detergentes?
MM 1 « *
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HBBBH.
BÍ0 Presto,abio-(avante,
liquida a sujeira impossível
j&
110 HlOlhOl (poniue
tara bMògfcamente)
Bio Presto é completo: pré-lava, lava, tira
manchas e encardido. Sòzinho, sòzinho,
sem ajuda de sabão, alvejantes, Blo Presto
deixa sua roupa tâo branca como saiu da loja.
Bio Presto contém enzima, substância
biológica que liquida a sujeira e as manchas
enquanto a roupa está de môlho, antes
mesmo de lavar. A Gessy Lever garante.
Veja ao lado como trabalha Bio Presto.
m
'*1
- r --
#pi
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---••
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Faça um môlho com Bio Presto.
Pegue uma roupa com as man-
chas mais difíceis ou uma ca-
misa com o colarinho e os
punhos bem encardidos e jogue
no môlho de Bio Presto.
Eis. visto no microscópio, como
trabalham as enzimas de Bio
Presto: já no môlho. retiram a
sujeira, fio a fio. dissolvendo e
liquidando-a completamente.
Êste é o resultado I Bio Presto
eliminou tôda a sujeira e as
manchas impossíveis I Agora
basta uma esfregadfnha para
soltar o restinho de sujeira que
acaso tenha sobrado.
Na hora do resultado, a pedraestampa a alegria de poucosTROTE CONTINUAÇÃO
ladamente, um por vez. Épossível vê-los melhor. É pos-sível também ver, de perto,como alguns jóqueis do trotede Vila Guilherme são gordos,ridículos nas aranhas, ondedirigem os animais, pernasabertas, apoiadas no estribodos varais.
O alto-falante continuaapregoando novidades.
— Não há nenhum jorfaitno hipódromo de Vila Gui-lherme. Até o momento nãohá nenhuma troca de monta-ria esta noite.
Acima de todos os guichêshá placas. Algumas paraanunciar duas modalidadestípicas, exclusivas de VilaGuilherme: Bi-Vence e Bi-Dupla, apostas especiais quepodem ser feitas em dois ca-valos vencedores e em duasduplas vencedoras.
Caculé e Elcino, os moto-ristas, estão envolvidos, su-midos na massa que joga. Aolargo das apostas, condensam-se homens, mulheres, até ca-chorros. A conversa tambémvai quente ao pé do botequim.Um velho magro, paletóamarfanhado e boina escuraà cabeça, fala sozinho; nin-guém ouve os seus casos. Nasua charla de trotista, faz umarecordação amarga dos jó-queis antigos:
J. Alves, Pierre, Virgí-lio. Aquela gente é que sabiamontar.
Fala com desesperança,ninguém liga. Logo há umadiscussão entre dois homensque estão encostados ao bal-cão do bar.
Olhe aqui. Eu já 'to
invocado, 'to perdendo gra-na. Cuidado comigo, se cubra.Acho melhor você tomar con-ta da sua vida.
Um sujeito passa defrontea um guichê de apostas, dáum pontapé num cachorroque se aninhara ali e cochi-lava- UA
Nas rodas, de comum, nâ
muita lamentação. Um tipogordo levanta dúvidas sôbrea lisura do páreo:
Mas isso é um assalto.A Comissão de Corridas vaiter de fazer uma sindicância.É demais. Eles fazem o quebem entendem.
Caculé cutuca Elcino, falabaixo, gozando:
Faz meia hora que oprimo aí 4tá chiando.
A porta que fala
Uma, duas, apenas seismulheres no hipódromo. Trêsserviçais da cozinha do res-taurante, a encarregada dobanheiro de senhoras. Vendotrote, apenas duas.
Elcino e Caculé tocam paraos lados do mietório. Caculé,mais espevitado, não perdeuma oportunidade de se di-vertir. Agora, olha demoradopara as inscrições feitas nolado de dentro da porta dosanitário. Os banheiros sãoamplos mas antigos e, claro,cheiram a amônia. Como emqualquer sanitário público, aporta interna é rabiscada decoisas espirituosas ou licen-ciosas, marcadas a lápis ouesferográficas.
Ali há mais que isto. Asinscrições refletem frustraçõesdescarregadas em momentosde crise: além de xingamentosa políticos locais, cruzes suas-ticas, mulheres nuas, há auto-grafos e auto-exaltação (Tiãoé o maior), escárnio (A ten-son apostadores o carioca li-xeiro iá vendeu o fogon parajogar no trote), denúncia (Notrote só dá dedo-duro), sus-peita contra a honestidade daSociedade {JLeia esta o Me-neghetti aqui é uma jreirinha).Tudo assim com falhas depontuação e de ortografia.Algumas soam como uma es-pécie de vitória sôbre o vício,apelo de quem se arrependeua tempo: Eu jui trouxa até areunião passada. E esta, xin-
SEGUE
fl HHHB OÊÉ***.* e. 'lilíttfai^iWAáfl flm.i à_^ ¦ 4 .m&__mL—%-^__——————_—__e_—__________________t
mw^mmm^mm\^mmmw^*^mm*^mmmm^mm—~-—-- jfl
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fl Rfl BflH üW_t*^^K______o_ ^fl^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^Bl^^^B^^^^^^^^^^^^^^^^^^^B
^H ^B
H
Depois do fracasso, a conversa
cheia de lero no restaurante
TROTE CONTINUAÇÃO
m
I"I i r'l^aB&MMfiiiir Ai-i i iii miiMiMii^^^Eiiiiir i ~
a v iiWV^^^Bfcia^ ,r <iiBMli^^MW
gando todo aquêle mundo,
como uma espécie de defini-
çfto: Tudo quanto é trotista
é um otário.
No ar, raiva • frustração
Lá no largo das apostas, já
faz meses, a pedra
de marca-
ção de resultados caiu e não
mais foi recolocada no local
próprio, no alto, a uns 3 me-
tros do chão, bem à vista do
público. Carcomida,
gasta, ra-
chada em alguns pontos,
es-
branquiçada em outros, foi
encostada a uma parede sob
abrigo, quase
ao rés do chão,
não estivesse apoiada num
banco de uns 30 centímetros
de altura.
O restaurante, também pre-
cário, embora grande,
só não
fica apenasmente às môscas
porque abriga uns
poucos pri-
vilegiados, melhor vestidos,
ou um e outro ganhador
nas
apostas de páreo-a-páreo
aos
quais o bom senso mandou
jantar. São tipos com conver-
sa cheia de gíria
e muita lo-
rota. lero. Contam vantagens
S1GUS
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90
c
I
0
Dê-lhe um carro
pessoal...
1
§
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u
I
s^^HHPIPIto^
.«• ** *'
e uma luxuosa
C^ECIM
Securit é tradição de luxo em aço.
Securit é também novidade de luxo extra em portae de jacarandá legítimo.
Mas em aço ou jacarandá, o que
Importa sempre é a
marca Securit -
garantia de qualidade
incomparável, em tôdas as linhas.
PLATINÊ
Vi íiílM
. **•*# ¦ "
BPWK
•:*-•
»,
fí
mi
iji
?c a
ECI
Mais um
páreo,
mais desespêro
Na solidão, o desejo de forra.
TROTE CONTINUAÇÃO
e mentiras sem a preocupação
de saber quem
os ouve. Mis-
turam-se ali motoristas de
praça e malandros ligados à
área da prostituição, polícias
e marginais — a freqüência
tradicional dêsses lugares de
jôgo.
Até para
comer o jogador
é aturdido, nervoso, preocu-
pado. Não saboreia a comida
ou a bebida — sofre as duas.
Está entretido com o alto-fa-
lante e tudo o mais lá na
pista de corrida. No ar há
insetos, raivas e frustrações.
Caculé, umbigo encostado
ao balcão, conta ao dono do
restaurante o caso de um par*
ceirinho, perdedor
inveterado,
um "prensador
de primeira
que trabalhou oito anos numa
firma importante e depois jo-
gou tôda a indenização, 12
milhões, no trote'*. Êle, não.
Não é trouxa. Se perde,
dá
apenas 1 cruzeiro nôvo aos
donos do trote. Pelo tom*
também Caculé está indigna*
do porque perdeu.
O restaurante é pobre,
com
dois-três pratos
italianos,
ovos, bifes, fritas, contrafilés.
As variações são pequenas.
Enquanto comem, os fregue-
ses contam casos terríveis,
quase todos com a
presença
de algum grande perdedor ou
com a história de alguma
grande acumulada
que furou
no último cavalo. Se premia-
da, deixaria rico o ganhador.
Mal termina de contar uma
tragédia ou uma fábula, o
narrador corre ao guichê
do
hipódromo para jogar.
Prossegue a malandragem
falada com sotaque italiano.
Casos escabrosos, adultera-
ções vergonhosas, dopings.
Às vézes a charla se exagera.
O parceiro que
ouve corta
sem cerimônia a besteira:
— Cala essa bôca, ô meu.
Você não se lembra nem do
dia em que nasceu.
Vila Guilherme vai acen-
tuando os seus ares de rinha,
pela repetição dos tipos au-
tênticos, rústicos, povo-povo.
Elcino e Caculé estão outra
vez metidos num grupinho de
motoristas de praça que tro-
cam palpites.
p| Mais um
páreo é corrido,
debaixo de xingamentos do
^público:Ladrão do meu dinhei-
fo! Vai pra
cocheira com essa
onça! Puxador sem-vergonha,
já secou o meu cavalo!
Os incentivos atirados aos
jóqueis, os olhos
pedindo, vão
num crescendo:
Dá-lhe, Cido! Barbada!
Dá-lhe, Cidão!
As caras são as mesmas de
uma reunião para outra. E
quase todos os
que estão em
Vila Guilherme jogam,
inclu-
tive balconistas, garçons,
ser-
*içais. Iniciado um páreo,
êles
correm para
as beiradas da
pista, no lugar da assistência,
para ver as duas voltas com o
total de 1520 metros. Um
percurso que um
perdedor de-
Uniu num^momento em que
estava fulo:
As voltas são duas que
6 para engambelar mais os
otários.
O chão vai-se salpicando
de acumuladas e pules rasga-
das, amassadas, perdidas. Um
tipo afobado pede a Elcino,
em tom nervoso, rápido:
Me dá um cigarro.
Elcino olha de soslaio. A
princípio, pensa em mandá-lo
às favas. Afinal, não é paren-
te nem de sua lavadeira, co-
mo se diz na linguagem am-
biente. Mas acaba estalando
a bôca, meneando a cabeça,
dando o cigarro.
Da tensão ao desespêro
Mais um páreo correu. No-
vas cabeças baixas, descoro-
çoadas, deixam a pista da
corrida para
o largo das apos-
tas.
Quase no final da noite,
nas proximidades dos últimos
anoua
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aprisionamos
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pinheiros
entornamos colônia
"Jogador
é um bicho
trouxa. Paga
para
ver."
TROTE continuação
páreos, sopra um vento de
desespêro em Vila Guilherme.
As caras diante da pedra
dos
resultados são enrugadas, ba-
tidas de sacrifício. O senti-
mento de perda
é comum;
ninguém está ganhando.
E as
camisas fora das calças, mais
do que
um reflexo do calor
ou sinal de esportividade, são
o desespêro.
Os nervos crescem a partir
do sexto páreo.
Os apostado-
res ficam andando de um la-
do para
outro do hipódromo;
se param, inquietos, alguns
falam sòzinhos defronte à pe-
dra das marcações. De raro
em raro algo foge ao clima
da jogatina,
a tensão se des-
contrai por pouco
tempo. Um
rapazola cutuca o outro:
Ué, novidade!
Ê que passam,
calças com-
pridas, duas môças novinhas,
chegadas há pouco.
Mas a
maioria não vê garôtas.
Ago-
ra, quando
se fala é para
agre-
dir. Até a linguagem vai per-
dendo as estribeiras:
Ê... Quer moleza? Vai
morder água!
De repente, um vozeirão
toma conta do largo das apos-
tas. É um apostador, tipo
alto, forte, óculos, rádio de
pilha debaixo do braço. Fa-
moso pelos
escândalos que
dá, em voz alta, após perder,
procura alguém para
brigar:
Vagabundo!
Como sempre, perdeu,
be-
beu — perdeu a linha. Esco-
lhe um para
amolar. E come-
ça, sem quê
nem pra quê,
ofendendo:
Não te conheço. Não
sou da tua família.
Elcino e Caculé desguiam,
não querem
explicação, já
co-
nhecem o tipo. Caculé reco-
menda:
Vamos se mandar,
que
o nosso amigo ali é um sarro.
O que que
êle quer?
Anular
o páreo?
Eu, hem?
Trote também é lugar de
encostar solidão. O baguncei-
ro continua, o vozeirão envol-
ve tudo, cresce:
4TÔ cansado de aturar
trouxa na minha vida. Eu du-
vido que
aqui tenha alguém
mais malandro do que
eu.
Acabei de perder
uma nota
de 700 contos. E daí? Viu,
cambada de pé
de chinelo! Se
eu perco é porque sou malan-
dro pra
ter, pra ganhar
outro.
O indicador corre no ar,
pára, aponta, fixa um tipo
qualquer:
Você é fajuto, seu pi-
lantra! E eu já
estou cansado
de ler em diploma de faju-
teiro.
Está correndo o último pá-
reo. Caculé e Elcino também
perderam na reunião,
já es-
tão nos volantes de seus car-
ros, esperando passageiros
para a volta ao centro da ci-
dade.
Lá na pista,
os cavalos, le-
vando as aranhas e os jóqueis,
vão terminando a primeira
volta. Há gente
se encostando
ao arame da pista, olhos aten-
tos, uns firmes, outros não
aceitando o que
vêem. Uns
fulos de raiva, outros espe-
rando o melhor lia segunda
volta da pista.
Todos tensos.
O bagunceiro do vozeirão
não foi ver o páreo
correr.
Debruçado no balcão do bar,
bebe mais, ergue o braço co-
mo se quisesse esmurrar a
pedra de resultado. Por um
momento parece querer bri-
gar com tudo:
Jogador é um bicho
trouxa. Jogador tem sempre
de ser trouxa. É um otário
que paga para ver! fim
I
- r '
PINO DORO SILVESTRE
Para o homem elegante,
uma colônia
máscula. Discreta.
Diferente de todas que
V. conhece.
Refrescante como a brisa
no bosque de pinheiros.
Pino D'Oro Silvestre.
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IMPORTIERTEVMGEN
GEHT NACH.'' HAUSE
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*Carros importados voltem para casa.
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—*——~——————— ———— __b»~_*» __- __¦__-/**„_**'_rr__*' -BmmammflBB r*_9~acmpa» --i__.*J///hb BBifl ___K__aBi ____HB_.flBBM_m__w_mm_w***»»*iwpw*»tBP_w"*~*w**i^a v_ ' '^m |u_p__l __ _»»«f "_>¦¦*>¦ •> -——^//Am Í3_BJ _bBIB-^bbb-B BBB-^-B-B-^-í-ã-LfcM-.."-d B_anflBflB _?2r x - ^in_r__I _________B____M<-_^/_fi Ç»**n3 Kx_lB? J BB a****** _ft.T__ ^B *^B _K_-T__7B£^B_ip^p9fiB ***<p * * *^B^_B_^B_^B_^B_^B_^B_^_B
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C :
III.
Ar condicionado, transmissão automática, teto de vinil,luxuoso estofamento, pedais supensos, motor de
190 HP-èstes detalhes e muitos outros estão nodesafio brasileiro aos carros importados: Ford LTD.
A mesma classe dos mais caros e famososautomóveis internacionais. E mais algumas
vantagens sobre eles: nada de taxas de licenças
de importação, nada de documentos e "quartas-vias",assistência técnica no Brasil inteiro. 0 Ford LTDé um carro pessoal, de produção limitada.Carro que vai distinguir os mais exigentes esofisticados compradores de automóveis no Brasil.Carros importados, voltem para casaJá temos o nosso Ford LTD.
BéIÉ' 'A
As modernas técnicas
de transplantes e
implantes asseguram
ao homem mais
62 CHHNGiS
DENA0
mm
NEMSOHKR
Texto de Michel Cecilio
e Léo Gilson Ribeiro
Ilustrações de Minoru Naruto
De
repente, há cêrca de um ano, a ficção
científica parecia ter explodido nos jor-
•
nais do mundo inteiro com a manchete
sensacional: na África do Sul, o coração
de um morto fôra enxertado num homem
vivo e êste estava passando bem, de cora-
ção nôvo em fôlha.
O homem comum — o João da Silva, ao
Brasil, o John Smith, dos Estados Unidos,
o Jean Dubois, da França — começou a
ver nos anúncios luminosos dos grandes
jornais um nome desconhecido girando
nas
notícias fosforescentes: o Dr. Christian Bar-
nard fôra o cirurgião responsável por aque-
le verdadeiro
"milagre" da ciência.
Uma palavra nova
— transplante — en-
trou para o vocabulário de todos os dias e
surgiu como uma esperança nova para os
milhões de cardíacos do mundo inteiro. Vi-
das preciosas ceifadas pelo
enfarte co-
mo a do escritor brasileiro Guimarães Ro-
sa seriam agora prolongadas pela medi-
cina moderna. E o rosto sorridente do Dr.
Barnard tornou-se tão conhecido do gran-
de público quanto o de Pelé no Brasi! ou
do General De Gaulle na Europa. sKcrr
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Os McGregors brasileiros,licenciados da McGregorOoniger Ine dos E. U. A.,criaram para V. a COLEÇÃONATAL MODA,vibrante, colorida, supermoderna, prá frente,Smmtodõr<!sddeiàlhe.. A ROUPA ESPORTI VA MAIS FAMOSADOMUNDO
Par isso...
ADOROmM GREGORS
-
R. 7 de Abril 261* 2° conj. 208- Tels. 33-2514 e 37-4974•*/'* . •^¦y-y, ¦• ..vy
MEDICINA
CONTINUAÇÃO
Cabelo ainda
não é rotina
O coração, que significa para todos os povos a
sede da vida, da bondade, do amor. dava real-
mente uma prova científica de generosidade e de
sobrevivência, retirado do corpo de um mulato
morto recentemente e transplantado para o orga-
nismo de um branco idoso, o dentista Dr. Blai-
berg. O doador entregava ao receptor — louro de
olhos azuis — uma lição de fraternidade humana
acima da política racial do apartheid da África do
Sul. Para os médicos, aquela operação revelava
o trabalho anônimo de uma legião de cientistas
que,
"ho silêncio dos laboratórios brancos, con-
quistavam nova vitória naquela luta árdua e diá-
ria — prolongar a vida do homem.
Em julho de 1966, REALIDADE n.° 4 já tinha
divulgado um estudo médico da substituição de
dezessete partes do corpo humano afetadas pela
doença, pela paralisia ou pela mutilação. Apenas
dois anos e meio depois, êsse número subira para
62 órgãos e componentes menores que podem ser
trocados — desde os cabelos até o coração e o
pâncreas.
Anteriormente, era conhecido só o implante (ou
prótese), que é a substituição total ou parcial de
um órgão por peças artificiais, como a dentadura
comum que toma o lugar dos dentes queridos que
os anos não trazem mais. No caso nôvo do trans-
plante, porém, a substituição se faz com tecidos
vivos, tirados da própria pessoa: é o autotrans-
plante, comum por exemplo quando se extrai pe-
le das nádegas ou das coxas para completar par-
tes do braço, das pernas ou do rosto destruídas
por queimaduras. Mas há também o caso do trans-
plante entre dois sêres, que pode ser o homotrans-
plante (do grego, homo, igual), quando o doador
e o receptor são da mesma espécie animal, ou o
heterotransplante (hetero, diferente), quando se
efetua entre espécies diferentes, como o homem e
um animal (macaco, porco, boi, etc.).
Apesar do gráfico nervoso dos transplantes mo-
dernos, que mostram as primeiras derrotas ao lado
das primeiras vitórias, a linha é claramente as-
cendente. À medida que a ciência moderna se pro-
põe a empreender a descoberta do microcosmo do
organismo humano, a par do macrocosmo da Lua
e das galáxias, o futuro parece otimista e êsse fu-
turo significa nada menos que a saúde permanen-
te, a saúde como rotina. Da cabeça aos pés.
1.° Grupo — Cabelos e Supercíllos
Os carecas tradicionalmente escondem seu com-
plexo de inferioridade apelando até para a música
popular, como a marchinha carioca que afirma,
"é dos carecas que elas gostam
mais . Mas isso é
uma mentira que o crânio lustroso de um calvo
comprova dia a dia. As perucas há muitas déca-
das deixaram de ser apetrecho exclusivo do arse-
nal de sedução feminina e disfarçam muita calví-
cie masculina envergonhada por êsse globo afora.
Sansão, na Bíblia, não perdeu sua força gigantesca
quando Dalila cortou-lhe a vasta cabeleira? Atual-
mente, Sansão simplesmente faria fila numa clini-
ca de reimplantação de cabelos. Pois, contornan-
do-se alguns problemas de rejeição, hoje em dia
até os cabelos, plantando, dão. Não dão ainda
com muita abundância, é verdade, mas as perspec-
tivas são róseas para os carecas que vêm próximo
o dia em que deixarão de colocar em lugar bem
visível a careca lustrosa de Yul Brinner ou a ci-
tação batidíssima de Schopenhauer, que os Bea-
ties desmentiram: "Cuidado
com os cabelos com-
pridos: debaixo dêles geralmente
estão idéias cur-
tas!" Já o transplante dos supercílios é rotineiro,
pois utiliza material do próprio beneficiário, tor-
nando-se portanto simples e seguro.
Ossos do crânio — A caixa craniana e um ver-
dadeiro cofre do cérebro humano, protegendo suas
SFXil-K
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wZ^t
MEDICINA
CONTINUAÇÃO
Esperança
para
quem
vê mal
funções vitais e delicadíssimas. Antigamente, qual-
quer lesão dessa carapaça era fatal. Atualmente,
os ossos do crânio, danificados por acidente ou
pancada, podem ser substituídos imediatamente
por moldes resistentes, feitos de acrílico, ou por
ossos retirados de doadores falecidos. Só para a
membrana que recobre internamente o crânio —
chamada dura-máter — ainda não existe reposi-
ção artificial (materiais metálicos, acrílico, etc.),
sendo indispensável o transplante de membranas
retiradas de cad&veres.
Olhos — Os olhos, diz a sabedoria popular, são
as janelas da alma. Quando alguém não quer ver
o óbvio, diz-se que o pior cego é o que não quer
ver. Para a medicina moderna, os defeitos da vi-
são vão recuando cada vez mais suas áreas, pois
a visão é o sentido que possibilita o maior núme-
ro de transplantes no ser humano. Num futuro
nada longínquo, salvo casos especiais, só será ce-
go quem, por absurdo, quiser sê-lo. As pálpebras,
a conjuntiva, a esclerótica, a córnea e, em fase
experimental, a retina podem, tôdas, ser substituí-
das com bons resultados. No entanto, só para as
pálpebras e a conjuntiva é colhido material do
próprio beneficiário (autotransplante); os demais
exigem o homotransplante. Assim que nota algum
defeito ou alteração, o cirurgião reconstrói as pál-
pebras inteiramente, enxertando fragmentos de
pele extraídos da zona epidérmica próxima aos
olhos. No caso da conjuntivite, por exemplo, a re-
paração se faz por meio da mucosa retirada de
outra parte do corpo. No Brasil, já é comum a
substituição do 4
branco do ôlho", nome popular
que se dá à esclerótica. Ainda mais fácil é o trans-
plante da córnea, essa espécie de vidro de reló-
gio abaulado que cobre a pupila, pois a córnea
não tem vasos sangüíneos, tornando a intervenção
rápida e sem qualquer problema de rejeição. Já o
transplante da retina é muito mais problemático,
cercado de numerosas incógnitas. Ligada ao pró-
prio nervo óptico, a retina — uma verdadeira
"câmara" da televisão orgânica
—, para ser subs-
tituída com sucesso, teria de ser religada perfeita-
mente ao nervo óptico, transmissor de imagens ao
cérebro, uma dificuldade que até agora tem tor-
nado difícil a operação.
2.° Grupo — Ouvido
Sentido da comunicação com o mundo exterior
— desde a "explosão"
de um avião a jato deco-
lando, até uma fuga de Bach —, a audição altera
a própria psique do homem. Os surdos tornam-se
irascíveis, tristonhos. envoltos num mundo silen-
cioso, de movimentos lentos ou bruscos, já que
não possuem a dimensão sonora de sua relação
com o próximo e com o mundo que os circunda.
Daí a extrema importância da recomposição dos
ossinhos que compõem o ouvido médio; bigorna,
martelo e estribo. São êles que desempenham as
funções de um microfone ao contrário, isto é: um
microfone que captasse sons de fora para dentro,
transmitindo as ondas sonoras até o tímpano, que
as transforma em vibrações. Os transplantes dês-
ses ossinhos são feitos com material alheio, mas o
estribo, em inúmeros casos, pode ser substituído
por uma pequena peça de metal.
Orelhas Para as orelhas, tanto os transplan-
tes quanto os reimplantes ainda não alcançaram
um bom nível de segurança. Mesmo quando se
reimplanta imediatamente uma orelha decepada
(castigo impôsto até há pouco aos ladrões em al-
guns países árabes), a circulação sangüínea que
irriga essa espécie de concha acústica externa^ do
ouvido não se refaz com facilidade. E por êsse
motivo que os transplantes de indivíduo para m-
divíduo assinalam um índice alto de rejeição. As
pessoas que, por um defeito de nascença (ou con-
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Coty é capaz de fazer
o mais tímido dos
homens dizer coisas
proibidas no ouvido
de uma mulher.
Coty é para
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mulher que
ama a vida,
que é terrivelmente
feminina e gosta
de si mesma.
O Natal está aí.
Perto de você há sempre
um homem ou uma mulher.
Dê Cofy aos que
você gosta.
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MEDICINACONTINUAÇÃO
Abaixo
todas
as dentaduras
gênito, na terminologia médica), nào possuem pa-vilhão auditivo, valem sc do recurso do implante
de uma orelha de plástico, de aparência idêntica a
uma orelha normal. De modo geral, contudo, pre-fere-se reconstruir o órgão mutuado utilizando
cartilagens e fragmentos de pele retirados do pró-
prio beneficiário.Nariz — O nariz tem desempenhado um papel
importante na História e na Literatura. Cyrano de
Bergerac, o homem de nariz descomunal do tea-tro romântico francês, amou escondido detrás de
uma árvore a linda Roxane, envergonhado de
apresentar-se diretamente diante dela. Cleópatra, a
mulher fatal do Nilo, se tivesse o nariz menos
longo, teria sido perfeita como beleza feminina.
Mesmo assim, conseguiu seduzir Marco Antônio
e estremecer os alicerces de Roma como uma sub-
versiva da Antigüidade. Hoje em dia, Cleópatra
seria cliente de algum especialista famoso, como
milhares de outras mulheres (e homens) que se
submetem à cirurgia plástica. Quando a correção
do nariz se faz não só por motivos estéticos mas
por desastre ou mutilação, os reparos são análo-
gos aos da orelha, isto é, utilizando fragmentos
de tecido do próprio paciente. Esse apêndice abe-
Ihudo, que muitas vezes se mete onde não é cha-
mado, é composto de duas delicadas lâminas ós-
seas, na parte superior, e por uma cartilagem mo-
le e flexível, na inferior, o que dá ao nariz uma
mobilidade que os comediantes sabem usar plena-mente, torcendo-o, cheirando o ar para des-
cobrir traços de uma infidelidade amorosa, etc.
Atualmente, muita gente afoita anda por aí com
nariz de borracha, ou melhor, de suástico, uma
borracha silicosa que imita com perfeição a car-
tilagem verdadeira, flexível e porosa.
Dentes — As próteses dentárias (dentaduras,
pontes, pivôs) nunca resolveram perfeitamente o
problema da perda dos dentes naturais. O pacien-te, além de sentir uma inferioridade e um temor
constante de que as próteses caiam, tem seu pa-ladar reduzido e, no caso das dentaduras, sofre
atrozmente na fase inicial de adaptação das ger.-
givas aos dentes artificiais. Por essas desvantagens,
os cientistas ultimamente têm pesquisado uma téc-
nica de transplante bucal sem esses inconvenien-
tes. O processo moderno é o de implantar dentes
perfeitos, extraídos de pessoas vivas ou de cada-veres. encaixando-os diretamente nos alvéolos. Os
resultados têm sido excelentes, tanto do ponto de
vista funcional quanto estético.Maxilares — Até os maxilares — especialmente
o inferior, único osso móvel da cabeça, para a fa-
la e a mastigação — são hoje em dia substituíveis.
Usualmente, aproveita-se material obtido de doa-
dor, mas recentemente surgiram peças de metal ou
de cerésium, um novo metal cerâmico resistente
e que tem sido aprovado cada vez mais pela ci-
rurgia contemporânea.ParaÜróides — Apesar de estarem próximas da
tiróide e terem nome semelhante, qualquer seme-
lhança entre as paratiróides e a glândula tiróide
será mera coincidência. As paratiróides regulam
a manutenção dos níveis normais de cálcio e fós-
foro no sangue, função vital para evitar a desçaI-
cificação ou amolecimento dos ossos e para man-
ter a vitalidade, o tônus vital do indivíduo. Mui-
tas vezes, devido a seu tamanho minúsculo, as pa-ratiróides são extraídas inadvertidamente pelo ci-
rurgião. Se reimplantadas imediatamente e estive-
rem perfeitas, nada ocorrerá. No caso de estarem
danificadas, porém, essa regulagem dos níveis de
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Mas, assim como as costelas, o úmero — o osso
que vai do ombro ao coto.vêlo — também é pie-
namente transplantável, seja com emprégo de pe
ças retiradas de cadáveres, seja de peças artifi-
ciais.
Selo* — Tanto os seios quanto os mamilos e
suas auréolas podem ser restaurados ou reconsti-
tu idos pela cirurgia moderna. Para os seios, reco-
menda-se o implante sempre que houver atrofia
(que o povo chama de "peito
chato como tábua")
ou extirpação cirúrgica quando a mulher teve cân-
cer no seio. As lesões das auréolas e dos mamilos
sâo reparadas com fragmentos de pele da própria
receptora. Os enxertos plásticos têm um lado ma-
licioso também. Enxertados no peito e recobertos
com tecidos, adquirem um aspecto cem por cento
natural, como demonstra ostensivamente Coccinel-
le, o homem que, depois de se transformar cirür-
gicamente em mulher, exibe em cassinos do mun-
do inteiro sua plástica feminina dotada de seios
capitosos.
Diafragma — Situado na "bôca
do estômago",
o diafragma é um músculo que auxilia os movi-
mentos de respiração. Sua troca é possível, mas
são raros os casos de substituição do diafragma.
exceto em vítimas de acidentes automobilísticos,
uma das causas mais freqüentes da danificação
dêsse músculo. O diafragma é decisivo para o "fô-
lego" das cantoras líricas, pois sem êles elas não
poderiam manter durante minutos uma nota alta
sustentada no momento crucial de uma ópera como
La Traviata. E, embora as robustas heroínas de
Verdi e Puccini morram em cena de tuberculose,
na vida real ainda não se deu o caso de ruptura
do diafragma de uma Maria Callas ou de uma
Renata Tebaldi. segue
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MEDICINA
CONTINUACÀO
0 Brasil
já
reimplanta
braços
cálcio e fósforo passa a ser desempenhada por re-
médios, pois ainda não se faz o transplante das
paratiróides.
Larlnge e traquéia — Tempos atrás, a atriz Eli-
zabeth Taylor ficou sufocada e, levada ao hospi-
tal de emergência em Londres, logo uma notícia
assustadora causava arrepios de mêdo em seus
milhões de fãs: Elizabeth Taylor tinha sofrido
uma traqueotomia. Detrás dêsse nome imponente
esconde-se, porém, uma intervenção comuníssima
na medicina: já que o doente não pode utilizar a
laringe, devido a uma obstrução, faz-se um
corte na parte inferior da garganta, nela se inse-
rindo um tubo que substitui a laringe temporária-
mente na passagem do ar. As más línguas dizem
que Elizabeth Taylor ganhou o prêmio de me-
lhor atriz da Academia de Hollywood não por
sua interpretação, mas graças ao bloqueio de sua
laringe. Seja como fôr, são viáveis os transplan-
tes de laringe e traquéia, com a utilização do
doador. Poderão ser usadas, também, peças de
plástico para substituir ambas as partes em cará-
ter permanente.
3.° Grupo — Pulmões
Os pulmões se têm revelado dos órgãos mais
tenazmente resistentes ao transplante. Dos nove
transplantes tentados em vários países, nenhum
deu certo, havendo um caso em que o receptor
conseguiu sobreviver dezoito dias.
Ossos e costelas — A medicina consegue hoje
substituir por transplante tôdas as 24 costelas do
organismo humano, mas infelizmente sem delas
extrair Claudias Cardinales ou Ursulas Andress,
como Eva que foi extraída da costela de Adão.
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MEDICINA
CONTINUAÇÃO
0 coração
no futuro será
de
plástico
Membros — Há poucos meses, o Rio Grande
do Sul monopolizou as manchetes dos jornais e
as telas de televisão de todo o Brasil. É que uma
equipe médica de Pôrto Alegre tinha repetido uma
operação realizada anteriormente nos Estados Uni-
dos, reimplantando o braço decepado de um ope-
rário da estrada de ferro. De forma crescente, a
ortopedia moderna recorre a êsse auxílio em vez
de mãos, pernas e braços mecânicos, que além de
antiestéticos inibem psicològicamente seus possui-
dores. No caso específico dos dedos da mão, con-
tudo, a substituição se faz por reconstrução ou
por autotransplanteMJm dedo importante como o
indicador ou o polegar — os únicos que dão ao
homem a capacidade òe agarrar objetos, usando-os
como uma pinça — é~refeitò sacrificando-se outro
relativamente menos importante, como o mínimo
ou o anular.
4.° Qrupo — Coração
Conforme provam as estatísticas mundiais, as
duas moléstias que mais destroem vidas são, nas
regiões industrializadas (tanto dos países desenvol-
vidos quanto dos subdesenvolvidos), os ataques
cardíacos e o câncer. Talvez produto do ritmo fre-
nético do mundo moderno, com revoluções inces-
santes em todos os setores — satélites no espaço,
astronaves que se aproximam da Lua, impérios co-
loniais que ruem, a pílula que liberta a mulher da
maternidade indesejada, a míni-saia, etc. —, o
ataque do coração é conhecido na Alemanha co-
mo a Manageriurank-heit, a doença dos diri-
gentes de grandes emprésas industriais. Embora
predomine como causa mortk de homens que ar-
cam com responsabilidades de milhões de -dólares,
marcos, francos, libras — cruzeiros também —, o
ataque cardíaco ataca indiscriminadamente favela-
dos e milionários, escritores e pacatas donas de
casa. Nos últimos anos, todos os esforços dos cien-
tistas se concentravam na substituição do coração
doente: ou por um coração alheio, retirado de
um cadáver, ou por um órgão sintético. As pri-
meiras tentativas nesse sentido foram feitas com
corações de macacos. Mas êsses heterotransplan-
tes não deram bons resultados até agora, "ê
cedo
ainda", adverte o Dr. Barnard, "só
daqui a uns
vinte anos lies serão satisfatórios sob o ponto de
vista clínico". (Numa recente estada no Brasil,
concedendo uma entrevista à televisão, o cirurgião
sul-africano indicou também como possibilidade
de cura do câncer o transplante do órgão lesado
e a rejeição, pelo organismo sadio, das células
cancerosas como corpo estranho.)
Tampouco os corações artificiais até agora ela-
borados pela técnica mais avançada dos Estados
Unidos, da Grã-Bretanha, da Alemanha, têm sur-
tido bom efeito, embora se julgue que no fundo a
solução ideal será o órgão artificial, feito com si-
lástico, ou outro material sintético.
Ao estarrecer a humanidade, em 1967, realizan-
do o primeiro transplante da História, o Dr. Chris-
tian Barnard revelou-se sumamente modesto, afir-
mando que era meramente um '
filho espiritual do
Professor M. E. Schumway". Quem era êsse pro-
fessor desconhecido do grande público? Para a
classe médica internacional, era um jovem médi-
co americano que aos 44 anos de idade já desen-
volvera tôda uma técnica operatória que lhe va-
lera o título de "pai
dos transplantes cardíacos".
O Brasil também contribuiu com uma inovação
no campo da operação do coração bastante elo-
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MEDICINA
contini'açAo
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Vive-se mesmo
sem estômago
giada pelo próprio Dr. Barnard em visita ao Dr.
Euríclides Zerbini, do Hospital das Clínicas de
São Paulo. Ao passo que em tôdas as interven-
ções anteriores, inclusive na do Hospital Grotte
Schur, da Cidade do Cabo, era de praxe congelar
o coração do doador, o transplante do boiadeiro
João Ferreira da Cunha, realizado em maio déste
ano, foi efetuado com o órgão mantido a uma
temperatura normal por meios artificiais de labo-
ratório. Por ocasião do segundo transplante car-
díaco levado a cabo em nosso País, o dom que o
Dr. Barnard classificou de "engenhosidade
brasi-
leira" fêz-se sentir novamente, submetendo o re-
ceptor, Ugo Orlandi, comerciante em São Paulo,
a um tratamento prévio contra a rejeição, basea-
do no sôro antilinfocitário. As fotografias de jor-
nais e revistas mostram Ugo Orlandi, completa-
mente recuperado, voltando sorridente para sua
casa, levando no colo sua filhinha de quatro anos
de idade, depois da alta médica.
Esôfago — A perda do esôfago não acarreta
sérios inconvenientes para a sobrevivência da pes-
soa, porque êsse tubo de 25 centímetros de com-
primento que liga a faringe ao estômago pode ser
substituído pelo estômago, por trechos do intesti-
no grosso ou do intestino delgado, através de uma
delicada intervenção cirúrgica que ainda acarreta
sérios riscos.
Pele — Um dos transplantes mais antigos é o
da pele, que segundo se crê era praticado no an-
tigo Egito e que a partir da II Guerra Mundial
passou a ser corriqueiro. No entanto, os enxer-
tos de pele ainda não apresentam um índice abso-
luto de êxito, como se comprova no caso de quei-
maduras que exigem transplante de pele. É que
na pele a natureza concentrou quase todos os ti-
pos de antígenos, ou seja, as substâncias químicas
responsáveis pela rejeição. Apesar disso, o cirur-
gião Francisco Pinheiro, do Hospital da Policlí-
nica de Fortaleza, realizou recentemente o trans-
plante de 60 por cento da pele de Raimundo de
Andrade para o corpo de sua filha Arani, grave-
mente queimada em acidente caseiro. Tanto o
doador quanto a receptora estão em bom estado
de saúde.
Medula espinhal — Um dos tabus da cirurgia
ruiu como um castelo de areia no ano passado,
quando o Dr. Manuel Krimberg, do Rio Grande
do Sul, efetuou com êxito o primeiro transplante
mundial da medula espinhal, fato que repercutiu
grandemente no exterior. O paciente, Valter Pe-
rez dos Santos, tinha ficado paralítico por ter sido
baleado na coluna vertebral. Mas, assim que os
exames radiológicos demonstraram que o centro
das fibras nervosas não tinha sido atingido, deci-
diu-se operar. A primeira intervenção consistiu em
colocar um fragmento do nervo ciático do pró-
prio paciente na parte lesada da medula. Poste-
riormente, retirou-se de um doador uma parte
igual de tiervo ciático, transplantada para substi-
tuir o segmento tirado de Valter. Êste, segundo os
mais recentes boletins médicos, já recuperou o mo-
vimento das pernas e pouco a pouco, por meio de
exercícios, seus membros estão superando a atro-
fia acarretada pela paralisação temporária.
Artérias — No campo complexo da cirurgia
cardíaca, além dos transplantes do órgão em si,
tornam-se cada vez mais freqüentes as substitui-
ções de partes do coração ou segmentos do apa-
relho circulatório (próximos ou distantes dêle).
Dessa forma, trechos lesados da artéria aorta po-
dem ser repostos por tubos plásticos ou por frag-
mentos retirados de um doador. A aorta é uma
artéria essencial para a vida, pois é ela que leva
sangue para quase tôdas as partes do organismo.
Em sentido inverso, as artérias coronárias irrigam
o coração com os elementos nutritivos que captam
do sangue. Foi justamente a insuficiência funcio-
nal das coronárias de Philip Blaiberg que indica-
bicou e
110
MEDICINA
CONTINUAÇÃO
No futuro,
um novo homem
transplante cardíaco que da África do Sul ganhou
o mundo em 1968. Geralmente, basta substituir o
conduto imperfeito por meio de artefatos de piás-
tico ou de fragmentos da artéria mamária do pró-
prio doente.
Válvulas — Os transplantes de válvulas têm
dado resultados bastante auspiciosos nos últimos
anos. Há pour no Hospital Municipal da cidade
de Poznam, na Polônia, cirurgiões implantaram
uma válvula cardíaca de vitela no coração de
uma menina de catorze anos. O Dr. Zibgniev
Lorkiexcs, chefe da equipe responsável pela ope-
ração, atestou que as válvulas do coração de ani-
mal são aceitas mais ràpidamente pelo corpo hu-
mano do que as de material plástico. Além dessa
válvula vacum, emprega-se como doador de vál-
vula cardíaca o porco, que já tinha contribuído
para o correspondente espírito de muitos antipá-
ticos. Para os mais resistentes a ter um compo-
nente de porco no organismo, experimenta-se já
em ampla escala o transplante feito com válvulas
aórtica ou mitral de teflon, um plástico especial
que tem como característica reduzir ao mínimo os
problemas da rejeição, espantalho de todos os
transplantes.
5.° Grupo — Fígado
Já os antigos gregos diziam que o fígado é o
regulador da alma, pois dêle dependia o tempe-
ramento colérico (de colê, bile) ou melancólico
(de melans, negro e colê: ou seja, de fígado ruim
ou negro). Na realidade, o fígado é um gigantes-
co laboratório que realiza cêrca de 5 mil funções
bioquímicas. Nessa multiplicidade de tarefas vitais,
como eliminar as toxinas ou venenos do organis-
mo contidas nos alimentos e na bebida (notada-
mente no álcool), reside a dificuldade até agora
não superada de se substituir o fígado humano.
Não obstante, no decurso dos últimos cinco anos,
registraram-se cêrca de trinta transplantes de figa-
do e, segundo o último levantamento efetuado
pela American Medicai Association em setembro
dêste ano, quinze pacientes continuavam vivos.
Estômago — Nos casos de câncer gástrico, tor-
na-se muitas vêzes indispensável a retirada total
do estômago. De forma um tanto precária, as fun-
ções dêste órgão 'ruminante"
por excelência pas-
sam a ser desempenhadas pelo intestino "elevado"
em seu lugar. Os transtornos para o paciente são
muitos, principalmente o de ter que reduzir suas
refeições a uma quantidade mínima a ser ingerida
várias vêzes por dia. Apesar do avanço promissor
de certas experiências mais arrojadas, os trans-
plantes totais de estômago ainda não são viáveis
no estágio atual da cirurgia.
Baço — "Estou
com uma pontada do lado es-
querdo" é uma afirmação que invariàvelmente
obtém como resposta de leigos e de médicos:"Deve
ser o baço". Essa glândula sangüínea situa-
da na parte superior esquerda da cavidade abdo-
minai é uma quase Esfinge em têrmos de decifra-
ção médica. Uma incógnita para o transplante: do
baço só se sabe, com certeza, que desintegra os
glóbulos vermelhos a serem aproveitados pelo fí-
gado. Embora os transplantes de baço sejam teóri-
ca e até mesmo pràticamente exeqüíveis, há pou-
cas pesquisas em tôrno dessa possibilidade.
Pâncreas — Em maio de 1968 — o ano recor-
de de transplantes no mundo —, o Bulletín Mé-
dical Belge, órgão oficial da classe médica da
Bélgica, ressaltava a importância capital, para o
ram como única saída para sua sobrevivência o
avanço da cirurgia latino-americana, do primeiro
transplante de pâncreas (terceiro do mundo) que
se fêz no Rio de Janeiro. Além de demonstrar
que é perfeitamente possível o transplante dêsse
órgão, assinalou que a experiência carioca veio
abrir um caminho nôvo para a solução do diabetes,
que se sabe deriva de uma disfunção do pâncreas,
que passa a 'permitir"
uma quantidade anormal
de açúcar na circulação sangüínea. Com o trans-
plante de um pâncreas sadio, o diabético poderá
tornar-se são. O paciente brasileiro, Arari Charbel
Rios, antes da operação já chegava a tomar insu-
lina (que combate o excesso de açúcar no fluxo
sangüíneo) de três em três horas, para não entrar
em coma. Hoje, quase seis meses mais tarde, dis-
pensou completamente a medicação e se encontra
em ótimo estado de saúde.
No caso desta intervenção levada a cabo pelo
Dr. Edson Teixeira, a técnica usada constitui em
enxertar, ao lado do pâncreas doente, o pâncreas
sadio de um doador. Essa duplicação de pâncreas
repete-se na duplicidade de funções do próprio
pâncreas: produzir suco pancreático (agente diges-
tivo lançado no intestino) e regular o metabolis-
mo (do grego, metabolê, troca ou transformação)
dos açúcares. No pâncreas enxertado manteve-se
sòmente a regulagem da produção de insulina,
enquanto a glândula natural continuou secretando
apenas sucos digestivos.
Aparelho urinário — Tôdas as partes do apa-
relho urinário — rins, ureteres, bexiga e uretra
— podem ser substituídos, utilizando-se material
proveniente do doador vivo ou morto (para a
troca de rins), bem como trechos do intestino dei-
gado do próprio paciente, para substituição das
demais partes.
Os rins são as "vedetes"
dos transplantes. Como
órgãos que mais segurança oferecem nos trans-
plantes, suas possibilidades de êxito chegam a 95
por cento, segundo cálculos de clínicas médicas
especializadas dos Estados Unidos. Um cômputo
em escala mundial terminado no ano passado re-
gistrou um total de 1 750 transplantes de rins sem
um único caso de morte para o doador. Em vá-
rios pacientes processou-se até um quarto trans-
plante consecutivo, pois logo que surge qualquer
complicação com o rim transplantado procede-se
à sua remoção e substituição imediata, mantendo-
se a vida do receptor por meio de um rim artifi-
ciai. A urina produzida pelos rins com resíduos
retirados do sangue e dissolvidos em água é leva-
da pelos dois ureteres até a bexiga. Tanto esta
quanto os dois ureteres podem ser retirados par-
ciai ou totalmente, mediante substituição por tre-
chos do intestino delgado do próprio doente. A
urina armazenada na bexiga é expelida pela ure-
tra, sendo êstes canais também substituíveis me-
diante fragmentos de tecidos do próprio paciente.
Trompas e ovários — Os transplantes das
trompas -e
ovários são o reverso da pílula anti-
concepcional, pois, uma vez superada a fase atual,
poderão tornar fecunda uma mulher até então
estéril. De fato, as funções reprodutoras femini-
nas podem ser desempenhadas por uma só trom-
pa ou um só ovário. A única ressalva é que essas
substituições se façam com órgãos ou condutos
de uma doadora que, viva ou morta, não tenha
ultrapassado a idade de 35 anos, para evitar o
processo de declínio da fertilidade feminina, que
se inicia a partir dessa idade.
6.° Grupo — Intestinos
A função em si do intestino delgado já com-
prova seu papel imprescindível no organismo do
ser humano: êle extrai dos alimentos a parte apro-
veitável e a lança na corrente sangüínea. Dos
três únicos transplantes dêsse órgão vital já leva-
dos a cabo no mundo, um é brasileiro e os dois
restantes são americanos. A tentativa brasileira,
realizada em São Paulo, apresentou, segundo re-
conhecimento objetivo dos próprios cirurgiões
americanos, os melhores resultados, pois o pacien-
te sobreviveu dez dias, enquanto os doentes nos
Estados Unidos sobreviveram apenas doze horas.
Quando se produz uma lesão pequena no in-
testino grosso ou quando suas deficiências são
localizáveis num ponto pequeno, basta encurtar
êsse tubo de alguns metros de extensão. Contudo,
quando as lesões são mais amplas, a solução é o
transplante com material originado de doador.
Bacia — Como ocorre com os demais casos, os
problemas de rejeição dos ossos ilíacos que com-
põem a bacia pélvica são mínimos, sendo pie-
namente possível o transplante sempre que hou-
ver necessidade.
Vagina — Nos casos — raros — de agenesia,
ou seja, ausência congênita da vagina, reconstrói-
se êsse conduto com moldes de pele retirados da
própria paciente.
Músculos esfriados — Chamam-se músculos es-
triados os que desempenham funções motoras, de
movimento, no organismo. Devido a uma caracte-
rística que alguns médicos chamam de "atávica",
só se podem fazer transplantes levando em conta
que êsses músculos, mesmo quando colocados em
outros locais do corpo do mesmo indivíduo que
os recebe continuam reagindo da forma anterior
à sua transplantação: um músculo do ombro, su-
ponhamos, enxertado na mão manterá suas ca-
racterísticas de músculo do ombro. Essas substi-
tuições só são possíveis utilizando-se "moldes"
re-
tirados do próprio beneficiário.
Articulações — As articulações ou "juntas",
co-
mo são conhecidas popularmente, funcionam como
amortecedores entre os ossos, como algodão em
meio a duas superfícies duras. A substituição das
articulações é feita mediante implantação de pinos
de metal fixados sòlidamente no interior dos ossos.
Fêmur e tíbia — Os dois ossos mais longos do
corpo, o fêmur e a tíbia, há mais de trinta anos
têm sido substituídos por peças metálicas dotadas
de dobradiças muito resistentes e com encaixes
cimentados nas articulações dos ossos vizinhos.
Tendões — Já os tendões, que reduzem a liga-
ção entre um músculo e um osso, permitindo
assim uma movimentação rápida e eficiente, são
substituíveis por peças artificiais de silástico que,
graças à sua flexibilidade e eficiência, vêm sendo
empregadas em larga escala.
Pernas e pés — Como no caso da retina, o
reimplante ou transplante de pernas e pés enfrenta
ainda dificuldades imensas devidas à complexida-
de da ligação entre êsses membros e o resto do
corpo. No entanto, como os membros artificiais
até agora não têm dado resultados estética ou
funcionalmente satisfatórios, a pesquisa em tôrno
a um futuro transplante de pés e pernas é intensa
e não deve estar longe o dia em que êle será
plenamente exeqüível.
Ao todo, portanto, 62 órgãos e partes diferen-
tes do corpo humano já podem ser substituídos
com sucesso que varia do insatisfatório ao exce-
lente. O futuro apresenta-se promissor: qualquer
órgão danificado, uma vez superados os proble-
mas de rejeição, poderá ser trocado por outro
novinho em fôlha.
A ficção científica americana já se antecipou
em vários casos, pelo menos em teoria, à ciência
e à genética modernas. Um dos livros mais apa-
vorantes dêsse gênero surgiu agora como best-
seller de emoção e terror nos Estados Unidos.
The Immortals, de James Gunn (edição Bantam,
livro de bôlso) — ainda sem tradução no Brasil
—, prevê um sinistro mercado negro internacio-
nal... de órgãos humanos. Criminosos, milioná-
rios, cientistas caçam pessoas jovens e sadias para
apoderar-se de todos os órgãos de seu corpo,
exceto o cérebro, que é jogado fora. A ciência
verdadeira, nos Estados Unidos, rebate com ex-
periências muito mais confortadoras do que a
ficção mórbida e afoita dos best-sellers comerciais:
no futuro — assegura — haverá bancos de órgãos
e a pesquisa em torno das peças artificiais de
plástico, metal, etc., faz prever sua utilização ma-
ciça, de preferência a órgãos retirados de doado-
res vivos ou mortos. fim
112
««CíÀlM»
VERMELHA
«NAYLOR
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amor a primeira vista
Naylor Carpet provoca
paixões coloridas.
Você vai ama-lo
em dez cores
diferentes,
ndi muito."Gamadamente".
Pra toda vida...
porque
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nâo envelhece
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no Brasil
pelo processo
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Mesmo que o globo fosse quadrado, O GLOBO seria avançado.
SemDre foi Foi o primeiro a lançar promoções até hoje atuais. (Dia das Mães. Dia do Papai.
Escolha do operar.o-padrão, da senhorita-rio, dos cariocas honorários. Concursos de piano, literários
e arUshcos em todas as suas formas - quem não se lembra do símbolo do IV Centenário, por exemplo?
Conferências e simpósios sobre assuntos sociais e científicos. Festivais de teatro, de cinema. Competições
esportivas de boxe, de ciclismo.de automobilismo.) E agora é o primeiro para muita gente. Basta
d?zer que está comemorando 43 anos com um índice semanal de 41"/„ de leitores jovens.
O GLOBOo maior jornal do país
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Eles abandonaram seus cursos, deixaram
seus países,
mudaram seus valores, adotaram
uma nova língua. Vieram construir
o lar nacional judeu.
Em Bror Chail —
fazenda
coletiva israelense —,
nosso
repórter Eurico Andrade
presenciou
o
resultado da fusão do jeitinho
brasileiro com
os ideais socialistas e a mística
da Terra Prometida. Em Israel, êsse pequeno
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encravado entre o mar,
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KIBUTZ continuacAu
A presença da guerra no kibutz: o parque infantil
tem um abrigo antiaéreo. A educação difunde noções
coletivistas às crianças em tudo, até mesmo nos
atos mais simples. Um mímico, Elias, treinou em
Paris para divertir as crianças — e os adultos.
Na chegada, emoção
Claude,
garotinho francês dc seis anos, nào entendeumuito bem quando o pai lhe comunicou que iriammorar num kibutz. O seu pai, arquiteto judeu que
morava em Paris, conheceu Israel, gostou da vida coletivado kibutz, interessou a esposa — e a família chegou nokibutz de Bror Chail numa sexta-feira à tarde, outubropassado. Nem o menino nem seus pais entendiam perfei-tamente as particularidades do kibutz. Viver sem dinheiro,em regime de total igualdade, o trabalho ter o mesmo valorqualquer que seja a profissão, as crianças dormirem emsuas próprias casas à parte — isso tudo representa umamudança brusca demais no destino de qualquer pessoa,para que seja compreendido sem uma longa vivência. Len-do muito, falando com amigos que moravam lá, visitando,ainda assim havia muita expectativa em toda a família.
Pai, mãe e filho estavam emocionados quando o carrodeixou a estrada principal cercada de eucaliptos, dobrouà esquerda, passou sob a placa e subiu a estradinha. Doslados, a terra ressequida, as colinas da fronteira de Gazaaparecendo, trazendo para perto a imagem da guerra, ovento quente do Mediterrâneo que sopra para o sul, acaminho do deserto do Neguev tão próximo.
Apartamento, metrô, escritório, dinheiro, patrão, banco,obrigações financeiras, compras, clube, cozinha, emprega-da — isso tudo ficou para trás. Mais 1 quilômetro, naúltima curva da estrada, começará uma nova vida. Extre-mamente prática e funcional, utópica ao mesmo tempo.Uma espécie de comunismo dos profetas, de Cristo eMarx — como os chaverim kibutzim (companheiros doskibutzim), as pessoas que lá moram, costumam dizer. Umautopia que ganha prêmios de produtividade na Califórnia.
Suavemente, a estradinha sobe a colina: atrás ficou afábrica. Adiante, vê-se a caixa-d'água camuflada entre ár-vores, o silo, as primeiras casas. Para os lados, a terra énua, calcinada, sob um sol violento, ocre. Os canos de irri-gação só voltarão a funcionar quando se preparar o solopara a nova colheita. Por enquanto, a terra descansa, masparece morta: nesse solo, não há vegetação, só história:aqui nasceu Sansão, por aqui passaram os exércitos romã-nos, árabes, turcos — os vitoriosos, os derrotados. Hámenos de dois anos lutou-se aqui, na Guerra dos Seis Dias.Êste solo já viu quase tantas guerras quanto colheitas.
Claude, o garotinho francês, não tira os olhos das vacas,que ruminam à sombra do monte de feno. Mas não per-gunta nada. O carro vence com facilidade o resto da subi-da. É um veículo novo, que passa desde já a pertencerao kibutz — o sexto da frota de automóveis — porqueaqui não há propriedade privada.
O verde, os abrigos, os amigos
A paisagem se transforma bruscamente: a terra agora éescura, tem vida. Está coberta por um gramado impecável,que dezenas de bicos de irrigação mantêm verde: 15 hee-tares de jardins bem cuidados, flores, árvores. No meiodo parque ergue-se a "cidade" — mais de duzentas casas,com terraços, jardins individuais: o edifício central da co-munidade — onde funcionam o refeitório, o salão deassembléia geral, o clube, o salão de música, a biblioteca,o centro telefônico, o correio, o Centro Cultural OswaldoAranha — êste é um kibutz fundado por jovens que saíramdo Brasil, ligados ao movimento sionista. A cidade temforma circular: no meio estão as casas das crianças, cer-cadas de abrigos antiaéreos e parquinhos de diversões. Emvolta, as casas. Pela calma do ambiente, não se imaginaque vivam aqui seiscentas pessoas.
A família de Claude foi recebida pelo arquiteto VitorioCorinaldi, judeu brasileiro, formado na Faculdade de Ar-
SEGUE
119
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Personagens indispensáveis à vida do kibutz: a môça
bonita que apanha a comida das crianças na cozinha
Central; Dove Samir, o líder político; o rapaz
que cuida da caixa postal.
A maioria das cartas traz
notícias dos parentes cjue ficaram no Brasil.
Armas no casamento
quitctura e Urbanismo dc São Paulo, residente aqui há
mais de quinze anos.
Só houve tempo de visitar o casal Sagüi, êle também
arquiteto, amigo desde Paris. Era preciso arrumar-se, pois
era um dia de festa em Bror Chail. Comemora-se a Festa
das Águas, uma tradição do povo judeu que se transfor-
mou no encerramento do ano agrícola, com exposição
dos diversos setores, prestação de contas, espetáculos tea-
trais. Além disso, hoje realiza-se o casamento de três casais
do kibutz. A piscina
está ornamentada com painéis de
plástico, holofotes, alto-falantes, veio um conjunto de Tela-
vive, o jantar
será servido ao ar livre, no gramado
ilumi-
nado. Há visitantes, convidados, soldados e "soldadas"
com
suas metralhadoras e roupas de campanha: os noivos aca-
baram recentemente o serviço militar.
As pessoas já retornaram do trabalho
— que
acaba às
4 da tarde, depois de uma jornada
de oito horas — e
agora apanham os filhos nas casas das crianças e se pre-
param para a festa,
passeiam ou jogam
futebol, uma das
tradições brasileiras de que o pessoal
de Bror Chail não
se afasta.
Claude, depois de ver o casamento, já fêz amizade com
os filhos de Vitório. Não sabe o hebraico, mas encontrou
outras formas de comunicação: corre, grita, se faz enten-
der. Tudo indica que, dentro de poucos
meses, êle domi-
nará a língua da terra melhor do que
os pais.
A espôsa
de Vitório, que é professora,
lembra que, no ano
passado,
uma senhora emigrada há poucos meses entrou na sua
classe em pranto:
Ajude-me, por favor. Meu filho só fala hebraico,
não consigo entendê-lo, não aprendi nada ainda.
Êste kibutz de hoje, tão colorido e cheio de histórias,
nada tem a ver com a dureza dos primeiros tempos.
Mas os princípios ideológicos
— dizem — continuam os
mesmos.
Da Rússia ao mar da Galilóia
O primeiro kibutz foi fundado em 1909 por judeus que
escaparam dos pogrotv.s russos de 1905, para
recriar o
Estado judeu sob a influência do socialismo. Alguns dos
fundadores eram marxistas-leninistas, outros social-demo-
cratas, todos influenciados pelas tendências políticas que
agitavam a Rússia. Chegados à Palestina para se unir ao
movimento sionista, foram cuidar de uma granja
compra-
da pelo fundo judaico
à margem do rio Jordão, no mar
da Galiléia, que Jesus Cristo atravessou a
pé._ Degânia,
essa granja, estava falida porque
os judeus
não tinham
experiência agrícola. As perseguições de 2 mil anos
proi-
biram-nos de se fixar na agricultura, e em muitos países
da Europa, desde a Idade Média, era proibida ao
judeu a
posse da terra. Para criar sua nação, os sionistas pioneiros
— intelectuais de mentalidade urbana — criaram a mis-
tica da terra, do retorno ao solo, da satisfação pelo traba-
lho manual. Decidiram então estabelecer uma comunidade
agrícola onde se abolisse a propriedade privada, o uso
do dinheiro, a mão-de-obra assalariada. Dariam idênticos
direitos ao homem e à mulher, e o trabalho seria valoriza-
do ern si mesmo, não havendo qualquer distinção entre
profissões e tarefas. Os lucros seriam repartidos por
igual
e todos teriam iguais direitos, mesmos podêres e idênticas
responsabilidades.
Os judeus expulsos da Europa pelo
nazismo encontra-
ram no kibutz o clima de justiça que procuravam, a idéia
propagou-se, o movimento sionista começou a treinar jo-
vens em vários países para fundarem novos kibutzim
quando chegassem a Israel. SEGUE
121
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O caminho de Israel
passou por
Taubate
KIBUTZ O Bror Chail, orientado pelo movimento sionista brasi-
continuação leiro, começou a funcionar a partir
de uma fazenda que
a
colônia comprou entre Rio e São Paulo, e onde os jovens
estudantes que abandonavam seus cursos pela
vida em
Israel aprendiam as noções primárias de agricultura.
O primeiro — e durante muito tempo o único
— japo-
nês que chegou a Israel, Senda, foi o
professor dos bra-
sileiros em Taubaté. Seguiu com êles para Israel, lutou na
guerra da independência, plantou
verduras até poucos
anos
atrás. Atualmente, é o secretário da Embaixada do Japão
em Telavive.
Hoje, a experiência de Degânia está reproduzida com
sucesso em cerca de 280 kibutzim, que abrigam mais de
85 mil pessoas, perto de 4
por cento da
população do país.
São os responsáveis pela revolução agrícola, participam
do
esquema de segurança do país, possuem sete dos 21 minis-
tros de Estado, influenciam os partidos políticos,
desen-
volvem a indústria, são pioneiros de um sistema educacio-
nal que o mundo todo olha com interêsse. Não fôsse a
guerra, estariam mais adiantados ainda.
As três revoluções
Dove Samir foi um daqueles rapazes que largaram o
curso no meio para aderir à idéia de ir fundar o Estado
de Israel. Já fêz de tudo no kibutz. Hoje, largou os cargos
de dirigente em nível nacional do movimento kibutziano,
retornou à universidade, quando voltar poderá
ser
deputado, talvez ministro. Seus amigos vão ainda mais
longe — chegará a
primeiro-ministro de Israel. Dove tem
idéias bastante claras sôbre o movimento:
— O kibutz sofre neste momento a sua terceira grande
revolução, mas continua fiel ao pensamento dos seus fun-
dadores. Na primeira fase, era necessário criar a mística
da terra, fixar no solo duro das fronteiras os intelectuais
ou refugiados que vinham das grandes
cidades. Tanto do
ponto de vista econômico
— alimentar os que chegavam
>t como político — criar os núcleos de povoamento
do
futuro Estado —, como militar
— garantir
as posições
conquistadas —, a primeira
revolução completou-se com
êxito. A . . .
Léa Samir, esposa de Dove, professora primaria nos pri-
meiros tempos, psicóloga e técnica pedagógica
agora,
explica as origens da educação do kibutz:
Nos primeiros
tempos, a necessidade de dar igualdade
de direitos à mulher, a mística do retôrno à terra e a
extrema necessidade de mão-de-obra levaram as mulheres
do kibutz a disputar aos homens tôdas as tarefas: arar,
dar guarda, lutar. Muitas vêzes a mulher, enquanto em-
purrava o arado, sentia vontade de amamentar seu filho,
mas tinha vergonha de falar nisso, como se seus sentimen-
tos maternos fossem uma traição pequeno-burguesa ao mo-
vimento. Nessa fase, a escolha da educação coletiva foi
menos do que uma teoria: era uma necessidade prática.
Não havia condições nos barracões de madeira, nas trin-
cheiras e nos plantios para se cuidar de crianças. Daí sur-
giu a idéia da educação coletiva: pôr
todos os meninos e
meninas numa só casa, onde uma única mulher toma con-
ta de tudo. , .
A partir daí, a prática
foi orientando a teoria: hoje
mantém-se o mesmo sistema, mas nunca se pensou em
suprimir os laços entre pais e filhos. Pelo contrário, iibe-
rados dos cuidados técnicos — alimentar, botar para
dor-
mir, ensinar a vestir-se, a limpar-se, responsabilizar-se por
tud0 , os pais têm com os filhos relações muito mais
puras carinhosas, uma convivência mais amorosa, impôs-
sível no sistema tradicional. As crianças aqui passam qua-
SEGUE
D|
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Benjamim é o
pintor do
kibutz. Nasceu
em Niterói.
Carmela toca
violino e dá
concertos para
a comunidade.
Ela é casada
com Sagüi, um
arquiteto. No
kibutz, todos
trabalham.
123
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F^ra agradar asmulheres cuidadosas,avançadas e elegantes,Bertavemoommais esta novidade:KORATROINa calça passadapara sempre.
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Agora você pode comprimir, castigar, agredir suascalças. As calças Koratron da Berta lhe permitem tudo:fazer mala às pressas, ter menos espaço no guarda-roupa,jogar fora o ferro de passar, abolir todos os cuidados.De hoje em diante as calças nunca mais amarrotam,nunca mais perdem a forma e nunca mais precisam serpassadas. Ainda bem. Há coisas mais importantes na vida.
Mk^íM^mmmmmW
KORATRONUSH iV a* <J M M NU BRASH
^BB^ M*eT.. ÍJ... ¦¦¦' ¦• ¦-¦¦¦-a.--'.'..-V:V -ki:iíi'\
— o feminino em calçasRUA WISARD, 320 - CAIXA POSTAL, 11120 - SAo PAULO
A
primeira
lição de Claude foi a
guerra
KIBUTZ tro ou cinco horas, no mínimo, com seus pais. Em
que
continuação cidade do mundo isso é possível? E os técnicos que
cuidam
das crianças podem educá-las com melhores resultados.
A segunda revolução
Passada a primeira
fase, com a criação de Israel em
1948 — é Dove quem
conta —, o kibutz foi forçado a em-
preender outra revolução: o movimento desordenado de
imigração, fazendo dobrar e, logo, triplicar a população,
exigiu da agricultura um esforço extremo para alimentar o
país. O comportamento do kibutz não
poderia ser místico
— nem a agricultura clássica. Começou então a revolução
tecnológica: economizar mão-de-obra (inclusive para a
guerra da independência), aumentar a
produtividade de
qualquer maneira, elevar o nível cultural para
tornar pos-
sível a absorção das novas técnicas: adubos químicos, cul-
tivo experimental, conhecimento do mercado. Hoje, o
kibutz realiza uma agricultura avançada, o mesmo nível
da Califórnia ou de qualquer
lugar desenvolvido; sua pe-
cuária é igual à da Holanda — a mais adiantada do mun-
do. Supre hoje as necessidades de alimentação do país
e
exporta muito — uma boa parcela
dos 2 bilhões de dóla-
res anuais obtidos no comércio externo de Israel.
A atual revolução do kibutz é industrializar-se, sem per-
der suas características. A mecanização total da lavoura
liberou mão-de-obra e tornou possíveis maiores gastos
com
a educação. A atual geração já pode retornar à universi-
dacje —
paga — e escolher carreiras fora da agricultura,
fora das necessidades econômicas até, mas é preciso que o
kibutz se aparelhe para receber de volta os jovens que
saí-
ram para estudar eletrônica, por
exemplo. Do contrário, o
kibutz se esvaziará. O fundamental é evitar — com o de-
senvolvimento industrial — mão-de-obra assalariada nas
fábricas.
A guerra no primeiro
dia
No seu primeiro dia de aula, Claude chegou à escola e
ficou impressionado com aquela casinha pequena ao lado
do parque. Era o abrigo antiaéreo, primeiro
contato do me-
nino com a guerra.
Manifestou sua reação imediatamente
quando a professora
deu-lhe papel e tinta e deixou-o à
vontade. Seu primeiro quadro: homens de espadas enor-
mes e índios de filme de cowboy. Seus novos colegas riram
muito. Para êles, a guerra é um assunto bastante claro, e
seus desenhos não mostram coisas românticas como es-
padas e índios. São Mirages descarregando bombas, tan-
ques camuflados reproduzidos com todos os detalhes, Migs
ameaçadores. Mesmo os meninos da idade de Claude sa-
bem que guerra é negócio serio, que
matou cinco rapazes
do kibutz. Êles recebem lições, aprendem a reconhecer mi-
nas, para não apanharem alguma que
encontrem no chão.
A guerra
é uma rotina. A defesa faz parte do currículo.
Uma casa sem cinzeiro
A classe de Claude funciona na sala principal de uma
casa onde moram treze crianças de ambos os sexos. São
205 garotos no kibuiz e têm suas próprias
casas. Com de-
coração infantil, cadeiras menores, pratos mais delicados.
Não há um único cinzeiro pelas salas. Os moradores não
reclamam. _ .
A primeira casa é a dos recém-nascidos. Quando a mae
volta da maternidade, fica sem trabalhar seis semanas, e
uma encarregada de bebês, com curso de puericultura,
man-
tém-se à sua disposição o tempo todo. Cuida do bebe, de
SEGU t
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A economia do
kibutz é bem
diversificada.
O trabalho ali
mobiliza tanto
o instrumento
simples da
agricultura
como a
máquina
pesada da
indústria. A
economia
está em
permanente
expansão.
A educação vem do berço: tudo é coletivo.
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sua roupa, orienta em tudo. Durante os cinco meses se-guintes, a mãe só trabalha quatro horas por dia, passandoo resto do tempo com o filho. A primeira e a última refei-ção de cada dia, até o fim do primeiro ano de vida dascrianças, são dadas pelas mães. No dia de folga da encar-regada, elas dão um plantão na casa onde estiver seu filho.
Já nessa idade, o bebê se submete às normas do com-
portamento coletivo: seu berço fica próximo a outros trêsou quatro, o horário de refeição é igual para todos, ospasseios, banho, tudo é coletivo. A encarregada da casa— que recebe orientação constante dos técnicos no assun-to — é ajudada por moças de catorze a dezoito anos, quetrabalham em horários que não prejudicam a escola.
Aos dois anos, a criança já vai para o peniquinho namesma hora que as outras, guarda sua toalha após o ba-nho, deixa o chinelo no lugar exato. Aos três, escolhe sua
própria roupa, veste-se sozinha, deixa a roupa suja nosaco que vai para a lavanderia coletiva; aos cinco, seisanos, prepara a salada do seu almoço; aos dez, lava a pró-pria louça. Aos doze anos, começa o trabalho "externo":
ajuda na colheita de laranja, serve no refeitório coletivo —
pois as pequenas cozinhas de cada casa só servem paraum jantar íntimo quando o casal tem algum motivo, po-dendo então preparar bolos e tortas. Os ingredientes ne-cessários vêm da despensa coletiva.
A partir dos quatro anos, as crianças jantam com os paisno refeitório. Aos catorze, almoçam também, já então porconta própria. Aos quinze, ganham casas particulares paratrês, sob a supervisão de um encarregado. Mas aí já têmliberdade para ir sozinhos à cidade, vão dormir à horaque quiserem, são independentes — sem exageros. Aosdezoito anos, rapazes e moças vão para o Exército. Salvoos portadores de defeitos físicos, que mesmo assim tentamescondê-los dos médicos para serem aceitos. Retornam trêsanos depois, adultos. Ou não retornam: os soldados saídosdos kibutzim são os mais famosos de Israel, pois, na últimaguerra, 25 por cento das baixas foram de kibutzim, es-tando 4 por cento da população mobilizada.
Ê o tipo de vida — dizem todos em Israel — que osfaz melhores soldados: vão com um nível cultural bastantebom, quase todos concluíram o científico, têm capacidadede comando, são solidários e voluntários.
No cemitério de Bror Chail, eles têm cinco túmulos. Oprimeiro dos que morreram foi Isaquinho, dezoito anos.Na guerra do Sinai, em 1955, silenciou um ninho de me-tralhadoras, morrendo para seu grupo avançar. Sua últimafrase, o polegar para cima:
Venham. O caminho foi limpo.
Não são robôs
A educação coletiva não cria robôs. liana, mãe de doisfilhos, especialista de educação do kibutz, afirma:
Não pretendemos criar homens diferentes, nem es-tamos fazendo experiências teóricas com nossos filhos.Queremos educá-los para um tipo de vida que escolhemose estamos implantando. Educá-los para que tenham inde-pendência e autoconfiança, para que escolham formas maispuras de vida, mais justas e progressistas. Nossas escolas,nossa educação não se isolam do resto da vida. Há umaintegração total com a maneira de viver no kibutz. Aqui,não ensinamos o menino a decorar lições, mas a pensar, aviver, a saber por que trabalhar, por que viver. Nossaeducação é profundamente humana. Os educadores cum-prem ao mesmo tempo uma tarefa social. Educar os jo-vens é uma responsabilidade de toda a comunidade, e nãoapenas dos pais.
126
A prioridade que o kibutz concede à educação está na KIBUTZ
quantidade de pessoas que trabalham no setor: há cinqüen- continuaçãota elementos trabalhando na agricultura e mais de cin-
qüenta na educação, sem contar os professores da escolaregional. Os encarregados da educação, inicialmente, nãotinham grande capacidade técnica: umas poucas pessoasorientavam o trabalho das demais, que sabiam tanto quantoo comum das mães. Houve uma preocupação de interes-sar as mulheres para encararem o serviço com as criançascomo uma carreira, como possibilidade de realização pro-fissional. Há cursos, conferências, seminários, um cons-tante aperfeiçoamento do quadro de educadores. Léa, Ila-na, Marion são técnicos de educação de alto nível — mi-nistram conferências em Telavive, recebem do kibutz meios
para acompanhar o que acontece no setor em todos os
países. A estante de Léa — em cinco idiomas — dá um
quadro atualizado da psicologia infantil, dos métodos maismodernos de educação em todo o mundo. Embora ela eas demais pessoas do kibutz frisem sempre:
Aqui, não seguimos métodos de ninguém. O funda-mental em educação é ter consciência do que queremosser, do que queremos fazer de nossas vidas. As experiên-cias dos outros podem abrir-nos soluções técnicas, capaci-tar-nos para uma melhor orientação. Mas a prática é queorienta a teoria: educamos para a vida socializada,coletivista.
Marion conta que durante a Guerra dos Seis Dias umaeducadora americana que visitava o kibutz ficou chocadacom o sofrimento das crianças nos abrigos antiaéreos.Protestou:
Vocês não estão vendo isso? Por que não evacuamas crianças?
Evacuai para onde? À frente, a 8 quilômetros, fica a
fronteira inimiga. Atrás, a poucos quilômetros, fica o mar.Temos que permanecer aqui. Só temos esta escolha. Nossassoluções têm que levar isso em conta.
É tudo "nosso"
O sentido coletivista na educação kibutziana provocou,certa vez, um exagero. Às 4 da tarde, quando os pais fo-ram apanhar o filho na casa-escola, o menino queixou-se:
Mamãe, nossa barriga tá doendo.Isso é contado como piada em Bror Chail, mas simbo-
liza a vida em grupo. Desde os primeiros dias de vida, acriança tem uma convivência social que a diferencia dasque são educadas individualmente. Não adianta o filho dodiretor da fábrica pedir dinheiro ao pai: êle não terá. (Osadultos do kibutz recebem uma verba pessoal equivalentea 150 cruzeiros novos por ano, para as despesas pessoaisnão programadas — todas as despesas previstas são pagaspelo kibutz, essa verba é quase um símbolo de liberdaceindividual.) A roupa do filho do jardineiro é igual à dofilho do arquiteto. As casas dos pais são iguais, os móveistêm o mesmo valor. Suas camisas podem ser escolhidaspelas mães, mas são fornecidas pelo kibutz, em quantida-des iguais para todos. E ficam guardadas num grandearmário coletivo, como as botas para a chuva, os brinque-dos, tudo. As relações das crianças com os pais não en-volvem questões financeiras: o menino sabe que nãoadianta fazer manha para ganhar uma bolsa nova. Ela seráfornecida segundo as necessidades.
Quando a criança sai do primeiro ano, vai de ônibuspara a escola regional, construída pelos onze kibutzimpara suas quinhentas crianças em idade escolar. Do se-gundo ano até o científico, estudam juntas. Ê uma escolabem aparelhada, com mais de sessenta professores, especia-
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Ninguém pensa em Mustang, só em Miragelistas em fonoterapia, psicologia em educação de retarda-dos, com classes especiais para os atrasados e os supera-diantados — há uma classe para dois alunos que se desta-caram em matemática. Sem notas — para evitar a com-petição —, mas com estímulos individuais que contamdesde a qualidade do trabalho até o esforço pessoal: ficarmais tempo estudando conta ponto mesmo que haja errono trabalho. Os livros são coletivos, fornecidos no começodo ano e devolvidos no fim das aulas. A criança não osrasga porque tem uma responsabilidade social. As aulassão orientadas para o interesse dos alunos. Quando todosos kibutzim estão exportando laranjas, os professores têmmais facilidade de explicar o comércio, ou mesmo a fun-ção da clorofila. Há laboratórios de física, química, cursosde educação sexual — que incluem uso de anticoncepcio-nais para evitar os casos de mães solteiras — aulas deeconomia doméstica para as moças, e de mecânica para osrapazes.
O "kibutz" satisfaz a vontade
Mas a vida assim não é monótona, Alfred?Alfred é um rapaz de dezoito anos incompletos, está
concluindo seu curso secundário para ir para o Exército.Não. Eu tenho liberdade para fazer o que quiser.
A vida dos meus amigos da cidade é muito mais monótonae sem sentido. Imagine que no domingo um amigo meunão pôde ir para o teatro com a namorada porque nãotinha dinheiro. Isso é ridículo.
Mas nunca deu vontade de largar tudo e começaroutra vida fora?
Eu creio que, em qualquer situação, as pessoas sen-tem isso. Mas, quando a gente pensa, faz um balanço, vêque gostaria de levar para a outra vida muita coisa quesó existe no kibutz. Acabo ficando.
Você não tem vontade de ter um carro, porexemplo?
Dá vontade de dirigir um carro, de possuir, não,pois o kibutz me satisfaz a vontade.
No momento que o jovem, do kibutz ou não, enfrentaaquelas indagações da juventude, sente necessidade de seafirmar, deixar-se levar pela aventura, aí entra o Exército.O jovem do kibutz não se sente frustrado por não possuirum Mustang, quando êle gosta de velocidade, porque oExército lhe oferece um Mirage. Como todo mundo serveno Exército, e por um tempo longo — três anos —, o ser-viço militar é uma passagem para a vida adulta, umaprocura de caminhos, de profissão, de maneira de viver.Em última análise, uma válvula. Quando êle retorna à vidacivil, casando ou não, entrando ou não na universidade,já teve chance de escolher o que queria. E a grande maio-ria dos jovens do kibutz retorna para a mesma vida apóso serviço militar. Na maioria das vezes, trazendo a noiva.
Essa independência do jovem do kibutz inclui sua vidasexual. Pode morar com sua noiva o tempo que quiser,o fato de casar ou não nunca é questionado pela coletivi-dade, embora o kibutz, sendo uma espécie de aldeia, pu-desse forçar um comportamento moral tradicionalista.
A profissão ó indiferente
Claude dizia que iria ser arquiteto, mas aqui certamentese esquecerá disso. As crianças do kibutz não têm a menorurgência na escolha das profissões. O que todos os meni-nos e meninas sabem com bastante clareza é que vãoservir ao Exército. Vão lutar.
— E se a guerra acabar, Alfred? Se o serviço militar
deixar de ser obrigatório, se fôr conseguida a paz com os KIBUTZárabes? continuação
Ai será ótimo. Mas não adianta pensar nisso, a rea-lidade acaba frustrando qualquer otimismo. É melhor sepreparar para a guerra; quando a paz "surprender" osplanos da gente, será ótimo.
O que você pretende ser? Afinal você já tem dezes-sete anos. . .
Você acha que um sujeito com dezessete anos játem o conhecimento suficiente de vida para fazer uma es-colha? Eu ainda não sei como vai ser a vida no Exército,o que vou aprender nos próximos anos. Melhor deixarpara decidir depois.
Alfred simplesmente pode escolher ser vaqueiro. Aigualdade do valor do trabalho proporciona esses "exage-ros" de romantismo, que na vida do kibutz é uma escolhaprática e funcional. O vaqueiro se realiza profissionalmen-te: o valor do seu trabalho é reconhecido pela comunidadeno mesmo nível do economista, do prefeito. Êle não seafastará do nível cultural médio, porque a pecuária dokibutz tem o grau tecnológico das granjas holandesas: as130 vacas leiteiras do Bror Chail produziram nos últimosdoze meses um total de 850 000 litros de leite, o que re-presenta uma produtividade média de 6 500 litros porvaca. O vaqueiro só consegue isso lendo tudo o que aparecenos Estados Unidos, na Holanda ou na França sobre pe-cuária leiteira. A inseminação artificial exige conhecimen-tos de genética. Êle é um vaqueiro-técnico.
O rapaz também pode decidir ser jardineiro. Leão, irmãodo maestro brasileiro Isaac Karabtchevski, é um homemfeliz: cuida dos 15 hectares de gramados do kibutz, fazexperiências com flores e árvores trazidas de fora, estudaarquitetura paisagística e vai fazer um curso sobre sua es-pecialidade no exterior. O kibutz pagará porque é investi-mento: êle vai-se tornar o Burle Marx de Israel e contri-buirá com a comunidade.
A terra e a água
Chico é tratorista. No dia da Festa das Águas estava felizda vida porque tinha acabado a colheita de algodão nodia anterior e pela manhã fora a Telavive escolher seu ho-rário de aulas na universidade. Chico está no kibutz hámais de quinze anos, é gaúcho, abandonou seus estudosno meio para construir o Estado de Israel. Durante todoesse tempo — está casado, tem dois filhos — foi tratorista.Passou o mês de outubro em cima da colheitadeira de algo-dão, trabalhando duro como qualquer tratorista do mundo.A mecanização permite retirar um homem da agriculturano próximo ano. Chico propôs à Assembléia Geral dokibutz o seu problema: queria voltar a estudar, fazer filo-sofia. A Assembléia discutiu o problema de todos os can-didatos à universidade, havia uns quinze, as previsões fi-nanceiras permitem pagar os estudos de onze membros esteano. Chico foi incluído entre os escolhidos. Até concluiro seu curso, a comunidade o mantém em Telavive, êle vempara casa só nos fins de semana, durante as férias trabalha-rá normalmente, sua família manterá o mesmo padrão,Chico vai realizar-se profissionalmente noutro setor: seráprofessor, conferencista, escritor, político. Durante os anosem que foi tratorista, a vida do kibutz permitiu que Chicoassistisse a vários cursos de semanas ou meses na cidadepróxima, recebesse livros, estudasse a obra de Sartre, Al-thusser, Marcuse. O tratorista Chico — chapéu de pano,sujo de óleo, queimado de sol — tem uma biblioteca exten-sa em sua casa.
No ano que vem, provavelmente será a vez de Bernardo,SEGUE
128
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O átomo é um sonho
o encarregado da irrigação: mesmo sem universidade, sua
vida e a dos outros trabalhadores da irrigação melhoraram
muito êste ano. O kibutz tem uma cota de água, fixada
pela companhia estatal que
tem o monopólio da água no
Estado de Israel. A cota é rígida, seu aproveitamento ra-
cional: mais do que
a terra, é o ponto
de partida para
o
aumento da produção, o
progresso do kibutz, a melhoria
do padrão
de vida coletivo. A irrigação convencional, feita
geralmente de noite para
evitar o desperdício da evapora-
ção, exigia de Bernardo e de outros acordar em horas avan-
çadas para ligar ou desligar os bicos. O kibutz agora com-
prou relógios que
desligam automàticamente quando é
atingida a cota fixada. Os encarregados da irrigação po-
dem dormir mais tranqüilos, não haverá desperdício. E
Beraley Rosemblat, o agrônomo — hoje uma das autori-
dades científicas da região, mas antigo tratorista também
—, pode
utilizar melhor a cota de água para aumentar
as áreas de cultivo.
Os números do kibutz
Êste ano, os 140 hectares de algodão produziram 600
toneladas — é recorde mundial de produtividade. O algo-
dão de Bror Chail é beneficiado numa fábrica construída
pelos onze kibutzim da região. O algodão que Chico co-
lheu na quinta-feira
— 400 quilos em cada dez minutos
foi levado para o centro de beneficiamento e, na se-
gunda-feira, já estava no
pôrto para embarque. Sem inter-
mediários. O algodão foi a lavoura que
rendeu mais —
600 000 000 de cruzeiros novos. A produção de laranjas,
para exportação, rendeu 390 000 000. Trigo, 265 000 000.
Beterraba, 100 000 000. Essa, aliás, é uma cultura antieco-
nômica, que
o Govêrno subsidia por
motivos estratégicos:
o país
não pode
viver sem açúcar num caso de bloqueio.
A criação de galinhas
— o centro regional dos onze
kibutzim possui um matadouro
para aves —
rendeu
420 000 000 de cruzeiros velhos. Cenoura, 220 000 000.
O balanço do kibutz nos últimos doze meses — o ano é
calculado no fim da colheita, em outubro — apontou um
faturamento global de 3 000 040 cruzeiros novos. Foi um
ano bom.
Dove Rosenthal, o planejador econômico de Bror Chail
entrou em Israel muitos anos atrás, refugiado, vindo do
Egito —, anunciou os dados da última safra no dia da Fes-
ta das Águas. Foi bastante otimista e está feliz pela
vitória
da sua campanha de produtividade. Há um ano, lançou o
slogan, pintado nas
paredes, por tôda
parteí +5-5. Houve
alguma gozação, porque mais cinco menos cinco é igual a
zero. Mas êle queria 10: mais cinco
por cento de produti-
vidade, menos cinco por cento de desperdício. Conseguiu.
A área total do kibutz é de 1 200 hectares. A água só
é suficiente para plantar 300 hectares. Outros 300 são
de lavouras extensivas, que dependem da chuva: trigo,
feno, sorgo. A cota de água do kibutz é 1 500 000 metros
cúbicos por ano,
que custam 30 000 000 de cruzeiros ve-
lhos. É preciso aproveitar ao máximo.
O grande sonho do kibutz, e de tôda
gente de Israel, é
a central atômica que pode dessalinizar a água do mar.
Mas o investimento custará uns 400 000 000 de dólares.
Só será construída quando se conseguir a
paz. A paz aqui
tem muito que
ver com água.
A fábrica sem salários
Resta ainda uma fonte de renda do kibutz: a fábrica.
Logo na entrada de Bror Chail há uma moderníssima, de
desidratação de verduras, para exportação. Tôda a
pro-
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Salário é
problema
dução de cenoura do kibutz foi vendida à fábrica. Dos
arredores chegam grandes quantidades
— ela fatura mais
de 1 000 000 de dólares por ano, exportando.
Nahum Fassa, diretor-presidente da fábrica, é um sim-
pies membro do kibutz. Tem as regalias
que seu cargo exi-
ge nos contatos externos, mas seu padrão
de vida é exata-
mente igual ao do velhinho que
serve o café no refeitório.
A fábrica foi planejada
e construída pelo
kibutz, que possui
25 por
cento de suas ações. As restantes estão com com-
panhias estrangeiras e nacionais — do Estado. O principal
problema de Nahum não é de origem econômica: a fábrica
está conseguindo entrar no mercado de Los Angeles — o
que é uma grande
vitória. Já exporta para
mais de doze pai-
ses e começou a ser ampliada para
atender à demanda.
Chega logo aos 2 000 000 de dólares/ano. O problema é o
trabalho assalariado: Nahum e a Assembléia Geral —
que é a direção do kibutz — acham
que isso contraria a
ideologia do movimento, recorreram à distribuição de
lucros com os 170 operários, puseram dois representantes
dêles no Conselho Diretor, mas continuam lutando para
extinguir o trabalho assalariado na fábrica. E há pressão
de muitos membros do kibutz. O caminho encontrado por
Nahum já
está em execução: automação a qualquer eus-
to e emprêgo de gente do kibutz treinada
para trabalhar
com equipamentos eletrônicos. Nos próximos cinco anos
espera anunciar à Assembléia que
o princípio dos
pionei-
ros voltou a ser mantido: "Todo
salário é uma forma de
exploração inaceitável pelo
kibutz". Independentemente
dessa disposição, 28 membros do kibutz são assalariados,
ou recebem remuneração em atividades externas. Dentre
êles estão: Sagüi, um dos três arquitetos, é empregado nu-
ma indústria de pré-fabricados; Carmela, sua esposa,
que
não é assalariada, mas recebe dinheiro de suas atividades
de violinista e professora de música; Peter, que é o
quí-
mico industrial da fábrica; o próprio Nahum, um ator de
teatro que
trabalha numa das melhores companhias de
Telavive e mora no Bror Chail; Elias — o único mímico
de Israel, com curso de dois anos em Paris financiado
pelo kibutz —,
que entrega no caixa todo o
produto de
suas atividades artísticas; Benjamim, pintor com exposi-
ções individuais em vários países.
No sábado há festinhas no kibutz, as conversas
prosseguem tranqüilas no clube, na sala de música, na ca-
sa de madeira que abriga os voluntários de outros
países,
rapazes e moças em férias que procuram o kibutz mais
por aventura. Mas, esta noite, Vitorio, o arquiteto, des-
pede-se do seu colega francês, apanha a metralhadora na
casa de armas e vai dar seu turno de guarda. Hoje, isto
é quase uma rotina,
porque o Exército israelense ocupa
a faixa de Gaza. Mas, antes da Guerra dos Seis Dias, a
guarda era realmente uma atividade militar: o kibutz fica
a poucos quilômetros da fronteira.
Hoje, Vitório é guarda. Outro dia, êle estava na co-
zinha lavando pratos, quando recebeu uma visita. Não
deu tempo nem de tirar o avental. O visitante achou
aquilo meio estranho, mas de qualquer maneira cumpriu
sua tarefa: era o ministro da Habitação, e vinha convidar o
lavador de pratos para dirigir o Departamento de Arqui-
tetura em seu Ministério.
Vitório, um arquiteto com
prêmio em Bienal, pode
ser feliz lavando pratos numa aldeia agrícola, à sombra
da guerra?
Pode. Eu vivo feliz. um
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Família Royal deseja a V e aos seus
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SURPRÊSA
<& DE NATAL
3 pacotes de Pudim
Royal, sabores: cereja,
baunilha e chocolate.
6 xfc .(11/2 litros) de leite.
Prepare cada pudim
com 2 xíc. de leite, de
acôrdo com as
instruções do pacote.
Deixe esfriar, mexendo
de vez em quando para
não ocorrer a formação
de película.
Em recipientes de
vidro: taças, copos
BÓLO ALELUIA
3/4 xíc. (160 g) manteiga
1/3 xíc. (220 g) açúcar
3 ovos (180 g)
1/2 xíc. (300 g) farinha
de trigo
2 colh. (chá) de Fermento
em Pó-Royal.
1/2 colh. (chá) de sal.
1/2 colh. (chá) de
noz-moscada ralada.
1 colh.(chá) canelaempó.
colh.(sopa)cacauempó.
1/3 xícara de rum ou
vinho do Pôrto.
xíc. (350 g) frutas
cristalizadas picadas.
1 xícara-de passas (170 g).
1 xíc. (120 g) nozes
içadas.
ata a manteiga e o
açúcar em creme. Junte
os ovos um de cada vez,
batendo bem. Acrescente
os ingredientes secos
seneirados juntos e o
íquido. Misture bem.3olvilhe
as frutas, passas
e nozes com farinha de
trigo e junte-as à massa,
misturando
cuidadosamente.
Coloque em fôrma
desmontável (25 cm)
forrada com papel
impermeável untado.
Asse em forno bem
moderado,
por 1 1/2
horas.
Cubra
com glacê
branco
e enfeite
com
cerejas.
gelar. Desenforme,
enfeite com as frutas
restantes e sirva com
calda de caramelo.
JÓIA DE NATAL
pacotes de Flan Royal.
xícaras de leite.
xícara de frutas
cristalizadas picadas.
colh. (sopa) de licor
de cacau.
Prepare o Flan, de acôrdo
com as instruções do
pacote. Adicione 1/2 xíc.
de frutas cristalizadas
e o licor. A mistura
endurece ao esfriar.
Coloque em fôrma bem
caramelada e leve para
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Feliz Natal e próspero Ano Novo
ou pirex, arrume-os emcamadas.Enfeite com cremechantilly e sirva.
Royalpo para pudim
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4 pacotes de GelatinaRoyal, sabores: morangolimão, laranja e abacaxi.41/2 xíc. água fervente.1/2 xícara de açúcar.1 lata de creme de leite.Prepare cada gelatina(morango, limão, laranja)com 1 xíc. de água.Corte-as em cubinhos.Dissolva a gelatina deabacaxi na água restante.Misture bem os demaisingredientes. Deixe esfriar.Arrume alguns cubinhos
em fôrma ligeiramenteuntada e cubra-os coma gelatina. Deixe gelar.Acrescente a mistura eos cubinhos restantes.Desenforme e sirva.
Royal
è^MANJAR DO CÉU2 pacotes de ManjarRoyal.4 xícaras (1 litro) de leite.1 xícara de uva-passasem sementes.
Misture o conteúdodos pacotes de manjare o leite. Leve ao fogobrando, mexendosempre. Acrescente aspassas e deixe ferverpor 5 minutos.Coloque em fôrma,previamente molhada
e deixe gelar.Desenforme e sirvacom ameixas pretas emcalda e cerejas.
PELO NATAL ENO ANO NOVOVÁ DE ROYALQUE VAIMELHOR
F@RFLEISCHMANN
ROYAL
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O Editor Técnico de Oualro Rodas, Expedito Ma-
razzi, revela o que
nào se vè no Salao do Auto-
móvel. Há<uma corrida entre as fabricas para
con-
quistar o consumidor, cada vez mais sofisticado.
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CARROS CONTINUAÇÃO
Na luta
pelo
mercado, só
quatro
fábricas sobraram
O
Sr. João da Silva foi visitar o Salão do Automóvel
logo no dia da inauguração. Percorreu todos os
stands, olhou e namorou todos os carros. Ao chegar
em casa, quando a mulher lhe perguntou se, afinal,
tinha escolhido o nôvo carro da família, êle teve de negar:
— Tem tanta coisa nova, minha filha, tanta coisa diferente,
que eu não sei se é melhor pensar bem ou escolher depressa.
A reação do Sr. João da Silva é bem a síntese da perplexi-
dade do mercado brasileiro, diante da ofensiva que as fá-
bricas desfecham para conquistá-lo. Até poucos meses atrás,
o comprador tinha à escolha quatro ou cinco modelos, com-
preendidos bàsicamente em três faixas. Agora, pode ter os seus
caprichos, pois as fábricas se dispõem a satisfazê-los. O fre-
guês brasileiro se tornou tão importante como o de fora. Ê
preciso tentá-lo, adulá-lo, conquistá-lo.
As bossas para essa conquista utilizam a experiência de
Detroit e outros grandes centros da indústria automobilística
mundial, mas não resultam apenas disso. As fábricas bra-
sileiras já produziram mais de 1 milhão de veículos e, pela
própria experiência, sabem avaliar o gosto, o interêsse e o
poder de compra do consumidor. E fazem tudo para influen-
ciá-lo, levá-lo a comprar o carro x, e não o carro y. A me-
lhor prova disso: o comprador do próximo ano terá de op-
tar entre dezessete modelos — o que
não será fácil, se êle
não tiver uma idéia precisa do que pretende num automóvel.
No Salão do Automóvel, o Sr. João da Silva não encon-
trou velhos conhecidos, como o Gordini e o DKW, que
acabaram mesmo. Mas em compensação viu carros de todos
os tipos, de todos os tamanhos e de todos os preços, desde
o sedã Volkswagen tão familiar, o mais barato do mercado,
até os imponentes Galaxies da Ford, os de preços mais
altos. O Sr. João saiu tonto da mostra. Disse à mulher:
— Sabe de uma coisa? O melhor é você ir lá comigo.
Longe mas não muito
O interêsse do Sr. João da Silva pelo Salão do Automóvel
cresceu de intensidade nos últimos meses, quando êle começou
a receber os apelos de vendas das fábricas. Ao passar por
um ponto central de sua cidade, foi atraído por imensos
cartazes que anunciavam o nôvo Chevrolet Opala. Lá esta-
vam figuras muito conhecidas, o Rivelino do Corinthians, a
Tônia Carrero do teatro e da televisão e o Jair Rodrigues
de tantos festivais de música, a proclamar que o Chevrolet
Opala "é
sensacional". A mensagem veio ao encontro de seu
desejo: há muito êle pensava num carro nôvo, e maior.
Muitos meses antes, o Sr. João da Silva já
estava com suas
preocupações voltadas para
os novos carros. Nos jornais e
nas revistas, especializadas ou não, êle notou que havia sem-
pre uma caça de furos, notícias novinhas acêrca dos lança-
mentos programados pelas fábricas de automóveis. As fotos
tremidas ou tiradas de ângulos desfavoráveis só faziam agu-
çar mais e mais sua curiosidade. E de vez em quando alguém
soprava em seu ouvido: "É
êste o novo carro da fabrica tal .
Tudo parecia longínquo, a impressão era a de que
faltava
ainda muito tempo para que os novos carros chegassem. En-
quanto isso, o Sr. João comentava com os amigos qual
seria o
melhor, o mais econômico, o mais rápido, qual compraria.
De repente, no Salão do Automóvel, êle encontrou os car-
ros que já vieram e os que
estão por vir já. Foi um choque.
Não esperava ter de fazer uma escolha tão imediata.
As fábricas, faça-se um parêntese, agora não são tantas co-
mo há alguns anos. No início do segundo decênio da in-
dústria automobilística, grandes transformações se opera-
ram no setor. Na virada, ficaram apenas as quatro grandes:
a Volkswagen, a Ford, a General Motors e a Chrysler. Foi
uma evolução até certo ponto esperada e natural, sob o
efeito de uma espécie de lei de sobrevivência dos mais aptos.
A Willys, em verdade, foi uma exceção a essa lei. Ela
foi absorvida pela Fortf por causa da transação internacio-
nal entre a emprêsa americana e o Grupo Kaiser. Como de-
corréncia do negócio, a Ford do Brasil absorveu a Willys
do Brasil. Do ponto de vista do mercado, a mudança não teve
grande influência. Enquanto foi presidente da Willys, Wil-
liam Max Pearce teve o discernimento de prever o futuro do
mercado brasileiro. E resolveu entrar de corpo e alma no
Projeto M, carro médio de baixo preço para atacar o Volks,
de cima para baixo. Quando chegou, a Ford reconheceu que
o carro, já pronto, era bom, tão bom — ou talvez melhor
— quanto o afamado Ford Cortina. O Projeto M não foi des-
prezado: apenas se transformou no Ford Corcel.
As fábricas que restavam tiveram de atentar ainda para as
exigências do consumidor. Por exemplo: uma modificação
dos padrões, ditada por um fenômeno. Depois de pràticamen-
te banidos nos primeiros anos da indústria nacional, os carros
estrangeiros, importados, começaram a voltar. Era o sintoma
de que o comprador brasileiro queria
novidades. Estava mais
sofisticado. Mesmo sem querer admitir, passou a conhecei
os automóveis, avaliar seu desempenho, compará-lo. é cada
vez maior o número dos que sabem que a velocidade indi-
cada pelo velocímetro não é real. Os 100 quilômetros por
hora lá mostrados geralmente são um pouco menos.
Um fator doméstico foi também considerado pelas fábricas.
A garotada passou a influir mais do que nunca na compra
que o pai faz, especialmente quando
se trata de automóvel.
O pai não quer comprar um carro que
o filho possa classi-
ficar de "quadrado".
Por extensão, também êle poderia ser
considerado "quadrado"
pelo filho.
Que carro comprar?
Por êsses e outros motivos, a indústria automobilística faz
um esforço permanente para se atualizar. No Salão do Auto-
móvel, mesmo sem ter chegado a uma escolha, o Sr. João
da Silva concluiu com uma ponta de vaidade que aquêles
carros, os nossos carros, não fariam feio — muito feio,
pelo menos —
em qualquer salão de automóveis do mundo.
O primeiro cuidado do Sr. João da Silva, ao escolher o
carro que vai comprar, é fazer uma lista de prioridades.
— Ah! Isto é fácil.
Parece fácil, mas não é. Muita gente vive jurando que
não
se importa que o seu carro não corra,
"afinal, carro é um
instrumento de trabalho", "a
velocidade máxima permitida
é só 80 por hora", etc. No entanto, êsse mesmo cidadão
acaba multado por excesso de velocidade quando pilota —
êste é o têrmo — o carro mais possante que pôde comprar.
Existe também o cidadão que manda envenenar o motor,
instala freios a disco, rebaixa a suspensão, guia sempre de
luvas, lê tudo quanto é revista ou coluna especializada em
automóveis, e depois não é capaz de fazer uma curva sequer
próxima ao limite de aderência. E o tipo que gosta de apa-
recer e diz que
"dinheiro foi feito para gastar", mas quer
logo vender o seu Esplanada quando descobre que êle está
gastando 1 litro de gasolina em 4
quilômetros. E o tipo que
considera a economia como "o
mais importante dos fatores",
mas faz no carro adaptações que terminam por
aumentar o
consumo de gasolina.
Em sua lista de prioridades, o Sr. João da Silva, que não
é nenhum desses tipos, levará em conta outros fatores. Se
a família é composta por êle, a mulher e dois ou três filhos,
precisa de um carro em que possa
instalar todo o seu pessoal.
Se a família gosta de viajar, passar fins de semana fora, o
carro deve ser confortável o suficiente para fazer longas^ via-
gens; exigir pouca manutenção; possuir
reserva de potência
suficiente para ultrapassagens seguras, etc. Além disso, pre-
cisa ter estabilidade, manobrabilidade absoluta, freios ultra-
eficientes, dimensões externas reduzidas e internas amplas. ^
À base dessas prioridades, poderá fixar-se em dois ou três
modelos. Entre êsses, a decisão final dependerá de preço, con-
dições de pagamento, prazo de entrega, garantia,
etc. Além
da opinião do garoto, que não quer
"um carro quadrado".
Na disputa do mercado, as fábricas serão tentadas a fazer
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m.,-M.,< «xcluiivotidli Ha43 ¦. TF.-- r ,. M-UX.
CARROS CONTINUAÇÃO
Um conselho: não dê
ouvidos aos boatos.
uma comparação direta entre os produtos concorrentes, a
exemplo do que acontece nos Estados Unidos e na Europa.
No lançamento oficial do Corcel, a Ford-Willys já demons-
trou que poderá adotar êsse tipo de publicidade, pois fêz então
uma alusão direta ao Volkswagen. Em breve, todas as fábricas
talvez sigam o mesmo caminho. O Sr. João da Silva não deve
assustar-se com isso: cada fábrica passará a agir como fiscal
das outras, e quem ganhará com isso será o consumidor.
O importante é não dar ouvidos a certo tipo de boatos,
porque em tempo de guerra boato é como terra. Êles surgem
não se sabe como, mas se disseminam com rapidez. Quem
conhece um pouco da breve história da indústria automobi-
lística do Brasil sabe como um boato ganha foros de verdade
e corre mundo. Os exemplos são inúmeros. Dizia-se que o
Aero-Willys fundia se "fosse
apertado na estrada". Que os
freios do DKW "acabavam
na descida da serra". Que o Volks-
wagen 1964 tinha "o
motor e o diferencial defeituosos".
Que o Simca era "o
Belo Antônio". Chegava-se a afirmar:
Olha, o carro x só é bom em ano ímpar. Em ano par,
nem de graça!
Como manda a tradição, já começaram a circular boatos
sôbre o Corcel, o primeiro dos carros novos a ser lançado.
O cidadão chega solene e diz muito sério:
Fulano, você sabe que o Corcel, se fôr mantido por mais
de meia hora a 60 quilômetros por hora, em estrada ruim.
desmorona a suspensão dianteira?
Ou esta:
Pois é, suspenderam a produção do Corcel. O motor
estava saindo com defeito. Eu sei porque tenho um primo que
trabalha lá.
Quem conta um conto aumenta um ponto. Uma simples
informação é passada adiante deturpada. A respeito do Volks-
wagen 1600, há cidadão bem informado que jura que o carro
"vai deixar de ser produzido", porque a Volks da Alemanha
teria encontrado uma série de defeitos no protótipo. O ci-
dadão ignora que um protótipo é submetido a testes precisa-
mente para que sejam apurados seus defeitos. Se êles não
existissem, não haveria necessidade dos testes.
O Sr. João da Silva tem de se imunizar contra boatos dêsse
e de outros tipos. Porque poderão afastá-lo do carro que seria
o melhor para êle e para a sua família.
Mudar ou não mudar
O Sr. João da Silva está preocupado em saber se o nôvo
carro é tão bom ou melhor que o seu automóvel usado. Ao
comprar o nôvo, êle terá de vender o carro que possui. Então,
precisa calcular bem o que o seu carro pode oferecer-lhe, sa-
ber como está a sua conservação mecânica, apurar o preço
que êle pode alcançar na revenda.
wSe êle adquiriu recentemente um Aero-Willys, não é ne-
gócio comprar já um Corcel, apenas pelo prazer de mudar.
Se quiser um carro menor, êle pode comprar o Corcel, mas
quando o seu Aero-Willys tiver rodado uma quilometragem
suficientemente elevada para compensar a sua depreciação.
Nem deve incorrer no equívoco de ficar pensando que o
carro x deixará de ser fabricado, porque apareceu um nôvo
padrão, como ocorreu com o Gordini. Um problema que deve
levar o Sr. João da Silva a refletir: o que aconteceria se os
10 milhões de compradores dos carros fabricados cada ano
nos Estados Unidos deixassem de comprar os modelos
~1969,
por saberem que já em 1970 êles estarão obsoletos?
No caso da Chrysler do Brasil, já foi anunciado oficial-
mente o nôvo carro que deverá estar à venda em 1970, o
Dodge Dart, adaptado às condições brasileiras. Seria o caso
de ninguém mais comprar automóveis Regente, Esplanada e
GTX, só porque em 1970 a mesma fábrica lançará um nôvo
modêlo? A maioria dos compradores não raciocina assim, não
se guia por essas conjeturas, tanto que
o Esplanada e o Re-
gente têm batido recordes de venda.
O Sr. João da Silva precisa saber que
os próprios consumi-
SEGUE
oferta
só para pessoas
inteligentes
As Escolas Internacionais, fundadas em 1891
nos Estados Unidos, com o nome de
International Correspondence Schools (ICS),
criaram o sistema de ensino por
correspondência. Operando em 43 países,
empregam mais de 2 mil pessoas para
atender às necessidades de seus alunos.
Mais de 9 milhões de estudantes já se
matricularam nas Escolas Internacionais.
Nos últimos anos, entre os inventores que
anualmente recebem, nos Estados Unidos, a
medalha outorgada pela Associação Nacional
dos Fabricantes, daquêle pais, 59 eram
ex-alunos das Escolas Internacionais.
As Escolas Internacionais mantém convênios
com 6.900 das principais organizações
norte-americanas e com 14 grandes
e médias emprêsas brasileiras, que pagam,
total ou parcialmente, o custo de qualquer
curso seguido pelos seus empregados
nas Escolas Internacionais.
Mais de 600 universidades e colégios
norte-americanos e europeus usam textos
técnicos das Escolas Internacionais
como fonte de ensinamento e consulta.
Êsses textos são preparados pelos mais
destacados técnicos das Américas,
temos
mais de 100
cursos
diferentes!
expressamente para estudo nos países locais.
0 Instituto das Forças Armadas dos Estados
Unidos adotou os textos das Escolas
Internacionais para suas aulas, usando
êsses livros na quase totalidade dos cursos
que ministra. Mais de 100 mil fuzileiros
navais norte-americanos matricularam-se nas
Escolas Internacionais e cérca de 1 milhão
de funcionários norte americanos estudaram
nas Escolas Internacionais nos últimos
30 anos. Mais de 300 mil veteranos de
guerra tiveram seu estudo pago pelo
govérno dos Estados Unidos.
Entre os antigos alunos das Escolas
Internacionais contam-se cento e nove
presidentes de grandes emprêsas, milhares
de administradores e gerentes e centenas de
milhares de empregados que ocupam
Bosiçáo
de confiança, com alto salário.
iois estudantes das Escolas Internacionais
aperfeiçoaram o motor de aviação Liberty;
o primeiro Yankee Clipper que voou sôbre o
Pacifico, levava em sua tripulação cinco
estudantes das Escolas Internacionais;
um ex-aluno das Escolas Internacionais
desenhou e aperfeiçoou o fuzil Garand,
da infantaria norte-americana.
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em Eletrônica ? Arte de Vendar ? Chefe de Oficinae Mecânicas a mais da 100 outroe curaoe.
NOME
RUA _
BAIRRO
CIDADE „
IDADE
ZONA POSTAL
.ESTADO
.ocupação.
U
CARROS CONTINUAÇÃO
v ill -' -
^pl^K -
^,-v /
•T^
Endoten é tratamento completo:
seis fórmulas diferentes atacam especificamente
as causas da queda
de cabelos,
estimulando a nutrição e crescimento natural
nj^^. uL^**^£S*(BBfcl' iii'
m.'i ..tl—'—It
¦Sg^ij^riS^gg^l
Frasco n.° 1 - açSo de "choque" ^
- dissolve a camada de gordurasub-cutânea que Impede a
nutrição do bulbo capilar. Essa
gordura provoca a queda dos
Ibelos.
Endoten n.° 1 prepara-os
para uma fácil absorção do
tratamento e favorece a circulação,
rasco n.° 2 - ação equilibrada e antisséptica
- elimina o problema da escamaçáo
e caspa. Equilibra a secreçâo das
glândulas sebáceas. O cabelo se torna
fácil de pentear e não embaraça.
Frasco* n.°* 3 e 4 - açSo tônica
• vitalizadora • restabelece o
equilíbrio dos aminoácldos e
proteínas do cabelo, estimulando
seu crescimento. Os cabelos
crescem sadios e resistentes.
Frascos n.o* 5 • 6 - açSo vitamfnica
• nutriente - elimina as enfermidades do
cabelo e couro cabeludo (avitaminose, queda).Nutre o bulbo com grande quantidade de vitaminas
Reativa as raízes e acelera o crescimento dos cabelos
Normaliza a função das glândulas sebáceas
e evita moléstias do couro cabeludo.
ATENÇÃO • Depois de lavar a eabe*a, manecer na cabeça, para homens, por, ENDOTEN é o resultado de anos de pes-aplique o ronteúdo do frasco semanal no mínimo dois dias. Para o cabelo femi- quisas nos Laboratórios Helene Curtisdiretamente ao couro cabeludo, fazendo nino, o tempo entre uma
"mise-rn-plis" de Chicago, U.S.A. — à venda em farmá-
ligeira massagem. O produto deve per- e outra (aproximadamente uma semana), das, drogarias, cabeleireiros e barbeiros.
-fyufjki-um produto
ntasi
Na hora de mudar,
pense
duas vêzes
dores contribuem para a defesa do mercado. Se houver pro-
cura suficiente, a Chrysler do Brasil continuará a produzir
o Esplanada e o Regente, assim como a Ford-Willys prosse-
guirá a fabricação do Aero-Willys e do Itamaraty. A fábrica
só deixa de produzir um carro se há retração do mercado.
E o Sr. João da Silva não deve torcer contra o carro x,
desejar o fim de sua fabricação: quanto mais opções houver
no mercado, tanto melhor para o comprador. Então, tem de
tratar de escolher o seu carro. Para isso, deve saber o que
oferecem as diversas fábricas.
O"suspenso" da Ford
O problema da fusão da Willys e da Ford ainda não foi de
todo resolvido. Há gerentes exercendo o mesmo cargo, sem
saber quem ficará, ou para onde ir. Mas as mudanças mais
importantes já aconteceram, e a Ford-Willys tem agora uma
excelente retaguarda para entrar com agressividade no mer-
cado do próximo ano.
Seu modêlo Corcel, por exemplo, criou sus pense no mer-
cado. A fábrica soube sustentá-Jo durante meses, com gene-
rosos gastos de publicidade. Quando o Corcel saiu, a impres-
são correspondeu à expectativa: é um carro atualíssimo, com
muito conforto, por um preço razoável (30% mais que um
Volks). Sua resistência suporta qualquer problema, mesmo
com o mais relaxado dos motoristas.
O Aero-Willys e Itamaraty são carros bem conhecidos. Dêles
se pode dizer apenas que os modelos 1967/68 estão mecâni
camente muito bons. Num teste a que foi submetido nas peri-
gosas curvas do autódromo internacional do Rio de Janeiro,
um Aero-Willys manteve a velocidade média de 85 quilômetros
por hora, por nove dias seguidos.
O Galaxie tem uma grande novidade: o motor mais potente.
Foi uma mudança chegada quase tarde, pois o carro tinha
uma suspensão excelente e uma resistência bastante boa, mas
corria "pouco".
O máximo que rendeu em testes particulares
foi 155 quilômetros por hora —
o que não basta para quem
deu NCrS 26 000,00 por êle. O novo motor aumentou de 272
para 292 polegadas cúbicas, chegando aos 190 cavalos de po-
tência e aos 185 quilômetros por hora. A aceleração também
melhorou.
Outro modêlo Galaxie —
o LTD, mais luxuoso — é o carro
mais caro do Brasil (cêrca de NCr$ 30 000,00). Tem inova-
ções importantes, como capota revestida, bancos individuais
na frente, alavanca de câmbio no assoalho, melhor acaba-
mento. Tanto o LTD quanto o Galaxie comum trarão outra
novidade no ano que vem: a transmissão automática (para
quem quiser, apenas), que não existe até hoje em nenhum
carro nacional.
A assunção do Opala
A GM anunciou oficialmente o lançamento do seu novo
carro há três anos numa reunião com jornalistas e publi-
citários, mas manteve segrêdo de suas características e do
nome, Opala, que acabou
"imposto"
pela imprensa especiali-
zada. Promete ser a grande arma da General Motors para
entrar no mercado de automóveis brasileiros. Seus planejado-
res parecem perguntar, agora:
— Quem comprará um Aero, Itamaraty, Regente ou Es-
planada, por 17 a 21 milhões antigos, se o Opala custa menos?
A pergunta deve estar tirando o sono de alguns diretores
da Ford, e da Chrysler também. Entre outras razões, porque
o Corcel poderá sofrer influência de "cima"
— isto é, muitos
compradores pensarão se não vale a pena dar mais NCrS
2 000,00 e comprar logo um Opala.
Para chegar ao Opala, os diretores da General Motors tive-
ram de enfrentar uma apatia de dez anos, nos quais os en-
genheiros de sua fábrica em São Caetano do Sul se acostu-
maram à rotina, pois a GM só fabricava caminhões, que
mudavam muito pouco a cada ano. O mistério em torno do
SEGUE
0
*on ne sHmprovise
pas
couturier de la montre
(on te devient)
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A - Relógio e
pulseira de
ouro branco ou
vermelho 18 k
B - Relógio de
ouro vermelho 18 k
nS/t
C - Relógio e
pulseira de
ouro branco ou
vermelho 18 k
^ criador de moda não se improvisa
A Universal conquistou êste ano
o prêmio
mais ambicionado: o
Oscar para
os melhores criadores,
outorgado em Nova York pela
Academia
Internacional do Diamante I
0 estilo dos modelos Universal
influencia sempre tôda a relojoaria
mundial.
Uma cópia jamais
terá o valor
de um original
UNIVERSAL GENEVE
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CARROS CONTINUAÇÃO
Como se salva a
imagem de um carro
projeto e a oportunidade de entrar no grande mercado de
carros médios do Brasil provocaram uma transformação na
própria fábrica: agora, os gerentes da GM orgulham-se de
afirmar que estão funcionando "em
tempo de Opala".
O Opala deverá ser bom, apesar do estilo americanizado da
suspensão, macia demais. Isso pode ser perigoso para um mo-
dêlo de seis cilindros, capaz de chegar aos 170 quilômetros
por hora, com seus 125 cavalos. Deverá ter bom acabamento
e preço relativamente barato — entre NCr$ 15 000,00, o
modelo standard, e NCr$ 19 000,00, o de luxo, ambos com
quatro ou seis cilindros. Uma garantia para o êxito de venda:
o nome Chevrolet. A fábrica explorou esse capital da marca:
anunciou o "Chevrolet
Opala".
O herdeiro do Volks
Nas largas instalações da Via Anchieta, como na fábrica
principal, em Wolfsburg, Alemanha, o problema da Volks-
wagen é recuperar o tempo perdido — um tempo longo de
mais dissipado na comemoração do grande sucesso de três
décadas atrás. Quando Ferdinand Porsche terminou o primeiro
projeto do Volks, em 1934, êle era mesmo revolucionário. Mas
os diretores alemães resolveram confiar inteiramente no prin-cípio de que
"no que é bom não se deve mexer", e permitiram
que os outros carros fossem corrigindo seus erros. Anos atrás,
os carros Volkswagen caíram de vendagem, e os diretores se
alarmaram. Criaram às pressas o Volks 1500, mas os euro-
peus o recusaram: as vendas continuaram caindo. O modelo
parecia demais com o tradicional "besouro"
e tinha falhas
graves, segundo alguns testadores.
O modelo 411 — lançado agora na Alemanha —, criado
nesse clima de preocupação, não tem mais as barras de torção.
Traz de volta a suspensão dianteira tipo McPherson, seme-
lhante à do Simca.
O modelo 1600, que o Sr. João da Silva viu no Salão,
poderá fazer sucesso no Brasil, seguindo o seda tra-
dicional e o 1300. Os- brasileiros poderão achá-lo parecidodemais com o modelo 1300 e continuar a preferir este, mais
barato. Mas poderão também considerar que com êle "está
resolvido o problema de espaço" e transformá-lo no grandeherdeiro do êxito do
"irmão menor". De qualquer forma, o
1600 estará espremido pelo 1300 e pelo Corcel, por baixo,
e pelo Opala, pouco acima.
A tática da Chrysler
Esta usou uma tática diferente. Primeiro, era preciso investir todo o prestígio internacional da fábrica em defesa dosmodelos Esplanada e Regente, para compensar a imagem nemsempre aceita que herdaram dos carros Simca. Depois, era
preciso sustentar, dentro do possível — o que aliás foi con-
seguido —, o nível de venda desses dois modelos, até o apa-recimento dos carros de passeio Dart, anunciados para o co-mêço de 1970.
Os diretores da Chrysler estão seguindo esses princípiosdesde que compraram a Simca. Sentem dificuldades em vistadas rígidas instruções gerais partidas de seus superiores deDetroit, mas já conseguiram separar bastante o Regente e oEsplanada de suas origens, a ponto de torná-los muito pro-curados. Em março próximo, a Chrysler lançará os caminhõesDodge com um enorme motor de oito cilindros em V — omesmo que usará no ano seguinte nos modelos Dart.
Como na Ford-Willys, também na Chrysler houve problemasadministrativos com a fusão das empresas. A situação criadanela foi diferente: seus diretores demitiram e indenizaram todoo pessoal, por ocasião da compra. Depois que assumiram, con-trataram gente demais para substituir o antigo pessoal — o
que até hoje parece dar dor de cabeça aos chefes de setores.
Mas o Sr. João da SiWa não deve ligar para isso: atinai,êle está à procura de um carro, e não de problemas. fim
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V
í'©" :i^.'ví
Se v.
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¦Pòm Jobim, Chico Buarque,
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fcimiôf g imomil
üNANÜSICABHB
RITMOS R MELODIAS
NA MÚSICA POPULAR
Suo o I .I' i. í >ní 7 o i^i avagões!
\ c 1.1 .IN músu .is :
Ni a 11 à Garota de Ipanema Ela e
Gari oi a ( hão de I:.strélas Que
i esr Inste \ enize (^uero ipie vá
1 udo pr»»
Interno - Around -t-t+e World
Ma \ u I ardi. t na - M u Iri pl
u a t ioii
e tantos outros sucessos uui voii
e ele ouviram |untos, sonharam
Iun11 is. Para v< »eê adquirir este \ o
lume prei
ioso, pa ;;a r á a[ enas
VIVA A MUSICA
A Ahril ( ultural tem mais esta sur
presa pai a dar a vm è uma lole^ào
de 72 t^-ava^òis distribuídas itu
6 Ll\ i. ou ti ndo miisiias mino I )is-
parada A Handa Stran^ers 111 the
\i!<lit Yest, rd a \ ( )lê, ( )lá - Tema
de 1 .ara Muhelle i muitas outras
ian<,ões tnaravi lhosas. O pu\o
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ai essível i]tie \oi è nem vai a red 11ar
Sua músua mesqui > 1 \ t I foi cantada
por v e ele durante uni oi ande i ar
naval-' Pois a Abril ( ultural 1 In ofe
rei i" (i 1 .P i oni sik essos de i arnavais
passados ate hXv ()m,a, neste vo-
I u me ./e Pi i e11 a Pelo I detone Na
Puvu.ua Pierro ApaixouaJu Ma
mãe eu (^iu ri) Jar dmen a t ieneral
da Handa \1 asi a ra \epi a , e t antas
< uit ras ijue i: 1 liguem e -kjuei. e ( ) preio
)-
nos 34,60
nos 41,00
Ai ompanha folheto i xpluativo
Cada colchão é protegida por
uni belíssimo estôjo.
Pec^a hoje niesnío essas cole^òes.
Preencha à máquina ou com
caneta esferográfica e mande-nosc '
ainda hoje seu cartão-resposta. DISCOTECA ABRIL CULTURAL ¦ '
ro
B
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Ul
^%.
a tv paranaense sabe como atingira mulher... delicadamente.Exatamente porque -sempre dedicamos ao público fe/flinino i^l^jjjtòrinhosa atenção (nossaprogramação ó uni exemplo), sua mensagem pela TV Péfâtâamse é recebida como o consuma velha amiga/ tornando mais fácil o trabalho da mulhtr,' ajtfdando-a^Saje suas comprase ensinando^** a ser rn^is...mulheiySa seu objetivo é atingir o ^^público feii*^ seja^entir: pro/^Xfofrl, 12. _, __*^^
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KflU
EWM
PE
GRUDIIII
Como adido cultural em Portugal
durante dois anos, Odylo
Costa, filho, conheceu de perto
Antônio de Oliveira Salazar,
senhor todo-poderoso
do país
de 1927 a 1968.
Agora, como enviado especial de
REALIDADE, voltou a Lisboa e
testemunhou os dias da
146
Salazar
acabou de reinar. A palavrafinal, praticamente uma sentença
cassando os poderes do homem
que governou Portugal durante
quarenta anos, quem a dá é um medi-
co, o Dr. Vasconcelios Marques, num
quarto do Hospital da Cruz Vermelha,
em Lisboa.
O cirurgião não tem — é fato conhe-
cido — qualquer simpatia pelo regime
comandado com mão de ferro por esse
velho de 79 anos que agora depende
de seus cuidados profissionais. Mas vai
tratá-lo com todo o devotamento. Quan-
do o médico lhe comunica que é ne-
cessaria autorização expressa para a in-
tervenção, Salazar apressa-se a dá-la. O
Dr. Marques interrompe-lhe o gesto:— Não. Vossa Excelência, com os sin-
tomas que apresenta e em face do re-
sultado dos exames clínicos, não pode
mais ser considerado em condições paraisso. A assinatura não deve ser sua.
Era o começo do fim. O velho chefe
se curva. Assinam o documento o Pre-
sidente Américo Thomaz e o Minis-
tro Motta da Veiga. Resta a Salazar a
luta contra a morte. O poder já não
está em suas mãos.
Naquele dia, em Lisboa, um reina-
do chegava ao fim. Antes de Salazar,
só dois reis — Afonso Henriques e Dom
João V — governaram Portugal duran-
te tão largo tempo.
Não se estranhe a comparação de
Antônio de Oliveira Salazar com os
reis. A Manoel Gonçalves Cerejeira, seu
companheiro de república em Coimbra
e hoje Cardeal Patriarca (resignatário)de Lisboa, teria dito, ainda rapaz:
Sinto que nasci para primeiro-mi-nistro de um rei absoluto.
Primeiro-ministro, quase um rei, êle
o foi com sua forte vontade. E só a
doença o impediu de ser até a morte.Considere como é passageira a
glória dos homens — diz-me um por-
tuguês eminente que tem visitado Sa-
lazar no hospital. O senhor de Portu-
gal durante quase meio século agora
jaz inerte, desacordado. Uma cânula na
garganta, para respirar; uma cânuta no
estômago, para receber alimento; cânu-
Ias nas veias das pernas, para o plasma,e um aparelho de respiração artificial
mantendo artificialmente a vida.
Esse estado de agonia, com alternati-
vas de melhora, dura muitos e mui-
tos dias. Tudo começou com uma
queda: Salazar costumava sentar-se com
todo o peso do corpo — uma imposi-
ção da velhice ou, quem sabe, um há-
bito antigo e teimoso. Num dia de se-
tembro, o presidente do Conselho de
Ministros deixou-se cair pesadamente
na sua cadeira de lona, que veio abai-
xo. Ao que parece, não houve desde logo
conseqüências maiores dessa queda.Chamado, o Professor Eduardo Coelho,
há longos anos médico de Salazar e
experiente não só do coração de seu
cliente mais importante, como de nu-
merosos outros — eu próprio bati porvezes à sua porta
—, recomendou que o
avisassem de qualquer anormalidade.
Esses sintomas, quase despercebidos,
apareceram pouco depois: em reunião
do Conselho de Ministros, Salazar per-
guntou pelo ministro da Economia.
Como os presentes se entreolhassem e
lembrassem que êle se encontrava em
viagem, Salazar corrigiu:— Já sei... já sei...
Para Dona Maria de Jesus, sua go-vernanta, êle se queixa de forte e per-sistente dor de cabeça. O exame mé-
dico revela a existência de um hema-
toma no cérebro. Uma junta médica
decide pela necessidade de intervenção
cirúrgica, convoca-se o Dr. Vasconcel-
los Marques. Os sintomas desaparecem
em dois dias. Salazar se recupera ràpi-
damente e fala sobre a doença como
coisa do passado. Chega a provar o
seu arroz de frango ao molho pardoe o seu vinho do Dão, o mais suave e
saboroso de terras portuguesas, vindo
de seu vale natal. E rebela-se até con-
tra as imposições do tratamento, ao ter
de entregar o braço para mais uma
injeção. Uma das senhoras presentes(havia sempre um carinhoso círculo fe-
minino em torno dele) diz-lhe, em tom
de censura afetuosa:Agora, senhor presidente, agora
mandam os médicos. . .
E êle, rápido, com autoridade:Os médicos que eu escolhi. . .
No dia 16, inesperadamente, sobre-
vém uma hemorragia no hemisfério ce-
rebral direito, em conseqüência da ru-
tura de uma artéria. Esse acidente vas-
cular nada tem a ver com o hematoma
removido. Podia acontecer a qualquertempo. Agora a lesão é mais grave. Nova
e imediata operação não o livra da pa-ralisia e do estado de coma, mas lhe
prolonga a vida, embora sob as formas
mais vegetativas.
A vida na antecâmara
Chego a Lisboa três dias depois, a
19. Não há sinal de crise nas ruas. As
lojas fazem o seu comércio, os táxis
são disputados, os velhos bondes — aqui
eles são chamados elétricos — sobem
modorrentos as ladeiras do Bairro Alto.
À noite, longe do centro, permanecemacesas as luzes do sexto piso
— é como
se diz aqui — do Hospital da Cruz
Vermelha. Na antecâmara do quarto n.°
68 há vida em agitação: conversam
grandes figuras do regime, ministros,
embaixadores, homens de empresa, che-
fes militares, senhoras da sociedade.
Faz-se política. Lá dentro, um homem— um homem só — luta contra a morte.
Duas vezes por dia, às 13 e às 20
horas, um boletim médico anuncia, com
minúcia, pressão, pulso e prognóstico.
149
Com tanta gente quevai viajar nessas férias.vai
ser difícil v. escolher o ônibus
Mas tomara que v. tenha
a sorte de ir num monobloco.PBBBBW MWFlhMÊMtt ^M Wk « *% H ' I JRff /f
J L jj u Sfc Ja^Pm &,BB| BBBJ Bfl BBBBBBBBBBBBBBBbw-*» ^BkBj ^B^ -J «BK ^%
^EBlf Wm,'
¦^*******»-*a*>*BB ^*^ BBB S ¦* Bl a'.iB^^^BB BBBJ BEr'
'iw* B*V ^^ ¦ '<0lHltW8k<VÜEt^^c.
¦¦^¦¦*ftti^^^^^^^^B B^Bl ^Bi«*Bfl Bk- ^^^
BB^^B^BJ BP^'^a s
Vai ser sorte mesmo.
Afinal, os dias de trabalho sâo tantos e
os de descanso tão poucos, que todo o mun-
do^vai querer aproveitá-los.
Este é o problema: pode acontecer que
não haja monobloco "Mercedes"
que che-
gue para todo mundo.
Mas se v. tiver sorte de arrumar um lugar-
zinho num monobloco, garantimos que não
vai ser um lugarzinho: as poltronas recliná-
veis do monobloco são
amplas, macias,
lembram até a
poltrona de ver
televisão quev. tem em casa.
Tomara quo
v. v/a/e nosto
monobloco
Mercec/es-Benz.'
Aliás, não são só as poltronas dele que
são macias.
O monobloco inteiro é: êle tem até molas
espirais e amortecedores telescópicos na sus-
pensão, como qualquer automóvel moderno!
Depois, êle é feito numa peça só (isso se
chama estrutura integral) que absorve todas
as vibrações da estrada.
Nos outros ônibus, quem absorve essas vi-
brações é o passageiro.Agora, se você é dos que gostam de via-
jar batendo papo, nada como um monoblo-
co "Mercedes"
para viajar nessas férias.
Êle não tem motor dentro do salão.
A Mercedes-Benz colocou o motor do mo-
nobloco lá atrás, separado por uma divisão
acolchoada com uma camada bem grossade lã de rocha.
E fora do ônibus ficam o calor, o cheiro
do óleo, a fumaça, e o barulho. Por isso a
gente pode dizer que o monobloco é silen-
cioso mesmo.
Tão silencioso que é muito provável v.
ouvir música de alta fidelidade a viagem in-
teira (porque só no monobloco é possívelinstalar toca-fitas. Nos outros ônibus o ba-
rulho seria mais alto que a música).
E olhe: só a Mercedes-Benz fabrica ôni-
bus monobloco na América Latina, mas não
é por isso que só os brasileiros viajam de
monobloco nos feriados. Os venezuelanos,
uruguaios, argentinos, mexicanos, peruanose chilenos também viajam em monobloco
brasileiro, pois a Mercedes-Benz já vendeu
em todos esses países. E já fabricou tantos,
que é muito provável que v. te-
nha a sorte de viajar num deles;
v. vai começar a descansar mais
cedo, desta vez. Votos da Mercê-
des-Benz do Brasil S.A.
CONTINIACAC»
Lá dentro,
o silêncio;
lá fora,
o tumulto
%!
11
sempre reservado. E, como numa tarde
o Dr. Bissaia Barreto, velho amigo de
Salazar, anuncia esperanças de recupera-
ção e as faz acompanhar de expressões
violentas, que os repórteres fixam nos
gravadores, contra os que
estão "ven-
dendo em vida" o presidente, são toma-
das outras providências:
só podem falar
sôbre o estado do paciente o Professor
Eduardo Coelho, o clínico, e o Dr. Vas-
concellos Marques, o cirurgião. Ou me-
Ihor, falem por êles os boletins. O acêrto
da cirurgia praticada e o pessimismo
dos prognósticos são confirmados pelo
Dr. Merritt Houston, famoso cirurgião
americano que operou Eisenhower. Em
documento de próprio punho, distribuído
em fac-símile aos diretores dos jornais,
êle dá a sua opinião: os médicos portu-
guêses agiram rápido e certo.
Enquanto isso, na antecâmara, a vida
é mais tumultuada. Já agora não há
tantas recomendações de silêncio, em-
bora a porta
do doente apenas seja aces-
sível às pessoas mais chegadas da famí-
lia, aos mais íntimos, às principais auto-
ridades. Cruzam-se jornalistas vindos
dos quatro cantos do mundo. E lá em-
baixo, no saguão, a fila dos humildes,
dos velhos correligionários. Êste ou
aquêle personagem se destaca pelo
nome ou pela presença, e logo o fotó-
grafo do Diário de Notícias o guarda
em imagem para o dia seguinte.
Na antecâmara discute-se política sob
formas sutis. Alguns sustentam que, en-
quanto fôr vivo Salazar, não se lhe deve
dar sucessor, outros acham que não há
necessidade de exoneração, mas que se
deve encontrar uma forma de resolver
o problema: sem a formalidade da exo-
neração, o ministro de Estado, Dr.
Motta da Veiga, poderia continuar as-
sinando por Salazar.
Em muitas bôcas anda o nome do
Professor Marcello Caetano. No sábado,
21 de setembro, diz-se que já está con-
vidado e até conversou por uma hora
com o famoso General Kaulza de Arria-
ga, presidente da Junta de Energia
Nuclear. Mas há quem objete que Mar-
cello Caetano é um homem de 1940,
é preciso atender às novas gerações
mi-
litares escolhendo outro, mais môço,
com todos os compromissos do exte-
rior e nenhum compromisso no interior.
E êsse existe, é o ministro dos Negó-
cios Estrangeiros, Franco Nogueira. Mas
na segunda-feira já é certa — a não
ser para alguns dos que apostaram
contra êle — a escolha de Caetano.
Um homem sobe
Agora, os jornalistas rondam a casa
de Marcello Caetano e terminam por
surpreendê-lo entre seus doze netos.
Êste homem que está para subir ao po-
der, que traçou a ordenação do sis-
tema jurídico vigente na lei em que
a representação popular coexiste com o
regime corporativo, contrasta com o soli-
tário Salazar — o Dr. Salazar, como
êle chama — na expansão do convívio
familiar. A foto em que aparece com
seus doze netos grita êsse contraste.
No sexto andar do Hospital da Cruz
Vermelha, ainda se esboçam resistên-
cias. Mas agora todos, gravemente,
concordam que a melhor solução seja
dada pessoalmente pelo presidente da
República, apoiado como está pelos
chefes militares. Concordam também
com o acêrto da escolha de Marcello
Caetano, depois de convocar os médi-
cos para lhe dizerem que
Salazar não
voltaria a si. Todos sabem e comentam
a decisão, na antecâmara de Salazar e
nos corredores do Govêrno. Más embal-
de os jornais procuram divulgar a notí-
cia, embora sob a forma de especula-
ção. Vão e voltam as provas.
Nada
feito. A Censura não permite nem a
insinuação de que se cogita dar suces-
sor a Salazar e que entre os nomes
apontados está o de Marcello Caetano.
A cidade continua calma, vivendo
a sua vida de todos os dias. Pega-se
um táxi, o chofer chora Salazar; pe-
ga-se outro, o chofer desabafa contra.
Conversam as criadas: uma diz que Sa-
lazar "vai
durar muito a sofrer, êle fêz
muita gente sofrer e vai sofrer muito
antes de morrer". Outra teme um fan-
tasma: "Quando
êle'morrer, volto logo
pra aldeia, antes que o comunismo to-
me conta". E, lá no Pôrto, dizem, uma
mulher que vem do campo quer saber
quem é êsse Salazar, de quem
tanto
falam. Explicam-lhe que é o homem que
governa Portugal há quarenta
anos e
agora vai morrer. Ela fica muito triste,
muito triste mesmo.
— Mas agora talvez chamem para o
lugar a Irmã Lúcia, que viu Nossa Se-
nhora de Fátima.
Ainda na manhã de quarta-feira, 25,
há quem duvide de que Salazar seja
exonerado. Ligo para o poeta
Fernan-
do Guedes, admirador de Salazar e
companheiro de trabalho de Marcello
Caetano na Editora Verbo. Êle acha que
de nôvo será adiada a comunicação ofi-
ciai, pois o chefe de Estado não fala à
nação sem o prévio anúncio de suas pa-
lavras. E nem os vespertinos dizem nada.
Mas será hoje. Sabe-se, nas redações
dos jornais, que o presidente
da Repú-
blica teve de interromper três vêzes, ao
gravá-la no vídeo para
retransmissão,
a sua mensagem. Porque três vêzes
chorou, tal é a mágoa funda com que
exonera Salazar.
À noite, a imagem do presidente da
República aparece na tevê. Nota-se que
o Almirante Américo Thomaz está co-
movido. Baixa os olhos para o papel.
Sente-se o esforço que faz, como quem
se obstina contra si mesmo para cum-
prir um dever. E vai a ponto de fazer
um hiato, que o silêncio da noite torna
maior, separando "Marcello
José das
Neves" de "Alves
Caetano", ao proferir
o nome do nôvo presidente do Conse-
lho. Fala com gravidade simples, a
mesma gravidade teimosa com que
re-
sistiu às sugestões para só preencher o
cargo depois da morte de Salazar.
Vejo a cena histórica no aparelho de
televisão de uma casa amiga. As criadas
são convocadas à sala para ouvir o pre-
sidente de seu país. Ninguém lhes disse
SEGUE
151
5
Os direitos dêste anúncio foram doados ao Instituto de Estudos Brasileiros (U. S. P.)
um amigo da família
Um amigo da família está sempre pronto
a servir.
E esta ajuda se divide por
igual entre jovens
ou não, pais
ou filhos.
Êste o nosso modo de trabalhar. Também o nosso modo
de ver o mundo. E de nos vermos a nós próprios.
Com 80 anos
bem vividos, o BCI poderia
ser conservador, voltar-se
apenas para
as velhas amizades. Não faz isso. Tendo apenas um
quinto da idade do nosso
jovem País,
poderia dizer-se
jovem, voltar-se exclusivamente
para os novos amigos. Não faz isso.
O BCI acha que
não se deve separar os homens pela
idade, mas
uni-los pelos
seus valores essenciais. Sérgio (pai
de Chico)
e Chico (filho
de Sérgio) são nossos clientes. Merecem
do BCI um só atendimento: o melhor possível.
jjfrm i»
fònnMrcw
*Jniiustria i»Sãol)aulo
um amigo da família
FUNDADO EM 1889
MATRIZ: RUA 15 DE NOVEMBRO, 289 — SÃO PAULO — 232 AGÊNCIAS EM TODO O PAlS
SALAZAR CONTINUAÇÃO
A censura
continua,
mas anda
depressa
nada. Só esta noite os jornais circularão
com a biografia do nôvo governante.
Mas elas "sabem" —
"Era o que
êle
queria, coitadito!"
"Êle" é Salazar, que já não tem mais
vida, apenas uma chama. Vive artificial-
mente —
para a piedade
dos íntimos.
No dia seguinte, Marcello Caetano é
aclamado quando anuncia, na Assem-
bléia Nacional:
— Acabou o tempo do homem de
gênio, começou a época dos homens
como os outros.
Um homem como os outros
,J.'' i
É a vez de um homem como os
outros governar Portugal. No hospital,
Salazar, o homem solitário e "de
gênio",
continua em sua luta inconsciente pela
vida. Mal a acompanham os jornais:
custava muito caro manter as equipes
alvoroçadas para limitar-se a receber os
boletins oficiais. Uma das emprêsas de
cinema chegou a revezar, nos primeiros
dias, dezesseis homens, atentos ao ins-
tante decisivo, para transmiti-lo às
televisões do mundo. Foi das primei-
ras a desistir.
O mais íntimo colaborador de Sala-
zar, Paulo Rodrigues, que controlava
a imprensa e os demais meios de co-
municação e acumulara ódios pela mão
dura com que o fazia (por fidelidade,
diz-me um amigo; por sadismo, dizem-
me os jornais), deixa o cargo de subsecre-
tário de Estado da Presidência do Con-
selho. Escreve uma carta ao Presiden-
te Américo Thomaz dizendo que, com
Salazar morto, serviria a qualquer um;
com êle vivo, não servirá a ninguém.
E declara a um jornal que goza os
primeiros dias do que
se vai chamar de
degêlo ou liberalização:
"Hoje, só quem
sai do Govêrno é Salazar".
Quarenta anos. A página
acaba de
ser virada. Mas a antecâmara do quar-
to n.° 68 ainda se agita com as visitas
dos ministros que saem, dos ministros
que chegam, do Presidente Américo
Thomaz, do presidente do Conselho,
Marcello Caetano.
Marcello Caetano, o professor de
Lisboa, com doze netos, que relutou
em aceitar a Presidência do Conselho,
é o mesmo que ainda estudante de di-
reito fundou uma revista, Ordem Nova,
marcada pelo individualismo d*i direita.
Antimoderna, antiliberal, antiburguesa,
contra-revolucionária, reacionária, cató-
lica, apostólica e romana; monárquica,
intolerante e intransigente; insolidária
com escritores, jornalistas e quaisquer
profissionais das letras, das artes e da
imprensa.
Hoje, aos 62 anos, reúne em tôrno de
si pràticamente a unanimidade da opi-
nião. Ê lúcido, honesto, sereno. Con-
voca os diretores de jornais de Lisboa
e do Pôrto para dizer-lhes que
o país
está em guerra e por
isso não pode sus-
pender a Censura. Ela será conservada
como arma potencial, para impedir que
as tropas que lutam no Ultramar sejam
apunhaladas pelas costas, pelo
menos
enquanto lá estiverem. Ja é uma aber-
tura: as provas dos jornais
voltam dos
censores em quinze minutos, e não em
muitas horas, como antes; e pràticamen-
te não há cortes. A imprensa, que tanto
esperou por êste dia, está meio atônita,
não sabe até onde deve ir, para não
desajudar o nôvo Govêrno.
Sábado, 28, vou à serra d'Ossa, no
Alentejo, pagar uma velha promessa ao
eminente escritor português Hernani
Cidade, que quer mostrar-me sua ter-
ra natal. De volta, jantamos num res-
taurante regional, em Vendas Novas.
Há muita gente, a televisão está ligada.
Mas é tal o burburinho e a desatenção
com que se ouve o noticiário sôbre o
estado de saúde de Salazar (daí a ins-
tantes, a mensagem de Américo Thomaz
e o discurso de Marcello Caetano, mais
uma vez retransmitidos, são objeto do in-
terêsse geral), que só ao chegar a Lisboa
sei de nova crise. Será a decisiva?
Não. Não é. De nôvo, o velho de
oitenta anos afasta a morte.
Mas a semana se passa — tôda a
gente voltada para
o nôvo Governo.
A cada dia, um homem da oposição me
diz quantas esperanças deposita na cor-
reção e no equilíbrio de Marcello Cae-
tano. "Um
homem como os outros."
Que publica livros, dá aulas, fala com
os estudantes (da sua e de outras tur-
mas, pois sua cadeira é a mais freqüen-
tada por alunos e ouvintes da Faculdade
de Direito), que deixou de ser reitor
quando a polícia
entrou em choque com
os rapazes da universidade.
No Hospital da Cruz Vermelha, Sala-
zar continua melhorando.
Sábado, 5 de outubro, aniversário da
República, pela primeira vez depois da
crise inicial fecham-se tôdas as redações.
Lisboa vive a beleza tranqüila de um
feriado de festa cívica. Não sairão os
vespertinos, amanhã não haverá matu-
tinos. Cessou o plantão aflito que joga-
va os rapazes de jornal madrugada
adentro.
Têrça-feira, dia 8, chega o ministro
das Relações Exteriores do Brasil, Ma-
galhães Pinto, para
uma visita a Sala-
zar. À tarde, às 3 horas, o presidente
do Conselho, em sua casa da Rua
Duarte Pacheco, no Alvalade, abre-me a
porta do gabinete para
uma longa con-
versa. E acaba de me dizer quanto ama
os poetas brasileiros quando
o chamam
ao telefone, primeiro o ministro da Saú-
de, depois o Dr. Vasconcellos Marques.
Salazar entrou, novamente, na sombra.
Mas, ao me dar a notícia, Marcello
Caetano não se precipita:
— O Dr. Salazar tem resistido a
tantas crises que poderá vencer mais
esta.
Parece que não. A pressão
desceu
a 3,5, o pulso sobe a 100. Cai a tem-
peratura. Médicos ouvidos pelos jor-
nais não têm dúvidas: é o fim. Ninguém
pode sobreviver em tais condições. Na
Embaixada do Brasil, à noite, discute-se
um problema delicado: como agirá Ma-
galhães Pinto se sobrevier a morte de
Salazar? Quantos dias durarão as exé-
quias? Deverá o chanceler brasileiro
permanecer em Lisboa? Mas as 3 da
SF.fíUfc
153
STÉREO
Telefunken apresenta os compactosSERENATA eCANTATAdois novos estereofonos
para pequenos ambientes e
pequenos orçamentos.
Estereofono já não é mais mistério. Hoje
você não precisa ser rico para ter um.
Nem tampouco morar num palacete.TELEFUNKEN põe
"CANTATA" e"SERENATA" ao seu alcance. São próprios
para quem tem pequenos espaços e
pequenos orçamentos. Ambos com purezade som que antes era privilégio só de
grandes estereofonos. Isso porque são
fabricados com o mesmo carinho de todos
os Telefunken. São inteiramente
transistorizados e automáticos. Construção
sólida e de alta classe. Ê para durar mesmo.
Móvel de madeira de lei em estilo
moderno. Faz bonito. Não adie seu sonho.
Decida-se já. Por um ou por outro.
Em seguida ponha seu melhor disco.
Prepare-se para uma emoção e tanto.
TELEFUNKENé outra categoria^
.
SALAZAR CONTINl AC AO
Se Maria
falasse...
mas ela só
faz chorar.
IX
-1
I|pP %
jdt $
WLV ''>%**
Li ^ I
madrugada chega a notícia aos jornais:
o Dr. Eduardo Coelho acaba de se re-
tirar do hospital. Salazar venceu a mor-
te outra vez.
Vinte dias depois as melhoras se acen-
tuam tanto, que se anuncia sua volta
para casa. Chega a sentar-se. Logo volta
a prostrar-se, porém, ê quando tôda uma
sucessão de novos acidentes circulató-
rios derrota os médicos. Mas já não é o
chefe do Govêrno, na plenitude dêle,
depois de quarenta anos de mando,
que cede, afinal, nessa luta contra a
morte, ê apenas um homem, que desde
16 de setembro de 1968 não recupera
a lucidez, e em cuja antecâmara cho-
ram os íntimos.
A mulher mais triste
Entre os que permanecem na antecâ-
mara há uma mulher, sempre a chorar,
e que tem muito o que contar, ê Dona
Maria de Jesus Freire, governanta de
Salazar. Ela o acompanha desde os tem-
pos de Coimbra, onde êle fundou
— no
. antigo Convento dos Grilos — com o
então Abade Manoel Gonçalves Cerejei-
ra e o Professor Mário Figueiredo,
hoje presidente da Assembléia Nacional,
uma república para moços estudantes.
Maria já trabalhava para o abade e foi
encarregada de dirigir a casa. Cerejeira
gostava de mudar, Salazar não. Falan-
do daqueles tempos da república instala-
da no Convento dos Grilos, disse Salazar:
Eu não mudava — nunca!
— um
móvel do lugar. Meu companheiro, hoje
cardeal, era, ao contrário, todo êle fan-
tasia. Aproveitava minhas ausências para
tumultuar tudo: a mesa, as cadeiras, os
quadros, e pretendia
ter assim a impres-
são de habitar um apartamento nôvo.
Mas, quando Salazar regressava, a
casa voltava ao ponto de partida.
E
assim, em quinze anos, nada mudou,
até que Salazar trocou a república pelo
Govêrno de Portugal. Num depoimen-
to sôbre o amigo, diz Cerejeira:
Nunca observei tantos contrastes
num ser. Êle aprecia a companhia das
mulheres e sua beleza, mas leva vida
de monge. Nêle se chocam sem
cessar o ceticismo e a flama, o orgu-
lho e a modéstia, a confiança e a des-
confiança, a bondade mais desarmante e
por vêzes a dureza mais inesperada.
A êste tipo de homem, Dona Maria
de Jesus Freire, hoje apenas uma mu-
lher que chora, serviu com extraordiná-
ria dedicação. Acompanhou-o, devota-
da, entregue, patética, tôda a vida. Di-
zia-se que êle mandava em Portugal,
e ela, nêle.
Em 1951, uma jovem jornalista fran-
cesa, Christine Garnier, conseguiu con-
quistar as simpatias de Salazar, a quem
acompanhou durante férias no vilarejo
natal de Vimieiro, defronte a Santa
Comba, no vale do rio Dão. Ouviu-lhe
as confidências:
— Nunca trago comigo carteira ou
dinheiro. Para quê? Nunca escolhi uma
só gravata, um só terno. Não sei quantas
camisas possuo. Desde minha chegada
a Lisboa, Maria tomou conta de tudo.
Ela me libertou de tôda preocupação
material. Conhece meus negócios melhor
do que eu! Vive minha vida, compreen-
de? Sua intuição é tal, que desconfia
dos perigos possíveis muito antes de
que me advirtam. Nem minhas irmãs
tomaram conta de mim a êsse ponto...
Maria não foi apenas a governanta, a
selecionadora de gravata ou a fiscal
atenta dos pratos que se destinavam à
mesa do senhor presidente do Conselho:
era, segundo as palavras do próprio
Sa-
lazar, "uma
espécie de secretária".
— Muitas pessoas — dizia êle
—, não
desejando escrever-me de maneira ofi-
ciai, dirigem suas cartas a Maria. Ela
recebe, assim, um correio considerável.
Ouço-a às vêzes queixar-se:
"Perco
meu tempo a responder a essas cartas
tôdas, quando tenho tanto o que
fazer
em casa", ê por Maria, enfim, que
me
chegam os ruídos do exterior, os boatos
mais secretos e, palavra de honra, até
as críticas.
O homem só
Um homem de pouco aparecer em
público, de raro se mostrar na intimi-
dade. Mesmo em fotografia.
Não se casou, embora haja quem
jure que houve um casamento secre-
to. Se, no futuro, baseado no retrato
com a beca de professor e aliança no
dedo anular esquerdo, exposto em Coim-
bra, alguém afirmar que Antônio de
Oliveira Salazar era casado, se engana:
o corpo e as vestes, no retrato, são do
Professor Marcello Caetano, só a cabeça
é de Salazar. Ê um retrato montado,
graças à cooperação daquele que
viria a
ser o seu sucessor.
Sôbre as mulheres na vida de Salazar
há outro depoimento dêle próprio, no
livro de Christine Garnier, "o
único que
fala a verdade, pois Christine viveu co-
migo". Quando Christine, ao abordá-lo
pela primeira vez, contou-lhe que
de
muitas pessoas ouvira ser-lhe a compa-
nhia das mulheres insuportável, Salazar
rebenta de rir: "São
talvez as que
recusei receber que espalham essa
reputação".
Mais tarde, estabelecida a intimidade,
Christine Garnier soube do sonho da
jDQcidade-d^Salazar. Seu pai fôra feitor
das terras de uma rica família da Beira
Alta. Formando, o môço foi pedir a mão
da menina da casa. Recusaram-na:
"Mas não vê logo..." Não via. Julga-
va que o diploma em Coimbra bastas-
se para elevar o filho do feitor ate a si-
nhá-dona. Permaneceu solteiro? Não o
põem em dúvida, repelindo com indig-
nação o rumor do casamento secreto,
portuguêses eminentes. Mas adotou duas
meninas — Micas e Maria Antônia
—
ligadas pelo sangue a Dona Maria de
Jesus e por ela trazidas à casa. Na ver-
dade, êsse homem do poder, para quem
o poder era realidade maior, pensava
em ter filhos (poucos), possuir uma mu-
lher fiel, embora sem amor, uma casa
limpa, um jardim perfumado, onde
viver recitando o rosário sem querelas
nem processos. Êsses desejos estão con-
SEGUB
155
I
PEQUENO GUIA PARA
UMA GRANDE VIAGEM
.
Li ***** V^t» *•*/* mataram * o ¦~oo» a*
^./~~~^\ O novo / / v~\^/ _/ /\ ***-»,
[permanente do» tentei posti » Montanha»
j/^*^ *,o'<«t<cadi»si-**o ^XZ /¦—s. >^
' o que mel **/1
I majestosas, coroadas d» neve. pmhw.ro». _______ T_?___! /-_ #** ri-»- «i**-*»»»**"»- _*-*_>,
/ aWtatmm a ,***>» aUmatma ,a\f\****U »l**-***»*¦*> >* *) _^£2________!-_? ¦ ****áf} ' ** K *w•*•• rl° *****J^Ê fUTV -, --,I mmr i ntenor. W _/ '
'
rh.iL^I *_--.___*¦¦ S° "°C" ^"' ** *
Aãf-Sl \'»W.'/ *l**Vf
/rf^BKâf*_Nl -^Êh-tzb t-rnSml jjgfar /^\ . ^¦¦It-V'!^!/ _£-». -_t7_c-i/______«*.r- _í.
*—*_ /vsrKD \*í^ \\ Cf^ ^--D f V. -MKutode iDC.p ^ ftjtf :|V < •/__/•!• •¦- km Ih\í
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I. azul tào a.ul. Moniinha*. cc.ftas Tuco <K»-»ro dr» ' «ur,' o // *^V _***~>^<_2g_L *)
*\^ I^_____________________)J ,UM d'nÇa"**• '.*l«rr*'' A' '",' 1 |DALL/^y*VV~>*
~ P»*1i"h*' esta P "*-»- Fl°85 í
*V_ ^^3_^_^C_--^_S2_^»**"*** fl*"»*''0*1 -*- Europa pensam J-
**-* <Ti*\ Ykrvw Tp»,i*", u*> parque d» fliver /
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" Bwq*i* os Estados Unidoi sào at
t11 fc II A U-oe* a ia f»rweM. a toda hor- acontfV-
\9 1 L__Ç< uma enorme Oklahoma .. \* II I ¦,-„«» riucio* de revólver e a->,aitns A
\ \ ° Astrodome é provavelmente a unica praça
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**j 19 X *f
J ^****-*^*fl_^^_
1
\ \. de esportes do mundo que é sensacional, ***f\_
Jp »--—^ .—. .-—v r--x /**"¦***/""**\ /_BE__t-P _T^ i^^/^^ í_Nv i^~\ í*-Ã
_ 1 mesmo quando nio hà espetáculo. ^„^ vO\_D \_0 vO \0 \_*_H ÍC_lD vO V_0 xO vD vO
*V ^V ^v é***^mma**u!mA *_-___-E___-C Areias brancas, ceu
^nfrftsurfistas extravagantes...
>. >v ^v V-^^-^P^J^jfl*^ "\. azul,
um so1 de ouro... ¦¦JMfc^B e o maravilhoso Seaquariun-,.^V
^ ^Y g cj£ /_r ^*~" ndas garotas, natura;mente. BBoJfl| O esfusiante portal
^ X_/~*~-,,'T
C_4*^^>_»^ Alem de iates espetaculares, ¦flaÉ^T* k daAmanca!
Hil_SC[_fl_l_^A___3iJ^u\ -—*^*^ J^^"••n-
Olymp.adas do 1960. Olé! V-»* ___^
^***w -_»/^V_L8 sirr,Plef rnortiià como nós conti nua m£#x,''"\^'"*4*' 1
Nr-*fl[Üj*j , ,r paia ia E os super granfinos de ^Pescaria,
Cassinos e
/*V>^Jò*Q --****-~^Je, s*-1 n*m d**0 ° maior pòrt0*iurA* O >V**v yr ^sinal
de que livre do ^UU
t%} 1^ Aí-j ^V «lottjr, mundo.com É*_^M
m!^**--'-*__TT> ^*—^^- "V P'*08) lUPà. k _4
vA_i_^_tf__r*. x*>s. espeta flS-K
_1^-**-_tV _/l _-***«.f _?X_^rfl_rTV^ ^S^culares******. ¦ _M_-\ IliVulil—/- |/__|
j**yv«w // /&\f f*
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\mt?j Ot_)00Ç o o
V_c^_jaMbJ
A Braniff serve 33 cidades dos Estados Unidos, Acapulco,
México City e Panamá, além de 13 cidades da América do Sul.
E tem excursões para todas elas, para cada uma delas e para
qualquer tipo de viagem que alguém queira fazer para os
Estados Unidos. (Só para America do Sul temos 57 tipos
diferentes. Para os Estados Unidos, já desistimos de contar,
pois não caberia nesta página),Para maiores detalhes, consulte o seu Agente cie Viagens
ou a Braniff International.
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São Paulo - Rua São Luiz, 116-Tel.: 07-8116
BRANIFF INTERNATIONALEstados Unidos México América do Sul
SALAZAR CONTINTACÃO
Governava
seguindo
o exemplo
materno
tidos nos versos de um sonêto de Plan«
tin, que êle tinha emoldurado em sua
sala de trabalho.
Em muitas oportunidades, Salazar
falou da influência exercida por sua
mãe, Dona Maria do Resgate Salazar.
Tinha ela 44 anos quando nasceu o me-
nino Antônio (28 de abril de 1889). Dos
onze aos dezenove anos, êle morará
longe dos pais, no Seminário de Vizeu.
Vai depois para Coimbra. Mas a pre-
sença materna se identifica em cada
momento de sua vida de môço. Com
Dona Maria do Resgate passa, invarià-
velmente, os domingos. Na aldeia, lon-
ge de Coimbra. E, quando a 11 de
junho de 1926 êle aceita voltar a
Lisboa para ser, de nôvo, ministro das
Finanças, é o conselho de sua mãe doen-
te, a cuja cabeceira se encontra, que o
decide. Mais tarde, felicitado pela re-
cuperação econômica do país, responde:
— Aprendi com minha mãe. Adminis-
tro o Estado como uma pensão. Com de-
cisão e economia.
Quando a mãe morreu, ficou ao pé
da cama até a última semana. E diria
depois: segui
0 GOLPE FRACASSADO
O que o Almirante Américo Thomaz
fêz a 27 de setembro de 1968 — desig-
nar um nôvo homem para ocupar o
pôsto de Salazar — já lhe fôra propos-
to, sete anos antes, pelo Ministro da
Defesa, General Botelho Moniz.
Em 1960 há, pela última vez. eleição
direta para presidente da República.
Antigo salazarista exaltado — nunca foi
homem de fazer as coisas sem paixão—, o General Humberto Delgado é o
candidato da oposição e corre Portugal
de ponta a ponta. No Pôrto, segunda
cidade do país, tem uma recepção que
é, por si só, uma revolução. E de volta
a Lisboa, quando lhe perguntam o que
fará, se eleito, a Salazar, responde,
incisivo:
— Demito-o!
Ainda hoje há, entre correligionários
de Delgado, quem afirme que êsse êrro
de tática o liquidou. O certo é que o
regime endureceu, e as urnas apenas
registraram para Humberto Delgado
236 528 votos, contra 758 998 a Américo
Thomaz. A oposição contesta êsses da-
dos oficiais. Mas também não era fácil
encerrar, pelo sufrágio popular, um re-
gime como o de Portugal.
Dai por diante, a eleição passa a ser
indireta. Em 1965, já a oposição não
teve candidato. Américo Thomaz foi
reeleito sem competidor.
A última tentativa séria de ação mi-
litar contra o regime é o golpe de Esta-
do fracassado de 1961, que é aqui con-
tado pela primeira vez em língua por-
tuguêsa: os jornais de Lisboa e do Pôr-
to nem fotografias têm em seus arquivos.
No início da década de 60, Portugal
tem muitas dificuldades no plano exter-
no. Perde, pela fôrça, Goa para a índia;
Henrique Galvão apodera-se do transa-
tlântico Santa Maria (23-1-1961) e has-
teia no mastro principal a bandeira de
outra santa — a "Santa
Liberdade" —
e navega para o Brasil, onde recebe
asilo: a 4 de fevereiro do mesmo ano
são assaltadas a academia militar e a
polícia de Luanda, em Angola, e a 15
de março irrompe a revolta no Noroeste
dêsse território.
Em princípios de abril, o General
Botelho Moniz, ministro da Defesa, es-
creve uma carta a Salazar, da qual são
distribuídas cópias em segrêdo. Acon-
selha uma nova política, externa e inter-
na, em nome dos comandos militares.
No dia 7, o ministro pede a Américo
Thomaz uma audiência urgente. Res-
pondem-lhe que o almirante vai a uma
caçada. Moniz fala diretamente com o
presidente:Mas é urgente. Depois da caça-
da...
Tenho um jantar com personali-
dades cinegéticas.
Então, depois de jantar. Ê mesmo
urgente!
Dá-se o encontro — depois do jan-
tar. Ê mais de meia-noite, a conversa
é cordial, a indicação, muito clara.
Moniz informa que os comandos mili-
tares, montados dia a dia em diligente
articulação, querem dar a Salazar des-
canso compu sório. iniciar conversação
em Angola, transitar pacificamente para
a democracia, numa abertura liberal.
Américo Thomaz ouve com muita
atenção. E opina: na questão externa
acha primeiro necessário resistir, para
com a vitória admitir solução política;
quanto a Salazar, pondera que é ho-
mem de idade, que dedicara tôda a
vida ao serviço público, sacrificara-se
pelo país e por tudo isto era justo
ter com êle as considerações que de-
corriam dos anos e dos trabalhos.
Tranqüilo quanto à eficiência do sis-
tema que armara de ponta a ponta de
Portugal, o Ministro Botelho Moniz des-
pede-se e vai dormir. No dia seguinte,
entre altos escalões e em companhia,
inclusive, do ex-Presidente da República
Marechal Craveiro Lopes, que o foi
buscar à casa, disposto à ação e com
a farda de gala numa pasta, para as
responsabilidades a assumir (estava em
uniforme de campanha), o general-mi-
nistro aguarda a sua hora. Está no edi-
fício do Ministério da Defesa, na Cova
de Moura, decorado de metralhadoras
nos quatro cantos.
Enquanto isso de posse do rádio, da
televisão, da imprensa oficial, da Cen-
sura e demais instrumentos da polícia
(a famosa PIDE — Polícia Internacio-
nal de Defesa do Estado), Salazar de-
mitia o ministro — de cinco em cinco
minutos, a população, sem saber o que
estava acontecendo, ouvia a notícia —,
demitia os comandantes em seus quar-
téis e nos seus barcos, estendia o braço
pelas províncias de aquém e além-mar
e esvaziava a conspiração sem chegar
nem mesmo a prender os conspirado-
res, que foram saindo para casa e em
casa ficaram detidos sob palavra.
Até hoje, os jornais portuguêses não
contaram essa história, para não reve-
lar a presença de Craveiro Lopes, ex-
presidente, num ato ostensivo contra
Salazar. Um amigo de Craveiro garan-
te que a disposição do marechal era de
ir às máximas conseqüências. Só desis-
tiu quando os demais chefes militares
lhe perguntaram o "que
fazer". A res-
posta:— Dêem-me os meios de ação e sa-
berei o que fazer.
Ninguém tinha mais meios de ação.
Eram todos exj ex-presidente, ex-minis-
tros, ex-comandantes.
No Ministério da Defesa, onde ainda
se encontrava, o General Botelho Mo-
niz recebeu duas cartas: de Salazar, bas-
tante cordial, lamentando ter de lhe dis-
pensar os serviços; e a de Américo
Thomaz, bastante sêca, demitindo-o.
E isso encerrava o golpe de Estado.
157
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SALAZAR CONTINUAÇÃO
Professor
subversivo
e deputado
por
um dia
— Acredito que as circunstâncias de-
sempenham papel capital em nossas
vidas. Quanto ao que me concerne, não
teria ficado muito tempo ministro se
minha mãe não tivesse morrido. Ela
não podia viver sem mim, e eu era in-
capaz de trabalhar quando a sentia
inquieta.
Uma tarde no Parlamento
Há um traço do caráter de Salazar
que o marca desde menino: o mesmo
senso de disciplina que o leva a não
permitir o deslocamento de um só mó-
vel na república de Coimbra já no Se-
minário de Vizeu o destaca entre os
colegas. As celas são individuais, mas
abertas dia e noite. Os alunos não têm
o direito de entrar uns pelas portas
dos outros, o regulamento o proíbe.
Mário de Figueiredo recebia frangos
assados, bolos-de-amor, papos-de-anjo.
Convocado pelo amigo, Salazar pedia
primeiro, cerimoniosamente, permissão
ao padre para partilhar daqueles requin-
tes gastronômicos. Mas não passava a
soleira, comia deliciado no corredor, de
pé. A regra escrita antes de tudo.
Sua carreira política na república
parlamentar é freqüentemente esquecida.
Êle fêz parte, logo depois de 1910,
quando ainda estudante, do Centro Aca-
dêmico de Democracia Cristã, mas em
1962 ressalvava que a
palavra não ti-
nha, cinqüenta anos antes, o sentido de
hoje: "A
denominação não era lá muito
feliz, mas prevalecia o acento sôbre a
palavra cristã e não sôbre a palavra
democracia, de que uns eram adeptos,
outros não".
Em 1919, já professor em Coimbra,
Salazar é suspenso juntamente com três
colegas, por suspeita de ação subversiva
monárquica. Abre-se inquérito. Sua de-
fesa — "A
minha resposta" — é por
vêzes insolente: "Não
sabem se sou
monarquista ou não... eu sei muito
bem o que sou, mas não direi".
Três anos mais tarde, aceita candida-
tar-se a deputado nacional, pelo Cen-
tro Católico de Guimarães. Eleito, to-
ma posse a 2 de setembro de 1921.
Mas nesse mesmo dia renuncia e
volta a Coimbra. Ninguém entendeu
direito, naquela tarde, o gesto brusco.
Uma confidência talvez o explique: um
dos homens da maioria, um chefe po-
lítico conservador, que antes ocupara
as mais altas posições, lhe disse: "Nada
podemos fazer. Na França, as eleições
derrotaram os conservadores, ê a hora
das esquerdas". Mais tarde, Salazar li-
garia êsse episódio ao seu desencanto
pela democracia:
Nunca se apagou de minha me-
mória essa triste impressão de um go-
vêrno que
tinha maioria na Câmara e
se sentia moralmente abatido porque,
num país estrangeiro, o resultado das
eleições tomara certo colorido.
Aquele instante de oscilação de âni-
mo no jôgo dos corredores parlamen-
tares tomaria, no espírito do jovem
deputado, sabor de exemplo. E nunca
mais participou, depois daquela tarde,
do Parlamento. Nunca — por outro
lado — subiu à tribuna popular. Sempre
como governante absoluto, no estilo
lúcido e direto a que não faltavam
luminosidade e grandeza.
A natureza não me dotou para os
discursos — dissera em 1909, no Co-
légio da Via Sacra, em Vizeu.
Mas. pôsto em frente do papel, sabia
escrever. "Êle
usa sempre a ordem di-
reta", diziam com admiração.
O Estado forte
Antônio de Oliveira Salazar sem-
pre foi obstinado na defesa de suas
convicções. Dizia: "Não
há Estado forte
onde o Poder Executivo o não é. O
parlamentarismo subordinava o Govêr-
no à tirania da assembléia política, atra-
vés da ditadura irresponsável e tumul-
tuária dos partidos. O Estado corpora-
tivo garante o Estado forte, pela segu-
rança, independência e continuidade da
chefia do Estado e do Govêmo".
Mas mesmo o sistema em que se mis-
turavam a representação popular
— que
escolhia a Assembléia Nacional — e o
regime corporativo — que tinha a Câ-
mara Corporativa como uma espécie de
senado — nunca funcionou de verdade
com Salazar. Marcello Caetano dizia ha-
ver em Portugal uma bicefalia. As duas
cabeças eram o presidente da Repúbli-
ca, que escolhia o presidente do Conse-
lho, e o presidente do Conselho, que
mandava em tudo. Mas êle também se
referia à monocracia do homem de gê-
nio. E os homens de gênio aparecem
esporàdicamente, às vêzes com intervalos
de séculos: a normalidade das instituições
assenta nos homens comuns.
Ainda agora, o nôvo presidente do
Conselho oxigenou o sistema corporativo,
acabando com a exigência de aprova-
ção pelo Ministério das Corporações das
eleições sindicais (o Dr. Vasconcellos
Marques, o cirurgião que operou Sala-
zar, era há sete meses diretor da Ordem
dos Médicos de Lisboa, mas a diretoria
não fôra aprovada por causa de suas
opiniões). E anuncia que vai
proceder a
eleições de verdade para a Assembléia
Nacional, em outubro de 1969. Vai ver
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Tomara que seus pais lhe tenham
dado muitos livros quando V.era criança.
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SALAZAR cnNTiNrAçÃo
Ele jamaisdeixou o
poder. Nem
a passeio.
como funciona, agora, o sistema a quedeu ordenação jurídica.
O sistema foi montado para nãofuncionar — observa o Sr. Afonso Ari-nos de Mello Franco, de passagem porLisboa. — E o paradoxo é que funcio-
nou com a escolha, pelo presidente daRepública, do novo presidente do Conse-lho, sem um grito, sem um tiro.
Aliás, era isso que respondia Salazar,
quando lhe sugeriam que depois deleseria o dilúvio. Sua substituição era coisa
normal, prevista na Constituição. O pre-sidente da República escolheria outro
presidente do Conselho. Problema gra-ve seria o da substituição do próprio pre-sidente da República, porque o corpoeleitoral era mais numeroso...
Uma viagem da metrô
O homem que não gostava de mudaros móveis soube segurar as rédeas do
poder absoluto. Nesse mister, poucas vê-zes saiu de seu palácio de Lisboa. Falta-va-lhe a inquietude da viagem. A nãoser a Santa Comba Dão, só ia ao Forte
de Santo Antônio, em São João do Esto-ril, perto de Lisboa, onde passava asférias de verão e onde foi acidentado.Viagens mais longas contam-se nos de-dos. Em 1924 foi à ilha da Madeira,mas não saiu da capital, Funchal; nomesmo ano foi a Bruxelas, em compa-nhia do futuro Cardeal Cerejeira, paraum congresso católico; e em 1927, umano antes de ser nomeado ministro dasFinanças com amplos poderes para re-formar a economia de Portugal, foi àFrança. Não esqueceu mais essa viagem.
Fala a Christine Garnier:A França, como ela é bela. Fui a
Lourdes. Conheço também Paris, masmuito pouco. Fiquei uns dias apenas. Vi-sitei os museus e admirei os edifícios.Sabe o que fiz na véspera da partida?Tomei o metrô-, sem destino, vi desfilarestações — Barbès-Rechechouart, Art-
et-Métiers, Êtoile... e tive a ilusão de co-nhecer um pouco a capital do espírito.
Depois de 1928, o poder prende Sala-zar a Poiíugal. O mais longe que vai éa Ciudad Rodrigo, na fronteira espanho-
la, e quando muito a Sevilha, para en-
contrar-se com Franco.
Em quarenta anos de poder — êle
dominou o país efetivamente a partirde 1928, quando foi feito Ministro das
Finançar. —, Salazar conservou o mes-
mo sentimento de desconfiança pela im-
prensa. Uma desconfiança que vinha
da adolescência. Certa vez, contava êle,
discutira, no Convento dos Grilos, com
Cerejeira, o valor informativo do jornal.Ao contrário do que fora noticiado, não
saíra de casa, não tomara o trem, não
fora ao lugar citado nas folhas. Mas o
cardeal, bem pensadas as coisas, con-
cluía que sim, que fora, o que valia era
a versão, não o fato.
Pequenos episódios como este quevalor tiveram na formação de Salazar
para animá-lo na pesada mão que fêz
cair sobre os jornais portugueses, obri-
gados, por lei, a fazer constar de cadaexemplar a indicação
"Este número foi
visado pela Censura"?
Shakespeare censurado
Nos últimos anos, a instituição, emsi mesma detestável, se tornara ridícula.
Certamente porque a política do turis-mo visava proteger a indústria hoteleirado Algarve e destacava a sua paisagemensolarada, o calor de suas águas, era— dizem-me — impossível mencionara existência de parques de campismo
perto de Lisboa ou as neves ao sol naserra da Estrela.
Quando Salazar completou 79 anos,esse número foi cortado nos títulos. Umtelegrama sobre o aumento da prostitui-ção na Tchecoslovaquia depois da inva-são russa foi proibido, porque se acenavacom regulamentação da chamada maisvelha profissão do mundo. E, comoantes da invasão os jornais não puderamcontar que a Censura tcheca fora sus-
pensa, não foi fácil noticiar que ela forarestabelecida...
Atenta à malícia das revistas literá-rias, a tesoura desabava sobre o versofinal de um trecho de Shakespeare, tra-duzido por Sophia de Mello BreynerAndersen, a ser publicado no mensárioO Tempo e o Modo, nas comemoraçõescentenárias do poeta, porque pedia,apontando para o fantasma: "Fá-lo
pa-rar, fá-lo parar, Marcello". Só abdican-do dessa possível alusão a MarcelloCaetano a revista pôde circular.
Não havia censura prévia para os li-vros, mas os editores corriam o risco detê-los apreendidos por motivos de ordemmoral ou política. Basta contar que entreos confiscados estava A Guerra dasSalamandras, o famoso romance de fie-ção científica construído como antevi-são de um mundo subjugado por seresdo abismo, pelo tcheco Karel Kapek,antes da guerra de 1914. Ou Os Pastoresda Noite, do nosso Jorge Amado, umdos autores mais populares em Portugal.
Na verdade, Salazar assumia a res-ponsabilidade das restrições impostas àliberdade da cultura.
"Encantador, mas
ainda crê em Jean-Jacques Rousseau".foi o seu comentário sobre Eisenhower.Max Fischer lhe perguntou certa vez:
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O VOLKSWAGEN no BRASIL S A
Tudo o
que
começa bem,termina bem.
Lembra como começou a sua vida
em comum com o Volkswagen?
Êle sempre foi um companheiro
de confiança desde o primeiro
dia.
Nas tarefas fáceis, e naquelas
não tão fáceis.
Pois mesmo quando v, exigia
longas viagens déle, sem parar,
êle
jamais ferveu.
Graças a seu motor refrigerado a ar.
E quando v. andava por
estradas
cheias de água e lama, ele também
não reclamava.
Graças à chapa de aço que
fecha o chassi embaixo,
Êle também nunca quebrou mola
alguma, no meio de um caminho
esburacado.
Porque usa barras de torção,
em vez de molas.
E em troca de tudo isso, êle
nunca exigiu muito.
Sempre se contentou com pouca
gasolina, pouco óleo,
pouca oficina.
Muito bem.
Mas digamos que v. resolveu
vender o seu Volkswagen.
Como serão as coisas nessa hora?
Nós sabemos: tudo vai terminar bem.
Sempre tem gente querendo
pagar um bom
preço para ter tudo
aquilo que v. teve com o seu
Volkswagen. E êsse dinheiro já
é
boa parte
do que
v. precisa
para começar tudo de nôvo.
yfTJV Comprar um Volkswagen
áVA 0
" km, com aquela certeza
^Üfe# | de
que tudo o
que
\tp^ começa bem, termina bem.
ei
^ béb __t^^ ^r ^ .^^
beethoven:homem esquivo e temperamental.
Gênio trágico e ao mesmo tempa cheiode ternura. Patética terrível e heróica
Grande compositor.
»
Chegou a ser castigado pelo pai porquenlo queria saber de música.
Alguns anos mais tarde, Mozart disse:"tsse menino-Vai longe".
Foi tão longe quant^ Mozart, ou mais.Apaixonado pela República, dedicou a Sin-
fonia Heróica a Napoleão porque Napoleãoprometeu proclamar a República. Napoleãoproclamou o Império. Beethoven compôs aMarcha Fúnebre.
Viveu no meio de fidalgos mas recusou-sea comportar-se como fidalgo. Foi recusado
pelos fidalgos. Beethoven morreu na miséria.Não perca, em todas as bancas, um pouco
da história e da música desse gênio extraor-dinário chamado Ludwig Van Beethoven: Jásaiu o fascículo n.° 2 da série Grandes Com-positores da Música Universal.
Dentro do fascículo, o long-play com a 5.»Sinfonia, a mais célebre de todas.
Corra à banca de jornais mais próxima:não é sempre que a gente pode levar paracasa um gênio por tão pouco dinheiro.
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SALAZAR co NTI.M ACAO
Definição:
nem herói,
nem sábio,nem santo.
Se um editor quisei publicar OCapital, de Marx, a Censura permitirá7
Não!
E acrescenta:Aliás, meu gesto não diminuiria
de um só o número dos que falam delesem o ter lido. Governar é proteger aspessoas contra elas mesmas.
Assisti, faz três anos, a uma discussãoentre brasileiros sobre os motivos porque os portugueses contrários a Salazare que se consideravam maioria não odepunham. Estava presente um casalilustre, que sempre militara, impotente,na oposição. Não lhe era fácil explicarque no sistema das ditaduras modernas,de que o Marquês de Pombal foi o pre-cursor, o Governo só cai por uma rebe-Hão militar, uma guerra estrangeira ouuma conspiração de palácio.
Liberdade muito distante
"Nem herói, nem sábio, nem santo",
Salazar define-se em 1958, ao proclamarcandidato o Almirante Américo Thomaz.Mas conseguira conservar, talvez subcons-cientemente, o paraíso perdido da infân-cia, como visão de um Portugal alheioaos valores da civilização industrial. Êlese horrorizava se lhe dissessem que suapolítica se encontrava, por certas coinci-dências, com o ideal anarquista. AntesPortugal pobre, que Portugal diferente..Ser rico não é ser feliz.
A novidade, a mudança o importuna-vam Conta-se que, ao saber, pelo minis-tro de Ultramar, da descoberta de pe-troleo em Angola, exclamou:
Só me faltava mais esta!Costumava reclamar da sua própria
talta de liberdade, nunca se sentia à von-tade, mesmo para caminhar no parque-— "imaginem
que numerosos vizinhos,alias gentilíssimos, podem me espiar dasjanelas dos arredores".
Mas, numa de suas últimas entrevis-tas, fez uma previsão do tempo neces-sano as nações africanas para o exerci-cio da liberdade:
-— Precisarão quatrocentos, quinhen-tos anos...
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Um poeta - Chico Buarque de Hollanda - e
um fotógrafo - David Drew Zingg - estu-
dam um personagem provocante e desafiador.
Duas visões se integram e procuram explicar
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Esse
mar perturbadoEsse mar insistente
Batendo nas costas
Da terra, da genteNão sei se é carícia
Ou provocação.
Esse mar, não sei não...
Às vezes pareceUm pequeno vestígio
A primeira lição
O mais próximo indício
De revolução.
165
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Ajeitei-me
como os peixes,
Que acham ótimo ser
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E já
não cismam de
Subir pelas paredes.
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a camisa,
bandeira.
tirei-me no mar,
aliás, fogueira.
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senti que
a partida,
enfim, a vida,
estava ganha. FIM
171
ExS^^S^
11
Estilo brasileiro.
O Ford Corcel foi
projetado para o Brasil.
Desenhado no Brasil
por estilistas brasileiros.
Fabricado com matéria
prima e componentes
brasileiros. Testado
insistentemente. Nas ruas.
Nas pistas de corrida.
Nos laboratórios.
Qualidade internacional.
O Ford Corcel tem a
mesma qualidade Ford e
a mesma experiência
internacional que
permitiram a fabricação
do Mustang. Do Mercury
Cougar. Do Cortina.
Do Escort. Todos da
mesma família do
Ford Corcel.
Gostoso de dirigir.
O Ford Corcel tem quatro
marchas sincronizadas
à frente, e uma à ré.
A visibilidade é perfeita.
A direção, muito mais
suave, precisa e
silenciosa, jamais trepida.
Além disso, você não
precisa fazer "correções"
contínuas quando
estiver dirigindo.
Mesmo que a estrada
seja cheia de curvas.
Conforto.
O Ford Corcel foi
desenhado para levar
5 pessoas. A carroceria
é monobloco. O assoalho
não tem aquéle incômodo
túnel encontrado nos
outros carros.
E os assentos, feitos
para você dirigir e viajar
confortàvelmente.
Amplo porta-malas.
No Ford Corcel. o porta-
malas tem um tamanho
quase inacreditável.
São 458 decimetros
cúbicos para você levar
bagagem a vontade.
Em nenhum outro carro
do mesmo porte você
encontra tanto espaço.
Se você compra
pelo que
vê,
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Radiador selado.
Com todas as vantagens
dos sistemas de
refrigeração a água e a ar,
e sem as desvantagens
dos dois. O radiador
selado nunca ferve.
Você está livre do barulho,
do superaquecimento.
do"ar sujo" e da perda de
potência, característicos
da refrigeração a ar.
E só precisa trocar a água
de 2 em 2 anos, ou em
cada 30.000 km.
Cinco mancais.
No Ford Corcel, a árvore
de manivelas está
apoiada em 5 mancais.
Nos carros comuns,
em três. Quer dizer:
o Ford Corcel tem motor
mais equilibrado,
mais silencioso, sem
trepidação, com menor
desgaste de peças.
Traçáo dianteira.
Como quase todos os
carros de concepção
avançada. E tração
dianteira significa mais
estabilidade.
Equilíbrio perfeito:
59% no eixo dianteiro
e 41 % no eixo traseiro
com o motorista e o
tanque cheio de gasolina,
e 52,6% no dianteiro e
47,4% no traseiro,
com carga total.
Maior segurança.
Maior aderência ao solo.
Suspensão,
superdimensionada
A suspensão do Ford
Corcel. de grande
resistência e flexibilidade,
foi planejada, testada e
aprovada especialmente
para todas as condições
de tráfego das ruas e
estradas brasileiras.
Nas rodas dianteiras
do Corcel a suspensão
é independente e
você pode te-las
com freio a disco.
Economia.
O poderoso motor de
68 HP a 5.200 rpm (SAE)
do Ford Corcel faz até 12
quilômetros com um litro
de gasolina. A autonomia
é de 560 quilômetros.
A lubrificação, permanente.
E você só precisa trocar
o óleo do cárter em cada
cinco mil quilômetros
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veja um carro de verdade.
MOTOR DIANTEIRO, 4 TEMPOS. 4 CILINDROS EM LINHA, 68 HP (SAE) A 5 200 rpm. t 289 cm3 DE CILINDRADA RADIADOR DE AGUA COM CIR-
CUITO SELADO CONJUGADO MÁXIMO 9.87 mkçj A 3 200 rpm TAXA DE COMPRESSÃO 7.8 1 SISTEMA ELÉTRICO DE 12 VOLTS DISTÂNCIA EN-
TRE EIXOS 2 44 m COMPRIMENTO TOTAL: 4 40 m. LARGURA TOTAL: 1.61 m ALTURA TOTAL 1.42 m PESO EM ORDEM DE EMBARQUE 888
Kg CAPACIDADES ÓLEO DO MOTOR 2,5 LITROS. TANQUE DE COMBUSTÍVEL 47 LITROS RAIO MÍNIMO DE CURVA 505 m PNEUS 645 x 13 CORCEL
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Pintores e
cineastas,
os
primeiros
Três
anos atrás, quando Roberto
Carlos fêz o Brasil desejar que
tudo mais fôsse para o inferno,
ninguém o levou muito a sério.
Mas era evidente que um ciclo cultural
se estava fechando: o teatro político.
Depois de contar Zumbi, parava de con-
tar dinheiro; o cinema nacional não ca-
bia mais à sombra da Palma de Ouro
do Pagador de Promessas; a chamada
música popular brasileira, em desespêro,
organizou-se numa frente ampla contra
a Jovem Guarda.
— Antes de mais nada, devemos de-
fender o que é nosso. Isso que
estão fa-
zendo não é música brasileira. Ê uma
onda que não vai durar muito. Temos
certeza de que o samba, o nosso ritmo
mais autêntico, vai voltar na voz do
povo!
Isto foi dito três anos atrás, mas pode
ser ouvido ainda hoje. Apenas não se
trata mais da disputa da bossa-nova com
o ié-ié-ié: agora não há mais a frente
ampla, há o CCC — o Comando de Caça
a Caetano. Agora não há mais a Jovem
Guarda, há o tropicalismo.
Por trás dêsse rótulo demasiado rígido
para um movimento que
se recria a ca-
da instante, houve todo um período de
amadurecimento, com a fusão de várias
componentes. Umas mais próximas, ou-
trás mais distantes. Só o tempo poderá
estabelecer o grau de participação
delas
na formação do tropicalismo.
Outros "ismos"
Quando Roberto Carlps mostrou que
viera para ficar, percebeu-se que
os Bea-
tles eram muito mais do que um grupo
de jovens inglêses com uma grande
an-
tipatia pelos barbeiros. As coisas passa-
ram a acontecer com tal rapidez, que
mesmo o comodismo petrificado de cer-
tos ambientes culturais brasileiros come-
çou a ser lentamente abalado.
No Brasil foram os cineastas e pin-
tores os primeiros a assimilarem os no-
vos rumos artísticos que eclodiam ao
mesmo tempo pelo mundo todo. As ex-
posições Opinião, no Rio, e Propostas 66,
em São Paulo, vieram simplesmente con-
firmar a impressão deixada pela Bienal
de 1965. Ligando-se à vanguarda mun-
dial, o artista brasileiro valia-se de toda
a liberdade oferecida pelas colagens,
montagens, equipamentos sonoros e lu-
minosos. Êstes eram os instrumentos
mais adequados para fazer o levantamen-
to da cultura moderna, uma cultura em
que o homem se via cercado por man-
chetes de jornais, anúncios de televisão,
carcaças de automóveis, o branco mais
branco. Afinal, o que era aquilo tudo?
Era algo de nôvo? Sim e não.
Há quase meio século, o futurismo.
S£GL'K
177
,g;
§
Se este Vulcabrás
tivesse marca italiana
tasse o dobro,
iria ainda mais...
0 mundo e engraçado,
Vulcabrás é bopito, macio, impermeável, resistente.
Tanto quanto um bom sapato italiano.
No entanto, há certas pessoas que
deixam de comprá-lo
só porque êle náo tem marca italiana...
e porque custa
"assaz
pouco"
O mundo é engraçado.
• •' W*** "", ™ •<»>-wj«"
vui.cabrAs
CAIXA POSTAL 47 - JU NDIAl - S. P.A
Jt
0 e o0
Uns entendiamtudo eoutros, nada
TROPICALISMO ° dadaísmo e o surrealismo já procura-continuação vam entender o universo da máquina à
luz das novas interpretações reveladaspelos estudos sociais e pela psicanálise.Destas sementes plantadas na Itália, naAlemanha, na França, brotariam frutoshíbridos no Novo Mundo. No Brasiltambém.
Pela dificuldade de um contato maisdireto com os seus resultados, a Semanade Arte Moderna de 1922 tornou-seapenas um vago item no currículo doscolégios. Para o estudante médio ela pa-recia ter sido uma série de banquetesagitados, onde se celebrava a desdita doBispo Sardinha — devorado pelos ín-dios em 1554 — e de onde todo mundosaía falando que nem e milhor. Muitosatribuíam a organização desta espécie defestival a "dois irmãos" — Mário e Os-wald de Andrade — e as novas geraçõesnunca entenderam por que se deveriaminteressar por tal movimento.
— Semana de Arte Moderna não éaquele negócio em que andou metido oGuilherme de Almeida? Deve ser umpapo superfurado!...
A cultura do trópico
Isto foi válido até que, em 1967, oTeatro Oficina levou à cena O Rei daVela, de Oswald de Andrade, com dire-ção de José Celso Martinez Corrêa. Daíem diante, uma porção de gente passa-ria a entender muita coisa; outros a nãoentender mais nada. Primeiro, ficava-sesabendo que, apesar do sobrenome, nãohavia qualquer parentesco entre Oswalde Mário de Andrade. Segundo, desço-bria-se que uma peça escrita em 1933podia inquietar, graças à encenação deJosé Celso, mais que todo teatro "en-
gajado" mais recente.O Rei da Vela é uma crítica cáustica
da estrutura econômica, da vida política,dos costumes e da mentalidade dominan-te em algumas camadas da sociedadebrasileira dos 30. Todo o material tea-trai utilizado por Oswald é colhido emnosso modo de vida, sendo reelaboradocom uma insolência toda particular.José Celso, com imagens vivas, levavaesse espírito até os seus limites: circo,revista da Praça Tiradsntes, programado Chacrinha, chanchada da Atlântida,o espetáculo tinha de tudo. Tratava-sede uma tentativa de captar criticamenteo gosto das grandes massas brasileirase, com êle, o verdadeiro espírito da cul-tura criada no trópico.
Na platéia, um espectador particular-mente deslumbrado: Caetano Veloso,que, uma semana antes, havia compostoTropicália. Nesta música, como no es-petáculo dirigido por José Celso, haviaum ponto em comum: a nova realidade
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CONTINUARÃO
TROPICALISMO Dras*le*ra jogada em contraponto com osvalores tradicionais e consagrados do
gosto popular. Caetano diria depois quedividia sua obra em antes e depois deter visto O Rei da Vela. José Celso, porsua vez, encantou-se com o intercâm-
bio de contribuições que começava a
acontecer:— Veja você: fui violentamente in-
fluenciado pelo filme Terra em Transe,
de Gláuber Rocha. Agora Caetano se
diz influenciado pelo meu espetáculo.
Tenho certeza de que nossa geração vai
começar a criar algo de novo.
Terra em Transe, embora feito em
1966, ainda hoje divide a crítica e o pú-blico. O filme trata da política violenta,
corrupta e contraditória de um país la-
tino-americano imaginário, Eldorado,
onde vigora uma mistura de fascismo mis-
tico, populismo barato e romantismo re-
volucionário. Gláuber Rocha não parou
para se perguntar o que era ou não era
de bom gosto. Entre uma usina hidrelé-
trica e o*luar do sertão, não há dúvida
possível — fica-se com os dois. Assim
é no filme: na fundação de Eldorado,
na primeira missa, um índio defronta-se
com um nobre — vivido por Clovis
Bornay — fantasiado como quem vai
ao baile do Municipal; um interrompe
seu discurso para cair num samba ras-
gado ao som de uma banda de subúrbio.
Aplicava-se, enfim, a fórmula descober-
ta por Oswald de Andrade em 1924 —
ver com os olhos livres.
Se O Rei da Vela abriu para Caetano
Veloso uma nova visão das possibilida-des da arte, para Gilberto Gil houve
outra fonte de confirmação das necessi-
dades de um novo tratamento a ser dado
às mensagens artísticas. E, novamente,
seria uma montagem teatral que apre-
sentaria notáveis pontos de contato e de
reforço às experiências musicais do "gru-
po baiano". Por indicação de um amigo,
Gil fora certo dia a um teatro adaptado
que funcionava numa boate subterrânea
da Rua Augusta. O espetáculo era A
Cantora Careca, de Eugène Ionesco, sob
a direção de Libero Rípoli Filho. Gil,
que já conhecia a peça, estranhou o en-
tusiasmo com que o amigo a recomen-
dará. A montagem, porém, deixava tudo
bem claro, pois Libero valia-se do texto
como um mero pretexto para seus acha-
dos histriônicos. Cortava pedaços, inter-
calava seqüências inteiras de comerciais
de televisão e, ao final, trancava as por-tas do teatro para um debate. Então,
sozinho, representava a peça toda de
novo, explicando cada detalhe. Gilberto
Gil ficou tão surpreso, que só teve uma
pergunta:Como é mesmo o nome da peça?
A Cantora Careca, do autor ro-
meno Eugène Ionesco.Que nada! Só se fôr A Cantora
Careca Contra os Flintstones!
Como vai, vai bem?
Outra referência que não pode faltar
toda vez que se fala de tropicalismo é
Abelardo Barbosa, o Chacrinha. En-
quanto os animadores de programas de
auditório são sempre bem comportados,
vestem-se com aprumo e procuram dis-
ciplinar suas apresentações, Chacrinha
faz exatamente o contrário: é malcriado.
Chacrinha:
Sou o único
autêntico.
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*Ka^í BbBmé Bfl BR^aB^^I
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chama o auditório de "macacada"
e, não
raro, manda-o "para
as profundas do in-
ferno". Veste-se com fantasias espalha-
fatosas, distribui legumes, faz de seu pro-
grama uma desconcertante seqüência de
surpresas. O povo o adora. E os jovensartistas tropicalistas o tomam como a
expressão direta, em estado bruto, da
verdadeira sensibilidade estética do povobrasileiro.
Antes do início de um de seus pro-
gramas é fácil encontrar Chacrinha às
voltas com calouros desesperados, poli-ticos do interior e obscuros conjuntos de
ié-ié-ié que aguardam uma oportunida-
de. Uma multidão de secretários cruza o
palco a todo instante. Ao contrário do
que se pensa, seus programas são sem-
pre muito bem organizados, com todos os
números devidamente cronometrados,
sendo deixada apenas uma certa mar-
gem de tempo para as improvisações.
Chico Buarque de Hollanda, no começo
de sua carreira, só não cantou na Disco-
teca do Chacrinha porque Pedro Pe-
dreiro era demasiado longo.Não dá pra cortar uns esperando,
esperando?Não dava, e Chico deixou de se an-
tecipar a Caetano e Gil.
Quando Chacrinha fala de tropicalis-
mo, faz questão de mostrar seu álbum
de recortes.Veja aí, esse negócio de tropica-
lismo é fofoca. Sou tropicalista há mais
de vinte anos. Desde 1946. Desde o rá-
dio. Veja esta fotografia, eu ainda usava
bigode mas já me vestia do jeito que me
visto hoje. Olhe aqui: eu fantasiado de
índio. De noiva. O que acontece é que,antes, a imprensa me chamava de débil
mental, de maluco, de grosso. Dizia quemeu programa não valia nada. Me cha-
mavam de alienado. Atenção, Seu Ma-
chado, eu disse a-li-e-na-do! E agora?
Agora a imprensa intelectualizada é
obrigada a me aceitar, a reconhecer o
meu valor. Eu sou o Rei do Tro-
picalismo!Chacrinha insiste nesses dois pontos:
o seu orgulho por ter sido o verdadei-
ro inventor do estilo tropicalista e o seu
ressentimento contra os "pseudo-intelec-
tuais" que o atacam, enquanto aplau-
dem Gil e Caetano. Quando lhe pergun-tam qual é a intenção de seus progra-mas, Chacrinha responde apenas quetudo é espontâneo, e em seguida muda
de assunto.Admiro muito o Caetano e o Gil
como cantores e compositores. E Os Mu-
tantes também. Mas eles todos me imi-
tam. Muita gente me imita. Em quasetodas as capitais do Brasil existe pelomenos um falso Chacrinha. Mas não te-
nho ciúmes, não. Não quero exclusivi-
dade. O tropicalismo de Caetano, se não
se comunica com a massa, é porque não
é autêntico. Eu, não. O povo me aceita
porque sou o único autêntico. Há mais
de vinte anos. Aliás, acho que a palavratropicalista vai desaparecer, mas, mes-
mo depois do Caetano partir pra outra,
quando não se falar mais no assunto, eu
continuarei tropicalista. Sempre fui. Hámais de vinte anos.
Uma questão de desordem
Para Chacrinha, como para uma boa
parcela da opinião pública, o tropicalis-
mo é apenas uma maneira de se apresen-
tar. A fantasia faz o tropicalista. As ati-vidades paralelas de Gláuber Rocha,José Celso, Libero Rípoli e outros lheescapam totalmente. A reiaçào entre oartista e o público nunca o preocupou— é que Chacrinha domina o auditório.Este, aliás, é o aspecto de sua atuação
que mais interessa a Rogério Duprat.Maestro, compositor erudito, arranja-dor das músicas do grupo baiano, Ro-
gério Duprat é antes de tudo um inte-lectual vigorosamente comprometido com
a destruição de todos os valores tradi-cionais:
— O que importa, hoje, na música, éo que acontece quando ela é executada.Não queremos mais a tal de Arte. Hoje
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181
Respondahonestamente: vocêmerece um Wallig ?
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S. .Ihb fl
Wallig, q fogão, foi projetadopara aquele tipo dedona-de-casa que adoracozinhar, tem o toque dotempero e sabe aproveitar todosos recursos à mão.Veja só que detalhes tem oWallig Visoramic :Flamatic, que acende instantâneamente cada um dos queimadoressem uso de fósforos, acendedor <tricô, etc. Se o vento apaga a cma, Flamatic reacende na hora.Você nem precisa tomar conhecirLuz no forno, com interruptor e>forno é isolado com lã de vidro: aquececom maior rapidez e nâo esquenta o am-biente. E tem Controle Automático de Tem-peratura. para mantê-la uniforme durante todoo tempo de cozimento.Gaveta assadeira conjugada com o queimadordo forno. Pode ser utilizada ao mesmo tempoque o forno, sem gasto adicional de gás.A grelha integral permite empurrar as panelassem desequilibrá-las 0 tampo bandeja torna mais jrápida a limpeza e impede que caia gordura, leitederramado, fuligem, etc, dentro do fogão.E os roletes ainda facilitam quando é preciso afastar •o fogão para limpar o piso.Wallig criou e aperfeiçoou todos esses detalhes por estarazão: as boas donas-de-casa dão importância às horas passadasna cozinha. Isto é o bastante para você merecer Wallig, o fogão.
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1
ela deixou de ser um objeto do artista
continuação e passou a ser um resultado coletivo.
Todo mundo cria. O que importa é o
happening, o acontecimento. Existem
ordens e ordens. Umas são fardadas, rí-
gidas; outras são do tipo da que impera
nos programas do Chacrinha, por exem-
pio. Assim, no disco Ê Proibido Proibir,
acho que o lado mais importante é aquê-
le gravado ao vivo, com as vaias do pú-
blico e o discurso de Caetano.
Duprat considera a música como algo
já esgotado. Tudo já foi feito,
qualquer
sofisticação melódica, rítmica ou harmô-
nica é inútil.
— Por isso, a música de Gilberto
Gil, Questão de Ordem, desclassificada
no festival, em São Paulo, era proposi-
tadamente antimusical. O que interessava
era o acontecimento. E, se não quiserem
chamar isso de música, então chamem
a polícia...
Gilberto Gil endossa as palavras do
maestro e acrescenta alguns detalhes que
explicam sua nova tendência. Em pri-
meiro lugar, há uma preocupação maior
çm superar os limites impostos a uma
melodia popular
— duração, ritmo, to-
nalidade. Gil procura agora se aproxi-
mar mais das tendências da música ne-
gra internacional. Êste "nôvo-som",
por
$eu .caráter sensorial, físico, explosivo,
parece ter resultado numa espécie de
agressão ao ouvinte.
,r t— Mas a agressão não foi meu obje-
(ivo. Ela resulta do comodismo e da pas-
sividade de quem se sente agredido. O
que. f importa para mim é a liberdade, e
não, me preocupo com o consumo que
ipinha música possa ter. Se tiver, genial;
se não, não importa, estamos aí. Só sei
quç., não devo me submeter ao mêdo
apocalíptico que domina êste País e é a
principal doença da música popular bra-«« * *
sileira.
A rumba do Terceiro Mundo
A liberdade de criação é para José
Carlos Capinam, várias vêzes parceiro de
Gil e Caetano, a base vital do tropica-
lismo. Poeta e letrista consagrado, Ca-
pinam escandalizou a crítica ao usar
pela primeira vez o "portunhol",
o que
vem a ser uma mistura de português
com espanhol:
— Na rumba Soy Loco por ti, Amé-
rica, que fiz de parceria com Gil, senti
mais possibilidades do que ao compor
a letra de Ponteio. Dizem os críticos que
uma rumba não pode ser música brasi-
leira e que não se podem fazer versos
com palavras em castelhano. Seria o caso
de perguntar: e daí? A cultura brasileira,
para mim, não é mais exclusividade re-
gional, é a cultura de todo o Terceiro
Mundo, de tôda a América Latina, de
todos os.:países subdesenvolvidos. Se os
problemas nacionais são os mesmos dos
outros países latinos, temos o direito —
mais até: o dever — de nos expressar
também em espanhol. O tropicalismo nos
dá a liberdade necessária para enfrentar
esse dever. O artista que policia sua
fôrça criadora pretendendo falar a lin-
guagem do povo comete um duplo en-
gano. Primeiro, êle pensa estar falando
a linguagem do povo; segundo, o povo
pensa estar ouvindo através dêle a ver-
dadeira voz da arte.
Capinam
quer
a liberdade
de criação
Capinam reitera outra constante do
tropicalismo, a busca da coisa nova dita
de maneira nova. Isto ficou claro quando
Torquato Neto afirmou que existiam
muitas maneiras de fazer música brasi-
leira, e êle preferia tôdas. Esta flexibi-
lidade é que determinou o envolvimento
de vários conjuntos de música jovem no
movimento. Em quase todos os discos ou
shows tropicalistas são presença constan-
te os Beat Boys e Os Mutantes. Para
êstes, por exemplo, tropicalismo é um
nome prático, que foi encontrado
para
definir um certo tipo de investigação
musical, que se está fazendo atualmente
e no qual várias tendências se entrecru-
zam.
— Ê mais fácil dizer a um repórter a
palavra tropicalismo do que explicar,
com detalhes, o que queremos fazer. Te-
nho a impressão de que a principal ca-
racterística do nosso tropicalismo é a
ironia que introduzimos em tôdas as for-
mas musicais acabadas. Essa ironia as
embeleza. E nós, Mutantes, queremos
fazer uma música, acima de tudo, bela
e alegre.
Nem tudo é da Bahia
A procura, acima de tudo, da beleza
e da alegria, é a constante mais eviden-
te nas músicas de Tomzé, outro mem-
bro do grupo baiano. Especialmente em
suas letras, Tomzé lida com os grandes
mitos criados pela publicidade
— a boa
aparência, o otimismo pela técnica, os
crediários, os preconceitos e a desinfor-
mação. Freqüentemente emprega ditos,
ou mesmo quadrinhas populares, como
base para suas composições. Não se tra-
ta porém de recolher
"desafios" ou ex-
pressões do cangaço:
"Antigamente, um rapaz bem educado
não dizia palavrão
não pedia fiado
e nem cuspia pelo chão".
A irreverência de cantador nordestino
esconde a personalidade de um artista
que se atualiza constantemente com os
mais recentes estudos sobre Comunica-
ção de Massa. Ainda pouco conhecido
do público, Tomzé tem sempre uma
surpresa para os
que travam contato
com êle pela primeira vez:
— Por ser o mais velho, sou o mais
urbano do grupo baiano. Daí eu ser o
mais tranqüilo e, digamos assim, o mais
bem educado. Por exemplo, eu respeito
muito o Chico. Quer dizer, eu tenho que
respeitar. Afinal de contas, êle é meu
avô!
O humor ferino também está presente
nas letras de Torquato Neto, um piauien-
se "naturalizado"
baiano e residente em
São Paulo. Conhecido como o lírico poe-
ta que fêz Pra te Dizer Adeus em par-
ceria com Edu Lôbo, Torquato tem hoje,
talvez, a posição mais radical entre os
letristas brasileiros:
Quando fiz a letra de Louvação,
tinha absoluta certeza do valor de tudo,
de cada coisa. Daí a separação que fiz,
dividindo o mundo em duas metades
bem definidas — louvando o
que bem
merece e deixando o ruim de lado. Hoje,
ja sou capaz de distinguir entre um fato
particular e o processo a que êle perten-
ce. Eu não sou de plantar bananeira em
apartamento, e quando compus Mamãe-
Coragem não fui movido por nenhum
sentimento edipiano. O que me
preocupa-
va era desmitificar um valor estabelecido,
simplesmente porque era estabelecido.
No caso foi a mãe, azar. Podia ter sido
o mito do Diploma, o agel de Doutor,
sei lá. A nós, tropicalistas, não interessa
derrubar o Príncipe e deixar que sobre-
viva o Princípio.
Os meios para os fins
O maior contato entre o tropicalismo
e a Jovem Guarda foi o estabelecido por
Gal Costa, uma garota de 22 anos e in-
térprete oficial do grupo baiano. Sempre
que pode, Gal aparece nos programas de
Roberto Carlos, tendo até defendido uma
composição dêle e de Erasmo Carlos em
recente festival. Suas aparições na televi-
são chamaram logo a atenção para uma
voz afinadíssima e delicada, em contraste
com suas fantasias "cafonas".
Gal re-
cusa-se a aceitar a hipótese de um abis-
mo entre a Jovem Guarda e o tropicalis-
mo. Ao contrário, entende o ié-ié-ié exa-
tamente como uma ponte sem a
qual a
música brasileira ou nunca sairia do Bar-
quinho ou se deteria no "barraco
cuja
porta era sem trinco".
Independente de sua importância
histórica, que é indiscutível, acho o Ro-
berto genial. Não foi sem razão
que o
maestro Duprat colocou na gravação de
Baby, na hora em que a letra diz
"aquela
canção do Roberto", uns acordes de Esta
é a Nossa Canção. Acho essa música tão
bonita, como a Michèle, dos Beatles.
Para mim, o tropicalismo é exatamente
isso, gostar das coisas sem mêdo. Ê por
isso que vou
gravar um "rojão"
de Jack-
son do Pandeiro. Aliás, nesta época de
passeatas, acho o ritmo muito apropria-
do...
Investindo contra uma série de valô-
res considerados intocáveis, infiltrando-se
nas^ estruturas e delas procurando sair
incólumes, é difícil aos tropicalistas fixa-
rem-se por muito tempo num mesmo ca-
nal de tevê, numa mesma cidade. A re-
cusa às concessões fáceis inspirou a mui-
tos críticos uma imagem distorcida que
levam ate o publico. Guilherme Araújo,
que é empresário de Gil, Caetano, Gal,'
Tomzé e dos Mutantes, não esconde o
problema:
Nós precisamos encontrar os meios
adequados para a divulgação das cria-
ções do grupo. Mas há uma nítida re-
sistencia, nas estações de televisão, ao
que é realmente nôvo. Veja, não é um
problema de ser ou não ser comercial.
O apoio que tivemos de Manuel Baren-
bein na produção dos discos dos meninos
foi plenamente recompensado. O
que
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74.053
TROPICALISMO CONTINIAÇÀO
Todos, enfim,
têm confiança
no
que
fazem
existe é a ignorância, o mêdo de ousar.
Por isso acho que prefiro o teatro, onde
tudo o que fazemos vai por nossa conta
e risco. Eu não tenho dúvidas sôbre a
importância do tropicalismo, principal-
mente por tudo que falam contra êle.
Afinal, ninguém dá pontapé em cachorro
morto.
Os críticos agudos
Enquanto a Jovem Guarda foi disse-
cada principalmente por sociólogos e
psicólogos, o tropicalismo atraiu em par-
ticular a atenção dos estudiosos da Teo-
ria da Informação. Os poetas concretis-
tas Augusto de Campos e Décio Pigna-
tari foram e continuam sendo os maio-
res divulgadores da importância do tro-
picalismo. Augusto vê na tropicália uma
continuação do ciclo aberto por João Gil-
berto. Mas —
esclarece — não se trata
de uma continuidade linear:
Êles deglutem, antropofàgicamente,
a informação do mais radical inovador
da bossa-nova. E voltam a pôr em xeque
e em choque tôda a tradição musical bra-
sileira, bossa-nova inclusive, em confron-
to com os novos dados do contexto uni-
versai.
Já o falecido Sérgio Porto nunca mor-
reu de amores pelo tropicalismo, e disso
jamais fêz segrêdo. Quando do lança-
mento do disco Tropicália, em agosto
de 1968, assim o recebeu o criador de
Tia Zulmira:
A palavra tropicália, criada para
dar nome a um movimento que fracassou
de saída, por ser imitativo e sem imagi-
nação, hoje lembra mais vigarice do que
outra coisa.
E concluía:
É uma pena que artistas de talento
como Gil, Caetano, Gal Costa e Torqua-
to Neto estejam metidos nessa besteira,
que o menos exigente dos críticos hones-
tos poderá classificar de subdesenvolvi-
mento musical baiano.
Na mesma página de jornal, comen-
tando o mesmo disco, Ely Halfoun dizia
que tudo era perfeito, a começar pela
capa. Fazia apenas uma ressalva quanto
à inclusão de Coração Materno, mas, no
mais, definia o disco como um documen-
to que deixava bem claro que
"Gil e
Caetano estão no caminho certo da nova
concepção musical e que os camisolões
são indispensáveis em suas apresenta-
ções".
O jornalista Chico de Assis sempre
entendeu o tropicalismo como a mais
rematada pilantragem, um doloroso des-
vio no caminho dos baianos, êsses mes-
mos baianos humildes e simples que co-
nheceu anos atrás. Sua coerência evitou-
lhe o desespêro de alguns adesistas de
primeira hora, como o compositor Nél-
son Motta, que, tentando acompanhar o
movimento, perderam o fôlego:
Com os cinco anos de amizade e
admiração, considero-me com inteira li-
berdade para dizer que Gil, com seus
atuais gritos, consegue, no máximo, cha-
tear. Não agride a sensibilidade ou os
valores, agride fisicamente o ouvido.
Uns pedem mais silêncio, outros menos
colares, outros mais participação. Êste
último é o caso de Geraldo Vandré, ar-
tista que considera o tropicalismo uma
mera tentativa de folclorizar nosso sub-
desenvolvimento. Acha a tropicália pou-
co "participante"
politicamente. A répli-
ca é de Augusto de Campos:
Os que querem a música
partici-
pante, em formas conservadoras, folcló-
ricas, deveriam lembrar-se do que disse
o maior dos poetas participantes de nos-
so tempo, Vladimir Maiakovski: não po-
de haver arte revolucionária sem forma
revolucionária. Não adianta transformar
o Che em clichê.
Um tipo mais recente de interpretação
descobre um curioso paralelo entre o tro-
picalismo e o movimento negro ameri-
cano. Lá, os prêtos procuram voltar aos
padrões da Terra Mãe, organizando-se
em torno de centros de estudos da lín-
gua e da cultura africanas. Os salões es-
pecializados em alisar cabelos vão per-
dendo dia a dia a sua freguesia tradicio-
nal. Os ternos vão deixando lugar para
os vaporosos e coloridos trajes africanos
mesmo que sejam feitos em série. Não
seria isto o que estaria sendo feito aqui
mesmo inconscientemente — pelo tro-
picalismo? Caetano, ao aparecer com a
cabeleira encaracolada, não estaria que-
rendo emancipar um povo de sua preo-
cupação em acompanhar padrões estéti-
cos que o obrigaram a se ver às voltas
com toneladas de brilhantina? Seus ca-
misolões floridos, seu terno de linho
branco, não seriam apenas sugestões de
bom senso para um clima tropical como
o nosso? Será o tropicalismo uma volta
à Terra Mãe, uma proposta de abandono
dos critérios de progresso que até aqui
foram aceitos, passando o Brasil a se
ocupar com seu papel de superpotência
no Terceiro Mundo?
A todo instante o tropicalismo se refaz
e se transforma, deixando sempre um
rasto de interrogações. A agitação dos
críticos que se atiram à tentativa de re-
solver êste enigma contrasta com a tran-
qüilidade dos próprios tropicalistas. Para
êles, a tranqüilidade é resultante da con-
fiança que têm no seu trabalho e que
pode ser resumida numa frase de Ca-
pinam:
De tanto ver triunfar as nulidades,
hei de vencer! KIM
01
Chçgou ao Brasil o primeiro
Bourbon importado -
o legí-
timo whiskey americano. Fòur Roses para
todos. É aquêle
whiskey de alta qualidade,
aromático e delicioso, tradicio-
nal nos Estados Unidos. Puro ou"on the rocks* como pre-
ferir. É questão
de escolher entre gostar
muito e adorar.
Four Rose» / Bourbon-
Whiskey.
Envelhecido seis anos em
barris novos de carvalho.
Daí seu aroma e sabor
tão característicos.
Posteriormente, os barris
usados do Bourbon são
utilizados no envelheci-
mento dos famosos
whiskies da Escócia.
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WHISKEY
BOURBON
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STRAIGHT^
Bourbon whisket
Procure-o somente nas boas casas.
1'rvUuiido por Four Roses DistiUiny Co., Louhville, Kentucky, US A.
BOURBON
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^ÊSÊÊ^^' * ¦ ><jwf^ * Pm * .^J^ECaetano Veloso queria ser pintor, acabou poeta #
e cultor. Agora é o teóric^mpr do -J^ iy*$?^ojjitíatismo, procura os caminhos da síntese deicenté Celestino.e dos Beatles. Tudo f '*%*»
isso talvez se explique da maneira mais simpleá^f*.~t*. **St *\(0*^n
I * t^tew?- fp^ti- Cl [ L DnlnBill fmm! lÉéWP^fmSlPlBl ¦ ¦ flfllfl fl flfl—fll vímJI! 'I^^^^ml^^1' ":fl 11 I I Iflflfl Bfl IHII $$m kI
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'\SBfcH«6 K
AChapaDecoratjvaDuraDte^^^H^^HHHIHjlHHHH|^^^^M
1'nâo cura a dor dei
dente de ninguém.
Mas que
seu cliente
vai entrar no consultório
mais confiante,
isso vai...
Pode ser que
o senhor nem seja dentista.
Seja advogado, médico ou engenheiro.
0 resultado é o mesmo. Seus clientes
terão certeza de estar lidando com
alguém de categoria, bom gosto e bem
sucedido na profissão. Que sabe
escolher e conhece o valor do detalhe.
DURAPLAC não cura dores nem resolve
pendências. Mas uma sala de espera
com aplicações de DURAPLAC prepara,
favoravelmente, o espírito de quem
está esperando. O senhor sabe
que temos DURAPLAC em 10 côres lisas
e 8 padrões-madeira? São 18 maneiras
que lhe oferecemos
para proporcionar
aquèle clima de confiança. Vamos tentar?
(a melhor divisão-o melhor lambris)
DURA
PLAC
orgulho e produto aa
PR#
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9MSQU
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"Vocês
estão
por
fora!"
a sala do grande apartamento ha
um disco estranho rodando na vi-
trola, e nêle não se ouve música,
apenas a voz de desespero de um homem
tentando abafar os gritos de uma multi-
dão enfurecida:
Ê esta a juventude que quer tomar
o poder?!... Vocês estão por fora!...
A mesma voz vem agora do quarto ao
lado, mais próxima, mais branda, sobre-
pondo-se ao som da gravação:
Dedé, desliga isso, minha nêga.. .
Em matéria de velharia, eu prefiro Car-
men Miranda...
Há humor e certeza na frase, como em
tudo que êle faz ou diz, porque êle é
Caetano Veloso, a mais discutida perso-
nalidade musical desde que Roberto Car-
los gravou o Calhambeque. Ainda há
poucos meses, o discurso que interrom-
peu sua apresentação no Festival Inter-
nacional da Canção foi considerado
como o escândalo do ano, o maior im-
pacto dos últimos tempos no meio ar-
tístico nacional, mas êle já o considera
uma "velharia,
peça de museu". É que
já se acostumou a causar impacto, a con-
viver com o escândalo. Afinal, êle é Cae-
tano Veloso.
Horas de rádio, dias de carnaval
O garotinho que, num dia de agosto
de 1942, vinha ao mundo na cidade de
Santo Amaro da Purificação, Bahia, cho-
rava como tôdas as crianças do mundo,
como o haviam feito os seis irmãos que
o antecederam. Nem no dia de seu ba-
tismo se apresentou com maior discrição
ou compostura, comportamentos que se-
riam de se esperar de alguém que aca-
bava de receber um nome pomposo co-
mo o seu: Caetano Emanuel Teles Vian-
na Veloso, um varão a mais numa cida-
de conhecida por sua pobreza e pela qua-
lidade de sua cachaça.
Minha infância seria um tédio para
um psicanalista. Joguei bola, soltei pipa.
fui para
a escola, não gostei da escola.,
tudo como todo mundo.
Hoje, os velhos moradores da cidade
lembram alguns detalhes onde se distin-
guia aquêle garoto magro e cabeçudo
entre a normalidade de todo mundo
Eram as horas que passava grudado ao
rádio, e seu particular interêsse pelos
dias de carnaval.
Bem, aí de fato eu me esbaldava
Não havia na cidade quem não ficasse
curioso em saber que fantasia eu iria
inventar naquele ano. Eu era muito bom
nos disfarces e, às vezes, com uma velha
camisola de minha irmã, um chapéu de
mamãe, a cara toda pintada, ninguém
me reconhecia. A turma da cidade não
conseguia entender como eu podia me
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ENCLISH LAVENDER
ATKINSONS
English Lavender lança,
junto com a nova embalagem,
um nôvo produto
com o mesmo perfume.
After Shave.
A primeira loção após barba
da qual você pode esperar muito.
É uma afirmação English Lavender
A fragrância continua igual.
Tão masculina e tão desejada que
ainda é encontrada em forma de
sabonete, talco e brilhantina.
Apenas a embalagem mudou.
English Lavender
tem tanta personalidade
que pode se dar a êsse luxo.
INUISH I W|NI>1 N I
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CAETANO
CONTINUAÇÃO
preocupar tanto com essas, coisas de "ma-
ricas", e no dia seguinte me atracar com
tanto entusiasmo num jôgo de futebol.
A escala da aaeola
Caetano fêz o ginásio e completou o
clássico em sua cidade mesmo. Seus bo-
letins revelam um aluno médio, desta-
cando-se apenas em línguas e composi-
ção. Nas aulas, porém, sentava-se nas úl-
timas carteiras e, quando não estava per-
dido em profundos devaneios, era o que
se costuma chamar de "o
palhaço-da-
classe". Os professôres chegavam a respi-
rar de alívio quando o viam num canto
da sala, rabiscando o caderno a êsmo, o
olhar vago, a atenção muito longe da lis-
ta de capitais da Europa que estava sen-
do ditada i classe. Desenhava muito, lia
demais, gostava de ser notado. Aos de-
zoito anos, tinha as modestas pretensões
da idade: modificar o mundo e ter suces-
so no amor. Queria ser pintor, mas não
um simples pintor a mais. Queria ser
um artista pelo menos maior que Van
Gogh ou Portinari. Acabou seguindo pa-
ra Salvador, para estudar Filosofia.
O ano de 1960 era o pico de um ciclo
de ufanismo que se infiltrara em todos
os poros da consciência nacional. O pró-
prio Malraux já entendia o Brasil como
um produto de exportação, dando-lhe
de graça um novo slogan: "Um
país a ca-
minho de seu grande futuro". A década
de 50 chegava ao fim e lançara uma ge-
ração nascida durante a guerra.
Eu achava importante conhecer as
maquetes de Brasília, o respeito com que
os estrangeiros passavam a reparar em
nossa arte, em nossa cultura. Como êles
se interessavam, passamos a nos levar
mais a sério. A Bossa Nova aparecia
para o Brasil como a máquina a vapor
para a Inglaterra. Era um marco a par-
tir do qual tudo era referenciado. Naque-
le tempo, tudo era Bossa Nova, como si-
nônimo de diferente, de nôvo. Seria o
que hoje chamamos "pra
frente".
Na universidade abandonou seus so-
nhos de se tornar um artista plástico e
passou a se dedicar à tentativa de enten-
der o fenômeno de uma música feita no
Brasil e que incorporava o balanço per-
seguido pelas gerações novas do mundo
inteiro. Nas festinhas promovidas pelo
pessoal da faculdade, as discussões sôbre
a cultura popular, as conversas acalora-
das sôbre Hegel e Lukács, os cochichos
dos namorados, tudo se calava para dar
atenção à voz pequena de um conterrâ-
neo já ilustre — João Gilberto.
Era muito engraçado, pois éramos
uma turma que fôra reconhecer o valor
de Noel a partir
do fato de êle ter sido
universitário de medicina. Nós vibráva-
mos com Bufíuel e nos envergonhávamos
do prazer que nossos patrícios sentiam
ao verem as chanchadas da Atlântida e
os filmes de Mazzaroppi, muito embora
não perdêssemos um só. Gostávamos do
Jazz maldito e de vanguarda e dançáva-
mos ao som de Ray Coniff. Veja bem
que o purismo
nacional era tanto, que se
perdeu a oportunidade de lançar a Bos-
sa Nova como gênero dançante. Foi por
essa época que comecei a tocar violão
e a me preocupar mais com a música.
Eu começava a descobrir um Brasil cul-
Festinha
Festiva
Festival
II
y-EtW> -
J V
Quem gostava
de Caetano, e já
há muito
tempo, era Dedé.
turalmente nôvo, em que o que havia de
mais tradicional podia ser trabalhado da
maneira mais moderna, como acontecera
com Lorca na Espanha, como já o fazia
Guimarães Rosa, por exemplo. Havia
um fato a mais: eu morava na Bahia que
fôra Caymmi, sempre seria candomblé e
folclore, mas ao mesmo tempo já dera
João Gilberto. Me preocupei por muito
tempo com a possibilidade de tratar moti-
vos folclóricos, temas de ciranda de Santo
Amaro, com uma óptica de João Gilber-
to. Na verdade, me preocupei mais em
dar essa idéia aos outros ou em incenti-
var os que já estivessem fazendo isso. Eu
mesmo nunca cheguei a fazê-lo. Naquele
tempo, era muito resguardado.
Mora na filosofia
Só não havia resguardo então em rela-
ção aos convites para comparecer às fes-
tinhas "sem
esquecer o violão". Para que
Caetano tocasse e cantasse, não era pre-
ciso muita insistência. Isso continua até
hoje. Numa roda, é sempre o primeiro
a procurar pelo violão geralmente arre-
batado das mãos de Gilberto Gil, ou-
tro "fominha"
famoso. Ê capaz de can-
tar uma noite inteira, se lhe permitirem.
Em 1964, juntamente com Gil — en-
tão cantor de Jingles e estudante de ad-
ministração de emprêsas —, Tomzé, Per-
na, Pity e outros, Caetano participa dos
recitais que marcaram a inauguração do
Teatro Vila Velha, em Salvador.
A gente fazia lá uma réplica dos
shows do Beco das Garrafas, no Rio, ou
do Teatro Paramount, em São Paulo. Lá
também usávamos como título um tro-
cadilho referente à faculdade que patro-
cinava. Por exemplo, um dêles era "Mo-
ra na Filosofia". Os meios de comunica-
ção, especialmente o disco e as revistas,
unificavam culturalmente paulistas, ca-
riocas e baianos.
Uma figura que despontara como es-
trêla dos tempos do Vila Velha viera ao
Rio em 1965 para substituir Nara Leão
no espetáculo Opinião. Era a caçula da
família Veloso, Maria Bethania. Sua voz
agressiva e sua presença em cena chama-
ram a atenção do público para duas mú-
sicas em particular — Carcará e £ de
Manhã. A primeira era de João do Valle,
aquêle crioulo simpático que aparecia em
cena. A outra era de um tal de Caetano
Veloso, de quem o máximo que se sabia
era ser o irmão de Maria Bethania, a
cantora do Carcará. Por essa fama, mais
seu jeito acanhado e sorridente, Caetano
acabou acompanhando a equipe até São
Paulo. Nesta cidade, resolveu aproveitar
a antiga experiência e musicou Arena
Canta Bahia, participando do espetáculo
também como ator e diretor de cena.
Foi um negócio "superfestivo",
mas, pr'aquêle tempo, eu acho até
muito normal. Eu estava descobrindo
uma cidade, descobrindo uma turma
com o mesmo tipo de inquietação dos
meus -amigos
que deixara na Bahia. Tôda
noite, havia uma reunião no bar em fren-
te ao Teatro de Arena, o Redondo. En-
trei então em contato com Chico Buar-
que, Toquinho, tôda uma turma que,
de
uma forma ou de outra, estava tentando
fazer algo de diferente na música popu-
lar brasileira. Embora já tendêssemos
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Quern gostava
de Caetano, e ji
hi muito
| tempo, era Ped<.
-Mamãe, posso brincar no corredor?-Pergunta pra Marcelina.-Mamáe, estou com sede.-Fale com a Marcelina.-Mamáe, estou com sono.-A Marcelina traz o travesseiro para você
Bl** ^r5£«*-— j*t *^^^Bi ' • *' *mSFP*^SrmmtWmPL*mmi. **t7**\~ **S*m^^* M^__H¦EDs^B^HlH IL ¦******¦¦- séKr i ia ¦ ¦"^'ãlnBifl fll- fJw^ m mkíirSét
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WffiÊmS -**~ ma. ¦ 'r . ÜSa,_ífl HE_ÜIw8B BHBef. .yy^WW wk fii_^^^|fcfl^_. iA^il R\i*flw!
Bife''fl HbIbBS^ 'ajjffins v*; V*i/S_J_B M
mr ^^^^ flfl
Marcelina, uma das aeromoças do ONE-ELEVEN da Vasp.Marcelina vive no ONE-ELEVEN. Lá é a sua casa.Aliás, desde criança que ela sonhava ser aeromoça. Por isso,
quando você viajar no ONE-ELEVEN, não se acanhe depedir a ela que lhe sirva a todo o instante. Marcelina estálá para isso mesmo. E gosta do que faz. Aliás,
nõo só ela. Mas todas as Marcelinasda VASP. Disponha.
.sr.; ~-v-r-rysr ^fgj-^^í
VIAJE BEAA...VIAJEVASP
"Ninguém
acreditava
na evolução"
CAETANO cada qual para o seu próprio caminho,
continuacão havia um ponto em que concordávamos
perfeitamente: era preciso um aprofun-
damento em nossos recursos técnicos, de
modo que nossa comunicação não ficasse
prejudicada por deficiências ou ignorân-
cias. Chico resolveu estudar mais violão,
Toquinho passou a se interessar mais
pe-
la técnica de composição, e eu me atirei
a ler tudo quanto fôsse poeta, tentando
aproveitar uma poesia já consagrada co-
mo material musical. É que eu achava
uma proeza e um desafio o sucesso de
alta qualidade literária da dupla Baden-
Vinícius. Ainda tinha dúvidas se o povo
aceitaria letras tão avançadas que não
viessem de um poeta já consagrado.
Suzana de Moraes produziu em 1965
o show Pois É, no Rio de Janeiro. Caeta-
no foi chamado a escrever o roteiro jun-
tamente com duas pessoas que seriam,
depois, seus parceiros mais freqüentes,
além de Gilberto Gil — Torquato Neto
e José Carlos Capinam. A grande afini-
dade que depois revelariam em tantas
composições, como Mamãe, Coragem ou
Soy Loco por Ti, América, não aparecia
ainda naquela época:
— O show era em
grande parte sôbre
Vinícius, e cada um de nós tinha uma vi-
são particular do poeta. Nos ensaios, a
gente quase se pegava a socos. Êsse,
aliás, foi um dos tempos mais loucos da
minha vida. O Rio de Janeiro estava fer-
vendo de nôvo. Todo mundo tentava en-
tender o que passara a acontecer de dife-
rente depois de 1964, tentava tomar pé
da situação. A Bossa Nova tinha perdido
seu sentido libertário, partindo para um
tipo de música quase acadêmica, buscan-
do dessa forma sensibilizar o povo que
estava mais preocupado com coisas no-
vas, como os Beatles ou Roberto Carlos,
por exemplo. Então, ninguém se dava
conta de que a evolução não parara, que
Roberto Carlos era o João Gilberto da
Jovem Guarda. Essa, então, era comba-
tida como se fôsse uma praga ou uma
heresia. A meninada procurava arrumar
um sotaque nordestino para lastimar a
falta da reforma agrária. Êles se preocu-
pavam com um detalhe, ao passo que
Roberto Carlos e a juventude em geral já
mandavam tudo para o inferno. Rober-
to derrubou padrões estabelecidos, ofi-
cializando a tendência irreverente do bra-
sileiro em relação à aparência dos cha-
mados homens sérios. Êle vinha para im-
por um gosto livre, conseqüentemente
um uso mais livre.
Um dia, um prêmio
Caetano confessa que então não se
detivera sôbre o fenômeno, apesar das
observações freqüentes de Maria Betha-
SEGUE
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Dentro dessa caixa
cabem tódas as coleções
de Abril Cultural.
Quando você acabar
de montar o
que esta dentro.
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CAETANO
CONTINUAÇÃO
nia: "Quente
é a guitarra elétrica". Em
1965, o que propunha cm um Festival
de Música Popular era ainda o fruto de
suas pesquisas literárias. Não é de se es-
tranhar que sua composição (Jm Dia te-
nha conquistado o prêmio de melhor le-
tra. Uma foto da época mostra-o muito
engravatado e de cabelos rentes à cabe-
ça, recebendo com um sorriso encabula-
do o seu prêmio.
O ano seguinte marcava o definitivo
sucesso de Elis Regina. Ela cantava mú-
sicas de Caetano e Gil, lançando-os em
seu programa. Gil estava em São Paulo,
transferido da Bahia para ser administra-
dor de uma fábrica de sabonetes. Apre-
sentado por Edu Lôbo a Elis, suas apari-
ções no programa
"O Fino..." causa-
ram apreensões na firma onde trabalha-
va. Afinal, não ficava bem um chefe de
seção aparecer na tevê cantando aquelas
coisas "tão
subversivas e incompatíveis
com o espírito da empresa". Recomenda-
ram-lhe que desistisse em favor de sua
carreira tão promissora na fábrica, pois
Gil era um funcionário modêlo. Demi-
tiu-se no mesmo dia, e a necessidade fêz
com que se tornasse o compositor sério
que é até hoje.
— Todo mundo comenta, lembrando
nossas participações em programas
e
shows daquele tempo, a extrema simpli-
cidade com que eu e Gil aparecíamos pe-
rante o público. Na verdade, nada da-
quilo era intencional. Êle passou quatro
meses esperando uma indenização da fir-
ma onde trabalhava, enquanto eu me
agüentava com a cara e a coragem no
Solar da Fossa, no Rio, almoçando na
casa de um, jantando na casa de outro.
Para nós, só existiam duas possibilidades:
ou nós éramos tão bons como pensáva-
mos e acabaríamos por fazer sucesso, ou
nosso fim seria a sopa-dos-pobres tem-
perada com muita frustração.
Mas aconteceu mais um Festival, Gil
foi premiado e Caetano obteve o quinto
lugar. Veloso já era conhecido como um
cantor de voz baixa e letras difíceis, o
irmão de Maria Bethania, a cantora de
Carcará. Além disso, era o compositor de
É de Manhã, Um Dia e Boa Palavra,
amigo de Gilberto Gil, o autor de Louva-
ção.
— Especialmente esta música deu ao
Gil a oportunidade de comandar um pro-
grama de televisão em resposta ao
"O
Fino..." Eu vinha do Rio tôda semana
para fazer o. programa, e já vinha de far-
da, quer dizer, já vinha de smoking. O
programa acabou esvaziando logo, mas
só depois é que a gente entendeu o por-
quê. Nós estávamos tentando alimentar
uma guerra que, se já não estivesse per-
dida há muito tempo, era pelo menos
sem sentido, que era a luta contra a Jo-
vem Guarda e seu principal armamento
— a guitarra elétrica.
A voz do sucesso
O ano de 1966 pode ser tomado como
limite final de um período cultural que
trouxera em seu bôjo o prêmio de Alde-
mir Martins na Bienal de Veneza, a inau-
guração de Brasília, a eclosão de Antô-
nio Carlos Jobim como sucessor —
juntamente com João Gilberto — de Ari
Barroso, como exemplo de música hrasi-
0 Fino
contra a
Jovem Guarda
leira no exterior. Acontecia o histórico e
extremamente controvertido recital no
Carnegie Hall, Carlos Lyra já tocava
com Stan Getz, João já se mandara de-
finitivamente para fora do Brasil. A voz
brasileira de sucesso lá fora era de uma
môça que passara despercebida no País
e que mandava o seu recado em inglês,
Astrud Gilberto.
— Por aqui, havia a maior confusão.
O pessoal que comprava os discos dos
Beatles e dançava Roberto Carlos na
boate, por uma crise de consciência, pen-
sando estar traindo a Pátria, resolveu re-
troceder todo o caminho percorrido pela
Bossa Nova. Diziam que bom mesmo e
autêntico era o "sambão".
No duro mes-
mo, ninguém mais tinha certeza de nada.
Terminado o programa com Gil, comecei
a trabalhar mais assíduamente em São
Paulo, como free-iancer da TV Record.
A turma da Tradicional Família Musical
achava que era uma política da emprê-
sa apresentar eu, Caetano Veloso, pre-
miado em festivais de música popular
brasileira, em programas
ao lado de Ro-
berto Carlos. O que não perdoavam mes-
mo era o fato de eu ser baiano. Achavam
o fim um compositor da estirpe dos
Caymmi e João Gilberto se meter a can-
tar em inglês. E sem sotaque.
A palavra é Alegria, Alegria
Um programa de tevê alcançava os
mais altos índices do IBOPE em 1967.
Chamava-se "Esta
Noite se Improvisa", e
nêle se reclamavam grandes conhecimen-
tos musicais aliados a uma memória bas-
tante rápida. Caetano revelou-se um
campeão de primeira, quase sempre
disputando as finais com Chico Buarque
e Carlos Imperial, curiosamente três ten-
dências da música popular brasileira até
hoje.
— Foi nesse ano que aconteceu o es-
talo. O público começou a reparar em
mim, graças a um detalhe
quase circen-
se, ou seja a facilidade que tenho até
hoje de decorar letras de músicas. De-
pois, passaram a notar meu aspecto piás-
tico — minha magreza e meu cabelo que
finalmente tinha recebido a independên-
cia do pente e da tesoura. O pessoal do
auditório costumava jogar flores e bom-
bons para os seus ídolos. Para mim, joga-
vam pentes aos montes. Comecei a jun-
tar as duas coisas: havia um efeito cir-
cense que era a minha capacidade de
lembrar, a partir de uma palavra, a letra
de velhas melodias de Orlando Silva ou
Carmen Miranda; havia também o efei-
to plástico de minha magreza e minha
cabeleira. Faltava apenas um efeito sono-
ro que realizasse a grande síntese. Eu
degrnhria mip qnanHn
falava Ha Rahia
todo mundo pensava naquela Bahia pin-
tada por Ari Barroso,
"das igrejas tôdas
de ouro". Afinal de contas, eu era baia-
no, sim, mas também um jovem de vinte
e poucos anos morando na cidade mais
cosmopolita do continente, respirando o
ar das fábricas, o universo da tevê, das
histórias em quadrinhos, da propaganda,
e, sobretudo, vivia num lugar que tinha
como fundo musical o som das guitarras
elétricas.
A descoberta disso tudo foi acelerada
pelo conhecimento de outras forças in-
conformadas com o rótulo que lhes atri-
buía o público. O maestro Rogério Du-
piat era catalogado como um músico de
vanguarda formado no Europa; o con-
junto Os Mutantes era apenas um trio
que acompanhava Ronnie Von; os Beat
Boys só se destacavam por serem muito
cabeludos e argentinos; Gilberto Gil ga-
rantia o respeito por ser o autor de Lou-
vação; Caetano Veloso era o baiano da
boa memória, o irmão de Maria Betha-
nia, a cantora do Carcará. O ano de
1967 iria juntá-los todos como iniciado-
res do ciclo de "festivaia"
no Brasil.
— A esquerda festiva encontrou no
Festival de 1967 sua primeira oportuni-
dade de expor seus recalques e precon-
ceitos. Apesar de tudo, cantei com os
Beat Boys Alegria, Alegria e fui classifi-
cado em quarto lugar. Gil cantou Do-
mingo no Parque com Os Mutantes e ga-
nhou o segundo. Rogério Duprat foi con-
siderado o melhor arranjador do Festi-
vai. Foi a glória, mora.
Aparecia a grande opção para a músi-
ca brasileira depois das lutas entre a Bos-
sa Nova e o samba tradicional, da Bos-
sa Nova contra a Jovem Guarda. Todo
mundo discutia se aquêles sons eletrô-
nicos, aquela letra fragmentada podiam
ser considerados como realmente brasi-
leiros.
Os alunos da cadeira de Literatu-
ra da Universidade de São Paulo, após
longo estudo do fenômeno, concluíam
que Alegria, Alegria nada mais era que
"um hino à alienação" onde aparecia
"o fluir da existência transpassando o
caos". Já o Professor Chaim Samuel
Katz comentava a respeito de Caetano:
"Suas letras não podem ser tomadas ao
nível do inconsciente. Êle é o menos alie-
nado de todos".
O escândalo está lançado, e daí em
diante jamais vai deixar de
pontilhar a
carreira do filho de Santo Amaro da Pu-
ríficação. Quando os puristas já estavam
prestes a aceitar sua música como algo
mais do que um jingie da Coca-Cola, êle
volta à carga compondo especialmente
para Ronnie Von, desmistificando a rosa
natural em favor da flor de plástico. Seu
cabelo continuava crescendo, facilitando
o julgamento da crítica perplexa:
"Se êle
tem algum negócio com o zelador, o
problema é dê'e..." O problema era en-
tender Caetano Veloso, êsse baiano su-
postamente ligado a uma linha folclóri-
ca e que cantava com conjuntos de ié-ié-
ié. Êsse quarto colocado em um Festival,
que conseguia, ao mesmo tempo, o
aplauso do grande público e dos estúdio-
sos mais exigentes. Pouca gente ainda se
lembrava dê'e como o rapaz tímido que
viera da Bahia, o irmão de Maria Betha-
nia a ^antrira Ho Parlará Caetano
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CAETANO CONTINTAÇÀO
"Tudo issomereciauma festa"disputava com Roberto Carlos e ChicoBuarque a preferência do povo. A mas-sa ficava com o Rei da Juventude, osuniversitários se ligavam muito mais aoChico e, afinal, quem gostava de Caeta-no Veloso?
O amor sem paz
Quem gostava de Caetano, e já hámuito tempo, era Dedé, uma loirinha decabelo curto que o conhecia desde quan-do êle vagava pela noite da Bahia, fazen-do serenatas com sua turma. Dedé fôraquase uma irmã de criação de uma meni-na que sempre preferira o violão aos li-vros de estudo — Gal Costa. O namô-ro fôra um seriado de encontros e lon-gas ausências, enquanto êle corria doRio para São Paulo, de São Paulo paraSalvador. É que Caetano, quando viaja,nunca garante a data do regresso. Umavez, foi a Salvador passar o carnaval esó voltou um ano depois. Há muitos anosVeloso conhecia Dedé, mas o público co-nheceu-a de repente, quando correu anotícia de mais um escândalo do baiano:êle ia se casar.
— Eu acabava de, finalmente, reen-contrar a linha de evolução que julgavabrotar da Bossa Nova. Tinha conseguidouma grande certeza em meu trabalhoe, ao mesmo tempo, perdera o medo domeu amor. Tudo isso merecia uma festa.
Foi certamente um estranho tipo defesta. Tratava-se do casamento do Sr.Caetano Emanuel Teles Vianna Velosocom a Srta. Idelzuite Gadelha. Na ver-dade, casavam-se Caetano e Dedé, e foipor isso que a cidade de Salvador fechouo seu comércio, os estudantes abando-naram as escolas, o prefeito de SantoAmaro da Purificação decretou feriado ecolocou oito ônibus à disposição do po-vo.Na igreja totalmente apinhada de jor-nalistas, cabeludos, fãs à beira do des-maio, o padre proclamava a quem qui-sesse ouvir:
Se a noiva vier de míni-saia, eunão realizo a cerimônia!
Dedé chegou com um manto cobrin-do sua míni-saia, poucas flores na mão,muitas pintadas no rosto. O noivo apare-ceu com uma camisa vermelha de golaalta. Alguém observou que, com aqueletraje, a cerimônia não se realizaria. Cae-tano então trocou sua camisa com a deum irmão e se achou mais discreto. Es-tava de abóbora.
O negócio foi tão confuso, que atéhoje eu não tenho certeza se casei defato. Depois, foi todo mundo pra praia,pra comemorar.
Logo em seguida, o casal regressava aSão Paulo. Era assim que Caetano casa-
va. Se a cerimônia fôra longa, sua via-gem de nupcias foi uma das mais rápi-das da história — durou o tempo de virde Salvador a São Paulo. A jato.
Por que deveriam duas pessoas quese amam se isolar totalmente da socieda-de, como >e estivessem cometendo ai-gum pecado?...
Fora do ar
O sucesso com que foi recebido devolta pelo público mostrou que êle estavacerto ao quebrar uma regra básica doshow business, a regra de que um ídolonão pode casar. Sua esposa foi a primei-ra a notar isso.
O charme do Cae parece que crês-ceu. Em todo lugar que a gente ia, eusentia uma grande inveja por mim e umgrande carinho por êle. Se olho gordomatasse, êle agora já era viúvo.
Após o seu regresso, prometeram-lheum programa só dele. Enquanto o pro-grama não chegava, aparecia como con-vidado em outros musicais da televisão,e o tempo ia passando. Caetano tinha fa-ma de preguiçoso, mas, na realidade, eraapenas "desligado". Quando lhe anuncia-vam mais um adiamento da estréia deseu programa, limitava-se a comentarsimplesmente:
Não faz mal, não vou morrer porcausa disso.
Com essa resposta, teria perdido amaioria de seus compromissos, não fossea atenção do empresário e grande amigoGuilherme Araújo.
Caetano até hoje não tem muitanoção de dinheiro. É capaz de convidarum amigo "duro" para jantar e depoisdescobrir que esqueceu a carteira. Seussonhos de compra se limitaram a umautomóvel e uma alta fidelidade. O car-ro podia ser velho, mas a eletrola tinha'que ser a melhor do mundo. Por quês-tão de princípio, não faz shows de cari-dade, mas é incapaz de resistir a umvendedor mais insistente. Nunca o vi dis-cutir um preço ou conferir um troco.
Instalado num grande apartamento daAvenida São Luís, em São Paulo, Caeta-no ficou aguardando a estréia de seu pro-grama. Quando percebeu que os adia-mentos se sucediam, rompeu o contra-to com a emissora. Junto com êle saíaGilberto Gil, companheiro de todas ashoras, e Gal Costa, que era sua cantorafavorita.
— Eu e Gil estávamos fervilhando denovas idéias. Havíamos passado um bomtempo tentando aprender a gramática danova linguagem que usaríamos, e queria-mos testar nossas idéias junto ao públi-co. Trabalhávamos noite adentro, junta-mente com Torquato Neto, Gal, RogérioDuprat e outros. Ao mesmo tempo, man-tínhamos contatos com artistas de outroscampos, como Gláuber Rocha, José Cel-so Martinez, Hélio Oiticica e RubensGerchman. Dessa mistura toda nasceuo Tropicalismo, essa tentativa de superarnosso subdesenvolvimento partindo exa-tamente do elemento "cafona" da nossacultura fundido ao que houvesse de maisavançado industrialmente, como as gui-tarras e as roupas de plástico. Não pos-so negar o que já li, nem posso esqueceronde vivo. seuits
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CAETANO CONTINUAÇÃO
No finalquem tinharazão era êle
A produção musical resultante destapesquisa criou fanáticos entusiastas ouódios mortais. Jamais a indiferença. Amaior reprovação vinha da chamada "es-
querda festiva", que o acusava de far-sante. O povo, porém, cercava-o de cari-nhos. Certa vez, jantando num restauran-te do Guarujá, foi chamado ao telefone.Preocupou-se em atender logo — o queé raro, pois detesta falar ao telefone. Ti-nha curiosidade em saber quem o desço-brira ali, e como. Pouco depois, voltavaà mesa encabulado. Eram as telefonistasdo Guarujá que estavam ligando a todosos restaurantes da ilha, apenas para ou-virem sua voz. Do público não tem quei-xa, mesmo quando o vaiam. Acha quede sua música decorre uma série de po-sições morais, estéticas e políticas, quenão são fáceis de serem aceitas ou mes*mo entendidas, mas não se julga um gê-nio incompreendido.
O grupo tropicalista
— Todas as vezes que divergi de Cae-tano — diz Torquato Neto — e todasas vezes que todo mundo duvidou e sóêle tinha certeza, ao final o que se viufoi o mesmo, êle é que tinha razão.
Os amigos de Veloso acabam por com-por uma espécie de turma que o acom-panha onde quer que se apresente. Tô-das as noites, aparecem em seu aparta-mento — mesmo que Caetano não esteja— para ouvirem novos e velhos discos,para trocar idéias, ou, simplesmentepara jogar pingue-pongue. Mas, quandoêle está na cidade e não está cansado de-mais ou trabalhando em uma nova me-lodia, o dia amanhece e ainda o encon-tra disputando o violão com GilbertoGil, discutindo cinema ou política comTorquato Neto, apreciando as trapaçasde sua mulher Dedé no jogo de biriba.Bebida alcoólica, só vinho e cerveja, na-da de uísque.
Enquanto vai fumando um cigarroatrás do outro, Caetano fala de seus pia-nos e preferências. Adora Chico Buar-que, e não entende porque ninguém acre-dita nisso. Como cantoras, escolhe umtrio — Maria Bethania, Gal Costa e Bil-lie Holiday. Cantor é João Gilberto ouJimmy Hendrix. Os Beatles ainda sãoum exemplo. Chamado de alienado pelaesquerda, de comunista pela direita, re-sume sua posição em um lema — "oexercício da liberdade total". É dentrodesse conceito que se permite aparecertanto num programa do Chacrinha comonuma passeata ao lado de Vladimir Pai-meira. Acima de seu trabalho, só seuamor e sua amizade.
E Deus, Caetano?Deus? Deus está solto. fim
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Texto de Dirceu Soares Fotos de Francisco Nelson
Rapazes
e moças formam
uma roda tomando a sala
inteira. No meio, dois
homens jogam uma estranha
partida de pinque-pongue em
que a bola é uma bolha de sa-
bão e para golpeá-la não é pre-
ciso (e nem é possível) tocá-la
com a raqueta — pois ela se
afasta sozinha. Os dois jogado-
res são professores de Física,
os jovens são alunos, as raque-
tas estão eletrificadas e a bô-
lha de sabão também. O jôgo
é mostrado numa sala do Insti-
tuto de Física de São Carlos, e
com êle os professores pro-
curam provar, de modo prá-
tico, que dois corpos carrega-
dos com a mesma carga elé-
trica se repelem. Em tempo:
para eletrificar a bolha de sa-
bão, o professor a soprou por
um canudo dentro do qual ha-
via um filamento que transmi-
tiu eletricidade à espuma.
É assim que os professores
do Instituto conseguem tirar
dos alunos, já nas primeiras
aulas, o preconceito de que
para se aprender Física é pre-
ciso ter máquinas complicadas,
geralmente estrangeiras. Outra
demonstração prática: um ra-
paz sentado num banco girató-
rio segura um eixo em cuja
extremidade há uma roda de
bicicleta. A roda começa a gi-
rar, êle a leva à cabeça, susten-
tando o eixo verticalmente. De-
pois, êle também começa a gi-
rar, mas no sentido contrário:
está sendo mostrado o princípio
do momento angular, muito
aplicado para se entender desde
átomos até o movimento dos
planêtas e satélites. O mesmo
rapaz faz outra experiência:
dando um impulso no corpo,
começa a rodar em tôrno de
si mesmo e sua velocidade au-
menta ou diminui à medida que
êle encolhe ou estica os braços.
É o mesmo princípio.
Muitas outras aulas práticas
como essas acontecem no Ins-
tituto: um relógio é encostado
num tubo de vidro por onde
passa água. Seu tique-taque se
amplia pela água (é o princípio
de amplificação do som) e vai
soar alto num pandeiro adap-
tado, próximo ao tubo. Um
cano com a boca virada para
baixo, ligado a um compres-
sor, está soprando ar e, na-
turalmente, empurra uma placa
de isopor colocada pouco
adiante dela. Porém, quando
essa mesma placa é colocada
bem próxima à bôca do cano,
ela se equilibra no ar e não cai.
Há também uma lâmpada que
se acende no ar, sem nenhum
fio, assim que se aproxima um
circuito eletrônico.
Tudo isso parece brincadeira,
mas os professores e alunos do
Instituto de Física de São Car-
los não estão brincando. Pro-
curam demonstrar que a ciên-
cia, tão complicada em muitos
livros e escolas, não é tão di-
fícil: é até atraente. A experi-
ência do relógio no tubo com
água, por exemplo, é a forma
de se mostrar que um som, jo-
gado num grande circuito elé-
tricô, é aumentado. O cano so-
prando a placa de isopor mos-
tra o que ocorre com uma asa
de avião, onde a pressão é
maior embaixo do que em ci-
ma. E a lâmpada que se acende
sozinha, na verdade, foi eletri-
ficada só por aproximação: é
o princípio da energia em mo-
vimento (radiação eletromagné-
tica), melhor entendido na pro-
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IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZAGUIA DE RECOLHIMENTO
EXERCÍCIO 196.SL.
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MINISTÉRIO DA FAZENDADEPARTAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA
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"F INSCRIÇÃO1Por que andar, andar, andarse você pode pagar todas as suas contasno seu banco?Isso mesmo. Aproveite seu tempo livrepara coisas mais úteis e agradáveis.Deixe as contas de luz, água, telefone,gás, impostos municipais, estaduais efederais para o seu banco pagar.
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pri•9
UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS
A Físicanão ébicho-de-sete-cabeças
FÍSICOS PaSaÇão de ondas das transmis-continuação soes radiofônicas.
Esta maneira simples de vera Física já ultrapassou as pare-des da Escola de Engenharia(onde funciona o Instituto). NoColégio Diocesano da cidade,por exemplo, o complicadoraio laser é comparado, numartigo do jornalzinho interno, aum coro:
— É possível compararmoso laser a um coro, onde o re-gente controla perfeitamente asvozes dos cantores, tirando comisso efeitos de conjunto. Seriaum aproveitamento coerentedas vozes de cada um dos indi-víduos. Mas, para ilustrar: umcoral de cem vozes não coe-rente poderia ser substituídopor apenas dez vozes em per-feita coerência — o que inte-lizmente não se pode conseguirna prática.
Pesquisa pura
As aulas, porém, são umapequena parte do trabalho dogrupo de trinta físicos de SãoCarlos — professores ou esta-giários. Seu forte é a pesquisapura (ou básica), feita nos la-boratórios de SemicondutoresMoleculares, Ressonância Mag-nética, Cristalografia de RaiosX, Lasers, Física Teórica deSólidos, Acelerador Linear, Bai-xas Temperaturas, Centro deCôr, Crescimento de Cristais cDefeitos e Propriedades dcTransportes. Nos cursos de En-genharia, estudam na Físicaquatrocentos alunos na partede graduação: mais vinte deFísica Básica fazem pós-gradua-ção, sendo São Carlos um cen-
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Quando a roda de bicicleta estiver sobrea cabeça do rapaz, êle também vai girar.
205
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Eles sãomaisconhecidoslá fora
CONTINUAÇÃO
FÍSICOS tro nac'ona' nesse setor, rece-bendo estudantes de todo oPaís.
£les passam aos poucos dapesquisa básica à aplicada, es-tudando então EletricidadeAtmosférica, Biofísica, Estru-tura dos Alcalóides e Ação deRadiações e Propriedades dosMateriais. No campo da Bio-física, por exemplo, a alunabolsista do curso de pós-gradua-ção Isa Muller, de Piracicaba,está modificando uma válvulaartificial para o coração, numtrabalho feito com o professorSaader, da Faculdade de Me-dicina de Ribeirão Preto. Aválvula é para ser utilizada emtransplantes e nela o sanguenão coagula. Até agora, válvu-Ias desse tipo empregadas nasoperações têm provocado mui-tas vezes a morte do pacientepor trombose.
Trabalho sério
Além dessas atividades, oInstituto de Física de São Car-los é também Centro Multina-cional pela Organização dos Es-tados Americanos (OEA), fa-zendo intercâmbio constantecom o México, Argentina eCanadá — de onde já vierambolsistas, como os de oito uni-versidades dos Estados Unidose outros, alemães ou suíços. To-dos os trabalhos do Institutosão publicados em revistas doexterior — o que o põe ao ladode outros centros importantesda Física mundial. Só de ja-neiro de 1967 para cá forampublicados 29 trabalhos origi-nais. E estas publicações reper-cutem nos meios especializados:
SEGUE
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Nos laboratórios escuros, ascores dos aparelhos sãomais vivas: o raio laser, acampânula para a vaporizaçãodo ouro, a difração da luz.
207
Sabe
qual
é a diferença
entre uma Kombi e um coelho?
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É
que
v. não
precisa de
duas Kombis
para
começar uma frota.
Mas não é só essa diferença.
Coelhos comem muito, a
Kombi Volkswagen não: ela roda mais
quilômetros com menos
gasolina.
E faz 2.500 km com 2,5 litros de óleo.
E ela tem um enorme espaço
interno para poder
transportar até
uma tonelada de carga.
Claro que quem leva mais carga
também fatura mais. Depois, tôda sua
mecânica é Volkswagen, por
isso a
despesa com manutenção vai ser menor
e, lògicamente, o lucro será maior.
Sabe o que
acontece então ?
O lucro que
uma Kombi dá, ajuda v.
a comprar outra.
E com o lucro de duas Kombis, v.
se vê com uma frota de três Kombis,
muito antes do que pensa.
E assim por
diante, até que
um dia
v. tem uma frota com muitas e muitas
Kombis. Claro que,
se v. estivesse
criando coelhos, a esta altura ja
teria
muito mais coelhos do que
Kombis Volkswagen.
Só que
sempre precisaria
de
dois para
começar.
I
HM
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Um institutoque poderárevolucionarnossa técnica
FÍSICOS <luase diariamente chegam acontinuação São Carlos pedidos de traba-
lhos. São procedentes de mui-tos lugares diferentes, incluindoa Ásia e os países do bloco so-cialista. Os doze físicos de SãoCarlos que tiraram o doutoradojá estiveram nos Estados Uni-dos ou na Europa. É essa umadas razões por que eles são mui-to mais conhecidos fora do quedentro do Brasil. No ano pas-sado, um americano veio tirarseu Ph D (título de PhilosophyDoctor, doutor em Filosofia)em São Carlos, fazendo exata-mente o contrário dos brasilei-ros, que vão graduar-se nos cur-sos americanos. Foi VictorRitz, vindo do Laboratório Na-vai de Pesquisas de Wash-ington. Defendeu tese sobre oestado sólido.
— Nós progrediremos aindamais — diz entusiasmadoEdson Rodrigues, de 39 anos,atual diretor do Instituto. —Agora, a Universidade de SãoPaulo aceitou nossa propostapara a criação do Instituto deFísica, Química e Ciências Ma-teriais. Passaremos então a for-mar, além de físicos, tambémquímicos e engenheiros de umnovo tipo — o de Ciências Ma-teriais, que poderão revolucio-nar a tecnologia brasileira. Asnossas universidades não acom-panharam o desenvolvimento eas necessidades do momento.Com esse novo instituto, pode-remos exatamente nos adaptara essas características. Outragrande oportunidade foi a cria-ção da Universidade Federal deSão Paulo em São Carlos. Onosso grupo de físicos pretendeorientá-la para notfos rumos de
ensino e pesquisa. Pretendemos,para isso, recambiar muitoscientistas brasileiros do exterior.
Todos confiam neles
Puxa, o senhor desculpe;deixei o dinheiro em casa.
Não faz mal, professor,depois o senhor paga.
A cena pode acontecer aqualquer um dos físicos, naslojas de São Carlos. Eles têm aadmiração de todos e, o que éimportante, crédito em qual-quer lugar. Nas ruas, não é pos-sível distinguir um físico dequalquer outro habitante da ci-dade: roupas comuns, nenhumcabelo comprido ou ar superior,nenhuma mania de gênio. Elesparam nas esquinas, conversamnos bares; mesmo nas aulas édifícil distinguir o professor deum aluno. Outra idéia supera-da: a do cientista velho. O maisvelho — Sérgio Mascarenhas,o fundador do grupo — temquarenta anos. O mais moço —instrutor Artêmio Scalabrin —tem 26. Todos, menos o instru-tor Almir Massambani, são ca-sados e a maioria tem seuVolkswagen.
São Carlos está quase nomeio do Estado de São Paulo,a 238 quilômetros da capital.Dos seus 75 mil moradores, 12mil são operários e 15 mil sãoestudantes — desde os cursosprimários até as escolas de En-genharia e Direito. Progrediubastante nos seus 109 anos.Tem hoje a maioria de suasruas asfaltadas e muitas indús-trjas — algumas grandes, comoa Johann Faber, a Climax e aCompanhia Brasileira de Tra-
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Como um radar, êste aparelho registra
por ressonância a estrutura de um sólido.
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Para êle,com o seubeijo deNatal
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No interior
trabalha-se
melhor do quena Guanabara
FÍSICOS tores. As publicações turísticas
continuação da Prefeitura dizem que o povoé tão hospitaleiro, que São
Carlos recebeu o apelido de"Cidade Sorriso". Tais folhe-
tos falam das ruas arborizadas,
de sua iluminação a mercúrio,
da Catedral Metropolitana —
com uma bela cúpula octogo-
nal, de alumínio —, mas não
falam dos físicos, que projeta-ram a cidade no exterior.
Esse desconhecimento é an-
tigo, e até hoje a maioria dos
são-carlenses não sabe o que
são ou o que fazem os físicos.
Há doze anos, eles eram vistos
apenas como "professores de
Engenharia": foi quando Sér-
gio Mascarenhas chegou do Rio
de Janeiro, com sua mulher
Ivone, encarregado de dirigir o
Instituto e criar um grupo de
física. Com a chegada de físi-
cos estrangeiros para conferên-
cias ou trabalhos de pesquisa,no entanto, a cidade começou
a descobrir que algo novo es-
tava acontecendo por ali. E,
como prêmio de reconhecimen-
to, o Professor Sérgio recebeu
da Câmara dos Vereadores o
título de cidadão honorário.
Sérgio Mascarenhas é um ho-
mem magro e fala muito quan-do o assunto lhe interessa. Fí-
sica, por exemplo. Êle tem a
melhor casa, entre os físicos do
grupo: os outros vivem em ca-
sas alugadas. Sérgio comprou
primeiro o terreno de 90 me-
tros de frente, fora do centro
da cidade. Fêz então a casa
com dois pavimentos, simples
mas confortável, com gramadona frente e muros altos. Assim,
êle se isola ainda mais.— Vim para São Carlos em
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1956, exatamente porque via
no sossego de uma cidade do
interior, longe da política de
corredor das universidades das
capitais, a chance de trabalhar
mais e melhor.
A pesquisa em paz
Êle se formou na Faculdade
Nacional de Filosofia do Rio
em 1953 — num tempo em
que pouca gente se dedicava à
Física — e foi ser professor na
Universidade Católica. Uma
vez criado o Instituto de São
Carlos, Sérgio foi indicado por
seu professor, Armando Tava-
res, para dirigir o ensino e a
pesquisa da nova escola.— Uma prova de que numa
cidade do interior pode-se tra-
balhar mais é que o Professor
Tavares continua no Rio, quase
como estava, lutando sempre
contra as estruturas da Univer-
sidade para poder fazer algu-
ma coisa.
Ivone, sua mulher, trabalha
também no Instituto, na parte
de Cristalografia. Eles têm qua-
tro filhos, o mais velho com
treze anos e o mais novo com
trinta dias. Gostando muito de
música, tocando flauta e vio-
lão, Sérgio acompanha o filho
maior, que toca clarineta. Os
dois participam muitas vezes
dos grupos de estudantes que
vão cantar e ouvir música na
fazenda de Dona Aida Holna-
gel, perto da cidade. Dona Aida
toca órgão e cravo e já con-
vidou gente famosa para con-
certos em sua casa. Ela dá
ZSftZmSEmZ Li9and<> a teoria a ¥aam. os problemas
timto. segue se tornam muito menos complicados.
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Completamente
diferente de um
equipo convencional,
o
"Dabi
TsM"é um
equipo sem coluna,
móvel e funcional.
O
gêlo
do
seu uísque
pode
ter
200 volts
FÍSICOS CONTINUAÇÃO
— Logo que cheguei à cida-
de, procurei organizar as pss-
quisas. Se o tísico fica só no
ensino, perde sua principal
fun-
ção, a criatividade. No Brasil,
como em todo país subdesen-
volvido, a criatividade é a gran-
de arma. Eu e minha mulher
conseguimos um pequeno equi-
pamento e, como não podia-
mos abranger grandes áreas,
escolhemos um ramo simples
para pesquisar: a Física do es-
tado sólido (cristais), partindc
de material simples, como c
cloreto de sódio (sal comum).
Sou daqueles que pensam que
é melhor fazer bem uma coisa
do que mal uma porção.
Êles conseguiram assim a
criação de defeitos nos cristais
através de irradiações — siste-
ma hoje muito aplicado na
Astronáutica, pois as fortes ra-
diações do espaço agem sôbre
os sólidos da nave. Sérgio fêz
conferências em várias univer-
sidades americanas — Prince-
ton, Berkeley, Chicago e outras
—, falando dè seus estudos.
Êles desenvolveram também
uma investigação do "efeitc
Costa Ribeiro" — nome dado
a uma descoberta dêsse profes
sor carioca.
— Trata-se da produção
de
potenciais elétricos durante a
solidificação ou vaporização de
certas substâncias — explica
Sérgio. — Por exemplo, o gêlo:
já foram observados potenciais
de 200 volts em massas de uma
pedra de gêlo dessas que pomos
num copo de uísque. O nosso
grupo propõe que êsse efeito
explica a produção de eletri-
cidade atmosférica. Nas nu-
vens, onde se observam poten-
ciais de milhões de volts (os
raios), acontece bàsicamente o
mesmo.
Sôbre o assunto, êle foi con-
vidado por editores alemães
para escrever um capítulo dc
livro Física do Gêlo, que está
sendo preparado. Sérgio deve
viajar para Nova Delhi, na
índia, em janeiro próximo,
para mais conferências. Nc
campo da pesquisa aplicada, c
grupo de São Carlos já tirou,
com trabalhos dêsse tipo, pa-
tente de câmara especial para
raio X, fotoelastímetro automá-
tico e, agora, para os trabalhos
sôbre válvulas cardíacas.
— É verdade que as verbas
no Brasil são pequenas — diz
Sérgio — mas não faltam e nin-
guém pode dizer que não tra-
balha por causa delas. O que
é preciso é acabar com a idéia
de que físico, ou cientista, pre-
cisa ser um gênio. O físico
precisa ser é profissional;
sa-
ber o que pode e o que
não
pode fazer e trabalhar bem, à
altura dos estrangeiros. Só não
se pode investir nos amadores
— êsses que posam de gênio,
fazem o Govêrno investir no
seu trabalho, e depois largam
tudo.
O Instituto de São Carlos
recebe atualmente verbas do
Conselho Nacional de Pesqui-
sa, Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São
Paulo, Ministério da Educação,
Fundação Ford e, no futuro,
Banco Nacional do Desenvolvi-
mento Econômico. Além disso,
a Fundação Fulbright fornece
bolsas a físicos brasileiros nos
Estados Unidos, e envia pro-
fessôres de lá a São Carlos.
Pôquer, problemas
O joguinho está duro, e Mil-
ton está perdendo no pôquer.
Milton Ferreira de Sousa, 37
anos, cabelos quase brancos,
joga na casa de Sérgio. Anda
preocupado, fumando demais,
porque foram cortadas as bôl-
sas de pós-gradúação do pró-
ximo ano. Assim, não virão
mais os alunos, que do Ceará
ao Rio Grande do Sul se inte-
ressam em especializar-se em
São Carlos. Os cortes foram
feitos na CAPES, que até hoje
não pagou verbas atrasadas de-
vidas às universidades. ara; ir».
posicionamento de todo o instrumental
dentro da área normal do trabalho.
r
O "Dabi
T&M" não é mera transposição formal de um equipo
convencional. Sem coluna, tem um corpo móvel que
acompanha
o Dentista qualquer que seja sua
posição. Não se trata de um
equipo convencional reformado, e sim, de um equipo de forma
nova, com alta funcionalidade. Sua altura é de 0,942 m, a ideal
do plano
horizontal de trabalho, sem movimentos verticais
desnecessários. Tampos dos corpos fixos e f^
móvel de aço inoxidável, permitem
perfeita desinfecção. Bases também
de aço inoxidável. Evita ferrugem.
Instrumental bem localizado permite am trabalho
com economia de movimentos, possibilitando um
rendimento 3 tlses maior,
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'•^"BHBBHBBBiBBBBB^
Esta camisa foi inspirada
em algumas pessoas
que
detestam gastar
dinheiro à toa:
J. Paul Getty, Rockefeller,
Tio Patinhas.
Valisere Tergal.
Camisa inacreditável.
Você lava-e-veste, lava-e-veste
lava-e-veste.
E tao boa. tao bem feita, tao
bem acabada, que
você vai
achar o preço
inacreditável.
Mas acredite.i
Foi acreditando nas coisas
impossíveis que
J. Paul Getty,
Rockefeller e o Tio Patinhas
ficaram milionários.
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11 mi IVU11II fiKl Ii^sniI Ti
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I
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Banheiros
reformados
viraram
laboratório
FÍSICOS CONTINUAÇÃO
— Assim não dá; é um ab-
surdo — reclama êle, impedi-
do de concentrar-se no pôquer.
Do grupo, só Sérgio e Edson
Rodrigues são catedráticos, um
em Física e outro em Mecânica
Geral. Ivone Mascarenhas, Mil-
ton de Sousa, Roberto Lôbo,
Guilherme Ferreira e Daltro
Pinatti são doutores. Bohdan
Matvienko, Laércio Freitas,
Milton Campos, Almir Mas-
sambani, Artêmio Scalabrin,
Renê Carvalho, Feliciano Si-
nencio e Vanderlei Sverzuti são
professores instrutores. Há ain-
da o Professor Robert Zimmer-
man, americano do Laborató-
rio Nacional Brookhaven, há
sete anos no Brasil.
Milton é para os amigos Mil-
tão, para não ser confundido
com Miltinho, apelido do Pro-
fessor Milton Campos. Êles
dois, mais outros professores e
instrutores, misturam-se no ve-
lho prédio do Instituto, num
casarão amarelo de dois anda-
res, ex-Casa da Itália. Miltáo
obteve o grau Ph D, já fundou
um grupo de físicos no Ceará,
ensinou em faculdades do Nor-
deste e do Rio. É o coordena-
dor dos cursos de pós-gradua-
ção do Instituto, com vários
trabalhos publicados
no exte-
rior. O Professor Milton Cam-
pos, de 28 anos, especialista
em elétrons, é de São Carlos
mesmo. Tanto êle como Van-
derlei, de trinta anos, só esco-
lheram a Física quando encon-
traram o resto do grupo. Antes
disso, Milton Campos tinha
estudado Matemática em Rio
Claro e Vanderlei se formara
em Engenharia em São Carlos.
No andar térreo do Instituto
estão os laboratórios — alguns
precàriamente instalados, em
banheiros reformados. No fim
dêste ano, depois de oito anos
de espera, êles passarão ao
prédio parcialmente acabado da
Escola de Engenharia, longe
do centro da cidade. No segun-
do andar fica a biblioteca —
sala enorme, com estantes até
o teto, tôdas tomadas. Numa
meSa está Roberto Lôbo, re-
cém-doutorado nos Estados
Unidos. Os livros novos que
trouxe de Chicago estão reti-
dos há seis meses na alfânde-
ga de Santos, sem obter libera-
ção por causa dos atrasos bu-
rocráticos. Roberto tem trinta
anos, é carioca, formado em
Engenharia Eletrônica na Pon-
tifícia Universidade Católica.
Ficou quatro anos especializan-
do-se em teoria em Chicago.
Chefia hoje o grupo teórico de
sólidos da escola. Antes de
viajar casou-se, e levou a mu-
lher consigo. Tem um filho
norte-americano, nascido em
Chicago. Já Bohdan, um ucra-
niano que chegou em 1960 ao
Rio, casou-se no estágio feito
nos Estados Unidos, com uma
môça de Nova York. De lá,
ela veio para São Carlos, e se
acostumou bastante à vida de
cidade pequena.
— Ano que vem iremos a
Pittsburgh, onde Bohdan fará
outro estágio — diz ela.
—
Não sei se me acostumarei de
nôvo à cidade grande. Aqui é
muito mais tranqüilo, sem
correria.
Físicos, onde?
No Brasil, segundo uma esti-
mativa de Sérgio Mascarenhas,
há apenas uns cem físicos de ní-
vel internacional. Um grupo
demora em média dez anos
para se formar; em todo o
País há dois em São Paulo,
dois no Rio, um em Pôrto Ale-
gre e alguns grupos
menores
em Belo Horizonte, Curitiba,
Fortaleza e Brasília. O de São
Carlos é um dos mais impor-
tantes. Há pouco formou-se na
Bahia um outro, especializado
em Geofísica, ligado aos tra-
balhos da Petrobrás. Mesmo
assim, nossos números são mí-
nimos diante dos americanos:
contra os nossos cem físicos, só
8EGITK
todos os ângulos do salão
vistos por quem
entende de canos
o VI saâodoautomtai
tem tantos lançamentos
importantes que
decidimos fazer a
nossa mais importante
edição especial:
RODAS
dezembm 300 narinas
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iweiio; as nwas atrações de Sáo fruto
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livros
presente
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É
preciso
criar
como Pelé
em campo
FÍSICOS CONTINUAÇÃO
o Laboratório Bell tem mil,
com o título de Philosophy
Doctor.
A conclusão de que
"o Bra-
sil precisa de mais físicos" foi
uma das mais importantes da
reunião de julho passado na
Sociedade Brasileira Para o
Progresso da Ciência. De fato,
uns oitocentos cientistas e téc-
nicos de vários setores saíram
do Brasil depois da Revolução
de 1964, por motivos políticos
ou por faltarem condições de
trabalho. A propósito, Roberto
Lobo participou em setembro
último de um encontro do
Govêrno brasileiro com cêrca
de sessenta cientistas em Wash-
ington. O ltamarati pediu ofi-
cialmente a todos — químicos,
físicos ou engenheiros — que
voltassem ao País.
— Na reunião — diz Rober-
to — os cientistas analisaram
seus problemas políticos, sala-
riais, científicos. Notamos, no
fundo, que havia apenas uma
promessa do Govêrno de "es-
tudar o assunto". Mas o Govêr-
no dá atualmente muito mais
dinheiro que antes, para as pes-
quisas. O físico não
precisa
mais dispersar-se em outras ati-
vidades para sobreviver. Traba-
lhamos o tempo integral, que
inclui aulas — mas só para
cursos especializados, dentro
portanto da nossa atividade.
Os salários dos físicos em
São Carlos vão de 1 500 cruzei-
ros novos a 2 500. Nos Estados
Unidos, o mesmo serviço vale
de 1 000 a 3 000 dólares men-
sais, isto é, entre 3 700 e 11 100
cruzeiros novos. Roberto e Sér-
gio acham que os cientistas
voltarão. E dizem por que:
O nacionalismo "verde-
amarelo" parece romântico,
mas quando
se está fora é que
a gente sente. A sensação de
ser estrangeiro é muito ruim.
Nos Estados Unidos, no meio
de tantos especialistas, somos
apenas mais um — uma peça
insignificante numa máquina.
Aqui, não: há mais o que rea-
lizar.
Sérgio empolga-se de novo:
Se num país subdesenvol-
vido houvesse a criatividade
que tem um Pelé na área, sua
condição melhoraria bastante.
O Brasil, a meu ver, já perdeu
o passado e o presente. É pre-
ciso garantir o futuro.
Dá um exemplo:
A nossa reforma universi-
tária, tão falada, não está sen-
do feita pra frente, mas sim-
plesmente consertando erros
passados. Consertar apenas um
êrro pode resultar em outro
êrro, em relação às necessida-
des do futuro do País. Tecno-
logia educacional, por exemplo,
é a meu ver o problema bási-
co e não está sendo suficien-
temente focalizado. Em São
Carlos percebemos que a gran-
de revolução do século XX não
serão os satélites nem a física
nuclear, mas sim a criação de
uma nova tecnologia educacio-
nal, com computadores, televi-
são, fitas magnéticas, filmes e
outros meios.
E continua.
A educação foi redesco-
berta como uma indústria. Nos
grandes centros, chegou-se à
conclusão de que, enquanto
uma indústria de automóveis
ou de geladeiras pode saturar
um mercado, a de ensino não.
Porque, além do aumento na-
tural da população, há o au-
mento das horas de folga, tra-
zido pelo uso das máquinas.
Por isso, os Estados Unidos já
estão trabalhando no ensino
através de computadores eletrô-
nicos. É uma indústria de bi-
lhões de dólares. Nós também
estamos tentando fazer expe-
riências nesse sentido aqui em
São Carlos, usando computado-
res no ensino. Não é uma téc-
nica desumana pelo fato de o
aluno aprender com uma má-
quina. Pelo contrário: há mui-
tos professores no Brasil que
são máquinas muito mais frias
do que os computadores. kim
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1. Linda Morem. 2. r^hn DunhilL 3. Grrrrrrrrr. 4. Colônia para homem. 5. PistoU de duelo. 6. Paecão. 7.T™s«or dassudo 8. Royal Label Extra.
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Convidamos 250 homens de experiência a
escolherem três destas sugestões. Não houve aquele
deixasse Royal Label
Royal Label Extra —
O maltwhisky de Royal Label Extra é envelhecido seis anos na origem,
a mais antiga destilaria da Escócia, 1786. Essa destilaria ji viveu oito reis (e rainhas) da Inglaterra e Escócia.
Nenhum outro whisky tem tanta majestade. (Como é suave!) Em whisky, antigüidade é
gosto.
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O (iovernodoPamnácomunica a transformaçãoda Codepar-Companhia deDesenvolvimento Econômico
do Paraná em
BANCO DEDESENVOLVIMENTO
DO PARANÁPrimeira companhia estadualbrasileira de desenvolvimento,a Codepar é também aprimeira a transformar-se emBanco de Desenvolvimento,nos termos da Resolução93 do Banco Central.Este é um acontecimento demáxima importância para oempresariado brasileiro, pois acriação do novo Banco decorre dofato do Governo do Paraná havercompletado a implantação dainfra-estrutura exigida para a
industrialização do Estado: energiaabundante, extensa rede deestradas asfaltadas, avançadosistema de telecomunicações,água sem limites, etc.Até o momento, já foramfinanciados 449 projetos deindustrialização. Em váriosdeles o Paraná contou com acolaboração do GovernoFederal através de suas agênciasfinanceiras - BNDE e!BC/Gerca - e de importantesorganismos financeiros
internacionais. Dispondo do maiorcapital integralizado por entidadesdo seu gênero -NCr$ 120.000.000,00 - eincorporando o grande acervo deexperiência e a equipe originalda Codepar, o Banco deDesenvolvimento do Paraná S.A.surge como o instrumento derealização da grande meta doGovernador Paulo Pimentel: fazerdo Paraná um dos principaisparques industriais daAmérica Latina.
i"Autorizado a suceder a Codepar-
Companhia de Desenvolvimento Econômicodo Paraná, em despacho do Exmo. Sr.
-Presidente do Banco Central de 29-10-68,exarado no processo n.o 934/68, publicado
no B.O.U. de 7-11-68. Carta Patente n» I - 328"
QQ BANCO DEDESENVOLVIMENTODO PARANÁ S.A.
B IB iria hUwcimhrQ.,.27^-*.'mwO«Jifc * Mnn.PB MftAI ¦ Purit^s ! PARAMÁ
JAIR0 ORTIZ GQMES DE OLIVEIRADiretor-Presidente
AGENOR BRÉG0LADiretor-Financeiro
BERNARDO FEDALT0Diretor-Técnico
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REVOLUÇÃO
DOS
BICHOS
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de
GEORGE ORWELL
George Orwell é o pseudônimo com que ficou
conhecido o escritor Eric Arthur
Blair. Nascido em 1903, em Bengala, /m/w, Orwell teve uma juventude agitada
pelas lutas políticas, #«í?
lhe marcariam a obra. Em 1945, então escritor de esquer-
da, Orwell divulgou este conto, em que,
com um humor por vezes amargo, deixa
transparecer o desencanto de militante socialista ante a ascensão do stalinismo.
Nesta fábula, os personagens
Napoleao e Bóla-de-Neve, em luta pelo poder,
podem ser identificados facilmente:
Stálin e Trótski.
Algum tempo depois da publicação de A Revolução dos Bichos, Orwell deixou
registrada sua preocupação pela pessoa humana no livro 1984, um vigoroso painel
em que
mostra como um regime pode sufocar o homem, à custa do terror ou
da mistificação, ou de ambos.
Esta tradução de A Revolução dos Bichos preservou as características que
deram
forma à obra de Orwell, falecido
em 1950. Seu estilo leve e ágil abriga uma
veemente denúncia de todo tipo de totalitarismo e opressão.
ILUSTRAÇÕES DE ÍTALO CENCINI
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GEORGE ORWELL
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Não,
positivamente, não! Se o Sr. Jones, ao trancar o gali-nheiro naquela noite, deixou de verificar as vigias, nãofoi por simples preguiça. Em verdade, estava tão terri-velmente embriagado que já foi uma proeza ter conse-guido atravessar o pátio e chegar até sua casa. Descal-
çou então as botas, tomou um último copo de cerveja na cozinha eatirou-se na cama onde já roncava sua mulher. O Sr. Jones erao proprietário da Granja do Solar.
Tão lago se apagou a luz do quarto, houve um grande alvoroçoem todos os galpões da granja. Correra, durante o dia, o boatode que o velho Major, um porco já premiado em exposições,tivera um sonho muito estranho na noite anterior e desejava con-tá-lo a todos. Haviam combinado encontrar-se no celeiro, assimque Jones se retirasse. O velho Major gozava de tão alto conceitona granja, que todos estavam dispostos a perder uma hora de sonosó para ouvi-lo.
Ao fundo do grande celeiro, sobre uma espécie de estrado, estavao Major refestelado em sua cama de palha, à luz de um lampião.Com doze anos de idade, já bastante corpulento, era ainda umporco de porte majestoso, com um ar sábio e benevolente, a des-peito de suas presas jamais terem sido cortadas. Os outros animaischegavam e punham-se a cômodo, cada qual a seu modo. Os dois *cavalos de tração, Sansão e Quitéria, chegaram juntos, andandolentamente e pousando no chão os enormes cascos peludos, comgrande cuidado para não machucar qualquer animalzinho porven-tura oculto na palha. Quitéria era uma égua volumosa, matronal,enquanto Sansão era um bicho enorme, de quase 1,90 m de altura,e que não tinha lá uma inteligência de primeira ordem, o quecompensava pela tremenda capacidade de trabalho. Depois doscavalos chegaram Maricota, a cabra branca e o burro Benjamim, oanimal mais idoso da fazenda. Raras vezes falava e, quando ofazia, era para dizer, por exemplo, que Deus lhe dera uma caudapara espantar as moscas e que, no entanto, seria mais do seuagrado não ter a cauda nem as moscas. Solitário, nunca ria. Noúltimo instante, Mimosa, a vaidosa e fútil égua branca, entrou,requebrando-se graciosamente e chupando um torrão de açúcarTomou um lugar bem à frente e ficou ondulando a sua crinabranca, chamando atenção para as fitas vermelhas que a adorna-
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«rvam. Finalmente, chegou o gato, que procurou, como sempre, olugar mais morno, enfiando-se entre Sansão e Quitéria; ressonousatisfeito durante toda a fala do Major, sem ouvir uma só palavra.
Todos os animais estavam presentes, exceto Moisés, o corvodomesticado, que dormia fora, num poleiro junto à porta dosfundos. Quando o Major viu todos bem acomodados e aguardandoatentamente, pigarreou e começou:"Camaradas, já ouvistes, por certo, algo a respeito do estranhosonho que tive na noite passada. Entretanto, falarei do sonho maistarde. Antes, tenho outras coisas af dizer. Sei, camaradas, que nãoestarei convosco por muito tempo e, antes de morrer, considerouma obrigação transmitir-vos o que tenho aprendido sobre o mundo.Creio poder afirmar que compreendo a natureza da vida sobreesta terra, tão bem quanto qualquer outro animal. É sobre issoque vos desejo falar."Então, camaradas, qual é a natureza da nossa vida? Enfren-temos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nas-cemos, recebemos o mínimo de alimento necessário para continuarrespirando, e os que podem trabalhar são forçados a fazê-lo atéo último suspiro; no instante em que nossa utilidade acaba, truci-dam-nos cruelmente. Nenhum animal, na Inglaterra, sabe o queé felicidade ou lazer. Animal nenhum, na Inglaterra, é livre. Avida de um animal é feita de miséria e escravidão: essa é a plenaverdade."Será isso, simplesmente, a ordem natural das coisas? Será tãopobre esta nossa terra, que não ofereça condições de vida decenteaos seus habitantes? Nao, camaradas, mil vezes não! O solo daInglaterra é fértil, o clima é bom, ela pode oferecer alimentos emabundância a um número de animais muitíssimo maior. Então,por que permanecemos nesta miséria? Porque todo o produto donosso esforço é roubado pelos seres humanos. Eis aí, camaradas,a resposta a todos os nossos problemas: o Homem. Retire-se dacena o Homem e a causa principal da fome e do excesso de tra-balho desaparecerá para sempre."O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Mes-mo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar,dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com todoo restante. Nosso trabalho amanha o solo, nosso estrume o ferti-
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A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
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221
GEORGE ORWELL
liza e, no entanto, nenhum de nós possui mais do que a própria
pele. As vacas, que aqui vejo à minha frente, quantos litros de
leite terão produzido êste ano? E que aconteceu a êsse leite, que
deveria estar alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela gar-
ganta sôfrega dos nossos inimigos. E as galinhas, quantos ovos
puseram êste ano, e quantos se transformaram em pintinhos? Os
restantes foram para o mercado, fazer dinheiro para Jones e seus
homens. E você, Quitéria, diga-me onde estão os quatro potrinhos
que deveriam ser o apoio e o prazer da sua velhice? Foram ven-
didos com a idade de um ano — nunca mais tornará a vê-los.
Como paga pelos seus quatro partos e por todo o seu trabalho
no campo, que recebeu você, além de rações e baias miseráveis?
"Por mim, sou até um felizardo. Estou com doze anos e sou
pai de mais de quatrocentos leitões. Isto é a vida normal de um
porco. Mas, no fim, ninguém escapa ao cutelo. Todos chegare-
mos a êsse horror, as vacas, os porcos, as galinhas, as ovelhas,
todos. Nem mesmo os cavalos e os cachorros escapam a êsse
destino.
"No entanto, basta que nos livremos do Homem para que o
produto de nosso trabalho seja somente nosso. Imediatamente,
poderíamos tornar-nos ricos e livres. Como? Trabalhando dia e
noite, de corpo e alma, para a derrubada do gênero humano. A
Revolução! Esta é a mensagem que eu vos trago, camaradas. Não
sei dizer quando acontecerá essa Revolução, se dentro de uma
semana, ou daqui a um século, mas de uma coisa eu sei: mais
cedo ou mais tarde, a justiça será feita. E, camaradas, jamais
deixai amolecer vossa decisão. Guardai-vos quando disserem que
o Homem e os animais têm interesses comuns. É tudo mentira. í
O Homem não busca interesses que não os seus. Que haja entre
nós, animais, uma perfeita unidade, uma perfeita camaradagem
na luta. Todos os homens são inimigos, todos os animais são
camaradas."
Nesse momento houve uma tremenda confusão. Enquanto o
Major falava, quatro ratos haviam emergido de seus buracos e
estavam sentados nas patinhas de trás, a ouvi-lo. De repente, os
cães notaram suas presenças, e sòmente devido à rapidez com que
sumiram nos buracos foi que os ratos conseguiram escapar com
vida. O Major levantou a pata, pedindo silêncio.
"Camaradas", disse êle,
"eis aí um ponto que precisa ser escla-
recido. As criaturas selvagens, tais como os ratos e os coelhos,
serão nossos amigos ou nossos inimigos? Apresento à assembléia
a seguinte questão: os ratos são camaradas?"
Imediatamente, a votação foi realizada e concluiu-se, por esma-
gadora maioria, que os ratos eram camaradas. Houve apenas quatro
votos contra, dos três cachorros e do gato, mas êste, depois se
descobriu, votara pelos dois lados. O Major prosseguiu:"Repito
apenas: lembrai-vos sempre do vosso dever de inimi-
zade para com o Homem. Qualquer coisa que ande sôbre duas
pernas é inimigo; qualquer coisa que ande sôbre quatro pernas,
ou tenha asas, é amigo. Lembrai-vos, também, de que na luta
contra o Homem não nos devemos assemelhar a êle. Animal
nenhum deve morar em casas, nem dormir em camas, nem usar
roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro,
nem fazer comércio. Todos os hábitos do Homem são vícios. E,
principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais.
Todos os animais são iguais.
"E agora, camaradas, vou contar-vos o sonho que tive na noite
passada. Foi um sonho sôbre como será o mundo quando o Homem
desaparecer. Há anos, quando eu ainda era um leitãozinho, minha
mãe e as outras porcas costumavam cantar uma velha canção
da qual só conheciam a melodia e as três primeiras palavras. Na
minha infância aprendi a melodia, depois a esqueci. Na noite passa-
da, entretanto, ela me voltou à memória. O mais interessante é que
me lembrei também dos versos. Vou mostrar-vos essa canção,
camaradas. Chama-se "Bichos
da Inglaterra."
Era algo entre "Clementine"
e "La
Cucaracha", e seus versos
diziam o seguinte:
Bichos inglêses e irlandeses,
Bichos de todas as partes!
Eis a mensagem de esperança,
No futuro que virá!
Cedo ou tarde virá o dia,
Cairá a tirania
E os campos todos da Inglaterra
Só aos bichos caberão. ,
Lutemos todos por êsse dia,
Mesmo que nos custe a vida!
Cavalos, vacas, perus e gansos.
Liberdade conquistemos!
A música levou os animais à mais extrema excitação. Antes de
o Major chegar ao fim, já haviam começado a cantar por conta
própria. Até os mais estúpidos pegaram a melodia e algumas pala-
vras; os mais espertos, como os porcos e os cachorros, decoraram
a canção em poucos minutos. Então, depois de alguns ensaios
preliminares, tôda a granja atacou "Bichos
da Inglaterra", em
formidável uníssono.
Infelizmente, o alarido acordou Jones, que pulou da cama certo
de que havia uma rapôsa no pátio. Passou a mão na espingarda,
sempre pronta a um canto do quarto, e descarregou-a na escuridão.
O chumbo foi encravar-se na parede do celeiro e a reunião dis-
persou-se num segundo.
Três
noites depois, tranqüilamente, durante o sono, o Ma-
jor faleceu. A enorme família desolada convidou paren-
tes e amigos para acompanharem o féretro, que sairia
do velório da pocilga para o cemitério do fundo do po-
mar. Começava março. Durante os três meses seguin-
ies houve uma intensa atividade secreta. As palavras do Major ha-
viam dado uma perspectiva de vida inteiramente nova aos animais
de maior inteligência da granja. Não sabiam quando teria lugar a
Revolução prevista pelo Major, mas percebiam claramente o devei
de se prepararem para ela. A tarefa de instruir e organizar os
outros recaiu naturalmente sôbre os porcos, reconhecidamente os
mais inteligentes entre os animais. Salientavam-se, entre êles, dois
jovens leitões, Bola-de-Neve e Napoleão, que o Sr. Jones criava
para vender. Napoleão era de aparência ameaçadora, falava pouco,
mas tinha a reputação de possuir grande fôrça de vontade. Bola-de-
Neve era mais ativo, de palavra mais fácil e maior imaginação.
Todos os demais suínos da fazenda eram castrados. Dentre êstes,
o mais conhecido era um porquinho gordo chamado Garganta,
de olhos sempre piscando, movimentos lépidos e voz aguda. Mane-
java a palavra com brilho, e diziam que era capaz de convencer
que o prêto era branco.
Êsses três haviam organizado os ensinamentos do Major num
sistema de pensamento a que deram o nome de Animalismo. Vá-
rias noites por semana, realizavam reuniões secretas no celeiro e
expunham aos outros os princípios do Animalismo. De início, en-
contraram certa apatia e muita estupidez. Alguns animais faziam
perguntas como: "Que
nos importa o que acontecerá depois da
nossa morte?" ou: "Se
essa Revolução vai ocorrer de qualquer
maneira, que diferença faz trabalharmos por ela ou não?", jb os
porcos enfrentavam grandes dificuldades para fazê-los ver que isso
era contrário ao espírito do Animalismo. As perguntas mais estú-
pidas eram sempre as de Mimosa, a égua branca:
Continuará havendo açúcar, depois da Revolução?
Não — respondeu Bola-de-Neve, firmemente. — Não dis-
pomos de meios para obter açúcar nesta fazenda. Além disso,
você não necessita de açúcar. Mas terá tôda a aveia e o feno
que quiser.
E eu ainda poderei usar laços de fita na crina? — perguntou
Mimosa.
Camarada — explicou Bola-de-Neve — essas fitas que você
tanto estima são o distintivo da escravidão. Será que você não
compreende que a liberdade vale mais do que laços de fita?
Mimosa sempre concordava, mas não dava a impressão de estar
muito convencida.
Mais trabalho ainda tiveram os porcos para neutralizar as men-
tiras espalhadas por Moisés, o corvo doméstico. Moisés afirmava
a existência de uma região misteriosa, "Montanha
de Açúcar",
para onde iam os animais após a morte. Segundo dizia, essa
montanha estava situada em algum lugar do céu, pouco acima
das nuvens. Na Montanha de Açúcar, os sete dias da semana
eram domingo, o campo floria o ano inteiro, e cresciam torrões
de açúcar e tortas de linhaça nas sebes. Os animais censuravam
Moisés porque vivia contando histórias e não trabalhava, porém
alguns acreditavam na Montanha de Açúcar.
Os revolucionários mais fiéis ersm os dois cavalos de tração,
222
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
Sansão e Quitéria. Como tinham enorme dificuldade em pensarqualquer coisa por si próprios, aceitaram os porcos como pro-fessôres, absorvendo tudo quanto lhes era dito.
Afinal, a Revolução ocorreu muito mais cedo e mais facilmentedo que se esperava. Jones agora estava em decadência. Desesti-mulado com a perda de dinheiro numa ação judicial, dera parabeber além do recomendável. Seus peões eram vadios e desonestos,o campo estava coberto de erva daninha, os galpões necessitavamde telhas novas, as cercas estavam abandonadas e os animais an-davam mal alimentados.
Junho chegou e o feno estava quase pronto para o corte. Ncdia 23 de junho, um sábado, Jones foi a Willingdon e bebeu tanto,que só regressou ao meio-dia de domingo. Os homens ordenharamas vacas de manhã e saíram para caçar, sem se preocupar com aalimentação dos animais. Ao voltar, Jones desabou no sofá dasala, e assim, ao fim da tarde, os animais ainda não haviam co-mido nada. Já era demais. Uma das vacas rebentou a chifradas aporta do depósito e os bichos avançaram sobre o alimento. Nessemomento, Jones acordou. Num instante, êle e seus homens estavamno depósito com os chicotes na mão, batendo a torto e a direito.De comum acordo, muito embora nada tivesse sido anteriormenteplanejado, os animais lançaram-se sobre os verdugos. Jones e opessoal viram-se de repente chifrados e escoiceados por todos oslados. A súbita revolta de criaturas a quem estavam acostumadosa surrar e maltratar à vontade desconcertou-os. Num segundovoavam pela trilha rumo à estrada principal, com os bichos triun-fantes a persegui-los.
A mulher de Jones espiou pela janela, viu o que acontecia, reu-niu às pressas alguns haveres e escapuliu da granja por outro ca-minho. Atrás dela, Moisés bateu as asas, grasnando ruidosamente.E assim, antes que alguém percebesse o que sucedera, a Revoluçãoestava feita. O Homem fora expulso e a Granja do Solar era dosanimais.
Durante os primeiros cinco minutos, mal puderam acreditar nasorte. Seu primeiro ato foi galopar pelos limites da propriedade,como para verificar se nenhum ser humano ficara escondido:depois, correram de volta para varrer os últimos vestígios doodiado império de Jones. O galpão dos arreios, no fundo dos es-tábulos, foi arrombado; freios, argolas de nariz, correntes de ca-chorro, as cruéis facas com que Jones castrava os porcos e oscordeiros, tudo foi atirado ao fundo do poço. As rédeas, os cabres-tos, os antolhos e os degradantes bornais foram jogados à fogueiraque ardia no pátio. Os bichos pulavam de contentamento ao veremos chicotes em chamas.
Em curto tempo, os bichos destruíram tudo quanto lhes recor-dava Jones. Napoleâo conduziu-os de volta ao depósito de forra-gem e serviu uma ração dupla de cereais para todo mundo, comdois biscoitos para cada cachorro. Depois, cantaram ''Bichos daInglaterra" de cabo a rabo, sete vezes, em seguida, deitaram-se edormiram como nunca.
Acordaram de madrugada, como sempre, e, ao se lembraremdo glorioso acontecimento da véspera, correram para a pastagem.Os animais subiram ao tôoo de uma colina e olharam em volta,à luz clara da manhã. Sim, era deles — tudo quanto enxergavamera deles. Fizeram um circuito de inspeção em toda a granja,vistoriando, com muda admiração, a lavoura, o campo de feno, opomar, a lagoa e o bosque. Era como se, anteriormente, nuncativessem visto aquilo, e mal podiam acreditar: tudo era deles.
Voltaram, então, e pararam silenciosos junto à casa-grande. Eradeles também, mas sentiram um certo receio de entrar. Depoisde alguns instantes, porém, Bola-de-Neve e Napoleâo forçaram aporta, e os animais entraram, em fila, caminhando na ponta dospés, de um aposento para o outro, falando baixinho e olhandocom certa reverê-cia aquele luxo inacreditável. Ali mesmo foiaprovada por unanimidade a resolução de conservar a casa comomuseu. Concordaram em que nenhum animal jamais deveriahabitá-la. _, ._
- Camaradas - disse Bola-de-Neve - sao 6 e 15 e temo?um longo dia pela frente. Iniciaremos hoje a colheita do feno. Masantes há um outro assunto para tratarmos.
Os porcos revelaram que durante os últimos tres meses haviamaprendido a ler e escrever, numa velha cartilha que fora jogada% lixo. Napoleâo mandou buscar lata, de hnta e conAouH» «tfa porteira que dava para a estrada principal. Então, Bola-de-Neveíaue era auem escrevia melhor) pecou o pincel entre as juntasTm?a^gôu o nome GRANJA DO SOLAR do «£*£¦perior e, em seu lugar, escreveu GRANJA DOS BICHO^Botode-Neve e Napoleâo mandaram buscar uma escada e ordenaramque fosse encostada à parede do fundo do nMn.1™*-*^caram que, segundo os estudos que haviam feito, ei a possível
resumir os princípios do Animalismo em Sete Mandamentos, queseriam agora escritos na parede, e constituiriam a lei inalterávelpela qual a Granja dos Bichos deveria reger sua vida a partirdaquele instante, para sempre.
Com alguma dificuldade, Bola-de-Neve subiu na escada e come-çou a trabalhar. Os Mandamentos foram escritos em grandes le-trás brancas que podiam ser lidas a muitos metros de distância:
OS SETE MANDAMENTOS
1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas.
é amigo.3. Nenhum animal usará roupas.4. Nenhum animal dormirá em cama.5. Nenhum animal beberá álcool.6. Nenhum animal matará outro animal.7. Todos os animais são iguais.
O conjunto ficou bastante bom e foi lido por Bola-de-Neve paraos demais. Todos balançaram a cabeça, de pleno acordo, e osmais vivos começaram imediatamente a decorar os Mandamentos.
E agora, camaradas — disse Bola-de-Neve — ao campo defeno! É uma questão de honra realizar a colheita em menos tempodo que Jones e seus homens.
Nesse momento, porém, as vacas começaram a mugir. Havia24 horas que não eram ordenhadas e estavam com os úberes quaseestourando. Depois de alguma reflexão, os porcos pediram baldese ordenharam as vacas com relativo êxito. Em breve, obtinhamcinco baldes de leite espumante e cremoso, que muitos bichos olha-ram com considerável interesse.
Que vamos fazer com esse leite? — perguntou alguém.Não se preocupem com o leite, camaradas! — gritou Napo-
leão, postando-se à frente dos baldes. — Nós trataremos desteassunto. A colheita é mais importante. O camarada Bola-de-Neveos conduzirá. Eu seguirei dentro de alguns minutos. Avante, ca-maradas! O feno está à espera.
Os animais marcharam rumo ao campo de feno, para o inícioda colheita, e, à tardinha, quando voltaram, nâo acharam nemvestígio 'do leite.
o s animais trabalharam como gente grande."áste comentário feito pelo gato — considerado
de péssimo gosto — não chegou a turvar a satis-facão geral pelo fim da colheita do feno.
Por vezes, a tarefa foi dura; os implementos des-tinavam-se ao uso de seres humanos e foi um enorme obstáculoo fato de nenhum bicho conseguir utilizar ferramentas que exigis-sem a posição em pé sobre as patas traseiras. Mas os porcos eramtão imaginosos que conseguiam contornar todas as dificuldades.Não trabalhavam, propriamente, mas dirigiam e supervisionavamo trabalho dos outros. Sansão e Quitéria atrelavam-se à ceifadeiraou à grade e andavam pelo campo para lá e para cá, com umporco atrás gritando "Eia, camarada!" ou "A volta, agora, cama-rada!", conforme o caso. Enfim, terminaram a colheita dois diasantes do tempo que Jones e seus empregados normalmente leva-vam. Mas, além disso, foi a maior colheita que jamais se realizaraali. Não houve qualquer desperdício; as galinhas e os patos, comsua vista penetrante, juntaram até o menor talinho. E nenhumanimal na granja roubou sequer uma bocada.
Durante todo aquele verão, o trabalho da granja andou comoum relógio. Os bichos, felizes como nunca. Sem os inúteis para-sitas humanos, sobrava mais para cada um. Havia também maislazer, muito embora os animais fossem inexperientes nisso. Houvemuitas dificuldades, mas os porcos, com a inteligência, e Sansão.com seus músculos fantásticos, venciam tudo. Sansão, que já eratrabalhador no tempo de Jones, agora, valia por três. Houve diasem que todo o trabalho da granja parecia recair sobre seus om-bros poderosos. Fizera um trato com um dos gaios para ser cha-mado, todas as manhãs, meia hora mais cedo que os demais, eempregava esse tempo em tarefas voluntárias no que parecessemais necessário. Sua solução para cada problema, para cada con-tratempo, era "Trabalharei mais ainda", frase que adotara comoseu lema particular. .. 3 „. ,
Cada qual se ocupava de acordo com sua capacidade. Ninguémroubava, ninguém resmungava a respeito das rações. A discórdia,as mordidas, o ciúme, coisas normais nos velhos tempos, tinham
223
GEORGE ORWELL
quase desaparecido. Ninguém se esquivava ao trabalho — ou quaseninguém. É bem verdade que Mimosa não gostava de levantaicedo. E o comportamento do gato era um tanto estranho. Logonotou-se que êle nunca podia ser encontrado quando havia tra-balho por tazer. Apresentava, porém, desculpas tão boas e ros-nava de maneira tão carinhosa, que era impossível não crer emsuas boas intenções. O velho Benjamim, o burro, nada mudaraapós a Revolução. Não se esquivava ao trabalho normal, masnunca era voluntário para extraordinários. Sobre a Revolução eseus resultados, não emitia opinião. Quando lhe perguntavam senão era mais feliz, agora que Jones se havia ido, respondia apenas:"Os burros vivem muito tempo".
Aos domingos, não se trabalhava. A refeição da manhã era umahora mais tarde e, depois dela, havia uma cerimônia que começavacom o hasteamento da bandeira. Bola-de-Neve achara, no depó-sito, uma velha toalha verde e pintara no centro, em branco, umchifre e uma ferradura. O verde, explicava Bola-de-Neve, repre-sentava os verdes campos da Inglaterra, ao passo que o chifre e aferradura simbolizavam a futura República dos Bichos. Após ohasteamento, iam todos ao grande celeiro para uma assembléiageral. Lá planejavam o trabalho da semana seguinte e discutiamas resoluções apresentadas pelos porcos. Os outros animais apren-deram a votar, mas nunca conseguiram imaginar uma resoluçãopor conta própria. Bola-de-Neve e Napoleão eram sempre os maisativos nos debates. Notou-se, porém, que os dois nunca estavamde acôrdo. Mesmo quando se resolveu que o potreiro situado alémdo pomar seria reservado para os animais aposentados, houve umaagitada discussão. A reunião era encerrada sempre com o hino"Bichos da Inglaterra", e a tarde se destinava à recreação.
À noite, os porcos estudavam mecânica, carpintaria e outrasartes necessárias, em livros trazidos da casa-grande. Bola-de-Nevese ocupava também da organização dos outros bichos através dosComitês de Animais. Formou a Liga das Caudas Limpas, para asvacas; o Comitê de Reeducação dos Animais Selvagens (cujo ob-jetivo era domesticar os ratos e os coelhos), o Movimento poruma Lã Mais Branca, e outros mais. Além disso, criou classespara ensinar a ler e escrever. No conjunto, esses projetos foramum fracasso. O gato ingressou no Comitê de Reeducação, e poralgum tempo andou muito ativo. Um dia foi visto, sentado numtelhado, a doutrinar alguns pardais pousados pouco além do seualcance. Dizia-lhes que todos os animais agora eram camaradas equalquer pardal que o desejasse poderia vir pousar na sua mãormas os pardais preferiram ficar de longe.
As classes de alfabetização, ao contrário, tiveram enorme su-cesso. Já no outono quase todos os bichos estavam, uns mais,outros menos, lendo e escrevendo.
Os porcos eram mestres na escrita e na leitura. Benjamim sabialer tão bem quanto os porcos, mas não exercia sua tacutdade. Aoque sabia — costumava dizer —, nada havia que valesse a penaler. Quiteria aprendeu todo o alfabeto, mas não conseguia juntaras letras. Sansão não foi capaz de ir além da letra D. Afinal, de-cidiu co^tentar-se com as cvntrn i*rj«~»*t|rn« '-?""• • ~—?•-«vivaescrevê-las uma ou duas vezes por dia, a fim de refrescar amemória.
Nenhum dos outros animais da granja chegou além da letra A.Notou-se. tim^ém que os mais est')oidos eram incaoa^es de de-corar os Sete Mandamentos. Depois de muito pensar, Bola-de-Nevedeclarou que, ia verda e os Sete Madame tos podiam ser con-densados numa única máxima, que era: "Quatro pernas bom, duaspernas ruim". A princípio, os pássaros fizeram objeção, pois lhesparecia que estavam no caso das duas pernas, porém Bola-de-Neveprovou que tal não acontecia:
— A asa de uma ave, camaradas, é órgão de propulsão e de-veria ser olhada mais como uma perna. O que distingue o Homemé a mão, o instrumento com que perpetra toda a sua maldade.
Os bichos dedicaram-se a decorar a nova máxima, QUATROPFRNAS ROM, DUAS PERNAS RUIM, que foi escrita acimados Sete Mandamentos e com letras bem maiores. Depois que con-seguiram decorá-la, as ovelhas ficavam a balir "Quatro pernasbom, duas pernas ruim! Quatro pernas bom, duas pernas ruim!"durante horas a fio.
Napoleão não tomou interesse algum pelos comitês de Bola-de-Neve. Dizia que a educação dos jovens era mais importante doque qualquer coisa em favor dos adultos. Aconteceu que Lulu eFerrabrás deram cria a nove robustos cachorrinhos. Tão logo foramdesmamados, Napoleão tirou-os de suas mães dizendo que êlepróprio se responsabilizaria por sua educação. Levou-os para umsótão e os manteve em tal reclusão, que o resto da fazenda logose esqueceu de sua existência.
O mistério do leite prontamente se esclareceu. Era misturado à
comida dos porcos. As maçãs estavam amadurecendo e a grama dopomar cobria-se de frutas derrubadas pelo vento. Os bichos tinhamcomo certo que as frutas deveriam ser distribuídas eqüitativamente;certo dia, porém, chegou a ordem para que todas as frutas caídasfossem recolhidas e levadas para consumo dos porcos. Alguns bi-chos resmungaram a respeito, mas foi inútil. Os porcos estavam to-dos de acôrdo sobre esse ponto, até mesmo Bola-de-Neve e Napo-leão. Garganta foi enviado aos outros, para dar explicações.
— Camaradas! — gritou. — Não imaginais, suponho, que nós,os porcos, fazemos isso por espírito de egoísmo e privilégio. Mui-tos de nós até nem gostam de leite e de maçã. Mas está provadopela Ciência, camaradas, que contêm substâncias absolutamentenecessárias à saúde dos porcos. A organização e a direção deslagranja repousa sobre nós. É por vossa causa que bebemos aqueleleite e comemos aquelas maçãs. Sabeis o que sucederia se osporcos falhassem em sua missão? Jones voltaria! Com toda certeza,camaradas — gritou Garganta, quase suplicante — com toda eer-teza, não há dentre vós quem queira a volta de Jones.
Quando o assunto lhes foi posto sob esta luz, os animais nãotiveram mais o que dizer. A importância de manter a boa saúdedos porcos tornou-se óbvia. Foi, portanto, resolvido sem maisdiscussões que o leite e as maçãs caídas (bem como toda a co-lheita de maçãs, quando amadurecessem) seriam reservados paraos porcos.
Pelo
fim do verão, a notícia do que sucedera na Granja dosBichos já se espalhara pelo condado. Todos os dias, Bola-de-Neve e Napoleão enviavam formações de pombos cominstrução de se misturarem aos animais das granjas vizi-nhas, contar-lhes a história da Revolução e ensinar-lhes a
melodia de "Bichos da Inglaterra".Jones passava a maior parte desse tempo na taverna, queixan-
do-se da monstruosa injustiça que sofrerá ao ser expulso de suapropriedade. Os granjeiros eram-lhe simpáticos, mas, no fundo,cada um imaginava alguma forma de tirar vantagem do seu infor-túnio. Uma das granjas adjacentes à dos Bichos era Foxwood. Oproprietário, Sr. Pilkington, era um sujeito indolente, que passavaa maior parte de seu tempo caçando ou pescando. A outra granjavizinha, Pinchfield, era de propriedade do Sr. Frederick, um ho-mem rude e astuto, permanentemente envolvido em barganhasmuito difíceis. Os dois se hostilizavam tanto, que lhes era suma-mente difícil chegar a qualquer acôrdo, mesmo em defesa de seuspróprios interesses.
Todavia, ambos estavam assustados com a Revolução na Granjados Bichos. De início, acharam graça na idéia de bichos gerirempor si próprios um sítio. O caso todo estaria acabado numa quin-zena, diziam. Diziam, também, que os animais da Granja dcSolar (não admitiam o nome Granja dos Bichos) estavam lutandeentre si e não tardariam a definhar até morrerem. Como o tempopassava e os animais evidentemente não definhavam, Frederick ePilkington mudaram de tom e começaram a falar nas terrívei?perversidades que estavam ocorrendo na Granja dos Bichos. Co-mentavam que os animais praticavam o canibalismo, torturavamuns aos outros com ferraduras ao rubro e tinham suas fêmeas emcomum. Esse era o resultado do desrespeito às leis da Natureza,diziam.
Entretanto, ninguém acreditou nessas histórias. Continuavam acircular boatos fantásticos sobre um sítio maravilhoso, de ondehaviam sido expulsos os seres humanos e onde os bichos tomavamconta dos próprios negócios. E durante todo aquele ano uma ondade revolta Dercorreu a região. Sobretudo, a melodia e mesmo aletra de "Bichos da Inglaterra" espalhavam-se com espantosa ra-pidez. Os humanos não podiam conter a raiva ao ouvirem essacanção, embora insistissem em dizer que era simplesmente ridícula.O bicho que fosse apanhado a cantá-la seria chicoteado. Aindaassim, a canção era irreprimível.
No início de outubro, quando o trigo já fora colhido, amon-toado, e em parte até debulhado, uma revoada de pombos chegouem turbilhão e pousou no pátio da Granja dos Bichos, presa degrande excitação: Jones e todo seu pessoal, mais meia dúzia deoutros homens de Foxwood e Pinchfield, haviam penetrado pelaporteira e vinham subindo rumo à fazenda. Todos armados debastões, exceto Jones, que marchava à frente com uma espingardana mão. Era, evidentemente, uma tentativa de recuperar a granja.
Há muito que isso era esperado e os preparativos estavam feitos.Bola-de-Neve, que estudara um velho livro sobre as campanhas
224
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
de Júlio César, estava encarregado das operações defensivas. Rà-
pidamente, deu suas ordens e logo cada animal estava em seu
pôsto.
Quando os homens chegaram perto das casas, Bola-de-Neve
lançou o primeiro ataque. Uma esquadrilha de pombos voou por
cima dos homens e defecou no ar sôbre êles; enquanto os homens
se atrapalhavam com isso, os gansos avançaram, bicando-lhes as
pernas enèrgicamente. Mas isso era apenas uma pequena manobra
tática. Então, Bola-de-Neve lançou sua segunda lir.ha de ataque.
Maricota, Benjamim e as ovelhas, com Bola-de-Neve à frente, arre-
meteram chifrando, mordendo e escoiceando por todos os lados.
Os homens, porém, com os bastões e as grossas botinas, foram
mais fortes; e de repente, a um guincho especial de Bola-de-Neve,
todos os bichos bateram em retirada e fugiram, através do portão,
para dentro do pátio.
Os homens soltaram um brado de triunfo. Viram, tal como ha-
viam imaginado, seus inimigos em fuga, e se lançaram no encalço
desordenadamente. Era justamente o que Bola-de-Neve desejava.
Tão logo êles entraram no pátio, os três cavalos, as três vacas e o
restante dos porcos, que estavam emboscados atrás do estábulo,
apareceram inesperadamente à retaguarda, cortando a saída. Bola-
de-Neve deu o sinal de carga. Êle próprio correu na direção de
Jones. Vendo-o, Jones levantou a arma e atirou. Os projéteis abri-
ram riscos sangrentos no dorso de Bola-de-Neve e uma ovelha
caiu morta. Sem titubear um só instante, Bola-de-Neve lançou os
seus cem quilos contra as pernas de Jones. O homem foi jogado
sôbre um monte de estéreo e a arma voou-lhe das mãos. O espe-
táculo mais terrível, porém, era Sansão, empinado feito um ga-
ranhão e batendo duro com seus cascos forrados. Logo ao primeiro
golpe, atingiu o crânio de um cavalariço de Foxwood, prostrando-o
inerte. Isso fêz com que vários homens largassem os bastões e
tentassem correr. Foram chifrados, batidos, mordidos e atropelados.
Não houve bicho da granja que não tirasse desforra, cada um à
sua moda. Em dado momento, desimpedida a saída, os homens
conseguiram fugir do pátio e correram desabaladamente rumo à
estrada principal. E assim, após uma invasão que parecia fulmi-
nante, retiravam-se pelo mesmo caminho da vinda, com uma mui-
tidão de gansos no seu encalço, bicando-lhes as pernas sem piedade.
Todos os homens haviam partido, menos um. No pátio, Sansão
empurrava com a pata o cavalariço que jazia de bruços na lama,
tentando virá-lo. Mas o rapaz não se movia.
Está morto — disse Sansão penalizado. — Esqueci que es-
tava usando ferraduras. Quem acreditará que não fiz isso de
propósito?
Nada de sentimentalismos, camaradas! —
gritou Bola-de-
Neve, de cujos ferimentos o sangue jorrava. — Guerra é guerra!
Um homem bom é um homem morto!
Os bichos, então, tornaram a reunir-se, tomados da maior exci-
tação, cada qual narrando suas façanhas com a voz mais alta que
conseguia. Uma improvisada cerimônia realizou-se imediatamente.
A bandeira foi hasteada e cantaram "Bichos
da Inglaterra" muitas
vêzes. Depois, a ovelha morta recebeu funerais solenes. Ao pé da
cova, Bola-de-Neve fêz um pequeno discurso, ressaltando o dever
de todos os animais estarem prontos a morrer pela Granja dos
Bichos, se necessário.
Os animais decidiram, por unanimidade, criar uma condecoração
militar, a "Herói
Animal, Primeira Classe', que foi conferida ali
mesmo a Bola-de-Neve e a Sansão. Criaram também a "Herói
Animal, Segunda Classe", conferida pòstumamente à ovelha morta.
Após muita discussão, a refrega foi batizada de Batalha do
Estábulo. A espingarda de Jones foi encontrada na lama e ficou
decidido que a colocariam ao pé do mastro, como sp fôsse uma
peça de artilharia, e dariam uma salva duas vêzes ao ano — uma
no dia 12 de outubro, aniversário da Batalha do Estábulo, e
outra no dia 24 de junho, aniversário da Revolução.
Em
janeiro, o tempo piorou terrivelmente e era impossível
o trabalho no campo. Fôra acertado que os porcos,
sendo manifestamente mais inteligentes do que os outros
animais, decidiriam a política agrícola da granja, embora
suas decisões devessem ser ratificadas pelo voto da maio-
ria. Essa combinação teria funcionado muito bem, não fossem as
disputas entre Bola-de-Neve e Napoleão. Cada um tinha seus segui-
dores e havia debates violentos. Nas reuniões, Bola-de-Neve fre-
qüentemente obtinha a maioria, por seus discursos brilhantes,
porém Napoleão era o melhor nas manobras de bastidor, especial-
mente com as ovelhas. Notou-se que elas mostravam especial
preferência em atacar o "Quatro
pernas bom, duas pernas ruim",
justamente quando Bola-de-Neve chegava a um momento crucial
em seus discursos. Bola-de-Neve encontrara alguns números atra-
sados da revista O Agricultor e o Criador de Gado e andava com
a cabeça cheia de planos. Falava com grande conhecimento sôbre
drenagens, ensilagem, e havia elaborado um complexo esquema
segundo o qual os bichos evacuariam diretamente no campo, em
lugares diferentes cada dia, para economizar o trabalho do trans-
porte de estéreo. Napoleão não criava projetos próprios, mas dizia
com tôda calma que os de Bola-de-Neve não dariam em nada, e
parecia aguardar sua oportunidade. De tôdas as divergências,
porém, nenhuma foi tão séria como a do moinho de vento.
Não muito longe das casas havia uma colina onde, depois de
realizar uma pesquisa no solo, Bola-de-Neve declarou ser o local
ideal para a construção de um moinho de vento que poderia
acionar um dínamo e eletrificar tôda a granja. As baias teriam luz
elétrica e aquecimento no inverno, haveria fôrça para uma serra
circular, para moagem de cereais, para um sistema de ordenha
elétrica. Os animais escutaram boquiabertos Bola-de-Neve fazer
desfilar, ante sua imaginação, as figuras dos aparelhos mais espe-
taculares, máquinas que fariam todo o serviço em seu lugar,
enquanto êles iriam aproveitar a folga pastando ou cultivando
o espírito.
Em poucas semanas, os planos de Bola-de-Neve para o moinho
de vento estavam prontos. Os detalhes mecânicos foram retirados
principalmente de três livros que haviam pertencido ao Sr. Jones.
Bola-de-Neve utilizou como estúdio um galpão, cujo piso era de
madeira lisa, própria para desenhar. Lá permanecia horas a fio.
Gradualmente, os planos se transformaram numa complicada
massa de manivelas e engrenagens, que cobria quase metade do
assoalho e que os outros animais achavam completamente inin-
teligível, mas impressionante. Apenas Napoleão permaneceu desin-
teressado. Havia-se declarado contra o moinho de vento desde o
início. Um dia, entretanto, chegou inesperadamente para examinar
os planos. Caminhou pesadamente em volta do galpão, viu detida-
mente cada detalhe do projeto, farejou-o uma ou duas vêzes.
depois deteve-se a contemplá-lo pelos cantos dos olhos por alguns
instantes; então, inesperadamente, levantou a pata, urinou sôbre
os planos e caminhou para fora sem proferir palavra.
GEORGE ORWELL
A granja estava profundamente dividida com respeito ao moi-
nho de vento. Bola-de Neve não negava que sua construção resul-
taria em uma emprêsa difícil. Más afirmava que tudo poderia ser
feito dentro de um ano. Depois disso — dizia —, os bichos econo-
mizariam tanta energia, que seriam necessários apenas três dias de
trabalho por semana. Napoleão, por outro lado, argumentava que
a grande necessidade do momento era aumentar a produção de
alimentos e que morreriam de fome se perdessem tempo com
moinhos de vento. Os animais dividiram-se em duas facções que
se alinhavam sob os slogans: "Vote
em Bola-de-Neve e por três
dias de trabalho leve" e "Vote
em Napoleão e pelo aumento da
ração".
Além da disputa sôbre o moinho de vento, havia o problema da
defesa da granja. Bem sabiam que poderia haver outra tentativa,
mais reforçada, para retomar a granja e restaurar Jones. Isso era
fatal, pois a notícia da batalha do curral se espalhara pela região e
tornara os animais das granjas vizinhas mais rebeldes do que nunca.
Como sempre, Bola-de-Neve e Napoleão não estavam de acordo.
Segundo Napoleão, o que os animais deveriam fazer era conseguir
armas de fogo e instruir-se no seu emprêgo. Bola-de-Neve achava
que deveriam enviar mais e mais pombos e provocar a rebelião
entre os bichos das outras granjas. O primeiro argumentava que.
se não fossem capazes de se defender, estavam destinados à sub-
missão; o outro alegava que, fomentando revoluções em tôda parte,
não teriam necessidade de se defender. Os animais ouviam Na-
poleão, depois Bola-de-Neve, e não chegavam a uma conclusão.
Por fim, os planos de Bola-de-Neve ficaram prontos. Na reunião
do domingo seguinte deveria ser posta em votação a questão do
moinho de vento. No grande celeiro, Bola-de-Neve levantou-se e,
embora fôsse interrompido de vez em quando pelo balido das
ovelhas, expôs suas razões em favor da construção do moinho.
Depois, levantou-se Napoleão para rebater. Disse calmamente que
o moinho de vento era uma tolice, que não aconselhava ninguém
a votar a favor daquilo. Sentou-se de nôvo; falara durante trinta
segundos, se tanto, e parecia indiferente ao resultado. Ante isso,
Bola-de-Neve pôs-se de pé outra vez, calou a gritos as ovelhas que
começaram a balir de nôvo, e irrompeu num candente apêlo em
favor do moinho de vento. Até então, os bichos estavam divididos
em suas simpatias, mas num instante a eloqüência de Bola-de-Neve
arrastou a todos. Quando parou de falar, não havia dúvidas quanto
ao resultado da votação. Porém, exatamente nesse momento.
Napoleão levantou-se e, dando uma olhadela de viés para Bola-
de-Neve, soltou um guincho estridente que ninguém ouvira antes.
Ouviu-se um terrível alarido lá fora e nove cães enormes, usando
coleiras, entraram latindo no celeiro. Atiraram-se sôbre Bola-de-
Neve, que saltou do lugar onde estava apenas em tempo de esca-
par àquelas prêsas. Num segundo, saiu porta afora com os cães
em seu encalço. Bola-de-Neve corria pelo campo em direção à
estrada, como só um porco sabe correr, mas os cachorros se aproxi-
mavam. De repente, caiu e pareceu que o apanhariam, e um dêles
quase fechou as mandíbulas no rabicho de Bola-de-Neve, que o
recolheu bem na hora. Então, fêz um esforço extremo e, ganhando
algumas polegadas, enfiou-se por um vão da sebe e sumiu.
Logo, os cachorros voltaram latindo. A princípio, ninguém pôde
imaginar de onde tinham vindo aquelas criaturas mas o mistério
logo se aclarou: eram os cachorrinhos que Napoleão havia tomado
às mães e criado secretamente. Agora, eram uns cães enormes e
malencarados como lôbos. Permaneceram junto a Napoleão, e
notou-se que sacudiam a cauda para êle da mesma maneira como
os outros cachorros costumavam fazer para Jones.
Napoleão subiu para o estrado, de onde o Major fizera seu
discurso. Anunciou que daquele momento em diante terminariam
as reuniões dos domingos de manhã. Eram desnecessárias perdas de
tempo. Para o futuro, todos os problemas da granja seriam resol-
vidos por uma comissão de porcos, presidida por êle que depois
comunicaria suas decisões aos demais. Os animais continuariam a
reunir-se aos domingos para saudar a bandeira, cantar "Bichos
da
Inglaterra" e receber as ordens da semana; não haveria debates.
, Alguns porcos, porém, tinham maior flexibilidade de raciocínio.
Quatro porquinhos castrados soltaram altos guinchos de protesto.
Mas os cachorros, junto de Napoleão, soltaram um rosnado fundo
e ameaçador, e os porcos se calaram. Aí, estrondaram as ovelhas
um formidável balido de "Quatro
pernas bom, duas pernas ruim"
que durou cêrca de um quarto de hora. acabando com qualquer
hipótese de discussão.
Mais tarde. Garganta foi mandado percorrer a granja, para
explicar a nova situação.
— Camaradas — disse — tenho certeza de que cada animal
compreende o sacrifício que o Camarada Napoleão faz ao tomar
sôbre seus ombros mais êsse trabalho. Não penseis, camaradas, que
a liderança seja um prazer. Ninguém mais que o Camarada
Napoleão crê firmemente que todos os bichos são iguais, e feliz
seria êle se pudesse deixar-vos tomar decisões, mas, às vêzes, po-
deríeis errar. Suponhamos que tivésseis decidido seguir Bola-
de-Neve com suas miragens de moinho de vento —- logo Bola-de-
Neve que, como sabemos, não passava de um criminoso!
Êle lutou bravamente na Batalha do Estábulo — disse alguém.
Bravura não basta — respondeu Garganta. — A lealdade e
a obediência são mais importantes. E, quanto à Batalha do Está-
bulo, acredito, tempo virá em que verificaremos que o papel de
Bola-de-Neve foi um tanto exagerado. Disciplina, camaradas, disci-
plina férrea! Um passo em falso, e o inimigo estará sôbre nós. Por
certo, camaradas, não quereis Jones de volta, hem?
Uma vez mais, êsse argumento era irrespondível e, se os debates
do domingo podiam trazer essa conseqüência, que cessassem os
debates. Sansão, que já tivera tempo de pensar, expressou o senti-
mento geral:
4 Se é o que diz o Camarada Napoleão, deve estar
certo". E daí por diante adotou a máxima "Napoleão
tem sempre
razão", acrescentando-a ao seu lema particular
"Trabalharei mais
ainda".
Já com o tempo melhor, iniciou-se a arada da primavera. Todos
os domingos, os animais reuniam-se no grande celeiro, para receber
as ordens da semana. A caveira do velho Major fôra desenterrada
e colocada ao pé do mastro, junto à espingarda. Após o hastea-
mento da bandeira, os animais deviam desfilar reverentemente
perante a caveira, antes de entrar no celeiro. Napoleão, com Gar-
ganta e outro porco chamado Mínimo, notável para compor can-
ções e poemas, ocupavam a plataforma, com os nove cachorros
rodeando-os. Napoleão lia as ordens da semana num áspero estilo
militar e, após cantarem uma única vez "Bichos
da Inglaterra",
os animais se dispersavam.
No terceiro domingo após a expulsão de Bola-de-Neve, os bichos
ficaram um tanto surpresos ao ouvirem Napoleão anunciar que o
moinho de vento seria, afinal de contas, construído. Não deu
qualquer explicação sôbre o motivo que o fizera mudar de idéia,
apenas alertando que isso significaria trabalho muito duro; podendo
até ser necessário reduzir as rações. Os planos, entretanto, haviam
sido elaborados até o último detalhe e a construção do moinho
deveria levar dois anos.
Naquela tarde, Garganta explicou aos outros bichos, em parti-
cular, que Napoleão nunca fôrá contra a construção do moinho
de vento. Aliás, a idéia fôra sua desde o início: o plano que Bola-de-
Neve havia desenhado fôra, na realidade, roubado dos arquivos
de Napoleão. Por que, então, perguntou alguém, êle tanto falou
contra o moinho? Aí é que estava a esperteza do Camarada Na-
poleão — replicou Garganta. Ser contra o moinho de vento era
apenas uma manobra para livrar-se da influência perniciosa de
Bola-de-Neve. Agora, o plano podia prosseguir sem distorções. Isso
— disse Garganta — era uma coisa chamada tática. Repetiu inú-
meras vêzes: "Tática,
camaradas, tática!" Os bichos não estavam
muito certos do significado da palavra mas Garganta falava tão
persuasivamente e os três cachorros — que por coincidência esta-
vam com êle — rosnavam tão ameaçadoramente, que aceitaram
a explicação sem mais perguntas.
Por
tôda a primavera e o verão, os bichos enfrentaram
uma semana de sessenta horas de trabalho e, em agôsto,
Napoleão comunicou que trabalhariam também nos do-
mingos à tarde, mas só voluntários. Quem não se ofere-
cesse, apenas teria sua ração diminuída pela metade. Mes-
mo assim, a colheita foi pouco menor, e duas lavouras não foram
plantadas por falta de tempo. Era fácil prever que o inverno seria
bastante duro.
A construção do moinho de vento apresentou dificuldades im-
previstas. Havia na granja uma boa pedreira, porém o problema
que os animais não conseguiram resolver, de início, foi o de
quebrar as pedras do tamanho desejado. Não parecia haver outra
maneira senão com picaretas e alavancas, coisas que nenhum ani-
mal podia usar. Sòmente após semanas de trabalho em vão, foi
que ocorreu a alguém a idéia certa — aproveitar a gravidade. Os
bichos amarravam cordas em tôrno dos blocos enormes que ja-
ziam na base da pedreira e, todos juntos, arrastavam-se com deses-
peradora lentidão até o ponto mais elevado da pedreira, de onde
eram derrubados para se despedaçarem embaixo. O transporte,
depois, era relativamente simples. No fim do verão, já haviam
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
acumulado um bom estoque de pedras e começou a obra sob a
direção dos porcos.
Entretanto, o processo era demorado e laborioso, e nada se teria
feito sem Sansão. Quando a pedra começava a escorregar e os
animais gritavam de desespêro, ao se verem arrastados colina
abaixo, era sempre Sansão que retesava os cabos e continha a
pedra. Vê-lo na faina da subida, palmo a palmo, com a respiração
acelerada, os costados molhados de suor e as pontas dos cascos
cravados no solo, era coisa que enchia a todos de admiração. Seus
dois lemas, 'Trabalharei
mais ainda" e "Napoleão
tem sempre
razão", pareciam-lhe resolver todos os problemas. Pediu a um dos
gaios que o acordasse três quartos de hora mais cedo, pela manhã,
ao invés de meia hora. E, nos momentos de folga, juntava um
monte de pedra britada e puxava-o até o local do moinho de
vento, sem ajuda de ninguém.
Os bichos não passaram muito mal aquêle inverno, apesar da
dureza do trabalho. Se não tinham mais do que no tempo de
Jones, também não tinham menos. A vantagem de só terem a si
próprios para alimentar, sem os cinco parasitas humanos, era tão
grande que compensava bem algumas faltas. E, sob muitos aspec-
tos, havia realmente progresso. Não obstante, à medida que o
verão passava, apareceu alguma escassez, imprevista. Foram-se
esgotando os estoques de produtos que não podiam ser fabricados
na granja. Mais tarde, faltaram também sementes e adubo arti-
ficial, e, naturalmente, a maquinaria para o moinho de vento.
Como obter isso tudo, ninguém conseguia imaginar.
Um domingo de manhã, quando os bichos se reuniram para re-
ceber as ordens, Napoleão anunciou sua nova política. A partir
daquele dia, a Granja dos Bichos passaria a comerciar com as da
vizinhança; naturalmente sem qualquer objetivo de lucro, mas
com o fito único de obter algumas mercadorias urgentemente ne-
cessárias. Acima da ideologia, o moinho de vento, disse. Em con-
seqüência, anunciou a venda de uma grande meda de feno e de
parte da safra de trigo; mais tarde, caso fôsse necessário mais
dinheiro, êste teria de ser obtido com a venda de ovos. As ga-
linhas — disse Napoleão — deveriam agradecer a oportunidade
de oferecer êsse sacrifício, em prol da construção do moinho.
Os animais sentiram novamente uma vaga inquietude. Nunca
realizar quaisquer contatos com sêres humanos, nunca fazer comér-
cio, jamais utilizar dinheiro — não eram estas as primeiras reso-
luções passadas naquela formidável reunião inicial? Todos se
lembravam da aprovação dessas resoluções — ou pelo menos jul-
gavam lembrar-se. Então, Napoleão levantou a pata, ordenando
silêncio, e declarou que não haveria necessidade de qualquer ani-
mal entrar em contato com sêres humanos, coisa que seria da
maior inconveniência. Êle, apenas, enfrentaria a triste tarefa. Um
certo Sr. Whymper, que era procurador em Willingdon, concordara
em atuar como intermediário entre a Granja dos Bichos e o mundo
exterior, e viria à granja tôdas as segundas-feiras pela manhã, a
fim de receber instruções. Napoleão finalizou o discurso com sua
exclamação habitual da "Viva
a Granja dos Bichos! e, apos can-
tarem "Bichos
da Inglaterra" os animais foram dispensados.
Depois, Garganta percorreu a granja para tranqüilizá-los. Asse-
gurou-lhes que uma resolução contra o comércio e o uso de di-
nheiro jamais fôra aprovada; aliás, nem sequer fora apresentada.
Provàvelmente, era apenas outra das mentiras inventadas por Bola-
de-Neve. Alguns bichos ainda permaneciam em duvida, porem Uar-
canta perguntou-lhes astuciosamente:
"Vocês estão certos de que
não sonharam com isso? Existe algum registro dessa resolução.
E, uma vez que realmente não existia registrado nada parecido
com isso, os animais se convenceram de seu engano.
Tôdas as segundas-feiras, o Sr. Whymper visitava a granja, con-
forme o combinado. Os bichos olhavam suas idas e vindas com
um certo receio e evitavam-no tanto quanto possível. Apesar disso,
ver Napoleão, um quadrúpede, dando ordens a Whymper, um ser
de duas patas, era uma visão que em parte os reconciliava com
a nova situação. Os humanos, agora que a Granja dos Bichos
prosperava, odiavam-na mais do que nunca. Não obstante, mesmo
contra vontade, haviam criado um certo respeito pela eficiência
com que os bichos conduziam os seus assuntos. Sintoma disso toi
o fato de começarem a chamar o • sítio definitivamente de Grania
dos Bichos, em vez de Granja db Solar. Mesmo Jones perdera
tôda a esperança de reaver sua granja e fôra viver "outr°1ygar'
Até então, exceto através de Whymper, nenhum contato houvera
entre a Granja dos Bichos e o mundo exterior, mas já circulavam
insistentes boatos de que Napoleão estava por fechar um deasivo
acordo comercial, ora com Pilkington, ora com Frederick, mas
nunca com ambos, simultâneamente.
Foi mais ou menos por essa época que os porcos, de repente.
mudaram-se para a casa-grande. Novamente, os bichos julgaram
lembrar-se de que havia uma resolução contra isso, aprovada nos
primeiro dias, e novamente Garganta conseguia convencê-los do
contrário. Era absolutamente necessário que os porcos — disse êle
— tivessem um lugar calmo onde trabalhar. Além disso, viver
numa casa era mais adequado à dignidade do Líder (nos últimos
tempos, dera para referir-se a Napoleão pelo título de "Líder")
do que viver numa simples pocilga. Mesmo assim, alguns animais
se aborreceram ao ouvir dizer que os porcos não só faziam as
refeições na cozinha e utilizavam a sala como local de recreação,
mas ainda dormiam nas camas. Sansão resolveu o assunto com seu
"Napoleão tem sempre razão", porém Quitéria foi até o fundo do
celeiro e tentou decifrar os Sete Mandamentos que lá estavam
escritos. Sentindo-se incapaz de ler mais do que algumas letras
separadamente, foi chamar Maricota.
Maricota — pediu ela — leia para mim, por favor, o Quarto
Mandamento. Não diz qualquer coisa a respeito de nunca dormir
em camas?
Com alguma dificuldade, Maricota soletrou:
Diz que
"Nenhum animal dormirá em cama com lençóis".
Interessante, Quitéria não se recordava dessa menção a lençóis,
no Quarto Mandamento. Mas, se estava escrito na parede, devia
haver. E Garganta, que por acaso passava nesse momento, com
dois cachorros, colocou todo o assunto na perspectiva adequada.
A lei era contra os lençóis, que são uma invenção humana.
Nós retiramos os lençóis das camas da casa e dormimos entre
cobertores. Vocês não desejariam ver-nos tão cansados que não
pudéssemos cumprir nossa missão, não? Será que alguém quer
Jones de volta?
Os animais tranqüilizaram-no a êsse respeito e não se falou mais
no assunto. E, quando se anunciou, alguns dias depois, que os
porcos passariam a levantar-se, de manhã, uma hora mais tarde
do que os outros bichos, ninguém se queixou disso também.
O outono encontrou os animais cansados, mas felizes. Haviam
tido um ano difícil e os estoques para o inverno não eram lá
muito abundantes, mas o moinho de vento compensava tudo.
Já estava quase pela metade. Após a colheita, houve um período
de bom tempo e os bichos trabalharam mais do que nunca. Nas
horas de folga, os animais passeavam em volta do moinho inaca-
do, maravilhados com o fato de terem sido capazes de construir
algo tão imponente.
Novembro chegou, e foi preciso interromper a construção, pois
o tempo estava úmido demais para a mistura de cimento. Final-
mente, houve uma noite enwjue a tormenta foi tão forte que os
galpões da granja tremeram fl base e várias telhas do celeiro foram
arrancadas. As galinhas acordaram cacarejando aterrorizadas, pois
haviam sonhado, tôdas ao mesmo tempo, com o barulho de um
tiro à distância. Pela manhã deram com o mastro caído no chão.
Mal haviam notado isso, quando soltaram um grito desesperado.
Visão terrível se apresentava aos seus olhos: o moinho de vento
estava em ruínas.
Todos correram para o local. Napoleão, que raras vezes aban-
donava seu passo normal à frente de todos, correu também.^ Sim,
ali estava o moinho, o fruto de todas as suas lutas, reduzido a
um monte de pedras espalhadas pelas redondezas. Impossível falar,
de início; ali ficaram olhando tristemente a desordem das paredes
caídas. Napoleão vagava de um lado para outro, em silêncio, fare-
jando o chão, aqui e ali. Seu rabicho torcia-se e retorcia-se. num
sinal de febril atividade mental. De repente estacou, como se ti-
vesse chegado a uma conclusão.
Camaradas — disse lentamente — sabem quem é o responsa-
vel por isto? Sabem quem foi o inimigo que, na calada da noite,
destruiu nosso moinho de vento? BOLA-DE-NEVE rugiu
violentamente. — Pensando em destruir nossos planos e vingar-se
de sua vergonhosa expulsão, êsse traidor aproveitou-se da escuri-
dão e destruiu nosso trabalho de quase um ano. Camaradas, neste
local e neste momento, pronuncio a sentença de morte para
Bola-de-Neve. Uma "Herói
Animal, Segunda Classe" e meio balde
de maçãs ao animal que lhe fizer justiça. Um balde inteiro a quem
o capturar vivo. ^
Os animais ficaram chocadíssimls ao saberem que alguém, mes-
mo o renegado Bola-de-Neve, fôsâ capaz de uma coisa daquelas.
Subiu ao céu um brado de indignação e cada um pôs-se a pensar
num modo de apanhar Bola-de-Neve, se algum dia ousasse voltar.
Quase ao mesmo tempo, eram descobertas as pegadas de um por-
co perto da colina. Embora marcassem apenas alguns metros, pa-
reciam dirigir-se a um vão da sebe. Napoleão cheirosas profun-
damente e garantiu serem de Bola-de-Neve. Na sua opinião, o
criminoso viera provàvelmente da Granja de Foxwood.
GEORGE ORWELL
Os
bichos sabiam do prazer que teriam os humanos sea construção do moinho não se fizesse a tempo. Porisso, esforçaram-se ao máximo, enfrentando um inverno
pleno de chuvas, nevascas e gelo.Apesar de tudo os humanos recusaram-se a crer que
Bola-de-Neve tivesse destruído a obra: afirmavam que as pa-redes caíram porque eram finas demais. Os animais sabiam nãoser essa a causa. Mas deliberaram desta vez dobrar para 90centímetros a espessura das paredes. Durante longo tempo, a nevetornou impossível fazer qualquer coisa. Algum progresso se con-seguiu depois, no tempo gelado e seco que se seguiu, mas foi umtrabalho cruel, e os animais já não tinham a mesma esperança.Tinham frio e tinham fome.
Em janeiro, a ração de milho foi drasticamente reduzida. Segui-ram-se dias em que os bichos não tiveram senão palha e beterraba
para comer. Era o espectro da fome que surgia.Era imprescindível ocultar esse fato ao restante do mundo. Na-
poleão bem sabia dos maus resultados que poderiam advir, casoa verdadeira situação alimentar da granja fosse conhecida, e resol-veu utilizar o Sr. Whymper para divulgar uma impressão contra-ria. Até então, os animais não tinham tido quase nenhum contatocom Whymper, em suas visitas semanais: agora, entretanto, algunsbichos selecionados, principalmente ovelhas, foram instruídos paracomentarem casualmente, mas de forma bem audível, o fatode terem sido aumentadas as rações. Em complemento, Napo-leão deu ordens para que as tulhas do depósito, que estavam
quase vazias, fossem recheadas de areia até a boca, depois com-
pletadas com cereais e farinha. A um pretexto qualquer, Whymperfoi conduzido através do depósito e pôde dar uma olhadela nastulhas. Foi enganado e continuou a dizer lá fora que, absoluta-mente, não havia falta de alimento na Granja dos Bichos.
Na realidade, porém, no fim de janeiro, tornou-se positiva anecessidade de conseguir mais cereais em algum lugar. Naquelesdias, Napoleão raramente aparecia em público, nem sequer nosdomingos de manhã, preferindo enviar suas ordens por intermédiodo Garganta ou de outro porco.
Uma das mensagens comunicava que Napoleão assinara, porintermédio de Whymper, um contrato de fornecimento de quatro-centos ovos por semana. O preço destes pagaria, em cereais e fa-rinha, o bastante para manter a granja até que chegasse o verãoe as condições do tempo melhorassem.
Ao ouvirem isso, as galinhas responderam com um terrível ca-carejo. Já haviam sido alertadas sôbre essa possibilidade, mas nãopensavam que viesse a tornar-se realidade. Acabavam de se pre-parar para a chocagem da primavera e protestaram, dizendo quelhes tomar os ovos, agora, era um crime. Pela primeira vez, desdea expulsão de Johes, aconteceu algo parecido com uma rebelião.Lideradas por três jovens frangas, as galinhas realizaram umaação visando contrariar os desejos de Napoleão. Seu protesto con-sistia em empoleirar-se nos caibros do telhado e dali pôr os ovos,que viam despedaçar-se no chão. Napoleão agiu rapidamente eimplacavelmente. Cortou a ração das galinhas e estabeleceu a pe-na de morte a todo bicho que fosse apanhado dando a elas qual-quer alimento. Os cachorros fiscalizavam a execução da ordem.As galinhas resistiram por cinco dias, depois capitularam e volta-ram para os ninhos. Nove haviam perecido. Whymper nada ouviusôbre esse caso e os ovos foram entregues pontualmente, todas assemanas. Nessa época, Napoleão andava em termos ligeiramentemelhores com os outros granjeiros. É que havia no pátio várias
pilhas de madeira, feitas dez anos antes, por ocasião da derrubadade um bosque de faias. Como a madeira já estava bem seca.Whymper aconselhara Napoleão a vendê-la, e tanto Pilkingtoncomo Frederick desejavam comprá-la. Napoleão hesitava entre osdois sem decidir-se. Notou-se que, toda vez que parecia ter ehe-
gado a um acordo com Frederick, surgia o boato de que Bola-de-Neve estava escondido em Foxwood, ao passo que, quando seinclinava para Pilkington, Bola-de-Neve deveria estar emPinchfield.
Subitamente, no início da primavera, descobriu-se um fato alar-mante. Bola-de-Neve estava freqüentando a Granja dos Bichossecretamente! Todas as noites, dizia-se, êle se esgueirava nas som-bras e perpetrava um sem-número de maldades. Roubava milho,entornava baldes de leite, quebrava ovos, esmagava os viveiros desementes e roía o córtex das árvores frutíferas. O que aconteciade errado tinha um responsável certo. Uma janela quebrada, umdreno entupido, e alguém com certeza diria que isso era obra deBola-de-Neve. As vacas declararam unanimemente que Bola-de-Neve entrara em suas baias e as havia ordenhado durante o sono.
Os animais andavam aterrorizados. Parecia-lhes que Bola-de-
Neve era uma espécie de entidade invisível, impregnando o ar àsua volta e ameaçando-os com todas as espécies de perigos. Certatarde. Garganta reuniu-os e, com uma expressão alarmada, disse-lhes ter várias notícias para dar.
Camaradas — gritou, fazendo trejeitos nervosos — desço-brimos uma coisa pavorosa. Bola-de-Neve vendeu-se a Frederick,da Granja Pinchfield, que neste mesmo instante está planejandoatacar-nos e tomar nossa granja: Bola-de-Neve será o guia. quandoo ataque começar. Mas isso não é tudo. Nós pensávamos que arebelião de Bola-de-Neve fora causada por sua vaidade e ambição.Sabeis qual foi a verdadeira razão? Bola-de-Neve era aliado deJones desde o início! Foi, o tempo todo, agente de Jones. Tudoisso está comprovado em documentos que deixou e que só agoradescobrimos.
Os bichos ouviam estupefatos. Até Sansão, que raras vezes fi-cava confuso, deitou-se, enfiou as patas dianteiras debaixo do cor-
panzil, fechou os olhos e, com grande esforço, tentou reunir os
pensamentos.Não acredito — disse. Bola-de-Neve lutou bravamente na
Batalha do Estábulo. Isso eu vi com meus próprios olhos. Poisnós até não lhe demos uma
'Herói Animal, Primeira Classe",
logo depois? »Esse foi o nosso erro, camaradas. Pois agora sabemos —
está tudo escrito nos documentos encontrados — que, na realidade,êle tentava conduzir-nos à desgraça.
Mas êle foi ferido — insistiu Sansão. — Todos o vimosensangüentado.
Isso era parte do trato — gritou Garganta. — O tiro deJones pegou apenas de raspão. Eu poderia mostrar isso a vocês,escrito com a letra dele mesmo, se vocês soubessem ler. A com-binação era Bola-de-Neve dar o sinal de retirada no momentocrítico e abandonar o terreno ao inimigo. Lembra-se de que, bemno momento em que Jones e seus homens atingiram o pátio, Bola-de-Neve, de repente, virou-se e fugiu, seguido de muitos animais?E não foi nesse exato momento, quando já nos dominava o pâ-nico e tudo parecia perdido, que o Camarada Napoleão surgiuproferindo o brado de "Morte
à Humanidade!" e cravou os dentesna perna de Jones? Por certo vocês se lembram disso, não é, ca-maradas? — exclamou Garganta, dando pulinhos de um ladopara outro.
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228
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
Bem, agora que Garganta descrevera a cena tão vlvidamente,
parecia não haver mais dúvidas. Sansão, porém, ainda permanecia
um tanto contrafeito!
Não acredito que Bola-de-Neve fôsse um traidor desde o
comêço. O que fêz depois é outra coisa.
Nosso líder, o Camarada Napoleão — disse Garganta, fa-
lando devagar e com firmeza — declarou categoricamente que
Bola-de-Neve era agente de Jones desde o início... sim, desde o
instante mesmo em que imaginamos a Revolução.
Ah, isso é diferente! — replicou Sansão. — Se o Camarada
Napoleão diz, deve ter razão.
Garganta virou-se para ir embora satisfeito, mas ainda acres-
centou, de maneira impressionante:
Alerto a todos os animais desta fazenda para que mantenham
os olhos bem abertos. Temos motivos para pensar que alguns dos
agentes secretos de Bola-de-Neve estão ocultos entre nós neste
memento!
Quatro dias depois, à tardinha, Napoleão mandou que os bichos
se reunissem no pátio. Quando todos haviam comparecido, Na-
poleão emergiu do casarão, com seus nove cachorros fazendo de-
monstrações à sua volta e soltando rosnados que causavam ca-
lafrios nas espinhas de todos.
Napoleão parou e dirigiu um olhar severo à assistência; depois,
deu um guincho estridente. Imediatamente, os cachorros avança-
ram, pegando quatro porcos pelas orelhas e arrastando-os a guin-
char, de dor e terror, até os pés de Napoleão. Para surprêsa de
todos, três cães lançaram-se sôbre Sansão. Êste reagiu com um
pataço que pegou um dos cachorros ainda no ar, jogando-o ao
solo. O cachorro ganiu pedindo compaixão, e os outros fugiram.
Sansão olhou para Napoleão, para saber se devia liquidar o ca-
chorro ou deixá-lo ir. Napoleão pareceu mudar de idéia e rispi-
damente ordenou a Sansão que o soltasse, e êle ergueu a pata.
deixando o cachorro ferido, uivando.
O tumulto amainou. Os quatro porcos esperavam trêmulos, com
a culpa desenhada em cada gesto. Eram os mesmos que haviam
protestado quando Napoleão abolira as reuniões dominicais. Sem
mais demora, confessaram ter realizado contatos secretos com
Bola-de-Neve desde o dia de sua expulsão e haver colaborado com
êle na destruição do moinho de vento: confessaram, ainda, que
também se haviam comprometido com êle a entregar a Granja
dos Bichos a Frederick. Acrescentaram que Bola-de-Neve havia
admitido, na presença deles, ter sido durante muitos anos agente
secreto de Jones. Ao fim da confissão, os cachorros estraçalharam-
lhes a garganta e, com voz terrível, Napoleão perguntou se algum
outro animal tinha qualquer coisa a confessar.
As três galinhas que haviam liderado a tentativa de reação a
respeito dos ovos se aproximaram e declararam que Bola-de-Neve
lhes aparecera em sonho, instigando-as a obedecerem as ordens
de Napoleão. Também foram degoladas. Aí, veio um ganso e con-
fessou ter escondido seis espigas de milho. Uma ovelha confessou
ter urinado no açude — por insistência, disse, de Bola-de-Neve
— e duas outras confessaram ter assassinado um velho bode,
seguidor especialmente devotado de Napoleão. Foram abatidos ali
mesmo. E assim prosseguiu a sessão de confissão e execuções,
até haver um montão de cadáveres aos pés de Napoleão.
Quando tudo acabou, os bichos sobreviventes, com exceção dos
porcos e dos cachorros, retiraram-se furtivamente, trêmulos e
angustiados. Não sabiam o que era mais chocante, se a traição dos
animais que se haviam acumpliciado com Bola-de-Neve, ou se^ a
cruel repressão recém-presenciada. Durante algum tempo, ninguém
falou. Sansão andava, impaciente, de um lado para outro, e profe-
rindo, de vez em quando, um gemido
de estupefação. Finalmente,
disse:
— Não entendo. Nunca pensei que coisas assim pudessem acon-
tecer em nossa granja. Deve ser o resultado de alguma falha nossa.
A solução que vejo é trabalhar mais ainda. Daqui por diante, vou
levantar uma hora mais cedo.
¥ Os bichos se amontoaram em volta de Quitéria, em silêncio. O
outeiro onde estavam dava-lhes uma ampla visão da região. Olhan-
do pela encosta da colina, Quitéria ficou com os olhos cheios
de água. Aquelas cenas de terror e sangue não eram as que previra
naquela noite em que o velho Major, pela primeira vez, os insti-
gara à rebelião. Se ela própria pudesse imaginar o futuro, veria
uma sociedade de animais livres da fome e do chicote, todos iguais,
cada qual trabalhando de acordo com sua capacidade, os mais for-
tes protegendo os mais fracos. Em vez disso — não podia com-
preender por que —, haviam chegado a uma época em que nin-
guém ousava dizer o que pensava, em que os cachorros rosnantes
e malignos perambulavam por tôda parte e a gente era obrigada
a ver camaradas feitos em pedaços após confessarem os crimes
mais horríveis. Não tinha em mente idéias de rebelião ou desobe-
diência. Sabia que, por piores que fossem, as coisas estavam mui-
to melhores do que nos tempos de Jones e que antes de mais
nada era preciso evitar o retorno dos sêres humanos. Acontecesse
o que acontecesse. Por fim, sentindo que assim substituiria as
palavras que não conseguia encontrar, começou a cantar "Bichos
da Inglaterra". Os outros animais, sentados à sua volta, foram
aderindo e cantaram a canção três vêzes — bem na melodia, mas
lenta e tristemente como nunca haviam cantado antes.
Mal haviam terminado de cantar a terceira vez, apareceu Gar-
ganta, seguido de dois cachorros. Anunciou que, por decreto espe-
ciai do Camarada Napoleão, a canção "Bichos
da Inglaterra" tóra
abolida. Daquele momento em diante, era proibido cantá-la.
Por quê?
— exclamou Maricota.
Não há necessidade, camaradas — respondeu Garganta. —
"Bichos da Inglaterra" era a canção da Revolução. Mas a Revo-
lução agora está concluída. A execução dos traidores, hoje à tarde,
foi o ato final. Em "Bichos
da Inglaterra" expressávamos nosso
anseio por uma sociedade melhor, no porvir. Ora, essa sociedade
já foi instituída. Evidentemente, o hino não tem mais valor algum.
Mesmo amedrontados como estavam, alguns animais poderiam
ter protestado, se nesse momento as ovelhas não enveredassem pe-
lo ' Quatro pernas bom, duas pernas ruim", qut durou vários mi-
nutos, pondo fim à discussão.
E, assim, não mais se ouviu "Bichos
da Inglaterra". Em seu
lugar, Mínimo, o poeta, compusera outra canção que começava
dizendo:
Granja dos Bichos,
Granja dos Bichos
Jamais te farão mal!
e isto passou a ser cantado todos os domingos após o hastea-
mento da bandeira. Mas, de certa maneira, nem a letra nem a
música jamais pareceram, aos animais, com as de "Bichos
da In-
glaterra".
Poucos
dias mais tarde, quando já amainara o terror cau-
sado pelas execuções, alguns animais lembraram-se — ou
julgaram lembrar-se — de que o Sexto Mandamento reza-
va: "Nenhum
animal matará outro animal". Quitéria pediu
a Benjamim que lesse o Sexto Mandamento e quando êste,
como sempre, se negou, procurou Maricota. Esta leu-lhe o Sexto
Mandamento: "Nenhum
animal matará outro animal, sem motivo".
De uma ou outra maneira, as duas últimas palavras haviam es-
capado à memória dos bichos. Mas êstes viam agora que o Sexto
Mandamento não fôra violado; sim, pois, evidentemente, havia
boas razões para matar os traidores que se haviam aliado a Bola-
de-Neve.
Durante aquêle ano, os bichos trabalharam ainda mais que no
ano anterior. A reconstrução do moinho de vento, juntamente com
o trabalho normal da granja, era tudo tremendamente laborioso.
Momentos houve em que lhes pareceu que estavam trabalhando
mais do que no tempo de Jones, sem se alimentarem melhor. Nos
domingos de manhã, Garganta, segurando uma comprida fôlha de
papel, lia par^ êles relações de estatísticas comprobatórias de que
a produção de tôdas as classes de gêneros alimentícios aumentara
de 200, 300 ou 500 por cento, conforme o caso. Os bichos não
viam razão para desacreditá-lo, especialmente porque já não con-
seguiam lembrar-se com clareza das exatas condições de antes da
Revolução. Mesmo assim, dias havia em que prefeririam ter me-
nos estatísticas e mais comida.
Tôdas as ordens, agora, eram transmitidas através de Garganta
ou de outro porco. Napoleão não era visto em público mais do
que uma vez cada quinze dias. Anunciou-se também que a espin-
garda seria disparada anualmente na data do aniversário de Na-
poleão, assim como nos outros dois aniversários.
Aliás, já não era "Napoleão"
simplesmente. Referiam-se a êle
de maneira formal, como "nosso
Líder, o Camarada Napoleão",
e os porcos gostavam de inventar para êle títulos tais como Pai
de Todos os Bichos, Terror da Humanidade, Protetor dos Apris-
cos, Amigo dos Pintainhos e assim por diante. Tornara-se usual
atribuir a Napoleão o crédito de todos os êxitos e de todos os
GEORGE ORWELL
golpes de sorte. Ouvia-se, freqüentemente, uma galinha comentar
para outra: "Sob a orientação de nosso Líder, o Camarada Napo-
leão, pus cinco ovos em seis dias"; ou duas vacas, bebendo juntasno açude, exclamarem:
"Graças à liderança do Camarada Napo-
leão, que gosto bom tem esta água!" O sentimento geral da gran-
ja era bem expresso num poema intitulado '
O Camarada Napo-
leão", composto por Mínimo, que era assim:
Protetor da orfandadeFonte da felicidadeSenhor do balde de lavagem! Oh, quanta emoçãoao te ver neste momentonão me contenho e comento:
é como o sol no firmamento.
Camarada Napoleão!
Se um filhote eu já tivesseantes mesmo que pudesseser chamado de leitão
já teria aprendido a ser, eternamente,mais um fiel seguidor, mais um valente.E seu primeiro guincho seria evidente:Camarada Napoleão!
Napoleão aprovou esse poema e mandou escrevê-lo no grandeceleiro, defronte aos Sete Mandamentos. Sobre êle foi colocadoum retrato de Napoleão de perfil.
Enquanto isso, por intermédio de Whymper, Napoleão envolve-ra-se em negociações complicadíssimas com Frederick e Pilking-ton. As pilhas de madeira ainda não estavam vendidas. Dentre osdois, Frederick era o mais interessado e, ao mesmo tempo, cir-culavam renovados boatos de que êle e seus homens estavam pia-nejando atacar a granja e destruir o moinho de vento, por merociúme. Sabia-se que Bola-de-Neve ainda estava oculto na GranjaPinchfield. Quatro cachorros passaram a montar guarda junto àcama do Líder, durante a noite, e um porquinho, de nome Rosito,recebeu a tarefa de provar a comida, para evitar que êle fosseenvenenado.
Breve, foi anunciado que Napoleão acertara vender as pilhasde madeira ao Sr. Pilkington; ia assinar também um acordo regu-lar de comércio entre a Granja dos Bichos e Foxwood. As relaçõesentre Napoleão e Pilkington, embora mantidas apenas por inter-médio de Whymper, eram agora quase amistosas. Os bichos nãoconfiavam em Pilkington, ser humano que era, mas preferiam-noa Frederick, a quem tanto temiam quanto odiavam. Com o pas-sar do verão e estando o moinho de vento perto da conclusão, osboatos de um iminente e traiçoeiro ataque tornavam-se cada vezmais fortes. Frederick — dizia-se — tencionava trazer contra elesvinte homens armados de espingardas e já subornara os magistra-dos e a polícia, de forma que, se conseguissem colocar a mão nasescrituras de propriedade da Granja dos Bichos, não surgisse pro-blema algum. Além disso filtravam-se de Pinchfield terríveis his-tórias a respeito das barbaridades a que Frederick submetia seusanimais. O sangue dos bichos fervia de ódio quando ouviam con-tar o que se fazia contra seus camaradas e, às vezes, alguns pe-diam que lhes fosse permitido sair para atacar Pinchfield, expul-sar os humanos e libertar os bichos. Porém, Garganta aconselha-va-os a evitar essas atitudes violentas e a confiar na estratégia doCamarada Napoleão. Entrementes, crescia o ódio contra Frede-rick. O própiio Napoleão declarara que jamais, em tempo algum,admitiria vender a madeira a este inimigo traiçoeiro da espécie ani-mal. Os pombos que faziam a propaganda da Revolução receberamordens de modificar o slogan "Morte
à Humanidade" para "Morte
a Frederick". Êle era o inimigo público número dois. O númeroum continuava sendo Bola-de-Neve, naturalmente. Deste, cada veztinham-se notícias de novas sabotagens. Os animais ficaram sabendo
que, absolutamente, jamais Bola-de-Neve recebera a comenda de"Herói
Animal, Primeira Classe". Tratava-se de uma lenda criadapelo próprio Bola-de-Neve, que procurava ocultar o fato de tersido — isto sim — duramente censurado após a Batalha do Es-tabulo. Os animais que manifestavam uma certa perplexidade eramconvencidos de sua falta de memória pelos discursos de Garganta,
No outono, após um tremendo e exaustivo esforço — pois acolheita se fizera ao mesmo tempo —, o moinho de vento estavaconcluído. Restava ainda instalar a maquinaria e Whymper an-dava tratando das compras, mas a estrutura já estava pronta. Con-tra todas as dificuldades, a despeito da inexperiência, dos imple-mentos primitivos, da falta de sorte e da perfídia de Bola-de-Neve,a obra estava concluída no exato dia marcado! Além disso, as
paredes tinham agora o dobro da espessura. Exceto explosivos, na-
da poderia colocá-las abaixo. E, quando os animais pensavam nas
modificações que suas vidas sofreriam quando as pás estivessem
girando e os dínamos em ação, ao pensarem em tudo isso, o can-
saco os abandonava e davam gritos de alegria. Napoleão, em pes-
soa, congratulou-se com os animais pelo feito e anunciou que o
moinho se chamaria Moinho Napoleão.
Dois dias mais tarde, os animais foram convidados para uma
reunião especial no celeiro. Napoleão comunicava ter vendido a
madeira a Frederick. No dia seguinte, os caminhões chegariam
para o carregamento. Durante todo o período de aparente amiza-
de com Pilkington, Napoleão na realidade negociara um acordo
secreto com Frederick.Todas as relações com Foxwood foram cortadas e enviadas a
Pilkington mensagens insultuosas. Os pombos receberam ordens
de não pousar mais na Granja Pinchfield e mudar o slogan de"Morte a Frederick" para
'Morte a Pilkington". Ao mesmo tem-
po, Napoleão assegurou a todos que os boatos a respeito da cruel-
dade de Frederick para com os animais eram muito exagerados.
Todos esses boatos eram, provavelmente, coisa de Bola-de-Neve e
seus agentes. Parecia que Bola-de-Neve vivia — e cercado de mui-
to luxo — em Foxwood, sendo, além do mais, pensionista de Pil-
kington há muitos anos.
Os porcos estavam quase em êxtase com a esperteza de Napo-
leão. Fingindo ser amigo de Pilkington, obrigara Frederick a au-
mentar seu preço em 12 libras. Porém, a qualidade superior da
mente de Napoleão — dizia Garganta — estava no fato de não
confiar em ninguém, nem mesmo em Frederick, Este quisera pa-
gar a madeira com uma coisa chamada cheque, que era, ao que
diziam, um pedaço de papel com uma promessa de pagamento es-
crita. Mas Napoleão exigiu o pagamento em notas autênticas de
5 libras, que deveriam ser entregues antes da retirada da madeira.
Frederick já pagara; e a soma era suficiente para comprar a ma-
quinaria do moinho de vento.
Três dias mais tarde, houve um deus-nos-acuda. Whymper, bran-
co como cera, chegou afobado em sua bicicleta, deixou-a caída
no pátio e correu para dentro da casa. Daí a momentos, ouviu-se
um pavoroso rugido de raiva vindo do apartamento de Napoleão.
A notícia espalhou-se pela granja com a rapidez de um raio: as
notas eram falsas! Frederick levara a madeira de graça!
Napoleão imediatamente chamou os animais e com um vozei-
rão de arrepiar proclamou a sentença de morte contra Frederick.
Ao ser capturado, seria queimado vivo. Ao mesmo tempo, avisou
que deveriam esperar pelo pior. Frederick e seus homens poderiam
desencadear a qualquer momento o tão falado ataque. Foram colo-
cadas sentinelas em todos os caminhos que conduziam à granja.
Além disso, quatro pombos manefedos a Foxwood com uma men-
sagem conciliadora que levava as esperanças de restabelecer as
boas relações com Pilkington.
Logo na manhã seguinte sobreveio o ataque. Os animais esta-
vam no desjejum quando as sentinelas chegaram correndo com a
notícia de que Frederick e seus seguidores já haviam atravessado
a porteira. Corajosamente, os bichos saíram ao seu encontro. Eram
quinze homens, com meia dúzia de espingardas, e abriram fogo
tão logo chegaram a 50 metros. Os animais não puderam fazer
frente à saraivada de balas e, a despeito dos esforços de Napoleão
e -.ansão para fazê-los voltar à luta, retrocederam. Muitos já
estavam feridos. Refugiaram-se no casario da granja e ficaram
olhando prudentemente pelos buracos. Toda a pastagem, inclu-
sive o moinho de vento, caíra nas mãos do inimigo. Olhares
ansiosos eram lançados na direção de Foxwood. Se Pilkington
e seus homens os ajudassem, ainda poderiam ganhar a parada.Porém, nesse momento, voltaram os quatro pombos enviados no
dia anterior, um deles trazendo um pedaço de papel da partede Pilkington, apenas duas palavras:
"Bem feito".
Enquanto isso, Frederick e seus homens haviam parado juntoao moinho. Logo, os animais viram surgir um pé-de-cabra e
um malho. Correu um murmúrio de aflição. Iam botar abaixo
o moinho de vento.Impossível — exclamou Napoleão. — As paredes são gros-
sas demais para isso. Nem em uma semana conseguirão. Cora-
gem, camaradas!Benjamim, porém, observava atentamente a atividade dos ho-
mens. Lentamente, com um ar de quem se diverte, meneou o fo-
cinho.Exatamente o que eu supunha — disse êle. — Vocês não
vêem o que eles estão fazendo? Daqui a pouco, vão colocar ex-
plosivos naquele buraco.Aterrorizados, os bichos esperaram. Daí a pouco os homens
230
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
saíram correndo em todas as direções. Ouviu-se, logo após, umestrondo ensurdecedor, e os animais todos, exceto Napoleão, jo-garam-r.e ao chão. Quando se levantaram outra vez, viram ape-nas uma gigantesca nuvem preta que, aos poucos, a brisa dissol-veu. O moinho de vento havia desaparecido!
Aquilo devolveu a coragem aos animais. Sem esperar ordensreuniram-se e, como um só corpo, lançaram-se contra o inimigo.Foi uma batalha horrível, selvagem. Os homens atiraram váriasvezes e, quando os animais os alcançaram, foi aquela pancadaria.Houve quatro animais mortos e quase todo mundo ficou ferido.
Até Napoleão. que dirigia operações da retaguarda, teve a pontado rabicho arranhada por um balim. Mas aos homens não tocoumelhor sorte. Três tiveram as cabeças quebradas pelos golpes de
Sansão; outro, a barriga furada pelo chifre de uma vaca; outro
viu suas calças quase arrancadas por Lulu e Ferrabrás. E, quandoos nove cachorros da guarda pessoal de Napoleão apareceram dc
repente, por trás, latindo, furiosamente, o pânico os dominou. Oshumanos perceberam o perigo de serem cercados. Frederick gri-tou a seus homens que se retirassem enquanto havia passagem.Mas os animais perseguiram-nos até o fundo do campo, aplican-
do-lhes ainda os últimos golpes ao atravessarem a sebe. Lenta-
mente, os animais começaram a voltar para a granja. A vista dos
camaradas mortos, estirados sobre a relva, comoveu alguns até
às lágrimas. E por alguns minutos se detiveram, num triste silên-
cio, no local onde existira o moinho. Sim, êle sumira; fôra-se qua-se todo o seu trabalho, até os alicerces. A força da explosão ar-
remessara as pedras a centenas de metros. Era como se o moinho
jamais houvesse existido.-Ao se aproximarem do sítio, Garganta veio-lhes ao encontro,
sacudindo o rabicho e guinchando de satisfação. E os animais ou-
viram, da direção da granja, o troar solene da espingarda.A troco do que está atirando aquela arma? — perguntou
Sansão.Para celebrar nossa vitória! — exclamou Garganta.Vitória? Que vitória? — gritou Sansão. Tinha os joelhos
sangrando, perdera uma ferradura, rachara o casco e uma dúzia
de chumbinhos haviam-se alojado em sua pata traseira.Você pergunta que vitória, camarada? Mas então não expul-
samos o inimigo do solo sagrado da Granja dos Bichos?Mas eles destruíram o moinho de vento. Nosso trabalho de
dois anos!Que importa? Construiremos outro moinho de vento. Cons-
truiremos meia dúzia de moinhos de vento, se quisermos. E agora
— graças à liderança do Camarada Napoleão — nós ganhamos
este solo centímetro por centímetro!Quer dizer, ganhamos o que já era nosso — retrucou
Sansão.Essa foi a nossa vitória — insistiu Garganta.
Quando os bichos viram tremular a bandeira verde, ouviram
a arma atirar novamente — sete tiros ao todo — e o discurso que
Napoleão fêz, congratulando-se com a atuação deles, pareceu-lhes
que, afinal de contas, haviam obtido realmente uma grande vitória.
Os animais caídos na batalha tiveram funerais solenes. Procla-
mou-se que a batalha se chamaria Batalha do Moinho de Vento
e que Napoleão havia criado nova comenda, a "Ordem da Bandeira
Verde", que conferira a si próprio. Em meio ao regozijo geral, o
assunto das notas de dinheiro foi esquecido.
Foi alguns dias depois que os porcos encontraram, na adega da
casa-grande, uma caixa de uísque. Passara despercebida na época
da ocupação. Naquela noite, chegou da casa o som de uma can-
toria em que, para surpresa de todos, se ouviram trechos de "Bichos
da Inglaterra". Mais ou menos às 9 e meia da noite, Napoleão.
usando um velho chapéu-côco de Jones, foi visto claramente emer-
gir da porta traseira, dar um rápido galope em volta do pátio e
sumir pela porta outra vez. Na manhã seguinte, um silencio pro-
fundo tomara conta da casa. Ao que parecia, nenhum porco estava
de pé. Eram quase 9 horas quando apareceu Garganta, vacilante
e deprimido, com os olhos embaçados, o rabicho mole. Chamou
todo mundo e disse que tinha péssimas notícias para dar. O Cama-
rada Napoleão estava moribundo! ______«_ __,Ouviu-se um grito de lamento. Correu o boato de que Bo*a-^"
Neve afinal conseguira envenenar a comida de Napoleão. As 11,
Garganta saiu de novo para fazer outra proclamação. Como ultimo
ato sobre a terra, o Camarada Napoleão expedira o seguinte
decreto: a ingestão de álcool seria punida com a morte.
Já à noite, Napoleão parecia um pouco melhor e, na manha
seguinte, Garganta pôde anunciar sua franca recuperação. Já a
tarde, Napoleão voltou à atividade e no dia seguinte soube-se que
dera instrução a Whymper para comprar, em Willingdon. alguns
folhetos sobre fermentação e destilação. Uma semana depois.
Napoleão deu ordem que fosse arado o pequeno potreiro atrás do
pomar, anteriormente destinado ao repouso dos animais aposenta-
dos. Logo se soube que Napoleão pretendia semeá-lo com cevada.
Mais ou menos nessa época, aconteceu um incidente que nenhum
dos bichos pôde compreender. Certa noite, à meia-noite mais ou
menos, ouviu-se um ruído de queda no pátio e os animais correram
de suas baias para ver o que sucedera. Onde estavam escritos os
Sete Mandamentos, encontraram uma escada quebrada em dois
pedaços. Garganta, momentaneamente aturdido, jazia estatelado
junto a ela, tendo ao lado uma lanterna, uma broxa e uma lata
de tinta branca, entornada. Os cachorros fizeram imediatamente
um círculo em torno dele e escoltaram-no de volta à casa-grande.
Os bichos não conseguiram fazer sequer idéia do que significava
aquilo, exceto Benjamim, que torceu o focinho com um ar de
compreensão, mas nada disse.
Alguns dias mais tarde, porém, notou-se que havia outro Man-
damento mal recordado pelos animais. Todos pensavam que o
Quinto Mandamento era ' Nenhum animal beberá álcool", mas
haviam esquecido de duas palavras. Na realidade, o Mandamento
dizia: "Nenhum animal beberá álcool em excesso".
Os
ferimentos de Sansão levaram muito tempo para ci-
catrizar, porém o cavalo recusou-se terminantementea aceitar um só dia de dispensa, e fazia o possível pa-ra que ninguém notasse seu sofrimento. Apenas à noi-te, sozinho com Quitéria, permitia que ela o tratasse
com uma infusão de ervas. Jamais deu ouvidos às recomen-
dações para que não trabalhasse tanto. Os pulmões de um cavalo
não são de ferro — repetia Quitéria. Mas para Sansão só havia
um desejo: ver o moinho concluído antes de se aposentar.
De início, quando as leis da Granja dos Bichos foram elabo-
radas, fixara-se a idade de aposentadoria em doze anos para os
cavalos. Até então, nenhum bicho se aposentara, mas ultimamente
o assunto vinha sendo objeto de freqüentes conversas. Como o
potreiro atrás do pomar fora semeado com cevada, dizia-se agora
que um canto da pastagem grande seria cercado e reservado paraos velhos. O 12.° aniversário de Sansão seria no fim do verão do
ano seguinte.
A vida ia dura. O inverno foi tão frio quanto o anterior, e a
quantidade de alimento ainda menor. Novamente, foram reduzidas
todas as rações, exceto as dos porcos e dos cachorros. Uma igual-
dade por demais rígida em matéria de rações, explicou Garganta,
seria contrária ao espírito do Animalismo. Lendo os dados esta-
tísticos em voz aguda e rápida, provou-lhes, com riqueza de deta-
lhes, que eles recebiam mais do que na época de Jones; os animais
acreditavam em cada palavra. Para falar a verdade, tanto Jones
como tudo quanto êle representava já estavam quase apagados de
suas memórias. Mas, sem dúvida, antigamente fora muito pior.Além do mais, naqueles dias eram escravos, ao passo que, agora,
eram livres; e tudo isso, afinal, fazia diferença, conforme Gar-
ganta sempre dizia.
Havia agora muito mais bocas a alimentar. No outono, as quatro
porcas haviam dado cria quase simultaneamente — 31 leitõezinhos
ao todo e, sendo Napoleão o único macho da granja, era fácil
adivinhar sua linhagem. Foi proclamado que, mais tarde, seria
construída uma escola no jardim da casa. Por enquanto, os leitões
seriam instruídos pelo próprio Napoleão e eram aconselhados a
não brincar com os filhotes dos outros animais. Mais ou menos poressa época, estabeleceu-se que, quando um porco e outro animal
se encontrassem numa trilha, o outro animal cederia a passagem
A granja tivera um ano bem sucedido, mas ainda faltava
dinheiro. Fra necessário comprar tijolos, areia e cal para a escola,
e economizar outra vez para a maquinaria do moinho de vento.
Além disso, havia ainda a necessidade de suprir o que não era
produzido na granja. Venderam uma meda de feno e parte da
colheita de batatas, e o contrato de fornecimento de ovos foi au-
mentado para seiscentos por semana. As rações, já reduzidas em
dezembro, sofreram nova redução em fevereiro, e foram proibidosos lampiões nos estábulos, a fim de economizar querosene. Os
porcos, entretanto, ganhavam sempre alguns quilinhos.
Uma tarde, em fins de fevereiro, chegou ao pátio, vindo da
cozinha, um cheiro gostoso e suculento, como nunca os animais
haviam sentido antes. Alguém disse que era cheiro de cevada
cozida. Os bichos ficaram a pensar se não seria algum fervido
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GEORGE ORWELL
para o jantar. Mas não apareceu fervido nenhum, e no domingo
foi comunicado que toda a cevada passaria a ser reservada para os
porcos. O caminho junto ao pomar já fôra semeado e logo soube-se
que cada porco estava recebendo diariamente meia garrafa de cer-
veja, sendo que Napoleáo recebia meio galão.Mas, se havia grandes agruras, a vida agora tinha muito mais
dignidade. Havia mais canções, mais discursos, mais desfiles.
Napoleáo determinara que uma vez por semana houvesse uma
coisa chamada Manifestação Espontânea, cuja finalidade era come-
morar as lutas e triunfos da Granja dos Bichos. À hora marcada,
os animais deviam abandonar o trabalho e desfilar pelo terreno da
granja, em formação militar. Sansão e Quitéria conduziam sempre
a bandeira verde com o desenho do chifre e da ferradura e a
legenda "Viva
o Camarada Napoleão!" A seguir, havia recitação
de poemas compostos em honra de Napoleão, um discurso de Gar-
ganta dando detalhes dos últimos aumentos na produção de gene-ros e, no momento exato, a espingarda dava um tiro! De modo
geral, os bichos gostavam daquelas celebrações. Achavam confor-
tador serem relembrados de que, afinal, não tinham patrões e todo
o trabalho que enfrentavam era em seu próprio benefício. E assim,
à custa das cantorias dos desfiles, das estatísticas de Garganta, do
estrondo da espingarda e do drapejar da bandeira, conseguiam
esquecer que estavam de barriga vazia, pelo menos a maior partedo tempo.
Em abril, a Granja dos Bichos foi proclamada República e
houve necessidade de escolher um Presidente. Apareceu um só
candidato, Napoleão, que foi eleito por unanimidade. No mesmo
dia, notificou-se a descoberta de novos documentos, que revelavam
mais detalhes sobre a cumplicidade de Bola-de-Neve com Jones.
Após uma ausência de vários anos, Moisés, o corvo, reapareceu
inesperadamente na granja. Continuava o mesmo, não trabalhava
e contava as histórias de sempre a respeito da Montanha de Açu-
car. Chegava a afirmar haver estado lá, num dos seus vôos mais
altos e ter visto os infindos campos de trevo e os bolos de linhaça
e açúcar crescendo nas sebes. Muitos bichos acreditavam. Suas vidas
atualmente eram de fome e de trabalho, raciocinavam; não era
justo que lhes estivesse reservado um mundo melhor, mais além?
Coisa difícil de determinar era a atitude dos porcos, com relação a
Moisés. Eles afirmavam, peremptòriamente, que as histórias sobre
a Montanha de Açúcar não passavam de pura mentira; no entanto,
deixavam-no permanecer na granja, sem trabalhar, e ainda porcima com direito a um copo de cerveja por dia.
Depois que o casco ficou bom, Sansão trabalhou mais violenta-mente do que nunca. Às vezes, tornava-se difícil agüentar as lon-
gas horas sem comer, mas nunca fraquejou. Apenas sua aparênciaestava um pouco modificada; o pêlo já não era tão brilhante eas ancas pareciam haver murchado.
"Sansão vai recuperar-se quan-do crescer o capim da primavera" — diziam os outros — porém,a primavera chegou e Sansão não mudou de aspecto. Por vezes, narampa da pedreira, tinha-se a impressão de que apenas a vontadeo mantinha de pé. Nesses momentos, seus lábios formavam clara-mente as palavras
"Trabalharei mais ainda"; não emitia qualquer
som.Não se importava com o que sucedesse, desde que pudesse
acumular uma boa quantidade de pedras antes de se aposentar.Certa noite, no verão, correu a súbita notícia de que algo
acontecera a Sansão, que havia saído sozinho rumo à pedreira.Metade dos animais da granja correu para a colina do moinho
de vento. Lá estava Sansão, deitado entre os paus da carroça, como pescoço esticado e sem poder sequer levantar a cabeça. Corria-lhe da boca um filête de sangue. Quitéria ajoelhou-se a seu lado.
— Sansão — chamou ela — você está bem?É o meu pulmão — disse êle, quase sem voz. — Não tem
importância. Vocês terminarão o moinho sem mim. Já deixei bas-tante pedra por aí. De qualquer maneira, só me restava um mêsde atividade. Para falar a verdade, tenho estado à espera destahora. E, como Benjamim também está ficando velho, talvez odeixem aposentar-se para me fazer companhia.
Precisamos de socorro imediatamente — gritou Quitéria. —Alguém vá correndo contar a Garganta o que aconteceu.
Só ficaram Quitéria e Benjamim, que se deitou ao lado de San-são e, sem dizer uma palavra, ficou a espantar-lhe as moscas como rabo comprido. Mais ou menos um quarto de hora depois, Gar-ganta apareceu, cheio de simpatia e preocupação. Disse que oCamarada Napoleão tomara conhecimento, abaladíssimo, do mal
que sucedera a um dos trabalhadores mais leais da granja, e jáestava tratando de enviar Sansão para tratar-se no hospital emWillingdon. Os animais não gostaram da idéia de seu camarada irparar nas mãos dos humanos. Entretanto Garganta os convenceu.
facilmente, de que o veterinário poderia tratar do caso muito me-
lhor do que eles. Meia hora mais tarde, quando Sansão ja se rccu-
perara um pouco, conseguiram pô-lo de pé e êle cambaleou de
volta até a sua baia, onde Quitéria e Benjamim lhe haviam prepa-
rado uma boa cama de palha.Durante os dois dias seguintes, Sansão permaneceu na baia. Os
porcos enviaram uma garrafa de remédio côr-de-rosa, encontrado
no armarinho do banheiro, e Quitéria servia-o a Sansão duas vezes
ao dia. A noite, Quitéria permanecia a seu lado, conversando com
êle, enquanto Benjamim afastava as moscas. Sansão afirmava não
estar triste com o acontecido. Caso se recuperasse bem, poderia
viver mais três anos, e já imaginava os dias tranqüilos que passa-
ria no rincão da pastagem. Pretendia dedicar o resto de sua exis-
tência ao aprendizado das 22 letras restantes do alfabeto.
Contudo, Benjamim e Quitéria só podiam estar a seu lado após
as horas de trabalho, e foi durante o dia que o carroção veio
buscá-lo. Os animais estavam na lavoura e ficaram admirados ao
verem Benjamim a galope, vindo das casas da granja, zurrando
feito louco. Era a primeira vez que alguém o via galopar. "De-
pressa, depressa!" gritou. "Venham depressa! Estão levando o
Sansão!" Sem esperar ordens, os animais largaram o trabalho e
correram de volta para as casas. Realmente, lá estava um carroção
fechado, puxado por dois cavalos, como um letreiro no lado e um
homem de chapéu-côco sentado na boléia. A baia de Sansão estava
vazia.Os bichos se apinharam ao redor do carroção. — Até breve.
Sansão! — gritaram. — Até breve!Idiotas! Idiotas! — exclamou Benjamim corcoveando em
volta deles. — Imbecis! Não vêem o que está escrito ali ao lado?
Isso fêz calar os animais e ouviu-se um psss. Maricota come-
çou a soletrar as palavras, mas Benjamim empurrou-a para um
lado e leu em meio a grande silêncio:"Alfredo Simmonds, Matadouro de Cavalos, Fabricante de
Cola, Willingdon. Peles e Farinha de Ossos. Fornece para Canis".
Será que vocês não percebem? Vão levar Sansão para o carniceiro!
Houve um grito de horror. Nesse momento o homem da boléia
estalou o chicote e os cavalos saíram a trote vivo, abandonando o
pátio. Os bichos correram atrás, gritando com todas as forças.
Quitéria abriu caminho até a frente. O carroção tomou velocidade.
Quitéria tentou fazer com que suas pernas grossas galopassem e
conseguiu um trotezinho. "Sansão",
gritou ela, "Sansão!
Sansão!
Sansão!" Nesse exato momento, apareceu na janelinha de trás da
carroça a cara de Sansão.
Os bichos gritavam a um tempo: "Sai
daí. Sansão, sai daí!"Todavia, o carroção tomava velocidade e começava a distanciar-se.Não podiam saber se Sansão havia entendido. Logo depois, entre-tanto, sua cara desapareceu da janela e ouviu-se o barulho da tre-
menda pancadaria de seus cascos no interior do carroção. Êle
tentava livrar-se de qualquer maneira. Mas, aí, sua força o aban-donara; em poucos instantes, o som das batidas diminuiu, e morreu.
A cara de Sansão não reapareceu mais na janela. Alguém pensouem correr à frente e fechar a porteira das cinco barras, mas eratarde demais. Sansão nunca mais foi visto.
Três dias mais tarde, Garganta comunicou o passamento deSansão no hospital veterinário de Willingdon, a despeito de terrecebido todos os cuidados que um cavalo merece.
— Foi a cena mais comovente de minha vida! — disse Gar-
ganta, erguendo a pata e deixando rolar uma lágrima.
A seguir, os modos de Garganta se transformaram. Após ummomento de silêncio, prosseguiu.
Chegara a seu conhecimento — disse — de que um boato idiota e
perverso circulara por ocasião da baixa de Sansão. Alguns ani-mais haviam notado que na carroça que transportou Sansão estavaescrito
"Matadouro de Cavalos", chegando à conclusão de queSansão estava sendo mandado para o carniceiro. Era quase inacre-ditável que um bicho pudesse ser tão estúpido. A explicação eramuito simples. A carroça pertencera, antes, ao carniceiro, depoisfôra comprada pelo cirurgião veterinário, que ainda não apagarao letreiro. Eis como se dera o engano.
Os bichos ficaram imensamente aliviados e, quando Gargantacontinuou dando detalhes sobre a câmara mortuána de Sansão, oextraordinário cuidado que recebeu e os caríssimos remédios queNapoleão mandara comprar, desapareceram suas últimas dúvidas,e a tristeza pelo camarada morto foi mitigada pela certeza de que.pelo menos, morrera feliz.
O próprio Napoleão apareceu no encontro do domingo seguintee pronunciou singela oração em memória de Sansão. Não fôra pos-sível, explicou, trazer de volta os despojos do lamentado cama-
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A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
rada para o enterro, porém dera ordem para que se confeccionasseuma grande coroa com louros do jardim e a enviara para ser colo-cada no túmulo de Sansão. Napoleão finalizou seu discurso relem-brando as duas máximas prediletas de Sansão. "Trabalharei
maisainda" e
"O Camarada Napoleão tem sempre razão", máximas
— disse — que cada animal deveria adotar para si próprio.No dia marcado para o banquete, chegou de Willingdon a car-
roça de um armazém e desembarcou na casa-grande um engra-dado de madeira. Naquela noite, ouviu-se uma alta cantoria se-
guida de algo que parecia uma discussão violenta e que terminoucerca das 11 horas com uma tremenda barulheira de vidros que-brados. No dia seguinte, ninguém se levantou na casa-grande, até0 meio-dia, e correu uma conversa de que os porcos haviam con-seguido, não se sabia de que maneira, dinheiro para adquirir outracaixa de uísque.
Chegou
um tempo que quase ninguém mais se lembravacomo eram as coisas antes da Revolução. A memóriados animais era curta como suas vidas, e assim foramesquecidos os mortos, inclusive Jones, que faleceranum asilo para alcoólatras, anos atrás. Bola-de-Neve era
um nome familiar apenas a uns poucos mais idosos. Quiteria era
já uma égua corpulenta, velha, atacada de catarata, que há doisanos passara da época da aposentadoria. Aliás, a própria idéia daaposentadoria passara da época. Napoleão tinha agora uns 150 qui-los. Garganta mal conseguia manter os olhos abertos, de tão gordo.Somente o velho Benjamim continuava o mesmo, apenas mais
grisalho e, desde a morte de Sansão, mais rabugento.
Agora, existiam muito mais criaturas na granja. Haviam nas-
cido muitos animais, para os quais a Revolução não passava de
uma obscura tradição transmitida verbalmente, e outros que nemsequer tinham ouvido falar de coisa nenhuma a respeito.
A granja prosperava e estava melhor organizada; fora até
aumentada pela compra de dois tratos de terra ao Sr. Pilkington.
O moinho de vento, afinal, fora concluído com êxito e a granja
possuía uma debulhadeira e um elevador de feno próprios, e várias
construções novas se haviam erguido. Whymper comprara uma
charrete. O moinho de vento, entretanto, não era usado para gerarenergia elétrica mas apenas para moer cereais, coisa que dava
bom dinheiro. Os animais ocupavam-se com a construção de outro
moinho de vento; quando este estivesse concluído, dizia-se, se-
riam instalados os dínamos.
De certa maneira, parecia como se a granja se houvesse tornado
rica sem que nenhum animal tivesse enriquecido — exceto, é claro,
os porcos e os cachorros. Talvez isso acontecesse por haver tantos
porcos e. tantos cachorros. Não que esses animais não trabalhassem
à sua moda. Tentando explicar, Garganta dizia que os porcos des-
pendiam diariamente enormes esforços com coisas misteriosas cha-
madas "arquivos", 'relatórios", "minutas" e
"memorandos". Eram
grandes folhas de papel que precisavam ser miúdamente cobertas
com escritas e, logo depois, queimadas no forno. Tudo da mais
alta importância para o bem-estar da granja — dizia Garganta.
Quanto aos outros, sua vida, ao que sabiam, continuava a
mesma. Geralmente, andavam com frio e dormiam com fome. De
vez em quando, os mais idosos rebuscavam a memória e tentavam
determinar se nos primeiros dias da Revolução as coisas haviam
sido melhores ou piores. Nada havia com que estabelecer compa-
rações: não tinham em que se basear, exceto as estatísticas de
Garganta, que invariavelmente provavam estar tudo cada vez me-
lhor. De qualquer maneira, havia muito pouco tempo para essas
especulações.
Mesmo assim, os bichos nunca perdiam a esperança, nem o sen-
timentO de honra pelo privilégio de serem membros da Grania dos
Bichos, que continuava a ser a única, em todo o condado — em
toda a Inglaterra! —, de propriedade dos animais. E, quando ou-
viam o tiro da espingarda e viam a bandeira drapejando no topo do
mastro, seus corações inchavam de orgulho. Nenhum dos antigos
sonhos fora abandonado. A República dos Bichos, que o velho
Major havia previsto, era coisa em que ainda acreditavam. O dia
havia de chegar. Podia ser mais cedo ou mais tarde, talvez nao
acontecesse durante a vida de qualquer dos animais de então, mas
havia de chegar. Talvez fosse verdade que a vida era difícil, mas.
se tinham fome, não era por alimentarem alguns tirânicos seres
humanos; se trabalhavam arduamente, pelo menos trabalhavam em
seu próprio benefício. Nenhuma criatura dentre eles andava sobre
duas pernas. Nenhuma criatura era "dona"
de outra. Todos os bi-chos eram iguais.
Foi numa noite agradável, quando os bichos haviam terminadoseu trabalho e regressavam à granja, que se ouviu, vindo do pátio,um relinchar horripilante. Era a voz de Quiteria. Ela relinchououtra vez e os bichos dispararam a galope para o pátio. Viram,então, o que ela havia visto.
Um porco caminhava sobre as duas patas traseiras.
Sim, era Garganta. Um tanto desajeitado, devido á falta de prá-tica em manter seu apreciável volume naquela posição, mas em
perfeito equilíbrio, passeava pelo pátio. Momentos depois, saiu
pela porta da casa uma comprida coluna de porcos, todos cami-nhando sobre as patas de trás. Um melhor que os outros, um oudois até meio desequilibrados e dando a impressão de que apre-ciariam o apoio de uma bengala, mas todos fizeram a volta ao
pátio bastante bem. Finalmente, houve um alarido dos cachorros,ouviu-se o cocoricó esgarçado do garnisé e emergiu Napoleão.majestosamente, desempdjado, largando olhares arrogantes paraos lados.
Trazia nas mãos um chicote.
Houve um silêncio mortal. Surpresos, aterrorizados, uns juntoaos outros, os bichos olhavam a fila de porcos marchar lenta-mente em redor do pátio. Pareceu-lhes enxergar o mundo de ca-beca para baixo. Então, veio um momento em que pouco impor-
tava o que sucedesse — iriam lançar uma palavra de protesto.Porém, exatamente nesse instante, como se obedecessem a umsinal combinado, as ovelhas, em uníssono, estrondaram num espe-tacular balido:
Quatro pernas bom. duas pernas melhor! Quatro pernas bom.duas pernas melhor! Quatro pernas bom, duas pernas melhor!
Baliram durante cinco minutos sem cessar. E, quando se cala-ram, fôra-se a oportunidade da palavra de protesto, pois os porcosjá haviam voltado para dentro da casa.
Benjamim sentiu um focinho a esfregar-lhe o ombro. Era Qui-teria. Sem dizer palavra, ela o puxou delicadamente pela crina.levando-o até onde estavam escritos os Sete Mandamentos. Du-
rante um ou dois minutos, ficaram olhando a parede alcatroada
com o grande letreiro branco.Mesmo quando era moça, não conseguia ler o que estava
escrito aí — disse ela finalmente. — Mas parece-me, agora, que
\*^f j -s^^&f
f^m*a*£*^ V%
233
GEORGE ORWELL
>
a parede está meio diferente. Os Sete Mandamentos são os mesmos
de sempre, Benjamim?
Pela primeira vez, Benjamim consentiu em quebrar sua norma,
e leu para ela o que estava escrito na parede. Nada havia, agora,
senão um único Mandamento:
TODOS OS ANIMAIS SAO IGUAIS, MAS ALGUNS SAO
MAIS IGUAIS DO QUE OS OUTROS.
Depois disso, não foi de estranhar que, no dia seguinte, os por-
cos que supervisionavam o trabalho da granja andassem com chi-
cotes nas patas. Não estranharam quando Napoleão foi visto pas-
sear nos jardins da casa com um cachimbo na bôca — não, nem
quando se apresentou vestindo um casaco negro, calças de caçador
e perneiras de couro, enquanto sua porca favorita surgia com o
vestido de sêda que a Sra. Jones usava aos domingos.
Uma semana mais tarde, após o meio-dia, apareceram numero-
sas charretes subindo rumo à granja. Uma representação de gran-
jeiros vizinhos fôra convidada a realizar uma visita de inspeção.
Toda a granja lhes foi mostrada, e êles expressaram grande admi-
ração por tudo quanto viram, especialmente pelo moinho de vento.
Naquela noite, altas risadas e cantorias chegavam da casa, e os
bichos encheram-se de curiosidade. Que estaria acontecendo lá
dentro, agora que, pela primeira vez, se encontravam em têrmos
de igualdade os animais e os sêres humanos? Pensando todos a
mesma coisa, dirigiram-se furtivamente para o jardim da casa.
No porão, titubearam, um tanto temerosos, mas Quitéria deu o
exemplo e entrou, chegando até a janela da sala de jantar. Lá
dentro, em volta de uma mesa, estavam sentados meia dúzia de
granjeiros e meia dúzia de porcos, dentre os mais eminentes, com
Napoleão à cabeceira. Os porcos pareciam perfeitamente à vontade
em suas cadeiras. O grupo estivera jogando cartas, mas havia inter-
rompido o jôgo, evidentemente para os brindes. O Sr. Pilkington,
de Foxwood, levantara-se com o copo na mão. Convidava os pre-
sentes para um brinde, mas, antes, desejava dizer algumas palavras.
Era motivo de grande satisfação para êle — e tinha certeza
de que falava por todos os demais — sentir que o longo período
de desconfianças e desentendimentos chegara ao fim. Tempo hou-
vera — não que êle ou qualquer dos presentes tivesse pensado
dessa maneira —, mas tempo houvera em que os respeitáveis pro-
prietários da Granja dos Bichos haviam sido olhados, não diria
com hostilidade, mas com uma certa apreensão, por seus vizinhos
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humanos. Mas todas as dúvidas estavam agora dissipadas. Hoje.
êle e seus companheiros haviam inspecionado a Granja dos Bi-
chos com seus próprios olhos, e o que haviam encontrado? Não
apenas métodos dos mais modernos, mas uma ordem e uma dis-
ciplina que podiam servir de exemplo. Julgava poder afirmar que
os animais inferiores da Granja dos Bichos trabalhavam mais e
recebiam menos comida do que quaisquer outros animais do con-
dado. Para falar a verdade, êle e seus companheiros de visita
haviam visto, naquele dia, muita coisa que pretendiam introduzir
imediatamente em suas próprias granjas.
Finalizaria suas palavras — continuou
— assinalando mais uma
vez os sentimentos de amizade que prevaleciam e deviam prevalecer
entre a Granja dos Bichos e seus vizinhos. As lutas e as dificulda-
des de porcos e homens eram uma só. Pois o trabalho não consti-
tuía o mesmo problema em tôda parte? A esta altura, evidenciou-se
que o Sr. Pilkington pretendia soltar para a platéia algum dito
espirituoso, mas por alguns momentos pareceu por demais do-
minado pelo gôzo da própria piada, para poder dizê-la. Depois
de muita sufocação, conseguiu lançá-la: "Se
os senhores têm que
lutar com os seus animais inferiores, nós temos as nossas classes
inferiores". Êste bon mot causou sensação na mesa e o Sr. Pilking-
ton novamente felicitou o govêmo dos porcos pelas baixas ra-
ções, pelas muitas horas de trabalho e pela ausência geral de tole-
rância que observara na Granja dos Bichos.
— Senhores — concluiu o Sr. Pilkington —,
proponho um brin-
de: "À
prosperidade da Granja dos Bichos!"
Houve uma entusiástica saudação e, depois, muitas palmas.
Quando as felicitações acabaram, Napoleão, que se levantara, disse
que iria também proferir algumas palavras.
Também êle — disse — alegrava-se de que o período de de-
sentendimentos tivesse chegado ao fim. Por longo tempo, houvera
rumôres — inventados, acreditava, por um certo inimigo — de que
havia algo de subversivo e mesmo de revolucionário nos pontos
de vista seus e de seus companheiros. Tinham passado por fo-
mentadores da rebelião entre os animais das granjas vizinhas.
Nada podia estar mais longe da verdade! Seu único desejo, agora
como no passado, era viver em paz e gozando de relações normais
com seus vizinhos.
Certas modificações na rotina da granja haviam sido introdu-
zidas com o fito de promover uma confiança ainda maior. Até
aquêle momento, os bichos haviam conservado o hábito imbecil
de se dirigirem uns aos outros pela alcunha de 'Camarada".
Isso
ia acabar. Existira também o costume insólito, cuja origem era
desconhecida, de marchar aos domingos, desfilando frente a uma
caveira de porco. Isso também ia acabar e, aliás, a caveira já fôra
enterrada. Os visitantes, com certeza, teriam observado no poste
a bandeira verde, onde as antigas figuras do chifre e da ferra-
dura haviam sido suprimidas. Daí por diante, seria uma bandeira
puramente verde.
Tinha apenas um reparo — disse — ao excelente discurso, bem
próprio de um bom vizinho, do Sr. Pilkington. O Sr. Pilkington
referira-se o tempo todo à "Granja
dos Bichos". Naturalmente, não
podia saber — mesmo porque Napoleão o estava anunciando, na-
quele instante — que a denominação
"Granja dos Bichos" fôra
abolida. A partir daquele instante, voltaria o seu nome correto e
original, "Granja
do Solar".
— Senhores — concluiu Napoleão —, levantarei o mesmo brinde
mas sob forma diferente. "À
prosperidade da Granja do Solar!''
Houve as mesmas calorosas felicitações de antes e os copos fo-
ram esvaziados. Mas, aos olhos dos bichos que lá fora espiavam,
pareceu que algo de estranho estava acontecendo. Que diabo teria
alterado a cara dos porcos? Os olhos embaçados de Quitéria
iam de uma cara para outra, mas alguma coisa parecia misturá-las
e modificá-las. Então, findos os aplausos, o grupo pegou novamente
nas cartas reencetando o jôgo interrompido, e os animais afasta-
ram-se silenciosamente.
Não haviam, porém, chegado sequer a dez passos quando se
detiveram, ante o vozerio alto que vinha lá de dentro. Voltaram
correndo e tornaram a espiar pela janela. Realmente, era uma
discussão violenta. Gritos, socos na mesa, olhares suspeitosos, fu-
riosas negativas. A origem do caso, ao que parecia, fôra o fato
de Napoleão e o Sr. Pilkington haverem, ao mesmo tempo, jo-
gado um ás de espadas.
Doze vozes gritavam cheias de ódio e eram todas iguais. Não
havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos por-
cos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem,
de um homem para um porco e de um porco para um homem
outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era quem.
FIM
234
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Efttôjo PELIKAN 06GEcontendo 6 vidros de TINTA GOUA-CHE-TÊMPERA nas cores: Brancode Zinco, Amarelo-Limão, Verme-Ihâo-Francês, Verde-Esmeralda, Azul-Cobalto e Preto.Tinta lavável e isenta de substân-cias tóxicas.
Estojo PELIKAN HIDROCOR HDPara desenhar, colorir e escrever.Contém 6 lápis hidrográficos com
pontas de nylon, nas cores: Amarelo,Vermelho, Marron, Verde, Azul ePreto.
é tâo fácil escolher um presente para quem"tem jeito" para desenho...
...quanto para um desenhista profissionalEstôjO PELIKAN GRAPHOSUT - Contendo 1 caneta-tinteiro (detinta Nankim) e 12 penas.TG24 - Contendo 1 caneta e 24 pe-nas. Para desenhos técnicos, a mãolivre, ou escrita artística.
Estojo PELIKAN TECHNOSTE 1/12- Contendo 1 caneta-tinteiro
(de tinta Nankim), 1 soprador, 1 de-sobstruidor, 6 cartuchos de tintaNankim, 1 abraçadeira para compas-so e 12 penas diferentes.
TE 3/12 O mesmo conteúdo do TE1/12, mas com 3 canetas. O maismoderno equipamento de precisãopara desenhos.
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em todas as boas papelarias
é sempre um bom presente!
O caminho da seleção brasileira até a
Copa do Mundo de 1970, no México,
passa pela
esquerda. A seleção ainda não
estabeleceu o seu sistema de
jogo,
nem encontrou a formação ideal, mas uma coisa
é
quase
certa: três canhotos
podem
constituir a espinha dorsal da equipe.
Com Gérson, do Rio, Rivelino, de São Paulo,
e Tostão, de Minas Gerais, o Brasil
pensa em buscar no México o
que perdeu na
Inglaterra em 1966: o título de
campeão mundial de futebol
pela terceira vez.
Texto de Fernando Horácio da Matta
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O canhoto é muito raro, mas igual aos outros
bom, leva jeito, mas só tem
1.' uma perna.
m ai Gérson tinha catorze anos, fazia
u A teste na equipe de juvenis do
Canto do Rio, em Niterói, quando pela pri-
meira vez se irritou com esta restrição. Ri-
velino a ouviu mais ou menos com a mes-
ma idade, na época em que tentava fir-
mar-se como ponta-esquerda do Atlético
Indiano, timezinho de bairro do Brooklin,
São Paulo. Tostão a escutou, ainda muito
menino, nas peladas da Lagoinha, em Belo
Horizonte, quando os grandalhões lhe da-
vam um lugar numa das equipes.
A perna é a esquerda, e os três fazem
com ela o que querem, num campo de fute-
boi. No jôgo mais importante da seleção
brasileira em 1968, contra a da FIFA (está-
dio do Maracanã, Rio, 6 de novembro), foi
da perna esquerda de dois dêsses canhotos
que nasceu a vitória nacional, por 2 a 1.
Rivelino fêz o primeiro gol, aos três minu-
tos, e Tostão marcou o segundo, quando fal-
tava um minuto para acabar a partida. Re-
forçava-se a convicção manifestada desde
a primeira convocação, no comêço do
ano: nesses três canhotos pode-se confiar.
Ser canhoto pode ser uma raridade, mas
jamais um defeito. A medicina ainda não
conseguiu precisar as causas que le-
vam uma criança a usar de preferência a
mão esquerda e, no caso do futebol, a per-
na esquerda. Várias teorias tentam explicar
o fenômeno, tôdas sem comprovação. Os
médicos não costumam dar importância ao
fato. Satisfazem-se em dar uma explicação
genérica. O canhoto é o homem que possui
uma predominância do hemisfério cerebral
direito sôbre o hemisfério cerebral esquer-
do, de forma que as vias sensoriais, quando
se entrecruzam, conduzem motilidade mais
acentuada para os membros esquerdos.
O canhoto não possui interêsse prático
nenhum do ponto de vista médico, diz o
Dr. Lídio de Toledo, traumatologista, médi-
co do Botafogo, bicampeão carioca, e da se-
leção brasileira. O problema do canhoto ge-
ra outra indagação ainda não respondida:
por que os jogadores que usam a perna es-
querda têm chute forte, de violência inco-
mum? E ainda: por que é mais fácil um
jogador que usa a perna direita se tornar
ambidestro do que um canhoto ganhar habi-
lidade e potência na perna direita?
Exatamente por serem poucos, os canho-
tos são mais notados. Na história do fute-
boi brasileiro, estão marcados por apelidos
que se repetem e os identificam: Esquerdi-
nha, Canhotinho, Canhoteiro, Canhoto. O
Dr. Lídio de Toledo não se lembra de ter
visto qualquer estatística a respeito, mas
acredita que a maioria das pessoas é destra.
Êsse fato é absolutamente insignifi-
cante. O canhoto é um homem normal,
igualzinho a qualquer outro.
O pó não é tudo
Aimoré Moreira, técnico da seleção bra-
sileira, também não dá importância à coin-
cidência de três homens do meio-campo da
equipe só chutarem com o pé esquerdo.
Tem ponto de vista firmado:
O importante não é o pé que o jogador
usa, mas a sua movimentação no campo.
Depois da excursão da seleção, no prin-
cípio de 1968, Aimoré considerou aprovada
a experiência com o tripé Gérson-Rivelino-
Tostão, que tanta celeuma provocara, pois
não poucos sustentavam que o time não po-
dia apoiar-se em três pés esquerdos. Gérson
passou a jogar mais atrás, como o vértice
do triângulo, na faixa central do campo.
Sua função era proteger os zagueiros, dar
o primeiro combate ao adversário — ta-
refa fundamental para a armação.
Duvidava-se de que Gérson se submetesse
a êsse estilo de jôgo, êle que no Botafogo
é praticamente o dono do time, além de seu
capitão, comandante deatro das quatro li-
nhas. Gérson, de 27 anos, jogara dentro
das características do meia-armador clás-
sico. Assim como Zizinho, o grande astro
da seleção brasileira de 1950.
Eu tinha grande admiração por Zizi-
nho e pensava que devia jogar assim: ia
buscar a bola no meio de campo e a levava
à frente, para fazer um lançamento ou ten-
tar o chute ao gol. Com o tempo, observei
que o jôgo no meio de campo estava fi-
cando cada vez mais difícil. Havia muita
gente na defesa adversária, o bloqueio au-
mentava. Além disso, surgiram mais joga-
dores à minha frente, quando a bola estava
em poder do outro time.
Com mêdo de ser barrado "por
um me-
nino dos juvenis", Gérson sentiu que tinha
de mudar, adaptando-se às novas condi-
ções. Compreendeu que o futebol moderno
exige mais do que técnica: é preciso fôrça.
Quem não souber carregar o piano e
tocá-lo ao mesmo tempo — diz — não tem
mais vez.
Os lados dos canhotos
Ao começar a carreira, Gérson vestia nor-
malmente a camisa de número 8. Não era
uma questão de simples preferência; na ver-
dade, êle jogava pelo lado direito. Consi-
dera esta faixa do campo mais favorável ao
seu modo de atuar, embora seja canhoto.
Ali, está sempre virado para dentro do
campo, tem ampla visão do jôgo. Na sele-
ção, porém, agora, Gérson joga pelo meio.
Tostão prefere o lado esquerdo. Come-
çou assim, caindo para a esquerda, acha
que rende mais ali. Seu primeiro técnico, o
mineiro Biju, revela que Tostão sempre pro-
duziu mais, vindo com a bola da retaguarda,
pela esquerda. No Cruzeiro, Tostão joga
com a camisa 8, teoricamente reservada a
quem joga pela direita. Orlando Fontani,
treinador do Cruzeiro, não vê contradição.
O número não importa, nem a esca-
lação. A função do jogador em campo é
que define a sua verdadeira posição. Nor-
malmente, Tostão executa a tarefa de abas-
tecer o ataque, acionando os homens de
frente. É perfeito nessa missão. Possui as
qualidades exigidas: inteligência, bom con-
trôle de bola, lançamentos certos.
Na seleção, Tostão não jogou bem atrás,
caiu de rendimento, pois mudara de estilo.
Aimoré justifica a mudança, diz que Tostão
compõe o terceiro homem do meio-campo,
voltando para dar combate e buscar jôgo.
O jogador quer tempo para superar duas
coisas estranhas para êle: ter de combater
e correr pelo lado direito.
Sei que é uma questão de adaptação,
mas qualquer adaptação necessita de tempo.
Não costumo jogar no Cruzeiro comba-
tendo no meio de campo. Há diferença
entre o jogador que volta para buscar a
bola e o que volta para tomar a bola. Eu
volto para buscar a bola.
Tostão prefere o lado esquerdo, mas tem
de jugar na faixa direita na seleção. Rive-
lino, que não escolhe lado para correr no
Corinthians Paulista, na seleção recebeu a
missão de jogar pelo lado esquerdo. Êle
começou como ponta-esquerda, acha que o
fato de ser canhoto só influi quando chega
ao fundo do campo, e assim mesmo em de-
terminadas jogadas.
Como armador, no meio de campo,
não há diferença de perna. Para mim, tanto
faz jogar pela esquerda como pela direita,
ou pelo meio. A gente só pode saber de que
lado atuar com o correr do jôgo. Se o
adversário é forte de um lado, se possui
melhor bloqueio por outro, temos de alter-
nar o sentido das penetrações, procurar a
brecha mais fácil para entrar.
Aimoré não leva em conta, pela necessi-
dade do conjunto, a preferência que os jo-
gadores têm por determinados setores. Para
o time funcionar bem, é preciso coordenar
a movimentação dos jogadores e as posições
básicas que ocupam no campo.
Gérson na direita, Rivelino pelo meio.
Tostão na esquerda. Indagado por que não
faz isto, como os jogadores preferem, Ai-
moré é objetivo:
Escalo o time com onze, e não com os
três. Êles ocupam o lugar e recebem as
funções de acordo com um plano de jôgo
que abrange as onze posições.
Os torcedores frustrados
Se dependesse de uma escolha pessoal,
Gérson não seria do Botafogo, Tostão não
jogaria no Cruzeiro, Rivelino não seria ho-
je o ídolo da torcida do Corinthians. O
destino colocou os três em clubes que não
eram os que êles escolheram de coração.
Magrinho, de cabelo espetado, orelhas
de abano, Rivelino era uma esperança do
Atlético Indiano, clube de Santo Amaro,
perto de sua casa. Paulo Laguna, que dirigia
o time, via o garoto jogando partidas de
futebol de salão, pensava em seu futuro.
Está aí um craque. Ainda vai jogar no
Corinthians.
Roberto Rivelino sonhava o mesmo so-
nho, mas com uma diferença: em vez do
Corinthians, o Palmeiras. O pai, Nicolino
Rivelino, não negava a raça. Bom descen-
dente de italianos, era palmeirense e fazia
questão de que os filhos também o fossem.
Roberto Rivelino chegou a tentar a sorte
no Palmeiras, estimulado por amigos. Vol-
tou desiludido. Era pequeno e magro, disse-
ram-lhe que precisava ganhar corpo para
poder jogar no meio de gente grande.
Em princípio de 1964, precisamente no
dia 1.° de janeiro, Rivelino completou de-
zoito anos. Paulo Laguna achou que não
havia tempo a perder. Pegou um dirigente
do Atlético Indiano, João Serino, e levou
o garoto ao Corinthians. Rivelino. ganhou
logo um lugar na equipe de juvenis, não
como ponta-esquerda, sua posição original,
mas como meia-armador. Em menos de
dez meses, o garoto tinha dois títulos no
Corinthians: vice-campeão de juvenis e, de-
pois de promovido, campeão de aspirantes.
O técnico Osvaldo Brandão, que então
dirigia a equipe principal do Corinthians,
gostava de ver Rivelino jogar. Desde 1958,
quando Gilmar fôra titular absoluto da se-
leção brasileira, o Corinthians não mais ti-
vera um jogador com lugar assegurado nas
listas de convocação da seleção. Sempre
reservado, Brandão apostava em Rivelino:
Êsse vai longe. É do tipo que não
perde lista de convocação.
Em 1965, Roberto Rivelino estreava co-
mo titular do Corinthians. O clube ganhou
um torneio pentagonal no Recife, e êle ga-
nhava um lugar permanente no time. Osval-
do Brandão não se enganara: em 1968,
Rivelino estava na seleção brasileira, con-
vocado para a excursão à Europa, África e
América. A certidão definitiva de seu
valor viria depois, firmada por Pelé. que
o colocou como meia-esquerda na "seleção
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ideal do futebol brasileiro em todos os tem-pos". Rivelino no lugar de Jair da RosaPinto, outro astro da seleção de 1950.
O encontro Rivelino-Corinthians foi im-portante para o jogador e o clube. O timeprecisava de um jogador como êle, um cra-que que entrou e não saiu mais, disputando178 partidas consecutivas. Agora, quandose fala em clube, Rivelino diz que já "foi"palmeirense.
Agora sou corintiano. A convivênciadiária, o contato com os dirigentes e sócios,o ambiente entre os jogadores, o carinhoda torcida, tudo isso me envolveu. Nãoposso ser indiferente ao time em que jogo.
O velho Nicola Rivelino não mudou declube. Continua "palmeirista", mas um pai-meirista de tipo especial:
Sou um torcedor diferente: o únicopalmeirista que torce pelo Corinthians."Cresça e apareça"
No conjunto residencial do IAPI na La-goinha, a poucos minutos do centro de BeloHorizonte, a grande ambição da garotadaera jogar no Inapiário. Havia várias equi-pes no conjunto, cada grupo formava a sua,mas força mesmo era o Inapiário. O pe-queno Eduardo Gonçalves de Andrade já
m*m
Tostão está com avida ordenada,tem um posto degasolina e umaloja de artigosesportivos. Nãopensa, por ora,em se casar.Rivelino, ídolodo Corinthians,tem como únicoluxo um Karmann-Ghia do ano.Quer casar-seantes da Copa.
pensava em jogar pelo Inapiário antes dco time mudar o nome para Saci. Era muitopequeno, mas não se importava nem como tamanho nem com a idade. À margem dogramado, esperava uma vaga que o irmãoCacau poderia arranjar, com a sua autori-dade de um dos melhores jogadores do ti-me, no qual jogava de zagueiro.
Às vezes — relembra Tostão —, euesperava quase o jogo inteiro para poderentrar no finalzinho. Jogava uns poucos mi-nutos mas me sentia realizado, importante.Não ligavam muito para mim porque erabaixo e tinha cara de garoto. Eu me mata-va enfrentando os marmanjos.
Mas havia um lugar onde a sua vagaestava garantida: no futebol de salão, Unsamigos que jogavam no Cruzeiro chama-ram-no, Eduardo foi tentar a sorte lá. Trei-nou, agradou, ficou lá dos doze aos treze jjanos, contentando-se com a quadra de ci- B _.mento, a bola pequena e dura. Pensava, po- * *£.rém, no gramado de espaço amplo, a bola £de couro leve, a bater no chão e subir fácil. 9Como já estava no Cruzeiro, pediu para £treinar entre os juvenis. o
Como é seu nome? — perguntou-lhe gLincoln, treinador dos juvenis, medindo-ocom os olhos. |
Tostão. AAQVt t_.
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3 Embora sendonominais, para
sua segurança,os cheques de
viagem Banortepodem sertransfe-ridos por endosso
no verso.
A Os cheques de^viagem Banorte
são entregues sem co-branca de taxa alguma.
Basta V. comparecer pessoal-mente ao Banco e adquirir oscheques nos valores desejados.
4 Com cheques de viagem Banorte¦ V. pode viajar com toda tranqüili-dade, mesmo conduzindo grandessomas, pois eles colocam seu di-nheiro a salvo de qualquer risco.
O Os cheques de viagem Banorte™ são aceitos de norte a sul dopaís, em qualquer agência do BNN,apresentados simplesmente no bal-cão.
"*r-Muita gente pensaquecheques de
viagem sãoemitidos em
grandes
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Í5fl Bs-W^x.x ¦• >Á^—^—^—^—^—^—^—WH—f**'Í ¦-.-' ^*^^£.*~i-* mm—mm^ma*.
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quantias Eengano:oscheques deviagem Banorte sáo emitidos nosvalores de vinte, cinqüenta, cem,duzentos ou quinhentos cruzeirosnovos. Você compra quantos ehe-quês quiser e nos valores quedesejar.
6 Os cheques de viagem Banortesó têm valor quando V. neles co-
loca a sua segunda assinatura. Istoé motivo de segurança e permite ocancelamento do cheque em casode perda ou extravio, através de co-municação por escrito a uma dasagências do Banco. Nesse caso V.será reembolsado mediante recibo.
A utilização de cheques de viagemBanorte lhe permite despreocupa-çao, controle de despesas e é sinalde prestígio para quem os assinadurante uma transação. Constateisso em sua próxima viagem a pas-seio ou a negócios. E sirva-se aindadas inúmeras facilidades que lheoferecem as agências doBNN,espa-lhadas de Manaus a Porto Alegre,onde V, encontra sempre "um ami-go na praça".
KU MICO NACIONAL DO NORTE S. Bum amigo na praça
MATRIZ: Recife - DEPARTAMENTOS: Aracaju, Arcoverde, Atibaia, Belém, Belo Horizonte, Campina Grande, Caruaru, Cubatõo, Curi-tiba, Diadema, Fortaleza, Garanhuns, João Pessoa, Limoeiro, Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador. SantoAndré, Santos, São Luís, São Paulo, Teresina, Timbaúba, Vicente de Carvalho, Vitória e mais 17 agências urbanas.
A profissão abafa o sentimento do torcedorSELEÇÃO
CONTINUAÇÃO
Acertaram em cheio. Tostão. Vocêainda é muito pequeno, vai ter de es-perar, crescer um pouco mais, para vir aquidar os seus chutinhos. Deste lado, futebolé para homem. E homem grande.
Já que o Cruzeiro não queria, restava oAmérica, clube que o pai o ensinara a amar.No América havia um treinador novo, pa-recia um garoto. Biju, o técnico, náo pensouduas vezes. Conhecia Tostão, já o vira coma bola várias vé?es. O próprio Biju desfezas dúvidas do garoto: tamanho não é pro-blema; o que importa é a habilidade, a inte-ligência, a capacidade para organizar aequipe. O garoto, com espanto:
Eu vou jogar?Claro que vai.
Lugar garantido, o garoto projetou-se noAmérica mais do que qualquer outro juve-nil de sua época em qualquer clube mineiro.Tostão, apelido que pegou justamente porseu tamanho, por ser miúdo, crescia emcampo, lutava para provar que dentro deum campo de futebol tamanho nada signi-fica. O Cruzeiro terminou por buscá-lo noAmérica. A simpatia pelo América nãomudou, mas já não é a paixão de antes.
Agora, não me importo muito comisso. Sou profissional, corro e luto peloCruzeiro. Um profissional não pode sepreocupar em torcer. Tem de ganhar.
A fé não muda
O jovem franzino, de pernas finas e cor-po esguio, bate na bola com o pé esquerdo,só com o esquerdo. Desliza leve sobre ogramado úmido, há momentos em quemantém o equilíbrio, na corrida, como umesquiador sobre a neve. A bola o procura,prende-se submissa ao pé canhoto, ao toquesutil e ao mesmo tempo firme. Impressio-na o estilo já definido desse garoto, comseu drible curto e furtivo, o passe precisode efeito, o chute forte, bem calibrado.
Modesto Bria, técnico das divisões infe-riores do Flamengo, sente que aquele me-nino está dificultando um jogo que deveriaser fácil. O time juvenil do Flamengo, em1958, é o melhor do futebol carioca. Nor-malmente, ganharia fácil do juvenil doCanto do Rio, de Niterói. O pequeno meia-armador, consciente de seu talento, exibe-se com indisfarçável superioridade em re-lação a seus companheiros. E torna difícila vitória.
Fim de jogo, Bria sabe o que fazer.Encaminha-se para a porta do vestiário doCanto do Rio, prepara-se para a aborda-gem. Lá vem êle, passos certos. De perto,nota-se a barba cerrada, insuspeitada nomenino que corria em campo. Bria pergun-ta-lhe o nome.
— Eu sou o Gérson.Gérson de Oliveira Nunes tinha dezesse-
te anos quando Bria o descobriu para oFlamengo. Até então, jogara apenas em ti-mes de pelada de São Domingos, bairrode Niterói onde nasceu e sempre morouOs treinadores do Canto do Rio costuma-vam arrebanhar a garotada de São Domin-gos, ali perto, para completar o time De-sinibido e audacioso, até um pouco atrevi-do, Gérson ganhou logo um lugar na equi-pe. Nesse mesmo ano de 1958, êle dispu-tou o campeonato infanto-juvenil pelo Fia-mengo e passou à equipe juvenil. Ganhouos dois títulos e nem passou pelo estágioseguinte, o time de aspirantes: tornou-selogo titular da equipe principal.
O sucesso rápido no clube grande nãoalterou a vida de Gérson. Êle continuoumorando com os pais em Niterói, apesardas brincadeiras dos companheiros, para os
quais parecia "um filhinho de papai". Filhoúnico, tratado com carinho para muitos ex-cessivo, tinha de suportar a mofa dos ve-teranos, nas concentrações, nos treinamen-tos. Respondia sempre, muito voluntarioso:
Moro em Niterói porque gosto. Nãovejo necessidade de sair de lá. Se há algu-ma coisa de que tenho certeza é esta: con-tinuarei vivendo em Niterói, morando emIcaraí. Ali é que me sinto bem.
O Botafogo é o terceiro clube de Gérson,que passou pelo Canto do Rio e pelo Fia-mengo, sempre fiel a uma paixão: o Flu-minense. A maioria dos jogadores adota acamisa que defende, muda mesmo de clube.Gérson não esconde sua afeição. Podemprovocá-lo. A resposta virá sem hesitação:
Tenho minha simpatia pelo Flumi-nense. Não sou desses torcedores fanáticos,que sofrem e brigam quando o time perde.Mas sou tricolor, e isso em nada afeta aminha carreira profissional. Quando nãojogo, quero que o Fluminense vença. Sejogo, faço tudo para vencer o Fluminense.Uma coisa nada tem a ver com outra.
Três homens, três estilos
Em campo, são três estilos diferentes,inclusive nas relações com os companhei-ros. Rivelino raramente grita pedindo a bo-la ou alertando alguém do time para aaproximação do adversário. Tostão, que
não chega a ser tão introvertido quantoRivelino, canta o jogo quando necessário.
Vai, Dirceu!... na frente, só! cercao homem por trás!
A timidez de Rivelino é notada por to-dos. Na última convocação da seleção, ozagueiro Jurandir contava como foi difícilpara Rivelino gravar o «tape de um comer-ciai do Chevrolet Opala:
O Rivelino levou dez horas para con-seguir dizer: "É sensacional!"
Todos riram, menos Rivelino, que, comotodo tímido, não gosta que se brinque comsua timidez. Rivelino fala pouco em casa.no clube, nas concentrações. No campo,corre em silêncio. Mesmo assim, AimoréMoreira designou-o para as funções de ca-pitão do Corinthians. Explicação do técnico:
O líder não precisa falar muito. Temé de falar certo.
Gérson, ao contrário, fala pelos cotove-los, em campo ou fora dele. Fala com oscompanheiros, com os adversários, com ojuiz. Fala tanto, que foi apelidado de"Papagaio". Ao assumir a direção do timedo Botafogo, o técnico Zagalo tratou de en-frentar esse problema. Sabia que Gérsonera a peça mais importante para rearmaro time. Por isso, chamou-o para uma con-versa no saguão do hotel em que o Bota-fogo se hospedou numa excursão a Curitiba.
Você fala demais, Gérson, dentro efora de campo. noui
Gérson joga peloBotafogo do Rio,mas não escondeque seu clube decoração é oFluminense.Dentro do campoé quem manda:canta o jogoaté para o juiz.
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241
Gérson é o que fala mais. É o "Papagaio".
Sei disso. Zagalo, mas é que sou as-sim mesmo. Não vou deixar de falar.
Zagalo fora companheiro de Gérson notime do Botafogo, antes de encerrar suacarreira de jogador. Conhecia o seu tem-
peramento. Resolveu conduzir a conversade forma envolvente.
Você vai continuar falando. Gérson,mas em outros termos.
O técnico explicou que a presença de
Gérson se estava transformando num pesa-delo para os jogadores mais jovens, queentravam em campo apavorados, temendo
cometer o mais insignificante dos erros. Sa-biam que seriam repreendidos severamente
por Gérson, quase sempre com palavras e
expressões ofensivas.Pense bem, Gérson. Nem todos com-
preendem que o seu desejo é que eles acer-
tem e ganhem o jogo. Ao gritar com o«
mais novos, você vai inibi-los, em vez de
incentivá-los.
Zagalo lembrou que, quando os dois jo-
gavam no mesmo time, jamais se irritou
com os gritos que Gérson dava em campo.Eu era um jogador realizado, fora
bicampeão do mundo, nada podia me afe-
tar. Os jovens, entretanto, perdiam o con-
trôle e então não acertavam mais nada.
Gérson continua falando em campo, mas
em termos fraternais. Dentro das quatrolinhas é o técnico do time. Foi essa uma das
maiores mudanças de sua carreira.Também agora eu jogo mais tranqüi-
lo, embora a vontade de vencer seja amesma da época em que comecei.
Primeiro a família_
Os diretores do Botafogo há mais deduas horas conversam com Gérson. Falammuito, êle apenas abana a cabeça. Rivadá-via Correia Méier Filho, o Rivinha, e Djal-ma Nogueira, responsáveis pelo setor defutebol do clube, não conseguem dobrar o
jogador com nenhum argumento. O Bota-fogo começa o ano de 1968 com uma ex-cursão ao México. Uma das cláusulas docontrato exige a presença de todos os joga-dores do clube que pertencem à seleção.Gérson não quer embarcar:
Os senhores me desculpem, entendotudo isso, mas meu motivo para não ir émuito forte. Os senhores sabem, minha es-
posa vai ter bebê e eu quero estar aqui.Depois que a criança nascer, eu viajo.
Para Gérson, a família está em primeirolugar. Não há punição, multa ou ameaça
que o faça abrir mão de um direito, a assis-tencia à família. Sua mulher, Maria Helena,
professora formada, sabe que quanto a isto
pode ficar tranqüila. A primeira filha, quenasceu logo depois do embarque do Bota-fogo, chama-se Patrícia. Quando ela estivercom um ano e meio, em junho de 1969, Ma-ria Helena dará o segundo filho a Gérson.Por isso, quando êle se apresentou à sele-
ção, em outubro último, tratou logo de in-dagar qua! seria o calendário para o anotodo.
A família é muito importante na vidade um profissional. Depois de casado, o jo-gador sempre muda. Dizem que isto influinegativamente na produção de cada um.Não acredito. No meu caso, por exemplo,deu-se o contrário. Eu melhorei.
Rivelino é outro que acha que o jogadorpode ser tão bom solteiro como casado.Não concorda com os que dizem que o ca-samento prejudica a carreira, porque o jo-gador fica com outras preocupações, acaba
perdendo a forma. Êle já decidiu que vaicasar-se com Maísa, uma jovem professora,antes da Copa do Mundo, em 1970.
242
Nas concentrações, Rivelino é um homem
triste. Senta-se numa poltrona, fica longo
tempo pensativo; se não o provocarem,
permanece assim horas e horas. É a saúda-
de do pai, do carinho da mãe, Dona Olan-
da, da companhia dos irmãos, Abílio e
Vilma, dos passeios com a noiva.
Quando não está no Corinthians, treinan-
do ou aguardando a hora do jogo, Rivelino
fica em casa, cuidando de seus passarinhos,ou sai para passear com Maísa. Nas via-
gens ao interior, o que mais o distrai é ver
passarinhos, com olhos de conhecedor. Se
algum o agrada, faz logo negócio. Tem em
casa 26 gaiolas, e êle próprio trata dos pas-sarinhos. Prefere os pintassilgos e os curiós,
mas não rejeita outros. Basta que tenham
plumagem bonita e cantem bastante.
O mal de não casar
Domingo, dia de jogo do Cruzeiro em
Belo Horizonte. Tostão acorda cedo e da
concentração telefona para o pai e os três
irmãos, José Osvaldo, Célio e Carlos Al-
berto, para saber como está o seu pôstode gasolina. Há domingos em que o Pôsto
Tostão, na esquina da Rua Bahia com
Bernardo Guimarães, chega a vender 15 000
litros de gasolina, sem contar o que fatura
em óleo e outros pequenos serviços. São
torcedores do interior que vão a Belo Ho-
rizonte ver Tostão jogar e não deixam de
passar pelo pôsto de seu ídolo.
Para compensar a monotonia das horas
de concentração, Tostão lê. É comum vê-lo
devorar um livro em horas ou dedicar toda
a atenção aos jornais do dia. Não se limi-
ta a pensar no futebol e em seus negócios,
quer saber o que se passa no Brasil e no
mundo. Êle não gosta de falar de política,
porque "sempre
acaba em discussão", mas
não recusa uma ou outra opinião. Diz, porexemplo, que considera Dom Hélder Câ-mara a personalidade mais importante doBrasil no momento.
Um dia, ao entrevistá-lo no vestiário do
Mineirão, um repórter do interior, lendo
perguntas de um questionário, chegou à
formulação solene:Se você fosse presidente da Repúbli-
ca, com plenos poderes, o que faria?Procurava criar condições para que
não houvesse tanta desigualdade. O gran-de problema nosso é que poucos possuemmuito e muitos não possuem nada.
Por ora, Tostão não pensa em casamen-to. Já teve algumas namoradas, mas ne-nhum caso mais sério. Entende que o jo-gador profissional só deve casar-se quandoestiver com a carreira consolidada, sem
problemas de ordem financeira. A direto-ria do Cruzeiro não pensa assim. Depoisde alguns estudos para pesquisar a quedade rendimento do time em determinadas
épocas, sem motivo técnico aparente, che-
gou à raiz do mal: os jogadores jovens,inexperientes e solteiros, são levados a ex-cessos pelo dinheiro e a liberdade.
Orlando Fantoni, o técnico, diz que atese não se aplica a Tostão.
Esse rapaz tem muito senso de res-
ponsabilidade. É incapaz de sair da linha.
Vale mais do que ganha
Excelente, esse Rivelino. Vale o queganha.
Osvaldo Brandão olha com carinho parao jogador, que está sentado, descansando,depois de um jogo. Brandão contempla-oassim, pensa no que disse, retifica a frase:
Vale mais do que ganha.Em relação aos outros jogadores do time.
Rivelino ganha bem. Entre prêmios c orde- SELEÇÃOnado, percebe cerca de 4 000 cruzeiros no- continuaçãovos por mês, além das luvas de cada con-
trato. Êle fêz dois, e no segundo teve de
ser duro para conseguir o que desejava.
Pediu 60 000 cruzeiros novos de luvas, sc
assinava se lhe pagassem isto. Até assinar.
ficou fora do time, teve de parar algum
tempo, ganhou a antipatia da torcida.Não gosto de fazer comparações com
outros jogadores nem medir o que ganho
por aquilo que os demais estão recebendodiz Rivelino. — Faço um preço e, se o
considero justo, exijo que me paguem. Sou
um profissional, tenho de aproveitar porquede nada valerá para mim ter sido um bom
jogador.No próprio Corinthians há um exemplo
de como não deve agir um profissional. É
Baltasar, o antigo Cabecinha de Ouro, ido-
lo da torcida e ex-jogador da seleção na-
eional, nos idos de 50. Baltasar ganhourios de dinheiro no Corinthians. que nada
lhe negava. Suas extravagâncias transfor-
maram-se em lendas: vivia em palacetes.vestia-se com os mais caros alfaiates, tinhabelo Cadillac dourado. Gastava tudo o queganhava, ou até mais. Os anos passaram,o vigor acabou. Os corintianos foram reco-
lher Baltasar nas ruas, onde mendigava.
Hoje, êle é funcionário subalterno do clube.
Rivelino conhece a história de Baltasar.
E não quer ter a mesma sorte. Embora sededique inteiramente ao futebol, tem pro-jetos de terminar seu curso ginasial e von-tade de aprender inglês. Mora com os pais,e seu único luxo é um Karmann-Ghia 1968,azul-marinho, com o qual bateu depois do
jogo em que o Flamengo derrotou o Co-rinthians por 1 a 0, no Morumbi, pelaTaça de Prata. Rivelino tem fama de mão-fechada. Não se ofende:
Podem dizer que não gosto de gastardinheiro, pois não gosto mesmo. Com maisdois contratos, acho que vou ficar tranqüi-lo. Não digo rico, mas com o necessário
para viver bem. Tudo o que ganhei estáaplicado por meu pai, que sabe o que faz.
O velho Nicòla Rivelino vive de rendas.
Do milhão aos milhões
Vê lá se eu dou dinheiro pra meninorespondeu o presidente do América Mi-
neiro em 1963, José Vaz, quando o técni-co Biju lhe pediu para pagar 1 milhão decruzeiros antigos a Tostão, o pequeno meia-esquerda do time juvenil.
Se o senhor não der, êle vai embora.Um
garoto de quinze anos não fazfalta.
Tostão foi mesmo embora, e fêz falta.O industrial Felício Brandi, presidente doCruzeiro, exultou ao saber do rompimentode Tostão com o América. Como o técnicoBiju, êle acreditava no futuro daquele ga-roto. No dia de seu casamento, FelícioBrandi pediu à noiva que o deixasse sair
por uma hora, para resolver "uma
questãourgente", la pagar ao pai de Tostão o mi-lhão e 200 mil cruzeiros antigos que ofe-recera ao garoto, caso êle saísse do Amé-rica. O pai de Tostão insistiu em receberem dinheiro, não aceitava cheque, nada. Fe-iício foi ao banco, retirou o dinheiro, pa-gou e se casou em paz.
Esse dinheiro foi o início da pequenafortuna que Tostão tem hoje. Era o pri-meiro da série de três bons contratos queiria assinar com o Cruzeiro. Para Tostão,o importante não foi o que já ganhou com0 futebol, mas a forma como aplicou odinheiro. Comprou o apartamento em quemora com os pais, conseguiu o pôsto de
SEGUE
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"Não
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meu banho
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do em dinheiro, como muitos afirmam.
Apenas estou procurando garantir meu fu-
turo, ao mesmo tempo que dou uma vida
mais confortável à minha família.
Em fevereiro, Tostão pretende fazer o
vestibular para a Faculdade de Ciências
Econômicas. Tem o científico completo,
não quer parar de estudar.
Seu Clovis não brinca
Mesmo depois de casado, Gérson não
deixa de ouvir o pai, Clovis Nunes, que foi
jogador de futebol, e, sem grande fama, se
sagrou campeão carioca pelo América, em
1935. Êle acompanha o filho em tudo, está
presente aos treinos e aos jogos, discute os
contratos.Tenho a obrigação de cuidar do meu
filho. Conheço o futebol, porque joguei, e
sei como é duro vencer nesse meio. Há ar-
madilhas por todos os lados, e os que não
estiverem atentos acabam sucumbindo. Po-
dem falar o que quiserem, mas o Gérson
vai ter o lugar que merece.
Seu Clovis acha que a fase mais difícil
já passou. Teve de defender o filho de tô-
das as formas, até mesmo percorrendo re-
dações de jornais quando achava injusta
alguma crítica ou notícia que pudesse pre-
judicar a carreira do filho. Fadei Fadei,
ex-presidente do Flamengo e que em mar-
ço sonha voltar ao posto, concorrendo às
eleições, afirma que vendeu Gérson ao
Botafogo por culpa de Seu Clovis.
Era impossível o Gérson continuar no
Flamengo. Não por culpa dele, mas porcausa do pai. O homem queria mandar no
filho, depois começou a querer mandar no
time. Por fim, iria acabar querendo man-
dar no clube.
Gérson reage contra esta versão. Seu
problema no Flamengo foi outro, o cho-
que direto com Flávio Costa, então treina-
dor do clube e que a princípio procuravaagradá-lo, até mesmo dando-lhe carona de
carro até a estação das barcas. Na decisão
do campeonato de 1962. contra o Botafo-
go, Flávio escalou Gérson de ponta-esquer-da, para fazer o 4-3-3. Gérson achou quenão daria certo. Além disso, o ponta-direi-ta Joel, que estava jogando bem, teria de
ser barrado.
Na ida para o Maracanã, Joel se sen-
tiu mal no ônibus do clube, pediu parasaltar na Glória e foi para casa. Entrei em
campo com a camisa 11, como ponta-es-
querda recuado. Disse ao técnico que não
conhecia a posição, nem sabia o que fazer
em campo. Nem êle foi capaz de me ex-
plicar. Perdemos feio, de 3 a 0. O Botafogo
fêz todo o jogo pela direita, com o Garrin-
cha impossível. No vestiário, eu já sabia:
o culpado da derrota e da perda do título
era eu.
Aos 21 anos, apesar do empenho da di-
retoria do Flamengo, Gérson recusou ir
para o Milan, que lhe ofereceu um contra-
to fabuloso de 80 milhões de cruzeiros ve-
lhos, através do empresário Pasqualini. Êle
perdeu a oportunidade de se tornar milio-
nário, mas aos 27 anos não tem problemasfinanceiros para viver. Se quisesse, poderiaparar de jogar agora, viver das rendas dosimóveis comprados pelo pai, que administra
seus negócios. Gérson não fala do que tem:— Para falar a verdade, nem eu sei.
Meu pai cuida de tudo, mas não adianta
procurá-lo. Êle também não fala nisso.Certo?
No Botafogo, Gérson é querido pelos
companheiros, técnicos e diretores.
É o mais fácil de se tratar — iii/
o diretor Djalma Nogueira, que conhece
Gérson bem:
É um rapaz de personalidade, que diz
O que sente c que por isso incomoda muita
gente, pois na maioria dos casos está com
a razão.
E o Seu Clovis? Não influi em nada0
Aqui, nunca incomodou ou atrapa-
lhou. Pelo contrário, até nos ajuda quando
precisamos de alguma coisa do Gérson.
Agora, o México
A seleção brasileira chega a Varsóvia.
depois de derrotada pela Alemanha por 2
a 1, no jogo de estréia na Europa. Às vés-
peras de seu segundo jogo em 1968, o am-
biente é tenso. Os membros da delegação
falam aos cochichos, os jogadores sentem
o clima de instabilidade. O técnico Aimoré
Moreira reúne a equipe, faz uma preleção.
Fala da necessidade de alterações radicais
na forma e no sistema de jogo. Rivelino
fica sabendo que será lançado.
Cuidado, Riva, você vai entrar no
fogo — adverte um jornalista.Não faz mal. Um dia, a gente tem
de entrar. Para mim, quanto mais cedo,
melhor — responde Rivelino.
A imprensa ativava a rivalidade Riveli-
no-Gérson, como se os dois disputassem a
mesma camisa. Rivelino olhava Gérson,
mais velho, cabelos escasseando e palavra
solta, e no fundo simpatizava com èle. No
campo, time escalado e pronto para jogar,
Rivelino sentiu-se à vontade. Gérson diri-
giu-se a êle e a Tostão:
Vamos fazer como o homem mandou.
Vocês podem ficar aí na frente, mas têm
de correr para cobrir o meio de campo e
ajudar no combate. No mais, é só ter cal-
ma e vontade.
Rivelino ouviu em silêncio. Pensava:
O Tostão e o Gérson já se conhe-
cem, já jogaram juntos. Eu é que não sei
bem como é. Vamos ver no que dá.
Deu 6 a 3 para a seleção brasileira. Ri-
velino fêz dois gols, saiu tudo como fora
previsto. A partir daquele momento, êle
passara a confiar em Gérson, do qual ou-
vira muito mais, sem saber o que era real
e o que era lenda. A amizade dos dois su-
perou as ondas acerca de quem é o me-
lhor: Gérson ou Rivelino?
Em fins de outubro, Gérson, Rivelino e
Tostão voltaram a se encontrar no Hotel
das Paineiras, no Rio, novamente convoca-
dos pela CBD. Rivelino e Tostão ouvem
Gérson falar sem parar.Parece que êle foi vacinado com agu-
lha de vitrola — diz alguém.
Os três canhotos estão nos planos da
CBD para os jogos contra a Colômbia, a
Venezuela e o Paraguai, em 1969, já pela
classificação para a Copa do Mundo de
1970. Será a primeira Copa de Rivelino, a
segunda de Gérson e Tostão, que participa-
ram da frustrada aventura de 1966, na
Copa do Mundo da Inglaterra. Mais que
para Rivelino e Tostão, que poderão parti-
cipar de outros dois Campeonatos do Mun-
do, a Copa de 1970 é tudo para Gérson, o
mais velho dos três:
O Brasil possui jogadores melhores
que os de todos os outros países. Tem
condições de armar uma seleção invencível
para reconquistar a Copa. Se isto aconte-
cer, eu nada mais quero do futebol.
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THfc3
a usina de Volta GrandeEla será a 14a usina da
CEMIG. um investimento de JOUmilhões de cruzeiros novos, mo-vimentando recursos nacionais efinanciamentos externos (US$26.6milhões já foram aprovados peloBanco Mundial).
A conclusão da usina deVolta Grande - em 1973 - repre-
UUlHi"sentará mais 400 000kW para Mnas Gerdiò, a certeza unuidade do fornecimento de ener-gia elétrica da CEMIG a muitascidades, milhares de industrias epropriedades rurais
A CEMIG. atualmente, estaconstruindo a usina de Jaguara(também no Rio Grande e com
684 000 kW). mas a necessidader*\ps onornn olótnr*. P impn .3 FUO Ol IV/* M<«->> v^ í O fc* » *<— *-** •*** i ¦ J . *w i i w t-« . »—
Volta Grande será. dentro de 5anos. a forma de atender ás exi-gencias de um sistemaque é hoje o maiorsuporte para odesenvolvimentode Minas Gerais
CS)CEMIG*CENTRAIS ELÉTRICAS DE MINAS GERAIS^AV—y fazendo o progresso com energia
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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Dizem os japoneses de hoje quedepois da guerra duas coisas fi-caram fortes: o "nylon" e*a mulher.A nova civilização, forjada jun-to com um vasto império indus-trial, derruba tabus e*preconcei-tos, rompe a tradição de poesiae de servidão da mulher. É umarevolução — e a ela não escapamnem mesmo aquelas que duranteséculos, milênios foram apresenta-das como símbolo de refinamentodo amor e submissão ao homem.
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m_*m^^m_ —^- *---\ ^***\ ^^ ! %*/.%*¦ _^_^_^_^_^_^_m_^È_\
247
tingimos um de nossos objetivos: es-
tender a um número de lares cada
vez maior o emprego dessa força,
dês.se ajudante do conforto e do
progresso a energia elétrica.
E redobramos então nossos es-
íorços para melhorar e aumentar
ainda mais o abastecimen-
to de eletricidade nas ci-
da d es brasileiras a que
5ervm0S LIGHT
- a serviço do progresso do Brasil
ma»or parte de seu tempo.
E!e faz o serviço de muitas em-
cegadas, custando menos que o sa-
a ri o de uma sc; e traz, ainda, até
s.a casa, nos aparelhos que acio-
ra.c shcw, a música, c cinema, a in-
;orn1 açõo, a cu^ura.
Reduzindo suas horas de tra-
ba ho, ê1 e ine dá mais tempo para
vccè coiciar de si mesma, da família,
das re'ações de amizade, aa comu-
maade em aie vive.
Quando isso acontece, nós a-
(e talvez nem saiba)
é tempo
para
viver
Ma-ma-san pagapara obter
jovens virgens
A
gueixa é a figura feminina doOriente mais carregada de lite-ratura, de história e de lenda. Êa personagem mais antiga e, num
paradoxo, também a mais nova, porquea menos conhecida no Ocidente. É amais falada e, não obstante, aquela daqual menos coisas se disseram. Para osocidentais, ela é um feixe de mitos eequívocos.
Mesmo no Japão, a gueixa parece fa-dada a despertar tantas contradições.Ainda merece profundo respeito, masraramente encontra casamento, porqueparados homens as gueixas de hoje são"mulheres muito baixas", que fariam doamor uma forma de negócio, uma pro-fissão. Ayako, uma gueixa de 23 anos,admite que aceitou presentes e dinheirodos homens com quem esteve, mas pro-testa, com um rubor de indignação, selhe indagam se o fêz por dinheiro:
— Se quer dizer ir para a cama comeles, não. Nunca fui com um homempor dinheiro. Fui só porque gostava.
Ayako começou como todas as outrasgueixas. Bem mocinha, foi cedida pelospais a uma ma-ma-san, como se chamamas diretoras de casas de gueixas. A ma-mãe gueixa tem sob seus' cuidados dequatro a dez jovens. Segundo o costume,ela dá à família uma certa importância— 50 000 ienes, ou 600 cruzeiros novos,no mínimo — em troca da moça. Nestecaso, a mocinha fica presa a ela. Tem defazer tudo o que a ma-ma-san mandar.
Itinerário de uma virgem
Ayako, para fugir a essa obrigação,não quis que os pais recebessem dinhei-ro. Muito bonita, logo agradou à ma-ma-san, que a pediu aos pais. Eles nãoqueriam, mas Ayako sempre sonhara emaprender o que as gueixas fazem: dançar,arranjar flores, decorar a casa, interpre-tar a cefimônia do chá, cantar o nagau-tá. Nem quis terminar os estudos: aosdezessete anos, entrou para a casa de
gueixas. Lá aprendeu tudo isto e mais.Antes de ser gueixa, Ayako foi mai-
ko, denominação que se dá às aprendi-zes. A maiko ceve entrar virgem nacasa de gueixas, onde encontrará o pri-meiro homem. Agora, a maiko mais jo-vem tem dezoito anos, mas antigamentepodia começar com doze. Durante umano, faz o aprendizado, percebendo50 000 a 60 000 ienes por mês (600 a720 cruzeiros novos). No salão, três coi-sas a distinguem da gueixa: o quimono,o penteado e a atividade. Ela não podedistrair os clientes; deve limitar-se a dan-çar. Depois da experiência de amor, tor-na-se gueixa. Aí, então, muda tudo; dequimono, de penteado, de vida.
A iniciação da gueixa depende do re-ferendum das mais velhas: antes de pas-sar de maiko ao grau seguinte, a jovempassa por uma espécie de exame diantedas mais vividas. Se fôr muito bem, po-dera tornar-se gueixa mesmo sendo vir-gem. Em geral, a aprovação se dá por-que a moça já teve o seu primeiro ho-
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-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-^-EfelKMy^^ '^tiffilli b^t^bmmmmmm^r^^^^^
Numa casa como a Matsubaya passam até 700 homens por noite. Fala-se de amor e negócios
-49
Plara resolver uni grande
negócio,
trés da manM Uunbém e
um bom horário.
CD
i
5
É por
Isso que
os modernos Aero Commanders da
Lkler ficam,dia e noite, à sua disposição.
ftiraiiftjar, basta uni telefonema
-evá direto ao a\1ão.
Para resolver um grande
negócio náo
tem a melhor hora. Tôdas são boas. Náo
é verdade? Por saber disso, nos estamos
sempre à sua espera: tôda hora há urrr
moderno Aero Commander da Líder oron-
tinho para
levá-lo a qualquer lugar.
E V. pode
levar mais gente (o
Aero Commander tem capacidade
para 6 passageiros). Sem nenhuma
taxa extra. Na Líder, o importante
é seu tempo.
IDER TAXI AEREO
Fretar um avião da Líder
é tão simples
como pedir um táxi.
Líder S A. Transportes AereosdBelo Horizonte — Aeroporto da Pampulha — Fones: 24-9130/ 24-9325
24-9662 e 22-9033 ? Rio de Janeiro --Aeroporto Santos Dumont - Fones 52-9160
/ 22-7884
22-1442lJSáo Paulo — Aeroporto Congonhas — Fones 267-2660 / 61-8977 e 34-3054
? Brasília — Edifício Central —Sala 1 305— Bloco 1 — Setor Comercial Sul — Fones 2-771/2-3378
»
n
O rico compra
a maiko e a leva
para
sua casa
GUEIXAS mem- Ela nã° se opõe a isso: sabe
que
continuação para ser uma gueixa de verdade tem de
ser integralmente mulher. Mas uma mu-
Iher altiva, distante, inacessível. Porque
a mulher fácil não é uma gueixa. Pode
ser outra coisa, menos gueixa.
A maiko não é obrigada a ir com um
cliente para se tornar mulher. Pode che-
gar a isso com um amigo, encontrado
fora da casa de gueixas; com um cliente;
com um comprador. Porque as maikos
podem ser vendidas — e há clientes que
chegam a pagar até 1 milhão de ienes
(12 000 cruzeiros novos) por uma jovem
muito bonita. Assim, êle adquire o di-
reito de possuí-la durante longo período
— seis meses, um ano. Vai buscá-la na
casa da ma-ma-san e leva-a. Pode tam-
bém deixá-la na casa de gueixas, mas
com direitos de exclusividade. Ela dança
para êle, arranja as flores, serve-o, faz
tudo o mais que êle possa desejar. É sua
mulher.
Até os vinte anos, Ayako preservou
sua virgindade. Tinha mêdo de estar com
um homem. Um dia, encontrou um es-
tudante americano, bonito, louro, alto.
Gostou muito dele, acedeu em visitá-lo,
deixou-se convencer.
Foi tudo muito bonito — recorda.
Após uns dez encontros, êle voltou
para casa, na Califórnia. Queria termi-
nar os estudos, casar-se. Para Ayako, foi
natural. Não se lamentou, achou justo
que o americano se casasse com uma
mulher da mesma raça. Ela é uma japo-
nêsa dos tempos modernos:
Madame Butterfly, que se consu-
miu à espera de um amor impossível, é
coisa do passado.
Se reencontrasse agora o seu america-
no, Ayako não o amaria. Nem mesmo
o reconheceria.
A gueixa é uma artista
As casas de gueixas são freqüentadas
por homens muito ricos, aquêles que po-
dem desembolsar uma pequena fortuna
— 250 cruzeiros novos —
por duas ho-
ras de prazer. Em geral,
os homens vão
em grupos de cinco a dez, o que
dimi-
nui para 50 ou 30 cruzeiros novos, se-
gundo o caso, o gasto
de cada um. As
gueixas têm um fascínio especial, que
explica por que há tanta afluência às
casas especializadas: as de maior reno-
me podem receber até setecentos clientes
numa noite. segue
^VK^ ¦^MBim? j '
 figura da gueixa é
quase impenetrável
para os ocidentais,
251
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1
o
presente para
V criar
outros
presentes
dnrante anos e anos
Uma Singer em casa dá asas
à sua imaginação. A costura rende, as idéias
explodem numa festa de cores e formas.
Dá gosto
costurar numa Singer!
Mas, nem sempre você estará costurando.
Nessa hora a Singer enfeita
a sua casa. Ao todo existem
32 combinações entre os 3 modelos Singer,
suas 4 côres e os 7 tipos de gabinetes
em várias madeiras de lei. A Singer
decora! E você pensava que
a Singer só é feita
para costurar, não é mesmo ?
i?
/
!•
J
-J
Singer Multiponto Automática
Simples e fácil de usar. Borda, chulela, caseia,
prega botões e ziper. Faz bainha invisível.
E no zic-zag é o máximo!
PCopenhague
351
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Meio-Gabinete 426
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Singer 660 Ponto de Ouro
A bonita e moderna máquina de costura reta.
Nas côres marfim e bege. Costura
sôbre qualquer tipo de tecido.
Gabinete 451
Gabinete 456
jpi iMái mm&iêi
¦" 1 ?ÍMí | *
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I * 1
Singer Mesalete 486
Modelo 297, portátil.
Singer Modelo Clássico
A tradicional máquina de costura, com vantagens
exclusivas que a tornam a melhor
escolha entre as máquinas econômicas.
Meio-Gabinete 404
...
VAMOS! E NATAL.
iSANHrtOGOASUA
SINGER
3*1>
Procure as Lojas e Revendedores Singer, ou chame o Serviço Domiciliar Singer.
1
?
Os homens não
compreendem a
arte da
gueixa
GUEIXAS Nesses encontros, as gueixas
dançam
continuação para os clientes, jantam com êles, ser-
vem-lhes a comida e a bebida com uma
graça tôda própria,
conversam corren-
temente sobre os assuntos mais variados.
Durante anos, elas estudam para serem
cultas, espirituosas, dotadas de um en-
canto que prende os homens. Às vêzes,
deixam que os clientes as acariciem, to-
mem certas liberdades. Os mais rudes
exageram, e não raro a gueixa tem de
chamar a ma-ma-san e o intérprete para
que lhes expliquem que
aquela é uma
casa de gueixas de verdade, e não uma
contrafação, uma casa de mulheres fan-
tasiadas de gueixas e que
oferecem ou-
tros prazeres.
Com o progresso, a fronteira de dife-
renciação de uma casa de gueixas de ver-
dade se torna cada vez mais imprecisa.
É generalizada a crença de que
a gueixa
é uma "mulher
fácil". Ayako sabe que
há muitas mulheres que se passam por
gueixas mas na verdade não sabem can-
tar, nem dançar, nem enticicr o cliente.
Sabem apenas ir para
a cama, diz Ayako.
Ela defende a integridade das gueixas:
A gueixa
autêntica é diferente. Há
gueixas de setenta anos que
são maravi-
lhosas. Falam como um filósofo, tocam
divinamente o chamisen, pintam com
mestria. A verdadeira gueixa é uma ar-
tista. Seu nome significa exatamente isso
na língua japonêsa: gei, arte; sha, pessoa.
Mas os homens não compreendem
isto, principalmente os estrangeiros. Pro-
curam na gueixa algo mais que
uma ar-
tista. Como à procura deve corresponder
uma oferta, multiplicam-se as casas que
lhes proporcionam
"gueixas" ao gôsto
da freguesia. Ayako protesta:
Essas não são gueixas. O que
elas
fazem, embora com certo refinamento
e dissimulação, é exercer uma profissão
muito antiga.
O amor com refinamento
O encontro com a gueixa é um ritual
milenar, que tem muitos elementos de
uma liturgia profana. É um jôgo
de amor
e refinamento sensual, levado ao limite
da exasperação erótica, sem jamais cair
nela Os estrangeiros, sobretudo, ignoram
essas sutilezas. Terminam por achar a
noite com uma gueixa
"muito decepcio-
nante". Afinal, êles procuravam outra
coisa.
Antes da guerra, passava-se a noite
com uma gueixa pela preocupação cul-
tural, o desejo de conhecer os costumes
e a alma do povo do Japão. Agora, as
preocupações são de outra ordem. O
encontro com a gueixa está no programa
by-night — assim mesmo em inglês
—
das agências turísticas. Não é de estra-
nhar isso num país em que
há dezenas
de clubes especializados em fornecer,
mediante uma taxa irrisória, de 1 000
ienes, uma companheira para o homem
solitário que queira visitar Tóquio à
noite. O clube só impõe uma exigência:
"A
guia e o hóspede não podem tirar os
sapatos enquanto estiverem juntos".
Compreende-se que tenha havido essa
descaracterização, essa desnaturação
do papel das gueixas.
No Japão de pós-
guerra, tudo se transformou. A noite de
Tóquio é a mais excitante não só da
Ásia como talvez do próprio mundo. A
febre sobe de uma porção de barezinhos,
clubes noturnos, repletos de "recepcio-
nistas", e se propaga pelas ruas. Nas cen-
tenas de banhos-turcos trabalham massa-
gistas famosas pela
alta especialização na
arte de oferecer sensações ao freguês,
enquanto lhe dão banho. Em alguns ho-
téis, o freguês recebe o livro de hóspedes
e, com surprêsa, encontra não assinatu-
ras, mas páginas brancas com fotografias
de mulheres e legendas que fazem apêlo
ao sexo: "Esta
môça está aqui, à sua
espera".
Como empurrar um negócio
Nesse Japão de 100 milhões de habi-
tantes e uma indústria que já é a quarta
do mundo, o modernismo está atrope-
lando a tradição. Por isso, a gueixa tem
muito de coisa do passado, tanto quan-
to a Madame Buttcrfly lembrada por
Ayako. E surgem então as "gueixas"
de
nôvo tipo. Ayako é franca:
Sabe? Isso me dá nojo.
Mas Ayako, na casa de ma-ma-san,
não recusa homens. Passa de um para
outro sem sensação de culpa, drama de
consciência.
Para nós, japonêses — explica
—
o sexo não é pecado. É uma coisa na-
tural. Ê como comer. O que há de pe-
caminoso no instinto? E o amor não
é o mais forte dos instintos?
Ayako, porém, não vai com qualquer
um. Só com aquêle que lhe agrada, lhe
desperta interêsse. É verdade que eia tem
uma situação privilegiada, está numa
.posição diferente, porque seus pais
não
receberam um dote de ma-ma-san. Não
tem obrigação de aceitar qualquer clien-
te, por estar endividada, como ocorre
com a maioria das gueixas.
— É esta a diferença entre mim e
uma mulher comum. Eu escolho o ho-
mem que quero.
No Japão hiperindustrializado de hoje,
as grandes emprêsas são o grande
mer-
cado das casas de gueixas. Certas indús-
trias mandam clientes importantes à ma-
ma-san, para que o faça passar
um fim
de semana no campo. Ma-ma-san esco-
lhe uma môça e a envia para a casa de
campo, à disposição do hóspede. Êle che-
ga, a gueixa
mostra-lhe a paisagem, cha-
mando-lhe a atenção para o lado poé-
tico, deixa-o vestir-se como quiser, aju-
da-o a tomar um banho quente. Cumpre
depois todo o ritual da dança, do canto,
da cerimônia do chá. Em geral, acaba
dormindo com êle.
Muitos negócios são concluídos numa
casa de gueixas. Quando um chefe de
253
imz
'SS9% i
Presunto^adía Tender
Você sabe como é.
Muita carne, só. um nadinha de gordura.
É tenro, tenro: quase
desmancha na boca.
Agora pense
nêle assado. Com calda de abacaxi. Ou de ameixa.
(Dá ou rfão dá um frio na espinha, um vazio no estômago?)
Coma. Afinal João XXIII disse um dia que o bom apetite é um dom divino.
E o papa
é infalível.
a
Os estrangeirosnão sabem
o que virá depois
GUEIXAS indústria quase convenceu outro a fecharcontinuação determinada transação, leva-o à casa de
gueixas para o empurrão final no nego-cio. Ali, no ambiente de euforia e en-cantamento que as gueixas proporcionam,o negócio é consumado. Ayako condenaessa vulgarização das gueixas, mas elaprópria já colaborou para o bom êxitode negociações semelhantes. E se jus-tifica:
— Gosto de economia e sou patriota.Quero contribuir para o progresso demeu país.
A ave rara na casa de chá
Na Antigüidade, as gueixas eram oni-potentes, terminavam no leito do impe-rador, o deus vivo. Governadores, gene-rais, os poderosos queriam tê-las comoamantes, porque eram as mulheres maiseducadas do país. Até a guerra, as guei-xas constituíam um grande fato cultural.E exerciam direitos personalíssimos.Além da escolha, prerrogativa milenar,tinham o direito de exigir dos homensuma virilidade especial. Se aceitava en-contrar-se com um homem, a gueixamandava-lhe uma senhora de idade parasubmetê-lo a um exame de corpo, parater a certeza de que se tratava de um ho-mem excepcional. Era então uma sacer-dotisa do amor. A casa de gueixas eraum templo.
Ayako tem consciência de que agora agueixa é desprovida de vontade, foi mer-cantilizada, é coisa oferecida a um certopreço. Ayako é uma exceção, e ma-ma-san costuma dizer-lhe que pertencemosa uma geração de gueixas ultramoder-nas, por sentir-se bastante independentepara recusar clientes. Esta é a grandevaidade de Ayako. Mas é também o seudesencanto:
— Em breve, não mais será possívelfazer o que eu faço. Marchamos paraum mundo em que a gueixa e a prós-tituta se confundirão. Dentro de poucosanos serão a mesma coisa.
Assim como são raras, agora, as guei-xas que têm exata noção do papel quelhes cabe, são igualmente raros os ho-mens que compreendem que elas nãosão profissionais do amor. O segundohomem com que Ayako esteve era umadessas aves raras. Ele ia sempre à casade gueixas, pedia para ficar com ela. Osdois conversavam, Ayako dançava para
êle, preparava-lhe o chá, êle pagava mui-to bem. Até que certo dia ma-ma-sanchamou-a. Foi direta ao assunto:
Êle é o nosso melhor cliente. Vocêdeve dormir com êle.
Ayako não estava endividada com ma-ma-san, podia recusar o pedido. Mas nãoo fêz: ma-ma-san era muito boa, a recusanão só a aborreceria como também lheprejudicaria o negócio. O japonês eraum homem já de idade madura.
Êle me respeitou como se eu fosseuma menina. Tratou-me como a umafilha. Muito gentil, disse que ficaria mui-to alegre em dar-me um emprego de se-cretária em sua firma. Eu vestia umlindo quimono azul-claro, estava semjeito. Quando pensei em tirar a roupa,êle me impediu com um gesto.
A gueixa também está sujeita a pai-xões. Ayako teve várias. Mas jamaisamou um japonês, um homem de suaraça. Porque no Japão o amor é antesde tudo, e talvez se limite a isso, uminstrumento de procriação. Ela traça operfil dos japoneses com frieza:
Os homens não são apaixonados.Não existe comunicação entre eles e amulher. Tudo se passa de modo mecá-nico, a mulher nunca é satisfeita. Minhamãe, por exemplo, nunca experimentou aventura do amor, nunca teve alegria. Osexo sempre lhe causou medo. De umestrangeiro posso esperar muito mais.
A comédia estrangeira
Os estrangeiros são engraçados quandovão a uma casa de gueixas. Não sabemcomo se comportar. Muitos não falamuma língua que os aproxime da gueixa— o inglês, muito difundido no Japão,que os americanos conquistaram — e têmde fazer um jogo de pantomima. É umacomédia: êle fica zangado, a gueixa nãosabe o porquê. Ela ri, êle também ignoraa razão, o remédio é rir também. E oembaraço dele e dela. Êle ignora as re-gras do jogo, fica nervoso, excitado, inde-ciso; não sabe se irá para a cama ou não.O encontro se desenvolve sempre numaatmosfera ambígua, equívoca.
Dentre os estrangeiros, Ayako prefereos europeus. Os americanos, não. Porsua experiência, chegou à conclusão deque eles se tornam rudes quando bebem:além de rudes, maus. Ayako viveu umcaso assim.
— Certa vez, um milionário do Texasfoi à casa de chá. Tinha mulher e filhosem seu país, mas queria montar um apar-tamento para mim em Tóquio. Achavaromântico ter uma amante no Japão,tomar um avião a jato e ir visitá-la. Erauma forma de orgulho. Dessa maneiraèle se sentiria poderoso.
Ayako recusou. Como outros homens,também o americano não lhe agradava.Ao ouvir o não, o americano começoua dar socos, queria quebrar tudo, a co-meçar pelos móveis. Gritou com Ayako.com ma-ma-san. Estava uma fúria.
— Êle parecia mais espantado quezangado. Soava-lhe como um absurdoque existisse uma mulher — uma gueixa— que não estivesse à venda, que êlenão pudesse comprar.
Um milhão para amar
Uma gueixa percebe por mês 150 000ienes, o que corresponde a mais de 1 000cruzeiros novos. Se fôr excepcional, per-cebe outro tanto em gorjetas e presentes.Suas despesas são também elevadas. Ela éque tem de comprar o quimono, as rou-pas, os perfumes, os cosméticos. Umbom quimono não sai por menos de 500cruzeiros novos. No Japão das surprê-sas, ninguém pode espantar-se com êstefato: as gueixas têm um sindicato que asprotege. Se necessário, elas fazem greve.
Como outras gueixas que um dia terãode se dobrar à nova realidade, Ayakoprepara o espírito para a mudança deestilo, para o dia em que, se continuarna mesma vida, tiver de cobrar um preçopara conceder seus favores a um ho-mem. Não será um preço qualquer.
Se tivesse de fazer um preço, gos-taria de ser paga como as maikos que oshomens importantes compram por seismeses, um ano. Um milhão de ienes.É o meu preço: 1 milhão de ienes. Ummilhão de amor. Um milhão para fazerum homem feliz. .Sei que valho isto.
Ayako fêz economias. Ao todo, teveduzentos clientes. Pensa em ser gueixaapenas por mais um ano. Depois, vaiviajar, gastar o dinheiro, gozar a vida.Talvez um dia retorne a uma casa degueixas, procure a ma-ma-san. Acha di-fícil encontrar casamento, e não sabebem se deseja casar-se. E com razões:
No Japão, o homem casado vaicom as gueixas. Eu não suportaria isso.
255
AGORA TUDO É POSSÍVEL
Yumi,
dezesseis anos. A outra face
da jovem japonêsa que procura
uma afirmação. Ayako quis ser
gueixa, Yumi preferiu tornar-se
modêlo. Em tudo é o oposto de Ayako.
Esta se importa com a sobrevivência de
alguns valores tradicionais, embora os
encare do ângulo de uma geração insub-
missa. Gueixa, sim, mas ciosa de certa
independência, aquêle ar superior de re-
pulsa à milenar sujeição da mulher.
Yumi, não. Ocidentalizou-se — e se
perdeu, ou não se encontrou. Cabelos
repartidos por uma risca, repuxados nas
têmporas; sob a fronte, dois imensos
olhos beat Seu paradigma é Jean Shri-
mpton, o modêlo inglês. Sua moda é a
de Carnaby Street, uma míni-saia tão
curta como Mary Quant jamais ousaria.
Sua divisa:
— Quero viver com sinceridade.
A sinceridade fêz Yumi fugir de casa.
A mãe morreu quando ela estava com
três anos. O pai, um advogado impor-
tante e conservador, opôs-se à realização
de seu plano: quando Yumi revelou que
desejava ser modêlo, aos treze anos, êle
foi irredutível no veto. Um ano depois,
Yumi fugiu de casa. Foi morar com
uma amiga, desenhista de uma casa de
modas. Durante algum tempo, conse-
guiu posar como modêlo para fotogra-
fias de revistas que trazem aquêle sêlo
de tabu: "Só
para homens". Posa se-
minua, só com roupas íntimas. Mas o
hábito tem sua fôrça: às vêzes, posa
mais à vontade.
Duas décadas atrás, era inconcebível
no Japão que uma mocinha fugisse de
casa. Yumi sabe disso:
— Se fosse em outra época, meu pai
me daria uma surra de me deixar morta
e me levaria de volta para casa.
O longo beijo na praia
Aos quinze anos, Yumi conheceu o
amor. Foi passar umas férias na praia,
com duas amigas, e encontrou um ra-
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Japão de hoje: ela é moderna e emancipada, à ocidental.
paz um pouco mais velho» dezenove GUEIXAS
anos. Era um produto dos tempos da continuação
ocupação: meio japonês, meio america-
no, filho de um oficial das tropas de
MacArthur e de uma môça japonêsa. O
rapaz morava nos Estados Unidos, estu-
dava para ser engenheiro. Os dois namo-
raram, uma vez foram para uma barraca
de campanha, sem ninguém por perto.
Yumi sorri, com uma ponta de inocên-
cia ou indiferença, ao contar a história.
Ficamos tanto tempo lá dentro,
que ao sair eu não sabia se era dia ou
se era noite.
A aventura na praia durou apenas êsse
dia. Os dois foram lá apenas para se
beijar. Yumi gostava muito disto,
por-
que êle tinha os lábios macios. Mas fi-
caram muito tempo na barraca. À saída,
Yumi chorou, porque não estava acostu-
tumada com aquilo. Depois, achou que
havia gostado.
Desta vez, pensei, foi amor de ver-
dade.
Desde êsse dia, Yumi nunca mais
chorou.
Eu fiquei com mêdo, rompi com
êle. Na manhã seguinte voltei para casa,
sem sequer avisar minhas amigas. Eu
não sabia que o amor era tão inquie-
tante. Estava impressionada, cheia de
temores, mas ao mesmo tempo, foi en-
graçado, estava contente.
Na escola, Yumi nunca ouvira falar
do que pode acontecer entre um rapaz e
uma môça. Ela e as amigas falavam
muito de beijos, achavam que o beijo
era uma coisa muito importante. Pouco
mais sabiam do amor.
John, êsse namorado, era um tipo
meio gordo, maciço, físico de lutador,
mas era um bonito rapaz. Depois que
voltei para casa, voltei a encontrá-lo, mas
por um motivo prático. Havia esque-
cido dois vestidos em seu carro e que-
ria recuperá-los. Um mês depois en-
contrei-o em Tóquio. Êle é quem me
procurou, foi muito galante ao me falar
pelo telefone: "Senti
falta do seu perfu-
me", disse. Encontrei-o ainda três vêzes.
Soube depois que tinha viajado
para os
Estados Unidos.
Uma forma de viver
Yumi trabalha num bar, à noite. Per-
cebe um salário fixo para fazer os clien-
tes beberem. São 70 000 ienes por mês,
perto de 900 cruzeiros novos. Além dis-
so, há o trabalho como modêlo, que lhe
pode render quase isso. E obtém muito
mais: vestidos, presentes, jóias. Sem ne-
nhuma crise de consciência:
Por que complexo de culpa? Le-
vanto-me ao meio-dia, faço meu traba-
lho de modêlo, à noite vou dançar. Estou
ou não vivendo a minha própria vida?
FIM
256
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^ Eu faço surf, estudo
cibernética, não perco
festival de música
popular, adoro os filmes
do cinema novo, acho
mini-saia o máximo.
E leio Seleções 0
— a revista adulta que
o jovem gosta de ler.
Seleções
*R£adeãDigest
Metade dos leitores de
Seleções tem menos de 29 anos
i^HK^V«5^^^HH^^^ppppp|^p^
"\«!H|!!^.|l J.
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Brasil
pergunta
ESTA ÚLTIMA PAGINA E OE OEBATE. AQUI. RESPONDENDO AOS LEITORES
PERSONALIDADES ENTRAM EM CHOQUE, DISCUTINDO GRANDES PROBLEMAS
A INSTITUIÇÃO DO
JURI
ESTÁ SUPERADA?
SIM
As origens remotas do júri
estão ligadas às
conquistas liberais, e isso criou acêrca dessa
instituição um preconceito que
é a principal
arma utilizada pelos que
a defendem. O acusado, supõe-
se, é julgado pelos
seus pares, por
aquêles que
o conhe-
cem e sabem a verdade sôbre o crime e a pessoa
do
seu autor. Estariam, assim, em condições de realizar
uma justiça exata, em nome dos interêsses sociais
que
representam. Através da decisão do júri,
fala a própria
sociedade. Portanto, nunca haveria êrro nessa decisão,
pois as leis são feitas
pela sociedade e
para a sociedade.
O preconceito histórico explica
por que várias das
Constituições brasileiras fizeram referência ao júri, que
na de 1967 continua consagrado no rol das garantias
da liberdade individual. Essas idéias não têm, entretan-
to, nenhuma coincidência com a realidade, pelo
menos
no Brasil e neste século. Se num passado
longínquo, em
outras plagas,
o júri
constituiu uma saudável forma de
justiça, em nosso meio, na atualidade, apenas vem ser-
vindo para
fazer grassar
a impunidade do mais grave
dos crimes, que
é o homicídio. A vida humana não goza
de garantia
alguma em nosso País, o que
é uma autênti-
ca vergonha. O assassino conta com a impunidade, quase
certa. Ao elaborar-se a Constituição vigente, perdeu-se
ótima oportunidade de acabar com essa instituição su-
perada. Todavia, ela foi mantida para os crimes contra
a vida, numa ocasião em que
até para os crimes de
imprensa deixou de existir. O liberalismo democrático
com que
se enfeita a conservação do júri
é de pura
fa-
chada. Por que
só para
os crimes dolosos contra a vida
êsse liberalismo? Por que
não
o estender aos ladrões, aos es-
telionatários, aos delinqüentes
sexuais, etc.? Chegamos ao
extremo da contradição: se o
agressor fere gravemente a ví-
tima, é julgado pelo juiz sin-
guiar; se mata, assiste-lhe di-
reito ao julgamento
"liberal".
Mas por que
essa diferença?
Quando combato o júri penso
principalmente nos pequenos
centros urbanos do nosso imen-
so território, nos lugares onde
a politicalha se inflitra no con-
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HQ
Basileu Garcia
ADVOGADO
selho de sentença, e na presença
freqüente do jurado
de escasso espírito público,
cujo pronunciamento
é o
reflexo de sentimentos que
nada têm a ver com a idéia
de justiça
e com a necessidade de defesa coletiva contra
o crime. Não ignoro que
a justiça
dos juizes profis-
sionais não é perfeita.
Pode-se, porém,
melhorá-la. Em
relação ao júri,
isso é quase
impossível.
m
E o afirmo com absoluta convicção, em vir-
tude de uma longa experiência profissional.
Há muitos anos venho participando
de jul-
gamentos perante o
júri, na capital e em
quase todo o
interior de São Paulo. Posso afirmar, em razão dêsse
fato, que
essa instituição, em São Paulo, tem apresen-
tado bons resultados. Isso se deve, em grande parte,
ao
cuidado com que
os juizes
de Direito das nossas comer-
cas fazem a lista dos jurados,
formada por pessoas
idô-
neas, ponderadas, de boa formação e
pertencentes a
diferentes classes sociais, o que
lhe dá um caráter de-
mocrático. A eficiência de uma instituição ou de uma
lei depende dos homens incumbidos de sua execução.
No júri, o número dos
jurados que compõem o chamado
conselho de sentença é de sete; suas decisões represen-
tam, o sentimento de todos êles. O julgamento por
um
órgão coletivo, a nosso ver, torna mais difícil um êrro
judiciário do que
o realizado por
um único juiz.
Entre
nós, em razão de um dispositivo constitucional, o júri
julga as mais graves
infrações
penais, isto é, os crimes dolo-
sos contra a vida. Os jurados
muitas vêzes conhecem o réu,
conheceram a vítima e sabem
quais são os antecedentes do
fato delituoso. Como não estão
presos aos textos das leis pe-
nais, podem, em certos casos,
fugir aos seus rigores, para
dar
ao julgamento uma solução
humana, de acordo com a nos-
sa índole e os nossos costumes
e atendendo ao interêsse so-
ciai.
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Dante Delmanto
ADVOGADO
258
Resposta à pergunta da leitora Nazaré Mendes — Rio, GB.
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pela maior garantia do, Ilrasil; <•
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novos frisos, que embelezam amda * *
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as inovações internas trouxeram mais
classe ao carro. %
Ambos têm novo sistemd elétrico.
E o GTX... Faixas externas,** *V " V <* ml
grade e alojamento dos;£*•
faróis pintados de preto, conta-gifOs •
câmbio no console de jacarandá,
que tem relógio elétrico e cinzeiro, ^
faróis de milha (opcional),
volante esporte, 4 marchas ò frertte, m
todas sincronizadas. O mais vv
E, por trás de tudo, a Qua..
Chrysler: a garantia ^'^""V*
2 anos ou 36.000 km. Protegendo^
sua tranqüilidade. Garantindo que^4fl<alegria que o ESPLANADA
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ou o GTX lhe dão^^^^^^¦HHWNKTT^e. ~n^
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Desenho esportivo d o copô, opcional
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Hilton — Sofisticado como você$ f
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Hilton tem o sabor inconfundível
das coisas caras.
|| Hilton sabor envôlto em dourado.
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cigarro à
sua altura!
Hilton combina com tudo que
define o seu bom-gôsto.
Automóveis GT e casacos de
vison... tapeçarias de Lurçat e
pesca ao marlin... um balcão
sobre o Adriático... um cama-
rote no Carnegie Hall.
PADRÃO INTERNACIONAL-
QUALIDADE SOUZA CRUZ
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